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Leia o texto e, a seguir, responda as questões 1, 2, e 3.

O Auto da Compadecida

Chicó e João Grilo estão na frente da igreja de padre João, querem convencê-lo a benzer o cachorro de sua patroa, a
mulher do padeiro.

CHICÓ - Padre João!

JOÃO GRILO - Padre João! Padre João!

PADRE (aparecendo na frente da igreja) - Que há? Que gritaria é essa?

CHICÓ - Mandaram avisar para o senhor não sair, porque vem uma pessoa aqui trazer um cachorro para o senhor
benzer.

PADRE - Para eu benzer?

CHICÓ - Sim

PADRE (com desprezo) - Um cachorro?

CHICÓ - Sim PADRE - Que maluquice! Que besteira!

JOÃO GRILO - Cansei de dizer a ele que o senhor não benzia.

PADRE - Não benzo de jeito nenhum.

CHICÓ - Mas padre, não vejo nada de mal em se benzer o bicho.

JOÃO GRILO - No dia em que chegou o motor novo do major Antônio Morais o senhor não benzeu?

PADRE - Motor é diferente, é uma coisa que todo mundo benze. Cachorro é que eu nunca ouvi falar.

CHICÓ - Eu acho cachorro uma coisa muito melhor do que motor.

PADRE - É, mas quem vai ficar engraçado sou eu, benzendo o cachorro. Benzer motor é fácil, todo mundo faz isso,
mas benzer cachorro?

JOÃO GRILO - É, Chicó, o padre tem razão. Quem vai ficar engraçado é ele e uma coisa é benzer o motor do major
Antônio Morais e outra benzer o cachorro do major Antônio Morais.

PADRE - Como?

JOÃO GRILO - Eu disse que uma coisa era o motor e outra o cachorro do major Antônio Morais.

PADRE - E o dono do cachorro de quem vocês estão falando é Antônio Morais?

JOÃO GRILO - É. Eu não queria vir, com medo de que o senhor se zangasse.

PADRE (desfazendo-se em sorrisos) - Zangar nada, João! Falei por falar, mas também vocês não tinham dito de quem
era o cachorro!

JOÃO GRILO - Quer dizer que benze, não é? PADRE - Não vejo mal nenhum em se abençoar as criaturas de Deus.

JOÃO GRILO - Então fica tudo na paz do Senhor, com cachorro benzido e todo mundo fica satisfeito.

PADRE - Digam ao major que venha. Eu estou esperando. (Entra na igreja)

Disponível em: htt p: //www.teatronaescola.com/index.php/banco-de-pecas/item/o- auto-da-compadecida-ariano-


suassuna. Acesso em: 02 fev. 2019.
D10 Questão 1 –––––––––––––––––––––––––––◊

O que deu origem à narrativa foi o fato de

(A) João Grilo tentar convencer padre João a benzer o cachorro de sua patroa.

(B) João Grilo dizer que padre João vai ficar engraçado benzendo o cachorro.

(C) padre João se zangar em benzer o cachorro do major Antônio Morais.

(D) padre João benzer o motor novo do major Antônio Morais.

(E) padre João querer abençoar as criaturas de Deus.

D4 Questão 2 –––––––––––––––––––––––––––◊

Ao aceitar benzer o cachorro, por acreditar que o seu dono fosse o Major Antônio Morais, o padre demonstra ser

(A) ético.

(B) generoso.

(C) imparcial.

(D) atencioso.

(E) interesseiro.

D15 Questão 3 –––––––––––––––––––––––––––◊

No trecho “Falei por falar, mas também vocês não tinham dito de quem era o cachorro!”, a expressão “mas
também” poderia ser substituída por

(A) além disso.

(B) assim como.

(C) ao contrário.

(D) por outro lado.

(E) do mesmo modo.

Leia o texto e responda as questões 4, 5 e 6.

Post de uma página de internet

No dia do terremoto, os funcionários do hotel onde eu me refugiava colocaram uma TV no saguão para a gente
assistir. Pessoas que estavam dormindo no chão reuniram-se em torno do aparelho e eu também fui atrás,
rastejando para fora do cobertor embaixo do qual estava bem agasalhada.

[...]

Imagens inacreditáveis apareciam na tela. Cidades foram arrastadas pelo tsunami, literalmente, dentro de um
instante. As pessoas assistiam à televisão sem dizer uma palavra sequer. Todas permaneciam em silêncio enquanto
olhavam para a tela. Alguns que não puderam aguentar mais, começaram a desviar o olhar.

Enquanto eu via cidades inteiras sendo engolidas pelo tsunami na televisão, lembrei-me do terremoto de Kobe, em
1995. Eu também estava assistindo à televisão na época. Quando o terremoto atingiu Kobe, pela manhã, eu estava
em Tóquio. Durante todo o dia, enquanto estava no trabalho, tentei contato com minha família na região de Kansai,
onde o terremoto aconteceu, mas não consegui falar com ninguém.

Temendo que tivesse ficado sozinha no mundo, fiquei olhando as imagens dos incêndios na televisão a noite toda.
“Por que os caminhões dos bombeiros não estão aqui quando os carros da televisão estão?”, indagou uma senhora
que só podia ver a cidade se transformar em cinzas, sem poder fazer nada para parar os incêndios. Foi doloroso de
assistir.

Foi o mesmo com o tsunami desta vez. Não foi o terremoto, mas os incêndios e o tsunami. Tudo o que vem depois
que o terremoto destrói de fato as cidades. As câmeras capturaram imagens quando aconteceram, mas ninguém
pode fazer nada sobre isso. Em questão de momentos, inúmeras pessoas perderam a vida enquanto tudo era
documentado em vídeos.

Disponível em: http://pt.globalvoicesonline.org/2011/03/15/japao-terremoto-testemunho/. Acesso em: 18 fev. 2019


(adaptado).

D10 Questão 4 –––––––––––––––––––––––––––◊

Em qual dos trechos há uma expressão que marca a ideia de tempo?

(A) “As pessoas assistiam à televisão sem dizer uma palavra sequer.”.

(B) “Não foi o terremoto, mas os incêndios e o tsunami.”.

(C) “Alguns que não puderam aguentar mais, começaram a desviar o olhar.”.

(D) “[...] os funcionários do hotel [...] colocaram uma TV no saguão para a gente assistir.”.

(E) “Durante todo o dia, enquanto estava no trabalho, tentei contato com minha família [...].”.

D15 Questão 5 –––––––––––––––––––––––––––◊

No trecho “[...] tentei contato com minha família na região de Kansai, onde o terremoto aconteceu, mas não
consegui falar com ninguém”, o termo “mas” marca

(A) adição.

(B) restrição.

(C) oposição.

(D) conclusão.

(E) explicação.

D4 Questão 6 –––––––––––––––––––––––––––◊

Do trecho “Por que os caminhões dos bombeiros não estão aqui quando os carros da televisão estão?”, infere-se
que a mulher julga o trabalho dos bombeiros

(A) lento.

(B) rigoroso.

(C) eficiente.

(D) cauteloso.

(E) responsável.
Leia o texto e responda as questões 7, 8 e 9.

A loja de chapéu

Karl Valentin

VENDEDORA - Bom dia, senhor. O que deseja?

VALENTIN - Um chapéu.

VENDEDORA -Que tipo de chapéu?

VALENTIN - Um chapéu pra botar na cabeça.

VENDEDORA - Certamente, meu senhor, um chapéu não é para se vestir; a gente sempre o usa na cabeça.

VALENTIN - Sempre, não. Na igreja, por exemplo, eu não posso botar o chapéu na cabeça.

VALENTIN - Eu quero um chapéu que a gente use e possa tirar...

VENDEDORA - Todos os chapéus são pra se usar e tirar. O senhor vai querer um chapéu mais flexível ou um tipo mais
duro?

VALENTIN – Não. Um cinza.

VENDEDORA - Eu quero dizer, de que espécie?

VALENTIN – Em tom pastel.

VENDEDORA - Discreto, o senhor quer dizer? Nós temos aqui todo tipo de modelo, tudo muito elegante, em todas as
cores. (mostra alguns chapéus)

VALENTIN - Todas as cores? Um amarelo claro, então.

VENDEDORA - Um chapéu amarelo claro, meu senhor, você só vai conseguir encontrar no carnaval. Além do mais, eu
não posso acreditar que o senhor vá usar um chapéu amarelo claro.

VALENTIN - Não é pra usar, é pra botar na cabeça.

VENDEDORA – Com um chapéu amarelo claro o senhor vai ficar ridículo.

VALENTIN - Mas os chapéus de palha são bem amarelo claros.

VENDEDORA - Ah, então o senhor está querendo um chapéu de palha?

VALENTIN - Não, os chapéus de palha são facilmente inflamáveis.

VENDEDORA (Impaciente) – Bem, o senhor precisa se decidir logo sobre o tipo de chapéu que quer usar.

VALENTIN - Eu quero um chapéu novo.

VENDEDORA -É claro, meu senhor, aqui só trabalhamos com chapéus novos.

VALENTIN – Exatamente! Quero um novo.

VENDEDORA - Sim, mas que tipo?

VALENTIN - Um chapéu de mulher.

VENDEDORA – Nós só fabricamos chapéus para senhores.

VALENTIN - Então, eu estou querendo chapéus para senhora.

VENDEDORA (Brava) - O senhor é realmente uma pessoa difícil de ser atendida! Mas eu vou lhe mostrar alguns
modelos.
VALENTIN (nervoso) - Como alguns modelos? É apenas um que eu quero! Eu só tenho uma cabeça!

VENDEDORA - Não. Eu vou lhe mostrar vários modelos, para que o senhor possa escolher.

VALENTIN - Eu não estou pedindo para escolher, eu quero apenas um chapéu que me caia bem.

VENDEDORA - Olha, escute meu conselho, leve este aqui. Custa apenas 15 reais, é bonito, de ótima qualidade e,
ainda por cima, é muito moderno.

VALENTIN - Eu vou seguir o seu conselho já que a senhora é uma especialista. Então a senhora me diz que esse
chapéu é muito moderno?

VENDEDORA - É. Enfim, o que é ser moderno hoje em dia? Há pessoas que saem na rua sem usar nenhum chapéu.
Tanto faz ser verão ou inverno. E dizem que isso é o que há de mais moderno.

VALENTIN - Ah é? Quer dizer que o que há de mais moderno é não usar nenhum chapéu? Então é por isso que eu
não vou comprar nenhum. Até logo, minha senhora! (Sai)

Disponível em: http://www.teatronaescola.com/index.php/banco-de-pecas/item/a-loja-de-chapeu-de-karl-valentin.


Acesso em: 12 fev. 2019.

D15 Questão 7 –––––––––––––––––––––––––––◊

Na frase “Eu vou lhe mostrar vários modelos, para que o senhor possa escolher.”, a expressão “para que” introduz
uma ideia de

(A) causa.

(B) adição.

(C) condição.

(D) finalidade.

(E) proporção.

D10 Questão 8 –––––––––––––––––––––––––––◊

Que tipo de enredo temos no texto lido?

(A) Terror.

(B) Comédia.

(C) Aventura.

(D) Suspense.

(E) Ficção científica.

D4 Questão 9 –––––––––––––––––––––––––––◊

Pelo trecho “Um chapéu amarelo claro, meu senhor, você só vai conseguir encontrar no carnaval.”, conclui-se que
o chapéu amarelo claro é

(A) clássico.

(B) elegante.

(C) despojado.
(D) imponente.

(E) extravagante.

Leia o texto e, a seguir, responda as questões 10, 11 e 12.

Por que morar nas ruas?

Há caminhos para agir sem ações higienistas

Floriano Pesaro

“Cadê a prefeitura que não vê isso?” − é o sentimento que muitos tiveram ao ler a reportagem “Presença maior de
moradores de rua mobiliza bairros nobres de São Paulo”, de Thiago Amâncio. É notório quanto a sociedade está
distante da complexidade do tema e das políticas públicas elaboradas para emancipar e diminuir a quantidade de
pessoas em situação de rua.

É fundamental esclarecer que não iremos acabar com essa chaga. De acordo com o último relatório sobre população
de rua do Departamento de Habitação dos EUA, apenas Washington e Los Angeles têm um contingente de 65 mil
pessoas nas ruas.

Desde a Idade Média, muitos já viviam nas ruas dado o elevado processo migratório do campo para as cidades. Com
a evolução das sociedades modernas, outros fatores se somaram ao habitacional, tais como econômico e social, o
que originou a presença cada vez maior de pessoas, ou famílias, vivendo nas ruas.

Pesquisa da Prefeitura de São Paulo de 2016, realizada pela USP e pela PUC-SP, mostrou a prevalência de
transtornos mentais, incluindo a dependência química, nessa população. São 7 em cada 10 pessoas, sendo que 30%
sofrem de depressão, 52% usam drogas, 57% consomem álcool, além de outros transtornos.

Muitas vezes também não há lar para onde voltar. Este pode até existir fisicamente, porém não há mais estado
psicológico e emocional que possibilite voltar ao núcleo de convivência familiar ou comunitário.

O trabalho pode ser uma alternativa para o retorno à convivência social, contudo muitos não têm condições
psíquicas de trabalhar.

Essa condição não se dá somente por questões de saúde mental, mas também por padrões comportamentais
adquiridos na longa vivência nas ruas, cercada de inúmeras privações. Sem regras e submetidos a todo tipo de
violência e violações de direitos, uma série de convenções sociais é desconstruída. Sem contar o uso abusivo de
drogas e de álcool, fundamental desafio para o resgate desses verdadeiros refugiados urbanos.

Os governos têm responsabilidade legal de aportar recursos para o financiamento do Sistema Único de Assistência
Social (SUAS), que financia serviços e programas sociais garantindo a rede de proteção social preconizada na Lei
Orgânica da Assistência Social (LOAS).

Acerta a Prefeitura de São Paulo quando propõe uma ação alicerçada no SUAS, utilizando-se da rede de
equipamentos públicos a partir dos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) e dos Especializados (CREAS)
com foco na geração de emprego e renda por meio do terceiro setor e da iniciativa privada.

É imperativa a atuação transversal das secretarias sociais que possibilite atender integralmente as necessidades
desses cidadãos, que, como todos nós, são complexos em suas existências. Segurança Pública, Assistência Social,
Saúde e Habitação devem trabalhar de forma integrada baseada em protocolos e fluxos de atendimento,
preconizados no SUAS e no Sistema Único de Saúde (SUS).

Podemos diminuir o número de pessoas em situação de rua sem improviso ou ações higienistas, mas com ações
transversais e integradas. É missão de todos trabalhar para que elas sejam emancipadas e plenas em seus direitos.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2019/02/por -que-morar-nas-ruas.shtml. Acesso em: 20 fev.
2019.

D7 Questão 10 –––––––––––––––––––––––––◊

Qual dos trechos representa a tese do artigo lido?

(A) “Desde a Idade Média, muitos já viviam nas ruas dado o elevado processo migratório do campo para as cidades.”.

(B) “Os governos têm responsabilidade legal de aportar recursos para o financiamento do Sistema Único de
Assistência Social (SUAS)...”.

(C) “O trabalho pode ser uma alternativa para o retorno à convivência social, contudo muitos não têm condições
psíquicas de trabalhar.”.

(D) “É notório quanto a sociedade está distante da complexidade do tema e das políticas públicas elaboradas para
emancipar e diminuir a quantidade de pessoas em situação de rua.”.

(E) “Essa condição não se dá somente por questões de saúde mental, mas também por padrões comportamentais
adquiridos na longa vivência nas ruas, cercada de inúmeras privações.”.

D8 Questão 11 –––––––––––––––––––––––––◊

O argumento que melhor sustenta a tese defendida no texto é o/a

(A) informação de que nos Estados Unidos também existem moradores de rua.

(B) conclusão de que, muitas vezes, o morador de rua não tem para onde voltar.

(C) constatação de que 7 entre 10 moradores de rua sofrem de depressão ou dependência química.

(D) governo ter o dever de intermediar ações para tirar os moradores de rua de sua condição de refugiados urbanos.

(E) existência de vários motivos, além da falta do espaço físico, para se morar na rua, como a dependência química e
transtornos mentais.

D8 Questão 12 –––––––––––––––––––––––––◊

No trecho “Pesquisa da Prefeitura de São Paulo de 2016, realizada pela USP e pela PUC-SP, mostrou a prevalência
de transtornos mentais, incluindo a dependência química, nessa população. São 7 em cada 10 pessoas, sendo que
30% sofrem de depressão, 52% usam drogas, 57% consomem álcool, além de outros transtornos.”, temos um
argumento

(A) por exemplificação, pois consiste no relato de um pequeno fato real, já que a tese depende de esclarecimentos
com dados mais concretos.

(B) por evidência, pois há um indício de que há uma verdade no argumento elaborado que comprova que a tese
defendida possa ser admitida.

(C) de autoridade, pois a ideia se sustenta pela citação de uma fonte confiável, que pode ser um especialista no
assunto ou dados de instituição de pesquisa.

(D) de princípio, já que se trata de uma crença pessoal baseada numa constatação (lógica, científica, ética, estética
etc.) aceita como verdadeira e de validade universal.

(E) por comparação (analogia), por ser um argumento que pressupõe que se deve tratar a complexidade do morador
de rua de maneira igual a outra situação já conhecida pelo interlocutor do texto.

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