Você está na página 1de 12

“A fúria negra ressuscita outra vez”:

um culto do Racionais Mc’s


à Psicologia

Thiago Augusto Pereira Malaquias


Formado em Psicologia - Universidade Federal da Paraíba

Membro do Núcleo de Pesq. e Est. sobre o Desenv. da Infância e Adolescência


Colaborador no Blog ‘Hip Hop Sem Maquiagem’: http://www.h2sm.com.br/
E-mail: tapm83@gmail.com
Proposta de trabalho:

O objetivo deste trabalho consiste em apreendermos o significado e os sentidos da ética da periferia a


partir do grupo de RAP brasileiro Racionais Mc’s e seu álbum “Sobrevivendo no Inferno”, para, já
apropriados/as da historiografia social da Psicologia enquanto ciência e profissão, e também já
municiados contra o racismo engendrado em seu arcabouço teórico-metodológico colonizatório,
refletirmos acerca de como as contribuições dos quatro jovens periféricos - e todo efeito que
causaram na realidade do país - podem favorecer uma prática profissional contextualizada
antirracista.
Para tal, dividiu-se esta exposição em quatro tópicos estruturais, visando abordar: questões que nos
situam em torno da constituição da Psicologia; do racismo no Brasil e suas refrações na Psicologia; e,
antecedido por um breve resgate do surgimento da cultura Hip Hop, do ‘proceder” dos Racionais
Mc’s. Por fim, após a contextualização da problemática, reserva-se o último tópico para reflexões e
conclusões referentes ao pensar nosso compromisso ético-politico e práxis.
A necessidade de edificarmos uma atuação profundamente crítica, mais ainda, de criarmos uma
sociedade antirracista, seja por dentro e, essencialmente, por fora da instituição Psicologia confere a
relevância do diálogo que o presente trabalho há de deflagrar.
TÓPICO 1.
Breve história da Psicologia

• Condições para emergência de uma Psicologia científica


• Das ideias psicológicas à elitização da psicologia no Brasil
• Compromisso Social
• O PCSP e a ampliação do alcance da Psicologia
• Desafios para uma atuação nas Políticas Públicas com base nos DH
• Revisando o Compromisso Social
TÓPICO 2.
Racismo estrutural e a ausência de negros e negras na Psi

“Mas por que há poucos negros e negras na Psi?”

• Florestan Fernandes e o “O significado do protesto negro”

• o Mito da democracia.

• A segunda Abolição.
TÓPICO 2.
Racismo estrutural e a ausência de negros e negras na Psi
• DIEESE (2016):
• Apenas 16,5% dos psicólogos(as) se declararam negros(as); um total de 24.162 pessoas (da amostra de
122.559).
• Negros recebem 17% a menos que não negros.

• Espinha (2017):
• analisou Projetos Político-Pedagógicos (PPPs) de 35 dos 421 cursos de Psicologia em 316 instituições de
ensino entre os anos de 2014 e 2015, o que corresponde a 8,3% dos cursos ofertados na época.

A autora constatou que nenhum dos 35 PPPs analisados apresentavam as palavras-chave branquitude,
Justiça Social, Estereótipo, Negritude, Negro e Negra.
Por outro lado encontrou as seguintes palavras-chave: Direitos Humanos (26 PPPs), Diversidade (16
PPPs), Inclusão (16 PPPs) Exclusão (08 PPPs).
O estudo conclui apontando nos cursos de Psicologia a reprodução de “discursos contraditórios e a
manutenção de uma ideologia neoliberal que há muito tempo encontra-se nos processos de formação em
Psicologia no Brasil” (p. 142).
TÓPICO 2.
Racismo estrutural e a ausência de negros e negras na Psi

• Atitudes raciais de pretos e mulatos em São Paulo, de Virgínia Leone Bicudo (1945, 2010);
• Tornar-se negro: As vicissitudes da Identidade do Negro Brasileiro em Ascensão Social, de Neusa Santos
Souza (1983);
• Publicação Eu, mulher, psicóloga e negra, na revista Psicologia: Ciência e Profissão (1984);
• Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil, organizado por Iray
Carone e Maria Aparecida Silva Bento (2002);
• Entre o encardido, o branco e o branquíssimo: branquitude, hierarquia e poder na Cidade de São Paulo, de
Lia Vainer Schucman (2012),
• Identidade, branquitude e negritude - contribuições para a psicologia social no Brasil: novos ensaios, relatos
de experiência e de pesquisa, organizado por Maria Aparecida Silva Bento, Marly de Jesus Silveira e Simone Gibran
Nogueira (2014).
• Coleção Sankofa
• Relações raciais: referências técnicas para a prática da(o) psicóloga(o) (CFP, 2017)
TÓPICO 2.
Racismo estrutural e a ausência de negros e negras na Psi

“O negro vem a ser a pedra de toque da revolução democrática na sociedade


brasileira” (FERNANDES, 2017, p. 41), para nós, o(a) negro(a), vem a ser a pedra
de toque da revolução democrática na Psicologia brasileira. Se a “raça se
configura como pólvora do paiol”, definindo “o padrão de democracia, em
extensão e profundidade” (p. 63), o mesmo vale à Psicologia brasileira.

[Costa & Malaquias, ‘no prelo’]


TÓPICO 3.1.
Racionais Mc’s, para além da denúncia social: a ética da periferia

• Breve [contra]história do Hip Hop

• Livro Racionais Mc’s e Sobrevivendo no Inferno


TÓPICO 3.1.
Racionais Mc’s, para além da denúncia social: a ética da periferia

• O Racionais Mc’s
• Como Racionais atuou?
• Contexto[s] do álbum - 1997
• MPB
• Caracterização do álbum

• Sofrimento ético-político

• “Ética da periferia”
TÓPICO 3.2.
Racionais Mc’s e a ‘Pedagogia da Periferia’

• Teoria e prática
• Ninguém esta só no mundo
• Saber ouvir
• Desmontar a visão magica
• Falar ‘COM’
• Ninguém sabe tudo, ninguém ignora tudo
• Elitismo x Basismo
• Assumir a ingenuidade do educando
• O educador e um politico
TÓPICO 4.
Considerações finais

Considerando a historicidade da Psicologia, a


reprodução do racismo estrutural em seu
interior, assim como seu desenvolvimento
subordinado aos interesses das classes
dominantes de um Brasil de capitalismo
dependente e periférico, como a compreensão
da obra do Racionais Mc’s pode favorecer a
atuação profissional?
Referências:

Aborígine, M. (2016). Hip Hop Em MIm: Diálogo sobre a origem sociopolítica dos elementos da cultura Hip
Hop. Vol.1. Distrito Federal : Editora Poesia Coletiva.
Antunes, M. A. M. (2012). A Psicologia no Brasil: um ensaio sobre suas contradições. Psicologia: Ciência e
Profissão​, 32​(1), 44-65.
Boechat, F. M. (2017). A Psicologia Brasileira nos Ciclos Democrático-Nacional Democrático-Popular.
Psicologia: Ciência e Profissão, 37​, 57-70.
Freire, P. (1983). Como trabalhar com o povo.
Gesser, M. (2013). Políticas públicas e direitos humanos: desafios à atuação do Psicólogo. Psicologia: Ciência e
Profissão, 33(spe), 66-77.
Gonçalves, M. G. M. (2010). Psicologia, subjetividade e Políticas Públicas. São Paulo: Editora Cortez.
Racionais Mc’s (2018). Sobrevivendo no Inferno. 1ª Edição. São Paulo: Companhia das Letras, 144 p.
Yamamoto, O. H. (2012). 50 anos de profissão: responsabilidade social ou projeto ético-político?. Psicologia:
Ciência e Profissão​, 32​(2), 6-17.
Yamamoto, O. H. (1987). A crise e as alternativas à Psicologia. São Paulo, Brasil: Edicon.

Muito Obrigado! Nóis por nóis...

Você também pode gostar