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SEMENTES DA NOVA TERRA

BONDADE

PRIMEIRA PARTE

O que é a bondade e como podemos entendê-la do ponto de vista espiritual?


A bondade é uma consciência que os seres têm dos níveis mais superiores da
espiritualidade.
A bondade traz para a pessoa a consciência de que:
 É um ser de constituição mais interna.
 É um ser espiritual.
 Consegue ver o outro como espírito.
 Consegue se ver e ver o outro como entidade única.
 Consegue se perceber como essência.
A bondade é a energia mais pura que vem da essência. A Mônada é a essên-
cia.
É uma das energias mais puras que um ser humano pode manifestar. Pode-
mos dizer que é uma derivação da compaixão.
A bondade se assemelha muito ao amor porque ela consegue lidar com a essên-
cia das pessoas.
A bondade torna as pessoas livres e somente o ser livre pode expressar a bon-
dade.
A bondade traz à pessoa a condição de se ver como essência e ver a essência do
outro.
A bondade ajuda, ampara, acolhe e deixa a pessoa em condição de prosseguir
seu caminho. Como toque final, ela apenas diz ao caminhante: Agora vai em
paz, meu irmão!
A bondade não deixa que ninguém se apegue à ela.
A bondade traz a possibilidade de a pessoa se tornar livre e deixar que o outro
seja livre.
o O ser que pratica bondade não é o ser bondoso.
o O ser bondoso é o ser que pratica a caridade, que é muito diferente
da bondade.
o O ser que pratica a bondade é o ser que tem, em sua essência, no
coração, a compaixão.
o Quem expressa bondade se sente livre e torna as pessoas igual-
mente livres. Por mais que as ame, elas precisam ser livres. Elas
são livres.
A bondade é como o vento que sopra porque não tem corpo, não tem uma defi-
nição; é como o ar que respiramos.
A bondade sempre engrandece as pessoas porque ela é grande por natureza.
A bondade é sempre assim: suave e bela. De uma beleza que não é possível ser
tocada por ser apenas sentida.
Aquele que procura o caminho espiritual vai recebendo esta dádiva ao longo da
trajetória. Quando consegue tocar o espírito (a essência, a Mônada), a pessoa
começa a tocar a energia da bondade. Até chegar a este ponto, o ser conseguia
tocar apenas a energia da compaixão, que é um subproduto da bondade. A bon-
dade só acontece genuinamente quando toca o espírito.
Ao tocar a essência, o ser recebe esse alento, esse ar cálido que vem dos planos
superiores, que é a bondade.
Parece uma coisa simples, mas pessoas tratam esse termo com certa vulgari-
dade. Confundem bondade com servidão, com fraqueza ou até mesmo com ser
bonachão.
A bondade é, entre as dádivas espirituais, uma das mais sutis, das mais eleva-
das que existem no caminho espiritual. Difícil falar de bondade porque é muito
sutil, é tão diáfana que só o espírito pode tocar e só a alma pode sentir.
A bondade é uma consciência muito sutil, muito elevada, que é emanada da
essência, não sendo, necessariamente, uma manifestação da alma. Ela é muito
sutil e, como é da essência, a alma capta essa energia e a transmite para a
consciência externa.
Nós conseguimos tocá-la como um dos últimos estágios do caminho espiritual.
Todas as pessoas têm o potencial ou mesmo a capacidade de poder tocar esta
consciência da bondade. Agora, necessário se faz torná-la consciente, para o
processo. Aí é o processo da realização do caminho espiritual. Falta dizer que
tocá-la é um dos últimos atos do caminho.
O amor é uma consciência muito elevada. A alma também está no processo de
evolução para conseguir fazer contato com esse estado de consciência. Na rea-
lidade, o primeiro instrutor que nós temos é a alma. A alma é que acessa
os planos espirituais e nós trabalhamos para acessar a alma.
É como um sopro que vem de Deus que se torna bondade.
A bondade é uma palavra muito usada, mas poucos entendem o seu significado.
Para melhor esclarecimento, podemos citar uma passagem do livro sagrado dos
cristãos – o Evangelho -, que mostra como o instrutor palestino reagiu quando
foi interpelado como “bom Mestre”. Ele disse: Bom não, bom é só o Pai. Eu sou
filho do Pai”.
É bom acrescentar que nenhum dos instrutores espirituais gostava ou até
mesmo aceitava ser chamado bom.
A bondade, como um estado de consciência atingida, é um lugar que se vai
conquistando por meio do trabalho (prática dos ensinamentos espirituais), da
entrega, de devoção, do silêncio e do serviço.
 Trabalho – o exercício constante das práticas dos ensinamen-
tos espirituais que estão chegando agora, abundantemente.
Pratica-os sem meta, sem querer chegar a lugar algum, sem
querer ter resultados. Faz a prática pura e simples. É
exatamente neste momento que você começa a sentir a pre-
sença do “Espírito Santo” se aproximando. Não é o resultado
que importa, mas o exercício de fazer sempre que gera a energia
necessária para o seu desenvolvimento espiritual.
 Entrega – o exercício de se entregar à Vida Superior. Despre-
tensiosamente, olhe para o infinito e diga a si mesmo com total
e inteira convicção: “Senhor, estou aqui”. Permita-se ser per-
meado pela força superior que começa a envolver seus corpos
superiores. Entregue-se ao Alto. Não queira nada, não deseje
nada, não busque nada, não peça nada. Apenas seja você a
simplicidade e a pureza de coração. Nada mais.
 Devoção – o devoto é aquele que acolhe a voz interior e não a
joga para o plano mental em forma de questionamentos vários.
Recebe o impulso que vem do seu interior, agradece e segue a
direção apontada pelo seu ser interno. O devoto ama sempre,
seja o que vem de dentro, seja o que vem de fora.
 Silêncio – a capacidade de calar seus corpos físico, emocional
e mental. No silêncio é que surge a capacidade de ouvir a voz
sem som que lhe fala secretamente ao seu coração. No silêncio
é que se acolhe a presença da Voz Interna. Não confundir com
voz que vem da mente ou das emoções. O silêncio desenvolve a
humildade de ser a presença da Criação na Terra.
 Serviço – é a inteira disposição de permitir que a expressão
maior da Vida Superior se faça entre os irmãos que caminham
juntos. Servir é fazer com que o impulso que vem do Alto e
chega ao seu coração possa se manifestar como serviço a todas
as formas de vida que se apresentam na superfície. A todos os
irmãos. Não confundir serviço com tarefa.
Como já sabemos, nós não acessamos as consciências superiores, são elas que
chegam até nós, são elas que nos acessam. E é justamente pelo estado caótico
em que se encontra o planeta que temos a possibilidade de perceber que elas
chegam constantemente e em abundância. Todavia, esta humanidade não está
pronta, não tem a maturidade necessária para se banhar nessas bençãos.
Esta humanidade cresceu muito em suas condições mentais, evoluiu técnica e
cientificamente e se tornou organizada e produtiva. Entretanto, não cresceu
moralmente, espiritualmente. Cresceu muito, mas cresceu externamente. Não
amadureceu internamente. Por isso, não se encontra em condições adequadas
para receber e compreender esses estados de consciência que estão sempre pre-
sentes, constantemente.
Como não é o ser que acessa as consciências superiores, o que lhe cabe é jus-
tamente ir trabalhando, se ofertando, se entregando ao plano espiritual, silen-
ciando, aprofundando o contato. Esse é o momento em que as energias se apro-
ximam. O processo se dá de uma forma tão sutil, tão suave, tão meiga, tão terna
que quase não se percebe que já se está em contato.
É um estado de consciência tão sutil que só é possível percebê-lo em nosso
interior, em nosso coração, tornando-o mais leve, mas livre e mais solto.
A bondade traz a capacidade de se fazer o discernimento dos lados desta apa-
rente polarização entre o bem e o mal. Hoje, as facilidades de contatar o Alto
são muito grandes, como sabemos, mas as expressões das trevas são também
muito intensas. Existe a facilidade por um lado, como existe também a fa-
cilidade por outro, depende do que você vai querer, de qual será sua incli-
nação, de qual será a sua escolha.
Em meio a esse caos, é possível às pessoas conseguirem se iniciar, conseguirem
se iluminar. Aqui merece um adendo para esclarecer que iniciação ou ilumina-
ção é a capacidade do ser de conectar de forma permanente e indissolúvel seu
eu externo (ego) com seu Eu interno (alma).
Talvez seja exatamente a existência do caos que vai facilitar o processo de apren-
dizado pessoal. A pessoa vai se valer de todos esses elementos caóticos para
galgar degraus maiores e transformar esse caos em um exercício de fraterni-
dade, de solidariedade, de compaixão. E aí, aos poucos, seu estado de consci-
ência vai se ampliando, melhorando e ela consegue estar em uma boa condição
nesses planos mais elevados.
Por mais contraditório que pareça, o caos é uma excelente condição para poder
evoluir e poder exercitar tudo isso que aprendeu.
A bondade traz ao buscador a possibilidade de se desidentificar daquilo que
chama atenção ao seu redor. Ele sabe que é exatamente esta identificação com
aquilo que ele não é, que traz a confusão e o faz perder o caminho. Se ele se
identifica com alguma experiência, ele fica preso nesta experiência.
A bondade traz a possibilidade de você, observando todo esse processo, desen-
volver a impessoalidade e não se identificar, não se misturar com os processos
externos. Cada uma das experiências será um degrau a mais a se subir. Impes-
soalidade não é a mesma coisa que indiferença, descaso ou mesmo algum me-
canismo de defesa.
“Viver neste mundo sem a ele pertencer”, dizia o Instrutor.
A bondade leva o peregrino a conduzir com equilíbrio, com serenidade, com res-
ponsabilidade, com assertividade as situações que acontecem em sua vida.
A bondade o torna mais sutil.
É fácil? Não, não é fácil. Portanto, não tem problema algum se você se misturar,
sentir raiva, sentir que foi traído, sentir que foi maltratado, sentir mágoa, sentir
ciúmes ou qualquer outro sentimento. Nada disto é significativo para o processo
de crescimento. Se esquivou do caminho, escorregou, caiu ou até mesmo se
machucou, repetimos: não tem problema algum. Quando se perceber assim,
retome o caminho de onde parou, aprenda o que precisar aprender e continue
a sua caminhada. Tudo o que você vivenciou será apenas um aprendizado, mais
uma experiência na construção da sua sabedoria e nada mais. Nada mais.
SEGUNDA PARTE

A bondade nos permite observar, sentir e participar das variadas formas muito
sutis da manifestação do amor.
Quando ouvimos alguém dizer: ‘Eu te amo’, é importante começar a observar
com muita atenção: Quem é que está me amando? é aquela pessoa que está
dizendo me amar ou é Deus, o criador de todas as coisas, um amor infinito que
está me amando através do amor daquela pessoa?
O mesmo entendimento podemos deslocar para outros fatos como ao observar
um artista se apresentando. Considerando que este artista é uma pessoa que é
muito talentosa, ele, ao apresentar, será a expressão da divindade se fazendo
através do talento e da criatividade do artista. Ao apresentar, o artista irá tocar
as fímbrias mais profundas da sensibilidade da plateia.
Quando o artista termina sua apresentação, a plateia vai aplaudir e até mesmo
ovacioná-lo. É justamente neste ponto onde entra a ação da bondade: o ser que
age em função do ego pensará que as palmas são para ele. O ser que tem o
processo de bondade entronizado em seu coração, saberá, com muita clareza,
que estes aplausos não são para ele e sim para as bençãos que chegam do Alto
e permeiam as pessoas através da sua arte. Internamente ele se curva e agra-
dece as dádivas ali distribuídas. O Amor ali se fez presente. Neste momento, o
amor dos Planos mais elevados dirigido para aquelas pessoas veio através dele,
mas não é dele.
Quando estiver diante de uma apresentação de um grande talento, o melhor a
se fazer é ficar em silêncio e acolher aquilo que está diante de você. Com este
silêncio, agradecer por tudo que recebeu, pois é fato que muito foi distribuído e
nem sequer percebido.
Necessário o silêncio para que consiga sentir a leveza, a pureza, a bondade do
Criador. A bondade que se faz presente através da inspiração, através da ati-
tude, através até mesmo do amor despertado, naquele momento, nas pessoas.
Isto é bondade.
Como já dissemos, a bondade é uma expressão da essência do ser, da Mônada.
Então, essas consciências de amor, de compaixão, não são consciências da pes-
soa física e nem da alma. A alma não tem esse estado de consciência propria-
mente dito, alma apenas transmite dos planos superiores estas consciências
para os planos da matéria. Ela também está em processo de evolução. Assim,
como ela está em contato direto com os planos superiores, ela passa a ser, para
nós, o nosso primeiro instrutor espiritual. Será a primeira janela que se nos
abre para o plano espiritual. Como instrutora, será ela que nos ensinará a elevar
a nossa consciência material para que seja possível contatarmos essas Consci-
ências Maiores. Como sabemos, estas bençãos do alto estão disponíveis o tempo
inteiro.
Enquanto estamos na matéria, a bondade, com toda sua suavidade, é uma ener-
gia que podemos chamar de consciência. É um dos últimos estágios que pode-
mos alcançar, isto porque ela é extremamente sutil, extremamente diáfana. É
um sopro, um vento, uma consciência que nos faz ficar mais perto de Deus
quando a tocamos.
Nesse sentido, um dos primeiros subprodutos da bondade é a compaixão. Esta
bondade se assemelha ao amor.
Agora, neste caso, é sempre bom repetir: a pessoa que pratica a bondade não é
uma pessoa bondosa. A pessoa bondosa é a pessoa que pratica caridade. A pes-
soa que pratica a bondade é a pessoa que tem compaixão, está clara essa dife-
rença? Em outros momentos, nós já fizemos o estudo do que é a compaixão,
estão lembrados?
Vamos conversar um pouco mais sobre a pessoa bondosa, aquela pessoa cari-
dosa, que pratica a caridade.
Para compreender melhor, precisamos entender que a caridade é o ato praticado
em função de ajudar as pessoas necessitadas, quando praticado com respeito,
carinho, empenho e entrega, ajuda as pessoas que fizeram o ato de caridade a
se tornarem pessoas melhores, mais conscientes, mais trabalhadoras, mais
amorosas e até mesmo mais solidárias.
Mas a bondade só se apresenta quando a pessoa faz com compaixão.
Compaixão é o estado de consciência atingido por aquele ser que consegue es-
cutar e entender o sofrimento do outro. Compreende de tal forma e com tal
profundidade que é capaz de ajudar a pessoa que sofre em suas necessidades
mais profundas.
A compaixão pode ajudar as pessoas em suas necessidades materiais também,
o que qualquer um pode fazer ou pode fornecer. Porém, somente a pessoa que
tem compaixão reúne as condições internas necessárias para ajudar o ser em
suas necessidades mais profundas. Necessidades estas que, quase sempre, não
são ditas, são apenas sentidas na intimidade dos ser que padece da necessidade
deste acolhimento.
E, como a primeira manifestação da compaixão é a empatia, isto abre caminhos
para toda pessoa que quiser, poder realizar a ação de estar mais próxima dos
irmãos que sofrem. Porque a empatia é a capacidade de ver o mundo com os
olhos do outro que está na sua frente.
Imagina que a compaixão é uma derivação da bondade. Observe como podemos
ser muito maiores quando podemos amar de verdade.

o amor é compassivo,
o amor não pede nada para si,
o amor só tem uma via de mão única,
o amor só dá,
o amor tem a capacidade de entender tudo,
o amor compreende tudo,
o amor não cobra nada, dá de si mesmo.
o amor só oferece o amor,
Isso tudo é amor
A bondade é como o amor, porém, em um nível acima. O amor aprendemos
a acessá-lo e vamos construindo esta ponte. A bondade só a atingimos
quando estamos prontos, maduros. A bondade vem de planos superiores. A
bondade é um estado de consciência que vem do cosmos.

a bondade entende profundamente,


a bondade acolhe calorosamente,
a bondade é como uma água que abraça tudo, que acolhe tudo,
a bondade que tudo pode,
a bondade onde tudo é bem-vindo.
a bondade é suave,
a bondade é de uma beleza esfuziante,
a bondade é silenciosa.
a bondade não fala nada,
a bondade é serena,
a bondade não ocupa espaço.
a bondade é como um perfume suave, chega e não é percebido
a bondade é o perfume da flor, o amor é a flor
O amor acolhe, o amor levanta, o amor cura, cicatriza feridas dolorosas e, às
vezes, antigas. O amor é aconchego, o amor não cobra, o amor liberta, o amor é
tudo isso e mais alguma coisa. Porém, o que toca o coração das pessoas é a
bondade!
Nós falamos, anteriormente, que a bondade vem da Mônada (sexto corpo). O
que, na realidade, ela colhe do plano ainda superior, que é o Corpo Divino -
sétimo corpo que compõe a realidade do espírito.
Para vermos como isto se dá na prática, vamos dar alguns exemplos de seres
que viviam neste nível de compreensão. Podemos citar padre Pio: Muito severo,
mas de um amor enorme, incondicional, que não se limitava somente aos seus
paroquianos. Seu amor estendia para o país todo (Itália) e eram, também, mui-
tas as pessoas de outros países que recebiam suas bençãos e vinham visitá-lo.
O que chamava a atenção das pessoas, o que congregava aquele povo em torno
dele era nada menos que a sua bondade. Essa bondade que desafiava os demô-
nios que atormentavam ou mesmo tiranizavam as pessoas. A bondade que cu-
rava as mazelas do corpo e do espírito. Sua mediunidade era exercida pela ex-
pressão direta desse estado de bondade. Ele tinha esse amor enorme e essa
bondade com que ele tratava cada uma das pessoas fazia com que elas se trans-
formassem, se tornassem adeptos do amor do Cristo.
Outro exemplo que podemos citar é São Paulo. Ele escreveu em uma carta aos
Coríntios sobre o amor que pode tudo, o amor incondicional. Dizia:
“ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor,
nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria,
não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus pró-
prios interesses, não se irrita, não suspeita mal;
não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade;
tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais acaba; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo lín-
guas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e
em parte profetizamos; mas, quando vier o que é perfeito, então o que é em parte
será aniquilado.
Quando eu era menino, pensava como menino; mas, logo que cheguei a ser ho-
mem, acabei com as coisas de menino.
Porque agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos face a
face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, como também
sou plenamente conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança, o amor, estes três; mas o maior des-
tes é o amor”
Ele fala de um amor que tudo pode, que tudo faz e é a verdade. Mas o que toca
o ser, o que pode transformar o ser, é a bondade. Por mais amoroso que possa
ser, que fale, que possa transmitir esse amor, o que vai tocar a pessoa é a
bondade, é o aspecto Divino desse amor.
O caminho da evolução espiritual, da serenidade, do silêncio, da busca interna
é a sutilização da nossa vida. Não nos apeguemos a nada, nem ao que é muito
pesado, sofrido ou até mesmo aquilo que nos deixa muito felizes. O que está
sendo vivido no momento é tão somente uma fase e, portanto, tudo passa: nós
estamos aqui de passagem.
Todo objeto de apego que abraçarmos (bom ou mal) nos tornará mais densos.
Quanto maior o apego, maior será a identificação, maior será a densidade.
Ao contrário, quando não nos identificamos com aquilo que está sendo vivido,
aquilo passa e nos torna mais leves, mais sutis ainda. Ao deixar tudo seguir seu
curso sem apego, nós deixamos passar partes também da nossa materialidade
e daquilo que se foi. Como consequência, nos tornamos mais sutis.
Com a prática do desapego, vamos tornando as formas mais suaves e ficando
mais sutis. Esta leveza vai dando a expressão da bondade.
Na presença desta bondade podemos, em meio a esse caos, nos tornarmos ilu-
minados, tornarmo-nos iniciados.
É sempre bom fazer uma pequena observação que pode abrir muitas portas,
veja isto: Se você ficou com raiva, não tem problema. Não tem problema algum
sentir o que se sente, é melhor reconhecê-lo que jogar para algum canto do
nosso inconsciente. O grande passo será, quando sentir, reconhecer e não se
identificar com a raiva ou outro sentimento. É só um sentimento, não é sua
vida, este sentimento não o caracteriza. A não identificação facilita o processo
de desapego, o sentimento vai embora.
O que nos resta a fazer é acolher tudo isso, aprender com tudo isso e deixar que
se torne passado.
Com cada exercício que vai fazendo, irá se tornando mais sutil e menos apegado,
conseguindo transcender com mais facilidade a cada experiência. Não negue o
que você sente, porque quando você nega irá reprimindo e, como dissemos, vai
ficar guardado em algum lugar. Não tenha dúvidas que essa energia guardada
irá sair de alguma forma. Reconhece apenas.
TERCEIRA PARTE

Caridade, fraternidade, solidariedade, são atributos muito ricos a esta


humanidade, muito desejados, muito procurados, porém pouco pratica-
dos. São atributos que todo ser humano pode praticar, que deve praticar,
mas estes não são atributos da bondade. Bondade não é isso. Estes são
atributos para que a humanidade possa vir a praticar, no mínimo, para
que se torne mais humana, as pessoas se tornem melhores.
Como já sabemos, estes atributos qualquer um pode fazer ou todos po-
dem desempenhar. Qualquer grupo pode fazer, qualquer pessoa pode fa-
zer e, às vezes, fazer com muito mais competência; todavia, a bondade
não é isso.
A bondade é quando você, volto a dizer, atende, reconhece profunda-
mente a necessidade daquela alma, daquele coração que está ali, diante
de você.

Coração que pulsa e que sangra com suas dores.


Coração que vibra independente da sua posição social e política.
Coração que busca encontrar algum colo em que possa se aquecer.
Coração que espera encontrar um pouco de compaixão.
Coração que espera encontrar alguém que o escute com sinceridade.
Coração que procura entender que todos somos iguais.
Coração que procura entender o porquê de tantas divisões.
Coração que procura entender o porquê de tantas dores.
Coração que quer apenas ser amado.
Coração que quer somente encontrar Deus.
Este coração, no final das contas, não está buscando pessoas, ele está
buscando Deus; não está buscando conselhos, ele não está buscando
ensinamentos, está querendo ter uma experiência concreta e verdadeira
com a Divindade. Está sedento deste encontro. Esta Divindade, naquele
momento, vai se expressar através da suavidade da bondade. Estes atri-
butos que vão tocar aquele coração amargurado.
Você, impulsionado pela leveza e suavidade da energia da bondade toca
o coração daquele ser, suaviza o sofrimento daquele coração que assim
aguardou, sabe-se lá há quanto tempo, este toque que você é portador.
Este toque não se dá, certamente, pelas palavras que disse. Este toque
se dá pelas coisas que não foram ditas, mas foram expressas pelo seu
olhar, pelo seu gesto, pela mão estendida. Por tudo que você não disse,
mas que deixou aberto e pavimentou o caminho onde ele possa encontrar
essa bondade, essa suavidade, esse encontro com Deus.
A bondade é que dá o toque sutil e que vai no ponto certinho.
A bondade, volto a dizer, é o perfume, a sutileza que você sente no fundo
do seu coração.
É sempre bom lembrar: quando a pessoa está em sofrimento, ela neces-
sita de três coisas
- um ombro;
- um ouvido;
- um coração.
Não precisa mais que isso.
Um ombro para que ela possa apoiar a sua cabeça e sentir que tem o
direito de chorar, chorar, chorar e ter um lugar quentinho que possa
aquecer seu frio coração.
O ouvido para deixar que ela fale, fale, fale o que precisar. Sem restrições,
sem tempo, sem críticas, sem julgamentos, sem aconselhamentos, sem
palpites, sem sugestões. Ouvido que ouve e apenas acolhe.
o coração para que você possa amar, amar e amar.
Esse trio é a expressão da bondade.
Agora é possível a qualquer um estar coligado à bondade. Basta estar
disponível. Não crítica, não julgamento, aceitação incondicional, não in-
terferência na vida do outro e acolher.
Neste ponto é importante observar qual deve ser o nível de acolhimento
prestado. Quem será acolhido não é a pessoa, o ser, mas aquele cora-
ção que está duro, pesado, está frio, está amargurado, machucado e
amá-lo.
Lembre-se sempre: o que toca o coração, o que faz mudar as perspectivas
de vida, o que é capaz de mudar as montanhas de ignorância, o que faz
brilhar os olhos de esperança, o que é capaz de brotar e fazer crescer a
ternura, o que faz o toque ser mágico, o que faz o abraço ser caloroso e
reconfortante, o que faz a presença ser uma luz, o que é capaz de restituir
a dignidade da vida, o que é capaz de erguer o outro da pobreza da exis-
tência, o que é capaz de curar as dores da alma, o que é capaz de cicatri-
zar as feridas do coração é simplesmente a bondade que se manifesta em
forma de amor puro, simples, suave, incondicional, despretensioso, des-
medido.
“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água
no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.”
Madre Tereza de Calcutá
Mas sempre nos perguntaremos: qual é o verdadeiro sentido da bondade?
Mais uma vez vem Tereza de Calcutá nos auxiliar com sua sabedoria
amorosa.
“Ensinarás a voar ...
Mas não voarão o teu voo.
Ensinarás a sonhar ...
Mas não sonharão o teu sonho.
Ensinarás a viver...
Mas não viverão a tua vida.
Ensinarás a cantar ...
Mas não cantarão a tua canção.
Ensinarás a pensar...
Mas não pensarão como tu.
Porém, saberás que cada vez que voem, sonhem, vivam, cantem e pen-
sem...
Estará a semente do caminho ensinado e aprendido!”

Angelo
21/12/2020

Associação Sementes da Nova Terra – organização filantrópica objetivando a


ampliação da consciência e elevação espiritual.
Texto oriundo de palestra pública realizada por Angelo aos sábados a partir de
9:15h. Assista ao vivo pelo aplicativo Microsoft Teams através desse link: Reu-
nião Pública
Para mais textos e mensagens, acesse pelo Telegram: https://t.me/textos_ASNT
Contato: +55 31 98434-8080 (WhatsApp)

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