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Transcrição do Estudo de 04 de janeiro de 2021

TEMA: HUMILDADE

– O que é a humildade?
– Estar neutro.
– Então a neutralidade é um atributo da humildade?
– Eu penso que é não se colocar melhor que ninguém em todos os aspectos. Tem ho-
ras que a gente escuta, não manifesta e, no ín mo, nós não estamos concordando
nem aceitando, mas só não falamos.
– Então a aceitação é um atributo da humildade?
– Mas esses conceitos nunca são o que a gente pensa, né?
Instrutor – A humildade tem todos esses atributos porque, na realidade, a humildade
tem uma irmã muito próxima a ela, uma irmã siamesa, irmã univitelina chamada sim-
plicidade. A simplicidade é uma irmã muito próxima da humildade, tão próxima que às
vezes a gente não consegue separar a humildade da simplicidade. Humildade traz para
a pessoa a possibilidade de ser ela mesma, e por quê? A Humildade é quando a pes-
soa consegue estar em contato com seu ser mais interno, mais profundo e por quê?
Porque o ser mais profundo não precisa provar nada para ninguém. Porque o ser
mais profundo, ele já é, por si só, aquela expressão do nosso ser interno. Em outras
palavras, o nosso Mestre Interior. Então, ele já é, não precisa de provar.
A humildade, trazendo junto a simplicidade, faz com que a pessoa se torne extrema-
mente poderosa porque não precisa agradar a ninguém. Na sua essência, na sua sim-
plicidade, na sua profundidade ela já se mostra tal como é; não precisa mostrar nada
para ninguém, não precisa ser melhor do que ninguém. Isso porque ela não se sente
melhor que ninguém, mesmo porque ela não vê ninguém melhor do que ninguém.
O ser humilde é aquele ser que, na sua simplicidade, é forte, ele é transparente, ele
não precisa de ninguém que o supervisione naquele espaço que é dele.
Ser humilde é aquele ser que expressa assim como é, com toda sua pureza, com toda a
sua força, com todo seu poder, com toda sua luz.
O ser simples é o ser que se manifesta na sua pureza original, na sua pureza mais pro-
funda e, portanto, seu ser é feliz.
Simples não é um estado externo, é um estado interno e um dos maiores atributos que
a humildade tem é o respeito a si mesmo e respeito ao outro do jeito que o outro é.
Ele não quer que o outro seja diferente para poder gostar dele, para poder amá-lo,
para poder viver ou conviver. Ele aceita do jeito que é.
O respeito é uma das forças muito poderosas que existe na humanidade. Quando você
respeita o outro, você também se respeita e, quando você se respeita, você respeita o
outro e aceita o outro do jeito que o outro é. Não existe conflito de interesses, apenas
aceitação.
A humildade faz com que eu consiga olhar para o outro e enxergá-lo do jeito que ele é.
A humildade enxerga mais do que isto, enxerga a profundidade da Alma daquele ser.
Somente o ser humilde é que tem esse poder de enxergar o outro na essência.
Ele é capaz de ver na alma do outro porque ele se enxerga também.
Estudante – Posso ler uma definição aqui sobre a humildade que eu achei no livro Nos-
sa Sintonia em Momento de Caos, do Frei Artur? “Podemos considerar que ser humil-
de é aquele que reconhece com sinceridade as próprias falhas e desvios e os oferta ao
Universo para que sejam amorosamente equilibrados.”
Por que o ser humilde não consegue ver erros ou desvios nos outros?
Instrutor – Como ele aceita o outro do jeito que é, não há julgamento. O ser humilde
não consegue ver erros ou desvios no outro, porque ele percebe que a pessoa está ca-
minhando da forma que consegue caminhar, no compasso que dá conta, na consciên-
cia que tem e na possibilidade que tem de enxergar a vida. Ninguém erra porque gosta
ou porque quer, ninguém se desvia porque quer. Todos estão buscando, de alguma
forma, ser feliz, estar em paz, viver em paz, ter esta riqueza interior da luz e do amor.
Buscam ser amados, no final das contas.
A humildade não consegue enxergar que o outro errou no que fez, porque ela o acolhe
do jeito que é e, aceitando do jeito que é, ela não faz nenhum julgamento; ela conse-
gue ver que quando as pessoas falam de erros e desvios têm ali implícito, muito disfar-
çado, um julgamento, um pré-requisito do que serve e do que é errado.
Estudante – Mas aqui ele está falando é de nós mesmos, reconhecendo as próprias fa-
lhas e desvios.
Instrutor – O ser humilde apenas vê o outro e se vê também, porque no outro ele vê a
si mesmo, aquilo que ele próprio é. Como ele não julga ninguém, ele também não se
julga e está fazendo o melhor que pode. Portanto, não tem erros nem desvios. Deve-
mos fazer sempre o melhor que podemos. O melhor que fazemos é o melhor que te-
mos e, por isso mesmo, será feito como compreendemos. Damos o melhor que se
tem. Quando chega o amanhã, quando ele es ver em melhores condições, ele poderá
tomar outras decisões.
Ele não julga se está certo ou se fez errado, apenas compreende o que está acontecen-
do com ele e segue em frente, segue com simplicidade, com naturalidade, porque sabe
que, no profundo do seu ser, não tem ninguém que está julgando, ele também não se
julga e não julga ninguém.
Estudante – Eu entendo que a pessoa já tem que estar assim, num processo bem ele-
vado da vida espiritual, porque acho di cil a pessoa não ver nenhum erro em si mesmo
ou em ninguém. Porque acho que faz parte do nosso caminho espiritual, não sei se é
isso, se eu não entendi bem você. Nós, que estamos caminhando e revendo a nós, ve-
mos as coisas que fizemos, o que não devíamos ter feito e vamos procurando cada dia
mais aperfeiçoar, né? Então, para se alcançar esse estado de espírito, dessa simplicida-
de, é numa etapa mais evoluída da nossa caminhada.
Instrutor – A humildade é um atributo profundo da alma e a alma não entende que ca-
minhamos para perfeição.
Nós não caminhamos para sermos perfeitos porque nós também não caminhamos
para sermos Deus. Essa ideia de que caminhamos com o obje vo de evoluir, de buscar
percepção de planos mais elevados, é um atributo, um conceito ainda da visão das eta-
pas anteriores que já percorremos. A alma entende tudo como um grande estado de
consciência e não caminha para ser perfeita. Ela consegue enxergar em si mesma a di-
vindade, ou seja, que habita dentro dela. Então ela não vai buscar ser a perfeição, por-
que a perfeição ainda é um julgamento muito humano, muito ligado a essas etapas an-
teriores, ou seja, ela percebe a perfeição que habita seu interior como a manifestação
de Deus em sua essência.
Nós temos uma meta a seguir, uma meta a alcançar, um obje vo para buscar e o es-
pírito consegue ver muito além.
Nos atentemos a isso: o espírito apenas se manifesta na sua grandeza, no seu esplen-
dor, na capacidade que tem de consciência de si mesmo. O único obje vo da alma é
se exprimir, é ser o que é. Por isso mesmo, ela não vem buscar a perfeição, não vem
buscar evolução. Porque evoluir também significa o caminho que você vai seguindo
passo a passo. Isto é uma visão de etapas anteriores.
A humildade é uma expressão da alma e alma não se vê assim. A alma é um processo
de vir a ser, de se transformar o tempo inteiro, de se buscar o tempo inteiro, de ser o
que ela é como ser o tempo todo. Então, não tem uma meta a alcançar, não tem di-
reção a alcançar, não tem para onde ir, a não ser para si mesmo.
Estudante – Normalmente, na questão de se ver muito perfeito, não cometer erros,
traz uma culpa quando você faz alguma coisa que julga errada, que desviou do cami-
nho. Dentro dessa visão, também não existe culpa?
Instrutor – Não, não existe culpa porque não existe o conceito de certo e errado. Não
existe conceito de dentro e de fora. Não existe o conceito de para lá e para cá, porque
tudo está dentro da perfeição de si mesmo.
A humildade traz para a gente a possibilidade de enxergar a existência por si própria.
O Espírito consegue enxergar a unicidade e consegue fugir da dualidade em que nós vi-
vemos. Se ele consegue se afastar dessa dualidade na qual vivemos, então esses concei-
tos de certo e errado, de bem e mal, Deus e inferno, essas dualidades não existem
para o ser humilde.
Isso é humildade, uma das manifestações diretas de Deus.
A humildade tem uma irmã muito próxima, uma irmã siamesa: a simplicidade que
traz consigo, de mãos dadas, a outra irmã: a pureza.
Puro é o ser que expressa o espírito.
Anota aí: o mais importante é que isso fique em seu coração. É isso que você vai passar
para as pessoas, o que habita o seu coração. Isso é o mais importante, não os concei-
tos propriamente ditos.
Estudante – Ainda estou com uma dúvida. Vamos imaginar uma situação em que eu pi-
sei na bola, fui agressiva e tudo; mas eu tenho que reconhecer, não tenho humildade.
Até seja possível que eu não reconheça na hora. Eu fiz o ato, mas passado aquilo eu te-
nho que reconhecer o que eu fiz e ter uma proposta interna de tentar melhorar, não
seria esta a forma de evoluir? Não é válido eu ficar ali me sen ndo culpada, me mar -
rizando. Eu não teria que me posicionar melhor para con nuar, “sacudir a poeira” e fa-
lar: “peraí, eu fiz e isto é passado, mas de agora para frente, o que vou fazer? De qual-
quer forma eu preciso reconhecer, porque se não reconhecer, vou prosseguir na mes-
ma situação…
Instrutor – “Humildade é a capacidade de ouvir e entender o outro” – disse o nosso
instrutor. Se assim entendermos, vamos caminhar juntos. Na hipótese do outro se sen-
r a ngido, nós vamos nos desculpar e tentar fazer de tal forma que ele não se sinta
mais agredido.
O ser humilde apenas quer expressar a sua luz.
A humildade é um atributo da alma que quer se expressar e ainda encontra em nós
enormes dificuldades de poder se expressar. Pode ocorrer da pessoa que se expressa
fazê-lo de forma que o outro não compreenda e se sinta a ngido. Porque, na realida-
de, os conflitos acontecem quando eu não consigo entender o que outro está queren-
do expressar e, às vezes, não tendo interesse em compreender.
Ser humilde é acolher o outro simplesmente. Ele não assume posições rígidas. Ele ape-
nas ouve, acolhe e pronto. Ele não conflitua, porque ele não tem que se impor, ele
consegue se ligar à sua luz interna. Esta prá ca faz com que a luz se exteriorize e a ou-
tra pessoa vai recebendo esta luz, vai aprendendo, vai compreendendo. Ouve, com-
preende e pronto.
Os conflitos existem quando há uma tenta va de imposição ou de superposição de al-
guma ideia, de algum fundamento. Mas quando os dois, frente a uma situação e com
pensamentos diferentes, querem chegar a um resultado comum, eles vão conversando
até chegar o momento em que conseguem construir juntos possibilidades de resolver
o que estão procurando resolver. Assim são conversas maduras, entre adultos.
Um ser adulto não precisa ficar provando nada para ninguém, não precisa provar que
ele está certo, que ele está com a razão. Não precisa porque ele sabe que a verdade
não pode ser nunca reprimida. Um dia ela vai aparecer.
O que fizeram com a instrução do mestre Galileu há dois mil anos? Deturparam todo o
brilho e a luz espiritual dos ensinamentos do instrutor. Mas agora não tem mais como
barrar essas verdades que fundamentam as expressões deste instrutor Galileu. Elas es-
tão aparecendo de uma forma mais exuberante. Elas foram reprimidas, tamponadas,
escondidas, escamoteadas, transformadas e mu ladas para manter as pessoas na ig-
norância espiritual; mas agora essas verdades estão aparecendo novamente, em vozes
diferentes, em cantos diferentes do mundo. As verdades espirituais que o instrutor dis-
se, estão se revelando agora. Não há conflito. Elas estão surgindo com vozes diferen-
tes, em momentos diferentes, em locais diferentes do planeta.
Estudante – Vamos supor que exista um conflito, seja entre duas pessoas, ou com ela
mesma, que reconhece que se exaltou. Ela tem que chegar para pessoa e pedir descul-
pas ou a verdade chega sem precisar de ninguém conversar? Ou não é isso? Humilda-
de é a pessoa chegar e falar “Olá, me desculpe, eu errei” ou deixa que um dia a verda-
de chega e não precisa explicar?
Instrutor – Independentemente de você ter razão ou não, o outro se sen u ofendido, o
outro se sen u a ngido pelas coisas que você fez ou disse? É sempre bom procurar a
pessoa e reparar os equívocos, consertar o mal-entendido. Buscar a convivência pacífi-
ca é sempre o melhor caminho. A paz é um estado de consciência que a pessoa chega
e, neste estado, sempre se procuram as convivências pacíficas, amorosas e fraternas.
Estudante – Muitas vezes ele não enxerga e se o outro chegar e falar “olha, isso que
você fez comigo doeu...” e, mesmo assim, ele não aceitar. Mas se ele está procurando
essa humildade, vamos supor que ele estava com a razão e mesmo assim a outra pes-
soa se sen u ofendida sem mo vo e, de qualquer forma, ele tem que se desculpar ou
espera a verdade chegar?
Instrutor – Se você fez algum gesto, mesmo coberto de razão, mesmo com toda a sua
verdade, se você fez alguma coisa e o outro se machucou, repare com o outro. Nós
não temos o direito de machucar ninguém, em nome de nenhuma verdade.
Quando podemos esclarecer, ajudar, mostrar caminhos e soluções, o faremos de for-
ma cautelosa e amável na medida em que o outro tem condição de ouvir e absorver.
Não derramamos nossas verdades sobre as pessoas se elas não possuem as condições
de ouvir e entender o que está se passando, quando a pessoa ainda não possui as con-
dições internas para alcançar o que está sendo dito. O instrutor já falou assim: “Não jo-
gue pérola aos porcos”. Eles não vão conseguir apreciar o verdadeiro valor daquele mi-
neral. Em nome de nada, a gente tem o direito de machucar. As pessoas não têm o di-
reito de, em nome da luz e por ser portador da luz, impor uma verdade que o outro
não consegue entender, nem ouvir, nem consegue compreender.
Ser humilde é aquele que, mesmo coberto de todas as razões, vai lá e repara, vai lá e
se desculpa: “meu irmão, perdão por ter falado isso, não era a minha intenção te ma-
chucar, sinto muito por isso”. Mesmo com toda a razão que ele possua. Porque a hu-
mildade é um subproduto do amor. O amor não fere, o amor não machuca, o amor
não maltrata.
Quando acontece de nos sen rmos feridos, quando estamos em uma situação que nos
machuca, na realidade são os nossos egos em ação que nos machucam ou machucam
o outro.
Se você é portador da humildade, que é um subproduto do amor, como dissemos aci-
ma, não vai machucar e, se por acaso acontecer, porque o outro tem um ego também
extremamente sensível, grande demais, o ser humilde repara o dano. Não custa nada.
Nossos egos feridos são como crianças que choram a pedir um colo acolhedor, amável,
que possa abrigar sua dor e que os façam compreender o porquê do seu sofrimento.
Há uma história de uma situação de um filho e a mãe muito pobres. A mãe criou a cri-
ança sozinha porque o pai debandou muito cedo e ela, com toda a dificuldade, traba-
lhando, trazendo comida para casa e cuidando do filho. Esta situação perdurou duran-
te muitos anos. O filho cresceu e se envolveu também com alcoolismo, com droga e
outras coisas mais. Quando ele chegava em casa, agredia a mãe, falava coisas agressi-
vas, tomava a tudes agressivas com a mãe. A mãe sempre fazia o prato de comida e
deixava para que o filho pudesse jantar quando chegasse. Ele chegava drogado, alcoo-
lizado e dificilmente comia, mas, mesmo assim, ela fazia e deixava para ele todos os
dias.
O rapaz, sempre na mesma ro na com a mãe: machucava, agredia de todas as formas
e, mesmo assim, todas as noites, ela deixava o prato de comida para ele. Até que um
dia, por algum mistério da vida, ele se percebeu cansado desta vida que levava e por
algum mo vo em suas reflexões, ele foi se afastando do alcoolismo, das drogas. Mas,
ainda não estava totalmente curado e, em um desses ataques costumeiros dessas for-
mas agressivas, ele agrediu a mãe de tal forma que a feriu e ela veio a desencarnar.
Esse episódio mexeu muito com ele e por isso decidiu de vez se afastar de sua an ga
vida.
Com a mente mais clara, ele percebeu que o que o rou daquele lodo onde se encon-
trava, foi a ação silenciosa, anônima, extremamente amorosa da mãe. Apesar de agre-
dida, profundamente ferida, deixava para ele o prato de comida. Esse gesto silencioso
e anônimo que ela fazia é que o resgatou de todo o processo. Mesmo ela sendo agre-
dida, fazia aquilo anonimamente como expressão do amor dela e, o gesto de deixar co-
mida, era um gesto da humildade de dizer a verdade para o filho. De forma silenciosa e
anônima, sem feri-lo, sem machucá-lo, sem agredi-lo, sem apontar para ele que estava
errado. Mesmo estando correta, mesmo estando há dez mil anos-luz de evolução à
frente daquele ser arrastado pelos vícios, a simplicidade daquela mulher no seu silên-
cio foi dando mostras de grandeza e de profundo olhar espiritual para com a vida da-
quele ser que era a encarnação do filho. E ela nha toda a razão de abandoná-lo, toda
razão de desis r dele e não o fez. Por amor, por entendimento, por clareza, por Luz em
seu espírito.
Estudante – Agora me surgiu uma dúvida e eu não sei se tem a ver uma coisa com a
outra, esse depoimento aí. Em uma reunião passada, teve um assunto mais ou menos
igual a esse aí e foi falado que ninguém tem uma veia ruim, uma coisa assim… então, aí
agora eu não entendi: ela não lutou, mesmo sendo maltratada e até chegar ao ponto
de desencarnar. Precisou desencarnar para esse filho virar um homem? Agora que a
cabeça confundiu e eu não sei para que lado ir.
Instrutor – Veja bem, quando alguém falou essa frase, era dentro de um contexto. En-
tão seria bom se não rasse daquele contexto para aplicar outra coisa, porque aí fica
sem nexo. No contexto, foi dito o seguinte: “Quando você es ver ensinando, traba-
lhando, ajudando as pessoas a crescer, a querer sair daquele lugar, por quanto tempo
você terá que fazer? Não sei. Você faz o trabalho que tem que ser feito e, as pessoas
que querem, aceitam e con nuam o trabalho. As pessoas que não querem, você não
vai insis r com elas, porque possivelmente irá agredi-las com toda sua boa intenção.
Há um tempo do trabalho, há um tempo da maturação e há um tempo de final de ci-
clo, quando encerra o trabalho e vai embora.”
Para aquela mulher, o trabalho dela durou o tempo que foi necessário. Quando encer-
rou o trabalho, ela foi embora.
Você ensina o tempo que for necessário para que o máximo de pessoas possam apren-
der e, quando termina o trabalho, vai embora e a vida não vai mais insis r com aquela
pessoa que teve a oportunidade de aprender. A vida não vai mais apresentar para
aquela pessoa novas oportunidades. Só bem na frente, talvez, ela encontre outra opor-
tunidade.
Voltando ao an go ditado popular: “não vai mais queimar vela com defunto ruim”. A
vida não perde tempo com aquele que não quer aprender no tempo em que foi ensi-
nado, no tempo presente, no tempo do agora. Mas nós, enquanto trabalhadores, insis-
remos no tempo que é necessário, no tempo presente, para que o ser possa apren-
der. Se ele não quis aprender, é um direito dele. Neste caso, nós seguimos em frente.
A vida segue em frente, a vida não para porque aquele ser não quer caminhar.
No que diz respeito à humildade, você faz o trabalho, você ajuda, você doa o tempo
que for necessário e, quando não for mais necessário, a vida ra, a vida não queima
mais a vela com aquele ser. Tira e vai embora e não somos nós que decidimos isso.
Quando você está no processo, passando o ensinamento, pra cando o ensinamento,
fazendo um trabalho junto com uma ou mais pessoas, quem decide quando é o fim do
trabalho é a vida, não nós. Se você ensina e neste tempo a pessoa quer ir embora, ela
vai embora, nós não vamos insis r com ela. Nós vamos conversar, tentar mostrar e fa-
zer todo o movimento para que ela venha a reconsiderar. Caso ela mantenha a posi-
ção, ela acha que está certa dos propósitos, das intenções, dos obje vos dela, ela vai.
Nestes casos, não vamos ficar tentando insis r com ela para ela ficar.
O ser humilde aceita o outro do jeito que é e, naquele momento, se ele quer ir, nós
permi mos que ele vá. Nós não paramos por causa disso. Nós não paramos por causa
de ninguém, nem por quem aceita e nem por quem não aceita.
A gente faz o trabalho porque o trabalho não é nosso, o trabalho é da Vida Espiritual
que se manifesta e nós estamos colaborando no processo de manifestação da vontade
divina.
O ser humilde é aquele que acolhe a todos e manifesta essa vontade divina, às vezes
em silêncio, às vezes na sua simplicidade, às vezes na exuberância do falar e de ter um
grande domínio sobre mul dões. Para ele não importa se seu trabalho é de grande ex-
pressão, com muitos holofotes em cima dele, ou se é de extrema humildade, simplici-
dade e escondido, anônimo. Para isso, ser humilde é se colocar no serviço que for ne-
cessário e pronto; é tão grandioso para ele no serviço anônimo, escondido, pequenino,
quanto o serviço de se estar sobre grande expressão, de grande evidência para as pes-
soas. Para o ser humilde, não importa esse status social, polí co e econômico em que
ele es ver inserido; ele não julga. Ele aceita o outro do jeito que o outro é, ele não bri-
ga com o outro, não confronta, porque quem confronta é o ego. Quem tem a expres-
são da luz aceita, recolhe, afasta, encolhe o quanto for necessário. É igual ao bambu.
Ninguém nunca viu um furacão arrancar uma touceira de bambu, mas ele arranca ár-
vores enormes, gigantescas, seculares. Ele arranca casas, ele levanta caminhões, assim
ele faz tombar navios de centenas de toneladas, mas não arranca um bambu do lugar
e por quê? Porque o bambu é flexível, ele é oco, vazio por dentro. Por isso ele se torna
mais flexível. Ele pode se curvar ao sabor da força do vento até o chão, mas quando o
vento passar, ele volta.
Olha aqui que ensinamento maravilhoso! É grandioso demais. Todos os seres que pas-
saram por esse Planeta fizeram grandes trabalhos para a Humanidade exercendo sim-
plesmente a humildade; seja ele pequeno, escondido, seja ele de grande expressão,
mas exercitando, todos eles, a humildade.
Isso é ser humilde: reconhecer Deus em todas as coisas e lugares, reconhecer e reve-
renciar essa divindade. Francisco, novamente, o grande instrutor de Assis, reconhecia
isso em todo lugar; por isso ele chamava sempre de irmão o sol, irmã lua, irmã água,
irmã dor, irmã chuva e também os seus companheiros de irmãos. Conversava com os
peixes, conversava com os animais, conversava com as plantas e via Deus em todas as
coisas. Sinônimo de humildade, muito perto da simplicidade. A humildade é a forma, a
simplicidade é o conteúdo.
Estudante – O que não permite nada disso, é a vaidade?

Instrutor – É, e mais um pouquinho. A vaidade e todas as nossas irreflexões são expres-


sões do ego. Ele tem muitas formas de tentar prevalecer para manter seu próprio po-
der.

O ego é uma expressão da matéria. Toda vida na matéria tem ego. O que mantém um
Planeta 3D na sua possibilidade de expressão consciente é o ego. A vaidade, a arrogân-
cia, a tenta va de manipulação para se manter no poder e desqualificar o outro, isso
tudo são manifestações do ego. Toda vez que há um conflito, é o ego em conflito.
Calar para não brigar é diferente de compreender. Aceitar e ter compaixão daquele
outro, se aproxima mais do calar. Tem pessoas que se calam para não brigar, para não
complicar e quase sempre não é uma expressão de compreensão. Quando você com-
preende, aceita e tem compaixão do outro, muitas vezes você fica calado, mas por
compreensão, por compaixão do outro que quer ser maior que ele próprio, porque ele
quer que prevaleça a sua vontade, prevaleça a sua opinião e o seu pensamento. Quan-
do se defronta com um ser que tem estas posturas, pode se observar o tanto que ele
ainda está atacanhado, agachado ainda.

O ser humilde não é aquele ser que se cala. Ele não se cala, ele não foge, ele não se es-
conde, ele não tem medo. Ele se expressa com toda sua exuberância sem necessaria-
mente ferir. Ele vai saber exatamente o momento certo de falar e de calar. Ele estará
sempre a serviço da luz e, naquele momento, aquela é a expressão correta, mas não
pela vaidade, pela arrogância, pela tenta va dele de sobrepor, mas pela necessidade
da Força e da Luz se manifestarem daquela forma.

A Terra já está em movimento sísmico por todo lado e ela vai chacoalhar, ela vai me-
xer, ela vai mudar os seus polos magné cos, ela vai fazer tudo isso. Não porque ela
quer se impor, não porque ela quer se vingar dessa humanidade que só re rou e mal-
tratou, não que ela queira mostrar que é superior. Não. A luz precisa se manifestar ali.
Aquele ser precisa se expressar na sua grandeza e ele vai se expressar na sua grandeza.
Toda aquela tormenta que vai ser gerada nessa expressão da luz é a expressão de um
acerto de um fim de ciclo. Ela estará dizendo que aquilo que se viveu não vai poder
mais se manifestar da mesma forma, é outra história e outro momento. O ser Gaia, o
ser Mãe Terra abrigou, aceitou e abraçou estas humanidades por milhões de anos e
aceitou que elas a maltratassem de todas as formas. Agora chegou o fim de um ciclo,
chegou o fim de uma história e tudo isso vai se desfazer e, nesse desfazer, vai haver
rupturas de laços, de formas e de coisas an gas. Nessa ruptura, vai haver um outro
movimento, não por maldade, não por cobrança; mas precisa de ser, precisa de estar.
Então, o ser humilde não se cala, ele fala. Ele fala de outras maneiras, mas fala; ele se
posiciona, ele não é covarde, ele não foge à luta, mas as armas e os instrumentos vão
ser outros. Não instrumentos do ego, mas instrumentos da divindade, da força e da se-
renidade. Então ele rompe com quem precisa ser rompido, desfaz aquilo que precisa
ser desfeito, corta aquilo que tem que ser cortado, mas pela manifestação da luz e não
pela manifestação da sua personalidade, do seu ego.

Estudante - Para você dar aula, você tem que estar pra cando e como que você vai fa-
lar de uma coisa que você não domina? Você está enga nhando. Como você vai falar,
dar uma aula para uma pessoa sobre isso se não é do seu domínio? Meio complicado.

Instrutor – Você está correta, mas você pode não dar aula de corrida de 100 metros ra-
sos porque você está enga nhando, mas você pode dar aula de enga nhamento para
quem ainda não sabe enga nhar.

Estudante – Aí sim, mas ainda para os 100 metros, ainda estou longe.

Instrutor – Agora você não pode correr 100 metros em 9,5 segundos, mas para quem
não sabe ainda andar e está se arrastando no chão, você, que pode enga nhar, já pode
ensinar aqueles que ainda não enga nham. De forma que todos nós podemos ser mui-
to mais do que somos, basta uma coisa, que é o atributo da humildade: respeito. Se
você se respeita, você vai respeitar o outro e, se você se respeita, você vai deixar toda
sua força e toda sua expressão, na sua totalidade de consciência se expressar. Naquele
instante, você faz deixar sair. Nós somos muito mais do que somos, o nosso próprio
ego é que nos agatanha, que nos deixa ficar agachados.

Se nós estamos ouvindo isso, é porque é um sinal claro de que nós temos todas as con-
dições de expressarmos muito mais do que somos. É um sinal de que estamos prontos.
É o nosso ego, o nosso julgamento, de nós e do outro, a nossa falta de coragem de
olharmos para nós mesmos e reconhecermos o potencial. A força e a luz que nós te-
mos, já temos. Não é que vamos conquistar, já temos. Nós conseguimos isso ao longo
de muitos, muitos anos. O grande ato é que nós olhamos muito para a nossa sombra,
não para a luz. Reconhecemos, às vezes, o que nos falta, o que não somos e deixamos
de enxergar a luz que habita em nós. Nos sen mos muito mais confortáveis em enxer-
gar a sombra existente e nela viver. Não entendemos que a sombra não é real, a som-
bra é construída pelo nosso imaginário pessoal e cole vo, a sombra é a inexistência da
Luz. Melhor dizendo, a ausência da Luz.

Não chegamos aqui à toa, e nós não estamos encarnados aqui à toa, nesse momento
de transição do Planeta. Adquirimos essa busca, essa força, ao longo de muitas encar-
nações para estarmos aqui e podermos expressar com todas nossas possibilidades,
com todo calor, com toda abrangência, essa força que nós temos, a capacidade que
nós temos. Por isso estamos aqui neste momento de transição: para podermos expres-
sar isto e, não podemos, em momento algum e de forma alguma, deixar que o nosso
próprio ego nos maltrate, nos amesquinhe, nos deixe acanhados.

Como é o próprio ego? Nosso julgamento, o nosso medo de ser aquilo que somos.
Neste momento, entendemos que somos aquilo que aprendemos a ser, somos o que
adquirimos nos modelos sociais, polí cos, filosóficos ao longo de toda nossa existência
neste planeta. A falta de respeito que nós temos conosco e com o outro. Se a pessoa
não se respeita, ela também não vai respeitar o outro e esconderá a sua capacidade. O
desrespeito ao outro está localizado também quando não se colocou para ele a sua ca-
pacidade em poder ajudá-lo, e o outro fica sem a ajuda por causa da submissão às for-
ças da matéria, às forças do ego.

Então, não é escrevendo ou falando sobre tudo isto que vai tocar o outro, mas sim
aquilo que tocou e se passa em seu coração. Aquilo que ouve e faz sen do para si pró-
prio. Iremos expressar, iremos ensinar porque é o que ficou como experiência de ter
ouvido um ensinamento.

O instrutor da Galileia quando curava, ele dizia: “A Tua Fé Te Salvou”. Ele queria dizer
que a tua coragem, a tua disponibilidade de ouvir as verdades dos Planos Superiores
que te salvou. A tua capacidade de ouvir e aceitar a Luz, que é Deus, te salvou. Ouvir o
ensinamento de Deus te salvou. Deixar que esse ensinamento se aloje no seu coração
pode te salvar. É isso que pode te curar porque a cura não é a cura sica, emocional ou
mental, a cura é nos desiden ficarmos das forças da matéria, principalmente das for-
ças do ego.
Estudante – Como fazer quando o outro se ofende por você não ter a mesma opinião
que ele, mesmo que você não queira impor a sua, você apenas não compar lha da opi-
nião dele? Como agir? Ficar calada e não emi r, a par r daí, nenhuma opinião? Evitar
conversar para não gerar conflito? Ou afastar?
Instrutor – É natural que todas as pessoas tenham suas próprias opiniões e cada um
tem a sua. Somos muito diferentes um do outro, então as nossas opiniões sempre se-
rão diferentes. Em alguns momentos, elas até podem se aproximar por semelhança ou
podem até ser iguais; mas de modo geral, todo mundo pensa diferente, tem uma opi-
nião diferente.
Como agir diante do outro que pensa diferente e por isso também tem ações diferenci-
adas? Nós precisamos de pensar duas coisas: primeiro: o outro tem o direito de ser di-
ferente, o outro tem o direito de pensar diferente, o outro tem o direito de agir dife-
rente. Segundo: diante do outro, podemos colaborar com a situação em vez de con-
frontar e mostrar que ele está errado e eu, ou nós, estamos certos. Na segunda opção,
a pessoa confrontada também vai querer mostrar que o outro está errado e vai defen-
der sua tese.
Neste caso vamos ficar no confronto.
Agora sabemos que não é o confronto que resolve.
O que ajuda a resolver é o quanto de maturidade você já conseguiu alcançar no cami-
nho espiritual e de quanto de maturidade você pode dispor para entender o outro,
aceitar o outro do jeito que o outro é. De posse desta qualidade, tentar buscar no ou-
tro a forma mais pura e mais ampla de poder construir juntos uma saída que contribua
e agregue valor para os dois.
Construir pontes é mais di cil do que destruir.
Quando nós estamos diante do outro e o outro não se ajusta na mesma opinião, está
garan do se realmente aprendemos os ensinamentos.
A grande possibilidade de resolver é o quanto de adulto ou maturidade um dos dois já
adquiriu. Uma forma muito tranquila de poder resolver é não misturar nosso emocio-
nal no processo. Para isto, é bom sair da situação, sair daquele burburinho, ficar de
fora para poder encontrar saídas. Neste momento, teremos todas as condições de
compreender que o outro, ao emi r suas ideias, ele não estará necessariamente dis-
cordando. Fica claro para você o quanto o outro, mesmo pensando diferente, quer co-
laborar para encontrar saídas e ter resultados, da sua forma.
Buscar saídas em conjunto, construir ideias, obter resultados cole vos entendendo o
quanto você pode colaborar de uma forma mais adulta, ampla, significa va e lumino-
sa.
Este movimento requer equilíbrio, serenidade, busca sincera de construir.
Estudante – Se calar não é importante para não gerar o conflito? Naquela hora vai que
os ânimos estão exaltados… Se calar para não ser assim, po: “eu sou humilde eu vou
calar a boca” Não é isso. Muitas vezes a pessoa cala para a confusão não ficar maior do
que já está e para ela, em outro momento, resolver.
Instrutor – Sinal de maturidade. Sinal de que aquela pessoa está mais equilibrada no
meio do conflito. Quando está pegando fogo, a gente não entra no meio da fogueira
para tentar apagar. Se o fogo está grande demais, vamos tentar salvar o que ainda não
queimou e depois ver o que sobrou e o que pode ser construído ou reconstruído.

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