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Pequeno Manual de Doutrinas Bas - Marcos Granconato - 230711 - 051742
Pequeno Manual de Doutrinas Bas - Marcos Granconato - 230711 - 051742
PEQUENO MANUAL DE
DOUTRINAS BÁSICAS
São Paulo
2014
Copyright © 2014 por Marcos Granconato
Publicado pela Hermeneia Editora
É expressamente proibida a reprodução total ou parcial deste livro, por quaisquer meios
(eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação e outros) sem prévia autorização por escrito
da editora.
Contato:
editora@hermeneia.com.br
_________________________________________________________
Granconato, Marcos
ISBN-13
978-1502738844
ISBN-10
1502738848
_________________________________________________________
Capítulo 1
A Doutrina Acerca das Escrituras 9
Capítulo 2
A Doutrina Acerca de Deus 19
Capítulo 3
A Doutrina Acerca de Cristo 31
Capítulo 4
A Doutrina Acerca do Espírito Santo 41
Capítulo 5
A Doutrina Acerca do Homem 55
Capítulo 6
A Doutrina Acerca do Pecado 63
Capítulo 7
A Doutrina Acerca da Salvação 73
Capítulo 8
A Doutrina Acerca da Igreja 87
Capítulo 9
A Doutrina Acerca dos Anjos 101
Capítulo 10
A Doutrina Acerca das Últimas Coisas 111
Referências
APRESENTAÇÃO
Embora contenha a Santa Escritura uma doutrina
perfeita, a que nada se pode acrescentar, pois que
aprouve a Nosso Senhor revelar os infinitos tesouros de
sua sabedoria, entretanto, a pessoa que não seja bastante
experimentada no seu manuseio e entendimento
necessita de certa orientação e ajuda, para saber que
deva nela buscar a fim de não vaguear incerta, ao
contrário, alcance rota segura que lhe faculte atingir
sempre o fim a que a convoca o Santo Espírito.
Marcos Granconato
Soli Deo gloria
CAPÍTULO 1
A DOUTRINA ACERCA DAS
ESCRITURAS
(Bibliologia)
Introdução
A Bíblia é a única base da doutrina cristã. Por isso, se o conceito
formulado sobre as Escrituras for errado, todas as outras doutrinas serão
afetadas de modo negativo.
Daí percebe-se a importância da concepção sadia da Bíblia. Quando ela
não é considerada do modo como exige, não pode servir de base para a
conservação da “sã doutrina” (Tt 2.1).
Com efeito, a Bíblia deve ser para o cristão um manual de padrões para a
vida. Se não for assim, o homem estará à mercê dos seus próprios modos
errados e pecaminosos de pensar, os quais fatalmente o conduzirão à ruína.
Deve ser lembrado que há pessoas que, apesar de professarem um
conceito sadio da Bíblia, vivem em desacordo com isso. É claro que essas
pessoas envergonham o Evangelho. Suas vidas espirituais são um verdadeiro
fracasso.
A revelação
Revelação é, basicamente, o desvendamento de algo que era
desconhecido ou a manifestação de alguma coisa que estava escondida. No
contexto judaico-cristão essa palavra é usada para se referir à comunicação
que Deus faz de si mesmo e da sua vontade. Assim, em termos teológicos, a
revelação é um processo por meio do qual Deus desvenda ao homem seu
caráter e seus desígnios. O resultado desse processo também é chamado de
revelação.
A inspiração
Conforme visto, a Bíblia compõe a revelação especial de Deus, tendo
sido inspirada por ele. Quando se diz que a Bíblia é inspirada por Deus, isto
significa que o Espírito Santo supervisionou aquilo que os autores bíblicos
escreveram nos autógrafos, isto é, nos escritos originais (as cópias não foram
inspiradas) de tal modo que eles o fizeram sem cometer qualquer erro.
Deus não ditou as palavras da Bíblia (apenas poucas partes foram
provavelmente ditadas – e.g., a Lei), nem tampouco os autores bíblicos
entraram em estado de êxtase para escrever os livros.
O que Deus fez na realidade foi mover (2Pe 1.21) ou dirigir os escritores
para que compusessem sua revelação usando suas personalidades, culturas e
faculdades mentais. Desse modo, pode-se dizer que Deus falou através do
homem (Mt 1.22; 2.15;1Co 14.37).
É importante destacar que não é correto dizer que os autores bíblicos foram
inspirados por Deus. O termo “inspirados” se aplica apenas aos livros
bíblicos. Seus autores foram movidos ou impelidos (Gr. ferómenoi) pelo
Espírito Santo. Alguns textos bíblicos que servem de base para esse ensino
são Mateus 5.18; 22.43; 2Timóteo 3.16; 2Pedro 1.20-21 e Hebreus 1.1.
Hoje não existe nenhum fragmento sequer dos escritos originais. Todos
se perderam ao longo dos séculos. O que se tem agora são cópias, a maioria
delas preparada por homens zelosos e habilidosos. Para se chegar ao texto
original um trabalho científico denominado crítica textual tem sido realizado
nessas cópias e em fragmentos delas. Graças à ação de Deus em preservar sua
Palavra (1Pe 1.24-25) e aos esforços da crítica textual, o conteúdo dos
autógrafos foi mantido acessível com precisão praticamente total.
O crente deve ter sempre em mente que a Bíblia, por ser divinamente
inspirada, é:
A canonicidade
Sendo inspirados por Deus, os livros da Bíblia são dotados de
canonicidade. O termo “cânon” vem do hebraico (qaneh) e do grego (kánon)
e significa, basicamente, vara de medir ou régua. Com o tempo, essa palavra
passou a ter um significado mais amplo, indicando também uma norma ou
padrão de qualquer natureza (Gl 6.16).
Assim, quando se afirma que um livro é canônico, isso significa que deve
ser usado como uma régua para “medir” a validade do que o homem crê e
faz.
Deve ficar bem claro que a canonicidade dos livros bíblicos não lhes foi
imposta por homens. O fato de Deus tê-los produzido usando o processo da
inspiração visto acima é que lhes confere canonicidade. Os homens
simplesmente reconheceram essa qualidade presente nos livros bíblicos desde
a sua produção. Aliás, mesmo os escritores bíblicos tinham consciência da
autoridade de seus escritos por serem revelação de Deus. Isso se pode ver,
por exemplo, em 2Samuel 23.2; 1Coríntios 2.13 e 14.37.
Para reconhecer um livro como canônico foram usados os seguintes
critérios:
Autoria profética ou apostólica: Para ser reconhecido, o livro deveria ser
escrito por um profeta, por um apóstolo ou por alguém sob a autoridade de
um apóstolo (por exemplo, Marcos escreveu seu evangelho sob a autoridade
do apóstolo Pedro).
Aceitação: Para ser reconhecido, o livro tinha que ter ampla aceitação entre o
povo de Deus. O reconhecimento da igreja em geral foi considerado fator
muito importante, uma vez que o Senhor manifesta sua direção por meio do
povo santo.
Inspiração: Para ser reconhecido, o livro tinha que dar evidências de origem
divina, falando com autoridade e apresentando valores morais e espirituais
elevados, próprios de uma obra inspirada pelo Espírito Santo.
O cânon
Enquanto o termo canonicidade se aplica a uma qualidade sobrenatural
dos livros bíblicos, a palavra “cânon” é usada para se referir ao conjunto de
livros que compõem tanto o Antigo como o Novo Testamento.
Quanto aos livros que fazem parte do Novo Testamento, sua classificação
é a seguinte:
CLASSIFICAÇÃO LIVROS
Evangelhos Mateus, Marcos, Lucas e João.
Atos ‒
Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas,
Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e
Epístolas Paulinas
2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo,
Tito e Filemom.
Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2 e 3
Epístolas Gerais
João e Judas.
Apocalipse ‒
A iluminação
Iluminação é o ministério do Espírito Santo de capacitar o homem que é
alcançado por sua graça a compreender a revelação escrita de Deus.
Essa obra é necessária porque as verdades da Palavra pertencem a uma
dimensão que está muito acima do alcance da mente humana (Is 55.8-9),
sendo conhecida somente pelo Espírito (1Co 2.11). Por isso, sem o auxílio do
Senhor não há como o homem acolher o que foi revelado (Lc 24.44-45; 1Co
2.12).
Pra piorar a situação, Satanás cega o entendimento das pessoas,
impedindo--as de compreender o evangelho (2Co 4.3-4). É por causa disso
que os incrédulos, não tendo a ação iluminadora do Espírito, não conseguem
entender nem mesmo as verdades espirituais mais elementares (1Co 2.14).
Introdução
Obviamente os crentes aceitam sem reservas o fato da existência de Deus.
Crendo na veracidade da Bíblia, não podem negar o Deus que ela apresenta.
Assim, numa sociedade em que o ateísmo filosófico e prático finge ser
incontestável, os discípulos de Jesus caminham na contramão das tendências
seculares, proclamando a realidade de um Deus criador, amoroso e santo com
quem é possível o homem se relacionar e, por meio disso, desfrutar de
notável satisfação .
A existência de Deus
A Bíblia não discute a existência de Deus. Antes, simplesmente a afirma
logo em seu primeiro versículo (Gn 1.1), dizendo posteriormente que é
possível perceber que Deus existe por meio da criação e da providência (At
14.17; Rm 1.20), sendo isso tão óbvio que somente os insensatos são capazes
de dizer que não há Deus (Sl 14.1).
Por causa disso, os argumentos a seguir não foram desenvolvidos na
Bíblia. Em vez disso, foram elaborados por teólogos do passado que
perceberam que a existência de Deus pode ser comprovada pelo simples uso
da razão.
Há, basicamente, quatro argumentos lógicos que são usados para
defender a existência de Deus. Veja-os a seguir:
Os atributos de Deus
Um atributo é uma qualidade própria de um ser. Por atributos de Deus
entendem-se as propriedades que pertencem ao seu ser e que
consequentemente o caracterizam. Seus atributos são perfeições que lhe são
atribuídas nas Escrituras e que podem ser verificadas nas obras da criação,
providência e redenção.
Como os atributos de Deus são vários, alguns estudiosos os dividem em
dois grupos: os atributos naturais e os atributos morais.
Os atributos naturais
São atributos ligados à existência de Deus, ou seja, àquilo que ele é em si
mesmo. Os atributos naturais são os seguintes:
Vida. Deus é um ser vivo. Ele pensa, sente e age. Sua vida é infinita. Ele
jamais morrerá (Jr 10.10; Mt 16.16; Jo 5.26; 1Ts 1.9).
Personalidade. Deus é pessoal. Isto não significa que ele existe em um corpo
como as pessoas comuns, mas sim que ele tem uma personalidade, sendo
dotado de intelecto (ou inteligência), emoções e vontade (Êx 4.14; Rm 8.28;
11.33-36; Ef 1.8-9).
Autoexistência. Deus existe por si mesmo. Ele não foi causado. Sua vida não
provém de nada que não seja ele mesmo. É necessário frisar também que ele
não se autocriou (Êx 3.14; Jo 5.26).
Eternidade. Deus não tem começo e nem fim. Ele existe e sempre existiu
eternamente. Ele está acima do tempo (Sl 90.2; Hb 1.10-12; Ap 1.8).
Onisciência. Deus conhece todas as coisas. Não há nada que ele possa ou
tenha que aprender. Seu conhecimento é infinito e completo (Is 40.28; Rm
11.33; Hb 4.13). Ele sabe o que aconteceu, o que acontece, o que acontecerá
e o que aconteceria (Sl 139.3-4; Mt 11.21-23).
Onipotência. Deus tem poder ilimitado. Ele pode fazer tudo que deseja e que
planejou executar sem que nada o impeça ou dificulte suas ações (Jó 42.2; Jr
32.17; Sl 115.3; Mt 19.26). Entretanto, todo o seu poder é coerente com seu
caráter santo e sua natureza infinita. Desse modo, há coisas que Deus não
pode fazer como mentir, morrer ou criar um ser melhor que ele próprio (Tt
1.2; Hb 6.18).
Os atributos morais
São os atributos ligados ao caráter infinitamente imaculado de Deus.
Podem ser resumidos em dois:
Amor. Deus ama suas criaturas. Ele se preocupa com o bem-estar delas.
Movido pelo amor, Deus sai em busca do homem e procura se relacionar com
ele, mesmo quando isso envolve sacrifício (Is 63.9; Jo 3.16; 1Jo 4.16). O
amor de Deus se manifesta também por meio de sua misericórdia, que é a
disposição que tem de não aplicar a pena que o pecado merece, e por meio da
sua graça, que é a disposição que tem de dar aquilo que o pecador não merece
(Ef 2.8).
Outros importantes atributos de Deus são:
Liberdade: Sendo soberano e dono de tudo, Deus é livre para fazer o que
quiser, sendo impossível que ultrapasse seus “direitos”, uma vez que não há
limites para sua autoridade (Is 46.9-10; Rm 9.21).
A Trindade
Deus é um ser em três pessoas. Pai, Filho e Espírito Santo são pessoas
distintas, que se inter-relacionam numa única essência. Essa doutrina não
pode ser entendida pela lógica humana, mas é claramente ensinada na Bíblia
que afirma a divindade do Pai (Ef 1.3), do Filho (1Jo 5.20) e do Espírito (At
5.3-4).
A doutrina da Trindade não deve ser entendida como triteísmo (a crença
em três deuses distintos), pois ainda que Deus seja tripessoal, a Bíblia afirma
claramente que ele é um só em essência ou substância (Dt 6.4; Tg 2.19).
Também não se deve pensar que as pessoas da Trindade sejam
manifestações diferentes de uma só pessoa divina (sabelianismo ou
modalismo). Isso porque as três pessoas, ainda que unidas em essência (Jo
10.30), são distintas entre si (Mt 3.16-17), sendo certo que o Filho é
eternamente gerado (unigênito) pelo Pai (Jo 1.14,18; 3.16,18) e a ele se
sujeita (Jo 5.19; 8.28; 12.49), enquanto o Espírito Santo procede somente do
Pai, mas é enviado tanto pelo Pai (Jo 14.16,26) como pelo Filho (Jo 15.26).
Sendo as três pessoas da Trindade iguais em divindade, tanto o Pai como
o Filho e o Espírito Santo devem ser igualmente adorados, cultuados,
honrados invocados e obedecidos (Mt 28.19; 1Co 8.6; 2Co 13.14; 2Tm 1.2;
1Jo 1.3).
Os nomes de Deus
A Bíblia, especialmente o Antigo Testamento, apresenta diversos nomes
pelos quais Deus é chamado. Cada um deles revela algo acerca do caráter ou
das obras do Senhor.
EXEMPLO DE
NOME SIGNIFICADO
OCORRÊNCIA
Elohim Deus (alguém forte) Gn 1.1
Adonai Senhor (de tudo) Js 3.11
Yahweh EU SOU QUEM SOU Êx 3.14-15
El Shaddai Deus Todo-Poderoso Gn 17.1
El Elyon Deus Altíssimo Gn 14.18-22
El Olam Deus Eterno Is 40.28
Yahweh Jireh O Senhor proverá Gn 22.14
Yahweh Nissi O Senhor é minha Êx 17.15
bandeira
Yahweh Shalom O Senhor é paz Jz 6.24
Yahweh Sabbaoth O Senhor dos exércitos 1Sm 1.3
Yahweh O Senhor que vos Êx 31.13
Meqaddishkem santifica
Yahweh Tsidkenu O Senhor justiça nossa Jr 23.6
Os decretos de Deus
Decretos de Deus são seus planos e desígnios perfeitos, estabelecidos na
eternidade. Por meio deles o Senhor dirige soberanamente a história e realiza
sua vontade em todo o universo, atingindo, assim, seus propósitos santos (Ef
1.11).
Os decretos de Deus são impossíveis de ser frustrados (Jó 23.13-14; 42.2;
Is 43.13; 46.10), sobrepõem-se aos propósitos humanos (Sl 33.10; Pv 19.21;
Dn 4.35; Fp 2.13) e, sendo perfeitos, não sofrem alterações (1Sm 15.29; Is
46. 10; Hb 6.17), subsistindo para sempre (Sl 33.11).
Ressalvas importantes
Os decretos de Deus não tornam os homens inocentes pelos males que
praticam. Os caldeus foram considerados culpados por sua maldade contra
Judá (Hc 1.11), mesmo sendo o próprio Deus quem os levantou para realizar
esses atos (Hc 1.6). Da mesma forma, Herodes e Pôncio Pilatos pecaram
quando conspiraram contra Jesus, apesar de ter sido Deus quem decretou que
agissem assim (At 4.27-28). O que se depreende disso é que o decreto de
Deus não anula o pecado dos perversos, nem torna Deus culpado por suas
más ações. Note-se que Jesus reprovou Judas mesmo sabendo que ele, com
sua traição, cumpriu o decreto divino (Mt 26.24). Pedro, por sua vez, criticou
os judeus de Jerusalém por matarem Jesus, mesmo sabendo que isso tinha
sido preestabelecido por Deus (At 2.23). A maneira como Deus decreta o mal
sem se tornar culpado e sem remover a culpa dos perversos não é revelada na
Escritura, estando além da compreensão humana. Trata-se de um dos muitos
mistérios que permanecem escondidos na mente insondável do Senhor (Dt
29.29) e que deve estimular a humildade, a fé e a adoração, e nunca a rebelião
ou o inconformismo (Rm 11.33-36).
Introdução
A figura de Jesus de Nazaré é, sem dúvida, a mais notável de toda a
história. Sua grandeza, porém, estimulou a mente humana a criar diferentes
conceitos e teorias acerca do filho do carpinteiro que, com sua mensagem e
obra, mudou o mundo inteiro.
Foi assim que filosofias e seitas estranhas surgiram ao longo dos séculos
fazendo ousadas asseverações sobre Jesus, muitas vezes desprezando o que
ele próprio disse de si mesmo ou o que os seus discípulos afirmaram acerca
dele. A proliferação dessas seitas e teorias afastou muitas pessoas da verdade
acerca de Cristo proclamada pela igreja com base no testemunho da Bíblia.
Essa verdade consiste, basicamente, da afirmação de que Jesus Cristo é o
Filho de Deus, Deus-homem, impecável, que morreu em lugar do ser humano
a fim de que, pelo seu sacrifício, o homem recebesse remissão dos pecados
(Ef 1.7).
Os cristãos creem ainda que Jesus Cristo ressuscitou dentre os mortos ao
terceiro dia e hoje está vivo, sustentando o universo (Cl 1.17; Hb 1.3),
intercedendo a favor dos crentes (Hb 7.25) e aguardando a chegada do dia
fixado para sua volta (At 1.11).
Os crentes ensinam que as pessoas devem abandonar os conceitos errados
que as seitas e filosofias criaram sobre o filho de Deus e, então, acolher a
cristologia ortodoxa fundamentada nas Escrituras. Isso porque aquilo que o
homem pensa acerca de Jesus é de máxima importância tanto para a vida
presente como a futura. Na verdade, a Bíblia deixa claro que o fato de uma
pessoa crer ou não em Cristo conforme pregado pelos apóstolos da Bíblia é
fator determinante do lugar onde ela passará a eternidade (Jo 3.36).
A pessoa de Cristo
Jesus Cristo é Deus-homem. Isto significa que ele tem duas naturezas: a
humana e a divina. No decorrer dos séculos muitos teólogos se reuniram para
discutir esse assunto. Os principais concílios que trataram desse tema ao
tempo da igreja antiga foram:
Fica claro, portanto, que Jesus Cristo é totalmente homem (1Tm 2.5) e
totalmente Deus (1Jo 5.20) em uma só pessoa (Rm 9.5).
A preexistência de Cristo
Fortemente relacionado à divindade de Cristo está o ensino acerca da sua
preexistência e eternidade. Os textos que servem de base para essa doutrina
são: Miqueias 5.2; Isaías 9.6; João 1.1-3; 8.56-58; Colossenses 1.17 e
Hebreus 1.8.
O caráter de Jesus
A seguir são listados alguns aspectos do caráter de Jesus:
Santidade. Ele é sem pecado (Jo 8.46; Hb 4.15; 1Jo 3.5) e absolutamente
puro (Jo 8.12 cf. 1Jo 1.5; 1Jo 3.3).
A obra de Cristo
O autoesvaziamento de Cristo
O autoesvaziamento ou kenosis de Cristo é uma expressão que aponta
para a disposição humilde presente no Senhor de abrir mão voluntariamente
da sua glória celestial enquanto esteve neste mundo, assumindo assim a
forma de servo e sendo obediente até à morte, tudo por amor aos perdidos
(Hb 12.2).
O texto principal acerca da kenosis é Filipenses 2.5-8. Note-se que esse
ensino é uma das principais bases doutrinárias para a unidade cristã e para a
convivência humilde, pacífica e não egoísta entre os membros da igreja de
Deus (Fp 2.2-5).
A obra redentora de Jesus Cristo
A obra redentora de Cristo envolve especialmente sua morte e
ressurreição (1Co 15.3-4). A Bíblia ensina que a morte de Cristo abrangeu
diversos aspectos, conforme mostra o quadro a seguir:
Testemunhas de Jeová: Afirmam que Jesus não é divino, mas sim uma
criatura especial de Deus. De acordo com essa seita, a criação de Jesus
ocorreu antes de todas as coisas e ele viveu como uma criatura espiritual no
céu até o dia em que nasceu em Belém. Os mestres dessa religião ensinam
que Jesus morreu e ressuscitou para resgatar o homem, mas seu sacrifício foi
somente humano. Por não crerem que Jesus é Deus, as Testemunhas de Jeová
não o adoram.
A DOUTRINA ACERCA DO
ESPÍRITO SANTO
(Pneumatologia)
Cremos (...) no Espírito Santo, Senhor e vivificador, que procede do
Pai, que com o Pai e o Filho conjuntamente é adorado e glorificado,
que falou através dos profetas.
Credo Niceno-Constantinopolitano
Introdução
A doutrina acerca do Espírito Santo talvez seja uma das áreas mais
debatidas da teologia cristã, sendo também o campo em que, na prática, a
igreja tem cometido seus maiores erros e excessos. Definições confusas e
obscuras, interpretações bíblicas intuitivas, valorização da experiência mais
do que do testemunho bíblico, apego a costumes e tradições, tudo isso tem
contribuído para a construção de uma pneumatologia defeituosa, bem distante
do ensino apostólico.
Obviamente, os desvios nessa área têm gerado consequências desastrosas,
tanto para a vida pessoal dos crentes, como para as igrejas locais na
realização de seus atos de adoração, serviço e proclamação, o que impõe a
necessidade de estudo mais sério e de francas correções.
O material que segue visa atender um pouco a essa necessidade,
protegendo o estudante da Bíblia dos desvios tão comuns com que o povo de
Deus se depara quando ouve falar sobre a pessoa e obra do Espírito Santo.
Neste capítulo, o cristão encontrará também ferramentas para desenvolver
uma pneumatologia sadia e propagá-la a seus irmãos de fé.
5. Ele tem o seu nome associado ao nome do Pai e do Filho (Mt 28.19;
2Co 13.13 [ou v. 14 – NVI]).
Entre os dons alistados aqui somente o de profecia não existe mais. Com
efeito, não há nenhum indício ou razão na Escritura para afirmar que os
demais também deixaram de existir. Na verdade, o próprio viver diário da
igreja mostra sua permanência viva até os dias de hoje.
Introdução
O que é o homem? Como ele surgiu? Qual a razão de sua existência? O
ser humano tem algum grau de dignidade? Se tem, qual é a base dessa
dignidade? O homem é somente um animal constituído de simples matéria
perecível ou sua estrutura abrange algo mais? Tem ele deveres morais? Qual
é a fonte e a base desses deveres?
Essas perguntas e muitas outras são feitas frequentemente por pessoas
que veem com razão a importância que as respostas a elas têm para o sentido
da vida e o procedimento ético. Diante dessas questões, filósofos seculares
das mais variadas tendências elaboraram diferentes respostas, sem que
nenhuma delas fornecesse bases sólidas para o respeito devido ao ser humano
ou para um sistema de conduta que pudesse ser esperado ou exigido das
pessoas.
Os cristãos, por sua vez, creem que a Bíblia responde todas essas
perguntas de modo claro e preciso, formando uma antropologia sadia que
eleva a importância de cada indivíduo e que lança as bases para uma conduta
honrosa.
A criação
Fora da Bíblia não há nada que possa ser dito com certeza sobre a origem
do homem. Os povos antigos legaram vários contos e lendas sobre o
aparecimento da raça humana na Terra, mas todos esses relatos são
desprovidos de credibilidade.
Nos tempos modernos a ciência tem formulado teorias relacionadas à
origem do homem. Essas teorias, porém, baseiam-se mais em hipóteses do
que em fatos demonstráveis.
A verdade é que, à luz do ensino bíblico, o homem não é produto de uma
evolução natural como muitas pessoas acreditam. O homem é, isto sim, um
ser criado por Deus (Gn 1.26-27).
TRICOTOMISMO DICOTOMISMO
O homem é composto por
O homem é
uma parte material (corpo) e
composto de corpo,
uma espiritual (alma ou
alma e espírito. espírito).
Base Bíblica
Mt 10.28; Lc 1.46-47 (aqui
Base Bíblica há um paralelismo em que
1Ts 5.23; Hb 4.12 alma e espírito são
sinônimos); Rm 8.10; 1Co
5.5; 2Co 7.1
A condição original
Originalmente o homem foi criado:
À imagem e semelhança de Deus (Gn 1.27; 5.1; 9.6; 1Co 11.7). Isto não
significa que o homem é fisicamente semelhante a Deus, pois Deus é espírito
(Jo 4.24) e não tem um corpo. Certamente na expressão “imagem e
semelhança” estão envolvidos a personalidade, o senso moral, a capacidade
de se relacionar num nível pessoal, o poder de dominar a criação e a
espiritualidade, fatores que caracterizam o ser humano e que tanto o diferem
dos animais.
É preciso esclarecer que imagem e semelhança são termos distintos
usados para descrever uma mesma realidade. A expressão encerra um recurso
de linguagem chamado hendíadis, palavra que significa, literalmente, “um
por meio de dois”. Na hendíadis, portanto, duas palavras de conceito básico
levemente distinto são usadas para se referir a um único conceito. Esse é,
pois, o caso de “imagem e semelhança”.
O fato de ter sido criado à imagem e semelhança de Deus torna o homem
um ser digno de respeito.
Com uma natureza moral santa (Ec 7.29). Quando Deus criou o homem,
este não tinha qualquer pecado ou impureza. Certamente esta foi a maior
glória que recebeu. O homem, no princípio, era um ser moralmente perfeito.
O propósito da criação do homem
O Catecismo Maior de Westminster, formulado pela Assembleia de
Westminster (1643-1649), ensina com precisão o propósito principal da
criação do homem:
Introdução
O conceito bíblico de pecado e todas as verdades cristãs acerca desse
tema não têm recebido a merecida atenção nos tempos atuais, nem por parte
do mundo (obviamente), nem tampouco da igreja em geral
(lamentavelmente).
Pouco se fala sobre o maior problema da humanidade, o que é lastimável,
posto que o pecado está na raiz de todas as desgraças que se abatem sobre os
indivíduos, as famílias e a sociedade como um todo.
As razões dessa negligência são, basicamente, duas: o secularismo que
domina a sociedade e o utilitarismo que invade as igrejas. Movidos pelo
secularismo, os homens tendem a explicar toda má conduta com base em
noções científicas, como doenças ou distúrbios psíquicos ou sociais,
rejeitando qualquer ideia de pecado. Impulsionadas pelo utilitarismo, as
igrejas, por sua vez, tendem a evitar qualquer assunto que retarde ou impeça
o seu crescimento, afastando as pessoas que as visitam. Daí o silêncio acerca
de temas como o pecado e todas as suas conseqüências tanto aqui como na
vida futura.
A Bíblia, contrariando isso tudo, fala bastante sobre o pecado, tratando do
assunto com notável clareza. O traço que tanto caracteriza a raça humana não
deixa de receber ampla atenção na Palavra de Deus. É, pois, esse aspecto da
doutrina cristã, tão compreensivelmente mencionado nas páginas das
Escrituras, que é exposto a seguir.
O significado de “pecado”
A Bíblia diz que “as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o
vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós para que vos
não ouça” (Is 59.2). Isso mostra que, basicamente, o pecado é algo que
provoca o rompimento das relações do homem com Deus.
Falando, porém, de modo mais específico, o pecado pode ser definido
como:
O alcance do pecado
Nada no universo que Deus criou está fora do alcance do pecado. Tanto a
realidade material como a espiritual foram afetadas pela rebelião de criaturas
racionais contra o seu Criador. Assim, o pecado atingiu:
Prova: Refere-se ao período durante o qual o homem foi sujeito ao teste que
consistia na obediência a uma ordem específica de Deus (Gn 2.15-17). Não
se sabe quanto tempo esse período durou.
A depravação total
O pecado afetou o ser humano em sua totalidade. A esse efeito
devastador do pecado, dá-se o nome de “depravação total”.
Cabem aqui algumas ressalvas. Quando se diz que o homem é totalmente
depravado, isso não significa que cada pessoa do mundo pratica todas as
formas de abominação imagináveis. Também não significa que os seres
humanos são incapazes de realizar qualquer ato de bondade ou virtude.
ÁREA
EFEITO BASE BÍBLICA
AFETADA
O interior do homem Gn 6.5; Sl 58.3; Mt
é uma fonte 15.18-19
Mente
inesgotável de
palavras e ações más.
O homem não Rm 3.11; 1Co
consegue entender as 1.18; 2.14; 2Co
realidades espirituais. 3.14-15; 4.3-4
O homem tem sua Is 5.20; Rm 1.32;
capacidade de julgar Ef 4.17-19; 1Pe 4.4
Intelecto entre o bem e o mal
limitada.
O homem tende a Sl 14.1; Mt
acolher as mentiras e 24.5,11; 2Ts 2.9-
fábulas mais 11; 2Tm 4.3-4
grosseiras.
O ser humano se
Jó 15.16; Is 66.3;
alegra em práticas
2Ts 2.12; 2Pe 2.13
detestáveis.
O ser humano não
nutre afeto algum Jr 6.10
Emoções
pela Palavra de Deus.
O ser humano ama as
trevas, mas odeia Jo 3.19; 15.18-19;
Cristo e seus 1Jo 3.13
discípulos.
O homem não
Jr 13.23; Rm 7.15-
consegue realizar
23
suas boas decisões.
O homem não
Jo 1.13; 6.44,65;
Vontade consegue, por si só,
Rm 3.11
optar por ir a Cristo.
O homem deseja
fazer a vontade da Rm 8.8; Ef 2.1-3
carne.
O pecado e o livre-arbítrio
Livre arbítrio não é, como muitos pensam, a capacidade natural que as
pessoas têm de fazer as escolhas gerais do dia-a-dia. Isso, na verdade, é mera
expressão do exercício comum da vontade e, ainda que sofra as influências
do pecado, não foi erradicada com a queda do homem no Éden.
Observe-se a seguir uma possível definição de livre-arbítrio:
O crente e o pecado
Cristo proveu o sacrifício necessário para a satisfação da justiça de Deus
(1Jo 2.2), de forma que, graças à sua obra na cruz, toda transgressão pode ser
perdoada. Assim, o crente deve confessar seus pecados a Deus sabendo que
ele é fiel e justo para purificá-lo de toda injustiça (1Jo 1.9). Essa confissão
deve ser expressão de verdadeiro arrependimento (Tg 4.8-9).
Introdução
No anseio de cumprir a ordem de Jesus de evangelizar o mundo inteiro,
os cristãos frequentemente falam sobre a salvação em suas conversas com os
não crentes. Isso, às vezes, gera certa confusão, pois os incrédulos não
entendem o que significa a afirmação de que o pecador precisa ser salvo. Por
isso, é preciso que o discípulo de Jesus tenha em mente noções bem claras
acerca da soteriologia bíblica, caso queria falar de forma mais eficaz acerca
das boas-novas que deve proclamar.
Basicamente, salvação é o livramento da punição eterna do pecado (no
momento em que se crê em Cristo), do poder escravizante do pecado (na
medida em que o cristão cresce em santidade) e da presença maligna do
pecado (quando o homem redimido estiver enfim com o Senhor). Esse
livramento só é obtido pela fé em Cristo como o Filho de Deus que morreu
pelos pecados da humanidade, mas ressuscitou dentre os mortos para
justificação de todo o que crê (Jo 3.16; Rm 4.25).
A salvação, em sua plena consumação, abrange a alma do crente que é
levada ao céu quando chega a morte (At 7.59; Fp 1.23) e o seu corpo que será
revestido de incorruptibilidade ao tempo da ressurreição ou do arrebatamento
da igreja (1Co 15.51-55; 2Co 5.1-8; 1Ts 4.16-17).
Neste capítulo serão brevemente expostos os diferentes aspectos que
compõem a doutrina da salvação, conforme apresentada na Bíblia.
A predestinação
Os verbos “predestinar” e “predeterminar” traduzem a palavra grega
proorízo. Predestinar é destinar de antemão e se trata de uma ação de Deus
que abrange todos os eventos (At 4.27-28). No campo da soteriologia, a
Bíblia afirma que Deus predestinou os crentes para serem conforme a
imagem de seu Filho e que o resultado final disso será a glorificação deles
(Rm 8.29-30).
Deus também predestinou os crentes para a adoção de filhos. Isso teve
como única causa a livre escolha do Senhor, realizada segundo o conselho da
sua vontade (Ef 1.5,11).
O propósito último da predestinação dos crentes é o louvor da gloriosa
graça de Deus (Ef 1.6).
A eleição
A eleição (Gr. eklogé / eleitos, Gr. eklektoí) diz respeito ao ato livre e
soberano de Deus de escolher aqueles que, sem mérito algum, serão alvos
efetivos da sua graça salvadora (Rm 9.14-24; 11.3-8).
O ato divino de eleger os que seriam salvos ocorreu na eternidade, antes
da fundação do mundo (Ef 1.4), e foi realizado conforme a graça e a livre
determinação do Senhor (2Tm 1.9; 1Pe 1.1-2), e não de acordo com qualquer
fator positivo que ele, porventura, tenha visto previamente no homem (Rm
9.11,16; 11.5-6). De fato, a eleição não busca homens dignos, mas sim
produz homens dignos (Cl 1.12), fazendo deles veículos de bênçãos (Mc
13.20) e protegendo-os do engano (Mt 24.24).
O Novo Testamento enfatiza que não há nenhuma injustiça da parte de
Deus em seu ato de eleger quem ele quer para a salvação (Rm 9.13-20).
A aquisição
Deus comprou (Gr. agorázo) ou adquiriu (Gr. peripoiéo) o crente para si
e o preço que pagou foi o sangue de seu próprio Filho. Como um escravo que
foi adquirido por precioso valor, o cristão agora pertence a Cristo, sendo
servo dele para sempre (At 20.28; 1Co 6.20; 7.23; Ap 5.9).
A libertação
De acordo com Gálatas 3.10-11, todas as pessoas estão debaixo da
maldição da lei, sendo consideradas condenáveis diante de Deus em virtude
de sua transgressão. O crente, porém, foi liberto (Gr. vb. exagorázo) dessa
maldição, pois Cristo o substituiu na cruz, fazendo-se, ele próprio, maldição
em lugar do pecador (Gl 3.13).
Cristo também libertou o crente do fardo da Lei a fim de que o homem
salvo não viva como um escravo oprimido, mas desfrute do status de filho de
Deus por adoção (Gl 4.5-6).
A redenção
No conceito de redenção (Gr. lytrosis – Hb 9.12 / apolytrosis – Rm 3.24;
Ef 1.7) está embutida a ideia de livrar por meio do pagamento de um resgate
(Gr. lytron – Mt 20.28). Por meio do pagamento realizado por Cristo na cruz,
os crentes foram resgatados (Gr. vb. lytróo) da iniquidade (Tt 2.14) e da
maneira vazia de viver (1Pe 1.18).
A redenção do crente tem também um aspecto futuro, adquirindo o
sentido de livramento da presente realidade marcada pelo pecado e seus
efeitos (Rm 8.23; Ef 1.14; 4.30).
A vocação
A vocação (Gr. klesis / aquele que é chamado, Gr. kletós, vb. kaléo) de
que se trata aqui é o chamado especial que o Senhor dirige unicamente aos
eleitos (Rm 1.6; 8.28,30; 1Co 7.17-24; Ef 4.1,4; Cl 3.15; Hb 3.1). Trata-se de
um convite diferente do chamado geral, dirigido a todas as pessoas (Mt
11.28; 22.14), uma vez que a vocação salvífica é eficaz e sempre conduz o
eleito a Cristo (1Tm 6.12; Jd 1). Essa vocação especial é baseada unicamente
na graça de Deus, sem que o homem chamado tenha mérito algum (2Tm 1.9).
A resposta positiva à vocação salvífica é garantida porque esse chamado,
uma vez que é dirigido somente aos eleitos, é acompanhado pela obra de
convencimento do Espírito Santo que, com paciência e docilidade, atua no
coração do indivíduo até que ele entenda e aceite a mensagem cristã (At
16.14).
Frise-se que essa obra eficaz de vocação e convencimento não é realizada
em cada ser humano (Rm 11.4; 1Co 1.23-26), do contrário todos os homens
seriam salvos, hipótese que, como é sabido, jamais se cumprirá (Mt 25.46;
2Ts 1.9).
Assim, conforme dito, somente os eleitos são objeto do chamado gracioso
(Rm 8.28-30; 2Ts 2.13-14). Estes, ainda que possam resistir à ação de Deus
em sua vida durante algum tempo, no fim fatalmente se rendem à voz de
Cristo e, ansiando por ele, curvam-se aos seus pés cheios de fé,
arrependimento e gratidão (Jo 10.16). Os demais, porém, são deixados na
incredulidade ou punidos com endurecimento ainda maior (Is 63.17; Jo
12.37-40; Rm 1.24-28; 9.17-18; 11.7-10; 2Ts 2.11).
O perdão
Na esfera da soteriologia, perdoar (Gr. charízomai / perdão, Gr. áfesis,
vb. afíemi) é o ato de Deus que consiste em cancelar toda a dívida que o
pecador tem com ele (Cl 2.13), deixando-o livre para prosseguir, sem
qualquer cobrança (Veja-se uma ilustração disso em Mateus 18.23-27).
Esse perdão salvífico é único e ocorre ao tempo da conversão (At 10.43).
Nesse aspecto, é diferente do perdão que, diversas vezes ao longo da jornada
cristã, Deus concede ao crente que confessa seus pecados (1Jo 1.9).
O perdão salvador de Deus só é possível porque Cristo sofreu as
consequências do pecado (Ef 1.7; 4.32).
A justificação
Justificar (Gr. dikaióo) é declarar justo ou livre de culpa e de castigo.
Assim, a justificação (Gr. dikaíosis) é o ato judicial de Deus, baseado na
obra de Cristo, mediante o qual ele atribui justiça ao homem que deposita sua
confiança em Jesus, livrando-o da condenação decorrente da culpa do pecado
(At 13.38-39; Rm 3.21-24; 5.1; 8.1,30,33-34; Fp 3.9; Tt 3.5-7).
Obviamente, a justificação abrange o perdão (Rm 4.6-8), mas vai além
desse conceito, pois não somente cancela os pecados do homem que crê, mas
também atribui a ele a justiça de Cristo realizada na cruz (Rm 5.18; 2Co
5.21).
A justificação é imediata, ou seja, ocorre no exato momento em que o
homem passa a ter fé em Cristo (Rm 4.5).
A reconciliação
Reconciliação (Gr. katallagé, vb. katallásso) é o restabelecimento da paz
entre Deus e o homem. Por causa do pecado, o relacionamento entre ambos
foi rompido (Is 59.2; Tg 4.4). Cristo, porém, sofreu em seu corpo, pela morte,
as consequências dessa inimizade (Cl 1.21-22 – aqui consta o verbo
apokathístemi, restaurar). Agora, quem crê nele é reconciliado com Deus,
sendo salvo da sua ira (Jo 3.36; Rm 5.9-11). Assim, a reconciliação ocorre
por meio de Cristo e abrange o perdão dos pecados (2Co 5.18-19).
A mensagem que anuncia a disposição de Deus em reconciliar o homem
consigo, mediante Jesus, é o cerne das boas-novas pregadas pelos apóstolos,
sendo essa a mensagem que faz do evangelista um embaixador de Deus (2Co
5.20).
A reconciliação que ocorre no momento da conversão é única e
definitiva. Porém, há um aspecto da reconciliação que é mais dinâmico e que
envolve repetição. Trata-se das situações em que o crente vê seu
relacionamento com Deus ser abalado por causa do pecado pessoal. Nesses
momentos a orientação bíblica é que o cristão busque, pelo arrependimento e
obediência, a restauração da comunhão que foi rompida (2Co 5.20).
A adoção
O termo “adoção” (Gr. huiothesía) é usado para descrever a posição que
o crente ocupa diante de Deus, desfrutando dos direitos e privilégios de filho.
Por causa da adoção, o cristão deixa de ser como um escravo que vive
debaixo do medo e começa a participar de um relacionamento com o Senhor
marcado por intimidade e segurança (Rm 8.15; Gl 4.5-6). Também pela
adoção, o homem se vê livre do jugo escravizante da lei e entra para a
condição de herdeiro de Deus (Rm 8.17; Gl 4.7).
A adoção é garantida na predestinação feita pelo Pai (Ef 1.5), é efetivada
na conversão ao Filho (Jo 1.12) e é testificada no coração pelo Espírito (Rm
8.16).
A regeneração
Basicamente, regenerar (Gr. anagennáo / regeneração, Gr. palingenesia,)
significa gerar de novo. Não se trata, portanto, de uma mera reforma na vida
de alguém, mas sim de um novo nascimento que ocorre na esfera espiritual
(Jo 3.3-6; 1Pe 1.3,23; 1Jo 3.9) e cuja origem está em Deus.
Conforme o ensino de Jesus, ser regenerado é nascer “da água e do
Espírito” (Jo 3.5). Essa expressão evoca a Nova Aliança mencionada em
Ezequiel 36.25-27. Dessa passagem se depreende que nascer “da água e do
Espírito” é ser purificado dos pecados e habitado pelo Espírito Santo (Tt 3.5-
6).
A vivificação
A Bíblia ensina que o homem incrédulo está morto em meio a delitos e
pecados. Ocorrendo, porém, a fé em Cristo, o pecador é ressuscitado,
recebendo vida espiritual (Ef 2.1,5) e perdão (Cl 2.13).
Ao ser vivificado (Gr. vb. syzoopoiéo, ser vivificado com), o crente é, de
certa maneira, elevado à esfera celeste, onde desfruta de privilégios e bênçãos
em sua nova associação com o Cristo ressurreto (Ef 1.3; 2.6).
A recriação
O cristão é o prenúncio presente da nova criação futura (Ap 21.5). De
fato, a Bíblia diz que quem está em Cristo é parte da nova criação (Gr. kainé
ktísis) de Deus. O efeito disso é que o homem assim recriado abandona
concepções e cosmovisões mundanas (1Co 2.16; 2Co 5.16-17) e, na prática,
se vê comprometido com as boas obras, assim definidas segundo os padrões
de Deus (Ef 2.10; 4.23-24).
Nessa recriação, a imagem de Deus no homem, que foi pervertida pelo
pecado desde o Éden, entra num processo dinâmico e glorioso de restauração
(2Co 3.18; Cl 3.10).
A preservação
A doutrina da preservação é também conhecida como doutrina da
perseverança dos santos. Grosso modo, essa doutrina ensina que aqueles que
Deus escolheu por sua graça jamais poderão perder a salvação, ainda que
estejam sujeitos a quedas e até a desvios temporários.
Uma das bases para essa doutrina está na afirmação de que a salvação
abrange uma sequência de ações de Deus que começa na eternidade passada e
se conclui com a glorificação perene no futuro (Rm 8.29-30). Considerando a
soberania e o poder de Deus, essa sequência não pode ser frustrada ou
interrompida.
Base bíblica para a pregação como fator que precede a fé: Lucas
16.31; João 17.20; Romanos 10.13-17; 1Coríntios 1.21; Efésios 1.13;
2Timóteo 3.14-15; Tiago 1.18,21; 1Pedro 1.23.
CUIDADO! VENENO!
Arminianismo: O ensino bíblico que afirma que o crente não perde a
salvação é chamado tecnicamente de doutrina da perseverança dos santos.
Trata-se de um dos temas principais defendidos pela teologia reformada.
Dentro do protestantismo, a vertente que se opõe à doutrina da perseverança
dos santos é o arminianismo, sistema idealizado pelo teólogo holandês Jacó
Armínio (1560-1609). Entre outras coisas, o arminianismo nega a fórmula
“uma vez salvo, salvo para sempre”. Ainda que esse modelo tenha sido
condenado pelo Sínodo de Dort (1618-1619), muitas igrejas evangélicas
modernas o adotam, sendo possível encontrar seus expoentes entre batistas
(eventualmente), assembleianos (principalmente) e presbiterianos
(surpreendentemente). O perigo do arminianismo, considerado sob esse
aspecto, é que faz a segurança do crente depender de seu esforço próprio. No
final das contas, a salvação acaba sendo devida à dedicação e empenho do
homem em vez de ser pela fé somente. Na prática, as igrejas que ensinam a
perda da salvação exigem que o crente desviado conserte sua vida e volte
para a igreja se quiser ser “salvo de novo”. A implicação lógica é que, de
acordo com essa concepção, a “segunda” (ou terceira, ou quarta!) salvação
ocorre pelas obras, ainda que os arminianos nem sempre estejam dispostos a
assumir essa conclusão.
Porque a igreja não tem outro Rei senão Jesus Cristo. Porque a igreja
não deve ingerir-se na política do mundo, tirar desta a sua própria
inspiração nem apelar para suas espadas, suas prisões, seus tesouros.
Porque a igreja vencerá pelas forças espirituais que Deus depositou
em seu seio, e, acima de tudo, pelo reinado de seu Chefe adorável.
Porque a igreja não deve contar com tronos terrenos nem triunfos
efêmeros, mas que a sua marcha se assemelhe à do Rei: da
manjedoura para a cruz; da cruz para a coroa!
Introdução
Uma das doutrinas mais negligenciadas dentro do cristianismo é a
eclesiologia, ou seja, o ensino bíblico acerca da comunidade da fé, sua
natureza, relevância, deveres e propósito.
Essa falta de conhecimento tem gerado prejuízos enormes para a causa do
Mestre. Desprovidos de conceitos claros, os crentes têm dado o título de
igreja a grupos que nem de longe se ajustam ao que realmente o Corpo de
Cristo é e, então, têm se associado com esses grupos. Além disso, sem
diretrizes acerca do modo como a igreja deve funcionar, comunidades cristãs
inventam formas estranhas de louvor, de disciplina e de culto, fazendo com
que o nome “igreja” seja associado com práticas baderneiras, com crendices
toscas e com excessos inaceitáveis.
Como se não bastasse, a falta de conhecimento da eclesiologia bíblica
tem sido acompanhada por uma crítica severa contra qualquer tipo de
comunidade cristã formalmente organizada. Essa crítica afirma que as igrejas
locais são absolutamente dispensáveis para quem quer adorar a Deus e que,
na verdade, essas instituições são somente instrumentos nas mãos de uma
minoria que se deleita em oprimir e explorar pessoas de boa-fé.
Todos esses desvios podem ser facilmente evitados pelos crentes que
conhecem o ensino cristão sobre a igreja. Além disso, o crente que entende a
eclesiologia bíblica saberá não somente fugir dos erros que tentam desfigurar
a igreja de Deus, mas também se sentirá motivado a se comportar de modo
santo dentro dela.
O significado de “igreja”
A palavra “igreja” vem do termo grego ekklesía, que significa
“assembleia”. Juntando esse sentido básico com outras informações dadas
pelo Novo Testamento, é possível definir a igreja da seguinte forma:
A igreja, para efeito de estudo, pode ser definida em termos de organismo
e organização. Como organismo, a igreja é o corpo místico de Cristo, do qual
ele é a cabeça e os crentes são os membros (1Co 12.12-13). Na qualidade de
organização, a então “igreja local” é um grupo de crentes reunidos com os
propósitos mencionados na definição acima.
QUATRO RESSALVAS
Distinções comuns
Igreja local e igreja universal: A primeira designação diz respeito a
uma comunidade de crentes que se reúne numa localidade específica. A
segunda designação se refere geralmente aos crentes em Cristo espalhados
por todo o mundo.
Igreja visível e igreja invisível: A primeira designação refere-se à igreja
local. A segunda designação aponta para a igreja universal.
Igreja militante e igreja triunfante: A primeira é a igreja que ainda
batalha neste mundo. A segunda, o conjunto de crentes que já está com Cristo
na glória celeste.
Os símbolos da igreja
O corpo: É símbolo que denota a unidade dos membros da igreja e a
diversidade das suas funções no corpo de Cristo (Rm 12.4-5).
O templo: É figura que destaca a igreja como habitação de Deus (Ef 2.19-
22).
Os propósitos da igreja
O propósito da igreja se divide em dois aspectos: o imediato e o final.
Apóstolos
Evangelistas
São oficiais da igreja designados para proclamar a mensagem de salvação
em Cristo (Ef 4.11). Veja mais informações sobre esse cargo no Capítulo 4,
subtítulo “Os Dons Alistados na Carta aos Efésios”.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
Diáconos
O termo “diácono” (Gr. diákonos) designa alguém que serve, apoia ou
auxilia. Está ligado ao verbo diakonéo, cujo sentido é servir a mesa (Lc
12.37), cuidar ou ajudar.
A princípio, os diáconos eram apenas um grupo de amparo social (At 6.1-
6). Porém, ainda no tempo do NT, sua importância cresceu, vindo o cargo a
compor a liderança da igreja (Fp 1.1), tanto que os requisitos bíblicos para o
diaconato são quase os mesmos impostos aos pastores (1Tm 3.8-13).
O Batismo
O batismo é obrigatório a todo aquele que aceitou Jesus Cristo como seu
salvador, pois o próprio Senhor o ordenou (Mt 28.19-20). Essa ordenança
tem quatro objetivos:
A profissão pública de fé (1Pe 3.21).
A identificação do batizando com os demais discípulos de Jesus (Mt
28.19).
A representação da lavagem espiritual (At 22.16 cp. 1Co 6.11).
A representação da morte do crente para o pecado, seu sepultamento
com Cristo e sua ressurreição para uma nova vida (Rm 6.1-4; Cl
2.12).
A Ceia do Senhor
A ceia do Senhor é um memorial que recorda o sacrifício de Cristo (1Co
11.24-25), memorial este celebrado em meio a uma realidade espiritual que
transcende a experiência regular da igreja, na medida em que proporciona aos
crentes uma cumplicidade mais plena com o próprio Senhor presente de
forma intensa no momento da celebração (1Co 10.16-17).
Jesus instituiu a ceia pouco antes de sua paixão (1Co 11.23-26). Cada
elemento tem um significado: o pão partido simboliza o corpo de Cristo que
foi ferido; o vinho é símbolo do seu sangue vertido na morte em favor dos
pecadores.
Todo o crente tem o dever de participar da ceia, sendo exigido dele que
não o faça indignamente a fim de não se tornar réu do corpo e do sangue de
Jesus (1Co 11.27-30). O contexto de 1Coríntios 11 mostra que participar da
ceia indignamente é, basicamente, comer e beber nutrindo desprezo e
desconsideração pelos irmãos (1Co 11.18,20-22,33-34).
A disciplina na igreja
A igreja tem como um dos seus deveres aplicar a disciplina conforme
ensinada no Novo Testamento. Essa prática consiste na expulsão da pessoa
disciplinada seguida do rompimento da comunhão dos crentes com ela. Dada
sua severidade, a disciplina só pode ser aplicada quando a pessoa se mostra
incorrigível, recusando se arrepender e abandonar o pecado. Se em casos
assim não houver a expulsão, toda a igreja ficará maculada pelo pecado do
membro rebelde (1Co 5.6).
O Novo Testamento contempla dois modelos de processo disciplinar
eclesiástico:
Introdução
Contrariando as previsões dos racionalistas dos séculos XVIII e XIX, o
homem pós-moderno tem um profundo interesse pelo universo espiritual.
Infelizmente, porém, por causa da ignorância bíblica, esse interesse, via de
regra, produz construções equivocadas, baseadas em mitos e superstições
vazias.
É o caso das ideias gerais que as pessoas de hoje nutrem acerca dos anjos.
Livros e revistas aparecem vez por outra tratando desse assunto e discursos
são pronunciados acerca do tema até com certa vivacidade, despertando o
interesse de um público enorme. Contudo, as conclusões que muitas vezes
são apresentadas pelos “mestres” deste mundo raramente se harmonizam com
a doutrina cristã sobre o assunto, uma vez que não se baseiam na Bíblia e,
quando a Palavra de Deus é eventualmente citada para corroborar alguma
proposição, seu texto é geralmente distorcido para atender aos interesses do
expoente.
Diante desse cenário, este capítulo pretende oferecer elementos com os
quais o crente possa construir uma angelologia verdadeiramente bíblica com
que possa evitar e corrigir os desvios modernos. Ademais, uma vez que esse
tema, conforme será visto, aparece na Bíblia inúmeras vezes, fica fora de
dúvida que sua análise merece consideração especial.
Terminologia
Anjos aparecem na Bíblia do princípio ao fim (Gn 3.24; Ap 22.16). São
mencionados 325 vezes em 33 dos 66 livros. Só o Apocalipse os menciona
76 vezes. Os termos que a Bíblia usa para se referir aos anjos são os
seguintes:
Acerca dos anjos maus, também chamados de demônios, a Bíblia diz que
muitos deles estão em prisão, reservados para juízo (2Pe 2.4; Jd 6). Isso,
porém, talvez não signifique que eles estejam confinados num lugar. A
menção da prisão (tártaro, abismo, trevas, correntes) pode ser apenas uma
referência à situação em que se encontram, aguardando o juízo de Deus. Seja
como for, é certo que há muitos anjos maus em plena atividade neste mundo
(Ef 6.12).
No futuro, anjos maus serão derrotados por Miguel e seus anjos (Ap 12.7-
8) e junto com o diabo, serão lançados à terra, onde provavelmente vão atuar
de modo intenso durante a Grande Tribulação (Ap 12.9,12). As Escrituras
também ensinam que os anjos maus serão julgados pelos crentes (1Co 6.3),
não havendo esperança de salvação para eles (Hb 2.16). Com efeito, no fim
todos serão lançados no fogo eterno (Mt 25.41).
Satanás
O termo “Satanás” aparece em 7 livros do AT e é citado por todos os
autores do NT. Vem do hebraico (satan) e significa “adversário”. O verbo
relacionado a esse substantivo tem o sentido de “ficar em emboscada” ou
“opor-se”. No NT essa palavra aparece 36 vezes. Satanás é também chamado
de “diabo” (Gr. diábolos. Ocorre 33 vezes no NT), vocábulo que significa
“caluniador” e/ou “difamador”.
Com base na Vulgata Latina (tradução de Jerônimo) que traduz “estrela
da manhã”, em Isaías 14.12, como lucifer (portador da luz – Veja-se 2Co
11.14), Satanás passou a ser chamado pelos teólogos antigos de Lúcifer. No
NT ele recebe as designações de Belzebu, o maioral dos demônios (Mt 12.24
– Em alguns manuscritos “senhor das moscas”), maligno (Mt 13.38), Belial
(2Co 6.15), tentador (Mt 4.3; 1Ts 3.5), inimigo (Mt 13.28-29), homicida e pai
da mentira (Jo 8.44), deus deste século (2Co 4.4), príncipe da potestade do ar
(Ef 2.2), príncipe deste mundo (Jo 12.31; 14.30; 16.11) e Abadom (no
hebraico) ou Apoliom (no grego). Esses dois últimos termos significam
“destruidor” ou “exterminador” e servem para identificar o “anjo do abismo”
ou o rei dos demônios (Ap 9.11).
O texto de Apocalipse 12.7-10 fornece outras designações para Satanás
(grande dragão, antiga serpente, sedutor de todo o mundo, acusador de nossos
irmãos, etc.). Essas designações revelam muito do seu caráter e se relacionam
a diferentes aspectos da sua obra.
Ref.
OCASIÃO DIREÇÃO OBRAS
Bíblicas
Deu origem ao Ez 28.15;
PASSADO
pecado Gn 3.1-13
Jó 2.7; At
Oprime
10.38
Causa a morte Hb 2.14
CRENTES E
Tenta 1Ts 3.5
INCRÉDULOS
Ilude 2Tm 2.26
Inspira ideais
At 5.3
iníquos
Toma posse Jo 13.27
PRESENTE Cega o
2Co 4.4
entendimento
INCRÉDULOS Dissipa o
Mc 4.15
Evangelho
Produz
Mt
ministros do
13.25,38-39
mal
1Ts 2.18
CRENTES Faz oposição
Acusa Ap 12.9-10
Dará poder ao
FUTURO 2Ts 2.9-10
Anticristo
Satanás tem acesso ao trono de Deus (Jó 1.6; 2.1; Zc 3.1-6; Lc 22.31; Ap
12.7-10), reina sobre a hierarquia dos demônios (Mt 25.41; Ef 6.12; Ap 12.7)
e também sobre este mundo (Lc 4.5-6; 2Co 4.3; Ef 2.1-3; 1Jo 5.19-20).
O destino de Satanás
No futuro, Satanás será expulso dos lugares celestiais (Ap 12.9). Ele será
aprisionado no abismo e solto somente ao final de mil anos (Ap 20.1-9). Por
fim, Satanás será lançado no lago de fogo (Ap 20.10).
Introdução
Muitos crentes ficam confusos acerca dos eventos que Deus determinou
que tomassem lugar no futuro. Isso não é sem motivo. Com efeito, a Bíblia
apresenta certa obscuridade no tocante a essas questões, o que fez com que
surgissem posições escatológicas distintas mesmo entre os teólogos mais
sérios e zelosos.
O arrebatamento da igreja
O arrebatamento é o primeiro de uma série de eventos que tomarão lugar
na história como cumprimento de predições bíblicas. O texto clássico que
trata desse assunto é 1Tessalonicenses 4.13-18. Segundo esse texto, o
arrebatamento da igreja acontecerá da seguinte forma:
A grande tribulação
Logo após o arrebatamento da igreja, começará a “grande tribulação” ou
a “septuagésima semana de Daniel”, o período de “angústia para Jacó” (Jr
30.7). Jesus falou sobre a grande tribulação em Mateus 24.4-30, dizendo que
será um período de muita aflição, engano e apostasia que precederá
imediatamente a sua vinda.
A Bíblia também ensina que a grande tribulação vai durar sete anos (Dn
9.27), sendo três anos e meio de falsa paz (1Ts 5.2-3) e três anos e meio de
dores (Dn 7.25; 12.1,7,11; Ap 11.2-3; 12.6,14; 13.5). É por esse tempo que o
anticristo estará atuando de maneira poderosa sobre toda a terra (Dn 7.7-
8,11,19-27; Mt 24.15; 2Ts 2.3-12; Ap 13.1-8).
Mesmo sendo um tempo de engano, opressão e sofrimento, a graça
salvadora de Deus será atuante durante a grande tribulação. De fato, a
oposição severa do anticristo não impedirá que multidões se convertam e
recebam a redenção que Cristo oferece (Ap 7.9-14).
A maior parte dos eventos que tomarão lugar no período da grande
tribulação está registrada em Apocalipse 6-19.
1. Os crentes virão junto com Cristo. Uma possível base para essa
afirmação é Apocalipse 19.11-14.
2. O anticristo que estará atacando Jerusalém com seus exércitos será
derrotado (Zc 12.1-8; 14.1-15; Lc 21.20; 2Ts 2.8), sendo então lançado
no lago de fogo, junto com o falso profeta (Ap 19.15-21).
3. Satanás será preso por mil anos (Ap 20.1-3).
4. Os judeus se arrependerão e crerão em Cristo (Zc 12.9-13 cp. Jo
19.36-37; Mt 23.39; Rm 11.25-27), entrando então no reino para
desfrutar finalmente da terra que lhes foi dada (Ez 28.25-26).
5. Os santos do Antigo Testamento e os crentes mortos na tribulação
ressuscitarão para reinar com Cristo durante os mil anos (Jó 19.25-27; Is
26.19; Dn 12.2-3,13; Ap 20.4-6).
6. As nações serão reunidas para julgamento e os gentios salvos que
estiverem vivos serão separados para entrar no reino milenar (Mt 24.30-
31,36-41; 25.31-34,41).
O milênio
A segunda vinda de Cristo inaugurará o período de mil anos durante os
quais ele reinará na terra em cumprimento às promessas feitas a Davi (2Sm
7.10-16; Lc 1.32-33; Ap 20.4). Durante esse período Satanás estará preso (Ap
20.1-3) e a terra desfrutará de paz e justiça (Is 2.1-5; 11.6-9; Zc 14.9).
A partir da análise bíblica, tudo indica que no reino milenar pessoas
ressurretas conviverão com indivíduos ainda não ressurretos. Isso não deve
causar espanto, pois os episódios que seguiram a ressurreição de Cristo
mostram que essa convivência é perfeitamente possível (Mt 28.9-10; Lc
24.28-31,39-43; Jo 21.1-14).
A revolta final
Conforme Apocalipse 20.7-10, ao fim do milênio Satanás será solto e
sairá seduzindo as nações para que se rebelem contra o Rei. Ele encontrará
corações propensos à revolta e formará um exército que atacará a cidade
santa.
Um fogo do céu, contudo, destruirá a todos e Satanás será finalmente
lançado no lago de fogo e enxofre onde já terão sido lançados o anticristo e o
falso profeta.
POSIÇÃO
DEFINIÇÃO
ESCATOLÓGICA
Não aceita o futuro
estabelecimento de um reino
de mil anos literais. Para os
Amilenismo
amilenistas, o milênio é o
Origens a partir do
período entre a ascensão de
séc. IV
Cristo e sua segunda vinda,
tempo em que o Senhor reina
no céu.
Ensina que o avanço da
ciência e do evangelho
inaugurará uma era de paz e
prosperidade no futuro (o
Pós-milenismo milênio). Quando esse
Origens a partir do cenário novo e desejável
séc. XII estiver pronto, ocorrerá a
segunda vinda de Cristo,
coroando esse tempo de
glória e iniciando o estado
eterno.
Defende que o arrebatamento
Premilenismo e a volta de Cristo formam
histórico um único evento, depois do
Origens a partir do qual será imediatamente
séc. II estabelecido um reino de mil
anos literais de paz e justiça.
Afirma que a igreja
permanecerá na terra até a
Pós-tribulacionismo segunda vinda de Cristo,
Origens a partir do ficando sujeita às aflições do
séc. II tempo do anticristo e sendo
arrebatada somente quando o
Senhor voltar, a fim de
encontrá-lo nos ares.
Mid-tribulacionismo Diz que a igreja será
ou arrebatada no meio da
Mesotribulacionismo tribulação, antes que comece
Origens em meados o período de 42 meses de
do séc. XX efetivo juízo e sofrimento.
Ensina que nem todos os
crentes serão arrebatados,
Arrebatamento
mas somente os que têm
Parcial
certa maturidade espiritual e
Origens em meados
que estão preparados,
do séc. XIX
esperando o dia do encontro
com o Senhor.