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CONSULTÓRIO NA PRÁTICA:

DÚVIDAS E RESPOSTAS
AUTORES
Fga. Christianne Rodrigues Porto e Dr. Bruno Duarte

ORGANIZADORA
Samantha Oliveira
Observação acerca do uso e da exploração deste material
É permitida a reprodução total ou parcial do presente conteúdo somente para uso
particular, bem como para fins didáticos, desde que citada a fonte, sendo vedados o
uso e a exploração deste material para fins comerciais sem expressa autorização
(Lei Nº 9610, de 19 de fevereiro de 1998).
Para maiores esclarecimentos ou informações sobre a utilização deste material,
favor contatar o Projeto Dislexia TDAH Amor de Mãe pelo e-mail:
dislexiatdahamordemae@gmail.com

DADOS

CONSULTÓRIO NA PRÁTICA: DÚVIDAS E RESPOSTAS - (livro eletrônico) /


organização Samantha Oliveira – 1° ed. 2021 – Ribeirão Preto, SP – ( Dislexia TDAH
Amor de Mãe)

Copyright 2021 by Samantha Oliveira


Todos os direitos reservados.
Imagem da capa: https://br.freepik.com/fotos-gratis - (Vetor da internet)

CONSULTÓRIO NA PRÁTICA:
DÚVIDAS E RESPOSTAS
Formação em Magistério; Graduanda em Pedagogia pela Universidade
Paulista – UNIP; Idealizadora Projeto Dislexia TDAH Amor de Mãe; Formação
Entendendo a Dislexia pelo Instituto ABCD; participei de várias formações
sobre dislexia e TDAH, Formação continuada em Práticas de Alfabetização
pelo Ministério da Educação – MEC; Autora e Organizadora de livros;
Palestrante; Sensibilizadora e Mãe de duas crianças brilhantes, talentosas
com dislexia e TDAH.
CONTATOS: Instagram: https://www.instagram.com/dislexiatdahamordemae/
ORGANIZADORA
Youtube: https://www.youtube.com/channel/UC0JpInqJbMQ0hIpmUKikljg
Samantha Oliveira
Blog: https://dislexiatdahamordemae.wordpress.com

Fonoaudióloga pelo UNIPÊ;- Residência multiprofissional em pediatria pelo


HULW/UFPB;- Especialista em neuropsicologia pela FAMEESP;-
Especializanda em Linguagem com ênfase em Neurodesenvolvimento
Infantil pela FACSETE;- Atua como fonoaudióloga clínica e educacional;-
Docente com ênfase em linguagem oral e escrita/leitura.-Livros e
participação em livros publicados nas áreas de linguagem oral, leitura e
escrita.
CONTATOS: E-mail: chrisrodriguesporto@gmail.com
Fone: (83) 98731-9343
AUTORA Instagram: https://www.instagram.com/fono.pediatria/
Christianne Rodrigues Porto

Médico pela Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba. Psiquiatra pela


Faculdade de Medicina Nova Esperança. Psiquiatra da Infância e
Adolescência pela USP Ribeirão Preto. Mestrando em Medicina pela USP
Ribeirão Preto. Professor de medicina no Centro Universitário Estácio de
Ribeirão Preto. Foi preceptor adido do serviço de Psiquiatria da Infância e
Adolescência da USP Ribeirão Preto. Foi professor convidado do serviço de
Residência de Neuropediatria da USP Ribeirão Preto.
CONTATOS: brunoduartemd@gmail.com
AUTOR
Dr. Bruno Duarte Fone: (16) 99421-1965
Instagram: https://www.instagram.com/dr.brunoduartemd/

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UMA EMBALAGEM SEM RÓTULOS.

Nos dias atuais a sociedade e a cultura vigentes sempre acabam nos forçando a
assumir alguma identidade: você tem que ser de direita ou de esquerda; tem que
saber se é vegetariano, vegano ou carnívoro; se gosta de um estilo musical
praticamente está proibido de gostar de outro; se gosta do Flamengo
automaticamente tem que ter rixa com Vascaíno.

São tantos rótulos que muitas vezes sofremos para manter a “aparência” daquilo
que dizemos ser, quando na verdade o que nós gostaríamos mesmo era de ser mais
flexíveis com nós mesmos.

Com as crianças e adolescentes não é diferente. A infância e a adolescência são as


épocas de explorar, de testar, de desistir e de tentar de novo. Sua filha pode pedir
pra fazer aula de violão e quando chegar lá perceber que não era aquilo que ela
queria, e trocar pra outro instrumento. O sonho do pai pode ser que seu filho seja
um grande jogador de futebol, quando na verdade o que ele gostaria era de
aprender culinária. São tantos rótulos que às vezes impomos aos nossos filhos que
eles podem sofrer por não se sentirem livres para errar, mudar, desistir e
recomeçar, e isso pode gerar muita frustração e dificuldades ao longo da vida.

Pense que seu filho é uma embalagem sem rótulo: você sabe que muitas coisas
virão daquela embalagem, mas ainda não sabe o que serão. Tenha certeza que algo
maravilhoso virá dessa embalagem, mas que para isso é preciso dar tempo e espaço
ao seu filho para experimentar e testar a vida ao seu redor. Por uma vida sem
tantos rótulos!

JÁ OUVIU FALAR NA SÍNDROME DE TOURETTE?

Essa síndrome se caracteriza pela presença de vários tiques motores (tais como
piscar ou rolar os olhos, fazer caretas, mexer a cabeça ou o pescoço, movimentos
repetitivos de pernas e pés e até fazer gestos obscenos) em conjunto com ao
menos algum tique vocal (como pigarrear, tossir, fungar, falar sílabas, palavras
completas ou até mesmo gritar ou falar palavrões), por ao menos 01 ano, porém
muitas vezes precisando de avaliação antes desse período.

Os tiques são movimentos rápidos, abruptos e repentinos de um ou vários grupos


musculares, podendo também ter manifestações vocálicas. Podem ser bem simples
e imperceptíveis para os outros, porém às vezes podem ser muito intensos, o que
deixa a criança ou adolescente muito desconfortável!

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Os tiques ocorrem por uma dificuldade no controle desses movimentos
involuntários, por uma regiãozinha do cérebro, chamada Gânglios da Base, mas
podem ser piorados por estresse, calor, estimulantes, ansiedade e outros fatores!
Como 4 a 10% de todas as crianças irão apresentar algum tique ao longo da vida, e
como o quadro pode sumir sozinho na vida adulta, nem sempre é necessário o
tratamento medicamentoso, mas quando a coisa fica muito intensa e deixa a
criança ou o adolescente constrangidos ou com dificuldades, então pode ser a hora
de tratar, pois eles podem acabar desenvolvendo dificuldades na escola, nos
relacionamentos e problemas de humor e ansiedade!

QUEM AÍ TEM UM FILHO ADOLESCENTE EM CASA QUE SÓ QUER DORMIR E


ACORDAR TARDE? TÁ DIFÍCIL ENTRAR EM UM CONSENSO?

Então aqui vão duas notícias para você:

1- É perfeitamente normal que o adolescente queira dormir e acordar mais tarde.


Na verdade, faz parte do próprio desenvolvimento biológico dos adolescentes, uma
tendência a sentir sono mais tarde, além do sono se prolongar até mais tarde pela
manhã. Os adolescentes são o inverso dos idosos, que biologicamente tendem a ir
dormir mais cedo (“dormir com as galinhas, como dizemos no nordeste,” kkkkkk) e
acordam mais cedo, quando o sol levanta!

2- Apesar de ser biológico, outros fatores podem fazer com que o início do sono
venha ainda mais tarde, como alimentos pesados, prática de exercícios ou
atividades intensas perto da hora de dormir, uso de aparelhos com telas perto, falta
de rotinas, transtornos psiquiátricos e transtornos do sono!

A boa notícia é que, apesar do sono mais tardio não poder ser evitado, ele pode ser
contornado de forma mais fácil, com boas práticas chamadas de higiene do sono.
Fazer atividades mais cedo, se alimentar de forma mais leve à noite com alimentos e
bebidas sem cafeína, evitar usar telas nas últimas horas antes de dormir, combinar
um horário máximo para deitar e um horário fixo para despertar, tudo isso ajuda a
uma boa rotina do sono!

Se ainda assim está difícil conciliar, ou se a dificuldade para dormir está gerando
sofrimento para a família e o adolescente, procure um Psiquiatra da Infância e da
Adolescência! Nós podemos ajudar a identificar o que pode estar errado e auxiliar
nos manejos e encaminhamentos adequados!

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O QUE FAZER QUANDO A CRIANÇA NÃO ESTA DISPOSTA PARA IR À TERAPIA?

A verdade é que muitas vezes a criança está com sono, irritada porque veio de
escola, não se alimentou bem e etc. E nós, terapeutas infantis, precisamos estar
preparados para essas variáveis!

E quando a criança simplesmente não está afim? Está com sono, indisposta, com
fome... Devo encerrar a sessão?
A resposta é: vai variar, conforme a situação. Existem diferentes formas de intervir
no comportamento de uma criança, e quando ela está vulnerável (não está se
sentindo confortável) também podemos usar dessa situação para aumentar nosso
vínculo com ela, para aumentar as sensações dela para com o seu terapeuta, para
confiar no seu terapeuta, se sentir segura, e assim facilitar o processo de
aprendizagem dentro de cada sessão de terapia.

Então é necessário forçar a criança a ficar acordada e fazer atividades? Não, o


necessário é usar de cada minuto que ela estiver ali para mostrar que ela pode se
sentir a vontade pra mostrar como se sente, e isso inclui demonstrar quando não
está bem... Dar colo, atenção, carinho muitas vezes são "reforçadores" para muitas
crianças. COMO ASSIM? São atitudes que deixam algumas crianças muito satisfeitas
e assim se sentirem mais dispostas a fazer aquilo que é pedido. Então, o objetivo é
sempre fazer com que os pequenos se sintam bem nas sessões de terapia, se sintam
motivados, se sintam amados e por fim, se sintam a vontade para se expressarem,
dizerem, pedirem, sorrirem. Respeitar as limitações dos nossos pacientinhos é
sempre importante para alcançarmos sucesso nas evoluções!

COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DE DISLEXIA?

A primeira coisa que temos que lembrar é - o diagnóstico de dislexia não é feito em
apenas uma consulta, e deve envolver uma equipe multidisciplinar! Por se tratar de
um transtorno do neurodesenvolvimento, diversas questões orgânicas, clínicas e
desenvolvimentais devem ser avaliadas para que o processo diagnóstico possa
ocorrer. Então antes de mais nada, se o terapeuta já fala em “diagnóstico de
dislexia” e não “Risco para dislexia” já na primeira consulta, corra.

Quando consideramos o quadro clínico, o diagnóstico da Dislexia é baseado em


alguns sinais característicos, como dificuldades para ler, escrever e soletrar, de
compreensão de texto, de concentração, demora na construção de frases, erros
ortográficos com troca de letras, inversão, omissão ou acréscimo de letras e sílabas,
além de dificuldade com noções de tempo e espaço.

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A Dislexia, ou Transtorno Específico de Leitura é um diagnóstico de exclusão,
normalmente avaliado por uma equipe multidisciplinar (fonoaudiólogo,
neuropsicólogo, psicopedagogo, psiquiatra infantil ou neurologista pediátrico), mas
antes de afirmar que uma pessoa é disléxica, é preciso descartar a ocorrência de
deficiências visuais e auditivas, déficit de atenção, escolarização inadequada,
problemas emocionais, psicológicos e socioeconômicos que possam interferir na
aprendizagem.
Por este motivo, diante da suspeita do quadro, procure um profissional habilitado
para iniciar os processos de avaliação e dar seguimento ao quadro! Um diagnóstico
bem feito e as intervenções precoces realizadas por profissionais da área são a
chave para um melhor prognóstico!

VOCÊ JÁ PERCEBEU QUE QUANDO AS CRIANÇAS ESTÃO APRENDENDO A LER E A


ESCREVER, ELAS TENDEM A INVERTER AS LETRAS?

Pais e professores muitas vezes ficam aflitos pensando que a criança tem dislexia.
Mas essa inversão de letras de FORMA ISOLADA não caracteriza o transtorno.

Hoje sabemos que essas inversões são na maioria das vezes uma dificuldade
temporária e tem relação com um processo de "reciclagem" neuronal.

Pesquisas em neurociências indicam que, com a aprendizagem da leitura,


reciclamos uma área do cérebro que se destinava inicialmente ao reconhecimento
de objetos e rostos. Antes de aprender a ler, nosso sistema visual identifica rostos e
objetos (como esses tênis) independentemente de sua orientação espacial e,
portanto, generalizamos as imagens vistas da esquerda e da esquerda.

Essa generalização da simetria é uma propriedade visual que dificulta (inicialmente)


a leitura. Stanislas Dehaene (2014) chama esse estágio de “estágio do espelho".
Nesta fase, o sistema visual da criança interpreta as letras "b" - "d", "q" - "p" como
objetos idênticos. Essa confusão é uma propriedade normal do sistema visual das
crianças e atinge seu pico por volta dos 5-6 anos. A criança tem que desaprender
essa habilidade espontânea e distinguir que "b", "d", "p" e "q" são letras diferentes.

Portanto, essa inversão de letras não é exatamente um sinal de dislexia, mas sim
uma resposta natural à organização do nosso cérebro visual. Notamos assim que
aprender a ler implica em um duplo desafio para a criança: é necessário identificar a
forma visual das letras para não as confundir e ter que aprender a discriminar os
fonemas "b" - "p" que, além disso, compartilham características fonéticas.

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QUAL O MELHOR REMÉDIO PARA TRATAR A DISLEXIA?

Por se tratar de um transtorno do neurodesenvolvimento, a base de intervenção


para estes quadros se baseia na estimulação precoce com terapeutas especializados,
no sentido de formar novas conexões cerebrais e também desenvolver recursos
alternativos ao modo usual que o cérebro tende a funcionar.

A gente sempre fala: imagina que existe um tesouro, e nós entregamos um mapa
idêntico para todas as pessoas o encontrarem... mas no meio do caminho tem um rio
e algumas pessoas não sabem nadar! Como ajudá-las a chegar lá? Bloqueando o rio?
Não, procurando caminhos alternativos para auxiliar aquelas pessoas a chegarem no
mesmo objetivo que aquelas que sabem nadar. Fazendo esse paralelo, assim
funciona a intervenção para a dislexia - não adianta forçar um "caminho tradicional",
nem existe medicamento milagroso que trate o transtorno. A intervenção baseada
em evidências consiste em realizar terapias e adaptações para que a pessoa com
dislexia desenvolva recursos alternativos mas chegue aos objetivos desejados, que
são a aquisição das habilidades acadêmicas, de vida diária e uma melhor qualidade
de vida.

Não há remédios, vitaminas ou fórmulas milagrosas. Se alguém te prometer algo


mirabolante, mais uma vez: corre!! Procure um terapeuta especializado para auxiliar
você e seu filho! Como dissemos, a intervenção precoce é a chave para a melhora do
prognóstico!

O QUE CAUSA A DISLEXIA?

Hoje sabemos através de exames de imagens (Ressonância Magnética Funcional) que


há algumas alterações nas conexões cerebrais da pessoa com dislexia. É observada
uma atividade cerebral em algumas regiões que são diferentes das pessoas que não
possuem esse Transformo Específico de Aprendizagem - a pessoa com dislexia tem
uma menor ativação mas regiões mais posteriores (onde ocorrem os
processamentos visuais e fonológicos), principalmente nas regiões onde se
processam a linguagem. Há um forte caráter genético (é muito comum que várias
pessoas da mesma família apresentem sinais de dislexia - alguns mais leves e outros
mais graves). Ainda não se sabe exatamente o que causa a dislexia, e a genética
segue sendo a principal causa segundo a literatura científica. Entretanto
encontramos também causas pré natais (uso de drogas e restrição de crescimento
fetal, por exemplo), causas peri natais (hipóxia - falta de oxigênio no nascimento) e
causas pós natais (traumatismos crânio encefálicos e hemorragia cerebral)! A
prematuridade do bebê também pode ser um fator de risco! Apesar de não termos
causas muito específicas, uma coisa é certa: a identificação e intervenção precoces
são a chave para um melhor prognóstico!

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SÓ É POSSÍVEL IDENTIFICAR SINAIS DA DISLEXIA APÓS A FASE DE ALFABETIZAÇÃO?

Então, a criança precisa adquirir ao longo da fase pré-escolar algumas habilidades


para desenvolver sua leitura com sucesso. Por isso mesmo, sempre que ocorre a
suspeita da dislexia é preciso descartar fatores externos (como uma pobre
exposição a estimulação adequada na educação infantil, dificuldades visuais e/ou
auditivas, doenças neurológicas, endócrinas, hematológicas, dentre muitas outras
coisas).

A literatura científica nos mostra que cinco componentes são essenciais e


necessários para o sucesso da aprendizagem da leitura em crianças da pré-escola: a
consciência fonológica, conhecimento dos fonemas, fluência, vocabulário e
compreensão. Além disso, para ler, a criança deve adquirir certo número de
habilidades cognitivas e perceptivo-linguísticas, que incluem habilidade de focalizar
a atenção, a concentração e o seguimento de instruções, habilidade para entender e
interpretar a língua falada no cotidiano, memória auditiva e ordenação, memória
visual e ordenação, habilidade no processamento das palavras, análise estrutural e
contextual da língua, entre outras. Com base em déficits nessas habilidades
preditoras, professores e pais podem suspeitar da dislexia.

O QUE CAUSA A DISLEXIA?

Hoje sabemos através de exames de imagens (Ressonância Magnética Funcional)


que há algumas alterações nas conexões cerebrais da pessoa com dislexia. É
observada uma atividade cerebral em algumas regiões que são diferentes das
pessoas que não possuem esse Transformo Específico de Aprendizagem - a pessoa
com dislexia tem uma menor ativação mas regiões mais posteriores (onde ocorrem
os processamentos visuais e fonológicos), principalmente nas regiões onde se
processam a linguagem. Há um forte caráter genético (é muito comum que várias
pessoas da mesma família apresentem sinais de dislexia - alguns mais leves e outros
mais graves).

Ainda não se sabe exatamente o que causa a dislexia, e a genética segue sendo a
principal causa segundo a literatura científica. Entretanto encontramos também
causas pré natais (uso de drogas e restrição de crescimento fetal, por exemplo),
causas peri natais (hipóxia - falta de oxigênio no nascimento) e causas pós natais
(traumatismos crânio encefálicos e hemorragia cerebral)! A prematuridade do bebê
também pode ser um fator de risco! Apesar de não termos causas muito específicas,
uma coisa é certa: a identificação e intervenção precoces são a chave para um
melhor prognóstico!

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QUEM TEM DISLEXIA NUNCA VAI APRENDER?

Na definição adotada pela IDA – Internacional Dyslexia Association temos que “a


dislexia é considerada um transtorno de aprendizagem ESPECÍFICO DA LEITURA de
origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/
ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e soletração.”

Por isso sabemos que a pessoa com dislexia não tem uma Deficiência Intelectual
que a faça ter dificuldade na aprendizagem de outras habilidades além da leitura,
muito pelo contrário, na maioria dos casos elas têm um QI acima da média, ou seja,
são muito inteligentes, porém apresentam dificuldades específicas. Com a
estimulação adequada seu filho pode ir muito longe!

O TDAH EXISTE MESMO OU É UM TRANSTORNO “INVENTADO PELA INDÚSTRIA


FARMACÊUTICA”?

Não. Na verdade, um dos primeiros relatos sobre um quadro compatível com o


TDAH remonta a um livro alemão escrito por um pediatra chamado Heinrich
Hoffman em 1845, chamado “Der Struwwelpeter”, em que o autor relata os
prejuízos desastrosos dos comportamentos inadequados de uma criança chamada
Pedro, que apresenta um quadro bastante compatível com o que conhecemos
atualmente como TDAH. Posteriormente, o médico George F. Still publicou o
primeiro artigo sobre o transtorno na revista “The Lancet”, em 1902. Desde então o
quadro vem sendo ostensivamente estudado e confirmado pela ciência, e
atualmente conseguimos compreender melhor tanto as causas como os
mecanismos do transtorno, assim como já temos protocolos seguros de intervenção

É POSSÍVEL PREVENIR O TDAH NO MEU FILHO?

Não é possível prevenir completamente o TDAH, por se tratar de um quadro


predominantemente genético. Entretanto, conhecendo-se os outros fatores de
risco, sabemos que ter uma gestação planejada, com os cuidados pré-natais bem
feitos, evitar o uso de substâncias psicoativas durante a gestação e manter uma
alimentação adequada favorecem um ambiente mais favorável para o
desenvolvimento da criança.

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MEU FILHO AINDA NÃO TEM LAUDO/DIAGNÓSTICO FECHADO, ELE TEM DIREITO
AS ADAPTAÇÕES NA ESCOLA?

Trabalho na especialidade de Transtornos de Aprendizagem e não é incomum


perceber que algumas escolas ainda exigem um laudo médico para dar acesso às
adaptações que a criança precisa (uma nota federal discorre sobre esse tema há 7
anos).

O processo de avaliação até à conclusão de um diagnóstico é geralmente demorado.


A criança/família precisa passar por avaliações de vários profissionais. Não ofertar o
direito à adaptação durante esse processo, pode ter um impacto desastroso do
ponto de vista acadêmico, social e emocional.

Adaptações sem laudo é um direito da criança!

A exigência de um laudo restringe o acesso a um direito universal, garantido em


Convenção Internacional.

Trata-se na Nota Técnica 04/2014 do MEC/SECADI/DPEE.

Em lugar do laudo, a nota traz uma possibilidade muito mais frutífera para a
constituição da criança: a de que os clínicos que tratam dela possam realizar nota
clínica e sustentar um diálogo com os educadores a fim de construir conjuntamente
estratégias que ajudem cada criança que encontra barreiras para estar na escola,
considerando a elaboração de um processo de ensino-aprendizagem que leve em
conta as singularidades da sua forma de aprender de modo articulado à
socialização.

Não à toa circula em muitas escolas o termo “criança laudada”, o que revela a
contradição mesma desse mecanismo, que finalmente é considerado obsoleto.

Diagnósticos na infância são delicados e demorados. Não podemos esperar que eles
cheguem para agirmos.

A decisão do MEC, em sua nota técnica, é um grande passo para que todas as
crianças tenham seus direitos garantidos em suas singularidades.

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O QUE É DISORTOGRAFIA?

A Disortografia é um Transtorno de Aprendizagem Específico da Expressão Escrita,


que afeta a precisão ortográfica, a precisão gramatical e a pontuação. Além da
clareza ou organização da expressão escrita.

Na disortografia, o processo de escrita das palavras foge do padrão ortográfico


estabelecido. Neste sentido, a escrita com alterações ortográficas apresentam
substituições, omissões e inversões de letras, com comprometimento da
correspondência fonema-grafema (som-letra).

MAS VALE LEMBRAR: Algumas dificuldades ortográficas fazem parte da evolução


normal do processo de apropriação da escrita, como meio de comunicação. Neste
sentido, os “erros” ortográficos, são vistos sob uma perspectiva evolutiva. Na
medida em que as crianças praticam a escrita, vão tendo oportunidade de aprender
e reter as regras ortográficas de nossa língua.

No entanto, substituições de grafemas por dificuldades de natureza auditiva (ex.:


capelo/cabelo, guarta/guarda, amico/amigo, máxica/mágica, etc), não são
esperados em nenhum grau de escolaridade, pois já denotam um desvio no
processo da escrita e devem ser encaminhados a um profissional da área para um
adequado acompanhamento.

Crianças com as alterações citadas (de forma persistente) necessitam de avaliação


médica, fonoaudiológica e psicopedagógica. Estes profissionais poderão identificar
com maior precisão o que está por trás destas alterações (perda auditiva leve,
transtornos de fala, déficit de atenção, alterações psicomotoras, imaturidade, etc).
Diagnosticada com a disortografia, a criança deverá realizar tratamento terapêutico
com os profissionais citados acima.

VOCÊ JÁ OUVIU FALAR EM DISGRAFIA?

Sua criança apresenta uma dificuldade muito grande para realizar cópia de letras,
números e desenhos? Tendemos a pensar que é sempre desleixo ou preguiça, não é
verdade? Mas você sabia que sua criança pode ter um transtorno de
aprendizagem?

Você já ouviu falar em disgrafia? A disgrafia é um Transtorno Específico de


Aprendizagem da Escrita de origem neurobiológica.

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Escrever pode parecer "fácil" para você. Mas na verdade é uma habilidade
complexa. Ela consiste numa destreza/capacidade motora que se vai desenvolvendo
ao longo do percurso escolar da criança e que possui uma série de requisitos
básicos necessários para o seu correto funcionamento, dentre elas estão:

Uma boa coordenação óculo-manual, um correto desenvolvimento da motricidade


fina, um bom esquema corporal, espacial, boa lateralidade, um correto
reconhecimento do espaço, formas e distancias, uma boa capacidade de inibição e
controle neuromuscular, de forma que a criança seja capaz de efetuar os
movimentos necessários para a escrita das letras, movimentos de pressão e
preensão e a independência mão-braço, a visão, a transcrição da esquerda para a
direita e o posicionamento correto do lápis.

A criança com disgrafia pode apresentar dificuldades no desenho ou no grafismo da


letra ("má letra"), ou seja, uma dificuldade para integrar o que está vendo com o
que precisa reproduzir na parte motora.

Crianças com disgrafia não conseguem compreender muito bem onde deve
começar a escrever, de qual lado da folha, não conseguem escrever dentro da linha,
alterna letra maiúscula e minúscula dentro da frase, seguram o lápis com muita
força de tal forma que prejudica o rendimento. Nem a criança consegue ler o que
escreveu (é aquele famoso garrancho). Com intervenção é possível minimizar essas
alterações. Portanto, quanto antes for diagnosticado esse transtorno de
aprendizagem, e for iniciada a intervenção, menores serão os prejuízos que ela terá
no desenvolvimento da escrita.

Vale lembrar que uma vez diagnosticada a disgrafia, a escola deve adequar as
atividades para essa criança. Por exemplo: provas de múltipla escolha e permitir
que ela escreva com letra bastão.

O SONO DO MEU FILHO PODE ESTAR RUIM?

Quem já se perguntou sobre seu filho está dormindo direitinho ou não? Um sono
ruim pode prejudicar muito a saúde física e mental das nossas crianças, e saber se o
sono deles está legal é algo fundamental para nós como pais e como profissionais
avaliarmos, pois o impacto de noites ruins de sono prejudica muito a vida das
nossas crianças e adolescentes!
Mas como saber se o sono dos nossos filhos pode estar prejudicado? Uma boa
forma de observarmos é através de um mnemônico criado em inglês, que se chama
BEARS e que pode ajudá-lo a observar melhor o sono do seu filho e contar ao
médico que o acompanha! Passa para o lado e observa o que cada letra significa!

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O QUE É DISCALCULIA?

A Discalculia é um Transtorno de Aprendizagem, caracterizado por uma inabilidade


ou incapacidade de pensar, refletir, avaliar ou raciocinar processos ou tarefas que
envolvam números ou conceitos matemáticos!

Esse transtorno específico de aprendizagem das habilidades matemáticas pode


começar a aparecer entre 4 e 5 anos de idade, ainda na educação infantil. No
entanto, o diagnóstico costuma ser feito por volta dos 8 anos, quando a criança é
apresentada para mais conceitos, como operações de soma, subtração,
multiplicação e divisão.

Mas atenção: não se deve confundir a Discalculia com a "aversão" ou "dificuldade"


matemática cultural! Ela não afeta a criança apenas na escola. Esse transtorno
também pode criar obstáculos no cotidiano. Isso porque ocorre uma dificuldade
para pensar, refletir, avaliar ou raciocinar sobre atividades relacionadas a
matemática. Por exemplo: associar o número do ônibus a um destino ou associar o
número da camisa ao nome do jogador.

Há 6 tipos de discalculia. E além dos tipos, ela pode ser diagnóstica como leve,
moderada ou grave. Os profissionais fazem o diagnóstico de acordo com a
intensidade e os avanços que se alcança após o início do tratamento terapêutico.

A boa notícia é que existem várias estratégias terapêuticas que ajudam as crianças a
obterem avanços na aquisição das habilidades matemáticas deficitárias. Você
identificou essas características no seu filho? Então não perca tempo e procure uma
equipe multiprofissional (médico psiquiatra intantil, fonoaudiólogo, psicopegogo,
neuropsicólogo e psicólogo) para avaliação, diagnóstico e tratamento.

CRIANÇA PODE TER ANSIEDADE?

Quando a gente pensa em infância, geralmente só nos vem à cabeça aquela fase
que tende a ser a melhor época da vida! Muitas vezes acabamos achando que as
crianças não se sentem ansiosas, mas não é bem assim!

A ansiedade é um estado emocional que pode acontecer de forma natural ou


prejudicial em praticamente qualquer faixa etária, e os transtornos ansiosos podem
atingir em média 5% de todas as crianças e adolescentes. Fatores como genética,
ambientes estressantes, traumas e outros podem ser os gatilhos para um
transtorno ansioso começar.

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Os sintomas podem ser diversos, como pesadelos, medo de ficar sozinho, evitação
em ir à escola, dores no corpo, diarréias sem explicação, irritabilidade, dentre
muitos outros. Entretanto, o que deve mais chamar a atenção dos papais são os
comportamentos de evitação a situações, pensamentos, emoções, objetos, animais,
dentre outros.

Se você acha que seu filho está apresentando algo fora da curva nesse sentido, é
muito importante procurar um profissional para ajudar! Quanto mais precoce a
intervenção, que envolve terapia e pode necessitar de medicação, melhor é a
evolução do quadro para toda a família!

ALGUÉM AQUI JÁ OUVIU FALAR NO EFEITO KINDLING, OU FAZ IDEIA DA


IMPORTÂNCIA DESSE FENÔMENO NA SAÚDE MENTAL E FÍSICA DOS NOSSOS
FILHOS?

Há muitos anos se percebeu que em diversas condições neurológicas e


psiquiátricas, como epilepsia, depressão, transtornos ansiosos, bipolaridade,
esquizofrenia, dentre outros, a falta de um tratamento eficaz ou a suspensão do
tratamento antes da hora certa, acabavam por fazer com que o paciente tivesse
novos “surtos” da doença, mesmo com gatilhos menores ou sem gatilhos. Trocando
em miúdos, é como se o cérebro ficasse cada vez mais predisposto a voltar a
adoecer por motivos mínimos ou sem motivos claros quando o tratamento não é
bem feito, postergado demais ou suspenso antes do tempo.

A esse efeito se deu o nome de efeito kindling, que seria como um pequeno graveto
em chamas, que incendeia toda uma floresta! Quando pensamos na saúde mental
dos nossos filhos, sempre é um dilema para o profissional indicar o uso de
medicação ou não. Entretanto, sempre que o prejuízo de não usar medicação é
maior que o de usar, o tratamento deve ser feito de forma precisa e eficaz, para
diminuir os riscos do efeito kindling, evitando que o quadro se torne crônico e cada
vez mais difícil de tratar!

O TDAH PERSISTE POR TODA A VIDA?

Em torno de 15% das crianças com TDAH terão o diagnóstico pleno na idade adulta,
60% apresentarão remissão parcial dos sintomas e 25% apresentarão remissão
completa dos sintomas. Ou seja, em torno de 85% das crianças terão seus sintomas
amenizados ou remitidos na vida adulta.

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NA SUSPEITA DE QUE MEU FILHO POSSA TER TDAH, QUAL PROFISSIONAL EU DEVO
PROCURAR?

Diante da suspeita da possibilidade de TDAH no seu filho, devem ser procurados


profissionais com experiência em neurodesenvolvimento. A avaliação clínica com o
Psiquiatra da Infância e Adolescência ou com o Neuropediatra deve sempre ocorrer,
para se excluírem causas orgânicas, bem como para o planejamento da necessidade
do uso de medicações ou não. Entretanto, terapia comportamental, orientação
parental, envolvimento da escola e terapias voltadas para outras dificuldades
específicas devem ser sempre consideradas, de acordo com cada caso.

QUAIS AS OPÇÕES DE TRATAMENTO PARA O TDAH?

O TDAH tem como principal linha de tratamento as abordagens medicamentosas e a


psicoterapia de ordem comportamental. Ainda assim, a criança pode apresentar
outras dificuldades ou transtornos associados que requeiram a intervenção de
outros terapeutas. A chave para o melhor tratamento é uma avaliação ampla e bem
feita.

É POSSÍVEL O TDAH NÃO PRECISAR DE TRATAMENTO MEDICAMENTOSO?

Sim, é possível. O tratamento deve ser discutido entre o profissional médico, os


terapeutas e a família, no sentido de se definir as melhores opções para a criança,
visando o seu melhor benefício e minimização de prejuízos a curto, médio e longo
prazo.

A MEDICAÇÃO CURA O TDAH?

Não. Não existe medicação com potencial de curar o transtorno. O papel da


medicação é diminuir as dificuldades que o quadro impõe ao indivíduo,
proporcionando melhores condições de o mesmo desfrutar ao máximo dos
estímulos que irão enriquecer o seu neurodesenvolvimento, como os
relacionamentos sociais, o sucesso acadêmico e os ganhos terapêuticos.

É POSSÍVEL ENCONTRAR OUTROS TRANSTORNOS JUNTOS AO DIAGNÓSTICO DO


TDAH?

Sim. Podem ocorrer diversos outros transtornos, porém não é obrigatório que isso
aconteça.

CONSULTÓRIO NA PRÁTICA:
DÚVIDAS E RESPOSTAS
Podem ocorrer o transtorno opositor desafiador (TOD), tiques, Transtorno obsessivo
compulsivo, transtornos da aprendizagem, transtornos do humor, transtornos
ansiosos, dentre outros.

CRIANÇA COM RESPIRADORA ORAL, VOCÊ SABE O QUE ESSAS ALTERAÇÕES


PODEM CAUSAR?

➢ Insônia;
➢ redução do apetite;
➢ sede constante;
➢ cansaço;
➢ dificuldades na alimentação;
➢ engasgos;
➢ agitação e impaciência;
➢ Podem apresentar déficit no processo de aprendizagem;
➢ Podem apresentar erros na pronúncia de palavras;
➢ Mastigam com a boca aberta e precisam de líquido para auxiliar na deglutição.

Sua criança apresenta essas características? Busque uma avaliação


otorrinolaringológica e também uma avaliação fonoaudiológica!

ENTENDA O QUE É CECEIO.

O ceceio é uma alteração de fala muito comum. A língua avança e ocupa o espaço
entre os dentes durante a fala causando distorção (alteração) em sons da fala,
especialmente os sons das letras S e Z. Alterações de respiração, baixo tônus de
língua e mordida aberta anterior geralmente estão associados ao ceceio anterior. O
tratamento atual se baseia na consciência do ponto articulatório correto e muito
estímulo proprioceptivo. Somente exercícios de fortalecimento de língua não
resultam na correção dessa alteração de fala - mas são igualmente importantes no
processo terapêutico.

Mas o que fazer para melhorar o ceceio?

👅Realize uma avaliação fonoaudiológica a fim de avaliar os órgãos


fonoarticulatorios (é super importante avaliar o frenulo lingual);
👅O tratamento consiste em melhorar a hipotonia lingual e o posicionamento da
língua;
👅 Melhorando a hipotonia e a interposição lingual, também conseguiremos
melhorar a produção dos fonemas que estavam com distorção.

CONSULTÓRIO NA PRÁTICA:
DÚVIDAS E RESPOSTAS
VOCÊ O QUE SÃO OS TRANSTORNOS MOTORES DE FALA?

Os Transtornos Motores da Fala (TMF) influenciam diretamente na comunicação da


criança, levando-a a ter dificuldades de curto e longo prazo nos domínios social,
emocional e acadêmico. A Apraxia de Fala na Infância (AFI), o Atraso Motor de Fala
(AMF) e a Disartria compõem os principais quadros do grupo dos transtornos
motores da fala.

Crianças com TMF não têm respostas satisfatórias às abordagens tradicionais de


intervenção fonológica e de articulação e apresentam maior risco para transtornos
de sons de fala persistentes. Pode ser observado nesses quadros, erros de fala
caracterizados por imprecisão e/ou distorções espaço-temporais na produção de
vogais e consoantes, além de alterações prosódicas e que podem ter ou não uma
origem conhecida. Esse grande grupo é então composto por diagnósticos
específicos que diferem em origem e características.

Para limitar o impacto dos Transtornos Motores da Fala, é importante identificar a


natureza específica do transtorno e selecionar terapias clinicamente eficazes. O
diagnóstico dos Transtornos Motores da Fala deve ser feito de forma muito
cuidadosa, por um fonoaudiólogo especializado.

SERÁ QUE FALAR É FACIL MESMO?

Você já deve ter ouvido muito que "falar é fácil"! Mas eu vou te explicar que para
falarmos existe um mecanismo muito complexo - e não é nada fácil executá-lo. E
exatamente por isso, algumas crianças podem apresentar falhas numa dessas
etapas e precisar de intervenção Fonoaudiológica.

O simples ato de produzir um som, envolve muitas habilidades! Veja algumas


dessas habilidades:

✓ Para produzir uma frase, cerca de 100 músculos são mobilizados.


✓Os seres humanos podem produzir 14 sons por segundo.
✓ A boca, o nariz e a Laringe acabaram se transformando em um aparador
sofisticado em que o ar é convertido em vogais e consoantes.
✓ Um simples "Olá", pode dizer muito sobre você. O tom de voz é capaz de mostrar
se a pessoa está feliz, triste, aborrecida, apressada, com medo ou agressiva.
✓ O cochicho requer mais esforço do que a fala normal, ele tensiona mais os
músculos do que quando falamos com a voz normal.

CONSULTÓRIO NA PRÁTICA:
DÚVIDAS E RESPOSTAS
✓ A complexidade da fala humana é associada a principalmente dois núcleos do
cérebro que controlam a linguagem localizado no hemisfério esquerdo do córtex. O
que queremos dizer é iniciado em uma área do córtex esquerdo chamada “região
de Wernicke”. Esta se comunica com a “região de Broca”, envolvida com as regras
gramaticais. Impulsos vão destas áreas para os músculos envolvidos na fala. Estas
regiões estão conectadas com o sistema visual (para que possamos ler), sistema
auditivo (para que possamos ouvir o que os outros dizem, compreender e
responder) e também com um banco de memória para recordar palavras e frases.

FALAR NÃO É FÁCIL! Então se sua criança não fala ainda, busque uma avaliação
Fonoaudiológica! O profissional saberá onde está a falha e irá intervir corretamente!

QUANDO É PRECISO “CORTAR” O FRÊNULO, “FREIO” LIGUAL?

Diferente do que muitos pensam, o frênulo lingual pode impactar, e muito, a


amamentação, alimentação, na parte motora, fala e linguagem. A língua é uma
estrutura importantíssima nas aquisições da criança, muitas vezes no consultório
nos deparamos com mãe com muita dor ao amamentar, bebê que não ganha peso
adequado, a partir do 4º mês não consegue se manter no peito, demora a sentar
com o eixo médio todo seguro pela musculatura do assoalho da língua. Muitas vezes
o diagnóstico é tardio, são frênulos do lábio superior que não deixa a boca everter
ou um submucoso que vai manifestar especialmente após 3 meses. A combinação
desses vários fatores pode levar ao desmame precoce, além disso, posteriormente,
a criança pode vir a ter dificuldades na movimentação, assimetrias, alimentação e
articulação dos sons.

O frênulo lingual pode se apresentar alterado de forma congênita, causada pela


presença de um encurtamento ou inserido muito próximo à ponta da língua.
Existem diferentes tipos de frênulos:

Normal: quando a fixação é no meio da face inferior da língua e no assoalho da


boca;
Anteriorizado: quando, na face inferior da língua, a fixação estiver acima da metade;
Curto: quando a fixação é no meio da face inferior da língua como no frênulo
normal, porém de menor tamanho.
Curto e anteriorizado: apresenta uma combinação das características do frênulo
curto e do anteriorizado;
Anquiloglossia: língua totalmente fixada no assoalho da boca.

CONSULTÓRIO NA PRÁTICA:
DÚVIDAS E RESPOSTAS
O diagnóstico de alterações no frênulo lingual é realizado através do “Teste da
Linguinha”. Então quando há uma alteração diagnosticada, é hora de "cortar" o
frênulo!

O tratamento é cirúrgico, realizado por meio da frenotomia, que consiste na


remoção do tecido mucoso que compõe o freio lingual. A técnica é simples e
realizada em poucos segundos, com riscos de complicações praticamente
inexistentes.
Entretanto, é fundamental o correto diagnóstico para a realização do procedimento
cirúrgico. Busque um Fonoaudiólogo para realizar a avaliação.

VAMOS FALAR DE PLANO TERAPEUTICO.

Sem um bom Plano Terapêutico, não há intervenção eficaz.

O Plano Terapêutico é um documento que norteará o processo de desenvolvimento


da criança. Nele deve conter:

▪️Objetivos específicos;
▪️Suportes necessários;
▪️Critérios de aprendizagem;
▪️Critérios de generalização.

E mais... Um bom plano terapêutico deve conter objetivos de todas as áreas de


desenvolvimento, uma vez que o ideal é que ela seja montado em equipe.

No desenvolvimento infantil, não devemos isolar os domínios do desenvolvimento


da criança (por isso a discussão multiprofissional é tão importante). Mas é claro
que, algumas habilidades bem específicas, os profissionais especializados é que irão
dar a ênfase necessária - linguagem oral, escrita e leitura, por exemplo, serão áreas
de atuação do Fonoaudiólogo.

Outro aspecto importante do PTI são os objetivos específicos. Se o Fonoaudiólogo


irá trabalhar linguagem escrita e aponta a habilidade de "Motricidade Grossa"
como deficitária, não deve aponta-la como um objetivo, pois é um domínio do
desenvolvimento. Objetivos da Motricidade Global podem ser, por exemplo: pular
com os dois pés, bater palmas coordenado com o pé, subir escadas segurando pelo
corrimão, enfim...

Sem um mapa, você não chegará ao seu destino: O DESENVOLVIMENTO DA


CRIANÇA!

CONSULTÓRIO NA PRÁTICA:
DÚVIDAS E RESPOSTAS
QUAL A IMPORTÂNCIA DA ESCRITA, PARA NOVA GERAÇÃO QUE SÓ SE VIVE COM
TELAS?
Você sabia que a ESCRITA é LINGUAGEM? Na avaliação fonoaudiológica de leitura e
escrita temos o objetivo de investigar as diferentes habilidades de linguagem oral,
escrita e metalinguísticas envolvidas no processo de aprendizagem. E, considerando
a importância dos processos cognitivo-linguísticos da linguagem, da escrita e da
leitura, são avaliados:
A linguagem oral, que é de fundamental importância para a qualidade da expressão
oral e escrita;
A consciência fonológica, que é a capacidade de manipular e refletir sobre a
estrutura sonora das palavras, sendo parte importante no processo de apropriação
da leitura e da escrita;
A leitura e a escrita e os mecanismos que nela intervêm, incluindo o processamento
visual, velocidade de pensamento, processos léxicos, semânticos, sintáticos e a
compreensão do seu significado.
Por meio dessa avaliação é possível determinar quais as dificuldades que a criança
apresenta, a fim de elaborar um perfil de suas potencialidades, intervir e
estabelecer bases para a monitoração contínua de seu progresso.

O QUE SÃO PROCESSOS FONOLÓGICOS

Muitas famílias buscam a terapia Fonoaudiológica em decorrência de um processo


natural e fisiológico na aquisição e no desenvolvimento da linguagem e da fala: são
os chamados PROCESSOS FONOLÓGICOS. Eles são caracterizados por trocas,
omissões e substituições na fala. Quando isso ocorre além da idade esperada - é
necessária a intervenção imediata do Fonoaudiólogo!
Esses processos são naturais no começo da infância e fazem parte aquisição da
linguagem. Trata-se de uma operação mental em que a criança reduz e substitui
sons por outros em função deles apresentarem maior complexidade do ponto de
vista perceptivo e articulatório. E vão sendo suprimidos a medida em que a criança
se desenvolve.

São eles:
🎯 2 anos e 6 meses desaparecem:
Reduplicação: papato - sapato
Oclusivação: tapo - sapo
Redução simples: fé - café.
🎯 3 anos desaparecem:
Anteriorização de oclusivas: matato - macaco.
Ensurdecimento/ sonorização: afião - avião, poca - boca.
Redução da consoante final: ecada - escada.
Redução da líquida: obo-lobo.

CONSULTÓRIO NA PRÁTICA:
DÚVIDAS E RESPOSTAS
🎯 3 anos e 6 meses:
Simplicação da líquida: oupa -roupa.
Substituição: lede - rede
Semi vocalização: cachoio - cachorro.
🎯 4 anos:
Simplificação de consoante final: ma - mar, mecado - mercado.
🎯 4 anos e meio:
Anteriorização de palatal: sapeu - chapéu.
Posteriorização de alveolar: Chapo - sapo.
Simplificação de líquida lateral: caeta - careta, molango - morango.
🎯 5 anos:
Simplificação de grupo consonantal: dagão - dragão, busa - blusa.
É no término do quinto ano que todas as simplificações fonológicas devem ser
superadas.

Importante frisar que os processos fonológicos vão sendo superados pela criança.
Se houver persistência nas trocas, omissões ou substituições na fala é importante
que a criança passe por uma avaliação Fonoaudiológica.

⏰ Não precisa esperar até os 5 anos para que isso seja feito

POR QUE A FONOAUDIÓLOGA ENCAMINHOU MEU FILHO PARA A AVALIAÇÃO


COM O PSICÓLOGO?

As alterações na comunicação da criança causam várias alterações


comportamentais! É muito comum que crianças com transtornos de linguagem, fala
e aprendizagem sejam mais irritadas, ansiosas e até isoladas! Sabemos também que
vários transtornos do neurodesenvolvimento cursam nessas alterações de
linguagem. Então surge o questionamento a ser respondido: as alterações
comportamentais são a causa ou a consequência do transtorno de
linguagem/fala/aprendizagem? Nesse sentido, o Psicológico Infantil é um grande
aliado e deverá ser consultado sempre que houver necessidade!

Muito além do que imaginamos, a psicologia não é indicada somente para tratar os
transtornos diagnosticados.

O acompanhamento da psicoterapia infantil consiste em ensinar as crianças a lidar


com as diversas emoções, tolerar as frustrações, melhorar as relações familiares,
escolares e sociais...entre outros objetivos mais específicos.

CONSULTÓRIO NA PRÁTICA:
DÚVIDAS E RESPOSTAS
O acompanhamento na infância, geralmente, ocorrerá em conjunto com os pais,
pois a maior intervenção vem por parte deles que possuem maior contato com os
filhos no dia a dia.

Geralmente, a psicoterapia será apresentada dentro de um contexto lúdico, através


do brincar com atividades terapêuticas que estimulam o pensar, sentir e o agir.

Então, não estranhe quando a fonoaudióloga encaminhar sua criança pra


psicoterapia, tá? 😊

O QUE É AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA INFANTIL?

Quando a criança chega para uma avaliação médica ou fonoaudiológica com queixa
de atraso no desenvolvimento da linguagem e/ou da fala, é necessário avaliarmos
sua audição, sabia?

Via de regra, encaminhamos a criança para uma avaliação otorrinolaringológica -


que verificará como estão orelha, nariz e garganta. Estando tudo bem, sem a
presença de infecções, por exemplo, o médico encaminhará para avaliação auditiva,
realizada por fonoaudiólogo especialista.

Mas qual a relação entre o atraso no desenvolvimento da linguagem e da fala e uma


alteração auditiva? No processo de aquisição da fala, a criança necessita de precisão
auditiva para identificar e diferenciar cada som de sua língua. A fala é captada por
frequências específicas. Então uma criança pode se assustar com uma batida de
porta, por exemplo, mas não entender muito bem uma conversa. Por isso não se
engane, ela pode escutar você, atender suas solicitações, mas se a audição não
estiver 100% poderá haver prejuízos na aquisição e no desenvolvimento da fala.

AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA: COMO OUVIMOS?

Antes de falarmos sobre os exames que podem ser solicitados para uma avaliação
audiológica adequada na infância, é importante saber como ouvimos!

Ao sermos expostos aos estímulos auditivos, nosso pavilhão auricular (a própria


orelha) capta as ondas sonoras, direcionando-as ao tímpano (que vibra igual a pele
do instrumento musical bombo, por exemplo).

CONSULTÓRIO NA PRÁTICA:
DÚVIDAS E RESPOSTAS
Então, esse som é amplificado e é transmitido até uma região chamada orelha
interna. Lá se encontra a cóclea, uma pequena região que faz com que esse som
seja transformado em impulso elétrico e então navegue ao longo do nervo auditivo
até as áreas cerebrais responsáveis pela audição! Parece simples, mas ouvir e
interpretar o que ouvimos é um grande processo. E qualquer falha nesse processo,
pode gerar uma dificuldade para ouvir e/ou interpretar o que se ouve.

Cada exame dentro da bateria de exames audiológicos na infância, visa examinar


um pedacinho de todo esse trajeto auditivo!

AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA: TESTE DA ORELHINHA!

Teste da Orelhinha (que se chama Emissões Otoacústicas Evocadas). Ele é realizado


por um fonoaudiólogo, que introduz uma pequena sonda (como se fosse um
pequeno fone de ouvido), e então se emite um som que percorre esse caminho que
citamos no post anterior (Como ouvimos) até chegar na cóclea! Lá, ao receber esse
"som", haverá uma movimentação de células que emitirão um som-resposta
(quando está tudo bem com a audição do bebê). Então esse som-resposta é
captado pela mesma sonda. É um exame assegurado por lei (todos os bebês devem
fazê-lo e o SUS garante sua realização) rápido, seguro e indolor.

Deverá ser realizado preferencialmente na maternidade (com 48 horas de vida) e


levará de 5 a 10 minutos para ser concluído. No caso de suspeita de alguma
alteração, a mãe será orientada a respeito do reteste e encaminhamento para que
o bebê passe por uma avaliação audiológica complementar (outros exames podem
ser solicitados, como o BERA/PEATE).

Vale ressaltar, o exame de Emissões Otoacústicas Evocadas pode ser solicitado em


qualquer idade (não somente em bebês).

AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA: IMITANCIOMETRIA E IMPEDANCIOMETRIA.

É muito comum que o médico psiquiatra Infantil, neurologista pediatra,


otorrinolaringologista ou o próprio fonoaudiólogo solicite o exame de
IMITANCIOMETRIA ou IMPEDANCIOMETRIA.

CONSULTÓRIO NA PRÁTICA:
DÚVIDAS E RESPOSTAS
A imitanciometria é o exame que avalia as condições do tímpano, dos ossículos da
orelha média (martelo, bigorna e estribo) e da tuba auditiva (comunicação entre
nariz e os ouvidos). É importante que ele seja realizado antes de qualquer outro
exame auditivo, pois se a membrana timpânica estiver com "um furinho" ou se
dentro da orelha tiver alguma secreção, o som não vai passar corretamente, nem os
resultados dos demais exames serão condizentes com a real situação auditiva da
criança!

Ele pesquisa também se há a presença ou ausência de um reflexo de proteção do


ouvido, conhecido como reflexo acústico ou reflexo estapediano (esse reflexo é
ausente nos casos de perdas auditivas mais importantes). Por isso, é importante
correlacionar os achados deste e de outros exames solicitados.

O teste é realizado com a colocação de uma pequena sonda em uma das orelhas
(como se fosse um fone de ouvido), um fone na outra. Através da sonda é injetada
uma ligeira pressão no conduto auditivo externo (não se preocupe, é indolor)
durante alguns segundos e pelo fone o paciente ouvirá os estímulos sonoros.

Pode ser feito em todas as idades (inclusive em bebês) e o resultado não depende
da participação da criança. Esse exame é muito importante para complementar
e/ou esclarecer a avaliação audiológica infantil.

AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA: AUDIOMETRIA.

A audiometria é um exame que avalia a nossa capacidade para ouvir sons. Em


crianças de 0 a 2 anos, podemos realizar a Audiometria Comportamental.

É um exame simples e com uma boa precisão. É completamente indolor, em que a


criança fica no colo da mãe, dentro de uma cabine acústica ou em outro lugar, bem
à vontade, podendo ou não usar fones de ouvido.

A técnica avalia o comportamento através de estímulos sonoros, como


instrumentos musicais, sons da fala e brincadeiras lúdicas.

Há uma outra forma de audiometria que pode ser realizada a partir dos 6 meses de
idade - Audiometria com Reforço Visual. Nesta avaliação, a criança fica dentro de
uma cabine junto com a mãe, em que haverá um estímulo sonoro saindo de umas
caixas de som. O estímulo será cada vez mais baixo e, a partir disso, avaliamos os
níveis mínimos de respostas para sons. Observamos as reações da criança. Se ela
localiza o som, pisca ou arregala os olhos, para determinarmos o funcionamento de
sua audição.

CONSULTÓRIO NA PRÁTICA:
DÚVIDAS E RESPOSTAS
AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA: AUDIOMETRIA CRIANÇAS DE 0 A 2 ANOS.

A audiometria é um exame que avalia a nossa capacidade para ouvir sons. Em


crianças de 0 a 2 anos, podemos realizar a Audiometria Comportamental.

É um exame simples e com uma boa precisão. É completamente indolor, em que a


criança fica no colo da mãe, dentro de uma cabine acústica ou em outro lugar, bem
à vontade, podendo ou não usar fones de ouvido. A técnica avalia o
comportamento através de estímulos sonoros, como
instrumentos musicais, sons da fala e brincadeiras lúdicas.

Há uma outra forma de audiometria que pode ser realizada a partir dos 6 meses de
idade - Audiometria com Reforço Visual. Nesta avaliação, a criança fica dentro de
uma cabine junto com a mãe, em que haverá um estímulo sonoro saindo de umas
caixas de som. O estímulo será cada vez mais baixo e, a partir disso, avaliamos os
níveis mínimos de respostas para sons. Observamos as reações da criança. Se ela
localiza o som, pisca ou arregala os olhos, para determinarmos o funcionamento de
sua audição.

AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA: AUDIOMETRIA CRIANÇAS MAIORES DE 2 ANOS.

Em crianças um pouco mais velhas, podemos obter respostas mais precisas, sendo
possível conhecer os limiares auditivos de forma confiável por orelha e por
frequência. A partir de 2 anos de idade é possível realizar audiometria infantil
condicionada, em que a criança é estimulada a executar um ato motor após ouvir o
estimulo auditivo.

Normalmente contamos uma estória, falamos que o piu-piu está cantando no fone,
pedindo comida e toda vez que ele pedir a comida, devemos entregar a comidinha.
Normalmente nestes casos a comidinha é uma peça de encaixe. Portanto, é
fundamental que a criança que vai fazer audiometria infantil condicionada seja
capaz de realizar atividades de brincadeira simbólica.

Somente por volta de 4 ou 5 anos a criança consegue executar um ato motor mais
simples e direto. Por exemplo, levantar a mão quando ela escuta o som!! Muitas
vezes, a dificuldade de realizar audiometria está em escolher o procedimento
adequado para a idade da criança. Por isso, é importante que
médicos/fonoaudiólogos solicitantes conheçam todos esses procedimentos. A
escolha da metodologia inadequada para a faixa etária resultará em fracasso.

CONSULTÓRIO NA PRÁTICA:
DÚVIDAS E RESPOSTAS
AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA: BERA /PEATE.

O exame BERA (Brainstem Evoked Response Audiometria - em inglês), também


conhecido como PEATE (Potencial Evocado Auditivo do Tronco Encefálico - em
português), é um exame que avalia todo o sistema auditivo, verificando a ausência
ou a presença de perda auditiva, que pode ser em razão da lesão na cóclea, no
nervo auditivo ou no tronco encefálico, podendo comprometer o desenvolvimento
da fala, por exemplo.

O Bera/Peate é um exame feito frequentemente em crianças e bebês,


principalmente quando há algum risco de perda auditiva em razão de condições
genéticas ou quando há um resultado alterado no teste da orelhinha (já falamos
sobre ele por aqui).

Ele é feito enquanto a criança dorme (sono natural) ou é sedada (supervisionada


por médico anestesiologista), pois é um exame muito sensível e qualquer
movimento pode interferir em seu resultado.

Como é feito?

O médico otorrinolaringologista ou fonoaudiólogo (profissionais aptos a realizarem


esse exame), coloca eletrodos atrás da orelha e na testa, além de fone de ouvido,
que produzem estímulos que irão ativar o tronco encefálico e os nervos auditivos,
gerando picos de eletricidade de acordo com a intensidade do estímulo, que são
captados pelo eletrodo e interpretados pelo fonoaudiólogo ou
otorrinolaringologista a partir das ondas sonoras registradas pelo equipamento.

O exame dura entre 30 e 40 minutos. Ele não necessita de preparo e é um


procedimento não invasivo (não causa dor). No entanto, pode ser necessário que a
criança seja sedada, pois qualquer movimento pode interferir no resultado do
exame, já que é um exame muito sensível.

Quando é indicado em bebês e crianças?

O exame é indicado principalmente para avaliar o desenvolvimento e a resposta


auditiva de crianças, recém nascidos prematuros, crianças no Transtorno do
Espectro do Autismo ou com alterações genéticas, como por exemplo a Síndrome
de Down.

CONSULTÓRIO NA PRÁTICA:
DÚVIDAS E RESPOSTAS
AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA: SE ALGUM EXAME DER ALTERADO?

Uma alteração isolada em qualquer um dos exames da Avaliação Audiológica


Infantil não necessariamente aponta para uma alteração audiológica!

Utiliza-se o "PRINCÍPIO CROSS CHECK" nos exames da Avalição Audiológica Infantil,


que implica na solicitação de vários exames afins para compará-los. É necessário um
conjunto de resultados coerentes (um confirmando o outro).

O objeto da avaliação audiológica infantil é definir o grau, o tipo, a configuração e o


topodiagnóstico (local) da perda auditiva com a maior precocidade possível.

A Avaliação Audiológica Infantil, baseada no princípio de checagem cruzada, é


composta por procedimentos eletroacústicos, eletrofisiológicos e comportamentais
(Emissões Otoacústicas Evocadas, Impedanciometria, Bera/Peate e Audiometria –
veja as descrições nos posts antriores), realizados conforme a idade cronológica,
nível cognitivo e desenvolvimento neuropsicomotor da criança a ser avaliada.

Em síntese, é fundamental a utilização de um conjunto de exames para avaliar


auditivamente uma criança, tendo em vista o fornecimento de informações de
regiões específicas do sistema auditivo, cujos resultados são comparados na
elaboração de um parecer conclusivo. Portanto, um resultado isolado não define
um diagnóstico!

O QUE SÃO JANELAS DE OPORTUNIDADES OU PERÍODO SENSÍVEIS?

Imagine uma janela se abrindo diante dos seus olhos. Imaginou?

Então é mais ou menos assim que acontece dentro do cérebro da criança. É aquele
momento perfeito em que ela começa a aprender determinada habilidade.

Esses são também chamados de períodos sensíveis ou momentos oportunos do


desenvolvimento da criança. Ela estará mais propícia a determinados tipos de
aprendizados.

A criança precisa aprender ao longo da sua infância: a falar, se locomover, pegar as


coisas e a se socializar. Para cada uma dessas habilidades, há um momento em que
ela consegue aprender melhor (não quer dizer que ela não possa aprender noutros
momentos).

CONSULTÓRIO NA PRÁTICA:
DÚVIDAS E RESPOSTAS
Acontece que existe um pedacinho da vida da criança em que ela está mais
interessada e focada em fazer cada uma dessas coisas. E se por algum motivo a
criança apresentar um atraso e esse período sensível não for bem aproveitado (em
terapias), a evolução da criança pode ser bastante reduzida.

Tanto em casa, como nas escolas e nos consultórios pediátricos, todos devem estar
atentos aos marcos de desenvolvimento da criança. Em qualquer sinal de atraso, é
necessário encaminhar imediatamente para um especialista.

E qual seria o momento mais oportuno ou sensível para as aquisições da Linguagem


e da Fala: dos 9 meses aos 7 anos de idade! Por isso não perde tempo! Invista em
terapia principalmente nesse período. Mas lembre-se que essa janela não se fecha.
É possível que se tenham ganhos acima dos 7 anos, só que menores!

ESCRITA DAS CRIANÇAS QUE TROCAM OS SONS DA FALA.

As trocas de grafemas (letras) na escrita são uma queixa frequente, tanto no âmbito
escolar, quanto nos consultórios de fonoaudiologia. Essas dificuldades,
frequentemente, estão relacionadas com o processamento fonológico, mais
especificamente, com as Habilidades Metafonológicas.

Mas, o que é Habilidade Metafonológica? É a capacidade de refletir sobre os sons


da fala, que vão desde a percepção global em relação ao tamanho de uma palavra
até a percepção de semelhanças fonológicas. Essas habilidades acompanham o
desenvolvimento da linguagem oral da criança e se “cruzam” quando inicia o
processo de aprendizagem da escrita!

Portanto, trocas de sons na fala não devem deixar de serem avaliados e, SIM, os
professores devem identificar as crianças de risco para os Transtornos de
Aprendizagem (para saber mais sobre Transtornos de Aprendizagem vai nos
destaques e clica no destaque APRENDIZAGEM).

COMO APRENDEMOS A ESCREVER?

A primeira fase da aquisição da linguagem escrita é a FASE PRÉ SILÁBICA - Na fase


pré silábica a criança ainda não compreende a relação entre a grafia da palavras e
os sons da fala. Porém já compreende a função social da escrita e se interessa por
fazer rabiscos e usar letras avulsas para escrever o nome dos objetos.

CONSULTÓRIO NA PRÁTICA:
DÚVIDAS E RESPOSTAS
É muito comum nessa fase a criança fazer uma relação proporcional de quantidade
de letras e tamanho do objeto. Por exemplo, um inseto pequeno como formiga
(escreve "RIB") e animal grande como a girafa (escreve "HJOPADESHR"). Você pode
ajudar seu filho a compreender essas relações e eu separei algumas sugestões de
atividades pra você realizar com seu pitoquinho:

★ Liste o nome de todas as pessoas da família em cartazes.

★ Faça com que a criança identifique seu nome e, depois, o de cada familiar, para
que ela perceba que nomes maiores podem pertencer aos familiares menores e
vice-versa.

★ Classifique os nomes pelo som inicial, em ordem alfabética ou em galerias


ilustradas com retratos ou desenhos.

★ Crie e aplique jogos com nomes (dominó, memória, boliche, bingo etc.).

★ Peça para a criançada fazer a contagem das letras e o confronto dos nomes.

★ Repita essas mesmas atividades, utilizando palavras do universo da criança , tais


como rótulos de produtos ou recortes de revistas (propagandas, títulos, palavras
conhecidas etc.).

Segundo nível de aprendizagem da leitura e escrita: NÍVEL SILÁBICO!

Quando a criança começa a compreender que a escrita é na verdade uma


representação da fala e não uma representação direta do objeto, ela passa para o
nível SILÁBICO!

Nessa fase a criança começa a atribuir um valor sonoro as letras pra representar as
palavras e escreve uma letra para cada sílaba pronunciada. Por exemplo: para
cachorro escreve "coo" (3 sílabas - 3 letras)! Para esta fase você pode ajudar a
criança realizando algumas das atividades simples listadas abaixo:

★Desmembrar oralmente os nomes em sílabas: pronúncia pausada dos nomes,


solicitando que a criança que conte os pedacinhos;

★ Fazer com que a criança analise o som das iniciais dos nomes próprios;

★Completar nomes com a primeira letra;

CONSULTÓRIO NA PRÁTICA:
DÚVIDAS E RESPOSTAS
★ Classificar os nomes próprios com o mesmo número de sílabas;

★ Montar nomes com o alfabeto móvel (sem modelo);

★ Colocar letras em ordem alfabética.

CADA CRIANÇA TEM SEU TEMPO E CADA UMA PASSA MAIS OU MENOS TEMPO NAS
FASES DE AQUISIÇÃO DA LEITURA E ESCRITA. SE A ESCOLA E/OU VOCÊ
PERCEBER(EM) QUE A CRIANÇA ESTÁ COM DIFICULDADE PARA APRENDER A LER E
ESCREVER AGENDE UMA AVALIAÇÃO COM UM FONOAUDIÓLOGO!

Sabe aquela fase em que a criança "come algumas letras"?

Calma, faz parte do processo e é esperado (agende uma avaliação fonoaudiológica


caso você perceba que isso persiste). Chamamos essa fase de "papa letras" de Nível
SILÁBICO-ALFABÉTICO!

Como o próprio nome diz, é uma transição do nível SILÁBICO para o nível
ALFABÉTICO! A criança passa a escrever alfabeticamente as palavras mas de vez em
quando utiliza a hipótese do Nível Silábico em que 1 sílaba corresponde a 1 letra
(leia o post anterior).

Por isso ao lermos o que a criança escreveu dizemos que ela está comendo as letras.

Sugestão de atividades para o Nível Silábico-Alfabético:

★Desenhar e escrever o que desenhou;

★Usar o nome em situações significativas: marcar atividades, objetos,


utilizá-Io em jogos, bilhetes, etc;

★Freqüentar a biblioteca, banca de jornais, etc;

★ Reconhecer e ler o próprio nome em situações significativas: chamadas, jogos,


etc;

★Conversar sobre a função da escrita;

★ Utilizar letras móveis para pesquisar nomes, reproduzir o próprio nome ou dos
amigos;

CONSULTÓRIO NA PRÁTICA:
DÚVIDAS E RESPOSTAS
★Bingo de letras;

★Produção oral de histórias;

★Escrita espontânea;

★Comparar e relacionar palavras.

Ao dominar as relações entre sons, sílabas, palavras, letras e as regularidades da


língua... dizemos que a criança chegou ao NÍVEL ALFABÉTICO!

Vale lembrar que nesse nível a criança geralmente escreve do jeito que fala! Por
exemplo: 🐶 caxoro, 🏡 caza... (POR ISSO SE SEU FILHO APRESENTA TROCAS DOS
SONS NA FALA, É IMPORTANTE QUE ELE FAÇA UM ACOMPANHAMENTO
FONOAUDIÓLOGICO PARA QUE ESSAS TROCAS NÃO REFLITAM NA SUA ESCRITA!)!

Como contribuir positivamente através de atividades no Nível Alfabético?

O ideal nessa fase é usar o contraste! Permita que a criança confronte seu jeito de
escrever com o jeito padrão! É um excelente recurso para a estabilização da escrita
ortográfica!

Vamos lá ao último nível (que costuma perdurar anos a frente...)!

Quando a criança passa a se preocupar com a ortografia das palavras dizemos que
ela chegou ao NÍVEL ORTOGRÁFICO!

No Nível Ortográfico a criança passa a aprimorar a escrita. A criança passa a se


voltar para as particularidades e irregularidades da língua e diminuir
gradativamente os erros ortográficos.

A função de alfabetizar é do professor mas se você perceber que seu filho está
tendo dificuldades nesse processo procure um fonoaudiólogo!

O fonoaudiólogo irá estimular aspectos da linguagem que auxiliarão no processo de


aprendizagem da leitura e da escrita e orientará todas as pessoas que lidam com
sua criança a auxiliarem nesse processo também!

CONSULTÓRIO NA PRÁTICA:
DÚVIDAS E RESPOSTAS
QUAIS SÃO OS MELHORES BRINQUEDOS PARA ESTIMULAR A LINGUAGEM E FALA
DA CRIANÇA?

Essa é uma das perguntas mais frequentes de quem trabalha com os pequeninos.
Hoje, existem tantos brinquedos no mercado, eletrônicos e tradicionais, aparelhos
digitais e brinquedos para brincar ao ar livre... Afinal, qual brinquedo é o mais
indicado para as mamães e papais comprarem?

Todos! Sim, todos, desde que existam trocas e interações entre criança e adulto.
Durante os momentos de brincar, o mais importante é deixar a imaginação fluir:
criar situações onde a criança busque a interação com o adulto, seja pela percepção
do outro que está presente na brincadeira, da necessidade de realizar imitação das
ações ou vocalizações, solicitar ajuda ou pedidos, dentre outras coisinhas mais...

É por meio dos diversos modos de brincar, atentando-se sempre a idade, as crianças
desenvolvem habilidades essenciais, como as cognitivas, motoras, linguísticas,
sensoriais e socioafetivas, tendo como base o apoio dos adultos e interações entre
seus pares.

Especialmente para as crianças que apresentam Atrasos/Transtornos de linguagem


e/ou fala, os momentos de brincar com o cuidador podem ser um facilitador
importante para o desenvolvimento das habilidades linguísticas.

Mais importante do que o brinquedo, é o modo de brincar do cuidador que


direciona a brincadeira!

MASTIGAÇÃO E FALA DA CRIANÇA.

Algumas crianças apresentam hipotonia na musculatura orofacial, interferindo


também no processo de mastigação e fala.

A mastigação é uma das competências que devem ser investigadas quando a


criança apresenta atraso na aquisição da fala. Isso porque, a mastigação e o
fortalecimento da musculatura orofacial estão diretamente relacionados à destreza
dos movimentos necessários para o desenvolvimento da fala.
A mastigação é um repertório aprendido e, além de ser responsável por quebrar os
alimentos para facilitar a digestão, favorece a motricidade orofacial que, por sua
vez, possibilita os atos de sugar, engolir, mastigar, respirar corretamente e emitir a
fala.

CONSULTÓRIO NA PRÁTICA:
DÚVIDAS E RESPOSTAS
Cada etapa do processo de alimentação (amamentação, introdução alimentar,
chegando até a fase da alimentação sólida, que sinaliza o recrutamento e
fortalecimento da musculatura orofacial) respeita o desenvolvimento esperado da
criança.

Quando há hipotonia da musculatura orofacial e a mastigação não ocorre


satisfatoriamente, a criança pode, consequentemente, apresentar déficits na
produção, articulação, ritmo da fala, já que determinados grupos musculares não
foram recrutados, não se fortalecendo para participarem da emissão de uma fala
apropriada. Observa-se ainda controle ineficiente da saliva, alteração no padrão
respiratório (uma vez que a boca tende a ficar entreaberta.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
FIM

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DÚVIDAS E RESPOSTAS
CONHEÇA O PROJETO DISLEXIA TDAH AMOR DE MÃE

Sobre

A Dislexia TDAH Amor de Mãe é um projeto de ação social, fundado em Ribeirão


Preto – SP, não tem fins lucrativos, com o objetivo de compartilhar experiência e
divulgar informações sobre a Dislexia (Transtorno Específico de Aprendizagem) e
TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade), para profissionais de
educação e para a sociedade.
No esforço de lutar pela garantir da inclusão, da cidadania plena de todas as
pessoas com Dislexia e TDAH, ampliando o conhecimento da população sobre o
assunto, a Dislexia e TDAH Amor de Mãe tem a intenção de ser a ponte de saberes,
entre o conhecimento científico e a sociedade, para que cada vez mais os
transtornos possam ser identificados, diagnosticados e tratados corretamente.
É importante ressaltar que o Projeto Dislexia TDAH Amor de Mãe, não desenvolve
ainda pesquisas sobre Dislexia e TDAH, porque entende que esta tarefa é atribuição
exclusiva da comunidade científica.
Não é finalidade do Projeto Dislexia TDAH Amor de Mãe a análise, emissão de
qualquer tipo de parecer ou diagnóstico, tarefa esta que é reservada
exclusivamente a profissionais de saúde especializados.

Missão
Mostrar às pessoas com Dislexia e TDAH e aos seus familiares que é possível realizar
e alcançar seus sonhos.
Garantir às pessoas com Dislexia e TDAH acesso a informações e ferramentas para
desenvolver as competências acadêmicas, sociais e emocionais necessárias para
prosperar na escola, no trabalho e na vida.
Ser a ponte de saberes entre profissionais de saúde e da educação, com as pessoas
com Dislexia e TDAH e seus familiares.

Visão
Contribuindo para uma sociedade mais justa e inclusiva. A partir do respeito e
reconhecimento das pessoas com Dislexia e TDAH.

CONTATOS
INSTAGRAM : @dislexiatdahamordemãe - https://www.instagram.com/dislexiatdahamordemae/

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