Fazem-me gracejos quando a dor me dilacera o peito, para que eu não chore. E eu não choro;
Convencem-me que faz mal sentir saudades.
E eu não sinto saudades;
Ensinam-me que é feio ficar triste.
E eu não me entristeço.
Dizem-me para amar quando sinto ódio.
E eu não odeio.
Cobram-me a competição e o desamor, quando quero apenas amar.
E eu não amo.
Depois, onipotentes, vêm-me falar,
de minha apatia, de minha impotência, de minha falta de energia, de minha insensatez, de minha frigidez, de minha insensibilidade. E como já não mais lhes entendo a linguagem. E como já não mais faço parte do mundo deles. E como já não mais percebo a sua realidade. Rotulam-me de um nome qualquer e me marginalizam em uma das prateleiras da vida.