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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

Bruna Mayato Rodrigues

A ASTROBIOLOGIA COMO RECURSO DIDÁTICO PARA O ENSINO DE


BIOLOGIA: uma proposta de inserção

Rio de Janeiro

2017
1

UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

Bruna Mayato Rodrigues

A ASTROBIOLOGIA COMO RECURSO DIDÁTICO PARA O ENSINO DE


BIOLOGIA: uma proposta de inserção

Trabalho de conclusão de curso


apresentado à disciplina: Monografia II do
Curso de Ciências Biológicas como
requisito parcial à aprovação na mesma.

Orientador interno: Maíra Moraes Pereira


Orientador externo: Bruno Leonardo do
Nascimento Dias (IF/UERJ)

Rio de Janeiro
2017
2

UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA


SISTEMA DE BIBLIOTECAS
Rua Ibituruna, 108 – Maracanã
20271-020 – Rio de Janeiro – RJ
Tel.: (21) 2574-8845

FICHA CATALOGRÁFICA

R696a Rodrigues,
FICHA Bruna Mayato.
CATALOGRÁFICA
A Astrobiologia como recurso didático para o ensino de
biologia: uma proposta de inserção. / por Bruna Mayato
Rodrigues. - 2017.
39f.: il. color.; 30 cm.

Monografia – Universidade Veiga de Almeida, Curso de


Graduação em Ciências Biológicas, Rio de Janeiro, 2017.

Orientação: Prof. Maíra Moraes Pereira, Coordenação de


Ciências Biológicas.

1. Abordagem interdisciplinar do conhecimento. 2.


Exobiologia. 3. Ensino médio. I. Pereira, Maíra Moraes
(Orientador). II. Universidade Veiga de Almeida. Curso de
Graduação em Ciências Biológicas. III. Título.

CDD – 576.5
BN

Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Setorial Tijuca/UVA


3

Ao meu avô Mauro Mayato, por ter


despertado em mim, desde a infância, o
prazer pela leitura e pela ciência. (in
memoriam)
4

AGRADECIMENTOS

À minha família, por todo o apoio, mas, principalmente, à minha mãe Dayse
Lúcia Mayato, pelo carinho e por compreender minhas ausências e preocupações
durante esta importante (e nem sempre fácil) etapa da minha vida.
À minha querida orientadora, professora e amiga Maíra Moraes, pelo apoio e
incentivo na construção deste trabalho, por compartilhar vivências profissionais,
pessoais e inúmeros conselhos sobre a vida, e por estar sempre disposta a
colaborar em outros projetos. Também não posso me esquecer da extrema
confiança que depositou em mim ao aceitar embarcar nesta aventura de me orientar
mesmo quando ainda estava em meu primeiro semestre no curso, com um projeto
bastante ambicioso em mente e totalmente fora de sua área de atuação.
Ao meu coorientador, companheiro de vida e de trabalho Bruno Dias, do
Instituto de Física (IF/UERJ), pela paciência infinita nos momentos finais deste
trabalho, por estar sempre presente, compreender minhas angústias e acreditar no
meu potencial até mesmo quando duvido de mim mesma. Seu carinho e incentivo
foram (e tem sido) fundamentais não só para que eu pudesse concretizar este
trabalho, como também para continuar persistindo nesta longa e sempre desafiante
jornada da formação acadêmica. Como uma vez disse o mestre astrônomo Carl
Sagan: “Diante da vastidão do tempo e da imensidão do universo, é uma alegria, pra
mim, dividir um planeta e uma época com você.”
Ao professor, amigo e também orientador Henrique Lins de Barros, do Centro
Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), com quem descobri o mundo fascinante e
ainda pouco desbravado dos microrganismos magnetotáticos durante meu tempo na
iniciação científica. Sua paixão por estes microrganismos e inquietude em tentar
compreender tanto sua natureza quanto suas relações me contagiaram e me
motivam na busca por conhecê-los ainda mais a fundo.
À coordenadora Cristiane Fiori e a todos os professores e professoras do
Curso de Ciências Biológicas da UVA, que contribuíram de inúmeras formas para a
minha formação pessoal e profissional. Destes, merecem ser citados: a minha
querida professora Uiara Gomes, por estar sempre solícita a ajudar e a esclarecer
dúvidas, pelas conversas sobre a pós-graduação e também sobre temas
paleontológicos, pelo apoio e conselhos sobre o andamento deste trabalho, e, claro,
pelas aulas deliciosas de Geologia e Paleontologia, minhas novas paixões
5

científicas; a querida professora e amiga Mariana Saavedra, por ter me apresentado


uma nova perspectiva em relação à Ecologia e, principalmente, à Botânica, áreas
das quais eu não tinha a menor afeição no início da graduação e que hoje me
empolgam bastante; o professor Alexandre Alencar, com quem tive a maravilhosa
oportunidade de colaborar nos projetos ligados à divulgação científica do fascinante
continente antártico; e o professor Marcelo Aguiar, pelas empolgantes e
esclarecedoras aulas de Evolução, minha outra paixão científica.
A todos os meus colegas de curso com quem compartilhei diversos momentos
de alegria, aprendizado e companheirismo. Abstenho-me de citar nomes para não
esquecer ninguém, já que são muitos e não quero ser injusta.
Ao professor Gustavo Porto de Mello, do Observatório do Valongo
(OV/UFRJ), pelas aulas inesquecíveis e carregadas de muito aprendizado na
disciplina de Astrobiologia (minha maior paixão científica), durante meu tempo de
curso na graduação em Astronomia.
À professora Claudia Lage, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
(IBCCF/UFRJ), por ter me apresentado ao mundo incrível dos microrganismos
extremófilos e também da Astrobiologia. Suas palestras e conselhos tiveram grande
impacto em minha escolha profissional.
Ao Programa Universidade para Todos (PROUNI), instituído pela parceria
entre o Ministério da Educação (MEC) e a Universidade Veiga de Almeida (UVA),
pela concessão de bolsa de estudo integral, sem a qual jamais seria possível cursar
e concluir esta etapa inicial da minha formação acadêmica.
E, por fim, a todos e todas que, de alguma forma, se sentem inspirados pelo
tema e dedicaram um pouco do seu tempo para ler o meu trabalho.
6

"Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse


sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-
história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e
havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o
universo jamais começou."
(Clarice Lispector)

"A ciência nos ensina que somos criações cósmicas raras,


aglomerados de poeira vinda de restos de estrelas, moléculas
animadas pela faísca da vida, capazes de se perguntar sobre
suas origens. Somos, como disse Carl Sagan, como o
Universo pensa sobre si mesmo, um enigma que talvez não
seja compreensível. Carregamos a história do cosmos em
nossos átomos. Essa é a união essencial do ser com o
cosmo. A meu ver, poucas visões artísticas ou religiosas têm
tanta poesia e espiritualidade quanto essa."
(Marcelo Gleiser)

"A ciência será sempre uma busca, jamais uma descoberta. É


uma viagem, nunca uma chegada”.
(Karl Popper)
7

A ASTROBIOLOGIA COMO RECURSO DIDÁTICO PARA O ENSINO DE


BIOLOGIA: uma proposta de inserção

MAYATO, Bruna Rodrigues. A Astrobiologia como recurso didático para o


ensino de Biologia: uma proposta de inserção. Rio de Janeiro, 2017. Monografia
(Licenciatura em Ciências Biológicas) – Universidade Veiga de Almeida, Rio de
Janeiro, 2017.

RESUMO

A Astrobiologia é um campo novo e pouco conhecido de pesquisa científica que se

propõe a investigar a origem, evolução da vida e sua distribuição no universo.

Devido à sua natureza multidisciplinar, ela dialoga com várias disciplinas e rompe

fronteiras entre as áreas do conhecimento. Tais particularidades podem ser

aplicadas ao Ensino de Biologia para promover um ensino interdisciplinar. Neste

trabalho, propõe-se investigar quais os conteúdos referentes ao estudo da

Astrobiologia que podem ser trabalhados em conjunto com o currículo proposto de

Biologia para o Ensino Médio. Para isso, buscou-se identificar os conteúdos comuns

entre a Astrobiologia e a Biologia através de análise documental das Orientações

Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino

Médio (PCNEM+) e discutiu-se em detalhes cada tópico identificado em comum.

Segundo tal documento, a Biologia pode ser apresentada em seis grandes temas

estruturadores, de forma que, ao agrupá-los sequencialmente, tenham uma

abordagem que partam tanto do mundo macroscópico para o microscópico quanto

do mundo microscópico para o macroscópico. Dessa forma, se torna possível

destacar os aspectos essenciais sobre a vida dos seres vivos e a vida humana, que

poderão ser trabalhados através da temática da Astrobiologia, evidenciando a

relevância da inserção e da utilização deste novo campo científico como uma

possível ferramenta inter e multidisciplinar para o ensino de Biologia. Assim, almeja-

se que este trabalho seja capaz de nortear o professor, para que ele possa
8

proporcionar um ambiente motivador e que favoreça o desenvolvimento das

habilidades e competências necessárias à formação dos educandos.

Palavras-chave: exobiologia, PCN, ensino médio, interdisciplinaridade, ensino-


aprendizagem
9

ASTROBIOLOGY AS A DIDACTIC RESOURCE FOR THE TEACHING OF


BIOLOGY: A PROPOSAL OF INSERTION

ABSTRACT

Astrobiology is a new scientific field and a little known scientific research that propose

to investigate the origin, evolution of life and its distribution in the universe. Due to its

multidisciplinary nature, it dialogues with various disciplines and breaks the

boundaries between the areas of knowledge. In this work, it is proposed to

investigate the contents related to the study of Astrobiology that can be worked in

conjunction with the proposed Biology for High School curriculum. To do this, we

sought to identify the common contents between Astrobiology and Biology through

documentary analysis of the Complementary Educational Guidelines to the National

Curricular Parameters of Secondary Education (PCNEM +) and discussed in detail

each topic identified in common. According to this document, biology can be

presented in six major structuring themes, so that by grouping them sequentially,

they have an approach that starts from the macroscopic to the microscopic world,

and from the microscopic to the macroscopic world. In this way, it becomes possible

to highlight the essential aspects about the life of living beings and human life, which

can be worked through the thematic of Astrobiology, highlighting the relevance of the

insertion and the use of this new scientific field as a possible inter and

multidisciplinary tool to the teaching of biology. Thus, it is hoped that this work will be

able to guide the teacher, so that it can provide a motivating environment and that

favors the development of the skills and competences necessary for the formation of

the students.

.Key-words: exobiology, PCN, high school, interdisciplinarity, teaching-learning


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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Principais áreas de pesquisa na Astrobiologia.................................14


Figura 2 – Escala arbitrária de complexidade para a origem da vida................22
Figura 3 – Último Ancestral Comum Universal (LUCA) ....................................23
11

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 12
1.1 ASTROBIOLOGIA: BREVE HISTÓRICO E PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO 12
1.2 ASTROBIOLOGIA NA SALA DE AULA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA UMA
EDUCAÇÃO INTEGRADORA ................................................................................... 14

2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 16
2.1 GERAL ............................................................................................................... 16
2.2 ESPECÍFICOS ................................................................................................... 16

3 METODOLOGIA ................................................................................................. 17

4 RESULTADOS .................................................................................................... 18

5 DISCUSSÃO ....................................................................................................... 20
5.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA VIDA ...................................................................... 20
5.2 DIVERSIDADE DA VIDA ..................................................................................... 24
5.3 IDENTIDADE DOS SERES VIVOS ..................................................................... 27
5.4 TRANSMISSÃO DA VIDA ................................................................................... 29
5.5 INTERAÇÃO ENTRE OS SERES VIVOS ........................................................... 31
5.6 QUALIDADE DE VIDA DAS POPULAÇÕES HUMANAS.................................... 32

6 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 35

7 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 36
12

1 INTRODUÇÃO

Desde o início das civilizações, o ser humano sempre expressou curiosidade


em saber sobre as suas origens. Por milênios, questões fundamentais como “de
onde viemos?”, “por que estamos aqui?” e “para onde vamos?” instigaram líderes
religiosos, artistas, filósofos e cientistas a encontrarem respostas que pudessem
satisfazer nossa inquietação natural.
Tratando-se de ciência, uma das primeiras a se preocupar sobre as questões
fundamentais da nossa existência foi a Astronomia. Devido ao seu forte apelo
popular e fácil acessibilidade prática, a Astronomia é capaz de despertar
deslumbramento e curiosidade nas pessoas. Além disso, ela também pode servir
como instrumento motivador para a alfabetização científica (LANGHI e NARDI,
2014).
Dentre as suas vertentes, cujo enfoque será destacado neste trabalho, há
uma em particular que busca pelas respostas sobre as origens da vida e que possui
uma forte relação com a Biologia, que é a Astrobiologia.

1.1 Astrobiologia: breve histórico e principais áreas de estudo

A Astrobiologia é um campo recente de pesquisa científica pouco conhecido


no Brasil e que, em síntese, se propõe a investigar a origem, evolução da vida e sua
distribuição no universo (BLUMBERG, 2003). Utilizando técnicas modernas e rigor
metodológico científico de forma multidisciplinar, ela busca compreender o fenômeno
da vida não somente na Terra, mas também no contexto cósmico (GALANTE et al,
2016).
De acordo com Rodrigues et. al. (2012), é um campo que ganhou
popularidade a partir do ano de 1998, quando a agência espacial americana (NASA)
fundou o seu Instituto de Astrobiologia (NAI, sigla em inglês). Nessa época, foi
reestruturado e ampliado o seu programa espacial, que antes se dedicava apenas à
busca por vida extraterrestre e que agora inclui o estudo sobre a origem, evolução e
diversidade da vida na Terra.
Tal reformulação ocorreu devido ao reconhecimento de que é fundamental ter
uma compreensão sobre os mecanismos e as condições que tornaram a vida
possível, haja vista que a Terra é o único planeta que se conhece onde a vida tenha
surgido e prosperado.
13

Entretanto, segundo Blumberg (2003), há histórico do termo “astrobiologia”


sendo usado desde 1940, em diferentes contextos. Um dos primeiros registros
citados, inclusive, vem do livro Introdução à Astrobiologia, publicado em 1958 pelo
biólogo brasileiro Flávio Augusto Pereira. Tal livro é pioneiro na divulgação da
Astrobiologia no país e traz uma compilação de pesquisas do que já existia
disponível naquela época sobre este tema (PEREIRA, 1958; RODRIGUES et al,
2012).
No cenário nacional, a Astrobiologia começou a surgir no início dos anos
2000, logo após o seu reconhecimento científico pela NASA. Contudo, ela se
institucionalizou oficialmente em 2006 com a realização do I Workshop Brasileiro de
Astrobiologia, evento que reuniu diversos pesquisadores em áreas distintas de
atuação e permitiu a criação dos primeiros grupos colaborativos de pesquisa com
enfoque astrobiológico (PAULINO-LIMA e LAGE, 2010; RODRIGUES et al, 2012).
Desde então, inúmeras iniciativas individuais e regionais tem sido feitas para
a consolidação e o desenvolvimento desta área no Brasil, como a instalação, em
2010, do primeiro Laboratório de Astrobiologia (AstroLab), na Universidade de São
Paulo (USP), e a criação do Núcleo de Pesquisa em Astrobiologia (NAP-Astrobio),
em 2011. Tais iniciativas tem permitido um grande avanço na organização da
comunidade científica brasileira (RODRIGUES et al, 2012; GALANTE et al (org),
2016).
Devido ao seu caráter multidisciplinar, a Astrobiologia possui um grande
escopo de pesquisas inter-relacionadas. Como a questão central norteadora é o
entendimento da vida como fenômeno complexo e universal, ela utiliza
conhecimentos adquiridos de três grandes áreas da ciência: Astronomia, Biologia e
Geologia, cada uma com seus respectivos campos de atuação (PAULINO-LIMA e
LAGE, 2010), tal como podemos visualizar na Figura 1.
14

Figura 1: Principais áreas de pesquisa na Astrobiologia


Fonte: retirado de PAULINO-LIMA e LAGE (2010)

1.2 Astrobiologia na sala de aula e suas contribuições para uma educação


integradora

O sistema de ensino brasileiro, reformulado e orientado pela Lei de Diretrizes


e Bases (LDB/96), define o Ensino Médio com a etapa final da educação básica,
cujas finalidades se propõem à complementar os conhecimentos adquiridos no
Ensino Fundamental, ao desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento
crítico dos educandos, e à compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos
(BRASIL, 1996).
Seguindo por estes princípios legais e de forma a auxiliar na concretização
efetiva das diretrizes curriculares, que são estabelecidas pela Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) para as redes públicas e privadas de ensino em todo o país, o
Ministério da Educação (MEC) disponibilizou os Parâmetros Curriculares Nacionais
do Ensino Médio (PCNEM), de forma a orientar o professor na busca por novas
abordagens e metodologias de ensino (BRASIL, 2000).
Contudo, a forma fragmentada, mecânica e descontextualizada com que a
Biologia, e as ciências de forma geral, ainda são abordadas no Ensino Médio pelo
modelo de ensino tradicional, faz com que esta disciplina se torne desmotivadora
pelo ponto de vista dos educandos, vistos apenas como meros espectadores no
processo de ensino-aprendizagem (VICTOR, 2012).
Tal modelo, que valoriza a transmissão de informação e a memorização de
conteúdos, ainda continua em vigência em boa parte das instituições de ensino
brasileiras, cujos projetos políticos-pedagógicos refletem a falta de sintonia entre a
15

realidade escolar e as necessidades formativas propostas pela LDB/96 e pelos


PCNEM (BRASIL, 2002).
Com isso, a abordagem tradicional torna-se cada vez mais ineficiente para
uma época em constante transformação como o mundo contemporâneo, no qual
incontáveis conhecimentos e tecnologias novas são produzidos a todo o momento.
Para Morin (2003), só é possível buscarmos o entendimento completo sobre a
natureza e seus fenômenos se os olharmos de maneira desfragmentada por meio de
uma metodologia de ensino integradora, capaz de dialogar e interconectar
conhecimentos diversos.
Devido à sua natureza inter e multidisciplinar, aliada à sua capacidade de
despertar e instigar a curiosidade, a Astrobiologia pode se tornar um recurso ideal
para promover um ensino integrador, pois ela permite a colaboração entre
professores de diferentes disciplinas e a trabalhar com questões abertas, de
múltiplas abordagens. Ela também promove uma reflexão sobre a natureza da
ciência e suas relações com outras áreas, como por exemplo, a filosofia (SOUZA,
2013).
Ao tratar sobre o estudo da vida no contexto cósmico, ela também possibilita
um resgate de identidade e conexão do ser humano com o próprio planeta,
educando-o e conscientizando-o sobre a urgente necessidade de preservar o
ambiente em que vive (RODRIGUES et al, 2012; SOUZA, 2013).
Além disso, sua aplicação no Ensino de Biologia satisfaz às orientações
propostas nos PCNEM, no qual a interdisciplinaridade e a contextualização devem
guiar o processo de ensino-aprendizagem, de forma a facilitar o desenvolvimento
das competências e habilidades necessárias para a formação do educando
(BRASIL, 2000; RICARDO, 2001).
Diante deste contexto, pretendem-se investigar quais são os conteúdos da
Astrobiologia que podem ser abordados concomitantemente com o currículo
sugerido para a disciplina de Biologia contido na BNCC e nas Orientações
Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares do Ensino Médio
(PCNEM+), buscando propor uma abordagem na qual a Astrobiologia possa servir
como um instrumento motivador e integrador dos conhecimentos científicos.
16

2 OBJETIVOS

2.1 Geral
 Apresentar uma proposta de inserção da Astrobiologia para aulas de
Biologia no Ensino Médio.
2.2 Específicos
 Identificar os conteúdos comuns entre a Astrobiologia e a Biologia no
documento das Orientações Educacionais Complementares aos
Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio.
 Comentar os temas de interesse da pesquisa em Astrobiologia que forem
identificados nas Orientações Educacionais Complementares aos
Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio.
 Contribuir para a divulgação de um novo campo científico em crescente
desenvolvimento, que é a Astrobiologia.
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3 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento deste trabalho, optou-se por uma perspectiva


qualitativa com a utilização de uma análise documental das Orientações
Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino
Médio (PCNEM+).
Neste documento, produzido pelo Ministério da Educação e disponibilizado
publicamente em sua plataforma online, são propostas orientações curriculares que
complementam àquelas sugeridas nos PCNEM, de forma a apresentar um diálogo
direto com os professores e os demais educadores, tornando menor a distância
entre a proposição das ideias e sua execução. Assim, ele apresenta e discute
questões relacionadas ao currículo escolar e a cada disciplina, permitindo à equipe
docente analisar e selecionar os pontos que merecem aprofundamento (BRASIL,
2002).
Desta forma, este documento foi utilizado para que se pudessem ser
identificados os conteúdos temáticos propostos para o currículo da disciplina de
Biologia e que se correlacionam com as áreas de interesse de pesquisa em
Astrobiologia.
Após a identificação dos temas, cada conteúdo temático selecionado foi
comentado através de uma pesquisa bibliográfica comparada, isto é, por meio de
livros e artigos, com a finalidade de demonstrar uma visão integrada das ciências
naturais e seu caráter multidisciplinar.
Assim, foi possível investigar a possibilidade da aplicação da Astrobiologia em
sala de aula como um recurso didático interdisciplinar no ensino de Biologia
contemporâneo.
18

4 RESULTADOS
Por meio da análise das informações contidas nas PCNEM+, foram
identificados os conteúdos curriculares destinados à disciplina de Biologia. Segundo
este documento, a Biologia pode ser apresentada em seis grandes temas
estruturadores, de forma a poder contribuir para o “fazer a diferença” na vida dos
educandos, independentemente de suas escolhas profissionais, aptidões ou
preferências intelectuais (BRASIL, 2002). Tais temas são:

 Interação entre os seres vivos


 Qualidade de vida das populações humanas
 Identidade dos seres vivos
 Diversidade da vida
 Transmissão da vida, ética e manipulação genética
 Origem e evolução da vida

Para fins didáticos, estes temas estruturadores são apresentados de forma


sequencial em duas maneiras distintas: uma que privilegia o funcionamento geral
dos seres vivos na sua manifestação macroscópica e outra que aborde a dimensão
microscópica de seus fenômenos (BRASIL, 2002).
Dessa forma, temos a sequência 1, cujos conceitos e visões partem do
cenário atual da vida em nosso planeta, seguindo, a cada série, da dimensão
macroscópica para o microscópico, tal como podemos observar no quadro 1.

Quadro 1: Abordagem feita a partir da visão macroscópica para a microscópica.

Fonte: retirado do PCNEM+ (BRASIL, 2002)

A segunda sequência trata de assuntos conceituais e abstratos nas fases


iniciais, no qual é abordado primeiramente a dimensão microscópica dos seres vivos
19

e, à medida que as séries avançam, a manifestação macroscópica dos sistemas


vivos passam a ser abordados, tal como é ilustrado no quadro 2.

Quadro 2: Abordagem feita a partir da visão microscópica para a macroscópica.

Fonte: retirado do PCNEM+ (BRASIL, 2002)

Assim, de acordo com os PCNEM+, esses seis temas não reinventam os


campos conceituais da Biologia, mas representam agrupamentos desses campos,
destacando os aspectos essenciais sobre a vida e a vida humana que vão ser
trabalhados por meio dos conhecimentos científicos referenciados da temática da
Astrobiologia.
20

5 DISCUSSÃO

A inserção que estamos propondo tem como motivação utilizar as principais


áreas de interesse da Astrobiologia que possuem relações com o ensino de Biologia,
de maneira que esses conhecimentos possam fazer diferença na vida dos
estudantes, independentemente do caminho profissional que vão seguir. No entanto,
sabe-se que não há um caminho único e, um dos objetivos deste trabalho, é
justamente nortear o professor às diversas áreas da Biologia que podem viabilizar
uma visão integrada das ciências naturais contemporâneas em sala de aula.
Dessa forma, serão apresentadas, a seguir, discussões dos temas
estruturadores a partir do enfoque astrobiológico e da sequência 2 abordada no
tópico anterior.

5.1 Origem e evolução da vida

Neste primeiro tema, a discussão é orientada por conceitos extremamente


instigantes, pois está intimamente conectada às questões fundamentais da
humanidade, isto é, as origens da vida, tanto na Terra quanto, possivelmente, no
universo. Dessa maneira, os conteúdos curriculares abordados neste tópico
possuem grande importância científica e também filosófica, no qual os educandos
terão a oportunidade de perceber e discutir sobre as várias interpretações possíveis
acerca de suas próprias origens e de tudo o que existe. Esses conhecimentos, além
da significância pessoal, são fundamentais para que eles desenvolvam a capacidade
de se posicionarem em debates contemporâneos relacionados a essa temática.
Atualmente na comunidade científica, a origem da vida na Terra é discutida,
basicamente, seguindo duas perspectivas possíveis: uma delas, conhecida como
Abiogênese ou Hipótese da Geração Espontânea, sugere que a vida possa ter
surgido a partir da matéria inerte, por meio de um processo espontâneo,
extremamente lento e de crescimento gradual da complexidade funcional-molecular.
Em contraponto a esta perspectiva, existe a hipótese conhecida como Panspermia,
que sugere a possibilidade da vida ter surgido oriunda de fora da Terra, por
processos biogênicos, como a ação de microrganismos que teriam a capacidade de
sobreviver a viagens interplanetárias ou até viagens interestelares (MAIA e DIAS,
2012).
21

Historicamente, inúmeros filósofos e cientistas já propuseram explicações


sobre a origem da vida. Alguns deles, como o filósofo grego Aristóteles, pioneiro na
defesa da hipótese da abiogênese, escreveu, há mais de 2 mil anos, que a natureza
pode ser capaz de avançar pouco a pouco, de coisas sem vida à vida animal, de tal
maneira que seria impossível determinar uma linha demarcatória entre o vivo e o
não-vivo. Dessa forma, seria difícil definir o organismo vivo mais simples, haja vista
que ele talvez tenha surgido logo nos primeiros 500 milhões de anos após o
surgimento e a formação da Terra (IMPEY, 2009).
Segundo Damineli e Damineli (2007), o naturalista inglês Charles Darwin, de
maneira ainda conceitual, imaginava que a vida poderia ter surgido a partir de uma
poça de caldo nutritivo, contendo amônia, sais de fósforo, luz, calor e eletricidade.
Basicamente, esses ingredientes fariam parte do processo químico que originariam
as primeiras proteínas e que teriam se transformado em compostos mais complexos
até darem origem aos primeiros seres orgânicos vivos.
Todavia, de acordo com Luisi (2013), a exclusão, de forma teórica, de
qualquer intervenção divina no percurso histórico da origem da vida, deve-se ao
químico russo Alexander Ivanovich Oparin (1894-1980). Segundo o autor, a
extensão da evolução para o mundo molecular, como o primeiro capítulo da
evolução da vida, só teve progresso a partir das ideias de Oparin, possivelmente
influenciado pelo materialismo dialético e pela teoria darwiniana. Com isso, Oparin
procurou entender a origem da vida como parte da evolução de reações
bioquímicas, mediante a competição e a seleção darwiniana na Terra pré-biótica, ou
seja, antes do surgimento da vida.
Apesar de as ideias de Oparin parecerem ousadas ao argumentar que as
moléculas são capazes de se agrupar de forma espontânea e formar estruturas
funcionais e complexas crescentes, atualmente é aceita plenamente pela Biologia
moderna. Inclusive, ela é apresentada na maioria dos livros didáticos, na literatura
científica e também continuamente utilizada pelos meios de comunicação em massa.
Fundamentalmente em certo ponto, podemos dizer que esta pode ser considerada
uma versão moderna da geração espontânea, como ilustrado na figura 2.
22

Figura 2: escala arbitrária de complexidade para a origem da vida.


Fonte: retirado de Luisi, 2013.

De modo geral, quanto mais se retrocede no tempo da história da vida, mais


primitivos são os organismos vivos que habitavam a Terra. Desse modo, de acordo
com Maia e Dias (2009), os primeiros seres vivos podem ter sido:

 Seres autotróficos, cujo metabolismo se daria por formas de energia que


não a luz solar, como a quimiossintética;
 Seres heterotróficos, cujo metabolismo é gerado num processo de
evolução bioquímica já bastante aperfeiçoada;
 Seres oriundos de fora da Terra, caracterizada pela hipótese da
panspermia.

Independentemente de qualquer uma das três hipóteses citadas ser a correta,


Davies (2000) relata que o registro fóssil evidencia claramente que a vida antiga era
muito diferente da vida atual. Segundo o autor, os fósseis mais antigos de animais
bem documentados foram encontrados na Austrália e possuem cerca de 560
milhões de anos. Pouco depois dessa época, por volta de 545 milhões de anos, teria
iniciado uma verdadeira explosão de espécies, culminando gradativamente na
23

colonização da Terra pelas grandes plantas e animais. Neste ponto, é importante


ressaltar que há 1 bilhão de anos, a vida era restrita a microrganismos unicelulares.
Além disso, outro ponto relevante para esta discussão é o de que toda a vida
terrestre descende de um ancestral comum. Segundo Davies (2000), esse
argumento é válido por meio de uma análise regressiva do processo de
complexificação e diversificação explicado pela teoria da evolução de Darwin, onde,
no passado, todas as linhagens que hoje se diversificam, convergiria a um único
ponto comum de ascendência, chamado de Último Ancestral Comum Universal
(LUCA, sigla em inglês), mostrado na figura 3.

Figura 3: Último Ancestral Comum Universal (LUCA).


Fonte: adaptado de Weiss et al (2016)

Todavia, existe a controvérsia de que a vida terrestre não poderia ter surgido
da matéria não viva, ou seja, de forma abiogênica. Dessa forma, se admitirmos a
hipótese de que a origem da vida terrestre necessariamente ocorreu de maneira
biogênica, então teríamos que recorrer ao argumento da panspermia.
Basicamente, essa hipótese de origem da vida biogênica afirma que a vida
teria nascido em algum lugar do universo e depois teria chegado ao nosso planeta.
Essa ideia não é nova, pois já entre os antigos gregos acreditava-se na possibilidade
de a vida ser semeada pelo universo (LUISI, 2013).
Além disso, esse mesmo conceito reaparece no fim do século XIX, através
dos trabalhos de Hermann von Helmholtz, físico alemão e criador da hipótese dos
cosmozoários, e de Willian Thomson Kelvin, físico britânico. E também,
24

posteriormente no início do século XX, com o químico sueco Svante Arhenius e,


finalmente em 1999 e 2000 com os cientistas britânicos Francis Crick, Fred Hoyle e
Chandra Wickramasinghe. Em uma visão ampliada e poética, a panspermia
considera a vida como uma propriedade intrínseca do universo, que permeia
globalmente o cosmos e que não necessita de uma origem específica.
Não há dúvida de que a panspermia postula a obrigatoriedade de existência
de vida por todo o universo. Assim, ela não se apresenta como uma hipótese que
busca resolver a questão da origem do primeiro de todos os seres vivos, mas busca
apenas solucionar o problema de maneira pontual, pois é improvável situar como se
deu o início do fenômeno vida.
Deste modo, a Astrobiologia se mostra extremamente importante para a
busca de respostas que satisfaçam as questões ainda em aberto sobre as origens
da vida, já que ela se propõe a investigar não apenas a origem e a evolução da vida
na Terra, mas também a sua distribuição e o seu futuro no universo.

5.2 Diversidade da vida

Este segundo tema recai em questões relacionadas à como a vida se


diversificou a partir de uma origem comum. Dessa maneira, os alunos podem
adquirir conhecimentos e dimensionar os problemas relativos à biodiversidade,
relacionando os processos fisiológicos utilizados pelos dos seres vivos com as suas
estratégia adaptativas.
Segundo Maia e Dias (2012), as primeiras ideias evolucionistas foram
chamadas de transformistas. Elas estabeleciam que a vida possui uma longa e
contínua história durante a qual os organismos animais e vegetais foram se
transformando e, assim, povoando a Terra. Os primeiros registros históricos
relacionados a essas ideias vêm da época dos gregos antigos, como os pré-
socráticos Anaximandro, Heráclito, Empédocles e Xenófanes, e, posteriormente,
com Aristóteles. Em época um pouco mais recente, logo após 1600, surgiu um
movimento de intelectuais denominados naturalistas, que buscaram fornecer
esclarecimentos que fundamentassem o desenvolvimento de uma teoria da evolução
dos seres vivos.
De acordo com Maia e Dias (2012), o padre dinamarquês Nicolaus Steno, por
volta de 1685, buscou explicar a existência dos fósseis com a hipótese de que as
espécies pudessem mudar com o passar do tempo. No ano seguinte, o inglês John
25

Ray publicou, em seu livro História Plantarum, a definição de espécie baseando-se


no conceito de antepassado comum. Em seguida, Carous Linnaeus (1707-1778)
publicou em sua obra denominada Systema Naturae a descrição do método de
classificação de todos os organismos, o qual é utilizado ainda nos dias de hoje.
Seguindo essa linha cronológica, na França, Pierre-Louis Moreau de
Maupetuis (1698-1759) e George Louis Leclerc (1707-1788) publicaram
respectivamente as obras “Essai de Cosmologie” e “Historie Naturelle”. A primeira
trouxe à público a hipótese de que os animais mais fortes produziam mais filhos
enquanto que a segunda sugeria que os seres vivos poderiam evoluir.
Por fim, os naturalistas Charles Bonnet (1720-1793) e Erasmus Darwin (1731-
1802) foram os últimos predecessores a deixarem suas contribuições antes do
desenvolvimento de ideias de Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829) e de Charles
Darwin (1809-1882) sobre a evolução das espécies.
De acordo com Pantoja (2016), Lamarck publicou, em 1809, sua obra
Filosofia Zoológica, orientada e fundamentada em duas leis:

 Lei do uso e desuso


 Lei da transmissão dos caracteres adquiridos

A primeira lei segue o princípio de que qualquer parte do corpo que fosse
muito usada se desenvolveria e as que não fossem utilizadas se atrofiariam. A
segunda lei se baseia no argumento de que as alterações adquiridas pelo uso e
desuso seriam transmitidas para as próximas gerações. Todavia, o grande problema
da teoria Lamarckista, segundo essa autora, é de que a ela considera que as
questões fenotípicas poderiam de alguma maneira alterar as genotípicas, o que não
é verdade.
Em contrapartida, Charles Darwin publicou o livro Origem das Espécies, em
1859. Neste livro, ele afirmava que os indivíduos mais bem adaptados sobrevivem
ao meio e os menos adaptados tem menores chances, deixando assim menos
descendentes. A este fenômeno chamamos hoje de Seleção Natural das Espécies e
que serve de base para a Teoria Sintética da Evolução.
Charles Darwin, assim como Lamarck, vivia em um período fixista e também
não conhecia a genética, que só apareceu anos mais tarde através dos
experimentos do monge e botânico Gregor Mendel. Com o advento da genética e
utilizando a teoria da seleção natural foi criada a Teoria Sintética da Evolução.
26

De acordo com a autora Sonia Pantoja (2016), além dos preceitos


darwinistas, agregam-se também na Teoria Sintética da Evolução os fenômenos de
mutação gênica ou cromossômica, recombinação, migração e oscilação gênica
como fatores que aumentam a variabilidade genética de uma população. Desse
modo, é preciso considerar que, em uma população, existe variabilidade genotípica
e fenotípica dos indivíduos e que essas pequenas diferenças, quando estão
associadas a um isolamento geográfico, podem levar a formação de novas espécies
ao longo do tempo.
Além disso, com o desenvolvimento de novos conhecimentos e avanços
tecnológicos, os estudos dos processos evolutivos e o estudo da vida no contexto
astronômico tornam-se cada vez mais instigantes.
Segundo Damineli e Damineli (2007), o ponto mais fundamental é que nunca
seríamos capazes de descrever uma teoria geral da vida enquanto conhecermos
apenas o exemplar terrestre. Basicamente, se tivermos o conhecimento de múltiplas
ocorrências de vida no universo, isso nos permitiria fazer previsões, expondo a teoria
pelo crivo do teste empírico. Dessa maneira, somente com a descoberta de outros
exemplares de vida, originados de fora da Terra, é que nos permitiria compreender o
que é fundamental e o que é secundário no fenômeno.
Outro ponto a se considerar é que as informações sobre as condições físicas
e químicas da Terra primitiva foram praticamente todas ou quase todas perdidas.
Dessa forma, torna-se essencial o conhecimento advindo da Astronomia, com a
observação de outros astros que nos permitam ver o passado, já que, ao olharmos
para os corpos celestes no céu noturno, estamos, na verdade, recebendo
informações de eventos que aconteceram há muito tempo.
Uma analogia que podemos utilizar neste momento é a de que a luz se
propaga pelo universo de forma semelhante à rocha que atravessa o tempo.
Enquanto esta última nos traz informações sobre o passado da vida terrestre através
dos registros fósseis, outros planetas e luas podem nos trazer informações sobre os
seus diversos estágios de formação, permitindo, dessa forma, que sejamos capazes
de rever as etapas evolutivas pelas quais a Terra talvez tenha passado.
Outro bom motivo para olhar o céu é simplesmente podermos testar o
pressuposto filosófico do evolucionismo, que defende que a vida surge como parte
dos processos de transformação da matéria e da dissipação de energia. Desse
modo, qualquer outro planeta em condições ambientais iguais à da Terra poderia ter
27

a mesma chance de gerar vida, tal como nós a conhecemos aqui em nosso planeta
(DAMINELI e DAMINELI, 2007).
Segundo Santos e Alabi (2013), a procura por uma ligação entre a origem da
vida terrestre e a talvez ocorrida em outros locais habitáveis no universo, pode ser o
início de uma teoria geral da Biologia. Fundamentalmente, o arcabouço dessa ideia
estaria vinculado a uma estrutura de conceitos que sustentaria os processos
necessários relacionados a como se deu o desenvolvimento da vida. Dessa forma,
essa conexão cósmica poderia ajudar a explicar questões fundamentais da biologia
terrestre, revelando assim se outros organismos no universo compartilham da
mesma base bioquímica que nós.
O fato de que os sistemas biológicos complexos conhecidos sejam capazes
de se auto-organizar com base nas características intrínsecas de suas moléculas e,
somado a constatação de que as propriedades físicas da matéria são as mesmas
em todo lugar, isso poderia indicar que a vida no universo seguiria ao menos parte
dos caminhos evolutivos observados na Terra (SANTOS e ALABI, 2013).
Atualmente, não é possível dizer se existe a possibilidade de um panorama
no qual pudéssemos descrever os processos evolutivos em todo o cosmo, ou seja,
podermos testar a universalidade da teoria darwiniana. Porém, compreender o nosso
planeta em todos os seus aspectos possivelmente pode permitir à Astrobiologia criar
métodos e técnicas para buscar informações sobre a existência de formas de vidas
detectáveis pela nossa espécie, sejam elas semelhantes ou não a nossa.
De acordo com os autores, ainda existe limitações para a descrição de
algumas dentre as múltiplas formas de vida que podem existir fora da Terra, visto
que até mesmo os seres vivos do nosso planeta ainda são pouco conhecidos.
Todavia, essa tentativa de extrapolar o nosso conhecimento e a nossa visão sobre a
biologia para um contexto cósmico mostra-se cada vez mais importante se
quisermos considerar a possibilidade de descrevermos uma teoria geral da vida, a
qual certamente trará implicações sociais, culturais e filosóficas.

5.3 Identidade dos seres vivos

Neste terceiro tema, a discussão é basicamente orientada através da


citologia, genética e bioquímica, conteúdos nos quais os alunos poderão perceber
que todas as formas de vida são reconhecidas pela sua organização celular,
sugerindo evidências de sua origem única.
28

A discussão dessa temática é extremamente pertinente, pois, até boa parte


do século XX, parecia adequado reunir os organismos em apenas dois reinos gerais:
vegetais e animais. Dessa maneira, os vegetais eram vistos como organismos que
em sua maioria eram capazes de produzir o seu próprio alimento, sendo
denominados como seres autotróficos. Além disso, os vegetais também eram vistos
como sésseis, ou seja, como seres fixos. Em contrapartida, os animais eram
caracterizados principalmente como seres móveis e heterotróficos (COCKELL,
2011).
Á medida que novas técnicas científicas surgiam, principalmente com o
advento da microscopia óptica, foi possível perceber que as bactérias, que antes
eram tradicionalmente agrupadas com as plantas, são distintas em termos de
estrutura de todos os outros organismos. Desse modo, surgiu a divisão entre
procariontes e eucariontes.
No entanto, ainda segundo o autor Charles Cockell (2011), muitos eucariontes
continuavam apresentando problemas em relação à antiga divisão vegetal e animal.
Os fungos contradiziam sua classificação de planta, por exemplo, por serem
heterotróficos. Outro exemplo são alguns seres eucariontes unicelulares que
apresentam um quadro evolutivo bastante interessante, com a presença de
estruturas em forma de chicote, denominada flagelo. Além disso, alguns desses
organismos eucariontes possuem cloroplastos para realizar a fotossíntese e outros
organismos flagelados alimentam-se heterotroficamente através de presas.
Dessa forma, apenas com estudos detalhados sobre a estrutura celular e as
diferenças nas sequências de DNA foi possível classificar os organismos de maneira
mais refinada. Apesar de atualmente ainda não existir uma definição universalmente
aceita, é possível adotar uma divisão pragmática dos eucariontes (tabela 1).
29

Tabela 1: Divisões dos eucariontes nos diferentes reinos, com suas descrições.

Reino Descrição
Animalia Multicelulares, formas heterotróficas que ingerem seus
alimentos.
Fungi Em sua maioria multicelulares (apesar de terem paredes
divisórias incompletas), formas heterotróficas que se
alimentam de moléculas orgânicas, que são absorvidas
diretamente ou quebradas externamente com enzimas e, em
seguida, absorvidas.
Plantae Em sua maioria multicelulares, formas autótrofas, que incluem
plantas terrestres (todas multicelulares) e algas (tanto algas
que são multicelulares, como formas unicelulares
aparentadas.
Protista Outras formas unicelulares, que podem ser autotróficas ou
heterotróficas. Esse agrupamento é ainda um conjunto
heterogêneo de vários grupos apenas remotamente
aparentados, alguns dos quais têm ancestrais relativamente
mais recentes em comum com alguns dos outros reinos.

Fonte: adaptado de Cockell, 2011

É importante frisar também que essa discussão e o entendimento sobre a


formação estrutural celular dos seres vivos é de extrema relevância para a
Astrobiologia, pois ela possibilita a compreensão acerca do tipo de organismo que
estaríamos encontrando na busca por possíveis vestígios de vida fora da Terra.
Basicamente, as possíveis explicações estão também vinculadas à formação da
estrutura celular, pois a célula viva é constituinte básica na identificação de um
organismo vivo. Assim, a caracterização de qual tipo de organismo poderia ser,
dependeria diretamente da classificação que adotamos através das informações e
conhecimentos por nós desenvolvidos nesta área.

5.4 Transmissão da vida

Neste quarto tema, de acordo com os PCNEM+, são tratados os fundamentos


da hereditariedade, com destaque para a transmissão dos caracteres humanos. A
30

compreensão desses fundamentos é essencial para que os alunos possam


conhecer e avaliar o significado das aplicações que têm sido feitas dos
conhecimentos genéticos no diagnóstico e tratamento de doenças e também em
investigação criminal.
Segundo Damineli e Damineli (2007), dentre os temas mais complexos
existentes na Astrobiologia para compreender a origem da vida é o surgimento de
um código genético universal. Entender como este foi capaz de armazenar as
sequências necessárias para o desenvolvimento dos seres orgânicos vivos é
possivelmente um dos principais e de vital importância para não apenas no que
cerne a questões relacionadas à origem da vida, como também na própria busca por
entendermos um pouco mais sobre nós mesmos.
Em Biologia, a descoberta de regras que governam a herança em plantas de
ervilha por Mendel (BROCK, 1997) iniciou o estudo da herança genética, que
revolucionou nossa compreensão de doenças geneticamente herdadas e melhorou
nossa capacidade de detectar e tratar tais doenças.
A exploração das fontes termais no Parque Yellowstone (EUA), comumente
usadas nas pesquisas de Astrobiologia nos estudos com organismos extremófilos,
levou à descoberta da Taq DNA polimerase de Thermus aquaticus (FREEZE e
BROCK, 1970; BROCK, 1997), que foi subsequentemente utilizada para desenvolver
a reação em cadeia da polimerase (PCR, sigla em inglês) (MULLIS et al, 1986).
Além disso, a PCR é um método laboratorial usado para amplificar o número
de fragmentos de um modelo de DNA para diferentes aplicações, incluindo
identificação molecular, diagnóstico de doenças, testes de paternidade e ciência
forense. Ela revolucionou completamente todo o campo da biologia molecular,
impactando diretamente na pesquisa médica e foi uma parte essencial do processo
utilizado para sequenciar o genoma humano.
Assim, é possível observar que as áreas de conhecimento desenvolvidas em
pesquisas relacionadas a Astrobiologia em questões genéticas permitem que os
alunos sejam introduzidos a discussões que possuem inúmeras implicações éticas,
morais, políticas e econômicas das manipulações genéticas, de forma que possam
analisar e avaliar os riscos e benefícios para a humanidade e o planeta.
31

5.5 Interação entre os seres vivos

Este tema, com o apoio das ciências ambientais, irá permitir aos educandos a
compreender como os sistemas vivos funcionam, as relações que estabelecem, e se
instrumentalizar para participar dos debates relativos às questões ambientais
(BRASIL, 2002). Ao integrar o enfoque astrobiológico, este tema também possibilita
um resgate de identidade e conexão do ser humano com o próprio planeta,
conscientizando-o sobre seu papel na preservação e conservação do ambiente em
que vive.
Segundo o filósofo Edgar Morin, em seu contagiante livro Os sete saberes
necessários à educação do futuro (2003), a condição humana não depende apenas
da perspectiva das ciências humanas, assim como também não deve depender
apenas da reflexão filosófica ou de descrições literárias. Na verdade, tudo estaria
vinculado e sujeito as ciências naturais renovadas, reunidas na Cosmologia, nas
Ciências da Terra e na Ecologia.
Fundamentalmente, esse pensamento está relacionado com o conhecimento
de que trazemos dentro de nós um mundo físico, químico e biológico. Dessa
maneira, a Cosmologia, as Ciências da Terra e a Ecologia permitiriam inserir e situar
a nossa condição humana no cosmo, na Terra e na vida, apresentando um tipo de
conhecimento que organiza um saber que era disperso e compartimentado, tal qual,
por vezes, separamos o nosso pensamento, de nossa consciência e de nossa
cultura.
Pelo nascimento, participamos da aventura biológica e, pela morte, da
tragédia cósmica. Segundo o autor, conhecer o humano não é separá-lo do
universo, mas situá-lo nele. Afinal, todo conhecimento, para ser significativo, deve
contextualizar o seu objeto. O “Quem somos nós?” é inseparável de “Onde
estamos?”, “De onde viemos?” e “Para onde vamos?”.
Desde o seu surgimento, a vida terrestre é extremamente marginal no cosmo.
O homem surgiu marginalmente no mundo e seu desenvolvimento marginalizou-o
ainda mais. Em meio a essa aventura cósmica, no extremo e prodigioso
desenvolvimento no ramo singular da auto-organização viva, prosseguimos, à nossa
maneira, imersos na aventura da organização, nos colocando ao mesmo tempo,
dentro e fora da natureza.
32

A Terra é constituída de um sistema complexo biofísico, baseada em uma


biosfera oriunda e dependentemente organizada a partir de nossas ações e do
ambiente em que vivemos. Após o nascimento do Sol, a Terra nasceu e, posterior e
efetivamente, a vida. Neste panorama, da evolução multiforme da vida multicelular,
nasceu a animalidade. Depois, o mais recente desenvolvimento dentre os ramos do
mundo animal, surgiu o ser humano.
Assim, quando passamos a ter um pensamento desfragmentado da
constituição ambiental, de nossa ascendência cósmica, é possível, por fim, notar um
caráter não apenas humano, em que a situação do ser humano no mundo é uma
minúscula parte do todo, temos que nos acrescentar como parte desse ambiente
terrestre, o qual se faz presente no todo nessa minúscula parte da imensidão do
cosmo.

5.6 Qualidade de vida das populações humanas

Neste sexto tema, a ênfase da discussão recai sobre a vida humana e a


relação de qualidade de vida. Dessa forma, os alunos possuem conteúdos
vinculados às condições de vida e saúde de maneira que possam aprofundar seus
conhecimentos para poderem debater, intervir e transformar o meio em que se
encontram de acordo com as condições apresentadas pela temática.
Embora a Astrobiologia seja vista pelo senso comum como uma área de
pesquisa que não possui uma aplicação direta e específica, inúmeros avanços
significativos relacionados ao desenvolvimento de tecnologias úteis para a
sociedade se devem a áreas de pesquisas puras, como a Astrobiologia.
Basicamente, entre os diversos exemplos de como a investigação puramente
científica pode conduzir a aplicações práticas, poderíamos iniciar pelo uso mais
simples dos conhecimentos astronômicos para nos orientarmos que foi a partir da
observação das estrelas que se desenvolveu a navegação marítima ao longo da
História.
Outro exemplo, ainda mais recente e presente diretamente na qualidade da
vida humana, foi a compreensão do funcionamento da dinâmica da atmosfera
terrestre obtida por meio de observações do planeta Vênus através do método de
planetologia comparada. Fundamentalmente, certas pesquisas demonstraram um
papel crítico de determinadas substâncias químicas para a atmosfera de Vênus
(PRINN, 1971; MCELROY et al, 1973). Dessa forma, foi constituído o protocolo de
33

Montreal, cujo objetivo é reduzir substancialmente a emissão de gases e substâncias


nocivas ao ambiente.
Além disso, a Astrobiologia, juntamente com a Astronáutica, nos leva sempre
a almejar conhecer e explorar o espaço. Esse desejo levou à criação de satélites
para diversos fins e nos permitem acompanhar e compreender melhor como o
tempo, o clima e as alterações da superfície terrestre podem afetar diretamente a
qualidade de vida das pessoas (JAXA, 2008; NASA SCIENCE, 2014).
Em Geologia, por exemplo, o estudo da tectônica de placas levou a uma
melhor compreensão sobre fenômenos naturais, tais como terremotos, erupções
vulcânicas e tsunamis. Dessa forma, a partir da aplicação deste conhecimento, é
possível alertar as pessoas, que vivem em áreas susceptíveis, sobre a ocorrência
desses fenômenos.
Entre os ramos mais conhecidos na Astrobiologia, e com bastante destaque
nos meios de comunicação em massa, estão os investimentos em pesquisa para a
busca por vida fora da Terra. Basicamente, esses investimentos incluem a
possibilidade de encontrarmos vida extinta ou existente em outro planeta, como
Marte. Dessa forma, esses estudos cada vez mais têm forçado os desenvolvedores
de tecnologia a promoverem a miniaturização de equipamentos, especialmente os
espectroscópios para serem acoplados nas sondas robóticas que são enviadas nas
missões interplanetárias (HOLLAND et al, 2003).
Tudo isso é extremamente importante e possui implicações diretas no
desenvolvimento de tecnologias que podem até mesmo a levar melhorias em
análises biomédicas ou avanços para processos industriais.
A espectroscopia Raman, por exemplo, é uma técnica laboratorial usada para
observar vibrações, rotações e outras mudanças de baixa frequência em moléculas
de um sistema, e está sendo usada agora para a detecção in vivo de tumores
cancerígenos (QUIAN et al, 2008). Outro exemplo interessante é a compreensão dos
processos microbiológicos de precipitação de carbonatos, que pode contribuir para a
prevenção da deterioração de edifícios (GADD, 2010). A tecnologia de comunicação
também está inclusa neste panorama, sendo desenvolvida nas missões espaciais
devido à necessidade de transportar grande quantidade de dados em uma rede de
pequena largura de banda, sujeito a uma variedade de interferências ambientais.
Mais recentemente, de acordo com Paulino-Lima e Lage (2010), a descoberta
de organismos vivendo em ambientes com condições totalmente extremas em
34

relação aos humanos ampliou de maneira significativa o padrão de zona habitável


no espaço, aumentando as chances de encontrar alguma forma de vida
extraterrestre. Além disso, essas novas informações geraram avanços na Biologia
molecular e evolutiva, devido a pesquisas mais aprofundadas com estes
organismos.
Com o desenvolvimento de tais tecnologias, a sociedade foi beneficiada em
diversas áreas, tais como a agronomia, a indústria química de compostos sintéticos,
a biorremediação em casos de derramamento de óleo, a saúde humana com
proteínas anticongelantes para melhor preservação de órgãos a serem
transplantados, diagnósticos moleculares e até em testes de paternidade e
criminalística.
Assim, é possível notar como os conhecimentos gerados pelas pesquisas de
ciência pura, como a Astrobiologia, podem surgir diversas aplicações para a melhor
qualidade de vida humana.
35

6 CONCLUSÃO

A partir deste trabalho, foi proposta uma possível inserção da Astrobiologia


através dos temas estruturadores identificados nas Orientações Educacionais
Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio, de forma
a facilitar aos educadores a proporcionar um ambiente interdisciplinar e motivador
aos seus alunos.
Desta maneira, os educadores também podem ser capazes de favorecer o
desenvolvimento das habilidades e competências necessárias à formação do
educando, tornando-os aptos a se posicionarem futuramente em debates
contemporâneos em que sejam fundamentais esses conhecimentos.
Além disso, também foi possível evidenciar a relevância da utilização da
temática da Astrobiologia como uma ferramenta de ensino multidisciplinar, devido ao
seu principal objeto de estudo ser o fenômeno da vida no contexto cósmico. Vimos
que este novo campo científico demonstrou ser bastante abrangente como recurso
didático, viável à educação e ao ensino de Biologia, de forma a proporcionar aos
alunos uma visão sistemática e integrada da ciência moderna e contemporânea.
Por fim, este trabalho não tem a pretensão de ser uma finalização. Longe
disso, espera-se que este sirva de motivação e de base para futuros trabalhos de
profissionais das mais diversas áreas científicas, de forma a contribuir não só para a
divulgação deste campo fértil e promissor que é a Astrobiologia, como também para
salientar a sua relevância para uma educação científica integradora tão necessária
nesta e nas próximas épocas.
36

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