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DECEA - Reclamação Sobre A ICA 100-11
DECEA - Reclamação Sobre A ICA 100-11
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“r. ACFT TKOF AD situado na projeção dos limites laterais da TMA Brasília deverão
apresentar BFR TKOF PVC a qualquer Sala AIS credenciada da FIR de origem do voo ou PVS à
Sala AIS de Brasília pelo TEL: (61) 3365-1896.”
Dessa forma, estão em vigor duas regras que estabelecem a obrigatoriedade de apresentação
de plano de voo para aeronaves partindo de aeródromos desprovidos de órgão ATS: uma
tornando obrigatóra a apresntação do plano antes da decolagem de qualquer aeronave
partindo de certos aeródromos desprovidos de órgão ATS, como é o caso dos aeródromos
situados na projeção dos limites laterais de várias TMAs; outra tornando obrigatória a
apresentação do plano após a decolagem de qualquer aeronave que disponha de
equipamento rádio VHF, partindo de qualquer aeródromo desprovido de órgão ATS.
A questão que se coloca é que os referidos aeródromos desprovidos de órgão ATS, em sua
imensa maioria, são aeródromos situados em espaço aéreo classe Golf. Não importa nem
mesmo que estejam situados na projeção de TMAs, já que esse espaço abaixo das TMAs,
excetuando-se as CTRs e ATZs, é espaço Golf como outro qualquer. Espaço aéreo classe Golf,
por definição contida na ICA 100-37, bem como nas normas internacionais, é espaço não
controlado. Portanto, o voo nesse espaço independe de autorização dos órgãos de controle,
não sendo nem mesmo exigîvel que as aeronaves operando exclusivamente nesse espaço
disponham de equipamento rádio VHF. Portanto, a exigência de apresntação de plano de voo
para aeronaves em voo VFR decolando de aeródromos sem órgão ATS situados em espaço
Golf é uma tentativa de controlar aquilo que, por definição, não deve ser controlado, numa
clara inversão da lógica operacional desse espaço.
Essa exigência cria várias dificuldades operacionais indevidas para os pilotos. No caso da
obrigação de apresentação de plano antes da decolagem, muitas vezes o piloto pode estar
partindo de aeródromos situados em locais isolados onde não dispõe de telefone fixo ou sinal
de celular para apresentar o plano. Mesmo na situação em que o plano pode ser apresentado
após a decolagem, pode acontecer de o local do voo não permitir o estabelecimento de
comunicação via rádio com órgãos ATS autorizados a receber plano AFIL.
Por fim, a exigência acaba por resultar numa tarifação artificial imposta sobre os operadores
das aeronaves, já que ao serem obrigados a fazer comunicação com os órgãos de controle, os
torna objeto de cobrança das tarifas de navegação aérea incidentes.
Mas o que é mais preocupante são as situações em que o piloto desobedeça essas regras, seja
por desconhecimento das mesmas, seja por absoluta incapacidade de cumpri-las, em razão das
dificuldades acima mencionadas. Nesse caso ele se torna passível de apenação com as multas
por infração ao SISCEAB. Como exemplo, suponhamos que uma aeronave decole de um
aeródromo remoto simplesmente para fazer um voo local de curta duração, sem que tenha
tido condições de apresentar o plano AFIL após a decolagem. Caso esse voo chegue ao
conhecimento do DECEA, o operador e o piloto estarão sujeitos a multa no valor de
R$ 2.400,00 por inobservância das normas de tráfego aéreo, conforme a Portaria DECEA Nº
9/DGCEA, DE 05/01/2011. Trata-se de apenação pecuniária de valor exorbitante, totalmente
desproporcional ao potencial ofensivo da conduta. Aliás a irregularidade dessa conduta
somente se caracteriza em razão das regras casuísticas e descabidas em referência.
Por todo o exposto, urge-se, portanto, que o DECEA reconsidere essa exigência de
apresentação de plano de voo para aeronaves em operação VFR partindo de aeródromos
desprovidos de órgão ATS situados em espaço aéreo classe Golf, por questão de coerência em
relação à definição formulada pelo próprio DECEA, por meio da ICA 100-37, acerca dessa classe
de espaço aéreo.