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APLICAÇÃO DO TESTE ESCALAS BECK

Indicações: As escalas Beck, conforme os manuais, são indicadas para sujeitos


entre 17 e 80 anos de idade. Todos os quatro BDI (Inventário de Depressão), BAI
(Inventário de Ansiedade), BHS (Escala de Desesperança), BSI (Escala de
Ideação Suicida) são instrumentos indicados para pacientes psiquiátricos. O BDI
tem sido universalmente aplicado na clínica e em pesquisa com pacientes não–
psiquiátricos e na população geral. A BHS também é indicada para tais
populações, embora sua qualidade psicométrica pareça ser mais satisfatória,
quando se verifica a existência de algum tipo de psicopatologia. Em relação a BAI,
há referências, na literatura, de pesquisas com sujeitos da população geral, porém
Beck e Steer (1993 a) sugerem que faltam subsídios mais sólidos sobre a
interpretação clínica correspondente aos diferentes níveis de intensidade da
ansiedade. Quanto à BSI, como o instrumento foi desenvolvido em amostras de
pacientes psiquiátricos, em geral adultos, os autores recomendam cautela em
relação ao seu uso com outras amostras.
Qualificação do usuário: No Brasil, pela natureza do material, tais instrumentos
devem ser usados por profissionais, cuja qualificação lhes forneça adequada
fundamentação em psicopatologia, além de terem experiência clínica e
treinamento, ou por alguns alunos de graduação em Psicologia ou Medicina, sob a
supervisão desses.
Uso clínico: As escalas podem ser administradas separadamente ou não. Uma
vez que a depressão e ansiedade muitas vezes coincidem, que idéias suicidas
tem muito a ver com desesperança que, por sua vez, se vincula à depressão, o
uso associado de mais de uma escala enriquece o entendimento clínico e oferece
melhores subsídios para a opção de uma intervenção terapêutica apropriada.
Ordem de apresentação: Conforme se verificou, através de pesquisa, na prática,
a ordem de apresentação dos instrumentos, se administrados em sessão única,
não tem efeitos significativos sobre os resultados.
Antecedentes históricos e descrição das Escalas Beck: As Escalas Beck, que é
como são denominadas de quatro medidas escalares – o Inventário de Depressão
(BDI), o Inventário de Ansiedade (BAI), a Escala de Desesperança (BHS) e a
Escala de Ideação Suicida (BSI), foram todas desenvolvidas por Beck e seus
colegas no Center for Cognitive Therapy (CCT) da Universidade de Pennsylvania,
na Philadelphiia, Estados Unidos. Já os manuais originais são de autoria de Beck
e Steer (1993 a.b,c, 1991).
BDI (Inventário de Depressão Beck): Foi originalmente criado por Beck, Ward,
Mendelson, Mocik e Erbaugh (1961) e revisado por Beck, Rush, Shaw e Emery
(1979/1982).
Inicialmente foi desenvolvido como uma escala sintomática de depressão, para
uso com pacientes psiquiátricos, sendo que muitos estudos sobre suas
propriedades psicométricas foram realizadas nos anos seguintes ao seu
aparecimento (Beck, 1967 b), passando a ser utilizado amplamente, tanto na área
clínica como na de pesquisa e mostrando-se um instrumento útil também para a
população geral, conforme informações do Manual de Beck e Steer (1993 b).
É uma escala de auto-relato, de 21 itens, cada um com quatro alternativas,
subentendendo graus crescentes de gravidade da depressão (Williams, Barlow e
Agras, 1972), com escores de 0 a 3. Os itens foram selecionados com base em
observações e relatos de sintomas e atitudes mais freqüentes em pacientes
psiquiátricos, com transtornos depressivos,e “não foram escolhidos para refletir
qualquer teoria de depressão, em particular” (Beck e Steer, 1993 b, p.1). Os itens
do BDI se referem a: 1) “Tristeza”; 2) “Pessimismo”; 3) “Sentimento de fracasso”;
4) ”Insatisfação”; 5) “Culpa”; 6) “Punição”; 7) “Auto-aversão”; 8) “Auto-acusações”;
9) ”Idéias suicidas”; 10) “Choro”; 11) “Irritabilidade”; 12) “Retraimento social”; 13)
“Indecisão”; 14) “Mudança na auto-imagem”; 15) “Dificuldade de trabalhar”; 16) “
Insônia”; 17)”Fatigabilidade”; 18) “Perda de apetite”; 19) “Perda de peso”; 20)
“Preocupações somáticas”; 21) “Perda da libido” (p.2).
O escore total é o resultado da soma dos escores individuais dos itens. O escore
total permite a classificação de níveis de intensidade da depressão.
Nível Escores
Mínimo 0 – 11
Leve 12 – 19
Moderado 20 – 35
Grave 36 – 63

BAI (Inventário de Ansiedade Beck): O BAI foi criado por Beck, Epstein, Brown
e Steer, no CCT, em 1998, que descrevem o desenvolvimento do instrumento e
fornecem informações sobre suas propriedades psicométricas. A escala foi
construída com base em vários instrumentos de auto-relato, usados no CCT para
medir aspectos da ansiedade (Beck e Steer, 1993 a), dos quais foram
selecionados os itens que passaram a compor i Inventário. O BAI é uma escala de
auto-relato, que mede a intensidade de sintomas de ansiedade.
O Inventário é constituído por 21 itens, que são “afirmações descritivas de
sintomas de ansiedade” (Beck e Steer, 1993 a , p.2), e que devem ser avaliados
pelo sujeito com referência a si mesmo, numa escala de 4 pontos, que, conforme
o Manual, refletem níveis de gravidade crescente de cada sintoma: 1)
“Absolutamente não”; 2) “Levemente: Não me incomodou muito”; 3)
“Moderadamente: Foi muito desagradável, mas pude suportar”; 4) “Gravemente:
Dificilmente pude suportar”.
Os itens, incluídos por Beck e Steer (1993 a), são os seguintes: 1) Dormência ou
formigamento; 2) Sensação de calor; 3) Tremores nas pernas; 4) Incapaz de
relaxar; 5) Medo que aconteça o pior; 6) Atordoado ou tonto; 7) Palpitação ou
aceleração do coração; 8) Sem equilíbrio; 9) Aterrorizado; 10) Nervoso; 11)
Sensação de sufocação; 12) Tremores nas mãos; 13) Trêmulo; 14) Medo de
perder o controle; 15) Dificuldade de respirar; 16) Medo de morres; 17) Assustado;
18) Indigestão ou desconforto no abdômen; 19) Sensação de desmaio; 20) Rosto
afogueado; 21) Suor (não devido ao calor).
O escore total é o resultado da soma dos escores dos itens individuais. O escore
total permite a classificação em níveis de intensidade da ansiedade.

Nível Escores
Mínimo 0 – 10
Leve 11 – 19
Moderado 20 – 30
Grave 31 – 63

BHS (Escala de Desesperança Beck) – Foi originalmente desenvolvida no CCT,


sendo apresentada como medida da dimensão do pessimísmo (Beck, Weissman,
Lester & trexler, 1974) ou “da extensão das atitudes negativas frente ao futuro”
( Beck & Steer, 1993c, p.1)
A Escala BHS é uma escala dicotômica, que engloba 20 itens, consiste em
afirmações, que envolvem cognições sobre desesperança. Ao concordar (CERTO)
ou discordar (ERRADO) com cada uma dela, o sujeito descreve sua atitude,
permitindo que seja possível “avaliar a extensão das expectativas negativas a
respeito do futuro imediato e remoto”.(Beck e Steer, 1993, p.2) Dentre o total de
itens, 9 deles, quando assinalados ERRADO, e 11, como CERTO, caracterizam
situação crítica.
O escore total é o resultado da soma dos itens individuais. Pode variar de 0 a 20,
que é a estimativa da extensão das expectativas negativas, frente ao futuro, que
pode ser classificada em níveis. Os pontos de cortes citados no Manual são quase
idênticos aos que devem ser usados com pacientes psiquiátricos, quando for
utilizada a versão em português.
A BHS, portanto, é um instrumento adequado como indicador psicométrico de
risco de suicídio, mostrando-se mais útil em pacientes com sintomatologia
depressiva ou histórico de tentativa de suicídio.
Os 20 itens são os seguintes:
Resposta
Afirmações crítica para
desesperança

1. Penso no futuro com esperança e entusiasmo. E


2.Seria melhor desistir, porque não há que eu possa fazer para tornar as coisas melhores para mim. C
3. Quando as coisas vão mal, me ajuda saber que elas não podem continuar assim para sempre. E
4. Não consigo imaginar que espécie de vida será a minha em dez anos. C
5.Tenho tempo suficiente para realizar as coisas que quero fazer. E
6.No futuro, eu espero ter sucesso no que mais me interessa. E
7.Meu futuro me parece negro. C
8.Acontece que tenho uma sorte especial e espero conseguir mais coisas boas da vida do que uma pessoa comum. E
9.Simplesmente não consigo aproveitar as oportunidades e não há razão para que eu consiga no futuro. C
10.Minhas experiências passadas me preparam bem para o futuro. E
11. Tudo o que eu posso ver a minha frente é mais desprazer que prazer. C
12.Não espero conseguir o que realmente quero. C
13.Quando penso no futuro, espero ser mais feliz do que sou agora. E
14.As coisas simplesmente não resolvem da maneira que eu quero. C
15.tenho uma grande fé no futuro. E
16.Nunca consigo o que eu quero. Assim, é tolice querer qual quer coisa. C
17.è pouco provável que eu vá obter alguma satisfação real, no futuro. C
18.O futuro me parece vago e incerto. C
19.Posso esperar mais tempos bons do que maus. E
20.Não adianta tentar realmente obter algo que quero, porque provavelmente não vou conseguir. C

Nível Escores
Mínimo 0–4
Leve 5–8
Moderado 9 – 13
Grave 14 – 20
BSI (Escala de Ideação Suicida Beck) – é uma versão de auto-relato de outro
instrumento clínico, também desevlovido na CCT e utilizado, desde 1970, para
investigar ideação suicida, trata-se da SSI ( Scale for Suicide Ideation),
apresentada por beck, Kovacs e Weissman (1979). A SSI consistia num
instrumento sistemático, que fornecia indicadores de risco de suicídio, num tipo de
entrevista semi-estruturada.
Em sua forma final, a BSI é constituída por 21 itens. Os primeiros 19 itens,
apresentados com três alternativas de respostas, que refletem “graduações da
gravidade de desejos, atitudes e planos suicidas”, subentendem os seguintes
conteúdos: 1) “Desejo de viver”;2) “Desejo de morrer”;3) Razões para viver ou
morrer”;4) Tentativa de suicídio ativa”; 5) “Tentativa de suicídio passiva”; 6)
“Duração das idéias de suicídio”; 7) “Freqüência da ideação”; 8) “Atitude em
relação à ideação”; 9) “Controle sobre atos suicidas”; 10) “Inibições para a
tentativa”; 11) Razões para a tentativa”; 12) “Especificidade do planejamento”; 13)
“ Acessibilidade ou oportunidade do método”; 14) “ Capacidade de realizar a
tentativa”; 15) “ Probabilidade da tentativa real”; 16)”Extensão da preparação
verdadeira”; 17) “Bilhete suicida”; 18) “Atos finais”; 19) “Despistamento e segredo”.
(Beck & Steer, 1991, p. 4).
Os dois últimos itens, não incluídos no escore final, de caráter informativo,
fornecem importantes subsídios sobre o paciente, a respeito do número de
tentativas prévias de suicido e quanto a seriedade da intenção de morrer na última
delas.

Instruções gerais para a administração

Condições para a administração: A administração de qualquer dos instrumentos


deve ser realizada em ambiente tranqüilo e iluminado adequadamente, para que o
examinando possa se concentrar na leitura.
Considerações sobre a administração: A administração de qualquer destes
instrumentos, seja individual ou em grupos, não oferece dificuldades específicas,
desde que o examinador se familiarize previamente com seu conteúdo e siga
estritamente as instruções para cada escala.
Além das instruções específicas, ao final da administração de cada escala, é
extremamente importante verificar se as respostas estão adequadamente
assinaladas, em tosos os itens, sem omissão de resposta à solicitação de
informação adicional do item 19 BDI.
Formas de administração: Geralmente, as escalas são auto-administradas.
Utiliza-se a administração oral, quando o examinador presume que o examinando
pode necessitar de ajuda ou se encontra impossibilitado de ele mesmo assinalar
suas respostas.

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