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A institucionalização da violência e da insegurança jurídica no

Brasil

Jorge Nasser KARMOUCHE, Ana Letícia MATOS,


Pedro Esteves GONÇALVES, Leonardo CRISPIM,
Leonardo BELIDO(1), José Paulo GUTIERREZ(2),
Joana Helena Ribeiro Roman LOZA(3)
(1)Direito/UFMS, (2)Direito/UFMS, (3) Direito/UFMS

Grande área do conhecimento: ANTROPOLOGIA E SOCIOLOGIA

LINK DA APRESENTAÇÃO DO VÍDEO: https://l1nk.dev/vR8e2

INTRODUÇÃO RESULTADOS E
O atual plano de trabalho toma como base o projeto de DISCUSSÃO
pesquisa (A “segurança jurídica” como fundamento à insegurança- A violência institucional brasileira é um paradigma tão antigo quanto a
um estudo a partir da “tese do século”), e pretende analisar como formação do Estado nacional, advindo da origem colonial da nação. Nesse
a insegurança jurídica no Brasil, e principalmente nas grandes sentido, ao se observar a agressão policial deve-se perceber uma relação
metrópoles, corrobora com a institucionalização da violência em social muito mais antiga que apenas um problema de formação de cadetes.
contraste com os princípios fundamentais presentes no Logo, a institucionalização da violência do no Brasil é fruto de uma história
ordenamento jurídico, através de uma visão multidisciplinar do de violência exercida exclusivamente pelo Estado.
Direito com a Antropologia, Sociologia, Política, dentre outras
A princípio, é fundamental se analisar a origem colonial da nação é o
disciplinas das ciências humanas e sociais. pilar da violência. Isto é, a partir da observação do caso Tiradentes, motivo
Tendo em vista que, o Brasil possuí como forma de integração de feriado de feriado nacional, e da Inconfidência Mineira, vê-se que a
aos tratados internacionais dos Direitos Humanos, em seu metrópole, por meio da morte e do esquartejamento dos revoltosos,
ordenamento jurídico, mecanismos propícios à preservação destes exerceu uma violência estatal que se encontra enraizada no passo
direitos na Constituição Federal (1988) – relativo aos direitos nacional. Dessa forma, o passado colonial do Brasil já dá pistas da
fundamentais individuais (Art. 5º) e sociais (Art. 6º). institucionalização da violência.

Dessa forma, este projeto busca responder a seguinte Outrossim, quando se pensa os inúmeros casos de violência policial no
questão: como a violência se enraiza dentro da sociedade estado nacional, precisa-se atentar, novamente, a origem da polícia. Nesse
viés, as forças policiais do Brasil nasceram da antiga Guarda Nacional,
brasileira, e principalmente como o Estado usa dessa justificativa
serviço criado pela metrópole com o intuito de defender os interesses dos
para usurpar de seu poder e criar uma condição de insegurança portugueses residentes no Brasil e da elite agrária tupiniquim. Desse
jurídica nacional. modo, é lógico que na atualidade a Polícia Militar brasileira tenha em si
uma agressão direta e injusta para com todos aqueles marginalizados.
METODOLOGIA
As pesquisas se deram de forma a buscar relacionar o Portanto, é obvio que a institucionalização da violência no Brasil é um
quadro que tem uma origem majoritariamente colonial e que perpetuou-
deconhecimento das normas e dos direitos pessoais do qual sofre
se na Independência, bem como na proclamação do República. Ou seja, o
grande parte da população brasileira (insegurança jurídica) com a Estado brasileira é violento em seu core.
violência institucional. Nesse sentido, foram buscadas abordagens
que procuram reconhecer as origens históricas e socioculturais do CONCLUSÃO
fenômeno, a partir de um rico acervo que inclui pesquisas Portanto, pode-se afirmar que a violência, sendo parte do objeto de estudo do Direito
punitivo, não deve ser entendida como um fenômeno a ser compreendido apenas através do
científicas e livros. ordenamento jurídico.
Além disso, levou-se em conta a Carta Magna, defensora dos
Os atos violentos são, inevitavelmente, acentuados pela insegurança jurídica no Brasil, no
direitos do cidadão para comparar o ideal com a realidade jurídica. entanto, têm origens sociais e culturais profundas. É de senso comum entender o direito e a
Essa soma de fatores contribuiu para um resultado consitente, violência como antíteses, mas essa pesquisa mostra que ambos possuem uma relação complexa,
tendo em vista que o ordenamento jurídico, muitas vezes, em seu punitivismo, acaba por não ser o
não omitindo os fatos e buscando intersectar elementos variados suficiente para desinstitucionalizar atos infracionais no país.
e isolados da formação antropológica brasileira, estabelecendo
A marginalização de indivíduos em uma sociedade formulada por desejos de “poder” e de
um raciocínio indutivo. “ter”, não necessariamente acompanhados de um verdadeiro anseio pelo “ser”, soma-se a
incoerências presentes no sistema carcerário brasileiro e acaba por criar um ciclo vicioso de
violência.

Em síntese, observa-se que é necessário dar espaço para que a Antropologia, a Filosofia e a
Sociologia integrem cada vez mais o estudo do ordenamento jurídico, de modo a dar a esse um
caráter mais humano e transparente.

REFERÊNCIAS
[1] BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 4 set. 2022.

[2] Pozzebon, Lorenzo. A “segurança jurídica” como fundamento à insegurança : um estudo a partir da “tese do século”. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, 2022

[3] ROSA, R.Z. Ato infracional, Socioeducação e Estado Punitivo. Edição (se houver). Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2023.

[4] FAUSTO, Boris, História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2009.

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