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MÃOS À OBRA!

PERSONAGENS:
• Nicolau (pedreiro, trabalhador e atrapalhado) >>>>>>>>>>>> Antony
• Lucas (menino que perdeu a casa)>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Miguel
• Tijolo Biguinho (tijolo falante - fantoche)
• Bombeiro Brother Brasileiro >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Mano
• Repórter Ana E >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Ellen
• Cinegrafista >>> sem cinegrafista
• Mãe do Lucas >>> ver se alguém do trabalho faz
• Pai do Lucas >>> ver se alguém do trabalho faz
• Dona Simonic (velha surda) >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Gaby
• Engenheira Luíza >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Ester
• Oswaldinho (pivete 1) >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Mano
• Mariazinha (pivete 2) >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Kel
• Policial Flávia Márcia >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Ester
• Policial Érica Roberta >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Gaby
• Prefeita Paula Lira >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Kel
Nesta peça há vários personagens, Lucas, Nicolau e o fantoche Biguinho são os principais,
quatro outros atores serão como coringas que interpretarão todos os demais personagens
coadjuvantes, para isso haverá um tempo para a troca de roupas. Será importante preparar
bem os figurinos e caracterização deles com chapéus, perucas e adereços que os diferencie.
Uma dica importante para quem vai contracenar é: nunca dê as costas à plateia. Em todos os
diálogos sempre fale com os personagens, mas direcione suas falas para a plateia como se
falasse aos próprios personagens. O teatro é feito para quem assiste. Cuidado ao contracenar
com o fantoche (Tijolo Biguinho), pois este sempre estará em lugar fixo, por isso sua atenção
sempre se voltará para este local, mas principalmente para a plateia

CENÁRIO: Um canteiro de obras. Montes de tijolos nas laterais, cones, tas de segurança,
escadas, andaimes, etc. Ao meio um pedaço de parede com tijolos expostos que sobrou no
incêndio, este será o cenário para o personagem/boneco Tijolo Biguinho. Veja no CD como
fazer o fantoche a partir de caixa de papelão. Atenção: no segundo episódio essa
parede/biombo será “destruída” então deve ser um cenário móvel e prático para ser
remontado e parecer que foi danificado.
ENREDO: A casa da família Souza foi incendiada. Eles perderam tudo e agora precisam
reconstruir seu lar. Com a ajuda de Nicolau, um pedreiro atrapalhado tudo será restaurado.
1º DIA - DEUS NOS CHAMA
A peça inicia-se com som de sirene de bombeiro e também som de fogo queimando. A casa
do Lucas acabou de ser incendiada. Da plateia entra o Bombeiro Brother Brasileiro
desesperado, fazendo muito alarde, pedindo licença das pessoas. Pode brincar de jogar água
nas crianças ou brincar com extintor de incêndio.
BOMBEIRO BROTHER BRASILEIRO – Oh não! O que foi isso? Abram espaço, todos!
Cuidado, cuidado! Saiam da frente! Com fogo não se brinca! Minha mãezinha diz que quem
brinca com fogo faz xixi na cama. Esse incêndio é de verdade e deve ser apagado por quem
entende do assunto. Eu sou o bombeiro Brother Brasileiro e sou responsável para dar fim às
chamas. Abram caminho. Não se aproximem do fogo. Essas labaredas estão altas pra valer.
Ufa, que calor é esse? (Faz de conta que joga água, aciona extintor de incêndio. Faz cena
para as crianças na plateia.)
REPÓRTER ANA E – (Entrando da plateia acompanhada de um cinegrafista que segura
sua câmera.) Bom dia a todos, aqui é Ana E falando ao vivo direto do incêndio da residência
da família Souza. Pelo visto o fogo consumiu tudo, infelizmente não deu tempo de salvar
nada. Parece que ninguém se feriu e não houve vítimas. Podemos ver ali ao fundo somente
uma parede que parece ser a única coisa que sobrou deste incêndio. Agora resta-nos saber o
que foi que ocasionou esse desastre. Vamos falar neste momento com o capitão Brother
Brasileiro do corpo de Bombeiros. Olá Capitão Brother, parece que não há mais chances de o
fogo se alastrar, pode nos dizer se o incêndio está sob controle?
BOMBEIRO BROTHER BRASILEIRO – Sim, graças a Deus conseguimos controlar as
chamas. Infelizmente não conseguimos salvar essa residência do incêndio. Tudo aconteceu
muito rápido.
REPÓRTER ANA E – É possível saber como o fogo começou?
BOMBEIRO BROTHER BRASILEIRO – Ainda não, nós precisamos inspecionar a área e
ver se encontramos algum indício da causa do incêndio. Não podemos afirmar nada ainda. A
única coisa que posso falar com certeza é que essa família precisará de muita ajuda para
reconstruir sua casa. Creio que os cidadãos de bem dessa cidade poderiam se unir e ajudar
essa família. (Sai de cena e vai para trás da parede de tijolos para fazer o tijolinho
Biguinho.)
REPÓRTER ANA E – Esse foi o depoimento do capitão Brother Brasileiro do Primeiro
Batalhão do Corpo de Bombeiros. São nossos verdadeiros heróis. (Entram correndo Lucas,
sua mãe e seu pai. Eles entram da plateia gritando e desesperados. Fazem muito drama.)
REPÓRTER ANA E – Vejam, essa é a família que morava na casa incendiada. Eles acabam
de retornar ao local e ver tudo destruído. É de fato uma cena muito triste. Vamos ouvir o que
tem a dizer os moradores desta casa. A mãe chora muito e não consegue falar nada. Pode ser
tragicômico. O pai fica consolando.
REPÓRTER ANA E – Bem, essa mulher está muito abalada. Vamos tentar falar com aquele
garoto. Olá garoto, você pode nos dizer o seu nome e o que você sabe sobre o incêndio.
LUCAS – (fala com tristeza) O meu nome é Lucas, e essa era minha antiga casa. Eu não sei
como o fogo começou. Eu estava brincando com meus amigos na rua e quando olhei para o
lado da minha casa só pude ver as chamas muito altas e a fumaça. Eu vim correndo, mas não
pude fazer nada. Agora tudo virou cinza. Meus brinquedos, meu material de escola, nossos
móveis... tudo, não restou nadinha de nada.
REPÓRTER ANA E – Todos estamos muito compadecidos com sua perda Lucas, mas creio
que em breve terá sua casa de volta. (Para a câmera/plateia.) Como podem ver este garoto
está arrasado. Se você que nos assiste agora quiser ajudar de alguma forma, a família Souza
precisa de sua doação. Logo voltaremos com mais informações sobre o caso do incêndio da
família Souza. Eu sou Ana E e este foi mais um “Giro Notícias”.
A repórter sai de cena. A mãe pode desmaiar e sair carregada pelo pai. O menino Lucas fica
em cena triste e choramingando.
LUCAS – E agora, o que será da minha família, sem um teto para no abrigar? Sem um lugar
para chamar de lar? Como pode, meu Deus, deixar acontecer uma coisa dessas?! O que
fizemos para merecer um castigo tão grande? Será que o Senhor não se importa com a gente?
TIJOLO BIGUINHO – Psiu, ei! Oi garoto! Lucas!
LUCAS – O que é isso? Estou ouvindo vozes.
TIJOLO BIGUINHO – Ei Lucas, sou eu!
LUCAS – (Apavorado num surto de medo.) Eu escutei alguém chamando o meu nome. Deus
é o Senhor? Por favor, me perdoe, eu não queria chatear o Senhor com minhas reclamações.
TIJOLO BIGUINHO – Garoto pare de se amedrontar. Você não chateou ninguém. E eu não
sou Deus!
LUCAS – Eu só posso estar maluco! O calor do incêndio fritou meus miolos!
TIJOLO BIGUINHO – Ei, você não está maluco, olhe aqui, estou atrás de você! Estou aqui
nesta parede. Meu nome é Biguinho.
LUCAS – Biguinho? Mas você é um, um...
TIJOLO BIGUINHO – Tijolo! Isso mesmo. Sou um dos poucos tijolos que restaram da
parede da sua casa. Por que é que você está chorando?
LUCAS – E você estaria fazendo o que se estivesse no meu lugar? Essa não é mais minha
casa. Essa parede foi tudo o que restou. Eu perdi tudo o que eu tinha.
TIJOLO BIGUINHO – Pois é! Você pensa que perdeu tudo, mas não é bem assim. Sabe, eu e
meus amigos tijolos aqui aguentamos firme em meio às chamas. Sobrevivemos. E queremos
lhe dizer que ainda há esperança.
LUCAS – Esperança para quê? Não temos para onde ir, não temos dinheiro para construir
uma casa nova.
TIJOLO BIGUINHO – É, mas ficar aí choramingando não irá resolver nada. Por que você
não se aproxima e começa a juntar alguns outros tijolos que restaram?! Venha aqui. Ao invés
de reclamar com Deus faça uma oração. Deus sempre ouve a oração do justo.
LUCAS – Eu estou falando com um tijolo, mas você tem toda razão. Lucas se aproxima da
parede, se ajoelha e começa a orar. Enquanto está terminando a oração entra pela plateia o
pedreiro Nicolau. Entra empurrando uma carriola com pá e outros instrumentos de
construção.
NICOLAU – Com licença pessoal. Cuidado aí! Não me leve a mal! Ninguém me chamou,
mas eu vim! O Meu nome é Nicolau, sou um pedreiro especial, meu trabalho é sensacional!
Anote lá e se precisar é só chamar. Parede eu levanto, eu misturo o cimento. Vou com tinta
canto a canto, e ainda restauro monumento. Faço de tudo um bocado, ainda cobro barato, do
alicerce ao telhado, na cidade ou no mato. Ah, posso parecer pateta, mas nas horas vagas
fique sabendo que sou poeta.
TIJOLO BIGUINHO – Olha aí, menino Lucas, pelo visto Deus já ouviu suas orações.
NICOLAU – Olá, meu nome é Nicolau e estou procurando o garoto Lucas que apareceu
agorinha no noticiário da TV.
LUCAS – Olá senhor Nicolau, muito prazer, eu sou o Lucas.
NICOLAU – Poxa, que honra conhecer você garoto. Ouvi sua história na TV e vim correndo.
Sabe como é: “O choro pode durar a noite toda, mas a alegria vem pela manhã”. Você perdeu
sua casa num incêndio não foi?
LUCAS – Foi sim, seu Nicolau. E eu estava agora mesmo orando a respeito disso. Acho que
Deus mandou você aqui.
TIJOLO BIGUINHO – Você acha Lucas? Pois eu tenho certeza!
NICOLAU – Aí Tijolo Biguinho, tu tá nessa também?!
LUCAS – Como assim, vocês já se conhecem?
NICOLAU – Garoto, tijolo Biguinho é companheirão. Está em quase todas as obras, mano.
Sem ele nenhuma parece se levanta.
TIJOLO BIGUINHO – Aí, Nicolau, seja bem-vindo em mais uma empreitada. Tenho certeza
que Deus chamou você para ajudar o Lucas a ter a casa dele de volta. Uma casa nova do
jeitinho que ele sempre sonhou.
NICOLAU – É isso mesmo Luquinhas, Deus permite que coisas ruins às vezes nos
aconteçam, mas seu plano é sempre perfeito. Se der ouvido ao seu chamado e segui-lo, assim
passo a passo, poderá descobrir o que ele tem para você. Foi assim comigo. Quando ouvi sua
história na TV, imediatamente senti Deus me chamando para fazer alguma coisa para ajudar
você e sua família. E aqui estou eu.
LUCAS – É, Deus tem algumas coisas pra me ensinar com isso tudo.
TIJOLO BIGUINHO – Bem, agora que entenderam que Deus está chamando vocês para uma
obra, que tal colocarem a mão na massa e começar o trabalho agora mesmo, hum?
LUCAS E NICOLAU – É pra já senhor tijolinho Biguinho!
NICOLAU – Seu espertinho!
LUCAS – Pequenininho!
NICOLAU – Bonitinho!
LUCAS – Quadradinho!
NICOLAU – Pesadinho! Seguem falando. Música de fundo. Tijolinho fala preparando para o
próximo episódio.
TIJOLO BIGUINHO – É pessoal, estou me sentindo o tijolo do pedaço, depois de todos esses
elogios. Vocês viram que o Nicolau ouviu o chamado de Deus e imediatamente se dispôs a
ajudar. Mas uma construção não é nada fácil de fazer. Será que amanhã estarão com a mesma
disposição para o trabalho. Eu espero que sim, e vocês?

2º DIA - DEUS NOS DÁ DISPOSIÇÃO


TIJOLO BIGUINHO – Olá pessoal, bom dia! Que alegria ver todos aqui na obra para mais
uma jornada de trabalho. Espero que todos estejam bem dispostos para pôr a mão na massa e
ajudar a reconstruir a casa do Lucas. Só com muita disposição o trabalho avança. Mas, estou
estranhando uma coisa, o Nicolau e o Lucas já deveriam estar aqui. Será que vocês os viram
por aí? Acho que perderam a hora, já deveriam ter chegado.
Música de fundo. Entram Nicolau e Lucas muito animados. Fazem cena sem falas apenas
com movimentos e marcações. Eles carregam coisas, tijolos, tábuas, escadas, cones,
amarram fitas, carrinho de mão, etc. Fazem ações coreografadas. Nicolau vem com uma
escada grande, vira-se com a escada, quando gira Lucas se abaixa e a escada passa por
cima dele depois o movimento se repete e agora ele pula sobre ela, escoram a escada, sobem
e descem por ela, lançam objetos de mão em mão. Representam a jornada de trabalho na
obra. Depois de um tempo vão demonstrando cansaço e vão ficando mais lentos. Aos poucos
vão se abaixando até se sentarem um de costas para o outro se escorando mutuamente. A
música vai abaixando. Ambos muito cansados e ofegantes falam com tom de ironia.
TIJOLO BIGUINHO – Olá rapazes, chegaram tão animados, e já se cansaram tão rápido?
Vamos se animem, há muito serviço ainda.
NICOLAU – E aí Lucas, parece que você já se cansou!
LUCAS – O que é isso Nicolau, você é que está cansado, não é mesmo Tijolinho?
NICOLAU – O que é isso rapaz, eu estou muito disposto! Você é que parece estar totalmente
sem disposição para mais nada.
LUCAS – Eu, nem um pouco! Ainda tenho energia pra carregar muita pedra.
NICOLAU – Rapaz, você não tem energia nem pra carregar um quilo de penas, imagina
carregar um quilo de pedras que é muito mais pesado.
LUCAS – Você está dizendo que um quilo de pedras é mais pesado que um quilo de penas?
NICOLAU – Eu estou dizendo que tenho pena de você que não dá conta nem de carregar um
quilo de pedras.
LUCAS – Pois eu duvido você se levantar agora e carregar apenas meio quilo de penas.
NICOLAU – Eu carrego dez quilos de penas e mais vinte quilos de pedras, mas só me
levanto se você se levantar primeiro.
LUCAS – Eu me levanto primeiro se você se levantar para me ajudar a me levantar primeiro.
NICOLAU – Então você se levanta e eu serei o primeiro a ajudar você a se levantar.
TIJOLO BIGUINHO – Ei vocês dois, estou vendo que a disposição acabou e que pelo visto
essa discussão não vai levar vocês a lugar algum. Prestem atenção, vou lançar um desafio! Se
vocês se levantarem agora eu vou carregar sozinho um saco de cimento.
NICOLAU E LUCAS – (Levantando.) Ah, essa eu quero ver! (Correm para perto da
parede.)
LUCAS – E aí Tijolinho, quero ver só você carregar esse saco de cimento!
NICOLAU – É isso mesmo, Biguinho, se está tão disposto assim queremos ver você, um
tijolinho tão pequeno, carregar um saco de cimento.
TIJOLO BIGUINHO – Ah, vocês querem ver é? Então prestem atenção. Vocês verão.
NICOLAU E LUCAS – É isso mesmo, queremos ver.
TIJOLO BIGUINHO – Querem ver mesmo, não é?
LUCAS – Isso, queremos ver.
TIJOLO BIGUINHO – Querem ver agora?
NICOLAU – Agora mesmo, neste exato momento.
TIJOLO BIGUINHO – Neste momento exato?
NICOLAU E LUCAS – Vai logo Tijolo Biguinho.
NICOLAU – Não estamos dispostos a ficar aqui o dia inteiro assistindo você carregar um
saco de cimento.
TIJOLO BIGUINHO – Se acalmem amiguinhos. Temos que estar dispostos a manter a
paciência. Esperem um pouco que eu já volto. O tijolo Biguinho desaparece e logo volta
fazendo sua performance atravessando a parede de um lado a outro com um saco de cimento
vazio em cima.
LUCAS – Ei Biguinho, assim não vale. Está “trollando” a gente?
NICOLAU – É isso mesmo, Tijolinho. Você enganou a gente! Falou que ia carregar um saco
de cimento.
LUCAS – Isso mesmo, falou um saco de cimento.
TIJOLO BIGUINHO – E isso na minha cabeça é o quê?
NICOLAU E LUCAS – É, mas é um saco de cimento vazio.
TIJOLO BIGUINHO – Eu não falei que ia carregar um saco de cimento cheio. Falei apenas
que carregava um saco de cimento e foi o que eu fiz. Hehehe! Pelo menos coloquei vocês de
pé. Agora, vamos trabalhar pessoal!
LUCAS – Isso foi uma pegadinha, Nicolau.
NICOLAU – Você hoje está disposto a fazer pegadinha com a gente, hein Tijolinho.
TIJOLO BIGUINHO – Eu só quis animar um pouco o dia de trabalho de vocês. Vocês se
renderam muito rápido ao cansaço rapazes. Temos muito trabalho a fazer. Vamos voltar à
obra. Lucas se senta novamente.
LUCAS – Sabe de uma coisa pessoal. Não sei se vamos conseguir. Veja, já trabalhamos tanto
e ainda há tanto o que fazer. Está faltando material e só somos nós pra trabalhar. Não sei se
vamos conseguir.
NICOLAU – Ei garoto não fique triste. Vamos, levante-se! Deus nunca desiste. Ele nos
mostra seu amor e sempre nos valerá!
Neste momento a atriz que interpretou a repórter entra no papel de uma velhinha divertida.
E assim vários personagens aparecerão para encorajar Lucas. Os atores podem ser os
mesmos que trocarão de roupa rapidamente para dar vida aos vários personagens. Dona
Simonic é surda e deve trocar as palavras, por isso as últimas falas deverão ser faladas com
bastante ênfase para o efeito cômico do texto.
DONA SIMONIC – Olá meninos, bom dia. Como estão vocês? Vim ver se estão precisando
de alguma coisa.
NICOLAU – Olá dona, bom dia. Como vai a senhora?
DONA SIMONIC – (Olhando o relógio.) Ah, agora deve ser umas 10 horas! Por isso eu vim
trazer esse lanchinho pra vocês! Lucas e Nicolau se olham e fazem caras e bocas.
LUCAS – Nicolau, essa é a dona Simonic. Ela é uma moradora muito antiga aqui do bairro.
Ela já está meio surda, então não ligue não se ela se confundir um pouco. Obrigado dona
Simonic, sua ajuda é muito bem-vinda!
DONA SIMONIC – Ah obrigado, menino Lucas. É muita gentileza sua me chamar de linda,
assim pela manhã. Olha que hoje nem passei meu batom. Como está a obra? Todos riem. A
velhinha tira o batom da bolsa e passa de forma divertida.
NICOLAU – Está indo bem, dona Simonic. Deus mandou a senhora pra ajudar a dar
disposição aqui para nosso amiguinho.
DONA SIMONIC – Como você sabe que eu trouxe pão e um suquinho? Fui eu mesma que
fiz. (Mostra uma cesta com alguns produtos.)
LUCAS – Não falei Nicolau. É muita gentileza da senhora!
DONA SIMONIC – Vão fazer a limpeza agora? Me arranje uma vassoura que eu sou boa em
varrer.
NICOLAU – Não dona Simonic, o Lucas falou que a senhora é muito gentil!
DONA SIMONIC – É hora do trabalho infantil? Mas criança não trabalha, não senhor. Mas
pode ajudar. Vem cá Lucas, vamos ajudar!
TIJOLO BIGUINHO – Lucas, é melhor você se levantar e se dispor pra ajudar senão vai
passar amanhã toda dando explicações a dona Simonic.
LUCAS – Dona Simonic, obrigado, se quiser pode ficar e pegar catapora. Nicolau olha Lucas
sem entender nada.
DONA SIMONIC – Ah, isso mesmo! Para eu não me machucar é melhor ir embora! Menino
inteligente, você tem toda razão. Obra não é lugar para uma idosa. Vou indo então. Deus
abençoe vocês. (Sai.)
LUCAS, NICOLAU E TIJOLO BIGUINHO – Tchau dona Simonic, obrigado pelo lanche!
DONA SIMONIC – (Antes de sair de cena.) Hein! O que foi que você disse?
NICOLAU – (Mostrando o lanche.) Obrigado!
DONA SIMONIC – Isso, é assado! O pão é assado!
NICOLAU – Ah tá!
Lucas e Tijolinho dão risada. A velhinha sai e entra uma jovem senhora. Engenheira Luíza
que vem trazer algumas doações para a construção da casa do Lucas. Vem batendo palmas.
ENGENHEIRA LUÍZA – Ô de casa! Bom dia. Esta é a casa que foi destruída num incêndio,
onde morava o garoto Lucas?
LUCAS, NICOLAU E TIJOLO BIGUINHO – É aqui, sim senhor!
ENGENHEIRA LUÍZA – Opa! Você deve ser o Lucas. Que bom conhece-lo, garoto. Saiba
que está famoso, depois que apareceu na TV ontem... Bem, deixe-me me apresentar. Sou a
engenheira Luíza. Sou a responsável pela construção daquele prédio logo ali. Sabe, já
estamos terminando nossa obra e queremos doar alguns materiais para a reconstrução de sua
casa, Lucas. (Som de caminhão estacionando.) Olha aí, o caminhão já está encostando pra
descarregar o material.
LUCAS – Uau, Nicolau. Você ouviu isso?
NICOLAU – Lucas, Deus trabalha por nós até quando a gente dorme. Muito prazer Dona
Luíza, eu sou o Nicolau, seu servo. Também vim ajudar o Lucas. Agora nosso serviço vai
“decolar”, com Deus no comando ninguém vai nos parar, meu negócio é trabalhar, meu
negócio é rimar...
ENGENHEIRA LUÍZA – Pelo visto você também é poeta!
LUCAS – É isso mesmo, é o primeiro pedreiro poeta que eu conheço.
ENGENHEIRA LUÍZA – Bem, Lucas e Nicolau, eu vou ajudar vocês fazendo algumas
medições e também no projeto da reconstrução. Se me dão licença! (Faz algumas medições e
sai de cena.)
TIJOLO BIGUINHO – Tá vendo pessoal, Deus nunca nos desampara e ainda é capaz de
transformar o mal em bem. Eu também quero dar algo pra ajudá-los a ter disposição para a
obra. Esperem aí. (Desaparece atrás da parede. Começa a jogar balinhas quadradas por
detrás da parede.)
LUCAS – O que é isso Tijolinho?
TIJOLO BIGUINHO – Chamo de pequenos tijolos de açúcar. Além de adoçar o dia, o açúcar
vai dar muita disposição.
NICOLAU – Isso na minha terra se chama bala 7 belo e não tem nada a ver com tijolinho de
açúcar. Mas valeu a intenção tijolo!
Entra a repórter Ana E.
REPÓRTER ANA E – Oi Lucas, como você está amiguinho? Parece que tudo vai bem na
reconstrução da sua casa!
LUCAS – Oi dona Ana E. A senhora é muito famosa com suas reportagens.
REPÓRTER ANA E – Obrigada. Parece que você conseguiu algumas ajudas, não é?
LUCAS – Graças a sua reportagem.
REPÓRTER ANA E – Lucas, sabe por que estou aqui? Vim chama-lo para participar do
programa “A hora da amizade” que vai ao ar daqui a pouco. Resolvi chamar você porque
estão chegando muitas doações para sua família, e porque muita gente quer se unir ao mutirão
para reconstrução da sua casa. Que tal? Vamos?
NICOLAU – Eu posso ir também Lucas? Posso dona repórter?
LUCAS – Esse é o pedreiro Nicolau!
REPÓRTER ANA E – Claro que pode Nicolau.
LUCAS – Ele é um cara muito especial!
NICOLAU – Também sou muito legal! Às vezes me sinto o tal.
LUCAS – Ele fala que nas horas vagas ele é poeta.
REPÓRTER ANA E – Estou vendo. Então vamos!
LUCAS, NICOLAU E TIJOLO BIGUINHO – Só se for agora.
Todos saem, fica somente o tijolo. O ator que fez o engenheiro Zé troca de roupa e se veste
de pivete. A atriz que fez a repórter também se troca rapidamente. Voltarão em cena para o
final deste episódio.
TIJOLO BIGUINHO – É garotada! Hoje com a ajuda de todos, Deus nos deu muita
disposição. Agora todo mundo está ficando famoso e eu continuo somente um tijolo nesta
parede. Mas a vida é assim, não ligo não. Sei que sou importante e tenho meu papel nesta
parede. Se eu não estivesse aqui essa parede teria um buraco por onde entraria o frio, a chuva,
um rato talvez. Se me dão licença agora vou nessa, pessoal. Amanhã vamos seguir em frente
com nossa construção e ainda com mais disposição. Mãos à obra, galera. Fui. (Sai.)
Entram os dois pivetes pela plateia. Osvaldinho e Mariazinha. Música instrumental de rap
ou metal pesado.
OSVALDINHO – Olha ali Mariazinha, essa não é a casa daquele garoto chato, o Lucas?
MARIAZINHA – É sim Osvaldinho! É a casa que pegou fogo. Até apareceu na TV.
OSVALDINHO – Rapaz, eles estão reconstruindo a casa, mano!
MARIAZINHA – É verdade “véi”, já tem até parede levantada. O pessoal tá fazendo o maior
movimento de doação aí pra ele.
OSVALDINHO – Pô, a gente dando risada daquele “chatonildo” porque a casa do cara virou
carvão, e agora começam a reconstruir. Isso não pode ficar assim, cara.
MARIAZINHA – É isso mermo, mano! Vamos aproveitar que ninguém tá vendo e vamos dar
uns chutes e derrubar essa parede. Tem coragem mesmo, Osvaldinho?
OSVALDINHO – Vamos botar o terror mano Mariazinha! Só se for agora! Ambos fazem
menção de dar impulso e chutar a parede. No meio da ação Mariazinha puxa Osvaldinho.
MARIAZINHA – Para, para, para Osvaldinho! Tive um plano melhor, mano. Vamos deixar
eles levantarem mais paredes, construir mais coisas. Daí a gente volta aqui amanhã e mostra
quem manda na parada aqui “véi”. A gente bota pra quebrar tudo aqui, Osvaldinho.
OSVALDINHO – Você tem razão Mariazinha, a gente vai destruir tudo aqui, mas não vai ser
amanhã não, eu vou fazer isso agora mesmo. Música ao estilo rock metaleiro de fundo. Os
dois empurram a parede e esta cai. Eles chutam os cenários, jogam as coisas pra cima.
Deixam tudo bagunçado.
OSVALDINHO – Vamos embora Mariazinha, antes que a polícia chegue aí. Som de sirene
de polícia.
MARIAZINHA – Corre Osvaldinho que a polícia já tá vindo. Os dois saem correndo. Fim da
cena.

3º DIA - DEUS NOS DÁ PERSEVERANÇA


O cenário que é a casa do “Tijolo Biguinho” deve ser móvel e versátil para se reposicionar e
dar o efeito de que foi destruída, pensando sempre de que por detrás deste cenário estará a
pessoa que dá vida ao personagem. No último dia este cenário será restaurado,
reposicionado e transformado. Nicolau entra pela plateia. Entra cantando e empurrando sua
carriola. Faz graça com as crianças. Vai até a construção e encontra tudo caído. Começa a
perguntar às crianças o que aconteceu. Escuta as crianças e começa a conversar com elas,
mas confundindo um pouco o que elas falam.
NICOLAU – Criançada, o que aconteceu aqui? Tenho certeza que não deixamos a obra
assim, ontem! Estava tudo indo bem, mas agora está tudo destruído. Não pode ser! Foram
vocês que fizeram isso? (Escuta as crianças.) E o tijolo Biguinho, onde ele está? (Corre até a
parede que estará levemente inclinada e a reposiciona. Chama pelo tijolinho.)
NICOLAU – Tijolo Biguinho, vamos apareça amiguinho! Onde você está?
TIJOLO BIGUINHO – Ai, ai como dói. Nicolau, estou todo esfolado. (Pode-se mudar o
olho, colocando um olho roxo e um esparadrapo na face do boneco.)
NICOLAU – Biguinho, meu amiguinho! Coitadinho de você! O que houve aqui?
TIJOLO BIGUINHO – Ai, como dói! Rapaz, eu não sei ao certo. Ontem depois que vocês se
foram, escutei algumas vozes. E de repente foi só barulho, tudo caindo. Parecia ser dois
garotos. Eles que quebraram tudo. Lucas entra cantando muito feliz!
NICOLAU – Biguinho olha lá, o Lucas está vindo aí. Ele vai ficar muito triste.
TIJOLO BIGUINHO – Nicolau, eu vou me esconder aqui um pouco pra ele não se assustar
ao me ver assim, todo esfolado. (Ele se recolhe.)
LUCAS – Nicolau! Que alegria ver você amigão! Ontem foi muito boa a entrevista. Lá
estavam meu pai, minha mãe...
NICOLAU – Lucas, que bom. Mas eu preciso te contar uma coisa...
LUCAS – (Ainda empolgando tentando contar sem dar atenção ao Nicolau. Fala para a
plateia como se falasse ao pedreiro. Cada vez que se vira o Tijolinho volta a aparecer.
Quando Lucas se volta para Nicolau ou para o cenário atrás, o Biguinho deve se recolher
novamente, fazendo um jogo divertido onde as crianças também tentarão mostrar o Tijolinho
ao menino Lucas.) Mesmo a gente enfrentando toda essa tragédia da nossa casa que nos
deixou muito tristes, mas agora também...
NICOLAU – Que bom Lucas, mas é que aconteceu uma coisa e você precisa...
LUCAS – (Cortando Nicolau) ... agora estamos alegres porque Deus não nos abandona, e
estou percebendo isso ao ver tantas pessoas se unindo para nos ajudar...
NICOLAU – Eu sei Lucas, isso tudo é lindo, mas olha só; ontem uns trombadinhas...
LUCAS – (Cortando Nicolau.) ... e ontem aconteceu algo incrível, vocês não vão acreditar...
NICOLAU – Mas Lucas eu preciso te contar uma coisa antes...
LUCAS – (Mesmo jogo.) Então Nicolau, eu sei, é algo que só acontece em sonho. Algo
fantástico. Nicolau se cala desistindo de falar deixando Lucas terminar. Neste momento
causa-se curiosidade no que Lucas vai falar.
NICOLAU – (Desistindo de falar.) Tá, então conta!
LUCAS – Sabe o que é Nicolau?
NICOLAU – Vai, estou te ouvindo!
LUCAS – Você quer mesmo saber, Nicolau?
NICOLAU – Vai, Lucas, conta logo. Estou aqui, ó, te ouvindo...
LUCAS – Vou contar, Nicolau. É algo incrível, mas você não está me parecendo muito
curioso.
TIJOLO BIGUINHO – (Retornando de vez e falando com tom impaciente para chamar a
atenção de Lucas.) Por favor, eu não aguento mais, Lucas, fale agora ou cale-se para sempre!
LUCAS – Poxa vida! Mas pra que esse estresse todo, Biguinho? (Caindo em si,
compadecendo-se de Biguinho.) Biguinho, o que aconteceu aqui? Você está todo esfolado e
sua casinha de tijolo está toda destruída?
TIJOLO BIGUINHO E NICOLAU – Estávamos tentando falar exatamente isso!
LUCAS – O que houve?
TIJOLO BIGUINHO – (Chorosamente.) Ah, como dói! Lucas, ontem dois garotos passaram
por aqui e fizeram essa maldade! Derrubaram tudo o que já tinham feito e também minha
casinha! E agora eu também estou sem meu lar doce lar.
NICOLAU – Lucas não sabemos quem foi ... quem sabe alguém que não gosta de você.
TIJOLO BIGUINHO – Você tem algum inimigo Lucas?
LUCAS – Não que eu saiba ou me lembre!
NICOLAU – Já teve alguém que você já brigou na escola, já se desentendeu na rua?
LUCAS – Não Nicolau, eu sou um menino de Deus. Procuro ter paz com todos.
TIJOLO BIGUINHO – Parece que alguém que não gostou de te ver na TV fez isso. Me
lembro de ouvir as vozes ontem falando alguma coisa assim.
LUCAS – Não tenho ideia de quem possa ser.
NICOLAU – Já sei, vamos chamar a polícia! Eles poderão nos ajudar a desvendar esse caso.
O que vocês acham?
TIJOLO BIGUINHO – Deixa que eu ligo, pois agora eu também fui prejudicado! (Aparece
um telefone celular atrás do cenário do Tijolinho ou um orelhão. Som de discagem de
telefone. Tijolinho fala ao telefone)
VOZ DO POLICIAL – Você ligou para a polícia, qual é sua ocorrência? Em que podemos
ajudar? O boneco tijolinho fala ao telefone por meio de resmungos de forma que não se
entende nada o que fala. Fala frases incompletas narrando a tragédia. Deve ser divertido.
TIJOLO BIGUINHO – (Falando e chorando.) É que algo terrível... (choraminga), eu
estava... (choraminga), de repente... (soluça), tudo isso ontem... (choraminga), bateram os
moleques... (choraminga) e fez muito barulho... (soluça), então quando nem percebi...
VOZ DO POLICIAL – Alô. Não consigo entender nada do que está falando. Precisamos que
você se identifique.
TIJOLO BIGUINHO – (Mesma performance.) É que ontem... (choraminga), aí eles vieram...
(choraminga) e os moleques... (soluça), está tudo destruído...
NICOLAU – (Tirando o telefone de Biguinho.) Olha aqui seu policial, aconteceu um
vandalismo na nossa obra ontem (começa a chorar e se embaraça na fala sem dar a entender
o que está falando).
LUCAS – (Tirando o telefone das mãos de Nicolau.) Seu policial, é uma ocorrência urgente.
Precisamos que o senhor venha aqui na casa que pegou fogo... Som de sirene, policial já entra
em cena no meio da fala.
POLICIAL FLÁVIA MÁRCIA – (Policial do tipo “machão”.) Bom dia, sou o policial
Flávia Márcia, tira da pesada! Esse é meu parceiro de ronda, o policial Érica Roberta.
TIJOLO BIGUINHO – Está parecendo novela mexicana!
LUCAS E NICOLAU – Psiu! (Repreendendo Biguinho.)
POLICIAL ÉRICA ROBERTA – (Policial tipo mais sonso.) Bom dia! Somos do batalhão
especializado de casos de vandalismo, depredação e afins. O que foi que aconteceu aqui?
Tijolinho e Nicolau começam a contar de forma enrolada e divertida em meio aos choros e
palavras. Confusão.
LUCAS – (Tomando a fala.) Olha aqui senhores policiais Flávia Márcia e Érica Roberta,
queremos fazer uma denúncia. Ontem dois trombadinhas apareceram aqui e destruíram tudo.
Derrubaram todo o serviço que tínhamos feito da construção da minha casa que pegou fogo.
POLICIAL FLÁVIA MÁRCIA – Alguém viu os meliantes?
POLICIAL ÉRICA ROBERTA – Podem descrever sua aparência?
NICOLAU – Nós já tínhamos ido embora, mas as crianças viram. Não é crianças? (Incita as
crianças a falarem.)
POLICIAL ÉRICA ROBERTA – Neste caso teremos que fazer algumas perguntas às
testemunhas do fato.
POLICIAL FLÁVIA MÁRCIA – Venha comigo Érica! Vocês permaneçam aqui. Os
policiais andam em meio às crianças como se todos fossem suspeitos. Chegam perto de
alguma criança e pedem para esta descrever como eram os trombadinhas. Conforme ela vai
descrevendo eles vão olhando para alguma outra criança da plateia como se a descrição
batesse com a figura desta criança. Eles vão até perto da criança de forma amedrontadora e
começam a fazer perguntas:
POLICIAL FLÁVIA MÁRCIA – Ei garoto, como é seu nome? (Aguarda a resposta.)
POLICIAL ÉRICA ROBERTA – Aonde você estava na hora que aconteceu o vandalismo
aqui na obra do Lucas? (Aguarda resposta.)
POLICIAL FLÁVIA MÁRCIA – Está falando a verdade garoto(a)?
POLICIAL ÉRICA ROBERTA – Sabe que não pode mentir, certo? Repete-se a cena com
algumas outras crianças. Neste momento entram pela plateia Mariazinha e Oswaldinho.
OSVALDINHO – Ó Mariazinha, olha ali mano, é a polícia. Disfarça aí finge que não “tamo”
fazendo nada errado.
MARIAZINHA – Pô, Osvaldinho, “vamo” se misturar aqui no meio da criançada e disfarçar
que a gente tá fazendo o mesmo que todo mundo! Os dois vão se misturando no meio das
crianças começam a pedir para ficarem quietas. Provavelmente as crianças comecem a
denunciar. Neste momento o Tijolinho fala que reconheceu a voz dos malandros.
TIJOLO BIGUINHO – São eles. São eles. Estou reconhecendo as vozes desses dois
malandrinhos ali!
POLICIAL FLÁVIA MÁRCIA – (Apontando para Serginho e Mariazinha) Ei criançada,
eram esses dois que destruíram a obra ontem? Todos respondem que sim.
POLICIAL ÉRICA ROBERTA – Vai ser agora que eu vou prender esses dois moleques
travessos. Correm atrás deles. Mariazinha e Oswaldinho começam a correr pela plateia.
Música “Missão Impossível”. Os policiais alcançam os dois e os leva para o palco.
POLICIAL FLÁVIA MÁRCIA – Aí está Lucas, foram esses os garotos que ontem
vandalizaram sua construção.
POLICIAL ÉRICA ROBERTOA– Você reconhece esses dois?
LUCAS – Sei sim quem eles são. São dois meninos que jogam bola com a gente de vez em
quando.
NICOLAU – Ei garotos, o que tinham na cabeça quando tentaram destruir a obra e
derrubaram tudo?
TIJOLO BIGUINHO – Devia ter titica de galinha na cabeça de vocês. Agora está tudo
destruído. Minha pobre casinha!
POLICIAIS – (Falando juntos.) Vamos levá-los pra detenção em nome da lei.
OSVALDINHO – Pô, desculpa aí seu polícia. Foi mal! Desculpa a gente aí Lucas. Por favor!
Não foi legal o que a gente fez!
MARIAZINHA – É isso mesmo, Lucas. Espero que você perdoe a parada aí, mano!
POLICIAL FLÁVIA MÁRCIA – Que perdão o quê, rapaziada!
POLICIAL ÉRICA ROBERTA – Vamos levar vocês pra detenção agora mesmo. Os pais de
vocês serão chamados.
POLICIAL FLÁVIA MÁRCIA – Isso mesmo. Os pais de vocês ficarão muito envergonhados
de ver essa atitude nada legal de vocês.
POLICIAL ÉRICA ROBERTA – Vocês só serão liberados depois que conversarmos com
eles. Os dois começam a chorar e implorar misericórdia.
NICOLAU – Espera aí seu policial! Tem algo ao nosso alcance! Nessa terra todo mundo que
faz maldade merece uma segunda chance.
POLICIAL FLÁVIA MÁRCIA – Virou poeta agora companheiro?
LUCAS – É seu policial, todo mundo precisa de um pouco de poesia, não é mesmo? Eu
perdoo esses meninos. Se Deus me perdoou, quem sou eu pra não perdoar? Mas sei que eles
precisam arcar com as consequências.
OSVALDINHO E MARIAZINHA – Pô, valeu aí mano! “Tamo” mesmo arrependido seu
polícia (Fazem alguma batida/cumprimento de mão coreografada típica das ruas.)
TIJOLO BIGUINHO – Oh Lucas, parece que tudo foi resolvido. Mas ainda tem uma coisa:
nossa casa foi destruída de novo. Eu não sei se tenho forças pra começar tudo outra vez.
LUCAS – Poxa, Biguinho, fica triste não! Agora sou eu que vou lhe dizer para ter esperança,
persistir e não desistir.
NICOLAU – Oh, Lucas, você chegou aqui hoje falando que tinha uma novidade pra contar, e
aí o que era? Uma boa notícia pode ajudar o Biguinho a não desistir.
LUCAS – Verdade Nicolau, tinha até me esquecido. Mas eu vou falar.
TIJOLO BIGUINHO – Novidade, oba! O que é?
LUCAS – Uma notícia fantástica que recebi ontem no programa da Ana E.
NICOLAU – E que notícia é essa, Lucas?
LUCAS – Vocês não vão nem acreditar. OSVALDINHO E MARIAZINHA – Você vai falar
ou vai deixar a gente nessa “vibe” curiosa, mano?
LUCAS – Então, é algo que vocês vão pular de alegria.
POLICIAL FLÁVIA MÁRCIA – Ei garoto, não se esqueça de que eu somos policiais e
temos que atender outras ocorrências.
POLICIAL ÉRICA ROBERTA – Você vai falar ou vai ser preciso usar as estratégias de um
oficial?
LUCAS – O que é isso seu policial Érica Roberta? Não será preciso. Hum, até os senhores
ficaram curiosos!? Todos devem ficar mesmo porque o que eu tenho pra falar é algo
maravilhoso...
TODOS – (Sem paciência.) Fala logo!
LUCAS – Está bom, vou falar. Ontem no programa da Ana E tive a notícia de que alguns
empresários se uniram e vão dar pra minha família uma casa novinha e toda mobiliada. Essa
que fica aqui ao lado. Isso não é incrível? Todos comemoram.
TIJOLO BIGUINHO – (Meio tristonho.) Que legal, Lucas! Parabéns! Você vai ter uma casa
nova. Você merece mesmo! Será uma pena que eu é que não terei mais uma parede nova pra
morar. Mas vida que segue, não é mesmo?
NICOLAU – Ei Biguinho, não fica triste não, amigão. Vamos nos alegrar com o Lucas.
Nicolau chama todos para vir em volta dele. Todos se abraçam e fazem como que estivessem
bolando um plano. Se voltam para o Tijolinho.
LUCAS – Biguinho, fica triste não. Nós somos seus amigos. E vamos perseverar com nossa
obra até o fim. A minha casa nova será aqui ao lado, e amanhã você terá uma surpresa, uma
grande surpresa! Todos falam palavras de incentivo a cada discurso do Lucas. Faz-se um
burburinho.
LUCAS – Nossa vida sempre estará em construção. (Burburinho de todos falando.) Todos
nós juntos somos fortes. (Burburinho.) E temos um plano pra ajudar você Tijolinho.
(Burburinho.) Agora a restauração que vamos fazer é na sua parede de tijolos. (Burburinho.)
E nossa nova obra não vai começar amanhã. Vai começar agora mesmo. Todos pulam, gritam
e comemoram. Música alegre. Todos trabalham e recolocam o cenário no lugar. Depois
disso, Serginho e Mariazinha são conduzidos pelos policiais.

4º DIA - DEUS NOS RESTAURA


Neste último dia o cenário estará todo restaurado. Tudo deve estar extremamente organizado
e bonito. Coloque plantas e balões. Coloque uma fita em um canto do cenário como se fosse
a entrada da casa nova. A casa do Tijolinho, posicionada no centro, estará completamente
restaurada e coberta com um tecido preto.
REPÓRTER ANA E – Bom dia! Eu sou Ana E falando ao vivo direto da nova casa da família
Souza e hoje acompanharemos o desfecho de sua história que mobilizou toda a nossa cidade.
Mostramos com exclusividade nesses dias a história do pequeno Lucas, um garoto que perdeu
sua casa num incêndio, mas não deixou que o fogo roubasse sua esperança. Com
perseverança e ajuda de muitos cidadãos que se compadeceram e se movimentaram para
ajudar na construção de sua nova casa. Bem, hoje chegou o dia da inauguração da linda casa
nova do Lucas. Muitas pessoas vieram prestigiar o evento, e até mesmo a prefeita veio para o
corte da faixa da inauguração da nova residência. E agora vem chegando à prefeita Paula
Lira.
Entra pela plateia a prefeita acompanhada de Lucas e Nicolau todos bem vestidos para este
evento. A prefeita chega à frente e começa a fazer seu rebuscado discurso. A todo instante
nas pausas de sua fala todos aplaudem.
PAULA LIRA – Ilustre e triunfante povo de Vitória de Santo Antão. Um bom dia a todos!
Neste célebre momento, gostaria de agradecer a todos pela sua benévola presença (aplausos)
e dizer que muito nos congratula poder participar desta incomensurável inauguração
(aplausos). Toda a cidade acompanhou o desfortúnio que abateu em um só funesto momento
a oxidável família moradora do bucólico bairro da matriz (aplausos). Trata-se da família do
pequeno Lucas que teve sua humilde residência tragicamente queimada por chamas nefastas.
PAULA LIRA – Depois de amplamente noticiada a tragédia, cidadãos de bem se uniram para
dar-lhe um novo domicílio ao que passo agora a oportunidade para descerrar a faixa de
inauguração para Lucas.
Lucas vai à frente e desfaz o laço de inauguração. Todos aplaudem. O prefeito sai de cena
acenando a todos. A repórter também sai. Música de fundo animada. Nicolau, Lucas puxam
o tecido preto que cobria o cenário. Tijolo Biguinho aparece por de trás de seu novo cenário
decorado fazendo uma divertida coreografia junto com Nicolau e Lucas.
TIJOLO BIGUINHO – (Imitando a prefeita.) Ilustríssimo e nobríssimo povo de Vitória de
Santo Antão neste dia glorioso e esplendoroso recebo de vossas digníssimas mãos meu tão
sonhado e adorável lar.
NICOLAU – Vamos acalorar esse momento com uma entusiástica salva de palmas. Aplausos.
Todos dão risadas.
LUCAS – Ei turma, essa coisa pega? Vamos deixar as rebuscadas palavras e comemorar
nossa conquista. Estou muito feliz, Nicolau e Tijolinho. Conseguimos! Como aprendi na
igreja: Deus restaurou nossa sorte. Veja, o Biguinho tem uma parede digna de um nobre tijolo
e eu uma casa digna de um príncipe.
NICOLAU – É isso mesmo Lucas. Deus nos dá infinitamente mais do que tudo aquilo que
pedimos ou pensamos.
TIJOLO BIGUINHO – Ô Nicolau, e você, onde você mora? Agora fiquei curioso.
LUCAS – É mesmo Nicolau, onde é sua casa?
NICOLAU – Minha casa Lucas é lá no bairro do Maués. Mas eu tenho a melhor casa que
Deus poderia me dar. Lá eu moro com a patroa e meus filhos, que são um presente de Deus
pra mim. A casa é simples, eu mesmo construí. Mas lá reina a paz e a alegria porque nosso
Senhor mora com a gente. E fiquem sabendo, nosso verdadeiro lar não é aqui não. Mas
aqueles que amam o Senhor um dia vão morar com ele nas moradas celestiais. Sabe, a Bíblia
afirma que Jesus está lá no céu nos preparando lugar.
TIJOLO BIGUINHO – São as mansões celestiais.
NICOLAU – Isso Biguinho! São as mansões celestiais. E um dia nosso Jesus voltará para nos
buscar para morar com ele no céu para sempre.
LUCAS – Que incrível, Nicolau. E todo mundo vai poder morar lá com Jesus?
NICOLAU – Todo mundo não, Lucas. Somente aqueles que conhecem Jesus de verdade.
Todos que o receberam como Senhor e Salvador de suas vidas vão morar com o Senhor no
céu.
TIJOLO BIGUINHO – E ninguém precisa pagar nada por isso, não é mesmo Nicolau?
NICOLAU – Isso Tijolinho, todos que o receberam pela fé vão morar no céu. O céu é um
presente muito maravilhoso, ninguém pode pagar por ele, porque um presente a gente recebe
e não se paga.
LUCAS – Verdade, Nicolau e Biguinho. Eu tive minha casa destruída e isso deixou minha
família arrasada. Mas foi incrível ver todos se unindo para nos ajudar e então pudemos
ganhar tudo novamente. Não pagamos nada por isso. Igual com a salvação que Jesus nos
oferece. Um presente!
TIJOLO BIGUINHO – É Lucas. Apesar das trapaças daqueles dois pivetes que tentaram
destruir tudo.
NICOLAU – Na nossa jornada com o Senhor também é assim. O inimigo das nossas almas
fará de tudo para atrapalhar que vivamos uma vida que agrada a Deus. Mas o que importa
mesmo é que sempre devemos perseverar. Mesmo que a gente caia Deus vai nos levantar.
LUCAS – Viu Biguinho? Mesmo que Mariazinha e Oswaldinho derrubem todos os tijolos
sempre haverá esperança de restauração. Mariazinha e Oswaldinho chegam. Música tema: o
rock metaleiro.
TIJOLO BIGUINHO – Por falar em Mariazinha e Oswaldinho, olha só quem vem chegando
aí.
NICOLAU – E aí rapaziada!
LUCAS – Oswaldinho, Mariazinha. E aí? Vieram conhecer a casa nova do Biguinho?
MARIAZINHA E OSWALDINHO – E aí, Lucas! Fala aí, Nicolau! Tudo beleza Tijolinho?
Todos respondem.
MARIAZINHA – E aí, Lucas, parabéns pela parada da casa nova mano!
LUCAS – Obrigado Serginho!
OSWALDINHO – Ficou maneiro essa nova construção aí, hein Lucas. Glória a Deus, mano!
Lucas, Nicolau e Tijolinho se olham.
LUCAS, NICOLAU E TIJOLINHO – (Surpresos.) Glória a Deus, mano?!
MARIAZINHA – Lucas, a gente quer mostrar de verdade que tamo arrependido do terror que
fizemos na obra. E... mano, que irado ficou esse negócio aqui!
OSWALDINHO – Por isso Lucas, a gente trouxe um presente pra casa nova do Tijolinho.
Era o mínimo que a gente podia fazer. Entrega o embrulho de presente. Lucas abre com a
ajuda de Nicolau. O presente é uma placa de artesanato escrito “lar doce lar”. Os dois
dependuram a placa na parede.
TIJOLO BIGUINHO – Uau que presente legal! (Começa a choramingar.) Eu estou até
emocionado.
MARIAZINHA – Não precisa chorar Tijolinho. A gente gosta muito de você!
OSWALDINHO – Queremos dizer que vocês são nossos novos amigos! Morô? Esse é nosso
presente de casa nova.
MARIAZINHA – Fui eu e o Oswaldinho que fizemos.
NICOLAU – Mariazinha, Oswaldinho, o que aconteceu? Vocês estão muito diferentes
daqueles que conhecemos aqui na obra.
LUCAS – É mesmo rapazes. O que houve?
MARIAZINHA – Sabe o que é Lucas, eu e o Oswaldinho... é... a gente tava buscando um
sentido pra nossa vida, mano. Nas ruas, fazendo arruaças, a gente se sentia poderoso,
entende? Donos do pedaço. Mas ontem com todo aquele acontecido aqui, quando fomos
levados pra delegacia vi meus pais muito envergonhados lá. Minha mãe chorava demais e
partiu meu coração ver que eu era o culpado de fazer minha mãe tão triste.
OSWALDINHO – É isso mesmo parceiros! Nossos pais foram na delegacia. Infelizmente
minha mãe já morreu, sabe! Fiquei só com o meu pai que era um homem muito duro, me
batia muito e não aguentei aquilo e preferi ficar nas ruas. Então me esquecia dos “poblema”
fazendo essas coisas erradas. Ontem meu pai foi lá na delegacia e eu vi um homem diferente.
Ele falou que tava me procurando há um tempão. Então ele olhô dentro dos meus olhos
assim, e disse que me amava, e que ia dar um lar de verdade pra mim. Falou que agora é um
novo homem e que conheceu Jesus. Falou de um tal de nascer de novo.
MARIAZINHA – E aí, nós começamos a chorar lá na delegacia. E até os polícia lá choraram,
mano. Foi muito irado! E eles falaram que Jesus podia mudar nossa vida, que a gente podia
caminhar com Jesus, arrepender das coisas erradas e ter uma vida diferente. Era nossa
chance, mano. Chance de começar tudo de novo, de um jeito novo. Diferente. E foi isso.
Estamos aqui agora como meninos de fé.
OSWALDINHO – Por isso viemos aqui mostrar que estamos arrependidos, e reparar o nosso
erro.
MARIAZINHA E OSWALDINHO – Vocês perdoam a gente, amigos?
NICOLAU – Quem somos nós pra não perdoar vocês, Mariazinha.
LUCAS – É isso mesmo, Oswaldinho! Vocês estão perdoados. Todos se abraçam.
TIJOLO BIGUINHO – Ei amigos, eu estou carente. Também preciso de um abraço. Todos
abraçam a parede. Os demais ficam se abraçando e Nicolau se dirige à plateia.
NICOLAU – É isso criançada, já vamos nos despedindo. Já é hora, vamos indo, mas vou
guardar pra sempre em meu coração essa aventura que me trouxe grande emoção. Aprendi
que temos um trabalho a fazer, e Deus conta comigo e com você. Ele nos dá disposição e,
mesmo em meio à dificuldade, nos dá perseverança e coragem. Só o Senhor pode mudar
nossa vida, nosso interior. Ele restaura tudo e todos com o seu profundo amor! Todos
abraçam a parede. A música tema da EBF é tocada pelo conjunto musical. Todos terminam
em clima festivo e puxando as crianças para participar da festa. Grande festa! FIM

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