Você está na página 1de 5

Direito do Trabalho

Fontes do Direito do Trabalho


Fontes Gerais
1. A Lei
a) A Constituição da República Portuguesa dá as regras direitos, liberdades e garantias dos
trabalhadores: artigos 53 a 57 da CRP. Art 18 CRP (aplica-se a empresas privadas e públicas);
artigo 288 (direito dos trabalhadores, das comissões e sindicatos); normas precetivas:
proibição do despedimento sem justa causa (53), igualdade na retribuição(59); direito a férias
periódicas pagas (59); normas programáticas: direito ao trabalho(58); direito a salário digno
(59).
b) Normas de direito internacional público: convenções internacionais; ONU (Declaração dos
Direitos do Homem – art 23 e 24). OIT Organização Internacional do Trabalho; Conselho da
Europa.
c) Direito da União Europeia (as 4 liberdades – 42) e outros; Os regulamentos e as diretivas.
Artigo 8 da CRP: posição hierárquica destas normas.
d) As leis ordinárias

Fontes Específicas

a) Instrumentos de regulamentação coletiva do trabalho (IRCT’s) pág 6


b) Usos laborais: meios de integração ou complemento do contrato (usos da empresa:
dispensa no aniversário; usos da profissão (gorjetas).

Hierarquia das fontes

1. Constituição e Direito Internacional Europeu (ONU, OIT)


2. IRTCS e usos laborais; As IRTCS podem derrogar a lei mesmo num sentido menos
favorável.

O Contrato do trabalho (negócio jurídico bilateral)


Elementos essenciais

Atividade humana: prestação de facto positivo.


Retribuição: a prestação deve ser pecuniária, ser avaliável em dinheiro.
Subordinação jurídica: o trabalhador fica sob a autoridade e direção do empregador; dever de
obediência. Contrato não formais: art110CT e 229CC;

Características do contrato de trabalho

Sinalagmático ou oneroso: correspetividade das obrigações trabalho salário


obrigacional com prestações patrimoniais: as prestações têm conteúdo patrimonial, mas é
obrigacional não há transferência de direitos reais
Contrato de adesão: (pode ser) aceitação, sem negociação das condições apresentadas pelo
empregador; Duradouro: perdura; Intuitu personae (trabalhador não se pode fazer substituir)
Distinção entre Contrato de Trabalho e Contrato de prestação de serviço
Artigos 1152 e 1154 CC: Num contrato de trabalho, o trabalhador compromete-se a uma
atividade; já o prestador de serviço compromete-se a um resultado final; No CT, há autoridade
por parte do empregador sobre o trabalhador, na prestação de serviço há liberdade de ação
por parte do prestador.
Artigo 12 do código de trabalho: o problema de fraude à lei: falsos recibos verdes.
350 e 350 – CC: noção de presunção.

Formação do contrato de trabalho (Celebração)

A escolaridade obrigatória é o 9 ano, com exceções no art 69; idade mínima de 16 anos;
capacidade física e psíquica.
Para a celebração do contrato de trabalho os pais ou representantes legais tem de autorizar;
O trabalhador pode ter mais do que um contrato de trabalho.
Um condutor de pesados, arquiteto, e todas as outras profissões precisam de carteira
profissional (117)
Não pode haver discriminação na escolha do trabalhador pelo empregador (23); Analisar 28
(direito à indemnização).
Devem estar identificadas as duas partes; deve haver encontro de vontades; o trabalhador
deve aderir ao regulamento interno da empresa (104); caso não se oponha por escrito em 21
dias presume-se a aceitação. O contrato é sujeito ao mesmo regime do contrato definitivo
(contrato-promessa de trabalho). Deve haver vontade inequívoca de celebrar o contrato. Dever
mútuo de informação;
O empregador tem direito de entrevistar o candidato e de perguntas sobre aptidões e
habilitações: testes psicotécnicos. Até página 17.

O Trabalhador. Os Direitos fundamentais e os seus limites


Direito à integridade física e moral (15CRP; 15CT), quanto à segurança física e quanto ao
assédio.
Direito à liberdade de expressão: (37CRP) tem direito a fazer críticas e sugestões sobre a
gestão da empresa. Esta liberdade não pode ser limitada, nem quando o trabalhador está fora
da empresa.
Direito à liberdade de escolha de apresentação e vestuário: proibição de imposição de
uniforme não justificado. Exceções: regras de higiene e segurança; para distinguir dos clientes;
roupa que afete a imagem da empresa pode ser proibido (por exemplo num banco).
Direito à liberdade religiosa (41CRP): muçulmano que se recusa a cortar carne de porco (num
talho); tem de haver um equilíbrio individual com os interesses da empresa.
Direito à liberdade de consciência: pode haver altercações no contrato que violem a
consciência (o trabalhador pode recusar enviar armar para o Iraque).
Direito à imagem: (79CC) o trabalhador pode opor-se a ordens/pedidos do empregador que
sejam contrários aos seus direitos ou garantias.
Direito à intimidade da vida privada: (16) proibição de acesso e divulgação de aspetos da vida
privada: saúde, problemas financeiros, etc.
Proibição da devassa: averiguação da vida do trabalhador fora do trabalho
O empregador pode recolher os dados pessoais do empregador (16).
O tratamento de dados biométricos só pode ocorrer após notificação à CNPD(18CT); Exames
genéticos são proibidos (13); Proibição de exames médicos na admissão do trabalhador (19)
exceção: gravidez, razões de segurança e proteção do trabalhador e dos colegas/terceiros.
Utilização de meios de vigilância eletrónicos: são proibidos para controlar o desempenho; no
entanto podem ser necessários por razões de segurança, tendo o empregador o dever de
comunicar ao trabalhador. (20 CT)
Confidencialidade das comunicações: o empregador pode restringir o acesso à rede Internet
ou a outra forma de comunicação. Pág 21

Igualdade de tratamento. Proibição de discriminação


Ler Art 25 CT.
O assédio moral ou mobbing: Perseguição a um trabalhador: violência psicológica. Leva o
trabalhador a abandonar o trabalho. A responsabilidade é do empregador, porque este tem de
garantir boas condições de trabalho (126).

Deveres do trabalhador
Dever principal: realizar a atividade para que foi contratado (115)
O empregador pode atribuir novas funções dentro da carreira profissional (polivalência
funcional). Neste caso, o trabalhador tem direito à diferença remuneratória e à formação
necessária para essas novas funções. O trabalhador não tem direitos sobre o resultado do seu
trabalho (art 14 Código de Direitos do Autor). A invenção durante a execução pertence ao
empregador.

Deveres acessórios:
Dever da obediência: obediência às ordens do empregador e às normas dos regulamentos
internos; de outros trabalhadores que sejam superiores hierárquicos; O trabalhador tem o
dever de se recusar a cumprir ordens que implicam a prática de atos ilegais;
A desobediência a ordens legítimas pode ser justa causa de despedimento
Dever de assiduidade e de pontualidade: Violação do dever de pontualidade: permite ao
empregador recusar a prestação do trabalho durante parte ou todo o período normal de
trabalho, se o atraso for superior a 30 ou 60 minutos. Se as faltas injustificadas prejudicarem
ou puserem em risco gravemente a empresa, ou se foram 5 faltas seguidas ou 10 interpoladas
por ano civil, são justa causa de despedimento.
Dever de zelo e de diligência na realização do trabalho: brio profissional. Se representar
desinteresse repetido pelo cumprimento das obrigações, pode ser justa causa de
despedimento. Se constituir uma redução anormal de produtividade pode originar
despedimento por inadaptação.
Dever de promover a melhoria da produtividade na empresa.
Dever acessório de informação.
Tem 30 dias para informar o empregador sobre doença ou lesão corporal.
Deveres acessórios de proteção: Dever de tratar com urbanidade o empregador; Dever de
promover a higiene e segurança no trabalho; Dever de custódia dos instrumentos do trabalho.
Deveres acessórios de lealdade: sigilo e não concorrência, utilizar os instrumentos da empresa
em proveito próprio; a menos que tenha sido estipulada a exclusividade, não é proibido o
pluriemprego; a obrigação da não-concorrência (136 CT).
Deveres do empregador
Dever do pagamento de retribuição: (258;273 CT) Pagar o salário mínimo – 665€ (2021).
Remuneração pecuniária (dinheiro). Nem sempre o pagamento corresponde a uma
contrapartida de trabalho: férias(264), feriados(269), faltas justificadas,… O empregador não
pode recuperar o dinheiro retribuído (129). As gorjetas não são retribuição, embora possam ter
cariz de estabilidade (260). A retribuição deve ser calculada com base no fator tempo. Pág 28.
Dever de ocupação efetiva 129, b)
Dever da formação profissional 130
Proteção da saúde e segurança do trabalhador 127; Lei 102/2009
Proteção da personalidade do trabalhador 127 a)
Respeito pela autonomia técnica do trabalhador 116 127

Poderes do empregador
Poder de direção (97) corresponde ao dever de obediência (128); não pode afetar as garantias
do trabalhador (129); … pág 30
Poder regulamentar (99)
Poder disciplinar (98) ler 328

Cessação do contrato de trabalho (acabar com ele)


Proibição do despedimento sem justa causa ou por motivos políticos ou ideológicos. (CRP 47 a
53).

Modalidades de cessação
Caducidade; Revogação (vontade de ambas as partes); despedimento; resolução por vontade
do trabalhador; denúncia pelo trabalhador

Caducidade (240 CT)


Reforma, invalidez, velhice. Morte do trabalhador e falta de título profissional não implica
necessariamente a caducidade. Encerramento da empresa conduz à caducidade. Nestes casos
o trabalhador tem direito à compensação devida em caso de despedimento coletivo (pelo qual
responde o património da empresa). Nas microempresas não há procedimento de
despedimento coletivo (346). A insolvência não acarreta necessariamente a cessação dos
contratos de trabalho. O administrador da insolvência tem o poder (direito potestativo) de
fazer cessar os contratos que não sejam necessários à manutenção do funcionamento da
empresa, antes do encerramento definitivo. Reforma: pode continuar a trabalhar (transforma
o contrato a termo); e um trabalhador com 70 anos pode celebrar um contrato com novo
empregador, se não seria discriminação em razão da idade. Também refere-se invalidez.

Revogação (extinção por mútuo acordo): (Art46 CC) tem de ser escrita; há uma compensação
pecuniária que integra todos os créditos do trabalhador vencidos à data. O desrespeito por
esta implica a nulidade (desprover de validade); Art 350 direito potestativo de pôr fim ao
acordo; visa permitir ao trabalhador reagir contra a chantagem (cooling-off period).

Resolução do contrato: (342 CC) Despedimento por justa causa (noção art351) (despedimento
por fato imputável ao trabalhador): nenhuma das alíneas (dos deveres do trabalhador)
“desrespeitá-las” é condição suficiente ou condição necessária.

Procedimento disciplinar e despedimento

O despedimento exige um procedimento disciplinar uma vez que é uma sanção disciplinar. O
empregador deve comunicar a intenção de despedir ao trabalhador, mesmo que no fim não o
despeça (353). No entanto, pelo contrário não pode despedir sem avisar. O trabalhador tem o
direito de se defender somente em tribunal após o procedimento disciplinar. Ler microempresa
(358).

Despedimento por causas objetivas

Despedimento coletivo: 359 CT modalidade adequada para as crises da empresa; comunicar à


estrutura representativa dos trabalhadores e negociar.
Despedimento por extinção do posto de trabalho: 367
Despedimento por inadaptação: é despedido se o trabalhador demonstrar modificações nos 6
meses anteriores no posto de trabalho; é despedido se mostrar inadaptação após ministrada
formação profissional adequada; depois de 30 dias de adaptação após formação; a
inadaptação não decorra de condições de segurança e saúde no trabalho.

Você também pode gostar