Você está na página 1de 12

PlantAE:

Antologia
poética
Sumario

1- Introdução
2- Minha tia é só poeira que nem eu
3- Clepsidra
4- Pequenas poesias sem título
Introdução

Este e-book é uma narrativa e uma tentativa de sintetizar


o que é difícil encurtar em um diálogo, o cotidiano. Nós
tentamos dizer o que captamos e determinados momentos, mas
as palavras, mesmo com o seu peso, são apenas a fração de
uma descoberta do conhecimento, não abrangendo tudo e
todos os sentidos. Como medida introdutória, peço para
você, caro leitor e amigo, que durante o desenrolar destes
novelos imagine estar em contato com ambientes como o mar,
o rio ou um bosque, ou quiçá na casa de um ente querido,
fica a seu critério. Este não é um livro sobre yoga, porém
estas ideias são apenas um caminho para uma absorção mais
rica e prazerosa. Ler poesia já é um agrado, ainda mais
com bons fluídos.

Este escrito é composto de “Minha Tia É Só Poeira Que Nem


Eu”, “Clepsidra” e uma dezena de poesias que produzi em
papéis menores que os convencionais, intitulados “Pequenas
Poesias Sem Título”.

1
MinhA TIA É SÓ POEIRA QUE NEM EU

Começo os trabalhos com o frio

Com a noite

Já é quase hora de dormir

E eu aqui

A escrever

A chuva volta a cair

Garoa fina

Poucos se importam

Poucos sem molham

Com esse ceder

Esse céu aflito

Com grandes crateras vazias

Vazio da imensidão

Tão perto dos nossos olhos

Tão perto da escuridão

Que adentra o infindável

Não vai adiantar fingir

Que tudo isso é uma utopia

Basta olhar, pra lá pra cima

E ver todo mundo

E ver tua tia, que mora longe

E a sobrinha que chora às vezes

De saudade.

2
Clepsidra

1 minuto depois

A gente recupera o tom

e carrega o dom

todos os tons e dons

com essas cicatrizes

tenhamos histórias pra contar

pra caso eu queira viajar

pra acolá

Quebra os teus sólidos

Veja os teus líquidos

Sem dor, condensa

O que é denso

No teu amor

II

Meu pátio não tem grande árvores

Só vasos em construção

A esperança combina com a fotossíntese

Mas o bom

Tudo isso essencial

Nós

III

3
PEQUENAS POESIAS SEM TÍTULO

O tom pastel

Que cobre a estepe nua

Revela a cadência da rua

O vento, fumaça

Que brota da pele

O véu que te cobre

E às vezes te fere

Na bruma

Barcaça, com multidões serelepes

ZzZz 01:18

Teus atos diurnos

E também noturnos

Teu jeito alegre

Teu jeito de marfim

Querubim

Afim com a vida

Alegra-me enfim

Ó vida.

4
Me dá um copo d’agua?

Me leva pra casa?

Eu quero ir embora

Não me sinto bem

Mas espera aí

Embora

Bem

Toda quebra

É um notável imergir

Esqueça seu problema

Não siga a linha

De giz

Que fizeram

Se não der

Pega uma

Pedra

Riscante

Escreve teu nome que é mutante

Risque até o fim da vida.

5
Calota, sol, revolução

Já tem água no meu pé

Água de beber?

Não, de nadar

Espera o anoitecer

Espera o encher

Que a água levará

Daqui!

Com o vento que sacode embarcações

Nunca mais é o mesmo vento

Que passou no corredor

Levando o fim

Do lamento

Dos nossos insetos

Que estão por aí

No discernir

6
Eu vejo uma senhora

Dos seus 70 anos

A olhar

Pela janela

Como quem já viu as telas

De todas as almas

E só espera

A hora

De chegar em casa

Curumim

Carmim

Cheira a vida

A morte

A ti, a nós

Assim

Como quem não quer

Nada

O esperto pinta e borda e planeja

E nada

Pra ti

7
30/05/2015

Perdi minha bicicleta

A culpa foi minha

Da janela

Da distração

Pois então

Perdi minha bicicleta

31/05/2015

Graças ao meu bom Deus eu recuperei

A minha bicicleta

8
Não haverá

Tantas árvores

Na minha rua

Quando eu crescer

Dá até pra plantar

No lugar

Mas não dá pra esquecer

O que existia ali

Na minha rua

9
Obrigado.

Você também pode gostar