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Sistemática Vegetal

Um Enfoque Filogenético
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ctui CD-ROM
(em inglês) 3? Ediçã o
V .
*

Famílias de traqueó fitas (exceto angiospermas ) tratadas em detalhes no Capítulo 8 .


Veja a Tabela 8.1 , p. 186- 187, para uma apresentaçào taxonômica mais detalhada.
218 Dryopteridaceae 204 Ophioglossaceae 193 Selaginellaceae 189
Araucariaceae
201 Ephedraceae 220 Osmundaceae 197 Taxaceae 219
Aspleniaceae
203 Equisetaceae 193 Pinaceae 211 Thelypteridaceae 202
Blechnaceae
215 Ginkgoaceae 208 Podocarpaceae 217 Woodsiaceae 203
Cupressaceae
199 Lycopodiaceae 188 Polypodiaceae 205 Zamiaceae 208
Cyatheaceae
Cycadaceae 207 Marsileaceae 198 Psilotaceae 191
k
Dennstaedtiaceae 200 Onocleaceae 204 Pteridaceae 201

Famílias de angiospermas tratadas em detalhes no Capítulo 9.


Veja a Tabela 9.1, p. 230-231 , para uma apresentação taxonômica mais detalhada.
486 Casuarinaceae 406 Lauraceae 242 Polygonaceae 334
Acanthaceae
504 Celastraceae 351 Lecythidaceae 455 Pontederiaceae 283
Adoxaceae
268 Ceratophyllaceae 248 Lentibulariaceae 488 Portulacaceae 328
Agavaceae
327 Cistaceae 427 Liliaceae 257 Potamogetonaceae 256
Aizoaceae
252 Qusiaceae 362 Loasaceae 443 Primulaceae 450
Alismataceae
270 Colchicaceae 258 Loranthaceae 336 Proteaceae 317
Alliaceae
344 Combretaceae 416 Lythraceae 412 Ranunculaceae 309
Altingiaceae
324 Commelinaceae 281 Magnoliaceae 237 Restionaeeae 296
Amaranthaceae
270 Convolvulaceae 462 Malpighiaceae 353 Rhamnaceae 388
Amaryllidaceae
232 Comaceae 443 Malvaceae 424 Rhizophoraceae 364
Amborellaceae
435 Crassulaceae 342 Marantaceae 304 Rosaceae 379
Anacardiaceae
240 Cucurbitaceae 396 Melanthiaceae 260 Rubiaceae 469
Annonaceae
495 Cyperaceae 294 Melastomataceae 418 Ruscaceae 266
Apiaceae
471 Dioscoreaceae 275 Meliaceae 432 Rutaceae 429
Apocynaceae
494 Dipterocarpaceae 428 Menispermaceae 308 Salicaceae 367
Aquifoliaceae
Araceae 250 Droseraceae 332 Moraceae 392 Santalaceae 338
499 Ebenaceae 449 Myricaceae 406 Sapindaceae 438
Araliaceae
278 Ericaceae 452 Myristicaceae 240 Sapotaceae 445
Arecaceae
247 Eriocaulaceae 290 Myrtaceae 416 Sarraceniaceae 455
Aristolochiaceae
266 Euphorbiacea e 355 Nyctaginaceae 324 Saxifragaceae 338
Asparagaceae
272 Fabaceae 371 Nymphaeaceae 233 Scrophuiariaceae 484
Asphodelaceae
Asteraceae 508 Fagaceae 401 Oleaceae 477 Simaioubaceae 435
398 Gentianaceae 470 Onagraceae 414 Smilacaceae 259
Begoniaceae
312 Geraniaceae 348 Orchidaceae 273 Solanaceae 459
Berberidaceae
Betulaceae 404 Gesneriaceae 481 Orobanchaceae 484 Theaceae 452
486 Haemodoraceae 282 Oxalidaceae 351 Typhaceae 290
Bignoniaceae
462 Hamamelidaceae 342 Papaveraceae 314 Ulmaceae 389
Boraginaceae
Brassicaceae 420 Hyacinthaceae 269 Passifloraceae 367 Urticaceae 393
Bromeliaceae 287 Hydrangeaceae 441 Phyllanthaceae 359 Verbenaceae 490
437 Hydrocharitaceae 254 Phytolaccaceae 323 Violaceae 364
Burseraceae
Cactaceae 330 Hypericaceae 362 Piperaceae 245 Vitaceae 346
Campanulaceae 508 Illidaceae 235 Plantaginaceae 481 Winteraceae 244
391 Iridaceae 272 Platanaceae 316 Xyridaceae 292
Cannabaceae
Cannaceae 306 Juglandaceae 408 Poaceae 296 Zingiberaceae 302
Caprifoliaceae 501 Juncaceae 292 Polemoniaceae 457 Zygophyllaceae 350
Caryophyllaceae 320 Lamiaceae 492 Polygalaeeae 377
.

Sistemática Vegetal
Equipe de tradução
André Olmos Simões
( Capítulos 4 e 7)
Doutor em Biologia Vegetal pela Universidade Estadual de Campinas, SP.
Professor do Curso de Licenciatura em Ciências da Natureza da Escola de Artes,
Ciências e Humanidades da Universidade de Sã o Paulo.

Rodrigo B. Singer
( Páginas iniciais, Capí tulos 1, 3, 6, 8, 9, Apêndices, Glossário e índices)
Doutor em Biologia Vegetal pela Universidade Estadual de Campinas, SP.
Professor adjunto do Departamento de Bot ânica do Instituto de Biociências da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Rosana Farias Singer


(Páginas iniciais, Capítulos 1, 3, 6, 8, 9, Apêndices, Glossário e índices)
Doutora em Biologia Vegetal pela Universidade Estadual de Campinas, SP.

Tatiana Teixeira de Souza Chies


( Capítulos 2 e 5)
Doutora em Sciences de laVie, Biologie Végétale, pela Université de Paris XI {Paris-Sud ), U. P. XI, França.
Professora adjunta do Departamento de Botânica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

S622 Sistemática vegetal : um enfoque filogenético / Walter


S. Judd ... [et al. j ; tradução André Olmos Sim ões ...
[et al. j . - 3. ed . - Porto Alegre : Artmed, 2009.
632 p. : il. color. ; 28 cm.

ISBN 978-85-363-1755- 7

Catalogação na publicação: Renata de Souza Borges CRB-10 / Prov-021/ 08


WalterS. Judd University of Florida
Christopher S. Campbell 1»
Elizabeth A. KellOCJCJ University ofMissouri, St. Louis
Peter F. Stevens University ofMissouri, St. Louis; Missouri Botanical Garden
Michael J . Donocjhue YaleUniversity

Sistemática Vegetal
Um Enfoque Filogenético
3a Ediçã o

Consultoria, supervisão e revisão técnica desta edição:


Rodrigo B. Singer
Doutor em Biologia Vegetal pela Universidade Estadual de Campinas, SP.
Professor adjunto do Departamento de Botânica do Instituto de Biociências da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Rosana Farias Singer
Doutora em Biologia Vegetal pela Universidade Estadual de Campinas, SP.

§
2009
i

Obra originalmente publicada sob o título


Plant systematics: a phylogenetic approach,Third Edition
ISBN 978-0-87893-407- 2

Copyright © 2008 by Sinauer Associates, Inc. All rights reserved. No part of this book may be
reprinted without written permission of the publisher.
This translation of Plant systematics: a phylogenetic approach 3e is published by airangement with
Sinauer Associates,Inc.

Capa: Mário Rohnelt x

Leitura final: Carla Bigliardi

Supervisão editorial: Let


ícia Bispo de Lima

Editoração eletrónica: Techbooks

i A Capa
(1) Licófita, Lycopodium annotinum (Lycopodiaceae) . (2) Monilófita (samambaia),
VmMm®o$sêm Woodwardia virginica (Blechnaceae). (3) Conífera, Chamaecyparis obtusa (Cupressaceae) .
(4) Magnolídea, Liriodendron tulipifera (Magnoliaceae). (5, 6) MonocotOedôneas: íris
i
hexagona (Iridaceae); Carex verrucosa (Cyperaceae) . (7, 8) Rosídeas: Meriana hemandii
(Melastomataceae); Sorbus aucuparia (Rosaceae) . (9, 10) Aster ídeas: Lyonia ludda
t (Ericaceae); Hieracium aurantiacum (Asteraceae/ Compositae).
&
1
M Fotos: Woodwardia virginica de J. Richard Abbott, Meriana hemandii de Darin S.
Penneys, Lyonia lúcida de Kurt M. Neubig; todas as demais de Walter S. Judd.

m.. rum

Reservados todos os direitos de publicação, em língua portuguesa, à


ARTMED® EDITORA S.A.
Av. Jerônimo de Orneias, 670 - Santana
90040-340 - Porto Alegre - RS
Fone: (51) 3027-7000 Fax: (51) 3027-7070

É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer


formas ou por quaisquer meios (eletrónico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na Web
e outros), sem permissão expressa da Editora.

SÀO PAULO
Av. Angélica, 1.091- Higienópolís
01227-100 - São Pâulo SP-
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SAC 0800 703-3444

IMPRESSO NO BRASIL
PRINTED IN BRAZIL
Apresentação à Edição Brasileira

<

Tivemos a honra de ser convidados para participar e coorde ¬ Ainda sobre os critérios adotados, evitamos a utilização
nar a traduçã o da 3a edição de Sistemática vegetal, de Judd e de termos em inglês (exceto para termos consagrados, como
colaboradores, cujas edições anteriores (em inglês) se toma ¬ crossing-over ) . Em algumas situações, foi necessária a criaçã o
ram amplamente conhecidas e influentes entre os estudantes de neologismos (por exemplo, lamídeas, fabídeas, eudicotile-
de sistemática vegetai e botânica em geral. Agora em língua dôneas-núcleo), cuja necessidade e escrita foram discutidas
portuguesa, esta obra preenche uma lacuna, ao discutir as por todos os integrantes da equipe de tradu ção. A criação
mais modernas idéias e metodologias da sistemática vegetal, desses neologismos decorre da necessidade de possuirmos,
bem como por apresentar em detalhes as principais famílias em língua portuguesa, palavras que nomeiem ciados recen ¬
de plantas verdes (com ênfase nas angiospermas), fazendo temente elucidados. Além disso, consideramos desnecessário
uma síntese acurada de todos esses importantes aspectos da o emprego de termos híbridos (eudicotiledô neas-core, por
botânica. exemplo). Finalmente, em alguns poucos casos julgamos per ¬

Por entendermos que modificar os conceitos originais dos tinente inserir notas de tradução com o objetivo de enrique ¬

autores para o uso corrente no Brasil não seria apropriado cer as informações sobre tópicos em particular.
nem pertinente, mantivemos a tradução o mais fiel possível Esperamos que, com a tradu ção desta obra para a língua
aos conceitos originais dos autores. É importante ressaltar, portuguesa, as mais modernas idéias sobre sistemática vege ¬

contudo, que, por se tratar de uma tradução, é necessário ter tal se tomem ainda mais difundidas entre o p blico brasileiro
em mente as diferenças que disso podem decorrer. Nos paí¬ e luso-falante em geral.
ses angio-saxões, o significado e a utilização de alguns termos Queremos agradecer em especial a colaboração deTatiana
e conceitos diferem significativamente do que se utiliza no Chies e André Simões na tradução desta obra, bem como ao
Brasil: um exemplo claro é o conceito de ovário - os autores colega Ângelo Schneider, doutorando do Programa de R s-
classificam como tendo muitos ovários flores que nós classifi ¬ Graduação em Biologia Vegetal da UFRGS, pelas sugestões
camos como apresentando ovário apocárpico ou dialicarpelar. sobre Asteraceae.
Em função do exposto, recomendamos a leitura cuidadosa do
Capítulo 4 e do Glossário, tendo em vista o esclarecimento Boa leitura!
do significado e do contexto de palavras que possam parecer
d bias. Fazemos essa ressalva para que os leitores aproveitem RODRIGO B. SINGER E ROSANA FARIAS SINGER
ao máximo a contribuição que esta obra oferece. Coordenadores da tradução
H

Com apreço, dedicamos este livro a


Carroll E. Wood Jr.,
nossa amiga e mentora, cuja disposição e conhecimentos sobre
sistemática vegetal auxiliaram muitos estudantes e colegas.

\
Prefácio

Escrevemos este livro porque acreditávamos que era neces- Charles Darwin liderou o caminho estabelecendo a pers-
sária uma obra de sistemática vegetal (ou taxonomia) que pectiva evolutiva na biologia moderna. Após Darwin, estabe-
pudesse ser utilizada em cursos de graduação e que incorpo- lecer a história evolutiva - ou filogenia - dos organismos tor¬

rasse as novas e excitantes novidades neste campo. Nas duas nou -se um dos maiores objetivos da sistemática. Willi Hennig
décadas passadas, surgiram numerosas e novas fontes de e W. H. Wagner, dentre muitos outros, desenvolveram meto-
dados sistemáticos, especialmente a partir de sequências de dologias explícitas para elaborar hipóteses e testar relações
DNA, e uma rigorosa metodologia filogen é tica estabeleceu filogen é ticas que seriam depois refletidas nas classificações.
novas formas de analisar os dados e praticar a sistemática. Neste livro, adotamos um enfoque filogenético.
A Ia edição deste livro foi bem recebida por muitos es- O Capítulo 1 introduz e explica o conceito de filogenia,
tudantes e bot ânicos. Foi traduzida para as línguas francesa bem como a noção de por que a sistemática é importante
e italiana, e os autores da lâ edição (Walter S. Judd, Chris- nã o apenas para a investigação biológica, mas também para
topher S. Campbell, Elizabeth A. Kellogg e Peter F. Stevens) a sociedade. O Capítulo 2 explica como são construídas as
receberam, em 1999, o prémio Engler Silver, um prémio anual f logenias a partir da evidência taxonômica. O processo de
í
da International Association of Plant Systematists, pelo mais transformar a evidência em uma representa ção das relações
notável livro ou monografia em sistemática vegetal. Encora - filogenéticas em uma árvore evolutiva é apresentado primeiro
jados por essa recepção positiva, preparamos uma 2a ediçã o utilizando dados simples e hipoté ticos, sendo então estendi-
(traduzida para o coreano) e agora esta 3a edição, de modo a do para situações reais e mais complexas. Essas noções bási-
manter o livro o mais atualizado possível. cas de filogenia incorporam també m a conversão de hipóte-
A base deste livro é a chamada árvore da vida - a idéia de ses filogenéticas em classificações,
que todas as formas de vida estã o inter-relacionadas como A posição central da filogenia nas classificações emergiu
os ramos de uma árvore. Tratamos aqui daquela parte da ár- apenas recentemente, mas muitos grupos de plantas, como
vore ocupada pela plantas vasculares ou traqueófitas, com leguminosas, gramíneas e orquídeas, são reconhecidas como
ênfase nas plantas com flores, um grupo importante que tais h á muito tempo. O Capítulo 3 descreve como os siste-
domina a maior parte dos ecossistemas terrestres e nos pro- matas percebiam os grupos no passado, como delimitavam
vê de medicamentos, belas plantas ornamentais, materiais as categorias taxonômicas - o contexto histórico do advento
de construção, fibras para papel ou vestimenta, bem como do pensamento filogen é tico - e fornece uma explicação das
a maior parte da nossa alimentação. Historicamente, infor- classificações ao longo dos anos. As informações nas quais as
mações sobre esses e outros atributos das plantas vasculares íilogenias e classificações se baseiam provêm de uma ampla
foram essenciais para o desenvolvimento da civilizaçã o. No fonte de recursos, incluindo aspectos estruturais dos organis-
passado, a sobrevivê ncia dependia de saber quais plantas mos, sobretudo morfologia, anatomia e compostos secun -
eram venenosas ou boas para comer, quais serviam poten- dários (Capítulo 4), e caracteres de DNA, especialmente se-
cialmente como ra ção para os animais, quais eram teis para quê ncias de nucleotídeos (Capítulo 5) . Esses capítulos sobre
elaborar ferramentas e armas, quais curariam ferimentos e filogenia, classificação e evidência taxonômica proporcionam
quais seriam úteis de muitas outras maneiras. A sistemática informações essenciais para entender os grupos de plantas
como ciê ncia cresceu a partir desse interesse nos organismos vasculares tratados neste livro.
e evoluiu desde simples sistemas de informação com base A diversificação e a evolução das espécies vegetais - como
nos usos dos diferentes organismos até uma compreensão se formam as espécies, como interagem, o modo como as de¬
mais ampla da biodiversidade. Assim, a sistemática vegetal finimos, incluindo uma apresentação dos efeitos da hibrida-
responde perguntas como estas: Como deve ser dividida ou ção - são os fascinantes e desafiadores tópicos do Capítulo 6.
classificada a imensa diversidade das leguminosas em gê- O Capítulo 7 apresenta uma visão geral da história filogenéti-
neros e depois em espécies? Quais são as relações entre os ca das plantas verdes, especialmente as traqueófitas, explica a
maiores grupos de gramíneas? Como sabemos se uma plan- origem de muitos dos mais importantes caracteres utilizado»
ta pertence ou não à família das orqu ídeas? Este livro trata em identificação e proporciona a base para os dois capítulos
de como essas e centenas de perguntas semelhantes sã o res- finais, que se detêm na diversidade das plantas vasculares,
pondidas. Os dois capítulos finais apresentam algumas res- O Capítulo 8 trata das traqueófitas sem flores, incluindo
postas atuais para perguntas sobre rela ções evolutivas entre as licófitas, monilófitas e gimnospermas atuais (coníferas, Cy-
os maiores grupos de traqueófitas. cadales, ginkgo e Gnetales) . Embora essas plantas certamen-
viii PREFACIO

te sejam importantes, são amplamente superadas em número Agradecimentos


de espécies e dominância ecológica pelas plantas com flores
Este livro é um trabalho de equipe . Embora cada um de
ou angiospermas, o assunto tratado no Capítulo 9. Os Capí ¬

nós tenha escrito determinados capítulos, todos nos be ¬

tulos 8 e 9 apresentam a diversidade desses grupos, com des ¬


neficiamos de numerosos e teis coment ários dos outros
crições, ilustrações e discussão das suas relações filogenéticas.
co -autores. Walter S. Judd foi o principal responsável pelos
Ilustrações detalhadas da Generic Flora of the Southeastem
Cap ítulos 4 e 9, bem como pelos dois apêndices. Christo-
United States, as quais mostram caracteres taxonomicamente
informativos para muitas famílias; e uma série de fotos co¬ pher S. Campbell foi responsável pelos Capítulos 1, 6 e 8;
ele também contribuiu com a família Rosaceae no Capítulo
loridas também são complementos importantes para esses
9, as seções de biologia floral, embriologia, cromossomos e
capítulos.
Os Capítulos 8 e 9 dão ênfase à caracterização dos maio ¬palinologia no Capítulo 4, bem como a seção sobre a inter¬
net no Capítulo 2. Elizafceth A. Kellogg escreveu o Capítulo
res ciados de plantas vasculares e proporcionam uma deta ¬

lhada explicação de 169 famílias de plantas. Dois apêndices


5, parte do Capítulo 1, bem como as famílias Pbaceae, Jun-
e Santalales no Capítulo 9 e a seção com
apresentam informações adicionais relacionadas com a iden ¬ caceae Cyperaceae
,
contra o uso de hierarquias em classificacações
tificação das plantas, incluindo nomenclatura botânica (a argumentos . Stevens escreveu o Capítulo 3, e Mi-
no Ap ê ndice 1 . Peter F
aplicação de nomes científicos), coleta de espécimes vegetais, o Cap ítulo 7.0 Capítulo 2 foi co-escrito
identificação, informações sobre literatura de sistemática ve ¬ chael J. Donoghue ,
por Elizabeth e Walter .
getal e alguns sites teis na Internet.
A ciência da sistemática vegetal apresenta um grande n ¬ O CD foi responsabilidade de Walter S. Judd, Daniel L.
mero de termos especializados.Tentamos minimizar o uso de Nickrent Kenneth
, R. Robertson, J. Richard Abbott, Christo-
3
linguagem técnica e aplicar os termos de maneira precisa e pher S
. Campbell, Barbara S. Carlsward, Michael J. Donoghue
A. Kellogg; essa equipe também contribuiu com
consistente. Os termos utilizados neste livro estão incluídos e Elizabeth . Walter compilou os três apên
n ão apenas no glossário, mas também indicados em negrito e a maior parte das fotografias
¬

são definidos nos seis primeiros capítulos e apêndices (apare ¬dices do CD .


,
cem ainda , no índice) . Carroll E. Wood Jr. permitiu generosamente que utilizás ¬
?a Nomes científicos (e comuns) estão incluídos no índice semos numerosas ilustrações preparadas para a Generic Flora
Taxonômico. of the Southeastem United States e também ajudou com sua
Nosso conhecimento sobre a sistemática vegetal cresce organiza çã o e digitaliza ção. Estas ilustrações, que enriquecem
muito o texto , foram desenhadas por uma série de artistas
rapidamente. Esta é uma época empolgante para estudar esta
excepcionalm ente talentosos :
área biológica. Encorajamos os estudantes a serem contagia ¬

dos por esta empolgação e a apreciarem a beleza e importân ¬

cia das plantas, as quais constituem um dos grandes ramos da


Árvore da Vida, que preenche com seus ramos quebrados e
/ A S Ihsan Al-Shehbaz
mortos a crosta da terra e cobre sua superfície com suas sem ¬ 8
:5 pre ativas e belas ramificações (Charles Darwin, A Origem
das Espécies, 1859, cap. IV, p. 163).
• Irene Brady

* Amold D. Gapman
I M ídia
S0 Sydney B. DeVore

I Uma importante ferramenta para a identificação da planta é o


CD-ROM (em inglês) que acompanha este livro. Ele contém
PCJ Diane C. Johnston

m mais de 3.100 fotos de flores, frutos, dissecções detalhadas Dorothy H. Marsh


destes, bem como de outras partes das plantas. Os estudantes
poderão acessar as imagens por meio de uma lista alfabética Sue Sargent (SEM ASSINATURA)
X das esp écies, uma lista alfabé tica das famílias (com as espé¬ YS Virginia Savage
cies listadas alfabeticamente dentro de cada uma) ou uma
r lista de ordens e famílias que segue a classificação adotada ê?
f
neste texto. Como foi muito útil para estudantes que utili¬ Karen StoutsenbergerVelmure
zaram as edições anteriores deste livro, é agora apresentado
com mais imagens, incluindo aquelas que representam dis ¬ LaVemeTrautz
r secções florais de frutos e estruturas anatômicas. Também é
apresentado um glossário ilustrado expandido (uma lista de
HW m Margaret van Montfrans
r definições com links para imagens específicas no CD). O CD
contém ainda um apêndice com todas as famílias de angios ¬ 1W LindaA.Vorobik
permas de acordo com a classificação do Angiosperm Phylo-
geny Group (que é a adotada neste livro). Wrf Rachel A.Wheeíer
Como novidade para esta 3a edição, o CD contém todas
r as figuras, tabelas e ilustrações do texto na forma de arquivos
v Wendy B. Zomlefer
JPEG e PowerPoint (em baixa e alta resoluções).
PREFACIO ix

Carroll também nos ajudou com a editoração, sobretudo Peter C. Hoch, Sara B. Hoot, Joachim W. Kaderit, Christine M.
com as legendas das figuras. Edward O. Wilson permitiu que Kampny, Robert Kral, Kathleen A. Kron, Matthew Lavin, Ste ¬
utilizássemos a ilustração inédita de Yucca filamentosa e seu ven R. Manchester, Paul S. Manos, Lucinda A. McDade, Alan
polinizador; agradecemos também a Michael D. Frolich por W. Meerow, Laura C. Menick, David R. Morgan, Cynthia M.
obter informações sobre esta ilustração e a Kathy Horton por Morton, Daniel L. Nickrent, Eliane M. Norman, Richard G .
localizá-la e enviá-la. Robert Dressler gentilmente permitiu Olmstead, Clifford R. Plarks, Gregory M. Plunkett, Robert A.
o uso de sua ilustração original de Encyclia cordigera, e Wen- Price, John F. Pruski, Kathleen M. Pryer, Susanne S. Renner,
dy B. Zomlefer permitiu o uso de sua bela ilustração de Scho - Karen S. Renzaglia, James L. Reveal, Kenneth R. Robertson,
enocaulon. Robert K. Jansen generosamente permitiu o uso Edward E. Schilling Alan R. Smith, Douglas E. Soltis, Willian
de sua ilustração do genoma de cloroplasto de Vitis vinifera. L. Stem, Henk van der Werff, Paul van Rijckevorsel, Thomas
Agradecemos a Pamela e a Douglas Soltis por permitir o uso F. Vining, Terrence Walters, Grady L. Webster, W. Mark Whit- x
do diagrama de Tragopogon,e a Sherwin Carlquist pela foto ten, John H. Wiersema, Norris H. Williams, Wesley A. Wri-
de Argyroxiphium sandwichense. H.-Dietmar Behnke prepa ¬

rou as ilustrações relacionadas com elementos de vasos e ght, George Yatskievych, Wendy B. Zomlefer e Scott A Zona.
plastídios; Y. ReneaTaylor preparou as fotos de ceras epicuti- Agradecemos também às numerosas pessoas que enviaram
culares; e Helmut Presser forneceu as fotos sobre a poliniza ¬ correções e/ou sugestões para as edições anteriores.
ção de Ophrys, ScottHodges, as fotos deAquilegia, e Rodney Walter agradece à University of Florida, College of Liberal
Barton, a foto de íris fulva. Nossa gratidão aos numerosos Arts and Sciences, por outorgar-lhe um ano sabático durante
colegas que contribuíram com outros materiais ilustrativos; o qual começou a trabalhar neste livro.
os créditos aparecem nas legendas das respectivas figuras. Agradecemos a Andy Sinauer e toda a equipe da Sinauer
AIlison R. Minot colaborou no preparo das legendas do Associates por sua excelente orientação e colaboração, espe ¬
Capítulo 9 e Reuben E. Judd ajudou a tirar as fotografias da cialmente a Carol Wigg, Laura Green, Jason Dirks, Chisto-
Figura 1 do Apêndice 1. Brian Moore e Mary Walsh ajudaram pher Small, Jeíferson Johnson, Joanne Delphia, Norma Roche
com as figuras do Capítulo 7; Susan Donoghue editou o ma ¬ e Marie Scavotto. Sem o seu inestimável trabalho, este proje ¬
nuscrito desse capítulo. Alison E. Colwell, Pàul Corogin. Ste- to nunca teria sido concluído.
ven P. Darwin, Peter K. Endress, Miguel A. Garcia, Gretchen Finalmente, Christopher, Michael e Walter agradecem
M. Ionta, Reuben E. Judd, Simon Malcomber, Litton J. Mus- às suas respectivas esposas, Margaret, Susan e Beverly, pelo
selman, Robert F. C. Naczi, Kurt M. Neubig, Darin S. Penneys, apoio emocional e pela compreensão com relação às preocu ¬
Roger W. Sanders, David S. Seigler, J. Dan Skean Jr., Douglas pações dos seus maridos com este livro e com a sistemática
E. Soltis, Margaret H. Stone, W. Mark Whitten e I. Scott Zona vegetal. Elizabeth e Ffeter agradecem ao seu filho, Hany Ste-
contribuíram com imagens para o CD que acompanha este vens, por continuar sendo paciente com seus pais.
livro, e Jason Dirks e Christopher Small contribuíram com as¬ Nós, os autores, assumimos toda a responsabilidade edi ¬
pectos t écnicos deste CD. Nossa profunda gratidão a todos torial por este livro. Comentários e correções das versões an ¬
acima citados. a
teriores ajudaram em muito a preparar esta 3 edição, para a
Nosso sincero agradecimento às seguintes pessoas que qual també m apreciaremos muito quaisquer comentários ou
leram e comentaram várias seções do livro (e que eventual ¬
correções.
mente contribuíram com artigos e / ou manuscritos inéditos):
Pedro Acevedo, Vitor A. Albert, Lawrence A. Alice, Ihsan Al-
Shehbaz, Ame A. Anderberg, Willian R. Anderson, George W.
Argus, Daniel F. Austin, David S. Barrrington, David A. Baum, WALTER S. JUDD, Gainesville, Florida
Paul E. Berry, Camilla P. Campbell, Lisa M. Campbell, Philip CHRISTOPHER S. CAMPBELL, Orono, Mame
D. Cantino, Heather R. Cariisle, Mark W. Chase, Lynn G. Cla ¬
rk, David S. Conant, Garret E. Crow, Steven P. Darwin, Clau- ELIZABETH A. KELLOGG, St. Louis, Missouri
de W. de Fhmphilis, Alison C. Dibble, James A. Doyle, Robert PETER F. STEVENS, St. Louis, Missouri
Dressler, Mary E. Endress, Péter K. Endress, Peter Goldblatt,
Shirley A. Graham, Michael H. Grayum, Arthur D. Haines, MICHAEL J. DONOGHUE, New Haven,Comecticut
Sumário

CAPITUL01 A Ciência da Sistemática Vegetal 1


CAPITULO 2 Método e Princípios de Sistemática Biológica 13
CAPÍTULO 3 Sistemática e Classificações das Angiospermas:
Uma Perspectiva Histórica 39
s CAPITULO 4 EvidênciasTaxonômicas: Caracteres Estruturais e Bioquímicos 53
1 CAPÍTULO 5 Sistemática Molecular 103
j CAPÍTULO 6 A Evolução da Diversidade Vegetal 119
CAPITULO 7 Visão Geral da Filogenia das Plantas Verdes 153
CAPITULO 8 Licófitas, Samambaias e Gimnospermas 185
i CAPITULO 9 Relações Filogenéticas das Angiospermas 225
i Apêndice 1: Nomenclatura Botânica 543
1 Apêndice 2: Preparo e Identificação de Espécimes 553
Sumário Detalhado

CAPÍTUL01
A Ciência da Sistemática Vegetal 1
0 que queremos dizer com vegetaisl 1 A sistemática vegeta! na prática 6
0 que queremos dizer com sistemática ? 2 Por que a sistemática é importante? 7
0 enfoque filogenético 3 Objetivos e organização deste livro 11
Como reconstruímos uma filogenia ? 3 Bibliografia citada e leituras recomendadas 12
Oque é monofilia ? 5

CAPITULO 2
Métodos e Princípios de Sistemática Biológica 13
Como as filogenias são construídas? 13 Construindo uma classificação 32
Determinando a história evolutiva 14 Agrupando: grupos que recebem nomes são
Caracteres, estados de caracteres e redes 15 monofiléticos 32
Arvores evolutivas e enraizamento 16 Nomeando: nem todos os grupos s ão nomeados 33
Escolhendo á rvores 18 Categorias: as categorias são arbitrárias 34
Avaliando a homoplasia 22 Comparando as classificaçõ es filogenéticas com as
Resumindo á rvores evolutivas 24 classifica ções derivadas do uso de outros métodos
A probabilidade de modificaçã o evolutiva em taxonômicos 35
caracteres 25
Bibliografia citada e leituras recomendadas 37
Podemos acreditar em uma árvore evolutiva ? 27
Descrevendo a evolução: o mapeamento de caracteres
em árvores 29
xii SUMARIO DETALHADO

CAPÍTULO 3
Sistemas de Classificação das Angiospermas:
Uma Perspectiva Histórica 39
Classificação, natureza e estabilidade 40 A forma ção das categorias hierárquicas superiores 45
Entendendo as relações entre grupos 41 As classificaçõ es ao longo dos anos 50
Classificaçõ es e memória 45 Bibliografia citada e leituras recomendadas 51

,
:*
CAPÍTULO 4
A i Evidências Taxonômicas: Caracteres Estruturais e Bioquímicos 53
Morfologia 53 Embriologia 87
Duraçã o e hábito 54 Óvulos e megagametófitos 88
Ra ízes 54 Embrião e endosperma 88
Caules 55 Agamospermia 89
Gemas 56 Cromossomos 90
Folhas 56 Número cromossômico 90
Morfologia floral 61 Estrutura dos cromossomos 92
Biologia da polinizaçã o 67 Métodos para o estudo dos cromossomos 93
Síndromes de poliniza çã o 67 Palinologia 93
Coevoluçã o entre planta e polinizador 69 Desenvolvimento da antera 93
Engodo e recompensas não-nutritivas na polinização Estrutura do pólen, viabilidade e métodos
das orquídeas 71 de estudo 94
Evitando a autopolinização 71 Metabólitos Secund á rios 95
Inflorescências, frutos e sementes 72 Alcaloides 95
Tipos de frutos 75 Betalaínas e antocianinas 96
Sementes 78 Glucosinolatos 97
Dispersão de frutos e sementes 80 Glicosídeos cianogênicos 97
Anatomia 81 Poliacetilenos 97
Xilema e floema secundários 81 Terpenóides 97
Anatomia nodai 82 Flavonóides 98
Anatomia foliar 83 Proteínas 99
Estruturas secretoras 84 Bibliografia citada e leituras recomendadas 99
Cristais 85
Organiza çã o do xilema e do floema no caule 86
Anatomia floral e desenvolvimento 87
SUMARIO DETALHADO xiii

CAPÍTULO 5
Sistemática Molecular 103
Fontes de dados de seqiiâncias de DNA 104 Caracteres moleculares 110
Genomas vegetais 104 Genes de doroplasto e espa çadores 112
Gerando dados de sequências de DNA 106 Genes mitocondriais 113
Sequenciamento de gene- a-gene 106 Genes nucleares 113
Sequenciamento de genomas inteiros 107 Análise de sítios de restrição 115
Análise de dados de sequências de DNA 107 Mapeando o genoma nuclear 116
Taxas de mutação 108 Resumo 117
Alinhamento de sequências 108 Bibliografia citada e leituras recomendadas 117
Técnicas de análise 108
Árvores de genes versus árvores de espécies 109

CAPÍTULO 6
A Evolução da Diversidade Vegetal 119
A diversidade vegetal é o resultado da evolução 120 Origem das barreiras de isolamento reprodutivo 132
A variação em populações e esp écies vegetais 123 Hibridização e introgressão 132
Fontes de variação 123 Poliploidia 140
Padrões locais e geográ ficos de variação 125 Sistemas reprodutivos 143
Especiação 125 Conceitos de esp écie 144
Manutenção da diversidade versus fluxo gênico 127 Estudos de caso em espécies vegetais 146
Classifica ção das barreiras de isolamento Parâ metros para o reconhecimento de espécies
reprodutivo 128 vegetais 148
Resumo 149
Bibliografia citada e leituras recomendadas 149

Visão Geral da Filogenia das Plantas Verdes 153


Eventos de endossimbiose 154 Relaçõ es filogenéticas entre as embriófitas 161
Algas diversas 155 Transiçã o para o ambiente terrestre 162
Viridófitas (plantas verdes) 156 Traqueófitas (plantas vasculares) 162
Clorófitas 157 Licófitas 165
Estreptófitas 158 Eufilófitas 165
Embriófitas (plantas terrestres) 159 Espermatófitas (plantas com sementes) 168
Hepáticas 160 Principais caracterí sticas das espermat ófitas 168
Musgos 160 Evolução inicial das espermatófitas 169
Antóceros 161 Linhagens atuais de espermatófitas 171
xiv SUMáRIO DETALHADO

Angiospermas (plantas com flores ) 173 Polinização, dispersão e formas de vida das
As flores e o ciclo de vida das angiospermas 175 angiospermas 180
A origem das angiospermas 175 Resumo 181
Relaçõ es das angiospermas com outros grupos 176 Bibliografia citada e leituras recomendadas 181
Relaçõ es entre as angiospermas 178

CAPÍTULO 8
Licófitas, Samambaias e Gimnospermas 185
LICÓFITAS 187 Polypodiales 199
Lycopodiales 188 Dennstaedtiaceae 200 •Pteridaceae 201
Lycopodiaceae 188 •Selaginellaceae 189 Aspleniaceae 201 •Thelypteridaceae 202
MONILÓFITAS (SAMAMBAIAS) 190 Woodsiaceae 203 Blechnaceae 203
Psilotales 191 Onocleaceae 204 Dryopteridaceae 204
Psilotaceae 191 Polypodiaceae 205
Ophioglossales 193 GIMNOSPERMAS 206
Ophioglossaceae 193 Cycadales 206
Equisetales 193 Cycadaceae 207 Zamiaceae 208
Equisetaceae 193 Ginkgoales 208
Samambaias Leptosporangiadas 194 Ginkgoaceae 208
Osmundales 197 Coniferales (Coníferas) 210
Osmundaceae 197 Pinaceae 211 Cupressaceae 215 •
Salviniales 198 Podocarpaceae 217
Marsillaceae 198 Araucariaceae 218 •Taxaceae 219
Cyatheales 199 Gnetales 220
Cyatheaceae 199 Ephedraceae 220
Bibliografia citada e leituras recomendadas 221

CAPÍTULO 9
Rela ções Filogenéticas das Angiospermas 225
0 GRADO ANITA 232 0 CLAD0 DAS MAGN0LÍDEAS 236
Amborellales 232 Magnoliales 236
Amborellaceae 232 Magnoliaceae 237 •Annonaceae 240
Nymphaeales 233 Myristicaceae 240
Nymphaeaceae 233 Laurales 242
Austrobaileyales 235 Lauraceae 242
Uliciaceae 235 Canellales 244
Winteraceae 244
Piperales 245
Piperaceae 245 Aristolochiaceae 247
SUMARIO DETALHADO XV

UM CLADO DE POSIÇÃO INCERTA 248 CLAD0 DAS R0SÍDEAS 346


Ceratophyllales 248 Vitales 346
Ceratophyllaceae 248 Vitaceae 346
MONOCOTILEDÔNEAS 249 Geraniales 348
Alismatales 249 Geraniaceae 348
Araceae 250 Alismataceae 252 Fabídeas (Eurosídeas I) 350
Hydrocharitaceae 254 Potamogetonaceae 256 Zygophyllales 350
Liliales 256 Zygophyllaceae 350
Liliaceae 257 Colchicaceae 258 Oxalidales 351
Smilacaceae 259 Meianthiaceae 260 Oxalidaceae 351
Asparagales 262 Celastrales 351
Asparagaceae 266 Ruscaceae 266 • Celastraceae 351
Agavaceae 268 •Hyacinthaceae 269 Malpighiales 353
Alliaceae 270 Malpighiaceae 353 Euphorbiaceae 355
Amarylliãaceae 270 Asphodelaceae 272 PhyUanthaceae 359 Clusiaceae 362
Iridaceae 272 Orchidaceae 273 Hypericaceae 362 Rhizophoraceae 364
Dioscoreales 275 Violaceae 364 Passifloraceae 367 •Salicaceae 367
Dioscoreaceae 275 Fabales 371
MONOCOTILEDÔNEAS COMMELINÍDEAS 276 Pabaceae 371 •Polygalaceae 377
Arecales 278 Rosales 377
Arecaceae 278 Rosaceae 379 Rhamnaceae 388 •Ulmaceae 389
Commelinales 280 Cannabaceae 391 Moraceae 392 Urticaceae 393
Commelinaceae 281 Haemodoraceae 282 Cucurbitales 396
Pontederiaceae 283 Cucurbitaceae 396 •Begoniaceae 398
Poales 285 Fagales 400
Bromeliaceae 287 Typhaceae 290 Fagaceae 401 •Betulaceae 404 Casuarinaceae 406
Eriocaulaceae 290 •Xyridaceae 292 Myricaceae 406 Juglandaceae 408
Juncaceae 292 •Cyperaceae 294 Myrtales: Incertae Sedis dentro de Rosídeas 410
Restionaceae 296 •Poaceae 296 Lythraceae 412 Onagraceae 414
Zingiberales 301 Combretaceae 416 Myrtaceae 416
Zingiberaceae 302 Marantaceae 304 Melastomataceae 418
Cannaceae 306 Malvídeas (Eurosídeas II) 420
EUDICOTILEDÔNEAS (TRICOLPADAS) 307 Brassicales 420
Ranunculales 307 Brassicaceae 420
Menispermaceae 308 •Ranunculaceae 309 Malvales 423
Berberidaceae 312 Papaveraceae 314 Malvaceae 424 Cistaceae 427
Proteales e outras tricolpadas 316 Dipterocarpaceae 429
Platanaceae 316 Proteaceae 317 Sapindales 429
EUDICOTILEDÔNEAS-NÚCLEO 318 Rutaceae 429 Meliaceae 432 Simaroubaceae 435
Caryophyllales 318 Anacardiaceae 435 Burseraceae 437
Caryophyllaceae 320 Phytolaccaceae 323 Sapindaceae 438
Nyctaginaceae 324 Amaranthaceae 324 CLAD0 DAS ASTERÍDEAS (SYMPETALAE) 441
Aizoaceae 327 "Portulacaceae" 328 Cornales 441
Cactaceae 330 •Droseraceae 332 Hydrangeaceae 441 •Loasaceae 443
Polygonaceae 334 Comaceae 443
Santaiales 334 Ericales 445
Loranthaceae 336 •Santalaceae 338 Sapotaceae 445 Ebenaceae 449 Primulaceae 450
Saxifragales 338 Theaceae 452 Ericaceae 452
Saxifragnceae 338 •Crassulaceae 342 Sarraceniaceae 455
Hamamelidaceae 342 Altingiaceae 344 Lecythidaceae 455 Polemoniaceae 457
xvi SUMáRIO DETALHADO

ASTER ÍDEAS-NÚCLEO 458 Acanthaceae 486 Lentibulariaceae 488


Lamídeas (Euasterídeas I) 459 Verbenaceae 490 Lamiaceae 492
Solanales 459 Campanulídeas (Euasterídeas II) 494
Solanaceae 459 Convolvulaceae 462 Aquifoliales 494
Boraginaceae 462 Aquifoliaceae 494
Gentianales 466 Apiales 494
Rubiaceae 469 •Gentianaceae 470 • Apiaceae 495 Araliaceae 499
Apocynaceae 471 Dipsacales 501
Lamiales 475 Caprifoliaceae 501 Adoxaceae 504
Asterales 506
Qleaceae 477 •Gesneriaceae 481
Plantaginaceae 481 Scrophulariaceae 484 Campanulaceae 508 Asteraceae 508
Orobanchaceae 484 •Bignoniaceae 486 Bibliografia citada e leituras recomendadas 516

APÊNDICE 1: Nomenclatura Botânica 543


Nomes científicos 543 Requisitos para nomear uma espécie nova 550
Argumentos contra o uso de hierarquias nas Nomes de híbridos 550
classificações 548 Plantas cultivadas 550
Pronúncia de nomes científicos 549 Resumo 551
Princípios nomendaturais 549 Bibliografia citada e leituras recomendadas 551

APÊNDICE 2: Preparo e Identificação de Esp écimes 553


Coletando plantas 553 Identificação das plantas 557
Prensando e secando plantas 554 Chaves 557
Montando e processando espécimes de herbário 556 Floras e monografias 558
A sistemática vegetal na internet 560
Conservação e legislação 556
Herbários, jardins botânicos e especialistas 562
Bibliografia citada e leituras recomendadas 563

Glossário 567
Créditos das Fotografias 585
índice Taxonômico 587

índice 605
A Ciência da
Sistemática Vegetal
. .. Caracteres que, segundo os naturalistas, mostram uma verdadeira afinidade
entre duas ou mais espécies são aqueles queforam herdados de um ancestral
em comum, portanto toda classificação verdadeira é genealógica .
1
Charles Darwin 1859: 391

m 0 que é exatamente a sistemática vegetal ? A pergunta se torna


mais difícil de responder se considerarmos que vegetal e siste
mática são bastante difíceis de definir. Considerar estes concei
tos em detalhes nos ajudará a definir melhor esta ciência e a
esclarecer nossos propósitos.
¬

0 que queremos dizer com vegetaisl


A maioria das pessoas tem uma noção intuitiva do que é uma planta ou vege ¬

tal: um ser vivo verde e que não se desloca. Para alguns, o conceito de vegetais
abrange os fungos, que não são verdes. Os departamentos de botâ nica e biolo ¬

gia vegetal em muitos col égios e universidades também incluem micologistas


(pessoas que estudam os fungos). Para alguns, a palavra vegetal se restringe a or ¬

ganismos verdes de ambientes terrestres e aquáticos. No entanto, os organismos


fotossintéticos aquáticos abrangem uma enorme diversidade de formas de vida,
incluindo algas verdes e não-verdes e grupos relacionados.
Para os propósitos deste livro, consideraremos as plantas verdes, uma grande
linhagem que inclui as assim chamadas algas verdes e as plantas terrestres (Figu ¬

ra 1.1). Assim definidas, as plantas verdes partilham certo número de caracteres,


incluindo (1 ) a presen ça dos pigmentos fotossintéticos clorofila a e b; (2) reserva
de carboidratos, em geral na forma de amido; e (3) a presenç a de dois flagelos
anteriores em forma de chicote em algum momento do ciclo de vida (com fre ¬

quência modificados ou às vezes perdidos).

4
*
2 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

FIGURA 1.1 Filogenia das plantas verdes Com frequência todos estes
(ilustrada em uma á rvore filogenética ). Atri ¬ grupos são considerados algas verdes
butos estruturais que caracterizam grupos
são indicados nos ramos onde se acredita | Carófitas j Plantas terrestres
que estes caracteres tenham evolu ído. As
rela ções filogenéticas entre hepáticas, an-
tóceros e musgos n ão estã o claras; ver tam ¬

s
II 5l i
bé m Figura 7.6. 5 Traqueofitas

'Traqueídes

Esporófito ramificado
Divis o celular apical
Xilema, floema

Estomatos

Esporos de parede espessa


Clorófitas Embrião
(= algas \ ' Arquegônios, anter
ídios
verdes
restritamente
Cut í cula
definidas)
Tecido parenquim á tico
(corpo multicelular e complexo)
* Tipo de divisão celular
' Flagelos assimetricamente ligados
Clorofilas a e b
Amido (estocado dentro de um
cloroplasto com duas membranas)
* Dois flagelos anteriores em forma de chicote

Dentro das plantas verdes, nos concentraremos nas plan ¬


brepassam de longe o resto das traqueofitas pela sua impor¬
tas terrestres, ou embriófitas (das quais, na verdade uma pe ¬ tância para os ecossistemas terrestres, a nutrição humana, a
quena parte vive na água), cujo grupo atual mais próximo são medicina e o bem-estar em geral. Por isso, a maior parte deste
as carófitas , um grupo de algas verdes. As plantas terrestres livro é dedicada às angiospermas.
apresentam histórias de vida com duas gerações (um esporó ¬

fito diplóide e um gametófito haplóide), esporos de paredes


espessas, um estágio embrion ário no ciclo de vida, estruturas 0 que queremos dizer com sistemátical
especializadas que protegem os gametas (arquegônios para
os óvulos e anterídios para os gametas masculinos) e uma Mesmo quando este livro se focaliza principalmente nas an ¬
cutícula (uma camada cerosa protetora acima das células giospermas, os princípios básicos de sistemá tica aqui enun ¬

epidérmicas). Junto com estes caracteres morfológicos em ciados se aplicam a todos os organismos. Sistemática é a
comum, numerosos caracteres de DNA sustentam que este ciência da diversidade dos organismos. Envolve a descoberta,
grupo é monofilético, isto é, as plantas representam um ú ni ¬ a descrição e a interpreta çã o da diversidade biológica, bem
co ramo da árvore da vida. como a síntese da informação sobre a diversidade, na for ¬

As plantas terrestres consistem em três grupos bem pe ¬ ma de sistemas de classificaçã o preditivos. De acordo com o
quenos - hepáticas, antóceros e musgos - e as traqueofitas. paleontólogo George Gaylord Simpson (1961: 7), A siste ¬
Tracheo refere-se à presença de traqueídes (células especiali ¬ mática é o estudo científico da diversidade dos organismos
zadas para o transporte de Líquidos ) e o sufixo grego phyton e de qualquer e todas as rela ções entre eles". Esta visã o é tão
significa planta. As traqueofitas às vezes são referidas como ampla que poderia abranger aquilo que normalmente con ¬

plantas vasculares e de longe sã o o maior grupo de plantas sideramos ecologia, ou talvez outras disciplinas. Portanto, é
verdes, incluindo cerca de 260.000 espécies. Elas constituem a necessário considerar em detalhes os tipos de relações entre
vegetação dominante na maior parte da superf ície terrestre e organismos que preocupam especificamente os sistematas.
são o foco principal deste livro. Em nossa opinião, o propósito fundamental da sistemá ¬

Dentre todas as traqueofitas, apenas umas 12.000 nã o sã o tica é descobrir todos os ramos da árvore evolutiva da vida,
plantas com flores, ou angiospermas. As angiospermas so ¬
documentar as modificações que ocorreram durante a evo -
r
SISTEMáTICA VEGETAL 3

lução desses ramos e, até onde for possível, descrever todas diferentes pontos de vista sobre suas atividades conduzem
as espécies (os ápices dos ramos da árvore da vida). Assim, suas pesquisas de modo muito semelhante. Enfatizamos
a sistemá tica é o estudo da diversidade biológica que existe aqui as diferenças porque isso poderá ajudar alguns leito ¬
hoje na Terra e da sua história evolutiva. res a compreender parte da literatura sobre a sistemática e
Os sistematas tentam reconstruir a crónica inteira dos porque nos ajuda a explicar nossa própria orienta ção sobre
eventos evolutivos, incluindo a separação de populações em a sistemática vegetal. Mais importante, ao longo deste livro,
linhagens diferentes e quaisquer outras modificações evolu ¬ nos focalizaremos em como interpretamos todos os tipos de
tivas nas caracter ísticas dos organismos associados com estes evid ência em relação ao propósito fundamental da sistemá ¬
eventos de divergência, bem como com os períodos entre tais tica aqui enunciado. A sistemática ocupa uma posição cen ¬
eventos. Uma finalidade secundária, poré m cr ítica, da siste ¬ tral na biologia evolutiva e está desempenhando uma função
mática é converter o conhecimento sobre a árvore da vida cuja importâ ncia vem gradualmente aumentando para ou ¬
(dps ramos terminais - as esp é cies - e as relaçõ es entre estes) tras disciplinas, como ecologia, biologia molecular, biologia
em um sistema de classificaçã o nã o- amb íguo , que possa as ¬ do desenvolvimento, antropologia e até para a linguística e
sim nortear nossa compreens ã o sobre a vida e o mundo que a filosofia.
nos rodeia. Este é o enfoque filogenético na sistemática.
Defendemos explicitamente a idéia de que a sistemática
não é apenas uma ciência descritiva, mas que também procu ¬ 0 enfoque filogenético
ra descobrir relações evolutivas e entidades evolutivas reais Nossa visão da sistemá tica vegetal explica uma idéia que
que são o resultado do processo de evolução.Tomemos como surgirá inúmeras vezes ao longo do livro: que a sistemática
ponto de partida a separação de uma linhagem em duas ou está ligada direta e fundamentalmente ao estudo da evolução
mais. Estudamos então as modificações evolutivas que ocor¬ em geral, desde o estudo de f ósseis até o estudo de modi ¬
reram (e continuarão ocorrendo) dentro das linhagens. Nosso ficações genéticas em populações locais. Esta conexão bási ¬
objetivo é reconstruir a história da separação das linhagens e ca é extraordinariamente simples: estudos sobre o processo
a história das suas modificações de modo tão acurado quanto evolutivo se beneficiam (em geral, muito !) do conhecimento
possível pelo levantamento da maior quantidade possível de daquilo que deduzimos que aconteceu durante a evolução da
informaçã o que nos permita resolver o problema. Os siste ¬ vida na Terra. Por exemplo, quando elaboramos uma hipó ¬
matas continuamente elaboram hipóteses sobre a existência tese sobre a evolução de uma caracter ística em particular de
de ramos na árvore da vida e testam estas idéias com evidên ¬ um organismo, assumimos que o cará ter em questão de fato
cias provindas de uma ampla variedade de fontes , Hipóteses evoluiu dentro do grupo em estudo. Além disso, tais hipóte ¬

alternativas são avaliadas e algumas são provisoriamente es ¬ ses em geral se apoiam em conhecimentos sobre a condição
colhidas dentre outras. precursora a partir da qual este caráter se desenvolveu.
Alguns sistematas vêem seu trabalho de um modo di ¬ Este tipo de informação sobre as sequências de eventos
ferente. Eles pensam em si próprios como simplesmente evolutivos é obtida pelos sistematas que reconstroem a filo-
descrevendo semelhanças e diferenças evidentes entre or¬ genia (a história evolutiva) de um grupo de organismos. De
ganismos ao nosso redor, sem referir-se a uma teoria. Eles modo semelhante, estudos sobre as taxas de modificações
enxergam os diagramas ramificados (como os das Figuras 1.1 evolutivas, das idades e padrões de diversificaçã o de linha ¬
e 1.2) e as classificações (ver Figura 1.5) apenas como ilustra ¬ gens dependem diretamente do conhecimento sobre relações
ções eficientes das semelhanças e diferen ças entre organis¬
filogenéticas.
mos. De acordo com tal ponto de vista, as entidades aceitas
pelos sistematas nada mais são do que resumos das infor ¬

mações observadas, ao tempo que, em nosso ponto de vista, Como reconstru ímos uma filogenia ?
estas entidades representam ramos hipotéticos na árvore da Uma filogenia consiste em conjuntos simples de afirmações
vida. Assim, nosso enfoque se estende alé m da somatória de da seguinte natureza: os grupos A e B estão mais proxima ¬
informações disponíveis e nos leva a efetuar afirmações sobre mente relacionados entre si do que qualquer um deles o está
entidades que n ão podemos observar, mas cuja existê ncia po ¬ com C. Consideremos um exemplo simples envolvendo três
demos inferir em decorrê ncia do processo evolutivo. integrantes da família das rosas (Rosaceae): amora-do-mato,
A tensão entre enfoques neutrais e baseados em teorias framboesa e cereja (Figura 1.2) . De acordo com a frase pelos
permeia a história da ciência. Sempre existiram pesquisado ¬ seus frutos os conhecereis , podemos inferir relações evolu ¬
S res que acreditam que observações neutrais são possíveis e tivas utilizando apenas os frutos como evidências. A amora-
desejáveis, e existem aqueles que preferem definir os termos do- mato e a framboesa apresentam numerosos frutos peque ¬
básicos da disciplina científica na forma de operações particu ¬
nos, carnosos (drupas) e agrupados (ver Capítulo 4 para uma
lares efetuadas nos dados. Existem também aqueles (como os descrição dos tipos de frutos). Os frutos da cereja também são
autores deste livro) cujos conceitos, definições e procedimen ¬ drupas, mas são solitários e muito maiores que os dos outros
tos de inferência estão explicitamente baseados em teorias dois taxa.
e que gostariam de ir além dos dados levantados e efetuar Com tais informações sobre os frutos dessas três plantas,
generalizações. podemos inferir que a amora-do- mato e a framboesa estão '
Para alguns, a distin ção que acabamos de fazer pode pa ¬ mais proximamente relacionadas entre si do que com a ce ¬
recer pequena, e na prática, a verdade é que sistematas com reja. Isto equivale a dizer que a amora-do-mato e a framboe-

i
1

4 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG , STEVENS & DONOGHUE

na forma de um diagrama conhecido como árvore evolutiva


(também conhecida como árvore filogenética ou cladogra-
ma) . Este livro contém grande variedade destas árvores; o da
Ancestral em comum • Amora-do- mato
entre a amora-do-mato Figura 1.2 é uma das mais simples.
e a framboesa Mais formalmente, uma árvore filogenética é um diagra ¬
ma que resume as relações entre ancestrais e descendentes.
Imagine uma população de organismos muito semelhantes
entre si. Por algum motivo, a população se divide em duas
populações e estas divergem e evoluem independentemente.
- Framboesa Em outras palavras, duas linhagens (sequências ancestrais-
descendentes de populações) se estabelecem. Sabemos que
Ancestral em comum
entre a amora-do-mato, isso aconteceu porque integrantes das duas novas popula¬
a framboesa e a cereja ções adquirem, por meio de mutações, caracter ísticas novas
,
nos seus genes e possivelmente , modifica çõ es na forma, ou
morfologia. Tais modifica ções morfol ó gicas fazem com que
os integrantes de uma popula çã o se pare çam entre si e sejam
- Cereja diferentes dos integrantes das outras popula çõ es ou da po ¬

r . pula ção ancestral . Estas caracter


í sticas sã o as evidê ncias da
evolução.
Por exemplo, um grupo de plantas produzirá uma pro ¬

génie que é geneticamente relacionada com seus parentais,


Tempo como indicado pelas linhas na Figura 1.3. A progé nie se re ¬
FIGURA T.2 Uma filogenia simples de três integrantes da fam ília das
produzirá dando lugar a outra progénie, de modo que pode ¬

roseiras.
mos ver a população ao longo de muitas gerações, com cone ¬
xões genéticas indicadas por linhas.
Se por algum motivo uma população se divide em duas
sa partilham um ancestral em comum mais recente do que populações separadas, cada população terá seu próprio con ¬
aquele ancestral comum partilhado com a cereja. A amora- junto de conexões e eventualmente adquirirá caracteres dis
¬

do- mato e a framboesa são chamadas de grupos-irmãos ou tintos. Por exemplo, na população hipotética da Figura 1.3, a
parentes mais próximos. Uma grande quantidade de evid ên ¬ população à direita desenvolve flores vermelhas e o caule da
cias provindas de caracteres estruturais, químicos e sequên ¬ população à esquerda se toma lenhoso. Estas modificações
cias de DNA leva à mesma conclusão sobre as rela ções entre são evidências de que cada popula ção constitui uma linha ¬
tais plantas. Podemos representar estas relações filogen éticas gem separada. O processo pode repetir-se e cada uma das

•9
Ano 10
Ano 9
Ano 8
Ano 7
\
-
Ano 6
T
£ Ano 5

m
X
Ano 4 D p;
Ano 3
Ano 2
Anol
CL

CT O 00 0
3Q
&
o o o o
O Pétalas brancas, caule
herbáceo, folhas não- pilosas,
•folhas
Pétalas brancas caule lenhoso
nã - pilosas
o
, ,
, cinco estames,
Pétalas vermelhas, caule
herbáceo, folhas não-pilosas,
cinco estames, fruto seco, testa fruto seco, testa da semente lisa cinco estames, fruto seco, testa
da semente lisa da semente lisa

FIGURA 1.3 Evolução de duas linhagens hipotéticas de plantas. Cada ta ção na populaçã o à esquerda produz uma mudan ça de caule her¬
círculo ou quadrado representa um Indivíduo. As linhas se estendem báceo para lenhoso que é transmitida aos descendentes. Ao longo do
de baixo para cima, a partir de cada planta em direção aos seus des ¬ tempo, as plantas lenhosas gradualmente substituem as herbá ceas na
cendentes, e para baixo, em direção aos parentais de cada indivíduo. populaçã o. Uma mutaçã o diferente no grupo da direita nos leva a um
No ano 4, por algum motivo, a população se divide em duas. Uma mu - grupo de plantas com flores vermelhas ao invés de brancas.
r
SISTEMáTICA VEGETAL 5

Ano

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í òVo Ò 0 Cf õ b o
3

O Pé talas brancas, caule herbáceo,


folhas não- piiosas, cinco estames,

Pétalas brancas, caule lenhoso,
folhas não-pilosas, cinco estames,
Pétalas vermelhas, caule herbáceo, B Pétalas vermeihas, caule herbáceo,
folhas não - pilosas, cinco estames, folhas não-pilosas, quatro estames,
fruto seco, testa da semente lisa
fruto seco, testa da semente lisa fruto seco, testa da semente com fruto seco, testa da semente lisa
espinhos
• Pétalas brancas, caule lenhoso,
folhas não- pilosas, cinco estames,
9 Pétalas brancas, caule lenhoso,
folhas não- pilosas, cinco estames,
Pétalas vermelhas, caule herbáceo,
folhas- pilosas, cinco estames, fruto
fruto seco, testa da semente lisa fruto carnoso, testa da semente lisa Seco, testa da semente lisa

I FIGURA U O mesmo conjunto hipotético de plantas da Figura 1.3 após 8


anos e outras duas divisões.
i

novas populações poderá dividir-se novamente, com cada losas, cinco estames, fruto seco, semente com testa lisa) n ão
uma das novas populações adquirindo um novo conjunto de nos informa nada sobre o que aconteceu.
caracteres. Algumas das plantas lenhosas agora apresentam Um estado de caráter derivado poderá tomar-se ancestral
frutos carnosos e outro grupo apresenta a testa da semen ¬
em um momento posterior. Na Figura 1.4, caules lenhosos
te provida de espinhos. Ao mesmo tempo, parte das plantas são derivados em relação à população original, mas são an ¬
com flor vermelha apresenta apenas quatro estames e outro cestrais em relação aos grupos com frutos carnosos ou com
conjunto de plantas de flor vermelha apresenta folhas pilosas sementes de testa provida de espinhos.
(Figura 1.4).

l As características das plantas, tais como cor da flor ou


estrutura do caule, são geralmente denominadas caracteres.
Cada caráter pode apresentar valores diferentes ou estados
Oque é monofilia ?
De que modo um sistemata utiliza uma filogenia para decidir
de cará ter . Em nosso exemplo, o caráter cor da flor apre ¬ a quais grupos de organismos, ou taxa (em singular táxon),
senta dois estados: branco e vermelho. O cará ter estrutura deve dar nome em uma classifica ção? Um enfoque filogené-
tico exige que cada táxon seja um grupo monofilético, defi ¬

j do caule também apresenta dois estados: herbáceo e lenho¬


so. Plantas com o mesmo estado de caráter estão mais prova ¬
velmente relacionadas entre si do que plantas com diferentes
estados de caráter.
nido como um grupo que contém um ancestral e todos seus
descendentes {mono, nica; phyllum, linhagem). O exemplo
na Figura 1.2 ilustra como identificamos taxa monofiléticos.
O ponto crítico deste exemplo é que caracteres como pé ¬ Apenas como exemplo didático, assumamos que Rosaceae
1 talas vermelhas e caules lenhosos são novos: eles são deriva¬ contém apenas os três grupos da figura (claro que é uma fa ¬
dos (ou apom órficos) em relação à população ancestral que mília muito maior; ver Capítulo 9), que os três taxa são mo ¬

apresentava flores brancas e caules herbáceos (não lenhosos) . nofiléticos e que a figura ilustra as verdadeiras relações filo-
Apenas caracteres derivados como estes nos indicam que gené ticas entre eles. Há três possíveis arranjos dos taxa: (1)'
uma nova linhagem se estabeleceu. A retenção de estados de amora-do-mato e framboesa, (2) cereja e amora-do-mato e
caráter antigos (flores brancas, caule herbáceo, folhas não pi ¬
(3) cereja e framboesa.

í
6 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Quais desses arranjos representam grupos monofiléticos? Uma importante exceção da regra da monofilia ocorre no
Apenas o conjunto 1 inclui todas as entidades de um ni ¬ reconhecimento de taxa no nível de espécies. O problema da
co ramo da árvore filogené tica, ou seja, apenas o conjunto 1 aplicação do conceito de monofilia nas espécies está relacio¬
contém todos os descendentes de um nico ancestral e é mo- nado com a natureza das relações abaixo e acima do nível de
nofilé tico. Grupos monofiléticos també m sã o denominados espécie. Acima do nível de espécie, a árvore da vida separa-se
ciados. em geral na forma de ramos, como nas Figuras 1.1 e 1.2. Isto
Outro modo de entender a monofilia é pensar que um é assim porque os taxa nessas árvores não se cruzam ou hibri-
grupo monofilé tico é aquele que pode ser removido de uma dizam entre si. Dentro das espécies, no entanto, os ramos se
árvore filogenética com um único corte . Veja a Figura 1.2 e unem devido à reproduçã o entre os integrantes das espécies.
observe que a remoção do grupo 2 (cereja e amora - do- mato) Assim, durante a separação de uma espécie em duas, podem
necessitaria de dois cortes. Em geral, a remoçã o de grupos ocorrer eventos reprodutivos entre integrantes das linhagens
n ão- monofiléticos de
/ Ar árvores filogenéticas maiores

mais do que dois cortes.


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Este
Esta definiçã o de monofilia em particular foi adotada e outros problemas em relaçã o as espé cies são discutidos no
apenas recentemente (ver Capítulo 3), e muitos grupos tra ¬ Capítulo 6.
dicionalmente aceitos de plantas não sã o monofiléticos de
acordo com tal definiçã o. Um exemplo de grupos familiares
que não são monofiléticos são as dicotiledôneas". Este gru ¬
A sistemática vegetal na prática
po apresenta caracteres como presen ça de dois cotilédones e A classificação e a identificação são duas importantes ativida ¬

flores com peças periânticas em número igual ou múltiplo de des dos sistematas. A classificação consiste em localizar uma
4 ou 5, que fazem com que sejam reconhecidas facilmente. entidade em um sistema de inter- rela ções logicamente orga ¬

No entanto, elas não constituem um grupo monofilé tico. As nizado. Este sistema é geralmente hierá rquico, compondo-
monocotiled ôneas, que aparentemente são monofilé ticas), se de grupos grandes e inclusivos de organismos, tais como
são também descendentes do ancestral comum das "dico ¬
o reino vegetal, que inclui todas as plantas verdes, que por
tiledôneas , e as monocotiledôneas estão inseridas dentro sua vez contê m grupos menos abrangentes sucessivamen ¬

destas. Assim, o grupo "dicotiledôneas nã o cont ém todos os te inseridos, tais como ordens, famílias, gêneros e espécies.
descendentes de um ú nico ancestral, e é necessário mais de Os maiores e mais inclusivos grupos de seres vivos são os
um corte para removê-las da árvore da vida. três grandes domínios da vida: Bactéria, Archaea (ambos
O Capítulo 2 discute a monofilia em mais detalhes, bem contendo organismos unicelulares e procariontes) e Eukaiya
como as formas em que interpretamos as evid ências a favor (organismos uni ou multicelulares, mas todos eucariontes) .
ou contra ela. Para manter o enfoque filogenético deste livro, O domínio Eukarya é definido por muitas sinapomorfias, in ¬

aceitaremos apenas grupos monofilé ticos. Por exemplo, re ¬


cluindo a presença de um n úcleo celular.
jeitamos as dicotiledôneas" como grupo formal e indicamos Dentro de Eukarya, encontramos muitos organismos pre ¬

este e quaisquer outros grupos n ão-monofiléticos entre aspas.


'
dominantemente unicelulares, em geral incluídos nos pro-
Um grupo monofilético pode ser reconhecido como tal pelos tistas, e três reinos monofiléticos de organismos multicelu ¬

caracteres derivados compartilhados pelos seus integrantes lares: animais, fungos e plantas verdes. Estudos filogenéticos
(sinapomorfias) . Sinapomorfias são estados de caráter que abrangem grupos desde o nível de domínio at é o de espécie.
surgiram no ancestral de um grupo e que estão presentes A Figura 1.5 apresenta o exemplo da localização de uma es ¬

em todos os seus integrantes (mesmo que às vezes de forma pécie de planta ( Solidago semperoirens ), em um sistema hie ¬

modificada). O conceito de sinapomorfia foi formalizado pela rárquico de classifica ção (ver também Apê ndice 1). Cerca de
primeira vez por Hennig (1966) e Wagner (1980) . Em anos 1,5 milhão de organismos foram descritos e nomeados, mas
recentes, a possibilidade de sequenciar nucleotídeos de DNA a Terra provavelmente sustenta 10 a 20 vezes esse número de
permitiu a compara ção de sequências gênicas de diferentes espécies.
organismos na busca por sinapomorfias. Tal tipo de estudo é A sistem ática abrange a disciplina da taxonomia, palavra
a base da sistemá tica molecular, descrita no Capítulo 5. Os ligada ao termo táxon. Em taxonomia, grupos de organismos
resultados dessa disciplina, com frequência, viram pelo aves ¬
são descritos e nomes científicos lhes sã o designados. O nome
so pontos de vista aceitos por muito tempo sobre as relações de um táxon nos dá acesso à informaçã o disponível sobre ele.
filogené ticas entre determinados organismos. Por isso, é importante que todos os grupos de plantas tenham
Em alguns casos, a evidê ncia a favor ou contra a monofilia um nome que sirva de referencial. Isto é especialmente im ¬

de um grupo não é inequívoca. Pbr exemplo, as gimnosper- portante no nível de espécie, uma hierarquia taxon ômica de
mas atuais, um grupo de plantas que inclui os pinheiros e especial importância e utilidade para a humanidade. A apli ¬

os ciprestes, não são monofilé ticas de acordo com algumas ca ção de nomes científicos é a finalidade da nomenclatura
análises e são monofilé ticas de acordo com outras. Estudos biológica (ver Apêndice 1) .
moleculares recentes em geral sustentam a monofilia das gi- A identificação envolve determinar se uma planta des ¬
mnospermas atuais, mas é possível que estudos posteriores conhecida pertence a um grupo já conhecido de plantas. Em
contradigam esta visão. Provisoriamente, reconhecemos as regiões temperadas, onde geralmente a flora é bem conheci ¬

gimnospermas como um grupo monofilético na nossa classi ¬


da, é possível associar cada planta com um nome. Um con ¬

ficação. Discussões mais extensas sobre estes t ópicos comple ¬ sultor ambiental, durante a execuçã o de um levantamento
xos podem ser encontradas nos Capítulos 7 e 8. florístico, poderá, por exemplo, encontrar uma espécie de
r
SISTEMáTICA VEGETAL 7

Reino vegetal
Por que a sistemática é importante?
A sistemática é essencial para nossa compreensão e comuni ¬

cação sobre o mundo natural. As atividades básicas da siste ¬


Traqueófitas Diversas plantas mática (classificação e nominação) são metodologias antigas
não-vasculaxes
para lidar com informações sobre o mundo natural, sendo
Solidago semvemrens que, no início da evoluçã o cultural humana, elas já produziam
Plantas com flores Diversas plantas
sem flores classificações sofisticadas de organismos de importância para
o ser humano. Dependemos de muitas espécies para obter
Asteraceae Muitas outras alimento, abrigo, fibras ou vestimentas, papel, medicamentos,
ferramentas, corantes, assim como para uma grande quanti
/\ famílias ¬

dade de outras finalidades. Conhecemos ou podemos prever


Solidago Muitos outros utilizações para uma biota, em parte devido ao nosso conhe ¬
gêneros cimento sistemático dela.
/ \
Muitas outras
Embora a classificação sempre tenha sido uma atividade
Solidago focalizada em descrever e agrupar organismos, apenas em
semperoirens espécies
tempos recentes esta tem-se envolvido com relações filoge-
FIGURA 1 .S Parte de uma classificaçã o hierá rquica, mostrando a lo¬ né ticas e evolutivas. A publicação de A Origem das Espécies ,
calizaçã o da espécie Solidago sempervirens. Setas que apontam para em 1859, por Charles Darwin, estimulou a incorpora ção das
baixo indicam grupos inseridos dentro dos grupos acima deles. Em relações gerais e evolutivas dos organismos nas classificações,
todos os casos, uma seta leva a um grupo contendo Solidago semper¬ uma meta em andamento e que deve ainda ser completada
virens e a outra a todos os outros grupos no mesmo n ível hierá rquico. (de Queiroz e Gauthier 1992). Um passo cr
( Foto de David Mclntyre.)
ítico neste pro¬

cesso foi o desenvolvimento de uma perspectiva filogenética,


para a qual contribuíram Willi Hennig (um entomólogo ale ¬

Solidago (Asteraceae) e, eventualmente, poderá reconhece-la mão, 1913-1976), Walter Zimmermann (um botânico alemão,
como integrante desse gê nero sem ter, no entanto, certeza 1892-1980), Warren H. Wagner, Jr. (um botânico americano,
sobre a espécie. As espécies desse gê nero sã o às vezes de 1920- 2000) e muitos outros.
ícil identificação. O consultor deve registrar informações
dif Quanto mais uma classificação reflita a hist ória filoge ¬
sobre a planta para poder identificá-la, mas não quer dani ¬ né tica e evolutiva de um grupo, mais preditiva ela será. Por
ficar a planta, pois suspeita que possa ser rara ou tratar-se de exemplo, a descoberta de certos precursores da cortisona
uma espécie ameaçada . Assim, ele toma cuidadosas notas e em certas espécies de inhame do gênero Dioscorea (Diosco-
fotografias, de modo a documentar o aspecto da planta. Se reaceae; ver Capítulo 9) promoveu a busca e o subsequente
apropriado e conveniente, pode ser de ajuda coletar um úni ¬ achado de maiores concentrações desse composto em outras
co espécime, que será preservado por meio de prensagem e espécies do gênero (Jeffrey 1982). O fato de tais espécies se¬

secagem (ver Apêndice 2) e utilizado para poder identificar a rem próximas dos inhames fez com que fosse provável que
planta com certeza. partilhassem caracteres geneticamente controlados, como a
A forma mais rápida de identificar um espécime botânico presença de compostos químicos.
é consultar um botânico profissional ou um naturalista bem Assim, o conhecimento sobre sistemática de plantas guia
treinado e conhecedor da flora da região; também pode-se a busca por plantas de potencial importância económica. Na
consultar a literatura pertinente. Existem livros dedicados à década de 1960, durante estudos sobre as plantas nativas dos
nomenclatura e à descrição de plantas, alguns abrangendo Andes peruanos, o botânico Hugh Iltis coletou espécies do

i as plantas em geral, outros focalizando-se em parte de uma


flora específica.
Uma terceira via para identificar plantas é visitar um her-
bário, um tipo de instituição cuja função é abrigar coleções
científicas de plantas e cuja exist ê ncia é um padrão dentro
gênero Solanum, que inclui a batata e o tomate. Iltis sabia
que parentes selvagens do tomate poderiam ser ú teis no
melhoramento dos tomates cultivados e enviou sementes de
um táxon desconhecido ao geneticista Charles Rick, na Ca
lifórnia. Este descreveu a espécie nova com o nome Solanum
¬

l de universidades e instituições botânicas. Nessas instituições, chmielewskii (em homenagem a Tadeusz Chmielewskii, um
é possível comparar as informações que temos (espécimes, geneticista polonês que se dedicou aos tomates). Rick cruzou
fotos) com espécimes já determinados e depositados. A In ¬ essa espécie com os tomates cultivados, introduzindo genes
ternet vem se tomando uma ferramenta de importância cada que melhoraram o sabor dos tomates (Rick 1982). Avan ços
vez maior para a identificação de plantas e nela encontramos similares (há centenas de exemplos semelhantes) permiti ¬

imagens de plantas e chaves Online (Farr 2006). ram o aumento das colheitas, a resistência a doenças e outros
A identificação de plantas é mais desafiadora nos trópi ¬ atributos desejáveis em variedades horticulturais. A sistemá ¬

cos, não apenas porque estes contêm mais espécies do que tica é també m crítica em ciências biológicas que envolvem
as regiões temperadas, mas também porque, em geral, flo ¬ a biodiversidade, como biologia da conservaçã o, ecologia e '
ras tropicais são menos estudadas. Uma enorme quantidade etnobotânica.
de espécies tropicais ainda precisa ser reconhecida, coletada, A sistemática avança nosso conhecimento sobre a evolu ¬

descrita e nomeada. Aqui, a fun ção do especialista é cr ítica. çã o, pois estabelece um contexto histórico de compreensã o
No entanto, a cada ano o número de especialistas diminui. para uma grande variedade de fen ômenos biológicos, tais
8 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

S r
1
U. gymnoxiphium
/u. hobdyi
.
S latifolia
b , valeata
S . raiilardioides
«
S. microcephala
S . plantaginea BH

I
J
S. plantaginea h.
S. plantaginea p.
S. knudseniif
S. knudsenii k.
1
I S. knudsenii n.

-
S. laxa h .
S. laxa l.
S, pauciflorula
S. imbricata l.
1
i S. laevigata 671
1 - íS. laevigata 777 )

S. menziesii


S. platyphylla

u
s
s
.
S . reticulata
S . arbórea
S ciliolata c.
S. írliolatag.
S. linearis h.
f
5
s

FIGURA 1.6 Há bito de Argyroxiphium sandwicense, mostrando a ro¬ -


S. linearis I .
S. scabra l.
S . scabra s.
í
I S. herbstobatae
seta basal de folhas em forma de espada e a inflorescê ncia volumosa, 1 S. sherffiana
que pode atingir até 2 m de altura.{Foto; cortesia de Sherwin Carlquist A. caligini
e da Botanical Society of America.)
a».
A. grayanum UM
A. grayanum EM

como diversificação ecológica e especialização, relações co-


A. kauense
S A, sandwicense m. 1
evolutivas entre parasitas e hospedeiros ou entre plantas e
polinizadores, biogeografia, adaptação, especiação e taxas de
-
2 A. sandwicense s.

evolução. Apresentaremos três exemplos para ilustrar a im ¬

Tempo
portância da sistemática na biologia evolutiva.
Certas Asteraceae havaianas, como muitos outros grupos FIGURA 1.7 Á rvore filogen ética dos g ê neros Argyroxiphium, Dubau¬
dessas ilhas, são exemplos de eventos de radiação evolutiva. tia e Wilkesia, incluindo todas as 28 espécies nativas do Hava í. A á rvore
Um grupo monofilético de 28 espécies, distribuídos em três se baseia em sequ ê ncias do espa çador interno de DNA ribossomal nu ¬
gêneros ( Argyroxiphium, Dubautia e Wilkesia ), é end émico do clear. As letras acima dos ciados indicam o há bitat (S, seco, U, ú mido)
arquipélago havaiano e evoluiu a partir de um único indiví ¬ de cada linhagem. Linhagens de h á bitats secos sào mostradas em azul.
( Modificada de Baldwin e Robichaux 1995.)
duo fundador provindo de uma espécie ancestral da Calif ór ¬

nia (Baldwin e Robichaux 1995) . Este grupo contém alguns


dos taxa mais notáveis da flora havaiana. As espécies de Ar ¬

gyroxiphium, por exemplo, apresentam folhas em forma de Podemos perceber este padrão de radiação na filogenia
espada dispostas em uma roseta basal, com pêlos verdes ou do grupo (Figura 1.7). Quando plotamos as preferê ncias de
prateados. Do centro da roseta emerge uma inflorescência hábitat na árvore filogenética, fica claro que ocorreram muitas
terminal de até 2 m de altura, com até 600 capítulos grandes mudanças de hábits úmidos para secos na evolução das espé ¬
(Figura 1.6). cies. A diversificação do grupo parece ter ocorrido há cerca de
Além de plantas com folhas em rosetas basais, outras 5,2 milhões de anos, o que coincide com a idade da ilha mais
plantas dessa aliança se tomaram arbustos, subarbustos, ár ¬ antiga (Kaua'i). A especiação parece ter ocorrido a uma
vores e lianas. Essas plantas ocupam grande diversidade de de 0,56 (± 0,17) espécies por milhão de anos (Baldwin 2i
hábitats, desde os 75 até os 3.750 m de altura, e locais com uma taxa consideravelmente alta se comparada com a de ou ¬

precipitações que vão de menos de 400 a mais de 12.300 mm tros grupos de plantas (ver Especiação no Capítulo 6).
anuais. Um padrão comum na radiação evolutiva desse gru ¬ O segundo exemplo envolve adaptações evolutivas rela ¬

po aparentemente envolve eventos de dispersão entre iihas cionadas com a polinização. O gê nero Parkia inclui árvores
seguidas de modificações ecoló gicas ao longo de gradientes tropicais, especialmente na floresta amazônica. Este gênero
de umidade. pertence à família Fabaceae, a família do feijão (ver Capítulo
SISTEMáTICA VEGETAL 9

9 ), e as sementes de algumas espécies são consumidas em


algumas regiões tropicais. Parkia contém um grande número s
de espécies cujas flores são polinizadas por morcegos. Nestas m
espécies, a antese é noturna, quando os morcegos estão ati¬ Ar
ÍT-fev£
"

vos, e as flores secretam néctar abundante como recompensa


floral para os polinizadores. O pólen é depositado nos morce ¬
gos enquanto eles visitam as flores e sugam o néctar; a poli ¬
nização acontece quando estes animais acabam transferindo í*
entre as flores o pólen que carregam.
Enquanto uma filogenia de Parkia não esteve disponível
í:
*
(Luckow e Hopkins 1995), não era possível esclarecer se a po- swl.
linizaçàb por morcegos tinha evoluído uma ou muitas vezes
dentro do grupo. Luckow e Hopkins identificaram um grande
ciado dentro de Parkia onde todas as espécies estudadas são
polinizadas por morcegos. A polinização por morcegos den ¬ . :í
m
A ít,
tro de Parkia não acontece fora desse ciado. Assim, a filogenia g
foi uma boa evidência de uma única origem para a poliniza ¬
ção por morcegos neste gênero. Muitas modificações acon ¬
teceram no ciado polinizado por morcegos, especialmente a
i produção de flores que produzem grandes quantidades de 23,1 um
néctar, mas que não se transformarão em frutos e que ocor¬
rem na mesma planta junto com flores perfeitamente funcio¬ FIGURA 1.8 Um agregado de grã os de pólen de Parkia sumatrana
nais. A filogenia de Luckow e Hopkins indicou que o ciado var. streptocarpa, uma espécie polinizada por morcegos. A superf ície
polinizado por morcegos evoluiu a partir de ancestrais polini ¬ -
dos grãos de pólen é descrita como verrucosa e acredita se que seja
zados por abelhas noturnas e já tinham antese noturna. Este uma especialização para a polinização por morcegos. (Fonte: Luckow
tipo de flor certamente facilitou a aparição de polinização por e Hopkins 1995.)
morcegos. Além disso, a filogenia indicou que a aparição da
polinização por morcegos foi acompanhada pela evolução de
numerosas adaptações específicas. Por exemplo, a superf ície f ério Sul foi dividido pela tectônica de placas e pela deriva
do pólen de algumas espécies apresenta uma ornamentação continental em um processo que começou cerca de 120 mi¬
especial (Figura 1.8), denominada verrucosa. Outras legu ¬ lhões de anos atrás. A deriva continental resultou em uma
minosas polinizadas por morcegos, fora do gênero Parkia , série de separações, como acontece com as linhagens que se
apresentam uma ornamentação do pólen similar. Caracteres separam em uma filogenia. É possível que as oito espécies
florais associados com a polinização por vertebrados e outros atuais de baobás tenham evoluído apenas em decorrência da
aspectos de biologia floral são discutidos no Capítulo 4. separaçã o de Gondwana. Altemativamente, a distribuição
Nosso terceiro exemplo demonstra o valor da filogenia atual dessas espécies poderia ser o resultado de eventos de
para a biogeografia, o estudo da distribuição geográfica dos dispersão de sementes. Se tivéssemos (mas não temos) um
organismos. Este exemplo trata de outro grupo importante bom registro fóssil dos baobás, poder íamos optar entre estas
de árvores, os baobás, alguns dos quais são polinizados por hipóteses .
morcegos. Existem oito espécies de baobá, todas do gênero Uma filogenia de Adansonia, junto com uma estimativa
Adansonia (Malvaceae) (ver Capítulo 9). Uma espécie é nativa do tempo de separação das linhagens dentro do gênero, se ¬
na Austrália, seis são restritas a Madagascar e Adansonia digi- ria um bom teste para as duas hipóteses biogeográficas antes
tata ocorre no nordeste, centro e sul da África. Ainda, Adan ¬ enunciadas. Baum e colaboladores (1998) estimaram uma fi¬
sonia digitata, o baobá africano, é um elemento florístico em
¬ logenia desse grupo com base em sequê ncias de DNA nuclear
blem ático da região subsaariana. Esta árvore pode viver por (Figura 1.9). Esta filogenia situa A. gibbosa (da Austrália) como
mais de 1.000 anos e seu volumoso tronco pode atingir at é 16 o grupo-irmã o das outras espécies. Baum e colaboladores
m de diâ metro. O caule tem a capacidade de estocar grande (1998) utilizaram taxas de divergência de sequências de DNA
quantidade de á gua, o que permite que a árvore sobreviva a para estimar o tempo de divergência de A. gibbosa das demais
grandes períodos de seca. Folhas, brotos e sementes são co ¬ espécies do gênero. Se as divergê ncias são estimadas como
'
mestíveis e importantes recursos para alguns povos africanos. tendo começado antes da separação entre Austrália, África e
As flores do baobá apresentam um diâmetro dé até 20 cm, Madagascar, a divergência poderia ser interpretada como o
antese noturna e são polinizadas por morcegos frugívoros. As resultado da separação e posterior isolamento das áreas. Ao
espécies de Madagascar também são polinizadas por morce ¬ contrá rio, as estimativas obtidas por Baum e colaboladores
gos, embora um lêmur noturno contribua substancialmente indicam que esta divergência é muito mais recente, sugerin ¬
na polinização de algumas dessas espécies. do dispersão de sementes através do oceano. Tal dispersão a
As três grandes á reas hoje ocupadas por baobás foram longa distância é plausível porque muitos frutos de baobá são
outrora parte de Gondwana. Este supercontinente do Hemis- lenhosos e rígidos, podendo ser dispersos pela á gua.
Vf

10 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

A. gibbcsa Austrália

&

A. gibbosa

Ancestral em
comum

A. digitata África

A. digitata

A. grandidien

A. suarezensis V
"

A. rubrostipa
Madagascar
A. za g
A. madagascariensis J
|
v
A. perrien
T .4.
--VV -

FIGURA 1.9 Filogenia das oito espécies de Adansonia, com i


indicaçã o da distribuiçã o geográ fica à direita de cada espécie.
(Fonte: Baum et al. 1998.) A. grandidien
r
SISTEMáTICA VEGETAL 11

cão deste livro angi spennas contem a maiona dos graos e cultivos
flbietivos e oraaniza
y °
UUJCi
Este livro apresenta
vegetal . O Cap ítulo
um
2
' enfoque
estabelece
filogen
os
é
conceitos
tico da
e
sistem
prá ticas
á tica
b á-
de importância para o ser humano, bem como uma série de
árvores de 1 lti|,yar 5 n

Dois apêndices deste livro tratam de práticas importantes


sicas da sistem á tica filogen é tica. Rara entender este enfoque , da sistemática vegetal. No Apêndice 1, explicamos a nomen -
é importante entender um pouco da hist ó ria da sistem á tica datura botânica: a aplicaçã o de nomes científicos às plantas,
vegetal o tópico do Capítulo 3. O Apêndice 2 abrange a coleta de espécimes vegetais, fornece
Inferimos as filogenias a partir de muitas fontes de carac- resumo do processo de identificação e provê um pequeno
teres biológicos, incluindo caracteres estruturais (anatomia, guja de como se manter atualizado sobre os avanços da siste-
morfologia ou atributos externos) e moleculares (constituin- mática vegetal mediante o uso da literatura e da Internet,
tes bioquímicos, tais como proteínas, flavonóides e DNA). O o CD contém mais de 3.100 imagens de flores, frutos e
Capítulo 4 é dedicado às fontes estruturais e moleculares ( ex - v outras partes das plantas, bem como sinapomorfias e carac-
ceto DNA de ) evid ê ncias sistem áticas . O Cap ítulo 5 focaliza teres que permitem a identificação no campo dos grupos tra-
as evidê ncias obtidas por meio do DNA . tados neste livro. Estes caracteres também são teis na iden-
O Cap ítulo 6 trata da diversifica çã o vegetal . Como as es - tificação, assim como as imagens que mostram dissecções de
p écies s ão formadas e mantidas ? Como determinamos que flores e frutos, o CD também contém um glossário lustrado
dois indivíduos pertencem à mesma ou a diferentes espécies? com finfo para uma ou mais imagens que ilustram os carac-
De que forma a diversifica ção é moldada pela hibridizaçã o, teres definidos. As imagens complementam as descrições das
poliploidia e sistema reprodutivo? famílias e ilustrações botânicas no texto.
O Capítulo 7 apresenta um resumo da história evolutiva O CD contém três apêndices, cada um dos quais arranja
das plantas e explica a origem de muitos caracteres importan - 0s grupos tratados no livro conforme os três principais sis-
tes que sã o utilizados para identific á - las , criando um ponto temas de classificação: Cronquist (1981), Thorne (1992) e o
de partida para os dois cap ítulos finais . sistema APG (Angiosperm Phylogeny Group) (1998, 2003).
Este livro se focaliza em famílias de plantas, um bom pon- Este último é o sistema seguido neste livro,
to de partida para entender a diversidade vegetal. Há espé- É importante ressaltar que o conhecimento sobre siste-
cies demais para serem ensinadas em um curso de graduação, má tica vegetal está aumentando muito rapidamente. Novas
Além disso, muitas famílias (como as dos carvalhos, pinhei- hipóteses filogenéticas estão surgindo a passos longos, e de-
ros, rosas, gramas, mostarda, feijão e orquídeas) são de fato vemos esperar grandes mudan ças nos próximos anos. Nestas
já conhecidas por muitas pessoas e são relativamente fáceis circunstâncias, é impossível que um texto permaneça atuali -
de reconhecer. Aprendendo a reconhecer famílias importan - zado e, sem dúvida, será necessário que o material aqui apre-
i tes, aprendemos uma classificação que nos permitirá depois sentado seja complementado com informações adicionais
aprender gêneros e espécies. obtidas, talvez, por meio de bases de dados (ver Apêndice 2
Os cap í tulos 8 e 9 abordam a diversidade vegetal e cont êm para uma discussão sobre a sistemática vegetal na Internet).
numerosas ilustrações, descrições e chaves (ver Apêndice 2). Os estudantes podem achar frustrante que, em uma dis-
As chaves organizam a informação sobre um grupo (p. ex., as ciplina tão antiga quanto a sistemática vegetal, nosso conhe-
famílias de coníferas) de um modo que facilita a identificação, cimento necessite de frequente (aliás, constante) revisão. Es-
Como antes enunciado, seguimos um enfoque filogenético. peramos que, ao invés disso, estas rápidas mudanças sejam
Assim, na medida do possível, temos tentado definir famílias percebidas de modo positivo, como uma expressão da vita -
que são monofiléticas. O capítulo 8 abrange as traqueófitas lidade dessa disciplina. Como em qualquer ciência, o conhe-
não-angiospermas. Mais especificamente, apresenta 26 famí- cimento em sistemá tica vegetal é sempre provisório e deve
lias de seis grupos principais: licóíitas, monilófitas (samam- mudar para refletir as novas descobertas. Afortunadamente,
baias, incluindo Psilotales e Equisetales), Cycadales, Gingko, novas metodologias e ferramentas para inferir relações filo-
coníferas (pinheiros, ciprestes, etc.) e Gnetales. genéticas, bem como a disponibilidade de novas formas de
A diversidade das angiospermas, descrita no Capítulo 9, é evidência, nos dão a oportunidade de obter uma descrição
enorme; descrevemos mais de 140 famílias. As angiospermas cada vez mais acurada da história evolutiva. Ficaremos muito
apresentam adaptações que lhes permitem crescer em prati- satisfeitos se outros se unirem a nós na alegria de procurar
camente qualquer tipo de ambiente da Terra. uma melhor compreensão da sistemática vegetal.

i
12 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

BIBLIOGRAFIA CITADA E LEITURAS RECOMENDADAS


Itens indicados com asterisco são especialmente recomendados para aqueles leitores interessados
em obter in forma ções adicionais sobre os tó picos discutidos neste capítulo.

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versity Press, New York . cular plants . Macmillan, New York .
r

Métodos e Princípios de
Sistemática Biológica

A sistemática biológica (ou taxonomia) consiste na teoria e


2
na prática de agrupar indivíduos em espécies, organizar tais
espécies em conjuntos maiores e dar nomes a esses grupos,
consequentemente gerando aquilo que é conhecido como
:
uma classificação. As classificações s ão utilizadas para or
s
¬

ganizar as informações sobre os vegetais e, assim, construir jv'


I chaves de classificação para a identifica ção desses organismos.
Existem diversas maneiras de construir uma classifica ção. Por exemplo, as
plantas podem ser classificadas de acordo com suas propriedades medicinais
(como ocorre em determinados sistemas de medicina herbalística) ou de acordo
com seus há bitats preferenciais (como em algumas classificações ecológicas) .
Uma classificação baseada na filogenia, como a utilizada no presente livro, tenta ; s *
. I .

organizar os organismos em grupos baseados em suas relações evolutivas.


Existem duas etapas bá sicas que devem ser consideradas para tal classifica ¬

ção. A primeira consiste em determinar a filogenia , ou histó ria evoiutiva, de um


grupo de organismos. A segunda etapa deverá basear a classificação do grupo
levando em consideração sua histó ria . As duas etapas podem ser desenvolvi
das, e geralmente o são, separadamente, de tal forma que uma nova teoria de
¬
fi
relacionamentos não dever á necessariamente levar a uma nova classifica ção. O A
presente capítulo salientar á os procedimentos para determinação da história de
um grupo e, a seguir, discutirá brevemente como podemos construir uma classi
ficação a partir dessa história .
¬

rifei
Como as filogenias são construídas?
Como descrito no Capítulo 1, a evolução não é apenas uma sucessão de des

ÉSr
¬

cendentes modificados, mas também envolve a separação de linhagens. Este


processo pode ser visualizado em diagramas como os apresentados nas Figu ¬

ras 1.3 e 1.4, porém eles s ã o de difícil interpreta çã o. A história evolutiva pode
ser mais facilmente sumarizada em diagramas ramificados (Figura 2.1 A). (Alguns Wf'
pesquisadores fazem distinções entre uma á rvore evolutiva, uma filogenia e um
mi
ww
m <]

4
14 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

(A) Pétalas vermelhas,


FIGURA 2.1 ( A) Um modo simples de rede ¬ caule herbáceo,
senhar o padr ão de modifica ções apresen ¬
foihas não- pilosas,
tado na Figura 1.4. São fornecidas descrições Pétalas brancas, quatro estames, Pétalas vermelhas,
completas para cada um dos ancestrais e seus caule lenhoso, fruto seco, testa caule herbáceo,
folhas não - pilosas, folhas pilosas,
descendentes. (B) Uma forma mais simples de cinco estames, fruto caule lenhoso,
\
Pétalas brancas da semente lis
cinco estames,
redesenhar a Figura 2.1A, ilustrando apenas carnoso, testa da folhas n o-pilosas, fruto seco, testa
as modifica ções que ocorreram em diversas semente lisa cinco estames, fruto da semente lisa
linhagens. seco, testa da Pétalas vermelhas, caule herbáceo,
Pétalas brancas)" semente com folhas não-pilosas, dnco estames,
caule lenhoso, espinhos fruto seco, testa da semente lisa
folhas não- pilosas,
cinco estames , fruto
seco e testa Pétalas brancas, caule herbáceo,
da semente lisa folhas não-pilosas, cinco estames,
fruto seco, testa da semente Esa

( B) Testa da semente
Fruto carnoso com espinhos \ Folhas pilosas
Quatro estames

Caule lenhoso Pétalas vermelhas

Fétalas brancas, caule herbáceo,


folhas não-pilosas, cinco estames,
fruto seco, testa da semente lisa

diagrama ramificado ou cladograma, mas no presente texto dos ancestrais, no entanto estes também estão combinados
esses termos são usados como sinónimos) . Para evitar a re ¬ com um grande n mero de caracteres derivados.
petição de estados de caracteres ancestrais mantidos em cada
grupo, os sistematas geralmente anotam apenas os caracte ¬
res que sofreram modificação e posicionam marcas sobre os Determinando a história evolutiva
ramos apropriados para indicar a ordem relativa na qual os Nos exemplos apresentados nas Figuras 1.3, 1.4 e 2.1, des ¬
estados de caracteres se originaram (Figura 2.1B). crevemos a evolução como se estivéssemos acompanhando o
Os estados de caracteres derivados compartilhados na Fi¬ seu desenrolar. Naturalmente, isso raras vezes é possível, de
gura 2.1B podem ser organizados hierarquicamente de mais tal forma que um dos desafios da sistemática é que ela deve
inclusivos (p. ex„caule lenhoso ou pétalas vermelhas) para inferir acontecimentos passados. O primeiro passo para poder
menos inclusivos (p. ex„folhas pilosas, testa da semente com fazer tais inferê ncias consiste na análise de espécies existentes
espinhos). Esta organização leva à óbvia conclusão de que as atualmente que apresentam proximidade em relação a carac ¬
próprias plantas podem ser organizadas sob uma classifica ¬ teres que acreditamos serem herd áveis. Um caráter herdá-
ção hierárquica que reflete sua história evolutiva. As plantas vel é qualquer aspecto da morfologia da planta que pode ser
podem ser divididas em dois grupos: um grupo composto por transmitido geneticamente ao longo de um per íodo de tempo
aquelas que compartilham o estado de caráter derivado pé ¬ evolutivo e que permane ç a passível de reconhecimento . Por
talas vermelhas e o estado de caráter ancestral de caule her¬ exemplo , sabe - se que a coloração das pétalas em plantas com
báceo, e o outro composto por plantas que compartilham o flores, a estrutura da infloresc ência e o hábito (padrão geral
estado de caráter derivado caule lenhoso e o estado de caráter de crescimento) encontram -se sob controle genético, e que
ancestral pé talas brancas. Cada um desses grupos pode, por esses caracteres são geralmente herdados de forma estável de
sua vez, ser dividido em dois outros. Dessa forma, a classifica ¬ uma geração para a seguinte. Diversos exemplos de caracte ¬
ção pode ser derivada diretamente a partir da filogenia . res herdáveis são descritos nos Capítulos 4 e 5.
Observe que a hierarquia não é alterada pela ordem na A sistemá tica envolve necessariamente a observação de ¬
qual as extremidades dos ramos são desenhados. A forma, ou talhada e precisa dos organismos. Na ausência de descrições
topologia, da árvore é determinada apenas pelas conexões minuciosas e cuidadosas dos caracteres, a reconstrução da
entre os ramos. Podemos contar a história evolutiva a par¬ filogenia e a descrição da história evolutiva se apresentarão
tir de qualquer ponto da árvore, tanto para cima quanto para destituídas de significado. Este tipo de classificação é im ¬
baixo. Isso nos mostra que os termos, acima ou abaixo não possível na ausência de uma morfologia comparativa exata.
possuem um significado real, sendo simplesmente um reflexo A avalia ção da similaridade, em particular, é a base da bio¬
de como escolhemos desenhar a árvore evolutiva. logia comparativa e da sistem ática. No entanto, determinar
A partir desse ponto de vista, um curso de sistemática quais estruturas de uma planta podem ser adequadamente
vegetal pode tanto ser iniciado pelo estudo de Asteraceae, a comparadas a estruturas de uma outra planta através das
qual é considerada uma família derivada por alguns livros- similaridades pode ser bem mais dif ícil do que imaginamos
texto, e a seguir focar os outros integrantes do ciado das Aste - inicialmente. Podemos considerar duas estruturas como simi¬
írdeas, como pode inicialmente focar as famílias "primitivas", lares se (1) elas encontram- se em posição similar em ambos
como Magnoliaceae e Nymphaeaceae. Estas últimas famílias os organismos, se (2) apresentam similaridade em nível de
compartilham apenas um conjunto de caracteres considera- estrutura celular e histológica e / ou se (3) estão ligadas por
f SISTEMáTICA VEGETAL 15

(A) Colpos do Inflorescência


pólen Pétalas em capítulo?
Plantas em
Fblen tricolpado estrela <3 livres não
Pétalas lusionadas Plantas em
* círculo 3 livres não
Inflorescê ncia
em capítulo Plantas em
3- fusionadas não
f *
quadrado
Plantas em
losango 3 fusionadas sim

i
(B)
Inflorescencia
í Colpos do pólen Pétalas em capítulo?
<3i 3 livres 4 fusionadasu/ não sim

í FIGURA 2.2 Cada símbolo representa uma espécie ou grupo de espé


cies de plantas hipotéticas produtoras de pó len. Um grande subgrupo
¬ sob a forma de um diagrama de Venn com os estados de caracteres
indicados. ( B) O padrão redesenhado sob a forma de uma rede não-
dessas plantas apresenta pó len tricolpado. Do subgrupo, um grupo enraizada; os caracteres estão indicados com linhas de marcaçã o ver ¬

I menor apresenta pétalas fusionadas e, das plantas com pó len tricoi- de forte, delimitando os diferentes estados de caracteres. (C) O padrão
pado e pétalas fusionadas, um subgrupo apresenta as flores organi ¬ redesenhado sob a forma de uma matriz.
zadas em inflorescências em capítulo. (A) O padrão descrito ilustrado

i meio de formas intermediárias dessas estruturas (seja pela


presença de intermediários em diferentes está gios do desen ¬
volvimento de um mesmo organismo, seja por intermediários
pado. Dentro do grande grupo de espécies vegetais com pólen
tricolpado, existe um grupo menor cujas pétalas (caráter) são
fusionadas (estado de caráter) e, no interior desse grupo de
em organismos diferentes) . Estas três afirmações constituem pétalas fusionadas, é possível ainda observar um grupo com
os critérios de similaridade de Remane. flores organizadas em uma inflorescência do tipo capítulo.
Originalmente, Remane (1952) denominou esta lista de Esses grupos, inseridos uns nos outros, podem ser represen ¬
tados como uma série de estruturas ovais concêntricas em um
« critérios de homologia . Neste livro, no entanto, o termo
homologia é usado em um sentido mais restrito, significando diagrama de Venn, como ilustrado na Figura 2.2A.
> identidade por meio de descendência. Em outras palavras, A informação no diagrama de Venn pode também ser re ¬
I se dissermos que um caráter é homólogo entre um grupo presentada sob a forma de uma rede (Figura 2, 2B). Aqui os
de espécies, estaremos dizendo que todas estas espécies her ¬ caracteres estão representados sob a forma de linhas verdes
.
daram tal cará ter a partir de um ancestral comum. Sob essa verticais, ou marcas (uma convenção que é vista ao longo
definição, a observa ção de similaridade é apenas o primeiro das ilustrações de todo este texto). Ao passo que as formas
passo na determinação da homologia, pois nem todas as si ¬ (espécies) posicionadas à esquerda da linha pólen"apresen ¬
milaridades observadas serão resultado de homologia* (p. ex., tam menos de três colpos, aquelas localizadas à direita da li ¬
similaridades estruturais podem evoluir independentemente nha possuem pólen tricolpado. De forma semelhante, a linha
em plantas não relacionadas que vivem em ambientes se ¬ pétalas indica uma mudança entre os estados de caráter livre
melhantes). Este texto segue o ponto de vista sustentado por e fusionado e a linha de inflorescê ncia indica uma mudança
muitos sistematas filogen é ticos que argumentam que a ho ¬
entre flores organizadas em inflorescência e flores isoladas. Fb-
mologia só pode ser determinada por meio da construção de demos contar o número de modificações ao longo da rede para
uma árvore evolutiva. determinar seu comprimento: da direita para a esquerda, exis ¬

tem modificações para inflorescência, para pétala fusionada e


para colpos no pólen, de tal forma que a rede pode ser descrita
Caracteres, estados de caracteres e redes como apresentando um comprimento de três modificações.
Grupos de plantas que compartilham determinados estados A mesma informação pode ser representada sob a forma
de caracteres podem ser identificados mediante a observação de uma matriz na qual as linhas correspondem a plantas, e as
!i de caracteres herdáveis. Suponha, por exemplo, que se obser¬
ve diversidade no número de fendas (um caráter) na super¬
f ície do pólen e que o pólen de um grande n mero de espé ¬
colunas, a caracteres (Figura 2.2C). Os estados de caracteres
são entã o usados para preencher a matriz. Modificações nos
estados de caracteres são, ou hipotetiza-se que sejam, modi-
l cies vegetais possua três fendas (um estado de caráter). Essas
fendas são na realidade canais de germinação denominados
ficações gen éticas que potencialmente distinguem grupos de
plantas na matriz. Dessa forma, as três modificações na rede
colpos, e o pólen que possui três fendas é denominado tricol - da Figura 2.2B representam três modifica ções na sequ ê ncia
gê nica (e consequentemente nas proteínas resultantes), o que
Você deve estar dente de que a palavra homologia possui diferentes altera os estados de caracteres de algumas plantas.
significados e que, ao ler um texto, é importante conferir sempre o Na Figura 2.2, todas as plantas designadas pela mesma
significado específico que o autor em questão confere a esse termo. forma estão ilustradas como se tivessem se originado simul-
!

16 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

taneamente. Este arranjo geralmente indica ambiguidade; por Á rvores evolutivas e enraizamento
uma questão de simplificação do exemplo, não foi fornecida A Figura 2.2 ilustra três diferentes formas de representação e
qualquer informação a respeito da ordem de origem evoluti ¬ organização de observações feitas em vegetais. Mesmo que
va das plantas. Além disso, pressupomos que a determinação se considere que a rede (Figura 2.2B) se assemelhe de certa
dos diferentes estados de caracteres era absolutamente clara. forma a uma linha de tempo, ela n ã o corresponde a tal re ¬
No entanto, geralmente essa não é a realidade. Quando des¬ presentação. A rede pode ser lida da esquerda para a direita,
crevemos a varia ção entre estruturas morfológicas similares da direita para a esquerda ou, dependendo do caso, do centro
mediate a divisão do caráter em estados de caráter, estamos para as extremidades. Para transformar uma rede em uma ár¬
na verdade extrapolando uma hipótese de controle genético vore evolutiva, faz -se necessário determinar quais modifica ¬

subjacente, mesmo considerando que raramente basearemos ções são relativamente mais recentes e quais ocorreram mais
o pressuposto nestes termos. distantes temporalmente. Em outras palavras, a árvore deve
Por exemplo, se duas espécies diferem na coloração de ser enraizada. 0 enraizamento polariza as modificações nos
suas flores, podemos categorizar o íará ter cor das pétalas caracteres, dando a elas uma direção específica.
como possuidor de dois estados, vermelho e azul. Através de Se você imagina que uma rede é um pedaço de uma fita,
tal categorização, estamos formando a hipótese de que ge ¬

poder á manter as conexões exatamente iguais, mesmo que


nes que definem a colora ção das pétalas foram modificados,
determine o enraizamento em diferentes locais. A rede apre ¬
ao longo de um per íodo evolutivo, para a produção de flores
sentada na Figura 2.2B foi redesenhada na Figura 2.3, mas
vermelhas a partir de um ancestral que possuía flores azuis
com enraizamento em três diferentes pontos. Observe que o
ou para a produção de flores azuis a partir de um ancestral
com flores vermelhas. Neste contexto, sabemos que de fato comprimento de cada árvore (ou dadograma) é igual ao com ¬
existem genes (p. ex., envolvidos na via das antocianinas) que
primento da rede original - 3 - e que todas as conexões são
controlam a coloração das pétalas, e assim a inferência de as mesmas, apesar de a ordem dos eventos de modificação de
dois estados controlados por uma " modificação gen é tica é caracteres poder diferir consideravelmente.
uma possibilidade viável. No entanto, em diversos casos, não Por exemplo, no enraizamento ilustrado na Figura 2.3A,
as plantas ancestrais possuíam pólen com menos de três col-
possuímos qualquer idéia relativa aos mecanismos genéticos
que controlam o estado dos caracteres estruturais observados. pos, pétalas não- fusionadas e flores isoladas, ao passo que
Ao propormos hipóteses sobre a natureza dos mecanismos podemos concluir, a partir da Figura 2.3B, que as plantas
relacionados às modificações, freqiientemente o máximo de ancestrais apresentavam os estados de caráter exatamente
certeza que podemos ter é que os estados de caráter são real - opostos. Na Figura 2.3C, a árvore está enraizada de tal modo
mente distintos. No caso de caracteres quantitativos, como o que o ancestral possuía pólen tricolpado. Mais tarde, o pó ¬
comprimento das folhas ou o diâmetro do tubo da corola, isto len foi alterado de forma a conter menos de três colpos em
significa determinar os dados quantitativos (p. ex., realizar as uma linhagem, enquanto outra linhagem manteve o estado
medidas) para certificar-se de que as medidas das espécies de cará ter do pólen em três colpos e posteriormente adquiriu
que estamos estudando não apresentam sobreposição. pétalas fusionadas e flores em inflorescências.
Em diversos caracteres, estas medidas não somente apre ¬ 0 enraizamento de uma árvore filogenética é cr ítico para
sentam sobreposição como també m apresentam alta varia ¬ a interpretação de como ocorreu a evolução vegetal, e diferen ¬

bilidade, de tal forma que o pressuposto de existência de tes enraizamentos sugerem diferentes padrões de modifica ¬
modificações genéticas subjacentes - e consequentemente a ção (diferentes polarizações de caracteres) . Muita discussão já
divisão em estados de caráter - não é apoiado por qualquer ocorreu entre os sistematas em relação a como deve ser deter ¬

evidência. Nesses casos, os caracteres em questão devem ser minada a posição da raiz. Uma sugestão frequente consiste no
omitidos de qualquer análise filogenética (a menos que a so¬ uso de fósseis. No entanto, o simples fato de que uma planta
breposição seja causada por um n mero reduzido de indiví¬ extinta tenha sofrido fossilização não significa que sua linha
¬

duos, caso em que o cará ter poderá ser categorizado como gem tenha se originado antes das linhagens referentes às plan ¬
polimórfico para esta espécie e mantido na análise). Mesmo tas atuais; a única certeza que temos é que ela morreu antes.
considerando que tais caracteres sobrepostos provavelmente Ao determinarmos a história evolutiva, estamos interes ¬
reflitam modificações genéticas ao longo de um tempo evo ¬ sados em determinar quando linhagens divergiram umas das
lutivo, dado nosso atual conhecimento, a sobreposição toma outras (ou seja, quando os taxa se originaram) . É interessante
dif ícil a obtenção de informações confiáveis referentes a mo ¬ saber quando um táxon desapareceu, mas este fato per se n ã o
dificações gênicas subjacentes (mesmo considerando-se que nos auxilia no estabelecimento de suas origens. (Obviamente,
métodos que podem ser utilizados em plantas com caracteres os fósseis são extremamente úteis quando incluídos como taxa
variáveis já foram desenvolvidos) . adicionais em uma filogenia. Frequentemente eles apresen ¬

A variabilidade e a sobreposição de caracteres morfoló¬ tam combinações de estados de caráter que n ão mais ocorrem
gicos representam boas razões para o fato de diversos siste- em taxa atuais e podem afetar a estrutura geral de uma árvore,
matas terem se direcionado para o uso de dados moleculares algumas vezes de forma surpreendente e informativa.)
na construção de filogenias. Com o surgimento de dados de Em gerai, as árvores evolutivas são enraizadas mediante
sequência nucleotídica de diferentes genes, o reconhecimento o uso de um organismo aparentado ao grupo que está sendo
dos estados de caracteres moleculares (p. ex., se o nucleotídeo estudado: um grupo-externo. Quando selecionamos um gru-
presente em uma determinada posição é A, T, G ou Q é ge ¬ po-extemo, devemos assumir apenas que todos os integrantes
ralmente mais exato. No entanto, isto não é sempre verdade do grupo-interno (integrantes do grupo que está sob estudo)
quando as sequê ncias gênicas são de dif ícil alinhamento ou se estejam mais infimamente relacionados entre eles do que com
os fragmentos de restriçã o apresentam um tamanho muito se ¬
o grupo-externo; em outras palavras, o grupc-extemo deve
melhante. 0 uso de estados de caracteres moleculares em sis ¬ ter se separado da linhagem do grupo-interno antes da diver ¬

temática vegetal é abordado detalhadamente no Capítulo 5. sificação deste. Geralmente, vários grupos-externos são utili-
r SISTEMáTICA VEGETAL 17

FIGURA 2.3 Três possíveis enraizamen ¬

(A)
tos para a rede da Figura 2.2 B. Observe
que, em cada caso o n ú mero de passos
um evolutivos ( modificações de estados de
caracteres ) é o mesmo que o apresenta
s3. ro
á Inflorescência do na rede n ão-enra ízada.
¬

fusionadas em capítulo?
&
livres Pétalas
'

Colpos
do pólen

í
*
3 Colpos
do pólen
£
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!- - íii i
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. ência
Pétalas
fusionadas

em capitulo ?

i
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<3
'
;un

não Inflorescência
fusionadas em capítulo?
Colpos 3
do pólen livres Pétalas

zados. Se um grupo-externo é adicionado a uma rede, o ponto (compostos por um ancestral e todos os seus descendentes).
no qual ele se posiciona é definido como a raiz da árvore. Dessa forma, no exemplo da Figura 2.4C, as plantas represen ¬

No caso das Figuras 2.2 e 2.3, todas as plantas ilustra ¬ tadas por losangos são monofiléticas (i.e., formam um ciado).
das são plantas com flores (angiospermas), e seus parentes De fato, as plantas com flores de pétalas fusionadas e arranjo
I atuais mais próximos são as coníferas, Cycadales, Gnetales, floral em inflorescências em capítulo são da família Asterace-
ginkgos, ou um grupo destes (ver Capítulos 7 e 8). Na Figura ae, que é conhecida por formar um grupo monofilético. As ¬

2.4A, uma conífera foi adicionada à matriz da Figura 2.2C. sim, o fato de ter flores em inflorescê ncias em capítulo é uma
(Poderíamos ter utilizado todas as gimnospermas como gru ¬ sinapomorfia (i.e., é um caráter derivado compartilhado, ou
pos-externos, mas, para manter um exemplo simplificado, foi indica a monofilia) das Asteraceae, o caráter de pétalas fu ¬
escolhida apenas uma). sionadas é um caráter derivado compartilhado (sinapomor¬
Visto que coníferas não possuem p é talas ou flores, dois fia) que une as esp écies representadas em quadrado com as
dos caracteres devem ser categorizados como não passíveis espécies representadas em losango e o fato de apresentar
de aplicação, mas sabemos que o p ólen de coníferas não pólen tricolpado indica a monofilia do conjunto formado pe ¬
possui três colpos. Com esta informação, a conífera pode ser las plantas representadas em círculos mais quadrados mais
adicionada à rede como grupo-externo, como na Figura 2.4B. losangos.
Uma vez que a conífera se liga entre as espécies em estrela, Observe quão importante é o enraizamento para a de ¬
a árvore pode ser enraizada e redesenhada como na Figura terminação de monofilia. Se a Figura 2.3B fosse a opção de
2.4C. Essa árvore corresponde à árvore enraizada na Figura enraizamento correto da filogenia de plantas com flores, en ¬
f 2.3A e fortalece a hipótese de que a Figura 2.3A reflete com tão pétalas fusionadas e flores em capítulo seriam os estados
precisão a história evolutiva. de caracteres ancestrais (geralmente denominados simple-
Observe que a árvore pode ser desenhada de diversas siomorfias) ao invés de serem sinapomorfias. Neste caso, as
maneiras e ainda assim refletir a mesma história evolutiva. espécies indicadas por losangos e quadrados não comparti-
i Através da comparação entre as Figuras 2.5A e B e a Figura
2.4C mostramos que podemos girar os braços da árvore em
tomo de qualquer dos pontos de ramificação (nós) sem que a
Ihariam qualquer caráter derivado e não incluiriam todos os
descendentes de seu ancestral comum; alguns desses des¬
cendentes tomaram-se as plantas representadas por círculos
1 ordem inferida dos eventos seja afetada. e estrelas. Assim, se a Figura 2.3B fosse correta, as espécies em
a Em uma árvore enraizada (e somente em uma árvore en ¬
raizada), podemos determinar quais grupos são monofiléticos
quadrado e losango não representariam um grupo monofilé ¬
tico (como ocorre com o enraizamento na Figura 2.3A). Em
18 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

FIGURA 2.4 ( A) A matriz da Figura 2.2C, mas (A) Colpos Inflorescê nria
com os estados de caracteres adicionados do pólen Pétalas em capítulo?
para uma con ífera . ( B) A rede nã o enraizada
da Figura 2.2 B acrescida de uma con ífera, de Plantas em estrela <3 livres não
acordo com os estados de caracteres apre¬
sentados na Figura 2.4A. (C) A rede da Figura Plantas em c írculo 3 livres n ão
2.4B enraizada com a conífera. Observe que a
história evolutiva é a mesma que a apresen ¬ Plantas em quadrado 3 fusionadas não
tada na Figura 2.3A.
Plantas em losango 3 fusionadas sim

Não: Não
Conífera . <3 aplicável aplicável

9 Inflorescencia
Colpos do pólen Pétalas \ I/ em capítulo?
livres * fusionadas , /
' não «- sim

è
* \\\
nã0
-;r
.

Inflorescencia
fusionadas em capítulo?
livres Pétalas
3
<3 Colpos
do polen

vez disso, elas constituiriam um grupo parafilético, o qual Geralmente é possível encontrar evidências de que um
inclui um ancestral comum e alguns, mas não todos, descen ¬ grupo é monofilético mesmo sem o apoio de uma enorme
dentes desse ancestral. análise filogenética baseada em computação. Na verdade, a
Como mencionado anteriormente, um estado de caráter maioria das análises filogenéticas (algumas vezes referidas
que é derivado (sinapomórfico) em um dado momento pode como cladísticas) era realizada manualmente até a metade
tomar-se posteriormente ancestral. Na Figura 2.4B, pólen tri- da dé cada de 1980. Os caracteres são inicialmente divididos
colpado é um caráter derivado compartilhado por um grande em estados de caráter, como em qualquer análise filogenética.
grupo de plantas com flores. Ele é uma sinapomorfia e indi ¬ A seguir, o estado de caráter do grupo-externo (ou grupos-
ca a monofilia de um grupo às vezes denominado eudicoti
ledôneas. Em relação ao grupo com pétalas fusionadas, no
- externos) é assumido como sendo o ancestral (Stevens 1980;
Watrous e Wheeler 1981; Maddison et al. 1984) . Em outras
entanto, pólen tricolpado é um estado de caráter ancestral, palavras, cada cará ter é polarizado, ou direcionado. O estado
ou plesiomórfico. Ele corresponde a algo que todas as es ¬ de caráter derivado compartilhado, ou sinapomórfico, pode,
pécies no grupo herdaram de seu ancestral comum e, assim, ent ão, ser utilizado como evidência de monofilia, e pode -
não é capaz de dar indicações a respeito das relações entre se construir um cladograma baseado nos estados de cará ter
os integrantes do grupo. Estados de caracteres plesiomórficos
sinapomórficos (Quadro 2A). Esse tipo de raciocínio geral
não são capazes de indicar relações evolutivas no grupo em
¬

mente é útil em uma primeira formulação de hipóteses, por


estudo, pois evoluíram antes que qualquer dos taxa que estão
exemplo, para testar se grupos taxonômicos existentes são
sendo comparados e foram simplesmente mantidos nas dife ¬
monofiléticos e, dessa maneira, nomeá-los adequadamente.
rentes linhagens do grupo.
Algumas vezes, a monofilia de um grupo é indicada pelo
fato de que seus estados de caracteres não ocorrem em qual¬ Escolhendo árvores
quer outro organismo. Pbr exemplo, todos os integrantes da Como foi demonstrado nas discussões anteriores, a deter ¬

família das gramíneas (Poaceae) possuem um embrião que minação da história evolutiva de um grupo de organismos
difere do embrião de qualquer outra angiosperma . Podemos é conceitualmente bem simples. Inicialmente, caracteres são
então gerar a hipótese de que o embrião das gramíneas é observados e divididos em estados de caráter. A seguir, a par ¬

exclusivamente derivado constituindo uma sinapomorfia de tir desses estados, um diagrama de Venn (ver Figura 2.2A),
Poaceae e indica que a família é monofilética. Isto equivale a uma matriz de caracteres x taxa (ver Figura 2.2Q ou uma rede
dizer que qualquer enraizamento lógico da árvore filogenéti- ramificada (ver Figura 2.2B), podem ser construídos. Poste-
ca levará à mesma conclusão. riormente, mediante a inclusão de um grupo-externo, a rede
r
SISTEMáTICA VEGETAL 19

FIGURA 2.5 Duas formas diferentes de desenhar a

I %I
*
sim á rvore da Figura 2.4C. Observe que nem o compri ¬
Inflorescencia não mento, nem a ordem hipotética dos eventos sofre
> em capítulo? modificação.
fusionada
a P la ias
livres
I
B)
< 3 Colpos
do pólen
sim

Inflorescencia
8. sem capítulo?
c
£
fusionadasS talas

livres 3
Colpos
k do pólen

<3

pode ser enraizada para a produção de uma árvore evolutiva, polifiléticos como grupos não-monofiléticos.) A fusão de pé ¬
um cladograma ou uma filogenia. talas nesse caso não é homóloga, pois n ã o é capaz de passar
Dois fenômenos, no entanto, tomam a prática da deter- -ifacho
rno teste rlaftnifixrn
definitivo deAo lirvmrdrxcria congruência mm
homologia: rnnanuanria
*
com outros ca--
nntrnc ra
minação da história evolutiva uma tarefa muito mais dif ícil: racteres em uma análise filogenética.
paralelismo e reversão, que algumas vezes são referidos em Por que não desenhamos a rede de tal forma que a fusão
conjunto como homoplasia. O paralelismo é a ocorrência de pétalas tenha-se originado apenas uma vez? Uma rede as-
de estados de caráter similares em organismos não relaciona- sim montada está ilustrada na Figura 2.8C. Nesta configuração
dos. (Vários autores fazem distinção entre paralelismo e con- temos apenas uma modificação no padrão de fusão de pétalas,
vergência, mas para a presente discussão trataremos ambos mas são necessárias duas modificações em n mero de cotilé-
como equivalentes.) Uma reversão ocorre quando um estado dones e també m duas modificações no n mero de colpos do
de caráter derivado é revertido para o estado ancestral. pólen, o que gera uma rede de seis passos de comprimento.
Para fornecer um exemplo claro, vamos dividir o grupo Cada uma das redes pode ser convertida em uma filoge-
que havíamos denominado plantas em estrela em plantas nia por meio do enraizamento mediado pela conífera, mas as
em estrelas vermelhas, plantas em estrelas douradas e plantas filogenias darão diferentes sugestões sobre o modo de evo-
em estrelas brancas. Assumiremos que as plantas em estre- lução das plantas. Na Figura 2.8B, o número de cotilédones
las douradas e as brancas possuem um único cotilédone, ao e o número de colpos do pólen apresentaram-se estáveis ao
passo que as demais plantas possuem mais de um (incluindo longo do tempo evolutivo, ao passo que a fusão de pétalas
a conífera) . Vamos ainda assumir que as plantas em estrelas surgiu duas vezes, independentemente. Na Figura 2.8C, pos-
brancas possuem pé talas fusionadas. Podemos adicionar o tulamos que tanto o nú mero de cotilédones quanto o número
caráter número de cotilédones à matriz da Figura 2.4A para de colpos do pólen sofreram modificação duas vezes ao longo
criar a matriz da Figura 2.8A, a qual fornecerá a mesma infor- do per íodo evolutivo, ao passo que a fusão de pétalas evoluiu
mação que a rede apresentada na Figura 2.8B. apenas uma vez. Mediante o desenho de qualquer uma des-
Agora, vemos que, de acordo com essa rede, ocorreram sas redes, seremos capazes de propor uma hipótese acerca de
duas modificações paralelas na fusão de pétalas. Contando o como ocorreu a evolução - ou seja, que modificações genéti-
número de modificações nessa rede (seu comprimento), che- cas ocorreram, com que frequê ncia e em que ordem ,
gamos a cinco: um para colpos do pólen, um para flores em Como ambas as redes mostram, as duas hipóteses são di-
inflorescências em capítulo, um para n ú mero de cotilédones ferentes. Assim, como determinar qual das duas é a hipótese
e dois para fusão de pétalas. coneta? Não existe um caminho que d ê uma resposta ine-
Nesse exemplo, um grupo baseado na fusão de pétalas quívoca. A evolu ção dessas plantas não foi presenciada por'
seria considerado polifilético. Grupos polifiléticos possuem qualquer um de nós. Podemos, no entanto, propor, e algumas
duas ou mais linhagens ancestrais nas quais estados de ca- propostas parecem ser mais prováveis e corretas do que ou -
racteres se desenvolveram paralelamente. (Apesar de dis- tras. Um dos caminhos possíveis a serem seguidos come ça
finguirmos aqui grupos parafiléticos de grupos polifiléticos, com a questão, "Qual é a explicaçã o mais simples para essas
muitos sistematas têm observado que a diferen ça é tê nue e observações? Por meio dessa quest ão aplicamos uma regra
simplesmente denominam tanto grupos parafiléticos quanto que é amplamente usada na ciência, conhecida como nava-
20 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

QUADRO 2A 0 método Hennigiano


Grupo (s) externo (s) 1 ri UI Nos exemplos apresentados até aqui, uma
rede é construída e a seguir é polarizada por

TfT X
meio da determina ção do local de conexão
do grupo -externo. No entanto, alguns sis-
tematas preferem polarizar iniciaimente os
caracteres mediante o uso de um ou mais
grupos-extemos e, a seguir, construir a filo-
genia. Isso nos leva ao conceito original de
análise filogenética proposto por Willi Hen-
nig (ver Capítulo 3) .
Considere, por exemplo, as plantas hi ¬

potéticas apresentadas na Figura 2.6 . Neste


caso, assume - se que os estados de caráter do
grupo- extemo sejam ancestrais (plesiomór-
ficos) e que são representados por 0; estados
de caráter derivados são representados pelo
numeral 1 ou por números maiores (Tabela

f
2.1). Na sequência, tais estados de caráter
são usados para gerar uma matriz de caráter
x táxon (Tabela 2.2) .
A seguir, é construída uma árvore filo ¬

genética (ou cladograma) na qual os taxa


FIGURA 2.6 Três espécies imaginárias (I,II e III) e um grupo-externo. serão agrupados (posicionados sobre o

TABELA 2.1 Estados de cará ter morfol ógicos usados na aná lise clad ística das três espécies imaginárias da Figura 2.6
Estado de caráter*1
Caráter morfol ógico Plesiomó rfico Apomórfico
l . Raiz Menos de 1 mm de espessura (0) Mais de 5 mm de espessura (1)
2. Caule Glabro (0) Pubescente (1)
3. Folhas Alternas (0) Opostas (1)
4. Venação Peninérvea (0) Palmada (1)
5. Pecíolo Ausente (0) Presente (1)
6. Base da lâmina Aguda (0) Cordada (1)
7 . ftrtes do perianto 4 (0) 3 (1)
8. Rirtes do perianto Livres (0) Fusionadas (1)
9 . Rores6 Em grupos de 3 (0) Solitárias (1)
«A codificação do estado de caráter é dada entre parênteses.
tobserve que a condição referente à inflorescência (flores solitárias versus flores em grupos de 3) só pode ser polarizada se forem utilizados grupos-
extemos adicionais.

lha de Occam: não desenvolva uma hipótese mais complexa programas mais amplamente utilizados estão PHYLIP (Fel-
do que a necessária para explicar os dados. A aplicação deste senstein 1989), NONA (Goloboff 1993) e PAUP*4.0 (Swo-
princípio de simplicidade, ou parcimónia, nos conduz a pre ¬ fford 2000). Esses programas avaliam os dados a respeito de
ferir a menor rede. O fato de ela ser mais curta não a toma árvores possíveis (por meio de uma busca exaustiva) e geram
correta, no entanto ela representa a explicação mais simples propostas lógicas sobre a topologia das árvores mais curtas
para os dados.
No exemplo que apresentamos aqui, no qual existem pou -
-
(buscas de branch and -bound ou buscas heur ísticas) .
Se os taxa são numerosos, apenas algoritmos heurísti¬
CCS caracteres e pouca homoplasia, é f ácil construir a menor cos podem ser usados. No entanto, esses algoritmos podem
rede capaz de ligar os organismos. Na maioria dos casos reais, falhar na identificação da á rvore, ou árvores, mais curta (s)
no entanto, diversas redes são possíveis e não fica imediata ¬
tendo em vista o grande número de árvores possíveis. Fbr
mente óbvia a solução que aponta qual delas será a mais curta. exemplo, as relações possíveis entre três taxa podem ser ex ¬

Felizmente, algoritmos computacionais foram desenvolvidos pressas por meio de apenas três árvores enraizadas [A(B,C)] (

para comparar árvores e calcular seus comprimentos. Entre os [B(A,C)] e [C(A,B)]. No entanto, com um n mero maior de
r
SISTEMá TICA VEGETAL 21

TABELA 22 Matriz de cará ter x tá xon para as três espécies hipotéticas da Figura 2.6, baseada nos
caracteres da Tabela 2.1
Caracteres

Taxa 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Espécie I 0 1 0 0 0 0 0 0 1

Espécie II 0 0 1 0 1 0 0 0 1

Espécie III 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Gnipo(s) extemo(s) 0 0 0 0 0 0 0 0 0

mesmo ramo) de acordo com as evidên ¬ tal forma que esta similaridade não estaria caracter
ísticas ancestrais compartilhadas.
cias fornecidas pelo compartilhamento de baseada no ancestral comum. Observe, Tais caracter
ísticas não são informativas
estados de caráter derivados (sinapomor - no entanto, que caules pilosos podem ter sobre as relações. Em contraste, venação
fias). A presen ça de um estado de caráter evoluído em um ancestral comum mais palmada, folhas com base cordada (em
derivado (apomorfia) em dois taxa sugere recente dessas três espécies e ent ão ter forma de coração) e flores com perianto
que eles compartilhem um nico ancestral sido perdido (uma reversão) na espécie II. em três partes fusionadas são estados de
comum no qual houve a evolução inicial O compartilhamento de folhas pi ¬ caráter derivados característicos da espé ¬
da apomorfia; assume-se que os dois taxa nadas com bases agudas (formando um cie HL Esses estados de caráter derivados
tenham herdado a apomorfia (ou novi ¬ ângulo menor que 90°) e flores com o pe- característicos (autapomorfias) també m
dade evolutiva) desse ancestral. Assim, rianto em quatro partes separadas nas es¬ não são informativos no que diz respeito
seguindo o princípio da parcimónia, o pécies I e são simplesiomorfias; estas são às relações filogenéticas da espécie III.
cladograma representa a hipótese mais
simples que pode explicar o padr o de es ¬

tados de caráter derivados.


Uma hipótese sobre as relações evo ¬ II
lutivas entre as espécies I, II e III da Fi¬
gura 2.6 está apresentada na Figura 2.7.
Parte-se da hipótese de que as espécies 7
e III compartilham um ancestral comum 6
característico, pois elas compartilham os
estados de caráter derivados 3 e 5 (ver :
Tabela 2.1). Ambas as espécies possuem
folhas opostas e pecioladas, que foram 2
consideradas como originadas em seu 3
ancestral comum. De forma semelhante, 5
a presença compartilhada de flores solitá ¬
rias apóia o reconhecimento de um grupo
monofilético mais inclusivo que conté m
as espécies I, e III. FIGURA 2.7 Uma á rvore filogen ética
9 ilustrando as rela ções evolutivas hipotéti¬
: A presença de caules pilosos nas es ¬
pécies I e IH é homoplásica, ou seja, pres- cas para as espécies imagin á rias da Figu ¬
supõe-se que caules pilosos tenham evo ¬ ra 2.6. As sinapomorflas est ã o indicadas
luído em paralelo nestas duas espécies, de na á rvore.

taxa, o número potencial de árvores se expande rapidamente; cimónia ficam suscetíveis a um fenômeno conhecido como
por exemplo, quatro taxa geram 15 árvores, cinco dão origem atração dos ramos longos (Quadro 2B). Outros métodos de
a 105 árvores, seis podem gerar 945 árvores e dez taxa geram reconstrução de árvores usam diferentes critérios na escolha
34.459.425 árvores! da melhor (ótima) árvore. Ao invés de escolher a árvore con ¬
O método de parcimónia é amplamente utilizado, f ácil tendo menos modificações evolutivas, podemos converter a
de ser aplicado a modificações morfológicas e possivelmen ¬ matriz de caráter x táxon para uma medida de similaridade
te o mais intuitivo dos mé todos de reconstrução de árvores. ou dissimilaridade entre as plantas e então construir uma '
A parcim ó nia funciona bem quando as taxas evolutivas são rede que minimiza a dissimilaridade; este é conhecido como
lentas o suficiente para que similaridades ao acaso (devido o método da mínima distância. Aitemativamente, podemos
I à evolu ção independente de estados de caráter idênticos em desenvolver teorias a respeito das probabilidades de modifi ¬
duas ou mais linhagens) não encubram estados de cará ter cação de um estado de caráter em outro e então utilizar essas
compartilhados a partir de um ancestral comum. Sob taxas de probabilidades para calcular a verossimilhança que um de ¬

I modificação mais elevadas, no entanto, os métodos de par ¬ terminado diagrama ramificado vai levar a um determinado
w

22 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

FIGURA 2.8 ( A) Uma matriz de caráter x tá xon. (B) Uma rede não (A) Colpos Inflorescência N mero de
enraizada baseada na matriz em 2.8A. Observe que a fusã o de do pólen Pétalas em capítulo ? cotilédones
pétalas parece modificar-se duas vezes. O comprimento da rede Plantas em
estrela vermelha <3 livres não 2
é igual a 5. (C) Uma outra possível rede n ão enraizada, baseada
na matriz em 2.8A. Distintamente da rede apresentada em 2.8 B, Plantas em
a fusã o de pétalas modifica-se uma ú nica vez, mas o n mero de estrela dourada <3 livres não 1
cotilédones e de colpos do pólen são modificados duas vezes. 0 Plantas em
comprimento da rede é igual a 6. estrela branca <3 fusionadas não 1

Plantas em
círculo 3 livres não 2

Plantas em
quadrado 3
"
fusionadas não 2
Plantas em
losango 3 fusionadas sim 2

Não Não
Conífera <3 aplicável aplicá vel ; . . >2

(B)
N úmero de Inflorescência
fusio- Pétalas cotilédones Colpos do pólen Pétalas fusio- em capítulo?
nadas < li \ res 1 >1 <3* *3 livres 4 nadas nã i

(C)
N mero de Infloresc ncia
cotilédones Colpos do pólen Pétalas em capítulo?
14 >1 < 34 -
s 3 livres 4 -> fusionadas nã i sim

>1
N úmero de
cotilédones

Colpos do pólen
<1

grupo de dados observados. A árvore que apresentar a mais existem quatro caracteres binários (passíveis de uma modi¬
alta verossimilhan ça é selecionada . Assim, esta abordagem é ficaçã o), mas um desses caracteres (fusão das pétalas) é mo¬
denominada método de máxima verossimilhança (Felsens- dificado duas vezes na árvore, de tal forma que o índice de
tein 1981; Hillis et al. 1993; Huelsenbeck 1995; Swoíford et al. consistê ncia é 4/5 = 0,80.
1996) (Quadro 2C) . Para breves descrições de vários métodos Os índices de consistência podem também ser calculados
atuais de reconstruçã o filogenética, ver Hall 2005. para caracteres individuais. Nesse caso, o Cl é igual ao n úme¬
ro mínimo de modificações possíveis (uma, para caracteres
Avaliando a homoplasia binários) dividido pelo n ú mero de modifica ções presentes
As an álises de parcimónia minimizam a import ância de ca ¬
na á rvore. Por exemplo, o Cl de fusão das pétalas (ver Figura
racteres que se modificam em paralelismo ou em reversão. 2.8B) é 1/2 = 0,50. Para uma dada matriz de caráter x táxon,
Se existem muitos desses caracteres homoplásicos, a árvore a rede ou árvore mais curta também apresentará o mais alto
filogené tica pode resultar de um artefato dos caracteres que índice de consistência. Baixos índices de consistência indicam
escolhemos, e uma pequena modificaçã o nesses caracteres a presen ça de muitos caracteres que contradizem a árvore
levará a uma árvore diferente. A medida de homoplasia mais evolutiva.
simples e comum em uma árvore filogen é tica é o índice de A comparação dos índices de consistência em grupos de
consistência (Cl ), o qual considera a quantidade mínima de dados é uma tarefa perigosa, pois o Cl apresenta algumas
modificação evolutiva possível (o número de modificações propriedades indesejáveis. Em primeiro lugar, um câráter
genéticas) dividida pelo comprimento real da á rvore (o nú ¬ que sofre modificação uma única vez em apenas um táxon
mero de modificações genéticas presentes na árvore) . apresentará um índice de consistência igual a 1,0, apesar de
Na rede ilustrada na Figura 2.2B, cada cará ter da árvore tal caráter não ser informativo em termos das relações exis¬
representa uma única modifica ção genética e cada um dos tentes. Este tipo de caráter derivado e único é aigumas vezes
caracteres é modificado uma única vez, de tal forma que o denominado autapomorfia. Por exemplo, se uma das plan ¬
índice de consistência é 3/3 = 1,0. Na rede da Figura 2.8B, tas de estrela vermelha na Figura 2.8B tivesse folhas pilosas
r
SISTEMáTICA VEGETAL 23

QUADRO 2 B A atra çã o dos ramos longos


A atração dos ramos longos foi original-
mente identificada por Felsenstein (1978)
como um problema potencial para as
s an álises filogenéticas. Se existem grandes
diferenças entre as taxas de evolução de
caracteres entre linhagens, de tal forma
n Caracteres
/ homoplásicos
/ (paralelismos)
que algumas linhagens apresentam uma
evolução muito mais rápida que outras, Cará ter i
e se os caracteres possuem apenas um homoplásico 'v
1 n mero limitado de estados de caracte ¬
res, entã o ramos muito grandes podem
ser conectados a outros ramos longos em
uma árvore, mesmo que eles não tenham (A) Filogenia verdadeira: (B) Árvore gerada através de
uma verdadeira relação de proximidade 28 passos análise de parcimónia:
(Figura 2.9). Este problema é particular ¬ 26 passos
* mente agudo em dados de sequências de
DNA, nos quais cada caráter apresenta FIGURA 2.9 A atra ção dos ramos longos, uma situação na qual taxas evolutivas extre¬
apenas quatro possíveis estados, e para os mamente desiguais provocam uma falha na parcim ónia. (A) Uma filogenia verdadeira. As
I quais as taxas de mutação são amplamen ¬ linhas pontilhadas mostram estados de cará ter que surgiram em paralelo nas linhagens
te variáveis. que originaram a e b. ( B) A mesma filogenia reconstru ída através de parcimó nia. O n ú¬
Esse fenômeno ocorre porque diversas mero de paralelismos compartilhados entre a e b é maior do que o n ú mero de caracteres
modificações aleatórias, algumas das quais que conectam a e c, de tal forma que a e b aparentam ser taxa irmã os, com paralelismos
ocorrem em paralelo nas linhagens que ( na fiiogenia verdadeira ) tratados como se fossem caracteres derivados compartilhados
estão evoluindo rapidamente, superam as porae b.
modificações que fornecem informações
sobre a ancestralidade comum. O proble ¬

ma não pode ser resolvido pela adição de

s mais caracteres (pares de bases, no caso de


sequências de DNA); isto apenas adicio
naria o número de paralelismos que co ¬
¬
árvores. No entanto, com o modelo evo ¬
lutivo correto, métodos de máxima veros-
similhan ça (ver Quadro 2C) são menos
atração dos ramos longos é basicamente
um problema de amostragem e pode ser
atenuado mediante a inclusã o de taxa que
nectam as linhagens com rápida evolução. afetados por esse problema (apesar de sejam relacionados aos taxa mais próxi¬
Essa situa ção pode afetar todos os sabermos que a determinação do mo ¬ mos das extremidades terminais dos ra ¬

diferentes métodos de reconstrução de delo correto pode ser bastante difícil). A mos longos.

ao passo que todas as outras plantas na rede tivessem folhas sofre uma única modificação), mas geralmente a amplitude

i não-pilosas, a caracter ística pilosidade das folhas não seria


de qualquer ajuda para indicar as relações existentes entre
a planta com folhas pilosas e as demais. Em outras palavras,
o cará ter seria não-informativo. No entanto, visto que ca ¬
real é muito menor. Por exemplo, na matriz da Figura 2.8A,
apenas dois grupos - as plantas em estrela brancas e as plan ¬
tas em estrela douradas - possuem um único cotilédone. Se
as plantas com um único cotilédone se encontram todas em
racteres n ão-informativos sofrem modificação uma única um único ramo da rede, como na Figura 2.8B, então o Cl
vez, eles apresentam um Cl de 1,0. Se adicionássemos vários para número de cotilédones é igual a 1,0. Se elas não sã o
caracteres não-informativos a uma análise, o Cl geral seria relacionadas, como na Figura 2.8C, então o Cl é 0,5 (1/2),
inchado de acordo com a presença desses caracteres e da ¬ que é o menor valor possível na árvore. Assim, em vez de
ria uma falsa impressão de que diversos caracteres estariam variar entre 0 e 1, o Cl varia entre 0,5 e 1,0.0 RI corrige esse
dando suporte à árvore. Caracteres não-informativos, por¬ estreitamento da amplitude do Cl comparando o número
tanto, são geralmente omitidos antes do cálculo do índice de real de modifica ções no caráter com o n úmero máximo pos ¬

consistência. sível de modifica ções. O RI é computado por meio do cál ¬


O índice de consistência é também sensível ao número culo do comprimento máximo possível da árvore, que é o
de taxa na análise (Sanderson e Donoghue 1989): análises comprimento que ocorreria se o estado de cará ter derivado
com muitos taxa tendem a apresentar CIs mais baixos do que se originasse independentemente em cada um dos taxa no
análises com menos taxa. Esta relação é verdadeira tanto para qual ele está presente (i.e., se todos os taxa que possuem o
dados morfológicos quanto para dados moleculares e em estado de caráter derivado não fossem relacionados). O RI'
an á lises de espécies, gêneros ou famílias. então considera o comprimento máximo menos o compri¬
O uso do índice de retenção ( RI ) evita os problemas mento efetivo, dividido pelo comprimento máximo menos o
sumarizados nos dois parágrafos anteriores, alé m de outra comprimento mínimo:
limitação do Cl (Wiley et al. 1991; Forey et al 1992). O Cl ( Tnáx efetivo) min )
deveria variar de valores próximos a 0 (um caráter que sofre
! modificação muitas vezes na árvore) até 1,0 (um caráter que Pbrtanto, na Figura 2.8B, o RI é (9 - 5) / (9 - 4) = 4/5 = 0,80.
r
r. .

24 JUDD, CAMPBELL,KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

QUADRO 2C Métodos de verossimilhan ça e Bayesiano


Análises de parcimónia são ainda muito duas mutações em nossa sequência hi ¬
todos os nossos pressupostos a respeito
comuns em análises filo genéticas, mas, potética. Em geral, o número esperado de da probabilidade de mutações específicas
no caso de análises que usam sequências modificações será igual à taxa de mutação constituem um modelo de evolução. Os
de DNA como caracteres, o emprego de multiplicada pelo tempo; essa fórmula é métodos de verossimilhança e Bayesiano
métodos de verossimilhança e Bayesiano frequentemente simbolizada por (li. No são conhecidos como métodos baseados
está se tomando mais rotineiro. Esses mé ¬
decorrer de per íodos cada vez maiores, em modelos, pois incorporam idéias a res ¬
todos se baseiam no pressuposta de que mais bases serão modificadas até que, peito das probabilidades de modificação.
as mutações em uma sequência de DNA em um determinado ponto, uma segun ¬ O embasamento estatístico teórico
ocorrem de maneira aleatória. Ao longo da mutação ocorrerá sobre um sítio ante- da abordagem dos métodos de verossi ¬
de um per íodo de tempo evolutivo, se a riormente já modificado. Novamente, não milhança e Bayesiano é bastante distin¬
saberemos que sítio em particular sofrerá to. No entanto, em termos práticos, uma
probabilidade de ocorrer mutação em um
determinado nucleotídeo é de 1/100, en ¬ essa segunda mutação, mas podemos es ¬ principal distinção é a velocidade com ¬

tão esperamos que um nucleotídeo tenha timar que isso tenha ocorrido por causa do putacional. As análises de máxima veros ¬
sido mutado em uma sequência de DNA número total de mutações observadas na similhança precisam de um tempo maior
de 100 nucleotídeos de comprimento . sequência. A teoria básica de probabilida
¬
para serem efetuadas, e as análises de
Não temos conhecimento a respeito de de nos permite estimar o número de mu ¬ bootstrap requerem computadores de alto
qual base em particular sofrerá a mutação, tações extras no sítio. Os comprimentos desempenho. O método Bayesiano estima
mas sabemos que uma base será alterada. dos ramos usados na criação da árvore o suporte para a árvore ao mesmo tempo
Se o período de tempo considerado for filogenética incorporarão estas mutações em que computa a árvore e, consequente -
duplicado, teremos uma expectativa de extras que teremos inferido. Em conjunto. mente, é mais rápido.

Resumindo á rvores evolutivas Gnetales são irmãs de todas as coníferas, ao passo que a ár¬
vore baseada em 13 genes indica que as Gnetales são irmãs
As análises de parcimónia frequentemente encontram m l¬ apenas das Pinaceae, as quais constituem um subgrupo das
tiplas árvores, todas com o mesmo comprimento, mas com coníferas. Na árvore de consenso estrito (Figura 2.10C), as
diferentes ligações entre os taxa. Também, em alguns casos, Gnetales, Pinaceae e coníferas não-Pinaceae aparecem como
diferentes mé todos de análise resultam em árvores que apre¬ originadas ao mesmo tempo. Isso significa que os dados dis ¬
sentam topologias diferentes e, consequentemente, contam poníveis não são capazes de informar se elas se originaram
hist órias evolutivas diferentes sobre os mesmos taxa. Além simultaneamente ou uma após a outra e, assim, não é possí¬
disso, estudos que usam tipos diferentes de caracteres (p. ex., vel determinarmos em que ordem elas se originaram.
sequências genicas, morfologia) podem chegar a diferentes A ocorrência de múltiplas linhagens se originando a partir
árvores. Em vez de escolher uma entre as diferentes árvores, do mesmo n ó aparente no diagrama é, geralmente, uma ex¬
neste caso, os sistematas podem simplesmente identificar pressão de ambiguidade. A árvore baseada em 13 genes suge ¬
quais grupos são encontrados em todas as árvores mais cur¬ re que as Cycadales são irmãs de todas as demais gimnosper¬
tas, ou que são formados pelo uso de todos os mé todos de mas, mas, na árvore baseada em 4 genes, tanto as Cycadales
análise, ou que estão presentes em diferentes tipos de ma ¬ quanto ginkgo e o ciado que contém todas as demais gim ¬
trizes de caracteres. As informações em comum entre essas nospermas aparecem como se tivessem se originado simul ¬
árvores podem ser resumidas em uma árvore de consenso. taneamente. A ambiguidade na árvore de 4 genes nos leva
Árvores de consenso estrito contêm apenas grupos mo- a concluir, que na verdade, não sabemos quais linhagens de
nofiléticos comuns a todas as árvores. Por exemplo, análises gimnospermas surgiram primeiro. Esta incerteza se reflete na
de diferentes conjuntos de dados deram origem a diferentes árvore de consenso estrito, uma vez que todas estas linhagens
idéias a respeito das relações existentes entre as primeiras an- estã o desenhadas como se originando ao mesmo tempo.
giospermas. Um estudo envolvendo a sequência de 4 genes Quando muitas árvores são comparadas, pode ser interes ¬
originou a árvore evolutiva ilustrada na Figura 2.10A (a qual sante saber se um determinado ciado aparece na maioria de ¬
foi simplificada para facilitar o presente exemplo) (Rydin et las, mesmo que ele não ocorra em todas. Uma árvore consen¬
al. 2002) . A adição de outras sequências gênicas, e a análise so de maioria mostra todos os grupos que aparecem em 50%
destas por meio de uma metodologia distinta da anterior- ou mais das árvores. Se um determinado ciado est á presente
mente usada, resultou na árvore da Figura 2.10B (Burleigh e na maior parte das árvores mais parcimoniosas, ele será repre ¬
Mathews 2004). Ambas as árvores mostram que as angios- sentado na árvore consenso de maioria ( junto a uma indicação
permas são irm ãs das gimnospermas e que as gimnospermas da porcentagem de árvores mais parcimoniosas que apresen ¬
são monofiléticas. As árvores também mostram que Gnetales tam o ciado). A árvore consenso de maioria será inconsistente
e as coníferas (Pinaceae mais coníferas não- Pinaceae ) estão em relação a algumas das árvores originais e, dessa forma, for¬
intimamente relacionadas. Consequentemente, o consenso necerá apenas um resumo parcial da análise filogenética.
estrito dos dois cladrogramas (Figura 2.10C) mostra as gim ¬ Uma árvore de consenso semi-estrito é freqúentemen -
nospermas como monofiléticas e as Gnetale mais coníferas te muito útil, sobretudo em comparações de filogenias com
como um ciado. taxa terminais que apresentam apenas pequenas diferenças,
No entanto, existem diferenças entre as duas hipóte ¬ ou filogenias que tenham sido construídas a partir de dife¬
ses evolutivas. A árvore baseada em 4 genes sugere que as rentes fontes de caracteres. É comum, por exemplo, construir
SISTEMáTICA VEGETAL 25

(A) 4 genes (B) 13 genes FIGURA 2.10 ( A ) Filogenia das plantas com

! 4 sementes baseada em dados de seqiiê ncias de


DNA provenientes de 4 genes. (B) Filogenia das
plantas com sementes baseada em dados de se

Hl ê1 I| 1ff i3 !u||
¬

! 8
Ti
ff
t
3 ê 3S n< S U
quências de ONA provenientes de 13 genes. (C)
Consenso estrito das á rvores representadas em
A e B. (D) Consenso semi-estrito das á rvores re ¬
presentadas em A e B. (A baseada em Rydin et
al. 2002; D modificada a partir de Burleigh e Ma -
thews 2004.)

(C ) Consenso estrito -
(D) Consenso semi estrito

5 :
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árvores a partir de dois conjuntos diferentes de caracteres O desenvolvimento de um modelo é muito mais dif ícil
(p. ex., sequências gênicas e dados de morfologia) e concluir no caso de caracteres morfológicos, pois geralmente não te ¬

que ambos os conjuntos de caracteres indicam a monofilia mos informações em relação ao n úmero de genes que estão
de um grupo determinado de espécies. No entanto, um úni¬ envolvidos, nem conhecemos que tipos de modificações nes ¬

co conjunto de caracteres pode resolver as relações entre as ses genes levarão a diferentes estados de caráter. Em todo o
espécies. A árvore de consenso semi-estrito indica todas as caso, certos pressupostos deverão ser considerados se quiser ¬

relações apoiadas por uma das árvores, ou por ambas, e não mos dar andamento à análise. (E, cabe salientar, não existem
refutadas por qualquer uma delas. métodos que sejam totalmente isentos de pressupostos!) Os
Por exemplo, apesar de a árvore baseada em 4 genes {Fi¬ principais pressupostos deverão estar relacionados com a
gura 2.10A) não fornecer qualquer informa ção sobre a ordem possibilidade de modificações específicas em estados de ca ¬

na qual se originaram as Cycadales, ginkgo e as demais gim- racteres e a possibilidade de reversões e paralelismos.
nospermas, a árvore baseada em 13 genes (Figura 2.10B) nos
dá informações a este respeito. As duas árvores, na verdade, Ordenando os estados de caracteres Os caracteres na Figu ¬

não são conflitantes, apesar de ser verdade o fato de a árvore ra 2.8A apresentam apenas dois estados. Tais caracteres com
baseada em 13 genes nos fornecer informações mais exatas. dois estados (binários) são interpretados como representan ¬

Dessa forma, a árvore de consenso semi-estrito segue o ar¬ do uma única mudança genética (p. ex., a partir de um estado
ranjo da árvore baseada em 13 genes no que se refere a esses com um único sulco, ou monossulcado, para um estado tri-
três grupos (Figura 2.10D). colpado) . Ao longo de um período de tempo evolutivo, na ¬
turalmente, tais caracteres podem continuar a sofrer modi¬
A probabilidade de modifica ção ficações. Por exemplo, o pólen tricolpado foi modificado em
algumas Caryophyllales de tal maneira que apresenta forma
evolutiva em caracteres esférica, com muitos poros regularmente espaçados em sua
I Ao tentar inferir a história evolutiva de um grupo, depende¬ superf ície (assemelhando-se bastante a uma bola de golfe);
mos de uma descrição (modelo) implícita ou explícita do pro¬ este pólen é dito pantoporado.
cesso evolutivo (ver Quadro 2C) . Quanto mais acuradamente Se tivermos que incorporar o caráter colpos do pólen em
a descrição refletir o processo evolutivo, maior será nossa ca ¬ uma matriz que conté m alguns taxa com pólen pantoporado,
pacidade em estimar a histó ria evolutiva. Esse fato é parti- esse caráter apresentará três estados; monossulcado, tricolpa ¬

cularmente importante para espécies muito divergentes em do e pantoporado. Os colpos do pólen representarão, portan ¬

filogenias moieculares, para as quais métodos de parcimónia to, um caráter com múltiplos estados (multiestados), contras ¬

frequentemente geram resultados conflitantes (ver Quadro tando com os caracteres binários discutidos anteriormente.
2B). No caso de nucleotídeos em uma sequência de DNA, Caracteres multiestados geram uma difícil questão: quantas
assume-se que mutações ocorram aleatoriamente, apesar de modificações genéticas estão envolvidas?
esta presunção freqiientemente ser modificada para refletir É possível que o pólen monossulcado tenha dado origem
mecanismos hipotéticos de evolução molecular. ao pólen tricolpado, o qual, por sua vez, tenha sofrido modi-
I

26 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG,STEVENS & DONOGHUE

(A) existe uma modifica ção genética que permite a modifica çã o


de p ólen monossulcado para pólen tricolpado, assim como
uma modificaçã o que permite a modificação de pólen monos ¬
mmm sulcado para pólen pantoporado, mas que uma mudança de
pólen tricolpado para pantoporado é impossível. Neste caso,
(B) o caráter ainda permanece ordenado, mas segue um caminho
diferente do que está ilustrado na Figura 2.11A. Se é possível
a reversão, dois passos são necessários para, partindo do pó ¬

len tricolpado, chegar-se ao pólen pantoporado, e dois passos


são necessários do pólen pantoporado para o tricolpado.
Em relação a caracteres morfológicos e estados de cará ¬
ter, geralmente não temos certeza das modificações possíveis,
de tal forma que é comum tratarmos caracteres multiestado
Ur como não-ordenados (Figura 2.11C); esse método é freqúen -
temente denominado parcimónia de Fitch . No caso de um
caráter nã o-ordenado, postulamos apenas uma modificação
(Q entre quaisquer dois estados. Caracteres de sequência de
DNA são caracteres multiestado com quatro estados (adeni-
na, timina, guanina e dtosina). Não é possível tratá-los como
r ordenados; uma adenina não precisa obrigatoriamente ser
substituída por uma citosina antes de ser substituída por uma
guanina. Dessa forma, caracteres de DNA são sempre trata ¬

dos como não-ordenados e plenamente reversíveis.


Reversões, paralelismos e pesagem de caracteres Na rede
da Figura 2.8B, foi hipotetizado que a fusão de pé talas teve
FIGURA 2.11 Três hipóteses alternativas a respeito da evoluçã o da origem duas vezes, de forma independente. Rara produzir a
morfologia do pólen. (A) Pólen monossulcado foi modificado em tricol- rede da Figura 2.8C, ligeiramente mais longa, foi necessá rio
pado, que a seguir foi modificado em pantoporado. Como ilustrado, o
cará ter é ordenado e irreversível. ( B) Pólen monossulcado foi modifica ¬
permitir que o número de cotilédones sofresse modificação
do em tricolpado e, independentemente, em pantoporado. Aqui, nova ¬ de um para mais de um, e novamente fosse alterado para
mente, o cará ter é ordenado e irreversível. Se as flechas forem desenha ¬ um - ou seja, que sofresse reversão. Mediante a comparação
das com pontas em ambas as extremidades, poderemos interpretar o das árvores das Figuras 2.8B e C estaremos, portanto, com ¬

caráter como sendo reversível. (C) Qualquer tipo de pólen pode ser mo¬ parando duas hipóteses: (1) que mutações em genes que le ¬

dificado em qualquer outro tipo. 0 cará ter é n ão-ordenado e reversível. vam à fusão de pétalas ocorreram mais de uma vez e (2) que
mutações em genes que controlam o número de cotilédones
ocorreram e, a seguir, houve reversã o de seus efeitos. Ao de ¬

ficações, originando o pólen pantoporado; essa progressão se cidir que a rede da Figura 2.8B é mais curta do que a rede
adequa ao que imaginamos que deve ter acontecido nas an- apresentada na Figura 2.8C, contamos todos os passos por
giospermas ao longo do per íodo de tempo evolutivo (Figura igual, independentemente do fato de indicarem paralelismos,
2.11A). (Lembre-se de que o grupo-externo não possui pó ¬
reversões ou origens únicas.
len tricolpado.) Esse cenário necessita de duas modificações Essa abordagem pode ou não ser considerada razoável. A
genéticas. També m necessita que as modificações tenham lei de Dollo, por exemplo, sugere que, no caso de caracteres
ocorrido em ordem; ou seja, o pólen pantoporado só poderá muito complexos, a origem por paralelismo é bastante im ¬
originar-se após o surgimento de pólen tricolpado. Se acei ¬
provável, ao passo que a reversão pode ser relativamente f ácil
tarmos essa série de eventos, teremos ordenado os caracteres (Mayr e Ashiock 1991). O pressuposto é que diversos genes
multiestado. devem ser alterados para que uma estrutura morfológica seja
Mesmo se decidirmos permitir reversões nos estados de criada, mas que uma modificação em apenas um desses ge ¬
caracteres - ou seja, se considerarmos a possibilidade de que nes fará com que a estrutura possa ser perdida.
um pólen pantoporado possa originar um tricolpado e que o Podemos introduzir a lei de Dollo no processo de escolha
pólen tricolpado possa reverter em monossulcado - o cará ter de uma árvore fazendo com que o ganho de estruturas conte
ainda permanecerá ordenado. São necessários dois passos mais do que a perda; o processo é denominado parcim ónia
evolutivos (gen é ticos) para partir do pólen monossulcado e de Dollo. (Obviamente a definição dos termos ganho e perda
chegar ao pólen pantoporado e dois passos para partir do necessitarão de uma árvore enraizada; por consequência, a
pólen pantoporado e chegar ao monossulcado. Uma análi ¬
parcimónia de Dollo não pode ser aplicada a uma rede não-
se filogenética na qual todos os caracteres são tratados como enraizada.)
caracteres ordenados é algumas vezes referida na literatura Determinados caracteres às vezes são pesados nas aná ¬
como uma an álise de parcimónia de Wagner. lises filogenéticas. Este peso reflete o pressuposto de que de ¬
Se desconhecemos completamente as plantas envolvidas, terminados caracteres deverão ser mais dif íceis de alterar do
podemos considerar a possibilidade de que pólen monossul¬ que outros. Pode-se hipotetizar, por exemplo, que a anatomia
cado tenha originado pólen tricolpado e que, em um evento da folha é uma caracter ística menos provável de sofrer mo ¬

independente, pólen monossulcado tenha originado pólen dificação do que a presença de pêlos na folha (pubescência)
pantoporado (Figura 2.11B). Essa sequência sugeriria que e que, portanto, uma modificação em um caráter anatômico
I SISTEMáTICA VEGETAL 2 7

da folha poderá ser contabilizada como equivalente a duas Como pano-de-fundo, em qualquer discussão que envol ¬
modificações na pubescência, com o intuito de contagem de ve pesagem, existe o pressuposto de que todos os caracteres
passos em uma árvore. dos organismos evoluem independentemente. Tal pressupos ¬
Tais decisões de peso relativo podem facilmente tomar- to requer que uma modificação em um caráter n ão aumente a
se subjetivas ou arbitrárias e corre-se o risco de que elas probabilidade de modificação em outro caráter. Assim como
direcionem os resultados do estudo para a identifica çã o o pressuposto anterior, este será frequentemente transgredi ¬

de agrupamentos específicos. (Por exemplo, o investiga ¬ do; por exemplo, uma modificação na coloração da flor pode
dor pode teorizar, Meu grupo favorito de espécies possui ter como consequência uma mudança em seus polinizadores,
:
uma anatomia de folhas interessante; portanto, eu acho que o que, por sua vez, pode aumentar a probabilidade de modi ¬

a anatomia da folha é algo filogeneticamente importante; ficação na forma da corola. A infração desse pressuposto ob-
conseqúentemente, eu colocarei peso extra nesse caráter em viamente afetará a pesagem dos caracteres, de tal forma que
minha análise filogenética. Neste caso, não será surpreen ¬ a probabilidade de modificação de quaisquer dois caracteres
dente que o grupo de espécies favorito se apresente como não será sempre a mesma.
monofilético.)
f Considerando-se a possibilidade de direcionamento, os
sistematas geralmente tentam basear suas decisões de pe ¬
Podemos acreditar em uma á rvore evolutiva?
sagem em critérios objetivos. Uma abordagem usada é a de Uma árvore evolutiva representa apenas um modelo ou hi ¬
efetuar um procedimento de análise filogenética preliminar pótese, nossa melhor suposição sobre a histó ria de um gru ¬

com todos os caracteres apresentando pesos iguais. O resul ¬ po de plantas. Conseqúentemente, algumas propostas serão
tado dessa análise irá identificar quais caracteres possuem melhores, ou pelo menos mais convincentes, do que outras.
menos homoplasias na (s) árvore (s) mais curta(s); os caracte O uso de um critério de otimizaçã o é uma das formas pelas
I res menos homoplásicos podem receber maior peso em aná
¬

¬ quais podemos avaliar a árvore evolutiva; de todas as possí ¬

lises subsequentes, um processo conhecido como pesagem veis descrições da hist ória, preferimos aquela que requer o
sucessiva. menor número de passos, ou que possui a máxima verossimi-
Outra abordagem consiste em basear os valores em infor ¬ lhança, ou a distância mínima. No entanto, as árvores podem
mações relativas às bases genéticas que delineiam os caracte ¬ ser avaliadas mais precisamente. Para fins da presente dis ¬

res. Pbr exemplo, em análises de sequ ê ncias de DNA, trans- cussão, continuaremos a nos deter em filogenias geradas por
versões (modificações purina -> pirimidina ou pirimidina > métodos de parcim ónia (i.e., com o menor número possível
purina) recebem maior peso que transições ( modifica ções de passos evolutivos) .
purina purina ou pirimidina -> pirimidina), pois é sabido Nos métodos de parcim ónia, a árvore mais curta dispo ¬

que transições ocorrem mais frequentemente e são mais fa ¬ nível é preferida em relação a uma árvore mais longa. No
cilmente revertidas. A aquisição de um sítio de restrição pode entanto, algumas porções da árvore podem ser mais confiá ¬
receber um peso superior ao da perda de um sítio de restrição, veis do que outras. Isso ocorrerá se reversões e paralelismos
pois os caminhos para o ganho desse sítio de restrição são em (ou mesmo falhas na interpretaçã o de caracteres) afetarem
I menor numero do que as possibilidades para a perda do sí¬ alguns grupos de plantas mais frequentemente que outros,
tio (ver Capítulo 5) . Além disso, caracteres
complexos (presumivelmente controlados
17
por muitos genes) podem receber um peso 4 (9 ) Leucothoe racemosa
superior ao de caracteres simples (presu ¬ ° Gaultheria eriophylla
mivelmente controlados por um menor 22(100)
d >6 (100)
número de genes), considerando-se que 12 Satyria warszewiczii
caracteres simples sejam mais passíveis d>6 Vaccinium macrocarpon
de modificar por seleção ao longo de um
período de tempo evolutivo. 7 (9 Pieris formosa
A abordagem mais comum, utilizada 5 (94) d 6 Pieris phillyreifolia
d Pieris
na maioria das análises preliminares, con ¬
12 (98) Pieris floribunda
siste em pesar igualmente todos os carac ¬
d>6 16
teres. Apesar de esta abordagem ser refe ¬ Pieris nana

cr
rida muitas vezes como n ão- pesada , ela i I
Agarista populifotia
na realidade assume que todos os carac ¬ Agarista
Agarista salicifolia
teres são igualmente passíveis de alterar e
(73;
21
são igualmente pesados. Craibiodendron yunnanense
17
9(97) I lyonia ovalifolia
FIGURA 2.12 A ú nica á rvore mais parcimo ¬ 7(55) H I - ~5 Lyonia ligustrina
niosa encontrada na an á lise de Lyonieae [ taxa Lyonia .
em negrito, linhas em azul ) usando dados de
18 (100 ) ' Lyonia lúcida
d >6
sequ ê ncias do gene matK. O comprimento dos Lyonia ferruginea
ramos est á indicado sobre as linhas; valores de 19
bootstrap estã o em parênteses; í ndices de decai ¬
35 (100)
Sphenotoma dracophylloides
mento (d) aparecem sob as linhas.Comprimento d >r Sprengelia incamata
= 425, í ndice de consistê ncia = 0,60. (Fonte: Kron 25
Harrimanella hypnotdes
eJudd 1997.)
28 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

|
3 S (0) 8
I I .. !.

stlllillí lllÉ! 1 óvulo


por carpelo
i i I j i l l i l l i i!
t í iiliflIIIil í Jiil
células
rda de

oleíferas
Herbaceous
.
*
. . , Perda das células
Caule lenhoso oleíferas N 1 óvulo
Aquisição das células oleíferas S Por carpelo
Herbáceas Aquisição das células oleíferas

Árvore mais curta Arvore um passo


mais longa
(D
! I i

tf 3 <3 II
2 SI
í
JJi llif ll ! ! í
53111 i l l í í l i i i í si l
/

i
Arvore mais curta
Consenso estrito da indicando os ramos
árvore mais curta e com um valor de
das árvores um decaimento igual a um
passo mais longas

FIGURA 2.13 (A) Filogenia das angiospermas (linhas azuis), indicando é agora considerado como havendo evolu ído uma ú nica vez, mas que
os padrões de modifica ção em rela ção à presen ça ou ausência de célu ¬ a perda de células oleíferas e a redu ção do n ú mero de óvulos ocorre¬
las oleíferas, n ú mero de óvulos por carpelo e há bito da planta (lenhoso ram duas vezes. (C) Consenso estrito da á rvore mais curta e de á rvores
ou herbáceo). (B) Uma á rvore alternativa, um ú nico passo mais longa um passo mais longas (Figuras 2.13A e B). (D) A mesma á rvore ilustrada
do que a á rvore apresentada em A, mostrando os padrões de modifi¬ em A, ilustrando ramos com valor de decaimento igual a 1. (Dados de
caçã o para as mesmas características. Observe que o há bito herbáceo Doyle et al. 1994.) j

ou se as modificações evolutivas ocorrerem em frequências Outra forma de avaliai o quanto os dados apoiam a ár ¬

demasiadamente baixas na história de um determinado vore é determinando se um grupo de interesse ocorre em


grupo. outras árvores que sejam quase tão curtas quanto a que está
Uma forma simples de avaliar o suporte para uma parte sendo observada. Em outras palavras, suponha que tenhamos
específica de uma árvore é pela análise do n mero de modi¬ questionado se existem outras formas de analisar caracteres
ficações genéticas que ocorrem em um ramo que leva a um homoplásicos que levam a árvores que sejam um, dois ou três
determinado grupo, juntamente com os índices de consis ¬ passos mais longas.
tência dos caracteres. Por exemplo, uma filogenia de alguns Por exemplo, em um estudo sobre a diversificação das an -
integrantes das Ericaceae baseada em dados de sequências giospeimas (Doyle et al.1994), a árvore mais curta indicou que
de DNA (Figura 2.12; Kron e Judd 1997) encontrou 18 mo ¬ as linhagens que divergiram mais precocemente nas angios¬
dificações no ramo que leva ao ciado Lyonia. Em uma aná ¬ permas eram as monocotiledôneas e os lírios-d'água (Nym-
lise de caracteres morfológicos para os mesmos taxa, foram
observados quatro caracteres que sofriam modificaçã o ex¬
clusivamente ao longo do ramo de Lyonia. Em outras pa ¬
phaeaceae; ver Capítulo 9). Isso significa que o cará ter caule
herbáceo foi adquirido uma vez e foi perdido posteriormente,
ao passo que a redução para um óvulo por carpelo ocorreu
í
lavras, uma série de modificações que ocorreram durante a uma nica vez, e o cará ter células oleíferas foi adquirido e
origem do dado Lyonia levou à produção de novas caracte ¬ perdido uma única vez (Figura 2.13A). Por outro ladó, árvores
rsticas que não são encontradas em nenhuma outra parte
í um passo mais longas, nas quais as linhagens de angiosper ¬

da família. Grupos como o ciado Lyonia que compartilham mas mais antigas correspondem às magnólias, sugerem que
diversos caracteres que não ocorrem em outros pontos do caules herbáceos evoluíram uma vez, mas que a redução no
cladograma são mais confiáveis do que grupos que com ¬
nú mero de óvulos ocorreu duas vezes e que ocorreram três
partilham apenas alguns poucos caracteres altamente ho - modificações no caráter células oleíferas (aquisição uma única
moplásicos. vez e perda duas vezes ou vice -versa) (Figura 2.13B).
r SISTEMáTICA VEGETAL 29

Assim, observando árvores um passo mais longas, pode ¬


Colpos Colpos Número de
do pólen do pólen cotilédones
mos hipotetizar que alguns caracteres são menos homoplá- Pétalas
sicos, ao passo que outros são mais homoplásicos. Se agora Plantas em
estrela vermelha <3 livres <3 2
{ analisarmos o consenso estrito de todas as árvores, incluindo
as mais curtas e aquelas um passo mais longas, todas as linha ¬ Plantas em
<3 livres <3 1

!
estrela amarela
gens precoces de angiospermas estão ilustradas como se tives¬
sem radiado a partir de um ponto único, indicando incerteza Plantas em
estrela branca <3 fusionadas <3 1
na ordem em que elas realmente evoluíram (Figura 2.13Q.

I Você pode observar que vários dos ramos presentes nas Plantas em
drculo 3 livres 3- 2
árvores mais curtas não estão presentes nas á rvores que
possuem um passo a mais de comprimento. Dessa forma, Plantas em
3 ; fusionadas 3 2
nenhum destes ramos está ilustrado no consenso estrito; quadrado
em outros termos, eles "colapsam , ou decaem . Podemos Plantas em
3 fusionadas. 3
" '

2
indicar esse fato por meio do posicionamento do numeral losango
:;
1 próximo a cada um dos ramos colapsados na árvore mais não-
tv <3
• v

curta (Figura 2.13D). Este n mero é o índice de decaimen¬


Conífera : aplicável
i : >Z
to, també m conhecido como índice de Bremer, e representa
o n mero de passos extras necessários para encontrar árvores FIGURA 2.14 Matriz da Figura 2.8A, amostrada com reposiçã o, como
que não contenham um grupo determinado. Ele fornece uma ocorreria para o primeiro passo de uma an á lise de bootstrap. Observe
# medida relativa de quanto a homoplasia nos dados afeta o que no processo de amostragem o cará ter colpos do pólen foi amos¬
trado duas vezes, ao passo que o caráter inflorescê ncia foi omitido.
suporte a um grupo em particular.
O índice de decaimento não é estatístico, o que, depen ¬
dendo do ponto de vista, pode ser considerado uma vanta¬ ligação entre Agarista e Pieris é apoiada por apenas 51% das
gem ou uma desvantagem. Visto que a história acontece uma árvores de bootstrap, e, em árvores com apenas um passo a
única vez e n ão pode ser repetida, é impossível replicar um mais de comprimento, os dois gêneros não são irmãos, o que
experimento evolutivo. No entanto, decididamente, é pos ¬ é indicado pelo valor de decaimento igual a 1.
sível testar se os dados de caracteres sã o diferentes do es ¬
Outra excelente forma de conferir confiança aos agrupa ¬
perado para um processo aleatório, mesmo considerando-se mentos presentes em uma árvore é comparar filogenias que
que existem muitas formas diferentes de aleatorizar dados de tenham se baseado em diferentes conjuntos de caracteres. Por
sistemática. Diferentes testes que utilizam técnicas de alea- exemplo, filogenias baseadas em morfologia, em sequências
torização já foram desenvolvidos. Provavelmente, o método de DNA de cloroplasto (cpDNA) e em sequências de DNA
mais amplamente utilizado é a análise de bootstrap. nuclear podem (e freqúentemente são) comparadas. Se essas
A análise de bootstrap aleatoriza os caracteres no que filogenias apresentam agrupamentos similares, podemos ter
se refere aos taxa. Como exemplo, observe a matriz da Figura uma maior confianç a de que elas reflitam a ordem real dos
2.8A e aleatoriza as colunas ao mesmo tempo em que man ¬ eventos. Por exemplo, a monofilia de famílias como Poaceae,
tém fixas as linhas. Pegue aleatoriamente uma coluna da ma ¬ Onagraceae, Ericaceae, Asteraceae e Orchidaceae tem sido
f triz original para que esta seja a primeira coluna de uma nova
matriz. A seguir, escolha outra coluna para que seja a segun
da coluna e assim sucessivamente até que uma nova matriz,
¬
apoiada por análises filogenéticas realizadas com diferentes
tipos de dados incluindo morfológicos, sequências de genes
de DNA de cloroplasto e sequências de genes nucleares.
contendo o mesmo número de colunas que a matriz original, A compara ção entre árvores freqúentemente mostra -
tenha sido criada. Visto que retomamos à matriz original a se intrigante quando os dados provêm de diferentes genes,
cada um dos passos para escolher uma nova coluna, alguns
como será discutido em maior detalhe no Capítulo 5. Tam ¬
caracteres podem estar representados várias vezes na nova
bém é comum que caracteres de DNA e morfológicos sejam
matriz, ao mesmo tempo em que alguns poderão ser omiti¬ combinados em uma nica análise filogenética, o que geral ¬
dos. Esse mé todo é geralmente descrito como amostragem mente d á origem a filogenias mais fortemente apoiadas em
aleatória com reposição.
A Figura 2.14 mostra a matriz da Figura 2.8A amostrada
relaçã o àquelas geradas a partir de um único tipo de dados.
aleatoriamente com reposição; observe que o primeiro cará ¬
Filogenias baseadas em caracteres morfológicos assumem
ter da matriz original (colpos do pólen) foi selecionado duas
que não ocorreu hibridização, ou pelo menos que este evento
foi raro (Quadro 2D); esta questão pode ser testada pelo uso
vezes, ao passo que o terceiro caráter (inflorescência em ca ¬
pítulo) foi perdido durante o processo de sele ção aleat ória. de múltiplas árvores moleculares.
Muitas matrizes aleatorizadas são construídas, e árvores mais
parcimoniosas são encontradas para cada nova matriz. Esse
processo é usado para criar um conjunto de pelo menos 100 Descrevendo a evolução:
árvores, que podem ser resumidas em uma árvore de consen ¬ o mapeamento de caracteres em á rvores
so (ver páginas 24-25). Na árvore de consenso de bootstrap,
um dado com valor de bootstrap de, digamos, 95 % estava pre ¬ Filogenias podem ser usadas para descrever o processo evo-
sente em 95% das árvores geradas na análise de bootstrap. lutivo e para desenvolver hipóteses a respeito de adaptação,
A filogenia da Figura 2.12 apresenta tanto os índices de modificações morfológicas e fisiológicas ou sobre aspectos
decaimento quanto de bootstrap, aliados ao comprimento dos biogeográficos, entre diversos outros usos. Se uma filogenia
ramos. Podemos observar que os valores de decaimento e de será utilizada com o objetivo de descrever a história evolutiva,
bootstrap são altos para o gênero Lyonia, indicando que os da ¬
no entanto, atenção especial deverá ser dada a caracteres e
dos dão suporte para a monofilia do gênero, ao passo que a estados de caracteres usados para esta descrição. Na discus-
1

30 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

QUADRO 2D A aná lise filogen ética assume que a evolu ção pode ser ilustrada na
forma de uma á rvore ramificada
Os estudos filogenéticos assumem que uma filogenia correta para híbridos, os sas e à distorção dos padrões de relacio ¬
após duas linhagens divergirem elas quais apresentam histórias evolutivas re ¬ namento entre taxa não-híbridos.
nunca mais trocarã o informação gené ¬ ticuladas. No entanto, estudos de McDade (1990,
tica. Este pressuposto pode, no entanto, Sabe -se que hibridização interespecí- 1992, 1997) indicaram ser pouco provável
ser frequentemente transgredido. Se a fica é comum em plantas, e o tratamento que híbridos causem problemas em aná ¬
hibridização é comum, uma planta pode adequado dos híbridos em análises cla- lises filogenéticas, a menos que ocorTam
compartilhar caracteres derivados de dísticas já foi objeto de muitas discussões entre espécies parentais distantes. Quando
duas plantas parentais n ão relacionadas, (Bremer e Wanntorp 1979; Wagner 1980, híbridos são reconhecidos e sua ancestra-
e a história se assemelhará muito mais a 1983; Bremer 1983; Funk 1985; Kellogg lidade determinada (ver Capítulo 6 ), eles
um trabalho de macram é do que a uma 1989; Kellogg et al. 1996). A maioria dos podem ser inseridos manualmente no cla -
á rvore. A an álise filogenética sempre sistematas tem sugerido que os híbridos dograma, que então não indicará apenas
produzirá um diagrama semelhante a sejam identificados e removidos das aná ¬ eventos cladogênicos (contadas por meio
uma árvore, seja ele apropriado ou não. lises, pois sua inclusão pode levar a um da esperiação), mas também histórias reti
¬

Métodos filogenéticos pressupõem evo ¬ aumento da homoplasia, a um aumento culadas (desenvolvidas por meio da hibri¬

lução divergente e não podem fornecer no n mero de árvores mais parcimonio ¬ dização interespecífica).

são a seguir, nos deteremos em caracteres morfológicos, mas didas. Visto que Epacris possui pétalas fusionadas, pé talas
muitos dos pontos abordados podem ser aplicados a qual ¬ livres devem ter-se originado dentro de Vacánium; é mais
quer outro tipo de caráter. simples (mais parcimonioso) assumir apenas uma modifi¬
Considere um grupo de plantas para o qual a árvore filo ¬ ca ção genética, de fusionada para livre (Figura 2.16B). Isso
genética seja conhecida; um bom exemplo é o grupo das Eri- equivale a dizer que o ancestral de Vacánium possuía pé ta ¬
caceae, para o qual um conjunto substancial de informações las fusionadas. Se postulássemos que o ancestral possuía
está disponível (Figura 2.15) .Vamos assumir, para fins da pre ¬
pé talas livres, seriam necessárias duas modificações para
sente discussão, que a árvore em questão reflete com acurácia pé talas fusionadas: uma em Epacris e uma nas espécies de
a hist ória e que cada um dos gêneros terminais realmente é Vacánium que não pertençam a seção Oxycoccum . O mesmo
monofilético, como demonstrado por meio de estudos com argumento pode ser aplicado no caso de Rhododendron e
diversas espécies de cada um dos gêneros. A seguir, conside ¬ Ledum.
raremos um estudo interessado na an á lise de ganho ou perda Agora, suponha que estamos estudando apenas espécies
do caráter pétalas fusionadas, o qual está infimamente rela ¬ de Vaccinium, mas que, ao invés de utilizarmos Epacris ou ou-
cionado com a evolução de sistemas de polinização. Esse é o
tipo de estudo geralmente desenvolvido por sistematas, pois
os detalhes da evolução do cará ter podem levar a hipóteses
sobre a a ção da seleção natural. Alé m disso, quando estamos
construindo classificações, freqiientemente temos interesse
em determinar que caracteres morfológicos podem ser atri ¬ 1
: I
buídos a um grupo monofilé tico determinado distinguindo-o 1
£
1
I
1 I
1 :
I 3 E
dos demais grupos.
A Figura 2.15 ilustra os estados de cará ter observados nos £ £
1 I I I ! i
gêneros. Observando a distribuição de caracteres e estados - 8 8 | i - %
de cará ter, parece extremamente óbvio que pé talas livres 1 1.2 1.2 1 3 1 I
-

n :
12
.
devem ter evoluído na linhagem que deu origem a Ledum e l .6 I 7

uma segunda vez na linhagem que originou Vacánium seçã o.


3
b .
3
n J £
3
£ I 3.
-
I
Oxycoccum. Em outras palavras, o ancestral de Vacánium se ¬
ção. Oxycoccum e todas as outras espécies de Vacánium pos¬
suem pétalas fusionadas, da mesma forma que o ancestral de
Ledum e de Rhododendron sect. 3.
Examinaremos esta conclusão óbvia um pouco mais
atentamente. Se estivéssemos estudando apenas espé cies de
Vacánium, não ter íamos condições de saber se pé talas fusio ¬
nadas são ancestrais ou derivadas (Figura 2.16A) . Deve ter
ocorrido uma modificação genética, mas ela poderia ter acon ¬
tecido tanto na linhagem que originou as espécies de Vacci ¬

nium seção Oxycoccum, quanto na linhagem que originou as FIGURA 2.15 Filogenia de uma parte das Ericaceae. 0 g ê nero Rho
demais espécies Vacánium.
¬

dodendron é parafilético e está representado por três linhagens sepa ¬


Apenas pela referência do grupo-externo Epacris é que radas, numeradas de 1 a 3. Duas modificações para pétalas livres sã o
podemos determinar quando pétalas fusionadas foram per¬ hipotetizadas. (Dados de Stevens 1998.)
r SISTEMáTICA VEGETAL 31

(A) (A)

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pétalas fusionadas pétalas livres Ancestral com Ancestral com
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Ancestral com Ancestral com \ /
pétalas fusionadas pétalas livres \ / Ancestral com Ancestral com
\y pétalas fusionadas \y pé talas livres
FIGURA 2.16 (A) Dois taxa de Vaccinium diferem em rela ção a esta ¬

dos de caracteres. É impossível determinar, a partir desta ú nica infor- FIGURA 2.17 (A) An á iise de modificaçã o de estado de caráter em Vac -
ma çã o, quai é o estado de cará ter ancestral, pois qualquer das possi- cinium usando um grupo-externo diferente. Observe que a inferê ncia
bilidades envolve uma modifica ção em uma linhagem descendente. do estado de caráter ancestral é absolutamente oposta àqueia quan-
( B ) A adi ção de um grupo-externo determina o estado de cará ter do .
do Epacris foi usada como grupo-externo ( B ) An álise de modifica çã o
ancestral. Neste caso, é mais simples ( requer menos passos} assumir de estado de cará ter em Vaccinium usando dois grupos externos que -
que o ancestral possu ía pétalas fusionadas. .
diferem em relaçã o ao estado Neste caso é impossível determinar o
estado de caráter do ancestral.

tra Ericaceae como grupo-externo, tenhamos usado apenas


Ledum. Essa situação é f ácil de ser imaginada no caso de ser igualmente parcimoniosas. Em outras palavras, existem vá ¬

dif ícil a obtençã o de material de outros gê neros, ou no caso rias hipóteses igualmente boas para descrever a direçã o e o
de tais gê neros estarem extintos ou mesmo se desconhecer ¬ tempo de modificação do estado de caráter. Se retomarmos
mos sua existência. Assim, concluiríamos que o ancestral de ao exemplo da Figura 2.13, seremos capazes de encontrar
todas as espécies de Vaccinium possu ía pétalas livres e que, reconstruções igualmente parcimoniosas diferentes das que
em resposta a uma pressã o seletiva desconhecida, houve mo ¬ estão ilustradas.
dificação para pétalas fusionadas (Figura 2.17A) . Essa conclu ¬ Uma ambiguidade também pode ser resultante da inclu ¬

são é absolutamente oposta à conclusão a qual havíamos chegado são de taxa para os quais o estado de caráter é desconhecido.
no exemplo anterior, no entanto a ú nica diferença entre ambos Suponha, por exemplo, que dois novos taxa sejam descober ¬

foram os gêneros incluídos na análise. tos de tal forma que, tendo como base outros caracteres, um
Pbdemos tentar resolver a situação mediante o uso de deles seja claramente irmã o de Vaccinium seção Oxycoccum e
grupos-extemos adicionais. Por exemplo, consideraremos o o outro seja irmão das demais Vaccinium (Figura 2.18). Alé m
mesmo estudo com Vaccinium, mas desta vez utilizaremos disso, suponha que não existam dados exatos em relação a
tanto Ledum quanto Rhododendron como grupos-extemos. eles possuírem pétalas livres ou fusionadas. (Esse tipo de
Neste caso, a direção da modificação é totalmente ambígua ambiguidade é mais comum do que voc ê pode imaginar;
! (Figura 2.17B) . É tão simples postular que o ancestral do gru ¬ de pode ocorrer quando a descrição original é vaga e / ou as
po possuía pétalas fusionadas e que ocorreram duas modi ¬ ilustrações n ão são claras, ou quando a planta original só é
ficações para pé talas livres quanto postular que o ancestral conhecida através de seus frutos.) Neste exemplo, desconhe ¬
possuía pétalas livres e que ocorreram duas modificações cemos como era o estado ancestral para Vaccinium, de tal for ¬

para pétalas fusionadas. ma que podemos formular qualquer hip ótese a respeito da
Estas duas possibilidades sã o denominadas reconstru¬ direção da modificação evolutiva. Também não poderemos ter
i ções igualmente parcimoniosas. Para muitos caracteres certeza de que o caráter pétalas fusionadas seja sinapomór-
em muitas árvores, podem ocorrer múltiplas reconstru ções fico para o gênero.
r
32 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

néticas estão disponíveis a este nível, de tal forma que, em


i geral, não tentamos indicar uma possível ou provável parafilia
5 ou polifilia dos gêneros.
:: 1 A diversidade bioló gica na Terra é resultante de descen ¬

:
d ência genealógica com modificações, e grupos monofiléticos
i devem sua exist ência a esse processo. Consequentemente, é
c
apropriado usar grupos monofiléticos em classificações bioló
I
¬

gicas de forma a refletir com maior precisão sua história gene ¬

I 1 aló gica. Classificações baseadas em grupos monofilé ticos são


i mais preditivas e de maior valor heurístico do que aquelas ba ¬

seadas em similaridades gerais ou em valorações subjetivas de


Pétalas livres Pétalas livres caracteres específicos (Farris 1979; Donoghue e Cantino 1988) .
ou fusionadas ou fusionadas Classificações filogen é ticas, tendo em vista refletirem a
Ffetalas livres genealogia, apresentarão maior utilidade em áreas biológicas,
ou fusionadas tais como o estudo da distribuição de plantas (fitogeografia),
interações parasita - hospedeiro e herbívoros- plantas, biologia
FIGURA 2.18 A adi çã o de espécies para as quais desconhecemos o da poliniza ção e dispersão de frutos, bem como na aborda ¬

estado de caráter pode evitar inferências sobre o estado ancestral . gem de questões relativas à origem de caracteres adaptativos
( Nelson e Platnick 1981); Humphries e Rarenti 1986; Brooks
Diversos algoritmos foram desenvolvidos para designar e McLennan 1991; Foey et al. 1992) . Considerando -se seu
modificações de estados de cará ter a porções específicas de potencial preditivo, uma classifica ção filogenética pode di ¬

árvores (ver Capítulos 3 e 4 de Maddison e Maddison 2000 recionar a busca por genes, produtos biológicos, agentes de
para uma discussão clara e compreensível deste assunto). De ¬ controle biológico e espécies com potencial para cultivo. A
pendendo do algoritmo utilizado, as modificações do estado informação filogen é tica é também muito ú til na tomada de
de caráter podem ser direcionadas em prol de paralelismos decisões de conservaçã o. Em conclusão, classificações filoge ¬
(o algoritmo de transformação retardada"ou DELTRAN, do néticas fornecem um arcabouço para o conhecimento bioló ¬
inglês delayed transfarmatiori' ) ou em prol de reversões (o gico e a base para estudos comparativos, conectando todos os
algoritmo de transformação acelerada" ou ACCTRAN, do diferentes campos da biologia (Cracraft e Donoghue 2004) .
inglês accelerated transformation ) . Os resultados podem in ¬ A constru ção de classificações envolve duas etapas. A pri ¬
terferir - algumas vezes de forma bastante importante - em meira consiste na delimitação e nomeaçã o dos grupos. Em
hipóteses que dizem respeito ao processo evolutivo e podem uma classificação filogenética, esta etapa não apresenta con ¬
também afetar a forma como os organismos sã o descritos em trovérsias: grupos que recebem nomes devem ser monofilé ¬
uma classificação. ticos. A segunda etapa envolve o ordenamento dos grupos e
o posicionamento destes de acordo com uma hierarquia . Esta
fase permanece problemática.
Construindo uma classifica çã o
A teoria da classificação é um tópico com o qual os sistematas
Agrupando: grupos que recebem
vêm brigando há centenas de anos; tais combates resultaram nomes são monofiléticos
em uma literatura ampla e, freqiientemente, conflitante (ver Uma classificaçã o filogen ética reflete a histó ria evolutiva e
Capítulo 3) . Os princípios da classificação filogenética aqui visa nomear apenas os grupos que são monofiléticos - ou seja,
delineados são amplamente, apesar de não universalmente, compostos por um ancestral e todos os seus descendentes. No
aceitos. É preciso salientar que uma classificação costuma ter exemplo da Figura 2.4C, inferimos que Asteraceae (as plantas
diversos objetivos. Uma classificação é um vocabulário comum representadas por um losango) são monofiléticas, pois pos ¬

desenvolvido para auxiliar na comunicação. Consequente- suem flores em capítulos. As plantas representadas por um
mente, uma classificação deve ser estável; nomes que são fre ¬
quadrado mais as Asteraceae são també m monofiléticas, pois
quentemente alterados nãosão úteis em termos de comunica ¬
compartilham o estado de caráter derivado pé talas fusiona ¬

ção. Além disso, uma classificação deve ser preditiva; ou seja, das; esse grupo também possui um nome, Asteridae (ou da ¬

o nome de uma planta deve auxiliar a compreender melhor a do das asterídeas). De forma semelhante, o grupo completo
planta e deve guiar na busca de literatura apropriada. de plantas com pólen tricolpado (plantas representadas por
Os sistematas geralmente concordam em rela ção aos círculos mais as Asteridae) é monofilético e denominado eu-
objetivos de um processo de classificação, apesar de discor¬ dicotiled ò neas (ou o ciado das tricolpadas) . Esse grupo pode ¬

darem profundamente em relação a como esses objetivos ria ter recebido um nome formal em latim, no entanto, at é o
serão atingidos. No presente texto, adotamos um ponto de momento, não recebeu esse tipo de denominação e provavel ¬
vista particular, usando classificações filogenéticas em to ¬ mente não há necessidade de que venha a receber.
dos os seus aspectos. Assim, sempre que possível, reconhe ¬ Na classificaçã o filogen é tica, grupos parafilé ticos não são
cemos grupos monofilé ticos e evitamos grupos parafiléticos nomeados. Na Figura 2.4C, um grupo composto pelas plantas
ou polifiléticos. Nos poucos casos em que famílias ou ordens representadas por círculos mais as plantas representadas por
não- monofiléticas ainda não foram divididos em unidades quadrados seria parafilético. O ancestral comum mais recente
monofiléticas, o nome do táxon foi colocado entre aspas. A compartilhado por qualquer planta representada por um qua ¬

monofilia de diversos gêneros de angiospermas ainda é bas¬ drado e uma planta em círculo também é o ancestral comum
tante questionável, mas relativamente poucas an álises filoge ¬ mais recente de qualquer planta representada por circulo e
r SISTEMáTICA VEGETAL 33

uma planta em losango. Em outras palavras, as plantas em dado grupo. Idealmente, apenas ciados ligados por muitos
círculo são tã o longinquamente relacionadas às plantas re ¬ caracteres derivados compartilhados deveriam ser formal ¬

presentadas em quadrado quanto qualquer uma delas o é em mente reconhecidos e receber nomes em processos de classi ¬

relação às plantas em losango. Nomear um grupo que inclu ¬ ficação. Isso faz sentido quando queremos que a classificação
ísse as plantas em quadrado mais as plantas em círculo sig¬ funcione como um vocabulário comum.
nificaria dizer que esses dois tipos de planta são intimamente Os nomes tomam-se mais úteis quando podem ser de ¬

relacionados mesmo que isso não esteja ocorrendo. finidos e, quanto maior a exatidão da definição, melhor será
Existem diversos exemplos neste livro de grupos de plan ¬ o nome. Em outras palavras, para receber um nome, um
tas que receberam denominação, mas que atualmente se ciado deve apresentar um conjunto de caracteres que possa
acredita que sejam paraíiléticos. Um exemplo bem conhecido distingui-lo dos demais ciados, podendo ser diagnosticado.
envolve as briófitas , um grupo que inclui tradicionalmente Esse critério também é importante para a estabilidade da no¬
plantas terrestres avassulares (hepáticas, antóceros e musgos; menclatura: se o significado do nome sofre modificações cada
ver Figura 1.1). No entanto, a distância entre as hepá ticas, vez que uma nova íilogenia é construída ou cada vez que um
! antóceros e musgos é maior do que a distância entre os mus¬
gos e as plantas vascularizadas (traqueófitas). Sem a marca ¬
novo cará ter é examinado, o nome toma-se efetivamente sem
significado.
ção com aspas, o nome briófitas implicaria em uma rela ção Um segundo crit ério consiste na presença de um caráter
de proximidade entre estas plantas maior do que a relação morfológico óbvio. Apesar de os sisternatas talvez não con ¬
realmente existente. cordarem com a importância desse critério, ele representa
i Diversas famílias de plantas tradicionalmente reconheci ¬
das, como Apocynaceae e Capparaceae em um senso amplo,
uma extensão importante da idéia de um grupo bem susten
tado e é também relevante quando do uso das classificações
¬

são parafiléticas. No presente texto, estas famílias foram recir- por não-sistematas, com o objetivo de identificação. Se, por
cunscritas de modo a tomá-las grupos monofiléticos: Apocy ¬ exemplo, a única forma de uma bióloga de campo identificar
naceae foi combinada com Asclepiadaceae, e Capparaceae foi um dado organismo é por meio de uma alanina ou de uma
inserida em Brassicaceae (apesar de alguns sisternatas aceita ¬ serina na posição 281 de sua molécula ribulose 1,5-bifosfa-
rem Capparaceae s.s. e Geomaceae). to carboxilase/oxigenase, ela provavelmente não considerará
a classificação muito útil para fazer inferências a respeito do
organismo. Se, por outro lado, ela souber que o organismo
Nomeando: nem todos os grupos são nomeados em questão é uma gram ínea contendo uma estrutura de
Uma classificaçã o filogenética visa dar nomes unicamente espigueta específica, poderá facilmente e fidedignamente
a grupos monofiléticos, mas o fato de um grupo ser mono- inferir diversos aspectos de sua biologia. (A ausência de si-
filético não significa que ele deva obrigatoriamente receber napomorfia morfológica óbvia é uma das muitas razões de
um nome. As razões para essa situação são de ordem prática. o ciado PACCAD não ter recebido um nome.) Os caracteres
Poder íamos dispor cada par de espécies em seu próprio gê ¬
utilizados para a classificação não necessitam ser os mesmos
nero, cada par de gê neros em sua própria família, cada par de usados para a identificaçã o, poré m muitos sisternatas prefe ¬

famílias em sua pró pria superfamQia e assim por diante. No rem dar nomes a ciados que sejam facilmente reconhecidos
entanto, este tipo de classificação seria inconvenientemente por meio da morfologia.
grande; além disso, não seria estável, pois nossa visão em Outro critério consiste no tamanho do grupo. A memória
relação a espécies irmãs se alteraria cada vez que uma nova humana tem grande facilidade em recordar pequenas quan ¬

espécie fosse descrita, o que levaria a uma nova visão de toda tidades de itens (em um intervalo entre 3 e 7) (Stevens 1998);
a classificação, a qual, por sua vez, deveria ser reorganizada no entanto, mecanismos mnemotécnicos adicionais sã o ne ¬

de acordo com a nova visão. cessários para organizar e recordar grandes quantidades de
Na prática, vários grupos monofilé ticos não recebem no ¬
itens. (Fbr exemplo, considere quantos CPFs contendo 11 dí¬
mes. Por exemplo, o gê nero Stenanthium (Melanthiaceae) é gitos você consegue se lembrar em comparação com números
monofilético e contém quatro espécies (Zomlefer et al. 2001; de telefone com até 8 dígitos). Uma das formas de organizar
Zomlefer e Judd 2002; Wofford 2006). Apesar de estar clara ¬ o pensamento, em termos de taxa muito numerosos, é pela
mente definido que estas quatro espécies se organizam em divisão de grupos grandes em grupos menores. Nas palavras
dois pares monofiléticos, nenhum dos pares recebeu nome de Davis e Heywood (1963: 83), Devemos ser capazes de po¬
especial, e poucos sisternatas consideram a necessidade de sicionar taxa em taxa superiores de tal forma que possamos
fazê-lo. Em outro exemplo, praticamente a metade dos gê ¬
reencontrá-los." O gênero Stenanthium pode ser redefinido
neros da família das gramíneas se concentra em um único para agrupar apenas Stenanthium gramineum e S . diffusum, e
grande ciado que contém quatro grandes subfamílias tradi ¬
um novo gênero pode ser descrito para incluir S. densum e
cionalmente reconhecidas e duas outras menores. Apesar dos S. leimanthoides. No entanto, são poucas as razões para fa ¬

agrostólogos se referirem ao ciado por meio da denominação zer essa divisã o, visto ser fá cil acompanhar um conjunto de
de dado PACCAD (um acró nimo para Panicoideae -Arun- quatro espécies. Além disso, não existem muitas razões para
dinoideae-Centothecoideae-Chloridoideae -Aristidoideae - dividir um grupo grande se ciados bem sustentados não pu ¬

i Danthonioideae), ele não possui um nome formal em latim. derem ser identificados em seu interior.
Como os sisternatas decidem quais grupos monofiléticos Um quarto critério consiste na estabilidade da nomencla ¬
devem receber nomes? Não existe um conjunto de regras tura. Uma classificação é, no final das contas, um vocabulário,
codificado, mas diversos critérios têm sido sugeridos, alguns uma forma de comunicação. Essa comunicação não ocorre¬
dos quais são usados comumente apesar de n ão estarem to ¬
rá se os significados dos nomes constantemente sofrerem
talmente ajustados. Um dos principais critérios - e talvez o modifica ções. Assim, considerando-se conjuntos de grupos
critério principal - é a força das evidências que sustentam um monofiléticos diagnosticáveis e bem sustentados que recebe-
¥

34 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

c qu ê ncia de pontos de ramifica çã o em um cladograma) . Ou


seja, as categorias da classificaçã o de Linneu sã o usadas para
expressar relações entre grupos-irmãos.
Mesmo considerando - se que taxa monofilé ticos repre ¬

sentam grupos reais que existem na natureza como resulta ¬

do do processo histó rico da evolu ção, as categorias per se sã o


apenas construções mentais.
Estes patamares de classificação apresentam significado
apenas relativo (e n ão absoluto) (Stevens 1998) . Em outras
palavras, o nível de família é menos inclusivo do que o nível
Nível categórico Convenção de sequenciamento de ordem e mais inclusivo do que o nível de gê nero, poré m
Família ABCDE Família ABCDE não existem critérios disponíveis para indicar que um deter ¬

Gênero AB G ênero AB minado táxon, por exemplo, angiosperma, seja reconhecido


Espécie A Espécie A
Espé cie B Espécie B no nível de filo, classe ou ordem.
G ênero CDE G ênero C Na Figura 2.19, um cladograma de taxa imagin á rios de
Subgênero C Espécie C A até E é primeiramente convertido para uma classificaçã o
Espécie C G énero DE
Subgênero DE Espécie D hierárquica estabelecida de acordo com as categorias defini ¬

Espécie D Espécie E das por Linneu. Observe que o subgê nero DE está alocado
Espécie E no interior do gê nero CDE, que por sua vez est á alocado no
interior da família ABCDE. (Mas poder íamos ter tratado o
FIGURA 2.19 Classifica ções alternativas baseadas na filogenia de um
grupo hipotético dos taxa A, B, C, D e E. A classificação à esquerda uti ¬
dado ABCDE como ordem, o ciado CDE como uma família
liza quatro categorias, ou níveis (fam í lia , gênero, subgê nero e espécie ); e o ciado DE como um gênero.) Muitas vezes, contudo, para
a classificaçã o à direita usa apenas três n íveis (fam ília, gê nero e espé¬ expressar completamente as rela ções de grupos-irmãos (em
cie) acrescida de uma convençã o de sequenciamento . um cladograma), são necessárias mais categorias do que as
que se encontram disponíveis (em uma taxonomia hierárqui ¬

ca), mesmo após a criação de categorias adicionais mediante


ram um nome no passado, estes podem - e argumentamos o uso dos prefixos super- e sub- .
que devem - permanecer com a nomeação. Esse é também Uma modificação do m étodo de classificação aqui salien ¬

um argumento contrário à aferição de nome formal ao cia ¬


tado é a convenção de sequenciamento, a qual estabelece
do PACCAD das gramíneas, o que levaria a um conjunto de que taxa que formam uma porção assimétrica de um clado ¬

modificações desnecessárias que atingiria usos taxonômicos grama devem ser posicionados em uma mesma categoria e
padronizados e estabelecidos há bastante tempo (Backlund e organizados de acordo com sua ordem de ramificação (Wiley
Bremer 1998; Stevens 1998). 1979, 1981). Assim, na Figura 2.19, os conjuntos AB, C e DÉ
podem ser designados como gêneros. A sequência dos nomes
Categorias: as categorias são arbitrá rias na classificação denota a sequência de ramificação no clado ¬

Após decidir quais grupos monofilé ticos receberão nomes, grama. Observe que essa conven ção equivale a dizer que nem
ainda é necessário definir exatamente como será realizado o todos os grupos monofiléticos receberã o nomes.
processo de nomeação. Os grupos podem, por exemplo, ser Mesmo considerando-se que a categorizaçã o é arbitrária,
numerados, e um índice geral pode listar quais elementos se ¬
os crité rios aqui descritos para a decisão dos grupos que de ¬

vem ser nomeados podem também ser aplicados para decidir


rão englobados por cada grupo numerado. Esta abordagem é
o nível no qual um determinado grupo será incluído (ver Ste ¬
similar ao sistema utilizado por companhias telef ónicas para
vens 1998 para uma discussão detalhada) . Neste ponto, no ¬

organizar os números de telefone. Naturalmente, a dificulda ¬


de encontrada é que, sem a existê ncia de uma lista telef ó ni ¬ vamente a estabilidade nomenclatural assume um papel im-
ca (um índice geral) e/ou uma excelente mem ória, o sistema
toma - se inacessível.
A classificação biológica visa fornecer um vocabulário de I
trabalho que transmita informação filogenética, mas que mes ¬

Todas as outras Poaceae


mo assim possa ser compreendido por biólogos que não sejam
prioritariamente sistematas. Visto que uma filogenia apresen ¬
ta similaridades estruturais a uma hierarquia, na qual grupos
menores estão inseridos em grupos maiores, os quais por sua
vez estão incluídos em grupos ainda maiores, é sensato que a
classificação reflita este fato sob a forma de uma hierarquia.
A classificação botânica usa um sistema desenvolvido no
século XVm, no qual taxa são definidos em posições (ou cate ¬

gorias) determinadas, como reino, filo, classe, ordem, fam ília,


gê nero e espécie (i.e., as categorias de Linneu) (ver Capítulo
3 e Apê ndice 1) . Uma classifica ção dos grupos monofilé ticos
que foram nomeados deve ser logicamente consistente com
as relações filogen é ticas hipotetizadas para os organismos FIGURA 2.20 Filogenia das Poaceae indicando a posi ção dos gêneros
que estão sendo classificados (como expresso através da se ¬ Anomochloa e Streptochaeta.
r
SISTEMáTICA VEGETAL 3 5

portante. Por exemplo, recentemente foi demonstrado que a nadas com certeza em um gênero, e que alguns gêneros não
linhagem da família Pbaceae que divergiu mais precocemente podem ser fidedignamente designados como pertencentes a
inclui apenas dois gêneros atuais, Anomochloa e Streptochaeta uma dada família. O sistema atual permite posicionamentos
(Figura 2.20). Dessa forma, poder íamos, em princípio, criar duvidosos acima da categoria de espécie, refletidos na cate ¬
uma nova fam paiaília Anomochloa e Streptochaeta, pois ela se¬ goria incertae sedis - literalmente, de posição incerta . Uma
ria monofil é tica e tamb ém deixaria Poaceae como monofilé- alternativa seria um sistema sem categorias, no qual não seria
tica. Para fins de estabilidade, no entanto , é sensato deixar os necessário nem o posicionamento em um grupo maior, nem
dois gêneros em Poaceae , onde lhes foi conferido um nome a outorga de nomes a todos os ramos de uma dicotomia ou
em nível de subfamília: Anomochlooideae. politomia.
Alguns sistematas propuseram o abandono do sistema de Os autores do presente texto estão envolvidos na reclas-
Linneu e a substituição deste por uma taxonomia filogené- sificação de gêneros, famílias e ordens com base em dados
tica . Uma completa exploração desta possibilidade não faz filogenéticos e consideram que - se uma filogenia está clara
parte do escopo de nosso texto, mas abordaremos brevemen- - o uso da hierarquia -padrão de Linneu é bastante simples
te alguns dos argumentos contrários ao uso das categorias de (principalmente quando suplementado por nomes informais
Linneu . não-categorizados). Quando a filogenia n ã o está nítida, é ge
¬

Visto que as categorias são arbitrárias, um gênero (gru ¬


ralmente razoável esperar a disponibilização de novos dados
po de espécies) em uma família pode não possuir a mesma antes de modificar a classificação.
idade, compreender a mesma quantidade de variabilidade Para uma discussão a respeito dos problemas encontrados
ou mesmo compartilhar qualquer outra coisa - além do fato no uso do sistema de Linneu para a classificação filogen ética,
de ambos serem grupos monofiléticos - com um gênero de consulte Wiley 1981; de Queiroz e Gauthier 1990, 1992; Wiley
outra família. Sistematas experientes em geral estão cientes e colaboradores 1991; Forey e colaboradores 1992; e Hibbett
disso (Daiwin, por exemplo, estava ciente dessa situação) e Donoghue 1998.
e sabem que gêneros, famílias, e assim por diante, não são
unidades comparáveis (Stevens 1997). Alguns cientistas, no
entanto, freqúentemente utilizam tais categorias como se fos¬ Comparando as classifica ções filogenéticas
sem reais. Por exemplo, é comum medir a diversidade vegetal
por meio da listagem do número de famílias representadas com as classificações derivadas do uso
pela flora local, mesmo sabendo-se que a unidade família não de outros métodos taxonômicos
possui um significado real em particular.
Se a categoria é arbitrária, uma consequência lógica seria Apesar de os m é todos filogen é ticos constituírem uma abor ¬

a eliminação completa das categorias. Os taxa seriam arran ¬ dagem bastante disseminada, nem todos os taxonomistas os -
jados em grupos, mas esses grupos não receberiam qualquer utilizam. Algumas sistematas postulam que, ao longo da evo ¬

denominação como gênero, família, ordem ou outra categoria lução, eventos de paralelismo e reversão foram tão comuns
qualquer. Esse tipo de categorização já existe informalmente, que os detalhes da história evolutiva nunca serão decifrados.
sobretudo entre grupos acima do nível de ordem. As eudico- Este ponto de vista deu origem a uma escola de sistematas
tiledôneas, por exemplo, são amplamente reconhecidas como conhecida como fen é tica. Os feneticistas argumentam que,
monofiléticas, mas não receberam uma categoria específica considerando-se que a história evolutiva nunca pode ser de-
na hierarquia de Linneu. De forma similar, poucos sistema ¬ tectada de forma inequívoca, a melhor classificação para os
tas se preocupam em definir se as angiospermas devem ser organismos será a realizada por meio de sua similaridade ge ¬
reconhecidas como divisão, classe, subclasse, superordem ou ral. Dessa forma, organismos similares são posicionados em
alguma outra categoria; elas são nitidamente monofiléticas e conjunto dentro de um mesmo grupo, ao passo que organis ¬

designadas pelo nome não-linneano de angiospermas. mos muito diferentes são posicionados em grupos distintos
A eliminação dos níveis ou categorias toma-se, no en ¬ (Sneath e Sokal 1973) .
tanto, mais problemá tica entre ordens, famílias e gêneros. Uma grande dificuldade da abordagem fenética reside no
Grupos designados a tais categorias sã o corriqueiros e seus fato de muitos sistematas terem produzido diagramas seme ¬

nomes usados comumente, o que torna pouco provável que lhantes a árvores, agrupando organismos por sua similaridade
uma forma inteiramente nova de nomenclatura seja aceita de geral, e esses diagramas terem sido interpretados como se re ¬

imediato e sem protestos. Não obstante, um sistema alter¬ fletissem a história evolutiva. Algumas vezes esta abordagem
nativo de nomenclatura filogenética, conhecido como Phylo- leva a resultados similares aos resultados encontrados por
Code, está sendo desenvolvido. O PhyloCode é estruturado uma análise filogenética, mas, em alguns casos, leva à pro ¬

inteiramente à margem das regras do Código Internacional dução de grupos compostos por organismos que comparti ¬

de Nomenclatura Botânica (ICBN), que governa o uso das ca¬ lham apenas o fato de serem diferentes dos demais, inclusive
tegorias de Linneu e é, há muito tempo, usado por todos os dos próprios integrantes do grupo. Tais grupos mostram-se
taxonomistas vegetais (ver Apêndice 1). O PhyloCode é um parafiléticos ou polifilé ticos.
sistema de nomenclatura alternativo, e n ão uma revisão do O desenvolvimento de m étodos fenéticos foi um impor¬
sistema atualmente existente (ver Website do PhyloCode em tante prel dio para a aceitação e uso das abordagens filo¬
www.ohiou.edu/phylocode). genéticas. Um taxonomista que construía uma classificação
Um outro resultado dos estudos filogenéticos é a observa ¬ fenética iniáalmente observava com cuidado todos os carac¬
ção de que diversas filogenias encontram-se apenas parcial¬ teres possíveis. Esses caracteres eram divididos em estados,
mente resolvidas, de tal forma que, considerando-se os dados ou o valor quantitativo do caráter era anotado (p. ex., uma sé
¬

disponíveis, um posicionamento exato dos taxa é impossível. rie de medidas de comprimento foliar era realizada e registra¬

Isto quer dizer que algumas espécies não podem ser posicio- da a média para cada táxon). Esta informação era organizada
f

36 JUDO,CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

(A) Mapa (B) Fenograma

Espécie I
i n iii
0

1-
>»•Espécie m 1 ,5

2-
Espécie II
N meros = transformações de caracteres
3 -
FIGURA 2.21 Dois grá ficos com a inten ção de expressar reia ções fe- N úmero de
.
n éticas. (A) Diagrama semelhante a um mapa (B) Fenograma. transforma ¬ 4-
ções de
caracteres
em uma matriz de cará ter x táxon, similar à da Figura 2.8A. A 5-
matriz era convertida em uma matriz de similaridade (táxon
x táxon) através do uso de diferentes medidas matemáticas 6 - 6,5
de similaridade (ou de dissimilaridade; ver Sneath e Sokal
1973; Abbot et al. 1985). A seguir, os sistematas agrupavam 7-
os taxa mais similares e ilustravam as relações de similaridade
por meio de um diagrama semelhante a um mapa ou a uma
8J
árvore (um fenograma) (Figura 2.21) . Os fenogramas eram
construídos usando-se algoritmos de agrupamento, ao passo
que os diagramas semelhantes a mapas eram provenientes A taxonomia evolutiva também diferia da taxonomia
de estudos de ordenação que empregavam análises estatísti ¬
filogenética em termos da abordagem de classificação. A si ¬

cas multivariadas (ver Abbot et al. 1985). milaridade morfológica de um grupo era de extrema impor¬
Muitas das classifica ções produzidas a partir de métodos tância, ao passo que monofilia e parafilia (no estrito senso
fenéticos são teis para a identificação e localização de infor¬ cladístico destas palavras) eram secundárias. Assim, um grupo
mações. No entanto, essas classifica ções não foram desen ¬ podia ser reconhecido com base em uma combinação nica
volvidas com o objetivo de recuperar a história evolutiva e, de caracteres derivados e ancestrais compartilhados (Figura
portanto, não são adequadas para o posicionamento de ques¬ 2.22). Um importante fato era o reconhecimento de lacunas
tões evolutivas. Sistemas fenéticos não fazem distinção entre no padrã o de variaçã o entre grupos filogeneticamente adja ¬
sinapomorfias e evolução paralela ou convergente. centes (Simpson 1961; Ashlock 1979; Cronquist 1987; Mayr e

ÈVllOM c A \

Autapomorfias,
\ usadas para
Grupo / separar A de CB
mcnofilético,
reconhecido devido / Grupo parafil ético,
a sua separação de / reconhecido devido à
CB e A por uma -' sua uniformidade fenética
lacuna no padr ão
de variação

Classificação
Família ABCDE
Gênero DE
Espécie D
Espécie E
Gênero CB
Espécie C
FIGURA 2.22 Filogenia e uma classifica ção n ã o filogen ética produzida de acor
- ¬ Espécie B
Gênero A
do com a escola evolutiva. A classificação inclui uma mistura de grupos monofi- Espécie A
léticos e parafiléticos, separados uns dos outros por lacunas morfol ógicas.
SISTEMáTICA VEGETAL 37

Ashlock 1991) . Caracteres considerados evolutivamente (ou sobre as definições de arte e ciê ncia ), de um lado porque
ecologicamente) significativos foram extremamente discuti ¬ existem muitos aspectos desta disciplina que ainda parecem
dos, e a competê ncia, a autoridade e a intuição dos sistematas não possuir uma base objetiva. Um fato importante na sis ¬
foram fundamentais neste debate. Em conclusão, apesar das temática filogené tica é que pelo menos um dos principais
classificações evolutivas geralmente se referirem à evolução e aspectos da sistemá tica - a delimitaçã o de grupos - sofreu
apesar de os grupos reconhecidos nestas classificações serem uma formalização que é geralmente aceita e que pode ser
geralmente monofiléticos, era esperado que os taxa fossem seguida. Ao contrário das classificações evolutivas e fenéti -
morfologicamente homogé neos e que estivessem separados cas, que apresentam ambiguidades em termos de critérios
uns dos outros por lacunas discretas (Ashlock 1979; Stuessy de agrupamento, as classifica ções filogenéticas são precisas.
1983, 1990; Stevens 1986; Mayr e Ashlock 1991) . Um grupo denominado pode ser considerado monofilético,
Já foi dito que a sistemática é tanto uma arte quanto uma incluindo todos os descendentes a partir de um único an ¬

ciência (apesar da afirmação trazer à tona o questionamento cestral comum. N

BIBLIOGRAFIA CITADA E LEITURAS RECOMENDADAS


Itens marcados com asterisco são especialmente recomendados para os leitores interessados em
informações adicionais sobre os assuntos discutidos neste capítulo.

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.
fonéticas ] sis using parsimony, Version 3.1.1. 1657-1669.
r
f

Sistemas de Classificação
*
! das Angiospermas: Uma
Perspectiva Histórica
V

Através da história, os cientistas têm tentado determinar


3
a melhor forma de classificar os seres vivos. Suas idéias

rm
sobre como fazê-lo têm mudado consideravelmente ao
longo do tempo. Neste capítulo discutiremos as princi ¬

pais maneiras como os botâ nicos classificaram as plantas


e o contexto teórico em que se baseavam estas classifi ¬

cações. No entanto, a história das classificações é apenas


uma parte da história da sistemática. Em particular, as primeiras coleções nas
quais se baseia grande parte da sistemática não são os reflexos naturais do co ¬
'

nhecimento em aumento, mas decorrem da expansão colonial européia e, em . '


muitos casos, estavam enviesadas por fatores tais como o preço que os donos
de herbários privados podiam pagar ou o interesse que determinados grupos ta-
xonômicos despertavam nos pesquisadores. A sistemática também foi moldada
pelas relações frequentemente complexas entre botâ nicos profissionais e ama ¬

dores e destes com o p blico em geral. Estas relações fazem parte do contexto
histórico da nossa disciplina, mesmo se sabemos muito pouco sobre elas (mas
ver, por exemplo, Allen 1976).
Se você olha para as árvores filogenéticas entre os Capítulos 7 e 9, percebe ¬

rá que é possível estruturar classificações que reflitam precisamente os ciados


nestas filogenias (ver Capítulo 2). Classifica ções e filogenias são hier árquicas e
são compostas de grupos contidos dentro de grupos, No entanto, algumas clas ¬

sificações hoje utilizadas (em particular as classificações evolutivas) não tentam


representar filogenias dessa forma e não são estritamente hierá rquicas. O que
estas classificações tratam de fazer pode apenas ser entendido no contexto de
uma longa história que inicia quando ninguém tinha qualquer idéia acerca da
evolução. Assim, para entender as classificações, devemos entender sua história.
No passado, os idealizadores de classificações tinham idéias bem diferentes das
que temos hoje sobre a natureza e sobre a função das classificações. Mesmo assim,
tendemos a assumir que nossas idéias e as deles são as mesmas. Este problema
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!

40 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

tende a piorar porque o significado de alguns termos tem pretavam a natureza. Os sistematas do século XIX se basea ¬
mudado ao longo do tempo. O termo sistema é um exem ¬ ram no trabalho dos seus predecessores. Embora eles em geral
plo muito claro: hoje ele refere-se a um conjunto de relações não indicassem claramente suas idéias e compreensão sobre
em genealogias (de Queiroz 1988), mas, no final do século a natureza, que estavam mudando, a forma que discutiam e
XVIII, este termo era utilizado para denominar classificações retratavam as relações entre organismos não eram muito dife ¬
baseadas em um único caráter - exceto no Reino Unido, onde rentes das praticadas no século anterior. Sob muitos aspectos,
designava classificações baseadas em muitos caracteres, o as práticas do século XIX persistiram até o século XX.
que no resto da Europa era chamado de método!. Além disso, Alguns historiadores da classificação visualizam uma ten¬

os sistematas vegetais (talvez mais do que quaisquer outros dência a partir da utilização de sistemas analíticos de agrupa
¬

sistematas) têm tradicionalmente desconfiado de teorias e mento muito comuns no século XVM para uma série de pro ¬

considerado a classificação como uma disciplina empírica li ¬ cedimentos mais sinté ticos no século XIX. Nos procedimentos
vre de teorias (ver Stevens 1986, 1990, 1994, 1998a, e Kornet analíticos de agrupamento, um ou alguns poucos caracteres
1991, para uma discussão sobre este assunto). Acreditava-se sã o utilizados sucessivamente para definir grupos, assim
que teorias não deveriam afetar as observações ou classifica ¬ os organismos são divididos em grupos cada vez menores.
ções dos sistematas. Por tal motivo, com frequência os siste ¬ Como um todo, o processo se assemelha à utilização de uma
matas não têm conseguido ou querido explicar os motivos chave analítica. Nos procedimentos sintéticos de agrupamen ¬
sobre suas decisões em relação à classificaçã o. to, muitos caracteres são utilizados e grupos são delimitados
Este capítulo descreverá um pouco da história da classi ¬ ("sintetizados") com o auxílio deles (Mayr 1982).
ficação botânica para mostrar como ideias antigas, com fre ¬ A diferenciaçã o entre os dois tipos de procedimentos nem
qu ê ncia nã o-filogenéticas, foram incorporadas nos atuais sempre é clara. Mesmo no século XX, alguns bot ânicos utili ¬
sistemas de classificação. Em primeiro lugar, discutiremos a zavam sistemas analíticos (divisivos) baseados em um único
contínua e duradoura tensão entre aqueles que fazem as clas ¬ caráter (p. ex., John Hutchinson, que dividia as dicotiledôneas
sificações, a maioria dos quais quer entender as relações entre em grupos herbáceos e lenhosos, um tipo de classificação que
os grupos. Devemos lembrar, no entanto, que o termo relações até Linneu descartou por considerá -ia "obscena"; ver Hu ¬

tem significados diferentes para pessoas diferentes), e aqueles tchinson 1973). Por outro lado, a metodologia desenvolvida
que as utilizam (que simplesmente gostariam que as classifi ¬ por Jussieu no final do século XVM para reconhecer relações
cações fossem estáveis) . Assim, discutiremos como são com ¬ entre grupos é sinté tica.
preendidas as relações, como a natureza é visualizada e como Espera-se que as classifica
¬

são delimitadas as categorias hierárquicas superiores. Indica ¬ ções façam muito mais do que
remos também os motivos das modificações na circunscrição refletir a natureza. Espera- se
de alguns dos principais grupos e seu contexto histórico (aqui também sejam (1) de fácil uti ¬

só discutiremos as principais categorias hierárquicas superio¬ lização, (2) estáveis, (3) de fácil
res - acima de gênero; para uma discussão sobre o conceito memorização, (4) preditivas e
de espécie, ver Capítulo 6 e Stevens 1992, 1997b). (5) concisas, sendo que estes
atributos desejáveis às vezes
conflitam entre si. O primeiro a
Classificação natureza e estabilidade enunciar este conjunto de atri
butos desejáveis nas classifica
¬

Ao longo de centenas de anos, os botânicos tentaram desen ¬


ções foi Andreas Caesalpinus,
volver classificações naturais". Até recentemente assumimos em 1583 (ver Greene 1983, vol.
que a história da sistemática era a história de um único sistema 2: 815-817). Assim, o sistema-
"natural que foi sendo desenvolvido gradualmente ao longo ANDREAS CAESALPINUS
ta deve não apenas descrever (1519-1603, italiano)
dos séculos. Estes princípios foram explicitados pela primeira a natureza (ou o que quer ela/
vez por Caesalpinus. Toumefort e Linneu descreveram gê ¬ ele entenda por natureza), mas
neros "naturais", e Linneu sugeriu certo nú mero de fam ílias também produzir um sistema que deve ser til para uma co ¬

"naturais , embora não as tenha descrito. O m étodo natural" munidade de usu ários, sendo que muitos destes não terão
recebeu um forte impulso em 1789, com o Genera Plantarum, qualquer interesse nas idéias pessoais do sistemata acerca da
de A. L. de Jussieu, onde este autor descreveu gê neros e famí¬ natureza. Antes do século XX, grande parte destes usuá rios
lias e inseriu estas últimas dentro de classes. Este trabalho é a eram médicos, mas existia também um grande contingente
base para os nossos sistemas de classificação atuais. Embora (que incluía muitas mulheres) do que poderíamos chamar
novas famílias e taxa superiores como as ordens tenham sido de "amadores". No final do século XVM, a palavra botânica
adicionados, nada de fundamental realmente mudou. significava estudos de classificação, ao tempo que a botânica
Infelizmente, a palavra natural nã o apresenta um sig ¬ filosófica envolvia o que hoje denominamos fisiologia e áreas
nificado único; pelo contrário, tem sido muito utilizada por correlatas.
diversos autores para indicar uma coisa que está de acordo Durante o século XIX, os botânicos profissionais eram
com as próprias idéias acerca da natureza ou sobre a cons ¬ pessoas que construíam classificações, enumeravam os pro ¬

trução de sistemas de classificação. Os sistematas do século dutos naturais de um país e assim por diante; todos eram
XVm tinham suas próprias idéias sobre a natureza, que eram homens. Os bot â nicos amadores, por outro lado, identifi ¬
bem diferentes das nossas (certamente não eram evolutivas), caram plantas por um per íodo surpreendentemente longo,
e as suas práticas da sistemática e da classificação são melhor utilizando o sistema Linneano (ver abaixo) . Muitos destes
compreendidas levando-se em conta o modo como eles inter¬ amadores eram mulheres, e a bot ânica era muito popular
SISTEMáTICA VEGETAL 41

como disciplina ensinada às crian ças. No finai daquele sé ¬


que estas famílias não estã o baseadas em um gênero em
culo, na forma de disciplina baseada em laboratório, a bot â ¬ particular e que seu nome antecede as classificações cien ¬

nica nova se tomou popular nas universidades. A botânica tíficas . O fato de tais grupos terem sido sempre reconhe ¬

velha ou classificatória foi considerada arbitrária, envolvida cidos é freqúentemente utilizado como evidê ncia de que se
apenas com a designaçã o de nomes e mais um passatempo trata de grupos naturais . Se estes grupos foram aceitos poiir
para crianças e mulheres do que uma ciência verdadeira (ver, autoridades reconhecidas na disciplina, diz o argumento,
por exemplo, Coulter 1895) . A botânica sistemática depois então devem estar corretamente delimitados. Em geral, os
foi reabilitada e seus usuários atuais incluem uma grande di ¬ sistematas têm relutado em modificar tais grupos, embora
versidade de biólogos; no entanto, em países anglo-saxões, na nossa classificaçã o, Labiatae, e particularmente Liliace ¬

ainda existe uso coloquial da palavra botânica, que reflete a ae, tenham uma delimitação muito diferente daquela de 15
visão do século XIX. anos atrás.
A estabilidade dos nomes taxonômicos tem sido um pro
blema perene na botâ nica sistemática. Os sistematas têm
preferido com frequência deixar os nomes dos taxa sem mo¬
¬ Estes grupos paradigm á ti
cos sã o geralmente óbvios na
flora europeia, um fato que re
flete a origem européia da bo
¬

¬
pr ®8
difica ções - mesmo nos casos em que tais nomes conflitavam ¬

com suas opiniões particulares sobre as relações entre dife ¬ tânica sistemática. Não apenas
rentes gêneros e espécies - ao ponto de deixar seus leitores esta disciplina se originou na
chateados (Stevens 1994, Capítulo 10; 1997a). Até George Europa, mas també m foi do ¬

Bentahm e J. D. Hooker, os autores da enorme obra em três minada por europeus durante *&
volumes, Genera Plantarum (1862-1883), delimitaram alguns séculos. Até Asa Gray (1810-
taxa de modo a refletir usos e costumes. Ou seja, construí ¬
1888), n ão houve bot ânicos
ram alguns taxa que não eram naturais, mesmo na definição norte-americanos que fossem
que eles seguiam desta palavra. Bentham chegou a ignorar a considerados como iguais por
sua pró pria delimitação de alguns taxa quando da discussão seus pares europeus, e apenas
da distribuiçã o destes (Stevens 1997a) . Neste livro, tentamos com Charles Bessey (1845- ASA GRAY
construir uma classificação que reflita o melhor possível as 1915) a botânica norte-ameri ¬
(1810-1888, americano )
relações entre os taxa, e provavelmente muitos leitores de ¬
cana se tomou completamente
sejarão que não tivéssemos feito tantas mudan ças. Este é um independente (Dupree 1959;
ponto de vista tradicional! Desafortunadamente, o fato das Cuerrier et al. 1996) . Em outras partes do mundo, especial ¬
rela ções serem estáveis não necessariamente quer dizer que mente localidades que foram colónias europeias, o domínio
os nomes Linneanos que utilizamos para designar os taxa europeu persistiu por mais tempo, o que foi especialmente
; também o sejam; discutiremos estes motivos posteriormente. evidente nas floras de países que foram escritas por botânicos
europeus, com base em materiais depositados em instituições
J. S. L. Giimour (1940) propagou a idéia de que a melhor europeias.
classificação é aquela que tem a maior utilidade geral. Esta
idéia, no entanto, deixa em aberto a definição de utilidade.
As necessidades de muitas pessoas que utilizam sistemas
de classificação podem mudar muito ao longo dos anos, e Entendendo as rela ções entre grupos
necessidades diferentes podem ser conflitantes (Stevens Mencionamos na seção anterior que os sistematas dos sécu ¬
1998b); o que pode resultar em classificações conflitantes. los XVm e XIX viam a natureza de modos muito diferentes
Certamente as id éias de Giimour aguçaram as tensões entre da nossa visão atual. Como podemos saber o que pensavam?
aqueles que desejavam classificações que refletissem a his ¬
As analogias que utilizavam quando descreviam relações que
tória evolutiva e aqueles sem qualquer interesse em relações enxergavam na natureza e os diagramas que preparavam para
filogenéticas. explicar estes padrões são boas fontes de informação.
Já em 1778, Lamarck tinha feito uma proposta para solu ¬
Embora para nós seja óbvio que as relações entre taxa
cionar este problema: os caracteres utilizados na classificação possam ser ilustradas na forma de um diagrama em formato
formal não tinham de ser os mesmos utilizados na identifica ¬ de árvore, a razão disso é que partilhamos um conjunto de
ção. As chaves (ver Apê ndice 2), cuja utilização Lamarck pro ¬ premissas acerca de como os organismos se tomaram o que
moveu, uniram assim usuários em geral e especialistas. Ca ¬
são. Assim, por meio deste livro, ilustramos as relações como
racteres de fácil visualização podem ser utilizados em chaves se fossem árvores genealógicas, com os organismos atuais
e estes n ão precisam ser os mesmos (e às vezes inconspícuos) unidos através de ancestrais extintos (este tipo de diagrama é
caracteres utilizados para separar grupos em uma classifica ¬ conhecido como árvore de Steiner) .
ção formal. As chaves tomaram f ácil a tarefa de dar nome cor¬ Muitos dos nossos predecessores nã o partilhavam esta
reto a uma planta, ao mesmo tempo em que grupos de uma visã o da natureza. Pense no mundo antes de Darwin e das
classificação não tinham, e ainda n ão tê m, que ser facilmente idéias sobre a evolução. Como você poderia imaginar que as
reconhecíveis. plantas estã o relacionadas entre si ? O que significava a pa ¬
As classificações também foram afetadas pelo respeito a lavra relacionadas ? De fato, parece que muitos botânicos dos
certas autoridades taxonômicas. Alguns grupos de plantas séculos XVIII e XIX pensavam nas relações entre as plantas
tê m sido reconhecidos de longa data, por exemplo, Labiatae, como as relações entre os países ilustrados em uma mapa ou
Liliaceae, Crucíferae e Compositae. Muitos destes nomes entre as estrelas em uma constelação; isto é, as relações eram
n ão terminam em -aceae, como de convenção. Isto indica reticuladas e até multidimensionais.
42 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Antoine -Laurent de Jus- Surgiram complicações com as descrições dos grupos reco ¬

; sieu descreveu muitas das fa ¬ nhecidos por Jusssieu. Estes grupos raramente eram caracte -
mílias cuja evolução tentamos rizados de modo integral pelos atributos que ele listou, e uma
desvendar. Seus gêneros e fa ¬
descrição de família com frequência indicava apenas carac ¬

mílias foram interpretados ao teres de alguns gêneros, e não da totalidade ou contínuo de


longo de dois séculos como se variação nela contidos.
fossem grupos mais ou menos Um diagrama particularmente interessante desse per íodo
distintos, mas não era assim é o mapa geográfico genealógico
- de P. D. Giseke , de 1792
que ele os enxergava. Rara Jus- (Figura 3.1) . Neste diagrama í, c rculos de diversos tamanhos
sieu, as relações na natureza representam famílias e estão situados a diferentes distâncias
eram um contínuo, sem um entre si. Giseke teve dificuldades para explicar que as relações
ponto claro de separação ou ilustradas não eram do tipo avô-neto ,mas do tipo primo-
' X
limite . Qualquer divisão neste primo ou cunhado- cunhad ". Ele também procurou detec -
ANTOINE-IAURENT DE contínuo era obra do homem, tar se existiam famílias intermediárias entre as ilustradas e
JUSSIEU não da natureza. Jussieu enfa ¬
fez distinções entre os tipos de relações possíveis quando da
(1748-1836, francês) tizou que os grupos estavam complexa descrição bidimensional das relações entre grupos.
unidos entre si e que suas fa ¬
Muito mais tarde, o Genera Plantarum de Bentham e
mílias naturais (por exemplo, Hooker (1862-1883) refletiu os princípios enumerados pela
Compositae) para ele eram justamente naturais porque eram primeira vez por Bentham em 1857. Bentham e Hooker pen ¬

exemplos desta natureza contínua. Não é de surpreender que savam que os grupos apresentavam relações reticuladas e que
os gêneros destas famílias fossem de difícil delimitação. às vezes, ou frequentemente, os limites entre grupos não es ¬

Tanto para Jussieu quanto para seu colega Lamarck, a hie ¬


tavam claros. Em geral, as suas idéias não eram muito dife ¬

rarquia taxonômica era um conjunto de palavras, cada uma rentes daquelas de Giseke.
das quais se referia a uma parte de um contínuo e que, em Através de grande parte do século XIX e até uma parte
conjunto, auxiliavam a memória para lembrar a totalidade. considerável do século XX, as relações botânicas foram ilus-

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FIGURA 3.1 Uma parte do mapa genealógico-geográfico" de Giseke (1792).
r

SISTEMáTICA VEGETAL 43

tradas como muito complexas e reticuladas. Mesmo quando


se utilizavam diagramas para mostrar relações evolutivas,
grupos atuais eram unidos diretamente com outros grupos
atuais. (Estes diagramas eram conhecidos como árvores de IfVltAk **
expansão mínima) . Tais diagramas implicam que grupos
atuais são os ancestrais de outros grupos atuais, o que não faz
sentido em termos de processos evolutivos.
Um ponto de vista mais evolucionista seria dizer que dois
grupos atuais descendem de um único ancestral em comum
extinto. No entanto, grupos atuais eram ligados entre si em
parte porque muitos botânicos (desde a é poca de Johann
Georg Forster, em 1786) não gostavam de falar em relações £
ancestral-descendentes. Isto era assim porque as relações
ancestral-descendentes não podiam ser visualizadas direta ¬
mente, e, mais tarde, porque o registro f óssil era muito pobre,
dificultando a detecção dos ancestrais. Existem alguns exem ¬
8 : *
plos de árvores antigas incluindo ancestrais extintos, mas tal
tipo de ilustração é incomum (para ilustrações, ver Lam 1936
eVoss 1952).
Além de ilustrar a conexão 2
i.
simultânea entre grupos, estes
complexos diagramas também
tinham por objetivo ilustrar a Cu
superioridade ou inferiori ¬
l L »»
dade"de determinados grupos.
Isto pode ser observado no tra ¬

balho de Charles Edwin Bessey,


k l» t '
uma grande figura da botânica
dos Estados Unidos no final do
século XIX. Ele produziu uma
série de diagramas descreven ¬
do relações e, no final da sua
carreira, estes diagramas mos¬ FIGURA 3.2 Uma das á rvores isoladas de Charles Bessey. ( Fonte:
travam grupos atuais ligados Bessey 1915.)
CHARLES EDWIN BESSEY
(1845-1915, americano )
' diretamente entre si (Figura
3.2) (Cuerrier et al. 1996).
Bessey desenhou seus diagramas para ilustrar as princi ¬
vezes permitem até relações reticuladas entre grupos (Cron ¬
pais tendê ncias de avanço (e, às vezes, também reversões), e quist 1981; Figura 3.3) . Estas árvores certamente são de difícil
sua classificação deve ser interpretada como uma sequência interpretação em termos filogenéticos. Certa falta de vontade
que em parte reflete estes diagramas. Resulta de interesse que para especificar conexões apenas históricas entre grupos é
Bessey, tentando fazer uma sistemática mais filosófica, rejei ¬ associada com uma tendência a enfatizar a evolução em pa ¬

tou a ilustração mais frequente da natureza, como um mapa. ralelo, tendê ncias em paralelo ou até idéias de ortogênese
De fato, suas "árvores isoladas são semelhantes com arqui ¬
(evolução dirigida), como fica particularmente evidente nos
pélagos ou mapas, mesmo quando apresentam um eixo evi ¬
primeiros trabalhos de Cronquist. Segundo sua argumen ¬
dente. Eles são conceitualmen- taçã o, se dois grupos não estão diretamente relacionados, a
te semelhantes às ilustrações ocorrência do mesmo caráter em ambos os grupos pode ser
da natureza que ele rejeitou, e explicada por evolução independente.
apresentam semelhanças com H. F. Wemham, em uma influente série de artigos (1911-
conceitos de Linneu ou Jussieu. 1912), afirmou que as Sympetalae (bem como as monoco-
Embora Bessey fosse enf ático tiledôneas, dicotiled ôneas e at é as angiospermas como um
em que a classificaçã o deve ¬ todo) eram polifiléticas. Ele acreditava que todos os caracteres
ria refletir a filogenia, a forma importantes tinham evoluído paralelamente em linhagens
como ele produziu sua classi ¬ próximas, porém independentes. De fato, sugestões acerca
ficação tomou este objetivo de da ocorrência generalizada de paralelismos em padrões de
dif ícil obten ção. inter- relações são muito frequentes a partir do final do sécu ¬
Outro dos principais sis ¬
lo XVffl. Ainda, alguns naturalistas do século XIX afirmaram
temas de classificação foi o de existir paralelismos semelhantes dentro de grupos de plantas
Arthur Cronquist (1919-1992), e animais. A existência desses paralelismos foi tomada como
ARTHURCRONQUIST e cons*ste também em árvores evidência de que o padrão "real de inter-relações naturais
( 1919-1992, americano ) de expansã o mínima que às tinha sido descoberto.
r
44 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

FIGURA 3.3 Algumas das relações sugeridas por Cronqu íst:


7. balicales
partes de três diagramas do seu livro, modificados com base
5. Nepenthales na discussã o neste texto. ( Modificada de Cronquist 1981.)
8. Capparales
6. Vio ales

9. Batales

4. Lecythidales 10. Ericales


11. Diapensiales
2. Theales
3. Malvales 12. Ebenales

13. Primulales Caryophvllales


1. Dilleniales
8. Papaverales Polygonales
4. Aristo ochiales
5. Ilhciales 7. Ranunculales Plumbaginales
3. Piperales

2. Laurales 1. Magnoliales 6. Nymphaeaies

O nome de Rolf Dahlgren está hoje associado com a diagramas em forma de cacto de Bessey (ver Figura 3.2) ou
representação diagram á tica de uma sec çã o transversal de com o mapa geográfico- genealó gico de Giseke (ver Figu ¬
uma á rvore filogen é tica ( Dahlgrenogramas ) (Figura 3.4) . ra 3.1) do que com as filogenias utilizadas neste livro. Ainda,
Os grupos est ã o representados por conjuntos de diferentes para alguns autores, o fato de tais diagramas não terem cono ¬

tamanhos, sendo que a rela ção entre eles é inferida (mas tações evolutivas era uma virtude, pois permitiam pensar nas
não claramente mostrada) pela forma em que os grupos es ¬
relações de um modo geral, sem ter de preocupar-se com a
tã o desenhados. Estes diagramas t ê m sido muito utilizados evolu çã o (Heywood 1978) . Note que, nesse contexto, o termo
para mostrar resultados sobre a varia ção de determinados relações n ã o podia significar relações evolutivas e, muito me ¬

caracteres, tais como a distribuiçã o de irid óides ou de tipos nos, relações filogenéticas . No entanto, como veremos a seguir,
de plastídios das células crivadas. Conceitualmente, os Dahl ¬ na d écada de 1970 existia uma clima de mudan ç as, e o pró ¬

grenogramas estão tnais proximamente relacionados com os prio Dahlgren estava muito interessado em filogenia .

CyperalM I Zingitorata /

Asparagalet

G
Burmannialw
Hyda M ' nituain \ NlIjlIlL r~\
' .
Pontedarisiti Vdl »k

Ç %\Gsrom<à\j r\\í )\ lialw


Alijmatalei

NNymph» -
1 '
'sAF
\ atw
' \ !
l
y Arecalw \ ' Ani,nanalts? " '• Pioer&lej

:

; Cera epicuncular hpo strebtzia

Cera epicuticular tipo convallaria

FIGURA 3.4 Um exemplo de Dahlgrenograma , um diagrama que representa uma


secçã o transversal de uma á rvore filogen ética. O diagrama à direita é a representa çã o
tridimensional do diagrama à esquerda. ( Fonte: Dahlgren et al. 1985.)
SISTEMáTICA VEGETAL 45

Classifica ções e mem ó ria n ã o esteja claro como estes


grupos eram reconhecidos.
O uso das classifica ções como auxiliar da memória era fun ¬

Em 1694, Joseph Pitton de


damental antes do advento da informá tica e em per íodo Tournefort forneceu diretri ¬

em que os livros n ão eram tã o comuns. Uma classificação


precisava ter um número moderado de famílias que, por
zes claras para descrever gê
neros (ver Dughi 1957) . Ele
¬
W
sua vez, tinham de ser divididas em subgrupos que não argumentou que caracteres
fossem muito grandes nem muito pequenos. Linneu enfa ¬ genéricos deveriam ser reco ¬

tizou o valor de um sistema deste tipo e agrupou as menos nhecíveis em todos os inte ¬

de 10.000 espécies conhecidas até então em conjuntos de grantes do gênero e deveriam


dez, que por sua vez, foram agrupados em quatro catego- ser visíveis sem o auxílio do
v rias hierárquicas. microscó pio. Quando possí ¬

Jussieu, cuja classificação refletia sua visão contínua da vel, estes caracteres deveriam
varia ção na natureza, reconheceu categorias que ele acredi ¬
ser tomados das flores e dos J 0 SEPH PITT0 N DE
tava serem nem muito pequenas (pelo menos 2 integrantes) frutos. Tournefort denominou T0 URNEF 0 RT
nem muito grandes (até 100 integrantes). Assim, ele rejeitou os grupos baseados nestes (1656-1708, francês)
famílias monogenéí r cas e dividiu as Compositae - pensan ¬
caracteres de gêneros primá ¬

do que eram muito naturais , mas originalmente possuíam rios. No entanto, se estes gêneros fossem muito grandes,
mais de 100 gêneros - em três famílias. caracteres adicionais poderiam ser utilizados para definir
De modo semelhante, antes que o Genera Plantarum fosse gêneros menores (ver também Walters 1986 e as referê n ¬

escrito, Bentham, Hooker e alguns de seus colegas, incluindo cias ali citadas). Tournefort chamou de gê neros secund á rios
Asa Gray, tinham chegado a um consenso de que 200 seria o aqueles gêneros baseados em caracteres nã o- reprodutivos.
n mero limite de famílias que poderiam ser reconhecidas; de Ele também sugeriu que seria importante manter o nú me ¬
outro modo, seriam muitas para memorizar (201 foi o número ro total de gêneros em cerca de 600 (Stevens 1998a). Este
final). Bentham e Hooker também concordavam que os taxa número concorda com as classificações coloquiais que esta ¬
deveriam conter entre 2 e 6 - raramente até 12 - integrantes. vam em uso ao redor do mundo (ver Berlin 1992) . De fato,
No entanto, algumas das famílias que eles aceitavam tinham a classificaçã o de Tournefort apresenta muitos pontos em
centenas de gêneros. comum com as classificações coloquiais.
Bentham e Hooker reconciliaram suas intenções de ter Carolus Linnaeus Linneu se focalizou nos gêneros, e suas
n úmeros baixos e fixos de famílias relativamente grandes descrições foram muito mais detalhadas que as de Tournefort.
e a necessidade de ter taxa pequenos em todos os níveis Linneu acreditava que gêne ¬

hierárquicos por meio da cria ção de grupos formais ou in ¬

ros e espécies eram entidades


formais, segundo as necessidades. Como resultado, todas reais e que representavam hie ¬

as categorias supragenéricas do Genera Plantarum apresen ¬ rarquias diferentes na organi ¬

tam meno's de 14 integrantes. Grupos pequenos deste tipo zação da natureza, ao tempo
são especialmente ú teis para o manejo e memorização da que categorias superiores se ¬
informa ção, e a ênfase em reconhecer gê neros e famílias riam produto da conveniência
grandes minimizou a quantidade de nomes a serem utili ¬ humana. Ele enfatizou que
zados, evitando potenciais sobrecargas à mem ória (Stevens caracteres de flores e frutos de
¬

1997a, 2002). veriam ser utilizados para dife


¬

renciar gêneros e combinou a


maioria dos gê neros primários !
A formação das categorias e secund á rios de Tournefort .
Utilizou caracteres vegetati-
hierá rquicas superiores vos para distinguir espécies. CAROLUS LINNAEUS
A idéia de que praticamente todas as plantas pertencem a No entanto, como o próprio (1707-1778, sueco )
gêneros com duas ou mais espécies foi sugerida por Conrad Linneu observou Characterem
Gessner mais ou menos na metade do século XVI (Morton non constituere genus, sed genus
1981) . No entanto, agrupamentos semelhantes de plantas characterem (Linnaeus 1751: 119), o que quer dizer aproxima-
(e animais) são evidentes nas classificações utilizadas por damente que os gêneros existem na natureza independen ¬

nativos de muitas regiões (Atran 1990; Berlin 1992). O reco ¬ temente dos caracteres utilizados para identificá-los e, com
nhecimento destes agrupamentos é baseado na sua clareza, certeza, de modo independente de qualquer aplicação í rgida
notoriedade e utilidade para o observador. Esta noção de no¬ de caracteres gen é ricos .
toriedade se fundamenta na semelhança ou diferen ça entre Estas e outras afirmações similares, junto com a forma,
os integrantes de um grupo, na sua abund ância e utilidade que Linneu descrevia e reconhecia os gêneros (p. ex., ele nem
J para os humanos. As unidades básicas nestas classificações sempre mudou as descrições genéricas após a inclusã o de
costumam ser nomeadas com um binomial ou com um nome novas espécies), fazem com que suas práticas às vezes nos
+ um adjetivo. pareçam desprovidas de diretrizes claras (Stafleu 1971; Ste ¬
Nos herbais ou outras fontes antigas de literatura botâ ¬
vens 2002). Como Tournefort, Linneu preferia os grupos pe ¬

nica, as plantas são agrupadas de diversos modos (arranjos quenos em todos os níveis hierárquicos. Ainda, em tempos
em ordem alfabética são comuns), embora com frequ ê ncia recentes, tomou-se comum a crença de que Linneu era uma
1

46 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

espécie de essencialista, uma pessoa que acreditava que os método natural era incompleto, visto que as plantas mostra ¬
taxa apresentam certos tipos de caracteres fixos sem os quais vam relações em diversas direções, como os territórios de um
eles não poderiam ser formalmente reconhecidos (nova ¬ mapa, porque muitas plantas ainda n ão tinham sido desco ¬
mente, uma interpretação inconsistente). No entanto, isto é, bertas e os hábitos das plantas eram pobremente conhecidos
na melhor das hipóteses, uma grande simplificação (Winsor (Linnaeus 1751: 26-36, 137).
2001; Stevens 2002). A necessidade, então, era de encontrar caracteres que in ¬
Os gêneros atuais são construídos nas bases assentadas dicassem as relações entre as categorias hierárquicas supe ¬
por Linneu. No entanto, muitos taxonomistas (pelo menos riores. Entre 1763 e 1789, três
em teoria) toleram gêneros que sejam diferenciados por ca ¬ autores tentaram fazer isto de
racteres que não os de flores e frutos. Na prática, os caracteres modos diferentes, iniciando
reprodutivos têm sido a principal fonte de caracteres utiliza ¬ assim debates que se esten ¬
dos na diferenciação entre gêneros. No entanto, muitos bo ¬ deriam pelos dois séculos se ¬
tânicos importantes do sé culo XIX não acreditavam que na guintes. For meio de exemplos, -32
natureza existisse uma hierarquia de gênero (ou família, por Michael Adanson Adanson (
exemplo) . Na metade do século XIX isto também se aplicava 1763-1764) mostrou que cada
às espécies (Stevens 2002) . característica das plantas varia
Na década de 1870 parecia até que a maioria dos g ê neros dentro dos grupos naturais. As ¬
já era conhecida , mas este estado de coisas iria mudar . G¬
êne sim , Adanson concluiu que ne¬
ros eram interpretados como grupos de espécies separados nhum caráter era essencial para
entre si por lacunas de tamanho apropriado (ver a seguir). definir um grupo e que estes só
Hall e Clements (1923: 6) apelaram por estudos experimen ¬ podiam ser definidos mediante
tais e estatísticos dos critérios em uso para delimitar gêneros , combinações de caracteres. As ¬

MICHELADANSON
em um artigo cujo título indicava que tentavam esclarecer o sim, uma classificação só pode ¬
( 1727- 1806, francês)
modo como os sistematas detectavam as filogenias. Na ver¬ ria ser produzida por meio da
dade, o propósito deles era manter o status quo, a delimitação exaustiva comparação de todas
convencional (ampla) dos gêneros (e das espécies) devido as partes e propriedades das plantas.
à "importância do sistema e dos mecanismos da mem ória Adanson não disse explicitamente como seria elaborada
(Hall e Clements 1923: 7). Além disso, eles não forneceram tal classificaçã o, mas seu contemporâneo Marie Jean Antoine
nenhuma nova forma de detectar filogenias. Nicolas Caritat de Condorcet (1743-1793), estabeleceu que
A idéia da existê ncia de famílias de plantas foi especifi- a elaboração de uma classifi ¬
camente sugerida por Pierre Magnol em 1689 (ver Adanson cação deveria envolver a me ¬
1763-1764, vol. 1: xxii -xxvii) . Magnol utilizou caracteres obti
¬
canização do registro dos ca ¬
dos de todas as partes das plantas, ou às vezes uma affinité racteres (uma tarefa nada fácil
"
sensible qae não podia ser expressa em palavras. Ele não re ¬ dois séculos antes dos compu ¬

conheceu todas as famílias que poderia, porque queria manter tadores!). Outros naturalistas,
um n mero pequeno delas. Ao todo, reconheceu 76 famílias. possivelmente evitando ter de
Linneu descreveu classes e ordens (= famílias) no seu revisar todos os caracteres em
sistema sexual. As plantas foram designadas em grupos cada planta, precisavam de di ¬
principalmente com base no número e arranjo dos estames retrizes claras para decidir se r
e secundariamente no número de estigmas e estiletes. Pbr alguns caracteres seriam mais
exemplo, Datura e Verbascum, que apresentam dois carpelos e importantes do que outros. Em , i'

um único estilete, foram incluídos nas categorias Pentandria 1778, Jean-Baptiste de Lamar-
Monogyna. ck forneceu um esquema de
Linneu também apresentou um m é todo natural para pesagem numérica (o primeiro
agrupar gêneros em famílias naturais (em 1751 ele reconhe conhecido para a botânica), de ¬
-
JEANBAPTISTE PIERRE-
¬
ANT0INE DEM 0 NETDE
ceu 67, com um acréscimo importante de gêneros não inseri ¬
signando valores de semelhan ¬ LAMARCK
dos em nenhuma delas). Linneu deu ênfase à necessidade de ça para os caracteres, de acordo (1744- 1829, francês)
caracteres exclusivos para cada família e que deveriam ser en
¬ com a amplitude com que tais
contrados em todos seus integrantes. Sem estes caracteres, o caracteres estavam distribuídos nas plantas (por exemplo, o
m é todo natural seria como um sino sem o badalo . Mesmo qu o comuns são os cálices) . Ele não levou em conta apenas
assim, Linneu foi incapaz de fornecer tais caracteres, até para presença ou ausência, mas também a natureza do caráter.
as mais naturais das famílias, como Umbelliferae (Apiaceae). Jussieu (1789) construiu "grupos por meio de síntese,
Embora seu sistema sexual (largamente artificial) e seus construindo sucessivamente espécies, gêneros e famílias.
gêneros naturais se baseassem principalmente em caracteres Esta síntese parece ter sido norteada por id éias de semelhan ¬
de flores e frutos, no que tange as famílias naturais, Linneu ça geral. Então ele mostrou como grupos de delimitação su ¬

-
(1751: 117) sugeriu que Habitus occulte consulendus est "O cessivamente menor podiam ser caracterizados por atributos
hábito deve ser consultado em secreto . Para Linneu, hábito diferentes. Descreveu estes atributos como se eles fossem
compreendia todas as outras partes da planta que não flores invariáveis no nível que caracterizavam e discordou profun ¬

e frutos, incluindo caracteres foliares, e que també m pode ¬ damente com Adanson sobre a inexistência de caracteres in ¬

riam ser utilizados para separar fam ílias. Ele notou que seu variáveis e essenciais.
SISTEMáTICA VEGETAL 47

Augustin-Pyramus de Can -
dolle viu a própria subordinação
de caracteres como o terceiro
estágio na detecção de relações,
após dois estágios, o inicial e o
de comparação geral (Candol-
le 1813). Esta subordinação de
li
caracteres era similar ao modo
que Jussieu descreveu a distri
buição dos atributos. (CandoEe
¬ A A
FIGURA 1.5. Embora o trabalho de Darwin não oferecesse diretrizes
tendia a dar o mesmo peso aos sobre como subordinar categorias, ele entendia que alguns grupos
, 4. , mesmos caracteres, pelo menos eram subordinados a outros.
em taxa relacionados.)
AUGUSTIN - PYRAMUS DE Note que a ê nfase de Jus ¬

CANDOLLE sieu na síntese era compatível 1882), uma genealogia perfeita poderia ser estabelecida
( 1778- 1841 , su íço) com a sua crença na inexistên ¬ apenas com o auxílio de fósseis; todos os seres vivos esta ¬

cia de grupos claramente sepa ¬ riam ligados em uma série na qual os indivíduos difeririam
rados na natureza. Além disso, entre st de modo gradual e imperceptível. Paradoxalmente,
Jussieu acreditava que seriam descobertos grupos de plan ¬ se o registro fóssil fosse perfeito, a classificação seria im ¬

tas que preencheriam as lacunas aparentes entre os grupos. possível, pois para Darwin a classificação deve basear-se
Candolle, por outro lado, tendia a dar ênfase à an álise. Ele
afirmava que existiam grupos distintos na natureza e que as
.
em diferenças Além disso, Darwin não forneceu diretrizes
sobre como inserir os taxa em
descobertas botânicas não estavam preenchendo as lacunas categorias hierárquicas dife ¬
morfológicas entre os grupos. Assim, ele procurou por atribu ¬ rentes. Inclusive, enfatizou que
tos que caracterizassem os grupos taxonômicos. as categorias eram arbitrárias.
Durante os séculos XIX e )0( as diferenças fundamentais No entanto, ele descreveu re ¬
entre as concepções profundamente diferentes na natureza lações subordinando grupos
de Candolle e Jussieu praticamente nunca foram discutidas, e a outros grupos (Figura 3.5) .
não foi desenvolvido nenhum contexto teórico para efetuar a Sistematas como George Ben -
pesagem dos caracteres. Quando ou como pesar os caracteres tham entenderam disso que
permaneceu um assunto não resolvido por um século e meio. - em um contexto evolutivo
Os argumentos entre partidários de Jussieu e de Adanson so¬ - a ú nica diferen ça entre taxa
bre a pesagem de caracteres se focalizavam mais em quais ocupando categorias supe ¬
caracteres deveriam ser usados do que a maneira e a necessi ¬ riores ou inferiores em uma
dade ou não de utilizar todos os caracteres. hierarquia era uma questão de
Certo número de sistematas, especialmente franceses e grau (Bentham 1875). Os taxa GEORGE BENTHAM
alemães, adotou o conceito de tipos. Estes poderiam repre ¬ podiam ser diferentes, mas as ( 1800-1884, britâ nico)
sentar vários conceitos, desde os atributos morfológicos mais categorias que os contivessem
frequentes em um grupo, até uma flor perfeita - denomi ¬
não seriam fundamentalmente
nação que podia ser aplicada a uma flor de simetria radial ou diferentes; nem as categorias nem os taxa individuais eram
a uma mutação pelórica em uma flor originalmente bilateral, providos de uma essência intr ínseca. Estas idéias apenas
ou a uma flor hermafrodita em um grupo monóico ou dióico. permitiram estabelecer em que nível taxon ômico situar um
[A primeira descrição de mutação pelórica foi feita por Lin- determinado grupo, exceto nos casos em que já existia uso
neu, que ficou tão excitado com a descoberta que inicialmente ou tradição estabelecida.
tentou descrever como gê nero novo, Peloria , uma mutação Até a primeira metade do século XX, os sistematas con ¬

do gênero Linaria (Plantaginaceae), com cinco nectários ou tinuaram delimitando grupos de modo muito semelhante ao
esporões, ao invés de um.] que fizeram no século XIX, embora conhecessem muito mais
O conceito de tipo poderia fornecer uma ferramenta para sobre a morfologia e anatomia das plantas. Assim, muitos
compreender a diversidade de formas em um grupo e para dos trabalhos descritivos efetuados entre 1840 e 1920 per¬
relacionar grupos entre si. De alguma maneira, eles eram manecem com grande valor. Nesta linha de trabalho, enqua-
uma alternativa aos sistemas convencionais de pesagem . No dram-se os estudos de desenvolvimento floral de Jean-Bap-
entanto, apesar de amplamente aceito, o pensamento tipo- tiste Payer e os estudos de anatomia das raízes efetuados por
logista nunca se tomou sistematizado. Não apenas a pala ¬
Philippe van Tieghem e Henri Douliot. Embora existisse um
vra tipo refletia uma ampla variedade de conceitos diferentes, consenso de que semelhanças anatômicas e morfológicas de ¬
mas também alguns pesquisadores (especialmente os anglo- viam ser indicadoras de afinidades filogenéticas, tal consen ¬
falantes) começaram a associar este conceito com especula ¬ so não existia na hora de decidir quais caracteres específicos
ção. A noção de essências (i. e., caracteres essenciais) e tipos indicavam ou não tais relações. Os sistematas às vezes têm
são frequentemente associadas. tentado separar caracteres adaptativos e, portanto, menos
A aceitação da evolução n ão inspirou novas formas de importantes para estabelecer relações, e aqueles n ão-adap-
detectar relações entre grupos. Para Charles Darwin (1809- tativos e, portanto, mais valiosos para estabelecer relações.
r
48 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Grapos eram geralmente circunscritos levando em conta la ¬ do Norte. Teve mais influência no Reino Unido, onde talvez
cunas morfológicas, mas não existia um consenso sobre quão os botânicos eram particularmente reticentes àquilo que en ¬
grande devia ser esta lacuna para atribuir uma determinada xergavam como especulações evolutivas (Vemon 1993; Win-
categoria a um grupo. sor 1995) e onde tem sido afirmado que os bons sistematas
Em geral, o tamanho destas lacunas tem sido inversa ¬ eram seguidores das idéias de Gilmour.
mente proporcional ao tamanho dos grupos envolvidos (Da ¬ Em geral, tem sido aceito que gêneros e, especialmente,
vis e Heywood 1963). No entanto, por cerca de 170 anos, os famílias são menos naturais do que as espécies. O que
pesquisadores reconheceram que os critérios geralmente uti¬ realmente significam estas comparações não está claro, por ¬

lizados para avaliar relações hierá rquicas e de afinidade têm que nunca houve um consenso entre os sistematas sobre o
sido inconsistentes. Assim, por exemplo, com frequência as significado da palavra natural. É o gênero uma categoria de
famílias de Malvales tê m sido consideradas equivalentes às existência real na natureza, ou são os gêneros grupos dis ¬

tribos de Rosaceae. Não é surpreendente que a questão de cretos, ou estão os integrantes de um gênero mais relacio ¬
quão restrita ou amplamente os grupos devem ser delimita ¬ nados entre si do que com os integrantes de outro gê nero?
dos permanece sem solução. Em todos os casos, nunca houve consenso. Linneu afir ¬

John Gilmour (1940; ver també m Wínsor 1995, 2000) mou que gê neros e esp écies eram igualmente naturais. A.
reacendeu a discussã o sobre a delimitação dos grupos taxo- L. de Candolle pensava que os gêneros eram mais naturais
nômicos quando ele percebeu que o raciocínio era circular: do que as espé cies, porque podiam ser reconhecidos por
caracteres importantes para leigos (idéias similares foram expressas por H. H. Barlett) .
estabelecer relações evoluti- Em um artigo muito citado, Edgar Anderson (1940) apre ¬

vas eram aqueles utilizados na sentou uma pesquisa efetuada entre sistematas inferindo se
delimitação de grupos e vice- os gêneros eram mais naturais do que as espécies. Alguns
versa. Ele sugeriu que os gru- sistematas que produziram monografias sobre gê neros se
V pos nas classificações naturais inclinavam a pensar que os gêneros eram mais naturais que

_rf
;f
mp* í U
y
simplesmente aqueles
conjuntos de organismos com
muitos caracteres em comum.
as espécies, apesar das numerosas expressões ao contrá ¬
rio. Este é o caso de alguns biogeógrafos, tais como Ronald
Good, e não devemos esquecer que o gênero era a unidade
Nesta delimitação, os grupos básica de grande parte do trabalho biogeográfico que vinha
eram úteis para uma gran ¬ sendo desenvolvido em relaçã o a padr ões globais de diver¬
de variedade de propósitos e sidade e inter-relações.
constituíam classificações de No início do século XIX, Charles-François Brisseau de
utilidade geral. Em contraste, Mirbel (1776-1854) sugeriu que existiam dois tipos prin ¬
classifica ções evolutivas por cipais de gêneros e famílias. Enquanto familles em groupes
JOHN SC0TT LENN 0 X ("famílias em grupos") eram muito naturais e claramente
GILMOUR defini çã o tinham prop ósitos
(1906-1986, britâ nico) definidos e não eram de utili ¬ circunscritas, familles par enchainement ( famílias concate ¬

dade geral. Gilmour acreditava nadas") eram menos naturais e com delimitação menos
que os atributos (caracteres) clara. Todos os gêneros do primeiro tipo de família ten ¬

das plantas eram dados palpáveis e reais. As classificações diam a estar unidos por um ou mais caracteres, mas com
funcionavam como clipes , mantendo estes dados juntos. frequência eram de difícil separaçã o entre si. No segundo
Assim, de acordo com os princípios de classificação utiliza ¬ tipo de família, os gêneros estavam concatenados entre si
dos, os clipes utilizados e os grupos reconhecidos seriam através de uma cadeia ou conjunto de semelhanças; estes
diferentes. gêneros eram facilmente separados, mesmo quando a famí ¬

Aquilo que se tomou conhecido como fen ética ou taxo- lia que os continha nã o o era. Distinções semelhantes entre
nomia numérica deve muito às idéias de Gilmour. Os fene - famílias definíveis e não-definíveis têm persistido (Davis e
ticistas produziram classifica ções com base na semelhan ça Heywood 1963: 107). Resulta curioso que algumas famílias
geral dos organismos, esperando obter delimitações mais aparentemente indefiníveis (como Rosaceae e Ranuncu-
objetivas, estáveis e repetíveis (Sokal e Sneath 1963; para laceae) são monofilé ticas, enquanto famílias defin íveis ,
mais detalhes neste tópico, ver Capítulo 2 e Vemon 1988). tais como Lamiaceae e Liliaceae, são polifíléticas na sua de ¬

Curiosamente, Gilmour não simpatizava com o uso de com ¬ limitação tradicional.


putadores encorajado pela fenética. Logo ficou evidente que Hoje em dia, a maioria dos taxonomistas aceita que pre ¬

a premissa de que os caracteres constituíam fatos observá ¬ cisam das filogenias. Antes da sua precoce morte em um aci ¬

veis era uma extrema simplificação; aquilo que parecia ser dente de carro em 1989, Dahlgren tinha come çado a traba ¬

caracter básico podia ser subdividido. Além disso, diferentes lhar em relações filogen éticas de acordo com princípios mais
algoritmos produziam diferentes fenogramas (ver Capítulo claros. Tais princípios (esperialmente o uso de sinapomorfias
2) e podiam originar classificações diferentes, mas não esta ¬ para diagnosticar grupos monofiléticos) foram explicitados
va claro o porqu ê de um algoritmo ser preferido em relação por Willi Hennig (Hennig 1950, 1966) e Warren H. "Herb
a outro . Wagner (Wagner 1969, 1980) e são explicados no Capítulo 2.
Tanto na teoria quanto na prática, a fenética teve pouco Estes princípios fornecem critérios para decidir quais carac ¬

impacto na sistemática de categorias superiores na América teres em particular indicam relações filogenéticas.
T

SISTEMáTICA VEGETAL 49

Por quase um quarto de Finalmente, devemos falar sobre o peso de determina ¬

século, os seguidores e estu ¬ dos caracteres na detecção de relações. Conjuntos inteiros


dantes de Wagner produziram de caracteres tidos como importantes surgem e ficam fora
árvores utilizando a assim cha ¬
de uso ao longo dos anos. Assim, em 1883, Ludwig Radlko-
mada parcimónia de Wagner, fer proclamou que o século XX seria o século da utiliza ção
embora muitos destes estudos da anatomia na sistemá tica. Em 1924, Hermann Ziegens-
envolvessem poucos taxa. No peck produziu o Kõnigsberger Stammbaum , uma árvore
final da década de 1970, artigos contendo as relações serológicas de todas as plantas (com
de Bremer, Wanntorp e outros os f ósseis incluídos nos locais julgados apropriados). Carac ¬
autores popularizaram estu ¬ teres anatômicos têm sido e permanecem sendo uma im ¬
dos morfológicos baseados em portante fonte de dados, mas estudos anatômicos generali¬
princípios de Hennig. Uma d é ¬ zados como os de Radlkofer ficaram em desuso bem antes
cada mais tarde, artigos de Bre ¬ do final do século do método anatômico". A metodologia
EMIL HANS WILLIHENNIG mer (1987) e Jansen e Palmer seroló gica simplesmente nunca deslanchou. Caracteres fi -
(1913-1976, alemã o) (1987) indicavam que tanto ca ¬
toquímicos, n mero cromossômico e tipo de plastídios dos
racteres morfológicos quanto tubos crivados já tiveram seus momentos de glória; inclu ¬
moleculares sugeriam a ocor ¬
sive o último tipo de caráter se tomou particularmente im ¬
rê ncia de inesperadas e instigantes relações dentro da famí¬ portante na delimitação de categorias superiores. Por outra
lia Asteraceae. Seria pela combinação de grande quantidade parte, estudos ontogenéticos nunca foram populares na sis ¬

de caracteres morfológicos e moleculares e pela utilização de temática, apesar do destacável trabalho de Fáyer na metade
metodologias inspiradas em Hennig, Sokal e Sneath que as do sé culo XIX. Estes estudos foram rejeitados por alguns
ideias dos sistematas sobre as rela ções em níveis hierárquicos sistematas, como D. Hooker, mas foram muito citados em
superiores entre as plantas e sobre metodologias de trabalho estudos comparativos sobre o desenvolvimento, que estão
viriam a ser modificadas (Stevens 2000a) . se tomando muito importantes na sistemática atual.
O estilo do trabalho dos sistematas também mudou. Em Como se tomou evidente que classificações baseadas em
estudos filogenéticos, pelos menos, a palavra de ordem é co¬ um único caráter eram suspeitas, e como era e é dif ícil ana ¬

laboração. Os sistemas não têm mais dono , como as anti ¬ lisar e integrar mentalmente todos os dados disponíveis, os
gas expressões Sistema de Cronquist"e "Sistema de Engler" botânicos, na prática, limitaram-se a efetuar estudos extensi ¬

sugerem. A colaboração é frequente na produção e an álise vos que demonstrassem a variação de caracteres individuais.
dos dados, bem como na sugestão de possíveis interpretações Ainda, apesar das afirmações de que as classificações deviam
ou propostas de classificação (Angiosperm Phylogeny Group sintetizar todos os dados disponíveis (Lawrence 1951; Cons-
1998, 2003; Grass Phylogeny Working Group 2001, ver tam ¬ tance 1964), antes do advento da informática e dos computa ¬

bém Endersby 2001). dores nã o existia uma forma de analisar as enormes quanti ¬

Os argumentos atuais da sistemática se focalizam no dades de dados acumulados pelos sistematas. (Apesar disso,
uso de determinados métodos estatísticos para avaliar a sus¬ a amostragem de caracteres sistemáticos tem sido freqíien -
tentação de hipóteses filogenéticas e no uso apropriado de temente inadequada) . De qualquer modo, no trabalho de
modelos evolutivos, tais como a m áxima verossimilhança e alguns sistematas, tais como Cronquist e L. Stebbins, estava
a metodologia Bayesiana. Curiosamente, poucos progressos claro que determinados caracteres isolados deveriam ser mui ¬

têm sido feitos na compreensão das relações entre morfolo ¬ to importantes. Assim, Stebbins (1974) se sentia inclinado a
gia e hipóteses filogenéticas (Stevens 2000b) . Fora de estudos ver uma relação direta entre Paeonia (Saxifragales, Paeoniace-
estritamente paleobotânicos, análises envolvendo exclusiva ¬ ae) e as gjmnospermas, porque ambos os grupos apresentam
mente caracteres morfológicos são raras e questões como, por embrião com um estágio nuclear livre.
exemplo, se é necessário incorporar fósseis para entender os Tem existido uma certa tensão entre floras, com ênfase
padrões de rela ções entre taxa atuais continuam em aberto. geográfica e com foco claro em caracteres que auxiliam na
Existem ainda discrepâncias sobre as filogenias e as clas¬ identificação dos taxa (ver Frodin 2000 e o Apêndice 2), e mo ¬

sificações que se baseiam nelas. Alguns sistematas acreditam nografias que se focalizam nos taxa, independentemente da
que o elemento chave nas classifica ções deveria ser a seme ¬ sua localização, e que geralmente discutem caracteres indi ¬
lhança ou diferença entre os grupos; outros acreditam que as cativos de relações filogenéticas, sejam eles úteis na identifi¬
classificações deveriam ser estritamente filogenéticas, isto é, cação ou nã o. As grandes floras ainda levam mais de 50 anos
que todos os grapos deveriam ser monofiléticos, sejam quais para serem completadas e são similares em seus objetivos (e
forem o critérios adicionais utilizados para delimitar estes nos prazos em que estes são atingidos) com as floras colo ¬

taxa. Este último enfoque é o adotado neste livro (ver Capí ¬ niais promovidas pelos diretores do Royal Botanic Gardens,
tulo 2). Este posicionamento é independente de argumentos em Kew, Inglaterra, durante a última parte do sé culo XIX.
a favor ou contrários ao PhyloCode. Neste contexto, deve ¬ Estas floras são acessíveis a uma grande variedade de pes¬
mos ressaltar que há poucas evidências para alguns dos argu¬ quisadores e t êm auxiliado na estabiliza ção de muitos nomes
mentos históricos que temos enunciado e que, neste ponto, científicos, embora se dê pouca ênfase em como os colabo¬
a questã o histórica se tomou irrelevante para os argumentos radores destas floras chegaram às conclusões taxonômicas
que interessam na discussão (Stevens 2006) . nelas expostas (Stevens 1997a).
1

50 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

( i.e ., plantas com pétalas livres) e que nã o estavam muito


As classificações ao longo dos anos satisfeitos com as Gamopetalae. As suas gimnospermas
Resulta praticamente impossível fazer mais do que mencionar eram o quarto grupo das dicotiled ô neas, situado antes das
algumas poucas das principais id éias sobre as relações entre monocotiledôneas.
as plantas antes do advento da metodologia filogen é tica (ver O sistema de Engler é basicamente uma modificação do
Lawrence 1951, para um resumo dessas id éias) . Algumas das sistema de Adrien de Jussieu, que, como seu pai, Antoine-
diferenç as entre o que hoje conhecemos como monocotile - Laurent, adotou a sequê ncia de um está gio mais simples para
dô neas e dicotiledô neas já eram evidentes para Theophras- um mais complexo (Jussieu 1843) . No entanto, ele acreditava
tus, 300 anos a . C., mas John Ray (1627 -1705) foi o primei ¬

que monocotiledôneas e dicotiledôneas deviam ser consi ¬


ro a fazer uma distin ção clara entre os dois grupos, mesmo deradas em paralelo, e n ão em sé ries. Assim, suas dicotile ¬
subordinando-os a sua divisão fundamenta] das plantas em dôneas começavam com plantas muito simples, e nã o com
árvores e ervas. O n mero de cotilédones era o caráter prin ¬ as plantas que Antoine- Laurent considerava próximas das
cipal utilizadd* por Jussieu em 1789 para separar os grupos monocotiledôneas. Dentro das dicotiledôneas, Adrien sepa ¬

de plantas, e esta importância foi quase sempre mantida em rou os grupos dióicos em angiospermas e gimnospermas, e
classifica ções vindouras. as Amentiferae (plantas com flores reduzidas, em amentos e
Jussieu situou as monocotiledôneas antes das dicotile ¬
com polinização anemófila) foram situadas bem no in ício das
dôneas por considerá-las mais simples (pareciam carecer de angiospermas. Os três principais grupos restantes de dico ¬

corola e apresentavam um nico cotilédone) . No início das tiled ôneas seguiam esta sequê ncia morfológica : (1) apetalia
dicotiled ôneas, ele colocou famílias como Aristolochiaceae (pétalas ausentes), (2) polipetalia (pé talas livres) e (3) mono-
e muitas Caryophyllales (a nomenclatura que ele utilizou foi petalia (pétalas fusionadas).
atualizada); ele pensava que estes grupos careciam de corola Engler excluiu as gimnospermas das angiospermas e di ¬

(pétalas) e, assim, eram os grupos mais simples em uma série vidiu as dicotiledôneas em Archichlamydeae e Sympetalae.
de complexidade crescente. As angiospermas come ç avam com grupos como as Chlo-
Muitas plantas com amentos apresentam flores de sexos ranthaceae e Piperaceae antes
separados, com frequência em indivíduos diferentes. Pâra os das Amentiferae e das polipé-
critérios de Jussieu, tais plantas eram as mais complexas e ele talas. Este arranjo básico per ¬

as situou próximo do final das dicotiled ôneas, e, assim, no maneceu intocado em edições
final da sua sequ ê ncia. Ele situou as coníferas (mas não as subsequentes (Engler 1964),
Cycadales, que ele considerava parte das samambaias) no fi¬ embora as Piperaceae tenham
nal da sequência, possivelmente porque alguns gêneros apre ¬ sido deslocadas. Existe um de ¬

sentam muitos cotilédones, o que os tornaria, nas idéias de bate sobre se realmente Engler
Jussieu, mais complexos. A natureza das gimnospermas foi acreditava que as Amentiferae
demonstrada por Robert Brown em 1826, mas elas n ã o foram fossem primitivas, mas alguns
separadas das angiospermas até o final do século XIX. dos que utilizaram o sistema
- Dois dos principais sistemas subsequentes estão asso ¬ de Engler (ou seus precurso ¬
ciados com os nomes de A. - P. de Candolle e Adolf Engler, res) certamente aceitavam esta
lembrando que sempre houve uma grande quantidade de id éia. k*
sistemas alternativos: no século XX, Lam, Melville, Meeuse e O sistema de Bessey com ¬ HilNRICH GUSTAV ADOLF
Hayata, para citar alguns, propuseram sistemas às vezes mui ¬ bina atributos dos sistemas de ENGLER
to diferentes. Candolle e Engler na forma de (1844-1930, alemão)
Candolle (1813) come çou seu sistema - que, ele disse, arranjar os taxa (Bessey 1915) .
não devia ser considerado linear - com as Ranunculaceae Bessey elaborou uma sé rie de
pela razã o de que organismos bem conhecidos deviam ser diretrizes - conhecidas coletivamente com o nome de dieta
colocados em primeiro lugar. Plantas mais simples tendiam de Bessey - para a elabora ção de filogenias. Muitas destas di ¬

a ser menos conhecidas; Ranunculaceae, segundo ele, apre ¬


retrizes são tendê ncias evolutivas específicas e a identifica ção
sentava as flores mais complexas e era bem conhecida. A de tais tendências se tomou um dos componentes principais
série de Candolle seguia a seguinte sequ ê ncia: (1) Thalami- do pensamento evolutivo. Sistemas recentes, cujos exemplos
florae (ovário súpero, sépalas e pétalas livres), (2) Calyciflo- mais notáveis talvez sejam os de Dahlgren (1983; Dahlgren et
rae (flores providas de hipanto, sé palas e pétalas livres), (3) al. 1985), Thome (1999, 2000), Takhtajan (1997) e Cronquist
Corolliflorae (flores simpétalas) e (4) Monochlamydeae (um (1981), são em grande parte variantes de idéias de Engler e
ú nico verticilo periântico) (ver Capítulo 4 para uma discus ¬ Bessey combinadas (Cuerrier et al. 1996), embora Thome e
são sobre estes termos florais). As dicotiledôneas precediam mais particularmente Dahlgren (como antes comentado)
as monocotiledôneas, e as gimnospermas (n ão indicadas prestassem mais atenção em princípios íilogen é ticos.
como tais) ficavam entre o final das dicotiledôneas e o início Apesar desta diversidade de enfoques, no início da d é ¬

das monocotiled ônas. cada de 1980 parecia estar surgindo um consenso de idéias
Embora Bentham e Hooker em geral seguissem a se ¬
sobre as relações entre grupos (Stevens 1986), e, na Am érica
quência de Candolle, a sua classificação delimitava os taxa do Norte, o sistema de Cronquist era muito utilizado. Este
de um modo substancialmente diferente e assim sugeria re ¬ sistema é bem documentado e incorpora informações sobre
lações diferentes. Além disso, eles indicaram que adotaram química e anatomia. O sistema inicia com algumas das famí ¬

a sequência Thalamiflorae-Gamopetalae- Monochlamydeae lias que são ainda consideradas linhagens de angiospermas
apenas por conveniê ncia, que provavelmente muitas Mono ¬ basais , mas que hoje são incluídas em grupos com circuns-
chlamydeae estavam mais relacionadas com as Polypetalae crições diferentes. No sistema de Cronquist, grupos como
r
SISTEMáTICA VEGETAL 51

Rosidae, Dilleniidae e Liliidae apresentam poucos pontos em Embora muitos aspectos importantes das filogenias n ão
comum com os grupos que aceitamos neste livro. estejam claros - por exemplo, a rela ção das monocotiled ô-
Na verdade, o consenso antes mencionado ignorou aque ¬ neas com as demais angiospermas - um novo arranjo com
les que ainda seguiam as idéias de Engler e não sobreviveu aos novas delimitações gerais é evidente (Angiosperm Phylo-
efeitos da teoria cladística (ver Capítulo 2) e ao advento dos geny Group 1998, 2003; Chase 2004; Judd e Olmstead 2004;
estudos moleculares e morfológicos que se utilizam desta teo¬ Soltis e Soltris 2004) e isto se reflete nas relações discutidas
ria (ver Capítulos 8 e 9). Estas mudanças resultaram da apari¬ nos Capítulos 8 e 9 deste livro, bem como na sequê ncia que
ção de objetivos claros, grandes quantidades de informações neles seguimos. Ainda, com exceção de cerca de dez casos,
provindas de novas fontes e novas metodologias de análise. a maior parte deles não inesperados, como Saxifragaceae,
Estes avanços permitem que os sistematas comparem estudos, Scrophulariaceae, Liliaceae e Loganiaceae, os limites fami ¬
i
í avaliem hipóteses filogené ticas alternativas e se focalizem nos liares tê m mudado pouco. São os ciados mais abrangentes
taxa qu& são fundamentais para entender tais relações. os que apresentam as mudan ças mais drásticas. Contudo,
A atitude dos sistematas está mudando, e nã o mais des¬ a natureza insatisfat ória da delimitação tradicional destes
crevemos as relações na natureza, mas propomos hipóteses grupos já era óbvia para autores como Davis e Heywood. Ao
filogené ticas. As classificações são a obra do ser humano, não longo da próxima década, esperamos ver mudanças subs ¬

da natureza. Somos nós que decidimos sobre quais grupos tanciais na delimitação de ciados de nível inferior, tais como
desejamos falar. os gê neros.

BIBLIOGRAFIA CITADA E LEITURAS RECOMENDADAS


Itens indicados com asterisco são especialmente recomendados para aqueles leitores interessados
em informações adicionais sobre os tó picos discutidos neste capítulo.

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-

Mass.
Evid ências Taxonômicas:

-
•a i
Caracteres Estruturais
e Bioqu ímicos
A evid ência taxon ô mica consiste no conjunto de caracteres
4
%4&Í V
usados em an á lises filogen éticas, nas quais as classificações
das plantas sâ o baseadas, e inclui caracteres utilizados na des ¬

A I cri çã o da varia çã o em n ível espec ífico ou infra-espec ífico (ver


Cap ítulo 6). Essa evid ê ncia pode ser obtida a partir de fontes
diversas, com base nas vá rias partes estruturais de uma planta
e nos diferentes estágios de seu desenvolvimento. Neste capítulo é apresentado
um resumo do uso de caracteres morfol ógicos, anatômicos, embriol ógicos, cro -
mossô micos, palinológicos, qu í micos ( metabólitos secund á rios) e de proteínas.
Os á cidos nucléicos (DNA e RNA) fornecem uma fonte de caracteres taxon ô micos
de crescente importâ ncia; o seu uso na taxonomia vegetal e a rá pida e cont ínua
expansão da sistem ática molecular sã o discutidos em detalhes no Capítulo 5.
| A discussão detalhada sobre caracteres das plantas neste capítulo e no se-
1 guinte fornece informações complementares à discussão mais teó rica sobre ca-
| racteres apresentada no Capítulo 2.

Morfologia
| Caracteres morfológicos sã o atributos da forma ou aparê ncia externa. No geral ,
j fornecem a maior parte da informação usada na identificação prática de plan ¬

tas, sendo vá rios destes usados na constru ção de hipóteses de relacionamentos


filogen éticos. Tais caracteres tê m sido rotineira mente utilizados há mais- tempo
do que caracteres anatô micos ou moleculares, e representavam a ú nica fonte de
evid ência taxon ô mica nos primó rdios da sistem á tica vegetal. Caracteres mor ¬

fol ógicos de fá cil observa ção sã o de grande utilidade em chaves e descrições;


aqueles usados em reconstru ções filogenéticas, no entanto, nem sempre são de
fá cil visualiza çã o. Caracteres de ambos os tipos sã o encontrados em todo o cor ¬

po vegetal, tanto em suas partes vegetativas quanto reprodutivas.

|r
A

150
I

54 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

As raízes, os caules e as folhas constituem as partes ve- meristema apical: uma região no ápice do ramo em que as
getativas das angiospermas, enquanto as partes reprodutivas células apresentam intensa atividade de divisão, alongamen ¬
são as flores, os frutos e as sementes. Os termos usados para to e diferenciação. Em outras plantas, ramos axilares (isto é,
descrever a variação destas partes em traqueófitas (plantas ramos que se desenvolvem a partir de gemas associadas às
vasculares) são introduzidos na discussão que se segue, com folhas) assumem o papel do eixo principal e mantêm cresci¬
a ressalva de que os termos descritivos das partes reprodu ¬ mento contínuo, enquanto o eixo principal reduz a velocida ¬
tivas referem-se quase exclusivamente às angiospermas por de de seu crescimento ou morre; uma série de ramos axilares
ser este o grupo dominante de plantas vasculares. (Termos forma um ramo simpodial .
referentes a estruturas vegetativas e reprodutivas especializa ¬ Os caules possuem pequenos órgãos embrion ários, as
das de outros grupos de plantas vasculares sã o apresentados gemas, geralmente protegidas por folhas modificadas (catá-
no Capítulo 8). filos) ou pêlos. As gemas podem apresentar um per íodo de
Muitos dos termos, se não todos, discutidos neste capítu ¬ dormênfia e, quando cessam sua atividade, podem deixar ci ¬
lo deveriam ser considerados como pontos convenientes em catrizes na base do novo ramo. Ramos que apresentam essas
um contínuo de variação estrutural. Embora eles sejam úteis características são chamados de prolépticos. Por outro lado,
na transmissão de conhecimento, estágios intermediários en ¬ as gemas podem se desenvolver e expandir ao mesmo tempo
tre os mesmos serão comumente encontrados. que o ramo na qual se originaram, e neste caso o novo ramo
formado nã o apresenta cicatrizes basais e possui o primeiro
Dura ção e há bito entrenó bastante alongado. Esses ramos são chamados de si-
lé pticos .
Duração é o tempo de vida de uma planta individual . Uma Os ramos prolépticos são caracter ísticos de espécies de
planta anual vive por apenas uma estação de crescimento regiões temperadas, enquanto os ramos silépticos são par¬
durante um ano. Uma planta bianual vive por duas esta ¬ ticularmente comuns em espé cies de regiões tropicais. Al ¬
ções de crescimento, crescendo apenas vegetativamente no guns taxa, como muitas espécies de Lauraceae, apresentam
primeiro ano e florescendo no segundo. Uma planta perene ramos de ambos os tipos. Todos os ramos em uma planta
vive por três ou mais anos e usualmente floresce e frutifica são similares, ou podem coexistir dois ou mais tipos de
repetidamente. Plantas perenes podem ser herbáceas (sem ramos em um mesmo indivíduo . Gingko e Cercidiphyllum,
tecidos lenhosos), com apenas a porção subterrânea sobrevi ¬ por exemplo, possuem alguns ramos com os entrenós bem
vendo por muitos anos, ou lenhosas, com um sistema cauli¬ alongados (ramos longos) e outros ramos que produzem
nar aéreo persistente. poucas folhas e catáfilos a cada ano, com os entren ós mui ¬
A aparência geral, ou hábito, das plantas é bastante va¬ to curtos (ramos curtos) . Essas e outras caracter ísticas são
riável. Tecidos lenhosos estão presentes nas árvores e arbus¬ combinadas de diferentes maneiras, produzindo uma diver ¬

tos e ausentes nas ervas. Árvores produzem um tronco prin ¬ sidade de padrões arquiteturais de crescimento distintos em
cipal; arbustos são usualmente menores e produzem vários árvores e arbustos (ver Hallé et al. 1978) . Três exemplos são
troncos. As plantas trepadeiras podem ser lenhosas (lianas) ilustrados na Figura 4.1.
ou herbá ceas (volúveis) . Plantas subarbustivas são inter¬ Ramos axilares são iniciados extemamente, em tecidos
mediárias entre lenhosas e herbáceas. Ervas e arbustos que imediatamente abaixo da epiderme. O xilema e o floema es¬
crescem sobre outra planta, a qual é usada como suporte, são t ão geralmente organizados na forma de um anel circundan ¬
chamados epífitos . do a medula, uma região central com células mais ou menos
O formato caracter ístico de uma árvore ou arbusto est á isodiamétricas.
geralmente relacionado com o seu padrão de crescimento ou
arquitetura, que, com frequência, possui valor sistemático. Os
troncos e ramos (caule) formam os eixos principais da planta Ra ízes
e podem ser eretos (ortotrópicos) ou horizontais (pí agiotró- As ra ízes geralmente ramificam -se irregularmente. Raízes
picos) . Ramos monopodiais crescem pela ação de um único laterais originam -se intemamente a partir da endoderme

X K A.

*
j ji
1v
' VL/
cauiii
i c e s cauiinares
Áppices
modificados em
inflorescências

Exemplos: Duabanga (Lythraceae) Terminalia e Rhus (Anacardiaceae)


Araucaria (Áraucariaceae) Buada (Combretaceae) Pieris (Ericaceae)
Eixo principal Eixo principal Todos os ramos
ortotrópico e ortotrópico e similares, ortotrópicos
FIGURA 4.1 Três padrões arquiteturais monopodial; ramos monopodial; ramos e simpodiais
de crescimento vegetai; a ramifica çã o é laterais piagiotrópicos laterais piagiotrópicos
rítmica em todos os três. e monopodiais e simpodiais
wr

SISTEMATICA VEGETAL 55

e do periciclo (camadas de células que recobrem os tecidos Folha


condutores) e emergem através do córtex, embora as raízes
das licófitas se ramifiquem por bifurca ções do meristema Gema axilar
apical. O xilema e o floema estão situados na porção central
da raiz, o que geralmente resulta na ausência de uma medu ¬

la. As raízes n ão possuem os nós e entrenós típicos do caule Axila foliar


(descritos posteriormente), e usualmente ocorrem abaixo da
superf ície.
As funções primordiais das raízes são prover a susten
tação da planta, absorver água e minerais e estocar á gua e
¬

íS
carboidratos. Algumas raízes são especializadas para outras Entrenó
funções, como fotossíntese (p. ex., em algumas Orchidaceae
epífitas diminutas), penetração nos tecidos da espécie hospe ¬
deira (p. ex. em espécies parasitas de Santalaceae), constrição
do tronco das árvores-suporte (p. ex., em espécies de figueiras
ou mata- pau, Moraceae) ou suporte aéreo para o tronco e / ou
ramos (p. ex., em algumas espécies de figueiras e no mangue-
vermelho, Rizophoraceae) . FIGURA 4.2 Representaçã o esquemá tica de um caule de angiosper-
Algumas plantas, como as Araceae epífitas, possuem raí¬ mas mostrando os nós e os entrenós, as folhas, as axilas foliares e as
zes dimórficas, algumas das quais com função de absorção de gemas axilares.
á gua e minerais e outras promovendo a sustenta ção da plan ¬
ta. A maioria das raízes cresce para baixo, mas há exceções,
como os pneumat óforos, que são raízes especializadas que planta (como em muitas plantas com acúleos). Alguns termos
descritivos de caules estão listados aqui:
auxiliam nas trocas gasosas de algumas espécies de mangue
e brejo.
As raízes sã o bastante uniformes em sua aparência e, Acaulescente com um caule inconspícuo
por isso, uma planta dificilmente pode ser identificada sem a Bulbo caule curto, ereto e subterrâneo envolvido por folhas
análise de suas partes a éreas. Todavia, as raízes são úteis para ou bases foliares espessas e suculentas
determinar se uma planta é anual ou perene, e variações no Caulescente com um caule conspícuo
Cicatriz resquício do ponto de ligação, como nas cicatrizes
sistema radicular podem ter importância taxonômica. Abaixo
estão listados alguns poucos termos de uso comum relacio¬ foliares, estipulares e de catáfilos
Cormo caule curto, ereto e subterrâneo, mais ou menos su ¬
nados às raízes:
culento envolvido por folhas secas ou bases foliares deli ¬

Advent ícias originam -se de partes da planta que não a raiz


cadas e tênues
Entren ó a parte do caule entre dois n ós adjacentes
embrionária (radícula) ou outra raiz
Escapo caule ereto e áfilo, portando uma inflorescência ou
Aé reas crescem acima do solo ou da água
Fibrosas com todas as partes do sistema radicular de forma
flor no ápice; geralmente formado por um único entrenó
e espessura similares, geralmente bem ramificadas, e com alongado
Espinho caule reduzido e pontiagudo (também se aplica à
a raiz primária ausente ou inconspícua
Haustoriais especializadas em penetrar outras plantas e ab ¬
uma folha ou estipula reduzida e pontiaguda ou um dente
sorver água e nutrientes destas (como em plantas para ¬ marginal afilado, e em contraste, emergências pontiagudas
da epiderme e / ou subepiderme são denominadas acúleos)
sitas)
Herbá ceo n ão lenhoso, senescente ao final da estação de
Pivotante raiz principal, geralmente engrossada e crescen ¬
crescimento
do para baixo
Lenhoso de textura dura, contendo xilema secundário, e
Suculentas espessas e providas de tecidos armazenadores
de água ou carboidratos persistindo por mais de uma estação de crescimento
Lenticela protuberância de forma irregular na superf ície do
caule e envolvida na troca gasosa
Caules Medula tecido macio no centro do caule, formado geral¬
O caule - o eixo das plantas - é constituído por nós (onde as mente por células mais ou menos isodiamétricas
folhas e as gemas axilares são produzidas) separados pelos N ó região do caule de onde se originam as folhas e gemas
entrenós (Figura 4.2) . Ele é frequentemente útil na identifica ¬ Ramo curto caule com entrenós curtos em planta cujos ou ¬
ção taxonômica e fornece diversos caracteres de importância tros ramos possuem entrenós distintamente longos; ver
sistemática. ramo longo
Os caules geralmente são alongados e têm a fun ção de Ramo longo um caule com entrenós longos; este termo é
expor as folhas para a luz solar, as flores para os agentes po- aplicado apenas em plantas cujo comprimento do entre ¬

linizadores e os frutos para os agentes dispersores. Alguns nó é claramente bimodal, estando presentes tanto ramos
caules, no entanto, são os principais órgãos fotossintetizantes longos como curtos
(como no aspargo, Asparagaceae e, em vários cactos, Cacta- Rizoma caule horizontal, mais ou menos subterrâneo, por¬
ceae), estocam água ou carboidratos (como em muitos cactos tando folhas escamiformes; geralmente chamado de es-
e outras plantas suculentas), são trepadores (como os ramos tolão quando acima da superfície do solo e com entrenós
bifurcados ou volúveis de lianas e trepadeiras), ou protegem a longos
T

56 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Tú bera porção suculenta e intumescida de um rizoma en ¬ Caule


Superf ície adaxial
volvida na estocagem de água e carboidratos Pulvino Nervuras
fCema inferior
Vol úvel enrolado em espiral em tomo de um suporte
ície abaxial
.Superf
Margem
Gemas
Gemas são caules curtos e embrionários. Podem estar pro ¬
Ftecíolo /
tegidas por catáfilos (folhas modificadas às vezes represen ¬ Estipulas /
tadas apenas por estipulas), um denso indumento de pêlos Pulvino
e / ou por uma secreção viscosa. Em angiospermas, as gemas superior
estão localizadas nos nós, nas axilas das folhas (ângulo for ¬
Lâmina 7
Apice
mado pelo caule e o pecíolo da folha; ver Figura 4.2), ou na
porção terminal do caule. Elas são particularmente úteis para
identificar ramos finos e delicados em dormê ncia. Alguns ter¬ FIGURA 4.3 Representação generalizada de uma folha de angios -
perma.
mos comuns relacionados às gemas são listados aqui:

Gemas acess ó rias gemas adicionais produzidas em ambos como Poaceae e Zingiberaceae, existe uma Iígula ou protube -
os lados, acima ou abaixo da gema axilar principal rância adaxial na junção da bainha com a lâ mina foliar. Uma
Gema axilar gema localizada na axila da folha folha que não possui pecíolo é chamada de séssil .
Gema floral gema que contém flores embrionárias Os pulvinos, porções engrossadas e morfologicamente
Gema foliar gema que contém folhas embrionárias distintas do pecíolo, são comuns e estão envolvidos no movi-
Gema mista gema que contém tanto folhas como flores em- mento foliar. Podem se encontrar na base da folha; no ápice
brionárias do pecíolo, como em espécies de Marantaceae; no meio do
Gema nua gema n ão coberta por catáfilos pecíolo, como em algumas poucas Araceae; ou nos peció-
Gema pseudoterminal gema axilar que assume a função da lulos dos folíolos (em folhas compostas, como descrito na
gema terminal em ramos simpodiais página 57).
Gema sobreposta gema localizada acima ou abaixo da gema Estipulas são apêndices, geralmente em número de dois,
axilar localizados ao lado (ou sobre) a base do pecíolo. També m po-
Gema terminal gema localizada no ápice de um ramo mo- dem ser solitárias e, neste caso, originam-se entre o pecíolo
nopodial e o caule. Quanto à sua aparência, as estipulas podem ser fo-
liáceas, escamiformes, espinescentes, glandulares, em forma
„ de gavinhas, inconspícuas ou ausentes. Elas desempenham
roinas
diversas fun ções na planta, mas geralmente auxiliam na pro-
Folhas são as principais partes fotossintetizantes da maioria teção de folhas jovens. Quanto à sua origem, nem sempre sã o
das plantas. Originam-se nos n ós de um caule, geralmente homólogas nos diferentes grupos de plantas ,
abaixo de uma gema (Figura 4.3; ver também Figura 4.2). Di ¬

ferentemente dos caules, as folhas geralmente não apresen- Filotaxia das folhas As folhas podem estar organizadas em
tam crescimento cont ínuo ano a ano. Elas são normalmente três padrões principais (Figura 4.4). As folhas alternas de-
planas, com uma superf ície virada para o eixo caulinar (su- senvolvem -se isoladas entre si e estão geralmente dispostas
periicie superior ou adaxial) e outra virada para o lado opos- em uma espiral ao longo do caule. Há vários tipos de dispo-
to do eixo caulinar (superfície inferior ou abaxial) . A maioria sição espiralada, os quais podem ser classificados por meio
das folhas é bifacial, possuindo superfícies adaxial e abaxial da determinação do ângulo entre os pontos de inserçã o de
distintas, mas às vezes podem ser unifaciais, n ão apresen- quaisquer duas folhas em ordem sucessiva. També m pode-se
tando esta diferenciação entre superfícies. classificar a disposiçã o das folhas acompanhando a espiral em
Folhas são estruturas homólogas nas angios ¬
permas, poré m não o sã o se considerarmos as
plantas vasculares como um todo (ver capítulos
7, 8 e 9) . De forma complementar à sua função
fotossint é tica primordial, as folhas podem ser
modificadas para proteção, formando espinhos
pontiagudos; para estocagem de á gua, como em
plantas suculentas; para escalar em outras plantas,
como em trepadeiras ou lianas com gavinhas; para
a captura de insetos, como nas plantas carnívoras;
ou para fornecer abrigo a formigas ou pequenos
insetos (domácias, descritas na página 60).
As partes principais de uma folha estão ilustra ¬

das na Figura 4.3. O ponto de inserção do pecíolo Alterno Oposto Verticilado


no caule pode ser, às vezes, largo a estreito, ocul ¬ (1 folha por nó) (2 folhas por nó, (3 ou mais
posicionadas em lados \ folhas por nó)
tando a gema axilar. Em monocotiledôneas, a folha opostos do caule)
quase sempre forma uma bainha na sua base, com
as margens sobrepostas ou fundidas. Em famílias FIGURA 4.4 Os três padrões principais de filotaxia das folhas.
w

SISTEMáTICA VEGETAL 57

torno do caule a partir de qualquer folha mais velha e mais O arranjo decussado representa a condição mais comum das
próxima da base do caule até a primeira folha jovem em linha folhas opostas nas plantas vasculares.
reta diretamente acima. Folhas alternas, no entanto, podem Por fim, as folhas são verticiladas quando se desenvol ¬

estar dispostas de uma forma não espiralada, organizadas se- vem em número de três ou mais em um mesmo nó.
qúencialmente ao longo de dois lados de um caule (bisseriada,
ou dística) ou ao longo de três lados do mesmo (trisseriada, Estrutura das folhas Uma folha com lâmina nica é chamada
ou tr
ística) . (Folhas dísticas achatadas no mesmo piano e com de simples; uma folha com duas ou mais lâminas, ou folío-
ambas as superf ícies idênticas, como em espécies de Iridaceae, los, é chamada de composta. A distinção entre folhas simples
são chamadas de equitantes.) e compostas pode ser feita pela localização da gema axilar,
As folhas opostas, por outro lado, desenvolvem-se aos pois esta ocorre no ponto de inserção do pecíolo, e nunca do
pares e ficam posicionadas em lados opostos do caule. Tam ¬ peciólulo. Os folíolos podem estar organizados de diferentes
bém podem apresentar uma disposição espiralada, como no maneiras, conforme ilustrado na Figura 4.5.
mangue -vermelho (Rhizophora, Rhizophoraceae), dística,
como em muitas Zygophyllaceae, ou decussada (as folhas Duração das folhas As folhas podem ser funcionais por
de n ós adjacentes apresentam uma rota ção de 90° entre si). poucos dias até vários anos, porém a maioria é funcional por
apenas uma a duas estações de crescimento. Folhas decíduas
caem (abscisão) no final da estação de crescimento, enquanto
as folhas perenes mantêm-se na planta ao longo de todo o
ano. Algumas folhas, como as de várias espécies de Fagaceae,
sã o marcescentes, ou seja, murcham mas n ã o caem durante
o inverno ou durante a estação seca.

Tipos de venaçá o Sempre que houver uma nervura mais


proeminente em uma folha, esta é chamada de nervura pri¬
mária ou central; ramificações dessa nervura são chamadas
de nervuras secundárias. As nervuras terciárias, por sua
vez, geralmente conectam as nervuras secundárias, formando
um padrão escalarifonne ou reticulado (Figura 4.6).
Existem três padrões principais de organização das ner ¬

vuras. Uma folha pode ter uma nervura prim ária nica com
Raripinada Imparipinada as nervuras secundárias divergindo ao longo de todo o seu
comprimento, como os dentes de um pente; este padrão é
chamado pinado. Altemativamente, uma folha pode ter di ¬
versas nervuras primárias divergindo da base (ou próximo

íf Jlr Jun ção


è
desta) da lâmina foliar, como os dedos de uma mã o; este
padrão é chamado palmado. Vários subtipos de venação
pinada (Figura 4.7) e palmada (Figura 4.8A) sã o reconheci
dos (eles são discutidos em maior detalhe em Hickey 1973
e Dilcher 1974). Por fim, uma folha pode ter diversas ner
¬

vuras paralelas, um padrão chamado de venação paralela


(Figura 4.8B).

Fálmada Trifoliolada Unifoliolada Escaíariforme Reticulado

Nervuras
terciárias
Bipinado

Nervuras Nervuras
secundárias tercianas

Nervura primaria

FIGURA 4.5 Filotaxia dos fol íolos em folhas compostas. FIGURA 4.6 Dois padrões de organizaçã o das nervuras terciá rias.
f

58 JUDO, CAMPBEU, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Nervuras secundárias Nervuras secundárias As nervuras secundárias Nervuras secundárias Nervuras secundárias Nervuras secundárias
penetram nos dentes ramificam, formam arcos formam uma série de arqueiam -se ramificam -se em interconectam - se por
e somente depois arcos suavemente em direção direção à margem um denso reticulado
penetram nos dentes à margem foliar foliar

FIGURA 4.7 Alguns tipos de vena ção peninérvea. (Adaptada de Hickey 1973.)

Forma das folhas Em geral, considera -se que uma folha mas o seu uso será evitado ao máximo neste livro. Em relação
pode apresentar quatro formas básicas (ovada, obovada, à aparê ncia geral, a lâmina de uma folha pode ser sim étrica
elíptica, oblonga), dependendo da porção onde a lâmina fo ¬
ou assimétrica quando vista de cima.
liar apresenta-se mais larga (Figura 4.9) (Hickey 1973) . O sig ¬
Folhas de diferentes formas podem ser observadas em uma
nificado desses quatro termos pode ser refinado pelo uso de mesma planta, fenômeno este denominado de heterofilia. Fo ¬
advérbios como largamente ou estreitamente. Se o pecíolo está lhas jovens podem diferir substancialmente das folhas adultas,
ligado à folha em uma posição distante de sua margem de porém diferenças acentuadas de forma às vezes sã o observadas
forma que o conjunto folha- pecíolo tenha a aparência de um em plantas adultas (como em Sassafras, Lauraceae).
guarda-chuva, a folha é chamada de peitada, sendo que es ¬
tas são bastante variáveis no seu formato. Uma folha linear, Á pice e base das folhas Vários termos descritivos da forma
por outro lado, é consideravelmente longa e estreita. Termos do ápice foliar estã o ilustrados na Figura 4.10, enquanto ter ¬

variados para outros formatos são muitas vezes empregados, mos relacionados à forma da base foliar est ão ilustrados na
Figura 4.11.

;A) (B) Margem das folhas A lâmina foliar pode apresentar margens
inteiras ou lobadas. Estes e outros tipos de margens estão
ilustrados na Figura 4.12.

Nervuras primárias divergem Nervuras primárias Venaçã o


e ramificam-se na base convergem no ápice paralela
Ovado Obovado
(mais larga próxima à base) (mais larga próxima ao ápice)

Nervuras primárias divergem e Nervuras primárias divergem


ramificam-se em pontos variados e ramificam-se acima da base Elíptica Oblonga
( mais larga na regi ã o mediana) (lados mais ou menos paralelos)
FIGURA 4.8 (A ) Quatro tipos de venaçã o palmada. ( B) Vena ção para ¬
lela. (Adaptada de Hickey 1973.) FIGURA 4.9 Formas de folhas.
SISTEMáTICA VEGETAL 59

< 90° < 90°

¥
> 90

Agudo Obtuso Acuminado

Aguda Obtusa
¥ Cuneada

Retuso Emarginado Truncado


w T «k
Arredondada Decurrente Truncada

Mucronado Arredondado Atenuado

FIGURA 4.10 Diferentes formas do á pice foliar.


Cordada
mw mm Lobada W
Vários tipos de dentes na margem das folhas podem
ser definidos de acordo com características anatômicas, tais Sagitada
como o padrão de nervura (s) entrando no dente, o formato
do dente e detalhes do ápice do dente, bem como atividade FIGURA 4.11 Diferentes formas da basefoliar.
glandular. Os tipos mais comuns de dentes estão ilustrados
na Figura 4.13; outros tipos são caracterizados a partir de sua perf ície uma textura particular. A maioria dos termos relacio ¬
menção no Capítulo 9 (ver também Hickey e Wolfe 1975). nados ao indumento são ambíguos, por isso usaremos apenas
três neste livro: glabro (ausência de pêlos), pubescente (com
Textura das folhas A lâmina foliar pode ser bastante fina pêlos variados) e glauco (com uma cobertura cerosa, de co¬
(membranácea), de textura papirácea (cartácea) ou bastante loração geralmente branca ou azulada) . Alguns outros termos
espessa (coriácea). descritivos de indumentos são listados aqui; optamos por não
usá-los neste texto, porém os leitores interessados poderão
Ptixia e vemação Ptixia é a forma em que uma folha indi ¬ -
encontrá los, assim como muitos outros, em chaves de iden ¬

vidual encontra-se dobrada em uma gema. Alguns poucos tificação e descrições botânicas:
termos de ptixia são ilustrados na Figura 4.14 (ver també m
Cullen 1978) . Vemação é a forma em que as folhas estão do ¬ Aracn ó ide com uma aparê ncia de teia de aranha
bradas em uma gema em relação umas às outras. Folhas que Canescente com pêlos curtos, abundantes e de coloração
se sobrepõem em uma gema são denominadas imbricadas, acinzentada
enquanto aquelas cujas margens apenas se tocam são deno¬ Cer íceo com pêlos sedosos, usualmente longos, finos e ad -
minadas valvares. Outros termos de vemação são apresenta ¬
pressos
dos no Capítulo 9 (na discussão de algumas famílias) . Escabro com pêlos ígidosr
r
Estrigoso com pêlos ígidos, todos apontados na mesma
Indumento O indumento, ou cobertura de pêlos (= trico - direção
r
mas), na superfície de uma angiosperma confere a essa su- Hirsuto com pêlos longos, geralmente ígidos

h ± 90°

Ápice do dente
Lado
apical Lado basal
>0

Inteira Denteada Serrada Duplamente Erodida Crenada


serrada
Indivisa Lobada

FIGURA 4.12 Diferentes formas da margem foliar. Plana Revoluta


T

60 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Violóide Chlorantóide Malvóide Rosóide

D 0
Salicóide Theóide Espinescente Rutóide

D

FIGURA 4,13 Tipos principais dos dentes da margem foliar.

rgidos e ásperos
H íspido com pêlos í modificadas ou não. O formato dos pêlos individuais pode
Lanoso com pêlos longos, entrelaçados, um tanto opacos; ser descrito em detalhes: são eles inteiriços ou ramificados?
com aparência de lã Como eles se ramificam; ou seja, são dendrí ticos, estrelados
Piloso com pêlos longos, delgados e macios, dispersos ao ou em forma de T? Possuem uma cabeça achatada ou glo-
longo de uma superf ície bosa, e o pedúnculo é unisseriado (com apenas uma fileira
Puberufento com pêlos curtos e diminutos de células), bisseriado (com duas fileiras de células) ou mul -
Tomentoso com pêlos abundantes e macios, geralmente tisseriado (com várias fileiras de células) ? Esses termos estão
entrelaçados ilustrados na Figura 4.15.
Velutino com pêlos aveludados Alguns taxa possuem dois ou mais tipos de pêlos distribu ¬

Viloso coberto com pêlos longos, finos e delicados ídos em suas folhas ou caules. Muitas espécies, por exemplo,
possuem pêlos unicelulares e eglandulares misturados a pê ¬

Recomendamos que os tipos de tricomas presentes em los multicelulares e com uma cabeça glandular. Os diferentes
uma planta, juntamente com sua distribuição e densidade, tipos de pêlos, juntamente com a sua densidade e distribuição
sejam cuidadosamente observados em lupa ou microscópio. na planta, apresentam com frequência valor taxonômico.
Caracteres derivados dessas observa ções tendem a ser mais
úteis (e consistentemente aplicáveis) do que os termos aqui Domadas e glândulas Domácias - literalmente peque ¬

listados. nas casas - podem conter organismos, geralmente á caros


Os pêlos podem ser unicelulares ou pluricelulares, ou formigas em seu interior, e estão presentes nas folhas de
eglandulares ou glandulares, e organizarem -se isolada ¬ diversas angiospermas (Pemberton e Tumer 1989; Brouwer
mente ou em tufos, com as células epid érmicas adjacentes e Clifford 1990). Artrópodes que habitam as dom ácias auxi-

x x
X

Conduplicado Reduplicado Convoluto Plicado

FIGURA 4.14 Termos relaciona ¬

dos 3 ptixí a. Todos os padrões são


ilustrados em secção transversal,
r J
exceto o circinado. O X" indica a
posi çã o do ramo que contém a
folha. Revoiuto Involuto Circinado
SISTEMáTICA VEGETAL 61

I J

Multicelular, Multicelular, Glandular-capitado, Glandular-capitado Glandular-capitado


Unicelular Multicelular, multicelular
unisseriado bisseriado multisseriado ped nculo e cabeça quase séssil
unicelulares

r
i
P los agrupados Redunculado,
Glandular-capitado, Glandular-capitado, Glandular-capitado Célula s basal
, () (is)
nculo modifica da (s) estrelado
ped nculo ped nculo ped
unisseriado bisseriado multisseriado

Dendritico Escama peitada Escama séssil


Em forma de T Em forma deV Com ramificações curtas

FIGURA 4.15 Características selecionadas de pêlos (tricomas).

modificado (ou eixo floral) é chamado de receptáculo; o pe


¬

liam a planta ao evitar, ou pelo menos reduzir, a herbivoria; o As flores geralme nte
em troca, a planta fornece a esses animais não apenas abri¬ d nculo floral é chamado pedicel
de .

go, mas também alimento. Domácias que abrigam formigas nascem na axila de uma folha mais ou menos modificada, ou
são usualmente em forma de bolsa e encontradas na base da bráctea; estruturas menores e foliáceas, as bractéolas, muitas
lâmina foliar. Domácias de á caros, por sua vez, sã o menores vezes distribuem-se ao longo do pedicelo.
e geralmente encontradas nas junções entre duas nervuras. As flores possuem até três partes principais: perianto
Elas podem ter um formato de vulcão, bolso ou tigela e ser (estruturas mais externas, protetoras e/ou coloridas), andro¬
formadas por tufos de pêlos ou pela margem foliar revoluta. ceu (estruturas produtoras de pólen) e gineceu (estruturas
Diversas estruturas glandulares também podem ocorrer produtoras de óvulos). As flores que possuem as três partes
nas folhas. Tais estruturas geralmente secretam néctar e atra ¬ são chamadas de completas, enquanto as flores em que
em formigas, que protegem as folhas contra herbivoria (Ben- pelo menos uma dessas partes está ausente são chamadas
tley 1977) . de incompletas. Se tanto o androceu como o gineceu estão
presentes, a flor é chamada de bissexual (ou perfeita) , mas,
Morfologia floral se um deles está faltando, a flor é chamada de unissexual
(imperfeita) . Neste ltimo caso, ela pode ser estaminada, se
As estruturas reprodutivas das angiospermas são denomina
¬

apenas o androceu está presente, ou carpelada, se apenas o


das flores. Em nossa discussão sobre as partes reprodutivas
gineceu está presente.
das plantas, o foco estará nesse grupo; as estruturas repro ¬ Em espécies monóicas, um mesmo indivíduo apresenta
dutivas especializadas das samambaias licófitas e grupos re
¬

tanto flores estaminadas quanto flores carpeladas, enquan


¬

lacionados, coníferas, Cycadales, ginkgos e gnetales são des


¬

to em espécies dióicas as flores estaminadas e carpelad as


critas no Capítulo 8.
ocorrem em indivíduos diferentes. Muitas condições inter
¬

A flor é um ramo altamente modificado portando apê ndi ¬


ocorrem , no entan -
esses dois extremos
ces especializados (folhas modificadas) (Figura 4.16). O ramo mediárias entre
T

62 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

FIGURA 4.16 Partes de uma flor. Os termos Estigma


coletivos são indicados em negrito.
Óvulo
1 sti ete
Conectivo . Carpelo: Gineceu

Ovário Filete
Estame: Androceu
Antera
m Microsporangio
(com pólen )

Pétala: Corola
Perianto
Sépala: Cálice

Articulação (pode não


ser visível extemamente)

Pedicelo
Bráctea

to. Espécies polígamas possuem tanto flores unissexuais As células dos sacos polínicos sofrem um processo de
como bissexuais (estaminadas e/ou carpeladas) na mesma meiose, que resulta na produção de grãos de pólen (game-
planta. tófitos masculinos, ou microgametófitos) . Por essa razão, o
O perianto é sempre a porção mais externa de uma flor, androceu é comumente referido como a porção masculina
seguida em quase todas as flores pelo androceu, e com o gi ¬ de uma flor. Obviamente, as flores, como parte de uma planta
neceu disposto no centro da flor. As partes do perianto po¬ diplóide (ou esporófito), não podem ser referidas como mas ¬

dem ser indiferenciadas entre si, sendo, neste caso, o perianto culinas (ou femininas) porque o esporófito está envolvido
composto por tépalas. Altemativamente, o perianto pode apenas na produção de esporos (processo associado à meio ¬
esfar diferenciado em duas partes principais, e assim é for¬ se). Apenas a fase haplóide de uma planta (ou gamet ófito)
mado por um verticilo mais externo (em disposição cíclica ou está envolvida na produçã o de gametas (Figura 4.17).
espiralada) de sépalas, chamadas conjuntamente de cálice, e As anteras abrem-se por mecanismos variados, e o pólen
um verticilo mais interno (també m em disposição cíclica ou é usualmente liberado a partir de fendas longitudinais nos
espiralada) de pétalas, chamadas conjuntamente de corola. sacos polínicos, embora fendas transversais, poros e valvas
As sépalas geralmente protegem as partes internas da também possam ocorrer. As anteras que abrem em direção ao
flor quando em botão; as pé talas são em geral coloridas e centro da flor são denominadas introrsas, enquanto as que
atuam como elementos atrativos para polinizadores (ver a liberam o pólen em direção à periferia da flor são denomina ¬

seção sobre biologia da polinização na pá gina 67) . Corolas das extrorsas .


evoluíram independentemente em grupos variados de an- O gineceu compreende todos os carpelos de uma flor. O
giospermas; em algumas famílias, é evidente que as pétalas carpelo é o sítio de polinização e fertilização em uma planta.
são estames vistosos e estéreis, enquanto em outras, são Estruturalmente, os carpelos são tipicamente formados pelo
sépalas modificadas. estigma, que coleta e facilita a germinação do pólen trazido
É importante ressaltar que, embora os termos relativos pelo vento, pela água ou por animais variados; pelo estilete,
ao perianto aqui apresentados sejam teis em descrições e uma porção do carpelo geralmente estreita e tubular especia ¬

identificações taxonômicas, eles precisam ser adotados com lizada para o crescimento do tubo polínico; e pelo ovário, a
cautela em estudos filogenéticos. A homologia nunca deve porção mais basal e alargada do carpelo que envolve e prote¬
ser assumida meramente com base na similaridade estrutural ge os óvulos. A superf ície estigmática pode ser variavelmen¬

e funcional das partes florais. te papilosa e tanto seca quanto úmida.


O androceu compreende o conjunto de estames de uma Cada óvulo contém um megagametófito (gametófito fe ¬
flor. Os estames são usualmente diferenciados em antera e minino, ou saco embrionário), que produz um gameta e é ge ¬
filamento, embora, em alguns casos, sejam petalóides e sem ralmente provido de duas camadas protetoras denominadas
distinção entre essas duas partes. Cada antera geralmente tegumentos. O óvulo encontra-se conectado ao ová rio por
contém quatro sacos polínicos, ou microsporângios, que es¬ um pedúnculo chamado de funículo. O gineceu é em gerai
tão organizados em dois pares. Os sacos polínicos estão ade ¬ chamado de "porção feminina da flor, embora essa denomi¬
ridos entre si e ao filamento pelo conectivo, que é ocasional ¬ nação seja tecnicamente incorreta, conforme explicado ante-
mente expandido e forma apê ndices variados ou um tecido riormente. À medida que o óvulo se desenvolve em semente,
estéril conspícuo que separa os sacos polínicos. o ovário ao redor se desenvolve em um fruto.
SISTEMáTICA VEGETAL 63

Pétala

Antera
Estame
Estigma Flete
Carpelo Estilete
Ovário -
Óvulo
Sacos polínicos

Sepala
Lóculo

Megasporocito (2n) Receptaculo

Megasporângio

Víeiose Moose
N ú cleo do
endosperma (3w)

Megá sporo
sobrevivente ( ri)
Grão de polen
Tegumentos (microgametófito, ri)

Zigoto (2n)
Antípodas (3)
í
Dupla fecunda ção
Tubo polmico
Células

f?
Núcleos
polares (2) í espermáticas
Núcleo da
célula do tubo
Gametófito
feminino (n)
; -v

Funículo Oosfeta
Estigma
Micrópila
Sinérgides (2)
Núcleo da
célula do tubo

Célula Tubo
espermática ( n) polínico

FIGURA 4.17 Ciclo de vida das angiospermas. Ver também Figura 4.41 . ( Modificada de Singer 1997.)

Diversas partes florais podem ser modificadas para a pro¬ de corona. Estruturas coroniformes podem resultar do cres¬
dução de néctar ou outros elementos atrativos para os polini- cimento exagerado de partes do perianto, dos estames ou do
zadores, como óleos ou fragrâncias. Nectá rios (ou glândulas receptáculo floral, e são extremamente diversas em forma e
produtoras de n éctar) muitas vezes formam projeções, lobos função. (Para uma discussão detalhada da diversidade desta e
ou estruturas aneliformes; estão usualmente posicionados de outras estruturas florais, ver Weberling 1989.)
próximo da base do androceu e do gineceu ou em esporões A variação nas estruturas florais pode ser descrita de for ¬

formados por partes florais, como pétalas. Algumas flores ma prática e eficiente pelo uso de fórmulas e diagramas flo¬
apresentam um verticilo extra , em geral vistoso, chamado rais (Quadro 4A).
¥

64 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Simetria floral As partes de algumas flores estão organiza ¬ (A) Radial (B) Bilateral
das de forma que dois ou mais planos dividindo a flor através
de seu centro produzam metades simétricas. Flores desse tipo
possuem simetria radial e também são chamadas de actino-
morfas ou regulares (Figura 4.18A). (Algumas poucas flores
radiais possuem apenas dois planos de simetria, e são deno ¬
minadas birradiais.)
Em algumas flores, as suas partes estão organizadas de tal
forma que podem ser divididas em duas metades simétricas
em apenas um plano.Tais flores apresentam simetria bilate¬
ral e são também chamadas de zigomorfas ou irregulares
(Figura 4.18B). 2 ou mais planos apenas 1 plano
Algumas poucas flores não possuem qualquer plano de si¬ de simetria de simetria
metria e são denominadas assimé tricas (Figura 4.18Q. É im ¬
portante ressaltar que, para a correta determinação da sime ¬ (C) Assimétrico
tria de uma flor, a posiçã o de suas estruturas mais conspícuas
- isto é, o perianto e / ou o androceu - sempre é considerada.
Fusão de partes florais As partes florais podem estar fusiona ¬

das de diferentes maneiras. A fusão de partes de um mesmo


verticilo (p. ex., pétalas unidas a outras pétalas) é chamada de
conação; quando as partes do verticilo não estão fusionadas,
elas são referidas como livres (p. ex., pé talas livres entre si).
A fusão de partes de verticilos diferentes (p. ex., estames uni¬
dos às pétalas) é chamada de adnação; quando as partes de
verticilos diferentes não estão fusionadas, elas também são
Nenhum plano
referidas como livres (p. ex., estames livres das pétalas). Es ¬
de simetria
truturas fusionadas podem estar unidas desde o momento de
sua origem, ou elas podem se unir em um momento posterior FIGURA 4.18 Padrões de simetria floral.
durante o seu desenvolvimento.
Diversos termos especializados são utilizados para carac-
terizar tipos distintos de adnação e conação: contém os óvulos. De que forma esse termo difere de carpelo,
o termo introduzido anteriormente neste capítulo e utilizado
Apocá rpico carpelos livres ao longo deste livro? Carpelos são as unidades básicas do gi¬
Apopétala ( ou dialipétala ) pétalas livres neceu; eles podem, obviamente, ser livres entre si ou conatos.
Apossé pala ( ou dialissé pala ) sépalas livres Quando distintos, o termo pistilo é equivalente em significado
Apoté pala tépalas livres ao termo carpelo. Se, no entanto, os carpelos estão conatos, os
Diadelfos estames conatos pelos filamentos em dois grupos dois termos não são equivalentes porque cada carpelo consti ¬

distintos tui apenas uma unidade dentro do pistilo, que então é consi ¬
Epipétalos estames adnatos à corola derado como composto (Figura 4.19).
Monadelfos estames conatos pelos filamentos em um gru ¬

po único N úmero de partes As flores podem diferir no nú mero de


Simpétala ( ou gamopétala ) pé talas conatas sépalas, pétalas, estames e carpelos. O número de partes, em
Sinândrio estames conatos geral, pode ser facilmente determinado em uma simples con ¬
Sincárpico carpelos conatos tagem, porém casos extremos de conação, sobretudo dos car¬
Sinânteros estames conatos pelas anteras pelos, pode tomar a contagem difícil. Além disso, a variação
Sinsé pala ( ou gamossé pala ) sépalas conatas no nú mero de partes entre diferentes flores em um mesmo
Sinté pala ( ou gamoté pala ) tépalas conatas indivíduo ou entre espécies próximas é um fenômeno bas-

A forma da corola, especialmente em flores simpétalas,


pode ser de grande valia na identificação taxon ômica da
planta em questão.Termos especializados são aplicados a for¬
mas de corola particulares, como rotadas (em forma de disco
ou roda), campanuladas (em forma de sino), urceolada (em
forma de uma), hipocrateriforme (com tubo corolino estreito
terminando em uma porção apical abmptamente alargada e
expandida, ou limbo), funiforme (em forma de funil), tubular
e bilabiada (com dois lábios ) .
3 carpelos, livres 3 carpelos, conatos
3 pistilos simples 1 pistilo composto
Carpelo versus pistilo O termo pistilo é freqiientemente
usado para designar a (s) estrutura(s) no centro da flor que FIGURA 4.19 Diferença entre os termos carpelo e pistilo.
SISTEMáTICA VEGETAL 65

QUADRO 4A Fó rmulas e diagramas florais


N ú mero de Carpelos Ovário Tipo de
Uma f órmula floral é um método rá ¬

Simetria Pétalas
pido e eficiente de representar simetria conatas estames conatos ínfero fruto
floral
floral, n mero de partes florais, conação e
adnação, inserção e posição do ovário. A
fórmula consiste em cinco símbolos, como
no exemplo a seguir:
(radial)
N
*, K5 , C © , AIO , G © cápsula W /
.
*, K5 , C5 , A» , G10

O primeiro símbolo indica o tipo de N úmero de N mero de Estames adnatos N mero de


simetria floral, que pode ser radial (*), bi ¬ sépalas pétalas à s pétalas carpelos
lateral PO ou assimétrica ($) . O segundo
item indica o n mero de sépalas, com
"K significando cálice (neste exemplo,
Um exemplo de f órmula floral
K5 significa um c álice de cinco sépalas) .
O terceiro item indica o número de pé ¬

A presenç a de um hipanto (como nas por fórmulas nas quais o segundo e ter ¬

talas, com C" significando corola (nes ¬

flores períginas) é indicada da mesma ceiro itens (indicando sépalas e pétalas,


te exemplo, C5 significa uma corola de respectivamente) são combinados em
maneira que a adnação:
cinco pétalas) . O quarto item, relativo ao um item único (indicando tépalas) . Um
androceu, indica o número de estames, X , K(5 ), C (5), A , G5 hífen (-) é colocado antes e depois des ¬

com "A" significando androceu (neste se item, indicando que as categorias do


exemplo, numerosos - o símbolo de in¬ Estames estéreis (estaminódios) ou c álice e da corola foram combinadas, e
finito é geralmente usado quando o nú ¬

0 n mero é precedido pela letra T . Por


"
mero de estames é maior do que 12) . O
carpelos estéreis (carpelódios ou pistiló-
dios) podem ser indicados pela colocação exemplo, uma flor actinom orfa com 5
último item indica o número de carpelos, tépalas 10 estames e 3 carpelos conatos,
de um ponto junto ao número indican ¬ ,
com "G significando "gineceu (neste com um ovário súpero, pode ser repre
do o número total de estruturas estéreis.
¬

exemplo, G10 significa um gineceu de 10 sentada como


Assim, uma flor com gineceu sincárpico
carpelos) . A linha abaixo do número de
composto de cinco carpelos férteis e rin-
carpelos indica a posição do ovário em co estéreis pode ser representada pela
» , T-5 , A10 , G (3)
-
relação aos demais verticilos florais (nes ¬

fórmula
te exemplo, súpero, com a flor hipógina) . O tipo de fruto é geralmente listado
Se o ovário fosse ínfero (e a flor epígjna), no final da fórmula floral:
a linha teria sido desenhada acima do
G <f + 5 j)
número de carpelos . * , T-3- , A10 , G ( 3) , cápsula
A variação no número de partes flo¬
A conação é indicada por um círcu¬
rais dentro de um táxon é indicada pelo
lo ao redor do número representando as uso de um traço (-) para separar os nú¬ Uma fórmula floral não representa, de
partes envolvidas. Bar exemplo, em uma forma alguma, uma finalidade em si mes ¬

meros mínimo e máximo de peças de um


flor com cinco estames monadelfos (i.e., ma; ela é simplesmente um meio conve ¬

mesmo verticilo. Por exemplo, a fórmula


conados pelos seus filamentos), o item do niente de representar a informação neces¬
androceu na fórmula floral seria indicado * , K4 - 5 , C4 - 5 , A8 - 10 , G @ sária para identificar uma planta. Fórmulas
como florais também podem ser ferramentas
representa um táxon com flores com 4 ú teis na memorização de caracteírsticas
A © a 5 sépalas e pétalas, e de 8 a 10 estames . de diversas famílias de angiospermas. Elas
Variações dentro de um táxon quanto à são utilizadas extensivamente neste livro
O símbolo de adição (+) pode ser (ver Capítulo 9) . A construção dessas fór¬
conação ou adna ção de partes florais sã o
usado para indicar diferenciação entre os
indicadas pelo uso de uma linha pontilha ¬
mulas requer uma observação meticulosa
membros de um mesmo verticilo floral .
Por exemplo, uma flor com cinco estames da (ao invés de uma linha cont í nua ) : de flores individuais e da variação entre as
flores de um mesmo indivíduo ou de indi¬
grandes alternando com cinco estames * , K3 , C (5), A,6 , , Gl víduos diferentes.
pequenos pode ser indicada como Diagramas florais são secções trans ¬
A5 + 5 A falta de uma parte floral específica é versais estilizadas de flores represe

indicada pela colocação de um zero (0) na tando verticilo os s florais vistos de cima .
A adnação é indicada por uma linha posição apropriada na fórmula floral. Por Da mesma maneira que as f órmulas , os
conectando os números representando exemplo, a fórmula floral diagramas florais são usados para ilustrar
diferentes verticilos florais. Dessa forma, simetria, número de partes e relações en¬
uma flor com corola simpétala e estames * , K3 , C 3 , A0 , G ( 2) tre elas e 0 grau de conação e/ou adna ¬
epipétalos - por exemplo, dois estames ção. Esses diagramas não podem eviden¬
adnatos às quatro pétalas - teriam os nú ¬ representa uma flor carpelada. ciar facilmente a posição do ovário. (Pàra
meros indicando os itens da corola e do Flores nas quais as partes do pe - maiores informações sobre diagramas flo ¬

androceu da seguinte forma rianto on ã sã o diferenc iadas em cá lice rais , ver Rendle 1925; Porter 1967; Correll
e corola (ou seja, flores cujo perianto é e Correll 1982; Zomlefer 1994; Walters e
CC Aj, formado de tépalas) são represen tadas Keil 1995 .)
1
66 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

c ( D)

V. *>•.

Recept á culo Hipanto


pedicelo (c puia floral)
FIGURA 4.20 Três carpelos com diferentes graus de cona ção. ( A) Três (sombreados)
ová rios, estiletes e estigmas. ( B ) Um ová rio, três estiletes e estigmas. Hipogina Pengina
(C ) Um ová rio e estilete, sendo o ú ltimo ramificado no á pice e provido (ovário s pero) (ovário supero)
de três estigmas. ( D ) Um ová rio e estiiete, e três estigmas ( ou lobos
estigm áticos ).

tante comum, também dificultando a contagem de partes. Em


muitos casos, é possível contar o n ú mero de carpelos cona -
tos pelo n mero de estiletes, estigmas ou lobos estigmáticos
(Figura 4.20) . O tipo de placentação (discutida mais adiante
neste capítulo) também pode ser útil na determina ção do n ú ¬
Hipanto
mero de carpelos.
A maioria das flores está organizada de acordo com um
padrão numérico particular - ou seja , em padrões de três, Hipanto adnato
quatro, cinco ou vários múltiplos destes números. A termina ¬
ao ovário
ção - mera, junto com o prefixo numérico, é usada para indicar
o padrão numé rico de uma flor. Por exemplo, uma flor pode
Epígina Epígina, com
ter quatro sépalas, quatro pétalas, oito estames e quatro car¬ (ovário ínfero) hipanto conspícuo
pelos; neste caso, a flor é descrita como 4- mera (tetrâmera). (ovário ínfero)

Inserção A conexão das partes florais é chamada de inser¬ FIGURA 4.21 Tipos de inserçã o.
ção. As partes florais podem estar ligadas ao receptáculo (ou
eixo floral) de diferentes maneiras, sendo que três tipos prin ¬

ra espera-se que uma flor apresente uma pétala, por exemplo,


cipais de inser ção são tradicionalmente reconhecidos: hipó- inserida no ponto entre duas sépalas adjacentes. O enten ¬

gino, perígino e epígino. A posiçã o do ovário em relação à


dimento desse padrão organizacional pode auxiliar na inter ¬

inserção das demais partes florais também varia, de súpero a


ínfero (Figura 4.21) .
pretação do n mero de partes florais, especialmente quando
estas são mascaradas por eventos de conação e adna ção.
As flores em que o perianto e o androceu estão inseridos
abaixo do gineceu são chamadas de hipóginas; o ovário dessas O gineceu, ou o gineceu e androceu, ocasionalmente es ¬
tão dispostos sobre um ped nculo alongado (o ginóforo e o
flores é denominado súpero . Já as flores em que uma estrutura
cupuliforme ou tubular circunda o gineceu sem, contudo, estar androginóforo, respectivamente) .
adnata a este, são chamadas de períginas. Em tais flores, o pe ¬

rianto e o androceu estão inseridos nas bordas dessa estrutura, Placentação Os óvulos estã o organizados em diferentes
chamada de hipanto (também denominada cúpula ou tubo padrões dentro do ovário, o que permite o reconhecimento
floral) . O ovário dessas flores também é súpero. de vários tipos de placentação . Os ovários podem conter de
Hipantos evoluíram a partir de estruturas variadas, como, uma a várias câmaras, ou lóculos . A parede que separa lócu -
por exemplo, do receptáculo floral, ou pela fusão da porção los adjacentes é chamada de septo . A placenta é a parte do
basal do perianto com os estames. Rores nas quais o perianto ovário na qual os óvulos estão ligados. Os principais tipos de
e os estames aparentam estar inseridos na parte superior do placentação são ilustrados na Figura 4.22. O n ú mero de óvu ¬
ovário devido à fusão do hipanto (ou das bases do perianto e los não apresenta uma correla ção obrigat ória com o nú mero
do androceu) ao ovário são chamadas de epíginas. O ovário de carpelos e placentas ou com o tipo de placenta ção.
dessas flores é considerado como ínfero. Os tipos de placentação podem ser extremamente ú teis
Em algumas flores epíginas, o hipanto pode prolongar- na determina ção do nú mero de carpelos conatos em uma
se além do ápice do ovário, formando uma cúpula ou tubo flor. Se a placentação for axilar, o nú mero de lóculos é geral ¬

ao redor do estilete. Se o hipanto estiver fusionado apenas mente indicativo do número de carpelos. Quando a placen ¬
à porção inferior do ovário, este último é considerado como tação é parietal, o número de placentas usualmente equivale
semi-ínfero. O tipo de inserçã o e a posição do ovário são ao número de carpelos.
melhor determinados a partir da visualização da flor em sec ¬
ção longitudinal. Termos florais diversos A lista a seguir apresenta alguns ou ¬

As partes florais componentes de verticilos adjacentes tros termos relacionados à estrutura floral, comumente en ¬

normalmente dispõem-se de forma alternada, e dessa manei- contrados em descrições de plantas.


r

SISTEMáTICA VEGETAL 67

Óvulo diversidade e importância ecológica e ocorra esporadicamen ¬

te em representantes de outras famílias. A polinizaçã o pela


Placenta água é bastante rara.
A poliniza ção tem despertado o interesse desde 1.500
Lóculo a .C., período em que os babiló nios notaram pela primeira
Parietal
vez que as flores da tamareira (Phoenix dactylifera, Arecaceae)
produzem um pó amarelo (pólen). A partir de observações
cuidadosas, os babilónios perceberam que esse pó poderia ser
:
*>« . aplicado nas flores das palmeiras frutíferas de forma que es¬
- sas árvores produzissem frutos. Essa importante descoberta
possibilitou-lhes aumentar a produção de tâmaras pelo sim ¬
ples ato de espalhar manualmente o pó amarelo nas flores
das tamareiras.
A polinização permanece como um processo essencial
Pàrietal com placenta Panetal Central livre ao bem-estar da humanidade nos dias atuais. A maioria dos
intrusíva (ou lateral)
alimentos por nós consumidos provém de cereais (Poaceae)
e vagens (Fabaceae), ambos resultantes do processo de poli ¬

nização. A quase totalidade dos frutos comestíveis, incluindo


Septc
a maçã, o coco, o figo, o morango e o tomate, n ã o existiriam
sem a polinização.
L óculo
Flores são adaptações para a polinização. A partir de ob ¬
servações cuidadosas da morfologia floral, é possível inferir o
provável vetor de pólen desta, como fez Darwin quando pre ¬

viu a existência de uma mariposa em Madagascar com uma


Axilar Apical Basal probóscide grande o suficiente para alcançar o néctar acu ¬

mulado nos esporões de 30 cm de comprimento da orquídea


FIGURA 4J22 Tipos de placentaçã o (todas as figuras em secção trans¬
versal, exceto as de placentação apical e basal). Angraecum sesquipedale (ver Capítulo 6). A ligação entre colo ¬
ração e fragrância floral, fenologia, estrutura e recompensa da
planta com a capacidade sensorial, comportamento e dieta
Basifixa refere-se a uma estrutura, como uma antera, que do animal polinizador é a base da proposição de síndromes
está fixa à outra estrutura pela porção basal de polinização. Esta ligação pode ser forte o suficiente de
Carpel ódio carpelo estéril modo que a planta e o polinizador adaptem-se um ao outro.
Centr ífugo padrão de desenvolvimento que se inicia no Examinaremos um exemplo dessa coevolução envolvendo o
centro, e continua gradualmente em direção à periferia gênero de plantas Yucca e o seu polinizador, na pá gina 69.
Centr í peto padrão de desenvolvimento que se inicia na pe ¬

riferia e continua gradualmente em direção ao centro Síndromes de polinização


Did ínamo possuindo dois estames longos e dois mais cur ¬
Polinização pelo vento e pela á gua Se você andar em uma
tos floresta de pinheiros durante o per íodo de liberação do pó ¬

Estaminódio estame est éril len e cruzar com um curso de água, verá que sua superf ície
Exsertos expostos, como nos estames que se estendem além
deve estar coberta por uma película amarela do pólen da co ¬

dos limites da corola nífera. Os grãos de pólen de plantas polinizadas pelo vento
Insertos ocultos, como nos estames que não ultrapassam os
são geralmente pequenos, leves e apresentam uma superf ície
limites da corola lisa; algumas espécies anemófilas, porém, apresentam grãos
Pistilódio pistilo estéril
de pólen largos com espaços internos preenchidos de ar, que
Tetrad ínamo que possui quatro estames longos e dois mais reduzem a densidade do grão e permitem que ele flutue me ¬
curtos lhor. A superf ície receptiva ao pólen das coníferas e espécies
Versátil refere-se a uma estrutura, como uma antera, que
anemófilas de angiospermas pode ser tanto viscosa quanto
está ligada a outra estrutura em sua porção mediana uma estrutura longa e em forma de teia para capturar o pólen
carregado pelo vento.
Flores polinizadas pelo vento são caracterizadas pela pro¬

Biologia da poliniza ção dução de uma quantidade considerável de pólen, facilmente


Plantas são organismos fixos e por isso dependem de agentes transportado pelas correntes de vento, e pelo eficiente meca ¬

externos para o processo de jun ção dos gametas. O antero- nismo de captura desse pólen flutuante. Flores com tais ca -
zóide das samambaias nada através da água para alcançar o racterísticas são pequenas e de perianto reduzido ou ausente
gameta feminino. As células espermáticas das plantas com (ver, por exemplo, as ilustrações de Betulaceae, Cyperaceae,
sementes, por outro lado, estão contidas nos grãos de pólen e Fagaceae, Juglandaceae e Poaceae apresentadas no Capítu ¬
por meio destes são transportadas para o óvulo ou estigma - lo 9). Em muitas angiospermas anem ófilas, cada flor possui
um processo denominado polinização. A polinização das co ¬ poucos óvulos, e freqiientemente apenas um destes produz
níferas ocorre principalmente pela açã o do vento. A maioria sementes.
das fanerógamas é polinizada por animais, embora a polini ¬ A polinização pelo vento é um evento pouco comum nos
zação pelo vento predomine em algumas famílias de grande trópicos, especialmente em florestas tropicais de planície. As
1

68 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

florestas temperadas, em contraste, apresentam um predo¬ presentes nas suas patas e bebendo o néctar açucarado das
mínio de espé cies anemófilas: carvalhos ( Quercus, Fagaceae), flores. De volta à colméia, as abelhas convertem o n éctar co
¬

faias ( Fagus, Fagaceae), nogueiras ( Carya e Juglans, Juglanda- letado em mel e alimentam as abelhas jovens com o pólen
ceae) e bétulas (Bétula, Betulaceae) no Hemisf ério Norte, e os rico em proteínas. Como retribuição a estas recompensas
Nothofagus (Notofagaceae) no Hemisf ério Sul , nutritivas obtidas, as abelhas polinizam as flores das maciei ¬
A libera ção do pólen nas espécies polinizadas pelo vento ras. Quando uma abelha sorve o néctar e coleta pólen, parte
em regiões temperadas ocorre no início da primavera, antes dos grãos de pólen da flor prende-se aos pêlos do seu corpo.
do surgimento das novas folhas. Uma floresta sem folhas Este pólen é então removido do corpo da abelha pelos estig ¬

apresenta poucos obstáculos que possam atrapalhar ou in ¬


mas da próxima flor visitada. Sem as abelhas, haveria poucas
terromper o fluxo de p ólen. A liberação de p ólen também ou nenhuma maçã, e o mesmo pode ser dito para muitos ou ¬
é programada de forma a evitar condições de alta umidade tros frutos.
(evitando a absorção de água pelo pólen, responsável pela re ¬ Em essência, abelhas e macieiras possuem uma espécie
du ção em sua flutuabilidade ) e de chuva (que desloca o p ó len de acordo : as abelhas polinizam as macieiras, e estas recom ¬
para fora das correntes de ar) . pensam as abelhas com néctar e pólen. O papel da planta
O milho (Zea mays, Poaceae) é uma espécie que ilustra neste acordo consiste em produzir adaptações para atrair os
bem outra caracter ística comum a plantas anemófilas: flores polinizadores, explorar sua morfologia e comportamento para
unissexuais. O pólen é formado nas flores estaminadas que concretizar a polinizaçã o e garantir que o retomo dos animais
ficam no ápice da planta, e os estigmas são o familiar cabe ¬ polinizadores com o oferecimento de recompensas. Já o papel
lo , que emerge, plumoso, do topo da espiga. Muitas pessoas do polinizador neste acordo consiste em realizar uma polini¬
sofrem com a polinização pelo vento por causa da febre do zação eficiente. As vezes o acordo é quebrado ou pela planta
feno, uma reação alérgica a proteínas presentes na parede ex ¬ ou pelo animal polinizador. A ausência de recompensas flo ¬

terna do pólen de algumas espécies anemófilas, como as do rais em alguns casos de polinizaçã o de orquídeas (que são
gênero Ambrósia (Asteraceae). descritos na página 71) representa uma violação de acordo"
A polinização pela água ocorre somente em cerca de 150 por parte da planta. Já no caso do polinizador, alguns insetos,
espécies de angiospermas, distribuídas em 31 gêneros e 11 chamados popularmente de ladrões de néctar, danificam uma
famílias (Cox 1988). Cerca de metade dessas espécies são ma ¬
flor para acessar o néctar sem, contudo, polinizá - la.
rinhas ou crescem em águas salobras, e nove dessas famílias Os animais observados visitando uma flor não são ne ¬
são monocotiledôneas. O pólen pode ser transportado abai ¬ cessariamente polinizadores efetivos. Em quatro espécies de
xo, acima ou na superf ície da á .
gua plantas
As que se adap
¬
Marcgravia (Marcgraviaceae) da Costa Rica, por exemplo, fo¬
taram à poliniza ção abaixo da superf ície da á gua geralmente ram relatadas visitas de espécies de pequenos morcegos que
possuem pó len filamentoso organizado em fileiras mucilagi - sorvem o n éctar das brá cteas florais modificadas em nectá -
nosas. rios. Os morcegos são polinizadores efetivos dessas espécies,
Um dos mais fascinantes e longamente conhecidos exceto em M. nepenthoides, que possui nectários consideravel¬
exemplos de polinizaçã o pela água ocorre em espé cies de mente maiores do que as outras espécies do gênero em ques ¬
Valiisneria (Hydrocharitaceae). Neste gênero, as plantas sã o tão. A distância entre nectários e flores em M. nepenthoides su ¬
submersas. As flores estaminadas são liberadas pela planta gere que duas espécies de gambás são agentes polinizadores
e flutuam na superf ície da água, onde finalmente se abrem. mais eficientes do que morcegos nesta espécie de Marcgravia
Simultaneamente, as flores carpeladas alcançam a superf ície e, portanto, são os seus polinizadores principais (Tschapka e
pelo crescimento de seus pedúnculos longos e criam uma von Helversen 1999).
leve depressão na superf ície da água, na qual as flores estami ¬ Muitas flores, mas não todas, polinizadas por um dos ti¬
nadas caem e sã o capturadas. O evento de poliniza ção ocorre pos principais de animais polinizadores, possuem um con ¬
logo ap ós esse processo de captura das flores estaminadas junto característico de adaptações florais (Tabela 4.1). As flo¬
peias flores carpeladas. res atraem seus polinizadores com cores e aromas atrativos a
estes polinizadores. Insetos, por exemplo, não enxergam no
Polinização por animais A polinização por animais é consi ¬ mesmo espectro de luz dos seres humanos; eles são menos
derada um importante fator no sucesso evolutivo das angios ¬ sensíveis ao vermelho, mas, em contrapartida, enxergam em
permas. No geral, os animais são mais eficientes no transpor ¬ comprimentos de onda mais curtos, na faixa do ultravioleta .
te de pólen do que vento podem
o e habitar locais de pouco Dessa forma, flores polinizadas por abelhas geralmente pos¬
vento como
( no interior de uma floresta tropical densa) . Eles suem superfícies refletivas ou absorventes em ultravioleta que
promovem a polinização cruzada ao deslocar-se entre dife ¬ atraem os insetos e os direcionam para o néctar.
rentes plantas. A polinização por animais propiciou a diversi¬ As flores abrem e emitem odores quando os seus poliniza ¬

ficação de muitos grupos de plantas, sendo que esta evolução dores estão ativos. As mariposas e os morcegos, por exemplo,
associada à polinização é particularmente evidente na família têm hábitos noturnos. As flores que eles visitam são brancas
Orchidaceae. Muitas espécies dessa diversa e numerosa fa ¬ e liberam seus odores à noite, e dessa forma tomam -se fáceis
mília são aparentemente separadas entre si pelo isolamento de serem localizadas na escuridão. Muitas fragrâ ncias florais
reprodutivo propiciado pela variação na estrutura floral, como são agradáveis para o olfato humano, enquanto outras são
veremos no Capítulo 6. fortes e desagradáveis. Por exemplo, as flores de Weberocereus
Uma imagem bastante familiar a todos é a presença de tunilla (Cactaceae), uma espécie de cacto epífito em florestas
abelhas zumbindo ao redor de flores coloridas nos dias quen ¬ tropicais, liberam uma fragrância descrita como sendo similar
tes de verão. Em uma plantação de maçãs, as abelhas voam à de uma carcaça em decomposição e que atrai morcegos da
de flor em flor coletando pólen em cavidades especializadas subfamília Glossophaginae (Tschapka et al. 1999).

:
W

SISTEMáTICA VEGETAL 69

TABELA 4.1 Síndromes de poliniza ção


Caracter ísticas florais

Horá rio de
Polinizador Cor Odor antese Corola Recompensa
Abelhas Azul, amarelo, p rpura Forte, fragrante Diurno Plataforma de pouso bilateral Néctar e/ ou pólen
Borboletas Brilhante; frequente - Delicado e fraco Diumo Plataforma de pouso; às ve ¬ Somente néctar
mente vermelha zes com esporão de néctar
Mariposas Branca ou pálida Forte e adocicado Noturno ou Segmentada; às vezes com Somente néctar
crepuscular esporão de néctar
Moscas antófilas Clara Fraco Diumo Radial, aberta Néctar e/ou pólen
Moscas necrófagas Marrom ou p rpura Forte, similar ao Diumo ou no- Fechada ou aberta Ausente
de matéria em turno
decomposição
Besouros Geralmente verde ou Forte, variado Diumo ou no- Fechada ou aberta Néctar e/ou pólen
branca turno
Pássaros Brilhante; geralmente Ausente Diurno Tubular ou pendente; ovário Somente néctar
vermelha geralmente ínfero
Morcegos Esbranquiçada Forte, almiscarado Noturno Flores ou inflorescências Néctar e/ou pólen
vistosas
Mamíferos não- Pálida e pouco atraente Ausente a variavel¬ Noturno Robusta, com estíletes e es- Néctar e/ou pólen
voadores mente forte tames exsertos abundante

Flores que são polinizadas por mamíferos não-voadores cies são denominadas generalistas. Acer saccharum (maple,
(ver Tabela 4.1) abrangem uma ampla variação de caracter ís¬ Sapindaceae), por exemplo, é polinizada tanto pelo vento
ticas florais devido às diferenças na morfologia e no compor¬ quanto por animais. Putoria calabrica (Rubiaceae), um ar¬
tamento dos três grupos de mamíferos polinizadores. Flores busto anã o do Mediterrâneo, é outro exemplo de espécie
polinizadas por primatas (como lêmures e macacos) tendem generalista, sendo polinizada por diversas espécies de mos ¬

a não produzir odores e a ser particularmente largas para se cas e borboletas (Ortiz et al. 2000). Dessa forma, as síndro ¬

adequar a õ tamanho desses animais. Flores polinizadas por mes de polinização listadas na Tabela 4.1 não devem ser
marsupiais estão geralmente localizadas na copa das árvores, interpretadas como complexos de caracteres que est ã o in-
e flores polinizadas por roedores tendem a estar próximas do timamente ligados à polinização de um tipo particular de
chão e a possuir um odor de levedura (Johnson et al. 2001). flor por um polinizador único, embora este seja o caso para
Cerca de 60 espécies de mamíferos não -voadores já foram algumas espécies.
documentadas como polinizadoras de aproximadamente 100
espécies de plantas, sobretudo no Hemisf é rio Sul (Carthew e Coevoluçã o entre planta e polinizador
Goldingay 1997).
As flores são construídas para adaptarem-se fisicamen ¬ Um dos mais fascinantes casos de polinização por animais
te aos seus polinizadores e para fornecerem aos mesmos as é o do gênero Yucca (Agavaceae) e seu agente polinizador,
recompensas apropriadas. As corolas de diversas espé cies uma mariposa do gênero Tegeticula*. As flores brancas da
polinizadas por abelhas possuem guias de néctar - linhas Yucca abrem à noite e atraem as f ê meas da mariposa. Uma
ou marcas que direcionam as abelhas em direçã o à fonte de vez dentro das flores, as mariposas as polinizam, carregando
néctar. A corola pode formar uma plataforma de pouso que o pólen para outra planta da mesma espé cie em tent áculos
orienta os polinizadores em direção ao néctar e/ou pólen e especializados abaixo da cabeça e depositando-o na cavidade
os força a realizar os movimentos necessários para a polini ¬ estigmática (Figura 4.23). A mariposa então usa o ovopositor
zação. O pólen de diversas espécies polinizadas por animais para penetrar a parede do ovário e deposita seus ovos en ¬

é coberto por projeções diminutas que se aderem aos pêlos tre os óvulos. Fbr fim, logo antes de deixar a flor, a mariposa
ou penas desses animais (ver Figura 4.48E - H). Enquanto as sobe pelos filamentos do estame, equilibra-se ao colocar a
abelhas consomem tanto pólen quanto n éctar, as borbole ¬ probóscide no topo do filamento e coleta pólen com os seus
tas, as mariposas e os pássaros são recompensados apenas tentáculos.
com néctar. Em alguns casos, os polinizadores n ão são re ¬ A mariposa não se alimenta da flor porque os seus in ¬

compensados, mas sim iludidos no processo de polinização divíduos adultos não comem; todo o alimento consumido
de uma flor. pelo animal ocorre durante sua fase larval. Os seus ovos eclo-
Espé cies de plantas podem ser especializadas para ape ¬

nas um polinizador ou, contrariamente, ser polinizada por * N. de T. Nome correto do gênero da mariposa, conforme o ISI- WEB
uma ampla gama de animais; neste último caso, as espé ¬ OF SCIENCES.
1,
f

70 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 4.23 Poliniza çã o de Yucca filamentosa pela


y .
mariposa Tegeticula yuccasella ( A ) H á bito de Y. filamen¬

tosa (cerca de 5% do seu tamanho real ). ( B ) T. yuccasella.


K) ( C ) Fê mea de mariposa sobre flor ( cerca de 75% do seu
tamanho real ) . ( D ) Estame, evidenciando a antera deis -
cente. ( E) Secçã o transversal de ová rio, evidenciando os
óvulos. ( F) Á pice do gineceu , evidenciando os estigmas.
(G ) Fê mea de mariposa coletando pólen . ( H ) Fê mea de
mariposa depositando pólen nos estigmas. (I ) Fruto de
Yucca, seccionad o pa ra evidenciar sem entes e u ma larva
de mariposa . (J ) Semente de Yucca. ( K ) Larva de maripo ¬
sa. ( L) Fruto com poros de sa ída feitos pelas larvas. ( De-
senho original de K.S. Velmure; usado com permissã o de
E.O. Wilson.)

dem no interior do fruto simultaneamente à maturação das ção para a coleta e o transporte de pólen e a deposição deste
sementes, e as larvas consomem algumas, mas não todas as nas cavidades estigmáticas. O comportamento das mariposas
sementes em desenvolvimento. Quando estas larvas ingerem polinizadoras assegura um suprimento alimentar para a sua
alimento suficiente, elas saem do fruto, caem no chão e en- prole, assim como garante a reprodução da planta da qual sua
terram-se no solo para transformarem - se em pupas. espécie depende para sobreviver.
A coevoluçã o é evidente nas adaptações da Yu e de Outra estreita relação coevolutiva existe entre as espécies
Tegeticula que facilitam a polinização. A planta produz fila ¬ de figo (Ficus, Moraceae) e suas vespas polinizadoras. Assim
mentos claviformes robustos, que a mariposa pode facilmen ¬

como a associaçã o entre Yucca e suas mariposas polinizadoras,


te escalar para coletar pólen. As anteras são posicionadas no figos e vespas de figo são completamente dependentes um do
topo do filamento, onde ficam facilmente acessíveis para o outro. Existem cerca de 750 espécies de figueiras, e a maioria
animal. Os tentáculos da mariposa constituem uma adapta ¬
possui a sua espécie particular de vespa polinizadora.
SISTEMáTICA VEGETAL 71

Engodo e recompensas n ão-nutritivas


»
na polinização das orqu ídeas
Das 19.500 espécies reconhecidas de orquídeas, aproximada-
mente 8.000 não oferecem recompensas alimentares aos seus
polinizadores. Ao contrário, elas enganam os polinizadores
ou fornecem a estes recompensas sem valor nutritivo, como
substâncias aromáticas. Algumas orquídeas, assim como es ¬

pécies variadas de outras famílias, produzem flores arroxeadas


ou p rpura com odores que lembram o cheiro de came em
:r
-
decomposição. Essas flores atraem moscas necrófagas (verTa ¬

bela 4.1), que depositam seus ovos nas flores ao serem iludidas
pelo odor e coloração destas, percebendo as flores como fonte
de alimento para sua prole. Durante o processo de deposição
dos ovos, as moscas se movem entre as flores e as polinizam. m
Métodos ainda mais bizarros para promover a poliniza ¬
ção evoluíram em algumas espécies de orquídeas tropicais.
Veremos outro exemplo de polinização por engodo no Capí¬
tulo 6, nas flores de Ophrys (Orchidaceae), que estimulam o
comportamento reprodutivo de machos de abelhas e vespas
sem fornecer recompensas alimentares.
Muitas espécies neotropicais de orquídeas são poliniza ¬

das por machos de abelhas Euglossinae. Após emergirem


do ninho, os machos voam pela floresta, alimentando-se do
néctar de flores variadas e repousando na superf ície inferior FIGURA 4.24 Stanhopea wardii com Eulaema sp., uma abelha Euglos¬
das folhas ou no interior de flores tubulares. Estas abelhas sinae polinizadora . A abelha pousa no labelo, que possui uma grande
são atraídas pelos compostos químicos aromáticos de certas mancha marrom na base e projeções em forma de chifre com pontua¬
espécies de orquídeas que não produzem néctar. Elas raspam ções mais escuras próximas da base. A abelha coleta compostos arom á¬
a flor na fonte do odor e, no processo de transferir estes com ¬ ticos produzidos pela flor e, neste processo, desliza contra a coluna bran ¬
ca e salpicada de pontuações escuras ( no lado direito da figura). Quando
postos para as tíbias das patas traseiras, involuntariamente a abelha esbarra no á pice da coluna, entra em contato com o poliná rio,
se envolvem no processo que promove a polinização. Em al¬ que se adere ao dorso da abelha em uma posiçã o que permitirá o seu
gumas espécies dos gêneros de orquídea Gongora e Stanho¬ contato com a superf ície estigmá tica da próxima flor de Stanhopea vi¬
pea, a abelha fica de cabeça para baixo e desliza para a base sitada pela abelha. A abelha desta foto aparentemente n ão removeu o
da flor de tal forma que entra em contato com o polinário e poliná rio ao sair da flor. A polinização nem sempre é bem-sucedida.
carrega- o p'ara fora da flor (Figura 4.24) (ver a discussão sobre
Orchidaceae no Capítulo 9 para uma descrição da estrutura
alcançada quando os estigmas estão receptivos antes da li¬
do polin ário) . A abelha, então, voa para outra flor da mes ¬

beração do pólen em uma flor bissexual ou em um indivíduo


ma espécie e eventualmente toca a região estigmática desta, monóico (protoginia), ou quando as anteras liberam o pólen
onde o polinário aderido a seu corpo é finalmente deposita ¬

antes do período receptivo dos estigmas (protandria) . A or¬


do. Machos de Euglossinae usam as fragrâncias florais coleta ¬
ganização dos estames e dos estigmas e o movimento dos
das para atrair fêmeas.
polinizadores també m podem limitar a autopolinização.
A família Orchidaceae é uma verdadeira enciclopédia de
síndromes de polinização. Além de abelhas e vespas que fa¬
zem pseudocópula, moscas necrófagas e abelhas Euglossinae -
Auto incompatibilidade Outro mecanismo de impedimen ¬
também são polinizadores comuns de orquídeas, assim como to à autopolinização é a auto-incompatibilidade, ou seja, a
inabilidade de uma planta bissexual em produzir zigotos com
besouros, mariposas, borboletas, mosquitos e pássaros. Não
há registros de mamíferos como polinizadores de orquídeas. o seu próprio pólen. A auto-incompatibilidade é controlada
Os modos de polinização são citados para a maioria das geneticamente em muitas espécies de plantas por alelos m l¬
famílias descritas nos Capítulos 8 e 9. tiplos de um gene denominado simplesmente de S. Embora
um indivíduo diplóide possa carregar apenas dois destes ale ¬

los, podem existir centenas de outros alelos nos demais indi ¬

Evitando a autopolinização víduos da mesma espécie. Se um grão de pólen possui o mes¬


A polinização pode ocorrer em um mesmo indivíduo (au ¬ mo alelo de S que a planta carpelada, a reprodução não será
topolinização) ou entre indivíduos diferentes (polinização bem-sucedida. A autopolinização toma -se assim inviável,
cruzada). Há muito se sabe (Darwin 1876) que muitas plan ¬ mas os muitos genótipos de S possíveis aumentam as chan ¬
tas evitam a autopolinização e, assim, as consequências dele¬ ces de sucesso do cruzamento entre diferentes indivíduos
térias da depressão endogâmica. Esta barreira à autopoliniza ¬ de uma mesma espécie. Vale notar que este mecanismo não
ção pode ser alcan çada pela separação f ísica ou temporal dos apenas previne a autopolinização, mas também cruzamentos
gametas femininos e masculinos. entre indivíduos, que por chance, apresentam a mesma com ¬
A separa ção espacial dos gametas pode ser alcan çada por binação de alelos do gene S, independentemente do grau de
meio da dioicia ou da monoicia. Já a separação temporal é diferenciação genética no restante do genoma.
1

72 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

(A) (B) (Q ( A)

Rirental doador
de pólen
© © ©
Pólen

Parental doador
1
§
1 f
de óvulos

Progénie Nenhuma
©© ©©
©© Thrum
FIGURA 4.25 Consequências do sistema de auto-incompatibilidade
gametof ítico na produ ção de progé nie e na sua variabilidade genética.
( Fonte: Lewis 1949.)

Nos casos de auto-incompatibilidade monomórfica,


não h á diferenciação morfológica entre as flores de indiví ¬

duos incompatíveis. Duas categorias podem ser reconhecidas


dentro desse tipo de auto-incompatibilidade: gametoíítica óu
esporof ítica. Na auto-incompatibilidade gameto íí tica, o
sucesso reprodutivo é determinado pelo genótipo do pólen. Longa Média Curta
Se dois indivíduos apresentarem os mesmos alelos de auto- FIGURA 4.26 Heterostilia. (A) Posiçã o recíproca das anteras e do es¬
incompatibilidade, a polinização entre eles não será bem- tigma nos morfotipos p/n e thrum de uma planta distila. (B) As três for¬
sucedida (Figura 4.25). Se, no entanto, um ou ambos os alelos mas morfológicas de uma planta tr ístila, em que as anteras e o estigma
auto-incompatíveis diferirem, então alguns ou todos os cru ¬ estão posicionados em três diferentes n íveis. As setas indicam as dire ¬
zamentos resultarã o em zigotos. A auto-incompatibilidade ções de eventos de polinizaçã o compatíveis. ( Fonte: Ganders 1979.)
entre o indivíduo parental fornecedor do pólen e o indivíduo
parental potencialmente fornecedor dos óvulos é geralmente
reconhecida no estilete, onde o tubo polínico, cujo alelo S é cromossomo. Indivíduos do tipo thrum são heterozigotos
o mesmo que um dos alelos da planta provedora dos óvulos, (Ss), e indivíduos do tipo pin são homozigotos recessivos (ss),
simplesmente pára de crescer. portanto o cruzamento pin x thrum gera um nú mero igual de
Nos casos de auto-incompatibilidade esporof ítica, por indivíduos de ambos os morfotipos.
outro lado, é o genótipo da antera (esporófito) que determi ¬ O fenômeno da heterostilia é pouco frequente. É conhe ¬
na o sucesso reprodutivo dos grã os de pólen. Esta forma de cido para 24 famílias e é particularmente comum em Rubia-
auto-incompatibilidade ocorre em Asteraceae, Brassicaceae ceae, onde j á foi documentado para 90 gêneros. Ele pode
e em um número reduzido de outras famílias de angiosper- ser expresso na forma de dois (distilia; Figura 4.26A) ou três
mas, sendo menos comum do que a auto-incompatibilidade (tristilia; Figura 4.26B) morfotipos florais. A distilia, como em
gametofítica. Prí mula e diversas Rubiaceae, é consideravelmente mais co ¬
mum que a tristilia, que é conhecida para apenas três famílias
Heterostilia Heterostilia, ou auto-incompatibilidade hete- (Lythraceae, Oxalidaceae e Pontederiaceae).*
romórfica, é um sistema de auto-incompatibilidade esporof íti ¬
ca que também envolve diferenças estruturais nas flores. A exis ¬

tência de dois morfotipos florais em Prímula (Primulaceae) já é Inflorescê ncias, frutos e sementes
conhecida há muito tempo. Um desses morfotipos possui um Uma infloresc ência pode ser definida como o sistema
estilete longo e estames curtos, sendo chamado de pin (alfine ¬ caulinar que atua na formação de flores e que é modifica ¬

te, em inglês, referindo-se ao aspecto de alfinete do estilete) . O do apropriadamente para esta função (Troll 1964, traduzido
outro morfotipo apresenta um estilete curto e estames longos
por Weberling 1989: 201). A organização das flores em uma
que ultrapassam levemente em tamanho o tubo da corola. Este planta (forma e posição da inflorescência) é importante na
morfotipo é chamado de thrum (substantivo em Inglês que de ¬ identificação rotineira, assim como na determinação de re ¬

signa os fiapos da manga de alguns casacos, pela semelhança lações filogenéticas. A categorização dos diferentes tipos de
dos estames com os referidos fiapos) (Figura 4.26A).
Darwin (1877) demonstrou que este heteromorfismo está
associado à auto- incompatibilidade: apenas a polinizaçã o N. deT. Em português, o morío floral pin é denominado flor longisti-
la; o morío thrum é denominado flor brevistila. Nas flores tristflicas,
entre indivíduos de diferentes morfotipos florais é bem -su ¬

são encontradas flores longistilas, brevistiias, e existe ainda um morfo


cedida . O heteromorfismo é governado por um supergene, com estilete de compnmento médio que em português é denominado
formado por uma série de genes próximos ou ligados em um flor mesostila .
SISTEMáTICA VEGETAL 73

X x x x FIGURA 4.27 Inflorescências ( neste caso,


*•> racemos) subtendidos por diferentes tipos
c* de folhas ou br á cteas. Formas com e sem
•s N í brácteas sá o freqiientemente denominadas
k -' 2

"N
S
<* •s
4 . \

iAi?
racemos terminais devido à delimita ção ar
bitrá ria de inflorescências a partir da região
vegetativa correspondente ao ponto 1 na
figura. Racemos folhosos são geralmente
¬

*
s
considerados como formados por flores
- 1-
£ 2 axiiares e solitá rias devido à delimitação ar¬
1- bitrá ria de inflorescê ncias a partir da regi ão
vegetativa correspondente ao ponto 2.

Racemo sem Racemo com Racemo foihoso Racemo


brácteas brácteas com brácteas folhoso

inflorescência, no entanto, tem sido alvo de confusão devido Um dos tipos mais comuns de inflorescências determina ¬

à separa ção arbitrá ria entre as porções da planta portando das é a cimeira (ou tirso determinado), na qual os ramos la ¬
flores e suas regiões vegetativas adjacentes (Figura 4.27) . terais são geralmente compostos de unidades com três flores
Dois tipos principais e antagó nicos de inflorescências cada e opostos entre si (Figura 4.29) . As cimeiras podem as ¬

ocorrem em angiospermas. Nas inflorescências determina¬ sumir variados formatos devido às diferen ças em seu padrão
das (ou monotélicas), o eixo principal da inflorescê ncia apre ¬ de ramificação. Se os ramos da inflorescência são inicialmente
senta uma flor terminal; nas inflorescências indeterminadas monopodiais - ou seja, produzem diversos entrenós antes de
(ou politélicas) , a zona de crescimento produz apenas flores terminar em uma flor -, uma cimeira paniculiforme é gerada,
laterais ou inflorescê ncias parciais (agrupamentos de flores). a qual pode dar origem a uma cimeira racemosa a partir de
Inflorescências determinadas e indeterminadas típicas estão reduções subsequentes.
ilustradas na Figura 4.28 (ver também Weberling 1989). Os ramos laterais (paraclá dios) de cimeiras típicas ou de
A sequ ência de florescimento em uma inflorescê ncia de ¬ cimeiras paniculadas podem ser organizados alternadamente
terminada geralmente inicia-se com a flor terminal no topo (ou ou opostos dois a dois. Cimeiras escorpióides ou helicóides
centro) do agrupamento de flores, enquanto nas inflorescên ¬ são particularmente distintas pela sua forma enrolada, resul ¬
cias indeterminadas, a sequê ncia geralmente começa na base tante do aborto de uma das três flores de cada unidade da
(ou fora) desse agrupamento. Inflorescências determinadas são inflorescência.
geralmente ancestrais em relação às inflorescências indetermi ¬ Os tipos mais comuns de inflorescê ncias indeterminadas
nadas, e formas transicionais entre ambas são conhecidas. Di ¬ são os racemos, as espigas, os corimbos e as panículas (Figu ¬

versos tipos de inflorescê ncias determinadas e indeterminadas ra 4.30). Um racemo é uma inflorescência com um nico eixo
já foram descritos com base nos seus padrões de ramificação. portando flores pediceladas; uma espiga é bastante similar, di-

Florescência
principal
Flores

s terminais

Eixo principal

•s
*

•>
Ausência de
flores terminais

Co-fiorescê ncia

0
Eixo principal r <
/ /
1

Eixo terciário

Eixo
?
Fbracládio
\ de primeira
\ ordem
0 lA FIGURA 4.28 Representa çã o esque ¬

[secundário V Eixo secund


st ário má tica de inflorescências determinada
e indeterminada t í picas. Os cí rculos
/
Paradádio de representam flores; o seu tamanho in ¬

/ segunda ordem dica a sequ ê ncia de abertura das flores


Paradádio de ( de grandes a pequenas). As unidades
terceira ordem Ped ú nculo
individuais de inflorescê ncias determi ¬

Ped ú nculo nadas sã o denominadas paracládios;


uma inflorescê ncia indeterminada é
formada pela florescê ncia principal e
pelas florescê ncias secund á rias (co-
florescè ncias ). (Ver também Weberling
Determinada Indeterminada 1989.)
74 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

FIGURA 4.29 Alguns tipos comuns de inflorescê ncias de¬


.
terminadas Os c í rculos representam flores; o seu tamanho »t
indica a sequência de abertura das flores (de grandes a
pequenas ).

•s
\

Cimeira (= tirso determinado) Cimeira paniculada Cimeira racemosa Cimeira alongada


(= panícula de Weberling)

4
Cimeira helicoidal Cimeira escorpióide

ferindo pelo fato de as flores serem sésseis (sem pecíolo). Em


T Capítulo Umbela

O termo amento é usado para descrever qualquer inflo ¬

contraste, um corimbo é um racemo com os pedicelos das flo ¬ rescência alongada composta de numerosas flores, inconspí-
res mais basais alongados, o que resulta na disposição de todas cuas e polinizadas pelo vento. Este termo é impreciso quanto
as flores em um mesmo plano. Uma panícula é simplesmente à ordem de ramificação e ao arranjo floral: amentos podem
um racemo composto - ou seja, uma inflorescê ncia indetermi ¬
ser tanto simples quanto compostos, e também ser estruturas
nada que possui duas ou mais ordens de ramificação, com cada determinadas ou indeterminadas.
eixo portando flores ou novos eixos de ordem superior. Race - A maioria das inflorescências e flores solitárias origina-
mos ou cimeiras axilares podem apresentar um comprimento se de ramos jovens, mas algumas se originam de folhas
bastante reduzido, resultando assim em um fascículo. (produzindo flores ou inflorescências epifilas) ou em ramos
Tanto capí tulo quanto glomérulo são densos aglomera ¬
velhos e/ou troncos (produzindo flores ou inflorescências
dos terminais de flores sésseis. Esses tipos de inflorescências
caulifloras) . A epifilia geralmente (mas nã o sempre) é re ¬

podem resultar da agrega ção de flores tanto de inflorescên ¬


cias determinadas quanto indeterminadas. Em um capítulo sultado do deslocamento da gema durante sua ontogenia.
determinado, as flores perif éricas são as primeiras a abrir Nos estágios iniciais de crescimento, as células abaixo do
(compare as Figuras 4.29 e 4.30). Uma umbela é uma inflo¬ primórdio jovem da gema floral e do primórdio foliar adja ¬

rescência em que todas as flores geralmente possuem pedice ¬


cente dividem -se ativamente, fazendo com que a gema e a
los de tamanhos similares e que surgem de uma região nica folha desenvolvam -se como uma única unidade. Por outro
no ápice do eixo da inflorescê ncia. Umbelas são geralmente lado, a caulifloria é causada pelo desenvolvimento tardio das
indeterminadas, mas também podem ser determinadas (ver inflorescências, que irrompem através dos ramos ou tronco
Figuras 4.29 e 4.30). velhos.
Inflorescências simples, como racemos, espigas, umbelas Ftor vezes, as inflorescências são modificadas para escalar
e capítulos, possuem um nico eixo (ou seja, apenas uma ra ¬ outras plantas ao tomarem -se alongadas e enrolarem -se ou
mificação de primeira ordem). Já as inflorescências compostas desenvolvem porções adesivas, formando assim as gavinhas.
(p. ex., racemos e umbelas compostos, cimeiras, tirsos e paní- (As gavinhas, obviamente, podem também evoluir a partir de
culas) possuem ramificações de segunda ou mais ordens. folhas, e ramos lianescentes podem ser similares a gavinhas).
SISTEMATICA VEGETAL 75

FIGURA 4.30 Alguns tipos comuns de inflores-


cências indeterminadas. Os c írcuios representam
flores; o seu tamanho indica a sequência de aber ¬

tura das flores ( de grandes a pequenas).


%
í*
c %
< <L
%
r *

\
r "N f

Racemo Fbmcula (= racemo duplo) Tirso indeterminado Umbela Espiga


(infloiescência mista)

Espata

, Capítulo Corimbo Fascículo Espádice

Tipos de frutos terocarpus (Dipterocarpaceae) e os eixos de inflorescê ncia


O fruto é um ovário maduro, juntamente com suas estruturas
carnosos do figo (Ficus, Moraceae). Por fim, frutos tropicais
têm recebido pouca atenção em muitas classificações tradi ¬

acessórias (hipanto ou partes do perianto) . A enorme diver ¬

cionais de frutos.
sidade de tamanhos, formas, texturas, modos de abertura e
Neste livro, optamos por adotar um sistema artificial de
anatomia entre os frutos desafia os sistematas de plantas h á
termos descritivos de frutos, baseado na tradicional classifi ¬
muito tempo, e, como resultado, vários tipos de fruto já foram
ca ção de frutos proposta por Gray (1877) , Esse sistema tem
propostos. sido largamente utilizado e é baseado na textura do pericar-
Todo e qualquer sistema de classificação de frutos tem po, ou parede do fruto (carnoso, seco ou duro), no padrã o
de lidar com dificuldades consideráveis. O principal pro ¬
de deiscência ou indeiscência (tipo de abertura do fruto, ou
blema está na complexa e muitas vezes contínua variação ausência desse fenômeno), na forma e tamanho do fruto e no
observada na estrutura do fruto; van der Pijl (1972: 17) con ¬ número de carpelos e óvulos.
cluiu que o fruto é versátil demais e tem aspectos em ex ¬
Frutos simples (aqueles originados de uma flor única)
cesso para ser dividido em categorias estritas . Além disso, são divididos em duas categorias: (1) aqueles formados por
complexidades adicionais advê m da recorrente evolução um carpelo simples ou mais carpelos fusionados e (2) aqueles
paralela/ convergente de estruturas associadas ao fruto; fru ¬ formados a partir de carpelos separados de um gineceu úni ¬

tos funcionalmente similares surgiram independentemente co (frutos agregados) . As unidades individuais de um fruto
em diferentes linhagens de angiospermas a partir de tipos agregado podem constituir qualquer um dos tipos básicos de
similares e tipos diferentes de gineceu. Há casos também fruto na lista que se segue a esta discussão. Pbr exemplo, o
em que outras partes da flor (e até mesmo estruturas vege- fruto de Magnolia (Magnoliaceae) é um agregado de folículos,
tativas associadas), alé m do gineceu maduro, podem origi ¬
o de Atmona (araticum, fruta-do-conde, Annonaceae) é um
nar uma parte funcional do fruto. Exemplos dessas estrutu¬ agregado de bagas e o de Rubus (amora-do- mato, Rosaceae)
ras acessórias incluem o receptáculo carnoso e expandido é um agregado de drupas.
do morango (Fragraria, Rosaceae), o perianto carnoso de Se o fruto é formado pelo gineceu de duas ou mais flo ¬
espécies de Coccoloba (Pblygonaceae), o cálice alado de Dip - res próximas, é chamado de fruto m ltiplo. Da mesma
f
76 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

forma que em frutos agregados, os frutos individuais que cápsula indeiscente fruto seco e indeiscente, com poucas a
o comp õem podem constituir qualquer um dos tipos b á ¬
muitas sementes. Exemplos: Adansonia, Arachis, Berthol -
sicos de fruto que est ão listados após esta discussão. Por letia, Cassia (algumas), Crescentia, Kigelia, Medicago (al ¬

exemplo, o fruto do abacaxi (Ananas, Bromeliaceae) é um guns), Thespesia (algumas).


múltiplo de bagas, o da amora (Morws, Moraceae), um m l ¬ eariopse (grão) fruto seco, pequeno e indeiscente com uma
tiplo de drupas, e o do plátano (Platanus, Platanaceae), um parede fina e parcialmente fundida a uma semente única.
múltiplo de aquênios. O uso de termos adicionais, quando Exemplos: a maioria das Poaceae. (Ver Figuras 4.31C,D,
necessário (p. ex„esquizocarpos drupáceos, esquizocarpos 9.39 e 9.40.)
alados ou samaróides, c ápsula carnosa 1- seminada), é por drupa fruto carnoso e indeiscente no qual a parte extema é
nós encorajado. mais ou menos macia (a ocasionalmente coriácea ou fi ¬

Esta classificação é apresentada na forma de uma chave brosa) e a parte central cont ém um ou mais caroços pétre ¬

para uma série de definições. Eiçbora este sistema seja assu- os (pirênios) envolvendo as sementes. Exemplos: Aegle,
midamente arbitrário, a chave e as descrições apresentadas Arctostaphylos, Ceitis, Clerodendrum, Cocos, Cordia, Comus,
têm se mostrado úteis para o ensino e em trabalhos flor ísti- llex, fuglans, Licania, Melia, Myrsine, Nectandra, Prunus,
cos. (Para informações mais detalhadas sobre tipos de frutos, Psychotria, Roystonea, Rubus, Sabal, Scaveola, Syagrus, Ter-
ver Judd 1985; Weberling 1989; Spjut 1994.) minalia, Toxicodendron. (Ver Figuras 4.31L,M, 9.13, 9.82,
9.95, 9.113, 9.130 e 9.137.)
aquênio fruto pequeno, indeiscente e seco, com apenas drupa deiscente fruto comuma casca extema seca ou fibro ¬

uma semente protegida por uma parede fina e adpressa; sa a carnosa ou coriácea que se separa ou abre tardiamen ¬

também está incluído nesta categoria o fruto tipo cipsela. te, expondo um ou mais caroç os nuc óides recobrindo a(s)
Exemplos: Bidens, Carex, Ceratophyllum, Clematis, Cyperus, semente(s). Exemplos: Carya, Rhamnus (alguns), Sageretia.
Ficus, Fragraria, Flelianthus, Medicago (alguns), Qstrya, Pe- (Ver Figura 9.96.)
tiveria, Polygonium,Ranunculus, Rhynchospora,Rosa (aquê ¬
esquizocarpo fruto seco, raramente carnoso, derivado de
nios imersos em um recept áculo carnoso), Rumex, Sagit- um gineceu com dois ou mais carpelos que se divide em
taria, Taraxacum,Trifolium (alguns), Vernonia. (Ver Figuras segmentos (mericarpos) com uma ou algumas semen ¬

4.31A,B, 9.17, 9.58, 9.80 e 9.146) tes cada. Estes mericarpos também podem ser designa ¬

baga fruto indeiscente e carnoso, com uma ou poucas a dos como samaróides, aquenióides, drupóides e assim
muitas sementes. A porção carnosa pode ser ± homo ¬
por diante. Exemplos: Acer, Apium, Cephalanthus, Croton,
génea, ou a parte externa pode ser mais dura,í rgida ou Daucus, Diodia, Erodium, Euphorbia, Glandularia, Gouania,
coriácea; septos estão presentes em alguns frutos desse Heliconia, Heliotropium, Lamium, Lycopus, Malva, Ochna,
tipo, e as sementes podem ser ariladas (com uma expan ¬
Oxypolis, Salvia, Sida, Verbena. (Ver Figuras 4.31P,Q, 9.67,
são carnosa do funículo), ou possuir uma testa carnosa. 9.68, 9.112, 9.125, 9.135 e 9.139.) Frutos que apresentam
Exemplos: Actinidia, Annona, Averrhoa, Cananga, Citrus, fusão tardia de seus ápices não são considerados esquizo ¬

Cucurbita, Eugenia, Litchi , Miconia, Musa (algumas), Opun- carpos - por exemplo, Asclepias (folículos), Sterculia (foli-
'
tia, Passiflora, Phoenix, Púnica, Sideroxylon, Smilax, Solanum, culos), Ailanthus (sâmaras), Simarouba (drupas), Pterygota
Tamarindus, Vaccinium, Viris. (Ver Figuras 4.31G,H, 9.12, (sâmaras).
9.48, 9.52, 9.63, 9.100, 9.108 e 9.121.) folículo fruto seco, raramente carnoso, originado de um
cá psula fruto seco, raramente carnoso, formado por um gi ¬
carpelo simples e que se abre ao longo de uma única
neceu 2 a pluricarpelado que se abre de diferentes for ¬ fenda longitudinal; as sementes podem ser ariladas ou
mas para liberar as sementes. Frutos desse tipo podem ter com uma testa carnosa. Exemplos: Akebia, Alstonia, Aqui -
desde um a muitos lóculos; se 2-locular, ent ão a separa ¬
legia, Asclepias, Caltha, Grevillea, Magnolia, Nerium, Paeo-
ção não é persistente. Exemplos: Aesculus, Allium, Antir- nia, Sterculia, Zanthoxylum. (Ver Figuras 4.310, 9.47, 9.61,
rhinum, Argemone, Aristolochia, Begónia, Blighia, Campsis, 9.126 e 9.127.)
Clusia, Echinocystis, Epidendrum, Eucalyptus, Euonymus, legume fruto derivado de um carpelo único que se abre ao
Hibiscus, Hypericum,Ipomoea,Justicia, Lachnanthes, Lagers- longo de duas fendas longitudinais. Exemplos: muitas Fa -
troemia, Lecythis, Lyonia, Momordica, Oxalis, Papaver, Portu- baceae. (Ver Figuras 4.31N, 9.74, 9.75 e 9.76.)
laca, Rhododendron, Swietenia,Triodanis,Viola. (Ver Figuras lomento fruto seco originado de um carpelo único que se
4.31S, 9.32, 9.51, 9.55, 9.62, 9.71, 9.73, 9.109, 9.115, 9.116, fragmenta transversalmente em segmentos 1- seminado.
9.131 e 9.134.) Exemplos: Aeschynomene, Desmodium, Sophora.

.
FIGURA 4.31 Alguns tipos comuns de frutos (A) Aquênio com papus fruto em sec ção longitudinal; observe o ov ário ínfero e a semente (à
persistente, Scirpus tabernaemontani. (B) O mesmo fruto em secção .
direita). (L) Drupa com cúpula, Sassafras albidum (M) O mesmo fruto
longitudinal. O pericarpo é indicado pela área hachurada, o endos- em secção longitudinal; note o embrião com cotilédones grandes e
perma, pela área pontilhada, e o embrião, pela área central não-som- carnosos, plúmula e radícula. O endocarpo é indicado pela área ha ¬

breada;a testa da semente é muito fina para ser ilustrada. (C) Cariopse .
churada (N) Legume já aberto, Vida ludoviciana. (O) Folículos origina ¬

( grão), Panicum clandestinum. (D) O mesmo fruto em sec ção longitu ¬ dos a partir de uma flor 5-carpe!ar, Caltha palustris. ( P) Esquizocarpo,
dinal, com o embrião à esquerda e o endosperma indicado pelo pon ¬
Croton linearis. (Q) O mesmo fruto em sec ção transversal, evidencian ¬

.
tilhado. (E) Sâmara, Ulmus rubra (F) Noz com cúpula contendo uma .
do três sementes (R ) Síliqua, Lepidium virginicum. Note que o fruto se
única semente, Quercus alba. (G) Baga, Mosiera longipes. (H) A mesma abrirá ao longo do septo mediano para liberar as sementes. ( S) Cápsu ¬

baga em secção transversal, evidenciando as sementes numerosas. la aberta com sementes sendo liberadas,Salixcaroliniana. (Compilada
(I) Baga de Pondrus trifoliata em secção transversal, com as sementes a partir de diversas ilustrações de Generic Flora llustrations , cortesia
. .
envoltas em uma polpa (J) Pomo de Amelanchier laevis (K) O mesmo .
de Carroll Wood )
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SISTEMáTICA VEGETAL 77

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78 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Chave para Identificação de Tipos de Frutosa

1. Fruto originado a partir de uma ú nica flor 2


1. Fruto originado de várias flores agrupadas Fruto m ú ltiplo
[vá para 3 e corra a chave considerando o fruto todo como uma unidade individual]
2. Fruto nico (carpelo solit ário ou vários carpelos fusionados) Fruto simples [vá para 3]
2. Muitos frutos livres (muitos carpelos e livres entre si) Fruto agregado
[vá para 3 e corra a chave baseando-se nas unidades individuais do fruto]
3. Fruto que não se abre (indeiscente) 4
3. Fruto que se abre (deiscente) 13
4. Fruto carnoso (ao menos em parte) 5
4. Fruto seco 8
5. Fruto de textura mais ou menos homogénea (exceto pelas sementes), completamente carnoso Baga ?
5. Textura do fruto heterogénea 6
rgida ou coriácea; parte interna mais macia
6. Ffrrte externa do fruto firme, í Baga
6. Parte externa do fruto ± macia; parte interna papirácea, cartilaginosa ou írgida 7
7. Centro do fruto com 1 ou mais caroços duros (pirênios) recobrindo as sementes;
ovário ínfero ou súpero Drupa
7. Centro do fruto com estruturas papirá ceas ou cartilaginosas recobrindo as sementes;
ovário ínfero Pomo
8. Fruto com várias a muitas sementes Cá psula indeiscente
8. Fruto geralmente com 1 semente 9
9. Fruto alado Sâ mara
9. Fruto não-alado 10
10. Pericarpo espesso e pétreo; fruto geralmente grande Noz
10. Pericarpo fino; fruto menor 11
11. Pericarpo frouxo e livre da semente Utr ículo
11. Pericarpo firme, adjacente ou fusionado à semente 12
12. Pericarpo firme e adjacente, mas n ão fusionado à semente Aquênio
12. Pericarpo adnato (fusionado) à semente

"Ver Apêndice 2 para uma explicação sobre chaves dicotômicas.


Cariopse (grão)
1
noz fruto seco, indeiscente e relativamente grande, com ma de moldura, o replo, no qual as sementes est ão liga ¬
uma parede espessa e pé trea envolvendo uma semente das). Exemplos: diversas Brassicaceae. (Ver Figuras 4.31R
ú nica . Exemplos: Brasenia, Castanea, Corylus, Dipterocar- e 9.102.)
pus, Fagus, Nelumbo, Quercus, Shorea. (Ver Figuras 4.31F, utr ículo fruto pequeno, seco, indeiscente, com uma parede
9.91.) fina e membranácea que é frouxa e não- ligada com a sua
pomo fruto carnoso e indeiscente, no qual a parte externa ú nica semente. Exemplos: Amaranthus (alguns), Chenopo-
é macia e a parte central conté m estruturas papiráceas dium, Lemna,Ummium. (Ver Figura 9.54.)
ou cartilaginosas envolvendo as sementes. Exemplos: a
maioria das Rosaceae, tribo Pyreae . (Ver Figuras 4.31J,K,
9.81.) Sementes
sâ mara fruto seco, indeiscente e alado contendo uma ( ra ¬ A semente é um óvulo maduro que cont ém um embriã o e
ramente duas) semente (s). Exemplos: Ailanthus Bétula, . írequentemente tecidos nutritivos (endosperma, perisperma) .
Casuarina, Fraxinus, Liriodendrum, Myroxylon, Ptelea, Stig- O endosperma é um tecido geralmente triplóide gerado pela
maphyllon, Ulmus. (Ver Figuras 4.31E, 9.85 e 9.93.) uniã o dos dois núcleos da célula central do gametófito femi ¬

síliqua fruto originado de um gineceu bicarpelar, no qual nino (n úcleos polares ) com uma c élula espermá tica (ver a se
¬

as duas valvas separam-se a partir de um septo mediano ção sobre embriologia na pá gina 87) . O endosperma pode ser
persistente (disposto ao redor de uma estrutura em for ¬ homogéneo (uniforme em textura) ou ruminado (segmenta-
SISTCMáUCA VEGETAL 79

13. Fruto originado de um carpelo único 14


13. Fruto originado de um gineceu 2 a multicarpelar 16
.
14 Fruto deiscente ao longo de uma única sutura (fenda) Fol ículo
14. Fruto deiscente por duas ou mais suturas longitudinais, ou abrindo-se por suturas transversais 15
15. Suturas longitudinais Legume
15. Suturas transversais, com o fruto separando-se em segmentos com 1 semente cada Lomento
16. Fruto com uma casca externa seca /fibrosa a papirácea ou carnosa que se abre precoce ou
tardiamente; centro do fruto com caroço(s) pétreo(s) recobrindo a (s) semente(s) Drupa deiscente
16. Fruto sem caroço(s) pétreo(s) recobrindo a (s) semente (s), abrindo-se totalmente ou
dividindo-se em segmentos com 1 semente cada 17
17. Fruto dividindo-se em segmentos com 1 a poucas sementes cada (mericarpos) Esquizocarpo
17. Frutos abrindo-se integralmente e liberando as sementes 18
18. Fruto 2-locular, com as duas valvas separando-se a partir de um septo fino ao redor da
borda no qual as sementes estão ligadas S íliqua
18. Fruto com 1 ou vários lóculos, septos não persistentes quando o fruto é 2-locular Cá psula [vá para 19]
\ 19. Deiscência circuncisa (abrindo-se transversalmente), com o topo do fruto
destacando-se como uma tampa Cá psula circuncisa ( pixídio)
19. Deiscência não circuncisa 20
20. Fruto abrindo-se por poros, valvas ou dentes 21
20. Frutos abrindo-se longitudinal ou irregularmente 22
21. Frutos abrindo -se por uma é
s rie de dentes apicais Cá psula denticida
21. Cápsula abrindo-se por poros ou valvas (geralmente próximas do ápice) Cá psula poricida
22. Frutos abrindo-se irregularmente Cá psula anomalicida
22. Frutos abrindo- se longitudinalmente 23
23. Valvas separando-se a partir dos septos (partições entre os lóculos) Cá psula septífraga
23. Valvas permanecendo ligadas ao septo (ao menos parcialmente) 24
24. Frutos abrindo-se nos septos Cá psula septicida
24. Frutos abrindo-se entre os septos e dentro dos lóculos do ovário, ou fruto 1-locular Cá psula loculicida

do por fissuras e dobraduras, que crescem para dentro a partir estrutura e a presença de projeções nas células individuais
da testa da semente) . Ele pode conter amido, óleos, proteínas, que compõem sua superfície, e é muitas vezes colorida e
oligossacarídeos e/ou hemicelulose, e, quanto à consistência, carnosa.
pode variar desde rígido e seco a macio e carnoso. O peris- Algumas sementes encontram -se associadas a uma es¬
perma é um tecido nutritivo diplóide especializado, derivado rgida a macia, oleosa a carnosa, e comumente de co-
trutura í
do megasporângio. res fortes, chamada arilo. O arilo é geralmente uma projeção
A semente é recoberta pelo envoltório da semente, que do funículo ou do tegumento externo, embora às vezes este
se desenvolve a partir do(s) tegumento (s). As características termo seja restrito às estruturas derivadas exclusivamente
anatômicas desse envoltório são bastante variáveis. A testa do funículo, sendo aquelas derivadas do tegumento externo
desenvolve -se a partir do tegumento externo, e o tégmen, denominadas carúncula. As sementes portam uma cicatriz,
-
do tegumento interno. Os prefixos exo , meso- e endo- refe - chamada hilo, no ponto de ligação desta ao funículo.
rem -se aos tecidos originados a partir da epiderme externa, O embrião é constituído peio epicótilo, que dará origem
da porção mediana e da epiderme interna, respectivamen- ao caule; pela rad ícula, que formará a raiz primária e geral-
te, de cada um dos dois tegumentos. As sementes podem mente dá origem ao sistema radicular; pelo hipocótilo, que
apresentar diferentes formas e tamanhos, e por vezes estão conecta o epicótilo à radícula; e pelos cotil édones (folhas da
associadas com alas ou tricomas. A testa pode ser bastante plântula), que podem ser foliáceos, carnosos ou modificados
variável quanto a sua textura, fato este relacionado com a em estruturas absorventes de nutrientes.
r
80 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Dispersão de frutos e sementes losos, por um perianto modificado (como o papus das Astera -
A maioria dos tipos de frutos pode ser dispersa por uma varie ¬
ceae), por projeções da placenta, por expansões do funículo,
dade de agentes. Rartes diferentes do fruto, semente ou estru ¬ pelo alongamento do tegumento, por uma ala que se divide
turas associadas (pedicelo, perianto) podem ser modificadas ou por tufos de pêlos. Alas para a dispersão pelo vento po¬
e facilitar o processo de dispersão. A dispersão pelo vento, dem estar presentes em frutos ou sementes ou se desenvolver
a partir de estruturas acessórias (perianto, brácteas). Na dis
por exemplo, pode ser facilitada por (1) um tufo de pêlos nas
¬

sementes, como em Asclepias (Apocynaceae), cujos folículos persão do tipo roladora , uma porção considerável da planta
se abrem para liberar as sementes pilosas; (2) alas nos frutos, ou da inflorescência se quebra e é carregada pelo vento.
como nas sâmaras de Fraxinus (Oleaceae ); (3) tufos de pêlos Eventos de dispersão peia água ocorrem quando as se ¬

nos frutos, como em Anemone (Ranunculaceae), cujos aquê- mentes ou frutos são carregados pela chuva ou por correntes
nios possuem um estilete persistente portando tricomas alon ¬
de água. Estas sementes e frutos são em geral pequenos, se ¬
cos e duros e podem apresentar espinhos ou projeções qye
gados; (4) um perianto alado, como em Dipterocarpus (Dipte-
rocarpaceae), que possui nozes associadas às sépalas longas e agem como estruturas de ancoragem, uma cobertura viscosa,
aliformes; (5) uma associação da infrutescê ncia (inflorescên-
uma superfície externa impermeável, ou uma densidade bai¬
cia madura, com frutos) com uma bráctea expandida e em for ¬
xa que lhes permite flutuar em meio aquoso.
ma de ala, como em Tí lia (Malvaceae), cujos frutos são nozes;
Adaptações para o transporte na superfície externa de
animais incluem sementes e frutos pequenos com espinhos,
ou (6) hábito rolador como em Cycloloma (Amaranthaceae),
no qual a planta inteira é carregada pelo vento, dispersando
ganchos ou pêlos viscosos localizados rente ao solo e que se
desprendem facilmente da planta- mãe. Nesta categoria de
seus frutos pequenos durante os eventos de deslocamento.
dispersão, incluem -se também sementes ou frutos pequenos
A dispersão por aves, por sua vez, pode se facilitada por eírgidos que se aderem ao pé de aves aquáticas pela ação da
(1) uma superf ície da semente colorida e carnosa, como em lama, assim como carrapichos que aderem às patas de gran ¬
Magrtolia (Magnoliaceae), na qual os folículos agregados des mamíferos herbívoros. Outros frutos viscosos aderem às
abrem-se expondo as sementes; (2) frutos carnosos e indeis-
penas de pássaros e assim são dispersos.
centes, como em Solanum (Solanaceae), que possui bagas,
Frutos e sementes podem ser transportados no interior
Prunus (Rosaceae), que possui drupas, ou Amelanchier (Ro- de um animal (após sua ingestão) ou em sua boca. Esta cate ¬
saceae), que possui pomos; ou (3) fruto(s) associado(s) com goria pode ser dividida em subtipos de acordo com o tipo de
estruturas carnosas acessórias, como em Coccoloba (Polygo- animal dispersor:
naceae), que possui aquê nios envolvidos por um perianto
carnoso, Fragraria (Rosaceae), que possui aquênios imersos • Peixes dispersam alguns frutos ou sementes carnosos de
plantas que habitam as margens de rios ou áreas inun ¬
em um receptá culo expandido, carnoso e colorido, ou Hcrue - dadas.
nia (Rhamnaceae), que possui drupas associadas com pedice-
los carnosos e eixos de inflorescência.
• Tartarugas e lagartos transportam frutos carnosos que li ¬

beram odor. Esses frutos são muitas vezes coloridos e ge¬

Não é dif ícil perceber que estruturas funcionalmente si ¬ ralmente desenvolvem-se perto do solo ou desprendem -
milares em frutos podem ser derivadas de diferentes partes se da planta- mãe quando maduros. Alguns desses frutos
florais. Convergência (isto é, a origem de estruturas similares possuem uma casca dura; outros são í rgidos, mas contém
a partir de estruturas ancestrais muito diferentes) é um fenô ¬
sementes ariladas com testa camosa.
meno bastante comum em frutos, e frutos similares evoluíram • Pássaros podem dispersar frutos ou sementes ao carrega ¬
independentemente em diversas famílias de angiospermas. rem estes em seus bicos, ou ao esconderem e enterrarem
(Para informações complementares sobre dispersão de frutos, os mesmos. Algumas sementes viscosas aderem aos bicos
ver van der Pijl 1972 e Weberling 1989.) dos pássaros. Frutos ou sementes dispersos por pássaros
Alguns frutos ou sementes pesados simplesmente des ¬
geralmente possuem uma porção atrativa e comestível.
prendem -se da planta-mãe, caem no solo e lá permanecem. As sementes de alguns frutos carnosos evitam a ingest ã o
Esse tipo de dispersão, no entanto, não é comum e parece por pássaros mediante diversos mecanismos, como uma
ocorrer apenas em espécies que perderam seus agentes dis- parede pétrea, gosto desagrad ável ou a presença de com ¬

persores primários, como é provavelmente o caso da laranjei- postos tóxicos. Quando maduros, estes frutos apresentam
ra -de-osage (Maclura pomifera,Moraceae). cores sinalizadoras que atraem pássaros (normalmente
A dispersão pela própria planta-mãe geralmente ocorre vermelho contrastando com preto, azul ou branco); no
pela ação de mecanismos explosivos de liberação das semen ¬ geral, n ão possuem odor nem casca dura fechada (ou as
tes, frutos ou porções dos frutos pela intumescência da muci - sementes são expostas ou pendentes em frutos de con ¬
lagem da semente, por mudanças na pressão de turgor, ou por rgida) e permanecem ligados à planta- mãe.
sist ê ncia í
tecidos higroscópicos. Incluem-se também nesta categoria de Sementes coloridas e duras, que mimetizam os frutos co ¬
dispersão movimentos passivos dos diásporos (unidades dis- loridos e carnosos de outras espécies, dispersas por pás ¬
persoras funcionais) pelo vento, pela chuva ou por animais e saros, são bastante comuns.
unidades dispersoras rastejadoras, ou seja, frutos ou sementes • A dispersão por mamíferos não-alados est á em geral as¬
que se deslocam pelo movimento higroscópico dos pêlos. sociada ao forrageio e consumo intenso de frutos (espe ¬
Adaptações para o transporte pelo vento incluem semen ¬
cialmente nozes) e sementes. Frutos dispersos por estes
tes diminutas e similares a grãos de poeira; sementes com animais comumente apresentam um alto conte údo de
uma testa frouxa e saculiforme; utrículos, cálices ou brácteas óleo e são frequentemente carnosos, com núcleos duros
inflados; ou pericaipo com espaços aé reos internos. A disper ¬ ou cascas de textura í rgida ou coriácea que devem ser
são pelo vento pode ser facilitada por uma espécie de pluma abertas para expor os tecidos internos camosos, sementes
formada pelo estilete persistente, por apêndices longos e pi- ariladas ou com testas carnosas. As sementes podem ser
SISTEMáTICA VEGETAL 81

tóxicas, amargas ou com paredes espessas. O odor é mui¬ que frequentemente circundam e protegem o sistema vascular
to importante na atração de mamíferos, mas, no geral, as no caule e nas nervuras foliares. Células desse tipo variam no
cores não são essenciais. Os frutos geralmente despren ¬ padrão de organização e às vezes formam pontes conectando
dem-se da planta-mãe. as nervuras à epiderme abaxial e/ou adaxial. Esclere ídes são
• Frutos dispersos por morcegos compartilham muitas das células com paredes espessas e de diferentes formatos. Cé ¬
características listadas para mamíferos não-alados, mas lulas ou canais secretores e células contendo vários tipos de
geralmente encontram-se mais expostos na planta (p. cristais (discutidos na página 85) são em geral diagnósticas
ex., para fora da densa folhagem de uma árvore). Eles de alguns taxa. No colênquima, os ângulos da parede celular,
possuem cores pardas e um odor acidulado, de bolor ou em particular, apresentam um ac mulo de celulose.
rançoso, são geralmente grandes, carnosos e facilmente
digeríveis e permanecem ligados à planta- mãe. Xiiema e floema secundá rios
• Algumas sementes possuem arilos pequenos e comestí¬ A madeira ou lenho (comumente chamada de xiiema se ¬
veis (ou elaiossomos) e são dispersas por formigas.
cundário) é produzida pelo câmbio vascular, um cilindro de
Os mecanismos de dispersão dos frutos e/ou sementes células em constante divisão localizado próximo à casca de
são relatados para a maioria das famílias tratadas nos Capí¬ uma planta lenhosa. A madeira é uma mistura complexa de
tulos 8 e 9. células condutoras de água (traque í des e/ou elementos de
vaso), células com fun ção de suporte (fibras) e células vivas
que estendem-se da periferia para o centro do caule (raios)
Anatomia (Figura 4.32).
Características relacionadas à estrutura interna das plan ¬ Tanto as células condutoras de á gua como aquelas com
tas têm sido empregadas com finalidade sistemática há pelo função de suporte são mortas na maturidade, o que faz senti ¬

menos 150 anos, sendo de grande importância tanto na sua do uma vez que o citoplasma poderia interferir no transporte
identificação rotineira quanto na determinação de relações fi- de água. Estas células possuem paredes espessas formadas
logené ticas. Caracteres anatômicos podem ser investigados principalmente por celulose e lignina - a primeira uma lon ¬

com o auxílio de microscópio óptico, e muitos destes podem ga cadeia de moléculas de glicose, e a última um polímero
ser visualizados em laboratório com o emprego de técnicas complexo formada por subunidades fenólicas. Enquanto as
bastante simples. Caracteres observáveis com o auxílio de mi¬ coníferas e as Cycadales possuem apenas traqueídes para a
croscópio eletrónico de transmissão (TEM, sigla em inglês) são condução de água, as gnetales (Gnetum, Ephedra e Welwists -
frequentemente referidos como ultra-estruturais; já aqueles chia ) e as angiospermas geralmente possuem tanto traque ¬
observáveis com o auxílio de microscópio eletró nico de var¬ ídes como elementos de vaso. As angiospermas tendem a
redura (SEM, sigla em inglês) são freqúentemente referidos possuir elementos de vaso curtos e largos e com terminações
como micromorfológicos. Alguns caracteres importantes completamente abertas que se interconectam como tubos de
dessas três categorias são discutidos brevemente nesta seção. encanamento (formando um vaso), o que permite uma rápida
Vários tipos celulares distintos ocorrem nos diferentes te ¬ condução de grande quantidade de água .
cidos do corpo vegetal. Esclereídes e fibras são células com Muitos anatomistas (p. ex., Bailey 1944, 1951, 1957) con ¬
paredes espessas e lignificadas. Fibras são células alongadas sideram a existência de diferentes tipos de xiiema como está-

(D
i ®
m

(A) I (B) I (O . *
0)

:
* =2
=
.
i
.
*1
i
.
* â
E w. FIGURA 4.32 Alguns tipos celulares do xiiema secund á rio.
(A -
-D) Fibras. (E, F) Traqueídes, (G K) Elementos de vaso. (G)
Este tipo de elemento de vaso possui placas de perfuraçã o
escalariformes alongadas lateralmente (o padrã o em forma
de degraus nas aberturas nas extremidades da célula ) . (H) Este
elemento de vaso também apresenta placas de perfuraçã o
3S escalariformes, poré m as fileiras são reduzidas em n ú mero. (I )
Este elemento de vaso representa uma forma intermediá ria
entre H e J. (J, K) Estes elementos de vaso curtos e largos pos ¬
suem placas de perfura çã o simples. (Modificada de Radford et
al. 1974 e Bailey eTupper 1918.)
T

82 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

FIGURA 4J 3 Exemplos de plast ídios dos


.
elementos de tubo crivado ( A) Tipo S, com

m
muitos grãos de amido ( comum em diver¬
sas angiospermas ). (B ) Dracaena (Convalla -
riaceae ); Tipo P, com numerosos cristaloides S 4
cuneados ( em forma de cunha ). (C) Laurus
( Lauraceae ); conté m tanto prote í nas quan ¬ •*
to amido. ( D) Petiveria ( Petiveriaceae); Tipo *
P, com um cristaloide central de prote í na
circundado por filamentos protéicos. ( E)
Alternanthera ( Amaranthaceae);Tipo P, ape
nas com filamentos protéicos e sem crista ¬
loides. C, cristaloide protéico; F, filamentos
¬
f* * io *
%
.. *
protéicos; S, amido. ( Fonte: Behnke 1975 ). >
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F
li . <

gios intermediá rios ao longo da evoluçã o dos elementos de nheiras. Floema estratificado consiste em bandas alternadas
vaso; ou seja, uma série de transformações iniciando-se com de elementos de tubo crivado, juntamente com células com ¬
traqueídes longos e estreitos portando placas de perfuração panheiras, e fibras; plantas com este tipo de floema costu ¬
escalariformes oblíquas e culminando com elementos de vaso mam apresentar uma casca fibrosa.
curtos e largos portando placas de perfuração simples (Figura Tradicionalmente, tem-se dado muita ênfase na estrutura
4.32E- K). Carlquist (1988) enfatizou a conexão entre a estru ¬
dos plastídios presentes nos elementos de tubo crivado das
tura do xilema e sua função ecológica. angiospermas (Behnke 1972, 1975, 1977, 1981, 1991, 1994,
Dentre outros aspectos importantes da anatomia de ma ¬
2000), porque diferenças em sua estrutura têm sido correla ¬
deira, podemos citar os anéis de crescimento (bandas ou ca ¬
cionadas com os principais ciados, como as Monocotiledône-
madas na madeira produzidas pela variação sazonal na ativi ¬ as, Caiyophvllales e Fabaceae. Behnke reconheceu dois tipos
dade cambial) e a presença de diversas células especializadas principais de plastídios em elementos de tubo crivado: o tipo
contendo cristais, resinas, mucilagem ou látex. S, que acumula amido, e o tipo P, que acumula proteínas (ou
Diferentemente do xilema secundário, o floema secun ¬

proteínas e amido) (Figura 4.33).


dário fornece poucos caracteres de importância taxonômi-
ca. Existem dois tipos principais de células transportadoras
de carboidratos nas plantas vasculares: as células crivadas Anatomia nodal
e os mais especializados elementos de tubo crivado. Estes A anatomia nodal refere -se aos diferentes modos de conexão
últimos possuem uma placa crivada distinta e células compa ¬ dos elementos vasculares entre caule e folhas. A anatomia do
r

SISTEMáTICA VEGETAL 83

FIGURA 434 Alguns tipos de anatomia nodal.


( Modificada de Radford et al. 1974 ).
L a c u n a do ramo
fjfc y. Traço do ramo

r
Traço foliar
Lacuna foliar
Cilindro
vascular
- Traço foliar
Lacuna foliar

completo

!
Unilacunar, com 1 traço
(1:1)
%

Traço foliar
f mediano
í I
Traços foliares
laterais

\:

írilacunar, com 3 traços


(3:3) O
m
U
Unilacunar, com 2 traços Unilacunar, com 5 traços
t

Multilacunar
i

O Pentalacunar
Traço foliar
Xilema do caule

nó é bastante variável e, em gerai, possui grande significância las individuais, à espessura das paredes celulares e à ocorrên ¬

do ponto de vista sistemático. Uma caracter ística-chave é o cia ou não de papilas (projeções ou protuberâncias arredon ¬

número de lacunas foliares, ou interrupções parenquimá- dadas de células epidérmicas individuais) ou tipos variados de
ticas, criadas no sistema vascular secundário das angiosper- pêlos (tricomas; ver página 59). Algumas folhas possuem uma
mas pela saída dos feixes vasculares (traços foliares) para as hipoderme, formada por uma ou mais camadas diferenciadas
folhas. A configuração dessas lacunas foliares é usada como de células abaixo da epiderme. A cutícula, cobertura cerosa
referência na caracterização dos tipos nodais (Figura 4.34). sobre a epiderme, varia em espessura e textura. Diversos tipos
Os tipos nodais podem ser definidos em termos do n ¬ de cera (ceras epicuticulares) também podem ser deposita ¬

mero de traços presentes (feixes de tecido vascular) e do dos sobre a cutícula (Figura 4.35) (ver també m Behnke e Bar-
n mero de lacunas, ou seja, interrupções parenquimáticas thlott 1983; Barthlott 1990; Barthlott et al. 1998).
(espaços entre os feixes vasculares) . Par exemplo, um nó uni ¬ A epiderme cont é m poros, ou est ômatos, circundados
lacunar com um traço único pode ser descrito como 1:1; um por células-guarda especializadas que abrem ou fecham o
nó unilacunar e com dois traços será descrito como 2:1; e um poro a partir de mudan ças na sua pressão hídrica interna .
nó trilacunar com três traços será descrito como 3:3. Uma variedade de formas de estô matos ocorre nas plantas
vasculares. Os est ômatos são geralmente classificados com
base na organização de suas células subsidiárias (células
Anatomia foliar epid é rmicas associadas ao estômato e morfologicamente
As folhas são extremamente variadas do ponto de vista ana ¬ distintas das demais c élulas epidérmicas) entre si e com as
t ômico, variação esta que fornece diversos caracteres de im ¬ células-guarda. É importante notar que uma mesma confi ¬

portância sistemática (Carlquist 1961; Dickison 1975; Stuessy gura çã o de células subsidiárias pode originar-se a partir de
1990) . diferentes padrões de desenvolvimento; estudos desses pa ¬
A epiderme (camada externa da folha) varia quanto ao drões contribuem na interpreta ção da relevância filogen ética
número de camadas celulares, à forma e ao tamanho das célu ¬ da forma dos estômatos.
1
84 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

M& Ss
C3, a rota fotossintética mais comum em plantas verdes e na
qual compostos com três átomos de carbono são os produ ¬

tos imediatos da fixação do dióxido de carbono, tipicamente


possuem uma camada clorenquimatosa distinta de células
í em paliçada organizadas em uma a diversas fileiras de células
abaixo da epiderme foliar. Já as folhas que fazem fotossíntese
do tipo Cv rota fotossintética na qual compostos com quatro
átomos de carbono são os produtos imediatos da fixação do
dióxido de carbono, possuem bainhas clorenquimatosas pro¬
SP eminentes revestindo os feixes vasculares (anatomia Kranz)
(Rathnam et al. 1976).
Si O xilema e o floema podem estar organizados de dife ¬
rentes maneiras no pecíolo e na nervura principal de uma
folha (Figura 4.37) (ver Howard 1974 para maiores detalhes) .
Estes padrões de organiza ção são melhor visualizados e es¬
10 )im tudados com a preparação de cortes transversais do pecíolo.
FIGURA 4.35 Cera epicuticular do tipo Strelitzia - secreções grandes
Usualmente, diversos cortes seriados são necessá rios, por ¬

e massivas compostas de subunidades em forma de bastonetes - em que o padrão organizacional do xilema e do floema freqúen -
folha de Latania (Arecaceae). (Fotografia de Y. Renea Taylor, utilizada temente muda da base ao ápice do pecíolo e ao longo da
com autorizaçã o). nervura primária.

Estômatos anomocí ticos são circundados por um n ¬ Estruturas secretoras


mero pequeno de células que são indistinguíveis, em tama ¬ Muitas espécies de plantas possuem células especializadas
nho e forma, das demais c élulas epidérmicas. Outros tipos ou grupos de c élulas que produzem látex, resina, mucilagem
de estômatos apresentam células subsidiárias reconhecíveis ou óleos essenciais (Metcalfe 1966; Metcalfe e Chalk 1950) .
e em diferentes arranjos (Figura 4.36). Os estômatos podem Látex é um fluido mais ou menos opaco e leitoso ou colorido
ser circundados por um anel ou proje ção cuticular de forma ¬ (geralmente amarelo, alaranjado ou vermelho, mas às vezes
tos variados ou estar imersos em criptas ou cavidades. verde ou azul) produzido por células especializadas denomi ¬

Caracteres relacionados aos tecidos internos das folhas nadas laticíferos. Os laticíferos podem estar localizados no
também são importantes. O mesofilo pode ser diferenciado tecido parenquimático de qualquer parte do corpo vegetal,
em uma camada paliçádica e outra esponjosa, e o número de mas especialmente no caule e nas folhas, e podem ocorrer
camadas celulares em cada camada pode variar. A distribui¬ isoladamente ou em séries, neste último caso formando ca ¬
ção e forma das células do mesofilo e a presença ou ausência nais ramificados ou n ã o. O látex contém uma grande varie ¬
de espa ços intercelulares també m podem ser caracter ísticas dade de metabólitos secundários em solu ção e suspensão e é
de cunho diagnóstico. um elemento importante na prevenção da herbivoria.
A estrutura interna da folha está correlacionada à bioqu í ¬ Algumas espécies de plantas produzem resinas (hidro-
mica da fotossíntese. Folhas que fazem fotossíntese do tipo carbonetos aromáticos que endurecem quando oxidados)

>oi
#@ Anomocítico Diacítico ftracítico
K+l
Ciclocítico Arusocítico

FIGURA 4.36
Raratetrar
ítico
O
ítico
Perit

Alguns tipos importantes de estô matos.


# Annparacítico Pblot
ítico
ar

SISTEMáTICA VEGETAL 85

Traços de nervura

Arco achatado com


O
Qlindro vascular medular
9 %

Três traços livres Arco achatado com


m

traços da nervura traços dorsais

m~
%

••* O Placa interna


à medula
1

Muitos traços livres Cilindro medular com Arco com terminações invaginadas Cilindro medular com placa
dispostos em anel placa dorsal no interior da medula
Feixes medulares

Ísr )/I :: :
t Mé
t •-•• •


• •
/

im .
: ;;

*V' • *•
-
-iVcv.y .V,; . £
'
,
, mM :
Traços livres formando Feixes livres dispostos em U Muitos traços livres dispostos Cilindro medular aberto com
anéis concêntricos em anel com feixes medulares traços de nervuras laterais

FIGURA 437 Tipos principais de vascularizaçã o do pecíolo (secções


transversais diagramá ticas na altura da base da lâ mina foliar). (Modifi ¬

cada de Radford et al. 1994.)

ou mucilagem (fluidos viscosos) em células isoladas, ca ¬ (chamadas de litocistos); os cistólitos geralmente possuem
vidades especializadas ou canais. Os óleos essenciais ou grande importância na sistemática. O material calcário pre ¬

aromáticos são compostos orgâ nicos e aromá ticos alta ¬ sente nos cist ólitos encontra -se na forma de pequenas par ¬

mente voláteis produzidos por células esf éricas especiali ¬ tículas amorfas.
zadas e distribuídas esparsamente no mesofilo ou em cavi ¬
dades criadas por lise celular ou pela separação de células
adjacentes. Em folhas, estas células ou cavidades aparecem
como glândulas pelúcidas quando vistas contra a luz. A (A) (B)

m
presen ça ou ausência de lá tex, resinas, mucilagem e óleos
essenciais e a forma e distribuição dos laticíferos e canais
ou cavidades secretoras possuem, no geral, um grande valor
taxonômico. ..vi
G
Cristais
Cristais sã o comuns em plantas vasculares, est ão usual ¬
(C) (D)
mente no interior das células e podem assumir formatos
variados (Figura 4.38) . Em geral, eles são formados por oxa-
lato de cálcio, carbonato de cálcio ou sílica. Drusas (grupos
de cristais esf éricos), raf ídeos (cristais em forma de agulha)
m
s>
e grãos de cnstal são os tipos mais comuns. Corpos sili -
cosos, em especial, sã o taxonomicamente muito importan ¬
tes em monocotiled ôneas. Corpos calcificados denomina ¬ FIGURA 438 Tipos de cristais. (A ) Drusa. ( B) Forma prismá tica. (C ) R á-
dos cistólitos às vezes ocorrem em células especializadas fides. (0) Cistóiito.
v

86 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Floema
Xilema Fibras
Xilema .. .
Medula .
Câmbio
vascular
Córtex

Floema m-IÉll
É

Sistema vascular primário em Crescimento secundário regular Sistema vascular primário em


um caule de dicotiIedônea em um caule de dicotiledônea um caule de monocotiledônea

Cavidade secretora

.. .
pSsífi 1

Feixes vasculares Floema interno Feixes vasculares


bicolaterais medulares

O
Feixes vasculares corticais Xilema e floema concêntricos Xilema fissurado
e alternando entre si
FIGURA 4.39 Diferentes padrões de organizaçã o do xilema e do floema no caule.

Organiza çã o do xilema e do floema no caule danos causados pelo enrolamento e dobramento do caule. Os
O caule da maioria das plantas com sementes apresenta um termos a seguir descrevem diferentes padrões anatômicos, a
anel de xilema e floema primários {como evidenciado em cor¬ maioria destes relacionada ao crescimento secundá rio:
tes transversais; Figura 4.39). Os tecidos vasculares primários
formam-se a partir da diferenciação de células advindas do eixos mais ou menos achatados ou sulcados o caule é acha ¬

meristema apical, a zona de células em atividade de divisã o tado ou sulcado devido à atividade desigual do câmbio
no ápice de um ramo. O anel de feixes produzido é chama ¬
vascular
do de eustelo. Em espécies lenhosas, uma camada de células feixes vasculares corticais os feixes dos traços foliares que
meristemáticas, o câmbio vascular, desenvolve-se entre o xi¬ correm longitudinalmente no córtex do caule antes de
lema e o floema e aumenta a espessura do caule ao produzir juntarem -se ao sistema vascular do caule
xilema secundário para o lado interno do ó rgão e floema se ¬ feixes vasculares medulares feixes vasculares presentes na
cundário em direção à periferia do caule. Este é o padrão re ¬ medula de um caule
gular de crescimento secundário em angiospermas e plantas floema incluso faixas de floema embebidos no xilema se ¬
com sementes em geral. cundário
As monocotiledôneas, por outro lado, não possuem câm ¬ floema interno floema primário na forma de faixas ou um
bio vascular, nem apresentam crescimento secundário; os seus anel contínuo (conforme visto em secção longitudinal do
caules possuem feixes vasculares organizados esparsamente, caule) no limite interno do xilema; o xilema é assim la ¬

e cada feixe contém xilema e floema. Algumas angiospermas deado por floema tanto na sua superf ície externa quanto
possuem outros padrões variados de crescimento secundário, na interna. Nas espécies que n ão apresentam crescimento
chamados de an ómalos (ilustrados na Figura 4.39) . Estes pa ¬ secundário, o desenvolvimento do floema interno resulta
drões anómalos são frequentemente encontrados em plantas na presen ça de feixes vasculares bicolaterais; ou seja,
suculentas, nas quais permitem o seu rápido crescimento em os feixes vasculares do cauie possuem floema tanto no
espessura, e em lianas, nas quais aumentam a resistência aos lado interno quanto no lado externo do xilema.
SISTEMáTICA VEGETAL 87

xilema e floema alternadamente concê ntricos camadas de pétalas livres entre si, são gamopétalas no início do desen ¬
xilema e floema altemam-se no caule devido à a ção de volvimento floral e, dessa forma, acredita -se que evoluíram
uma série de câmbios vasculares a partir de ancestrais gamopétalos. Outros estudos também
xilema fissurado xilema interrompido pelo crescimento de têm demonstrado que ovários súperos e ínferos podem ser
floema ou tecido parenquimático formados a partir de diferentes padrões de desenvolvimento;
por exemplo, algumas flores apresentam um desenvolvimen ¬

Anatomia floral e desenvolvimento to hipógino com um ápice floral convexo, enquanto outras
apresentam um desenvolvimento apendicular/epígino com
A organização dos tra ços vasculares em flores é em geral, (
um ápice côncavo (Soltis et al. 2003).
bastante útil na interpretação de estruturas vestigiais e da
homologia de partes em flores altamente modificadas. A
modificação extrema de estruturas florais é particularmente
problemática em flores muito reduzidas ein geral agrupadas Embriologia
entre si, processo este associado à evolução da polinização Esporos, gametófitos e gametângios apresentam tendê ncias
pelo vento, como em Betulaceae (ver Capítulo 9) . A organi ¬ evolutivas bem definidas nas plantas vasculares (Tabela 4.2) .
zação dos traços vasculares no gineceu pode muitas vezes ser Esporófitos produzem esporos em esporângios . A maioria
utilizada para indicar o n mero de carpelos, sobretudo em gi ¬ das licófitas e samambaias (ver Capítulo 8) produz apenas
neceus que possuem os carpelos completamente fusionados um tipo de esporo e, portanto, são homosporadas. Os seus
e placentaçao central-livre, apical ou basal. gametófitos são completamente independentes do esporó-
A posição dos primórdios florais (partes ou órgãos florais fito (ver Figura 8.1), produzem ambos os tipos de gametas
no início de seu desenvolvimento) e a sua sequ ê ncia de inicia ¬ (oosfera e anterozóide) e são desde conspícuos (cerca de 1
ção também possuem grande importância taxonômica (Evans cm de diâmetro), verdes e fotossintetizantes a curiosas es ¬

e Dickison 1996). Estudos ontogenéticos são importantes truturas subterrâneas saprofíticas que se nutrem de organis ¬

para a determinação de homologias de partes florais. Por mos mortos com o auxílio de fungos associados. Os gametas
exemplo, algumas flores com estames numerosos possuem são armazenados e protegidos em estruturas especializadas
os primórdios estaminais posicionados em espiral, enquanto, no interior dos gametófitos denominados gametângios; os
em outras flores, os primórdios estão condensados em cinco gametas femininos nos arquegônios e os masculinos nos
ou dez grupos. Além disso, os primórdios estaminais podem anter í dios.
se iniciar de forma centrí peta (da periferia para o centro) ou Plantas heterosporadas, que incluem alguns poucos
centrífuga (do centro para a periferia). Esta variação suge ¬ gêneros de licófitas e samambaias e todas as plantas com
re que a presença de muitos estames evoluiu repetidas vezes sementes, possuem dois tipos de esporângios. Os megaspo-
nas angiospermas. rângios contêm megásporos que se desenvolvem em me-
Estudos do desenvolvimento da corola também têm-se gagametófitos (gametófitos femininos, ou sacos embrio¬
mostrado particularmente informativos (Leins e Erbar 2003). nários) e os microsporângios contêm micrósporos que se
Em algumas flores gamopétalas, a corola desenvolve-se a desenvolvem em microgametófitos (gametófitos masculi ¬

partir de um primórdio anelar que posteriormente dá origem nos). A heterosporia está diretamente correlacionada a três
aos lobos da corola, enquanto, em outras flores gamopéta ¬ idaptações dos gametófitos. Primeiramente, os gametófitos
las, os lobos da corola sã o iniciados precocemente. Estudos são pequenos e desenvolvem-se no interior dos esporos, em
ontogenéticos têm indicado que algumas flores, como as :ontraste com os gametófitos grandes e independentes das
de Apiaceae e de diversas Ericaceae, que aparentam ter as demais traqueófitas que liberam os seus esporos. Segundo,

TABELA 4J Caracter ísticas gerais dos esporos, gametófitos e gametâ ngios dos principais grupos de traqueófitas
Dependência do Gametâ ngio
gametófito em rela çã o Tamanho do gametófito ( anter ídios e
Grupo
3
Heterosporia ao esporófito (em células) arqueg ônios)

Lycopodiaceae, Equisetaceae, Não Nenhuma Milhões (macroscópico) Ambos presentes


Psilotaceae e a maioria das
samambaias leptosporan-
gjadas
Selaginellaceae, Isoetaceae e Sim Quase completa Milhares (gametófito femini ¬ Ambos presentes
samambaias leptosporan - no); às vezes menos de 100
giadas aquáticas (Marsilea- (gametófito masculino)
ceae e Salviniaceae)
Coníferas, Cicadales, ginkgoá- Sim Completa Milhares (gametófito femi ¬ Apenas arquegônios
ceas e Gnetales nino); poucas (gametófito presentes
masculino)
Angiospermas Sim Completa Cerca de 7 (gametófito femini Ambos ausentes
¬

no); 3 ou menos (gametófito


masculino)
Ver Capítulo 8 para mais informações sobre outros grupos que não as angiospermas e Capítulo 9 para as angiospermas.
88 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

os dois tipos de gametófitos são especializados: o megaga- gura 4.40; ver também Figura 4.17) . O óvulo desenvolve-se
metófito é maior e provido de uma reserva de nutrientes, en ¬ em uma semente, enquanto o tegumento desenvolve-se na
quanto o microgametófito é menor e passível de dispersão. parede da semente.
Por fim, os gametófitos são nutricionalmente dependentes O megasporângio é o local em que ocorre a divisão meió-
do esporófito. A redução no tamanho do gametófito continua tica geradora do megásporo. Em pelo menos 70 % das angios¬
nas plantas com sementes e está associada com a ausência permas, a meiose resulta em quatro megásporos haplóides,
de anterídios discemíveis nas coníferas e plantas relaciona ¬ dos quais três degeneram. O quarto megásporo sofre três di ¬
das e com a perda completa de anter ídio e arquegônios nas visões mitóticas subsequentes e produz um megagametófito
angiospermas. com oito núcleos e sete células (Figura 4.41) . Tipicamente, a
As características embriológicas das licófitas, samambaias oosfera e duas outras células (as sinérgides ) agrupam-se pró¬
e grupos relacionados, coníferas, ginkgos, Cycadales e Gne- ximas à micrópila, e uma célula com dois n cleos (os n cleos
tales são discutidas no Capítulo 8. Nesta seção, optamos por polares) posiciona -se no centro do gametófito. Três c élulas
focar nas caracter ísticas dos óvulos das angiospermas, me- antípodas (cujas fun ções não sã o inteiramente conhecidas)
gagamet ó fitos, embriões e endosperma, bem como na aga - permanecem próximas ao final do gametófito e em posição
mospermia . oposta à micrópila. Algumas angiospermas basais, no entan ¬
to (p. ex„Nymphaeaceae, Uliciaceae), apresentam o megaga ¬

Ó vulos e megagamet ófitos metófito formado por apenas uma oosfera, sinérgides e um
núcleo polar único. O megagametófito maduro é circundado
O óvulo é um megasporângio envolto por uma ou duas pela parede do megasporângio, que em angiospermas é cha ¬

camadas protetoras (tegumentos) e ligados à parede do mada de nucelo (Figura 4.41) . 0 nucelo pode ser formado
ovário por uma estrutura pedunculada (o funículo) . Os te ¬
por apenas uma at é várias camadas de células.
gumentos recobrem o óvulo quase totalmente, deixando O tubo polínico penetra o megagametófito através da mi ¬
apenas uma pequena abertura, a micrópila, através da qual crópila e libera dois núcleos espermáticos. Um desses núcleos
os tubos polínicos usualmente penetram no megasporân ¬

fertiliza a oosfera formando um zigoto diplóide, a primeira


gio. Os óvulos podem ser classificados de acordo com a sua célula da próxima geração esporof ítica. O outro núcleo esper-
curvatura. Em um óvulo ortótropo, os eixos do óvulo e do mático geralmente funde-se com os dois núcleos polares da
funículo formam uma linha reta, enquanto um óvulo aná- célula central para formar o endosperma primário triplóide;
tropo encontra -se invertido em 180° em relação à posiçã o em algumas angiospermas basais, no entanto, este núcleo
ortótropa. Um óvulo campilótropo, por sua vez, possui o funde -se com o único nú cleo polar presente, gerando um
seu eixo curvado em 90° em relação ao eixo do funículo (Fi-
endosperma primário diplóide (Williams e Friedman 2004).
Este processo de dupla fertilização que dá origem ao endos¬
Ortó tropo perma é exclusivo das angiospermas. A função das demais
Miaópila células do megagametófito é incerta, embora se saiba que as
sinérgides facilitem a fusão dos gametas em algumas espé ¬
7 Tegumentos cies. Outros tipos menos comuns de megagametófitos estão
restritos a certos gêneros ou famílias de angiospermas.

Embri ã o e endosperma
O embrião e o endosperma são os dois principais compo ¬
nentes das sementes das angiospermas. O desenvolvimento
Campilótropo

Megagametófito (saco Antípodas


Funículo embrionário maduro) '
Micrópila
Anatropo
Cé lula
central Núcleos
Funículo polares
Sinérgides
Oos-era

I
Fbrede do
'
Tegumento megasporângio
vi
Micrópila
m J :I a i r i
mtemi i
Micrópila -VU .
(nucelo)

(ped únculo) Tegumento


externo
FIGURA 4.40 Três tipos comuns de posições do óvulo (em secção
longitudinal). FIGURA 4.41 Esquema de um óvulo maduro (em secção longitudinal).
SISTEMáTICA VEGETAL 89

Cotil édones Cotilédone


Envoltório da semente
em desenvolvimento
\
Ápice
caulinar
(epícótilo)
's
Embrião I
Ápice
da raiz Ápice caulinar
I
Sf.i
m i
- Raiz

Embrião de Embrião de
CÒtiledones SfcÁ dicotiledô nea monocotiledô nea
. - .. X
FIGURA 4.43 Compara ção entre os embriões de dicotiledô neas e
monocotiledô neas. ( Modificada de Gifford e Foster 1988.)

Endos primário produz duas células: uma divide-se pouco, enquanto


celular *
as células derivadas pela divisão da segunda formam a maior
parte do endosperma.
O endosperma pode ser completamente absorvido pe ¬
v los cotilédones do embrião antes do seu amadurecimento,
como na ervilha, no feijão e na nogueira (algo que você pode
facilmente confirmar ao observar o desenvolvimento dessas
sementes). Os cotilédones dessas sementes exalbuminosas
FIGURA 4.42 Secçã o longitudinal da semente de Capsella ( Brassica- assumem o papel do endosperma na nutrição da plântula.
ceae ), mostrando o embri ão e o endosperma. ( Fonte: Gifford e Foster Exemplos de sementes maduras com endosperma conspí¬
1988. Copyright W.H. Freeman; utilizada com autorizaçã o).
cuo são os grãos de cereais - como o arroz, o trigo, o milho
e a cevada - e as sementes de palmeiras. O endosperma do
do embrião varia consideravelmente no grupo. O embriã o milho é a fonte da pipoca, e o endosperma do coco (Cocos
maduro consiste em um eixo, no qual uma das terminações nucifera ) constitui a popular á gua de coco (endosperma
constitui a raiz (radícula) e a outra o caule (epicótilo) (Fi ¬ nuclear antes da formação das paredes celulares) e a polpa
gura 4.42). branca do coco (endosperma após a formação das paredes
Quando dois cotilédones estão presentes, o ápice caulinar celulares) .
encontra-se entre ambos, conforme ilustrado na Figura 4.42.
Plantas com este tipo de embriã o são chamadas de dicoti- Agamospermia
ledôneas e por muito tempo foram consideradas um grupo Algumas espécies de plantas produzem embriões sem a ge ¬
taxon ômico, embora hoje se saiba que representam um grupo ração de gametas haplóides e sem fertilização. Este fenôme ¬
parafilético. Nas monocotiledôneas, o ápice caulinar é late ¬ no é denominado agamospermia (a = sem; gamo = gametas;
ral e posiciona-se próximo ao único cotilédone (Figura 4.43). sperma = semente).*
Quando a semente germina e o embrião inicia o seu desen ¬
Existem duas formas principais de agamospermia. Na
volvimento em plântula, o cotilédone ou cotilédones muitas primeira, uma célula diplóide funciona como megásporo e
vezes crescem e tomam-se verdes e fotossintetizantes. Alter¬ produz um gametófito com o n úmero de cromossomos so ¬
nativamente, eles podem permanecer abaixo do solo e não se máticos. Megagametófitos desse tipo são, no geral, simila ¬
desenvolver além de seu estágio embrionário. res em aparência aos gametófitos advindos de megásporos
O endosperma é um tecido especializado das angiosper- haplóides. A oosfera desenvolve-se em um embrião sem
mas que fornece nutrientes para o embrião em desenvolvi ¬
que ocorra fertilização, um processo denominado parteno-
mento e, em muitos casos, também para a plântula. O núcleo gênese . A segunda forma de agamospermia, a embrionia
do endosperma primário pode dividir-se inúmeras vezes sem adventícia, é conhecida melhor nas plantas cítricas (Citrus,
a forma ção de paredes celulares. Na maioria das espécies Rutaceae) e é rara nos demais grupos de angiospermas.
com este tipo nuclear de desenvolvimento do endosperma, Nesta forma, o embrião desenvolve-se diretamente a partir
as paredes celulares são formadas posteriormente. Já no tipo de uma célula somática dentro do óvulo sem a formação de
celular de desenvolvimento do endosperma, a formação de um gametófito.
paredes celulares ocorre desde o seu está gio inicial. No tipo
helobial de desenvolvimento do endosperma, que caracteri- * N. deT. A etimologia correta é a = sem; gamo = união; sperma = game ¬

za a maioria das monocotiledôneas, o núcleo do endosperma tas, ou seja, sem união de gametas.
T"
'

90 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

O melhor mé todo para a detecção de agamospermia é o A adição ou perda de um ou dois cromossomos inteiros
estudo do desenvolvimento do megásporo para determinar é referida como aneuploidia . Exemplos de aneuploidia em
se este é derivado de divisões mitóticas ou meióticas. A distri¬ Clarkia e Lantana são discutidos na página 91. A presenç a de
buição taxonômica e a relevância sistemática da agamosper ¬
três ou mais conjuntos de cromossomos em células somáticas
mia são discutidas no Capítulo 6. é chamado de poliploidia. Um poliplóide familiar a todos
nós é o trigo (Triticum aestivum ), que possui seis conjuntos
completos de cromossomos. Em Triticum, x = 7, e o núme ¬
Cromossomos ro cromossômico de T. aestivum é ln = 6 x = 42. Indivíduos
O n mero de cromossomos muitas vezes representa, por si poliplóides sã o diferenciados pelo número de conjuntos cro ¬
mossômicos que eles contêm. Triplóides contêm três cópias
só, um caráter de importância sistemática. Números cromos-
sômicos similares podem indicar relações de parentesco pró de um mesmo cromossomo; tetraplóides, quatro (e, por isso,
ximo; números cromossômicos distintos muitas vezes geram
¬

-
denominados tetra ); pentaplóides, cinco; e hexaplóides, seis.
isolamento reprodutivo a partir da fertilidade reduzida dos A adição de conjuntos cromossômicos inteiros pode
híbridos gerados. O tamanho dos cromossomos, a posição ocorrer tanto em células somáticas quanto em gametas. Por
dos centrômeros, padrões de bandeamento e outras carac - exemplo, se o núcleo de uma célula que dá origem a um ramo
terísticas també m podem ter importâ ncia do ponto de vista florífero não se divide durante a mitose, então o número de
sistemá tico. cromossomos naquele ramo é automaticamente dobrado.
Mais comumente, a poliploidia resulta da produção de game ¬

tas sem redução no número de cromossomos. Se, por exem ¬


N úmero cromossômico plo, um gameta feminino não-reduzido (2ri) é fertilizado por
O menor número de cromossomos nas células somáticas de um gameta masculino reduzido ( ri), o zigoto será triplóide
uma planta é o seu número diplóide, geralmente designado (3n). Se a planta que se desenvolve desse zigoto triplóide pro
¬

2n. O arroz, por exemplo, possui um número diplóide de 24. duzir um gameta feminino triplóide que seja fertilizado por
O genoma diplóide consiste em dois conjuntos cromossômi ¬
um gameta masculino haplóide, a prole gerada será tetraplói-
cos complementares, um destes advindo do doador do óvulo de. Os aspectos evolutivos e sistemá ticos da poliploidia são
(maternal) e o outro advindo do doador de pólen (paternal) . discutidos no Capítulo 6.
Um único conjunto cromossômico, que representa o número Existem duas formas principais de poliploidia. A auto-
cromossômico haplóide, está presente nos esporos e game- poliploidia é resultado da união de três ou mais conjun ¬
tas (núcleo espermático e oosfera). O nú mero haplóide ( ri) do tos cromossômicos da mesma espécie (por isso o prefixo
arroz é igual a 12. -
auto ); já a alopoliploidia é resultado da união de dois ou
O n úmero ancestral haplóide hipoté tico (geralmente o mais genomas diferentes (por isso o prefixo alo- ). Devido às
número mais baixo) em um grupo de plantas, como um gê ¬ suas divergências, cromossomos de diferentes genomas com
nero ou família, é designado número básico (r) . Em Bétula , frequê ncia não pareiam entre si. Em indivíduos diplóides e
por exemplo, x = 14, e o número diplóide ancestral hipotético alopoliplóides, há sempre duas có pias de cada cromossomo,
do gênero é, portanto, 2n = 28 (Tabela 4.3). e, na meiose, os dois cromossomos hom ólogos pareiam-se
Os números cromossômicos de angiospermas variam de para formar um bivalente . Indivíduos autopoliplóides con ¬
-
2JI = 4 (p. ex., Haplopappus gracilis,Asteraceae) a 2n = 250 ( Ka têm três ou mais homólogos de cada cromossomo, e o pa-
lanchoe, Crassulaceae). As samambaias (ver Capítulo 8) apre ¬
reamento de mais de dois cromossomos formando multi-
sentam números cromossômicos anormalmente altos, sendo valentes é uma possibilidade. A formaçã o de multivalentes
o maior conhecido 2n 1.440 em Ophioglossum reticulatum. O
= gera gametas com números cromossômicos desbalanceados
conhecimento sobre os números cromossômicos é limitado e problemas de esterilidade.
em diversos grupos a um pequeno conjunto de espécies e é O pareamento cromossômico entre genomas de diver¬
geralmente obtido a partir de uma pequena amostragem de sas origens varia de nulo (em alopoliplóides) a total (em
indivíduos dentro de cada espécie. autopoliplóides), com uma gradação completa de estágios

TABELA 4.3 Exemplos de variação no número cromossômico em traqueófitas


Táxon Fam ília 2/1
Asplenium trichomanes Polypodiaceae
subsp. trichomanes 72
subsp. quadrivalens 144
Lycopodium e gêneros relacionados Lycopodiaceae -
34-36, 44 48, 68, 136, 260, 272
Bétula Betulaceae 28, 42, 56, 70, 84
Lantana Verbenaceae 18, 22, 24, 27, 33, 44, 48, 72
Vicia Fabaceae 10, 12, 14, 24, 28
Pvreae Rosaceae 34, 51, 68
Todos os gêneros Pinaceae 24
r

SISTEMáTICA VEGETAL 91

TABELA 4.4 Exemplos de plantas polipl ó ides e os seus respectivos n meros cromossômicos 2n
Espécie Tipo de poliploidia 2fl
Taraxacum,officinale, dente-de-leão Alotriplóide 21
Nicotiana tabacum, tabaco Alotetraplóide 48
Gossypium barbadense, algodão Alotetraplóide 52
Vaccinium corymbosum Alotetraplóide 48
Bétula papyrifera Alopentaplóide 70
Triticum aestivum, trigo Alohexaplóide 42
Lythrum satiçaria " Autotetraplóide 60
Phleum pratense Auto - hexaplóide 42
Outros níveis de ploidia são conhecidos para esta espécie.

intermediários correspondendo aos níveis intermediários de cromossomos de C. biloba . As duas espécies diferem ape ¬
de divergê ncia gené tica. Dessa forma, é melhor considerar nas no tamanho das pé talas, poré m os híbridos entre estas
a autopoliploidia e a alopoiiploidia como extremos em um apresentam fertilidade muito baixa. Mudan ças de aneuploi ¬
contínuo de variação. Alguns exemplos de plantas poliplóides dia como estas, no entanto, nem sempre levam à especiação,
estão citados na Tabela 4.4. A autopoliploidia aparentemente como Claytonia virginica e outras espécies com mais de um
é menos comum do que a alopoiiploidia. número cromossômico podem atestar.
O número cromossômico geralmente é constante em O gênero Lantana pode ser considerado como um bom
uma espécie, embora exce ções a esta generalidade sejam exemplo da utilidade taxonômica dos números cromossô ¬

frequentes. O n ú mero cromossômico, por vezes, é constante micos (ver Tabela 4.3). Este grupo de arbustos tropicais é de
dentro de grandes grupos. Em Andropogoneae, uma gran ¬ dif ícil categorização taxonômica devido à ocorrência de aneu ¬

de tribo de Poaceae que incluiu Zea, Sorghum e muitas outras ploidia, poliploidia, hibridização e limites genéticos pouco
-
gramíneas forrageiras, o número básico x l O é constante; na definidos. Existem dois números básicos (11 e 12) e talvez um
grande maioria das cerca de 1.000 espécies da tribo Pyrae, x = terceiro (9) no gênero. Espécies diplóides, com 2n = 22 ou 24,
17; por fim, praticamente todos os membros de Pinaceae são servem de base para a formação de poliplóides, especialmen ¬

diplóides ( 2n = 24) . te tetraplóides (2n = 44 ou 48) . Triplóides (2n = 33 ou 36) são


Em algumas espécies, o número cromossômico é diverso resultados de cruzamentos entre diplóides e tetraplóides.
sem nenhuma variação morfológica correlata. Autopoliplói- O n ú mero básico 12 caracteriza Lantana seção Calliore -
des, por exemplo, por vezes não diferem morfologicamente as, e x = 11, registrado para Lantana seção Camara, pode ter
dos seus progenitores diplóides e, por isso, sã o rotineiramen ¬ evoluído por aneuploidia a partir de x = 12. Diversas sinapo-
te incluídos na mesma espécie. Os indivíduos diplóides (2n = morfias aparentes sustentam a monofilia da seção Camara,
14) de Tolmiea menziesí i (Saxifragaceae), que cresce no norte porém a seção Callioreas assemelha-se notavelmente a Lippia,
da Califórnia e sul de Oregon, nos Estados Unidos, e os in ¬ um grande gênero da mesma família e proximamente rela ¬
divíduos tetraplóides (2n = 28) de T. menziesii, que cresce do cionado. Estudos adicionais são necessários para elucidar as
centro de Oregon at é o Alasca, são muito similares morfolo ¬ relações entre estes grupos.
gicamente. Já na espécie Claytonia virginica (Bortulacaceae), No nível específico, estudos cromossômicos tê m contri ¬

que ocorre no leste da Amé rica do Norte, a aneuploidia é re ¬ bu ído para os estudos morfológicos em Lantana. A maioria
corrente: existem 50 números diplóides conhecidos para esta dos triplóides apresenta alguns cromossomos que não pa -
espécie, variando de 2n = 12 a 2n - 191. reiam como bivalentes na meiose. Ao invés disso, ocorrem
Quando associadas a variações morfológicas, as diferen ¬ como univalentes (cromossomos solitários para os quais não
ças no número cromossômico podem ser reconhecidas taxo- há homólogos) e multivalentes. A presen ça de univalentes
nomicamente, como nas subespécies de Asplenium trichoma - corrobora a hipótese sustentada pela morfologia da origem
nes (ver Tabela 4.3). Espécies contidas em gê neros diversos híbrida de vários dos triplóides.
diferem no nível de ploidia. Algumas bé tulas ( Bétula, Betula- A citologia tem fornecido caracteres-chave para a eluci ¬
ceae ) da Amé rica do Norte, por exemplo, incluem diplóides dação dos relacionamentos entre as espécies de Lantana se ¬

(2n - 28: B. populifolia e B. cordifolia ), tetraplóides (2n = 56: B. ção Camara da Flórida, Estados Unidos. Estudos baseados em
cordifolia e B. papyrifera ), pentaplóides (2n = 70: B. papyrifera ) morfologia identificaram inicialmente duas espécies ocorren ¬
e hexaplóides (2n = 84: B. papyrifera ) . tes nesse Estado: a nativa L. depressa e o tetraplóide introdu ¬

Diferen ç as no n mero cromossômico entre espécies ge ¬ zido, L camara . Estudos cromossômicos, combinados a outros
ralmente levam à redução na taxa de fertilidade em híbridos dados, identificaram três variedades diplóides em L depressa
e na criação de barreiras interespecíficas. Clarkia biloba (Ona- na Flórida (Figura 4.44), cada uma formando híbridos com L.
graceae) é uma espécie amplamente distribuída e variável na camara. Neste exemplo em particular, os números cromossô¬
Califórnia, onde é endémica, e apresenta n = 8. Clarkia lingu - micos se mostraram cruciais para a melhor compreensã o da
lata (n = 9) possui um cromossomo adicional que é derivado complexa sistemá tica deste grupo de Lantana .
T*

92 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STCVENS & DONOGHUE

FIGURA 4.44 Rela ções entre es ¬


pécies de Lantana na Fl órida. ( Fon ¬
te: Sanders 1987 a.)
mm
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m
mT «
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m $$$ Bi
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1 mà
m

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1
L. depressa
A var. depressa * 7
vai. floridana *
* var . sanibelensis
intermediária ?, vars.
floridana tk sanibelensis o
km
A Híbridos com L. camara
o Híbridos com L. camara
ir Híbridos com L. camara

Estrutura dos cromossomos


O n mero, o tamanho e as caracter
ísticas estruturais dos cro ¬
y st *
mossomos constituem o chamado cari ótipo, que pode ser til
(
4
na delimita ção de taxa. Os cromossomos diferem n ão apenas
em tamanho, mas também no comprimento de seus dois bra ¬

ços (Figura 4.45) . A localização do centrômero, a região do


cromossomo onde se ligam as fibras do fuso que separam as

7
crom á tides durante a divisão celular, determina se os braços
são mais ou menos iguais ou desiguais em comprimento.
A combina ção do tamanho geral do cromossomo e da lo ¬

calização do centrômero permite a individualização dos cro ¬

mossomos componentes de um genoma. Outras distinções


entre os cromossomos podem ser detectadas com o uso de
técnicas de coloração de bandas cromossômicas. O mapea - FIGURA 4.45 Cromossomos de Callisia fraqrans (Commelinaceae), no
mento gen ô mico, uma abordagem fascinante que pode em qual 2n = 12. Cada estrutura representa um par de cromossomos ho¬
breve causar um grande impacto em estudos sistem á ticos, é m ólogos. Alguns centrò meros estã o indicados por setas. ( Fonte: Jones
discutido no Capítulo 5. e Jopling 1972.)
SISTEMáTICA VEGETAL 93

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FIGURA 4.46 ( A ) Mitose em Rheo spathacea (Commelirtaceae ), na é um par ( um bivalente) de cromossomos homólogos. A esfera parcial
qual 2 n = 12. Cada estrutura consiste em duas moléculas de DNA du- logo acima do centro da figura é o nud éolo, onde os ribossomos sio
plicadas (crom á tides-irm ãs). ( Fonte: Jones e Jopling 1972.) (B) Meiose .
produzidos ( Fonte: Campbell 1983.)
em Andropogongyrans (Poaceae), noqualn = 10 (x 940); cada estrutura

Métodos para o estudo dos cromossomos Palinologia


A determinaçã o do número de cromossomos e outras carac- A palinologia é o estudo do pólen e dos esporos. Ambos
terísticas do cariótipo é um componente rotineiro da sistemá- s 0 similares
| em tamanho, mas os esporos representam o
tica vegetal. O número cromossômico pode ser estudado em início da geraçã o gametofítica, enquanto os grãos de pólen
células em processo de divisão tanto mitótica quanto meióti- sao 0s microgametóôtos maduros. As camadas externas do
ca (Figura 4.46). A mitose é comumente observada em células pólen e dos esporos, no entanto, são equivalentes e geral-
dos ápices de raiz em crescimento ativo, mas outros tecidos, mente contêm um composto especial, a esporopolenina,
como as pétalas em expansão, também podem ser usados. que resiste à degradação por substâncias químicas variadas,
Células em meiose são estudadas com mais frequência do bactérias e fungos, alé m de contribuir na preservação do pó-
que as em mitose porque fornecem mais informações sobre jen e os eSp0r0S em sedimentos. Fbr tais razões, tanto o
as relações entre os genomas. Microsporócitos, as células pólen quanto os esporos tê m grande importância em estu ¬

que dão origem ao pólen, são usualmente selecionadas para os paieobotânicos.


estudos meióticos, porque são mais fáceis de trabalhar do que QS eSp0r0S das lic ófitas e monilófitas (samambaias e
os megasporócitos, além de serem facilmente removidas das grupos relacionados) são discutidos em maiores detalhes no
anteras e ocorrerem em grande número. Capítulo 8; aqui, o foco da discussão será o pólen. Antes dis-
Protocolos de estudos cromossômicos incluem a colora- so p0rém, discutiremos brevemente o desenvolvimento da
ção de células com o emprego de corantes específicos para antera
cromossomos, como o carmim. O amolecimento dos tecidos
facilita a separação e quebra das células, permitindo que os
cromossomos fiquem separados e possam, assim, ser indivi- Desenvolvimento da antera
dualizados para a contagem. Um estudo cromossômico bem- A maioria das anteras é formada por quatro microsporângios
sucedido pode requerer uma dose considerável de habilidade organizados em pares. A parede da antera é formada por vá-
e paciência, porque os cromossomos podem ser pequenos e rias camadas, sendo que a mais interna, o tapete, desempe-
numerosos e porque pode ser difícil coletar material durante nha um papel crucial no desenvolvimento dos micrósporos
a fase correta da meiose. (Os métodos são explicados melhor e do pólen. Quando o pólen está maduro e as condições do
em Darlington e La Cour 1975 e Sessions 1990.) ambiente são propícias, as anteras se abrem e liberam o pólen
Atualmente existem procedimentos rápidos para estimar armazenado,
o conteúdo de DNA nuclear, o que muitas vezes está inti- A abertura, ou deiscência, da maioria das anteras de an-
mamente relacionado com o nível de ploidia. Com a aplica- giospermas se dá a partir de uma fenda longitudinal em cada
ção desses procedimentos, é possível amostrar um grande lado da antera entre os microsporângios pareados (deiscên-
número de indivíduos para verificação do conteúdo de DNA cia rimosa, ou longitudinal) . Em algumas poucas famílias,
nuclear e, com base no conhecimento sobre o número cro- como Ericaceae e Melastomataceae, o pólen é liberado por
moss mico em uma amostragem menor de indivíduos, ao uma pequena abertura ou poro no ápice da antera (deiscên-
menos inferir o nível de ploidia (ver, por exemplo, Dickson cia poricida), enquanto em outras famílias, como Lauraceae,
et al. 1992; Cox et al. 1998; Obermayer et al. 1999; Talent e o pólen é liberado quando a antera se abre através de valvas
Dickinson 2005). (deiscência valvar) .
r
94 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STIVENS & DONOGHUE

Estrutura do pólen, viabilidade


e métodos de estudo Vista Vista
Os grãos de pólen podem ser liberados pela antera individu- polar lateral
almente ou em aglomerados de dois, quatro ou muitos. Em
muitas espécies deApocynaceae (p. ex„Asclepias ) e de Orchi-
daceae, o pólen é agregado em massas chamadas de pol í ne -
as. Os menores gr ãos de pólen conhecidos possuem cerca de
(A) Monocotpado (monossuleado)
©
10 pm de diâmetro, enquanto os maiores (em Annonaceae)
apresentam um diâmetro de 350 pm. Em relação à forma, os (B) Monoporado
grãos de pólen variam desde esféricos a alongados (19 x 520
pm em algumas Acanthaceae).
As duas caracter
ísticas estruturais mais importantes dos
grãos de pólen são as aberturas e a parede externa. As aber¬
turas são áreas na parede do pólen por onde os tubos po -
línicos emergem durante a germinação. Os grãos de p ólen
geralmente são descritos de acordo com o formato dessa(s)
(C) Tricolpado

©
© ©
abertura(s) . Aberturas do tipo colpado (também referidas
(D) Tricolporado
como sulcadas quando posicionadas no pólo) são longas e
sulcadas (Figuras 4.47A,C,E e 4.48A) . Aberturas do tipo po-
rado são arredondadas e em forma de poro (Figuras 4.47 3 e
4.48C,D,E,G,H) e as do tipo zonado têm um formato de anel
ou faixa. Aberturas do tipo colporada combinam o sulco das
aberturas colpadas e o poro das aberturas poradas (Figuras
4.47D,F e 4.48B). As aberturas podem estar localizadas nos
(E) Policolpado
©©
pólos ou no centro do grão de pólen (Figura 4.48A,D), ou po

©©
¬

dem estar mais uniformemente distribuídas sobre a superfície (F) Policoiporado


do grão (Figura 4.48E,G,H).
A natureza e o número de aberturas são constantes em FIGURA 4.47 Alguns tipos de abertura dos grãos de pólen. (Adapta
muitos taxa . Grãos de pólen monossulcados (ver Figuras
¬

da de Gifford e Foster 1988; Faegri e Iverson 1950.)

A) ; E)

v
%
/
* '

i
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&
Magnolia grandiflora (Magnoliaceae) Scaevoia glabra (Goodeniaceae ) Chenopadium oahuense (Amaran- Pereskia grandifolia (Cactaceae) com
Monossuleado ( x500) Tricolporado (xl .050) thaceae ) Poliporado ( x 2.800) 12 aberturas em forma de fenda (xl.200)

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yp. *- * > %
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Oryza sarivo (Poaceae) Cucumis sativus (Cucurbitaceae)
.
Monoporado ( xt 400) Tnporado ( x 700)
Ipomaea wolcortiana (Convolvulaceae) .
/ wolcottiana superfície: espinhos, poros
Poliporado ( x 550) germinativos, perfurações no teto ( x 1.500)
FIGURA 4.48 Imagens de microscopia eletr nica de varredura de pos de abertura e ornamenta çã o da superf í cie. ( Fonte: Gifford e Foster
tipos representativos de grãos de pólen , mostrando os diferentes ti ¬
1988; fotos originais de J. Ward e D. Sunnell.)
SISTEMáTICA VEGETAL 95

Tectado Infectado

Perfuração

Sexina •
Teto J
i1
(
J L J \I I/ \ \I I n no
Exina Columela \ j í
(báculo)
J 1 I 1 /\ \ \
:
Nexina Camada basal

Intina

t pica de um grã o de pólen de angiosperma (exina e intina ).


FIGURA 4.49 Secçã o transversal de parede í
( Adaptada de Gifford e Foster 1988.)

4.47A e 4.48A) caracterizam diversos prováveis grupos de an - ralmente examinada com o uso de microscópio eletr ónico
giospermas basais lenhosas de Magnoliales. As monocotile- de transmissão.
dôneas também apresentam pólen monossuicado na maioria
de seus representantes. Em contraste, os membros de um dos
maiores ciados de angiospermas - as eudicotiledôneas - pos ¬
Metabólitos secundá rios
suem grãos de pólen tricolpados ou tipos derivados deste
(ver Figuras 4.47C,D e 4.48B,D) .
Caracteres bioquímicos de plantas são empregados na ta-
xonomia há pelo menos 100 anos e, de forma indireta - por
A superf ície da parede externa do pólen, ou exina, pode
meio do uso de odores, gostos e aplicações medicinais -, há
ser mais ou menos lisa, como em várias espécies polinizadas
muito mais tempo. Compostos químicos têm sido largamente
pelo vento (ver Figura 4.48C,D), ou variavelmente ornamen ¬
utilizados na sistemática vegetal, tanto para análises de varia
¬

tada com espinhos, estrias, rugosidades, nós e outros tipos


ção infra-específica (ver Adams 1977; Harbone eTumer 1984)
de projeções, como na maioria das espécies polinizadas por
quanto na determinação de relações filogené ticas entre famí ¬

animais (ver Figura 4.48E - H). Estas projeções da superf ície,


lias e outros grandes grupos taxon ômicos (ver Dahlgren 1975,
que promovem a adesão do pólen aos animais polinizadores, 1983; Gershezon e Marby 1983) .
representam uma rica fonte de caracteres sistemáticos. Os Em geral, a ênfase no emprego desses caracteres est á na
sistematas de plantas têm feito uso rotineiro de detalhes da determinação da ausência ou presença de determinado com ¬

estrutura interna da exina como caracteres ú teis em diferen ¬

posto em um dado grupo.'Vários compostos, no entanto, po ¬

tes categorias taxonô micas (Figura 4.49). dem ser formados por meio de diferentes vias biossintéticas,
Durante o desenvolvimento do pólen, o núcleo dos mi-
por isso muita atenção tem sido dada atualmente na eluci¬
crósporos se divide em uma pequena célula generativa e dação dessas vias. Duas categorias principais de compostos
uma célula vegetativa consideravelmente maior. A célula
químicos de import ância sistemática podem ser reconheci ¬
vegetativa direciona o crescimento do tubo polínico, e a cé ¬
das: compostos que não participam de funções metabólicas
lula generativa usualmente divide-se formando dois n cleos essenciais na planta, chamados metabólitos secundários, e
espermáticos no interior do tubo em crescimento. Em algu ¬
as moléculas que desempenham funções essenciais na plan ¬

mas poucas angiospermas, incluindo algumas tricolpadas e ta: proteínas, DNA e RNA. As proteínas são discutidas no fi ¬

monocotiled ôneas, a célula germinativa forma os dois núcle ¬ nal deste capítulo, e o uso taxonômico do DNA e do RNA é
os espermáticos antes da deiscência da antera, sendo o pólen
apresentado em detalhes no Capítulo 5.
liberado no estágio 3-celular. A maioria dos metabólitos secundários funciona na defe ¬
O pólen varia grandemente quanto ao seu per íodo fun ¬ sa contra predadores e patógenos, como agentes alelopáticos
cional (viabilidade) após ser liberado pela antera. A viabi ¬
ou como elementos atrativos na polinização e na dispersão
lidade é consideravelmente afetada pela temperatura e umi - dos frutos (Swain 1973; Levin 1976; Cronquist 1977). As ca ¬
dade, poré m a influência desses fatores depende do grupo tegorias principais de metabólitos secundários são discutidas
taxonômico em questão. Fbr exemplo, enquanto o pólen das brevemente a seguir, e aspectos importantes de sua ocorrên ¬
gramíneas é de vida curta, permanecendo às vezes viável por cia em angiospermas são destacados. (Para informações mais
minutos ou horas, o pólen de espécies de outras famílias per ¬
detalhadas sobre as categorias de metabólitos secundários e
manece viável por até alguns anos, se armazenado adequa ¬ seu uso taxonômico, ver Gibbs 1974; Young e Seigler 1981;
damente. A viabilidade pode ser avaliada por meio do teste Gershenzon e Marby 1983; Goodwin e Mercer 1983; Harbor-
da capacidade de germinação do pólen, da sua atividade me ¬
ne 1984; Harbome e Tumer 1984; Kubitzki 1984; Giannasi e
tabólica (enzim ática) ou da presença ou n ão de citoplasma. Crawford 1986; Stuessy 1990) .
Características da exina são evidentes quando o gr ão
de pólen é examinado em microscopia eletrónica de varre ¬

dura (ver Figura 4.48). Com este procedimento, a imagem Alcaloides


é formada a partir de feixes de elétrons. A estrutura interna Alcaloides são compostos estruturalmente diversos (Robin -
do pólen, especialmente a da exina (ver Figura 4.49), é ge ¬ son 1981) e derivados do ácido mevalônico ou de diferentes
I

I
T

96 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

FIGURA 4.50 Esrutura de alguns alcaloides importan ¬ (A) (B)


tes. (A) Um alcaloide secologâ nico. ( B) Um alcaloide tro - N CH3
pâ nico. (C, O) Alcaloides benzil isoquinol í nicos. N
N
H

CH2OH

H3CO-C
CH o-c-c T\
H
OCH II H
O
Corinanteína Hiosciamina
(Corynanthe, Rubiaceae) (Datara, Solanaceae)

(C) H3CO (D)


Y OCH3 HjCO

H 3CO) ' J%A /


N-CH3 H3C-N- OCH, H,CO M CH.3

OCH3 \ H3CO
OCH,
Ocotensimina Taiicarpina
(Corydalis, Fbpaveraceae) ( Thalictrum, Ranunculaceae)

aminoácidos, a partir de diversas rotas biossintéticas. Como amarelos ou púrpura da maioria das demais plantas são anto-
característica comum, eles apresentam atividade fisiológica cianinas (um grupo de flavonóides) (Figura 4.51C,D).
em animais, na maior parte dos casos mesmo em concentra ¬
As betalaínas e as antocianinas sã o mutualmente exclu ¬

ções muito baixas, e vários são rotineiramente utilizados na sivas: elas nunca foram encontradas conjuntamente na mes ¬

medicina ( p. ex „ cocaína, morfina, atropina, colchicina, quini ¬ ma espécie. Estes dois tipos de pigmentos, que ocorrem nas
na e estricnina). Algumas poucas classes de alcaloides são re ¬
partes do perianto, sã o obviamente importantes na atração
presentadas na Figura 4.50 (ver também Li e Willaman 1976). de polinizadores, mas também podem estar presentes nos
Alcaloides indólicos da classe da secologanina (Figu ¬
ramos novos, no caule, nos frutos e até mesmo nas raízes de
ra 4.50A) ocorrem somente em Apocynaceae, Gelsemiaceae, algumas espécies, e provavelmente desempenham funções
Loganiaceae e Rubiaceae, todas pertencentes à ordem Gen - adicionais, como a absorção de raios ultravioleta e proteção
tianales. Alcaloides tropânicos (Figura 4.50B) ocorrem em contra a herbivoria.
diversas famílias de angiospermas,
poré m tipos similares sã o caracte-
rísticos de Solanaceae e Convolvu- (B)
laceae, ambas pertencentes à or¬
Gc O ©
dem Solanales. Alcaloides benzil N COO ©
isoquinol ínicos (Figura 4.50 C, D) ©
ocorrem em diversos membros de 'COO0
Magnoliales, Laurales e Ranuncula-
les, assim como em Nelumbonaceae.
Outros grupos, como os alcaloides,
isoprenóides e alcaloides pirroli- HOOC COOH
zidínicos, est ã o presentes em di ¬
H
versas famílias n ã o relacionadas de HOOC 'N'' v
COOH Indicaxanhna
angiospermas e por isso possuem H
reduzido valor sistemático. Betaína

(Q
Betala ínas e antocianinas © / OH :
+
o / \
Betalaínas são pigmentos nitroge - OH
nados vermelhos ou amarelos (Figu ¬
.
ra 4.51A B) de ocorrência restrita às
famílias de Caryophvllales, com exce ¬
VOH
OH
"
OH

ção de Carvophyllaceae e Mollugina- Delfinidina Apigenindina


ceae (Clement et al. 1994 ). Por outro
lado, os pigmentos azuis, vermelhos, FIGURA 4.51 Estrutura de algumas betalaínas ( A, B ) e antocianinas (C, D) importantes.

i
SISTEMáTICA VEGETAL 97

CH3 CH C S Glc O
1 11 II
CH3 N OSO3©
U H2C=CHC (C=Q2CH2 CH=CH(CH2)5CH=CH2
IsopropilglucosinoLato Dehidrofalcarmona
('Trcpaeolum,Tropaeolaceae) { Artemí sia,Asteraceae)

FIGURA 4.54 Estrutura de um importante poiiacetileno.


i< >r-CH 2 CH2 C S Glc
N OS03© Poliacetilenos
2-Feniletilglucosinolato Os poliacetilenos (Figura 4.54) são um grande grupo de me-
( Rorippa, Brassicaceae)
tabólitos secundários não- nitrogenados formados pela liga ¬

FIGURA 4.52 Estrutura de alguns glucosinolatos importantes. ção de unidades de acetato via ácidos graxos. Estes compostos
caracterizam um grupo de famílias de aster ídeas relacionadas,
tais como Asteraceae, Apiaceae, Pittosporaceae, Campanula-
Glucosinolatos ceae, Goodeniaceae e Caprifoliaceae. Poliacetilenos do tipo
Os glucosinolatos (Figura 4.52), também chamados de gli- falcarinona são exclusivos de Apicaceae, Araliaceae e Pittos ¬

cosídeos de óleo de mostarda, são hidrolisados por enzimas poraceae. Estas três famílias também apresentam classes simi ¬

conhecidas como mirosinases para produzir uma classe de lares de óleos essenciais, saponinas do tipo oleanano e ursano,
compostos de forte odor e sabor: os óleos de mostarda. A ésteres de ácido caféico, furanocomarinas e flavon óides.
presen ça de glucosinolatos é uma sinapomorfia da ordem
Brassicales. Os glucosinolatos de Brassicaceae, Resedaceae e Terpen óides
Tovariaceae, famílias que constituem o núcleo principal das Os terpenóides constituem um grande grupo de metabólitos
Brassicales, são mais complexos do ponto de vista biossinté- secundários estruturalmente diversos e importantes em nu ¬

tico do que aqueles presentes nas demais famílias da ordem.


merosas interações bióticas (Goodwin 1971). Eles são forma ¬

O conjunto de evidências atuais sugere que estes compostos dos pela união de unidades de isopentenil difosfato de cinco
evoluíram apenas duas vezes, primeiramente no ancestral co ¬

carbonos formadas pela via do ácido mevalônico. Os terpe ¬


mum de Brassicales e, novamente, no ancestral comum das n óides têm ampla ocorrência em plantas, e muitos desem ¬

espécies de Drypetes (Putranjivaceae; ver discussão sobre Eu- penham fun ções fisiológicas primárias como componentes
phorbiaceae) (Rodman et al. 1998). de esteróides associados à membrana plasmática, pigmentos
f til da molécula de clorofila e
carotenóides, na cadeia lateral í
Glicosídeos cianogênicos nos hormônios vegetais, ácido giberelínico e ácido abscísico.
Os glicosí deos cianogênicos (Figura 4.53) são compostos A distribuição de alguns poucos tipos de terpenóides,
de defesa hidrolisados por diversas enzimas para liberar cia ¬ no entanto, é de grande interesse taxonômico. Os mono-
neto de hidrogénio (Hegnauer 1977), processo este denomi¬ terpenóides voláteis (Figura 4.55) e os sesquiterpenóides
nado cianogênese. A cianogênese é um processo comum em (compostos de 10 carbonos e 15 carbonos, respectivamente)
angiospermas, sendo que cinco diferentes tipos biossintéticos são os componentes principais dos óleos essenciais (ou aro¬
de glicosídeos cianogênicos são conhecidos at é então. máticos) caracter ísticos de Magnoliales, Laurales, Austro-
Alguns tipos biossintéticos parecem ter evoluído de forma baileyales Piperales, assim como de ciados distantemente
e
independente diversas vezes, mas outros, como os glicosí¬ relacionados, como as Myrtaceae, Rutaceae, Apiales, Lamia-
deos cianogênicos ciclopentenóides, são mais restritos em ceae, Verbenaceae e Asteraceae. Estes compostos ocorrem
sua ocorrência. (No caso, são conhecidos para Achariaceae, não somente em tecidos vegetativos, no interior de células
Passifloraceae, Tumeraceae e Malesherbiaceae.) Glicosídeos esf é ricas ou em cavidades ou canais variados no tecido pa -
cianogê nicos sintetizados a partir da leucina são comuns em
Rosaceae ( Prutius e tribo Pyreae). Compostos cianogênicos
similares são encontrados em Fabaceae e Sapindaceae. Já os
glicosídeos cianogênicos derivados da tirosina são comuns OH
em diversas famílias de Magnoliales e Laurales.
3

H O Glc Mentol Limoneno


Geraniol
N=C
C=N \
Glc O
HO Si
Taxifilina Ginocardina
(Uriodendron, Magnoliaceae) (Gynocardia, Achariaceae)
Carvona Cânfora
FIGURA 4.53 Estrutura de alguns glicosídeos cianog ê nicos impor¬
tantes. FIGURA 4.55 Estrutura de alguns monoterpenóides importantes.
98 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

HO o O O
COOH
OCOCH2 (7 V) QH

o o HOH,C O O ò
H
Partenina Lactupicrina
O Glc CH, O Glc
Monotropeí , um
na Swerosidina, um
iridóide carbocíclico seco-iridóide
(Vacànium , Ericaceae) ( Swertia, Gentianaceae)

FIGURA 4.58 Estrutura de alguns irid óides importantes.


H2C CH2

para Simaroubaceae (incluindo Leitneria ) . Cardenolí deos


O são glicosídeos altamente tóxicos de um tipo de esteróide de
Vemolepina 23 carbonos que ocorre em Ranunculaceae, Euphorbiaceae,
FIGURA 4.56 Estrutura de alguns sesquiterpenos lactô nicos impor ¬
Apocynaceae, Liliaceae e Plantaginaceae.
tantes. Iridóides são derivados de monoterpenóides de 9 ou 10
carbonos que geralmente ocorrem como glicosídeos ligados a
oxigénio (Figura 4.58). Compostos iridóides são encontrados
renquimático, mas também em glândulas florais, de onde são em diversas famílias de Asterídeas, e as classes de iridóides
liberados e geralmente funcionam como elementos atrativos têm sido usadas para sustentar relações dentro deste gran ¬

de odor da flor. de dado (Jensen et al. 1975; Jensen 1992). Seco-iridóides,


Lactonas sesquiterpênicas (Figura 4.56) são conhecidas por exemplo, um grupo quimicamente derivado de compos ¬

principalmente em Asteraceae (grupo no quai são particular ¬


to iridóide que não possui um anel carbocíclico, ocorrem nas
mente diversos e de grande utilidade taxonô mica; Seaman Gentianales, Dipsacales e em algumas famílias de Comales e
1982), mas também ocorrem em outras poucas famílias, como Asterales. Por outro lado, iridóides carbocíclicos, grupo com
Apiaceae, Magnoliaceae e Lauraceae. dois anéis carbodclicos dos quais um é composto inteiramen ¬
Diversos diterpenóides (com 20 carbonos), triterpenói- te de carbono, ocorrem exclusivamente em Lamiales, exceto
des (com 30 carbonos) e esteróides (triterpenos baseados no em Oleaceae, Tetrachondraceae e Gesneriaceae. A presen ça
sistema de an éis do ciclopentano peridro-fenantreno) estão de iridóides em Ericales e Comales fornece evidêndas de que
amplamente distribuídos e também possuem alguma im ¬

essa ordem pertence ao grande ciado das Aster ídeas, embora


portância sistemática (Young e Seigler 1981). O triterpenóide ela tenha sido freqiientemente exduída do grupo por diferen ¬
betulina ocorre na casca do tronco de Bétula papyrifera e es- tes autores (ver Cronquist 1981).
pécies- relacionadas; ele é um composto impermeável à água,
altamente inflamável e aparentemente restrito a este grupo
de plantas. A betulina é til do ponto de vista taxonòmico na Flavon óides
delimitação de espécies (0'Connell et al. 1988) . Saponinas Os flavonóides (Figura 4.59) são compostos fenólicos que
triterpênicas ocorrem em Apiaceae e Pittosporaceae, sus ¬ geralmente ocorrem na forma de um sistema de anéis deriva ¬
tentando a hipotética relação filogenética relatada para estas dos a partir da dclização de uma forma intermediária de um
duas famílias. derivado do áddo dnâmico e três moléculas de malonil-CoA.
Os limonóides e os quassinóides, compostos derivados Estes compostos provavelmente atuam na defesa do vegetal
de triterpenóides, apresentam biossíntese similar e são co¬ contra herbívoros e na regulação do transporte de auxina. Os
nhecidos para Rutaceae, Meliaceae e Simaroubaceae, perten ¬ flavonóides têm sido extensivamente empregados na siste ¬
centes à ordem Sapindales. A presença de quassinóides com má tica vegetal, provavelmente devido a sua facilidade de ex ¬

sabor bastante forte e acentuado constitui uma sinapomorfia tra ção e identificação. Eles são conhecidos para a maioria das
embriófitas (e também para algas Charophyta) e possuem
uma ampla variedade de substituintes ligados a um sistema
comum de anéis.
Embora ú teis principalmente na determinação de re ¬
o HO
lacionamentos entre espécies próximas (ou em estudos de
CH variação infra-esper ífica), os flavonóides também podem ser
o O
úteis na determina ção das relações filogenéticas em níveis

CH ? HO.
taxonômicos superiores (Bate-Smith 1968; Crawford 1978;
O Gomall et al. 1979; Harbome e Tumer 1984) . Por exemplo,
0 0 a presença de determinados 5-deoxiflavonóides em Amphi-
H3C CH3 pterygium (que tem sido írequentemente segregado em uma
família própria, Julianiaceae; ver Cronquist 1981) sustentam o
Limonina, um Iimonóide Amarolida, um quassinóide
(Cifras, Rutaceae) ( Ailanthus, Simaroubaceae)
seu posicionamento em Anacardiaceae.
Por fim, os perfis de flavonóides têm-se mostrado bastante
FIGURA 4.57 Estrutura de alguns derivados de triterpenóides impor¬ ú teis em estudos de hibridização interespecífica (ver Alston e
tantes. Tumer 1963; Smith e Levin 1963; Crawford e Giannasi 1982) .
SISTEMáTICA VEGETAL 99

OH
Proteínas
HOv O. As prote í nas representam uma classe extremamente di
OH ¬

versificada de moléculas formada por aminoácidos unidos


OH entre si por ligações peptídicas. A cadeia resultante de ami ¬
OH
noácidos - uma cadeia polipeptídica - é dobrada e cur¬
OH O
vada tridimensionalmente, resultando em uma enormidade
Myricetina de formas moleculares. As proteínas funcionam como en ¬
( Limnanthes, Limnanthaceae)
zimas, moléculas armazenadoras, molé culas transportado ¬
ras, pigmentos e componentes estruturais. Esta classe de
OH compostos vem sendo rotineiramente usada com diferentes
propósitos, incluindo o sequenciamento de aminoá cidos ea
serologia sistemá tica (isto é, o uso de reações imunológicas
para determinar o grau de similaridade protéica entre dife ¬

rentes taxa ), embora o DNA tenha recentemente substituído


O as proteínas como fonte de informa ção na sistemá tica vege ¬

Fisetina tal. O uso do DNA na sistemá tica é detalhado no próximo


(.Amphipterygium, Anacardiaceae) capítulo.
FIGURA 4.59 Estrutura de alguns flavon óides importantes.

BIBLIOGRAFIA CITADA E LEITURAS RECOMENDADAS


Os itens indicados com asterisco são recomendados especialmente para aqueles leitores que estão
interessados em obter informações adicionais sobre os tópicos discutidos neste cap tulo.

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Sistemática Molecular

Um dos eventos mais excitantes e importantes dos últimos 25


5
anos foi a aplicação de dados de ácidos nucl éicos à solução de
problemas em sistemática. 0 termo sistemá tica molecular é
utilizado quando se refere à sistemática macromolecular: o uso
de sequências de DNA e RNA para inferir relações evolutivas
entre organismos. Embora tecnicamente m étodos como iso-
enzimas (que investigam variações entre proteínas) e perfis de flavonó ides (ver
Capítulo 4) sejam também moleculares, estes não tiveram o impacto esmagador
na área que os dados de ácidos nucléicos tiveram. Neste capítulo focalizamos
nos dados de sequências de DNA, em algumas das moléculas e genomas mais
comuns no uso corrente e em alguns aspectos de aná lises de dados que são es ¬

pecíficos para dados moleculares. Mencionamos brevemente vá rios projetos de


sequenciamento de genomas inteiros, os quais aceleraram a geração de dados e
levaram ao desenvolvimento de diversas ferramentas computacionais novas que
est ão, cada vez mais, sendo aplicadas em sistemática.
Os dados moleculares revolucionaram nossa idéia de relações filogenéticas,
embora não tenha sido pelas razões iniciaimente sugeridas. Os primeiros pro ¬

ponentes da sistemática molecular argumentavam que os dados moleculares


eram mais adequados que os dados morfológicos para refletirem a verdadeira
filogenia, principalmente porque dados moleculares refletem mudanças ao nível
de genes, os quais s ão considerados menos sujeitos a homoplasias do que ca ¬

racteres morfológicos.
Essa certeza inicial atualmente parece não refletir a verdade: dados mole ¬

culares são na realidade sujeitos à maioria dos mesmos problemas que os da ¬

dos morfológicos apresentam. A grande diferença é que simplesmente existem


muito mais caracteres moleculares disponíveis, e sua identificação geralmente
é mais fácil de ser definida: uma adenina é uma adenina, mas folhas compostas,
por exemplo, podem ser formadas de maneiras diversas em diferentes plantas.
Como resultado, dados de sequ ê ncias de DNA constituem, atualmente, a ferra ¬

menta predominante de escolha para gerar hipóteses filogen éticas.


104 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Em muitos casos, dados moleculares tê m sustentado a TABELA 5.1 Comparações dos três genomas em uma
monofilia de grupos que foram reconhecidos com base na cé lula vegetal
morfologia (p. ex., Poaceae, Fabaceae). Mais importante, da ¬
Tamanho do
dos moleculares têm frequentemente permitido que os sis- genoma (Kb ) Herança
tematas escolham entre hipóteses alternativas de relações
filogené ticas (p. ex., decidir qual grupo é o grupo-irmã o de Cloroplasto 135-160 Geralmente materna
Asteraceae ou Poaceae). Em outros casos, dados molecula ¬ (a partir do doador
res permitiram o posicionamento de taxa cujas relações eram de óvulos)
sabidamente problemáticas. Por exemplo, embora Hydran - Mitocôndria 200- 2.500 Geralmente materna
geaceae tenha sido posicionada dentro ou próxima a Saxi- (a partir do doador
íragaceae, ficou claro que ambas não estavam relacionadas. de óvulos)
Somente com dados moleculares, no entanto, foi pwsível a Nú cleo 1,1 x 106 a Biparental
hipótese alternativa bem sustentada para o posicionamento 1,1 x 10 u
de Hydrangeaceae na ordem Comales.
Dados moleculares levaram à recircunscrição de muitas
ordens e gêneros e têm apontado para alguns agrupamentos
completamente novos, como a monofilia do ciado glucosi- Genomas vegetais
nolado (Brassicales) e o posicionamento de Limnanthaceae A célula vegetal conté m três diferentes genomas: o do clo-
nesse ciado, bem como o recente posicionamento das parasi ¬ roplasto, o mitocondrial e o nuclear (Tabela 5.1). Os siste ¬

tas Rafflesiaceae em Euphorbiaceae. Eles também documen ¬


matas utilizam dados dos três genomas. Os genomas do
taram a introgressão entre espécies que eram aparentemente cloroplasto e mitocondrial são de herança uniparental (nor ¬

interestéreis. malmente materna em angiospermas) e o genoma nuclear


é biparental. Os três genomas diferem grandemente em ta ¬
manho, sendo o nuclear o maior - medido em megabases
Fonte de dados de sequ ências de DNA de DNA. O genoma mitocondrial inclui centenas de kilo-
Um bom trabalho em sistemática requer um conhecimen ¬
bases (Kb) de DNA ( 200- 2.500 Kb), o que o toma pequeno
to detalhado dos caracteres, da biologia desses caracteres e com rela ção ao genoma nuclear, mas muito grande com
da natureza de suas variações. Para caracteres morfológicos, rela çã o ao genoma mitocondrial de animais (o qual tende
essa pesquisa leva naturalmente a estudos de desenvolvi ¬
a apresentar cerca de 16 Kb). O genoma do cloroplasto é o
mento morfológico. Rara caracteres moleculares, nossa aten ¬ menor dos três genomas, variando, na maioria das plantas,
ção é direcionada à biologia molecular e à estrutura e função de 135 a 160 Kb.
Assim como as bactérias das quais eles derivaram, as mi-
de moléculas específicas. Cada molécula tem sua própria
tocôndrias e os cloroplastos tê m genomas circulares. Amplas
fun ção na c élula, e sua estrutura é moldada de acordo com
regiões de DNA não-codificante separam os genes na mito-
a sua função. Cada molécula, assim como cada conjunto de
cô ndria, e suas ordens no genoma são variáveis; na verdade,
caracteres morfológicos, tem sua própria história natural,
a ordem dos genes se modifica como tanta frequência e fa ¬

refletindo acidentes históricos, limitações em seu desenvol ¬


cilidade que muitas formas rearranjadas podem ocorrer até
vimento, adaptações no passado e atuais (para fatores intra
mesmo dentro de uma célula. Rearranjos do genoma mito¬
e extracelulares) e mudanças estocásticas, sejam elas fixadas condrial ocorrem tão frequentemente em indivíduos vegetais
ou transientes. que eles não caracterizam ou diferenciam espécies ou grupos
Isto significa que sistematas moleculares de plantas pre ¬
de espécies e, por consequência, não são utilizados para infe ¬

cisam ser tão familiarizados com as estruturas e fun ções das rir relações nesse nível.
moléculas que eles estudam quanto com as próprias plantas. Os cloroplastos, ao contrário, são estáveis tanto nas célu ¬

(Ao mesmo tempo, é claro, eles devem ter cuidado de não las quanto entre as espécies. A caracter ística mais marcante
priorizar as moléculas em detrimento das plantas!) Genética do genoma de cloroplasto é a presença de duas regiões que
molecular e bioquímica têm-se tomado cada vez mais impor ¬
codificam os mesmos genes, mas em direções opostas, as
tantes como ferramentas para o entendimento da evolução, e quais são conhecidas como repetições invertidas . Entre es ¬

qualquer aspirante a sistemata deveria considerar seriamente sas regiões existe uma pequena região de cópia ú nica e uma
ter conhecimentos em biologia molecular vegetal, gené tica grande região de cópia nica (Figura 5.1).
molecular e/ou bioquímica. Rearranjos no genoma do cloroplasto são tão raros na
Neste capítulo, iremos descrever os três genomas vege ¬
evolu ção que podem ser utilizados para demarcar grupos
tais e alguns aspectos de sua biologia molecular e evolu ção. principais. Por exemplo, um dos primeiros sucessos da sis ¬
Iremos então descrever como são gerados dados de sequên ¬
temática molecular foi a identificação, por Jansen e Paimer
cias de DNA e mencionar algumas das principais moléculas (1987), das linhagens de divergência precoce em Asteraceae.
utilizadas em estudos sistemáticos. Finalizaremos com bre ¬ Eles constataram que quase todos os integrantes da família
ves descrições sobre a análise de sítios de restrição, um m é¬
têm uma única ordem dos genes na grande regiã o de cópia
todo de importância histórica que é menos utilizado atual - única do genoma do cloroplasto. Essa ordem pode ser expli ¬

mente, e uma técnica emergente, o mapeamento de genomas cada se uma grande porção do DNA tiver sido removida e
nucleares. reinserida em uma orientação invertida (uma inversão do
w

SISTEMáTICA VEGETAL 105

Subunidades da Rubisco
U Proteínas do fotossistema

\ » Relacionados ao ritocromo
ATPsintetase

X
X
%
m II
§ NADH desidrogenase
Subunidades ribossomais
/ RNA ribossomal
4; & LSC | RNA polimerase
codificada pelo plastídio
#
I Outras
I Funções desconhecidas
& RNA transportador
MO> 8
Vt í js vtmfera íntrons
160.928 bp

&
A*
f& s ssc
%X
T
%A

// / %
/
fUi m X
% \ FIGURA 5.1 Diagrama do genoma de cioroplasto de uva
( Wf /s vinifera ), demonstrando as posi ções de alguns dos
principais genes e a repetiçã o invertida (IR), a grande re¬
giã o de cópia nica (LSC) e a pequena regi o de có pia ú ni ¬

ca (SSC). (De Jansen et ai. 2006.)

DNA) . As demais angiospermas não apresentam tal inver¬ do gê nero Passiflora (Passifloraceae) e Medicago (Fabaceae)
são. As poucas Asteraceae que també m não apresentam tal (Downie et al. 1996).
inversão são membros da subtribo Bamadesiinae, um grupo Embora os dados sejam esparsos para genomas nucleares,
sul -americano com corolas bilabiadas. Esse achado sugere a ordem de seus genes é presumivelmente estável, pelo me ¬
fortemente que as Bamadesiinae (agora tratadas como uma nos em cada espécie, e pode ser estável entre grupos de es ¬
subfamília, Bamadesioideae) constituem o grupo-irmão dos pécies como um todo. Algumas informações quanto à ordem
demais integrantes da enorme família dos girassóis, e que a de genes nucleares foram reveladas por técnicas clássicas de
ltima é monofilética. citogenética, mas informações mais detalhadas têm sido for¬
Ganho ou perda de genes de cioroplasto, ou de seus ín ¬ necidas por mapeamento genòmico, seqúenciamento e pin ¬
trons, são comuns o suficiente para serem investigados, mas tura cromossômica, especialmente em Brassicaceae e Boaceae
raros o bastante para serem indicadores estáveis de mudança (Schranz et al. 2006; KeEogg e Bennetzen 2004) . Nos últimos
evolutiva. (íntrons são regiões não-codificantes de genes que anos essas técnicas têm-se tomado fontes importantes de in ¬
são distribuídos entre os éxons codificantes.) Alguns grupos, formação em sistemática.
pelo menos, perderam uma das repetições invertidas. Isso Sequências de DNA modificam-se em uma taxa diferente
ocorreu em um grupo de leguminosas papilionoídeas, em a partir da taxa de rearranjo genòmico. Genes de cioroplasto
todas as coníferas e em Euglena (um eucarionte fotossint é- tendem a acumular mutações mais rapidamente do que ge ¬

tico flagelado não relacionado às plantas verdes) . Em geral, nes mitocondriais em plantas. É mais dif ícil generalizar com
perdas de um pequeno segmento de DNA tais como um ín - relação a genes nucleares, o que é dificilmente surpreendente
tron ou um gene inteiro, são mais comuns do que rearran - uma vez que existem tantos deles. A frequência de mutação
jos maiores, e tais perdas podem ocorrer múltiplas vezes ao de um gene determina sua utilidade para resolver problemas
longo da evolução. Pbr exemplo, a maioria das angiospermas filogenéticos particulares. Em geral, é necessário um gene de
tem um íntron no gene do cioroplasto rpoCl , mas esse íntron mutação rápida para inferir relações entre populações infima ¬
foi perdido em gramíneas, em uma subfamília de cactos (Cac- mente relacionadas ou espécies, enquanto genes que mutam
toideae), em pelo menos dois membros de Goodeniaceae, em mais lentamente podem ser teis em estudos de grupos que
algumas Aizoaceae e em alguns, mas nem todos, integrantes se originaram mais cedo.
106 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Gerando dados de sequ ê ncias de DNA Essa abordagem laboriosa foi substituída mais tarde pela
técnica da reação em cadeia da polimerase ( PCR), em que
O seqiienciamento determina a ordem exata de nucleotí-
o DNA é replicado enzimaticamente, permitindo a omissão
deos - adenina (A), citosina (C), guanina (G) ou timina (T) do
passo da clonagem (Figura 5.2). A técnica de PCR requer
- em um segmento de DNA. Seqiiêndas de DNA de m lti¬ algum conhecimento da seqúência a ser estudada. Pequenos
plos organismos podem ser alinhadas, e as mutações podem
segmentos de DNA fita simples (inicializadores ou primers )
ser detectadas observando-se os pontos onde as seqiiê ndas
são produzidos para parear com sequências de DNA de cada
diferem entre duas plantas. Atualmente, dados de seqiiêndas
extremidade da região de interesse. Esses inicializadores são
de DNA são gerados de duas formas: (1) uma abordagem ge¬
colocados em um tubo contendo o DNA genômico do orga ¬
ne- a-gene, em que um gene de interesse é escolhido, isolado
nismo de interesse, DNA polimerase e nucleotídeos livres. A
em um grande número de plantas e seqiienciado e (2) uma
mistura é então submetida a repetidos aquecimentos e res
abordagem genômica, em que um genoma de doroplasto ou
¬

friamentos.
nuclear inteiro é seqiienciado, e as sequências de muitos ge ¬
nes do genoma são analisadas. Enquanto a abordagem gene-
Conforme a reação aquece, o DNA genômico dupla fita
a-gene permanece como a mais comum, dados genômicos
desnatura e se toma fita simples. Então, com o resfriamento,
o inicializador pareia com suas sequências complementares
estão sendo acumulados rapidamente e começam a resolver
em cada extremidade da região-alvo. A temperatura é então
alguns problemas filogené ticos importantes.
aumentada até o ponto em que a polimerase se toma ativa.
A sistemática molecular tem sido e permanece dirigida
Essa se liga ao complexo DNA + inicializador e começa a sin ¬
por meio de técnicas; conforme novos métodos são disponi-
bílizados, ela expande o tipo e a quantidade de dados siste ¬ tetizar a fita complementar utilizando os nucleotídeos livres
máticos que podem ser extraídos a partir de ácidos nucléicos. na solução. Em seguida, a temperatura é aumentada para
Para que comparações úteis sejam feitas entre um grande nú ¬
desnaturar novamente o DNA, e o ciclo é repetido. O DNA
mero de taxa, a metodologia utilizada deve ser de aplicação da região localizada entre os inicializadores é então copiada e
a quantidade aumenta exponencialmente. O produto de PCR
rápida e f ácil. Essa é uma das razões pela qual o desenvol¬
vimento da sistemática molecular foi tão dif ícil antes do ad ¬
pode ser seqiienciado diretamente, ou pode ser clonado e en
¬

vento do DNA recombinante, tomou-se mais fácil conforme t ão sequenciado .


as técnicas de sequenciamento de DNA foram melhoradas Esse m étodo rápido tem permitido que sistematas estu ¬

e sofreu um significativo avanço com a invenção da técnica dem a mesma região em muitas espécies de um grupo es ¬
da reação em cadeia da polimerase (PCR). Conforme progri ¬ pec ífico . Uma desvantagem da PCR é que a polimerase em
dem os principais projetos de sequenciamento de genomas, a si pode ocasionar erros, os quais podem afetar a estimativa
tecnologia para o sequenciamento de genes tem melhorado de uma filogenia, sobretudo se as sequências comparadas
e tem-se tomado cada vez mais automatizada, e as técnicas s ã o extremamente similares. Uma forma de reduzir possíveis
em sistemática molecular tornaram-se aquelas utilizadas em erros é seq ú enciar as duas fitas da molécula, e algumas re¬

genômica. Cada vez mais, os laboratórios de sistemática têm vistas requerem esse passo antes da publicação dos resulta
¬

utilizado empresas de seqiienciamento ao invés de produzi ¬ dos ; infelizmente , talvez , essa não é uma prática universal.
rem suas próprias sequências. Tanto sequências de genes in ¬ A decis ã o quanto à precis ão da seqúência depende do custo
dividuais quanto de genomas inteiros são disponibilizadas no relativo de um erro contra o custo de sequenciamentos re ¬
GenBanlc, no site da National Center for Biotechnology Infor¬ petidos da mesma regi ão. Sistematas devem frequentemente
mation (http:/ /www.ncbi.nlm.nih.gov/), o qual é depositário escolher entre sequências altamente precisas de poucos taxa
de uma grande quantidade de dados publicamente acessíveis. ou sequências menos precisas de mais taxa.
Esperamos que, no futuro, a atenção dos sistematas mude da O sequenciamento direto de produto de PCR em geral
produção das sequências em si para o trabalho intelectual¬ n ã o irá revelar variantes minoritárias da seqúência se estas
mente mais complexo de análise dessas sequ ê ncias. existem , porque na realidade o produto de PCR é uma mis ¬

tura de todas as variantes na célula. Isso muitas vezes é um


problema com genes altamente repetitivos tais como os que
Sequenciamento de gene -a -gene codificam o RNA ribossomal, para os quais as muitas có pias
Sequenciamento de genes, partes de genes ou regiões não- frequentemente n o são idênticas; todas as cópias acabam
codificantes é um aspecto comum e fundamental da pesqui ¬misturadas no mesmo tubo da reaçã o. Alé m disso, o sequen-
sa em sistem ática. A maior dificuldade no sequenciamento ciamento direto não pode distinguir entre alelos diferentes
sempre tem sido a obtenção de uma quantidade suficiente do mesmo gene. Imagine que dois alelos diferem um do
de DNA para trabalhar. A abordagem inicial envolvia a clo- outro em duas posições, um dos alelos tem A na primeira
nagem de genes em bactérias e permitia-se que a bactéria posição e T na segunda, enquanto o outro tem um T na pri ¬
replicasse tais genes com o seu próprio genoma. Os genes meira posiçã o e A na segunda. Ambas as posições aparece ¬
eram obtidos a partir de bibliotecas genômicas, que os pes¬ rão com um polimorfismo A/T no gel de sequenciamento,
quisadores criavam digerindo todo o DNA de um organismo e é impossível saber qual alelo tem qual base em cada po ¬

com enzimas de restrição (descritas nas páginas 115-116) e sição. Pode-se evitar esse problema por meio de clonagem
então clonavam todos os fragmentos resultantes em um plas- dos produtos de PCR. Com essa abordagem, cada molécula
mídeo apropriado, bacteriófago ou outro vetor. Esse método de DNA produzida por PCR é inserida separadamente em
é bastante lento, mas confiável, e evita alguns dos possíveis uma bactéria. A bactéria se reproduz, fazendo muitas có pias
artefatos de métodos mais eficientes. É també m o único mé ¬ de uma única molécula. O sequenciamento de DNA é então
todo disponível se somente umas poucas sequências do gene realizado sobre material puro, e não sobre uma mistura de
de interesse são conhecidas. diferentes moléculas.
SISTEMáTICA VEGETAL 107

Ciclo I Ciclo II Ciclo III

X o
cr>
<

Inicializador Novo DNA


cr> co
X
x SSm í Desnaturaçâo (94 c)
'
°

Seqúentia -
alvo
Novo DNA X
c> =
Anelamento de Nova fita \ CO
inicializadores sintetizada , GH>
(cerca de 50°Q (72°Q
X

FIGURA 52 A rea çã o em cadeia da polimerase. O DNA molde está


representado em azul, os inicializadores, em amarelo, e o DNA recém -
sintetizado, em vermelho.

Seqiienciamento de genomas inteiros na (Brassicaceae), Medicago truncatula (Leguminosae), duas


Considerando-se que o custo do seqiienciamento continua subespécies de arroz (Oryza sativa; Poaceae) e álamo (Po-
a baixar, está se tomando viável o seqiienciamento de cloro- pulus trichocarpa; Salicaceae) . O seqiienciamento de sorgo
( Sorghum bicolor; Poaceae), milho ( Zea mays; Poaceae), Lotus
plastos inteiros, ou de todos os genes expressos de um geno-
-
ma, ou até mesmo de um genoma nuclear inteiro. Isto levou japonicus (Leguminosae), batata (Solanum tuberosum; Solana-
ao desenvolvimento da genômica e às análises filogen éticas ceae), tomate (Solanum lycopersicum; Solanaceae) e mandioca
( Manihot esculenta; Euphorbiaceae) está em progresso. En ¬
de dados genômicos. Um método comum de sequenciamen-
to de um genoma inteiro é por meio da digestão do DNA quanto essas espécies representam uma pequena amostra ¬

genômico com enzimas de restrição e donagem de grandes gem das plantas com flores, os n meros tendem a aumentar
segmentos desse DNA digerido em Cromossomos Artificiais rapidamente. Além disso, dados de EST estão disponíveis
Bacterianos (BACs), os quais podem incluir um fragmento de
DNA de mais de 100 Kb. Cada um dos BACs é assim sequen-
_
para dúzias de outras plantas (ver http://www.ncbi.nlm.nih.
gov/genomes / PLANTS/ PIantList.html#C SEQ).Tem havido
ciado. Poderosos programas de computadores comparam as esforços para utilizar esses dados em um contexto filogené-
tico (p. ex., De la Torre et al. 2006; Sanderson et al. 2006) e
sequências do BAC para verificar onde elas se sobrepõem.
Assume-se que BACs com sequências sobrepostas represen ¬
para aplicar as análises desses dados em grandes quest ões
tam partes adjacentes da sequê ncia genômica. Ao se agrupar filogené ticas.
muitas sequências de BAC, a sequê ncia do genoma inteiro é
inferida.
Outra abordagem possível é seqíienciar unicamen ¬ Aná lise de dados de seqiiencias de DNA
te os genes do genoma. Nesse método, o RNA mensageiro Existe uma vasta bibliografia sobre o uso de sequê ncias de
(RNAm) total de uma determinada planta é isolado e cada DNA para a reconstrução de filogenias, e essa literatura
RNAm é clonado em um vetor bacteriano. Esses RNAms també m tem convergido com aquela relativa ao expansi ¬

sã o então seqiienciados, geralmente a partir de apenas uma vo campo da bioinformática (uso de computadores para
das extremidades. Essas sequências de fita simples de partes manipular e analisar dados biológicos, em particular dados
de genes sã o denominadas Sequências Expressas Marcadas de genes e genomas) . Para informações mais específicas,
(ESTs) . Embora essas n ão sejam sequê ncias de alta qualida ¬ consulte um dos muitos e excelentes livros disponíveis na
de, estão sendo acumuladas rapidamente em bases de dados área (p. ex., Soltis et al. 1998; Page e Holmes 1998; Graur e
públicas e estão começando a ser utilizadas na abordagem de Li 2000; Hall 2004; Mount 2001) ou a extensiva informação
questões filogenéticas (p. ex., De la Torre et al. 2006). disponibilizada na Internet. Aqui, discutiremos alguns des ¬
No momento em que este livro está sendo impresso, já ses usos e alguns exemplos que influenciaram nosso pon ¬
foram seqiienciados genomas inteiros de Arabidopsis thalia- to de vista atual sobre rela ções filogenéticas. Os principais
108 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

assuntos a serem trabalhados envolvem taxa de mutação, codificantes em espé cies próximas), o alinhamento não
alinhamento, técnica analítica e a relação entre a hist ória de constitui um problema maior. Para outras molé culas, tais
genes e a história de organismos (árvores de genes e árvores como genes que codificam RNAs, o alinhamento pode ser
de espécies) . guiado por modelos de estrutura secundária do produto do
gene (a forma em que a molé cula se dobra) . Nesse caso, a
Taxas de mutação estrutura secundária é usada como um molde e a sequência
é mapeada nele. Tal m é todo garante que os alinhamentos
Genes acumulam mutações a diferentes taxas, em parte por ¬

propostos mantenham a estrutura da molécula. (No entan ¬

que os produtos gê nicos (RNAs ou proteínas) diferem em to, métodos que inferem estruturas secund árias têm suas
quantas mudan ças eles podem tolerar e permanecerem fun ¬ pró prias limitações.)
cionais. Histonas, por exemplo, geralmente não são funcio ¬
No caso de genes que codificam proteínas, os alinha ¬

nais se muitos de seus aminoá cidos forem substituídos por


mentos devem considerar a estrutura da proteína. A sequên ¬

outros, enquanto os espa çadorêS transcritos internos (ITS)


cia de DNA de tais genes é lida em grupos de três bases,
do RNA ribossomal podem continuar funcionais de forma
os códons, em que cada códon especifica um determinado
adequada se muitos de seus nucleotídeos forem substituí ¬

aminoácido. Mais comumente, inserções ou dele ções ocor ¬

dos. Conseqiientemente, genes que codificam histonas não


acumulam mutações rapidamente, enquanto as regiões ITS rem em grupos de três bases, correspondendo assim ao ga ¬

nho ou perda de um aminoácido; o alinhamento precisa in ¬


o fazem, refletindo as diferentes restri ções funcionais a que
estão expostos seus produtos gênicos. corporar esse fato. A adição ou subtração de uma nica base
(em vez de um grupo de três) modificará a estrutura inteira
Essa observa ção simples tem implica ções no uso de ge ¬

nes específicos em reconstruções filogenéticas. Se um gene da proteína codificada pela sequ ê ncia devido à modifica ção
está mutando lentamente, será dif ícil encontrar mutações do ponto inicial dos códons subsequentes (o quadro de lei ¬
para que uma filogenia possa ser construída. Se as taxas de tura) . Fbr exemplo, a sequência AAATTGACTTAC codifica
mutações forem muito lentas, o nível de variação será próxi ¬
para os quatro aminoácidos lisina -leucina- treonina - tirosina
mo ao nível de erro estimado ao seqúenciamento (freqiien - (K - L -T-Y). Estes correspondem a quatro aminoácidos se ¬
temente estimado em cerca de 3 em 10.000 pb para uma quenciais na grande subunidade da Rubisco, ilustrados nas
sequência dupla fita) e as inferê ncias nã o serão confiáveis. colunas 31 a 42 da Figura 5.3. (Rubisco é uma abreviatura
Ao contrário, se um gene está mutando muito rápido, para ¬ para Ribulose 1,5-Bifosfato Carboxilase / Oxigenase; a or¬
lelismos e reversões serão acumulados a tal ponto que toda tografia varia na literatura, mas é frequentemente Rubisco,
a informação filogenética será perdida; a histó ria da sequên ¬ ou RuBisCO.) Se uma única base for perdida no primeiro
cia será apagada. Esse último problema é particularmente códon da Usina - ficando, por exemplo, AATTGACTTAC -,
intenso em trabalhos com sequê ncias nã o-codificantes ou a proteína poderá ser modificada. Nesse caso, poderá con ¬

com taxa pouco relacionados. Muitos sistematas atualmente sistir em uma asparagina seguida de um códon de parada. O
fazem um estudo preliminar de múltiplos loci para seu grupo códon de parada poderá prevenir que o restante da proteína
de estudo a fim de determinar quais genes apresentarão um seja sintetizado.
nível de variação apropriado para a questã o que está sendo Substituições nucleotídicas podem ou n ão afetar a pro ¬

investigada. teína produzida. Por exemplo, na posição 10 no alinhamento


Muitos dos m é todos utilizados para analisar dados ilustrado na Figura 5.3, alguns taxa tê m um A e alguns t êm
moleculares, e as limita ções que a eles se aplicam, são si ¬ um C. Essa variação no estado do caráter tem um efeito no
milares àquelas dos dados morfológicos. Alguns métodos, aminoácido produzido nessa posição; Rubisco em Aristida ,
no entanto, foram desenvolvidos especificamente para uso Stipagrostis , Eragrostis e Enneapogon t ê m uma glutamina (Q)
com dados moleculares (p. ex „rteighbor joinittg, máxima ve- nessa posição, enquanto os demais taxa t êm lisina (K) . Em
rossimilhança), e alguns problemas, embora presentes em contraste, a varia ção na posição 24 (G vs. A) n ã o modifica a
todos os tipos de dados, tomam -se mais intensos com da ¬ proteína, porque AAG e AAA codificam lisina. Note que am ¬
dos moleculares. bas as posições 10 e 24 potencialmente fornecem caracteres
filogené ticos úteis, apesar de apenas um ter um efeito bioló¬

Alinhamento de sequências gico na proteína .


Uma vez geradas as sequências, estas poderão ser alinha ¬

das. Esse é um passo crítico que determina quais bases se ¬


Técnicas de aná lise
rão comparadas. É o estágio em que os cientistas fazem a Alguns dos métodos de reconstruçã o filogené tica que foram
avaliação inicial de similaridade de sítios nucleotídicos. O descritos no Capítulo 2 sã o particularmente apropriados
alinhamento constitui a parte mais dif ícil no uso de dados para o uso de dados de sequências de DNA. Esses m é todos
de sequências, e é difícil a automação. Obviamente um ali ¬ geralmente dependem de modelos estatísticos de como o
nhamento malfeito levará a uma árvore filogené tica sem DNA se modificou através do tempo. Como foi apontado
significado. no Capítulo 2, para dados com poucas homoplasias, virtu ¬

Muitos programas de computador produzem alinha ¬ almente todos os métodos produzirão a mesma árvore filo ¬

mentos, embora, na prática, a maioria dos sistematas re ¬ genética. Em alguns casos, no entanto, a escolha do método
alize o alinhamento a olho de forma muito árdua. Para afetará o resultado, e isso é particularmente verdadeiro se
muitas moléculas freqiientemente utilizadas em sistemática as taxas de evolução são desiguais entre as linhagens com ¬

vegetal (p. ex., genes que codificam proteínas, regiões n ão- paradas.
SISTEMáTICA VEGETAL 109

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FIGURA 5.3 Alinhamento de parte da sequência para Rubisco. Cada do aminoácido abreviado pelo código Standard de uma letra. Assim, a
linha no alinhamento consiste no nome do gênero seguido por um prote ína Rubisco em todos os taxa apresentados tem uma glicina (G)
grupo de nucleot ídeos. Dos 12 gê neros, 11 são gram íneas ( Poaceae); seguida por uma fenilalanina (F). Variações em uma determinada po¬
Joinvillea é um grupo externo (fam ília Joinvilleaceae). Cada coluna siçã o nucleot ídica pode ou nã o modificar a prote í na resultante. Note
( um caráter taxon ômico) consiste em nucleotídeos em posi ções cor¬ que um alinhamento é na realidade uma matriz de caráter x táxon si¬
respondentes ( n ú meros acima ) nas moléculas de DNA. Abaixo de cada milar à queia apresentada na Tabela 2.2. ( Alinhamento efetuado com
linha de nucleot ídeos está a tradu çã o em aminoá cido, com o nome MacCIade 4.0; Maddison e Maddison 2005.)

Homoplasias em dados moleculares criam problemas com que essas se assemelhem, não porque elas são relaciona ¬

particulares. Uma reversão ou convergência em um dado das, mas porque estão modificando-se rapidamente. Sequ ên ¬

nucleotídeo não é detectado exceto pela an álise filogenética; cias que se modificam muito rápido podem, dessa forma,
estudos mais detalhados do cará ter não ajudarão. Pbr exem¬ parecer infimamente relacionadas mesmo que não o sejam;
plo, uma adenina em uma determinada posição em um gene em outras palavras, os ramos longos atraem"uma à outra. A
pode ter mutado para guanina e voltado a ser adenina; visto atração dos ramos longos pode ocorrer, a princípio, com da ¬

que somente a adenina é visualizada na sequência, não exis¬ dos morfológicos, mas é mais provável com dados molecula ¬

te uma maneira de saber que houve uma mutação para uma res porque o número de caracteres potenciais é muito grande,
guanina rresse sítio específico. Conseqiientemente, mesmo e o número de estados de caracteres disponíveis (A, C, G, T)
que tenham ocorrido m ltiplas mutações (às vezes chama ¬ é muito pequeno.
das substituições m ltiplas ) no mesmo sítio, observamos
somente o resultado da modificação mais recente (se exis ¬ Árvores de genes versus á rvores de espécies
te). Em função disso, o número de mutações que ocorrem de Se uma espécie tem uma história única, espera-se que to ¬

fato distinguindo duas sequê ncias, e, por consequência, da das as partes da planta reflitam essa hist ória. Também pode ¬

divergência entre elas, pode muitas vezes ser maior do que mos esperar que uma dada filogenia baseada em qualquer
o número de mutações observadas. Neste caso, um fator de gene reflita a história dos organismos que apresentam esse
correção pode ser aplicado para estimar a real divergência gene, mas na realidade nem sempre isso é verdadeiro. Genes
evolutiva. O fator de correção a ser utilizado dependerá das nucleares podem ou não rastrear a história do núcleo, e cloro-
estimativas das probabilidades dos tipos específicos de mu ¬ plastos e mitocôndrias podem ou não apresentar uma histó ¬

tações. (Uma ampla discussão desse tipo de an álise pode ser ria diferente daquela do núcleo. Existem três razões principais
encontrada em Swofford et al. 1996; Thge e Holmes 1998; ou para essas diferenças:
Graur e Li 2000.) 1. Mutação é um processo aleatório; portanto a reconstru ¬

Uma taxa alta de mutações pode levar a problemas de ção da filogenia para um determinado gene pode diferir
atração de ramos longos (ver Quadro 2B), em que a árvore daquela inferida por outros genes puramente ao acaso.
filogenética errada parece ser correta. Se duas sequências 2. Hibridização ou introgressão (descritas no capítulo 6)
não- reiacionadas apresentam taxas de mutações muito altas, podem transferir DNA em uma linhagem diferente. Isso
muitos sítios irão mutar múltiplas vezes. Considerando que é particularmente verdadeiro no caso de cloroplastos e
existem somente quatro nucleotídeos, algumas dessas muta ¬ mitocôndrias, que não são ligados a genomas nucleares
ções levarão a bases idênticas em ambas as sequê ncias, uni¬ específicos.
camente ao acaso. (De fato, 25% da semelhan ça entre duas 3. Polimorfismos em uma espécie ancestral podem ser
sequê ncias aleatórias são explicadas pelo acaso.) Em situa ¬ perdidos em espé cies descendentes. De uma forma ale ¬
ções em que algumas sequências estã o mutando muito rapi ¬
atória, isso pode resultar em uma histó ria dos genes que
damente e outras muito ientamente, o acúmulo de mutações é, na realidade, diferente da história dos organismos
ao acaso nas sequências que estão variando rapidamente fará (Figura 5.4).
r
110 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DOMOGHUE

Atualmente, temos inúmeras árvores de genes para mui ¬ cloroplasto sulino é mais intimamente relacionado com os
tos grupos de organismos, e é possível que nenhuma dessas genomas do gênero Mitella, parece que existiu alguma intro ¬

árvores de genes seja exatamente a mesma árvore de espécies gressão ancestral de Mitella para T. grandiflora . Hibrídização
(Quadro 5A). Por exemplo, muitos too vegetais têm demons ¬ e alopoliploidia podem ter levado ao padrão complexo de á r¬
trado a exist ência de cloroplastos errados , presumivelmen ¬
vores de genes, como foi documentado no caso do algodão
te devido à introgressã o. Em um caso, Soltis e colaborado ¬
(Quadro 5B) .
res (1991) observaram que indivíduos de Tellima grandiflora
(Saxifragaceae) apresentavam dois genomas de cloroplasto
distintos, um tipo norte que ocorre em plantas do norte do
Oregon ao Alasca, e um tipo sulino encontrado na maio ¬
Caracteres moleculares
ria das plantas origin árias do norte do Oregon em direção ao Nesta seção, iremos descrever algumas das principais molécu ¬

sul atç a Calif órnia; també m existem poucas plantas sulinas las utilizadas em estudos de sistemática e a função que estas
nas ilhas Prince of Wales na regiã o do Alasca Panhandle e desempenham na célula. Rara cada molécula utilizada, deveria
na Olympic Península em Washington. Como o genoma de ser explorada a literatura bioquímica e de biologia molecular.

QUADRO 5A As histórias dos genes podem não combinar com as histórias dos organismos
A família das gramíneas tem sido alvo de foi identificado como monofilético por foram posicionados às vezes com as Pooi-
muitos estudos em sistemática molecular. estudos clad ísticos de morfologia, mas vá- deae e às vezes em outras subfamílias.
Consideremos a subfamília Pooideae da rios géneros ou pequenas tribos, incluindo Atualmente, temos cinco filogenias
família Poaceae (Figura 5.5). Esse grupo o gênero Brachyelytmm e a tribo Stipeae, moleculares do ciado Pooideae, e todas

| Morfologia Pbeae

>
(Gramíneas de

| ndhF
rOHH 63
pequeno porte)
Aveneae (aveias) 1

D "RFLP5 de OH Bromeae
( Bromus e
.x = 7
cloroplasto taxa afins)

I WM
boiK<
Fitocrotno
Tritriceae
( trigo, centeio)
GBSSI
£
- Bmchypodium x - 5, 7, 8, 9
iI - Diarrhena = 10

Meliceae 1 = 8, 9, 10
II <£ l Stipeae x = 10, 11, 12

d - Lygeum 1
= 10, 13
- Nardus J
I - Brackyelytrum = 10
• Outras gramíneas
FIGURA 5.5 Filogenia da subfamília Pooideae. Esta á rvore consenso semi-estrito mostra dados sustentados por conjuntos específicos de
dados (indicados por retâ ngulos coloridos) e n ã o é fortemente contrariada por nenhum outro conjunto de dados. Os n ú meros nos triâ n¬
gulos correspondem ao n ú mero de gê neros.
SISTEMáTICA VEGETAL 111

A C A c
FIGURA S .4 Uma compara çã o de á rvores genicas (ou
de genes ) e á rvores de espécies. A história de um ú ni
¬

co gene ( uma á rvore g ê nica ) é demonstrada por uma


linha preta; a hist ó ria das espécies como um todo (a
á rvore das espécies), por sombreado verde. Na á rvore
do lado esquerdo, o gene diverge ao mesmo tempo
em que as espécies, considerando que os eventos de
especia çã o levando a B e C ocorreram ao mesmo tem
¬

po em que a divergência das linhagens gê nicas que


agora existem em B e C. Na á rvore do lado direito, um
polimorfismo aparece na linhagem levando à s espécie
B e C. Uma das duas có pias do gene é mais intimamen-
<e relacion ada à A. Amostragem desse gene levar á a
infer ê ncias incorretas sobre a á rvore das espécies.
( Modificada de Avise 1994.)

Taeniatherum caput-medusae
mostram Stipeae como uma linhagem - Qoroplas to Aegilops searsii
de divergência precoce. Os caracteres
morfológicos das Stipeae são conse - - Cromoss omo 1 11 = Aeg. bicom./longis./sharon.
qiientemente uma mistura sinapo-
de - Cromoss omo 5 Aeg. com./tripsaJdichas .
morfias ligando - as com as Pooidea e e - Cromossomo 7 Aegilops tauschii
Aegilops uniaristatum
simplesiomorfias, as quais elas com ¬

partilham com muitas outras gramí- Aegilops speltoides


neas. Dois dos estudos que resultaram THticum monococcum
nessas filogenias foram baseados no Crithopsis delileana
DNA de cloroplasto, usando polimor ¬

Thinopyrum bessarabicum
fismos de comprimento de fragmentos Thinopyr um junceiforme
de restrição (cp RFLP; Davis e Soreng
1993) e sequências do ndhF (Catalán et
al. 1997) . Devemos esperar que esses
c
=- Lophopy
Dasypyr
rum
um
elongatum
villosum
métodos resultem na mesma filogenia Pseudoroegneria spp.
porque o cloroplasto não recombina Heteranthelium piliferum
e, consequentemente, tem a mesma Agropyron cristatum
história. Eremopyrum distans
\ T=t
Os outros três estudos foram ba ¬ Eremopyrum bonaepartis
seados em genes nucleares: as regiões Australopyrum velutinum
ITS (Hsiao et al. 1994), fitocromo B u»1 ~ Australopyrum pectinatum
(Mathews e Sharrock 1996) e granule- i \ i
-v Peridictyon sanctum
bound starch synthase I (GBSSI) (Ma - Secale spp.
son- Gamer et al. 1998). Esses estudos Henrardia pérsica
sustentam a mesma posição de Stipe ¬

ae. O fato de todos os dados oriundos Psathyrostachys spp.


tanto do genoma nuclear quanto de Hordeum spp.
cloroplasto sugerirem a mesma relação Critesion spp.
indica que as árvores gênicas prova ¬ /
Bromus spp.
velmente são boas estimativ as da filo ¬

genia desses organismos. Esses dados cloroplasto foram


FIGURA 5.6 Filogenia da tribo Triticeae. Os dados para a filogenia de
são igualmente congrue ntes com a baseados nas sequê ncias do gene rpoA e RFLPs. As hist ó rias dos cromoss omos 1 e 5 foram
informa çã o sobre o nú mero cromos - baseadas nas sequências de conjuntos independ entes de espa ç adores 5S DNA . A histó ria do
sômico. cromossomo 7 foi baseada no gene C85SI .
Um resultado diferente aparece
quando investigamos as relações den ¬
tro da tribo Triticeae (Figura 5.6) . Rara os gêneros.
conforme o esperado. Entretanto, as três de fluxo gênico limitado entre possuem
i esse grupo, dispomos de cinco filoge¬
nias moleculares, todas relacionadas aos
. As duas filogenia s de
(
filogenias de genes nucleares baseada
em sequências de três cromossomos di¬
s O fato é que nem todos os genes
histórias idênticas. Isso significa que uma
g ê neros diplóides
tivamente diferentes á rvore gênica precisa ser comparada com
cloroplasto, baseadas em análises de RFLP ferentes são significa
)
(Kellogg et al 1996
. ). uma segunda, preferencialmente de um
(Mason -Gamer e Kellogg 1996) e se ¬
iniciar in ¬
qu ências do gene rpoA (Rstersen e Seberg A explicação para tal diferença n ão genoma distinto, se quisermos
envolver uma hist ória fer ê ncias sobre hist ó rias de organism os.
1997), sugerem os mesmos agrupamentos, está clara mas pode
,
T
'

112 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

QUADRO 5 B Dados moleculares revelam evento de hibridização antiga


Wendel e colaboradores (1995) estuda ¬ D; Figura 5.7) sã o monofiléticos, assim um doroplasto derivado de uma das es ¬

ram a evolução do gênero Gossypium, o como os diplóides do Velho Mundo (ge - pécies africanas, e que esse doroplasto
qual inclui todas as espécies que produ ¬ nomasA, BeF). deve ter sido adquirido somente há apro-
zem algodão. Eles usaram isoenzimas, A surpresa vem ao analisar os tetra¬ ximadamente 1- 2 milhões de anos, bem
sequências nucleares de ITS e análises plóides do Novo Mundo, incluindo Gos¬ depois da formação do Oceano Atlântico.
de sítio de restrição de doroplasto para sypium hirsutum, a origem da maioria dos Uma outra espéde do Novo Mundo tem
estudar as histórias das espécies diplói- algodões comerciais do mundo. Essas es¬ igualmente elementos de sequências de
des e tetraplóides. Grande parte de seus pécies foram formadas por alopoliploidi- HS do Velho Mundo. Não sabemos como
dados indica que os diplóides do Novo za ção dos genomas A e D. Wendel e seus tal fluxo gênico a longa distância possa
Mundo (com um genoma designado colegas encontraram que G. hirsutum tem ter ocorrido.

( i, robmsonu
Genoma C, Austrália
G . sturtianum

G. triphyllum Genoma B 1
G. longicalyx }• Genoma F iI Atea
2n 26
G. arboreum
> =
Genoma A I
C. herbaceum G. tomentosum
G. hirsutum Alopoliplóides de
genoma AD,
G. thurberi | -
G barbadense Trópicos do Novo
Mundo e Havaí
G. triiobum I i . darwinii
G
G. raimondn G. musteiimm
=
2« 52

G. gossypioides
G. laxum
G. lobatum
Genoma D,
G. aridum Novo Mundo
2n = 26
G. schwendmanii
G. armourianum
G. tumeri
d .
G harknessii
FIGURA 5.7 A histó ria das espécies de Gossypium. O ge¬
noma AD de alopolipl óides do Novo Mundo foi formado
G. klotschianum pela uniã o de um ancestral do Novo Mundo similar a G.
d G. davidsonii
herbaceum e um ancestral do Velho Mundo similar a G.
raimondii. (Redesenhada a partir de Wendel et ai. 1995.)

Genes de doroplasto e espa ç adores Esse gene foi escolhido por ser quase universal entre as
plantas (as únicas exceções concernem às parasitas e alguns
O genoma do doroplasto fornece dados consideráveis para
estudos filogenéticos e continua a ser amplamente utilizado. saprófitos), por não ser muito longo (1.428 pb) e não apre ¬

O DNA de cloroplastos frequentemente constitui cerca de sentar problemas de alinhamento. O entusiasmo em seqiien-
um quarto do DNA em uma célula, sendo abundante e fácil ciar o gene rbcL foi ajudado pela generosidade de Gerard Zu-
de ser trabalhado. Esse fato foi particularmente importan ¬ rawski (na época da Universidade da Geórgia), que designou
te nos primeiros estudos de sistemática molecular, quando um grupo de inidalizadores para PCR quase universais, os
muitos sistematas de plantas envolveram -se em um amplo quais foram distribuídos gratuitamente para quem quisesse
esforço comunitário para gerar uma grande base de dados obtê-los. A disponibilidade desses inidalizadores encorajou
de sequências do gene de doroplasto rbcL (Chase et al. muitos sistematas de plantas a gerar sequênàas de rbcL e re ¬
1993) . Esse gene codifica a grande subunidade da enzima sultou em milhares de seqúêndas, primeiramente para plan ¬

Rubisco, a qual é o principal aceptor de carbono em todos tas com sementes. O poder desse tipo de abordagem ampla ¬
os eucariontes fotossintéticos e danobactérias. A estrutura mente colaborativa não deveria ser subestimado.
secundária da proteína é conhedda (Figura 5.8), e os ami- As árvores de genes geradas a partir dessas sequências de
noácidos podem ser atribuídos a componentes estruturais rbcL tiveram uma enorme influ ê ncia sobre a nossa visão das
particulares do gene. relações entre famílias de angiospermas, e são mencionadas
SISTEMáTICA VEGETAL 113

FIGURA 5.8 Estrutura secund á ria da


grande subunidade de Rubisco. Os n ú ¬
meros referem -se a res íduos de aminoá-
.
cidos numerados Os retâ ngulos verdes
representam as alfa h élices; as setas azuis
3N
a % -
s r CO
representam folhas beta. (Fonte: Kellogg e
i
»
s 3*
5 £ i s Ifi
CM
I
i
Ift
$ 7_
.
Juliano 1977.)
cn í
352-357
364-369

ao longo deste livro. Em particular, vários estudos apresen ¬ ( ndhF , na pequena região de cópia única), os genes que co ¬

tados em um nico n ú mero da Armais ofthe Missouri Botani- dificam as subunidades a e J3 da RNA polimerase II (rpoA
cal Garden, em 1993, geraram muitas hipóteses de relações, e rpoC2, na grande região de cópia única) e o gene maturase
as quais têm sido testadas com outros dados moleculares e (um gene que codifica uma proteína que ajuda na remoção de
morfológicos. Esses estudos iniciais foram notáveis por seu íntrons) no íntron que separa as regiões codificantes do tmK
extraordinário valor heurístico. Um foco muito importante foi ( ;matK ) . Considerando que todas essas sequências fazem par ¬

dado ao trabalho de Chase e colaboradores (1993), o qual ge ¬ te do mesmo genoma não- recombinante assim como o rbcL,
rou uma filogenia para todas as plantas com sementes usando todos compartilham a mesma história (em geral materna).
499 sequências de rbcL; essa filogenia tem sido amplamente O gene que codifica a subunidade P da ATP sintetase
citada e é referida com frequência neste livro. - atpB - tem sido utilizado na solução dos mesmos proble ¬

As árvores baseadas em dados de rbcL sustentam muitas mas que o rbcL. Esse gene parece evoluir aproximadamente
idéias que foram aceitas com base na morfologia, tais como nas mesmas taxas e, assim, proporciona caracteres filogene-
a monofilia de vários grupos de famílias bem conhecidas (p. ticamente informativos adicionais. Dados de atpB t êm sido
ex., Asclepiadaceae/Apocynaceae, Brassicaceae/Capparaceae, combinados com dados de rbcL para refinar o panorama de
Sapindacéae/Aceraceae /Hippocastanaceae) e a parafilia (p. relações entre as angiospermas (Qiu et al. 1999; Soltis et ai.
ex., Caprifoliaceae) ou polifiha (p. ex., Saxifragaceae) de ou ¬ 1999, 2000) . Alé m disso, regiões espa çadoras (sequ ê ncias
tras. Em outros casos, os dados de rbcL ajudaram a resolver nã o-codificantes entre os genes) e íntrons no cloroplasto
relações que anteriormente eram ambíguas. As Ericaceae, por tê m -se tomado populares em estudos de espécies infima ¬

exemplo, já foram incluídas em Sympetalae, mas mais tar¬ mente relacionadas, embora alguns, tais como o espaçador
de foram posicionadas fora desse grupo. Árvores baseadas amplamente utilizado, posicionado entre os genes de RNA
em dados de rbcL, no entanto, sustentam o posicionamento transportadores para leucina e fenilalanina (respectivamente,
das Ericales em um ciado maior com as Aster ídeas, reunindo tmL e tmF), são em geral muito pequenos para produzir uma
muitos representantes (mas não todos) das Sympetalae En- filogenia realmente definitiva.
glerianas (ver Capítulo 3).
Finalmente, em alguns poucos casos, os dados de rbcL Genes mitocondriais
sugeriram situações bem surpreendentes. Por exemplo, eles Relativamente poucos trabalhos t êm usado genes mitocon ¬
posicionaram as nove famílias com membros fixadores de ni ¬ driais de plantas para inferir filogenias. Em geral, esses genes
trogénio em um ú nico ciado, junto a umas poucas famílias evoluem lentamente e são mais úteis para inferir eventos an ¬
que não fazem fixa ção de nitrogénio (Soltis et al. 1995). Con ¬ tigos como a origem das angiospermas (Qiu et al. 1999) ou as
siderando que essas famílias fixadoras de nitrogénio anterior¬
filogenias de grandes grupos como as plantas com sementes
mente eram consideradas completamente n ão-relacionadas,
(Soltis et al. 2002) . Os genes mitocondriais mais comumente
esse achado sugeriu que essas famílias podem ser mais próxi ¬ utilizados codificam as subunidades da ATP sintetase (atpl ,
mas do que se acreditava anteriormente. atpA) e uma maturase (matR).
Uma limitação do rbcL como um marcador fiiogenético é
sua taxa de mutação lenta. A proteína que esse gene codifica
é uma molécula altamente conservada e é altamente restrita Genes nucleares
ao nível de aminoácidos. Portanto, o gene rbcL n ão é particu- Genes de RNA ribossomal Historicamente, os ú nicos genes
larmente útil para inferir relações dentro ou entre gêneros al¬ nucleares com um número de cópias alto o suficiente para
tamente relacionados. Por outro lado, outros genes de cloro - facilitar os estudos eram os que codificam RNA ribossomal.
plasto têm sido utilizados para esse propósito, notavelmente Tais genes são rearranjados em sequência de várias centenas
o gene que codifica a subunidade F da NADP desidrogenase a vários milhares de cópias. O rearranjo geral desses genes
T

114 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

5 , 8S 5, 8S
IGS ITS1 ITS 2 ITS1 ITS 2
\ _ L /. \± /.
18S (SSU) 18S (SSU)

ETS ETS

FIGURA 5.9 Estrutura da série ribossomal. As regiões codificantes da as pequenas repetições nos espa çadores intergênicos ( IGS) estã o in -
pequena subun idade 18S (SSU ), unidade S,8S e grande subunidade dicadas por pequenas caixas vermelhas. ETS, espa çadores transcritos
26S ( LSU ) estã o mostradas em retâ ngulos amarelos, azuis e verdes, externos; ITS, espa çadores transcritos internos,
respectivamente. Os espaçadores estão indicados por linhas pretas, e

está ilustrado na Figura 5.9. Os genes codificam a subunidade completamente as repetições. O polimorfismo é um proble ¬
pequena (18S) e a grande (26S) do ribossomo e são separados ma nesses casos, mas ele també m fornece uma ferramenta
por um gene menor (5,8S), e o grupo total de genes é transcri ¬ para o entendimento do fluxo gê nico e a variaçã o em n ível
to como uma nica unidade. Existem pequenos espaçadores populacional. Devido a esse problema de homogeneização
transcritos internos (ITS) entre os três genes. Cada grupo de incompleta dos espaçadores ITS, muitos sistematas usam
três genes é separado do grupo subsequente por um grande PCR para amplificar a regiã o ITS, mas clonam os mesmos e
espaçador, o espaçador intergênico (IGS) . A porção mediana seqúenciam as cópias de ITS individualmente. Essa aborda ¬

do espaç ador não é transcrita e é composta por um n úmero gem permite uma avaliação da varia ção de ITS em uma plan ¬

variável de pequenas sequências repetidas (aproximadamen - ta e permite a correção para polimorfismos ancestrais. Isso
te 100-300 pb cada uma). Essas sequências parecem exercer també m tem levado à descoberta de que algumas có pias de
uma função na regula ção de genes. ITS têm acumulado tantas mutações que o RNA transcrito
Um outro conjunto de RNAr completamente separado por estes pode não se dobrar corretamente. Tais genes não-
codifica somente o RNA 5S {não deve ser confundido com o funcionais são conhecidos como pseudogenes .
RNAr 5,8S), uma molécula que funciona com o 26S e um gru ¬
po de proteínas para formar a grande subunidade ribossomal. Genes de poucas có pias Genes nucleares com pouco número
Os genes de RNAr 5S apresentam-se em segmentos sequen ¬ de cópias têm sido cada vez mais utilizados como marcado ¬

ciais de milhares de cópias e são separados por espaçadores res filogenéticos (Sang 2002; Small et al. 2004; Hugues et al.
não- transcritos. 2006). Para que um gene nuclear seja um indicador filogen é-
Tais sequ ências altamente repetitivas passam por um tico útil, ele não deverá ser facilmente confundido com ne ¬

processo de homogeneizaçã o conhecido como evolução nhum outro gene. Considerando que muitos genes nucleares
em concerto. Se uma mutaçã o ocorre em uma cópia de uma são duplicados ou fazem parte de um pequeno grupo de ge ¬
sequência, esta é geralmente corrigida para que ocorra nas nes (uma família gênica) , alguns procedimentos prelimina ¬

demais c ó pias. Entretanto, algumas vezes as c ópias não- res são em geral necessários para que se tenha certeza de que
mutadas são corrigidas para corresponder com a sequ ê ncia todas as sequê ncias utilizadas correspondem a genes que são
mutada, causando modificações nucleotídicas que se propa ¬ relacionados por descendência (genes ortólogos), e não sim ¬

gam pelo segmento. Em outros casos, as muitas cópias da se ¬ plesmente duplica ções recentes (genes parálogos) .
quência são geralmente mais similares entre elas do que com A teoria de gen é tica de popula ções sugere que a varia ção
as cópias de outras espécies. No entanto, ocorre variação em alélica não deveria levar a enganos durante estudos de es ¬
uma espécie, e algumas dessas sequ ências altamente repetiti ¬ pécies infimamente relacionadas, porque os alelos em uma
vas podem ser utilizadas para acessar variação dentro e entre espécie devem ser mais relacionados entre si do que em rela ¬

popula ções de uma mesma espécie. ção aos alelos de outras espécies. Os dados de muitos genes
As sequ ê ncias dos genes 18S e 26S têm sido usadas para nucleares sustentam essa expectativa .
estudar relações entre grandes grupos de plantas. Esses ge ¬ Os genes de fitocromos, os quais codificam proteínas que
nes são grandes (cerca de 1.800 e 3.300 pb, respectivamente). respondem a sinais luminosos e controlam o crescimento ve ¬
Eles apresentam algumas regiões que são altamente conser¬ getal, o desenvolvimento e a fotossíntese, mostram -se parti ¬
vadas, que ajudam no alinhamento, e outras que são sufi ¬ cularmente esclarecedores. Existem quatro genes principais
cientemente variáveis, que ajudam na distinção de grupos de fitocromos em angiospermas, sendo denominados pelas
filogen éticos. Um grande esforço de colaboração, análogo ao letras A, B , C e E. (O fitocromo D ocorre em Brassicales e é
estudo envolvendo o gene rbcL, gerou uma base de dados de uma duplicação relativamente recente de B.) Todos esses ge ¬

sequê ncias do gene 18S (Soltis et al. 1997), as quais foram nes são descendentes de um gene de fitocromo ancestral que
ent ão combinadas com sequ ências de rbcL e de atpB para foi duplicado uma vez no ancestral das plantas com semen ¬

fornecerem um panorama sobre a evolução das angiosper- tes. Uma das có pias foi o ancestral dos fitocromos A e C, e a
mas (Soltis et al. 1999) . outra, o ancestral de B e E.A duplicação A/C ocorreu antes da
As regiões ITS tê m -se tornado uma ferramenta comum origem das angiospermas. Os fitocromos A e C foram utiliza ¬
para determinar relações entre espécies. Em geral, a região dos para produzir uma filogenia das angiospermas "basais
ITS sustentou relações inferidas a partir de cloroplasto ou (Mathews e Donoghue 1999), cujos resultados são similares
pela morfologia. Em outros casos, porém, provaram ser po- à filogenia produzida a partir de genes de cloroplasto. Além
lim órficas em espécies, ou mesmo em indivíduos de plantas, disso, alguns loci individuais de fitocromos tê m sido utilizados
sugerindo que a evolução em concerto nã o homogeneizou para ajudar a resolver a filogenia de Aristolochia (Ohi-Toma et
SISTEMáTICA VEGETAL 115

al. 2006), Orobanchaceae (Bennet e Mathews 2006) e Pereskia extras na fita oposta (levando à duplicaçã o). Em fun ção dessa
e outros cactos relacionados (Edwards et al. 2005). instabilidade, indivíduos frequentemente variam no n mero
íntrons de genes nucleares são em geral mais variáveis de repetições em um lócus de satélite específico. Essa varia ção
do que os ITS ou as regiões do cloroplasto mais variáveis, e pode ser usada para determinar uma impressão digital do
conseqúentemente constituem ferramentas úteis para avaliar DNA única a uma planta específica ou a grupos infimamente
relações entre espécies similares ou até mesmo entre popu - relacionados de plantas. Estudos de estrutura populacional
lações. Por exemplo, Olsen e Schaal (1999) utilizaram íntrons geralmente dependem de uma avaliação precisa das relações
do gene metabólico que codifica para glucose 6-fosfato desi- entre indivíduos vegetais, e esses marcadores são úteis para
drogenase a fim de determinar em que local do Brasil a man- tal determinação.
dioca cultivada ( Manihot esculenta ) foi domesticada a partir de Outro método freqúentemente utilizado para estudos em
populações selvagens. níveis populacionais é o método do DNA polimórfico am-
Malcomber (2002) utilizou íntrons do gene que csdifica plificado ao acaso (RAPD). Nessa técnica, pequenos (10 pb)
a triose fosfato isomerase e dois genes diferentes para fos- inicializadores de PCR são desenhados com sequências arbi-
foenolpiruvato carboxilase para acessar relações entre espé- trárias. Essas sequências aleatórias geralmente serão comple-
cies de Gaertnera, um representante de Rubiaceae. íntrons mentares a uma ou mais regiões em algum local do genoma
do gene que codifica para a granule-bound starch synthase I da planta, e os inicializadores irã o se ligar a elas e amplificar
(GBSSÍ, ortólogo do gene conhecido como waxy em milho - um fragmento de DNA.
como é chamado por aqueles que trabalham com o gene nes- Ao realizar muitos PCRs com inicializadores aleatórios,
sa planta) tê m sido utilizados para determinar relações entre pode-se encontrar fragmentos que distingam indivíduos de
espécies de gramíneas, a tribo Pyreae de Rosaceae, batatas e plantas ou popula ções. Tais fragmentos permitem rápida
Convolvulaceae (Mason-Gamer et al. 1998; Evans et al. 2000; avaliação de quantos genótipos estão presentes em uma po
Manos et al. 2001; Peralta e Spooner 2001). pulação e uma estimativa bruta de quão diferentes são esses
Quando se utilizam íntrons nucleares como marcadores genótipos. No entanto, a técnica é limitada porque a identi-
filogené ticos, é em geral mais produtivo testar vários genes dade dos fragmentos não é conhecida. Em outras palavras,
para um subgrupo dos taxa a serem estudados. A escolha do um fragmento de 150 pb em uma planta pode na verdade
gene nuclear não é particularmente crítica (assumindo-se que nã o representar a mesma porção de um fragmento de 150
a ortologia possa ser demonstrada), mas é mais eficiente esco- pb do genoma em outra planta, porque o único critério de
lher um gene que possa ser facilmente amplificável por PCR, similaridade é o tamanho do fragmento. P&ra verificar a iden-
que possa ser prontamente alinhado entre os taxa estudados tidade dos fragmentos é necessária a análise por Southern
e que forneça variação suficiente para elucidar as relações. blotting ou por sítio de restrição (ver adiante); nesse ponto a
técnica de RAPD toma-se tão laboriosa quanto a de sítios de
Combinando dados de vários genes Em vários estudos cita- restrição ou estudos de seqú enciamento. Outras técnicas, tais
dos anteriormente, e muitos outros citados nos Capítulos 8 e como polimorfismos de comprimento de fragmentos ampli-
9, os dados de vários genes têm sido combinados. À medida ficados (AFLP), têm sido desenvolvidas para evitar os proble-
que o custò das sequências diminui, o uso de múltiplos genes mas do RAPD, mas uma ampla discussão sobre isso está além
tem-se tomado cada vez mais comum. Essa prática frequen- do escopo deste livro. Muitos estudos empregando genes de
temente fornece melhor suporte para relações espe :íficas e muitas cópias são publicados na revista Molecular Ecology , a
esclarece padrões que eram obscuros quando som< nte um qual constitui uma rica fonte de informação sobre estudos em
gene era utilizado. sistemática de espécies infimamente relacionadas.

Sequências nucleares não-codificantes presentes em alto núme ¬


ro de có pias Ao contrário do cloroplasto, do RNA ibosso- Aná lise de sítios de restrição
mal e de genes nucleares que codificam proteínas, sec úê ncias Os primeiros estudos em sistemática molecular empregaram
nucleares n ã o-codificantes que ocorrem em grande número análises de sítio de restrição, o método de escolha dos anos
de có pias evoluem rapidamente e são conseqúent|emente 1980. Essa técnica pode ser usada para gerar mapas de genes
ú teis em questões que abrangem níveis populacionais. As se ¬ individuais ou genomas inteiros. Muito do que sabemos hoje
quências utilizadas são em geral pequenas e repetidas muitas sobre a estrutura dos genomas do cloroplasto e mitocondrial
vezes, freqú entemente em muitos locais no genoma. decorre de tais estudos (para revisão, ver Olmstead e Ealmer
Os chamados minissatélites ou repetições em sequên¬ 1994 e Sytsma e Hahn 1997 e vários capítulos em Soltis et
cia em n mero variável (VNTR) constituem sequências al. 1998).
repetidas e geralmente correspondem a 10 pares de bases de Em análises de sítios de restriçã o, o DNA é extraído da
comprimento. Nos microssatélites, as repetições são muito planta e é cortado com enzimas de restrição - enzimas que
menores, consistindo em somente dois ou três nucleotídeos. cortam o DNA em uma sequência específica. A enzima conhe ¬
Cada sequência repetida é instável e propensa a erros de re- cida como BítmHI, por exemplo, corta o DNA em qualquer lo ¬
plicação, usualmente derivados de desiizes na replicação cal em que ela encontra a sequê ncia GGATCC, e a EcoRI corta
(embora o crossing-over desigual també m seja uma possibili ¬
em GAATTC.* Um mapa é construído primeiramente pelo
dade em alguns casos) . corte do DNA com uma enzima e exame do padrão resultante
O deslize de replicação ocorre quando o DNA está sendo
copiado. As fitas se separam para a replicação, mas reanelam '
Os nomes das enzimas de restrição são acrónimos baseados na pri ¬

fora da região correspondente, levando à formação de uma meira letra do gênero e nas duas primeiras letras da espécie da bacté
¬

alça no DNA. Mecanismos de reparo podem remover a alça ria da qual a enzima foi isolada. Assim, BamHI vem de Bacillus amyio -
(levando à perda de uma unidade repetida) ou inserir bases liquefaciens, EcoRI, de Escherichia coli.
T

116 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

de fragmentos de restrição, em seguida pelo corte do DNA A vantagem em utilizar qualquer abordagem baseada
com a segunda enzima e, no final, pelo corte com ambas as em sítio de restrição é que, potencialmente, pode-se cobrir
enzimas ao mesmo tempo. Esse processo cria uma espécie de uma grande porção de DNA que, por consequência, é menos
quebra-cabeça de onde a ordem dos sítios de restriçã o pode sensível à seleção local ou a diferenças nas taxas de mutação.
ser construída ao se comparar o tamanho dos fragmentos. També m existe uma desvantagem, é claro, porque a posiçã o
Para montar um mapa de sítios de restrição do genoma de exata do sítio de restrição é desconhecida (p. ex., dentro ou
cloroplasto, é importante incluir somente fragmentos do clo- fora de um gene, na terceira posição de um códon ou não),
roplasto e não confundi-los com segmentos do DNA nuclear então é impossível saber se um ganho ou perda de um sítio
ou mitocondrial. Uma maneira de se fazer isso é moer a plan ¬ de restrição ocorreu exatamente no mesmo local entre vá ¬
ta e separar os cloroplastos do restante do tecido antes do rios taxa. Além disso, com métodos corriqueiros, a estimati ¬
isolamento do DNA e cortá-lo. No entanto, essa abordagem va do tamanho dos fragmentos de restrição é eficiente para
é trabalhosa e foi substituída pela técnica de Southern blot- somente 50 ou 100 pb; assim, dois sítios muito próximos um
ting (nome dado em função do inventor E. M. Southern), em do outro podem ser facilmente confundidos. Finalmente, um
que DNA do cloroplasto, mitocondrial e nuclear permanecem sítio de restrição é uma sequência de DNA de 4 a 6 bases
misturados e sã o cortados simultaneamente com a enzima de que pode ser perdida por uma mutação em qualquer uma de
restrição. O DNA cortado é então migrado por meio de um suas quatro ou seis bases. Isso significa que diferentes mu ¬
gradiente elctrico em um gel. O gel é coberto por um peda ¬ tações serão visualizadas como a mesma e não podem ser
ço de papel de nylon (denominado membrana), e o DNA é distinguidas.
transferido para o nylon em um processo similar ao de uma Atualmente, análises por sítios de restrição são menos
serigrafia. usuais do que foram no passado, isso porque o sequencia-
Em seguida, um segmento conhecido do DNA de cloro ¬ mento tornou-se muito eficiente. Como ferramenta de labo ¬
plasto (a sonda) é marcado com f ósforo radioativo e desna ¬ ratório, no entanto, permanecem úteis para a visualiza ção de
turado para produzir fita simples. Essa fita simples de DNA clones de genes nucleares e para mapeamento do genoma
se liga ao DNA na membrana; esta se ligará somente às se ¬ nuclear.
quências complementares (cloroplasto). A membrana é colo ¬
cada em contato com um filme de raio X. As bandas de DNA
às quais a sonda se ligou aparecem como linhas escuras no Mapeamento do genoma nuclear
filme. Todos os demais fragmentos de DNA (do núcleo, mito- O mapeamento do genoma nuclear tem-se tomado cada
cô ndria e demais partes do cloroplasto) estão presentes, mas vez mais comum em estudos evolutivos, particularmente nos
estão invisíveis. realizados em parentes próximos de plantas cultivadas e nos
A análise por sítio de restrição foi inicialmente usada para principais sistemas- modelo para biologia molecular. Estudos
determinar a ordem dos genes, em particular no genoma de comparativos usando o genoma nuclear foram realizados em
cloroplasto. Por exemplo, a família de gramíneas (Pbaceae) gramíneas, nas Solanaceae e nas Brassicaceae e estão sen ¬
tem hês regiões do genoma de cloroplasto que são invertidas do igualmente desenvolvidos em outras famílias. Além disso,
em relaçã o à maioria das demais angiospermas. Uma delas estudos relativos ao mapeamento do genoma nuclear estão
é única para Poaceae, a outra é compartilhada com Joinvil- ainda iniciando a abordagem de questões de esperiação.
leaceae e a terceira é compartilhada com Joinvilleaceae e Gerar um mapa do genoma nuclear requer um grande
Restionaceae (Doyle et al. 1992). A presença de uma inver¬ compromisso de tempo e esforço. Duas plantas devem ser
são única para Poaceae não é surpreendente; a família é in ¬ cruzadas e sua progénie F, deve ser autopolinizada para pro ¬
questionavelmente monofilé tica, um resultado que pode ser duzir um grande número de plantas F2. Entã o os gen ótipos
confirmado por quase todos os tipos de dados. As inversões de parentais e progénie são determinados por meio do uso de
compartilhadas com Joinvilleaceae e Restionaceae, no entan ¬ marcadores RFLP, RAPD ou AFLP; esses marcadores devem
to, ajudaram a esclarecer os dados morfológicos, que sugerem ser polimórficos entre os parentais. Essa técnica geralmente
que estes podem ser os grupos-irm ã os das gramíneas. requer o uso de programas estatísticos sofisticados para infe
¬

Esse método relativamente simples tem-se tomado uma rir as inter-relações.


ferramenta poderosa para a sistemática. Esta tem sido utili ¬ Em um estudo de Mimulus, Bradshaw e colaboradores
zada mais notavelmente em estudos do genoma de cloro ¬ (1995) constataram que a mudança da polinização por abe ¬
plasto. As sequências (sítios de restrição) são contadas como lhas para polinização por pássaros (ver página 127) envolveu
presença ou ausê ncia, e tais contagens são utilizadas como oito genes, os quais eles conseguiram localizar em grupos li¬

caracteres em análises filogenéticas. A presença ou a ausência gados (grupos de genes que são fisicamente próximos, isto
de sítios de restrição cria fragmentos de DNA de diferentes é, ligados ; o maior grupo de ligação possível é equivalen ¬

tamanhos; estes são conhecidos como Polimorfismo de Ta¬ te a um cromossomo) . Em um estudo similar de Helianthus ,
manho de Fragmento de Restrição, ou RFLPs. Os mé todos Rieseberg e colaboradores (1995, 19%) constataram que duas
utilizados para esse tipo de estudo são os mesmos que aque ¬ .
espécies (H. annuus e H petiolaris ) diferiam por pelo menos
les usados para estudos de mapeamento do genoma nuclear, dez rearranjos genômicos (três inversões e pelo menos sete
que agora são mais comumente feitos com Southern blotting. translocações), as quais afetaram a recombina ção gen ética e
Ainda existe outro mé todo inventado após a PCR que está possibilidades de introgressão. O genoma de seu híbrido de ¬

disponibilizado atualmente, o qual amplifica um segmento rivado H. anomalus foi rearranjado com relação ao genoma
específico de DNA que é posteriormente cortado com enzi ¬
das espécies parentais, assim a espécie é, do ponto de vista
mas de restrição. reprodutivo, parcialmente isolada de ambos os parentais. O
SISTEMáTICA VEGETAL 117

grupo de Rieseberg criou, dessa forma, novos híbridos de H . mais, genes nucleares de poucas cópias proporcionam novas
annuus e H . petiolans e constatou que os rearranjos cromos- descobertas. Novas ferramentas estã o continuamente sendo
sômicos nos híbridos experimentais foram similares aos da desenvolvidas para o estudo da variação dentro e entre po ¬

espé cie híbrida que ocorre naturalmente, H , anomalus. Eles pula ções, incluindo mé todos de mapeamento genômico. Na
concluíram que certas combinações de genes e rearranjos de medida em que essas ferramentas se tomem mais difundidas,
genes foram seletivamente favorecidos no híbrido. elas fornecerão novas informações sobre os processos de di ¬
Não está claro se o mapeamento do genoma nuclear se ferenciação em nível populacional.
tomará simples o suficiente para ser aplicado a muitas espé ¬ No entanto, independentemente da eficiência dos da ¬
cies em um estudo sistem á tico. No entanto, tais estudos já dos moleculares, os dados morfológicos permanecerão cr í ¬

estão se tomado extremamente valiosos para sistematas inte ¬


ticos para estudos filogen é ticos. As principais questões em
ressados nos mecanismos do processo de especiação. sistemá tica vegetal ainda são morfológicas. Questões sobre
a origem das espécies, os mecanismos de diversificação e a
melhor maneira para classificar toda a diversidade requerem
Resumo tanto um entendimento da morfologia quanto da filogenia.
Técnicas moleculares fornecem ferramentas poderosas para Atualmente, podemos prever um futuro onde filogenias ro ¬

estudos em evolu çã o e filogenia. A maioria dos dados quan ¬ bustas terão sido construídas para todos os grupos de plantas,
to a rela ções no nível de espé cie e acima foram obtidos a e a questão da sistemática mudará de Qual é a filogenia do
partir do genoma de cloroplasto e de sequências altamente meu grupo? para Como surgiu a diversidade morfológica
repetidas dos genes do RNA ribossomal. Contudo, cada vez no meu grupo? .

BIBLIOGRAFIA CITADA E LEITURAS RECOMENDADAS


Itens marcados com asterisco são especialmente recomendados para os leitores interessados em
informações adicionais sobre os assuntas discutidos neste capítulo.

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A Evolução da

IHXflH
'
Èi
Diversidade Vegetal

Planeta Terra sustenta aproximadamente 260.000 espécies


6
v; 'de traqueófitas. Estas abrangem desde plantas diminutas,
MH» como as flutuantes lentilhas d 'á gua ( Lemna e Spirodela, Ara -
ceae), com alguns milímetros de tamanho e desprovidas de
folhas, até árvores volumosas, tais como as sequóias (Sequoia,
Cupressaceae), com mais de 100 m de altura e idade de milha
res de anos. Tào diferentes como podem nos parecer estes exemplos extremos,
¬

A
estes organismos, no entanto, apresentam um ancestral em comum na á rvore da
vida. A evolução (mudanças genéticas ao longo do tempo) é a fonte da enorme
diversidade da própria á rvore da vida (Quadro 6 A). A principal preocupação dos
sistematas é identificar e compreender os conjuntos de organismos produzidos L
pela evolução.
Um componente essencial da evolução é a variação natural entre os indiví ¬

duos. Assim, é importante entender como surge tal variação e como ela se distri ¬

bui em um contexto geográ fico. Os processos que originam unidades discretas


de variação { taxa) s ão de particular interesse para os sistematas, especiaimente
aqueles que resultam na formação de espécies (especiação). A função do fluxo
gênico (intercâ mbio de genes entre populações) na formação e manutenção de
taxa vegetais não est á clara. Para que uma espécie origine duas novas espécies,
uma interrupção do fluxo g ênico entre as espécies em formação é aparentemen
ri>;
¬

te necessária. A fecundação entre indiví duos de plantas de diferentes espécies


pode dissipar os limites entre elas, mas em muitos casos este fenômeno decorre
em um efeito surpreendentemente pequeno na variação morfológica dentro de
cada espécie.
O fluxo g ê nico entre espécies (hibridiza çã o, à s vezes referido como reticu-
lação) tem uma função dupla no processo de especiaçã o. Por um lado, pode
reduzir a diversidade por meio da fusão de espécies. Por outro, pode ser uma
poderosa ferramenta de especiação, especialmente se associada com eventos de
poliploidia, fonte importante de variação genética entre espécies de plantas.

\T
m
m
i. 'J

tei
120 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

QUADRO 6A Teorias sobre a evolução dos organismos


A evolução tem sido íreqiientemente de ¬ Outros pesquisadores, sendo Jean - poderia dar origem a este padrã o. Ele
finida de dois modos: (1) mudanças nas Baptiste Lamarck (1744- 1829) o mais chamou este processo de seleção natu¬
frequê ncias genicas e (2) descendê ncia notável entre eles, sugeriram també m ral. A lógica deste processo se baseia em
com modificação. Esta ltima definição é que os organismos se modificam através um conjunto de observações alinhavadas
associada a Charles Robert Darwin (1809- do tempo. Esta idéia era sustentada pela por Darwin, bem como em duas inferên ¬

1882) (Figura 6.1), que concebeu a teoria descoberta de numerosos f ósseis, bem cias principais decorrentes destas obser ¬

hoje denominada Darwinismo. O Darwi- como pela considerá vel idade da Terra . vações (Figura 6.2).
nismo é uma das idéias mais significativas No entanto, Lamarck acreditava na he ¬ Thomas Malthus (1766 -1834 ), um
da História e influenciou profundamente rança de caracteres adquiridos. Quando influente economista inglês, percebeu
não apenas as ciências biológicas, mas Darwin iniciou suas pesquisas, a idéia ue as populações humanas são superfe-
també m a perspectiva do ser humano so ¬ generalizada era de que todos os orga ¬ cundas, isto é, são capazes de aumentos
bre sua posição no mundo. nismos eram produtos da criação divina. num é ricos em proporções geomé tricas.
As observa ções de história natural efe ¬
Darwin estendeu esta idé ia ao mundo
tuadas por Darwin (tanto na Inglaterra natural. O fato de as populações naturais
quanto nas suas viagens como naturalista geralmente n ão experimentarem explo ¬
a bordo do HMS Beagle, que circundou o sõ es demográficas, permanecendo em
globo entre 1831 e 1836), junto com anos estado estacionário, poderia ser explicado
de elabora ção, levaram- no a elaborar pelas limita ções geradas pelos recursos
i SH sua teoria, que foi apresentada em 1859
no livro A Origem das Espécies* . Darwin
limitados. Estes três primeiros fatos (su -
perfecundidade, o estado estacioná rio
percebeu que os organismos estão rela ¬ das populações e a iimitação de recursos)
t cionados entre si em uma ramificada ár¬ levaram Darwin à sua primeira inferê n ¬

A vore da vida e concebeu o processo que cia: existe uma luta pela sobrevivê ncia .
* íC
Apenas os organismos mais sadios e mais
adaptados (p . ex., plantas cujas flores atra
¬

* N. de T. Na verdade, Darwin apresentou em mais eficientemente os polinizadores)


a teoria da evolução juntamerte com Al- poderão competir com sucesso confia ou ¬

fred Russell Wallace, em 1858, na forma tros indivíduos pelos recursos que neces¬
de uma carta conjunta à Linnean Society sitam para viver e reproduzir se.
-

de Londres, que foi publicada por esta Darwin juntou esta inferê ncia com
sociedade ( On the tendency of species o fato de existir varia ção entre os indiví¬

to form varieties; and on the perpetuation duos de uma espécie. Esta noção era bem
of varieties and species by natural means compreendida por criadores de animais
FIGURA 6.1 Charles Darwin no seu apo ¬
of selection ) . O texto, na íntegra, pode
.
geu (Foto: cortesia da American Philoso- ser conferido em httpd /darwin- Online .
e cultivadores de plantas na é poca de
Darwin, mas em geral n ão era aceita fora
phical Society.) org.uk / .

A diversidade das plantas é fortemente moldada pelo Os caracteres mais utilizados para definir espécies sã o
sistema reprodutivo. Reprodução uniparental, por meio de morfológicos: os indivíduos de uma dada espécie de plan ¬

autopolinização ou meios assexuais, tende a produzir menor ta são morfologicamente mais semelhantes entre si do que
diversidade que a encontrada em grupos com reprodução es ¬ com os indivíduos de outra espécie. Caracteres moleculares,
tritamente biparental. cuja utilização vem se tomando mais frequente, desafiam e
A seção final deste capítulo trata do conceito de espécie, complementam a delimita çã o das espécies baseada apenas
um tema que tem sido intensamente debatido por sistematas em caracteres morfológicos.
e biólogos evolutivos. Embora muitos biólogos definam uma
espécie como um conjunto de popula ções que não troca ge ¬

nes com outras populações, o fluxo gê meo falha como crit ério A diversidade vegetal é o
para definir espécie se estritamente aplicado às plantas, pois
hibridização interespecífica e reprodução uniparental são resultado da evolução
eventos frequentes nestas. Aquele táxon geralmente reco ¬
A confirmação da evolução como fonte da biodiversidade
nhecido como uma espécie de planta muitas vezes hibridiza, vem dos f ósseis, da observação de caracteres compartilhados
e eventos de reprodução uniparental reduzem uma comuni ¬
por grupos de organismos, da observa ção da variação dos or¬
dade reprodutiva a um indivíduo ou à progénie de um único ganismos em um contexto geográfico e de estudos ambien ¬
.
indivíduo. Assim, em geral, os sistematas n ã o insistem no tais. Fósseis de plantas com flores ( Figura 6.3) documentam a
conceito de comunidades reprodutivas para definir espécies. evolu ção das estruturas (flores, trutos, folhas e outras partes ),
Ao invés disso, eles utilizam uma ampla gama de evidências bem como a origem e extinção de espé cies, gêneros e famílias
que sustentam que uma popula ção ou um conjunto de popu ¬ (Stewart e Rothwell 1993) . Embora existam muitas lacunas
la ções constituem uma linhagem evolutiva independente. no registro fóssil, este registra inequivocamente as mudanças
W

SISTEMáTICA VEGETAL 121

deste contexto. Desde a é poca dos gregos te nas futuras gerações do que aquela de 1997). Neutral refere-se ao fato de que
antigos, uma espécie (por exemplo, uma indivíduos menos bem -sucedidos. Sem a algum grau de variação não afeta (e, poiir-
espé cie em particular de carvalho) era hereditariedade, pela qual os caracteres tanto, tem efeito neutro) a sobrevivê ncia
considerada a manifestaçã o de uma es ¬ são transferidos dos indivíduos a futuras dos organismos.
sência imut ável. Quaisquer desvios desta gera ções, as popula ções nã o mudariam Pouco depois da publicação de A Ori ¬

essê ncia eram considerados sem impor ¬ através do tempo. Paia resumir o Darwi -
gem das Espécies, o monge austríaco Gregor
t ância. Em segundo lugar, Darwin sabia, nismo, mudan ças herdáveis na aptidão Mendel (1822-1884) efetuou uma série de
ou por meio de experimentos pró prios promovem a seleçã o natural e a evolu ¬ elegantes experimentos demonstrando a
ou por meio de criadores, que a progénie çã o . Embora a seleçã o natural seja res
¬ herança na ervilha comum de jardim . Tais
tende a assemelhar-se com seus parentais. ponsável por grande parte das mudanças experimentos n ão tiveram a devida apre ¬

Embora não compreendesse os mecanis ¬ evolutivas, uma força alternativa pode ciação até o início do século XX, quando
mos da herança, ele percebeu que esta era atuar algumas vezes. Quando a foiça de se tomaram a pedra fundamental da ge ¬
essencial para sua segunda inferência: a seleção natural é fraca, o acaso pode go
¬ nética. Mais tarde, dois cientistas britâni ¬

seleção natural. vernar o curso das mudan ças evolutivas. cos (R. A. Fisher e J. B. S. Haldane) e um
Quando a variação afeta o resultado Um gene pode estar presente em uma cientista americano (Sewall Wright) sen ¬

da luta pela sobrevivência (como a atra - populaçã o ou espécie não porque con ¬
taram as bases da gené tica de populações
tividade de uma flor para o polinizador), fere maror aptidã o do que outros genes, e elaboraram ferramentas teóricas e quan ¬

indivíduos com os caracteres mais vanta ¬ mas apenas por acaso. Este processo, titativas para o estudo das mudanças evo ¬
josos sobrevivem e se reproduzem mais conhecido como deriva genica, é descrito lutivas nas populações. Modificado pela
do que os outros. A progénie destes indi ¬ nas páginas 124-125 e é a base da teoria genética de populações, o Darwinismo foi
víduos bem-sucedidos será mais frequen ¬ neutral da evolução molecular (ver Li renomeado Neodarwinismo.

m;.V :
V,
FIGURA 6.2 A l ógica de Darwin .Três obser¬
vações - (1 ) os organismos sã o capazes de
aumento rá pido no n ú mero de indiv íduos
(superfecundidade ), mas (2 ) o tamanho da
populaçã o geralmente é estável e (3) os re
cursos sã o limitados - levaram a inferê ncia
de que existe uma luta pela sobrevivê ncia
¬

entre os indiv íduos. Duas observa ções adi ¬

cionais, de que existe uma varia çã o natural


entre os indiv íduos e que esta varia çã o é
herd á vel, levaram a inferência da existê ncia
de sobrevivê ncia diferenciada ( i.e., seleçã o
r.
• - ; j!

, natural ) e da evolu çã o ao longo de muitas
r .t •
gerações. (Modificada de Mayr 1977.)

morfológicas dos organismos (que envolveram mudan ças gê -


nicas) através dos milhões de anos da vida na Terra.
O fato de os seres vivos apresentarem processos gen é ¬

ticos e bioquímicos comuns sustenta fortemente uma ú nica


origem para a vida na história da Terra. Todos os organismos
desenvolvem certas fun ções essenciais por meio das mesmas
vias metabólicas. A glicólise, por exemplo, é uma série coor ¬

denada de rea ções bioquímicas que envolvem a quebra par ¬

cial da glicose que conduz à síntese de moléculas de adenosi -


na trifosfato (ATP) no citoplasma de todas as células vivas. O
ciclo do ácido cítrico é uma continuação da quebra da glicose
que gera mais ATP e que acontece nas mitocôndrias, organe -
las encontradas em todos os organismos eucariontes.

FIGURA 6.3 Reconstru çã o de um ramo com flor e folhas de Archaean-


thus iirtnenbergeri , uma angiosperma do Cretá ceo M édio. Fósseis como
este nos permitem compreender quando evolu í ram as angiospermas
e quai pode ter sido a aparê ncia de alguns dos primeiros integrantes
dessa linhagem. As cores foram adicionadas para auxiliar na delimita ¬

ção das estruturas. ( Fonte: Dilcher e Crane 1984; ilustra çã o original de


M. Rohn.)
122 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

(A) Cypripedium (B) Orchis


calceolus maculata

%
1 M x I
X
(D) Nigntella
nigra

(Q Cattleya sp.

Tltl
Bgr
«MBNa
\ vg

.
FIGURA 6.4 Variações no labelo das orquídeas Apesar das diferen ¬ coletar néctar. (C) O grande labelo de Cattleya sp. funciona de modo
ças em tamanho, formato e cor, acredita- se que o labelo das orquídeas semelhante ao do labelo de Orchis, mas atrai poliní zadores diferentes
(grandes mamangavas). Em Cattleya não encontramos um nectário
deriva de uma única estrutura presente no ancestral comum delas. As
diferenças entre os labelos (setas) estão relacionadas com diferentes tipo esporão, mas uma cavidade nectar ífera inserida dentro do ovário.
adaptações para a polinização. Em A -C a orquídea é apresentada em (D) O labelo de Nigritella nlgra (à esquerda, a inflorescência; à direita,
vista frontal (esquerda) e em sec ção longitudinal ( direita). (A ) O labe
¬ uma flor em vista frontal) é quase idêntico à s demais peças florais e
lo fortemente c ô ncavo de Cypripedium calceolus retém por um breve n ã o é atrativo para os polin í zadores; os poliní zadores (borboletas) s ã o
período de tempo as abelhas do gênero Andrena que polinizam esta atraídos pelos densos agregados de flores, como um todo. Além disso,
orquídea. Para sair, as abelhas são forç adas a polinizar a flor, pois a ni
¬ diferente das flores em A-C, a flor não é ressupinada (labelo para bai ¬

ca via poss í vel de saída faz com que os insetos esbarrem na superfí ¬ xo). Estas flores estão especializadas para a polinização por borboletas
cie estigmática e no pólen. (B) O labelo 3-lobado de Orchis maculata e o acesso ao nectário é muito estreito para as peças bucais de outros
atrai abelhas (e à s vezes moscas) e as orienta em direção ao nectário tipos de insetos. (Fonte; Faegri e van der Pijl 1979.)
em forma de esporão; os insetos polinizam a flor enquanto tentam

O DNA constitui o genótipo de todos os organismos. A na cor e no tamanho das flores são adaptações para atrair,
informação genética é codificada no DNA na forma de uma manipular e recompensar diferentes espécies de aves, mor ¬

sequência de nucleotídeos,constituindo um código que é pra- cegos, abelhas, mariposas e outros insetos polinízadores (ver
ticamente universal a todos os organismos vivos. O fenótipo Capítulo 4). Flores polinizadas por morcegos, por exemplo,
(o conjunto de caracteres observáveis em um organismo) é o são facilmente acessíveis, esbranquiçadas e fáceis de localizar
produto da interação entre o genótipo e o meio- ambiente. no escuro e também produzem grandes quantidades de néc ¬

As principais mudanç as genéticas são freqúentemente tar (Figura 6.5; ver também Tabela 4.1) .
evidenciadas pelo fenótipo. A pétala mediana e especializa ¬ Outro marcante exemplo de adaptaçã o é o nectário da or ¬

da (labelo) das orquídeas, por exemplo, varia em cor, tama ¬


quídea Angraecum sesquipedale do Madagascar. O epíteto es ¬

nho e formato entre espécies diferentes (Figura 6.4) . Apesar pecífico refere -se ao comprimento do nectário: sesqui significa
das diferenç as, a origem de todas estas estruturas remonta um e meio" e pedale significa pé (uma unidade de medida
a uma estrutura ancestral em comum, e as diferenças atual ¬
anglo- saxã, cerca de 33 cm de comprimento). Na verdade, o
mente observadas decorrem de milhões de anos de evolução. nectário atinge cerca de 30 cm, e nã o os 45 cm que o epíteto
Os labelos das orquídeas apresentam então uma semelhança específico sugere. Os polinízadores desta orquídea não eram
fundamental, pois partilham da mesma história evolutiva; em conhecidos no tempo de Darwin, mas ele hipotetizou que de ¬

outras palavras, são homólogos. veriam ser manposas cuja probóscide fosse suficientemente
Muitas das diferenças que separam os organismos entre compnda para atingir o fundo do nectário. Mais tarde, uma
si afetam sua habilidade para sobreviver e se reproduzir. Esta mariposa com estas caractensticas foi descoberta.
habilidade é denominada aptidão e está relacionada com o Uma última linha de evidência a favor da evolução é a
conceito de adapta ção, uma forte correspondência entre os grande variação geogr áfica dentro dos grupos de organis ¬

organismos e o ambiente que habitam. Variações no formato, mos. Numerosos estudos documentam padrões de variação
SISTEMáTICA VEGETAL 123

mH :
\ A
n
V

m ..
r'
r-
Cl 100 200 km

1
1
1
FIGURA 6.5 0 morcego Leptonycterís curasoae utiliza sua l íngua ex¬
tens ível para beber néctar nas flores do saguaro ( Carnegia gigantea), FIGURA 6.6 A distribuição global de Pinusjeffreyi, com a distribuiçã o
polinizando-as durante este processo. 0 tamanho, a cor esbranquiça ¬ dos ecótipos de solos serpent ínicos do norte da Califórnia e sudoeste
da e o período noturno de antese das flores sã o claras adaptações para .
do Oregon em destaque ( Fonte: Furnier e Adams 1986.)
a polinização por morcegos. Os morcegos nã o sã o capazes de pairar,
como os beija-flores, mas bebem rapidamente nas flores e pousam na
vegetaçã o, voltando às flores até esgotar o néctar. Raramente os mor¬ sa química mais eficiente contra a herbivoria. Este indivíduo
cegos se machucam com os longos espinhos dos cactos.
poderá assim produzir mais descendentes em relação a ou ¬
tros indivíduos da população, o que aumentará a frequência
em plantas - morfológicos, ecológicos, fenológicos e genéti ¬
de ocorrência dessa mutação dentro da população (e talvez
em outras populações, através de fluxo gê nico). O acúmulo
-
cos que coincidem com a variação de variáveis geográficas
de mudanças desse tipo em uma linhagem é denominada
ou abióticas. O pinheiro de Jeffrey { Pinus jeffreyi ), uma árvore
das regiões montanas do sudoeste de Oregon até o México, anagênese. Mudanças que promovem a formação de novas
ilustra este tipo de padrão (Fumier e Adams 1986). A espécie espécies pela separação de uma linhagem em duas (cladogê-
mantém uma alta diversidade genética, como a maioria das nese) são de especial interesse para os sistematas.
coníferas, com exceção das populações que ocorrem em so¬
los serpentínicos (Figura 6.6). Estes solos são muito inférteis
e diferem substancialmente dos outros, propiciando o surgi ¬
A varia çã o em populações
mento de ecótipos (populações especializadas para deter
minadas condições ecológicas) adaptados a solos serpentí
¬

¬
e espécies vegetais
nicos. Ecótipos diferentes apresentam genótipos diferentes. Fontes de varia ção
Os ecótipos de solos serpentínicos do pinheiro de Jeffrey Muta ções e recombina ção gê nica são as principais fontes de
apresentam menor diversidade genética do que populações variação dentro de populações e espécies vegetais e consti ¬
de solos mais férteis, devido talvez à intensa seleção natural tuem a matéria prima da seleção natural e da deriva gênica.
favorecendo genótipos mais tolerantes a condições de solo Mutação envolve alterações no DNA, sejam mudanças isola ¬
mais rigorosas. das nas bases (muta ções pontuais; Figura 6.7) até inserções,
A evolução é freqúentemente considerada em dois níveis. duplicações, deleções e inversões de partes de um cromosso ¬

Até o momento, nossa discussão se focou nas mudanças den ¬ mo, ganho ou perda de cromossomos inteiros e, finalmente,
tro das espécies. Por exemplo, um indivíduo pode carregar mudanças no genoma por inteiro (o complemento cromossô-
uma mutação (que seja herdável) que lhe confira uma defe- mico completo no núcleo celular).
124 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Um segmento de uma molécula de DNA, mostrando o arranjo de modo que os genes são rearranjados. Assim, ao invés de
linear das bases (adenina, citosina, guanina e timina) apresentar apenas material genético de um dos parentais, de ¬

-
vido ao intercâmbio recíproco ou crossing over, os cromos ¬

somos homólogos acabam apresentando uma mistura dos


SOSEISEEDISIUDEIEIH genes dos parentais (Figura 6.8B).
1 ]
Durante a meiose, os genes também são recombinados
EISIIISII EOSIIIIISIEII por meio da distribuição independente dos cromossomos.
Uma mutação pontual (C » T) ocorreu na terceira posição Após o alinhamento na meiose, os homólogos se separam
na produção dos esporos (Figura 6.8Q. O homólogo paterno
FIGURA 6.7 Muta ções pontuais no DNA são uma das fontes da va¬ (ou materno) de um par poderá terminar em um esporo jun ¬
riaçã o gênica. to com o homólogo patemo ou materno de qualquer outro
par. Um organismo com 10 pares de cromossomos (como o
milho, Zea mays ) pode produzir 210 (ou 1.024) esporos ge ¬

O grau no qual uma mutação se espalha dentro de uma neticamente diferentes e 10.242 (ou 1.048.576) zigotos gene ¬

população ou uma espécie varia muito dependendo da im ¬ ticamente diferentes apenas pela distribuição independente
port ância da região afetada do DNA do organismo. O efeito dos cromossomos.
pode ser letal (quando é afetada a expressão de um gene es ¬ A recombinação é uma importante fonte de variação. Au ¬
sencial), neutral (quando nã o apresenta efeitos na sobrevi ¬ menta à medida que aumenta o n ú mero de crossing-over e
vência do organismo), ou seletivamente vantajoso (quando o número cromossômico, e é afetada pelo tamanho da po ¬

novos arranjos cromossômicos dos genes promovem uma pulação, pelo sistema reprodutivo, pela dispersão do pólen
expressão gênica coordenada benéfica) . Sequ ências de DNA e sementes, bem como por outros fatores. A recombinação é
que codificam componentes essenciais do metabolismo celu ¬ responsável por grande parte da variação observada dentro
lar são altamente conservadas, variando muito pouco entre de populações naturais e até mesmo dentro da progénie de
grupos de organismos. De outro modo, DNA sem função cla ¬ um único evento reprodutivo.
ra no funcionamento celular pode mutar livremente, o que A variação também é afetada pelo fluxo gênico, que pode
acontece regularmente, gerando variações que podem dife ¬ introduzir novo material gênico em uma população, e pela
renciar grupos de organismos proximamente relacionados. deriva gênica, a fixação ao acaso de genes em populações
Um dos tipos de mutação mais importantes é a duplica ¬

pequenas. Para entender como opera a deriva gê nica consi ¬

ção de genes, que cria cópias adicionais de genes que, por sua deremos uma população hipotética de 10 plantas de roseiras
vez, podem mutar em genes novos (ou em pseudogenes não cuja cor floral é controlada por um gene com duas formas
funcionais). Uma grande proporção dos genes aparentemen ¬ (alelos). Um destes alelos codifica a cor vermelha e o desig ¬

te se originou em eventos de duplicação gênica. Os genes das namos com a letra V, o outro codifica a cor branca e o deno ¬

globulinas, cujos produtos são essenciais para o transporte minamos B. Cada planta carrega dois alelos (um provindo de
do oxigénio no sangue, se diversificaram em decorrência de cada parental). Indivíduos com dois alelos V (W ) apresentam
muitos eyentos de duplicação, sendo que, mesmo nas plantas, flores vermelhas. Indivíduos com genótipos BB apresentam
estes genes se duplicaram e divergiram . A leghemoglobina flores brancas. Os indivíduos com gen ótipos VB apresentam
se une ao oxigénio e cumpre uma função muito importante flores róseas. Consideremos que as três cores sejam adapta -
na fixação de nitrogénio nas leguminosas e outros grupos de tivamente iguais. Das 10 plantas na população, 9 apresentam
plantas, e a plastocianina (outra globulina) é um pigmento flores vermelhas e uma apresenta flores róseas. Há um total
fotossintético. de 20 alelos nesta população, 19 deles são V e 1 deles é B.As ¬

As maiores mutações são eventos de aneuploidia e poli- sim, a frequência do alelo V é 95% e do aleio B é apenas 5%.
ploidia (ver Capítulo 4). A aneuploidia é recorrente em alguns
grupos de plantas, mesmo quando a perda de material gené ¬
tico essencial ou o excesso de certos genes em decorrê ncia de
aneuploidia podem ser muito prejudiciais. No grande gênero Cromossomo 1 Cromossomo 3
(A) Um genoma diplóide de quatro
Carex (Cyperaceae), por exemplo, o n mero cromossômico
haplóide varia entre 6 e 56, e todos os números entre 12 e cromossomos. Os genes do
cromossomo materno ( 1 ........ .....
43 são encontrados em pelo menos uma espécie do gênero.
Nos gêneros Poa (Poaceae) e Salix (Salicaceae) também são
encontradas grandes variações no número cromossô mico ou
...
e os do cromossomo patemo
( ) estão pareados.
Cromossomo 2 Cromossomo 4

séries aneuplóides. A poliploidia promove a duplicação de


genes e, portanto, uma maior diversidade genética, sobre a
qual a seleção natural pode atuar. A poliploidia é frequente e
(B) Após a recombinação (crossing
over), os cromossomos
combinam genes matemos
-
.....
evolutivamente importante em plantas e é discutida em deta ¬ e oatemos .
(1)
lhes nas páginas 140-143.
A recombinação gênica envolve a segregaçã o de genes (Q Através de segregação (2) »«
que ocorre principalmente durante a meiose, o tipo de divi
são celular que origina os esporos. Os cromossomos ocorrem
aos pares, sendo que cada um deriva de um parental (Figura
¬
independente, quatro genomas
gaméticos ( hapióiáes) se tomam (3)
possíveis.
.... .- -
»

6.8A) e apresenta os mesmos genes na mesma ordem. Du ¬


(4) -
rante a meiose, estes pares homólogos de cromossomos se FIGURA 6.8 A recombina ção genética entre cromossomos homó lo ¬

alinham e rotineiramente trocam segmentos cromossô micos, .


gos é a fonte prim á ria da varia ção gen ética
SISTEMáTICA VEGETAL 125

Consideremos as possibilidades reprodutivas entre estes respondem a subgê neros. O subgê nero Bmssospora, que
indivíduos. As rosas vermelhas produzem gametófitos cujos hoje cresce apenas na Nova Caled ónia e Nova Guin é, é o
gametas carregam o alelo V; a única rosa rosada produz ga ¬ grupo-irmão do subgênero Nothofagus, que cresce apenas
metófitos cujos gametas carregam os alelos V ou B. O alelo B na Amé rica do Sul. O padrão geográfico desses subgê ne ¬
poderá não participar em nenhum evento de fertilização em ros aparentemente representa um exemplo de vicariâ ncia
uma geração e ser então perdido na população. Assim, o alelo (Head 2006): o ancestral desses subgê neros cresceu na
V será o único alelo na população. A probabilidade da per- Gondwana do Leste e, após a segmentaçã o desse super-
da do alelo 8 é de 95%, e tal perda poderá representar uma continente, os descendentes evoluíram nos dois subgêne ¬

mudança genética promovida peio acaso, e não pela seleção ros, com distribuições separadas.
natural. Estudos cuidadosos da varia ção geográfica com freqtiê n -
A variação individual é extensiva em praticamente todos cia evidenciam padrões como o antes explicado para Abies
os grupos de plantas e é discutida em detalhes por Briggs e concolor. A documentaçã o dos padrões de variação geográfica
Walters (1997). A seguir, veremos como a variação individual é um passo importante na compreensão da diversidade ta-
se distribui espacialmente e como esta variação é estruturada xonômica.
em grupos taxon ômicos.

Padrões tocais e geográficos de variação Especia çã o


O ponto de partida para estudar a variação espacial são as A variação natural em nível populacional e em nível acima
popula ções. Uma população é um grupo de indivíduos de das populações geralmente não é contínua, mas ocorre em
uma espécie ocupando uma região geográfica mais ou menos unidades discretas, ou taxa. Claramente, a unidade taxonômi-
definida e interagindo reprodutivamente entre si. No entan ¬ ca mais importante é a espécie, porque, com frequê ncia, uma
íceis de caracterizar. Variam de um a
to, as populações são dif espécie consiste no menor conjunto de populações claramen¬
milh ões de indivíduos e podem persistir por menos de um a te reconhecíveis. Compreender como se formam as espécies
milhares de anos. Podem consistir na progénie de um ú nico e como as reconhecemos tem sido um dos principais desafios
indivíduo ou ser regularmente alimentadas por imigrantes. para os sistematas.
Estas variações na sua histó ria, junto com diferentes níveis de A especia ção pode ser definida como a separação perma ¬

diversidade gênica, denotam que as populações podem variar nente de dois ou mais conjuntos de popula ções, de modo que
enormemente no nível genético. imigrantes de um desses conjuntos de populações estariam
A distribuição espacial pode ser mais ou menos contí ¬ em desvantagem quando entrassem no outro sistema , Esta
nua, formando uma clina, como acontece com a contínua desvantagem poderia originar-se na falta de parceiros para os
redu çã o de altura nas árvores desde a base até o ápice de imigrantes, se os dois sistemas forem reprodutivamente iso ¬
uma montanha. As plantas normalmente variam de modo lados. Altemativamente, um imigrante poderia não competir
descontínuo no ambiente. Abies concolor (Pinaceae), uma adequadamente com os residentes no que tange a resistência
conífera de regiões montanhosas do oeste dos Estados Uni ¬ a patógenos, doenças ou na interação com predadores ou na
dos e norte do México, apresenta marcadas descontinuida- atração de polinizadores ou dispersores. A especiação pode
des geográficas: as populações do Norte da Califórnia apre ¬
decorrer tanto de mudanças adaptativas quanto de mudanças
sentam gravetos pilosos e folhas truncadas; as populações devidas ao acaso.
da Baixa Calif órnia apresentam folhas curtas e espessas; Um dos problemas do estudo da especia çã o é que esta
um grupo de popula ções em Utah apresenta folhas ainda pode ser um processo lento. Percebemos apenas momen ¬
menores e um perfil químico diferente de populações mor ¬ tos pontuais e inferimos um processo a partir de padrões.
fologicamente semelhantes do Colorado e norte do Novo Por exemplo, em Gillia (Polemoniaceae), algumas espécies
México; e populações do sul do Novo México e Arizona são do Sudoeste da Am é rica do Norte contê m conjuntos de
quimicamente semelhantes com populações do Colorado, populações que t ê m sido consideradas raças geográficas.
mas morfologicamente semelhantes com popula ções do sul Estas ra ças diferem morfologicamente, mas com frequên ¬

da Calif ó rnia. cia crescem conjuntamente e reproduzem entre si, gerando


Padrões de varia ção geográfica cobrindo extensas re ¬ indivíduos morfologicamente intermediários. Subespécies
gi ões do globo ocorrem em muitos grupos de plantas. apresentam menor sobreposição geográ fica do que as ra ¬
Uma das causas desses padrões é a deriva continental ças, mas ainda ocorre a reprodu çã o entre elas. Espécies de
que separa os continentes em partes e separa os taxa em Gillia apresentam diferen ças mais pronunciadas e menor
grupos geograficamente isolados, com potencial para se tendência a se reproduzirem entre si. Destes padrões de
diversificarem. Um exemplo bem conhecido desse fenô ¬ raças, subespécies e espécies, foi inferido que a especiação
meno, denominado vicariância, é fornecido pelo gênero envolve um processo gradual de divergê ncia e bloqueio do
Nothofagus (Nothofagaceae). Existem cerca de 35 espécies fluxo gê nico.
desse gê nero, que crescem no sul da América do Sul, Aus ¬ Esta divergê ncia gradual através dos passos interme ¬
trália, Nova Zelâ ndia, Nova Caledónia e Nova Guiné. Este diários representados por raças, subespécies e, finalmente,
gê nero está representado por fósseis nestas regiões e na espécies completamente separadas é a visão tradicional da
Antá rtica, mas n ão há f ósseis desse grupo em nenhuma especiação. De acordo com este ponto de vista, o isolamento
outra região do globo. Todas estas regiões fizeram parte de geográfico é necessário para prevenir o fluxo gênico e per¬
um antigo supercontinente, a Gondwana do Leste, que a mitir a divergência entre conjuntos de populações. Esta for¬
deriva continental começou a separar cerca de 80 milhões ma de especiaçã o é chamada de alopátrica, ou especiação
de anos atrás. O gênero consiste em quatro ciados que cor ¬
geográfica.
T

126 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

25.000 ções locais ou metapopulações (agregados


de muitas populações locais conectadas
J 20.000 por fluxo gênico ocasional) . Esta alterna ¬

'
S. tiva é denominada especiação local, ou
3u modelo de especia ção de isolamento pe ¬

> 15.000
rif érico (Levin 1993) .
| Pequenas populações, nas margens da
distribui ção de uma espécie, estão sujeitas
E 10.000
à deriva genica e as condições ambientais
1 5.000
nestes locais podem propiciar mudan ças
adaptativas. Estas mudan ças aleatórias e/
ou adaptativas podem ser suficientemente
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 significativas para gerar uma nova linha ¬

Distância (em pés) desde o ponto de liberaçã o


gem (uma neo-espécie ) . Estas neo-espé-
cies podem n ão conseguir espalhar-se e
FIGURA 6.9 Distribuiçã o de chuva de p ólen a partir da sua fonte; a maior parte dos grã os extinguir - se. Se elas conseguem espalhar-

de pólen cai próximo da planta que os produz. ( Modificada de Grant 1981 .) se, suas chances de sucesso dependerão
de apresentarem ou n ão adaptações eco ¬

lógicas nicas que lhes permitam evitar


Alguns pesquisadores t ê m questionado o fato de raças, a competiçã o com seus progenitores. A
especialmente aquelas de distribuição ampla, se tornarem es- dispersão a partir da população local fundadora unifica as
pécies consistentes (Levin 1993, 2000) . Os dois mecanismos populações da neo -espé cie através de uma ancestralidade
mais prováveis de transformação sã o o fluxo gê nico e a sele- em COmum.
ção natural, sendo que esta última apresenta efeito uniforme Tanto fatores ecoló gicos quanto mudan ç as gen ô micas
ao longo da distribuição geográfica de uma raça. Genes são podem ter grande importância na especia ção (Levin 2000) .
transportados através de grãos de pólen e sementes, sendo Fatores ecológicos tê m sido predominantes em alguns casos,
que a maioria destes atinge a proximidade dos parentais e como no das Campanulaceae havaianas. Como discutido no
diminui rapidamente em n mero à medida que aumenta a Capítulo 1, a diversificação evolutiva desse grupo aparente -
distância a partir dos parentais (Figura 6.9). Assim, o fluxo mente resultou de eventos de dispersã o entre ilhas seguidos
gênico é geralmente medido em metros (Figura 6.10) e ra- de numerosas e importantes mudan ças ecológicas ao longo
ramente se estende at é um quilómetro. Em geral, a difusão de gradientes de umidade ambiental. Apesar da diversidade
de genes ao longo de uma ampla distribuição pode requerer morfológica e ecológica desse grupo, seus genomas nã o di -
milhares de gerações. Ocasionalmente pólen e/ou sementes
podem ser dispersos a grandes distâncias, e este fluxo gênico
parece ser suficiente para permitir a difusão de alelos muito
favoráveis (Rieseberg e Burke 2001, Rieseberg et al. 2003).
A seleçã o natural poderia direcionar populações diferen ¬
_
(A)
Ç
70
» í = 3,00
tes de uma raça na mesma direção, mas apenas se elementos
importantes do ambiente são muito semelhantes em diferen
1 so
!
¬

40
tes pontos da distribuição geográfica do táxon. Dada à com ¬
plexidade de fatores bióticos, físicos e climáticos, mudan ças 1 30
uniformes desse tipo parecem improváveis ao longo de uma •3 20

ampla distribuição. A probabilidade de o acaso ter uma fun ¬ 10


ção no processo de especiação reduz ainda mais a possibili ¬

dade de especia ção alopá trica . No entanto, está claro que a 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 > 10
especiaçã o alopátrica tem ocorrido com frequência (Coyne e Distâ ncia ( m)
Orr 2004) .
Outro possível modo de especia ção não requer que o flu ¬
xo gê nico seja extensivo ou que a seleçã o seja uniforme ao (B) 70
longo da distribuição de um táxon. Ao contrário, postula -se 60
que a especiação aconteça com maior frequ ê ncia em popula- 50 x = 4.66
1
'

&
FlGURfl 6.10 Fluxo g ê nico em espécies de Phlox (Polemoniaceae ) S 30
polinizadas por animais. ( A ) As distâ ncias (em metros ) que os polini - :o
zadores percorreram entre plantas. ( B ) As distâ ncias do fluxo gênico. A
dist â ncia média é maior para o fluxo gênico do que para os poliniza - 2
dores, devido à recarga ; isto é, uma parte do pó len depositado pelos
0 1 2 3 4 5 ó 7 8 9 10 :
polinizadores é ainda adquirida por polinizadores que acessam as flo ¬
res posteriormente e levada a outras flores. ( Fonte: Levin 1981.) Distância (m)
SISTEMáTICA VEGETAL 127

ff
Sr 1
& w FIGURA 6.11 Flores de Mimulus lewisii e M .
.
cardinalis As flores de M. lewisii (A ) estão adap¬
tadas para a poliniza ção por mamangavas Som-
Wfr|j bus, enquanto aquelas de M. cardinalis (B) são
polinizadas por beija-flores. ( Fonte: Schemske e
Bradshaw 1999.)

vergiram o suficiente para impedir o fluxo gênico entre espé ¬ Pode-se inferir que a especiação alopátrica precise de
cies e até entre gêneros (Carr 1995; Caraway et al. 2001). Hm milhares ou até milhões de anos para ser completa (Coyne e
geral, arquipélagos como o das Hhas Havaianas e as Can árias Orr 2004). A especiação também pode ser rápida, seja atra ¬
fornecem muitos exemplos de diversificação evolutiva que vés de poliploidia (discutida nas páginas 140-143) ou sem
ilustram como a dispersão e a diversificação ecológica estão ela. Um exemplo de especiação rápida sem poliploidia en ¬

relacionadas (Baídwin et al. 1998). volve duas espécies do gênero Mimulus (Phrymaceae), nas
Note-se que a separação geográfica não necessariamente quais a barreira que evita o fluxo gênico deve decorrer de di ¬

resulta na perda de capacidade reprodutiva. Assim, as espé ¬ ferenças na estrutura floral (Bradshaw et al. 1995) . Mimulus
cies Platanus occidentalis (Platanaceae), do leste da América lewisii e M.cardinalis, do oeste dos Estados Unidos, apresen ¬

do Norte, e P. orientalis, da região Mediterrânea, foram se ¬ tam flores morfologicamente muito diferentes (Figura 6.11).
paradas geograficamente há milhões de anos e divergiram As flores de M. lewisii são polinizadas por abelhas Bombus,
consideravelmente em caracteres morfológicos. No entanto, suas pétalas são róseas com guias de néctar amarelas e con ¬

o híbrido artificial entre estas duas espécies é vigoroso, fértil e têm uma pequena quantidade de néctar concentrado. As
é írequentemente cultivado como planta ornamental. Popu ¬ flores de M. cardinalis estão adaptadas para a polinização
lações separadas por grandes distâncias ou por per íodos con ¬ por beija-flores; as flores são vermelho-brilhantes, com a
sideráveis de tempo também podem ser morfologicamente corola estreita e néctar abundante. Apesar dessas diferen ¬

muito semelhantes , ças marcantes, híbridos feitos artificialmente são vigorosos


Sob circunstâncias especiais, a especiação pode aconte ¬ e férteis. No entanto, a hibridização natural entre estas duas
cer sem isolamento geográfico, embora algum tipo de forte espécies nunca foi documentada, mesmo quando ambos os
barreira que impeça o fluxo gê nico seja necessária. Este tipo taxa florescem no mesmo per íodo. As diferen ças na estru ¬

de especiação é denominado especiação simpátrica e ocor¬ tura floral das espécies são controladas por genes de efeito
re comumente em plantas através de poliploidia, processo aparentemente grande. Assim, o isolamento reprodutivo e,
descrito nas pá ginas 140-143. Um exemplo de especiação portanto, a especiação, poderiam ter sido atingidos muito
simpátrica sem ocorrência de poliploidia é fornecido pelo rapidamente.
gê nero Stephanomeria (Asteraceae). Postula-se que uma es ¬
pécie anual recente S. malheurensis tenha se originado re ¬
centemente dentro de uma população de S. exigua subsp. Manutenção da diversidade versus fluxo g ênico
coronaria , em Oregon (Brauner e Gottlieb 1987). Existiam Barreiras que impedem o fluxo gê nico entre espécies pró¬
menos de 250 indivíduos dessa espécie recente quando ela ximas são conhecidas como barreiras de isolamento
foi descoberta, nas décadas de 1960 e início da década de reprodutivo. Considerando tais barreiras, no entanto, é
1970. Esta nova espécie e seu progenitor são geneticamen ¬ importante lembrar que a natureza do fluxo gênico entre
te similares, mas diferem quantitativamente em caracteres e dentro de espécies de plantas não é utilizado aqui como
morfológicos (p. ex., comprimento do aquênio). A espécie um critério taxonômico. O fluxo gênico ocorre entre indi ¬

progenitora (S. exigua subsp. coronaria ) nã o consegue au- víduos de muitas espécies diferentes e, ao mesmo tempo,
topolinizar-se, mas a espécie derivada (S. malheurensis ) é não acontece entre populações geograficamente distantes
predominantemente autógama, o que reduz o fluxo gênico de espécies com ampla distribuição, como acontece com
entre ela e a espécie progenitora. Esta mudança para a au - Phragmites austrális, que cresce em muitos continentes. O
topolinização é governada por um gene, o que torna este fluxo gênico entre plantas de continentes diferentes pode
evento de especiação um evento relativamente menor do ser muito fraco (ou inexistente) e, mesmo assim, as plantas
ponto de vista genético. Diferenças cromossômicas estrutu ¬ são globalmente muito semelhantes do ponto de vista mor ¬

rais entre ambas as espécies promovem a esterilidade entre fológico, o que faz com que sejam consideradas integrantes
elas, uma segunda barreira ao fluxo gênico. de uma mesma espécie.
128 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

TABELA 6.1 Uma classificaçã o das barreiras de isolamento reprodutivo nas plantas
Barreiras pós-reprodutivas, Barreiras pós-reprodutivas,
Barreiras pré -reprodutivas pré -zi góticas pós-zig óticas

1.Temporais 5. Incompatibilidade 5. Incompatibilidade


a. Sazonais a. Pólen - estilete b. Semente
b. Diurnas 6. Inviabilidade do híbrido
2. Hábitat 7. Isolamento floral do híbrido
3. Florais 8. Esterilidade do híbrido
a. Comportamentais 9. Esgotamento ou colapso
b. Estruturais do híbrido
4. Modalidade reprodutiva
a. Autopolinização
b. Agamospermia
.
Fonte: Levin 1971, 2000

Classificação das barreiras de gico, que corresponde ao grupo de barreiras pré- reprodutivas
da Tabela 6.1, e um grupo genômico, que corresponde às duas
isolamento reprodutivo colunas de isolamento pós-reprodutivo na Tabela 6.1. Tais
A maioria das barreiras de isolamento previne a reprodução. agrupamentos permitem enfatizar que as espécies interagem
O isolamento geográfico é freqiientemente considerado um com o ambiente (incluindo recursos, como os polinizado -
mecanismo de isolamento reprodutivo, mas difere dos me ¬ res) de modos diferentes, o que restringe sua capacidade de
canismos que apresentaremos aqui, em que estes últimos reproduzir-se, ao mesmo tempo em que é necessá ria a diver¬
atuam quando duas espécies ocorrem próximas entre si. O gência genômica para existirem barreiras pós- reprodutivas.
isolamento í f sico separa espécies, mas devemos ser cuidado ¬
sos e não dar a isso importância demais. Populações sepa ¬
Isolamento temporal Floradas em diferentes momentos do
radas por grandes distâncias, como as populações de Fagus ano (Tabela 6.1:1a) são frequentes em espécies próximas, tal
grandifolia (Fagaceae), que ocorrem desde a Flórida até New como ocorre em Phlox, nas regiões leste e central de Illinois
Brunswick (Canadá), poderiam ser consideradas espécies se ¬ e com muitas espécies de carvalho que crescem juntas. Este
paradas se o isolamento geográfico fosse o único critério para isolamento também é efetivo em algumas espécies de Salix.
a definição de espécie. No entanto, populações no Canadá e Dentro das sete espécies que crescem em Ontário, há um gru ¬

na Flórida não diferem significativamente e são reconhecidas po de florada precoce e outro de florada tardia (Figura 6.12) .
universalmente como integrantes de uma mesma espécie. Hibridizações artificiais entre estes taxa são bem-sucedidas,
Com frequência, grupos de populações dentro de uma mas parecem ser raras na natureza, mesmo quando tais espé-
espécie se adaptam a condições diferentes
de clima ou solo. Assim, Juniperus virginiana
(Cupressaceae) geralmente cresce em cam ¬

Espécie:
pos velhos e regiões montanas secas ao lon ¬

go de grande parte do leste da América do S . petiolaris


Norte. No entanto, desde a Carolina do Nor¬
te até a região central da Flórida, esta espécie S . lúcida
ocorre em dunas de areia e bancos de areia
que costeiam rios. Este ecótipo não é reco¬ S . exí gua
nhecido como uma espécie, assim como os
ecótipos de solos serpentínicos do pinheiro
de Jeffrey supracitados também não o são, S. eriocephala
visto que as diferenças ecológicas não são
acompanhadas por diferenças morfológicas. S . discolor
No entanto, algumas espé cies estão ecolo ¬

gicamente isoladas de espécies próximas. S . bebbiana


Exemplos são discutidos a seguir, na seção
sobre isolamento de hábitat. S. amygdaloides
Barreiras de isolamento reprodutivo po ¬

dem ser classificadas de acordo com o mo ¬


22 26 30 4 12 16 20 24 28 1
mento de ocorrência em relação à reprodu ¬ Abril - Maio- - Junho
ção (Tabela 6.1): barreiras pré- reprodutivas
(antes da polinização), pós- reprodutivas pré - 1984
zigóticas (após a polinização e antes da fer ¬
FIGURA 6.12 Per íodos de florada de sete espécies de Salix.As datas médias de primeiro
tilização) e pós-reprodutivas pós-zigóticas e ltimo dia de florada são indicadas pelas barras espessas, as linhas indicam o per íodo
(após a fertilização). Levin (2000) divide as de florada como um todo. Para as espécies dióicas, as barras vermelhas indicam plantas
barreiras de isolamento em um grupo ecoló ¬ estaminadas, e as azuis, plantas carpeladas. (Fome: Mosseler e Papadopol 1989.)

L
SISTEMáTICA VEGETAL 129

cies crescem juntas e partilham o mesmo tipo de polinizador. plo, é a base de muitos exemplos marcantes de isolamento
Estas observações sugerem que o isolamento temporal deve reprodutivo.
ser efetivo, mesmo quando marcadores moleculares (que Algumas espécies muito próximas do gênero Ophrys, que
devem ser mais sensíveis ao fluxo gênico do que caracteres crescem principalmente no Mediterrâneo, produzem fragrân ¬

morfológicos) ainda não foram utilizados para tentar detectar cias florais diferentes que atraem machos de diferentes es¬
eventos de hibridização. A hibridização entre as espécies de pécies de abelhas e vespas. Uma vez que os insetos pousam
ambos os grupos também parece ser rara, o que sugere a exis¬ no labelo, o estímulo conjunto produzido pelas fragrâncias
tência de barreiras de isolamento pós-reprodutivo. florais, pelo formato e pela textura da flor promove a conduta
A floração em diferentes momentos do dia (isolamento de cópula nos insetos (Figura 6.13). Tentando copular com a
diurno, Tabela 6.1: lb) pode isolar efetivamente espécies que flor, o inseto poliniza a orquídea.
de outro modo hibridizariam. Agrostis stolonifera (Poaceae) Outro aspecto do isolamento comportamental é a cons ¬

flosgsce pela manhã e A. tenuis pela tarde. Condições de tem ¬ tância, isto é, um polinizador se restringe a uma espécie mes¬
peraturas incomuns podem promover uma florada simultânea mo se outras estiverem disponíveis. Pbr exemplo, os Hime-
de ambas as espécies e, portanto, eventos de hibridização. n ópteros que visitam uma espécie de Ophrys em particular
tendem a visitar apenas esta espécie, o que evita a polinização
Isolamento de hábitat Duas espécies podem estar reprodu ¬ entre espécies diferentes. Outro exemplo provém do gênero
tivamente isoladas se ocuparem hábitats diferentes. A força Antirrhinum (Plantaginaceae): A. majus e A. glutinosum são
deste tipo de barreira dependerá da distância entre os hábi¬ polinizados por abelhas, mas estas se limitam a uma espécie
tats bem como da distância em que pode ocorrer polinizaçã o durante um vôo de forrageamento, mesmo em locais onde
efetiva. Algum isolamentode hábitat ocorre entre espécies do ocorrem ambas as espécies. Sementes desses locais produ ¬

gênero Cypripedium (Orchidaceae) que ocorrem em florestas zem poucos híbridos, mesmo quando ambas as espécies são
e aquelas que ocorrem em pradarias. Outro exemplo envolve interf érteis.
duas espécies de Lyonia (Ericaceae) que ocorrem no sudeste Duas espécies de Fuchsia (Onagraceae) apresentam um
dos Estados Unidos. Lyonia ferruginea ocorre em florestas ou tipo de isolamento conhecido como isolamento estrutural
hábitats arbustivos e com solos bem drenados e L. fruticosa (Tabela 6.1: 3b). Quando alopátricas, F. paroiflora e F. enálian-
ocorre em florestas de pinheiros com solos mal drenados. dra subsp. enciliandra apresentam flores de tamanhos simila ¬

res, polinizadas por abelhas e beija-flores. As pé talas da pri ¬

Isolamento floral Adaptações florais para atrair polinizado- meira espécie são vermelhas e as da segunda são brancas ou
res diferentes previnem ou evitam o fluxo gênico entre muitas rosadas. Quando as duas espécies se sobrepõem, no entanto,
espécies. Estas adaptações se manifestam através da estrutura suas flores divergem dramaticamente: as pé talas de F. paroi -
floral ou através de efeitos na conduta dos polinizadores. flora são brancas, o hipanto é mais curto e largo, o que favore ¬

O isolamento comportamental (Tabela 6.1: 3a) reflete a ce a polinização por abelhas. Plantas de F. enàliandra na área
capacidade dos polinizadores para distinguir sinais florais, de simpatria apresentam flores vermelhas com hipanto mais
tais como cor, formato e perfume (ver seção sobre biologia longo e estreito, o que as toma mais atrativas para beija- flo¬
da polinização no Capítulo 4). Abelhas são de longa data res. Devido a inexistência de híbridos entre estas duas espé ¬
conhecidas por sua capacidade de reconhecer atributos flo¬ cies, acredita-se que estas mudanças florais sejam adaptações
rais; sua sensibilidade à fragrância das orquídeas, por exem ¬ para reduzir a competição pelos polinizadores. Tais casos de

(A) I (B)

J
# *

S .J
FIGURA 6.13 Polinização em orqu ídeas do gênero Ophrys por meio extremo do abdome. (B) Um zangã o de Antophora erschowi tentando
de pseudocó pula. (A) Um zangão de Andrena tenta copular com o la- copular com o labelo de 0. elegans adere poliná rios na cabeça. ( Fotos,
belo de uma flor de O. creticola e, no processo, adere os poliná rios no cortesia de Helmut Presser.)
130 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

zidos e anteras e estigmas dispostos próximos entre si. Flores

*
autógamas não precisam investir em grandes quantidades de
pólen ou em corolas bem desenvolvidas, pois não precisam
atrair polinizadores.
A autocompatibilidade surgiu muitas vezes dentro de
algumas linhagens, como exemplificado por estudos fei¬
tos no gênero Unanthus (Polemoniaceae). Uma filogenia
Caiá ter .
A formosa .
A pubescens molecular baseada em sequências de ITS revelou que o
Pendula Ereta
.
que tem sido chamado de L bicolor representa na verda ¬

Posição da flor de um ciado que ocorre no sul da Calif órnia, um segundo


Cor da flor Vermelha Pálida dado no norte da Calif órnia e Oregon e um terceiro em
Washington e na Columbia Britânica (Goodwillie 1999).
Comprimento do esporão 10-17 mm 29-37 mm Os três dados apresentam morfologia floral semelhante,
Comprimento da pétala 2-4 mm 9-12 mm induindo caracteres próprios de plantas autógamas, o que
levou a considerá-los integrantes de uma mesma espécie.
FIGURA 6.14 Flores de Aquilegia formosa e A. pubescens. Enquanto No entanto, a variação em caracteres menos conspícuos (p.
as flores de A. formosa são pêndulas, vermelhas, apresentam espo ¬ ex„ tricomas do cálice) é consistente com a relação desses
rões curtos (10-17 mm ) e sã o polinizadas por beija -flores, as flores de três ciados com outras espécies, revelada por estudos mo ¬
-
A. pubescens sã o eretas, pá lidas, com espor es longos ( 29 37 mm ) e leculares. Isto confirma a perspectiva evidenciada nestes
apresentam atributos para a poliniza ção por mariposas Sphingidae. estudos moleculares, sustentando que L bicolor é polifilé ti-
( Modificada de Arnold 1997; fotos, cortesia de Scott Hodges.)
ca e que as semelhanças antes mencionadas são o produto
de evolução convergente.
Uma hipótese para a evolução da autocompatibilidade é
divergência envolvendo espécies em simpatria são denomi ¬
nados deslocamento de caracteres. que ela promove a reprodução em circunstândas nas quais a
Beija -flores estão também envolvidos em um caso bem polinização cruzada é improvável. As plantas dos três dados
de L. bicolor crescem em ambientes secos, com relativamente
estudado de isolamento floral em Aquilegia (Ranunculaceae).
As flores de A. formosa são pêndulas, vermelhas, providas de
poucos polinizadores no per íodo de floração. Os ancestrais
dessas plantas devem ter respondido à ausência de polini¬
nectários curtos (Figura 6.14) e são polinizadas por beija -
zadores quando migraram para estes hábitats, adquirindo a
flores. Aquilegia pubescens apresenta flores amarelo-p álidas a
autogamia.
brancas, eretas, com nectários longos e são polinizadas por Uma consequência da aquisição da autogamia é a redu ¬
mariposas Sphingidae. As espécies normalmente crescem em ção ou eliminação do fluxo gê nico. A perda da atrativida -
altitudes diferentes. No entanto, quando ocorrem em con ¬ de das flores para os polinizadores e a deposiçã o passiva e
junto, algum grau de hibridiza ção acontece, o que provavel ¬ precoce do pólen nos estigmas da mesma flor limitam as
mente de deve a algum outro tipo de polinizador que visitaria chances de polinização cruzada. Um caso bem documen ¬
ambas as espécies. No entanto, mesmo quando ocorre fluxo tado envolve gramíneas que desenvolveram tolerâ ncia a
gênico, as principais diferenças morfológicas persistem. Es ¬
metais pesados, como o cobre, que contaminam o solo na
tas observações sugerem que é importante para as espécies a periferia de minas (Antonovics et al. 1971) . Agrostis tenuis
manuten ção das síndromes de polinização e que o isolamen ¬ e Anthoxanthum odoratum apresentam subpopulações tole ¬

to floral é a principal barreira ao fluxo gênico entre elas. rantes que crescem em solos contaminados. A autogamia
No gê nero Asclepias (Apocynaceae) observa-se um outro nestas subpopulações limita o fluxo gênico com populações
tipo de isolamento floral. Neste gê nero, o pólen encontra - próximas não tolerantes à contaminação, o que dificulta a
se aglutinado em políneas que são conduzidas inteiras ao perda da tolerância.
estigma. O estigma apenas pode ser acessado através de 5 A origem de Stephanomeria malheurensis por especiação
fendas. Assim, uma orienta ção precisa das políneas é neces ¬ simpátrica (descrita na pá gina 127) foi promovida em parte
sá ria para uma efetiva polinizaçã o. Os tamanhos das polí¬ pela aquisição de autocompatibilidade e autogamia. Muitas
neas de espécies diferentes diferem o suficiente para impe ¬
espécies eliminam a polinização cruzada por meio de pro ¬
dir que uma polínea de uma espécie possa ser inserida na dução de flores que se autopolinizam quando ainda fechadas
fenda estigmática de outra. Outro exemplo de isolamento (cleistogamia) .
floral envolvendo espécies do gênero Mimulus foi discutido Uma mudança na modalidade reprodutiva de reprodu ¬

na pá gina 127. ção sexual para agamospermia (ver Capítulo 4) n ão leva a


um completo isolamento, pois a maioria (talvez todas) das
Sistema reprodutivo A mudança de polinização cruzada para plantas agamospérmicas retêm algum grau de sexualidade.
reprodução uniparental, seja por autofertilização (ou autoga- Alé m disso, mesmo quando muitas plantas agamospérmicas
mia) ou por agamospermia, tem ocorrido em muitas plantas, produzem sementes viáveis sem reprodução sexuada, são
criando uma barreira reprodutiva. A autogamia requer que a também capazes de produzir pólen viável através de meiose
auto-incompatibilidade (cujo mecanismo é descrito no Ca ¬
e reproduzir-se com outras espécies como doadoras de pólen.
pítulo 4) seja substituída por autocompatibilidade. A auto ¬ O Quadro 6B ilustra a hibridização entre uma espécie alóga-
gamia aparece associada com certas mudanças na estrutura ma, Amelanchier bartramiana, e uma espécie agamospé rmica,
floral, tais como a presença de pouca quantidade de pólen, A. laevis, com esta última espécie atuando como doadora de
corola e lobos da corola reduzidos, lobos estigmáticos redu ¬ pólen na grande maioria dos híbridos. O fluxo gênico nes-
SISTEMáTICA VEGETAL 131

te caso é principalmente de A laevis para A. bartramiana, e 100


Proporção
a agamospermia em A. laevis lhe confere certo isolamento esperada
reprodutivo em rela ção a A. bartramiana. A agamospermia, 80 l. fulva
como a autopolinização, favorece a reprodução em circuns¬ proporção
tâncias desfavoráveis à polinização cruzada. observada
I 60 I . hexagona
proporção
/

Incompatibilidade Se o pólen de uma espécie atinge o es ¬ observada


tigma de outra espécie, o estigma e o estilete desta última em |40
geral não permitirão o crescimento do tubo polínico estranho §
em direção ao óvulo (Tabela 6.1: 5a). O estigma e o estilete
das angiospermas atuam como crivas efetivas, permitindo
que a planta receptora aceite ou não o pólen. Em alguns ca ¬
sos, como no milho, o pólen não germinará no estigma de um 10 -?
táxon próximo (Tripsacum, por exemplo), mas o cruzamento Pólen interespecífico (%)
inverso (recíproco) é possível.
Um caso bem documentado da maior efetividade do pó¬ FIGURA 6.15 Porcentagem de sementes h íbridas obtidas aplican ¬
len intra -específico provém do gênero Haplopappus (Astera- do diferentes proporções de pó len intra-específico e interespecífico
ceae) . Se o pólen de H. torreyi e H . graniticus são misturados nos estigmas de flores de Iris fulva e I. hexagona. A linha vermelha
do gráfico representa a porcentagem
e aplicados no estigma de H. torreyi, a progénie obtida é pre ¬ sólida conectando os extremos
esperada de sementes h íbridas, assumindo que nã o existe diferença
dominantemente não-híbrida. Se o pólen de H. graniticus é entre os sucessos dos pólens intra e interespecificos. ( Fonte: Carney
.
aplicado em H torreyi e o pólen desta última espécie é aplica ¬
et al. 1994.)
do 24 minutos depois, a produ ção de progénie não-híbrida é
ainda favorecida. Se o intervalo de aplicação do pólen excede
os 24 minutos, a progénie obtida será principalmente híbrida, Isolamento floral do hí brido O termo isolamento floral do
mas um per íodo de 1 ou 2 horas na aplica ção do pólen das híbrido (Tabela 6.1: 7) refere-se à ausência de polirúzadores
duas espécies será necessário para deter a produção de pro¬ efetivos para um híbrido cujos parentais estão adaptados a
génie não-híbrida. polinizadores muito diferentes.
O sucesso do pólen intra-específico versus interespecífo é
também ilustrado por um notável experimento efetuado no Esterilidade do híbrido Os híbridos podem ser perfeitamen ¬
gênero íris (Iridaceae). Camey e colaboradores (1994) aplica ¬ te viáveis, mas estéreis (Tabela 6.1: 8), se os seus cromosso ¬
ram misturas de pólen de I. fulva e I. hexagona em diferentes mos não conseguem parear-se durante a meiose porque os
proporções no estigma de ambas as espécies e determina ¬
cromossomos dos parentais divergem em n úmero ou apre ¬
ram a proporção de sementes híbridas e não-híbridas. Os sentam diferenças suficientes para impedir o pareamento. O
-
resultados mostraram que a produção de sementes decorria resultado disso serão gametas não funcionais. O cruzamento
principalmente do pólen intra-específico, com exceção dos entre Brassica oleracea (brócolis) e Raphanus sativus (rabane ¬
cruzamentos exclusivamente interespecíficos (Figura 6.15). O te) produz o híbrido Raphanobrassica. A primeira geração do
pólen intra-específico pode competir melhor com o de outra híbrido é vigorosa, mas os cromossomos dos dois parentais
espécie porque os tubos polínicos crescem mais rapidamente não se pareiam na meiose, e gametas funcionais não são for¬
no estilete correspondente. A hibridização acontece entre es¬ mados.
sas duas espécies de Íris e tem sido estudada intensivamente Mooring (2001) encontrou esterilidade do híbrido exten ¬
(ver Quadro 6D). siva nos indivíduos da primeira geração (Ft) de híbridos entre
Mesmo após a formação de um embrião, este poderá não espécies do complexo Eriophyllum lanatum (Asteraceae). Nes¬
se tornar uma semente viável devido à incompatibilidade tes indivíduos estéreis de Fv os cromossomos não conseguem
entre os genomas parentais do embrião ou entre o embrião parear-se apropriadamente durante a meiose e o pólen apre ¬
híbrido e o endosperma maternal (Tabela 6.1: 5b). O híbrido senta viabilidade reduzida. A progé nie de F1 entre híbridos
entre Primula elatior e P. veris (Primulaceae) exemplifica este de Campanulaceae havaianas apresenta também problemas
caso. durante a meiose e viabilidade polínica reduzida (Carr 1995).
Neste caso, no entanto, os indivíduos de F: retêm uma ferti ¬
Inviabilidade do híbrido A inviabilidade do híbrido refere-se lidade suficiente para reproduzir-se com um dos parentais, e
à incapacidade dos híbridos para desenvolver-se normalmen ¬ a progénie deste segundo cruzamento pode apresentar uma
te e atingir a maturidade reprodutiva (Tabela 6.1: 6), como no fertilidade polínica muito maior.
caso do cruzamento entre duas espécies de Papoula, Papaver
dubium x P. rhoeas (Papaveraceae). Os requerimentos de hábi- Colapso do híbrido O colapso do híbrido refere-se a proble ¬

tat do híbrido poderão ser diferentes daqueles dos parentais, mas que aparecem nos híbridos em gera ções posteriores (Ta¬
e a inviabilidade do híbrido poderá estar relacionada com a bela 6.1: 9) . A primeira geração de híbridos pode ser viável
ausência de um nicho ecológico apropriado. As diferenças e fértil, mas indivíduos provindos de retrocruzamentos ou
nos hábitats das espécies de Cypripedium (ver página 129) são de gerações posteriores podem ser inviáveis ou estéreis. Por
tão marcantes que o híbrido entre elas não está bem adapta ¬ exemplo, o híbrido entre as gramíneas Festuca rubra e Vulpia
do a nenhum desses hábitats e apresenta aptidão reduzida fasciculata produz uma progénie reduzida e as plantas da F,
em relação aos parentais. são fracas e não florescem.
132 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Uma combinação de mecanismos de isolamento pode TABELA 6.2 Progé nies de plantas de P. drummondii com
atuar em conjunto ou um deles pode reforçar o outro. Em flores vermelhas e rosadas crescendo junto
Datura (Solanaceae), por exemplo, a incompatibilidade pó ¬ com P. cuspidata
len- estigma e a inviabilidade do híbrido previnem o fluxo
Prog énie
gênico entre espécies. O fluxo gênico entre Geum rivale e G.
urbanum (Rosaceae ) é prevenido por isolamento temporal, Cor da flor P. Drummondii H í brido
comportamental, inviabilidade e colapso do híbrido (Tabela
Vermelha 181 (87%) 27 (13%)
6.1: la, 3a, 6 e 9).
Rosada 86 (62%) 53 (38%)
Fonte: Levin 1985.
Origem das barreiras de
isolamento reprodutivo frequência apresentam flores semelhantes para atrair poli ¬
Existem três possíveis origens para o isolamento reprodutivo. nizadores similares. Não existindo suficientes polinizadores
Na primeira, após duas espécies divergirem de um ancestral para atender duas espécies com adaptações semelhantes, a
em comum, acumulam suficientes diferenças genéticas que produção de sementes poderia ser reduzida. A floração em
frequentemente diminuem as chances de reprodução bem- momentos diferentes e a atração de diferentes polinizadores
sucedida entre elas . Devemos, no entanto, lembrar que espe - podem aumentar a eficiência no uso de recursos limitados e,
ciação nem sempre resulta em isolamento reprodutivo (ver portanto, aumentar a aptidão de cada táxon.
exemplo da página 127) .
Na segunda possível origem, o isolamento pré-reprodu -
tivo pode ser o resultado da sele ção natural contra o gasto
Hibridiza ção e introgressã o
in til de gametas em cruzamentos mal- sucedidos com ou ¬
Os mecanismos de isolamento reprodutivo não são sempre
tras espécies . Pára entender como a seleção natural poderia efetivos, e fluxo gênico entre espécies vegetais é comum (Rie -
atuar contra a hibridização, consideremos dois indivíduos da seberg e Morefield 1995; Ellstrand et al . 1996; Amold 1997) .
mesma espécie. O pólen e os óvulos do primeiro indivíduo Estritamente falando, a hibridização é a reprodução entre
estão comprometidos por completo com a reprodução intra - indivíduos não - relacionados, mas o termo é principalmente
específica e nunca são utilizados em cruzamentos interespe - utilizado em relação à reprodução entre espécies. Esta hibri ¬

cíficos de resultados potencialmente menos bem - sucedidos. dização interespecífica é muito importante na evolução das
O segundo indivíduo utiliza parte do seu pólen e óvulos em plantas como fonte de novas combinações genéticas e como
cruzamentos interespecíficos que não são bem-sucedidos . mecanismo de especiação. A hibridização pode também ser
O primeiro indivíduo terá uma progénie maior e este com ¬ útil no cultivo de plantas como forma de inserir um atribu ¬

portamento reprodutivo se tomará mais frequente dentro da to desejável que ocorre em uma planta silvestre ou cultivada
espécie. dentro de outra espécie cultivada. O resultado pode ser um
Duas observações demonstram que a seleção contra a novo cultivar de interesse agronómico ( tomates, morangos)
hibridização pode aumentar o isolamento reprodutivo. Pri ¬ ou horticultural (roseiras) .
meiro, a remoção dos híbridos em plantações mistas de dois A hibridização é frequentemente associada com altera ¬

cultivares de milho resultou em uma marcada diminuição na ções do hábitat (ver Quadro 6B) . As adaptações ecológicas
sobreposição no per íodo de florada, o que promove o isola¬ que isolam duas espédes podem ser derrubadas por dist r ¬

mento temporal . bios naturais (doenças, predadores, fogo natural em florestas,


Em segundo lugar, duas espécies de Phlox - P. cuspidata erosão, inundações ou atividade vulcânica) que criam hábitats
e P. drummondii - ilustram a mudanç a de caracteres florais apropriados para os híbridos . A redução da competição entre
que contribuem para o isolamento floral quando ambas as espédes que decorre de tais distúrbios favorece também o es ¬

espécies ocorrem próximas entre si. Estas duas espécies são tabelecimento dos híbridos .
completamente compatíveis entre si e os híbridos são vigoro ¬ Acredita -se que alterações antrópicas na Europa e na
sos, mas em geral estéreis. Quando ambas as espécies cres ¬ América do Norte tenham promovido a extensiva hibridiza ¬

:
cem separadamente, apresentam flores de cor rósea. Quando ção e subsequente complexidade morfológica em Amelanchier
crescem juntas, P. drummondii apresenta deslocamento de (Rosaceae) (Figura 6.16 ) , Crataegus (Rosaceae ) , Vaccinium
caracteres e produz flores vermelhas . Quando plantas de P. (Ericaceae) e Rubus (Rosaceae) . Distúrbios naturais, como
drummondii com flores rosadas e vermelhas são experimen ¬ vulcanismo e erosão, favorecem a hibridização em numero ¬

talmente introduzidas em uma população de P. cuspidata, as sos grupos havaianos (Cair 1995) .
borboletas polinizadoras tendem a visitar flores de uma cor A hibridização entre indivíduos de gêneros diferentes é
durante o forrageamento (constância do polinizador) . Como incomum. É importante lembrar, no entanto, que os gêneros
resultado, a progénie de plantas de P. drummondii com flores são categorias criadas pelo ser humano e que não existe um
vermelhas apresenta menos híbridos do que aquela de indiví ¬
limite claro que separe gêneros. A hibridização inter- gené -
duos de flores rosadas (Tabela 6.2) . O isolamento reprodutivo rica ocorre naturalmente entre gêneros de Campanulaceae
é também promovido por um aumento na autocompatibili- havaianas (Carr 1995) e entre muitos gêneros da tribo Pyreae
dade em populações simpátricas de ambas as espécies. (Rosaceae), tais como Amelanchier, Crataeugus , Malus (maçã),
Uma terceira possível origem para o isolamento reprodu ¬ Pyrus (pêra) , Cotoneaster e Sorbus . Na América do Norte, por
tivo envolve a seleção de barreiras pré - reprodutivas para re
¬
exemplo, Amelanchier (com folhas simples) e Sorbus (com fo ¬

duzir a competição por polinizadores . Espécies próximas com lhas pinado - compostas ) às vezes hibridizam . A progénie des -

!
SISTEMáTICA VEGETAL 133

A. bartramiana TABELA 6.3 Exemplos de grupos de plantas em que


a hibridização é frequente
A. humilis A. arbórea Fam í lia G ênero

Asteraceae Antennaria , Bidens e Helianthus


(girassol)
Betulaceae Bé tula
A wiegandii A. sanguí nea Crupressaceae Juniperus
Cyperaceae Carex, Scirpus , Schoenoplectus
Fagaceae Quercus (carvalhos)
vRaeoniaceae
• Paeonia
A. laeois A. stolonifera
Pinaceae Pinus, Picea
Pbaceae Poa
A. canadensis Aspleniaceae Asplenium
FIGURA 6.16 Hibridizaçôes naturais documentadas entre oito espé¬ Ranunculaceae Aquilegia
cies de Amelanchier no nordeste da Am é rica do Norte. ( Fonte: Camp¬ Rosaceae Amelanchier (Quadro 6B, Figura 6.16),
.
bell eWright 1996 ) Crataegus, Geum, Potentilla, Rosa,
Rubuse Sorbus
Salicaceae Populus e Salix
ses gêneros tão diferentes morfologicamente é denominada
xAmelasorbus. Tritricale é uma gramínea comercialmente im ¬
portante que também tem uma origem híbrida intergenérica ças aparentes em mecanismos de isolamento pré-reprodutivo
(Tritricum x Secale ). são provavelmente respostas à seleção contra a hibridização.
O cruzamento entre duas espécies seguido do retrocruza-
Frequência da hibridizaçã o A hibridização é frequente em
mento de híbridos com um dos parentais pode produzir um
plantas. Existem cerca de 70.000 híbridos naturais, de acordo complexo híbrido (Figura 6.17A), quando o fluxo gênico se
com uma estimativa recente (Stace 1984), mas não são todos limita a um ou poucos locais onde as espécies crescem con-
os grupos de plantas que hibridizam. Assim, em Astragalus juntamente (ver Quadros 6B e 6C) . A formação de complexos
(Fabaceae), um gênero de cerca de 2.500 espécies, não se co ¬ híbridos é às vezes referida como introgressão local.
nhecem exemplos de hibridização extensiva. Em contraste, a Os híbridos podem apresentar maior aptidão do que as
hibridização é um fato frequente em espécies de alguns gêne ¬
espécies parentais - um fenômeno bem conhecido, denomi ¬

ros, e alguns exemplos são apresentados na Tabela 6.3 (e ver, nado vigor híbrido (heterose) - e pode estar bem adaptado
p. ex., a Figura 6.16). para novos hábitats. A heterose é comum em numerosas hor¬
Algumas famílias grandes, tais como Apiaceae e Solana- taliças comercialmente importantes e é exemplificada pelas
ceae, não são conhecidas por apresentar híbridos em regiões variedades muito produtivas de milho, tomates, abóboras e
bem estudadas (Ellstrand et al. 1996). Gêneros nos quais a hi¬ muitas outras espécies hoje amplamente cultivadas. Não está
bridização é frequente tendem a ser perenes, alógamos, poli¬ claro o quanto a heterose é importante para as espécies na
nizados por insetos e apresentam alguma forma de reprodu ¬ natureza.
ção assexual. A hibridiza ção é suficientemente comum para Introgressão, a incorporaçã o permanente de genes de
ser uma das forças importantes que promovem a diversidade uma espécie em outra espécie, apresenta três possíveis con ¬

vegetal, criando complexos padrões de variação e, em alguns sequências. Primeiro, pode promover a fusão de espécies di ¬
casos, dissipando as diferenças morfológicas entre espécies. ferentes. Gilia capitata representa um possível exemplo dessa
situação por meio de um fluxo gênico extensivo (Grant 1963).
Consequências evolutivas da hibridização A hibridiza çã o Esta espécie consiste em oito raças localizadas na costa do
apresenta cinco consequências potenciais (Rieseberg e Ells ¬ Pacífico, na América do Norte.Três dessas raças são muito di ¬

trand 1993; Rieseberg e Wendel 1993; Amold 1994, 1997) : ferentes e poderiam ser reconhecidas como taxa diferentes,
(1) refor ço de mecanismos de isolamento reprodutivo, (2) não fosse a existência de indivíduos intermediários produzi ¬

formação de um complexo híbrido por meio da reprodução dos pelo cruzamento entre elas. Acredita-se que estas raças
dos híbridos em uma localidade, (3) fusão entre duas espé ¬
tenham alcançado seu máximo nível de divergência no Plio-
cies por meio de fluxo gênico interespecífico (introgressão), ceno (2 a 5 milhões de anos atrás) . Mais tarde, o fluxo gênico
(4) criação de diversidade genética e adaptaçã o e (5) evolu ¬ entre elas determinou a formação de uma espécie com raças
çã o de novas espécies. A hibridização, portanto, pode man ¬ e variações contínuas.
ter a biodiversidade (consequências 1 e 2), destruí-la (3) ou Em segundo lugar, a introgressão pode transferir mate ¬

criá-la (4 e 5) . rial gené tico entre espécies sem fusioná-las (Figura 6.17B; ver
As observações efetuadas no milho e Phlox, descritas na també m o Quadro 6D), aumentando assim a diversidade ge ¬
página 132, mostram que a seleção contra a hibridização pode nética das espécies que participam do processo.
tomar mais fortes os mecanismos de isolamento reprodutivo. Por último, a estabilizaçã o do processo de introgres ¬

A diversidade em áreas onde há sobreposição de espécies são pode promover o surgimento de novas espé cies (Figura
pode ser mantida desse modo. Numerosos casos de mudan ¬ 6.17C). A especiação híbrida pode ocorrer em indivíduos di-
134 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

(A) Consideremos um exemplo hipotético de hibridiza çá o

ISS X
X
X
entre um arbusto de menos de 2 m de altura e uma árvore
que geralmente excede os 15 m de altura. Este híbrido hi¬

m Populações da
espécie 1
X X
X X
X
X
Populações da
espécie 2
potético receberá muitos genes que codificam para um cau ¬
le curto provindos do parental arbustivo e muitos genes que
codificam para caules altos provindos do parental arbóreo. A
Fj deveria então apresentar caules de altura intermediária. A
Quadro 6B descreve um exemplo de uma Ft intermediária no
(círculos azuis) (círculos amarelos)
gênero Amelanchier.
A condição intermediária da Ft se expressa nos atribu ¬
(B)
tos morfológicos, químicos e ecológicos, bem como de outros
modos, dependendo dos caracteres examinados. Caracteres
X X governados por um ou poucos genes não se apresentam
X XIX X ,
como intermediários na F- (Rieseberg 1995). Feio contrário,
X XIX X nos híbridos encontraremos estados de caracteres dos paren ¬

tais, novos ou extremos. Por exemplo, Amelanchier bartramia-


Espécie 1 Espécie 2 na é alógama, A. laevis produz sementes em geral de modo
assexual e o híbrido entre elas (A. x neglecta ) é fortemente
assexual. Acredita-se que a produção assexual de sementes
X em Amelanchier seja controlada por um ou uns poucos genes
X X dominantes.
X X Aparentemente, a expressão de caracteres químicos e mo¬
= X leculares nos híbridos é mais previsível se comparada com a
X X expressão de caracteres morfológicos. No caso das sequê ncias
de DNA nuclear, os indivíduos da F, apresentam sequ ências
X
X
:
Espécie 1
X
Estabilização da
X

Espécie 1
de ambos parentais, no que é denominado um padrão aditi ¬
vo. Em contraste, marcadores moleculares herdados de um
único parental, tais como marcadores de DNA de cloroplasto,
mtrogressao n ã o apresentam padrões aditivos.
FIGURA 6.17 Introgressão local, introgressá o dispersa e estabili ¬
Caracteres morfológicos têm fornecido as principais
za çã o da introgressã o. As linhas negras representam cruzamentos evid ê ncias de hibridização em centenas de estudos. Como
entre populações. ( A) em um complexo h í brido (introgressão locali ¬ veremos a seguir, muitos outros fatores além da hibridíza-
zada ), apenas alguns indivíduos das espécies participantes apresen ¬ ção podem resultar em caracteres particulares com padrões
tam genes da outra, como aqui indicado peia presen ça de um pouco semelhantes à expressão intermediária de uma Fj. Além
de cor amarela (designando a presen ça de genes da espécie 2 ) em disso, se um caráter apresenta suficiente variação natural,
algumas populações da espécie 1. ( B) A existê ncia de introgressã o então a F: pode não ser intermediária entre ambos os pa ¬
dispersa da espécie 2 para a espécie 1 é indicada pela presença de
rentais.
genes da espécie 2 (amarelo) em todas as popula ções da espécie 1.
(C) A estabilização da introgressão. Um evento de hibrida ção é segui¬
A utilização de numerosos caracteres morfológicos para
do primeiro pelo retrocruzamento com uma das espécies parentais o estudo da hibridização evita estas dificuldades e aumenta
e depois pela reprodu ção restrita apenas entre popula ções h íbridas. a precisão das an álises. Contudo, com um grande número
( Fonte: Rieseberg e Wendel 1993, com autorização da Oxford Uni- de caracteres, toma-se dif ícil a interpretação simultânea de
versity Press.) todas as varia ções. No entanto, uma área da estatística - a
análise multivariada - foi desenvolvida pelo geneticista R . A.
Fisher com o propósito de analisar a hibridizaçã o no gênero
plóides, mas é mais frequentemente associada com aumentos íris. A análise de grandes conjuntos de caracteres morfológi ¬
de ploidia. A especiação diplóide é discutida nas páginas 137- cos quantitativos é descrita na Quadro 6C.
138 e a especiação promovida por poliploidia é discutida nas Uma documentação cuidadosa da ocorrência de indiví¬
páginas 140-143. duos de uma Ft deveria verificar se há uma proporção esta ¬

tisticamente significativa de estados de caracteres interme ¬

Evidências de hibridizaçáo Em termos de caracteres quan ¬ diários (Wilson 1992) para numerosos caracteres e deveria
titativamente herdáveis, os indivíduos de Fj (primeira gera ¬
utilizar conjuntos independentes de caracteres (tais como
ção filial ou de híbridos) tendem a ser intermediários entre morfologia, química e caracteres moleculares; ver Quadros 6B
os parentais, embora existam muitas exceções a esta regra e 6D) . Caracteres correlacionados ou geneticamente ligados
(Hardig et al. 2000; Schwarzbach et al. 2001) . As dimensões deveriam ser desconsiderados, pois contê m menos informa ¬

de muitas partes das plantas - tais como a altura do caule, çã o do que aqueles independentes e n ão-ligados.
comprimento foliar, comprimento das pétalas e diâmetro do Outros processos além da hibridizaçã o podem gerar um
fruto - s o herdadas do modo quantitativo (i.e., regulado por padrão semelhante ao padrão de uma F: híbrida . Um es ¬
muitos genes) e controladas por muitos genes, sendo que tado de caráter pode apresentar-se intermediário devido à
cada um deles faz uma contribuição parcial à expressão fe- mutação, à plasticidade fenotípica ou a uma tendê ncia evo ¬
notípica. lutiva. Assim, por exemplo, o táxon B na Figura 6.19 é in -
SISTEMáTICA VEGETAL 135

QUADRO 6B Hibridiza çã o em Amelanchier


Amelanchier bartramiana e (A)
A. laevis geralmente cres ¬
cem juntas e hibridizam
ao longo de grande parte
do nordeste da América
do Norte. A primeira es¬
pécie geralmente cresce
em florestas temperadas e
preservadas ou em brejos,
e A laevis prefere hábitats
2* X

nos primeiros est á gios


sucessionais, tais como
beiras de estradas, áreas
recentemente queimadas,
áreas desflorestadas e
campos. A criação de uma FIGURA 6.18 Oa esquerda para a direita: flores ria de A. x neglecta em rela ção ao comprimento
estrada ou a formação de (A) e flores (B) de Amelanchier laevis, A. x neglecta das pétalas, formato da basefoliar e comprimento
uma clareira em regiões e A. bartramiana. Observe a condiçã o intermediá - dos peciolos. A escala está em milímetros.
onde cresce A. bartramia¬
na cria as condições que
favorecem o estabeleci ¬ 6C fornece uma explicação sobre os méto ¬ rentais florescem aparentemente no mes ¬
mento de A. laeois e a consequente hibri ¬
dos quantitativos utilizados) . Estes caracte ¬ mo per íodo e são visitados pelos mesmos
dização entre as duas espécies. O híbrido res incluem dimensões (p. ex„comprimen ¬ tipos de polinizadores. Quando cruzadas
entre as duas espécies é denominado A. x to do pecíolo) e formatos quantificados (p. experimentalmente, as sementes produzi ¬

neglecta. O símbolo x indica que se trata ex., o ângulo entre a base da lâmina foliar das são viáveis e capazes de germinar.
de um híbrido. e o pecíolo) que são provavelmente herda ¬ . Em outra localidade, onde A. laevis
Ambas as espécies diferem marca- dos de modo quantitativo. cresce juntamente com outra espéde (A.
damente em caracteres florais e foliares. Evidências adicionais que sustentam erecta" , assim indicada, pois esta espé ¬
A. bartramiana apresenta pecíolos curtos, que A. x neglecta é o híbrido entre A. bar¬ cie não foi ainda formalmente descrita),
base foliar reta e pétalas curtas. Amelan ¬
tramiana e A. laeois provêm de sequências caracteres morfológicos sugerem que a
chier laevis apresenta pecíolos mais lon ¬ de DNA ribossomal e sítios de restrição do hibridização avançou além da produção
gos, base foliar cordiforme e pétalas mais DNA do doroplasto (ver Capítulo 5). As de uma F, e estabeleceu-se um complexo
compridas. A. x neglecta apresenta todos duas espécies parentais diferem em dois híbrido (ver Figura 6.20 no Quadro 6Q
estes caracteres em condição intermediá ¬ sítios no espaçador nuclear ribossomal (Campbell e Wright 1996). Muitas plan ¬

ria (Figura 6.18). (TTS) e o híbrido apresenta os nrDNAs de tas nesta localidade contêm combinações
Um estudo sobre a hibridização em ambos os parentais nestes dois sítios. O de caracteres dos parentais, dissipando
uma localidade (Weber e Campbell 1989) híbrido contém o DNA de doroplasto de as diferenças com estas ltimas espécies.
demonstrou que a maior parte dos híbridos um dos parentais devido ao fato de que o A hibridização entre A. laevis e A. erecta"
apresenta sete caracteres que separam as DNA de doroplasto é herdado somente do é interessante também porque ambas as
duas espécies em condição intermediária parental doador de óvulos. Além disso, a espécies provavelmente tenham origem
(ver Figura 6.19a, no Quadro 6C; o Quadro hibridização é possível porque os dois pa ¬ híbrida.

termediário entre os taxa A e C em comprimento foliar, não Táxon A Táxon B Táxon C


por ser um híbrido entre A e C, mas porque ele representa
um estágio intermediário em uma tendência evolutiva para
folhas menores. Este tipo de situação pode ser detectado
analisando outros caracteres que deveriam também apare ¬

cer em condição intermediária se a hibridização tivesse de


fato acontecido .
Uma espécie pode também tomar-se mais ou menos
intermediária entre outras duas espécies através de conver¬
gência evolutiva, cujos efeitos podem simular aqueles da hi ¬

bridização . A separação de uma espécie em duas espécies de ¬

rivadas (divergência evolutiva) também pode ter efeitos que


simulam os da hibridização (Figura 6.22) . FIGURA 6.19 Uma tendência evolutiva, como, por exemplo, a di ¬

Uma combinação de muitos conjuntos de dados permi ¬


minuição no tamanho foliar, pode simuiar os efeitos de uma hibri ¬
te a distinção entre eventos de hibridização, convergência dizaçã o.
136 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

QUADRO 6C Aná lise morfológica quantitativa da hibridização


Suponhamos que estamos testando a hi ¬ 1,5
pó tese de as espécies A e B terem hibri- A 'erecta
dizado e dado origem ao possível híbrido A. laeuts
C. Se já identificamos caracteres morfo ¬ 1,0 + Plantas híbridas
l ógicos de herança quantitativa que cla ¬
+
ramente diferenciam A e B, podemos nos
perguntar o quanto C é intermediária en ¬

tre as espécies parentais, dispondo nossas


+
amostras de A B e C em uma escala para
+
os caracteres em questão. 0.0 + *
-

Para dois ou três caracteres, podere ¬

mos abordar os caracteres em duas ou três • +

dimensões. Por exemplo, o comprimento


das pé talas e o comprimento dos pecíolos
*
em Amelanchier bartramiana e A. laevis. É
f ácil perceber a condição intermediá ria - u
em A. x neglecta, quando o comprimento
-1,5 -0,9 -0,3 0.3 0.9
PCI
das pétalas é plotado no gráfico contra o
comprimento do pecíolo (Figura 6.20A). FIGURA 6.21 An á lise de componentes principais em um complexo h í bri ¬
Para mais de três caracteres, no entanto, do envolvendo Amelanchier ereta", A. laevis e os possíveis h íbridos entre
não é f ácil visualizar padrões entre A, B e elas. ( Fonte: Campbell e Wright 1996.)
C e precisaremos de técnicas morfológicas
quantitativas.
As Figuras 6.20 e 6.21 baseiam -se na teres a um, dois ou três caracteres novos. terceiro e os subsequentes componen ¬
análise dos componentes principais O primeiro componente principal é um tes principais (não mostrados na figura)
(PCA) de sete e seis caracteres, respecti- caráter composto, uma combina çã o de explicam o máximo da variação não ex ¬
vamente. O PCA é uma técnica estatística todos os caracteres que variam de modo plicada pelos componentes principais
que reduz um conjunto de muitos carac - consistente e representativo da máxima precedentes.
variação representada no conjunto de da ¬
Os componentes principais resumem
dos. Normalmente, parte da variação n ão os dados e, quando plotados um contra o
FIGURA 6.20 Estudo morfológico quan ¬ é explicada pelo primeiro componente outro, como nas Figuras 6.20B e 6.21, for ¬

titativo da hibridiza çã o. (A ) An á lise do porque nem todos os caracteres são per ¬ necem uma noção visual da relação entre
comprimento do pecíolo e comprimento feitamente consistentes (correlacionados) os taxa. Na Figura 6.21, os dois primeiros
das pétalas para indiv íduos de Amelan ¬
entre si. componentes principais ressumem 90 %
chier bartramiana, A. laevis e A x neglecta, Na Figura 6.21, por exemplo, o pri ¬
de toda a variação do conjunto de dados
o aparente h í brido das espécies anterio¬ meiro componente principal explica 73% de seis variáveis. Esta técnica permite
res. ( B) An á lise de componentes principais da variação total do conjunto de dados. aproveitar melhor a informaçã o e inter¬
mostrando os dois primeiros componen ¬ O segundo componente principal explica pretar melhor o comportamento dos da ¬

tes principais ( PCI e PC2) em um estudo a maior parte da variação não explica ¬ dos. (Rara outro exemplo de análises mor ¬

sobre a hibridiza çã o em Amelanchier . da pelo primeiro componente principal fológicas quantitativas da hibridização, ver
( Fonte: Weber e Campbell 1989.) (17% da variação total na Figura 6.21). O Hardig et al. 2000.)

(A) 2,5 (B) 1,5

1,0
20 V A
-H-
A A
0,5
4 *
& 1,5 + #
+
/ty
.: >

>
A
-8
.

0, 0
110 M

.
A
++
-
,

H+
t
-0,5
+
A A
0,5 A A bartramiana
m A laevis -1,0 j- A
+ A x neglecta
o,
oo
1,0 0,5 1,0 1,5
Comprimento das pé talas (cm )
20
-1.5-1c,5 -1,0 -0,5 0,0
PCI
0.5 1,0 1.5
r
SISTEMATICA VEGETAL 137

(A) Táxon A Táxon C (B) Táxon B importantes forças na evolução das plantas. No entanto, a

V A
introgressão no gênero íris foi questionada nos anos 1960, e
poucos casos convincentes de introgressão foram documen ¬
tados naquele período.
Estudos moleculares recentes dos lírios da Lousiana dei ¬

xam claro que as primeiras interpretações sobre introgressã o


nestas plantas estavam corretas. A introgressão é, de fato,
Táxon B Tempo Táxon A Táxon C frequente nas plantas, e hoje existem numerosos casos bem
documentados e uma série de possíveis exemplos adicio ¬

FIGURA 6.22 Divergê ncia evolutiva versus hibridiza çã o. Padrões in ¬ nais (Rieseberg e Wendel 1993). A principal causa do reco ¬

termediá rios semelhantes podem resultar (A) de divergência evolutiva nhecimento da importância da introgressão foi o advento
dos taxa A e C a partir de B e {B) de um evento de hibridizaçã o entre A e a utiliza ção de ferramentas moleculares. Baixos níveis de
e C, produzindo o táxon B. introgressão são dificilmente detectados através de caracte ¬
res morfológicos e, em muitos casos, é dif ícil refutar outras
e divergência. A observação na natureza de ambas as espé ¬ explicações alternativas somente com o uso de caracteres
cies parentais ocorrendo nas proximidades da F2, o registro morfológicos.
de floração simultânea nos parentais ou o registro de fluxo A introgressão pode ser bidirecional, caso em que ocorre
de pólen entre os parentais também podem ser utilizados o intercâmbio de genes entre duas espécies, ou unidirecio-
para sustentar hipóteses de hibridização (ver Quadro 6B). No nal, em que o fluxo gênico ocorre exclusivamente de uma
entanto, só poderemos ter certeza de que uma determinada espécie para a outra. As Campanulaceae havaianas apre ¬
planta é um híbrido se for possível produzir este híbrido ex¬ sentam exemplos de introgressã o unidirecional. Dubautia
perimentalmente. Portanto, o melhor é mencionar híbridos ciliolata ocorre praticamente restrita a um depósito de lava
em potencial como possíveis híbridos. datado de 1885 e D. scabra é restrita a um outro depósito
A reprodução local dos híbridos pode promover a ocor ¬
de lava datado de 1935. Análises de marcadores de RAPD
rê ncia de um complexo híbrido (ver Figura 6.17A e Quadro ( random amplified polymorphic DNA ) indicam a ocorrência
6C) . No primeiro caso descrito para Ameianchier no Quadro de indivíduos de uma Fa e uma F2, e de retrocruzamentos,
6C, praticamente todos os indivíduos de A. x neglecta pare ¬
nas quais D. ciliolata se reproduz com os híbridos (Caraway
cem ser a progénie de uma F2 (ver Figura 6.20B); cruzamentos et al. 2001). Esta introgressão unidirecional pode estar pro¬

entre estes indivíduos da F: e qualquer um dos parentais (re - vendo D, ciliolata com material genético que lhe permita
trocruzamentos) ou entre os indivíduos da Fj para produzir deslocar-se de um depósito de lava mais antigo para outro
uma geração F2 são aparentemente muito incomuns. No se ¬ mais recente.
gundo caso, no entanto, um complexo híbrido seria formado,
com transferê ncia de caracteres morfológicos de uma espécie Especiação híbrida A hibridização frequentemente pro ¬
para outra (ver Figura 6.21). duz novas espécies de plantas. Embora a especiação híbri ¬
Complexos híbridos podem dificultar a identificação ta- da seja muitas vezes associada com eventos de poliploidia,
xonômica; os parentais nã o apenas estão presentes, mas os
intermediá rios dissipam as lacunas que diferenciam os pa ¬
existem alguns casos documentados de hibridização di
plóide, nos quais o cruzamento entre duas espécies diplói-
-
rentais. O comprimento do pedicelo em A. ereta é em mé ¬ des produz uma espécie híbrida diplóide. Fortes evidê n ¬

dia de 1,7 cm, atingindo desde 1,4 a 1,9 cm. Em A. laeuis, os cias moleculares sustentam que duas espécies diplóides
pedicelos apresentam entre 2, 7 e 3,5 cm (em m édia 2,9 cm) . .
de girassol, Helianthus annuus e H petiolaris (Asteraceae)
Os indivíduos aparentemente híbridos apresentam pedicelos hibridizaram no passado e originaram outras três espécies
de comprimentos intermediários, com média de 2,4 cm e ex¬ .
diplóides: H. anomalus, H deserticola e H. paradoxus (ver
tremos de 1,5 a 3,1 cm, o que abrange praticamente toda a Rieseberg e Wendel 1993). Estes eventos de especiação fo ¬
variação observada nos parentais. ram mediados por diferenças cromossômicas entre os pa ¬
rentais que tomam os híbridos parcialmente estéreis. A re-
Introgressão Os lírios (íris) do sul de Louisiana têm sido uti ¬ combina ção restaura parte da fertilidade nos híbridos, mas
lizados como modelos para entender a introgressão (Quadro permanecem pelo menos parcialmente estéreis em relação
6D; ver Amold 1994). O sul da Louisiana contém uma consi ¬ aos parentais.
derável diversidade de lírios. Na década de 1930 um grande Outro exemplo, íris nelsonii, é um híbrido diplóide de
número de formas foi classificado em mais de 80 espécies. três espécies: as duas discutidas no Quadro 6D (í. fulva e
Mais tarde, estudos morfológicos, ecológicos e genéticos do ¬ í. hexagona) e í. brevicaulis (ver Arnold 1992, 1994) . O hí¬

cumentaram a existência de eventos de hibridização e os lírios brido dessas duas espécies hibridizou com a terceira, e não
foram reclassificados em quatro espécies básicas e numerosos se conhece qual é o par de espécies que formou o híbrido
híbridos entre elas. inicial.
Duas espécies que crescem juntas no sul da Louisiana - Eventos antigos de introgressão deixaram sua marca em
I. fulva e I. hexagona - foram fundamentais nos estudos de muitos grupos na forma de um conflito entre as filogenias
Edgar Anderson sobre introgressão, que foram apresentados detectadas por meio de caracteres do genoma de cloroplas-
em 1949 no seu influente livro Introgressive Hybridization. to (cpDNA, de herança uniparental) e filogenias baseadas
Após a publicação desse livro, muitos sistematas pensaram em marcadores nucleares (Rieseberg e Soltis 1991) . Helian¬
que eventos de introgressão eram relativamente comuns e thus annuus é uma herbácea ruderal introduzida que hibri-
138 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

QUADRO 6 D Introgressã o nos l írios da Louisiana


íris fulva e I. hexagona hibridizam no sul da vos, a maioria das populações alopátricas Fã drões de fluxo gêmeo em uma área
Louisiana, em locais onde seus há bitats se de I. fulva carece da inserção. Duas popu ¬
de sobreposição entre I. fulva e 1. hexagona
sobrepõem e especialmente em áreas que lações sã o excepcionais e exemplificam a diferem marcadamente para o rDNA e o
sofreram modificações em decorrência das introgressão dispersa. Em uma população cpDNA. Enquanto os genótipos nuclea ¬
atividades humanas. Os primeiros estudos alopátrica predomina í. fulva, mas foram res sugerem repetidos retrocruzamentos
utilizaram a cor da flor - vermelho-tijolo detectados 20 indivíduos contendo a in ¬ com I. hexagona (Figura 6.23A), os genóti ¬
em I. fulva e azul em 1. hexagona bem serção, embora 4 deles tivessem algumas pos de cpDNA mostram um fluxo gè nico
como outros seis caracteres florais adicio ¬ cópias de rDNA sem a inserção. Dos 12 consideravelmente menor (Figura 6.23B).
nais para diferenciar espécies e híbridos indivíduos amostrados na segunda popu ¬ Esta diferen ça pode ser explicada pela
e para sustentar hipó teses envolvendo laça» alopá trica de I. fulva , apenas 4 apre ¬ predomin â ncia do fluxo gê nico através
complexos híbridos e introgressão. sentaram o rDNA típico de I. fulva e nos do pólen, que carrega DNA nuclear, mas
Análises de DNA nuclear (DNA ribos- outros 8 indivíduos o rDNA foi predomi ¬ não carrega marcadores de cpDNA, que
somal, isoenzimas e RAPDs) e de cloro - nantemente o de I. fulva . apresentam herança materna.
plasto (cpDNA) confirmaram as hipóteses
propostas com base em caracteres morfo ¬

lógicos (discutidos por Amold 1992, 1994) .


Nas duas espécies, marcadores espé ¬
M
cie-específicos para todos os quatro tipos
de marcadores moleculares de uma espé ¬

cie foram detectados na outra; seja quando


ambos os taxa ocorrem juntos ou quando
são alopátricos. Tais evidências sustentam
que, nestas espécies, a introgressão tem
ocorrido em ambas as direções.
Ambas as espécies diferem na pre ¬

sen ça de uma inserção no espaçador in -


tergen érico (IGS) do rDNA. Enquanto a
maioria das popula ções alopátricas de I .
hexagona em Louisiana e R órida apresen ¬

tam esta inserção em seus rDNAs repetiti

í. hexagona I . fulva
(A)
FIGURA 6.23 Caracteres de DNA nuclear Brejo Brejo
éde cloropiasto para indiv íduos deIrisem
uma regiã o de sobreposiçã o entre I. fulva 00
e /. hexagona próximo de uma estrada e 0
<355i
de um brejo {a barra verde ) na Louisiana.
Cada c í rculo representa dados gen éticos ri
de um indiv íduo. ( A ) A proporçã o relativa
de marcadores nucleares de I. fulva ( por ¬ Estrada
cB
00 Lsuac .i
s
çã o azul dos círculos) e /. hexagona ( por¬
çã o amarela ) em uma amostra de 37 plan ¬
Complexo híbrido Complexo híbrido
tas. ( B ) A distribuiçã o de marcadores de
cloropiasto de /. fulva ( c í rculos azuis ) e I.
hexagona ( c í rculos amarelos) nas mesmas O
37 plantas e outras 3 plantas adicionais.
( Modificada de Arnold et al. 1992). ( Foto *>
«
de 1. hexagona de Walter Judd , de I. fulva a
cortesia de Rodney Barton.)

dizou com muitas outras espécies de girassol no sudoeste aparece hoje juntamente com o genoma nuclear das outras
dos Estados Unidos. O destino dos genomas nuclear e de espécies (Figura 6.24).
cloropiasto tem diferido. Em quase todos os casos, o DNA Este fen ô meno é denominado captura do cloropiasto
nuclear de H . annuus tem sido eliminado através do retro- ou introgressão diferencial e tem sido documentado em mui ¬
cruzamento com a outra espécie parental. No entanto, o tos grupos (Rieseberg e Wendel 1993) . É mais provável que
cpDNA de Helianthus annuus tem sido retido nos h íbridos e o DNA de cloropiasto em vez do DNA nuclear atravesse
SISTíMáTKA VEGETAL 139

- H porteri
. jam removidos das análises para evitar o potencial caos
e a falta de resolução que eventualmente promovem nas
- H anomalus
.
filogenias.
McDade (1990, 1992a) produziu 17 híbridos experi ¬
- H . armuus mentais a partir de 12 parentais no gê nero sul -americano
Aphelandra (Acanthaceae) e estudou o efeito da inclusão dos
- H. paradoxus híbridos na resolução (n mero de árvores), na homoplasia
(mensurada pelo índice de consistência, Cl; ver Capítulo 2)
- ff. petiolaris
e nas hipóteses de relações filogenéticas entre as espécies
- H. debilis subsp cucumerifblius
.
parentais. Os híbridos foram selecionados aleatoriamente e
inseridos um a um ou em grupos de dois a cinco em um
H . neglectus conjunto de dados ccmtendo apenas espécies parentais. Os
híbridos não reduziram a resolu çã o, mas diminuíram sig¬
H. neglectus nificativamente o CI. Eles interferiram na filogenia apenas
quando eram muito comuns no grupo interno ou se os pa ¬
ff . anomalus rentais do híbrido fossem muito distantes na árvore filoge ¬
nética (Figura 6.25).
H . deserticola Problemas na reconstrução de filogenias decorrentes de
hibridização frequente devem ser a regra em grupos como
ff. petiolaris aqueles da Tabela 6.3, mas há poucos (se algum) casos bem
documentados de hibridização entre parentais filogenetica-
H. debilis subsp. silvestris mente distantes. Um destes exemplos de hibridiza ção en ¬
tre taxa remotamente relacionados envolve a tribo Pyreae
ff. niveus (a tribo de Rosaceae que conté m, por exemplo, as pê ras e
maçãs) (Stebbins 1950). Uma hipótese bem aceita sobre a
H . bolanderi origem deste grupo propunha que ocorreu a hibridização
entre ancestrais de outros dois grupos de Rosaceae: a tribo
ff. debilis subsp. cucumerifolius Amygdaleae (cerejas e taxa afins) e a tribo Spiraeeae (véu-
de-noiva) . Caracteres moleculares, no entanto, refutam for¬
ff. armuus temente esta hipótese e sugerem que Pyreae evoluiu dentro
do gênero Gillenia, do sudeste dos Estados Unidos (Evans e
ff. argophyllus Campbell, 2002) .
Estudos semelhantes envolvendo espécies parentais de
R debilis (florida ) Helianthus e três híbridos bem documentados mostraram
que a inclusã o desses híbridos não diminuiu a resolução,
R praecox mas aumentou a homoplasia dos caracteres moleculares
FIGURA 6.24 Á rvore mais parcimoniosa para Helianthus seção He- (discussã o em Rieseberg e Ellstrand 1993). A homoplasia
lianthus, baseada em caracteres de DNA de cloroplasto. Linhas ponti¬ dos caracteres químicos e morfológicos não mudou com a
lhadas indicam discrepâ ncias entre a classificação morfológica e o tipo inclusão das espé cies híbridas de Helianthus. Finalmente,
do cpDNA. Acredita-se que estas discrepâ ncias resultam de eventos os girassóis híbridos não afetaram a topologia da árvore de
de introgressão citopl á smica ( captura do cloroplasto). ( Modificada de consenso estrito.
Rieseberg et ai. 1991.) Note-se que os indivíduos da Ft híbrida de Aphelandra
não se comportam diferentemente das espécies nas análises
filogené ticas; portanto, an álises filogené ticas não podem ser
os limites entre espécies e deixe sinais de antigos eventos utilizadas para detectá-los. Se indivíduos da Fx não podem
de introgressão (Rieseberg e Soltis 1991). A combinação do ser detectados, eventos antigos de hibridizaçã o certamente
cpDNA de um indivíduo e do DNA nuclear de outro obvia- não o serão, pois os efeitos dessas hibridizações antigas já te¬
mente cria conflitos na reconstru ção de filogenias (Linder e rão sido atenuados.
Rieseberg 2004). A não ser que um pesquisador conheça de antemão que
os híbridos são numerosos no grupo interno ou que há uma
Hibridização e Reconstruçã o de Filogenias Os híbridos grande dist â ncia evolutiva entre os potenciais parentais de
criam problemas em análises filogenéticas, pois os padrões um híbrido, a inclusão destes em an álises filogenéticas é con ¬
reticulados da hibridização são intrinsecamente incompa ¬ siderada uma prá tica aceitável. Se a hipótese de origem híbri¬

tíveis com os padrões hierá rquicos impostos pelos moder¬ da de um táxon apresenta forte sustentação ou abundantes
nos métodos de reconstrução filogené tica (McDade 2000; evid ê ncias apoiando- a, então n ão é necessário incluir este
Linder e Rieseberg 2004). Alguns sistematas argumentam táxon em análises filogenéticas. Híbridos potenciais podem
que híbridos podem ser detectados pelos efeitos que cau ¬
ser incluídos nas árvores filogenéticas mais tarde (ver Sang et
sam nas filogenias. Outros recomendam que híbridos se ¬ ai. 1995; ver também o Capítulo 2).

Iu
T

140 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

FIGURA 6.25 Efeitos da inclusã o de h íbridos na topologia e resolu ¬ (A)


ção de an álises filogenéticas. ( A) Á rvore mais parcimoniosa para 12
espécies (cada uma designada pelas duas primeiras letras do epíteto * 5 a * 3 8 £
espec ífico) do gê nero sul-americano Aphelandra (Acanthaceae). ( B)
Efeitos da inclusã o dos h í bridos na topologia: a inclusã o do h íbrido LE
x SI causa um completo rearranjo da á rvore filogenética em relaçã o à
-
Figura 6.25A, com a perda da monofilia do ciado SC PA-GR-GO-TE-SI-
-
ST e uma mudan ça na posição do dado DA-HA-CA LE- U. (C) Á rvore de
consenso de três á rvores igualmente parcimoniosas, com a inclusã o
dos h íbridos LE x GO e SC x PA, mostrando a perda da resoluçã o. (Fon ¬

te: McDade 1992a.)

(B) 55 (Q 8 as

Polipioidia nú meros cromossômicos sejam na verdade diplóides (ver


A julgar por sua alta incid ê ncia em muitos grupos de plan ¬
discussão de Lycopodiaceae no Capítulo 8). Umas poucas
tas, a polipioidia teve uma função importantíssima na evo ¬
con íferas (principalmente Cupressaceae) sã o poliplóides.
lu çã o destas. A adiçã o de conjuntos de cromossomos (ver Masterson (1994) tentou estimar a frequ ência da polipioidia
pá ginas 90-91 no Capítulo 4) fornece material genético re ¬
nas angiospermas por meio da determinação de um n ú mero
dundante que pode ser livre para mutar em genes novos e cromossômico ancestral. Utilizando a correlaçã o entre tama¬

adaptativos. Assim, os poliplóides com frequência apresen ¬


nho celular e conteúdo de DNA, e depois com o n úmero
tam diversidade bioquímica, produzindo muitos compostos cromossômico, ela baseou estimativas de nú meros cromos¬
sobre os quais a seleção natural pode atuar. Como resultado, sômicos ancestrais no tamanho das c élulas-guarda (células
os poliplóides tendem a ter distribuições maiores e colonizar epidérmicas que controlam a abertura e fechamento dos es-
hábitats mais extremos do que seus parentes diplóides. A tômatos) . O número cromossômico ancestral inferido para
forma çã o de um poliplóide é frequentemente acompanha ¬
as angiospermas foi de sete a nove, o que significa que cerca
da por mudanças radicais no genoma (Soltis e Soitis 1999, de 70 % das angiospermas apresentam eventos de poliploi-
2000) e, às vezes, pela perda da auto-incompatibilidade e dia na sua ancestralidade.
sexualidade. A polipioidia é também o principal facilitador
de um processo rápido de especiação, denominado especia- Especiaçã o polipló ide A especiação poliplóide pode ocorrer
ção poliplóide. após a formação de alopoliplóides ou autopoliplóides. Acre ¬
dita -se que a especiação alopoliplóide seja mais frequente
A frequência da polipioidia nas plantas A compreensão da do que a autopoliplóide e resulta de um evento de hibridi-
polipioidia tem sido grandemente aumentada pelo estudo za ção e subsequente duplica ção do número cromossômico.
molecular de genes ou genomas (Soltis et al. 2003). Estes Um caso bem estudado de especia ção alopoliplóide envolve
estudos mostraram que a autopoliploidia, embora provavel ¬ três espécies do gênero euro-asiático Tragopogon (Asterace-
mente não seja t ã o frequente quanto a alopoliploidia, é muito ae), que foi introduzido na América do Norte por volta de
mais frequente do que tradicionalmente se pensava (Soltis et 1900. Híbridos entre estas espécies diplóides foram regis ¬

al. 2003; ver Capítulo 4 para entender as diferen ças entre es ¬ trados pela primeira vez em 1949, no leste de Washington.
tes dois tipos de polipioidia) . Hoje parece que a duplicação Diferen ças estruturais nos cromossomos das três espécies
do genoma é frequente em plantas e muitos outros grupos parentais previnem o pareamento nos híbridos diplóides, o
de organismos, mesmo aqueles que têm sido considerados que toma os gametas resultantes n ã o-viáveis. A fertilidade
diplóides. é restaurada, no entanto, pela duplicação do n ú mero cro ¬
A frequ ê ncia da polipioidia varia entre os diferentes mossômico. Nos híbridos alopoliplóides resultantes, há uma
grupos de plantas. Altos n meros cromossômicos em cen ¬ duplicação exata de cada cromossomo, de modo que o pa ¬

tenas de espécies de samambaias levaram a uma estimativa reamento é possível e a meiose é bem -sucedida. Uma dis¬
de 95 % de polipioidia neste grupo, embora exista evidência cussão mais detalhada da alopoliploidização em Tragopogon
de que alguns taxa próximos das samambaias e com altos é apresentada no Quadro 6E.

iii
~
P

SISTEMáTICA VEGETAL 141

QUADRO 6E Especia çã o alopoliploide em Tragopogon


Três espécies diplóides de Tragopogon fo ¬ pigmentos, isoenzimas e an álise de sítios
ram introduzidas na Amé rica do Norte de restrição de cpDNA e rDNA (Soltis et WA MT
por volta de 1900: T. dubius, T. porrifolius al. 1995). Isoenzimas, cpDNA e rDNA in ¬

e T. pratensis. Híbridos entre elas foram dicam que os eventos de hibridização que ID
registrados a partir de 1949, no leste do originaram T. miscellus ocorreram entre 2 OR Washington j Idaho
Estado de Washington. T. dubius hibridi- e 21 vezes, e os que originaram T. mirus,
zou com T. porrifolius, dando origem ao entre 5 e 9 vezes.
h íbrido alotetraplóide T. mirus, e hibridi - O DNA do cloroplasto tem herança
zou com T. pratensis, dando lugar ao alote ¬ materna neste gênero. Assim, a direçã o do Spo
traplóide T. miscellus (Figura 6.26). T. mirus fluxo gê nico pode ser determinada pelo
e T. miscellus são morfologicamente dife ¬ estudo do cpDNA na progénie híbrida. O
rentes e estão reprodutivamente isolados parental matemo de T. mirus é T. porrifo ¬

das espécies parentais porque eventuais lius em todas as origens conhecidas. Am ¬

produtos de retrocruzamento são triplói- bos os parentais atuaram como parentais


des e geralmente estéreis. maternais em T. miscellus. Alopoliplóides
Estas hibridizações t ê m sido estu ¬ surgiram muitas vezes em outros grupos,
dadas em detalhes utilizando caracteres tais como Dactylorhiza (Orchidaceae; He-
morfol ógicos, estudos nos cromossomos dren et al. 2001) e possivelmente Spartina
meióticos, análises genéticas da cor floral, ( Ayers e Strong 2001). Ao que parece, uma
análises do gene que controla o compri
mento das flores liguladas, a química dos
¬ única origem para estes poliplóides é um 1
fato infrequente (Soltis e Soltis 1999).
25 km

FIGURA 6.27 Mapa de distribuiçã o das


% espécies alotetrapl ó ides de Tragopogon
em cinco localidades do leste de Washing ¬

ton e norte de Idaho. As populações de


T. dubius
T. mirus sã o indicadas com estrelas, e as
2TI =12 de T. miscellus, com quadrados verme ¬

lhos. Localidades com ambas as espécies


são indicadas com ambos os símbolos. A
á rea amarela indica a á rea de distribui çã o
cont í nua de T. miscellus nas redondezas de
Spokane. (Fonte: Novak et al. 1991 .)

T. miscellus T. mirus
=
2n 24 2TI =24
O que torna estes alopoliplóides
eventos de especiação especialmente in ¬
teressantes é que são recentes e que sa ¬
bemos onde e quando aconteceram . Isto
I- nos permite conhecer a ecologia e disper¬
sã o de espécies novas, bem como conhe ¬
cer sua evolução morfológica e molecular.
T. pratensis Ambos alopoliplóides de Tragopogon têm
2n =12 T. porrifolius
=
271 12 aumentado numericamente e ampliado
sua área de distribuiçã o na sua regiã o de
FIGURA 6.26 Especia çã o alopoliploide em Tragopogon. As espécies parentais diplóides origem, no leste de Washington e norte
(2ri) aparecem nos vértices do triâ ngulo; ostetrapl óides ( An ), na parte mediana das linhas de Idaho (Figura 6.27) . De fato, T. mis¬
entre as espécies parentais. As setas se originam nas espécies parentais. Tanto T. pratensis cellus tem se tomado uma das ervas mais
quanto T. dubius tê m atuado como parentais doadores de óvulos ( maternais ) originando comuns nas vizinhan ças de Spokane,
T.miscellus diversas vezes. ( Fonte: Pires et al. 2004.) Washington.

Eventos de alopoiiploidização em Spartina (Poaceae) são setts e Newfoundland, Canadá, foram introduzidos em Sou -
semelhantes aos de Tragopogon e também são recentes e con ¬ thampton, Reino Unido, em algum momento antes de 1829.
sequ ê ncia de eventos de introdu ção de espécies feitos pelo Estes indivíduos se tomaram parentais de um h íbrido com a
homem . Spartina altemiflora (com um nú mero cromossômico nativa S. marí tima (2n = 60), que resultaram no híbrido estéril
diplóide 2n = 62) é um componente flor ístico importante de S . x towsendii (2n = 62) aproximadamente em 1870.
lagoas de água salgada na Am é rica do Norte. Indivíduos des ¬ O alopoliploide f értil S. anglica (2n = 120, 122, 124) apare ¬

ta espécie provindos de algum lugar entre Boston, Massachu - ceu no final da d écada de 1880 em Southampton e então se
T

142 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

n=8 mas Karpechenko encontrou alguns indivíduos que eram fér¬


B. nigra teis porque os gametas dos parentais não tinham experimen ¬

tado redução cromossômica. Rabanete e repolho apresentam


um número cromossômico 2n = 18 e os novos indivíduos f ér ¬

teis eram alotetraplóides com 2n = 36. Embora este resultado


« = 17 n = 18 fosse cientificamente interessante, a nova hortaliça não aten ¬
B. carinatus B. /imcea deu às expectativas: suas raízes eram mais semelhantes às do

\
BC AB
repolho, e as folhas, às do rabanete.
Estudos recentes sugerem que os poliplóides são surpre ¬
n=9 n = 19 w = 10 endentemente dinâmicos (Soltis e Soltis 1999). Por um breve
B. oleracea B. napus B. campestris período após sua formação, os genomas poliplóides podem
C AC A atravessar reestruturações consideráveis, incluindo troca de
segmentos entre os cromossomos das espécies parentais.
FIGURA $.28 O tri â ngulo de U. As espécies dipl óides parentais estã o Quanto mais divergentes são os parentais, mais radicais se ¬

nos vértices do triângulo, os tetraplóides na região intermediária entre rão os rearranjos. Numerosos estudos tê m demonstrado que
as espécies parentais. O n ú mero cromossômico haplóide e a consti ¬
tuição genética ( A , B e C) são indicados para cada táxon . As setas se o mesmo alopoliplóide pode surgir numerosas vezes (ver
originam nas espécies parentais maternos. Ambas, 8. oleracea e B. cam ¬ Quadro 6E). Se os parentais são geneticamente diferentes,
pestris tem servido como parentais maternos nos diferentes eventos então repetidos eventos de hibridação entre eles produzirão
que deram origem a B. napus . ( Fonte: Soltis e Soltis 1993.) alopoliplóides geneticamente diferentes. Por sua vez, a repro ¬

dução entre estes alopoliplóides poderá aumentar a diversi ¬

dade genética .
espalhou rapidamente ao longo da costa, substituindo as es ¬
Tradicionalmente, os autopoliplóides não têm sido re ¬

pécies nativas. Marcadores moleculares (Ayers e Strong 2001) conhecidos como espécies separadas dos seus ancestrais
mostraram uma ampla variação gen é tica em S. anglica, o que diplóides, mas Soltis e colaboradores (2007) argumentam
poderia ser interpretado como a consequência de m ltiplas que alguns autopoliplóides deveriam ser reconhecidos como
origens. De modo alternativo, esta variação poderia ter se ori ¬ espécies. Um dos autopoliplóides que eles sustentam como
ginado após recombinação ou perda de cromossomos inteiros exemplo ocorre em Chamerion angustifolium (Onagraceae;
em S. anglica . Os dados gen éticos indicam que o componente Figura 6.29). Esta planta herbácea e perene ocorre em grande
de S. altemiflora em todas as plantas (exceto uma) de S. an¬ parte do Hemisf é rio Norte, principalmente como diplóide
glica estudadas é idêntico a de um indivíduo de S. altemiflora ou autotetraplóide. Em geral, as distribuições geográficas de
de Marchwood, no Reino Unido. Assim, esta planta de Mar-
chwood deve ter sido o progenitor das sementes que origina ¬

ram S. anglica. Estas plantas produzem rizomas que permitem


que um indivíduo se reproduza vegetativamente, abrangendo
-
uma extensão considerável e persistindo por um longo tempo
graças a reprodução vegetativa. ir K S -
'

A especiação alopoliplóide tem tido uma função muito


importante na história evolutiva de muitas plantas cultiva ¬
das, tais como o milho, a cana de açúcar, o algodão e o trigo,
C ,
* ;

e tem presumivelmente facilitado a evoluçã o dos caracteres


que tomaram estas plantas de interesse para o ser humano.
Um dos casos mais interessantes de hibridização de espécies * i

cultivadas foi documentado no gê nero Brassica. Em 1935, o


cientista coreano Woo Jang-Choon (cujo nome foi modifica ¬
/> % V
do para Nagaharu U , no Japão) propôs que três espécies de .
Brassica - B. nigra, B. oleracea e B. rapa - hibridizaram e origi¬ jr
naram outras três espécies. Estas relações ficaram conhecidas
como o Triângulo de U (Figura 6.28) e tem sido confirmadas
por numerosos estudos (revisão em Song et al. 1988). Os alo- H
poliplóides de Brassica, como os de Tragopogon (ver Quadro
6E), apresentam uma história de múltiplos eventos de origem
e introgressão (Soltis e Soltis 1993) .
Brassica também está envolvido em um caso anterior e
mais conhecido de especiação alopoliplóide: o híbrido inter - FIGURA 6.29 Chamerion angustifolium (Onagraceae). Esta grande
genérico Raphanobrassica ( já mencionado na p á gina 131). No erva perene foi fotografada no norte de Maine , bem dentro da distri ¬

início da década de 1920, o geneticista russo Georgi Karpe- buiçã o conhecida para os autotetrapl óides dessa espécie. Soltis e co ¬

chenko tentou criar uma espécie doméstica que combinasse laboradores (2007) favorecem o reconhecimento dos autotetraplóides
as folhas comestíveis do repolho e as raízes comestíveis do como espécie separada dos diplóides. Veja o texto para mais detalhes
rabanete. Híbridos repolho- rabanete são geralmente estéreis, sobre especia ção polipióide nesta planta.
SISTEMáTICA VEGETAL 143

diplóides e autotetraplóides são separadas, com os diplói-


des ocorrendo em maiores altitudes que os autotetraplóides.
No entanto, as distribuições se sobrepõem parcialmente na
Am é rica do Norte. Os dois níveis de ploidia são morfolo ¬
5 MDH - l /MDH-1 MDH-l /MDH 2 -
gicamente diferentes, sendo que os diplóides apresentam
flores menores e pecíolos mais curtos. Alé m disso, os di ¬
vulos
Ó
plóides florescem antes dos tetraplóides, o que lhes confere -
MDH 2 MDH-VMDH-2 MDH -2/MDH-2
certo isolamento reprodutivo. Em conjunto, estima-se que
isolamento geográfico, constância floral (dos polinizadores),
autopolinização, incompatibilidade pólen-estilete e invia ¬ FIGURA 6.30 Autofertiliza ção em um indiv íduo heterozigoto para
bilidade do híbrido confiram cerca de 99,7% de isolamen ¬ o gene da malato desidrogenase (MDH). Os poss íveis gen ótipos para
to (Husband e Sabara 2003). Assim, Soltis e colaboradores óvulos e pólen ( baseados nos alelos MDH- 1 e MDH-2 ) sã o ilustrados. A
progé nie é V* homozigota para o alelo MDH- 1 , V homozigota para o
(2007) concluíram que caracteres morfológicos e isolamento
alelo MDH-2 e Vi heterozigota.
*
reprodutivo sustentam o reconhecimento do autotetraplóide
como espécie separada.
6.30) . Assim, cada autofertilizaçã o reduz à metade o nível de
Sistemas reprodutivos heterozigose. Em nosso exemplo, partimos de um heterozi ¬

Nas plantas, o principal modo de reprodução é biparental goto e uma frequ ê ncia de heterozigose = 1. Após uma gera ¬

(Richards 1997). No entanto, a reprodu ção uniparental, seja ção de autofertilizaçã o, a frequência de heterozigose é de Vi.
por autogamia ou reprodução vegetatdva, também é relativa ¬ Se a autofertilização continuar na progénie da Figura 6.30,
mente comum e constitui uma das mais frequentes transições os dois homozigotos produzirão apenas progénie homo ¬
evolutivas em plantas (Takebayashi e Morrell 2001). Cerca de zigota e os heterozigotos novamente produzirão n úmeros
20 a 25 % das plantas são predominantemente autógamas iguais de heterozigotos e homozigotos. Após esta segunda
(Barrett e Eckert 1990). A reproduçã o uniparental restringe geração de autopolinização, a frequência de heterozigose é
fortemente o fluxo gênico, assim, ela é freqúentemente asso ¬ (%) (%) = V4.
ciada com padrões complexos de variação morfológica e com Assim, repetidos eventos de autopolinização reduzem a
dificuldades na delimitação das espécies. heterozigose, bem como a variação morfológica dentro da
Como ponto de partida, consideremos uma espécie, tal progénie, até um nível muito baixo. Como resultado disso,
como Dactylis glomerata, que constitui grandes populações populações autógamas podem ser morfológica e genetica ¬

cujos indivíduos são sempre alógamos. Tais populações de ¬ mente uniformes. A autopolinização é a forma mais extrema
verã o conter uma considerável diversidade genética e nã o da endogamia, ou reprodu ção entre indivíduos aparentados.
deverã o ser muito diferenciadas entre si. Em contraste, Populações endógamas geralmente apresentam maiores ní¬
plantas derivadas de reprodução uniparental tenderão a ser veis de homozigose e são mais uniformes do que populações
geneticamente semelhantes e as populações destas plantas alógamas.
tenderão a estar mais ou menos diferenciadas das outras Muitas plantas dependem de uma variedade de formas
(Richards 1996). de reprodução assexual (estolões, rizomas, gemas e fragmen ¬

A autopolinização e a autofertiliza çã o são o resultado tação) para colonizar um hábitat e para a dispersão a curtas
da transferê ncia de pólen dentro de uma mesma flor ou distâncias. A produção assexual de sementes, denominada
entre flores do mesmo indivíduo. A autogamia afeta a di¬ agamospermia (ver Capítulo 4; um termo equivalente é apo-
versidade genética entre os indivíduos, que é mensurada mixià), difere da reprodução assexual em que retém a produ ¬

em termos de homozigose ou heterozigose. Heterozigose ção e dispersão de sementes e algum grau de sexualidade. A
é a presen ça de dois ou mais alelos diferentes ou outros meiose normal e uma completa recombina ção gené tica n ão
elementos gené ticos para um dado lócus dentro de um in ¬ ocorrem nas plantas agamospé rmicas. No entanto, mesmo
divíduo. Homozigose é a presen ça de um nico alelo den ¬
quando toda sexualidade tenha sido perdida, algum grau de
tro de um indivíduo. A autogamia reduz a heterozigose e variação genética é produzido (Mogie 1992).
aumenta a homozigose. A agamospermia ocorre em cerca de 34 famílias e 130 gê ¬

Consideremos um gene que codifica uma enzima, tal neros de angiospermas e é especialmente comum em Aste-
como a malato desidrogenase (MDH). Um indivíduo diplói- raceae (35 gêneros contêm espécies apomíticas), Boaceae (37
de heterozigoto carrega dois alelos do gene e, portanto, pode gêneros) e Rosaceae (11) (Asker e Jerling 1992; Carman 1997;
produzir duas formas da enzima. Estas duas formas poderão van Dijk e Vijverberg 2006). Gêneros com espécies agamos-
diferir no funcionamento, conferindo ao heterozigoto uma pérmicas, tais como Amelanchier, Antennaria, Calamagrostis,
certa flexibilidade bioquímica que faltará no homozigoto. Re ¬ Cotoneaster, Crataegus, Hieracium, Malus, Poa, Poientilla, Rubus,
presentamos o genótipo desse heterozigoto como MDH I / -
MDH-2, indicando os dois alelos (1 e 2) do gene MDH. Os di¬
Sorbus e Taraxacum, tê m sido taxonomicamente tão comple ¬
xos quanto qualquer outro. Se toda sexualidade é perdida, a
plóides heterozigotos gerarão dois tipos de gametas: um com agamospermia é obrigatória e é o único modo de produção
o alelo MDH - 1 e o outro com o alelo MDH -2. de sementes. No entanto, em geral a agamospermia é facul ¬

A autofertilização do heterozigoto resulta em números tativa: ocorre juntamente com a reprodução sexual no mesmo
iguais de heterozigotos e homozigotos na progénie (Figura indivíduo.
T~

144 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Conceitos de espécie Templeton 1989), tem dominado a literatura zoológica (Mayr


Como determinamos se duas plantas pertencem à mesma es ¬ 1992, 2000; Coyne e Orr 2004) e, até recentemente, também
a literatura botânica.
pécie ou a espécies diferentes? Esta questão tem sido e conti ¬
O apelo do CBE reside na sua simplicidade, na sua con
nua sendo intensamente debatida entre sistematas e biólogos ¬

cordância com a ênfase do Neodarwinismo no fluxo gênico e


evolucionistas. Apesar do título da sua obra principal, A Ori¬ na especia ção alopátrica e na sua testabilidade. No entanto,
gem das Espécies, Darwin disse que as espécies não importa ¬ um teste de interfertilidade não pode ser aplicado de modo
vam muito e que elas são aquilo que o sistemata competente
inequívoco em plantas, pois a interfertilidade varia muito nos
diz que são. Mo entanto, muitos livros recentes se focalizam
diferentes grupos. O sucesso reprodutivo entre integrantes de
nos conceitos de espécie e de especiação (King 1993; Lam - diferentes grupos de plantas varia de 0 a 100 % (Figura 6.31),
bert e Spencer 1995; Claridge et al. 1997; Howard e Berlocher e designar espécies com base em níveis médios de interferti
1998; Wilson 1999; Levin 2000; Wheeler e Meier 2000; Schil-
¬

lidade é ambíguo Qavis e Heywood 1963).


thuizen 2001; Coyne e Orr 2004). Sistematas, biólogos evolu ¬ Como o fluxo gênico varia enormemente entre os diver ¬
cionistas, ecólogos, agrónomos, horticultores, biogeógrafos e sos grupos de plantas, as comunidades reprodutivas variam
muitos outros cientistas estão mais interessados nas espécies de um ou poucos indivíduos (como em indivíduos autóga-
do que em qualquer outro táxon . mos ou em clones assexuais) até conjuntos morfologica ¬
Como ponto de partida, consideremos a situação nos mente diversos de indivíduos (quando a hibridização ocorre
animais, especialmente nos grandes vertebrados, nos quais entre grupos morfologicamente divergentes). Uma aplicação
a capacidade inter-reprodutiva é o critério para definir as estrita do conceito de CBE levaria a dar nome de espécie a
espécies. Dentro da maioria dos vertebrados, grupos de in ¬ uma quantidade potencialmente enorme de clones assexu ¬
divíduos interférteis coincidem também em atributos mor ¬
ais e plantas autógamas, que poderiam diferir muito pouco
fológicos, ecoló gicos e apresentam distribuição geográfica entre si, o que tornaria muito dif ícil o reconhecimento de
semelhante. Assim, as espécies desses organismos são relati ¬
tais espécies. A aplicação do CBE na presença de frequentes
vamente fá ceis de identificar, mas podemos também testar se eventos de hibridização levaria à criação de esp écies muito
os indivíduos são férteis entre si ou não. Por exemplo, cavalos inclusivas. Em verdade, esta idéia tem sido defendida para
e burros são morfologicamente diferentes, e o híbrido entre as cerca de 1.000 espécies da subtribo Pyrinae (Rosaceae), já
um macho de burro e uma égua - a mula - é estéril. Esta que alguns dos gêneros dessa tribo { Amelanchier, Crataegus,
definiçã o de uma espécie como um grupo de indivíduos in ¬
Malus, Cotoneaster e Sorbus ) ocasionalmente se reproduzem
terf érteis é geralmente denominada conceito biológico de entre si.
espécie, ou CBE (Mayr 1963), embora os outros conceitos Os sistematas vegetais têm em geral abandonado o CBE
de espécie sejam biológicos também. O CBE, que também (Davis e Heywood 1963; Ehrlich e Raven 1969; Raven 1976;
é referido como o conceito de isolamento da espécie (CIE; Mishler e Donoghue 1982; Donoghue 1985; Mishler e Bran-

aroensis subsp. aristata

arjensts
; ; r:c :a
subsp. aroensis

'' IA
doerflen A aroensis
r :* subsp. glauca

/ ! \Y
lyCyí* -
- - Não há
formaçã o degenii
de híbrido subsp. minor
< 30
: /
i

V l
v'>
e aroensis
subsp . brevipoha

30-44
» 45-59
M 60-74
75-89 degenii /1
-
90 100 subsp. jenny
Jm

* carpatha

FIGURA 6.31 Variação na interfertilidade entre as espé- 5k. \


degenii icarica
cies do gênero Nigella ( Ranunculaceae) da regi ão do Mar subsp. degenii '
Egeu. A espessura das linhas que conectam os taxa indica
a porcentagem de fertilidade dos h íbridos formados en ¬
tre os roxo, como indicado na chave. ( Fonte: Strid 1970.) degenii subsp. baforo

à
SISTEMATICA VEGETAL 145

TABELA 6.4 Sete conceitos de espécie


Conceito Critério para a definição de espécie Referência
Biológico Lacuna na fertilidade entre espécies Mayr 1963
De reconhecimento Presença do mesmo sistema de Paterson 1985
fertilização
Fenético Lacuna na variação entre espécies Sokal e Crovello 1970
Evolutivo A mesma história evolutiva ao longo Wiley 1978
do tempo
Apomórfico Monofilia Donoghue 1985; Mishler 1985
Diagnóstico Presença de uma nica combinação Nixon e Wheeler 1990
de estados de caráter
Genealógico Ancestralidade em comum Baum e Shaw 1995

don 1987; Nixon e Wheeler 1990; Davis e Nixon 1992; Komet as encontradas entre integrantes reprodutivos de uma espé-
1993; Baum e Shaw 1995; McDade 1995; mas ver també m cie) e rela ções de divergência (como aquelas de linhagens
Schemske 2000). A ocorrência de fluxo gênico entre espé- separadas entre as quais não ocorre troca de genes). Infeliz -
cies n ão significa que não sejam linhagens distintas, a n ão mente, este limite é com frequência dissipado. Pelo menos
ser que a hibridização seja tão intensa que as espécies te- três critérios têm sido enunciados na literatura para definir
nham se fusionado. No entanto, outros fatores alé m do fluxo o CFE. Assim, este termo é ambíguo e, portanto, não é utili-
gênico devem ser responsáveis pela semelhança de popu - zado neste livro.
lações de espécies cosmopolitas em diferentes continentes, O critério de monofilia estipula que uma espécie contém
tais como Phragmites australis. Por exemplo, é possível que todos os descendentes de uma população ancestral e que é
restrições ontogen éticas tenham feito com que a morfologia identificável por meio de autapomorfias (Donoghue 1985;
de um táxon seja mais ou menos uniforme ao longo da sua Mishler 1985; Mishler e Brandon 1987; de Queiroz e Dono-
distribuição. No entanto, Rieseberg e colaboradores (2006) ghue 1988). Este conceito pode ser denominado conceito
argumentaram contra a opinião generalizada de que, dife- apomórfico de espécie. No entanto, o critério de monofilia
rente dos animais, as espécies de plantas não est ão repro- não é apropriado abaixo do nível de espécie, pelo fato de que
dutivamente isoladas. A comparação de numerosos estudos inter-relações reticuladas, n ão- hierárquicas e não-divergen-
envolvendo plantas e animais demonstrou que as espécies tes são incompatíveis com o agrupamento esperado para a
de plantas são provavelmente representativas de linhagens monofilia.
reprodutivamente isoladas . Um critério alternativo para o CFE enfatiza a facilidade do
Outros conceitos de espécies têm sido elaborados, in - diagn óstico e define uma espécie fiiogené tica como o me-
cluindo o conceito de espécie baseado em reconhecimento, o nor agregado de populações (sexuais) ou linhagens (assexu-
conceito fenético de espécie, o conceito evolutivo e o filoge- ais) que pode ser diagnosticado por uma combinação nica
nético (Tabela 6.4). O CBE e o conceito de espécie baseado de caracteres em indivíduos comparáveis (Nixon e Wheeler
no reconhecimento (CER) se focalizam na função do fluxo 1990: 211; ver também Davis e Nixon 1992). Os estados de
gênico, seja como uma força de diversificaçã o quando exis- caráter devem ser fixos (n ã o-variáveis) dentro das espécies,
te uma lacuna no fluxo gênico (CBE), seja como força coesi- Embora este enfoque, que pode ser referido como o
va, mantendo a similaridade dos indivíduos dentro de uma conceito diagnóstico de espécie, seja simples e facilmente
espécie (CER). O conceito fenético de espécie se apoia na compreendido, há incertezas sobre o que constitui facilida-
semelhança superficial entre os integrantes de uma espécie, de de diagnóstico. Uma pequena caracter ística genética que
que estão separados de outras espé cies por uma lacuna de apareça unicamente em um conjunto de popula ções pode
variação. O conceito evolutivo de espécie se focaliza no re- tomar diagnosticável este conjunto, mas na falta de outras
conhecimento de linhagens evolutivas, embora não indique diferenças a maioria dos sistematas n ão se inclinará a aceitar
claramente como tais linhagens podem ser identificadas. (Es- este grupo como uma espécie. A ênfase na não-variação dos
tes e outros conceitos são revisados em Grant 1981; de Quei- caracteres é també m problemática; estar confiante de que um
roz e Donoghue 1988; Templeton 1989; Baum 1992; Komet caráter é realmente não-variável dentro de uma espécie re-
1993; Rieseberg 1994; Baum e Donoghue 1995; Baum e Shaw quer uma amostragem muito mais intensiva do que em geral
1995; Davis 1997; Ghiselin 1997; Hull 1997; de Queiroz 1998; é posto em prática (Wiens e Servideo 2000).
Mishler 1999; Levin 2000; Coyne e Orr 2004.) A facilidade de diagn óstico é um conceito baseado em
A ascensão da filogenia como um princípio norteador caracteres, em oposiçã o a um conceito baseado na história
da sistemática motivou o surgimento de um conceito filo- do grupo (Baum e Donoghue 1995). Um terceiro critério para
genético de espécie (CFE). Um atributo comum a todos es- CFE - a ancestralidade em comum - é histórico. Este critério
tes conceitos é que espécies são reconhecidas como os taxa estipula que os integrantes de um grupo devem estar mais
que indicam o limite entre inter- relações reticuladas (como relacionados entre si do que com qualquer outro organismo
146 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

fora do grupo. Grupos exclusivos que contêm grupos não Pelo fato de que nós, humanos, detectamos os organis
menos inclusivos são a base para o conceito genealógico de
¬

mos com nossos sentidos (especialmente a visão), caracteres


espécie (CGE). morfológicos são as primeiras evidências que utilizamos na
A exclusividade pode ser determinada pela coalescência delimitação de espécies. A morfologia também é a fonte de
de genes; indivíduos de uma espécie estarão mais relaciona ¬ dados mais acessíveis sobre relações evolutivas e permanece
dos entre si do que com organismos de outra espécie se seus como a forma mais comum de reconhecer a maioria das espé
genes partilham genes ancestrais mais recentes (coalescên¬ cies. Dados de outras fontes, como marcadores moleculares,
¬

cia) do que os eventualmente partilhados com indivíduos de ecologia, inteifertilidade, geografia e biologia da polinização,
outra espécie. Para entender como funciona a coalescê ncia, são importantes como medidas independentes da realidade
consideremos que, por exemplo, irmãos e irmãs partilham evolutiva das espécies.
um gene ancestral mais recente do que genes partilhados Taxa são hipóteses, abertas para serem testadas repetidas
entre primos em primeiro grau . No entanto, o crité rio de co¬ vezes conforme caracteres novos ou novas metodologias de
alescência é potencialmente defeituoso, pois genes diferentes análises se tomam disponíveis. A base para uma hip ó tese
com frequência produzem padrões diferentes de coalescên ¬
taxonômica é o conhecimento que o sistemata tem do gru
cia (Doyle 1995). Alguns genes agrupam alguns conjuntos de ¬

po. Este conhecimento se baseia em estudos de campo ou de


indivíduos e outros agrupam outros subconjuntos. Ainda, a laboratório sobre morfologia, ecologia, sistema reprodutivo,
coalescência de alguns genes dentro de uma linhagem pode fluxo gênico entre espécies próximas, distribuição geográfica
não ocorrer devido à manutenção de polimorfismo promovi ¬
e tantos caracteres quanto seja possível estudar sobre a varia ¬
do pela seleção natural (Coyne e Orr 2004). Assim, n ão é re ¬
ção estrutural e molecular.
alista supor que todos os genes de uma espécie apresentarão
coalescência; mas qual será a proporção de genes requerida
Espécies são unidades de estudo importantes em outras
disciplinas além da sistemática (notavelmente na agronomia,
para atingir a coalescência no CGE? biogeografia, biologia da conservação, ecologia, genética, hor
Diante da discussão precedente deveria estar claro que ticultura e fisiologia) e, idealmente, deveria ser reconhecível
¬

não há um consenso sobre conceitos de espécies em plantas.


Parte das causas dessa falta de consenso é que a diversidade é
por indivíduos que não sejam especialistas, ou seja, pessoas
idiossincrática. Cada linhagem apresenta uma história nica
que não dedicaram períodos consideráveis de tempo para
compreender aquele grupo de plantas. A utilização de varia
de mudanças genéticas, morfológicas e ecológicas; de intera¬ ¬

ções morfológicas significativas é então essencial na prá tica.


ção com outras espécies e com o ambiente f ísico; e de migra ¬
Se as espécies em um gênero em particular são realmente di¬
ção, dispersão e eventos estocásticos. As espécies diferem em
f íceis de serem diferenciadas, os sistematas podem designar
grau variável quanto aos caracteres morfológicos, genes, eco ¬
estas espécies a grupos que o leigo poderá reconhecer sem
logia, distribuição geográfica, poiinizadores, sistema reprodu ¬
tivo, plasticidade fenotípica, dispersã o dos frutos, resistência
grande dificuldade. Algumas opções são enunciadas na pró ¬

xima seção.
a doenças, habilidade competitiva, tamanho do genoma e
numerosos outros aspectos. Além disso, a especiação é um
processo que se estende no tempo (de Queiroz 1998). Pérce - Estudos de caso em espécies vegetais
bemos no mundo um contínuo, desde o início da formação Espé cies de fácil reconhecimento Uma espé cie de fácil reco ¬

de novas espécies até todos os estágios subsequentes no pro ¬ nhecimento apresenta alogamia, fertilidade irrestrita entre
cesso de especiação, culminando em espécies estabelecidas seus integrantes e fortes barreiras de isolamento reprodutivo
de longa data e claramente diferenciadas de outras espécies. entre seus componentes e os de outras espécies. Este tipo de
Portanto, cada espécie é única. espécie não estará intemamente fragmentada e não se fusio ¬
Embora o conceito de espécie devesse ser geral, aplicável e nará com outra espécie através de hibridização. A maioria dos
teoricamente significativo, na prática estes atributos fiequen - vertebrados e das plantas vasculares se enquadra neste pa ¬

temente conflitam entre si (Hull 1997). Por exemplo, o CBE drão. Dactylis glomerata (Pbaceae) é um exemplo desse tipo,
é teoricamente significativo mas, como antes comentado, há pois é facilmente reconhecida por biólogos de campo e não
problemas na sua aplicação. Alé m disso, não é universal, pois acarreta problemas taxon ômicos significativos. Neste grupo
seu requerimento de reprodução sexual exclui organismos de de plantas, a aplicação dos diferentes conceitos de esp écie
reprodução assexual. Por outro lado, se aceitamos que existe antes enunciados provavelmente levará ao mesmo resultado.
fluxo gênico entre espécies (Rieseberget al. 2003; Coyne e Orr
2004), a aplicação do CBE requer a escolha de algum grau de Microespé cies Microesp écies sã o sé ries de popula çõ es
fluxo gênico. Arbitrariedades desse tipo não estão limitadas minimamente diferenciadas e derivadas de reprodução uni-
ao CBE, como observado por Coyne e Orr (2004, p. 34): to¬ parental. Os integrantes do complexo de espécies de Andro-
dos os conceitos de espécie requerem algum julgamento sub ¬ pogon virginicus sã o ervas abundantes nos primeiros estágios
jetivo . Para o CGE, por exemplo, a observação de que alguns sucessionais no leste dos Estados Unidos. Muitos dos taxa
genes podem não apresentar coalescência dentro da espécie neste complexo diferem em caracteres diminutos e sutis e são,
requer a escolha de um número mínimo de genes para que o portanto, de dif ícil identificação. Estes taxa frequentemente
táxon seja reconhecido como uma espécie genealógica. crescem juntos e florescem ao mesmo tempo, mas raramente
O objetivo da sistemática é inferir o resultado das histó¬ hibridizam (Campbell 1983). Estes taxa divergiram pouco sob
rias evolutivas únicas dos organismos, bem como inferir as o ponto de vista morfológico e, mesmo assim, estão reprodu ¬
relações entre estes organismos. Para tal finalidade, toda in ¬ tivamente isolados. Algumas das espécies neste complexo são
formação pode contribuir. aparentemente alógamas e outras não são apenas autocom-

1,
W

SISTEMáTICA VEGETAL 147

patíveis, mas também apresentam flores cleistógamas que se Um elemento crucial par entender os complexos agâmi¬
autopolinizam regularmente. cos é a identificação dos taxa sexuados que originaram estes
Mudanças de alogamia para autogamia têm isolado pelo complexos (Bayer 1987).
menos parcialmente alguns taxa neste grupo. Esta mudança Taraxacum (dália) é provavelmente o exemplo mais ex¬
de alogamia para autopolinização parece ser o resultado de tremo de proliferação de agamoespécies. Os especialistas no
um amadurecimento precoce das flores, de modo que estas gênero aceitam mais de 2.000 espécies, sendo a maioria aga ¬
se autopolinizam antes de serem expostas aos polinizadores. moespécies (Kirschner e Stepánek 1994). Até 100 microes¬
Taxa que estão reprodutivamente isolados sem muita diver¬ pécies têm sido identificadas em uma área de 1 hectare. Isto,
gência fenotípica aparente, sã o denominados espécies irmãs especialmente para o leigo, cria uma enorme dificuldade na
ou espécies crí pticas. identificação desses taxa tão fracamente diferenciados. Nestes
Outro exemplo de espécies cr ípticas provém de Asple- casos, todos os conceitos de espécies são de difícil aplicação.
nium nidus (Aspleniaceae), uma samambaia epífita dos A utiliza ção da hierarquia taxon ômica de seção (um grupo de
trópicos do Velho Mundo. Em um estudo efetuado na In ¬ espécies feneticamente semelhantes) tem sido proposta para
donésia, três tipos de plantas puderam ser caracterizadas simplificar a taxonomia de Taraxacum.
com base em sequências de rbcí (Yatabe et al. 2001). Estes
três tipos apresentam o mesmo número cromossô mico (2n
Espé cies que hibridizam extensivamente Espécies de car¬
= 144) e são morfologicamente inseparáveis, apresentando, valho (Quercus, Fagaceae) hibridizam com facilidade. Este
no entanto, diferentes preferências de hábitat. Os tipos A e B
crescem nas mesmas altitudes, mas as plantas A crescem na gênero contém entre 500 e 600 espécies, que são elementos
região mais baixa e sombreada dos troncos. O tipo B é en ¬ comuns e dominantes em florestas. A hibridização entre es ¬

contrado nas partes mais altas e parcialmente sombreadas pécies próximas toma a identificação dos carvalhos um desa ¬

das árvores. O tipo C é geralmente encontrado em altitu ¬ fio especialmente difícil, pois as espécies já apresentam por si
des maiores do que os outros dois tipos; nunca cresce junto só uma considerável variabilidade fenotípica e significativas
com o tipo B e raramente o faz com o tipo A. Hibridizações diferenças entre indivíduos adultos e jovens.
experimentais entre os tipos A e B e A e C nã o produziram Nos carvalhos e em qualquer outro grupo onde ocorrem
híbridos dos tipos de rbcL (cruzamentos entre B e C não fo ¬ eventos de hibridização, uma pergunta fundamental é até que
ram testados) . Os autores concluíram que estes três tipos ponto o fluxo gênico interespecífico pode estar fusionando es ¬

são espécies crípticas. pécies. Em um estudo de Quercus gambelii e Q. grisea, que hibri ¬

Uma solução para o problema das microespécies é reser¬ dizam com frequê ncia no sudoeste dos Estados Unidos, Howard
var a categoria de espécie para taxa claramente caracterizados e colaboradores (1997) descobriram que apesar da ocorrência
e que podem ser definidos de um modo amplo, incluindo taxa de híbridos, as espécies permanecem separadas (p. 747).
muito próximos, mas de difícil caracterização. No complexo As consequências da hibridiza ção neste gê nero vão de
Andropogon virginicus, duas categorias infra-específicas têm fluxo gênico interespecífico infrequente, a formação de com ¬
sido utilizadas: variedades e formas. Variedades representam plexos híbridos, introgressão, ou a formação de conjuntos de
um nível de divergê ncia inferior ao que existe entre espécies. espécies que hibridizam, denominados syngameons*. Um
São taxa formais representados por trinomiais, tais como An
dropogpn virginicus var. glaucus. Formas são menos evidentes
- syngamecm é a unidade mais inclusiva que abrange um con ¬
junto de espécies que hibridizam entre si (Figura 6.32). Os
que variedades e, em alguns casos, correspondem a microes¬
pécies. São taxa informais, com nomes não-latinos, tais como
Andropogon virginicus var. glaucus, a forma dos brejos. A seção
de nomenclatura trata de taxa abaixo de nível específico, tais varryam
como variedades e subespécies.

Agamoespé cies Agamoespécies são microespé cies aga -


mospé rmicas. Muitos gê neros - por exemplo, Alchemilla, lobata ) \ ( dougtasii
Amelanchier, Antennaria, Calamagrostis, Crataegus, Hieracium,
Poa, Potentilla, Rubus, Sorbus e Taraxacum - contê m um ou durata
mais complexos agâmicos. Tais grupos contê m taxa alóga-
mos que hibridizam e seus híbridos se tomam agamospér- engelmannii ) tui
micos. A interação entre hibridização e agamospermia pode
gerar padrões de variaçã o particularmente intrincados.
A agamospermia nestes gêneros é com frequência facul ¬
tativa, e algum pólen funcional é regularmente produzido. camelius- turbinelh
Assim, plantas agamospérmicas podem servir ocasionalmen ¬ mulleri
te como doadoras de óvulos e regularmente como doadora de
pólen em eventos reprodutivos envolvendo outras espécies -
FIGURA 6.32 Semi espécies do syngameon de carvalhos brancos, na
agamospérmicas ou sexuais. O problema da esterilidade que Califórnia. As linhas conectam as espécies que produzem h í bridos fér ¬

afeta os híbridos sexuais não está presente nas plantas aga ¬ teis. (Modificada de Grant 1981.)
mospérmicas. Centenas de nomes específicos, especialmente
em Rubus e Crataegus, têm sido propostos para híbridos in - * N. de R. T. A grafia original de syngameon foi mantida por não haver
trogressivos estabilizados por agamospermia. correspondência em língua portuguesa .
w

148 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

midesérticos com cerca de 300 mm de chuva anual até lagoas


montanas com mais de 7.000 mm de chuva anual.
Os taxonomistas reconhecem 19 espécies e 8 subespécies
de Bidens no Havaí, sendo que tais espécies exibem maior di ¬
versidade morfológica e ecológica do que as espécies do gê ¬
- nero do resto dos cinco continentes (Figura 6.33) . A grande
diversidade morfológica de Bidens não é acompanhada, no
entanto, por diversidade gené tica. As espécies havaianas de
Bidens são geneticamente tão semelhantes quanto populações
y
de outras espécies. Neste caso, a evolu ção morfológica pro¬
grediu muito mais rapidamente do que a evolução genética.
Praticamente todos os cruzamentos artificiais entre espé ¬

cies havaianas de Bidens são bem-sucedidos; os indivíduos da


F: produzem pólen viável e sementes f érteis. A hibridização
natural, no entanto, é relativamente rara; apenas 5% das hi-
bridizações possíveis têm sido documentadas na natureza. Em
85% dos casos, a hibridização não acontece porque as espécies
(A) B. hillebrandiana subsp. (B) B. mauiensts (Maui) crescem em ilhas diferentes, ou em diferentes cadeias monta ¬
polycephala (Maui) nhosas da mesma ilha. Em outros 8% dos casos, a hibridização
não acontece por isolamento ecoló gico ou sazonal (períodos de
florada temporalmente separados). A divergência morfológica
sem isolamento reprodutivo é comum no Havaí (Carr 1995).

Parâ metros para o reconhecimento


de espécies vegetais
A lista a seguir indica as diretrizes básicas para facilitar o re¬

conhecimento de espécies de plantas.


1. Conheça as plantas no campo. Estudos intensivos durante
o período de desenvolvimento e através da área de distri ¬

buição geográfica fornecem informações extremamente


úteis sobre morfologia, padrões locais de variação e des-
continuidade, sistema reprodutivo, per íodo de florada,
polinização, ecologia, distribuição e natureza do fluxo gê-
nico. Estudos de campo são essenciais para efetuar uma
amostragem rigorosa de caracteres estruturais, estudos
(Q 8. cosmoides (Kauai) (D) 8. menziesú subsp. acurados de biologia reprodutiva e variação molecular.
filif órmis (Havai) 2 Colete dados sobre a variação morfológica, molecular, sistema
.
reprodutivo, período de floração, polinização, ecologia, distri¬
FIGURA 6.33 Exemplos de quatro espécies havaianas de Bidens, a
bui ção e fluxo gênico. A combinação de fontes de dados,
maioria das quais sã o interfé rteis. (Fonte: Ganders e Nagata 1984.)
como, por exemplo, morfológicos e moleculares, pode
complementar os resultados de cada uma dessas fontes de
dados. Em estudos de hibridização em Salix (Salicaceae)
-
simpatizantes do CBE utilizam o termo de semi espécie para (Hardig et al. 2000) e de variação de altitude em Eucalyptus
cada integrante de um syngameon. (Myrtaceae) (McGowen et al. 2001), os resultados mole ¬
culares e morfológicos foram complementares. As hipó ¬
Espécies que estáo isoladas geograficamente, mas nào reprodu¬ teses taxonômicas são tão boas quanto as evidências que
tivamente A divergência morfológica não necessariamente as sustentam. Portanto, é fundamental estabelecer uma
traz consigo o isolamento reprodutivo, como vimos no caso amostragem rigorosa que represente adequadamen ¬
de Platanus ocádentalis e P. orientalis. Um exemplo espetacular te toda a variação existente. Em regiões temperadas, já
de especiaçã o sem isolamento reprodutivo é o das espécies existe uma considerável quantidade de informação sobre
havaianas do gênero Bidens (Asteraceae). alguns grupos. Estes dados, no entanto, não deveriam ser
As ilhas do Havaí têm fornecido numerosas evid ências do aceitos sem críticas, mas avaliados de modo cético e cui ¬

processo de especia ção , porque sã o jovens (entre 700.000 e dadoso . A amostragem efetuada previamente por outros
5,7 milhões de anos de idade) e est ão dentre as superf ícies pesquisadores pode ter sido incompleta, os dados podem
mais isoladas da Terra . A colonização nestas ilhas com fre ¬
ter sido interpretados ou indicados de modo incorreto
quência começou com a migração de grupos pequenos que e dados importantes podem ter passado despercebidos.
posteriormente sofreram uma diversifica ção marcante. As es¬ Uma busca por novas evidências sistem áticas pode ser
pécies havaianas de Bidens seguem este padrão (Ganders e muito produtiva. Em regiões menos estudadas, como os
Nagata 1984). Descendendo (presumivelmente) de um único trópicos, o volume de dados com frequência será mínimo
ancestral imigrante, o gênero ocorre hoje em altitudes desde e serão necessá rios estudos de campo mais intensivos e
o nível do mar até os 2.200 m de altura e desde h á bitats se - melhores amostragens.
SISTEMáTICA VEGETAL 149

3. Analise os dados sistemáticos rigorosamente e ilustre os gra¬


ficamente para facilitar sua interpretação. Grandes con ¬
- Algumas espécies próximas poderão fusionar-se se colo¬
cadas em contato e o fluxo gênico não estiver impedido de
juntos de dados não são facilmente interpretados nem algum modo. Muitos mecanismos de isolamento reproduti ¬

compreendidos mediante uma simples inspeção visual. vo dificultam o fluxo gê nico entre espécies. A seleção natural
Está disponível uma sé rie de softwares comerciais (p. pode favorecer mecanismos de isolamento pré- reprodutivo
ex., NTSYS-pc; Rohlf 2005) que inclui uma série de fer ¬
porque previnem a hibridização e reduzem a competição por
ramentas de análise estatística de dados sistemáticos e recursos. Mecanismos de isolamento reprodutivo també m
permite uma ilustração gráfica dos resultados. Uma das podem ter evoluído como subprodutos da divergência gené ¬
ferramentas analíticas mais apropriadas é a analise de tica durante a especiação.
componentes principais (ver Quadro 6C). A an álise de A hibridização é frequente nas plantas e pode destruir,
componentes principais e outras ferramentas estatísticas manter ou criar diversidade específica. Às vezes, apenas uma
têm sido utilizadas para delimitações em nível de espécie geração Ft híbrida é formada devido a fatcxes como a esteri ¬
por numerosos pesquisadores (Kellog 1985; Leonard et lidade do híbrido. Se os híbridos se reproduzem, podem re-
al. 2005; Peirson et ai. 2006; Sim et al. 2006). trocruzar com uma espécie parental no local da hibridização
4. Produza hipóteses sobre eventos de especiação e teste-as por e promover a formação de um complexo híbrido. Se sementes
meio de observação e experimentação. ou pólen da progénie híbrida se dispersam a partir do local
original de hibridação, a introgressão poderá ocorrer.
A incompatibilidade entre os intrincados padrões reticu
Resumo
¬

lados de hibridação e o padrão hierárquico da maioria das


Os sistematas estudam os resultados da evolução. Visuali ¬ metodologias de an álise filogenética resulta um problema
zamos o mundo orgânico como uma árvore da vida, com as quando eventos de hibridização são frequentes no grupo in ¬
espécies nos ápices dos ramos e com todos os ramos conec ¬ terno e/ou quando os parentais provêm de linhagens muito
tados entre si por uma ancestralidade em comum. Procura ¬ distantes dentro do grupo. A hibridizaçã o está geralmente
mos entender como a matéria bruta da evolução (a variação associada com a poliploidia por meio da especiação alopo-
herdável) é gerada, dividida em unidades discretas (como as liplóide, que envolve eventos de hibridização e subsequentes
espécies) e afetada pelo fluxo gênico. Nosso maior desafio é eventos de duplicação do complemento cromossômico.
selecionar as unidades apropriadas que possamos chamar de Acredita-se que a poliploidia tenha tido importância na an ¬
espécies. cestralidade da maioria das espécies de plantas e é, portanto,
A seleção natural Darwiniana e a deriva gênica promove ¬ uma via importante de diversificação nestas. Os alopoliplói-
ram a evolução de uma enorme diversidade vegetal.Variações des são muito din âmicos, apresentam mais de uma origem na
herdadas promovem a reprodução diferenciada por meio da maioria dos casos estudados e também a capacidade de rápidas
seleção natural. Mutações e recombinações gênicas fornecem mudanças genéticas por meio da reorganização do genoma.
a variação requerida para que ocorram mudanças evolutivas. As plantas diferem muito dos animais quanto à diversi ¬

Mutações, envolvem mudanças no DNA, desde mudança em dade de sistemas reprodutivos. A prevalência de reprodução
uma única base até a adição de genomas inteiros. A recombi- uniparental através de autopolinização ou de agamospermia
nação continuamente apresenta novos arranjos de genes, os produz nas plantas uma série de padrões de variações que
quais serão testados quanto a sua aptidão evolutiva. não se encaixam facilmente em esquemas taxonômicos.
A especiação geralmente requer isolamento ecológico ou O problema da delimita ção das espécies é aumentado
geográfico entre conjuntos de populações, de modo a preve¬ nas plantas pelo fluxo gênico entre espécies e pela compar-
nir o fluxo gênico. A especiação alopátrica envolve a separa ¬ timentalização da variação por parte de plantas com repro ¬

ção de uma espécie em dois ou mais conjuntos de popula ¬ du ção uniparental. Portanto, os sistematas de plantas em
ções que divergem em isolamento í f sico. No entanto, o fluxo geral abandonaram o conceito biológico de espécie. Quando
gênico aparentemente não é efetivo na integração gen ética definem espécies, eles procuram evid ê ncias morfológicas,
de raças de distribuição geograficamente ampla. A especiação moleculares, ecológicas, reprodutivas, geográficas e de outros
local explica melhor a origem da divergência em populações tipos dentro de linhagens independentes e bem delimitadas.
pequenas e marginais e a coesão da espécie que resulta da Resulta dif ícil generalizar sobre espécies de plantas, pois cada
ancestralidade em comum. uma tem uma história única.

BIBLIOGRAFIA CITADA E LEITURAS RECOMENDADAS


Itens marcados com asterisco são especialmente recomendados para os leitores interessados em
informações adicionais sobre os assuntos discutidos neste capítulo.

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r

Visão Geral da Filogenia


das Plantas Verdes

A palavra planta é geralmente usada para designar qualquer


or 9 anismo eucarionte e autótrofo capaz de converter energia
7
luminosa em energia quí mica mediante o processo da fotos-
s íntese. Mais especificamente, plantas produzem carboidratos
a partir de dióxido de carbono (C02) e da á gua na presen ça
n
A
de clorofila, no interior de organelas chamadas cloroplastos.
À s vezes, o termo planta é ampliado para acomodar as formas autótrofas proca-
i - ''
1
,

riontes, especialmente a linhagem de bactérias conhecida como c í anobacté r í as


(ou algas azul -verdes) . Muitos textos cl á ssicos de botâ nica incluem em plantas
at é mesmo os fungos, os quais diferem enormemente das plantas verdes por
serem organismos eucariontes heterótrofos que quebram matéria orgâ nica viva
ou morta pela a ção de enzimas e, então, absorvem os produtos dessa digestão.
Os fungos parecem ser, na verdade, mais relacionados com os animais, outra
linhagem de organismos heterótrofos caracterizada pela capacidade de movi ¬

mentaçã o e por ingerir outros organismos, digerindo-os internamente.


Neste capítulo, discutimos sucintamente a origem e a evolu çã o das diversas
linhagens evolutivas de plantas, tanto para familiarizar o leitor com estas impor ¬

tantes ramificações da á rvore da vida como também para facilitar a caracteriza ¬

ção da linhagem das plantas verdes em uma ampla perspectiva filogenétíca. O


foco principal da discussão está na evoluçã o das plantas verdes, enfatizando as
diversas transições cr íticas dentro desse grupo e, mais especificamente, a origem
das plantas terrestres (embriófitas), das plantas vasculares (traqueófitas), das plan
¬

tas com sementes (espermat ófitas) e das plantas com flores (angiospermas) .
Embora o conhecimento sobre as plantas fó sseis seja crítico para um enten ¬

dimento mais completo sobre as mudanças evolutivas ocorridas nas plantas


verdes, e apesar de citarmos no texto importantes registros fósseis, o foco da
discussão está nos grupos atuais de plantas. No Capítulo 8, o leitor encontrar á
descrições detalhadas dos principais grupos atuais de plantas vasculares e plan ¬

tas com sementes, bem como mais informa ções sobre a biologia dessas plantas.
De forma similar, o Capítulo 9 está focado na apresenta çã o dos atributos das
principais linhagens de plantas com flores e nas suas relações filogen éticas.

fc.
T

154 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Nosso objetivo neste capítulo é fazer um registro dos de plantas vasculares, saber se um táxon é considerado uma
eventos evolutivos que culminaram no surgimento das an -
classe ou uma ordem por um autor em particular.
giospermas. Dessa forma, menor ênfase será dada a impor¬ No geral, a nossa escolha de nomes reflete nosso senso de
tantes linhagens como as clorófitas, os musgos, as Iicófitas quais destes sã o mais comumente usados na literatura, criando
e as samambaias e grupos relacionados. Em um contexto assim menos confusões para a compreensão do texto . Sempre
íamos optar por contar a evolu ção das
filogen é tico, poder que possível, optamos por nomes com termina ções que não
plantas verdes, culminando na evolu çã o dos musgos, das indicam categorias taxon ômicas, especialmente a terminação
cavalinhas ( Echisetum ) ou de qualquer outro grupo (0'Hara -fitas, que significa simplesmente plantas * . Tentativas no
1992); porém, decidimos relatar o caminho evolutivo at é as sentido de criar um novo sistema de nomes para os principais
angiospermas simplesmente porque a diversidade desse gru ¬

dados de plantas vasculares estã o em progresso atualmente


po é o foco desse livro . (Cantino et al. 2007**), e algumas pequenas mudan ças no -
Antes de prosseguirmos, é importante tecer um comen ¬
menclaturais foram efetuadas ne ta edição para adequar- se
t ário sobre os nomes taxonômicos que serão utilizados nes ¬
a esta nova proposta. Ao longo deste livro, nós evitamos usar
te capítulo. O conhecimento sobre as relações f í logen é ticas nomes que se refiram a grupos não - monofiléticos, mas sem ¬

entre as principais linhagens de plantas ainda é incerto, e pre que usamos nomes assim (p. ex., para discutir o seu uso
tal incerteza se reflete na existência de diversos sistemas de histórico) eles são mencionados entre aspas.
classificação discordantes. Muitas vezes, o mesmo nome tem
sido usado para designar diferentes grupos. Por exemplo, o
nome Chlorophyta é utilizado por alguns para designar todo Eventos de endossimbiose
o dado das plantas verdes, enquanto para outros esse nome
denomina um ramo dentro das plantas verdes que engloba Os cloroplastos encontrados nos eucariontes são organelas
a maioria das tradicionais "algas verdes . Em outros casos, endossimbióticas derivadas de danobact érias. Essa hipótese
diferentes nomes têm sido usados para designar um mesmo sobre a origem dos plast ídios é hoje fortemente sustentada
grupo; por exemplo, as plantas verdes têm sido chamadas de com base tanto em evidência estrutural ( p. ex., a forma e o
Chlorophyta por alguns autores e deViridiplantae por outros. nú mero de suas membranas) quanto em estudos moleculares
De maneira geral, tais diferen ças refletem as tentativas de vá ¬ demonstrando que o DNA dos plastídios é mais íntimamente
rios autores em atribuir categorias taxonômicas a grupos que reladonado ao encontrado em cianobactérias de vida livre do
eles acreditavam ser consistentes. Todavia, como já explicita ¬ que o DNA nuclear da mesma célula vegetal.
do anteriormente (ver Capítulo 2), a atribuição de categorias A endossimbiose envolve reduções massivas no tamanho
taxon ômicas é, em essênda, arbitrária, e reflete tipicamente e no conte do gen é tico do genoma plastidial a partir do ge-
a visão tradicional da comunidade de taxonomistas de maior noma de cianobactérias de vida livre (Delwiche et ai. 2004) .
relevância em uma determinada época. Assim, taxa incluídos Por exemplo, a cianobactéria de vida livre Nostoc possui um
em uma determinada categoria taxonômica (como classe, or¬ genoma total de 6.400 quilobases e mais de 6.500 genes, en ¬

dem ou família) nãosão necessariamente equivalentes quanto quanto o cloroplasto de algas vermelhas possui apenas 190
à idade, à diversidade de espécies ou à amplitude ecológica. quilobases e 250 genes. Os cloroplastos de algas verdes são
Outros problemas referem-se às mudanças em nosso co ¬ ainda menores na maior parte dos casos conhecidos: cerca de
nhecimento sobre filogenia. Progressos no discernimento so¬ 120 quilobases e 120 genes. Essa redução envolveu a perda
bre relações entre taxa quase sempre têm resultado na com ¬ completa de alguns genes e a transferência de outros para o
preensão de que grupos tradicionalmente reconhecidos não núcleo celular (p. ex., Martin et al. 2002) . Existem muito mais
correspondem, na verdade, a ciados. Por exemplo, o nome proteínas ativas no interior de um plastídio (de 500 a 5.000)
Bryophyta tem sida aplicado há muito tempo para designar do que genes, significando que algumas dessas proteínas são
um grupo que inclui as hepáticas, os antóceros e os musgos. produzidas por genes localizados fora dos plastídios.
No entanto, estudos recentes têm demonstrado que esses Quantos eventos endossimbióticos devem ter ocorrido?
grupos provavelmente não formam um ciado, e o nome bri ¬
Evid ê ncias f ílogené ticas recentes são consistentes com a hi ¬

ófitas refere-se a um grado, ou grupo parafilé tico, na base pótese de um evento endossimbiótico principal nico (Fhl-
das embriófitas (plantas terrestres). mer 2003; Delwiche et al. 2004; Keeling 2004). Por exemplo,
Como enfatizaremos neste capítulo, o mesmo é verdade análises recentes da filogenia dos eucariontes (ver Baldauf
para diversos outros grupos tradicionais, incluindo "algas ver ¬
et al. 2004) evidenciaram um ciado contendo as viridófitas
des", plantas vasculares sem sementes , "gimnospermas e (plantas verdes), rod ófitas (algas vermelhas) e glaucófitas, às
dicotiled ôneas". Em alguns casos, é possível abandonar in ¬
vezes referido como o ciado archaeplastida ou primoplantae
teiramente esses nomes, mas em outros é tentador retê-los, (Figura 7.1) . Tal resultado, em combina ção com a organiza ¬
tanto como nomes comuns para descrever algum tipo de in ¬
çã o e composição do genoma plastidial e a ocorrência de uma
formação (p. ex., o ciclo de vida das briófitas") quanto para membrana dupla nos cloroplastos, sugere que um evento
referir-se a um ciado (p. ex., usar o nome "gimnospermas" endossimbiótico primário ocorreu no ancestral comum des ¬
para nomear um ciado hipoté tico contendo apenas as espé ¬
se dado. Nas glaucófitas, a parede celular das cianobact érias
cies atuais de plantas com sementes nuas") . ainda envolve o plastídio, mas a parede foi perdida na linha ¬
Neste capítulo, optamos por n ão fazer referências a ca ¬

gem que inclui as algas vermelhas e as plantas verdes.


tegorias taxonômicas. Em outras partes deste livro, os ciados
principais de plantas vasculares são referidos como ordens * N . de T. No entanto, o leitor deverá ter presente que os autores uti ¬
e famílias, e usaremos os mesmos nomes neste capítulo. De lizam outra nomenclatura nos Capítulos 3 e 9 (p. ex., gnetófitas no
forma similar, alguns nomes de gêneros e espécies sã o ado ¬
Capítuio 8 aparece como gnetales) ,
tados neste capítulo, quando necessáno. Todavia, nã o consi ¬

* * N . de T. Cantino et al . ( 2007) Towards a phylogenetic nomenciature of


deramos importante, em nossa discussão sobre a filogenia Uracheophytes. Taxon 56 ( 3) : 822 -846 .
!
k\
SISTEMáTICA VEGETAL 155

Vida

Eucariontes

Qomalveoiados
•O
5
1 Unikonta 131 1í cu Primoplantae
.

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2 Q
\ Clorofila b, amido
como substâ ncia de
2 \ \ reserva, estrutura
2 \ \ / flagelar estrelada,
transferência
> 1,2 BAA genética

lc
Endossimbiose primaria
(cianobactérias)

1,8 BAA
Núcleo celular, organelas,
etc., contidos por membranas
> 2 BAA

> 3,5 BAA

FIGURA 7.1 Á rvorefilogen ética da vida, mostrando o posicionamento secundá rios ou terciá rios. Uma hipótese recente para os Eucariontes co ¬

das plantas verdes (virid ófitas) e diversas algas dentro dos Eucarion ¬ loca a sua raiz no ramo Unikonta , dessa forma separando um dado que
tes, assim como caracteres diagnósticos para vá rios ciados importantes . possu ía iniciaimente um cílio de um dado que possu ía inicialmente dois
As setas vermelhas representam eventos de endossimbiose primá rios, cílios. BAA, bilh ões de anos atrás. (Adaptada de Baldauf et al. 2004.)

Os plastídios das algas vermelhas e das plantas verdes mistura de diferentes tipos de plastídios, e o cloroplasto, em
apresentam diferenças significativas (p. ex., na estrutura e nos um de seus subgrupos, pode ter se originado a partir de um
mecanismos de captação de luz), o que permite supor com evento endossimbiótico terciário (Yoon et al. 2002) .
alto grau de certeza a existência de uma linhagem com plas¬
tídios vermelhos e outra com plastídios verdes (Delwiche et
al. 2004; Keeling 2004). Essa distinção auxilia na identifica
ção de eventos nos quais os plastídios foram adquiridos pela
¬
Algas diversas
incorpora ção permanente de eucariontes ditos verdes ou O termo algas é aplicado a uma ampla variedade de organis ¬

vermelhos (ver Figura 7.1) . As evidências indicam que os clo- mos aquáticos fotossintetizantes pertencentes a diversas li ¬

roplastos de algas vermelhas foram adquiridos a partir da en ¬ nhagens não diretamente relacionadas umas às outras. Antes
dossimbiose secundária na base do ciado cromalveolado, que de apresentar uma breve descrição de alguns desses grupos
inclui uma linhagem de cromistas contendo as algas marrons principais de algas , é importante discorrer rapidamente so ¬
e diatomáceas, e uma linhagem alveolada contendo os dino - bre a diversidade de ciclos de vida. Em humanos e outros ani ¬

flagelados e os apicompiexas (como Plasmodium, o parasita da mais, a fase diplóide do ciclo de vida é a dominante, sendo os
malária, que contém remanescentes de plastídios apigmen - gametas as únicas células haplóides (produzidas por meiose).
tados). Eventos de endossimbiose secundária que envolvem Esse tipo de ciclo de vida ocorre també m em plantas, mas
a incorporaçã o de algas verdes como fonte de suprimento muito raramente , Algumas plantas possuem ciclos de vida
energé tico possivelmente explicam a presença de cloropiastos que são, em essência, o oposto do nosso: um organismo mul-
em euglenóides (dentro de Discicritados) e em cloraracniófi- ticeíular haplóide é a fase dominante e dá origem a gametas
tas (dentro de Cercozoa). Os dinoflagelados apresentam uma por mitose; o processo de singamia (fusão dos gametas) dá

IJ ,
r
156 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

origem a um zigoto diplóide que sofre meiose para gerar es¬ ceas são organismos unicelulares (embora por vezes possam
poros haplóides. A maioria dos ciclos de vida de organismos formar filamentos frouxos e aglomerados de células ) encon ¬

autótrofos situa - se em uma condição intermediária entre es ¬ trados em ambientes marinhos e també m em água doce . Da
tes dois extremos e apresenta o que é conhecido como alter¬ mesma forma que as algas pardas, às quais são relacionadas,
nância de gerações - ou seja, uma altern â ncia entre uma fase as diatom á ceas possuem clorofila a e c e caroten óídes, sen ¬

multicelular haplóide (o gametófito) e uma fase muiticelular do a sua caracter ística mais distintiva a presenç a de paredes
diplóide (o esporófito) . celulares formadas por duas valvas silicosas com diferentes
As algas vermelhas (rodófitas) incluem cerca de 6.000 es ¬ graus de ornamentação constituindo uma espécie de peque ¬

pécies, a maioria das quais habita ambientes marinhos tropi ¬ na caixa. Os flagelos estã o ausentes, exceto em alguns game -

cais, incluindo recifes de coral (Saunders e Homersand 2004). tas masculinos.


Alé m da clorofila a, as algas vermelhas possuem pigmentos Os alveolados incluem os dinoflagelados, os ciliados e os
acessórios chamados ficobilinas, que permitem sua sobrevi ¬ apicomplexas (ver Figura 7.1) e sã o caracterizados pela pre ¬

vência em águas profundas, bem abaixo da superf ície. Algu ¬ sença de pequenos sacos aderidos à membrana plasm á tica
mas poucas algas vermelhas são unicelulares, mas a maioria (alvé olos) abaixo da superf ície celular. Os dinoflagelados
é filamentosa e se adere às rochas ou a outras algas (algumas (Hackett et al. 2004) incluem cerca de 3.000 espé cies descritas,
são até mesmo parasitas). As células que compõem esses fi ¬ encontradas tanto em á gua doce quanto salgada . Eles pos ¬

lamentos são conectadas entre si pelo citoplasma através de suem dois flagelos localizados em depressões caracter ísticas
pontoações conspícuas. As algas vermelhas não possuem c é ¬
localizadas entre as placas de celulose embebidas na parede
lulas motoras em nenhum estágio de seu desenvolvimento celular, flagelos estes que fazem a célula girar rapidamente
e, com freqúência, apresentam ciclos de vida extremamente quando movimentados simultaneamente. Muitos dinoflage-
complexos nos quais duas fases diplóides morfológica e eco¬ lados vivem em simbiose com outros organismos como corais,
logicamente distintas podem existir. Como mencionado an- esponjas, lulas e bivalves gigantes. As formas simbióticas não
teriormente, esse grupo de algas pode ser o grupo-irmão das possuem placas de celulose e sã o comumente denominadas
plantas verdes, sendo os seus cloroplastos originados de um zooxantelas. Esses organismos apresentam grande import ân ¬

evento de endossimbiose prim ária que antecedeu a divergên ¬ cia ecológica em recifes de corais; por exemplo, o fen ô meno
cia entre essas duas linhagens. conhecido como branqueamento dos corais envolve a perda
Os cromalveolados incluem os cromistas, que por sua de zooxantelas. Outros dinoflagelados que produzem subs ¬

vez incluem os estramenópilas, e também os alveolados, que tâncias altamente tóxicas são responsáveis pelas "marés ver ¬

compreendem os dinoflagelados (ver Figura 7.1) . Os estra¬ melhas ou "florescimento explosivo de algas , que podem
menópilas incluem as algas pardas e diatomáceas (e diver ¬ ter efeitos dram á ticos em outros organismos .
sos outros grupos de algas) , junto com os oomicetos, que j á
foram considerados anteriormente como fungos (Andersen
2004). O ciado dos estramenópilas (às vezes chamado de He- Viridófitas (plantas verdes)
terokonta) é caracterizado pela presença de c élulas reprodu ¬ Conforme representado na Figura 7.2, as tradicionais algas
tivas com dois tipos de flagelo: um tipo liso e em forma de verdes estão relacionadas com as plantas terrestres, e juntas
chicote, e o outro em forma de grinalda, com diversos pêlos formam um ciado conhecido como plantas verdes (viridófi ¬

curtos ao longo de seu comprimento . tas) . Esse ciado inclui mais de 300.000 espécies descritas, ou
As algas pardas (feófitas) formam um ciado contendo cerca de um sexto de todas as espécies atuais na Terra . Evi ¬

cerca de 2.000 espécies descritas de organismos predominan ¬


d ências moleculares, incluindo dados de seq ú enciamento
temente marinhos, muitos dos quais são conspícuos em re ¬
de DNA (nuclear e de organelas) e características estruturais
giões mais Irias. Alé m das clorofilas a e c, possuem pigmentos (como a transferência de determinados genes do cloroplasto
carotenóídes que d ã o a sua cor marrom caracter ística . Todas para o n ú cleo), sustentam fortemente a monofilia das plantas
as algas pardas são multicelulares, mas tal condição provavel ¬
verdes. Esse ciado também é sustentado por diversas caracte ¬

mente evoluiu nos estramen ópilas a partir de formas unicelu ¬


rsticas químicas e morfológicas, como a perda de ficobilinas
í
lares . Muitas sã o filamentosas, porém algumas são bem gran ¬
(presentes em cianobactérias, glaucófitas e algas vermelhas)
des e apresentam uma diferencia çã o complexa do corpo em e a produção de clorofila b (em adição à clorofila a). Todas as
apressório, estípe, flutuadores e uma ou mais lâminas achata ¬
plantas verdes estocam carboidratos na célula na forma de
das (estruturas fotossintetizantes) . Algumas das maiores algas grãos de amido, e suas células motoras possuem uma carac ¬

apresentam uma considerá vel diferenciaçã o anat ômica, e al ¬


terística estrutura estrelada na base de cada um dos dois fla ¬

gumas células são até mesmo especializadas para o transporte gelos anteriores em forma de chicote.
de nutrientes. Os ciclos de vida das algas pardas incluem um A maioria das an álises filogen é tícas ( p. ex., Karol et al.
amplo espectro de variação entre fases haplóides e diplóides 2001) tem sustentado uma ramificaçã o basal das plantas ver ¬

morfologicamente similares e fases extremamente diferencia ¬ des em duas linhagens, as cloróíitas, contendo a maioria das
das (geralmente com uma fase diplóide dominante). Em Fucus algas verdes , e o ciado das estreptófitas, que compreende
e outros gêneros relacionados, a fase haplóide multicelular foi as plantas terrestres e outras linhagens incluídas previamen -
completamente suprimida; nestes casos, a meiose gera game- te nas " algas verdes" (ver Figura 7.2) . Diversas linhagens de
tas diretamente, assim como acontece nos animais . organismos unicelulares com paredes celulares distintamente
Existem cerca de 6.000 espécies atuais de diatom áce¬ escalonadas (chamadas de micromônades ou prasinófitas)
as ( bacilariófitas), e muitas mais espécies fósseis (cerca de estão situadas na base da árvore filogenética das plantas ver ¬

40.000) . Devido à sua enorme diversidade ainda pouco co ¬ des, e uma destas, Mesostigma , parece ser o grupo - irmão das
nhecida ( Norton et ai. 2006), as diatomáceas podem ser con ¬ demais plantas verdes (Turmel et al. 2002) ou, mais freqúen -
sideradas os insetos do mundo microbiano . As diatomá ¬
temente, o grupo-irmão das estreptófitas (Kim et al. 2006).
SISTEMáTICA VEGETAL 157

Viridófitas ( plantas verdes)

Clorófitas Estreptófitas

Algas verdes

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2
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I £ f

fs 2 IS
IU |
S
& Io Iw I£
|
£ D 5 v2
J
N •
-

Esporóflto multicelular, embrião,


gamet ângios, esporâ ngio, cutícula
Revestimento do gameta feminino,
morfologia do gameta masculino,
numerosos doroplastos por célula
Crescimento apical e ramificado, oogamia,
plasmodesmos, retenção do gameta feminino
Fragmoplasto
> 470 MAA
Crescimento filamentoso

Estrutura flagelar
multiestratificada
e citoesqueleto
Micromonades

Sistema de glicolato oxidase

> 1.000 MAA


/ Clorofila b, amido como substância
de reserva, estrutura flagelar estrelada,
transferência genética

FIGURA 7.2 Filogenia das plantas verdes, mostrando a separação entre clorófi ¬
tas e estreptófitas a rela çã o entre algumas das tradicionais algas verdes com as
embriófitas e os caracteres diagn ósticos para os ciados principais. MAA, milhões
de anos atrá s. (Adaptada de Karol et al. 2001 e Delwiche et al. 2004.)

Clorófitas as do organismo modelo Chlamydomonas (Figura 7.3A,B) .


Dentro das clorófitas existem três ciados fortemente susten ¬
Estudos recentes indicam que a histó ria é, na verdade, mais
tados (ver Figura 7.2): Chlorophyceae, Ulvophyceae eTrebou- complexa, com a origem independente de diversas linhagens
xiophyceae (Lewis e McCourt 2004) . As relações entre esses de formas coloniais, talvez mesmo a partir de Chlamydomo ¬

ciados permanecem incertas, porém a organização genética e nas, que possui centenas de espécies.
outros caracteres moleculares sugerem que as ulvoficeas e as As Ulvophyceae incluem diversas formas marinhas e
clorof íceas sejam grupos-irmãos (Pombet et al. 2005). são caracterizadas pela produçã o de células multinucleadas
As Chlorophyceae compartilham um conjunto de ca- (Figura 7.3D- F). Em algumas destas, o corpo não possui pa ¬

racterísticas ultra -estruturais de dif ícil observação, como a redes separando os nú cleos, exceto nas células reprodutivas .
rotaçã o dos corpúsculos basais dos flagelos no sentido horá ¬ Desse grupo faz parte o organismo modelo Acetabularia (Fi ¬

rio, mas t êm sido fortemente sustentadas como um ciado em gura 7.3F).


diversos estudos moleculares. Nesse grupo, está incluída a Por fim, as Trebouxiophyceae contêm formas com es ¬

linhagem de Volvox e gêneros relacionados, que compreende poros flagelados, porém a maior parte dos organismos é pe ¬

formas coloniais com progressivo grau de complexidade (des ¬ quena e arredondada (foima esta que aparentemente evoluiu
de 4 células em Gonium até 500-50.000 células nas colónias diversas vezes independentemente) e sem células motoras
esf éricas de Volvox ) . Tradicionalmente, presume-se que tais em nenhum está gio de seu desenvolvimento. Muitas das
formas coloniais tenham derivado de céluias isoladas como formas sem capacidade motora vivem em hábitats terrestres,
j

Lá.
158 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

(A) i - Flagelos
ia

L-
* í

O :F ; 1

(B) , \ /
E

» <•

FIGURA 7.3 Morfologia das dorófitas. ( A-0 Chiorophyceae: (A) Chlamydomonas, evi¬
denciando os flagelos. (B) Eudorina, uma forma colonial volvoc í nea . (C) St/geoc/oraum ,
.
uma forma filamentosa ramificada . ( D- F) Ulvophyceae: ( D) Uiva (E) Codium, evidencian¬
do o talo cenocítico dipl óide. (F) Acetabularia. (Fonte: Scagel et al. 1969.)

geralmente associadas a fungos formadores de líquens ou terrestres do que às demais algas verdes . Desde então ficou
animais invertebrados. A associação simbió tica entre algas e claro que diversas outras linhagens tradicionalmente incluí¬

fungos formadores de líquens aparenta ser um fenômeno de das nas algas verdes pertenciam, na verdade, ao ciado das es
¬

m ltipla ocorrência e que foi posteriormente perdida diversas treptófitas, incluindo Klebsormidiales e Zygnematales (Lewis
vezes (Lutzoni et al. 2001) . e McCourt 2004). As Zygnematales são conhecidas como o
grupo que inclui Spirogyra e gêneros relacionados (Figura
Estreptófitas 7.4D-E). Os seus representantes são comumente conhecidos
como as algas verdes conjugadas, em referê ncia a um tipo de
A descoberta da linhagem das estreptófitas remonta ao final reprodução sexuada que envolve a formaçã o de uma conexão
da década de 1960, quando minuciosos estudos ultra estrutu - ¬
tubular entre as células de filamentos adjacentes, a passagem
rais da divisão celular revelaram pela primeira vez uma gran ¬ do protoplasto de uma célula para a outra e a eventual fusão
de diferença na orientação dos microt bulos do fuso entre dos núcleos formando um zigoto.
os organismos que eram tradicionalmente classificados como As relações filogenéticas entre os grupos de estrept ó¬

algas verdes" (Pickett-Heaps 1979; Mattox e Stewart 1984). fitas apresentadas na Figura 7.2 t ê m sido confirmadas por
Tais estudos mostraram que alguns desses organismos pos ¬
dados moleculares (Karol et al. 2001; Delwiche et al. 2004),
suíam a mesma orientação do fragmoplasto encontrada nas incluindo caracteres estruturais como a transferência de ge ¬

plantas terrestres, na qual o fuso é orientado de forma per- nes do cloroplasto para o n cleo. Coleochaetales e Chaiales
pendicular à formação da parede celular. Observações meticu ¬ possuem algumas caracter ísticas funcionais importantes que
losas revelaram que esse tipo de orientaçã o do fragmoplasto sã o compartilhadas apenas com as plantas terrestres, como
ocorria nas algas carof íceas (ou carófitas ): Coleochaetales e a presença de flavonóides e os precursores químicos de uma
Chaiales. Esses organismos apresentam uma ampla variação cutícula. A retenção do ovo e, em alguns casos, até mesmo
quanto à forma de crescimento (incluindo formas ramificadas
e eretas, como em Chora e Nitella, e formas achatadas, como
-
do zigoto (depois da fertilização) no corpo da planta haplói
de em Coleochaetales e Charales (Graham 1993) é um fator
em Coleochaete) e habitam ambientes de á gua fresca próximo importante para compreender a evolu ção do ciclo de vida nas
às margens (Figura 7.4A-C) . Como consequência dos estu ¬ plantas terrestres.
dos mais detalhados sobre esses organismos, surgiu a id éia Esses resultados filogené ticos tiveram enormes implica
, ¬

de que eles eram mais proximamente relacionados às plantas ções para o nosso entendimento sobre a evolução das plantas
SISTEMáTICA VEGETAL 159

(C) D)

Cloroplasto .
1
©

Entren ó -y

(B) No

$ f- - E

tf

FIGURA 7.4 Morfologia das estreptófitas basais. ( A ) Coleochaete, ( D, E) Zygnematales: ( D) Spirogyra, forma filamentosa evidenciando
evidenciando um talo hapl ó ide em forma de disco, com setas. ( B, C ) os doroplastos helicó ides. ( E) Staurastrum, um desm ídeo unicelular
Charales: ( B) Chara , evidenciando um nó com uma estrutura portado- formando duas hemicélulas que representam a imagem espelhada
ra de gametas femininos (acima ) e de gametas masculinos (abaixo). uma da outra. (A extra ída de Taylor e Taylor 1993; B-E extra ídas de
(C ) Há bito de Nitella, evidenciando a arquitetura de n ós e entren ós. Scagel et al. 1969.)

verdes. Primeiramente, eles sugerem que a multicelularidade lula diplóide no ciclo de vida é o zigoto, resultado da fertiliza-
surgiu de forma independente repetidas vezes. Como já foi ção de um gameta feminino grande e imóvel por um gameta
salientado, a forma dos volvocíneos está relacionada a uma masculino menor e móvel,
estratégia de vida na qual as células agregam-se na forma de
colónias. As maiores col nias possuem conexões citoplasmá-
ticas e divisões de tarefas, com algumas células especializadas Embri ófitas ( plantas terrestres)
na reprodução. Outras clorófitas formam corpos filamento- . .. . .
Plantas terfestres sao gradas como onundas de um
A

SOS ou membranáceos e parenquimatosos de tamanho ainda


maior (como a alface do mar, Uiva, e gê neros relacionados), umco ancestral comum na Fl ra 71 uma Acoberta que e
'
apresentando uma integra ção morfológica ainda mais com- Emente sustentada por evidencia molecular e morfologica
plexa e a diferenciação funcional de grupos celulares. As Ul- (Kenrick e Crane 1997a,b; Karol et al. 2001; Wotf et al. 2005;
volphyceae seguiram um caminho evolutivo distinto com a et aF 06) . As plantas terrestres tambéin sã o denomi-
formaçã o de células multinucleadas, às vezes formando fila- nadas embriófitas, porque possuem um embrião de duração
mentos, e outras (como Codium) formando um talo a partir variada <lue constitui o esporófito jovem. É mais adequado
'
do enrolamento desses filamentos. Rjr fim, a multicelulari- usar 0 termo Embriophyta, ou embriófitas, do que plantas ter-
dade evoluiu separadamente na linhagem das estreptófitas. restres designar esse grupo, pois diversas linhagens de
Muitas Zygnematales sã o filamentosas, e formas parenqui- alSas P- algumas Trebouxiophyceae) colonizaram inde-
( exv
matosas (com as células adjacentes conectadas por plasmo- pendentemente (embora de forma menos conspícua) o am -
desmas) sã o encontradas nas linhagens de carof íceas e nas biente terrestre. Além do embrião, as embriófitas são carac-
plantas terrestres. terizadas pela produ ção de um esporófito multicelular, pelas
As primeiras linhagens a se diversificarem dentro das estruturas reprodutivas também multicelulares (gametângios
plantas verdes também apresentam diferenças significativas e esporângios), pela presença de uma cutícula e pelos esporos
quanto ao ciclo de vida. A altern ância de gerações haplóides com paredes espessadas e com cicatrizes ou marcas triletes
(gametófitos) e diplóides (esporófitos) similares (como em características (ver Figura 7.7A) .
Uiva ) é um fenômeno bastante comum. Por outro lado, Co- Tradicionalmente, as embriófitas tê m sido classificadas
dium apresenta um ciclo de vida como o dos seres humanos, em dois grandes grupos: briófitas e plantas vasculares. Exis-
no qual os gametas são as únicas células haplóides. Nas li- tem três linhagens principais de briófitas - hepáticas, musgos
nhagens de carof íceas, as plantas são haplóides, e a nica cé- e antóceros - que serão apresentadas brevemente nos próxi-
r
160 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

/
A)

(E)

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\ ni i /
;c )

A
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1
FIGURA 7.5 Morfologia das embriófitas basais ( briófitas ). (A, B) antes de sua abertura. (E) Á pice do esporângio deiscente de Fontinalis
Hepáticas: ( A ) Uma hepática foiiácea, Lepidozia reptans, evidenciando antipyretica, evidenciando os dentes do peristômio. (F, G) Antóceros:
.
a deisc ência dos esporângios por quatro valvas (B) Porçã o de uma (F) Hábito de Phaeoceros laevis , evidenciando o gametófito taloso e
hepá tica talosa, Monoclea forsteri, evidenciando os esporângios com o esporófito com esporângios deí scentes. (G) Estômato com células-
deiscência longitudinal.(C-E) Musgos: (Q Hábito de Dawsonia superba, guarda, da parede do espor ângio deAnthoceros. ( A-B,D-G extraídas de
evidenciando o gametófito folhoso e ereto, e esporófito não ramifica ¬ Scagel et al. 1969; C extraída de Barnes 1998.)
do com esporângio terminal. (D) Esporângio (cápsula) de um musgo

mos parágrafos (ver também Shaw e Gofíinet 2000; Shaw e portando oosferas. A fase esporof ítica, com o seu esporân ¬

Renzaglia 2004). Como veremos, as evidências indicam cada gio terminal, é consideravelmente pequena e inconspícua. A
vez mais a parafilia das briófitas em relação às plantas vas ¬ c ápsula do esporângio abre -se tipicamente por quatro valvas,
culares (ver Figura 7.6). e c élulas estéreis e higrosc ópicas entre os esporos (elatérios)
podem ajudar na sua dispersão.
Hepáticas
Existem cerca de 8.000 esp écies atuais de hep áticas, que Musgos
podem ter uma forma talosa ou, mais comumente, folhosa Os musgos são, provavelmente, o grupo de brió fitas mais
(Figura 7.5A,B). Diferentemente dos musgos e dos antóce ¬
conhecido e diversificado, com cerca de 10.000 espécies. O
ros, as hepáticas não possuem estômatos, embora algumas gametófito folhoso e ereto é a fase dominante no ciclo de vida
esp écies tenham poros na epiderme sem c élulas- guarda dos musgos (Figura 7.5C). O espor ó fito, por sua vez, forma
verdadeiras. As hepáticas também não possuem uma massa uma estrutura talosa simples e não - ramificada com um es ¬

colunar de tecido est éril (columela) no esporângio, que está porângio (ou cápsula) terminal (Figura 7.5D) . Os esporos ha-
presente nos musgos, antóceros e nas primeiras linhagens a plóides, produzidos por meio da meiose, são liberados pelo
divergirem nas plantas vasculares. Esse conjunto de caracte - esporângio; tipicamente, a deiscência do esporângio ocorre
r sticas das hepáticas tem sido interpretado como ancestral
í pela abertura de uma tampa ou opérculo.
nas embriófitas. Quando um esporo germina, ele adquire uma forma cha ¬

A reprodução sexuada das hepáticas envolve a forma ¬


mada protonema, que se assemelha a um filamento de alga
ção de anterídios produtores de anterozóides e arquegônios verde. O protonema produz um ou mais gametótitos folhosos
r SISTEMáTICA VEGETAL 161

e verticais, que por Sm produzem os anterozóides e oosferas ca derivada desse grupo inteiramente taloso é a presen ça de
nos anter ídios e arquegônios, respectivamente. A fusão dos um meristema na base da cápsula do esporófito. A atividade
gametas gera um zigoto que se desenvolve em um embrião a desse meristema explica o crescimento vertical e contínuo da
partir de divisões mitóticas sucessivas e, posteriormente, em cápsula, que é particularmente desenvolvida em alguns gru ¬
um esporó&to maduro. pos (p. ex., Anthoceros ).
A an álise das rela ções filogenéticas entre os musgos tem
frequentemente sustentado a hipótese de que Sphagnum está Rela ções filogenéticas entre as embriófitas
posicionado próximo à base da árvore e que Andreaea e al ¬

Análises filogené ticas das plantas terrestres baseadas em uma


guns poucos gêneros relacionados também formam um ciado
; de divergê ncia precoce no grupo (ver Kenrick e Crane 1997a; amostragem representativa de espécies têm demonstrado
Qiu et al. 2006). O enigm ático gênero Takakia , considerado que as briófitas são parafiléticas. Todavia, as relações entre
uma hepática até a descoberta recente de sua geração espo- os seus grupos constituintes ainda são incertas. Apálises mor ¬

rofítica, aparenta estar relacionado a Sphagnum. O esporângio fológicas que precederam os estudos filogen é ticos baseados
em dados moleculares sustentavam uma divergência inicial
de Andreaea se abre por quatro fendas longitudinais, e o de
Takakia, por uma fenda helicoidal única, em contraste com das hepáticas em rela ção às demais briófitas" (Figura 7.6A)
o opérculo em forma de tampa presente na grande maioria e posicionavam os musgos como o grupo-irmão das plantas
dos musgos. O opé rculo, na maior parte dos musgos, é geral¬ vasculares (Mishler e Churchill 1985). Sob essa óptica, os es-
mente caracterizado pela presença de uma fileira distinta de tômatos são considerados uma novidade evolutiva ligando os
antóceros, os musgos e as plantas vasculares, excluindo as he
estruturas dentiformes que, em conjunto, constituem o peris-
¬

tômio (Figura 7.5E). páticas. De forma complementar, os hidróides e os leptóides,


células especializadas presentes no caule dos musgos (tanto
no gametófito quanto no esporófito em algumas espécies),
Antóceros foram interpretados como precursores das células conduto ¬

Existem poucas espécies atuais de antóceros, cerca de 100 ras de água e nutrientes das plantas vasculares. Tanto musgos
(Figura 7.5F,G), encontradas em menor frequência do que como plantas vasculares apresentam esporófitos que crescem
espécies de musgos e hepáticas. Uma provável caracter
ísti- em tamanho a partir de divisões celulares em um meristema

(B)
Embriófitas (plantas terrestres)

Briófitas Poliesporangiófitas

1
1
2 :
1
l§ _i
!
1 a T

Bri ófitas
Tecido vascular, xilema
com traqueídes
1
i I > 425 MAA
Traqueofítas
Esporofito independente,
ramificado

Esporófito verde
persistente

Estornaios
V / Meristema apical
/ no esporófito > 450 MAA
Estômatos
Esporófito multicelular, embrião,
gametângios, esporângios, cutícula

FIGURA 7.6 Rela ções filogenéticas na base das embri ófitas ( plantas briófitas ( hepáticas, musgos e antóceros) estão relacionadas à s pian-
terrestres), mostrando os caracteres que distinguem os principais tas vasculares. MAA, milh ões de anos atr á s. ( A , adaptada de Mishler e
ciados, sob duas hipó teses alternativas sobre como as linhagens de Churchill 1985; B, adaptada de Qiu et al. 2006 ) .
1
1I 62 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

apical, e as primeiras plantas vasculares possuíam gametófi- Nas embriófitas, a oosfera - e, depois da fertilização, o em
¬

tos eretos, da mesma forma que os musgos. brião - é protegida por uma estrutura multiceluiar chamada
Diversos estudos moleculares recentes, no entanto - de arquegônio, enquanto o anterozóide é produzido e protegido
forma isolada ou combinados a uma variedade de caracteres por uma estrutura multicelular chamada anterídio. Inicial¬
ultra-estruturais (especialmente da ultra-estrutura do ante- mente, a gera ção gametof ítica era a dominante, como ainda
rozóide ) - tê m sugerido hipóteses alternativas. Em algumas pode ser observado nas hepáticas, nos antóceros e nos musgos
árvores filogenéticas, os antóceros aparecem como grupo-ir¬ atuais, enquanto o esporófito permanecia ligado e era nutricio ¬

m ão das demais plantas terrestres atuais, e um ciado conten ¬ nalmente dependente do gametófito (embora tal dependência
do as hepá ticas e musgos é sustentado como o grupo-irmão seja um pouco menor nos antóceros; Qiu et al. 2006). Em plan ¬

das plantas vasculares (p. ex ., Renzaglia et al. 2000) . An álises tas vasculares, o esporófito toma -se dominante e nutricional ¬

mais recentes (p. ex., Qiu et al. 2006) dão suporte à filoge - mente independente, processo este associado a uma redu ção
ma ilustrada na Figura 7.6B, na qual as hepáticas formam o no tamanho do gametófito (Kenrick e Grane 1997a,b) .
grupo-irmão das demais embriófitas e os antóceros consti¬ Tais descobertas nos permitem estimar o tempo trans¬
tuem o grupo - irmã o das plantas vasculares. Tal hipótese é corrido entre os principais eventos evolutivos em embriófitas
consistente com a uma nica origem dos estômatos, embora (ver Figuras 7.1, 7.2 e 7.6) . As plantas verdes possivelmente
os hidróides e leptóides dos musgos sejam, por consequência, originaram-se há um bilh ão de anos, talvez mais, e as suas
não homólogos com os traqueídes e as células crivadas das principais linhagens já existiam durante o Pré- Cambriano
plantas vasculares (Ligrone et al. 2000) e a haste do esporófito (Heckman et al. 2001). Uma variedade de clorofilas f ósseis
dos musgos provavelmente n ão seja homóloga com o caule foi encontrada datando do Cambriano (cerca de 550 milhões
das plantas vasculares (Kato e Akiyama 2005). de anos atrás), assim como f ósseis bem preservados de Ul-
vophyceae secretoras de muco, incluindo organismos rela ¬

Transiçã o para o ambiente terrestre cionados h. Acetabulana. As "carófitas"(na forma de Charales


O conhecimento filogenético permite compreender melhor a
calcificadas) n ã o aparecem no registro f óssil até o Siluriano
médio, porém a disseminação das plantas terrestres no am ¬
origem de diversas adaptações cruciais para a sobrevivência
biente terrestre provavelmente iniciou se no Ordoviciano
-

no ambiente terrestre (Graham 1993; Waters 2003) . A cutícula


m édio, há cerca de 470 milhões de anos (Wellman et al. 2003;
e a esporopolenina (presente na espessa parede dos esporos)
Sanderson 2003). Esporos dessa mesma época també m fo ¬

aparentam ser respostas evolutivas para evitar a desseca ção. ram encontrados (e possivelmente até de per íodos anterio ¬

A troca gasosa é facilitada pela existência de pequenos poros


res, no Cambriano), às vezes na forma de tétrades ou díades
na epiderme ou por estômatos genuínos, com células- guarda
( pacotes de quatro ou dois, respectivamente), similares aos
que podem abrir ou fechar de acordo com as condições do encontrados em formas atuais de hepáticas. Pequenos frag ¬
ambiente e, dessa forma, regular a perda de á gua. Os flavo-
mentos de cutícula e estruturas tubulares de origem vegetal
nóides auxiliam na absorção dos raios ultravioleta, altamente
do Ordoviciano també m sã o conhecidos, e esporos indivi ¬

danosos. Um sistema de glicolato carboxilase atua na inibi ¬


duais com as caracter ísticas marcas triletes das plantas vas ¬
ção da fixação do dióxido de carbono pelo oxigénio, presente
culares (Figura 7.7A) datados do Siluriano inferior já foram
em quantidades maiores no ar do que na água. As primeiras
coletados. Com base nessas evidências, é provável que he ¬

plantas terrestres provavelmente dependiam de relações sim ¬


bióticas com fungos para obter nutrientes do solo, sendo que páticas, musgos, antóceros e plantas vasculares já existissem
no Ordoviciano superior. Em algum momento posterior, no
relações desse tipo têm sido documentadas nas principais li ¬
início do Siluriano médio, macrof ósseis bem preservados
nhagens de briófitas e també m de plantas vasculares (nas
representativos da linhagem de plantas vasculares têm sido
quais elas são onipresentes ) . Os precursores de várias dessas
achados . A ocupação do ambiente terrestre estava em pleno
adaptações podem ser encontrados entre as Coleochaetales e
andamento nesse per íodo.
Charales, que assim aparentam ter sido pré-adaptadas para
fazer a transição para o ambiente terrestre (Graham 1993).
O conhecimento da parafilia das tradicionais algas ver¬
des" e das briófitas" tem auxiliado sobremaneira na com ¬ Traqueóf ítas ( plantas vasculares)
preensão da origem do ciclo de vida caracter ístico das plantas As primeiras plantas terrestres eram pequenas e estrutural ¬

terrestres, ocorrendo a altern â ncia das gerações gametofítica mente muito simples. No caso particular da linhagem das
e esporof ítica, ambas multicelulares (Graham 1993). Em Co ¬ plantas vasculares, o esporófito consistia basicamente em
leochaetales e Charales, a oosfera é retida na planta parental um caule dicotomicamente ramificado, inicialmente com o
haplóide, enquanto em Coleochaete o zigoto (o ú nico estágio tamanho de uma caixa de f ósforos, e com os esporângios (o
diplóide) também permanece na planta parental até sofrer a local de produção dos esporos haplóides via divisões meióti-
divisã o meiótica que dará origem aos esporos haplóides. Uma cas) formados no ápice dos ramos (Figura 7.7B, C) . Tais plan ¬

inovação-chave na linhagem que deu origem às carotíceas e tas n ão possuíam folhas ou raízes. Hm alguns casos (p. ex „
embriófitas foi o estabelecimento do transporte de nutrien ¬ Aglaophyton, conhecido anteriormente como Rhynia, da re ¬

tes entre as fases haplóide e diplóide por um tecido placentar gião do "Rhynie chert , na Escócia), o estado de preservação
de transferência (Graham e Wilcox 2000) . O ciclo de vida das dessas plantas é espetacular, sendo possível discernir mui ¬
plantas terrestres é provavelmente derivado de uma condiçã o tos detalhes anat ômicos, como estômatos, esporos e tecido
ancestral similar a atualmente encontrada nas carof íceas, a vascular no interior do caule . Esses fósseis revelaram que as
partir de um simples atraso na divisão meiótica e interpola ¬ primeiras poliesporangiófitas - plantas com esporófitos ra ¬
ção de uma fase multicelular diplóide por uma série de divi ¬ mificados - não possuíam c élulas condutoras de água espe ¬

sões mitóticas do zigoto. cializadas (traqueídes) no tecido do xilema e, dessa forma,


SISTEMáTICA VEGETAL 163

(D)

O
(C) />

FIGURA 7 ,7 Fósseis das primeiras poliespo-


.
rangi ófitas ( A) Esporos de Aglaophyton major
organizados em tétrades, e um esporo isolado
de paredes espessas com as marcas triletes ca-
«Tf
racter ísticas das plantas vasculares. ( B) Recons¬
tituiçã o de A. major , evidenciando o caule com
ramificações dicotô micas (sem folhas ou ra ízes )
e esporâ ngios terminais. (C ) Visão aumentada de
esporâ ngio terminal de A. major, com esporos no
interior. ( D) Reconstitui çã o de Uskiella spargens,
evidenciando o caule dicotomicamente rami ¬

ficado e esporâ ngios terminais com deiscê ncia


distai. ( E) Reconstitui ção de um gametófito do
Devoniano, Sciadophyton sp.; os gametâ ngios es ¬

tã o presentes nas estruturas terminais em forma


de disco. (A-C extra ídas de Stewart 1983; D e E
extra ídas de Kenrick e Crane 1997a.)

dependiam da pressão de turgor para permanecerem eretas Em anos recentes, meticulosos estudos paleobotânicos
(Kenrick e Crane 1997a . Células condutoras
) de água ver ¬ revelaram que alguns fósseis antigos de plantas terrestres são
dadeiras evoluíram em algum momento posterior e caracte - na realidade gametófitos haplóides portando anter ídios e ar-
.
rizam as plantas vasculares verdadeiras; as traqueófitas ou quegônios, aparentemente em plantas separadas Remy et al (
Tracheophyta . 1993; Taylor et al. 2005). Esses organismos f ósseis sã o not á ¬

Traqueídes sã o células alongadas com paredes espessa ¬ veis devido a seu grande tamanho, porte ereto e presença de
das e mortas na maturidade. No ponto em que um traqueíde ramificações, que de certa forma assemelham-se à fase espo-
conecta com o seguinte, existem aberturas caracter ísticas, ou rof ítica do ciclo de vida (Figura 7.7E) . Tal achado resultou na
pontuações; todavia, um campo primário de pontoação (pa ¬ visão de que os primeiros membros da linhagem de plantas
rede celular primária) permanece intacto nessa área, e a água vasculares exibiam gerações haplóides e diplóides bastante
deve atravessá-lo no seu movimento de passagem de uma similares. Assim, comparando com os grupos de briófitas ,
célula à outra. Os traqueídes das primeiras traqueófitas eram parece que tanto a geração gametof ítica quanto a esporof ítica
de um tipo distinto, no qual a parede celular apresentava ape ¬ eram complexas no início.
nas uma camada bem fina, resistente à deterioração (proteção Esse conhecimento nos permite reconstruir, com algu ¬
conferida pela lignificação das fibras de celulose). Paredes ce ¬ ma certeza, a sequência de eventos que originou o ciclo de
lulares com uma maior resistência à deterioração caracterizam vida das plantas vasculares atuais.Tal ciclo inclui uma dramá
¬

um ciado mais interno, que comporta todas as plantas vascu ¬ tica redução na fase gametof í tica e um aumento not ável de
lares atuais (Kenrick e Crane 1997a). Nessas espécies, traque ¬ complexidade estrutural da fase esporof ítica. Nas primeiras
ídes fortemente lignificados permitem uma condução de água plantas vasculares, o gametófito era nutricionalmente inde ¬
mais eficiente e fornecem sustentação interna, permitindo que pendente do esporófito, uma condição retida ainda hoje nas
as plantas cresçam consideravelmente em altura. linhagens das samambaias e licófitas. Conforme prosseguia a
164 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

evolução das plantas com sementes, no entanto, o gametófito lhor protegidos contra mutações deletérias do que os orga ¬
tornou -se mais e mais reduzido e, por fim, ficou completa ¬ nismos haplóides. Todavia, uma hipótese alternativa defen ¬

mente dependente do esporófito. de que o esporófito n ão sofre restrições para aumentar em


Neste contexto, os grupos de briófitas (especialmente tamanho (o que era vantajoso na competição por luz e que
os musgos) e as plantas vasculares parecem ter explorado também pode ter aumentado o potencial de dispersão de es ¬

diferentes mecanismos para aumentar o n mero de esporos poros), enquanto o gametófito é dependente da água para a
produzidos por evento de fertilizaçã o (Mishler e Churchill fertilização, uma vez que o gameta masculino deve deslocar-
1985). Nos musgos, o acréscimo na produção de esporos se se em um meio líquido para alcan çar a oosfera.
deve à existência de um estágio filamentoso (o protonema) As relações filogenéticas entre as principais linhagens de
com capacidade de produzir numerosos gametófitos folho ¬ plantas vasculares atuais são ilustradas na Figura 7.8. A árvo ¬
sos e não ramificados, cada um destes portando um nico re apresentada nessa figura é baseada em evidências tanto
esporófito n ão ramificado com um esporângio terminal. Na moleculares quanto morfológicas, sendo a maioria das linha ¬

linhagem das plantas vasculares, em contraste, o número de gens fortemente sustentada (Doyle 1998; Pryer et al. 2004a).
esporângios foi aumentado pela ramifica ção do esporófito, A divergência basal, que ocorreu do Devoniano inferior ao
sendo que cada ápice caulinar possui o potencial de originar médio (antes de 400 milhões de anos atrás), separou um
um esporângio terminal. ciado contendo a linhagem das lic ófitas modernas de outro
Que fatores podem ter favorecido a elaboração da fase es- ciado, denominado eufilófitas, que incluiu as demais linha ¬

porofítica em detrimento da fase gametofítica (que se tomou gens atuais de plantas vasculares. Essa divergência é marcada
progressivamente especializada para a reproduçã o sexuada) ? por um número considerável de características morfoló gicas.
Uma hipótese sugere que os organismos diplóides estão me ¬ Uma caracter ística notável é a presença de gametas masculi-

Traqueófitas (plantas vasculares)

Licófitas Eufilófitas

Isoetopsida Monilófitas Lignófitas

3 -

i
5b a
5 í i7 js J I l I
T3 í T 1 5.
1 f i:
I
a I m£=- 3
1
a
1 . l 1
8 - 3
5
N - f
Perda das
raízes
Xilema secundário Leptoesporângios
Sistema radicular semente
Heterosporia, lígula* reduzido
Heterospona
Micrófilos >380 VIAA
> 410 MAA Anatomia do caule
Esporângios laterais'
e reniformes
Xilema secundário (lenho)

Psilophytetr

Deiscência transversal do Inversão no cloroplasto, gameta


esporângio dorsiventral masculino multiflagelado

FIGURA 7.8 Filogenia das traqueófitas ( plantas


vasculares), evidenciando uma separa ção inicial Crescimento pseudomonopodial,
entre a linhagem das licófitas e a linhagem das
esporângios no pice de
ramos laterais
eufil ófitas, a relação entre algumas das tradicio¬ Rimóritas;
nais plantas vasculares sem sementes ( monil ófi ¬
tas e as extintas “ pró-gimnospermas", aneurófitas
e Archaeopteris ) com as espermatófitas ( plantas
com sementes ) , e caracteres diagn ósticos dos w * Traqueídes fortemente lignificados
> 420 \JAA
principais ciados. MAA, milh ões de anos atrá s;
t, taxa extintos. ( Adaptada de Pryer et al. 2001 , Tecido vascular, xilema
2004b; Qiu et al . 2006.) com traqueídes

k
r ~

SISTEMATICA VEGETAL 165

nos multiflagelados nas eufilófitas, em oposição aos gametas ciado que inclui as licófitas gigantes do Carbonífero, embora
biflagelados das linhagens de briófitas e licófitas (exceto em o gê nero possa ter derivado de plantas dessa linhagem que
Isoetes e Phylloglossum , nos quais gametas multiflagelados nunca alcan çaram o tamanho de Lepidodendron e outros gê ¬

evoluíram independentemente) . Além disso, uma forte evi ¬ neros com grandes árvores. Isoetes reteve o câmbio vascular e
dê ncia molecular dessa divisão inicial é a presen ç a de uma alguma atividade de crescimento secundário e possui raízes
inversão de 30 quilobases no DNA de cloroplasto exclusiva ¬ adventícias que lembram as destas grandes árvores extintas
mente nas eufilófitas modernas (Raubeson e Jansen 1992; (Figura 7.9}) .
Wolfetal. 2005).
Eufil ófitas
Licófitas A linhagem que inclui as eufilófitas modernas, ou Eu-

i A linhagem que inclui as licófitas atuais, ou Lycopodiophyta phyllophyta (ver Figura 7.8), é caracterizada pela diferen ¬

(Lycophyta) (Figuras 7.8 e 7.9A-C; ver també m as Figuras 8.1 ciação entre o eixo principal e os ramos laterais (crescimento
e 8.2), apareceram no registro f óssil logo após o surgimento pseudomonopodial), um importante padrão de crescimento
das primeiras plantas vasculares. As licófitas são caracteriza - observado pela primeira vez em uma variedade de fósseis do
das pela posição lateral, pelo formato reniforme e pela deis ¬ Devoniano conhecidos como trimerófitas (Figura 7.10A; ver
cência transversal dos esporângios. Os micrófilos (pequenas Donoghue 2005). De acordo com a teoria do teloma" (Zim-
folhas com uma nica nervura) são exclusivos dessa linhagem mermann 1965), os megáfilos (as folhas grandes caracte-
(possivelmente a partir de esporângios laterais modificados), rsticas das eufilófitas) são derivados de sistemas de ramos
í
assim como ramos dicotomicamente ramificados. Durante o laterais achatados. Essa derivaçã o envolveu o achatamento
período Carbonífero, as licófitas eram particularmente diver¬ dos ramos e sua posterior reticula ção para formar a l âmina
sas e abundantes, dominando as margens de áreas brejosas foliar. Tudo leva a crer que as folhas evoluíram independen ¬

nas terras baixas tropicais (Bateman et al. 1998) . Os remanes¬ temente, e por diferentes processos, nas licófitas e nas eufiló¬

centes dessas plantas são o principal componente dos depó ¬ fitas. Mesmo dentro das eufilófitas, é possível que megáfilos
sitos de carvão. laminares tenham -se originado independentemente repeti ¬
Algumas licófitas, como Lepidodendron, eram árvores de das vezes (p. ex., nas samambaias, equisetófitas e nas plantas
grande porte, nas quais o crescimento secundário permitiu com sementes), em cada caso pela açã o de um meristema
um aumento em circunferência (Figura 7.9D). Os caules des ¬ localizado na margem do órgão em desenvolvimento (Boyce
sas plantas eram recobertos de micrófilos, que deixavam as e Knoll 2002) .
bases foliares típicas observadas em f ósseis (Figura 7.9E) . As eufil ófitas atuais est ão organizadas em dois dados
Essas plantas também desenvolveram o assim denominado
sistema radicular stigmariano , um sistema provavelmente
principais (ver Figura 7.8) : o das plantas com sementes (es
permatófitas ou Spermatophyta) e um ciado que inclui
-
derivado de rizomas e no qual as raízes adventícias organi¬ diversas linhagens de "samambaias", as cavalinhas e as Psi-
zadas em espiral seriam folhas modificadas. Os padrões de lotales (monilófitas ou Monylophyta) . Essa nova visão das
crescimento dessas plantas de grande porte ainda são pouco relações entre as eufilófitas é sustentada tanto por caracteres
conhecidos, mas é provável que elas aumentassem lenta ¬ morfológicos quanto por caracteres moleculares de genes nu ¬

mente em tamanho em um primeiro momento (durante o cleares e do cloroplasto (Pryer et al. 2004b; Rothwell e Nixon
estabelecimento do sistema radicular), crescessem em segui ¬ 2006) . São reconhecidas cinco linhagens principais dentro
da de forma rápida e possivelmente morressem após a for ¬ das monilófitas, cada uma discutida brevemente a seguir: (1)
mação dos estróbilos (estruturas cónicas) no ápice de todos samambaias leptosporangiadas (Leptosporangiatae), (2) Ma-
os ramos simultaneamente (Philips e DiMichele 1992; ver rattiales, (3) Ophioglossales, (4) Psilotales e (5) equisetófitas
também Donoghue 2005) . (ver também Capítulo 8) .
Existem atualmente cerca de 1.200 espécies de licófitas O nome samambaia tem sido tradicionalmente aplicado
pertencentes a diversas linhagens principais (ver Figuras 7.8 aos membros de três dessas linhagens: Leptosporangiatae,
e 7 , 9) . Espécies rizomatosas de Huperzia e Lycopodium são Marattiales e Ophioglossales. As plantas desses grupos sã o
comumente encontradas nas florestas do Hemisf é rio Norte. superficialmente similares pela presença de folhas grandes
Essas plantas e seus parentes tropicais são homosporadas, (muitas vezes bastante divididas) e frondosas que se abrem
pois produzem apenas um tipo de esporo que d á origem a a partir de um báculo (vemaçã o circinada) . As três linhagens
um gametófito bissexuado capaz de produzir gametas mas¬ são tradicionalmente divididas em dois grupos com base na
culinos e femininos. estrutura e no desenvolvimento dos esporângios. As Marat ¬

As outras licófitas atuais (Selaginella, Isoetes ) são heteros- tiales (Figura 7.10B, C) e as Ophioglossales são chamadas de
poradas, pois produzem tanto micrósporos, que dão origem samambaias eusporangiadas, pois parecem ter preservado
aos gametófitos masculinos, quanto macrósporos, que dão a condição ancestral em que o esporângio desenvolve-se
origem aos gametófitos femininos . Os taxa heterosporados a partir de muitas c é lulas iniciais e apresenta uma parede
formam um ciado (Isoétopsida; ver Figura 7.8) que també m é com mais de uma c élula de espessura quando plenamente
sustentado pela associa ção entre uma prega ou tecido foliar desenvolvido. Esporângios desse tipo tendem a conter um
(a lígula) e o lado adaxial da base foliar. grande n mero de esporos haplóides na maturidade. Por
Selaginella (ver Figura 7.9F- I) , com aproximadamente outro lado, as samambaias leptosporangiadas possuem um
700 espécies, é um gênero bastante diversificado nos tró pi ¬ tipo derivado de desenvolvimento no qual o esporângio é
cos, onde muitas espécies crescem como epífitas. Isoetes, com formado a partir de uma ú nica célula inicial e possui uma
cerca de 150 espécies, é o único remanescente atual de um parede com uma célula de espessura na maturidade. Esses

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166 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 7.9 Morfologia das licófitas e taxa relacionados. ( A ) Recons ¬ caule de Lepidodendron sp„evidenciando três micrófilos aderidos e as
tituição da espécie extinta Zosterophyilum deciduum, evidenciando o cicatrizes deixadas pela abscisão de cinco outros. (F) Á pice do ramo
rizoma prostado portando ápices eretos e sem folhas com espor àngios de Selaginella, evidenciando os micr ófilos e um estr óbilo terminal. (G)
reniformes laterais. ( B) Reconstituição da espécie extinta Asteroxyion Microspor ângio de Selaginella na axila de um microspor ófilo. (H) Me-
mackiei , evidenciando os caules eretos e dicotomicamente ramifica ¬ gasporângio de Selaginella na axila de um megaspor ófilo. (I) Corte lon ¬

dos recobertos por micrófilos, assim como os eixos semelhantes a raí ¬


gitudinal de um estróbilo de Selaginella harrisiana, evidenciando um
zes. (C) A. mackiei , evidenciando parte de eixo fértil com esporà ngios megaspor àngio (me) com quatro grandes megásporos, um microspo ¬

reniformes de deiscência transversal. (D) Reconstituição de uma espé ¬


.
r ângio ( mi) com diversos micrósporos pequenos, e l ígulas (J) Há bito
cie extinta de Lepidodendron sp„evidenciando o sistema radicular de /soeres bolanderi, evidenciando as folhas e raízes. ( A e J extraídas de
dicotomicamente ramificado, o tronco massivo com ramificação dico- Kenrick e Crane 1997a; B, C e I extraídas de Stewart 1983; D e E extraí
.
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tômica no ápice e os estróbiios terminais (E) Porção da superfície do das de Gifford e Forster 1989; F -H extraídas de Barnes 1998.)
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SISTEMáTICA VEGETAL 167

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FIGURA 7.10 Morfologia de diversas eufil ófitas. ( A ) A trimerófita um aglomerado de eusporâ ngios. ( D) Representaçã o esquemá tica de
extinta Psilophyton forbesii, mostrando o crescimento pseudomono- uma equisetófita arbó rea extinta, Calamites, mostrando o rizoma ro-
podial (diferenciação entre um tronco principal e ramos laterais). ( B) busto e os troncos altos, eretos e ramificados. ( A extra ída de Stewart
Folhas grandes e arqueadas de Angiopteris ( Marattiales). (C) Superf í- 1983; B extra ída de Barnes 1998; C e D extra ídas de Gifford e Forster
cie abaxial (inferior) de um fol íoio f é rtil de Angiopteris, evidenciando 1989.)

leptosporângios nascem em um ped ú nculo distinto e pos ¬


de coração, com os arquegônios dispostos próximo ao sulco
suem uma estrutura caracter ística chamada de ânulo, que desse coração , e os anterídios, entre rizóides característi-
consiste em uma fileira de células com as paredes internas cos. A estrutura do gametófito, no entanto, apresenta uma
espessadas e as paredes externas mais finas (ver Figura considerável varia çã o, e em algumas samambaias ele é até
8.13) . Os leptosporâ ngios da maioria das espécies cont ê m mesmo filamentoso.
um n ú mero relativamente pequeno e constante de esporos Dentro da linhagem leptosporangiada, estudos morfo ¬
haplóides (p. ex., 16, 32, 64), que são ejetados do esporâ ngio lógicos e moleculares recentes identificaram diversos cia ¬
por um mecanismo acionado por mudanças no teor de umi- dos dignos de nota (Pryer et al . 2004 b; Smith et al. 2006) .
dade das células do ânulo. Osmundaceae aparece como o grupo-irmã o das demais
Provavelmente as monilófitas mais comuns são as lep
tosporangiadas, das quais existem atualmente cerca de
- leptosporangiadas, corroborando as sugestões iniciais
baseadas no desenvolvimento do esporâ ngio (esporâ n -
12.000 espécies (ver Figuras 8.4 e 8.8-8.19) . Muitas dessas gios não agrupados em soros, â nulo rudimentar, esporos
plantas possuem folhas altamente fendidas, do tipo que co - numerosos) . Outro ciado inclui as samambaias arbóreas
mumente associamos às samambaias. Todavia, a forma da (Cyatheaceae), e outro conté m todas as samambaias hete-
folha é extremamente variável nesse grupo, sendo que al ¬ rosporadas aqu áticas (distribuídas em Marsileaceae e Sal -
gumas espé cies possuem folhas simples e inteiras. Os espo- viniaceae). Embora as samambaias aquáticas sejam consi ¬

râ ngios são tipicamente produzidos em pequenos aglome ¬ deravelmente diferentes umas das outras (p. ex., Salvinia
rados chamados soros na face abaxial das folhas. Os soros e Azolla possuem pequenas folhas flutuantes e Marsilea
são frequentemente cobertos por um tecido cru prega cha ¬ possui folhas que lembram um trevo de quatro folhas; ver
mado ind sio, embora o mesmo não ocorra em algumas Figura 8.9), a exist ê ncia de fósseis com características inter¬
espécies. A estrutura e a posição dos soros e dos indúsios mediárias entre estas duas formas reforça a monofilia do
variam consideravelmente entre os diferentes grupos de grupo (Rothwell 1999) .
samambaias, sendo tal variaçã o normalmente considerada As Marattiales, plantas de distribuição predominante
em tratamentos taxonômicos (ver Capítulo 8). Os gamet ó- nos tró picos úmidos, tendem a apresentar frondes grandes e
fitos das samambaias são em geral pequenos e em forma pinadas, com eusporângios de paredes espessadas distribuí-
168 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

dos em aglomerados caracter ísticos (às vezes fusionados) na Espermatófitas ( plantas com sementes)
superf ície abaxial (ver Figura 7.10B,C) . Existem cerca de 150
espé cies atuais nesse ciado, a maioria destas pertencentes As espermatófitas, ou Spermatophyta, sã o indubitavelmen ¬
aos gêneros Angiopteris e Marattia, porém o grupo apresen ¬ te a linhagem mais diversificada das plantas vasculares, com
ta amplo registro fóssil, e representantes extintos (especial ¬
cerca de 270.000 espécies atuais. Grande parte dessa diver ¬

mente Psaronius) eram componentes importantes da flora sidade est á concentrada em apenas um subclado: as plantas
de áreas pantanosas no Carbonífero. De forma consistente com flores, ou angiospermas. Evidências morfológicas sus ¬

com a sua relativa homogeneidade morfoló gica, as Marat- tentando a monofilia das espermatófitas incluem a presença
tiales parecem ter uma taxa de evolu ção molecular lenta de sementes, mas tamb ém o fato de que todas as grandes
(Soltis et al. 2002). linhagens atuais do grupo compartilham ( pelo menos ances ¬

As Ophioglossales (com cerca de 80 espécies) são ca- tralmente) a produção de lenho (xilema secundário) por meio
racterizadas pelqs frondes divididas em uma porção vege- da atividade de um meristema secundá rio chamado câmbio
tativa achatada (ou segmento estéril) e um segmento fértil vascular. Outra característica vegetativa digna de nota deste
portador de esporângios (ver Figura 8.6). Essa organização dado é o padrão de ramificação axilar, em contraste com o
peculiar parece ter sido derivada de um sistema de ramifica ¬
padrão de ramifica çã o dícotômico desigual presente nas de ¬
ção dicotômica. Os gametófitos são estruturas subterrâneas, mais eufilófitas.
aclorofiladas e tuberosas associadas com um tipo de fungo
endof ítico. Principais caracter ísticas das espermat ófitas
As Psilotales, ou psilófitas, incluem cerca de 15 espécies Pà ra compreender o que é a semente, é preciso entender
pertencentes aos gêneros Psilotum (de ampla distribuição) e como esta estrutura evoluiu (ver Figura 7.11C- E ) . As plantas
Tmesipteris (restrito à Austrália e às ilhas do Pacífico Sul) (ver com sementes estão inseridas dentro de uma linhagem carac -
Figura 8.5) , Devido ao padrão de caules dicotomicamente ra ¬
terizada pela homosporia (apenas um tipo de esporo, game ¬

mificados de seu corpo vegetal, as psilófitas têm sido tradicio ¬


tófitos bissexuados) . Um passo crítico para o surgimento da
nalmente interpretadas como os últimos remanescentes das semente foi a evolução da heterosporia : a produ çã o de dois
primeiras plantas vasculares. Uma teoria alternativa, baseada tipos de esporos (micrósporos e megásporos), que produzem
principalmente na forma de seus gametófitos subterrâneos dois tipos de gametófitos ( masculino, ou microgametófito,
associados com fungos, sugere que as psilófitas são samam ¬
que produz gametas masculinos; e feminino, ou megagame-
baias leptosporangiadas estruturalmente simplificadas (pos ¬
tófito, que produz um ou mais gametas femininos) .
sivelmente relacionadas à Gleicheniaceae; Bierhorst 1977) . A heterosporia evoluiu vá rias vezes em diferentes linha ¬

Estudos moleculares recentes t êm demonstrado, com relativo gens de plantas vasculares, incluindo as licófitas, as samam ¬

grau de certeza, que nenhuma dessas hipóteses está correta baias leptosporangiadas, as equiset ófitas e a linhagem que
(Pryer et al. 2001, 2004b). Segundo tais estudos, as Psilota ¬
inclui as plantas com sementes (Bateman e DiMichele 1994) .
les aparentam ser mais relacionadas às Ophioglossales, com Em vários desses casos, a evolução da heterospona foi segui ¬

as quais compartilham similaridades quanto à estrutura dos da por uma redução no número de megásporos funcionais.
'
gametófitos, à redução (ou perda) de raízes e ao desenvolvi ¬
Na linha evolutiva que levou às plantas com sementes, o n ú ¬

mento e posição dos esporângios. Sob esse ponto de vista, mero de megásporos foi reduzido a apenas um pelo aborto
as folhas reduzidas e a ausência de raízes verdadeiras seriam de todas, com exceção de uma das quatro células haplóides
condições derivadas nas psilófitas. resultantes de uma única divisã o meiótica. O megásporo so ¬

Existem hoje apenas 15 espécies de equiset ófitas, ou brevivente ficou ent o retido no interior do megasporângio
cavalinhas, todas pertencentes ao gênero Equisetum (ver e prosseguiu seu desenvolvimento formando um gamet ófito
Figura 8.7). As equisetófitas possuem caules articulados e dentro do esporo (desenvolvimento endospórico) . Por fim, o
ocos, com projeções longitudinais conspícuas onde as cé ¬ megasporângio é envolvido por um tecido estéril do esporófi-
lulas epidérmicas possuem sílica depositada em sua super¬ to chamado de tegumento (ver Figura 7.11D), exceto por uma
f ície. As folhas são geralmente reduzidas a pequenas esca ¬ pequena área que permanece aberta no ápice, denominada
mas e dispostas de forma verticilada em cada nó. Os esporos micró pila. Em outras plantas com sementes que n ã o angios ¬

haplóides são produzidos em esporângios, ligados ao lado permas, a micró pila serve como área de entrada para um ou
inferior de esporangióforos peitados e agrupados em estró- mais grãos de pólen, que são por sua vez micrósporos dentro
bilos no ápice dos caules. Embora as equisetófitas modernas dos quais o gametófito masculino se desenvolveu.
sejam homosporadas, há contrové rsias se os gamet ófitos Rara facilitar a compreensão desse processo, é importan ¬

possuem ou não sexos separados. Alguns gametófitos pro ¬ te analisar a sequê ncia de eventos que resultam na formaçã o
duzem inicialmente apenas anter ídios e outros apenas ar- de sementes maduras em uma planta como uma cicadácea
quegônios; no entanto, as formas femininas tomam-se bis ¬ ou pinheiro. Dentro do óvulo (semente jovem) ocorre uma
sexuais posteriormente. As equisetófitas apresentam muitos divisão meiótica simples dentro do megasporângio gerando
fósseis, facilmente identificáveis pela arquitetura peculiar do quatro células haplóides, das quais três degeneram e uma se
caule. Da mesma forma que as licófitas, estavam presentes desenvolve em megásporo, dando origem a um gamet ófito
no Devoniano, mas tornaram -se pronunciadamente mais feminino no seu interior. Ao final de seu desenvolvimento,
abundantes e diversificadas no Carbonífero, quando diver ¬ o gametófito feminino pode conter milhares de células, com
sas espécies possuíam folhas muito maiores, heterosporia e uma ou mais oosferas diferenciadas e próximas à extremida ¬
hábito arbóreo bem desenvolvido (Figura 7.10D). A posição de micropilar da semente. Os micrósporos sã o produzidos
das equisetófitas dentro das monilófitas permanece incerta em microsporâ ngios, que podem estar presentes na mesma
(Pryer et al. 2004a). planta (monoicia) ou em indivíduos separados (dioicia) .
SISTEMáTICA VEGETAL 169

Um ou mais grãos de pólen são transportados para as de lenho em tais plantas era bastante limitada ( p. ex., Cichan
proximidades da micrópila - provavelmente pelo vento nas eTaylor 1990) . Os detalhes da função do câmbio nessas plan -
primeiras plantas com sementes. Em muitos casos, uma gota tas propiciaram uma variedade de formas de crescimento e
de líquido (gotícula de poliniza çã o) é exsudada para a su - estratégias de vida bastante incomuns quando comparadas
perf ície externa da micrópila, que carrega consigo os grãos com as atuais plantas com sementes (Donoghue 2005).
de pólen a ela aderidos quando se retrai. Um grão de pólen
germina e libera um gametófito masculino tubular, que por Evolu ção iniciai das espermatófitas
fim lança os gametas nas proximidades da oosfera. Nas Cyca -

dales e gínkgoáceas modernas (discutidas na página 171), o AP0S a aPresentação de alguns dados sobre as sementes e o
tubo polínico é haustorial, ramíficando-se ientamente através lenho' díSCutire os brevemente a ongem e evolução inirial
da parede do megasporângio, e dois anterozóides grandes e das Plantas com sementes (Figura 7.11 e 7.12; ver também

i multiflagelados são por fim produzidos. Nas demais linha -


gens de plantas com sementes, um par de gametas mascu -
linos im óveis é liberado diretamente no gametófito femini-
Fig1113 osso conhecimento sobre os eventos mais im-
portantes neste processo está grandemente fundamentado
nos e stros fósseis bem preservados de plantas denomina-
no pelo tubo polínico. Após a fertilização, o zigoto diplóide das Pró-gimnospermas e samambaias com sementes' do
desenvolve-se em um esporófito embrionário, e o gametófito Devoniano e começo do Carbonífero (Figura 7.11A, B).
feminino serve de tecido nutritivo para este. E portante relembrar que a diferenciação em um tronco
A segunda caracter ística principal das plantas com semen- principal e ramos laterais é uma característica que já havia
tes é a produ ção de lenho, ou xilema secundário, que permi- sat9do na linhagem das eufilófitas. A presen ça de plantas
te o desenvolvimento de um tronco substancial juntamente com troncos desenvolvidos, com lenho bastante similar em
com um mecanismo de regeneração da cobertura externa do detalhes estruturais ao encontrado nas coníferas modernas,
caule - a periderme. Compreender como o lenho é produzido íá foi relatada para Archaeopteris, uma pró-gimnosperma do
requer um conhecimento básico sobre o modo de desenvol- rim do Devoniano. O seu tronco era conectado a sistemas de
vimento das plantas vasculares. Elas crescem em tamanho a ramificação grandes e frondosos portando diversas folhas pe -

partir da atividade de meristemas prim ários apicais presentes <luenas (Pg 7.11A). Descobriu-se também que Archaeopte-
nas terminações de cada ramo e raiz. Esses meristemas api - ris era heterosporada, embora n ão desenvolvesse sementes ,

cais são providos de células indiferenciadas que sofrem divi- A reconstru ção acurada e o posicionamento filogenético
sões mitóticas, deixando como produto células derivadas que de Archaeopteris e outras pró-gimnospermas , como Aneuro-
se diferenciam em todos os tipos celulares que compõem o (Beck 1981' I988)' foi fundamental no estabelecimento
corpo vegetal. Os meristemas apicais caulinares sã o també m de que tanto a heterosporia quanto a produção de lenho pre-
locais de formação das novas gemas e folhas. cederam a evolução da semente. O ciado contendo as plantas
Algumas das células produzidas pelo meristema apical se com sementes mais as pró-gimnospermas é chamado de
diferenciam, dentro do caule, em fileiras de tecidos distintos lignófitas (ou Lignophyta) (Doyle e Doyle 1986), em refe-
que funcionarão como tecido vascular. Dentro das fileiras, ou rência à produção de lenho (ver Figura 7.8).
feixes vasculares, ocorre a diferenciação do xilema primário, O termo samambaias cm sementes é aplicado a uma am-
voltado para o interior do caule, e do floema primário, vol - pia variedade das primeiras plantas com sementes com folhas
tado para a periferia do caule. Entre o xilema e o floema per- grandes e frondosas, similares às de samambaias modernas,
manece uma camada de células indiferenciadas chamada de mas portando sementes verdadeiras (Stewart e Rothwell
câmbio vascular. Este atua como um meristema secundário, 1993; Taylor e Taylor 1993) (Figura 7.11B) . Sabe-se hoje que
produzindo novas cé lulas tanto para o interior quanto para a essas plantas não são proximamente relacionadas entre si e
periferia do caule, que então se diferenciam em novas células que uma série de grupos de samambaias com sementes do
do xilema (como os traqueídes) e do floema (como as células Paleozoico forma um grado parafilético na base da diversifica-
crivadas). ção inicial das plantas com sementes.
Os tecidos que são produzidos a partir da atividade do Análises meticulosas revelaram que as primeiras sementes
câ mbio vascular são denominados xilema e floema secundá - estavam contidas em cúpulas , e que cada semente possuía
rios, respectivamente. Novas camadas de xilema secundário um prolongamento da parede do esporâ ngio que formava
são produzidas anualmente, formando o lenho, composta uma câmara polínica especializada (p. ex., Serbet e Rothwell
de células mortas e de paredes espessadas que são bastan- 1992). Presume- se que tal estrutura atuava na capta ção dos
te rígidas e resistentes à decomposição. O floema secundário grãos de pólen (Figura 7.11D) . O tecido do tegumento pode
não aumenta significativamente em espessura porque suas ter derivado de uma sé rie de esporângios estéreis, que inicial -
células n ão possuem paredes espessadas como as do xilema. mente formaram lobos no ápice em oposição a uma micrópila
Alé m disso, as c élulas do floema devem permanecer vivas distinta ( Figura 7.11E).
para desempenhar sua função de transportar carboidratos e Ao longo da maior parte do último século, as linhagens
nutrientes ao longo do corpo vegetal. atuais e extintas de plantas com sementes foram tradicional-
É interessante notar que, em contraste ao câmbio bifacial mente divididas em dois grandes grupos: as cícadófitas e as
das plantas com sementes, as licófitas gigantes e a maioria coniferófitas. As cicadóíitas, incluindo as atuais Cycadales,
das equisetófitas do Carbonífero provavelmente possuíam eram distintas pela produção limitada de lenho com raios lar-
câmbio unifacial, produzindo xilema secund ário para o in - gos (lenho manoxílico), pelas folhas grandes, como frondes e
terior do caule, mas nunca floema secund ário. Elas também pelas sementes radialmente simétricas. Já as coni í erófitas,
não possuíam a habilidade de aumentar substancialmente o que incluem os gingkos e coníferas, possuem lenho bem
tamanho do anel cambiai, e, como consequência, a produ ção desenvolvido e denso (picnoxílico), folhas simples e muitas

, .
170 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG , STEVENS & DONOGHUE

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(C) Prováveis etapas na evolução das sementes

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(ii) ( iii) (iv)

(D) Estruturas receptoras de polen

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SISTEMáTICA VEGETAL 171

y FIGURA 7,11 Archaeopteris e outras das primeiras plantas com se ¬ a câ mara pol ínica no interior; (iii) Eurystoma angulare, evidenciando a
mentes. ( A) Reconstituição do h á bito de Archaeopteris, uma " pró-gi- abertura em forma de taça. (E) Estágios na evolução do tegumento nas
mnosperma extinta com um tronco bem desenvolvido e sistemas de primeiras plantas com sementes (todas extintas): (i ) Genomosperma
ramos laterais achatados. (B) Reconstituição de uma samambaia com kidstoni , ( ii ) G. latens , (iii) Eurystoma angulare , (iv) Stamnostoma hutto-
-
semente extinta, Medullosa noei (3,5 4,5 metros de altura ), eviden ¬ nense . (F) Porçã o de um macroblasto e de um braquiblasto da espécie
ciando as grandes folhas compostas. (C ) Prováveis passos na evolução atual de ginkgófita, Ginkgo biloba, evidenciando os estróbiios micros-
da semente: ( i ) homosporia em um ancestral distante: (ii) heterospo- porangiados axilares; detalhe do eixo e quatro estruturas portadoras
ria , com diferencia çã o entre esporâ ngios produtores de micrósporos de microsporâ ngios encontram-se à direita na mesma figura. (G) Por ¬
e meg ásporos; (iii ) reduçã o no n ú mero de meg á sporos funcionais para ção similar à mostrada em F de uma planta portadora de óvulos de G.
apenas um, e o seu desenvolvimento no interior do megasporâ ngio biloba, evidenciando os ped ú nculos axilares, com cada um destes por¬
(endosporia); (iv) proteção do megasporâ ngio pelo tegumento, dei ¬ tando um par de óvulos; detalhe do á pice do ped ú nculo encontra -se
xando uma micrópila no á pice. Espor, esporá ngio; Micro, micrósporos; .
à direita (H ) Corte longitudinal de semente de G. biloba com embri ão
Mega, meg ásporos; f gam, gametófito feminino; te, tegumento; nuc, jovem ( it, camada interna do tegumento; mt, camada intermediá ria do
nucelo ou parede do megasporâ ngio. (D) Estruturas receptoras de pó¬ tegumento; et, camada externa do tegumento). ( A, F e G extra ídas de
len no á pice do óvulo nas primeiras plantas com sementes ( já extintas); Bold 1967; B e D extra ídas de Gifford e Forster 1989; Ce H extraídas de
(i ) Physostoma elegans ; ( ii ) P. elegans , secçã o longitudinal evidenciando Scagel et al. 1969; E extra ída de Stweart 1983.)

vezes aciculares e sementes com simetria bilateral (platisper- linhagens fósseis que divergiram cedo na história das plantas
mas, ou achatadas). Essa proposta fez com que muitos au ¬ com sementes (já tratadas neste texto), bem como diversas
tores assumissem que as plantas com sementes na verdade outras linhagens de samambaias com sementes do Permia -
não eram fruto de uma origem única, mas sim de uma origem no superior e do Mesozoico, das quais algumas aparentam
dupia. Sob essa óptica, a linhagem das cicad ófitas era deriva ¬ ser parte da linha que deu origem às angiospermas modernas
da de um ancestral pró-gimnospérmico pela modificação dos (Doyle 2006). Retomaremos a discussão sobre essas relações
sistemas laterais de ramificação achatados em folhas largas após uma breve introdução sobre cada um dos principais gru ¬
e frondosas. Nas coniferófitas, por outro lado, as folhas indi ¬ pos atuais de espermatófitas (ver também Capítulo 8).
viduais de um precursor similar a Archaeopteris poderiam ter
sido modificadas em folhas aciculares. A aceitação desse ce ¬
Cycadales As Cycadales (ou Cycadophyta) foram mais
nário implica que a semente evoluiu duas vezes, cada evento abundantes e diversificadas durante o Mesozoico, sendo que
correspondendo a um dos tipos de simetria conhecidos. hoje existem cerca de 130 espécies no grupo. As Cycadales
A inclusão das linhagens atuais e alguns f ósseis represen ¬ possuem troncos geralmente pequenos, com pouco xile -
tativos das plantas com sementes em análises filogenéticas, ma secundário, e grandes folhas compostas similares às das
no entanto, têm, em grande parte, sustentado as relações samambaias e palmeiras (ver Figura 8.21) . Elas são dióicas,
ilustradas nas Figuras 7.8 e 7.12 (p. ex., Doyle 1998, 2006). A ou seja, algumas plantas portam estróbiios que produzem
principal implicação desses resultados é que a semente evo¬ apenas sementes, enquanto outras possuem estróbiios que
luiu apenas uma vez e que as primeiras plantas com semente apenas produzem pólen. Ambos os tipos de estróbiios são
eram cicadófitas, ao menos se considerarmos a presença de tipicamente grandes e, em alguns casos, coloridos. De forma
folhas grandes e fendidas e sementes radialmente simétricas. similar, as sementes costumam ser grandes e com uma sar-
Mais especificamente, presume-se que várias samambaias cotesta colorida, possivelmente para atrair vertebrados como
com sementes do Devoniano-Carbonífero (Elkinsia, Lygnop- agentes dispersores.
teris e Medullosales) estejam situadas na base da filogenia das Diversas caracter
ísticas das Cycadales podem ser an ¬

espermatófitas e que as coniferófitas constituam uma linha ¬


cestrais para as plantas com sementes, como os gametófitos
gem mais derivada, em um ciado platispérmico. Essa hipó¬ masculinos haustoriais e grandes anterozóides multiflage-
tese filogenética implica uma mudança posterior para folhas lados. Todavia, as Cycadales compartilham uma série de ca ¬
pequenas e aciculares e para sementes menores e achatadas racterísticas morfológicas aparentemente derivadas, como a
- ambas prováveis adaptações para ambientes áridos. ausência de ramificação lateral, a presen ça de tra ços foliares
em forma de ômega (£2) e a produção de raízes coraliformes
Linhagens atuais de espermatófitas que hospedam cianobact érias fixadoras de nitrogénio.
Existem hoje cinco linhagens principais de plantas com se ¬ Análises filogen éticas indicam que, dentro das Cycadales,
mentes: Cycadales, ginkgos, coníferas, gnetófitas e plantas o primeiro evento de ramificação segrega Cycas dos demais
com flores (angiospermas). Os quatro primeiros grupos são grupos (p. ex., Rai et al. 2003). Cycas reteve a pressuposta con ¬

geralmente chamados de gimnospermas, devido às suas se ¬ dição ancestral (observável em grupos fósseis relacionados,
mentes nuas, em oposição às angiospermas, nas quais as se ¬ como Taniopteris ) de possuir diversos óvulos ligados a megas-
mentes estão contidas dentro de um carpelo. Apesar dos re ¬ porófilos foliáceos não condensados em estróbiios. A condi ¬
petidos esforços para elucidar as rela ções filogenéticas entre ção derivada, observável em outra linha evolutiva de Cycada¬
tais linhagens a partir de dados morfológicos e moleculares, les, é a redução para dois óvulos ligados a um megasporófilo
elas permanecem ainda bastante incertas (ver Figura 7.12). peitado, com os óvulos voltados para dentro em direção ao
Algumas análises moleculares recentes têm indicado que eixo do estróbilo.
os grupos atuais de plantas com sementes nuas" formam
um ciado que é o grupo-irmão das angiospermas. Mesmo Ginkgos Existe apenas uma espécie sobrevivente, Ginkgo
que essa hipótese prove-se verdadeira, no entanto, as gim ¬ biloba, dentro das ginkgófitas (ou Ginkgoales; Figura 7.11F-
nospermas em seu senso amplo não constituiriam um grupo H). Essa espécie é quase desconhecida em seu ambiente na ¬
monofilético. Elas são parafiléticas se levarmos em conta as tural, mas tem sido mantida por séculos ao redor de templos
1

172 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Espermat ófitas í piantas com sementes)

Gimnospermas

Gnetófitas ?
I
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3
í ri ãS
2
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5
6
rif
S ri ri ri
< ri
-

Venaçao reticulada,
gametófitos reduzidos Carpelo,
endosperma,
gametófitos
ídeas,
Glossopter reduzidos
rolhas opostas, Caytona,
v gemas múltiplas, Bennettitalest
\ tubo micropilar
Samambaias com
sementes, etcri

> 325 MAA

Sementes com simetria


birradial, micrópila seiada
FIGURA 7.12 Relações filogen éticas entre as
principais linhagens atuais de plantas com se ¬
Perda da c pula, perda
mentes, e diversos grupos extintos, com os ca ¬ > 360 MAA da câmara polínica colunar
racteres diagn ósticos dos principais ciados. MAA,
milh óes de anos atrás; t indica taxa extintos. Sementes, ramificação axilar

na China e, nos tempos modernos, é largamente cultivada em pinheiros (Pinus) elas estão condensadas em pequenos ra ¬

regiões de clima temperado como árvore ornamentai. Talvez mos. Cada folha acicular comumente apresenta adaptações
a característica mais marcante do ginkgo moderno seja a pro ¬
adicionais contra o dessecamento, como os estômatos dentro
dução de folhas decíduas, em forma de leque e com venação de criptas. Em algumas coníferas do Hemisf é rio Sul ( p. ex.,
dicotômica. Esse grupo é bem representado no registro fós¬ Podocarpus, Agathis ), no entanto, as folhas sã o largas e acha ¬

sil, no qual uma grande diversidade no formato das folhas é tadas, e em Phyllocladus os ramos achatados assemelham-se
perceptível. a folhas.
Como as Cycadales, o ginkgo també m é dióico {Figura Muitas coníferas são monóicas, portando tanto estró bi ¬

7.11F, G) . Os óvulos nascem aos pares em ped nculos axila ¬


los formadores de pólen como estró bilos formadores de se ¬

res, que aparentam ser estróbilos reduzidos. O tecido do te ¬


mentes em uma mesma planta. A dioicia ocorre em alguns
gumento diferencia- se em uma camada externa carnosa com gêneros como funipents, Taxus e Podocarpus. Nos estróbilos ou
forte odor e uma camada interna rígida que recobre o game- cones masculinos, os microsporófilos abrigam microsporâ n-
tófito feminino (Figura 7.11H). De forma similar as Cycadales, gios em sua superfície abaxial. Os grãos de p ólen geralmente
o ginkgo retém uma sé rie de características ancestrais, como possuem um par de estruturas saculifonnes, mas estas pare ¬

os gametófitos masculinos haustoriais e gametas masculinos cem ter sido perdidas em diversas linhagens.
com habilidade motora . Nos estróbilos ou cones femininos, os óvulos receptivos
estã o situados na superfície adaxíal de cada escama ovulí-
Coní feras Existem cerca de 600 espécies atuais de conífe¬ fera . A divisão meiótica ocorre no interior de cada ó vulo,
ras (Coniferae ou Coniferales ) (ver Figuras 8.24 8.27) . Essas
- e a célula hapló ide sobrevivente desse processo d á origem
plantas são arbustos ou árvores com madeira bem desenvol ¬ ao gamet ófito feminino, que por fim produz uma ou mais
vida e, em geral, com folhas aciculares. N a maioria dos casos, oosferas na região da micrópila. Um tubo pol ínico cresce
as folhas nascem isoladamente ao longo do caule, mas nos através da parede do megasporângio para liberar dois ga -

,,
r
SISTEMáTICA VEGETAL 173

metas masculinos . O fen ômeno da poliembrionia é bas ¬ tropicais do Velho e do Novo Mundo) possui folhas largas
tante comum nas coníferas. Embriões m últiplos podem ser (Figura 7.13F- H), similares às que ocorrem na maioria das
produzidos em um óvulo por meio de eventos separados plantas com flores. Weltwitschia (com apenas uma espécie, W.
de fertilização (dependendo do n úmero de oosferas e de mirabilis , que ocorre no sudoeste da África) produz apenas
tubos polínicos) ou, mais comumente, por uma subdivisã o duas (raramente quatro) folhas funcionais durante sua vida,
característica de um único embrião no início de seu desen ¬ que crescem a partir da base e gradualmente desfiam nas ex ¬

volvimento, originando diversos embriões geneticamente tremidades (Figura 7.131) .


idê nticos. Embora as plantas dessas três linhagens pareçam muito
Nas coníferas atuais, os estróbilos masculinos são ditos diferentes umas das outras, elas compartilham algumas ca ¬

simples, enquanto os estróbilos femininos são ditos comple ¬ racterísticas pouco usuais, como folhas opostas, gemas axi¬
xos. Os estróbilos masculinos são interpretados como um lares múltiplas, elementos de vaso com aberturas circulares
ramo modificado, e os microsporófilos, como folhas modi ¬ entre células adjacentes, estróbilos masculinos e femininos
ficadas. Já os estróbilos femininos são derivados via modifi ¬ compostos e condição ancestral de p ólen elipsóide com
cação de um ramo com ramificações laterais na axila de uma estrias longitudinais características. As sementes possuem
sé rie de folhas. Tal hip ótese é sustentada pela ocorrência de dois tegumentos: o interno forma um tubo micropilar que
f ósseis apresentando uma sé rie de etapas na redução de um libera a gotícula de polinizaçã o, e a camada externa é deriva
¬

ramo lateral portando certo n ú mero de sementes até esca ¬ da de um par de brácteas fundidas (Figura 7.13H). Estudos
mas ovulíferas altamente modificadas, como as que ocorrem moleculares também sustentam fortemente a monofilia das
nos grupos atuais (Figura 7.13A-E) (Florin 1954) . Evid ê ncia gnetófitas.
adicional a essa hipótese provém do fato de que cada escama Dentro de gnetófitas, Gnetum e Welwitschia formam um
ovulífera é subtendida por uma bráctea, que representa uma ciado bem sustentado. Sinapomorfias morfoló gicas desse
folha modificada. Em algumas poucas coníferas, essas brá c grupo incluem venação foliar reticulada, maior redução do
teas são bem desenvolvidas e discemíveis entre as escamas gametófito masculino e aspectos da estrutura do gametófito
ovulíferas. É o caso, por exemplo, do gênero Pseudotsuga, no feminino (desenvolvimento tetraspórico, perda dos arquegô-
qual a escama ovulífera é protegida na axila de uma brá ctea nios, núcleos livres atuando como oosferas). O pólen estria ¬

desenvolvida e trifurcada (Figura 7.13C). Em diversas co ¬ do caracter ístico de Ephedra e Welwitschia foi aparentemente
n íferas, no entanto, as brácteas sã o bastante reduzidas. Em perdido ao longo da linhagem que deu origem às espécies
Cupressaceae, como Taxodium e Cryptomeria, as brácteas são atuais de Gnetum (que possuem grãos de pólen espinescentes
fundidas às escamas ovulíferas, que ainda apresentam evi ¬ sem aberturas).
d ências de folhas (visíveis como pequenos dentes ou pro¬ Excluindo o pólen, o registro fóssil das gnetófitas é bas¬
tuberâncias) . tante reduzido (Crane 1996), com poucos macrof ósseis des ¬
Estudos filogenéticos tê m contribuído com importantes critos até recentemente (p. ex., Rydin et al. 2004; revisto em
evidências sobre a evolução das coníferas (p. ex., Stefanovic Won e Renner 2006). Embora os grãos de pólen das gnetó ¬

et al. 1998). Dados moleculares reportam uma divisão basal fitas sejam conhecidos desde o Triássico, parece que o ciado
entre as Pinaceae e um ciado incluindo as demais coníferas, contendo os grupos modernos diversificou -se mais signifi ¬

denominado Cupressophyta (Cantino et al. 2007). As Pina ¬ cativamente durante o Cretáceo médio, juntamente com as
í ceae apresentam diversas características diagnósticas, como angiospermas.
a inversão dos óvulos (com a micrópila voltada para o eixo Assim como as angiospermas, as gnetófitas abreviaram o
do estróbilo; Figura 7.13D) e a derivação da asa da semente a ciclo de vida (e possivelmente tomaram-se herbáceas) e pas ¬

partir da escama ovulífera. Dentro das Cupressophyta, os dois saram a apresentar polinização mediada por insetos ao lon ¬

principais grupos do Hemisf ério Sul - Podocarpaceae e Arau- go de sua evolução (presente em algumas espécies atuais) .
cariaceae - formam um ciado, talvez sustentado por uma mu ¬
Em claro contraste com as plantas com flores, no entanto, as
dança para um óvulo por escama ovulífera. As Cupressaceae gnetófitas nunca se tomaram componentes significativos da
são caracterizadas por diversas apomorfias potenciais, como a flora em paleolatitudes m édias ou altas, alé m de sofrer um
fusão da escama ovulífera com a bráctea que a subtende. Essa declínio drástico durante o Cretá ceo superior (Crane et al .
família parece estar relacionada àsTaxaceae, que possuem es ¬
1995; Crane 1996).
tróbilos muito reduzidos portando apenas uma semente ter¬
minal circundada por um arilo carnoso e colorido. Conforme
relatado na página 176, diversas análises moleculares recen ¬ Angiospermas ( plantas com flores)
tes têm questionado a monofilia das Coniferae, posicionando Com cerca de 257.000 espécies atuais, as plantas com flo¬
as gnetófitas dentro das coníferas como o grupo-irmão de res (Angiospermas ) constituem grande parte da diversi ¬
Pinaceae (ver Figura 7.15C) . dade das plantas verdes, das plantas vasculares e das plan ¬

tas com sementes. Estudos moleculares e a existência de


Gnetó fitas A quarta maior linhagem atual das plantas com caracteres morfológicos compartilhados fornecem evid ên ¬

sementes é formada pelas gnet ófitas (Gnetophyta ou Gne- cias contundentes da monofilia das angiospermas. Dentre
-
tales) (Figura 7.13F I; ver também Figura 8.28) . Esse grupo
conté m apenas cerca de 75 espécies atuais, que pertencem
estes caracteres, alguns dos mais ó bvios e relacionados às
características reprodutivas são (1) sementes formadas no
a três linhagens bem distintas. Ephedra (com cerca de 40 es ¬
interior de um carpelo com uma superf ície estigmática para
pécies que ocorrem em desertos ao longo do mundo) pos ¬ a germinação do pólen; ( 2) gametófito feminino muito re ¬

sui folhas escamiform.es e muito reduzidas (ver Figura 8.28). duzido, consistindo, na maioria dos casos, em apenas oito
Gnetum (com cerca de 35 espécies distribuídas nas florestas

L
núcleos contidos em sete cé lulas; e (3) dupla fecundação,
174 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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I)

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(E) Prováveis estágios evolutivos na origem da escama ovuiífera

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bs (iii)

(F)

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r SISTEMáTICA VEGETAL 175

FIGURA 7.13 Morfologia das con íferas e gnetófitas. (A) Pseudotsuga, das a um braquiblasto ( bs ) na axila de uma brá ctea ( br); (ii) o gênero
evidenciando um ramo com um estróbilo de um ano de idade. (B) Es ¬ extinto Lebachia, no qual o n mero de óvulos é reduzido; ( iii) o gênero
cama ovul ífera de Pseudotsuga, com dois óvulos em sua superf ície.{Cl atual Pinus , com dois óvulos ligados à superf ície da escama ovul ífera.
-
Complexo bráctea escama ovul ífera em Pseudotsuga , evidenciando .
(F) Folhas e estróbilo masculino composto de Gnetum (G) Sementes
uma brá ctea exserta e trifurcada ( b) abaixo da escama ovul ífera (eo). maduras de Gnetum. ( H ) Corte longitudinal de semente jovem de Gne-
-
( D) Corte longitudinal de dois complexos brá ctea escama ovul ífera de tum, evidenciando o tegumento interno (tin ) expandido em um tubo
um estróbilo ovulado de Pinus strobus, evidenciando um óvulo (o) com micropilar (tm ) e cercado por bractéolas internas e externas ( bi, be) . ( I )
a micrópila direcionada para oeixo do cone, uma escama ovul ífera (eo) H á bito geral da gnetófita Welwitschia mirabilis, evidenciando o caule
e a bráctea que a subtende ( b). (E) Prováveis está gios evolutivos da curto e lenhoso com duas grandes folhas, a posição dos diversos estró¬
origem da escama ovul ífera dos estró bilos em con íferas: (i) o gê nero -
bilos e a raiz principal. (A D, extraídas de Stewart 1983; E-H, extra ídas
extinto Cordaites, com vá rios óvulos ( o) e escamas esté reis (ee ) liga ¬ .
de Scagel et al 1969; I, extra ída de Barnes 1998.)

com a forma ção de um tecido nutritivo triplóide chamado liberado. Um grão de pólen que cai em um estigma com ¬

de endosperma. patível desenvolve um tubo polínico que insere o gameta


Diversas características vegetativas derivadas també m são masculino (núcleos espermáticos) diretamente no gametó ¬
dignas de nota. Quase todas as angiospermas possuem ele¬ fito feminino, no interior do óvulo. Durante o desenvolvi ¬
mentos de vaso no tecido do xilema, embora tal caracter ística mento de um gametófito feminino típico de angiosperma,
muito provavelmente tenha evoluído em um momento pos ¬ a meiose é sucedida pelo aborto de três dos quatro núcleos
terior à origem do grupo. Os elementos de vaso diferem dos haplóides produzidos, e o núcleo sobrevivente sofre uma sé ¬

traqueídes no fato de que a água pode fluir de um elemento rie de divisões mitóticas (ver Figura 4.42). Por fim, a oosfera
de vaso (uma célula individual, derivada evolutivamente de é posicionada junto à extremidade micropilar do gametófito
um traqueíde) para o elemento seguinte sem a necessidade feminino, no meio de duas outras células (sin érgides) que
de atravessar um campo primá rio de pontuação (ver Figu ¬ parecem desempenhar um importante papel na orientaçã o
ra 4.33) . Os elementos de vaso sã o extremamente eficientes do tubo polínico e no transporte dos núcleos esperm áticos
no transporte de água, mas ao mesmo tempo parecem ser para a oosfera. Existem geralmente três células (antípodas)
mais suscetíveis a danos (especialmente embolismo) quando no lado oposto e dois núcleos (núcleos polares) situados em
sujeitos a um estresse hídrico. O floema das angiospermas uma grande célula na porção central do gametófito. Um dos
difere do floema das demais plantas por conter elementos de n úcleos espermá ticos se funde à oosfera dando origem a um
tubo crivado (células vivas, porém anucleadas que atuam no zigoto diplóide, enquanto o outro se funde com os dois n ú ¬

transporte de carboidratos) associados a uma ou mais células cleos polares do gamet ófito feminino. Esse processo é cha ¬

companheiras derivadas da mesma célula-mãe. mado de dupla fecundação. O zigoto diplóide desenvolve-se
em um embrião, e o n ú cleo triplóide sofre uma sé rie de di ¬

As flores e o ciclo de vida das angiospermas visões mitóticas para formar o endosperma, que serve como
tecido de nutrição da semente.
A produ ção de flores é geralmente considerada a caracter
ísti ¬
ca diagnóstica das angiospermas, mas o termo flor é, de cer¬
ta forma, dú bio. Se as flores representam eixos reprodutivos A origem das angiospermas
curtos com esporófilos agregados, entã o as gnetófitas, por Quando as plantas com flores se originaram e se diversifi ¬
exemplo, também podem ser consideradas como portadoras caram ? O registro f óssil (pólen, folhas, flores e frutos) for ¬

de flores. Na realidade, a organização e o arranjo particular nece indícios de que as angiospermas tiveram uma grande
das partes componentes da flor é que distinguem as angios ¬
diversificação a partir do Cretáceo Inferior (Fríis et al. 1987;
permas das demais plantas com sementes (ver Figura 4.16). A Doyle e Donoghue 1993; Crane et al. 1995) . Os fósseis ine ¬
maioria dos estames de angiospermas possui uma porção pe- quívocos mais antigos conhecidos para angiospermas são
dunculada (filamento) e uma porção apical (antera) portando grãos de pólen datados de cerca de 135 milhões de anos atrás.
dois pares de microsporângios (sacos polínicos) . O carpelo Macrof ósseis extraordinariamente completos da China foram
das angiospermas é tipicamente diferenciado em uma porção inicialmente descritos como pertencentes ao Jurássico Supe ¬
inferior (ovário) que circunda os óvulos e uma porção alonga ¬ rior (Sun et al. 2002), mas são atualmente interpretados como
da (estilete) que eleva a superfície receptiva ao pólen (estig ¬ pertencentes ao início do Cretáceo. Muitas das principais li ¬

ma). O óvulo das angiospermas é único por diversos fatores nhagens de angiospermas podem ser reconhecidas desde o
(ver Figuras 4.41 e 4.42). Ele geralmente sofre uma rotação de Cretáceo Médio (Nymphaeaceae, Chloranthaceae, Wintera-
180 graus durante o desenvolvimento (óvulo anátropo), de ceae e eudicotiledôneas já estavam presentes há 125 milhões
forma que a micrópila posiciona-se próxima ao funículo do de anos). Outros fósseis do Cretáceo, no entanto, são de dif í ¬

óvulo (em contraste à condição ortótropa presente nas ou ¬ cil comparação com as linhagens atuais (Friis et al. 2005). De
tras plantas com sementes, na qual a micrópila está no lado qualquer forma, as angiospermas já haviam se diversificado
oposto do fun ículo) . Além disso, as sementes das angiosper¬ consideravelmente no final do Cretá ceo e representavam o
mas geralmente possuem dois tegumentos distintos (óvulos grupo de plantas dominante em muitos ambientes terrestres
bitégmicos), enquanto as sementes das demais plantas com (ver Magalló n e Sanderson 2001; Bell et al. 2005) .
sementes apresentam invariavelmente um ú nico tegumento Ao se discutir a idade das angiospermas (ou de qualquer
(às vezes diferenciado em camadas carnosas e í rgidas). outro grupo) , é importante distinguir claramente entre a ori ¬

Q ciclo de vida das angiospermas também é notavelmen ¬


gem da linhagem inicial - ou seja, a linhagem que deu origem
te derivado (ver Figura 4.17) . O gametófito masculino possui ao grupo atual (p. ex., quando essa linhagem divergiu da sua
apenas dois a três núcleos no momento em que o pólen é linhagem irmã que também inclui representantes atuais) - e
r
176 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

a origem do elado principal, ou seja, o dado menos inclu ¬


tade do s é culo XX, com a remterpretação desses caracteres.
sivo que cont é m todos os representantes atuais do grupo Por exemplo, os elementos de vaso foram interpretados como
em questão. O dado que inclui também a linhagem inicial é produto de evolução paralela em Gnetales (a partir de traque -
comumente referido como angiófitas (Doyle e Donoghue ides com pontoações de borda circular) e em angiospermas
1993), mais recentemente como Pan Angiospermae (Cantino
- (a partir de traqueídes com pontoações escalariformes) . Esse
et al. 2007) para distingui - la do ciado principal das angios - cará ter, e diversos outros, sugeriam que as gnetófitas eram, na
permas (Angiospermae) . verdade, mais relacionadas às coníferas.
É possível que as angiófitas sejam bastante antigas, en ¬
No meio da década de 1980, diversos estudos filogenéticos
quanto o dado principal das angiospermas tenha se ori ¬ em plantas com sementes foram realizados com base em ca ¬
ginado bem mais recentemente , talvez nã o muito antes da racteres morfológicos (Crane 1985; Dovie e Donoghue 1986) .
radiação observada no registro f óssil do Cret á ceo . A antigui ¬ Tais análises concluíram que as angiospermas formam um cia ¬

dade das Pân-Angiospermae é sugerida pelo fato que todos do juntamente com as Bennettitales e as Gnetales - ciado este
,,
os prováveis grupos relacionados às angiospermas possuem referido como antófitas para enfatizar a presença de estrutu ¬

registro f óssil que remonta aoTriássico. Espera-se, assim, que ras reprodutivas estruturalmente similares às flores em todos
existam f ósseis da linhagem inicial das angiospermas ante ¬ os seus membros (Figura 7.15A) , Outros estudos morfológicos
riores ao Cretá ceo, embora estes talvez sejam bastante dife ¬ independentes apontaram para o mesmo resultado, embora
rentes e pouco comparáveis com as angiospermas atuais. Até em alguns deles as gnetófitas aparecessem como parafilé ticas
o momento, no entanto, f ósseis de possíveis angiospermas do quanto às angiospermas (Taylor e Hickey 1992; Nixon et al .
Triássico e do Jurássico provaram ser de espécies n ão relacio ¬ 1994). Os caracteres que pareciam unir as antófitas vanavam
nadas às angiospermas ou não puderam ser inequivocamente consideravelmente nessas análises, mas eram, em sua maio ¬

interpretados ante o pouco material disponível. ria, pouco claros e, em alguns casos, desconhecidos para de ¬

Estimativas baseadas em dados moleculares têm de lidar terminados grupos fósseis - como a composição da lignina, a
com as dificuldades impostas pelas mudan ças na taxa de evo ¬
disposiçã o das células no meristema apical e caracter ísticas do
lu ção molecular, que parece ocorrer de forma independente pólen e do megásporo (Donoghue e Doyle 2000 ) .
em diferentes linhagens. Estudos iniciais de reló gio molecular De qualquer forma, a recorrente observação de um ciado
resultaram em estimativas de idade para a origem do grupo das antófitas trouxe de volta a idéia da proximidade filogen é-
principal das angiospermas incompatíveis com o registro fós ¬ tica entre gnetófitas e angiospermas. Por sua vez, essa conclu ¬

sil. Progressos neste sentido têm sido feitos ao se flexibilizar são influenciou a interpretação da evolu ção morfológica nas
a hipótese de relógio molecular, permitindo uma variação nas plantas com sementes. De forma notável, a dupla fecundação
taxas de evolu çã o molecular em diferentes pontos da filoge - (descrita pela primeira vez em Ephedra no início do s é culo
nía, e estimativas recentes situam a origem do grupo princi ¬ XX) foi interpretada como produto de um evento evolutivo
pal das angiospermas entre 140 e 190 milhões de anos atrás nico no ancestral comum das gnetófitas e das angiospermas,
(Sanderson e Doyle 2001; Bell et al. 2005) , pouco antes do com o endosperma poliplóide evoluindo posteriormente na
surgimento inequívoco das angiospermas no registro fóssil. linhagem das angiospermas (ver Friedman e Floyd 2001) .
Os primeiros estudos filogenéticos moleculares a abordar
essa questão geraram uma variedade de resultados e foram
Rela ções das angiospermas com outros grupos interpretados como ao menos consistentes com a hip ótese
As relações das angiospermas com as demais plantas com se ¬ das antófitas (ver Donoghue e Doyle 2000) . No final da déca ¬

mentes h á muito têm intrigado os botânicos. O maior proble ¬


da de 1990, no entanto, diversos estudos moleculares (espe ¬

ma na elucidação dessas relações está no fato de que, alé m dos cialmente aqueles baseados em genes mitocondriais ou em
demais grupos atuais de plantas com sementes (Cycadales, uma combinaçã o de genes de diferentes genomas) levanta ¬

ginkgoáceas, gnetóíitas e coníferas), diversos grupos extintos ram grandes dúvidas quanto à existê ncia ou não de um ciado
também estão potencialmente relacionados {ver Beck 1988; das antófitas ( p . ex ., Bowe et al . 2000; Chaw et al . 2000) . Essas
Stewart e Rothwell 1993; Taylor e Taylor 1993). Em particular, análises, pelo contrário, sugeriam que os grupos atuais de gi-
uma hipótese há muito proposta é de que as angiospermas mnospermas formam um dado que é irmã o ao das angios ¬

são mais proximamente relacionadas a um grupo de samam ¬


permas atuais e que as gnetófitas sã o mais relacionadas às
baias com sementes do Mesozoico (p. ex., Caytonia, glossop- coníferas (hipótese gnetífera; Figura 7.15B) ou até mesmo es¬
terídeas) ou talvez às Bennettitales (també m conhecidas como tejam inseridas nas coníferas como grupo -irmão de Pinaceae
cicadeóides, devido a sua semelhança com as Cycadales; Figu ¬ (hipótese gnepine *; Figura 7.15C) . Análises meticulosas de
ra 7.14A) . As Bennettitales são candidatas em potencial, por¬ diferentes conjuntos de dados moleculares (p . ex., Graham e
que algumas possuíam estruturas reprodutivas grandes e com Olmstead 2000; Sanderson et al. 2000; Magalló n e Sanderson
aspecto de flores, com órgãos produtores de pólen circundan ¬ 2002; Burleigh e Matthews 2004) têm revelado diferentes ten ¬

do uma haste central portando sementes nuas (Figura 7.14B) . dências, inclusive com alguns conjuntos de dados sugerindo
Em relação às cinco linhagens atuais de angiospermas, as o posicionamento das gnetófitas como grupo -irmão dos de ¬

hip óteses sobre o relacionamento entre elas t ê m mudado ao mais grupos atuais de plantas com sementes.
longo dos anos (ver Soltis et al. 2005) . No início do sé culo XX Iníelizmente, essas questões permanecem abertas e longe
(p. ex., ,\rber e Parkin 1907) , as gnetóíitas ( juntamente com as de uma resposta definitiva , mas tomou - se claro que existem
extintas Bennettitales) foram largamente consideradas como diversos pontos que devem ser melhor analisados isolada ¬

próximas às angiospermas com base em diversas similarida ¬ mente . Uma quest o importante é se existe realmente um
des morfoló gicas, como a presença de elementos de vaso no
lenho, folhas com venação reticulada em Gnetum e órgã os * N. de T. O nome gnepine deriva da abreviação da palavra Gnetales
reprodutivos com aspecto de flores. Essa visão mudou na me ¬ e pine (pinus, em ingl ês ) .
W~

SISTEMáTICA VEGETAL 177

A)
(Q

a OJ
(iii) V \ iv)

y
O (B (D )
o m OP
M

1
P5 B

(ii

FIGURA 7.14 Reconstituições de fósseis de plantas do Mesozoico que thus kochi; ( iii) megasporófilo de Caytonia nathorsi, com duas fileiras
podem estar proximamente relacionadas à s angiospermas. (A, B) Ben - de c pulas; ( iv) corte longitudinal de uma c pula de Caytonia thomasi ,
nettitales: (A ) Há bito de Williamsonia sewardiana, evidenciando o tron ¬ evidenciando os óvulos no seu interior. (D) Glossopteridales: ( i) porçã o
co similar ao das Cycadales e folhas compostas, ( B) Corte longitudinal ovulada de Denkania indica, evidenciando seis estruturas cupuliformes
de um estróbilo similar a uma flor de Williamsoniella. B, brácteas; M, ligadas a uma folha; (ii) Lidettonia mucronata, evidenciando as semen ¬
microsporófilo com microsporâ ngios; OP, óvulos pedunculados e esca¬ tes ligadas à superf ície Inferior de discos pedunculados originados de
mas estéreis ligadas a um eixo central. (C ) Caytoniales: (i ) folha palma ¬ . -
uma folha (A extra ída deTaylor eTaylor 1993; B, C: ii iv e D extra ídas de
da, Sagenopteris phillipsi; (ii) porção de um microsporófilo, Caytonan- Gifford e Forster 1989; C: i extra ída de Stewart 1983.)

ciado de antófitas ou, pelo contrário, as gnetófitas estão mais em relação às angiospermas. Para evitar confusões, parece
relacionadas às coníferas. Evidências atuais favorecem princi- melhor atribuir um nome diferente ao ciado hipotético que
palmente a segunda hipótese. Outra questão é como enraizar inclui todas as linhagens atuais de plantas com sementes sem
corretamente a parte da árvore filogen ética das plantas com carpelos; Cantino e colaboradores (2007 ) propuseram o nome
sementes que inclui as linhagens atuais. Uma possibilidade é Acrogymnospermae para designar este ciado ,

a de que uma ramificação basal deu origem a duas linhagens, Existe também uma possibilidade distinta de que nenhum
uma contendo as angiospermas e outra contendo as gimnos- grupo atual de plantas com sementes seja de fato proxima-
permas atuais. Possibilidades alternativas, no entanto, não mente relacionado às angiospermas. Resultados recentes têm
podem ser imediatamente descartadas com base no conjunto demonstrado a importância de se incluir fósseis nessas análi-
de evidê ncias atuais, como, por exemplo, o posicionamento ses de relações, o que dependerá grandemente da descober-
; da raiz junto às Cycadales e ginkgos (Figura 7.15D). Seja qual ta de novos fósseis em melhores condições de preservação e
for a hipótese correta, é importante salientar que as gimnos- de uma maior ênfase em análises filogen éticas baseadas em
permas em seu senso amplo (incluindo també m os f ósseis caracteres morfológicos (Donoghue e Doyle 2000; Frohlich e
do Paleozoico e Mesozoico) mostram-se sempre parafiléticas Parker 2000; Doyle 2006) .
178 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Antófitas Acrogymrospermae

I
:
I 3
l i I 2 l I I! r
- :
op
< : a I I i

(A) Hipótese das antófitas (B) Hipótese gnetífera

Acrogymnospermae
FIGURA 7.15 Hipó teses alternati¬ l
vas das rela ções entre as cinco prin ¬
=
cipais linhagens de plantas com i I I I3 = .

sementes atuais. (A ) De acordo com 8


I I F
a hipótese das antófitas, as Gne-
-
tófitas formam o grupo irm ã o das
r
J -
E
5 <3
c _ r-

angiospermas. ( B ) De acordo com


a hipótese gnet ífera, as Gnetófitas
-
formam o grupo irm ão das con ífe ¬
ras. (C) De acordo com a hipótese
gnepine as Gnetófitas formam o
grupo- irmã o de Pinaceae dentro
das con íferas. (D ) Exemplo de uma
á rvore filogen ética alternativa que
n ão pode ser rejeitada com base no
conjunto de dados atuais. (Q Hipótese gnepine (D) Enraizamento alternativo

Rela ções entre as angiospermas as primeiras angiospermas eram plantas lenhosas com flores
Um enorme progresso foi alcançado recentemente na ehi-
cidação das relações filogené ticas entre as linhagens basais
enn
anto outras suSeriam
<
eram Plantas herbá-
ceas com flores Pe<luenas ver D yle e Donoghue 1993).
°
de angiospermas (Figura 7.16). Até pouco tempo atrás, a de- A Partir de 1999
'
série de estudos gen é ticos mole-
terminação da raiz das angiospermas e das relações entre os culares de nstrou que o primeiro evento de divergê ncia nas
seus grupos basais parecia ser um problema insolúvel. Toda- angiospermas modernas originou uma linhagem que inclui
via, as diferentes linhas de evidência obtidas na d écada passa- atualmente apenas uma espécie, Amborella trichopoda (e pos-
da convergiram para a mesma resposta. Esses novos achados sivelmente também as Nymphaeales), e outra que contém as
tiveram, e ainda têm, um grande impacto em nossa interpre- demais angiospermas (Mathews e Donoghue 1999; Qiu et al.
tação sobre a evolução das primeiras linhagens de angiosper-
mas e os fatores que de certa forma influenciaram no enorme
-
1999 So!tis et al 19 í Parkinson et al . 1999; Barkman et al.
"
2000; Zanis et al. 2002) . Essa hipótese tem sido confirmada
sucesso das plantas com flores (ver Soltis et al. 2005). em todos os estudos baseados em uma ampla amostragem de
A maioria dos estudiosos da evolução das angiospermas - -
taxa (P ex Leebens- Mack et al. 2005). Amborella trichopoda é
'
tem sustentado que as primeiras angiospermas faziam par- uma planta arbustiva da ilha de Nova Caledónia, com flores
te das Magnoliidae ( sensu Cronquist 1988; Takhtajan 1997) relativamente pequenas com um número pequeno de par-
- um grupo parafilético que inclui as magnólias, abacates, tes organizadas em arranjo espiralado (Endress e Igersheim
vitórias-ré gias e pimentas-do- reino, entre outros. Mesmo se 2000b). Alguns indivíduos formam apenas flores produtoras
verdadeira, no entanto, tal conclusã o não era suficiente para de p ólen (estaminadas), enquanto outros formam apenas
visualizar as hipotéticas primeiras angiospermas, porque as flores produtoras de sementes (carpeladas). A presença de
Magnoliidae apresentam uma notável diversidade de formas estaminódios nas flores carpeladas, no entanto, sugere que
morfológicas. Algumas são plantas lenhosas e outras são pe- a espécie evoluiu a partir de ancestrais com flores bissexuais
quenas ervas. Além disso, algumas, como as magnólias, pos- (perfeitas) . Diferentemente da maioria das demais angiosper-
suem grandes flores com muitas partes florais (estames, carpe- mas, as células condutoras de á gua do xilema de Amborella
los) dispostas em um arranjo espiralado em um eixo alongado, são traqueídes (Feild et al. 2000), dando suporte à hipótese
enquanto outras, como as pimentas-do-reino, possuem flores de que as primeiras angiospermas não possuíam elementos
diminutas com poucas partes organizadas em verticilos distin- de vaso (ver Figura 7.16). Os gametófitos femininos de Am-
tos. Algumas análises filogenéticas mais antigas sugeriam que borella també m são incomuns por possuírem três, e não duas,

I
SISTEMáTICA VEGETAL 179

Angiospermas (plantas com flores)

Mesangiospermas (angiospermas-n cleo)

Dicotiledôneas

Magnolideas

I I &
§
r3
I
M I
1 f: S 8
1 I
1 1
z s (3 Ô
X3

Pólen
tricolpado 1 cotilédone

> 125 MAA


Fusão pós- genital dos bordos do
carpelo (?), caipelos plicados (?)
FIGURA 7.16 Rela ções filogenéticas na base
da á rvore das angiospermas e caracteres diag¬
nósticos dos seus principais ciados. O ponto * Elementos de vaso (? )
de interroga ção (?) indica que o momento da
» > 140 MAA
.
mudan ça de caráter é incerto MAA, milhões * Carpelo, endosperma,
de anos atrás. (Adaptada de Zanis et ai. 2002.) gametófitos reduzidos

sinérgides ladeando a oosfera na região micropilar (e, dessa primó rdio carpelar inicialmente tem forma de U e então se
forma, apresenta um total de nove núcleos em oito células, desenvolve como um tubo. Na maioria das Mesangiosper-
em oposição aos oito núcleos e sete células usuais encontra- mae, os carpelos são plicados, ou seja, com a aparê ncia de
das na maioria das angiospermas; Friedman 2006). uma folha dobrada ao meio e selada em suas extremidades.
As Nymphaeales formam outra linhagem basal da árvore Embora essas observações nos permitam visualizar a condi-
filogenética das angiospermas (Friis et al. 2001), assim como ção basal dos carpelos em angiospermas, elas não fornecem
as Austrobaileyales (incluindo as Uliciaceae). Notavelmente, os novos elementos para elucidar a controversa questão da ori-
gametófitos femininos dessas duas linhagens possuem apenas gem carpelar, isto é, se estes são derivados de uma folha ou
quatro células e formam um endosperma diplóide (Friedman representam uma estrutura composta derivada de um ramo
e Williams 2004) . Juntamente com Amborella, essas duas linha - reduzido e a folha que o subtende (ver Doyle 2006) .
gens são irmãs do ciado que contém as angiospermas núcleo, -
um grupo que inclui as demais plantas com flores e que Canti -
As relações dentro das angiospermas- núcleo ainda são
pouco claras, com o posicionamento incerto de alguns grupos
no e colaboradores (2007) denominaram Mesangiospermae. enigmáticos, especialmente Chloranthaceae e Ceratophyllum
Enquanto os carpelos das linhagens basais de angiosper- (Qiu et ai. 2005). No entanto, a maioria dos grupos principais
mas são selados por uma secreção, os carpelos dos membros é bem sustentada. Primeiro, um ciado restrito das magnolí -
das angiospermas- núcleo são geralmente selados por fusã o deas (Magnoliidae) inclui as Magnoliales e as Laurales, alé m
pós- genital do tecido da epiderme (Endress e Igersheim das Canellales e Piperales. Wmteraceae, uma família que não
2000a). Nas três linhagens basais, e també m em Chloran - possui elementos de vaso no xilema, está dentro de Canella-
thaceae (que pode estar na base das angiospermas- núcleo; les, significando que os elementos de vaso foram perdidos em
Doyle e Endress 2000 ), os carpelos são ascidiados, ou seja, o alguns casos (ver també m Trochodendraceae no Capítulo 9) .
180 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Uma segunda linhagem importante das angiospermas- Poliniza çã o, dispersã o e formas


n cleo contém os demais taxa pertencentes às tradicionais
dicotiledôneas, sendo denominada eudicotiledôneas (ou
de vida das angiospermas
Eudycotiledonae) . Essa linhagem foi inicialmente detecta - Muito da diversidade floral está relacionado à biologia da po ¬

da em an álises morfológicas e chamada de ciado das tricol- linizaçã o (ver Capítulo 4) . A polinização por insetos (ento-
padas (Donoghue e Doyle 1989), em referência à principal mófila) é conhecida para diversas linhagens de plantas com
característica morfológica diagnóstica do grupo - a presença sementes que não as angiospermas: as Cycadales modernas
de grãos de pólen com três colpos, ou sulcos germinativos e as gnetófitas, assim como as Bennettitales fósseis e possi ¬
(e uma variedade de formas derivadas deste tipo; ver Figura velmente algumas samambaias com sementes do Mesozoi ¬
4.48), que derivaram de formas monossulcadas (Doyle 2005). co. A polinização entomófila aparentemente se estabeleceu
Os sulcos germinativos adicionais da forma tricolpada po¬ durante o surgimento do dado principal das angiospermas.
dem aumentar a chance de contato de ao menos uma área Ela deve ter sido inicialmente desempenhada por insetos
de germinação com a superf ície estigm ática (Fumess e Ru - comedores ou coletores de pólen, particularmente besouros
dall 2004) . O aparecimento de grãos de pólen tricolpados no e moscas; flores polinizadas por insetos coletores de n éctar
registro fóssil datados de 125 milhões de anos forneceu um evoluíram em um momento posterior. Essas conclusões são
ponto de calibração para a datação molecular e a estimativa sustentadas pela morfologia dos fósseis mais antigos de an ¬

do momento de diversificação das plantas com flores. Mui ¬ giospermas, assim como pelo conhecimento sobre os meca ¬
tas eudicotiledôneas também possuem flores com partes em nismos de polinização em membros atuais das linhagens ba ¬
n mero de quatro ou cinco, ou múltiplos destes (Judd e 01
mstead 2004). Essa mudança importante na organização flo ¬
- sais de angiospermas (Friis et al. 1987; Thien et al. 2000).
Ainda é incerto o quanto a polinização entomófila in ¬

ral dentro das eudicotiledôneas parece estar correlacionada fluenciou -a diversificação inicial das angiospermas, porém a
com duplicações de genes que codificam diversos fatores de evolução das plantas com flores parece não ter afetado de for ¬

transcrição que desempenham um papel crucial na expressão ma significativa a origem das prindpais linhagens de insetos,
da identidade dos órgãos e na simetria floral (Kramer e Hall que evoluíram muito antes. Todavia, é bastante claro que a
2005; Howarth e Donoghue 2006). diversificação em alguns grupos de angiospermas e linhagens
Estima-se que existam cerca de 160.000 espécies de eudico ¬ de insetos está de certa forma conectada.
tiledôneas. Este enorme grupo contém um número significativo A variação na morfologia do fruto está grandemente re ¬
de linhagens com muitas espécies atuais, incluindo as legumi ¬ lacionada aos diferentes agentes dispersores (ver Capítulo 4).
nosas (cerca de 16.000 espécies) e as compostas (cerca de 20.000 Frutos e sementes fósseis do Cretáceo sã o em geral peque ¬
espécies), assim como os carvalhos, as rosas, as laranjeiras, os nos, e não há evidência direta de especializações para a dis ¬
ipês e as perobas, para citar apenas alguns dos grupos familia ¬ persão por mamíferos ou aves (ver Friis et al. 1987). Adapta ¬
res dentre aqueles discutidos em detalhes no Capítulo 9. ções para a dispersão por animais frugívoros ou granívoros
Um terceiro grande ciado, com cerca de 65.000 espécies, parecem não ter ocorrido antes do final do Cretáceo e, em di ¬
corresponde às tradicionais monocotiledôneas (ou Mono- versas linhagens, originaram-se provavelmente no Terciário.
cotyledonae) . Cerca de metade das espécies de monocotile ¬ Embora as florestas tropicais dominadas por angiospermas
dôneas são orquídeas (cerca de 20.000 espécies) ou gramíne- tenham surgido já no Cretáceo (Davis et ai. 2005), evidência
as (cerca de 9.000 espécies), mas este grupo també m inclui as f óssil indica que esse domínio não se disseminou para outros
palmeiras, as brom élias, as bananeiras, os antúrios, os lírios, ambientes até o Terciário inferior, momento este coincidente
as flores-de-lis e muitas outras plantas conhecidas e de varia ¬ com a radiação dos pássaros e mamíferos modernos. A evo ¬

da importância (ver Capítulo 9). lução de frutos e sementes grandes e coloridas está ligada à
Muitas das características tradicionalmente citadas como evolução desses grupos de animais.
diagnósticas de monocotiledôneas - como as partes florais Por fim, é interessante observar a evolução das formas
em número de múltiplos de três e pólen monossulcado - pro ¬ de vida dentro das angiospermas e de que modo ela pode
vavelmente antecederam ao surgimento desse ciado (Soltis et ter influenciado a diversificação do grupo. A maioria dos es ¬
al. 2005). Outras características, no entanto, parecem sustentar tudos recentes posiciona linhagens de plantas lenhosas na
as monocotiledôneas, como os feixes vasculares distribuídos base da á rvore das angiospermas. Amborella e Austrobai-
esparsamente no caule, a perda do câmbio vascular, as folhas leyales são, em sua maioria, arbustos ou arvoretas, embora
com venação paralela e o desenvolvimento da lâmina foliar a també m mostrem uma tendê ncia à forma de crescimento
partir da porção basal do primó rdio foliar, mas a confirmação volúvel. Seus representantes atuais habitam o sub-bosque
dessas sinapomorfias dependerá em determinar com maior de florestas úmidas e apresentam adaptações para a vida
grau de confidência quais são os seus grupos-irmãos e tam ¬ em ambientes com baixa disponibilidade de luz. Uma das
bém as relações dentro do dado das monocotiledôneas. Inte- hipóteses em debate é a de que as primeiras angiospermas
ressantemente, a presença de uma folha embrionária, ou co ¬ cresceram em hábitats perturbados de sub- bosque ou em
tilédone, parece ainda ser o caráter morfológico que melhor ambientes sombreados próximos à água, e que a sua saída
distingue as monocotiled ôneas (ver Figura 4.44). para ambientes variados pode ter estimulado a diversifica ¬
É importante ressaltar que as relações filogenéticas que ção dentro das angiospermas- núcleo (Feild et al. 2004) . Uma
acabamos de apresentar estão em discordânda com os siste ¬ importante exceção entre as linhagens basais é o ciado das
mas de dassifica ção tradicionais, nos quais as angiospermas Nymphaeales, cujos integrantes são herbáceos e habitam
estão divididas em dois grupos principais: as monocotiledô ¬ ambientes aquáticos com grande exposição à luz. O táxon
neas e as dicotiledô neas. Ao invés disso, as monocotiled ôneas extinto Archaefructus, cujas relaçõ es permanecem ainda in ¬
formam um ciado que está inserido dentro das dicotiledône ¬ certas, também era uma provável planta aquática (Sun et al.
as , que são parafilé ticas. 2002; Friis et al. 2003) .
SISTEMáTICA VEGETAL 181

f O hábito herbáceo evoluiu cedo nas angiospermas e conhecimento sobre a evolução das plantas verdes. Análises
desenvolveu -se diversas vezes de forma independente - por filogenéticas recentes demonstraram que alguns grupos tra ¬
i exemplo, em Nymphaeales, Chloranthaceae, Piperales e nas dicionalmente reconhecidos não são monofiléticos. As plan ¬
monocotiledôneas. Em diversos casos, esse desenvolvimento tas (eucariontes autotróficos), por exemplo, originaram -se
parece estar correlacionado à colonização do ambiente aquá ¬ independentemente a partir de eventos de endossimbiose.
tico. Formas grandes e lenhosas reevoluíram a partir de plan ¬ Dentro do ciado das plantas verdes, as tradicionais algas
tas herbáceas em algumas ocasiões, embora a evolução do verdes sao parafiléticas em rela ção às plantas terrestres, as ¬

lenho normal tenha sido impedida nas monocotiledôneas sim como as briófitas" em relação às plantas vasculares, as
pela perda do câmbio vascular. Dentro das monocotiledône ¬ plantas vasculares sem sementes em relaçã o às plantas com
as, o crescimento em altura foi adquirido de diferentes formas sementes, as gimnospermas"em relação às angiospermas e
alternativas - por exemplo, por meio de um mecanismo de as "dicotiledôneas"em relação às monocotiledôneas. Ao mes ¬

espessamento especializado no meristema apical das pal ¬ mo tempo em que estes grupos tradicionais são reavaliados,
meiras; pelas bases foliares largas e rígidas das bananeiras e novos e importantes ciados estão sendo identificados, como
grupos relacionados e pela formação de um câmbio vascular o das estreptófitas (parte das algas verdes" mais as embri-
f an ómalo em Ruscaceae, Agavaceae e alguns poucos taxa pró¬ ófitas) e o das eufilófitas ( parte das plantas vasculares sem
ximos (ver Capítulo 9) . sementes mais as espermatófitas).
Dentro das eudicotiledôneas, é fácil observar uma enor ¬ Um grande número de questões filogené ticas que há
me variação no há bito, mas novamente ocorreram diversas tempos intrigam os pesquisadores tem sido recentemen ¬

mudanças do hábito lenhoso para o herbáceo, alguns destes te solucionado com um alto grau de certeza. Por exemplo,
bastante cedo na evolução do grupo. Por exemplo, as formas as Psilotales não são remanescentes das primeiras plantas
herbáceas das papoulas (Papaveraceae) e das Ranunculaceae vasculares, mas sim parte do ciado das monilófitas . Alé m
parecem ter evoluído precocemente, e de forma independen¬ disso, a base da árvore filogené tica das angiospermas está
te, em uma das primeiras linhagens de eudicotiledôneas, as finalmente sendo desvendada, com as linhagens de Ambo-
Ranunculales. Nelumbo, a planta da flor-de-lótus, representa rella e de Nymphaeales tendo divergido antes do ciado das
outro exemplo de evolução precoce do hábito herbáceo rela ¬ angiospermas- nú cleo, que inclui as eudicotiledôneas e as
cionado a uma mudança para o ambiente aquático. monocotiledôneas.
Uma importante tendê ncia nas eudicotiledôneas é a Embora o progresso no conhecimento filogenético tenha
derivação de linhagens herbáceas adaptadas a zonas climá ¬ sido consideravelmente rápido, muitas questões cruciais ain ¬
ticas temperadas a partir de linhagens de plantas tropicais da permanecem em aberto. Por exemplo, h á muito mais in ¬
lenhosas (Judd et al. 1994). Essas transições com frequência certezas hoje sobre as relações entre as principais linhagens
parecem estar correlacionadas com acréscimos na taxa de de plantas com sementes do que a dez anos atrás. Qual o po ¬

diversificação (Judd et al. 1994; Magallón e Sanderson 2001) sicionamento correto das gnetófitas, e qual é o grupo-irmão
e ligadas, ao menos em parte, à expansão geográfica de vá ¬ das angiospermas? E, dentro das angiospermas-n cleo, quais
rias dessas linhagens (p. ex., ao longo do Hemisf ério Norte são os grupos-irmãos das monocotiledôneas e das eudicoti ¬

durante o Terciário; ver Donoghue e Smith 2004). Analisados ledô neas?


conjuntamente, todos esses fatores parecem ter influenciado Essas importantes questões têm se mostrado dif íceis de
de forma significativa a diversificação das angiospermas. solucionar, mas o sucesso alcançado nas últimas d écadas su ¬

gere que as respostas virão em um momento futuro. A ex ¬

periê ncia acumulada também demonstra que análises que


Resumo integram evidências de diferentes fontes - dados molecula ¬
O enorme progresso realizado nas ltimas décadas na eluci ¬ res, morfologia, ontogenia e registro fóssil - representam o
dação das relações filogenéticas teve um grande impacto no melhor caminho para o sucesso.

BIBLIOGRAFIA CITADA E LEITURAS RECOMENDADAS


As referendas marcadas com um asterisco representam revisões recentes símbolo de cruz representam textos sobre anatomia comparada de plantas,
focadas em relações filogenéticas e são especialmente recomendadas para obter morfologia e paleobotânica que podem ser consultados para a obtenção de
informações adicionais e pontos de vista. As referências marcadas com um informações importantes sobre caracteres específicos e grupos de organismos.

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Licófitas, Samambaias e
Gimnospermas

Este capítulo e o Capítulo 9 tratam sobre a diversidade das


traqueófitas atuais. O termo tracheo refere-se à presença de
8
traqueídes - c élulas especializadas para o transporte de lí ¬

quidos - e a raiz grega phyton significa planta. As traqueófi


tas constituem um grupo monofilético muito bem susten
¬

ri
.V ;
¬

tado de plantas geralmente grandes (macrosc ópicas), com I


eixo do espor ófito ramificado e tecidos bem desenvolvidos (com traqueídes no
xilema e células crivadas no floema) para o transporte de água e carboidratos
dentro da planta. Como descrito no Capítulo 7, as traqueófitas formam o princi ¬

pal ciado das embriófitas (plantas terrestres) e estão inseridas dentro das briófi ¬

tas , que são parafiléticas (ver Figura 7.6). Isso implica a derivação das característi-
iOè 4i
cas das traqueófitas a partir daquelas encontradas nas linhagens de briófitas, nas
quais um esporófito pequeno e não ramificado é nutricionalmente dependente
da fase gametofítica, dominante no ciclo de vida.
Há duas linhagens principais dentro das traqueófitas: as lic ófitas e as eufilófitas
(ver Figura 7.8). As eufilófitas, por sua vez, compreendem as duas principais li ¬

nhagens de plantas atuais: as monilófitas (as samambaias, incluindo Psilotaceae e


Equisetaceae) e as espermatófitas, ou plantas com sementes. Finalmente, dentro
das plantas com sementes, encontram-se duas linhagens principais: gimnosper ¬

mas (coníferas e outros grupos) e angiospermas (plantas com flores) (Tabela 8.1).
Gimnosperma significa semente nua , e refere-se ao fato de que as semen ¬

tes não estão envolvidas por carpelos, embora possam, na maturidade, estar en¬
volvidas por escamas ou brácteas fusionadas, como as "bagas" de Juniper. Nas
angiospermas, as sementes estão envolvidas por carpelos (angio significa "vaso",
referindo-se ao carpelo).

K B
T

186 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Chave para os Principais Grupos de Traqueó fitas

1. Gameta masculino biflagelado Licófitas


1. Gameta masculino multiflagelado (ou desprovido de flagelos) 2 ( Eufil ófitas)
2. Dispersão por esporos; sementes ausentes 3 (Monilófitas )
2. Dispersão por meio de sementes 6 ( Plantas com sementes )
3. Folhas geralmente com menos de 2 cm de comprimento, com uma nervura
não- ramificada ou desprovidas de nervuras, não divididas em folíolos 4
3. Folhas geralmente com mais de 2 cm de comprimento,
com uma nervura ramificada, dividida ou n ão em folíolos 5
4 . Folhas verticiladas, fusionadas na base, ramos - se presentes - verticilados;
entrenós com sulcos verticais conspícuos; esporângios agrupados em esporangióforos
peitados e dispostos em estróbilos; raízes presentes, com ramificação irregular Equisetaceae
4. Folhas espiraladas, não fusionadas na base; caule sem sulcos longitudinais;
esporângios às vezes associados com folhas bifurcadas ou lobadas; raízes ausentes Psitotaceae
5. Folhas não enroladas e não se desenrolando durante o desenvolvimento;
esporângios com parede com mais de uma célula de espessura, sem ânulo,
dispostos ou embebidos em uma porção especial da folha (o esporóforo) Ophioglossaceae
5. Folhas enroladas e desenrolando-se durante o desenvolvimento; esporângios com
parede com uma célula de espessura, geralmente com ânulo, principalmente agrupados
em soros na face abaxial da folha, menos freqiientemente esparsos na superf ície
abaxial da folha ou em esporocarpos Samambaias leptosporangiadas
6. Presença de carpelos e endosperma Angiospermas
6. Carpelos e endosperma ausentes 7 Gimnospermas)
(
7. Presença de elementos de vaso; folhas opostas, fusionadas na base Gnetales
7. Ausência de elementos de vaso; folhas geralmente espiraladas, raramente opostas ou fusionadas na base 8
8. Gameta masculino não flagelado, transportado ao óvulo através de um tubo polínico; folhas simples,
pequenas e em formato de escamas ou maiores e lineares, com canais resiníferos na maioria das espécies . . . Con íferas
8. Gameta masculino móvel, provido de flagelos; folhas pinado-compostas ou simples, grandes, de largura
igual ou maior ao comprimento, resina - se presente - n ão em canais 9
9. Folhas pinadas ou bipinado-compostas, persistentes; caule geralmente curto, não- ramiíicado ou
dicotomicamente ramificado, às vezes subterrâneo; óvulos dispostos na margem dos megasporófilos
freqiientemente peitados, agregados no ápice do caule ou agrupados em estróbilos; camada mais
externa da semente freqiientemente carnosa, mas de odor n ão desagradável; microsporângios
agrupados na superf ície abaxial de microsporófilos; presença de canais de mucilagem Cycadales
9. Folhas simples, em formato de leque, decíduas; árvores grandes e ramificadas;
2 óvulos no ápice de um ped nculo longo, com frequ ê ncia amadurece apenas 1;
camada mais externa das sementes carnosa, de odor desagradável na maturidade;
microsporângios aos pares no ápice de finos ped nculos; ausência de canais de mucilagem Ginkgoaceae

As relações filogenéticas entre as plantas com sementes Este capítulo abrange as principais linhagens de traque ¬

ainda nã o estão bem resolvidas, embora estudos incluindo ófitas, com exceção das angiospermas, que são tratadas em
f ósseis indiquem que plantas com sementes nuas são pa- detalhes no Capítulo 9. Em conjunto, h á cerca de 12.000 es ¬

rafilé ticas em relaçã o às angiospermas (ver Figura 7.12) . pécies de licófitas, monilófitas e gimnospermas. Isso repre ¬
Uma possibilidade é de que Gnetales seja mais próxima senta aproximadamente 5 % das esp é cies de angiospermas.
das angiospermas do que das demais gimnospermas (a Neste capítulo e no próximo, cada tratamento de fam ília in ¬

hipótese das antófitas ) . No entanto, estudos moleculares clui uma descrição em que caracteres ú teis na identifica çã o
recentes sustentam a hipótese de que todas as gimnosper ¬
sã o indicados em itálico, e sinapomoriias ( que també m po ¬
mas atuais constituem um ciado que é o grupo - irm ã o das dem ser ú teis na identificação), em negrito; um breve resumo
angiospermas. da distribuição e ecologia; o n ú mero estimado de gêneros e
SISTEMáTICA VEGETAL 187

TABELA 8.1 Fam ílias de traqueófitas, como classificadas neste livro"


UCÓFITAS Salviniales PLANTAS COM SEMENTES
Lycopodiales Marsileaceae (p. 198) Gymnosperms
Lycopodiaceae (p. 188) Salviniaceae (p. 198) Cycadales ( Cycas e taxa afins)
Selaginellaceae (p. 189) Cyatheales Cycadaceae (p. 207)
Isoetaceae (p. 187) Cyatheaceae (p. 199) Zamiaceae (p. 208)
Cibotiaceae (p. 199 ) Ginkgoales
MONILÓFITAS (Samambaias )
Psilotales Culcitaceae (p. 199) Ginkgoaceae (p. 208 )
Psilotaceae (p. 191) Dicksoniaceae (p. 199) Coniferales (Coníferas)
Loxomataceae (p. 199) Pinaceae (p. 211)
Ophioglossales Metaxyaceae (p. 199)
Ophioglossaceae (p. 193) Cupressaceae (incluindo Taxodiaceae )
Plagiogynaceae (p. 199) (p. 215)
Marattiales Thyrsopterí daceae (p. 199) Sciadopityaceae (p. 217)
Marattiaceae (p. 190) Rolypodiales Podocarpaceae (p. 217)
Equisetales Dennstaedtiaceae (p. 200) Araucariaceae (p. 218)
Equisetaceae (p. 193) Pteridaceae (p. 201) Taxaceae (p. 219)
Samambaias leptosporangiadas Aspleniaceae (p. 201) Cephabtaxaceae (p. 220)
Osmundales Thelypteridaceae (p. 202) Gnetales
Osmundaceae (p. 197) Woodsiaceae (p. 203) Ephedraceae (p. 220)
Blechnaceae (p. 203) Gnetaceae (p. 220)
Hymenophyllales Onocleaceae (p. 204)
Hymenophyllaceae (p. 197) Welwitschiaceae (p. 220)
Dryopteridaceae (p. 204)
GleicheniaJes Polypodiaceae (p. 205) Angiospermas: ver Tabela 9.1
Gleicheniaceae (p. 197) Davalliaceae (p. 200)
í daceae (p. 197)
Dipter Lindseaceae (p. 200)
Matoniaceae (p. 197) Lomariopsidaceae (p. 200)
Schizaeales Oleandraceae (p. 200)
Schizaeaceae (p. 197) Saccolomataceae (p. 200)
Tectariaceae (p. 200)
Famílias que recebem tratamento completo no texto são indicadas em negrito, enquanto aquelas caracterizadas brevemente são indicadas em itálico. Os n ¬

meros de página (entre parênteses) indicam a discussão de cada família neste capítulo.

espé cies (incluindo uma lista dos gêneros principais); uma de altura e 2 metros de diâ metro basal), eram elementos
lista das principais plantas de importância económica e pro¬ florestais dominantes. Os vestígios dessas antigas árvores
dutos; e uma discussão. A discussão de cada família contém são os componentes principais dos depósitos de carvã o
informações sobre os caracteres que sustentam a monofilia comercialmente importantes da Europa e da América do
da família, um breve resumo das relações filogenéticas dentro Norte. Quase metade das plantas fósseis do Carbonífero
da família, informações sobre a biologia da polinização e dis ¬ são licófitas.
persão (quando apropriado e relevante) e notas sobre outros As licófitas modernas consistem em três famílias. Uma
assuntos de interesse biológico. Finalmente, o tratamento (Lycopodiaceae) é homosporada e as outras duas (Selagi ¬

para cada família inclui uma lista de referências que são fon ¬ nellaceae e Isoetaceae) são heterosporadas. Os gametófitos
tes de informações adicionais muito úteis. das Lycopodiaceae são bissexuais, micorrízicos e geralmente
Referências: Bowe et al. 2000; Burleigh and Mathews 2004; subterrâneos. Eles podem ser parcialmente verdes e ocorrer
Chaw et al. 2000; Donoghue 1994; Doyle et al. 1994; Kenrick próximos da superf ície do solo ou inicialmente micorr ízicos
2000; Kenrick and Crane 1997; Mishler et al. 1994; Nickrent -
e tomarem se fotossintéticos mais tarde. Os gametófitos de
Selaginellaceae são unissexuais. Os megagametófitos proje ¬
et al. 2000; Nixon et al. 1994; Pryer et al. 2004; Renzaglia et al.
2000; Renzaglia et al. 2001; Rothwell 1999; Rydin et al. 2002; tam-se parcialmente para fora da parede do megásporo e os
Stefanovic et al. 1998; Stewart and Rothwell 1993. microgametófitos se desenvolvem completamente dentro do
micrósporo, sendo que a parede deste se abre para liberar o
anterozóide. Isoetaceae, que não é tratado em detalhes neste
UCÓ FITAS livro, é o grupo-irmão de Selaginellaceae. Isoetaceae abran ¬

ge plantas terrestres ou aquáticas com caules curtos e eretos,


Surgidas há pelo menos 400 milhões de anos, as licófitas semelhantes a cormos e geralmente providas de folhas lon ¬
atingiram os maiores tamanhos no Carbonífero (345- 290 gas (ver Figura 7.9J). Os esporângios embebidos na face aba-
milh ões de anos atrás), quando espé cies arborescentes xial das bases foliares são caracter
ísticos. A família apresenta
desse grupo, como Lepidodendrort (que atingia at é 40 m uma distribuição praticamente cosmopolita; o único gê nero
188 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Chave para as Famílias de Licóíf tas

1. Plantas homosporadas; folhas não-liguladas Lycopodiaceae


1. Plantas heterosporadas; folhas liguladas, com uma pequena projeçã o na superf ície adaxial 2
2. Esporângios solitários nas axilas de folhas modificadas ou não- modificadas; folhas geralmente
menores de 2 cm de comprimento Selaginellaceae
2. Esporângios pelo menos inicialmente embebidos na face adaxial da base foliar; folhas de 2 100 cm
-

de comprimento Isoetaceae

( Isoetes ) apresenta cerca de 150 espécies. Curiosamente, as solitários na axila foliar ou dispostos nas bases foliares, esporo-
pequenas plantas de Isoetes são os parentes vivos mais pró¬ filos não- modificados ou modificados e às vezes agrupados
ximos do ciado ao qual pertenciam as antigas lic óíf tas arbó¬ em estróbilos. Plantas homosporadas; esporos subglobosos
reas fósseis. a tetraédricos, com sulco tr ífido. Gemas (pequenas estruturas
de diversos tamanhos e formatos que se separam da planta,
Lycopodiaies promovendo a reprodução vegetativa) presentes em algumas
espécies de Huperzia (Figura 8.1).
Esta ordem cont é m três famílias, cerca de cinco gê neros e
1.280 espécies. Distribuição e ecologia: plantas cosmopolitas, raras em am ¬
bientes áridos; mais diversificadas em ambientes tropicais
Lycopodiaceae Mirbel montanos.
(Família do licopódio) Gêneros/ espé cies: cerca de 3/380. Principais g êneros: Hu¬
Plantas terrestres ou epífitas em geral de 5-20 cm de altura perzia (300 spp.), Lycopodiella (40) e Lycopodium (40).
(excepcionalmente até 2 m em espécies epífitas pendentes),
com caules de ramificação dicotômica. Raízes com ramificações Importância econó mica e produtos: a família não apresen ¬

dicotô micas. Folhas simples (micrófilos), de 0,2 -2 cm de ta importância económica significativa. Compostos oleosos
comprimento, com 1 nervura não-ramificada, freqiientemen- e inflamáveis presentes nos esporos acendem rapidamente
te congestas e cobrindo o caule; lineares e mais ou menos e eram utilizados por magos e feiticeiros na Idade Média.
expostas, ou em formato de escama e adpressas ao caule; Esses esporos foram também utilizados para criar efeito de
opostas ou espiraladas. Esporângios ± reniformes, deiscen- flash no início da fotografia e nas primeiras fotocopiadoras
tes por uma fenda transversal que divide o esporângio em dois; experimentais. Os esporos t ê m sido utilizados como lu -

h;

Estróbilo
(A)

I . f ). - í
Í * ;

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>
Esporofiios

'

í
i Vi' •
:

FIGURA 8.1 Lycopodiaceae. (A)


- i
Lycopodium annotinum: há bito; ( B)
L. davatum -, há bito ( ilustrado em
dois terços do tamanho natural ) e V
esporofiios (x 7); a seta indica um
esporâ ngio. ( B reproduzido de 011- j
gaard 1990.) 40
SISTEMáTICA VEGETAL 189

brificantes industriais e foram no passado utilizados para e secundários; liguladas; muitas vezes dimórficas; aquelas na
evitar a aderê ncia da borracha em preservativos e luvas ci ¬ face superior do caule menores do que as da face inferior;
r rgicas. com uma ú nica nervura n ã o- ramificada; providas de lígula.
Plantas heterosporadas; esporângios dispostos nas axilas
Discussão: existem problemas taxonômicos na delimitação ou próximos das axilas de esporofilos bem diferencia¬
dos gêneros e espécies de Lycopodiaceae. Tradicionalmente dos, em geral dispostos em estróbilos de 4 lados (rara ¬

a família tem sido tratada incluindo apenas o gênero lyco- mente cilíndricos); estróbilos geralmente terminais, providos
podium, mas é aqui aceita abrangendo três gê neros. Alguns de megasporângios ou de microsporângios, ou de ambos os
desses gêneros cont êm se ções monofiléticas que têm sido tipos de esporângio; megasporângios geralmente providos
aceitas por alguns autores como gê neros. Análises de DNA de 4 esporos de 200- 600 pm de diâmetro, com superf ície
do gene rbcL dividem a família em um ciado Huperzia e um distinta e conspicuamente ornamentada com projeções de
ciado Lycopodiella - Lycopodium. Uma espécie peculiar, às ve ¬
diversos formatos; microsporângiôs com mais de 100 mi-
zes incluída em um gê nero à parte ( Phylloglossum ), consis ¬
crósporos de 20-60 pm de diâmetro (Figura 8.2; ver também
te em plantas muito reduzidas, de cerca de 5 cm de altura, Figura 7.9F-I) .
adaptadas a hábitats áridos da Austrália, Nova Zelândia e
Tasmânia. Caracteres morfológicos do gametófito, bem como
sequências de rbcL, sustentam a inclusão dessa espécie em (A)
Huperzia. As espécies de Huperzia sã o principalmente epífitas
tropicais, com os esporângios dispostos nas axilas foliares e
n ão agregados em estróbilos. Huperzia é dividido em um cia ¬
do neotropical e outro ciado paleotropical; acredita-se que
ambos os ciados se diversificaram após a separaçã o de África
e América do Sul, cerca de 80 milhões de anos atrás. Lyco ¬

podiaceae é uma familia antiga cuja origem remonta a cerca


de 380 milhões de anos atrás, mas muitas das espécies atuais
são relativamente jovens. A formação de florestas latifolia-
das criou um sub- bosque sombrio, favorecendo a evoluçã o
do epifitismo nos ancestrais de Huperzia. O hábito terrestre
aparentemente evoluiu pelo menos duas vezes em ambien ¬

tes montanos neotropicais; acredita-se que uma dessas re ¬

versões seja em resposta à formação dos Andes, cerca de 15 (C)


milhões de anos atrás. A delimitação específica em Huperzia
é problemática, em parte devido a frequentes eventos de hi-
bridização interespecífica.
O ciado Lycopodiella- Lycopodium apresenta distribuição
primariamente temperada e seus esporângios estão geral ¬
mente dispostos em estr óbilos conspícuos. Alguns dados
dentro desses dois gê neros apresentam distribuição maior
que o ciado neotropical, e o dado paleotropical de Huperzia
e algumas espécies, como Lycopodium clavatum, são pratica-
mente cosmopolitas. (D)
Os integrantes dessa família apresentam um número cro-
mossômico somático de cerca de 275. Esse número alto pro¬
vavelmente decorre de repetidos eventos de poliploidia, ou
essas plantas podem ser simplesmente diplóides com altos
números cromossômicos.
Referências: DiMichele and Skog 1992; Kenrick and Crane
1997; Lellinger 1985; OUgaard 1990,1992; Soltis and Solt
ís 1988;
Tryon andTryon 1982; Wagner and Beitei 1992, 1993; Wikstrõm
1999; Wikstrõm and Kenrick 1997; Wikstrõm and Kenrick 2000;
Wikstrõm and Kenrick 2001.

Selaginellaceae Willk
(Família da selaginela)
Plantas geralmente terrestres, herbáceas e perenes com me ¬ Esporângios
nos de 2 cm de altura. Raízes com ramificações dicotômicas;
rizóforos geralmente produzidos a partir do caule e apresen ¬ FIGURA 8.2 Selaginellaceae. (A) Selaginella arenicola: há bito; ( B , C) S.
tando ramifica ções dicotômicas. Caules eretos ou rasteiros. apoda: ( B) h á bito (x 1 ,5 ); (C) porção estéril da planta (x 12). ( D ) S. myosu-
Folhas com cerca de 0,5- 1 cm de comprimento, em disposição rus: estró biio e ramo vegetativo que o carrega ( x 6) . ( B , C reproduzidos
espiralada e frequentemente 4 por verticilo nos ramos terminais de Billington 1952; D de Alston 1932.)
r
190 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Distribuição e ecologia: plantas principalmente tropicais, 7). Análises filogené ticas indicam que as samambaias, como
que ocorrem em grande diversidade de h ábitats, com poucas definidas neste texto, sã o monoàléticas. As samambaias
espé cies que se estendem até as regiões árticas de ambos os abrangem cerca de 300 gêneros e 9.000 espécies, com plantas
hemisf érios. de uns poucos centímetros até de 20 m de altura .
Encontramos dois tipos de esporângios dentro das sa ¬
Gênero / espécies: 1 ( Selaginella ) / 75Q. mambaias; eusporângios sã o plesiomórficos e a parede do
esporângio apresenta duas ou mais camadas de células no
Importância económica e produtos: a família não apresenta período de deiscência. Nos leptosporângios a parede do es ¬

importâ ncia económica, embora algumas espécies sejam or ¬ porângio é constituída por uma única camada de c élulas. A
namentais. condição eusporangiada caracteriza Psilotaceae, Ophioglos -
saceae, Equisetaceae e Marattiaceae (bem como as licófitas) .
Discussão: conhecermse f ósseis desta família oriundos de Marattiaceae contém 4- 7 gêneros e cerca de 300 espécies que
ambientes tropicais úmidos de 350 milh ões de anos atrás. O ocorrem principalmente no solo úmido de florestas tropicais;
dimorfismo foliar apareceu cedo na história evolutiva da fa ¬
essa famflia não é tratada em detalhes neste livro.
mília, na forma de folhas pequenas na face superior dos cau ¬ A grande maioria das samambaias apresenta esporâ ngios
les. Acredita-se que esse dimorfismo foliar seja uma adapta ¬
leptosporangiados. Além da espessura da parede do esporâ n ¬
ção para ambientes de pouca luminosidade, o que pode ter gio, a evolução das samambaias leptosporangiadas está as ¬
sido importante para as antigas e as modernas espécies de sociada com outros quatro caracteres morfológicos nicos; o
Selaginellaceae, pois esses taxa ocorrem principalmente rio ânulo (que será descrito adiante); o ped nculo do esporângio
solo de florestas. com 4-6 células de espessura em secção transversal; a pri ¬
A maioria das espécies da família ocorre em florestas tro ¬
meira divisão zigótica vertical e pontoa ções escalariformes e
picais úmidas, mas muitas espécies são capazes de sobreviver areoladas no xilema primário. Rearranjos no genoma do clo -
a longos períodos de estiagem, pois as folhas estão cobertas roplasto e caracteres de DNA també m sustentam a monofilia
com uma cutícula espessa e os ramos podem se enrolar. Essas das samambaias leptosporangiadas.
plantas aparentemente mortas podem reviver rapidamente Sequências de DNA de três genes de cloroplasto (rbcl,
desenrolando seus ramos, e por isso, são popularmente co¬ atpB e rps4 ) e do gene nuclear 18S rDNA sustentam forte ¬

nhecidas como plantas da ressurreição . Essa capacidade de mente a proximidade entre Ophioglossaceae e Psilotaceae
reidratação evoluiu pelo menos três vezes no gênero. (Figura 8.3) . As afinidades filogenéticas de Ophioglossaceae
Embora o hábito e a presença de folhas pequenas tomem têm sido um dilema por longo tempo. Com base em carac ¬

muitas espécies de Lycopodiaceae e Selaginellaceae superfi ¬


teres morfoló gicos, acreditava -se que fossem distantemente
cialmente semelhantes, a presença de heterosporia e de fo ¬
relacionadas com outras traqueófitas ou com um grupo de
lhas liguladas são sinapomorfias que sustentam a afinidade plantas extintas denominadas pró- gimnospermas. As afini ¬
entre Selaginellaceae e Isoetaceae. dades de Marattiaceae sã o ainda confusas. As mesmas evi ¬
dências de DNA que esclareceram o parentesco entre Ophio ¬
Referências: Jermy 1990a, b; Kenrick and Crane 1997; Korall glossaceae e Psilotaceae situam Equisetaceae e Marattiaceae
and Kenrick 2002 (a Figura 3 deste trabalho mostra importantes em um ciado que é o grupo-irmão das samambaias leptospo¬
caracteres morfológicos); Lellinger 1985; Manhart 1995; Taylor et rangiadas (ver Capítulo 7). O suporte para esse ciado é fraco
al. 1993; Tiyon andTryon 1982; Valdespino 1993; Webster 1992. e, por isso, n ão o incluímos na Figura 8.3.
Caracteres como forma, tamanho e simetria do esporo,
bem como o formato de uma fenda proeminente - seja reta
MONILÓ FITAS (SAMAMBAIAS) ou trífida - e a natureza das camadas superficiais da parede
do esporo têm apresentado utilidade taxonômica em todos
As monilófitas, ou samambaias, apresentam grande diver¬ os níveis dentro das monilófitas. Os esporos dessas plantas
sidade morfológica. A grande maioria dos integrantes deste são muito pequenos e produzidos em grandes quantidades;
ciado apresenta caules subterrâ neos e conjuntos de folhas estima -se que um indivíduo de samambaia arborescente do
compostas ou profundamente lobadas, providas de muitas gênero Cyathea produz 1.250.000.000.000 esporos em toda a
nervuras e comparativamente grandes (até 7 m ou mais de sua vida. A dispersão dos esporos é facilitada por adapta ções
comprimento) . Essas folhas sã o às vezes denominadas de como a presença de elat érios em Equisetum e a presen ça do
frondes, e seus pecíolos, de estipes. ânulo na maioria das samambaias (ver a seguir) .
As samambaias incluem também plantas cujas folhas são A maioria das samambaias é homosporada, produzindo
simples ou lembram aquelas dos trevos, samambaias arbores- um ú nico tipo de esporo. Seus gametófitos são pelo menos
centes com até 20 m de altura e plantas aquáticas com folhas potencialmente bissexuais, produzindo ambos os tipos de ga -
filiformes. Dois grupos referidos por muito tempo como "pró ¬ metas: oosíera (em arquegônios) e anteroz óides (em anter í-
ximos das samambaias"- Psilotaceae e Equisetaceae - apre ¬ dios; Figura 8.4). Assim, gametófitos isolados podem produzir
sentam, com poucas exceções, folhas pequenas com uma ou zigotos e dar início por si só a uma nova população. Dispersão
nenhuma nervura e n ão se parecem superficialmente com as a longa distância é mais frequente em samambaias do que em
samambaias. Por mais de 30 anos, no entanto, alguns pesqui ¬
plantas com flores . A fecundaçã o entre gamet ófitos diferentes
sadores tè m sugerido que Psilotaceae e Equisetaceae sã o sa ¬ é promovida quando gametófitos que produzem arquegônios
mambaias muito modificadas, e pesquisas recentes utilizando liberam substâncias (chamadas de anteridiogênicas) que es ¬
DNA claramente sustentam esse ponto de vista (ver Capítulo timulam gametófitos próximos a produzir anter ídios. Marsi-

k
SISTEMATICA VEGETAL 191

Samambaias leptosporangiadas

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í? CA <8 3 I I I Esporóforos
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Q 1
1Raízes ausentes
interrupto Folhas escamiformes
Estrutura do Esporângios 2-3
caule
Ânulo de Esporangió- loculares
um lado do foros
esporângio
4* Elatérios

Esporângios
pedunculados
Anulo
FIGURA 8.3 Cladograma simplificado mostrando
as rela ções filogen éticas entre os principais grupos
de monil ófitas (samambaias). Indicam-se as possí ¬

veis sinapomorfias dos agrupamentos tratados


neste livro. (Modificada de Smith et ai. 2006.)

leaceae é excepcional dentre as samambaias tratadas neste Referências: Kenrick and Crane 1997; Pryer et al. 2004;
livro por elas serem heterosporadas e produzirem dois tipos Rothwell 1999; Rothwell and Nixon 2006; Smith et al. 2006;
de esporos (megásporos e micrósporos) . Spome 1970; Tryon andTryon 1982.
Os gametófitos das samambaias geralmente apresentam
menos de 1 cm de comprimento. Os gametófitos de Psilotace- Psilotales
ae e Ophioglossaceae são subterrâneos, carecem de clorofila
e são micotróFicos, dependendo de fungos para sua nutrição. Psilotaceae Kanitz
Equisetaceae e a maioria das samambaias leptosporangiadas (Família do Psilotum)
produzem gametófitos fotossintéticos que se desenvolvem
na superf ície do solo. Muitas samambaias leptosporangiadas Ervas terrestres ou mais freqúentemente epífitas . Raízes au ¬
apresentam gametófitos cordiformes (ver Figura 8.4), embo ¬ sentes, a planta ancorada por um sistema de caules subter¬
ra também possam ser reniformes, alongados, filiformes ou râneos que podem produzir gemas. Caules aéreos eretos ou
possam apresentar outros formatos. Os gametófitos de al¬ pêndulos, glabros, simples ou dicotomicamente ramificados.
gumas samambaias leptosporangiadas produzem pequenos Folhas em disposição espiralada, dística em algumas espé ¬
gemas que se separam do gametófito por reprodução asse- cies; em formato de escamas, de espinhos at é lanceola -
xual. Marsileaceae é excepcional, pois apresenta gametófitos das, simples ou bifurcadas, com uma ou nenhuma nervu ¬
endospóricos (isto é, sã o retidos, total ou em grande parte, -
ra. Esporâ ngios 2 3-loculares e lobados, grandes, sésseis
ou acima da base de esporofilos bifurcados. Plantas homos-
dentro da parede do esporo). Os megagametófitos projetam -
se para fora da parede dos megásporos e os micrósporos são poradas; esporos em formato de ervilha, de colora ção pá ¬
liberados quando os gametófitos masculinos dentro deles li ¬ lida (Figura 8.5).
beram os anterozóides.
A fertilização nas monilófitas geralmente requer água, de Distribuição e ecologia: Família pantropical e de regiões
modo que o anterozóide possa nadar desde o anter ídio até temperadas a subtropicais, exceto em regiões secas. A maior
o arquegônio. A necessidade de á gua exclui essas plantas de parte das espécies ocorre no Sudeste da Ásia e no Pacífico
alguns ambientes áridos. Muitas monilófitas se reproduzem Sul, em baixas altitudes, em geral como epífitas de palmeiras
assexuadamente por meio de rizomas e propágulos vegeta- e samambaias arborescentes.
tivos formados no gametófito, denominados gemas em Psi - G êneros / esp écies: 2/12. Principais gêneros: Tmesipteris
lotum e muitas outras samambaias leptosporangiadas, bem
como por meio de propágulos vegetativos formados no es- (10 spp.) e Psilotum (2).
porófito, por excrescências derivadas de tecido gametof ítico
(apogamia) e por esporos produzidos por divisões meióticas Import ância econó mica e produtos : a família não apresenta
modificadas. importância económica.

i
r
192 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Esporangios
boros

L
mmi
IM
Mj Indusio

Folha Anulo
boros /

s
Rizoma
Esporangio
( 2n )

Raízes

Esporoso
( ln) °0
Esporófito ramificado
V o
(2 )

yy

Germinação
Gametófito do esporo
( ln )

Rizoiae
Antendio
Raiz

'
W -V
:\ .r\ Embrião
Anterozoid

•s :
i y
4 .
'
> $
} r* Rizóides

SÉHiSl
Ny/ Oosfera
'Arquegônio
FIGURA 8.4 Ciclo de vida do g ê nero Polypodium. A geraçã o esporo- gametófito é fotossintético e independente, embora seja de tamanho
f ítica é fotossintética e independente do gamet ófito. O conjunto de reduzido se comparado ao esporófito. A fertiliza çã o acontece quando
esporangios e a camada de cé lulas protetoras, denominada ind sio, o anterczóide nada até o arqueg ô nio e fertiliza a oosfera. Diferente do
constituem um soro. A meiose dentro dos esporà ngios produz esporos gametófito, o esporófito desenvolvido apresenta ra ízes e tecidos vas ¬
hapl óides que se dividem mitoticamente, gerando um gamet ófito cor- culares. ( Fonte: Singer 1997.)
diforme que produz arquegô nios e anterídios no mesmo indiv íduo. O

Discussão: embora n ã o se tenha um registro f óssil signi ¬ Psilotaceae e Ophioglossaceae. A característica simplicidade
ficativo de Psilotaceae, acreditava se que essa fam ília fosse
- estrutural dessas plantas (um dos motivos pelos quais n ão
uma das mais primitivas dentre as plantas vasculares atuais parecem superficialmente com samambaias) é provavelmen ¬

com base na semelhan ç a morfológica com f ósseis antigos te o produto de uma redu çã o associada com a ocorrência de
de plantas simples. No entanto, caracteres morfoló gicos, micotrofismo, epifitismo e redução para evitar o estresse hí ¬

químicos, sequências de DNA e caracteres estruturais dos drico . O crescimento dos esporos depende da presença de
anterozóides sustentam uma rela çã o de parentesco entre micorrizas endof íticas.

ir
1
,
SISTEMATICA VEGETAL 193

Distribuiçã o e ecologia: família pantropical, especialmente


comum nos trópicos e em regiões temperadas. Os integrantes
dessa família estão com frequência associados com eventos
de distúrbios em pastagens, campos abandonados e florestas
secundárias, embora muitas espécies cresçam em ambientes
relativamente preservados.

í es: 4/ 70-90. Principais gêneros:


Gêneros/ espé t Botrychium
(45-60 spp.) e Ophioglossum (25-30).

Importância econó mica e produtos: nenhuma.


(B
; '

mm Discussão: assume-se que o esporóforo consiste em dois

í - jf
mm segmentos foliares basais fusionados e é a caracter ística
morfológica mais marcante dessa família, devendo certa ¬
mente constituir uma sinapomorfia para o grupo. A família
é morfologicamente diferenciada de todos os outros grupos
de samambaias e sua relação de parentesco com Psilotace¬
ae (sustentada por caracteres moleculares) não é apoiada por
caracteres morfológicos conspícuos. O número cromossômi-
i
*m ir co em Ophioglossum pode ser tão alto quanto 2n = 1.400, o
maior dentre todas as traqueófitas.
á
Referências: Hasebe et al. 1995; Hauk et al. 2003; Pryer et
I al. 1995, 2001, 2004; Smith et al. 2006; Tryon andliyon 1982;
Wagner 1990; Wagner and Wagner 1993.

ii- FIGURA 8.5 Psilotaceae. Psilotum nudum: ( A ) h á bito (ca. x 0,25 ); ( B)


.
parte de um caule com esporâ ngio aberto (x 15) (A reproduzido de
Equisetales
\! Knobloch e Correll 1962; desenho original de P. Homing; B reproduzida Equisetaceae Michx. ex DC.
de Brownlie 1977.)
(Família da cavalinha)
.
Plantas perenes e rizomatosas, terrestres a aquáticas. Cau ¬
Referências: Kramer 1990d; Kenrick and Crane 1997; Lellinger
les de até 8 m de altura, porém menor do que 1 m de al-
1985; Manhart 1995; Piyer et al. 1995,2001,2004; Renzaglia et
'
i al. 2001; Smith et al. 2006; Thieret 1993b; Tryon andTiyon 1982;
Wolf 1997; Wolf et al. 1998. - (Q

v Ophioglossales
* Ophioglossaceae C. Agardh
*í ; .
(Família do Ophioglossum )
Plantas terrestres, menos frequentemente epífitas. Caules (A t
não-ramificados, curtos, primariamente subterrâneos. Folhas
geralmente uma por caule, às vezes providas de um ped ncu ¬

lo basalmente expandido na forma de bainha, divididas em


1 uma porção estéril e fotossintética e uma ou mais regiões
portadoras de esporos (esporóforos); com lâmina simples,
mais ou menos palmado-composta até várias vezes pinado-
composta, de poucos centímetros até 50 cm de comprimento,

f raramente, conduplicada e inclinada antes de desenrolar-se


(mas não circinadas). Esporângios de paredes espessas (eus-
porangiados), não agrupados em soros, separados ou agru ¬

pados em sinângios, expostos nos ramos dos esporóforos ou


embebidos em um esporóforo espiciforme; ânulo ausente. FIGURA 8.6 Ophioglossaceae. Botrychium virginianum: ( A) folha fé rtil
Plantas homosporadas; esporos não verdes; milhares por es¬ ( todas ca. x 0,3 vezes); ( B) porção de uma folha estéril (fotossintética );
porângio (Figura 8.6). .
(C) base da planta ( Fonte: Wagner e Wagner 1993.)
1
194 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

tura na maioria das espécies; entrenós intumescidos (como


: B)
'

junção); entrenós alternando sulcos e arestas verticais na


região externa e com região interna oca provida de um
canal central maior e numerosos canais menores abaixo
dos sulcos e arestas do caule; ramos ausentes ou dispostos
em verticilo e morfologicamente similares ao caule principal.
Folhas verticiladas, fusionadas em uma bainha basal, em
geral menores do que 2 cm de comprimento, as bainhas às ,
#-
: lv
vezes mais ou menos intumescidas. Esporângios alongados,
pêndulos no ápice expandido de esporangióforos; esporangi- mi
óforos peitados, dispostos em verticilos que integram estró-
-
bilos terminais, verdes ou não, neste caso tomando se verdes
mi
e ramificados por ocasião da liberação dos esporos. Plantas
&
homosporadas; esporos esf éricos, verdes, com 4-6 elatérios
em forma de fita enrolados ao redor do esporo que rapi ¬ w v
damente se endireitam e auxiliam na dispersão dos esporos
(Figura 8.7).

Distribuição e ecologia: família cosmopolita, exceto na Aus ¬

trália, Nova Zelândia e Antártica. A maioria das espécies


ocorre entre os 40 e 60° de latitude Norte.Trata-se de plantas
que colonizam áreas abertas e alagadas, bem como margens o
de espelhos de água.
O. 0
Gêneros / espé cies: 1 ( Equisetum)/ 15 .

Importância económica e produtos: a família não apresenta


n

Pa OQ
c .
importância económica significativa. A sílica contida nos cau ¬

les era til para os colonos dos Estados Unidos que as utiliza ¬
vam para limpar panelas.
(D )
Discussão: a família é morfologicamente distintiva pelos
FIGURA 8.7 Equisetaceae. (A) Equisetum palustre. ramo fé rtil (à es¬
caules ocos e extemamente sulcados, pelas folhas verticiladas querda ) e ramo esté ril (à direita ). Esporâ ngios (á reas escuras) no ramo
e pelos esporangióforos peitados. Até recentemente, consi¬ fértil na fase de dispersão dos esporos. ( B-D) E arvense. (B) há bito da
derava - se que Equisetaceae n ã o pertencia às samambaias planta estéril ( x 0,4); (C) secçã o transversal do caule ( x 9,5); ( D) á pice do
e era referida como um t áxon próximo das samambaias . caule fértil com estró bilo (x 0,8). (B-C reproduzidas de Madalski 1954; D
Caracteres moleculares e morfológicos (tais como atributos reproduzida de Hauke 1990.)
dos anterozóides e das raízes) indicam que as cavalinhas sã o
samambaias (monilófitas).
Equisetum é dividido em dois subgêneros: subgè nero Equi- Referências: Des Marais et al. 2003; Hauke 1990, 1993;
setum (8 espécies; estômatos superficiais; caules ramificados) Lellinger 1985; Ptyer et al. 2001, 2004; Stewart and Roth-well
e subgènero Hippochaete (7 espécies; estômatos em criptas; 1993; Smith et al. 2006; Tryon andTryon 1982.
caules não- ramificados). Alguns taxonomistas aceitam am ¬
bos os grupos como gêneros distintos. Eventos de hibridiza-
ção são frequentes entre espécies do mesmo subgènero, mas Samambaias Leptosporangiadas
nunca entre espécies dos dois subgêneros. Um estudo filo- Plantas terrestres, epífitas ou aquáticas. Xilema primário
genético das 15 espécies aceitas baseado em an álises combi ¬ com pontoações escalariformes areoladas. Caules ri-
nadas dos marcadores de cloroplasto tmL -F e rbcL apresenta zomatosos a arborescentes de at é 20 m de altura . Folhas
forte suporte para a monofilia de ambos os subgêneros. As (ver Figuras 8.8, 8.11-8.19) freqúentemente muito maiores
afinidades da espécie sul-americana E. bogotense são incertas. do que 2 cm de comprimento e com numerosas nervuras
Taxa fósseis relacionados com Equisetaceae são conheci¬ bifurcadas; em geral divididas em lobos ou folíolos sepa ¬
dos a partir do Devoniano (408-360 milhões de anos atrás) e rados, mas às vezes simples e inteiras; em disposiçã o espí-
se tomaram abundantes como plantas reiativamente peque ¬ ralada, com as bases foliares mais ou menos persistentes e
nas (até 1 m de altura) no sub-bosque de florestas do Car¬ cobrindo o caule ou às vezes claramente caducas; com pre-
bonífero. No entanto, algumas tinham caules de até 20 m de foliação circinada (ver Figura 8.15), formando um báculo ;
altura e, como as Licófitas do Carbonífero, se extinguiram. Os monomórficas ou dimórficas (folhas estéreis e fé rteis mor¬
primeiros fósseis claramente atribuíveis a Equisetum são do fologicamente diferentes). Esporângios com pedúnculos
Eoceno (54-38 milhões de anos atrás), e acredita-se que o gê¬ de 3-6 c é lulas em sec ção transversal , em geral agrupados
nero tenha se diversificado durante a Era Cenozoica . em soros na face abaxial de folhas normais, ou em porções
SISTEMáTICA VEGETAL 195

I especializadas das folhas ou em folhas f érteis completa


mente separadas (ver Figura 8.17), menos freqiientemente
espalhadas na superf ície abaxial ou em esporocarpos; em
¬ Plantas homosporadas, às vezes heterosporadas; esporos
geralmente verdes.

geralmente providos de ânulo (um grupo ou fileira de cé ¬


Discussão; as samambaias leptosporangiadas são caracte-
lulas com paredes espessas que abrem o esporângio e eje ¬ rsticas por suas folhas geralmente grandes de prefoliação
í

I tam os esporos para o ar); a parede do esporângio geral ¬


mente apresenta uma célula de espessura na maturidade.
circinada e pelos esporângios geralmente agrupados em
soros. As numerosas espécies desse grupo apresentam uma

Chave para Famílias Selecionadas de Samambaias Leptosporangiadas

1. Plantas flutuantes na água ou às vezes enraizadas na lama; folhas indivisas e filiformes ou


divididas em 2 ou 4 segmentos; heterosporadas, esporângios de dois tipos, sem ânulo e
| dispostos no mesmo esporocarpo especializado, enrijecido e em formato de ervilha . . Marsileaceae
1. Plantas geralmente terrestres; folhas geralmente pinado-compostas e com muitos
segmentos ou pelo menos pinatífidas, raramente simples; homosporadas, esporângios
com ânulo e geralmente dispostos em soros que estão expostos na superf ície foliar 2
2. Ânulo consistindo apenas em um conjunto de células na lateral do esporângio;
soros ausentes; esporos, mais de 100 a muitos milhares por esporângio Osmundaceae
2. Ânulo consistindo em uma faixa vertical ou oblíqua de células maiores;
soros geralmente presentes; esporos, geralmente 64 ou menos por esporângio 3
3. Caule geralmente maciço e arborescente (delicado e rasteiro em algumas poucas espécies),
atingindo até 20 m de altura; ânulo oblíquo, não interrompido pelo pedúnculo do esporângio;
pedúnculo do esporângio provido de 4-8 fileiras de células Cyatheaceae
3. Caules geralmente rasteiros no solo ou subterrâneos, em geral com apenas o ápice do
caule e as folhas evidentes, ou epífitos; ânulo vertical, interrompido pelo pedúnculo do
esporângio; pedúnculo do esporângio provido de1-3 fileiras de células 4 ( Polypodiaies)
4. Folhas claramente dimórficas, as f érteis de cor marrom na maturidade e de aspecto não foliáceo . . . Onocleaceae
4. Folhas em geral monomórficas; ocasionalmente um tanto dimórficas, mas sempre de aspecto foliáceo 5
5. Soros geralmente limitados à margem foliar 6
5. Soros não limitados à margem foliar 7
6. Caules e bases dos pet íolos com pêlos de 1 célula de largura e
sem escamas de 2 a mais células de largura Dennstaedtiaeeae
6. Caules e bases dos pecíolos com escamas de pelo menos 2 células de largura Pteridaceae
7. Indúsio ausente 8
7. Indúsio presente 10
8. Folhas geralmente providas de pêlos aciculares Thelypteridaceae
8. Pêlos foliares se presentes, de ápice truncado
, 9
9. Pêcíolo geralmente provido de escamas persistentes na base Dryopterldaceae
9. Pècíolo em geral sem escamas, se escamoso, as escamas não são persistentes. Polypodiaceae
10. Soros frequentemente em fileiras ou lineares, paralelos e adjacentes às
nervuras medianas; indúsios deiscentes em direção à nervura mediana Blechnaceae
10. Soros em outra disposição; indúsios deiscentes de outro modo 11
11. Indúsios lineares, lateralmente aderidos Aspleniaceae
11. Indúsios arredondados, reniformes ou lineares, mas não aderidos lateralmente 12
I 12. Folhas geralmente providas de pêlos aciculares Thelypteridaceae
12. Pêlos foliares, se presentes, de ápice truncado 13
13. Pecíolo geralmente provido de escamas persistentes na base Dryopteridaceae
, ,
13. Pecíolo em geral sem escamas se escamoso as escamas não são persistentes Woodsiaceae
i
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196 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

A) (B ) jjfih O

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Polypodiales: Pteridaceae
Aàiantum raddianum: folha
Cyatheales: Cyatheaceae
Cyathea arbórea: h ábito

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Salviniales: Marsileaceae
Marsilea sp.\ hábito
Polypodiales: Onocleaceae
Polypodiales: Dryopteridaceae Matteuccia struthiopteris: báculo
Cyrtomium falcatum: folha com soros (folha circinada)

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(F) r

Osmundales: Osmundaceae Polypodiales: fblypodiaceae


Os munda dnnamomea : há bito; folha f értil Pleopeltis polypodioides : folhas, soros na face abaxial
PRANCHA 8.1 Samambaias Leptosporangiadas
r
SISTEMáTICA VEGETAL 197

enorme diversidade foliar, desde as folhas grandes e pinado- férteis das folhas ou na superfície abaxial de regiões pouco mo¬
compostas típicas das samambaias, as folhas das samambaias dificadas , com ped nculo curto com muitas fileiras de células e
aquáticas que se assemelham às folhas de trevos, até as folhas â nulo pouco diferenciado que consiste em um grupo de
aciculares de algumas Schizaceae (não tratadas neste texto). células espessadas de um lado do esporângio Plantas .
O hábito pode ser aquático (Marsileaceae ), epífito ou arbo- homosporadas; esporos verdes, 128-512 esporos por espo¬
rescente (Cyatheaceae) (Prancha 8.1). rângio (Figura 8.8) .
Atualmente são aceitas cerca de 33 famílias de samam ¬

baias leptosporangiadas. Aqui descreveremos 12 famílias Distribuição e ecologia: família cosmopolita, ausente em re ¬
que julgamos representativas da diversidade evolutiva do giões muito frias, desertos e ilhas do Pacífico. Osmunda, o úni¬
grupo como hoje delimitado. Osmundaceae é o grupo-ir¬ co gênero do Hemisf ério Norte, é comum em áreas alagadas,
mão das demais samambaias leptosporangiadas. Polypodia- brejos e florestas em baixas altitudes.
les mais o dado das samambaias arborescentes (incluindo V

Cyatheaceae) e as samambaias aquáticas heterosporadas Gêneros / espé cies: 3/18. Principais gêneros: Osmunda (10
(Marsileaceae) compreendem o que às vezes é denominado .
spp ), Leptopteris (6) e Todea (2).
de leptosporangiadas- n cleo (em inglês, core Leptosporan-
giates) . As samambaias schizóides (não tratadas neste texto)
sã o aparentemente o grupo-irmão das leptosporangiadas- A
n deo (ver Figura 8.3). Outros dois grupos de samambaias
J leptosporangiadas, as gleichenóides (Gleicheniaceae, Dipte-
ridaceae e Matoniaceae) e a família Hymenophyllaceae, não
serão tratados neste texto. As relações filogenéticas entre as
samambaias leptosporangiadas vêm sendo esclarecidas em
artigos recentes (ver Hasebe et al. 1995; Hennequin et al.
2006; Korall et al. 2006; Pryer 1999; Pryer et al. 1995, 2001,
2004; Schneider et al. 2004; Smith 1995; Smith e Cranfill
2002; Smith et al. 2006;Vangerow et al. 1999; Wolf 1997; Wolf
et al. 1998, 1999).
A natureza do â nulo é cr ítica para a filogenia das sa ¬

mambaias leptosporangiadas. Em Osmundaceae, consiste


apenas em um ac mulo em células de um lado do espo-
rângio (Figura 8.8). Samambaias aquáticas, como algumas
espécies de Ceratopteris (Pteridaceae) e Marsileaceae, care ¬
cem de ânulo; os esporângios de Marsileaceae são fechados
e dispersos em esporocarpos. O ânulo de Cyatheaceae (ver
Figura 8.9) consiste em uma série de células de orientação
não vertical (o eixo do ânulo e do pedúnculo não coincidem)
e não é interrompido pelo ped nculo do esporângio. Nas
famílias de Polypodiales, o ânulo consiste em uma linha de
células cuja orientação vertical a coloca no mesmo plano do
pedúnculo. O ânulo é assim interrompido pelo pedúnculo
(ver Figura 8.13).
Referências adicionais: Flora of North America Editorial
Committee 1993; Kramer and Green 1990; Lellinger 1985; Stein
et al.1992; Tryon andTryon 1982; Wagner and Smith 1993.
(B)
Osmundales
Osmundaceae Bercht. & J. Presl.
(Família do Osmunda )
Plantas terrestres. Caules ramificados, com frequência co¬
bertos por bases foliares persistentes, horizontais a eretos.
Folhas com cerca de 0,5 - 2 m de comprimento, pinado-
compostas até três vezes pinado-compostas, com base foliar FIGURA 8.8 Osmundaceae. ( A) Osmunda reqaiis. h á bito (ca. x 0,1 ),
expandida, prefoliação circinada; em algumas espécies total com a regi ão apical foliar expandida, parcialmente fértil (à esquerda )
ou parcialmente dimórficas, com esporângios em toda a fo¬ (ca. x 0,3). ( B) O. lancea: esporâ ngio fechado (à esquerda ) e aberto (à
lha ou em regiões específicas; às vezes formando agregados direita ) (x 315). Observe as paredes espessadas do â nulo. (A reproduzi
i
¬

em forma de vaso. Esporângios separados ou em agrupamentos da deTaylor 1984; Milwaukee Public Museum, ilustração original de P.
laxos, não agrupados em soros, dispostos em regiões totalmente Nelson; B reproduzida de Hewitson 1962.)
198 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE
r
Importância económica e produtos: algumas espécies, como senta folhas filiformes. As folhas de Regnellidium, um gê nero
Osmunda cinnamomea (Prancha 8.1F) e O. regalis, são cultiva ¬ monotípico do sul do Brasil e da Argentina, apresentam dois
das como plantas ornamentais. folíolos. Estudos recentes apontam que Pilularia e Regnelli¬
dium constituem um ciado que é o grupo-irmão de Marsilea.
Discussão: a presen ça de numerosos esporos, ânulo rudi ¬ A presença de um arquegônio nos megagametófitos é uma
mentar, parede do esporângio com mais de uma célula de possível sinapomorfia para a família.
espessura, ausência de soros e sequências de rbcL sustentam Os esporocarpos de Marsileaceae são notavelmente du ¬
Osmundaceae como o grupo-irmão das demais samambaias radouros. Eles protegem a viabilidade dos esporos por mais
leptosporangiadas. Tal conclusão é consistente com o registro de 100 anos em algumas espécies, o que pode constituir uma
f óssil da família que remonta ao Permiano (286-245 milhões adaptação para o crescimento em regiões áridas onde a chu ¬
de anos atrás), Osmunda claytoniana aparentemente vive des ¬
va é infrequente. Os esporocarpos são consumidos por aves
de o final do Triássico (220 milhões de anos atrás) e O. cinna ¬
aquá ticas que acabam dispersando os esporos.
momea cresce no oeste da América do Norte há pelo menos O registro fóssil indica que os gêneros de Marsileaceae se
70 milhões de anos. diversificaram no Cretáceo Médio.
Referências: Hasebe et al. 1994, 1995; Kramer 1990c; Lellinger Salviniaceae, que não é tratada em detalhes neste livro, é
constituída por dois gêneros aqu áticos e cosmopolitas, Azolla
1985; Phipps et al. 1998; Pryer et al. 1995, 2004; Serbet and
Rothwell 1999; Smith et al. 2006; Tiyon andTryon 1982; e Salvinia, cada um com menos de 10 espé cies. Essas espécies
Whetstone and Atkinson 1993. aquáticas apresentam folhas inteiras, pequenas (lâminas com
menos de 15 mm de comprimento) e flutuantes, bem como
esporocarpos achatados. Salviniaceae apresenta distribuição
Saiviniales tropical ou temperada. Azolla apresenta importância econó ¬

Esta ordem contém duas famílias e cerca de 90 espécies de sa ¬ mica, pois pode atuar como invasora e, devido à presença de
mambaias heterosporadas próprias de ambientes aquáticos, cianobactérias simbiontes, pode atuar como uma fonte po ¬
úmidos ou alagadiços. As plantas apresentam uma diferen¬ tencial de nitrogénio.
ciação entre as regiões estéril (fotossintética) e f értil das Referências:
folhas bem como nervuras anastomosadas. Como em muitas Johnson 1993a; Kramer 1990b; Lellinger 1985;
Lupia et al. 2000; Pryer 1999; Pryer et al. 1995, 2004; Smith et al.
outras plantas aquáticas, as raízes, os caules e os pecíolos com 2006.
frequência apresentam aerênquima. Os esporângios carecem
de ânulo. Saiviniales é o grupo-irmão de um ciado composto
por Cyatheales e Polypodiales.

Marsileaceae Mirbel
(Família do trevo d'água)
Plantas aquáticas com folhas flutuantes ou enraizadas na
lama ou bordas de espelhos d'água. Caules finos, glabros e r\
rasteiros, crescendo na superf ície do substrato ou subterrâ ¬

-
neos. Folhas longo- pecioladas, lâmina dividida em 2 4 folíolos, ou
filiforme e não expandida; de prefoliação circinada. Soros des¬
providos de abertura indusial, contidos em esporocarpos em
formato de feijão ou ervilha, dispostos em ped nculos curtos
próximo da base dos pecíolos; cada esporocarpo apresen ¬

ta pelo menos 2 soros. Plantas heterosporadas. Esporângios


sem ânulo; megasporângio com um megásporo; microspo-
rângio com 16-64 micrósporos (Figura 8.9).

Distribuição e ecologia: família praticamente cosmopolita,


em regiões temperadas a tropicais; plantas anf íbias ou pra ¬
ticamente anfíbias crescendo na á gua ou na beira de cursos
d'água.
\
G êneros espécies : 3/76. Principais gêneros: Marsilea (50- A
70 spp.) e Pilularia (6) . ' \
Importância económica e produtos: Marsilea é, às vezes, cul ¬
/
tivado como curiosidade.
FIGURA 8.9 Marsileaceae. Marsilea vestita: h á bito ( ca. x 0, 7 ). Obser-
Discussã o: o nome comum deve-se à semelhan ça entre as ve as folhas maduras, com aspecto de folhas de trevo; as folhas ima-
folhas de Marsilea (trevo d'água) (Prancha 8.1E) e as do trevo turas circinadas e um ú nico esporocarpo (seta ). ( Fonte: Taylor 1984;
fTrifolium, Fabaceae) . Pilularia, de ampla distribuição, apre- Milwaukee Public Museum. Ilustração original de P. Nelson.)

k
SISTEMáTICA VEGETAL 199

Cyatheales Amé rica do Sul) e, pelo Norte, até regiões temperadas da


índia, China e Japão. Algumas espécies apresentam distri ¬

Esta ordem contém 8 famílias, 13 gêneros e pelo menos 660 buição ampla, mas endemismos são frequentes em ilhas e
espécies. A maioria das espécies da ordem são samambaias regiões tropicais montanas. Muitas espécies sã o pioneiras
arborescentes, com caules semelhantes a troncos de até 20 em ladeiras.
m de altura (Prancha 8.1B), mas há também espécies com
caules pequenos e rasteiros. O número de vezes que o há ¬ Gêneros/espécies: cerca de 5/pelo menos 600. Principais
bito arborescente tem sido adquirido e perdido dentro da .
gêneros: Alsophila (230 spp ), Sphaeropteris (120) e Cyathea
ordem é incerto. Embora a ordem não apresente sinapomor- (110) .
fias morfológicas inequívocas, a sua monofilia é sustentada
por sequê ncias de DNA. Estudos moleculares identificam Importância económica e produtos: espécies desta famí ¬

quatro ciados principais, sendo que Cyatheaceae é um de- x lia são às vezes cultivadas como ornamentais, e os rizomas
les. As rela ções de Cyatheaceae com as outras samambaias fibrosos são utilizados como substrato para cultivar plantas
arborescentes são incertas e a segunda maior família da or ¬
epííitas em estufas. A exploração intensiva levou à destrui ¬

dem, Dicksoniaceae , é cíaramente n ão- monofilética na ção de muitas populações de samambaias arborescentes, mas
sua delimitação tradicional. As outras famílias - Cibotiaceae, a maioria das espécies é hoje protegida por leis locais bem
Culcitaceae, Loxomataceae, Metaxyaceae, Plagiogyriaceae e como por acordos internacionais proibindo a comercialização
Thyrsopteridaceae - são pequenas. A presença de pneumató- de espécies em perigo.
dios (linhas de ventilação ou locais para o intercâmbio gasoso
nas folhas, pecíolos ou raque) e a simetria radial do rizoma
Discuss o: as relações de parentesco entre os três maiores
são sinapomorfias potenciais para o ciado das samambaias
arborescentes. Caracteres moleculares tentativamente sus ¬
gêneros são incertas. Além disso, a monofilia de Alsophila e
tentam uma relação de grupos-irmãos entre Mypodiales e as Sphaeropteris é questionável. Estudos moleculares dão cer ¬

to suporte à possível inclusã o de Hymenophyllopsis dentro


samambaias arborescentes.
de Cyathea. Hymenophyllopsis, com suas folhas (10-30 cm
de comprimento) e caules delicados poderia parecer não
Cyatheaceae Kaulf . relacionado com as samambaias arborescentes, mas esse
(Família de várias samambaiaçus) gênero partilha com Cyatheaceae a presen ça de escamas
nas folhas. O nome do gênero evidencia a semelhança su ¬
Caule geralmente ereto e não-ramificado, tronco arborescente de perficial com os integrantes de Hymenophyllaceae, uma
até 20 m de altura, mas rasteiro no substrato e delicado em família de cerca de 600 espécies (não tratada neste livro).
Hymenophyttopsis. Folhas claramente escamosas, com (0,5- Hymenophyllopsis contém cerca de 8 espécies e está restri ¬
) 2-3 ( -5 ) m de comprimento, em geral pinadas ou bipinado-
to ao maciço de Roraima, na Venezuela, Guianas e Região
compostas, com folíolos em geral profundamente pinado- Norte do Brasil.
lobados, de prefoliação circinada. Esporângios dispostos Conjuntos de samambaiaçus, com suas grandes coroas de
em soros na face abaxial da folha; ânulo contínuo, não in ¬
folhas no ápice dos caules não ramificados, são um dos espe¬
terrompido pelo pedúnculo do esporângio. Indúsio abaixo táculos mais atrativos da natureza.
do soro ou ausente. Plantas homosporadas; esporos nã o
verdes, geralmente 64 (às vezes apenas 16) por esporângio Referências: Conant et al. 1995; Conant and Stein 2001; Korall
(Figura 8.10). et al. 2006; Kramer 1990a; Piyer et al. 1995, 2004; Smith et al.
2006; Tryon andTiyon 1982; Wolfe et al. 1999.
Distribuição e ecologia: florestas montanas e úmidas do
Novo e do Velho Mundo. Algumas espécies se estendem Polypodiales
até regiões temperadas do Sul (Nova Zelândia e sul da
Esta ordem contém cerca de 15 famílias, 220-260 gêneros e
mais de 7.000 espécies; Polypodiales representa cerca de 80 %
da diversidade de espécies das samambaias leptosporangia-
das. Uma breve descrição desse ciado, que tem sido frequen-
temente tratado como uma única família de delimitação am ¬

pla (Polypodiaceae), é fornecida a seguir,


Plantas terrestres, às vezes rupícolas, às vezes epífitas ou
trepadeiras, raramente aquáticas; perenes, raramente anu ¬

ais. Caules subterrâneos ou pouco evidentes na superfície


do substrato (exceto nas epífitas, trepadeiras e aquáticas), às
vezes horizontais (rizomatosas) e rasteiros, reproduzindo-se
vegetativamente; com frequência providas de escamas epi-
dermais de diversos tamanhos, formatos e texturas. Folhas
geralmente pinado-Iobadas at é uma, duas, ou várias vezes
pinado-compostas (ver Figuras 8.11, 8.12, 8.14-8.19); menos
FIGURA 8.10 Cyatheacae.Cyathea capensis: (A) esporâ ngio mostran ¬ frequentemente palmado-compostas, simples ou em formato
do o â nulo com células de paredes espessadas; ( B) o mesmo, em vista de fita; prefoliação circinada, agrupadas ou separadas entre si
diferente (ambas aprox. x 100). (Fonte: Hoittum 1963.) por um caule alongado; pet íolo geralmente bem desenvol-

!L,
r
200 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

vido, raramente ausente; com dimorfismo ausente até bem Dennstaedtiaceae Pic. Serm.
desenvolvido entre folhas estéreis e férteis (ver Figura 8.17) (Família da samambaia-das- taperas)
e diversamente pilosas ou escamosas. Esporângios com um
ânulo vertical bem desenvolvido, interrompido pelo pe¬ Plantas terrestres ou apoiantes na vegetaçã o. Rizomas lon ¬

dúnculo do esporângio (ver Figura 8.13C); em geral dispostos gos e rasteiros ou raramente curtos, providos de pêlos ar ¬

em soros que podem estar cobertos por um ind sio. Soros di¬ ticulados. Folhas monomórficas; pecíolo pubescente ou
versamente posicionados na superfície abaxial, isolados uns glabro; lâminas com frequência grandes (até 7 m de com ¬
dos outros ou cobrindo a face abaxial da folha; arredondados primento), 1-4 pinadas ou mais; indumento de pêlos, sem
(Figuras 8.18 e 8.19) a alongados (Figura 8.16) . Ind úsio ar ¬ escamas. Soros próximos da margem foliar, geralmente
redondado a alongado; às vezes ausente e substituído pela lineares, às vezes fusionados com parte da lâmina e for¬
margem foliar recurvada; ou presente e combinado com a mando uma estrutura em forma de taça, ou ocultos por
margem foliar recurvada. Plantas homosporadas; 64 esporos uma porção recurvada da margem foliar. Ind sios lineares
(com menos frequ ê ncia 32, 16 ou 8) por esporângio, geral ¬ ou em forma de taça nas margens da lâmina, ou reflexos sobre os
mente não verdes, monoletes ou triletes, com a superf ície lisa soros. Ped nculo do esporângio com 1-3 fileiras de células
ou diversamente ornamentada com espinhos e carenas. (Figura 8.11) .

Polypodiales tem sido reconhecida de longa data Distribuição e ecologia: família pantropical, com represen ¬

devido a uma sinapomorfia característica: a interrupçã o do tantes em regiões temperadas e ocupando florestas úmidas,
ânulo de orientação vertical pelo eixo do esporângio (Figura campos abertos, rochedos, beiras de estrada e locais sombre ¬

8.13C). Algumas famíliasdentro da ordem têm sido aceitas por ados. Pteridium aquilinum e P. caudatum (as samambaias-das-
muitas décadas, mas a definição de outras famílias tem sido taperas) são algumas das espécies com maior distribuição.
controversa. Estudos recentes têm, em grande parte, resolvi ¬ Essas espécies crescem no mundo inteiro, exceto em regiões
do as relações internas da ordem, levando ao reconhecimento muito frias ou secas, e se comportam como plantas invasoras
de 15 famílias, a maioria das quais é claramente monofiléti- em muitas regiões do mundo. Pteridium aquilinum se propaga
ca. As relações entre as 15 famílias não estão completamen ¬ vegetativamente por meio de longos rizomas, persistindo as¬
te resolvidas. As nove famílias tratadas a seguir representam sim em ambientes estáveis e produzindo esporos apenas em
quase 90% dos gêneros e espécies da ordem. Outras famílias ambientes instáveis ou muito alterados.
da ordem são Davalliaceae, Lindseaceae, Lomariopsidaceae,
Oleandraceae, Saccolomataceae eTectariaceae.
Caracteres que são comuns a muitas samambaias leptos- (B)
porangiadas (tais como folhas grandes, prefoliação circinada,
folhas pinado-compostas e ocorrência em hábitats mésicos)
(C )
se aplicam também a muitas espécies da ordem. No entanto,
coipo indicado na descrição, a ordem abrange uma enorme
variação de hábitos, morfologia foliar e caracteres reproduti ¬
\
vos. Caracteres dos soros e do indúsio também variam muito. E
Em algumas espécies, os soros e o indúsio são lineares, e o in ¬ E
dúsio é aderido nas margens e cobre parte ou a totalidade do A X
soro ou os soros são arredondados e mais ou menos cobertos
por um ind úsio. Os soros de outras espécies estão dispostos
perto da margem e são parcialmente cobertos pela margem
foliar recurvada, contudo outros não apresentam cobertura
nenhuma. Além de caracteres de morfologia foliar e carac ¬

teres reprodutivos (como os supracitados), outros caracteres '

taxonomicamente informativos são a presença de escamas


no caule e nas folhas, a arquitetura foliar, o hábito, o n ú mero 5 8
e disposição dos feixes vasculares no pecíolo, a presença de
pêlos, o padrão de venação, a morfologia dos esporos e o nú ¬
mero cromossômico.
Eventos de hibridização, poliploidia e produção assexual A)
de esporos são de grande importância na evolução e na siste ¬
mática de muitos dos maiores gêneros, incluindo Asplenium,
Athyrium, Ceratopteris, Cheilanthes, Cystopteris, Diplazium,
Dryopteris, Gymnocarpium, Pellaea, Polypodium, Polystichum,
Pteris e Woodsia.
Referências: Hasebe et al. 1995; Kramer and Green 1990; FIGURA 8.11 Dennstaedtiaceae. Dennstaedtiapunctilobuia: (A ) rizo ¬

Lellinger 1985; Pryer et al. 1995, 2004; Schneider et al. 2004; ma e base do pecíolo; ( B) porção da folha; ( C) vista aumentada de um
Smith and Cranfflí 2002; Smith et al. 2006; Tiyon andTryon soro contido em uma concavidade em forma de ta ça formada pela
1982; Wagner and Smith 1993; Wolf 1997. margem foliar. (Fonte: Nauman e Evans 1993.)

i
SISTEMáTICA VEGETAL 201

Gêneros/espécies: 11/170. Principal gênero: Dennstaedtia


(45 spp. ) .

Importância económica e produtos: em algumas regiões, efe ¬


tua-se o consumo das folhas em desenvolvimento (báculos)
de Pteridium aquilinum, mas tal prática é insalubre devido à 5 mm
presença de compostos carcinogênicos.
Discussão: o indúsio nesta família pode consistir n ão ape ¬ 2 cm
nas em um indúsio verdadeiro, mas també m em uma porção
foliar modificada fusionada com o verdadeiro indúsio. Al ¬

guns gê neros carecem dessa modificação ou de um indúsio


verdadeiro.
O maior gênero da família, Dennstaedtia,é principalmen ¬
te tropical. Algumas espécies apresentam folhas muito gran ¬
des, de até 3 m de comprimento. Um representante tempe ¬

rado desse gê nero, D. punctilobula, é frequente no leste da


América do Norte, onde, nas condições apropriadas, formam FIGURA 8.12 Pteridaceae. Adian ¬

densas comunidades que excluem outros tipos de vegetação. -


tum capillus veneris: detalhe de uma
folha; fol íolo aumentado mostrando
Essa espécie é localmente chamada de samambaia -com -
cheiro-de-feno devido à fragrância emitida pela folhagem.
.
esporâ ngios marginais ( Fonte: Paris
1993.)
Pteridium aquilinum também emite uma fragrância agradável
e adocicada.
Referências: Nauman and Evans 1993; Smith et al. 2006. áridos podem apresentar folhas coriáceas, um atributo que
está presente também em Acrostichum, um gênero adapta ¬

do a manguezais periodicamente inundados. Taxa epííitos,


Pteridaceae Ching como Vittaria, apresentam folhas longas e lineares com pecí-
(Família das avenças) olos inconspícuos. Finalmente, o gênero aquático Ceratopteris
pode apresentar pecíolos inflados para flutuação, um ânulo
Plantas terrestres ou epífitas, raramente aquáticas. Rizo ¬ fracamente desenvolvido e esporos com paredes claramente
mas longos ou curtos, ascendentes a eretos, escamosos a, carenadas. Pteridaceae contém 5 ciados que podem ser reco¬
menos frequentemente, pilosos. Folhas monomó rficas ou nhecidos como subfamílias. Alguns dos gêneros de Pterida ¬

dimórficas em alguns poucos gêneros; pecíolo geralmente ceae, como Cheilanthes, nã o são monofiléticos e precisam de
com escamas persistentes perto da base; lâ minas simples estudos extensivos.
a 1-6 -pinadas; indumento de pêlos, glândulas ou escamas.
Soros próximos da margem, formando uma banda contínua Referências: Nauman and Evans 1993, Lloyd 1993; Smith et al.
e protegidos pela margem foliar reflexa ou dispostos ao lon ¬ 2006; Windham 1993.
go das nervuras foliares. Ind sio ausente (a margem reflexa
que cobre os soros em alguns gêneros é um falso ind sio ) . Pédún- Aspleniaceae Newman
culo do esporângio com 2-3 fileiras de células (Figura 8.12;
Prancha 8.1A). (Família do Asplenium)
Plantas terrestres ou epífitas. Rizomas ascendentes ou prati ¬

Distribuição e ecologia: a família é praticamente cosmopoli¬ camente eretos, raramente rasteiros, escamosos no ápice. Fo ¬

ta, porém mais diversa nos trópicos. Muitas espécies de Pte ¬ lhas monomórficas (raramente um tanto dim órficas); pecíolo
ridaceae estão adaptadas a regiões áridas, um tipo de há bitat basalmente escamoso; lâmina foliar inteira a 5- pinada, com
infrequente para samambaias. Outras espécies crescem em frequê ncia provida de minúsculos pêlos glandulares e poucas
florestas tropicais, florestas temperadas, lagos e outros cursos escamas lineares. Soros alongados e dispostos ao longo das
de água, bem como em muitos outros tipos de h ábitats. nervuras, lineares ou curvos. Indúsios lineares, lateralmen ¬

te aderidos. Pedúnculo do esporângio com 1 fileira de células


Gêneros/ espé cies: cerca de 50/950 Principais gêneros: Pte- (Figura 8.13) .
ris (200 spp.), Adiantum (150) e Cheilanthes (150).
Distribuição e ecologia: família praticamente cosmopolita;
Importância económica e produtos: espécies de Adiantum mais diversa nos trópicos. A maioria dos integrantes da fa ¬

(avenças) e Pteris são cultivadas como plantas ornamentais. mília é epífita ou cresce sobre rochas (rupícola) em florestas
úmidas, no solo de florestas ou ao longo de cursos d'água.
:•
Discussão: a diversidade morfológica de Pteridaceae con ¬ Algumas espécies estão adaptadas a ambientes mais secos,
diz com a grande variedade de habitas explorada por repre ¬ tais como barrancos e depósitos de lava. Outras espécies ocu ¬
sentantes da família, desde desertos até lagos, dosséis de pam beiras de estrada, muros velhos, forma ções arbustivas e
florestas e manguezais. Pteridaceae adaptadas a ambientes outros ambientes alterados.
ir

202 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

(B) Thelypteridaceae Pic. Serm.


o Plantas terrestres. Rizomas rasteiros, ascendentes ou eretos,
escamosos no ápice. Folhas monomórfícas ou parcialmente
dimórficas; lâ mina foliar pinada ou pinado- pinatífida, ra ¬
ramente mais dividida ou simples; indumento de escamas
J transparentes, raramente ausente, com frequência com
pêlos aciculares. Soros arredondados a oblongos, raramen ¬

te alongados ao longo das nervuras. Ind úsios reniformes ou


ausentes. Ped nculo do esporângio com 3 fileiras de células
(Figura 8.14) .
D
Distribuição e ecologia: família pantropical, especialmente
diversa no sudeste da Ásia. Em bordas de florestas e bre ¬
jos, beiras de córregos e áreas alteradas, tais como beiras de
IrfA
O & estrada; algumas poucas espécies ocorrem em climas tem ¬
perados.

-
/ f G êneros / espé cies: 5 -30/ 950.
rus (600 spp.) e Thelypteris (280).
Principais gê neros: Cycloso -

Importância econó mica e produtos: nenhuma.

Discussão: Thelypteridaceae, na sua delimitação atual, foi


aceita há quase 70 anos. Caracteres moleculares dividem a
família em duas linhagens principais, as phegopteróides e
as thelypteróides. As phegopteróides contêm dois gêneros e
.
FIGURA 8.13 Aspleniaceae (A, B) Asplenium tripteropus: (A) porçã o cerca de 30 espécies tropicais e um gênero (Phegopteris) com
da face abaxial da folha mostrando os soros (x 4); ( B) secção transver¬ três espécies de regiões temperadas do Hemisf ério Norte. As
sal de folha fértil, mostrando dois soros e esporâ ngios. (C) A. nidus : thelypteróides são primariamente tropicais e o número de
esporâ ngio, mostrando nulo interrompido, com células de paredes gêneros varia de acordo com cada classificação.Estudos mo¬
.
espessas (x 140). (D) Asplenium sp : margem foliar com soros (x 8). ( A, B
leculares recentes sugerem que um n mero intermediário de
reproduzidas de Flora Tsinlingensis 1974; C, de Haider 1954; D, de Pérez
Arbeláez 1928.)
gêneros deveria ser aceito.

Gêneros / espé cies: 1-10/ 700 ou mais. Principais gêneros:


Asplenium (700 spp.).

Import ância económica e produtos: algumas espécies de As-


plenium (p. ex., A. scolopendrium ) são cultivadas como plantas
ornamentais.
4/ &
Discussão: a família faz parte de um ciado junto com Blech -
naceae, Onocleaceae, Thelypteridaceae e 'Woodsiaceae . Os
integrantes de Aspleniaceae apresentam morfologias inte ¬ '

ressantes. Assim, as folhas simples e alongadas de Asplenium 4:


rhizophyllum, do leste da América do Norte, freqúentemen-
te emitem raízes na região apical. Tal atributo faz com que
a planta possa produzir grandes dones. A espécie-irmã (A.
ruprechtii) é nativa do Leste asiático e apresenta o mesmo há ¬ I
bito. Ambas as espécies habitam áreas com declive sombre
adas e turfeiras.
A hibridização interespecífica em Asplenium leva à pro ¬
¬

- I
dução de híbridos estéreis, aiopoliplóides férteis e formas £.
que produzem esporos sem meiose. Alguns desses h íbridos
apresentam formatos foliares notáveis e por isso são muito
populares entre naturalistas e cultivadores de samambaias. FIGURA 8.14 Thelypteridaceae. Thelypteris noveboracensis : detalhe
da planta; detalhe aumentado da folha, mostrando esporâ ngios. (Fon ¬
Referências: Wagner et al. 1993; Smith et al. 2006. te; Smith 1993a.)
SISTEMáTICA VEGETAL 203

Referências: Smith 1993a; Smith and Cranfill 2002; Smith et Discussão: a monofilia da família nã o é sustentada . Os
al. 2006. dois maiores gê neros, Athyrium e Diplazium, são mui ¬

to próximos e foram unidos em algumas classificações. A


Woodsiaceae (A. Gray) Herter maioria das espécies de Athyrium apresenta um n mero
cromossômico base = 40, e o número básico na maioria das
Plantas primariamente terrestres. Rizomas rasteiros, ascen ¬
espécies de Diplazium é 41. Athyrium filix-femina é ampla ¬

dentes ou eretos, providos de escamas no ápice. Folhas mo- mente distribuído nas Américas do Norte, Central e do Sul,
nomórf ícas, raramente dimórficas; lâminas simples até 4- pi- bem como no Velho Mundo. Durante o século XIX quando
nado- pinatífidas. Soros arredondados, em formato dè U ou J, o cultivo das samambaias era um hobby cultivado entusias ¬
ou lineares. Indúsio linear a reniforme ou raramente ausente ticamente por muitos aficcionados, uma variante dessa es ¬
(Figura 8.15) . pécie (denominada Rainha Victória ) foi descoberta . Esse
cultivar apresenta folhas incomuns que se bifurcam próxi ¬

Distribuição e ecologia: família praticamente cosmopolita, mo da base.


em florestas tropicais, florestas montanas, formações arbus¬
tivas, áreas abertas, pastos, rochedos e có rregos.
Referência: Smith et al. 2006.

Gêneros / espécies: cerca de 15/ 700. Principais gêneros: Di - Blechnaceae Bercht. & J. Presl
plazium (400 spp.) e Athyrium (150). (Família do xaxim-do-brejo)
Importância económica e produtos: nenhuma. Plantas terrestres. Rizomas rasteiros, ascendentes e eretos e
de porte arborescente em algumas espécies, com frequ ência
produzindo estolões, escamosos no ápice. Folhas monomór-
ficas ou freqiientemente dim órficas, com frequência averme¬
lhadas quando jovens, pecíolo geralmente provido de escamas
í, persistentes na base; lâmina pinatífida a 1-pinada (raramen ¬
te simples ou bipinada), grande (com frequência mais de 1
m de comprimento), glabra ou ocasionalmente provida com
glândulas ou escamas. Soros muitas vezes em fileiras ou lineares
.:T> <35 e em geral paralelos e adjacentes às nervuras medianas Ind - .
sios lineares e deiscentes em direção à nervura mediana
tf ?
m da folha. Pedúnculo do esporângio com 3 fileiras de células
(Figura 8.16) .

Fértil
Estéril
:l

E
E

í Báculo
X
X

W . areolata

F*
FIGURA 8.16 Blechnaceae. Woodwardia areolata: folhas esté reis e
FIGURA 8.15 Woodsiaceae . Athyrium filix -femina: há bito (entre um férteis, cerca de um quarto do tamanho natural. Em destaque, detalhe
terço e um quarto do tamanho original). (Fonte:Tayior 1984; Milwaukee de uma folha f értil mostrando fileiras de soros paralelos à nervura me¬
Public Museum, ilustra ção originai de P. Nelson.) diana. (Fonte: Cranfill 1993.)

!
204 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Fé rtil 2 cm

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FIGURA 8.17 Onodeaceae. ( A ) Onoclea sensibilis: folha; detalhe de parte de uma folha mostrando
.
ind ú sios e soros ( B) Matteucia struthiopteris: folhas fé rteis e esté reis. ( Fonte: Johnson 1993b.)

Distribuição e ecologia: amplamente distribuída em regiões Importância económica e produtos: Matteucia struthiop¬
tropicais e, especialmente, temperadas do Hemisf ério Sul. teris, uma samambaia robusta comum em florestas alu ¬
Blechnum é principalmente um elemento flor ístico do He ¬ viais do Hemisf ério Norte, tem suas folhas novas (bá culos,
misf ério Sul, mas é também importante no Havaí, e no Con ¬
Prancha 8.1D) coletadas e consumidas (frescas ou enlata ¬
tinente Americano ocorre desde o Alasca até o extremo sul das) durante a primavera. Aparentemente não são cardno -
do Continente. Esse gênero ocorre em florestas, mas também gê nicas. Essa espécie é frequentemente plantada próximo
em bordas de floresta, brejos, comunidades arbustivas e locais a moradias.
alterados. Woodwardia é primariamente um táxon da América
do Norte e é encontrado em florestas, córregos e brejos, espe ¬ Discussão: Onoclea sensibilis é uma espécie comum em
cialmente em regiões montanhosas. brejos da Am érica do Norte e parte do leste da Ásia. As fo ¬
lhas desse táxon sã o profundamente pinatífidas, e o nome
Gêneros/ espécies: cerca de 9/ 200. Principais g êneros: Ble¬ popular, samambaia sensitiva, refere -se à suscetibilidade
chnum (175 spp. ) e Woodwardia (14). das folhas em relação às geadas. Em contraste, as folhas
férteis dessa espécie (e aquelas de Matteucia struthiopteris)
Importância económica e produtos: nenhuma. persistem ao longo do inverno e liberam esporos na prima ¬

vera. Existem fósseis de Onoclea sensibilis desde o Terciário


Discussão: a ocorrê ncia de soros em fileiras ou em fileiras (cerca de 60 milhões de anos atrás), não apenas provindos
paralelas e os atributos do ind sio são caracteres distintivos de regiões de ocorrência atual, mas também da Groenlân ¬
da família. Blechnaceae é o grupo-irmão de Onodeaceae. dia, região insular do Reino Unido e Oeste da América do
Norte.
Referências: Cranfill 1993; Smith et al. 2006.
Referências: Johnson 1993b; Smith et al. 2006.
Onodeaceae Pic. Serm.
Dryopteridaceae Ching
Plantas terrestres. Rizomas curtos a longos, rasteiros a ascen ¬ (Família do Elaphoglossum)
dentes, às vezes estoloníferos. Lâminas foliares fortemente
dimóríicas, pinatífidas a pinado- pinatífidas. Soros fecha ¬ Plantas terrestres ou epífitas. Rizomas rasteiros, ascendentes
dos (com frequ ência fortemente ) pelas margens foliares ou eretos, com escamas no ápice. Folhas monomórficas, com
reflexas. Ind sios membranosos, com frequência de curta dura ¬
menos frequência dimóríicas; às vezes escamosas ou glan ¬
ção (Figura 8.17). dulares, menos frequentemente pilosas; pecíolo geralmente
provido de escamas persistentes na base; folhas simples a
Distribuiçã o e ecologia: família quase totalmente de re ¬ 1-5- pinadas ou mais divididas. Soros geralmente arredondados,
giões temperadas do Hemisf é rio Norte, sobretudo em re ¬ livres ou próximos entre si e cobrindo a superfície foliar Indúsios
giões ú midas. reniformes, peitados ou ausentes. Ped nculo do esporângio
com 3 fileiras de células (Figura 8.18).
Gêneros/espécies: 4/5. Principais gêneros: Matteucia (1 sp.)
e Onoclea (1) . Distribuição e ecologia: família praticamente cosmopolita.
SISTEMáTICA VEGETAL 205

das. Frequentemente epífitas nos trópicos, em uma ampla


gama de florestas e outros tipos de hábitats. Em regiões tem ¬

peradas podem ocorrer como rupícolas e até colonizar tetos


e frestas de muros.

-
Gêneros/ espécies: 56/1.200. Principais gêneros: Gram -
mitis (400 spp.), Polypodium (150), Pleopeltis (50) e Campylo -
neurum (50).

Importância econó mica e produtos: espécies epífitas dos gê ¬


neros Platycerium, Aglaomorpha e Phlebodium são cultivadas
2 mm em estufas e jardins tropicais devido à sua atrativa folhagem
(ver discussão a seguir).
:
Discussão: a família é parte de um ciado, junto com Dryop ¬
teridaceae e várias outras famílias que não são tratadas nes¬
te livro. Até recentemente, Grammitis e taxa afins não eram
incluídos nesta família. No entanto, an álises baseadas em
sequências de DNA evidenciam que Grammitis e taxa afins
estão inseridos dentro de Polypodiaceae. Os limites entre
muitos gêneros não estão claros.
As folhas de Platycerium são geralmente dimórficas, com
folhas est éreis de orientação vertical, próximas do substrato e
de até 1 m de comprimento e folhas férteis eretas a mais ou
FIGURA 8.18 Dryopteridaceae. Polystichum lonchitis: folha fértil e menos pêndulas e de até 3 m de comprimento. Essas plantas
estéril, detalhe aumentado de uma folha fé rtil mostrando ind úsios e podem formar grandes touceiras de até 2 m de largura cujo
soros. (Fonte: D.H. Wagner 1993.) peso pode até quebrar os galhos que lhes dão suporte. Al ¬

guns integrantes desse gênero são conhecidos como chifre-


de-veado devido à semelhança superficial das folhas dico ¬
Gêneros / espécies: 40 - 45/1.700.Principais gê neros: Ela - tomicamente ramificadas e pubescentes com os chifres dos
phoglossum (500 spp.), Polystichum (260), Dryopteris (225) e cervídeos.
Ctenitis (150). Pleopeltis polypodioides (a samambaia-da-ressurreição ,
Prancha 8.1G) é a samambaia epífita mais amplamente dis¬
Importância económica e produtos: nenhuma. tribuída em regiões temperadas da América do Norte; essa
espécie pode ser diferenciada de P. virginianum (uma espé ¬

Discussão: hibridiza ção e alopoliploidia são muito frequen ¬ cie similar) devido à presença de escamas peitadas carac-
tes em muitos gêneros da família. Por exemplo, em Polysti ¬ ter
ísticas.
chum, um gênero complexo praticamente cosmopolita de cer¬
ca de 260 espécies, a ocorrência de híbridos é frequente onde
duas ou mais espécies crescem conjuntamente. Híbridos esté ¬
reis apresentam esporângios deformados que aparecem como
pequenas manchas negras ao invés de apresentar o formato
normal dos soros (Prancha 8.1Q com esporângios férteis.
Referências: Barrington et al. 1989; Smith et al. 2006, Wagner
1993.

Polypodiaceae Bercht. & J. Presl 1 mm

(Família do Polypodium )
Plantas principalmente epífitas ou rupícolas, com poucas
TÊ w
espécies terrestres. Rizomas longos ou curtos, rasteiros e es ¬
camosos. Folhas monomórficas ou dimórficas; pecíolo sem
escamas ou às vezes escamoso; lâminas simples, pinatííidas,
1- pinadas ou (raramente) mais divididas; pêlos, escamas ou 5
glândulas presentes. Soros arredondados, oblongos, elí pticos ou
alongados. Ind úsio ausente. Pedúnculo do esporângio com
1-3 fileiras de células (Figura 8.19).

Distribuição e ecologia: família amplamente distribuída nos FIGURA 8.19 Polypodiaceae. Polypodium californicum: folha; detalhe
: trópicos e com poucos representantes em regiões tempera- . .
aumentado da folha mostrando soros (Fonte: Haufler et al 1993.)
f
206 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Referências: Smith 1993b; Smith et al. 2006; Trvon and Tryon


sentam poliplóides e, portanto, o grupo não experimentou
1982. eventos de especiação alopoliplóide.
Todas as gimnospermas são lenhosas - árvores, arbustos
ou lianas - e incluem poucas espécies epífitas e nenhuma
GIMNOSPERMAS espécie verdadeiramente aqu ática. Essas plantas crescem na
maior parte do planeta, desde os 72° Norte até os 55° Sul e
As gimnospermas atuais consistem em Cycadaies, Ginkgoa- constituem a vegetação dominante em muitas regiões frias e
ceae, um ou dois ciados de coníferas e Gnetales. A monofilia árticas. Pinheiros, ciprestes, abetos e grupos relacionados são
do ciado das gimnospermas tem sido controversa. Por muitos familiares como plantas ornamentais e fornecem madeira de
anos, elas n ão foram consideradas um grupo monoíilético alta qualidade. Esse grupo inclui as plantas mais altas, mais
(Crane 1988; Doyle 1988; Doyle et al. 1994; Nixon et al. 1994; volumosas e duradouras. Aqui consideraremos 8 das 15 fa ¬
Price 1996; Stefanovic et al. 1998). Certamente, quando fós¬ mílias de gimnospermas, que representam a grande maioria
seis como os das samambaias com sementes (que também das espécies.
apresentavam sementes nuas) sã o levados em consideração,
os grupos de plantas com sementes nuas, como um todo, não Referências: Beck 1988; Bowe et al. 2000; Burleigh and
representam um ciado. O status das gimnospermas depende Mathews 2004; Chaw et al. 2000; Crane 1988; Doyle et al. 1994;
da localização da raiz ou do enraizamento (no sentido cladís- Friis et al. 1987; Gifford and Foster 1988; Goremykin et al. 1996;
tico) das plantas com sementes. Se, por exemplo, Gnetales Kubitzki 1990; Nimsch 1995; Nixon et al. 1994; Price 1996;
fosse o grupo-irmão das angiospermas, então as gimnosper¬ Rydin et al. 2002; Singh 1978; Soltis et al. 2002; Spome 1974;
mas seriam parafiléticas. No entanto, a maioria das análises Stefanovic et al. 1998; Stewart and Rothwell 1993; Taylor and
moleculares sustenta a monofilia das gimnospermas atuais Taylor 1993.
(Bowe et al. 2000; Burleigh e Mathews 2004; Chaw et al. 2000;
Goremykin et al. 1996; Rydin et al. 2002; Soltis et al. 2002). Cycadaies
A maioria dessas aná lises também sustenta uma relação
As Cycadaies constituem um agrupamento antigo que clara ¬
próxima entre Gnetales e Pinaceae. Esta é a assim chamada mente
reteve caracteres primitivos, como a presença de ga -
hipótese gnepine , na qual as coníferas na sua delimitação metas
atual não são monofiléticas e as Gnetales são coníferas extre ¬
masculinos móveis. As Cycadaies evoluíram no Carbo¬
mamente divergentes. A relação entre Gnetales e Pinaceae
nífero ou no início do Rermiano, cerca de 280 milhões de anos
atrás, e atingiram sua maior diversidade e abundância na Era
é inesperada, pois há muitas diferenças morfológicas entre
Mesozoica. Hoje as Cycadaies são principalmente plantas re -
ambos os grupos, bem como uma diferença genô mica fun ¬
lictuais do Hemisf ério Sul e muitas espécies estão amea çadas
damental. Pinaceae e outras coníferas (mas n o as Gnetales) e/ou
em perigo de extinção.
perderam a inversão repetida no genoma plastidial. O grupo é monofilético, a julgar por sinapomorfias mor¬
A resolução das relações filogen é ticas entre as plantas
fológicas, como traços foliares em forma de anel, um arranjo
com sementes precisa de estudos adicionais com base em especial de
feixes vasculares no pecíolo (em forma de ôme-
amostragens mais intensivas das gimnospermas, mas aqui ga), a presença de canais de
trataremos as coníferas como monofiléticas.
mucilagem e de meristemas
caracter ísticos, bem como a presença de compostos tóxicos
Em conjunto, Cycadaies, Ginkgoaceae, coníferas e Gne ¬
denominados cicasinas. Estes e outros compostos tóxicos
tales representam cerca de 15 famílias, 75-80 gêneros e cerca podem ter sido
importantes na evolução de Cycadaies como
de 820 espécies. O sucesso evolutivo das angiospermas em defesas contra fungos e bactérias.
Em algumas regiões, as to ¬
relação às demais plantas com sementes pode ser atribuído à xinas das Cycadaies são
responsáveis por casos de paralisia
presença de vasos e atributos reprodutivos. Todas as gimnos ¬
parcial ou total do gado que eventualmente as consome.
permas, exceto Gnetales, apresentam apenas traqueídes no Outra sinapomorfia de Cycadaies é a presença de um
xilema. Angiospermas e Gnetales apresentam també m ele ¬ tipo especial de raízes denominado raízes coralóides
devido
mentos de vaso, que são mais eficientes do que os traqueídes a sua semelhança superficial com a forma
dos corais. Essas
para o transporte de água em algumas circunstâncias. Os car- raízes contêm cianobactérias que promovem a fixação de ni ¬
pelos das angiospermas possibilitam que o pólen germine na trogé nio, como acontece com as bact érias das Fabaceae. As
superf ície estigmática e estão diversamente adaptados para cianobactérias convertem o nitrogénio gasoso, que não pode
proteger os óvulos jovens e para auxiliar na dispersão das ser aproveitado pelas Cycadaies, em formas que podem ser
sementes. As gimnospermas apresentam uma reprodu ção aproveitadas por essas plantas. Assim, elas obtê m uma fonte
lenta; até um ano pode se passar entre a polinização e a ferti ¬
de nitrogénio que lhes permite desenvolver-se em solos po ¬
lização, e a maturação das sementes pode levar até três anos. bres em nutrientes.
As angiospermas, em contraste, se reproduzem muito mais As Cycadaies geralmente apresentam aspecto de palmei¬
rapidamente, com o espaço entre duas gerações podendo ra, com um caule não-ramificado de até 20 m de altura e com
ser de algumas semanas em algumas espécies anuais. Com folhas grandes e compostas agrupadas no ápice do caule, ou
a exceção das Cycadaies e algumas Gnetales, as gimnosper ¬
apresentam aparê ncia de samambaias, com um caule subter¬
mas são polinizadas pelo vento. As angiospermas estão di ¬
râneo e folhas compostas. A maioria das Cycadaies apresen ¬

versamente adaptadas para a polinização por animais e con ¬ ta catáfilos, folhas escamiformes que estão dispostas entre
seguem reproduzir-se em hábitats com pouco vento, como as folhas normais e com frequência apresentam função de
no sub- bosque das florestas. A natureza altamente específica proteção. As Cycadaies apresentam crescimento lento, e, em
da polinização por animais pode promover a especiação (ver algumas esp écies, o caule pode demorar at é 500 anos para
Capítulo 6). Alé m disso, as gimnospermas raramente apre ¬ chegar a 1 m de altura.

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SISTEMáTICA VEGETAL 207

} Chave para as Famílias de Cycadales

I 1. Folíolos de prefoliação circinada, providos de nervura mediana e desprovidos de nervuras laterais;


megasporófilos foliáceos, laxamente agrupados no ápice do caule e não formando estróbilos, pinado-
lobados ou denteados acima dos óvulos, com 2-8 óvulos lateralmente aderidos à região basal Cycadaceae
1. Folíolos de prefolia ção reta ou conduplicada, com ou sem nervura mediana, mas providos
de numerosas nervuras ± paralelas ou nervura mediana presente com numerosas nervuras
laterais simples ou dicotomicamente divididas; megasporófilos muito reduzidos, valvados
ou imbricados e providos de 2 óvulos reflexos, formando um estróbilo Zamiaceae

Nas Cycadales, as estruturas reprodutivas estão dispos ¬ rófilos agrupados em estróbilos compactos; pólen sem vesí ¬

tas em estróbilos que consistem em um eixo e megasporó ¬ culas de ar, com um único sulco. Megasporófilos agrupados no
filos (folhas portadoras de óvulos) e microsporófilos (folhas á pice do caule, foliáceos e não concentrados em estróbilos; óvulos,
portadoras de pólen). Essas estruturas simples contrastam 2-8, na margem dos megasporófilos. Sementes grandes, li ¬
com os complexos cones das coníferas (ver a seguir). Todas geiramente achatadas, e cobertas por uma sarcotesta carnosa ,
as Cycadales apresentam estróbilos poliníferos, e todas, ex¬ brilhante e colorida.
ceto Cycas, apresentam estróbilos ovulíferos. Embora as Cy ¬

cadales produzam grande quantidade de pólen (o que suge ¬


Distribuição e ecologia: Madagascar, possivelmente África,
re polinização pelo vento), os principais vetores de pólen são sudeste da Ásia, Malásia, Austrália e Polin ésia. Plantas de
insetos. Coleópteros (e em menor grau, abelhas) efetuam o florestas e savanas. Muitas espécies toleram o fogo por apre ¬
deslocamento de pólen. Os eventos de polinização e fertili ¬ sentar caule subterrâneo ou por ter o caule coberto de bases
zaçã o podem estar separados por até 7 meses. foliares persistentes.
As sementes das Cycadales geralmente apresentam
uma sarcotesta brilhante e colorida (rosa, alaranjada ou Gênero/espécies: 1 (Cycas ) / cerca de 20 spp.
vermelha) e costumam ser dispersas por aves, morcegos,
gambás, tartarugas e outros animais. Os megasporófilos Importância económica e produtos: muitas espécies são po ¬
de algumas Cycadales são coloridos e atraem dispersores. pulares como plantas ornamentais. O caule é a fonte de um
As sementes de algumas espécies flutuam e sã o dispersas
tipo de amido denominado sagu, utilizado por alguns povos
pelas correntes oceânicas. Outras espécies apresentam se ¬

em período de escassez. As sementes podem conter 20-30 %


mentes pesadas que são simplesmente dispersas pela gra ¬
desse amido que só pode ser consumido após a remoção das
vidade.
toxinas.*
A dioecia é característica de todas as Cycadales e deve ser
determinada por cromossomos sexuais. O n úmero cromos-
sômico varia consideravelmente entre (mas não dentro) os Discussão: a família é caracter ística pelos seus megasporó ¬

gêneros e é um caráter de importância taxonômica. filos bem desenvolvidos, denteados a pinados e não-agrupa-
Cycadales consiste em 2 famílias, 10 -11 gêneros e cerca de dos em estróbilos (Figura 8.20). Cycas é fortemente sustenta ¬
300 espécies. Cycadaceae conté m apenas Cycas; Zamiaceae do como o grupo-irmão das demais Cycadales por caracteres
contém os outros 9-10 gê neros, incluindo Stangeria (que tem tanto morfológicos quanto moleculares. O registro fóssil des ¬

sido freqú entemente incluído na família monogen érica Stan- se gênero se estende até o Permiano, pelo menos 250 milhões
geriaceae). de anos atrás, Cycas é atualmente o gê nero com maior distri ¬
buiçã o dentro da ordem.
Referências: Crane 1988; Johnson and Wilson 1990; Hemsen As cianobact érias nas ra ízes coralóides produzem BMAA
et al. 2006; Hill et al. 2003; Jones 1993; Landry 1993; Norstog ( ji- metilamino- L-alanina), um aminoá cido n ã o-protéico que
and Nicholls 1997; Norstog and Fawcett 1989; Rai et al . 2003; é neurot óxico. Em Guam, entre os Chamorros, verifica -se
Stevenson 1990,1991,1992. alta incidência de síndromes degenerativas (esclerose late ¬

ral amiotrófica/ parkinsonismo) . Esse povo consome raposas


Cycadaceae Pers. voadoras (morcegos frugívoros que consomem sementes
(Família das Cycas) de Cycas ), e grandes quantidades de BMAA foram detecta-
das nos cérebros de Chamorros mortos por tais patologias.
Plantas com aspecto de palmeiras, pouco ou não- ramificadas, Acredita-se que esta alta taxa de BMAA potencie as doen ças
caule lenhoso coberto com os remanescentes das bases folia ¬

degenerativas.
res antigas e com as folhas concentradas no á pice do caule;
ou com aspecto de samambaias e providas de caule subterrâneo. Referências: Cox et al. 2005; Hemsen et al. 2006; Hill et al.
Folhas persistentes, espiraladas, pinado-compostas; folíolos 2003; Johnson and Wilson 1990; Rai et al. 2003.
com prefoliação circinada, providos de nervura mediana
e desprovidos de nervuras laterais, inteiros, os da região '
N. deT. Na verdade, o consumo de tais plantas é desaconselhável sob
proximal da folha com frequ ê ncia espinescentes. Microspo ¬ qualquer circunstância {ver Discussão).
T
208 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DOMOGHUE

Importância económica e produtos: muitas espécies são cul ¬

tivadas como ornamentais de jardim (em climas amenos ) ou


como plantas de interiores. Como em Cucas , o caule e as se ¬

mentes de muitas Zamiaceae sã o fonte do amido do sagu. A


remoção das cycasinas (glicosídeos tóxicos) e macrozaminas
por meio de lavagem ou fervura é necessá ria antes do consu ¬

mo do sagu.

Discussã o: o estr óbilo seminífero da família está entre as


ó vulos maiores e mais pesadas estruturas reprodutivas das plan ¬

tas com sementes, pesando até 40 kg e atingindo 60 cm de


comprimento e 30 cm de diâmetro. As sementes também são
grandes, atingindo até 4 cm de comprimento. Zamia é inco-
mum també m por apresentar espécies com muitos n ú meros
cromossômicos diferentes, e a delimitação das espécies no
gênero é dificultosa.
Borwenia, que apresenta duas ou três espécies restritas às
regiões tropicais do nordeste da Austrália, é único por apre ¬

sentar folhas bipinado-compostas. Esse gênero já foi inclu ído


em uma família própria, sozinho ou junto com Stangeria, gê ¬

nero que abrange uma única espécie do sul da África. Stange


ria apresenta uma venação foliar característica (ver descrição
da família) . As análises moleculares efetuadas até o presen ¬
.
FIGURA 8.20 Cycadaceae Cycas circinalis: megasporófiios em planta te indicam que ambos os gêneros estão inseridos dentro de
ovulífera (x 0,5).
Zamiaceae, mas as suas rela ções com outros integrantes da
fam ília ainda n ão estão claras.
Zamia apresenta ampla distribuição, é morfologicamente
Zamiaceae Horianow diverso e conté m muitas espécies. Cole ópteros consumido ¬

(Família da zâmia ou catuaba ) res de pólen são os polinizadores de Zamia na Flórida e no


Plantas com aspecto de samambaia com caule subterrâneo ou México. A liberação de certos compostos aromá ticos aparen ¬

com aspecto de palmeiras com caules aéreos e não-ramificados, temente estimula a visita de coleó pteros nos estró bilos mi -
de at é 18 m de altura, folhas pinado-compostas agrupadas crosporangiados que fornecem comida e local de oviposiçã o
próximas do ápice do caule. Caule nu ou coberto por bases para larvas e adultos, respectivamente. Coleó pteros adultos
foliares persistentes. Folhas pinado-compostas (raramente bi- consomem pólen e ficam também cobertos com ele. A polini ¬

pinado-compostas), espiraladas, persistentes, coriáceas, com zaçã o acontece quando coleópteros carregando pólen visitam
ou sem espinhos na raque e no pecíolo; foliolos de prefoliação os estróbilos megasporangiados onde os insetos nã o conse ¬

reta, com numerosas nervuras ± paralelas (com nervura media ¬


guem comida, nem um local para ovipor. Algumas análises
na e nervuras secundárias dicotomicamente ramificadas em moleculares sugerem uma rela ção de parentesco entre Zamia,
Stangeria ) , inteiros, denteados ou com espinhos pontiagudos. Microcycas e Ceratozamia, e todos os três gêneros apresentam
Microsporófilos agrupados em estróbilos compactos, com megasporófiios valvados e foliolos articulados (possíveis si-
numerosos microsporângios pequenos e freq úentemente napomoríias) .
agregados; pólen sem vesículas de ar, com um único sulco. Referências: Hill et al. 2003; Johnson and Wilson 1990; Landry
Estróbilo megasporangiado, 1 a muitos por planta, mais 1993; Norstog and Fawcett 1989; Norstog and Nicholls 1997; Rai
ou menos globoso a ovoide ou cilíndrico, desintegrando - et al. 2003; Stevenson 1991,1992.
se na maturidade; megasporófiios congestos, simétrica ou
assimetricamente peitados, valvados ou imbricados, provi¬
dos de 2 óvulos cada. Semente grandes (1- 2 cm ou mais Ginkgoales
de comprimento), ± arredondadas em secção transversal, Ginkgoaceae Engler
com sarcotesta carnosa e colorida e uma região interna dura; 2
cotilédones (Figura 8.21). (Família do Ginkgo )
Árvores de até 30 m de altura, com copa mais ou menos assi ¬

Distribuição e ecologia: regiões tropicais a temperadas do métrica e casca cinzenta e sulcada. Canais resiníferos ausen ¬
Novo Mundo, Austrália e África. Tais plantas crescem em so¬ tes. Folhas simples, espiraladas e amplamente espa çadas ao
los pobres e secos de formações campestres ou florestais ou longo de macrobiastos e também congestas em braquiblastos;
at é em florestas tropicais. O único representante das Cycada- em formato de leque, bilobadas ou inteiras; decíduas e de
les nos Estados Unidos é Zamia floridana, da Fló rida e do sul cor amarelo- brilhante no outono; com venação dicotômica.
da Geó rgia. Plantas dióicas. Estróbilos poliníferos dispostos em braqui ¬
blastos, longos e pê ndulos; p ólen desprovido de vesículas
Gêneros / esp écies: 9/111. Principais gêneros: Encephalar- aeríferas. Óvulos em pares, sobre um pedúnculo longo,
tos 135 spp.), Zamia (35), Macrozamia (14), Ceratozamia (10) dispostos por sua vez sobre braquiblastos; com frequê n ¬

e Dioon (10) . cia 1 semente por pedú nculo (o outro óvulo n ão se desenvol -

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SISTEMATICA VEGETAL 209

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I FIGURA 8.21 Zamiaceae. Za/nm floridana: (A) hábito da pianta ovulí-


fera (algumas folhas removidas) com estróbílo no período da poliniza-
ção; observe a raiz pivotante grande com raízes laterais e raízes cora-
no período da poliniza çã o; observe a separação dos megasporófilos
na porção inferior do estróbilo, o que permite o ingresso dos polini-
zadores e de pólen (x 0,75); ( E) estróbilo microsporangiado durante a
lóides ( à direita, próximas da junção entre o caule e as raízes) (x 0,75); liberação do pólen (x 0,5); (F) vista adaxial do megasporófilo com dois
(B) superfície abaxial do microsporófilo, com microsporângios (x 4,5); óvulos, cujas micrópilas apontam ao eixo do estróbilo (x 4,5). (Fonte:
(C) superfície adaxiai do microsporófilo (x 4,5); (D) estróbilo ovulífero Stevenson 1991, J. Arnold Arbor. Suppl. Series 1: pp. 367-384.)

i
210 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

ve em semente), com cerca de 2,5 cm de diâmetro, com uma Ginkgo é uma das poucas plantas providas de cromosso ¬

sarcotesta carnosa de odor desagradável e uma região interna mos sexuais. Plantas ovulíferas carregam dois cromossomos
dura; 2 - 3 cotilédones (ver Figura 7.11F-H). X, e os indivíduos poliníferos são XY. A polinização é efetuada
pelo vento, mas a fertilização só ocorre 4 - 7 meses depois. A
Distribuição e ecologia: limitada a regiões remotas da China, suculência e odor das sementes sugere dispersão por animais,
possivelmente extinta na natureza. Sabe - se muito pouco so ¬
mas os potenciais dispersores são desconhecidos e podem
bre a ecologia desta esp écie. estar extintos.

Referências: Page 1990b; Whetstone 1993; Zhou and Zhengzoos.


.
Gêneros /espécies: 1 (Ginkgo) / 1(G bilobà).

Importância económica e produtos: Ginkgo biloba tem sido Coniferales (Coníferas)


cultivada de longa data como planta ornamental nas proxi ¬

As coníferas constituem o maior e o mais importante agrupa ¬

midades de templos religiosos do Leste Asiático. Uma planta


mento de gimnospermas, do ponto de vista económico e eco ¬

provavelmente pode viver mais de 1.000 anos, e estas velhas lógico. Pinheiros, abetos, ciprestes, tuias e sequóias gigantes
árvores são, seguramente, a origem das árvores cultivadas
são árvores familiares, apreciadas e valorizadas. Os integran
em muitas regiões do planeta. Hoje Ginkgo é muito cultiva
¬

tes desses grupos são denominados coníferas, pois carregam


do como ornamental, por causa da sua atrativa folhagem. Em as sementes em estruturas especiais denominadas cones. Os
geral, cultivam- se os indivíduos poliní feros, pois não produ ¬

cones protegem os óvulos e as sementes e tamb ém facilitam


zem as sementes com odor desagradável. O gametófito e o
a polinização e a dispersão. Essas estruturas comp õem - se de
embrião são uma iguaria na culinária chinesa, sejam fritos,
um eixo que carrega caules curtos e muito modificados, as es
fervidos ou torrados.
¬

camas ovulíferas. Tais escamas são subtendidas por brácteas,


que são grandes e conspícuas (como em algumas Pinaceae),
Discussão: os primeiros representantes de Ginkgo apa ¬

muito pequenas (outras Pinaceae) ou pequenas a grandes e


receram no Triássico Tardio, mais de 200 milhões de anos
mais ou menos fusionadas com a escama (como nas Cupres -
atrás, e as estruturas reprodutivas mudaram muito pouco
saceae) . As sementes estão associadas com as escamas. As es ¬

sua aparência externa nos últimos 120 milhões de anos. Du ¬

camas da maioria das Pinaceae ou Cupressaceae são lenhosas


rante o início do Jurássico, parentes extintos de Ginkgo eram
ou coriáceas (Prancha 8.2A,F). O gênero Juniperus apresenta
amplamente distribuídos e diversos, e talvez constituíssem escamas mais ou menos suculentas e coloridas, conferindo
três famílias. Hoje, ironicamente, mesmo raro ou até possi ¬

aos cones um aspecto bac áceo (ver Figura 8.25H, P,Q) e fa ¬

velmente extinto na natureza, Ginkgo é utilizado em arbori


zendo com que sejam dispersos por animais. Em Podocar-
¬

zação urbana.
paceae, os cones, via de regra, são reduzidos, apresentando
As largas e decíduas folhas de Ginkgo são diferentes de
escamas muito modificadas, suculentas e coloridas e apenas
todas as outras folhas de gimnospermas (ver Figura 8.22). A
um único óvulo (Prancha 8.2B) . Taxaceae apresenta sementes
presença de gameta masculino móvel é conhecida apenas em solit árias parcial ou totalmente envolvidas por um arilo sucu
¬

Ginkgo e Cycadales e deve constituir um caráter primitivo, as ¬

lento (Prancha 8.2D).


sim como a ausência de tubo polínico. Ginkgo não está proxi
As coníferas datam do per
¬

íodo Carbonífero, cerca de 300


mamente relacionado a nenhum outro grupo atual.
milhões de anos atrás. Muitas das famílias atuais se desen ¬

volveram durante o Triássico Tardio ou no início do Jurássico.


Hoje as coníferas continuam importantes em regiões mais
frias, como as florestas boreais da América do Norte e Ásia,
onde pinheiros e outras coníferas são elementos flor ísticos
dominantes. Outras coníferas - especialmente Araucariaceae,
Podocarpaceae e Cupressaceae - são elementos conspícuos
em florestas frias do Hemisfério Sul. As coníferas constituem
um grupo de importância como plantas ornamentais e são
também utilizadas na elaboração de papel, na construção e
em muitos outros propósitos. Elas são freqúentemente men ¬

cionadas como plantas sempre verdes porque a folhagem


da maioria das esp écies é persistente, ou como plantas de
madeira mole , pois sua madeira é menos dura que a de
muitas angiospermas.
A polinização é efetuada pelo vento. A maioria das
coníferas, como a maioria das piantas com sementes não -
angiospérmicas, apresenta uma gota de polinização, um
fluido viscoso secretado pelo óvulo durante o período de
FIGURA 8.22 Ginkgoaceae. Comparação entre uma folha de Ginkgo polinização e que permite a captação do pólen carregado
biloba e um Gingko fóssil do Triá ssico (cerca de 225 milhões de anos peio vento . O pólen da maioria das Pinaceae apresenta
atrá s), ilustrando quão pouco este gênero mudou ao longo da sua his¬ duas vesículas aer í feras: ap êndices pequenos em formato
tória evolutiva. de asa que permitem que o pólen flutue na gota de poiiní -

í
SISTEMáTICA VEGETAL 211

! Chave para Famílias Selecionadas de Coní feras

1. Sementes em cones lenhosos (carnosos apenas em Juniperus ), em geral


ocultas por escamas, poucas a muitas por cone; plantas muito resinosas 2
1. Sementes parcial ou quase totalmente envolvidas por estruturas carnosas
e freqiientemente coloridas, em geral solitárias; plantas ligeiramente resinosas 4
2. Uma semente por escama . Araucariaceae
,
2. Sementes em geral mais de 1 por escama 3
3. Folhas escamiformes ou aciculares, espiralàdas, opostas ou verticiladas, persistentes nos ramos
após a senescência (mas a maioria dos ramos cai com a idade); pólen sem vesículas aeríferas;
escamas valvadas ou imbricadas (e então folhas com a forma de escamas e opostas), achatadas
ou peitadas, fusionadas às brácteas, suculentas em Juniperus; sementes com 2-3 asas laterais
(menos freqiientemente sem asas),1-20 por escama . Cupressaceae
3. Folhas lineares a aciculares, espiraladas, saindo dos ramos (ou braquiblastos, em Pinus );
pólen geralmente provido de vesículas aer íferas; escamas imbricadas, achatadas,
livres das brácteas; sementes com asa terminal (raramente sem asa), 2 por escama
4. Sementes mais ou menos envolvidas por uma escama especializada (o epimácio),
não um arilo, e geralmente associada com brá cteas coloridas e suculentas; pólen em geral
com vesículas aeríferas; estróbilos poliníferos com 2 esporângios por microsporófilo Podocarpaceae
4. Sementes mais ou menos envolvidas por um arilo desenvolvido a partir do eixo logo abaixo do
óvulo; pólen sem vesículas aeríferas; estróbilos poliníferos com 2-9 esporângios por microsporófilos . . Taxaceae

zação em direção ao óvulo ou facilitam a orientação do pó ¬ 2-5 em Pinus, sésseis ou curto- perioladas, em macroblastos
len, promovendo a germinação. Altemativamente, o pólen ou densamente agrupadas em braquiblastos, persistentes
pode ser retido por estruturas mais ou menos viscosas na (decíduas em Larix e Pseudolarix). Plantas monóicas . Estróbi -
proximidade do óvulo. O pólen germina e cresce através de los microsporangiados com microsporófilos de simetria bila ¬

um tubo polínico em direção ao óvulo (o gameta masculino teral em arranjo espiralado, 2 microsporângios na superf ície
carece de flagelos) . abaxial do microsporófilo; grãos de pólen com 2 vesículas
As coníferas são geralmente monopodiais, com um tron ¬ aeríferas (ausentes em Larix, Pseudotsuga e todas as espécies
co ou caule central dominante. Com a idade, a copa pode de Tsuga, exceto duas). Cones com complexos de brácteas e es¬
ramificar-se irregularmente. Os ramos são com frequ ência camas achatadas, em arranjo espiralado; escamas persistentes
vertidlados, pelo menos quando a planta é jovem. (decíduas em Abies, Cedrus e Pseudolarix ), brácteas livres das
As coníferas compreendem 7 famílias, 60-65 gê neros e escamas, mais longas até muito mais curtas que as escamas;
mais de 600 espécies. As relações entre os principais grupos amadurecimento em 2 (3) anos; 2 óoulos, invertidos (micró-
de coníferas são mostradas na Figura 8.23. As cinco famílias pila dirigida em direção ao eixo do cone), na superfície ada -
aqui tratadas contêm a maioria das espécies do grupo. xial da escama; poucos arquegônios por óvulo, não agrupa ¬
Referências: Brunsfeld et al. 1994; Eckenwalder 1976; Far- jon dos. Sementes com longa asa terminal, derivada do tecido
1990, 2005a; Hart 1987; Kelch 1997; Páge 1990a,c-f; Price et al. da escama (asa reduzida ou ausente em algumas espécies
1987; Price and Lowenstein 1989; Quinn et al. 2002; Richardson de Pinus ); embrião reto, 2-18 cotilédones (Figura 8.24; ver
1998; Singh 1978; Spome 1974; Stefanovic et al. 1998; Thieret também Figura 7.13A-E).
1993a; Watson and Eckenwalder 1993.
Distribuição e ecologia: Pinaceae é quase completamente
Pinaceae Adanson restrita ao Hemisf ério Norte. Três gêneros crescem apenas no
(Família do pinheiro) Leste Asiático; Cedrus é restrito ao norte da África, Oriente
Médio, Chipre e Himalaia; e os seis maiores gêneros apresen ¬
Árvores (ocasionalmente arbustos), com frequ ê ncia apre ¬ tam ampla distribuição no Hemisf é rio Norte. A família habita
sentando casca e/ ou folhas aromáticas; presença de canais desde regiões temperadas até o Círculo Polar Ártico, desde
resiní feros no lenho e nas folhas. Ramos opostos ou verticila - solos bem drenados até solos permanentemente saturados
dos (raramente alternos) . Folhas simples, lineares a acicula- de á gua e desde o nível do mar até 4.800 m de altura no leste
res (raras vezes estreitamente ovadas), espiraladas, mas com doTibet. As sementes dos pinheiros são componentes impor ¬

í frequência parecendo dísticas devido a uma torção da base tantes na alimentação de aves, esquilos e outros roedores. In ¬
foliar, fazendo com que a maioria das folhas fique disposta tegrantes dessa família fornecem abrigo para muitas espécies
no mesmo plano, agrupadas ou fasciculadas em grupos de da fauna e são importantes na fixação do solo.
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212 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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Coniferales: Cupressaceae Coniferales: Podocarpaceae


Chamaecyparis obtusa : cones Podocarpus macrophyllus: cones ovulíferos maduros

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Coniferales: Pinaceae Coniferales: Taxaceae


Pinus palustris: hábito Coniferales: Araucariaceae
Taxus baccata: arilo Araucaria heterophuUa: há bito

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Coniferales: Pinaceae
Picea lorano: ramo com folhas
Coniferales: Pinaceae
Abies sp.: cone ovulífero
PRANCHA 8.2 Gimnospermas: Coniferales

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SISTEMáTICA VEGETAL 213

Araucariaceae Cupressacaeae s.l.

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Pinaceae

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IV Óvulos
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Epimácí o
- exina do pólen
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1 óvulo
Arilo

invertidos 1 óvulo por


Sementes com escama
longa asa terminal
Escama associada 2 10 microsporângios
com a semente
1 20 óvulos por escama

I FIGURA 8.23 Relações entre os principais grupos de con íferas, indi ¬


Cone cando as poss íveis sinapomorfias para as cinco fam ílias tratadas nes ¬

Canais resiníferos te livro. { Baseada em Gadek et al . 2000; Kelch 1998; Little et al . 2004;
Quinn et al. 2002; Setogouchi et al . 1998; Stefanovic et al. 1998; e Wang
Caracteres embriológicos
et al . 2000.)

Gêneros/ esp écies: 10 / 220. Principais gêneros: Pinus (100 o grupo -irmão das demais coníferas como um todo (ver
spp.), Abies (40), Picea (40), Larix (10), Tsuga (10) e Pseudotsu ¬
Figura 8.23).
ga (cerca de 5). Caracteres muito congruentes de morfologia e imuno-
lógicos das proteínas das sementes dividem Pinaceae em
Importância económica e produtos: Pinaceae é provavel ¬ duas subfamílias, Abietoideae e Pinoideae. Abietoideae inclui
mente a principal fonte de madeira no mundo. A madeira Abies, Cedrus, Keteleeria, Pseudolarix e Tsuga, enquanto Pinoi ¬

dos gê neros Pinus, Pseudotsuga, Picea,Tsuga , Larix, Abies e Ce- deae inclui Cathaya, Larix, Picea, Pinus e Pseudotsuga.Análises
drus é intensivamente utilizada na constru ção, na produção filogenéticas de três genes - matK, do cloroplasto, o gene mi-
de celulose, em cercas, em postes telef ó nicos, na marcenaria, tocondrial nad5 e o gene nuclear 4CL - concordam com essa
na decoração de interiores e em muitos outros propósitos. subdivisão da família, com exceção da localizaçã o de Cedrus,
Muitas espécies apresentam madeira considerada de ótima que aparece como grupo-irmão dos demais integrantes da
qualidade para construção. A madeira de algumas espécies família. Pinoideae é sustentada por numerosas sinapomorfias
de Picea é preferida para o fabrico de instrumentos musicais, (ausência de canais resiníferos no envoltó rio da semente, au ¬

como violinos. Muitas espécies sã o largamente utilizadas sê ncia de base estreita e pedunculada na escama dos cones e
como plantas ornamentais e centenas de cultivares foram presença de dois canais resiníferos no cilindro vascular da raiz
desenvolvidos com essa finalidade. As sementes sem asas de pivotante jovem) e contém dois ciados, Pseudotsuga e Larix, e
alguns Pinus do oeste dos Estados Unidos eram consumidas Cathaya, Picea e Pinus. Abietoideae, nas análises moleculares,
por povos indígenas locais. Essas sementes, bem como as se ¬ apresenta dois conjuntos de grupos-irmãos, Abies e Ketelee
mentes de algumas espécies européias, são consideradas uma ria e Pseudolarix e Tsuga . O gê nero monotípico Nothotsuga <
iguaria na culinária. Rosina e terpentina são extraídas de di ¬ muito próximo de Tsuga e é melhor considerado como uma
versas espécies de pinheiros. espécie deste último gênero.
Pinus é muito característico por suas folhas agrupadas
Discussão: Pinaceae é a maior e mais importante (em ter¬ em conjuntos de dois a cinco e por suas escamas ovulíferas
mos ecológicos e económicos) família de coníferas. Espécies apicalmente espessadas e providas de um espinho. Esse gê ¬

dos maiores gê neros - Abies , Picea e Pinus - são componen ¬ nero apresenta também o mais longo registro fóssil dentre
tes principais de florestas temperadas e frias do Hemisf ério as Pinaceae atuais, estendendo-se at é o Jurássico ou o início
Norte. Pinus com frequê ncia domina florestas sujeitas a fogo do Cretáceo. No final do Cret áceo, dois subgêneros mono-
periódico em regiões mais temperadas, como as do sudeste filéticos - Pinus e Strobus - já estavam diferenciados. Os in ¬

do Estados Unidos (Prancha 8.2C). tegrantes do subgê nero Pinus são denominados pinheiros
Numerosos caracteres - a inversão dos óvulos, a pre ¬ duros", pois sua madeira é mais dura que a do subgêne ¬

sen ça de asa terminal e proeminente, o padrão de proem - ro Strobus , comumente denominados pinheiros macios .
briogenia, o tipo de proteína dos piastídios das células cri- Os dois subgêneros diferem também em outros caracteres
vadas e a ausê ncia de compostos biflavonóides - sustentam anat ômicos e no n mero de feixes vasculares presentes nas
a monofilia de Pinaceae. A família não é filogeneticamente folhas, dois no subgênero Pinus e um no subgê nero Stro ¬
t próxima de outros grupos de coníferas e provavelmente é bus . Os fascículos de folhas est ão rodeados por uma bai-
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214 JUOD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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SISTEMáTICA VEGETAL 215

FIGURA 8.24 Pinaceae. Pinus subgênero Strobus, P.strobus: (A) ápice polinizaçã o; um óvulo com dois apêndices micropiiares vis íveis (x 16);
de ramo com as folhas da ú ltima estaçã o, gemas novas e dois cones (L, M ) vistas abaxiai e adaxial da escama ovul ífera e da bráctea no
ovul íferas no per íodo da poliniza çã o (x 0,7); ( B) braquiblastos, mos- período de poliniza çã o, mostrando apê ndices micropiiares nos dois
trando brácteas, folhas escamiformes e folhas aciculares em desen- óvulos (x 16); ( N ) quatro cones no final da primeira esta çã o de cres-
volvimento (x 2,7); (C ) detalhe das bases dos braquiblastos maduros; cimento, com todos os fascículos de folhas que os rodeavam remo¬
as brá cteas e escamas foliares caíram (x 2,7); ( D) secção transversal vidos; gemas laterais e terminais visíveis (x 0,7); (O) escama ovul ífera
esquem ática de folha acicular mostrando um nico feixe fibrovas - com duas sementes em desenvolvimento, no período de polinizaçã o
cular e dois canais resin íferos ( x 20); ( E) estróbiio microsporangiado dos cones do ano seguinte, mostrando vest ígios dos apê ndices mi-
pouco antes da deiscê ncia (x 5,3); (F, G ) vistas lateral e abaxiai do mi- cropilares e desenvolvimento das asas (x 4); ( P ) cone maduro (x 0,7);
crosporófilo, mostrando os dois esporâ ngios abaxiais deiscentes (x (Q) semente madura , após a asa ter se separado da escama ovul ífe-
13); ( H) grã o de pó len, mostrando as duas vesículas aer íferas (x 330); ra (x 1,3); (R) secçã o longitudinal da semente com a asa removida ,
( ) cone ovul ífera no período da polinizaçã o (x 4); (J ) detalhe do cone mostrando o embrião rodeado por tecido do megagamet ófito ( pon -
ovulífero, mostrando as escamas ovul íferas com óvulos e as brácteas tilhado), micró pila dirigida contra a base (x 7); (S) embriã o mostrando
que as subtendem , no período da polinização (x 13); (K) detalhe da .
numerosos cotilédones (x 8) (Fonte: Price 1989, J. Arnold Arbor. 70:
vista lateral de uma escama ovul ífera e uma brá ctea no per íodo de pp. 247-305.)

nha persistente em Pinus e decídua em Strobus. Cerca de Distribuição e ecologia: família cosmopolita, de climas
65 espécies de Pinus são nativas na Amé rica do Norte, com temperados a frios. Cerca de três quartos das espécies ocor¬
maiores concentrações no Mé xico, Calif ó rnia e sudeste dos rem no Hemisf é rio Norte. Aproximadamente 16 gê neros
Estados Unidos. contêm apenas uma espécie e muitos destes apresentam
Pinaceae abrange as árvores mais longevas: Pinus lon - distribuições restritas. Os integrantes dessa família crescem
gaeva, uma espécie alpina do sudoeste dos Estados Unidos, em hábitats diversos, desde regiões com solos encharcados
pode viver por mais de 5.000 anos. Mesmo não se compa ¬ at é solos secos e desde o nível do mar at é grandes altitu ¬

rando às Cupressaceae em tamanho e volume, Pinaceae des em regiões montanhosas. As duas espécies de Taxodium
contém algumas árvores grandes. Pseudotsuga menziesii, por do sudeste dos Estados Unidos com frequência crescem em
exemplo, atinge até 80 m de altura, e muitos pinheiros ex¬ ambientes pantanosos.
cedem 60 m.
Referências:
Gêneros / espé cies: 29-32/110-130. Principais gêneros: Ju¬
Farjon 2005c; Farjon and Styles 1997; Ger-nandt
et al. 2005; Page 1990c; Price 1989; Richardson 1998; Stefanovic niperus (ca. 68 spp.), Callitropsis (18); Callitris (15); Cupressus
et al. 1998; Syring et al. 2005; Thieret 1993a; Wang et al. 2000; (12); Chamaecyparis (7); Thuja (5); Taxodium (3); Sequoia (1) e
Wegst 2006. Sequoiadendron (1) .

Importância económica e produtos: a família fornece madei ¬


Cupressaceae Gray ra de ótima qualidade. Cryptomeria, Chamaecyparis, Juniperus,
(Família do cipreste) Sequoia, Taxodium, Thuja e muitos outros gêneros fornecem
Á rvores ou arbustos, com madeira e folhagem geralmente aro¬ madeira apropriada para a construçã o de casas, a fabricação
máticas. Casca dos troncos geralmente fibrosa, soltando-se de lápis, a construção de barcos e muitos outros propósitos.
em longas tiras em árvores maduras, ou formando placas. Muitas madeiras dessa família são naturalmente fragrantes
Folhas persistentes (decíduas em três gêneros), simples, es- e t êm sido utilizadas em armários de roupas para afugentar
piraladas ou torcidas na base e parecendo dísticas, opostas traças e como essências na fabricação de perfumes. Cones de
ou verticiladas, em formato de escama, adpressas, com compri¬ Juniperus communis têm sido utilizados como aromatizantes
mento de la 30 mm, curtas a lineares, com canais resiníferos, do gin. O pólen de Juniperus contém um dos mais potentes
caindo junto com os ramos laterais; folhas adultas adpressas alergê nicos, e a grande quantidade de pólen produzida está
ou expostas, às vezes expostas e lineares nos ramos princi ¬ correlacionada com sinusites e alergias nasais e pulmonares
pais e adpressas e escamiformes nos ramos laterais; folhas em humanos e animais domésticos. Chamaecyparis, Cupressus,
escamiformes às vezes dimórficas, as folhas laterais providas Juniperus, Platycladus,Thuja e outros gê neros são largamente
de quilha e envolvendo o ramo e as folhas no ápice e base cultivados como ornamentais.
do ramo achatadas. Plantas monóicas (dióicas em Juniperus ).
Estróbilos microsporangiados com microsporófilos em dis ¬ Discussáo: esta família, por muito tempo, foi dividida em
posição espiralada ou oposta; 2-10 microsporângios na su ¬ Cupressaceae s.s. e Taxodiaceae, com base em diferenças das
perf ície abaxiai do microsporófilo; pólen desprovido de ve ¬ folhas. As folhas de Cupressaceae s.s. são escamiformes e
sículas aeríferas. Cone amadurecendo em 1-3 anos; escamas opostas ou verticiladas e lineares, enquanto as folhas de Ta ¬
peitadas ou basalmente aderidas e achatadas, suculentas xodiaceae sã o principalmente espiraladas e lineares. As fo¬
em Juniperus, fusionadas às brácteas, persistentes (decíduas lhas de Metasequoia (Taxodiaceae), no entanto, são opostas, e
em Taxodium ); 1-20 óvulos, na superf ície adaxial da esca ¬ aquelas de Athrotaxis (Taxodiaceae) podem ser escamiformes.
ma ovulífera, eretos (as micrópilas apontando para fora do Há muitas semelhanças (e potenciais sinapomoriias) entre as
eixo do cone; em algumas espécies os óvulos estão even ¬ duas famílias: a fusão das escamas ovulíferas e as brácteas;
tualmente invertidos); arquegônios em número muito va ¬ sementes com asas laterais derivadas do envoltório seminal;
riável por óvulo, agregados. Sementes com 2 (3) curtas asas um ou dois microsporângios por microsporófilo; mais de
laterais (as asas estão ausentes em alguns gêneros); embrião duas sementes por escama ovulífera; deciduidade dos ramos
reto, 2-15 cotilédones (Figura 8.25). pequenos; arquegônios agrupados; grãos de pólen sem vesí-
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216 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 8,25 Cupressaceae. (A-J ) Juniperus virginiana: ( A ) ramos com das sementes ) ( x 3,7); (J ) semente, mostrando cavidades e arestas ( x
folhas escamiformes e cones ovul íferos maduros (x 0,9); ( B) ramo com 6.2). ( K-Q) J. communis : ( K ) ramo, mostrando folhas ternadas e cones
folhas escamiformes e aciculares (x 0, 9); ( C ) detalhe de um ramo com ovul íferos axilares ( x 0,9); ( L) detalhe de parte de uma folha dec ídua ,
folhas aciculares, mostrando as bases foliares decurrentes (x 6,2); ( D) em vista abaxial, mostrando uma grande e larga banda estomat ífera (x
estróbilo microsporangiado antes da libera çã o do pó len, subtendido 6.2); (M) estró bilo microsporangiado após a libera çã o do pólen (x 6,2);
por numerosas folhas escamiformes ( x 6,2); ( E) microspor ófilo ( vista ( N ) microspor ófilo, vista abaxial; (O ) ramo axilar com cones ovul íferos
abaxial), mostrando esporã ngios deiscentes ( x 12); ( F ) ramo com es ¬ jovens na regi ã o apical, mostrando três óvulos próximos do per íodo
tró bilo ovul ífero próximo do per íodo da poliniza çã o (x 9); (G ) escama de poliniza çã o (x 12); ( P) porçã o de ramo com cone ovul ífero maduro;
ovul ífera ( vista adaxial ) com 2 óvulos eretos, próximo do per íodo de observe as bases foliares remanescentes fusionadas ao caule maior (x
poliniza çã o (x 12); ( H ) cone ovul ífero maduro com escamas ovul íferas 3,7); (Q) vista apical do cone ovul ífero, mostrando as linhas de sutu ¬
fusionadas (x 3,7); ( I ) secçã o transversal do cone maduro com apenas ra entre três escamas ovul íferas fusionadas (x 3,7) . ( Fonte: Hart e Price
duas sementes amadurecendo (observe as vesículas de resina fora 1990, J. ArnoldArbor. 71 : pp. 275-332.)

cuias aeríferas; presença de escamas ovulíferas peitadas em Cupressaceae s.s. se divide em dois ciados bem susten ¬

muitos gé neros; e caracteres de sequê ncias de DNA (Bruns- tados: o dado cupressóide, abrangendo todos os grupos do
feld et al. 1994; Eckenwalder 1976; Hart 1987; Steíanovic et Hemisf é rio Norte, e o ciado callitróide, que compreende
al. 1998; Tsumura et al . 1995; Watson e Eckenwalder 1993) . todos os taxa do Hemisf ério Sul (ver Figura 8.23). Cupres¬
Finalmente, Cupressaceae s.s e monofilética e provavelmente saceae s.s. é o grupo-irmão de um ciado taxodioideae mui ¬

originou-se a partir de uma Taxodiaceae parafilética . Assim, to bem sustentado que conté m Taxodium, Glyptostrobus e
todas as evid ências parecem apontar a favor da fusão de am ¬

Cryptomeria. Taxodium cresce no leste dos Estados Unidos e


bas as famílias. no México e, como seu gê nero- irmã o Glyptostrobus (do sul
r SISTEMáTICA VEGETAL 217

e centro da China ), é decíduo. Cryptomeria apresenta ampla al. 2000; Li and Xiang 2005; Little et al. 2004; Lit - tle 2006; Fâge
distribuição na China e no Japão. Outro trio de gêneros bem 1990a,f; Price and Lowenstein 1989; Ste-fanovic et al. 1998;
sustentado que divergiu precocemente na história evolutiva Tsumura et al. 1995; Watson and Ecken -walder 1993.
de Cupressaceae é o ciado sequoióide (Metasequoia, Sequoia
e Sequoiadendrori) . Metasequoia era amplamente distribuído Podocarpaceae Endlicher
e muito comum no Hemisf é rio Norte desde o final do Cre ¬ (Família do pinheiro-bravo)
t áceo até o Mioceno. Hoje, sua área de distribuição natural
abrange uma regiã o isolada da China e, fora dessa distri ¬
Arbustos ou árvores de até 60 m de altura, ligeiramente resi ¬

buição, era conhecida como um fóssil até 1944. Seu hábito nosos. Folhas simples, inteiras, de formatos diversos (lineares
decíduo deve ter evoluído em paralelo com os de Taxodium e de até 30 cm de comprimento e 5 cm de largura ou peque ¬
e Glyptostrobus. Sequoia e Sequoiadendrori , como Metase nas e escamiformes), persistentes e alternas. Plantas dióicas
quoia e muitrts outros gêneros, contêm apenas uma espécie (raramente monóicas) . Estróbilos microsporangiados cilíndri ¬

cada e sã o geograficamente restritos. Sequoia é restrito às cos, com numerosos microsporófilos em arranjo espiralado,
regiões costeiras do norte da Calif órnia e sul do Oregon. cada um provido de 2 microsporângios; pólen com 2 (0 ou 3)
Sequoiadendron é restrito às montanhas da região central da vesículas aer
íferas. Cones com 1 a muitas escamas ovulíferas,
Califórnia. Cunninghamia, um gênero asiático de cerca de cada uma com 1 óvulo, modificadas em uma estrutura sucu ¬
tr ês espécies, é o grupo-irm ão dos demais integrantes da lenta (epimácio) e de aspecto drupáceo, raramente parecendo
família . um cone (Prancha 8.2B). 2 Cotilédones, 2.
Juniperus faz parte do ciado cupressóide e é o segundo
maior gênero de coníferas depois de Pinus. Juniperus é res ¬
Distribuição e ecologia: Podocarpaceae é tropical e subtro

m
¬

trito ao Hemisf ério Norte, com centros de diversidade nos pical (ocorrendo com menos frequê ncia em regiões tem ¬

desertos do México e sudoeste dos Estados Unidos, no Me ¬


peradas), especialmente no Hemisf é rio Sul. Para o Norte,
diterrâneo, na Ásia Central e na China. As espécies desse a família se estende até o Japã o, a América Central e o
gênero ocorrem desde o nível do mar até regiões monta ¬ Caribe. Podocarpaceae cresce principalmente em florestas
nhosas e desde regiões desérticas até áreas brejosas. Al ¬ sazonais.
gumas espé cies são ruderais e tê m invadido considerável
quantidade de pastagens e campos. Os cones suculentos de Principais gêneros: Po-
Gêneros / espé cies: 17/170 ou mais.
Juniperus são consumidos por aves e pequenos mamíferos e docarpus e Dacrydium (nenhum dos gêneros é monofilé tico e
suspeita-se que esse gênero tenha sido introduzido em re ¬
o número de espécies de cada um deles depende da classifi ¬
giões insulares (Açores, Bermuda e Ilhas Canárias) por meio cação que se aceite).
de aves dispersoras.
Juniperus é o grupo-irmão do gênero Cupressus, do Ve ¬ Importância económica e produtos: Dacrydium, Podocarpus e
lho Mundo, que até recentemente abrangia 16 espécies da outros integrantes da família fornecem madeira de qualidade.
América do Norte e do Sul. Essas espécies do Novo Mun ¬ Podocarpus macrophyllus é amplamente cultivado como planta
do foram transferidas para Callitropsis. Callitropsis nootka-
ornamental em climas temperados.
tensis (o cipreste do Alasca) tem sido de difícil localização
taxonômica devido a sua morfologia característica. Essa
Discussão: sequê ncias do gene 28S rRNA dão forte susten ¬
importante espécie madeireira do noroeste da América do tação para uma relação de grupos-irmãos entre Podocarpace ¬
Norte já foi incluída nos gê neros Chamaecyparis, Cupres ¬
ae e Araucariaceae (ver Figura 8.23), sendo que ambas as fa ¬
sus e Xanthocyparis. A espécie mais próxima do cipreste do
mílias partilham as seguintes sinapomorfias: presen ça de um
Alasca deve ser Callitropsis vietnamensis, uma espécie re ¬
óvulo por escama ovulífera, escama ovulífera associada com
centemente descrita, de florestas remanescentes do norte
doVietnã. a semente e, possivelmente, fusão entre a bráctea e a escama
ovulífera. Todos, exceto dois dos gêneros de Podocarpace ¬

Sciadopitys, comumente chamado de pinheiro guarda-


ae, apresentam um epim á cio que é geralmente interpretado
chuva , foi tradicionalmente incluído em Taxodiaceae . As
folhas desse gênero parecem estar fusionadas aos pares, mas como uma escama ovulífera modificada que rodeia parcial ¬

é provável que essas estruturas pareadas sejam na verdade mente o óvulo e que se toma suculenta na maturidade. Po ¬

um tipo de caule modificado. Numerosos caracteres morfo ¬ docarpaceae também apresenta um estágio celular (possivel¬
lógicos, moleculares e outros tipos de diferenças sustentam a mente sinapomóríico) binucleado no início da embriogênese.
possibilidade de um status de família separada (Stefanovic et A família é também notável pela diversidade na estrutura dos
al. 1998), isto é, Sciadopityaceae. cones e pela variação no número cromossô mico. Esse grupo
Cupressaceae inclui as árvores de maior altura (Sequoia deve ter ficado isolado de outras coníferas por muito tempo,
semperoirens, com quase 112 m de altura e 6,7 m de diâ ¬ no Hemisf ério Sul.
metro) e as de maior volume do mundo (Sequoiadendron Caracteres de DNA de rbcL sustentam a inclusão de gê ¬
giganteum, sequoia gigante, 106 m de altura e 11,4 m de di ¬ nero do Hemisf ério Sul Phyllocladus (Phyllocladaceae) em
âmetro). Algumas espécies podem viver 2.000 -3.500 anos Podocarpaceae, como grupo-irmão dos demais integrantes
ou mais. da família. Podocarpaceae conté m também um curioso ar ¬

busto das florestas da Nova Caledónia, Parasitaxus usta , que


Referências: Adams 1993; Brunsfeld et al. 1994; Ecken- walder carece de raízes e parasita outra Podocarpaceae, Falcatifolium
1976; Farjon 2005b; Gadek et al. 2000; Hart 1987; Kusumi et taxoides.
218 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Há muitas incertezas sobre a delimitação e as relações en ¬


tre os gê neros que integram Podocarpaceae. Caracteres mor ¬
A;
foló gicos e de 18S rDNA indicam que nem Podocarpus nem
Dacrydium são monofiléticos, e alguns taxonomistas aceitam
numerosos gêneros adicionais.
Referências: Axsmith et ai. 1998; Conran et al. 2000; Kelch
1997,1998; Page 1990d; Quirtn et ai. 2002; Stefanovic et al.
1998;Tomlinson 1992.

Araucariaceae Henkel & W. Hochst


(Família do pinheiro-do-paraná)
Árvores longevas de até 65 m de altura e 6 m de diâmetro
basal, muito resinosas, em geral bem simé tricas e com for ¬

mato geral cónico (Prancha 8.2E) . Folhas inteiras, simples,


de formatos variáveis (aciculares, escamosas, lineares, oblon ¬
gas ou elípticas) às vezes no mesmo indivíduo, persistentes
e pontiagudas em algumas espécies de Araucaria, espiraladas
ou opostas. Plantas dióicas ou monóicas. Estróbilos microspo-
rangiados cilíndricos e providos de muitos microsporófilos em
arranjo espiralado, cada um com 4-20 microsporângios; pólen
sem vesículas aeríferas, exina foveada. Cones solitários, mais
ou menos eretos e pesados, amadurecendo em 2-3 anos e, even ¬
tualmente, desintegrando-se na árvore; escamas omlíferas com
1 único óvulo, numerosas, em arranjo espiralado, achatadas,
lineares a peitadas, brácteas mais ou menos mais longas que
as escamas ovulíferas e fusionadas com estas últimas; sementes
grandes, com ou sem asas marginais. Cotilédones, 2, às vezes
profundamente divididos e parecendo 4 (Figura 8.26) .

Distribuição e ecologia: Araucariaceae está praticamente


restrita ao Hemisf ério Sul, incluindo Ásia, Austrália, Nova Ze ¬
lândia e América do Sul. Os integrantes dessa família crescem
em florestas tropicais e subtropicais, bem como em regiões
temperadas. A família é mais diversa na Nova Caledónia,
onde crescem 5 espécies endémicas de Agathis e 13 espécies
endémicas de Araucaria. As espécies da Nova Caledónia de
cada gênero formam respectivos grupos monofiléticos de
acordo com análises de rbcL. O pequeno grau de diversifica ¬

ção gênica entre as espécies de cada gênero sugere eventos


de especiação relativamente recentes nos raros solos ultramá-
ficos da Nova Caledónia. Em algumas espé cies de Araucaria,
alguns caracteres, tais como a presença de folhas pontiagu ¬
das, a capacidade de regeneraçã o dos ramos e a proteção das
gemas apicais por ramos jovens, sugerem adaptações contra
herbívoros hoje extintos.

G êneros / espé cies: 3/32. Principais g ê neros: Agathis (13 FIGURA 8.26 Araucariaceae. Araucaria: (A) ramo de A bidwilli; ( B-D)
spp.) e Araucaria (18). Estró bilo m í crosporangiado, cone e semente de A. araucana. (A repro ¬

duzida de Page 1990e; B-D, de Munoz Pizarro 1959.)


Import ância económica e produtos: os dois gêneros princi ¬
pais fornecem madeira de qualidade. Os maiores indivíduos,
como aqueles de Agathis australis da Nova Zelândia, atingem Agathis e Araucaria diferem grandemente na estrutura fo¬
at é 65 m de altura e mais de 6 m de diâmetro e contêm um liar e reprodutiva. As folhas de Agathis são largas e opostas,
volume considerável de madeira. Araucaria heterophylla e A. enquanto as folhas de Araucaria são espiraladas e lineares a
araucana são muito apreciadas como plantas ornamentais. largas. Agathis é monóico e apresenta óvulos livres da escama
ovuiífera e sementes aladas. Araucaria é dióico* e apresenta
Discuss o: Araucariaceae, como Podocarpaceae, é uma fa ¬
mília caracter I
ística e quase exclusiva do Hemisf ério Sul. O ' N. de T. Na verdade, o género Araucana apresenta espécies dióicas
.
registro fóssil de Araucariaceae e Araucaria se estende a partir las sul-americanas A. araucana e A. angustifoiia ) e monóicas ( p. ex., A
i
t
do Jurássico. bidwilli, e A. excelsa ) .

t
á
SISTEMáTICA VEGETAL 219

óvulos fusionados com a escama ovulífera e sementes geral - n ão. Lenho sem canais resiníferos. Folhas simples, persisten ¬

mente sem asas. Sequências de rbcl sustentam a monofilia tes por muitos anos, liberadas individúalmente, espiraladas
de ambos os gêneros. Esses mesmos caracteres também sus ¬ (opostas em algumas espécies), freqúentemente retorcidas e
tentam a divisão do gênero em quatro seções baseadas em parecendo dísticas, lineares, achatadas, inteiras, de á pice agudo,
caracteres não- moleculares, tais como o n mero de cotilédo ¬ com 0-1 canal resinífero. Plantas dióicas {raramente monói -
nes, a posição dos estróbilos microsporangiados e caracteres cas) . Estróbilos microsporangiados com 6-14 microsporófilos;
das células da epiderme foliar. 2-9 microsporângios por microsporófilo, em arranjo radial ao
Wollemia nobilis, o pinheiro Wollemi, foi descoberto em redor do microsporófilo ou limitadas a sua superf ície abaxial;
1994 no Parque Nacional Wollemi, ao norte de Sidney, na pólen sem vesículas aeríferas. Óvulos solitários e cones au ¬

Austrália, pelo guarda-parque David Noble (daí o epíteto sentes; sementes com testa dura, associadas com um arilo
específico nobilis ). Antes de 1994, Wollemia era conhecido carnoso e geralmente colorido (Prancha 8.2D); 2 cotilédo¬
apenas por fósseis que datam de até 150 milhões de anos nes (ocasionalmente 1 ou 3) (Figura 8.27). v

atrás. Essa é uma das árvores mais raras do mundo, com cer¬
ca de 43 indivíduos adultos em duas populações distanciadas Distribuição e ecologia: principalmente no Hemisf é rio Nor¬
por 1,5 km. Algumas das árvores devem ter 500-1.000 anos de te, estendendo-se ao Sul até Guatemala e Java, com um gê ¬
idade e apresentam casca incomum, que já foi descrita como nero endémico na Nova Caledónia. Taxaceae tende a crescer
chocolate borbulhante . no fundo de vales, onde se acumula foliço.
Uma das maiores e mais longevas árvores dessa família é
Agathis australis , comumente denominada Kauri. Uma árvo ¬ Gê neros / esp é cies: 5/ 20. Principais g ê neros: Taxus (10
re em particular do norte da Nova Zelândia tinha 51,5 m de spp.) e Torreya (4).
altura e 13,8 m de circunferência no início de 2001. Estima-se
que essa á rvore tenha cerca de 2.000 anos de idade. Esse in ¬ Importância económica e produtos: Taxus é amplamente cul ¬
divíduo é denominado Tane Mahuta pelos nativos Maoríes, o tivado como planta ornamental e como essência florestal na
que significa o deus da floresta . Am érica do Norte e na Europa. É uma das melhores madeiras
de coníferas, hoje utilizadas em marcenaria de alta qualidade.
Referências: Gilmore and Hill 1997; Page 1990e; Quinn et al. Torreya apresenta menor importância como ornamental, mas
2002; Setogouchi et al. 1998; Stefanovic et al. 1998; http://www. sua madeira, suas sementes comestíveis e o óleo das suas se¬
rbgsyd.gov.au/html/wollemi.html. mentes são apreciados na Ásia. Taxus contém taxol, um alca ¬
loide altamente tóxico nas folhas, caules e sementes. A forte
Taxaceae Bercht. & J. Presl atividade antimitótica do taxol o toma um potencial agente
(Família do Taxus ) quimioterá pico no combate ao câncer.

Árvores de tamanho moderado, arvoretas ou arbustos, em Discuss o: Taxaceae é única dentre as coníferas, pois suas
geral não .resinosas ou levemente resinosas; odor
íferas ou sementes solitárias nã o estão associadas com escamas ovu -

:A;

B.

AT

(Q &

1
I FIGURA 8.27 Taxaceae. Taxus floridana: (A ) ramo com folhas e estro- porangiados durante e depois da liberaçã o do pólen (x 6,5); (F) detalhe
bilo microsporangiado no per íodo de libera çã o do pólen (x 0,7); (B) do microsporófilo (x 27); (G) ramo com óvulo arilado (x 2). (Fonte; Price
detalhe da superf ície abaxial da folha (x 3,3); (C-E) estró bilos micros- -
1990,1ArnoldArbor. 71: pp. 69 91.)
r
220 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

líferas. A semente é rodeada por um arilo. Alguns sistematas


retiraram Taxaceae das coníferas devido à ausência de cones.
No entanto, caracteres embriológicos de anatomia da madei ¬
ra, químicos e morfológicos da folha e do pólen situam essa
família inequivocamente dentro das coníferas. Acredita-se
que o cone tenha sido perdido e que a presença de semente
solitária com arilo seja um caráter derivado.
Sequências de DNA, caracteres morfológicos, anatômi ¬
cos e tipos de alcaloides dividem a família em dois ciados,
um incluindo Taxus, Austrotaxus e Pseudotaxus e o outro
compreendendo Torreya e Amentotaxus. A família é aparen ¬

temente muito próxima de Cephalotaxaceae e, na verda ¬


de, deve ser parafilética sem a inclusão desta última. Ce -
phalotaxaceae é uma família asiática e monogenérica que
apresenta óvulos aos pares associados com uma pequena
excrescê ncia considerada uma escama ovulífera reduzida.
Em geral, uma ou duas sementes amadurecem e desenvol ¬
vem um envoltório suculento que é superficialmente se ¬
melhante, mas não homólogo, com o arilo de Taxaceae. As
sementes solitárias, de formato drupóide de muitas Podo-
carpaceae, são superficialmente semelhantes às sementes
de Taxaceae, mas caracteres de DNA sugerem que esse tipo
de suculência evoluiu mais de uma vez dentro das coníferas
(Stefanovic et al.1998) .
Referê ncias: Cheng et al. 2000; Hils 1993; Li et al. 2001; Fáge
1990f; Price 1990; Quinn et al, 2002; Stefanovic et al. 1998.

Gnetales
Gnetales tem particular importância no contexto da evolu ¬

ção das plantas, pois apresenta caracteres tanto de gimnos-


permas (sementes não envolvidas em um ovário) quanto
de angiospermas (elementos de vaso no lenho, estruturas
reprodutivas superficialmente semelhantes a flores e dupla
fertilização) . Juntamente com as angiospermas, Gnetales
à
- :Bi

às vezes sã o referidas como antófitas, devido à presença


de estruturas semelhantes a flores (estróbilos compostos 1 mm P)
com pelo menos rudimentos de ambos, megasporâ ngios
e microsporângios) . Análises moleculares recentes (Bowe
et al. 2000; Chaw et al. 2000) nã o sustentam as antófitas 1
como um ciado e, ao contrário, conectam Gnetales com as
coníferas. No entanto, alguns pesquisadores não descartam -
uma relação de parentesco entre Gnetales e angiospermas
(Rydin et al. 2002; Doyle 2006) . Gnetales apresenta diver ¬

sas possíveis sinapomorfias: a presença de um envoltó rio


de brá cteas ao redor dos óvulos e microsporângios e uma
projeção micropilar do tegumento que secreta gota de FIGURA 8.28 Ephedraceae. Ephedra distachya: (A ) ramo de indivíduo
poliniza ção. Gnetales consiste em três gêneros - Gnetum, microsporangiado; ( B) estróbilo microsporangiado; (C) unidade repro¬
-
Welwitschia e Ephedra todos muito diferentes sob o ponto dutiva microsporangiada; ( D) estró bilo ovul ífero; (E) unidade reprodu ¬
tiva ovul ífera. ( Fonte; Flora Ibérica 1986.)
de vista morfológico. Gnetum contém cerca de 35 espécies
principalmente tropicais de lianas dióicas (menos freqiien-
temente árvores ou.arbustos) com folhas opostas, simples Referências adicionais: Kubitzki 1990; Price 1996; Dilcher et al.
e largas e sementes envolvidas em sarcotesta camosa e
2005
colorida (ver Figura 7.13G-I). Hoje existe apenas uma es ¬
pécie de Welwitschia (Welwitschiaceae), uma curiosa planta
da Nainíbia. O caule curto e maciç o produz duas enormes Ephedraceae Dumort
folhas em forma de fitas (ver Figura 7.13F) que se rasgam (Família da Ephedra )
nos extremos, mas continuam crescendo na região basal
durante toda a vida do indivíduo (até 2.000 anos) . Ephedra Arbustos, com menos frequência lianas apoiantes e raramen ¬
(Ephedraceae) é descrito a seguir. te arvoretas; com frequência rizomatosos. Lenho com ele-

I
~
W
SISTEMáTICA VEGETAL 221

mentos de vaso. Ramos numerosos e verticiiados ou agrupados, G êneros / espé cies: l ( Ephedra )l ceica de 60.
\ iongitudinalmente sulcados; em geral verdes e fotossintéticos. Fo ¬

lhas opostas ou verticiladas, escamiformes, basalmente fu¬ Importância económica e produtos: Ephedra tem sido larga
sionadas em uma bainha, com frequência decí duas logo mente utilizado com propósitos medicinais, como, por exem ¬

após o completo desenvolvimento; canais resiníferos au ¬


plo, para combater a tosse e problemas circulatórios. Sua uti ¬

sentes . Plantas principalmente dióicas. Estró bilos poliníferos lização principal hoje é para a extra ção do alcaloide efedrina,
em verticilos de 1-10, cada um consistindo em 2-8 sé ries de um vasoconstritor.
brácteas opostas ou verticiladas, cada bráctea apical subten ¬

dendo um ped nculo com 2-10 (-15) microsporângios. Pólen Discussão: o caule fotossintético e as folhas reduzidas fazem
s sulcado, sem vesículas aeríferas. Estróbilos ovulíferos consis¬ com que estas plantas lembrem superficialmente as Equiseta-
tindo em 2-10 sé ries de brácteas opostas ou verticiladas, as ceae. A polinização é efetuada pelo vento e, menos freqúen-
mais apicais subtendendo usa par de brácteas fusionadas que temente, por insetos atraídos pelo néctar produzido pelos
envolvem um óvulo. Sementes 1- 2 (-3) por estróbilo, amare ¬

estróbilos ovulíferos. Em algumas espécies, a dispersão pode


las a marrom -escuras; 2 cotilédones (Figura 8.28) . ser efetuada pelo vento e é promovida pela presen ça de asas
carenadas nas brá cteas do estróbilo ovulífero. Em outras es ¬
Distribuição e ecologia: regiões temperadas de todo o mun ¬
pécies, a dispersão é efetuada por aves atraídas pelas brácteas
do, exceto a Austrália. Ephedra é uma das poucas gimnosper- carnosas, suculentas e coloridas dos estróbilos ovulíferos. O
mas adaptadas a regiões extremamente áridas; com frequên ¬
gênero aparentemente evoluiu no Velho Mundo.
cia crescendo em áreas secas e ensolaradas, tais como estepes
ou desertos e podem ocorrer até 4.000 m de altura nos Andes Referências: Ickert- Bond and Wojciechowski 2004; Kub-itzki
e no Himalaia. 1990; Price 1996; Stevenson 1993.

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Itens indicados com asterisco são especialmente recomendados aos leitores interessados em obter
informações adicionais sobre os tó picos discutidos neste capítulo.

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i
r
Relações Filogenéticas das
Angiospermas

As angiospermas, ou plantas com flores, constituem o gru


po de plantas dominantes no ambiente terrestre. A mono-
¬
9
jT filia desse agrupamento é fortemente sustentada, como foi
discutido no Capítulo 7, e as angiospermas são possivelmen ¬

te o grupo-irmão de um grupo contendo todas as demais


plantas com sementes atuais (Bowe et al. 2000; Burleigh e
Mathews 2004; Chaw et al. 1997; Soltis et al. 2002, 2005 ). As
L YJ
angiospermas apresentam um registro fóssil antigo que remonta ao Cretáceo
Inferior (cerca de 135 milhões de anos atrás), sendo que este registro fóssil au ¬

menta sua import ância à medida que avançamos no Cret áceo (Beck 1976; Crane
et al. 1995). O grupo pode ter se originado ourante o Jur ássico, há mais de 140
milhões de anos, mas a linhagem que deu origem às angiospermas pode ter se
separado do resto das plantas com sementes o dobro desse tempo.
A maior parte das espécies de angiospermas se enquadra em dois grandes
grupos: as monocotiledôneas (plantas com um único cotilédone e grãos de
pólen geralmente monossulcados) ou as eudicotiledôneas (plantas com dois
cotil édones e grãos de pólen predominantemente tricolpados ou tipos deriva ¬

dos deste). A monofilia das monocotiledôneas é sustentada por muitas sinapo-


morfias, incluindo folhas com nerva ção paralela, flores trímeras (com dois ver ¬

tidos periâ nticos, dois verticilos de estames e um único verticilo de carpelos),


embriões com um único cotil édone, plastídios das c élulas crivadas com muitos
cristais protéicos cuneados, caules com feixes vasculares esparsos e sistema ra-
dicular do tipo advent ício (contudo, muitos desses caracteres são homoplásicos;

ítf .
ver página 249) . A monofilia das monocotiledô neas também é sustentada por
'
seq úê ncias de DNA nuclear e de cloroplasto (Bharatham e Zimmer 1995; Chase
2004; Chase et al. 1993, 1995a, 2000, 2006; Graham et al. 2006; Hilu et al. 2003;
K â llersjõ et al. 1998; Qiu et al. 2005; Soltis et al. 1997, 1998, 2000, 2005). As eudico
tiledôneas ou tricolpadas são também monofiléticas e, dentre as sinapomorfias
¬

tM
que as sustentam, encontramos pó len tricolpado (ou modificações a partir desse Sr
tipo bá sico) e sequências de DNA nuclear, mitocondrial e de cloroplasto (Chase
et ai. 1993; Donoghue e Doyle 1989; Doyle et al. 1994; Hilu et al. 2003; Hoot et
£sj
m
ai. 1999; K âllersjõ et al. 1998; Qiu et al. 2005; Savolainen et al. 2000a,b; Soltis et al.
1997, 2000, 2005; Zanis et al. 2003 ).

IV
226 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE
1
Caracteres de DNA nuclear, mitocondrial e de cloroplas- Os cladogramas nas Figuras 9.1 e 9.2 sintetizam as relações
to, bem como caracteres morfológicos, indicam que os ciados entre os principais dados, tais como propostos por Chase
das monocotiledôneas e eudicotiledôneas derivam de mem ¬ (2004), Judd e Olmstead (2004), Soltis e Soltis (2004) e Soltis
bros morfologicamente díspares de um grupo parafilético e colaboradores (2005). Estas são principalmente as relações
de famílias (Chase et al. 1993; Doyle 1996, 1998; Doyle et al. refletidas pela dassificação do Angiosperm Phylogeny Group, |
1994; Donoghue e Doyle 1989; Graham e Olmstead 2000;
Hilu et al. 2003; Mathews & Donoghue 1999; Qiu et al. 2005;
o APG (APG 1998, 2003). As angiospermas não monocotile-
dôneas e não- tricolpadas representam um conjunto de linha-
-
$
Savolainen et al. 2000a; Soltis e Soltis 2004; Soltis et al. 2000, gens, e tentativas anteriores de incluí-Ias em uma superordem
2005; Zanis et al. 2003; Zimmer et al. 2000). Embora integran ¬ (Annonanae; Thome 1992) ou subclasse (Magnoliidae; Cron -
tes deste último grupo partilhem alguns caracteres com as quist 1968, 1981, 1988; Takhtajan 1980, 1997) geram confusão.
eudicotiled ôneas - tais como dois cotilédones, presen ça de A maioria das análises sustenta Amborellaceae, Nymphaea -
uma radícula persistente, caules com feixes vasculares dispos ¬ ceae e Illidaceae (e grupos próximos) como parte do Grado
tos em anéis, crescimento secundário e folhas com nervação ANITA*, as três linhagens que divergiram primeiro do resto
reticulada - sendo então, tecnicamente, dicotiledôneas -, os das angiospermas. O Grado ANITA pode ser caracterizado
caracteres partilhados sã o plesiomórficos dentro das angios- por apresentar carpelos cujas margens são seladas por uma
permas; ou seja, são caracteres que evoluíram cedo na histó¬ secreção, enquanto, na maioria das angiospermas restantes,
ria das traqueófitas. as margens dos carpelos se fecham por fusão pós-genital das
Felizmente, as relações entre as angiospermas não-mo- epidermes (Doyle 1998, Endress 2004a,b, Endress e Igersheim
nocotiled ôneas e não-tricolpadas foram esclarecidas por nu ¬
2000a,b; Soltis et al. 2005). A maioria dos integrantes dessas
merosos estudos recentes baseados em dados combinados. linhagens apresenta gametófitos femininos 4-nucleados e en-
Tais análises utilizaram caracteres de dois ou muitos genes dosperma diplóide, mas Amborellaceae apresenta um game- r
(Graham e Olmstead 2000; Kim et al. 2004; Qiu et al. 2000, tófito feminino 9-nucleado e endosperma triplóide (Williams %
2005; Savolainen et al. 2000a; Soltis et al. 1998, 2000, 2005; e Friedman 2004; Friedman 2006) . A maior parte das angios- K
Zanis et al. 2003) e, às vezes, caracteres morfológicos (Doyle et permas restantes apresenta um gametófito feminino 8- nucle- .
al. 1994; Doyle 1998; Doyle e Endress 2000; Nandi et al. 1998). ado e endosperma triplóide (ver Capítulo 4).

ã
Magnolíde
l
y
í s§ í
-

5
.

: Z
m
1i i
Monoco-
tiledoneas
1

f-
i
q ro
§
2
2 Eudicotiledôneas

: Fólen tricolpado
i
f Perda dos óleos aromáticos

£
£ Anteras bem diferenciadas
dos filetes
* \
K YN l
<c° Cc

* Carpelos plicados,
com fusã o pós-genital
Óleos aromá ticos
'Pólen coiumelado
I
Elementos de vaso

FIGURA 9,1 Cladograma dos principais grupos de angiospermas ba¬ * N. deT. O Grado ANITA é um grupo parafilético cujo nome provém
seado em Soltis & Soltis (2004), mostrando sinapomorfias morfol ógi ¬ das iniciais dos taxa nele contidos (Amborellaceae. Nvmphaeaceae,
cas selecionadas. .
Ulicíaceae Trimeniaceae e Austrobaileyaceae) . No início desta década,
o grupo foi considerado um ciado por diversos autores. Hoje se sabe
que este não é um grupo monofilético e, exatamente por isso, taivez
seja desejável abandonar o conceito de Grado ANITA . Do ponto de
vista cladístico, o grupo contém as ordens Amborellales, Nympnaeales
e Austrobaileyales, que muitas análises filogenéticas sustentam como
grupos- irm os sucessivos das demais angiospermas.
|
SISTEMáTICA VEGETAL 227

- Amborellaceae 0
3
tivos ancestrais seriam o hábito perene não-decidual, hábito
lenhoso com feixes vasculares prim ários dispostos em anel;
- Nymphaeaceae
í
CL

nós unilacunares com dois traços vasculares; e folhas alter¬


- Austrobaileyales 1 nas, simples, mais ou menos coriáceas, com venação peni-
n érvea e margens inteiras ou esparsamente serrilhadas, bem
Magnoliales
HZ Laurales
u

lllIs
n como ausência de estipulas.
A julgar pela distribuição de tais caracteres nessas fa ¬

Canellales mílias, as flores das primeiras angiospermas devem ter sido


Hl Piperales j A
polinizadas por insetos, ter sido radiais, bissexuais e hipó gi-
nas, com numerosas peças florais arranjadas em disposição
- Acorales espiralada, e livres. O perianto é tipicamente composto por
- Alismatales 'H
tépalas (ou seja, não diferenciado em cálice e corola) . Nestas
- Asparagales famílias, os estames apresentam pouca diferenciação entre
antera e filete e anteras com quatro microsporângios, com deis ¬
- Liliales £
3 cência longitudinal. Os grãos de pólen são normalmente
- Dioscoreales monossulcados e em geral faltam columelas bem desenvol¬
- Pandanales
I1 vidas. Os carpelos apresentam um estigma alongado e um
estilete pouco diferenciado do ovário. Os óvulos estão fixos
- Arecales
às paredes dos lóculos (com frequência lateralmente) e sã o
Commelinales n tipicamente anátropos, com dois tegumentos e um megas-
- ales
P ò porângio de parede espessa (nucelo). Os frutos das angios ¬

I permas ancestrais devem ter sido indeiscentes (e carnosos)

H
Zingiberales
ou deiscentes (por uma única abertura, como, por exemplo,
Eudicotiledô neas um folículo); as sementes devem ter apresentado tamanho
(Qicolpadas, ver Figura 9.3)
médio, abundante endosperma e um embrião diminuto com
dois cotilédones. As Nymphaeaceae apresentam numero ¬

FIGURA 9.2 Os principais ciados de Angiospermas baseados na clas¬ sos caracteres especializados que provavelmente decorrem
sifica ção do Angiosperm Phylogeny Group (APG 1998, 2003) e atuali ¬
do seu modo de vida aquático, incluindo hábito herbáceo,
zada com base em an á lises filogen éticas recentes resumidas em Chase caules com canais aeríferos e feixes vasculares esparsos, fo¬
(2004 ), Soltis e Soltis ( 2004) e Soltis et ai. (2005). lhas com mucilagem, pecíolos alongados e lâminas foliares
peitadas, partidas, ou quase-peltadas, bem como flores em
longos pedicelos.
O Grado ANITA apresenta um desenvolvimento carpelar A maioria das angiospermas não-eudicotiledôneas e não-
caracter
ístico, em que uma região meristemática se desenvol ¬ monocotiledôneas provavelmente constitui um grupo mono-
ve entre os braços de um primórdio em forma de U, e assim filético, que aqui chamaremos do ciado das magnolídeas, ou
o carpelo cresce como um tubo. A maioria das outras angios ¬ simplesmente magnolídeas (ver Figura 9.2) . Este ciado inclui
permas apresenta carpelos plicados - isto é, o carpelo em as Magnoliales, Laurales, Canellales e Piperales. As magno ¬

desenvolvimento apresenta o formato de uma folha dobrada lídeas são árvores, arbustos ou lianas com folhas alternas ou
na regiã o mediana, com os óvulos dispostos na região pli- opostas, com venação geralmente penin érvea, folhas coriáce ¬

cada (Doyle e Endress 2000). Além disso, Amborella (o nico as e estômatos paracíticos. As flores tipicamente apresentam
gênero nas Amborellaceae) carece de elementos de vaso, e a muitas peças periânticas. As peças florais se apresentam em
maioria das Nymphaeaceae ou carece de elementos de vaso disposiçã o espiralada ou em verticilos de três, e os estames
ou os apresenta em um tipo pouco usual, em formato de tra- são amiúde laminares. O filete é pouco diferenciado da ante ¬

queídes (Schneider et al. 1995; Schneider e Carlquist 1995) . ra e o conectivo apresenta-se geralmente bem desenvolvido.
A maioria das angiospermas restantes apresenta elementos As Piperales sã o um grupo derivado, com hábito geralmente
de vaso, embora estas células especializadas na condução de herbáceo (porém, às vezes, secundariamente sublenhoso). Os
água tenham sido perdidas em alguns grupos (Winteraceae e caules apresentam n ós intumescidos e feixes vasculares sepa ¬
algumas Chloranthaceae) . rados (ou, quando o lenho se desenvolve, os raios são muito
Illiciaceae e grupos próximos apresentam óleos aromá ¬ separados). As folhas sã o alternas, às vezes com venação mais
ticos em c élulas esf éricas especializadas no mesofilo foliar, ou menos palmatinérvea, tenras, e com estômatos anomocí-
assim, as folhas apresentam glândulas pelúcidas; estas man ¬ ticos. As peças periânticas e do androceu apresentam-se em
chas aparecem também em outras famílias, incluindo Mag- verticilos de três. O filete é bem diferenciado da antera e o
noliaceae, Annonaceae, Winteraceae e Lauraceae, dentre as conectivo é geralmente inconspícuo.
magnolídeas. Contudo, glândulas pel cidas faltam nas Am ¬
Observe que Nymphaeaceae e monocotiledôneas par¬
borellaceae e Nymphaeaceae; sua falta é, portanto, conside ¬ tilham alguns dos caracteres supracitados para as Piperales,
rada a condição original nas angiospermas. incluindo hábito herbáceo e tend ê ncia a apresentar flores
Amborellaceae e Illiciaceae provavelmente ret êm nume ¬ ímeras. Considerando o cladograma da Figura 9.1, a op ção
tr
rosos caracteres plesiomórficos (ancestrais) que aparecem mais simples é assumir que esses caracteres evoluíram se ¬
também em muitas magnolídeas. Possíveis caracteres vegeta- paradamente nesses três grupos monofiléticos. Além disso,
«Ei
228 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

caules com feixes vasculares esparsos evoluíram independen ¬ Embora o cladograma das angiospermas seja claramente
temente em Nymphaeaceae, monocotiledôneas e Piperaceae. enraizado por Amborellaceae (ou Amborellaceae e Nympha ¬
Não é de se surpreender que alguns autores tenham conside ¬ eaceae em conjunto), a localização de alguns grupos ainda
rado Piperales e / ou as Nymphaeaceae como próximas às mo ¬ permanece incerta. Ceratophyllaceae, especialmente, tem
nocotiledôneas (Chase et al. 1993; Donoghue e Doyle 1989; aparecido com diferentes localizações nos estudos cladísticos
Doyle e Endress 2000; Doyle et al. 1994). antes citados, podendo ora ser grupo-irmão das monocotile ¬

As magnolídeas, junto com as morfologicamente simila ¬


dôneas (Graham e Olmstead 2000; Zanis et al. 2003), grupo-
res espécies do Grado ANITA, foram tradicionalmente consi ¬ irmão das eudicotiledôneas (Qiu et al. 2005; Soltis et al . 2000)
deradas como retendo o maior n mero de caracteres plesio- ou grupo-irmão de ambos, em conjunto. Chloranthaceae é
móríicos dentre as angiospermas (Cronquist 1968, 1981, 1988; outra família de localização problemática. Evidê ncias recentes
Dahlgren 1977, 1983; Takhtajan 1969, 1980, 1997; Thome sugerem que monocotiledôneas e eudicotiledôneas podem
1974, 1992). Tais ideias foram em parte apoiadas por análises ser grupos-irmãos, com as magnolídeas, Ceratophyllaceae e
cladísticas efetuadas com caracteres morfológicos (Donoghue Chloranthaceae em posição basal em relação a elas. A identi ¬

e Doyle 1989; Doyle et al.1994; Loconte e Stevenson 1991) e dade dos primeiros ciados divergentes de angiospermas deve
recebem pelo menos apoio parcial em análises moleculares continuar gerando interesse e argumentações. Certamente,
recentes, devido à localização filogenética das Amborellaceae, maiores progressos serão feitos por meio de análises com ¬
Nymphaeaceae e Illiciaceae (ver Graham e Olmstead 2000; binando dados de muitas fontes, morfológicas e moleculares
Mathews e Donoghue 1999, 2000; Qiu et al. 2005; Soltis et al. (Soltis et al. 1998, 2005).
2000, 2005). Observe, no entanto, que as magnolídeas estão Um cladograma apresentando uma estimativa conserva ¬

mais proximamente relacionadas às monocotiledôneas e eu ¬


dora do atual conhecimento sobre as relações filogen éticas
dicotiledôneas do que com Amborellaceae, Nymphaeaceae e das angiospermas é apresentado nas Figuras 9.2, 9.3 e 9.4.
Illiciaceae (Ver Figuras 9.1 e 9.2). Esta árvore é modificada a partir daquela do Angiosperm

- Ranunculales
- Proteales Tncolpadlas
basais
;

- Trochodendraceae
- Caryophyllales
- Santalales
- Saxifragales
- Vitales
- Geraniales

- Zygophyllales
- Celastrales
- Malpighiales
- Oxalidales Fabídeas
- Fabaies
I - Rosales
- Cucurbitales
( - Fagales
- Myrtales
! - Brassicales

- Malvales Malvídeas
- Sapindaies
FIGURA 9.3 Os principais ciados de eudicotiledô neas (tri-
colpadas ). ( Modificada de APG 1998, 2002; Judd e Olmstead
2004; Soltis et al. 2005.) A Aster
ídeas (ver Figura 9.4)

|
1
SISTEMáTICA VEGETAL 229

- Comales comentários sobre polinização, dispersão de frutos e outros


assuntos de interesse biológico.
Quaisquer outras referências bibliográficas pertinentes
- Ericales não citadas nos itens detalhados acima estão incluídas em
uma lista de referências adicionais.
- Ganyales Alé m disso, cada apresentação de uma família de angios ¬
permas inclui uma f órmula floral - uma fórmula gráfica que
resume simetria floral, bem como o número, a fusão e a inser¬
Solanales ção das peças florais (ver Quadro 4.1).
As descrições das famílias são necessariamente um tanto
Lamídeas
generalizadas, e condições excepdonais geralmente não são
- Gentianales indicadas. Nessas descrições, exceto quando indicado de ou ¬

tro modo, assume-se que as anteras são 4-loculares (bitecas)


e que apresentam deiscência longitudinal; assume-se tam ¬
Lamiales j bém que os óvulos são anátropos, apresentam dois tegumen ¬
Í - Aquifoliales
tos e um egasporângio de parede espessa. Considera-se que
o endosperma está presente nas sementes e que é triplóide.
, Se não indicado de outro modo, considera-se que o embrião

í.
I Apiales
Campanulídeas
seja reto. Assume-se que o caule de todas as angiospermas
não-monocotiledôneas apresenta um anel composto de fei¬
xes vasculares (eustelo) e, ao mesmo tempo, assume-se que
aquele das monocotiledôneas apresenta feixes vasculares
- Dipsacales esparsos; assim, apenas exceções são indicadas. Do mesmo
modo, assume-se que os embriões das angiospermas não-
monocotiledôneas apresentam dois cotilédones e que aque ¬
- Asterales les das monocotiledôneas apresentam apenas um cotilédone,
FIGURA 9.4 Principais dados dentro das aster ídeas. ( Modificada de exceto se indicado de outro modo.
.
APG 1998, 2002; Judd e Olmstead 2004; Soltis et al 2005 ) . Os desenhos que ilustram muitas das famílias foram
elaborados em conexão com o Projeto Generic Flora of the
South-eastem United States, exceto quando indicado. Famí¬
Phylogeny Group (1998, 2003), atualizada por análises filoge- lias próximas são tratadas dentro das ordens (nomes termi ¬
néticas recentes, revisadas em Chase (2004), Judd e Olmstead nados em -ales, ver Apê ndice 1). Os tratamentos ordinais
(2004), Soltis e Soltis (2004) e Soltis e colaboradores (2005). incluem um resumo dos caracteres que sustentam a monofilia
Uma caracterizaçã o hierárquica de todas as famílias do APG dos grupos (sinapomorfias das ordens) e uma breve discus¬
pode ser encontrada em http://www.mobot.org/MOBOT/re- são sobre as relações filogenéticas entre as famílias neles con ¬
search /APweb/. tidas. Uma chave para todas (ou, pelo menos, para as mais
As aproximadamente 257.400 espécies de angiospermas importantes) as famílias de cada ordem é incluída. Famílias
estão distribuídas em 13.678 gêneros (Thome 1992, 2001) e com tratamento formal neste texto são indicadas em negrito
ocorrem em uma gama extremamente ampla de hábitats ter ¬ nas chaves. A circunscrição de algumas ordens e famílias foi
restres, exibindo uma surpreendente diversidade morfológi ¬ modificada em relação à delimitação tradicional, de modo a
ca, anatômica, bioquímica e fisiológica. As angiospermas são deixar estes grupos monofiléticos. Ordens relacionadas são
geralmente divididas em 450 famílias; Thome (1992, 2001) tratadas em grupos informais. Seguimos principaimente a
reconheceu 490, Cronquist (1988), 387, Dahlgren (1983), 463, classificação do Angiosperm Phylogeny Group (APG 1998,
Takhtajan (1980), 589, e o Angiosperm Phylogeny Group 2003), porque se baseia em an álises cladísticas publicadas.
(2003), 462 famílias. Famílias foram escolhidas para tratamento formal, com
Este texto abrange 143 famílias de angiospermas em base no seu número de gêneros e espécies, domin ância
detalhes e 97 famílias adicionais de modo mais sucinto florística (especialmente na América do Norte), importân ¬
(Tabela 9.1). Assim como na apresentação das traqueófitas cia económica e interesse filogen é tico. A Tabela 9.1 lista as
não-angiospermas no Capítulo 8, cada família inclui (1) tuna famílias de angiospermas em um arranjo que reflete nosso
descrição, na qual caracteres úteis na identifica ção são indi ¬ conhecimento atual sobre suas relações filogené ticas, com
cados em itálico e potenciais sinapomorfias em negrito; (2) base em análises cladísticas recentes e na classificação pro¬
um breve resumo da distribuição, com indicações de ecolo ¬ posta pelo Angiosperm Phylogeny Group. Famílias que rece ¬
gia quando a família ocorre somente em número limitado bem tratamento completo aparecem em negrito, e aquelas
ou condições ecológicas especiais; (3) uma estimativa do tratadas mais sucintamente aparecem em itálico. Como as
número de gêneros e espécies (incluindo uma lista dos prin ¬ relações filogenéticas de alguns ciados ainda são incertas, a
cipais gêneros); (4) uma lista das espécies economicamente sequência de ordens aqui mostrada é, até certo ponto, arbi ¬
importantes e seus produtos; e (5) uma discussão, com infor ¬ trária. De fato, qualquer sequência linear é necessariamente
mações em relação ao suporte da monofilia de cada grupo, arbitrária, pois não pode refletir o padrão de bifurcação de
uma visã o geral das relações filogenéticas dentro da família, um cladograma.
F
230 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

TABELA 9.1 Principais fam ílias de angiospermas, como classificadas neste livro*
GRADO ANITA Melanthiaceae (p. 260) EUDICOTILEDÔ NEAS ( TRICOLPADAS )
(inclui Trilliaceae)
Amboreflales Alstroemeriaceae (p. 257) TRICOLPADAS BASAIS''
Amborellaceae (p. 232) Ranunculales
Aspara gales
Nymphaeales Asparagaceae (p. 266)
Menispermaceae (p. 308 )
Nymphaeaceae (p. 233) (inclui Ruscaceae (p. 266) (inclui Ranunculaceae (p. 309)
Barclayaceae e Cabombaceae) Convailariaceae, Nolináceae Berberidaceae (p. 312)
Austrobaileyales e Dracaenaceae) Papaveraceae ( p . 314)
(inclui Fumariaceae)
Illiciaceae (p. 235) Agavaceae (p. 268 ) (inclui
Lardizabalaceae (p. 308)
Schisandraceae (p. 235) Hyacinthaceae, subfamília
Chlorogaloideae e Hostaceae ) Proteales e outras tricolpadas basais
Giloranthaceae (p. 243)
(localização incerta) Hyacinthaceae (p. 269) Platanaceae (p. 316)
Alliaceae (p. 270) Proteaceae (p. 317)
MAGNOL ÍDEAS Amaryllidaceae ( p. 270) Nelumbonaceae (p. 316)
Asphodelaceae (p. 272) Trochodendraceae (p. 316) (inclui Tetracen -
Magnoliales Iridaceae (p. 272) traceae; localização incerta)
Magnoliaceae ( p. 237) Orchidaceae ( p. 273)
Anxionaceae (p. 240) Buxaceae (p. 316) (localização incerta)
Agapanthaceae ( p. 270)
Myristicaceae (p. 240) Hemerocallidaceae (p. 265) (inclui TRICOLPADAS-NÚCLEO
Degeneriaceae (p. 237) Phormiaceae e Johnsoniaceae) (EUDICOTILEDÔ NEAS- NÚ CLEO)
Laurales Hypoxidaceae (p. 265) Caryophyllales
Lauraceae ( p. 242) Themidaceae (p. 270) Caryophyllaceae (p. 320)
Calycanthaceae (p. 242) Xanthorrhoeaceae (p. 265) Phytolaccaceae (p. 323)
Hemandiaceae (p. 242) Dioscoreales Nyctaginaceae (p. 324)
Monimiaceae (p. 242) Dioscoreaceae (p. 275) Amaranthaceae ( p. 324) (inclui
Siparunaceae (p. 242) Burmanniaceae (p. 276) Chenopodiaceae)
Canellales Nartheciaceae (p. 262) Aizoaceae (p. 327)
Winteraceae (p. 244) Portulacaceae (p. 328)
CLADO DAS COMMEL1NÍDEAS Cactaceae (p. 330)
Canellaceae (p. 244)
Arecales Droseraceae (p. 332)
Piperales Arecaceae (p. 278)
Piperaceae (p. 245) Polygonaceae (p. 334)
Aristolochiaceae (p. 247) Commelinales Nepenthaceae (p. 332)
Hydnoraceae (p. 245) Commelinaceae (p. 281) Petiveriaceae (p. 319)
Lactoridaceae (p. 245) Haemodoraceae (p. 282) Plumbaginaceae (p. 332)
Saururaceae (p. 245) Pontederiaceae (p. 283) Simmondsiaceae (p. 318)
Philydraceae (p. 281) Santalales
Ceratophyliaceae (p. 248)
(localização incerta) Poales Loranthaceae (p. 336)
Bromeliaceae (p. 287) Santalaceae (p. 338) (incluiViscaceae)
MONOCOTILEDÔNEAS Typhaceae (p. 290) (inclui Misodendraceae (p. 336)
Sparganíaceae) Olacaceae (p. 336)
Acorales Eriocaulaceae (p. 290) Opiliaceae (p. 336)
Acoraceae (p. 249) Xyridaceae (p. 292) Schoepfiaceae (p. 336)
Alismatales Juncaceae (p. 292) Saxífragales
Araceae (p. 250) (inclui Lemnaceae) Cyperaceae (p. 294) Saxifragaceae (p. 338)
Alismataceae (p. 252) (inclui Restionaceae (p. 296) Crassulaceae (p. 342)
Liirmocharitaceae) Poaceae (p. 296) Hamamelidaceae (p. 342)
Hydrocharitaceae ( p. 254) Flagellariaceae (p. 286) Altingiaceae (p. 344)
(inclui Najadaceae) joinvilleaceae (p. 286) Cercidiphyllaceae (p. 341)
Potamogetonaceae (p. 256) Mayacaceae (p. 286) Grossulariaceae (p. 341)
Butomaceae (p. 250) Zingiberales Haloragaceae (p. 341)
Cymodoceaceae (p. 250) Zingiberaceae Iteaceae (p. 341)
Posidoniaceae (p. 250) Marantaceae (p. 304) Paeoniaceae (p. 338) £
Ruppiaceae (p. 250) Cannaceae (p. 306)
Tojieldiaceae (p. 262) Costaceae (p. 302)
CLADO DAS ROSÍDEAS
Zatmichelliaceae (p. 250) Vitales
Heliconiaceae (p. 302)
Zosteraceae (p. 250) Musaceae (p. 302) Vitaceae (p. 346) (inclui Leeaceae)
Liliales Strelitziaceae (p. 302) Geraniales
Liliaceae (p. 257) (inclui Calochortaceae Geraniaceae (p. 348)
e Uvuiariaceae, em parte ) Fabídeas ( Eurosideas I )
Colchicaceae (p. 258) (inclui
Uvuiariaceae, em parte)
Zvgophyllales
Smilacaceae (p. 259)
Zygophyllaceae (p. 350)
Krameriaceae (p. 351)
JAs famílias que recebem tratamento completo no texto são indicadas em negrito, enquanto aquelas brevemente caracterizadas estão em itálico, após as indi ¬

cadas em negrito; dessa forma, a lista não necessariamente coioca famílias relacionadas lado a lado. O nú mero de páginas (entre parê nteses) indica a discus
¬

são de cada família neste capítulo.

2
SISTEMáTICA VEGETAL 231

TABELA 9.1 (continuação )

Oxalidales Malvídeas ( Eurosídeas II ) Boraginaceae (p. 462) (inclui


Oxalidaceae (p. 351) Brassicales Hydrophyllaceae, em parte, e
Cephalotaceae (p. 351) Brassicaceae ( p. 420) (indui Lennoaceae) (localização incerta)
Cummiaceae {p. 351) Capparaceae e Cleomaceae) Hydroleaceae (p. 459f )
Celastrales Bataceae (p. 422) Gentianales
Celastraceae (p. 351) (indui Caricaceae (p. 422) Rubiaceae (p. 469)
Hippocrateaceae) Moringaceae (p. 422) Gentianaceae (p. 470)
Pamassiaceae (p. 353) Resedaceae (p. 422) Apocynaceae (p. 471) (indui
Malpighiales Malvales Asclepiadaceae)
Malpighiaceae (p. 353) Malvaceae (p. 424) (inclui Tiliaceae, Gelsemiaceae (p. 467)
Euphorbiaceae (p. 355) Sterculiaceae e Bombacaceae) Loganiaceae (p. 467) '

Phyllanthaceae (p. 359) Cistaceae (p. 427) Lamiales


Clusiaceae (p. 362) Dipterocarpaceae (p. 428) Oleaceae (p. 477)
Hypericaceae (p. 362) Thymelaeaceae (p. 424) Gesneriaceae (p. 481)
Rhizophoraceae (p. 364) Sapindales Plantaginaceae ( p. 481)
Violaceae (p. 364) Rutaceae (p. 429) (indui Callitrichaceae e
Passifloraceae (p. 367) Meliaceae (p. 432) Scrophulariaceae, em parte)
Salicaceae (p. 367) (inclui Simaroubaceae (p. 435) Scrophulariaceae (p. 484) (indui
Flacourtiaceae, etn parte) Anacardiaceae (p. 435) Buddlejaceae e Myoporaceae)
Achariaceae (p. 355) (indui Julianaceae) Orobanchaceae (p. 484) (inclui espédes
Chrysobalanaceae (p. 354) Burseraceae (p. 437) parasíticas antes consideradas
Picrodendraceae (p. 353) Sapindaceae (p. 438) (inclui em Scrophulariaceae)
Podostemaceae (p. 354) Aceraceae e Hippocastanaceae) Bignoniaceae (p. 486)
Putranjivaceae (p. 359) Acanthaceae (p. 486) (inclui
Rajflesiaceae (p. 353) CLADO DAS ASTER ÍDEAS (= SYMPETALAE) Avicenniaceae e Mendondaceae)
Fabales Comales Lentibulariaceae (p. 488)
Fabaceae (p. 371) Hydrangeaceae (p. 441) Verbenaceae (p. 490)
Polygalaceae (p. 377) Loasaceae (p. 443) Lamiaceae (p. 492) (indui muitos gêneros
Surianaceae (p. 372) Comaceae (p. 443) (indui Nyssaceae) antes tratados em Verbenaceae)
Ericales Calceolariaceae (p. 477)
Rosales
Sapotaceae (p. 445) Phrymaceae (p. 482) (indui Mimulus)
Rosaceae (p. 379)
Rhamnaceae (p. 388) Ebenaceae (p. 449) Lindemiaceae (p. 482)
Primulaceae (p. 450) (indui Tetrachondraceae (p. 475)
Ulmaceae (p. 389)
Cannabaceae (p. 391) (inclui Celtidaceae) Theophrastaceae, Maesaceae Campanulldeas ( Euasterídeas II )
Moraceae (p. 392) e Myrsinaceae)
Theaceae (p. 452)
Aquifoliales
Urticaceae (p. 393) (inclui Cecropiaceae) Aquifoliaceae (p. 494)
Ericaceae (p. 452) (indui
Cucurbitales Hehoingiaceae (p. 494)
Pyrolaceae, Monotropaceae,
Cucurbitaceae (p. 396) Empetraceae e Epacridaceae)
Phyllonomaceae (p. 494)
Begoniaceae (p. 398) Sarraceniaceae ( p. 455) Apiales
Datiscaceae (p. 396) Lecythidaceae (p. 455) Apiaceae (p. 495) (indui
Fagales Polemoniaceae (p. 457) Hydrocotylaceae, em parte)
Fagaceae (p. 401) Actinidiaceae (p. 445) Araliaceae (p. 499) (indui
Betulaceae (p. 404) Balsaminaceae (p, 445) Hydrocotylaceae, em parte)
Casuarinaceae (p. 406) Clethmceae (p. 445) Myodocarpaceae (p. 497)
Myricaceae (p. 406) Cyrillacede (p. 445) Pittosporaceae (p. 497)
Juglandaceae (p. 408) Fouquieriaceae (p. 445) Dipsacales
Nothofagaceae (p. 400) Pentaphragmataceae (p. 445) Caprifoliaceae (p. 501) (inclui
Rhoipteleaceae (p. 401) (inclui Temstroemiaceae) Dipsacaceae, Valerianaceae,
Ticodendraceae (p. 404) Styracaceae (p. 445) Diervillaceae e Linnaeaceae)
Myrtales (localização incerta, talvez grupo- Symplocaceae (p. 445) Adoxaceae (p. 504) (inclui
irmão das Malvídeas) Lamldeas ( Euasterídeas I ) Sambucus e Vbumum )
Lythraceae (p. 412) (inclui Asterales
Ganyales
Sonneratiaceae, Trapaceae, Punicaceae) Garryaceae (p. 441) Campanulaceae (p. 508)
Onagraceae (p. 414) (inclui Lobeiiaceae)
Combretaceae (p. 416) Solanales Asteraceae (p. 508)
Myrtaceae (p. 416) Solanaceae (p. 459) (indui Nolanaceae)
Calyceraceae (p. 506)
Melastomataceae (p. 418) Convolvulaceae (p. 462) Goodeniaceae (p. 506)
Nemecylaceae (p. 412) (indui Cuscutaceae)
Menyanthaceae (p.506)
Vochysiaceae (p. 412) Stylidiaceae (p. 506)
T
232 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

lateral; estigma estendendo-se para baixo, na superf ície ada -


0 GRADO ANITA xial do estilete, com 2 bordas. Um óvulo . Fruto agregado de
drupas, o caroç o com superf ície foveada; semente com um
Amboreilales embrião diminuto.

Amborellaceae Pinchon
(Família da Amborella) Fórmula floral:
Arbustos ou arvoretas, sem óleos aromáticos ou glândulas pel ú-
Flor estaminada: *T- 8-11- , A » , GO
cidas : lenho sem elementos de vaso . Pêlos simples. Folhas Flor carpelada: *1- 5-8- , Al-2*, G5-6, drupas
alternas e d í sticas, simples, onduladas, sutilmente serrilhadas
(dentes do tipo clorant óide), com ven çã o penin é rvea; sem
estipulas. Inflorescências axilares e determinadas. Flores Distribuição e ecologia: end é mica da Mova Caledónia, no
-
unissexuais (plantas dióicas), radiais. Té palas, 5 11, mais ou sub-bosque mido e sombreado de florestas montanas.
menos livres , imbricadas. Estames numerosos, com antera e
filete pouco diferenciados, este último curto, estames repre ¬
Gênero/espé cie: l { Amborella )ll ( A. trichopoda ) .
sentados por estamin ódios nas flores carpeladas; grãos de
pólen monoaperturados (ulcerados) no pólo distai, com Importância económica e produtos: nenhuma.
margem de abertura pouco definida. Carpelos, 5 ou 6 , so¬
bre um receptáculo ligeiramente côncavo, que se rasga Discussão: Amborella era tradicionalmente considerada par ¬

na maturação da flor; ovários súperos, com placenta ção te das Laurales por causa do receptáculo mais ou menos côn-

(A)

H r V

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A. trichopoda:
Nymphaeales: Nymp!haeaceae drupas
Nymphaea odorata: flor

(Q
Amboreilales: Amborellaceae
Amborella trichopoda: flores e folhas

(D)

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.
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I. cubense: flores
m ,•
2
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Nymphaeales: Nymphaeaceae
Austrobailyales: Illiciaceae Nupharvariegata: lâminas foliares flutuantes, pecíolos e flores
Illicium patviflorwn: frutos e folhas
PRANCHA 9.1 O Grado ANITA

1
SISTEMATICAVEGETAL 233

cavo das flores e dos seus frutos drupáceos (Prancha 9.1B). ou conatos; ovário/ovários súpero a ínfero, se conatos, então
Pbr muito tempo foi considerada uma angiosperma primiti¬ com muitos lóculos e placentação parietal (óvulos esparsos
va, ideia sugerida por causa de seu lenho sem elementos de nos compartimentos); estigmas geralmente alongados e ra¬
vaso, flores com t épalas livres, estames numerosos com filete diando a partir de um disco expandido, circular a marginalmente
e antera pouco diferenciados, muitos carpelos livres com bor¬ lobado; com frequência rodeando o receptáculo que aparece
das estigmáticas não-fusionadas (seladas por uma secreção), como uma borda circular ou dobra. Óvulo, 1 a numerosos,
;
; e sementes com abundante endosperma e embri o diminuto. anátropos a ortótropos. Nectários ausentes ou presentes nos
í Os estômatos são paiacíticos a anomocíticos. Todos estes ca ¬ estaminódios, embora um fluido adocicado possa també m
racteres, junto com as folhas persistentes, simples e alternas, ser secretado pelo estigma. Fruto agregado de nozes ou cá psu ¬

sugeriram que Amborellaceae fizesse parte das magnolídeas. las indeiscentes e com poucas sementes, bagas ou, às vezes, cáp¬
An álises filogenéticas recentes baseadas em DNA (Graham e sulas carnosas de deiscência irregular, sementes geralmente
Olmstead 2000; Hilu et ai. 2003; Mathews e Donoghue 1999, operculadas (abrindo por um capuz), com frequência arria ¬

2000; Qiu et al. 2000; Soltis et al. 1999, 2000) separam, no das; endosperma diplóide e ± ausente, mas com abundante
entanto, Amborella das magnolídeas e sugerem que pode ser perisperma amiláceo (Figura 9.5).
o grupo-irmão do resto das angiospermas (ver Figuras 9.1 e
9.2). Contudo, esta hipótese precisa de estudos adicionais,
pois algumas poucas an álises colocam Amborella em um cia ¬ Fórmula floral:
do, junto com Nymphaeaceae (Barkman et al. 2000). Carac ¬
~
teres espedalmente distintivos de Amborellaceae são o lenho * , K -4-l2- ; c C0- A3-o°, G 'í£~ >; baga, nozes
sem elementos de vaso; a falta de óleos aromáticos; flores
unissexuais com um receptáculo pouco profundo, em forma
de taça; pólen mais ou menos inaperturado; e agregados de Distribuição e ecologia: Amplamente distribuídas desde
drupas vermelhas. regiões tropicais a temperado-frias, em rios, lagoas, lagos e
As flores de Amborella são polinizadas tanto por insetos outras formações de água doce.
como pelo vento; uma ampla gama de insetos as visitam,
sendo que coleópteros são particularmente frequentes. As G êneros / espé cies: 8/ 70. Principais g êneros: Nympha-
j drupas sã o dispersas por aves. ea (40 spp.) e Nuphar (15). Esses gêneros, junto com Cabom-
K Referências adicionais: Bailey and Swanny 1948; Bobrov et al. ba e Brasenia, estão representados nos Estados Unidos e no
2005; Buzgo et al. 2004; Endress 2001; Endress and Ingersheim Canadá.
2000b; Feild et al. 2001; Hesse 2001; Philipson 1993, Ronse de
i Craene et al. 2003; Sampson 1993; Thien et al. 2003; Young 1982. Importância econó mica e produtos: espécies de Nymphaea
r (ninf éia), Nuphar (menufar) e Victoria (vitória - régia) são utili ¬
zadas como plantas ornamentais em fontes e jardins. Cabom-
Nymphaeales
ba é popular como planta de aquário.
Nymphaeaceae Salisbury
(Família das ninf éias) Discussão: a família compreende duas subfamílias: Cabom-
boideae, que inclui Cabomba e Brasenia, e Nymphaeoideae,
Ervas rizomatosas, aquáticas; caule com feixes vasculares ge¬ que inclui os gêneros restantes. Geralmente esses grupos são
ralmente esparsos, com canais de ar conspícuos e ami de com reconhecidos como famílias (Les et al. 1999). As Cabomboi-
laticíferos; em geral com esclereídes livres, estrelados e deae consistentemente apresentam, além do rizoma, caules
ramificados que se projetam para dentro dos canais de ar; livres e flutuantes. Elas também apresentam carpelos livres,
muitas vezes apresentam alcaloides (mas não do tipo benzil frutos do tipo noz e flores com seis t épalas, sem estaminódios
isoquinolínico) . Pêlos simples, que geralmente secretam petalóides. As Nymphaeoideae são separadas das Cabomboi-
mucilagem. Folhas alternas, espiraladas, opostas ou, oca ¬ deae por numerosas sinapomorfias: presen ça de esclereídes
sionalmente, em verticilos; simples, peitadas ou subpelta - estrelados, quatro ou mais sépalas, presença de estames in ¬
? das, de margem inteira, serreada ou partida; curto a longo seridos espiraladamente e com filetes laminares, frutos car¬
pecioladas, com a lâmina submersa, flutuante ou emergente; nosos e sincárpicos (bagas) e placentação laminar (Les et al.
com venação peninérvea a palmada; estipulas presentes 1999; Moseley et al. 1993). Nuphar parece ser o grupo-irmão
ou ausentes. Flores solitárias, bissexuais e radiais, com um
m 3-
pedicelo longo e geralmente flutuando ou produzidas acima
da superfície da água; com um anel de feixes vasculares
do resto das Nymphaeoideae. Apresenta ovário súpero, com
estigmas separados e estaminódios inconspícuos, enquanto
Barclaya, Ondinea, Nymphaea, Victoria e Euryale apresentam
no receptáculo. Tépalas, 4-12, livres a conatas, imbricadas, flores períginas/epíginas, com superf ície estigmática conspí¬
amiúde petalóides. Pétalas ( estaminódios petalóides ) ausentes, cua, estaminódios conspícuos e pólen zonosulcado; caracteres
ou 8 a numerosos, inconspícuas ou aparentes, geralmente todos que parecem ser sinapom órficos. Dentre as Nympha ¬

intergradando-se com os estames. Estames, 3 a numerosos, eoideae, Nymphaea e o gênero próximo Victoria apresentam o
os mais internos às vezes representados por estaminódios; maior número de pétalas estaminodiais, estames e carpelos;
filetes livres ou adnatos a estaminódios petalóides, finos e mas até as flores de Nuphar apresentam números relativa ¬

bem diferenciados das anteras ou laminares e pouco dife ¬ mente altos de peças periânticas. As flores de Cabomba apre ¬
renciados das anteras; grãos de pólen geralmente monos- sentam relativamente poucas peças florais, e as numerosas
sulcados ou sem aberturas. Carpelos, 3 a numerosos, livres partes das Nymphaeoideae provavelmente são o resultado de

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234 JUOD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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SISTEMáTICA VEGETAL 235

4 FIGURA 9.5 emNymphaeaceae


<
. Nymphaea odorata: ( A ) h á bito (x 0,3); Austrobaileyales
( B) pecíolo secção transversal (x 5); (C) flor ( x 1 ); ( D) flor em sec ¬

ção longitudinal (x 1 ,5); (E ) pétala (x 1 ,5); ( F-H ) estamin ódios peta- llliciaceae A. C. Smith
l ó ides (x 1,5); (l - K ) estames internos (x 1,5); ( L) gineceu mostrando
numerosos carpelos (x 2); ( M ) gineceu em secção transversal (x 1,5); (Família do anis-estrelado)
( N ) fruto, com ped ú nculo floral aderido; (O) fruto; ( P) fruto deiscente;
(Q ) semente com arilo (x 15 ); ( R ) semente ( x 30); (S) cobertura se¬
Arvores ou arbustos; nós unilacunares com células esféricas espar ¬

minal ( muito aumentada ); (T) secçã o longitudinal da semente, com


sas contendo óleos aromáticos ( terpenóides aromáticos ) e esclereídes
.
embri ão, endosperma e perisperma (x 30) (Ilustração original pre¬ ramificados, frequentemente com taninos. Pêlos simples. Folhas
parada para o Projeto Generic Flora of the Southeast U.S. Utilizada alternas e espiraladas, com frequ ê ncia agrupadas na porçã o
com permissão.) distai dos ramos; simples, inteiras, com venação peninérvea,
lâmina com glândulas pelúcidas; estipulas ausentes. Inflorescên -
: cias axilares e determinadas, com 1-3 flores. Flores bissexuais,
radiais, com um receptáculo curto e cónico. Tépalas geralmen ¬

um incremento secundário. Nymphaeaceae, como aqui cir ¬ te numerosas, livres, as mais externas muitas vezes de aspecto
cunscrita, é claramente monofilética (Chase et al. 1993; Do- sepalóides, e as mais internas às vezes reduzidas e imbrica ¬

noghue e Doyle 1989; Doyie et al. 1994; Hamby e Zimmer das. Estames geralmente numerosos, livres; filetes em geral curtos
1992; Les et al. 1999; Qiu et al. 1993; Zimmer et al. 1989), e grossos, pouco diferenciados das anteras; antera com conectivo
embora alguns botânicos tratem as Cabomboideae como a estendendo-se entre e além do ápice dos sacos polínicos; grãos
família Cabombaceae. de pólen tricolpados, mas a posição dos colpos diferente da ¬
; Nelumbonaceae tem sido com frequência considerada quela das eudicotiledôneas. Carpelos, geralmente 7 a numerosos,
como parte das Nymphaeacae, mas todas as evid ê ncias re ¬ livres, em um nico ciclo; ovários súperos, com placentação
centes a colocam dentro do ciado das tricolpadas (Donoghue mais ou menos basal; estigma estendendo-se para baixo, na
e Doyle 1989; Chase et al. 1993; Moseley et al. 1993; Qiu et al. superf ície adaxial do estilete. Um óvulo por carpelo. Néctar
1993, 2000; Savolainen et al. 2000b; Soltis et al. 2000). Embora secretado na base dos estames. Fruto, um agregado de folí-
sejam superficialmente semelhantes com as Nymphaeaceae, culos unisseminados, o conjunto com formato de estrela
as Nelumbonaceae apresentam pólen tricolpado e numero ¬ (Prancha 9.1C); sementes com uma testa lisa e dura; em ¬
sos carpelos imersos em um receptáculo esponjoso, em forma brião diminuto, endosperma diplóide e homogéneo (Figura 9.6) .
de funil.
As arom áticas e atrativas flores de Nymphaeaceae (Pran ¬
cha 9.1A) atraem diversos tipos de insetos (coleópteros, Fórmula floral:
moscas e abelhas), que coletam pólen ou, mais raramente, *, T-7-«>-, A 7-«, G 7-CQ; Folículos
néctar. No entanto, as flores de Brasenia carecem de nectá -
rios e são polinizadas pelo vento, apresentando numerosas
anteras móveis. A poliniza ção cruzada é favorecida por meio Distribuição: Sudeste Asiático, sudeste dos Estados Uni ¬

de protoginia. As flores de Victoria e algumas espécies de dos, Cuba, Hispaniola e México, primariamente em florestas
Nymphaea atraem cole ó pteros através de corpos aliment í ¬
úmidas.
cios (apêndices carpelares contendo amido), bem como pela
produção de calor e de fortes fragrâncias írutadas. As flores Gênero/espé cies: 1/37. Gênero: Illicium .
abrem e fecham diariamente, capturando temporariamente
os coleópteros. Em outras espécies de Nymphaea, moscas e Importância económica e produtos: do anis-estrelado (Iili-
pequenas abelhas coletam pólen de flores com 2 ou 3 dias de cium verum) se extrai o óleo de anis. Algumas espécies são
vida.Visitando flores com um dia de vida, são atraídos a uma
utilizadas na medicina e algumas outras como plantas orna ¬
piscina de secreção estigm ática, onde eventualmente escor ¬
mentais.
regam e se afogam. O pólen que estiver nos seus corpos é
assim suspenso no líquido estigm ático e eventualmente ger ¬
Discussão: llliciaceae pertence às Austrobaileyales, uma or ¬

mina. Os frutos carnosos de muitas Nymphaeaceae amadu


dem de 4 famílias e cerca de 100 espécies. A monofilia de Aus
¬
¬

recem embaixo da água e se rasgam irregularmente devido


ao inchaço do arilo mucilaginoso que rodeia as sementes, trobaileyales é sustentada por caracteres moleculares (Qiu et
as quais são dispersas pela água. Em Nuphar, os carpelos al. 2000; Renner 1999; Soltis et al. 2000) e, possivelmente, pela
se separam e flutuam livremente. A reprodução vegetativa presen ça de células enrijecidas na mesotesta . Austrobaileya-
ceae e Trimeniaceae são ciados de divergê ncia precoce, e as
ocorre pela divisão de rizomas, ou de caules ou t beras es ¬
mais especializadas llliciaceae e Schisandraceae (uma peque ¬
pecializados.
na família de lianas com flores unissexuais) formam um ciado
Referências adicionais: Endress 2001; Ito 1986,1987; Les et (às vezes considerado uma única família Schisandraceae s.l.)
al . 1991; Orgaard 1991; Osbom et al. 1991; Osbom e Schneider sustentado por caracteres apomórficos, tais como p ólen com
1988; Meeuse e Schneider 1979; Eadgett et al . 1999; Schneider e três ou seis colpos, um caráter normalmente encontrado em
Carlquist 1995; Schneider e Jeter 1982; Schneider e Williamson eudicotiledôneas, e nós unilacunares.
1993: Schneider et al. 1995; Taylor e Hickey 1996; Thome As flores de Illicium (Prancha 9.1C) são polinizadas por
1974,1992; Wiersema 1988; Wood 1959a. uma ampla variedade de pequenos insetos, especialmen -

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236 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.6 llliciaceae. (A-l) lllicium floridanum : (A) ramo frutificando observe o único óvulo (x 15); (G) fruto maduro, com semente única e •>

(x Ç,5); (B) flor desabrochando, com carpelos receptivos (x 4); (C) flor endosperma pontilhado (x 3); (H) fruto maduro em secção tongitudi-
em estágio posterior, na liberação do pólen (x 1,5); (D) estames inter- . .
nal (x 3); (I) semente (x 3) (J) I parviflorum: estames (x 3).(Fonte: Wood
nos, externos e de um tipo subpetalóide, pouco frequente (x 7); (E) . .
1958, J AmoldArb 39:p. 317 ).
dois carpelos sobre o receptáculo; (F) carpelo em secção transversal;

.
te moscas As plantas são auto -incompatíveis. Os folículos mediana da face adaxial da folha e esclereídes estrelados <
apresentam deiscência elástica, ejetando as sementes. Tanto no mesófilo foliar (ver Donoghue e Doyle 1989; Hilu et al. /
a polinização quanto a dispersão parecem ser muito locali ¬ 2003; Qiu et al. 1993, 2005; Sauquet et al. 2003; Zanis et al. |
zadas. A maior parte das espécies forma extensos clones, por 2003). Distingue-se as Magnoliales das Laurales pelos seus |
meio da produção de rizomas. nós trilacunares a multilacunares, folhas dísticas e sementes f
Referências adicionais: Endress 2001; Keng 1993; Roberts and
freqiientemente carnosas ou ariladas. Estas famílias retive- *
ram numerosos caracteres florais plesiomórficos, tais como
Haynes 1983; Smith 1947;Thien et al. 1983; Thorne 1974; White numerosos estames e carpelos livres em arranjo espiralado, ;f
eThien 1985; Wood 1958. ovários s peros, e sementes com embrião diminuto e en- :
dosperma abundante. Myristicaceae é, sem d vida, o grupo- #
0 CLADO DAS MAGNOLÍDEAS irmão do resto das famílias (Doyle e Endress 2000; Doyle | j
et al. 2004; Sauquet et al. 2003; Soltis et al. 2000). A ordem

Magnoliales
consiste em seis famílias e cerca de 2.840 espécies; Annona .. - i

ceae , Magnoliaceae, Myristicaceae e Degeneriaceae são ;


As Magnoliales são consideradas monofiléticas, com base famílias de destaque.
em caracteres moleculares de DNA nuclear, mitocondrial Referências: Canright 1952,1960; Cronquist 1981,1988;
e de cloroplasto, junto com a presença de folhas dísticas, Dahlgren 1983; Donoghue and Doyle 1989; Endress 1986b, V
fibras com pontoações de bordas finas, floema estratifica ¬
1994b; Igersheim and Endress 1997; Nandi et al. 1998; Takhtajan j
do, presenç a de uma placa de tecido vascular na nervura 1969,1997;Thome 1974,1992; Weberling 1988b; Wood 1958.
SISTEMáTICA VEGETAL 237

Chave para as Principais Famílias de Magnoliales

1. Estames monadelfos, filetes conatos em um tubo ou coluna; sementes com arilo carnoso e conspícuo . . Myristicaceae
1. Estames livres, sementes sem arilo, com arilo pouco conspícuo ou com sarcotesta 2
2. Estipulas presentes abra çando o caule e envolvendo a gema apical; nós multilacunares;
endosperma homogé neo, perianto geralmente de tépalas; receptáculo alongado Magnoliaceae
2. Estipulas ausentes; nós 3 a 5-Iacunares, endosperma ruminado; perianto com sépalas e pé talas;
receptáculo curto a ± hemisf é rico 3
3. Um carpelo , com o estigma cobrindo praticamente todo seu comprimento; estames laminares,
com três nervuras, não agrupados; embrião com 3 ou 4 cotilédones Degeneriaceae
3. Mais de um carpelo, geralmente muitos, com estigma ± alongado, mas restrito a
poção apical de cada carpelo; estames curtos e í rgidos, com conectivo expandido,
com 1 nervura e geralmente agrupados em forma de disco; embrião com dois cotilédones Annonaceae

Magnoliaceae A. L. de Jussieu Distribuição e ecologia: regiões temperadas e tropicais do


i (Família da magnólia) Leste norte-americano, Leste asiático e Amé rica do Sul; prin ¬

cipalmente em florestas úmidas.


Á rvores ou arbustos; nós multilacunares; com células esfé ¬

ricas contendo óleos aromáticos ( terpenóides aromáticos); com Gêneros/espécies: 2/ 220. Géneros: Magnólia (218 spp.) e
alcaloides, geralmente do tipo benzil isoquinolínico. Pêlos Liriodendron (2).
simples a estrelados. Folhas alternas, espiraladas a dísticas,
simples, às vezes lobadas, inteiras e com venaçã o peninér- Importância económica e produtos: Liriodendron tulipifera
vea, lâmina com glândulas pelúcidas; estipulas presentes, (árvore das tulipas; Prancha 9.21) e muitas espécies de Mag-
rodeando a gema terminal. Flores solitárias e terminais nolia são utilizadas como plantas ornamentais. A madeira de
(Prancha 9.21), às vezes axilares (em um ped nculo curto). espécies de ambos os gêneros é também utilizada.
Flores geralmente bissexuais, radiais, com um receptácu¬
lo alongado (Prancha 9.2A) . Tépalas, 6 a numerosas, livres, Discussão: análises cladísticas de sequências de rbcL (Qiu
ocasionalmente as 3 mais externas com aspecto sepalino, et al. 1993), bem como caracteres morfológicos sustentam a
imbricadas. Estames numerosos e livres, muitas vezes com 3 monoíilia de Magnoliaceae. Genes de cloroplasto (Azuma et
nervuras; filetes curtos e grossos, pouco diferenciados das ante¬ al. 2001; Kim et al. 2001; Qiu et al. 1993, 1995) indicam que a
ras; anteras com conectivo que geralmente se projeta além família é composta por dois ciados: Liriodendron e Magnólia
do ápice dos sacos polínicos; grãos de pólen monossulcados. S.I..O reconhecimento de Talauma, Michelia e Manglietia tor ¬

Carpelos geralmente numerosos, livres, sobre um receptáculo na Magnólia parafilé tico e, por isso, adotamos uma circunscri ¬
alongado; ovários súperos, com placenta ção lateral; estigma ção ampla para este gênero. Liriodendron apresenta numero¬
geralmente estendendo-se para baixo, na superf ície adaxial sas apomorfias, incluindo as folhas marcadamente lobadas,
do estilete, mas às vezes reduzido e terminal. Óvulos, geral ¬ carpelos com estigma reduzido, frutos samaróides e sementes
mente 2 por carpelo, às vezes numerosos. Nectários ausen ¬
com uma fina cobertura mais ou menos seca. A monofilia de
tes. Fruto, agregado de folículos que geralmente ficam híagnolia é sustentada pelos folículos com deiscência abaxial
muito próximos na maturidade e cuja deiscência ocorre (ou externa). Assim, podem ser descritos como folículos de
ao longo da superf í cie abaxial, às vezes carnosos, com os abertura inversa, pois a maioria dos frutos do tipo folículo
frutos adjacentes fusionando-se em uma estrutura bacóide, abre ao longo da superf ície adaxial.
de deiscência irregular ou indeiscente, ou um agregado de As vistosas flores de Magnoliaceae são principalmente
sâmaras; sementes com uma sarcotesta alaranjada ou vermelha polinizadas por coleópteros, que ficam retidos nas flores por
(exceto em Liriodendron ) , geralmente pendentes através de um curto período de tempo e freqúentemente comem pólen
fios finos; embrião diminuto; endosperma homogéneo (Figura ou outros tecidos florais. Liriodendron, contudo, é polinizado
9.7; ver também Figura 4.47A). por abelhas. A presença de protoginia e auto- incompatibili ¬

dade promove a polinização cruzada. As sementes de Mag-


nolia, com sarcotesta de cores rosa, vermelha ou alaranjada
Fórmula floral: (Prancha 9.2G), ficam penduradas por fios finos - na verdade,
* , T-6-oo-, A , G ;
°° °° folículos, sâmaras elementos de vaso, com engrossamentos espiralados - quan ¬

do abrem os folículos. Assim, atraem e são dispersas por aves.


Os sincarpos carnosos de algumas espécies tropicais também
são coloridos e dispersos por aves. As sâmaras de Lirioden¬
dron são dispersas pelo vento.

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238 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.7 Magnoliaceae. (A -l) Magnolia virginiana: (A) ramo com flor terminal ( x 0,3 ; B
«IS ( uma parte foi removida e gineceu sobre
) , um recept á culo alongado ( x 3, 5 ); ( C) estames , superfície „
. Observe os ?
adaxial (x 4); (D) estames em secção transversal (x 6); (E) gineceu em secção longitudinal
( x 0 , 75 ); (6) fruto maduro , com sementes ç
dois óvulos em cada carpelo (x 5); (F) fruto quase maduro
e endosperma
5 pêndulas ( x 0,75 ); (H) semente em sec çã o longitudinal, observe o embri ã o diminuto
abundante (x 2,5); (I) semente com a sarcotesta removida x 2 5 . J L . a botão floral í ;;
*
( , ) ( - ) M grandiflor : (J )
( metade dos estames foram removidos ) e gineceu (x 2); (D P
0,75); (K ) recept á culo floral com androceu
( x 4). (N-Q) . M. acuminata:
estames, superfície adaxial (x 4); (M) M. tripetala: estames, superfície adaxial
( N) ramo com flor terminai (x 0,3 ; (0 flor desabroc
) ) hando ( x 0 ,3 ); ( P ) estame , superf ície adaxial (x 4); (0)
(K)
antera em sec çã o transversal (x 6). (Fonte: Wood 1974, A student's atlas offlowerin
g plants, p. 36.)
SISTEMáTICA VEGETAL 239

A) (B) ( C)

Canellàles: Winteraceae
Drimys winteri: flor

Magnoliales: Magnoliaceae
Magnolia x soulangeam: -
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flor em secção longitudinal
Magnoliales: Annonaceae
Asimina incana:
(O) ramo com flores

Piperales: Piperaceae
Piper aduncum: folhas e inflorescêndas

Piperales: Aristolochiaceae Magnoliales: Magnoliaceae


Aristolochia gigantea: flor Magnolia virginiana:
frutos e sementes
IH)

* Magnoliales: Annonaceae 0)
Annona squamosa: ramo com fruto

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Laurales: Lauraceae Magnoliales: Magnoliaceae


Cinnamomum camphora: Liriodendron tulipifera ; folhas e flor
Laurales: Lauraceae
folhas e frutos Persea americana: botões e flor
PRANCHA 9.2 Magnol ídeas
240 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Agababian 1972; Canright 1953;


Referências adicionais: de Myristica fragrans (noz - moscada: Myristicaceae). Algumas
Endress 1994b Gottaberger 1977, 1998; Nooteboom 1993; Thien
; espécies de Annona, Cananga e Polyalthia são cultivadas como
1974; Wood 1958. plantas ornamentais.

Discuss ão: a monofilia das Annonaceae é sustentada por


Annonaceae A. L. de Jussieu
sequências de DNA (Qiu et al. 1993, 2000) e por numerosos
(Família da fruta-do-conde e da graviola) caracteres morfoló gicos (Doyle e Le Thomas 1994). O n ¬
Á rvores, arbustos ou lianas, com casca fibrosa; nos trilacuna- mero cromossômico básico oito provavelmente é também
res; elementos de vaso com perfurações simples e madeira uma sinapomorfia (mas reduções a n = 7 ou aumentos para
com raios largos; com células esféricas esparsas contendo óleos n = 9 também aconteceram na família). Tribos e gêneros
aromáticos (terpenóides aromáticos ) e frequentemente com es- foram diagnosticados por caracteres tais como indumento,
clereídes esparsos; geralmente com alcaloides do tipo benzil estrutura do botão, estivação das pétalas e sépalas, formato
isoquinolínico; muitas vezes com taninos. Pêlos simples, às e textura das anteras, número e formato dos carpelos, grau
vezes estrelados, ou com escamas peitadas. Folhas alternas, de conação dos frutos e número de sementes. Frutos nos
d ísticas, simples, inteiras, frequentemente curto- pecioladas , com quais os carpelos se fusionam em sincarpos carnosos, como
venação peninérvea, lâmina com glândulas pelúcidas; estipulas em Annona ou Rollinia , são claramente derivados em rela ¬

ausentes.Inflorescência determinada, às vezes reduzida a uma ção àqueles com bagas livres, como em Asimina ou Cananga.
única flor terminal ou axilar. Flores geralmente bissexuais Carpelos conatos, como os de Monodora, são também uma
e radiais, com frequ ência abrindo e aumentando gradu¬ condição derivada. Anaxagorea apresenta folículos, mas a
almente de tamanho antes da antese; com um receptáculo maioria das Annonaceae apresenta frutos carnosos e indeis-
curto, plano a ± hemisférico. Sépalas 3, geralmente livres ou le ¬ centes (bagas) . Anaxagorea apresenta também estames lami¬
vemente conatas, vaívadas ou imbricadas. Pétalas, geralmente nares e alongados e endosperma irregularmente ruminado e
6 , livres, as três mais externas com frequência maiores e diferen¬ é o grupo-irmão do resto da família, que apresenta estames
ciadas das internas, imbricadas e / ou vaívadas. Estames geral ¬ mais ou menos peitados (congestos em uma estrutura de
mente numerosos, peitados e congestos em uma estrutura discóide, formato discóide) e ruminações espinhosas ou retas e finas
no endosperma (a testa da semente estende-se para den ¬

livres, com 1 nervura; filetes curtos e grossos, pouco diferenciados


das anteras; anteras com o conectivo projetando-se além dos tro do endosperma) . Um grande grupo que inclui Xylopia,
sacos polínicos; grãos de pólen de vários tipos, ora monos- Monodora, Asimina, Annona e Artabotrys é caracterizado pelo
sulcados, ora inaperturados, às vezes em tétrades ou polía- pólen sem aberturas (Doyle e Le Thomas 1996; Doyle et al.
des. Carpelos ( 1- ) 3 a numerosos, em geral livres e em arranjo 2004; Sauquet et al. 2003).
As flores da maioria das Annonaceae apresentam adapta - >
espiralado; ovários súperos com placentação lateral; estigma
ções para polinização por coleópteros, incluindo flores fecha ¬
± terminal ou estendendo-se para baixo na superf ície adaxial
das, fragrâncias frutadas, tecidos nutritivos, pétalas espessas e
do estilete. Óvulos, 1 a numerosos por carpelo. Nectários ou
. tecidos nutritivos às vezes nas pétalas internas. Fruto agregado carnosas e proteção estrutural dos órgãos reprodutivos; tripés,
de bagas, às vezes secundariamente conatas durante o desen ¬
moscas e abelhas também foram registradas como poliniza-
dores de algumas espécies. Algumas espécies de Annona são
-
volvimento; sementes com rafe curvando se ao redor do á pice,
termogênicas; os coleópteros polinizadores costumam per¬
frequentemente ariladas; embrião diminuto; endosperma ru ¬ manecer nas flores por uma noite, acasalando e nutrindo-se
minado (Figura 9.8).
de tecidos florais. Muitas espécies de Annonaceae secretam
um fluido estigmático pegajoso, que protege os carpelos. O
Fórmula floral: conectivo írgido e mais ou menos peitado das anteras reduz o
consumo do pólen. Nesta família, a polinização cruzada é fa¬
* , K3, C6, A<», G(í-~ > bagas vorecida pela presença de protoginia. Os frutos carnosos são l
dispersos por aves, mamíferos e tartarugas.
Referê ncias adicionais: Endress 1994b; Gottsberger 1988;
Distribuição e ecologia: amplamente distribuídas em re ¬ van Heusden 1992; Kessler 1993a; Norman and Clayton 1986; ;
giões tropicais e subtropicais e muito caracter
ísticas de flores ¬
Scharaschkin e Doyle 2006; Silberbauer-Gottberger et al. f
tas midas em baixas altitudes. 2003;Thome 1974;VanderWyk e Canright 1956; Walker 1971; f
Wood 1958. í
Gêneros / espé cies: 128/ 2.300. Principais gêneros: Guat- I
teria (250 spp.), Xylopia (150), Uvaria (110), Annona (110), Myristicaceae R. Brown
Polyalthia (100), Artabotrys (100) e Rollinia (65) . Nos Estados (Família da noz- moscada)
Unidos, a família é representada pelos gêneros Asimina, Dee-
ringothamnus e Annona. Árvores , com caracter ístico exsudado avermelhado após
corte ou injúria, e com um padrão de cresámento característico,
Importância económica e produtos: muitas espé cies de com o tronco ereto e os ramos horizontais e em disposição aparen¬
Annona e Rollinia (chirimóia, graviola, pinhas, etc.) produzem temente oertiàlada e ± horizontal; com células esféricas dispersas
frutos comestíveis (Prancha 9.2F). As bagas de Asimina trilo- contendo óleos aromáticos (terpen óides aromá ticos); com com¬
ba ( pawpaw ) também são comestíveis. As flores de Canan- postos fenólicos alucinógenos (p. ex., mir ísticina), taninos e,
ga odorata (ylang-vlang) são utilizadas em perfumaria, e os às vezes, alcaloides indóhcos. Pêlos simples, em forma de T, ri -
frutos de Monodora myristica são utilizados como substitutos mificados ou estrelados. Folhas alternas, geralmente d ísticas, siri- L
r SISTEMáTICA VEGETAL 241

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FIGURA 9.8 Annonaceae. (A-l) Asimina triloba: (A) ramo com flores (x 0,5); (8) folha (x 0,5); (C)
gineceu e parte do androceu , sobre recept á culo globoso (x 8); ( D ) estame (x 16); ( E) carpelo
em secçã o transversal (x 16); ( F) baga (x 0,65); (G ) baga em secçã o longitudinal, mostrando as
sementes (x 0,65); ( H ) semente (x 2 ); ( I ) semente em secção longitudinal (observe o embriã o
diminuto e o endosperma ruminado) (x 3). (J-L) A /ncana: (J ) flor com uma pétala externa remo ¬
vida (x 1 ); ( K) frutos em desenvolvimento, observe as sé palas ( x 1 ,5 ); ( L) ramo com fruto jovem
.
(x 1 ); (M ) A. obovata: flor, com uma pétala externa removida (x 0,5 ). ( Fonte: Wood 1958, J Arnold
Arb. 39: p. 37 7.)

pies , inteiras , com venaçã o peninérvea, lâmina com glândulas livres ou conatas; grãos de p ólen monossulcados a inapertu -
pelúcidas; estipulas ausentes . Inflorescê ncias determinadas, às rados. Um carpelo, ová rio s pero, com placentação ± basal; 1
vezes reduzidas a fascículos axilares. Flores inconspicuas, fra - estigma, frequentemente bilobado. Um óvulo. Nectários au
grantes , unissexuais ( plantas geralmente dióicas), radiais . sentes. Fruto folículo, ± coriáceo, abaxialmente deiscente,
Té palas geralmente três, conatas, valvadas. Esiames 2 a nu- expondo uma semente grande e em geral provida de um
merosos, filetes conatos em uma coluna ± sólida; anteras arilo colorido; embrião diminuto e endosperma ruminado.

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242 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

las pelúcidas; estipulas ausentes. Inflorescêndas determinadas


ou axilares e aparentemente indeterminadas. Flores bisse
¬

Fórmula floral:
xuais ou unissexuais (neste caso, plantas ± dióicas , radiais,
)
Flor estaminada: *, T-(3)-, GO
com um receptáculo claramente côncavo, geralmente pequenas,
Flor carpelada: * , T-@-, AO, Gl, cápsula carnosa brancas, esverdeadas ou amarelas (Prancha 9.2J). Tépalas,
geralmente 6; livres ou ligeiramente conatas, imbricadas. Es ¬

tantes, geralmente 3-12; filetes freqiientemente com pares basais


Distribuição e ecologia: amplamente distribuída em regiões de glândulas (estaminódios) que secretam néctar ou perfume;
tropicais, muito caracteírstica de florestas úmidas e baixas. os três estames mais internos com frequência estão também
modificados neste tipo de estaminódios; anteras abrindo
Gêneros/ espécies: 17/370. Principais gêneros: Horsfiel - por 2 ou 4 valvas que se curvam da base para cima e expõem
dia (100 spp.),Myristica (70) e Virola (50). Nenhuma espécie é o pólen pegajoso, com frequência dimórficas; grãos de pólen
nativa dos Estados Unidos ou do Canadá. sem aberturas e exina reduzida a pequenos espinhos. Um
carpelo; ovário sú pero, placentação ± apical; 1 estigma, capita
¬

do, truncado, lobado ou alongado. Um óvulo. Fruto drupa


Importância económica e produtos: as sementes de Myristi
¬

. ou raramente baga unisseminada, em geral associado com


cafragrans são a fonte da noz -moscada O arilo que cobre estas
o receptáculo carnoso ou lenhoso e persistente (às vezes
sementes é utilizado para elaborar uma especiaria denomina
¬

também com as tépalas), com frequência contrastando na cor


da macis. Substâncias alucinógenas são obtidas de numerosas
espécies de Virola. Virola e Staudtia fornecem madeira.
.
com o fruto (p ex.,fruto com c pula; Prancha 9.2H); embrião
grande, com cotilédones carnosos; endosperma ausente
(Figura 9.9).
Discussão: a monofilia de Myristicaceae é sustentada tan
¬

to por caracteres moleculares (Soltis et ai. 2000) quanto por


caracteres morfológicos (ver descrição; Sauquet et al. 2003).
Fórmula floral:
A maioria dos gêneros pertence ou a um ciado myristicóide
(pólen com abertura sulcada, exina columelar e reticulada, p. * , TC&), A3-12 + pares de glândulas, Gl; drupa
ex.,Myristica, Virola e Horsfieldia) ou a um ciado mauloutchi-
óide (pólen com abertura esférica, exina granular ou mista
granular/columelar e não -reticulada; p. ex., Mauloutchia, Bro- Distribuição e ecologia: amplamente distribuída em regiões
choneura, Doyleanthus); muitos integrantes deste último dado tropicais e subtropicais, especialmente diversa no Sudeste da
apresentam um androceu com muitas anteras parcialmente Ásia e Norte da América do Sul; característica de florestas
separadas (Doyle et al. 2004; Sauquet 2003; Sauquet e Le tropicais e úmidas.
Thomas 2003; Sauquet et al. 2003).
As flores são polinizadas por insetos, especialmente co- Gêneros / espécies: 50/2.500. Principais gêneros: Lit -
leópteros e tripés, e a antese freqíientemente é noturna. Os sea (400 spp.), Ocotea (350), Cinnamomum (350), Cryptocarya
frutos são dispersos por aves e primatas que são atraídos (250), Persea (200), Beilschmiedia (150), Nectandra (120), Pho-
pelas sementes com arilo (a cor vermelha ou alaranjada do ebe (100) e Lindera (100). Os seguintes gêneros ocorrem nos
arilo contrasta com a cor preta da semente) e, às vezes, pela Estados Unidos e/ou Canadá: Cassytha, Cinnamomum, Licaria,
parede do fruto (a superfície interna pode ser rósea, branca Lindera, Litsea, Nectandra, Persea, Sassafras e Umbellularia.
ou vermelha).
Importância económica e produtos: a família contém espe
¬

Referências adicionais: Armstrong e Drummond 1986; Howe


e Vande Kerckhove 1980; Kuhn e Kubitz -ki 1993; Wilson e ciarias como o louro (Laurus nobilis ), a canela (Cinnamomum
Maculans 1967. verum ), a cânfora (C. camphora; Prancha 9.2H) e o sassaírás
(Sassafras albidum). Persea americana (abacate Prancha 9.2) é
uma importante frutífera tropical. Aniba rosaeodora (pau rosa
- )
Laurales é utilizada em perfumaria. Beilschmiedia , Chloroc ardium, Oco ¬

tea, Litsea e alguns outros gêneros fornecem madeira.


Lauraceae A. L. de Jussieu
(Família do louro)
Árvores, arbustos ou lianas parasíticas (Cassytha); nós unila -
Discussão: Lauraceae pertence à Laurales, uma ordem que
contém 7 famílias e cerca de 3.400 espécies; as maiores fam
í ¬
!
lias são Calycanthaceae , Laurace ae, Monimia ceae, Siparun a - j
cunares; com células esféricas esparsas contendo óleos aromáticos ética; as
ceae e Heman diaceae . Laurale s é clarame nte monofil
( terpenóides aromáticos ); írequentemente com taninos; em ,
geral com alcaloides benzil isoquinolínicos ou derivados da sinapomorfias incluem os nós unilacunares, folhas opostas
receptáculo cupuliforme, estaminódios internos pólen, com
aporfina. Folhas alternas e espiraladas, ocasionalmente opos
¬

aberturas esculpidas e alguns detalhes da anatomia das se


¬

tas, mas nunca dísticas, simples, raramente lobadas, interas,


mentes, sendo que aigumas destas sinapomorfias se perde
¬

geralmente com venação peninérvea ou com o par mais ba


¬

sal de nervuras secundárias mais proeminentes e arquean


¬ ram em muitas espécies. A monofilia da ordem é sustentada
por análises cladísticas baseadas tanto em caracteres mole
¬

do -se para o ápice e então com venação ± palmada e com


todas as nervuras claramente visíveis, com as superfícies adaxial culares quanto morfológicos (Doyle e Endress 2000; Hilu et
e abaxial conectadas por tecido lignificado, lâmina com glându
¬ al. 2003; Qiu et al. 1993, 2000, 2005; Renner 1999; Soltis et
SISTEMáTICA VEGETAL 243

FIGURA 9.9 Lauraceae. Sassafras albidum: (A) ramo com frutos (x 0,5);
(A) rf
( B) flor estaminada, androceu com nove estames, em três verticilos de
três (x 5); (C ) flor carpelada , observe os estaminódios (x 5); ( D) dois
estames do terceiro verticilo, cada um com duas glâ ndulas, observe

c '
- .
as anteras com valvas de abertura introrsa e lateral (x 6); (F) ová rio em
secçã o longitudinal, com óvulo ú nico e apical (x 10); (G) drupa madura
% à e c ú pula (x 3); (H ) fruto e c ú pula em secçã o longitudinal, observe o
: embrião com cotilédones grandes e carnosos (um cotilédone foi re ¬
% .
movido para mostrar a pl ú mula e a rad ícula ) (x 4) (Fonte: Wood 1974,
A . .
A studenfs atlas offlowering plants, p 37 )

al. 2000). Calycanthaceae é provavelmente o gnipo-irm ã o


de todas as outras Laurales (Doyle e Endress 2000; Renner
e Chanderbali 2000). As outras famílias são sustentadas, em
conjunto, por apomorfias adicionais, tais como grãos de pó¬
len inaperturados, com exina fina e espinhosa, estames com
I pares de glândulas, anteras de deiscência valvar e presença de
um nico óvulo por carpelo (Donoghue e Doyle 1989; Doyle
e Endress 2000; Renner 1999). Dentro deste distinto ciado,
. 5 Siparunaceae (e grupos próximos) formam um ciado diferen ¬
te de Lauraceae + Hemandiaceae + Monimiaceae. Lauraceae
1
(B)
parece ser o grupo-irmão de Hemandiaceae (Doyle e Endress
í 2000), embora estudos moleculares pareçam sustentar uma
A relaçã o próxima com Monimiaceae (Renner 1999; Renner e
Chanderbali 2000). Lauraceae é claramente monofilé tica (ver
descrição e Renner e Chanderbali 2000). Lauraceae difere de
( C) Monimiaceae por suas folhas alternas e espiraladas, inteiras
(vs. opostas, e serreadas a inteiras) e pela presença de um
único carpelo (vs. muitos carpelos). Lauraceae difere de Her-
nandiaceae no ovário súpero (vs. ovário ínfero) e pelo fruto
drupáceo (vs. fruto tipo noz, ffequentemente associado com
estruturas acessórias). Siparunaceae foi outrora considerado
parte de Monimiaceae e apresenta numerosas apomorfias,
tais como anteras bisporangiadas que abrem por uma única
( D)
fenda, óvulos com um único tegumento e flores fechadas por
H um teto formado pela extrema curvatura do receptáculo
(Renner et al. 1997).
Chloranthaceae foi às vezes considerado parte das Lau ¬
rales (Donoghue e Doyle 1989), mas isso não é sustentado
Q 'H por análises cladísticas baseadas em DNA. Integrantes desta
família apresentam flores reduzidas, folhas opostas, de mar¬
gem geralmente serreada e nós intumescidos, com estipulas
invaginantes. Deve ser uma linhagem que divergiu das outras
angiospermas, depois de Amborella, Nymphaeaceae e Aus-
trobaileyales ou, possivelmente, o grupo-irm ã o das magno-
lídeas como um todo.
Lauraceae tem sido tradicionalmente dividido em duas
subfamílias. Cassytha é localizado na subfamília monotípica
- Cassythoideae, com base em numerosas especializações de ¬
i • F correntes do seu hábito de liana parasítica, enquanto todas as
outras Lauraceae são localizadas em uma Lauroideae para-
filética. Rohwer e Rudolf (2005) sugerem que Hypodaphnis, o
%l . complexo Cryptocarya e Cassytha são grupos-irmãos sucessi ¬
vos do resto da família (ver também Rohwer 2000 e Chander ¬

bali 2001, para estudos anteriores).


- \ Na delimitação taxonômica dentro das Lauroideae tem
se dado muita ênfase a caracteres como anatomia da madeira,
número de estames e número de lóculos da antera, persis ¬

tência e forma das tépalas, morfologia do fruto e da cúpula e


estrutura da inflorescência (Burger 1988, Rohwer et al. 1991,

T ;
244 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

vander Werff 1991; Rohwer 1993a, 1994; van der Werff e Ri - pétalas, geralmente 5 a muitas , livres, imbricadas. Estames nu¬

chter 1996) . Atualmente três tribos são reconhecidas (ver van merosos, livres; filetes ± aplanados a laminares, em geral pouco
der Werff and Richter 1996) . Laureae apresenta inflorescên- diferenciados das anteras; anteras com conectivo às vezes se
das aparentemente racemosas a umbeladas, com brácteas in- estendendo além do ápice dos sacos polínicos; grãos de pó¬
volucrais e anteras introrsas no terceiro verticilo do androceu; len uniporados, com frequência liberados como tétrades.
inclui Litsea, Lindera, Laurus , Sassafras e Umbellularia . Per- Carpelos, 1 a muitos, geralmente livres, em um único verticilo;
seeae, como Ocotea, Nectandra, Licaria, Persea, Phoebe e Cin - ovários súperos, com placentação lateral; estigma ± capita¬
do ou estendendo-se para baixo, na superfície adaxial do
namomum, inclui plantas com inflorescências cimosas, sem
brácteas involucrais e anteras extrorsas no terceiro verticilo estilete. Óvulos, 1 a muitos. Nectários geralmente ausentes.
do androceu. Estudos moleculares recentes levantam d vidas Fruto agregado de folículos ou de bagas, às vezes tomando-se
sobre a delimitação dessas duas tribos. Por fim, Cryptocarye - conatos quando maduros; embriã o diminuto e endosperma
ae, que inclui Cryptocarya e Beilschwiedia, é similar a Perseeae, homogéneo.
mas as flores laterais nas suas cimas de três flores não são
realmente opostas. Cryptocarveae é provavelmente o grupo-
irmão do resto da família (Ctíanderbali 2001, Rohwer 2000) . Fórmula floral:
A identificação de gêneros e espédes é extremamente dif ícil
sem flores e frutos. A delimitação genérica, que com frequên ¬
. '
* , K( 2-4,, C5-°°, A», Gl-°°; bagas, folículos

cia resulta problemática, é discutida por van der Werff (1991)


e Rohwer e colaboradores (1991).
Distribuição e ecologia: Nova Guiné, Austrália, Nova Ca ¬

As flores das Lauraceae sã o polinizadas por insetos, sen ¬


led nia (e outras ilhas do Sudeste do Pà cífico), Madagascar,
do moscas e abelhas os visitantes mais frequentes. Pares de
América do Sul e México.
estaminódios modificados na base dos estames produzem
fragrâncias e/ou separam espacialmente os verticilos de esta ¬

G êneros / espé cies: 5/90. Principais g ê neros: Tasmannia


mes; às vezes também secretam néctar. Em Persea americana
(40 spp.) e Bubbia (30). A família nã o está representada nos
a polinização cruzada é promovida por um complicado siste ¬
ma que envolve dois tipos florais: A e B. Estas flores apresen¬ Estados Unidos nem no Canadá, mas Drimys ocorre no Mé ¬
íodos de abertura em dias sucessivos. Os estig xico. A maioria das espécies ocorre no sub- bosque de flores¬
tam dois per ¬

tas úmidas, florestas alto- montanas temperadas ou hábitats


mas das flores A est ão receptivos na manhã do primeiro dia
e as anteras ficam deiscentes na tarde do segundo dia. Nas brejosos.
flores B, o estigma está receptivo na tarde do primeiro dia e
as anteras liberam o pólen na manhã do segundo dia. Todas Import ância econó mica e produtos: a casca de Drimys win-
teri (canelo) tem sido utilizada na medicina.
1
as flores abertas em uma árvore estarão no mesmo estágio;
assim árvores de flores A e B são necessárias para ocorrer a
polinização cruzada. Muitas outras espécies de Persea (e al ¬ Discussão: Winteraceae e Canellaceae, juntas, constituem
guns outros gêneros) apresentam sistemas similares. As dru ¬ as Canellales. Canellaceae difere de Winteraceae por suas
pas são dispersas principalmente por aves, mas mamíferos flores apresentarem três sépalas, 5 a 12 pétalas, 6 a muitos
também podem atuar como dispersores. A cor do fruto e da estames fusionados em um tubo e 2 a 6 carpelos conatos.
c pula costuma ser contrastante, aumentando a atratividade Potenciais sinapomorfias das Canellales seriam folhas com
dos frutos. esclereídes ramificados, nervuras secundárias mais ou me¬
nos irregulares, carpelos com um tecido de transmissão dos
Doyle et al. 1994; Endress and Igersheim
Refer ências adicionais: tubos polínicos bem diferenciados e óvulos com um tegu ¬
1997; Kubitzki and Kurz 1984; Thome 1974; Weberling 1988b; mento externo de apenas 2-4 células de largura; a monofilia
Wood 1958.

Canellales
do grupo é sustentada tanto por estudos moleculares (Hilu
et al. 2003; Qiu et al. 1999, 2000, 2005; Soltis et al. 2000; Zu¬
nis et al. 2002, 2003) quanto morfológicos (Doyle e Endress
I
2000) . O grupo é caracterizado pelos alcaloides derivados
Winteraceae R. Brown ex Lindley da aporfina, n ós trilacunares, e plastídios dos tubos crivados
(Família da casca-d'anta)
Á rvores ou arbustos; nós trilacunares; elementos de vaso au¬
com amido, cristaloides de proteína e/ou fibras. Canellales
é provavelmente grupo-irmão das Piperales, embora algu ¬
mas análises filogen é ticas as localizem como grupo- irmão
I
sentes, apenas com traqueídes alongados e finos; com células das Magnoliales (Doyle e Endress 2000; Graham e Olmstead
esféricas esparsas contendo óleos aromáticos (terpenóides aromá ¬
2000; Mathews e Donoghue 2000; Qiu et al. 2000, 2005); a
ticos ). Pêlos geralmente ausentes. Folhas alternas e espiraladas , rela ção de grupo- irmão das Piperales é hoje aceita como a
simples, inteiras, com vena ção peninérvea, lâmina com glân¬ opção mais provável.
dulas pel cidas, estômatos da superfície abaxial geralmente As relações filogenéticas dentro das Winteraceae têm
fechados por depósitos de cera; estipulas ausentes. Inflores- sido estudadas por meio de análises cladísticas baseadas em
cências determinadas, às vezes reduzidas a uma única flor, morfologia (Vink 1988) e sequências de DNA nuclear (Ka-
terminal ou axilar. Flores em geral bissexuais, radiais, com rol et al. 2000; Suh ct al. 1993). Caracteres morfológicos e de
um curto receptáculo (Prancha 9.2B). S é palas, geralmente 2-4, DNA sustentam uma relação próxima entre os gêneros Zygo-
livres a conatas, valvadas, às vezes decíduas como um capuz; gynum, Exospermum, Belliolum e Bubbia.Vink (1988) trata este
SISTEMáTICA VEGETAL 245

grupo como Zygogynum s.l. No entanto, Suh e colaboradores de ervas ou plantas sublenhosas, com alcaloides benzil iso-
(1993) mantiveram Bubbia, a quem eles consideram como quinolínicos ou derivados da aporfina, com folhas com ve-
-
grupo-irmão do ciado Zygogynum Exospermum - Belholum. nação freqúentemente palmada e flores mais ou menos tr í
Drimys apresenta uma auto-apomorfia pouco usual: uma meras. As flores tr ímeras, bem como os plastídios dos tubos
superf ície estigm ática reduzida e mais ou menos capitada. crivados semelhantes aos das monocotiled ôneas que apare ¬
Tasmannia é provavelmente o grupo-irmão de todos os gê ¬ cem em algumas Aristolochiaceae, podem sugerir uma afi ¬
neros supracitados, uma hipótese sustentada por sequências nidade com as monocotiledôneas (Dahlgren e Clifford 1982;
de DNA ribossomal e número cromossômico baixo. Final ¬ Donoghue and Doyle 1989; Doyle e Endress 2000; Jaramillo
mente, Takhtajania é provavelmente grupo- irmão de todos et al. 2004). No entanto, a ordem é aqui mantida dentro do
os outros gêneros da família. ciado das magnolídeas.
A falta de elementos de vaso em Winteraceae tem sido Dentro das Piperales, é evidente que as Piperaceae são
considerada uma condição ansestral que foi retida (ver a dis¬ mais próximas das Saururaceae (uma pequena família de 4
cussão em Bailey e Nast 1945; Cronquist 1981, 1988; Thome gê neros e 6 espécies). As duas famílias formam um ciado que
1974), uma conclusão que é, no entanto, muito pouco parci ¬ é sustentado por caracteres como estômatos tetracíticos, in-
moniosa (Doyle e Endress 2000; Young 1981). florescência terminal, indeterminada e do tipo espiga, uma
As flores de Winteraceae costumam apresentar tamanho sutil simetria floral bilateral, grãos de pólen diminutos, óvulos
de pequeno a médio e uma corola esbranquiçada e delicada ortótropos, semente com perisperma como tecido nutritivo e
(Prancha 9.2B); são polinizadas por vários tipos de insetos, peculiaridades ontogênicas e anatômicas de flores e semen ¬

especialmente pequenos coleópteros, tripés, manposas pri ¬ tes (Donoghue e Doyle 1989; Doyle e Endress 2000; Doyle
mitivas e moscas. O pólen é a principal recompensa para os et al. 1994; Igersheim e Endress 1998; Tucker et al. 1993). O
polinizadores, mas, em algumas espécies, fluidos produzidos ciado Piperaceae + Saururaceae é também fortemente sus ¬

pelo estigma ou glâ ndulas estaminais funcionam também tentado por análises cladísticas baseadas em sequências de
como recompensas. Algumas espécies de Tasmannia sã o DNA (Doyle et al. 1994; Mathews e Donoghue 2000; Qiu et
polinizadas pelo vento. Muitas espécies são auto-incom¬ al. 1993, 2000; Soltis et al. 1997, 2000; Zimmer et al. 1989).
patíveis. As espécies com fruto tipo baga são dispersas por As Aristolochiaceae são mais próximas às Lactoridaceae e
vertebrados. Hydnoraceae (ver discussão em Aristolochiaceae).
Referências adicionais: Doyle et al. 1990,1994; Feild et al. 2000; Referência adicional: González and Rudall 2001.
Gottsberger 1988; Gottsberger et al. 1980; Keng 1993; Thien
1980; Thome 1974; Vink 1993. Piperaceae Giseke
(Família da pimenta -do- reino)
Piperales
Ervas ou arvoretas, às vezes epifíticas; nós freqúentemente ± in¬
As Piperales são aqui circunscritas de modo amplo, incluindo tumescidos ou geniculados; elementos de vaso com perfurações
5 famílias; duas, Piperaceae e Aristolochiaceae, são aqui trata ¬ geralmente simples; caule com feixes vasculares esparsos
das. A monofilia da ordem é fortemente sustentada por análi¬ ou formando mais de um anel; com células esféricas con¬
ses íilogené ticas baseadas em sequê ncias de DNA (Barkman tendo óleos aromáticos; freqúentemente com alcaloides. Pêlos
et al. 2000; Graham e Olmstead 2000; Hilu et al. 2003; Ma ¬ simples. Folhas geralmente alternas ou espiraladas, às vezes
thews e Donoghue 2000; Nickrent et al. 2002; Qiu et al. 1999, opostas, simples, inteiras, com venação palmada a peninér-
2000, 2005; Soltis et al. 2000; Zanis et al. 2003) e morfologia vea, com glândulas pelúcidas; estipulas ausentes ou adnatas ao
(Doyle e Endress 2000). Possíveis sinapomorfias morfológicas pecíolo (e este último às vezes abraça o caule). Inflorescências
seriam a presença de folhas dísticas, pecíolo invaginante e a indeterminadas, em formato de espigas grossas, densamente
presen ça de um único profilo adaxial. Estas plantas também cobertas por flores pequenas, terminais ou axilares, com
são caracterizadas pela presença de nós intumescidos, feixes frequência deslocadas a uma posição oposta à folha devido
vasculares livres, com frequência formando lenho com raios ao crescimento de um ramo axilar (Prancha 9.2E) . Flores
largos e elementos de vaso com perfurações simples. Trata-se unissexuais ou bissexuais (plantas monóicas ou dióicas), apa-

Chave para as Principais Famílias de Piperales

1. Flores diminutas, sem perianto, ± congestas em espigas grossas; ovário sú pero, placentação
basal, com único óvulo; fruto drupa; caule com feixes vasculares primários esparsos ou
formando mais de um anel Piperaceae
1. Flores conspícuas, com um perianto composto por 3 sépalas vistosas conatas, às vezes
também com 3 pé talas, não em espigas; ovário ínfero ou semi-ínfero; placentação axial
ou parietal, com placentas intrusivas; fruto cápsula septicida ou agregado de folículos;
caule com feixes vasculares primários formando um único anel Aristolochiaceae

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r t
246 JUOD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

rentemente radiais, inconspícuas, cada uma com uma larga


bráctea triangular a peitada. Perianto ausente. Estames, 1- 10,
Fó rmula floral:
com frequência 6; filetes geralmente livres; gr ãos de pólen
monossuicados ou sem aberturas. Carpelos, 1- 4, conatos,
<
",1-0-, Al-10, G U4 drupa >
ovário súpero, com placentação basal ; estigmas, 1- 4, capitados,
lobados ou pílosos. Um ó vulo por gineceu, ortó tropo, com 1
ou 2 tegumentos. Nectários ausentes. Fruto geralmente do
Distribuiçáo e ecologia: amplamente distribuídas em re ¬

tipo drupa; endosperma escasso, substituído pelo perisper


- giões tropicais e subtropicais. Espécies de Peperomia são epífi-
ma (Figura 9.10) . tos frequentes em florestas úmidas.

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e dois estames (x 27); (J) bráctea (x 27); (K) ápice de espiga, com frutos
FIGURA 9,10 Piperaceae. (A) Peperomia glabella: folha (x 0,75). (B-G) ão
P. humilis: (B) planta com inflorescência (x 0,15); (C) parte da inflores- parcialmente maduros, três deies removidos para mostrar a imers
da base do fruto no tecido do eixo. O ápice com flores n ã o desenvo l
¬

c ência ( x 27); ( D) flor com bráctea, mostrando o gineceu e 2 estames icamente (x 9 ); ( L) drupa madura ,
vidas é mostrado apenas esquemat
( x 27); (E) gineceu (x 27); (F) parte de uma espiga, com drupa madu
¬

mostrando ápice em forma de gancho e a posiçã o do estigma . ( Fonte : :


ra ( x 18); (G) endocarpo de drupa ( x 27). (H-L) P. obtusifoiia: (H) ramo *
com inflorescência ( x 0,75 ); (I) flor com bráctea, mostrando o gineceu
.
Borstein 199 '\ , J. ArnoldArbor. Suppl. Ser 1, p, 359.)

JL
SISTEMATICA VEGETAL 247

Gêneros / espé cies: 6/ 2.020. Principais gêneros: Pepero- lóides. Pêlos simples. Folhas alternas e espiraladas, simples, às
mia (1.000 spp.) e Piper (1.000). Ambos os gêneros ocorrem vezes lobadas, inteiras, com venação palmada e glândulas pe -
nos Estados Unidos. lúcidas; estipulas geralmente ausentes. Inflorescência varia ¬
da. Flores bissexuais, radiais a bilaterais. Sépalas, 3, conatas,
Importância económica e produtos: os frutos de Piper ni- com frequência bilaterais, tubulosas ou em formato de S ou de
grum fornecem a pimenta -do- reino, uma das especiarias cachimbo, delimitando um limbo amplo 1 a 3-lobado, vistoso e
mais importantes e antigas. As folhas de Piper betle (pimenta variegado, ou valvadas e decíduas (livres e verde em Saruma).
betei) são mastigadas ( junto com, entre outras coisas, frutos Pétalas geralmente ausentes ou vestigiais, mas presentes e
de Areca catechu, a noz de betei) e apresentam um efeito ligei¬ bem desenvolvidas em Saruma, livres, amarelas e imbricadas.
ramente estimulante. Algumas espédes de Piper são usadas Estames, geralmente 6-12, filetes livres, ligeira ou fortemen¬
na medidna. Muitas espécies de Peperomia apresentam uma te adnatos ao estilete; grãos de pólen geralmente sem aber ¬

folhagem atrativa e são cultivadas como ornamentais. turas (monossulcados em Saruma ). Carpelos, 4-6, conatos
(livres em Saruma ), com frequ ência retorcidos durante o de ¬
Discussão: as Piperaceae são claramente monofilé ticas -
senvolvimento; ovário/ová rios semi ínferos, ínferos nos taxa
mais derivados, com placentaçao axial ou parietal com placen ¬
(IUcker et al. 1993) . Alé m das sinapomorfias supracitadas, o
gametófito feminino é pouco usual, pois deriva dos quatro tas intrusivas; estigmas, 4-6, geralmente lobados e expostos.
produtos da meiose do megásporo. Saururaceae pode ser Óvulos numerosos. Nectários presentes na forma de pêlos
facilmente separada de Piperaceae com base nos seus 2-10 glandulares no tubo do cálice. Fruto cá psula septicida (agre ¬
óvulos por carpelo e presen ça de estiletes livres (e frequente- gado de folículos em Saruma ), geralmente pêndula e abrin ¬
i\ mente carpelos livres, ambas plesiomorfias); contudo, Sauru ¬ do desde a base; sementes aplanadas, aladas ou associadas
u raceae deve ser monofilética (Tucker et al. 1993). com tecidos carnosos; com as células internas da testa com
Dentro de Piperaceae, Zippelia é o grupo-irmão das es ¬ abundantes cristais de oxalato e t égmen com três cama ¬
pécies restantes, as quais formam um ciado sustentado pela das de fibras perpendiculares (Figura 9.11).

I .
redução para três carpelos e pela presença de estigmas capi ¬
tados (Tucker et al. 1993). A relação entre os outros gêneros é
problemática. Piper (aqui circunscrito amplamente, incluindo Fórmula floral:
Macropiper e Pothomorphe ) é extremamente diverso no que
tange a posição da inflorescê ncia (terminal ou axilar), a es ¬
|
* ou X, K ( ) C3 ou 0, A6-12, cápsula
trutura (espigas ou racemos solitários ou agregados), a ex¬
pressã o sexual (bissexual ou unissexual, e portanto, plantas

f ¥
dióicas) e o n mero de estames. An álises cladísticas recentes
baseadas em ITS nrDNA sustentam o reconhecimento de
três grandes ciados: espécies do Ifrcífico Sul, espécies asiáti ¬
Distribuição e ecologia: amplamente distribuídas em re ¬
giões tropicais e temperadas.
cas e espé cies neotropicais (Jaramillo e Manos 2001). Pepero¬
i mia apresenta numerosas apomorfias, tais como a presença Gêneros/ espécies: 7 / 460. Principais g êneros: Aristolo -
de um único carpelo, 2 estames uniloculares, um gametófi - chia (370 spp.) e Asarum (70) . Ambos os gêneros ocorrem nos
to feminino 16 nucleado (vs. 8 núcleos nos outros gêneros), Estados Unidos.
óvulos com um ú nico tegumento, grãos de pólen geralmente
pequenos e inaperturados, hábito herbáceo e folhas sucu ¬
Importância económica e produtos: muitas espé cies
lentas. de Asarum (incluindo Hexastylis ) e Aristolochia (incluindo
As pequenas flores das Piperaceae provavelmente são po¬ Isotrema e Pararistolochia ) são cultivadas como plantas or¬
linizadas por insetos, porém são necessários mais trabalhos namentais pelas suas flores incomuns e folhas variegadas
na biologia floral desta família*. A polinização cruzada deve (Prancha 9.2D). Algumas espécies de Aristolochia são utili ¬
predominar devido à presen ça de protoginia. As drupas de zadas na medicina.
Piper são dispersas por aves e morcegos, enquanto as de Pe¬
r , peromia são pegajosas e devem ser carregadas extemamente Discussão: algumas an álises baseadas em sequências de
por animais. DNA indicam que Aristolochiaceae é parafilética, e que Lac -
toris (Lactoridaceae) estaria nela contido (ver Qiu et al. 2000;
Referências adicionais: Borstein 1991; Semple 1974; Tebbs
Soltis et al. 2000), mas a família é aqui considerada monofilé¬
1993; Thome 1974; Wood 1971. tica com base nas suas sépalas conatas, estames mais ou me¬
nos adnatos ao gineceu, geralmente 6-carpelado, ovário mais
' •
Aristolochiaceae A. L. de Jussieu ou menos ínfero, compostos químicos peculiares e anatomia
da testa da semente. As Hydnoraceae (aclorofiladas, parasitas
& (Família do cipó milhomens) de raízes) apresentam flores sintépalas que emergem das raí¬
Ervas, lianas ou ocasionalmente arbustos; com células esfé¬ zes do hospedeiro e devem ser proximamente relacionadas às
ricas contendo óleos aromáticos; com ácido aristolóquico Aristolochiaceae (Nickrent et al. 2002).
(composto pungente, amarelado e nitrogenado) ou alca- Thome (1992) e Huber (1993) dividiram Aristolochiace ¬
ae em Asaroideae, incluindo Asarum e Saruma, que são ervas
N. de T. Existem trabalhos detalhados publicados sobre o assunto; perenes com flores radiais e estames livres ou levemente ad¬
-
veja, por exemplo, o de Figueiredo e Sazima (2000), em Atinais ofBo natos ao gineceu, e Aristolochioideae, incluindo Aristolochia ,
mny 85: 455-460. que são lianas a subarbustos com flores geralmente bilate-

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248 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.11 Aristolochiaceae. Aristolochia tomentosa: ( A) ramo
com flor e botão (x 0,5); (B) flor (x 1 ); (C) flor com metade do perianto
( mas anteras mostradas como fechadas), agora curvados para dentro
(x 4); (G) fruto (x 1 ); ( H) semente, face dorsal ( x 1 ,5); ( I ) semente, face
I
e ová rio removidos e detalhe dos óvulos em um nico lóculo (x 1 ); ventral, com fun ículo lenhoso (x 1,5); (J ) semente, face ventral, com f

( D) ová rio em secçã o transversal ( x 3); (E) estigma receptivo, em flor .


funículo lenhoso removido (x 1,5) (Fonte: Wood 1974, 4 studenti atlas
recé m -aberta {x 4); (F) estigmas no momento da libera çã o do pólen . .
offlowering plants , p 21 )

rais nas quais os estames estã o fortemente adnatos ao esti- pela á gua ou apresentem sementes pegajosas que podem ser
lete. As subfamflias são aparentemente monofiléticas (Kelly externamente transportadas por animais; algumas poucas
e González 2003). espé cies apresentam frutos carnosos, que são dispersos por
As flores de Aristolochiaceae são polinizadas principal ¬ vertebrados. A dispersão por formigas é frequente em espé¬
mente por moscas. Aristolochia apresenta elaboradas flores cies herbáceas (p. ex., Asarum ) cujas sementes apresentam
tipo armadilha, com um cálice muito elaborado (Prancha estruturas do tipo arilo.
9.2D) . As moscas são atraídas para as flores devido à sua co ¬ Referências adicionais: Faegri and van der Pijl 1980; Kelly 1997.
loração apagada e variegada e pelo seu odor ffutado a f étido.
Né ctar é secretado por pêlos glandulares na base do tubo
do cálice, funcionando como recompensa aos polinizado- UM CLADO DE POSIÇÃO INCERTA |
res. Moscas carregando pólen são retidas na regiã o inflada
do tubo calicino, que só pode ser acessada através de uma
entrada estreita, coberta de pêlos retrorsos que impedem a
saída dos insetos. Durante a primeira fase floral, os estigmas,
Ceratophyllales
Ceratophyllaceae S. F. Gray
I
no topo do gineceu, estão receptivos e as anteras estão ain ¬
(Família do Cemtophyllum) I
da fechadas. Depois da polinização, os estigmas murcham e
ficam eretos, expondo as anteras que agora estão deiscentes. Ervas submersas, aquáticas, sem raízes, mas frequente¬
As moscas se sujam com pólen e poderão deixar as flores, mente com caules incolores semelhantes a raízes anco¬
pois os pêlos retrorsos que fechavam a entrada caíram. As se¬ rando a planta; caule com uma única faixa vascular, com
mentes de Aristolochia são caracteristicamente aplainadas e canais de ar centrais rodeados por células alongadas con¬
sã o dispersas pelo vento que as retira das cápsulas pêndulas, tendo amido; com taninos. Folhas verticiladas, simples,
em forma de cesta, embora algumas espécies sejam dispersas geralmente dicotomicamente partidas, inteiras a serreadas,
SISTEMáTICA VEGETAL 249

sem est ômatos e cutícula; estipulas ausentes. Inflores


cências de flores solitá rias e axilares. Flores unissexuais
- MONOCOTILEDÔ NEAS
( plantas monóicas), radiais, inconspicuas, com um verticilo
de 7 a muitas brácteas ( possivelmente tépalas) . Estantes 10 As monocotiledôneas são consideradas monofiléticas com
a numerosos, livres, filetes não claramente diferenciados da base no seu hábito herbáceo, nas folhas com venaçã o pa ¬

antera; anteras com conectivo estendendo-se além dos sa ¬ ralela e bainha, no embrião com um único cotilé done, nos
cos polínicos e formando 2 dentes proeminentes; grã os de plastídios das células crivadas com muitos cristais de proteína
pólen sem aberturas, com exina reduzida, formando tu ¬ em formato cuneado, nos caules com feixes vasculares espar¬
.
bos polínicos ramificados Carpelo único, ovário supero, sos, no sistema radicular advent ício e nas flores pentacíclicas
com placentação mais ou menos apical; estigma alongado, e trímeras. Células crivadas com plast ídios contendo muitos
estendendo-se ao longo de um lado do estilete. Um óvulo cristais de proteína também ocorrem em algumas Aristolo-
por carpelo, ortótropo, com 1 tegumento. Nectários ausen ¬ chiaceae (Saruma e Asarum ) , enquanto feixes vasculares es¬
tes. Fruto aqu ênio, com 2 ou mais projeções e o estilete parsos e raízes adventícias també m ocorrem nas Nympha-
persistente; semente com testa mais ou menos obliterada; eaceae e em algumas Piperaceae. Muitas monocotiledô neas
endosperma ausente. apresentam folhas com venação peninérvea a palmada e um
claro padrão reticulado (ver Chase et al. 1995b; Dahlgren et
al. 1985), mas essas são provavelmente reversões associadas
Fórmula floral: com o hábitat em florestas sombreadas ou de sub-bosque
(Givnish et al. 2005) . Além disso, as folhas da maior parte
Flor estaminada: *, T-7-°°-, A10-°°, GO das monocotiledôneas, inclusive aquelas com lâmina e pe-
:
Flor carpelada: *, T-7-«>-, AO, Gl; aquênio dolo bem desenvolvido, são formadas quase completamen ¬
te a partir da região basal do primórdio foliar, enquanto as
I Distribuição e ecologia: cosmopolitas, formando massas
folhas das n ão-monocotiledôneas derivam principalmente
da região apical desse primórdio. As monocotiledôneas ti ¬

I
'

r
- flutuantes em corpos de água doce. picamente apresentam pólen monossulcado, provavelmente
uma retenção de um caráter ancestral nas angiospermas. É
Gênero / espé cies: 1/ 6. G ênero: Ceratophyllum. notável que as monocotiledôneas nunca apresentem folhas
-
glandular serreadas; quando ocorrem dentes, eles sã o mais
Importância económica e produtos: Ceratophyllum é ecolo¬ ou menos espinhosos (como nas Ceratophyllaceae) .
gicamente importante, pois fornece proteção para alevinos. A monofilia das monocotiledô neas é sustentada por ca ¬
racteres de DNA e morfologia (Bharathan e Zimmer 1995;
* Folhas e frutos são itens importantes na alimentação de aves
migratórias. Às vezes pode se tomar uma praga, obstruindo Chase 2004; Chase et al. 1993, 1995a, b, 2000, 2006; Davis et
cursos d'água. al. 2004; Graham et al. 2006; Hilu et al. 2003; Savolainen et
al. 2000a; Stevenson e Loconte 1995; Soltis et al. 1997, 2000,
Discussão: esta família possui numerosas adaptações para 2005). A diversidade taxonômica das monocotiledô neas é
seu modo de vida aquático e apresenta um registro f óssil que apresentada em detalhe por Kubitzki (1998a,b).
se estende desde o Cretáceo Inferior, sendo um táxon an ¬ Dentre as monocotiledôneas, as Acoraceae (Bogner e
tigo e peculiar, de afinidades incertas. Na análise dadística Mayo 1998; Bogner e Nicolson 1991; Grayum 1987, 1990)
de Chase e colaboradores (1993), baseada em sequências de são provavelmente o grupo-irmão do resto do agrupamento
;
rbcl, aparece como grupo-irmão do resto das angiospermas. (Chase 2004; Chase et al. 1993, 1995b, 2006; Graham et al.
No entanto, em análises moleculares mais recentes, a família 2006). Elas são ervas de áreas brejosas com folhas estreitas e
aparece como grupo-irmão das monocotiled ôneas (Graham equitantes; com flores pequenas e bissexuais com seis tépa ¬
e Olmstead 2000; Qiu et al. 2000), como grupo-irmão das las, seis estames, e dois ou três carpelos fusionados, dispostas
eudicotiledôneas (Soltis et al. 2000; Hilu et al. 2003; Graham em grossas inflorescências espiciformes; e frutos do tipo baga.
1 et al. 2006) ou como grupo-irmão de todas as angiospermas, Acorws apresenta um conjunto de caracteres que são plesio-
mó rficos nas monocotiledôneas, incluindo talvez a presença
mV exceto o Grado ANITA (Matthews 2006).
As seis espécies de Ceratophyllum são muito variáveis
e taxonomicamente dif íceis. As relações dentro da família
de óleos aromá ticos (em células esf éricas especializadas), de
onde deriva o nome comum desse grupo, bandeira-doce .
se baseiam nas folhas e frutos. As inconspicuas flores de
Ceratophyllaceae são submersas e o pólen é disperso por Alismatales
correntes de água, assim como os aquênios, embora a dis¬
persão por aves também aconteça. O estilete persistente e Análises cladísticas de DNA nuclear e de cloroplasto (Cha ¬
apêndices dos pequenos frutos os aderem ao substrato ou se et al. 1993, 1995b, 2000, 2006; Duvall et al. 1993; Hilu et
a vegetação. A reprodução vegetativa por fragmentação é al. 2003; Kàllersjõ et al. 1988; Soltis et al. 2000) sustentam a
frequente. monofilia das Alismatales, como també m o fazem algumas
possíveis sinapomorfias morfológicas, tais como a presença
Referências adicionais: de escamas diminutas no caule, a presença de pêlos glandu ¬
Cronquist 1981; Dahlgren 1989;
Dilcher 1989; Endress 1994a; Les 1988,1989,1993; Les et al. lares dentro das bainhas, nos nós, anteras extrorsais e a pre ¬

1991;Thome 1974; Wood 1959a. sença de um embrião verde e bem desenvolvido (Dahlgren e
250 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Rasmussen 1983; Dahlgren et al. 1985; Stevenson e Loconte Araceae A. L . de Jussieu


1995) . Araceae é o grupo-irmã o das famílias restantes da or¬ ( Família do copo-de - leite)
dem , que partilham a presen ça de sementes sem endosperma
e pêlos radiculares mais curtos que as outras células epidé r ¬
Ervas aqu á ticas a terrestres, freqúentemente com rizomas ou
micas. Todos os integrantes deste subclado ocorrem em á reas cormos, lianas com raízes a é reas, ep ífitas, ou aquáticas flu
¬

brejosas ou em ambientes aquáticos. tuantes, e, neste ltimo caso, com partes vegetativas muito 1
Dois grandes dados são reconhecidos dentro deste dado reduzidas e ± talóides; com raf ídeos de oxalato de cálcio pre¬
aquático, sendo que estes grupos provavelmente divergiram sentes em células especializadas e compostos químicos associados
muito cedo na evolu ção das monocotiledôneas. O primeiro que causam irritação da boca e garganta se ingeridos; compostos
ciado contem Alismataceae, Hydrocharitaceae e Butomaceae, cianogê nicos freqúentemente presentes e às vezes com aica-
e é sustentado por apomorfias como perianto diferenciado
em sépalas e pétalas, mais de seis estames e /ou ma*s de três
carpelos (um aumento secund ário) e óvulos esparsos sobre a
lóides; com frequ ê ncia com laticíferos, canais de mucilagem,
canais resiníferos e lá tex aquoso ou leitoso. Pêlos simples,
porém muitas vezes ausentes. Folhas alternas e espiraladas ou
I
superf ície interna dos lóculos. As principais famílias do segun
¬
d ísticos, às vezes basais, geralmente simples, lâminas em geral
do ciado são Potamogetonaceae, Ruppiaceae, Zosteraceae, bem desenvolvidas. às vezes fortemente lobadas, compostas pi ¬

Posidoniaceae e Cymodoceaceae. Esse grupo é diagnostica ¬ nadas a palmadas, geralmente inteiras, com vena çã o paralela,
do como base no p ólen que geralmente carece de aberturas e penin érvea, ou palmada, invaginantes na base; estipulas au ¬

exina (Dahlgren e Rasmussen 1983; Cox e Humphries 1993) . sentes, mas pêlos glandulares ou pequenas escamas às vezes
Plantas marinhas evoluíram dentre as Hydrocharitaceae e mais presentes no nó, na parte interna da bainha. Inflorescências
de duas vezes nas famílias Zosteraceae e Cymodoceaceae, Ru ¬ indeterminadas, em geral terminais, formando uma espiga
ppiaceae e Posidoniaceae ( Les et al. 1997a) . de pequenas flores congestas sobre um eixo carnoso (o es¬
Alismatales cont ém cerca de 14 famílias e cerca de 3.320 pádice ), que pode carecer de flores na região apical e que
espécies; as famílias mais numerosas são Araceae, Alismata¬ é subtendido por uma grande bráctea de aspecto foliáceo
ceae, Hydrocharitaceae, Butomaceae, Potamogetonaceae, ou petalóide (a espata), mas reduzidas em gêneros aqu á ti ¬
Ruppiaceae, Zosteraceae, Posidoniaceae, Cymodoceaceae e
Tofieldiaceae.
cos flutuantes. Flores bissexuais a unissexuais (plantas geral ¬
mente monóicas), radiais, sem brácteas individuais . Té palas,
|
I

Chave para as Principais Famílias de Alismatales

1. Flores sobre um eixo carnoso, o espádice rodeado ou associado com uma bráctea foliácea, a espata;
plantas de hábitats variados Araceae
1. Flores não em espádice; plantas aquáticas ou de brejos 2
.
2 Perianto com sépalas e pétalas 3
2. Perianto de té palas ou ausente 5
3. Ovário ínfero; carpelos conatos; frutos bagas Hydrocharitaceae
.
3 Ov rio supero carpelos ± livres frutos folículos ou aquênios
á ; ;
4. Grãos de pólen monossulcados; laticíferos ausentes e seiva aquosa; frutos folículos; embrião reto . . . Butomaceae
4
I
4. Grãos de pólen geralmente 4- multiporados ou ocasionalmente sem aberturas;
laticíferos presentes e seiva leitosa; frutos aqu ê nios ou folículos; embriã o curvado Alismataceae
5 . Grãos de pólen globosos ou elipsóides; plantas de água doce, alcalina ou salobra 6
5. Grãos de pólen filamentosos; plantas marinhas 8
6. Flores bissexuais 7
6. Flores unissexuais Zannichelliaceae
7. Dois estames, cada um com um pequeno apêndice; carpelos sobre estípites longos Ruppiaceae
7. Quatro estames, cada um com um apêndice grande; carpelos sésseis
8. Flores bissexuais; 3 estames; 1 carpelo
Potamogetonaceae
Posidoniaceae í
8. Flores unissexuais; 1 ou 2 estames; 2 carpelos 9
9. Carpelos livres; 2 estames, conatos Cymodoceaceae
9. Carpelos conatos; 1 estame Zosteraceae

l
SISTEMáTICA VEGETAL 251

geralmente 4-6 ou ausentes, livres ou conatas, inconspícuas


e com frequência carnosas, valvadas ou imbricadas. Estames, Fó rmula floral:
l- ó ( - 12); filetes livres a conatos; anteras às vezes abrindo por
poros, livres a conatas; grãos de pólen variados. Carpelos, ge ¬
* , T-4-6- ou- 0-, Al-6, G( 5); baga, utr
ículo
ralmente 2-3, conatos; ovário geralmente supero, placentação
variada; um estigma, pontuado ou capitado. Óvulos,1 a nu ¬

merosos, anátropos a ortrótopos. Nectários ausentes. Fruto ge- Distribuição e ecologia: cosmopolitas, porém mais nume ¬

ralmente baga, mas ocasionalmente utrículo, drupa ou do tipo rosas em regiões tropicais e subtropicais; muito comuns em
noz; endosperma às vezes ausente (Figura 9.12). florestas tropicais e em áreas brejosas.

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FIGURA 9.12 Araceae. (A-J ) Arisaema triphyilum: (A) hábito ( x 0,2); (B) óvulo (x 30); (I) espádice frutificando (x 0,75 ); (J) fruto em sec ção longi-
espata, vista apical (x 0,75); (C)
infloresc ência estaminada, espata remo- tudinal mostrando a semente (x 3 ). (K-M) A. triphyllum var. stewardsonii:
vida ( x 1,5); (D) por ção do espádice estaminado (x 9,75); (E) flor esta- (K) inflorescência, vista lateral (x 0,75 ); (L) inflorescência, vista posterior
minada (x 11,5); (F) inflorescência carpelada, espata removida ( x 1,5); (x 0,75); (M) espata, vista apical (x 0,75). (N) A. dracontium: hábito ( x 0,2).
.
(G) flor carpelada secção longitudinal, mostrando os óvulos (x 11,5); (H) (Fonte; Wilson 1960a, J. Amold Arbar. 41: p.59.)

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lí V
-
252 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Gê nero/espécies: 109/2.830. Principais gêneros: Anthu - tubular) que é marcescente ou decídua através de uma área
rium (900 spp.), Philodendron (500), Arisaema (150), Homalo- de absdsão evidente. Este grupo inclui gêneros como Monste¬
mena (140), Amorphophallus (100), Schismatoglottis (100), Spa - ra, Scindapsus e Epipremnum; Spathiphyllum e taxa afins devem
thiphyllum (60), Monstera (50), Pothos (50), Xanthosoma (40), estar relacionados com este grupo (French et al. 1995). Pothos,
Dieffenbachia (40), Syngonium (30). Gêneros de importância gêneros afins e Anthurium formam Potoideae; tais plantas são
nos Estados Unidos e/ou no Canadá são Arisaema, Landoltia, caracterizadas por uma venação foliar fina, em que as nervu ¬
Lemna, Lysichiton, Orontium, Peltandra, Pistia, Spirodela , Sym
plocarpus e Wolffia.
- ras secundárias e terciárias formam nervuras perpendiculares
às primárias (Mayo et al. 1997) .
As inflorescê ncias das Araceae sã o polinizadas por vá rios
Importância económica e produtos: os cormos de Alocasia, grupos de insetos, sobretudo coleópteros, moscas e abelhas.
Colocasia (taro), e Xanthosoma (taioba) são ricos em amido e A inflorescênda geralmente produz um forte odor (doce
são consumidos após um tratamento apropriado para remo¬ a desagradável) e muitas vezes é termogênica. O gineceu
ver os compostos químicos irritantes. As bagas de Monstera amadurece antes do androceu, e, quando as flores são unis-
são eventualmente consumidas. A família contém numerosos sexuais, as carpeladas amadurecem antes das estaminadas,
gêneros ornamentais, incluindo Philodendron, Zantedeschia promovendo a polinização cruzada. Em Arisaema, plantas
( calã ), Anthunum, Caladium, Colocasia, Dieffenbachia (comigo- pequenas (e geralmente jovens) são estaminadas e as maio¬
ninguém-pode), Epitremmm, Monstera , Spathiphyllum, Syngo¬ res (e mais velhas) são carpeladas, o que também promove a
nium, Aglaonema, Xanthosoma (orelha -de-elefante), Scindap
sus, Spathicarpa e Zamioculcas.
- polinização cruzada. Presume-se que a dispersão das bagas,
que sã o freqúentemente coloridas, seja efetuada por aves ou
mamíferos. Os utr ículos de Lemna e taxa afins são dispersos
Discuss o: as Araceae são consideradas monofiléticas com pela água.
base em morfologia (Grayum 1990; Mayo et al. 1995) e se ¬
quências de DNA de cloroplasto (Chase et al. 1993; French et
al. 1995) . A família é provavelmente o grupo-irm ão do resto
de Alismatales (Chase et al. 1995 b; Dahlgren e Rasmussen
Referências adicionais: Croat 1980; Igersheim et al. 2001;
Keating 2004; Les and Crawford 1999; Les et al. 1997b, 2002;
Maheshwari 1958; Mayo et al. 1998; Piychid and Rudall 2000;
!
1983; Dahlgren et al. 1985; Stvenson e Loconte 1995).
As Araceae têm sido divididas em muitas subfam ílias
Ray 1987a,b; Wilson 1960a.
I
com base no hábito, na morfologia e arranjo das folhas, na Alismataceae Ventenat 1
estrutura da inflorescência, na morfologia floral, na estrutura (Família do chapéu -de -couro) }
do pólen, na anatomia e no n mero cromossômico (Grayum
1990). As relações íilogenéticas dentro de Araceae têm sido Ervas rizomatosas, aquáticas ou de áreas brejosas; laticíferos t£
também estudadas por meio do uso de sequências de rbcL presentes, com l á tex branco; tecidos ± aerenquimatosos. f '

(French et al. 1995), tmL- F (Tam et al. 2004) e morfologia Pêlos geralmente ausentes. Folhas alternas, espiraladas ou ?;
(Mayo et al 1997). Alguns poucos gê neros de pequenas plan ¬
dísticas, em geral ± basais, simples, inteiras, freqúentemen - ;
tas aquá ticas flutuantes, como Spirodela , Landoltia, Lemna , te com uma lâ mina bem desenvolvida, com venação parale- ' •
Wolffia e Wolfiella, foram outrora segregadas como Lemna- la ou palmada, invaginantes na base; às vezes polimórficas, :
ceae (ver Cronquist 1981; Dahlgren et al. 1985; den Hartog com lâminas mais estreitas quando submersas e mais largas !/
1975; Landolt 1980, 1986; Landolt e Kandeler 1987), mas são quando emersas ou flutuantes; estipulas ausentes; presença ;
agora interpretadas como Araceae muito modificadas (Fren ¬ de pequenas escamas no nó, dentro da bainha foliar. Inflo- ,
ch et al 1995; Mayo et al 1995; Stockey et al. 1997; Tam et rescê ncias determinadas, mas freqúentemente parecendo in- •
al 2004) . Em Lemna, Landoltia e Spirodela , a espata é repre ¬ determinadas, com ramos ou flores ± verticilados, terminais fe
sentada por uma bainha membranácea que é completamente sobre o ápice de um escapo. Flores bissexuais ou unissexuais $
ausente em Wolffia e Wofiella. Embora as sequências de rbcL (plantas então monóicas), radiais, com perianto diferenáado em
coloquem Pistia (aquá tica flutuante, muito maior) nas Aroi- cálice e corola. Sé palas, 3, livres, imbricadas. Pétalas 3, livres, T
deae (ver abaixo), ela não é próxima de Lemna e gêneros afins imbricadas e enrugadas, geralmente brancas ou róseas. Estames,
(French et al. 1995). geralmente 6 a numerosos; filetes livres; grãos de pólen, ge
ralmente 2 a poliporados. Carpelos, (3-) 6 a muitos, livres, f .
-
Gymnostachys, Orontium, Symplocarpus e gê neros afins
apresentam caules condensados não-cormosos e engros ¬ ovários súperos, com placenta ção ± basal; 1 estigma, dimi-
sados e são grupo-irmão do resto da família. A maioria das nuto. Óvulos, poucos a mais freqúentemente 1 por carpelo| .j
outras Araceae apresenta folhas com lâminas expandidas, o Nectários na base dos carpelos, dos estames ou das peças pe-|
riânticas. Fruto agregado de aquênios (ou folículos); embrião
j
principal entrenó da inflorescê ncia bem desenvolvido en ¬
tre a espata e a folha abaixo dela, a forma ção do novo ramo fortemente curvado; endosperma ausente (Figura 9.13). 4?
na axila da pen ltima folha abaixo da espata, e placentação
mais ou menos basal. Os taxa monóicos compreendem um
Fórmula floral:
*
grande ciado, as Aroideae, com 74 gêneros ( Zamioculcas, Die-
ffenbachia, Spathicarpa, Philodendrom, Caladium, Syngonium, * , K3, C3, A6- , G6- ; aquê nios
° °°
Aglaonema , Zantedeschia, Amorphophallus, Peltandra, Asarum,
Arum, Arisaema , Alocasia, Colocasia e Pistia; Mayo et al. 1997).
Um segundo grande dado, Monsteroideae, é delimitado com Distribuição e ecologia: amplamente distribuídas; plantas
base em uma espata indiferenciada (p. ex., sem uma porção de lagoas de água doce, brejos, lagos, rios e riachos.
SISTEMáTICA VEGETAL 253

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FIGURA 9.13 Alismataceae. (A M) Sagittarí a latifolia: (A) planta florida com rizomas
(x 0,4); (B) flor estaminada, brácteas e pedicelos de outras duas flores pr óximas (x 3); r.
(C ) parte central de uma flor estaminada em secção longitudinal; observe os carpelos
esté reis na região central (x 4,5); (D) estame com antera deis-
cente ( x 9); (E) dois estames e carpelo estéril (x 9); ( F) flor
carpelada em sec ção longitudinal, iogo apó s a queda das
pétalas ( x 4,5);(G) carpelo de uma flor carpelada (x 18); (H) óvulo ( x 38); (I) agregado
de aquênios (x 1,5); U, K) lados opostos de um aquènio maduro; observe os duetos iW® w
resiníferos e a cristã lateral em K (x 9); (L) semente ( x 18); (M) embrião (x 18). (N-P) S.
.
australis: (N, O) lados opostos de um aquênio (x 9); (P) semente (x 18) (Q) S. lancifoiia: XIwiVv-StfAíW
*
.
aquênio com um dueto resinifero (x 18). (R ) 5 graminea: aquênio com duetos resinífe ¬

ros acima e abaixo da cristã (x 18). (S) S. engelmanniana: aquênio com cristã e muitos
duetos resiníferos (x 9). (Fonte; Rogers 1983, J. ArnoidArbor. 64: p. 410.)
254 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE
T
G ênero/ espé cies: 16/100. Principais gêneros: Echinodo- solitária, axilar, subtendida por duas brá cteas frequentemen-
rus (45 spp.) e Sagittaria (35) . A família é representada nos te conatas. Rores bissexuais ou unissexuais (então plantas
Estados Unidos e/ou no Canadá pelos gêneros acima citados monóicas ou dióicas), geralmente radiais, com perianto dife¬
e por Alisma, Damasonium e Limnocharis . renciado em cálice e corola. Sé palas 3, livres, valvadas. Pétalas,
3, livres, geralmente brancas, imbricadas, às vezes ausentes.
Import ância económica e produtos: Sagittaria , Alisma, Estames, 1, 2 ou 3 a numerosos; filetes livres a conatos; grãos
Echinodorus e Hydrocleis proporcionam ou fornecem espécies de pólen geralmente sem abertura, em Thalassia e Halophi-
ornamentais para aqu ários e/ou fontes d'água. Os rizomas de la unidos na forma de fios. Carpelos, geralmente 3-6 , conatos;
Sagittaria podem ser consumidos. ová rio ínfero, com óvulos esparsos sobre a superf ície dos
lóculos, e as placentas frequentemente ± intrusivas; estiletes
Discussão: Alismataceae é aqui amplamente definida (in ¬ geralmente divididos, aparentando o dobro do n úmero dos
cluindo Limnocharitaceae; ver Pichon 1946; Thorne 1992) e carpelos; estigmas alongados e papilosos. Óvulos numerosos,
considerada monofilética com base em caracteres morfoló¬ (ou solitários e basais). Néctar frequentemente secretado por
gicos e de DNA (Dahlgren et al. 1985; Les et al. 1995; Soros estaminódios. Fruto carnoso, ora baga ou cá psula de deiscên¬
e Les 2002). Os gêneros com aquênios e um único óvulo cia valvar ou irregular; embrião às vezes curvado; endosper-
basal por carpelo (p. ex., Alisma, Sagittaria e Echinodorus ) de¬
ma ausente.
vem constituir um subgrupo monofilético (Chase et al. 1993,
1995b) .
As espécies frequentemente são de dif ícil identifica ¬ Fórmula floral:
ção devido à extensa variação de morfologia foliar, que se Ror estaminada: * , K3, C3, A2-°°, GO
correlaciona com parâmetros ambientais como intensida ¬
de luminosa, profundidade, química e correnteza da água Ror carpelada: * , K3, C3, AO, G ( 6); baga, cápsula
(Adams e Godfrey 1961). As folhas submersas geralmente carnosa
são lineares, enquanto as emersas ou flutuantes são pecio-
ladas com lâmina foliar ovada a elíptica e com base aguda a
sagitada. Muitas formas diferentes de folhas podem ocorrer
na mesma planta.
Alismataceae (e Butomaceae) foram outrora consideradas
monocotiledôneas primitivas (Cronquist 1981; Hutchinson
Distribuição e ecologia: amplamente distribuídas, embora
mais comuns em regiões tropicais e subtropicais, em água
doce (a maioria dos gêneros) ou hábitats marinhos ( Enhalus,
Halophila, Thalassia ).
i
1973) devido a seus numerosos estames e carpelos livres em
flores que são superficialmente semelhantes àquelas de Ra - G ê neros / espé cies: 18/140. Principais g êneros: Ottelia
nunculaceae. No entanto, estudos anatômicos e ontogenéti- (40 spp.), Najas (40) e Elodea (15). Egeria , Elodea , Halophila,
cos indicaram que estes numerosos estames sã o na verdade Hydrilla, Hydrocharis, Limnobium, Najas , Ottelia, Thalassia e
decorrentes de um aumento secundário. Vallisneria ocorrem nos Estados Unidos e/ou no Canadá.
As vistosas flores de Alismataceae são polinizadas por
vários insetos à procura de n éctar (com frequ ência abelhas Importância econó mica e produtos: muitos gêneros, in ¬
e moscas). Em Alisma e Echinodorus as flores são bissexuais, cluindo Hydrilla, Egeria e Elodea, Vallisneria e Limnobium,
enquanto as de Sagittaria são unissexuais. Os aquênios ge ¬ são utilizados como plantas de aquário. Espécies de Elodea,
ralmente são dispersos pela água; flutuam devido à presença
Hydrilla e Lagarosiphon são ervas daninhas.
de tecido esponjoso e são extemamente resinosos. Eles são
comidos (e dispersos) por aves aquáticas.
Discussão: Hydrocharitaceae, embora monofilética (Dahl ¬

Referê ncias adicionais: Haynes et al. 1998a; Rogers 1983; gren e Rasmussen 1983; Les et al. 2006), é morfologicamente
Tomlinson 1982. heterogénea e tem sido dividida em três a cinco subfamfiias
(Dahlgren et al. 1985). Najas apresenta flores reduzidas com
Hydrocharitaceae A. L. de Jussieu um único óvulo ereto e basal, mas sua localização dentro de
Hydrocharitaceae é sustentada pela anatomia da semente
(Família da elódea) e pelas sequê ncias de DNA (Les 1993; Les e Haynes 1995;
Ervas aquáticas, completamente submersas a parcialmente emer¬
sas, enraizadas no substrato ou livres e flutuantes, em água doce
ou hábitats marinhos, com frequência rizomatosas; tecidos ±
aerenquimatosos. Pêlos unicelulares, com paredes espessas,
como espinhos ao longo da margem foliar e/ou das nervu ¬
Les et al. 2006). Zannichellia (Zannichelliaceae; ver Chave)
provavelmente também pertence a Hydrocharitaceae (Les
et al. 1997a).
A família mostra mecanismos interessantes de poliniza ¬
ção. Muitas espécies de Egeria, Limnobium, Stratiotes e Blyxa
1
ras; folhas alternas e espiraladas, opostas, ou verticiladas, apresentam flores conspícuas na superf ície d'água e s o poli¬
ao longo do caule ou em uma roseta basal, simples, inteiras nizadas por vários insetos à procura de néctar. Em Vallisneria,
ou semeadas, às vezes com uma lâ mina bem desenvolvida Enhalus e Lagarosiphon, as flores estaminadas se desprendem
com venação paralela ou palmada ou apenas com a nervura da planta e flutuam na superf ície d'água, onde entram em
mediana evidente, invaginantes na base; estipulas ausentes; contato com as flores carpeladas (ver Capítulo 4). Em Elodea,
pequenas escamas presentes nos nós dentro da bainha. In - as anteras das flores estaminadas podem explodir, liberan ¬
florescências determinadas, às vezes reduzidas a uma flor do grãos de pólen na superf ície d'água; às vezes as próprias
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r SI5TEMATICA VEGETAL 255

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Alismatales: Potamogetonaceae
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Alismatales: Araceae Liliales: Smilacaceae


Monsíera deliciosa: espata e espádice ..
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Alismatales: Alismataceae
Sagittaria lancifolia: flores estaminadas
Liliales: Liliaceae e carpeladas
Lilium michiganense: flor

Liliales: Colchicaceae (D
Gloriosa superba: planta florida

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Liliales: Melanthiaceae
Schoenocaulon dubí um: flores
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Liliales: Liliaceae
Liliales: Melanthiaceae Erythronium americamm: flor
TriUium cuneatum: planta florida PRANCHA 9.3 Monocotiied ô neas (secção longitudinal)
Alismatales e Liliales

1
í

256 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

flores estaminadas se desprendem e flutuam na superf ície estames que apresentam apêndices diminutos, p ólen ligeira ¬
d'água em direção ao estigma. Em Hydrilla o transporte do mente alongado e carpelos com estípites longos.
pólen pode ser feito pelo vento ou pela água. Por fim, em Em Potamogeton e Stuckenia, as flores são emersas e poli¬
Thalassia e Halophila a poliniza ção ocorre embaixo d'água. nizadas pelo vento, enquanto as flores de Ruppia são manti ¬
Ambas, autopolinizaçã o e polinização cruzada, podem ocor¬ das na superf ície d'água e apresentam polinização hidrófila.
rer. Os frutos carnosos amadurecem embaixo da superfície Os frutos são dispersos por animais ou pela água. >

d'á gua; frutos e/ou sementes são dispersos ora pela água ora
por animais. A reprodução vegetativa por fragmentação dos
Referências adicionais: Haynes 1978; Haynes et al. 1998b. *

rizomas é frequente.
Liliales
Referências adicionais:Cook 1982, 1998; Cox and Humphries
1993; Cox and Tomlinson 1988; Haynes 1988; Haynes and A monofilia de Liliales é sustentada por análises cladísticas
Holm- Nielsen 2001; Kaul 1968,1970; Tomlinson 1969b. baseadas em morfologia e sequêndas de DNA (Chase et al.
1995a,b, 2000, 2006; Davis et al. 2004; Fay et al. 2006; Gold -
Potamogetonaceae Bercht. & }. Presl blatt 1995; Graham et al. 2006; Hilu et al. 2003; Kãllersjõ et al
1998; Soltis et al. 2000; Stevenson e Loconte 1995; Vinnersten
(Família do Potamogeton) e Bremer 2001). As sinapomorfias que sustentam este grupo
Ervas aquáticas, rizomatosas. Caules com feixes vasculares re ¬ incluem nectários principalmente na base das tépalas ou file ¬
duzidos, geralmente dispostos em anel, com cavidades de ar; tes, nectários septais quase sempre ausentes, anteras extrorsas
taninos às vezes presentes. Pêlos ausentes. Folhas alternas e a frequente presença de manchas na superf ície das tépalas.
e espiraladas, ou opostas, às vezes com lâmina bem desen ¬ A testa das sementes carece de fitomelano (uma crosta preta), I
volvida, simples, inteiras, com venação paralela ou com uma e a região mais interna desta apresenta estrutura celular, am ¬

única nervura mediana, invaginantes na base, com a bainha bas plesiomorfias (ver també m Stevenson et al. 2000; Rudall
aberta e ± separada da lâmina parecendo com uma estipu ¬ et al. 2000a). O grupo inclui algumas espécies com os maiores
la, as folhas, às vezes heterom órficas, com formas submersas genomas entre as plantas com flores (Soltis et al. 2003a) . As
e flutuantes; presença de 2 a muitas pequenas escamas no prováveis relações filogené ticas dentro da ordem são mostra ¬

nó, dentro da bainha. Inflorescências indeterminadas, termi¬ das na Figura 9.14.


nais e axilares, espicifbrmes na superf ície ou elevadas acima da Liliales e Liliaceae são aqui definidas de forma restrita,
lâmina d'á gua. Flores bissexuais, radiais, não associadas com de acordo com Dahlgren e colaboradores (1985) e recentes
brácteas (na maturidade). Tépalas ausentes. Estames, 4, com análise cladísticas (ver referências supracitadas). Muitas das
apêndices bem desenvolvidos na base das anteras que famílias hoje incluídas em Dioscoreales, Asparagales e Liliales
formam o que parece ser um perianto ± carnoso; grãos foram outrora consideradas como sendo parte de uma Liliales
de pólen sem aberturas, globosos a elipsóides. Carpelos, ge ¬ mais amplamente circunscrita (Cronquist 1981; Thome 1992)
ralmente 4, livres; ovários s peros com placentação ± basal a como as mocotiledôneas petalóides, um grupo caracterizado
apical; estigma, 1, truncado a captado. Óvulo 1, ± anátropo a pelas flores com tépalas conspícuas e pela ausência de ami¬
ortótropo. Nectários ausentes. Fruto agregado de aquênios ou do no endosperma. Cronquist (1981) colocou a maior parte
drupas; endosperma ausente. das monocotiledôneas petalóides com seis estames em uma

Fó rmula floral: Alstroemeriaceae


*, T-0-, A4 (com apêndices), G4; aquênios, drupas

-i i h-
rC Colchicaceae
(incl. Uvularia, Disporum )
í

Distribuição e ecologia: cosmopolitas; ervas de lago, rios e I f a -•Melanthiaceae I


-

outros hábitats de água doce.


l t2 r (incl. ,etc.)
Trillium

HZ
§ 3 Smilacaceae
G êneros/ espécies: 4/100. Principais g êneros: Potamoge ¬ 3 8 >

ton (90 spp.) e Stuckenia (6); ambos ocorrem na América do 1 * I Liliaceae |


Norte. I &
(
(incl. Calochortus, Tricyrtis,
Scoliopus, Streptopus, Prosartes )
$
L
s.
Importância económica e produtos: embora a família seja
de pouca importância económica direta, muitas espécies for¬
necem alimento para a fauna.
= Tradicionalmente incluídas em Liliaceae
Discussão: Ruppia, um gê nero de águas alcalinas, salobras
ou ocasionalmente marinhas, é às vezes incluído nesta famí¬ FIGURA 9.14 Cladograma mostrando as rela ções hipotéticas dentro
lia, mas sua inclusão toma Potamogetonaceae bifilético (Les de Liliales. (Modificada de Soltis et al. 2005, Stevens 2001 e versões
et al. 1997a). Ruppiaceae é caracterizada pelas flores com dois mais recentes.)

k
SISTEMáTICA VEGETAL 257

Liliaceae amplamente circunscrita e hoje sabidamente polifi- Liliaceae A. L. de Jussieu


lética. Outros dividiram as monocotiledôneas petalóides com (Família das tulipas)
seis estames em Liliaceae, incluindo as espécies com ovário
supero e Amaryllidaceae, incluindo espécies com ovário ínfe- Ervas com bulbos e raízes contrateis (ou rizomas); às vezes com
ro (Lawrence 1951). Essa separação també m é artificial, pois saponinas esteróides. Pêlos simples. Folhas alternas e espirala-
separa gêneros claramente relacionados, como Agave e Yucca das, ou verticiladas, ao longo de um caule ou em uma roseta basal,
(Agavaceae) e Crinun (Amaiyllidaceae) e Allium (Alliaceae), simples, inteiras, com venação paralela,em Prosartes e Tricyrtis
como mostrado nos tratamentos familiares (ver Asparagales). com venação reticulada evidente entre as nervuras prim árias,
Embora nosso conhecimento sobre as relações dentro de com frequ ência invaginantes na base; estipulas ausentes. ln-
Liliales tenha avançado muito, a delimitação de algumas fa ¬
florescência geralmente determinada, podendo ser reduzida a
mílias ainda é problemática (ver especialmente as discussões uma única flor, terminal . Flores bissexuais, radiais a modera ¬

sobre Liliaceae, Meianthiaceae e Colchicaceae). Liliales inclui damente bilaterais, ± conspícuas. Tépalas, 6 , livres, imbricadas,
11 famílias e cerca de 1.300 espécies; as principais famílias petalóides , frequentemente com manchas ou linhas. Estames, 6;
são Aistroemeriaceae, Liliaceae, Colchicaceae, Smilacaceae filetes livres; grãos de pólen geralmente monossulcados. Car-
e Meianthiaceae. pelos 3, conatos; ovário síipero, complacentação axial,1 estigma,

Chave para as Principais Famílias de Liliales


;

s 1. Lianas com pares de gavinhas estipulares na base do pecíoio


1. Ervas, n ão lianas, sem gavinhas
Smilacaceae
2
2. Ovário ínfero; folhas geralmente torcidas na base Aistroemeriaceae
2. Ovário súpero; folhas não torcidas na base 3
3. Presença de bulbos 4
! 3. Presença de rizomas ou cormos 6
i ;: 4. Cápsula loculicida; megagametófito do tipo Fritillaria (oosfera, sinérgides e
um núcleo polar haplóide, antípodas e um segundo núcleo polar triplóide) Liliaceae (subfamília Lilioideae)
4. Cápsula septicida ou ventricida; megagametófito do tipo Polygonum (todas as células haplóides) 5
5. Cápsulas cujos carpelos se separam e são deiscentes pelas margens ventrais; flores
geralmente pequenas; tépalas não manchadas; lóculos das anteras confluentes Meianthiaceae
5. Cápsulas septicidas; flores grandes, tépalas às vezes com manchas ou linhas;
lóculos das anteras não confluentes Liliaceae (Calochortus )

6 . Presença de cormos Colchicaceae


6. Presen ça de rizomas 7
r
7. Folhas verticiladas, com venação palmada a paralela e nervuras
secundárias peninérveas; perianto com sépalas e pé talas Meianthiaceae (tribo Parideae)
7. Folhas alternas, com venação ± paralela; perianto de tépalas 8
8. Inflorescê ncias determinadas, geralmente paucifloras e paniculadas, com ramificação cimosa ou reduzidas
a pares de flores ou flores solitárias; flores diminutas a conspícuas; estilete, 1, mas às vezes trífido 9
8. Inflorescências indeterminadas, racemos ou espigas simples ou compostas;
flores ± diminutas; estiletes, 3 Meianthiaceae
9. Estiletes divididos, portanto com 3 estigmas; óvulos ascendentes;
folhas paralelinérveas, mas com as nervuras primárias
frequentemente conectadas por nervuras reticuladas evidentes . . . . Liliaceae (Tricyrtis, Streptopus, Prosartes, etc.)
9. Estilete n ão dividido, portanto estigma no máximo trilobado; óvulos não
ascendentes, folhas paralelinérveas, não claramente reticuladas Colchicaceae (Uvularia, Disporum, etc.)

í ':
258 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Gêneros / espé cies: 16/ 635. Principais g êne ¬


ros: Fritillaria (100 spp.), Gagea (90), Tulipa :i
(80), Lilium (80) e Calochortus (65) . Calochortus,
Clintonia, Erythronium, Fritillaria, Medeola, Pro- ?
sartes, Scoliopus, Streptopus e lilium ocorrem nos :f
'

• A; :

Estados Unidos e / ou no Canadá .


k
-7S fi .V
Importância económica e produtos: Tuli¬
pa (tulipas), Fritillaria, Lilium, Calochortus e
Erythronium sã o importantes plantas orna ¬
% mentais. 4
£
Discussão: Liliaceae, como aqui definida, é
claramente monofilética (Chase et al. 1995a, b), 4
$ embora seja difícil de diagnosticar morfologi ¬
camente (Tamura 1998b). Calochortus , Prosartes, 1
*
7*;
5 Scoliopus , Streptopus e Tricyrtis devem formar .&
um ciado e são ervas com rizomas rasteiros, í '


••
estiletes apicalmente divididos e megagametó -
fito com desenvolvimento do tipo Polygonum (o f
O)
megagametófito se desenvolve a partir de um
único megásporo e o endosperma é triplóide).
Calochortus tem sido colocado em uma família
própria por alguns autores, enquanto os outros
gêneros têm sido considerados como parte de
uma Uvulariaceae heterogénea (Dahlgren et al.
1985) ou como parte de uma Calochortaceae 1?
expandida (Tamura 1998a). No entanto, estes
integrantes de Liliaceae não estão próxima- s
3> mente relacionados com os morfologicamente
semelhantes Uvularia e Disporum (Shinwari et
al. 1994), e estes ltimos são aqui considerados
parte de Colchicaceae. Os gêneros restantes de
Liliaceae constituem Lilioideae, um grande cia- #
íC do caracterizado pela presença de bulbos e raí-
zes contrácteis e de um megagametófito que se
FIGURA 9.15 Liliaceae. Lilium lancifolium: ( A) folha (x 1 ); ( B) gineceu (x 1 ); (C) ová rio desenvolve a partir de quatro megásporos (tipo
em secçã o transversal {x 5 ); (D) planta florida (x 0,3). (Fonte: Hutchinson 1973, The fami - Fritillaria ). A monofilia de cada um destes dois
lies offlowering plants, 3rd ed., p. 755.)
subclados de Liliaceae é sustentada por carac ¬
teres de DNA (Chase et al 1995a, 2000).
3-lobado, ou 3, ± alongado e estendendo-se ao longo da face As conspícuas flores desta família são polinizadas por
-
interna do ramos do estilete. Óvulos numerosos, geralmente insetos, especialmente abelhas, vespas, mariposas e borbo
com 1 tegumento e um megasporângio ± fino; megagametó- letas ; n éctar e / ou pólen sã o empregados como recompensas *'
fito com frequência desenvolvido a partir de 4 megásporos (tipo florais . As sementes sã o dispersas pelo vento ou pela á gua;

Fritillaria ) , com algumas células haplóides e outras triplóides. algumas apresentam estruturas do tipo arilo e são dispersas
Néctar secretado na base das tépalas. Fruto cá psula loculicida ou por formigas. a#
septicida, ocasionalmente baga; sementes achatadas em for ¬ ffj
mato de disco ou globosas, testa não preta; endosperma oleo¬ Colchicaceae A. P. de Candolle
so, de células triplóide ou pentaplóides (Figura 9.15 ) . (Família do Colchicum ) mj
Ervas com cormos ou com estruturas alongadas semelhantes tm
Fó rmula floral: cormos , ou rizomas rasteiros; presen ça de vários alcaloides,
incluindo aqueles do tipo colchicina ( com um anel de tropolonah
* ,T-6-, A6, G@; cápsula, baga e ausência de saponinas esteróides. Pêlos simples. Folhas ai ,$ -
temas e espiraladas, ao longo do caule ou em uma roseta basal |
|
simples, inteiras, com venação paralela, em geral invaginan-
tes na base, ocasionalmente terminadas em uma gavinha . w
;
Distribuição e ecologia: amplamente distribuída, sobretudo
em regiões temperadas do Hemisf ério Norte; florindo princi ¬ estipulas ausentes. Inflorescência determinada ou indeter - «
palmente na primavera em pradarias, ambientes montanho¬ minada, às vezes reduzidas a uma ú nica flor, terminal ou
sos e abertos. axilar. Flores bissexuais , radiais, e conspícuas. Té palas, 6 , livres p
SISTEMáTICA VEGETAL 259

a conatas, em formato de U e envolvendo cada estame, Smilacaceae Ventenat


quando em botão, imbricadas, petalóides, freqiientemente (Família da japecanga ou salsapanilha)
variegadas, manchadas ou com a região basal diferentemente
colorida do resto. Estames, 6 ; filetes livres, às vezes adnatos Lianas ou ocasionalmente ervas eretas, muitas vezes com
às t épalas; grãos de pólen monossulcados a 2 ou 4-sulca - rizomas engrossados e tuberosos; presença de saponinas este-
dos ou foraminados. Carpelos 3, conatos; ovário sú pero, com róides. Pêlos simples; acúleos geralmente presentes. Folhas
placentação axial; 3 estigmas, truncados a alongados. Óvulos alternas e espiraladas, simples, inteiras a serrado-espinhosas,
numerosos, com 1 ou 2 tegumentos e 1 megasporângio ± diferenciadas em pecí olo e lâmina, com venação palma¬
fino. Néctar secretado na base das tépalas ou dos estames. Fruto da, com a nervuras primárias convergindo e claramente
cá psula loculicida ou septicida (ou baga); sementes ± angu ¬ conectadas por um retículo de nervuras de outra ordem,
losas a globosas, às vezes ariladas, a testa sem pigmentaçã o com um par de gavinhas próximas da base do pecíolo. In-
preta; endosperma oleoso. florescências determinadas, umbeladas, terminais ou axila ¬

res. Flores unissexuais (plantas dióicas), radiais e incons-


í pícuas. Tépalas, 6 , livres a ligeiramente conatas, imbricadas.
Fórmula floral: Estames, geralmente 6; filetes livres a ligeiramente conatos;
anteras geralmente uniloculares devido a confluência dos 2
* , T>6-), A6 , G(3), cápsula lóculos; grãos de pólen monossulcados ou ± sem aberturas,
exina com pequenos espinhos. Carpelos 3, conatos; ovário
k súpero; em geral com placentação axial; estigmas 3, ± alonga ¬

dos. Óvulos, 1 ou 2 em cada lóculo, anátropos a ortótropos.


í Distribuição e ecologia: amplamente distribuídas em re
giões temperadas a tropicais da América do Norte, África,
¬

Néctar secretado na base das tépalas e dos estames. Fruto


Europa, Ásia, Austrália e Nova Zelândia; especialmente ca- baga com 1-3 sementes; sementes + globosas, sem pigmen ¬

tação preta (Figura 9.16) .


racterísticas de climas mediterrâneos (sazonais).
G ê neros / espé cies: 18/ 225. Principais gêneros: Colchi -
Fórmula floral:
cum (90 spp ), Wurmbea (40), Androcymbium (40), iphigenia
(15) e Disporum (15) . Nos Estados Unidos, Uvularia é nativo, Flor estaminada: \Tu £-), A6 , G0
enquanto Colchicum e Gloriosa são naturalizados.
Flor carpelada: *,T 6-), A0, G( 3); baga
Importância económica e produtos: Colchicum e Gloriosa
são importantes plantas ornamentais. Muitos gêneros são
utilizados na medicina por causa de seus alcaloides altamen ¬ Distribuição: amplamente distribuídas em regiões tropicais
te t óxicos. O alcaloide colchicina é bem conhecido por seu a temperadas.
efeito antknitótico; por induzir a duplicação do n mero cro-
mossômico, a colchicina é muito utilizada, pois promove a Gênero / espé cies: 1/310. Gênero: Smilax (310 spp.), que
poliploidia em plantas cultivadas. ocorre nos Estados Unidos e no Canadá.

Discussão: a monofilia de Colchicaceae, como aqui delimi ¬ Importância econó mica e produtos: muitas espécies de
tada, é sustentada por caracteres moleculares (Chase et al. Smilax são utilizadas na medicina; o gênero também é a fonte
1995a, 2000; Rudall et al. 2000a) e morfológicos (tépalas em do saborizante da salsaparrilha. Caules jovens, bagas e tubér ¬

forma de U, que envolvem cada estame no botão). Os gê ¬ culos são ocasionalmente consumidos.
neros Uvularia, Disporum, Tripladenia e Schelhammera foram
outrora incluídos em uma Uvulariaceae n ão-monofilética Discussão: a monofilia de Smilacaceae, uma família distinta
(ver Dahlgren et al. 1985), mas eles constituem um agru ¬ contendo somente o gênero Smilax, é sustentada por dados
pamento parafilético em rela ção ao resto das Colchicaceae, morfológicos e moleculares (Judd 1998; Cameron e Fu 2006).
que constituem um ciado bem sustentado diagnosticado por A família deve ser proximamente relacionada a Rhipogonace-
seus cormos ou estruturas alongadas semelhantes a cormos ae, Philesiaceae e Liliaceae (Chase et al. 1995a, 2006; Conran
e alcaloides do tipo colchicina com um anel de tropolona 1998; Fay et al 2006; Rudall et al. 2000a). Embora semelhante
(Nordenstam 1998; Vinnersten e Reeves 2003) . Todos os in ¬ a Dioscoreaceae (Dahlgren et al. 1985), que també m apresen ¬
tegrantes de Colchicaceae diferem das Lilioideae por apre ¬ ta porte do tipo liana e folhas reticuladas, caracteres morfoló¬

sentarem um tipo normal (Poiygonum) de desenvolvimento gicos (Conran 1989) e sequências de DNA (Chase et al. 1993,
do megagametófito. 1995a. 2000; Soltis et al. 2000) sustentam a inclusão de Smi ¬

As conspícuas flores de Colchicaceae são polinizadas por lacaceae nas Liliales. A família foi outrora mais amplamente
insetos (abelhas, vespas, moscas, borboletas e mariposas); definida (Cronquist 1981), incluindo gêneros como Luzuriaga
néctar e /ou pólen funcionam como recompensas florais. Com e Petermannia , mas a inclusão de tais gêneros tomaria Smila ¬

frequ ência, as sementes carecem de adaptações claras para a caceae parafilé tica (Chase et al. 1995a, 2006; Fay et al . 2006;
dispersão; algumas apresentam arilo ou estruturas arilóides e Rudall et al. 2000a) . O hábito ereto é uma condição derivada
devem ser dispersas por aves ou formigas. e evoluiu mais de uma vez dentro de Smilax (Fu et al. 2005), e
S. aspera é provavelmente o grupo- irm ão das demais espécies
Referência adicional: Wildman and Pursey, 1968. (Cameron e Fu 2006) .
1
260 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.16 Smilacaceae. Smilax herbacea: (A) parte terminal do


caule em desenvolvimento com folhas e inflorescências em formação
(x 0,3); (B) nó com folha com duas gavinhas, infloresc ência estaminada
jovem e ramo vegetativo (x 0,6); (C) inflorescência estaminada, umbe-
lada (x 1,25); (D) flor estaminada (x 7,5); (E) flor carpelada, observe os
estaminódios (x 7,5); (F) gineceu em secção longitudinal (x 15); (G, H)
gineceu em secção transversal (x 7,5); (I) infrutesc ència (x 0,6); (J) baga
o .
-a
*
em sec ção transversal com três sementes, uma por ióculo, o endos-
perma em destaque (x 2,5); (K) semente (x 3); (L) semente mostrando N 1
o embrião diminuto, endosperma em destaque (x 6,25). (Fonte: Judd
1998, Harvard Pap. Bot. 3 ( 2): p. 162.)

As pequenas flores de Smilacaceae sã o polinizadas por taxa afins), simples, inteiras, com venação paralela (porém ± jpq
insetos (abelhas e moscas) . Os frutos são dispersos por aves. palmada, com as nervuras primárias convergindo, nervuras W 1
secundárias pinadas e nervuras de ordens maiores formando X/j
Melanthiaceae Batsch ex Borkh um retículo, em Trillium e taxa afins), invaginantes na base;
estipulas ausentes. Inflorescências indeterminadas, terminais jjFj
(Família do Zigadenus ) ou reduzidas a uma única flor em Trillium e gêneros próxi- ;

Ervas pequenas a alongadas, rizomas finos a bulbosos ou tu- mos. Flores geralmente bissexuais e radiais, pequenas a gran-
* ;
berosos; os feixes vasculares do caule às vezes dispostos em des. Tépalas, 6 , livres a lígeiramente conatas, imbricadas (em w
3 anéis (Trillium e taxa afins); raízes às vezes contráteis; em Trillium diferenciadas em c álice e corola com 3 ou 4 sépalas e
geral com saponinas esteróides e v ários tipos de alcaloides tóxi ¬ pétalas livres) . Estames, 6 ou 8 (raramente numerosos); filetes £
cos . Pêlos simples. Folhas alternas e espiraladas, ao longo do livres; anteras somente biloculares, os lóculos às vezes conflui
caule ou em roseta basal (ou verticiladas e no mesmo n mero fes, deiscentes por uma única abertura, resultando em uma apf js
que as peças penânticas mais externas, como em Trillium e rência peitada , grãos de pólen monossulcados e sem aberturas
Js .
SISTEMáTICA VEGETAL 261

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FIGURA 9.17 Melanthiaceae. Schoenocaulon officinale: (A) folha e in- -. . .


.
(G J ) Tépalas externas, vista adaxial (x 12): (G) S dubium; ( H ) S. offí cinale;
(I ) S yucatanense; (J ) S texanum ( K) estrutura do alcal óide veratridina.
florescê ncia em espiga (x 0,5); (B) bulbo com fibras escuras (x 0,5).S. du-
bium: (C) flor séssil (x 7,5); (D) cápsula ventricida (x 4); (E) semente apen- (Fonte: Zomlefer et al. 2006b, Figura 2.)
diculada (x 6). (F) S. texanum: cromossomos meióticos, n = 8 (x 2.000).

Carpelos, 3-10, conatos; ovário súpero a ligeiramente ínfero, tes ou na base das peças periânticas. Fruto cá psula ventricida
com piacentação axial; estiletes, geralmente 3, livres; estig¬ (os carpelos se separam e suas margens ventrais també m se
mas 3, ± alongados. Óvulos, 2 a numerosos em cada lóculo; separam para liberar as sementes), cá psula loculicida, cá psula
megagamet ófito formado a partir de um (tipo Polygonum ) ou carnosa, ou baga; sementes achatadas a globosas, às vezes ala ¬

dois (tipo Allium ) núcleos do megásporo. Nectários ausen ¬ das ou apendiculadas, sem pigmentação negra (Figura 9.17).
tv
262 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

reconhecimento. Esses três gêneros são caracterizados por


Fó rmula floral: suas folhas verticiladas, com venação palmado-reticulada,
flores solitárias com perianto diferenciado em cálice e corola
*, T 6-)[ou K3-8, C3-8], A6-16, G(3 8); cápsula, baga e frutos do tipo c á psulas camosas ou bagas - todas prova ¬
velmente sinapomorfias. O complemento cromossômico ha -
plóide nesses gêneros consiste em 5 grandes cromossomos,
Distribuição e ecologia: amplamente distribuída em há bi- e esta condição deve ser outra sinapomorfia. Chionographis,
tats temperados ou montanhosos; tipicamente em comuni ¬ Chamaelirium e Xerophyllum representam linhagens isoladas
dades herbáceas. dentro da família.
-
Pseudotrillium nivale deve ser o grupo irmão do ciado
G êneros/ espé cies: 14/168. Principais g êneros: Veratrum formado por Paris + Trillium, e Pseudotrillium é notável peia
-
(45 spp.), Trillium (41), Paris (26), Schoenocaulon (24), Toxicos pétalas manchadas. Paris geralmente apresenta flores 4 a
cordion (10) eAnticlea (10).Todos os gêneros supracitados (ex¬ 11- meras com pétalas estreitas, enquanto Trilium apresenta
ceto Paris ) , junto com Amianthium, Chamaelirium, Helonias , flores 3-meras com pétalas largas (Farmer e Schilling 2002).
Pseudotrillium, Stenanthium, Xerophyllum e Zigadenus, ocor¬ Dois grandes subgêneros são tradicionalmente reconhecidos
rem nos Estados Unidos e/ou no Canadá. dentro de Trillium: subg. Trillium com flores pediceladas e
subg. Phyllantherum com flores sésseis. A condição pedicela -
Importância económica e produtos: alguns poucos gêne ¬ da é plesiomórfica, o que coloca a monofilia do subg. Trillium
ros, especialmente Trillium e Veratrum, são utilizados como em questão. Análises cladísticas baseadas em DNA (Kato et
al. 1995a,b) e morfologia (Kawano e Kato 1995) também in ¬

ornamentais; muitos gê neros apresentam uso medicinal ou


inseticida (devido à presença de alcaloides venenosos). As fo¬ dicam que o subg. Trillium é parafilético e o subg. Phyllanthe¬
lhas de Xerophyllum são utilizadas para fazer cestas. rum é monoíilético.
As pequenas flores de Melanthiaceae são polinizadas por
Discussão: a monofilia de Melanthiaceae, incluindo
coleópteros, abelhas e moscas (e talvez também pelo vento).
As pequenas sementes são provavelmente dispersas pelo
Trillium, Paris e Pseudotrillium, é bem sustentada por carac
¬

vento, mas a dispersã o por formigas é caracteírstica das espé


teres de DNA (Chase et al. 1993, 1995a, b, 2000; Rudall et al.
¬

cies de Trillium com sementes ariladas, enquanto as espécies


2000a, Zomlefer et al. 2001, 2006a), mesmo quando a família
nã o é facilmente reconhecida (ver descrição). No passado, com bagas coloridas devem ser dispersas por aves.
os gêneros hoje inclusos em Tofieldiaceae e Nartheciaceae Tamura 1998c,d.

!
Referência adicional:
foram incluídos em uma Melanthiaceae morfologicamente
heterogénea, enquanto Trillium e taxa afins foram excluídos
(como Triliaceae; ver Dahlgren et al . 1985; Zomlefer 1996); Asparagaies
no entanto, estudos fenéticos e cladísticos confirmam a hete
¬

A monofilia de Asparagaies é sustentada por análises cia -


'

rogeneidade desta tradicional circunscrição (Ambrose 1980; dísticas baseadas em morfologia, 18S rDNA e muitas se
¬

Goldblatt 1995). Portanto, aqui, a família exclui Narthecia ¬ quências de DNA (Chase et al. 1995a,b, 2000, 2006; Conran
ceae e Tofieldiaceae, que não são proximamente relaciona ¬ 1989; Davis et al. 2004; Fay et al. 2000; Graham et al. 2006;
das com os outros taxa desta família (Zomlefer 1997a,b,c).
Hilu et al. 2003; Kàllersjõ et al. 1998; McPherson e Graham *
Tofieldiaceae (p. ex., Tofieldia e Harperocallis, de Alismatales ) 2001; Pires et al 2006; Rudall et al. 1997; Soltis et al. 2000; J
pode ser separada de Melanthiaceae (como aqui circunscri ¬ Stevenson et al. 2000). Dentre os caracteres que sustentam j
ta) pelas folhas dísticas e equitantes, pólen 2-sulcado, pre ¬
a ordem, incluem -se as caracteírsticas sementes, que apre- i
sença de drusas nos tecidos parenquimatosos e ovário esti-
sentam a epiderme da testa obliterada (na maioria das espé- í
pitado. Nartheciaceae (p. ex., Aletris, Narthecium e Lophiola
cies com fruto carnoso), ou apresentam uma testa com uma
de Dioscoreales) apresenta raízes incomuns com espaços de
crosta preta e carbonácea de fitomelano na maior parte das |
ar no córtex, estilete nico e cápsulas loculicidas; algumas
também apresentam folhas dísticas e equitantes. Essas duas espécies com fruto seco. A parte interna da testa costuma se I
apresentar totalmente colapsada. Em contraste, as sementes- <
famílias tamb ém carecem dos alcaloides do tipo Veratrum e §;
das morfologicamente semelhantes Liliales sempre apre
das sementes achatadas a aladas caracteírsticas da maioria de fi-
das espécies de Melanthiaceae.
sentam epiderme da testa bem desenvolvida, carecem
A maioria dos integrantes da família pertence à cla
¬ tomelano e, em geral, retêm uma estrutura celular na região -f
interna da testa. Asparagaies também pode ser diferenciada |
ramente monoíilética e morfologicamente distinta tribo
Melanthieae, ou seja, Amianthium, Anticlea, Toxicoscordion, de Liliales pelas tépalas não- manchadas, nectários nos sep - |
, «
Schoenocaulon, Stenanthium, Veratrum e Zigadenus , um gru
¬ tos do ovário (em vez de na base das tépalas ou estames) e
ário anómalo (vs. ausência de
po caracterizado por inflorescências com flores bissexuais às vezes, crescimento secund
ou bissexuais e estaminadas, nectários próximos da base crescimento secundário).
A ordem consiste em 14- 25 famílias e cerca de 26.800 es
¬

das tépalas, lóculos das anteras apicalmente confluentes, ,


deiscentes por uma única abertura e resultando em uma pécies; as principais famílias são Orchidaceae, Hypoxidaceae,
aparência peitada, cápsula ventricida e presença de alcaloi Iridaceceae, Amaryllidaceae, Alliaceae, Hyacinthaceae
des do tipo veratrum (Zomlefer et al. 2001). Trillium, Paris
¬

Laxmanniaceae, Agavaceae, Asparagaceae, Convallariace -


e Pseudotrillium constituem Parideae, outra tribo de fácil ae, Asphodelaceae e Hemerocallidaceae.
SISTEMáTICA VEGETAL 263

? Q

M r
i
m

5i Agave sp.: flor, frutos


e sementes

Asparagales: Amaryilidaceae Asparagales: Agavaceae Asparagales: Iridaceae


Galanthus nivalis: flor Agave americana: planta em flor Gladiolus sp.: flores
(secção longitudinal; ovário ínfero) (3 estames)

(E)
- '

j -
i
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~
OJ X
Asufl
mudlagem no
interior da folha
Asparagales: AUiaceae
Asparagales: Aspholdelaceae AUiurn christophii: flores (ovário súpero)
Aloe vera: folhas e inflorescênda

CP)

n v

. A

4

* :

. .
%

% Asparagales: Orchidaceae
Asparagales: Ruscaceae Onádium sphaceiatum: flores Asparagales: Ruscaceae
Maianthemum canadense: Sansevieria trifasáata:
hábito; planta com frutos PRANCHA 9.4 Monocotiledôneas planta em flor
Asparagales
264 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE
T
Chave para as Principais Famílias de Asparagales

1. Ovário ínfero 2
1. Ovário supero 6
2. Estantes adnatos ao estilete, geralmente 1 ou 2; 1 peça periântica muito modificada
f
formando o labelo; sementes sem endosperma; placenta ção geralmente parietal Orchidaceae
2. Estames não adnatos ao estilete, geralmente 3 ou 6; todas as peças periânticas semelhantes ou as 3 mais
externas ± diferenciadas das 3 mais internas; sementes com endosperma; placentação geralmente axial
3. Estames 3; folhas equitantes; testa sem pigmentação preta, com estruturh celular
3. Estames, 6; folhas não equitantes; testa com epiderme obliterada, ou
presença de testa com uma crosta preta
4. Inflorescências em escapo, umbeladas (ou reduzida a uma flor solitária );
3
Iridaceae

4
!
plantas bulbosas com raízes contráteis Amaryllidaceae t
4. Inflorescências paniculadas, racemosas, fasciculadas, ou reduzida a uma flor solitária, geralmente

|
não escaposas; plantas rizomatosas ou cormosas, com raízes contráteis ou não 5
5. Plantas com rosetas de folhas carnosas e fibrosas; cariótipo dim órfico ,
com 5 cromossomos grandes e 25 pequenos; nectários nos septos do ovário;
raízes não contráteis Agavaceae (Agavoideae)

5. Plantas não-suculentas, folhas finas e não marcadamente fibrosas;


Hypoxidaceae
!
cariótipo não dimórfico; nectários ausentes; raízes geralmente contráteis
6. Fruto carnoso, baga
6. Fruto seco, duro ou coriáceo, geralmente cápsula ou do tipo noz e triangular
7
8
1
7. Folhas geralmente rudimentares na forma de pequenas escamas,
plantas com cladódios verdes, cilíndricos a achatados; sementes pretas Asparagaceae
7. Folhas geralmente ± grandes e fotossintéticas, caules cilíndricos, verdes a marrons, porém
não sendo o principal órgão fotossintético da planta; sementes não pretas Ruscaceae
(vários gêneros herbáceos junto com
plantas ± lenhosas, p. ex., Dracaeneae)
8. Sementes não pretas; células-guarda ricas em óleos; frutos secos,
triangulares e do tipo noz Ruscaceae (Nolineae)
8. Sementes pretas (com fitomelano); células-guarda sem óleos; frutos variados,
mas geralmente cápsulas e nunca dos tipos supracitados 9
9. Plantas bulbosas; infiorescência em escapo (no topo de um entrenó alongado) 10
9. Plantas rizomatosas; infiorescência geralmente não escaposa 11
10. Infiorescência em umbela; plantas geralmente com cheiro de alho ou cebola Alliaceae
10. Infiorescência com um eixo; plantas sem cheiro de alho ou cebola Hyací nthaceae
11. Plantas com caule lenhoso (ou rizoma) e folhas fortemente fibrosas; anteras pequenas
em relação aos filetes; cromossomos dimórficos (5 grandes e 25 pequenos) Agavaceae (Yuccoideae)

11. Plantas com ou sem caule lenhoso; folhas não fortemente fibrosas; anteras não pequenas;
cromossomos mais uniformes em tamanho 12
12. Pólen monossulcado; inflorescências indeterminadas formando racemos ou espigas simples
ou compostas; sementes geralmente ariladas; folhas geralmente suculentas, com frequê ncia
com uma conspícua região central gelatinosa, e freqiientemente com seiva colorida produzida
por células especializadas associadas com os feixes vasculares das folhas; filetes
não adnatos às tépalas Asphodelaceae
12. Pólen tricotomossulcado, com abertura em forma deY; ou, se monossulcado, então as
inflorescências determinadas formando cimas escorpióides; sementes não ariladas; folhas
finas, sem área gelatinosa e sem seiva colorida; filetes ± adnatos às tépalas Hemerocallidaceae
(inclui Phormiaceae e Johnsoniaceae)
SISTEMáTICA VEGETAL 265
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Asparagaceae s.L Alliaceae s.l. Xanthorrhoeaceae s.l .
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Frutos
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Bulbo
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indeiscentes < « Escapo
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à J (bagas) Inflorescência 'Antraquinonas Perda do
-
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Formato
fitomelano (? )

I Micosporogênese
sucessiva
do embrião

N mero = número de estames Ovário supero


I = Ovário ínfero
m S = Ovário supero
= Tradicionalmente incluída em Liliaceae
O = Tradicionalmente incluída em Amaiyllidaceae
Fitomelano
Região interna da
testa ± colapsada
FIGURA 9.18 Cladograma mostrando as rela ções hipotéticas dentro Microsporogênese simultânea
. .
de Asparagales (Modificada de Soltis et al 2005 ). Ovário ínfero

As relações dentro de Asparagales têm sido investigadas bulbos, inflorescências umbeladas com brácteas espatáceas
por Dahlgren e colaboradores (1985), Rudall e Cutler (1995), sobre longos escapos, e també m sequências de cpDNA (Fay
Chase e colaboradores (1995a, b, 1996); Stevenson e Loconte et al. 2000). Ruscaceae e Asparagaceae devem estar relacio¬
(1995), Rudall e colaboradores (1997a, b), Fay e colaboradores nadas, fato talvez evidenciado pela presença em comum de
(2000), McPherson e Graham (2001), Graham e colaborado ¬ frutos carnosos e indeiscentes; tal relação recebe apoio preli ¬

res (2006) e Pires e colaboradores (2006) . Um agrupamento minar de algumas análises de sequências de DNA (Chase et
parafilético que inclui famílias como Orchidaceae, Hypoxi- al 1995a,b, 1996, 2000; Fay et al. 2000) . Por fim, Themidaceae,
i daceae, Iridaceae, Asphodelaceae e Hemerocallidaceae é ca- Hyacinthaceae e Agavaceae formam um ciado (ver Fay et al.
racterizado pela presença de microsporogênese simultânea 2000), embora a caracterização morfológica n ão seja clara.
(todos os quatro micrósporos se separam ao mesmo tempo Este ciado é aparentemente o grupo-irmão de uma dado for ¬

após completar ambas as divisões meióticas). Dentro desse mado por Ruscaceae + Asparagaceae + Laxmanniaceae.
agrupamento, um ciado contendo Alliaceae, Amaiyllidaceae, A delimitação de algumas famílias ainda nã o está clara e
Hyacinthaceae, Agavaceae, Asparagaceae e Ruscaceae apre ¬ alguns botânicos tê m proposto que muitas das famílias aqui
senta microsporogê nese sucessiva (Figura 9.18). Em tais famí¬ reconhecidas sejam combinadas. Como não existem crité ¬

lias, uma placa celular é formada logo após a primeira divisão rios absolutos para determinar hierarquias (ver Capítulo 3 e
meiótica e uma segunda placa é formada em cada célula-filha Apêndice 1), esta é realmente uma decisão taxonômica arbi ¬
após a segunda divisão meiótica (Dahlgren e Clifford 1982) . trária, embora fatores como facilidade de reconhecimento e
Se a filogenia que hoje conhecemos se mantiver, temos aqui suporte para a monofilia de cada grupo devessem ser con ¬

uma situação paradoxal e evolutivamente fascinante. Muitas siderados. Este último, é claro, é vital. O reconhecimento de
das Asparagales basais apresentam um padrão de micros¬ grupos monofilé ticos internos e a determinação dos seus ca ¬

porogênese apomórfico (dentre as Monocotiledôneas), bem racteres diagnósticos são os pontos mais importantes. Quais
como ovário ínfero, que é também uma apomorfia. O padrão destes grupos deveriam ser considerados "famílias" e quais
de microsporogênese e a posição do ovário na maioria das deveriam ser reconhecidos como "subfamílias", etc. apresenta
f Asparagales superiores são como aqueles das monocotile ¬
menor importância. Assim, alguns botânicos tratam Alliaceae,
dôneas mais basais! Amaryllidaceae e Agapanthaceae, que juntas constituem um
Orchidaceae e Hypoxidaceae estão entre os primeiros ciado bem sustentado, como uma única família: Alliaceae s.l.
ciados divergentes de Asparagales. Hemerocallidaceae é pró ¬ Como discutido acima (ver també m os tratamentos das famí ¬
xima de Asphodelaceae e Xanthorrhoeaceae, e todas as três lias), o fato de os três grupos serem proximamente relaciona ¬
famílias apresentam antraquinonas e piântula com cotilédone dos está além de qualquer dúvida, e é uma decisão arbitrária
não-fotossinté tico. Alliaceae, Amaryllidaceae e Agapantha- considerá-las tanto como três famílias proximamente relacio ¬
fr
ceae devem formar um ciado, diagnosticado por apresentar nadas quanto como três dados dentro de uma família mais
¥
266 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

amplamente circunscrita. Do mesmo modo, alguns botânicos Distribuiçã o e ecologia: amplamente distribuída no Velho
combinam Xanthorrhoeaceae, Asphodelaceae e Hemerocalli- Mundo, desde a Europa e África até o Leste da Ásia, Malásia
daceae, reconhecendo-as como três ciados dentro de uma e Austrália { Asparagus), é disjunta no México (Hemiphylacus) .
Xanthorrhoeaceae amplamente circunscrita. Por fim, tem -se A família é característica de regiões de climas áridos a medi-
sugerido (ver Angiosperm Phylogeny Group 2002) que Aga- terrâneos.
vaceae, Asparagaceae, Hyacinthaceae, Ruscaceae, Themida-
ceae e algumas outras poucas e pequenas famílias possam ser Gêneros / espé cies: 2/305. Principais gê neros: Asparagus '

1
combinadas, resultando em uma Asparagaceae s.l. (300 spp.) . A família está representada no Estados Unidos e
Quando utilizar os tratamentos das famílias fornecidos no Canadá por apenas quatro espé cies naturalizadas de As¬
neste texto, lembre- se que representam ciados. Na sua aula paragus.
de sistemática lhe será requerido que conheça o nome e os
caracteres diagnósticos de cada um desses grupos, somen ¬
Importância económica e produtos: os ramos jovens de
te de alguns deles ou de subgrupos deles, ou seu professor Asparagus officinalis são consumidos como legumes. Nu ¬

poderá focar- se em ciados mais abrangentes, tais como os merosas espécies de Asparagus são utilizadas na medicina;
grupos discutidos acima. Os ciados dentro de Asparagales muitas são ornamentais, como por exemplo, A. aethiopicus
considerados neste livro (ver Chave para Asparagales) podem e A setaceus.
ser tratados como (1) Asparagaceae, Ruscaceae, Asphodela ¬
ceae, Hemerocallidaceae, Agavaceae, Hyacinthaceae, Alliace - Discussão: a monofilia de Asparagaceae é sustentada por £
ae, Amaryllidaceae, Iridaceae, Hypoxidaceae e Orchidaceae alguns poucos caracteres embriológicos, isto é, o megaga -
(num total de 11 famílias); ou como (2) Asparagaceae s.l., metóíito é curvo-assimétrico, o que se acentua durante o A
Alliaceae s.l., Xanthorrhoeaceae sl, Iridaceae, Hypoxidaceae desenvolvimento, e o óvulo apresenta epiderme nucelar
e Orchidaceae (num total de 6 fam ílias). Uma situação seme ¬ persistente de células largas e ricas em citoplasma (Rudall '

lhante - como consequência de uma falta de consenso na co ¬ et al. 1998) . A maior parte das espé cies pertence ao gêne ¬
munidade botânica sobre o número de ciados significativos ro Asparagus, um ciado diagnosticado por muitas e distintas
- acontece também em muitas outras ordens, especialmente especializações morfoló gicas (folhas reduzidas às escamas
Liliales, Malpighiales, Comales, Lamiales e Dípsacales. não-fotossintéticas que levam nas axilas filocládios solitários
Referências adicionais: Huber 1977; Judd 2000; Tomlinson and
ou agrupados, estes cilíndricos a achatados e frutos bacáce-
os). An álises íilogenéticas baseadas em DNA (Chase et al. 5
Zimmerman 1969; Zomlefer 1998.
1995a, 1996; Fay et al. 2000; Rudall et al. 1997a, b) também
sustentam a monofilia de Asparagaceae (incluindo Aspara- fl
Asparagaceae A. L. de Jussieu gus e Hemiphylacus ). Jj
(Família do aspargo) Os órgãos fotossintéticos e achatados de Asparagus têm U
sido objeto de muito estudo e de grande controvérsia (ver
Ervas rizomatosas a arbustos, ou lianas; caules lenhosos pe¬ Judd 2002; Kubitzki e Rudall 1998); no entanto, a maioria dos
renes ou anuais, geralmente verdes, aqueles assoàados com fo¬ autores os consideram caules achatados, um ponto de vista
lhas reduzidas a escamas formam filocládios foliáceos, ou caules aqui aceito. É notável que ramos fotossintéticos semelhan ¬
reduzidos; presença de saponinas esteróides e óleos aro ¬
tes tenham evoluído independentemente em Ruscus e outros
máticos. Pêlos simples. Folhas alternas e espiraladas, simples, taxa afins de Ruscaceae. Certamente, Ruscaceae e Asparaga-
'

inteiras, geralmente reduzidas, ± escamiformes, com uma espora ceae estã o proximamente relacionadas.
espinhosa na base, venação inconspícua; estipulas ausentes. As flores de Asparagus são polinizadas por abelhas e co- j
Inflorescê ncias determinadas, às vezes reduzidas a uma ni ¬
leópteros variados; os frutos, geralmente vermelhos, azuis ou
ca flor, axilares. Flores bissexuais ou unissexuais (plantas mo- pretos, são dispersos por aves. í
nóicas ou dióicas), radiais, geralmente pequenas. Tépalas, 6 , ±
livres , petalóides, imbricadas. Estames , geralmente 6, represen
tados por estaminódios nas flores carpeladas; filetes livres a
¬

Ruscaceae M. Roemer I
conatos adnatos às tépalas; grãos de p ólen monossulcados. (Família da dracena)
Carpelos, 3, conatos, ovário supero, com placentação axial, estig
¬

Ervas rizomatosas a árvores; caules às vezes com cresci¬


ma, geralmente 1, capitado a 3-lobado. Nectários nos septos mento secundário anómalo, às vezes com canais resinífero,
do ová rio. Óvulos, 1 a muitos em cada lóculo, anátropos a ocasionalmente achatados e fotossint éticos (filoclá dios);
± ortótropos; megagametófito curvo-assimé trico . Fruto ge¬ presen ça de saponinas esteróides. Pêlos simples. Folhas ge- ,aF
ralmente baga com poucas sementes; sementes angulosas a ± ralmente alternas e espiraladas, ao longo do caule ou em 4y
globosas, testa com fitomelano (crosta preta) e camadas mais roseta basal, simples, inteiras, com venação paralela , ocasio-
internas colapsadas. nalmente pecioladas, invaginantes na base; estipulas ausen -
tes. Inflorescências determinadas, às vezes reduzidas a uma
Jt
nica flor, terminais ou axilares. Flores bissexuais, radiais, em V
Fó rmula floral: -
geral pequenas. Té palas, (4 ) 6, livres, ou mais comumente corta | |
x-
* , T- 6 6 I, G(3) cápsula
, A{y tas e perianto urceolado campanulado
a ou em forma de roda |
j
,
' . petalóides, não manchadas , imbricadas. Estames, (4 ) 6 ; filetes M
livres ou ocasionalmente conatos, com frequência adnatos
SISTEMáTICA VEGETAL 267

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FIGURA 9.19 Ftuscaceae. Maianthemum racemosum: (A) planta com (I) flor ( x 12); (J) baga (x 3,5); ( K) baga em secção transversal, com dois
rizoma (x 0,3); (B) flor (x 12); (C) ovário em sec çã o transversal (x 18); óvulos abortivos no lóculo esquerdo e uma única semente com em-
(D) baga (x 3,5); (E) baga em secção transversal, embrião no centro do briã o desenvolvido à direita (endosperma em destaque) (x 3,5 ); (L)
endosperma (em destaque) de cada semente ( x 3,5); (F,G) embrião e embriões gêmeos de uma única semente (x 12). (Fonte: Judd 2003,
embriã o duplo (x 12). M. canadense: (H) rizoma e caule florido (x 6); Han/ ardPap. Bot. 7(2): p.131.)

às t épalas; gr ãos de pólen monossulcados ou sem abertura.

p
p do ovário. Óvulos, 2 a muitos pot lóculo, anáttopos ottótro-
pos. Fruto geralmente baga com poucas sementes ; sementes ±
globosas, testa com epiderme externa sem estrutura celular,
.
Carpelos, ( 2 ) 3, conatos ; ovário geralmente sú pero, com placenta-
Ção axtal ; 1 estigma, captado a 3 -lobado. Nectários nos septos
Fórmula floral:
. T \ ,, G@; ,
* ~'

, .

e sem fitomelano (crosta preta), e camadas internas colap -


| A sadas (Figura 9.19).

1 '

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268 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Distribuição e ecologia: amplamente distribuída em regiões aéreo. Estas ervas foliáceas, junto com outras, como Con-
temperadas a tropicais; as espécies herbáceas com frequência vallaria e Aspidistra, tê m sido frequentemente incluídas em
ocorrem em sub- bosque de florestas úmidas, e as lenhosas, Convallariaceae .
em regiões áridas. As pequenas flores da maioria das Ruscaceae são poli¬
nizadas por insetos, especialmente abelhas e vespas, que
Gênero / espé cies: 28/500. Principais gêneros: Draca - coletam néctar ou pólen. As bagas coloridas geralmente são
ena (80 spp.), Polygonatum (50), Sansevieria (50), Maianthe- dispersas por aves. Os frutos secos e angulosos de Nolina e
murtt (33), Ophiopogon (30) e Nolina (25). A família é repre ¬ taxa afins são dispersos pelo vento.
sentada nos Estados Unidos e/ou no Canadá pelos gêneros Referências adicionais: Bogler 1998; Bos 1998; Conran and
Conmllaria, Maianthemum, Polygonatum, Nolina, Dasylirion e Tamura 1998.
Sansevieria.

Import ância económica e produtos: muitos gêneros, in ¬ Agavaceae Dumortier


cluindo Aspidistra, Convallaria, Dracaena (dracena), Liriope, (Família da yuca e do agave)
Maianthemum ( Prancha 9.4F), Polygonatum, Ophiopogon e Geralmente grandes ervas em roseta, árvores ou arbustos, rizo-
Sansevieria (espada-de-são- jorge; Prancha 9.4H) são utiliza ¬

matosos; caules com crescimento secundário anómalo; presença


dos como plantas ornamentais. de cristais de oxalato de cálcio semelhantes a raf ídeos; pre ¬
senç a de saponinas esteróides. Pêlos simples. Folhas alternas
Discussão: Ruscaceae é aqui amplamente circunscrita, in ¬ e espiraladas, em rosetas, na base ou no ápice dos ramos, simples,
cluindo Convallariaceae, Nolinaceae e Dracaenaceae, tal geralmente suculentas, inteiras a serrado -espinhosas e geral¬
como sugerido por Chase et al. (1995a, 1996, 2000), Rudall et mente com espinho agudo no á pice, com venação paralela, os fei¬
al. (2000b), Fay et al. (2000) e Judd (2003). A monofflia da fa ¬ xes vasculares freqiientemente associados com fibras rígidas e gros¬
mília é sustentada por caracteres de DNA (Chase et al. 1995a, sas, invaginantes na base; estipulas ausentes. Inflorescèncias
2000; Bogler e Simpson 1995, 1996; Rudall et al. 1997a,b, determinadas, em geral paniculadas, terminais. Flores muitas
2000b; Yamashita e Tamura 2000; Fay et al. 2000) e pela falta vezes bissexuais, radiais a ligeiramente bilaterais, frequente -
de fitomelano nas sementes. Ruscaceae s.l. é o grupo-irm ã o mente vistosas. Té palas, 6, livres a conatas, e então perianto tu -
i
de Asparagaceae (Bogler e Simpson 1996; Chase et al. 1995a, buloso a campanulado, imbricadas, petalóides, não manchadas
1996, 2000; Fay et al. 2000). (geralmente brancas a amarelas ). Estames, 6; filetes livres, às ve
¬
í
Os taxa herbáceos de Ruscaceae formam um complexo zes adnatos ao perianto; grãos de pólen monossulcados. Car-
parafilético (Bogler e Simpson 1996; Conran 1989; Rudall et pelos 3, conatos; ovário sú pero a ínfero com placentação axial; 5
al. 2000b; Yamashita e Tamura 2000) do qual derivam dois estigma diminuto, captado a 3-lobado; óvulos ± numerosos
ciados lenhosos, Nolineae (Nolina, Dasylirion, Calibanus e Be- em cada lóculo. Nectários nos septos do ovário. Fruto cá psula
aucamea ) e Dracaeneae ( Dracaena e Sansevieria). A monofilia loculicida , mas às vezes carnoso e bacóide; sementes achatadas,
do grupo Nolina (Nolineae) é sustentada pelos frutos secos, a testa com uma crosta preta ( fitomelano; Prancha 9.4B) e ca ¬

triangulares e do tipo noz, pelas folhas com diminutas eleva ¬ madas mais internas ± colapsadas; cariótipo geralmente com 5
ções longitudinais e células-guarda contendo grande quanti ¬ cromossomos grandes e 25 pequenos (ver Figura 4.23) .
dade de óleo. A monofilia de Dracaena e Sansevieria (Draca ¬
eneae) é sustentada pela presença de canais resiníferos nas
folhas e na casca, que freqiientemente ficam manchadas de
vermelho-escuro ou alaranjado. Daqui deriva o nome san -
Fórmula floral: |
gue-de-dragão utilizado para denominar a seiva de algumas * ou X, Tv-6-* A6, G (3); cápsula
espécies de Dracaena.
Dentre os gêneros herbáceos, Ruscus, Semeie e Danaé (as
Rusceae) são caracter ísticos, pois apresentam caules achata ¬

dos fotossinté ticos folhas reduzidas à escamas. Com fre


e ¬ Distribuição e ecologia: amplamente distribuída em regiões
quência são confundidos com membros de Asparagaceae, subtropicais a tropicais do Novo Mundo e especialmente di ¬
mas carecem de fitomelano na testa da semente. Tradicional ¬ versa no México; introduzida no Velho Mundo; caracter
ística
mente Ruscaceae abrangia apenas este três pequenos gêne ¬ de hábitats áridos e semi -áridos.
ros herbáceos.
Membros de Fblygonateae, como Maianthemum e Polygo¬ G êneros /espé cies: 25/637. Principais gêneros: Agave
natum, são facilmente reconhecidos pelo hábito distinto (e (300 spp ), Chlorophytum (150), Anthericum (65), Yucca (40) e
.
sinapomórfico) (ver Figura 9.19 e Prancha 9.4F) . Hosta (40). A família é representada nos Estados Unidos e/
Estas plantas apresentam folhas largas ao longo de cau ¬ ou no Canadá por Agave, Camassia, Chlorogalum, Furcraea,
les aéreos, que estão conectados por um sistema de rizomas Hastingia, Hesperoaloe, Hesperocallis, Hesperoyucca, Manfreda,
simpodiais. Liriope, Ophiopogon e taxa afins (Ophiopogo- Schoenolirion e Yucca.
neae) sã o notáveis porque os frutos abrem precocemente s
e exp õem as sementes com uma sarcotesta. Tais gê neros Import ância econó mica e produtos: muitas espécies de
apresentam rizomas simpodiais com densos agrupamentos Agave (sisal), Furcraea e Yuccca são usadas como fontes de
de folhas com aspecto de gramíneas; e carecem de caule fibras, e algumas espé cies de Agave são fermentadas para

j
SISTEMáTICA VEGETAL 269

produzir tequila e mescal. Agave e Yucca contêm saponinas florescência indeterminada (geralmente racemo ), sobre um escapo.
esteróides e por isso são utilizados na elaboraçã o de con- Flores bissexuais, em geral radiais, ffequentemente vistosas.
traceptivos orais. Muitos gêneros, incluindo Agave (Prancha Té palas, 6, livres a conatas e, neste caso, perianto campanulado
9.4B), Hosta, Manfreda, Polianthes e Yucca são utilizados como a tubuloso, imbricadas, petalóides, n ão manchadas. Estames
plantas ornamentais. 6; filetes livres a conatos, às vezes adnatos às tépalas; grãos
de pólen monossulcados. Carpelos 3, conatos, ovário supero; 1
Discussão: Agavaceae está relacionada com Hyacinthaceae estigma, captado a 3-lobado. Óvulos 1 a numerosos em cada
e Themidaceae, e o posicionamento filogenético de alguns
lóculo. Nectários nos septos do ovário. Fruto cápsula loculicida;
sementes globosas a achatadas, ocasionalmente com estrutu ¬
gêneros é problemático. Contudo, caracteres tanto fenotípi-
cos quanto de DNA sustentam a monofilia da família (Bo- ras arilóides, a testa da semente costuma apresentar fitomela-
gler et al. 2006; Bogler e Simpson 1995, 1996; Chase et al. no e as camadas mais internas comprimidas ou colapsadas.
2000; Pires et al. 2004). Camassia, Hastingsia e Chlorogalum
(normalmente tratados em Hyacinthaceae, como subfamília
Chlorogaloideae) e Hosta (geralmente localizado em Hosta-
(ver
Fórmula floral: * , T1; -), AÍó i, G , cápsula ®
ceae) são aqui considerados parte de Agavaceae Bogler
e Simpson 1995, 1996; Bogler et al. 2006; Chase et al. 1995a,
2000; Pfosser e Speta 1999). Hosta é um gênero de ervas rizo-
Distribui ção: amplamente distribuída da Europa e África
matosas com folhas de lâmina larga com nervuras paralelas
at é a Ásia, em regiões temperadas a tropicais, embora mais
proeminentes, racemos assimétricos com flores semelhantes em climas mediterrâneos (com pronunciada estaçã o
diversas
'
a lírios e cápsulas com semente negras. Esses quatro gêneros
ístico cariótipo bimodal. Da seca no ver ão).
também apresentam um caracter ¬

dos moleculares (Chase et al. 1995a, 2000; Rudall et al. 1997b)


também sustentam a inclusão de Anthericum, Chlorophytum e Gêneros / espé cies
: 63/850. Principais géneros: Omi -
taxa afins (geralmente incluídos em Anthericaceae), um gru ¬ thogalum (200 spp .), Drimia (100), Albuca (50), Muscari (50) e
( ). Umas poucas espécies de Muscari, Omithogalum e
po de erva rizomatosas com folhas em roseta basal, o que leva Scilla 30 nos Estados Unidos.
à uma Agavaceae amplamente delimitada, que não é facil ¬ Scilla est naturalizadas
ão
mente caracterizada.
As espécies lenhosas de Agavaceae são geralmente divi Importância económica e produtos: muitos gêneros, p. ex.,
¬

didas emtuccoideae (p. ex., Yucca, Hesperoaloe, Hesperoyucca ) Urginea e Thuranthos são utilizados
, na medicina devido a
com ovário supero e anteras diminutas, e Agavoideae (p. ex., seus cardenólidos Esp . é cies dos g
,
ê neros Scilla, Muscari, Hya -
Agave, Furcraea, Manfreda e Polianthes ), com ová rio ínfero e cinthus , Puschkinia , Hyacinthoid es Eucomis e Galtonia são cul ¬
anteras alongadas (Dahlgren et al. 1985); ambas são mono- tivadas como ornamentais .
filéticas (Bogler e Simpson 1995; 1996). A família foi dife ¬
por
rentemente circunscrita por Cronquist (1981), quem incluiu Discussão: a monofilia de Hyacinthaceae sustentada
é
caracteres moleculares , que tamb é m sustentam a exclus ã o de
gêneros que sã o aqui considerados como parte de Ruscaceae
(Nolina, Dasylirion, Beaucamea, Dracaena e Sansevieria e de ) Camassia , Chlorogalum e taxa afins da subfam ília Chloroga ¬

Laxmanniaceae (Cordyline). Assim definida, a família é mor¬ loideae (Chase et al. 1995a; Speta
1998) . Esses gêneros sã o
á de Agavaceae,
fologicamente heterogénea e claramente polifilética, unifica¬ aqui considerados como integrantes herb ceos
Hyacinthace ae s.s . pelo cariótipo
da apenas pelo hábito lenhoso (Dahlgren et al. 1985, Chase et e podem ser separados de
al. 1995a,b; Bogler e Simpson 1995, 1996; Rudall et al. 1997). bimodal e pela combina çã o de sementes mais ou menos glo¬
com testa firmemente adesiva , té palas geralmente mul-
As conspícuas flores de Yucca e Hesperoyucca são visita ¬ bosas
tinervadas e estigmas claramente 3 - lobados . A exata locali ¬
das por pequenas mariposas do gênero Tegeticula (ver Figura
za çã o de Hyacinthace ae em Asparagales nã o est á clara , mas
4.23). Outros gêneros de Agavaceae são polinizados por aves
(muitas espécies de Beschomea) ou morcegos (muitas espé provavelmente esteja relacionada com Themidaceae, e essas
¬

cies de Agave) . As sementes pretas são tipicamente dispersas duas famílias devem estar associadas ou com Agavaceae ou
+ Amaryllidaceae
pelo vento, e os frutos carnosos de algumas espécies são dis ¬ (menos provável) com o ciado Alliaceae
(Chase et al. 1995a, 2000 Fay ; et al. 2000 ; Rudall et al. 1997a,
persos por animais.
b; Soltis et al. 2000 ) . Tais incertezas fazem com que a deter¬
Referências adicionais: Baker 1986; McKelvey and Sax mina çã o de sinapormorf ias morfol ó gicas seja problem á tica,
1933;Verhoek 1998. embora a presença de bulbos e esteróides venenosos seja no¬
tável. A inflorescência indeterminada, muitas vezes racemosa
Hyacinthaceae Batsch ex Borkh ou em espiga, separa facilmente este grupo de Themidaceae,
Alliaceae e Amaryllidaceae, as quais apresentam inflorescê n ¬
(Família do jacinto) cia umbelada. O hábito herbáceo e a presença de bulbos dis ¬
Ervas com bulbos e raízes contrateis com saponinas esterói tinguem a família de Agavaceae.
¬

des, presença de esteróides venenosos (bulfodienólidos e carde- Hyacinthaceae compreende quatro subfamílias monofi-
nólidos) e células ou canais de mucilagem. Pêlos simples. Fo ¬ léticas; as maiores são Omithogaloideae (brácteas grandes,
lhas alternas e espiraladas, em roseta basal, simples, inteiras com cristais de proteína no núcleo, abrangendo apenas Omitho
, ¬

geralmente pequenas ,
venação paralela, invaginantes na base; estipulas ausentes - . In galum ) e Hyacinthoid eae (brácteas
270 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE
1
cristais de proteínas ausentes, Muscari , Scilla, Puschkinia , Discuss o: a monofilia de Alliaceae é sustentada por carac ¬
Massonia, Eucomis, Hyacintus, Hyacmthoides ). As delimitações teres morfológicos, químicos, sequ ências de rbcl (Fay e Chase
genéricas são controversas (Manning et al. 2004; Pfosser e 1996) e sequências de ITS (Friesen et al. 2006). Alliaceae está
Speta 1999; Wetsching e Pfosser 2003). proximamente relacionada com Amaiyllidaceae e Agapan -
As vistosas flores são polinizadas por uma ampla gama de thaceae. Todas as três famílias são ervas bulbosas com inflo¬
insetos (abelhas, vespas, moscas, mariposas) bem como por rescências terminais umbeliformes, subtendidas por brácteas
aves, e tanto néctar como pólen são oferecidos como recom ¬
espatáceas e dispostas em um escapo conspícuo; todos esses
pensas florais. A reprodução assexuada ocorre ocasionalmen ¬
caracteres são provavelmente sinapomórficos. Análises cladís-
te (agamospermia ou produção de bulbilhos). A dispersão ticas sustentam uma relaçã o próxima entre essas famílias (Cha ¬
das sementes deve ser realizada pela água, pelo vento ou por se et al. 1995a,b; Fay e Chase 1996; Fay et al. 2000; Pires e Svts-
formigas. ma 2002). Alliaceae e Agapanthaceae às vezes são incluídas em
uma Amaryllidaceae expandida (Hutchinson 1934, 1973), uma
Alliaceae Borkh. decisão que tem o m érito do ponto de vista prático, pois todas
(Família do alho e da cebola) essas plantas apresentam muitos caracteres em comum.
Embora Agapanthus (Agapanthaceae) apresente ovário
Ervas bulbosas e com raízes contráteis (ou em Tulbaghia, com súpero como o de Alliaceae, carece dos compostos sulfurosos,
rizoma); caules reduzidos; elementos de vasos com perfu¬ e sequ ê ncias de cpDNA não sustentam sua localização dentro
rações simples; presença de laticíferos (e látex ± transl ¬ de Alliaceae s.s. (Chase et al.1995a; Fay et al. 2000). Themida -
cido); com saponias esteróides; com compostos sulfurosos ceae, que contém ervas cormosas e inclui Dichelostemma, Tri-
com cheiro de alho ou cebola, tais como alil sulfitos, pro- telea e Brodiaea, tem sido frequentemente situada dentro de
pionalde ído, propiontiol e vinil dissulfeto. Pêlos simples. Fo ¬ Alliaceae (Dahlgren et al. 1998) . Análises cladísticas recentes
lhas alternas, geralmente dísticas, ± basais, simples, cilíndri¬
cas, angulosas ou achatadas, inteiras, com venação paralela,
têm indicado que esses gêneros estão mais proximamente re ¬
lacionados com Hyacinthaceae do que com Alliaceae (Chase
f
invaginantes na base; estipulas ausentes. Inflorescências deter¬ et al. 1995a; Fay e Chase 1996; Rudall et al. 1997a,b; Fay et al.
minadas, compostas de uma ou mais cimas helicóides con ¬ 2000). Caracteres embriológicos não sustentam uma relação
traídas, parecendo ser umbela, subtendidas por algumas brácteas próxima entre Alliaceae eThemidaceae (Berg 1996).
espatáceas e membranosas, terminais, no ápice de um longo es¬ As vistosas flores de Alliaceae são polinizadas por insetos
capo. Flores bissexuais, radiais ou bilaterais, freqúentemen- (sobretudo abelhas e vespas). As sementes sã o predominan ¬
te vistosas; as flores não estão associadas com brácteas . temente dispersas pelo vento ou pela água. Algumas espécies
Té palas 6, livres a conatas, e então o perianto campanulado a produzem bulbilhos nas inflorescê ncias.
tubuloso, imbricadas, petalóides, não manchadas; às vezes pre¬
Referências adicionais: Mann 1959; Rahn 1998.
sença de uma corona (expansão do perianto) . Estames 6 (3);
filetes livres a conatos, às vezes adnatos às tépalas, às vezes
f
apendiculados; grãos de p ólen monossulcados. Carpelos 3, Amaryllidaceae J. St. Hilaire
conatos; ovário supero, com placentação axial (Prancha 9.4B); (Família do amarilis)
1 estigma, capitado a 3-lobado. Óvulos, 2 a numerosos em
cada lóculo, anátropos a campilótropos. Nectários nos septos Ervas bulbosas com raízes contráteis; caules reduzidos, elemen ¬
do c/vário. Fruto cá psula loculicida; sementes globosas a angulo ¬ tos de vaso com perfurações escalariformes; presença de al¬
sas, testa com fitomelano e camadas internas comprimidas ou caloides característicos do tipo amarilis . Pêlos simples.
colapsadas; embrião ± curvo. Folhas alternas, geralmente dísticas, ± basais, simples, acha ¬ é
tadas, inteiras, com venação paralela, às vezes diferenciadas
em lâmina e pecíolo, invaginantes na base; estipulas ausentes.
Fórmula floral: * ou X, TÍÇ) A Í6), G ; cá psula
© Inflorescências determinadas, compostas de uma ou mais ci¬
mas helicóides contraídas, e parecendo ser uma umbela, às vezes
reduzidas a uma flor solitária, subtendidas por algumas brácteas
espatáceas membranosas, terminais, sob um longo escapo. Flores
j
Distribuição e ecologia: amplamente distribuída em re ¬ í
giões temperadas a tropicais; freqiientemente em h á bitats bissexuais, radiais a bilaterais, vistosas, associadas com brácteas
semi-áridos. filiformes. Tépalas 6, livres a conatas, imbricadas, petalóides, não

Gêneros/ espé cies: 13/645. Principais gêneros: Allium


manchadas,às vezes com a presença de uma corona (expansão
do perianto). Estames 6 ; filetes livres a conatos, às vezes ad -
I
|
(550 spp. ), ipheion (25) e Tulbaghia (24). A família é represen ¬ natos ao perianto, às vezes apendiculados (e formando uma §
tada nos Estados Unidos e/ou no Canadá por Allium e No - corona estaminal); grãos de p ólen monossulcados ou bis
sulcados. Carpelos 3, conatos; ovário ínfero com placentação
- $
thoscordum. í
axial; 1 estigma, diminuto a captado ou 3-lobado. Óvulos ±
Import ância econó mica e produtos: muitas espé cies de
numerosos em cada lóculo, às vezes com 1 tegumento. Nec¬
Allium (alhos, cebolas, etc.) são importantes legumes ou sa-
tários geralmente nos septos do ovário. Fruto cá psula loculicida ou
borizantes. Sua seiva é ligeiramente anti- séptica, e muitos são
ocasionalmente uma baga; sementes secas a carnosas, acha¬
usados medicinalmente. Alguns gêneros, incluindo Allium, tadas a globosas e às vezes aladas, testa geralmente como um
Gilliesia, Ipheion e Tulbaghia , são cultivados como plantas or¬ crosta preta ou azul, mas o fitomelano às vezes está ausente e
a epiderme mais externa carece de estrutura celular, camadas
namentais.
mais internas também ± colapsadas; embrião às vezes curvo.

A:
SISTEMáTICA VEGETAL 271

B)

í
w .

FIGURA 9.20 Amaryllidaceae. ( A ) Crinum kirkii:


v. h á bito (x 0,2). (B) C. americanum : planta florida .
>
'V ««
f. - ( Fontes: A, de Pax e Hoffman 1930, in Engler Prantl,

3
i£ Die natúrlichen Pflanzenfamilien, 2nd ed.; p. 408; B,
foto de Walter S. Judd.)

/
v
$
a
'
m

I
!
«

Discuss o: a monofilia de Amaryllidaceae é sustentada por


Fórmula floral: compostos químicos secundários (alcaloides do tipo amarilis),
* auX,T í£y,Av£>, G© cápsula pelo ovário ínfero (Prancha 9.4A) e por sequências de DNA
(Chase et al. 1995a; Meerow e Suijam 1998; Meerow et al.
1999a,b). Caracterizações das tribos que compõem a família
foram elaboradas por Meerow (1995), Meerow et al. (1999a,b,
Distribuição: amplamente distribuída de regiões tempe ¬ 2000a,b) e Meerow e Suijman (1998, 2006) . Amaryllideae
radas a tropicais, e especialmente diversas na África do Sul, ( Amaryllis, Nerine,Crinum e gêneros afins) são o grupo-irmã o
na região Andina da América do Sul e na região do Medi¬ dos demais gêneros. Amaryllideae é facilmente reconhecida
terrâneo. pelas seguintes apomorfias: presença de bainha de escle-
rênquima no escapo, pólen bissulcado com exina espinhosa,
Gêneros / espé cies: 59/870. Principais gêneros: Crinum óvulos com um único tegumento, sem dormência, sementes
$ (130 spp.), Hippeastrum (70), Zephyranthes (60), Hymenocallis aquosas que carecem de fitomelano e apresentam embrião
(50), Cyrtanthus (50), Haemanthus (40) e Narcissus (30). Os verde. Dentre os demais gêneros, Haemantheae (p. ex., Hae ¬

gêneros Crinum (Figura 9.20), Hymenocallis, Narcissus (culti ¬ manthus e Clivia) é diagnosticada pelos frutos tipo baga e por
vado) e Zephyranthes são comuns nos Estados Unidos e/ou sua distribuição africana, enquanto o resto dos gêneros com ¬
*
no Canadá. põe um ciado americano-euro-asiático. Um grande conjunto
de gêneros americanos (Hymenocallis, Eucharis , Habranthus ,
Importância económica e produtos: a fam ília inclui nu ¬ Zephyranthes, Hyppeastrum e Griffinia ) provavelmente forma
merosos gêneros ornamentais: Crinum, Eucharis (lírio-da- um grupo monofilético. Estes podem ser reconhecidos por
amazônia), Galanthus, Haemanthus, Hyppeastrum (açucenas), suas brácteas espatáceas obvolutas (p. ex., duas brácteas se
Hymenocallis , Narcissus (narcisos), Zephyranthes, Cyrtanthus, sobrepõem no botão de modo que cada bráctea possui uma
Amaryllis (amarilis, bela -dona) e Nerine. metade interna e a outra externa) . Os gê neros euro-asiáticos,
}

272 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

tais como Lycoris, Narcissus , Leucojum e Galanthus, formam Smith e Van Wyk 1998), pelas sementes ariladas, caracteres de
um dado que carece de suporte morfológico evidente. anatomia foliar e possivelmente pelo nú mero cromossômi-
As vistosas flores de Amaryllidaceae são polinizadas por co básico sete. A família está proximamente relacionada com
abelhas, vespas, mariposas, borboletas e aves; a maioria apre ¬
Xanthorrhoeaceae e Hemerocallidaceae, e estes três ciados
senta polinização cruzada, mas também ocorre autopoliniza - apresentam pigmentos de antraquinonas; alguns botânicos
ção. As sementes geralmente são dispersas pelo vento ou pela têm sugerido que todos eles deveriam ser tratados dentro de
á gua, mas em alguns taxa, tais como Eucharis subg. Eucharis, uma Xanthorrhoeaceae s.l.
as sementes azuis contrastam com as cápsulas de cor alaran ¬ Asphodelaceae é geralmente dividida em duas subfamí-
jado-brilhante, o que promove a dispersão por aves. Semen ¬ lias (Dahlgren et al. 1985): a parafilé tica Asphodeloideae
tes grandes, carnosas e sem fitomelano evoluíram muitas ve ¬ (incluindo gêneros como Bulbine, Kniphofia e Asphodelus ) e a
zes dentro da família. Algumas são dispersas pela água. especializada e claramente monofilé tica Alooideae (incluindo
gêneros como Aloe, Gasteria e Haworthia ). As sinapomorfias
Asphodelaceae A. L. de Jussieu de Alooideae incluem as caracter ísticas folhas com uma re ¬
(Família do alóe -vera ou babosa) gião central gelatinosa circundada por feixes vasculares as ¬

sociados com células de aloína (Prancha 9.4D; Smith e Van .


Ervas rizomatosas, árvores ou arbustos; os caules frequentemen- Wyk 1991; Judd 1997a). Bulbine é o grupo-irm ã o do resto
te apresentam crescimento secundário anómalo; com frequên¬ das Alooideae, como indicado por sequências de DNA, suas
cia apresentam antraquinonas. Pêlos simples. Folhas alternas, folhas gelatinosas e por seu caracter
espiralas ou dísticas, em rosetas na base ou no ápice dos ramos, ístico cariótipo dimórfi - j
co. Aloe não é monofilético, tendo dado origem a Haworthia j
simples, freqiientemente suculentas , inteiras a senado-espinhosas, (duas vezes), Gasteria e todos os outros gê neros da subfamília j
com venação paralela; com frequência os feixes vasculares (como
pode ser visto em secção transversal ) estão dispostos em anel ao
(Treutlein et al. 2003). I
As coloridas flores de Asphodelaceae são polinizadas por 1
redor de um tecido parenquimatoso muálaginoso, com cé lulas
aves e insetos. As sementes são principalmente dispersas j
parenquimatosas na bainha interna do feixe vascular, es¬
pelo vento. |
tas às vezes modificadas, formando um capuz de células de aloína
na região floemática da maioria dos feixes vasculares, contendo
secreções coloridas e geralmente acumulando antraquinonas, n ão Iridaceae A. L. de Jussieu
fibrosas; invaginantes na base; estipulas ausentes. Inflores- (Família do íris)
cê ncias indeterminadas, terminais, mas às vezes parecendo
laterais. Flores geralmente bissexuais, radiais a bilaté rias, em Ervas com rizomas, cornos ou bulbos; presença de estilói-
geral vistosas. Té palas 6 , livres a fortemente conatas (e então pe- des (grandes cristais prismáticos) de oxalato de cálcio
nas bainhas dos feixes vasculares (estes ocasionalmente
rianto ± tubuioso), imbricadas, petalóides, não manchadas. Es -
tames 6; filetes livres; grãos de pólen monossulcados. Carpelos ausentes); com frequência presença de taninos e/ou vários
3, conatos; ovário sú pero, com placentação axial; 1 estigma, ± tipos de terpenóides. Pêlos simples. Folhas alternas, dísticas,
diminuto a discóide a ligeiramente 3-lobado. Óvulos 2 a nu ¬ equitantes (dispostas em leque) e com lâmina unifacial,
merosos por lóculo, anátropos a quase ortó tropos. Nectários ao longo do caule ou basais, simples, inteiras, com venação
nos septos do ovário. Fruto cápsula loculicida; sementes com ari- paralela, invaginantes na base; estipulas ausentes. Inflo-
lo seco (ocasionalmente ausente) que se desenvolve como rescências determinadas, do tipo cima escorpióide, fre-
uma invaginação anular na região distai do funículo, fre ¬ qúentemente muito modificadas, às vezes reduzidas a uma
quentemente achatadas ou aladas, testa da semente com fitome¬ flor solitária, terminais. Flores bissexuais, radiais a bilaterais,
lano crosta presta ) e camadas mais internas ± colapsadas.
( consp ícuas, subtendidas por 1 ou 2 brá cteas. Té palas , 6 , as
mais externas às vezes diferenciadas das mais internas, livres
ou conatas, imbricadas, petalóides, às vezes manchadas. Esta-
Fórmula floral: * ou X, A6, G(3}cápsula mes, (2) 3 (Prancha 9.4C); filetes livres ou conatos, às vezes
adnatos ao perianto; anteras às vezes aderidas aos ramos do
estilete; grãos de pólen geralmente monossulcados. Carpelos
Distribuição e ecologia: distribuídas em regiões tempera ¬ 3, conatos; ovário geralmente ínfero com placentação axial; ra ¬
das a tropicais doVelho Mundo, especialmente diversa no Sul mos do estilete às vezes expandidos e petalóides; estigmas,
da África; geralmente em hábitats áridos. (2) 3, terminais ou na superf ície abaxial dos ramos do estilete.
Óvulos poucos a numerosos por lóculo, an á tropos ou cam-
Gêneros / espé cies: 15/ 750. Principais gêneros: Aloe (380 pilótropos. Nectários nos septos do ovário, nas tépalas ou
spp.), Haworthia (70), Kniphofia (70) e Bulbine (60). A família ausentes. Fruto cá psula loculicida; sementes às vezes ariladas
é representada nos Estados Unidos apenas por duas espécies ou com uma testa carnosa, a testa geralmente com estrutura &
introduzidas de Aloe (no Sul da Flórida e da Califórnia). celular e ± marrom (crosta preta ausente ).

Importância econó mica e produtos: muitas espé cies de


Aloe são usadas na medicina ou na ind stria de cosméticos. Fórmula floral:
Diversos gêneros de Aloe incluindo Haworthia , Gasteria, Kni¬
(

phofia e Bulbine, são cultivados como plantas ornamentais. £ G|


* ou X, THF), A ( > ( ); cápsula

Discussão: a monofilia de Asphodelaceae é sustentada por


sequências de rbcL (Chase et aí. 1995a; de Bruijn et al. 1995; Distribuição: amplamente distribuída.
SISTEMáTICA VEGETAL 273

G êneros / espé cies: 67/1.750. Principais gêneros: Gla - micorrízicas, muitas vezes com epiderme esponjosa composta de
diolus (255 spp.), íris (250), Moraea (125), Sisyrinchium (100), células mortas cuja função é a absorção de água (velame ). Pêlos
Komulea (90), Cracas (80), Geissorhiza (80), Babiana (65) eHes - variados. Folhas geralmente alternas, espiraladas ou dísti-
perantha (65). Os gêneros dignos de nota que ocorrem nos cas, com frequência plissadas, basais ou ao longo do caule,
Estados Unidos e/ou no Canadá são Alophia, Calydorea, íris, às vezes reduzidas, simples, inteiras, com venação geral ¬
Nemastylis e Sisyrinchium. mente paralela, invaginantes na base, estipulas ausentes.
Inflorescê ncias indeterminadas, às vezes reduzidas a uma
Importância económica e produtos: os estigmas de Cracas flor solitária, terminais ou axilares. Flores geralmente bis ¬

satívus são a fonte da especiaria conhecida como açafrão. Nu ¬ sexuais, bilaterais, em geral ressupinadas ( torcidas 180°
merosos gêneros, incluindo Cracas, Trigridea, Freesia,íris, Ixia, durante o desenvolvimento) , com frequência vistosas* . '

: Romulea , Neomarica, Nemastylis, Moraea, Belamcanda, Sisyrin¬ As 3 tépalas externas, livres a conatas, geralmente petalói ¬
des, imbricadas. Tépalas internas, 3, livres, às vezes man
chium, illadiolus, Crocosmia e Trimezia, são cultivados como
¬

chadas ou variavelmente coloridas, a mediana claramen¬


plantas ornamentais. te diferenciada das duas laterais, formando o labelo,
muitas vezes com estruturas ou excrescê ncias carnosas e
Discuss o: análises cladísticas baseadas em morfologia e se ¬ de formato e colora çã o diferenciados. Estames 3 ou me ¬
quê ncia de cpDNA sustentam a monofilia de Iridaceae (Chase nos (em geral 1 ou 2), adnatos ao estilete e ao estigma,
et al. 1995a, 2000; Goldblatt 1990; Rudall 1994; Reeves et al. formando uma coluna; pólen geralmente aglutinado em
2001) . Embora caracteres morfológicos (Stevenson e Loconte massas macias ou duras ( políneas). Carpelos 3, conatos; ová¬
t 1995; Chasse et al. 1995b) situem a família dentro de Liliales, rio ínfero, em geral com placentação parietal, embora ocasio¬
caracteres de DNA a colocam dentro de Asparagales (Chase nalmente axial; estilete e estigma muito modificados, uma
et al. 1995a, 2000; Fay et aí. 2000). Juntos, DNA de cloroplasto parte deste último geralmente não- receptivo (rostelo), do
e morfologia situam a família em Asparagales, e portanto nós qual uma porçã o pode formar uma superf ície adesiva (vis-
consideramos que Iridaceae é membro desta última ordem. cídio) conectada às políneas. Óvulos numerosos, megaspo -
Três ciados principais (frequentemente reconhecidos como rângio com paredes finas (Figura 9.21). Néctar produzido
subfamílias) são evidentes dentro de Iridaceae (Goldblatt em um esporão do labelo, pelos ápices das sépalas ou em
1990; Goldblatt et al. 1998; Rudall 1994, Reeves at al. 2001). nectários septais, mas frequentemente ausente. Fruto cá p¬
Isophysidoideae inclui apenas Isophysis e pode ser distinguida sula deiscente por ( 1- ) 3 ou 6 fendas longitudinais; sementes di¬
pelo ovário supero. Ela é o grupo-irmã o dos demais grupos. minutas, a testa crostosa ou membranosa, sem fitomelano,
Iridoideae apresenta flores que frequentemente duram ape¬ com apenas a camada mais externa persistente, os tecidos
nas um dia; pode ser reconhecida pela presença de nectários mais internos colapsados; embrião diminuto; endosper-
nas tépalas e pelos ramos do estilete tubulosos e longos, di ¬ ma ausente (Figuras 9.21 e 9.22) .
vididos abaixo da altura das anteras, e com estigma apical. O
grupo também contém os aminoácidos livres meta- carboxi-
fenílalanina e glicina. Muitos dados são evidentes dentro de Fórmula floral:
Iridoide, incluindo Sisyrinchieae (ramos do estilete alternando
com os estames vs. opostos a eles em outros integrantes da
subfamília; Sisyrinchium e taxa afins) e um ciado contendo Iri-
X, T5+1, AIOUTGI} cápsula

deae, Mariceae eTigrideae (tépalas diferenciadas em uma par ¬

te larga - limbo - e outra muito estreita, e extremo dos ramos Distribuição e ecologia: amplamente distribuída, porém
do estilete com apêndices petalóides; p. ex., íris, Belamcanda, mais diversa em regiões tropicais (onde frequentemente as
Moraea, Nemastylis, Trimezia e Tigndia ) . Por fim, Crocoideae (p. espécies ocorrem como epífitas).
ex., Ixia, Crocosmia, Geissorhiza, Crocus, Romulea, Freesia, Gla-
diolus e Hesperantha ) é hipoteticamente monofilética com base Gêneros/ espé cies: 788/19.500. Principais gêneros: Pleu-
em suas té palas conatas, cormos, flores sésseis, pólen opercu- rothallis (1.120 spp.), Bulbophyllum (1.000), Dendrobium (900),
lado com exina micropunctada e folhas com bainhas fechadas Epidendrum (800), Habenaria (600), Eria (500), Lepanthes (460),
e uma falsa nervura mediana. Muitos integrantes desse grupo Maxillaria (420), Oncidium (420), Masdevallia (380), Stelis
retêm o caráter ancestral de nectários septais. (370), Liparis (350), Malaxis (300), Oberoni (300), Encyclia
(235), Eulophia (200), Angraecum (200), Taeniophyllum (170),
As vistosas flores de Iridaceae são principalmente polini ¬
zadas por insetos (sobretudo coleópteros, abelhas e moscas), Phreatia (160), Polystachya (150), Calanthe (150), Vanilla (100)
e Catasetum (100). A família está representada nos Estados
embora algumas espécies sejam polinizadas por aves. Néctar Unidos e/ou no Canad á por numerosos gêneros; alguns
e/ou pólen são as recompensas florais. As sementes geral¬
dos mais notáveis são Bletia, Calopogpn, Calupso, Cleistes, Co-
mente são dispersas pelo vento ou pela água, mas também rallorhiza, Cypripedium, Encyclia, Epidendrum, Goodyera, Habe¬
ocorre dispersão biótica. naria, Harrisella, Hexalectris, Liparis, Listera, Nlalaxis, Oncidium,
Orchis, Platanthera , Pogonia, Ponthieva, Spiranthes, Tipularia,
Orchidaceae A. L. de Jussieu Triphora e Zeuxine.
(Família das orquídeas)
Ni . deT. No entanto, muitos pesquisadores consideram que o perianto
Ervas terrestres ou epí fitas , ou ocasionalmente lianas, comu- das orquídeas é composto por 3 sépalas e 3 pétalas, sendo o labelo a
mente engrossadas e formando pseudobulbos; raízes fortemente pétala mediana. (Ver Endress 1994c e Figura 9.21.)
274 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG , STEVENS & DOMOGHUE
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FIGURA 9,21 Diagramas florais dos principais grupos de Orchidaceae. ( A) Apostasioideae. ( B ) Cy-
S é palas
pripedioideae. ( C) Orchidoideae, Epidendroideae. ( D) Vaniiloideae. Dentre as estruturas 4-lobadas
Pétalas laterais representando os estames, os riscos indicam pó len liberado n ão em forma de pol íneas e o negro
sólido indica pólen liberado em pol íneas. A representa çã o dos gineceus indica o tipo de placenta -
Labelo ( pé tala mediana ) çã o. Adna çã o e cona çã o sã o indicadas por meio de linhas conectancfo as estruturas. ( Modificada de
Endress 1994c e Dahlgren et al. 1985.)

Importância económica e produtos: a


essência de baunilha é extraída dos frutos 3'
de Vanilla planifolia. A família é economi ¬
camente importante pelo grande n ú mero :A,
de gê neros ornamentais, incluindo Cat - 1
tleya, Denârobium, Epidendrum, Paphiope- i
diium, Phalaenopsis, Vanda , Brassm, Cymbi -
dium, Laeiia , Miltonia , Oncidium , Ena/ dia SE
e Coelogyne.

Discussão: a monofilia de Orchidaceae »


é sustentada por morfologia e sequê n -
, cias de DNA (Bums - Balogh e Funk 1986;

Dressler 1981, 1993; Dressler e Chase


1995; Chase et al. 2000; Fay et al. 2000;
Freudenstein et al. 2004; Judd et al.1993).
As rela ções filogenéticas dentro da famí ¬
lia foram estudadas por meio de muitas
análises cladísticas utilizando morfologia
e sequ ê ncias de DNA (Bums - Balogh e
Funk 1986; Cameron 2006; Cameron e
Chase 2000; Cameron et al. 1999; Dres ¬

sler 1986, 1993; Dressler e Chase 1995;


Freudenstein e Rasmussen 1999; Freu ¬

denstein et al . 2000, 2004; Judd et al. U


1993; Molvray et al. 2000; Van der Berg et (E ti
al. 2005), embora a delimitação de alguns ; F
grupos ainda esteja incerta. Apostasia e
Neuwiedia (subfamília Apostasioideae )

/
FIGURA 9.22 Orchidaceae. Ertcydia cordige-
ra: ( A ) h á bito ( x 0, 75); ( B ) flor (x 2); (C ) sé palas
e pétalas (x 1 ,5); ( D) labelo (x 4); ( E) coluna , vis¬
ta ventral, observe a antera terminal e estigma
(depressã o escura ) ( x 4); ( F) coluna , vista dorsal ,
observe a antera terminal ( x 4 ); (G ) coluna , vista (G )
lateral (x 4). ( Desenhos originais de Robert Dres ¬

sler, University of Florida , Gainesville.)


SISTEMáTICA VEGETAL 275
i

Epidendroideae Figura 9.23; compare com Dressler 1981, 1986, 1993) . Epi ¬

dendroideae apresenta como apomorfias a presença de uma


antera rostrada e incumbente (antera curvada no ápice da
t- Orchidoideae Orquídeas com coluna), enquanto Orchidoideae apresenta como apomor ¬

| uma antera f értil fias o ápice da antera agudo, caules tenros, folhas convolutas,
mas não plissadas, e ausência de corpos silicosos (ver tam ¬
Vanilloideae
bém Dressler 1993; Stem et al. 1993) . Epidendroideae con ¬
tém numerosas epífitas tropicais; gêneros representativos
Cypripedioideae incluem Bulbophyllum, Catasetum, Dendrobium, Epidendrum,
Encyclia, Maxillaria, Oncidium (Prancha 9.4G), Pleurothallis
e Vanda.As delimita ções genéricas nesse grupo são notavel ¬

Apostasioideae mente problemá ticas, e a maioria dos gê neros grandes não


são monofiléticos. Os seguintes gêneros são representativos
FIGURA 9.23 Filogenia de Orchidaceae. (Modificada de Cameron et
ai. 1999; Kocyan et ai. 2004.) de Orchidoideae: Cynorkis, Diuris , Goodyera, Habenaria , Or-
chis, Platanthera, Spiranthes e Zeuxine.
As flores das orquídeas apresentam formas extremamen ¬

te variadas e atraem uma vasta gama de insetos (abelhas,


são o grupo-irmão do resto das orquídeas (Cameron et al. vespas, mariposas, borboletas e moscas), bem como aves (ver
1999; Dreesler 1993; Dressler e Chase 1995; Freudenstein e Capítulo 4). Algumas atraem visitantes generalistas, mas mui -
Rasmussen 1999; Judd et al. 1993; Neyland e Urbatsch 1996) tas são bem especializadas, atraindo apenas uma ou poucas
(Figura 9.23) . A monofilia de Apostasioideae é sustentada
espécies de polinizadores. Pólen, néctar ou fragrâncias florais
por elementos de vasos com placas de perfuraçã o simples podem ser utilizadas como recompensas florais. No entanto,
e sementes distintas. Esses dois gêneros, e especialmente algumas flores (p. ex., Cypripedium ) manipulam seus polini¬
Neuwiedia, retiveram muitos caracteres ancestrais, tais como zadores e nã o fornecem recompensa . Algumas espé cies de
E flores com dois (Apostasia) ou três (Neuwiedia) estames que Ophrys e Cryptostylis mimetizam a forma e odor de f ê meas
estã o ligeiramente adnatos ao estilete, placentação axial, de abelhas, vespas ou moscas, e são polinizadas quando os
pólen solto liberado na forma de grãos livres, estigma simé ¬

machos dos respectivos insetos tentam copular com as flores


trico e todas as pétalas iniciadas simultaneamente durante (pseudocó pula; ver Figura 6.12). Em geral, o labelo funcio ¬
o desenvolvimento. Todas as demais orquídeas apresentam na como uma plataforma de pouso e provê guias visuais ou
pólen pegajoso ou coeso e estigma largo e assimétrico, com táteis que orientam o polinizador. As políneas se aderem ao
todos os lobos apontando para o centro da flor. Dentro des ¬ corpo do polinizador e muitas vezes são depositadas no es ¬

se ciado com pólen aglutinado, Cypripedioideae e Vanilloi ¬


tigma (geralmente uma depressão na face ventral da coluna)
deae são grupos-irmãos do restante. Cypripedioideae (p. ex., da próxima flor visitada. Em algumas espécies, a poliniza ção é
Cypripedium e Paphiopedilum ) é claramente monofilética e é um fato pouco comum, e as flores podem permanecer funcio ¬

sustentada pelo labelo em forma de saco e pela presença nais e vistosas por muitos dias, com o murchamento do pe-
de uma antera mediana modificada como um estamin ó- rianto ocorrendo rapidamente após a fertiliza ção. A maioria
% dio em forma de escudo (ver Figura 9.21); apresentam dois das espécies apresenta poliniza ção cruzada, mas autopolini-
estames funcionais e carecem de políneas. Vanilloideae (p.
& ex., Vanilla, Pogonia e Qeistes ) formam um ciado sustentado
zação també m acontece. As diminutas sementes são disper ¬

sas pelo vento e precisam de nutrientes fornecidos por fungos


por caracteres de rbcL (Dressler e Chase 1995). Esse grupo micorrízicos para germinar.
é característico por apresentar um ú nico estame funcional
e carecer de políneas. Muitas Vanilloideae são lianas com Referências adicionais: Cox et al. 1997; Kocyan and Endress
folhas com venação retinérvea e seus ovários, às vezes, são 2001; Kocyan et al . 2004; van der Pijl and Dodson 1966.
3-loculares. Todas as outras orquídeas apresentam políneas,
filete e estilete completamente fusionados (Burns-Balogh e Dioscoreales
Funk 1986, Dahlgren et al. 1985; Judd et al. 1993; ver Figura
9.21) . Esse ciado com políneas, como as Vanilloideae, apre ¬ Dioscoreaceae R. Brown
senta flores com um nico estame funcional (monandria; os
dois estames laterais estão representados por estamin ódios
(Família do inhame)
reduzidos ou são completamente ausentes). Análises morfo ¬ Lianas com rizomas grossos ou grandes engrossamentos tube-
lógicas (Freudenstein e Rasmussen 1999) e algumas análises -
rosos; caule com feixes vasculares dispostos em 1 ou 2 anéis, co -
moleculares (Cameron et al. 1999; Molvray et al. 2000) sus ¬ mumente com presen ça de saponinas esteróides e alcaloi ¬
tentam a hipótese de que as orquídeas monandras são mo- des. Pêlos simples a estrelados; às vezes presen ça de acúleos.
nofiléticas, mas outras análises moleculares (Cameron 2006; Folhas geraimente alternas e espiraladas, simples, às vezes
Cameron e Chase 2000; Freudenstein et al. 2004) sugerem palmado-compostas ou compostas, inteiras, diferenciadas
que a redução para um nico estame funcional aconteceu em pecíolo e lâmina, com venaçã o palmada, as nervuras
duas vezes. Dentre as orquídeas monandras com políneas, principais convergindo e conectadas por uma rede de
duas grandes subfamílias, Epidendroideae e Orchidoideae nervuras de ordem superior; pecíolo geralmente com pulvino
(incluindo Spiranthoideae ), são aqui aceitas (ver também superior e outro inferior, com as laterais semelhantes a estí-
276 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

pulas, não invaginantes; às vezes presença de bulbilhos nas gren e colaboradores (1985), Dioscoreales também continha
axilas das folhas. Infloresc ê ncias determinadas, mas às vezes Trilliaceae, Stemonaceae, Taccaceae, Smilacaceae e algumas
com aparência de indeterminadas, axilares. Flores geralmente outras fam ílias, mas a ordem assim delimitada não é monofi ¬
unissexuais (plantas dióicas), radiais. Tépalas, 6 , livres a ligei-
ramente conatas, imbricadas. Estames 6 (3); filetes livres a
lética (Chase et al. 1996b; Conran 1989; Stevenson e Locon
te 1995). Neste texto, Trilliaceae e Smilacaceae são incluídas
-
ligeiramente conatos, adnatos na base das tépalas; micros - em Liliales e Stemonaceae em Pandanales. Dioscoreales tem
porogênese simult â nea; grãos de pólen monossulcados
a variavelmente porados. Carpelos 3 , conatos; ovário ínfero,
com placentação axial; 3 estigmas, diminutos a levemente bi-
sido considerado um grupo de monocotiledôneas primitivas
(Dahlgren et al. 1985; Stevenson e Loconte 1995), uma posi¬
ção não sustentada por análises cladísticas baseadas em se ¬
I
lobados. Óvulos, 2 a numerosos em cada lóculo. Nectá rios quências de DNA.
nos septos do ovário ou na base das té palas. Fruto geralmen A monofilia de Dioscoreaceae é sustentada por sequên ¬

te cá psula loculicida triangular e 3-alada, mas às vezes baga cias de DNA e caracteres morfológicos (Caddick et al. 2000,
ou sâmara; sementes geralmente achatadas ou aladas, a testa 2002a; ver descrição). O pequeno gênero Stenomeris deve
com pigmentos amarelo- marrons ou vermelhos, cristais, e ser o grupo-irmão dos demais taxa, que formam um ciado
endotesta engrossada; embriã o com 1 ou ocasionalmente sustentado por possíveis sinapomorfias, tais como raízes tu -
í
2 cotilédones (Figura 9.24). berosas, frutos alados ou angulosos, testa da semente com
muitas camadas e uma camada mais interna cristalina. Tacca

Fórmula floral:
e Trichopus devem ter divergido após Stenomeris, e ambos
apresentam flores perfeitas. Tacca é morfologicamente dis¬
1
Flor estaminada: A (ó}, GO tinto e freqúentemente tem sido incluído em uma familia
própria (Taccaceae); é facilmente diferenciado dos outros
í
Flor carpelada: *, T-6-, AO, cápsula alada loculicida, membros da família por seu hábito acaule, placentação pa ¬
sâmara, baga rietal e incomum infloresc ência escaposa umbelada com
brácteas filamentosas. As demais espécies de Dioscoreaceae
são dióicas e pertencem ao grande gênero Dioscorea. As re ¬
-
Distribuição: amplamente distribuída nos trópicos e sub- lações filogen éticas dentro desse dado dióico t êm sido in ¬ i
trópicos, com poucas espécies em regiões temperadas. vestigadas com base em sequê ncias de DNA e morfologia

Gêneros /espé cies: 4/ 434. Prindpais géneros: Dioscorea


(Caddick et al. 2000, 2002a; Wilkin et al. 2005). O reconhe -
rimento de gêneros como Tamus e Rajania tomam Dioscorea
1
(400 spp.) e Tacca (30); Dioscorea e Stenomeris ocorrem nos parafilético.
Estados Unidos. As inconspícuas flores de Dioscoreaceae são polinizadas
por insetos (sobretudo moscas) . A dispersão geralmente é
Importância econó mica e produtos: os tubé rculos de realizada pelo vento, como indicado pelos frutos especializa ¬

muitas espécies de Dioscorea (inhames) são ricos em amido e dos: cápsulas 3-aladas com sementes achatadas ou aladas, ou
são comestíveis; não devem ser confundidos com as raízes de sâmaras (como ocorre nas espécies freqúentemente segrega ¬
'r

Ipomoea batatas (Convolvulaceae), que em alguns países tam ¬ das em Rajania ).


bém são denominadas inhames. Outras espécies são de valor Referê ncias adicionais: Al-Shehbaz e Schubert 1989; Bouman
medicinal devido à presença de alcaloides ou de sapogeninas
1995.
esteróides; estas ultimas são utilizadas como antiinflamató-
rios ou contraceptivos orais.
MONOCOTILEDÔ NEAS COMMELIN Í DEAS
Discuss o: Dioscoreaceae é incluída em Dioscoreales, uma
ordem que contém muitas lianas com folhas de venação re- As monocotiledôneas commelinídeas constituem um grupo
tiné rvea e que també m contém Burmanniaceae, uma família monofilético sustentado por sequências de rbcL (Chase et
micoparasítica, e Nartheciaceae (autotrófica). Dioscoreales, al . 1993, 1995b, Duvall et al. 1993), sequ ências de rbcl e atpB
como aqui circunscrita, é monofilé tica (Caddick et al. 2002a,b; (Davis et al. 2004), sequê ncias de muitas regi ões do DMA
Chase et al. 1995a,b, 2000, 2006; Soltis et al. 2000) . Possíveis (Chase et al. 2000, 2006; Graham et al. 2006; Soltis et al. 2000)
sinapomorfias morfológicas incluem caules com feixes vas ¬ e morfologia (Dahlgren e Rasmussen 1983; Stevenson et ai.
culares em anéis, perianto persistente no fruto e sementes 2000) . Possíveis sinapomorfias incluem ceras epicuticulares
com embrião pequeno. Dioscoreaceae pode ser diferenciada do tipo Strelitzia (ver Figura 4.34), pólen amiláceo e com ¬
da morfologicamente semelhante Stemonaceae pelas flores postos UV-fluorescentes - áddos fer lico e cumar ínico - nas
3- meras (vs. flores 2 ou 5- meras) e pelo ovário consistente ¬ paredes celulares (Barthlott e Frõhlich 1983; Dahlgren et al.
mente ínfero. Elas são facilmente separadas de Burmanniace ¬ 1985; Hariey e Ferguson 1990; Harris e Hartley 1980; Zona
ae, uma família de ervas micoparasíticas com folhas reduzidas 2001). A maioria apresenta endosperma amiláceo, mas o en-
em forma de escamas. Smilacaceae também apresenta lianas dosperma de Arecaceae (Paimae) é não- amiláceo; Dahlgren
com folhas retinérveas, mas podem ser distinguidas pelos e colaboradores (1985) sugeriram que isso deve representar
ovários súperos, bagas com poucas sementes e folhas com uma perda evolutiva. Algumas análises utilizando sequências
pares de gavinhas estipulares. Como circunscrita por Dahl- de DNA (Chase et al. 1993, 1995b, 2000; Soltis et al. 2000)
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SISTEMáTICA VEGETAL 277

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FIGURE 9.24 Dioscoreaceae. Dioscorea quaternata: ( A ) rizoma ( x 0,7);
vès* (B) iiana com frutos (x 0,7); (C) flor estaminada (x 10); (D) flor estaminada,

j vista de cima ( x 10); (E) estames (x 50); (F) flor carpelada (x 10); (G) flor
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carpelada, vista de cima (x 10); (H) ovário em secção transversal (x 15 ); (I)
óvulo (muito aumentado ); (J ) cápsula (x 1,5); (K) semente alada (x 3); (L) D.
villosa: secção do cauie (x 7). (Fonte: Al-Shebaz e Schubert 1998, J. Arnold
Arbor. 70; p.72.)
278 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE
T I

sugerem que as palmeiras são o grupo-irmã o do resto do cia ¬


Distribuição: amplamente distribuída em regiões tropicais
do das commelinídeas: Poales, Commelinales e Zingiberales. a subtropicais.
Neste contexto, a presença de endosperma amilá ceo, seria,
na verdade, uma sinapomorfia para o ciado que contém es ¬
Géneros/espé c/es: 200/ 2.780. Principais gêneros: Cala-
sas três ordens. No entanto, em outras análises moleculares mus (370 spp.), Bactris (200), Daemonorops (115), Licuala (100)
(Chase et al. 2006; Graham et al. 2006), as palmeiras estã o e Chamaedorea (100). A família é representada nos Estados
inseridas no ciado commelinóide. Unidos por Coccothrinax, Pseudophoenix, Rhaphidophylhm,
Roystonia, Sabal, Serenoa, Thrinax, Washingtonia e alguns ou ¬

Arecales tros poucos gêneros naturalizados.

Arecaceae Bercht. & J. Presl Importância económica e produtos: os gêneros Areca


(= Palmae A. L. de Jussieu) (noz -de- betel), Attalea, Bactrix (pupunha), Cocos (coqueiro),
Elaeis (dendê), Euterpe (a çaí, jussara), Metroxylon (sagu) e
(Família das palmeiras) Phoenix (tamareira) são plantas alimentícias. Muitos gé ne ¬

Árvores ou arbustos com troncos não-ramificados ou ra¬ ros apresentam um meristema apical comestível (palmito).
ramente ramificados, ocasionalmente rizomatosos; ápice Outras palmeiras economicamente importantes são Ca -
do caule com um grande meristema apical; com frequ ên ¬ lamus (ratan ), Copemicia (cera de carnaú ba), Phytelephas
cia presen ça de taninos e polifenóis. Pêlos variados, e plantas ( marfim - vegetal), Raphia (r áfia) e muitos outros gêneros
às vezes espinhosas devido a modifica ções dos segmentos que fornecem fibras e material de cobertura. Por fim, a fa ¬

foliares, fibras expostas, raízes de pontas agudas, ou expan ¬ mília inclui um grande n ú mero de plantas ornamentais:
sões do pecíolo. Folhas alternas e espiraladas, em geral agru
padas em uma coroa terminal, mas às vezes bem separadas,
¬ Caryota, Chamaerops, Livingstona, Roystona, Sabal, Syagrus,
Wanshingtonia, Chamaedorea, Raphidophyllum, Thrinax, Coc ¬
I
-
simples e inteiras, geralmente dividindo se deforma pinada a cothrinax, Licuala, Veitchia, Acoelorraphe, Butia, Copemicia,
palmada durante a expansão foliar, e na maturidade parecendo Dypsis e Wodyetia.
palmado-lobadas ( como segmentos radiando de um único ponto),
costa- palmado-lobadas ( segmentos ± palmados divergindo a par¬
tir de um curto eixo central, ou costa ), pinado-lobadas ou compos¬
Discussão: uma grande quantidade de trabalhos efetu
ados ao longo de mais de 30 anos tem esclarecido grande
¬

¬
I
tas ( com um eixo central bem desenvolvido que leva segmentos pi¬ mente nossa compreensão das palmeiras (Dransfield 1986;
nados ), ou raramente compostas bipinadas, diferenciadas em Dransfield e Uhl 1998; Henderson 1995; Henderson et al. «
pecíolo e lâmina, esta ltima plicada, e os segmentos ora 1995; Moore 1973; Moore e Uhl 1982; Tomlinson 1990; Uhl
são induplicados (em formato de V em secção transversal) e Dransfield 1987; Zona 1997). Dransfield e colaborado ¬

ou reduplicados (em formato de A em secção transversal); res (2005) apresentam uma classificação da família baseada
cada segmento com nervuras ± paralelas a divergentes, o pe ¬ em relações moleculares (ver especialmente Asmussen et
cíolo freqiientemente com uma dobra (hástula), invaginante al. 2006). Arecaceae (ou Pâlmae) é distinta, facilmente reco ¬
na base, com vários padrões de fibras que aparecem após a nhecível e monofilética . An álises filogenéticas de múltiplas
decomposição dos tecidos tenros; estipulas ausentes. Inflo- sequências de DNA mostram que a subfam ília Calamoideae
rescências determinadas e/ou indeterminadas, com frequ ê n ¬
é o grupo-irm ã o de todas as palmeiras. Nypa (o ú nico gê ¬ -
cia parecendo espigas compostas, axilares ou terminais, com nero de Nypoideae), um caracter ístico gênero asiá tico e dos
brácteas pequenas a grandes e decíduas a persistentes. Flores manguezais do oeste do Pacífico, é o grupo-irmão das demais
bissexuais ou unissexuais (portanto plantas monóicas a di - palmeiras. Aqueles gê neros com folhas geralmente pinadas
óicas), radiais, geralmente sésseis, com perianto geralmente dife¬ e reduplicadas formam um complexo parafilé tico, enquanto
renciado em cálice e corola.Sépalas 3, livres a conatas, em geral aqueles com folhas geralmente costa-palmadas ou palmadas
imbricadas. Pétalas geralmente 3, livres a conatas, imbricadas e induplicadas - Coryphoideae - formam um grupo monofi-
a valvadas. Estames 3 ou 6 a numerosos; filetes livres a co- lé tico (Hahn 2002; Uhl et al. 1995).
natos, adnatos ou não às pétalas; grãos de pólen geralmente Calamoideae apresenta folhas pinadas a palmadas e
monossulcados. Carpelos geralmente 3, mas ocasionalmente frutos característicos cobertos com escamas reflexas e im ¬

até 10, às vezes parecendo ser um ú nico carpelo, livres a co- bricadas (um caráter sinapomó rfico) . Gê neros dignos de
natos; ovário sú pero, geralmente com placenta ção axial; estig ¬ mensão são Raphia, Mauritia, Lepidocaryum, Metroxylon e
mas variados. Um óvulo por lóculo, an átropo a ortótropo. Calamus . Nypa (Nypoideae) apresenta um caule prostado
Nectários nos septos do ovário ou ausentes. Fruto drupa, com ramifica çã o dicotômica e folhas eretas e pinadas, e
em geral 1-seminado, frequentemente fibroso ou raramente suas t é palas sã o indiferenciadas. Fósseis desse gênero são
baga; endosperma com óleos ou carboidratos, às vezes rumi ¬
conhecidos para o Terciá rio da Europa e dos Estados Uni ¬
nado (Figuras 9.25 e 9.26). dos. Arecoideae apresenta folhas pinadas e flores em gru ¬
pos de três ( tríades ), com uma flor carpelada rodeada por
duas flores estaminadas ( uma possível sinapomorfia, per¬
Fó rmula floral: dida em alguns taxa ). Dentro de Arecoideae, alguns poucos
grupos monofilé ticos bem definidos são evidentes. Hyo-
* , K (3), C (Sf , G ®; drupa, baga phorbeae (p. ex., Chamaedorea, Hyophorbé) apresenta flores
imperfeitas em fileiras. Cocoseae apresenta inflorescê ncia

te
: SISTEMáTICA VEGETAL 279
;
FIGURA 9.25 Arecaceae (Palmae, Coryphoideae). Acoe-
lorraphe wrightii: (A) há bito (muito reduzido); (B) junção da
l â mina foliar e pecíolo, mostrando a h ástula (x 0,5); (C) por¬ (Cl
ção da inflorescê ncia (x 0,5 ); ( D ) porção do eixo da inflores-
cência com flores (x 7); (E) cálice (x 14); (F) corola estendida
*
e androceu (x 14); (G ) pétala; (H) gineceu (x 23); (I) drupa
(x 3,5); (J ) semente (x 4,5). ( Fonte: Zona 1997, Harvard Pap . ÍH)
Sof . 2(1 ): p.97.)

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associada com uma bráctea grande e persistente e frutos Ceoryphoideae inclui a monogenérica Phoeniceae ( Phoe -
com endocarpo duro, com 3 poros, e inclui gêneros como nix, a tamareira) com caracter ísticas folhas pinadas cujos seg ¬

Elaeis, Cocos, Syagrus , Attalea, Bactris, Desmoncus e jubaea. mentos basais apresentam formato de espinho. Borasseae (p.
Iriarteae (p. ex., Iriartea, Socratea ) apresenta raízes adventí¬ ex., Latania, Borassus , Lodoicea e Hyphaene ) apresenta flores
cias e segmentos foliares com ápices truncados e nervuras estaminadas embutidas no eixo engrossado da inflorescência.
divergentes. A maioria das espécies de Arecoideae é in ¬ Corypheae inclui Chamaerops, Rhaphis, Licuala, Copemicia,
cluída dentro da heterogénea Areceae (Baker et al. 2006); Corypha, Washingtonia , Serenoa , Livistonia , Rhapidophyllum
gê neros representativos são: Areca , Dypsis, Wodyetia, Vei - e Acoelorraphe, e resulta de dif ícil caracterização . Gê neros
tchia, Ptychosperma e Dictyosperma. Essas palmeiras às ve ¬ como Sabal, Thrinax e Coccothrinax são morfologicamente
zes apresentam bases foliares persistentes que parecem ser semelhantes e têm sido incluídos nessa tribo. No entanto,
uma extensão do caule. sua inclusão deve tomar a tribo n ão- monoíilé tica. Carvote -
280 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE
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FIGURA 926 Arecaceae (Palmae, Arecoideae). Roystonia regia: (A) há- trai (x 7); (E, F) estames antes e depois da deisc ência das anteras (x 7);
bito (muito reduzido), observe as bases foliares persistentes e inflores- (G) botão quase maduro de fiorcarpelada em secçã o parcial mostran-
cências; ( B) por ção do eixo da inflorescência mostrando triades de fio- do corona nectarífera estaminodial (tracejado) e gineceu (x 6,2); (H)
res em botão, duas flores estaminadase uma carpelada (x 4); (C) bot ã o corola e corona estaminodial de flor carpelada (x 6,2); (I) drupa (x 2,8);
de flor estaminada com uma pétala e tr ê s estames removidos (x 7); (D) |
flor estaminada, três estames removidos para mostrar o pistilódio cen-
(J) endocarpo (x 2,8); ( K) semente, mostrando a cicatriz do hilo (x 2,3).
(Fonte: Zona 1997, Harvard Pap. Bot. 2(1): p.101.)

ae (p. ex„Caryota e Arenga) forma um ciado distinto dentro míferos e aves, embora alguns (p. exv Nypa e Cocos) sejam
de Coryphoideae (Asmussen et al. 2000; Asmussen e Chase dispersos pela água e flutuem em correntes oceânicas (Zona
2001; Hahn 2002) devido às suas í
trades florais (evoluídas em e Henderson 1989) . Tf
paralelo com aquelas de Arecoideae). Esse grupo apresenta f
segmentos foliares induplicados e truncados, com nervuras |
divergentes. Commelinales I
As flores das palmeiras geralmente são polinizadas por Commelinales está constituída pelas famílias Haemodo-
insetos, em especial por cole ópteros, abelhas e moscas; o raceae , Pontederiaceae , Philydraceae, Commelinaceae e
néctar freqiientemente é empregado como recompensa fio - Hanguanaceae. Tais famílias apresentam cimas heiicóides
ral (Henderson 1986) . Os frutos das palmeiras geraimente multifloras e um tapete amebóide, ou seja, a camada maís
são carnosos e dispersos por uma ampla variedade de ma- interna do tapete da antera sofre uma separação prematura «i
SISTEMáTICA VEGETAL 281

das paredes celulares internas e radiais, com os núcleos e o vezes reduzidas a uma flor solitária, terminais ou axilares,
citoplasma deslocando-se para o interior da cavidade da an ¬ frequentemente subtendidas por uma bráctea foliácea do ¬
tera (Dahlgren e Clifford 1982). Estes são caracteres deriva ¬ brada . Flores geralmente bissexuais, radiais a bilaterais, com
dos que Commelinales compartilha com Zingiberales, uma perianto diferenciado em cálice e corola. Sépalas 3, geral ¬
ordem aparentemente próxima. A monofilia de Commelina ¬
mente livres, imbricadas ou com estivação aberta. Pétalas 3,
les é sustentada por caracteres de DNA (Chase et al. 1995a, livres e geralmente ungiiiculadas a conatas, neste caso co¬
2000, 2006; Davis et al. 2004; Linder e Kellogg 1995; Soltis rola com tubo curto a longo com lobos expostos; a corola
et al. 2000), no entanto as sinapomorfias morfológicas são murcha e se autodigere rapidamente no fim da vida útil,1 pé tala
ambíguas. Pontederiaceae e Haemodoraceae compartilham a às vezes diferentemente colorida e/ou reduzida, imbricada e
estrutura da exina n ão- tectada e columelada, enquanto Phi- enrugada no botão. Estames 6, ou 3 neste caso, geralmente
lvdraceae, como Haemodorace, apresenta folhas estreitas e com 3 estaminódios; filetes finos, livres a ligeiramente co-
unifaciais (Simpson 1990; Dahlgren et al. 1985). Todas as três natos, às vezes adnatoe às pétalas, frequentemente com pêlos
famílias apresentam células de tanino no perianto e esdereí- moniliformes conspícuos ( pêlos em forma de colar de contas );
des nas placentas. anteras ocasionalmente com poros apicais; grã os de pólen
A localização de Commelinaceae tem sido controversa. geralmente monossulcados. Carpelos 3, conatos; ovário su ¬
Caracteres morfológicos a situam junto com Eriocaulaceae pero, com placentação axial; 1 estigma, capitado, fimbriado a
e Mayacaceae na ordem Poales (Stevenson e Loconte 1995), 3-lobado. Óvulos 1 a muitos em cada lóculo, anãtropos a
enquanto sequências de DNA a situam junto com Haemodo ¬
ortótropos. Nectários ausentes. Fruto geralmente cá psula lo-
raceae, Pontederiaceae e Philydraceae (Linder e Kellogg 1995; culicida (ocasionalmente baga); sementes com um capuz
Chase et al. 2000). A presença de flores com sépalas e pétalas cónico conspícuo (Figura 9.27).
e pêlos moniliformes sã o caracteres utilizados para susten ¬

- tar uma relação com alguns membros de Poales. No entanto,


devem ter evoluído independentemente em Commelinaceae. Fórmula floral:
Como aqui delimitado, Commelinales compreende 5 famílias
e cerca de 780 espécies. >
* , K3, C ($} A3 ou 6, G (3 , cá psula

Commelinaceae Mirbel
Distribuição: amplamente distribuída em regiões tropicais
(Família da trapoeraba) a temperadas.
Ervas, à s vezes suculentas, com caules bem desenvolvidos que
apresentam nós ± engrossados, os caules às vezes curtos; ge ¬ G ê neros / espé cies: 40/650. Principais g êneros: Comme-
ralmente com células de mucilagem ou canais contendo lina (230 spp.), Tradescantia (60), Aneilema (60), Murdannia
raf ídeos. Pêlos simples, unisseriados ou unicelulares. Fo ¬ (45) e Callissia (20). Callissia,Commelina,Gibasis, Murdannia e
lhas alternas, dísticas ou espiraladas, distribuídas ao longo Tradescantia ocorrem nos Estados Unidos e/ ou no Canadá.
do caule, simples, estreitas ou ligeiramente expandidas,
achatadas a marcadamente dobradas (em formato de V em Discuss o: a monofilia de Commelinaceae é sustentada
secção transversal); na folha em desenvolvimento, as metades pelos caracteres morfológicos descritos acima e por caracte ¬

encontram-se enroladas em direção à nervura mediana, intei ¬ res moleculares (Evans et al. 2000; Linder e Kellogg 1995). O
ras, com venação paralela, mas a nervura mediana frequen - gênero Cartonema deve ser o grupo-irmão do resto da família;
temente é proeminente, com bainha fechada; estômatos apresenta flores amarelas e radiais e carece dos micropêlos
tetracíclicos; estipulas ausentes. Inflorescências determi ¬ glandulares e dos canais de raf ídeos presentes nos outros taxa
nadas, compostas por poucas a muitas cimas helicóides, às (Evans et al. 2000; Faden 1998).

Chave para as Famílias de Commelinales

1. Perianto de sépalas e pétalas; folhas em desenvolvimento com as metades


enroladas separadamente contra a nervura mediana; semente com capuz cónico Commelinaceae
1. Perianto de tépalas; folhas não como indicadas acima; sementes sem capuz cónico 2
2. Folhas bifaciais com lâmina expandida; presença de pecíolo Pontederiaceae
2. Folhas unifaciais, equitantes; ausência de pecíolo 3
3. Estame solitário; tépalas 4 e livres; flores sem nectários septais; aril fenalenonas ausentes,
raízes nunca avermelhadas Philydraceae
3. Estames 3 ou 6; tépalas 6, livres a conatas; flores com nectários septais, mas às vezes
pouco desenvolvidos; aril fenalenonas (compostos polifenólicos avermelhados) presentes,
frequentemente conferindo cor vermelho-alaranjada ou purp rea a rizomas e raízes Haemodoraceae
282 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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m FIGURA 9.27 Commelinaceae. Callisia cardifolia: (A) caule com inflores- I
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WÊÈÊ cència (x 1 ,5); ( B) inflorescência com botões e cá psula aberta (x 9); (C) flor
( x 22); ( D) estame {x 37 ); ( E) secçã o longitudinal do gineceu (x 18); ( F) cá p ¬
sula aberta (x 12); (G) semente, hilo deslocado do centro (x 37); ( H ) semen ¬

te do lado oposto, com o capuz có nico na região mediana (x 75 ). (Fonte:


Tucker 1989, J. ArnoldArbor . 70: p.119.)

A maioria dos gêneros de Commelinaceae pertence a uma qúentemente mais conspícuos do que os estames, e as flores
de duas grandes tribos (Faden e Hunt 1991; Tucker 1989) : Tra- bilaterais sã o dispostas de modo que a sépala diferenciada
descantieae (25 gêneros, p. ex„Callisia, Tradescantia e Gibasis ) é adaxial. Os pêlos moniliformes dos filetes de muitas Tra-
e Commelineae (13 gêneros, p. ex., Commelina, Murdannia e descantieae devem enganar as abelhas que provavelmente
Aneilema ).O primeiro grupo é caracterizado por pólen sem es¬ tentam coletá-los como se fossem pólen. Autopolinização é
pinhos, cromossomos médios a grandes, flores radiais e pêlos frequente em algumas espécies.
dos filetes (quando presentes) do tipo moniliforme; o ultimo
grupo apresenta pólen com espinhos, cromossomos pequenos,
flores radiais a bilaterais e pêlos dos filetes (quando presentes) Haemodoraceae R. Brown
geralmente não- moniliformes. Tem acontecido muita conver¬ Ervas com rizomas, cormos ou bulbos, e raízes frepuentemente
gê ncia de caracteres florais dentro da família devido à forte com pigmentação vermelho-alaranjada, contendo variadas fe *

pressão seletiva dos polinizadores. Caracteres anatômicos (p. nalonas, ou seja, compostos polifenólicos. Pêlos simples a
ex., estrutura dos estômatos) podem ser muito ú teis para diag¬ dendríticos ou estrelados, cobrindo densamente o eixo da inflores¬
nosticar os principais ciados (Evans et al. 2000, 2003). cência, brácteas, e exterior das peças periânticas. Folhas alternas,
As flores de Commelinaceae duram no máximo um dia. d í sticas, equitantes, unifaciais, aquelas da poção superior
A polinizaçã o geralmente é promovida por abelhas coleto¬ do caule reduzidas, simples, inteiras, com venação parale ¬
ras de pólen. Resulta notável que os estaminó dios são íre- la, invaginantes na base; estipulas ausentes. Inflorescênaas
SISTEMáTICA VEGETAL 283

determinadas, consistindo em uma série de amas helicóides, às as outras monocotiledôneas Commelinídeas) . Hoje, Lophiola
vezes parecendo indeterminadas, terminais. Flores bissexu ¬ está incluída dentro de Nartheciaceae (Zomlefer 1997a,b,c e
ais, radiais a bilaterais. Té palas 6 , vistosas, livres a conatas, o este texto) .
tubo periântico (quando presente) às vezes apresenta uma As coloridas flores de Haemodoraceae geralmente são
fenda ao logo da superf ície adaxial, imbricadas ou valvadas. polinizadas por insetos (sobretudo abelhas e borboletas),
Estames 3 ou 6, às vezes reduzidos a 1, ocasionalmente di- mas a polinização por aves é característica de Anigozanthos.
mórficos; filetes livres ou adnatos às té palas; grãos de pólen A principal recompensa floral é o néctar, mas Xiphidium é
monossulcados ou 2-7- porados. Carpelos 3, conatos; ovário polinizado por abelhas coletoras de pólen. As sementes pe ¬
súpero ou ínfero, com placentação axial; 1 estigma, capitado quenas, achatadas, pilosas ou aladas provavelmente são dis ¬
a 3-lobado. Óvulos 1 a numerosos em cada lóculo, anátropos persas pelo vento.
a ortótropos. Nectários nos septos do ovário, às vezes pouco
c desenvolvidos. Fruto cá psula loculiáda; sementes frequente-
mente aladas.
Pontederiaceae Kunth
(Família do aguapé ou camalote)
floral:
Ervas aquáticas, rizomatosas, flutuantes a emersas; caules es¬
Fórmula ponjosos. Pêlos simples, apenas nas partes reprodutivas.
Folhas geralmente alternas e espiraladas, ao longo do caule
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ou X, T(-6v, A 6 ouj, G ; cá psula
ou + basais, ± diferenciadas em pecíolo e lâmina, simples,
inteiras, com venação paralela a palmada, invaginantes na
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base; estipulas ausentes. Inflorescências determinadas, mas
Distribuição e ecologia: amplamente distribuída na Austrá ¬ freqúentemente parecendo racemos ou espigas, às vezes
lia, África do Sul e norte da América do Sul. Poucas espécies reduzidas a uma flor solitária, terminais, mas às vezes pa ¬

ocorrem na América do Norte; prindpalmente plantas de recendo laterais, associadas com 2 brácteas. Flores bissexu ¬

áreas brejosas. ais, radiais a bilaterais, com frequência apresentando tristilia.


* Té palas 6, vistosas, variavelmente conatas, imbricadas, com
G ê neros / espé cies: 13/100. Principais gêneros: Conos- frequência as té palas adaxiais do verticilo interno diferenciadas.
h tylis (30 spp.); Haemodorum (20) e Anigozanthos (11). A família Estames geralmente 6; filetes adnatos ao tubo do perianto,
é representada nos Estados Unidos por Lachnanthes . com frequência apresentando comprimentos desiguais; anteras
deiscentes por fendas ou poros; grãos de pólen com 1 ou 2
Importância económica e produtos: gêneros como Anigo¬ sulcos. Carpelos 3, conatos; ovário súpero, com placentação
zanthos (pata -de-canguru), Conostylis e Lachnanthes são culti ¬ axial a ocasionalmente parietal com placentas intrusivas, às
vados como plantas ornamentais. vezes com 2 lóculos estéreis; 1 estigma, capitado a 3-lobado.
I Óvulos numerosos a 1 por lóculo. Nectários freqúentemente
Discussão: Haemodoraceae é considerada monofilética presentes nos septos do ovário. Fruto cá psula loculiáda ou noz,
devido à presença de aril fenalenonas; são as nicas plantas rodeado por uma porção persistente do tubo periântico
vasculares que possuem esses pigmentos, os quais conferem (Figura 9.28).
a característica coloração vermelho-alaranjada ou púrpura às
raízes e rizomas de muitos gêneros (Simpson 1990, 1998a) .
l Caracteres morfológicos sustentam o reconhecimento de Fórmula floral:
I dois grandes ciados: Haemodoroideae e Conostylidoideae * ou X, T jp, A6 , G @; cá psula, noz
- (Simpson 1990). A monofilia de Haemodoroideae (p. ex.,
r: Haemodorum, Lachnanthes e Xiphidium ) é sustentada pela
coloração avermelhada de raízes e rizomas, pela ausência
de esclerídios nas placentas e por sementes discóides, pu- Distribuição e ecologia: amplamente distribuída em regiões
i bescentes ou marginalmente aladas. As sinapomorfias de tropicais e subtropicais, com poucas espécies nas regiões tem ¬
Si Conostylidoideae (p. ex., Anigozanthos ) são pêlos ramifica ¬ peradas; plantas de ambientes aquáticos ou áreas brejosas.
dos e multisseriados; grãos de pólen com parede rugosa e
aberturas poradas; estilete não-reflexo; e número cromossô - Gêneros / espé cies: 7/35. Principais gêneros: Heteranthe-
mico básico sete. O perianto de Anigozanthos apresenta uma ra (12 spp.), Eichhomia (7), Monochoria (7) e Pontederia (6). A
r- fenda adaxial; flores bilaterais evoluíram dentro das duas família é representada nos Estados Unidos e/ou no Canadá
tribos. Na família, a posição do ovário aparentemente tem por Eichhomia, Heteranthera e Pontederia.
t experimentado mudança de ínfero para súpero (Simpson
I 1990, 1993, 1998b). Importância econó mica e produtos: Pontederia e Eichhomia
O gênero Lophiola do Leste dos Estados Unidos (Robert são utilizadas como plantas ornamentais; esta última é uma
1976) se assemelha com Haemodoraceae devido a suas fo ¬ praga muito séria em ambientes de água parada ou com pou ¬
lhas unifaciais, inflorescências de cimas helicóides e flores co movimento em regiões tropicais ou subtropicais.
densamente pilosas, mas difere na estrutura do pólen, mor¬
fologia dos tricomas e na anatomia do caule. Lophiola carece Discussão: a monofilia de Pontederiaceae tem sido sus ¬
das aril fenalenonas tão caracteristicas de Haemodoraceae, tentada por caracteres morfológicos (Eckenwalder e Barrett
bem como dos compostos UV-fluorescentes que estão pre ¬ 1986) e moleculares (Barrett e Graham 1997; Graham e Bar¬
sentes nas paredes celulares de Haemodoraceae (e em todas rett 1995; Graham et al. 1998). Pontederia e Eichhomia formam
284 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.28 Pontederiaceae. Pontederia cordata: (A) lâmina foliar e


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longo-estiiada mostrando dois dos três estames adaxiais curtos e deis


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por ção do pec íolo abaixo da inflorescência, com folha e br á dos tr ê s abaxiais de comprimento médio ( x 4); ( F) pêlos glandulares;- V V :
ctea sub ¬

tendendo a inflorescência (x 0,4); (B) flor do morfo longo - estilado, com dos filetes estaminais (x 72); (G) ovário em secção longitudinal; obser- . r i,
estiiete e três estames de comprimento médio, exsertos (x 4); (C) flor ve o lóculo fértil com um nico óvulo pènaulo; a linha tracejaaa indica -
|
da forma curto-estilada em sec ção longitudinal, semidiagramá tica f
a sec çã o transversal em H ( x 23); (H) ov á rio em secçã o transversal mos-
(péios nã o mostrados), mostrando dois dos trê s
estames adaxiais de
comprimento médio e dois dos três abaxiais de comprimento longo (
.g
trando oois lóculos abortivos e um l óculo fértil ( x 23 ); (I) parte terminai r ,.

4); (D) flor da forma médio-estilada mostrando dois dos três estames
x do caule, com frutos em desenvolvimento (x 0,2); (J) fruto (x 4,5); (K) ,
fruto rodeaao pela base persistente e carnosa do perianto ( x 4,S). !Fon- ç
| ,
adaxiais curtos e dois dos trê s abaxiais longos (x 4); ( E) flor da forma te: Rosatti 1987, J. Arnold Arbor . 68: p. 64.)
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|
SISTEMáTICA VEGETAL 285

um ciado sustentado pelo há bito perene, pelo eixo da inflo- Referências adicionais: Cook 1998; Lowden 1973; Omduff
rescência curvo e pelas flores bilaterais com tristilia . Dados 1966; Price and Barrett 1982; Rosatti 1987; Strange et al. 2004.
moleculares sugerem que Monochorea pertence ao ciado Pon-
tederia + Eichhomia. Pontederia é distinto devido às seguintes
apomorfias: gineceu com dois lóculos abortivos e o terceiro Poales
contendo 1 único óvulo, frutos indeiscentes (nozes) rodeados A monofilia de Fbales, como delimitada neste texto, é bem
pela porção basal e persistente do perianto e sementes relati ¬
sustentada por caracteres de sequências de DNA (Chase et
vamente grandes. Eichhomia não é monofilético. Heteranthera al. 1995a, 2000, 2006; Davis et al. 2004; Graham et al. 2006;
é caracter
ístico por seus estames dimórficos (estames férteis e Soltis et al. 2000). Caracteres morfológicos que possivelmente
estaminódios que fornecem alimento aos insetos polinizado- sustentam este grupo são corpos silicosos na epiderme, esti -
res) com anteras basifixas (Eckenwalder e Barrett 1986). letes separados ou conatos, mas fortemente ramificados, e a
: Pontederiaceae é a única família de monocotiledôneas perda dos raf ídeos. A polinização pelo vento, ou anemofilia,
que apresenta tristilia, a qual provavelmente evoluiu uma evoluiu muitas vezes dentro de Poales ( junto com a perda dos
ú nica vez dentro do grupo e depois perdeu - se várias vezes. nectários septais) e é caracter ística de Typhaceae, Juncaceae,
Apenas Oxalidaceae e Lythraceae també m apresentam tristi ¬ Cyperaceae, Restionaceae e Poaceae. A ordem é frequente-
lia (Vuilleumier 1967). mente delimitada de modo mais restrito, incluindo apenas
As vistosas flores de Pontederiaceae abrem apenas por um Poaceae, Restionaceae e grupos afins. No entanto, Poales é
dia e são polinizadas por diversos tipos de insetos, especial ¬
aqui circunscrito de maneira ampla, incluindo 17 famílias e
mente abelhas, moscas e borboletas. A polinização cruzada é cerca de 19.500 espécies. As principais famílias são Typha ¬

característica nas espécies com heterostilia, mas a autopoli- ceae, Bromeliaceae, Eriocaulaceae, Xyridaceae, Juncaceae,
nização, como em Heteranthera, também é comum. As nozes Cyperaceae, Restionaceae e Poaceae.
coriá ceas de Pontederia são dispersas pela água, o que tam ¬ Os principais ciados dentro de Poales são ilustrados na
bém acontece com as pequenas sementes das espécies com Figura 9.29.Typhaceae e Bromeliaceae estão isolados e apa ¬
fruto do tipo cá psula. Reprodução assexual por fragmentação rentemente representam ciados que divergiram cedo dentro
do rizoma é frequente em algumas espécies. da ordem . Eriocaulaceae e Xyridaceae partilham hábito ca -

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Células -guarda em
forma de halteres Folhas Plantas em roseta
trísticas
Fruto indeiscente
Pólen em
Lígula tétrades
Lâmina foliar com Centrômeros
nervuras transversais difusos
Desenvolvimento
Folhas dísticas invaginantes embrionário
1 óvulo apical > * Rores em escapo
Óvulo ortótropo
Cálice e corola
Estigmas plumosos
(com ramos multicelulares)
Pólen monoporado, areolado Megasporângio de
parede fina
Peculiaridades do embrião
Ausênda
+ Ausência de nectários de nectário

toda dos rafídeos


* = polinização pelo vento
Células epidérmicas com sílica
FIGURA 9.29 Cladograma mostrando as prováveis rela ções filogen éticas Endosperma nuclear
.
dentro de Poales (Modificada de Chase et ai. 2000; Kellogg e Linder 1995;
Soltis et al. 2000, 2005 e Stevens 2001 e versões mais recentes.)
286 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

ístico (isto é, plantas em roseta com densos conjuntos


racter Juncaceae está menos clara, mas é sustentada por caracteres
de flores em um escapo),perianto com cálice e corola e óvu ¬
de ETS (Roalson 2005).
los com megasporângios de paredes finas (Dahlgren et al. Integrantes do ciado ciper óide são anemófilos, super-
1985; Linder e Kellogg 1995). A maioria das demais famílias íf dalmente semelhantes com gramíneas e frequentemente
supracitadas pertence ora a um ciado ciperóide (Cyperaceae confundidos com elas.A seguinte rima (de origem desconhe
e famílias afins), ora a um ciado graminóide (Pbaceae e fa
¬

¬ cida) pode ser útil para lembrar alguns caracteres: sedges


mílias afins) . have eddges, and rushes are round, and grasses are hollow
Cyperaceae e Juncaceae (junto com Thumiaceae) consti ¬
right to the ground ( tiriricas têm arestas, juncos são redon
¬
tuem o dado ciperóide, que foi formalmente reconhecido no dos, e gramas são ocas até o chão ). Esta rima se refere ao
passado como Juncales. Esse grupo é certamente monofiléti- caule marcadamente triangular de algumas (mas não todas)
co, com base em morfologia e sequências de rbcl (Plunkett et Cyperaceae e aos caules ocos de algumas (mas não todas) Po -
al. 1995; Simpson 1995). Sinapomorfias morfológicas incluem aceae. Os juncos (Juncaceae) de fato apresentam caule sólido
caules sólidos, folhas trísticas, pólen em té trades (três destes e de sec ção arredondada, mas a caracterização de Poaceae e
grãos reduzidos em Cyperaceae), cromossomos com centrô- Cyperaceae na rima é uma grande simplificação.
meros difusos e peculiaridades do desenvolvimento embrio ¬
O ciado graminóide incluiu Restionaceae,Flagellariaceae,
nário e polínico. Prionium (às vezes incluído em Juncace
ae Joinvilleaceae, Poaceae e algumas outras poucas e pequenas
mas aqui considerado como Thumiaceae) deve ser o grupo - famílias.
irmão do ciado ciper óide (Munro e Linder 1998). Todas as Além de Poaceae, que é cosmopolita, essas famílias são
evidêndas indicam que Cyperaceae é monofilético, de acordo ervas do hemisfério Sul e especialmente da região do Ocea ¬

com sequências de rbcl (Muasya et al. 1998). A monofilia de no Pacífico. Além de Poaceae, Restionaceae é a maior família

Chave para as Principais Famílias de Poales

1. Folhas com escamas peitadas que absorvem água, ocasionalmente apenas estreladas
Bromeliaceae
1. Folhas carecendo do indumento supracitado
2. Perianto diferenciado em cálice e corola, geralmente colorida
2 |
3
2. Perianto de tépalas, ou reduzido ou ausente
5
3. Folhas uniformemente distribuídas ao longo do caule; flores solitárias
3. Folhas ± basais; flores em influorescências capitadas ou em espigas cónicas, no á
4. Flores unissexuais, em inflorescências capitadas e involucradas,
Mayacaceae
pice de longos escapos 4 f
com numerosas flores abertas ao mesmo tempo; 1óvulo por lóculo
Eriocaulaceae
4. Flores bissexuais, em espigas cónicas, com apenas 1 ou 2 flores ?
r
abertas ao mesmo tempo; numerosos óvulos em cada placenta Xyridaceae
5. Folhas trísticas
6
5. Folhas dísticas
7
6. Perianto de 6 tépalas; óvulos 3-numerosos; fruto cápsula
Juncaceae
6. Perianto ausente, ou reduzido a escamas, aristas ou pêlos;1óvulo; fruto
aqu ênio Cyperaceae
I
7. Inflorescência com numerosas flores densamente agrupadas como
espigas cilíndricas
ou inflorescências globosas, as flores estaminadas posicionadas acima das
carpeladas Typhaceae
7. Inflorescências não como indicado acima
8
8. Folhas com prefoliação circinada, com ápice curvo semelhante à gavinha na folha
desenvolvida . . . Flagellariaceae
8. Folhas sem prefoliação circinada
9
9. Folhas com a lâmina geralmente muito reduzida, consistindo basicamente em
bainha,
lígula geralmente ausente; anteras com 1lóculo, abrindo por uma única fenda
longitudinal Restionaceae
9. Folhas com lâmina ± desenvolvida,lígula geralmente presente;
anteras com 2lóculos, abrindo por duas fendas longitudinais , •

10
10. Perianto com 6 tépalas; flores não em espiguetas; gineceu 3-carpelado;
Ç
fruto drupa; 1-3-seminado; embrião não-diferenciado
Joinvilleaceae
10. Perianto reduzido, geralmente representado por 2 ou 3 lodículas; flores em
espiguetas;
gineceu 2- ou 3-carpelado; fruto geralmente cariópse,1-seminado; embrião do tipo graminóide
Poaceae
B
SISTEMáTICA VEGETAL 287

do dado graminóide. Essa família ocorre principalmente na nadas ao eixo carnoso e um tanto fibroso da inflorescência,
África do Sul e na Austrália. A monofília do ciado graminói¬ e são importantes como frutos comestíveis. Caules e folhas
de é sustentada por caracteres tanto morfológicos quanto de secos de Tilladsia usneoides (barba -de-velho) são utilizados
DNA (Briggs et al . 2000; Chase et al. 2000, 2006; Dahlgren e como material de preenchimento. Numerosos gêneros in ¬

Rasmussen 1983; Dahlgren et al. 1985; Graham et al. 2006; cluindo Aechmea , Billbergia, Bromélia, Guzmania, Neoregelia ,
Kellogg e Linder 1995; Linder e Kellogg 1995; Michelangeli et Pitcaimia, Tillandsia e Vriesia, são cultivados como plantas
al. 2003; Soltis et al. 2000; Stevenson et al. 2000); sinapormor- ornamentais.
fias morfológicas incluem folhas dísticas, cada uma com uma
bainha que abraça o caule, flores pequenas com estigmas plu- Discussão: a monof ília de Bromeliaceae é sustentada por
mosos e um nico óvulo ortótropo e apical por carpelo, pólen caracteres de cpDNA, sítios de restrição, sequências de rbcL
monoporado e areolado e caracteres do embrião (Kellogg e (Chase et al. 1993, 1995a; Ranker et al . 1990), morfologia e,
Linder 1995; Soreng e Davis 1998). Esse dado também apre ¬ possivelmente, pelo número cromossômico básico 25 (Dahl¬
senta deleções na região ORF 2280 do genoma do cloroplas- gren et al 1985; Gilmartin e Brown 1987; Smith e Till 1998;
to. As relações evolutivas dentro do ciado graminóide são Varadarajan e Gilmartin 1988). A família provavelmente re ¬
mostradas na Figura 9.29. presenta um ciado que divergiu cedo dentro da ordem (Chase
et al. 1995b, Dahlgren et al. 1985; Linder e Kellogg 1995); se
Bromeliaceae A. L. de Jussieu ela for realmente basal, a presença de nectários septais deve
ser uma piesiomorfia.
(Família da bromélia)
Dentro de Bromeliaceae, folhas com margens serreadas,
Ervas geralmente epífitas; corpos silicosos solitários ge ¬ ovário s úpero e frutos capsulares com sementes aladas de ¬
ralmente associados com c élulas epidérmicas. Presença de vem ser provavelmente plesiomorfias. A família é tradido-
escamas peitadas que absorvem água; ocasionalmente nalmente dividida em três subfamílias: Pitcairnioideae ,

í estas escamas são estreladas . Folhas alternas e espiraladas,


em geral formando uma roseta basal em forma de cisterna que
acumula água, simples, inteiras a fortemente serreadas, com
venaçã o paralela, contendo tecidos que acumulam água e
Bromelioideae e Tillandsioideae. Tillandsioideae é conside ¬
rada monofilética com base nas folhas com margens inteiras,
sementes com tufos de pêlos e caracter ísticas escamas peita ¬
das que apresentam muitos anéis de células isodiam étricas
canais aeríferos (frequentemente com células estreladas); in- no centro da escama e uma franja de 32 ou 64 células que
vaginantes na base; estipulas ausentes. Inflorescências inde¬ dele irradiam. Esse ciado geralmente apresenta ovário súpe ¬
terminadas, terminais. Flores geralmente bissexuais, radiais, ro e fruto capsular. A monof ília de Bromelioideae é susten ¬
com perianto diferenciado em cálice e corola, dispostas na tada pelo ovário ínfero e pelo fruto baga; Pitcairnioideae
I axila de brácteas frequentemente brilhantes e coloridas. Sépalas 3,
livres a conatas, imbricadas. Pétalas 3, livres a conatas, muitas
é um agrupamento parafilé tico. Análises de seqúêndas de
DNA de cloroplasto sustentam a monofilia de Tillandsioi ¬
vezes com um par de apêndices na base, imbricadas. Estames, deae e Bromelioideae, e a parafilia de Pitcairnioideae (Bar-
6, filetes livres a conatos, às vezes adnatos às pétalas; grãos fuss et al. 2005; Givnish et al. 2004; Teny et al. 1997a,b). O
de pólen monossulcados ou bissulcados, ou com 2 a muitos hábito epif ítico evoluiu separadamente em Tillandsioideae e
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'

poros. Carpelos 3, conatos; ovário supero a ínfero, com placen - Bromelioideae.


I tação axial; estigmas 3, em geral retorcidos e espiralados .
Óvulos numerosos. Nectários geralmente nos septos do ová ¬
Bromeliaceae apresenta adaptações para epifitismo ou
ambientes xéricos. As folhas alongadas, mais ou menos côn ¬
cavas, estão tipicamente agrupadas na base da planta (Pran ¬
I rio. Fruto cápsula septicida ou baga; sementes com frequência ala¬
das ou providas de tufos de pêlos (Figura 9.30). cha 9.51), e suas bases foliares expandidas formam uma cis¬
terna que acumula água. A superf ície foliar est á coberta por
escamas peitadas que absorvem água; cada escama apresenta
Fó rmula floral: um pedúnculo unisseriado (de células vivas), enquanto as cé ¬
lulas radiais estão mortas na maturidade. As células mortas se
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*, K ( , CQ, A(6), G
' ® cápsula, baga expandem quando molhadas, conduzindo água para dentro
(e para baixo) da escama, onde a água é osmoticamente con ¬
I duzida ao interior da folha através do pedúnculo. A perda de
Distribuição e ecologia: regiões tropicais a temperadas das água é reduzida com a localização dos estò matos dentro de
Amé ricas (mas uma espécie de Pitcaimia ocorre na África tro¬ cavidades e com a presença de uma cutícula espessa. Tillan¬
pical). É um grupo importante de epífitos em florestas mon- dsia usneoides e T. recurvata conseguem se desenvolver sobre
tanas e midas. Também ocorre em hábitats xerof íticos. uma fiação telef ónica. Neste caso, a função principal das raí¬
zes adventícias é a fixação da planta no local.
& Gèneros/ espé cies: 51/1.520. Principais gêneros: TUlan - As vistosas flores são polinizadas por diversos tipos de
dsia (450 spp.), Pitcaimia (250), Vriesia (200), Aechmea (150), insetos, aves ou ocasionalmente morcegos. As bagas de Bro ¬
% Puya (150) e Guzmania (120). A família é representada nos melioideae são dispersas por aves ou mamíferos, enquanto as
Estados Unidos por Tillandsia, Catopsis e Guzmania. sementes aladas de Pitcairnioideae e sementes com tufos de

I Importância econó mica e produtos: os frutos de Ananas


pêlos deTillandsioiedeae são dispersas pelo vento.
Referências adicionais: Benzing 1980; Benzing et al. 1978;
comosus (abacaxi) consistem de agregados de bagas fusio- Brown e Gilmartin 1989; Smith e Wood 1975.
T
288 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

FIGURA 9.30 Bromeliaceae. ( A, B) Tilliandsia recurvata: ( A) planta


frutificando (x 0,4); ( B) caule com c ápsula aberta e sementes (x 0,75 }.
(C-L) T. usneoides: (C) caule com flor e fruto aberto (x 0,75); (D) flor (x
2); (E) flor com duas s épalas, duas pétalas e cinco estames removidos
para mostrar o gineceu (x 3); (F) secção transversal do ovário (x 22); (G)
gineceu em secção longitudinal ( x 22); (H) placenta e óvulos (x 30); (1)
cápsula aberta com semente (x 3); (J) semente com apêndice basal de I
pêlos (x 3 ); ( K) pl ântula ( x 6); ( L) escama de uma folha (x 75). ( Fonte:
Smith e Wood 1975, J. ArnoldArbor . 56: p. 386.)

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Poales: Poaceae, Panicoideae


Andropogon glomeratus var. pumilis: Poales: Juncaceae Poales: Poaceae, Ehrhartoideae
planta em fruto Juncus dichotomus: frutos Oryza sativa: espiguetas

(E) (F >

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Poales: Cyperaceae
Rhynchospora colorata: Poales: Poaceae, Chloridoideae
planta em flor Uniola panicuMa: espiguetas
Poales: Typhaceae
Typha domingensis: J
planta em flor
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i Poales: Cyperaceae
Carex verrucosa: inflorescêndas
Poales: Restionaceae Poales: Bromeliaceae
Elegia capensis: caules com Tillandsia hotteana: bromélia
folhas invagmantes PRANCHA 9.5 Monocotiled ô neas hábito; planta em flor
Poales

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290 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Typhaceae A. L. de Jussieu ( incluindo Sparganiaceae ) com base em caracteres morfoló ¬


(Família da taboa) gicos (ver descrição) .
Typhaceae é polinizada pelo vento. As aristas persisten ¬

Ervas rizomatosas, aquáticas ou de brejos , com folhas e caules tes de Typha auxiliam na dispersã o dos frutos pelo vento, que
distalmente flutuantes ou emersos. Pêlos simples. Folhas alter ¬ após a dispersão abrem e liberam a única semente. As drupas
nas, dísticas, simples, lineares, inteiras, com venação paralela, seco-esponjosas de Sparganium devem ser dispersas por aves,
frequentemente esponjosas, com canais de ar e compartimentos mamíferos ou pela água; o fruto pode flutuar devido a sua
contendo células estreladas, invaginantes na base; estipulas cobertura esponjosa.
ausentes, lnflorescências determinadas, terminais, altamente
Referências adicionais: Thieret 1982; Thieret e Luken 1996.
modificadas com numerosas flores densamente agrupadas e pa¬
recendo espigas cilíndricas/alongadas ou inflorescências globosas,
flores estaminadas posicionadas sobre as carpeladas, com fre ¬ Eriocaulaceae Martynov
qu ência subtendidas por uma bráctea linear. Flores unisse- (Família da sempre-viva)
xuais (plantas monóicas), radiais. Tépalas 1-6 e reduzidas,
semelhantes a brácteas, numerosas e como aristas ou semelhantes Ervas com rizomas ou caules cormosos curtos; caules com
a escamas , livres. Estames, 1-8; filetes livres ou basalmente feixes vasculares dispostos em 1 ou 2 anéis. Pêlos simples e
conatos; anteras com conectivo às vezes expandido; grãos unisseriados, ou em formato deT. Folhas alternas e geralmen ¬

de pólen uniporados, em mônades ou tétrades. Carpelos 3, te espiraladas, em geral em rosetas basais ou em tufos ao longo de
conatos, em geral apenas 1 funcional; ovário sú pero, com caules que se ramificam, simples, estreitas e semelhantes a folhas
placentação apical (em geral 1 l óculo), freqiientemente so ¬ de gramíneas, inteiras, com venação paralela, invaginantes na
bre um pedú nculo; 1 estigma, estendendo-se ao longo de um base; estipulas ausentes. Infloresc ências indeterminadas,
lado do estilete. Um óvulo . Nectários ausentes. Fruto drupa capitadas, subtendidas por um invólucro de brácteas rí¬
com cobertura seco-esponjosa ou folículo semelhante a aqu- gidas e papiráceas, terminais , sobre um longo escapo; escapos
ê nio; semente ou caroço contendo um poro, através do qual 1 a muitos, basalmente envolvidos por uma brá ctea. Flores '

emerge o embrião (Figura 9.31) . unissexuais (plantas geralmente monóicas), radiais a bila ¬
terais, individualmente inconspícuas, com o penanto diferenciado
em cálice e corola, e às vezes rodeadas por pêlos, geralmente na
Fórmula floral: axila de uma bráctea papirá cea. Sépalas 2 ou 3, livres ou co-

Flor estaminada: Al-8, GO


natas, normalmente valvadas. Pétalas 2 ou 3, livres (nas flores
carpeladas) ou conatas { nas flores estaminadas ), às vezes com
glândulas secretoras de néctar próximas do ápice, às vezes re
1
Flor carpelada: *, T3-°° AO, Gl ; drupa, folículo ¬

semelhante a aquênio duzidas (nas flores carpeladas), em geral valvadas. Estames


2-6, frequentemente desiguais; filetes livres ou conatos, adna-
tos às pétalas, às vezes elevados em um pedúnculo (formado
Distribuição e ecologia: amplamente distribuída, sobretudo pelas pétalas e filetes fusionados); anteras 1 ou 2 - loculares;
no hemisf é rio Norte; caracter
ísticas de ambientes aqu á ticos e grãos de pólen com um sulco de germinação alongado
brejosos. e espiraiado (ou, em alguns taxa, convoluto) . Carpelos 2 ou
3, conatos; ovário sú pero, geralmente sobre um ped nculo, com
Gêneros/ espé cies: 2/ 28. Gêneros: Sparganium (15 spp.) e placentação axial; estigmas 2 ou 3, diminutos. Óvulos 1 por
Typha (13) . Ambas ocorrem nos Estados Unidos e no Canadá. lóculo, ortótropos, com megasporângio fino . Fruto cá psula
loculidda; semente com testa ± longitudinalmente estriada,
Importância econó mica e produtos: Typha (taboa; Pran ¬
reticulada ou pilosa .
cha 9.5D) e Sparganium são ocasionalmente utilizadas como
plantas ornamentais; as folhas de Typha sã o utilizadas como -
FIGURA 9.31 Typhaceae. (A J ) Typha latifolia: (A) base de uma ; j.
fonte de fibra; os rizomas (ricos em amido), as inflorescências planta com rizomas e bases foliares invaginantes ( x 0,3); (8) inflo-
estaminadas jovens e o pólen dos dois gê neros podem ser rescê ncia e á pice de caule, porçã o estaminada acima e carpelada
consumidos. abaixo (x 0,3); (C ) três flores estaminadas, os três filetes de cada flor
conatos ( x 15); ( D) antera deiscente, com tétrades de grã os de pó¬
Discussão: análises clad ísticas utilizando morfologia len (x 31 ); ( E) tétrades de pó len (x 31 ); (F) conjunto de quatro flores
( Dahlgren et al. 1985; Linder e Kellogg 1995; Stevenson e carpeladas (x 31 ); (G ) conjunto de três flores carpeladas com muitos
Loconte 1995; Stevenson et al. 2000) sustentam fortemente a tricomas n ão representados para mostrar os ová rios pedunculados
monofilia de Typhaceae (incluindo Sparganiaceae). An álises
baseadas em sequê ncias de DNA sã o menos inequívocas,
algumas sustentando (Chase et al 1993; Davis et al. 2004;
(x 15); ( H) ová rio em secção longitudinal mostrando o ú nico óvulo
apical (x 31 ); ( I ) infrutescê ncia liberando frutos (x 0,3); ( J ) fruto ma ¬
duro, fol ículo semelhante a aqu ênio pedunculado com numerosos
pêlos no ped nculo (x 3, 75 ). ( K-M ) T. angustifolia: ( K) inflorescê ncia
*
£
Duvall et al. 1993) e outras nã o sustentando a monofilia do mostrando o limite entre as porções carpelada e estaminada (x 0,3); I
grupo (Chase et al. 2000). Análises de sequ ências de DNA
e morfologia (Chase et al. 1995b; Michelangeli et al. 2003)
( L) grã o de pó len ( x 1.250 ); ( M ) porçã o da inflorescê ncia carpelada
mostrando três flores, pêlos simples e glandulares e uma flor esté ril
Jf
també m sustentaram a monofilia de Typhaceae (incluindo e espatulada (x 15). ( Fonte: Thieret e Luken 1996, Harvard Pap. Bot.
Sparganiaceae). Typhaceae é aqui amplamente circunscrita 1 (8): p. 32.)

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SISTEM áTICA VEGETAL 291
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292 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

abertura da flor, e as 2 laterais subopostas, r í gidas e pa-


Fórmula floral: piráceas, geralmente com quilha e persistentes . Pétalas
3, livres e ungiiículas a conatas e então formando uma corola
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Flor estaminada: * ou X, K £ ), A2-6, GO com tudo estreito e limbo claramente 3-lobado, imbricadas, em
Flor carpelada : % K@) C2-3, AO, G@f cápsula geral amarelas ou brancas, murcham rapidamente. Estames
3, opostos às pétalas, geralmente alternos com 3 estami-
nódios; filetes curtos e adnatos às pé talas; estaminódios
apicalmente tr í fidos, densamente cobertos com pêlos moni-
Distribuição e ecologia: amplamente distribuída em regiões liformes gr os de pólen monossulcados ou sem aberturas.
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tropicais e subtropicais, com poucas espécies em regiões tem ¬ Carpelos 3, conatos; ovário s pero com placentação parietal
peradas; geralmente em ambientes tímidos. a central-livre ou placentação axial: estigmas 3, ± capitados.
G êneros / espé cies: 9/1.175. Principais gêneros: Paepa-
lantkus (485 spp.), Eriocaulon (400), Syngonanthus (200) e Leio-
Óvulos geralmçnte numerosos em cada placenta, anátro-
pos a ortótropos, com megasporângio fino a espesso. Nec -
tários ausentes. Fruto geralmente cá psula loculicida , rodeado
í
thrix (65). A família é representada nos Estados Unidos e/ou pelo tubo da corola seco e persistente e abraçado pelas duas
no Canadá por Eriocaulon, Lachnocaulon e Syngonanthus. sépalas laterais; sementes diminutas, em geral costadas na
longitudinal (Figura 9.32).
Importância económica e produtos: inflorescências secas
de Syngonanthus e Eriocaulon (sempre- vivas) são usadas em
arranjos florais. Fórmula floral:
X, Kl +2, CQ, A3+3*, G(3), cápsula
Discussão: Eriocaulaceae é característica, claramente mo-
nofilética e facilmente reconhecida por suas inflorescências
involucradas de flores diminutas. Às vezes são chamadas de
Compositae das monocotiledôneas . Duas famílias são tipi¬ Distribuição e ecologia: amplamente distribuída em regiões
camente reconhecidas: Eriocauloideae (p. ex., Eriocaulon), que tropicais e subtropicais, com poucas espécies que se estendem !
apresenta número de estames duas vezes o número de péta ¬ para regiões temperadas; característica de áreas úmidas.
las e glândulas apicais secretoras de néctar nas pé talas, e Pae -
palanthoideae (p. ex., Paepalanthus, Leiothrix, Syngonanthus e Gêneros / espé cies: 5/300. Principais gêneros: Xyris (260
Lachnocaulon ) , que apresenta estames em nú mero igual ao de spp.). A família é representada nos Estados Unidos e no Ca ¬

pétalas e carece de glândulas de néctar. As duas subfamílias nadá apenas por Xyris.
devem ser monofiléticas (Unwin 2004). Paepalanthus repre
senta um complexo parafilético a partir do qual evoluíram os
¬

Importância económica e produtos: algumas espécies de I


outros gêneros (GiuÉetti et al. 2000). Xyris são cultivadas como ornamentais, especialmente como
'
As flores de Eriocaulaceae que apresentam anteras e es- plantas de aquário.
tiletes claramente exsertos devem ser polinizadas pelo vento,
embora o néctar nas flores de Eriocaulon sugira que també m Discussão: a morfologia das sépalas naviculadas fornece
ocorre polinizaçã o por insetos. Visitantes florais parecem ser importantes caracteres diagnósticos para a determinação das
pouco frequentes, e a autopolinização é provavelmente co¬ espécies, a maioria das quais pertence ao gênero Xyris.
mum. As sementes são presumivelmente dispersas pelo ven ¬ As vistosas flores de Xyris são ef émeras, e as corolas per¬
to ou pela água. manecem expandidas por algumas poucas horas. Em geral,
abre uma ou duas flores ao mesmo tempo por inflorescência.
Referê ncias adicionais: Dahlgren et al. 1985; Kral 1966a, 1989;
Rores de espécies simpátricas costumam abrir em diferen ¬

Stutzel 1998. tes momentos do dia. As flores consistentemente carecem de


nectários e a polinização deve ser efetuada por abelhas que
Xyridaceae C. A. Agardh coletam pólen. Os pêlos moniliformes dos estaminódios de ¬

vem facilitar a polinização apresentando o pólen às abelhas,


Ervas, com caules bulbosos ou cormosos, ou ocasionalmente ou devem enganá -las fazendo com que estas tentem coletá-
rizomas. Pêlos simples ou ramificados. Folhas alternas, ge¬ los como se fossem pólen. As sementes diminutas s o disper¬
ralmente disticas, às vezes equitantes e unifaciais, achatadas a sas pelo vento ou pela á gua.
cilíndricas, as da porção superior do caule reduzidas, simples,
inteiras, com venação paralela, invaginantes na base; estipu ¬ Referências: Kral 1966b, 1983,1992,1998.
las ausentes. Inflorescências geralmente indeterminadas em
formato cónico ou em espiga, com brácteas persistentes, imbrica ¬ Juncaceae A. L . de Jussieu
das, em arranjo espiralado, terminais, sobre longos escapos: es- (Família do junco)
capos 1 a muitos, desenvolvendo-se das axilas das brácteas
ou das folhas mais internas. Flores bissexuais, ligeiramente Ervas , frequentemente com rizomas; corpos silicosos ausen ¬
bilaterais, com perianto diferenciado em cálice e corola, cada tes; caules sólidos e cilíndricos. Folhas alternas, tr
ísticas, basais
flor subtendida na axila de uma bráctea í rgida, coriácea a ou ao longo da regi ã o inferior do caule , compostas de bainha
papirácea . Sépalas 3, livres e dimórficas, a mais interna e lâmina , a bainha geralmente aberta; lâ mina simples , inteira,
membranosa e enrolada ao redor da corola, caindo na com venação paralela, linear, achatada ou cilíndrica; l íguia

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SISTEMáTICA VEGETAL 293

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. FIGURA 932 Xyridaceae. (A-N) Xyris fimbriata: (A) hábito (x 0,2); ( 6) inflo-
resc ência (x 3); (C) sépala interna (x 9); (D) flor, mostrando as duas sépalas
* laterais fimbriadas e persistentes e a brá ctea que subtende a flor (por trá s
U (K)
da flor) (x 7); (E) pétala com filete de antera fértil adnata e estaminódio
com filete livre e por ção terminal muito ramificada (x 9); (F) antera (x 9);
P (G) ápice do estaminódio (x 18); (H) pêlos moniliformes do estaminódio ( x
% 37); (I) gineceu (x 7,5); (J) ápice do estilete trífido com estigmas (x 18); (K)
I ovário em secção transversal, mostrando numerosos óvulos (a maioria sec ¬

cionados) (x 30); (L) lado adaxial da placenta com óvulos (x 18); (M) cápsula
WV deiscente (x 9); (N) semente (x 60). (O, P) X. brevifolia: (O) hábito ( x 0,75); (P)
semente (x 60). (Fonte:Kral 1983J. ArnoldArbor . 64: p. 425.)

T
e estipulas ausentes. Infloresc ências basicamente determi-
numerosos (raramente 3); 3 estigmas, em geral alongados,
nadas, terminais, muito ramificadas, mas muitas vezes con - Nectários ausentes. Fruto cápsula locuiicida, com 3 a muitas
densadas e capitadas. Flores geralmente bissexuais, mas ocasio-
sementes (Prancha 9.5B).
naimente unissexuais (plantas dióicas), radiais, inconspícuas.
Tépalas 6, livres , imbricadas, geralmente de cores apagadas
(cinza, marrom - avermelhada, preta), mas às vezes brancas
ou amareladas. Estames (3 - ) 6; filetes livres; pólen monopora- Fórmula floral:
do, tétrades evidentes. Carpelos 3, conatos; ov ário sú pero, com < T- 6-, A(3-)6, capsula
ft placentação axial ou parietal (ocasionalmente basal); óvulos
1
294 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Distribuição e ecologia: cosmopolita, principalmente em


ambientes temperados e/ou montanos. Geralmente em am ¬ Fórmula floral:
bientes alagados, mas uma notável exceção é o Juncus trifidus, * , T-0-6-, Al-3 (-6), G (3)( aquênio
uma planta invasora.

G ê neros / espé cies: 6 / 400 . Principais gê neros: Juncus


(300 spp. ) e Luzula (80). Ambos ocorrem nos Estados Unidos Distribuição e ecologia: cosmopolita; frequente, mas n ão
e no Canadá. exclusiva, em locais encharcados.

Import ância económica e produtos: Gêneros/espécies; 104 / 4.500. Principais gêneros: Ca -


Juncus effusus e /. rex (2.000 spp.), Cyperus (600), Fimbristylis (300), Scirpus
squarrosus sã o utilizados como fonte de fibra para artesana ¬

to . Algumas espécies de Juncus e Luzula são cultivadas como (300), Rhynchospora (200), Scleria (200) e Eleocharis (200) .
plantas ornamentais. Todos os gê neros supracitados ocorrem na Am é rica do 5 :

Norte; outros gê neros comuns são Cladium, Bulboltylis , Bul -


Discussão: a monofilia de Juncaceae é sustentada por se ¬
boschoenus, Eriophorum , Fuirena, Kyllinga , Schoenoplectus e
quências de ITS (Kristiansen et ai. 2005; Roalson 2005). Não Trichophorum .
está claro quais dos caracteres morfológicos diagn ósticos
da família constituem sinapomorfias, pois estes caracteres Import ância económica e produtos: Cyperus papyrus era
são generalizados dentre as monocotiled ôneas. Análises utilizado para fazer papel pelos antigos egípcios e comumen -
filogené ticas recentes (Drábková et al 2003; Roalson 2005) te é cultivado como planta ornamental. Cyperus rotundus é
indicam que Juncus não é monofilético, tendo dado origem a uma praga agr ícola. Cyperus esculentus, Mariscus umbellatus,
<
Luzula e a um grupo de plantas cespitosas andinas (Oxychloe Scirpus tuberosus e Eleocharis dulas apresentam órgãos subter ¬

e Distichia ) . O fato de Juncus ser glabro sugere que esta con ¬


râneos comestíveis. Os caules e as folhas de algumas espécies
dição deve ser uma sinapomorfia para a família (mesmo se de Cyperus, Carex, Eleocharis, Lepironia e Scirpus são utilizados
homoplásica). como fonte de fibra. As raízes de Cyperus longus (capim -de -
Muitos integrantes desta família parecem superficial ¬
cheiro) e de C. articulatus (priprioca) apresentam odor ado ¬

mente com gramíneas, mas as folhas tr ísticas, as flores com cicado e sã o utilizadas na perfumaria. As raízes de Scirpus
té palas evidentes e o fruto capsular facilitam a sua determi ¬ grossus e de S. articulatus são utilizadas na medicina indiana.
naçã o correta. Em algumas espécies de Juncus, a bráctea que Várias espécies de Carex (Prancha 9.5H) são utilizadas como
subtende a inflorescência é ereta e parece com uma conti ¬
material de preenchimento ou palha.
nua ção do caule, ficando a inflorescê ncia com aparência de
lateral. Discussão: Cyperaceae contém corpos silicosos de forma ¬

As inconspícuas flores de Juncaceae são polinizadas prin ¬ to cónico característico, que a distinguem de todas as outras
cipalmente pelo vento. A polinizaçã o cruzada é promovida monocotiledôneas. A família aparentemente é monofilética
pela presen ça de protoginia, mas algumas espécies são autó- (Muasya et al. 1998). Em um abrangente estudo morfológico
gamas. A dispersão das pequenas sementes é efetuada pela da família, Bruhl (1995) reconheceu 2 subfamílias e 10 tribos.
á gua, pelo vento e externamente por animais. As tribos representam grupos que aparecem tanto nas an á ¬
lises cladísticas quanto nas análises morfológicas, embora
Referência adicional: Balslev 1998. somente 4 das 10 apresentem sinapomorfias claras; as rela ¬

ções filogenéticas també m t ê m sido estudadas por meio de


Cyperaceae A. L. Jussieu sequências de rbcL (Muasya et al. 1998) . A tribo mais comum
(Família da tiririca) na América do Norte é Cariceae, na qual o profilo da espigue-
ta forma um saco (perigínio) que envolve a flor.
Ervas , em geral rizomatosas; caules geralmente ± trian¬ Como Juncaceae, Cyperaceae é frequentemente con ¬

gulares em secção transversal , com frequência sem folhas fundida com gramíneas. Cyperaceae é diagnosticada pelos
acima da base. Folhas alternas, tr í sticas , com corpos silicosos caules mais ou menos triangulares, pelas folhas trísticas, peia
cónicos; compostas de bainha e lâmina , bainha fechada, lâmi ¬ frequente ausência de lígula e pela bainha fechada (estes dois
na simples, inteira a diminutamente serreada com vena ção ltimos caracteres também ocorrem em algumas gramíneas, I
paralela, lineares, achatadas; estipulas ausentes; lígula geral¬ mas nunca juntos) . As flores de Cyperaceae sã o subtendidas
mente ausente. Inflorescência em complexo arranjo de pequenas por uma nica bráctea ou, em Carex, por uma bráctea e um
espigas ( espiguetas), com frequência subtendidas por brácteas. profilo (Prancha 9.5H), enquanto a maioria das flores de gra ¬
Flores bissexuais ou unissexuais (então plantas geralmente míneas está associada com duas brácteas (lema e pálea) .
monóicas), cada uma subtendida por uma bráctea. Té palas au ¬ A maioria das Cyperacea é polinizada pelo vento, mas a
sentes ou reduzidas a 3-6 escamas, aristas, ou pêlos. Estames 1-3 polinizaçã o por insetos evoluiu muitas vezes, por exemplo,
( -6); filetes livres; anteras n ão sagitadas; pólen geralmente Hypolytrum, algumas espécies de Ascolepis e Rhynchospora. A
uniporado, em pseudomônades (3 micrósporos degene ¬ dispersão dos frutos é efetuada pela água (devido à parede do
ram e formam parte da parede do pólen) . Carpelos 2-3 fruto com consistê ncia corticosa ou a estruturas associadas
conatos; ovário súpero, com placentação basal; 1 óvulo; 3 que retêm bolhas de ar, p. ex., Cladium, Remirea, Eleocharis e
estiletes, alongados. Nectários ausentes. Fruto aquênio, com Fuirena ), transporte externo (por meio de um gancho do eixo
frequê ncia associado com aristas persistentes do perianto da inflorescência, como em Uncmia , ou por meio de frutos
(Figura 9.33) . pegajosos que se aderem a penas, pêlos ou roupas, como em
SISTEMATICA VEGETAL 295

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FIGURA 9.33 Cyperaceae. (A-H) Scirpus (Schoenoplectus ) tabernaemontani (S. validus ): (A) rizoma subaquá ¬

I' tico (x 0,65); (8) ápice do caule com inflorescência (x 1,35); (C) espigueta com flores basais murchas, flores
/
' apicais com anteras visíveis e estiletes exsertos (x 16); (D) flor e br á ctea que a subtende removidas da espi ¬

tf. gueta, vista da superfície adaxial, estigmas exsertos, anteras ainda inclusas; observe as aristas espinhosas (x
27);(E) flor mostrando diferentes graus de maturação dos estames (x 16); (F) espigueta em estágio posterior
ao mostrado em C, aquênios imaturos abaixo e flores com estigmas receptivos acima (x 11); (G) aquènio
I maduro com aristas persistentes (x 16); (H) o mesmo em secção vertical, parede do fruto achurada, endos-
perma pontilhado, embrião em branco, a testa é muito fina para ser mostrada (x 16); (K-L) Scirpus koilolepis : ;V

I (K) espigueta solitária subtendida por brácteas com quilha (x 16); (L) aquènio (x 16). (M-O) S. erismaniae: (M)
H
m
flor basal em axila foliar (x 11);(N) aquènio provindo de flor basal (x 16);(O) aqu nio de espigueta formada
no caule (x 16). (P) S. cyperinus : aquènio com aristas alongadas (x 16). (Fonte: Tucker 1987, J. Arnold Arbor .
68; p. 372.)
1
296 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Fimbristylis ), aves (imitação de arilo, em Scleria) ou pelo vento pela presença de corpos silicosos nos tecidos parenquimatosos.
(por meio de aristas alongadas, como em Eriophorum e Scir- Centrolepidaceae (que apresenta flores muito reduzidas) pode
pus ). O perigínio de Carex muitas vezes auxilia na dispersão estar inserida em Restionaceae (Linder et al. 2000b), mas é
pela água. aqui tratada como sendo seu grupo-irmão, o que é sustentado
Referências adicionais: Goetghebeur 1998; Tucker por caracteres de DNA (Briggs et al. 2000). O ciado Restiona¬
1987. ceae + Centrolepidaceae partilha duas marcantes apomorfias
embriológicas (parede do esporângio com células verticalmen ¬
Restionaceae R Brown te alongadas e núcleos polares rodeados por grandes inclusões
Ervas, com rizomas; caules em secção transversal circular, elí p¬ de amido), e ambas apresentam anteras com 1 lóculo. Pbr tim,
tica ou poliédrica, sólidos ou ocos (na região intemodal ), anato¬ caracteres moleculares sustentam a exclusão de dois pequenos
micamente distintas, com células protetoras selando as g ê neros , Lyginia e Hopkinsia, que são caracter ísticos por apre ¬

cavidades subestomáticas e com 1 ou 2 camadas de célu¬ sentar anteras com 2 lóculos, um caráter plesiomórfico. Eles
las clorenquimá ticas subepid érmicas, o clorê nquima se¬ pertencem à família australiana Anarthriaceae.
Os integrantes de Restionaceae pertencem a dois grandes
parado do córtex por anéis esclerenquimatosos e paren
quimatosos; presença de corpos silicosos. Pêlos simples, às
-
ciados , o primeiro contém os gêneros africanos e o segundo, os
vezes achatados ou peitados. Folhas alternas, dísticos, em geral australiano s (Briggs et al. 2000; Eldenàs e Linder 2000; Linder
com a lâmina muito reduzida, e a folha consistindo apenas em 2000 ; Linder et al. 2000a,b). Os integrantes do dado africano
uma bainha aberta; Iígula geralmente ausente; estipulas au apresentam grãos de pólen com as margens das aberturas ele ¬

sentes. In florescências em vários arranjos, normalmente em vadas ou engrossadas e caules com cavidades subestom áticas
¬

espiguetas. Flores geralmente unissexuais ( plantas dióicas ), com seladas com células ( protetoras ) de paredes espessas; os gê ¬

frequência em inflorescênàas dimórficas, radiais, inconspícuas, neros australianos apresentam a exina do pólen com margens
;
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subtendidas na axila de brácteas. Tépalas 3 6 , normalmente atenuadas em direção ao poro de germinação, e a maioria per
- ¬

livres, imbricadas, em geral de coloração apagada ou esverde ¬ deu as células "protetoras". A presença de rizomas longos e
pubescent
-
ada. Estames ( 1 ) 3, às vezes representados por estaminódios
nas flores carpeladas; filetes livres a conatos; anteras com l Outrora
es sustenta a monofilia do ciado australiano.
, apenas uns poucos gêneros eram reconhecidos
lóculo, deiscentes por uma única fenda; pólen monoporado. Car- dentro de Restionace ae, por exemplo, Restio, que incluía tanto
pelos 3, conatos, ovário supero, com placentação apical-axial, esp édes africanas quanto australianas. Hoje, muitos gêneros
e em algumas, apenas com um nico lóculo fértil; estigmas
,
menores sã o aceitos e considera -se que Restio esteja restrito
à África (Briggs e Johnson 1998a,b; Linder 1985). Estudos re ¬
3, alongados, freqúentemente plumosos. Óvulo 1 por lóculo,
centes demonstraram que circunscrições genéricas adicionais
ortótropo, com parede do esporângio fina. Nectá rios ausen ¬
são necessárias.
tes. Fruto cá psula, aquênio ou noz, freqúentemente associado
As inconspícuas flores de Restionaceae são polinizadas
com perianto persistente.
pelo vento, embora algumas espé ries sejam autó gamas ou
apomíticas. A dispersão das pequenas sementes (ou aquênios
ou nozes em gêneros com frutos indeiscentes) é freqú ente í
Fórmula floral: ¬

mente efetuada pelo vento; algumas espédes apresentam


Flor estaminada: * T- 6 -, A Í3 j GO tépalas modificadas (como asas, aristas, pêlos ou espinhos)
Flor carpelada: * T- 6 -, AO, G (3) cápsula, aquênio, que presumivelmente auxiliam na dispersão. Alguns gêneros
noz (p . ex ., Willdenowia e taxa afins) apresentam frutos com estru ¬

turas carnosas associadas que devem atrair formigas. Alexgeor-


gea é incomum, pois apresenta flores carpeladas subterrâ neas
Distribuição e ecologia: distribuída no Hemisf ério Sul e (mas com o longo estigma exposto na superf íde do solo); a
mais diversa na Austrália e na África do Sul; plantas de solo polinização nesse gênero deve ser efetuada pelo vento, mas o
pobre em nutrientes e freqúentemente de hábitats sazonais mecanismo de dispersã o dos frutos é desconhecido.
áridos com ocorrência periódica de fogo. Referências adicionais: Carlquist 1976b; Rudall and Linder
1988.
Gêneros / espécies: 53/ 485. Principais g êneros: Restio
(90 spp.), Ischyrolepis (50) e Thamnochortus (35). Este ciado Poaceae Bamhart
não ocorre na Amé rica do Norte. ( = Gramineae A. L. de Jussieu)
(Família das gramíneas)
Importância económica e produtos: alguns gê neros apre ¬ Ervas, freqúentemente rizomatosas, mas árvores nos bambus
sentam interesse na horticultura; por exemplo, Chondropeta
lum e Elegia (Prancha 9.5G). Thamnochortus é utilizado como
- tropicais; caules com nós marcados, de secção transversal circular
a elí ptica, sólidos ou ocos; com corpos silicosos. Folhas alternas, «
material de cobertura, e muitos gêneros são importantes for¬ dísticas, consistindo em bainha, Iígula e lâmina; a bainha envolve i
rageiras. o caule, as margens da bainha sobrepostas mas não fusionadas |
ou, ocasionalmente, unidas formando um tubo; Iígula cons- |
Discussão: a monofilia da família é sustentada por caracteres tituída por uma borda ou franja membranosa de pêlos na í
anatômicos (Linder et al. 2000 b) e moleculares (Briggs et al. superf íde adaxial da bainha; lâmina simples, em geral linear,
2000). Restionaceae é proximamente relacionada a Poaceae,
|
Flagellariaceae e, especialmente, Centrolepidaceae, o que é
normalmente com venação paralela, achatadas ou às vezes |
enroladas em tubo, contínuas com a bainha ou pseudopecio- |
evidendado pelos grãos de pólen esféricos e monoporados e ladas. Inflorescência em espiga, panícula, cima, ou racemos
r SISTEMATICA VEGETAL 297

Chave para os Principais Ciados de Poaceae

1. Células especializadas, denominadas células braciformes, dentro das folhas


da maioria das espécies; estames frequentemente mais de 3 2
u 1. Células braciformes e fusóides ausentes; estames 3 ou menos 3
2. Estigmas 3; principalmente árvores Bambusoideae
2. Estigmas 2; ervas Ehrhartoideae
í 3. Espiguetas comprimidas perpendicularmente ao plano de arranjo de
glumas e antécios, não se desprendendo e caindo na maturidade como
i
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antécios separados, mas como uma unidade; com 1 antécio que porta cariópse
3. Espiguetas não comprimidas, ou comprimidas paralelamente ao plano de arranjo
Banicoideae

das glumas e antécios, na maturidade os antécios se desprendem individualmente


acima das glumas; geralmente com mais de um antécio, com uma cariópse cada 4
4. Nervuras nas folhas separadas por mais de 4 células do mesófilo; bainha dos
feixes vasculares com poucos cloroplastos, translúcidas em secção transversal (anatomia C3);
presença ou ausê ncia de micropêlos bicelulares na epiderme foliar 5
4. Nervuras nas folhas separadas por 2-4 células; bainhas do feixe vascular
I : com numerosos cloroplastos, marcadamente verdes em secção transversal
(anatomia C4); presença de micropêlos bicelulares na epiderme foliar 6
5. Ausência de micropêlos bicelulares na epiderme foliar; células subsidiárias com lados
paralelos; plantas de hábito variável, mas principalmente menores que 1 metro de altura Pooideae
5. Micropêlos bicelulares geralmente presentes na epiderme foliar; células subsidiárias
em formato de domo, plantas geralmente com mais de 1 metro de altura Arundinoideae s.s.

l 6. Micropêlos bicelulares geralmente bulbosos; aristas, se presentes, não- ramificadas


6. Micropêlos bicelulares ± lineares, aristas divididas em 3 partes
Chloridoideae
Aristidoideae

de espiguetas . Espigueta composta de um eixo e duas brácteas


basais ( glumas ) dísticas proximamente sobrepostas e antécios;
dividindo-se acima das glumas ou permanecendo intacta na
Fórmula - -
floral: * , T- 2-, A(l )3( 6), G(JH); cariópse

maturidade, paralelamente comprimida ou perpendicular ao


plano de arranjo das glumas e antécios. Glumas geralmente
Nota: caracteres da espigueta são úteis na identificação, in ¬
2, de tamanho igual ou desigual. Antécios 1 a numerosos
cluindo tamanho, plano de compressão, presen ça ou ausê ncia
por espigueta, compostos de uma bráctea (o lema ) subten ¬

de glumas, número de antécios, presença de antécios incom

I:
dendo a flor e outra estrutura como bráctea (a pálea , um pro-
¬

filo); esta ltima estrutura encontra-se entre a flor e o eixo pletos ou esté reis, número de nervuras nas glumas e lemas,
da espigueta. Os lemas, às vezes com 1 ou mais aristas aci- presen ça ou ausência de aristas e agregação das espiguetas
culares, curvas ou retas. Pálea frequentemente translú cida, em inflorescências secundárias.
menor que, e parcialmente protegida pelo lema, frequente-
mente apresentando 2 quilhas. Flores pequenas, bissexuais Distribuição e ecologia: cosmopolita, em desertos, am ¬
I ou unissexuais (plantas monóicas ou dióicas), geralmente bientes marinhos e de á gua doce e em todos os outros tipos
de ecossistemas, exceto grandes altitudes. Campos nativos
Ir polinizadas pelo vento, muito reduzidas em tamanho e em
número de peças florais. Lodículas (= peças periânticas) ge ¬ se desenvolvem em ecossistemas que apresentam estiagem
!- ralmente 2, translúcidas. Estames (1-) 3 (-6 ou numerosos); sazonal, relevo ondulado e fogo periódico, e em alguns ca ¬
anteras geralmente sagitadas; pólen monoporado. Carpelos 3, sos estão associados com pastoreio e certos tipos de solos.
mas com frequ ê ncia parecendo 2, conatos; estigmas 2 (-3), Comunidades dominadas pelas gramíneas, tais como as pra ¬
plumosos, com papilas multicelulares; ovário súpero, com darias da América do Norte, os Pampas, oVeldt africano e as
1 lóculo e 1 óvulo subapical a quase basal, anf ítropo ou se- estepes euro-asiáticas, representam algo como 24 % da ve ¬

mi-anátropo, com parede do megasporângio fina a espes ¬ getaçã o terrestre. Os bambus lenhosos desempenham papel
sa. Fruto cariópse unisseminado ( grão) com a parede do importante na ecologia das florestas tropicais e temperadas
fruto fusionada à semente (menos frequentemente, a parede da Ásia.
do fruto e a semente, livres); com frequência associado com
partes da espigueta que auxilia na dispersão. Embrião com Gêneros/ espécies: cerca de 650/9.700. Os gêneros mais im ¬

um cotilédone muito modificado (escutelo), de posição portantes são mencionados nos tratamentos dos principais
lateral (Figuras 9.34 e 9.35). subgrupos.
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FIGURA 9.34 Poaceae (Gramineae) subfamília Pooi- '
deae. Poapratensis : ( A ) planta florida, com rizomas na
base (x 0,75); ( B) ápice da bainha, lígula e base da lâ mi¬

na foliar (x 4,5); (C) espigueta (x 17); (D) glumas (x 29);


(E) ant écio antes da abertura (x 17); (F) espigueta
com flor basal aberta e estigmas receptivos, o se- . (E)
gundo antécio aberto e as anteras deiscentes (x V '

17); (G) antécio, iema à esquerda e pálea à direita


\\
(x 17); (H) anteradeiscente (x 17); (I) todículasegine- \\
ceu (x 21); ( J ) porçã o da infloresc ência com frutos ma- • « J
duros, dois frutos caindo das espiguetas (x 9); (K) anté-
cio em fruto (x 17); ( L) cariópse, Iema removido e pá lea
à esquerda (x 17); (M) cariópse em sec çã o longitudinal,
endosperma pontilhado, embrião em branco (x 17); (N)
embrião, representação esquem á tica de sec ção longi ¬

tudinal, escutelo à esquerda, coleóptilo e coleorriza


à direita, tecido vascular em preto; (O) representação
esquemá tica de sec ção transversa) do embrião atravé s
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do escutelo, do coleóptilo e da primeira folha embrio-
nária (no nível indicado pela seta em N). (Fonte: Camp ¬

bell 1985, J. Arnol Arbor. 66: p. 155.)


SISTEMATICA VEGETAL 299

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FIGURA 9.35 Poaceae (Gramineae) subfamília Panicoideae. (A-M) 14); (J) cariópse madura (x 14); (K) sec ção longitudinal de cariópse,
Panicum (Dichantelium ) dandestinum: ( A ) parte da roseta, no inver - embriã o à esquerda, endosperma pontilhado (x 16); (L) represen-
no (x 0,7); (B) inflorescência composta por espiguetas casmógamas tação esquemática do embrião em secção longitudinal, escutelo à
(x 0,7); (C) região apical da planta, espiguetas casmógamas em fru- esquerda, coleóptilo e coleorriza à direita, tecido vascular em pre ¬

to ou liberadas da inflorescência, inflorescência de espiguetas deis- to, observe o mesocótilo acima do traç o vascular que o conecta ao
tógamas na parte inferior (x 0,7); (D) região apical de bainha foliar, escutelo; (M) representação esquemática de secçã o transversal do
base da lâmina e lígula (x 8); (E) espiguetas casmógamas em antese embrião através do escutelo, do coleóptilo e da primeira folha em-
( x 8); (F) primeira (menor) e segunda (maior ) giumas (x 14); (G) lema brionária (no nível indicado pela seta em L). (N) P. anceps : espigueta
(pubescente) e pálea estéreis (x 14); (H) flor de espigueta cleistóga- .
em fruto (x 14) (Fonte: Campbell 1985, J. Arnold Arbor. 66: p. 172.)
ma ( x 27); (I) lema fértil (atrás) e pálea rodeando cariópse madura (x
300 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Importância económica e produtos: a fundamental impor¬


tância económica das gramíneas está no fato de serem fonte c Rinicoideae
Centothecoideae
de alimento: cerca de 70 % das terras cultivadas estão cober
tas por gram íneas, e mais de 50 % das calorias consumidas
¬

Aristidoideae I
pela humanidade provêm destas. A humanidade cultiva ce ¬ HZ Danthonioideae
reais há pelo menos 10 mil anos. O surgimento da civiliza ¬
ção foi possível com a domesticação do trigo (Triticum aesti
vum ) , da cevada (Hordeum vulgare ) e da aveia ( Avena sativa )
- Arundinoideae s.s. II
Chloridoideae
no Oriente Médio; do sorgo (Sorghum bicolor) e do milheto
( .Pennisetum americanum) na África; do anoz (Oryza sativa ) no Pooideae
Sudeste da Ásia; e do milho (Zea mays ) na América Central.
Em termos de produção global, os quatro maiores cultivos
Ehrhartoideae I
são gram íneas: cana-de-açú car (Saccharum offiànale ), trigo,
Bambusoideae I
arroz e milho. O centeio e o sorgo est ã o entre os primeiros Puelioideae
doze cultivos. Pharoideae
As gramíneas também são utilizadas para a alimentação
do gado, o controle da erosão, a produção de grama, e como Anomochlooideae
fonte de açúcares para a fermentação de bebidas alcoólicas, FIGURA 9.36 Filogenia de Poaceae. ( Modificada de Clark et al. 1995 e
tais como a cerveja e o uísque. Os bambus são economica ¬ do Grass Phylogeny Group 2001.)
mente importantes em regiões tropicais pelos brotos jovens,
que são comestíveis, pelas fibras utilizadas para fabricar pa ¬ i
pel, pela polpa para fabricar raiom e pelos caules resistentes acompanha este texto; observe que os melhores caracteres
utilizados como material de construção. estruturais que separam as subfamílias são anatômicos, mas
caracteres morfoló gicos s o utilizados sempre que possí¬
Relações filogené ticas das subfamílias: as gramíneas são
facilmente reconhecidas e sua monofilia tem sido sustenta ¬
vel. As rela ções filogenéticas entre as principais subfamílias !
( junto com alguns outros caldos menores) são mostradas na i
da por caracteres tanto morfológicos quanto de DNA. Estu ¬ Figura 9.36 (GPWG 2001).
dos moleculares recentes baseados em sequências de rbcL, Anomochlooideae (incluindo Anomochloa e Streptochaeta )
ndhF, rpoc2, ITS , granule- bound -starch synthase I (GBSSI) e
fitocromo B estã o de acordo com muitas relações filogenéti ¬
foi originalmente incluída em Bambusoideae, mas na verdade
são filogeneticamente distantes. As espécies são herbáceas e
f
cas inferidas a partir de caracteres estruturais (Grass Phylo- apresentam inflorescência com morfologia nica, que sã o di¬
geny Working Group, GPWG 2001) e sustentam o reconhe ¬ f íceis de interpretar e que certamente não lembram as carac-
cimento de 12 subfamílias. Anomochlooideae (nativa do ter ísticas espiguetas das demais gramíneas. Essa subfamília

I
Brasil), Pharoideae ( trópicos do Velho e do Novo Mundo) é o grupo-irmã o do resto da família (ver Figura 9.36; Clark
e Puelioideae (Oeste da África) são as três linhagens que et al. 1995, 1996; Soreng e Davis 1998), o que sugere que a
primeiro divergiram das demais, embora juntas incluam espigueta das gramíneas provavelmente se desenvolveu após
apenas 25 das quase 10.000 espécies da família. As demais o surgimento das Anomochlooideae.
espécies estão incluídas em dois grandes grupos. Um, o cia ¬ No passado, Pharoideae e Puelioideae, assim como
do BEP, inclui Bambusoideae s.s., Ehrhartoideae e Pooide- Anomochlooideae, estavam incluídas em Bambusoideae.
ae; o ciado PACCAD inclui Panicoideae, Arundinoideae s.s., Elas apresentam espiguetas convencionais, unifloras em
Chloridoideae, Centothecoideae, Aristidoideae e Dantho- Pharoideae e multifloras em Puelioideae. Uma mudança
nioideae (Clark et al. 1995; Soreng e Davis 1998; Hilu et ai. de 3 para 2 estigmas ocorreu após a origem de Pharoideae,
1999; GPWG 2001) . O ciado PACCAD é sustentado por ca ¬ mas antes da origem de Pueliodeae. As lâminas foliares de
racteres embriológicos do entrenó longo do mesocótilo (ver Pharoideae sã o torcidas, apresentando a superf ície abaxial
Figura 9.35L) e aparece fortemente sustentado em todas as para cima.
análise moleculares. O suporte para o ciado BEP é fraco, e Bambusoideae s.s. inclui plantas herbáceas e lenhosas,
arranjos alternativos para as três subfamílias sã o possíveis. com distribuição principalmente tropical. As espécies herbá ¬

Todas as subfamílias reconhecidas pelo GPWG (2001) são ceas formam um ciado; os bambus lenhosos estão filogene ¬
monofilé ticas, embora apenas algumas delas apresentem ticamente divididos em um ciado tropical e um outro tem -
sinapomorfias morfológicas que caracterizam todos os seus perado. Os bambus lenhosos, com caules de até 40 metros
integrantes. Com mais frequência, são sustentadas por con ¬ de altura, certamente não lembram em nada os gramados. |
juntos de estados de caracteres que são diagnósticos para A floração em muitos bambus lenhosos também é marcan ¬
os grandes subgrupos. te, ocorrendo em ciclos de até 120 anos. Mesmo quando os ?
São apresentados aqui dados sobre a distribuição geo ¬ caules individuais vivem somente uma ou algumas d éca ¬
gráfica, as rela ções filogen é ticas internas, a estrutura siste ¬ das, algum tipo de relógio sincroniza a florada de todos os
mática e os gêneros importantes para as principais cinco indivíduos de uma espécie ao longo da área de ocorrência.
subfamílias: Bambusoideae s.s., Ehrhartoideae, Chloridoi ¬ Gêneros importantes de bambus lenhosos são Bambusa (120 |
deae, Panicoideae e Pooideae. Os caracteres diagnósticos spp.), Chusquea (100), Arundinaria (50), Sasa (50) e Phyllos -
das principais subfamílias são apresentados na chave que tachys (45).
SISTEMáTICA VEGETAL 301

Ehrhartoideae inclui Ehrharteae do hemisf é rio Sul e as flores ao mesmo tempo que permite a polinização quando
; Oryzeae, amplamente distribuída. Esta última inclui plantas as lodículas abrem. As espiguetas apresentam diversas adap ¬

: aquáticas ou de áreas brejosas. As Oryzeae mais amplamente tações para a dispersão dos frutos. A versatilidade no siste ¬

í
conhecidas e comercialmente importantes são o arroz asi ¬
ma reprodutivo, incluindo autopolinização e agamospermia,
ático (Oryza sativa, Prancha 9.5C) e o arroz silvestre norte- faz com que muitas Poaceae sejam colonizadoras de grande
I americano (Zizania aquatica ). sucesso. As anatomias foliares C3 e C4 permitem que as gra-
Pooideae apresenta distribuição principalmente tem ¬ míneas possam adaptar-se a uma ampla variedade de hábi-
perada, sobretudo no hemisf ério Norte. Gêneros importan ¬
tats. Há meristemas localizados na base das bainhas e dos
tes incluem muitos cereais (trigo, cevada, aveia; ver Impor¬ entren ós. Assim, as gramíneas toleram fogo e pastoreio mui ¬

tâ ncia econ ó mica e produtos) bem como o centeio (Secale to melhor do que as outras plantas. O desenvolvimento de
cereale ) , gramas para gramados (Poa, 500 spp.), forrageiras grandes pradarias durante o Mioceno (25-5 milhões de anos
( Festuca>150 ; Phleum; Dach/ lis; etc.) e algumas pragas (p. atrás) deve ter propiciado o surgimento dos grandes herbívo¬
ex., Agrostis , 200, e Poa ) . Outros gêneros importantes dessa ros, que, por sua vez, foram fonte de alimento e um estímulo
subfamília são Stipa (300), Calamagrostis (270), Bromus (150) para a evolução do Homo sapiens.
e Elymus (150) . A importância económica e ecológica da fam ília tem mo¬
Chloridoideae apresenta pêlos bicelulares caracter ísticos tivado um considerável interesse sistemático. No início do
na epiderme foliar, que devem ser sinapomórficos para um século XIX, as diferenças entre as espiguetas de Pboideae e
subgrupo dessa subfamília. Todas (exceto duas) Chloridoide¬ Panicoideae levaram Robert Brown a dividir a família nes ¬

ae apresentam fotossíntese C4. A subfamília é mais diversa ses dois grandes grupos. No início do século XX, caracteres
em regiões tropicais áridas e semi-áridas, onde a anatomia da epiderme foliar e número cromossômico promoveram a
C4 é presumivelmente vantajosa. Centros de distribuição na separação das Chloridoideae das Pboideae. Na metade do
Austrália e na África sugerem uma origem no hemisf ério Sul. século XX, caracteres da anatomia foliar interna, bem como
Gêneros importantes são Eragrostis (350 spp.), Muhlenbergia caracteres embriológicos, levaram ao reconhecimento de 5 a
(160), Sporobolus (160), Chloris (55), Spartina (15) e Eustachys 8 subfamílias. Diferenças anat ômicas foram associadas com
(10). Os três primeiros parecem ser polifilé ticos. diferentes rotas fotossintéticas. O tipo C3 é mais eficiente em
Panicoideae tem sido aceita de longa data, devido às suas climas frios e temperados, enquanto o tipo C4 é vantajoso em
distintivas espiguetas (ver Chave para Poaceae) . Essa subfa ¬ regiões de temperatura alta e com baixa umidade. O tipo C3 é
mília é principalmente tropical ou subtropical e contém duas a condição plesiomórfica na família; todas as espécies C4 per ¬

* grandes tribos, Andropogoneae e Paniceae, junto com alguns


outros grupos menores. Andropogoneae é facilmente reco ¬
tencem ao ciado PACCAD, embora muitos taxa C3 també m
façam parte dele.
nhecida, pois suas espiguetas são com frequência pareadas Referências adicionais: Aliscioni et al. 2003; Barker et al. 1995;
e dispostas em inflorescê ncia linear (Prancha 9.5A) . Paniceae
Campbell 1985; Clark and Pohl 1996; Clark et al. 2000; Clark
não é um grupo tão homogéneo. O gênero Panicum ( sensu and Judziewicz 1996; Qayton and Renvoize 1986; Judziewicz
& lato) foi outrora interpretado como um táxon heterogé neo, et al. 1999; Kellogg and Linder 1995; Kellogg and Watson 1993;
mas hoje é sabidamente polifilético (Aliscioni et al. 2003) . Soderstrom et al . 1987; Tucker 1996; Watson and Dallwitz 1992.
B
- Dichanthelium deveria ser excluído de Panicum, bem como
muitos outros gê neros menores. Panicum s.s. inclui cerca de
150 espécies, todas elas C4. Outros gêneros importantes são Zingiberales
I . Paspalum (330), Andropogon (100), Setaria (100), Sorghum (20)
e Zea (4).
A monofilia de Zingiberales é sustentada por morfologia
(Dahlgren e Rasmussen 1983; Kress 1990, 1995; Stevenson
As outras subfam ílias do ciado PACCAD são estrutu ¬
e Loconte 1995; Stevenson et al. 2000; Tomlinson 1962) e por
ral e geneticamente diversas. Abrangem desde espécies do sequências de DNA (Chase et al. 1995b, 2000; Davis et al.
: deserto (Aristida, 250 spp., o maior gênero das Aristidoi-
deae) até plantas gigantes de brejo (Phragmites, de Arun
2004; Kàllersjõ et al. 1998; Smith et al. 1993; Soltis et al. 1997,
2000). Prováveis sinapomorfias incluem o hábito de ervas
dinoideae s.s) . grandes com elementos de vasos mais ou menos limitados
às raízes; a presença de corpos silicosos na bainha dos feixes
Discussão: Poaceae fica atrás de Asteraceae, Orchidaceae vasculares; as folhas claramente diferenciadas em pecíolo e
e Fabaceae em n mero de espécies, mas as supera em im ¬ lâmina, com venaçã o peninérvea, freqúentemente partindo-
portância econ ómica. Fbaceae também é importantíssima em se entre as nervuras secundárias, com a lâmina enrolada
termos de área ocupada. A monofilia da família é sustentada como um tubo na prefoliação, pecíolo (e nervura mediana)
por caracteres fenotípicos (perianto reduzido, fruto cariópse com canais aer íferos expandidos, flores bilaterais (mas, nos
e atributos do embrião e da parede do grão de pólen), bem taxa mais especializados, sem plano de simetria); o pólen ge ¬

como por sequências de DNA. Semelhan ças com Cyperaceae ralmente sem exina; o ovário ínfero; e as sementes ariladas
quanto ao hábito e às espiguetas representam convergências. com perisperma (Figura 9.37A).
Cyperaceae é mais proximamente relacionado a Juncaceae, e As rela ções filogenéticas entre os grupos mais internos
Poaceae pertence ao Ciado graminóide (ver Figura 9.29). de Zingiberales estão razoavelmente bem compreendidas
As gramíneas tem sido muito bem -sucedidas em termos devido a cuidadosos estudos morfológicos e de cpDNA
ecológicos e puderam diversificar-se devido a uma série de (Dahlgren e Rasmussen 1983; Kress 1990, 1995; Kress et
adapta ções essenciais. A espigueta (ver Prancha 9.5) protege al. 2001; Tomlinson 1962, 1969a) . Cannaceae, Marantaceae,
1
302 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

- Musaceae bem desenvolvida , venação peninérvea , base invaginante, e uma


lígula; pedolos com canais de ar, estes separados em segmen ¬
- Strelitziaceae tos por meio de diafragmas compostos por células estreladas;
A estipulas ausentes. Inflorescências indeterminadas, mas com ¬
postas por unidades determinadas (cimosas) nas axilas de
F
- Heliconiaceae brácteas geralmente conspícuas. Flores bissexuais, bilaterais,
em geral durando apenas 1 dia. Sépalas 3, conatas , imbricadas.
- Zingiberaceae Pétalas 3, conatas , freqúentemente com um lóbulo maior do que
E -+- os outros, imbricadas. Estame 1, canaliculado, abraçando o esti -
D lete; estaminódios, geralmente 4 (2 maiores, conatos e for¬
- Costaceae mando um labelo, 2 menores, estes livres ou conatos com os 2
B estaminódios maiores); gràos de pólen monossulcados ou sem
- Cannaceae abertura, exina muito reduzida. Carpelos 3, conatos; ovário ín -
fero, geralmente com placentação axial; estilete contido em um
C
- Marantaceae sulco entre os sacos polínicos da antera; 1 estigma, em formato
de funil. Óvulos ± numerosos. Nectários 2, posicionados no á pi¬
FIGURA 9.37 Filogenia de Zingiberales, tal como discutida neste tex¬
ce do ovário. Fruto cá psula seca ou carnosa, ou baga; sementes
to. (Modificada de Kress 1990, 1995; Kress et ai. 2001; Soltis et al. 2000,
2005; Chase et al. 2000.) geralmente ariladas; presença de endosperma e perisperma í
(Figura 9.38) . !
Zingiberaceae e Costaceae formam um ciado baseado na
redução do androceu a um nico estame funcional, na pre ¬
sença de estaminódios conspícuos, nas sementes com mais
Fórmula floral: f
perisperma que endosperma, na ausê ncia de raf ídeos nos X, K @, C(2+ l) A ( 2» + 2»' + 1, G(3); cápsula carnosa,
tecidos vegetativos e nas folhas que n ão se rasgam facil ¬
mente (Figura 9.37B) . Dentro desse ciado, Marantaceae e
Cannaceae provavelmente são grupos-irmãos, como evi ¬
baga
|
denciado por suas flores assimétricas e pelo androceu com Distribuição e ecologia: amplamente distribuída em regiões I
apenas a metade de um estame fértil, sendo a outra meta ¬ tropicais; sobretudo em sub-bosque sombreado ou semi- I
de expandida e estaminodial (Figura 9.37C). Zingiberaceae sombreado; ocasionalmente em brejos. Reprodução assexual §
e Costaceae constituem um ciado sustentado pelo caráter ocorre em algumas espécies do gênero Globba . }
pouco frequente de um nico estame funcional envolvendo
mais ou menos o estilete, pela presença de lígula no á pice da
bainha foliar, pelas sépalas conatas, pelos estaminódios fu ¬
Gêneros / espé cies: 50/1.000. Principais gêneros: Alpinia
(150 spp.), Amomum (120), Zingiber (90), Globba (70), Curcuma
f
í
sionados e pela redução de 2 dos 3 estigmas (Figura 9.37D). (60), Kaempferia (60) e Hedychium (50) . A fam ília é represen-
Heliconiaceae, Strelitziaceae e Musaceae constituem um |
tada nos Estados Unidos por Alpinia, Curcuma, Hedychium e í
complexo parafilético, e as relações entre tais famílias ainda Zingiber (todos ocasionalmente naturalizados).
n ão estão claras. Heliconiaceae pode ser o grupo-irmão do
ciado formado por Cannaceae-Marantaceae-Zingiberaceae- Importância económica e produtos: a família contém mui¬
Costaceae, como sustentado por prováveis sinapomorfias tas especiarias importantes, incluindo Zingiber (gengibre),
tais como a presença de um estame mediano estéril e ex ¬ Curcuma, Amomum e Elettaria (cardamomo). Os rizomas de
terno, pétalas conatas e detalhes da anatomia das raízes (Fi ¬ muitas espécies de Curcuma são utilizados como fonte de
gura 9.37F). Strelitziaceae deve ser o grupo-irmão do dado amido. Alpinia, Curcuma, Hedychium, Globba, Nicolaia, Reneal-
que contém todas as familias supracitadas, sendo que todas mia e Zingiber são cultivados como espécies omamentais.
apresentam folhas dísticas (Figura 9.37F). Musaceae (família
da banana) é provavelmente o grupo-irmão do resto da or ¬
Discuss o: a monofilia de Zingiberaceae tem sido susten-
dem; essa família reteve a condição plesiom órfica de folhas
tada por caracteres de DNA (Smith et al. 1993; Kress 1995;
com arranjo espiralado.
Wood et al. 2000) e morfológicos (Kress 1990). A família está |
Zingiberales contém 8 famílias e cerca de 1.980 espé cies; proximamente relacionada com Costaceae, que é freqú ente ¬
as principais famílias são Cannaceae, Marantaceae, Zingibe¬ mente incluída como uma subfamília dentro de Zingiberace-
raceae, Costaceae, Heliconiaceae, Strelitziaceae e Musaceae. ae (ver Rogers 1984). •

Tamija e Siphonochilus representam duas linhagens que


Zingiberaceae Martinov divergiram cedo dos demais componentes da família e são
(Família do gengibre) caracter
ísticos por seus estamin ó dios laterais bem desen ¬
volvidos e fusionados ao labelo. Esta é a condição ancestral,
Pequenas a grandes ervas arom áticas, com células secreto ¬ que também é evidente na família-irmã, Costaceae . Os ou ¬
ras contendo óleos arom á ticos, diversos terpenos e com¬ tros gêneros pertencem a dois ciados principais: Aipinioideae
postos fenil- propanóides. Pêlos simples. Folhas alternas, (folhas perpendiculares ao rizoma) e Zingiberoideae (folhas
d ísticas, simples, inteiras, geralmente pecioladas, com lâmina paralelas ao rizoma ) (Kress et al. 2002).
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- SISTEMáTICA VEGETAL 303

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FIGURA 9.38 Zingiberaceae. Hedychium coronarium: (A) caule emergindo do rizoma (x 0,15); (B) porção do cau- u
1e mostrando bases foliares liguladas (x 0,55); (C) caule em secção transversal (x 9); (D) venação foliar (x 9); (E)
bainha foliar em secção transversal (x 9); (F) inflorescência (x 0,55); (G) flor mostrando c álice unilobado, pétalas
estreitas e dois estaminódios laterais largos, bem como o labelo (formado por estaminódios) de ápice bífido e
unicoestameque envolve o gineceu (x 0,55); (H-l) antera envolvendo o estilete, em vista adaxial e abaxial (x 4,5); |i
(J-K) estigma; ( L) tubo da corola, em secção transversal acima do cálice (x 9); (M) sec ção transversal da flor ligei
ramente acima do ovário, observe duas glândulas nectaríferas epíginas e estilete (em sulco no tubo da corola) (x
.
9); (N) ovário em sec ção transversal (x 9) (Fonte: Fiogers 1984, J. Arnold Arbor. 65: p. 24.)
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1
304 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVEMS & DONOGHUE

Chave para as Principais Famílias de Zingiberaies

1. Estames funcionais, 5 ou raramente 6, e estamin ódios ausentes ou inconspícuos;


raf ídeos ausentes; lâminas foliares tipicamente rasgando-se entre as nervuras secundárias 2
1. Estames funcionais1 ou Yi e estaminódios conspícuos, vistosos; rafídeos presentes;
lâminas foliares geralmente não rasgando entre as nervuras secundárias 4
2. Folhas em arranjo espiralado, o pecíolo (em secção transversal) com 1 fileira de
canais de ar; células laticíferas presentes; frutos bagas ou cápsulas carnosas;
perianto de tépalas, 5 conatas e 1 do verticilo interno, livre Musaceae
2. Folhas dísticas, o pecíolo com 2 fileiras de canais de ar, células laticíferas ausentes; frutos cápsulas
secas ou esquizocarpos carnosos; perianto de sépalas e pétalas, ou tépalas, mas não como acima 3
3. Óvulos numerosos por lóculo; fruto cápsula; sementes com arilo colorido;
flores com cálice e corola, sépalas e pé talas de cores diferentes, pétalas dimórficas Strelitziaceae
3. Um óvulo por lóculo; fruto esquizocarpo, dividindo-se em três segmentos drupóides; '>
flores com tépalas, 5 conatas e uma peça do verticilo externo livre Heliconiaceae
4. Androceu representado por um único estame funcional; flores de simetria bilateral,
sépalas conatas; bainha foliar associada a uma lígula 5
4. Androceu representado por ¥i estame funcional; flores assimétricas; sépalas livres; bainha foliar sem lígula . . . . 6
5. Folhas dísticas, bainha geralmente aberta; plantas com óleos arom á ticos; pelo menos
2 estamin ódios conatos, formando um labelo, exina do pólen muito reduzida Zingiberaceae
.
5 Folhas espiraladas, bainha fechada (pelo menos inicialmente); plantas sem óleos aromáticos;
estamin ódios não conatos; pólen com exina bem desenvolvida Costaceae
6. Ovulo solitário em um único lóculo ou em cada um dos três lóculos do ovário; folha com pecíolo,
com pulvino na parte distai deste; flores em pares especulares, o estilete contido sob pressão
por um estaminódio modificado, liberado durante a polinização; fruto não verrucoso Marantaceae i
6. Óvulos ± numerosos em cada um dos 3 lóculos do ovário; folha ± sem peado
e pulvino; flores não em pares e não especulares; estilete não contido sob pressão ?
nem liberado durante a polinização; fruto verrucoso Cannaceae

As flores de Zingiberaceae apresentam cores e formas di ¬ estrelado; estipulas ausentes. Inflorescências determinadas,
versas e são polinizadas por abelhas, mariposas, borboletas e frequentemente parecendo indeterminadas, terminais. Flores
aves. Muitas espécies apresentam polinização cruzada, mas bissexuais, assimétricas, mas arranjadas em pares especula¬
autopolinização e reprodução vegetativa també m ocorrem. res . Sé palas 3, livres, imbricadas. Pétalas 3, conatas, imbricadas.
Aves são os principais agentes dispersores. As cápsulas car¬ Estame 1 , parcialmente fértil e parcialmente estaminodial; filete
nosas geralmente são coloridas, contrastando com as cores conato com os estaminódios e adnato à corola; antera unilocu-
brilhantes das sementes ariladas. lar ( meia-antera: a outra metade expandida e estéril ), depositando
Referências adicionais: Burtt e Smith 1972; Dahlgren et al. o pólen sobre o estilete antes da abertura da flor; estaminódios ge¬
1985; Larsen et al. 1998. ralmente 3 ou 4, petalóides e de forma e tamanho variados, basal ¬
mente conatos e adnatos à corola, 1 estaminódio do verticilo
interno do androceu formando uma estrutura em forma de
Marantaceae R. Brown capuz com 1 ou 2 apêndices (este é o estaminódio cucula-
(Família da araruta) do ou em forma de capuz que retém o estilete curvado e
Ervas, com caule ereto e rizomas curtos, tuberosos e ricos em sob pressão até que seja liberado durante a visita do po-
amido. Pêlos simples e rodeados por células epidermais infla ¬ linizador), o segundo estaminódio do verticilo interno do
das. Folhas alternas, geralmente dísticas, simples, inteiras, pe- androceu formando uma estrutura calosa-engrossada, o
cioladas; com um pulvino na região distai do pecíolo, uma estaminódio caloso , que freqiientemente serve de plata¬
lâmina foliar bem desenvolvida que se enrola à noite e venação forma de pouso para insetos polinizadores e ajuda a reter
peninérvea com nervuras secundárias sigmóides e nervuras o estaminódio em forma de capuz, e 1 ou 2 estaminódios do '
transversais igualmente espaçadas, invaginantes na base, lí¬ verticilo externo do androceu ± petalóides; grãos de pólen sem
gula ausente; pecíolos com canais de ar, estes separados em aberturas, exina muito reduzida. Carpelos 3, conatos, ovário ín-
segmentos por diafragmas compostos por células de formato fero, com placentação axíai, mas dois carpelos frequentemente
SISTEMáTICA VEGETAI 305

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IV

FIGURA 9.39 Cannaceae. Canna flaccida. ( A ) caule jovem surgindo de rizoma (x 0,6);
(B) lâmina e porção do peciolo (x 0,6); (0 detalhe da parte apical do pec íolo invaginan-
ÍÊi
te ( x 1 ,15 ); (D) inflorescência com flor aberta e botão; na flor aberta observe as s épaias,
:
? pétalas reflexas e os cinco estaminódios petalóides (x 0,75); (E) flor aberta, a meia- ante-
ra fértil e á pice do estigma vis í veis no centro; (F) detalhe da flor para mostrar as pétalas
reflexas (x 0,75); (G) estaminódio expandido (x 0,75); (H) estame fértil, com meia antera
-
na margem esquerda (x 0,75); (I) detaihe da meia antera após a deiscência (x 4,5 ); (J)
secção longitudinal próxima do centro da flor para mostrar pétalas, estamin ódios e es-
tiiete adnato ao tubo floral (x 1,5); ( K ) ápice do estilete mostrando a linha estigmá tica
( pr óxima da margem) (x 3); (L) ovário em sec ção transversal, a parede com papilas (x
7,5 ); (M) c ápsula ( x 0,75); (N) semente (x 4,5); (O) detalhe da testa (x 35); ( P) semente
i: .
em secção, endosperma pontilhado (x 4,5 ); (Q) plântula (x 0,75 ) (Fonte: Rogers 1984, 7.
. . .
Arnold Arbor 65: p 30 )
1
306 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

estéreis e ± reduzidos; estilete curvado, mantido sob tensão


pelo estaminódio em forma de capuz que, quando con-
Cannaceae A. L. de Jussieu
tatado por um inseto, libera o estilete, que elasticamente (Família do biri-silvestre)
se curva para baixo, contatando o pólen exposto no corpo Ervas rizomatosas; canais de mucilagem presentes nos ri ¬
do inseto e sujando este com pólen da própria flor (retido zomas e caules eretos. Plantas glabras. Folhas alternas, dísti-
em uma cavidade abaixo do estigma ); 1 estigma, em uma cas a espiraladas, simples, inteiras, pecíolo ± ausente, com lâ ¬
depressão entre o ápice 3-lobado do estilete. Óvulos 1 por mina foliar bem desenvolvida, esta ltima apresentando uma
lóculo, ou solitários no nico carpelo funcional . Nectários nervura mediana com canais de ar, com venaçã o peninérvea,
nos septos do ovário. Fruto cá psula loculicida ou baga; sementes invaginantes na base, lígula, pulvino e estipulas ausentes.
geralmente ariladas; embrião geralmente curvo; presença de Inflorescências determinadas ou indeterminadas, terminais,
endosperma e perisperma. o eixo principal triangular em secção transversal, com brác-
teas trísticas, cada bráctea geralmente associada com cimas
reduzidas, com 1 ou 2 flores. Flores bissexuais, assimétricas, I
Fórmula floral:
frequentemente durando apenas 1 dia. Sépalas 3, livres, im ¬
~
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$, K3, C( 3 A1« ou 2» +2» +( h + l h», G@; cápsula, baga bricadas. Pétalas 3, conatas, imbricadas. Estame 1; filete cona-
to com os estaminódios e adnato à corola; antera unilocular
(isto é, uma meia-antera, a outra metade expandida e estéril);
estaminódios 3 ou 4, petalóides, 1 maior do que os outros
Distribuição e ecologia: amplamente distribuída em re ¬ e recurvado, todos basalmente conatos e adnatcs à corola;
giões tropicais e subtropicais. A maioria ocorre nas margens grãos de pólen sem aberturas, exina muito reduzida. Carpe-
de florestas pluviosas, clareiras ou brejos. los 3, conatos; ovário ínfero, extemamente papiloso, com
placentação axial; estilete ± achatado e petal óide; estigma,
1, estendendo-se ao longo de um lado do estilete. Óvulos ±
G êneros/ espé cies: 30 / 450 . Principais g êneros: Calathea
(250 spp.). A família está representada nos Estados Unidos
numerosos em cada lóculo. Nectários nos septos do ovário.
Fruto cápsula verrucosa, com deiscência geralmente irregu ¬ ;
apenas por Thaiia (nativo) e Maranta (ocasionalmente natu
ralizado).
¬
lar por desintegração da parede do fruto; sementes esf éricas, K
pretas, associadas com um tufo de pêlos (arilo modificado);
presença de endosperma e perisperma (Figura 9.39). A
Importância econó mica e produtos: nas índias Orientais, o
amido da araruta é obtido dos rizomas de Maranta arundina-
cea. Calathea , Ctenanthe, Maranta e Thaiia são cultivadas como Fó rmula floral:
r
plantas ornamentais, devido às suas folhas decorativas.
$, K3, C @, Al » ou 2» + 2 » + / + V2», G(5); cápsula
Discussão: a monofilia de Marantaceae é sustentada por \ ~p
verrucosa
í
DNA e morfologia (Kress 1990, 1995; Smith et al. 1993). As
relações filogenéticas dentro da família são pouco compreen ¬
didas, mas têm sido recentemente investigadas, com base em Distribuição e ecologia: regiões tropicais e subtropicais
morfologia e sequ ê ncias de DNA (Anderson e Chase 2001;
|
das Américas, algumas espécies estão naturalizadas no Velho f
Prince e Kress 2006). Tradicionalmente, os gêneros com um Mundo; plantas de ambientes midos de florestas tropicais,
carpelo funcional (p. ex., Ischnosiphcm, Maranta e Thaiia ) têm |
ao longo de rios ou em áreas brejosas. I
sido incluídos em Maranteae, enquanto gêneros com ovários
3-loculares (p. ex., Calathea e Marantochloa ) foram incluídos G ê nero / espé cies: 1/19. G ênero: Cama. A família está
em Phrynieae. No entanto, ambas as tribos são polifiléticas. representada nos Estados Unidos por algumas poucas espé -
|
Sarcophrynium e taxa afins s o o grupo-irmão do resto da fa
f
¬
cies de Cama.
mília e apresentam um único apê ndice bilobado no estami - |
nódio em forma de capuz. Importância económica e produtos: os rizomas de Carma
As complexas flores de Marantaceae apresentam princi¬ edulis são fonte de amido. Muitas espécies e vários híbridos
palmente polinização cruzada e são polinizadas por abelhas; (p. ex., Canna x generalis ) são cultivados como ornamentais. , ;.
o néctar é oferecido como recompensa floral. Os arilos, mui ¬
tas vezes associados com as sementes de Marantaceae, ge ¬ Discussão: a monofilia de Cannaceae tem sido sustentada
ralmente são coloridos e contêm depósitos de lipídeos, o que por morfologia e DNA (Kress 1990, 1995; Smith et al. 1993). "

sugere dispersão por aves ou formigas. Os frutos de Thaiia O p ólen é depositado no estilete antes da abertura da flor,
são dispersos pela água. diretamente sobre o estigma ou ligeiramente abaixo dele. A
Algumas Marantaceae apresentam folhas com faces aba- maioria das esp écies é autógama . A biologia da polinização
xiais de coloração vermelho-escura, uma possível adaptação tem sido pobremente estudada, mas abelhas, borboletas, ma¬
para um uso mais eficiente da luz nos ambientes sombreados riposas e aves à procura de néctar devem ser os polinizado-
de sufc - bosque onde geralmente crescem. res mais frequentes. As sementes são duradouras e dispersas
Referências adicionais: Andersson 1981,1998; pela água.
Classen-
Bockhoff 1991; Kennedy 2000; Rogers 1984. Referências adicionais: Kubitzki 1998c; Rogers 1984. I
cr •
SISTEMáTICA VEGETAL 307

mílias são Menispermaceae, Berberidaceae, Ranunculace-


EUDICOTILEDÕ NEAS (TRICOLPAOAS) ae e Papaveraceae. Essas famílias têm sido tradicionalmente
associadas devido ao hábito predominantemente herbáceo;
Este grande grupo é considerado monofilético com base no às folhas serreadas a lobadas ou até compostas; à presen ça de
pólen tricolpado (ou tipos derivados deste) bem como em alcaloides, do tipo benzil isoquinolínico; às flores hipóginas
caracteres de sequ ê ncias de nucleotídeos de DNA (Chase geralmente com as peças livres e em geral com muitos esta ¬
et ai. 1993; Hilu et at. 2003; Hoot et al. 1999; Judd e Olmste- mes; e às sementes com embriões pequenos e endosperma
ad 2004; Kim et al. 2004; Savolainen et al. 2000a, b; Soltis et copioso (Cronquist 1981; Thome 1974, 1992). O grupo tem
al. 1997, 1998, 2000, 2003, 2005; Zanis et al. 2003). O ciado sido frequentemente associado com as magnolídeas (p. ex.,
també m é caracterizado pelas flores cíclicas, isto é, as peças Magnoliales, Laurales e Canellales: Cronquist 1968, 1981,
estão arranjadas em vertidlos, com as peças individuais dos 1988; Dahlgren 1983; Takhtajan 1969, 1980, 1997; Thome
í verticilos altemando-se. A presença de verticilos periânticos
internos e externos (cálice e corola) pode ser uma sinapo-
1974, 1992), mas caracteres morfológicos (Donoghue e Doyle
1989; Doyle et al. 1994) e sequências de DNA (ver Judd e Ol-
morfia adicional, mesmo que homoplásica. Os filetes dos mstead 2004) indicam que Ranunculales é o grupo-irmão do
estames geralmente são finos e portam anteras bem dife ¬ resto do ciado tricolpado.
renciadas. A maioria dos integrantes deste grupo apresen ¬ Eupteleaceae (lenhosa) e Papaveraceae (principalmen ¬
ta plastídios dos elementos crivados com grãos de amido te herbácea) devem ser sucessivamente grupos-irm ãos das
v,
(tipo- S). Os principais ciados das tricolpadas são mostrados demais familias (Hoot e Crane 1995; Kim et al. 2004; Soltis
nas Figuras 9.3 e 9.4. et al. 2000; Thome 1974) (Figura 9.40). Papaveraceae difere
das outras famílias da ordem pelo gineceu sincárpico, pelo
Ranunculales fruto capsular, pelas sépalas rapidamente decíduas e pela
presença de laticíferos e látex colorido, ou de células espe ¬

Ranunculales é hipoteticamente monofilética com base em cializadas com secreção clara e muciIaginosa. Tais caracteres,
sequências de rcbl, atpB, matK, 18S, e 26S rDNA (Chase et al. junto com a presença de sementes aifladas, provavelmente
1993, Drinnan et al. 1994; Hilu et at. 2003; Hoot e Crane 1995; são sinapom órficos (ou evoluíram muito cedo na família).
Hoot et al. 1999; Kãllersjõ et al. 1998; Kim et al. 2004; Loconte Sinapomorfias morfológicas para o ciado que compreende
et al. 1995; Savolainen et al. 2000a, b; Soltis et al. 1997, 1998, Berberidaceae, Menispermaceae e Ranunculaceae não são
2000) . A presença de alcaloides dos tipos berberina e morfina, facilmente reconhecíveis; no entanto, a monofilia desse gru ¬

assim como lenho com as bordas das pontoações das fibras po é sustentada por sequências de rbcL, atpB e 18S (Chase et
reduzidas, também devem ser sinapomorfias. A ordem con ¬ al. 1993; Drinnan et al. 1994; Hoot e Crane 1995; Hoot et al.
siste em 7 famílias e cerca de 3.490 espécies; as principais fa¬ 1999; Soltis et al. 2000). Vários arranjos alternativos têm sido

. . :
5 ri
|
1

I
Sem perianto
á.

Sépalas decíduas
1
2 s 3

I
Lianas 1 carpelo Ervas
Estigma plumoso 2 carpelos, conatos
Rores unissexuais
Sâmaras •• Placentação parietal (dióicas)
Cápsula 2 óvulos por carpelo,
Borda engrossada e persistente 1 deles abortivo
desenvolvida a partir da Drupa
placenta (replo)
(Praticamente todas
com laticíferos)
Venação palmada
Elementos de vaso com perfurações simples
Pontoações das fibras com bordas reduzidas
Verticilo periântico externo sepalóide
Berberina
Túbuios agrupados de cristaloides
de cera foliar FIGURA 9.40 Cladograma mostrando as relações hipotéticas dentro
de Ranunculales. ( Modificada des Hoot et al. 1999 e Soltis et al. 2000.)
308 JUDD, CAMPBELL KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Chave para as Principais Famílias de Ranunculales

1. Gineceu com 2 a muitos carpelos conatos, ovário com 1 lóculo e placentas parietais;
plantas latescentes, látex branco ou colorido
. Papaveraceae
1. Gineceu com 1 a muitos carpelos livres, cada ovário com placenta lateral a s
basal-
frutos bagas, folículos ou aquênios; plantas n ão latescentes
2
2. Flores geralmente bissexuais; plantas na maioria ervas ou arbustos, rarame
nte lianas;
frutos aquênio, folículos ou bagas
3
2. Flores geralmente unissexuais; plantas geralmente lianas; frutos drupas
. Menispermaceae
3. Carpelos solitários; estames opostos às pé talas em n mero igual ou o dobro
destas; anteras
normalmente deiscentes por 2 valvas; perianto 3-mero; frutos em geral carnoso
s, bagas . . . Berberidaceae
3. Carpelos geralmente numerosos; estames numerosos em arranjo
espiralado;
anteras discentes por 2 fendas longitudinais; perianto em geral não tr
ímero;
frutos geralmente secos, aquênios ou folículos

propostos para esses grupos (ver Drinnan et al. 1994; Hoot sementes cuivas; embrião geralmente curvado; endosperma às
e Crane 1995; Loconte e Estes 1989; Loconte e Stevenson vezes ruminado, às vezes ausente (Figura 9.41).
|
1991; Loconte et al. 1995). Berberidaceae, aparentemente, i
é o grupo-irmão de Ranunculaceae, como sustentado por
sequências de nucleotídeos (Hoot e Crane 1995; Hoot et al. Fórmula floral:
1999; Kim e Jansen 1995) e por semelhan ças na forma da flor
(Endress 1995). Flor estaminada; * K6, Ci ó), A (6-° ), GO
°
Referência adicional: Endress and Igersheim 1999. Flor carpelada: * K6, CÍó), A -
G3 6, drupas

Menispermaceae A. L. de Jussieu
(Família da orelha -de -onça) Distribuição: praticamente pantropical com poucos gê ne
-
ros se estendendo para regiões temperadas; o grupo é carac -
'
í
Lianas ou, menos frequentemente, arbustos ou arvoretas; terístico em florestas tropicais midas baixas.
caules jovens com anel de feixes vasculares separados por j
largos raios parenquimatosos, caules mais velhos frequente- G êneros/ espé cies: 71/450. Principais gêneros: Abuta
mente com crescimento secundário anómalo (sucessivos anéis (35 spp.), Cyclea (30), Stephania (30), Tinospora (25) e Cis
de xilema e floema ) e achatados; com alcaloides variados (in ¬ sampelos (20). A família é representada nos Estados Unidos
- *,
cluindo do tipo benzil isoquinolínico) e venenosos, e ses- f
e no Canad á por Calycocarpum , Cocculus, Menispermum e
quiterpenos e diterpenos muito amargos. Pêlos simples, às Cissampelos.
vezes glandulares. Folhas alternas e espiraladas, em geral sim¬ ,

ples e inteiras, ocasionalmente lobadas ou palmado-composta, ge¬ Importância económica e produtos: muitas esp écies são
ralmente com venação palmada, com frequência com pulvinos usadas na medicina ou como venenos, e a casca de muitos
proximais e distais, muitas vezes peitadas ou quase peitadas; gêneros (incluindo Chondrodendron; Prancha 9.6A) é utili ¬
estipulas ausentes. Inflorescências geralmente determina ¬ zada no preparo do curare, um veneno para flechas usado . j
das, axilares. Flores unissexuais (plantas geralmente di - por algumas tribos indígenas da América do Sul, e na me ¬
óicas), radiais, com perianto 3-mero. Sépalas geralmente 6, li¬
vres, imbricadas ou valvadas. Pétalas geralmente 6, livres ou
dicina como relaxante muscular. Algumas poucas espécies |
de Cocculus e Menispermum são cultivadas como plantas f d
'
A
conatas, imbricadas. Estames (3-) 6 a numerosos, às vezes ornamentais.
representados por estaminódios nas flores carpeladas; filetes •
j
livres ou conatos; grã os de pólen em geral tricolpados, tri
colporados ou variadamente porados. Carpelos ( 1 - ) 3-6 (-nu ¬
- Discussão: a monofilia de Menispermaceae é sustentada |j
por muitos caracteres morfológicos (ver descri ção) . A família
j

merosos), livres, com frequência sobre um ginóforo; ovários é o grupo- irm ão de Ranunculaceae e Berberidaceae (Hoot e
súperos, com placentação lateral; estigmas variados, sobre án ' _<
Crane 1995). Lardizabalaceae também está constituída por q .j
estilete muito curto. Óvulos 2, mas um deles abortivo, às lianas (p. ex„Akebia, uma planta ocasionalmente cultivada
vezes com megasporângio de parede fina. Nectários ausen ¬ f t*.
como ornamental), mas difere de Menispermaceae por apre - 1 '

tes. Fruto agregado de drupas, o estilete às vezes quase ba ¬


sentar folhas compostas, muitos óvulos por carpelo e folícu - Jj
sal devido ao desenvolvimento assimétrico, com endocarpo
± los carnosos ou bagas. A dioecia evoluiu rndependentemente
curvo, variadamente esculpido, em geral comprimido na lateral; nestas duas famílias.
SISTEMáTICA VEGETAL 309

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FIGURA 941 Menispermaceae. Cocculus carolinus: {A) ramo pê ndu ¬ sé pala interna circundando pétala e estamin ódio (x 18); ( F) gineceu , os
lo com frutos (x 0,6); (B) flor estaminada, mostrando sépalas internas, carpelos com estigmas reflexos (x 18); (G) secção longitudinal do car-
duas sé ries de pétalas e estames, as sé palas externas não estã o vis íveis pelo (x 12); (H) secção longitudinal do fruto mostrando embrião curvo
(x 18); (C) sé pala interna circundando pétala e estame (x 18); ( D) flor envolto por endosperma (em branco ), endocarpo duro (em cor escura )
carpelada, com uma sépala externa removida para mostrar as sé pa ¬ e parede do fruto carnosa (x 4,8); ( I) endocarpo ( x 3,6). ( Fonte: Ernst
las internas, duas sé ries de pétalas, estaminódios e carpelos (x 18); ( E ) 1964, J. Arnold Arbor. 45:p. 31.)

As rela ções dentro de Menispermaceae n ão estão claras, Ranunculaceae A. L. de Jussieu


mas o ciado geralmente é dividido em 5-8 tribos com base
em caracteres de fruto e semente (presença ou ausência de (Família da esporinha)
endosperma, endosperma ruminado ou homogéneo; forma Ervas, arbustos ou ocasionalmente lianas; caules com feixes
do embrião; forma e ornamentação do endocarpo). vasculares frequentemente dispostos em muitos anéis con ¬
A polinização não tem sido estudada, mas provavelmen ¬
cêntricos ou ± esparsos; em geral com alcaloides ou ranun-
te é efetuada por pequenos insetos. Os frutos carnosos são culina ( um glicosídeo de lactona); frequentemente com sa-
pretos, azuis, p rpuros ou vermelhos, de tamanho pequeno poninas triterpen óides. Pêlos geralmente simples. Folhas em
a grande, e presume -se que sejam dispersos por aves e ma
geral alternas e espiraladas, ocasionalmente opostas, simples , às
¬

míferos. vezes lobadas ou partidas a compostas, em geral serreadas, denta ¬

Referências adicionais: Emst 1964; Kessler 1993b; Loconte et das ou crenadas, com venação peninérvea a ocasionalmente
al. 1995; Mennega 1982; Thanikaimoni 1986. palmada; estipulas geralmente ausentes. Inflorescências deter-
310 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE
1 1

'

minadas, às vezes parecendo indeterminadas ou reduzidas em geral livres; ovários s peros, geralmente com placentação
a uma flor solitária, terminais. Flores geralmente bissexuais, lateral; estigmas terminais ou estendendo-se ao longo de um
radiais a ocasionalmente bilaterais, com receptácuio curto a dos lados do estilete. Óvulos 1 a numerosos por carpelo. Fru-
alongado. Flor geralmente não trímera. Tépalas 4 a numerosas, to geralmente agregado defolículos ou aquênios, ocasionalmente
livres e imbricadas; ou perianto diferenciado em cálice e corola, baga (Figura 9.42).
neste caso sépalas, geralmente 5, livres, imbricadas e decíduas, e
pétalas, geralmente 5, livres, imbricadas, freqiientemente com um
região basal secretora de néctar ou somente pequenas glândulas
nectaríferas, provavelmente derivadas de estaminódios. Esta- Fórmula floral:
mes numerosos; filetes livres; anteras deiscentes por fendas * ou X, T-4-«> - ou K5, C5, Aoo, Gl-<»; folículos,
longitudinais; grãos de pólen tricolpados (ou ± modificados) . 1
aquênios, bagas
Carpelos em geral 5 a numerosos, ocasionalmente reduzidos a 1,
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FIGURA 9.42 Ranunculaceae. Caltha palustris: (A ) planta florida (x fol ículos de uma flor com cinco carpelos (x 2 ); ( H ) semente (x 20); 0)
0,5); ( B) flor (x 3); (C) estame ( x 12 ); (D) carpelo em vista lateral, com semente em secçã o longitudinal, observe a testa esponjosa , endos-
detalhe das glâ ndulas nectariferas na base (x 10); (E) carpelo em sec- perma (pontilhado), e embrião diminuto (x 20). (Fonte: Wood 1974, A
ção longitudinal (x 10); ( F) carpelo em secçã o transversal (x 15); (G ) .
srudenfs atlas offí owering plants , p 29.)
r SISTEMáTICA VEGETAL 311

(A) CB) 4 ;Q

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*
* Ranunculales: Berberidaceae
Jeffersonia diphylla: flor jovem

Proteales: Platanaceae
Ranunculales: Menispermaceae Platanus ocddentalis:
Chondrodendron tomentosum: ramo com inflorescêndas
flores

CE)

(D)

Ranunculales: Papaveraceae
Argemone albifbra: flores Proteales: Proteaceae
A albiflora: fruto jovem Grevillea robusta: folhas e flores

(F)
1%: %
te-
te.
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Ranunculales: Papaveraceae
Ranunculales: Ranunculaceae Dicentra spectabilis: flores
.
Ranunculus ficaria: flor
PRANCHA 9.6 Eudicotiledôneas:
Ranunculales e Proteales

L

- f
'

-
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1

312 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Distribuição: amplamente distribuída, mas especialmente laceae; estaminódios petalóides também evoluíram mais de
caracter
ística de regiões temperadas e boreais do Hemisf ério uma vez, como sugerido por evidências morfológicas, anatô ¬

Norte. micas e ontogenéticas (Hoot 1995). O há bito lenhoso prova ¬


velmente é secundário dentro da família.
Gêneros/espé cies: 47/2.000. Principais gêneros: Ranun- A ampla variedade de estruturas florais em Ranuncu ¬

culus (400 spp.), Aconitum (250), Clemat í s (250), Delphinium laceae está associada com a grande diversidade de síndro -
(250), Anemone (150) e Thalictrum (100). Além dos gêneros mes de polinização. A maioria das espécies é polinizada
supracitados, Actaea, Aquilegia , Caltha , Coptis, Hydrastis, Iso - por insetos, embora algumas espécies de Thalictrum sejam
pyrum, Myosurus, Trollius e Xanthorhiza também ocorrem nos polinizadas pelo vento. Anemone e Clemat í s não produzem
Estados Unidos e/ou no Canadá. néctar e sã o polinizados por insetos à procura de pólen.
Em contraste, Ranunculus, Delphinium e Aquilegia apre ¬
Importância econômiça e produtos: a principal importân ¬ sentam pétalas modificadas que secretam n éctar (às vezes
cia da família decorre de suas numerosas espécies de ervas em formato de esporões; ver Prancha 9.6F) e suas flores
ornamentais, distribuídas nos gêneros Anemone, Aconitum, sã o visitadas por insetos à procura de néctar ou por beija -
Actaea, Aquilegia (columbina), Caltha, Clemat
í s, Delphinium flores. Caltha apresenta glândulas de néctar na base dos
(esporinha), Helleborus, Ranunculus, Thalictrum e Trollius. carpelos e é polinizada por abelhas. Trollius europaeus é
Muitos gêneros são altamente venenosos. exclusivamente polinizada por moscas do gênero Chias-
tochaeta que entram nas flores (que nunca abrem ) para se
Discussão: a monofilia desse grupo é sustentada por morfo ¬ alimentar de pólen ou néctar e copular; as fêmeas ovipõem 5
logia e sequência de nucleotídeos (Drinnan et al. 1994; Hoot nas flores e as larvas se alimentam das sementes em de ¬

e Crane 1995; Hoot 1995; Jensen et al. 1995; Loconte e Estes senvolvimento.
1989; Wang et al. 2005). Hydrastis apresenta flores trímeras,
elementos de vaso com perfurações escalariformes, óvulos
com micrópila definida por dois tegumentos e folículos car
nosos; caracteres de sequências e sítios de restrição de cpDNA
¬
Os mecanismos de dispersão são variados. Os aquênios
de Clematí s apresentam estiletes persistentes, longos e pilo
sos, e são dispersos pelo vento. Os aquênios de Ranunculus
apresentam tubérculos ou ganchos que promovem transporte
1
também sustentam a posição deste gênero, junto com Glauci
dium,como grupo- irmão dos demais componentes da família
- externo por animais. As pequenas sementes das espécies com
folículos devem ser dispersas pelo vento ou pela água, e al ¬

(Hoot 1995; Johansson e Jansen 1993). Os demais gêneros de gumas (p. ex., Helleborus ) são secundariamente dispersas por
Ranunculaceae devem formar um ciado sustentado pela pre ¬ formigas. As bagas de algumas espécies de Actaea são princi
r
¬

sen ça de elementos de vaso com perfurações simples, flores palmente dispersas por aves.
4- ou 5- meras, e frutos secos. Um grande ciado (Ranuncu -
loideae) é sustentado pelas sinapormorfias de cromossomos
grandes, estômatos maiores que 35 pm, número cromossô-
mico 8 e caracteres de nucleotídeos (Hoot 1991, 1995). Além
disso, o alcaloide berberina não tem sido reportado para esse
Berberidaceae A.L. de Jussieu
(Família do espinho-de -são-joão) I
Ervas ou arbustos; caule com feixes vasculares às vezes ± es ¬

ciado, e sua perda deve ser sinapomórfica. Clemat í s, Ranuncu¬ parsos; em geral com alcaloides, a madeira geralmente é ama¬
lus, Trautvetteria e Anemone provavelmente formam um sub- relada devido à berberina (um alcaloide isoquinolínico). Pêlos
clado sustentado pelas sinapomorfias de presença de aquê- simples. Folhas geralmente alternas e espiraladas (opostas em
nios, presença de ranunculina e dados de sequências de DNA Podophyllum ), simples, às vezes lobadas ou partidas a compostas,
(Hoot 1991, 1995; Johansson 1995; Johansson e Jansen 1993). às vezes reduzidas e unifolioladas (algumas espécies de Ber-
Um segundo subclado, incluindo Actaea, Caltha , Helleborus, beris ) , inteiras a serreadas ou serreado-espinhosas, às vezes
Trollius, Nigella, Aconitum e Delphinium, pode ser diagnosti¬ reduzidas a espinhos, com venação peninérvea a palmada;
cado com base nas tépalas petalóides, no entanto esse agru ¬ estipulas ausentes ou presentes. Inflorescências variadas. Flo ¬
pamento não é sustentado por sequências de nucleotídeos
(Hoot 1991, 1995) . Os gêneros restantes - Xanthorhiza, Coptis,
Aquilegia,Talictrum e Isopyrum - constituem Thalictroideae ,
que é parafilética e compreende as linhagens que divergiram
primeiro dentre as Ranunculaceae (junco com Hydrastis e
res bissexuais, radiais, com perianto geralmente 3-mero. Sépalas
geralmente 6 (ocasionalmente 4), livres, imbricadas. Pétalas
externas 6 (ocasionalmente 4), livres, imbricadas, sem glându ¬

las de néctar, às vezes ausentes; pétalas internas ( provavelmente


;
estames petalóides), geralmente 6 , com secreção de néctar, visto¬
Glauddium ) . Esses gêneros retêm plesiomorfias - presença de sas ou representadas apenas por pequenas escamas, às vezes
berberina, rizomas amarelos e rastejantes, pêlos curtos com ausentes. Estames 4 a numerosos, mas com mais frequência 6,
paredes finas e cromossomos pequenos - que també m são geralmente opostos às pétalas; filetes geralmente livres; anteras 1
encontradas em Berberidaceae. Seqtiências de nucleotídeos deiscentes por 2 valvas que abrem desde a base (fendas longitu ¬
sugerem que Coptis e Xanthorhiza formam um ciado que é dinais em Nandina e Podophyllum ); grã os de pólen tricolpados
grupo-irmão do ciado que contém os demais gêneros de (ou modificados). Um carpelo; ovário súpero, com placenta-
Thalictroideae + Ranunculoideae (Hoot 1995; Johansson e ção lateral a basal; estigma capitado a 3-lobado. Óvulos ge¬
Jansen 1993; Wang et al. 2005). ralmente numerosos, às vezes reduzidos a 1. Fruto geralmenie
A redução do número de óvulos por carpelo e a evolução baga, às vezes ± deiscente; sementes frequentemente ariladas
de aquênios têm ocorrido muitas vezes dentro de Ranuncu ¬ (Figura 9.43).
f
SISTEMáTICA VEGETAL 313

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FIGURA 9,43 Berberidaceae. Podophyllum peltatum: (A) caule jovem (x 1 );


( B ) planta florida ( x 0,33); (C) flor (x 1 ); ( D) dois estames ( x 5); ( E) gineceu
( x 3,5); ( F) gineceu em secção longitudinal (x 3,5); (G ) ová rio em secçã o
transversal (x 3,5); ( H ) baga (x 0,75); ( I ) fruto em secção transversal, as
sementes em uma placenta suculenta (x 0,75); (J ) semente (x 4). ( Fonte;
Wood 1974, A studenfs atlas offlowering plants, p. 33.)
I
nia, Nandina, Podophyllum e Vancouveria ocorrem nos Estados
Fórmula floral: Unidos e/ou no Canadá.
-
* , K4-6, C4 6, A4-6* + 4-«,, Gl ; baga
Importância económica e produtos: gê neros como Ber ¬

beris (espinho-de-são- joão) e Nandina são cultivados como


plantas ornamentais. Muitas espécies são extremamente ve ¬

m
r
Distribuição: amplamente distribuída, especialmente em
regiões temperadas do Hemisf ério Norte e nos Andes, na
nenosas.

Amé rica do Sul. Discussão: a monofilia de Berberidaceae é sustentada por


morfologia e por análises baseadas em DNA (Hoot e Cra-
G ê neros / espécies: 15 / 650 . Principal g ênero: Berberis ne 1995; Loconte 1993; Loconte e Estes 1989; Loconte et ai.
(600 spp. ) . Achlys, Berberis , Caulophyllum, Diphylleia , Jefferso - 1994). Nandina (em Nandinoideae) é o grupo-irm ão dos de-
314 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE
1
mais membros da família (Berberidoideae), que apresentam tão e então franzidas quando expandidas; freqúentemente as 2 (ou
em comum o hábito herbáceo e as anteras que sào deiscen- 3) mais internas diferenciadas das 2 ( ou 3) mais externas, e às ve ¬
tes por duas valvas. Muitos dados podem ser reconhecidos zes com 1 ou 2 das pétalas mais extemas providas de um pro¬
dentro de Berberidoideae (Kim e Jansen 1998a; Loconte e
Estes 1989; Meacham 1980). Leontice, Gymnospermum e Cau-
eminente nectário basal (ou esporão) e as 2 mais internas co
natas no ápice formando um capuz sobre os estigmas. Estames
-
lophyllum são caracter
ísticos por suas pétalas (estaminódios) numerosos a 6 ± conatos em 2 grupos de 3, raramente reduzidos
flabeliformes e secretoras de néctar, pelo pólen com orna ¬ a 4; filetes livres a conatos; grãos de pólen tricolporados a po-
mentação reticulada, pela placentação basal e pelo número liporados. Carpelos 2 a numerosos, conatos; ov á rio supero,
cromossômico básico 8. Os demais gêneros de Berberidoi ¬ com placentação parietal, as placentas às vezes intrusivas;
deae formam um ciado sustentado pela presença de carpelos estigma (s) livre (s) a conato(s), 1 ou em n mero igual ao dos
com muitos óvulos. Dentro desse ciado, um grupo contendo carpelos, com frequência discóides e lobados, às vezes capta ¬
Ranzania e Berberis pode ser diagnosticado pela presença de dos, óvulos geralmente numerosos, mas às vezes reduzidos a
pétalas internas com pares de glândulas basais, pelos estames 1 ou 2, com frequência anfífropos a campilótropos. Nectários •
sensitivos e pelo n mero cromossômico básico 7 . Berberis ausentes, ou às vezes um ou mais filetes dos estames apre¬
apresenta as seguintes apomorfias: hábito lenhoso secundá ¬ sentam glândulas nectaríferas basais. Fruto cápsula, de deis¬
rio, folhas com dentes espinhosos, aberturas irregulares do cência variada, mas freqúentemente por poros apicais, valvas ou
pólen, placentação basal e embrião grande; algumas espécies fendas longitudinais, com frequência com replo persistente
desse gênero, freqúentemente segregadas como Mahonia, e engrossado (ou replos, desenvolvidos a partir da placenta, '

apresentam folhas pinado-compostas. Podophyllum, Diphyl


leia e taxa afins formam um ciado sustentado pela presen
-
¬
mas às vezes perdidos), ocasionalmente noz ou semelhante a
lomento; sementes às vezes ariladas (Figura 9.44).
ça de caules com feixes vasculares esparsos e folhas simples
com as nervuras terminando no dente da folha. Finalmente, í
Epimedium, Vancouveria , Jeffersonia e taxa afins devem formar Fó rmula floral: |
um grupo monofilético sustentado pelas folhas dispostas em
roseta basal e pelos frutos que são deiscentes por uma fen ¬
da horizontal. No entanto, caracteres de sítios de restrição de
-
* ou X, K 2-3, C4-6 ( «,), A(4-» )ou (3)+©, G ( g) ;

DNA de cloroplasto sugerem que esse grupo pode ser parafi - cápsula ?
lético (Kim e Jansen 1995, 1998a).
As vistosas flores de Berberidaceae são polinizadas por
insetos (principalmente abelhas) que coletam néctar ou pó ¬
Distribuição: amplamente distribuída em regiões tempera ¬
len. Em Berberis, os estames são sensitivos e, quando aciden ¬
das, sobretudo do Hemisf ério Norte, mas também presente
talmente tocados por uma abelha, se curvam em direção ao no sul da África e no leste da Austrália. í
interior da flor, fazendo com que as valvas das anteras (com f
pólen) toquem a cabeça do inseto. As coloridas bagas de Gêneros / espé cies: 40/770. Principais gêneros: Corydalis í
Berberidaceae são dispersas por aves e mamíferos. Algumas (400 spp.), Papaoer (100), Fumaria (50) e Argemone (30). Os gê ¬
apresentam sementes com uma estrutura dura, arilóide, e são neros Adlumia, Arctomecom, Argemone, Canbya, Chelidonium,
dispersas por insetos. Os frutos de Vancouveria são disper
sos por vespas. Caulophyllum é caracterizado por frutos que
¬
Corydalis, Dendromecon, Dicentra, Eschscholzia, Fumaria, Glau
cium, Hesperomecon, Meconella , Papaver, Platystemon, Romneya,
-
se abrem prematuramente, expondo as sementes globosas, Sanguinaria e Stylophorum ocorrem nos Estados Unidos e/ou f
azuis, grandes e carnosas; as sementes terminam seu desen ¬ no Canadá. A delimitação dos gêneros freqúentemente é difí¬
volvimento em condições completamente expostas. cil (ver Jork e Kadereit 1995).
Referências adicionais: Emst 1964; Thome 1974. Importância econó mica e produtos: Papaver somniferum
(papoula-do-ópio) é a fonte do ópio e derivados como a mor¬
Papaveraceae A. L . de Jussieu fina, a heroína e a codeína. As sementes dessa espécie também
(Família da papoula) são utilizadas como condimento. Muitas gê neros apresentam
flores vistosas e são cultivadas como plantas ornamentais; é
Ervas ou arbustos sublenhosos; caule com feixes vasculares às o caso de muitas espécies de Argemone, Eschscholzia, Papaver,
vezes dispostos em muitos anéis; com laticíferos e látex branco, Macleaya, Corydalis, Sanguinaria e Dicentra . A maioria das es ¬
creme, amarelo, alaranjado ou vermelho, ou com células especiali¬ pécies é altamente venenosa.
zadas secretoras e.alongadas e, neste caso, com seiva transl cida e
mucilaginosa; seiva com vários tipos de alcaloides (incluindo Discussão: a monofilia de Papaveraceae é sustentada por
os do tipo benzil-isoquinolínico). Pêlos simples. Folhas geral¬ caracteres morfológicos e por dados de sequências de nudeo-
mente alternas e espiralas, simples, mas freqú entemente loba- tídeos (Drinnan et al. 1994; Hoot e Crane 1995; Kadereit et al. f
das ou partidas, inteiras ou {mais freqúentemente ) com vários 1994, 1995; Loconte et al. 1995). A família é aqui circunscrita
tipos de dentes , às vezes espinhosas , com venaçã o ± penin érvea; de maneira ampla, incluindo Fumariaceae (ver abaixo).
estipulas ausentes. Inflorescências variadas. Flores bissexuais, Loconte e colaboradores (1995) propuseram (com base
radiais a bilaterais (actinomorfas ou zigomorfas) . Sé palas ge¬ em caracteres morfológicos) que a subfamília Platystemonoi-
ralmente 2 ou 3, muitas vezes livres, imbricadas, geralmente deae é o grupo-irmão do restante da família; Platystemon e
decíduas, grandes e envolvendo o bot ã o floral ou pequenas taxa afins apresentam muitos carpelos ligeiramente fusiona ¬
e semelhantes a brácteas. Pétalas geralmente 4 ou 6, às vezes dos (com estigmas livres) que se separam na maturidade. Em
numerosas, livres, imbricadas, com frequência enrugadas no bo ¬ contraste, Kadereit e colaboradores (1995) e Hoot e colabo -
r SISTEMATICA VEGETAL 315

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FIGURA 9.44 Papaveraceae. Chelidonium majus: (A) ramo com flor e frutos (x 1 ); (S) bot ã o
desabrochando, observe as duas sé palas (x 6,5); (C) flor (x 6,5 ); ( D) estame (x 22); ( E) gineceu
(x 22); ( F) cá psula com duas valvas, observe o replo persistente {x 4,5); (G ) sementes aderidas
ao replo (x 9); ( H ) sementes ariiadas (x 44). (Fonte: Ernst 1962 ,1 ArnoldArbor.43: p. 325.)

radores (1997) propuseram (com base em dados morfológi ¬ duas pé talas externas muito diferentes das duas internas (que
cos e de sequências de nucleotídeos) que Pteridophyllum é o estão mais ou menos conatas sobre os estigmas). Além disso,
grupo-irmão dos demais gêneros; este gê nero carece de célu ¬ uma ou duas das pétalas externas são calcaradas ou sacadas.
las secretoras, enquanto os demais apresentam laticíferos ou As Papaveraceae não-Fumarioideae do ciado com laticíferos
idioblastos, uma possível sinapomorfia. As diferenças entre as e idioblastos (Papaveraceae s.s.) formam um ciado sustentado
duas hipóteses (a segunda apresenta mais evidências a favor) pela presen ça de numerosos estames (uma apomorfia) . Den ¬
radicam basicamente nos diferentes enraizamentos adotados tro desse grupo, Chelidonioideae (p. ex., Chelidonium, Sangui ¬
(ver Blattner e Kadereit 1995; Judd et al. 1994; Schwarzbach naria) é possivelmente o grupo-irmão dos demais gê neros da
e Kadereit 1995). família. Ambas, Fumarioideae e Chelidonoideae, apresentam
Dentro do ciado com laticíferos e idioblastos, Fumario- frutos alongados, consistentemente formados por dois carpe-
ideae (p. ex., Dicentra, Corydalis e Fumaria ) , com frequência ios com um replo (Figura 9.44F). Papaveroideae (p. ex., Papa -
reconhecida (pelo menos, por muitos sistematas americanos) ver,Argemone e Meconopsis ) é mais derivada e é diagnosticada
como Fumariaceae (Cronquist 1981), é o grupo-irmã o das por suas flores com muitos carpelos e pela presença de pêlos
demais subfamílias, compreendendo gêneros como Papaver, multicelulares e multisseriados. Platystemon e taxa afins foram
Argemone, Meconopsis, Eschscholzia, Chelidonium e Sanguinaria inseridos dentro de Pãpaveroideae por Kadereit e colabora ¬
(Kadereit et al. 1995; Hoot et al. 1997). A monofilia de Fuma- dores (1995) . Eschscholzia (Eschscholzioideae) é característico
rioideae é sustentada pela presença de estames fusionados devido a seus pêlos unicelulares, pólen policolpado e frutos
em dois grupos de três (diadelfos), sendo que o estame central explosivos.
de cada grupo apresenta dois lóculos e os laterais apresentam As flores de Papaveraceae atraem abelhas, vespas e mos ¬

um único lóculo cada; nectários estaminais e flores com as cas como polinizadores. Os taxa de Papaveroideae e Cheli-
1
ite.
1
316 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Chave para as Principais Famílias de Proteales e Grupos Filogeneticamente Adjace


ntes
í
\
1. Plantas aquáticas com rizomas submersos; receptáculo expandido e achatado
com j
os carpelos livres e imersos nele; frutos nozes, embebidos no receptáculo
esponjoso
1. Plantas de hábitats terrestres; receptáculo não expandido; carpelos livres ou
conatos; '
í
frutos aquênios, folículos ou cá psulas 1
2. Elementos de vaso ausentes; carpelos com porção adaxial formando uma glândula de né
ctar . . . Trochodendraceae
(incluindo Tetracentraceae)
2 , Elementos de vaso presentes; carpelos sem a glândula de néctar adaxial
3
3. Carpelos livres, ou carpelo solitário; fruto não capsular
4
3. Carpelos pelo menos parcialmente conatos; fruto cápsula
Buxaceae "
4. Perianto conspícuo, petalóide, e plantas principalmente polinizadas por animais; j
flores geralmente bissexuais; 4 estames, geralmente adnatos ao perianto; j
folhas fleqúentemente muito coriáceas; frutos em geral folículos
. . Proteaceae
4. Perianto diminuto e plantas polinizadas pelo vento; flores unissexuais; estames 3- ,
7 não adnatos 1
ao perianto; folhas n ão coriáceas; frutos aquênios associados com aristas semelhantes a
pêlos . . Platanaceae

donoideae, cujas flores são radiais e apresentam androceu dendraceae e Buxaceae, são linhagens que divergiram cedo
exposto, não produzem néctar e são polinizadas por abelhas,
moscas e coleópteros a procura de pólen. As flores de Fuma -
dentre as eudicotiledôneas, sendo que Proteaceae e Nelum-
bonaceae provavelmente estão relacionadas. Caracteres mor¬
i
rioideae são morfologicamente mais derivadas e apresentam
esporões ou sacos de néctar; essas flores são polinizadas por
fológicos e sequê ncias de rbcl , atpB, matK , 18S e 26S rDNA t
abelhas. Abelhas à procura de néctar pressionam as pétalas
internas, as anteras são assim expostas e os insetos são lam ¬
buzados com pólen. Bocconia apresenta flores inconspícuas,
sustentam o agrupamento de Proteaceae, Platanaceae e
Nelumbonaceae em um ciado que aqui chamamos Protea-
les (Hilu et al. 2003; Hoot et al. 1999; Hufford 1992; Kim et
al. 2004; Manos et al. 1993; Soltis et al. 1997, 2000, 2003). A
I
com estames pêndulos e suas flores são polinizadas pelo presença de gineceu com um ou dois óvulos pêndulos por
vento. Pode ocorrer tanto polinização cruzada como auto-
carpelo deve ser uma sinapomorfia para Proteales. O ciado
polinização. Platanaceae + Proteaceae provavelmente é sustentado pe
- Em muitas Papaveraceae, as diminutas sementes são ex¬ las sinapomorfias de flores 4-meras com estames opostos às
¬

pelidas quando o vento chacoalha as cá psulas (ver Prancha peças periânticas e carpelos com cinco feixes vasculares; no
9.6D) e são passivamente dispersas pelo vento ou pela água,
entanto, as flores de Platanaceae são muito reduzidas, o que
mas em Eschscholzia a deiscência das cá psulas é explosiva. As dificulta as comparações. Essas duas famílias també m apre ¬
sementes são tipicamente ariladas, os arilos (Figura 9.44H)
sentam pêlos com morfologia similar (Carpenter et al. 2005).
podem ser duros e oleosos (em muitos gêneros), promoven ¬
As famílias de Proteales, junto com as filogeneticamente ad¬
do a dispersão por formigas, ou coloridos e dispersos por
aves ( Bocconia ) . Um colar gorduroso é produzido ao redor da jacentes Trochodendraceae e Buxaceae, são contrastadas na
base das nozes de Fumaria, outra adaptação à dispersão por chave. Outras famílias com flores reduzidas, outrora incluídas
formigas.
em Hamamelidae, hoje são inseridas em Saxifragales, Fagales
Referências adicionais:Emst 1962; Kadereit 1993; Lidén
1986,1993; Ronse Decraene and Smets 1992; Thorne 1974.
ou Malpighiales das eutricolpadas.
-
Platanaceae T. Lestiboudois
(Família do plátano)
Proteales e outras tricolpadas
Várias famílias com flores reduzidas, agregadas em inflores-
Árvores; n ós multilacunares; presença de compostos cia-
nogê nicos, triterpenos e taninos; casca esfoliante em grandes
I
cências pêndulas (p. ex., amentos ou amentilhos) e poliniza¬ lâminas irregulares, que ao se desprender expõe áreas lisas de co
¬
das pelo vento, têm sido tradicionalmente consideradas como loração clara . Pêlos ramificados. Folhas alternas, dísticas ou
um grupo de famílias relacionadas denominado Hamameli ¬ espiraladas, simples, geralmente com forma e venação palmado-
dae (ver Cronquist 1981, 1988; Tarkhtajan 1980; e a revisão lobadas, com dentes ± grandes, cada dente apresentando uma
de Stem 1973). Como demonstrado por numerosas linhas de nervura mediana que se torna atenuada em direção ao ápice
evidência, este grupo com certeza não é monofilético (Thorne glandular, onde se abre em uma cavidade; base do pecíolo ex¬
1973a; Donoghue e Doyle 1989; Wolfe 1989; Crane e Black- pandida e envolvendo a gema axilar; presença de estipulas, em
more 1989; Hufford e Crane 1989; Hufford 1992; Chase et al. geral grandes e conspícuas . Inflorescências indeterminadas,
1993; Manos et al. 1993). Algumas famílias tradicionalmente um racemo de glomérulos (Prancha 9.6C), mas às vezes
incluídas em Hamamelidae, tais como Platanaceae, Trocho- reduzidas a um nico glomérulo, pêndulas, axilares. Flores
í
1
SISTEMáTICA VEGETAL 317

unissexuais (e em glomérulos unissexuais, plantas monói - minadas, terminais. Flores geralmente bissexuais, radiais ou
cas), radiais, muito reduzidas e inconspícuas. Sépalas 3- 7, bilaterais, conspícuas. Té palas 4, livres, ou mais frequentemente
livres ou ligeiramente conatas, diminutas. Pétalas 3- 7, livres, conatas, com frequência profundamente partidas em um dos lados,
diminutas, geralmente ausentes nas flores carpeladas. Esta- ou 3 tépalas conatas e 1 livre, valvadas . Estames 4; filetes geral ¬
mes 3-7; filetes muito curtos; anteras com o conectivo prolongado mente adnatos às tépalas; anteras em geral com conectivo pro¬
em um apêndice peitado; grãos de pólen tricolporados. Carpe - longado formando um apêndice; grãos de pólen geralmente
los geralmente 5-9, livres; ovários sú peros, placentação apical; 3- porados ou 3-colporados. Carpelo frequentemente sobre um
estigma alongado e estendendo-se ao longo da superf ície pedúnculo; ovário súpero, com placentação lateral; estigma glo-
adaxial do estilete recurvado. Óvulos 2 por carpelo, mas 1 boso a alongado. Óvulos 1 a numerosos, anátropos a ortótro ¬
*4 abortivo, ortótropos. Nectários ausentes. Frutos aquênios pos. Frutos fiolículos, nozes, aquênios, drupas ou sâmaras; semen ¬
± lineares, subtendidos por longas aristas, densamente tes frequentemente aladas; endosperma geralmente ausente.
agrupados .

Fórmula floral:
Fórmula floral:
Flor estaminada: * , KC 3-7,1 C3-7, A3-7, GO
' XA4 , Gl; folículos, noz, aquênio, drupa
* ou X, T -4-

Flor carpelada: *, KC 3-7,1 CO, AO, G5-9; aquênio


i Distribuição e ecologia: amplamente distribuída em re ¬
giões tropicais e subtropicais, sobretudo no sul da África e na
Distribuição e ecologia: ocorre em regiões tropicais a tem ¬
Austrália.
peradas da América do Norte, regiões Centro-sul da Europa
e Oeste da Ásia até a Indochina; com frequência ao longo de G êneros / espé cies: 80 /1.770. Principais g êneros: Gre-

m
cursos d'água. villea (200 spp.), Hakea (110), Protea (110), Helicia (80), leu
cadendron (70), Banksia (50) e Leucospermum (40). A família
-
Gênero/espéc/es: 1/ 7. G ênero: Platanus. é representada na América do Norte por uma única espécie
cultivada de Grevillea (na Flórida).
Importância económica e produtos: muitas espécies ou hí¬
bridos de Platanus são cultivados como plantas ornamentais Importância económica e produtos: Banksia, Embothrium,
e para uso madeireiro. Grevillea, Hakea , Protea e Telopea são ornamentais. As semen ¬

-
tes de Macadamia integrifoiia (macadâ mia) são comestíveis.
Discuss o: Platanus kerrii (do subgê nero Castaneophyllum ) Muitos gêneros (Cardwellia, Euplassa , Grevillea, Roupala ) pro¬
apresenta folhas não decíduas com venação peninérvea e duzem madeiras altamente decorativas.
gemas axilares expostas. Essa espécie é o grupo-irmão das
demais espécies (do subgê nero Platanus), que apresentam Discussão: a família geralmente é dividia em duas subfa -
folhas decíduas com venação palmada e gemas axilares en ¬ mílias, Grevilleoideae (flores produzidas aos pares) e Pro-
volvidas pela base do pecíolo expandido (Feng et al. 2005). teoideae (flores não pareadas); a primeira foi dividida por
Caracteres de inflorescência e aquênio são taxonomicamente Johnson e Briggs (1975) em quatro subfamílias. A monofilia
r ú teis no gênero (Nixon e Fbole 2003). As flores inconspícuas e
unissexuais de Platanus são polinizadas pelo vento; a floração
de Proteoideae (incluindo gêneros como Protea, Leucosper¬
mum, Leucadendron e Conospermum ) é sustentada pela pre ¬
ocorre no início da primavera quando as folhas estão rebro- sen ça de cromossomos pequenos, óvulos reduzidos a 1 ou
tando. Os globosos agregados de aquê nios se desagregam no 2 e frutos secos, em geral indeiscentes. Grevilleoideae (p. ex.,
outono, e os frutos providos com tufos de pêlos são dispersos Embothrium , Grevillea, Macadamia , Banksia , Hakea, Helicia e
pelo vento (e às vezes secundariamente pela água). Telopea ) apresentam flores aos pares, e sua monofilia é sus¬
Referências adicionais: Boothroyd 1930; Emst 1963b; Hufford tentada por sequências de DNA de cloroplasto (Hoot e Dou ¬
and Grane 1989; Kubitzki 1993d. glas 1998). Muitas espécies apresentam folículos e sementes
aladas, porém frutos indeiscentes com grande sementes não
aladas evoluíram muitas vezes dentro do grupo. Bellendena ,
Proteaceae A. L. de Jussieu Placospermum e Toronia devem ser sucessivamente grupos-
(Família do carvalho- brasileiro) irmãos de todas as outras Proteaceae (Hoot e Douglas 1998),
sendo que Johnson e Briggs (1975) já tinham percebido seus
Árvores ou arbustos; nós trilacunares; comumente, presença
caracteres plesiomórficos.
de taninos, às vezes com compostos cianogênicos. Raízes não
As flores de Proteaceae são polinizadas por insetos, aves
formando micorrizas, geralmente com agrupamentos de raí¬ e pequenos mamíferos (marsupiais e roedores). As espécies
zes laterais curtas e especializadas . Pêlos simples ou bífidos, com folículos e sementes aladas (p. ex., Embothrium, Telopea
3-ceIulares, com c élulas basais curtas e terminais alongadas,
e Grevillea ) são dispersas pelo vento, enquanto aquelas com
freqiientemente com paredes espessas. Folhas geralmente frutos indeiscentes secos a carnosos são dispersas por aves
alternas e espiraladas, simples ou pinado-compostas, às ve ¬ ou mamíferos.
zes lobadas ou profundamente partidas, inteiras a serreadas;
estipulas ausentes. Inflorescências determinadas ou indeter ¬ Referência adicional: Rourke and Wiens 1977.
'

318 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

citocromo c e caracteres de sequências de DNA. A posição da


EUDIC0T1 LEDÔ NEAS- N Ú CLE 0 ordem, seja dentro das rosídeas ou como grupo-irmão do cia ¬
(TRICOLPADAS- N Ú CLEO ) do das asterídeas, ainda é incerta. O grupo inclui dois grandes
ciados, aqui reconhecidos como as subordens Polygonineae
A monofilia deste grande grupo (ver Tabela 9.1 e Figura 9.7) e Caryophyllineae (embora elas tenham sido tratadas como
é sustentada por sequ ências de rbcL, atpB, matK e 18S (Chase Fblygonales e Caryophyilaies s.s., ver Judd e Olmstead 2004),
et al.1993; Hilu et al. 2003; Hoot et al. 1999; Judd e Olmstead mas Rhabdodendraceae é de localização incerta.
2004; Savolainen et al. 2000a,b; Soltis et al. 1998, 2000, 2003; A maioria das Caryophyllineae pertence a um dado, as
.
Zanis et al. 2003) Gunnera e Myrothamnus (Gunneraceae; Caryophyllineae- núcleo, grupo bem sustentado por numero¬
que apresentam flores 2 -meras) são bem sustentados como sas e distintas sinapomorfias, tais como plastídio dos tubos
o grupo-irmão de todas as outras eudicotiledôneas-núcleo.
Em contraste, todas as demais eudicotiledôneas-núcleo cos¬
crivados do floema com anéis perif éricos de filamentos de
proteína e frequentemente com um cristal centsal de proteína I
tumam apresentar flores 5- meras (menos freqúentemen - (enquanto a maioria das tricolpadas apresenta os plastídios
te 4- meras); a placentação geralmente é axial. É digno de dos tubos crivados com grãos de amido); betalaínas confe ¬
nota que análises filogenéticas dos genes MADS- box das rindo pigmentação vermelha a amarela (mas encontramos
angiospermas indicam dois ciados de genes dentro das eu - antocianinas em Caryophyllaceae); perda do íntron rpl 2
tricolpadas, isto é, euAPl e euFUL, enquanto os ciados de do cpDNA; um nico vertidlo de tépalas; pólen com exina i
eudicotiled ôneas que nã o pertencem às tricolpadas-n cleo espinhosa e tubulífera/pontuada; placentação central-livre
apresentam apenas sequências semelhantes aos genes eu ¬ a basal; embrião curvo; e presença de perisperma, com en-
FUL (Litt e Irish 2003). Isso indica que um evento de dupli ¬ dosperma escasso ou ausente (Behnke 1976, 1994; Behnke
cação ocorreu nestes genes florais no ancestral comum das e Mabry 1994; Bittrich 1993b; Cuénoud 2003, Cuénoud et
eudicotiledôneas- n cleo. O complexo de genes euAPl inclui al. 2002; Downie e Palmer 1994a,b; Eckard 1976; Hilu et al.
reguladores chaves do desenvolvimento floral, os quais têm 2003; Mabry 1973, 1976; Manhart e Rettig 1994; Rettig et al
sido responsabilizados pela especificação na identidade do 1992; Rodman 1990, 1994; Rodman et al. 1984). A monofi ¬

perianto. lia do grupo tem sido fortemente sustentada por sequências


de rbcL, atpB, matK e 18S rDNA (Chase et al. 1993; KãUersjõ
et al. 1998; Savolainen et al. 2000a,b; Soltis et al. 1997, 2000,
Caryophyilaies 2005). No entanto, há três pequenas famílias de posição ba ¬ í
A monofilia de Caryophyilaies (APG 1998, 2003; Stevens sal em relação às Caryophyllineae-núcleo, incluindo a mo-
2001 e versões mais recentes) é sustentada por peculiarida ¬ notípica Simmondsiaceae, do sudoeste dos Estados Unidos e
des do desenvolvimento da parede da antera, elementos de regiões adjacentes do México. Até onde se sabe, os caracteres
vaso com perfurações simples, sequências de aminoácidos do morfológicos dessas famílias diferem parcialmente daqueles

Caryophyllineae Pblygonineae

j?
I 1
-
I 1
Jj
a
I í 1 I 1 I 4 f £I
c í 1
t carpelo
Plantas
suculentas
i Metabolismo CAM
Plantas suculentas
Perda das
betalaínas

>
- 1 óvulo basal
Plantas
Raf ídeos > Frutos indeíscentes
i Perda do floema carnívoras
interno
Plumbagina
i
> Plastídios do tipo P
> Betalaínas Pêlos glandulares
-
< Vertidlo nico de tépalas

> Caracteres da parede do pólen


vascularizados
Placentação basal
*

* Placentação central - livre a basal


II
' Fterisperma 11
: !
•Embrião curvo
. Nós unilacunares i. -
Câmbios sucessivos
X Placas de perfuração simples
FIGURA 9.45 Cladograma mostrando as rela ções hipotéticas dentro J» Desenvolvimento da parede da antera
de Caryophyilaies. (Modificada de Soltis et al. 2000.)
SISTEMáTICA VEGETAL 319

W das Caiyophyllineae - n cleo, mas a presen ça de caules com lias não estão claros, e muitos taxa cr
íticos são pouco conhe ¬
câmbios sucessivos (anéis concêntricos de xilema e floema ou cidos. Caiyophyllaceae tem sido considerada a família -irmã
anéis concêntricos de feixes vasculares) e de nós unilacunares dos demais integrantes da subordem porque apresenta anto-
devem ser sinapomorfias para a subordem (Figura 9.45). Es ¬ cianinas (como pigmentos vermelhos ou amarelos), enquan ¬
ti sas famílias também apresentam estiletes caracteristicamen- to os outros integrantes da subordem apresentam betalaínas
te separados ou ramos dos estiletes bem desenvolvidos com (Ehrendorfer 1976; Mabry 1973, 1976; Mabry et al. 1972). Se
estigmas alongados. Caryophyllineae consiste em 21 famílias essa hipótese estiver correta, então a presença de betalaínas
e 8.600 espécies; as principais famílias são Aizoaceae, Caryo- não constitui uma sinapomorfia para as Caryophyllineae- nú-
4: phyllaceae, Phytolaccaceae, Petiveriaceae, Nyctaginaceae,
Amaranthaceae (incluindo Chenopodiaceae), Cactaceae e
cleo, sendo um caráter diagnóstico para um ciado contendo
todas as famílias, exceto Caryophyllaceae e Molluginaceae.
g
- Portulacaceae .
As relações filogen éticas dentre as Caryophyllineae-nú -
deo têm sido muito estudadas, mas ainda são pouco conheci ¬
Recentes análises cladísticas (ver referências) colocam em
dúvida essa hipótese e sugerem que Caryophyllaceae evoluiu
a partir de ancestrais que continham betalaínas, perderam
das ( Downie et al. 1997; Downie e Fhlmer 1993a,b; Hilu et al. as betalaínas e readquiriram antocianinas, é possível que as
i:
2003; Manhart e Rettig 1994; Rettig et al. 1992; Hodman et al. duas mudan ças estejam bioquimicamente inter-relacionadas
1984; Hodman 1990, 1994) (Figura 9.45). Os limites das famí¬ (Downie e Ralmer 1994a,b). Phytolaccaceae, Petiveriaceae,

Chave para as Principais Famílias de Caryophyllineae

1. Gineceu unicarpelar com um nico óvulo 2


1. Gineceu com 2 a muitos carpelos, com 1 a numerosos óvulos 3
2. Inflorescência indeterminada; flores 4- meras, 4 tépalas, livres; estames 4 a numerosos;
perianto não diferenciado
2. Inflorescê ncia determinada; flores, geralmente 5-meras, 5 tépalas, conatas; estames,
1 geralmente 5 a numerosos; perianto diferenciado, a porção distai ± conspícua e
caduca e a proximal acrescente, persistente, associada com o fruto na dispersão . . . Nyctaginaceae
3. Inflorescência indeterminada; carpelos ± livres a conatos e ovário com placentação axial,
com um óvulo por lóculo; fruto baga desenvolvendo-se a partir de ovário súpero
3. Inflorescê ncia determinada; carpelos conatos e ovário com placentação central livre,
basal, parietal ou axial, óvulos 1 a numerosos e, se placentação axial, com numerosos
óvulos por lóculo; fruto cápsula, aquênio ou utrículo, desenvolvendo-se a partir de
ovário s pero ou ínfero, ou baga desenvolvendo-se a partir de ovário ± ínfero 4
4. Flores com hipanto; ovário ínfero a súpero; estames geralmente numerosos 5
i 4. Flores sem hipanto; ovário súpero; estames, poucos a numerosos 6
j 5. Ramos ± equivalentes; folhas suculentas, nunca espinhosas, opostas ou alternas;
ovário súpero a ínfero, geralmente com placentação axial
5. Ramos fortemente dimórficos, os ramos longos geralmente suculentos e fotossintéticos,
os curtos providos de espinho ou grupo de espinhos (e também, às vezes, pêlos irritantes,
os gloquídeos); caules suculentos; folhas sempre alternas; ovário geralmente ínfero,
com placentação basal ou, mais freqúentemente, parietal
6. Flores com 2 bractéolas que parecem formar um cálice, tépalas petalóides;
estames com frequência numerosos, às vezes tão poucos quanto cinco . . Portulacaceae
j 6. Flores sem as duas bractéolas sepalóides, com tépalas esverdeadas a petalóides,
? ou com 5 pétalas e 5 tépalas parecendo ser um cálice; estames 5-10. 7
I 7. Flores geralmente com 5 sépalas e 5 pétalas"; folhas opostas; ovário com
- placentação central livre a basal, óvulos geralmente numerosos (às vezes apenas 1);
fruto geralmente cá psula (ocasionalmente aquênio); presença de antocianinas;
plastídios das células crivadas com cristal central de proteína . Caryophyllaceae
7. Flores geralmente com 5 tépalas; folhas alternas ou opostas e nós não intumescidos;
ovário com placenta ção basal, óvulo, geralmente 1; fruto aqu ê nio ou utrículo;
presen ça de betalaínas; células crivadas sem cristal central de proteína . Amaranthaceae
320 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE
T
Nvctaginaceae e Aizoaceae aparentemente formam um dado tos a lineares. Óvulos geralmente numerosos, ocasionalmen ¬
sustentado pela presença de raf ídeos e caracteres do geno- te poucos ou apenas 1, ± campilótropos. Néctar produzido
ma do cloroplasto, e Portulacaceae e Cactaceae formam outro por disco nectarífero ou pelas bases dos estames. Fruto ge ¬
dado sustentado pela presença do metabolismo ácido das ralmente cápsula loculicida, deiscente por valvas ou por meio
crassuláceas (CAM) e hábito suculento. No entanto, folhas de um dentes apicais (Prancha 9.7B), mas às vezes um utr
ículo;
suculentas também evoluíram em Aizoaceae. embrião geralmente curvo; endosperma + ausente, substituí¬
O segundo principal ciado de Caryophyllales é a su- do por perisperma (Figura 9.46) .
bordem Polygonineae, que é aqui definida de modo amplo,
incluindo Polygonaceae, Plumbaginaceae, Nepenthaceae,
Droseraceae e outras cinco famílias, compreendendo ao Fó rmula floral:
todo cerca de 2.050 espécies. A monofilia de Pblygonineae é
sustentada por sequências de rbcL, atpB, matK e 18S (Hilu et
_
* , K( 4-5,) C4-5, A's4-10), cápsula, utr
ículo
al. 2003, Soltis et al. 2000, 2003; Williams et al. 1994); caracte ¬
res que sustentam a subordem incluem a presen ça de c élulas
secretoras esparsas contendo plumbagina, uma naftoquino- Distribuição e ecologia: amplamente distribuída, mas es ¬
na (mas estas foram perdidas em muitos ciados, como em pecialmente característica em regiões temperadas e subtro¬
Plumbaginaceae, subfamília Staticoideae e Fblygonaceae ); a picais do Hemisf é Norte, sobretudo em h ábitats abertos
rio
presen ça de indumento de pêlos pedunculados glandulosos ou alterados.
e vascularizados que frequentemente produzem mucilagem
(perdidos em alguns ciados como em Polygonaceae); a pla- G êneros / espé cies: 70 / 2.200. Principais gêneros: Silene
centação basal (mas parietal em algumas Droseraceae e axial (700 spp.), Dianthus (300), Arenaria (200), Gypsophila (150), !
em Nepenthaceae); e o endosperma amiláceo. Minuartia (150), Stellaria (150), Paronychia (110) e Cerastium
Polygonineae deve compreender dois grandes ciados (Fi¬ (100). Além dos gêneros supracitados, muitos outros gêneros
gura 9.45). O primeiro contém Polygonaceae e Plumbagina ¬ nativos e naturalizados ocorrem nos Estados Unidos e/ou no
ceae e é sustentado pela presen ça de ovários com um único Canadá, como Agrostemma , Drymaria, Geocarpon, Sagina , Sa-
óvulo basal e frutos geralmente indeiscentes (aquênios ou ponaria , Spergula e Stipulicida.
nú culas) . O segundo ciado inclui Droseraceae e Nepentha ¬

ceae e é sustentado por caracteres moleculares e provavel¬ Importância econó mica e produtos: espécies dos gêneros
mente pelo hábito carnívoro. A maioria dos integrantes deste Dianthus (cravos), Gypsophila, Saponaria e Silene são cultiva ¬

ciado também apresenta folhas circinadas e a corola contorta das como plantas ornamentais.
no botão.
Alguns sistematas têm agrupado Nepenthaceae, Drose ¬ Discuss ão: a monofilia de Caryophyllaceae é sustentada
raceae e Sarraceniaceae (Ericales) com base no hábito carní¬ por morfologia e caracteres de sequ ências de rbcL e ORF2280.
voro. As folhas em forma de jarra das famílias Nepenthaceae A família é tipicamente dividida em três subfamílias. Pã -
(Velho Mundo), Sarraceniaceae (Novo Mundo) e Cephalo- ronychioideae (p. ex., Paronychia, Stipucilida, Spergula e |
taceae (Oxalidales; da Austrália), são surpreendentemente Spergularia ) é um agrupamento heterogéneo e parafilético
convergentes. definido apenas pela presen ça de estipulas (uma possível
plesiomorfia dentro de Caryophyllaceae) . Alguns integran ¬
Caryophyllaceae A. L. de Jussieu tes desse grupo apresentam pétalas, enquanto outros (p. ex.,
(Família do cravo) Paronychia) carecem delas. Os integrantes petalóides de fh-
ronychioideae , junto com Alsinoideae e Caryophylloideae,
Geralmente ervas; caules às vezes com anéis concêntricos de provavelmente constituem um grupo monofilético, que pode
xilema e floema; presença de antocianinas; frequentemen ¬ ser diagnosticado pela presença de pétalas frequentemente
te com presença de saponinas triterpen óides. Pêlos variados. bilobadas, pela perda das estipulas e pelos estames em nú ¬
Folhas opostas, simples, inteiras, muitas vezes estreitas, vena - mero igual ao dobro do nú mero de sépalas (Fior et al. 2006;
ção peninérvea, nervuras secundárias geralmente inconspícuas Luders 1907). Caryophylloideae e Alsinoideae também di ¬

e venação parecendo ± paralela, o par de folhas com frequência ferem da maioria das "Pàronychioideae por peculiaridades
conectado por uma linha nodal transversal, e os nós geralmente do desenvolvimento embrionário e pelas folhas basalmente
engrossados; estipulas ausentes ou presentes. Inflorescências conatas. Dentro desse ciado, Alsinoideae (p. ex., Arenaria,
determinadas , às vezes reduzidas a uma flor solitária, termi¬ Minuartia, Stellaria,Cerastium e Sagina ) constitui um comple ¬
nais. Flores geralmente bissexuais, radiais, às vezes com an- xo parafilético caracterizado pelas simplesiomorfias de sépa ¬
droginóforo. Té palas 4-5, livres a conatas, imbricadas, em geral las livres e pé talas sem articulações, enquanto Caryophylloi¬
sepalóides. Pétalas verdadeiras ausentes, mas o verticilo externo deae (p. ex., Silene,Saponaria, Dianthus e Gypsophila ) constitui
de 4-5 estames com muita frequência petalóides , aqui chamados um dado sustentado por sépalas conatas e pétalas geralmen ¬

" pétalas", estas frequentemente bilobadas e às vezes diferenciadas te unguiculadas e articuladas.


em região basal longa e fina (ungiiículo ) e uma região apical ex¬ As flores de Caryophyllaceae são polinizadas por diversos
pandida ( lâmina ou limbo) separadas por uma articulação apen- insetos (moscas, abelhas, borboletas e mariposas) em busca 1
diculada. Estames 4-10; filetes livres ou ligeiramente conatos, de néctar. A presenç a de protandria promove a poliniza ção
às vezes adnatos às pétalas ; grãos de pólen tricolpados a cruzada na maioria das espécies, mas muitas das espécies ru -
poliporados. Carpelos 2-5, conatos; ovário sú pero, placentação derais apresentam flores inconspícuas com poucos estames,
-
central livre, ocasionalmente axial ou basal; estigmas diminu ¬ que se autopolinizam. As sementes pequenas ou aladas na
SISTEMáTICA VEGETAL 321

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i FIGURA 9.46 Caryophyllaceae. (A-J) Si/ene virginica: (A ) planta florida (x 0,33); (B) flor (x 3); (C) lobos do c álice (x 3);
ID) pétala com estame, observe o apêndice no ápice da região unguiculada da pétala (x 4); (E) secção transversal da
flor através da região mediana do ovário ( x 5 ); (F) secção longitudinal pela base da flor, observe o c álice piloso, an-
droginóforo, pétalas, estame (à direita) e placenta central-livre (x 5 ); (G) óvulo ( x 25); (H) fruto quase maduro e cálice
em secção longitudinal, observe as sementes na placenta central-livre (x 5); (I) semente (x 30); (J) semente em secção,
observe o embrião curvo e perisperma (pontilhado) (x 20). (K ) S. caroliniana: cápsula (x 3). (L) S. ovata: pétala (x 3).
(M-N) 5. antirrhina: (M) cápsula rodeada pelo cálice seco (x 3 ); (N) cápsula em secçã o longitudinal ( x 3 ). (Fonte: Wood
1974, A studenfs atlas offlowering plants, p. 27.)
322 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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(B) (Q

f
h
/
Caiyophyllales: Caiyophyllaceae
Agrosiemmagithago: cá psula e sementes

Caryo
laryophyllal
! es: Caryophyllaceae
Caryophyllales: Phytolaccaceae
Phytolacca americana: frutos
,
Lyuchnis chalcedonica: flores

l v,
.

Caryophyllales: Portulacaceae
Polygonales: Polygonaceae
Polygonum pensylvanicum: caule,
folha e ócrea
Portulaca 'sundiaT: flor em
vista anterior Flor em vista posterior _
mostrando 2 sépalas (= bractéolas)

(F) (G)


> **; "

* v ://

n / í
Caryophyllales: Cactaceae
Qmsolea monililjòrmis: planta florida
W
flor e frutos

PRANCHA 9.7
V
Caryophyllales: Amaranthaceae
Amaranthus hybridus:
Caryophyllales:
Nyctaginaceae
Bougainvillea sp.: flores

Eudicotiledôneas:
Caryophyllales
I

Jk
SISTEMáTICA VEGETAL 323

I maioria das espécies são chacoalhadas para fora das cápsulas


eretas pelo vento ou por animais de passagem. Os utrículos
terpenóides; em geral com presença de raf ídeos (de oxalato
de cálcio). Pêlos geralmente simples. Folhas alternas e espi-
secos (associados com as tépalas persistentes) de Paronychia raladas, simples, inteiras, com venação peninérvea; estipulas
provavelmente também são dispersos pelo vento. Às vezes ausentes. Inflorescências indeterminadas (racemos ou

í todo o agregado de frutos secos se destaca da planta e é dis espigas), terminais, mas parecendo laterais (e opostas às folhas).
¬

perso pelo vento. Espécies como Sagitia decumbens apresen ¬ Flores geralmente bissexuais, radiais. Té palas geralmente 5 e
tam cápsulas que abrem apenas quando umedecidas e as livres, imbricadas. Estames 10 a numerosos; filetes livres a li ¬
sementes são dispersas pela chuva. Outras, provavelmente, geiramente conatos; grãos de pólen tricolpados. Carpelos 3 a
são dispersas por animais, seja por transporte externo ou por numerosos, ligeira ou evidentemente conatos, ou ocasionalmente
ingestão acidental quando a planta é consumida. livres; ovário sú pero, geralmente com placentação axial; estiletes
± livres; estigmas ± lineares. Um óvulo por lóculo, campilótro-
Referências: Bittrich 1993 ; Thomson 1942.
po. Disco nectar ífero frequentemente presente. Fruto baga;
embrião curvo; endosperma ausente, substituído por peris-
Phytoiaccaceae R. Brown perma (Figura 9.47).
(Família do umbu)
Geralmente ervas; caule com anéis concê ntricos de feixes
vasculares ou alternando an éis concêntricos de xilema e
Fórmula floral: *, T-5-, A(lO-«v, G( ~); baga
floema; presença de betalaínas; presença de saponinas tri-

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FIGURA 9.47 Phytoiaccaceae. Phytolacca americana var. americana , preenchendo cada lóculo (x 15); ( E) óvulo (x 1 ,5); ( F) baga (x 4); (G ) se -
(A) ramo com flores e frutos imaturos (x 0,7); ( B) flor, estigmas ainda mente (x 7); ( H ) semente em sec çã o, observe o embri ão curvo e peris-
não receptivos (x 12); (C) gineceu CDITI estigmas receptivos, em secçã o perma (células grandes delineadas com pontos ) (x 12). (Fonte: Rogers
longitudinal (x 20); ( D) gineceu em secção transversal , com um óvulo 1985 J . ArnoldArbor. 66: p.12.)
324 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & CONOGHUE

Distribuição e ecologia: amplamente distribuída em regiões nectarífero presente. Fruto aquènio ou noz, envolvido pela
tropicais e subtropicais; caracter
ísticas dos primeiros está gios região basal do perianto que é persistente, coriácea a car¬
sucessionais; às vezes as sementes podem permanecer viá ¬ nosa, que pode apresentar 5 linhas de pêlos pegajosos, glandulares
veis no solo por décadas. ou em forna de ganchos e, neste caso, parecendo drupa; embrião
geralmente curvo; endosperma ± ausente, substituído por
Gêneros/espécies: 4/30. Principais g êneros: Phytolacca perisperma (Figura 9.48).
(25 spp.).

Import ância económica e produtos: Phytolacca é venenoso, Fórmula floral:


contento diversos compostos químicos mitogênicos, sejam
polímeros ou de cadeia simples; a ingestão ou até o contato
£
* , T( i), A( ,> Gl; aquênio, noz (com tépalas acrescentes)

com a seiva deveriam ser evitados, mas folhas jovens às vezes


são consumidas depois de serem fervidas repetidas vezes.
Distribuição: amplamente distribuída em regiões tropicais
e subtropicais.
Discussão: Phytolaccaceae, como aqui circunscrita, é pro ¬
vavelmente monofilética. Tradicionalmente, a família tem
G êneros /espé cies: 31/350. Principais gêneros: Neea (80
sido definida de um modo muito mais amplo (Rogers 1985;
Rohwer 1993c), resultando em um grupo polifilético de di
spp.), Guapira (60), Mirabilis (60), Boerhavia (40), Pisonia (40)
e Abronia (20). Todos os gêneros citados, exceto Neea , junto
¬

f ícil caracterização (Brown e Varadarajan 1985; Manhart e


com Acleisanthes, Allionia, Anulocaulis, Commicarpus, Cypho-
Rettig 1994; Rodman 1994). Taxa com 4 tépalas, 4 (a nume ¬
meris, Nyctaginia, Okenia e Tripterocalyx, ocorrem nos Estados
rosos) estames, carpelo nico com um único óvulo basal e Unidos e/ ou no Canadá.
drupas, aquênios ou sâmaras podem ser melhor circunscritos
em Petiveriaceae (p. ex., Petiveria, Rivina, Trichostigma ). Pe-
Import ância econó mica e produtos: muitas espécies de
tiveriaceae difere também de Phytolaccaceae em caracteres
embriológicos e palinológicos. Stegnosperma , que apresenta Bougainvillea (buganvília), Mirabilis (maravilha) e Abronia são
cultivadas como plantas ornamentais.
cá psulas, sementes ariladas e flores com estaminódios pe-
talóides, é incluída em uma família própria. Brown e Vara ¬ .
Discussão: muitas tribos de Nyctaginaceae são reconhe ¬
darajan (1985) incluíram Gisekía em Phytolaccaceae, como
grupo-irmão dos outros gêneros, mas sequências de rbcL cidas com base em variações no hábito, arranjo das folhas,
formação das brácteas, pubescê ncia, conação dos estames,
:
sugerem que esse gênero é mais proximamente relacionado
formato do estigma, morfologia do pólen e forma do em -
com Petiveriaceae.
As flores de Phytolaccaceae atraem abelhas, vespas, mos¬
brião. T*
As flores de Nyctaginaceae atraem diversos poliniza -
cas e borboletas. Os frutos vermelhos a púrpuro-escuros
(Prancha 9.7A) com frequência são contrastantes com o co ¬ dores (abelhas, borboletas, mariposas e aves); o néctar é a f
lorido do eixo da inflorescência e são dispersos por aves. As
recompensa floral. Espécies com tépalas acrescentes, colori- >
sementes duradouras de Phytolacca provavelmente lhe per¬
das e camosas sã o geralmente dispersas por aves. O trans- |
porte extemo do fruto ocorre nas espécies que apresentam
mitem tomar vantagem em eventos de perturbação separa ¬

dos temporaímente.
ganchos ou glândulas pegajosas nas tépalas acrescentes. Os
frutos de Okenia são empurrados para o solo devido a um
rá pido alongamento do pedicelo. As brácteas coloridas de
Nyctaginaceae A. L. de Jussieu Bougainvillea ficam secas e papiráceas na maturidade do fru ¬
(Família da buganvília ou primavera) to, promovendo a dispersão pelo vento do aquênio associado
(Prancha 9.7H).
Ervas, arbustos ou árvores, geralmente com anéis concêntricos
de feixes vasculares ou alternando anéis concêntricos de xile- Referências: Bittrich and Kuhn 1993; Bogle 1974.
ma e floema; presença de betalaínas; em geral com presen ¬
ça de raf ídeos (de oxalato de cálcio). Pêlos variados. Folhas Amaranthaceae A. L. de Jussieu
geralmente opostas, simples, inteiras, com venação peninéroea;
estipulas ausentes. Inflorescêndas determinadas, terminais ou
(Família da quinoa e do espinafre)
axilares. Flores geralmente bissexuais e radiais, muitas vezes Geralmente ervas ou subarbustos, às vezes suculentas; em
associadas com brácteas conspícuas de aspecto sepalóide ou pe - geral com anéis concêntricos de feixes vasculares; presença
talóide . Tépalas geralmente 5, conatas, formando um tubo, de betalaínas; ocasionalmente com fotossíntese C4; plas-
induplicado-valvadas a plicadas ou confortas, região proxi- tí dios dos elementos crivados com anel ± perif érico
mal do tubo ( persistente e verde ) diferenciada da região de filamentos de proteína, mas desprovidos de cristal
distai ( em geral petalóide ). Estames, geralmente 5; filetes central de proteína. Pêlos simples a ramificados. Folhas al¬
livres ou ligeiramente conatos; grãos de pólen tricolpados a ternas e espiraladas, ou opostas, simples, geralmente inteiras
poliporados. Carpelo l ; ovário sú pero ( mas muitas vezes pare¬ ou onduladas, às vezes serradas ou lobadas, com venação
cendo ínfero devido a sua associação com a região basal do tubo peníné rvea, porém freqúentemente com nervuras incons-
periântico frequentemente constrita ), com placentação basal; pícuas, às vezes suculentas; estipulas ausentes; n ós às vezes
estigma capitado. Óvulo 2, geralmente campilótropo. Disco engrossados. Inflorescêndas determinadas , terminais e axilares.
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SISTEMáTICA VEGETAL 325

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FIGURA 9.4 Nyctaginaceae ( A H) Boerhavia diffusa: (A) caule florido fruto em secção longitudinal, embriã o em branco e perisperma ponti-
-
(x 1 ); ( B) duas flores (x 17); (C) flor em secção longitudinal (x 22); (D) gi lhado (x 17); (H) o mesmo em secção transversal, os cotilédones acima
neceu e um dos quatro estames (x 36); (E) base do perianto acrescente, e o hipocótilo abaixo (x 22). ( I ) B. erecta: perianto acrescente envolven-
envolvendo o fruto (x 17); ( F) aquê nio (x 17); (G) base do perianto e do o fruto (x 17). ( Fonte: Bogle 1974, J. Arnold Arbor. 55: p. 24.)

- Flores bissexuais ou, menos freqiientemente, unissexuais


(portanto, plantas monóicas a dióicas), radiais, associadas
com brá cteas papirá ceas, carnosas a secas e/ou bractéolas e
Fó rmula floral:
Y £
* , T(-3-5 A ( ) G(2 ículo, cápsula
) aquênio, utr
I com frequência, densamente agregadas. Tépalas, geralmente

s
I:
3-5, livres a ligeiramente conatas, verdes e herbáceas a secas
e papiráceas, brancas ( ou avermelhadas ), imbricadas. Estames,
3-5,opostos às tépalas; filetes livres, ligeiro a fortemente conatos;
anteras 2 ou 1-loculares; grãos de pólen 7-porados a po-
liporados, com os poros dispersos sobre a superf ície do
1-seminada

Distribuição e ecologia: cosmopolita e especialmente ca-


racterística de ambientes alterados, áridos ou salinos.
gr o. Carpelos geralmente 2 ou 3, conatos; ovário, geralmente
sú pero, com placentação basal; estigmas 1-3, alongados a capi¬ Gêneros /espé cies: 169/2.360. Principais gêneros: Atriplex
ií tados. Óvulos 1 a poucos, geralmente campilótropos. Disco (250 spp.), Gomphrena (120), Salsola (120), Altemanthera (100),
íferas freqiientemente presentes. Fruto Chenopodium (100), Ptilotus (100), Suaeda (100), Iresine (80), Ama-

í
ou glândulas nectar
em geral aquênio, utrículo, ou cá psula circuncisa ( pixídio), ge¬ ranthus (70), Corispermum (60) e Celosia (50). Numerosos gê ne ¬
ralmente associado com peças periânticas e/ou bractéolas persis¬ ros são nativos ou naturalizados nos Estados Unidos e/ou no
tentes secas a carnosas; embrião curvo a retorcido em espiral; Canadá; alguns destes são Altemanthera, Amaranthus, Atriplex,
endosperma ± ausente, substituído por perisperma (Figura Blutaparon, Celosia, Chenopodium, Froelichia , Iresine, Gomphrena,
9.49; ver também Figura 4.47E). Grayia , Monolepis,Nitrophila, Salicomia, Salsola e Suaeda.
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326 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.49 Amaranthaceae. (A- H) Chenopodium álbum , (A) ápice de caule


florido
(x 0,5); ( B) folha {x 1);(C) ápice de ramos da
inflorescência (x 12); (D) flor desabrochan ¬

do, filetes ainda não alongados ( x 25); ( E) semente ( x 10); (F) fruto em
vista lateral ( x
10); (G) fruto em vista dorsal (x 10); (H) semente em secçã o, observe o
embri ã o curvo
rodeado por perisperma (pontilhado) (x 10). (I-P) C ambrosioides: (I)
. ramos floridos (x
0,5 ); (J) flor bissexual (x 25); (K) óvulo (muito aumenta );( )
do L flor carpelad (
a x 15 ; (M) )
perianto acrescente envolvendo o fruto {x 10); (N) fruto ( x 10); (O)
semente, orientada
como no fruto (x 10); (P) semente em sec ção, perisperma pontilhado (
x 10). (Fonte:
Wood 1974, A student's atlas offlowering plants, p. 23.) í
§ SISTEMáTICA VEGETAL 327

I Importância económica e produtos: as folhas e/ou raízes de


algumas espécies, tais como Beta vulgaris (beterraba), Spinacia
por animais. Em Amaranthus e Celosia, as sementes tendem
a cair próximas da planta-mãe, mas só germinam quando o
oleracea (espinafre), Chenopodium spp. e Amaranthus spp., são local sofre novas perturbações. Muitas sementes são aciden ¬
comestíveis. As sementes de muitas espécies sul-americanas talmente ingeridas e dispersas por animais.
de Chenopodium e Amaranthus (Prancha 9.7G) são utilizadas Referências adicionais: Blackwell 1977; Carolin 1983; Carolin
para fazer farinha. A família inclui algumas espécies orna ¬

et al. 1975; Judd and Ferguson 1999; Kiihn et al. 1993; Robertson
% mentais nos gêneros Celosia, Gomphrena (para- tudo-do-cam- 1981; Townsend 1993.
po) e Iresine.
Discussão: Amaranthaceae é aqui amplamente definida e
Aizoaceae Martynov
inclui Chenopodiaceae, que em geral tem sido mantida como (Família do litops ou do chorão-da- praia)
I uma família separada devido a seus estames geralmente livres
(vs. ligeira a completamente conatos) e tépalas verdes, mem-
branosas a carnosas (vs. brancas, brancas com linhas verdes,
Ervas suculentas; geralmente com anéis concêntricos de feixes
vasculares ou alternando anéis concêntricos de xilema e floe-
ma; presença de betalaínas; às vezes com alcaloides e raf ídeos
a róseas ou vermelhas e de consistência seca e papirácea). A (de oxalato de cálcio); em geral com metabolismo ácido das
monofilia de Amaranthaceae, como aqui circunscrita, tem crassuláceas (CAM) ou fotossíntese Q presença de fitoferri-
sido fortemente sustentada por caracteres de sítios de restri¬ tina no floema. Pêlos variados. Folhas geralmente opostas, sim ¬

ção, sequ ências de rbcL, sequências de ORF2280 e morfologia ples, em geral inteiras e suculentas (com células transl cidas no
(Downie e Palmer 1994a,b; Downie et al. 1997; Kadereit et al. centro da lâmina ), com venação peninérvea, mas as nervuras ±
2003; Manhart e Rettig 1994; Rodman 1990, 1994; Rodman inconspícuas, epiderme (e caule) com muitas células gran¬
et al. 1984). A separação de Chenopodiaceae de Amarantha ¬ des em formato de bexiga, estipulas geralmente ausentes.
ceae é aparentemente arbitrária e resulta em uma Chenopo ¬ Inflorescências determinadas, às vezes reduzidas a uma flor
mV diaceae parafilética (Downie et al. 1997; Kadereit et al. 2003;
Muller e Borsch 2005; Rodman 1990, 1994). Os gêneros Polyc - solitária, terminais ou axilares. Flores em geral bissexuais,
radiais, com hipanto. Tépalas geralmente 5, ± conatas, imbri ¬

nemum e Nitrophila (Polycnemoideae) - tradicionalmente in ¬ cadas. Estames geralmente 5 a numerosos, os mais externos modi
% cluídos em Chenopodiaceae - são o grupo irmão de todas as ficados em estaminódios petalóides; filetes livres a ligeiramente
¬

outras Amaranthaceae s.l. Os demais gê neros pertencem a conatos; grãos de pólen normalmente tricolpados. Carpelos
» dois grandes ciados, que correspondem às tradicionais Ama ¬
ranthaceae (com tépalas secas/papiráceas) e Chenopodiaceae
geralmente 2-5, conatos; ovário sú pero a ínfero, geralmen¬
te com placentação axial; estigmas ± lineares. Óvulos 1 a
(com tépalas esverdeadas membranosas a carnosas). numerosos por lóculo, ± anátropos a campilótropos. Disco
As subfamílias e tribos atualmente aceitas baseiam-se no nectarífero geralmente presente. Fruto geralmente uma cá psula
V
• n mero de óvulos, na forma do embrião, no número de lócu- loculidda,septicida ou circuncisa, às vezes carnoso; sementes às
los das anteras, na estrutura do pólen e na forma do perianto. vezes ariladas; embrião curvo; endosperma ausente, substitu ¬

Muitos desses grupos provavelmente não são monofilé ticos. ído por perisperma.
& Os gêneros com tépalas papiráceas, bractéolas e estames mo-
nadelfos - Celosia, Iresine, Froelichia, Altemanthera, Achyran-
4 "
thes Blutaparon, Gomprhena e provavelmente Amaranthus Fórmula floral:
- formam um ciado. Dentro desse grupo, os gêneros com an¬
teras uniloculares - Froelichia, Altemanthera, Blutaparon, Gom¬ *, T(5), A5 °° + oo*, G (g-5); capsula
& prhena e Iresine - aparentemente constituem um subclado.
Tépalas ou brácteas muitas vezes carnosas e estames livres
caracterizam Atriplex, Chenopodium, Kochia, Salsola, Salicomia,
Suaeda, Beta e Spinacia , um ciado fracamente sustentado. Os Distribuição e ecologia: amplamente distribuída em regiões
embriões espiraladamente torcidos e o perisperma reduzido tropicais e subtropicais; principalmente em regiões áridas ou
de Salsola, Suaeda e taxa afins evoluíram independentemen ¬ costeiras.
te. A fotossíntese C4 também evoluiu muitas vezes dentro da
família. Eventos de hibridização e poliploidia são comuns em Gêneros /espé cies: 127/2.500. Principais gêneros: Cono-
alguns gêneros, levando a problemas taxonômicos em nível phytum (290 spp.), Delosperma (150), Lampranthus (150), Dro -
de espécie. santhemum (100), Antimima (60), Lithops (35), Mesembryan-
As flores em geral pequenas e densamente agrupadas themum (100), e Carpobrotus (30). Alguns dos gê neros que
de Amaranthaceae são polinizadas pelo vento ou por vários ocorrem nos Estados Unidos são Carpobrotus, Cryophytum,
tipos de insetos; pode ocorrer tanto autopolinização quanto Cypselea,Galenia, Sesuvium,Tetragonia e Trianthema.
polinização cruzada. Os pequenos frutos e sementes secos,
que estão tipicamente associados com perianto acrescente e Importância econó mica e produtos: a família contém nu ¬
às vezes piloso, em geral são dispersos pelo vento ou pela merosos gêneros ornamentais, tais como Lampranthus, Do-
V- água. Em Salsola , pedaços secos da planta se destacam e são rotheanthus, Mesembryanthemum, Ruschia e Carpobrotus. Al¬
r dispersos pelo vento. Umas poucas espécies formam inflo- gumas espécies de Lithops são cultivadas como curiosidades.
rescências espinhentas que são extemamente transportadas Tetragonia é utilizado na alimentação.
328 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Discuss ão: a família parece ser monofilética . Bittrich e los numerosos a 1 por gineceu, aná tropos a campilótropos.
Hartmann (1988) e Klak et al. (2003) investigaram as re ¬
Presença de nectá rios individuais ou de disco nectar ífero.
la ções intrafamiliares. As espécies com folhas muito su ¬ Fruto cá psula loculicida ou circuncisa; sementes às vezes ari-
culentas, numerosos estames e os mais externos destes ladas; embrião curvo; endosperma ausente, substituído por
modificados em estaminódios petalóides (p. ex., Mesem - perisperma (Figura 9.50).
bryanthemoideae e Ruschioideae) formam um grupo mo -
nofilético (Hartmann 1993; Klak et al. 2003), que experi ¬
mentou uma diversificação explosiva na África do Sul e na
Austrália. Estas duas grandes subfamilias são irmãs de Ai- Fórmula floral:
zooideae (Galenia, Aizoon, Tetragonia ), que apresenta folhas * , 2[brácteas], T\ 4 6 (-«>) /, A4 «, G -- 2-3) ; cápsula
ligeiramente suculentas e ramos laterais acessórios. Todas
as très ubfamílias apresentam cápsulas de deiscência ex¬
plosiva (Bittrich 1990; Klak et al. 2003). Sesuvium e taxa afins
(Sesuvioideae) provavelmente formam um ciado, com base
Distribuição: amplamente distribuída em regiões tropicais
nas cá psulas de deiscê ncia circuncisa e sementes aniladas
e temperadas; especialmente diversa no Oeste dos Estados
e são o grupo-irmão de todos os outros integrantes da fa ¬
Unidos e nos Andes, na América do Sul.
mília. As delimitações genéricas têm variado consideravel ¬
mente, sendo que alguns sistematas incluem quase todas as
Gêneros/ espé cies: 20/450. Principais g ê neros: Portulaca
espécies de Mesembryanthemoideae em um grande gênero
(125 spp.), Cistanthe (35), Phemeranthus (30), Claytonia (30),
Mesembryanthemum.
Aizoaceae apresenta muitas adaptações para ambientes Lewisia (16) e Talinum (15). Muitos gêneros são comuns nos t
extremamente áridos. Células em formato de bexiga na epi ¬ Estados Unidos e /ou no Canadá, incluindo os supracitados, e
derme foliar e caulinar retê m á gua, e as próprias folhas são Monda e Talinopsis.
suculentas. Às vezes, a planta consiste em um único par de
folhas opostas e quase esféricas. Em alguns gê neros (p. ex., Importância econó mica e produtos: folhas e caules jo ¬
Lithops ), apenas uma pequena porção foliar é exposta acima vens de Portulaca oleracea são ocasionalmente consumidos.
do nível do solo e as células com clorofila estão restritas a uma Muitas espécies de Portulaca (onze- horas), Talinum, Pheme¬
fina camada nos lados ou na base das folhas, que são quase ranthus, Lewisia e Calandrinia são cultivadas como plantas
cilíndricas. Tais folhas são na verdade bract éolas e a planta ornamentais.
adulta consiste em uma inflorescência duradoura. Esses e ou ¬
tros marcantes caracteres são provavelmente adapta ções para Discussão: a monofilia de Portulacaceae tem sido freqiien - f

ambientes de luz intensa . temente questionada, seja em relação à separação de duas


As flores de Aizoaceae são geralmente vistosas e atraem pequenas famílias, Basellaceae e Didiereaceae (caracteres
abelhas, vespas, borboletas, moscas e coleópteros. As pe ¬
morfoló gicos; Rodman 1990, 1994); em relação a sua sepa ¬

quenas sementes são dispersas pelo vento ou pela água; em ração de Cactaceae (sequências de DNA; Edward et al. 2005;
alguns gêneros, as cápsulas somente abrem quando umede- Hershkovitz e Zimmer 1997), ou em relação à localização >
cidas. conflitante dos gêneros Portulaca e Claytonia (sítios de restri¬
ção de cpDNA; Downie e Rilmer 1994a,b). Análises cladísti-
Referências adicionais: Bittrich and Struck 1989; Bogle 1970. cas baseadas em sequências de ndhF e matK sugerem forte ¬
mente que a família é parafilé tica, embora muitos detalhes
Portulacaceae A. L. de Jussieu das relações internas ainda não estejam claros (Applequist e
(Família da onze - horas) Wallace 2001; Hilu et al. 2003). Portulacaceae poderá even ¬

tualmente ser separada em três famílias: um ciado Anacamp-


Geralmente ervas ± suculentas; em geral com células de mu - seros + Portulaca + Talinum (inclindo Cactaceae, diagnosticado
cilagem; presença de betalaínas; às vezes com metabolismo pela parede do fruto fortemente separada em duas camadas
ácido das crassuláceas (CAM); fitoferritina presente no flo- e pela presença de pêlos axilares, ver também Carolin 1987, ;
ema. Pêlos geralmente simples. Folhas opostas ou alternas e 1993; Hershkovitz e Zimmer 1997; Nyffeler 2007), um cia ¬
espiraladas, simples, inteiras, com venação peninérvea, ner ¬ do contendo Portulacaria + Ceraria (incluindo Didiereaceae, j
vuras ± inconsptcuas; estipulas geralmente presentes, com fre¬ principalmente dióico, incluindo plantas lenhosas com frutos
quência escariosas ou tufos de pêlos curtos a alongados. Inflores- geralmente indeiscentes e unisseminados, ver Stevens 2001 e
cências determinadas, às vezes parecendo indeterminadas versões posteriores) e um ciado contendo Cistanthe + Clayto¬
ou reduzidas a uma flor solitária, terminais ou axilares. Flo ¬ nia + Montia + Lewisia + Phemeranthus + Calandrinia (ervas
res geralmente bissexuais e radiais, em geral associadas com 4 com folhas invaginantes) . Basellaceae deve representar uma
bractéolas, as duas mais internas sepalóides. Tépalas geralmente outra linhagem. São necessários mais estudos neste grupo
4-6 , ocasionalmente numerosas, petalóides, livres a ligeiramen ¬ problem á tico; a circunscrição tradicional da fam ília é aqui
te conatas, imbricadas. Estames geralmente 4-6 , opostos às mantida com base nas flores associadas com um par (às vezes
té palas , mas às vezes menos ou mais numerosos; filetes livres mais) de bractéolas sepalóides.
ou ligeiramente adnatos às tépalas; grãos de pólen tricolpa- Muitos gêneros (p. ex., Claytonia, Lewisia, Montia, Portula -
dos a policolporados ou poliporados. Carpelos geralmente 2 cà) apresentam uma ampla variação no número cromossômi -
ou 3, conatos; ová rio súpero a ± ínfero, com placentação ± co, o que sugere uma complexa história evolutiva envolvendo
central- livre a basal; estigmas normalmente lineares. Óvu ¬ poliploidia seguida de aneuploidia (ver Capítulo 4).
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SISTEMáTICA VEGETAL 329

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35); (H) embrião curvo (x 35) (1-M).P. pilosa : (I) ramo florido e frutifican
FIGURA 9.50 Portulacaceae. (A-H) Portulacaoleracea: (A) ramo florido
¬

e frutificando ( x 0,75); (B) flor em sec ção longitudinal (x 9); (C) fruto do (x 0,5); (J) botão floral (x 12); (K) flor ( x 6); (L) perianto murcho ade
¬

quase maduro envolvido por s épalas acrescentes (x 4,5); (D) o mesmo, rido à parte superior da cápsula circuncisa (x 1,5); (M) base da cápsula
com as sépalas removidas (x 7); (E) base da c ápsula circuncisa após a apó s a deiscência, com sementes aderidas à placenta (x 1,5). (Fonte;
deisc ência, com funículos basais (x 7); (F) parte superior do fruto após Bogle 1969, J. ArnoldArbor. 50: p. 572.)
a deiscência, com as sépalas acrescentes maduras (x 7); (G) semente (x
ív -
330 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

As flores de Portulacaceae (Prancha 9.7E) geralmente tas espécies de Opuntia foram introduzidas na África, Austrá¬
abrem em plena luz do sol e por um curto período de tempo; lia e índia. São plantas caracter
ísticas de desertos e regiões
abelhas, moscas, coleópteros e borboletas visitam as flores à áridas, mas às vezes ocorrem como epíôtas em florestas.
procura de néctar. O período e a duração da florada diferem
entre as espécies relacionadas (isolamento reprodutivo). As Gê neros/espécies: 100/1.400. Principais gêneros: Mam-
pequenas sementes são dispersas pelo vento e pela água. milaria (170 spp.), Opuntia (150), Echinopsis (70), Cleistocactus
Aquelas com arilos duros devem ser dispersas por formigas. (50), Echinocereus (50), Rhipsalis (50) e Cereus (40, ou muitas
Referências adicionais:
mais, dependendo da autoridade e critérios taxonômicos
Bogle 1969; Nyananyo 1990. adotados) . Muitos gêneros ocorrem nos Estados Unidos e /
ou no Canadá, incluindo Acanthocereus, Camegia, Consolea,
Cactaceae A. L. de Jussieu Cylindropuntia, Echinocactus, Echinocereus, Ferocactus, Cruso-
(Família dos cactos) nia, Harrisia, Lophophora, Mammilaria, Neolloydia, Opuntia,
Pediocactus, Pilosocereus, Sclerocadus e Thelocactus.
Ervas até árvores, caule suculento e espinhoso; ramos dife ¬
renciados, ramos longos geralmente suculentos (e cilíndricos, Importância económica e produtos: os frutos de muitas
cónicos, globosos ou achatados, frequentemente com arestas ou ar¬ espécies de Opuntia são consumidos. Quase todos os gêne ¬
ticulados ) produzindo folhas fotossintéticas ( embora estas ros são cultivados como ornamentais; alguns dos mais co¬
geralmente sejam reduzidas e decíduas ), ou carecendo de folhas, muns são Opuntia , Camegia, Cereus, Echinopsis, Epiphyllum,
e caules curtos (aréolas) produzindo espinho ou conjun ¬ Hylocereus, Mammilaria, Melocactus, Rhipsalis e Schlumbergera
tos de espinhos e frequentemente pêlos irritantes (gloquídeus ); (flor-de- maio). Lophophora conté m o alcaloide mescalina e é
com metabolismo ácido das crassuláceas (CAM); epiderme alucinógeno.
do caule geralmente com estômatos; fitoferritina presente no
floema; frequentemente com alcaloides ou saponinas tri- Discussão: a monofilia da família é sustentada por numero ¬

terpenóides; presença de betalaínas. Folhas dos ramos longos sos caracteres morfológicos, uma inversão de 6 kb no cpDNA
alternas e espiraladas, simples, inteiras, com venação peninéroea (R. Wallace, com. pess.) e dados de sequê ncias de DNA
ou inconspícua, geralmente reduzidas a ausentes: folhas dos (Edwards et al. 2005) . Pereskia é parafilético e originou todas
ramos curtos modificadas em espinhos; estipulas ausen¬ as outras Cactaceae (Edwards et al. 2005; Nyffeler 2002). Pe¬
tes. Inflorescências determinadas, mas geralmente reduzidas a reskia retém numerosos estados de cará ter plesiomórficos:
uma flor solitária, terminais, mas com as flores inseridas no á pice caules não-suculentos, folhas bem desenvolvidas e persisten ¬

de um ramo modificado (e, portanto, parecendo axilares ). Flores tes, inflorescências cimosas, muitos estiletes e, pelo menos
geralmente bissexuais, radiais a ligeiramente bilaterais, com em algumas espécies, ovário supero com placentação basal.
hipanto curto a alongado, e quase sempre ontogeneticamente Todos esses estados de caráter estão ausentes nos outros in ¬
modificadas, com o ovário rodeado pelo á pice de um caule mo¬ tegrantes da família. Um grupo de oito espécies de Pereskia (=
dificado, assim a região externa do ovário e o hipanto apresen¬ Rhodocactus ) da região Caribenha é o grupo-irmão de todos
tam aréolas com espinhos. Tépalas numerosas e em arranjo os outros cactos; eles carecem de estômatos no caule. O resto
espiralado, geralmente livres , petalóides ou as mais externas da família (incluindo as demais espécies de Pereskia , que são
sepalóides e as mais internas petalóides, imbricadas. Estantes principalmente sul-americanas) forma um ciado que é carac-
numerosos; grãos de pólen tricolpados a policolpados ou terizado pela presença de estômatos no caule e pela formação
poliporados. Carpelos 3 a numerosos, conatos; ovário quase tardia de casca, o que promoveu a evolução de fotossíntese
sempre ínfero, mas em algumas espécies de Pereskia semi-ín- no caule (Edwards et al. 2005).
fero ou até supero, quase sempre com placentação parietal, mas A maioria das espécies de Cactaceae está inserida ora em
em Pereskia ± basal; estigmas 3 a numerosos, alongados e Opuntioideae ora em Cactoideae, e estas subfamílias formam
radiais. Óvulos numerosos, geralmente campilótropos. Nec- um ciado sustentado pela presença de flores solitárias inse ¬
tário, um anel na superf ície interna do hipanto. Fruto baga, ridas no ápice de um caule e pela presença de ovário ínfero
com a região externa portando nós e entrenós e geralmente com (ovários ínferos evoluíram independentemente em um grupo
espinhos e/ou gloquídeos nas areólas; semente às vezes coberta de espécies de Pereskia ).Opuntioideae (p. ex„Opuntia, Conso¬
por um arilo duro; embrião geralmente curvo; endospecma lea e taxa afins) é monofilética e sustentada por sinapomorfias
ausente, mas perisperma às vezes presente (Figura 9.51; ver como a presença de gloquídeos (pêlos semelhantes a espi ¬
também Figura 4.47F). nhos) nas aréolas (Prancha 9.7F), testa da semente coberta
por um arilo duro e caracteres de cpDNA. A monofilia de
Cactoideae, um complexo enorme que contém mais de três
Fórmula floral:
quartos das Cactaceae, é sustentada peia extrema redução ou
ausência completa de folhas, o caracter íshco hilo das semen ¬

-
* ou X, T- <*> -, A°° , G ç3 ) ; baga tes e uma deleção no íntron rpoCl no genoma do cloropíasto
(Nyffeler 2002) . Muitas espécies de Cactoideae apresentam
caules costados, outra apomorfia. A família é taxonomica-
Distribuição e ecologia: principalmente nas Américas do mente difícil, com problemas na delimitação de gê neros e
Norte e do Sul, mas Rhipsalis ocorre na África tropical, e mui ¬ espécies.

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FIGURA 9.51 Cactaceae. Opuntia pusilla: (A) planta com frutos imatu- (H ) estigmas não - expandidos (x 4); (I) ov ário em sec ção transversal
ros (x 0,5); (B) aréola com espinhos e gloquídeos (x 2); (C) gloquídeo (x 2);(J) óvulo (muito aumentado); (K) baga (x 1); (L) semente, rodeada
(x 30); (D) flor (x 1 ); ( E) face ventral da flor, inserida no ápice de um caule por arilo duro (x 7); (M) semente em sec ção, observe o embriã o curvo
com aréolas (x 1}; (F) flor em secção longitudinal (x 2); (G) estame (x 14); .
( x 7) (Fonte; Wood 1974, A studenfs atlas offlowering plants, p 73 ) . .

.
i:
332 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Chave para as principais famílias de Polygonineae

1. Plantas carnívoras, com folhas muito modificadas em forma de jarras, armadilhas,


ou cobertas de pêlos pegajosos 2
1. Plantas não-camívoras 3
2. Folhas modificadas em forma de jarras; flores unissexuais; filetes completamente conatos,
formando um tubo; placentação axial Nepenthaceae
2. Folhas modificadas como armadilhas que se fecham rapidamente ou cobertas com pêlos
pegajosos; flores bissexuais, filetes livres ou ligeiramente conatos; placentação basal ou parietal . . . . Droseraceae
3. Presença de estipulas, fusionadas ao redor do caule, na região nodal (isto é, uma ócrea);
2 ou 3 carpelos Polygonaceae
3. Estipulas ausentes ou, se presentes, não como acima (isto é, ausência de ócrea); 5 carpelos . . . . Plumbaginaceae

As vistosas flores de Cactaceae são extremamente variá ¬ de pólen triporados a poliporados, liberados em tétrades.
veis em forma e colorido e são visitadas por diversos insetos Carpelos geralmente 3, conatos; ovário sú pero, com placentação
(abelhas, moscas, mariposas Sphingidae), aves e morcegos, basal ou parietal; estigmas variados. Óvulos 3 a numerosos.
que são atraídos pelo pólen e pelo néctar. Predomina a polini ¬ Fruto cá psula loculicida (Figura 9.52).
za ção cruzada. As bagas são dispersas por aves e mamíferos,
mas alguns gêneros (p. ex., Cereus ) são ao menos parcialmen ¬

te dispersos por formigas, que são atraídas pelos funículos


carnosos das sementes. Os frutos de algumas espécies são
Fórmula floral: * , K & C5, A(f ,> G® cápsula
espinhosos, o que promove o transporte externo por mamí¬
feros; outras apresentam caules articulados que se quebram Distribuição e ecologia: amplamente distribuída, comum
facilmente quando tocados. em áreas úmidas, pobres em nutrientes e com solos ácidos.
Os cactos apresentam numerosas adaptações para am ¬

bientes secos. Apresentam um há bito especializado com ra ¬


Gêneros / espé cies: 3/109. Principal gênero: Drosera (107
mos dimórficos e folhas reduzidas; alguns caules são fotos- spp.) . Drosera e Dionaea ocorrem nos Estados Unidos e no
sintéticos e apresentam tecidos que estocam ou acumulam
Canadá.
á gua e outros apresentam folhas reduzidas e modificadas
como espinhos protetores. O metabolismo CAM permite que
Import ância econó mica e produtos: Dionaea muscipula
os estômatos abram à noite (o que economiza água) de modo
(caça- moscas) e várias espécies de Drosera (drósera) são oca ¬
a captar o dióxido de carbono que é estocado na forma de áci¬
do m álico e utilizado na fotossíntese durante o próximo dia. sionalmente cultivadas como curiosidades.
Os cactos apresentam um denso e abrangente sistema de raí ¬

zes, uma raiz pivotante profunda bem como caules com cutí ¬
Discussão: as relações filogenéticas dentro de Droseraceae
cula espessa e epiderme com estômatos em criptas (Edwards têm sido estudadas por Williams et al. (1994), Cameron et ai.
e Donoghue 2006). (2002) e Rivadavia et al. (2003) . Os dois pequenos gê neros
com armadilhas, Dionea e Aldrovanda, são o grupo-irmão do
Referências adicionais: Anderson 2001; Barthlott and Hunt grande gênero Drosera, que apresentam folhas cobertas por
1993; Benson 1982; Boke 1964; Leins and Erbar 1994. pêlos pedunculados, glandulosos e pegajosos. Drosera apre ¬

senta placentação parietal, o que constitui uma condiçã o deri ¬

Droseraceae Salisbury vada na família. Drosophyllum é muito similar a Drosera e tem


sido freqúentemente considerado parte de Droseraceae, mas
(Família da drósera)
apresenta folhas não sensitivas e abaxialmente circinadas, e
Ervas insetívoras, às vezes subarbustivas. Pêlos pedunculados, hoje é incluída em uma família própria (Kubitzki 2003a,b).
glandulares, secretores de mucilagem e geralmente contendo As flores brancas a púrpuras de Droseraceae geralmente
xilema. Folhas geralmente alternas e espiraladas, adaxialmen- são polinizadas por insetos; a polinização cruzada é promo ¬
te circinadas, simples, com venação inconspícua, lâmina vida pela presença de protandria, mas pode acontecer auto-
sensitiva formando uma armadilha ou coberta com pêlos cons ¬ polinização quando as flores se fecham no final do dia. As
pícuos tentaculares secretores de mucilagem; os insetos capturados pequenas sementes provavelmente são dispersas pelo vento
nas armadilhas ou nos pêlos pegajosos são digeridos; estipulas ou pela água. A reprodução assexual ocorre por meio da pro ¬

presentes ou ausentes. Inflorescências determinadas, às vezes dução de propágulos a partir de inflorescências ou de folhas
reduzidas a uma flor solitária, terminais. Flores bissexuais, ra ¬ destacadas da planta .
diais. Sépalas geralmente 5, ligeiramente conatas, imbricadas. Dionea é bem conhecida por suas folhas-armadilha com
Pétalas em geral 5, livres, convolutas. Estames geralmente 5, às lâ minas articuladas, sendo cada metade da lâmina equipada
vezes numerosos; filetes livres ou ligeiramente conatos; grãos com pêlos sensitivos (homólogos aos pêlos glandulares de
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FIGURA 9.52 Oroseraceae. ( A-E) Drosera tracyi: (A) há bito (x 0,5); (B) ápice da folha em desenvolvimento, observe a prefo-
liação circinada e pêlos glandulares (x 7); (C) flor (x 3); (D) gineceu tricarpelado ( x 5); (E) semente (x 50). ( F-J ) D. filiformis: (F)
.
flor (x 3); (G) gineceu (x 5);(H) ovário em secção transversal (x 15); (I) infrutescência (x 1); (J) cápsula (x 5) (K-L) D. capillaris:
.
( K ) planta florida (x 0,5); (L) semente (x 100) (M) D. intermédia: semente (x 75) (N) D. rotundifolia: semente (x 50). (O) D.
.
brevifolia: semente (x 100). (Fonte: Wood 1974, A studenfs atlas offlowering plants , p. 45 ) .
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334 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Drosera ) . Quando esses pêlos são estimulados, o estímulo é Importância econó mica e produtos: As sementes de Fa-
rapidamente transmitido para a articulação da folha, inician ¬ gopyrum fornecem farinha, enquanto várias espécies de Coc¬
do o fechamento da lâmina. Assim, insetos que pousam nas coloba apresentam frutos comestíveis. Os pecíolos de Rheum
coloridas lâminas foliares serão provavelmente capturados (ruibarbo) são comestíveis, assim como as folhas de algumas
por pêlos marginais sobrepostos e serão digeridos por enzi ¬ espécies de Rumex. Alguns poucos gêneros contêm espécies
mas secretadas por pequenas células na superf ície da lâmina. ornamentais, incluindo Antigonon e Coccoloba. Muitas espé ¬
Em Drosera, pequenos insetos ficam aderidos na mucilagem cies de Rumex e Polygonum (possivelmente incluindo Persica-
secretada por pêlos glandulares e tentaculares que cobrem a ria e Polygonella) são pragas de lavouras.
superf ície da folha. Os pêlos se curvam, pressionado o inseto
contra a lâmina foliar, que também se curva para envolver a Discussão: Polygonaceae é monofilética (Lamb Frye e Kron
presa. Ambos os movimentos envolvem alongamento celular, 2003) e facilmente reconhecível por suas características ócre-
portanto o n mero de vezes que a folha pode capturar inse ¬ as (Prancha 9.7D; ver Descrição); as relações dentro do gru ¬

tos é limitado. N po precisam de estudos adicionais. As espécies de Eriogonum


diferenciam-se por carecer de ócreas; elas geralmente apre ¬
Referências adicionais: Albert et al. 1992; Fagerberg and Allain sentam folhas verticiladas ou opostas e inflorescências clara ¬
1991; Sibaoka 1991; Williams 1976; Wood 1960. mente determinadas. A presença de estivação quincuncial é
ística de muitos gêneros (p. ex., Polygonum, Coccoloba,
caracter
Polygonaceae A. L. de Jussieu Fagopyrum e Antigonon), enquanto outros (p. ex., Rumex, Erio¬
(Família do novateiro) gonum ) apresentam seis peças periânticas.
As flores da maioria das Polygonaceae são pequenas,
Eroas, arbustos, árvores ou lianas; nós muitas vezes engros ¬ apresentam tépalas brancas a vermelhas e são polinizadas i
sados; em geral com taninos; freqúentemente com ácido por diversos insetos, especialmente abelhas e moscas. As flo¬
oxálico. Pêlos variados. Folhas geralmente alternas, simples e res de Rumex são pêndulas, esverdeadas, apresentam estigma
espiraladas, em geral inteiras, venação peninérvea; estipulas dividido e expandido e são polinizadas pelo vento. Com fre ¬

presentes e conatas em uma bainha freqúentemente fina quência, os frutos estão associados com tépalas persistentes
(ou ócrea ) ao redor do caule (ausentes em Eriogonum ) . In - que auxiliam na dispersão pelo vento e pela água. Em Rumex, I
florescências indeterminadas ou determinadas, terminais ou as tépalas do verticilo interno se expandem e formam asas
axilares. Flores geralmente bissexuais, às vezes unissexuais (e membranáceas, enquanto em Triplaris e Ruprechtia as tépa ¬
então plantas geralmente dióicas), radiais. Perianto de 6 tépa- las do verticilo externo apresentam forma de asa. Às vezes o
las, geralmente petalóides, às vezes diferenciadas, com 3 sépalas próprio aquênio é alado, tal como acontece em Rheum e Fago¬
e 3 pétalas, ou 5 tépalas (2 com as margens para fora do bo¬ pyrum. Em Polygonum virginianum, os aquênios são ejetados
tão, 2 com as margens para o interior do botão e 1 com uma para fora da planta; além disso, o estilete é persistente e apre ¬
margem interna e outra externa, isto é, estivação quincuncial), senta o ápice com aspecto de gancho recurvado, promovendo
livres a ligeiramente conatas, persistentes. Estames geralmente o transporte externo em pêlos ou roupas. Em Coccoloba, as
5-9; filetes livres a ligeiramente conatos; grãos de pólen em sépalas persistentes são carnosas e rodeiam completamente o
geral tricolporados a poliporados. Carpelos geralmente 2 ou 3, aquênio; o fruto simula uma drupa e é disperso por aves.
conatos; ovário supero com placentação basal; estigmas pontua ¬

Referências adicionais: Brandbyge 1993; Ronse Decraene and


dos, capitados a ± partidos. Óvulo 1 , geraímente ortótropo.
Akeroyd 1988; Ronse de Craene et al. 2004; Graham and Wood
Nectário, um disco ao redor da base do ovário, ou glândulas 1965.
pareadas associadas com os filetes. Fruto aquênio ou núcula, ;
com frequência anguloso e associado com as peças periânticas
acrescentes ( secas ou carnosas ), estas às vezes com diversos tipos Santalales
de projeções; embrião reto a curvo (Figura 9.53). Santalales é aparentemente monofilética com base na pre ¬

sença de poliacetilenos, raízes sem pêlos radiculares, frutos


indeiscentes, 1- seminados e sementes com a testa reduzida /
Fórmula floral:
comprimida; a monofilia também é sustentada por sequên ¬
cias de rbcL, atpB, matK e sequências de 18S rDNA (Hilu et al.
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A@;, G (2J aquênio
2003; Kállersjõ et al. 1998; Nickrent e Soltis 1995; Savolainen
et al. 2000a,b; Soltis et al. 2000, 2003) . Os estames são opostos
às pétalas na maioria das espécies. Em muitos taxa, as raízes
Distribuição: amplamente distribuída; comum principal - normais são substituídas por haustórios, que são complexos
mente em regiões temperadas do Hemisf ério Norte. na estrutura e no desenvolvimento. As flores variam desde
pequenas e desprovidas de perianto (p. ex., as flores estami-
G ê neros / espécies: 43/1.100. Principais gé neros: Erio- nadas de Misodendrum ) a grandes e coloridas (muitas Loran-
gonum (250 spp., parafilético), Rumex (200), Polygonum (160, thaceae) . O ovário em muitos taxa é ínfero.
parafilético) e Coccoloba (120) . Além dos gêneros citados, An- A circunscrição da ordem e a delimitação das famílias
tigonon, Chorizanthe, Fallopia, Nemacaulis, Oxytheca, Oxyria, dentro dela têm sido problem á ticas. Recentes estudos mo ¬

Polygonella e Stenogonum també m ocorrem nos Estados Uni ¬


leculares prometem esclarecer substancialmente a situação
dos e/ ou no Canadá. (ver referências de Nickrent e o web site http:/ /www.science.
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SISTEMáTICA VEGETAL 335

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FIGURA 9.53 Polygonaceae. ( A - F ) Polygonum scandens: ( A ) ramos tos (x 0,25); ( H ) á pice da inflorescê ncia ( x 5); ( I ) flor (x 15); (J ) gineceu
com frutos (x 1); ( B) flor (x 15); (C) perianto acrescente envolvendo o em secção longitudinal, com óvulo ortótropo, basal (x15). ( K-L) P. sagit-
aqu ê nio (x 4); ( D) aqu ê nio (x 5); ( E) aqu ê nio em secçã o transversal, ob ¬ tatum : ( K ) ramo florido, com uma ócrea em cada n ó (x 1 ); ( L) cauie com
serve o embriã o (abaixo, à direita ) e endosperma ( pontilhado) (x 20); ac ú leos retrosos (x 4) , (Fonte; Wood 1974, A student's atlas offlowering
(F ) embri ã o ( muito aumentado ), (G-J ) P. cuspidatum: (G) ramos com fru¬ plants , p. 22.)

siu.edu/ parasitic- plant/index.html). O nú mero de famílias é caceae , Misodendraceae, Schoepfiaceae, Loranthaceae,


incerto. Aqui seguimos o APG (2003), no entanto a filogenia Opiliaceae e Santalaceae (incluindo Viscaceae). Olacaceae
de Nickrent e Malecot ( http:// www.science. siu. edu/ parasitic- é parafilética, mas as rela ções internas são tão pouco claras
plants/Santalales.IPWC/Santalales.tree.JPEG) também deve ¬ que não é possível dividi-la. Viscaceae e Loranthaceae foram
ria ser consultada. Reconhecemos 8 famílias, incluindo Ola - historicamente combinadas como subfam ílias de uma nica

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336 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Chave para as famílias de Santalales

1. Folhas alternas; flores geralmente bissexuais, presença de sépalas e pétalas;


cálice não reduzido, com lobos livres ou fusionados; ovário compartimentado na base;
óvulos com 1 ou 2 tegumentos; sementes com testa fina; parasitas de raízes ou não Olacaceae
1. Folhas alternas ou opostas; flores bissexuais ou unissexuais; cálice reduzido ou ausente;
ovário unilocular; óvulos sem tegumentos; sementes sem testa; sempre parasíticas 2
2. Ovário supero; tépalas presentes somente nas flores carpeladas;
fruto núcula com estaminódios plumosos; parasitas no caule de Nothofagus Misodendraceae
2. Ovário ínfero; parasitas de caules ou de raízes 3
3. Sépalas reduzidas (presentes como um calículo); ausência de tecido glandular
entre o ovário e os estames; fruto drupa unisseminado, baga ou sâmara 4
3. Sépalas ausentes; presença de tecido glandular (um disco) entre o ovário e os estames 5
4. Fruto baga unisseminada e viscosa ou sâmara Loranthaceae
4. Fruto drupa não-viscosa Schoepíiaceae
5. Folhas secas finamente tuberculadas com cistólitos; todas parasitas de raiz Opiliaceae
5. Folhas secas sem cistólitos; parasitas de caule e de raiz Santalaceae

família (Loranthaceae), mas evidências mais recentes susten ¬


placenta. Fruto baga unisseminada ou sâmara {Nuytsia ), vis-
tam sua separação e a inclusão de Viscaceae em Santalaceae.
O epifitismo evolui mais de uma vez dentro do grupo. Bala -
nophoraceae, um grupo estranho de parasitas obrigatórios,
também pode estar aqui incluído. Fórmula floral:
A melhor discussão da biologia desse grupo de plantas é o
clássico livro Biology ofparasitic flowering plants (Kuijt 1969). * ou X, calículo, C(5-6), A5-6, G (3 4); baga, sâmara

Referências adicionais: Kuijt 1982; Nickrent 1996; Nickrent


and Duff 1996; Nickrent et al. 1998; Wlens and Barlow 1971.
Distribuição e ecologia: a família é Fà ntropical, poré m ne ¬

Loranthaceae A. L. de Jussieu nhum gênero ocorre no Velho e no Novo Mundo ao mesmo >

(Família da erva-de - passarinho) tempo. '?

Parasitas de caule, exceto por Nuytsia, Gaiodendron e Atkinso-


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G êneros / espécies: 74/900. Principais g é neros: Tapinan- I
nia, que são parasitas de raízes; raízes modificadas formando thus (250 spp.), Amyema (100), Psittacanthus (50), Struthanthus 1
haustórios; ramos cilíndricos, comprimidos ou quadrangu - (50), Tapinanthus (50) e Phthirusa (40). Nenhum gênero ocor ¬

lares. Pêlos simples. Folhas opostas ou subopostas, simples, re em regiões temperadas da América do Norte.
inteiras, com venação peninérvea, com ou sem pecíolo,
estipulas ausentes. Flores solit árias ou em vá rios tipos de Importância econó mica e produtos: as ervas- de - passari-
inflorescências com flores dispostas individualmente ou nho são pragas em á rvores madeireiras porque os haustórios
em grupos de 3, com ou sem brácteas e bractéolas; com ou causam irregularidades na estrutura do lenho.
sem pedicelos; formando umbelas, corimbos, racemos, es ¬
pigas ou glomérulos. Flores geralmente bissexuais, radiais Discussão: Nuytsia, uma árvore com raízes haustoriais, é
ou bilaterais. Sépalas reduzidas formando um anel ou o grupo-irmão dos demais taxa da família (Vidal - Russell e
-
cal ículo no ápice do ovário . Pétalas (3-) 5 6 ( -9 ), livres ou Nickrent 2005), a maioria dos quais são parasitas de caules
conatas; valvadas, eretas a reflexas na floração, frequente- ou epífitos (também parasitas) . Muitos gêneros apresentam
mente vermelhas ou amarelas. Estames opostos às pétalas e corolas coloridas e são polinizados por aves (Prancha 9.8E).
em n mero igual ao destas, freqúentemente 3 longos e 3 O megagametófito é tipicamente agressivo , crescendo para
curtos (os mais longos são estaminódios em Dendropemon); fora do ovário e dentro do estilete e/ ou estigma, onde ocorre
filetes adnatos às pétalas; pólen 3-lobado. Carpelos 3- 4, co - a fertilização. O embriã o é puxado para dentro do ovário por
natos; ovário ínfero, com placentação basal; estigma capitado um longo suspensor.
ou pouco expandido, papiloso. Óvulos não diferenciados e
j
megagametófitos originados de 3 ou 4 pontos da grande Referências: Calder and Bemhard 1983; Kuijt 1969,1981. \
SISTEMáTICA VEGETAL 337

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Saxifragales: Altingiaceae
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í Santalum paniculatum: frutos
Saxifragales: Crassulaceae
Kalanchoe daigremontiana:
estaminada e carpelada

folha com propágulos


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Santalales: Loranthaceae
Dendrophthoe curvata: flores Santalales: Santalaceae
Saxifragales: Hamamelidaceae Arceuthobium pusillunv. ramos
Hamamelis mollis: inflorescências estaminados {crescendo sobre Picea)

*í.: .

Saxifragales: Saxifragaceae
Darmera peltata: flores
Saxifragales: Crassulaceae
Graptopetalum paraguaymse: planta em flor
PRANCHA 9.8 Eudicotiledô neas:
Santalales e Saxifragales
338 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Santa í aceae R. Browm de Santaíaceae que são parasitas de raízes (p. ex., Santalum,
(Família do sândalo) Comandra, Buckleya ) compreendem 5 ou 6 ciados de relações
incertas, mas está claro que originaram o dado de parasitas
Parasitas de caule ou de raiz. Raízes modificadas em haustó- de caule.
rios. Caules cilíndricos, angulosos ou achatados, articulados, Acredita -se que Viscum album seja o Ramo Dourado de
desprendendo-se facilmente na constrição dos nós, ou não articu ¬ Aeneas. Com ele também foi feita a lança que matou o deus
lados, com estômatos transversalmente orientados. Pêlos nórdico Balder. A planta era importante nas cerimónias reli ¬
simples. Folhas opostas ou alternas e espiraladas, simples, giosas dos Druidas e por muito tempo tem sido interpretada
frequentemente coriáceas ou ligeiramente suculentas e bri ¬ como um símbolo de imortalidade.
lhantes, inteiras, peninérveas, com ou sem pecíolo, reduzidas Resulta significativo que parasitas de caule tenham evo¬
a escamas em alguns taxa, estipulas ausentes. Intlorescências luído a partir de parasitas de raízes tanto em Santaíaceae
variáveis, freqiientemente espigas ou racemos de cimas 3-flo- quanto em Loranthaceae. Além dps caracteres enumerados
ras. Flores ± inconspícuas, bissexuais ou unissexuais (plantas na descrição, Santaíaceae difere de Loranthaceae pelo game-
monóicas ou dióicas), radiais, com ou sem hipanto. Tépalas, tófito não-agressivo, geralmente do tipo Allium (vs. agressivo
3-5, livres a conatas, eretas ou fechadas, valvadas, esverde ¬ e do tipo Polygonum ) , endosperma verde (vs. branco) e em ¬
adas ou de cor apagada. Estames, geralmente 3-5, opostos brião com suspensor curto (vs. alongado). Além do mais, as
às tépalas, às vezes somente uniloculares ou abrindo por um partes viscosas do fruto (quando presentes) originam -se de
poro apical; grãos de pólen ± esf éricos. Carpelos 3-4, cona- diferentes tecidos nas duas famílias.
tos; ovário geraímente ínfero, com placentação central-livre
Referência: Kuijtl982.
a basal; estigma pontuado. Óvulos com 1 tegumento e com
megasporângio de paredes finas, ou não diferenciados e 2
megagametófitos produzidos na placenta. Fruto noz ou dru ¬
Saxifragales
pa, ou baga viscosa, unisseminada; semente sem testa (Figura
9.54; Prancha 9.8A). Saxifragales é aqui definida de forma restrita, e inclui 14 fa ¬
mílias, por exemplo, Saxifragaceae, Iteaceae (p. ex., Itea ),
Grossulariaceae (somente Ribes ), Crassulaceae, Haloraga -
Fórmula floral: ceae, Cercidiphylliaceae, Paeoniaceae, Hamamelidaceae e
Altingiaceae, representando cerca de 2.470 espécies (Chase
Flor estaxninada: *, T-3-5-, A3-5, GO et al.1993; Morgan e Soltis 1993; Soltis e Soltis 1997; Soltis et
Flor carpelada: * , T-3-5, AO, G( 4); baga, drupa, noz al. 1993, 1997). A monofilia do grupo é bem sustentada por
morfologia e sequências de DNA (Davis e Chase 2004; Fish -
bein et al. 2001; Hilu et al. 2003; Hoot et al. 1999; Hufford
1992; Savolainen et al. 2000b; Soltis e Soltis 1997; Soltis et
Distribuição e ecologia: amplamente distribuída, ocorren ¬ al. 1997, 2000; Soltis e Hufford 2002). A ordem é claramen ¬
do desde os trópicos até as regiões temperadas. te um integrante do ciado das eudicotiledôneas (Morgan e
Soltis 1993; Soltis e Soltis 1997; Soltis et al. 1993, 1997, 2000,
Gê neros / espé cies: 44 / 950. Principais gê neros: Thesium 2003a) e deve ser o grupo-irmão do ciado das rosídeas. Ela
(325 spp.), Phoradendron (250), Dendrophthora (100), Viscum é morfologicamente semelhante a Rosales (principalmente
(130) e Arceuthobium (46). Comandra, Geocaulon, Pyrularia, a Rosaceae), mas a principal família, Saxifragaceae, pode ser
Nestronia, Buckleya e os parasitas de caule Phoradendron e Ar¬ facilmente separada de Rosaceae peia ausê ncia de estipulas,
ceuthobium ocorrem nos Estados Unidos e/ou no Canadá. pelo menor nú mero de estames, pelos frutos capsulares e
pelas sementes com endosperma bem desenvolvido. A or ¬

Importância económica e produtos: Santalum (sâ ndalo) é dem é caracterizada por apresentar ápice floral côncavo no
utilizado para fazer incenso, e é a fonte do óleo aromático início do desenvolvimento e carpelos Livres, pelo menos api ¬
utilizado em cosmético. Viscum album e Phoradendron leuco- calmente; muitas espécies também apresentam flores com
carpon são vendidos na Europa e nos Estados Unidos, res- hipanto. Integrantes desse grupo retiveram a plesiomorfia de
pectivamente, como ornamentos de Natal. Muitas espécies flores 5- meras com peças livres.
são parasitas florestais em muitas partes do mundo, onde
afetam o crescimento das árvores, o vigor, a frutificação e a Saxifragaceae A. L. de Jussieu
qualidade da madeira. Arceuthobium é uma importante pra ¬
ga de coníferas no oeste dos Estados Unidos. Os haustórios
(Família do gênero Saxifraga )
causam grandes nós, deformações na madeira e adensa ¬
Ervas; elementos de vaso com perfurações simples; mui ¬

mentos anormais de ramos. Assim, a madeira se toma im ¬ tas vezes com taninos, às vezes com compostos cianogênicos.
própria para o uso. Pêlos freqiientemente simples. Folhas geralmente alternas e
espiraladas, às vezes em roseta basal, simples a compostas
Discussão: aqui, a família é amplamente circunscrita, in ¬ pinadas ou palmadas, inteiras a serreadas ou denteadas, com
cluindo o característico ciado de parasitas de caules ou epífi- venação peninérvea a palmada; estipulas ausentes (ou re ¬
tas cujos caules se desprendem facilmente na constrição dos presentadas pelas margens expandidas da base do pecíolo) .
nós (p. ex„Viscum, Phoradendron, Dendrophthora e taxa afins; Inflorescê ncias determinadas a indeterminadas, em geral
freqiientemente segregados comoViscaceae). Os integrantes terminais. Flores bissexuais a unissexuais (flores monóicas a
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FIGURA 9 S4 Santalaceae. ( A-L) Phoradendron leucarpon: (A) ramo com flores e
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frutos (x 1,5); (B) infloresc ência (x 12); (C) detalhe de um entren ó fértil de uma in-
floresc ència estaminada com flores abertas ( x 18); (D) flor estaminada em secção
longitudinal, antera séssil à direita e gineceu est é ril no centro (x 75); (E) tépala
i: :
com antera s éssil (x 75); (F) o mesmo, visto de cima, mostrando a deiscência po-
ricida da antera í x 75 ); (G) inflorescência carpelada (x 12); (H) flor carpelada em
sec ção longitudinal mostrando o grande disco nectar í feroe estigma; o pontilha ¬

do indica a região dos óvulos indiferenciados (x 75); (I) detaihe da infrutesc ência,
mostrando duas bagas (x 9); (J) baga em secção transversal, endosperma ponti ¬

lhado, embrião no centro (x 18); (K) semente (x 18); ( L) semente em sec ção, en ¬

dosperma pontilhado, embrião em branco ( x 18). (M) P. rubrum: á pice de planta


estaminada (x 3). (Fonte: Kuijt 1982,1Arnold Arbor. 63 : p. 406.)
340 JUOD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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.
FIGURA 9 S 5 Saxifragaceae. Mitella diphylla: (A) planta florida (x 0,75);
(B) detalhe do racemo (x 4); (C) flor (x 15); (D) flor em secção longitudi¬ Fórmula floral:
nal (x 17);(E) antera deiscente (x 35);(F) cápsula imatura (x 9);(G) ápice
da c ápsula imatura {x 9); (H) receptáculo floral e cápsula em secção * , 10,4-5,), C \ 4-5,, Ayí -10,, G< 2-5,'; c ápsula, folículos
.
transversal (x 9); (I) cápsula ereta e deiscente (x 9); (J) semente (x 17)
. .
(Fonte; Spongberg 1972, J ArnoldArbor 53; p. 426 ) .

Distribuição e ecologia: amplamente distribuída em re ¬

± dióicas), radiais a bilaterais, com hipanto variavelmente de giões temperadas e árticas, sobretudo do Hemisfério Norte,
senvolvido. Sépalas geralmente 4 ou 5,livres a conatas. Pétalas e prinripalmente em ambiente montanhoso.
geralmente 4 ou 5, livres, com frequência ungiiiculadas, às vezes
variavelmente partidas, imbricadas ou convolutas, às vezes Gêneros / espécies: 30/550. Principais gêneros: Saxifraga
reduzidas ou ausentes. Estames geralmente 3-10; grãos de (325 spp.), Heuchera (55), Chrysosplenium (55), Mitella (20) e
pólen geralmente tricolpados ou tricolporados. Carpelos 2 Astilbe (20). Além dos gêneros supracitados, gêneros notáveis
(-5), ± conatos ou menos freqúentemente livres; ovário s pero das regiões mais frias dos Estados Unidos e no Canadá são
a ínfero, com placentação axial ou lateral; estigmas separados, Boykinia, Leptarrhena, Sullivantia,Tellima, Tolmiea e Tiarella.
capitados. Óvulos geralmente numerosos em cada placenta,
com 1 ou 2 tegumentos. Disco nectar ífero freqúentemente Import ância económica e produtos: Saxifraga, Astilbe e
presente ao redor da base do ovário. Fruto cápsula septicida ou alguns outros poucos gêneros são cultivados em jardins ru ¬

folículo (Figura 9.55). pestres.


SISTEMáTICA VEGETAL 341

Chave para as principais famílias de Saxifragales

1. Plantas lenhosas e não-suculentas 2


1. Plantas herbáceas e/ou suculentas 6
2. Folhas dos caules longos opostas; frutos folículos; plantas dióicas . Cerridiphyllaceae
2. Folhas sempre alternas; frutos cápsulas ou bagas; plantas com flores
geralmente bissexuais ou, se unissexuais, plantas monóicas 3
3. Presença de canais resiníferos no caule e nas folhas, estas ltimas com odor
adocicado-resinoso quando esmagadas; flores unissexuais, flores carpeladas em
glomérulos, os gineceus de flores adjacentes amadurhcem e formam um fruto
m ltiplo, globoso; cada cápsula rodeada por numerosos lobos minúsculos ou escamas . . . Altingiaceae
3. Ausência de canais resiníferos; folhas sem odor adocicado; flores bissexuais ou,
se imperfeitas, flores carpeladas não como indicado acima; frutos não múltiplos,
às vezes rodeados por um cálice persistente, mas nunca por lobos numerosos ou escamas . . . 4
4. Estiletes 2; hipanto ± ausente; pétalas frequentemente alongadas e onduladas;
anteras geralmente abrindo por valvas; pêlos + estrelados Hamamelidaceae
4. Estilete 1; hipanto presente, curto a alongado; pétalas variadas, mas nunca onduladas;
anteras deiscentes por fendas; pêlos não estrelados 5
5. Folhas com venação peninérvea a palmada; flores com hipanto conspícuo
estendendo-se acima do ovário ínfero; placentação parietal; fruto baga
5. Folhas com venação peninérvea; flores com hipanto curto e ovário súpero;
placentação axial; fruto cápsula
6. Plantas aquáticas geralmente submersas a emersas; flores inconspícuas,
solitárias e axilares ou em espigas terminais; óvulo 1 por carpelo; fruto nucóide
ou drupáceo, às vezes esquizocárpico
6. Ervas terrestres ou suculentas; flores conspícuas, geralmente em inflorescências variadas e
determinadas; óvulos poucos a numerosos por carpelo; fruto cápsula ou agregado de folículos . 7
7. Plantas suculentas; carpelos em número igual ao das pétalas, livres ou
unidos apenas na base; cada carpelo subtendido por uma glândula nectar ífera
em forma de escama; hipanto geralmente ausente
7. Plantas não suculentas; carpelos em número geralmente menor ao das pétalas, geralmente
± conatos; carpelos individualmente não associados com glândulas de néctar,
mas um disco nectarífero pode estar presente; hipanto variadamente desenvolvido

Discussão: Saxifragaceae, como aqui circunscrita, é conside ¬ Mesmo alguns taxa herbáceos não estão proximamente
rada monofilética com base em sítios de restrição de cpDNA relacionados com Saxifragaceae, como aqui reconhecido; por
em sequências de rbcL, matK e 18S (Chase et al.1993; Johnson exemplo, Pamassia e Lepuropetalon (Pamassiaceae) estão rela ¬

e Soltis 1994; Morgan e Soltis 1993; Soltis e Soltis 1997; Soltis cionadas com Celastraceae!
et al. 1993, 1997) e em morfologia. Além disso, os integrantes Até recentemente, as relações internas dentro de Saxifra ¬
da família partilham uma deleção no íntron rpl2. gaceae s.s. têm sido pouco compreendidas, provavelmente
Saxifragaceae tradicionalmente tem sido amplamente em decorrência de uma diversificação presumivelmente rá ¬
circunscrita, incluindo taxa lenhosos e herbáceos com folhas pida e recente desse grupo em regiões frias a temperadas. A
opostas ou alternas, e tem sido impossível caracterizá-la (ver delimitação de alguns gêneros é problemática; muitos são
Engler 1930; Schulze - Menz 1964). Agora está claro que este monotípicos e alguns não devem ser monofiléticos (p. ex., Sa -
grupo amplamente definido é polifilético (Chase et al. 1993; xifraga e Mitellá) (Soltis e Kuzoff 1995; Soltis et al. 1993, 1996,
Hufford 1992; Morgan e Soltis 1993; Soltis e Soltis 1997; 2001). Eventos de hibridização às vezes causam problemas
Soltis et al. 1997). É provável que alguns dos taxa arbustivos taxonômicos, e muitos eventos intergenéricos de captura de
previamente associados com Saxifragaceae (p. ex., Itea e Ri¬ cloroplasto têm recebido forte suporte (Soltis et al. 1991; Sol¬
fles) estejam proximamente relacionados com as saxifragas tis e Kuzoff 1995). No entanto, sequências de nucleotídeos de
herbáceas (Saxifragaceae, como aqui delimitada), enquanto matK, rbcL, tmL - F, psbA-tmH e sítios de restrição de cpDNA
outros (p. ex., Hydrangea e Philadelphus ) estão relaciona ¬ (Johnson e Soltis 1994; Soltis et al. 1991, 1995, 1996, 2001)
dos com vários grupos dentro do ciado das asterídeas (ver sustentam o reconhecimento de muitos grupos monofiléticos
Hydrangeaceae). dentro de Saxifragaceae.
1
342 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

As flores de Saxifragaceae (Prancha 9.8H) são poliniza ¬ Discussão: análise de sequências de rbcL e 18S rDNA, junto
das por diversos insetos pequenos e com língua curta (prin ¬ com caracteres morfológicos, sustentam a monoíilia de Cras¬
cipalmente moscas e abelhas) que coletam néctar e/ou pólen. sulaceae (Chase et al. 1993; Morgan e Soltis 1993; Soltis e
As numerosas e pequenas sementes de Saxifraga, Suksdorfia Soltis 1997; Soltis et al. 1997).
e Boykinia estão dispostas sobre pedicelcs finos e provavel¬ A família consiste em dois ciados principais; Crassuloi-
mente são chacoalhadas pelo vento ou por animais de passa ¬
deae (p. ex., Tillaea e Crassula), diagnosticada peias flores
gem. Em Chrysosplenium e Mitella as cápsulas são eretas e as com um nico verticilo de estames e óvulos com megaspo¬
sementes são removidas pela chuva. Reprodução vegetativa rângio fino, e Sedoideae (p. ex, Aconium, Kalanchoe, Sedum,
ocorre por meio da produção de bulbilhos, viviparidade, es- Echeveria,Villadia e Sempervivum ) , diagnosticado pela testa
tolões e rizomas. da semente geralmente costada. Sedoideae reteve a condi ¬
ção plesiomórfica do megasporângio com parede espessa
Referências adicionais: Soltis and Hufford 2002; Spong-berg e presença de dois verticilos de estames. Dentro de Sedoi ¬
1972.
deae, o ciado Kalanchoe deve ser o grupo-irmão dos demais
taxa. O ciado Kalanchoe apresenta flores simpétalas e folhas
Crassulaceae J. St. Hilaire opostas, enquanto os demais gêneros (p. ex., o ciado Sedum )
(Família do calanchoê) geralmente apresentam pétalas livres e folhas alternas. A mo-
nofiíia do ciado Sedum pode ser sustentada por suas folhas
Ervas suculentas a arbustos; caule frequentemente com fei ¬
alternas, assumindo que as condições opostas e decussadas
xes vasculares corticais ou medulares; com metabolismo de Crassuloideae e do ciado Kalanchoe sejam plesiomórficas.
ácido crassuláceo (CAM); presença de taninos; frequente ¬

Sequências de matK e sítios de restrição sustentam forte ¬


mente com alcaloides, às vezes com compostos cianogênicos. mente a monofilia de Crassuloideae e Sedoideae (Mort et al.
Pêlos simples, mas as plantas comumente glabras e glaucas. 2001; van Ham 1994; van Ham e t'Hart 1998) . Muitos gê neros
Folhas alternas e espiraladas, opostas, ou verticiladas, às ve ¬ atualmente reconhecidos (em especial Sedum ) provavelmente
zes em roseta basal, simples ou raramente pinado-compos- são poliíiléticos (Mort et al. 2001). A hibridização é frequente,
tas, inteiras a crenadas, dentadas ou seneadas, suculentas, inclusive entre integrantes de diferentes gêneros, o que não é
com venação peninérvea, mas nervuras frequentemente in- surpreendente, considerando-se a não-monofilia de Sedum e
conspícuas; estipulas ausentes. Inflorescências determinadas, de alguns outros gêneros.
às vezes reduzidas a uma flor solitária, terminais ou axilares. A família é de interesse fisiológico, pois apresenta meta ¬
Flores geralmente bissexuais, radiais, sem hipanto. Sépalas ge ¬ bolismo ácido crassuláceo (CAM), uma adaptação para há ¬
ralmente 4 ou 5, livres a conatas. Pétalas geralmente 4 ou 5, bitats áridos. Os estômatos abrem principalmente à noite e
livres a conatas (e então formando uma corola ± tubulosa), se fecham durante o dia, reduzindo assim a perda de água.
imbricada. Estames 4 a 10; filetes livres a ligeiramente conatos, A fixação de carbono ocorre nas folhas durante a noite, pro¬
adnatos ou não à corola; anteras deiscentes por um poro ter ¬

movendo a formação de ácido málico. Durante o dia, quando


minal; grãos de pólen tricolporados. Carpelos geralmente 4 ou os estômatos estão fechados, o carbono fixado é reduzido a
5,livres a ligeiramente conatos na base; ovários sú peros, com pla- carboidrato. Outras adaptações para ambientes áridos são as
centação lateral (ou axial na base se os carpelos estão fusio ¬ folhas suculentas com abundante tecido de reserva de á gua e
nados); estigmas diminutos. Cada carpelo subtendido por a presença de cutícula de cera espessa cobrindo a epiderme
uma glândula nectar ífera em formato de escama. Óvulos (Prancha 9.8G).
poucos a numerosos por carpelo; parede do megasporângio As flores da maioria das Crassulaceae são polinizadas por
fina ou espessa. Fruto agregado de folículos, raramente cá psula diversos insetos, mas algumas espécies de Kalanchoe apre ¬

(Figura 9.56) . sentam corolas simpétalas vistosas e são polinizadas por aves.
As flores são frequentemente protândricas, o que promove
a polinização cruzada; contudo a autopolinização também
Fórmula floral: pode ocorrer. As diminutas sementes de Crassulaceae prova ¬
*, K @, Ci@, A'3 1QJ, G4-5; folículos velmente são dispersas pelo vento. A reprodução vegetativa
também é comum; algumas espécies de Kalanchoe produzem
numerosos propágulos a partir de gemas adventícias associa ¬
das com os dentes foliares (Prancha 9.8B).
Distribuição e ecologia: amplamente distribuída desde
regiões tropicais até boreais; muito frequente em hábitats Referência adicional: Spongberg 1978.
áridos.
Hamamelidaceae R. Brown
Gêneros/espécies: 35/1.500. Principais g êneros: Sedum
(450 spp.), Crassula (300), Echeveria (150) e Kalanchoe (125).
(Família do hamamélis)
Esses gêneros, junto com Diamorpha, Dudleya, Graptopetalum, Arbustos ou árvores; presença frequente de taninos. Pêlos
Lenophyllum e Villadia, ocorrem nos Estados Unidos e/ ou no estrelados. Folhas alternas, frequentemente dísticos, simples,
Canadá. inteiras a seneadas, com venação peninérvea ou palmada;
presença de estipulas dispostas na região do caule adjacente à
Importância económica e produtos: Sedum, Echeveria , Ka¬ base do pecíolo. Inflorescências indeterminadas, em geral for¬
lanchoe e Sempervivum são cultivados como plantas ornamen ¬ mando espigas, racemos ou glomérulo; terminais ou axila ¬
tais devido a suas caracter
ísticas folhas suculentas. res. Flores bissexuais ou unissexuais ( então, plantas monóicas ),

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SISTEMáTICA VEGETAL 343

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FIGURA 9.56 Crassulaceae. (A-D) Sedum pulchelum : (A) roseta inver- imaturos (x 1,5); (H) folículos maduros e deiscentes (x 1,5); (I ) semente
nal (x 0,75); (8) caule florido (x 1,5); (C) flor ( x 8); ( D) secção transversal (x 35); (J ) embri ã o {x 35). ( K) S. glaucophyllum: caule com folhas (x 1,5).
.
através de quatro carpelos do gineceu (x 30). ( E-J ) 5 pusillum: (E) h á bi- ( L) S. ternatum: caule com folhas (x 0,75) . ( M) S. telephioides: contorno
to, planta adulta ( x 1,5); ( F) fol ículos imaturos em secção longitudinal, da folha (x 0,75). ( Fonte: Spongberg 1978, J.ArnoldArbor. 59: p. 206.)
observe os nect á rios (em preto ) na base dos carpelos (x 9); (G ) fol ículos

geralmente radiais, vistosas a inconspícuas. Sépalas geralmen- rados. Carpelos 2 e pelo menos ligeiramente conatos: ov ário se¬
te 4 ou 5, livres a conatas, em geral imbricadas. Pétalas ge- mi-ínfero a í nfero, com placenta ção axial; estiletes livres, ±
ralmente 4 ou 5, livres, imbricadas , valvadas, ou frequentemente recurvados, geralmente persistentes; estigmas 2, alongados ao
drcinadas no bot ão, à s vezes ausentes. Estames 4 ou 5 e alter- longo da superfície adaxial do estilete, ou capitados. Óvulos
nando com estamin ódios, ou numerosos; anteras geralmente 1 a muitos por lóculo. Néctar às vezes produzido por esta -
deiscentes por 2 valvas; grãos de pólen tricolpados a tr ícolpo - min ódios ou pela superf ície interna e basal das pétalas. Fruto

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1
344 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DOIMOGHUE

cá psula loculicida a septicida, lenhoso a coriáceo, com exocarpo e estão agregadas e circundadas por brácteas vistosas da in-
lenhoso e endocarpo duro; sementes com testa espessa e florescência. As reduzidas flores de Distylium são polinizadas
dura (Figura 9.57). pelo vento. Fothergilla apresenta filetes vistosos e inflados e
provavelmente deve ser secundariamente polinizado por
insetos. A dispersão balística devido à ejeção da semente é
Fórmula floral: comum. Muitas espécies crescem ao longo de riachos e são
*, K

'4-5,', C4-5 ou 0, A4 G (5) ; capsula
dispersas, ao menos parcialmente, pela água.
Referências adicionais: Emst 1963b; Hufford and Endress
1989; Tiffney 1986.
Distribuição: esparsas em regiões tropicais a temperadas.
Altingiaceae Horan
Gêneros /espé cies: 25/80. Principais gêneros: Corylopsis (Família do Liquidambar )
(20 spp.) e Distylium (15). Hamamelis e Fothergilla ocorrem
nos Estados Unidos e/ou no Canadá. Arbustos ou árvores; presença de canais secretores contendo
compostos resinosos aromáticos na casca, no lenho e nas
folhas; presença de iridóides; com frequência presença de
Importância económica e produtos: muitos gêneros for ¬
taninos. Pêlos simples. Folhas alternas e espiraladas, simples,
necem árvores ou arbustos ornamentais, incluindo Hama¬ com frequência palmado-lobadas, inteiras a semeadas, com ve ¬
melis, Corylopsis, Distylium, Fothergilla, Loropetalum e Rho-
nação peninérvea ou palmada; presença de estipulas, dispos¬
doleia. Um extrato da casca de Hamamelis é usado como
tas na base do pecíolo. Inflorescências indeterminadas, as
adstringente.
estaminadas em racemos terminais de agregados globo¬
sos de estames, as carpeladas em um glomérulo globoso
Discussão: a família é variável, com muitos gêneros morfo ¬
longo-pedunculado (Prancha 9.8Q. Flores unissexuais (e
logicamente distintos. Sua monofilia às vezes tem sido ques ¬
plantas monóicas), radiais, inconspícuas. Tépalas ausentes
tionada (Schwarzwalder e Dilcher 1991; Soltis e Soltis 1997;
mas flores carpeladas circundadas por numerosos lobos
Soltis et al. 2000), e Liquidambar e taxa afins são aqui segre ¬ diminutos ou escamas alongadas (flores estéreis ou peças
gados como Altingiaceae. Altingiaceae é caracterizada por periânticas). Estames numerosos; anteras alongadas, deis-
estipulas na base do pecíolo, presença de canais resiníferos, centes por fendas; grãos de pólen poliporados. Carpelos 2,
folhas espiraladas, flores unissexuais sem perianto, monoe-
cia, anteras alongadas, cápsulas arranjadas em glomérulos
-
ligeiramente conatos; ovário ± semi ínfero, com placenta-
ção axial; estiletes livres, ± recurvados, persistentes; estigmas 2,
congestos e globosos e característicos grãos de pólen com
alongados ao longo da superf ície adaxial do estilete. Muitos
quatro ou mais aberturas. Apêndices florais persistentes óvulos por lóculo. Nectários ausentes. Fruto cá psula septicida,
( possivelmente peças periânticas) circundam o fruto. Essa
gineceus adjacentes combinando-se para formar um fru¬
família é facilmente separada de Hamamelidaceae, que apre ¬

to m ltiplo globoso; sementes frequentemente aladas.


senta estipulas dispostas no caule, folhas frequentemente
dísticas, flores geralmente bissexuais com peças periânticas
evidentes, anteras mais curtas, frutos em espigas, racemos e Fórmula floral:
glomérulos não- globosos e pólen geralmente tricolpado ou
tricolporado. Flor estaminada: *, T-0-, Aoo, G0
Muitas subfamílias são reconhecidas dentro de Hama ¬
Flor carpelada: *, -«- [lobos diminutos], A0, G-@ ;
melidaceae, mas a maioria das espécies pertence a Hama - cápsula
melidoideae, um grupo provavelmente monofilético (Endress
1989a,b, 1993; Hufford e Crane 1989; Li et al. 1999). Hama-
melidoideae (p. ex„Corylopsis, Distylium, Fothergilla, Hamame ¬
Distribuição: família temperada a tropical; Ásia Menor,
lis e Loropetalum ) pode ser caracterizada por apomorfias como Sudeste da Ásia, Leste da América do Norte at é América
anteras com valvas, estigmas pequenos e folhas com venação Central.
peninérvea com as nervuras secundárias terminando no den ¬
te. A maioria das Hamamelidoideae também apresenta fo ¬ Gêneros/ espécies: 1-3/12. Principais g êneros: Altingia
lhas dísticas, carpelos com um único óvulo e sementes com (7spp.) e Liquidambar (4). Apenas Liquidambar ocorre nos Es ¬
dispersão explosiva. Distylium, Fothergilla e taxa afins devem tados Unidos.
formar um ciado caracterizado pela perda das pétalas e pelas
flores agregadas em inflorescências mais ou menos capitadas Import ncia económica e produtos: uma goma perfumada
(Endress 1989a). Um possível ciado contendo Hamamelis, Lo¬ é obtida de muitas espécies de Liquidambar. Muitas espécies
ropetalum e taxa afins apresenta pétalas particularmente alon ¬ desse gênero são cultivadas como ornamentais. Altingia e Li¬
gadas (Prancha 9.8D) que se apresentam circinadas no botão quidambar fornecem madeira.
(Figura 9.57C) (Endress 1989a); esse ciado, no entanto, não é
sustentado por sequências de 1TS (Li et al. 1999). Discussão: a monofilia de Altingiaceae é sustentada por
Tanto polinização pelo vento quanto por insetos (prin ¬ numerosos caracteres morfológicos e sequências de DNA
cipalmente moscas e abelhas) ocorrem na família (Endress (Ickert-Bond et al. 2005; Ickert -Bond e Wen 2006). O grupo é
1977); néctar e pólen podem ser as recompensas para os po- facilmente separado de Hamamelidaceae, na qual às vezes é
linizadores. As flores de Rhodoleia são polinizadas por aves incluído (ver discussão em Hamamelidaceae). #
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SISTEMáTICA VEGETAL 345

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FIGURA 9.57 Hamamelidaceae. (A-J) Hamamelis vernalis: (A ) ramo (x 22); (F) estame, mostrando o conectivo (x 22); (G) estaminódios (x
florido, na primavera { x 1,5); (B) infloresc ência com três flores, pétalas 22); (H) ramo no outono, com frutos e botões florais (x 0,75); (I) cá psula
removidas para mostrar sépalas e br ácteas (x 6); (C) flor ( x 6); (D) flor (x 3); (J) semente (x 6). (K) H. virginiana: flor (x 8). (Fonte; Ernst 1963, 7.
em secção longitudinal, estame à direita removido para mostrar o es- ArnoldArbor. 44: p.198.)
taminódio oposto à pétala (x 8); (E) dois estames, mostrando as valvas

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346 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

A espécie do Oeste Asiático Liquidambar orientalis e a terminais, mas geralmente parecendo opostas às folhas devido
norte-americana L styraciflua formam um ciado, enquanto L ao crescimento de um ramo axilar desde a axila da folha oposta.
formosa e L. acalycina, ambas do Sudeste Asiático, estão rela ¬ Flores bissexuais ou unissexuais (então plantas poligamodi-
cionadas a um grupo de esp écies também do Sudeste Asiá ¬ óicas ou mon óicas), radiais. S é palas geralmente 4-6, ± conatas,
tico, mas do gênero Altingia; nem Liquidambar, nem Altingia pequenas, freqiientemente representadas por um anel in -
são monofiléticos (Ickert-Bond et al. 2005; Ickert- Bond e Wen conspicuamente dentado ou lobado. Pétalas geralmente 4- 6 ,
2006). livres ou falsamente conatas na porção distai (devido a papilas
As flores de Altingiaceae são polinizadas pelo vento, e as entrelaçadas, como em Vitis ) e durante a florada, decíduas
sementes, frequentemente aladas, são dispersas pelo vento. como um capuz, valvadas. Estames geralmente 4-6 , opostos às
pé talas, às vezes conatos; grãos de pólen tricolporados. Car
Referências adicionais: Endress 1989a, 1993; Emst 1963b.
pelos 2, conatos; ovário supero, 2-locular ou 4-locular (por divi
-
¬

são secundária), com placentação axial; estigma geralmente


CLADO DAS ROSÍDEAS' capitado. Óvulos 2 por lóculo. Disco nectarífero proeminente,
geralmente formando um anel entre o ovário e os estames.
A monofilia deste agrupamento heterogéneo de ordens tem Fruto baga, sementes 4, com exotesta fina e transparente e en-
sido sustentada por análises de sequências de rbcL, atpB, matK dotesta dura, com rafe cordiforme na superf ície adaxial
e 18S rDNA (ver Judd e Olmstead 2004; Soltis et al. 2005) . A estendendo-se desde o hilo até o ápice da semente e
maioria dos integrantes deste grupo pertence a um dos dois para dentro da face abaxial convexa, onde se junta a um
principais subclados, aqui chamados de fabídeas (ou eurosí- nó calazal linear, deprimido ou levemente elevado, e
deas I: Zygophyllales, Celastrales, Malpighiales, Oxalidales, também com um profundo sulco de tamanho e formato
variáveis que rodeia os lados da rafe; endosperma 3-lo
Fabales, Rosales, Cucurbitales e Fagales) e malvídeas (ou eu -
bado (Figura 9.58).
-
rosídeas II: Brassicales, Malvales e Sapindales). A posição de
Myrtales ainda não está clara (seja dentro de malvídeas ou
fabídeas), e aqui é listada e tratada entre esses dois princi ¬
pais ciados. O suporte para os dois grupos provém de recen Fó rmula floral: * , K@ C@ A4-5, G(g); baga
tes análises filogenéticas baseadas em caracteres moleculares
¬
'
(Angiosperm Phylogeny Group 1998, 2003; Hilu et al. 2003;
Soltis et al. 2000). Rosales, Fabales, Cucurbitales e Fagales Distribuição: amplamente distribuída, porém mais diversa
aparentemente formam um ciado, e resulta notável que al ¬ em regiões tropicais e subtropicais.
guns integrantes de todas essas ordens apresentam n ódulos
fixadores de nitrogénio nas raízes (geralmente habitados por G êneros / espé cies: 14/ 725 . Principais g êneros: Cissus
Frankia, mas por Rhizobium em Fabaceae; Soltis et al. 1995). A (300 spp.), Viris (60), Leea (24), Ampelopsis (20) e Parthenocis-
posição de Saxifragales ainda é um tanto problemática; talvez sus (15). Todos esses gêneros, exceto Leea, ocorrem nos Esta
perten ça ao ciado das rosídeas. dos Unidos e/ou no Canadá.
¬

Vitales Importância econó mica e produtos: muitas esp écies de


Vitis são de grande importância económica, pois são a fonte
Vitaceae A. L. de Jussieu das uvas, do suco de uva e do vinho. Parthenodssus e Leea são
(Família da videira) cultivados como ornamentais.
Geralmente lianas com gavinhas opostas às folhas ( inflorescên - Discuss o: Vitaceae é facilmente reconhecida e com certeza
cias modificadas ) que se enrolam ou aderem ao substrato por meio
é monofilética (Ingrouille et al. 2002; Soejima e Wen 2006;
de discos adesivos, ou arbustos sem gavinhas, caule com nós Soltis et al. 2000). Leea é o grupo-irmão dos demais gêneros
± engrossados; freqiientemente com sacos de raf í deos. da família, que partilham o h á bito lianescente e as gavinhas
Pêlos variados. Folhas alternas, espiraladas ou d ísticas, simples opostas às folhas. Os gêneros de Vitaceae sã o separados com
a compostas palmadas ou pinadas, com venação palmada a pe- base na estrutura do disco nectar
ninérvea; presença de estipulas. Infiorescências determinadas, ífero, na configuração do en ¬
dosperma em secção transversal, no comprimento do estilete

FIGURA 9.58 Vitaceae.{A-R) Vitis rotundifolia: (A) porção de caule flo ¬ ve a rafe e o n ó calazal arredondado (x 4); ( M, N ) sementes, superf ície
rido (x 0,5); ( B) flor estaminada, observe que as pétalas ca íram (x 8); adaxial (x 4); (O) semente em secção transversal, observe o endosper-
(C) inflorescê ncia oposta a um pec íolo ( x 0,33); ( )
D bot ã o floral com ma trilobado ( pontilhado) (x 8); ( P) semente em secção longitudinal,
pétalas falsamente conatas (x 10); (E) flor bissexual desabrochando, as endosperma pontilhado, embri ã o pequeno, observe o n ó calazal ( es¬
pétalas formando um capuz (x 10); ( F) flor bissexual, observe as péta ¬ trutura circular à esquerda ) (x 8); (Q-R) embrião ( muito aumentado).
las falsamente conatas caindo como um capuz (x 10); (G ) gineceu em (S-W ) V. vulpina: (S) porçã o de caule com infrutescè ncia e folha oposta
secçã o longitudinal ( x 20); ( H ) ová rio em secçã o transversal mostrando
quatro óvulos (x 20); (I ) ramo com gavinha oposta à folha e infrutes
-
(x 0,5); (T V ) sementes, face abaxial (x 4); ( W ) semente ,
face adaxial (x
- 4). (Ilustraçã o original preparada para o projeto Generic Flora of the
cência (x 0,5); (J ) baga em secçã o transversal (x 4); ( K) semente com Southeastern U.S. Utilizada com autorização.)
exotesta membranosa aderida (x 4); ( L) semente, face abaxial, obser-
SISTEMáTICA VEGETAL 347

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348 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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ZygophyUales: ZygophyUaceae Oxalidales: Oxalidaceae -


O. pes caprae: flor dissecada,
Guaiacum sanctum: flor -
Oxalis pes caprae: flores mostrando androceu
e gineceu
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Celastrales: Celastraceae
Euonymus americanus: ramo
com cápsulas e sementes ariladas
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Celastrales: Celastraceae
Celastrus scandens: flores

PRANCHA 9.9 Eudicotiled ôneas: Geraniales


ZygophyUales, Oxalidales e Celastrales
Geraniales: Geraniaceae
Geranium maculatum: fruto

e no n mero e conação das pétalas. Alguns aparentemente com venação ± palmada; estipulas geralmente presentes.
não são monofiléticos (Ingrouille et al. 2002), e tem aconteci ¬ Inflorescê ncias determinadas, com frequência umbeladas,
do considerável paralelismo no formato das folhas e gavinhas às vezes reduzidas a uma flor solitária, terminais ou axilares.
e na forma da inflorescência. Flores em geral bissexuais, radiais ou bilaterais. Sépalas ge¬
As pequenas flores, com seus nectários expostos, são visi¬ ralmente 5, livres ou basalmente conatas, ocasionalmente a
tadas por abelhas, vespas, moscas e coleópteros. Ocorre tanto mais apical modificada como um esporão secretor de n éctar
a polinização cruzada quanto a autopolinízação. Os frutos que se toma parte integrante do pedicelo. Pétalas geralmente
carnosos são dispersos por animais. 5, livres, frequentemente emarginadas, em geral imbricadas.
Estames (5-) 10-15; filetes livres a ligeiramente conatos;
Referências adicionais: Brizicky 1965b; Gerrath et al. 2001. grãos de pólen frequentemente tricolporados. Carpelos ge ¬
ralmente 5, conatos; ovário supero,± lobado, com placentação
Geraniales axial e geralmente com uma coluna estéril, alongada, proemi¬
nente e terminal; estilete 1, estigmas 5, livres, ± alongados.
Geraniaceae A. L. de Jussieu Óvulos 2 por lóculo, anátropos a campilótropos. Glânduias
(Família dos gerânios) nectar íferas alternando com as pétalas (ou ausentes). Fruto
esquizocárpico com 5 segmentos misseminados que se separam
Em geral ervas a subarbustos, caule geralmente articulado nos elasticamente da coluna central persistente e muitas vezes se
nós. Pêlos simples, frequentemente glandulosos e com óleos aro¬ abrem para liberar as sementes, ou cápsula loculicida (Hyp -
máticos. Folhas alternas e espiraladas, ou opostas, simples e pal- seocharis ); embriã o reto a curvo; endosperma escasso ou
mado-lobadas , partidas ou compostas, ± serreadas a inteiras, ausente (Figura 9.59).
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SISTEMáTICA VEGETAL 349

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FIGURA 9.59 Geraniaceae. ( A -J ) Geranium maculatum: (A) planta flo ¬ curvados (x 3); (H) semente ( x 7,5); (I) embrião em sec ção transversal
rida (x 0,5 ); (B) flor (x 2,25); (C) estame do verticiío externo (x 6); (D) mostrando os cotilédones dobrados (x 7,5). (K-M) G. carolinianum: (K)
gineceu com glândulas nectaríferas no receptáculo ( abaixo do ov ário ramos com flores e frutos (x 0,5); (L) flor com estigmas receptivos, qua
¬

pubescente) (x 6); (E) gineceu em sec ção longitudinal (x 9); (F) ovário se todas as anteras caíram (x 4,5); (M) fruto maduro antes da deiscên ¬

em secção transversal (x 12); (G) fruto deiscente mostrando os seg ¬ . .


cia {x 3). (Fonte: Robertson 1972, J. ArnoidArbor . 53;p 190 )
mentos aderidos e apêndices higrosc ó picos em forma de aristas re ¬

f
T
350 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

à contração da parede do carpelo. Em Erodium, Pelargonium e


Fórmula floral: algumas espécies de Geranium, os segmentos do esquizocarpo
retém as sementes e se separam da coluna central. A porção
.
* ou X, K (5), C5, A( 10-15), G @; esquizocarpo, cápsula distai dos segmentos é higroscópica, e condições de umidade
variáveis fazem com que se contraia e descontraia repetida-
mente, forçando a semente contra o solo.
Distribuição: amplamente distribuída, sobretudo em re ¬
Referências adicionais: Boesewinkei 1988; Rama Devi 1991;
giões temperadas e subtropicais.
Robertson 1972a; Yeo 1984.
Gêneros / espécies: 7/ 750. Principais gêneros: Geranium
(300 spp.), Pelargonium (250) e Erodium (75) . Todos esses gê ¬ Fabídeas ( Eurosídeas I )
neros ocorrem nos Estados Unidos e/ou no Canadá.
Zygophyllales
Import ância económica e produtos: muitas espé cies de
Geranium, Pelargonium (gerâ nios) e Erodium são cultivadas Zygophyllaceae R Brown
como plantas ornamentais. O óleo de gerânio utilizado em (Família do pau -santo)
perfumaria é extraído de folhas e caules de muitas espécies Á rvores, arbustos ou ervas, com caules frequentemente simpodiais
de Pelargonium.
e articulados nos nós; xilema com elementos de vasos, tra-
queí des e fibras arranjados em fileiras horizontais; em
Discussão: a família geralmente tem sido considerada pró ¬ geral produzindo saponinas esteróides ou triterpenóides, ses-
xima de Oxalidaceae, mas análises cladísticas baseadas em
quiterpenos e alcaloides. Pêlos diversos. Folhas geralmente
DNA (Savolainen et al. 2000b; Soltis et al. 2000) sugerem que opostas, normalmente dísticas, em geral pinado-compostas,
está relacionada com Melianthaceae, Vivianiaceae e outras sem folíolo terminal, com frequência fortemente resinosas, fo-
duas pequenas famílias (APG 2003), e que Geraniales pos ¬
líolos inteiros, com vena ção peninérvea a palmada; em geral
sivelmente é o grupo-irmão de Crossomatales (Crossomata- com presença de estipulas. Inflorescências geralmente determi ¬
ceae, Staphyleaceae e taxa afins). Dentre as possíveis sinapo- nadas, às vezes reduzidas a uma flor solitária, terminais, mas
morfias morfológicas de Geraniales, encontramos o verticilo com frequência parecendo ser laterais. Flores geralmente bis¬
extemo de estames (ou o único, quando só há um) opostos sexuais, radiais. Sépalas geralmente 5, ± livres. Pétalas geralmen¬
às sé palas, o nectá rio floral posicionado fora do androceu e te 5, livres, geralmente ungiiiculadas, imbricadas ou convolutas.
as folhas glandulosas-dentadas. Além disso, os elementos de Estames 10-15; filetes geralmente associados com glândulas
vaso apresentam perfurações simples. basais ou apêndices; grãos de pólen frequentemente tricolpo-
Geraniaceae é um grupo monofílético muito bem defini ¬
rados. Carpelos geralmente 5, às vezes reduzidos a 2, conatos;
do, sustentado por sequências de rbcl (Price e Palmer 1993) . ovário supero, costado ou alado, com placentação axial; estig¬
Hypseocharis (geralmente incluído em Oxalidaceae) é o grupo- ma, geraimente 1, capitado a lobado. Óvulos 1 a muitos por
irmão dos outros gêneros da família . Esse gênero retém o ca ¬ lóculo, anátropos a ortótropos. Disco nectar ífero presente na
ráter plesiomórfico do fruto capsular. Todos os outros gêneros base do ovário. Fruto geralmente cá psula loculicida ou septicida
apresentam frutos esquizocárpicos, em geral com uma coluna ou esquizocarpo, às vezes espinhosos ou alado; sementes às vezes
central originada do estilete (ambas apomoríias). Flores bila ¬ ariladas; presença de endosperma.
terais e a presença de sépala como esporão são provavelmente
autapomorfias de Pelargonium, que é grupo-irmão do ciado que
contém Erodium, Geranium e taxa afins (Price e Palmer 1993).
Note-se que o esporão pode somente ser reconhecido como Fórmula floral:
uma linha indistinta e ligeiramente elevada no pedicelo. * , K5, C5, A10-15, G( 2 ; cá psula, esquizocarpo
As vistosas flores de Geraniaceae são polinizadas por di ¬

versos insetos; guias de néctar são comuns e o néctar é a re ¬

compensa floral. Muitas espécies são protâ ndricas e alógamas,


mas algumas são aut ógamas e ruderais. Os esquizocarpos da Distribuição e ecologia: amplamente distribuída em regiões
maioria das espécies de Geranium apresentam deiscência ex¬ tropicais e subtropicais, especialmente em há bitats áridos.
plosiva e ejetam as sementes (ou as sementes e as paredes dos
carpelos aderidas) a muitos metros de distância. A parte distai G êneros / espé cies: 26/ 200. Principais gê neros: Zygo -
e estéril do ovário se alonga muito no fruto (Prancha 9.9E; ver phyllum (80 spp.), Fagonia (40), Balanites (20) e Tribulus (20).
também Figura 9.59D e M). Na abertura do fruto, os segmen ¬ Os gê neros que ocorrem nos Estados Unidos são Guaiacum,
tos se separam da coluna central, e cada segmento está com ¬ Kallstroemia, Larrea, Porlieria, Tribulus e Zygophyllum.
posto por uma parte basal globosa (um dos lobos do ovário)
e uma porção terminal em forma de arista (camada externa Importância económica e produtos: espécies de Guaiacum
e fina da coluna). Os segmentos se curvam para cima e para fornecem madeira forte, pesada e autolubriíicante; a madeira
dentro (Figura 9.59G) e, assim, as sementes podem ser ejeta ¬ de Bulnesia é semelhante. A família também contém numerosas
das desde a parte globosa do segmento devido à dessecação e plantas ornamentais, incluindo Larrea, Guaiacum e Tribulus.

i
SISTEMáTICA VEGETAL 351

Discussão: Zygophyllaceae é um grupo isolado, que possi ¬

floral:
velmente é o grupo-irmão dos demais integrantes das Fabí- Fórmula
deas. A família é considerada monofilética com base em ca ¬
racteres de morfologia e DNA, após a segregação de alguns
* , K5, C5, A ® G(§>, cápsula, baga
gêneros (p. ex., Nitraria, Malacocarpus e Peganum) como Ni-
trariaceae (Sapindales) (Gadek et al.1996; Ronse Decraene et Distribuição: amplamente distribu ída, sobretudo em re ¬

al. 1996) . An álises de sequências de rbcL sugerem que Zygo ¬

giões tropicais e subtropicais.


phyllaceae é o grupo-irmão de Krameriaceae, uma pequena
família do Novo Mundo, parasita de raízes com flores bilate ¬

G êneros/espécies; 6 / 770. Principais g êneros: Oxalis


rais ressupinadas, c álice petalóide, duas pétalas muito modi ¬
(800 spp.) e Biophytum (70). Apenas Oxalis ocorre nos Estados
ficadas em glândulas secretoras de óleo e frutos globosos e
espinhosos (Cronquist 1981, Kallersjõ et al. 1998; Savolainen Unidos e no Canadá.
et al. 2000b; Soltis et al. 2000).
Análises de sequências de rbcL e tmL- F (Sheahan e Chase Importância económica e produtos: Averrhoa carambola
2000) sugerem que, dentro de Zygophyllaceae, os principais (carambola) fornece frutos comestíveis; existem diversos cul ¬

ciados são Tribuloideae (p. ex., Tribulus, Kallstroemia e Balani - tivares que diferem no grau de acidez (conteúdo de oxalato).
tes ) , Larreoideae (p. ex., Bulnesia, Guaiacum e Larrea) e Zygo- As túberas de Oxalis tuberosa (oca) são consumidas nos países
phylloideae (p. ex., Fagonia e Zygophyllum ) . .
andinos da América do Sul.
As flores vistosas e nectar íferas são polinizadas por
diversos insetos (Prancha 9.9 A) . As cápsulas de Guaiacum Discussão: A monofilia de Oxalidaceae é sustentada por
abrem expondo
, as sementes coloridas ariladas, e devemcaracteres morfológicos e de DNA (Price e Ralmer 1993).
ser dispersas por aves . Os esquizocarpos alados de Bulnesia Oxalidaceae tem sido geralmente considerada como
são dispersos pelo vento, enquanto os esquizocarpos es¬ próxima de Geraniaceae, com base nas flores actinomorfas
pinhosos de Tribulus são transportados extemamente por 5-meras, na presença de 10 estames e de gineceu sincárpico
animais. e lobado (Prancha 9.9B). No entanto, todas essas semelhan ¬

ças sã o simplesiomórficas. A presença de estiletes separados


Referências adicionais: Porter 1972; Sheahan and Cutler 1993.
claramente separa Oxalidaceae de Geraniaceae, mas este
caráter é provavelmente plesiomóríico. Estudos filogenéti-
Oxalidales cos baseados em sequências de rbcL, atpB e 18S indicam que
Oxalidaceae é mais proximamente relacionada com Cuno-
Oxalidaceae R. Brown niaceae e Cephalotaceae (e outras três pequenas famílias),
(Família da azedinha) aqui incluídas na ordem Oxalidales, do que com Gerania ¬
ceae (Price e Ralmer 1993; Soltis et al. 2000) . Cunoniaceae
Ervas freqúentemente com túberas ou rizomas carnosos, arbus ¬ inclui árvores e arbustos pantropicais com folhas opostas,
tos a árvores; com alto conteúdo de oxalatos sol veis e pinado-compostas e providas de estipulas; Cephalotaceae é
cristalinos. Pêlos simples. Folhas alternas e espiraladas, às australiana e inclui espécies de ervas insetívoras com folhas-
vezes formando uma roseta basal, compostas palmadas a pina¬ armadilha em roseta basal. Oxalidales é morfologicamente
das ou reduzidas e trifoliadas ou unifolioladas, freqúentemen ¬ heterogé nea, mas a monofilia dessa ordem é sustentada por
te com pulvinos proeminentes e apresentando fechamento análises moleculares.
noturno, inteiras, muitas vezes emarginadas, com venação A presença de heterostilia, seja distilia ou tristilia, é carac-
i palmada a peninérvea; estipulas geralmente ausentes. In- ter ístíca de Oxalidaceae. A família é principalmente aló gama,
florescências determinadas, com frequência umbeladas, às mas algumas espécies ruderais são autógamas. As flores vis¬
vezes reduzidas a flor solitária, axilares. Flores bissexuais, tosas e nectar íferas de Oxalidaceae são polinizadas por diver¬
radiais, heterostílicas ( nem sempre nas espé cies ruderais). sos insetos. A maioria das espécies apresenta autodispersão
Sépalas 5, livres. Pétalas 5, livres ou muito ligeiramente co- facilitada pela inversão explosiva da parte externa lisa e elás¬
natas, geralmente convolutas. Estames geralmente 10; file ¬ tica da testa das sementes.
tes basalmente conatos, estames mais externos mais curtos

)
_ que os mais internos; grãos de pólen geralmente tricolpados Referências adicionais: Denton 1973; Omduff 1972; Robertson
ou tricolporados. Carpelos geralmente 5, conatos; ovário 1975.
supero, ± lobado, com placentação axial; em geral com 5
estiletes, livres; estigmas geralmente capitados ou pontu ¬ Celastrales
ados. Óvulos geralmente muitos por lóculo, com megas-
porângio de parede fina. Néctar secretado na base dos Ceiastraceae R. Brown
filetes ou por glâ ndulas que sã o alternas com as pétalas. (Família da espinheira-santa)
Fruto cá psula loculicida ou baga, freqúentemente lobado ou
anguloso; sementes às vezes ariladas, a parte externa da testa Á rvores, arbustos ou lianas, estas últimas providas ou não de
elástica e curvando -se de dentro para fora, ejetando a semente ramos modificados em forma de gancho; freqúentemente
do fruto (Figura 9.60). com taninos. Pêlos simples a ramificados. Folhas alternas e
352 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.60 Oxalidaceae. ( A-C) Oxalis acetosella subsp. montana: ( A) planta com flores
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casm ógamas e fruto imaturo provindo de flor deistógama (x 0,7); ( B) flor casm ógama (x
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3); (C ) flor deistógama em secçã o aproximadamente longitudinal (x 18); ( D- L) 0. stricta:
( D) h á bito ( x 0,7); ( E ) fruto maduro antes da deiscê ncia (x 4,5 ); ( F) fruto em secçã o trans ¬
versal (x 1 ,8); (G ) cá psula durante a deiscê ncia, observe as sementes (x 4,5); ( H ) semente
com testa intacta (x 18); (I, J ) duas vistas da testa separando-se da semente (x 18); (K ) testa
após a eversã o (x 18); ( L) semente (x 18). ( M, N ) 0. dillenii: (M ) androceu e gineceu de uma U
flor quase homost ílica (x 15); ( N ) estigma (x 37). (O-Q ) O. grandis: androceu e gineceu de
flores longistila , mesostila e brevistila, respectivamente (x 9). ( Fonte: Robertson 1975, J.
ArnoldArbor. 56: p. 231.)
8
espiraladas ou dístícas, ou opostas, simples a serradas, com em té trades ou políades. Carpelos 2-5, conatos; ovário supero
vena çã o peninérvea; presen ça ou ausência de estipulas. In - a semi-ínfero, com placenta çã o axial, l óculos dorsalmente
floresc ê ncias geralmente determinadas, terminais ou axila ¬ protrusivos, assim os septos são apicais; estigma capitado
res. Flores bissexuais ou ocasionalmente unissexuais (plantas a lobado. Óvulos 2 a numerosos por lócuio, às vezes com me-
mon óicas a dióicas), radiais, às vezes providas de curto hi- gasporângio de parede fina. Presença de disco nectarí fero
panto. Sé palas geralmente 4 ou 5, livres a ligeiramente conatas. conspícuo, às vezes adnato ao ovário . Fruto cá psula loculicida
Pétalas 4 ou 5, livres, imbricadas a ocasionalmente valvadas. -
( à s vezes fortemente 3 lobada ), esquizocarpo, drupa ou baga; se¬
Estames 3-5, alternos com as pétalas; filetes livres a conatos; mentes frequentemente aladas ou com anlo avermelhado; endos-
grãos de pólen tricolporados ou triporados, ocasionalmente perma às vezes ausente .

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r
SISTEMáTICA VEGETAL 353

O grupo é morfologicamente heterogéneo, mas muitos taxa


Fórmula floral: apresentam estigmas secos, exotegmen fibroso e folhas den¬
tadas, cujos dentes apresentam uma única nervura termina ¬
* , K(4-5,', C4-5, Aig-õf, G 5) ; cápsula, drupa da em um ápice congesto e freqiientemente decíduo (isto é,
dentes dos tipos violóide, salicóide ou teóide) . Muitas famílias
são predominantemente tricarpeladas (p. ex., Euphorbiaceae,
Distribuição: amplamente distribuída em regiões tropicais Malpighiaceae, Pâssifloraceae eViolaceae). Grupos comoVio-
e subtropicais, com poucas espécies estendendo-se para re ¬ laceae, Salicaceae e Pâssifloraceae são característicos devido
à placentação parietal (Cronquist 1981, 1988; Thome 1992),
giões temperadas.
e tradicionalmente tais famílias têm sido incluídas na ordem
Violales .
G êneros / espé cies: 98/1.221. Principais gêneros; Mayte-
nus (200 spp.), Salacia (200) e Euonymus (130). Gêneros im ¬ Malpighiales contém 38 famílias e 16.000 espécies. As
principais famílias são Achariaceae, Clusiaceae, Chiysoba-
portantes nos Estados Unidos e/ou no Canadá são Celastrus, lanaceae, Euphorbiaceae, Hypericaceae, Malpighiaceae,
Crossopetalum, Euonymus, Hippocratea, Maytenus, Paxistima e
Ochnaceae, Pâssifloraceae, Phyllanthaceae, Picrodendra-
Schaefferia.
ceae, Podostemaceae, Rafflesiaceae, Rhizophoraceae, Sali¬
caceae e Violaceae .
Importância económica e produtos: Celastrus, Euonymus e
As relações filogenéticas dentro da ordem são proble ¬

Schaefferia são cultivados como ornamentais. Um narcótico é máticas, mas tê m sido parcialmente esclarecidas por Chase
obtido a partir das folhas de Catha. et al. (2002), Davis e Chase (2004) e Davis et al. (2005) . Sali¬
I caceae, Violaceae, Achariaceae, Tumeraceae e Pâssifloraceae
1 Discussão: Celastraceae é aqui circunscrita de modo amplo, são caracterizados pela placentação parietal; a maioria das
incluindo Hippocrateaceae, um grupo de lianas com três es- demais Malpighiales apresenta placentação axial. Acharia ¬

tames inseridos dentro do disco nectar ífero, anteras de deis¬ ceae, Tumeraceae e Pâssifloraceae estão relacionadas e to¬
cência transversa, bagas ou cá psulas trilobadas e sementes das apresentam glicosídeos cianogênicos ciclopentenóides e
sem endosperma. Celastraceae (como aqui definida) é con ¬ ácidos graxos ciclopentenóides; lâssifloraceae e Tumerace ¬

siderada monofilética com base em caracteres morfológicos e ae (aparentemente famílias-irmãs) apresentam flores cujos
sequências de DNA (Mathews e Endress 2005, Savolainen et estames não estão associados com 0 hipanto e sementes
al. 1994). O reconhecimento de Hippocrateaceae tomaria Ce¬ ariladas. Rhizophoraceae e Erythroxylaceae devem ser famí ¬

lastraceae parafilética (Clevinger e Pànero 1998; Simmons e lias-irmãs; elas partilham tropano e alcaloides pirrolidínicos,
Hedin 1999; Simmons et al. 2000, 2001). Arilos provavelmente uma gema terminal protegida por estipulas e embriões ver ¬

evoluíram duas vezes dentro da família, em Canotia e no an ¬

des. Clusiaceae, Hypericaceae e Podostemaceae apresentam


cestral em comum de todos os outros gêneros com sementes pigmentos do tipo xantonas semelhantes e células ou teci ¬
ariladas (como Catha, Euonymus, Celastrus e Maytenus ). Em dos secretores similares.
Hippocratea e taxa afins, 0 arilo está modificado como uma
asa basal, e, em Salacia e taxa afins, está na forma de uma
polpa mucilaginosa. O grupo hippocrateóide é aparentemen ¬ Malpighiaceae A. L. de Jussieu
te monofilético, como indicado pela perda do endosperma. (Família da acerola)
O arbusto Brexia (antes pertencente a Brexiaceae) é também Arbustos, árvores, lianas ou ocasionalmente ervas perenes. Pêlos
incluído em Celastraceae. variados, mas sempre unicelulares, em geral ± aderidos,
Os gê neros herbáceos Pamassia e Lepuropetalon (Pamas- em formato de T, V ou Y, 0 pedúnculo freqiientemente curto e
siaceae) estão proximamente relacionados com Celastraceae os braços retos a curvos. Folhas geralmente opostas, simples , em
(Zhang e Simmons 2006).
geral inteiras, ocasionalmente lobadas, com venação geral-
As flores de Celastraceae são verdes a esbranquiçadas mente peninérvea, muitas vezes com 2 ou mais glândulas no
(Prancha 9.9D), freqiientemente inconspícuas e polinizadas
pedolo ou na face abaxiál da folha; estipulas geralmente pre ¬
por abelhas, moscas e coleópteros; a recompensa floral é o sentes. Inflorescências determinadas, mas freqiientemente
néctar. Os frutos costumam ser coloridos e abrem expondo as parecendo indeterminadas, terminais ou axilares. Flores ge ¬
sementes ariladas que são dispersas por aves (Prancha 9.9Q. ralmente bissexuais, em geral ± bilaterais. Sépalas 5, livres a
As coloridas bagas e drupas de algumas espécies també m são basalmente conatas, com 2 conspícuas glândulas secreto¬
dispersas por aves. Hippocratea e taxa afins apresentam se ¬ ras de óleo na face abaxial de todas as 5 sépalas ou das 4
mentes aladas que são dispersas pelo vento. sépalas laterais, glândulas de óleo vestigiais ou ausentes em
Referências adicionais: Brizicky 1964a; Hallé 1962. alguns taxa Neotropicais e na maioria dos taxa Ffileotropicais.
Pétalas 5, livres, geralmente ungiiiculadas, freqiientemente
com margens onduladas ou dentadas (Prancha 9.10D), uma
Malpighiales delas ligeiramente maior ou menor do que as outras e às vezes
A monofilia de Malpighiales é indicada apenas por dados também com coloração diferente, imbricadas Estames geral
. ¬

moleculares (Chase et al. 1993; Davis e Chase 2004; Hilu et mente 10; filetes em geral basalmente conatos; grãos de pólen
al. 2003; Savolainen et al. 2000a,b; Soltis et al. 1998, 2000). geralmente 3-5-colporados ou 4 a poliporado s. Carpelos geral-
1

354 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Chave para as Principais Famílias de Malpighiales

1. Plantas aquáticas, geralmente em águas com correnteza; caules,


raízes e folhas freqúentemente pouco diferenciados Podostemonaceae
1. Plantas terrestres ou de manguezais; caules, raízes e folhas claramente diferenciados 2
2. Plantas com lá tex branco ou colorido, ou com outros exsudados em canais secretores,
ou resinas claras a escuras em cavidades secretoras (glândulas pel cidas) 3
2. Plantas sem resinas ou látex, sem canais ou cavidades secretoras 5
3, Folhas geralmente opostas ou verticiladas, sem estipulas, com resinas claras, pretas ou ± coloridas
ou exsudados em canais ou cavidades secretoras; flores bissexuais ou unissexuais; estiletes geralmente
não divididos e o número de estigmas igual ou menor ao de carpelos; fruto cápsula, baga ou drupa 4
3. Folhas geralmente alternas, com estipulas, com lá tex branco (raramente colorido);
flores sempre unissexuais, estiletes bifurcados a muito divididos (e então o n úmero de
estigmas maior do que o número de carpelos); fruto ± esquizocárpico Euphorbiaceae
4. Sistema secretor formado por canais ou canais e cavidades; caules com látex colorido;
flores bissexuais ou unissexuais, com estiletes curtos a alongados e estigmas
geralmente ± expandidos; sementes com frequência ariladas Clusiaceae
4. Sistema secretor geralmente formado por cavidades; caule com seiva translúcida;
flores bissexuais, com estiletes alongados e estigmas diminutos; sementes não ariladas Hypericaceae
5. Estilete ginobásico, gineceu aparentemente com um único carpelo ou
ovário profundamente lobado e parecendo ser constituído por carpelos livres 6
5. Estilete terminal; gineceu claramente sincárpico 7
6. Gineceu aparentemente de um único carpelo, com estilete lateral, fruto uma única drupa . . Chrysobalanaceae
. .
6. Gineceu sincárpico, ová rio profundamente lobado, desenvolvendo-se em muitas
subunidades drupóides que contrastam em cor com o receptáculo expandido Ochnaceae
7. Placentação axial 8
7. Placentação parietal 12
8. Flores unissexuais; estiletes não divididos até secundariamente
divididos muitas vezes (e então, mais numerosos do que os carpelos) 9
- 8. Flores bissexuais estiletes não divididos secundariamente
; 10

mente 3, conatos; ovário súpero, com placentação axial; estile ¬ Importância económica e produtos: as drupas de Malpighia
tes geralmente livres; estigmas variados. Um óvulo por lóculo, emarginata (acerola) são comestíveis e contêm grandes quan ¬
megagametófito geralmente 16- nucleado. Nectários ausen ¬ tidades de vitamina C. Malpighia, Stigmaphyllon, Galphimia e
tes. Fruto geralmente esquizocarpo samaróide, esquizocarpo, dru¬ Byrsonima apresentam espécies ornamentais. Banisteriopsis
pa provida de caroço contendo 3 sementes, ou nucóide; embrião caapi contém alcaloides narcóticos.
reto a curvado; endosperma ± ausente (Figura 9.61).
Discuss ão: n ã o há dúvidas sobre a monofilia de Malpi -
ghiaceae, que é sustentada tanto por caracteres morfológicos
Fórmula floral: quanto por sequências de cpDNA (Chase et al. 1993; Soltis et
al. 2000). Tradicionalmente, duas subfamílias são reconheci ¬
X, K(5>, Cl+4, A(w) G@; esquizocarpo samaróide, das com base na presença de fruto alado versus não- alado e
drupa, baga, nucóide são seguramente artificiais (Anderson 1977). Frutos carnosos
(como os de Malpighia e Byrsonima ) evoluíram muitas vezes
dentro da família. A forma do estilete e estigma, a estrutura
Distribuição: mais ou menos pantropicai, porém especial ¬
do pólen e o número cromossômico são filogeneticamente
mente diversa na América do Sul. significativos dentro da fam ília (Anderson 1977). Duas subfa
¬

mílias são reconhecidas com base em sequências de DNA


G êneros / espécies: 66/1.200. Principais gêneros; Byrsoni- (Davis et al. 2001): Bvrsonimoideae (incluindo Byrsonima e
ma (150 spp.), Heteropterys (120), Banisteriopsis (92), Tetrapterys alguns outros gêneros) apresentam um número cromossômi ¬

(90), Stigmaphyllcm (90) e Bunchosia (75). Aspicarpa, Byrsonima, co base igual a 6, enquanto os outros gêneros pertencem a
Galphimia, Janusia e Malpighia ocorrem nos Estados Unidos. Maipighioideae e são caracterizados por ,r = 10.
SISTEMáTICA VEGETAL 355

9. Cada lóculo com um único óvulo; sementes frequentemente ariladas Euphorbiaceae


9. Cada lóculo com dois óvulos; sementes não-ariladas Phyllanthaceae
10. Pêlos em formato deT, V ouY, o ped nculo frequentemente curto e os
braços retos a retorcidos; sápalas muitas vezes com pares de glândulas
abaxiais produtoras de óleos; pétalas geralmente ungtiiculadas Maipighiaceae
10. Pêlos simples; sépalas sem glândulas; pétalas não-unguiculadas 11
11. Folhas opostas estipulas interpeciolares; pétalas em geral ciliadas ou pilosas e individualmente
;
envolvendo um ou um conjunto de estames; frequentemente plantas de manguezais Rhizophoraceae
11. Folhas alternas; estipulas laterais; pétalas não-ciliadas ou pilosas e não
envolvendo estames; plantas não de manguezais Ochnaceae
12. Flores com uma corona consistindo em uma ou mais fileiras de filamentos ou escamas,
geralmente dispostas sobre um hipanto; ovário geralmente disposto sobre um
ginóforo curto a alongado; frequentemente lianas com gavinhas; arilo carnoso Passifloraceae
12. Flores sem corona, geralmente sem hipanto e sem ginóforo; árvores a ervas;
sempre sem gavinhas; arilo carnoso a duro e oleoso 13
13. Flores geralmente bilaterais; geralmente 5 estames filetes muito curtos e
,
estames muito juntos do estilete, conectivo proeminente, alguma ou todas
as anteras com nectário glanduloso ou como espora na parte posterior; 1 estilete,
frequentemente expandido na região distai; 1 estigma, às vezes Iobado Violaceae
13. Flores radiais; estames, geralmente 10 a numerosos, às vezes poucos e então as flores em amentos,
filetes alongados e estames n ão- próximos do estilete, conectivo n ão- proeminente, anteras sem
tecido secretor de néctar; estiletes, muitos a 1, não-expandido apicalmente; estigmas, 2 a muitos 14
14. Folhas sem dentes salicóides; pétalas muito mais numerosas que as sépalas; disco nectar ífero
ausente; anteras geralmente lineares, presença de glicosídeos cianogênicos Achariaceae
14. Folhas com dentes salicóides; pé talas ausentes ou, se presentes, em número igual
ao das sépalas, ou sépalas e pétalas ausentes, disco ou glândula nectar ífera presente,
mas estes às vezes ausentes se as flores estão dispostas em amentos; anteras
geralmente globosas ou ovoides; compostos cianogênicos ausentes Salicaceae

Nos Neotr ópicos, a família é principalmente poliniza ¬ Pêlos simples a ramificados, estrelados ou peitados. Folhas
da por abelhas coletoras de óleo, enquanto as espécies do geralmente alternas e espiraladas ou dísticos, às vezes opostas,
Velho Mundo são polinizadas por abelhas à procura de pó¬ simples, às vezes palmado-lobadas ou compostas, inteiras a
len. A maioria das espécies de Maipighiaceae é alógama, serreadas, com venação peninérvea a palmada; às vezes com
mas a autogamia também ocorre e algumas são agamos- pares de glândulas na base da lâmina ou do pecíolo; estipulas ge
pé rmicas. Frutos alados, como os de Stigmaphyllon e Te - ralmente presentes. Inflorescências determinadas, mas frequen -
trapterys, são dispersos pelo vento; frutos carnosos, como temente muito modificadas, às vezes formando falsas flores como
os de Malpighia, Byrsonima e Bunchosia, sã o dispersos por nos ciátios de Euphorbia, terminais ou axilares. Flores unis-
aves ou mamíferos . sexuais (plantas mon óicas ou dióicas), geralmente radiais,
vistosas a inconspícuas. Sépalas geralmente 2-6, livres a ligei
¬

Referências adicionais: Anderson 1979, 1990; Rao and Sarma ramente conatas. Pétalas geralmente 0-5, livres a ligeiramente
1992; Robertson 1972b; Vogel 1990. conatas, valvadas ou imbricadas, às vezes ausentes. Estames 1
a numerosos; filetes livres a conatos; grãos de pólen tricolpo-
Euphorbiaceae A. L. de Jussieu rados ou poliporados. Carpelos geralmente 3, conatos; ovário
(Família da mandioca e da seringueira) supero geralmente 3-lobado, com placentação axial; estiletes
geralmente 3, em geral bífidos ou muito divididos; estigmas
Árvores, arbustos, ervas ou lianas, às vezes suculentas e com variados. Óvulos 1 por lóculo. Disco nectar ífero geralmente
aspecto de cactos; floema interno às vezes presente; quimi ¬ presente. Fruto em geral esquizoc árpico , com segmentos
camente diversas, com alcaloides, diterpenos ou triterpenos, elasticamente deiscentes a partir de uma coluna central
taninos e glicosídeos cianogênicos; frequentemente com laticí- persistente; sementes com frequê ncia ariladas; embrião reto
feros contendo látex branco ou colorido; geralmente venenosas. a curvo (Figuras 9.62 e 9.63) .
356 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.61 Malpighiaceae. Byrsonima lúcida: (A) ramo florido (x caroço em secção transversal, mostrando três sementes e embriões (x
1,5); (B) flor (x 7,5); (C) cá lice mostrando as glâ ndulas de uma sé pala 6); (J, K ) lados opostos do mesmo embriã o (x 9,5). ( Fonte; Robertson
(glâ ndulas das outras sépalas removidas) (x 11 ); (D) flor em secçã o lon- 1972 , 1 ArnoldArbor . 53: p. 110.)
gitudinal (x 8); (E, F) estames (x 22); (G) drupa (x 3); (H) caroço (x 6); (I )

caranga (250), Manihot (150), Tragia (150), Jatropha (150),


Fórmula floral: Mallotus (120), Sapium (100) e Dalechampia (100) . Nume ¬
Flor estaminada: * , K ( 2-6), C'v0-5)„ A(í-°° i, GO rosos gêneros estão representados nos Estados Unidos el
ou no Canadá; alguns destes (alé m dos supracitados) são
Flor carpelada: *, £ (2-6,', 0, 0-5,', AO, G{3); esquizocarpo Argythamnia, Bemardia, Cnidoscolus, Reoerchonia, Sapium, Se-
bastiania e Stillingia.

Distribuição: amplamente distribuída, porém mais diversa Importância económica e produtos: Hevea brasiliensis
em regiões tropicais. (seringueira) é a fonte da maior parte da borracha natural e
também fornece madeira; Aleuntes moiuccana e A fordii (pi ¬
Gêneros/ espé cies: 222/6.100. Principais g êneros: Eu- nhão- manso) são fonte de óleos utilizados na fabricação de
phorbia (2.400 spp.), Croton (1.300), Acalypha (400), Ma- pinturas e vernizes; Sapium sebiferum é fonte de cera e gor-
?.;T

SISTEMáTICA VEGETAL 357

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FIGURA 9.62 Euphorbiaceae (A, B) Croton linearis: (A) ramo com flores estaminadas (x 0,75);
í (B) flor carpelada, duas sépalas removidas para mostrar o disco nectarífero e estaminódios (x
9). (C-M) C. aiabamensis: (C) flor estaminada (x 6); (D) ramo com flores carpeladas (x 0,75); (E)
escama foliar (x 75); (F) flor carpelada (x 12); (G) o mesmo, em secção longitudinal (x 15); (H)
ramo com fruto quase maduro (x 1,5); (I) esquizocarpo maduro (x 3); (J ) o mesmo, em secção
transversal para mostrar três sementes, endosperma (pontilhado) e endocarpo duro (hachura -
do) (x 3); (K) perianto e columela persistentes após a deiscência do fruto (x 3); (L) semente (x
-
4,5); (M) embrião ( x 5,5). (N O) C. glandulosos : (N) pêlo estrelado na folha (x 75); (O) semente
. . .
(x 7,5) (P-Q) C puncrarus: pêlo estrelado de folha (x 75) (R) C argyranthemus: semente (x 7,5).
.
(Fonte: Webster 1967, J. Arnold Arbor. 48: p. 356 )

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358 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.63 Euphorbiaceae ( taxa com ciá tio). (A-l) Euphorbia corollata: (A) planta flo ¬

rida (x 0,75); (B) ciátio (x 12); (C) ciátio com paredes removidas para mostrar pequenas
cimas de flores estaminadas e bractéolas (x 12); (D) flor estaminada com bractéola (x
12); ( E) esquizocarpo (x 9); (F) segmento do esquizocarpo após a deiscência (x 9); (G)
.
coluna do esquizocarpo (x 9); (H) semente (x 9); (l) embrião (x 6) (J) £ inundata: ciátio e
flor carpelada com perianto trilobado (x 6). (K-L) £ commutata: (K) ciátio, visto de cima
(x 12); (L) embrião (x 9), (M) £ dentata: ciátio (x 12). (N-Q) £ supina: (N) parte de planta
prostrada (x 0,75); (O) ciátio (x 24); (P, Q) semente em vista adaxial e de cima (x 24). (Fon ¬

te: Webster 1967, J. Arnold Arbor . 48: p. 396.)


SISTEMáTICA VEGETAL 359

dura vegetais; espécies de Euphorbia produzem hidrocarbo- Jatropha, Codiaeum, Aleurites, Cnidoscolus, etc.) e Euphorbio-
netos reduzidos que podem ser utilizados na elaboração de ideae (Hippomane, Hura, Euphorbia, Gymnanthes, Stillingia,
combustíveis. Muitas espécies são venenosas e muitas sã o Sapium, etc.), que apresentam látex. Crotonoideae apresenta
utilizadas na medicina (ver Rizk 1987). Muitas espécies de pólen caracteristicamente poliporado, pêlos freqiientemente
Euphorbia e Hippomane tê m sido utilizadas como veneno estrelados, peitados ou ramificados e látex branco a colori ¬

para flechas e integrantes de muitos gêneros são utilizados do, não-cáustico, enquanto Euphorbioideae apresenta pólen
como veneno para capturar peixes. Surpreendentemente, tricolporado, pêlos simples e látex branco, frequentemente
muitas espécies apresentam partes comestíveis, as grossas cáustico. Euphorbioideae contém a grande tribo Euphorbieae
raízes de Manihot esculenta (mandioca) são importante fon ¬ (principalmente Euphorbia, que inclui Poinsettia, Chamaesyce,
te de amido em regiões tropicais. As folhas de Cnidoscolus etc.). Essa tribo é considerada monofilética com base nas in-
chayamansa são utilizadas como verdura. Por fim, muitas florescências, que são ciátios (Prancha 9.10F; Figura 9.63B). A
espécies de Euphorbia (bico-de- papagaio e muitas espécies flor carpelada é rodeada por numerosas flores estaminadas
suculentas), Jatropha, Codiaeum e Acalypha são cultivadas (cada uma delas reduzida a um nico estame) dentro de uma
como ornamentais. estrutura como taça formada por uma inflorescência cimosa
muito reduzida e associada com brácteas. Cada ciátio está as¬
Discussão: a família tem sido freqiientemente considerada sociado com 1 a 5 glândulas de néctar, às vezes providas de
próxima de Malvales, apesar de dados moleculares sugerirem apêndices petalóides.
i que esta é melhor localizada em uma Malpighiales ampla ¬
mente circunscrita (como neste texto).
Euphorbiaceae é extremamente diversa e tem sido às ve¬
A maioria das Euphorbiaceae é polinizada por insetos
(moscas, abelhas, vespas e borboletas) à procura de néctar.
Provavelmente algumas espécies são polinizadas por aves,
zes dividida em numerosas famílias ou tida como polifiléti - morcegos e outros mamíferos. Acalypha, Riánus e Alchomea,
ca. A monofilia de Euphorbiaceae amplamente circunscrita dentre outras, são polinizadas pelo vento. A polinização cru ¬
não tem recebido suporte em análises filogené ticas recentes zada é promovida pela maturação das flores carpeladas antes
baseadas em DNA (APG 2003; Chase et al. 2002; Davis e das estaminadas. A maioria das espécies apresenta esquizo-
Chase 2004; Savolainen et al. 2000 b; Soltis et al. 2000), e os carpos elásticos. Os grandes frutos de Hevea ou Hura ejetam
integrantes desse grupo são aqui repartidos em quatro fa ¬ as sementes a muitos metros de distância. Algumas espécies
mílias: Euphorbiaceae s.s., Phyllanthaceae, Picrodendraceae são secundariamente dispersas pela água, enquanto aque ¬
e Putranjivaceae. Drypetes e Putranjiva contêm óleo de mos ¬ las com arilos oleosos às vezes são dispersas por formigas.
tarda e são aqui incluídas em Putranjivaceae. As três primei ¬
Alguns taxa apresentam arilos carnosos (ou frutos carnosos
ras famílias são grandes, morfologicamente variáveis e serão indeiscentes) e são dispersas por aves.
discutidas em detalhes a seguir. As relações evolutivas dentro
Referências adicionais: Levin 1986; Park and Elisens 2000; Rao
das Euphorbiaceae amplamente delimitadas têm sido exten ¬
sivamente estudadas por Webster (1967, 1987, 1994a,b), que 1971; Rizk 1987; Steinmann and Porter 2002; Sutter and Endress
reconheceu cinco subfamílias. 1995.
Phyllanthaceae (p. ex„Bischofia, Phyllanthus, Glochidion
e Antidesma) é caracterizada por apresentar dois óvulos por Phyllanthaceae J. G. Agardh
lóculo e sementes sem arilo (ver o tratamento para esta fa ¬

(Família do quebra- pedra)


mília). Em contraste, Euphorbiaceae, como delimitada neste
texto, apresenta um único óvulo por lóculo e sementes ge ¬ Árvores, arbustos ou ervas, às vezes com ramos dimórficos
ralmente ariladas. Os integrantes de Phyllanthaceae eram (horizontais e eretos) ou filocládios; quimicamente diversas,
antes incluídos na subfamflia Phyllanthoideae (de Euphor ¬ com alcaloides, saponinas triterpênicas e taninos; ausê ncia
biaceae) por Webster, o qual sugeriu que representavam um de laticíferos; geralmente venenosas. Pêlos simples. Folhas
grupo primitivo do qual derivaram as outras subfamílias. alternas, freqiientemente dísticas, em geral simples, inteiras a
Picrodendraceae (p. ex., Oldfieldia, Picrodendron e Pseudan - serreadas, com venação penin é rvea; geralmente com presença
de estipulas. Inflorescências determinadas, axilares, ocasio ¬
thus; tratados como Euphorbiaceae subfamflia Oldfieldio-
ideae por Webster) também apresentam dois óvulos por nalmente reduzidas a uma flor solitária. Flores unissexuais
lóculo. A presença de pólen espinhoso sustenta a monofilia ( plantas monóicas ou dióicas ), radiais, ± inconspícuas. Sépalas
de Picrodendraceae; tanto Phyllanthaceae quanto Euphor¬ geralmente 5, livres ou ligeiramente conatas. Pétalas geral ¬
biaceae apresentam pólen não-espinhoso. A monofilia de mente 0-5, livres a ligeiramente conatas, imbricadas, com fre ¬
Euphorbiaceae, em sua delimitação restrita, é sustentada quência reduzidas ou ausentes. Estames 3-8, ocasionalmente
por apresentar um nico óvulo por lóculo, flores unissexu- em quantidade maior ou menor; filetes livres a conatos; grãos
aís, estiletes ± divididos e frutos esquizocárpicos. Gineceus de pólen tricolporados ou policolporados a poliporados, ou
similares com estiletes divididos e frutos esquizocárpicos inaperturados. Carpelos geralmente 3, conatos; ovário sú pero, ge¬
devem ter evoluído independentemente em Phyllantha ¬ ralmente 3-lobado, com placentação axial; estiletes geralmente 3,
] ceae. Picrodendraceae carece de estiletes divididos e disco em geral bífidos, ocasionalmente inteiros; estigmas diver¬
nectarífero. sos. Óvulos 2 por lóculo. Disco nectarífero geralmente presente.
Pelo menos quatro subfamílias podem ser reconhecidas Fruto geralmente esquizocarpo, com segmentos elastica-
dentro de Euphorbiaceae s.s. (Wurdack et al. 2005). Estas são mente deiscentes a partir de uma coluna central persis¬
Acalyphoideae {Acalypha, Alchomea, Tragia, Ricinus e taxa tente, às vezes baga ou drupa; sementes não ariladas; embrião
afins), que carecem de látex; Crotonoideae (Croton, Manihot, reto a ligeiramente curvo.
360 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE 1
(A )
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Malpighiales: Qusiaceae C. lanceolata: flor estaminada \


(C)
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Malpighiales: Rhizophoraceae
Rhizophora mangle: mitos vivi
osviviparos

Malpighiales: Salicaceae
Casearia crassinervis: flores

(E)

Malpighiales: Malpighiaceae
Mascagnia macrovtera: flowers

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Malpighiales: Euphorbiaceae, Crotonoideae
Jatropna mterigma: flores carpeladas

m ;

Malpighiales: Euphorbiaceae, E. pukhemma: dátio


Euphorbioideae pighial : Passifloraceae
Malpiehiales
Euphorbia cotinijàlia: dátio, Passiflora a
\iflora caerulea: flor
diferentes estágios de desenvolvimento PRANCHA 9.10 Eudicotiledôneas:
Malpighiales

i
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SISTEMáTICA VEGETAL 361

&

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Malpighiales: Violace:
M
Viola sororia; flor em sec
s ção longitudinal
Malpighialiles: Passifloraceae
Passiflora irincamata: frutos imaturos
(K) Malpighiales: Hypericaceae
Hyperkum tetrapetalum: flor
(L)

Malpighiales: Salicaceae S. caroliniam: amento carpelado


al caroliniam: amentos estaminados
Malpighiales: Hypericaceae
Triadenum virginicum: folha com PRANCHA 9.10 Eudicotiledôneas:
glândulas pel ddas Malpighiales

Discussão: Phyllanthaceae pode ser facilmente distinguida


Fórmula floral: de Euphorbiaceae, na qual tem sido freqiientemente incluída,
Flor estaminada: *, K(5 i, C's0-5/ A ( 0, GO i -
pelo gineceu com lóculos 2 ovulados (vs. lóculos 1-ovulados).
Phyllanthaceae também carece de laticíferos (com látex bran ¬

Flor carpelada: *, K «v5), C O-S'1, AO, G . esquizocarpo, co ou colorido) e das sementes ariladas tão caracter ísticas de
® muitas Euphorbiaceae. Pode també m ser separada da peque ¬
drupa
na família Picrodendraceae (principalmente do Hemisf é rio
Sul, p. ex„Austrobuxus, Oldfieldia, Pseudanthus, Tetracoccus e
Distribuição: amplamente distribuída, poré m mais diversa Picrodendron), que també m apresenta lóculos 2 - ovulados,
em regiões tropicais. pela presença de um disco nectarífero, pela frequente pre ¬

sença de estiletes bífidos e pela ausê ncia do pólen espinho ¬

Gêneros/ espécies: 55/1.745. Principais gêneros: Phyllan ¬ ístico de Picrodendraceae). Estudos moleculares
so (caracter
thus (1.270 spp., incluindo Breynia e Glochidion ), Antidesma têm demonstrado que Phyllanthaceae, Picrodendraceae e
(150) e Cleistanthus (140). O grupo é representado nos Estados Euphorbiaceae representam três linhagens distintas e que
Unidos e /ou no Canadá por Andrachne, Bischofia, Phyllanthus Phyllanthaceae é aparentemente o grupo-irmão de Picroden ¬

e Savia. draceae (Chase et al. 2002; Davis e Chase 2004; Savolainen


et al. 2000b; Soltis et al. 2000; Wurdack et al . 2004). Phyllan
¬

Importância econó mica e produtos: muitas espé cies são thaceae é presumivelmente monofilé tica com base nas flores
utilizadas na medicina ou como veneno para capturar pei ¬ unissexuais, nos estiletes bífidos e nos frutos esquizocárpicos;
xes. Algumas poucas espécies de Bischofia e Phyllanthus são todos esses caracteres evidentemente evoluíram de modo in ¬
ornamentais. Algumas espécies de Phyllanthus e Antidesma dependente em Euphorbiaceae. A família compreende dois
fornecem drupas comestíveis ricas em vitamina C. ciados principais: Phyllanthus, Savia, Cleistanthus, Andrachne
362 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

e taxa afins (inflorescências fasciculadas, ausência de células Import ância económica e produtos: os frutos de Garcinia
epidérmicas taníferas, frutos geralmente de deiscência explo¬ mangostana (mangostim) e Mammea americana (abricó) são
siva e plantas monóicas) e Antidesma, Bischofia, Hieronyma e muito apreciados. Muitos gêneros fornecem madeira.
taxa afins (inflorescências alongadas, presença de células epi ¬
dérmicas taníferas, frutos tardia ou incompletamente deis- Discussão: Clusiaceae é considerada monofilética com base
centes, ou indeiscentes e plantas dióicas) (Samuel et al 2005; em sinapomoríias morfológicas e moleculares (Chase et al.
Wurdack et al 2004). 2002; Gustaffson et al. 2002) . A família está mais proxima ¬

As pequenas flores de muitas Phyllanthaceae são poli ¬ mente relacionada com Pbdostemaceae, uma estranha família
nizadas por pequenos insetos generalistas, principalmente de plantas aquáticas de ambientes de correnteza; com Hype -
moscas ou abelhas. Mutualismo envolvendo mariposas do ricaceae, uma família que ocorre em regiões mais temperadas
gênero Epicephala ocorre em muitas espécies de Phyllanthus e que apresenta folhas com glândulas pelúcidas e flores com
(Kawakita e Kato 2004). As espécies com frutos esquizocá r- estigmas diminutos e estiletes finos; e também com Bonne-
picos apresentam dispersão balística de sementes, enquanto tiaceae, uma família principalmente Neotropical, sem lá tex e
aquelas com frutos carnosos (e às vezes coloridos) são princi ¬ com folhas serruladas. É notável que Clusiaceae, Hypericace -
palmente dispersas por aves. ae e Podostemaceae apresentam canais ou cavidades secre ¬

toras, pigmentos de xantonas e óvulos com megasporâ ngio


Referências adicionais: Webster 1967,1994a,b. de parede fina. Hypericaceae frequentemente é considerada
uma subfamília dentro de Clusiaceae (Hypericoideae), mas
Clusiaceae Lindley nesta delimitação ampla Clusiaceae aparentemente não é
(= Guttiferae A. L. de Jussieu) monofilética, como resultado da rela ção de grupos- irmãos
entre Hypericaceae e Podostemaceae. O nome tradicional da
(Família do bacupari) família, Guttiferae, significa que leva goma e refere -se ao
Árvores, arbustos ou lianas; com látex colorido em cavi¬ látex colorido do grupo.
dades ou canais secretores. Pêlos simples, multicelulares. Fo¬ As relações ínfrafamiliares têm sido estudadas por Ste ¬

lhas geralmente opostas ou verticiladas, simples, inteiras, com vens (com. pess.) e Gustaffson et al. (2002). Kielmeyeroideae
venação peninérvea, com glândulas pelúcidas e/ou canais (p. ex., Calophyllum, Mammea, e Mesua ) é o grupo- irmão de
secretores; estipulas ausentes, embora pares de glâ ndulas Clusioideae e inclui plantas com canais secretores e às vezes
possam estar presentes nos nós. Inflorescê ncias determi¬ com folhas com machas negras; androceu não claramente
nadas, às vezes reduzidas a uma flor solitá ria, geralmen ¬ fasriculado; estiletes curtos a alongados, geralmente cona ¬
te terminais. Flores bissexuais a unissexuais (neste caso tos; embrião com cotilédones de tamanho moderado a muito
plantas geralmente dióicas), radiais. S é palas geralmente 2-5, grande; e ramos com gema apical exposta. Clusioideae (p. ex.,
e livres. Pétalas geralmente 4 -5, ocasionalmente mais nu ¬ Garcinia e Clusia ) inclui plantas com canais secretores; andro ¬

ceu fasciculado ou não; estiletes geralmente curtos e conatos;


merosas, livres, com frequência assimétricas, imbricadas ou embrião com hipocótilo geralmente muito grande; e gema
convolutas. Estames geralmente numerosos, os mais internos
se desenvolvem antes dos mais externos, livres ou varia ¬
apical geralmente protegida pelas bases dos pecíolos.
Clusia é notável por sua diversidade de hábitos. Algumas
velmente conatos, frequentemente fasciculados, às vezes
espécies começam a crescer como epífitos, desenvolvendo-
com glândulas; grãos de pólen geralmente tricolporados. se como estrangulantes; outras apresentam numerosas raízes
Carpelos geralmente 2-5, às vezes numerosos, conatos; ová ¬ adventícias que auxiliam na sustentação dos caules.
rio supero, com placentação geralmente axial, ou às vezes As vistosas flores de Clusiaceae apresentam estames
parietal; estigmas peitados, lobados ou capitados, em geral ex¬ conspícuos e sã o polinizadas principalmente por abelhas e
pandidos em relação aos estiletes que são curtos a alongados. vespas (Prancha 9.10A). O pólen frequentemente é a recom ¬
Óvulos 1 a numerosos por carpelo, com megasporângio de pensa floral, mas alguns taxa (p. ex., Clusia ) secretam resinas
parede fina. Nectários geralmente ausentes. Fruto cá psula terpenóides. Espécies com frutos carnosos (p. ex., Mammea,
variavelmente deiscente, baga ou drupa; sementes ariladas ou Calophyllum, Garcinia ) ou com cápsulas que na deiscência ex ¬
não; embriã o reto, os cotilédones de muito grandes a pe ¬
põem sementes ariladas e coloridas (p. ex., Clusia) geralmente
quenos, neste último caso com hipocótilo expandido; en - são dispersas por aves ou mamíferos.
dosperma escasso ou ausente.
Referências adicionais: Ramirez and Gomez 1978; Wòod and
Adams 1976.
Fórmula floral:
Hypericaceae A. L. de Jussieu
-
* , K2-10, C2 14, Af i , G (2-5 (-«O); cápsula, baga, drupa
(Família da erva-de-são- joão)
Árvores, arbustos ou ervas; com seiva resinosa, translúcida ou
preta, em cavidades secretoras. Pêlos simples, multicelulares. Fo¬
Distribuição: principalmente pantropical. lhas opostas ou verticiladas, simples, inteiras, com venação pe ¬
ninérvea, com glândulas pel úcidas ou manchas pretas (ou linhas;
Gêneros / espé cies: 27/1.000. Principais g êneros: Garci- Prancha 9.10K); estipulas ausentes. Infloresc ências determi¬
nia (200 spp.), Calophyllum (190), Clusia (160) e Mammea (70) . nadas, às vezes reduzidas a uma flor solitária, geralmente ter ¬

Clusia ocorre nos Estados Unidos (no sul da Flórida). minais. Rores bissexuais, radiais. Sépalas 4-5, livres ou ligei-

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SISTEMáTICA VEGETAL 363

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FIGURA 9.64 Hypericaceae. (A E) Triadenum virginianum: (A) planta . .
sal (x 22); ( D) cá psula (x 5,5); ( E) semente (x 37) ( F) T walteri: fasc ículo
com frutos (x 0,75); (B) flor, observe os estames em grupos de três al- de estames, observe as gl â ndulas apicais (x 18). (Fonte:Wood e Adams
ternandocom os estaminódios (x 7,5); (C) ová rio em secçã o transver- \ 976 ,J.ArnoldArbor.57\ p.89.)

-
ramente conatas. Pétalas geralmente 4 5, livres, freqiientemente Gêneros/ espé cies: 9/540. Principais g êneros: Hypericum
assimétricas, imbricadas ou convolutas. Estames numerosos, os (360 spp.) e Vismia (55). Hypericum e Triadenum ocorrem nos
mais internos desenvolvendo-se antes dos mais externos, fre
i - quentemente fasciculados; grãos de pólen geralmente tricol-
¬
Estados Unidos e/ou no Canadá.
porados. Carpelos 3-5, conatos; ovário s pero, com placentaçao Importância económica e produtos: algumas espécies de
axial, ou às vezes parietal com placentas profundamente in- Hypericum são utilizadas na medicina, sendo a fonte de um
trusivas; estigmas diminutos, pontuados, sobre 3-5 estiletes popular tratamento contra a depressão. Espécies de Hyperi¬
alongados livres a basalmente conatos. Numerosos óvulos por cum são cultivadas como ornamentais devido a suas vistosas
carpelo, com megasporângio de parede fina. Nectários geral ¬
flores (Prancha 9.10J).
mente ausentes. Fruto cá psula com diversos tipos de deiscência,
baga ou drupa; sementes não ariladas; embrião reto, cotilédo ¬ Discussão: assume-se que Hypericaceae é monofilé tica
nes de tamanho moderado; endosperma escasso ou ausente com base em dados moleculares preliminares (Gustaífson et
(Figura 9.64). al. 2002). Essas plantas podem ser separadas de Clusiaceae
pelo hábito mais freqiientemente arbustivo a herbáceo, au ¬
sência de látex colorido (as folhas apresentam somente man ¬

Fórmula floral: chas pretas e/ ou glândulas pelúcidas) e a presen ça de estile ¬

tes alongados, frequentemente livres, cada um provido de um


-5 C4-5, A(
* , K4 , i, G(3~ó cápsula
estigma diminuto. Hypericaceae está bem representada em
regiões temperadas, em contraste com Clusiaceae. Hyperica ¬
ceae freqiientemente tem sido incluída dentro de um conceito
Distribuição: amplamente distribuída. amplo de Clusiaceae (Cronquist 1981; Wood e Adams 1976).

1
364 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

As vistosas flores com estames conspícuos são poliniza ¬ nosticado pela folhas inteiras, bagas vivíparas 1-seminadas
das sobretudo por abelhas e vespas. O pólen geralmente é a (Prancha 9.10B) e peculiaridades da estrutura e do desen ¬
recompensa floral. As pequenas sementes, como as de Hype- volvimento da semente e do embrião. Todas as espécies de
ricum, são dispersas pelo vento e /ou pela água. mangue apresentam anteras que abrem ainda no botão,
depositando o pólen nas pétalas pilosas (outra possível si -
Rhizophoraceae Persoon napomorfia). Ová rios semi-ínferos, bagas, raízes escoras e
ausências de pêlos radiculares são tipicamente considerados
(Família do mangue-vermelho) como caracteres diagnósticos dos mangues, mas na verdade
Á rvores ou arbustos , frequentemente com raízes escoras ou evoluíram precocemente na família e também ocorrem em
pneumatóforos; em geral com a presença de taninos. Pêlos gêneros tropicais montanos. Rhizophora é talvez o gênero
geralmente simples. Folhas opostas, com pares de folhas adja¬ mais especializado na família e apresenta a apomorfia inco -
centes geralmente divergindo em ângulo maior ou menor do que mum de anteras pluriloculares.
90°, simples, serreadas ou crenadas a inteiras com venação A maioria das Rizophoraceae produz néctar e é poliniza ¬
penin é rvea; estipulas interpeciolares, geralmente com da por borboletas, mariposas e vários outros insetos ou aves.
coléteres na base da superfície adaxial. Inflorescências de ¬ Rhizophora é geralmente polinizada pelo vento e não produz
terminadas, axilares. Flores geralmente bissexuais, radiais, néctar, embora as flores possam ser visitadas por abelhas cole ¬
frequentemente com hipanto. Sé palas geralmente 4 ou 5, toras de pólen. A polinização cruzada é frequente. As espécies
ocasionalmente numerosas, em geral, ligeiramente conatas, de mangues apresentam bagas fibrosas unisseminadas; a
espessas, carnosas ou coriáceas, valvadas. Pétalas geralmente 4 semente germina ainda dentro do fruto (viviparidade), emer¬
ou 5, ocasionalmente numerosas, livres, geralmentc cilia- gindo até nove meses antes da abscisão. Os cotilédones estão 1
das ou pilosas, convolutas ou involutas, e individualmen¬ fusionados em um tubo; quando a plâ ntula está madura, o
te envolvendo 1 ou um grupo de estames no botã o. Es¬ hipocótilo alongado (com sua plúmula) desprende-se dos co ¬
tames geralmente 8-10, ocasionalmente numerosos; filetes tilédones (e da baga) e cai da árvore. As plântulas flutuam e
livres ou basalmente conatos, às vezes curtos ou ausentes; sobrevivem na água do mar. Eventualmente, desenvolvem -se
anteras às vezes pluriloculares e deiscentes por uma valva longi¬ raízes adventícias a partir do hipocótilo, que auxilia na fixação
tudinal; grãos de pólen geralmente tricolporados. Carpelos da plântula no substrato. Uma vez enraizada, a plântula, que
geralmente 2-6, conatos; ovário supero a ínfero, geralmente inicialmente era horizontal, toma -se rapidamente ereta, de
com placentação axial; estigma ± lobado. Óvulos 2-8 por modo que a pl mula em forma de esnórquel surge acima da
lóculo. Disco nectarífero frequentemente presente. Fruto influência das marés.
cá psula septicida ou baga 1 - seminada ou com muitas se ¬ As espécies de mangues estão adaptadas à vida em re ¬
mentes; sementes às vezes ariladas; embrião grande, frequen - giões costeiras e estuarinas por meio de pneumatóforos; raí¬
zes escoras; embriões vivíparos alongados, às vezes curvos e
temente com hipocótilo alongado e germinando ainda dentro do
fruto (Figura 9.65). pontiagudos; e pelo bloqueio fisiológico do sal pelas raízes.
Os mangues perderam a habilidade de rebrotar, o que afeta
sua habilidade de regeneração após grandes mudanças cli¬
Fórmula floral: má ticas ou danos causados pelo homem.

*, K@, C4-5, A <í-10 (- ), G(Q; cápsula, baga


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Referências adicionais: Graham 1964b; Rabinowitz 1978;
Tomlinson 1986; Tomlinson and Cox 2000; Tomlinson et al. 1979.

Distribuição e ecologia: pantropical; florestas montanas


Violaceae Batsch
midas até manguezais. (Família do amor- perfeito)
Ervas a arbustos ou árvores; frequentemente com saponinas e /
Gêneros/espécies: 12/84. Principais gêneros: Cassipou - ou alcaloides. Pêlos frequentemente simples. Folhas altemas
rea (55 spp.), Rhizophora (8) e Bruguiera (6). Apenas Rhizopho¬ e espiraladas ou dísticas, ocasionalmente opostas, às vezes
ra ocorre nos Estados Unidos. formando roseta basal, simples, às vezes lobadas, inteiras a
serreadas, com venação peninérvea a palmada; estipulas pre¬
Importância económica e produtos: Rhizophora é fonte de sentes. Inflorescê ncias indeterminadas, às vezes reduzidas a
taninos e de carvão. Os manguezais são fonte de nutrição uma flor solitária, geralmente axilares. Flores geralmente bis¬
para comunidades costeiras e é um hábitat cr
ítico para nume ¬ sexuais, em geral ligeiramente a fortemente bilaterais. Sé palas 5,
rosos organismos marinhos. Eles também amenizam o efeito geralmente livres. Pétalas 5, livres, imbricadas a convolutas,
das marés e protegem as áreas costeiras do vento e das ondas às vezes a pétala abaxial com um esporão. Estames geralmente
durante tormentas tropicais. 5, as laterais das anteras se tocam formando um anel ao
redor do gineceu, filetes muito curtos, livres a ligeiramente
Discussão: todos os gêneros, com exceção de Rhizophora conatos, as duas anteras abaxiais ou todas as anteras com
e Bruguiera, constituem um complexo basal e parafilético nectários dorsais em forma de glândula ou esporã o, co-
dentro de Rhizophoraceae 0uncosa e Tomlinson 1988a,b; nectivo frequentemente com apêndice apical triangular
Schwarzbach e Ricklefs 2000; Toby e Raven 1988). Em con ¬
e membran áceo, liberando o pólen para dentro, que é retido
traste, os gêneros dos manguezais como Rhizophora e Bru¬ pelo estilete modificado; grãos de pólen geralmente tricol ¬

guiera formam um ciado bem sustentado que pode ser diag- porados. Carpelos geralmente 3, conatos; ovário supero, com pia-
r SISTEMáTICA VEGETAL 365

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FIGURA 9.6S Rhizophoraceae. Rhizophora mangle: (A) ramo com frutos, mostrando diferentes es ¬

tágios de desenvolvimento do hipocótilo (x 0,5); (B) infiorescência (x 1,5); (C) flor (x 3); (D) estame,
mostrando m ltiplos lóculos (x 22); (E) gineceu e cálice em secção longitudinal (x 5,5); (F) ovário em
secção transversal na posição mostrada em E (x 5,5); (G-J) crescimento do fruto em secção longitudinal,
mostrando o progressivo desenvolvimento do embrião em plântula, endosperma pontilhado (G-l x 3):
1, testa da semente; 2, óvulo abortivo; 3, embrião; 4, cotilédones; 5, hipocótilo; (J) hipocótilo desarticu
¬

lado do tubo cotiledonar, revelando a plúmula (x 1,4);(K) fruto com plâ ntula, mostrando tubo cotiledo -
.
nar completamente alongado e hipocótilo (x 0,7). (Fonte: Graham 1964,J Arnold Arbor . 45: p. 288.)
1

366 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

centação parietal; estilete 1, geralmente curvo ou em forma


de gancho e expandido ou modificado na porção distai; Fórmula floral: X, K5, C5, A 1, G (3); cápsula
estigma geralmente expandido, mas com pequena á rea
receptiva, às vezes lobado. Óvulos 1 a muitos por placenta.
Fruto geralmente cá psula loculicida; sementes comfrequênáa ari- Distribuição: amplamente distribuída; principalmente er-
ladas (Figura 9.66) . vas de regiões temperadas.

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FIGURA 9.66 Violaceae. Violaprimulifolia: (A) planta florida (x 0,5); ( B) o estilete incomum com estigma assimetricamente localizado (x 17);
flor (x 3); (C ) flor, pétalas e duas sé palas removidas, observe anteras ( I ) ová rio em secçã o transversal (x 20); (J ) cá psula quase madura (x 4); #*
sésseis localizadas ao redor e muito próximas do gineceu (x 9); ( D) es- ( K ) cá psula , sementes expelidas pelas valvas maduras ( x 3); ( L ) semen -
tame lateral, superf ícieabaxial (x 16); ( E) estame lateral, superf ície ada - te (x 16); ( M) flor cleistógama (x 4); ( N ) flor cleistógama , duas sétalas #
xial (x 16); ( F ) estame inferior, superf ície abaxial , observe a gl â ndula de removidas para expor as pétalas reduzidas e dois estames funcionais A
n éctar {x 16); (G) estame inferior, superf ície adaxial , observe a gl â ndula (x 9) . ( Fonte: Wood 1974, A student s atlas offloweringplants , p. 71.)
de n éctar, apê ndice apical e l óculo aberto (x 16); ( H ) gineceu, observe
SISTEMáTICA VEGETAL 367

G êneros / espé cies: 22/ 950. Principais g êneros: Viola truncados. Numerosos óvulos por placenta. Disco nectarífero
(500 spp.), Rinorea (300) e Hybanthus (100). Viola e Hybanthus na base do hipanto. Fruto cá psula loculicida ou baga; sementes
ocorrem nos Estados Unidos e/ou no Canadá. geralmente achatadas com arilo carnoso (Figura 9.67).

Importância econó mica e produtos: muitas espé cies de


Viola e Hybanthus são cultivadas como plantas ornamentais. Fó rmula floral:
r Rizomas e raízes de Hybanthus ipecacuanha têm sido utilizada *|
, K ( C5, corona, A5, G(3); cápsula, baga
como substituta da verdadeira ipecacuanha ( Psychotria ipeca ¬

cuanha ) .

Discussão: embora Violaceae seja claramente monofilética, Distribuição: amplamente distribuída em regiões tropicais
as relações infrafamiliares estão pobremente compreendidas. a temperadas.
A maioria dos gê neros é incluída em Rinoreae (p. ex., Rino¬
rea, Gloeospermum e Rinoreocarpus ), um grupo caracterizado Gêneros / espé cies: 18/ 630. Principais gêneros: Passiflora
por flores radiais a ligeiramente bilaterais, ou emVioleae (p. (400 spp.) e Adenia (100) . Somente Passiflora ocorre nos Esta ¬

ex., Hybanthus e Viola ), que apresenta flores marcadamente dos Unidos.


bilaterais (Prancha 9.10H). Análises de sequências de rbcl su ¬

gerem que nenhum desses grupos é monofil é tico (Hodges, Importância econó mica e produtos: muitas espécies de
com. pess.) . Passiflora fornecem frutos comestíveis (Prancha 9.101); outras
í ' Todos os gêneros são polinizados por insetos. As flores são cultivadas como plantas ornamentais devido a suas flores
são visitadas por diversas moscas, abelhas, vespas e bor ¬
vistosas (Prancha 9.10G).
.
boletas e são tipicamente alógamas. Guias de néctar fre-
qiientemente estão presentes nas pétalas, e o néctar (a re ¬
Discussão: a monofilia de Passifloraceae é bem sustentada
compensa floral) é estocado em uma pétala modificada em pela presença de uma corona bem desenvolvida nas flores
forma de esporão. Flores inconspícuas e cleistógamas tam ¬ (de Wilde 1971, 1974). Paropsieae , que contém arbustos e
bém podem ser produzidas. As pequenas sementes podem árvores que carecem de gavinhas, provavelmente representa
cair passivamente das cá psulas ou podem ser ativamente um complexo basal e paraíilético dentro da família. Passi -
ejetadas dos frutos. Em algumas espécies, as sementes são floreae, em contraste, é claramente monofilética, como evi ¬
secundariamente dispersas por formigas, que são atraídas denciado pelo hábito lianescente, gavinhas axilares e flores
Wr por um arilo oleoso. especializadas.
Referências adicionais: Brizicky 1961b; Gates 1943; Munzinger As flores de Passifloraceae podem ser brancas, verdes,
and Ballard 2003. vermelhas azuis ou purp úreas, com a corona e as partes do
perianto diversamente orientadas e desenvolvidas, e empre ¬
gam néctar como recompensa floral. As flores atraem gran ¬
Passifloraceae A. L. de Jussieu ex Roussel de diversidade de polinizadores, incluindo abelhas, vespas,
(Família do maracujá) mariposas, borboletas, aves e morcegos. As plantas também
ç
são o alimento das larvas das borboletas do gênero Helico-
Trepadeiras ou lianas com gavinhas axilares (inflorescências mo ¬
nias. A presença de auto-incompatibilidade é caracter ística.
dificadas ), geralmente com crescimento secundário anómalo, A dispersão por aves é frequente; as cápsulas ou bagas apre ¬
t. ocasionalmente arbustos ou árvores sem gavinhas; em geral
com glicosídeos cianogênicos que apresentam um sistema
sentam arilos carnosos e geralmente coloridos ao redor das

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de anel ciclopentenóide, frequentemente também com alca

simples, com frequência lobadas, inteiras a semeadas, venação


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loides. Pêlos diversos. Folhas alternas e espiraladas, geralmente


sementes.
A variaçã o na estrutura da corona é de importância taxo-
nômica. A corona inclui todas as estruturas entre o perian ¬
to e o androceu e é composta de muitas séries de estruturas
geralmente ± palmada , em geral com nectários no pectolo (e na filamentosas curtas a alongadas. O opérculo, uma delicada
lâmina ); estipulas geralmente presentes. Inflorescências ge ¬
membrana, está localizado entre a corona e o gineceu e cobre
% ralmente determinadas, às vezes indeterminadas ou reduzi ¬
das a uma flor solitária, axilares. Flores geralmente bissexuais,
o disco nectarífero. Corona e opérculo são excrescências do
hipanto. A corona geralmente é colorida, atraindo poliniza ¬
radiais, geralmente com hipanto em forma de taça a tubu ¬
dores e guiando-os em direção ao néctar. O opérculo auxilia
lar, muitas vezes associadas com brácteas conspícuas. Sépa-
na retenção do néctar dentro da base da flor.
las geralmente 5, livres a ligeiramente conatas, frequentemente
petalóides. Pétalas geralmente 5 e livres, imbricadas. Corona Referências adicionais: Brizicky 1961a; Killip 1938; Muschner
complexa disposta no ápice e na superf ície interna do hi¬ et al. 2003; Puri 1948.
panto, consistindo em 1 a muitas fileiras de filamentos, projeções
ou membranas. Estames geralmente 5, com frequência dispostos Salicaceae Mirbel
em um ped nculo junto com o gineceu (em conjunto, constituindo
o androgináforo ), filetes geralmente livres; grãos de pólen tri (Família do chorão)
a 12-colporados. Carpelos geralmente 3, conatos, ovário supero, Á rvores ou arbustos; frequentemente com heterosídeos íe-
e dispostos sobre um ped ú nculo ( junto com o androceu), nólicos (salicilina, populina), mas em geral sem glicosídeos
com placentação parietal; estigmas, geralmente 3, capitados a cianogênicos, geralmente com taninos. Pêlos diversos. Folhas

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368 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.67 Passifloraceae. Passiflora incarnata: ( A ) liana com gavi ¬
corona interna; 5 , opérculo; (G) ová rio em secção transversal (x 8,5); ( H)
nhas e frutos (x 0,3); (B) ápice do pecíolo com glândulas de néctar (x semente jovem com arilo em desenvolvimento ( x 4); (I) semente em
4); (C) botã o com br ácteas ( x 1,5); (D) br áctea com glâ ndulas (x 7); (E) est ágio posterior com arilo ( x 4); (J) semente com ariio removido (x
flor ( x 1,5); ( F) flor em sec ção parcialmente longitudinal, dois estames .
5,5) (Fonte: Brizicky 1961, J. Arnold Arbor . 42: p. 213.)
e um estilete removido (x 3); 1, sépala; 2, pétala; 3, corona externa; 4,

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I SISTEMáTICA VEGETAL 369

í decíduas, alternas, espiraladas ou dísticas, simples, geralmente maioria dos gêneros, embora folhas inteiras tenham evoluído
serreadas a denteadas, dente salicóide (isto é, com a ner¬ ocasionalmente no grupo. A presença de salicina, de flores
-
vura expandindo se no ápice do dente e associada com imperfeitas apopétaias e (obviamente) de dentes salicóides
seta glandular e esf érica ), exceto em Casearia, com venação em Salix e Populus é partilhada com Idesia, Itoa, Poliothyrsis
peninérvea a palmada, ocasionalmente com manchas ou li¬ e muitos outros gêneros de Flacourtiaceae (Boucher et al.
nhas pel cidas; estipulas geralmente presentes. Inflorescê ncias 2003; Chase et al. 2002; Judd et al. 1997b; Judd et al. 1994;
determinadas a indeterminadas, de forma variada, às vezes Meeuse 1975). Caracteres moleculares sustentam uma rela ¬
em amentos pêndulos ou eretos, às vezes reduzidas a uma flor ção especialmente próxima entre Salix e Populus com esses
solitária, terminais ou axilares. Flores bissexuais ou unissexuais gêneros e també m com os numerosos taxa não-cianogênicos
( plantas dióicas ), radiais, freqiientemente reduzidas, subtendidas tradicionalmente incluídos em Flacourtiaceae (p. ex., Azara,
por uma bráctea geralmente pilosa em Salix e Populus. Sépalas, Banara, Dovyalis, Flacourtia, Flomalium, Scolopia e Xylosma ) .
geralmente 3-8, livres a ligeiramente conatas, às vezes ± ves- Em contraste, as Flacourtiaceae cianogênicas (p. ex., Gyno-
tigiais, formando uma estrutura em forma de disco ou ta ça cardia, Kigellaria, Hydnocarpus e Pangium ) formam um ciado
em Populus, mas ausente em Salix. Pétalas 3-8, livres, ou ausen¬ separado dentro de Malpighiales (Chase et al. 2002). Assim,
tes. Estames 2 a numerosos, filetes livres a conatos; grãos de esses taxa cianogênicos têm sido segregados na família Acha-
pólen tricolpados, tricolporados ou sem aberturas. Carpelos riaceae. Os integrantes dessa família se diferenciam també m
geralmente 2-4, conatos; ovário sú pero a semi-ínfero, com placen - .
de Salicaceae por apresentar mais pé talas do que sépalas,
tação parietal, as placentas às vezes profundamente intrusivas e o anteras lineares (vs. globosas ou ovoides) e pela ausência de
ovário então parecendo axial; estigmas, geralmente 2-4, ± ca ¬
disco nectar ífero.
pitados a expandidos e irregularmente lobados. Óvulos 1 a As relações filogenéticas dentro de Salicaceae são ainda
numerosos por placenta, às vezes com apenas 1 tegumento. pouco compreendidas, mas Casearia deve ser o grupo-irmão
Disco nectarífero ou glândulas presentes ou, às vezes, ausen ¬ dos outros gê neros (Prancha 9.10C). Além disso, está claro
tes. Fruto cá psula loculicida, baga ou drupa; sementes frequente- que Populus e Salix formam um ciado que está bem inserido
mente atiladas ou providas de um tufo basal de pêlos; endosper- dentro de um conjunto de taxa tropicais com flores menos
ma escasso ou ausente (Figura 9.68). reduzidas e polinizadas por insetos.
Dentro do ciado Salix + Populus, Populus apresenta mui ¬
tos caracteres plesiomó rficos, incluindo a presen ça de mui ¬
Fórmula floral:
tas escamas nos botões, óvulos com dois tegumentos e uma
Flor estaminada: *, K (3-8,', C3-8 ou 0, A2-°°, GO tendência para a venação palmada. A monofilia de Populus
e Salix é sustentada por caracteres moleculares (Chase et al.
Flor carpelada: *, K C3-8 ou 0, AO, G - @)-; 2002). Salix apresenta botões com uma nica escama e flores
com estruturas secretoras de néctar de origem estipular.
cápsula, Sistematas seguidores de Engler consideravam Salix e
baga, drupa Populus (Salicaceae s.s) como primitivos dentre as angiosper-
mas e situavam a família dentro das "Amentiferae , um gru ¬

po com flores inconspícuas agregadas em amentos pêndulos


Distribuição e ecologia: amplamente distribuída, desde re ¬ (Prancha 9.10L) . Amentiferae inclu famílias polinizadas
giões tropicais a temperadas e árticas. pelo vento, tais como Platanaceae, Fagaceae, Betulaceae e Ju -
glandaceae, e é um grupo polifilético. As flores de Salix e Po¬
Gê neros / espé cies: 58/1.210. Principais gêneros: Salix pulus podem parecer simples, mas não são primitivas; na ver¬
(450 spp.), Casearia (180), Homalium (180), Xylosma (85), Po¬ dade são muito reduzidas. Está claro que a polinização pelo
í; pulus (35) e Banara (31) . Salix, Populus, Xylosma e Flacourtia vento evoluiu muitas vezes dentre as angiospermas (Soltis et
ocorrem nos Estados Unidos e/ou no Canadá. al. 2005; Thome 1973a; 1992) .
As flores de Salicaceae variam de grandes e conspícuas a
Importância económica e produtos: Salix e Populus forne ¬ pequenas e reduzidas. A presença de glâ ndulas e/ou discos
cem lenha, polpa de madeira e espécies ornamentais. A casca nectaríferos, ou apêndices nectaríferos nas pétalas junto com
de Salix é utilizada na medicina, devido à presen ça de ácido androceu e gineceu expostos sugerem que diversos insetos
salicílico, um anticongestivo e febrífugo. Algumas espécies de não especializados devem ser os polinizadores. No entanto,
Flacourtia e Dovyalis são cultivadas pelos seus frutos comes ¬ muitos gêneros, como Populus, apresentam flores unissexuais
tíveis. Muitos gêneros apresentam espécies ornamentais, por e reduzidas e são polinizados pelo vento. As flores de Populus
exemplo, Oncoba,Casearia, Idesia e Samyda. estão agregadas em amentos que são produzidos no início
da primavera, antes da formação das folhas, e apresentam
Discussão: Salicaceae é aqui circunscrita de modo amplo, perianto reduzido e estigmas expandidos. As flores de Salix
com base em análises filogené ticas de sequ ê ncias de rbcL apresentam aroma e glândulas de néctar e atraem diversos
(Chase et al. 2002; Savolainen et al. 2000b; Soltis et al. 2000) e insetos polinizadores, sendo que a polinização pelo vento
inclui não apenas Populus e Salix, mas também numerosos gê ¬ deve ser igualmente importante.
neros de Flacourtiaceae $em compostos cinogênicos. Amo- Os tipos de fruto variam grandemente. A dispersão por
nofilia de Salicaceae s.l. é bem sustentada por sequências de aves ou mamíferos é caracter ística nos taxa com drupas ( Fla¬
DNA, mas a nica sinapomorfia morfológica deve ser a pre ¬ courtia ), bagas (Banara, Xylosma, Idesia, Oncoba, Scolopia, Do ¬

sença de característicos dentes foliares salicóides, que estão vyalis ) ou cápsulas contendo sementes coloridas e ariladas
ausentes em Casearia. Esse tipo de dente é caracter ístico da ( Samyda e Casearia ) . Alguns gêneros (p. ex., Itoa, Poliothyrsis )
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370 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.68 Salicaceae. Salix caroliniana: (A ) gema invernal (x 5); (B) ramo em expansão com
amento jovem (x 4); (C) amento estaminado (x 2); (D) flor estaminada (x 10); (E) bráctea e glân ¬
ri
dula nectar í fera de flor estaminada, estames removidos (x 20); (F) amento carpelado (x 2); (G) %
flor carpelada, observe glândula nectar í fera lobada, na base (x 10); (H) estigmas (muito aumen
tados ); (I) gineceu em secção longitudinal (x 20); (J) ovário em secção transversal (x 40); ( K)
¬

1
infrutesc ência parcialmente madura (x 2 ); (L) cápsula aberta com sementes saindo (x 7); (M)
semente, pêlos basais removidos (x 14); (N) embriã o (muito aumentado ); (O) folha de caule
de ver ão com desenvolvimento rápido, observe as estipulas proeminentes (x 1) (Fonte: Wood.
..
1974, A student's atlas offlowering plants , p 3 )
w
SISTEMáTICA VEGETAL 371

apresentam cápsulas que liberam sementes aladas que são brião grande e verde e a ausê ncia de ácido elá gico. Fabaies
dispersas pelo vento. Salix e Populus apresentam cápsulas que conté m 4 famílias e cerca de 18.860 espécies. As principais
liberam sementes pequenas e pilosas, dispersas pela água ou famílias são Fabaceae, Polygalaceae e Surianaceae.
pelo vento.
Os limites específicos dentro de Salix sã o freqúentemente Fabaceae Lindley
dif íceis, como consequ ê ncia de eventos de hibridação.
(= Leguminosae A. L. de Jussieu)
Referências adicionais: Argus 1974,1986; Boucher et al. 2003; (Família das leguminosas)
Brunsfeld et al. 1992; Fisher 1928; Tollsten and Kund -sen 1992.
Ervas, arbustos, árvores ou lianas com ou sem gavinhas; com
alto metabolismo de nitrogénio e aminoá cidos inco-
Fabaies muns, freqúentemente com nódulos radiculares contendo bacté ¬

A monofilia de Fabaies é sustentada por sequ ê ncias de rbcL, rias fixadoras de nitrogénio (Rhizobium ); às vezes com cavida
¬

atpB e 18S (Chase et al. 1993; Kãllersjõ et al. 1998; Savolainen des ou canais secretores; em geral com a presença de taninos;
et al. 2000a,b; Soltis et al. 2000). Possíveis sinapomorfias são a com frequê ncia com alcaloides; às vezes com compostos
presença de elementos de vaso com uma única perfuraçã o e cianogênicos; plastídios das células crivadas com cristais
parede celular secundária com pontoações aredadas, um em ¬ de proteína e em geral também com grãos de amido. Pêlos

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Faboideae
Fabaies: Fabaceae, Mimosoideae Mucum arens:
Albizia julibrissin: inflorescêndas Flores e legumes
Fabaies: Fabaceae, Faboideae
Erythrim herbacea: legumes
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Fabaies: Fabaceae, Faboideae


Fabaies: Polygalaceae Lathyrus latifvlia: flor em secção longitudinal
Polygala polygama: planta Fabaies: Fabaceae, Caesalpinioideae
com flores cleistógamas Cassia grandis: flor
e casmógamas PRANCHA 9.11 Eudicotiledôneas: Fabaies
372 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Chave para as Principais Famílias de Fabales

1, Folhas geralmente compostas, com estipulas e pulvinos bem desenvolvidos;


fruto frequentemente legume Fabaceae
1. Folhas geralmente simples, sem estipulas, pulvinos não proeminentes; fruto cá psula,
sâmara, noz, drupa ou baga 2
2. Carpelos 1-5, livres, estiletes ginobásicos; flores geralmente radiais;
estames geralmente deiscentes por fendas longitudinais Surianaceae
2. Carpelos geralmente 2-3, conatos, estiiete terminal; flores ± bilaterais;
estames geralmente deiscentes por meio de poro terminal Polygalaceae

diversos. Folhas geralmente alternas, espiraladas a dísticas, pi- Distribuição e ecologia: praticamente cosmopolita; é a ter ¬

nado-compostas (ou duplamente pinadas ), a palmado-compostas, ceira maior família de angiospermas, ocorrendo em uma am ¬
trifolioladas, ou unifolioladas; inteiras a ocasionalmente serre- pla diversidade de hábitats.
adas, com venação peninérvea, ocasionalmente com folíolos
modificados em gavinhas; pulvinos da folhas e dos folíolos bem G ê neros / espécies: 630/18.000 . Principais g ê neros: As-
desenvolvidos, folhas e folíolos geralmente apresentam movimen¬ tragalus (2.000 spp.), Acacia (1.000), Indigofera (700), Crota-
to de fechamento; estipulas presentes, inconspícuas a foliáceas, laria (600), Mimosa (500), Desmodium (400), Tephrosia (400),
ocasionalmente modificadas em espinhos. Inflorescências Trifolium (300), Chamaecrista (260), Senna (250), Inga (250),
quase sempre indeterminadas, às vezes reduzidas a uma flor Bauhinia (250), Adesmia (230), Dalbergia (200), Lupinus (200), !
solitária, terminais ou axilares. Flores geralmente bissexuais, Rhynchosia (200), Pithecellobium (170), Dalea (150), Lathyrus
radiais a bilaterais, com hipanto curto, geralmente em forma
de taça. Sé palas geralmente 5, livres a mais frequentemente co-
(150), Calliandra (150), Aeschynomene (150), Vicia (140), Albi -
zia (130), Swartzia (130), Lonchocarpus (130), Caesalpinia (120),
natas. Pétalas geralmente 5, livres ou conatas, valvadas ou Lotus (100), Millettia (100) e Erythrina (100). Mais de uma
imbricadas, todas semelhantes, ou a pétala superior diferenciada centena de gêneros ocorrem nos Estados Unidos e / ou no Ca ¬

em tamanho, forma ou coloração ( isto é, formando um estandar¬ nadá; alguns estão listados na Tabela 9.2.
te ), e posicionada interna ou extemamente no botão, as duas pé¬
talas inferiores frequentemente conatas ou aderidas e formando importância econó mica e produtos: depois de Poaceae,
uma quilha, ou amplamente expostas. Estames 1 a numerosos, Fabaceae é a segunda maior família em importância econó ¬

mas em geral 10, ocultos pelo perianto a longo-exsertos, e às mica. Plantas de importância alimentícia são Arachis (amen ¬
vezes vistosos; filetes livres a conatos, neste caso comumente
monadelfos ou diadelfos (9 conatos e 1, o adaxial, ± livre);
doim), Cajanus (feijão-guandu), Cicer (grão-de-bico), Glyci -
ne (soja), Inga (ingá), Lens (lentilha), Phaseolus (feijão), Pisum
grãos de pólen tricolporados, tricolpados, ou triporados, ge ¬ (ervilha) e Tamarindus (tamarindo). No entanto, devemos
ralmente liberados em mônades, mas ocasionalmente em ressaltar que muitos gêneros, incluindo Abrus e Astragalus,
tétrades ou políades. Carpelo 1 (raramente 2-16), distinto,
alongado (ocasionalmente encurtado), e com um ginóforo
são altamente venenosos. Muitas espécies fornecem impor¬
tantes forrageiras, tais como Medicago (alfafa), Melilotus (tre ¬
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curto; ovário supero com placentação lateral; estiiete 1, arquean¬ vo-doce), Trifolium (trevo) e Vicia (fava). Algumas espé cies,
do-se para cima, às vezes piloso; estigma, 1, pequeno. Óvulos quando utilizadas no barbecho, proporcionam um grande
1 a numerosos por carpelo, dispostos em 2 fileiras ao longo da acréscimo no nível de nitrogénio do solo; isso é a base de
placenta superior, com frequência campilótropos. Néctar geral ¬ rotação de culturas. Espécies ornamentais ocorrem nos gé ¬
mente secretado pela superf ície interna do hipanto ou por neros Acacia, Albizia, Bauhinia (pata -de -vaca), Calliandra
um disco intra -estaminal. Fruto legume, às vezes sâmara, (topete -de-cardeal), Cassia, Cercis, Cytisus, Delonix (flam-
lomento, folículo, cápsula indeiscente, aquênio, drupa ou boyant), Erythrina (mulungu), Gleditsia, Labumum, Latyrus,
baga; sementes frequentemente com testa dura cujas células Lupinus (lupino), Mimosa (sensitiva), Parkinsonia, Robinia e
apresentam forma de ampulheta, às vezes ariladas e às vezes Wisteria. Gomas e resinas comerciais são extraídas a par¬
com uma linha em forma de U (pleurograma); embrião ge ¬ tir de espécies de Acacia e Hymenaea; Indigofera é utilizada
ralmente curvo, endosperma frequentemente ausente (Figu ¬
como fonte de uma tintura azul. Muitos gêneros, por exem ¬
ras 9.69, 9.70, 9.71; Tabela 9.2). plo Dalbergia e Pterocarpus, são fontes de madeira de ótima
qualidade.
Fórmula floral: Discussão: a monofilia de Fabaceae (ou Leguminosae) é
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Kv5 ,> C(51, A(lO oo), G1; legume sustentada por muitos caracteres morfológicos e sequê n ¬
cias de DNA (Chappill 1994; Doyle 1994; Kajita et al. 2001;
Lavin et al. 2005) . A fixação de nitrogénio ocorre em nume-
SISTEMáTICA VEGETAL 373

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FIGURA 9.69 Fabaceae, subfam ília Mimosoideae. Albizia julibrissin: ção longitudinal mostrando duas fileiras de óvulos {x 30); ( H ) ov á rio
(A) ramo com flores (x 0,4); (B) flor central bissexual de uma inflores- em secçã o longitudinal em vista lateral (x 30); ( I ) fruto maduro (x 0,75);
cência, mostrando o tubo alongado da corola e o tubo estaminal ex - (J ) semente mostrando o pleurograma (x 6); ( K ) semente em secção
serto (x 2); (C ) flor n áo-apical de uma inflorescência, funcionalmente longitudinal, mostrando o grande embrião (x 6); (L) fol íolo (x 4,5); (M)
estaminada (x 2); (D) antera (x 44); (E) ová rio e parte inferior do estilete base do pecíolo mostrando pulvino e nectá rio (x 3). ( Fonte: Elias 1974,
(x 9); ( F) parte superior do estilete e estigma (x 37); (G ) ová rio em sec¬ J. ArnoldArbor. 55: p. 110.)

rosas leguminosas, mas est á ausente em muitas linhagens 2000; Kajita et al. 2001) situam claramente a família dentro
que tiveram divergê ncia precoce dentro da família; este das rosídeas, próxima de Polygalaceae e Surianaceae (todas
cará ter é homoplásíco e nã o sinapomórfico para a família em Fabales, como aqui circunscrita; ver Angiosperm Phylo-
(Doyle et al. 1997). geny Group 1998, 2003) . Folhas pinado -compostas, flores
Caracteres morfológicos (Hufford 1992) e sequê ncias de com peças periâ nticas imbricadas e (às vezes) com um disco
DNA (Chase et al. 1993; Savolainen et al. 2000b; Soltis et al. nectarífero distinto, junto com semelhan ças na anatomia do
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374 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.70 Fabaceae, subfam ília Caesalpiniodeae . (A-J ) Senna em desenvolvimento (x 4,5); (J ) semente (x 6). ( K-L) S. obtusifolia: (K)
bahamensis: ( A) ramo florido com frutos imaturos (x 0,75); ( B) botã o legume (x 0,75); (L) semente (x 6). (M-O) Chamaecrista fasciculata: (M)
(x 3); (C) flor (x 2); ( D) estaminódio superior (x 6); (E) estames laterais folha pinado-composta com estipulas (x 0,75); ( N ) botão (x 3); (0) se-
funcionais (x 6); (F) estame funcional inferior (x 6); (G) estamin ódio in- mente (x 6). (Fonte: Robertson e Lee 1976, J . AmoldArbor . 57: p. 38.)
ferior (x 6); (H ) gineceu (x 6); ( I) porção do fruto imaturo com sementes

lenho e embriologia, têm sido utilizadas para sugerir uma vezes são tratados como famílias separadas (Cronquist 1981;
relação próxima com Sapindales (Dickison 1981; Thorne Dahlgren 1983). Os caracteres diagnósticos para cada subfa ¬
1992). Alguns botânicos têm considerado Fabaceae como mília estão indicados na Tabela 9.2. Análises filogenéticas •

próxima de Rosaceae porque ambas apresentam folhas es ¬ baseadas em caracteres morfológicos (Chappill 1994; Tucker
tipuladas e hipanto. Atualmente nenhuma dessas relações e Douglas 1994) e em sequências de DNA (Bruneau et al.
recebe suporte. 2001; Doyie 1987; Doyle e Luckow 2003; Doyle et al. 1997; y
Em geral, são reconhecidos três subgrupos dentro de Kajita et l. 2001; Lavin et al. 2005; Wojciechowski et al. 2004)
Fabaceae: Caesalpinioideae , Mimosoideae e Faboideae mostram que Caesalpinioideae é parafilética, com alguns £
(= Papilionoideae) . Na maioria das classificações (Polhill et gêneros mais proximamente relacionados com Mimosoideae
al. 1981) esses grupos são considerados subfamílias, mas às e outros mais relacionados com Faboideae do que entre eles | |
SISTEMáTICA VEGETAL 375

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FIGURA 9.71 Fabaceae, subfam ília Faboideae. Vicia ludoviciana: (A) removida para mostrar os ó vulos (x 1,5); (K) legume maduro (x 3); (L)
á pice de caule com flores e frutos (x 0,3); ( B) vista lateral do botã o (x legume deiscente (x 2,5); (M, N ) sementes, observe o hilo circundando
5); (C ) flor (x 5); ( D) estandarte (x 5); (E) superf ície interna de uma ala (x metade da semente (x 6); (O) semente em secçã o transversal, observe
5); (F) superf ície interna de uma das pétalas da quilha (x 5); (G ) quilha a regiã o do hilo ( hachurado) e embrião grande, cotilédone e eixo cur¬
em vista frontal (x 5); (H) androceu com nove estames fusionados e um vo (x 8); ( P ) pl â ntula. ( Fonte: Wood 1974, A student's atlas offlowering
± livre (x 7); ( I) gineceu unicarpelado (x 7); (J ) fruto jovem, uma valva plants, p 60 ) . .

mesmos. Um ciado Ceras + Bauhínia, junto com outro ciado de Acaáa são habitadas por formigas que protegem a planta
contendo Hymenae, Brownea e Amherstia, entre outros, deve contra herbivoria (McKey 1989).
ser o grupo-irmão dos demais taxa da família. Dentro de Fa ¬ As flores de Fabaceae sã o extremamente variáveis
boideae, está claro que as linhagens temperadas e herbáceas em tamanho, forma, coloração e polinizadores {Prancha
derivaram recentemente a partir de grupos tropicais lenho ¬ 9.11A,B,E,F). Polinizadores à procura de néctar incluem abe ¬

sos, embora o número de vezes do aparecimento do hábito lhas, vespas, formigas, borboletas, moscas, coleópteros, aves
herbáceo permaneça incerto (Lavin com. pess.). Análises cla- e morcegos, embora a polinização por abelhas seja a mais ca-
dísticas detalhadas agora estão disponíveis para muitas tribos racter
ística, sobretudo em Faboideae (Arroyo 1981). As flores
de Fabaceae. Swartzia e Cladrastis (e taxa afins) provavelmen ¬ especializadas com simetria bilateral desse grupo apresentam
te representam dados basais de Faboideae. uma conspícua pétala estandarte, que funciona como atrati ¬
Muitos gêneros de Fabaceae apresentam relações coevo- vo visual, e duas alas, que servem como plataforma de pouso
lutivas interessantes com diversas espécies de formigas. Nec- para insetos visitantes. Quando uma abelha pousa e procura
tários extraflorais são comuns em Mimosoideae e Caesal- por néctar, pressiona as pétalas da quilha, que envolvem os
pinioideae , e as estipulas modificadas de algumas espécies estames e o ovário, fazendo com que os estames e o estigma
T
376 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

TABELA 9.2 Caracteres diagn ósticos para as subfam ílias de Fabaceae ( = Leguminosae)
Mimosoideae Caesalpinioideae Faboideae ( = Papilionoideae )

40/ 2.500 150/ 2.700 429/12.615


G ê neros /espécies
Acaàa, Albizia, Calliandra, Inga, Bauhimia, Caesalpinia, Cassia , Arachis, Astragalus, Baptisia,
Gêneros representativos
Leucaena, Mimosa, Parkia, Chamaecrista, Ceras, Delonix, Crotalaria, Desmodium,
Pithecellobium, Prosopis Gleditsia, Parkinsonia, Glycine, Índigofera, Lupirus,
Senna, Tamarindus Melilotus, Phaseolus,
Pisum, Robinia,Tephrosia,
Trifolium,Viàa,Wistena

H á bito Árvores a arbustos; Árvores a arbustos; Ervas, arbustos ou árvores


ocasionalmente eivas >• ocasionalmente ervas
Folhas Geralmente bipinado-compostas Geralmente pinado ou Pinado- compostas a trifolioladas;
bipinado- compostas ocasionalmente unifolioladas

Inftorescência Rores densas abrindo ± Flores ± laxas, abrindo Rores ± laxas abrindo
simultaneamente seqúencialmente seqúencialmente
Corola Radial Geralmente bilateral Bilateral (na maioria)
(algumas radiais)
Valvada Imbricada, com a pétala superior Imbricada, com a pétala superior
geralmente mais interna mais externa, duas pétalas basais
conatas ou aderentes no ápice

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W-Quilha
Estandarte

Individualmente não -vistosa Geralmente vistosa Vistosa


Estames •lÔi out 9 H 1
Vistosos Geralmente não -vistosos Não-vistosos
Pólen Mônades, té trades, políades Mônades Mônades

L í nea em forma de U na Presente Geralmente ausente Ausente


semente ( pleurograma )

contatem a região ventral do inseto. Ocorrem outros meca ¬


expõem sementes ariladas (como em Pithecellobium e Acacia )
nismos diversos de apresentação do pólen; o estigma e os ou sementes coloridas (como em Abrus e Erythrina; Prancha
estames das flores de Genista e Medicago, por exemplo, têm 9.11C) e são principalmente dispersas por aves - no último
apresentação explosiva. A polinização cruzada é favorecida caso, por engodo, pois as sementes n ã o são comestíveis. Inte ¬
pela presença de protandria. grantes de muitos gêneros apresentam frutos adaptados à dis¬
Fabaceae apresenta grande diversidade de mecanismos de persão pelo vento; os frutos podem ser indeiscentes, com uma
dispersão. Um grande n mero de espécies apresenta legumes ou poucas sementes, e alados, como em Hymenolobium,Tipu-
de deiscência elástica. As valvas são higroscópicas e a pressão ana, Peltophorum e Pterocarpus, ou inflados e globosos, como
interna aumenta à medida que o fruto seca; eventualmente em Oxytropis e Crotalaria. Trifolium e Astragalus apresentam
as duas valvas tomam -se retorcidas, separam -se e ejetam as diversas estruturas acessórias para a dispersão pelo vento. Os
sementes. Outras espécies apresentam legumes fortemente frutos de Piscidia são lomentos que se dividem em segmentos
alados contendo uma ou poucas sementes. Os lomentos de
achatados que, uma vez abertos, ejetam passivamente as se ¬

Desmodium e Aeschynomene, que se dividem transversalmente


mentes quando chacoalhadas pelo vento. Cássia, Gleditsia e
em segmentos unisseminados, estão cobertos com p êlos em
Enterolobium apresentam frutos indeiscentes e mais ou menos
forma de gancho, o que promove o transporte externo por di ¬
duros, dentro dos quais as sementes estão envolvidas por uma versos tipos de animais. Algumas poucas espécies de Acacia
polpa doce à amarga. Esses frutos geralmente caem no solo apresentam sementes dispersas por formigas.
em baixo da árvore e são dispersos por mamíferos. Os frutos
de Tamarindus e Inga são carnosos e dispersos por vertebra ¬ Referências adicionais: Arrovo 1981; Augspurger 1989; Elias
dos. Muitas espécies apresentam frutos que, quando abertos, 1974; Herendeen et al. 1992; ísley 1998; Lewis et al. 2005;

i
SISTEMáTICA VEGETAL 377

Oldeman 1989; Fblhffl 1981; Robertson and Lee 1976; Schrire e constitui Polygaleae, dentro da qual o grande gênero Poly¬
1989; Verma and Standley 1989; Weberlíng 1989. gala não é monofílético.
Polygalaceae tem sido considerada próxima de Mal -
Polygalaceae Hoffmannsegg & Link pighiaceae ou Krameriaceae, e todas as três famílias apre ¬
(Família da poaia) sentam flores zigomorfas (Cronquist 1981) . No entanto,
análises de sequências de DNA situam Polygalaceae como
Ervas a árvores, ou lianas; frequentemente produzindo saponi- grupo-irmão de Fabaceae, em Fabales, como aqui delimi ¬
nas triterpenóides e salicilato de metila. Rios simples. Folhas tada. As flores da maioria das espédes de Pblygalaceae pa ¬
alternas, espiraladas ou dísticas, simples, inteiras, com venação recem notavelmente semelhantes àquelas das leguminosas
peninéivea; estipulas ausentes ou com pares de glândulas ou (Faboideae), no entanto as estruturas envolvidas não são
espinhos. Inflorescê ncias indeterminadas, racemosas a pani- homólogas. As asas das flores das Faboideae são pétalas la ¬
culadas, às vezes reduzidas a uma flor solitária, tsrminais ou terais, enquanto as de Polygalaceae são sé palas laterais. A
axilares. Flores bissexuais, ± bilaterais. Sépalas geralmente 5, quilha de Faboideae é formada pela fusão ou adna ção de
livres a variavelmente conatas, com frequência apenas as duas duas pétalas, enquanto a quilha de Polygalaceae é consti ¬
abaxiais conatas, muitas vezes com as 2 laterais maiores do que tuída por uma nica pétala.
as outras e petalóides. Pétalas (5-) 3, com 2 adaxiais e 1 abaxial, As vistosas flores de muitas Polygalaceae atraem diversas
livres, mas frequentemente todas adnatas ao tubo estaminal, a abelhas e vespas e funcionam de modo similar ao das flores
abaxial frequentemente navicular e com frequência também apre¬ das leguminosas (Faboideae). A autopolinização também é
senta apêndices, imbricadas. Estames (4-) 8 (-10); filetes livres bem conhecida e acontece pela curvatura do estilete ou por
ou conatos, adnatos às pétalas; anteras deiscentes por l o u 2 poros movimento do ramo estéril do estilete. Algumas espécies pro¬
± apicais, ou fendas longitudinais; grãos de pólen policolpo- duzem flores cleistógamas. As sâmaras de Securidaca são dis¬
rados. Carpelos 2 ou 3 (-8), conatos; ovário súpero, com pla- persas pelo vento. As cápsulas loculicidas de Polygala liberam
centação axial, mas às vezes pseudomonômero; estilete fre- sementes com estruturas lobadas e arilóides e são dispersas a
qíientemente com um ramo estigmático e outro estéril, este curtas distâncias por formigas. Espécies com frutos carnosos
último terminando em um tufo de pêlos; estigma capitado. são dispersas por vertebrados.
Óvulos 1 {2 a muitos) por lóculo. Disco nectarífero às vezes Referências adicionais: Eriksen 1993a,b; Miller 1971a;Verkerke
presente. Fruto c psula loculicida, sâmara, drupa, baga ou noz;
1985.
sementes frequentemente com pêlos í rgidos, às vezes arila-
das; endosperma presente a ausente (Figura 9.72).
Rosales
Fórmula floral: A monofilia de Rosales recebe forte suporte de an álises de
~ sequências de DNA (APG 1998, 2003, Hilu et al. 2003; Kãl-
X, K ®, C3 -5), A (4-40), G@; cápsula lersjõ et al. 1998; Savolainen et al. 2000a, b; Soltis et al. 2000;
Sytsma et al. 2002). A ordem é morfologicamente muito he ¬
terogénea, mas a redução (ou ausência) de endosperma deve
ser sinapomórfica para esse grupo. A presença de um hipanto
Distribuição: amplamente distribuída; tropical a temperada. também deve ser sinapom órfica, e essa estrutura é observada
nas famílias Rosaceae, Rhamnaceae e em algumas Ulmaceae;
Gêneros/ espé cies: 17/850. Principais gê neros: Polygala provavelmente deve ter sido perdida nas famílias mais deri ¬

(550 spp.), Monnina (125) e Muraltia (115). Os dois primeiros vadas Cannabaceae, Moraceae e Urticaceae, que apresentam
gê neros ocorrem nos Estados Unidos e /ou no Canadá. flores muito reduzidas (Figura 9.73). Rosales também inclui
Elaeagnaceae (oliveira russa) .
Import ância económica e produtos: algumas poucas es ¬
As relações filogenéticas dentro da ordem ainda sã o um
pé cies de Polygala e Securidaca sã o cultivadas como plantas tanto incertas, mas Ulmaceae, Cannabaceae, Moraceae e Ur¬
ornamentais. ticaceae provavelmente constituem um ciado, que é diagnos ¬
ticado pela presença de cistólitos (concreções de carbonato de
Discuss o: Polygalaceae é hipoteticamente monofilética cálcio) globosos a alongados dentro de células especializadas
com base em caracteres morfológicos e de tmL -F . O grupo (Iitocistos), flores reduzidas e inconspícuas, com 5 estames
é composto por dois ciados principais (Persson 2001). O pri¬ ou menos e ovários 2-carpelares, uniloculares com um único
meiro inclui Xanthophyllum e é diagnosticado pelo ac mulo óvulo apical (a basal) (Humphries e Blackmore 1989; Judd et
de alumínio nos tecidos e pelos filetes estaminais livres. O al. 1994; Sytsma et al. 2002). A presença de dentes urticóides
segundo principal ciado inclui a maior parte dos gêneros da (que não são glandulares e apresentam uma nervura media ¬
família e é sustentado pela presença de uma pétala inferior na fina e nervuras laterais convergentes) e alguns caracteres
navicular, estames deiscentes por poros terminais e estilete de anatomia da madeira também devem ser sinapomórficos.
curvo. A maioria dos gêneros desse dado ( Polygala, Monnina, Essas famílias são frequentemente tratadas como a ordem
Muraltia e Securidaca ) apresenta numerosas sinapomorfias Urticales (Cronquist 1981, 1988; Thome 1992). Às vezes elas
adicionais (p. ex., flores com três pétalas evidentes, dois car¬ têm sido incluídas no complexo das hamamelídeas (isto é,
pelos e um estilete bífido com apenas um estigma funcional) Platanaceae, Hamamelídaceae, Fagaceae, Betulaceae, etc.; ver
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378 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.72 Polygalaceae. (A-L) Pofygalapaucifolia: ( A) planta florida com duas
flores casmógamas e uma flor cleistógama (seta) (x 1);(B) flor casmógama (x 4,5);
(C) flor casmógama em vista lateral, c á lice e metade da corola removidos para
mostrar androceu e gineceu ( x 4,5 ); [D) o mesmo, estilete removido (x 4,5); (E)
antera liberando póien (x 30); ( F) antera vazia ( x 30); (G) ovário em sec ção longi
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¬

tudinal, um óvulo por lóculo (x 12); (H) óvulo e arilo imaturo (x 22); (I) semente
madura com arilo (x 12);(J) semente em secção longitudinal, endosperma ponti ¬

lhado, camada interna da testa achurada, embrião em branco ( x 12); (K) c ápsulas
jovens desenvolvidas a partir de flores cleitógamas (x 3); (L) flor cleistógama ( x
15); (M-P) P. grandiflora: (M) flor (x 9); (N) flor em secçã o longitudinal, com sépaia
e parte da pétala inferior removidas, observe os filamentos conatos adnatos à s
pétalas (x 9); (O) c ápsula (x 9); (P) semente arilada (x 15). (Fonte: Miller 1971, J. 3
ArnoldArbor. 52: p. 272.)

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SISTEMáTICA VEGETAL 379

% FIGURA 9.73 Cladograma mostrando

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Nervuras
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as relações hipotéticas dentro de Rosa -
les. Essa á rvore mostra apenas caracteres
estruturais, mas sua topologia é tam
bém sustentada por dados moleculares.
¬

secundárias ( Adaptada de Judd et al. 1994; Sytsma et


Estames incurvados
Estames convergindo .
al 2002 e Datwyler e Weiblen 2004.)
numerosos nos dentes Cistólitos alongados
foliares
P len 4-6 laticíferos apenas na nabaceae (p. ex., Ceitis, Trema e taxa
porado casca (ou reduzidos)
afins) são distinguidos pelo padrão
Fruto Látex mucilaginoso de vemação e venação foliar; morfo ¬

sâmaia logia floral, sexualidade e anatomia;


Gineceu
Semente pseudomon ômero tipo de fruto; anatomia da madei ¬

achatada ra; química de flavonóides; tipo de


Placentação basal plastídios de células crivadas; e n ¬
Reversão a embrião reto mero cromossômico (Grudzinska -
ja 1967; Omori e Terabayashi 1993;
Terabayashi 1991). Para a maioria
Laticífero desses caracteres, Cannabaceae é
(com l átex leitoso)
mais parecido com Urticaceae e com
Moraceae do que com Ulmaceae, e
Flores imperfeitas
algumas dessas semelhanças prova ¬
Embrião curvo velmente representam sinapomor-
Perda do hipanto fias adicionais para o ciado formado
por Cannabaceae + Moraceae + Ur ¬

Cistólitos (globosos) ticaceae. O Ciado Urticaceae + Mo ¬


Flores inconspícuas raceae é sustentado por sequências
5 estames ou menos de DNA e pela presen ça de laticí¬
Floema estratificado feros ; dentro desse ciado, Moraceae
2 carpelos é o -
grupo irmão de Urticaceae, esta
última família é sustentada pela pre ¬

Ovário unilocular com nico óvulo apical


sença de laticíferos restritos à casca,
Pólen porado látex mucilaginoso, gineceu pseudo ¬

Dentes urticóides monômero, placenta ção basal e pela


Pelo menos uma gema presen ça de cistólitos alongados (au ¬
profilar proeminente sentes em Cecropia e taxa afins).
Rhamnaceae deve ser o grupo-
irmão do ciado que contém de Ul ¬
' Único verticilo de estames maceae até Urticaceae, ambos os
• Fruto drupáceo grupos mostram redução no n mero
- •

de estames (até um verticilo de esta ¬


mes ou menos). A pequena família
Endosperma ausente ou reduzido
fA . Hipanto
Elaeagnaceae (com características
escamas peitadas, prateadas a dou ¬
radas e sem pétalas) deve ser o gru ¬
po-irmão de Rhamnaceae; ambas as
i Cronquist 1981), mas muitos sistematas têm considerado que
famílias apresentam óvulos basais.
Rosaceae deve ser o grupo-irmão de
elas derivam de ancestrais malvóides (Berg 1977, 1989; Dahl- todos os outros grupos de Rosales.
gren 1983; Thome 1992). Aqui, elas são consideradas como Rosales contém 9 famílias e cerca de 6.300 espécies; as
proximamente relacionadas com Rosaceae e Rhamnaceae, principais famílias sã o Rosaceae, Rhamnaceae, Ulmaceae,
portanto são incluídas dentro de Rosales. Cannabaceae, Urticaceae e Moraceae.
Ulmaceae é provavelmente o grupo-irmão de um ciado
formado por Cannabaceae + Moraceae + Urticaceae. Este l¬ Rosaceae A. L. de Jussieu
timo ciado é diagnosticado pela presença consistente de flores
unissexuais e embriões curvos. Ceitis,Trema e taxa afins, aqui (Família das rosas)
incluídos em Cannabaceae ( junto com Cannabis e Humulus ), Ervas, arbustos ou árvores (cerca de três quartos dos gêneros
outrora foram incluídos dentro de Ulmaceae por muitos siste ¬ são plantas lenhosas), com frequência rizomatosas, raramen ¬
matas (Cronquist 1981), criando assim um grupo parafilético te lianas; espinhos às vezes presentes; presença de glicosídeos
(isto é, Ulmaceae s.L ) . Ulmaceae e os taxa lenhosos de Can ¬ cianogê nicos e sorbitol em alguns grupos. Pêlos tipicamente
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380 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Chave para as Principais Famí lias de Rosales

1. Indumento com muitas escamas peitadas e pêlos estrelados;


flores sem pétalas e com um único carpelo . Elaeagnaceae
1. Indumento diverso, mas em geral não densamente estrelado;
flores com ou sem pétalas; gineceu com 1a muitos carpelos livres a conatos 2
2. Flores com hipanto secretor de néctar; carpelos 1a numerosos;
livres a conatos, neste último caso com placentação axial; estames 4 a numerosos 3
.
2 Flores sem hipanto, ou se presente, não nectarifero; carpelos 1 ou 2,
conatos com placentação apical ou basal; estames 1- 5 4
3. Estames 4 ou 5,opostos às pétalas; pétalas côncavas ou cuculadas,
cada uma envolvendo um estame na antese . Rhamnaceae
3. Estames 10 a numerosos; pétalas planas a ligeiramente côncavas,
não envolvendo os estames na antese . . . Rosaceae
4. Nervuras secundárias convergindo diretamente nos dentes foliares; flores bissexuais
ou unissexuais; embrião reto; frutos secos, geralmente sâmaras ou nucóides Ulmaceae
4. Nervuras secundárias não convergindo diretamente nos dentes foliares, frequentemente formando
uma série de curvas; flores consistentemente unissexuais; embrião curvo a reto; fruto drupa ou aquênio 5
5. Laticíferos ausentes, seiva aquosa; frutos não agregados Cannabaceae
5. Laticíferos presentes, mas às vezes reduzidos; seiva comlátex branco ou aquosa;
frutos aquênios ou drupas, com frequência densamente agrupados,
agregados e associados com estruturas acessórias; plantas lenhosas a herbáceas 6
6. Látex amplamente distribuído em toda a planta,branco; cistólitos ± globosos;
gineceu geralmente com 2 carpelos com placentação apical . . Moraceae
6. Látex restrito à casca ou praticamente ausente,leitoso a translúcido e mucilaginoso;
cistólitos + alongados ou ausentes; gineceu pseudomonômero, com placentação ± basal . Urticaceae

simples, às vezes glandulares, ocasionalmente estrelados;


ac leos às vezes presentes. Folhas geralmente alternas e es - Fórmula floral:
piraladas, simples a frequentemente compostas palmadas ou
* , K5, C5, AIO-»», G (J-w,; aquênio, agregado de drupas,
pinadas, lâmina frequentemente com dentes de ápice glan
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dular, com venação peninérvea ou palmada; estipulas geral ¬


7 == folículos, drupa, pomo
mente presentes. Inflorescências diversas. Flores frequentemente
vistosas, bissexuais ou raramente unissexuais (então, plantas
dióicas ou monóicas), geralmente radiais, com hipanto que Distribuição e ecologia: família cosmopolita, porém mais
vai de plano até a forma de taça ou cilíndrico, livre ou adnato abundante no Hemisfério Norte. Alguns gêneros, tais como
aos carpelos,frequentemente expandido na frutificação, com dis¬ Lyonothamnus, apresentam distribuição muito restrita. Em
co nectarifero na região interna. Sépalas, geralmente 5, às vezes contraste, Rubus (framboesas, amoras silvestres) é nativo dos
alternando com os lobos do epicálice. Pétalas geralmente 5, 6 continentes. Os taxa herb áceos ocorrem em florestas tem ¬

frequentemente ungiiiculadas,imbricadas, raramente ausen ¬ peradas, no sub-bosque, em ambientes encharcados (de água
tes. Estames geralmente numerosos, frequentemente 15 ou salobra ou doce), na tundra ártica, em campos naturais e em
mais, mas às vezes 10 ou menos; filetes livres ou basalmente beiras de estradas. Taxa lenhosos, tais como Rubus, Cratae -
fusionados com o disco nectarifero; pólen tricolporado. Car ¬ gus, Amelanchier e algumas espécies de Prunus são elementos
pelos 1a muitos, livres a conatos, às vezes adnatos ao hipan ¬
conspícuos nos primeiros estágios da sucessão. Espécies ar ¬

to; ovário supero a ínfero; estiletes em n mero igual ao dos bóreas, como Prunus serotina, são componentes de florestas
carpelos; estigmas terminais; óvulos 1, 2, ou frequentemente deciduais maduras. Quatro gêneros (Cercocarpus, Chamae-
mais por carpelo, basais, laterais ou apicais (quando os car ¬
batiaria, Dryas e Purshia, todos em Dryadoideae, como aqui
pelos são livres) ou placentação ± axial (quando os carpelos definida) fixam nitrogénio através da simbiose com actinomi -
estão fusionados). Fruto folículo, aquênio (exposto ou ocul ¬ cetos do gênero Frankia.
to dentro do hipanto que às vezes é carnoso), pomo, drupa,
agregado de drupas, folículos ou aquênios ou raramente cáp ¬
90/3.000; os principais gêneros são lista¬
Gêneros / espécies:
sula. Endosperma geralmente ausente (Figuras 9.74-9.77). dos discussão que se segue.
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FIGURA 9.74 Rosaceae, subfamília Spiraeoideae, tribo Spiraeeae. bissexuai (de planta estaminada ) em sec çã o longitudinal, pétalas
Aruncus dioicus: ( A) ramo florido de planta estaminada (x 0,3); ( B) por - removidas (x 17); (G) frutos (x 7); (H) fruto em desenvolvimento, em
.
ção do rizoma com a base do caule (x 0 75); (C) flor carpeiada (x 17); sec ção longitudinal ( x 17); (1) semente (x 30); (J ) embrião (x 30); (K) o
(D) flor estaminada (x 17); (E) flor estaminada em secção longitudinal, .
mesmo em vista lateral (x 30) (Fonte: Robertson 1974,1 Arnoid Arbor.
observe o disco nectarífero e os carpelos' rudimentares (x 17); (F) flor 55: p. 326.)
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382 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.75 Rosaceae, subfamília Rosoideae. (A-H) Rosa carolina: ( A) ramo com botões florais (x 0,75);(B) flor (x
13); (C) face externa do lobo do cálice com dois apêndices laterais (x 3); (D) pêlos da margem do lobo do cálice (x
37);(E) flor em secção longitudinal, observe estames, pétalas e sépalas adnatas no ápice do hipanto em forma de
taça (x 4);(F) carpelo (x 9); (G) aquênio (x 4,5);(H) aquênio em secção longitudinal, observe o grande embrião e
a ausência de endosperma (x 7,5), (l-J) R. setigera: (I) fruto imaturo com hipanto carnoso envolvendo os aquènios
.
(x 4,5); (J) sec ção longitudinal do fruto (x 4,5) (K) R. eglanteria: secção longitudinal do fruto, observe os aqu
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aderidos em vários níveis ao hipanto carnoso (x 3). (Fonte: Robertson 1974 J. ArnaldArbor. 55: p. 613.)

Importância econó mica e produtos: a família é economi ¬ de frutos: P. dulcis (amêndoa), P armeniaca (abricó),P avium
camente importante pela grande quantidade de frutíferas e (cereja doce),P cerasus (cereja amarga), P pérsica (pêssego), e
plantas ornamentais provindas de regiõ es temperadas. De P domestica (ameixa). Outros frutos comestíveis de interesse
grande importância é Malus domestica (maçã), nativa do Ve¬ comercial são Pyrus (p êra), Rubus (framboesas, amora- do -
lho Mundo, hoje com milhares de cultivares explorados em mato), Fragaria (morango), Cydonia (marmelo) e Eriobotrya
regiões temperadas. Prunus fornece uma ampla variedade P
(nêspera). As espécies ornamentais incluem diversas herbá-
SISTEMáTICA VEGETAL 383

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Rosales: Rosaceae, Rosoideae Rosales: Rosaceae, Spiraeoideae, tribe Pyreae


Fragaria x amnassa: fruto agregado Sorbus aucuparia: flores

( D) Rosales: Urticaceae (F)


Boehmeria cylindrica: planta em flor

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Rosales: Rosaceae, Rosoideae


Rosa laemgfita: folhas e flores :í
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Trema micrantí m: ramo
) com frutos
Rosales: Rosaceae, Rosoideae
Rosa rugosa: flor em secção
longitudinal (])

Rosales: Moraceae
Ficus citrifolia: ramo com figos
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Rosales:
Rhamnaceae

1 Rosales: Rosaceae,
Spiraeoideae, triboPyreae
Rosales: Ulmaceae
Ulmus americana: fruto Rhammis frangida:
ramo com frutos
Crataegus crus-galli: pomos PRANCHA 9.12 Eudicotí ledô neas: Rosales

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384 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Chave para os Principais Subgrupos de Rosaceae

1. Carpelos geralmente numerosos, fruto aquênio ou agregado de drupas; x = 7 (raramente 8);


ausência de sorbitol, glicosídeos cianogênicos e flavonas; presença de ácido elá gico Rosoideae
1. Carpelos geralmente 1-5; fruto drupa, folículo, pomo ou cápsula; x = 8, 9, 15, 16 ou 17;
presença de sorbitol, glicosídeos cianogênicos e flavonas; ausência de ácido elá gico 2
2. Plantas com nódulos radicais fixadores de nitrogénio; sorbitol presente em tra ç os Dryadoideae
2. Plantas não fixadoras de nitrogénio; sorbitol presente em quantidades significativas 3 (Spiraeoideae)
3. Folhas opostas, semelhantes a folhas de samambaia Lyonothamnus
3. Folhas alternas (raramente opostas) e simples a compostas, mas não semelhantes a folhas de samambaia 4
.
4 =x 8 5
4. x = 9, 16, 17 (raramente 8); flores com 2- 5 carpelos (raramente apenas 1);
fruto pomo, aquênio, folículo, cápsula ou drupa 6
5. Carpelo 1; fruto dmpa Amygdaleae
5. Carpelos 1-5; fruto drupa, agregado de drupas ou cá psula Osmaronieae
6, Óvulos pareados, basalmente inseridos, anátropos e com obturador funicular; fora hospedeiros í
de fungos Phmgmidium e Gymnosporangium; plantas lenhosas (Gillenia é herbácea); x = 17
(9 em Gillenia, 15 em Vauquelinia ); fruto pomo (exceto Gillenia, Kageneckia, Lindleya,Vauquelinia Pyrodae
6. Óvulos solitários, aos pares ou numerosos por carpelo, variavelmente insertos
e anátropos ou de outro tipo, não aos pares, basalmente insertos e anátropos;
não hospedeiros de fungos Phmgmidium e Gymnosporangium; plantas lenhosas
ou herbáceas; x = 9 (raramente 8); fruto aquênio, folículo ou pequena drupa 7
7. Estipulas ausentes Spiraeeae
7. Estipulas presentes, embora às vezes decíduas 8
8. Testa dura e brilhante . Neillieae
8. Testa não dura e brilhante 9
9. Epiderme foliar com projeções duras e verrucosas; folhas simples Kerrieae
- 9. Epiderme foliar sem projeções duras e verrucosas; folhas compostas (simples em Adenostoma ) Sorbarieae

ceas dos gêneros Alchemilla, Geum, Pilipendula e Potentilla, sulaceae e outros grupos tê m sido propostos como potenciais
bem como muitas espécies lenhosas, especialmente dos grupos próximos da família, mas muitos genes nucleares e de
gêneros Amelanchier (shadbush), Chaenomeles, Cotoneaster, cloroplasto situam Rosaceae como o grupo-irmão dos demais ,
Crataegus, Exochorda, Kerria, Malus, Photinia, Physocarpus, integrantes de Rosales. j:
Prunus (cerejeiras japonesas), Pyracantha, Rhodotypos, Rosa O tipo de fruto era o critério tradicional para a subdivisão
(rosas), Sorbus e Spiraea (buqu ê-de-noiva). As rosas, talvez de Rosaceae em quatro subfamílias. Em duas dessas subfamí- ;
as plantas de jardim mais populares do mundo, são híbridos lias, Amygdaloideae (Figura 9.76) e Maloideae (Figura 9.77), o
complexos desenvolvidos a partir do cruzamento de nove tipo de fruto era uniforme. Nos pomos, o tipo de fruto exclu - ;
espécies selvagens. Prunus serotina produz uma madeira sivo de Maloideae (Prancha 9.12H), o hipanto se fusiona com j
apreciada para artesanato e m óveis de qualidade; muitos a parede do ovário e frequentemente se expande em um teci- |
gê neros fornecem madeira. do comestível para potenciais dispersores de sementes, como (
ocorre nas maçãs e nas pêras. Amygdaloideae (Prunoideae ) /
Discussão: apesar da sua considerável diversidade de ca ¬ produz drupas e Prunus, o gê nero principal produz flores com |
racteres anatômicos, vegetativos e de morfologia do fruto, a um ú nico carpelo. O tipo de fruto varia nas outras subfamí¬
família é considerada monofilética de longa data (Potter et lias. Rosoideae (Figura 9.75) apresenta aquê nios ou agrega ¬
al. 2007). A presenç a de numerosos estames e sequências de dos de dmpas. Os aquênios podem estar associados com um
DNA de cloroplasto (Evans 1999; Evans & Dickinson 1999a, b; recept á culo muito desenvolvido (Fragaria, Prancha 9.12A) ou
Morgan et al. 1994; Fbtter et al. 2002) e do gene GBSSI (Evans envolvidos por um receptáculo mais ou menos urceolado ou
et al. 2000) sustentam fortemente a monofilia de Rosaceae. cilíndrico em muitos gêneros. O fruto em Rosa é desse ltimo
Folhas alternas com estipulas mais flores vistosas de simetria tipo, e os aquê nios, junto com o recept áculo que os envolve,
radial, presen ça de numerosos estames e de hipanto auxiliam são coletivamente denominados quadril (.hip, em inglês) .
no reconhecimento da família. Saxifragaceae, Fabaceae, Cras- Em Rubus, as drupas sã o muito pequenas e agregadas. O

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FIGURA 9.76 Rosaceae, subfamília Spiraeoí deae, tribo Amygdaleae de drupa ( x 4,5); (G) caroço em secção transversal, parede hachurada,
. .
(antes Amygdaloideae) (A) Prunus virginiana: ramo florido (x 0,3) (B-l) embrião em branco (x 4,5); (H) semente (x 4,5); (!) embrião (x 4,5). ( J -L)
P serotina: (B) ramo frutificando ( x 0,3); (C) ápice de racemo (x 4,5); (D) P. pensylvanica: (J) ápice de ramo com inflorescència (x 0,75 ); (K) ápice
flor em secção longitudinal (pétalas removidas), observe o hipanto e de ramo mostrando bases foliares com glândulas e estipulas (x 4,5); (L)
o carpelo solitário com dois óvulos (x 15 ); (E) ovário em secção longi ¬ flor (x 4,5). (M) P. caroliniana: folha serreada-espinulada (x 0,75). (Fonte:
tudinal, em ângulo reto com a secção indicada em D (x 30); (F) caroço Robertson 1974,1AmoldArbor. 55 : p. 658.)

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386 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.77 Rosaceae, subfam ília Spiraeoideae, tribo Pyreae, subtri-


bo Pyrinae (antes Maloideae ). Amelcmchier laevis: (A ) ramo florido (x
( D) ovário em secção transversal, no n ível da seta indicada em C (x 9); |jj
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( E) ramo frutificando ( x 0,75 ); ( F) pomo ( x 4,5); ( G ) pomo em sec çã o
0,75); ( B) flor (x 4,5); (C) flor em secçã o longitudinal, observe o disco longitudinal , observe o ová rio ínfero e a semente (à direita ) (x 4,5); ( H)
nectar ífero na superf ície interna do hipanto, acima dos carpelos (x 9); embrião {x 9). ( Fonte: Robertson 1974, J. ArnoldArbor. 55; p. 635.)

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fruto em Spiraeoideae , a quarta subfamília tradicional (ver sequências de DNA nuclear e de cloroplasto sustentam a de- ql
Figura 9.74) é um folículo ou uma cápsula. limitação tradicional em subfamílias baseadas no tipo de fru -
Nem o n mero cromossômico base, os constituintes quí ¬ to. Esses caracteres n ã o relativos ao fruto sã o a base de uma
micos diversos, a distribuição de fungos parasíticos, nem as nova classificação, na qual Rosoideae é definida de modo -§
SISTEMáTICA VEGETAL 387

TABELA 9.3 Subfam ílias de Rosaceae (Campbell et al. 2007)


Rosoideae Dryadoideae Spiraeoideae
G êneros/espécies 28/1.200-1.900 4/31 57/1.350
N ú mero cromossômico bá sico 7 (8) 9 9, 17 (raramente 8, 15, 16)
Sorbitol Ausente Presente em traços Presente em quantidades
significativas
Glicos ídeos cianogênicos Ausentes Presentes Presentes
Flavonas Ausentes Presentes Presentes
Acido elágico Presente Ausente Ausente
Folhas Geralmente compostas Simples (compostas Simples (compostas em
em um gênero) muitos gêneros)
Frutos Aquê nios, drupas; Aquênios ou agregados Folículos, aquênios, cápsulas
freqiientemente agregados de aquê nios ou pomos; agregados de
aquênios ou de cápsulas
Fixação simbi ótica de nitrogénio Ausente Presente Ausente

mais restrito, Dryadoideae é reconhecida como subfamília e riodae, que també m conté m a tribo Osmaronieae. Esta última
Spiraeoideae é expandida para incluir as tradicionais Amyg- contém três gê neros que foram considerados relacionados às
daloideae e Maloideae. cerejeiras, devido a seu número cromossômico básico 8 e por ¬

Os integrantes de Rosoideae mais restritamente defini ¬ que os dois gêneros de Osmaronieae produzem drupas. Sor ¬

da sao ervas ou arbustos geralmente com folhas compostas barieae cont ém Adenostoma (3 espécies do oeste da Am érica
(uma potencial sinapomorfia) e um a muitos carpelos livres do Norte), Chamaebatiaria (2 espécies do sudoeste dos Esta ¬

do hipanto; n mero cromossômico básico 7 (8 em um gêne ¬ dos Unidos), Sorbaria (15 espécies asiáticas) e Spiraeanthus ,
ro); ausência de sorbitol, glicosídeos cianogênicos e flavonas; um gênero monotípico, de distribuição restrita na Ásia. Outro
e presen ça ácido elá gico. A subfamília contém cerca de 25 gênero monotípico de distribuição restrita, Lyonothcmmus, não
gêneros e 1.200-1.900 espécies. Três tribos sã o reconhecidas está proximamente relacionado com nenhum outro grupo de
dentro de Rosoideae. Sanguisorbeae conté m uma d zia de Spiraeoideae. Lyonothamnus floribundus é nativo de três ilhas
gêneros de ervas pequenas, arbustos e árvores. Potentilleae da costa do sul da Calif órnia e apresenta folhas opostas, com
apresenta cerca de 10 gêneros, sendo que os mais conhecidos aspecto de frondes de samambaia e outros caracteres inco -
são Alchemílla (250 spp.), Pragana (15) e Potentilla (200-500). muns em Rosaceae.
O maior gênero da terceira tribo, Colurieae, é Geum (40 spp.). Spiraeoideae tradicionalmente també m contém outras
Gê neros de Rosoideae não inclusos em tribos são Rosa (2.050 duas tribos, Neillieae e Spiraeeae, e tem sido consideravel¬
spp.) e Rubus (400- 740). AlchemiUa, Potentilla, Rosa e Rubus mente expandida pelo acréscimo de integrantes antes incluí¬
apresentam grandes desafios taxonômicos devido à ocorrên ¬
dos nas subfamílias Amygdaloideae e Maloideae. Neillieae
cia de eventos de hibridação, poliploidia e / ou agamospermia. consiste em dois gêneros, Neillia ( 25 espécies asiáticas) e
A maioria das análises moleculares situa Rosoideae como o Physocarpus (15 espécies do Leste Asiático e da América do
grupo-irmão das demais Rosaceae (Tabela 9.3), mas há tam ¬ Norte). Spirctea (100 spp.), Aruncus (12) e cerca de cinco gê ne ¬

bém algum sustento para uma possível relação de grupos- ros adicionais compõem a tribo Spiraeeae, que é monofilé tica
irmãos entre Rosoideae e Dryadoideae. com base em dados moleculares e apresenta como potencial
A delimitaçã o restrita de Rosoideae requer a remoção e a sinapomorfia a perda das estipulas.
redefiniçã o de três tribos - Diyadeae, Kerrieae e Sorbarieae - Amygdaleae (antes Amygdaloideae) tem tradicionalmen ¬
que diferem dessa subfamília no número cromossômico bási ¬ te incluído um ou poucos gêneros com frutos drupá ceos e
co 9, constituintes químicos e sequências de DNA. Diyadeae nú mero cromossômico básico 8. A tribo contém um gênero
é elevada à categoria de subfamília, contendo quatro peque ¬ principal, Prunus, com cerca de 200 espécies, principalmente
nos gê neros de plantas lenhosas que crescem principalmente do Hemisf ério Norte (Figura 9.76).
no Oeste da América do Norte (um gê nero também no leste O último grupo em Spiraeoideae é a supertribo Pyrodae
na América do Norte e na Europa) e que são únicas na família (Figura 9.77), incluindo a tradicional subfamília Maloide ¬
por apresentarem a capacidade de fixar nitrogé nio simbioti- ae (isto é, plantas com pomos) e quatro gêneros com frutos
camente (ver Distribuição e ecologia"). As outras duas tribos capsulares ou foliculares (Kageneckia, Lindleya, Gillenia e Vau -
foram incluídas em Spiraeoidae. Kerrieae conté m quatro pe ¬ quelinia ). Os óvulos em Maloideae e nestes ú ltimos quatro
quenos gêneros, os mais conhecidos são os gêneros asiáticos gêneros estão pareados e basalmente inseridos nos carpelos
Kerria e Rhodotypos, utilizados como plantas ornamentais. e são an átropos. Alé m disso, os fungos parasíticos do gêne ¬

Kerrieae tem sido també m situado em uma supertribo, Ker- ro Gymnosporangium afetam apenas plantas com pomos (isto

4-
ÉÈ
1

388 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

é, as tradicionais Maloideae) mais os gêneros Gillenia e Vau- Rhamnaceae A. L. de Jussieu


qelinia . Dentro de Pvrodae, a tribo Pyreae é constituída por (Família do joazeiro)
um ciado fortemente sustentado, constituído pelos gêneros
Kageneckia , Lindleya, Vauquelinia e pelas tradicionais Maloi ¬ Ároores, arbustos, freqiientemente com espinhos, ou lianas com
deae, sendo que todos esses taxa são lenhosos e apresentam ou sem gavinhas, os ramos axilares um tanto divergentes la ¬
um número cromossômico básico 17 {x = 15 em Vauquelinia ). teralmente; às vezes com bactérias fixadoras de nitrogénio
As tradicionais Maloideae se tornam a subtribo Pyrinae, com ( Frankia ) em nódulos radiculares; frequentemente com tani- <
cerca de 30 gêneros e 1.000 espécies. nos. Pêlos geralmente simples. Folhas alternas e espiraladas, ou
Pyreae é notável pela importâ ncia que eventos de hi- menos frequentemente opostas, simples, inteiras a serreadas,
bridação tiveram na sua evolução. O n úmero cromossômi ¬ com evidente venação peninérvea ou palmada, as nervuras
co básico 17 sugere que a tribo pode ter se originado por terciá rias muitas vezes em disposição como escadas; estipulas
meio de alopoliploidia, e estudos genéticos confirmam que presentes, às vezes espinhosas. Inflorescê ncias determinadas,
os integrantes da tribo são alopoliplóides. Desde os anos N às vezes reduzidas a uma flor solitária; axilares ou terminais.
1930, uma hipótese bastante aceita sugeria que a subfamília Flores geralmente bissexuais, radiais, pequenas, com hipanto
tinha se originado a partir de um antigo evento de hibrida- discóide a cilíndrico. Sépalas geralmente 4 ou 5, livres, valva-
ção entre uma Amygdaloideae {x = 8) e uma Spiraeoideae das. Pétalas geralmente 4 ou 5, limes, em geral ± côncavas ou
Cr = 9). Estudos recentes de GBSSI refutam essa hipó tese cuculadas e envolvendo uma antera na antese, geralmente
e sugerem que os ancestrais da tribo podem estar proxi ¬
ungiiiculadas. Estames 4 ou 5, limes, opostos às pétalas; filetes
mamente relacionados com Gillenia, um gênero de plantas adnatos na base das pétalas; grãos de pólen tricolporados.
herbáceas do sudeste dos Estados Unidos com x - 9. Um Carpelos geralmente 2 ou 3, conatos; ovário súpero a ínfero,
evento de aneuploidia deve ser responsável pelo número com placentação axial e geralmente 1 óvulo aderido na base
cromossômico básico de Pyreae igual a 17 a partir de 18 de cada lócuio; estigmas geralmente ± capitados. Tecido se ¬ I
cromossomos. cretor de néctar na superfície interna do hipanto. Fruto dru
Hibridação intergenérica é relativamente frequente em pa deiscente a indeiscente (neste último caso, ± esquizo-
Pyreae, o que contribui para a incerteza quanto as delimi¬ cárpico) com 1 a muitos caroços, frequentemente com uma
tações dos gê neros da tribo. Existe a possibilidade de que borda conspícua sub-basal, raro um esquizocarpo samaróide;
eventos de fluxo gê nico antigos sejam responsáveis pela endosperma presente ou ausente (Figura 9.78).
falta de divergê ncia evolutiva entre os gêneros que tem sido
observada em muitos genes e em caracteres da anatomia
da madeira . Essa falta de divergência é difícil de explicar,
pois muitos dos gêneros (p. ex., Amelanchier, Crataegus e
Photinia) são relativamente antigos, com fósseis de 48-50
milhões de anos. Hibridação interespecífica e agamosper-
Fórmula floral:

-
* , K4 5, C4-5, A -5, G(2 ); drupa, às vezes deiscente i
mia são frequentes nos maiores gêneros, tais como Cratae¬
gus (265 spp.), Cotoneaster (260), Sorbus (258), Malus (55) e Distribuição e ecologia: praticamente cosmopolita, mas es¬
 melanchier (33), fazendo com que a determinação específi ¬ pecialmente diversa em regiões tropicais; caracter
ística de solos
ca seja frequentemente dif ícil. Outros gêneros importantes calcários. Ceanothus e alguns outros gêneros fixam nitrogé nio.
são Pyrus (76) e Photinia (54).
As flores de Rosaceae não são especializadas, apresen ¬
Gê neros/ espé cies: 52/900. Principais g êneros: Phylica (150
tando formas radiais, com corolas achatadas ou em forma spp.), Khamnus (100), Zizyphus (100), Ceanothus (55) e Goua -
de taça e primariamente adaptadas para polinizadores nia (50). Gêneros dignos de nota que ocorrem nos Estados
generalistas (Prancha 9.12C,D,E). As flores menores são Unidos e no Canadá são Adolphia, Berchemia, Ceanothus, Co-
visitadas por moscas e abelhas de língua curta, enquan ¬ lubrina, Gouania, Krugiodendron, Reynosia, Rhamnus, Sageretia
to as flores maiores são polinizadas por abelhas de língua e Zizyphus.
longa, vespas, borboletas, mariposas e coleópteros. Tem
acontecido uma considerável diversificação das estratégias Importância econó mica e produtos: frutos de Zizyphus ju-
de dispersão de frutos e sementes, com adaptações para a
juba ( jujuba) e os pedicelos de Hovenia dulcis (uva- japonesa)
dispersão pelo vento (sementes aladas, estiletes plumosos são comestíveis. Ceanothus, Colletia, Pomaderris, Rhamnus e
ou hipantos alados envolvendo as sementes), dispersão ex¬
Phylica são ornamentais.
terna por animais (espinhos ou estiletes em forma de gan ¬
cho na parte externa das unidades de dispersão) e por meio
Discussão: a monofilia de Rhamnaceae é sustentada por ca ¬

de ingestão (pequenos corpos oleosos para dispersão por


racteres morfológicos e sequências de rbcl e tmL- F (Richard -
formigas, frutos e/ou hipantos carnosos para consumo por
aves, mamíferos e répteis). son et al. 2000b). A família deve ser proximamente relacionada
à Rosaceae, como sugerido pela presença de hipanto bem de¬
Referências adicionais: Alice et al. 2001; Bortiri et al. 2001; senvolvido com superf ície interna secretora de néctar e folhas
Campbell et al. 1995; Eriksson et al. 2003; Kalk-man 2004; Lee estipuladas. No entanto, sequências de DNA sugerem uma
and Wen. 2001; Phipps et al. 1990; Potter 2003; Robertson 1974; relação mais próxima com Ulmaceae, Moraceae e taxa afins.
Robertson et al. 1991,1992; Rohrer et al. 1991,1994; Wolfe and
Wehr 1988.
As relações infrafamiliares têm sido estudadas por Richar-
dson et al (2000a,b); a delimitação genérica frequentemente é I
SISTEMáTICA VEGETAL 389

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FIGURA 9.78 Rhamnaceae. ( A F) Colubrina arborescens: ( A) ramo com flores e frutos (x 0,5); ( B) flor vis¬
ta de cima, observe o disco nectarífero e as pétalas em forma de ta ça opostas aos estames (x 10); (C) flor
em secção longitudinal {x 10); ( D ) fruto quase maduro com exocarpo muito fino (x 6); ( E) fruto deiscen
te, mostrando o endocarpo explosivo e as sementes (x 6 ); ( F) sementes persistentes após a deiscência
-
-
do pericarpo (x 6). (G l) C. elliptica: (G) fruto deiscente, um segmento do endocarpo removido (à direita )
(x 6); ( H ) segmento deiscente do endocarpo (x 6); ( I ) semente ( x 6). (Ilustra çã o original preparada para
o Projeto Generic Flora of the Southeast U.S. Utilizada com permissã o.)

dif ícil. É evidente a ocorrência de extensiva homoplasia quan ¬ Referências adicionais: Brizicky 1964b; Medan and Schirarend
to à posição do ovário, tipo de frato e hábito. Rhamnaceae 2004.
deve ser composta por alguns poucos ciados bem sustenta ¬
dos, para os quais não se conhecem sinapomorfias morfoló¬ Ulmaceae Mirbel
gicas evidentes. Os principais ciados são as ramnóides (p. ex.,
Rhamnus, Krugiodendron, Berchemia e Reynosia ) e as zizifóides (Família do olmo)
(p. ex., Hcmenia,Zizyphus, Ceanothus, Pomaderris, Phylica, Adol- Arvores, crescendo a partir de um eixo central plagiotrópico, que
| phia, Colubrina, Gouania e Colletia ). Muitas ramnóides apre ¬
sentam ovários súperos e frutos drupáceos, enquanto as zizi ¬
secundariamente se toma ereto e com ramos laterais semelhantes,
adquirindo assim aspecto espalhado; freqiientemente com tani-
fóides geralmente apresentam ovários semi-ínferos a ínferos nos; presença de cistólitos; ausência de laticíferos. Pêlos simples,
e frutos esquizocárpicos. freqiientemente com paredes celulares mineralizadas. Folhas alter¬
As flores geralmente inconspícuas são visitadas por mos¬ nas e dísticos, simples, serreadas uma ou duas vezes, com venação
cas, abelhas, vespas e coleópteros, e podem ser alógamas ou peninérvea, nervuras secundárias terminando nos dentes,
autógamas. As sementes de gêneros com frutos carnosos, lâmina com base assimétrica; estipulas presentes. Inflorescências
como Rhamnus, Berchemia, Reynosia e Krugiodendron geral ¬ determinadas, formando fascículos, axilares. Flores bissexuais
mente são dispersas por aves e/ou mamíferos (Prancha 9.12J). ou unissexuais (plantas monóicas, dióicas ou polígamas), ra ¬
Aqueles gêneros com drupas deiscentes e mais ou menos es- diais, inconspícuas, com hipanto. Tépalas 4-9, livres a conatas,
quizocárpicas (p. ex., Ceanothus e Colubrina) tipicamente eje¬ geralmente imbricadas. Estames 4-9, opostos às tépalas; filetes
tam suas sementes. Os esquizocarpos samaróides de Gouania
são dispersos pelo vento.
-
livres, eretos no botão; grãos de pólen 4 a 6 porados. Carpelos 2,
conatos; ovário supero, com placentação apical e geralmente com 1

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390 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DCNOGHUE

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FIGURA 9.79 Ulmaceae. (A-H) Ulmus americana: (A) folha (x 0,75); (B) ramo com flores (x 0,75);
(C ) flor no período de liberação do pólen (x 7); (D) flor com estigmas receptivos (x 7); (E) gi ¬

neceu em sec ção longitudinal parcial para mostrar o ó vulo apical (x 7); (F) sámara (x 1,5); (G)
semente (x 6); (H) embrião (x 6). (I-K) U. rubra: (I) folha (x 0,75); (J) ramo com s âmaras (x 0,75);
(K ) sámara (x 1,5). (L) U. crassifolia: folha (x 1,5); (M) U. alata: folha (x 0,75). (Fonte: Elias 1970, J.
ArnoldArbor. 51: p. 22.)

lóculo; estigmas 2, estendendo- se ao longo da superfície adaxial G êneros / espé cies: 6 / 40. Principal g ênero: Ulmus (25
dos estiletes. Um óvulo. Fruto sámara ou n cula; sementes spp.). Ulmus e Planera ocorrem nos Estados Unidos e / ou no
achatadas; embrião reto; endosperma constituí do por uma Canadá.
única camada de células e parecendo ausente (Figura 9.79).
Importância económica e produtos: Ulmus (olmo) e Zelko-
va fornecem madeira e importantes espécies ornamentais.
Fórmula floral: * , T -4-9 w, A4 -9, G(2); sámara, noz
' Discussão: Ulmaceae é monofilética com base em nume ¬

rosas sinapomorfias morfoló gicas (Zavada e Kim 1996) e


são facilmente distinguidas de Cannabaceae (especialmen ¬

Distribuição: amplamente distribuída, por ém mais diversa te Ceitis e gêneros afins) pelas folhas com nervuras secun¬

em regiões temperadas do Hemisfério Norte. dárias convergindo diretamente nos dentes (vs . nervuras

8
Jt
SISTEMáTICA VEGETAL 391

formando uma sé rie de curvas); frutos secos, geralmente às tépaias; filetes livres, ligeiramente adnatos ou livres das
sâmaras (vs. frutos carnosos, isto é, drupas); pólen 4-6- po- tépaias, retos ou curvos no botão; grãos de pólen 2-3 pora-
rado com exina rugosa (vs. pólen 2-3-porado com exina dos. Carpelos 2, conatos; ovário sú pero com placentação apical
lisa); presença de lignanos, sesquíterpenos e flavonóides e 1 lóculo; estigmas alongados e estendendo-se ao longo de
(vs. quebrachitol e glicoflavonas); n mero cromossômico um lado do estilete; às vezes divididos. Um óvulo. Fruto drupa
básico 14 (vs. 10, 11); flores bissexuais ou unissexuais (vs. (Prancha 9.12F), ou aquênio (em Humulus,Cannabis ); semen ¬
flores consistentemente unissexuais); sementes achatadas tes globosas; embrião curvo; endosperma em geral ± escasso
com embrião reto (vs. sementes globosas com embrião cur¬ (Figura 9.80).
vo) e estiletes com três feixes vasculares (vs. com um único
feixe vascular). Além disso, Ulmus apresenta plastídios com
cristais de proteína, enquanto os plastídios de Ceitis contêm Fórmula floral:
amido. A monofilia de Eilmaceae também é sustentada por
caracteres de DNA (Sytsma et al. 2002; Wiegrefe et al. 1998). Flor estaminada: M ÍÍÍQI, A4-5, G 0
Dentro de Ulmaceae, Ulmus, Planera, Hemiptelea e Zelkova
devem constituir um ciado sustentado com base na prefo-
Flor carpelada: *, A0, G( 2); drupa
liaçã o incomum, em que a lâmina é dobrada e mantida em
um dos lados do eixo caulinar.
Ampelocera e Holoptelea constituem grupos-irm ãos dos Distribuição: amplamente dispersa em regiões tropicais a
1
demais gêneros. Ulmus, Planera e Zelkaroa formam um ciado; temperadas.
todos eles apresentam ovários estipitados (Manchester e Ti-
ffney 2001). G êneros / espé cies: 11/180. Principais g êneros: Ceitis
:
: Dois ciados principais são reconhecidos dentro de Ulmus: (100 spp.) e Trema (55). Esses gêneros mais Humulus e Canna¬
a secção Oreoptelea, que é diagnosticada pelos pedicelos lon ¬ bis ocorrem nos Estados Unidos e/ou no Canadá.
gos e articulados e pelas sâmaras marginalmente ciliadas; e a
secção Ulmus, que apresenta pedicelos curtos, em geral não Importância económica e produtos: Ceitis fornece madeira
claramente articulados, e sâmaras geralmente com as mar¬ e espécies ornamentais. Os frutos são ocasionalmente con ¬
gens não-ciliadas. A monofilia desses dois grupos é forte ¬ sumidos. Cannabis é fonte de fibra ( hemp) e de drogas psi-
mente sustentada por sítios de restrição de cpDNA (Wiegrefe cotrópicas (maconha, haxixe) . Humulus (lúpulo) é utilizado
et al. 1994). como aromatizante da cerveja (fornecendo óleos essenciais
As flores são reduzidas e polinizadas pelo vento. Os fru ¬ amargos).
tos alados da maioria das espécies são dispersos pelo vento.
Os frutos nucóides e verrucosos de Planera são dispersos pela Discussão: Ceitis, Trema e outros taxa lenhosos de Canna ¬
água. baceae foram outrora incluídos em Ulmaceae (como a subfa-
Referências adicionais: mília Celtidoideae); ver discussão em Ulmaceae e em Rosales
Elias 1970; Grudzinskaja 1967;
Manchester 1989; Omori andTerabayashi 1993; Terabayashi para uma listagem dos caracteres que as diferenciam. Algu ¬
1991; Todzia 1993; Ueda et al. 1997. mas espécies de Aphananthe apresentam nervuras secundá ¬

rias terminando nos dentes foliares (como em Ulmaceae); os


demais caracteres desse gênero, no entanto, são típicos de
Cannabaceae Martynov Cannabaceae, e seu tipo de venação aparentemente evoluiu
(Família da maconha) de modo independente daquele de Ulmaceae. O gênero não
é um elo entre Cannabaceae e Ulmaceae. A localização filo-
Geralmente árvores ou arbustos, mas também ervas (Canna
bis ) ou lianas (Humulus); presença de cistólitos; ausência de
- genética de Cannabis e Humulus tem sido controversa, e Can ¬
nabaceae tem sido frequentemente restrita a esses dois gê ¬
laticíferos (mas com a presença de células semelhantes a lati- neros (Cronquist 1981). No entanto, estudos moleculares os
cíferos e com conteúdo escuro em Cannabis e Humulus). Rios
situam claramente dentro do ciado contendo Ceitis, Trema e
simples, frequentemente com paredes celulares mineraliza ¬ taxa afins (Song et al. 2001; Sytsma et al. 2002). Assim, o ciado
das, às vezes giandulosos e contendo substâncias aromáti¬ antes denominado Celtidaceae (ou Ulmaceae subfamília Cel ¬
cas ou tetrahidrocanabinol. Folhas alternas (mas opostas em tidoideae) agora deve ser chamado Cannabaceae s.l. (porque
Humulus e opostas ou alternas em Cannabis ), e geralmente dís¬ Cannabis e Humulus estão dentro dele ). Cannabis e Humulus
ticos, simples (mas palmado-lobadas em Humulus e compos ¬
se distinguem de Ceitis e taxa afins pelo hábito herbáceo, pe¬
tas palmadas em Cannabis ) inteiras a serreadas, com venação las folhas com as nervuras secundárias correndo diretamente
intermediária entre peninéroea e palmada, geralmente com três
para os dentes e pela presença de dioicia.
nervuras basais principais, ou palmadas, com muitas nervuras As flores de Cannabaceae são inconspícuas e polinizadas
principais (Humulus, Cannabis ), base da lâmina simétrica a as¬

simétrica; estipulas presentes. Inflorescências determinadas, às


pelo vento. Os frutos drupá ceos e coloridos da maioria das
espécies apresentam uma polpa doce que atrai as aves dis-
vezes fasciculadas, racemosas ou reduzidas a uma flor solitá ¬
persoras. As sinapomorfias morfológicas para esse grupo são
ria, axilares. Flores unissexuais (plantas monóicas ou dióicas),
incertas.
radiais, inconspícuas. Tépaias geralmente 4 ou 5, livres a ligei
¬

ramente conatas, imbricadas, reduzidas nas flores carpeladas Referências adicionais: Elias 1970; Grudzinskaja 1967; Omori
de alguns cultivares de Cannabis . Estames 4 ou 5 e opostos andTerabayashi 1993; Terabayashi 1991; Ueda et al. 1997.
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392 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.80 Cannabaceae. (A-l ) Trema micrantha: (A) ramo com flores estaminadas (x 0,75); ( B) o mesmo,
com as folhas removidas (x 3); (C) flor estaminada com gineceu rudimentar (x 7,5); (D) nó com flores carpeia -
das (x 3); (E) flor carpelada (x 15); (F) o mesmo em secção longitudinal, mostrando o óvulo solitá rio (x 15); (G )
drupa (x 7,5); (H) semente (x 15); (I ) semente em secção longitudinal parcial para mostrar o embriã o (x 15). (J )
7! lamarckiana: folha (x 0,75). ( Fonte: Elias 1970, J. AmoldArbor. 51: p. 38.)

Moraceae Gaudich. a palmada, lâmina às vezes com base cordada ou assimétrica;


(Família das figueiras) estipulas geralmente presentes, pequenas a expandidas e dei¬
xando uma cicatriz circular no ramo. Inflorescências determi¬
Árvores, arbustos, lianas ou, raramente, ervas; com laticíferos nadas, mas às vezes parecendo indeterminadas, axilares, flores
e lá tex leitoso distribuí dos em todos os tecidos parenqui- geralmente congestas e eixo da inflorescência com frequência en¬
matosos; presen ça de cistólitos, em geral globosos; muitas grossado e variadamente modificado. Flores unissexuais (plantas
vezes com taninos. Pêlos frequentemente simples e com pa ¬ monóicas), geralmente radiais, inconspícuas. Tépalas (0-) 4 ou
redes celulares mineralizadas. Folhas alternas, com frequência 5 (-8), livres ou conatas, imbricadas ou valvadas, frequente-
dísticas, mas às vezes espiraladas ou opostas, geralmente simples, mente tomando-se carnosas e associadas com os frutos ma ¬
às vezes lobadas, inteiras a serreadas, com venação peninérvea duros. Estames geralmente 1 -5, opostos às tépalas; filetes livres,
SISTEMáTICA VEGETAL 393

retos a curvados no botão; anteras 2 ou 1-loculares; grãos de As diminutas flores de Moraceae são freqiientemente po ¬

pólen 2-4 a poliporados. Carpelos 2, conatos, às vezes 1 carpelo linizadas pelo vento, como em Morus e Broussonetia. As flores
reduzido; ovário geralmente supero, com placentação apical e de Ficus, em contraste, são polinizadas por vespas que entram
geralmente com 1 lóculo; estigmas 2, estendendo-se ao longo nos sicônios para ovipor nas flores carpeladas. As larvas das
da superfície adaxial do estilete, até capitado. Óvulo 1, aná- vespas se alimentam de tecido ovariano de flores especializa ¬

tropo a campilótropo. Fruto drupa, drupa deiscente ou aquênios das. O desenvolvimento das larvas é sincronizado com o das
I muito próximos formando frutos múltiplos; embrião curvo ou me
nos frequentemente reto; endosperma com frequ ência ausente
¬ flores estaminadas, que abrem quando vespas machos e fê
meas emergem das pupas. As vespas copulam dentro do figo
¬

(Figura 9.81). e as fêmeas, carregando pólen, abandonam a inflorescência


e repetem o ciclo reprodutivo. À medida que a inflorescência
continua seu desenvolvimento, os aquênios são envolvidos
Fó rmula floral: pelo eixo carnoso da inflorescência. Aparentemente, a evo ¬

Flor estamínada: *, T\-4AH, Al-5, GO lução das figueiras está bem relacionada com a evolução das
vespas polinizadoras (Weiblen 2000).
Flor carpelada: *, AO, G(2); drupa; aquênio Moraceae apresenta uma grande diversidade de inflores-
cências e infrutescências, embora todas baseadas em inflores-
cê ncias cimosas e em frutos múltiplos, respectivamente. Em
Distribuição: amplamente dispersa em regiões tropicais a Ficus, as diminutas flores são ocultas por um eixo de inflo ¬
temperadas. rescência profundo e em forma de taça e, posteriormente, os
aquênios são envolvidos por tecido carnoso e colorido (sicô-
nio). Em Brosimum, o eixo da inflorescência também apresenta
G ê neros / espé cies: 53/1.500. Principais gêneros: Ficus
(800 spp.) e Dorstenia (110) . A família está representada nos formato de taça, mas as flores estaminadas estão densamente
Estados Unidos e/ou no Canadá por Broussonetia, Fatoua, Fi ¬
agrupadas na face externa, e a região interna (no centro) da
inflorescência é ocupada por uma nica flor carpelada . A in ¬
cus, Maclura e Morus. florescência de Dorstenia é discóide e aberta. Em contraste, os
eixos das inflorescências de Arctocarpus, Maclura e Morus são
Importância econó mica e produtos: importantes frutos
freqiientemente alongados e cobertos por flores densamente
comestíveis provêm de espécies de Ficus (figueiras; Prancha agrupadas. As dmpas de Arctocarpus são densamente agrega ¬
9.12G), Morus (amoras), Arctocarpus ( jaca) e Brosimum. Mui ¬ das. As maciças infrutescê ncias de Ardocarpus podem pesar até
tos gêneros fornecem madeira. As folhas de algumas espécies
40 kg, e como aquelas de Morus, estão associadas com tépalas
de Morus são utilizadas como alimento para o bicho-da-seda.
persistentes acrescentes e carnosas. Os aquênios de Maclura
Finalmente, os gêneros Ficus, Maclura e Dorstenia (carapiã)
também são agregados e também estão associados com tépa ¬
fornecem muitas espécies ornamentais.
las persistentes e carnosas. Radiações adaptativas envolvendo
mudanças na estrutura dos frutos múltiplos relacionadas com
Discussão: Moraceae é aqui circunscrita de modo restrito,
mudanças de tipos de vertebrados dispersores (aves ou mamí ¬

incluindo espécies lenhosas com látex branco e leitoso cons¬ feros) parecem ser características dos integrantes lenhosos e
pícuo distribuído por toda a planta, gineceus geralmente com mais ou menos tropicais da família. Os caroços de Dorstenia são
dois carpelos evidentes, óvulos mais ou menos apicais e em ¬ ejetados das infrutescências; os frutos são drupas explosivas!
briões geralmente curvos. Cecropia e gêneros afins são morfo ¬

logicamente intermediários entre Moraceae e Urticaceae e são Referências adicionais: Bechtel 1921; Berg 1978; Faegri and van
importantes nos primeiros estágios sucessionais em regiões der Pijl 1980; Humphries and Blackmore 1989; Proctor andYeo
tropicais. Esses dois gêneros foram excluídos de Moraceae e 1972; Rohwer 1993b.
I: hoje são inseridos em Urticaceae, o que é sustentado pelos la-
ticíferos restritos à casca, pelos gineceus pseudomonômeros, Urticaceae A. L. de Jussieu
pelo óvulos basais, pelos embriões retos e pelas sequências
de cpDNA (ver Figura 9.78). Moraceae, como aqui circuns ¬ (Família da urtiga)
crita, é considerada monoíilética com base em sequências de Árvores, arbustos,ervas ou lianas; com latir
í feros restritos à casca
rbcL e ndhF (Sytsma et al. 2002; Datwyler e Weiblen 2004) . e produzindo látex leitoso ou com latidferos reduzidos e produ¬
Não se conhecem com certeza sinapomorfias morfológicas zindo seiva translúcida e mudlaginosa; cistólitos presentes,
para o grupo, embora a presença de lá tex em todas as partes ± alongados, mas perdidos em alguns taxa; às vezes com
da planta possa ser considerada sinapomóríica. taninos. Pêlos frequentemente simples e com paredes ce ¬
A redução do gineceu ocorreu em vários dados. É fre ¬ lulares mineralizadas, às vezes urticantes. Folhas alternas e
quente que os dois estiletes sejam ligeira ou fortemente espiraladas ou dísticos, ou opostas, geralmente simples, às vezes
desiguais em Artocarpus, Dorstenia, Ficus e Fatoua. A perda lobadas, inteiras a serreadas, com venação peninéroea a palmada,
completa de um dos estiletes provavelmente aconteceu no lâmina às vezes com base cordada ou assimétrica; estipulas
ancestral do ciado das Urticaceae. geralmente presentes. Inflorescêndas determinadas, axilares, com
Ficus apresenta uma grande diversidade de formas de flores freqiientemente congestas, às vezes reduzidas a uma flor
crescimento. Algumas espédes nascem como epífitas, mas se solitária. Flores unissexuais (plantas monóicas a dióicas), ge ¬

enraízam no chão e acabam estrangulando a árvore hospe ¬ ralmente radiais, inconspícuas. Té palas (2-) 4 (-6), livres a co-
deira. Outras espécies apresentam hábito espalhado, com nu
merosas raízes adventícias sustentando o caule e os grandes
¬
-
natas, imbricadas ou valvadas. Estames geralmente 2 5, opostos
às té palas, filetes livres, curvados no botão, e com frequência
ramos horizontais. elasticamente reflexos na antese, mas retos em Cecropia e taxa
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394 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVEMS & DONOGHUE

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FIGURA 9.81 Moraceae. Madura pomifera: ( A ) nó com es ¬

pinho axilar e gema lateral (x 2); (B) ramo curto com inflo- *
rescências estaminadas (x 1); (C) flor estaminada ( x 18); (D)
ramo longo com inf í oresc ência carpelada (x 1 ); (E) por ção n
de infí oresc ência carpelada , em sec ção, duas fiores com I I
tépalas removidas para mostrar o ovário com um segundo * 1
estilete rudimentar (muito aumentado); (F) fruto múltiplo/ :

agregado maduro, 1 / 8 removido para mostrar a t épalas


acrescentes e a posiçã o das drupas (x 0,75); (G) detalhe de
F (x 1,5); (H) drupa ( x 4);(I) semente (x 4); (J) duas vistas do
embrião (x 4). (Fonte: Wood 1974, A student's atlas offlowe-
r / ngplants, p. 16.) I
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SISTEMáTICA VEGETAL 395

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l FIGURA 9.82 Urticaceae. (A-K ) Urtica chamaedryoides: ( A) h á bito de planta jovem (x


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| 0,75); (B) porçã o da superf ície adaxial da foiha, mostrando cistólitos (x 18); (C) pêio urti-
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cante do pec íolo (x 18); (D ) inflorescê ncia com flor estaminada e frutos jovens ( x 9); ( E )
flor estaminada , após a fibera çã o do pólen (x 18); (F ) flor carpelada (x 60); ( G ) ová rio em
secçã o longitudinal , mostrando um nico óvulo ortótropo ( x 74); (H ) aqu ê nio e perian -
to acrescente (x 22 ); ( I ) aqu ê nio ( x 30); (J ) aqu ê nio em secçã o longitudinal, mostrando
*
47

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embri ã o e endosperma ( pontilhado) ( x 30); ( K ) aqu ê nio ú mido, halo mucilaginoso, pon ¬

tilhado (x 30 ). (L) U . dioica:aqu ê nio (x 30). ( Fonte; Miller 1971 , 7. ArnoWArbor. 52: p. 48.)

afins; anteras 2-loculares, grãos de pólen, 2 ou 3 a polipora - ao longo da face adaxial do estilete, a capitado ou pontuado,
dos. Carpelos aparentemente 1, mas na verdade 2, e um Óvulo 1, ortó tropo. Fruto aquê nio ou drupa dimmuta , às vezes
deles muito reduzido (pseudomonômero); ovário supero, em fruto múltiplo, embrião reto; endosperma às vezes ausente
com placentação basal e 1 Ióculo; estigma 1, estendendo-se (Figura 9.82) .
T
396 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & OQNOGHUE

As diminutas flores de Urticaceae são polinizadas pelo


Fórmula floral: vento (Prancha 9.12B). Em muitas espécies, os estames iníle-
Flor estaminada: *, A4-5, GO xos se estendem elasticamente na antese, fazendo com que
o p ólen seja liberado em jatos repentinos. Isso facilita o des ¬

Flor carpelada: * , Teí , AO, G@; drupa; aquênio


) locamento do pólen através de correntes de ar, mesmo em
-
espécies que habitam o sub bosque de florestas.
Os aquênios de Urticaceae estão frequentemente asso¬
Distribuição: amplamente dispersa, de regiões tropicais a ciados com tépalas secas a carnosas. Os frutos podem ser
temperadas. ingeridos por aves ou podem ser transportados extemamen-
te em pêlos ou penas, pelo vento ou por meio de dispersão
Gêneros/espécies: 54 /1.160. Principais g êneros: Pi- balística.
lea (400 spp.), Ejatostema (200), Boehmeria (80) e Cecropia Referências adicionais: Bechtel 1921; Bonsen and ter Welle
( 75). A família está representada nos Estados Unidos e /ou
1983; Miller 1970,1971b; Woodland 1989.
no Canadá por Boehmeria, Hesperocnide, Laportea, Parietaria
e Pilea.
Cucurbitaies
Importância económica e produtos: são extraídas fibras de Está claro que Cucurbitaceae, Begoniaceae e Datiscaceae es ¬
Boehmeria nivea (rami) e Urtica dioica (urtiga) . Pilea e Soleirolia tão proximamente relacionados e partilham apomorfias tais
fornecem importantes plantas ornamentais. como caules com feixes vasculares separados, ovário ínfero,
placentação parietal (frequentemente com placentas marca-
Discussão: Urticaceae é monofilé tica (Sytsma et al. 2002) e damente intrusivas), estigmas geralmente bifurcados, flores
é aqui circunscrita de modo amplo, incluindo espécies her ¬
unissexuais, o característico tipo de dente foliar cucurbitóide
báceas a lenhosas com cistólitos mais ou menos alongados, e a presença de cuburbitacinas (triterpenos oxidados). Aná ¬

latidferos restritos à casca ou muito reduzidos e produzin ¬ lises serológicas e de sequências de DNA també m susten ¬

do seiva translúcida e mucilaginosa; gineceus pseudomonô- tam a monofilia do grupo, contendo as três famílias citadas
meros com óvulos mais ou menos basais, estames curvos e mais outras quatro famílias pequenas (APG 2003; Hilu et
embriões retos. Cecropiaceae (Cecropia, Coussapoa, Poikilospe- al. 2003; Kàllersjõ et al. 1998; Savolainen et al. 2000b, Soltis
mum e taxa afins; ver Berg 1978; Cronquist 1981) é polifilética et al. 2000). Este ciado é aqui reconhecido como a ordem
e formada por pelo menos duas linhagens inseridas dentro Cucurbitaies.
de Urticaceae (Sytsma et al. 2002). A relação desses taxa com
Urticaceae s.s. (nessa delimitação, um grupo principalmente
herbáceo) tem sido aparente de longa data (Judd et al. 1994; Cucurbitaceae A. L. de Jussieu
Humphries e Blackmore 1989) e são aqui incluídos em uma (Família da abóbora)
Urticaceae expandida. A família também apresenta uma ana ¬
Plantas herbáceas ou lianas sublenhosas, em geral com gavi ¬
tomia da madeira caracter ística (Berg 1977, 1989; Friis 1989, nhas espiraladas e muitas vezes ramificadas, dispostas ±
1993). Os cistólitos foram perdidos em Cecropia e taxa afins e lateralmente nos n ós (possivelmente ramos modificados);
suas flores apresentam estames retos (uma possível reversão feixes vasculares geralmente bicolaterais, com frequê ncia em
da condição curvada). dois anéis concê ntricos; geralmente com presença de alca ¬
A presença de feixes vasculares abortivos nos gineceus loides e de saponinas triterpenóides amargas, tetra ou pen-
de Laportea e Urtica sugere que o ovário unicarpelar deri ¬ tacíclicas. Pêlos simples, com paredes calcificadas e um cis-
va do aborto de um segundo carpelo. Do mesmo modo, tólito na base. Folhas alternas e espiraladas, geralmente simples,
o óvulo basal de Urticaceae aparentemente deriva de um frequentemente palmado-lobadas, ± serreadas, dentes cucurbitói-
óvulo apical, como em Moraceae. Em Boehmeria cylindrica , des ( com muitas nervuras convergindo no dente e terminando
o feixe vascular que nutre o óvulo ascende pela parede do em um á pice glandular expandido e ± transl cido ) com venação
ovário por uma distância curta e retrocede para acessar o palmada; estipulas ausentes. Inflorescências determinadas,
óvulo na base do ovário, o que sugere uma mudan ça de às vezes reduzidas a uma flor terminal, axilares. Flores ge¬
placenta çã o apical para basal no ancestral comum de Urti ¬ ralmente unissexuais ( plantas monóicas ou dióicas ), geralmente
caceae (ver Figura 9.78) . radiais, geralmente com hipanto curto a alongado, com
Caracter
ísticos pêlos urticantes ocorrem em gêneros como frequência abrindo apenas por um dia. Sépalas geralmente 5,
Urtica, Laportea e Urera . Cada pêlo consiste em uma única em geral conatas, às vezes reduzidas. Pétalas geralmente 5,
célula alongada e estreita em formato de agulha, cuja base conatas, campanuladas, com um tubo estreito e lobos expandi¬
é expandida e está envolvida por uma excrescência multice- dos no á pice, ou quase planas, brancas, amarelas a alaranjadas
lular. O ápice do pêlo é fechado por um pequeno bulbo que ou vermelhas, os lobos valvados ou dobrados para dentro.
se quebra facilmente, produzindo uma ponta extremamente Estames 3-5, adnatos ao hipanto, diversamente conatos e
aguda. Em contato com a pele humana, os pêlos perfuram a modificados, geralmente parecendo ser 3 (ou até parecendo es¬
sua superf ície, e a compressão na base dos pêlos força a saída fume solitário devido à completa conação dos filetes e modificação
do fluido contendo histaminas e acetilcolinas em direção ao das anteras ); filetes diversamente conatos, anteras uniloculares,
ferimento. O processo resulta em vermelhidão e coceira do ¬ com frequência parecendo 2 - loculares ou pluriloculares ( devido à
lorida, com sensação de queimadura. conação ), lóculos geralmente curvos a convolutos; grãos

í
SISTEMáTICA VEGETAL 397

A (B)

Fagales: Betulaceae
Bétula papyrifèra: casca (à esquerda);
Cucurbitales: Cucurbitaceae ramo com amentos estaminados e
Cucumis melo: liana com flores e frutos carpelados (acima)

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hábito Cucurbita pepo: gineceu (à esquerda ); androceu (à direita)
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Fagales: Fagaceae amentos estaminados
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Cucurbitales: Begoniaceae Fagales: Juglandaceae fruto dissecado
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flores estaminadas e carpeladas ramo com frutos
PRANCHA 9.13 Eudicotiled ô neas: Cucurbitales e Fagales
398 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE
1
de pólen diversos, com 3 ou mais sulcos e/ou poros. Carpelos Referências adicionais: Chakravarty 1958; Robinson and
geralmente 3.conatos; ovário semi -ínfero a ínfero, com placenta- Decker-Walters 1997.
ção parietal, as placentas expandidas e intrusivas; estigmas
geralmente 3, bilobados. Óvulos geralmente numerosos por
Begoniaceae C. A. Agardh
placenta . Nectários diversos. Fruto baga, a casca frequente
mente coriácea a dura (então do tipo pepônio), ocasionalmente
- (Família das begónias)
cápsula diversamente deiscente, carnosa a seca; sementes Eroas ou arbustos sublenhosos, com nós articulados; presença
achatadas, testa com muitas camadas, a mais externa às de taninos, com grandes células de ac mulo de água na hipo-
vezes carnosa; endosperma escasso ou ausente (Figura 9.83; derme foliar. Pêlos simples, freqúentemente com um cistólito
ver também Figura 4.47D). na base. Folhas alternas e dísticas, simples, às vezes palmadas
ou palmado-lobadas, em geral ± serreadas, com dentes seme¬
lhantes aos de Cucurbitaceae, cm venação palmada, geralmen¬
Fórmula floral: te assimé tricas; presença de estipulas, com frequência grandes e
C&
Flor estaminada: *, K
AJ), GO persistentes.Inflorescências determinadas, axilares. Flores unis-
sexuais ( plantas monóicas ), radiais. Perianto de té palas peta-
Flor carpelada: *, K5, C5, AO, G@; baga, cápsula lóides, 2-10, mas geralmente 4 (em 2 verticilos) nas flores
estaminadas e 5 (em um verticilo nico) nas flores carpeladas,
livres, imbricadas ou valvadas, em geral as dos verticilos ex ¬

Distribuição: amplamente distribuída nos trópicos e sub- ternos e internos ± diferenciadas. Estames 4 a numerosos, file ¬

tró picos, com poucas esp écies ocorrendo em regiões tempe ¬ tes livres ou basalmente conatos; conectivo expandido; grãos
radas. de pólen tricolporados. Carpelos geralmente 3, conatos; ovário *
j
± ínfero com placentação axial e as placentas expandidas,
G ê neros/ espé cies: 118/825. Principais gêneros: Cayapo variadamente divididas (derivando de placentas parietais in
\
nia (60 spp.), Momordica (45), Gurania (40) e Sicyos (40). Gê ¬
- trusivas, condição retida em alguns poucos taxa ), geralmente
¬

neros de interesse que ocorrem nos Estados Unidos e/ou no cm 3 asas proeminentes; estigmas 3 ou 6 , alongados, retorci ¬

Canadá são Cayaponia, Cucumis, Cucurbita, Cyclanthera, Echi- dos, amarelos e fortemente papilosos. Óvulos numerosos
nocystis, Iberoillea, Marah, Melothria, Momordica e Sicyos. por lóculo. Nectários ausentes. Fruto cá psula alada e loculicida,
ocasionalmente baga. Sementes diminutas, providas de um i
Importância econó mica e produtos: a família apresenta anel de células alongadas na testa que se quebram, forman ¬
grande importâ ncia económica, pois é fonte de muitos fru ¬ do um capuz (semente operculada); endosperma escasso ou í
tos e sementes comestíveis, por exemplo, Cucurbita (abó ¬
ausente. I
boras), Cucumis (Prancha 9.13A; melõ es), Citrullus (me ¬
lancia), Benincasa e Sechium (chuchu). Os frutos secos de
Lagenaria são utilizados como vasilhas e os frutos secos de Fó rmula floral:
L ffa (bucha) são utilizados como esponja vegetal. Alguns, Flor estaminada: * ou X, K2 , C2, A°° , GO
como os frutos de espécies de Momordica , são utilizados na
medicina. Flor carpelada: * ou X, T- 5 -, A» , G@, cá psula

Discuss ão: Cucurbitaceae é monofilé tica e facilmente re ¬


conhecida. Duas subfamílias são reconhecidas (Jeffrey 1967, Distribuição: amplamente distribuída em regiões tropicais
1980, 1990a,b) . Zanonioideae , um grupo pequeno carac- e subtropicais (exceto Austrá lia), e especialmente caracter
ísti-
terizado pela presença de estiletes separados, contém nu ¬ ca em sub-bosque úmido de florestas.
merosos caracteres plesiomórficos e deve ser parafilético. A
monofilia de Cucurbitoideae é sustentada pela presen ça de G êneros / espé cies: 2/920. Principal g ênero: Begónia (919
estiletes completamente conatos e sequências de nrUS ( spp.). Begónia ocorre nos Estados Unidos (naturalizada). Hil-
Jobst
et al. 1998). Esse grupo é dividido em muitas tribos, com base lebrandia é end é mica do Havaí.
em caracteres como posição e n mero de óvulos, ornamen¬
tação do grã o de pólen, formato do hipanto, forma do fruto e Importância económica e produtos : a família contém nu ¬
características do androceu. merosas espécies e híbridos que são comercialmente impor¬
As flores de Cucurbitaceae são vistosas e atraem diversos tantes, pois são cultivados como plantas ornamentais, devido H
insetos, aves e morcegos. Pólen e néctar são as recompensas a suas flores e folhagens (Prancha 9.13E) .
florais. A presença de flores unissexuais ou de dioicia pro¬
move a polinizaçã o cruzada. Androceu e gineceu são muito Discussão: Begoniaceae é bastante homogénea e quase to ¬
modificados e superficialmente semelhantes, com o androceu das as espécies da família pertencem ao grande gênero Begó¬ A:
de coloraçã o e aspecto semelhante aos estiletes e estigmas. nia . A monofilia do grupo é sustentada por muitos caracteres
Assim, os insetos acabam visitando flores carpeladas e esta ¬ morfoló gicos. Hillebrandia sandwichensis é o grupo-irm ão das í
minadas (Prancha 9.13D) . As bagas da maioria das Cucurbi a
¬
demais espécies da família, que constitui o grande e diverso í
taceae são dispersas por animais. As cá psulas de Echinocystis gênero Begónia, um ciado caracterizado pela presença de ová ¬ A
apresentam deiscência explosiva; em Momordica as cápsulas rio alado (Clement et al. 2004; Forrest et al. 2005; Plana 2003;
abrem, expondo sementes coloridas e carnosas que são dis ¬
Swensen et al. 2001). O reconhecimento de Symbegonia toma
persas por aves. Begónia parafilético.
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SISTEMáTICA VEGETAL 399

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FIGURA 9.83 Cucurbitaceae. Echinocystis lobata: ( A) ramo apresentando folha, flores, fru
to e gavinha (x 1); (B) flor estaminada (x 5); (C ) androceu (três estames) (x 15); (D) flor car
pelada ( x 5); ( E) ovário em sec ção longitudinal, na posição mostrada em F (x 10); (F) ovário
em secção transversal, observe os óvulos embebidos nas placentas parietais fusionadas (x
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10); (G) fruto maduro apó s a deiscência (x 1); (H) semente (x 8); (I) embrião, um cotilédone
removido (x 8). (Fonte: Wood 1974, A student s atlas offlowering plants, p. 111 ) .
400 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DOMOGHUE

As vistosas flores estaminadas são visitadas por abelhas A monofilia de Fagales é sustentada por sítios de restrição de
à procura de pólen. Os estigmas amarelos, brilhantes e re ¬ DNA de cloroplasto e sequências de rbcL, atpB, matK e 18S
torcidos das flores carpeladas mimetizam as anteras de flores (Chase et al. 1993; Hilu et al. 2003; Kállersjõ et al. 1998; Ma ¬

estaminadas e atraem também as abelhas (o que resulta na nos et al. 1993; Savolainen et al. 2000a,b; Soltis et al. 2000),
polinização por engodo; ver Procter et al. 1996). As diminu ¬ bem como por caracteres morfológicos (Hufford 1992) . A
tas sementes são presumivelmente dispersas pelo vento e/ou ordem consiste em 8 famílias e cerca de 1.115 espécies; as
pela água, e as asas do fruto devem auxiliar na dispersão das principais famílias são Fagaceae, Nothoíagaceae, Betulace-
sementes quando o fruto é chacoalhado pelo vento. As cimas ae, Casuarinaceae, Myricaceae e Juglandaceae . Fagales
produzem mais flores estaminadas do que carpeladas e as não tem relação próxima com Hamamelidaceae, Platanace-
flores estaminadas abrem antes, promovendo a polinização ae ou outras tricolpadas basais , e Hamamelidae (na sua
cruzada. A reprodução vegetativa é comum, com plântulas definição tradicional; ver Cronquist 1981, 1988; Stem 1973)
desenvolvendo-se a partir de pequenas t beras que às vezes é polifilética (Chase et al. 1993; Hufford 1992; Manos et al.
ocorrem nas axilas foliares ou de gemas adventícias formadas 1993; Meurer-Grimes 1995).
a partir de folhas caídas. Ainda não está claro se Fagaceae, ou mais provavelmente
Nothoíagaceae, é o grupo-irmão das restantes famílias da or¬
Referências adicionais: de Lange and Bouman 1992; Smith
and Wasshausen 1986. dem (Hufford 1992; Li et al. 2004; Manos et al. 1993; Manos
e Steele 1997; Nixon 1989; Wolfe 1989). Juglandaceae, Myri ¬
caceae, Casuarinaceae e Betulaceae formam um ciado (aqui
Fagales denominado Fagales-n cleo) sustentado por caracteres de
Fagales é considerada monofilética com base nas suas flores cpDNA (sítios de restrição e sequências de nucleotídeos de
unissexuais com tépalas muito reduzidas ou ausentes, ovário rbcL e matK ) (Chase et al. 1993; Hufford 1992; Manos et al.
geralmente ínfero com um ou dois óvulos por lóculo pro¬ 1993; Manos e Steele 1997; Nixon 1989; Wolfe 1989) (Figura
vidos com um nico tegumento, tubo polínico acessando o 9.84). As Fagales-núcleo podem ser caracterizadas pela pre ¬
óvulo através da calaza, ausência de nectá rios e frutos deis- sença de pólen mais ou menos triporoporado (poros com en-
centes 1-seminados. As plantas desta ordem são árvores ou doaberturas mais ou menos bem desenvolvidas) e óvulos com
arbustos com taninos, folhas alternas e providas de estipu ¬ muitos gametófitos femininos. Esse ltimo caráter pode ser
las, flores tipicamente polinizadas pelo vento, agregadas em uma sinapomorfia adicional. Esse grupo de famílias abrange
amentos e sementes com escasso ou nenhum endosperma . os representantes vivos do complexo dos Normapolles, um
Geralmente apresentam pêlos glandulosos e/ ou estrelados. grupo bem representado no registro fóssil (Kedves 1989). Ju-

Fagales- núcleo

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4
Estipulas ausentes
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Inflorescência tipo
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8

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4 Folhas verticiladas,
Brácteas expandidas amento ou espiga muito reduzidas
Amentos
Ovário ± adnato Ramos ± sulcados
às bractéolas Ovário aparentemente
Folhas duplamente f
1 estame
Ovário com súpero ou tomando-se 1

placentação ínfero devido à atividade serreadas Fruto sâmara, associado


Frutos associados caracter
ística de um meristema intercalar com 2 bractéolas lenhosas
com valvas (brácteas) Glândulas aromáticas
Cadeias de células cubóides
contendo cristais no lenho
Exina do pólen com pequenos
C pula escamosa 1 óvulo ortótropo espinhos em fileiras

Fruto noz
Pólen triporoporado

Pêlos glandulosos ou estrelados


Flores unissexuais com perianto reduzido
Ovário ínfero com 1 ou 2 óvulos/lóculo
Tubo polínico acessando o óvulo através da calaza
FIGURA 9.84 Cladograma mostrando as relações hipotéti ¬ Ausência de nectá rios
cas dentro de Fagales. (Modificada de Manos et al . 1993; Soltis Frutos indeiscentes
et al . 2000, 2005.)
SISTEMáTICA VEGETAL 401

Chave para as Principais Famílias de Fagales

1. Frutos associados com uma c pula conspícua; carpelos 2-6; pólen colpado ou colporado 2
1. Frutos não associados com cúpula, embora geralmente apresentando brá cteas
e bractéolas variavelmente desenvolvidas; carpeios geralmente 2; pólen porado 3
2. Carpelos 3 (-12); óvulos com 2 tegumentos; estipulas estreitamente triangulares,
sem coléteres; folhas inteiras a serreadas ou lobadas, mas nunca duplamente serreadas;
plantas do Hemisfério Norte Fagaceae
2. Carpelos 2-3; óvulos com 1 tegumento; estipulas peitadas, com coléteres;
folhas inteiras a duplamente serreadas; plantas do Hemistério Sul Nothofagaceae
3. Folhas pinado-compostas Juglandaceae
3. Folhas simples 4
4. Folhas verticiladas, reduzidas a escamas diminutas; ramos longitudinalmente sulcados Casuarinaceae
4. Folhas alternas, com lâminas conspícuas, ramos não-sulcados 5
5. Folhas inteiras a serreadas; frutos aquênios ou drupas, geralmente cobertos com
papilas cerosas; plantas dióicas ou ocasionalmente monóicas; 1 óvulo basal e ortótropo Myricaceae
5. Folhas ± duplamente serreadas; frutos aquênios, sâmaras ou nozes; plantas monóicas;
2 óvulos por lóculo, no ápice de um septo incompleto, anátropos Betulaceae

I
;

glandaceae e Rhoipteleaceae são unidas pela sinapomorfia de


folhas pinado-compostas, e Rhoipteleaceae apresenta o pólen perma ausente (Figura 9.85).
- -
a escamosa, geralmente 4 valvada ou n ão valvada; endos-

mais parecido com os Normapolles dentre todos os integran ¬

tes vivos de Fagales. Myricaceae partilha com Juglandaceae


a presença de pêlos peitados a glandulosos e gineceu com Fórmula floral:
um único óvulo ortótropo, o que sugere uma maior afinidade
entre essas famílias do que aquela indicada por sequências Flor estaminada: *, Tv- Ó7, A4-°°, GO
de matK e rbcl (Manos e Steele 1997). Resulta interessante
Flor caipelada: *, Tr6 y, AO, G(3); noz (com cúpula)
que uma análise recente baseada em seis regiões de DNA (Li
et al. 2004) situa Myricaceae como grupo-irmão de um ciado
formado por Rhoipteleaceae + Juglandaceae.
Distribuição: amplamente distribuída em regiões tropicais
a temperadas do Hemisf ério Norte.
Fagaceae Dumortier
(Família do carvalho) G êneros / espé cies: 9 / 900. Principais g éneros; Quercus
Á rvores ou arbustos; com presen ça de taninos. Pêlos simples ou (450 spp.), lithocarpus (300) e Castanopsis (100). A família está
estrelados, também freqiientemente com escamas glandulares. Fo¬ representada nos Estados Unidos e/ou no Canadá por Casta-
lhas geralmente alternas e espiraladas, simples, mas com frequên¬ nea, Chrysolepis, Fagus e Quercus.
:. y cia lobadas, inteiras a serreadas, com venação peninérvea; esti¬
pulas presentes. Inflorescências determinadas, com frequência Import ância econó mica e produtos: as nozes de Castanea
eretas e com formato de espigas, pêndulas e em formato de amento (castanha portuguesa) sã o comestíveis; as de Quercus (car ¬

ou glomérulo ou até reduzidas a uma flor solitária, terminais valho) e Fagus (faia) são consumidas ocasionalmente. As
I '
ou axilares, com flores estaminadas e carpeladas na mesma
inflorescência ou em inflorescências diferentes. Flores mis -
rolhas de cortiça provê m da casca de Quercus suber. Quer¬
cus, Fagus e Castanea apresentam espécies que são cultiva ¬
sexuais ( plantas geralmente monóicas ), radiais, ± inconspícuas, das como ornamentais. A família é muito importante como
as flores estaminadas em cimas reduzidas e associadas com fonte de madeira para construção, móveis, barris e muitos
uma bráctea, as flores carpeladas geralmente em grupos de 1-3 e outros usos.
associadas com uma cú pula escamosa. Té palas, geralmente
6, reduzidas e inconspícuas, livres a ligeiramente conatas, im ¬ Discussão: a monofilia de Fagaceae é sustentada por ca ¬
bricadas. Estames 4 a numerosos; filetes livres; grãos de pólen racteres morfológicos, caracteres de sítios de restrição de
tricolporados ou tricolpados. Carpelos 3 ( -12 ), conatos; ovário cpDNA (Manos et al. 1993) e de sequências de nucleotídeos
ínfero, com placentação axial; estigmas separados, porosos ou (Li et al. 2004; Manos e Steele 1997). Fagus (Fagoideae) é o
expandidos ao longo da face superior do estilete. Óvulos 2 por grupo-irmão dos outros gêneros, que constituem Quercoi-
lóculo, mas todos abortivos, exceto 1. Nectários geralmente deae. Trigonobalanus, um táxon que parece ter retido condi¬
ausentes. Fruto noz, associado com uma cú pula espinhosa ções plesiomóríicas de inflorescência e cotilédones epigeus
402 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.85 Fagaceae. (A -E) Quercus ilicifolia: ( A) ramo com flores estaminadas
e carpeladas (x 1,5); (B) flor estaminada (x 17,5); (C) flor carpelada (x 17,5); (D) flor
carpelada em sec ção longitudinal (x 30); (E) noz com cúpula escamosa (bolota) (x .
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2). (F-H) Q rubra: (F) flor carpelada bianual em sec ção longitudinal, mostrando a for ¬

1
mação do óvulo (x 12); (G) o mesmo, em secção transversal (x 37); (H) sementes
com óvulos abortivos (manchas negras em direção ao ápice da semente) (x 2) (I) Q. . \X''
imbricara: bolota (0,75). (J-K) Q. aiba: U) ramo frutificando (x 0,5); (K ) bolota (x 1,3) .
(Fonte: Elias 1971J. Arnold Arbor . 52: pp. 182, 184.)

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r
SISTíMáTICA VEGETAL 403

(ver a Figura 9.86), provavelmente é o


grupo- irmão dos outros gêneros de
Quercoideae. A nica espécie Norte-
americana de Lithocarpus se agrupa
com Quercus, Castanea e Castanopsis ,
enquanto todas as outras espécies de

>
Lithocarpus se agrupam com Chrysolepis
(Oh e Manos 2006). Lithocarpus, Casta¬
nea e Castanopsis retiveram numerosos - *
caracteres morfológicos plesiomórficos: 1 M LJ , 3
inflorescências bissexuais, flores com
perianto menos reduzido, estames ex-
sertos e estigmas diminutos.
Quercus é considerado monofiléti-
Condição Trigobalanóide
(provavelmente ancestral)
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co com base nos frutos (uma única noz Castanea
rodeada por uma cúpula nã o-valvada, Flor : 1
em conjunto formando uma bolota;
Prancha 9.13Q. Sua monofilia também
tem sido sustentada por sequências de
DNA (Manos e Steele 1997; Manos et al.
2001). O gênero apresenta inflorescên ¬
cias carpeladas e estaminadas separadas,
estas últimas formando amentos laxos
(Prancha 9.13C). Dois grandes grupos *
morfoló gicos podem ser reconhecidos
dentro de Quercus : o subgênero Cyclo-
balanopsis (espé cies com as escamas
das cúpulas arranjadas em ciclos) e o
subgênero Quercus (espécies com as es¬ Fagus :
camas das cúpulas imbricadas). No en ¬
tanto, são necessários mais estudos para Eixo estéril
de inflorescência
confirmar se esses grupos constituem cimosa
de fato ciados. O subgê nero Quercus é (= valva da cúpula)
composto por três grupos principais. Os
carvalhos vermelhos (seção Lobatae) se
'

caracterizam pelas folhas com pontas


agudas, como espinhos; flores com es-
tiletes alongados e linear-espatulados e,
em geral, anteras retusas; óvulos abor¬
tivos próximos do ápice da noz e frutos ÍO
geralmente bianuais. Os carvalhos bran ¬
cos (seção Quercus ) se caracterizam pe ¬
: las folhas sem ápice como espinho; flo ¬ Quercus
res com estiletes curtos e abruptamente FIGURA 9.86 Hipótese sobre a evolu ção dos diversos tipos de cú pulas em Fagaceae.
dilatados, anteras geralmente apicula-
das; óvulos abortivos na base da noz e
frutos anuais. Uma terceira e pequena seção, Protobalanus, é thofagus (Nothofagaceae) provavelmente não são homólogas
semelhante à seçã o Quercus, mas difere na presen ça de frutos com aquelas de Fagaceae. Devem ser compostas por brá cteas
bianuais (vs. anuais) e da parede interna do fruto claramente e estipulas densamente agregadas.
pubescente (vs. glabra) (Nixon et al. 1995). Análises de DNA As inconspícuas flores de Fagus e Quercus estão dispos ¬
sustentam a separação de Q. cerris, Q. suber e Q. ilex, e taxa tas em inflorescências unissexuais que se desenvolvem na
afins da seção Quercus, e seu reconhecimento como seçã o primavera, antes da aparição das folhas, e são polinizadas
Cerris (Manos et al. 1999; 2001). pelo vento. Castanea e Castaneopsis apresentam flores esta ¬

A variação nos caracteres das cúpulas provê caracteres minadas conspícuas e odoríferas e são polinizadas por mos ¬
úteis na delimitação genérica (Figura 9.86). A cúpula é pro ¬ cas, coleópteros e abelhas. A polinização pelo vento deve ter
vavelmente uma inflorescência cimosa cujos eixos mais ex¬ evoluído três vezes dentro da família. As grandes nozes de
ternos estão modificados na forma de valvas que apresentam Fagaceae são dispersas por aves e mamíferos (especialmente
espinhos ou escamas (Brett 1964; Fey e Endress 1983; Nixon roedores).
1989; Okamoto 1989). As valvas podem ser mais ou menos Na América do Norte, Castanea tem sido devastado por
evidentes, dependendo do grau de fusão. As cúpulas de No- uma doença causada pelo fungo Endothea parasitica.

I
Ê
Y
404 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Referências adicionais: Abbe 1974; Elias 1971a; Kaul and Abbe gradadas. Bétula (bétula), Corylus, Carpinus (carpino) e Ostrya
1984; Kubitzki 1993b; MacDonald 1979b. fornecem importantes espécies ornamentais.

Betulaceae S. F. Gray Discussào: Betulaceae é considerada monofilé tica com base


na presen ça de flores estaminadas e carpeladas em amentos
(Família da bétula) (Prancha 9.13B), nas folhas de margens duplamente serrea ¬

Á rvores ou arbustos; presenç a de taninos; casca lisa ou esca ¬ das (Crane 1989) e nas sequências de DNA ( Li et al. 2004) .
mosa; às vezes esfoliantes em finas camadas, às vezes pro¬ Betulaceae e o gênero neotropical Ticondendron (Ticodendra-
vidas de lenticelas horizontais proeminentes. Pêlos simples , ceae) sã o grupos - irm ã os. Ticondendron apresenta folhas com
glandulosos ou peitados . Folhas alternas e espiraladas ou d ísti - praticamente todos os dentes diretamente vascularizados por
cas, simples, duplamente serreadas, com venação peninéroea, nervuras secundárias, estipulas envolvendo os ramos finos e
nervuras secundárias dirigindo -se ao á pice da serra; estipulas drupas. Betulaceae compreende dois grandqg grupos mono-
presentes. Inflorescências determinadas, parecendo espigas, filéticos: Betuloideae (incluindo Alnus e Bétula ) e Coryloide -
mas formando amentos pêndulos ou eretos, terminais ou ae (incluindo Carpinus, Corylus, Ostrya e Ostryopsis ) (Crane
axilares, às vezes expostas durante o inverno, solitárias ou em 1989; Chen et al . 1999) . Betuloideae é hipoteticamente um
agregados racemosos, com brácteas conspícuas, flores estami- ciado, sustentado pela presen ça de frutos achatados, brá cte ¬
nadas e carpeladas em inflorescências separadas. Flores unissexu - as e bractéolas fusionadas como escamas e flores carpeladas
ais ( plantas monóicas ), radiais, inconspícuas, geralmente 2 ou 3, desprovidas de perianto. A monofilia de Coryloideae é sus ¬

formando uma unidade cimosa na axila das brácteas das inflo- tentada pelas flores estaminadas sem perianto e pelas flores
rescênáas e frequentemente associadas com bractéolas de segunda carpeladas com bractéolas conatas e expandidas. Sequ ências
e terceira ordem diversamente fusionadas. Tépalas ( 0 - ) 1 -4 ( -6 ) , de DNA nuclear ribossomal e de rbcL també m sustentam as
reduzidas , ± livres, às vezes lobadas, ligeiramente imbrica ¬ duas subfamílias (Chen et al . 1999; Forest et al. 2005).
das. Estames geralmente ( 1- ) 4 ( -6 ), às vezes parecendo ser em O desenvolvimento, a anatomia e a morfologia das al ¬

maior número devido à proximidade das flores de cada uni ¬


tamente modificadas flores e inflorescê ncias de Betulaceae
dade cimosa; filetes curtos, livres a conatos na base, às vezes têm sido objeto de estudo intensivo (Abbe 1935, 1974) e são
divididos; grã os de pólen (2- ) 3-7- (poro) porados. Carpelos importantes nas delimitações gené ricas (Figura 9.88). Todos
geralmente 2, conatos; ovário ínfero, com placentação axial (mas os integrantes da família apresentam amentos carpelados e
incompletamente 2-locular e os óvulos dispostos no ápice de estaminados com as flores dispostas em unidades cimosas
um septo incompleto); estigmas 2, estendendo-se ao longo consistindo em 1 a 3 flores ela 7 brácteas /bractéolas. As uni¬

da superf ície adaxial dos estiletes. Óvulos geralmente 2 por dades cimosas dos amentos carpelados de Alnus estão redu ¬
lóculo, mas todos abortivos, exceto um, em geral com um zidas a duas flores e cada cima está associada com uma brác-
único tegumento. Nectários ausentes. Fruto aquênio, noz ou tea, duas bracté olas secundárias e duas bractéolas terciárias
-
sâmara 2 alada, associado com brácteas e/ou bractéolas complexas ( todas conatas, persistentes e lenhosas) . As unidades cimosas
e diversamente fusionadas; endosperma presente ou ausente dos amentos carpelados de Bétula são geralmente compostas
(Figura 9.87) . por três flores associadas com uma bráctea e duas bractéolas
fusionadas que delimitam uma brá ctea trilobada e decídua.
Em Carpinus, duas n úculas (provindas de respectivas unida ¬

Fó rmula floral: des cimosas) estão associadas com uma bráctea pequena, e
cada n úcula está associada com uma respectiva brá ctea se ¬

Flor estaminada: *, T-0-6 -, At1-4), GO cundária expandida e conata com duas bractéolas terciá rias
Flor carpelada: *, T-0-6-, AO, G(5); aquênio, sâmara, noz adjacentes. Em contraste, os aquênios de Ostrya estão com ¬
pletamente envolvidos por uma estrutura expandida e em
formato de bexiga que se desenvolve a partir de bractéolas
Distribuição e ecologia: amplamente dispersa em regiões secundárias e terciárias fusionadas. As nozes de Corylus estã o
rodeadas por bract é olas secundárias muito expandidas.
temperadas a boreais do Hemisf é rio Norte, mas Alnus se es ¬
As inconspícuas flores de Betulaceae estão dispostas em
tende até a América do Sul (nos Andes); as espécies da família
são típicas dos primeiros estágios sucessionais, mas também amentos carpelados geralmente eretos e amentos estami ¬

ocorrem em áreas úmidas e como elementos dominantes de nados geralmente pêndulos. Todos os integrantes da fam ília
florestas. Em Alnus a fixação de nitrogénio acontece por meio florescem na primavera, antes da aparição das folhas ou si ¬

de n ódulos radiculares contendo bactérias simbióticas. multaneamente com o seu desenvolvimento, e são poliniza ¬

dos pelo vento. Ovário e óvulos não estão completamente


desenvolvidos no momento da polinização (como em Faga-
Gê neros / espécies: 6 /157. Principais g êneros: Bétula
ceae) . As pequenas sâmaras 2-aladas de Bétula e Alnus, são
(60 spp.), Alnus (35), Carpinus (35), Corylus (15) e Ostrya (10) .
dispersas pelo vento. Em algumas espécies de Alnus, as asas
Todos esses gê neros ocorrem nos Estados Unidos e / ou no
estão reduzidas, as sementes flutuam e são dispersas pela
Canadá .
água . As núculas de Carpinus e Ostrya estão associadas com
bractéolas expandidas e fusionadas e são dispersas pela á gua
Importância económica e produtos: as nozes de Corylus
e peio vento. Corylus apresenta nozes grandes que sã o dis¬
(avelã) são comestíveis. Muitas espécies de Bétula (bétula) e
persas por roedores.
Alnus (amieiro) são importantes fontes de madeira ou celulo ¬

se e este último é importante para a recuperação de áreas de - Referências adicionais: Furlow 1990; Kubitzki 1993a.

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SISTEMáTICA VEGETAL 405

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FIGURA 9.87 Betulaceae. (A-J) Betu/o nigra: (A) ramo florido, com dois amentos eretos de flores carpela-
das e três pêndulos de flores estaminadas (x 0,75 ); (B) cima estaminada, vista adaxial mostrando estames
de três flores, e ápice de brácteas primárias e secundá rias (1.2) (x 12);(C) mesma vista, bráctea primária (1)
e bractéolas secundá rias (2) à esquerda ( x 12); (D) cima estaminada como vista em B, anteras removidas
para mostrar a br áctea primária (1) e bractéolas secundárias (2), tépala solitá ria (3) de cada uma das três
flores, e parte dos filetes de cada um dos seis estames (x 12); (E) duas vistas dos estames mostrando meia
antera (x 18); (F) cima carpeí ada, vista adaxial mostrando tr ês flores carpeladas, observe que cada flor é
composta por dois carpelos fusionados (x 12);(G) cima carpeíada, vista abaxial mostrando o complexo de
brácteas, br áctea primária ( 1) fusionada com bractéolas secundárias ( 2) (x 12); (H) ramo com amento ma ¬

duro de flores carpeladas (x 0,75); (I) vista abaxial do complexo primário de brácteas (x 9); (J ) fruto (x 9).
( K-L ) 8. lenta: (K) ramo com amentos de flores carpeladas maduras (x 0,75 ); (L) vista abaxial do complexo
. .
de br ácteas de cima madura em frutificação (x 9) (Fonte: Furlow 1990, J ArnoldArbor. 52: p. 71.)
406 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

FIGURA 9.88 Diagramas florais das uni¬ Flor ou fruto


dades cimosas de amentos de flores carpe- Bractéola terciária
ladas em Betulaceae.

Bractéola secundária
Bráctea primária -
- ("oO o oCZ )
( ) )

Unidade básica cimosa de amento

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Alvus Bé tula

C 3 .G ® 3 © i
Carpinas Ostrya Corylus

Casuarinaceae R. Brown Gêneros /espécies: 4/96 . Principais gêneros: Allocasuari-


(Família das casuaxinas) na (59 spp.), Gymnostoma (18) e Casuarina (17). A família está í
representada nos Estados Unidos (Flórida) por três espécies g
Á rvores ou arbustos com ramos finos, verdes, articulados e introduzidas de Casuarina.
sulcados; raízes com nódulos contendo bactérias fixado ¬
ras de nitrogénio; presença de taninos. Pêlos simples ou ra ¬
Importância económica e produtos: muitas espécies são
em formato de escama, ± conatas, formando uma bainha
-
mificados. Folhas verticiladas, em grupos de 4 20, simples, fontes de madeira ou são cultivadas como ornamentais. Ca¬
suarina é invasora na Flórida (Estados Unidos).
serreada nos nós; estipulas ausentes. Inflorescências indeter ¬
}
ti
minadas, terminais, formando amentos no á pice dos ramos la ¬
Discussão: Casuarinaceae é facilmente reconhecida e é con ¬
terais. Flores unissexuais ( plantas monóicas ou dióicas ), radiais, siderada monofilética (veja a lista de caracteres destacados
inconspícms, solitárias na axila das brácteas da inflorescência em negrito na descrição). Casuarina era outrora amplamente
f
e associadas com 2 bractéolas. Tépalas ausentes. Um estame; g
definido, mas foi dividido em quatro gêneros, com base na
grãos de pólen geralmente triporoporados. Carpelos 2, conatos; natureza dos sulcos dos ramos (rasos e abertos vs. profundos
|
ovário presumivelmente ifero, com placentação axial; estig |
¬
e estreitos), no n mero de dentes por verticilo, no formato das {
mas 2, ao longo da superf ície interna dos estiletes. Óvulos 2 brácteas dos amentos carpelados, na cor do fruto e no núme-
por lóculo, ou às vezes ausentes em 1 dos lóculos, todos abor¬ |
ro cromossômico (Johnson e Wilson 1989, 1993). Gymnostoma
tivos exceto um, ortótropos, com 2 tegumentos Nectários . é o grupo-irmão dos outros gêneros e apresenta ramos com í
ausentes. Fruto sâ mara, associado com duas bractéolas le ¬ sulcos rasos e abertos, enquanto os outros gêneros apresen ¬
nhosas, em amentos cónicos; endosperma ausente. tam sulcos profundos e estreitos (ocultando os estômatos). (< i
As flores de Casuarinaceae sã o polinizadas pelo vento e
as sementes també m são dispersas pelo vento.
Fórmula floral:
Referências adicionais:
-
Flor estaminada: * , T-0 , Al, GO Rogers 1982; Torrey and Berg 1988.

©
Flor carpelada: *, T-0-, AO, G ; sâmara
Myricaceae Richard ex Kunt
(Família do samouco)
Distribuição e ecologia: amplamente distribuída no sudeste Árvores ou arbustos aromáticos; presença de triterpenos e
da Ásia, na Austrália e nas ilhas do sudoeste do Pacífico, mas sesquiterpenos; presença de taninos; raízes geralmente
naturalizada em ambientes costeiros de regiões tropicais e providas de n ó dulos contendo bactérias fixadoras de
subtropicais da África e das Américas. Freqiientemente plan
tas de ambientes xé ricos.
¬
nitrogénio. Escamas peitadas, com á pice geralmente expandido,
glanduloso e de cor dourada , contendo diversos óleos aromáticos •
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i SISTEMáTICA VEGETAL 407

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FIGURA 9.89 Myricaceae. (A F ) Myrica pensylvanica: (A) ramo com -
mostrando o óvulo basal (x 30). (G I) M . cerifera: (G) ramo com frutos
amentos estaminados (x 1,5); ( B ) flor estaminada ( x 14,5); (C) flor es- (x 0,75); (H) drupa (x 12); ( I ) fruto em secção longitudinal, observe as
taminada , vista lateral (x 14,5); (D) amento carpelado (x 9); (E) flor car- papilas cerosas, endocarpo (indicado com numerosas linhas radiais ) e
§ pelada com brácteas (x 22); (F) flor carpelada em secção longitudinal embrião (x 12). (Fonte: Elias 1971, J. ArnoldArbor. 52: p. 310.)

resinas. Folhas alternas e espiraladas, simples (profunda - to (como acontece em Myrica gale e taxa afins), ou ínferojá no
mente lobadas em Comptonia ), inteiras a serreadas, com vena
ção peninérvea; estipulas ausentes ou presentes (Comptonia).
- momento da polinização,devido à atividade intercalar precoce que
forma uma estrutura espessa com (na maioria das espécies
Inflorescências indeterminadas, frequentemente com for- de Myrica ) ou sem (Canacomyrica) papilas, com placentação
mato de espiga ou de amento, eretas a ± pêndulas, axilares, basal; estigmas 2, alongados. Um óvulo por gineceu, ortó tro-
p flores estaminadas e carpeladas geralmente dispostas em in
florescências separadas. Flores unissexuais ( plantas monóicas ou
- po, com 1 tegumento. Nectários ausentes. Fruto drupa, coberto
por papilas carnosas ou cerosas, ou aquênio, não associado com
b dióicas ), radiais, inconspícuas, 1 flor na axila de cada bráctea bractéolas conspícuas (na maioria das spp. de Myrica; Cana¬
d á inflorescência. Perianto ausente, exceto em Canacomyrica comyrica ), com 2 bractéolas fusionadas ao aquênio (Myrica
onde está representado por 6 tépalas diminutas no ápice do gale e taxa afins), ou simplesmente rodeando o fruto (Compto-
ovário, mas flores geralmente associadas com brácteas e brac - nia ); endosperma ausente ou muito escasso (Figura 9.89).
téolas. Estames 2-9, mas parecendo mais numerosos devido à
proximidade de muitas flores; grãos de pólen geralmente tri -
poroporados. Carpélos 2, conatos; ovário aparentemente sú pero Fórmula floral:
(devido à perda do perianto; Comptonia ), tomando-se ínfero
Flor estaminada: *, T-0-, Al-9, G0
devido à atividade de meristemas intercalares ao redor e/
ou abaixo do gineceu, formando uma estrutura em forma Flor carpelada: *,1-0-, A0, G(§); drupa, aquênio
de taça, que eleva as bractéolas como parte da parede do fru -
1

408 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Distribuição e ecologia: amplamente distribuída em re ¬ adas, com venação peninérvea; estipulas ausentes. Inflores-
giões tropicais e temperadas; com frequência integrante dos cências indeterminadas, espigas ou panículas eretas a pêndulas,
primeiros estágios sucessionais ou em áreas brejosas; plantas flores estaminadas e carpeladas com frequência em inflorescên-
associadas com bactérias fixadoras de nitrogénio contidas em cias separadas, neste caso a inflorescência estaminada geral¬
nódulos radiculares. mente do tipo amento, terminais ou axilares. Flores unissexuais
( plantas monóicas ou menos frequentemente dióicas ), ± radiais, j
G êneros / espécies: 3/40. Principal gê nero: Myrica (38 inconspícuas, 1 flor na axila de cada bráctea da inflorescên-
spp.) cia e associada com 2 bractéolas, brácteas às vezes 3-lobadas
freqúentemente expandidas e formando uma asa (ou
Import ância econó mica e produtos: são extraídas ceras asas ) associada com o fruto, ou formando parte da cober¬
aromáticas do fruto de várias espécies de Myrica (samouco e -
tura cupuliforme que rodeia o fruto. Té palas 0 4, inconspícuas, i
espécies afins); algumas espécies apresentam frutos comestí¬ modificadas em um disco estigmático em Carya. Estames j
veis. Muitas espécies de Myriái são cultivadas como plantas 3-numerosos; filetes curtos; grãos de pólen triporoporados
ornamentais. ou poliporoporados. Carpelos geralmente 2, conatos; ovário ín -
fero parcial ou completamente adnato às duas bractéolas
Discussão: Myricaceae é considerada monofilé tica com base e com frequência também com a bráctea, ovário unilocular na
nos seus numerosos caracteres morfológicos especializados região superior e bilocular na inferior, ou aparentemente ,
(MacDonald 1974, 1977, 1979a, 1989) e também com base 4-8 locular devido à presença de falsos septos, com os óvu¬
em evidência molecular (Herbert et al. 2006). Canacomyrica, los dispostos no ápice de septos incompletos; estigmas
um gênero endé mico da Nova Caledónia, é o grupo-irmã o geralmente 2, curtos a alongados e ao longo da superfície •

do dado Camptonia + Myrica, que é caracterizado pela per- adaxial dos ramos do estilete, com frequência expandidos.
da do perianto. Camptonia deve ser o grupo-irmão de Myrica, Óvulo 1, ortótropo, com 1 tegumento. Nectários ausentes.
amplamente circunscrito. Camptonia reteve estipulas, lenho Fruto noz ou n cula com frequência de aspecto samaróide devido
com poros difusos e bractéolas livres do ovário. Seus frutos à associação com brácteas e/ou bractéolas, ou drupa às vezes com
são pequenos aquênios e não apresentam o desenvolvimento um envoltório externo que se rasga expondo um caroço rígido;
intercalar do eixo da inflorescência que compõe uma grande embrião com cotilédones grandes e corrugados; endosperma ±
parte da parede do fruto em Myrica. O desenvolvimento do ausente (Figura 9.90) .
ovário e do fruto é mais complexo em M. cerifera, M . pensyl-
vanica, M . mbra e taxa afins; neste grande grupo aparecem
papilas carnosas ou cerosas na região meristem á tica e em Fórmula floral:
forma de taça que envolve o fruto. O resultado é uma drupa
papilosa. (Em Canacomyrica, a região meristemática e a drupa
-
Ror estaminada: *, T-4-0-, A3 », G0
são lisas.) Myrica gale e taxa afins apresentam a apomorfia de Ror carpelada: *, T-4±0-, A0, G (2); noz; núcula; drupa
bract éolas expandidas fortemente adnatas à parede do fruto (às vezes com cobertura ± deiscente)
e devem constituir o grupo- irmão de M . cerifera e taxa afins.
Os caracteres distintivos de M. cerifera e taxa afins fizeram
com que alguns sistematas os segregassem no gênero Morella Distribuição: amplamente dispersa em regiões tropicais a
(Wilbur 1994, 2001). temperadas.
Abbe (1974) sugeriu que aquilo que parece ser a flor esta-
minada (na axila da bráctea) é na verdade um grupo de flores G êneros / espécies: 8/59. Principais g êneros: Carya (25 |
estaminadas, cada uma consistindo em um nico estame. spp.) e fuglans (20); ambos ocorrem nos Estados Unidos el
As reduzidas flores de Myricaceae são polinizadas pelo
vento, e a maioria das espécies apresenta amentos carpela -
ou no Canadá. |
dos e estaminados separados. Os frutos carnosos ou cerosos Importância económica e produtos: fuglans regia (noguei- j j
de Myrica cerifera (e espécies similares) são dispersos prin ¬ ra), }. nigra (nogueira preta), Carya illinoensis (pecã) e C. ovata |
cipalmente por aves. Os pequenos frutos de M. gale são dis ¬ fornecem nozes comestíveis, fuglans, Carya e Engelhardia são :?
persos pela água, com as brá cteas expandidas atuando como importantes essências florestais e os dois primeiros gêneros, 4*1 j
flutuadores. junto com Pterocarya, são cultivados como ornamentais. fí
Referências adicionais: Elias 1971b; Kubitzki 1993c; Jf
MacDonald 1978.
Discussão: a monofilia de Juglandaceae é fortemente sus ¬
tentada por caracteres morfológicos e de DNA (Li et al. 2004;
1
Manchester 1987; Manning 1978; Smith e Doyle 1995) . As
Juglandaceae A. P. de Candolle ex Perleb relações filogenéticas dentro de Juglandaceae têm sido estu ¬
(Família da nogueira) dadas em análises de caracteres morfológicos e moleculares i
(Smith e Doyle 1995; Manos e Stone 2001), bem como por #
Árvores aromáticas; presença de taninos. Pêlos diversos, fre- meio de um uso mais subjetivo de caracteres morfológicos
qúentemente estrelados, e escamas peitadas com á pice glandu ¬ (Manchester 1987; Manning 1978; Stone 1989, 1993). En -
lar e expandido contendo diversos óleos aromáticos e/ou resinas. gelhardioideae, incluindo os gêneros Engelhardia, Alfaroa e
Folhas alternas e espiraladas, ocasionalmente opostas, pina- Oreomunnea, é o grupo-irmão dos demais gêneros da família.
-
do compostas, ocasionalmente unifoliadas, inteiras a serre- Esse grupo é caracterizado pela presença de brácteas triloba-
SISTEMáTICA VEGETAL 409
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FIGURA 9.90 Juglandaceae (A-M) Carya ovata: (A) ramo florido com amentos estaminados e flores car- N"
4
peladas (x 0,5); (B) flor estaminada (x 14); (C) estame (x 17); (D) brácteas subtendendo flor estaminada
(x 14); (E) flor carpeiada ( x 8,5); (F) flor carpelada em sec ção longitudinal, mostrando o ó vulo ortótropo '
basal (x 8,5); (G) flor carpelada em secçã o transversal, no nível da seta inferior em F, mostrando a condição
4-locular (x 8,5); (H) o mesmo, no nível da seta superior, mostrando óvulo (x 8,5); (I) noz com cobertura
deiscente (x 1); (J) noz exposta após a remoção de dois segmentos da cobertura (x 1);(K) noz (x 1);(L) noz
em secção transversal, mostrando o grande embrião (em branco) com cotilédones corrugados (x 1); (M)
botão apical invernal (x 1,5). (N-S) C. laciniosa: (N) flor estaminada (x 14); (O) estame (x 17); (P) brácteas
subtendendo flor estaminada ( x 14); (Q) flor carpelada (x 8,5);(R) ápice de botão invernal (x 1,5); (S) plân-
tula (x 0,25). (Fonte: Elias 1971,J. ArnoldArbor. 53: p. 37.)

das e nozes com cobertura fibrosa. Os demais gêneros (isto líolos freqúentemente serreados, bractéolas compietamente
é, Platycarya, Carya, Cyclocarya, Pterocarya e Juglans, todos na fusionadas ao ovário, presença de esclereídes isodiamétricos
subfamília Jugiandoideae) formam um ciado bem sustenta ¬ na casca da noz, lenho com anéis de crescimento e elemen ¬

do; sinapomorfias desse dado são a presença de gemas com tos de vaso exclusivamente com perfurações simples. Platy ¬

escamas, folhas pinado-compostas imparipinadas, com fo- carya deve ser basal dentro de Jugiandoideae, e os demais
410 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

taxa partilham frutos drupáceos, inflorescê ncias unissexuais e cobertura externa deiscente) estã o adaptados para a disper¬
ramos dos estiletes alongados. Carya é distinto pela retenção são por roedores.
das t é palas muito modificadas e persistentes (formando um
disco estigmático ) nas flores carpeladas e pela presença de Referências adicionais: Elias 1972; Manning 1938,1940, 1948;
frutos com cobertura externa deiscente. Carya é grupo-irmão Stone 1973;Tiffney 1986.
de um ciado contendo Juglans, Pterocarya e Cyclocarya. Esses
três gêneros partilham a presença de amentos estaminados Myrtales: Incertae Sedis
pedunculados e ramos com medula compartimentalizada .
Juglans apresenta drupas grandes (com polpa derivada das dentro de Ros ídeas
brácteas e bractéolas adnatas), enquanto Cyclocarya e Ptero¬ Myrtales é claramente monofilé tica, como sustentado por ca ¬
carya retiveram frutos pequenos com bractéolas claramente racteres morfológicos, anatômicos, embriológicos (Johnson e
aladas. Frutos grandes (em geral com cotilédones carnosos) Briggs 1984), bem como por sequ ências de rbcí , matK, ah$,
evoluíram separadamente em Alfaroa, Carya e Juglans (Stone ndhP e 18S (Chase et al. 1993; Conti 1994; Conti et al. 1996,
1989; Manos e Stone 2001). 1997; Hilu et al. 2003; Kállersjõ et al. 1998; Savolainen et al.
As reduzidas flores de Juglandaceae estão agrupadas 2000a,b; Soltis et al. 2000) . Prováveis sinapomorfias morfoló¬
em amentos pêndulos e apresentam numerosas adaptações gicas são a presença de elementos de vaso com pontoações
para a polinização pelo vento. A floração ocorre antes ou areoladas, (isto é, margeadas), caules com floema intemo,
simultaneamente com a formação das folhas novas; os óvu ¬ ausência de estipulas ou a presença destas na forma de pe ¬
los não estã o completamente desenvolvidos no momento quenas estruturas laterais ou axilares, flores com hipanto
da polinização. Frutos com brácteas ou bractéolas em for¬ curto a alongado, estames curvos no botão (mas retos em
mato de asas (p. ex., Engelhardia, Cyclocarya e Pterocarya) Onagraceae) e presença de um único estilete, com os carpelos
são dispersos pelo vento. Os grandes frutos de Alfaroa (no ¬
completamente conatos. Além disso, tais plantas apresentam
zes), Juglans (drupas; Prancha 9.13F) e Carya ( nozes com
-
folhas simples, geralmente inteiras marginadas e frequente -

Chave para as Principais Famílias de Myrtales

1. Ovário unilocular com placentação apical; fruto drupa 1-seminada, geralmente achatada,
costada e/ou alada; pêlos longos, retos e de ponta aguda, unicelulares e de paredes espessas . . . Combretaceae
1. Ovário plurilocular com placentaçã o axial; fruto 1 a plurisseminado,
geralmente cápsula ou baga; pêlos diversos, mas não como acima 2
2. Folhas com glândulas pel cidas contendo óleos aromáticos e, portanto,
aromáticas quando esmagadas; estames geralmente numerosos,
a antera frequentemente com uma cavidade apical secretora Myrtaceae
2. Folhas sem glândulas pel cidas, não-aromáticas; estames em n mero igual ou em
dobro do número de pé talas, ou numerosos; anteras sem cavidades apicais secretoras 3
3. Folhas com 2-8 nervuras secundárias proeminentes originadas próximas da base foliar e
convergentes no ápice, em geral conectadas por nervuras terciárias subperpendiculares
à nervura mediana; conectivo da antera frequentemente com apêndices diversos . Melastomataceae
3. Folhas geralmente com venação peninérvea; anteras sem apê ndices,
mas às vezes providas de glândulas conspícuas
4. Folhas contendo grandes esclereídes ramificados; conectivo da antera engrossado,
provido de uma glâ ndula circular a deprimida, secretora de terpenóides; com
frequência com poucas sementes grandes; embrião frequentemente grande
e com cotilédones espessos ou convolutos; árvores a arbustos; cálice + imbricado . . . Memecylaceae
4. Folhas sem esclereídes grandes e ramificados; estames sem glândulas
no conectivo; sementes, muitas a numerosas, diminutas; embrião diminuto
com cotilédones curtos; ervas a árvores; cálice valvado
5
5. Pólen associado com fios de viscina; estames surgindo da borda do hipanto,
retos no botão; flores geralmente 4 ou 2- meras; pétalas lisas, não comprimidas
no botão; ovário ínfero; hipanto alongado com sépalas + reflexas (exceto em Ludwigia ) . . . . Onagraceae
5. Pólen sem fios de viscina; estames surgindo da região interna do hipanto,
curvos no botã o; flores geralmente 5- meras; pétalas enrugadas e comprimidas
no botão; ovário sú pero (exceto em Púnica); hipanto curto a alongado Lythraceae
r
SISTEM áTICA VEGETAL 411

(A.) ( BI (C)

>:•

Myrtales: Melastomataceae
Blakea wilsoniorum: flor

Myrtales: Myrtaceae Myrtales: Onagraceae


Callistmon rigidus: ramo Fucksia pringsheimii: ramo com flores
com flores
P

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* **/
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Myrtales: Lythraceae es: Myrtaceae


Cuphea cí. ígnea: ramo nthes fragrans: ramo com frutos
com flores Myrtales: Melastomataceae
(H) Rkexia mttaltii: frutos
:C ]
ÍD

Myrtales: Combretaceae
Combretum aubletii : frutos alados
Myrtales: Lythraceae Myrtales: Melastomataceae
Lagerstromia speciosa: frutos Sagraea scalpta: ramo com frutos

PRANCHA 9.14 Eudicotiled ôneas:


Myrtales

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412 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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Simetria Presença de Venação Antera com Pêlos caracter
ísticos Pétalas contraídas • Inflorescê ncia
bilateral terpenos em característica glâ ndula secretora no botão indeterminada
cavidades de terpenóides
1 estame esféricas Androceu Ovário unilocular Lóculos da
fértil (glândulas bilateral Esciereídes antera divididos
pel cidas) ramificados
Placentação apical
Estames
nas folhas Semente com Pólen com fios
retos cobertura externa deviscina
com muitas
Drupa ± achatada, camadas Estames ± retos
costada ou alada (não curvos)
Nectários ausentes no botão
Morfologia dos pêlos
(simples, 1ou 2-celulares) • Grãos de pólen Semente grande Megagametófito
com sulcos bem com testa fibrosa 4- nucleado
desenvolvidos, sem
poros (pseudocolpos) Cálice valvado
Lenho com elementos
de vaso agrupados

Pontoações (dos elementos de vaso) areoladas


Floema interno
Hipanto

FIGURA 9.91 Cladograma mostrando relações hipotéticas Estames curvos no botão


dentro de Myrtales. (Modificada de Johnson e Briggs 1984; Estilete único !
Conti et al. 1997; Soltis et al 2000, 2005.)

mente opostas. A localização taxonômica das Myrtales ainda


é incerta, mas a ordem deve ser o grupo-irmão das malvídeas Lythraceae J. St.-Hilaire
(eurosídeas II, Jansen et al. 2006) . A ordem consiste em 14 (Família da romã)
famílias e cerca de 9.000 espécies; as principais famílias são Árvores, arbustos ou
ervas. Pêlos diversos, às vezes silicificados.
Lythraceae, Onagraceae, Myrtaceae, Melastomataceae, Folhas opostas, menos
frequentemente verticiladas ou alternas ,
Nemecylaceae e Combretaceae. Vochysiaceae, uma famí¬ e espiraladas, simples, inteiras,
lia sul-americana com uma pétala maior do que as outras, las tipicamente reduzidas, com
com venação peninéroea; estípu
frequência aparecendo como
-
basalmente expandida ou modificada como esporão, e ge ¬ uma fileira de pêlos diminuto . |
ralmente com um único estame fértil oposto à pétala maior, bissexuais, frequentemente distilas ou
s Inflorescências diversas. Flores j
também pertence a essa ordem, como indicado pela presença sionalmente bilaterais, com hipanto bem desenvol
tristilas, radiais ou oca- j
de floema interno, hipanto e sequências de rbcL e ndhF (Conti temente associado com um epicálice Sé
vido, frequen- j
1994a,b). Essa família é próxima de Myrtaceae.
. palas geralmente 4-8 f
livres ou ligeiramente conatas, valvadas, com frequência muito i
As relações filogenéticas dentro da ordem têm sido estu
dadas por Johnson e Briggs (1984), que empregaram caracte
espessas. Pétalas geralmente 4-8, livres, imbricadas, comprimi
¬

das no botão e onduladas na maturidade, ocasionalmente


¬
- j
res estruturais, e por Conti (1994), Conti et al (1996, 1997) e ausentes. Estames ( 4- ) 8-16 ( -numerosos ), geralmen |
te adnatos
Sytsma et al. (2004), que utilizaram sequências de rbcL e ndhF. ligeiramente abaixo do ápice do hipanto, filetes de comprimentos
|
ç
Nemecylaceae e Melastomataceae são grupos-irmãos cujos desiguais; grãos de pólen geralmente tricolporados, às vezes
!
grãos de pólen apresentam sulcos sem poros (pseudocolpos) alternando com sulcos desprovidos de poros. Carpelos 2
e carecem de nectários florais. Onagraceae e Lythraceae são a numerosos, conatos, ovário supero, raramente ínfero, com '
também grupos-irmãos e partilham a presença de cálice val¬ placentação axial; estigma ± capitado. Óvulos 2 a numero- .
vado. Myrtaceae deve ser o grupo- irmã o do dado Melasto ¬ sos por lóculo. Nectários com frequê ncia na base do hipanto.
mataceae + Nemecylaceae. As afinidades de Combretaceae Fruto geralmente cá psula seca, diversamente deiscente (Prancha
(Figura 9.91) são ainda incertas, mas ela deve estar associada 9.14G), ocasionalmente baga; sementes geralmente achatadas
com Onagraceae e Lythraceae. e/ou aladas, testa com tegumento externo composto de
muitas camadas, às vezes com pêlos epidermais que se ex ¬
Referências adicionais: Baas et al.
2003; Dahlgren and Thome pandem e se tomam mucilaginosos após serem umedecidos;
1984; Morlev 1976; Patel et al. 1984; Tobe 1989; Wé berling 1988a. *
endosperma ± ausente (Figura 9.92) . ;
i SíSTEMATICA VEGETAL 413

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I# *~V v FIGURA 9,92 Lythraceae. Decodon vertidilatus: (A) ramo florido (x 0,5 ); (B) caule em
& ÍT sec ção transversal, observe o córtex esponjoso (x 3); (C) unidade da inflorescència (x
4); (D) flor em secção longitudinal, observe a tr í stilia (neste caso, estilete curto, estames
él
rff médios e longos) (x 4); (E) ová rio em secção transversal ( x 8); (F) flor mesostila (x 4);
(G) flor iongo-estilada (x 4); (H) c á psula com cálice persistente (x 4); (I) semente (x 15);
(J ) semente em secção, endosperma pontilhado, embrião em branco (x 15 ); (K, L) em ¬

bri ão em duas vistas (x 15). (Ilustração original preparada para o projeto Generic Flora
of the Southeastern U.S. Utilizada com autorização.)
414 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

com venação peninérvea, estipulas pequenas a ausentes. In-


Fórmula floral: florescências indeterminadas, terminais ou axilares e soli ¬
tá rias. Flores geralmente bissexuais, radiais ou bilaterais, em
* ou X, KÍ4-8), C4-8, A4
p G( =) cápsula geral com hipanto bem desenvolvido que nitidamente se prolonga
acima do ovário (exceto em Ludwigia ). Sé palas (2-) 4 (-7), li¬
vres, valvadas. Pétalas (2 -) 4 (-7), livres, às vezes ungiiicu -
Distribuição e ecologia: amplamente distribuída, embora a Iadas, ocasionalmente ausentes, imbricadas, convolutas ou
maioria das espécies seja tropical. Muitas espécies ocorrem valvadas. Estames (1- ) 8, n ão curvados no botão, anteras
em hábitats aquáticos ou semi-aquáticos. com septos dividindo o tecido esporógeno dentro dos
lóculos; grãos de pólen em mônades, tétrades ou políades,
Gêneros/ espé cies: 30/600. Principais gêneros: Cuphea geralmente triporados, ocasionalmente colpados, tricolpo-
(275 spp.), Diplusodon (72), Lagerstroemia (56), Nesaea (50), rados ou biporados, com caraterística exina ornamenta¬
Rotala (45) e Lythrum (35). Os gêneros que ocorrem nos Esta ¬ da e associados com fios de viscina. Carpelos geralmente
dos Unidos e/ ou no Canadá são Ammannia, Cuphea, Decodon, quatro, conatos; ovário ínfero, geralmente com placentação
Didiplis , Heimia, Lythrum, Nesaea, Peplis, Rotala e Trapa. axial; estigma capitado ou clavado a 4-lobado ou 4- ramifi-
cado. Óvulos 1 a numerosos por lóculo; megagametófito
Importância econó mica e produtos: diversas espécies de 4-nucleado (isto é, do tipo Oenothera ). Nectário geralmente
Cuphea, Lagerstroemia e Lythrum são cultivadas como plantas próximo da base do hipanto. Fruto cá psula loculicida, baga,
ornamentais. As bagas de Púnica (romã) contêm numerosas ou às vezes nucóide pequeno, indeiscente; sementes às ve ¬
sementes com envoltório vermelho, carnoso e comestível. zes aladas ou providas de um tufo de pêlos; endosperma !
Lythrum salicaria comporta -se como invasora em regiões ausente (Figura 9.93).
temperadas da América do Norte.
Fórmula floral:
Discussão: Lythraceae é facilmente reconhecida e é con ¬
siderada monofilética com base em caracteres morfológicos
(Graham et al. 1993a,b; Johnson e Briggs 1984) e de DNA
* ouX, Iy4 Ç4 , A4 M 8, G
| © cápsula, baga, noz
(Graham et al. 2005). A família é aqui circunscrita de modo
amplo, abrangendo Púnica (que freqiientemente é incluído
em Punicaceae), Sonneratia e Duabanga (frequentemente in ¬ Distribuição: amplamente distribuída e especialmente di ¬

cluídos em Sonneratiaceae) e Trapa (Trapaceae). Esta ampla versa no oeste da América do Norte e na América do Sul.
delimitaçã o familiar é sustentada tanto por caracteres mor¬
fológicos (Graham et al. 1993b) quanto por sequências de Gê neros / espé cies: 18 / 655. Principais g ê neros: Oeno¬
DNA (Conti 1994; Graham et al. 2005). Sonneratia, Duaban¬ thera (192 spp.), Epilobium (183), Fuchsia (119), Ludwigia (85),
ga, Lagerstroemia, Trapa, Lawsonia e taxa afins devem formar Clarkia (66) e Camissonia (49). Chamerion, Chylismia, Chylis-
um ciado caracterizado pelas inflorescências determinadas miella, Circaea, Eulobus, Gayophytum e Taraxia ocorrem na '
e estigmas úmidos, enquanto a maioria dos demais gêneros Am érica do Norte.
apresenta inflorescências indeterminadas e estigmas secos e
um n mero reduzido de carpelos. Decodon, Lythrum e Pemphis Importância econó mica e produtos: Fuchsia , Oenothera e
provavelmente representam linhagens de divergência preco ¬ Clarkia apresentam espécies que são cultivadas como plantas
ce dentro da família. O hábito herbá ceo evoluiu em muitos
ornamentais devido às suas vistosas flores (Prancha 9.13Q.
gêneros especializados de regiões temperadas.
A heterostilia é comum. A maioria das espécies é poliniza ¬
Discussão: a monofilia de Onagraceae é sustentada por
da por abelhas, coleópteros e moscas. A polinizaçã o por aves
ocorre em Cuphea, onde o hipanto é frequentemente colorido
caracteres morfológicos, bem como por caracteres de se ¬
e apresenta forma de esporão (Prancha 9.14D), e Sonneratia é quências de rDNA e rbcL (Hotch et al. 1993; Johnson e Bri¬
polinizado por morcegos. Né ctar e pólen são as recompensas ggs 1984; Sytsma e Smith 1988) . As relações infrafamiliares
florais. Flores cleistógmas ou quase cleistógamas ocorrem em têm sido investigadas por numerosos autores utilizando
Peplis e Ammannia.As sementes de Lythraceae são geralmente morfologia e sequências de sítios de restriçã o de cpDNA e
dispersas pelo vento ou pela água. Algumas flutuam devido à de rbcL, ndhF e ITS (Bult e Zimmer 1993; Conti et al. 1993;
presença de tecido esponjoso na região mais externa da testa. Crisci et al. 1990; Hoch et al. 1993; Levin et al. 2003; Raven
1988; Sytsma e Smith 1992; Sytsma et al. 1998a; Wagner e
Referências adicionais: Ganders 1979; Graham 1964a; Stubbs Hoch 2005) . Todos esses estudos encontraram que Ludwigia
and Slabas 1982. é o grupo-irmão dos demais taxa da família. Esse gê nero ca ¬
rece de hipanto alongado e apresenta um nectário ao redor
Onagraceae A. L. de Jussieu da base do estilete. O resto da família apresenta apomorfias
como a presença de perianto decíduo, flores consistente ¬

(Família da Fuchsia)
mente 4-meras (ou 2-meras), hipanto alongado e decíduo e
Ervas a arbustos, ocasionalmente árvores; presença de raf í de- redução na vasculariza ção do carpelo. Fuchsia e Circaea for¬
os. Pêlos simples. Folhas alternas e espiraladas, opostas ou mam um dado sustentado pelo desenvolvimento incomum
verticiladas, simples , inteiras a serreadas, às vezes lobadas, do tegumento externo das sementes. Lopezia e Megacorax
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SISTEMáTICA VEGETAL 475

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l3 FIGURA 9.93 Onagraceae. Oenothera macrocarpa: (A) parte de planta
florida (x 0,5); (6) flor em vista dorsal {x 1); (C) flor em secção longitu¬
hipanto e a base do estiiete, observe os óvulos (x 3); (G) fruto (x 1 ); ( H)
fruto em secção transversal (x 1 ); (I) semente (x 30); (J ) semente em
dinal mostrando a inserção dos estames no á pice do hipanto (x 1,5); secçã o longitudinal, observe o grande embriã o (x 30); (K) embrião (x
;

i : ( D) grãos de pólen conectados por fios de viscina ( muito aumentados);


( E ) estigmas (x 30 ); ( F ) ová rio em secçã o longitudinal, com a base do

também formam um ciado. Os demais gêneros {p. ex„ Epi-


30). ( Fonte: Wood 1974, A student s atlas offí owering plants, p. 77.)

ral. Podem ocorrer alogamia e autogamia. A dispersão nos


lobium, Chamerion, Camissonia, Oenothera - incluindo Gau
ra - e Clarkia ) formam um ciado diagnosticado pela perda
- taxa com cápsulas é tipicamente efetuada pela água e pelo
vento. As bagas de Fuchsia sã o dispersas por aves, e os pê ¬
das estipulas e a ocorrência de heterozigose por transloca- los em forma de gancho dos pequenos frutos nucóides de
ção (intercâmbio recíproco de partes de cromossomos não- Circaea promovem o transporte externo. As sementes de
homólogos; Dietrich et al. 1977) . Problemas de delimitação Epilobium apresentam um tufo de pêlos alongados, en ¬
gen é rica tê m sido recentemente esclarecidos em Camissonia quanto aquelas de Hauya sã o aladas; ambos os gêneros são
e Oenothera. dispersos pelo vento.
Abelhas, mariposas, moscas e aves são polinizadores Referências adicionais: Berrv et al. 2004; Raven 1979; Skvarla et
frequentes de Onagraceae; o né ctar é a recompensa flo- al. 1978; Tobe and Raven 1983.

I
416 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Combretaceae R. Brown agregadas em glomérulos. Em Laguncularia racemosa, alguns \


(Família da amendoeira-da- praia) indivíduos apresentam flores estaminadas e outros apresen - :
tam flores bissexuais muito semelhantes com as estaminadas.
Á rvores, arbustos ou lianas, às vezes com troncos eretos e mono- Em Terminalia, as flores podem ser estaminadas ou bissexu ¬
podiais sustentando uma série de ramos horizontais e simpodiais. ais, mas ambos os tipos ocorrem na mesma árvore.As drupas
Pêlos diversos, mas alguns longos, retos e de ponta aguda,
unicelulares, de paredes muito espessas e providos de um
da maioria dos gêneros estão bem adaptadas à dispersão pela
água devido à presença de um mesocarpo esponjoso; alguns
.
compartimento interno cónico na base. Folhas alternas e taxa apresentam frutos alados e dispersos pelo vento (Pran- '
espiraladas, ou opostas, inteiras, com venação peninérvea, fre- cha 9.141), outros apresentam frutos carnosos dispersos por
cj úentemente com domácias; pecíolo ou base da lâmina foliar com aves ou mamíferos.
duas cavidades em forma de garrafa, cada uma contendo um par de A presença de domácias é comum na família, e em geral j
glândulas de néctar; estipulas pequenas ou ausentes. ínflores- estão associadas com as nervuras da face abaxial da folha. Tais I
cências determinadas, terminais ou axilares. Flores uni ou bis¬ domácias geralmente são habitadas por ácaros, como ocorre f
sexuais (plantas monóicas, dióicas ou polígamas), geralmente em Terminalia e Conocarpus, e devem proteger a planta contra
radiais, com hipanto ligeira ou conspicuamente prolongado fungos ou pequenos herbívoros.
além do ovário. S é palas geralmente 4 ou 5, livres ou ligeiramen ¬ Laguncularia racemosa (mangue branco) apresenta adap ¬
te conatas, imbricadas a valvadas. Pétalas geralmente 4 ou 5, li tações para o fluxo diário de água salgada. As folhas contêm
¬
j
vres, imbricadas ou valvadas, às vezes ausentes. Estames 4-10; glândulas excretoras de sal, as sementes germinam quando
filetes com frequência longo-exsertos; grã os de pólen tricol- ainda estão presas na árvore (viviparidade; ver Capítulo 4) e
\
porados ou triporados e frequentemente providos de sulcos as árvores podem apresentar pneumatóforos (raízes eretas
J
sem aberturas. Carpelos 2-5, conatos; ovário ínfero e unilo- contendo aerênquima que promovem intercâmbio gasoso). j
!
cular, com placentação apical; estigma pontuado a capitado. Refer
Óvulos poucos, pêndulos em funículos alongados desde ências adicionais: Graham 1964b; Stace 1965.
o ápice do lóculo. Geralmente com disco nectarífero acima
do ovário, com frequência piloso. Fruto drupa 1-seminada, Myrtaceae A. L. de Jussieu
± achatada, costada e/ou alada; semente grande, exotesta (Família da jabuticaba)
fibrosa; embrião geralmente com os cotilédones dobrados ou
Árvores ou arbustos, frequentemente com casca esfoliante; pre¬
retorcidos em espiral; endosperma ausente.
sença de terpenos. Pêlos simples, unicelulares ou bice- í
lulares. Folhas opostas ou alternas e espiraladas, raramente j
Fórmula floral: vertiriladas, inteiras, em geral com venação peninérvea, com j
glândulas pelúcidas esparsas (isto é, cavidades secretoras j
* , K4-5, C4-5 ou 0, A4-10, G esf éricas contendo terpenóides e/ou outros compostos re¬
drupa (geralmente
IH- ÁÁ ' ' sinosos e/ou aromáticos); estipulas diminutas ou ausentes.
costada ou alada)
Inflorescências determinadas, mas às vezes parecendo inde¬
terminadas, terminais, axilares, às vezes reduzidas a uma flor ,
Distribuição e ecologia: distribuição pantropical; Laguncu- solitá ria . Flores geralmente bissexuais, radiais, com hipanto
laria, Lumnitzera e Conocarpus são plantas próprias dos man - bem desenvolvido. Sépalas geralmente 4 ou 5, livres a conatas,
guezais; outros gêneros ocorrem em savanas ou florestas la- imbricadas, às vezes fusionadas em um capuz de deiscência
tifoliadas. circuncisa ou irregular. Pétalas geralmente 4 ou 5, livres a co- ;
natas, imbricadas, às vezes fusionadas em um capuz (e então
Gêneros/ espé cies: 20/600. Principais gêneros: Combre- tamb ém adnatas às sépalas), às vezes ausentes. Estames ge¬
tum (250 spp.) e Terminalia (200). A família está representada ralmente numerosos, desenvolvendo-se de fora para dentro da
nos Estados Unidos por Bucida, Conocarpus, Laguncularia e flor, livres a basalmente conatos em 4 ou 5 fascículos; anteras fre-
Terminalia. qiientem ente providas de conectivo com uma cavidade apical
secretora; grãos de p ólen geralmente tricolporados, com os
Import â ncia econó mica e produtos: algumas espécies de sulcos fusionados. Carpelos geralmente 2-5, conatos; ovário
Terminalia (amendoeira-da- praia) fornecem frutos comestíveis; geralmente ínfero a semi-ínfero, com placentação axial ou, me ¬
outros gêneros apresentam flores ou partes vegetativas vistosas nos frequentemente, parietal com placentas intrusivas; estig¬
e são cultivados como ornamentais, como acontece com espé ¬ ma geralmente capitado. Óvulos 2 a numerosos por lóculo,
cies de Combretum, Quisqualis, Terminalia, Bucida e Conocarpus.
anátropos a campilótropos. Tecido nectarífero no topo do
ová rio ou contornando a superf ície interna do hipanto. Fruto jf
Muitos gêneros (p. ex., Terminalia ) fornecem madeira.
geralmente baga ou cá psula loculicida, 1 a plurissemmada , rara- 1
mente noz. Embrião com cotilédones pequenos a grandes, às
Discussão: tanto caracteres morfológicos (Dahlgren e Thor- vezes
conatos, ou ambos dobrados ou retorcidos; endosper¬
ne 1984, Johson e Briggs 1984) quanto sequências de rbcL ma escasso ou
ausente (Figura 9.94).
(Conti 1994) sustentam a monofilia de Combretaceae.
Via de regra, as flores produzem néctar e atraem inse ¬

tos, aves ou pequenos mamíferos; o hipanto varia de verde Fórmula floral:


a colorido. Muitas espécies apresentam flores bissexuais, e a
poliniza ção cruzada é promovida pela presença de protogi-
nia. No entanto, Conocarpus erectus é dióica e apresenta flores
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* , Ki 4- 5), C 4 5), A(w G-ç2-5) ; baga, cápsula
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FIGURA 9.94 Myrtaceae Mosiera longipes: (A) ramo florido (x 0,5); -
(x 1,5); ( K) baga (x 3); (L) baga em secção transversal (x 5);(M) semen
(B) botão (x 8); (C) flor ( x 5); (D) estame (x 25); (E) gineceu e sépalas te {muito aumentada); (N) semente em secção, observe o grande em-
(x 8); (F) estigma (x 25 ); (G) ovário em secção longitudinal, observe .
brião (Ilustração original preparada para o projeto Generic Flora of
os óvulos e cavidades resiníferas (x 8); (H, I) dois ovários em secção .
the Southeastern U S. Utilizada com autorização ).
jp transversal, observe as cavidades resiníferas (x 12); (J) ramo com baga

Distribuição: pantropical, em grande diversidade de hábi- junto com Mosiera, Rhodomyrtus e Myrcianthes são nativos ou
tats; também muito diversa na Austrália subtropical. naturalizados nos Estados Unidos.

Gêneros /espécies: 144/ 4.630. Principais gêneros: Eu - Importância económica e produtos: Eucalyptus é uma im-
catyptus (500 spp.), Syzygium (1.200), Eugenia (930), Myrcia portante fonte de madeira. Muitos gêneros incluem impor-
(300),Melaleuca (200), Corymbia (115), Psidium (100) e Calyp- tantes plantas ornamentais com sépalas, pétalas e / ou esta-
tranthes (100).Todos os gêneros supracitados (exceto Myrcia), mes vistosos. Alguns desses gêneros são Myrtus (murta),
418 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Eucalyptus, Callistemon (escovinha-de - garrafa), Melaleuca, Meiastomataceae A. L. de Jussieu


Leptospermum e Rhodomyrtus . O cravo da índia provém dos (Família da quaresmeira)
botões florais de Syzygium aromaticum e os frutos de Pimen¬
ta dioica são a fonte da pimenta da Jamaica. Muitas espécies Á rvores, arbustos, lianas ou ervas; feixes vasculares geralmente
fornecem frutos comestíveis, por exemplo, Psidium guajava presentes na casca e/ou na medula. Pêlos diversos, com fre ¬
(goiaba), Syzygium jambos ( jambo rosa), S. malaccense ( jambo), qu ência complexos (p. ex., estrelados, dendr íticos, glâ ndulas
Myrciaria cauliflora ( jabuticaba), Eugenia uniflora (pitanga) e pedunculadas ou escamas peitadas) . Folhas opostas, inteiras
Acca sellowiana (feijoa) . Óleos aromáticos e anti-sépticos são -
a serreadas, geralmente com 2 8 nervuras secund á rias
extraídos de muitas espécies de Eucalyptus. Melaleuca se com ¬ subparalelas divergindo na base e convergindo no á pice
porta como invasora nos Everglades, no sul da Flórida. da folha, em geral conectadas por nervuras terciá rias pro¬
eminentes ± perpendiculares à nervura mediana (Pran ¬
Discussão: as relações infrafamiliares desta família distinta e cha 9.14H); estipulas ausentes. Inflorescências determinadas,
claramente monofilética têm sido estudadas com o auxílio de terminais ou axilares. Flores geralmente bissexuais, radiais a
caracteres morfológicos e de sequências de DNA (Conti 1994; bilaterais, com hipanto bem desenvolvido. Sépalas, geralmente
Johnson e Briggs 1984; Lucas et al. 2005; Sytsma et al. 1998, 3-6 e ligeiramente conatas, imbricadas a valvadas, às vezes
2004; Wilson et al. 1996, 2001, 2005). Dois gêneros pequenos, fusionadas em um capuz de deiscência irregular ou circunci-
Heteropyxis e Psiloxylon, constituem o grupo-irmão dos demais sa, às vezes associadas com projeções externas. Pétalas geral¬
taxa da família, tendo retido flores per íginas e estames em mente 3-6, geralmente livres e convolutas. Estames geralmente
apenas dois verticilos. Ambos os gêneros apresentam estames 6-12, às vezes dimórficos; filetes curoos, geralmente retorci¬
eretos no botão (uma possível sinapomorfia) e são às vezes dos na antese e dispondo as anteras para um dos lados da
separados de Myrtaceae. As demais Myrtaceae - que aqui cha ¬ flor; anteras às vezes uniloculares, deiscentes por poros apicais, f
maremos de Myrtaceae- núcieo - partilham as apomorfias de às vezes com deiscência longitudinal, conectivo freqúentemente
estames numerosos e ovários pelo menos parcialmente ínfe - espessado e provido de apêndices na base; endoté cio ef émero;
ros. Este ltimo grupo tem sido freqú entemente dividido em grãos de pólen geralmente tricolporados, com três sulcos sem
Myrtoideae (com bagas e folhas consistentemente opostas; poros alternando com as aberturas. Carpelos, geralmente
Prancha 9.14E) e Leptospermoideae (com cápsulas ou no ¬ 2-10, conatos; ovário súpero a ínfero, em geral com placen-
zes e folhas alternas ou opostas; Prancha 9.14B). No entanto, tação axial; estigma capitado, pontuado ou ocasionalmente
Leptospermoideae (um complexo principalmente australia ¬ um pouco lobado. Óvulos em geral numerosos por lóculo.
no incluindo Eucalyptus, Leptospermum, Metrosideros, Calliste¬ Nectários geralmente ausentes. Fruto cá psula loculirí da ou baga;
mon e Melaleuca ) é basal e parafilética em relação às Myrtace- sementes geralmente numerosas e diminutas; endosperma au ¬
ae- núcleo, enquanto Myrtoideae (que inclui gê neros como sente (Figura 9.95).
Eugenia, Psidium, Calyptranthes, Syzygium e Myrcianthes) é poli-
íf lética, pois frutos do tipo baga evoluíram independentemen ¬
te em dois ciados: um dado mirt óide (contendo p. ex., Acca, Fórmula floral:
Calyptranthes, Eugenia, Psidium, Mosiera, Myrcianthes e Myrtus )
e o grupo Acmena (contendo, p. ex., Acmena e Syzygium ) . X ou *, K (£b), C3 6, A6- L 2, G (£í( j); cápsula, baga
Os gêneros das Myrtaceae- n úcieo podem ser divididos
em muitos ciados bem sustentados, além dos ciados mirtói ¬

de e Acmena supracitados. Callistemon é próximo de Melaleuca


Distribuição e ecologia: distribuição pantropical, especial¬
(grupo Melaleuca ) . Eucalyptus, Corymbia, Angophora e taxa afins
mente comum em ambientes tropicais- montanos; com fre ¬
constituem o grupo Eucalyptus, que é sustentado por caracte ¬

quência plantas heliófitas características dos primeiros está ¬

res de anatomia da madeira. A maioria dos integrantes desse


gios sucessionais.
ciado desenvolveu diversos tipos de caliptras formadas pela 1
fusão das sépalas e/ou pé talas, mas Angophora apresenta péta ¬
las livres. Análises filogenéticas têm demonstrado que Eucalyp¬
G ê neros/ espécies: 150/3.000. Principais gêneros: Mi
conia (1.000 spp.), Medinilla (300), Tibouchina (240), Leandra
-
tus sensu lato n ão é monofilé tico, e é possível segregar alguns
(175), Sonerila (150), Clidemia (100) eMicroliàa (100 ) . Apenas
gêneros, tais como Corymbia (Steane et al. 2002). Nessas novas
Rhexia e Tetrazygia ocorrem nos Estados Unidos como nativos.
delimitações genéricas, dá-se ê nfase a caracteres do embrião.
As aromá ticas flores de Myrtaceae são polinizadas por
Importância económica e produtos: alguns gêneros ( Disso -
diversos insetos, aves ou mamíferos; néctar é a recompensa
floral. Em gêneros como Eucalyptus, Melaleuca e Callistemon,
os estames são mais conspícuos do que as pétalas e conferem
tis, Medinilla, Rhexia e Tibouchina ) apresentam espécies orna¬
mentais com flores e/ou folhas vistosas. !
um formato de pincel às flores. Frutos carnosos são dispersos
por aves e mamíferos; espécies com frutos capsulares apre ¬ Discussão: a monofília de Meiastomataceae é sustentada
sentam sementes pequenas e freqú entemente aladas que são por caracteres morfoló gicos (Renner 1993; Johnson e Briggs
dispersas pelo vento ou pela á gua. 1984) e por sequências de DNA (Clausing et al. 2000; Clau-
sing e Renner 2001; Conti 1994; Michelangeli et al. 2004;
Referências adicionais: Johnson 1976; Schmid 1980; Wilson Renner 2004; Renner et al. 2001). Ptemandra é provavelmente
1960d. o grupo-irmão dos outros gêneros da família (Melastomata -

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SISTEMáTICA VEGETAL 419

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FIGURA 9.9S Melastomataceae ( A-J ) Rhexia virginica : ( A ) ápice de em sec ção longitudinal, sementes removidas ( x 5,5); (J) semente ( x
planta florida (x 0,7); (B) flor (x 2,5); (0 o mesmo em vista lateral, pé- 40). ( K ) R. nashii : botão em sec ção longitudinal, pétalas removidas para
talas removidas para mostrar o hipanto e os estames (x 5,5); (D) hl- mostrar os estames curvados (x 4). (L-M) R. nuttallii : ( L) estame de um
panto e gineceu em secção longitudinal (x 5,5); (E) ová rio em sec ção .
botão (x 4); (M) semente ( x 40). (N) R petiolata: estame de flor aberta
fe transversal (x 5,5); (F) óvulo (x 65); (G) desenho semi-esquemá tico de .
(x 16). (O-P) . Tetrazygia bicolor. (O) folha (x 0,7); (P) baga (x 16) (Fonte:
infrutesc ència com folhas e brá cteas; os pêlos não foram desenhados Wurdack e Kral 1982,J. Arnold Arbor. 63: pp. 434, 438.)
(x 0,7); (H) hipanto envolvendo c ápsula madura ( x 5,5 ); (I) o mesmo,

I
420 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

ceae-núcleo); esse gênero reteve o endotécio, enquanto as te reduzidas a uma flor solitária, terminais ou axilares. Fio-
Melastomataceae -n cleo o perderam, e a maioria dos gê ¬
res geralmente bissexuais, radiais ou bilaterais, em geral sem
neros apresenta anteras com deiscência poricida (Gausing e brácteas subtendendo-as ; receptáculo prolongado, formando
Renner 2001) . Os integrantes das Melastomataceae-núcleo um ginóforo curto ou alongado (ou androginóforo) . Sépa-
são divididos em muitas tribos. A maioria apresenta fruto tipo las 4, livres. Pétalas 4, livres, com freq úência formando uma cruz,
cápsula, mas a presenç a de baga é uma sinapomorfia para freqiientemente unguiculadas e com limbo que se expande
a grande tribo Miconieae (p. ex., Miconia, Clidemia, Leandra, abruptamente, imbricadas ou convolutas. Estames (2-) 6, ou ;

Conostegia, Tetrazygia, Tococa e Mecranium ) . Bagas evoluíram numerosos, todos ± do mesmo comprimento ou os 2 mais exter- j
independentemente em Medinilla (do complexo Dissochae- nos mais curtos do que os 4 mais internos (tetradínamos ); filetes \
teae/Sonerileae) e Blakeeae ( Blakea, Topobea; Prancha 9.14A). alongados a marcadamente curtos, livres ou conatos em pa- í
Merianieae (p. ex., Meriania) e Rhexieae ( Rhexia, Prancha res; grãos de pólen geralmente tricolporados ou tricolpados. J
9.14F) são caracterizadas por anteras com conectivos cur ¬
Carpelos geralmente 2, conatos; ovário supero, con placen- i
tos que geralmente apresentam apêndices na região dorsal;
Rhexieae apresenta as apomorfias adicionais de anteras uni-
tação parietal, com freqúência as placentas formam uma borda es- f
pessa (replo ) ao redor do fruto e freqúentemente estão conectadas
loculares e sementes em forma de caracol. Melastomateae por um falso septo (um fino compartimento sem tecido vascular;
(p. ex., Tibouchina, Melastoma, Monochaetum, Dissotis ) apre ¬
Prancha 9.15F) que divide o ovário em duas câmaras; estigma í
senta ovários com ápice c ónico e com frequência setoso; essa capitado, às vezes bilobado. Óvulo 1 a numerosos por pla ¬

tribo também apresenta sementes em formato de caracol e centa, anátropos a campilótropos. Geralmente com glândula í
deve ser próxima de Rhexia. ou disco nectar ífero. Fruto baga ou cápsula,freqúentemente com f
Em geral,as flores não produzem néctar e são principal ¬
duas valvas que se separam a partir do replo e com frequência
mente visitadas por abelhas coletoras de pólen, que vibram com um septo adicional persistente (então, fruto síliqua ), valvas *
5
ou manipulam as anteras; os característicos apêndices das curtas a alongadas, globosas a achatadas; sementes com ou ?
anteras devem servir de apoio para as patas das abelhas. A
maioria das Melastomataceae é alógama facultativa, com o
sem invaginação estreita a larga, ocasionalmente ariladas, f
embrião curvo ou dobrado; endosperma escasso ou ausente l
estigma bem separado das anteras. As sementes das espé ¬
(Figura 9.96).
cies com frutos capsulares são dispersas pelo vento ou pela
chuva, enquanto aquelas provindas de frutos tipo baga são
dispersas por aves,mamíferos, tartarugas ou lagartos. Algu ¬
Fórmula floral:
mas espécies são secundariamente dispersas por formigas.
A presença de apomixia é frequente em espécies de áreas * ou X, K4, C4, A(2-) 6-«>, G(2); baga, cápsula, cápsula í
alteradas. semelhante à síliqua, síliqua
Algumas espécies (p. ex., Tococa ) apresentam folhas com
grandes cavidades na lâmina ou no pecíolo que são habita ¬

das por formigas. Mecranium, Calycogonium, Blakea e muitos


outros gêneros apresentam estruturas especiais (diversos
Distribuição e ecologia: cosmopolita, porém mais diversa
tipos de domácias) nas axilas das nervuras secundárias que na região Mediterrânea, sudoeste e centro da Ásia e oeste da
são habitadas por ácaros predatórios ou consumidores de
América do Norte. Muitas espécies ocorrem nos primeiros
fungos. estágios sucessionais.
Referências adicionais: Judd 1986,1989; Judd and Skean 1991;
Renner 1989b, 1990; Stein andTobe 1989;Vliet et al. 1981; Gêneros / espécies: 356/ 4.130. Principais gêneros: Cap-
Whiffin 1972; Wilson 1950; Wurdack 1986; Wurdack and Kral paris (350 spp.), Draba (350), Cleome (200), Erysimum (180),
1982. Cardamine (170), Lepidium (170),Alyssum (150),Physaria (120,
incluindo Lesquerella ), Arabis (70), Heliophila (70),Thlaspi (70),
Malvídeas ( Eurosídeas II ) Rorippa (70) e Hesperis (60). Numerosos gêneros ocorrem nos
Estados Unidos e/ou no Canadá,incluindo Barbarea, Brassica,
Brassicales Cakile, Caulanthus, Capsella, Cochlearia, Descurainia, Dimor-
phocarpa, Leavenworthia, Physaria, Platyspermum, Polanisia,
Brassicaceae Bumett Schoenocrambe, Stanleya, Streptanthus e Warea.
(= Cruciferae A. L. de Jussieu) i:
(Família da mostarda e do rabanete) Importância económica e produtos: a família contém mui ¬

tas espécies de plantas alimentícias, tais como Capparis spino-


Arvores, arbustos ou ervas; produzindo glucosinolatos (glicosídeos sa (alcaparra), Raphanus sativus (rabanete), Brassica oleracea
do óleo da mostarda ) e com células de mirosina; com freqúência (brócolis, couve - flor) e Brassica rapa (couve - chinesa), e mui ¬

cianogênicos. Pêlos diversos, simples a ramificados, estrela


dos ou peitados. Folhas geralmente alternas e espiraladas, às ve
¬

zes em rosetas basais, simples, com freqúência pinado-partidas ou


tas outras que são fontes de condimentos, tais como Brassica
juncea (mostarda- chinesa), Brassica nigra (mostarda-preta),
Sinapis alba (mostarda-branca) e Armoracia rusticana (raiz-
*
lobadas, compostas palmadas ou pinadas, inteiras a serreadas, forte). A mostarda de mesa é preparada a partir da mistura
com venação palmada ou peninérvea, estipulas presentes de sementes de mostarda-branca com mostarda- chinesa ou
ou ausentes. Inflorescências indeterminadas, ocasionalmen ¬
mostarda -preta. Extrai- se óleo vegetal de muitas esp écies
SISTEMáTICA VEGETAL 421

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FIGURA 9.96 Brassicaceae (Cruci- M
ferae). (A-l) Capsella bursa-pastoris:
& (A) planta com flores e frutos ( x 0,5); S
f: (B) flor (x 14,5); (C) flor com s épala e
duas pétalas removidas para mostrar (QJ
os estames tetradínamos (x 14,5); (D) d)
Mj
r»;
diagrama floral; ( Eí síliqua (x 3,5); (F)
replo e septo (x 3,5); (G) semente (x |
30); (H) embriã o (x 30); (I) esquema
|
| Kfp JJ
da sec çã o transversal da semente, R flj
mostrando os cotilédones dobrados
(x 30), (J) Coronopus didymus: síliqua
( x 7) ( K ) Lepidum virginicum: síliqua (A ;
|
$
í {x 7). (L) L. campestre: fruto após a re-
moção de uma valva (x 7). (M-N) Bras- %V fMg (Q)

|Í&MgêSb
sica campestris: (M) sí liqua (x 2); (N)
semente [ x 7) . (O-Q) Sinapis alba: (O)
síliqua (x 2,5); ( P) embrião (x 7); (Q) (P)
ií diagrama da secção transversal da se ¬
\Y
mente mostrando o embriã o dobrado
.
i .
( x 7) ( R) Diplotaxis muralis: síliqua (x iK ':
* 3,5). (S) Cakile edentula subsp. harperi:
fruto, observe a articulação transversa
% m
í (x 2). (T) Calepino irregularis: síliqua (x
7). (Fonte: Al -Shehbaz 1934, J. Arnold
rB
.
Arbor. 65: p 368.)

1; de Brassica, especialmente B. napus (canola, etc). A família monoíilética com base no ginóforo alongado e nos estames
f. cont ém numerosas espécies ornamentais, tais como Cíeome alongados e exsertos, no entanto ambas as estruturas podem
(mussamb ê), Hesperis , Erysimum, Ibens, Lunaria, Lobuiaria, ser curtas nos integrantes mais derivados da família (Rodman
p Aurin í a e Arabis . Taxa ruderais tamb ém são comuns, por 1991b; Judd et al. 1994). Sinapomorfias adicionais incluem
exemplo, Alliaria, Capsella (bursa-pastoris), Descuramia e Le- os tipos de glucosinolatos, a estrutura do ret
ículo endoplas -
pidium (agrião). Arabidopsis thaliana é a planta mais utilizada mático (Rodman 1981; Jorgensen 1981) e sequências de rbcL
ern estudos de biologia molecular e experimental. (Rodman et al. 1993).
Brassicaceae é a maior família de Brassicales, uma ordem
Discussão: Brassicaceae também pode ser chamada de Cru- de 15 famílias caracterizadas pela presença de glucosinolatos,
ciferae ( que leva uma cruz ), em referência ao arranjo cru- que contêm enxofre. Quando estes compostos reagem com a
'
1 ciforme das pétalas (Prancha 9.15D) . A família é considerada mirosina (contida em c élulas esíéncas especiais) liberam óleos
422 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Brassicaceae

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S ! } i
o
Folhas
I Ginóforo curto
palmado - (na maioria dos taxa )
compostas Estames curtos, claramente
Flores tetradínamos (na maioria dos taxa )
bilaterais Pólen 3- nudeado
1
Inflorescências na maturidade
com brácteas Presença de falso septo no ovário
Sfliqua
Embrião dobrado

* Ervas
Fruto com replo
1
Ginóforo longo
!
Estames longos
1
Glucosinolatos sintetizados a partir
de metionina por meio da extensão
de longas cadeias de carbono
1
Gstemas do retículo endoplasmático
vacuolares e utriculares
12 carpelos

Rores 4- meras
Embrião curvo
Endosperma ± ausente
Elementos de vaso com pontoações areoladas

FIGURA 9.97 Cladograma mostrando as relações hipotéticas dentro de t


[•Presença de glucosinolatos e células de mirosina Brassicales (especialmente Brassicaceae). (Modificada de Hall et al. 2002,
I Judd et al . 1994, Kubitzki 2003a , Soltis et al. 2000.)

de mostarda quentes e picantes. A presença de glucosinolatos pontoações areoladas e sistemas do retículo endoplasmáti- l
(e células de mirosina) é sinapomó rfica para Brassicales. co não-especializadas a vacuolares e ricas em proteína. Tais
Os outros dois nicos taxa que contê m estes compostos caracteres de crucíferas també m aparecem em Resedaceae,
são Drypetes e Putranjiva (ver Putranjivaceae e discussão de Tovariaceae, Koeberliniaceae e Bataceae. As relações entre os
Euphorbiaceae), portanto acredita-se que óleos de mostarda ciados de divergência precoce, tais como Moringaceae + Ca-
tenham evoluído duas vezes (Rodman et al. 1998). As rela - ricaceae e Tropaeolaceae + Akaniaceae estão bem sustenta
ções filogenéticas dentro da ordem têm sido estudadas por
meio de análises cladísticas de caracteres morfológicos e de
das. Essas fam ílias retiveram caracteres como flores 5 meras,
ovários com placentação axial e embriões retos.
- l
DNA (Rodman 1991b, Rodman et al. 1993, 1996; Judd et al. Caracteres morfológicos (Judd et al. 1994; Rodman 1991b) >
1994, Kãllersjõ et al. 1998; Soltis et al. 1997, 2000; Karol et al. e sequências de rbcL (Rodman et al. 1993; Savolainen et al.
1999; Savolainen et al. 2000b) (Figura 9.97). Brassicaceae é in- 2000b; Soltis et al. 2000) sugerem que Capparis e taxa afins
tegrante de um subclado morfologicamente distinto de Bras- (isto é, Capparoideae) formam um complexo basal e paratilé-
sicales, que pode ser diagnosticado pelas flores 4-meras, pe- tico dentro de Brassicaceae; no entanto, estudos moleculares
las sementes com embrião curvo ou dobrado e pela ausência mais recentes e intensivos sustentam a monofilia de Cappa-
ou quase ausência de endosperma, elementos de vaso com roideae (Hall et al. 2002), embora a subfamília não apresente
SISTEMáTICA VEGETAL 423

sustentação morfológica aparente. Cleomoideae ( Cleome e são polinizadas por abelhas, moscas, borboletas, mariposas
taxa afins) e Brassicoideae (as mostardas das regiões tem - e coleópteros à procura de néctar. Em algumas espécies tro ¬
peçadas) constituem um grupo monofilético sustentado por picais de Capparis, a polinização é efetuada por aves e mor-
hábito herbáceo, fruto com replo e sequências de DNA (Fi - cegos (Prancha 9.15G). A presen ça de protoginia favorece
gura 9.97). A monofilia de Cleomoideae é sustentada pelas a polinização cruzada, poré m muitas espécies ruderais são
folhas palmado-compostas e pelas flores de simetria bilate- autógamas.
ral, enquanto a monofilia de Brassicoideae é sustentada pela As pequenas sementes podem ser explosivamente ejeta-
presença de um falso septo no ovário e embriões dobrados das das síliquas como em Cardamine, mas na maioria dos gê-
(com a perda da invaginação da semente). Os integrantes neros as valvas das síliquas (ou cápsula) apenas caem, expon ¬
de Brassicoideae també m diferem dos de Cleomoideae por do as sementes à ação do vento (ou à dispersão secundária
! apresentarem pólen fortemente reticulado e colpado (vs. liso pela chuva). Em Raphanus e Cakile, os frutos se separam em
e superficialmente reticulado e cõtporado). A maioria das segmentos unisseminados, que são chacoalhados pelo vento
Brassicoideae apresenta ginóforos curtos a vestigiais e ante- e pela á gua. A presen ça de asas e sementes diminutas facili¬
tas claramente tetradínamas com filetes curtos, mas alguns tam a dispersão pelo vento, e esta evoluiu muitas vezes den ¬
tara (Warea e taxa afins) apresentam estames alongados e tro de Brassicoideae. Frutos carnosos, como os de Capparis
ginóforo evidente. Os integrantes do ciado aqui reconhecido (Prancha 9.15G), são dispersos por aves ou mamíferos,
como Brassicoideae são tratados por outros autores em nível Referêncjai fldíc/onflí j:
de família (como Brassicaceae) e estão distribuídos principal- shehbaz 1985a,b, 1987, 1988a,b;
A j Al-Shehbaz 2003; Emst 1963a; Kers 2003; Kubitzki
mente em regiões temperadas. Cleomoideae e Capparoideae
são predominantemente tropicais e sao em conjunto incluí- -
2003; 0'Kane and Al Shehbaz 2003; Rod-man 1991a; Sweeney
and Price 2000; Vaughan et al. 1976; Warwick and Black 1993.
das, por outros autores, em uma Capparaceae parafilética.
Aqui, adotamos uma delimitação ampla de Brassicaceae, de
acordo com o APG (2003). Malvales
Gêneros de Brassicoideae com frequência são dif íceis de Malvales é claramente monofilética, como evidenciado pela
ser separados e têm sido incluídos em umas 10 tribos pobre- presença de floema estratificado com fibras e camadas tenras,
mente definidas. No passado, delimitações genéricas e tribais raios cuneiformes, presença de cavidades e canais de mucila -
deram ê nfase na morfologia do fiuto, na estivação do cálice, gem, pêlos estrelados, sépalas conatas, dentes foliares do tipo
na cor e simetria floral, no formato do estigma, no n mero malvóide Qudd e Manchester 1998), ácidos graxos cicloprope-
de sementes por lóculo, no tipo de dobradura do embrião e nóides e sequências de rbcL, atpB e 18S (Alverson et al. 1998a;
no indumento (Al-Shehbaz 1984; Rollins 1993). Pbrtanto é Bayer et al. 1999; Fay et al. 1998; Kállersjõ et al. 1998; Savo-
mais fácil identificar espécimes em frutificação do que espé- lainen 2000a,b; Soltis et al. 1998, 2000). O complexo sistema
cimes floridos. Al- Shehbaz e colaboradores (2006) iniciaram vascular dos pecíolos também deve ser sinapomórfico. Os
uma reclassificação tribal de acordo com achados moleculares estames freqúentemente são numerosos e desenvolvem-se
recentes; eles reconhecem cerca de 25 tribos, sendo que Ae- centrifugamente a partir de uns poucos feixes vasculares (evi-
thionemeae é o grupo-irmão das demais Brassicoideae. dência de um aumento secundário a partir de dois verticilos
As flores de Brassicaceae freqúentemente são brancas, originais). A ordem tem sido variavelmente circunscrita, mas
amarelas ou púrpuro claras a escuras (Prancha 9.15C,D) e provavelmente consiste em 10 famílias e 3.560 espécies; as

Chave para as Principais Famílias de Malvales

1. Cálice e hipanto coloridos e petalóides; geralmente com floema interno


1. Hipanto ausente e cálice geralmente não colorido; floema interno ausente 2
2. Placentação parietal; canais resiníferos ou de mucilagem ausentes; sépalas dimórficas
I (isto é, 3 grandes e 2 pequenas) mas não em forma de asa
2. Placentação axial; canais resiníferos ou de mucilagem presentes; sépalas
Cistaceae

uniformes ou dimórficas, mas não como acima, às vezes em forma de asa 3


3. Nectários de pêlos glandulares densamente agrupados (geralmente no cálice);
anteras sem apêndices; venação peninérvea a palmada; presença de canais de mucilagem
e ausência de canais resiníferos; lobos do cálice geralmente não em forma de asa; fruto
cá psula loculicida, esquizocarpo, cápsula indeiscente, noz, baga, drupa ou agregado de folículos Mafvaceae
3. Nectários não como acima; anteras com apêndices; venação geralmente peninérvea;
canais de mucilagem, às vezes presente e geralmente com canais resiníferos; 2-5 lobos
do cálice tomam-se expandidos e com forma alada no fruto; fruto geralmente noz Dipterocarpaceae
1
424 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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Malvales: Malvaceae
Thespesia populnea: flor Malvales: Malvaceae Brassicales: Brassicaceae
Theobroma cacao: fruto Cleome domingensis: flores

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Brassicales: Brassicaceae Malvales: Cistaceae


Brasska napus: flores Hudsonia tomentosa: hábito; planta florida Brassicales: Brassicaceae
Sibara virginica: sementes,
replo e falso septo no fruto
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Brassicales: Brassicaceae C. flexuosa: frutos Malvales: Malvaceae .


Capparis flexuosa: flores Dombeya x cayeuxii : flores

PRANCHA 9.15 Brassicales e Malvales

principais famílias sã o Dipterocarpaceae, Cistaceae, Malva¬ f


ceae e Thymelaeaceae. Análises fllogenéticas de sequências de
Malvaceae A. L. de Jussieu
DNA situam claramente a ordem dentro das Malvídeas (Eu - (Família do algodão e das paineiras)
rosídeas II), no entanto muitos sistematas (p. ex., Bessey 1915; Á rvores, arbustos, lianas ou ervas; presença de canais de muci -
Thome 1992) têm considerado Malvales próxima de Urticales lagem (e também freqiientemente com cavidades de muàlagem) -
(aqui em Rosales, do ciado das Fabídeas) com base na presen ¬
ça em comum de feixes de fibras no floema, folhas alternas
Pêlos diversos, mas em geral estrelados ou com escamas peitadas -
Folhas geralmente alternas, espiraladas ou dísticos, simples, com
freqiientemente com venação palmada e com estipulas. frequência palmado-lobadas ou compostas palmadas, inteiras a 5U
SISTEMáTICA VEGETAL 425

serreadas, com dentes malvóides (isto é, com a nervura prin ¬ de espécies de Ceiba e Bômbax) ou como fibras (o algodão,
cipal nã o-expandida e terminando no á pice do dente), com obtido de algumas espécies de Gossypium ).A família contém
venação palmada ou ocasionalmente peninérvea; presença de numerosas espécies ornamentais, incluindo Tilia (tília), Fre-
estipulas. Inflorescê ncias indeterminadas, mistas ou determi ¬
montodendron, Dombeya (astrapéia), Grewia, Firmiana, Ceiba,
nadas, às vezes reduzidas a uma flor solitária, axilares, com Abutilon, Althaea, Hibiscus ( hibisco ), Pavonia, Malvaviscus,
unidades básicas repetindo-se e portando 3 brácteas, Thespesia e Malva.
uma das quais sempre é estéril, enquanto as outTas sub¬
tendem cimas laterais ou flores solitá rias. Flores bissexuais Discussão: a família é monofilética e é aqui circunscrita de
ou unissexuais, geralmente radiais , freqúentemente associadas modo amplo; geralmente tem sido dividida em quatro fa ¬
com brácteas conspícuas que formam um epicálice. Sépalas geral- mílias (Tiliaceae, Sterculiaceae, Bombacaceae e Malvaceae
. mente 5, livres ou mais freqúentemente conatas, valvadas. Pétalas s.s.). A tradicional separação das quatro famílias é arbitrária
geralmente 5, livres, imbricadas, convolutas ou valvadas, às ve ¬ e inconsistente (Alverson et al. 1998, 1999; Baum et al. 1998;
zes ausentes. Estames 5 a numerosos, às vezes dispostos sobre Bayer et al. 1999; Judd e Manchester 1998) e Tiliaceae ,
um androginóforo curto a alongado; filetes livres, basalmente Sterculiaceae e Bombacaceae" não são monofiléticas.
conatos e formando fascículos, mas com frequência fortemente As relações infrafamiliares tê m sido investigadas por
conatos e formando um tubo ao redor do gineceu (monadelfos); numerosos sistematas. Análises cladísticas preliminares ba ¬
anteras 2-loculares ou uniloculares (neste caso, devido a modifi¬ seadas em morfologia ou DNA foram efetuadas por Judd
cações durante o desenvolvimento, a antera parece meia-antera ), e Manchester (1998), La Duke e Doebley (1995), Alverson
; geralmente sem apêndices; estaminódios às vezes presen ¬ e colaboradores (1998, 1999), Bayer e colaboradores (1999)
tes, às vezes alongados e alternando com estames ou com e Baum e colaboradores (2004) . As relações filogenéticas
grupos de estames; grãos de pólen geralmente tricolporados, principais estão sintetizadas na Figura 9.100. Observe que
triporados a poliporados, às vezes claramente espinhosos , gêneros tradicionalmente incluídos em "Tiliaceae" e "Ster¬
ff Carpelos 2 a muitos, conatos; ovário supero, placentação geral- culiaceae" (p. ex., Tilia, Grewia, Triumfetta, Berrya, Theobroma,
jj mente axial; estigma (s) capitado (s) ou Iobado(s). Óvulos 1 a Byttneria, Sterculia e Waltheria ) freqúentemente retiveram
numerosos por lóculo, anátropos a campilótropos. Nectários numerosos estames e anteras 2-loculares. Os estames po ¬
compostos por pêlos glandulares multicelulares densa¬ dem ser livres ou conatos e a conação parece ter evoluído
mente agrupados sobre as sépalas e à s vezes sobre as pétalas mais de uma vez. As relações evolutivas entre essas plantas
ou sobre o androginóforo. Fruto geralmente cá psula loculicida, es - ainda não estão muito claras, mas muitos grupos monofilé -
quizocarpo, noz, cápsula indeiscente, agregado defolículos, drupa ticos podem ser claramente diferenciados (ver Figura 9.100),
1 ou baga; sementes às vezes com pêlos ou ariladas, ocasional-
'

sendo que alguns não apresentam caracteres morfológicos


1 mente aladas; embrião reto a curvo; endosperma presente,
'

diagnósticos. O ciado contendo Grewia, Luehea, Corchorus,


freqúentemente com ácidos graxos ciclopropenóides (Figu ¬ Triumfetta, Apeiba e taxa afins (Grewioideae) perdeu a fusão
ras 9.98 e 9.99). do cálice. Theobroma, Byttneria,Guazuma e taxa afins (Byttne-
rioideae) deve ser monofilético, e seus integrantes partilham
cinco estaminódios alongados com p étalas de formato in -
Fórmula floral: comum (com frequência ungiiiculadas e basalmente cucu-
|
*, K ( >, C5 OU 0, A ladas) . Dentro desse grupo, Waltheria e Melochia formam
' ; G (2 ; cápsula, esquizocarpo,
noz, cápsula indeiscente,
um ciado sustentado pela redu ção do androceu para apenas
cinco estames. Dombeya também apresenta cinco estaminó¬
folículos dios alternos com as pétalas, além de um caracteírstico pólen
espinhoso. O ciado contendo Sterculia, Cola, Firmiana e taxa
Distribuição: cosmopolita. afins (Sterculioideae) é sustentado pela presença de caracte-
rísticas flores unissexuais e ap étalas, com ginóforo alongado
Gêneros/espécies: 204/2.330. Principais g êneros: e gineceu cujos carpelos se separam na maturidade, forman ¬
Hi- do um agregado de folículos.
I biscus (300 spp.), Sterculia (250), Dombeya (250), Sida (200),
Os demais integrantes da família constituem um grupo
I Pavonia (200), Grewia (150), Cola (125), Abutilon (100), Triu - monofilé tico sustentado pela adnação do androceu com a co ¬
mfetta (100), Bômbax (60), Corchorus (50) e Tilia (45). Gêneros
rola e pela presença, em geral, de meia antera. No entanto,
importantes que ocorrem nos Estados Unidos e/ou no Cana ¬
dá são Abutilon, Callirhoe, Corchorus, Gossypium, Hibiscus, Kos evidências moleculares recentes sugerem que a sinapomorfia
teletzkya, Malva, Malvastrum, Malvaviscus, Modiola, Pavonia,
- para todo esse grupo deve ser a presen ça de anteras 2-locu ¬

lares, transversalmente septadas e fortemente conatas (von


£ Sida, Sidakea, Spharalcea,Triumfetta, Tilia e Urena.
Balthazar et al. 2004), que durante o desenvolvimento se mo¬
dificam em muitos taxa, parecendo uniloculares (deíscentes
Importância económica e produtos: a família inclui
impor¬ por uma nica fenda). Os gêneros tradicionalmente incluí¬
tantes plantas alimentícias, tais como Theobroma cacao (de dos em Bombacaceae"formam um grupo não- monofilético,
cujas sementes se extrai o chocolate; Prancha 9.15B), Cola
embora um subgrupo de Bombacaceae" ( Adansonia, Pachira,
ní tida e C. acuminata (nozes de cola), Durio zibethin (
us du - Ceiba, Bômbax, Pseudobombax e taxa afins, aqui incluídos em
| rião) e Hibiscus esculentus (quiabo). Alguns gêneros fornecem Bombacoideae) deve ser monofilético e sustentado pelas fo¬
madeira; a madeira balsa provém de Ochroma pyramidale. Os lhas palmado-compostas e pelo pólen achatado, de formato
pêlos associados com as sementes de muitas espécies sã
o triangular e desprovido de espinhos. O maior grupo dentro
utilizados como material de preenchimento (a paina é obtida do ciado com meia antera inclui Malvaceae na sua delimita-
426 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.98 Malvaceae (representantes do complexo com estames ( E) espinho do fruto (x 17); (F) fruto em secção transversal mostrando
livres). (A-G ) Triumfetta semitriloba: (A ) ramo com flores e frutos (x 1,5); as sementes (x 11); (G) semente (x 22). ( H) T pentandra: ac leo do fruto fj
( B) flor com duas sé palas e uma pé tala removida (x 17); (C) flor em (x 17). (Fonte: Brizicky 1965,1. ArnoldArbor 46: p.301.)
.
secção longitudinal, com estames removidos (x 50); (D) fruto (x 8,5);

ção tradicional (aqui Malvoideae). A monofilia de Malvoideae


é sustentada pela presença de pólen globoso espinhoso, tubo
leculares são diagnósticos para Malveae (p. ex., Malva Sida,
Callirhoe, Abutilon e Spharalcea ) . Essas plantas também são
.
estaminal com cinco dentes apicais, epicálice bem desen ¬ caracterizadas pelos frutos esquizocárpicos e pela presença j
volvido e por sítios de restrição de cpDNA (La Duke e Do- de 1 ou 2 óvulos por carpelo, mas tais caracteres também evo-
ebley 1995). Análises moleculares adicionam muitos gêneros luíram paralelamente em gêneros como Malvaviscus, Pavonia
nesse dado (Quararibea, Matisia e Fremcmtodendron ). Dentro e Urena (muito próximo de Hibiscus ); esses gêneros apresen ¬
de Malvoideae, os gêneros com cápsulas loculicidas e mui ¬ tam carpelos estéreis alternando com os f érteis, fazendo com
tas sementes (p. ex., Hibiscus, Gossypium, Thespesia) formam que o n mero de estiletes seja o dobro do número de lóculos
um complexo basal e parafilético (ver Figura 9.100) . A perda do ovário. Muitos gêneros não são monofiléticos (Pfeii et al.
dos dentes apicais da coluna estaminal e os caracteres mo¬ 2005; Tate et al. 2004).
SISTEMáTICA VEGETAL 427
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FIGURA 9.99 Malvaceae ( representante do ciado monadelfo e com (x 10); ( D) ová rio em secção transversal, cada l óculo com um óvulo (x
pólen espinhoso) Kosteletzkya virginica: (A ) ramo florido (x 0,5); ( B) flor 8); ( E) cá psula com cá lice (x 4); ( F) semente (x 7). (Fonte: Wood 1974, A
(x 1 ); (C) á pice da coluna estaminal com os estileteí sobrepassando-a, studenfs atlas offlowerí ngplants, p. 69.)
observe os meio-estames e os dentes representando os estaminódios

I As flores de Malvaceae são morfologicamente diversas e tescência inteira, incluindo as brácteas associadas, é dispersa
atraem abelhas, vespas, formigas, moscas, mariposas, aves e
fc; pelo vento. Frutos carnosos e sementes ariladas geralmente
g morcegos (Prancha 9.15A,H). O néctar é a recompensa floral são dispersos por mamíferos ou aves.
e ele é geralmente secretado na superf ície interna das sépalas
Referências adicionais: Bayer 1998, 1999; Bayer and Kubitzki
conatas. A maioria das espécies é alógama. A dispersão é ex-
2003; Brizicky 1965a, 1966a; Fryxell 1988; van Heel 1966;
|tremamente variada. Espécies com frutos capsulares apresen- Whitiodc et al 2001.
• tom sementes pequenas dispersas pela água ou pelo vento;
*
u e as as vezes apresentam estruturas especializadas, tais como
ç- pêlos ou asas. Muitas espécies com fobculos (p. ex., Sterculia ) Cistaceae A. L. de Jussieu
apresentam sementes cuja cor contrasta com a parede interna (Família da rosa- das- rochas)
do folículo, o que promove a dispersão por aves. Em Firmiana,
o folículo se abre precocemente durante o desenvolvimento Arbustos ou ervas, com taninos, pêlos geralmente estrelados ou
e forma uma estrutura seca, em forma de asa, que promove a com escamas peitadas. Folhas opostas ou alternas e espirala-
dispersão pelo vento. Espécies com esquizocarpos se disper ¬ das, simples, inteiras, com venação geralmente penin érvea, às
sam sozinhas ou extemamente por meio de aves e mamífe- vezes reduzidas e com uma nica nervura; estipulas presen ¬

ros- As grandes cápsulas indeiscentes de Mansonia cont êm tes ou ausentes. Inflorescências determinadas, às vezes redu ¬
£ uma zidas a uma flor solitária, terminais ou axilares. Flores bisse ¬
È; polpa carnosa levemente amarga e comestível que atrai
; ndes mamíferos que atuam como dispersores. As nozes xuais, radiais. Sépalas 5, as 2 mais externas mais estreitas do
de Tilia estão dispostas sobre uma cima que geralmente está que as 3 mais internas, ou apenas 3, livres a conatas. Pétalas
adnata a uma bráctea conspícua, em forma de asa; a infru- -
5 ( 3 ), livres, geralmente onduladas, imbricadas, em geral
428 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Malvoideae --

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dentes da compostas opostos unissexuais basalmente ristica no n mero
coluna às pétalas Pólen dilatadas com epiderme de estames
estaminal sacos polínicos das pé talas
espi ¬
Cotil édones nhoso Perda das apicalmente
Esquizocarpo dobrados pétalas contíguos Pêrda da Estamin ódios
d ou 2 óvulos/ fusã o do opostos
carpelo
Pólen
+ doEstrutura
pólen
1
Carpelos
separando-
Cálice
fortemente
cálice às sépaias

Hstilete triangular se durante fusionado, Estames Pé talas


achatado o desenvol campanulado externos basaimente
apicalmente ¬

ramificado (não- vimento estéreis largas, de


espinhoso) formato
Pólen espinhoso ' Andro - Andro- + incomum
Coluna ginóforo ginóforo
estaminal
com 5 dentes
apicais
Anteras com lóculos
transversalmente septados
(nos taxa mais modificados
parecendo uniloculares,
isto é, meia antera )

Venação ± palmada
Nectários compostos
FIGURA 9.100 Filogenia dos principais ciados de Malvaceae. (Adaptada de Judd e Man- por pêlos glandulares
chester 1998; Baum et al. 1998; Alverson et al . 1999; e Whitlock et al. 2001.) Estrutura da inflorescência

convolutas. Estames geralmente numerosos; filetes livres; anteras Discussão: a monofilia de Cistaceae pode ser sustenta ¬
2 - (oculares; grãos de pólen geralmente tricolporados . Carpe da pelo característico cálice. A família mais próxima deve
los geralmente 3, conatos; ovário s pero, placentação parietal, ser Dipterocarpaceae, e ambas as famílias apresentam cáli ¬
as placentas freqúentemente intrusivas; estigma pontuado ce imbricado, endosperma amilá ceo e anatomia da testa da
a capitado, freqiientemente 3-lobado. Óvulos geralmente 4 semente semelhantes (Kubitzki e Chase 2003) . As relações
a numerosos por placenta, geralmente ortótropos. Presença filogené ticas dentro de Cistaceae são pouco compreendidas,
de disco nectar ífero. Fruto cá psula loculicida; embrião diversa ¬ mas Fumana e Lechea devem ser ciados de divergência preco ¬

mente curvado ou dobrado. ce. Crocanthemum, um gênero do Novo Mundo, é muito pro¬
vavelmente parafilético (pois contém o especializado gênero
Hudsonia) e é diferente do gê nero Helianthemum , do Velho H
Fórmula g'
floral: * , K Ó+ ,, C5, A°°, G @; cá psula Mundo (Arrington e Kubitzki 2003) .
As flores de Cistaceae podem ser vistosas (com frequ ê n ¬

cia amarelas brilhantes), atraindo abelhas, moscas ou cole -


ópteros, ou podem ser inconspícuas e aut ógamas. As flores
Distribuição: família amplamente distribuída em regiões geralmente abrem durante as horas de mais sol e permane ¬

temperadas, especialmente diversa no Mediterrâneo; plantas cem abertas por curto período . As pequenas sementes sã o
geralmente de solos arenosos ou pedregosos. dispersas pelo vento ou pela chuva. m
Gêneros / espécies: 8/ 200. Principais gêneros: Helianthe- Referências adicionais: Brizickv 1964c; Nandi 1998.
mum (80 spp.), Crocanthemum (24) e Lechea (17) . Os dois l ¬

timos gê neros ocorrem nos Estados Unidos e /ou no Canad á, Dipterocarpaceae Blume
junto com Hudsonia e Cistus .
(Família do Dipterocarpus)
Importância económica e produtos: Cistus, Helianthemum Á rvores; em geral com canis resiníferos ramificados na medula,
(rosa -das- rochas) e Hudsonia (Prancha 9.15E) apresentam lenho e casca, às vezes com canais de mucilagem no córtex
espécies que são cultivadas como ornamentais. e na medula; com taninos, triterpenos e sesquiterpenos . Pêlos
SISTEMáTICA VEGETAL 429

l geralmente fasciculados, glandulares ou com escamas pei ¬ estudadas por Dayanandan et al. (1999), Milita et al. (2005) e
tadas. Folhas alternas, frequentemente dísticas, simples, inteiras, Gamage et al. (2006).
com venação peninérvea, muitas vezes com domadas; presença As flores são polinizadas por diversos insetos. Os lobos
de estipulas. Inflorescê ncias indeterminadas ou determina ¬ do cálice modificados como asas auxiliam na dispersão das
das, em geral axilares. Flores geralmente bissexuais, radiais, nozes pelo vento; no entanto, os frutos são muito pesados e
sem epicálice. Sépalas 5, geralmente conatas, imbricadas. Péta¬ em geral são dispersos a curtas distâncias.
-
las 5, ± livres, imbricadas e convolutas. Estames (5 ) 10-nume - Referências adicionais: Londono et al. 1995; Maguire and
í rosos, ocasionalmente sobre um androginóforo; filetes livres Ashton 1977; Morton 1995.
ou ligeiramente conatos; anteras 2-loculares, com apêndice
terminal desenvolvido a partir do conectivo; grãos de
-
pólen tricolpados ou tricolporados. Carpelos 2-4 ( 5), co ¬ Sapindales
natos; ovário súpero, ocasionalmente quase ínfero, som Sapindales é claramente monofilé tica, como indicado pelas
placenta ção axial; estigma capitado ou lobado. Óvulos 1-4 sinapomorfias de folhas pinado-compostas (ocasionalmen ¬
:4 por lóculo. Presença de nectário glandular. Fruto geralmente te tomando-se palmado-compostas, trifolioladas ou unifo-
-
-
noz, com cá lice persistente, com 2 5 lobos tomando se
expandidos e geralmente com formato de asa. Sementes sem
- lioladas) e flores providas de disco nectarífero evidente. São
plantas lenhosas, com folhas alternas espiraladas desprovidas
endosperma.
m de estipulas e flores geralmente pequenas 4 ou 5-meras com
pe ças periânticas imbricadas. A monofilia da ordem é for¬
floral: temente sustentada por an álises baseadas em caracteres de
Fórmula rbcl , atpB e 18S (Chase et al. 1993; Gadek et al. 1996; Hilu et
*K ©, C5, A (10- , G (Q) noz (com cálice alado) al. 2003; Kaflersjo et al. 1998; Savolainen et al. 2000a,b; Sol-
tis et al. 1998, 2000). A ordem consiste em 9 famílias e cerca
de 5.800 espécies; as principais famílias são Anacardiaceae,
Distribuição e ecologia: família espedalmente diversa na
Burseraceae, Meliaceae, Rutaceae, Sapindaceae e Sima
roubaceae.
-
Ásia tropical e na Indomalásia, onde são freqiientemente ele¬ Com base em sequências de DNA (Gadek et al. 1996;
mentos florísticos dominantes em florestas pluviais e sazo- Soltis et al. 2000), Anacardiaceae e Burseraceae claramente
ií.', nais, mas ocorrem também na África e no norte da América formam um ciado que também é sustentado pela presença
do Sul. de canais resiníferos e biflavonóides nas folhas. Um ciado for ¬

mado por Meliaceae + Rutaceae + Simaroubaceae é sustenta ¬


Gêneros/ espécies: 17/550. Principais g êneros: Shorea do por sequências de DNA e pela presença de triterpenóides
(195 spp.), Hopea (100), Dipterocarpus (70) e Vatica (75). A fa ¬
amargos (Figura 9.101). Estudos de DNA indicam que Sima ¬
mília não ocorre na Am érica do Norte. roubaceae, na sua delimitação tradicional, é polifilética, e essa
família é aqui definida de um modo restrito. Picramniaceae
Importância económica e produtos: muitos gêneros, espe ¬ (geralmente incluída em Simaroubaceae) não pertence à or¬
cialmente Shorea, Hopea, Dipterocarpus e Vatica, possuem im ¬ dem (Fernando et al. 1995; Fernando e Quinn 1995; Soltis et
portantes espécies com madeira de lei. al. 1998, 2000), sendo, na verdade, uma rosídea basal.

Discussão: a monofilia de Dipterocarpaceae (com a possí¬ Rutaceae A. L. de Jussieu


vel exceção de Pakaraimaea ) é sustentada por caracteres mor¬
fológicos e evidências moleculares (Dayanandan et al. 1999; (Família dos cítricos)
Ashton 2003; Kubitzki e Chase 2003). A família é dividida Em geral árvores ou arbustos, às vezes com espinhos ou ac -
em três grupos monofiléticos, dois dos quais (Monotoideae e leos; geralmente com substâncias triterpenóides amargas, alca ¬

Rakaraimoideae) são pequenos (totalizando cerca de 35 espé- loides e compostos fenólicos; com gl ândulas pel ú cidas es¬
| cies em conjunto), e o terceiro, Dipterocarpoideae, contém as parsas contendo óleos aromá ticos. Pêlos diversos. Folhas
demais espécies. Monotoideae ( Monotes, Marquesia, Pseudo- alternas e espiraladas, ou opostas, raro verticiladas, geralmente
monotes; ocorrem na África tropical, Madagascar e Colômbia,
í na América do Sul) e Pakaraimoideae ( Pakaraimaea; restrita
-
pinado compostas ou reduzidas e trifolioladas ou unifolioladas,
ocasionalmente palmado-compostas, folíolos com glândulas
aos tepuis, no norte da América do Sul) apresentam caules pel cidas, especialmente próximo à margem, inteiros a crena-
} desprovidos de canais resiníferos, porém com canais de mu- dos, com venação peninérvea; estipulas ausentes. Inflores-
| lagem na medula, pólen tricolporado e sépalas igualmen- cências em geral determinadas, ocasionalmente reduzidas
r te expandidas. Monotoideae é separada de Pakaraimoideae a uma flor solitária, terminais a axilares. Flores bissexuais ou
pelas pétalas maiores (vs. curtas) do que as sépalas, pelas unissexuais (plantas monóicas a dióicas), geralmente radiais.
flores com androginóforo (vs. ausência de androginóforo) Sé palas geralmente 4 ou 5, livres a ligeiramente conatas na
e por diferen ças na anatomia do lenho. A grande e diversa base. Pétalas geralmente 4 ou 5, livres ou às vezes conatas, em
i Dipterocarpoideae é diagnosticada pela presença de canais geral imbricadas. Estames geralmente 8-10, às vezes nume ¬

resiníferos ramificados, pela ausência de canais de mucila- rosos; filetes geralmente livres, mas às vezes basalmente co ¬
„ gem na medula, pelo pólen tricolpado e por dois ou três lobos natos, glabros ou pubescentes; grãos de pólen, geralmente
do cálice conspicuamente expandidos, em forma de asa. As 3-6 colporados. Carpelos geralmente 4 a Sou muitos, em geral
relações filogenéticas dentro de Dipterocarpoideae têm sido completamente conatos e com um nico estilete, mas ocasional-
T
430 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

J 13
I Cavidades
secretoras
i Filetes
conatos
£
Carpelos unidos
apenas nos estiletes
I
Aminoácidos
de ciclopropano
I
a

1 óvulo por lóculo


(ou 1 óvulo no
1 Casca aromática
e esfoliante
único carpelo fértil)
• Quassinóides ' Pétalas apendiculadas
amargos
Fruto agregado
de sâmaras Estames 8 ou menos
ou drupas
Filetes pubescentes
1 óvulo por lóculo ou papilosos

Óvulos sésseis
1
Triterpenóides amargos Canais resiníferos
Disco nectar
ífero extra -estaminal
Biflavonóides
Embrião curvo, nas folhas
com dobra na testa

Folhas pinado-compostas
FIGURA 9.101 Cladograma mostrando as rela ¬
Rores com disco nectar
ífero ções hipotéticas dentro de Sapindales. ( Modificada
de Gadek et al. 1996 e Soltis et al. 2000, 2005.)

mente com ovários livres e carpelos ± aderentes nos estile ¬ As famílias contêm numerosos taxa ornamentais, tais como
tes; ovário súpero, em geral com placentação axial; estigmas Murraya, Phellodendron, Poncirus, Severinia e Triphasia. Os ca-
diversos. Óvulos 1 a muitos por lóculo. Presença de disco nec ractensticos compostos resinosos de Rutaceae são inflamá ¬ .
í fero intra-estaminal. Fruto drupa, cá psula, sâmara, agrega ¬
tar veis, e a madeira de alguns gêneros (p. ex., Amyris) é utilizada
do de folículos, ou baga diversamente desenvolvida (isto é, com na fabricação de tochas e como combustível. Zanthoxylum e
mesocarpo homogéneo, ou claramente heterogéneo com Chloroxylon fornecem madeira de qualidade.
casca dura a coriácea, com ou sem compartimentos e pol ¬
pa derivada da parede do ovário ou de pêlos multicelulares Discussão: Rutaceae é aqui amplamente definida e sua
preenchidos com suco); embrião reto a curvo; endosperma monofilia é sustentada pela presença de cavidades conten ¬

presente ou ausente (Figura 9.102). do óleos aromáticos que aparecem na forma de glândulas
pelúcidas no mesofilo e outros tecidos tenros, bem como
por sequências de rbcL e atpB (Gadek et al. 1996; Morton
Fórmula floral: et al. 2003; Chase et al. 1999) . Tradicionalmente, as subfa-
mílias são principalmente separadas pelo tipo de fruto, pelo
3
* , K( Q ) 0
Í -5; A(4-°°), G(í~)t baga, drupa, sâmara, n mero de carpelos e pelo grau de conação dos carpelos. É
agregado de folículos, improvável que essas subfamílias sejam monoíiléticas (Mor ¬

cápsula ton et al. 1996; Chase et al. 1999), exceto por Aurantioideae
(Citroideae, incluindo Citrus, Fortunella, Poncirus, Casimi ¬
roa, Aialantia, Aegle e taxa afins), um grupo caracterizado
Distribuição: praticamente cosmopolita, mas sobretudo em pelas bagas globosas e pelo número cromossômico básico >

regiões tropicais e subtropicais. de nove. Com frequ ência, as delimitações genéricas desse
grupo são problemá ticas, especialmente nos taxa com ba ¬
Gêneros / espé cies: 155/930. Principais gêneros: Zantho¬ gas com vesículas de suco (p. ex., Citrus, Ponàrus, Fortunella,
xylum (200 spp.), Agathosma (180) e Ruta (60) . Gêneros impor¬ Eremocitrus e Microcitrus ). UmaToddalioideae rerircunscrita
tantes que ocorrem nos Estados Unidos e/ou no Canadá são (incluindo Casimiroa, Zanthoxylum, Amyris, Phellodendron e
Zanthoxylum, Amyris, Ptelea, Cneoridium, Poncirus e Cifras. taxa afins) também deve ser monofilética, e as plantas dessa
subfamília apresentam frutos com endocarpo fibroso, ge ¬
Import ância econó mica e produtos: muitas espé cies do ralmente formando folículos, cápsulas ou drupas com um a
gênero Cifras (laranjas, tangerinas, limas, lim ões) são apre ¬ muitos caroços.
ciadas pelos seus fratos comestíveis (Prancha 9.16H). Os A família é notável pela variação nos tipos de frutos, in ¬
frutos de Fortunella (kunquat) e Casimiroa (sapote branco) cluindo bagas com casca coriácea (hesper ídio, em Citrus e
também são consumidos. Ruta (arruda) e Zanthoxylum (Pran ¬ Poncirus ), bagas com casca dura ( Aegle ) , bagas típicas com
cha 9.16B), Citrus e Casimiroa são utilizados na medicina. polpa ± homogénea (Triphasia ), sâ maras ( Ptelea ), drupas

I.
SISTEMáTICA VEGETAL 431

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FIGURA 9.102 Rutaceae. Pondrus trifoliata: (A ) ramo florido (x 0,75}; as sementes embebidas entre vesículas da polpa (x 1,5); (G) vesícula
(B) porção de um ramo mostrando pecíolo alado e base da lâmina fo- da polpa com diminutos apêndices multicelulares laterais (x 4,5); (H)
liar, espinho axilar e gema (x 1,5 ); (C) flor com duas pétalas, uma sépala apêndice de uma vesícula da polpa (muito aumentado); (I) semente (x
e muitos estames removidos, mostrando estames, disco nectarífero 4,5); (J, K ) quatro de nove embriões provindos de uma única semente
sv
e gineceu ( x 6); (D) ovário em sec ção transversal ( x 9); ( E) ramo fru- ( resultantes de agamospermia) (x 6) . (Fonte; Brizicky 1962, J. Arnold
% tificando (x 0,75); (F) secção transversal de baga madura, mostrando Arbor. 43: p. 16.)
T
432 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Chave para as Principais Famílias de Sapindales

1. Caules, folhas e frutos apresentando glândulas pel cidas contendo óleos aromáticos Rutaceae
1. Caules, folhas e frutos desprovidos de glândulas pelúcidas 2
2. Plantas fortemente resinosas, com canais verticais e intercelulares de
resina na casca e associados com o floema das principais nervuras foliares 3
2. Plantas sem canais resiníferos na casca e floema das nervuras foliares principais
(embora células secretoras esparsas possam aparecer) 4
3. Resinas ± aromáticas, não alergênicas; casca lisa, com frequ ência esfoliante,
ovário geralmente com 2 óvulos por lóculo; placentação axial Burseraceae
3. Resinas não aromáticas, frequentemente alergênicas; casca variada,
mas não como acima; ovário com 1 óvulo por lóculo e placentação axial,
ou mais frequentemente 1 único lóculo fértil e placentação apical . . Anacardiaceae
4. Estames geralmente conatos pelos filetes; se os filetes são livres,
o fruto é uma cápsula com sementes aladas Meliaceae
4 Estames livres; fruto não cápsula com sementes aladas
. 5
5. Disco nectarífero geralmente extra -estaminal; óvulos sem fun ículo e aderidos a
uma expansão da placenta (obturador); estames geralmente pubescentes ou papilosos;
folhas opostas ou alternas; carpelos persistentemente conatos; casca não amarga . . . Sapindaceae
5. Disco nectarífero intra-estaminal; óvulos com funículo; estames glabros; folhas alternas;
carpelos separando-se após a polinização; casca com frequência muito amarga . Simaroubaceae

( Phellodendron, Amyris ), drupas com muitos caroços (Gz - mente unissexuais (plantas monóicas, dióicas ou polígamas),
simiroa ) , agregados de folículos (Zanthoxylum) e cá psulas mas frequentemente com estaminódios ou pistilódios bem
( Ru ta ) . desenvolvidos, radiais. Sé palas geralmente 4 ou 5, livres a ±
Rutaceae é polinizada principalmente por insetos (sobre ¬
conatas. Pétalas geralmente 4 ou 5, livres ou ligeiramente co-
tudo abelhas e moscas) que são atraídos às flores freqiiente- natas na base, imbricadas, convolutas ou valvadas. Estames
mente vistosas, odor íferas e nectar
íferas. A maioria das espé ¬
geralmente 4- 10, ocasionalmente mais numerosos; filetes co-
cies é alógama porque as flores são unissexuais ou, no caso de natos e formando um tubo com ou sem apê ndices api ¬
flores bissexuais, porque estigmas e estames estão fisicamen ¬ cais, mas com filetes separados em Cedrela (uma reversão),
te separados ou amadurecem em momentos diferentes. No glabros ou pubescentes; gr ã os de pólen 2 a 5-colporados.
entanto, també m pode ocorrer a autopoliniza ção. Reprodu ¬ Carpelos geralmente 2-6 , conatos; ovário supero, geralmen ¬
ção assexual ou agamospermia é frequente em Zanthoxylum, te com placentaçã o axial; estigma em diversos formatos,
Murraya, Ponàrus e Citrus. Frutos carnosos são dispersos por mas em geral capitado expandido. Óvulos geralmente 2
aves ou mamíferos. Zanthoxylum apresenta folículos cujas se ¬ a numerosos por lóculo, anátropos a ortótropos. Presença
mentes contrastam em cor com a parede de fruto e é frequen- de disco nectar
í fero intra-estaminal . Fruto cá psula loculicida ou
temente disperso por aves. As sâmaras de Ptelea são dispersas septífraga (Prancha 9.16J) drupa, ou baga; sementes secas e
pelo vento. aladas ou com sarcolesta; endosperma presente ou ausente
(Figura 9.103).
Referências adicionais: Brizicky 1962b; Swingle 1967.

Meliaceae A. L . de Jussieu Fórmula floral:


(Família do mogno)
Á rvores ou arbustos; frequentemente com compostos triterpêni-
*, K@, C4-5, A <@), G@; cápsula, drupa
cos amargos, em geral com células secretoras esparsas e casca
1
interna muitas vezes avermelhada. Pêlos geralmente simples,
ocasionalmente estrelados ou com escamas peitadas. Fo¬ Distribuição: amplamente distribuída em regiões tropicais I
lhas geralmente alternas e espiraladas, compostas pinadas ou e subtropicais.
bipinadas , ocasionalmente trifolioladas ou unifolioladas,
folíolos geralmente inteiros, com vena çã o penin é rvea; es Gê neros/ espécies: 51/550. Principais g éneros: Aglaia
tipulas ausentes. Inílorescências geralmente determinadas,
¬

(100 spp.), Trichilia (66), Turraea (65), Dysoxylum (61) e Cuarea e


axilares ou, com menos frequência, terminais. Flores geral ¬ (35) . Melia e Swietenia ocorrem nos Estados Unidos.

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SISTEMá TICA VEGETAL 433

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FIGURA 9.103 Meliaceae. Swietenia mahagoni: ( A) parte da inflorescê ncia (x


1,2 ); ( B) flor estaminada ( x 6); (C ) o mesmo, com uma sé pala, pétalas e parte do
tubo estaminal removidos para mostrar disco nectar ífero e gineceu n ã o-fun ¬
cional (x 1,2); ( D) ová rio de flor estaminada em secçã o transversai, mostrando
os óvulos rudimentares (x 14,5); ( E) flor carpelada com pétalas e parte do tubo
estaminal removidos, mostrando o gineceu, disco nectarífero e estames rudi-
mentares (x 12); (F) ová rio de flor carpelada em secçã o transversal, mostrando 11
'
os óvulos ( x 14,5); (G) inflorescência com frutos muito jovens (x 1 ,2); ( H) ramo
com cá psula (x 0,3); ( I, J ) estágios da abertura da cá psula (x 0,6); ( K ) eixo lenhoso Ti
do fruto com sementes após a queda das valvas (x 0,6); (L) eixo lenhoso e costa ¬
do do fruto com as sementes removidas (x 0,6); ( M ) semente (x 1,2); ( N ) em bri ã o
(x 2,25). (Fonte; Miller 1990, 1 ArnoldArbor. 71: p. 478.)

Importância económica e produtos: a principal importâ n ¬ à Melioideae (frutos cápsulas, bagas ou drupas com sementes
cia econ ómica da família está no fato de que muitas espécies não- aladas; xilema secund ário com um ou dois raios seriados
são fontes de madeira de lei, como acontece com Swietenia e gemas sem escamas), ou à Swietenioideae (cápsulas com
p (mogno), Cedrela (cedro), Entandrophragma e Kaya. Azadira- sementes aladas; xilema secundário com 3 a 6 raios seriados
chta indica (nim) é importante na medicina oriental e é fonte e gemas providas de escamas) (Pennington e Styles 1975) .
de inseticidas naturais. Metia azedarach (santa- bárbara ou pa ¬ Swietenioideae contém gêneros como Swietenia e Cedrela e é
raíso; Prancha 9.16A) e A. indica são cultivadas como plantas monofilética com base nas suas caracter ísticas sementes ala ¬

ornamentais. das e achatadas (em cápsulas) e nas gemas providas de esca ¬

mas. Cedrela é característico por suas flores, que apresentam


Discussão: a monofilia de Meliaceae é sustentada por análi-
5
filetes separados (uma reversã o) e pétalas eretas. Melioide ¬
| ses de sequê ncias de DNA (Gadek et al. 1996; Muellner et ai. ae cont ém gêneros como Trichilia, Guarea e Melia e é mor ¬

12003) e de caracteres morfológicos. Os gê neros pertencem ou fologicamente diversa. Melia e Azadirachta partilham frutos

|
|

$.
434 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

A : (Q

Sapindales: Sapindaceae
Blighia sapida: fruto com sementes ariladas

•V (F)

Sapindales: Meliaceae Sapindales: Rutaceae


Melia azedarach: flor com Zanthoxylum clava-herculis: flores
estames monadelfos
A.

Sapindales: Simaroubaceae
Aitanthus altí ssima: frutos e folha composta
G

Sapindales: Sapindaceae Sapindales: Sapindaceae


Acer negundo: frutos Koelreuteria paniculata: flores

(H) © B. simarouba:
flores estaminadas

Sapindales: Burseraceae
Bursera simarouba: casca

I

V
«l >' * ¥

Sapindales: Rutaceae Sapindales: Anacardiaceae


Citrus aurantiifolia: frutos e ramo Rhus glabra: folhas e frutos
com folhas Sapindales: Meliaceae
Cedrela toma: frutos
PRANCHA 9.16 Eudicotiledô neas: Sapindales
SISTEMáTICA VEGETAL 435
n
drupáceos, uma possível sinapomorfia . As folhas de Guarea Importância económica e produtos: Ailanthus (árvore-do-
c (e do proximamente relacionado Chisocheton) são incomuns paraíso) e Simarouba (marupá) geralmente sã o cultivadas
;
porque o ápice é meristemático e continua produzindo novos como ornamentais.Vários gêneros são de uso medicinal.
folíolos ao longo de muitos anos.
|ir Abelhas e mariposas são os principais polinizadores das Discussão: Simaroubaceae é considerada monofilética
pequenas flores nectaríferas de Meliaceae. A polinização cru ¬ com base na morfologia e em sequências de rbcL (Fernando
zada é promovida pela presença de flores unissexuais. Gê ¬ et al. 1995; Gadek et al. 1996) . Caracteres anatômicos sã o
neros com drupas ou cápsulas e / ou sementes coloridas são consistentes com a hipótese de que as flores reduzidas e po ¬
I .
dispersas por aves e mamíferos (incluindo morcegos) . Se ¬
mentes aladas (como em Swietenia e Cedrela ) são dispersas
linizadas pelo vento de Leitneria evoluíram a partir de flores
K pelo vento.
semelhantes às das outras de Simaroubaceae, e a inser ção
desse gênero na família também é sustentada por caracteres
serológicos. ''
Referência adicional: Millerl990.
Kirkia, Picramnia, Suriana e Alvaradoa anteriormente fo ¬

ram incluídos dentro de Simaroubaceae, o que resulta em um


Simaroubaceae A. P. de Candolle agrupamento heterogéneo e claramente polifilético (Fernan ¬

(Família do marupá) do et al. 1993, 1995; Gadek et al. 1996, Fernando e Quinn
1995; Savolainen et al. 2000b). Tais gê neros deveriam ser in
Á rvores ou arbustos, ocasionalmente com espinhos; células
¬

cluídos nas famílias Kirkiaceae (Kirkia ) - Sapindales; Picram -


secretoras esparsas com frequência presentes nas folhas e casca, niaceae (Alvaradoa, Picramnia ) - rosídeas basais; e Surianace -
medula conspícua, com compostos triterpenóides amargos
ae (Suriana e taxa afins) - Fabales.
do tipo quassinóide. Pêlos geralmente simples. Folhas al ¬
As flores de Simaroubaceae são polinizadas por diversos
ternas e espiraladas, compostas pinadas a unifolioladas, folío¬
tipos de insetos (principalmente abelhas) e aves. As flores de
los inteiros a serreados, com venação peninérvea (Prancha
Leitneria são polinizadas pelo vento. Sâmaras (como as de Ai¬
9.16F); estipulas g;eralmente ausentes. Inflorescéndas deter ¬
lanthus ) são dispersas pelo vento (Prancha 9.16F), enquanto
minadas, terminais ou axilares; amentos em Leitneria. Flores
unissexuais (plantas monóicas ou raramente dióicas), mas drupas de Simarouba são dispersas por aves.
estaminódios e pistilódios com frequ ê ncia bem desenvolvi ¬ Referências adicionais: Abbe and Earle 1940; Channell and
dos, radiais. Sépalas 4 ou 5, mas diminutas ou ausentes em Wood 1962; Cronquist 1944; Petersen and Fairbrothers 1983.
Leitneria, livres a ligeiramente conatas. Pétalas geralmente 5,
livres, raramente ausentes (Leitneria ), imbricadas ou valva -
das. Estames geralmente 10, mas reduzidos a 4 em Leitneria, Anacardiaceae R. Brown
onde parecem ser mais numerosos devido à proximidade de (Família do caju e da aroeira)
conjuntos de 3 flores reduzidas; filetes livres, com frequên ¬
Á rvores, arbustos ou lianas; geralmente com taninos; canais
cia basalmente apendiculados; grãos de pólen tricolporados.
Carpelos gêralmente 5, mas apenas 1 em Leitneria, ± unidos resimferos verticais bem desenvolvidos na casca e associados com
apenas pelos estiletes; ovário sú pero com placentação axial,
as maiores nervuras das folhas, e também com tecidos parenqui-
mas separando-se em carpelos individuais à medida que os fru¬ máticos, a resina fresca é translúcida, mas escurece quando seca,
com frequência causando dermatites. Pêlos diversos. Folhas ge¬
tos se desenvolvem; estigma capitado a fortemente lobado . -
ralmente alternas e espiraladas, pinado compostas, mas às ve¬
.
Um óvulo por lóculo Presença de disco nectarífero intra - zes trifolioladas ou unifolioladas, folíolos inteiros a serreados,
estaminal , poré m perdido em Leitneria. Fruto agregado de
com vena ção peninérvea; estipulas ± ausentes. Inflorescê n -
sâ maras (Prancha 9.16F) ou drupas carnosas a ± secas;
cias determinadas, terminais ou axilares. Flores quase sempre
endosperma ± ausente.
unissexuais ( plantas geralmente dióicas ), radiais, pequenas,
com frequência com pistilódios e estaminódios bem desen ¬
Fórmula floral: volvidos. S épalas geralmente 5, livres a ligeiramente conatas.
Pétalas geralmente 5, livres ou ligeiramente conatas, ± imbri ¬
. Flor estaminada: *, K(4-5,', C5, AIO, G
©» cadas. Estames 5-10, ocasionalmente mais numerosos ou
reduzidos a 1 único estame fértil; filetes geralmente glabros,
, Flor carpelada: * , C5, A10 «, G©; agregado de em geral livres; grãos de pólen geralmente tricolporados ou
sâmaras ou drupas triporados. Carpelos tipicamente 3, às vezes 5, diversamente
conatos; ovário geralmente s pero, 9 às vezes com todos os
carpelos férteis e gineceu plurilocular com placentação axial,
Distribuição e ecologia: amplamente distribu ída em re ¬ maisfrequentemente com apenas 1 carpelo completamente desen¬
giões tropicais e subtropicais, com poucos gêneros em re ¬ volvido e fértil ( e os outros representados apenas pelos estiletes )
li giões temperadas. e gineceu ± assimétrico e unilocular com placentação apical; es¬
tigmas geralmente capitados. Um ó vulo por lóculo, ou 1
Gêneros / espé cies: 21/100. Principais gêneros: Simaba óvulo no único carpelo f értil. Presença de disco nectar í fero,
(30 spp.), Ailanthus (15) e Castela (12). A família est á repre ¬ geralmente intra-estaminal. Fruto drupa assimétrica e mais ou
sentada nos Estados Unidos por Castela, Simarouba, Leitneria menos achatada; embrião curvo a reto; endosperma escasso a
c Ailanthus. ausente (Figura 9.104).
436 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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infrutescê ncia (x 0,8);(K) drupa (x 7); (L) pêlo glandular do fruto
*

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FIGURA 9.104 Anacardiaceae. (A D) flhus typhina: (A ramo inverna
)
(x 10); (D) drupa
l
aumentado); (M) caroço (x 10); (N) embrião (x 10) Ilustraçã
( o original . jj
(x 1,25 ; B
) ( ) flor estamin ada (x 10 ); ( C ) flor carpela da
Generic Flora of the Southea stern U.S. Utili- f
(x 1,25); (F) fo- preparada para o projeto
(x 7). (E-N) R. glabra: (E) gema quebrando a dormência . |
ê ( x 0, 5 ) ; (H ) agregad o de cimas de flores zada com permissão )
lha (x 0,2); (G infloresc
) ncia
(x 10); (J)
carpeladas ( x 7); (I) flor carpelada em secção longitudinal
SISTEMáTICA VEGETAL 437

As pequenas flores nectar


íferas de Anacardiaceae são po¬
Fórmula floral: linizadas por diversos insetos. A polinização cruzada é pro¬
:: movida pela condição mais ou menos dióica dos integrantes
®
Flor estaminada: * K , C5, A5-10, G( Q)*
I Flor carpelada: *, K (5)> C5, A5-10 », G(3(-5]); drupa
da família. As drupas, de pequenas a grandes, são dispersas
por diversas aves e mamíferos (incluindo morcegos) .
Referências adicionais: Brizicky 1962a; Gillis 1971.
m
Distribuição: principalmente pantropical, com poucas es¬ Burseraceae Kunth
pécies em regiões temperadas. (Família do breu)
r Á rvores ou ocasionalmente arbustos; casca arom ática, lisa e
G êneros / espé cies: 70 /600. Principais g ê neros: Rhus
freqiientemente esfoliante (Prancha 9.16G); canais resiníferos
(100 spp.), Semecarpus (50), Lannea (40), Toxicodendron (30),
verticais bem desenvolvidos na casca e associados com as maiores
Schinus (30) e Mangifera (30). Gêneros importantes nos Es¬ nervuras das folhas, resinas transl úcidas e não-alergênicas. In -
tados Unidos e/ ou no Canadá são Cotinus, Metopium, Rhus, dumento diverso. Folhas geralmente alternas e espiraladas, em
Schinus e Toxicodendron.
-
geral pinado compostas, mas às vezes trifolioladas ou unifolio-
Iadas, folíolos inteiros a serreados, com venação penin érvea;
Importância económica e produtos: os frutos de Mangifera
estipulas ± ausentes. Inflorescências em geral determinadas,
indica (manga) e Spondia (umbu, cajá) sã o comestíveis, bem
como as sementes torradas de Anacardium ocádentale (caju) e
axilares. Flores geralmente unissexuais ( plantas geralmente diói-
cas ), radiais, pequenas e freqiientemente com estaminódios
Pistada vera (pistache). Várias espécies de Rhus são utilizadas
em bebidas. Um verniz negro é obtido de Toxicodendron vemi - -
e pistiiódios bem desenvolvidos. Sépalas 4 5, em geral ligei¬
ramente conatas, geralmente imbricadas e decíduas. Pétalas
cifluum. Alguns gê neros são ornamentais, incluindo Cotinus, 4-5, livres, geralmente imbricadas. Estames em 1 ou 2 vertidlos,
Rhus e Schinus (aroeira).Algumas espécies deAstronium e Lo- em n mero igual ou em dobro do n mero de pétalas; filetes geral¬
xopterygium fomecem madeiras decorativas. Ibr fim, o grupo mente livres, em geral glabros; anteras 2-loculares, deiscentes
é de importância medicinal, pois muitos taxa, especialmente
por fendas longitudinais, grãos de pólen geralmente tricolpo-
de Toxicodendron (hera -venenosa) e Metopium, promovem rados. Carpelos 3-5, conatos; ovário súpero, com placentação
dermatites em indivíduos suscetíveis devido à presença do axial; 1 estilete; 1 estigma, capitado a lobado. Dois óoulos por
composto fenólico 3- n-pentadecicatechol na resina. É digno lóculo, an átropos a campilótropos. Disco nectar í fero presente,
de nota que, mesmo sendo comestíveis, mangas e cajus po
dem causar reações alérgicas.
¬

-
geralmente intra-estaminal. Fruto drupa com 1 5 caroços, com
frequência com valvas deiscentes; embrião reto a curvo; endos-
perma ± ausente.
Discussão: Anacardiaceae e Burseraceae apresentam canais
resiníferos, biflavonas e claramente formam um ciado susten ¬

tado por sequências de DNA (Gadek et al. 1996; Savolainen Fórmula floral:
et al. 2000b; Soltis et al. 2000) . Anacardiaceae é tentativamen ¬
te considerada monofilética com base no número reduzido Flor estaminada: * K (4-5;, C4-5, A4-10, G @> »
de óvulos, em outros caracteres morfológicos e em sequên ¬

cias de rbcL (Gadek et al. 1996; Terrazas e Chase 1996). Flor carpelada: * K (4-5;, C4 5, A4-10 », G ( 5) , drupa,
A família é constituída por dois ciados principais. Spon-
diadeae, que reteve muitos caracteres plesiomórficos, como drupa deiscente
gineceus que geralmente apresentam cinco carpelos, ovários
multiloculares e frutos com endocarpo espesso geralmen ¬
te constituído por esclereídes lignificados e irregularmente Distribuição: principalmente pantropical; especialmente
orientados; esse grupo deve constituir um ciado que é sus ¬ diversa na América tropical e na África.
tentado pela presença de fibras septadas (Terrazas e Chase
1996). Queremos salientar, no entanto, que o grupo freqíien - Gêneros / espécies: 17/ 500. Principais gêneros: Bursera
temente tem sido considerado parafilé tico (Wannan e Quinn (100 spp.), Commiphora (100), Protium (80) e Canarium (75).
1990, 1991). Os demais gêneros da família formam um gran ¬ A família está representada nos Estados Unidos apenas por
de ciado, onde muitos integrantes apresentam gineceus com Bursera.
três (ou menos) carpelos, ovários uniloculares com placenta-
ção apical e frutos cujo endocarpo é composto por camadas Importância económica e produtos: uma goma para incen ¬
de células regularmente arranjadas. so provém de Boswella carteri e a mirra provém de Commipho¬
Rhus e Toxicodendron têm sido freqiientemente confundidos, ra habessinica (e espécies afins) . Algumas espécies de Bursera
e alguns botânicos uniram esses dois gê neros (e muitos outros) . são cultivadas como plantas ornamentais. Muitos gê neros
Os frutos de Rhus são vermelhos e glandular- pubescentes fomecem madeira.
(Prancha 9.161), enquanto os de Toxicodendron são brancos ou
esverdeados e glabros. Além disso, as resinas de Rhus n ão são Discussão: a monofilia de Burseraceae tem recebido supor¬
venenosas, enquanto as de Toxicodendron causam dermatites. te de análises cladísticas de rbcL, do íntron rpsl ô e sequências
Se combinados, o grupo resultante não seria monofilético. de ETS (Gadek et al. 1995; Weeks et al. 2005) . A casca lisa
438 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

é caracter
ística e deve ser sinapomórfica . As pequenas Gores como Euphoria , Litchi (lichia) e Nephelium ( rambutão), nos
nectaríferas de Burseraceae são polinizadas por insetos e os quais a polpa deriva de um arilo grande. Os arilos de B/ z -
frutos carnosos são dispersos por aves (Prancha 9.16G). ghia (Prancha 9.16C) também podem ser consumidos, mas
Referência adicional:
são extremamente venenosos quando imaturos. As semen
Brizicky 1962c.
¬

tes de Melicoccus apresentam um envoltório comestível e as


de Paullinia cupana (guaraná) são utilizadas no preparo do
Sapindaceae A. L. de Jussieu guaraná, uma bebida rica em cafeína. Acer saccharum (maple )
(Família do guaraná) fornece açúcar e um xarope doce. Os frutos de Sapindus po ¬
dem ser utilizados como sabão natural devido à presen ç a de
Á rvores, arbustos ou lianas com gavinhas; freqiientemente com saponinas. As saponinas são tóxicas, e os frutos e os ramos
taninos, em geral com saponinas triterpenóides em células esmagados de muitas Sapindaceae são utilizados para pescar
secretoras, com grande diversidade de aminoácidos de peixes envenenando-os. A família contém muitos taxa orna ¬
ciclopropano. Pêlos diversos. Folhas alternas e espiraladas ou mentais, tais como Acer, Aesculus , Cardiospermum, Harpullia
opostas, compostas pinadas ou palmadas, trifolioladas ou unifolio- e Koelreuteria (Prancha 9.16E). Acer e Aesculus também sã o
ladas, folíolos serreados ou inteiros, com venação peninérvea fontes de madeira.
ou palmada; estipulas ausentes ou presentes. Inflorescências
determinadas, axilares ou terminais. Flores geralmente unisse- Discussão: a monofilia de Sapindaceae é sustentada por
xuais (plantas mon óicas, ± dióicas ou polígamas), radiais a morfologia e por sequências de DNA (Gadek et al. 1996;
bilaterais. S épalas geralmente 4 ou 5, livres ou às vezes basal ¬
Harrington et al. 2005; Judd et al. 1994; Soltis et al. 2000). A
mente conatas. Pétalas geralmente 4 ou 5, às vezes ausentes, presen ça de hipoglicina, um aminoácido incomum, tóxico e
livres, com frequência unguiculadas, com apêndices ± basais não-protéico, também pode constituir uma sinapomorGa do í
na superf ície adaxial (perdidos em alguns taxa ) , imbricadas. grupo. A fam ília é aqui definida de modo amplo, incluindo i
Estames 8 ou menos; filetes livres, geralmente pubescen- Aceraceae (maples ) e Hippocastanaceae. Caracteres morfoló¬ f
tes ou papilosos; grãos de pólen geralmente tricolporados, gicos e moleculares sugerem que a exclusão desses taxa tor¬
os sulcos geralmente fusionados entre si. Carpelos 2 ou 3, naria Sapindaceae um complexo parafilético.
conatos; ovário supero, geralmente com placentação axial; As relações filogen é ticas infrafamiliares t ê m sido estu ¬
estigmas 2 ou 3, diminutos a expandidos. Óvulos 1 ou 2 por dadas por meio de caracteres morfológicos (Judd et al. 1994;
lóculo, an átropos a ortótropos, desprovidos de funículo e Muller e Leenhouts 1976; Wolfe eTanai 1987) e sequências
dispostos em uma região protrusiva e expandida da pla¬ de rbcL e matK (Harrington et al 2005) . Quatro ciados bem
centa (o obturador ) . Disco nectarí fero presente, em geral sustentados podem ser reconhecidos. O primeiro é o ciado
.
extra-estaminal , às vezes ± intra-estaminal Fruto cápsula hipocastanóide (i.e., Aesculus e taxa afins), que se caracteriza
loculicida, septicida ou septífraga, baga arilóide ou esquizo- pelas folhas palmado-compostas, pelas pétalas com apên ¬
carpo que se separa em segmentos samaróides ou drupóides, dices marginais, em geral pela presença de sete estames, e
raramente baga 1- seminada ou drupa, sementes muitas vezes pela presença de cápsulas grandes e coriáceas com inclu ¬
providas de coberturas arilóides; embrião diversamente curvo sões duras no pericarpo e que abrem liberando uma semen ¬
e com a radícula separada do resto do embrião por uma te grande e nica. O segundo ciado inclui Acer e Dipteronia
profunda dobra da testa; endosperma geralmente ausente
(Figuras 9.105 e 9.106).
(Aceraceae tradicional) e é diagnosticado pelas pé talas des ¬ ;
providas de apêndices, pelos estames mais ou menos pa -
pdosos dispostos sobre o disco nectarífero. Caracteres mo¬
leculares sugerem que esses dois ciados são grupos-irmãos
Fó rmula floral: e ambos apresentam folhas compostas e lenho com poros
Flor estaminada: *, ou XA 4-5,\ 4-5, 4-8, 0 ou (í3)» difusos. O terceiro agrupamento é o ciado dodonoíde, que
inclui Hypelate, Filicium, Harpullia, Dodonaea e taxa afins. Es ¬
í
Flor carpelada: *, ou X,\ -5), 4-5, 4-8»,(2 cápsula, baga sas plantas geralmente apresentam dois óvulos ou mais por
lóculo. O último grupo é o ciado sapindóide e é constituído
arilóide, esquizocarpo drupóide ou samaróide
pelos demais gê neros, por exemplo, Cupania, Cupaniopsis,
Euphoria, Sapindus, Blighia, Litchi, Thouinia, Serjania, Allo¬
phylus e Koelreuteria. Quase todos esses gêneros apresentam
Distribuição: principalmente tropical e subtropical, com óvulos basalmente aderidos à placenta e reduzidos a um por
poucos gêneros mais diversos em regiões temperadas. carpelo (mas Koelreuteria apresenta dois óvulos por carpelo,
sendo que apenas um deles atinge a maturidade). Dentro
Gêneros!espé cies: 147/ 2.215. Principais gêneros: Serja- do ciado sapindóide, um grupo especialmente derivado (p.
nia (220 spp.), Paullinia (150), Acer (110) e Allophylus (100). ex., Thouinia, Serjania , Cardiospermum, Allophylus, Paullinia,
Gêneros importantes que ocorrem nos Estados Unidos e/ou Bridgesia, Diatenopteryx ) constitui o ciado thouinióide; este é
no Canadá são Acer, Aesculus, Cardiospermum, Cupania, Dodo- caracterizado pela presença de frutos esquizocárpicos sama ¬
naea, Exothea, Hypelate, Koelreuteria, Sapindus e Serjania. róides e de flores de simetria bilateral com um disco nectar í¬
fero unilateral. Muitos taxa (como Cardiospermum, Paullinia
Importância económica e produtos: a família contém nu ¬ e Serjania) são lianas que apresentam gavinhas e estipulas.
merosas espécies tropicais que fornecem frutos comestíveis, An álises baseadas em morfologia sugerem que estes taxa i
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SISTEMáTICA VEGETAL 439

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FIGURA 9.105 Sapindaceae (representantes do ciado dodoneóide) . indicado pela linha tracejada em F (x 9); (F) gineceu em secção trans ¬

Exotheapaniculata: (A) ramo com frutos imaturos (x 0,75); (B) flor es - versal, no plano marcado pela linha tracejada em E (x 9); (G) fruto (x
3,5); (H) semente (x 3,5); (I) embrião (x 3,5). (Fonte: Brizicky 1963, J.
taminada, mostrando o disco nectarífero e o pistilódio (x 6); (C) flor
bissexual, dois estames removidos (x 6); (D) flor carpelada, mostrando Amold Arbor. 44: p. 480.)
os estaminódios (x 6); (E) gineceu em secçã o longitudinal, no plano

com esquizocarpos samaróides estão relacionados com Acer mente ariladas e são dispersos por aves e mamíferos. Litchi,
+ Dipteronia, enquanto análises baseadas em DNA sugerem Nephelium e Euphoria apresentam frutos indeiscentes, cada
que frutos samaróides surgiram independentemente, em um contendo uma nica semente provida de arilo carnoso.
dois ciados. Esses taxa também são dispersos por animais. Outros taxa,
As flores de Sapindaceae variam de pequenas e radiais como Koelreuteria e Dodonaea, apresentam c ápsulas infladas
até relativamente grandes, vistosas e zigomorfas; são polini ¬
ou aladas que são dispersas pelo vento. A dispersão pelo ven ¬

zadas por aves e por uma ampla variedade de insetos, todos ística do ciado samaróide, no qual os mericarpos
to é caracter
à procura de néctar. Dodonaea e algumas espécies de Acer são alados giram em espiral quando levados pelas correntes de ar
polinizados pelo vento. A condição dióica promove a polini ¬
(Prancha 9.16D).
zação cruzada. A dispersão é muito variada, muitos grupos
tropicais, tais como Biighia, Harpullia e Cupania, apresentam .
Referências adicionais: Baas et al 2003; Brizicky 1963; Hardin
cápsulas que contrastam em cor com as sementes ffequente- 1957; Umadevi and Daniel 1991; van der Pijl 1957.
440 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.106 Sapindaceae (representantes do dado acer óide) ( A- . parcialmente seccionada, observe os estames não-funcionais (x 9); (G)
H) Acer saccharum subsp. saccharum: ( A) ramo com flores e folhas em gineceu em secção longitudinal (x 9); (H) esquizocarpo samar óide (x
expansão (x 1,5); (B) folha ( x 0,5); (C) flor estaminada (x 6); (D) flor es- 1,5). (I-L) A. saccharum subsp. floridanum: ( I) folha ( x 0,5 ); ( J ) esquizo¬
taminada, parcialmente seccionada, mostrando o disco nectarífero e carpo samaróide (x 1,5 ); (K ) semente (x 6); (L) embrião (x 6). (Fonte:
o gineceu rudimentar (x 9); (E) flor carpelada (x 6); (F) flor carpelada Wood 1974, A student's atlas of flowenng plants, p 68.) . m
SISTEMáTICA VEGETAL 441

preendidas, e alguns botânicos reconhecem Nyssaceae como


CLADO DAS ASTERÍDEAS (SYMPETALAE) família distinta de Comaceae (Xiang et al. 2002). Hydrangea ¬
ceae é provavelmente grupo-irmão de Loasaceae, e ambas as
Acredita-se que este grande e especializado subgrupo do da ¬
famílias partilham tricomas tuberculados com células basais
do das tricolpadas seja monofilético com base em caracteres em forma de pedestal.
de sequências de rbcL, atpB, matK, ndhF e 18S rDNA (Albach Garryaceae e Vitaceae têm sido às vezes incluídas em
?' et al. 2001a,b; Bremer et al. 2002; Chase et al. 1993; Hilu et al. Cornales. Garryaceae consiste em um grupo de árvores ou
2003; Olmstead et al. 2000; Savolainen et al . 2000a,b; Soltis arbustos dióicos do oeste da América do Norte e apresenta
et al. 1997, 2000, 2005) e provavelmente devido à presença folhas simples e opostas, flores inconspícuas e 4- meras em
de óvulos providos de um nico tegumento e megasporângio amentos pêndulos e bagas com duas sementes. Essa família
de parede fina, embora estes dois ltimos caracteres sejam provavelmente está mais relacionada com outras famílias do

\*
.
homoplásicos. Iridóides estão amplamente distribuídos no
dado e podem também ser sinapomórficos para o grupo.
Cornales e Ericales devem ser os grupos-irmãos sucessi ¬
vos dos demais integrantes do dado. As aster ídeas- núcleo,
sustentadas pelos estames em número igual ao de pétalas,
xcomplexo das asterídeas-n cleo (da ordem Garryales, das eu
asterídeas I).Vitaceae é uma linhagem de divergência precoce
dentro do ciado das rosídeas.

Hydrangeaceae Dumortier
¬

estames epipétalos e corola claramente simpétala, bem como


por sequências de DNA constituem o restante do ciado. No (Família da hortênsia)
entanto, é importante salientar que corolas claramente sim- Arbustos, arvoretas, lianas ou ervas; em geral com taninos;
pé talas e estames epipétalos també m evoluíram várias vezes frequentemente com iridóides, alumínio e raf ídeos. Pêlos
em muitos integrantes de Ericales. As aster ídeas-núcleo in ¬ geralmente simples. Folhas geralmente opostas, simples , mas
cluem dois ciados ,
principais aqui chamados de lamídeas às vezes lobadas, inteiras a semeadas ou dentadas, com ve-
(euaster ídeas I: Ganyales, Gentianales, Lamiales e Solanales) nação peninérvea ou palmada; estipulas ausentes. Inflores -
e campanulídeas (euasterídeas II: Aquifoliales, Apiales, Dip- cências determinadas, terminais ou axilares. Flores bisse ¬
sacales e Asterales), de acordo com o Angiosperm Phylogeny xuais, radiais, aquelas à margem da inflorescência, às vezes
Group (1998, 2003), Judd e Olmstead (2004) e Soltis e cola ¬
estéreis e com sépalas expandidas e petalóides. Sé palas 4 ou
boradores (2005). 5, conatas, com lobos frequentemente reduzidos. Pétalas ge¬
ralmente 4 ou 5, livres, imbricadas, convolutas ou valvadas.
Cornales Estames 8 ou 10 a numerosos; filetes livres ou ligeiramente
conatos; grãos de pólen tricolpados ou tricolporados. Car-
A monofilia de Cornales é fortemente sustentada por caracte ¬
pelos geralmente 2-5, conatos; ovário geralmente semi-ínfero
res de sequê ncias de DNA (Albach et al. 2001b; Bremer et al. a infero, frequentemente costado, com placentação axial ou
2002; Fan e Xiang 2003; Hilu et al. 2003; Olmstead et al. 2000;
parietal com placentas profundamente intrusivas; estigmas,
Savolainen et al. 2000b; Soltis et al. 2000, 2003a; Xiang et al. 2-5, geralmente alongados. Óvulos geralmente muitos a nu ¬
1993, 1998, 2002), pela presença de ovários mais ou menos ín- merosos por placenta, com 1 tegumento e megasporângio
feros, pelas sépalas reduzidas e pelo disco nectarífero epígino. í fero presente no ápice do ovário.
de paredes finas. Disco nectar
Muitos taxa da ordem também apresentam frutos drupáceos.
Fruto geralmente cá psula septicida ou loculicida; sementes com
A ordem, como aqui delimitada, compõe-se talvez de seis fa ¬
frequ ê ncia aladas.
mílias e as mais importantes são Comaceae s.l. (incluindo
Nyssaceae e Alangiaceae), Hydrangeaceae e Loasaceae, que
em conjunto abrangem cerca de 650 espécies (Hempel et al. Fórmula floral:
1995; Soltis et al. 1995; Xiang et al. 1998) . Cornales deve ser
o grupo-irmã o das demais aster ídeas (Hempel et al. 1995;
Olmstead et al. 1993; Xiang et al. 1998). A afinidade da or ¬
*, K @C A p, G-(0)-; cápsula
dem com as aster ídeas também é sustentada por caracteres
morfológicos, sendo que as plantas desse grupo apresentam
óvulos com um único tegumento, megasporâ ngio de paredes Distribuição: família amplamente distribuída, porém espe ¬
frequentemente finas e compostos iridóides (Hufford 1992) . cialmente caracter
ística de regiões temperadas a subtropicais
As relações dentro de Cornales ainda não estão bem com ¬ do Hemisf é rio Norte.

Chave para as Famílias de Cornales

1. Placenta ção parietal; folhas com pêlos pegajosos ou em forma de gancho Loasaceae
1. Placentação axial ou parietal intrusiva; folhas com pêlos simples em forma de Y ou T 2
2. Fruto geralmente cápsula septicida ou loculicida; óvulos,
geralmente muitos a numerosos por lóculo Hydrangeaceae
2. Fruto drupa, um óvulo solitário por lóculo Comaceae
442 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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Comales: Loasaceae
Mentzelia sp.: pêlos
(microscopia eletrónica Comales: Comaceae
Comales: Loasaceae de varredura) Comus nuttallii : ínflorescências com
Eucnide bartomoides: flor brácteas grandes

(D) (F)

-O

Comales: Comaceae
Comales: Hydrangeaceae Comales: Comaceae Comus florida: inflorescência
Schizophragma hydrangeoides: inflorescência com Nyssa ogecke: drupas
éricas estéreis
flores perif

PRANCHA 9.17 Eudicotiledôneas: Cornales

Gêneros / espécies: 17/220. Principais gêneros: Philadel - Fendlera e Jamesia (Jamesioideae) devem constituir o gru ¬

phus (80 spp.), Deutzia (60) e Hydrangea (30). Decumaria, Deut- po -irmão dos demais gêneros de Hydrangeaceae (Hufford
zia, Fendlera, Hydrangea e Philadelphus ocorrem nos Estados 1997; Hufford et al. 2001), que são aqui incluídos em Hydran-
Unidos e/ou no Canadá. geoideae. Este último grupo é dividido em dois ciados prin ¬

cipais: Hydrangeae ( Hydrangea, Decumaria, Schizophragma e


Import ância económica e produtos: Hydrangea (hortênsia), taxa afins) e Philadelpheae (Philadelphus, Deutzia, Fendlerella,
Decumaria, Schizophragma,Philadelphus e Deutzia são freqiien- Whiplea, Carpenteria e outros) (Morgan e Soltis 1993; Soltis et
temente cultivadas como plantas ornamentais. al. 1995; Xiang et al. 1993;Hufford et al. 2001). A maior parte
dos integrantes de Hydrangeae apresenta flores conspícuas
Discussão: a monofilia de Hydrangeaceae é sustentada por estéreis e periféricas nas Ínflorescências (Prancha 9.17D), pé¬

caracteres morfológicos e de DNA (Albach et al. 2000b; Fan talas valvadas e cápsulas mais ou menos loculicidas. Os inte ¬

e Xiang 2003; Hempel et al. 1995; Hufford 1997; Morgan e grantes de Philadelpheae carecem de flores estéreis e geral
¬

Soltis 1993; Soltis et al. 1995; Xiang et al. 1993). Esse grupo mente apresentam p étalas imbricadas e cápsulas septicidas.
tem sido tradicionalmente considerado uma subfamília de O gênero Hydrangea é claramente não-monofilético.
Saxifragaceae (um grupo de tricolpadas basais), mas análi ¬ As flores de Hydrangeaceae podem ser grandes e visto ¬

ses cladístjcas (Chase et al. 1993; Hempel et al. 1995; Hufford sas, como em Philadelphus , ou pequenas (e densamente agru
¬

1992; Morgan e Soltis 1993; Xiang et al. 1993) indicam que padas e frequentemente associadas com flores conspícuas e
Hydrangeaceae está apenas distantemente relacionada com estéreis), como ocorre em Decumaria e Hydrangea. O néctar
Saxifragaceae e apoiam fortemente sua inclusão próxima de produzido no disco nectarífero epígino atrai grande diversida ¬

Comaceae. de de polinizadores (borboletas, mariposas, moscas, abelhas,


SISTEMáTICA VEGETAL 443

vespas e coleópteros). A polinizaçã o cruzada é promovida ford et al. 2003) confirmaram a monofilia da família. As rela ¬
pela presenç a de protoginia, mas a autopolinização também ções dentro de Loasaceae ainda estão pouco claras, embora
r - é possível. As pequenas sementes são freqiientemente aladas Eucnide deva ser o grupo-irmão dos demais gêneros (Hufford
ou apendiculadas e são dispersas pelo vento. et al. 2003; mas ver també m Weigend 2004).
As vistosas e notáveis flores de Loasaceae (Prancha 9.17A)
Referência adicional: Spongberg 1972. são polinizadas por abelhas, vespas, moscas, borboletas, mari ¬
posas, beija-flores ou roedores à procura de néctar e /ou pólen.
Loasaceae A. L. de Jussieu As diminutas sementes com frequência carecem de adapta ¬
(Família da urtiga-do-mato) ções claras para a dispersã o, mas muitas provavelmente são
dispersas pelo vento ou pela água. As cápsulas de algumas
Ervas anuais ou perenes ou lianas, ocasionalmente árvores ou espécies de Mentzelia apresentam deiscência tardia e estão co ¬
arbustos; em geral com iridóides. Pêlos í rgidos, silicificados e bertas com pêlos em formato de ganchos (Prancha 9.17B), o
freqiientemente calcificados, simples, com barbas ou projeções, que sugere transporte externo com o auxílio de animais.
em formato de gancho ou retos, com freqiiência glandulosos e pe ¬

Referências adicionais: Emst and Thompson 1963; Hufford


gajosos, às vezes urticantes, muitas vezes associados com cistólitos.
2003.
Folhas opostas ou alternas, mas neste caso o primeiro par de folhas
opostas, simples, inteiras, serreadas e/ou lobadas, com venação
palmada a peninérvea; estipulas ausentes. Inflorescê ncias de ¬ Cornaceae Bercht. & J. Presl
terminadas, terminais, às vezes reduzidas a uma flor solitária. Geralmente árvores ou arbustos; em geral com iridóides. Pêlos
Flores bissexuais, radiais. Sépalas geralmente 5, livres ou ba ¬ freqiientemente calcificados, fixos pela região mediana, em
salmente conatas. Pétalas geralmente 5, livres ou conatas, com forma deY ou T. Folhas opostas, menos freqiientemente alternas e
freqiiência côncavas, imbricadas. Estames 2 a numerosos, com espiraladas,simples,geralmente inteiras, mas às vezes serreadas,
frequência adnatos ou proximamente associados com a com venação peninérvea a ± palmada, nervuras secundárias ±
corola, freqiientemente com estaminódios, e estes em número
variável, inconspícuos a petalóides e às vezes nectar íferos; -
lisas, arqueando se em direção à margem ou formando uma sé ¬

rie de curvas; estipulas ausentes. Inflorescências determinadas,


filetes livres a variavelmente conatos, às vezes adnatos à co ¬ terminais, às vezes associadas com brácteas expandidas e vis ¬

rola; grãos de pólen tricolporados. Carpelos geralmente 3-5, tosas. Flores bissexuais ou unissexuais (plantas monóicas ou
conatos, às vezes parecendo um único carpelo; ovário ínfero (a dióicas), radiais. Sépalas geralmente 4 ou 5, livres ou conatas,
quase súpero), em geral com placentação parietal, as placentas geralmente representadas por pequenos dentes, às vezes ausen ¬

às vezes profundamente intrusivas; estigma linear até clava- tes. Pétalas geralmente 4 ou 5, ± livres, imbricadas ou valvadas.
do. Óvulos 1 a muitos, com 1 tegumento e megasporângio de Estames 4-10; filetes livres; grãos de pólen geralmente tricol ¬

paredes finas. Fruto cá psula variavelmente deiscente, às vezes porados, as aberturas com uma região fina em forma de
costada, menos freqiientemente aqu ê nio ou noz; endosper- H. Carpelos geralmente 2 ou 3, conatos, em geral parecendo
ma às vezes ausente. ser um único carpelo; ovário ínfero com placentação axial, o
eixo sem feixes vasculares e os óvulos aderidos a feixes
vasculares que se arqueiam sobre o topo de cada septo;
Fórmula floral:
estigma geralmente capitado, lobado ou alongado. Um óvulo
por lóculo, aderido no ápice, com 1 tegumento e com parede
*, K & C( ', A (2~ + 3»-«« ou 0 », G @; cápsuia do megasporângio fina a espessa. Disco nectar í fero no á pice do
ovário. Fruto drupa, caroço com uma ou poucas sementes,
alado a costado, com regiões mais finas (isto é, valvas de
Distribuição: principalmente em regiões temperadas e tro¬ germinação, às vezes inconspícuas) (Figura 9.107).
picais da Amé rica do Norte e do Sul, mas o gênero Kissenia
ocorre na África.
Fórmula floral:
Gêneros/ espécies: 14 / 280. Principais gêneros; Nasa (105
spp.), Loasa (75), Mentzelia (60) e Caiophora (50). Eucnide, *, C4-5, A4-10, G @; drupa
Mentzelia e Petalonyx ocorrem nos Estados Unidos.

Importância económica e produtos: Mentzelia e Eucnide são Distribuição: família amplamente distribuída e especial ¬

cultivados como plantas ornamentais. mente comum em regiões temperadas do Hemisf ério Norte.

Discussão: a monofilia de Loasaceae é sustentada pelo de ¬


Gêneros / espécies: 7 /110. Principais g êneros: Comus (60
senvolvimento muito próximo da corola e do androceu (mas spp.), Mastixia (20) e Nyssa (10). Comus e Nyssa oconem nos
esse padrão de desenvolvimento incomum foi perdido em Estados Unidos e no Canadá.
Mentzelia, Petalonyx e taxa afins). A fam ília apresenta uma
grande diversidade de formatos de androceu e corola, e o Importância econó mica e produtos: algumas espécies de
desenvolvimento do androceu pode ser centr ípeto ou centr í ¬ Nyssa, Davidia e Comus fornecem árvores ou arbustos orna ¬

fugo. Análises moleculares recentes (Hempel et al. 1995; Huf - mentais.


444 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.107 Cornaceae. (A -E) Cornus amomum : ( A) ramo florido (x 0,75); ( B) flor ( x 9); (C) flor em secção i
longitudinal, com pétalas e estames removidos (x 9); (D) drupa (x 3); (E) caroço em vista lateral e vista de cima • • i
(x 6). (F-H) C. florida: (F) ramo florido (x 0,75); (G) flor (x 6); (H) caroço em vista lateral e de cima (x 6). (I) C
. alter-
nifolia: caroç o em vista lateral e de cima (x 6). (Fonte: Ferguson 1966 , J. Arnold Arbor. 47: p.l11.)

f
SISTEMáTICA VEGETAL 445

Discussão: a monofilia de Comaceae, amplamente definida famílias da ordem (Hickey e Wolfe 1975). Nas pró prias Erica-
(incluindo Nyssaceae e Alangiaceae), é fracamente sustentada ceae, a condição está um pouco modificada, pois cada dente
por caracteres morfológicos, por um nú mero cromossômico encontra-se associado com um pêlo multicelular, geralmente
básico 11, bem como por sequências de matK e rbcL {Xiang et glanduloso. A presença de placentas protrusivas que invadem
al. 1998, 2002). As relações infrafamiliares têm sido estudadas o(s) lóculo(s) do ovário pode ser uma segunda sinapomorfia
por Eyde (1988), Murrell (1993), Xiang e colaboradores (1993, potencial (Nandi et al. 1998) . Os integrantes das Ericales po ¬
1996.1998, 2002, 2006) e Xiang e Murrell (1998). Dois cia ¬ dem ser separados das outras aster ídeas-núcleo pelas flores
dos principais podem ser reconhecidos dentro de Comaceae: com estames em número igual ao dobro de pé talas (vs. esta ¬

um ciado nyssóide- mastixióide ( Nyssa, Camptotheca, Davidia, mes em número igual ou menor ao de pétalas). No entanto,
Mastixia e Diplopanax ) com flores geralmente unissexuais e a redu ção no número de estames ocorreu em Primulaceae,
5-meras; e um ciado comóide (Comus eAIangium ) com flores e um aumento deles ocorreu na maioria das Lecythidaceae,
geralmente bissexuais e 4-meras. Actinidiaceae elheaceae.
Comus apresenta muitos caracteres especializados, tais As relações filogenéticas dentro da ordem não estão mui ¬
como o número de estames igual ao de pétalas, óvulos com to bem compreendidas, mas trabalhos recentes (Anderberg
a rafe dorsalmente posicionada (isto é, apótropos), flores et al. 2002; Bremer et al. 2002; Sch õ nenberger et al. 2005;
4- meras e pêlos cobertos com grandes cristais de carbonato Sytsma et al. 2006) sugerem a existê ncia de certo número de
E de cálcio. Sua monofilia é sustentada por caracteres morfo- grupos. Um ciado contendo Balsaminaceae e outro conten ¬

'
lógicos, sítios de restrição de cpDNA e sequências de DNA. do Fouqueriaceae + Polemoniaceae são grupos-irmãos su ¬

Evid ências combinadas (morfologia, sítios de restrição, se ¬


cessivos dos demais integrantes da ordem. As rela ções entre
quê ncias de rbcL, matK e 26S: Fan e Xiang 2001; Xiang et al. muitas das demais famílias são problemáticas. Lecythidaceae
.
1993.1996 1998, 2006; Xiang e Murrell 1998) sugerem que parece estar isolada, e Sapotaceae, junto com Ebenaceae e
dois grandes ciados podem ser reconhecidos dentro de Cor - Primulaceae sl, deve formar um ciado. Theaceae e Penta -
nus: um dado de espécies com frutos azuis e um ciado de phylacaceae (= Temstroemiaceae) não estão proximamente
!;
espé cies com frutos vermelhos. Este último ciado contém relacionadas; ambas as famílias já foram incluídas em The ¬
" dois ciados: C . mas e taxa afins e um ciado com espécies de aceae s.l. As Ericales-núcleo incluem Actinidiaceae, Cyrilla -
.
brácteas grandes (C. florida , C kousa, C. mttallii,C. canadensis ceae, Clethraceae, Ericaceae e Sarraceniaceae. Esse grupo
e taxa afins; Prancha 9.17C,F). é claramente monofilético (Anderberg 1992, 1993; Bayer et
,r As flores de Comaceae tipicamente produzem n éctar e al. 1996; Judd e Kron 1993; Kron e Chase 1993), e possíveis
u atraem abelhas, moscas e coleópteros, mas a polinização pelo sinapomorfias seriam a inversã o da antera durante o desen ¬

vento deve ocorrer em Davidia. As coloridas drupas em tons volvimento (de modo que a base morfoló gica se toma api ¬

branco, azul, azul - escuro, vermelho ou púrpuro (Prancha cal), o estilete geralmente oco que emerge de uma depres ¬

I; 9.17 E) ffequentemente contrastam em cor com os eixos das são apical no ovário e o endosperma geralmente provido de
| inflorescências e são dispersas por aves e mamíferos. Os fru ¬
haust órios em ambos os extremos (Anderberg 1992, 1993;
tos de muitas espécies de Nyssa flutuam bem e devem, par ¬
}udd e Kron 1993; Kron 1996; Kron e Chase 1993) . Actinidia
ti cialmente, ser dispersos pela á gua. e Sarracenia apresentam muitos estames, enquanto Actinidia
As espécies de Comus podem ser identificadas em con ¬
apresenta carpelos incompletamente fusionados e o gineceu
dição estéril ao rasgar delicadamente uma folha. As duas apresenta estiletes livres. Cyrillaceae, Clethraceae e Erica ¬

Í metades ficam aderidas por fios delicados (elementos de va ¬


ceae devem formar um ciado que é sustentado por muitos
sos desenrolados, com espessamentos espiralados), embora caracteres embriológicos. Análises morfológicas sustentam
alguns integrantes de Hydrangeaceae também apresentem uma relação de grupos-irmãos entre Clethraceae e Ericaceae
tal característica. As nervuras secundárias lisas e arqueadas (Anderberg 1993; Judd e Kron 1993), mas evidências mole ¬

também são diagnósticas. culares sugerem que Cyrillaceae pode ser o grupo-irm ã o de
I Referências adicionais: Eyde 1966; Eyde and Xiang 1990; Ericaceae (Anderberg et al. 2002).
Ferguson 1966a; Kubitzki 2004a. Ericales inclui 24 famílias e cerca de 9.450 espécies. As
principais famílias são Actinidiaceae, Balsaminaceae, Cle ¬
thraceae, Cyrillaceae, Ebenaceae, Ericaceae, Fouquieiraceae,
Ericales Lecythidaceae, Pentaphylacaceae, Polemoniaceae, Primu¬
A monofilia de Ericales tem sido fortemente sustentada por laceae, Sarraceniaceae, Sapotaceae, Styracaceae, Symplo -
| análises baseadas em sequências de DNA (Bremer et al. 2002; caceae e Theaceae.
'
Chase et al. 1993; Hilu et all 2003; Kron e Chase 1993; Mor-
ton et al. 1997a, 1998; Olmstead et al. 1993; Kállersjõ et al.
; Sapotaceae A. L. de Jussieu
| ; Savolainen et al. 2000a,b; Soltis et al. 2000; Albach et
1998
(Família do sapoti)
al. 2001a, b). Ericales é aqui delimitada de modo amplo; essas
l famílias freqiientemente t ê m sido distribuídas em muitas or ¬ Árvores ou arbustos, às vezes com ramos caracteristicamente
dens menores (p. ex., Ebenales, Theales, Primulales, Polemo- simpodiais ou com espinhos; frequentemente com corpos si-
males, Ericales s.s.) . O suporte morfológico para esse grupo é licosos; com taninos e muitas vezes com compostos triterpe-
fraco, mas uma possível sinapomorfia morfológica seria a pre-
1 sença de dentes foliares theóides (nesta condição uma única
'
nóides e cianogênicos; com laticíferos bem desenvolvidos
e alongados e látex branco. Pêlos bifurcados, castanhos,
nervura entra no dente e termina em um capuz ou glândula em forma de T, com um ramo freqiientemente ± reduzido.
opaca e decídua; ver Figura 4.13) . Esse tipo de dente foliar Folhas alternas e espiralados, às vezes claramente agrupadas no
aparece pelo menos em alguns integrantes da maioria das ápice dos ramos, simples, inteiras, com venação peniné rvea;
I,
446 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Chave para as Principais Famílias de Ericales

1. Flores ressupinadas, bilaterais, geralmente com 3 sépalas, a aparentemente inferior é petalóide,


com frequência formando um nectário do tipo esporão, com 5 pétalas, a aparentemente superior
é livre, côncava e freqiientemente sepalóide, as outras 4 geralmente conatas em 2 pares laterais . . Balsaminaceae
1. Flores não ressupinadas, radiais ou bilaterais, com diversos n meros
de sépalas e pé talas livres a conatas, mas não como acima 2
2. Plantas com laticíferos e látex leitoso; pêlos bifurcados, castanhos,
geralmente em forma deT; sementes providas de um hilo grande
2. Plantas sem laticíferos; pêlos não como acima; sementes com hilo pequeno 3
3. Pétalas livres 4
3. Pé talas conatas 11
4 . Plantas carn ívoras, com folhas muito modificadas, em forma de armadilha . Sarraceniaceae
4. Plantas não carnívoras 5
5. Anteras invertidas, ou, se aparentemente não invertidas, testa ausente 6 |
5. Anteras não invertidas 9 j
6. Pê los geralmente estrelados . . . Clethraceae

6 . Pê los não estrelados 7


7. Estames geralmente numerosos; carpelos em geral incompletamente fusionados,
portanto com muitos estigmas; tecidos com cristais de oxalato de cálcio em forma de agulha . . . . . Actinidiaceae i
7 . Estames geralmente 2-10; carpelos completamente fusionados,
presença de um único estigma; tecidos sem cristais em forma de agulha 8
t.
8. Testa presente; grãos de pólen geralmente em tétrades; flores pêndulas ou eretas . . . . Ericaceae

. . Cyrillaceae
t
8 . Testa ausente, grãos de pólen em mônades. flores eretas
+ .

9. Ovário ínfero ou semi-ínfero, fruto geralmente deiscente por uma fenda drcuncisa;
caules com feixes vasculares corticais
9 . Ovário supero; fruto com deiscência longitudinal ou indeiscente; caules sem feixes vasculares corticais
Lecythidaceae
10
1
;
10. Estames com filetes apenas ligeiramente mais longos que as anteras;
fruto carnoso e ± indeiscente; embrião curvo Pentaphylacaceae
10. Estames com filetes muitas vezes mais longos que as anteras,
fruto seco e deiscente longitudinalmente; embri o reto . . Theaceae
. . . Primulaceae
1
11. Placentação central-livre, com o eixo da placenta expandido
11. Placentação ± axial 12
12. Anteras invertendo-se precocemente ou tardiamente durante o desenvolvimento;
grãos de pólen geralmente em tétrades tetraédricas . . . . Ericaceae

12. Anteras não se invertendo; grãos de pólen em mônades 13


13. Indumento de pêlos estrelados ou de escamas peitadas
13. Indumento diverso, mas não como acima 14
14. Plantas com ramos curtos e longos, as folhas dos ramos longos rapidamente decíduas,
mas com uma porção do pecíolo enrijecida que persiste em forma de espinho . Fouquieriaceae
14. Ramos + semelhantes, as folhas não formando espinhos 15
15 . Ovário ínfero a semi-ínfero, fruto drupa . . . Symplocaceae ;

15 . Ovário supero, fruto baga ou cápsula 16 .

16. Arbustos ou árvores, com naftoquinonas pretas ou escuras; estames,


geralmente 8 a numerosos; fruto baga associado com cálice expandido
16 Geralmente ervas, sem naftoquinonas; estames, geralmente 5;
.
Ebenaceae i
fruto cápsula; cálice não expandido Polemoniaceae

i
*
SISTEMáTICA VEGETAL 447

estipulas presentes ou ausentes. Inflorescê ncias determina- estaminódios adnatos à corola; grãos de pólen, geralmente
das, em geral fasciculadas , às vezes reduzidas a uma flor so- 3 ou 4-colporados. Carpelos 2 a numerosos, conatos; ovário sú -
litária, axilares. Flores bissexuais, radiais. S épalas 4 - 8, às vezes pero, com placenta çã o axial; estigma capitado a ligeiramente
dimórficas , livres ou basalmente conatas. Pétalas 4- 8, conatas , lobado. Óvulos 1 em cada lóculo, com 1 tegumento e parede
à s vezes com pares de apêndices petalóides (excrescências da por- do megasporângio fina . Fruto baga; sementes geralmente
ção basal dos lobos da corola ), imbricadas. Estames 8 - 16 e opos- providas de testa dura e brilhante e de hilo grande; en-
tos às pétalas, geralmente alternando com estaminódios; filetes e dosperma às vezes ausente (Figura 9.108).

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(' FIGURA 9.108 Sapotaceae. (A H ) Manilkarajaimiqui var. emarginata:


- trar a nica semente e os l óculos com óvuios abortivos (x 1 ,5 ). ( I-L) M,
I (A ) ramo florindo e frutificando (x 0,75); ( B) flor após a queda da corola
(x 4,5); (C ) pêlos em formato de T retirados do cá lice (x 75 ); ( D) flor
zapota: (I ) porção da corola , em vista interna , mostrando três lobos da
corola e três estamin ódios petalóides alternando com os estames (x
í em secção longitudinal, observe os estamin ódios alternando com os 4,5); (J ) porção da corola em vista externa, mostrando três lobos da
L. estames (x 7,5); ( E) três lobos da corola em vista interna com apêndi- corola e o á pice de quatro estaminódios ( x 4,5); ( K ) ová rio em secção
-
È ces estames e estamin ódios ( x 4,5); (F) três lobos da corola em vista
P externa mostrando os apê ndices dorsais (x 4,5); (G ) ová rio em secçã o
,
transversal ( x 7,5); (L) semente, observe o hilo alongado (x 1 ,5). ( Fonte:
Wood e Channell 1960, J. AmotdArbor. 41 ; p.14.)
jt transversal (x 6); ( H ) baga, com a metade superior removida para mos-
1

448 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

AI (B)
(C)
* JL
&

*
N
Ericales: Primulaceae
Prímula sp.: flores (heterostílicas)

Ericales: Ericaceae
(D) Vaccinium racemosum: folhas e frutos
Ericales: Sarraceniaceae
Sarracenia leucophylla: folha
eflor ff )
M

n
'
7

%* V 4

Ericales: Lecythidaceae Ericales: Sapotaceae


iHÊ i
Ericales: Sapotaceae
Barringtonia racemosa: flores Sideroxylon Jòetidissmtum: flores Manilkara zapota: ramo, flores
e fruto
PRANCHA 9.18 Eudicotiled ô neas: Ericales

com Palaquium (guta -percha) e Manilkara zapota (do qual se


Fórmula floral: obtém o chiclete, para goma de mascar) . Muitos gêneros são
* , K (í-8), C( §), A4-16 + 4-8;, G economicamente importantes como fonte de madeira; ou ¬
©fc baga tros sã o ornamentais, incluindo Chrysophyllum (aguai), Ma-
nilkara, Mimusops e Sideroxylon (quixabeira e espécies afins; J
Prancha 9.18E). t
Distribuição e ecologia: família pantropical, especialmente
em florestas midas e de baixa altitude. Discuss o: Sapotaceae é facilmente reconhecida e acredi-
ta-se que seja monofilética (Morton et al. 1997; Pennington
G êneros / espécies: 53/1.100. Principais gê neros: Pou - 1991) . A família tem sido considerada próxima de Ebenaceae,
teria (325 spp.), Palaquium (110), Madhuca (100), Sideroxylon uma fam ília tropical que também apresenta folhas alternas,
(75), Chrysophyllum (70) e Mimusops (50). Chrysophyllum, Si¬ inteiras e simples, flores simpé talas com estames epipétalos e
deroxylon, Manilkara e Pouteria ocorrem nos Estados Unidos. ová rios s peros que se tomam bagas. No entanto, Ebenaceae
difere de Sapotaceae pela presença de naftoquinonas pretas
Importância económica e produtos: Manilkara zapota (sa - ou escuras nas folhas, caule e madeira, pela ausência de lá tex,
poti; Prancha 9.18F), Pouteria mammosa, Pouteria campechiana por apresentar dioicia e pelos lobos do cálice expandidos e
e Chrysophyllum cainito (cainito roxo) fornecem deliciosos persistentes no fruto.
frutos tropicais. Os frutos de Synsepalum dulcificum afetam o As relações inírafamiliares têm sido investigadas por Ben- 1
senso do sabor, pois após a ingestão de uma porção (mesmo nington (1991, 2004), utilizando caracteres como a posição
pequena), outros alimentos são percebidos como doces. Mui ¬
dos lobos da corola em relação aos estames e entre si, a po¬ ?
tos gêneros são importantes fontes de látex, como acontece sição dos estaminódios em relação ao ovário, o formato da
SISTEMáTICA VEGETAL 449

G (H)

L
:
Ericales: Theaceae
Ericales: Ebenaceae Gordonia lasianthus: flor
Diospyros virginiana: frutos

I 0)
Ericales: Ericaceae
Agarista populifolia: flores

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V .
t;

I
i

I
Ericales: Polemoniaceae
Ericales: Ericaceae Ipomopsis rubra: planta Ericales: Primulaceae
Rhododetidron viscosum: planta florida florida Myrsine coriacea: frutos
PRANCHA 9.18 Eudicotiled ôneas: Ericales

corola, a presen ça de apêndices nas pétalas, o tamanho das Referência adicional: Wood and Channell 1960.
anteras e a posição da cicatriz do hilo. Tem sido proposto que
diversos gêneros com n mero de estames de até o dobro do Ebenaceae G úrcke
f n mero de lobos da corola formam um complexo heterogé ¬

neo, o qual provavelmente é parafilético e basal. Os demais


(Família do caqui e do ébano)
gêneros apresentam número de estames igual ao de lobos da Árvores ou arbustos; com naftoquinonas (ou compostos re¬
corola e possivelmente constituem um ciado. No entanto, se- lacionados) negras ou escuras em quase todos os tecidos;
qúências de ndhF sugerem que Sarcosperma (um gênero com às vezes com compostos danogênicos. Pêlos simples, bifurca ¬

• Ç 5 estames, 5 estaminódios, inflorescê ncias alongadas e folhas dos ou muito ramificados, às vezes glandulares. Folhas alter
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opostas) é o grupo-irmão dos demais gêneros da família (An- nas,em geral dísticos, simples, inteiras, com venação peninérvea,
derberg e Swenson 2003; Swenson e Anderberg 2005). Mi- geralmente providas de glândulas nectaríferas na super¬
musops, Manilkara e taxa afins (Sapotoideae) devem constituir f ície abaxial; estipulas ausentes. Inflorescências determina ¬
um dado sustentado pelo cálice formado por dois verticilos das, freqíientemente reduzidas a uma flor solitária, axilares.
diferenciados. Um cálice de um único verticilo caracteriza Flores geralmente unissexuais ( plantas dióicas ), radiais. Sépalas
Chrysophyllum, Pouteria, Synsepalum e Sideroxylon (incluin ¬ 3- 7, conatas, geralmente persistentes e variavelmente expan¬
do Bumelia, Dipholis e Masticodendron ), todos da subfamília .
didas durante o desenvolvimento do fruto Pé talas 3- 7, conatas,
Chiysophylloideae. ± urceoladas, com lobos valvados ou imbricados, ffeqiiente-
A família é polinizada principalmente por insetos, embo¬ -
mente contortas. Estames (3- ) 6 numerosos; filetes geralmente
ra visitas por morcegos tenham sido registradas para alguns adnatos à corola; anteras ocasionalmente deiscentes por poros
taxa . A dispersão das bagas é efetuada por diversas aves e apicais; substituídas por estaminódios nas flores carpeladas;
mamíferos. grãos de pólen geralmente tricolporados. Carpelos geralmente
1
450 JlJDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

3-8, conatos; ovário geralmente supero, com placentação axial, os aos lobos da corola, às vezes alternando com estaminódios
lóculos com frequência secundariamente divididos; estigmas petalóides; filetes livres ou conatos, adnatos à corola; anteras
3-8, capitados a ligeiramente alongados. Óvulos 1 ou 2 por às vezes deiscentes por poros apicais; grãos de pólen tricol-
lóculo, com megasporângio de parede fina. Fruto baga, ads¬ porados ou 5-8 zonocolpados. Carpelos geralmente 3 5, cona
tringente até a completa maturação; sementes grandes, com -
tos; ovário geralmente supero ou ocasionalmente semi -ín íero,
-
testa fina (Prancha 9.18G); endosperma às vezes ruminado. com placentação central livre, o eixo placentífero central
espesso e ± globoso, praticamente preenchendo o lócu¬
lo; estigma pontuado ou capitado, às vezes lobado. óvulos
Fórmula floral: poucos a numerosos, anátropos a campilótropos, com 1 ou
Flor estaminada: * , K ( j-7), (3 ), A6-» , GO 2 tegumentos e paredes do megasporângio finas. Nectá rios
geralmente ausentes. Fruto cápsula deiscente através de val¬
vas ou circundsa, baga com muitas sementes inseridas em um
Flor carpelada: *, K ( Q), C(£ ), A6-p», G(0), baga eixo placentífero carnoso, ou drupa com um caroço com uma
ou poucas sementes; sementes frequentemente com hilo de ¬
primido, ocasionalmente ariladas (Figura 9.109).
Distribuição: família pantropical, com poucas espécies es ¬
tendendo-se até regiões temperadas.
Fórmula floral:
G ê neros / espé cies: 4/ 500 . Principal gênero: Diospyros *, Kvtjy, C( ), A4-5, G-( 5 )-; cápsula, drupa, baga
(480 spp.), o único gênero que ocorre nos Estados Unidos.

Import ância económica e produtos: muitas espécies de


Diospyros - por exemplo, D. digyna, D. kaki (o caqui) e D. vir- Distribuição: família amplamente distribuída, de regiões
-
giniana fornecem frutos comestíveis; muitas espécies forne
cem madeiras economicamente importantes (p. ex., o ébano) .
¬
temperadas a tropicais.

Gêneros/ espé cies: 57/2.150. Principais gêneros: Prímu ¬

Discussão: Ebenaceae é facilmente reconhecida e acredita - la (550 spp., incluindo Dodecantheon ), Ardisia (300), Myrsine
se que seja monofilética com base nos seus distintos carac ¬
(200), Lysimachia (200), Maesa (150), Embelia (130), Androsace
teres morfológicos e em sequê ncias de cpDNA. Ussocarpa (100) e Clavija (50). Primula, Lysimachia, Androsace, Anagallis,
(plantas glabras com ovário ínfero e pólen triporado) é o Glaux, Hottonia, Samolus, Trientalis, Ardisia, Myrsine e Jacquinia
grupo-irmão dos demais gêneros da família (Diospyros, Euclea ocorrem nos Estados Unidos e/ou no Canadá.
e Royena; todas as plantas pubescentes com ovário súpero e
pólen tricolporado) (Duangjai et al. 2006). A família é polini ¬ Importância económica e produtos: Primula (prímula), Cycla-
zada por insetos e a dispersão das bagas é efetuada por aves men (ciclâmen ), Anagallis, Ardisia, Wallenia, Myrsine (capororo-
e mamíferos. ca) e Jacquinia são cultivadas como plantas ornamentais.
Ebenaceae é um elemento flor ístico especialmente im ¬

portante nas florestas africanas. Discussão: está claro que Primulaceae amplamente cir¬
Referências adicionais: cunscrita (isto é, incluindo Theophrastaceae, Myrsinaceae e
Wallnõfer 2004; Wood and Channel
1960. Maesaceae) é monofilética, tal como evidenciado pela pre ¬

sença de canais ou cavidades secretoras esquizógenas con¬


tendo uma subst â ncia resinosa amarela, vermelha ou preta
Primulaceae Batsch ex Borkh. (cará ter perdido em alguns taxa ); pelos estames opostos aos
(Família das pr
ímulas) lobos da corola e em número igual a estes; pela placentação
central -livre com um eixo central espesso e mais ou menos
Ervas, arbustos, árvores ou lianas; frequentemente com ben - globoso; bem como por sequ ências de DNA (Anderberg e
zoquinonas, saponinas triterpenóides e taninos; com fre ¬ Stâhl 1995; Bremer et al. 2002; Kãllersjõ et al. 2000; Kron e
quência com cavidades secretoras contendo substâncias Chase 1993; Olmstead et al. 1993) . As relações dentro desse
resinosas amarelas a avermelhadas que aparecem como ciado têm sido estudadas por Anderberg e Stâhl (1995) e An¬
manchas ou linhas ( amarelo- esverdeadas, vermelhas, derberg e colaboradores (1998). Maesa, um gênero de plantas
marrons ou pretas ) nas folhas, caules e peças florais, às lenhosas tropicais com os lobos da corola induplicado-valva-
vezes com fibras esparsas nas folhas. Pêlos diversos, frequen - dos e ovário semi-ínfero é aparentemente o grupo- irm ão de
temente alongados, septados ou glandulosos. Folhas alternas todos os outros gêneros primulóides, que são caracterizados
e espiraladas, opostas ou verticiladas, muitas vezes em roseta
pelos lobos da corola imbricados. Dentro desse grande da ¬

basal (nas plantas herbáceas), simples, inteiras a serreadas, às do, Jacquinia, Clavija, Samolus e taxa afins (às vezes incluídos
vezes lobadas, com venação peninérvea; estipulas ausentes. Inflo- em Theophrastaceae) constituem o grupo-irmão dos demais
rescências determinadas ou indeterminadas, às vezes reduzi ¬
gêneros e retiveram um vertidlo externo de estames na for¬
das a uma flor solitária, terminais ou axilares. Flores bissexuais ma de estaminódios bem desenvolvidos; muitos apresen ¬
(ocasionalmente unissexuais e então plantas ± dióicas), geral ¬
tam folhas pseudoverticiladas com fibras subepidérmicas e
mente radiais, às vezes heterostílicas (Prancha 9.18A) . Sé paias caracteírsticos frutos tipo baga . Os demais gêneros formam
geralmente 4 ou 5, livres ou conatas. Pétalas geralmente 4 ou 5, um grupo monofilético, isto é, o ciado Primula + Lysimachia
conatas, imbricadas ou convolutas. Estames 4 ou 5, opostos -r Myrsine, que é sustentado por duas deleções de ndhF, pela
SISTEMáTICA VEGETAL 451

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te FIGURA 9.109 Primulaceae. Pr í mula (Dodecatheon) meadia: (A) planta versai, mostrando a placenta central-livre ( x 13); (H) botão em secçã o
florida {x 0,25); (B ) botão (x 4); (C ) flor, lobos da corola reflexos (x 4); transversal {x 4); (I ) infrutescê ncia (x 0,5); (J ) cá psula (x 4); ( K ) semente
g; ( D) flor em secçã o longitudinal (x 4); ( E) tubo do androceu mantido (x 15); (L) embri ã o ( muito aumentado). (Fonte: Wood 1974, Astudenr ís
aberto, observe que os filetes estão conatos e adnatos ao tudo da co- .
atlas offlowering plants, p 86.)
rola (x 4); (F) estigma ( muito aumentado); (G) ová rio em secçã o trans -
perda do verticilo estaminal externo e, talvez, pela presen ça caroço e sementes com hilo deprimido. Myrsinaceae, na sua
de frutos capsulares. definição tradicional, era restrito a esses gêneros lenhosos
O ciado Primula + Lysimachia + Myrsine pode ser dividido com frutos drupáceos, enquanto as ervas relacionadas com
em dois subclados. O primeiro, Primuloideae, compreende frutos capsulares eram incluídas em uma Primulaceae s.s.
Primula,Androsace e taxa afins, que são plantas herbáceas sem não-monofilé tica (ver Cronquist 1981). Primulaceae é aqui
cavidades de resinas, com flores de corolas mais ou menos circunscrita de modo amplo, antecipando mudanças no sis-
campanuladas, frutos capsulares e irdorescências providas de tema APG. O grupo assim delimitado é monofilético e mor-
|£ escapos . O segundo ciado, Myrsinoideae, em geral apresen- fologicamente distinto,
i ta cavidades resiníferas e inclui ervas com frutos capsulares, As inconspícuas a vistosas flores de Primulaceae são po-
| como Coris, Ardisiandra e os gêneros de Lysimachieae, p. ex., linizadas por diversos insetos. A presença de heterostilia é
Anagallis, Cyclamen, Gaux, Lysimachia e Trientalis ), ou árvo- comum em Primula, mas também pode acontecer a autopoli-
res e arbustos com frutos drupáceos, como Ardisia, Myrsine, nização. Em muitas espécies, a polinização cruzada é promo-
Wallenia e Embelia (Prancha 9.18L). Esses gêneros com frutos vida pela presença de protoginia ou por uma condição mais
drupáceos formam um ciado bem sustentado dentro de Pri- ou menos dióica. Estudos recentes sugerem que as espécies
í mulaceae s.l. (Anderberg e Stàhl 1995; Morton et al. 1997), outrora segregadas em Dodecatheon constituem, na verda-
a sustentado por sequências de DNA, drupas com um único de, uma linhagem derivada e com anteras poricidas dentro
452 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

de Prí mula (Mast et al. 2001; Trift et al. 2002). As pequenas Ericales-núcleo (p. ex., Actinidiaceae) com as de Theaceae é
sementes frequentemente são dispersas pelo vento ou pela muito marcante. Theaceae é composta por três tribos mono-
á gua, mas algumas são dispersas por formigas que coletam filéticas: Theeae ( Camellia, Polyspora, Laplacea e taxa afins),
os arilos oleosos. As drupas vermelhas ou p rpuro-escuras de Gordonieae (Gordonia, Franklinia e Schima ) e Stewartieae
algumas espécies são dispersas por aves. ( Stewartia ).
Referências adicionais: Caris and Smets 2004; Os numerosos estames de Theaceae (e de algumas outras
Channell and
Wood 1959; Kâ llersjõ and Stáhl 2003. Ericales) apresentam desenvolvimento centrífugo (Prancha
9.181) e são irrigados por um n mero limitado de feixes vas ¬
culares, o que sugere que derivaram evolutivamente a partir
Theaceae Mirbel ex. Ker. Gawl de poucos estames (em dois verticilos) . Essa interpretação
(Família do chá - preto e da camélia) também é sustentada por análises cladísticas baseadas em
Arvores ou arbustos; em geral com esclereídes; presença de ta - caracteres morfológicas e de DNA.
ninos. Pêlos geralmente simples e unicelulares. Folhas alternas As vistosas flores de Theaceae são polinizadas por diversos
e cspiraladas, às vezes dísticas, simples, denteadas, os dentes do insetos. As sementes são dispersas pela água ou pelo vento.
tipo theóide (isto é, com um á pice glandular e decíduo, ver Figura Referências adicionais: Keng 1962; Wood 1959b.
4.13), com venação peninérvea; estipulas ausentes. Infíorescên -
cias de flores solitárias e axilares. Flores bissexuais, radiais,
as brácteas que subtendem as flores às vezes de aspecto calicino. Ericaceae A. L . de Jussieu
Sépalas geralmente 5, livres ou ligeiramente conatas na base, im¬ (Família da azaléia)
bricadas. Pétalas geralmente 5, livres ou ligeiramente conatas na Á rvores, arbustos ou lianas, às vezes epífitos, ocasionalmente
base, imbricadas, ligeiramente onduladas ao longo das margens. ervas micoparasíticas sem clorofila, fortemente associadas
Estames numerosos, os mais próximos do gineceu desenvol- com fungos micorrizicos. Pêlos simples, geralmente mul-
vendo-se antes, livres ou conatos na base e formando um ticelulares e unicelulares misturados, às vezes dendríticos,
anel ou 5 feixes opostos às pétalas; grãos de pólen tricolpo- glandulosos ou escamas peitadas, mas não estrelados. Folhas
rados. Carpelos geralmente 3-5, conatos; ovário sú pero, com alternas e espiraladas, às vezes opostas ou verticiladas, simples,
placentação axial; estigma 1 e lobado a 3-5 e capitados. Um inteiras a serreadas, às vezes revolutas, com venação pe ¬
a poucos óvulos por lóculo, com megasporângio de pare ¬ ninérvea, ± paralela ou palmada, lâmina reduzida nos taxa
de fina. Tecido nectar ífero na base dos filetes ou na base do micoparasíticos; estipulas ausentes. Inflorescências diversas.
ovário. Fruto cá psula ± loculicida, ± poucas sementes, com Flores geralmente bissexuais, raramente unissexuais (e então,
frequência achatadas ou aladas; embrião grande; endos- plantas dióicas), radiais a ligeiramente bilaterais, geralmente
perma presente ou ausente. ± pêndulas. Sépalas geralmente 4 ou 5, livres a ligeiramente
conatas. Pétalas geralmente 4 ou 5 e conatas, ocasionalmen ¬
te livres (uma reversão); corola com frequência cilíndrica
Fórmula floral: * , C5, A , G (3 5); cápsula
0 até urceolada, mas à s vezes ± campanulada ou em formato de
funil, com lobos imbricados a valvados, pequenos a grandes. Pe -
rianto reduzido a 2 ou 3 sépalas e pétalas, ou 3 ou 4 t épalas
em alguns poucos gêneros polinizados pelo vento. Estames
Distribuição: amplamente distribuída em regiões tempera ¬
8- 10, mas reduzidos a 2 ou 3 nas espécies polinizadas pelo
das a tropicais. vento; filetes livres ou adnatos à corola, às vezes conatos,
às vezes com pares de projeções (esporões) próximo ou
Gêneros/ espé cies: 9/300. Principais gêneros: Camellia na junção com a antera; anteras tomando-se invertidas, 2 ou
(100 spp.), Gordonia (60), Pyremria (40), Polyspora (35), La- 1-loculares, geralmente deiscentes por 2 poros apicais, às vezes
placea (30) e Stewartia (30). Franklinia, Gordonia e Stewartia com 2 projeções em forma de espinho ou com o á pice es¬
ocorrem nos Estados Unidos. treito, formando um par de túbulos; grãos de pólen geralmente em
tétrades, geralmente tricolporados, às vezes associados com
Import ância económica e produtos : o chá- preto é feito fios de viscina. Carpelos 2-10; ová rio supero a ínfero, com
a partir das folhas de Camellia sinensis. Camellia, Gordonia, placentação geralmente axial ou parietal intrusiva; 1 estile-
Stewartia e Franklinia apresentam espécies que sã o cultivadas te, oco, intemamente sulcado; estigma capitado a ligeiramente
como ornamentais. lobado. Óvulos 1 a numerosos por lóculo, com 1 tegumento
e megasporângio de parede fina. Tecido nectar ífero ao redor
Discussão: Theaceae, na sua delimitação tradicional, pro ¬ da base ou no ápice do ovário. Fruto cá psula septicida ou locu¬
vavelmente n ão é monofilética. Tal conclusão é sustentada licida, baga ou drupa com 1 a muitos caroços, geralmente ereto
por análises cladísticas baseadas em DNA (Morton et al. devido a uma mudança de posição do pedicelo; testa fina
1997; Prince e Parks 2001). Aqui, a família é restrita aos gê ¬
(Figura 9.110).
neros tradicionalmente incluídos emTheoideae. Os gêneros
antes incluídos em Temstroemioideae (p. ex., Temstroemia
e Eurya ) estão relacionados com Pentaphylax e hoje sã o in ¬ Fórmula floral:
cluídos em uma família à parte: Pentaphyíacaceae. A mono- \
filia de Theaceae e Pentaphyíacaceae é sustentada por se ¬ '-
* ou X, K 4 5,1 C( b), A íí-llJi, G(2-l§); cápsula, baga, *
quências de rbcL e matK (Morton et al. 1997; Prince e Parks ~

drupa
2001) . A semelhança morfológica entre as flores de algumas

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SISTEMáTICA VEGETAL 453

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FIGURA 9.110 Ericaceae (A G) Oxydendron arboreum: (A) ramo florido frutos imaturos (x 3); ( F ) cá psula deiscente, uma valva removida, ob -
(x 0,4); ( B) flor (x 3); (C) flor em secção longitudinal (x 9); ( D) vista ex- serve o estilete profundamente imerso (x 6); (G) semente (x 15). (Fon-
terna, interna e lateral dosestames (x 18); (E) porção de racemo com te: Wood 1961, J. Arnold Arbor. 42: p. 57.)

Distribuição e ecologia: cosmopolita, mas especialmente importantes. A família contém numerosos taxa ornamentais,
frequente em h ábitats tropicais montanos, na África do Sul, tais como Arbutus, Calluna, Erica, Gaultheria, Kalmia, Oxyden-
Leste da América do Norte, Leste Asiá tico e Austrália; geral ¬ drun, Pieris, Rhododendron (azaléia; Prancha 9.18J) e Leucothoe.
mente plantas de áreas ensolaradas e de solos ácidos. Gaultheria procumbens é a fonte original do composto aromá ¬
tico salicilato de metila.
Gêneros / espé cies: 124/4.100. Principais gêneros: Eri¬
ça (860 spp.), Rhododendron (850), Vaccinium (740), Agapetes Discussão: Ericaceae é aqui delimitada de modo amplo, in¬
(400), Leucopogon (230), Gaultheria (130), Cavendishia (130), cluindo cinco famílias adicionais (Empetraceae, Epacridaceae,
Diplycosia (100), Arctostaphylos (60) e Epacris (50). Gêneros Monotropaceae, Pyrolaceae e Vacciniaceae) que são freqiien-
importantes nos Estados Unidos e/ou no Canad á são (além temente aceitas como famílias distintas. A aceitação dessas
da maioria dos supracitados) Agarista, Andromeda, Arbutus, famílias tomaria Ericaceae s.s. parafilética. Como circunscrito
Pejaria, Ceraticla, Chamaedaphne, Chimaphila, Corema, Empe - aqui, o grupo é monofilético com base em caracteres morfoló¬
fnmt, Eubotrys, Gaylussacia, Kalmia, Leucothoe, Lyonia, Mono- gicos e em sequências de rbcL, matK e 18S rDNA (Anderberg
tropa, Monotropsis, Oxydendrum, Pieris, Pterospora e Pyrola. 1993; Chase et al. 1993; Judd e Kron 1993; Kron 1996; Kron
e Chase 1993; Kron et al. 2002; Soltis et al. 1997) . O gênero
Importância económica e produtos: os frutos comestíveis Enkianthus, nativo do Leste Asiático, é o grupo-irmão dos de ¬
de Vaccinium (mirtilo; Prancha 9.18C) são economicamente mais gêneros da família, que formam um ciado sustentado
454 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

FIGURA 9.111 Cladograma mostran¬ Ciado com inversão precoce da antera


do as rela ções hipotéticas dentro de Eri-
caceae. (Adaptada de Kron 1997 e Kron Ericoideae Vaccmioideae
et al. 2002.)

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pelo pólen liberado em tétrades tetraédricas, pela ausência de qíiências de DNA sugerem fortemente que constituem um
endotécio fibroso (camada mais interna do lóculo da antera) .
dado (ver Figura 9.111) . Em contraste, Monotropoideae eAr-
e pela ausência de feixe vascular na rafe da semente (Ander- butoideae (ver a seguir) representam linhagens de divergê n-
berg 1993, 1994; Judd e Kron 1993; Kron 1996; Kron e Chase cia precoce dentro da família. Essas subfamílias, junto com
1993; Kron et al. 2002). Muitos subdados podem ser diferen- Enkianthus, apresentam anteras de inversão tardia.
ciados dentro desse ciado (Figura 9.111). Monotropoideae é sustentada pelo hábito mais ou menos
Ericoideae é caracterizada pelas flores eretas a mais ou herbáceo e pela presença de embriões reduzidos (Anderberg
menos horizontais, pela perda dos apêndices dos estames 1993). Dentro desse grupo, as monotropóides (p. ex., Monotro
e pelas cápsulas geralmente septicidas, embora todos esses pa, Monotropsis e Pterospora ) são facilmente reconhecidas pelo
-
caracteres sejam homoplásicos. O ciado rhododendróide, in- hábito micoparasítico especializado e associado com a perda
cluindo Rhododendron e Menziesia , é caracterizado pela pre- de clorofila . Esses gêneros representam o desenvolvimento
sença de brácteas protetoras na base da inflorescência, cáp- extremo da relação simbiótica com fungos, caracter
sulas septicidas, flores geralmente vistosas, bilaterais e em ística na
família. Os fungos parasitados por diversas monotropóides
formato ± campanulado, fios de viscina e anteras desprovidas são micorr ízicos e aparecem também nas raízes de muitas ar¬
de apêndices. Um ciado morfologicamente semelhante, o cia- vores florestais. Monotropa, então, parasita indiretamente essas
do phyllodocóide, inclui gêneros como Phyllodoce e Kalmia e árvores, já que os nutrientes passam das árvores para os fun-
também apresenta cápsulas septicidas, mas as flores são ra - gos e destes para as monotropóides. O ciado pirolóide (p. ex.,
diais. O ciado ericóide ( Erica e Calluna ) é diagnosticado pela Pyrola e Chimaphila) contém ervas providas de clorofila,
presen ç a de corola persistente. Todos os três grupos fazem Arbutoideae (p. ex., Arctostaphylos e Arbutus) são árvores
parte de um ciado que também inclui o ciado empetróide, um ou arbustos com flores simpétalas e urceoladas, ovários súpe-
agrupamento que abrange espécies polinizadas pelo vento. O ros e frutos carnosos (drupas ou bagas com a parede interna
ciado empetróide ( Empetrum, Corema e Ceratiola) é claramen - do fruto fibrosa).
te monofilético e sustentado pelo estigma fortemente lobado As flores pêndulas, urceoladas, cilíndricas ou campanula-
e expandido, pela corola reduzida e pelos frutos drupáceos. das de Ericaceae tipicamente secretam néctar e são visitadas
Outro grupo importante dentro das Ericaceae é Vaccinio- por abelhas ou vespas. Os insetos se penduram nas flores e
ideae, que inclui Vaccinium, Gaylussaáa, Cavendishia e taxa procuram o néctar que é secretado na base da corola. Duran-
afins, com ovário ínfero, e Lyonia, Pieris, Chamaedaphne, Leuco- te o processo, contatam os filetes ou ap êndices dos estames,
thoe, Gaultheria, Andromeda e outros taxa, com ovário súpero. fazendo com que o pólen caia no corpo deles. O estigma está
Os gêneros com ovário ínfero formam um subgrupo mono- posicionado no centro da entrada estreita da corola e íacil
filético especialmente diverso em há bitats tropicais monta - mente contata o p ólen no corpo dos polinizadores. Em am
nos. Vaccinioideae, caracterizado pelo número cromossômico bientes montanos tropicais, muitas espécies apresentam co-
básico 12, é o grupo-irmão de Styphelioideae (p. ex., Epacris, rolas tubulosas e de coloração avermelhada e são polinizadas
Styphelia e Leucopogon ) . Styphelioideae é monofilética, como
indicado pelos estames uniloculares e epipétalos dispostos
por aves. Os fios de viscina associados com o pólen de Rho
dodendron e gêneros afins permitem que uma grande quanti
-
em um nico verticilo, pela presença de folhas paralelinérve - dade de tétrades seja retirada das flores pelos polinizadores.
as e, em geral, pela ausência de pêlos multicelulares. As Ericaceae com frutos capsulares são dispersas pelo vento
As três subfamílias, Ericoideae,Vaccinioideae e Styphelio- e a maioria apresenta sementes pequenas e/ou aladas. Gra -
ideae, apresentam uma inversã o precoce das anteras, e se- ças a um deslocamento do pedicelo, as cápsulas são expostas
f SISTEMáTICA VEGETAL 455
£
14 em posição ereta antes da deiscê ncia. Espécies com bagas (p.
ex., Vaccinium, Cavendishia ) ou drupas (p. ex., Arctostaphylos,
e estão geralmente providas de glândulas de néctar. As fo¬
lhas de muitas espécies apresentam janelas translúcidas.

t
§
- Gaylussacia, Empetrum e Styphelia ) são geralmente dispersas
por aves.
Referências adicionais: Bidartondo and Bruns 2001; Qayn
Insetos atraídos pela coloração ou pelo odor são retidos nas
folhas tubulosas, que apresentam a base cheia de um fluido.
A saída dos insetos é dificultada pelos pêlos retrorsos que
revestem a cavidade interna da folha e, se os insetos não
If . and Quinn 2000; Crayn et al. 1998; Cullings and Bruns 1992;
Hermann and Palser 2000; Hileman et al. 2001; Kron and Judd
1990; Kron and King 1996; Kron et al. 1999; Stevens et al. 2004a;
conseguem escapar, morrem e são digeridos por enzimas
presentes no fluido. Aparentemente os insetos são fonte de
| Wallace 1975; Wood 1961.
nitrogé nio, um elemento limitante nos solos ácidos em que
essas plantas habitam.
As flores são visitadas por diversas abelhas e vespas à
Sarraceniaceae pumortier procura de pólen. A dispersão das pequenas sementes apa ¬
(Família da sarracenia) rentemente é efetuada pelo vento e pela água.
w Ervas carnívoras ou subarbustos; folhas alternas e espiraladas, Referências adicionais: de Buhr 1975; Kubitzki 2004b;
b muito modificadas e formando armadilhas em forma de McDaniel 1971; Wood 1960; Renner 1989a.
jarro, com aresta ou asa laminar na superfície adaxial e uma lâ¬
mina apical relativamente pequena em forma de capuz e superfície Lecythidaceae A. Richard
interna freqúentemente revestida de pêlos retrorsos e glandulares, (Família da castanha-do- pará)
às vezes em rosetas basais; estipulas ausentes. Flores grandes,
± pêndulas, geralmente solitárias, em escapo, bissexuais, radiais, Á rvores ou ocasionalmente arbustos ou lianas; caules com feixes
freqúentemente associadas com brácteas conspícuas.Sépalas, ge ¬
vasculares cort ícais; com saponinas triterpenóides, freqúen¬
ralmente 5, livres, freqiientemente petalóides. Pétalas geral ¬
temente com taninos e às vezes com canais de mucilagem.
mente 5, livres, imbricadas. Estames geralmente numerosos; Pêlos geralmente simples, glandulares ou não. Folhas alternas
anteras às vezes invertendo-se durante o desenvolvimento; e espiraladas, freqúentemente agrupadas no ápice dos ramos, às
grãos de pólen tricolporados a policolporados. Carpelos 3-5, vezes dísticas, simples, inteiras ou denteadas, dentes de tipo theói-
conatos; ovário súpero, com placentação axial ou parietal de (com um ápice glandular e decíduo, ver Figura 4.13), com
intrusiva; em Sarracenia o estilete é expandido e peitado ou em venação penin érvea; estipulas ausentes ou presentes. Inflo-
formato de guarda-chuva, com 5 pequenos estigmas embaixo do rescências indeterminadas, terminais ou axilares, às vezes re ¬
á pice de cada um dos 5 lobos estigmáticos; estigmas truncados duzidas a uma flor solitária. Fhres bissexuais, radiais ou bilate¬
ou diminutos. Óvulos numerosos, com 1 ou 2 tegumentos e rais (devido ao desenvolvimento incomum do androceu ). Sépalas
megasporâ ngio de parede fina. Nectários ausentes. Fruto cá p¬ geralmente 4-6, livres ou conatas, imbricadas ou valvadas. Pé¬
sula loculicida (Figura 9.112). -
talas em geral 4 6, em geral livres, imbricadas, ocasionalmente
ausentes. Estames geralmente numerosos, os mais próximos do
gineceu se desenvolvem antes, em geral conatos, e nos gêneros
mais especializados a porção fusionada é assimétrica e produzida
Fó rmula floral: *
0); cápsula
K5, C5, A«, G (
em um lado da flor, formando uma estrutura aplanada que pode
-
curvar se sobre o ovário, sendo que alguns estames estão reduzidos
e modificados como estaminódios; grãos de pólen tricolporados,
Distribuição e ecologia: distribuição restrita à América do às vezes com os colpos fusionados entre si. Carpelos 2-8, co¬
Norte e ao norte da América do Sul; em solos ácidos. natos; ovário ínfero ou semi-ínfero, raro súpero, com pla ¬

centação axial; estigma capitado a lobado. óvulos 1 a muitos


Gêneros/espécies: 3/15. G êneros: Sarracenia (8 spp.), por lóculo, com megasporângio de parede fina. Nectários au ¬
Heliamphora (6) e Darlingtonia (1). sentes ou néctar produzido pelos estaminódios. Fruto cá psula,
freqúentemente grande e dura, geralmente de deiscência circuncisa
Importância económica e produtos: Darlingtonia e Sarrace¬ ( com um opérculo ), às vezes cá psula indeiscente, drupa ou noz;
nia são cultivadas como curiosidades. sementes grandes, freqúentemente providas de arilo carnoso
ou achatado na forma de asa; embrião grande e oleoso, fre ¬
Discussão: Sarraceniaceae é superficialmente semelhante a qúentemente com hipocótilo muito espessado; endosperma
Nepenthaceae e Droseraceae, devido ao seu hábito carnívoro. ausente ou presente (e então ruminado).
No entanto, caracteres morfológicos e de DNA sugerem que
Sarraceniaceae não está relacionada com essas famílias da or¬
dem Caryophyllales e que pertence à ordem Ericales (Bayer et Fórmula floral:
al 1996; Hufford 1992; Kron e Chase 1993). A família deve ser
o grupo-irmão da (também carnívora) família Roridulaceae. ~
X ou *, K Í 4-6), C4-6, A( », G-( 2 ó}- cápsula (deiscente
através de um
Caracteres morfológicos e sequências de rbcL e 1TS (Bayer et
al. 1996) sustentam a monofilia da família. opérculo)
As folhas tubulosas de Sarracenia são variáveis e forne ¬
cem caracteres teis na delimitação específica. Podem ser
eretas ou decumbentes, e o capuz apical geralmente dificul ¬ Distribuição e ecologia: amplamente distribuída nos trópi ¬

ta a entrada da chuva (Prancha 9.18B). Essas características cos e especialmente diversa nas florestas úmidas da América
folhas são freqúentemente coloridas, secretam fortes odores do Sul.
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456 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.112 Sarraceniaceae ( A -H) Sarracenia oreophila: (A ) planta brião (x 12). (I) S. //ara: parte superior de folha ( x 0,5). (J) S. rubra: parte f
florida (x 7,5); (B) flor (x 1); (C) androceu e gineceu em secçào longitu-
dinal (x 2); (D) parte superior do ovário em secção transversal (x 3); ( E)
.
superior de folha ( x 1). (K, L) 5 purpurea: ( K) folha ( x 0,5 ); (L) folha em
secção longitudinal, observe a porção basal e apical com pêlos retror-
parte inferior do ová rio em secçã o transversal (x 3); (F) cá psula, obser-
ve o estilete expandido e persistente (x 1); (G) semente (x ) ( )
.
sos ( x 0,5 ). (M) 5. psittacina: folhas ( x 1) (Fonte; Wood 1974, A stodenú
12 ; H em- atlas offlonering plants, p. 44.)
SISTEMáTICA VEGETAL 45 7

Gêneros / espécies: 17/ 282. Principais g é neros: Eschwei - Polemoniaceae A. L. de Jussieu


lera (85), Gustavia (40), Barringtonia (40) e Lecythis ( 26). A (Família do flox)
fam ília não ocorre como nativa nos Estados Unidos. Ocasio ¬
nalmente, Barringtonia, Gustavia e Couroupita são cultivados Ervas ou ocasionalmente arbustos, arvoretas ou lianas. Pêlos
no sul da Flórida. diversos, com frequência glandulosos. Folhas alternas e es-
piraladas, opostas ou verticiladas, simples, fendidas ou com ¬
Importância económica e produtos: Bertholletia excelsa postas pinadas, inteiras a serreadas, com venação peninérvea;
estipulas ausentes. Inflorescê ncias determinadas, terminais
m fornece sementes comestíveis (castanha-do- pará); as se
mentes de muitas outras espécies de Lecythis também são
¬

ou às vezes flores solitárias e axilares. Flores bissexuais, radiais,


geralmente vistosas. Sépalas geralmente 5 e conatas. Pétalas ge
comestíveis. Couroupita guianensis (abricó-de-macaco) e al ¬ ¬

gumas espécies de Barringtonia são cultivadas como plantas ralmente 5, fortemente conatas, com frequência formando um tubo
ornamentais. A maioria das espécies fornece madeira de boa ± estreito, os lobos geralmente plicados e convolutos. Estames ge¬
qualidade. ralmente 5; filetes adnatos ao tubo da corola; grãos de pólen 4 a
policolporados ou porados. Carpelos 3, conatos; ovário sú pero,
Discussão: caracteres morfológicos e sequ ências de nu - com placentação axial; estigmas na face superior dos ramos
cleotídeos de cpDNA (Morton et al. 1997a, b ) sustentam a do estilete. Óvulos 1 a numerosos por lóculo, com 1 tegu ¬

monofilia de Lecythidaceae. A família compõe-se de cinco mento e providos de megasporângio de parede fina. Presença
ciados principais (aqui considerados subfamílias; ver Morton de disco nectar ífero. Fruto geralmente cápsula loculicida; tes ¬

et al. 1997b, 1998; Thome 2001) . Napoleonaea e Crateranthus ta às vezes mucilaginosa quando umedecida (Figura 9.113) .
(Napoleonaeoideae) constituem o grupo-irmão dos outros
gê neros da família e formam um ciado diagnosticado pelas
anteras extrorsas, um androceu incomum com uma fileira Fórmula floral: * K © C (5), A G @; cápsula
externa de estaminódios fusionados e formando uma pseu -
docorola radial, bem como pela perda das pé talas. O segundo
ciado a divergir dos outros compreende Àsteranthos, Ouban-
Distribuição: amplamente distribuída, porém mais diversa
guia, Scytopetalum e taxa afins (Scytopetaloideae); esse ciado
é característico, pois apresenta sementes com endosperma em regiões temperadas, sobretudo no Oeste da América do
ruminado. No entanto, a maior parte das espécies pertence Norte.
à Barringtonioideae ou à Lecythidoideae. Essas duas subfa ¬

mílias sã o grupos-irmãos. Barringtonioideae (Barringtonia, G êneros / espécies: 18/380. Principais gêneros: Phlox (70
PJanchonia e taxa afins) constitui um ciado do Velho Mundo spp.), Gilia (50), Linanthus (35), Navarretia (30), lpomopsis (30)
caracterizado pelo pólen com colpos fusionados e pela redu ¬ e Polemonium (25). Gêneros importantes (além dos supraci ¬

ção para uma única semente no fruto. Lecythidoideae é res ¬ tados) que ocorrem nos Estados Unidos e/ou no Canadá são
trita aos neotrópicos e constitui a maior subfamilia (contendo, Aliciella, Alophyllum, Collomia, Eriastrum, Giliastrum, Leptodac -
p. ex., Bertholletia, Couroupita, Eschweilera, Grias, Gustavia e tylon, Loeselia e Microsteris.
Lecythis ). A monofilia desse grupo é sustentada pelo n mero
cromossômico haplóide 17. Lecythidoideae conté m todos os Importância económica e produtos: a família é mais conhe ¬

gêneros com flores especialmente zigomorfas. cida pelas suas espécies ornamentais, incluindo Gilia, Phlox e
As grandes e vistosas flores de Lecythidaceae sã o geral ¬ Polemonium, que apresentam flores vistosas e diversamente
mente polinizadas por diversas abelhas e vespas. A famí ¬
coloridas.
lia apresenta uma interessante tendência evolutiva a partir
de flores radiais com muitos estames, que oferecem pólen Discussão: Polemoniaceae tem sido incluída em Solanales
como recompensa, até flores zigomorfas, com menos esta ¬ devido às suas flores radiais com corola gamopétala e plicada
- mes (e muitos estaminódios) que atraem abelhas Euglossini (Prancha 9.18H) . No entanto, caracteres de DNA (Olmstead
à procura de n éctar. Em algumas espécies derivadas, o néc ¬ et al. 1993; Porter e Johnson 1998; Johnson et al. 1999) e mor¬
tar é secretado por estaminódios modificados. A polinização fológicos (Hufford 1992) indicam que essa família pertence a
por morcegos também é conhecida (pelo menos em uma es¬ Ericales. Aná lises de sequ ências de nucleotídeos sugerem que
-
pécie de Lecythis e em uma de Barringtonia, Prancha 9.18D). os gêneros lenhosos e tropicais de Fblemoniaceae formam um
complexo basal e parafilético dentro da família (hoje tratados
As sementes de Lecythidaceae são dispersas por uma gran ¬

de variedade de animais (mamíferos, incluindo roedores, como Cobaeoideae, com folhas uniformes, e Acanthogilioi-
macacos e morcegos, bem como diversas aves e peixes) que deae, com folhas dimórficas), enquanto os taxa herbáceos de
são atraídos pelas sementes ariladas ou pela parede interna regiões temperadas, como lpomopsis, Linanthus, Navarretia ,
do fruto que também pode ser consumida. A dispersão pela Polemonium, Phlox e Gilia, constituem um grupo monofilético
(Johnson et al. 1996; Porter e Johnson 1998, 2000; Prather et
água ocorre em alguns taxa ribeirinhos (p. ex., AUantoma );
algumas poucas espécies (p. ex., de Cariniana e Couratari) al. 2000; Steele eVilgalys 1994) .
são dispersas pelo vento e apresentam arilo modificado na As flores de Polemoniaceae sã o diversamente coloridas
forma de asa. (às vezes variando dentro da mesma espécie, como ocorre
em Phlox drumondii; ver Kelly 1920) e apresentam formatos
Referências adicionais: Mori and Prance 1990; Mori et ail. diversos, atraindo abelhas, moscas, coleó pteros, mariposas,
1978; Prance and Mori 1978, 1979, 2004. borboletas, bem como aves e morcegos. A maioria das espé-
458 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.113 Potemoniaceae. (A-F) Phiox nivalis: ( A) planta florida (x dos); (K) gineceu, observe os três estigmas (x 15); (L) ová rio em sec çã o
1); (B) flor, vista de cima (x 0,75); (C) flor em secção longitudinal, obser- transversal com um único óvulo por lóculo (x 30); (M) fruto imaturo (x
ve os estames epipétalos ( x 4); (D) c á psula com c á lice persistente (x 4); 4); (N) fruto imaturo em sec çã o longitudinal ( x 5,5 ). (O) P. divaricata var.
(E) semente (x 15); (F) embriã o (x 15). (G-N) P. divaricata var. laphamii
: divaricata: flor, vista de cima (x 0,75 ). (Fonte: Ilustraçã o original pre-
(G) inflorescê ncia ( x 0,5); (H) bot ão com corola convoluta (x 4); (I) flor
em sec ção longitudinal (x 4); (J) pêlos glandulares (muito aumenta-
.
parada para o projeto Generic Flora of the Southeastern U.S Utilizada
com autorização.)

cies é alógama devido à presenç a de protandria. A dispersão


das pequenas sementes deve ser extema e facilitada pela co ¬ ASTERÍDEAS-NÚCLEO
bertura mucilaginosa, embora a dispersão pelo vento e / ou
pela água também pode ocorrer. Todos os grupos faltantes cobertos neste capítulo constituem
o ciado das aster
ídeas -núcleo, que é dividido em dois sub-
Referências adicionais: Grant 1959; Grant and Grant 1965;
ciados; as lamídeas (euasterí deas I) e campanulídeas ( euas -
Wilken 2004; Wilson 1960c. ídeas II) (ver Figura 9.4). As aster
ter ídeas-n cleo apresentam

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w SISTEMáTICA VEGETAL 459

§:
flores com estames epipé talos e em número igual (ou me ¬ loides quimicamente semelhantes e devido a muitos carac ¬

nor) ao dos lobos da corola e um gineceu geralmente com ¬ teres de cpDNA (Figura 9.114 ) .
posto por dois carpelos fusionados. Caracteres moleculares
sustentam fortemente a monofilia desse ciado. As lamídeas Solanaceae A. L. de Jussieu
1 geralmente são caracterizadas pelas folhas opostas, flores hi-
pó ginas e simpetalia precoce , com o prim órdio da corola
(Família do tomate e da batata)
em forma de anel, enquanto as campanulídeas geraimente Ervas, arbustos, árvores ou lianas; em geral com floema in ¬

apresentam folhas alternas, flores epíginas e simpetalia tar ¬


terno; presença de diversos alcaloides. Pêlos diversos, mas
dia , com primórdios das pétalas diferenciados (Bremer et al. frequentemente estrelados ou ramificados, às vezes com
2001; Soltis et al. 2005). acúleos. Folhas alternas e espiraladas, frequentemente em pa ¬

res no mesmo lado do caule, simples, às vezes profundamente


Lamídeas ( Euaster
í deas I ) lobadas ou até compostas pinadas, inteiras a serreadas, com
venação peninérvea; estipulas ausentes. Inflorescê ncias de ¬

Solanales terminadas, às vezes reduzidas a uma flor solitária, termi ¬


nais, mas geralmente parecendo laterais. Flores geralmente
Solanales é tentativamente considerada monofilética com bissexuais e radiais. Sépalas geralmente 5, conatas, persistentes,
base nas suas características flores radiais com corola gamo- às vezes expandindo-se durante o desenvolvimento do fru ¬
pétala e plicada. Os integrantes desse agrupamento apre ¬ to. Pétalas geralmente 5, conatas, com frequência formando uma
sentam folhas simples, alternas, desprovidas de estipulas e corola em formato de disco, tubulosa, campanulada oufusiforme,
flores com um número de estames igual ao das pétalas. Esses claramente plicada (com linhas de dobradura ), com a região mar ¬

taxa carecem de iridóides. A ordem consiste em 6 famílias e ginal dos lobos da corola frequentemente involutos ou convolutos,
cerca de 7.400 espécies. As principais famílias são Solana- às vezes imbricadas ou valvadas. Estames geralmente 5; filetes
ceae (incluindo Nolanaceae) e Convolvulaceae (incluindo adnatos à corola; anteras geralmente 2-loculares, com deis¬
Cuscutaceae) . A posiçã o filogenética de Boraginaceae (in ¬
cência longitudinal ou poricida, às vezes aderidas entre si;
cluindo Hydrophyllaceae) ainda não está clara, e esse grupo, grãos de pólen 3 a 5-colpados ou colporados. Carpelos ge ¬

caracterizado por inflorescências do tipo cima escorpióide, é ralmente 2 (-5), obliquamente orientados em relação ao
incluído aqui apenas por conveniência. An álises incluindo plano mediano da flor, conatos; ovário supero inteiro a pro ¬

Boraginaceae (p. ex., Soltis et al. 2000; Albach et al. 2001b) fundamente lobado, em geral com placentação axial e 2 lócu-
indicaram uma relação com Lamiales, com Lamiales + So ¬ los; estilete terminal a ginobásico; estigma 2-lobado. Óvulos
lanales (Bremer et al. 2002), com Gentianales + Solanales + geralmente numerosos por lóculo, ocasionaimente reduzidos a
Lamiales (Hilu et al. 2003) ou apenas com Solanales (Chase 1, com 1 tegumento e megasporângio de parede fina. Disco
et al. 1993; Olmstead et al. 2000) . Esta última possibilida ¬ nectarífero presente ou ausente. Fruto geralmente baga, cá psu¬
de também é sustentada pela presença de corolas plicadas. í fraga ou esquizocarpo de núculas; sementes frequen -
la sept
Caracteres de D NA sugerem que Solanales est á mais pro ¬ temente achatadas (Figura 9.115).
l ximamente relacionada com Gentianales e Lamiales (Bre ¬
mer et al. 2002; Downie e Fàlmer 1992; Olmstead et al. 1992,
1993, 2000; Soltis et al. 2000). Solanaceae e Convolvulaceae floral: * , K @, C (
são consideradas famílias-irmãs, com base na sinapomorfia
Fórmula jp AJ , G(2); baga, cápsula
anat ô mica da presença de floema interno, presença de alca ¬
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S
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3 co

Orientação Laticíferos Estames com Cimas escorpióides


dos carpelos (látex leitoso) filetes glandulares e (muitas espécies apresentam
(a maioria com 2 engrossados na base apenas 4 óvulos e frutos
óvulos por drupáceos ou esquizocárpicos)
lóculo) 2 estiletes
Floema interno

£ Alcaloides similares, de tropano

1:
Corola plicada FIGURA 9.114 Cladograma mostrando as rela ¬
í ções hipotéticas dentro de Solanales. A localiza-
Ausência de iridóides ção de Boraginaceae é problemá tica. ( Modificada
de Ferguson 1999 e Soltis et ai. 2000.)
460 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.115 Solanaceae. ( A J) Physalis heterophylla: ( A) ramo com sec ção transversal (x 1,5 ); (I) semente ( x 12); (J ) semente em secção,
flores e frutos ( x 0,35); (B) flor (x 2,5); (C) flor em sec ção longitudinal endosperma pontilhado, embrião em branco (x 12). ( K- M) P. walteri:
(x 5,5); (D) estigma (muito aumentado); ( E) ovário em secçã o trans- (K) ramo com flores e frutos { x 0,35); (L, M) pêlos ramificados ( muito
versai (x 22); (F) c álice acrescente e maduro envolvendo a baga (x 4); aumentados). (Fonte; Wood 1974, A studenfs atlas of íf owering plants ,
(G) baga e cá lice em sec ção longitudinal ( x 1,5 ); (H) baga e cá lice em p. 98.)

1
r SISTEMáTICA VEGETAL 461

Chave para as Principais Famílias de Solanaies

1. Ovário com 4 óvulos 2


1. Ovário com mais de 4 óvulos (ou, se somente 4, com placentação parietal 3
2. Caules sem floema interno e sem laticíferos (sem látex), inflorescê ncia com frequência
escorpióide/helicóide; folhas com pêlos unicelulares firmes providos de um cistólito
na base e paredes calcificadas ou silicificadas e, portanto, ásperas ao toque; fruto drupa
com muitos caroços ou um esquizocarpo que se divide em 4 pequenas núculas Boraginaceae
2. Caulss com floema interno, geralmente com laticíferos (látex leitoso);
í inflorescências e pêlos não como acima; fruto cápsula Convolvulaceae
3. Caules sem floema interno; inflorescência escorpióide; placentação
parietal; flores sem disco nectar
ífero Boraginaceae
3. Caules com floema interno; inflorescência geralmente não escorpióide;
placentação axial; flores com disco nectarífero Solanaceae

Distribuição e ecologia: a família é amplamente distribuída, grandes subgrupos, Cestroideae (p. ex., Brunfelsia, Petunia,
porém é muito mais diversa nos neotrópicos. Muitas espécies Cestrum, Nicotiana e Schizanthus ) , definido pela presença de
ocorrem em hábitats alterados. embriões retos a ligeiramente curvos e sementes prismáticas
.
a subglobosas, e Solanoideae (p. ex., Solanum Capsicum, Ly -
Gêneros / espécies: 102/ 2.510. Principais gêneros: So ~ cianthes, Datura, Physalis, Lycium, Atropa e Mandragora ), com
lanum (1.400 spp.), Lyàcmthes (200), Cestrum (175), Nicotia- embriões curvos e sementes achatadas e discóides. Os in ¬

na (100), Physalis (100) e Lycium (90) . Numerosos gêneros tegrantes de Cestroideae tipicamente apresentam cápsulas,
ocorrem nos Estados Unidos e / ou no Canadá, alguns dos enquanto as espécies de Solanoideae apresentam bagas ou
í . quais são Capsicum, Datura, Solanum, Lycium, Nicotiana, Pe ¬ cápsulas. Nolana e taxa afins são característicos pela presença
tunia e Physalis. de estilete ginobásico e ovário profundamente lobado e hoje
l são incluídos em Solanaceae, por exemplo, como a pequena
Importância económica e produtos: a maioria dos inte ¬ subfamília Nolanoideae (D'Arcy 1979,1991; Thome 1992),
grantes da família é venenosa devido à presença de alcaloi ¬ ou em Solanoideae (Olmstead et al. 1999) . Anteriormente,
des de tropano ou esteróides. Muitas espécies sã o fontes de os sistematas (Cronquist 1981) costumavam considerar esse
drogas de uso farmacêutico e algumas apresentam poderosos grupo como uma família à parte. As análises cladísticas de
narcóticos, entre elas podemos citar Nicotiana (fumo, Prancha Olmstead e Palmer (1992), Olmstead e colaboradores (1995,
9.19E), Atropa (beladona) e Datura (estramônio) . Surpreen ¬ 1999) e Martins e Barkman (2005) demonstraram que Ces ¬
dentemente, a família também fornece frutos comestíveis, troideae constitui um agrupamento basal e parafilé tico, que
tais como os pimentões ( Capsicum spp., cujo sabor pican ¬ é dividido em seis subfamílias por Olmstead e colaborado ¬
te' conferido pelo alcaloide capsicina), o tomate (Solanum res (1995) . Flores zigomorfas evoluíram muitas vezes dentro
lycopersicum; Prancha 9.19H), a berinjela (S. melongena ), os desse complexo. Em contraste, a monofilia de Solanoideae
tomates de árvore (S. betacea ) e a fisális (Physalis ixocarpa). Os é sustentada por caracteres de cpDNA, pelas sementes dis ¬
tubérculos de Solanum tuberosum (batata, batata-inglesa) são cóides e pelos embriões curvos. Nolana (Nolanoideae) est á
importantes fontes de amido na dieta humana. Muitos gê ¬ inserida em Solanoideae; seu reconhecimento, seja como
neros são ornamentais, incluindo Brunfelsia (dama-da-noite), família ou subfamília, deve-se à ê nfase excessiva no seu in-
Cestrum, Datura, Petunia (petúnias), Physalis (fisális) e Sola¬ comum ovário multilobado. Dentro das antigas Cestroideae,
i num (Prancha 9.19A). gê neros como Nicotiana e Anthocercis (agora em Nicotianoi-
deae) sã o o grupo-irm ão de Solanoideae e constituem um
r Discussão: Solanaceae é considerada monofilética com
base em caracteres morfológicos e de cpDNA (Olmstead
ciado diagnosticado pelo número cromossômico básico 12
(Martins e Barkman 2005; Olmstead et al. 1999) . A mono-
e Pálmer 1991, 1992) . As relações infrafamiliares t ê m sido fiiia do grande gê nero Solanum é sustentada apenas com a
investigadas por D'Arcy (1979, 1991), utilizando caracteres inclusão de Lycopersicum e Cyphomandra (Bohs e Olmstead
morfológicos, por Olmstead e Palmer (1991, 1992, 1997), Ol ¬ 1997; Olmstead e Palmer 1997; Spooner et al. 1993, 2005) .
mstead e Sweere (1994) e Olmstead e colaboradores (1995, Solanum s.l. é diagnosticado pelas características corolas pro ¬
1999), mediante a an á lise cladística de sequências de rbcL e fundamente lobadas e em forma de disco, pelas anteras ge ¬
ndhF e de caracteres de sítios de restrição de cpDNA, e por ralmente coniventes e poricidas, e por caracteres de sítios de
Martin e Barkman (2005), com base no gene nuclear da metil restrição de cpDNA e sequências de rbcL e ndhF. Solanum e
transferase do árido salicílico, junto com sequências de rbcL muitos outros integrantes de Solanoideae apresentam bagas
e ndhF . A família freqiientemente tem sido dividida em dois (um caráter apom órfico) .
462 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

As flores de Solanaceae geralmente são vistosas e atraem zes comestíveis. Muitas espécies são venenosas. Os gêneros
diversas abelhas, vespas, moscas, borboletas e mariposas. So- Ipomoea, Jacquemontia , Porana e Dichondra fornecem espécies
lanum não produz néctar e é polinizado por abelhas à procura ornamentais.
de pólen. O pólen é removido por vibração ou manipulação
das anteras. Em contraste, Cestrum e Datura atraem insetos à Discussão: A monofilia de Convolvulaceae é sustentada
procura de né ctar, tais como mariposas e borboletas. As bagas por caracteres moleculares e pela presença de laticíferos.
coloridas são dispersas por aves. Humbertia provavelmente é o grupo-irmão dos demais gê ¬

Referências adicionais: Evans 1979; Roddick 1986,1991. neros da família, que apresentam em comum a redução para
apenas dois óvulos por carpelo (Stefanovic et al. 2002, 2003).
O grupo é dividido em 12 tribos, com base em caracteres
Convolvulaceae A. L. de Jussieu moleculares (sequências dos genomas nuclear, de cloro-
(Família da batata -doce) plasto e de mitocôndria) e morfológicos (p. ex., presença ou
ausência do hábito parasítico, venação foliar, número e com ¬
Geralmente lianas, com frequência rizomatosas, ocasional¬
primento dos estiletes, formato do estigma, tipo e deiscência
mente parasíticas com pouca ou nenhuma clorofila; raízes dos frutos e caracteres do pólen e da sua ornamentação) .
com frequência estocando carboidratos; floema interno ge ¬
Cuscutaceae frequentemente é segregada em razão de suas
ralmente presente, em geral com laticíferos e látex leito¬ numerosas especializações decorrentes do hábito paras íti ¬
so; às vezes com alcaloides. Pêlos diversos, frequentemente co: redução no conte do de clorofila, folhas reduzidas em
bifurcados ou simples. Folhas alternas e espiraladas, simples, às formato de escamas, presença de haustórios e de embriões
vezes lobadas ou compostas, em geral inteiras, com venação reduzidos. Dichondra e taxa afins são às vezes segregados
peninérvea ou às vezes palmada, ocasionalmente reduzidas; em Dichondraceae, devido a seus estiletes ginobásicos. O
estipulas ausentes. Inflorescê ncias determinadas, às vezes reconhecimento de qualquer uma dessas famílias torna
reduzidas a uma flor solitária, terminais ou axilares. Flores Convolvulaceae s.s. parafilé tica (Neyland 2001; Stefanovic
geralmente bissexuais, radiais. Sépalas geralmente 5, em geral et al. 2002, 2003).
livres ou ligeiramente conatas, persistentes. Pétalas geralmente As flores de Convolvulaceae geralmente são vistosas e
5, fortemente conatas e formando corola em forma de funil , clara atraem diversos insetos (Prancha 9.19B). Elas abrem por um
mente plicada (com linhas de dobradura ), com a porção marginal dia ou menos (às vezes por poucas horas) e depois a coro¬
de cada lobo dobrada para dentro e com a porção mediana de la murcha. Algumas espécies de Ipomoea são polinizadas por
cada lobo em arranjo valvado no botão, e frequentemente tam¬ beija-flores. As flores secretam néctar. As sementes são re ¬
bém convolutas com uma torção em sentido horário, mas oca ¬ lativamente grandes, mas provavelmente são dispersas pelo
sionalmente apenas imbricadas. Estames geralmente 5; filetes vento, sobretudo quando retidas pelas cá psulas infladas e de
epipétalos, com frequê ncia de comprimentos desiguais; grãos consistência papírácea.
de pólen geralmente tricolpados a poliporados. Carpelos 2,
conatas; ovário supero, inteiro a fortemente 2 ou 4-lobado, Referências adicionais: Austin 1979; Allard 1947; Wilson 1960b.
geralmente com placentação axial; estilete (s) terminal(aís) a
ginobásico(s); estigma (s) 1 ou 2, capitado(s), lobado(s) ou Boraginaceae A. L. de Jussieu
linear (es) . Óvulos geralmente 2 por lóculo, em geral com 1 te ¬
gumento e megasporângio de parede fina. Disco nectar ífero
(Família do confrei)
geralmente lobado. Fruto geralmente cá psula de deiscência sep- Ervas ou arbustos a árvores, ocasionalmente lianas ou pa ¬
tífraga, circuncisa ou irregular (Prancha 9.19D); embrião reto rasitas de raízes; floema interno ausente; muitas vezes com
ou curvo, com os cotilédones dobrados ou reduzidos (Figura alcaloides. Pêlos diversos, mas frequentemente unicelulares, com
9.116; ver também Figura 4.47G, H) . um cistólito basal e com paredes calcificadas ou silicificadas, tor¬
nando as plantas ásperas ao tato. Folhas alternas e espiraladas,
simples, às vezes profundamente lobadas ou até compostas,
Fórmula floral: * , K5, C(5), A.5,, G( 2) cápsula inteiras a serreadas, com venação peninérvea; estipulas ausen¬
tes. Inflorescências determinadas, em geral formando ci¬
mas escorpi óides (isto é, eixos retorcidos com as flores na
face superior e que vão se tomando retos à medida que as
Distribuição: fam ília amplamente distribuída, porém mais flores amadurecem; Prancha 9.19F), em geral terminais. Flo¬
diversa em regiões tropicais e subtropicais. res geralmente bissexuais e radiais. Sépalas geralmente 5, livres
a conatas. Pétalas geralmente 5, fortemente conatas e formando
G êneros / espé cies: 55 /1.930. Principais g êneros: Ipo- uma corola em forma de disco, afunilada ou campanulada, plicada
moea (600 spp.), Convolvulus (250), Cuscuta (150) e Jacque- (com linhas de dobradura ), imbricadas ou convolutas. Estames
montia (120). Numerosos gê neros ocorrem nos Estados geralmente 5; filetes epipétalos; grãos de pólen tricolporados ou
Unidos e/ ou no Canadá. Gêneros dignos de nota (além dos triporados a policolpados ou policolporados. Carpelos geral¬
supracitados) são Bonamia, Calystegia, Dichondra, Evolvulus, mente 2, conatas; ovário supero, esférico a profundamente 4-lo¬
Merremin. e Stylisma. bado, com placenta ção axial e 4 lóculos (os lóculos dos carpelos
são secundariamente divididos pela formação de septos falsos ) ou
Importância económica e produtos: Ipomoea batatas (bata ¬ com placentação parietal e em geral com muitos óvulos; estilete(s)
ta -doce) é economicamente importante devido às suas raí ¬
terminal(is) ou ginobásico (s); estigma(s) 1 e 2 lobado(s), 2 ou
f SISTEMáTICA VEGETAL 463

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FIGURA 9.116 Convolvulaceae. (A-L) Calystegiasepium; (A) lianacom pleto e quatro óvulos (x 8); (G) quatro óvulos removidos do ovário (x
flores (x 0,5); (B) corola estendida; observe as dobraduras na corola e 8); (H) grão de pólen pantoporado (muito aumentado); (I) cápsula com
os estames epipétalos (x 1 ); (C) flor em secção transversal acima do brácteas persistentes e sépalas (x 2); (J ) semente, superfície adaxial (x
ovário, observe as duas grandes bractéoias, sépalas livres, tubo da co ¬ 5); (K, L) duas vistas de um embrião, observe os cotilédones dobrados
rola com filetes adnatos e estilete ( x 2); (D) gineceu e disco nectar ífero ( muito aumentado). (M) C spithamaea: planta florida. (Fonte: Wood
(x 2; detalhe x 8); ( E) á pice do estilete e estigmas (x 7); (F) ov á rio e dis- 1974, A stodenfs atlas offlowering plants, p. 92.)
J co nectarífero irregular em secção transversal, observe o septo incom ¬
T
464 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

(B)

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4 Solanaies: Convolvulaceae
Convolvulus arvensis: flores
Solanaies: Solanaceae (p)
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Solanaies: Convolvulaceae
Merremia dissecta: liana com fruto
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Solanaies: Boraginaceae Solanaies: Solanaceae
Cordia lutea: flores H Nicotiana tabacum: flores

Solanaies: Boraginaceae
Symphytum officinale: inflorescência escorpióide

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Solanaies: Boraginaceae PRANCHA 9.19 Eudicotiled ô neas: Solanaies: Solanaceae I

-
Cynoglossum amabile: frutos 4 lobados
Solanaies Solamm lycopersicon: frutos
SISTEMáTICA VEGETAL 465

4, capitado(s) a tmncado(s). Óvulos 1por lóculo ou numero ¬

sos, com 1 tegumento e megasporângio de parede fina. Disco Fórmula floral:


ífero geralmente presente ao redor da base do ovário.
nectar * , K(£,' C (jp A 5,, G(2); cápsula, drupa, esquizocarpo,
Fruto drupa com caroç o(s), cada um contendo 14, 22 ou 41 — com 2 ou 4 núculas
1 sementes, esquizocarpo geralmente contendo núculas com
41 sementes ou uma c ápsula loculicida ou de deisc ência irre ¬

gular; embrião reto a curvo; endosperma presente ou ausente Distribuição: família amplamente distribuída em regiões
(Figura 9.117). temperadas e tropicais.

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FIGURA 9.117 Boraginaceae. Mertensia virginica: ( A) planta florida (x trando o gineceu (x 7,5); (G) gineceu em secção longitudinal, observe
0,35); ( B) raiz com a base de dois caules (acima, à esquerda) e rizoma o estiiete ginobásico (x 7,5 ); (H) n cula e cálice acrescente 4,5); (I)
(abaixo à direita) ( x 0,75 ); (C) inflorescência (x 1,5 ); (D) flor ( x 3 ); (E) superfície abaxial da núcula (x 9); (J) semente (x 9); (K) embri o ( x 9).
flor em sec ção longitudinal (x 3); (F) flor após a queda da corola, mos- .
(Fonte: Al Shehbaz 1991,iArnold Arbor. Suppl Ser. 1; p 91 )
- . .
466 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Gêneros / espécies: 134/ 2.650. Principais g êneros: Cor- e frutos capsulares) devem ser ancestrais dentro do ciado
dia (320 spp.), Heliotropium (260),Toumefortia (150), Onosma Boraginaceae/Hydrophyllaceae. Codon deve estar relaciona-
(150), Cryptantha (150), Phacelia (150), Myosotis (100), Cyno - do mais proximamente com Boraginoideae, enquanto Pha-
glossum (75) e Ehretia (75). Numerosos gêneros ocorrem nos celia, Nama e taxa afins provavelmente fazem parte de um
Estados Unidos e/ou no Canadá, incluindo Amsinckia, Bour- grupo basal e, talvez, parafilético em um ciado que contém
reria, Cordia, Cryptantha, Cynogí ossum, Draperia, EUisia, Erio- Ehretioideae , Cordioideae e Helitropioideae. Finalmen-
dictyon, Hackelia, Heliotropium, Hydrophyllum, Lappula, Lithos- te, sequências de nucleotídeos de gene de cloroplasto ndhf
permum, Mertensia, Myosotis, Nama, Nemophila, Onosmodium, sugerem que Pholisma e taxa afins (Lennoaceae), um grupo
Phacelia, Plagiobothrys e Romanzoffia. incomum de parasitas de raízes, também deve pertencer a
Boraginaceae, dentro do complexo ehretióide (Olmstead e
Import ância econó mica e produtos: Heliotropium, Merten ¬ Ferguson 2001).
sia, Myosotis, Cordia (Prancha 9.19Q, Cynogíossum, Pulmona- Boraginaceae geralmente é polinizada por abelhas, ves -
ria e Phacelia fornecem espécies ornamentais.Guitas espécies pas, borboletas e moscas à procura de néctar ou pólen, mas
têm sido utilizadas na medicina, incluindo Borago
officinalis, moscas, coleópteros, morcegos e aves também têm sido do-
Symphytum officinale (confrei) e Lithospermum spp. Muitas es ¬ cumentados como polinizadores. Pode ocorrer tanto a au-
pécies são venenosas. Cordia é importante fonte de madeira. topolinização quanto a polinização cruzada. A presença de
distilia tem sido documentada em espécies de muitos gêne -
Discussáo: a família é aqui delimitada de modo amplo (in- ros fl res de Mertensia, Myosotis e Cryptantha rapidamen-
cluindo Lennoaceae e Hydrophyllaceae, exceto Hydrolaea; ver te mu<áam de cor após a polinização, o que deve constituir
Figura 9.114) e é considerada monofilética com base na forma um sinal Para os polinizadores. A família apresenta diversas
caracter
ística das inflorescêndas e em caracteres de seqiiên- estratégias de dispersão. Espécies com frutos drapáceos ge ¬

rias de DNA (Chase et al. 1993; Downie e Palmer 1992; Fer- cimente são dispersas por aves ou mamíferos. As drupas
guson 1999;Làngstrõm e Chase 2002; Olmstead et al. 1992b, de algumas espécies de Cordia flutuam e são dispersas pela
1993, 2000; Olmstead e Ferguson 2001). Frutos esquizoc árpi- núculas esponjosas de Argusia e Mertensia mariti -
cos com quatro n culas,ovários 4-loculares e estilete ginobá- ma também são dispersas pela água. Em alguns gêneros com
sico evoluíram independentemente dentro de Boraginaceae, mtos dP noz o c álice é persistente e alado e a dispersão
Verbenaceae e Lamiaceae (Cantino 1982). °
é pelo vento. As' núculas de Hackelia, lappula e Cynogíossum
A maioria dos sistematas reconhece quatro grandes aPresentam apêndices que as aderem em pelagens e roupas
subfamílias (Al-Shehbaz 1991).A tropical Ehretioideae (p. ex., < >
Prancha 9 -19G e M osotis aPresenta um c álice com ap ên-
'
Ehretia e Bourreria ) apresenta plesiomorfias como hábito le- dices em forma de SanchaMuitos Séneros apresentam uma
nhoso, estilete terminal e bifurcado, ovário não-lobado, frutos estiutura na base das núculas - Tal estmtUTa é dura e
drupáceos, cotilédones achatados e presença de endosperma. contém a?úcares' Sorduras e aminoácidos livres, promovendo
Cordioideae contém Cordia e outros dois pequenos gêneros a Por formigas. Em Heliotropium e Lithospermum, as
e deve constituir um ciado com base no estilete com 4 ramifi- núculas sa0 in§eridas Por aves- r fim, núculas podem ser
cações, cotilédones pUcados e ausência de endosperma. Esse consumidas e disPersas por animais ruminantes. As peque -
grupo é principalmente tropical e reteve o hábito lenhoso, es- nas sementes das esPécies com 03 capsulares são disper-
tiletes terminais, ovários não-lobados e frutos drupáceos. As sas Pel vento ou Pela Novamente, algumas sementes
°
duas subfamílias restantes apresentam frutos esquizoc árpícos aPresentam estmturas duras e anlóides que devem promover,
(com núculas), uma condição derivada que provavelmente Peb menos em Parte a P 0 Por formiSas'
'
evoluiu de modo independente. A monofilia de Heliotropioi-
Referências adicionais: Prior 1960; Wilson 1960c.
deae (incluindo Heliotropium,Toumefortia e Argusia) é susten ¬

tada pela presença de estilete geralmente curto,não-dividído,


com um único estigma. Boraginoideae pode ser caracterizada t'
G íuianaies
ue I
pelo estilete ginobásico e pelo ovário profundamente loba- Gentianales é claramente monofil ,
ética com base na presen-
do; essa grande subfamília (106 gêneros, incluindo Hackelia, ça de
pontoações areoladas, estipulas (às vezes reduzidas a
Plagiobothrys, Lithospermum, Onosmodium, Cynogíossum, Sym- linhas estipulares) e pêlos glandulares
espessos (coléteres) na
phytum, Borago, Mertensia e Myosotis ) está bem representada superfície adaxial das estipulas ou
na base do pecíolo (Bremer
em regiões temperadas e subtropicais e contém numerosas e Struwe 1992; Nicholas e Baijnath 1994; Struwe et al. 1994;
espécies herbáceas (Prancha 9.19F). Os integrantes de todas Wagenitz 1959, 1992). Os é
col teres secretam mucilagem, au-
as quatro subfamílias apresentam ovários com apenas quatro xiliando na
óvulos. Ehretioideae e Cordioideae frequentemente têm sido pomorfias seriam
proteção do ápice do ramo. Outras possíveis sina-
a presença de folhas opostas, um tipo par-
>
f
segregadas como Ehretiaceae . ticular e complexo de alcaloides indólicos, corolas convolutas
A maioria dos gêneros tradicionalmente incluídos em em botão (Bremer e Truwe 1992;
Wagenitz 1992), sequências
Hydrophyllaceae estão proximamente relacionados com de rbcL, matK, atpB, ndhF e 18S (Bremer et al. 1994, 2002 Chã
; ¬
os grupos antes mencionados, e aqui são incluídos em Bora- se et al. 1993; Olmstead et al. 1993; Endress et al. 1996; Hilu
ginaceae. Essas plantas geralmente apresentam numerosos et al. 2003; Kallersjõ et al. 1998; Backlund et al. 2000; Olms
óvulos e frutos capsulares (vs. gineceus com apenas 4 óvu- tead et al. 2000a; Savolainen et al. 2000a,b;
-
Soltís et al. 2000;
los que se desenvolvem em drupas ou núculas, nas tradi- Albach et al. 2001a) e sítios de restrição
de cpDNA (Downie
cionais Boraginaceae) . Ambos os caracteres (muitos óvulos e Palmer 1992) . A ordem consiste em 5 famílias e
cerca de
W

SISTEMáTICA VEGETAL 467

Chave para as Principais Famílias de Gentianales

1. Ovário ínfero; floema interno ausente; estipulas ± interpedolares; placentação axial Rubiaceae
1. Ovário ou ovários súperos; floema interno geralmente presente; estipulas diversas (isto é, adjacentes
à base do pedolo, ± interpedolares, frequentemente reduzidas ou ausentes, neste caso plantas com
linha nodal); placentação axial, parietal ou marginal 2
2. Seiva leitosa (com látex); estilete apicalmente engrossado, formando uma cabeça estilar; ovários
geralmente livres unidos somente pelo estilete ou cabeça estilar Apocynaceae
2. Seiva não-leitosa (sem látex); estilete não engrossado apicalmente e cabeça estilar ausente;
X ovários geralmente conatos
3. Estipulas geralmente presentes e interpedolares, às vezes reduzidas a linhas estipulares
3

nos nós; placentação geralmente axial Loganiaceae


3. Estipulas geralmente ausentes; placentação parietal Gentianaceae
I
I 14.200 espé cies; as famílias são Gentianaceae, Rubiaceae, de lobos da corola. Gentianales é facilmente identificada pela
Apocynaceae (incluindo Asclepiadaceae), Loganiaceae e frequente presen ça de folhas opostas, de estipulas ou linhas
Gelsemiaceae. Está claro que Gentianales faz parte do da ¬ estipulares e de coléteres.
do das asterídeas, tal como indicado pela presença de óvulos Loganiaceae , na sua delimitação tradicional, constitui
com um nico tegumento e megasporângio de parede fina. um agrupamento não-monofilético e de definição problemá ¬
tica. Assim, Fragraea (Prancha 9.20A) e Potalia deveriam ser
1I Dentro desse ciado, Gentianales se insere nas asterídeas-
n ú cleo, posição sustentada pela presença de corola gamo-
pétala e estames em n mero igual ao de lobos da corola. A
transferidos para Gentianaceae, e Buddleja e taxa afins cons
tituem Scrophulariaceae (de Lamiales). Gelsemium e Mostuea
¬

posição da ordem dentro do ciado das asterídeas também é são dois gêneros taxonomicamente isolados e melhor trata ¬

sustentada por análises de sequências de DNA, que sugerem dos como Gelsemiaceae (Figura 9.118), mas dentro de Gen ¬

que Gentianales é próxima de Solanales. A maioria dos inte¬ tianales (Bremer e Struwe 1992; Endress et al. 1996; Struwe et
grantes de ambas as ordens apresenta floema interno e flores al. 1994; Backlund et al. 2000; Soltis et al. 2000) . No entanto, a
de simetria radial com estames em número igual ao número maioria dos gê neros de Loganiaceae provavelmente constitui

Loganiaceae

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Latidferos Perda das * • Corola Anel de


(látex leitoso) estipulas valvada pêlos no
Estigmas Placentação Floema tubo da corola
Ovários livres
divididos parietal incluso Gineceu
Cabeça do estilete pau.iauiicuic
apocárpico

Estipulas
interpedolares
Floema interno
Ovário
ínfero Caracteres químicos

Estipulas
Colé teres
Folhas opostas
Química dos alcaloides (alcaloides indólicos complexos)
FIGURA 9.118 Cladograma mostrando as relações hipoté ¬
Pontoa ções areoladas ticas dentro de Gentianales. (Modificada de Backlund et al.
.
2000; Olmstead et al. 2000a e Soltis et al. 2000 )
468 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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Gentianales: Apocynaceae
Asclepias syriaca: flores;látex
Gentianales: Gentianaceae Gentianales: Apocynaceae
Fagraea ceilamca: folhas e flores Vinca minor. flor,
secção longitudinal
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- Gentianales: Apocynaceae
Gentianales: Rubiaceae
Nerium oleander. folículo com sementes pilosas
Cqfjfea arabica: frutos

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Gentianales: Apocynaceae
Asclepias syriaca'. fmtos

í Gentianales: Gentianaceae
Eustoma exaltatum : flores
v
Gentianales: Rubiaceae PRANCHA 9.20 Eudicotiledô neas:
Cubanola domí nguensis: flores
Gentianales

L
SISTEMáTICA VEGETAL 469

um grupo monofilético contendo dois subclados principais: o courea (250), Mussaenda (200), Borreria (150) e Rondeletia (125).
grupo Strychnos ( Strychnos e Spigelid ) e o grupo Logania (Ge- Alguns dos numerosos gêneros que ocorrem nos Estados Uni ¬
niostoma, Labordia, Logania, Mitreola e Mitrasacme ). O primei ¬ dos e/ ou no Canadá são Catesbaea, Cephalanthus, Chiococca,
ro subclado é caracterizado pela corola valvada e pelo floema Diodia, Emodea, Erithalis, Exostema, Galium,Genipa, Guettarda,
incluso e o segundo subclado apresenta um anel de pêlos na Hamelia, Hedyotis (e segregados como Houstonia, Oldenlandia,
fauce do tubo da corola e um gineceu parcialmente apocárpi- Pentodon, Stenaria ), Mitchella, Morinda, Pentodon, Pinckneya,
co (Struwe et al. 1994). Loganiaceae tem sido freqiientemente Psychotria, Randia, Richardia e Spermacoce.
considerada basal dentro de Gentianales, mas análises recen¬
tes (Backlund et al. 2000; Olmstead et al. 2000) sustentam o Importância económica e produtos: o café, uma bebida es ¬
reconhecimento de dois ciados principais dentro da ordem, o timulante rica em cafeína, é feita a partir de sementes mistu ¬

primeiro compreendendo Rubiaceae e o segundo as demais radas de Coffea arabica (Prancha 9.20D) e C. robusta. O quini ¬

famílias (Figura 9.118). Além dos caracteres mostrados na Fi¬ no, um fá rmaco utilizado no tratamento díhnalária, provém
gura 9.118, os dois ciados diferem nas rotas biossintéticas de da casca de espécies de Cinchona. A ipecac, uma substância
iridóides e alcaloides indólicos (Jensen 1992). utilizada para induzir o vomito, provém de Psychotria (ipeca-
cuãnha). Gardenia, Hamelia, Pentas, Randia,Rondeletia, Serissa,
Referências adicionais: Wood 1983; Wood and Weaver 1982.
Hedyotis e hora são cultivados como plantas ornamentais.
Rubia tinctoria foi por muito tempo a fonte de um corante
Rubiaceae A. L. de Jussieu vermelho.
(Família do caf é)
Discussão: Rubiaceae constitui um grupo monofilético de
Árvores, arbustos, lianas ou ervas; floema interno ausente; f ácil reconhecimento. As relações filogenéticas dentro da fa ¬
geralmente com iridóides e diversos alcaloides; raf ídeos fre ¬ mília têm sido investigadas por meio de análises dadísticas
quentes. Pêlos diversos. Folhas opostas ou vertíciladas, geral¬ de caracteres morfológicos e/ou moleculares (Andersson e
mente inteiras, com venação peninérvea; estipulas presentes, in- Rova 1999; Andreasen e Bremer 2000; Bremer e Struwe 1992;
terpeciolares e geralmente conatas, ocasionalmente foliáceas, Bremer e Jansen 1991; Bremer et al. 1995, 1999; Robbrecht e
com coléteres na superfície adaxial. Inflotescências determina ¬
Manen 2006; Rova et al. 2002).
das, ocasionalmente reduzidas a uma flor solitária, terminais Cinchonoideae - incluindo Gardenia, Casasia, hora, Cof¬
ou axilares. Flores geralmente bissexuais e radiais, freqiientemente ,
fea Erithalis, Chiococca, Exostema, Hamelia, Randia, Cinchona,
heterostilicas, com frequência agregadas. Sépalas geralmente 4 Cephalanthus, Pinckneya, Mussaenda, Portlandia, Catesbaea e
ou 5, conatas, às vezes com coléteres na superf ície adaxial. Rondeletia - tem sido tradicionalmente definida com base no
Pétalas geralmente 4 ou 5, conatas, delimitando uma corola em ovário com numerosos óvulos por lóculo ou pela presença
forma de disco a funiforme (Prancha 9.20F), superf ície adaxial de endosperma, ausência de raf ídeos e sementes com testa
com frequência pubescente, os lobos valvados, imbricados ou foveada-costada (todos esses caracteres são aparentemente
confortos. Estames geralmente 4 ou 5; filetes geralmente adnatos simplesiomorfias) . A monofilia desse grupo não tem rece ¬

à corola e posicionados dentro do tubo da corola ou na fauce, bido suporte em an álises dadísticas baseadas em caracteres
às vezes basalmente conatos; anteras 2-loculares, deiscentes morfológicos ou de sítios de restrição de cpDNA, mas recebe
por fendas longitudinais; grãos de pólen geralmente tricolpo- sustentação em análises que utilizaram sequências de rbcL,
rados. Carpelos 2 ( -5 ), conatos; ovário ínfero, geralmente com ndhF ou do íntron rpsl 6. No entanto, um grupo de gê neros
placentação axial; estigma (s), 1ou 2, linear (es), capitado(s) ou dentro de Cinchonoideae, freqiientemente segregado como
lobado(s) . Óvulos 1 a numerosos por lóculo, com 1 tegumen ¬ Ixoroideae (p. ex., hora, Coffea, Gardenia, Mussaenda, Randia),
to e megasporângio de parede fina. Disco nectarífero pre ¬ é claramente monofilético. Esse ciado é caracterizado pelas
sente acima do ovário. Fruto cápsula loculicida ou septicida, flores com corola contorta (com uma torção à direita) e um
baga ou drupa, esquizocarpo ou baga indeiscente; sementes mecanismo de polinização espedalizado. As anteras liberam
às vezes aladas; embrião reto a curvo; endosperma presente o pólen antes da abertura da flor e o pólen é apresentado aos
ou ausente (Figura 9.119). polinizadores na superf ície pilosa do estilete; somente mais
tarde o estigma se toma receptivo. Esse mecanismo de polini ¬

zação é similar ao sistema encontrado em Asterales.


Fórmula floral: Rubioideae compreende a maioria das espécies e é diag¬
nosticada pela presença de raf ídeos e lobos da corola valva ¬
*, K
©, C(Q
~ A4-
), 5, G ( 5); cápsula, baga, drupa,
e s q u i z o c a r p o, cápsula
dos. Alguns integrantes desse ciado apresentam numerosos
óvulos, enquanto outros apresentam uma redução para um
indeiscente único óvulo por lóculo. Essa subfamília provavelmente é mo-
nofilética; potenciais sinapomorfias seriam a presença de ra-
fideos, sementes com testa lisa, o hábito geralmente herbáceo
Distribuição: família cosmopolita, porém mais diversa em (presumivelmente com reversões, como acontece com Psycho ¬

regiões tropicais e subtropicais. tria e Palicourea), e numerosos caracteres de cpDNA. Gêneros


Gêneros/espé cies: 550/9.000. Principais gêneros: Psycho-
representativos são Pentas, Palicourea, Psychotria, Galium, Ner-
tera, Hedyotis, Richardia, Diodia, Spermacoce, Pentodon, Morinda
tria (1.500 spp.), Galium (400), txora (400), Pavetta (400), Iie- e Mitchella. Fmtos carnosos e ovários com um número reduzi ¬

dyotis (400), Tarenna (370), Randia (250), Gardenia (250), Pali - do de óvulos evoluíram muitas vezes dentro de Rubiaceae.
470 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.119 Rubiaceae. (A-E) Diodia tetragona: (A ) planta florida (x docarpos, em secçã o transversal, endocarpo hachurado, endosperma
0,4); ( B) n ó com flor séssil e axilar, observe as estipulas interpeciola- pontilhado e embriã o em branco (x 10); (F-H ) D. teres: (F ) flor (x 5); (G)
res (x 5); (C) gineceu e cálice em secçã o longitudinal, observe o ová rio porção do esquizocarpo (x 5); (H) semente, face adaxial (x 8). (Fonte:
ínfero (x 10); ( D) fruto quase maduro (x 5); ( E) drupa seca com 2 en - Wood 1974, A studenfs atlas offí oweringplants, p. 106.)

Em Galium as estipulas são expandidas e foliáceas e as cies de Galium apresentam pêlos em forma de gancho e são
folhas parecem formar verticilos. O número de folhas apa ¬ extemamente transportados por animais.
rentes por verticilo dependerá do grau de fusão ou divisão
Referências adicionais: Anderson 1973; Barrett and Richards
das estipulas.
As flores de Rubiaceae são variadas em forma e coloração 1990; Bremer 1996; Lersten 1975; Manen et al. 1994; Nilsson et
e podem ser polinizadas por borboletas, mariposas, abelhas, al. 1990; Rogers 1987; Vuffleumier 1967.
moscas, aves ou morcegos; a polinização pelo vento ocorre
em poucas espécies. O néctar é a recompensa floral. A po¬ Gentianaceae A. L. de Jussieu
linização cruzada é promovida pela presença de protandria, (Família da genciana)
de um mecanismo especializado de polinização (ver acima)
ou de heterostilia. Rubiaceae contém mais espécies heteros- Ervas, às vezes micoparasíticas (com folhas reduzidas e des¬
tílicas do que qualquer outra família de angiospermas é pro ¬ providas de clorofila), a arbustos ou arvoretas; caules frequen-
vavelmente mais do que a soma das espécies heterostílicas temente alados; geralmente com floema interno; em geral
de todas as outras famílias combinadas. Espécies com frutos com iridóides. Pêlos frequentemente simples. Folhas geralmen¬
carnosos são tipicamente dispersas por aves. As sementes de te opostas, simples, geralmente inteiras, com frequência ± sésseis,
frutos capsulares podem ser pequenas ou aladas e freqiiente- com venação peninérvea; estipulas geralmente ausentes,
mente são dispersas pelo vento. Os frutos de algumas espé ¬ mas coléteres geralmente presentes na base da superfície adaxial

i
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SISTEMáTICA VEGETAL 471

do pecíolo. Inflorescências detenninadas, às vezes reduzidas cos e diversos alcaloides; muitas vezes com irid óides. Pêlos
a uma flor solit á ria, axilares ou terminais. Flores geralmen ¬ diversos, íreqiientemente simples. Folhas geralmente opostas, às
te bissexuais e radiais. Sépalas geralmente 4 ou 5 e conatas, vezes alternas e espiraladas, dísticas ou verticiladas, inteiras,
frequentemente com colé teres na superf ície adaxial. Pétalas com venação penin érvea; estipulas reduzidas ou ausentes, colé¬
geralmente 4 ou 5, conatas, formando uma corola em forma de teres geralmente presentes na base do pecíolo. Inflorescências de ¬
disco, funiforme ou campanulada, os lobos às vezes ciliados, terminadas, mas às vezes parecendo indeterminadas, ocasio¬
com frequ ê ncia providos de glândulas nectar íferas e / ou es ¬ nalmente reduzidas a uma flor solitária, terminais ou axilares,
camas na superf ície adaxial do tubo geralmente convolutas,
, com frequência parecendo de outro modo. Flores geralmente
às vezes plicadas nos sinos. Estames geralmente 4 ou 5; filetes radiais. Sépalas geralmente 5, + conatas, às vezes reflexas,
adnatos à corola; anteras ocasionalmente poricidas; grãos de frequentemente providas de coléteres na base da superf ície
pólen geralmente tricolporados ou triporados. Carpelos 2, co - adaxial. Pétalas geralmente 5, conatas, formando uma corola em
forma de disco, campanulada, funiforme ou tubulosa, às vezes
rntos; ovário súpero, com pl àcentação parietal, as placentas
às vezes profundamente intrusivas e 2-lobadas; estigma ± reflexas, frequentemente providas de apêndices (corona) ou
capitado a fortemente 2-lobado, os lobos às vezes retorcidos escamas na face interna do tubo floral, lobos da corola valva-
em espiral. Óvulos geralmente numerosos por placenta, com dos ou contortos. Estames geralmente 5; filetes curtos, às vezes
1 tegumento e megasporângio de parede fina. Disco ou glân ¬ conatos, sempre adnatos à corola; anteras com frequência al ¬

dulas nectaríferas presente. Fruto geralmente cá psula septicida. tamente modificadas e 2-loculares, livres ou aderidas entre si e
formando um anel ao redor da cabeça do estilete, livres ou adnatas
com a cabeça estilar através de tricomas e secreções pegajosas (vis-
floral: *, K( 5) A4-5, G@; cápsula cina), ou fortemente adnatas com a cabeça estilar através de tecido
Fórmula j), C(
* parenquimatoso sólido, conectivo frequentemente provido de
apê ndices apicais; excrescências estaminais (corona ) frequen-
i temente presentes e petalóides, em formato de capuz ou de chifre
I Distribuição: amplamente distribuída, porém mais diversa
em regiões temperadas e subtropicais e ambientes tropicais
(Prancha 9.20C); grãos de pólen geralmente tricolporados ou
diporados ou triporados, liberados como mônades, aderidos
montanos. entre si com ou sem fios de viscina, como tétrades ou forte¬
i mente coesos e formando massas í rgidas ( políneas ), neste caso
Gêneros/ espécies: 91/1.600. Principais gêneros: Gentia - providas de translatores (estruturas que conectam políneas
i na (360 spp.), Gentianella (250), Exacum (70), Halenia (70), Se- de sacos polínicos de anteras adjacentes) e com frequência
providas de uma glândula pegajosa (corpúsculo) *. Carpelos
baea (60) e Swertia (35). Todos esses gêneros (exceto Sébaea e
Exacum) ocorrem nos Estados Unidos e / ou no Canadá, junto geralmente 2, conatos somente pelos estiletes e/ou estigmas
com Bartonia, Centaurium, Eustoma, Frasera, Sabatia e Voyria. e ovários em geral livres, completamente conatos em Alla-
f manda, Carissa e Thevetia; ovários sú peros, com placentação
geralmente lateral ou axial; porção apical do estilete expan¬
Ií: Importância económica e produtos: Gentiana (genciana),
Centaurium, Eustoma (Prancha 9.20G ), Exacum e Sabatia são dida e muito modificada, formando uma cabeça (Prancha
cultivados como plantas ornamentais. 9.20B), secretando viscina, em geral abruptamente expandida
e diferenciada em 3 regiões (isto é, regiões especializadas para
a deposição do pólen, secreção de viscina e recepção do pó ¬
Discussão: as relações infrafamiliares têm sido investigadas
len), frequentemente pentagonal; tecido estigmático frequen-
por Mészáros e colaboradores (1996) e Thiv e colaboradores
temente restrito a 5 pequenas regiões laterais da cabeça do
(1999) . Está claro que Villarsia, Nymphoides, Lomatogonium e
estilete. Óvulos 2 a numerosos por ovário, com 1 tegumento
Menyanthes estão somente relacionados com Gentianaceae
e megasporângio de parede fina (ou secundariamente espes ¬

de modo distante (Bremer e Chase 1994; Chase et al. 1993;


sadas). Glândulas ou disco nectarífero frequentemente pre ¬
Downie e Palmer 1992; Michaels et al. 1993; Olmstead et al.
sentes, ou néctar secretado por câmaras estigmáticas (e retido
1993; Wood 1983; Wood e Weaver 1982). Esses gêneros aquá ¬
na cavidade do tubo estaminal ou dentro dos apêndices da
ticos são aqui incluídos em Menyanthaceae, uma família de corona). Frutos com frequência aos pares, cada ovário em geral
regiões alagadas ou úmidas com folhas alternas e espiraladas desenvolvendo-se em umfolículo carnoso a seco, baga ou drupa, a
ou dísticas e uma corola valvado-induplicada (ver Asterales).
superf ície do fruto lisa ou coberta com excrescê ncias em for ¬

As duas famílias diferem também em caracteres químicos e mato de acúleo; sementes achatadas, com frequência providas de
anatômicos. um tufo de pêlos; embrião reto a curvo (Figuras 9.120 e 9.121).
As coloridas flores de Gentianaceae são polinizadas prin ¬
cipalmente por abelhas e borboletas. O néctar é a recompen ¬
sa floral. A maioria das espécies é alógama, devido à presença Fórmula floral:
de protoginia . As pequenas sementes provavelmente são dis¬
persas pela água ou pelo vento. *, K0, C(p|
), A , G (g); 1 ou 2 folículos, baga, drupa

Apocynaceae A. L. de Jussieu
(Família da peroba e da mangaba) N. de T. Apenas as Periploeoideae apresentam uma glândula pega ¬

josa. Nas Asclepiadoideae essa estrutura n ão é pegajosa e funciona


Arvores, arbustos, lianas e ervas, às vezes suculentas e com como um clipes, prendendo-se às peças bucais e/ ou extremidades do
aspecto de cactos; floema interno presente; presença de la- polinizador (ver Endress 1994c em Bibliografia citada e leituras reco
¬

ticíferos e látex geralmente leitoso; com glicosídeos cardía ¬ mendadas).


472 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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f5 FIGURA 9.120 Apocynaceae (representante dos roxa sem políneas). Cof/icr-


ranthus roseus: ( A) caule com flores e frutos {x 0,7); ( B) botão, observe a corola
(L m ( M)
contorna e a região destacada em que se localiza o androceu e a cabeça do
estilete (x 4); (C) parte superior do tubo floral, em corte longitudinal, observe
i
as anteras livres entre si e livres da cabeça do estilete (x 8);(D) antera antes da
tf
mm deisc ência, vista lateral (x 13,5); (E, F) antera antes da deiscência, vistas adaxial
e abaxial (x 13,5); (G) cabeça do estilete, a região inferior é receptiva (x 16); (H)
base da flor após a remoção de dois lobos do c álice e dois da corola; observe
os dois nectários (esquerda e direita) alternando com os dois ovários (x 8); (I)
- íí ,
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Bja
: y; ovário e nectários em secção transversal, observe que os ovários são livres ( x
jjp' 13,5); (J) par de folículos (x 27); (K) folículo apó s a deisc ência (x 2,7); (L) se¬

mente (x 13,5 ); (M) semente em sec ção longitudinal, endosperma pontilhado,


embrião em branco {x 13,5). (Fonte: Rosatti 1989,7. ArnoldArbor . 70: p. 366.)

Distribuição: família amplamente distribuída em regiões Import ância económica e produtos: quase todas as espé ¬

tropicais e subtropicais e com poucos gêneros estendendo- se cies da família são venenosas e muitas são utilizadas com
até regiões temperadas. prop ósitos medicinais. Catharanthus (vinca-do-madagascar)
fornece drogas contra a leucemia, Rauvolfia fornece com ¬

Gêneros /espécies: 355 /3.700. Principais g êneros: As - postos contra a hipertensão e compostos de Strophantus são
clepias (230 spp.), Tabemaemontana (230), Cynanchum (200), utilizados no tratamento de doenç as cardíacas. Gêneros or ¬

Ceropegia (150), Hoya (150), Matelea (130), Rauvolfia (110), namentais importantes são Allamanda, Amsonia, Asclepias
Gonolobus (100), Secamone (100) e Mandevilla (100). Gêneros (oticial- de- sala e esp écies afins; Prancha 9.20H), Carissa,
importantes que ocorrem nos Estados Unidos e / ou no Ca ¬ Catharanthus , Hoya (flor- de - cera), Nenum (espirradeira), Píu -
nadá são Ainsonia, Angadenia, Apocynum , Asclepias , Catharan - meria (pluméria), Stapelia,Trachelospermum e Vinca. Algumas
.
thus Cynanchum , Echites, Gonolobus, Macrosiphoma, Matelea, esp écies (especialmente de Aspiàosperma ) fornecem madeira
Morrema, Pentalinon, Rhabdadenia, Sarcostemma e Vallesia. de qualidade.
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SISTEMáTICA VEGETAL 473

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FIGURA 9.121 Apocynaceae (representantes do dado com poiíneas). (A, B) Asdepias syriaca: (A) fruto muito
jovem, em corte longitudinal, após a queda da corola, androceu e cabeç a do estilete (x 11);(B) folículo qua¬
se maduro (x 0,7); (C-F) A. incarnata: (C) parte apical do caule com flores e frutos jovens (x 0,5); (D) folículo
deiscente liberando sementes providas de tufos apicais de pêlos (0,7); (E) semente com tufo apical de pêlos
tw
.
removido, observe a testa alada (x 4); (F) embrião (x 5,5) (G-l) A. syriaca: (G) flor com os lobos da corola refle¬
xos, observe os conspícuos apêndices estaminais em forma de chifre e capuz (corona) (x 5); (H) flor vista de
cima, observe os apêndices estaminais em forma de chifre e capuz opostos à s anteras (estas últimas acima
da cabeç a do estilete) e alternas com glâ ndulas pegajosas (corpúsculos) (x 5); (I) androceu (envolvendo o
gineceu) acima do ponto e adnação com a corola, apêndices da corona removidos ( x 12);(J) antera em vista
adaxial, com duas poiíneas, cada uma conectada por um translator, um corpúsculo e outro translator com
outra polínea da antera adjacente (x 12); (K) par de poiíneas ( x 16);( L) gineceu, os dois carpelos unidos ape ¬

nas pela cabeça do estilete (x 12). (M) A. connivens : par de polineas (x 12). (N) A. pedicellata: vista lateral da
.
flor com dois lobos da corola removidos (x 5 ). (Fonte: Rosatti 19B9, J Arnold Arbor. 70: pp. 492, 494.)
474 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

FIGURA 9.122 Filogenia de Apocynaceae.


( Modificada de Judd et al. 1994 e Endress e 3
Bruyns 2000.) %
= 1 Asclediaceae
5 - 5P
:
i
1 P i . '

2 Asclepiadoideae

-
-
Pol íneas*
m%
Anteras
com 2 tecas
Filetes conatos
Políneas duras

: mm com translatores
Apêndices
estaminais

%
* Sementes com tufos
WÊr de pêlos bem definidos

Discussão: Apocynaceae, amplamente circunscrita (in - plocoideae), onde consistem em tétrades de pólen aglutinadas
cluindo Asclepiadaceae), é claramente monofilética, como in- sobre um translator em forma de colher. O reconhecimento de
dicado pela presença de látex leitoso e de um gineceu muito Asclepiadaceae (que contém as espécies com políneas) toma -
modificado com ovários separados e com uma cabeça do es- ria Apocynaceae s.s. parafilética (Civeyrel et al. 1998; Endress
tilete diferenciada, bem como por sequências de matK e rbcL et al. 1996; Judd et al. 1994; Sennblad e Bremer 1996).
(Chase et al. 1993; Civeyrel et al. 1998; Endress et al. 1996; Apocynaceae apresenta grande diversidade de mecanis-
Judd et al. 1994; Endress e Bruyns 2000; Endress e Stevens mos de polinização, e os polinizadores são insetos à procura
2001; Potgieter e Albert 2001) (Figuras 9 ,120 e 9.121) . Os ová - de néctar (borboletas, mariposas, abelhas, moscas). A cabeça
rios sincárpicos de Carissa, Thevetia e Mamanda representam do estilete apresenta uma importante função durante a po-
reversões. Apocynaceae apresenta uma série de caracteres do lí nização. Em alguns taxa moderadamente especializados,
androceu e gineceu associados com um aumento na eficiência essa estrutura aparece diferenciada em três regiões (ver aci ¬
do mecanismo de poliniza ção (Fallen 1986; Judd et al. 1994; ma) funcionalmente diferentes. A região estigmá tica recep-
Schick 1980, 1982). Dentre essas inovações, podemos citar a tiva está restrita à base da cabeça do estilete, logo abaixo de
presença de uma cabeça do estilete pentagonal e com regiões uma extensão em forma de colar (a região coletora de pólen;
funcionalmente diferenciadas, apêndices apicais das anteras, ver Figura 9.121). Um fluido pegajoso é produzido na região
a diferenciaçã o das anteras em uma região fértil e uma região mediana, enquanto o p ólen é apresentado na região apical
endurecida e estéril e a presença de pêlos adesivos na cabeça da cabeça do estilete. O pólen é ali depositado pelas ante - :
do estilete e/ou nas anteras. ras, que apresentam deiscência introrsa e rodeiam a cabeça
Um grupo de gêneros, isto é, o dado formado por Ascle - do estilete. Quando um polinizador procura por n éctar, o p ó-
piadoideae + Secamonoideae, se caracteriza pela presença len de outra flor previamente visitada é retido e depositado
de pólen aglutinado na forma de políneas e pela presença na superfície estigmática. As peças bucais do polinizador se
de apêndices estaminais associados com secreção e ac mulo tomam pegajosas em contato com a secreção produzida pela
de néctar. Nesses gêneros - Asclepias, Calotropis, Cynanchum, região mediana da cabeça do estilete e, assim, aderem o pó-
!
Hoya, Matelea, Stapelia, Ceropegia, Gonolobus, Sarcostemma, len apresentado na região apical. Nos gêneros mais especiali-
Secamone e taxa afins - as políneas se desenvolvem em uma zados (p, ex., Asclepias ) , androceu e gineceu estão adnatos e o
estrutura í rgida formada a partir da aglutinação das tétrades pólen está aglutinado com políneas. O néctar se acumula nos
de pólen de uma teca (isto é, de um saco polínico) e estão elaborados apêndices estaminais (em forma de capuz ou chi-
aderidas a um translator com uma glândula; os filetes também fre). No processo da procura do néctar, as pernas dos insetos
estã o conatos. Todos (exceto Secamone, Secamonoideae) apre- eventualmente contatam a glândula (corpúsculo) . Quando o
sentam a sinapomorfia adicional de anteras com apenas 2 te-
cas. Esses gêneros constituem um grande grupo denominado
* N. deT. Na verdade, o que os autores citam como políneas para Peri-
Asclepiadoideae (Fishbein 2001; Figura 9.122). Políneas evo ¬ pocoideal, são estruturas muito diferentes das poiíneas do ciado Seca ¬
luíram independentemente em Cryptostegia e taxa afins (Peri- monoideae 1- Asclepiadoideae . Ver Endress 1994c.
r
SISTEMáTICA VEGETAL 475

FIGURA 9.123 Cladograma mostrando as relações hipotéticas dentro de Lamia - *Orobanchaceae


ies. ( Modificada de Bremer et al. 2002, Olmstead et al. 2001, Oxelman et al. 2005, * Fhulowniaceae
Wortley et al. 2005.)
'Phrymaceae (incl. Mimulus )

Lamiaceae

Lentibulariaceae

Acanthaceae (incl. Avicermia )

Bignoniaceae
* = Tradicionalmente incluída em Scrophulariaceae 11 ,
1
Verbenaceae
-+- * Scrophulariaceae

II (incl. Buddlejaceae, Myoporaceae)

* P!antaginaceae
-+- (Veronicaceae)

í | §I 1 1
I »
Gesneriaceae
1 2

I I<= f
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N> Calceolariaceae
-+- H
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i.
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I ff |s !
I i Oleaceae

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I Tetrachondraceae

inseto pressiona a glândula, ela se adere, levando consigo as paredes sã o perpendiculares às paredes das células- guarda),
duas polín éas. As políneas são removidas das pernas dos in ¬ endosperma com um conspícuo haustório micropilar e inclu ¬
setos quando entram em uma das cinco fendas estigmáticas sões protéicas nos núcleos das células do mesófilo (Dahlgren
da cabeça estilar de uma outra flor. 1983; Judd et al. 1994; Wagenitz 1992; Yamazaki 1974), sítios
i A maioria das Apocynaceae apresenta folículos com se ¬ de restrição de cpDNA e sequências de rbcL, atpB, ndhF, matK
l mentes achatadas providas de tufos de pêlos (Figura 9.121D) e 18S (Albach et al. 2001a, Bremer et al. 2002; Downie e Eal-
que são dispersas pelo vento. Em Cameraria, os frutos são se ¬ mer 1992; Hilu et al. 2003; Kállersjõ et al. 1998; Lu 1990; Ol ¬

cos, distalmente alados e dispersos pelo vento. Os coloridos mstead et al. 1992, 1993a,b, 2000a, b, 2001; Olmstead e Reeves
'
frutos carnosos (azul ou vermelho) de alguns gêneros tropi ¬ 1995; Oxelman et al. 2005; Savolainen et al. 2000b; Soltis et al.
cais, tais como Kopsia, Rauvolfia, Carissa e Ochrosia, são fre- 2000; Wagstaff e Olmstead 1997; Wortley et al. 2005).
V; qúentemente dispersos por aves ou mamíferos. As sementes Oleaceae e as pequenas famílias Tetrachondraceae e Plo-
de Tabemaemontana estã o associadas com um arilo colorido cospermataceae são ciados de divergência precoce dentro da
e carnoso e são dispersas por aves. A dispersã o por macacos ordem. Oleaceae é caracterizada pelas flores actinomorfas
tem sido documentada para as sementes ariladas de Stem- (geralmente com quatro pétalas) com apenas dois estames e,
madenia. as flores de Tetrachondraceae (incluindo Polypremum) e Plo-
Referências adicionais: Endress et al. 1983; Kunze 1990, 1992; cospermataceae também são radiais. A maioria dos integran ¬
! •
Rosatti 1989; Safwat 1962; Swarapanandan et al. 1996;Thomas tes da ordem apresenta flores bilabiadas, zigomorfas, em um
and Dave 1991; Woodson 1954. padrão 2 + 3, isto é, o tubo da corola é formado por dois lobos
(flores bilabiadas) formados pelas duas pétalas superiores e
I as três inferiores, mas flores com quatro pétalas ou secun -
Lamiales dariamente radiais ocorrem em Buddleja (Figura 9.123) . Os
Lamiales (incluindo Bignoniales ou Scrophulariales) é cla ¬ demais integrantes da ordem também apresentam quatro es ¬
ramente monofilética, sendo caracterizada pela presen ç a tames (dois longos e dois curtos), embora algumas vezes te ¬
de pêlos glandulares, oligossacar
ídeos (substituindo o ami ¬ nham sido reduzidos a dois. O ciado também é caracterizado
do na estocagem de carboidratos), tecido parenquimático por endosperma com haustórios nos extremos micropilar e
estendendo-se desde o conectivo das anteras até os lóculos, calazal, inclusões lamelares de proteína nos núcleos, flavonas
presença frequente de estômatos diacíticos (isto é, estômatos 6 ou 8-oxigenadas, bem como por antraquinonas derivadas
rodeados por um ou mais pares de células subsidiárias cujas do ácido shiquímico.
476 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Chave para as Principais Famílias de Lamiales

1. Perianto ausente; geralmente com 1 estame; plantas aquáticas com flores inconspícuas
e polinizadas pela água Plantaginaceae
(em parte, Callitriche)
1. Perianto presente; estames geralmente 2-4; plantas terrestres ou aquáticas com flores
2
geralmente vistosas e polinizadas por animais (ou pelo vento)
2. Árvores ou arbustos de manguezais com pneumatóforos eretos em forma de lápis; folhas
com glândulas subsésseis que excretam uma secreçã d hipersalina que seca rapidamente e
forma cristais de sal; em geral com apenas 1 semente por fruto Acanthaceae (Avicemia )

2. Ervas até árvores não de manguezais; sem pneumatóforos e sem glândulas secretoras
de sal; sementes (2-) 4 a numerosas por fruto 3
3. Fores radiais, com 4 pétalas
4
6
3. Flores bilaterais, com 5 pétalas, as duas superiores e as três inferiores formando lobos opostos
Oleaceae
4. Estames 2; óvulos, frequentemente 2 por lóculo
5
4. Estames 4; óvulos ± numerosos por lóculo
5. Plantas herbáceas; folhas geralmente alternas e em rosetas basais, lâmina com venação ±
paralela; flores em espigas ou gloméruios, inconspícuas, polinizadas pelo vento; fruto cá psula
Plantaginaceae
circundsa ou aquênio
(em parte; Plantago e taxa afins)
5. Plantas geralmente lenhosas, folhas opostas, não em rosetas basais; lâmina de venação
peninérvea; flores em diversas inflorescências cimosas, conspícuas e polinizadas por
Scrophulariaceae ( Buddleja )
insetos; fruto cá psula diversamente deiscente, drupa ou sâmara
6. Óvulos 2 por carpelo, cada lóculo dividido por falsos septos, assim com 1 óvulo por cada
divisão do ovário; frutos drupas (com 1- 4 caroços) ou esquizocarpo geralmente com 4
7
núculas; estilete terminal a ginobásico; folhas opostas
6. Óvulos geralmente numerosos, se reduzidos a 2 por carpelos, h á apenas 2 lóculos no
oyário (isto é, n ão há divisões secundárias por meio de falsos septos); frutos geralmente
8
cápsulas, às vezes bagas ou drupas; estilete sempre terminal; folhas alternas ou opostas
7. Inflorescências indeterminadas, as unidades laterais são ou parecem flores solitárias;
óvulos aderidos diretamente na margem dos falsos septos; estilete consistentemente
Verbenaceae
terminal; estigma conspícuo e lobado
7. Inflorescências mistas, com eixo principal ± indeterminado e unidades laterais claramente determinadas
(ramificadas como cimas), estas últimas às vezes reduzidas e a inflorescência parecendo pseudoverticilada;
óvulos aderidos a falsos septos, muito próximo das margens involutas dos carpelos; estilete terminal a
Lamiaceae
ginobásico; estigma geralmente inconspícuo, no ápice dos ramos do estilete

Dentro do ciado com corola bilabiada, Scrophulariace ¬ rios com quatro óvulos, divididos em quatro lóculos graças
ae , na sua delimitaçã o tradicional, é polifilética e sustenta ¬ ao desenvolvimento de falsos septos, e óleos aromáticos. No
da apenas por simplesiomorfias (neste nível de abrangên - entanto, análises de sequências de rbcL e ndhF sustentam a
cia), tais como flores com corolas bilabiadas, presen ça de hipó tese de tais caracteres terem evoluído mais de uma vez
quatro estames e de cápsulas mais ou menos globosas com em Lamiales (Olmstead e Reeves 1995; Wagstaff e Olmstead y
sementes pequenas e providas de endosperma. Alguns in ¬ 1996; Oxelman et al. 1999), enquanto as análises molecula ¬
tegrantes da família são aparentemente mais próximos de res de Bremer e colaboradores (2002) sustentam a relação de
famílias-irmãs entre Lamiaceae e Verbenaceae. An álises ba
¬
integrantes de outras famílias de Lamiales do que de outras rps2
seadas em sequências de nucleotídeos de rbcL , ndhF e
Scrophulariaceae (Figura 9.123). A família é aqui dividida
em três grupos principais, cada um dos quais é aparente ¬ (Olmstead et al, 2000b) sugerem que Orobanchaceae é mais
próximo de Paulownia e de Lamiaceae; por sua vez, Scro
¬
mente monotilético: Scrophulariaceae s.s., Orobanchaceae -
e Plantaginaceae . Verbenaceae e Lamiaceae com frequência phulariaceae deve ser próxima de Buddlejaceae e Mvopora
são consideradas famílias-irmãs e ambas apresentam ová ¬ ceae (e estas duas ltimas famílias hoje sã o incluídas dentro

ti -
k
, .
SISTEMáTICA VEGETAL 477

8. Plantas insetívoras, com pêlos pegajosos e mucilaginosos ou utrículos;


placentação central-livre, 2 anteras Lentibulariaceae
8. Plantas não insetívoras; placentação geralmente axial ou parietal, geralmente 4 anteras 9
9. Ovário supero a ínfero; anteras conatas ou aderidas aos pares;
placentação parietal Gesneriaceae
9. Ovário consistentemente supero; anteras geralmente livres; placentação geralmente axial 10
10. Sementes com endosperma bem desenvolvido 11
10. Sementes com endosperma escasso ou ausente 13
11. Plantas hemiparasíticas (e verdes) a holoparasíticas (± sem clorofila),
formando conexões haustoriais com as raízes de diversas plantas hospedeiras;
placentação axial ou parietal Orobanchaceae
11. Plantas autotróficas (e verdes), sem haustórios; placentação axial 12
12. Lóculos das anteras confluentes e antera deiscente por uma nica fenda distai, antera não
r sagitada; estames 5, 4 ou 2; flores clara ou ligeiramente bilaterais Scrophulariaceae
(em parte)
12. Lóculos das anteras livres, deiscentes por 2 fendas longitudinais ou as porções apicais dos sacos
poiínicos adnatas e deiscentes por uma nica fenda em forma de U ou V, antera ± sagitada;
estames 4 ou 2; flores ± claramente bilaterais Plantaginaceae
(em parte; numerosos gêneros)
13. Frutos em geral de deiscência explosiva, sementes associadas com um funículo expandido e
especializado (retináculo); freqúentemente com cistólitos Acanthaceae
13. Frutos deiscentes, mas não explosivos, ou não deiscentes; sementes sem retináculo; cistólitos ausentes 14
14. Óvulos ± numerosos por lóculo, dispostos em placentas bilobadas; fruto geralmente cápsula
alongada, nunca drupa; folhas geralmente opostas e compostas, lâminas sem glândulas pelúddas;
sementes geralmente achatadas e aladas Bignoniaceae
14. Óvulos geralmente 1 por lóculo, dispostos em placentas não-modificadas ; fruto drupa;
folhas geralmente alternas e espiraladas, simples, lâminas geralmente com glândulas pelúddas;
sementes não achatadas e sem asas Scrophulariaceae
{ Myoporum e taxa afins)

de uma Scrophulariaceae redefinida) eVerbenaceae deve ser A ordem consiste em cerca de 22 famílias e 20.000 es¬
próxima de Bignoniaceae. Plantaginaceae, junto com Ges ¬ pécies; as principais famílias são Oleaceae, Bignoniaceae,
neriaceae e Calceolariaceae, devem ser linhagens de diver ¬ Scrophulariaceae, Orobanchaceae, Plantaginaceae, Phyr-
gência precoce dentro do ciado das bilabiadas (Figura 9.123). maceae, Calceolariaceae, Gesneriaceae, Lentibulariaceae,
As delimitações atuais das famílias ainda sã o incertas, e as Acanthaceae, Verbenaceae e Lamiaceae (Cantino 1990,
famílias apresentadas neste texto são separadas com base 1992a,b; Cantino et al. 1992; Olmstead e Reeves 1995; Wags-
em poucas diferenças. Alguns sistematas chegaram mesmo taff e Olmstead 1996).
a sugerir que todas as famílias com flores bilabiadas e zigo-
morfas (isto é, com uma corola de padrão 2 + 3 e geralmen ¬ Oleaceae Hoffmannsegg e Link
te com quatro estames) deveriam ser combinadas em uma (Família da oliveira)
ú nica e grande família.
Lamiales seguramente pertence às aster ídeas- núcleo, tal Árvores, arbustos, ou lianas; com frequência com esclereídes;
como indicado por sequências de DNA corolas gamopétalas,
, geralmente com glicosídeos fen ólicos; gemas 2 a muitas
óvulos com um único tegumento e megasporângio de parede e sobrepostas; presença de iridóides. Indumento de esca ¬
fina. A ordem provavelmente é mais próxima de Solanales e mas peitadas. Folhas geralmente opostas, simples, compostas
Gentianales (Downie e Ralmer 1992; Hufford 1992; Olmstead pinadas ou trifolioladas, inteiras a serreadas, com venaçã o
et al. 1992a,b, 1993) . peninérvea; estipulas ausentes. Infloresc ências determinadas,
478 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

B)

Lamiales: Plantaginaceae
Antirrhinum majus: frutos deiscentes por poros

L\'
Lamiales: Scrophulariaceae
Verbascum uirgatum: flores
t

Lamiales: Plantaginaceae
Antirrhinum majus: flor, secção longitudinal

Lamiales: Gesneriaceae
Columnea zebrina: planta florida

ff ) A râ Lamiales: Gesneriaceae
Aeschmmthus mdicans:
anteras conatas

(«hfí1 i
i 1 (H)
Lamiales: Plantaginaceae
Plantago aristata: inflorescêndas

Lamiales: Bignoniaceae Lamiales: Oleaceae Lamiales: Orobanchaceae


Kigelia africana: flor Oiea europaea: flores Orobanche uniflora: planta
florida
PRANCHA 9.21 Eudicotiledôneas: Lamiales

í
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SISTEMáTICA VEGETAL 479

0) CL)
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Lamiales: Verbenaceae
Lantana camara: flores
Lamiales: Acanthaceae
Pachystachys lutea: inflorescência
com brácteas coloridas
Lamiales: Lamiaceae
Vffer agnus-castus: flores

(N)
V >;
V

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J •*

Lamiales: Bignoniaceae Lamiales: Lentibulariaceae


l Spathodea campanulata: fruto e sementes aladas Pinguicula caerulea , roseta basal e flores
( O)

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*
* *%* . '
*'

Lamiales: Lentibulariaceae
Lamiales: Lamiaceae Stachys sp.: dissecção do ovário; Utricularia inflata: folhas com utr
ículos
Stachys sp.: flores observe os 4 lobos

I PRANCHA 9.21 Eudicotiled ô neas: Lamiales


T
480 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

às vezes reduzidas a uma flor solitária, terminais ou axilares.


Flores bissexuais ou à s vezes unissexuais ( plantas então polí- Fórmula floral:
gamas a ± dióicas), radiais. Sé palas geralmente 4, conatas, raro
* , K@, C (4), A.2 , G(5); cá psula, sâmara, drupa, baga
ausentes (em alguns Fraxinus ). Pétalas geralmente 4, mas às
vezes mais numerosas, conatas, imbricadas ou induplicado-
valvadas (isto é, dobradas para dentro, com a porçã o central
dos lobos encontrando-se), raro reduzidas ou ausentes (em Distribuição: amplamente distribuída em regiões tropicais
alguns Fraxinus ) . Estames 2; filetes adnatos à corola; grãos de a temperadas.
pólen tricolpados ou tricolporados. Carpelos 2, conatos; ovário
sú pero com placentação axial; estigma 2-lobado ou capitado. Gêneros / espé cies: 25 /600. Principais g êneros: Jasminum
Óvulos geralmente 2 por lóculo, com 1 tegumento e megas- (230 spp.), Chionanthus (90), Fraxinus (60), Ligustrum (35), No-
porângio de parede fina. Disco nectar ífero freqúentemente ronhia (35), Syringa (30), Menodora (25), Olea (20), Forestiera
presente. Fruto cá psula loculicida ou circuncisa, sâmara, baga (15) e Osmanthus (15). Todos os gêneros supracitados (exce - '

ou drupa; com frequência 1-seminada; endosperma presente a to Olea e Noronhia ) estão representados nos Estados Unidos
ausente (Figura 9.124). e/ou no Canadá.

( A .)

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(D ) F)
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FIGURA 9.124 Oleaceae. (A-K ) Chionanthus virginicus: (A ) ramo flori- drupas (x 0,5); ( I ) caroço (x 2,5); (J ) caroço e semente em secçã o longi-
do (x 0,5); ( B) flor estaminada (x 3); (C) estame de flor estaminada (x tudinal , parede do endocarpo hachurada , endosperma pontilhado e
20); ( D) gineceu n ã o-funcional de flor estaminada (x 3); ( E) estame de .
embri ão em branco (x 4); ( K ) embrião (x 7,5). (L) C. pygmaeus : flor esta-
flor bissexual ( x 20); ( F ) gineceu de flor bissexual (x 15); (G) ová rio em minada, observe os dois estames (x 6). (Fonte: Wood 1974, A student'%
secçã o transversal, com dois óvulos por lóculo (x 30); (H) ramo com atlas offloneringplants, p. 87.)
W

SISTEMáTICA VEGETAL 481

Importância econó mica e produtos: Olea europaea (olivei ¬ nectaríferos geralmente presentes. Fruto cá psula loculicida ou
ra; Prancha 9.21H) fornece frutos comestíveis e óleo de co¬ septiáda, às vezes carnosa ou baga; sementes pequenas; endos-
zinha. Fraxinus contém espécies de madeira comercialmen ¬ perma presente ou ausente.
te importantes. Forsythia, Jasminum, Ligustrum, Chionanthus,
Osmanthus, Syringa e Noronhia são cultivados como plantas
ornamentais. Fórmula floral:

Discussão: Oleaceae é considerada monofilé tica com base


&
X, K C(2+3) A( 2+2), G cápsula, baga ©
em sequê ncias de rpsl ô e tmL-F e em muitas sinapomorfias
morfológicas (Wallander e Albert 2000). A família, do ponto
de vista morfológico, é muito divergente da maioria das ou ¬ Distribuição e ecologia: família amplamente distribuída em
tras Lamiales, e às vezes tem sido incluída em uma ordem regiões tropicais.
própria (Oleales).
A família geralmente é dividida em Jasminoideae , Ca - G ê neros / esp é cies: 147/3.500. Principais g êneros: Cyr -
racterizada pela presença de um a muitos óvulos geralmente tandra (550 spp.), Columnea (270), Besleria (200), Henckelia
eretos por lóculo e de quatro a doze pétalas, e Oleoideae , (150), Streptocarpus (150, incluindo Saintpaulia ), Aeschynan -
caracterizada pela presen ça de dois óvulos pêndulos por lóculo thus (140), Chirita (80), Alloplectus (75), Sinningia (60) e Ges-
e quatro pétalas. Jasminoideae é morfologicamente hetero ¬

neria (60). Nenhuma espécie ocorre como nativa nos Estados


génea e parafilética (Kim e Jansen 1998b; Wallander e Albert Unidos e/ou no Canadá.
2000). Oleoideae é hipoteticamente monofilética, com base nos
caracteres supracitados, no n mero cromossômico haplóide Import ância econó mica e produtos: a família é notável pelo
23, na presença de caracter ísticos glicosídeos de flavonas e em
grande número de espécies ornamentais, incluindo Episcia,
caracteres anatomia madeira. A maioria das Oleoideae
de da
, Sinningia (gloxínia, rainha-do-abismo), Streptocar¬
apresenta frutos drupáceos (p. ex., Chionanthus, Forestiera, Ligus- Columnea ) e Aeschynanthus (Prancha 9.21.E).
trum, Noronhia, Olea e Osmanthus ), mas Syringa apresenta cáp¬ pus violeta africana
(
sulas loculicidas e Fraxinus produz sâmaras. Fraxinus também tica com
é caracter ístico por apresentar folhas pinado-compostas (vs. Discussão: Gesneriaceae é considerada monofilé
base em caracteres morfol ógicos e sequ ê ncias de ndhF (Smith
simples nas outras Oleoideae) e flores reduzidas e polinizadas
dos gê neros pertence a
pelo vento. O tipo de fruto é variável dentro de Jasminoide ¬ 1996; Smith et al. 1997) . A maioria
/

monofilética,
ae ; Jasminum apresenta bagas bilobadas, Fontanesia apresenta duas grandes subfamílias. Gesnerioideae é
sâmaras e Forsythia e Menodora apresentam cápsulas. como evidenciado pelo ovário semi- ínfero a completament e
. monofilia de Cyrtan -
As flores vistosas freqiientemente odoríferas e diversa ¬ ínfero e pelos grãos de pó len grandes A
, ov á sú pero , é sustentada por um
mente coloridas de Oleaceae são polinizadas por abelhas, droideae que apresenta rio
toma maior
borboletas e moscas à procura de néctar. As flores de Fraxinus cará ter embriológico incomum um cotilédone se
;
do que o outro na germina çã o. As duas subfam ílias também
e Forestierà apresentam perianto reduzido e sã o polinizadas
s ão sustentadas por caracteres de número cromoss ô mico , de
pelo vento. K>de ocorrer tanto a polinização cruzada quanto a
autopolinização. Espécies com frutos carnosos são dispersas compostos secund á rios caracter í sticos , e por sequ ê ncias de
ndhF (Smith et al . 1997 ). Dentro de Gesnerioideae , g êneros
por aves ou mamíferos. As sâmaras de Fraxinus são dispersas
pelo vento, tal como ocorre com as sementes de espécies com como Asteranthera, Besleria, Napeanthus e Sinningia( ã
s o cia ¬
dos de divergência precoce enquanto , Gloxinieae Kohleria ,
5 frutos capsulares.
Gloxinia e taxa afins ), Gesnerieae (Gesneria , Sanango , Rhytido -
Referências adicionais: Bigazzi 1989; Green 2004; Wilson and phyllum ) e Episcieae (p. ex., Codonanthe, Episcia, Alloplectus e
Wood 1959. Columnea ) formam um ciado (Smith e Carroll 1997).
As vistosas flores de Gesneriaceae apresentam grande
Gesneriaceae Richard e A. L. de Jussieu diversidade de síndromes de polinização; os principais po-
(Família da violeta africana) linizadores sã o abelhas, mariposas, borboletas, moscas, mor¬
cegos e aves. Pólen e n éctar são utilizados como recompensas
Ervas até arbustos, freqiientemente epífitas; muitas vezes com florais. A atração dos polinizadores pode ser auxiliada pela
glicosídeos fenólicos; sem iridóides. Pêlos simples, com fre ¬ presença de cálices e até folhas coloridas. Espécies com frutos
qu ê ncia glandulosos. Folhas geralmente opostas, normalmente carnosos sã o dispersas por aves; as pequenas sementes dos
simples, inteiras a diversamente denteadas, freqiientemente taxa com frutos capsulares devem ser dispersas pelo vento e
¥ pilosas, com venação peninérvea; estipulas geralmente ausentes. pela água.
Inflorescências geralmente determinadas, às vezes reduzidas
a uma flor solitária; axilares. Flores bissexuais, zigomorfas. Referências adicionais: Burtt 1977; Harrison et al. 1999 Mõller
;
Sépalas 5, livres a conatas. Pétalas 5, conatas, corola geralmente and Cronk 1997 ; Weber 2004 ; Wiehler 1983 .
I bilabiada, com lobos imbricados. Estames 4, s didínamos; fi¬
Plantaginaceae A. L. de Jussieu
£ letes adnatos à corola: anteras aderidas aos pares ou todas
juntas; grãos de pólen geralmente tricolporados. Carpelos 2, (Família do tanchagem)
conatos; ovário sú pero a ínfero, com placentação parietal; es¬
$ tigma 2- lobado. Óvulos numerosos por placenta, com 1 tegu ¬ Ervas ou, menos freqiientemente, arbustos, às vezes aquáticos;
mento e megasporângio de parede fina. Glâ ndulas ou disco autotróficos, sem haustórios; freqúentemente com glicosí-
482 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

deos fenólicos e saponinas triterpen óides, irid óides ram- phularia e Verbascum e na inserção de gêneros parasíticos
nosil -acilados e, às vezes, glicosídeos cardíacos. Pêlos di ¬ como Pedicularis, Agalinis e Castilleja.
versos, mas em geral simples, se glandulares, o pedúnculo A maioria desses gêneros, at é recentemente, foi incluída
alongado e geralmente composto por 2 células ou mais e uma em Scrophulariaceae, mas sequências de rbcl, ndhF e rps2
-
cabeça globosa a elipsóide, sem parti ções verticais. Folhas
alternas e espiraladas ou opostas, ocasionalmente verticiladas,
(Olmstead et al. 1992a, 1993, 2000a,b, 2001; Olmstead e Ree-
ves 1995; Tank et al. 2006) sustentam fortemente a transferên ¬
simples, inteiras a diversamente denteadas, com venação pe- cia de Scrophularia e Verbascum para o assim chamado ciado
ninérvea, mas ± paralela em Plantago; estipulas ausentes. In- Selago. Essa transferência também é sustentada por caracteres
florescências diversas. Flores geralmente bissexuais e bilaterais, morfológicos. Scrophularia e Verbascum partilham com Selago
mas ± radiais em Plantago; reduzidas em Callitriche. Sépalas (e taxa afins) as apomorfias de anteras com lóculos confluen ¬
geralmente 4 ou 5, conatas. Pétalas geralmente 5, ocasionalmente tes, deiscentes por uma única fenda distai, e anteras clava-
parecendo 4 ( devido à fusão dos dois lobos superiores ), conatas, -
das (não sagitadas) (Weberling 1989). Além disso, todos eles
corola bilabiada, às vezes com um nectário basal do tipo es ¬
apresentam pêlos glandulosos com uma cabeça achatada e
porão, o lábio inferior às vezes provido de uma excrescê ncia discóide constituída por duas a muitas células separadas
que oculta a fauce (corola personada ), lobos imbricados ou por divisões verticais (aparentemente uma plesiomorfia).
valvados. Estames geralmente 4, didínamos, às vezes reduzi ¬ De acordo com as regras de nomenclatura (ver Apêndice 1),
dos a dois, às vezes um quinto estame presente na forma o ciado Selago deve ser chamado de Scrophulariaceae, pois
de um estamí nódio (p. ex., Penstemon); filetes adnatos à coro¬ contém Scrophularia, o typus do nome mais antigo na família.
la; anteras 2-loculares, lóculos livres, deiscentes por duas fendas Os integrantes da família antes chamada Scrophulariaceae
longitudinais, ou porção apical dos sacos polínicos às vezes são aqui incluídos em Plantaginaceae, embora o nomeVero-
adnatas e deiscentes por uma única fenda em forma de U nicaceae Durande tenha sido utilizado por Olmstead et al.
ouV invertida (isto é, sagitada), sacos polínicos divergentes (2001); ver também Reveal et al . (1999).
(antera sagitada); grãos de pólen frequentemente tricol- Muitas ervas parasíticas têm sido incluídas em Scrophu ¬

porados. Carpelos 2, conatos; ovário sú pero, com placentação lariaceae na sua definição tradicional. Essas plantas mantê m
axial, placentas grandes e não divididas; estigma geralmente conexão com suas plantas hospedeiras através de raízes espe ¬

2-lobado. Óvulos geralmente numerosos porlóculo, com 1 te ¬ cialmente modificadas denominadas haustórios. Elas abran ¬

gumento e megasporângio de parede fina. Disco nectar ífero gem desde hemiparasitas verdes e providas de clorofila até
geralmente presente, mas ausente em Plantago e Callitriche. holoparasitas brancas e desprovidas de clorofila. Os gê neros
Fruto geralmente cápsula septicida, ocasionalmente poricida ou parasíticos são aqui incluídos em Orobanchaceae. Essa trans ¬

circuncisa (Prancha 9.21A); sementes angulosas ou aladas ferência é sustentada por caracteres tanto morfológicos quan ¬
(Figura 9.125) . to de cpDNA (de Fhmphilis et al. 1997; Tank et al. 2006).
Plantaginaceae, portanto, é circunscrita de modo que ex ¬
clui Scrophularia,Verbascum e taxa afins, os taxa parasíticos,
Fó rmula floral: bem como os gêneros isolados Paulownía e Schlegelia .A famí ¬

lia inclui Callitrichaceae e Hippuridaceae, duas famílias de er


Xou *, K @l C( 2 )ou ®, A 2+2 ou 2, G(2); cápsula vas aquáticas especializadas com flores reduzidas, bem como
¬

um grupo de ervas com flores polinizadas pelo vento (Planta ¬


ginaceae s.s.; ver a Chave, Cronquist 1981 e Rosatti 1984 para
Distribuição: família cosmopolita, poré m mais diversa em
caracteres diagnósticos de Plantago e Callitriche ).
Trabalhos recentemente publicados sugerem que alguns
regiões temperadas.
outros gêneros autotróficos deveriam ser excluídos. É o caso
de Calceolaria, que apresenta uma corola em forma de saco
G ê neros / espé cies: 104/1.820. Principais g êneros: Vero- (hoje incluído em Calceolariaceae), Leucophyllum (que apre ¬
nica (450 spp.), Penstemon (250), Plantago (215), Linaria (120), senta cavidades secretoras nas folhas e é hoje incluído em
Antirrhinum (40), Limnophila (35), Gratiola (20), Scoparia (20) e uma Scrophulariaceae expandida), Mimulus (gênero relacio ¬
Digitalis (20). Gêneros importantes que ocorrem nos Estados nado com Phryma e que apresenta caracter ístico cálice tubu -
Unidos e/ou no Canadá (além da maioria dos supracitados) Ioso denteado e estigmas sensitivos, hoje incluído em Phry-
são Bacopa, Callitriche,Chelone,Collinsia, Hippuris, Maurandya,
Scoparia e Veronicastrum.
maceae; Beardsley e Olmstead 2002; Olmstead et al. 2001),
bem como Lindemia,Torenia, Micranthemum e taxa afins. Estes ll
três últimos gêneros apresentam caule geralmente em secção
Import ância económica e produtos: a família é bem -co- quadrada, sementes foveadas, pêlos glandulares na corola
nhecida pela grande quantidade de taxa ornamentais, tais e anteras geniculadas com filetes basalmente engrossados
1
'

como Angelonia, Antirrhinum (boca-de-dragão), Digitalis (de- e hoje são incluídos em Linderniaceae (Albach et al. 2005;
daleira), Penstemon, Russelia e Verónica (verónica). Algumas Oxelman et al. 2005; Rahmanzadeh et al. 2005).
espécies de Digitalis têm uso medicinal. A monofilia de Plantaginaceae é sustentada por caracte¬
res de DNA (Albach et al. 2005; Olmstead et al. 1993, 2001;
Discussão: por muito tempo, a circunscriçã o desse grupo Olmstead e Reeves 1995; Oxelman et al. 2005; Wagstaff e
foi ambígua e muitos gêneros têm sido considerados como Olmstead 1997). A proximidade de Plantago com integrantes
morfologicamente intermediários com outras famílias de La- da família polinizados por insetos é especialmente evidente ii
miales. Dois grandes conflitos residem na inserção de Scro- nos caracteres químicos, em particular pela presença de au -
l% .
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SISTEMáTICA VEGETAL 483

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FIGURA 9.125 Plantaginaceae. Penstemon canescens: (A) caule florido (G) ovário em secção transversal, observe os numerosos óvulos (x 18);
(x 1); (B) ápice de botào (x 5); (C) flor (x 5); (D) flor em secçã o longitu
¬ (H) cápsula (x 4,5); (I) semente (x 36); (J) semente em secção longitudi¬
dinal, observe o estaminódio piloso e estames em dois pares (didína- nal, endosperma pontilhado, embrião em branco (x 30). (Fonte: Wood
mos) (x 5 ); (E) antera (x 15); (F) ov ário em secção longitudinal (x 18); 1974, A studenfs atlas offlowering plants, p. 99.)

cubina um iridóide glicosilado,manitol (um álcool de açúcar) As flores de Plantaginaceae apresentam grande diversi ¬

e ácidos oléico e linoléico (como principais ácidos graxos). dade de formas, cores e tamanhos e são polinizadas princi ¬

A corola tetralobada de Plantago provavelmente derivou da palmente por abelhas, moscas e aves à procura de néctar. A
completa fusão de dois lobos superiores de um ancestral presenç a de guias de néctar na corola é frequente. As redu ¬

com corola provida de cinco lobos, como a que se observa em zidas flores de Callitriche são polinizadas pela água, e as de
algumas espécies de Verónica e Aragoa. Sinapomorfias mor ¬
Plantago, pelo vento (Figura 9.21G).
foló gicas de Plantaginaceae não são facilmente aparentes,
embora caracteres do desenvolvimento precoce do androceu Refer ências adicionais: Armstrong 1985; Boeshore 1920;
em relação à corola e a morfologia dos pêlos devam sustentar Kamphy 1995; Miller 2001; Philbrick and Jansen 1991; Rahn 1996;
a monofilia do grupo. Reeves and Olmstead 1998; Soekarjo 1992; Thieret 1967, 1971.
T

484 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Scrophulariaceae A. L. de Jussieu Os gêneros listados arima são próximos de Buddleja (com


(Família da budléia) frequência incluído em Buddlejaceae). Buddleja apresenta
flores radiais com 4 lobos da corola e 4 estames. Um dado
Ervas ou arbustos; autotróficos; com iridóides. Pêlos geraJmente contendo Buddleja + Scrophularia + Selago é aparentemen ¬
simples, se glandulares, providos de um pedúnculo curto a alon¬ te irmão de outro dado contendo Leucophyllum, Myoporum,
-
gado e de uma cabeça achatada e discóide composta de 2 4 células Bontia, Ereophila e taxa afins (frequentemente incluídos em
separadas por divisões verticais, às vezes estrelados, plumosos
Myoporaceae) . Este ltimo dado é caracterizado pela presen ¬
ou peitados. Folhas alternas e espiraladas, ou opostas, simples, ça de glândulas pelúcidas nas lâminas foliares e presença de
inteiras a denteadas, com venação peninérvea, às vezes com apenas um óvulo por lóculo e frutos drupáceos. Leucophyllum
cavidades secretoras esparsas (glândulas pelúcidas); estipulas (que aparentemente é o grupo-irmão dos demais taxa do da ¬
ausentes. Inflorescêndas indeterminadas e terminais. Flores bis¬ do com glândulas pelúddas) apresenta folhas densamente
sexuais, bilaterais a menos frequentemente radiais. Sépalas geral ¬
pilosas com apenas duas glândulas pelúcidas apicais, lóculos
mente 3-5, conatas. Pétalas 4 ou 5, conatas, corola com frequência
pluriovulados e frutos capsulares (Lersten e Beaman 1998).
± bilabiada ou com um tubo estreito e lobos imbricados e expandi ¬
As flores de Scrophulariaceae são polinizadas por gran
dos. Estames 5, 4 ou 2, o quinto estame com frequência repre ¬

¬
de variedade de insetos à procura de néctar. As sementes ou
sentado por um estaminódio; filetes adnatos à corola; anteras
2-loculares, mas os sacos polínicos geralmente confluentes
aquênios são dispersos pelo vento e as espécies com frutos
carnosos são dispersas por aves.
e deiscentes por uma nica fenda distai perpendicular aos
filetes ou ± em formato de U, base da antera sagitada ou não; Referências adicionais: Hilliard 1994; Kornhall and Bremer
grãos de pólen geralmente tricolporados. Carpelos 2, conatos; 2004; Zona 1998.
ovário supero, com placenta ção axial, placentas não-divididas;
estigma pontuado, capitado a 2-lobado. Óvulos numerosos a 1
por lóculo, com 1 tegumento e megasporângio de parede fina Orobanchaceae Ventenant
ou espessa. Disco nectarífero geralmente presente. Fruto cá psu ¬ Ervas; hemiparasitas (isto é, parasitas parciais, com clorofila)
la septicida, drupa ou esquizocarpo de aquênios ou drupas. até holoparasitas (isto é, totalmente parasitas, sem clorofila),
com uma conexã o grande ou muitas conexões pequenas
do tipo haustorial com as raízes das plantas hospedeiras;
Fórmula floral: frequentemente com glicosídeos fenólicos; geralmente com
irid óides e orobanquina, que faz com que as folhas ( ou a
X, K( 5), C(2+3), A5 ou 2+2 ou 2, G(2); cápsula, drupa,
J — esquizocarpo
planta toda ) fiquem pretas após a secagem. Pêlos diversos,
mas geralmente simples, quando glandulares, os pedúncu ¬

los ± alongados, em geral compostos de 2 ou mais células e uma


cabeça ± glandular a elipsóide, geralmente sem partições ver¬
Distribuição: amplamente distribuída, de regiões tempera ¬
ticais. Folhas alternas e espiraladas ou opostas, simples, freqúen-
das a tropicais. temente pinado-lobadas a partidas, às vezes reduzidas a escamas,
inteiras a diversamente denteadas, com venação peninérvea;
Gêneros/ espécies: 52/1.680. Principais g êneros: Verbas- estipulas ausentes. Inflorescê ndas geralmen
te indetermi ¬
cum (360 spp.), Scrophularia (250), Eremophila (210), Selago nadas, às vezes reduzidas a uma flor solitária, terminais a
(190), Buddleja (125), Manulea (75), Nemesia (65) e Sutera (50). axilares. Flores bissexuais, bilaterais. S
épalas geralmente 5, co¬
Verbascum, Scrophularia, Leucophyllum, Bontia e Buddleja ocor ¬
natas. Pétalas geralmente 5, conatas, a corola bilabiada , os lobos
rem nos Estados Unidos e/ou no Canadá. imbricados. Estames 4, didínamos, o quinto estame ocasional¬
mente presente na forma de estamin ódio; filetes adnatos à co¬
Import ância económica e produtos: a família apresenta rola; anteras 2-loculares, deiscentes por duas fendas
longitudinais,
escassa importância económica; Verbascum (Prancha 9.21B), 1 lóculo às vezes reduzido ou modificado, sacos polínicos di¬
Buddleja e Myoporum são cultivados como ornamentais. vergentes e antera sagitada; grãos de pólen frequentemente
tricolporados. Carpelos 2, conatos; ovário sú pero com placentação
Discuss o: a monofilia de Scrophulariaceae é claramente axial a parietal, placentas não divididas ( no caso de placentação
sustentada por caracteres morfológicos e por sequências de axial ) ou frequentemente dividida ( no caso de placentação parie¬
rbcL, ndhF e rpo2 (Olmstead et al. 1992a, b, 1993, 2001; Olms- tal ); estigma 2-lobado. Óvulos geralmente numerosos por
tead e Reeves 1995) . Verbascum e Scrophularia estão proxima ¬ lóculo ou placenta, com 1 tegumento e megasporângio de
mente relacionados e formam um ciado sustentado por suas paredes finas. Disco nectar ífero geralmente presente ao redor
sementes caracter ísticas, filetes pilosos, tipo de desenvolvi¬ da base do ovário. Fruto cá psula septicida a locuiicida; sementes
mento do endosperma e sequências de cpDNA (Olmstead e angulosas (Figura 9.126).
Reeves 1995; Thieret 1967; Olmstead et al. 2001). Tais gêneros
provavelmente formam o clado-irmão de Limoselleae {Sela ¬
go, Manulea, Sutera, etc.). Selago e taxa afins formam um dado
sustentado pela presença de lóculos uniovulados e frutos se ¬
melhantes com aqu ênios. Esse grupo é próximo de Sutera, Ma¬
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Fórmula floral: K , C(2 ) A2+2, G(g); cápsula

nulea e taxa afins, que por sua vez são morfologicamente inter¬
mediários entre os dados Selago e Verbascum + Scrophularia. Distribuição: família praticamente cosmopolita.
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SISTEMATICA VEGETAL 485

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as gemas escamosas
FIGURA 9.126 Orobanchaceae.Conopholis americana: (A) planta frutificando, retirada das ra ízes de Quercus rubra observe
;
na t bera (x 0,75); (8) botào (x 6); (C, D) flores (x 6 ; (E, F estames x 12
) ) ( ); (G ) ová rio em secçã o transversal (x 9); ( H ) fruto em secção transversal
(x 3); I, J duas sementes
( ) ( x 18). ( Fonte; Thieret 1971, J. ArnoldArbo r. 52: p. .
421 )

G ê neros / espé cies: 65/1.540. Principais gê neros: Pedi- Mathews 2006; de Pamphilis eYoung 1995; de Pamphilis et
cularis (600 spp.), Castilleja (200), Euphrasia (200), Oróbanche al. 1997; Nickrent et al. 1998; Olmstead et al. 2001; Wolfe et
(100), Buchnera (100), Agalinis (60), Striga (50) e Harveya (40). al. 2005;Young et al. 1999) também sustentam a monofilia do
Gêneros importantes que ocorrem nos Estados Unidos e/ou grupo. Gêneros hemiparasitas, tais como Aureolaria, Agalinis,
no Canadá (além da maioria dos supracitados) são Aureolaria, Pedicularis, Castilleja e Buchnera, foram tradicionalmente inse ¬
Conopholis, Epifagus, Melampyrum, Orthocarpus, Khinanthus e ridos em uma Scrophulariaceae amplamente definida (que in ¬

Seymeria. cluía a maioria das Plantaginaceae e Scrophulariaceae, como


aqui definidas), com base em numerosos caracteres simple-
Importância económica e produtos: a família apresenta es¬ siomórficos. Esses taxa eram incluídos em Scrophulariaceae,
cassa importância económica, mas alguns taxa, como Striga, subfamOia Rhinanthoideae, junto com taxa autotróficos como
podem ser pragas de lavouras. Verónica. Na maioria das classifica ções (Cronquist 1981), os
taxa holoparasitas (p. ex., Oróbanche, Epifagus, Conopholis e
Discussão: Orobanchaceae, como aqui circunscrita, é consi¬ Boschniakia ) eram inseridos em uma família restritamente
derada monofilética com base no hábito hemi ou holoparasi- definida, dando-se ênfase à presença de placentas parietais
ta, na morfologia dos pêlos e possivelmente na inflorescência como caráter diagnóstico. No entanto, a tradicional separação
racemosa. An álises cladísticas baseadas em DNA (Bennett e entre Orobanchaceae e Scrophulariaceae é difícil de ser aceita
T
486 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

em casos como o de Haroeya , que é holoparasita, mas apre ¬


Distribuição: família amplamente distribuída em regiõ es
senta placentação axial. Orobanchaceae abrange um contí¬ tropicais e subtropicais, com poucas espécies em climas tem ¬

nuo desde plantas clorofiladas providas de muitos haustó rios perados; muito diversa na América do Sul.
até holoparasitas desprovidos de clorofila (Prancha 9.211) e
providos de um nico e grande haustório. Orobanche, Epifagus Gêneros/espé cies: 104/860 . Principais gêneros: Tabebuia
e Conopholis, por exemplo, apenas representam um extremo (100 spp. j, Adenocalymma (80), Arrabidaea (70) e Jacaranda (40).
em um contínuo aumento de especialização para um hábito Alguns poucos gêneros, incluindo Catalpa, Campsis, Macfadye-
parasítico (Boeshore 1920). Análises baseadas em DNA su ¬
na, Pithecoctenuim e Tecoma, ocorrem nos Estados Unidos.
gerem que, embora haustórios tenham evoluído apenas uma
vez no grupo, o hábito holoparasita apareceu numerosas ve ¬ Importância econó mica e produtos: algumas espé cies de
zes dentro da família. Catalpa e Tabebuia fornecem madeira . Spathodea, Campsis,
O gê nero autotrófico Lindenbergia (geralmente incluído Bignonia, Chilopsis, Clytostoma, Crescentia (cujete), Jacaranda
em Scrophulariaceae ) deve ser o grupo-irmão dos gêneros (caroba), Kigelia, Macfadyena (unha -de -gato), Podranea, Pyros-
hemi ou holoparasitas. Apomorfias morfológicas que sus ¬
tegia (flor-de-são- joão), Tabebuia (ipê) e Tecoma (tecoma) são
tentam essa relação devem ser a presen ça de lobos abaxiais cultivados como ornamentais.
da corola sobrepassando os lobos adaxiais, peculiaridades
da morfologia dos pêlos e a presença de inflorescência in ¬ Discussão: Bignoniaceae é facilmente reconhecida e pro¬
determinada. Lindenbergia deveria ser incluído em Oroban ¬
vavelmente monofilética, tal como evidenciado por dados
chaceae. de sequências de rbcL e ndhF (Spangler e Olmstead 1999)
As flores de Orobanchaceae apresentam grande diver ¬
e pelas sinapomorfias morfológicas indicadas na descrição
sidade de formatos e cores e são polinizadas por abelhas, da família. Padrõ es evolutivos dentro da família t êm sido
vespas, moscas e aves. As brácteas coloridas às vezes auxi ¬ investigados por Gentry (1974, 1980, 1990), que reconheceu
liam na atração dos polinizadores, tal como acontece com muitas tribos com base na variação do há bito, das folhas, da
Castilleja . As sementes são provavelmente dispersas pelo placentação, dos frutos e das sementes. No entanto, muitas
vento. dessas tribos não devem ser monofiléticas (Spangler e Ol ¬

Referência adicional: Thieret 1971. mstead 1999) . Folhas pinado-compostas são consideradas
condição ancestral, mas Crescentia, Catalpa e Tabebuia contêm
espécies com folhas reduzidas, trifolioladas ou até unifolio-
Bignoniaceae A. L . de Jussieu ladas. O hábito tipo liana (com folhas modificadas em gavi ¬

(Família do ipê e da caroba) nhas) e o crescimento secundário anómalo são considerados


Á rvores, arbustos ou lianas; as lianas com caracter condições derivadas dentro de Bignoniaceae e caracterizam
ístico padrão um grupo de gêneros neotropicais (Bignonieae; Prancha
de crescimento secundário anómalo que resulta em um cilin ¬
9.21F) (Lohmann 2006) . Crescentia , Parmentiera e Kigelia são
dro de xilema 4 ou multilobado ou sulcado; geralmente com
iridóiHes e glicosídeos fenólicos. Pêlos diversos, com frequên ¬ caracterizados por produzirem frutos indeiscentes e freqúen-
cia simples. Folhas opostas ou verticiladas, ocasionalmente al ¬
temente grandes.
ternas e espiraladas, compostas pinadas ou palmadas, oca-
Paulownia e Schlegelia tê m sido incluídos em Bignonia ¬
ceae ou considerados intermediários entre essa família e
sionalmente simples, inteiras a serreadas, venação peninéivea
a palmada, folíolos terminais (e ocasionalmente os laterais) às Scrophulariaceae (na sua definição tradicional, não na defi ¬
nição utilizada aqui) . Esses gêneros carecem das caracter ís-
vezes modificados em gavinhas ou ganchos; estipulas ausentes. ticas sinapomorfias de Bignoniaceae (Armstrong 1985) e são
Intlorescências diversas. Flores bissexuais, zigomorfas, geralmen¬
aqui tratados como pequenas famílias separadas (Spangler e
te grandes e vistosas. Sépalas 5, conatas. Pétalas 5, conatas, coro¬
Olmstead 1999) . A semelhança com Plantaginaceae e Scro
la ± bilabiada, os lobos geralmente imbricados. Estames geral ¬
¬

mente 4, ± didínamos, às vezes reduzidos a 2, o quinto estame phulariaceae s.s. deve-se, provavelmente, a um conjunto de
às vezes representado por um pequeno estaminódio; filetes
simplesiomorfias.
As flores de Bignoniaceae são diversas quanto a forma,
adnatos à corola; anteras sagitadas; grãos de pólen diversos, às
coloração e período de antese. Os polinizadores são abelhas,
vezes em tétrades ou políades. Carpelos 2, conatos; ovário su¬
vespas, borboletas, mariposas, aves e morcegos. A poliniza¬
pero, geralmente com placentação axial, placentas divididas (2 ção cruzada é promovida pela presença de estigma sensitivo.
por lóculo); estigma fortemente bilobado, e os lobos sensitivos As sementes da maioria das espécies são dispersas pelo vento
(isto é, fechando-se após o contato com o polinizador). Óvu ¬

(Prancha 9.21M).
los numerosos, com 1 tegumento e megasporângio de parede
fina. Disco nectarífero geraimente presente. Fruto geralmen ¬ Referências adicionais: Dobbins 1971; Fischer et ai. 2004b;
te alongado, cá psula septicida a loculicida, ocasionalmente Lohmann 2006a, b; Manning 2000.
baga ou cápsula indeiscente; sementes geralmente achata ¬
das, aladas ou providas de pêlos; endosperma ausente;
cotilédones profundamente bilobados (Figura 9.127).
Acanthaceae A. L. de Jussieu
(Família da Thunbergia )
Ervas, ocasionalmente lianas, arbustos ou árvores; frequente-
mente com crescimento secundário anómalo; em geral com
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Fó rmula florahX , K , C(2+3) A2+2, G ® cápsula glicosídeos fenólicos, frequentemente com iridóides, alcaloi ¬
des e diterpen óides; com frequência com cistólitos de diversas
SISTEMáTICA VEGETAL 487

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FIGURA 9.127 Bignoniaceae. (A-H) Catalpa bignonioides: ( A) ramo de .


0,5); (H) semente ( x 3 ), (1-M) C. speciosa: (I) ramo de ínflorescència ( x
Ínflorescència cimosa ( x 0,5); ( B) flor (x 2); (C) flor com a maior parte da 0, 7); (J ) estaminódios (x 4); (K ) ovário em secção transversal, observe
I
K corola removida, expondo o gineceu, dois estamesetr ès estaminódios as placentas divididas (x 12); (L) semente (x 12); (M) plântula (Fonte: .
|: (x 4); (D, £) estaminódios (x 4); (F) cápsula (x 0,5); (G) cápsula aberta ( x Wood 1974, A student s atlas of floweringplants, p 102.) .
488 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

formas. Pêlos geralmente simples, mas às vezes ramificados, grupo reteve muitos caracteres plesiomórficos, tais como fo ¬

dendr íticos ou estrelados. Folhas geralmente opostas, mas alter lhas alternas e espiraladas, numerosos óvulos sem retiná culo
nas e espiraladas em Nelsonioideae, simples, às vezes lobadas, e sementes com endosperma (Long 1970). Thunbergia e taxa
inteiras a seneadas ou denteadas, com venação peninérvea; afins (Thunbergioideae) e os demais gêneros (Acanthoide-
estipulas ausentes. Inflorescências diversas. Flores bissexuais, ae) devem constituir um ciado sustentado por caracteres
zigomorfas, freqúentemente associadas com brácteas e bractéolas de sequências de DNA, perda do endosperma, redução no
grandes e coloridas. Sépalas geralmente 4 ou 5, conatas. Pétalas número de óvulos e, possivelmente, pela presença de fo¬
5, conatas, a corola ± bilabiada, lobos imbricados ou convolu- lhas opostas. A maioria dos integrantes da família pertence
tos. Estames geralmente 4, didínamos ou às vezes apenas 2; filetes a grande e claramente monofilética Acanthoideae (Scotland
aánatos à corola; anteras às vezes uniloculares, com frequ ên ¬ 1990; McDade et al. 2000). Sinapomorfias desse ciado seriam
cia pilosas, frequentemente assimétricas, sacos polínicos às a presença de retináculos, cápsulas explosivas e um tipo ca-
vezes amplamente separados por um conectivo modificado. ístico de lobos da corola imbricados. Dois subgrupos
racter
Grãos de pólen diversos. Carpelos 2, conatos; ovário sú pero, com monofiléticos ocorrem em Acanthoideae. O maior é susten ¬

placcntação geralmente axial; estigma funiforme ou 2-lobado, tado pela presen ça de cistólitos nas folhas e inclui Sanchezia,
mas um lobo às vezes reduzido ou ausente. Óvulos,geralmente Hygrophila, Ruellia, Eranthemum, Dyschoriste, Strobilanthes,
2- 10 em duas fileiras por lóculo, raramente numerosos (Nel ¬
Barleria, Pachystachys, Dicliptera, Odontonema, justicia e Fit¬
sonioideae), anátropos a campilótropos, com 1 tegumento tonia. O subgrupo menor é diagnosticado pela presença de
e megasporângío de parede fina, cada óvulo disposto em uma anteras uniloculares e inclui Acanthus, Stenandrium e Aphe ¬

projeção em forma de gancho (retináculo; isto é, um funículo mo¬ landra (Hedré n et al. 1995; Scotland et al. 1995; McDade e
ífero presente. Fruto cá psula loculicida,
dificado ). Disco nectar Moody 1999; McDade et al. 2000).
quase sempre de deiscência explosiva, mas unisseminado indeis- Curiosamente, an álises filogen éticas recentes basea ¬

cente e carnoso em Avicermia; sementes geralmente achatadas, das em dados moleculares sustentam a inclusão do gênero
testa às vezes mucilaginosa; endosperma geralmente ausente Avicennia (planta caracter ística dos manguezais) em Acan ¬

(Figura 9.128). thaceae (Sanders 1997 como a subfamília Avicennoideae;


) (
Schwarzbach e McDade 2002), uma proposta també m sus¬
tentada pela presença de nós articulados, pela estrutura floral
Fórmula floral: (incluindo o fato de a flor ser subtendida por uma bráctea e
duas bractéolas), pela redução no n mero de óvulos e pela
X, K ®, C(2+3) A2+2 ou 2, G ® cápsulla ,
ausência de endosperma.
As flores de Acanthaceae apresentam corolas coloridas e,
com frequência, brácteas vistosas e são polinizadas por abe ¬

Distribuição: família amplamente distribuída, de regiões lhas, vespas, mariposas, borboletas e aves à procura de néc ¬

temperadas a tropicais. tar. A presença de protoginia promove a polinização cruzada,


mas algumas espé cies de Ruellia apresentam flores cleistó-
Gêneros/espéc/es; 202/3.520. Principais gêneros: Justi- gamas. As sementes são relativamente grandes (comparadas
cia (400 spp.), Barleria (250), Strobilanthes (250), Ruellia (200), com as de Plantaginaceae) e são ejetadas a certas distâncias,
Thunbergia (150), Dicliptera (150) e Aphelandra (150). Gêneros pois as cápsulas apresentam deiscência explosiva. Os frutos
dignos de nota que ocorrem nos Estados Unidos são Anisa- incomuns de Avicennia flutuam e são dispersos pela ação das
canthus, Avicennia, Barleria, Carhwrightia, Dicliptera, Dyscho- marés.
riste, Elytraria , Hygrophila, Justicia, Ruellia, Siphonoglossa e
Stenandrium. Lentibulariaceae L. C. Richard
(Família da utriculária)
Import ância económica e produtos: a família contém mui¬
tos taxa ornamentais, tais como Aphelandra (camarão), Asys- Ervas insetívoras, aqu á ticas ou de á reas brejosas, en ¬
tasia, Barleria, fusticia (camarão), Eranthemum, Fittonia, Odon- raizadas em substrato mido ou flutuante e sem raízes, às
tonema, Pachystachys (Prancha 9.21L), Sanchezia, Thunbergia e vezes epífitas; sistema vascular freqúentemente reduzido;
Acanthus. geralmente com iridóides. Pêlos sésseis a pedunculados, glan-
dulosos, alguns secretando mucilagem e outros enzimas
Discussão: a maioria dos gêneros de Acanthaceae cons¬ .
digestivas Folhas alternas e espiraladas ou às vezes verticiladas,
titui um grupo bem definido e monofilético, mas alguns com frequência em rosetas basais , simples, inteiras a finamente
gêneros (aqui incluídos em Nelsonioideae eThunbergioide- divididas , sempre muito modificadas, ou seja, achatadas e
ae) tomaram duvidosa a monofilia da fam ília (Bremekamp densamente cobertas com pêlos adesivos secretores de mucilagem
1965). A família é amplamente circunscrita e considerada e de enzimas digestivas e com as margens que se enrolam após
monofilética com base em sequências de ndhF, rbcl, tmL-F e contato com inseto- presa ( Pinguicula ), ou tubulosas e espiraladas
ITS (Hedrén et al. 1995; Scotland et al. 1995; McDade et al. com pêlos retrorsos e digestivos e providas de uma câmara ba ¬

2000) . Não são conhecidas sinapomorfias morfológicas para sal (Genlisea ), ou não claramente foliáceas, finamente divididas,
Acanthaceae. carregando utrículos que capturam pequenas presas providos de
Nelsonioideae (p. ex., Nelsonia, Elytraria ) deve represen ¬ 2 valvas sensitivas que formam uma armadilha que se abre e fe¬
tar um complexo basal e parafilético dentro da família; esse cha rapidamente em resposta aos estímulos percebidos por 4 pêlos
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FIGURA 9.128 Acanthaceae. ( A -G) Justicia ovata var. angusta: (A ) .
c ápsula deiscente com duas sementes e quatro retináculos (x 4) (I-L) J .
planta florida (x 0,7); (B) flor e botões (x 4); (C) antera (x 14); (D) disco cooieyi: (I) flor e botão (x 5,5 ); ( J ) corola aberta, com um estame (x 5,5);
nectarífero e ovário, com um lado removido para mostrar quatro óvu - (K) antera (x 14); (L) fruto parcialmente maduro e flor cuja corola caiu
los (x 17); (E) cápsula, uma semente removida, observe os retináculos .
(x 3 ). (M, N) J americana: (M) corola com estames, vista de cima (x 4);
. .
( x 4); (F) semente hidratada (x 8,5); (G) embrião {x 8,5) (H) J crassifolia : (N) antera (x 14). (Fonte: Long 1970, J. AmoldArbor. 51: p. 304.)
490 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

sensoriais e que estão intemamente revestidos com pêlos digesti¬


vos ramificados (Utricularia ); estipulas ausentes. Inflorescên- Verbenaceae J. St. Hilaire
cias indeterminadas, sobre um escapo, terminais, à s vezes (Família da verbena)
reduzidas a uma flor solitária. Flores bissexuais, zigomorfas. Ervas, lianas, arbustos ou árvores, às vezes com acúleos ou es ¬
Sépalas 4 ou 5, livres a conatas, freqúentemente bilabiadas. pinhos; caules geralmente quadrados em secção transversal; em
Pétalas 5, conatas, corola bilabiada, o lábio inferior provido de um geral com iridóides; freqúentemente com glicosídeos fenóli-
nectário em forma de esporão e com frequência provido de uma cos. Pêlos simples, glandulares, com óleos aromáticos (incluindo
excrescência que oculta a fauce da corola, lobos da corola im ¬ terpenóides ) e não-glandulares; estes, se presentes,geralmente uni¬
bricados. Estames 2; filetes adnatos à corola; anteras milocula
res; grãos de pólen tricolporados a policolporados. Carpelos
- celulares, às vezes calcificados ou silicificados. Folhas opostas
ou ocasionalmente verticiladas, simples, às vezes lobadas, in ¬
2, conatos; ovário sú pero com placentação central -livre; estigma teiras a serreadas, com venação peninérvea; estipulas ausentes.
desigualmente 2- lobado. Óvulos geralmente numerosos Inflorescências indeterminadas, formando racemos, espi¬
com 1 tegumento e megasporângio de parede fina. Disco gas ou glomérulos, terminais ou axilares. Flores bissexuais,
nectarífero ausente, néctar produzido pelo esporão da corola. bilaterais. Sépalas 5, conatas, cálice tubuloso a campanuiado,
Fruto geralmente cá psula circuncisa, loculicida ou de deiscência persistente, ocasionalmente expandido no fruto. Pétalas 5 (às
irregular; sementes pequenas, embri o ± indiferenciado, en- vezes parecendo 4 devido à fusão do par superior ), conatas, corola
dosperma ausente. ligeiramente bilabiada, lobos imbricados. Estames 4, didínamos;
filetes adnatos à corola; grãos de pólen geralmente tricolpados,
com a exina espessada próximo das aberturas. Carpelos 2,
Fó rmula floral: '
K(Í5), C(2+3) A 2 , G@; cápsula conatos, ovário sú pero, sem lobos a ± 4-lobado, 2- locular mas pa ¬
recendo 4-locular devido ao desenvolvimento de falsos septos, mas
às vezes 1 carpelo suprimido e o ovário parecendo 2-locu-
Distribuição e ecologia: família amplamente distribuída , lar, com placentação axial; estilete terminal, não dividido no
á pice; estigma geralmente 2-lobado, conspícuo, com tecido
de regiões boreais a tropicais; plantas insetívoras de florestas
úmidas, áreas alagadas ou de ambientes aquáticos. Algumas receptivo bem desenvolvido. Óvulos 2 por carpelo (isto é,
1 em cada lóculo aparente), marginalmente inseridos (di¬
espécies de Pinguicula e Utricularia ocorrem como epífitas em
retamente na margem dos falsos septos), com 1 tegumento
florestas tropicais montanas.
e megasporângio de parede fina. Disco nectarífero presente.
Fruto drupa com 2 ou 4 caroços (único e 2-lobado em Lantana )
G êneros / espé cies: 3/310. Principais gé neros: Utricula¬
ria (120 spp.) e Pinguicula (45) . Ambos os gêneros ocorrem -
ou esquizocarpo dividindo se em 2-4 núculas; endosperma au ¬
sente (Figura 9.129).
nos Estados Unidos e no Canadá.

importância económica e produtos: Utricularia e Pinguicula


Fó rmula floral:
são-ocasionalmente cultivadas como curiosidades.
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X, K , (2+3) A2+2, G (2 }, drupa, 4 núculas
Discussão: Lentibulariaceae é claramente monofilética, tal
como evidenciado por caracteres morfológicos e por sequên ¬

cias de rbcL e matK (Muller et al. 2000), embora sua exata lo ¬

caliza ção filogenética dentro de Lamiales seja problemática. Distribuição: família amplamente distribuída de regiões
Há marcantes diferenças na morfologia foliar de Pinguicula, temperadas a tropicais.
Genlisea e Utricularia. Contudo, as folhas dos três gêneros
apresentam pêlos glandulares que secretam tanto enzimas Gêneros / esp é cies: 35/1.000. Principais g êneros: Verbe¬
digestivas quanto mucilagem; uma folha mais ou menos mais na (200 spp.), Lippia (200), Lantana (150), Citharexylum (130),
modificada coberta de pêlos glandulares pode representar a Glandularia (100), Stachytarpheta (90) e Duranta (20). Todos os
condição ancestral. Em Utricularia, os pêlos no interior dos gêneros supracitados ocorrem nos Estados Unidos e/ou no
utrículos também removem o excesso d'água, que é então Canadá; outros gêneros importantes sã o Aloysia, Bouchea e
secretado por glândulas externas (Prancha 9.21P). Pinguicu¬ Priva.
la (Prancha 9.21N) é o grupo-irm ã o de um ciado contendo
Genlisea e Utricularia (Cieslak et al. 2005; Jobson et al. 2003; Importância econó mica e produtos: Lippia e Priva são uti ¬
Muller et al. 2000). lizadas na medicina tradicional e fornecem óleos essenciais.
As vistosas flores zigomorfas (amarelas, brancas, azuis, Duranta, Lantana , Petraea, Stachytarpheta , Verbena e Glandula¬
púrpuras) são polinizadas por abelhas e vespas à procura de ria são cultivados como plantas ornamentais.
néctar. Em Utricularia o estigma às vezes é sensitivo (fechan ¬

do quando tocado); a polinização cruzada é caracteírstica no Discussão: Verbenaceae, como aqui circunscrita, é conside ¬
grupo. rada monofilética, com base em caracteres morfológicos e se ¬
Referências adicionais:
quências de rbcL (Cantino 1992a,b; Chadwell et al. 1992; Judd
Fineran 1985; Taylor 1989; Wood and et al. 1994; Olmstead et al. 1993; Wagstaff e Olmstead 1996).
Godírey 1957. A família tem sido circunscrita de modo muito mais amplo

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SISTEMáTICA VEGETAL 491

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FIGURA 9.129 Verbenaceae. (A- N ) Glandularia bipinnatifí da: (A) planta florida (x 1,25); ( B) corola do lili
botã o (x 4); (C) flor com brá ctea (x 4); ( D) flor em secção longitudinal, observe os estames epipétalos
{x 4); ( E) estame (x 24); ( F ) estame deiscente em vista abaxial, observe a gl â ndula {muito aumenta ¬
do); (G) á pice do estilete e estigma, observe o tecido estigmá tico expandido ( muito aumentado ); ( H ) -
ová rio com estilete terminal (x 20); ( I ) ová rio em secção longitudinal, observe os óvulos (x 40); (J )
infrutescéncia (x 0,5); (K) n úculas com cá lice acrescente (x 7); (L) n úcula em vista adaxial (x 15); (M )
embrião (x 15); ( N ) cá lice após a queda das n ú culas, observe os vest ígios do disco nectar ífero (x 2).
(O) Verbenastricta: planta florida, observe a inflorescència indeterminada (x 1 ). ( Fonte: Wood 1974, A
student s atlas offloweringplants, p. 95.)

pela maioria dos sistematas ( p. ex., Cronquist 1981, 1988) e incluídos em Verbenaceae (p. ex., Calhcarpa , Clerodendrum,Vi -
separada de Lamiaceae com base na presen ça de um estilete tear, Tectona ) foram transferidos para Lamiaceae (ver Cantino
terminal (vs. ginobásico). Aqui incluímos apenas a tradicio- 1992a, b; Cantino et al. 1992) . Assim redefinida, Verbenaceae
nal subfamíliaVerbenoideae (excluindo a tribo Monochileae). pode ser separada de Lamiaceae pela presença de racemos
Na sua delimita ção tradicional, Verbenaceae é parafilé tica, indeterminados, espigas ou gloméralos (vs. inflorescê ncias
enquanto Lamiaceae é polifilética. De modo a tomar Lamia - com eixo principal indeterminado e eixos laterais ramifica -
ceae monofilé tica, quase dois terços dos gêneros geralmente dos como cimas, estes últimos às vezes reduzidos e formando
f

492 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

falsos verticilos); pelos óvulos aderidos nas margens dos fal ¬ ou esquizocarpo dividindo-se em 4 n culas ou 4 pequenas drupas;
sos septos (vs. óvulos aderidos nos lados dos falsos septos); endosperma escasso ou ausente (Figura 9.130).
pelo estilete simples com estigma conspicuamente 2-iobado
(vs. estilete geralmente bifurcado no ápice com regiã o estig-
m ática inconspícua no ápice de cada ramo do estilete); pela Fórmula floral:
exina do pólen espessada nas proximidades das aberturas (vs.
não espessada); e pela presença de pêlos não-glandulares ex ¬
X, K @, C( 2+3), A2-2 , G( 2); drupa, 4 n culas
clusivamente unicelulares (vs. multicelulares e unisseriados).
Além disso, as flores tendem a ser menos bilabiadas. O esti ¬
lete emVerbenaceae é exclusivamente terminal, enquanto em
Distribuiçáo: família cosmopolita .
Lamiaceae varia de terminal a ginobásico.
A inclusão de Petraea em Verbenaceae nã o é sustentada
Gêneros/espécies: 252 / 6.800. Principais gê neros: Salvia "
por algumas análises baseadas em cpDNA, mas é sustentada
(800 spp. ) , Hyptis (400), Clerodendrum (400), Thymus (350),
por outras, bem como por análises combinando morfologia e
cpDNA, sugerindo que esse gê nero deve ser o grupo - irm ão Plectranthus (300), Scutellaria (300), Stachys (300), Nepeta (250) ,
dos demais integrantes da família. Vúex (250), Teucrium (200), Premna (200) e Callicarpa (140) . Um
As vistosas flores de Verbenaceae (Prancha 9.21J) são po ¬ grande n mero de gê neros ocorre nos Estados Unidos e/ ou
linizadas por abelhas, vespas e moscas à procura de néctar. A no Canad á . Gê neros dignos de mençã o ( alé m dos supracita ¬

polinização cruzada é favorecida pela presença de protandria. dos) são Agastache, Ajuga, Collinsonia, Dicerandra, Dracocepha -
Os frutos drupáceos e coloridos são dispersos por aves. As lum, Glechoma, Hedeoma, Hussopus, Lamium, Leonunts, Lycopus,
n culas costumam estar associadas com o cálice persisten ¬
Marrubium, Mentha, Monarda, Physostegia, Piloblephis, Prunella,
te e são liberadas gradualmente com ajuda do vento ou por Pycnanthemum, Pycmstachys, Satureja e Trichostema.
contato. Devem ser secundariamente dispersas pela água ou
ingeridas por aves. Algumas são extemamente transportadas Importância económica e produtos: a família conté m mui ¬

por animais. tas espécies de importância econ mica, seja pela presen ça de
óleos essenciais ou pela utiliza ção como especiarias, incluin ¬

Referências adicionais: Atkins 2004; Cantino 1990; Sanders do Mentha (menta), Lavandula (lavanda), Marrubium, Nepeta,
2001. Ocimum, Origanum (orégano), Rosmarinus, Salvia (sálvia), Sa¬
tureja e Thymus. As tú beras de algumas espécies de Stachys
Lamiaceae Martynov são comestíveis. Tectona (teca) é uma árvore importante como
( = Labiatae A. L. de Jussieu) fonte de madeira. Muitos gê neros são cultivados como orna ¬

mentais, incluindo Ajuga, Callicarpa, Clerodendrum, Plectran ¬

(Família da menta) thus (coleus), Holmskioldw, Leonotis, Monarda, Pycnanthemum,


Ervas, arbustos ou árvores; caules quadradas em secção trans¬ Salvia, Scutellaria e Vitex (tarumã) .
versal; frequentemente com iridóides e glicosídeos fenólicos.
Pêlos glandulares com óleos aromáticos ( incluindo terpenóides ) e Discussão: Lamiaceae (ou Labiatae), como aqui delimita ¬

simples, ou não-glandulares; estes, se presentes, geralmente multi¬ da, é considerada monofilé tica com base nos óvulos lateral ¬

celulares e unisseriados, ou com uma mistura de pêlos unicelula ¬ mente inseridos e em sequ ê ncias de rbcL e ndhF (Cantino
res e pluricelulares. Folhas geralmente opostas, ocasionalmente 1992a, b; Cantino et al. 1992; Junell 1934; Olmstead et al.
verticiladas, simples, às vezes lobadas ou partidas, ou com ¬ 1993; Wagstaff e Olmstead 1996; Wagstaff et al. 1998) . As
postas pinadas ou palmadas, inteiras a serreadas; estipulas relações filogen é ticas dentro de Lamiales sustentam esta
ausentes. Inflorescências com eixo principal indeterminado e eixos circunscriçã o ampla da família, abrangendo muitos gêneros
laterais determinados e ramificados como cimas, com frequência tradicionalmente incluídos emVerbenaceae (ver a discussão
congestos em falsos verticilos, terminais ou axilares. Flores bis¬ emVerbenaceae, para uma lista dos caracteres mais ú teis na
sexuais, zigomorfas. Sépalas geralmente 5, conotas, cálice radial separaçã o das duas famílias) . O ovário em Lamiaceae varia
a bilateral, + tubulosos, campanulado ou em forma de dis ¬ de arredondado a profundamente 4-lobado (vs. arredonda ¬

co, persistente, ocasionalmente expandido no fruto. Pétalas do a moderadamente 4-lobado emVerbenaceae), e o estilete
geralmente 5, conatas, corola geralmente bilabiada, com lobos pode ser de terminal a ginobásico (vs. consistentemente ter ¬

imbricados. Estames 4, did ínamos a ± iguais, às vezes reduzidos minal emVerbenaceae). A maioria dos sistematas restringi ¬

a 2; filetes adnatos à corola; grãos de pólen tricolpados ou exa - ram Lamiaceae para aqueles taxa com estiletes mais ou me ¬

colpados. Carpelos 2, conatos; ovário sú pero, sem lobos a profun¬ nos ginobásicos, uma circunscrição que resulta em um grupo
damente 4 -lobado, 2- locular mas parecendo 4 - locular devido ao polifilético, pois estiletes ginobásicos evoluíram mais de uma
desenvolvimento de falsos septos, com placentaçã o axial; estilete vez no grupo.
geralmente dividido no á pice, terminal a ginobásico; estigmas Muitos grupos monofilé ticos podem ser identificados em
2, pequenos e inconspícuos , no á pice dos ramos do estilete. Óvu¬ Lamiaceae (Cantino 1992a, b; Cantino et al. 1997; Wagstaff e
los 2 por carpelo ( isto é, um em cada lóculo aparente ), Olmstead 1996; Wagstaff et al. 1998). Ajugoideae (ouTeucrio-
inseridos lateralmente (nos falsos septos, muito próximo ideae) é considerada monofilé tica com base na presença de
das margens enroladas dos carpelos ), com 1 tegumento drupas com quatro caroç os, estiletes n ã o- persistentes e grã os
e megasporângio de parede fina. Disco nectar ífero presente. de pólen com colunas granulares a ramificadas na exina. Esse
Fruto drupa, com 1 - 4 caroços e indeiscente, cá psula 4-seminada ciado inclui Clerodendrum, Teucrium, Trichostema, Ajuga e taxa

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SISTEMáTICA VEGETAL 493

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FIGURA 9.130 Lamiaceae (Labiatae). (A-J) Salvia urticifolia: (A) plan ¬ lobado e disco nectarífero ( x 5); (I) núcula (x 10); (J) embrião (x 10).
ta florida; observe as cimas reduzidas formando inflorescência falsa ¬ (K-O). 5. lyrata: (K) folha basal (x 1); ( L) flor em secção longitudinal (x
mente verticilada (x 0,5); (B) flor em vista lateral (x 5); (C) flor em sec¬ 5); (M) estame fértil, com ambas as metades da antera produzindo
çã o longitudinal (x 5); (D) estame em vista lateral, mostrando meia pólen ( x 10); (N) ápice do estilete com ramos desiguais (muito au ¬

antera fértil e meia antera estéril (x 5); (E) estames em vista adaxial mentado); (O) cálice em secção longitudinal, com duas (de quatro)
(x 5); (F) estames como vistos de cima e abaxialmente (x 5); (G) es- n culas quase maduras (x 10). (Fonte: Wood 1974, A student's atlas of
taminódio (x 15); (H) gineceu, observe o estilete ginobásico, ovário .
flowering plants, p 97.)

afins. Scatellaria, Holmskioldia e taxa afins constituem Scu - e Ajugoideae e indicam Nepetoideae como o grupo-irmão ou
tellarioideae, um grupo com c álice arredondado e núculas de Chloanthoideae ou de CaUicarpa (Wagstaff e Olmstead
com excresc ências tuberculadas ou plumosas. Lamioideae .
1996; Wagstaff et al 1998). A monofilia de Nepetoideae, que
e Nepetoideae constituem um grupo monofilético, e ambas inclui Gechoma, Dicerandra, Hyptis, Lycopus, Melissa, Mentha,
apresentam estiletes completamente ginobásicos (Cantino Monarda, Nepeta, Oámum, Origanum, P íectranthus, Prunella,
1992a) . Análises de sequências de rbcL e ndhF, no entanto, Pycnanthemum , Pycnostachys, Saivia, Satureja , Lavandula,
situam Lamioideae em um ciado junto com Scutellanoideae Thymus e Basilicum, é sustentada pela presenç a de pólen he-
494 JLIDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

xacolpado e por sequê ncias de DNA. As outras subfamílias regiã o estigmá tica e geralmente provido de 4-6 caroços
retiveram o p ólen tricolpado. Nepetoideae també m carece (Figura 9.131) .
de endosperma e de iridóides e apresenta um conte do de
terpen óides muito voláteis. A monofilia de Lamioideae, que
inclui Lamium, Prasium, Galeopsis, Leonotis, Physostegia, Mar - Fórmula floral:
rubium, Pogostemon e Stachys, é fortemente sustentada por ca ¬

racteres de DNA. Gmelina, Cailicarpa, Vitex (Prancha 9.21K), Flor estaminada: *, K{ 6 ), C ( 6), A4-6 , G (C
Premna, Comutia e taxa afins são geralmente incluídos na po- Flor carpelada: % K(£ C( 6), A4-6 » G(£ jj); drupa
lifilé tica Viticoideae . Tectona e taxa afins apresentam pêlos (com
ramificados e tê m sido incluídos em Chloanthoideae , um muitos
grupo que aparentemente também é polifiíé tico.
caroços)
As vistosas flores de Lamiaceae sã o polinizadas por
abelhas, vespas, borboletas, mariposas, moscas e aves. O
lá bio superior da corola bilabiada geralmente é arqueado
e protege estames e gineceu, enquanto o lábio inferior for ¬
Distribuição e ecologia: família amplamente distribu ída ,
nece uma plataforma de pouso e freqú entemente é muito porém especialmente diversa em regiões tropicais montanas;
vistoso (Prancha 9.210). O polinizador suja seu dorso ou caracter
ística de solos ácidos.
peças bucais com pólen enquanto acessa as flores à procura
de n éctar. Em Ocimum e taxa afins, no entanto, os estames Gênero/espécies: 1 (Ifex) /400 ,
estão situados próximos do lábio inferior e depositam o p ó ¬
len na região ventral do polinizador. Os estames de Salvia Importância económica e produtos: numerosas espécies de
são muito modificados, o conectivo é expandido e apresenta llex sã o cultivadas como ornamentais, seja pela folhagem ou
formato de alavanca. Muitas espécies são protândricas e a pelos frutos coloridos. As folhas de llex paraguariensis são a
poliniza çã o cruzada é comum. Muitas espécies de Lamium fonte da erva-mate, uma bebida com alto teor de cafeína . As
apresentam flores cleistógamas. Espécies com frutos dru - folhas de l vomitaria, também ricas em cafeína, eram utiliza ¬

páceos sã o dispersas por aves ou mamíferos. As núculas de das por indígenas do sudeste dos Estados Unidos para fazer
muitas espécies são chacoalhadas e dispersas por ação do uma bebida estimulante. A madeira de llex é de boa qualida ¬

vento. N culas també m podem ser ingeridas por aves ou de, sendo apreciada em decorações de interiores.
dispersas pela água.
Discussão: as relações filogenéticas dentro de llex são obs¬
Abu - Asab and Cantino 1989; Cantino
Referências adicionais:
curas, mas está claro que o reconhecimento de Nemopanthus
1990; Cantino and Sanders 1986; Harley et al. 2004; Huck 1992. (com base nas pé talas finas e livres) tornaria llex parafilé tico
(Gottlieb et al. 2005; Powell et al . 2000) . Aquifoliaceae pro¬
Campanulídeas ( Euaster ídeas II ) vavelmente é mais próximo de Helwingiaceae (Helwingia ) ,
um grupo de arbustos com folhas alternas e espiraladas, com
Aquifoliales vena ção peninérvea e inflorescê ncias epifilas (Soltis et al.
2000; Albach et al. 2001a, b), e, possivelmente, també m com
Aquifoliaceae Bercht. & J. Presl Phyllonomaceae (Phyllonoma), outro grupo com flores epifilas
(Família da erva - mate) (Bremer et al. 2002) .
As flores de llex são visitadas por diversos insetos, espe ¬
Á rvores ou arbustos , casca ± lisa; às vezes com alcaloides cialmente abelhas. A polinização cruzada é característica, de ¬

como a cafeína. Pêlos simples. Folhas alternas e espiraladas, vido à presença de dioicia (Prancha 9.22D). Algumas espécies
simples, inteiras a serreadas, os dentes providos de ápices devem ser pelo menos parcialmente polinizadas pelo vento.
decíduos, glandulares a espinhosos; com vena ção penin é r- As drupas são dispersas por aves. O diminuto embriã o ama ¬
vea; estipulas diminutas. Inflorescências determinadas, durece após a dispersão; a germinação é muito lenta, reque ¬
axilares, mas às vezes reduzidas a uma flor solitá ria . Flores rendo de 1 a 3 anos.
geralmente unissexuais ( plantas dióicas ), radiais. Sé palas ge ¬

ralmente 4- 6, ligeiramente conatas. Pétalas geralmente 4 6, - Referências adicionais: Brizicky 1964a; Olmstead et al. 1993.
em geral ligeiramente conatas, imbricadas. Estames geralmente
4 -6 e ligeiramente adnatos à base da corola; gr ã os de pólen
Apiales
3-4-colporados ou porados; estamin ódios conspícuos nas
flores carpeladas. Carpelos geralmente 4 - 6, conatos; ová ¬
Est á claro que Apiales pertence ao ciado das aster ídeas- n ú -
rio sú pero, com placenta ção axial; estilete muito curto ou cleo, como indicado pelos óvulos com um ú nico tegumento
ausente; estigma capitado, discóide ou ligeiramente lobado; e megasporângio de paredes geralmente finas, pelas corolas
pistilódio geralmente conspícuo nas flores estaminadas. gamopétalas (evidentes em muitas Pittosporaceae), pelos es¬
Óvulos geralmente 1 por lóculo, com 1 tegumento e me- tames em um ú nico verticilo (Judd et al. 1994; Judd 1996) e
gaspor â ngio de parede fina. Nectários ausentes ou néctar pelos caracteres de DNA ( Downie e Pálmer 1992; Ká llersjõ
secretado por excresc ê ncias papilosas na superf ície ada- et al. 1998; Olmstead et al. 1992a, 1993, 2000a; Plunkett et al.
xial das pé talas. Fruto drupa colorida (vermelho, alaranjado, 1996a, b; Soltis et al. 2005) . A ordem é monofilética e proxi ¬

p ú rpuro, preto ou róseo ) (Prancha 9.22G ) com uma larga mamente relacionada com Dipsacales e Asterales (Hilu et al.

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SISTEMáTICA VEGETAL 495

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FIGURA 9.131 Aquifoliaceae {A-l) llexglabra: (A) ramo com flores estaminadas (x 0,5); ( B) flor estamina-
da (x 7); (C) flor estaminada em secção longitudinal (x 7); (D) ramo com flores carpeladas (x 0,5); (E) botã o C3*
de flor carpelada (x 7); ( F) flor carpelada, observe os estaminódios (x 7); (G) flor carpelada em secçã o
longitudinal, observe o estigma expandido e o estilete muito curto (x 7); (H) caroço (x 8); (I ) caroço em
secção longitudinal, endocarpo hachurado, endosperma pontilhado, embrião diminuto {x 8). (J - N ) I. opa ¬

ca: (J ) ramo frutificando (x 0,5); ( K) drupa e á pice do ramo, observe o estigma persistente (x 2 ); (L) drupa
com metade do tecido carnoso removido, observe os quatro caroços (x 3); (M) caroço, superf ície abaxial
.
(x 3); ( N ) caroço, superf ície adaxial (x 3) ( Fonte: Wood 1974, A student's atlas offlowering plants, p. 67.)

2003; Olmstead et al. 2000a; Soltis et ai. 2000, 2005). Pòten- Apiaceae Lindley
ciais sinapomorfias morfológicas para Apiales incluem os lo ¬ (= Umbelliferae A. L. de Jussieu)
bos da corola bem desenvolvidos, os estames livres ou quase
livres da corola e a presença de apenas um ou dois óvulos por (Família do aipo e da cenoura)
carpelo. Salientamos que alguns integrantes de todos esses Geralmente ervas, aromáticas; caules geralmente ocos na região
grupos apresentam poliacetilenos. A ordem compõe-se de intemodal; com canais secretores contendo óleos aromáticos e resi ¬

7 famílias e cerca 3.780 espécies; as principais famílias são nas, saponinas triterpenóides, cumarinas, poliacetilenos de falca-
Apiaceae, Araliaceae e Pittosporaceae. rinona, monoterpenos e sesquiterpenos, com umbeliferosa (um
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496 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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Apiales: Apiaceae
Apiales: Araliaceae Oxypolis filijvrmis vai. filiformis: flores
Didymopanax tremulum: ramo com frutos

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Apiales: Apiaceae
Anethum graveolens, Foeniculum vulgare
Cuminum cuminum, Avium graveolens: frutos
Aquifoliales: Aquifoliaceae
Ilexglabra: flor estaminada
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I. glabra: flor carpelada

Apiales: Apiaceae
Cicuta maculata: inflorescência

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Aquifoliales: Aquifoliaceae Myodocarpus fraxínif òlius: planta Apiales: Araliaceae
Rex cassine: ramo em fruto florida Hydrocotyle umbellata: planta florida

PRANCHA 9.22 Eudicotiled ô neas: Aquifoliales e Apiales

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SISTEMáTICA VEGETAL 497

Chave para as Principais Famílias de Apiales

1. Ovário s pero, com muitos óvulos e placentação geralmente parietal, estilopódio ausente;
células da testa com uma depressão central que se desenvolve no meio de uma projeção;
inflorescências não umbeladas Pittosporaceae
1. Ovário ínfero, com um nico óvulo por lóculo e placentação geralmente axial, presença de
estilopódio; células da testa não como acima; inflorescências geralmente umbeladas ou compostas
de unidades umbeladas 2
2. Geralmente ervas; estipulas ± ausentes; ovário 2-carpelado, desenvolvendo-se em um esquizocarpo,
geralmente com cavidades oleíferas e carpóforo Apiaceae
2. Geralmente árvores ou arbustos; presença de estipulas; ovário 2-5-carpelado, geralmente
desenvolvendo-se em uma baga ou drupa globosa (sem cavidades oleíferas nem carpóforo) Araliaceae

trissacarídeo) como produto de reserva de carboidratos. Pêlos Canadá são Angélica, Apium, Carum, Centella, Chaerophyllum,
». diversos. Folhas alternas e espiraladas, compostas pinadas ou pal ¬ Cicuta, Conioselinum, Daucus, Eryngium, Heracleum, Ligusticum,
madas a simples, neste caso com frequência profundamente divi ¬ Lomatium, Osmorhiza, Oxypolis, Pastinaca, Ptilimnium, Sanicula,
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didas ou lobadas, inteiras a serreadas, com venação penin éivea Sium, Spermolepis, Thaspium, Torilis e Zizia.
a palmada; pecíolos ± invaginantes; estipulas geralmente au¬
sentes. Inflorescências determinadas, formando umbelas simples Importância económica e produtos: Apiaceae contém mui ¬

ou compostas, às vezes condensadas em glomé rulo, ocasio ¬ tas espécies alimentícias e muitas especiarias: Anethum (anis),
nalmente racemos ou panículas de umbelas, com frequência Apium (aipo), Carum, Coriandrum, Cuminum (cominho), Dau ¬

subtendidas por um invólucro de brácteas, terminais. Flores cus (cenoura), Foeniculum (funcho), Pastinaca, Petroselinum e
geralmente bissexuais, em geral radiais, pequenas. Sé palas ge¬ Pimpinella (anis) . No entanto, muitas são extremamente ve ¬

.
ralmente 5, livres, muito reduzidas Pétalas geralmente 5, livres, nenosas, tais como Conium e Cicuta (cicuta, que, segundo a
mas desenvolvendo-se a partir de um primórdio em forma de tradição, Sócrates bebeu para suicidar-se).
anel, geralmente inflexas, imbricadas a valvadas. Estornes 5;
filetes livres; grãos de pólen geralmente tricolporados. Carpe - Discussão: a monofilia de Apiaceae (Umbelliferae) é sus ¬
los 2 conatos; ovário ínfero, geralmente com placentação axial; tentada por sequências de DNA (Chandler e Plunkett 2004;
estiletes ± engrossados na base, formando uma estrutura secretora Olmstead et al. 1993; Plunkett et al. 1996a,b, 1997, 2004).
de néctar (estilopódio) no á pice do ovário; estigmas 2, diminu ¬ Apiaceae é mais próxima de Araliaceae, Pittosporaceae e
tos, capitados a truncados ou alongados. Óvulos 2 por lóculo, Myodocarpaceae, e tais famílias, junto com outras três famí ¬

mas apenas 1 fértil, com 1 tegumento e um megasporângio lias pequenas, constituem Apiales (Albach et al. 2001a, b; Judd
de paredes finas ou, menos freqiientemente, espessadas. Fru ¬ e Olmstead 2004; Savolainen et al. 2000b; Soltis et al. 2000,
to esquizocarpo, os 2 segmentos secos ( mericarpos ) geralmente 2005). Potenciais sinapomorfias de Apiaceae, Araliaceae,
sobre um pedúnculo central inteiro a fortemente bifurca¬ Myodocarpaceae e Pittosporaceae incluem os caracter ísticos
: do (carpóforo); canais oletferos globulares a alongados (vittae )
presentes na parede do fruto; superf ície do fruto lisa ou costada,
canais de óleos essenciais / resinas associados com os tecidos
de condução, um arranjo caracter ístico das raízes laterais, a
às vezes coberto com pêlos, escamas ou pêlos í rgidos, às ve ¬ presença de poliacetilenos de falcarinona, a presença de em ¬
zes achatado ou alado; endosperma com á cido petroselênico brião diminuto e de folhas reduzidas, semelhantes com brác ¬
(Figura 9.132) . teas na base dos ramos. Possíveis sinapomorfias de Apiaceae,
Myodocarpaceae e Araliaceae seriam a presen ça de ácido pe ¬
troselênico nas sementes, umbeliferosa como carboidrato de
reserva, inflorescê ncias umbeladas e flores providas de estilo¬

Fórmula floral: * , K5, C5, A5, G (2) esquizocarpo


pódio (Hegnauer 1971) .
Apiaceae é aqui circunscrita de modo ± restrito, incluin ¬

do as espécies herbá ceas 2-carpeladas, com esquizocarpos


dorsalmente achatados, carpóforo e canais oleíferas ( vittae ) .
Distribuição: família amplamente distribuída, de regiões Espé cies lenhosas, 2 -5- carpeladas, com drupas globosas
tropicais a temperadas. (Prancha 9.22A) e sem cavidades oleíferas sã o geralmente
incluídas em outra família, Araliaceae, embora alguns siste-
G èneros/espécies: 434 /3.780. Principais gêneros: Eryn - matas (Judd et al. 1994; Thome 1973b) tenham combinado os
* gium (230 spp.), Ferula (150), Peucedanum (150), Pimpinella dois ciados em uma nica família, amplamente circunscrita .
(150), Bupleurum (100), Lomatium (60), Heracleum (60), Angé¬ Embora muitos integrantes de Araliaceae e Apiaceae sejam
? lica (50), Sanicula (40) e Chaerophyllum (40) . Alguns dos nu ¬ diferentes, os caracteres utilizados para separá-los são muito
merosos gêneros que ocorrem nos Estados Unidos e / ou no homoplásicos (Plunkett et al. 1996a, b), e os gêneros Myodo-
i
498 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.132 Apiaceae (Umbelliferae). ( A -M) Daucus carota:


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(A ) planta florida (x 0,3); ( B) inflorescência em sec ção longitu


¬

dinal, uma umbela composta (x 0,5); (C) uma unidade de inflo ¬

rescência umbeiiforme (x 6); (D) flor bissexual, observe o esti-


lopódio, a região intumescida na base do estilete (x 18); (E) flor
bissexual após a queda dos estames, em secção longitudinal,
observe os óvulos (x 18); (F) botão de flor estaminada (x 7); (G)
flor estaminada, observe o estilopódio no centro (x 18); (H) flor :3> f
estaminada em secção longitudinal (x 18); (I) flor central e estéril
(x 11); (J ) esquizocarpo (x 11); (K) esquizocarpo seco mostrando k
o carpóforo central (x 11); (L) fruto (esquizocarpo) em secção
transversal (x 11); (M) embrião (muito aumentado ). (N) O. pu - j
sillus: esquizocarpo ( x 11). (Fonte: Wood 1974, A student's atlas /j
of flowerirg plants, p. 78.)
r
SISTEMáTICA VEGETAL 499

carpus e Delarbrea são particularmente problemáticos. Estes bissexuais, mas às vezes unissexuais (e então plantas mon ói -
dois gê neros (incluídos na família Myodocarpaceae) devem cas a dióicas), em geral radiais, pequenas. Sé palas geralmente
representar os remanescentes de um complexo basal e são 5, livres, muito reduzidas. Pétalas geralmente 5, ocasionalmente
caracterizados pelo hábito lenhoso, folhas com estipulas e mais, livres, mas desenvolvendo-se a partir de um primórdio
r frutos 2-carpelares e esquizocárpicos. O hábito herbáceo e as em forma de anel, às vezes claramente conatas, imbricadas
folhas compostas sem dúvida evoluíram muitas vezes dentro a valvadas. Estames 5, mas ocasionalmente numerosos; file ¬

I das linhagens derivadas de Apiales. tes livres; grã os de pólen geralmente tricolporados. Carpelos
Muitos ciados podem ser delimitados em Apiaceae, mas -
geralmente 2 5, ocasionalmente numerosos, conatos; ovário in¬
alguns são de difícil caracterização devido à falta de sinapo- firo, em geral com placentação axial; estiletes ± engrossados na
morfias morfológicas não-ambíguas. Saniculoideae (p. ex., base, formando uma estrutura secretora de néctar (estilopódio ) no
i
Sanicula e Eryngium) apresenta estilopódio separado do es- á pice do ovário; estigmas geralmente 2-5, diminutos, capitados
? •

tilete por um sulco estreito. Apioideae (p. ex., Coriandrum, a truncados ou alongados. Óvulos 2 por lóculo, mas apenas
Angélica, Apium, Chaerophyllum, Cicuta, Daucus e Spermolepis ) 1 f értil, com 1 tegumento e megasporângio de parede fina a,
apresenta umbelas compostas e frutos esquizocárpicos provi ¬
menos frequentemente, espessadas. Fruto baga ou drupa glo-
dos de um carpóforo mais ou menos bifurcado (ver Downie bosa com 2-5 caroços, raramente um esquizocarpo drupáceo;
et al. 1998, 2000). Saniculoideae + Apioideae constituem um endosperma com ácido petroselênico (Figura 9.133).
1: ciado sustentado pelo hábito herbáceo, pela ausência de es¬
tipulas, pela presença de canais oleíferos alongados (vittae)
* no fruto e por sequências de DNA. Gêneros como Mackin- Fórmula floral:
laya e Centella sã o anómalos, isto é, Mackinlaya é lenhoso e
apresenta muitos caracteres semelhantes aos de Araliaceae, £
* , K5, C( ,t A5, G( ) baga, drupa, esquizocarpo
drupáceo
enquanto Centella (que é filogeneticamente próximo) é her¬
báceo e apresenta frutos esquizocárpicos; ambos os gêneros
* apresentam estipulas e endocarpos bem desenvolvidos e
& ambos carecem de vittae (canais oleíferos) nos frutos. Esses Distribuiçã o: fam ília amplamente distribuída, de regiões
I gêneros sã o incluídos em Apiaceae com base em resultados temperadas a tropicais.
obtidos com sequências de DNA, mas são basais em relação à
Saniculoideae + Apioideae. G êneros / espé cies: 43/1.450. Principais gê neros: Sche-
Gêneros tradicionalmente incluídos em Hydrocotyloide- jflera (600 spp.), Polyscias (200), Oreopanax (90), Hydrocotylé
ae (tais como Centella e Hydrocotylé) não constituem um cia¬ (80) e Aralia (68). Nos Estados Unidos e/ou no Canadá ocor ¬

do; alguns, como Centella, apresentam afinidades com Apia ¬ rem Aralia, Hydrocotylé e Panax.
I ceae, e outros, como Hydrocotile, com Araliaceae (Plunkett et
al. 1996a, b, 1997, 2004). Import ância econó mica e produtos: Panax quinquefolia , P.
s As flores de Apiaceae são geralmente verdes e tipicamen ¬ ginseng (ginseng) e várias espécies de Aralia têm importância
te congestãs e são polinizadas por uma ampla gama de mos¬ medicinal. Alguns gêneros são cultivados como ornamentais,
cas, coleópteros, abelhas e mariposas à procura de néctar. A incluindo Hedera (hera) e Schefflera.
polinização cruzada é favorecida pela presença de protandria.
Os frutos secos e esquizocárpicos geralmente são dispersos Discussão: a monofilia de Araliaceae é sustentada por se ¬

pelo vento. Os segmentos dos frutos de gê neros como Daucus qu ê ncias de DNA (Chandler e Plunkett 2004; Plunkett et al.
estão cobertos por aristas, o que promove o transporte exter¬ 1996a, b, 1997, 2004); a família é mais próxima de Apiaceae,
no por animais. Myodocarpaceae e Pittosporaceae (como comentado em
Referências adicionais: Baumann 1946; Constance 1971; Erbar Apiaceae). Araliaceae é aqui reconhecida com uma delimi ¬

1991; Erbar and Leins 1988; Graham 1966; Hegnauer 1971; taçã o ligeiramente diferente da tradicional (Cronquist 1981),
Jackson 1933; Kãrehed 2003; Plunkett and Downie 1999; Sun et por exemplo, incluindo Hydrocotylé e taxa afins (Prancha
al. 2004. 9.22H; antes incluídos em Apiaceae), mas excluindo Myodo-
carpus (Prancha 9.22F) e Delarbrea (hoje em Myodocarpace ¬
Araliaceae A. L. de Jussieu ae), Mackinlaya e Stilbocarpa (hoje em Apiaceae, em posição
basal em relação a Apioideae + Saniculoideae). Alguns gê ¬
(Família do ginseng) neros são dif íceis de distinguir daqueles de Apiaceae, mas
Arbustos, lianas, árvores, ou ocasionalmente ervas, aromáticas; o grupo é caracterizado por incluir espécies lenhosas, com
com canais secretores contendo óleos aromáticos e resinas, saponi- folhas providas de estipulas, simples ou compostas, e por
nas triterpenóides, cumarinas, poliacetilenos defalcarinona , mono- apresentar frutos constituídos por 2-5 carpelos, geralmente
ierpenos e sesquiterpenos; com umbeliferosa (um trissacarídeo) globosos do tipo baga ou drupa com 2-5 caroços e despro ¬

como principal carboidrato de reserva. Pêlos diversos, às ve ¬ vidos de cavidades oleíferas e carp óforo. Assim, é possível
zes dendr íticos. Folhas alternas e espiraladas, compostas pinadas diferenciar a família de Apiaceae, que apresenta plantas her ¬

ou palmadas a simples e então às vezes partidas ou lobadas, intei¬ báceas, desprovidas de estipulas, flores 2-carpeladas e frutos
ras a serreadas, com venação peninérvea a palmada; pecíolos esquizocárpicos.
± invaginantes; estipulas geralmente presentes. Inflorescências Muitos ciados podem ser diferenciados dentro de Ara ¬

determinadas, formando umbelas simples, e estas geralmente liaceae, embora alguns sejam de difícil caracterização, e al ¬
arranjadas em racemos, espigas ou panículas. Flores geralmente guns gêneros (p. ex., Schefflera, Polyscias) são extremamente
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500 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.133 Araliaceae. ( A-Q) Araiia nudicaulis: ( A ) planta florida (x observe o ovário ínfero (x 5); (N) fruto em sec çã o transversal (x 5 ); (O)
0,3); (B) ápice do rizoma (x 0,2); (C) flor estaminada (x 8); (D) estame semente ( x 8); (P) semente em sec ção, endosperma pontilhado (x 8);
(x 19); (E) flor estaminada em secção longitudinal (x 8); (F) óvulo rudi ¬ (Q) embrião (muito aumentado). (R-T) A. spinosa: (R ) parte da inflores -
mentar ( muito aumentado); (G) flor carpelada ( x 8); (H ) flor carpelada c ència ( x 0,5); ( S) flor (x 8); ( T) baga (x 3 ). (Ilustraçã o inédita original
¬

em sec çã o longitudinal ( x 8); (I) óvulo funcional (muito aumentado ); mente preparada para o projeto Generic Flora of the Southeast U.S.;
U) flor estaminada (x 8); (K) óvulo não-funcional (muito aumentado); utilizada com autoriza ção; tratamento de Araliaceae em 1965 J. Arnold
(L) umbela com frutos quase maduros (x 1); (M) fruto quase maduro, Arbor. 47: 126-136.)
r

SISTEMáTICA VEGETAL 501

Chave para as Famílias de Dipsacales

1. Flores ± bilaterais, estilete alongado com estigma capitado; nectário composto de


pêlos densamente agregados na superf ície interna da corola; pólen espinhoso Caprifoliaceae
1. Flores radiais, estilete curto com estigma lobado; nectário glandular (no ápice do ovário)
ou ausente; pólen não espinhoso Adoxaceae

não- monofiléticos (Plunkett et al. 2004) . Hydrocotyle \dois las de espessura e sequências de nucleotídeos de ndhF, rbcí ,
gê neros relacionados (Hydrocotyloideae) devem constituir o atpB, matK e 18S (Bell et al. 2001; Bremer et al. 2002; Dono-
grupo-irmão dos demais gêneros (Aralioideae, incluindo Ara ghue 1983a,b; Donoghue et al. 1992, 2001; Hilu et al. 2003;
lia , Dendropanax, tiedera, Oreopanax, Panax, Polycias, Schefflera, Judd et al. 1994; Olmstead et al. 1993, 2000a, Savolainen et
Tetrapanax e outros) . al. 2000b; Soltis et al. 2000; Albach et al. 2001a, b). As rela ¬
As flores de Araliaceae frequentemente são pequenas, ções filogenéticas dentro de Dipsacales estão resumidas na
densamente agregadas e polinizadas por uma ampla gama de Figura 9.134.
moscas, coleópteros, mariposas e abelhas à procura de néctar.
Os frutos drupáceos geralmente são dispersos por aves. Caprifoliaceae A. L. de Jussieu
Referências adicionais: Erbar 1991; Erbar and Leins 1988; (Família da madressilva)
Graham 1966; Tingshuang et al. 2004; Wen et al. 2001.
Ervas, arbustos, arvoretas ou lianas; freqiientemente com
glicosídeos fenólicos, iridóides e células secretoras esparsas.
Dipsacales Pêlos diversos. Folhas opostas, simples, às vezes compostas,
Dipsacales inclui Caprifoliaceae e Adoxaceae. A monofilia inteiras a serreadas, com venação penin é rvea; estipulas au ¬

desta ordem é sustentada pela presen ça de folhas opostas, sentes. Inflorescências diversas. Flores bissexuais e zigo-
endosperma celular, anteras com tapete com 3 ou 4 célu ¬ morías. Sépalas geralmente 5, conatas. Pétalas geralmente 5,

Caprifoliaceae

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£ I £S S

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Ervas
Nectário de pêlos
- -- 2 carpelos
Inflorescências
com invólucro
multicehilares abortivos e de brácteas
Estames divididos •
Drupa seca
-
Folhas compostas
óvulo deslocado
Inflorescência
indeterminada
Inflorescência com
brácteas adicionais
Ervas
Cálice modificado
4 ou 5 carpelos Endosperma
Anteras extrorsas escasso ou ausente
Flavonas
Megagametófito do importantes
tipo Adoxa
Cápsula septidda 2 carpelos abortivos
Lobos do cálice muito Aquênio
Estrutura do pólen
pequenos e com 1 feixe vascular JC = 8

Corola com região


conata curta e lobos
bem desenvolvidos Corola zigomorfa
Pólen com exina reticulada Néctar produzido por
pêlos simples, na corola
Estilete curto Grãos de pólen grandes
Drupa
- Estilete alongado com
estigma capitado

Folhas opostas FIGURA 9.134 Cladograma mostrando as relações hipoté ¬


ú
3 carpelos ticas dentro de Dipsacales, com ênfase em Caprifoliaceae.
(Adaptada de Judd et al. 1994, Backlund e Pyck 1998 e Bell
Endosperma celular
et al. 2001.)
S02 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

(A) (B) CR

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Dipsacales: Adoxaceae Dipsacales: Adoxaceae


Sambucus racemosa: ramo com frutos Sambucus canadensis: flores

(C) (D)

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Dipsacales: Caprifoliaceae Dipsacales: Caprifoliaceae
Valeriam scandens: frutos Lonicera sempervirens: flores
Dipsacales: Caprifoliaceae
Dipsacus sylvestris: inflorescência

(F)

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Dipsacales: Caprifoliaceae Dipsacales: Adoxaceae


Kolkuntzia amabilis: frutos Vibumum sargentii: inflorescèndas com flores est éreis

PRANCHA 9.23 Eudicotiled ôneas: Dipsacales

1
SISTEMáTICA VEGETAL 503

conatas, freqúentemente com 2 lobos superiores e 3 inferiores ou um nico lóculo fértil; estilete alongado; estigma capita¬
um único lobo inferior e quatro lobos superiores, os lobos im ¬ do. Óvulos 1 a numerosos por lóculo, com 1 tegumento e
bricados ou valvados. Estames ( J - ) 4 ou 5; filetes adnatos à megasporângio de parede fina. Néctar produzido por pê¬
corola; pólen grande, espinhoso, geralmente tricolporado los densamente agrupados na parte inferior do tubo da
-
ou triporado. Carpelos geralmente 2 5, conatos; ovário ínfero, corola. Fruto cápsula, baga, drupa ou aqu ê nio; endosperma
com frequência alongado, com placenta çã o axial, às vezes presente ou ausente (Figura 9.135).

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FIGURA 9.135 Caprifoliaceae. (A-H ) Lonicera sempervirens: (A) ramo em secçã o transversal (x 15); ( F) semente (x 9); (G) semente em sec-
frutificando ( x 0,75); ( B) flor ( x 3); (C) corola aberta para mostrar os çâ o transversal , testa hachurada, endosperma pontilhado e embrião
estames adnatos e a distribuição de pêlos e glâ ndulas nectar íferas (x em branco (x 9); ( H ) embriã o (x 18). (I-J ) L. japonica: (I ) ramo florido (x
f, 2,3); ( D) parte da inflorescência, corolas removidas (x 12); ( E) ov á rio 0,75); (J ) flor (x 3). (Fonte: Ferguson 1966, J.ArnoldArbor . 47: p.55.)
504 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Lonicera (Prancha 9.23E), Symphoricarpos e taxa afins pro ¬


Fórmula floral: vavelmente constituem um ciado que pode ser caracterizado
pela presença de inflorescências indeterminadas e gineceu
X, K (5), C -5, G©; drupa, baga,
©v A4~ com frequência 4 ou 5-carpelado; Backlund e Pyck restrin ¬
cápsula, aquènio gem Caprifoliaceae a esse grupo.
As vistosas flores de Caprifoliaceae são polinizadas por
diversos insetos (especiaimente abelhas e vespas) e aves à
Distribuição: família amplamente distribuída, especialmen ¬ procura de néctar. A família apresenta grande diversidade de
te em regiões temperadas do Hemisf ério Norte. síndromes de dispersão.

G êneros/ espé cies: 36/810. Principais gêneros: Valeriam


Referência adicional: Ferguson 1966b.
(200 spp.), Lonicera (150), Scabiosa (80) e Valerianella (50). Gê ¬
neros importantes que ocorrem nos Estados Unidos e/ou no Adoxaceae E . Meyer
Canadá são Lonicera,Valeriam,Valerianella, Dipsacus, Limaea, (Família do sabugueiro)
Symphoricarpos e Diervilla.
Arvoretas, arbustos ou ervas perenes; com glicosídeos ciano-
Import ância econó mica e produtos: Lonicera (madressil ¬ gênicos e iridóides. Pêlos simples, estrelados, glandulares ou
va), Abelia (abélia), Symphoricarpos, Weigela e Kolkwitzia são não-glandulares, ou escamas peitadas. Folhas opostas, simples ,
cultivados como plantas ornamentais. Dipsacus é uma praga compostas trifolioladas a pinadas, inteiras a variadamente den ¬

agrícola amplamente distribuída. teadas, às vezes lobadas, com venação palmada ou peninér-
vea; estipulas ausentes ou presentes, às vezes glandulares.
Discussão: Caprifoliaceae é aqui circunscrita de modo am ¬ Inflorescências determinadas, com frequê ncia umbeladas.
plo, incluindo Dipsacaceae e Valerianaceae, mas excluindo Flores bissexuais, radiais, algumas espécies com flores esté ¬
Sambucus e Vibumum, que são incluídos em Adoxaceae. Como reis na periferia da inflorescência. Sé palas 2-5, conatas, redu¬
aqui delimitada, a família é monofilética, conforme indicado zidas, com um único traço vascular. Pétalas 4-5, conatas ,
por caracteres morfológicos (Judd et al. 1994) e sequ ê ncias bem desenvolvidas e formando um tubo curto, lobos imbricados
de rbcL, atpB, ndhF, tmL-F e/ou de 18S (Albach et al. 2001a,b; ou valvados. Estames 5, às vezes divididos e parecendo 10; fi ¬

Backlund e Bremer 1998; Backlund e Pyck 1998; Bell et al. letes adnatos à base da corola; grãos de pólen tricolpados ou
2001; Donoghue et al. 1992, 2001, 2003; Kallersjõ et al. 1998; tricolporados, de tamanho pequeno a médio, com exina re¬
Soltis et al. 2001; Zhang et al. 2003). A família é facilmente ticulada. Carpelos 3-5, conatos; ovário ínfero a semi-tnfero, com
separada de Adoxaceae (incluindo Sambucus,Vibumum, Ado- placentação axial; estilete (s) curto(s); estigma( s ) capitado( s ).
xa e taxa afins) pelas flores zigomorfas (vs. radiais) (Prancha Óvulos 1 por lóculo, com frequência apenas 1 funcional,
com 1 tegumento e megasporângio de parede fina. Néctar
9.23) com estilete alongado (vs. curto), pelo estigma capitado
(vs. lobado), pelo pólen com exina espinhosa (vs. reticulada) e produzido por tecido glandular no á pice do ovário (Vibumum ),
pelos nectários compostos por pêlos densamente agregados por acúmulos de pêlos multicelulares em forma de almofada
( Adoxa), ou ausentes ( Sambucus ) . Fruto drupa com 1-5 caro¬
na superf ície interna da parte inferior do tubo da corola (vs.
nectários glandulares no ápice do ovário ou ausentes).
ços (Figura 9.136).
O grupo melhor sustentado dentro de Caprifoliaceae é
o ciado contendo Linnaeeae, uma tribo que inclui Linnaea,
Dipeita, Abelia e Kolkwitzia (Prancha 9.23F), junto com gê ne ¬ Fórmula floral:
ros mais especializados, como Valeriam (freqíientemente in ¬ *, K @ C (4 A 5, G -@-, drupa
cluído em Valerianaceae) e Dipsacus (freqíientemente incluído
em Dipsacaceae; Prancha 9.23C). A monofQia desse ciado é
sustentada pela redu ção a um nico nectário (ac mulo de
pêlos), pela presença de quatro estames ou menos, pelo nú ¬ Distribuição: família amplamente distribuída em regiões
mero cromossômico haplóide 8, pelo aborto de dois dos três temperadas do Hemisf ério Norte, estendendo-se, porém,
carpelos (o que faz com que um carpelo provido de um único para África, América do Sul, Malésia, Austrália e Nova Zelân ¬
óvulo ocupe metade do ovário) e pela presença de fruto do dia, especialmente em regiões montanhosas.
tipo aquê nio. Um cálice semelhante a um papus (Prancha
9.23D) e a ausência de endosperma evoluíram em Valeriam, G êneros / espé cies: 5/ 245. Principais g êneros: Vibur-
Dipsacus e taxa afins. Devemos ressaltar que alguns sistema- num (220 spp.) e Sambucus (20). A família é representada
tas separam Valeriam e taxa afins em Valerianaceae, Dipsacus nos Estados Unidos e no Canadá por Vibumum, Sambucus
e taxa afins em Dipsacaceae e os demais integrantes do ciado e Adoxa.
na família Linnaeaceae (Backlund e Pyck 1998).
Diervilla e Weigela constituem um grupo monofilético Importância econó mica e produtos: muitas espécies de Vi¬
que é sustentado pela presença de cápsulas septicidas e pó¬ bumum e Sambucus (sabugueiro) são cultivadas como orna ¬
len tectado com columelas pouco desenvolvidas; esse ciado mentais, e os frutos ocasionalmente são utilizados no preparo
é ocasionalmente segregado como Diervillaceae (Backlund e de geléias e licores. Muitas espécies apresentam importância
Pyck 1998). medicinal.
r
SISTEMáTICA VEGETAL 505

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FIGURA 9.136 Adoxaceae. Sambucus canadensis: ( A) ramo florido (x flor, estames e corola removidos para mostrar o ó vulo pê ndulo e soli-
0,4); (B) flor (x 9,6); (C ) flor com corola e estames removidos para mos- tá rio em cada l óculo ( x 16); ( E) fruto (x 4,8); ( F) caroço (x 14,7). (Fonte:
trar as bractá olas e lobos do cálice (x 9,6); (D) secção longitudinal da .
Ferguson 1966, J ArnoldArbor.47: p. 38.)

Discussão: a monofilia de Adoxaceae é sustentada tanto mórfica; a produção de sambunigrina (um glicosídeo ciano-
por caracteres morfológicos quanto por sequências de DNA gê nico) pode também ser uma sinapomorfia. A ausência de
( rbcL e US) (Donoghue et al. 1992, 2001; Eriksson e Do - nectários no gênero tem sido sugerida como uma condição
noghue 1997; Judd et al. 1994). Vibumum (Opuloideae) é o derivada, mas também pode representar a condição ancestral
grupo-irmã o de Sambucus + Adoxa e taxa afins (Adoxoide- em Dipsacales.
ae) . Este último grupo apresenta folhas compostas, perfu ¬ Resulta notável que ervas rizomatosas tenham evoluí ¬

ra ções simples nos elementos de vaso, anteras extrorsas e do três vezes dentro de Adoxaceae: em Sambucus ebulus, S .
megagametófito com desenvolvimento do tipo Adoxa (isto é, adnata e taxa afins, em S. gaudichaudiana e no ciado forma ¬
desenvolvendo-se a partir de quatro megásporos, e 8-nucle- do por Adoxa, Tetradoxa e Sinadoxa . As espécies com frutos
ado na maturidade). A monofilia do grande e diverso gênero vermelhos, por exemplo, S . pubens e S. racemosa (Prancha
Vibumum é sustentada por um desenvolvimento incomum do 9.23A), formam um grupo monofilético e derivado. Frutos
gineceu, no qual dois carpelos são abortivos e o único óvulo vermelhos evoluíram independentemente em Vibumum e
funcional é deslocado, desenvolvendo-se em um dos lóculos Sambucus.
esté reis. Adoxa, bem como os gêneros próximos Tetradoxa e As flores, embora pequenas, são apresentadas em grupos
Sinadoxa,são especialmente característicos e facilmente dife ¬ vistosos (Prancha 9.23B,G) e atraem diversos insetos, espe¬
renciados de Sambucus pelo hábito herbáceo, pelo nectário de cialmente abelhas, vespas e moscas. As drupas geralmente
pêlos multiceluiares, pelos estames divididos e pelas drupas azuis a vermelhas são dispersas por aves.
secas (todos sinapomorfias). As sinapomorfias morfológicas
para Sambucus são incertas, no entanto a pequena abertura da Referências adicionais: Donoghue 1980,1981,1983a,b, 1985;
parte apical do endocarpo é característica e deve ser sinapo- Ferguson 1966; Wilkinson 1948; Winkworth and Donoghue 2005.
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506 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Chave para as Principais Famílias de Asterales

1. Estames 2, extrorsos e adnatos ao estilete através dos filetes que formam uma coluna Stylidiaceae
1. Estames 5, introrsos, filetes não adnatos ao estilete (embora as anteras com frequência
estejam proximamente associadas com o estilete 2
2. Ovário unilocular, com óvulo apical ou basal; flores densamente agrupadas em capítulos
rodeados por brácteas involucrais 3
2. Ovário multilocular com placentação axial ou unilocular com placentação parietal; flores
geralmente não em capítulos e sem brácteas involucrais > 4
3. Plantas frequentemente com canais resiníferos ou laticíferos; ovário com óvulo basal; anteras conatas e
filetes livres; sé palas muito modificadas, formando papus de escamas, cerdas, aristas ou ausentes . . . Asteraceae
3. Plantas sem canais resiníferos nem laticíferos; ovário com óvulo apical; anteras livres e filetes
conatos; sépalas pouco modificadas, como dentes ou pequenos lobos Calyceraceae
4. Ovário supero com placentação parietal; flores sem mecanismo de polinização do tipo êmbolo
ou pincel e, portanto, estilete sem especializações para a coleta do pólen Menyanthaceae
4. Ovário geralmente ínfero ou semi-ínfero e com placenta ção axial; flores com mecanismo de
polinização do tipo êmbolo .5
5. Presença de látex leitoso; estilete com pêlos coletores de pólen, estes às vezes invaginantes;
flores radiais ou zigomorfas; pétalas sem asas marginais Campanulaceae
5 . Ausência de látex leitoso; estiletes com cavidade coletora de pólen; flores zigomorfas; pétalas
com asas marginais Goodeniaceae

Asterales As relações filogené ticas entre as famílias da ordem ain


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da não est ã o completamente claras. Campanulaceae (possi ¬

Asterales é monofilética, como evidenciado pela presença velmente junto com algumas outras famflias pequenas) é o
de pétalas valvadas, pela inulina (um oligossacarídeo) como grupo-irmão de um ciado que conté m Menyanthaceae, Goo¬
carboidrato de reserva e pelo frequente mecanismo de po ¬ deniaceae, Calyceraceae e Asteraceae. Estes dois ciados são
liniza çã o do tipo ê mbolo. Os estames estão proximamen ¬ frequentemente aceitos como um par de ordens relacionadas:
te associados entre si (desde aderidos entre si a comple ¬ Campanulales e Asterales. Diversos caracteres embriológicos
tamente conatos) e formam um tubo ao redor do estilete, e químicos (Lammers 1992) parecem especialmente teis para
com as anteras abrindo para o interior. O pólen é puxado diagnosticar estes dois grupos, e a localização exata de algu¬

para fora, como por um êmbolo, com o auxílio de pêlos ou mas famílias é questionável. O ciado que compreende Goode-
cavidades especializadas na superf ície do estilete. O estilete niaceae, Calyceraceae, Menyanthaceae e Asteraceae parece es ¬

se alonga, atravessa o tubo formado peias anteras e expõe tar bem sustentado; Menyanthaceae apresenta ovário súpero.
o pólen aos polinizadores. Mais tarde, os ramos do estilete Estudos anatômicos e ontogenéticos sugerem que flores com
se separam e os estigmas se tomam receptivos (Lammers ovário ínfero podem ter evoluído duas vezes dentro de Astera ¬
1992; Leins e Erbar 1990; Wagenitz 1977, 1992; Yeo 1993) . A les. O ovário ínfero de Campanulaceae decorre da adnação do
ausência de mecanismo do tipo êmbolo em Menyanthace ¬ ovário com o hipanto. Em contraste, o ová rio ínfero em Goo¬
ae deve ser uma reversão. A monofilia da ordem també m deniaceae, e possivelmente em Calyceraceae e Asteraceae, de ¬
é fortemente sustentada por sítios de restrição de cpDNA, corre da adnação do perianto e do ovário. Estas três famílias
sequências de rbcL, atpB, ndhF, matk e outras regiões do partilham também a apomorfia de uma camada de colume-
cloroplasto, bem como por sequê ncias de 18S (Bremer et las proeminentes e ramificadas nos grãos de pólen. Análises
al. 2002; Chase et al. 1993; Cosner et al. 1994; Downie e morfológicas sugerem que Calyceraceae é o grupo-irmão de
Palmer 1992; Hilu et al. 2003; Kàllersjo et al. 1998; Lund - Asteraceae; ambas as famílias partilham um tipo incomum de
berg e Bremer 2003; Michaels et al. 1993; Olmstead et al. venação na corola (uma possível sinapomorfia) . Ambas as fa ¬

1992a, 1993, 2000a; Savolainen et al. 2000b; Soltis et al. mílias também apresentam flores densamente agregadas em
2000; Albach et al. 2001a, b). A ordem consiste em 12 fa ¬ capítulos rodeados por um invólucro de brácteas e ovários
mílias e cerca de 24.900 espécies; as principais famílias são uniloculares e uniovulados. No entanto, todos esses caracteres
Campanulaceae (incluindo Lobeliaceae), Menyanthaceae, tê m sido considerados paralelismos (ver Lammers 1992) . Por
Goodeniaceae, Calyceraceae, Stylidiaceae e Asteraceae. outra lado, análises de seqiiências de rbcL sustentam uma re¬
An álises de sequências de DNA sugerem que a ordem é lação de grupos-irmãos entre Goodeniaceae e Calyceraceae.
mais próxima de Apiales e Dipsacales; note -se que todas
estas ordens contêm poliacetilenos. Referências adicionais: Bremer 1994; Brizicky 1966b.

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SISTEMáTICA VEGETAL 507

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Asterales: Campanulaceae Helianthus annuus: capítulo radiado
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Asterales: Asteraceae Asterales: Asteraceae Asterales: Campanulaceae
Lactuca graminifblia: frutos Helianthus angustifolius: flores do disco Lobelia cardinalis: flores

PRANCHA 9.24 Eudicotiled ôneas: Asterales


508 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

Campanulaceae A. L . de Jussieu às vezes como famílias separadas (Lammers 1992) . Campa ¬

nuloideae apresenta flores radiais e anteras n ão-conatas e


(Família da campânula e da lobélia) é considerada monofilé tica com base na presen ça de pêlos
Principalmente ervas, mas às vezes secundariamente lenhosas; invaginantes na parte superior do estilete. Lobelioideae cons ¬

presen ç a de inulina (um oligossacar ídeo) como carboidrato titui um ciado sustentado pela presença de anteras conatas,
de reserva; laticíferos presentes e látex leitoso; poliaceti - flores ressupinadas e corolas com 1 ou 2 lábios, neste caso
lenos presentes, mas irid óides ausentes. Pêlos geralmente com uma fenda variavelmente desenvolvida no lábio superior
simples, unicelulares. Folhas geralmente alternas e espiraladas , (ontogeneticamente adaxial, mas apresentada como abaxial
simples , às vezes lobadas, inteiras a serreadas, com venação em flores ressupinadas) . An á lises de sequências de rbcL e
peniné rvea; estipulas ausentes. Inflorescê ncias diversas. Flo ¬ ITS também sustentam a monofilia de ambas as subfamílias
res geralmente bissexuais , radiais a zigomorfas, com hipanto, às (Cosner et al. 1994; Eddie et al. 2003).
vezçs torcidas 180° durante o desenvolvimento (flores ressu- As delimitações genéricas freqúentemente são problem á ¬
pinadas) . Sé palas em geral 5, conatas. Pétalas em geral 5, co¬ ticas; Campanula, Centropogon e Lobelia certamente nã o são
natas , formando uma corola tubulosa a campanular, ou bilabiada monofilé ticos. As vistosas flores de Campanulaceae atraem
ou unilabiada , neste caso com uma fenda adaxial variavelmente uma ampla gama de visitantes florais, especialmente aves e
desenvolvida, lobos valvados. Estames geralmente 5, filetes livres abelhas. A polinizaçã o cruzada é favorecida pela presença do
a distalmente conatos, em geral inseridos em um disco no mecanismo de poliniza ção / apresentação secundária do pólen
á pice do ovário; anteras livres, mas próximas do estilete ou fu¬ do tipo ê mbolo. As pequenas sementes provindas de frutos
sionadas ( sinânteras ) e formando um tubo ao redor do estilete no capsulares são dispersas pelo vento. Espécies com frutos tipo
qual o pólen é depositado. Quando o estilete se alonga e atravessa baga são dispersas por aves.
o tubo, o pólen é retido por pêlos especializados que mais tarde se
Referências adicionais: Leins and Erbar 1990; Rosatti 1986;
invaginam. Posteriormente os estigmas se tomam receptivos e os
Shetler 1979.
pêlos expõem o pólen neles retido ( mecanismo de polinização do
tipo êmbolo); grã os de pólen com 3-12 aberturas. Carpelos 2-5,
conatos; ovário geralmente ínfero (ou semi -ínfero ) com placenta - Asteraceae Bercht. & J. Presl
ção geralmente axial; estilete provido de pêlos coletores de pólen (= Compositae Giseke)
próximo do á pice; estigmas em n úmero igual ao de carpelos, (Família do girassol e do alface)
globosos a cilíndricos. Óvulos geralmente numerosos, com 1
tegumento e um megasporângio de parede fina. Disco nec- Ervas, arlmstos ou árvores; presença de oligossacar ídeos como
tar
ífero presente acima do ovário. Fruto cá psula loculicida ou carboidratos de reserva, incluindo inulina; canais resiní feros
poricida (Prancha 9.24A) ou baga (Figura 9.137). e laticíferos com frequência presentes, mas um ou outro caráter
pode estar ausente; poliacetilenos e óleos aromáticos terpenóides
freqúentemente presentes; geralmente com lactonas sesqui -
Fórmula floral: terpênicas (mas iridóides ausentes). Pêlos diversos. Folhas
alternas e espiraladas, opostas ou verticiladas, simples, mas às
* ouX, K (5), c(5), A{5\ G-@) ; cápsula, baga vezes profundamente lobadas ou partidas, inteiras a diversamen ¬
te denteadas, com vena ção peniné rvea ou palmada; estipu ¬
las ausentes. Flores ± densamente agregadas em capítulos
indeterminados rodeados por um invólucro de brácteas
(filárias ); os capítulos arranjados em inflorescência secundá ¬
Distribuição: família amplamente distribuída em regiões ria determinada, terminal ou axilar. Flores bissexuais ou unis-
temperadas e subtropicais, bem como em ambientes tropicais sexuais, às vezes estéreis, radiais ou zigomorfas. Sépalas muito
montanos. modificadas, formando um papus, composto de 2 a muitas
escamas, às vezes conatas, espinhos ou cerdos capiláceas, persisten¬
G êneros / esp é cies: 65/ 2.200. Principais gêneros: Lobelia tes, diminutamente barbados ou plumosos, ou às vezes ausentes.
(400 spp.), Campanula (450), Centropogon (200), Siphocampylus Pétalas 5, conatas, formando uma corola radial e tubular ( flores do
(225) e Wahlenbergia (270). Gêneros importantes que ocorrem disco ),formando uma corola zigomorfa e bilabiada (isto é, com
nos Estados Unidos e/ou no Canadá são Campanula, Doumin- 2 pétalas no lábio superior e 3 no inferior), ou formando uma
gia, Githopsis, Heterocodon, Howellia, Jasione, Legenere, Lobelia, -
corola zigomorfa e 1 labiada com lábio superior ± ausente e lábio
Nemacladus, Parishella, Porterella, Triodanis e Wahlenbergia. -
inferior alongado e ± 3 lobado ( flor do raio ), ou formando corola
zigomorfa e alongada em formato de língua, terminada em 5 dentes
Importância económica e produtos: Campanula , Lobelia pequenos ( flor ligulada ); os capítulos apenas com flores do disco
( lobélia; Prancha 9.24G) e Codonopsis são cultivados como (capítulos discóides; Prancha 9.24D), com flores do disco na regi o
ornamentais. central e flores do raio na periferia, estas últimas femininas ou es¬
téreis (capítulos radiados; Prancha 9.24B), ou apenas com flores
Discussão: a monofilia de Campanulaceae, como aqui cir ¬
liguladas (capítulos ligulados; Prancha 9.24C), os lobos da coro ¬

cunscrita, é sustentada por caracteres morfológicos e sequên ¬ la valvados. Estames geralmente 5; filetes livres, adnatos ao tubo
cias de DNA (Cosner et al. 1994; Lundberg e Bremer 2003) . da corola; anteras geralmente conatas (sinânteras), freqúente¬
Três subfamílias - Campanuloideae, Cyphioideae e Lobe- mente providas de apêndices apicais ou basais, formando um tubo
lioideae - (Thome 1992) sã o freqíientemente reconhecidas, ao redor do estilete, no qual o pólen é liberado; o estilete se alonga

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SISTEMáTICA VEGETAL 509

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FIGURA 9.137 Campanulaceae. (A-L) Lobelia cardinalis : (A) caule florido (x 0,75); (B) flor (x 3); (C) flor
com corola removida, filetes monadelfos, exceto na base, estigmas começando a expandir - se (x 3); (D)
tubo formado pela conação das anteras (x 6); (E) secção transversal do tubo estaminai após a deiscência
das anteras, estilete no meio (x 9); (F) ápice do estilete com pincel estilar e estigmas não-expandidos,
por ocasião da deiscência das anteras (x 17,5 ); (G) estigma expandido, sobrepassando o tubo estaminai
após a deiscência das anteras ( x 6); (H) estigmas expandidos, receptivos (x 18); (I) ov ário em secção
transversal (x 9); (J) ovário em secção longitudinal, observe a condição semi-infera (x 4,5); (K) cápsula (x
.
4,5); (L) semente {x 37). (M) L siphilitica: flor (x 4,5). (Fonte: Rosatt í 1986, J AmoldArbor. 67: p. 67.)
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510 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

e atravessa o tubo, coletando o pólen ( com o auxílio de diversos Fruto aquênio*, coroado por um papus persistente (Prancha
tipos de pêlos) e apresentando-o aos visitantes florais, após o que os 9.24E), às vezes achatado, alado ou espinhoso; endosperma
estigmas se tomam receptivos (isto é, mecanismo de polinização do escasso ou ausente (Figuras 9.138- 9.140) .
tipo êmbolo ); grã os de pólen geralmente tricolporados. Carpelos
2, conatos; ovário ínfero, com placentação basal; 2 ramos do
estilete, com tecido estigmático cobrindo a superf ície interna ou em
2 linhas margmais. Um óvulo por ovário, com 1 tegumento e Fó rmula floral: * ou X, K°°, C ( A ), G(2) aqu ê nio í

megasporâ ngio de parede fina. Nect á rio no ápice do ovário.

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FIGURA 9.138 Asteraceae (Compositae ), subfam í lia Cichor í oideae (com flores
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do disco). (A-l ) Cirsium horridulum var. vittatum: (A ) planta florida (x 0,5); (B) flor,
observe o ová rio í nfero e as cerdas do papus ( x 3); (C) três das cinco anteras, vista
interna , a central em mais detalhe (x 9); ( D ) base da antera , em vista interna (x 18);
( E ) detalhe do estilete, mostrando o pincel estilar na regi ão mediana e inferior dos :
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ramos unidos do estilete e a linha estigm á tica ( muito aumentado ); ( F ) aqu ênio com ;
papus ( x 1 ,4); (G , H ) regiões basal, central e superior do mesmo filamento do papus \
( muito aumentado); ( I ) aqu ênio com papus removido ( x 10). (J ) C. horridulum var.
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horridulum: cap ítulo florido (x 5); ( K ) C. lecontei: cap í tulo florido, o indumento foi
omitido (x 5 ). ( Fonte: Scott 1990,14 moldArbor. 71: p. 408.)

* N. de T. Considerado cipsela por outros autores.

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SISTEMáTICA VEGETAL 511

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FIGURA 9.139 Asteraceae (Compositae), subfam í lia Cichorioideae versai, mostrando a corola, cinco anteras conatas e estilete provido de

í (com flores liguladas). Cichor í um intybus: (A) folha basal (x 0,3); (B) par-
te apical de caule florido (x 0,6); (C) agregado de capítulos na axila de
uma brá ctea (x 2,5 ); (D) capitulo (x 1 ); (E) flor ligulada , observe os cinco
pêlos coletores de pólen (x 24); (H ) grã o de pólen em vista polar ( mul¬
to aumentado); (I) ramos do estilete com estigmas (x 18); (J ) aquênio
(x 14); ( K) detalhe das escamas do papus (x 24); ( L) semente (x 9,5).

i: dentes das corola (x 5); (F) androceu de um botão em pré antese, ob-
-
serve os apêndices apicais e basais (x 9,5); (G) botão em secção trans -
(Fonte: Vuilleumier 1973,1 ArnoldArbar. 54: p. 49.)


Distribuiçáo e ecologia: família cosmopolita, especialmente ria, Erigeron, Eriophyllum, Eupatorium, Euthamia, Gaillardia ,
comum em h ábitats temperados, tropicais montanos, secos e Gamochaeta, Gnaphalium, Haplopappus, Helenium, Hélianthus,
abertos. Hieracium, Iva, Krigia, Lactuca, Layia, Lessingia, Liatris, Lygo-
desmia, Packera, Pityopsis, Pluchea, Prenanthes, Rudbeckia, Sene-
Gêneros / espé cies: 1.535/23.000. Principais g êneros: Se ¬ cio, Sericocarpus, Silphium, Solidago, Sonchus, Symphyotrichum,
meio (1.250 spp.), Vemonia (1.000), Cousinia (650), Eupatorium Taraxacum,Verbesina e Vemonia.
(600), Ceniaurea (600), Artemí sia (550), Hieracium (500), Heli-
chrysum (500), Baccharis (400), Mikania (400), Saussurea (300), Importância econó mica e produtos: a fam ília abrange
Verbesina (300), Cirsium (250), Jurinea (250), Bidens (200), numerosas plantas alimentícias, tais como Cichorí um (chi ¬
Crepis (200), Aster (180, excluindo gêneros segregados como c ó ria), Cynara (alcachofra), Hélianthus (girassol), Taraxa ¬
Symphyotrichum, Sericocarpus ), Gnaphalium (150), Tragopogon cum (dente -de-leão) e Lactuca (alface) . Artemisia contém
(110) e Solidago (100). Os limites genéricos com frequência são algumas espécies utilizadas como especiarias. Tanacetum
problemáticos e muitos destes grandes gêneros sã o ffeqúen- (tanaceto) e Pulicaria contém espécies com propriedades
temente divididos em numerosos gêneros segregados (ver inseticidas. Ambrósia é o causador da febre-do-feno e mui ¬

Bremer 1994). Muitos gêneros ocorrem nos Estados Unidos tas espécies são pragas agrícolas importantes. Finalmente,
I e /ou no Canadá; gê neros especialmente importantes são Ac- muitos gêneros contêm esp écies ornamentais, tal como
mella, Ageratina, Ambrósia, Antennaria, Amoglossum, Artemisia, acontece com Calendula, Dendranthema, Argyranthemum,
Baccharis, Balduina, Berlandiera, Bidens, Brickellia , Carphepho- Leucanthemum (crisântemo), Dahlia (dália ), Tagetes , Senecio
rus, Centaurea , Chrysopsis, Cirsium, Conyza, Coreopsis, Crepis, (senécio), Sphagneticola, Gaillardia, Hélianthus (girassol),
Croptilon, Chaenactis, Chrysothamnus, Elephantopus, Ericame- Zinnia e muitos outros.
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512 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

TABELA 9.4 Caracteristicas e sinapomorfias das tribos e subfamílias de Asteraceae (= Compositae)


Tribo Subfamília Número de gêneros/espécies Gêneros representativos

1. Bamadesieae Bamadesioideae 9/92 Barmadesia , Chuqu í raga, Dasvphyllum

2. "Mutisieae " ' Cichorioideae '


' 1
76/970 Chaptalia, Gerbera, Gochnatia, Mutisia ,Trixis

3. Cardueae (= Cynareae) (cardos) '' Gchorioideae " 83/ 2.500 Carduus, Centaurea, Cirsium, Cynara,
Echmops
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4. Lactuceae (= Cichorieae) Cichorioideae " 98/1.550 Cichorium , Crepis, Hieracium , Krigia,


(os dentes -de -Ic ão e taxa afins) Lactuca, Pyrrhopappus, Sortchus,
Taraxacum, Tragopogon , Youngia
S. Vemonieae " Cichorioideae 98/1.300 Elephantopus, Vemonia
( Vemonia, assa-peixe e taxa afins)

6. Liabeae Cichorioideae" 14/160 Liabum

7. Arctoteae " Cichorioideae " 16/200 Arctotis, Berkheya


(plantas parecidas com cardos)

8. Lnuleae Asteroideae 38/480 Inula, Pidiearia, Telekm

9. Plucheae Asteroideae 28/ 220 Phtchea , Sphaerantkus

10. Gnaphalieae Asteroideae 162 / 2.000 Anaphalis, Antennaria, Gamochaeta,


Gnaphalium, Leontopodium

11. Calenduleae Asteroideae 8/110 Calendula, Osteospertnum

12. Astereae Asteroideae 174 / 2.800 Aster, Baccharis, Conyza, Ertgeron ,


Haplopappus, Solidago, Symphyotrichum

13. Anthemideae Asteroideae 109 /1.740 AchiUea, Anthemis, Argyranthemum,


Artemí sia, Chrysanthemum,
Leucanthemum, Seriphidium,Tanacetum

14. Senecioneae Asteroideae 120 /3.200 Erechtites, Senecio

15. "Helenieae '' Asteroideae 110 /830 Arnica, Flaveria, Gaillardia, Helenium, Pectis,
Tagetes

16. Heliantheae Asteroideae 189 / 2.500 Ambr ósia, Bidens , Calea, Coreopsts .
.
Cosmos Dahlia, Helianthus, Iva,
Rudbeckia, Verbesina, Vigmera, Zinma
17. Eupatorieae Asteroideae 170 /2.400 Ageratum, Carphephorus, Eupatonum,
Garberia, Liatrís, Mikama
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SISTEMáTICA VEGETAL 513

TABELA 9.4 (continuação )


Tipos de flores Tipos de papus Ramos do estilete Principais sinapomorfias
Do disco; 1 + 4 bilabiadas Geralmente com ície
Superf Espinhos axilares, indumento de pêlos
ceidas e pêlos estigmá tica longos na corola, aqu ênio e papus
rgidos
longos e í interna
Variável; 2 + 3 bilabiadas, Geralmente Superfície Nenhuma
esperialmente na margem com cerdas estigmática
do disco ou capítulo interna
Do disco (profundamente Geraimente Superf ície Folhas partidas; folhas e brácteas involucrais
lobadas) com cerdas estigmática interna com espinho apical; anel de pêlos
ou escamas (frequentemente
com ramos do
estilete fusionados
na base)
Liguiadas Geralmente ície estigmática Flores liguladas; abundante látex leitoso
Superf
com cerdas interna

Geralmente do disco Geralmente Superfície estigmá tica Anteras com apê ndices glandulares apicais; ramos do
(profundamente lobadas) com cerdas interna (próximo estilete longos, finos, pilosos e agudos no ápice; detalhes
da base) da anatomia da antera (espessamentos do endotério)
Geralmente do disco Com cerdas ou Superfície Folhas opostas; flores do raio trinervadas
(profundamente escamas estigmática
lobadas) e do raio interna
Geralmente do disco Geralmente com Superfície Anel de pêlos abaixo dos ramos do estilete;
(profundamente escamas ou em estigmática anteras não caudadas; flores do raio;
lobadas) e do raio forma de taça curta interna plantas frequentemente espinhosas
r. Do disco (lobos Escamas ou cerdas Linhas estigm áticas Flores marginais filiformes; cristais alongados
curtos) e do raio capiláceas marginais na epiderme do aquênio
Geralmente do disco Escamas ou cerdas Linhas estigmáticas Flores marginais filiformes, ramos do estilete
;
(lobos curtos) capiláceas marginais com pêlos móveis de á pice arredondado ao
í
longo dos ramos ou no ápice do estilete
Geralmente do disco Geralmente cerdas Linhas estigmáticas Grã os de pólen com camada basal espessa
(lobos curtos) raro capiláceas marginais regularmente perfurada (gnaphalóide), camada
com flores do raio superior com columelas proeminentes; x - 7
Do disco (lobos Ausente Linhas estigmáticas Ferda do papus
curtos) e do raio marginais
Em geral do disco (lobos Geralmente cerdas Linhas estigmáticas Células epidérmicas da corola das flores do raio com
curtos) e do raio (raio ou escamas marginais espessamento mediano na parede externa; ramos do
às vezes ausente) estilete com apêndices estéreis triangular-subulados, isto é,
ramos de estilete do tipo asteróide; adaxialmente glabros
Geralmente do disco Com escamas, em Linhas estigmáticas Folhas pinado-divididas; brácteas involucrais
(lobos curtos) e do forma de taça marginais com margens escariosas; papus escamoso ou
raio (flores do raio curta ou ausente reduzido; ramos do estilete truncados; células
, às vezes ausentes) epidérmicas das flores do raio papilosas
Do disco (lobos curtos) Geralmente cerdas Linhas estigmáticas Invólucro geralmente unisseriado (um nico
e do raio (ou somente capiláceas marginais verticilo de brácteas); presen ça de lactonas
flores do disco) sesquiterpênicas e alcaloides pinolizidínicos
Do disco (lobos curtos) Com escamas, em Linhas estigmáticas Nenhuma, devido à segregação das duas seguintes
e do raio (estas às forma de taça marginais tribos com base na presença de folhas opostas,
vezes perdidas) curta ou cerdas parede do aquênio carbonácea, endotério de
células curtas (receptáculo sem brácteas)
Geralmente do disco (lobos Aristas, escamas, Linhas estigmáticas Presença de brácteas (páleas) no receptáculo; anteras pretas
curtos) e do raio (estas cerdas ou marginais
às vezes ausentes) ausentes
Do disco (lobos curtos ou Cerdas Linhas estigmáticas Berda das flores do raio; base o estilete pilosa e
ocasionalmente longos) marginais ramos do estilete com apêndices muito longos e
estéreis; ramos do estilete glandulares entre linhas
estigmáticas; anatomia do endotério da antera
514 JUDD, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

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FIGURA 9.140 Asteraceae (Compositae), subfamília Asteroideae (com 0,5); (G) ramos do estilete com suas linhas estigmá ticas (muito aumen- c-
flores do disco de do raio). (A-J) Helianthus tuberosus: (A ) planta florida tados); (H) aquènio maduro com escamas do papus (x 10); (I) aquènio
(x 0,3 ); (B) capí tulo (x 0,5); (C) flor do raio, estéril (x 2); (D) capítulo com sem papus ( x 8); (J ) rizoma com t beras invernais (x 1). (K-L) H. annuus:
flores do raio removidas, mostrando o invólucro de br ácteas (filarias ) .
(K) aquènio (x 4,5); (L) embrião ( x 4,5) (Fonte: Wood 1974, A studenfs
( x 0,5); ( E) flor do disco e br áctea (x 10); (F) flor do disco em secçã o atlas offlowering plants , p. 117.)
longitudinal, observe as anteras, escamas do papus e óvulo basal (x
SISTEMáTICA VEGETAL 515

Discussão: Asteraceae (ou Compositae) constitui um agru ¬


Barnadesioideae
pamento facilmente reconhecido e ciaramente monofilético;
as sinapomorfias morfológicas e moleculares para esse gru ¬ Mutisieae
po sã o numerosas (K. Bremer 1987, 1994, 1996; Funk et al.
2005; Jansen et al. 1991, 1992; Karis 1993; Karis et al. 1992;
Keeley e Jansen 1991; Kim et al. 1992). A fam ília é dividida - Cardueae
em muitas tribos (Tabela 9.4), que são frequentemente ar¬
ranjadas em três subfamílias (K. Bremer 1987, 1994; Bremer
- Lactuceae g
e Jansen 1992) . Barnadesioideae, um pequeno grupo sul -
americano que conté m principalmente á rvores e arbustos, é - Vemonieae I
o grupo-irmão dos demais gêneros da família (Figura 9.141) .
Esse grupdVarece da inversão no DNA do cloroplasto que
caracteriza as demais espécies da família (Jansen e Palmer
- Liabeae
1987). As demais tribos são mais ou menos igualmente divi ¬ - Arctoteae
didas entre Cichorioideae e Asteroideae (K. Bremer 1987,
1994; Carlquist 1976; Thome 1992) . A primeira subfamília
é parafilé tica, mas é aqui mantida porque as relações filo-
- Inuieae
genéticas dentro desse complexo são ainda pouco conheci ¬
- Plucheae
das; com frequência essa subfamília é segregada em outros Gnaphalieae
agrupamentos (K. Bremer 1996; Funk et al . 2005; Panero e
Funk 2002) . Cichorioideae é caracterizada pelos ramos do - Calenduleae
estilete com a superf ície interna receptiva (estigmática) . Seus
capítulos geralmente são discóides, exceto na caracter
tribo Lactuceae, que apresenta capítulos ligulados. Canais
ística - Anthemideae
- Astereae
i
resiníferos e laticíferos ocorrem nessa subfamília, e o látex é
especialmente bem desenvolvido em Lactuceae (Tabela 9.4). - Senecioneae
Lactuceae é morfologicamente distinta e às vezes tem sido
incluída em uma subfamília própria (Cronquist 1955, 1977,
1981), mas é próxima de Vemonieae. A monofilé tica Aste ¬
roideae pode ser diagnosticada pela restrição do tecido es -
< Helenieae

- Heliantheae
tigm á tico a duas linhas marginais em cada ramo do estilete; Eupatorieae
pela perda dos laticíferos; pela presen ça de flores do raio (e
FIGURA 9.141 Gadograma mostrando as relações hipotéticas entre
capítulos radiados, embora flores do raio tenham sido perdi ¬
as Asteraceae. (Adaptada de Bremer 1994.)
das em alguns taxa ); pelas flores do disco com lobos da coro ¬

la curtos (mas secundariamente alongados em alguns taxa ); e


por caracteres de DNA. Possíveis sinapomorfias para muitas cando-o em contato com o polinizador. A cor da corola é va ¬
tribos frequentemente aceitas estão resumidas na Tabela 9.4
riável. As inflorescências compostas geralmente são alógamas
(ver também Bremer 1994; Solbrig 1963). Atributos morfoló ¬

e atraem uma grande variedade de polinizadores generalistas


gicos informativos no nível de tribo incluem caracteres dos
(borboletas, abelhas, moscas e coleópteros), mas a poliniza ¬
ramos do estilete (p. ex., localização do tecido estigmático,
çã o por abelhas solitárias é particularmente comum. Alguns
presença de pêlos ou de apêndices estéreis, comprimento e
largura, forma do ápice); forma do papus; formato e anato ¬
gê neros apresentam flores reduzidas e sã o polinizadas pelo
vento (p. ex., Ambrósia, Baccharis ), e alguns taxa apresentam
- mia da corola; morfologia poiínica; caracteres morfológicos
e anatômicos dos aquênios; forma e anatomia das anteras;
arranjo das folhas; e presença ou ausência de espinhos mar ¬
capítulos reduzidos a uma nica flor, mas tais capítulos estão
agregados em capítulos compostos (p. ex., Echinops ) .
ginais ou nodais. Os aquênios da maioria das Asteraceae sã o dispersos pelo
Crepis, Aster Taraxacum, Tragopogon, Hieracium e outros vento, com os pêlos í rgidos do papus funcionando como pá-
gêneros são taxonomicamente problemáticos no nível de es ¬
ra-quedas (Prancha 9.24E) . Os frutos achatados e frequente-
pécie devido a uma combinação de hibridação, poliploidia e mente alados auxiliam na dispersão das sementes pelo vento.
agamospermia. O transporte externo por aves ou mamíferos é facilitado por
As pequenas flores de Asteraceae não são facilmente per ¬
modificações do papus, como espinhos com bárbulas retror-
sas, excrescências do fruto, como ganchos ou espinhos, ou
I cebidas (Prancha 9.24F); os capítulos funcionam como ou
brá cteas involucrais especializadas.
parecem ser uma nica flor. Em capítulos radiais, as flores do
raio atraem os polinizadores e as flores do disco amadure ¬ Referências adicionais: Anderberg 1991a,b,c; Arriagada and
cem centripetamente. Os polinizadores geralmente pousam Miller 1997; Gustaísson 1996; Heywood et al. 1977; Jones 1982;
nas flores do raio e depositam pólen nas flores do disco mais Karis et al. 2001; Lane 1996; Leins and Erbar 1990; Michaels et
perif éricas e mais velhas. Os filetes de muitas Asteraceae sã o al. 1993; Ownbey 1950; Rieseberg 1991; Scott 1990; Soltis and
sensíveis e se contraem abruptamente ao toque, forçando a Soltis 1989; Urtubey and Sluessy 2001; Vuilleumier 1969,1973;
saída do pólen para fora do mecanismo do tipo êmbolo, colo- Wagenitz 1992; Xiaoping and Bremer 1993.
I
516 JUDO, CAMPBELL, KELLOGG, STEVENS & DONOGHUE

LITERATURA CITADA E LEITURAS RECOMENDADAS


Além dos numerosos livros e trabalhos cient í ficos citados para cada família, variação morfológica, a distribuição geográfica, a importância económica e as
as seguintes referências servirão como fontes adicionais de informação sobre a relações evolutivas das famílias de angiospermas.

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Euphorbiaceae sensu lato) using plastid rbcL the tmL- tmF and internai transcribed spacer geny of Schoenocaulon (Liliales: Melanthia ¬

DNA sequences. Amer. }. Bot. 91: 1882 -1900. regions. Plant Species Biol. 20: 167-182. ceae) with clarification of cryptic species ba
¬

Wurdack, K. J„P. Hoffman, and M. W. Chase. Zanis, M. D. E. Soltis, P. E. Soltis, S. Mathews, sed on ITS sequence data and geographical
2005. Molecular phyiogenetic analysis of and M. J. Donoghue. 2002. The root of the distribution. Amer. j. Bot . 93: 1178 -1192.
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animai-mediated seed dispersai in palms. I
Comas based on chloroplast DNA restriction genv and delimitatí on of the Ceíastrales in ¬ Selbyana 11: 6-21.
r

APENDICE 1
Nomenclatura Botânica

Se pretendemos comunicar eficientemente ou ter acesso a aspectos relaciona ¬

dos com a identidade, relações filogenéticas e outros aspectos biológicos, os


grupos taxonômicos devem receber nomes. A disciplina que trata de dar nomes
aos taxa é a nomenclatura bot ânica. Os princípios e regras da nomenclatura
botânica têm sido desenvolvidos e atualizados ao longo de uma série de con ¬

gressos internacionais e estão listados no Código Internacional de Nomenclatura


n
Botâ nica, conhecido também pela sigla em inglês ICBN (McNeill et al. 2006). O
propósito principal do ICBN é fornecer um nome correto para cada grupo taxo-
nômico (ou táxon), dentro de um sistema estável (classificação) .

Nomes científicos
Os sistematas botânicos (bem como outros cientistas) utilizam nomes científicos
latinizados. Cada táxon - por exemplo, uma espécie, gênero ou família - tem
seu nome e este é utilizado no mundo inteiro. A utilização de nomes científicos
é fundamental para uma comunicação eficiente e acurada sobre as plantas em
um contexto global. Nomes comuns (ou populares) nã o são apropriados para
estes propósitos por numerosos motivos. Com frequência estes nomes popula ¬

res estão limitados a uma nica linguagem ou a uma região geográfica em par ¬

ticular. À s vezes, o mesmo nome comum é aplicado a muitos taxa diferentes (p.
ex., jacarandá , araticum ). Muitas espécies, especialmente se s ão raras ou não
apresentam importância económica, carecem de nome comum. Finalmente,
com frequência os nomes populares são enganosos quanto à s relações filogené ¬

Ca. tX
ticas; por exemplo, a pinha-do-brejo" (Magnolia ovata, Magnoliaceae) não está
relacionada com as "pinhas" do gênero Annona (Annonaceae). uttn
mx
Mfr
544 APê NDICE 1

TABELA 1 Epítetos científicos comuns

Epíteto específico Significado Epíteto específico Significado Epíteto específico Significado


acaulis acaule breoipes com pé curto dulcis doce
acicularis acicular brunneus marrom - escuro dumosus arbustivo
aduncus em forma de bufonius dos sapos echimtus espinhento
gancho caeruleus azul -escuro edulis comestível
aestivalis do verão caesius cinza - azulado effusus laxo
affinis relacionado calvus glabro elatior mais alto
agrestis campestre calyanus calicino elatus alto
alatus alado campanulatus campanulado elegans elegante
albicans esbranquiçado campestris campestre ensifolius com folhas em
albus branco candicans branco forma de espada
alpestris alpino capilhris semelhante a pêlos eriocarpus com frutos pilosos
alpinus alpino carinatus com quilha esculentus comestível
aitemans que (se) alterna caudatus com cauda exiguus pequeno, fino
altissimus muito alto cerifera que carrega cera fallax enganoso
amabilis gracioso cemuus que cai famosus farináceo
amarus amargo chloranthus com flores verdes fasciculatus fasciculado
ambigens ambíguo chrysophyllus com folhas fastigiatus eretos e juntos
amoenus encantador douradas filipes ped nculos
ampleoácaulis que abraça chrysostomus com fauce dourada filiformes
anceps com duas cabeças cinctus em forma de cinto fistulosus oco, cilíndrico i

ou com duas clandestinus oculto flabellatus como leque


arestas coarctatus compresso, flagellaris como chicote
angustatus estreito estreitado flavenscens amarelado
angustifolius com folhas estreitas coccineus escarlate flavus amarelo
aimotinus do ano comatus piloso flexilis flexível
annuus anual communis gregário floribundus ífero
flor
aphyllus sem folhas commutatus que muda floridus florido
apicuiatus terminado em comosus barbado, com fluitans que flutua
ponta pêlos longos fluviatilis do rio
appendiculatus apendiculado conámus ordenado foetidus malcheiroso
applanatus achatado concolor de cor similar foliosus folhoso
arcuatus em forma de arco confertus coroado formosus bonito
arenarius das areias confitiis com bordos frondosus foliáceo
areolatus areolado conoideus cónico fulgens brilhante
argenteus prateado contortus contorto furcatus bifurcado
argutus com ponta aguda comicalatus com pequenos geniculatus articulado
ou afiada chifres gracilis fino, tenro
argyreus prateado cornutus com chifres gramineus com aspecto
artdus árido coronarius com guirianda de grama
amtatus com aristas crassifolius com folhas espessas graveolens com aroma forte
arundinaceus como gramíneas crassipes com pecíolo ou hebecarpus com fruto
arvensis dos campos pedicelo espesso pubescente
cultivados crinitus piloso hirtus piloso
asper áspero cristatus cristado humifusus que se espalha
atratus preto ou escuro cuneiformis em formato hutnilis an ão
atropurpureus p úrpuro escuro
- de cunha hyemalis do inverno
atrosanguineus cor de sangue - dasycarpus com fruto piloso
com espiga pilosa
hyperboreus
hypogaeus
boreal
subterrâ neo
escuro dasytachys
aureus dourado debilis fraco hypoglaucus glauco por baixo
australis do sul decapetalus com dez pétalas hystrá híspido
azureus cor azui-celeste decipims que engana incanus grisalho
baccatus com bagas decorus elegante mermis inerme
baculiformis em forma de báculo decumbens que se reclina inodorus sem odor i
bicolor com duas cores deflexus curvado para baixo intumescens intumescido
bideiitata com dois dentes demissus baixo, fraco junceus juncáceo
bienms bianual dentatus denteado lactatus leitoso
bifidus bífido didymus aos pares lacustris dos lagos
biflorus com duas flores digitatus palmado laevigatus liso
borealis do Norte discolor com cores lanuginosus piloso
Brachycarpus com frutos curtos diferentes latifolius com folhas largas

'Estes epítetos são adjetivos e aparecem aqui na forma masculina, mas na sua utilização deverão sempre concordar com o género do nome gené rico.

k
T"~

APêNDICE 1 545

TABELAI ( continua çã o )

Epíteto específico" Significado Ep íteto específico Significado Epíteto específico Significado


leptocladus com caule fino crvatus ovado sensibilis sensível
leucanthus com flores brancas oxycanthus com espinhos septentrionalis do Norte
linearis linear afiados serotinus de florada tardia
littoralis litorâneo paludosus paludoso, palustre serpens rasteiro
longipes com pé longo palustris dos brejos serpyllifolius com folhas de
lucidus brilhante, claro parviflorus com flores Thymus
lupulinus semelhante ao pequenas setaceus com aristas
V
l ú pulo parvifolius com folhas speciosus vistoso
luteolus amarelado pequenas spectabilis espectacular
macilentus macio paroulus muito pequeno squamsus com partes
macranthus com flores grandes patens que se espalha recurvadas
macrocarpus com frutos grandes pauáflorus com poucas flores stans ereto
macrophyllus com folhas grandes pectinatus pectinado, como stellatus em forma de estrela
maculatus manchado pente stenophyllus com folhas estreitas
maritimus do mar pedatus como pé strictus reto
medius intermediário pentandrus com cinco estames tenellus fino, macio, tenro
megarrhizus com raízes grandes peregrinus exótico tenuis fino, estreito
micranthus com flores perennans perene teres terete, cilíndrico
pequenas plantagineus semelhante a tematus em grupos de três
millefolius com muitas folhas plantago tetrapterus com quarto asas
í- mirabilis maravilhoso platycarpus com frutos largos thyrsiflorus com flores em tirsos
modestus modesto (pequeno) platycladus com ramos largos tinctorius que cora, que tinge
mollis platyphyllus com folhas largas tricoccus tíilobado
monilif òrmis constrito a intervalos polyanthus com muitas flores tridens com três dentes
regulares polystachyus com muitas espigas trifidus com três partes
monocephalus com uma nica praecox precoce tripteris com três asas
cabeça prasinus cor verde - grama tristis triste
monostachys com uma nica procera alto trivialis trivial
espiga pulchellus bonitinho umbrosus que gosta da
montanus das montanhas pulcher bonito sombra
mutabilis variável pumilis an ão uncimtus em forma de
nanus anão pungens que fura gancho
natarts que flutua pycnanthus densamente florido undulatus ondulado
nemoralis dos pomares quadrifolius com quatro folhas uniflorus unifloro
nictitcms que pisca quinquefolius com cinco folhas urceolatus urceolado
nigricans preto ramosus ramificado urens urticante, que
nitens brilhante repens rasteiro perfura
nitidus brilhante retroflexus reflexo ursinus dos ursos
nivalis da neve riparius da beira de rio usitatissimus muito útil
niveus como neve rostratus rostrado vaginatus com bainha
f ncroae- angliae da Nova Inglaterra rubellus avermelhado validus forte
i noveboracensis
nudicaulis
de Nova York
com caule nu
rubiginosus cor de óxido velutinus aveludado
rufus vermelho venosus venoso
Ii nutans pêndulo rugosus com dobras, rugoso vemalis da primavera
obovatus obovado rupestris rupestre vemus da primavera
íI occidentale
offcinalis
oliganthus
do Oeste
oficial
com poucas flores
saccharinus
sagittatus
doce, adocicado
em forma de ponta
versicolor
vestitus
de diversas cores
coberto
de flecha vimineus semelhante a vime
f
|
oligocarpus
oligospermus
com poucos frutos
com poucas
salinus
sanguineus
salgado
vermelho-sangue
virens
volubilis
verde
volúvel
sementes sativus cultivado vulgaris comum
operculatus com opérculo saxatilis das rochas vulpims das raposas
orientalis do Leste scandens trepador xanthocarpus com frutos
omatus ornamentado sclerophyllus com folhas duras amarelos
orthocarpus com frutos retos scoparius como escova

k
546 APê NDICE 1

Os nomes científicos são binomiais; isto é, são compos ¬


tos por duas palawas ou nomes latinizados. O sistema de no¬
menclatura binomial foi utilizado pela primeira vez de modo
consistente por Carolus Linnaeus, na obra Species plantarum
(1753). A primeira palavra de um nome está no singular
e consiste no nome do gênero ao qual a planta está sendo
designada . A segunda palavra pode ser (1) um adjetivo qua ¬
lificando o nome genérico (e, portanto, deve concordar em
gênero com o nome genérico), (2) um nome por aposição ou
(3) um nome possessivo. Nos três casos é denominado epí¬
teto específico.
A maioria dos epítetos específicos refere-se aos atribu ¬
tos característicos, sejam morfológicos, ecoló gicos ou quí ¬

micos. Alguns epítetos referem -se à área de distribuição do


táxon; outros homenageiam a pessoa que coletou o táxon
peia primeira vez ou um cientista cujo trabalho contribuiu
para o conhecimento botânico de uma região em particu ¬
lar ou de um determinado grupo taxonômico. Conhecer o FIGURA 1 Cá psulas de Lyonia ferruginea Observe as suturas espessa¬
significado dos nomes ajuda na sua memorização. A Tabe ¬
das, cuja presença motivou Nuttall a transferir esta espécie do gê nero
la 1 apresenta alguns epítetos específicos comuns. Tanto o Andromeda para Lyonia.
epíteto genérico quanto o específico são escritos em itálico
ou sublinhados; a primeira letra do nome genérico sempre
é maiuscula e o ICBN recomenda que o epíteto específico çã o dos caracteres dentro dos gê neros. Estudos filogen é ticos
seja sempre escrito em letra minúscula . Finalmente, o epí ¬
recentes deste grupo de Ericaceae sugerem que Andromeda ,
teto específico não deve repetir exatamente o nome genéri ¬ na sua delimitação atual, e Lyonia não estão proximamente
co, como em Benzoin benzoin; tais nomes são denominados relacionados.)
tautônimos. Em um segundo exemplo, o botânico alemão G. C. Oeder
O epíteto específico geralmente é seguido pelo nome de descreveu Ledum groenlandicum em 1771; ele designou esta
um ou mais autores: o(s) nome (s) da (s) pessoa (s) que descre ¬ espécie dentro do gê nero Ledum porque apresenta flores de
veu (ou descreveram) o táxon pela primeira vez. Estes nomes simetria radial e pé talas mais ou menos livres. Uma análise
devem ser abreviados e uma lista de abreviaturas apropriadas cladística do gênero Rhododendron e gêneros relacionados da
tem sido elaborada (Brummitt e Fowell 1992). Por exemplo, o tribo Rhodoreae (Kron e Judd 1990) indicou que Ledum groen¬
nome científico completo do carvalho branco é Quercus alba landicum e espécies próximas estão cladisticamente inseridos
Linnaeus. O gênero é Quercus, o epíteto específico é alba (um em Rhododendron, um gênero no qual quase todas as espécies
adjetivo que significa branco ) e o nome do autor é Linnaeus apresentam flores simpétalas, de simetria ligeiramente bila ¬
(que geralmente é abreviado com L. ). Outros exemplos se ¬ teral. Assim, esta espécie foi transferida para Rhododendron e
riam Acer rubrum L ., Hibiscus coccineus Walt., Pinus ponderosa recebeu o nome Rhododendron groenlandicum (Oeder) Kron
Dougl., Quercus virginiana Mill., Rudbeckia laciniata L. e Vacci- & Judd. O novo nome reflete as afinidades filogenéticas do
nium corymbosum L. táxon com outras espécies que também apresentam escamas
Às vezes, como consequência do aumento do conheci ¬ peitadas multicelulares, tais como Rhododendron minus e R.
mento sobre as relações filogenéticas de uma espécie, resulta lapponicum.
necessário mudar seu nome. Estas mudanças podem interfe ¬ As vezes, os nomes dos autores taxonômicos aparecem
rir ou dificultar a obten ção de informações sobre o táxon, mas separados pelas preposições exou in. Nomes separados por
fornecem um reflexo mais acurado das hipóteses de relações ex significam que o segundo autor publicou um nome que
filogenéticas, envolvendo-o e permitindo que a nomenclatu ¬ tinha sido proposto (mas nunca publicado) pelo primeiro au ¬

ra botânica seja mais preditiva . Por exemplo, Thomas Walter tor. Nomes separados por in significam que o primeiro autor
descreveu Andromeda ferruginea em 1788. Mais tarde, Tho ¬ publicou o nome em um livro ou um artigo editado (ou par ¬

mas Nuttall (1818) decidiu que esta espécie e espécies afins cialmente escrito) pelo segundo. Como exemplos podemos
pertenciam na verdade ao gênero Lyonia, porque suas cápsu ¬ citar Gossypium tomentosum Nutt. ex Seem., que poderia ser
las apresentam suturas claramente espessadas (Figura 1). As ¬ encurtado para G. tomentosum Seem., e Vibumum tematum
sim, o epíteto específico ferruginea foi transferido por Nuttall Rehder in Sargent., que poderia ser encurtado para V. tema ¬
para o gênero Lyonia. O nome científico completo resultante tum Rehder. De acordo com o ICBN, os autores antes de ex ou
foi Lyonia ferruginea (Walt.) Nutt ., o nome que hoje é aceito depois de in não precisam ser citados.
para esta espécie. Observe que o autor que descreveu ori ¬ Categorias infra-específicas - subespécies ou varieda¬
ginalmente o táxon agora está entre parênteses e é seguido des - são treqúentemente reconhecidas dentro de espécies
pelo nome do autor que fez a transferê ncia. (Nutall tomou variáveis. Raças geográficas são com frequência consideradas
essa decisão com base em uma avaliação pessoal da varia - variedades ou taxa subespecíficos. Neste caso, lhes são con -
APêNDICE 1 547

TABELA 2 Hierarquia das categorias taxon ômicas inserir uma miscelânea de taxa sobre os quais se sabia pouca
aceitas pelo ICBN coisa. Embora a prática de designar uma categoria para cada
táxon pareça polida, ela não é necessária. Assim, um gênero
Categoria " Sufixa padrão
pode pertencer a uma família, mas ter uma localização incer ¬

Reino -bionta ta ( incertae sedis ) dentro dela. No sistema APG (Angiosperm


Filo (ou Divisão) -phyta Phylogeny Group), o sistema que seguimos neste livro, algu ¬
Subfilo (ou Subdivisão) - phytina mas famílias não apresentam uma localiza ção definida, por
Classe -opsida exemplo, em relação a ordens e at é em relação a categorias
hierárquicas ainda superiores. Por exemplo, incluímos Buxa-
Subclasse -idae ceae e Trochodendraceae no ciado das eudicotiledôneas, mas
Superordem - anae sem situá- las em uma ordem específica.
Ordem - ales Nomes genéricos nã o apresentam uma terminaçã o pa ¬

Subordem -ineae dronizada. A sua letra inicial é maiúscula e são escritos em


Superfamília -ariae itálico (ou sublinhados); nomes supragené ricos são escritos
Família -aceae com letra inicial mai scula, mas em geral n ã o são escritos em
itálico (autores europeus com frequência utilizam it álico para
Subfamília -oideae estes nomes).
Tribo -eac Os nomes das famílias se baseiam nos nomes dos gê ne ¬

Subtribo -ineae ros tipo respectivos (gêneros tipo são explicados na pá gina
Gênero Nenhum; escrito em itálico, 549), por exemplo, Rosa (Rosaceae), Aster (Asteraceae), Eri ¬

letra inicial maiúscula ça (Ericaceae) ou Cyperus (Cyperaceae). No entanto, o nome


Espécie Nenhum; nome genérico de oito famílias tradicionais é especificamente mantido pelo
e específico em itálico ICBN. Estes nomes sã o Compositae ( = Asteraceae), Crucife-
As sete categorias principais estão indicadas em negrito. rae ( = Brassicaceae), Gramineae (= Poaceae), Guttiferae (=
Clusiaceae), Labiatae (= Lamiaceae), Leguminosae (= Faba-
ceae s.l .), Palmae (= Arecaceae) e Umbelliferae (= Apiaceae);
feridos epítetos de variedade ou epítetos subespecíficos, tais os nomes em parênteses são os mais recentes. Além disso,
como Lyonia ligustrina (L.) DC. var. ligustrina e L. ligustrina os nomes Papilionaceae ( = Fabaceae s.s.), quando este ciado
(L.) DC. var. foliosiflora (Michx.) Femald, ou Carpinus caroli- é considerado uma família, ou Eapilionoideae (= Faboideae),
niana Walt. subsp. caroliniana e C. caroliana Walt. subsp. virgi- quando considerado uma subfamília (como neste livro), são
niana (Marsh.) Furlow. O epíteto da variedade ou subespécie permitidos pelo ICBN. O ICBN aplica o princípio de priorida ¬
que conté m o espécime tipo da espécie (o conceito de tipo é de de publicação para as categorias de família e as categorias
explicado na página 549) repete o epíteto específico, mas sem nela contidas; para categorias acima de família, as regras sã o
nomear um autor; esta é a variedade denominada nominal, menos restritivas. Por este motivo, há uma grande variaçã o
ou típica . nos nomes taxonômicos acima de família.
Os nomes científicos das categorias hierárquicas supe ¬
Um exemplo da aplicaçã o das categorias taxon ômicas
riores - gênero e supragen é ricas - sã o uninomiais; isto é, em Acer rubrum é apresentado na Tabela 3. Lembre -se que
sã o compostos por uma única palavra. Os nomes das cate ¬ os taxa, especialmente acima de espécie, representam grupos
í gorias supragen é ricas são nomes latinizados em plural. Em monofiléticos e, como tais, são considerados o produto da
gerai, a termina çã o do nome indica a categoria em que o evolução. As hierarquias de uma classificação, ao contrário,
táxon se situa. O ICBN reconhece sete categorias principais
( reino, filo/divisão, classe, ordem, família, gênero e espécie),
mas permite que outras categorias adicionais sejam inter¬ TABELA 3 Uma aplicação das categorias de classifica çã o
caladas. Estas categorias adicionais se utilizam dos prefixos em Acer rubrum
super- (acima) e sub- (abaixo). As categorias frequentemente Categoria Táxon
mais utilizadas, com seus sufixos padrões, estão listadas na
Tabela 2. Reino Viridiplantae (plantas verdes)
É frequente que pesquisadores escrevendo uma flora ou Filo (ou Divisão) Embryophyta (embriófitas)
monografia insiram cada táxon dentro de uma categoria su ¬ Subfilo (ou Subdivisão) Tracheophytina (traqueófitas)
perior, mas isto não é exigido pelo ICBN. Se alguns gêneros Classe Angiospermopsida
de uma família são incluídos em subfamílias, convenciona-se (angiosperm as)
/
inserir todos os gê neros dessa família em respectivas subfa ¬
Ordem Sapindales
mílias, mesmo se isto resulta em subfamílias monotípicas ou Família Sapindaceae (família
se isto requer tomar decisões sobre gêneros que conhecemos do guaraná)
deficientemente. Este desejo de inserir cada táxon em cate ¬ Gênero Acer
gorias superiores levou no passado à criação de taxa que fun ¬
Acer rubrum
Espécie
cionavam como lixeiras": grupos criados com a finalidade de
548 APêNDICE 1

são construções da mente humana, tendo valor apenas rela ¬


tivo, nã o absoluto (ver Capítulo 2). Assim, é mais importante
lembrar, por exemplo, que as angiospermas são consideradas
um grupo monofilético sustentado por numerosas sinapo-
m
y
morfias do que se preocupar com qual seria a hierarquia ou '
Sfe

categoria mais apropriada para este táxon.

Argumentos contra o uso de


hierarquias nas classifica ções
Como acabamos de ver, é ampíamente aceito que as catego¬
rias taxonômicas são arbitrárias. Embora um grupo nomeado
deva ser monofilético, não há uma forma a priori de deter¬ 1
v
minar se este táxon deve ser considerado um gênero, uma
família, uma ordem ou um táxon intermediário. Se as cate
gorias são arbitrárias, acabar com o seu uso seria um passo
lógico. Os taxa seriam incluídos em grupos nomeados, mas
¬
-
fi
V

estes não seriam designados como famílias, ordens, etc. No U:


entanto, grupos como ordens, famílias e gê neros são em geral
familiares e de uso comum. A aceitação de uma nomenclatu ¬

ra totalmente nova é improvável e não deve ocorrer de modo


rá pido e sem gerar protestos. No entanto, um sistema alter¬
nativo de nomenclatura bot ânica, denominado PhyloCode,
está sendo desenvolvido.
O PhyloCode tem sido estruturado inteiramente fora das m Ei
regras do ICBN, que governa o uso das categorias linneanas sP
m: mW
e tem sido utilizado pelos sistematas vegetais por um longo
:
tempo. Em outras palavras, trata-se de um sistema nomen -
clatural alternativo, em vez de uma revisão do sistema no-
menclatural já existente (ver site do PhyloCode no endereço
www.ohiou.edu/ phylocode) . Fhra o PhyloCode, os nomes dos
taxa referem -se apenas a grupos monofiléticos e são defini ¬

dos de três maneiras: FIGURA 2 Três modos de definir nomes de taxa, de acordo com o
PhyloCode. (A) Defini çã o baseada em um n ó. ( B) Definiçã o baseada
1. Uma definição baseada em um nó confere nome ao cia ¬ em um ramo. (Cl Definiçã o baseada em apomorfias.
do que se origina a partir de um nó em particular de uma
árvore filogené tica. Este nó representa o ancestral comum
imediato de dois (ou mais) descendentes designados (Fi¬ é uma opção viável para uma espécie. Hoje em dia os siste ¬

gura 2A). matas fazem o melhor possível para incluir as espécies nos
2. Uma definição baseada em um ramo de uma árvore fi ¬
gê neros corretos, mas em alguns casos as evidências não são
logené tica confere nome a um ciado contendo um ramo conclusivas.
em particular de uma árvore filogenética e todos os nós e Uma solução para este problema seria nomear espé cies
ramos descendentes a partir do primeiro (Figura 2B). com um uninomial em vez de usar um binomial, e vá rias for ¬

3. Uma definição baseada em apomorfias confere nome mas de utilizar uninomiais tê m sido propostas (Cantino et al.
a um ciado derivado de um ancestral em comum em que 1999) . A utilização de uninomiais traria uma maior estabili ¬
surgiu um determinado caráter apomórfico (Figura 2C) dade no uso dos nomes específicos, mas teria também outras
(de Queiroz e Gaulthier 1992). consequências menos desejáveis, como a perda de informa ¬

ção sobre afinidades filogené ticas. A falta de consenso sobre


A quest ão das categorias é particularmente problemática como construir e implementar o uso de uninomiais levou à
em relação às espécies, e uma discussão completa deste tó ¬
manutenção dos nomes específicos dentro das categorias
pico excede o escopo de um texto introdutório. O sistema de baseadas nos c ódigos, mas também promoveu a busca de
nomenclatura binomial (como apresentado no ICBN) requer formas de comunicar o status filogenético dos taxa na parte
que cada espécie seja incluída em um gênero e que o nome genérica dos binomiais específicos (Laurin e Cantino 2007).
do gênero seja o primeiro elemento do nome da espécie. Pbr A nomenclatura deveria ser pensada como parte de uma
exemplo, Quercus virginiana é um integrante do gênero Quer- linguagem, com as palavras tendo significados específicos,
cus. Tais binomiais parecerão filosoficamente problemáticos mas também comunicando relações entre as coisas. O sucesso
caso as categorias linneanas, como o gênero, sejam elimina ¬ e aceitação futuros da nomenclatura filogenética dependerá da
das dos sistemas de classificação. No entanto, os binomiais decisão de utilizar ou não nomes que reflitam o máximo pos¬
1

são apenas uma combinação de um nome e um adjetivo em sível o atual sistema binomial, de modo que os nomes apre ¬
latim e, como tais, não apresentam conotações filosóficas sentem informações e conotações históricas que possam ser
particulares (Stevens 2002, 2006). O problema toma-se pior facilmente utilizadas pela maioria dos usuários de informações
se as afinidades filogen é ticas são incertas; incertae sedis não sistemáticas, inclusive estudantes (Sytsma e Pires 2001). ;
;h
ik
APêNDICE 1 549

Pron ncia dos nomes cient íficos 2. A aplicação de nomes para grupos taxonômicos é re ¬
Embora a pronú ncia dos nomes cient íficos possa parecer dif í ¬ gida por meio de tipos nomendaturais. Quando uma
cil, a maioria é mais f ácil de pronunciar do que determinadas nova espécie ou um novo táxon infra-específico é des ¬

crito, o autor deve designar um determinado espécime


palavras pouco comuns da língua portuguesa. Além disso,
resulta dif ícil pronunciar nomes científicos incorretamente , como tipo. Este espécime, depositado em um herbário em
pois não há um consenso geral sobre como pronunciá-los!* particular onde ficará disponível para estudos posterio ¬

A maioria dos botânicos da Am é rica do Norte utiliza a res, é o holótipo (também denominado espécime tipo ou
pronúncia tradicional em que cada letra é pronunciada espécime portador do nome). Assim, o nome de uma es ¬

como o seria em inglês. Assim, as vogais são pronunciadas pécie nova está ligado a este espécime em particular, que
como se fossem em inglês. No entanto, é importante lembrar ilustra e representa aquilo que o autor tinha em mente
que uma palavra em latim tem tantas sílabas quanto vogais quando descreveu o novo táxon. Duplicatas do holótipo
ou ditongos. Todas as vogais e ditongos são pronunciados, em outros herbários isto é, partes da mesma planta ou
sem letras mudas no final da palavra. No entanto, quando as indivíduos da mesma popula ção que foram coletados ao
palavras iniciam em cn, gn, mn ou pt, a primeira letra é muda. mesmo tempo e no mesmo local que o holótipo - são
As letras c e g são geralmente pronunciadas como k ou g (não denominados isótipos.
seguida de u), respectivamente. G é pronunciada de modo Holótipos e isótipos poderão ser consultados por sis-
suave (geralmente como;) quando seguida das letras ou di ¬
tematas que procuram esclarecer a aplica ção coneta de
tongos e, i, y, ae ou oe . Ch é pronunciado como k . Um x no um nome científico em particular. Por exemplo, pesquisas
início de uma palavra é pronunciado como z, enquanto um indicam que o que era considerado uma espécie na ver ¬

i: x no meio da palavra é pronunciado como ks. Um e no fi ¬


dade são duas. A qual dos taxa eu devo aplicar o nome
nal da palavra tem pronúncia longa, ao tempo que um a tem preexistente ? O tipo fornece uma resposta inequívoca
pron ncia curta. Para uu, ambas as letras são pronunciadas, para esta pergunta, já que o nome deverá ser aplicado ao
sendo a primeira longa e a segunda curta. táxon a qual pertence o espécime tipo.
Muitos pesquisadores europeus pronunciam os nomes O espécime tipo pode não ser "típico , isto é, n ã o ne
¬

latinos segundo o método acadêmico reformado", que tenta cessariamente apresenta os caracteres mais comuns do
imitar (até onde sabemos!) a pronúncia dos romanos instru ¬
táxon ao qual pertence. Não devemos esquecer a existên ¬
ídos. A pronúncia dos pesquisadores latino-americanos é di ¬
cia das variações e acreditar que todos os indivíduos de
*Y vergente daquela dos norte-Americanos e se assemelha com uma espécie terã o caracteres "chave ou "essenciais que
a pronúncia da maioria dos pesquisadores europeus. aparecem no tipo. O tipo não apresenta maior importân ¬

cia biológica do que qualquer outro espécime que possa


nos ajudar a entender e descrever limites específicos ou
Princí pios nomendaturais padrões de variação; ele é apenas um auxiliar nomencla-
1. A nomenclatura botânica é independente da zoológica. tural. Uma vez que um sistemata determinou, por meio
Embora os códigos de nomenclatura botânica e zoológica de estudos sistemáticos, que o reconhecimento de deter ¬

tenham princípios similares, há muitas diferenças especí¬ minadas espécies se justifica (ver Capítulo 6 e Winston
ficas. Um dos resultados desta independência dos códigos 1999), os espécimes tipo são utilizados para designar um
é que eventualmente uma planta e um animal poderão ter nome para tais espécies.
o mesmo nome. Assim, o gênero Ceavpia designa árvores O tipo para o nome de um gênero é o tipo de uma
tropicais e mariposas coloridas e Pieris designa um tipo de determinada espécie desse gênero. Este tipo é citado pelo
borboleta e um gênero de Ericaceae. No entanto, tais du ¬ nome da espécie. Por exemplo, o tipo do gênero Lyonia é
plicações são fortemente desencorajadas. Lyonia ferruginea. O tipo de uma família é o tipo de um
Lembre-se que o código de botânica não se aplica determinado gênero dentro dessa família. Como men ¬

somente às plantas verdes, mas também a outros ciados cionado na página 547, o nome da família baseia-se no
eucariontes, tais como os estramenópilas, alguns alveo - nome desse gênero; por exemplo, Aster é o gê nero tipo de
lados (os dinoflagelados), as rodófitas (algas vermelhas), Asteraceae, e Erica, de Ericaceae.
fungos e diversos outros ciados eucariontes (como os 3. A nomenclatura dos grupos taxonômicos baseia-se no
euglenóides e mixomicetos). Alguns grupos de protis- princípio de prioridade de publicação. O nome corre ¬

tas , como as euglenas e os dinoflagelados, às vezes sã o to de um táxon é o primeiro nome publicado de acordo
considerados animais" e classificados de acordo com as com as regras de nomenclatura botânica. O Species Plan-
regras nomendaturais do código de nomenclatura zoo ¬
tarum de Linneu (publicado em 1 de maio de 1753) é
lógica. Assim, poucos grupos de organismos poderão ter considerado (para efeitos de prioridade) o ponto inicial
dois nomes, um regulado pelo código de Botânica, e outro para os nomes de espécie nas plantas vasculares. Outros
pelo código de Zoologia. grupos de plantas podem ter pontos iniciais diferentes.
Nomes publicados posteriormente para um mesmo táxon
N. de T. De rato, o latim é uma língua morta". Isto é, ela é conhecida são denominados sinónimos e não são considerados no ¬

apenas por meio de obras artísticas (principalmente literárias), dei¬


mes válidos. Nomes que duplicam nomes que já existem
xadas sobretudo pelos romanos, já que, originalmente, o latim era a (para outras espécies) também devem ser rejeitados e são
língua oficial de Roma e seus domínios militares. Diferente do gre ¬

go, o latim nã o tem acentos ortográficos, o que toma a acentuação denominados homónimos.
das palavras mais uma questão de tradição do que outra coisa. Após a 4. Cada táxon deve ter apenas um único nome correto,
queda do Império Romano, o latim foi adotado como a língua oficial exceto em casos especificados. Alguns nomes ampla ¬

da igreja e se tomou, por séculos, a língua das ciências . mente utilizados não são na verdade os primeiros nomes
550 APêNDICE 1

validamente publicados para os respectivos taxa. Com o também Winston 1999) do que atender todos os requerimen ¬

intuito de evitar mudanças desnecessárias, muitos destes tos técnicos do ICBN.


nomes têm sido (e continuam sendo) conservados. Isto é,
permite-se que sejam utilizados como se fossem os no ¬
mes corretos para os taxa correspondentes; isto é feito por
Nomes de h í bridos
meio de ações específicas em congressos botânicos. Além Os híbridos entre duas espécies do mesmo gênero devem ser
disso, as oito famílias e uma subfamília citadas na pá gina designados pela listagem alfabética dos nomes das espé cies
547 têm mais de um nome correto. parentais separados pelo símbolo x; por exemplo, Verbascum
5. Os nomes científicos são em latim ou latinizados, in¬ lychnitis x V. nigrum. Altemativamente, um híbrido pode ser
dependentemente da sua origem. A utilização do latim descrito e pode-lhe ser conferido um epíteto próprio, pre ¬
para os nomes científicos se origina no uso dessa língua cedido do símbolo x; por exemplo, Verbascum x schiedeanum
como forma de comunica ção global durante a Idade Mé ¬
( -Verbascum lychnitis x V. nigrum ) .Tais nomes requerem uma
dia. As publicações botânicas eram frequentemente es¬ descrição em latim e a designação de um tipo e devem ser
critas em latim, inclusive até meados do século XIX. O validamente publicados.
uso do latim facilita enormemente a comunica ção entre Os híbridos entre espécies de diferentes gêneros podem
sistematas de diversas culturas e linguagens. ser designados pelos nomes das espécies parentais separados
6. As regras de nomenclatura são retroativas, exceto pelo símbolo x. Altemativamente, podem ser representados
quando expressamente indicado. O ICBN é um siste ¬ por uma f órmula gené rica condensada junto com um ep íteto
ma de regras e convenções a serem seguidas, mas que específico. Uma fórmula genérica condensada é constituída
não necessariamente tem uma base biológica. por elementos dos nomes genéricos e é precedida por um
símbolo x; por exemplo, x Dialaeliocattleya (um híbrido in -
tergenérico entre Diacrium, Laelia e Cattleya ). Tais f órmulas
genéricas não requerem descrições em latim. Em geral, estas
Requisitos para nomear uma espécie nova conven ções n ã o se aplicam às espécies originadas através de
O ICBN resume os passos necessários para descrever um hibridização e poliploidia (ver Capítulo 6), especialmente se
táxon recentemente descoberto e garantir que o nome seja elas se reproduzem sexualmente.
validamente publicado; estes passos, como aqui enunciados, Além disso, existem os assim chamados híbridos de en ¬
aplicam -se às espécies. xertia , que são quimeras (i.e „ misturas das células dos pa ¬
rentais). Estas plantas podem ser designadas pelos nomes
1. As espécies devem ser nomeadas. O nome deve ser em
das espécies parentais separados pelo símbolo + (p. ex., Cra-
latim ou latinizado, em formato binomial, e não deve du ¬
taegus + Mespilus ) ou podem ser nomeados de acordo com a
plicar outro nome que já exista . f órmula + Crataegomespilus.
2. A categoria do nome deve ser claramente indicada.
3. Um espécime tipo deve ser designado.
4. A espécie deve ser descrita em latim ou em outra língua Plantas cultivadas
e acompanhada por uma breve diagnose em latim (uma Plantas produzidas em cultivo através de hibridização, sele ¬
breve enumeração dos atributos da espécie ou uma com ¬ ção artificial ou outros processos podem receber epítetos adi ¬
paração com espécies similares), ou ligada com alguma cionais. A aplicação de tais nomes é regida pelo Código Inter¬
referência em que conste uma descrição em latim. Uma nacional de Nomenclatura para Plantas Cultivadas (ICNCP),
referência muito útil para efetuar descrições e diagnoses que reconhece cultivares" ou "grupos de cultivares".
em latim é o livro Botanical Latin, de Steam (1992). O termo cultivar é uma combinação das palavras culti¬
5 . Todas estas informações devem ser validamente publi¬ vada e variedade; estas entidades com frequência são deno ¬
cadas, isto é, devem ser apresentadas em uma publica ¬ minadas variedades" na literatura antiga. Os cultivares nã o
ção que esteja disponível a outros botânicos, tais como devem ser confundidos com as variedades botânicas, que re¬
revistas ou livros. A publicação de uma espécie nova em presentam raças geográ ficas de ocorrência natural ou popu ¬
formas ef émeras de comunicação, como um catálogo lações morfologicamente distintas (ver Capítulo 6). Cultivares
de sementes, um jornal ou uma mensagem de e-mail, são seleções produzidas tanto a partir de plantas selvagens
não constitui publicação efetiva, embora a funçã o da In ¬ quanto cultivadas e que podem ser produzidas de modo con-
ternet nas publicações válidas esteja sendo ativamente fiável por meio de mé todos de propagação vegetativa (asse-
discutida. xual) ou de sementes (sexual). Indivíduos dentro do mesmo
cultivar são, em geral, geneticamente idênticos, mas isto não
Se todas estas diretrizes são seguidas, o nome da espécie é obrigatório. As plantas podem ser geneticamente diversas e
é considerado validamente publicado. No entanto, o fato ainda ser consideradas parte de um mesmo cultivar contanto
de um nome ter sido validamente publicado não quer dizer que diferenças não sejam perceptíveis nos atributos desejá ¬

que ele seja necessariamente o nome correto para uma espé¬ veis neste cultivar (Brickell 2004). Grupos de cultivares estão
cie em particular. Por exemplo, o novo nome poderá ser um unidos por um caráter de escolha em particular (p. ex., florada
sinónimo de um nome anterior, validamente publicado. As precoce, com flores amarelas). Um exemplo de grupos de cul ¬

regras de nomenclatura em relação à publicação válida são tivares são as maçãs Granny Smith. Os nomes de um cultivar
relativamente simples. É muito mais difícil justificar a deli
¬
podem ser em latim, mas nomes posteriores a Ia de janeiro
mitação de uma espécie (como discutido no Capítulo 6; ver de 1959 podem não estar em latim. No entanto, se uma es -

:x
.
APêNDICE 1 551

pécie for reduzida a um cultivar, este vai reter o epíteto (p. ex., rias acima de gênero têm terminações (sufixos) padronizadas.
Mahonia japonica toma-se Mahonia ' Japonica'). Os epítetos As categorias de uma classificação são constru ções da mente
de cultivares podem consistir em uma ou mais palavras, cada humana, tendo significado relativo, e não absoluto, enquanto
uma delas tendo letra inicial maiúscula, e são escritas entre os taxa (grupos monofiléticos de organismos) sã o os produtos
aspas simples ou dobradas. Durante um tempo, o epíteto do da evolução e, como tais, representam entidades reais. Por tal
cultivar foi precedido por cv. , mas isto não foi mais permiti ¬
motivo, alguns taxonomistas tê m proposto a eliminação das
do após Ia de janeiro de 1996. Os nomes de cultivares podem categorias.
ser utilizados após nomes gen é ricos, específicos ou infra- A nomenclatura botânica é independente da zooló gica,
específicos. Os seguintes exemplos sã o designações equiva ¬
embora ambos os c ódigos tenham princípios similares. A
lentes do mesmo cultivar: Citrullus'Crimson Sweeh; Citrullus aplicação de nomes a grupos taxon ômicos é determinada por
lanatus' Crimsom Sweet' (ver também Jeffrey 1977) . meio de holótipos (os espécimes que carregam o nome) . O
V nome correto de um táxon é o primeiro nome publicado que
esteja de acordo com as regras de nomenclatura; este é o de ¬

Resumo nominado princípio de prioridade de publica ção. Cada grupo


Os princípios e regras para construir e utilizar nomes científi ¬ taxonômico pode ter apenas um nome correto (exceto em al ¬

cos estão contidos no Código Internacional de Nomenclatura guns casos especificados). Os nomes dos híbridos e de plan ¬

Botâ nica (ICBN ) . Os nomes das espécies são compostos por tas produzidas em cultivo são regidos por regras especiais.
duas palavras (isto é, são binomiais). Os nomes de gêneros, O ICBN resume os passos necessários para descrever uma
famílias e outros taxa superiores são uninomiais (compostos nova espécie . Se todos estes passos são seguidos, o nome da
por uma única palavra) e são palavras no plural. espécie é tido como validamente publicado e pode concorrer
O ICBN reconhece sete categorias principais: reino, filo / por prioridade com outros nomes. O primeiro nome valida ¬

divisão, classe, ordem, família, gênero e espécies. As catego ¬ mente publicado constitui o nome correto de um táxon.

BIBLIOGRAFIA CITADA E LEITURAS RECOMENDADAS

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552 APê NDICE 1

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Netherlands. [Um guia indispensável para London. [ Uma listagem dos gê neros atuais
liares e genéricos aceitos, bem como dos as publicações em botânica, sejam livros de piantas vasculares aceitos nesse per íodo,
nomes comuns utilizados em ingl ês; os ou revistas, com datas, biografias e biblio ¬
citando autores, família, n ú mero aproxi
verbetes para gê neros incluem autores, grafias dos autores, bem como indicações
¬

família, número aproximado de espécies mado de espé cies e distnbuição geográfica ;


da possível localização dos tipos dos taxa breves descrições familiares também são
e distribui çã o geográ fica; plantas de im ¬
descritos por eles. ) fornecidas.)
portância econ ómica e seus produtos sã o Stafleu, F. A. and E. A. Mennega . 1992-1995. Ta- Winston, J. E. 1999. Describmg species: Practical
brevemente discutidos.) xonomic literature, suppl. 1-3 (Regnum Ve ¬
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cimento de espécies, conceito de espécie e


McVaugh, R., R. Ross and F. A. Stafleu. 1968. An sobre latim botânico, que resume gramáti
annotated glossary ofbotanical nomenclature
¬ subespécie, literatura taxon ômica, descrições
ca e sintaxe; conté m um glossário ilustrado de espécies, utilização de coleções em mu
(Regnum Vegetabile, vol. 56). International da metodologia descritiva e terminologia,
¬

seus, etimologia e construção de chaves .)

í
i i.
APÊNDICE 2
Preparo e Identificação
de Espécimes
Uma coleçã o de plantas secas é denominada herbário . Tais coleções são es ¬

senciais para as pesquisas na á rea de sistem á tica. Os espécimes dos herbários


formam a base para maioria da nossa compreensão dos padrões de variação das
plantas na natureza. Estes espécimes documentam a varia ção morfológica de
populações, espécies e taxa superiores, sua distribuição geográ fica e suas ca-
racterísticas ecológicas, inclusive per íodo de flora ção e frutificação. Além disso,
pequenas porções dos espécimes podem ser removidas (com permissão) para
estudar palinologia, ultra-estrutura, micromorfologia, anatomia e (se a preserva ¬

ção e quantidade do espécime permitir) seqúências de nucleotídeos.


Espécimes de plantas secas também servem como materiais testemunho,
para documentar a ocorrência de uma espécie em uma determinada localidade
(em um estudo ambiental ou florísticos, por exemplo) ou para documentar a
í identidade de uma planta utilizada em um experimento, ou da qual se extraiu
DNA, ou um composto químico em particular, ou da qual se fez contagem cro-
mossô mica. Portanto, é importante detalhar os passos necessá rios para coletar,

í
preservar e identificar as plantas.

Coletando plantas
O coletor deve registrar certos dados ainda no campo. Estes dados s ão ( 1 ) loca ¬

lidade: país ou estado, município ou outra unidade governamental, distância de


estradas ou cidades e latitude/longitude; (2) data da coleta; (3) tipo de há bitat e
espécies associadas; (4) elevação, especialmente se a região for montanhosa; (5)
qualquer outra informa çã o relativa à planta que não será evidente no espécime
prensado e seco, ta! como cor da for, fragrâ ncia das flores e/ou das folhas, hábito,
tamanho, presença ou ausência de látex, caracteres da casca, abundâ ncia no local
e polinizadores. O nome do coletor, junto com o de eventuais acompanhantes,

4v
\
\
T
554 APêNDICE 2

devem ser incluídos nos dados de coleta. Esta informaçã o FIGURA 1 Preparo e acondicionamento de espécimes de herbá rio.
pode ser anotada em caderno de campo (ou caderno de cole ¬ (A) Passos no preparo de um espécime de herbá rio. (1 ) No campo, lo¬
ta), com um gravador (para controle pessoal) ou com o auxílio calize uma planta sadia e bem desenvolvida; registre no caderno de
de um computador pessoal, de modo a transferir os dados campo a localidade geográfica , o h á bitat e as plantas associadas. Cole¬
rapidamente a uma etiqueta para o espécime. te partes da planta que serà o teis na identificação. (2 ) Oobre a planta
As plantas coletadas deveriam ser representativas da va ¬ de modo que caiba na prensa de campo; logo dobre o jornal acima da
riação observada na populaçã o. Podem ser necessários mui ¬ .
planta (3) Aperte as correias da prensa de campo. (4) Coloque a prensa
em uma estufa (se dispon ível ). (5) Monte o espécime seco. (6) Identifi¬
tos espécimes para documentar apropriadamente a variação. que o espécime utilizando floras e monografias na biblioteca do her¬
Escolha plantas sadias e bem desenvolvidas; se possível, bá rio. ( 7) Para terminar, transfira os dados do caderno de campo para
plantas inteiras, incluindo as partes subterrâneas, deveriam uma etiqueta preparada para o espécime. ( B ) Espécimes de herbá rio
ser coletadas;* nunca colete apenas uma flor ou uma folha! já acondicionados sáo guardados em arm á rios especiais (esquerda ),
Não colete espécimes desprovidos de flores e frutos, tais ma ¬ que podem integrar um sistema de acondicionamento maior (direita ).
teriais podem ser de dif ícil identificação. .
( Fotos de W.S Judd e R.E. Judd; as fotos de interiores foram obtidas no
Ervas grandes, quando coletadas, às vezes precisam ser Herbá rio da Universidade da Fl órida.)
dobradas ou cortadas em partes. As partes podem ser prepa ¬

radas em sequência. Se a planta for grande demais, o coletor


poderá decidir reter apenas algumas partes representativas estufa portá til de secagem, repelente de insetos, podão, altí ¬
(p. ex., partes da base, do meio e do ápice da planta). Nestes metro, bússola, GPS, fita adesiva (para colocar n ú meros nos
casos, devem-se tomar precauções para não perder informa ¬
espécimes e fechar os sacos plásticos) e sílica-gel (para secar
ções importantes. Quando coletamos árvores ou arbustos, material para estudos de DNA). A Figura 1 detalha os passos
não é necessário preservar partes subterrâ neas; o coletor ape na elaboraçã o de espécimes de herbário.
¬

nas precisa cortar alguns ramos que documentem a variação


observada em caracteres vegetativos e reprodutivos.
Alguns grupos de plantas requerem tratamento especial. Prensando e secando plantas
Plantas suculentas ou frutos camosos podem ser cortados Uma vez que uma planta foi coletada e seus dados de campo
longitudinalmente ou em secção transversal; a preservação registrados, o espécime precisa ser prensado e secado. É im ¬
deste tipo de material pode ser melhorada fixando previa - portante prensar a planta antes de ela murchar. Uma prensa,
mente os espécimes em álcool etílico, água muito quente ou ou prensa de secagem, consiste em duas peç as de madeira;
congelando-os. Plantas flutuantes ou submersas podem ser duas correias ou cordas que são utilizadas para apertar a
coletadas em um recipiente com água e transferidas para uma prensa; papel secante para absorver a umidade do espécime;
folha de papel antes de serem processadas. Flores estamina- e corrugados de alumínio ou de papelão que permitem que o
das deverão ser coletadas tanto em espécies dióicas quan ¬ ar passe através da prensa.
to monóicas (com flores unissexuais). No caso das espécies A planta é colocada em uma folha dobrada de jornal e
dióicas, plantas estaminadas e carpeladas terão números de arranjada de modo que as faces dorsal e ventral das folhas,
coleta diferentes. flores e frutos estejam visíveis. A quantidade de material de¬
A cada planta coletada é designado um número de espé- verá ser suficiente para preencher a superf ície do jornal; para
e, que permitirá que as informações sobre esse espécime plantas diminutas, podemos colocar muitos indivíduos na
em particular possam ser mantidas separadamente das in ¬ mesma folha, e plantas muito grandes deverão ser dobradas
formações de outras coletas. A maioria dos sistematas inicia com cuidado ou cortadas em partes. O número do espécime
suas coletas simplesmente a partir do n úmero 1 e seguem é escrito na folha do jornal ou em uma fita aderida ao es¬
numerando de forma continuada ao longo das suas carreiras. pécime . Este nú mero permite referir o espécime aos dados
Outros sistemas de numeração são possíveis, tais como uma do caderno de campo. Frutos grandes e duros deverão ser
nova sequê ncia numérica a cada ano, ou por região geográfica separados da planta e processados de modo apropriado, se ¬
- por exemplo, 07-1, 07-2 (para plantas coletadas em 2007) e paradamente.
E-l, E-2 (para plantas coletadas na Ilha Espanhola). A prensa é estruturada assim: uma peça de madeira, cor¬
A maioria dos sistematas considera que alguns itens rugado, papel secante, jornal (com o espécime), papel secan ¬
são de grande importância no trabalho de campo: caderno te, corrugado, papel secante, jornal (com outro espécime),
de campo, prensa de campo ou sacos plásticos, prensa para papel secante, corrugado e assim por diante, até terminar
secagem, ferramentas para escavar, tesoura de poda, jomais, com a segunda peça de madeira. A prensa é apertada com
lupa de mão (10 X), canivete, lápis e mapas. Outras ferramen ¬ o auxílio das correias ou cordas. O papel secante acima de
tas ú teis são vidros e líquidos fixadores, câ mera fotográ fica, um espécime com frutos duros e de tamanho mediano pode
ser substituído por um pedaço de espuma de enchimento.
N. de T. Existe aqui uma questã o de ética e bom senso. Fhia alguns A espuma de enchimento distribui igualmente a pressão ao í
grupos (p. ex., bambus) é necessário coletar as partes subterrâneas redor dos frutos, evitando que as folhas próximas dos frutos
para uma correta identificação. Em outros grupos, é um desperdício murchem. Se não houver espuma de enchimento, podem -se
de tempo e esforço, e podemos acabar ainda piorando a situação de
utilizar chumaços de papel suave ao redor dos frutos. Para
plantas em perigo. Assim, por exemplo, na imensa maioria das orquí¬
deas, basta a inflorescênda inteira junto com algumas folhas (no caso algumas plantas muito í rgidas, o melhor é abrir a prensa após
um dia e rearranjar a planta, pois agora ela estará um pouco
das plantas terrestres) ou a inflorescênda inteira junto com alguns
(2 -3) pseudobulbos . Estas partes são sufidentes para uma correta mais flácida e manejável. Pode não ser prático carregar gran ¬ s
identificação. des prensas de secagens para localidades remotas. Assim, os

k
APêNDICE 2 555

(A) (1) ( 2) r
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556 APê NDICE 2

espécimes são carregados em prensas de campo (peças de


madeira contendo vários corrugados, papelão e muito jornal), Montando e processando
dentro de um recipiente cilíndrico de metal contendo jornal espécimes de herbá rio
úmido ou dentro de sacos plásticos resistentes até poderem
ser transferidos à uma prensa de secagem e devidamente Uma vez que as plantas foram coletadas, prensadas, secadas
processados. e identificadas, são retiradas das folhas de jomal e colocadas
Uma vez prensadas, as plantas poderão ser secas de di (com cola, fitas delgadas de fita adesiva apropriada ou cos ¬
¬

versas maneiras. As prensas podem ser colocadas ao sol ou turando-as) em uma cartolina de tamanho padrão para her-
no interior, em um local seco, e os papéis secantes deverão bários. Partes importantes que estejam soltas (flores, frutos,
ser trocados todo dia, ou poderão ser amarradas no teto de sementes, etc.) são inseridas dentro de pequenos envelopes
um veículo em movimento. No entanto, é prefer que são colados também na cartolina. O número de coleta e
ível utilizar
uma fonte artificial de calor para secar as amostras. As es¬ outros dados pertinentes do espécime são transferidos a uma
tufas são estruturas em formato de caixa ou mesa que sus ¬ etiqueta datilografada ou gerada em computador (Figura 2).
pendem a prensa acima de uma fonte de calor, fornecida de A etiqueta do espécime é colada na cartolina, geralmente no
várias maneiras possíveis (aquecedores a gás, lâmpadas in ¬ canto inferior direito. Uma vez que o espécime foi montado,
candescentes, aquecedores de ar, etc.) . Calor demais (acima o nome do herbário é carimbado na cartolina, documentando
dos 45°C) pode descolorir as amostras e até causar fogo nas que a amostra pertence a tal instituição e, em geral, um nú ¬

prensas e espécimes. mero de tombo é designado para manter um registro acurado


Prensa e estufas devem ser dispostas de modo a permi ¬ (ver Figura IA, parte 7).
tir o fluxo de ar quente através da prensa e a evaporação Dentro do herbário, os espécimes podem ser dispostos
em ordem alfabética, por família, gênero, espécie ou de acor
da umidade. Frutos ou cones grandes e í rgidos devem ser do com um sistema de classificação em particular, por exem
¬

removidos dos espécimes e secados separadamente. Rara ¬

plantas suculentas ou delicadas, o melhor é fixá-las em ál ¬


plo, A. Engler, A. Cronquist, ou APG (ver Capítulo 3 e o CD).
cool ou formalina e guard á-las em um recipiente plástico, Os espécimes de herbário durarão indefinidamente, se trata ¬
antes da prensagem. Eores delicadas deveriam ser fixadas dos com cuidado. No entanto, eles são suscetíveis de ataque
antes da prensagem e prensadas entre peda ços dobrados de por insetos, fungos e fogo e deveriam ser acondicionados em
papel manteiga ou papel toalha não-absorvente. Espécimes armá rios especiais, em ambiente controlado (ver Figura 1B).
volumosos de caule suculento, espesso ou folhas coriáceas (Informações úteis sobre manutenção e utilização de herbá -
poderão ser comprimidos diretamente entre corrugados, rios podem ser encontradas em Fosberg e Sachet 1965, Brid -
para acelerar a secagem . Corrugados de alumínio secam son e Forman 1998 e Metsger e Byers 1999.)
estes materiais mais rapidamente do que corrugados de pa ¬
pelão e não se deterioram com o uso. No entanto, são mais
caros e pesados. Conserva çã o e legisla ção
Durante a secagem, a prensa deve ser examinada cui ¬
Muitas plantas que outrora foram comuns hoje são raras,
dadosamente e, se necessá rio, apertada . Também deverá devido principalmente à destruição do hábitat, ao exces¬
ser virada se o calor for muito forte. A maioria das plantas so de coleta ou à competição com espécies introduzidas
seca entre 1 e 4 dias, e os espécimes secos ficam claramente (plantas não - nativas introduzidas de outras regiões da
rígidos. Terra ). Os coletores deveriam ter em conta o fator conser¬
Quando os espécimes estão secos, devem ser preserva ¬ vação. Plantas raras ou incomuns não deveriam ser cole ¬
dos dentro de folhas de jomal e protegidos de modo que não tadas; fotografar as plantas é uma boa alternativa em tais
quebrem. Se a umidade ambiente for muito alta, os espéci ¬ circunstâncias.
mes (após esfriamento) podem ser guardados em sacos plás¬ Muitas leis protegem as plantas nativas, e estas só de ¬
ticos fechados, nos quais podem ser adicionados grânulos de veriam ser coletadas de posse de autorização apropriada.
sílica -gel. Autoriza ções de coleta sã o necessárias para coletar em paí¬

t
Se os implementos necessários para a secagem não estão ses, estados, municípios e parques nacionais. Quando efetu -
momentaneamente disponíveis, os espécimes podem ser fi¬ am-se coletas em outro país ou em parques nacionais, um
xados temporariamente em álcool (ou outro fixador). Nesta conjunto completo de duplicatas dos espécimes coletados
metodologia, um grupo de espécimes é comprimido entre deveria ser entregue às autoridades pertinentes. Muitos es ¬
jornais e apertado. O conjunto é colocado dentro de um saco tados têm ainda leis específicas de proteção às espécies. Nos
plástico resistente e dentro dele é adicionado cerca de um Estados Unidos, uma ata (Endangered Species Act) protege
litro de álcool 60- 70 %, depois o saco é selado com fita. Os as espécies ameaçadas em nível nacional. Espécies que apa ¬
vapores do álcool dentro da sacola preservarão os espécimes recem em listas de espécies ameaçadas ou protegidas não
por várias semanas e poderão assim ser prensados e secados devem ser coletadas sem a devida autorização. Além disso,
mais tarde. Note, no entanto, que espécimes acondicionados nunca se deve coletar em terras privadas sem a autorização
desse modo não serão apropriados para análises químicas, do dono.
nem para an álises de DNA. Um saco fechado contendo plan ¬ A coleta em outros países em geral requer permissão es ¬

tas frescas també m pode ser mantido na geladeira por até pecial outorgada pelo governo. Pesquisadores locais deveriam
dois dias. ser contatados sempre que possível. O intercâ mbio de plan-

I
APêNDICE 2 557

FIGURA 2 Exemplos de etiquetas de herbá rio.

> X
r Herbarium of the Universitv of Florida
Gaincsviilc. Florida U - S . A ,

PLANTS OF DOM 1NICAN REPUBLIC


Miconia samanensis Urban

JARDtN BOTÂ NICO NACIONAL "DR . RAFAEL M. HOSCOSO DISTRITO NACIONAL: CoTdiUera Central; Loma
SANTO DOMINGO , REPUBLICA DOMINICANA
Manana Chica, ca. 6 km west of Villa Altagtacia .
150-775 m elev. Disturbed moist montane forest at peak
44523 Melastonataceae (and ridge) of mountain , lower elevations with very
x. patchy and disturbed moist forest. Branches rigidly
Mlconla racemosa ( Aubl . ) DC ascending ; new growth bright red . Shnib to 4 m tall;
occasional locally (but occurring just on peak and ridge .
.
Arbusto 1.5m de alto ; fr verde , pero . ca. 750-775 m) ; petals pale pink , reflexed; stamens
p rpura al madurar ; margen del bosque . white, actinomorphic; style white; fruits purple, turtung
sky blue at maturity . Leaves with major veins impressed .
Rep ú blica Dominicana : Cordillera Oriental
.
( cima ) , Prov EI Seibo : 16.5km al Sur de
Mlches , en la carretera a EI Seibo y Pedro
. coll. Walter S. Judd 6505
*
with James D. Skean , Jr.
13 May 1992
det. W . S. Judd
S ánchez ; bosque nublado , alterado por fuego Voucher-Micoma sect. Chaenopleura study.
en los ltimos 10 anos , Clusia r ó sea ,
Alchomea latlfolia , Inga faaifolla , Ormosla
krugll , Buchenavla capltata Sloanea
berterlana , Miconla spp , con manantlal
. .
18 ° 55 ' N SS tWOeste , elev 540 560m - .
.
27 jun 1990
.
T Zanonl , F Jimenez. Hetbuium of lhe llaivenity of Florida
.
Gâ jncrnjj Florida, U .S.A.
PLANTS OF: FLORIDA COUNTY: ALACHUA
FLORA OF PAYNES PRAIRIE STATE PRESERVE

FLORA OF EGLIN AIR FORCE BASE


PLANTS OF FLORIDA Passiflora incarnata L .
Aris ú da condensata Chapm .
< Poaceae > R20E , sec 25, SW
S. of Gainesvilie. TIOS ,
S . side of High Oike , ca.. h mi W . of
WALTON COUNTY: T2N , R20W , S29 Eglin Air Force pump station on Camp ' s Canal . Vine ,
Base. Mossy Head 7.5 Quad . North of Range C-62 and W and common . Sepals ' green . Corolla white ,
.
E of Litlle Alaqua Creek . From intersection of RR 381 and
.
RR 385 ca . 0.3 mile W . of RR 385. Pirmspalustris
dominated sandhill coramunity with thiclc understory of
outer corona white and violet striped
in concentric circles ,
inner corona violet .
GVm A ,,chu

rvsink
* .
Quercus laevis . Dorainanl herbaceous plants include
Andropogon temarius and Schizachyrium scoparium. Tall ,
robust , herb. Leaves and inflorcscences are tinged with
darlc puiple. Abundant .
10 May 1981

coll. Janet C . Easterday 460


T
qp
-
,
'
1 75
N
441
\
coll. Brenda Herring # 1289 Oct. 7 1997
with Jeff McAdoo, Nancy Gobris, and Jira Sheehan
.
det . B.J .H .
Gift to FLAS from the Nature Cocuervancc / Brenda Hcroing. 23 Nov . 1998

í tas em n ível internacional é parcialmente coberto por legis ¬ fosuccinato de sódio) ou detergente. Antes de identificar uma
í lação relacionada com conservação. Um tratado internacional
(Convention on International Trade in Endangered Species of
planta, é preciso observar cuidadosamente alguns caracteres.
Uma lupa de mão (10 X ou maior) e uma boa lupa binocular
Wild Fauna and Flora, CITES) regula o envio de muitos gru ¬ auxiliarã o no processo, especialmente na hora de observar
pos de plantas, incluindo Orchidaceae, Cactaceae, Cycadace- atributos florais e tipos de indumento. A dissecção é mais f ácil
ae, Cyatheaceae, Nepenthaceae, Sarraceniaceae e Zamiaceae . utilizando agulhas histológicas, pinças de ponta fina e giletes.
Nenhuma planta listada pela CITES deveria ser coletada sem Uma régua milimetrada é essencial para as medições. As ob¬
a autorizaçã o apropriada. servações fundamentais envolvem (1) hábito; (2) disposiçã o
das folhas, bem como a sua forma, detalhes da base, á pice,
t-
p . margem e venação; (3) tipos de pêlos; (4) caracteres florais;
* Identifica ção das plantas (5) placentação e n ú mero de óvulos; e (6) tipo de fruto.
As plantas podem ser identificadas após terem sido coletadas,
prensadas e secadas, mas pode ser mais f ácil identificá - las Chaves
por meio de material fresco ou fixado . Material seco poderá Os sistematas têm vá rias ferramentas à disposição, sendo que
ser mais facilmente identificado se o fervemos em á gua con ¬ as chaves dicotô micas sã o as mais importantes. Uma chave
J tendo material umidificante (p. ex., o aerosol OT, dioctil sui- dicotômica apresenta ao usu ário uma série de escolhas entre
558 APêNDICE 2

duas afirmações paralelas e mutuamente excludentes (entra ¬ FIGURA 3 Um diagrama de fluxo, uma chave pareada e uma chave
das de um dilema) . Se o usuá rio faz as escolhas certas, será indentada para cinco plantas imagin á rias.
conduzido ao nome correto do táxon. A primeira chave di-
cotômica para plantas foi publicada em 1778 pelo botâ nico
francês Jean- Baptiste de Lamarck e, desde então, as chaves em qualquer ordem, sendo por tal razão que este tipo de
dicotômicas tomaram - se amplamente utilizadas (Voss 1952). chave é denominado acesso múltiplo. Isso é muito vanta ¬
Chaves dicotômicas sempre apresentam estrutura em diagra ¬ joso quando o material a ser identificado está incompleto.
ma de fluxo e podem ser escritas de duas maneiras: podem Mesmo se a informação não for suficiente para identificar
ser indentadas ou pareadas (Figura 3) . As chaves do tipo pa- um tá xon, o usuá rio poder á obter uma curta lista de pos ¬
reado são utilizadas ao longo deste livro. síveis identidades para a planta desconhecida. Assim, cha ¬

Na utilização de chaves dicotô micas, sempre leia ambas ves de acesso múltiplo podem ser utilizadas como chaves
as alternativas, não deixe de verificar medidas e tente elucidar parciais.
As chaves de acesso múltiplo também podem ser expres ¬
qualquer termo que você não entenda. Se necessário, utili ¬

ze lupa de m ã o ou lupa binocular para checar os caracteres. sas de forma escrita. Cada cará ter é listado, seguido de uma
Lembre que seres vivos sã o variáveis, assim tente observar lista de todos os taxa (geralmente representados por um nú ¬

mero) que o apresentam (Figura 4). Durante a utilização des


muitas folhas, flores e frutos.
¬

Na constmção de uma chave, lembre que os caracteres se tipo de chave, efetuamos uma intersecção dos conjuntos
de taxa que apresentam determinados caracteres. Note que
precisam ser definidos de modo preciso, e medidas deveriam
uma chave de acesso múltiplo necessariamente contém mui ¬
ser utilizadas sempre que possível (não utilize termos como
to mais informação que uma chave dicotô mica tradicional.
grande ou pequeno ). Caracteres constantes dentro de um táxon
De fato, contém informa ção suficiente para construir muitas
são preferíveis a caracteres variáveis, e atributos observáveis
chaves dicotômicas diferentes, daí o nome chave de acesso
ao longo do ano todo são prefer íveis àqueles que são eféme ¬

múltiplo.
ros ou de difícil observação.
Os dilemas deveriam come çar com um substantivo Com um software apropriado, é relatívamente fácil trans¬
formar chaves de acesso múltiplo em formatos interativos.
acompanhado de adjetivos, e ambos deveriam iniciar com
as mesmas palavras (ver Figura 3). Os dilemas deveriam ser Programas de computador para identificação taxonômi -
ca tais como DELTA (Descriptive Language for Taxonomy)
apresentados em paralelo; por exemplo, se o formato da fo ¬
ou LUCID (Askelvod e 0'Brien 1994; Dallwitz 1993,2000;
lha aparece no primeiro, uma condição contrastante deve
Dallwitz et al. 2002; Pankhurst 1978, 1991; Watson e Dallwitz
ser apresentada no segundo. Não utilize afirmações nega ¬

1991,1993) poderão tomar-se mais importantes no futuro


tivas; ao invés disso, sempre que possível utilize afirmações
(Edwards e Morse 1995).
positivas (p. ex., ápice foliar agudo versus ápice foliar
acuminado é melhor do que contrastado com "ápice foliar
n ão-agudo ). Floras e Monografias
Todas as partes de uma chave deveriam ser construídas Nos livros, as chaves geralmente são apresentadas junto com
de maneira dicotômica . As chaves são mais eficientes quando as descrições das plantas, as ilustrações, os mapas de distri ¬
dividem os taxa em grupos de tamanho semelhante. Usuários buição e outras informações biológicas importantes. É im ¬

provavelmente cometerão menos erros se cada dilema inclui portante ler a descrição correta uma vez que um espécime
dois ou mais caracteres, mas dilemas muito longos podem passou por uma chave. Se o espécime tiver sido corretamente
levar a mais erros. identificado, a descrição deverá conferir com o indivíduo em
Um segundo tipo de chave é a chave de acesso múl¬ questão. A ordem das informações nas descrições das plantas
tiplo. Este tipo de chave é construído através de cartões tem sido assim padronizada:
furados, sendo que cada cartão representa um táxon e cada
furo na margem do cartão representa um caráter em par ¬
1. Hábito (a planta como um todo)
ticular. Se um táxon apresenta um determinado cará ter, 2. Partes subterrâneas (raízes, tubérculos, bulbos, etc.)
é feito um entalhe no furo correspondente. Os taxa (car¬ 3. Gemas vegetativas
tões) são empilhados ao longo de uma agulha longa . Por 4. Caule
exemplo, se procuramos o caráter folhas alternas", todos 5. Folhas (incluindo arranjo, estrutura, pecíolo, forma da
os cartões com este caráter tiveram o furo corresponden ¬ lâmina, margem da lâmina, ápice da lâmina e venação)
te entalhado e caem do resto da pilha. Os caracteres são
e estipulas
aplicados sucessivamente em uma ordem determinada até 6. Infiorescências
restar apenas um cart ão. Altemativamente, cada cartã o
7. Flor (incluindo simetria, condição sexual, cálice, corola,
poderá representar um único cará ter, e os furos, diferen ¬ androceu, gineceu, placentação, óvulos e nectários)
tes taxa. Cada táxon apresentando este caráter terá o furo 8. Fruto (incluindo deiscência e caracteres da casca)
correspondente entalhado. Os usuários desse sistema ape ¬ 9. Semente (incluindo testa, embriã o e endosperma) 1
nas selecionam caracteres evidentes nos seus espécimes, 10. Plâ ntula
11. Número cromossômico
os empilham e os colocam contra a luz . Quando apenas
um furo aparece através da agulha, esse cartão representa a Um bom método para qualquer um dos itens acima lis ¬
identidade da planta desconhecida. tados é o seguinte: número e diferenciação, posição relativa
Ambos os tipos de sistemas de cartões separam os taxa em relação a outros órgãos, adesão, formato, tamanho, cor,
passo a passo, como o faria uma chave dicotômica . No en ¬ textura da superf ície, indumento ou descrição detalhada dos
tanto, qualquer seleçã o de caracteres pode ser utilizada, e pêlos e anatomia (ver Leenhouts 1968).
APê NDICE 2 559

i. Planta A Planta B Planta C Planta D Planta E

V/

Caule glabro; lâminas foliares ovadas; pé talas livres


Dilema 1 E
Folhas opostas; pétalas acuminadas

D
Caule pubescente; lâminas foliares ubovadas; pétalas conatas
Um par (com dois dilemas)
Folhas com margem serreada; as nervuras chegam até os dentes;
raiz pivotante espessa
B

Base foliar cordada; á pice


Dilema 2
Folhas alternas; pétalas arredondadas
acuminado; 5 pétalas
.C
Folhas com margem inteira;
as nervuras formam curvas; i A
raízes fibrosas Base foliar e á pice
agudo; 4 pétalas
II. Chave pareada
1. Folhas opostas; pétalas acuminadas 2
1. Folhas alternas; pétalas arredondadas '
3
2. Caule glabro; lâminas foliares ovadas; pétalas livres Planta E
2. Caule pubescente; lâminas foliares obovadas; pétalas conatas Planta D
3. Plantas com raiz pivotante espessa; folhas com margem serreada,
i com nervuras secundáriasque entram nos dentes Planta B
I 3. Plantas com raízes finas e fibrosas; folhas com margem inteira e
nervuras secundárias formandouma série de curvas 4
4. Base foliar cordada; á pice foliar acuminado; 5 pétalas Planta C
4 , Base foliar aguda, ápice foliar agudo; 4 pétalas Planta A
!
III. Chave indentada
I 1. Folhas opostas; pétalas acuminadas.
2. Caule glabro; lâminas foliares ovadas; pétalas livres Planta E
2. Caule pubescente; laminas foliares obovadas; pétalas conatas . . . ; Planta D
1. Folhas alternas; pétalas arredondadas.
3. Plantas com raiz pivotante espessa; folhas com margem serreada,
com nervurassecundárias que entram nos dentes Planta B
3. Plantas com raízes finas e fibrosas; folhas com margem inteira e
nervuras secundáriasformando uma série de curvas.
4. Base foliar cordada; ápice foliar acuminado; 5 pétalas Planta C
4. Base foliar aguda, ápice foliar agudo; 4 pétalas Planta A

i
560 APêNDICE 2

sobre plantas, acesso a floras e checklists, imagens de plantas,


1. Folhas alternas (ABC) tratamentos detalhados para alguns grupos taxonômicos, se ¬

1. Folhas opostas (DE) quências de DNA, outras bases de dados, bem como novas
2. Lâmina foliar ovada (ABCE) oportunidades de estudo e emprego na área. Podemos obter
a mesma informação em mais de um lugar. Esta se ção lista
2. Lâmina foliar obovada (D) alguns endereços úteis para a sistemática vegetal e que pode ¬
3. Folhas com margem serreada (B) rã o servir como ponto de partida.
3. Folhas com margem inteira (ACDE) No início, tente o Internet Directory for Botany, ou IDB
(http://botany.net / IDB). O IDB contém uma grande quanti ¬

4. Caule pubescente (AD) dade de links para sites de botânica, listados alfabeticamente.
4. Caule glabro (BCE) A Internet também contém algumas ferramentas de busca
5. Raiz pivotante presente e espessa (B) que ajudarão a procurar sites de interesse*, Alguns destes são
citados a seguir:
5. Raiz pivotante ausente (ACDE)
6. Nervuras secund árias formando curvas (ACDE) • Uma base de dados sobre números cromossômicos man ¬

tida pelo Missouri Botanical Garden (http:// mobot.mo-


6. Nervuras secundárias entrando nos dentes da
bot.org/ W3T/Search /ipcn.html)
margem foliar (B)
• Um glossário botânico Online (http:/ /www.anbg.gov.au/
7. Base foliar cordada (Q glossary.html)
7. Base foliar aguda ou cuneada (ABDE) • Uma base de dados para plantas aquá ticas e invasoras
(http:// plants.ifas.ufl.edu/APIRS /)
8. Quatro pétalas (ABD)
8. Cinco pétalas (CE)
• O International Plant Names Index (www.ipni.org), uma
base de dados sobre os nomes das plantas com sementes
9. Pétalas livres (ABCE) e bibliografia associadas.
9. Pé talas conatas (D) • A base de dados do Missouri Botanical Garden (http://
www.mobot.org/ MOBOT/ Research / alldb.shtml), com
10. Pétalas acuminadas (DE) floras e parte de floras de diversas regiões da Terra.
10. Pétalas arredondadas no ápice (ABC)
O IDB leva a muitos sites contendo listas flor
ísticas, che¬
cklists, floras e bases de dados taxonômicos , Uma amostra
FIGURA 4 Exemplo de uma chave de acesso m ú ltiplo para as plantas destes sites, um por continente, serve para exemplificar a
imagin á rias da Figura 3. abrangência dos trabalhos sistemáticos disponíveis:
• Conspecto da flora vascular de Madagascar (http:/ /www.
Ilustrações, obviamente, também são teis para identifica- mobot,org/MOBOT/Madagasc/welcome.html)
ção das plantas. Os métodos de ilustração botânica têm sido • Flora da China (http:/ /flora.huh.harvard.edu /china/)
descritos em muitos livros (p. ex., Zweifel 1961; West 1983; • Flora Australiana e Estatísticas sobre a Vegetação (http://
www.anbg.gov.au /flora /index.html) no site do Australian
Holmgren e Angell 1986; Zomlefer 1994). A distribuição das
National Botanic Gardens
plantas é indicada em mapas por meio de sombreamento ou
colocação de pontos nas regiões geográficas apropriadas, de • Atlas Florae Europae (http:/ / www.fmnh.helsinki.fi/ en-
glish /botany/afe/ )
modo a tomar evidente a distribuição do táxon com um sim ¬
ples olhar (ver Figuras 4.44 e 6.27). • Flora of North America (http://hua.huh.harvard.edu /
FNA)
Uma flora consiste na descrição das plantas que ocorrem
em uma determinada localidade, incluindo chaves, descrições • Andean Botanical Information System (http:// www.sa-
cha.org/)
e ilustrações. Floras podem ser locais ou restritas a regiões Grandes herbários e jardins botânicos se empenham mui ¬

relativamente pequenas (p. ex., Proctor 1984) ou continentais to em ter sites na Internet, incluindo a descrição, a história e a
(p. ex., A Flora of North America Editorial Committee, 1993- natureza de cada instituiçã o, bem como detalhes das pesqui ¬

2007). Uma seleção de importantes floras norte-americanas sas em andamento, oportunidades de ensino (cursos, pós- gra-
pode ser encontrada no final deste apê ndice. duação) e de emprego, lista de eventos, ferramentas de busca
Uma monografia, em contraste, consiste em um tratado nas bases de dados de coleções internas (imagens, etc.), bem
sistemá tico mais abrangente sobre um determinado táxon e como links para outros sites.Segue uma lista de endereços na
também inclui chaves, descrições e ilustrações. Uma revisão Internet de muitos dos maiores jardins botânicos e herbários
taxonômica é similar a uma monografia, poré m é menos (outros sites relevantes aparecem ao longo deste apêndice):
abrangente. Revisões e monografias geralmente são publica ¬
das em revistas, como as listadas na Tabela 1. Chaves, descri ¬ • Australian National Botanic Gardens, Camberra (http://
ções e ilustrações hoje estão disponíveis em numerosos sites www.anbg.gov.au/anbg/index.html)
na Internet. • Fairchild Tropical Botanic Gardens, Coral Gables, Florida
(www.fairchildgarden.org)

A sistem ática vegetal na internet • Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Brasil (http:/ /www.jbrj.
gov.br/)
A Internet é uma ferramenta de importância crescente na • Missouri Botanical Garden, St. Louis, Estados Unidos
sistem ática vegetal. Hoje fomece abundantes informaçõ es (http:/ / www.mobot.org/)

iL
APêNDICE 2 561

TABELA 1 Algumas revistas importantes no â mbito da botâ nica sistemática


Acta Botanica Mexicana Field Museum of Natural History, Botanical Series
Aliso Harvard Papers in Botany (continuação do
American Fem Journal Journal ofthe Amold Arboretum )
American Journal of Botany International Journal of Plant Science (= Botanical Gazette)
Annals ofthe Missouri Botanical Garden Journal of Plant Research ( - Botanical Magazine, Tokyo)
Australian Journal of Botany Journal ofthe Unnaean Society - Botany
Australian Systematic Botany Kew Bulletin
Austrobaileya Madrono
Blumea New Zealand Journal of Botany
Botanical Reoiew Nordic Journal of Botany
Botanische Jahrbiicher Novon
Bothalia v
Phytologia' ' '
Brittonia Plant Systematics and Evolution
Bulletin ofthe Torrey Botanical Club Rhodora
Canadian Journal of Botany Sida
Castanea South African Journal of Botany
Cladistics Systematic Biology
Contributions from the U .S . National Herbarium Systematic Botany
Danoiniana Taxon
Edinburgh Journal of Botany (= Notes from the
Royal Botany Garden, Edinburgh)

• Muséum National d'Histoire Naturelle, Paris (http:/ /www. (BSA; http:/ /www.botany.org/), a International Association
mnhn.fr/phayCollect.html) for Plant Taxonomy (IAFT; http:/ /www.botanik.univie.ac.at /
• New York Botanical Gardens (http://www.nybg.org/) iapt/), a Society of Systematic Biologists (SBB; http://systbiol.
• Royal Botanic Gardens, Kew, Reino Unido (http:/ /www. org) e a Willi Hennig Society (http:/ /www.cladistics.org/) . O
rbgkew.org.uk). O link http:/ /www.kew.org/ data/index. site da BSA tem uma página com links para outros sites de in ¬

html também é muito útil teresse (http://www.botany.org) incluindo as seguintes cate ¬


• Royal Botanic Gardens, Sydney, Austrália (http://www. gorias: principais links em Botânica e recursos na Internet ;
rbgsyd.nsw.gov.au /) sites para procurar trabalho e carreira"; "como encontrar
• Department of Systematic Biology (Botany), Nacional universidades ; pessoas e grupos de discussão na Internet";
Museum of Natural History, Smithsonian Institution, Wa ¬ agências de financiamento e bolsas de pós-gradua ção ; "re¬
shington, DC (http:/ /www.nmnh.si.edu/botany/) vistas e jornais Online ; e "guia de recursos na Internet".
Sites representando floras, como o supracitado para a Ho A melhor base de dados para sequ ências de DNA é o
¬

ra of North America (FNA), apresentam abundantes informa GenBank (http:/ /www/ncbi.nlm.nih.gov), sustentado pelo
¬

ções sobre a história, aj finalidade e o escopo dos respectivos National Institutes of Health, como parte do National Center
projetos flor
for Biotechnology Information (NCBI) . No momento em que
ísticos, bem como detalhes das plantas de cada
estas linhas foram escritas, este site continha bases de dados
flora. O site da FNA lista os volumes publicados até hoje. É
possível fazer uma busca nas famílias já descritas e ter acesso de aproximadamente 13 bilh ões de bases de nucleotídeos de
cerca de 100.000 espécies. O número de espécies se duplica
a descrições de famílias e gêneros, bem como a chaves para
a cada 14 meses. 0 GenBank intercambia diariamente da ¬
os gêneros das famOias já completadas. O site também lista as
dos de sequências de DNA com outras duas grandes bases de
famílias que serão tratadas nos 26 volumes em preparação.
dados: a do European Molecular Biology Laboratory (EMBL)
Ao redor do mundo, existem centenas de projetos florís ¬
e o DNA Data Bank, do Japão (DDBJ). Pode -se acessar a in
ticos regionais, e alguns deles apresentam sites com abun ¬
¬

formação sobre sequê ncias com a ferramenta "Entrez", um


dante documentação. 0 site do Oregon Hora Project (http://
- sistema de busca que integra as bases de dados do NCBI.
oregonflora.org/), por exemplo, apresenta um checklist das Rotineiramente, as revistas pedem que, antes da publica ¬
plantas regionais e uma base de dados para elas. Atualmente, çã o de um artigo, os autores submetam no GenBank quais ¬
a parte correspondente a Asteraceae já está disponível. Este
quer sequências de DNA (ou sequências de aminoácidos)
projeto também desenvolve um Atlas para as Plantas de Ore ¬
que apareçam no artigo. Uma seqúência única de números
gon, com mapas de distribuição para cada espécie. Estes ma ¬ é designada para cada seqúência submetida e esta deve ser
pas poderão ser combinados com outros para evidenciar tipos mencionada em quaisquer artigos que utilizem tal seqúência .
de solo, ecorregiões, tipos de vegetação e pluviosidade média Os sistematas vegetais rotineiramente acessam o GenBank
anual. Outro site muito til é o Atlas of Horida Vascular Plants para saber que genes e de quais taxa já foram seqúenciados.
(http: / /www.plantatlas.usf.edu /about.asp). Ele apresenta da ¬
Isto também permite acrescer os dados já publicados em ma ¬
dos nomenclaturais e dados de distribuição das plantas nati ¬ trizes de dados maiores. Estudantes são encorajados a compi¬
vas da Hórida. lar dados de seqúências de DNA para o grupo de plantas que
Há também sites que são teis para os botânicos profis ¬
eles possam utilizar para explorar as relações filogenéticas do
sionais, tais como o American Society of Plant Taxonomists grupo. Se os resultados conferem parcial ou totalmente com
(ASPT; http://www.aspt.net /), a Botanical Society of America os dados já publicados, podem ser feitas comparações.
562 APê NDICE 2

Alguns sites da Internet se focalizam em filogenia . Por veis na base de dados W3TROPICOS, do Missouri Botanical
exemplo, o Tree oí Life Web Project (http://tolweb.org/ tree / Garden ( http:/mobot.mobot.org/W3T/ Search / vast.html).
phylonegy.html) é uma coleção de cerca de 2.000 pá ginas de O site do Herbário do Florida Ví useum of Natural History
Internet contendo informação sobre os diversos grupos de (http:// www.flmnh . ufl.edu / herbarium /) conté m documentos
seres vivos. Estas páginas sã o escritas por autores do mundo adicionais de utilidade (p. ex., diretrizes para o preparo de es-
inteiro. Cada pá gina cont é m informação sobre um grupo ta- pécimes vegetais, para o depósito de materiais testemunhos,
xonômico, e todas as pá ginas estão ligadas entre si na forma para a anotação de informações de espécimes de herbário e
de uma árvore evolutiva dos seres vivos. As páginas se rami- para a utilização de herbários e espé cimes de herbários), bem
ficam a partir da base de um grupo, dando assim informa ções como um software (Plabel) para a geração de etiquetas de her-
sobre os subgrupos. Tree- BASE (http : / / www.treebase.org/ bá rio.
treebase /'index.html) é uma base de dados que estoca as in - A Internet excede este livro em muitos aspectos, pois
formações filogené ticas que aparecem em artigos publicados fornece aos estudantes acesso a bases de dados, floras, mi-
e as matrizes de dados utilizadas para gerar as árvores. lhares de imagens de plantas, informações sobre jardins bo-
Tratamentos sistemáticos detalhados de alguns dos gru- tânicos, herbários e oportunidades de emprego. O Families
pos tratados neste livro podem ser encontrados na Internet. 0f Flowering Plants Home Page ( http:/ / www.Biologie.uni -
Sites focalizados em um grupo taxon ômico em particular po- hamburg.de/ b-online /delta/ angio/) inclui descrições e ilus-
dem conter discussões de trabalhos sobre este grupo, uma trações representativas de todas as famílias de angiospermas.
lista de colaboradores, acesso a bases de dados e listas de pu - O Angiosperm Phylogeny Website (http:/ /www.mobot.org/
blicações. Eis alguns exemplos: MOBOT/ Research/APweb /welcome.html) também conté m
formações sobre ordens e famílias de plantas e e trequen-
_
1. Phylogeny, Character Evolution, and Diversification of Ex-
_
tant Fems (http:/ / www.fieIdmuseum.org/research coUec - temente atualizado. A classifica ção atual de ordens e famílias
neste Slte e uma atualização do sistema de classificação do
tons/ botany sites/ferms/index.html) (Filogenia, Evoluçã o
í
de Caracteres e Diversificação de Samambaias Atuais) Angiosperm Phylogeny Group (ver Capitulo 9) . Esses sttes
2. TheFhrasitic PlantConnection (http://www.parasitic- plants. são particularmente importantes para complementar as in ¬
siu.edu/) (Um site sobre grupos de plantas parasitas) forma ções contidas neste livro.
3. Neotropical Bluebemes (http:// www.nybg.org/bsci/res /
lut2/ ), com informações sobre Ericaceae Herbá rios, jardins botâ nicos e especialistas
4. Systematics of Onagraceae (http://botany.si.edu/onagra - compreensão da flora da América do Norte ainda n ão é
ceae/ ) completa, e regiões tropicais apresentam floras ainda muito
Muitos sites contê m imagens que podem ser úteis para mais incompletas. Alé m disso, mais de 95 % dos gê neros de
aqueles que estão aprendendo a identificar famílias, gêneros plantas ainda n ã o receberam tratamento monográ fico. Nos -
e espécies de plantas. Texas A&M University Bionfirmatics so conhecimento da flora mundial não tem avan çado como
Working Group of Vascular Plantlmage Gallery (http:// www. muitos acreditam. Assim, os herbá rios, além das fun ções
csdl . tamu .edu / FLORA/ gallery.htm), por exemplo, conté m antes citadas, cumprem também uma importante fun çã o de
uma vasta coleçã o de imagens de angiospermas. O Plant identificação.
Systematics Website, baseado na Universidade de Cornell Um herbário é essencialmente uma biblioteca de espé-
(http:/ / www.plantsystematics.org/ ), contém mais de 20.000 cimes secos e prensados. Um espécime desconhecido pode
imagens, principalmente de plantas vasculares (que podem ser comparado com espécimes de herbário já identificados e
ser acessadas por imagem ou por uma lista), bem como cha - assim ser identificado. Este processo pode ser lento, mas em
ves, cladogramas, referê ncias bibliográficas e softwares . A muitos casos é a nica forma em que um determinado espé -
University of Wisconsin Virtual Foliage Home Fáge (http:// cime pode ser identificado. Muitos herbários oferecem ser-
botit.botany.wisc.edu /) cont ém imagens macroscópicas de viços de identificação e informações sobre plantas. Portanto,
angiospermas, gimnospermas, samambaias e també m fotos um herbário é um recurso essencial para qualquer programa
de microscopia . A Plant Systematics Teaching Collection con - taxon ômico, seja de serviço p blico, pesquisa ou ensino. Os
t é m neste site mais de 4.000 imagens de plantas vasculares principais herbários do mundo estão listados na Tabela 2.
arranjadas taxonomicamente. É utilizado como referência, de Jardins botânicos também são úteis para a identificação
modo semelhante a um herbário, e representa uma parte de de plantas, com a vantagem de que també m preservam plan-
uma coleção maior disponível em CD-ROM. O Land Plants tas vivas. Finalmente, coletas de identifica ção problemática
Online (http://www.science/siu.edu/landplants/index.html) podem ser enviadas a sistematas que sã o especialistas em um I
é mantido pela Universidade de Southern Illinois, em Car- determinado grupo (família, gê nero) ou ha flora de uma de-
bondale, e apresenta numerosas imagens de ciclos de vida e terminada regiã o. (Listas de taxonomistas podem ser encon - I
cladogramas de plantas verdes organizados por ciados prin - tradas em Kiger et al. 1981 e Holmgren e Holmgren 1992.)
cipais. Muitos dos sites e das páginas sobre floras apresentam Infelizmente, muitos gêneros e famílias têm sido estudados ;
fotos de plantas destas regiões. Há muitas imagens disponí- por poucos ( ou nenhum) especialistas.
(
APê NDICE 2 563

TABELA 2 Herbá rios com 3 milh ões de espécimes ou mais


Herbá rio Localidade N ú mero de esp écimes
Muséum National d'Histoire Naturelle Fkris, França 9.500.000
Royal Botanic Gardens Kew, Reino Unido 7.000.000
New York Botanical Garden Nova York, Estados Unidos 7.000.000
Conservatoire et Jardin Botaniques Genebra, Suíça 6.000. 000
Komarov Botanical Institute São Petersburgo, R ssia 5.770.000
Swedish Museum of Natural History Estocolmo, Suécia 5.600.000
Herbarium, Missouri Botanical Garden St. Lotus, Missouri, Estados Unidos 5.400.000
Natural History Museum Londres, Reino Unido 5.200. 000
Harvard University Cambridge, Massachussets, Estados Unidos 5.005.000
Naturhistorisches Museum Viena, Áustria 5.000.000
Smithsonian Institution Washington, DC, Estados Unidos 4.368.000
Rijksherbarium Leiden, Holanda 4.100.000
Institute de Botanique Montpellier, França 4.000.000
Université de Lyon ViUeurbane, França 4.000. 000
Universitatis FJorentinae Museu Botânico Firenze, Itália 3.650.000
Friedrich -Schiller- Universitàt Jena, Alemanha 3.000.000
Fonte: Baseada em dados de Holmgren et al. 1990, atualizada com dados da versão Online mantida em http://sciweb.nybg.org /sdence2/IndexHerbaiiorum.asp e
nos sites das instituições.

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í
GLOSSÁ RIO
Abertura poracja Abertura arredondada, como poro. Anatomia Kranz Nervuras foliares rodeadas por células da bai ¬

Aberturas do pólen Regiões finas e de formas diversas na pa ¬ nha do feixe conspicuamente expandidas e contendo cloro-
rede do pólen através das quais emerge o tubo polínico du ¬ plastos; anatomia associada com a fotossíntese C4.
rante a germinação. Androceu Termo coletivo para designar todos os estames de
Aberturas zonadas Aberturas em formato de anel ou de banda uma flor (ver Figura 4.16)
em um grão de pólen. Androgin óforo Pedú nculo ou eixo que porta o androceu (esta ¬
Actinomorfo Ver Simetria radial mes) e gineceu (carpelos).
Ac ú leo Pêlo pontiagudo que compreende tecido epidermal ou Aneuploidia Condição em que o indivíduo apresenta um nú ¬

emergência que envolve tecidos epidérmicos ou subepid ér - mero cromossômico que nã o é múltiplo do n ú mero cromos-
micos, mas que não é vascularizado. só mico básico.
Adapta çã o Qualquer modificação em um organismo decor ¬ Anfiparacítico Estômatos cujas células - guarda estão rodeadas
rente da seleção natural. por dois pares de células subsidiárias, cada uma delas parale¬
Adnato/Adna çã o Fusão de partes diferentes, como pé talas e la com as células-guarda (ver Figura 4.36) .
estames. Anisocítico Estômato rodeado por três células subsidiárias, das
Advent ício Desenvolvendo-se a partir de qualquer outra parte quais uma é claramente menor (ver Figura 4.36) .
da planta que n ão a normal, por exemplo, raízes adventícias Anisofilta Quando duas folhas de um par ou folhas alternas
que se desenvolvem a partir de caules ou folhas e não a partir de uma mesma sequência são diferentes quanto à forma e
da raiz embrionária (radícula). ao tamanho.
Agamoespécies Indivíduos minimamente diferenciados que Anomocítico Estômato que carece de células subsidiárias dife ¬

se reproduzem assexuadamente. renciadas (ver Figura 4.36) .


Agamospermia Produção assexual de sementes; sem envolver Antera Parte do estame disposta no á pice do filete que carrega
fertilização de gametas femininos por gametas masculinos. o pólen (ver Figura 4.16).
Agregado de drupas Drupas que se desenvolvem a partir de Antera basifixa Antera ligada ao filete pela base.
um único carpelo e se tomam parte de um fruto agregado, Antera extrorsa Antera cujas teças se abrem em direção à pe ¬
como em Rubus. riferia da flor.
Alcaloides Compostos secundários estruturalmente diversos e Antera introrsa Antera que se abre para dentro, em direção ao
fisiologicamente ativos; derivados de diversos aminoácidos eixo floral.
ou a partir do ácido mevalônico através de diversas vias bios - Antera latrorsa Antera que se apresenta deiscente nas laterais.
sinté ticas (ver páginas 95-96), Anterídio Estrutura reprodutiva masculina que produz e
Alelo Uma de duas ou mais formas moleculares de um gene. protege os gametas masculinos nas embriófitas (plantas
Alelopatia Inibição química de um organismo por outro. terrestres) .
I Alopá trico Que ocorre em regiões geográficas diferentes. Anteridiógenos Compostos liberados pelos arquegônios das
Alopoliploidia Presença em uma célula de dois ou mais geno - embriófitas que estimulam os gametófitos vizinhos a produ ¬
mas de diferentes espécies. zirem anterídios.
Amebóide Com a forma de uma ameba, isto é, com formato Anticorpos Um dos diversos arranjos de moléculas receptoras
variável e com prolongamentos arredondados. que se ligam aos antígenos.
Amentilho inflorescê ncia densa, alongada, com grande n me ¬ Ant ígeno Molécula que é reconhecida como estranha pelos
. ro de flores inconspícuas, geralmente polinizadas pelo vento; glóbulos brancos, desencadeando a resposta imune.
també m chamada de amento. Ant í podas Três células do gametófito feminino, agrupadas no
> Amento Inflorescê ncia que consiste em um conjunto denso e extremo oposto da oosfera e das sinérgides.
alongado de flores inconspícuas e geralmente polinizadas Antocianinas Pigmentos flavonóides nã o- nitrogenados que
pelo vento; também conhecida como amentilho. conferem cor violeta, vermelha, azul e amarela; de ampla dis ¬
Amido Carboidrato branco, sólido e insípido, composto de ca ¬ tribuição entre as angiospermas.
deias de unidades de glicose; costuma ser o carboidrato de Anual Planta que cumpre seu ciclo de vida (de semente a indi ¬
reserva nas plantas verdes. víduo adulto) em um único ano.
Anagê nese Mudanças evolutivas dentro de uma nica linha ¬ Â nulo Banda ou conjunto de células higroscópicas e de pare ¬

gem ao longo do tempo. des espessadas que ocorre na parede do esporângio da maio ¬

Aná lise de Bootstrap Técnica estatística que utiliza a reamos- ria das samambaias; esta estrutura facilita a dispersão dos
tragem e replicação de caracteres para inferir quão bem os esporos.
dados sustentam uma determinada topologia de uma árvore Apétala Sem pétalas.
filogen ética. Á pice acuminado Ápice que se prolonga em uma ponta afiada
Anatomia Estudo da estrutura interna (p. ex., células, tecidos) . (ver Figura 4.10) .
308 OLOSSÁRIO

Á pice agudo ápice que termina em uma ponta com menos de Atra çã o dos ramos longos Linhagens que evoluem rapida ¬
90 graus em relação aos lados, que são retos a ligeiramente mente podem conter muitas semelhanças de nudeotídeos
convexos (ver Figura 4.11). devido à evolu ção em paralelo e, portanto, agrupar-se em
Á pice atenuado Ápice terminado de modo gradual e estreito. an álises cladísticas mesmo não sendo filogeneticamente
Á pice emarginado Ápice com reentrância evidente (ver Figu ¬ próximas.
ra 4.10). Autapomorfia Estado de caráter derivado restrito a um único
Á pice mucronado Ápice terminado em uma ponta curta e táxon terminal (em análises cladísticas).
abrupta ou m cron (ver Figura 4.10). Autocompatibilidade Capacidade de um indivíduo para se
Á pice obtuso Ápice arredondado, em ângulo maior que 90 graus, autopolinizar e autofertilizar com o próprio pólen.
com lados retos a ligeiramente convexos (ver Figura 4.10). Autofertilização União de um gameta masculino com um ga -
Á pice retuso Ápice com ligeira reentrância (ver Figura 4.10). meta feminino do mesmo indivíduo.
Á pice /apicai Extremo de uma estrutura. Auto- incompatibilidade Incapacidade de um indivíduo para
Apocárpico Com os carpelos separados. fertilizar-se através do próprio pólen, seja pela incapacida¬

Apomixia Reprodução assexual; em geral, o termo é utilizado de do pólen para germinar no estigma (incompatibilidade
para a produ ção assexual de sementes (ver agamospermia), esporofítica) ou pela incapacidade do tubo poiínico para
mas também é aplicado à produção de propágulos vegetati-
vos (p. ex., através de gemas).
-
desenvolver se através do estilete (incompatibilidade game -
toíítica).
Apomorfia Estado de caráter derivado; também chamado de Autopolinização Transferência de pólen desde a antera até o
caráter apomórfico (ou estado de caráter apomórfico). estigma do mesmo indivíduo.
Apopétaia Com pétalas separadas. Autopoliploidia Em uma célula, presença de três ou mais con ¬
Apossépaia Com sépalas separadas. juntos cromossômicos da mesma espécie.
Apoté pala Com té palas separadas. Autor Em nomenclatura, a citação a seguir do nome do tá ¬
Aptidão Um aumento na adaptação ao ambiente, produzido xon e que consiste no(s) nome (s) do(s) indivíduo(s) que
por mudanças genéticas e medido peio sucesso reprodutivo. descreveu(eram) o táxon ou o transferiu (iram) para outra ca ¬
Aquênio Fruto pequeno, seco e indeiscente contendo uma úni¬ tegoria taxonômica.
ca semente rodeada por uma parede fina e apertada, da qual Axila Região entre a face adaxial de uma folha e o caule.
a semente está livre. Axila foliar Espaço entre a folha e o caule que a sustenta.
Aracnóide Com aspecto de teia de aranha. Baga Fruto indeiscente e carnoso, provido de uma, poucas ou
Arbusto Planta lenhosa geralmente menor do que uma árvore muitas sementes; a polpa pode ser mais ou menos homogé ¬
e que produz muitos troncos ou caules a partir da base . nea ou a parte externa pode ser firme, dura ou coriácea.
Aréola Caule muito curto e espinhento, característico de Cac - Base aguda Base terminada em um ponto com ângulo menor
taceae . que 90 graus em relação aos lados (ver Figura 4.11).
Arilo Excrescência dura a suculenta da semente, com frequên ¬ Base cordada Base em forma de coração, com lobos arredon ¬
cia colorida e desenvolvida a partir do funículo. dados (ver Figura 4.11).
Arista Estrutura estreita, em formato de agulha, com frequência Base cuneada Base em formato de cunha, triangular (ver Fi¬
no ápice de uma estrutura, como um fruto ou uma antera. gura 4.11).
Aromático Apresentando um aroma caracter ístico, em geral Base decorrente Lâmina foliar que se estreita gradualmente
agradável. em direção ao peaolo (ver Figura 4.11), també m utilizada
Arquegônios Estruturas reprodutivas femininas que produzem para bases foliares que se estendem em direção ao caule.
e protegem os gametas femininos nas embriófitas (plantas Base lobada Base com dois lobos arredondados bem desen ¬
terrestres). volvidos (ver Figura 4.11).
Arredondado De contorno circular; utilizado para descrever Base obtusa Base arredondada, com ângulo maior que 90
ápices e bases (ver Figuras 4.10 e 4.11). graus e lados ligeiramente convexos (ver Figura 4.11).
Articulado Que apresenta articulação. Base sagitada Base com forma de ponta de flecha (ver Fi¬
Á rvore Uma planta lenhosa com um único tronco principal gura 4.11).
(também utilizada como abreviação de árvore evolutiva ou Betala ínas Pigmentos nitrogenados, amarelos e vermelhos;
cladograma). restritos às Caryophyllales.
Árvore de espécies Uma árvore (cladograma) que ilustra a his¬ Bianual Planta que vive por dois anos, crescendo vegetativa -
tória evolutiva hipotética de um grupo de espécies.
Á rvore de expansão m ínima Caminho mais curto conectando
-
mente no primeiro e reproduzindo se no segundo.
Bilabiada Com dois lábios, em geral aplicado a uma corola ou
um conjunto de taxa (ou objetos) em um espaço multidimen- um cálice.
sional. Biogeografia Estudo científico dos padrões de distribuiçã o
Arvore evolutiva Diagrama ramificado que representa as re ¬ geográfica de espécies e taxa superiores.
lações filogenéticas (história evolutiva) de um grupo de taxa; Bisseriado Estrutura com duas séries ou dois verticilos, como
neste livro, é basicamente considerado equivalente a um cla ¬ em uma flor com perianto em dois verticilos.
dograma e, muitas vezes, mencionamos o conceito simples ¬ Bitegumentado Que apresenta dois tegumentos.
mente como "árvore . Bivaientes Pâ r de cromossomos homólogos em uma célula,
Árvore fiiogenética Ver árvore evolutiva. durante a meiose.
Árvores de genes História fiiogenética de um gene, com base -
Bolota Fruto do gênero Quereus; trata se de uma noz associada
na sua sequência de DNA. com uma cúpula diversamente escamosa .
Asa Expansão ou excrescência fina ou membranosa de uma es¬ Bráctea Uma folha reduzida em cuja axila surge uma flor ou
trutura . Também utilizada para o par de pétalas laterais das um ramo de uma inflorescência.
Fabaceae, subfam. Faboideae e para as sépalas laterais e pe- Bractéola Profilo de uma flor, em geral muito pequena e dis¬
talóides das Fblygalaceae. posta abaixo da flor, no pedicelo.

r
GLOSSáRIO 569

Braquiblasto Caule com entrenós curtos, em comparação com Caroço Região central, dura, de uma drupa, composta de uma
outros caules de entrenós claramente alongados; comparar ou mais sementes rodeadas por um endocarpo duro (parede
com macroblasto. interna do fruto); também chamado de pirênio.
Bulbo Caule curto, ereto e subterrâneo, rodeado por folhas es ¬ Carpelo Unidades constituintes do gineceu e que portam o(s)
pessas e carnosas ou bases foliares. óvulo(s).
Calaza Regiã o indistinta do óvulo (ou semente) onde os tegu ¬ Carpóforo Ped nculo que subtende cada parte de um esquizo-
mentos se conectam ao nucelo, no extremo oposto da mi- carpo deiscente, em muitos integrantes de Apiaceae.
crópila. Car ncula Excrescência geralmente firme de uma semente
Cá lice Termo coletivo que designa todas as sé palas de uma flor que, em geral, se desenvolve a partir da testa; neste texto é
(ver Figura 4.16). considerada um tipo de arilo.
Cal ículo Cálice reduzido, em forma de anel, como ocorre, por Casca Todos os tecidos externos ao câmbio vascular das árvo ¬

exemplo, em Loranthaceae. res, arbustos ou lianas de certa idade.


Calose Polímero de glicose depositado durante o desenvolvi¬ Casm ógama Condição de uma flor que abre e geralmente
mento de áreas crivadas ou elementos de tubos crivados. apresenta polinização cruzada. Contrastar com Geistógama.
Camada basal Camada mais externa da nexina, separada do Categoria Nível em uma hierarquia taxonô mica e dos taxa
teto pelas columelas (Figura 4.49). contidos nela.
Câ mbio vascular Cilindro de células em divisão que produz Categoria taxon ô mica Nível de uma hierarquia taxonômica,
xilema secundário em direção ao centro e floema secundário por exemplo, reino, divisão, classe, ordem, família, gênero e
em direção à periferia do caule (ver Figura 4.39). espécie.
Campanulado Na forma de sino. Categoriza çáo Localização de um t áxon em uma categoria de
Canescente Cinza, com pêlos curtos e densos. uma hierarquia taxonômica.
j Capitado Alargado no ápice, isto é, como uma cabeça. Caudado Com um apê ndice em formato de cauda.
Cap ítulo Inflorescência compacta, determinada ou indetermi¬ Caule O eixo principal da planta, que carrega folhas com ge ¬
nada com um eixo muito curto, às vezes em formato de disco mas axilares nos nós (por sua vez separados por entrenós);
e flores geralmente sésseis (ver Figuras 4.29, 4.30). em geral acima do solo.
Cá psula Fruto seco a raramente carnoso que se desenvolve a Caulifloria Flores ou infiorescências produzidas em caules ve ¬
partir de um gineceu com um a muitos carpelos e que fica lhos e / ou troncos.
deiscente de diversas maneiras, expondo as sementes. Célula companheira Célula parenquimatosa nucleada e pro ¬
Cá psula de deiscê ncia an ó mala Cápsula de abertura irre ¬ vida de citoplasma denso que se encontra próxima dos ele ¬
gular. mentos de tubos crivados e que está envolvida em processos
Cá psula denticida Cápsula que se abre através de uma série metabólicos.
de dentes apicais. Célula crivada Célula do floema, longa, fina e enucleada que
Cá psula indeiscente Fruto praticamente seco contendo várias conduz sacarose e que não faz parte do tubo crivado.
sementes que não fica deiscente. Célula subsidiá ria Célula epidérmica próxima de uma célula -
Cá psula loculicida Cápsula que se abre longitudinalmente en ¬ guarda e que difere em tamanho e/ ou forma das outras célu ¬
tre os septos (ou placentas, se a placentação for parietal) e las epidérmicas.
por dentro dos lóculos (compartimentos) do ovário. Células de mirosina Células que contê m a enzima mirosinase,
Cá psula septicida Cápsula com valvas longitudinais formadas que hidrolisa glucosinolatos para produzir óleos de mostarda.
pela aparição de partições entre os lóculos. Centrômero Região pequena e constrita do cromossomo que
Cá psula septífraga Cápsula com valvas longitudinais formadas apresenta pontos de fixação para as fibras do fuso durante a
por aberturas ao longo dos extremos dos septos (partições), divisão nuclear.
que permanecem ligados à região central do fruto. Cera epicuticular Cera de diversas formas que se deposita aci¬
Captura do doroplasto Transferência do cloroplasto de uma ma da cutícula da superf ície da planta.
espécie para outra através de hibridização e subsequente in- Chave Série de escolhas contrastantes utilizadas para identi¬
trogressão. ficar um organismo desconhecido por um processo de eli ¬
Cará ter Quaisquer atributos de um organismo. O termo é minação.
íreqiientemente utilizado para enfatizar aqueles atributos Chave de acessos m ú ltiplos Chave que opera por meio de car¬
diagnósticos de um grupo ou que sustentam relações entre tões furados ou por um programa interativo de identificação.
grupos. Chave dicot ô mica Chave composta de pares de afirmações
í Caráter bin á rio Caráter que apresenta apenas dois estados.
Caráter multiestado Caráter que apresenta três ou mais estados.
contrastantes (dilemas).
Chave indentada Chave dicotômica em que as opções de cada
t -
Cará ter n ão informativo Caráter sem utilidade para construir dilema estã o igualmente indentadas e seguidas das corres ¬
hipóteses de relações filogené ticas. pondentes opções. Assim, as duas opções, com frequência,
Carbonato de cá lcio CaC03 estão amplamente separadas em uma chave.
Carden óiidos Glicosídeos do tipo esteróide muito venenosos, Chave pareada Chave em que os dois dilemas de um par es¬
com 23 carbonos. tão situados em linhas adjacentes de modo que não estão
Cari ó pse Fruto seco, pequeno e indeiscente, provido de pare ¬ separados por linhas adicionais (comparar com Chave in ¬
de fina mais ou menos fusionada com a única semente nele dentada).
contida. Cianog è nese Processo pelo qual o cianeto de hidrogénio é li¬
Cari ótipo Preparação dos cromossomos metaf ásicos, ordena¬ berado a partir de compostos danogênicos.
dos por comprimento, localização do centrômero e outros Ciátio Unidade de inflorescência cimosa de espécies de Euphor-
atributos. bia, que mimetiza uma nica flor completa e que consiste em
Carn ívoro Que captura animais e os digere, como acontece em uma ou poucas glândulas de néctar, muitas flores estamina-
alguns grupos de plantas. das e uma única flor carpelada.
570 GLOSSARIO

Cicasinas Compostos venenosos das Cycadales que causam Clorofila Pigmento verde e fotossensível que absorve a luz em
danos neurológicos. diferentes espectros (azul- violeta e luz vermelha) e que é es¬
Cicatriz de escama da gema Cicatriz que aparece após a queda sencial para o processo de fotossíntese.
de uma escama da gema. Coevolução Evolução em conjunto de duas ou mais espécies
Cicatriz de estipula Marca deixada no caule após a queda (por que interagem de maneira próxima.
abscisão) de uma estipula. Coléter Pêlo multicelular que produz uma secreção pegajosa,
Cicatriz foliar Remanescente do ponto de inserção de uma mucilaginosa ou resinosa e que geralmente ocorre na face
folha. adaxial de uma estipula, na base de um pecíolo ou lobos do
Cidoc ítico Estômato rodeado por células subsidiárias que for¬ cálice de certas plantas, especialmente de Gentianales.
mam um ou dois anéis estreitos ao redor das células-guarda; Colpado Grão de pólen com aberturas longas e sulcadas deno ¬
o n mero de células por anel é geralmente quatro ou mais minadas colpos.
(ver Figura 4.36) . Columela Pequena coluna" na exina do pólen, separando o
Cima Inflorescência composta e determinada, constituída de teto do camada basal dasrexina (ver Figura 4.49).
unidades repetidas que consistem em um pedicelo que sub ¬ Coluna Estrutura formada pela fusão do estilete, estigma e es-
tende uma flor terminal e, abaixo dela, uma ou duas bracté - tames em integrantes da família Orchidaceae.
olas; cada bractéola está associada com uma flor axilar, mais Complexo agâmico Grupo de espécies com dois ou mais taxas
bractéolas e assim por diante (ver Figura 4.29). que se reproduzem assexuadamente.
Cima escorpi óide Cima enrolada em que os ramos laterais (e Complexo h í brido Uma s érie de indivíduos resultantes de
as flores) se desenvolvem alternadamente nos lados opostos eventos reprodutivos entre a progénie de uma F1 híbrida e
do eixo (ver Figura 4.29) . entre estes e qualquer um dos parentais.
Cima helicóide Cima encurvada onde os ramos laterais se de ¬ Conato/Conação Fusão de peças semelhantes, como as pétalas
senvolvem do mesmo lado do eixo (ver Figura 4.29) . fusionadas de uma corola simpétala.
Ci ma panicu lada Inflorescência determinada na qual os ramos Conduplicado Dobrado ao longo do comprimento, com a face
laterais produzem muitos entrenós antes de acabar em uma adaxial ficando dentro (ver Figura 4.14).
flor terminal (ver Figura 4.29). Cone Estrutura reprodutiva ovulífera das coníferas consistindo
Cima racemosa Cima reduzida com um nico eixo terminado em ramos ramos reduzidos dispostos sobre em eixo relativa ¬
em uma flor e, portanto, flores pediceladas (ver Figura 4.29). mente curto.
Circinado Enrolado de cima para baixo, de modo que o ápice Conectivo Porção do estame que conecta as tecas de uma an ¬

fica próximo da região mediana da dobradura (ver Figura tera (ver Figura 4.16).
4.14). Contorto Com as partes ou peças imbricadas ou verticiladas.
Circuncisa Estrutura que se abre através de uma linha ao redor Cada parte ou peça é parcialmente coberta peia peça ou parte
da sua circunferência, com o ápice geralmente desprenden- adjacente e o conjunto parece enrolado e retorcido.
do-se como um opérculo, como nas cápsulas circuncisas. Convoluto Enrolado, com as margens se sobrepondo (ver Fi¬
Circunscri ção Delimitação, como quando se avalia a abrangên- gura 4.14).
cia (limites) de um táxon. Coriáceo Com textura de couro, espesso.
Cistó lito Concreção pedunculada composta de carbonato de Corimbo Racemo com os pedicelos das flores mais basais alon ¬

cálcio, protegida dentro de uma célula especializada deno ¬ gados, fazendo com que todas as flores fiquem aproximada-
minada litocisto. mente no mesmo nível (ver Figura 4.30).
Clad ística Filosofia/metodologia taxonômica na qual as rela ¬
Cormo Caule subterrâneo mais ou menos carnoso, curto e ere ¬

ções entre taxa estão baseadas na presença de ancestrais em to, coberto de folhas finas e secas (ou bases foliares).
comum e onde grupos são sustentados pela presença de ca ¬ Corola Termo coletivo que designa todas as pé talas de uma flor
racteres derivados compartilhados (sinapomorfias). (ver Figura 4.16).
Ciado Grupo monofilético, composto de um ancestral e todos Corona Excrescências geralmente vistosas das peças periânti-
os seus descendentes. cas, estames ou receptáculo.
Cladogê nese Surgimento de novos ciados (grupos monofiléti - Córtex Párte de um caule ou raiz situada entre o periciclo (ao
cos) através da separação de linhagens evolutivas. redor do tecido vascular prim ário) e a epiderme.
Cladograma Diagrama ramificado que ilustra as relações hipo ¬ Costapalmado Folha mais ou menos palmada onde uma ex ¬
téticas (grupo- irmão) dentro de um grupo de organismos. tensão do raque forma uma nervura mediana (ou costa) na
Classe Como conceito, um grupo de indivíduos que apre ¬ lâ mina, como nas folhas de muitas palmeiras (Arecaceae).
senta um atributo caracter ístico em particular. Como hie ¬ Cotilédones Folhas (uma, duas ou ocasionalmente mais) que se
rarquia taxon ômica, a categoria entre divisão (ou filo) e desenvolvem no primeiro nó do embrião (ver Figura 4.43).
ordem; em classificações filogenéticas, um grupo monofi ¬ Crescimento prim á rio Crescimento do corpo principal da
lético de ordens.
Classificação Delimita ção, ordenação e categorização de taxa;
planta decorrente da atividade dos meristemas apicais cau ¬
linar e radicular, ou através de um meristema prim á rio de
I
ou um sistema de grupos inseridos uns dentro dos outros espessamento (como nas palmeiras). Contrastar com Cres ¬
resultante dos processos anteriores. cimento secundário.
Classificação filogenética Classificação que reflete acurada ¬
mente as hipótese de relações filogenéticas entre um grupo
de taxa.
Crescimento secundá rio Crescimento resultante da atividade
do câmbio vascular, que produz xilema e floema, e da ativi
dade do câmbio da casca, que produz a casca. A atividade de
¬ í
Cleistógama Condição de uma flor que nunca abre e apresenta ambos os meristemas decorre em aumento em diâmetro do
autopolinização e autoíertilização. Contrastar com Casmó- caule.
gama. Critérios de Remane Um dos critérios utilizados na determi ¬
Clina Mudança gradual em um cará ter ao longo de um gra ¬ nação da semelhança (vagamente chamada de homoiogia)
diente ecológico ou geográfico. entre estruturas de diferentes organismos.
GLOSSARIO 571

Cromossomo Molécula complexamente dobrada de DNA do Distribui çã o independente O produto de um alinhamento


genoma nuclear nos eucariontes, com muitas proteínas asso¬ aleatório dos cromossomos na Metáfase I da meiose; seg ¬

ciadas do tipo histonas. mentos de cada cromossomo homólogo e do seu cromos ¬


Crossing -over Clivagem e intercâmbio de segmentos corres ¬ somo complementar são aleatoriamente distribuídos nos
pondentes entre pares de cromossomos homólogos durante gametas.
a Prófase I da meiose. Diterpen ó ides Compostos terpenóides com vinte carbonos
Cuculado Em forma de capuz. (ver pá gina 98).
Cultivar Variante /variedade de uma planta em cultivo, produ ¬
Divisão Categoria taxonômica intermediária entre reino e clas ¬
zida por hibridização, seleção artificial ou quaisquer outros se; também denominada filo; em uma classificação filogené-
processos. tica, uma divisão é um grupo monofilético de classes.
C pula Qualquer estrutura em forma de vaso, como a cúpula Domácia Pequena cavidade ou tufo de pêlos na superf ície foliar
escamosa das Fagaceae ou o receptáculo e peças periânticas que abriga ácaros, formigas ou outros pequenos organismos.
intumescidas associadas com as drupas de muitos integran ¬ Drupa Fruto indeiscente e carnoso cuja região externa é mais
tes das Lauraceae. ou menos macia (ocasionalmente coriácea ou fibrosa) e cuja
Cutícula Camada fina e cerosa que cobre a superfície externa região central conté m um ou mais caroços duros, que con ¬

(epiderme) da maioria das embriófitas. sistem em um endocarpo pétreo rodeando a semente ou se ¬

Decussadas Folhas opostas, no caso em que aquelas de nós mentes.


adjacentes apresentam um ângulo de divergê ncia de 90 Drupa deiscente Fruto com uma casca coriácea, seca ou carno ¬
graus entre si. sa que eventualmente se rasga e abre, expondo caroços com
Deiscência Processo de abertura de uma estrutura, como um aspecto de noz, como em Carya (Juglandaceae ).
fruto, antera ou esporângio. Drusa Cristais esféricos, compostos de oxalato de cálcio em que
Deiscência poricida Abertura através de poros, como em uma os cristais individuais sobressaem da superf ície geral, dando
cápsula poricida. ao conjunto um aspecto de estrela.
Dendrograma Diagrama em forma de árvore, mostrando rela ¬ Dupla fertilização Em angiospermas, fusão de um gameta com
ções fenéticas, cladísticas ou evolutivas. a oosfera para formar o zigoto e de um segundo gameta com
Desenvolvimento centrífugo Que se desenvolve primeiro no o n cleo polar, dando lugar ao tecido nutritivo denominado
centro e logo após, gradualmente, em direção à periferia. endosperma.
Desenvolvimento centr í peto Que se desenvolve primei ¬ Ebracteado Sem brácteas.
ro na periferia e logo após, gradualmente, em direção ao Ecótipo Entidade genética diferenciada dentro de uma espécie
centro. que está adaptada a um conjunto em particular de condições
Deslocamento de caracteres Divergência de caracteres em ecológicas.
duas espécies relacionadas, quando ocorrem na mesma lo ¬ Elaiossoma Excrescê ncia dura e oleosa de uma semente que
calidade; o processo resulta da seleção natural contra indiví¬ atrai formigas.
duos com fenótipos intermediários. Elaté rios Apêndices higroscópicos aderidos aos esporos de
Diac ítico Estômato rodeado por um par de células subsidiárias Equisetum e que auxiliam na dispersão.
cujas paredes comuns formam um ângulo reto em relação às Elemento de tubo crivado Célula longa, enucleada e condu ¬
células-guarda (ver Figura 4,36). tora de sacarose do floema das angiospermas e que faz parte
Diadelfos Estames cujos filetes estão fusionados de modo que do tubo crivado.
delimitam dois grupos. Elemento de vaso Um dos componentes celulares de um
Diagnose Breve enunciação dos atributos que permitem reco ¬ vaso.
nhecer um táxon e separá-lo de outros. Eletroforese Procedimento para separar moléculas (geralmen ¬

Diagrama de Venn Em sistemática, representado por conjun ¬ te proteínas) utilizando uma corrente elétrica, com base no
tos de círculos, elipses e parê nteses que descrevem grupos tamanho e carga destas.
monofiléticos inseridos dentro de outros. El í ptico Mais largo na região mediana (ver Figura 4.9) .
Diagrama floral Diagrama (em secção transversal) que resume Embriã o Esporófito jovem, formado a partir da primeira célula
a simetria floral bem como o n mero, a fusão e a inserção das após a fertilização (zigoto) até a germinação da semente (em
partes florais. plantas com sementes) ou até a emergência de tecidos prote ¬
Dimórfico Com duas formas diferentes da mesma estrutura. tores do gametófito (em outras embriófitas).
Di óico Com flores estaminadas e carpeladas dispostas em Embriologia Estudo dos eventos que levam ao desenvolvimen ¬
plantas separadas. to dos gametófitos masculino e feminino, ao desenvolvimen ¬
Dipl ó ide Com dois complementos cromossômicos completos to dos gametas, da singamia, e ao desenvolvimento precoce
em cada célula. do esporófito embrionário.
Disco nectarífero Nectário floral em formato de disco ou anel. Embrionia advent ícia Desenvolvimento de embrião direta ¬

Disco nectarífero extra -estaminal Disco nectar ífero posicio ¬ mente a partir de células somáticas do óvulo, sem forma ção
nado entre o(s) verticilo (s) de estames e o perianto. de um gametófito.
Disco nectarífero intra- estaminal Disco nectar ífero posicio ¬ Endexina Região inferior da nexina, a região mais interna da
nado entre o androceu (verticilo ou verticilos de estames) e exina (ver Figura 4.49) .
o gineceu. Endocarpo Região interna da parede do fruto ou pericarpo,
Dissecta Profundamente dividida em segmentos estreitos. como no caroço do pêssego ou das cerejas (Prunus, Rosa -
Distilia Flores de indivíduos diferentes da mesma espécie apre ¬ ceae).
sentando comprimentos diferentes de estilete, com frequên ¬ Endosperma Tecido nutritivo geralmente triplóide presente
cia o comprimento dos estames variando no sentido inverso; nas sementes da maioria das angiospermas, deriva da fusão
trata -se de um mecanismo que promove a polinização cru ¬ de um gameta masculino com os dois núcleos polares do ga ¬

zada. metófito feminino.


572 GLOSSáRIO

Endosperma celular Divisão do n cleo do endosperma prim á ¬


Espá dice Espiga com um eixo carnoso e espessado, como
rio e subsequentes divisões nucleares imediatamente segui¬ acontece em Araceae.
das pela formação de paredes celulares. Espata Bráctea grande que protege ou subtende uma inflores¬
Endosperma helobial Desenvolvimento do endosperma em cência, como acontece com as vistosas brácteas das inflores¬
que o n cleo primário do endosperma se divide formando cências de Araceae.
uma parede transversal e criando uma pequena célula calazal Especia çã o Processo evolutivo ao longo do qual são formadas
e uma célula micropilar muito maior, seguidas de uma se ¬ as espécies.
quência de divisões nucleares livres na célula micropilar e, às Especiaçã o aiopá trica Divergência de populações geografica ¬
vezes, na célula calazal. mente isoladas que promove a evolução de novas espécies.
Endosperma nuclear Sucessivas divisões do n úcleo primário Especiação alopoliplóide Formação de uma nova espécie se ¬

do endosperma sem formação de parede celular (divisões guida da duplicação do número cromossômico no híbrido.
nucleares livres), levando à produção de uma massa de pro ¬ Especiaçã o geográ fica Ver Especiação aiopátrica.
toplasma multinucleada; às vezes convertida em tecido celu ¬ Especia çã o local Divergência de populações pequenas e geo¬
lar mais tarde. graficamente isoladas na periferia da distribuição da espécie
Endosperma ruminado Endosperma com prolongamentos in ¬ parental, em geral como resultado da combinação de sele ¬
ternos irregulares ou regulares da testa. ção natural e deriva gênica, promovendo a formação de uma
Endotécio Delimitação interna do lóculo da antera, geralmente nova espécie.
fibroso. Especia ção por hibridiza çã o Produção de uma nova espécie a
Enra izamento (de á rvores evolutivas) Determinação da posi ¬
partir da hibridização de duas ou mais espécies parentais.
ção da raiz, isto é, a conversão de uma rede de dados em uma Especiaçã o simpátrica Especiação sem o estabelecimento de
árvore evolutiva (ou cladograma), o que confere uma direção barreiras geográficas; em plantas em geral envolve hibridiza¬

às hipóteses de modificações de estados de cará ter. ção e subseq úente poliploidização.


Entren ó Região caulinar entre dois nós adjacentes (ver Figu ¬ Espécie O agrupamento básico dos organismos (ver definições
ra 4.2). dos diferentes conceitos de espécie no Capítulo 6, páginas
Enzimas de restriçã o Uma dentre uma sé rie de enzimas iso ¬ 144-146).
ladas a partir de diversas bactérias, que cortam o DNA em Espécie nativa Espécie que ocorre naturalmente em uma re ¬

determinadas sequências de nucleotídeos. gião.


Epic ótilo Região do caule embrionário acima dos cotilédones e Espécie naturalizada Espécie que foi transportada para outra
abaixo das próximas folhas do eixo embrionário. região pela ação humana e que consegue reproduzir- se e
Epiderme Camada mais externa de células do corpo primário propagar-se sem intervenção do homem.
da planta, com frequência providas de paredes fortemente Espécies crípticas Espécies que estão reprodutivamente isola ¬
espessadas. das, mas que fenotipicamente são muito parecidas e de difícil
Epifilia Flor ou inflorescências dispostas em cima de uma folha . distinção.
Epífita Uma planta que cresce sobre outra planta, utilizada Espé cies- irm ã s Taxa reprodutivamente isolados sem muita
como suporte. divergência fenotípica; també m chamadas de espécies críp ¬
Ep ígina Flor cujo perianto e estames se encontram dispostos ticas.
acima do ovário (ver Figura 4.1); portanto o ovário é ínfero. Espécime tipo Espécime que carrega o nome de uma espécie
Epimá cio Escama ovulífera modificada que cobre parcialmente ou táxon infra-específico.
o óvulo em integrantes de Fbdocarpaceae. Espiga Inflorescência simples e indeterminada provida de um
Epíteto específico A segunda palavra em um nome específico eixo único que porta flores sésseis (ver Figura 4.30).
binomial; em geral um adjetivo que modifica o nome gené ri¬ Espigueta Espiga pequena, a unidade de inflorescência básica
co, como alba no nome Quercus alba. de integrantes de Poaceae e Cyperaceae.
Equitante Folhas dísticas achatadas no plano de inserção foliar Espinho Folha ou estipula reduzida e pontiaguda, ou dente
e providas de duas faces que são morfológica e anatomica ¬ marginal pontiagudo.
mente idênticas (isto é, são unifaciais), como em íris e taxa Esporâ ngio Estrutura que porta ou carrega esporos.
afins (Iridaceae). Esporã o Excrescências de formatos diversos nos filetes ou co-
Erosa Margem irregular, provida de dentes arredondados a nectivos de Melastomataceae e Ericaceae e alguns outros
afiados (Figura 4.12). taxa; também utilizado para expansões nectaríferas tubulosas
Erva Planta desprovida de caule aéreo lenhoso e que pode do cálice ou da corola (nectário tipo esporão).
morrer (nas anuais) ou ficar dormente (nas ervas perenes) no Esporã o Projeção estreita e oca em forma de saco de uma peça
final da estação de crescimento. floral, em geral uma sé pala ou pétala.
Escabro Áspero. Esporo Célula reprodutiva que resulta de divisões celulares
Escama da gema Folha protetora reduzida, associada com uma meióticas em um esporângio.
gema. Esporocarpo Folhas reprodutivas especializadas das Marsile -
Escama peitada Pêlo em forma de guarda-chuva ou escudo. aceae.
Escapo Caule ereto e desprovido de folhas que porta uma flor Esporofilo Folha modificada que carrega um ou mais espo-
ou inflorescência no á pice; geralmente composto por um rângios.
único entrenó alongado. Esporófito Geração diplóide e produtora de esporos no ciclo
Esdereídes Célula morta na maturidade, que apresenta uma reprodutivo de uma planta.
parede espessa e geralmente lignificada e que não é forte ¬ Esporopolenina Polímero com hidrocarbonetos saturados e
mente alongada em nenhum sentido. insaturados e fenóis que estão interligados; o biopolímero
Escuteio Cotilédone especializado em forma de escudo em in ¬
mais resistente da Terra.
tegrantes de Poaceae que se encontra lateralmente ligado ao Esquizocarpo Fruto seco a raramente carnoso que se divide em
resto do embrião. segmentos contendo uma ou poucas sementes (mericarpos) .
GLOSSáRIO 573

Estado de caráter Uma das diversas condições (ou valores) em Evolu çã o Mudanças genéticas em uma linhagem (linha de
que se observa um caráter dentro de um táxon. descendência) através do tempo.
Estame Parte da flor que porta o pólen, composta de um file ¬ Evolu ção convergente Evolução de caracteres similares a
te (ped nculo) e a antera (sacos polínicos, esporângios) (ver partir de condições ancestrais diferentes, como resultado de
Figura 4.16). pressões seletivas similares operando em taxa que n ão estão
Estames did í namos Quatro estames, dois longos e dois curtos. proximamente relacionados; por exemplo, a evolução de su ¬
Estames epipétalos Estames adnatos (fusionados) com a co ¬ culê ncia em Cactaceae e em Euphorbiaceae africanas ou de
rola. folhas carnívoras em Sarraceniaceae e Nepenthaceae.
Estames monadeifos Estames cujos filetes estão fusionados Exina Camada mais externa das duas camadas da parede de
formando um tubo. um grão de pólen (ver Figura 4.49).
Estames sin â nteros Estames fusionados pelas anteras. Exina tectada Exina cuja camada externa ou teto é sustentada por
Estames tetrad ínamos Quatro estames longos e dois estames numerosas colunas pequenas (columelas) (ver Figura 4.49).
curtos. N
Exocarpo Camada mais externa da parede de um fruto ou pe-
Estamin ódio Estame estéril. ricarpo.
Estandarte Pétala distinta e em geral maior em algumas flores, Fa Iso ind sio Em samambaias, uma margem foliar revoluta ou
espedalmente de Fabaceae, subfam. Faboideae; também co¬ lobo marginal que protege esporângios que estão se desen ¬
nhecida como vexilo. volvendo em soros.
Esteróides Moléculas hidrófobas baseadas em quatro an éis Fam ília Categoria taxonômica abaixo de ordem e acima de gê ¬
de carbono conectados; com frequência fisiologicamente nero; em uma classificação filogenética, um grupo monofilé-
ativas. tico de gê neros.
Estigma Rute do carpelo (ou de vários carpelos fusionados) que Fascículo Inflorescência axilar reduzida (determinada ou in ¬
recebe o pólen e facilita a germinação deste (ver Figura 4.16). determinada), com flores agrupadas densamente e sem um
Estilete Parte do carpelo mais ou menos alongada (ou de vá ¬ eixo de inflorescência óbvio (ver Figura 4.30) .
rios carpelos fusionados) entre o estigma(s) e o (s) ovário (ver Feixe cortical Feixe vascular que ocorre no córtex de um caule.
Figura 4.16), especializada para o crescimento dos tubos po¬ Feixe da medula Febre vascular que ocorre na medula de um
línicos. caule ou dentro de um cilindro vascular ou anel de febres vas ¬
Estilete ginobá sico Estilete que parece inserido na base do culares dentro de um pecíolo.
ovário. Feixe vascular bicolateral Febre vascular com floema em am ¬
Estilete terminal Estilete que surge na base do ovário. bos os lados (abaxial e adaxial) do xilema.
Estilopódio Porção basal expandida e nectarífera do estilete Feixe vascular colateral Feixe vascular com floema em um dos
das flores de Apiaceae. lados e xilema no outro.
Estipe Pecíolo da folha de uma samambaia; o termo à s vezes é Fen ética Metodologia para classificar os organismos com base
utilizado de um modo mais geral, para aplicação no caso de na sua semelhança geral, isto é, a soma das semelhanças e
qualquer tipo de pedúnculo, como em um carpelo estipitado diferenças, assumindo que as taxas de mudanças são uni¬
ou pedunculado. formes.
Estipula Um ou dois apêndices geralmente dispostos nos lados Fenograma Diagrama em forma de árvore que representa rela ¬
ou na base do pecíolo; parte da folha. ções fenéticas e onde os taxa são agrupados com base na sua
Estipula interpeciolar Estipula posicionada no n ó, entre a base semelhança geral.
peciolar de folhas opostas. Fen ótipo Caráter ou caracteres observáveis em um indivíduo.
Estiva çã o quincuncial Peças periânticas sobrepostas deste Fertilização Fusão dos n cleos do gameta feminino e mascu ¬

modo: duas com ambas as margens expostas no botão, duas lino.


com ambas as margens dentro do botã o e uma com uma Fibra Qualquer célula de parede espessa e lignificada.
margem dentro e a outra fora do botão. Filá ria Bráctea involucral do capítulo das Asteraceae.
Estol ão Rizoma que apresenta entrenós alongados; ver Rizoma. Filete Pedúnculo de um estame (ver Figura 4.16).
Est ô mato Abertura controlável entre duas células- guarda na Filo Categoria taxonômica abaixo de Reino e acima de classe;
epiderme de uma planta vascular (e musgos). em plantas é geralmente chamada de divisão.
Estrigoso Que apresenta pêlos rígidos, todos apontando na Filod á dio Caule achatado e foliáceo.
mesma direçã o. Filogenia História evolutiva de um grupo de organismos.
Estróbilo Estrutura em forma de cone formada por folhas pro ¬ Fitomelano Substância opaca, preta e carbonácea que forma
dutoras de esporos modificadas e inseridas diretamente em uma crosta na testa das sementes da maioria das Aspara-
um eixo. gales.
Estrutura floral exserta Estrutura que se estende além da co¬ Flagelo Estrutura móvel, em forma de cauda, presente em mui¬
rola. tas células eucariontes e que apresenta um arranjo de micro-
Estrutura prim á ria de uma proteína Sequência de aminoáci- t bulos de nove mais dois.
dos em uma proteína. Flavon óide Composto fenólico que geralmente ocorre em um
Estruturas secretoras Cavidades, duetos e outras estruturas sistema de anel derivado através da ciclização de um inter¬
glandulares que produzem algum tipo de secreção (néctar, mediário a partir de derivados de ácido cinâmico e três molé ¬
óleos, resinas, compostos voláteis, etc.).
Eusporâ ngio Forma comum de esporâ ngio nas embriófitas,
-
culas de malonil CoA (ver página 98) .
Floema Tecido condutor de sacarose nas plantas vasculares,
séssil e provido de parede formada de muitas camadas de composto por células ou elementos crivados, células paren -
células. quimáticas, fibras e esclereídes.
Eustelo Feixes vasculares de um caule formando um anel Floema interno Floema primário na forma de fibras ou de anel
completo quando observados em secçã o transversal (ver contínuo (em secção transversal) no limite mais interno do
Figura 4.39). xilema.
574 GLOSSá RIO

Floema secund á rio Floema produzido peio câmbio vascular. Folha composta Folha provida de dois ou mais folíolos.
Flor Estrutura reprodutiva das angiospermas, consistindo em Folha escamiforme Folha pequena e achatada em forma de
um ramo modificado e determinado, o eixo floral ou recep - escama.
táculo que carrega folhas modificadas, as peças periânticas, Folha palmado-composta Folha com mais de três folíolos li¬
estames e/ ou carpelos. gados em um mesmo ponto, como os dedos de uma mão
Flor assim étrica Flor que carece de um plano de simetria, isto (ver Figura 4.5).
é, nem radial, nem bilateral. Folha pinado-composta Folha composta por mais de três fo ¬
Flor bissexual Flor que apresenta ao mesmo tempo androceu líolos ligados ao longo de um eixo ou raque em ambos os
(estames) e gineceu (carpelos); também chamada de flor lados, isto é, como em uma pena (ver Figura 4.5).
perfeita . Folha séssil Sem pecíolo.
Flor carpelada Flor com gineceu (carpelo ou carpelos), mas Folha simples Com uma nica lâ mina.
desprovida de androceu (estames) funcional. Folha trifoliolada Folha composta por três folíolos; com fre ¬
Flor completa Flor provida de perianto, androceu e gineceu. quência denominada trifoliada.
Flor do disco Flor de simetria radial de muitos integrantes das Folha unifacial Folha com as duas superf ícies semelhantes, isto
Asteraceae. é, não diferenciadas anatomicamente em superf ície adaxial
Flor do raio Flor carpelada ou estéril, zigomorfa, em forma de e abaxial.
fita e freqiientemente provida de três lobos apicais que ocor¬ Folha unifolioiada Folha composta que, por meio de redução
rem ao redor da periferia dos capítulos de muitas Asteraceae. evolutiva, apresenta um nico folíolo que pode ser distingui ¬
Flor estaminada Flor com androceu (estames), mas desprovida do de uma folha simples pela presença de pulvino na junção
de gineceu (carpelo ou carpelos) funcional. lâmina - pecíolo (p. ex., Citrus e muitas Berberis ) .
Flor gatilho Flor com uma ou mais partes móveis que deposi ¬
Folhas alternas Folhas que se inserem uma por nó ao longo
tam forçosamente o pólen no polinizador. do caule (ver Figura 4.4); estas folhas podem ter disposição
Flor imperfeita Flor que carece ora do androceu (estames), ora espiralada, dística, etc.
do gineceu (carpelos); também chamada de flor unissexual. Folhas dec íduas Folhas que caem (apresentando abscisão) no
Flor incompleta Flor que carece de uma ou mais peç as flo ¬ final da estação de crescimento.
rais, isto é, carece ou do perianto ou do androceu e/ou do Folhas d ísticas Folhas alternas dispostas ao longo dos dois la ¬

gineceu. dos do caule (em ângulo de 180 graus entre si), isto é, todas
Flor ligulada Flor com corola geralmente em forma de fita e as folhas estão no mesmo plano.
provida de cinco dentes, caracter
ística de muitas Asteraceae. Folhas tr ísticas Folhas dispostas em três planos, ao longo do
Flor perfeita Flor que apresenta androceu (estames) e gineceu caule.
(carpelos) .Também conhecida como flor bissexual . Folhas verticiladas Três ou mais folhas dispostas em um ú nico
Flor per ígina Flor com as peças periânticas e estames dispos ¬
nó.
tos em um hipanto que rodeia o ovário supero, sem estar fu ¬ Fol ículo Fruto seco ou raramente carnoso derivado de um ni¬
sionado com ele (ver Figura 4.21). co carpelo que se abre ao longo de uma única sutura longitu¬

Flor simpétala Flor com pétalas fusionadas. dinal (geralmente adaxial).


Flor sinsé pala Flor com sépalas fusionadas. Fol íolos Uma das lâ minas que compõe uma folha composta.
Flor sinté pala Flor com tépalas fusionadas. Fó rmula floral Fórmula que resume a simetria floral, bem como
Flor unissexual Flor que carece do androceu (estames) ou do o número, a fusão e a inserção das partes florais.
gineceu (carpelos); ver Flor imperfeita. Fotoss íntese Reação bioquímica que ocorre no cloroplas-
Flora Enumeração das plantas que ocorrem em uma área geo¬ to onde se captura a energia solar a qual é convertida em
gráfica em particular, geralmente apresentando chaves, des¬ energia química, seguida da fixação do dióxido de carbono
crições, ilustrações e mapas de distribuição; termo também e pela síntese de fosfatos de glicose que são convertidos em
aplicado para o conjunto de plantas que ocorre em uma de ¬ sacarose.
terminada região. Fronde Folha das samambaias, geralmente grande e muito di ¬
Flósculo Flor muito pequena, especialmente como aquelas dos vidida ou lobada.
membros das Asteraceae, Cyperaceae e Poaceae; termo às Fruto Ovário maduro junto com as partes associadas, tais como
vezes aplicado às flores associadas com estruturas bracteo- o hipanto adnato de Malus (a maçã, Rosaceae).
ladas. Fruto acessó rio Fruto (ou grupo de frutos) no qual, além do
Fluxo g ê nico Movimento de alelos entre e fora de populações. gineceu maduro, outras estruturas fazem parte funcional do
Folha Estrutura achatada e geralmente fotossintética da planta, fruto.
disposta em um ramo ou caule (eixo) (ver Figura 4.2), ou de Fruto agregado Fruto que se desenvolve a partir de muitos
modo mais geral em angiospermas, uma estrutura apendi ¬ carpelos separados de uma única flor.

'
cular de crescimento determinado, geralmente subtendendo Fruto m ú ltiplo Fruto produzido pelo gineceu de muitas flores
uma gema ou um ramo. densamente agrupadas.
Folha assim étrica Folha sem um plano de simetria; frequen - Fruto simples Fruto que se desenvolve a partir de um ú ni ¬

temente com um dos lados mais largo que o outro e com a co carpelo ou de muitos carpelos fusionados de uma única
base oblíqua. flor.
Folha bifacial Folha que apresenta faces abaxial e adaxial ana ¬
Fruto viv í paro Fruto cujas sementes germinam enquanto o
tomicamente distintas. fruto está ainda preso à planta parental como em muitas es ¬
Folha bijugada Folhas compostas com quatro folíolos, sendo pécies de mangue.
dois de cada lado. Fun ícuio Pedúnculo de um óvulo.
Folha bipinado-composta Folhas com duas ordens de eixos e Funiforme Em forma de funil.
com os folíolos dispostos em eixos de segunda ordem (ver Gameta Célula hapióide que se fusiona com outra para dar ori¬
Figura 4.5). gem a um zigoto.
GLOSSá RIO 575

Gameta masculino Gameta m óvel, frequentemente flagelado, Globoso Mais ou menos esf érico.
formado em um anter ídio ou em um gametófito masculino Glucosinolatos Glicosídeos hidrolisados por mirosinases que
reduzido. lhes conferem sabor picante de mostarda.
Gametâ ngio Estrutura produtora de gametas, por exemplo, ar- Glumas Par de brácteas na base da espigueta de uma gramínea.
quegônios ou anter ídios. Grão Ver Cariópse.
Gametófito Geração haplóide produtora de gametas do eido Grupo monofil ético Grupo composto por um ancestral e todos
reprodutivo das plantas. seus descendentes e diagnosticado por sinapomorfias (carac ¬
Gavinha Estrutura alongada e enrolada (gerada a partir de uma teres derivados compartilhados), um ciado.
inflorescência, folha ou caule modificados) que permite que a Grupo parafilético Grupo que contém um ancestral e alguns,
planta se enrole em outras ou em um substrato. mas não todos, dos seus descendentes; tal grupo é diagnosti
¬

Gema Pequeno ramo embrionário, floral ou vegetativo, com cado por simplesiomorfias.
frequência protegido por folhas modificadas (escamas da Grupo polifilético Grupo com dois ou mais ancestrais, mas
gema), estipulas ou pêlos. não incluindo o verdadeiro ancestral em comum de todos
Gema (em reprodu ção vegetativa) Estrutura em forma de gema seus integrantes.
ou grupo de células que se separam da planta-mãe e crescem Grupos- irmãos Dois taxa que são os parentes mais próximos
independentemente. um do outro.
Gema acessó ria Gema produzida na lateral, acima ou abaixo H á bito Aparência geral de uma planta, seja árvore, arbusto, lia ¬
da gema axilar. na, erva, etc.
Gema axilar Gema localizada na axila foliar (ver Figura 4.2). Haplóide Com um complemento cromossômico completo no
Gema n ua Gema não coberta por escamas foliares. núcleo.
Gema pseudoterminal Gema axilar que assumiu as funções de Haustó rio Raiz especializada das plantas parasíticas que pene¬
uma gema terminal em um ramo simpodial. tra em outra planta e absorve água e nutrientes.
Gema terminai Gema no á pice de um caule (em um caule mo- Hemiparasita Planta parasítica verde e capaz de produzir pelo
nopodial) . menos parte dos seus carboidratos, mas que apresenta a
Gemas superpostas Gemas localizadas acima ou abaixo da conexão haustorial com outra planta através da qual obtém
gema axilar. água e alguns carboidratos.
Gene Segmento de DNA que controla um caráter herdável. Herbáceo Não lenhoso; que morre (nas espécies anuais) ou
Genealogia Ver Filogenia . fica em repouso (nas herbáceas perenes) no final da estação
Gênero Categoria taxonômica abaixo de família e acima de es- de crescimento.
péde; em uma classificação filogenética, os gêneros são gru ¬ Herbá rio Local onde uma coleção de plantas é armazenada,
pos monofilé ticos de espécies. normalmente onde as plantas são prensadas, secas e mon ¬
Genoma Todo o DNA (material genético) das células de uma tadas em uma cartolina, identificadas e etiquetadas com a
espécie em particular; em eucariontes fotossintéticos com ¬ localidade de proveniência, hábitat e data, de modo que pos-
preende os genomas nuclear, de cloroplasto e mitocondrial. teriormente possam ser estudadas.
Genoma de cloroplasto Fita circular de DNA do cloroplasto, Heterofilia Variação na forma das folhas ao longo da vida da
um endossimbionte dentro de uma célula eucarionte hospe ¬ planta, por exemplo, folhas de sol ou sombra ou folhas adul¬
deira. tas e juvenis.
Genoma mitocondrial Genes contidos na fita circular de DNA Heterom ó rfico Que apresenta duas ou mais formas diferentes.
da mitocôndria, um endossimbionte da célula eucariótica Heterosporado Que produz dois tipos de esporos; esporos pe ¬
hospedeira. quenos (micrósporos) que originam gametófitos masculinos
Genoma nuclear DNA nos cromossomos dentro do núcleo de e, esporos geralmente grandes (megásporos) que originam
uma célula eucariótica. gametófitos femininos.
Genótipo Constituição genética de um indivíduo. Heterostilia Flores de diferentes indivíduos da mesma espécie
Gera ção F, Primeira geração filial; progénie resultante do cru ¬ apresentam dois ou três comprimentos diferentes de estilete,
zamento de duas espécies ou entre duas entidades genetica ¬ com frequência o comprimento dos estames varia de modo
mente diferentes. inverso; trata -se de uma estratégia que promove a poliniza ¬
i Gineceu Termo coletivo para todos os carpelos de uma flor (ver
Figura 4.16) .
ção cruzada.
Heterozigose Presença de dois ou mais alelos (formas molecu ¬
Gineceu pseudomon ômero Com falsa aparência de um único lares de um gene em particular) em um mesmo indivíduo.
carpelo, devido à extrema redução de um ou mais carpelos. Hexapl óide Com seis complementos cromossômicos comple ¬
Ginóforo Pedúnculo que carrega um gineceu. tos em uma célula.
Glabro Desprovido de pêlos. Hibridização Processo de formação de um híbrido.
Glâ ndula de óleo Glândula que produz óleos, isto é, hidrocar- H í brido Progénie de dois organismos que pertencem a dife ¬
bonetos de cadeia longa. rentes espécies ou gêneros.
Glâ ndulas pel úcidas Manchas translú cidas na superf ície das Hilo Cicatriz em uma semente que indica o ponto de conexão
folhas, brácteas, pétalas ou outras estruturas, em geral re ¬ com o funículo, o pedúnculo do óvulo.
sultantes da presença de cavidades de óleos arom áticos no H ipanto Estrutura achatada, em forma de taça ou tubulosa na
mesóíf lo foliar ou outros tecidos parenquimáticos. qual estão dispostos as sépalas, pétalas e estames (ver Fi ¬
Glauco Provido de uma cobertura cerosa, frequentemente com gura 4.21). Esta estrutura geralmente é formada pelas bases
aparência branca ou azulada. fusionadas das peças periânticas e dos estames ou a partir
Glicosídeos Compostos orgâ nicos que produzem açú cares de um receptáculo modificado; também é chamada de tubo
quando hidrolisados. floral.
Glicos ídeos cianogênicos Compostos defensivos que são hi¬ Hipocótilo Região caulinar do embrião localizada abaixo dos
drolisados para liberar cianeto de hidrogénio. cotilédones (ou cotilédone) .
576 GLOSSáRIO

Hipocrateriforme Corola provida de um tubo floral fino e es ¬


As flores mais basais ou externas geralmente desabrocham
treito que na porção distai se expande abruptamente, expon ¬ em primeiro lugar e o eixo principal (e eixos laterais, quando
do os lobos. presentes) geralmente se alonga durante o desenvolvimento
Hipoderme Camada ou camadas de células diferenciadas abai ¬ das flores, sem produção de flores terminais.
xo da epiderme. Infrutescência Inflorescência madura, com flores substituídas
Hipógina Flor com peças periânticas e estames surgindo abai ¬ por frutos.
xo do ovário, portanto, o ovário é súpero (ver Figura 4.21). Inserção das pe ças florais Padrão de inserçã o das peças florais
Hirsuto Provido de pêlos longos e í rgidos. no receptáculo.
H íspido Provido de pêlo duro e áspero; eriçado. Intectada Exina sem teto (camada mais externa separada
Holoparasita Planta desprovida de clorofila e que obtém toda das camadas mais internas por pequenas colunas) (ver Fi¬
sua água e nutrientes a partir de outros indivíduos (hospe ¬ gura 4.49).
deiros) através de conexões haustoriais. Intina Camada interna da parede do grão de pólen com duas
Hol ótipo Único espécime de uma espécie ou táxon infra-espe - camadas (ver Figura 4.49) . v
cífico designado como tipo pelo autor do nome do táxon; ou Introgressã o Incorporação permanente de genes de uma es ¬
o nico exemplar designado pelo autor como tipo ou holóti ¬ pécie em outra através de hibridização e retrocruzamento
po. O espécime que carrega o nome. extensivos.
Homologia Semelhança devido à herança de um caráter atra ¬ íntron Porção não-codificante de um transcrito gênico, removi ¬

vés de um ancestral em comum. da antes da tradução em proteína.


Homónimo Nome de escrita idêntica ao nome de uma outra Inulina Oligossacarídeo que contém cerca de 30 unidades de
planta. frutose (e possivelmente também algumas de glicose)
Homoplasia Semelhança devido a paralelismo ou reversão de Invólucro Série de brácteas que rodeiam uma flor ou inflores ¬

estados de cará ter. cência .


Homosporado Que produz um único tipo de esporos, todos do Invólucros da semente Camada ou camadas externas e prote¬
mesmo tamanho e que gerarão gametófitos bissexuais. toras da semente, desenvolvidas a partir do(s) tegumento(s) .
Homozigose Presen ça de um único alelo (forma molecular de Involuto Com margens enroladas para dentro, em direção a
um gene em particular) em um mesmo indivíduo. superf ície adaxial (ver Figura 4.14).
Identificação Determinação do nome de uma planta desco ¬ Iridóides Derivados de uma unidade terpênica simples, provi ¬
nhecida. dos de nove ou dez carbonos.
Imbricado Que se sobrepõe, como as telhas de um telhado ou Iridóides carbocídicos Iridóides com dois sistemas de anéis,
as escamas de um peixe. um deles completamente constituído por carbonos (ver pá ¬

Imparipinada Folha composta com um n úmero ímpar de folí- gina 98).


olos, isto é, com um folíolo terminal (ver Figura 4.5). Isótipo Espécime duplicado do holótipo, sendo parte do
Inclusivas Propriedade das hierarquias de uma classificação, mesmo indivíduo ou da mesma coleta que constitui o ho ¬
onde categorias menores ou grupos menos inclusivos estão lótipo.
contidas dentro de categorias superiores ou grupos taxonô- Labelo Pétala mediana do perianto de uma orquídea; elemento
micos mais inclusivos. adaxial do verticilo de pé talas (que, devido à ressupinação da
Incluso Dentro de outra estrutura, como os estames inclusos e flor, na antese normalmente aparece em posição inferior) e
ocultos dentro de uma corola, ou febres esparsos de floema diferenciada das outras peças periânticas pelo tamanho, for ¬

rodeados por xilema secundário. ma ou coloração; em Zingiberales, o termo se aplica aos dois
I ndeiscente Que não se abre. estaminódios grandes, petalóides e conatos que em conjunto
índice de consistência Medida do nível de homoplasia de um formam uma estrutura petalóide conspícua.
cará ter (ou de todos os caracteres em um cladograma), igual Lactona sesquiterpênica Tipo de molécula terpenóide, conhe ¬
ao n úmero mínimo de mudanças possíveis dividido pelo nú ¬ cida principalmente para Asteraceae.
mero real de mudanças observadas na árvore (ou no compri¬ Lacuna foliar Interrupção parenquimatosa do tecido vascular
mento total da árvore). secundário das angiospermas deixada pela passagem de fei ¬

índice de decaimento Número de passos adicionais requeri ¬ xes vasculares (ou traços) em direção às folhas; assim, uma
dos para encontrar árvores (cladogramas) que não conectem região trilacunar apresentará três lacunas deixadas pela pas ¬

determinados grupos de taxa. sagem de três feixes vasculares.


índice de retenção Medida aplicável a um cará ter ou a todo um Lâ mina Parte achatada e fotossintética da folha (ver Figura 4.3)
conjunto de caracteres de um cladograma e que indica (para ou dos folíolos, no caso de folhas compostas.
uma determinada topologia) quanto da variação observada Lanceolado Estreitamente ovado a estreitamente elíptico, o
para o caráter reflete verdadeiras sinapomorfias; assim este termo é ambíguo e sua utilização não é recomendada.
índice é uma medida do quanto um caráter é informativo em Lanuginoso Lanoso, com pêlos longos um tanto enredados.
termos filogenéticos. Laticífero Célula ou série de células tubuiosas, ramificadas ou
Indumento Termo coletivo para os pêlos (ou tricomas) na su ¬ não, contendo látex.
perf ície de uma planta. Legume Fruto geralmente seco e alongado derivado de um
Ind sio Dobra ou excrescência protetora que cobre os soros único carpelo e que em geral apresenta deiscência explosiva
imaturos das samambaias e que se desenvolve na superf ície ao longo de duas suturas longitudinais; o tipo de fruto mais
abaxial da folha (ou fronde). frequente nas Fabaceae.
Inflorescência determinada Inflorescência cujo eixo foi trans ¬ Lema A mais externa ou inferior dentre as duas brácteas que
formado em uma flor, o que decorre no fim do desenvolvi ¬
rodeiam a flor das gramíneas.
mento desse eixo. Lenhoso De textura í rgida (contendo xilema secundário).
Inflorescência indeterminada Inflorescência cujo eixo princi ¬ Lenticela Protuberância verrucosa na superf ície do caule e que
pal produz apenas flores laterais, ramos ou grupos de flores. está envolvida no intercâmbio gasoso.

JL
GLOSSáRIO 577

Leptosporâ ngio Esporângio pedunculado cujas paredes apre ¬ Megasporâ ngio Estrutura multicelular produtora dos megás
sentam uma célula de espessura (e, na maioria das samam ¬ poros.
-
baias, uma fileira de células especializadas, o ânulo). Megá sporo Esporo que germina e produz um gametófito fe¬
Liana Planta lenhosa trepadeira.
minino (megagametófito) .
Liga ções pept ídicas Ligações que unem os aminoácidos em Meiose Processo de divisão nuclear em dois passos, o qual
uma proteína. reduz o nú mero cromossômico de uma célula pela metade
Lígula Projeção adaxial no ápice de uma bainha foliar, como (nú mero haplóide) .
em Zingiberaceae e Poaceae. Membranoso Fino, tenro e flexível, como uma membrana;
Linear Longo e muito estreito; isto é, estreitamente oblongo. também chamado membranáceo.
Linha filética Mudança gradual de um caráter em uma árvore
evolutiva ( dadograma).
-mera A estrutura numérica de uma flor. Assim, uma flor de
Lilium é 3- mera e uma flor de Geranium é 5-mera.
Linhagem Sequência de populações descendentes de um an¬ Mericarpo Segmentos com uma ou poucas sementes de um
cestral em comum. x esquizocarpo.
Litocisto Célula expandida contendo um dstólito (uma con ¬ Meristema apical Grupo de células em divisão no ápice em
creção grande, em forma de cristal). crescimento de um caule ou raiz.
Lobado que apresenta projeções grandes e arredondadas ao Metabó litos primá rios Moléculas que fazem parte essencial
longo da margem (ver Figura 4.12). das rotas metabólicas de um organismo.
Lóculo Compartimento, cavidade ou câmara dentro do ovário Metab ó litos secund á rios Diversos compostos secundários de
ou da antera. importância ecológica.
Lod ículas Pe ças periânticas reduzidas, em Poaceae. Micorriza Associação simbiótica entre diversos fungos e raízes
Lomento Fruto seco e esquizocárpico derivado de um nico de plantas vasculares.
carpelo e que se quebra transversalmente em segmentos Microespécies Séries de populações minimamente diferencia ¬
unisseminados. das derivadas de reprodução uniparental (por autopoliniza-
Macroblasto Ramo com entrenós longos; este teimo se aplica ção ou por reprodução assexuada).
apenas em plantas onde o comprimento dos entrenós é cla ¬ Micr ófilo Folha pequena provida de uma ú nica nervura e não
ramente bimodal e tanto macroblastos quanto braquiblastos associada com uma lacuna foliar no sistema vascular central
(com entrenós curtos) estão presentes. (esteio); caracter
ística das licopodiófitas.
Mangue Árvore tropical que cresce em regiões costeiras ou es ¬ Microgametófito Gametófito masculino.
tuários, sob a influência das marés e que apresentam diversas Micromorfologia Estudo das estruturas diminutas e caracteres
adaptações tais como tolerânda ao sal, viviparidade ou de ¬ superficiais que são mais bem observados com o auxílio de
senvolvimento de raízes-escora. A palavra também se aplica microscopia eletrónica de varredura.
à comunidade dessas árvores em uma região. Micropêlo Pêlo diminuto, bicelular, encontrado nas folhas da
Marcescente Que murcha, mas permanece na planta. maioria das Poaceae.
Margem crenada Margem com dentes arredondados (ver Fi¬ Microsporâ ngio Esporângio que produz micrósporos.
gura 4.12). Micrósporo Esporo que germina e produz um gametófito mas ¬
Margem denteada Com dentes grossos, perpendiculares à culino.
margem (ver Figura 4.12). Microsporócito Célula que através da meiose origina os mi ¬
Margem dupiamente serreada Margem com dentes grossos crósporos ou pólen.
que, por sua vez, apresentam dentes menores (ver Figura Mitose Divisã o nuclear que mant ém o n úmero cromossômico
4.12). parental nas células-filhas e que é a base do aumento de ta¬
Margem inteira Provido de margem lisa, sem dentes (ver Fi¬ manho e da reprodução assexual nas plantas.
gura 4.12). Mâ nade Em geral, um único grão de pólen, livre dos outros.
Margem serreada Margem com dentes como de serra. Monocolpado Grão de pólen com uma única abertura longa,
Marinho Encontrado na água do mar (e não na água doce). em forma de sulco (ver Figura 4.47).
Mecanismo de isolamento Mecanismo que previne o fluxo gê - Monografia Estudo taxonômico compreensivo de um determi ¬
; nico entre espécies próximas. nado grupo taxonômico, incluindo chaves, descrições, ilus¬
Mecanismo de polinizaçã o por êmbolo Mecanismo de apre ¬ trações, mapas de distribuição, etc.
senta çã o secundá ria do pólen no qual o estilete modifica ¬ Mon óica Flores estaminadas e carpeladas separadas e produzi¬
do remove o pólen das anteras (com deiscência introrsa) e das em indivíduos diferentes.
o apresenta aos polinizadores. Este mecanismo ocorre nas Monoporado Grão de pólen provido de uma única abertura
flores de integrantes de Campanulaceae, Asteraceae e outras em forma de poro (ver Figura 4.47).
poucas famílias. Monossulcado Gr o de pólen com uma única e longa abertura
Mecanismos de isolamento reprodutivo Qualquer atributo como sulco, situada na região polar (ver Figura 4.47).
herdável que previne a reprodução entre uma ou mais popu ¬ Monotélica Ver Inflorescência determinada.
lações geneticamente divergentes. Morfologia Estudo da forma e estrutura (especialmente exter¬
Medula Tecido macio no centro de um caule, geralmente con ¬ na) dos seres vivos.
sistindo em células mais ou menos isodimé tricas. Mucilagem Fluido pegajoso frequentemente composto por po-
Meg áfilo Folha grande em que se acredita que tenha evoluído lissacarídeos.
por aplanamento e interconexão de um sistema de ramos Multivalente Agrupamento (sinapse) de três ou mais cromos ¬
laterais, característica das samambaias e plantas com se ¬ somos em uma célula durante a meiose.
mentes e que formam lacunas no sistema vascular central Mutação Uma mudança herd ável na estrutura molecular do
(ou esteio). DNA.
Megagametófito Gametófito feminino, por exemplo, o saco Mutação pontual Mudança em um único nucleotídeo de um
embrionário das angiospermas. segmento de DNA.
T

578 GLOSSá RIO

Natural Referente a classifica ções ou relações, algo que está de N ú cleos polares Dois núcleos situados no meio do gametófi-
acordo com o que um determinado autor julga ser natural; to feminino (saco embrionário) das angiospermas e que se
um termo muito utilizado, porém sem utilidade . fusionam com um núcleo esperm ático para formar o n ú cleo
Nectá rio Glâ ndula produtora de n éctar, com frequência for ¬
primário do endosperma e, eventualmente, do endosperma.
mando projeções, lobos ou estruturas em forma de disco. Nudeot ídeo Composto orgâ nico pequeno com uma açúcar de
Nectá rio extrafloral Estrutura secretora de néctar disposta em cinco carbonos, uma base rútrogenada e um grupo fosfato; a
uma estrutura não-floral, tal como uma folha, estipula, caule, unidade estrutural dos ácidos nucléicos (DNA e RNA) .
bráctea ou eixo de inflorência. N ú mero cromoss ô mico básico Número ancestral haplóide in ¬

Nectá rio septai Tecido secretor de néctar localizado nos septos ferido para um táxon, geralmente indicado pela letra x , na
de um ovário, como em muitas monocotiled ôneas. forma x = .
Neo-espécie Espécie que surgiu recentemente. N ú mero de coleta Número designado a um espécime de plan ¬

Nervura Feixe vascular geralmente macroscópico, como nas ta preservado, em geral outorgado pelo coletor.
folhas. Obl íquo Que apresenta lados Sesiguais ou uma base assimé ¬

Nervura mediana Nervura central em uma folha ou outro ór ¬ trica.


gão ( parte) . Oblongo Com os lados paralelos ou quase paralelos ao longo
Nervura prim á ria Nervura mediana de uma estrutura apendi ¬ do comprimento (ver Figura 4.9) .
cular (folha, bráctea, pétala, etc. ) (na vena ção peninérvea) ou Obovado Mais largo na proximidade do ápice, isto é, a metade
uma dentre muitas nervuras igualmente proeminentes que terminal mais larga do que a metade basal (ver Figura 4.9).
surgem da base de uma estrutura apendicular (venação pal ¬ Ócrea Bainha ou tubo nodal formada pelas estipulas, caracte -
mada ). rística das Pólygonaceae.
Nervura secund á ria Nervura que se ramifica a partir de uma Ó leos de mostarda Compostos picantes e pungentes que re ¬

nervura primária. sultam da hidrolisação de glucosinolatos em Brassicales.


Nervura terciá ria Nervuras que se ramificam a partir de uma Ó leos essenciais Produtos secund ários vegetais oleosos, aro ¬

nervura secundária e que tipicamente possuem padrã o em máticos e altamente volá teis, contendo monoterpen óides e
forma de rede (reticulado ) ou de escada (escalariforme) na sesquiterpen óides (e outros compostos arom á ticos), com fre
¬

folha. quê ncia em glândulas pelúcidas.


Nervura terciá ria percorrente Nervura terciária que interliga Oosfera Gameta feminino das embriófitas, nã o m óvel, geral ¬

as nervuras secund á rias em um padrã o semelhante a uma mente maior que o gameta masculino, formado em um ar-
escada (ver Figura 4.6); com frequência chamado de padrão quegônio ou por um gametófito feminino reduzido.
escalariforme. Operculado Que se abre por um opérculo ou capuz.
Nervura terci á ria reticulada Nervura terciá ria que forma um Opostas Par de folhas ou outras estruturas dispostas ao longo
padrão em forma de rede (ver Figura 4.6). do caule de modo que estão posicionadas nos lados opostos
Nexina Região interna da exina do pólen, composta de uma (ver Figura 4.4).
camada basal e da endexina (ver Figura 4.49). Ordem Categoria taxonô mica abaixo de classe e acima de fa ¬

Nó Região do caule onde estão dispostas folhas e gemas (ver- mília; em classificações filogenéticas, um grupo monofilético
Figura 4.2) . de famílias.
Nó multilacunar Nó com cinco ou mais lacunas foliares (ver Ordenar Determinar a sequência em que três ou mais estados
Figura 4.34) . de cará ter se originaram.
N ó trilacunar Nó com três lacunas foliares (ver Figura 4.34 ) . Ortotró pico Que cresce ereto.
N ó unilacunar Nó com uma ú nica lacuna foliar (ver Figura OTU Ver Unidade Taxonômica Operacional.
4.34) . Ovado Mais largo próximo da base; isto é, com a região mais
Nome científico Nome latino de um táxon, de acordo com as larga próxima da região de inserção (ver Figura 4.9) .
regras do Código Internacional de Nomenclatura Botânica Ová rio A parte de um carpelo (ou de muitos carpelos fusiona ¬

(ou outros códigos nomenclaturais). dos) que porta os óvulos.


Nome comum Nome local de uma planta em uma linguagem, Ová rio ínfero Ovário posicionado abaixo do ponto de inserçã o
cultura ou sociedade onde ela ocorre; também chamado de das outras partes florais e que, portanto, parecem surgir no
nome popular. á pice deste.
Nomenclatura binomial Sistema para dar nome aos seres vi ¬ Ová rio sú pero Ovário que surge acima do ponto de inserçã o
vos desenvolvido por Linneu, em que o nome de cada es ¬ das outras partes florais (ver Figura 4.21).
pécie é composto por duas palavras, o nome gené rico (um Óvulo Estrutura nas plantas com sementes que compreende o
substantivo) e o epíteto específico (um adjetivo ou nome por gamet ófito feminino, o esporângio, um, dois ou raramente
aposição), por exemplo, Acer rubrum . três tegumentos e um funículo (pedú nculo); após a fertiliza¬

Nomenclatura biol ógica Conjunto de regras para conferir ção, desenvolve-se na semente (ver Figuras 4.16, 4.17, 4.40) .
nome aos seres vivos, como indicado pelos códigos de no ¬ Óvulo an á tropo Óvulo invertido e fusionado ao funículo ( pe ¬
menclatura. dú nculo) de modo que a micró pila (abertura) está situada
Nomenclatura botâ nica Conjunto de regras para nomear próxima do funículo (ver Figura 4.40).
plantas, como indicadas pelo Có digo Internacional de No¬ Ó vulo campil ó tropo Óvulo que se encontra curvado de
menclatura Botâ nica . modo que a micrópila está situada próxima do funículo (ver
Nominal Táxon infra-especííico que contém o tipo de uma es¬ Figura 4.40).
p écie; coin frequê ncia chamado de variedade típica . Óvulo hem ítropo Óvulo semi-invertido, de modo que o fun í ¬

Noz Fruto relativamente grande, indeiscente e seco com parede culo fica próximo da regiã o mediana, com a micró pila for ¬

espessa e de consistê ncia óssea rodeando a nica semente. mando um angulo reto.
Nucelo Em angiospermas, outro nome para a parede do espo- Óvulo ortótropo Óvulo ereto, com a micró pila no á pice e o tu -
rângio dentro do óvulo. nículo na base (ver Figura 4.40) .

I
GLOSSá RIO 579

Oxalato de cá lcio Ácido oxálico (H2OCCO,H) associado com Pê lo unisseriado Pêlo composto por uma única fileira de célu ¬
cálcio, com frequência ocorre em tecidos vegetais como dru - las (ver Figura 4.15).
sas ou rafídeos. Pêlos combret á ceos Pêlos de paredes espessas, com ápice
Pá lea Bráctea superior ou mais interna dentre as duas brácteas pontiagudo e afiado e base bulbosa que parecem bicelulares
que rodeiam a flor das gramíneas; possivelmente trata-se de devido à presença de uma membrana de celulose côncava ou
uma bractéola / profilo. cónica na parede celular.
Palinologia Estudo da forma e estrutura do pólen e dos es ¬ Pêlos dendríticos Pêlos com um padrão de ramifica ção arbo-
poros. rescente (ver Figura 4.15).
Pan ícula Inflorescência indeterminada com duas ou mais or¬ Pê los em forma de T Pêlos ramificados na forma da letra T (ver
dens de ramificação, cada eixo portando flores ou eixos de Figura 4.15).
ordem superior (ver Figura 4.30). Pê los glandulares Pêlos que apresentam uma cabeça ou ex ¬
Pantoporado Grão de pólen com muitas aberturas como poros. pansão secretora no ápice (Figura 4.15).
Papiloso Coberto por projeções curtas e arredondadas em for ¬
Peitado Estrutura achatada ligada a outra pela sua superf ície, e
ma de mamilo (papilas). não pela margem ou base, como um guarda-chuva.
Papirá ceo Com textura de papel. Pêndulo Dirigido para baixo.
Papus Cálice muito modificado composto de espinhos, esca ¬ Perene Planta que vive por três anos ou mais e que floresce e
mas, pêlos ou finas aristas, como em muitos integrantes de frutifica repetidas vezes.
Asteraceae. Perfuraçã o areolada Pê rfuração no xilema cuja cavidade está
Parac ítico Estômato rodeado por duas células subsidiárias pa ¬ total ou parcialmente delimitada por uma projeçã o (aréola)
ralelas às células-guarda (ver Figura 4.36). da parede celular.
Pa racítico Estômato rodeado por uma nica célula subsidiária Perianto Termo coletivo para todas as sépalas e pétalas, ou to¬
(ver Figura 4.36). das as tépalas (quando cálice e corola nã o são diferenciáveis)
Paralelismo Origem separadas para o mesmo estado de cará ¬ de uma flor (ver Figura 4.16).
ter em dois (ou mais) organismos. Pericarpo Parede do fruto maduro.
Para-tetracítico Estô mato rodeado por quatro células subsi¬ Perig ínio Profilo urceolado ou em forma de saco que rodeia as
diárias, duas delas paralelas às células-guarda e o outro par flores carpeladas de algumas Cyperaceae (p. ex., Carex).
tendo posição polar e tamanho menor. Perisperma Tecido nutritivo diplóide nas sementes de algu ¬

Parcim ó nia Aceitaçã o da hipótese mais simples (considerando mas angiospermas, derivado da parede do esporângio (nu-
as premissas) que pode explicar os dados. celo).
Parcim ó nia de Dollo Premissa em parcimónia que permite um Pesagem Designação de importância diferencial para determi ¬
único evento evolutivo de ganho e muitos eventos possíveis nados caracteres em análises fenéticas ou cladísticas.
de perda. Pétala Integrante do verticilo periântico interno, geralmente
Parcim ó nia de Ficht Algoritmo de parcimónia que trata todos colorido para atrair polinizadores (ver Figura 4.16).
os estados de caráter como não-ordenados. Petal ó ide Com aspecto e função de pétala, seja uma sépala,
Parcim ó nia de Wagner Tipo de parcimónia utilizada em aná ¬ t épala, estamin ódio ou pistilódio.
lises cladísticas nas quais todos os caracteres sã o tratados Piloso Que apresenta pêlos esparsos, longos, finos e macios.
como ordenados. Pin Morfo floral de estilete longo em algumas espécies com
Pareada Chave dicotômica na qual há um par de escolhas ou heterostilia.
dilemas opostos. Pirênio Ver Caroço.
Paripinada Folha composta, pinada, com um número par de Pistilo Região da flor que carrega os óvulos, formada por um
folíolos, isto é, desprovida de folíolo terminal (ver Figura ou mais carpelos (ver Figura 4.19).
4.5). Pistilódio Pistilo estéril.

í Partenogê nese Desenvolvimento do embrião a partir de um


gameta feminino não-fertilizado.
PCR Reação em cadeia da polimerase, uma técnica de laborató¬
Placa de perfuraçã o Área da parede celular em que se conec ¬
tam dois elementos de vaso.
Placa de perfura çã o escalariforme Uma placa na parede
rio pela qual muitas cópias de uma sequência de DNA podem celular de um elemento de vaso com várias a muitas barras,
l ser replicadas por meio de um procedimento enzimático. como em uma escada, e aberturas entre elas.
Peças florais livres Peças florais não-fusionadas. Placenta Local ou parte do ová rio onde os óvulos estão inse ¬
Pecíolo Pedúnculo da folha (ver Figura 4.3). ridos.
Peciólulo Pedúnculo de um folíolo. Placenta intrusiva Placenta que se estende dentro do lóculo
Pedicelo Ped únculo de uma flor em uma inflorescência (ver do ovário (ver Figura 4.22).
Figura 4.28). Placenta çã o Arranjo dos óvulos dentro do ovário.
Pêlo Projeção da epiderme com forma, estrutura e função varia ¬ Placentaçã o apical Óvulo ou óvulos ligados no ápice do ovário
da (ver Figura 4.15); com freqiiência é chamado de tricoma. (ver Figura 4.22).
Pê lo bisseriado Pêlo composto por duas séries de células. Placenta çã o axial Óvulos ligados ao eixo central de um ovário
Pêlo estrelado Pêlo com ramos irradiando para fora, como os com dois ou mais lóculos (ver Figura 4.22).
raios de uma estrela. Placenta çã o basal Óvulo ou óvulos ligados na base do ovário
Pêlo multicelular Pêlo composto por muitas células. (ver Figura 4.22).
5
:
Pêlo multisseriado Pêlo composto por muitas fileiras de cé ¬ Placenta çã o central livre Óvulos ligados a um eixo ou colu ¬
lulas. na central livre, no meio de um ovário unilocular (ver Figura
Pêlo n ã o-glandular Pêlo que não produz secreções. 4.22).
Pêlo simples Pêlo não-ramificado. Placenta ção parietal Óvulos inseridos na parede do ová rio
» Pê lo unicelular Pêlo composto por uma única c élula (ver Fi ¬ (ver Figura 4.22).
gura 4.15). Plagiotró pico Que cresce horizontalmente.
T

580 GLOSSá RIO

Plano Achatado, como utilizado para as margens foliares (ver Poliporado Grã o de pólen com muitas aberturas em forma de
Figura 4.12) . poros.
Planta Qualquer integrante do ciado das plantas verdes; isto Polissacar ídeo Polímero de açúcares.
é, organismos com parede celular com celulose, clorofila a Politélica Ver Inílorescência indeterminada .
e b, cloroplasto rodeado por duas membranas, amido como Poloc ítico Estô mato com células - guarda parcialmente rodea ¬
carboidrato de reserva e, freqúentemente, com a presença de das por uma única célula subsidiária (ver Figura 4.36).
células com dois flagelos anteriores em forma de chicote; ou¬ Pomo Fruto indeiscente com a regi o externa macia e a região
tros eucariontes fotossintéticos n ão são plantas. interna contendo estruturas cartilaginosas ou papirosas en ¬

Planta acaule Planta aparentemente sem caule; às vezes o volvendo as sementes; fruto caracter
ístico das maçãs, peras e
caule é subterrâneo. outros integrantes de Rosaceae, subfam . Spiraeoideae, tribo
Planta C3 Planta que apresenta uma via fotossintética em que Pyreae, subtribo Pyrinae.
o primeiro intermediário após a fixação do dióxido de carbo ¬ Popula çã o Indivíduos de uma dada localidade que formam
no é o composto de três carbonos fosfoglicerato. uma única comunidade reprodutiva.
Planta C4 Planta que apresenta uma via fotossintética em que Poro Abertura pequena, geralmente circular, radial ou elíptica.
o primeiro intermediário após a fixação do dióxido de carbo ¬
Prensa Conjunto contendo peç as de madeira, correias, cor¬
no é o composto de quatro carbonos oxaloacetato. rugados e papel secante utilizado para secar espécimes de
Planta caulescente Planta com um caule evidente. plantas.
Planta sempre verde Planta que apresenta folhas ao longo do Prensa de campo Conjunto contendo peças de madeira, cor ¬

ano todo. reias ou cordas, corrugados e folhas de jornal utilizado para


Plasmodesmos Poros e conexões associadas de citoplasma que prensar e transportar espécimes de plantas no campo.
atravessam a parede celular primária e conectam duas células Primórdio Órgão (parte de uma planta) ou conjuntos organi ¬

adjacentes. zados de células nos seus primeiros est ágios de desenvolvi ¬


Plastídio- P Plastídio dos elementos de tubos crivados que acu ¬
mento.
mula proteínas (ou proteínas e amido) na forma de filamen ¬ Profilo Folha ou folhas basais de ramos axilares, em geral duas
tos ou cristaloides. e laterais, mas nas monocotiled ôneas é uma, com frequência
Plastídio do tipo S Plastídio nos elementos de tubos crivados apresentando duas quilhas ou carenas.
que acumula amido. Protandria Maturação das anteras e liberaçã o do pólen antes
Plesiomorfia Estado de caráter ancestral; també m chamado de que os estigmas se tornem receptivos (em uma flor bissexual
estado de caráter plesiomó rfico. ou em um indivíduo monóico).
Pleurograma Linha fina, em formato de U, ou regiã o mais ou Proteína Qualquer uma das numerosas moléculas orgânicas
menos circular ou como sulco na testa da semente de algu ¬
compostas por aminoácidos e mantidas juntas em cadeias.
mas Fabaceae. Protoginia Maturaçã o dos estigmas antes que o pólen seja libe ¬

Plicado Dobrado como um leque (ver Figura 4.14) . rado (em uma flor bissexual ou em um indivíduo mon óico).
Pneumat óforos Raízes especializadas dos mangues e outras Pseudobulbo Estrutura caulinar de reserva encontrada em
espécies de á reas alagadas envolvidas em processos de in ¬ muitas orquídeas; pode ser formada por um ú nico entrenó
tercâ mbio gasoso. (geralmente intumescido) ou por uma sucessão de nós e en ¬

Polariza çã o de estados de caráter Determinaçã o da dire çã o trenós com ou sem suas respectivas folhas. i
das mudan ças de estado de cará ter, isto é, a determinação de Pseudogene Gene não -funcional.
qual estado é ancestral e qual é derivado. Ptyxia Forma em que uma folha ou peça periântica está dobra ¬

Pólen Micrósporo contendo um gamet ófito masculino; nas da na gema ou no botão.


angiospermas, germina originando um tubo polínico que Pubérulo Que apresenta pêlos curtos e diminutos.
transporta rapidamente o gameta masculino para o óvulo (e Pubescente Coberto com pêlos curtos e macios ou, de um
a oosfera) . modo mais geral (como utilizado neste livro), apresentando
Pólen sulcado Grã o de pólen provido de um sulco. pêlos de qualquer tipo.
Poliacetilenos Compostos nã o-nitrogenados formados pela Publicaçã o efetiva Publica ção em um livro ou revista científi ¬

união de unidades de acetato através de ácidos graxos. ca, como determinado pelo Código Internacional de Nomen ¬
Pol íade Pequeno agrupamento de grã os de pólen . clatura Botânica.
Policolpado Grã o de pólen com muitas aberturas longas e sul ¬
Publicaçã o vá lida Publicação de nomes científicos de acordo
cadas (ver Figura 4.47). com o Código Internacional de Nomenclatura Bot ânica (ver
Policolporado Grão de pólen com muitas aberturas sulcadas, pá gina 550).
cada uma delas com um poro central (ver Figura 4.47). Pulvino Porção intumescida do pecíolo (ou peciólulo) envolvi ¬

Pol ígamo Com flores unissexuais e bissexuais na mesma planta. do em movimentos foliares, geralmente posicionada na base
Pol ínea Massa de grã os de pólen transportada como uma uni ¬
do pecíolo, mas às vezes disposta na região apical deste (ver
dade pelos polinizadores, como em muitas Orchidaceae e Figura 4.3).
Apocynaceae. Quilha Conjunto de duas pétalas abaxiais de Fabaceae, subfam.
Polinização Transferência de pólen entre a antera e o estigma Faboideae; o termo também é utilizado para p é talas de for ¬

de um mesmo indivíduo (autopolin ízação) ou entre indiví ¬ mato similar em outras famílias, como em Polvgalaceae.
duos diferentes ( polinização cruzada ) . Raça Populaçã o geograficamente definida ou agregados de po ¬
Poliniza çã o cruzada Transferê ncia do pólen de uma flor de pulações que diferem morfologicamente de outros agregados
um indivíduo para a superf ície estigmática da flor de outro similares da mesma espécie; com frequência tratada como a
indivíduo. categoria taxon ômica de subespécie ou como variedade.
Polipeptídeo Pol ímero de aminoácidos. Racemo Inílorescê ncia simples e indeterminada com um ú nico
Poliploidia Com três ou mais complementos cromossô micos eixo e que porta flores pediceladas (ver Figura 4.30).
completos em uma célula. Rad ícula Raiz embríon á na.
GLOSSARIO 581

Rafe Porção do funículo de um óvulo que está fusionada com o Revoluto Enrolado em direção à superf ície abaxial (ver Figura
tegumento, geralmente representada por uma elevação. 4.12).
Raf ídeos Cristais com formato de agulha que ocorrem densa ¬ Ribossomo Complexo de RNA ribossomal e proteínas que sin ¬
mente agrupados em feixes. tetiza proteína a partir de um molde de RNA mensageiro.
Raio Ver Raio do lenho. Rizoma Caule horizontal, com frequência subterrâneo ou na
Raio do lenho Agregado de células em formato de faixa que se superf ície do solo e que carrega folhas escamiformes; com
estende radialmente no xilema secundário ou lenho. frequê ncia chamado de estolão quando disposto acima da
Raiz Parte do eixo de uma planta que carece de nós e folhas, de superf ície e provido de entrenós alongados.
ramificação geralmente irregular e subterrânea. Rotado Em forma de roda ou disco.
Raiz carnosa Raiz espessa, com tecidos de reserva que estocam ..
S I Ver Sensu lato.
água ou carboidratos. ..
5 s Ver Sensu stricto.
Raiz coralóide Raiz curta, espessa e muito ramificada, com Sacado Em forma de saco ou bexiga.
aparência semelhanteàa dos corais. Saco embrion á rio Gametófito feminino das angiospermas
Raiz pivotante Raiz principal das angiospermas, em geral en ¬ (plantas com flores).
grossada e dirigida para baixo; às vezes abortiva. Saco pol ínico Câmaras na antera (do estame) que contém o
Raiz a é rea Raiz que ocorre acima do nível do solo ou da á gua. pólen.
Raiz escora Raiz que se desenvolve na base de um caule ou Vesículas aer íferas Apêndices em forma de saco ou bexiga nos
tronco e que auxilia na sustentação da planta. grãos de pólen de algumas coníferas.
Ra ízes fibrosas Sistema radicular com raiz de espessura apro- Sâ mara Fruto alado, seco e indeiscente e que contém uma úni ¬
ximadamente igual, com frequência bem ramificada, a raiz ca semente (raramente duas).
primária (pivotante) ausente ou inconspícua. Secador de plantas Aparelho em forma de caixa ou mesa no
Ramificação dicotômica Ramificação por divisão do meristema qual se suspende uma prensa acima de uma fonte de calor.
ou célula apical, formando dois ramos iguais ou desiguais. Seco-irid óides Compostos iridóides que carecem de um anel
Ramo Subdivisã o de um caule. carbocídico.
Ramo axilar Ramo que se desenvolve a partir de uma gema Semente Produto do óvulo após a fertilização, compreendendo
axilar. o embrião, seus tecidos nutritivos e invólucros .
Ramo monopodial Ramo formado pela ação de um nico me ¬ Semente exalbuminosa Semente madura desprovida de en-
ristema apical. dosperma.
Ramo prolé ptico Ramo axilar que se desenvolve a partir de ..
Sensu lato (s I ) Em sentido amplo, com uma interpretação
uma gema que apresenta um período de dormê ncia, com ampla ou geral.
frequência provido de cicatrizes de escamas na base. ..
Sensu stricto (s s ) Em sentido estrito; com uma interpretação
Ramo siié ptico Ramo axilar que se alonga ao mesmo tempo restrita.
que o caule no qual está disposto; assim, com frequência o Sé pala Um integrante do verticilo periântico externo, quando
ramo carece de cicatrizes de gemas basais, mas apresenta um os verticilos florais são diferenciados, geralmente verdes e
primeiro entrenó alongado. protegendo as partes internas no botão (ver Figura 4.16).
Ramo simpodial Ramo formado pela ação de uma série de ge ¬ Septo Partição ou tabique de um ovário.
mas axilares. Ser íceo Sedoso, em geral com pêlos longos, finos e adpressos.
RAPD DNApolimórfico aleatoriamente amplificado. Séssil Desprovido de pedúnculo.
Raque Eixo principal de uma estrutura, tal como uma folha ou Sexina Pârte externa da exina de um grão de pólen.
inflorescênda. Sicônio Fruto múltiplo e acessório, característico de espécies de
Rea ção em cadeia da polimerase Ver PCR. figueiras (Ficus, Moraceae).
Receptá culo Eixo que porta as partes florais (ver Figura 4.16). Sílica Dióxido de silício; Si02.
Recurvado Curvado para trás. Síliqua Fruto derivado de um gineceu bicarpelar, no qual as
Reduplicado Dobrado para baixo, de modo que a superf ície duas metades se abrem através de uma partição persistente
abaxial fica entre as dobraduras. (na borda da qual estã o ligadas as sementes); na literatura
Reflexo Fortemente curvado para trás ou para baixo. em inglês, às vezes o conceito é restrito para frutos deste tipo
Reino Maior categoria taxonômica (e mais inclusiva) no siste- em que o comprimento é duas vezes ou maior que a largura,
ma hierárquico linneano. e frutos menores são chamados de silicles.
Replo Anel persistente e modificado (placenta modificada) do Simetria bilateral Divisível em duas partes iguais por meio de
| fruto de muitas Brassicaceae e Fhpaveraceae.
Reprodu çã o assexual Ver Apomixia.
um único plano de simetria; uma flor nesta condição tam ¬
bé m é denominada zigomorfa (ver Figura 4.18).
Resinas Hidrocarbonetos aromáticos e pegajosos que endure ¬ Simetria birradial Divisível em duas metades iguais por meio
cem quando oxidados.
f Ressupinado Girado 180 graus.
de dois planos de simetria; comparar com Simetria radial.
Simetria radial Divisível em duas metades iguais por meio de
Retiná culo Funículo marcadamente espessado, associado com dois ou mais planos de simetria (ver Figura 4.18); um objeto
a semente da maioria das Acanthaceae e que ejeta as semen ¬ com esta simetria também é chamado de actinomorfo.
tes após a deiscência das cápsulas. Simetria zigomorfa Ver Simetria bilateral.
Retrocruzamento Hibridização entre indivíduos de uma Fx híbri¬ Simpá tricos Que ocorre na mesma área ou região geográfica.
da com integrantes de qualquer uma das espécies parentais. Simplesiomorfia Estado de caráter ancestral compartilhado.
Reversã o Caráter derivado que se reverte à condição ancestral. Sinandro Que apresenta os estames fusionados.
Revisã o taxon ômica Estudo taxon ômico similar a uma mo ¬ Sinapomorfia Estado de caráter derivado compartilhado.
nografia, porém menos abrangente e geralmente incluindo Sincá rpico Carpelos fusionados formando um pistilo composto.
chaves, descrições, ilustrações e mapas de distribuiçã o para Sincolpado Condição resultante da fusã o dos colpos em um
um táxon em particular. grão de pólen .
582 GLOSSá RIO

S í ndromes de poliniza ção Características florais associadas com Tecidos vasculares Tecidos de condução, xilema e floema.
a polinização por diversos agentes bióticos ou abióticos, por Tégmen Tegumento interno da semente, desenvolvido a partir
exemplo, polinização por aves, por abelhas, pelo vento, etc. do tegumento interno do óvulo.
Sin é rgides Duas células próximas da oosfera no gametófito Tegumento Camada ou camadas protetoras ao redor do espo-
masculino das angiospermas. rângio de um óvulo e que se desenvolverão nos invólucros da
Sinónimo Nome ou nomes aplicados ao mesmo táxon. semente (ver Figura 4.40).
Sistemata Pessoa treinada na disciplina da sistemática. Té pala Uma das peças periânticas, quando o cálice e a corola
Sistemática A ciência da diversidade dos organismos; com n ão est ão diferenciados.
frequência, o termo é utilizado como equivalente de taxo- Terminal Que ocorre no ápice ou no extremo de uma estru ¬
nomia. tura .
Soro Grupo de esporângios na superf ície da folha de uma sa ¬ Terpenóides Compostos estruturalmente diversos formados pela
mambaia; com aparência de manchas marrons de formas di¬ união de unidades isopentenóides pentacarbonadas de piro-
versas na superf ície abaxial. fosfato através da via do ácido mevalônico (ver páginas 97-98W
Sorologia Técnica que aborda as relações evolutivas entre orga ¬ Testa Tegumento externo da semente que se desenvolve a par¬
nismos por meio da reação antígeno-anticorpo de um animal tir do tegumento externo do óvulo.
modelo quando este é exposto a diversas proteínas estranhas Tetracítico Estômato rodeado por quatro células subsidiárias.
(incluindo proteínas de plantas). Tétrade Grupo de quatro; em geral aplicado a grãos de pólen
Southern Blotting Método para determinar o comprimento de que estão unidos em um grupo de quatro grãos que não se
segmentos de DNA transferindo fragmentos desnaturados separam após a meiose.
desde um gel de eletroforese até uma membrana de nylon. Tetrapl ó ide Com quatro complementos cromossô micos com ¬
Subarbustiva Planta com regiã o basal lenhosa e porção supe ¬
pletos em uma célula.
rior herbácea. Thrum Um morfo floral de estilete curto em espécies heteros-
Subespécie Uma categoria infra -espedfica, em geral aplicada tílicas.
a raças geográficas dentro de espécies morfologicamente va ¬
Tirso indeterminado Inflorescência com o eixo principal inde ¬
riáveis. terminado e ramos laterais cimosos (ver Figura 4.30).
Suculento Carnoso e com muito líquido. Tomentoso Que apresenta pêlos densos e macios.
Sulco Abertura longa localizada na região polar de um grão de Topologia Padrão de ramificação em uma árvore evolutiva ou
pólen. cladograma.
Superf ície abaxial Superf ície (de uma folha ou outro órgão) Traque íde Célula alongada, n ão-perfurada, com paredes es ¬

mais afastada do eixo sobre o qual se insere. pessadas e com pontoações areoladas, condutora de água,
Superf ície adaxial Superf ície (de uma folha ou outro órgão) morta na maturidade e que ocorre no xilema.
mais próxima do eixo sobre o qual se insere. Tricolpado Pólen com três aberturas longas e sulcadas (ver Fi ¬
Suporte de Bremer Ver índice de decaimento. gura 4.47).
Syngameon A unidade reprodutiva mais inclusiva em um gru ¬ Tricolporado P len com três aberturas longas e sulcadas, cada
po de espécies que hibridizam. uma delas provida de um poro central (ver Figura 4.47).
Taninos Compostos fenólicos amarelos, amargos e adstrin ¬ Tricoma Ver Feio .
gentes. Tripl óide Com três complementos cromossô micos completos
Tapete Camada mais interna da parede da antera que produz em uma célula.
enzimas, hormônios e materiais nutritivos durante a forma ¬ Triporado Grão de pólen com três aberturas equatoriais em
ção do pólen. forma de poros (ver Figura 4.48).
Tautônimo Nome de uma espécie em que o epíteto específico Tristilia Flores de diferentes indivíduos da mesma espécie
repete exatamente o nome genérico, situação não permitida que apresentam três comprimentos de estilete diferentes,
pelo código de botânica. os comprimentos dos estames em geral variando de modo
Tá xon ( plural taxa) Grupo de organismos em qualquer nível inverso; trata-se de um mecanismo para promover a polini ¬
de uma hierarquia taxonômica. zação cruzada.
Táxon endé mico Táxon cujos integrantes estão restritos a uma Triterpenos Compostos terpen óides de trinta carbonos (ver
área geográfica em particular. página 98).
Taxonomia Teoria e prática de agrupar indivíduos em espécies, Tronco Caule principal de uma árvore abaixo dos ramos.
arranjar estas espécies em grupos maiores e dar nomes a to ¬ Truncado Ápice ou base que parece ter sido cortado no extre ¬
dos estes grupos, produzindo assim uma classificação. mo (ver Figuras 4.10 e 4.11).
Taxonomia evolutiva Abordagem subjetiva de classificação Tú bera Porção carnosa e intumescida de um rizoma ou raiz en ¬
que tenta refletir semelhanças gerais, caracteres ecológicos volvida em reseTva de água ou carboidratos.
significativos e relações evolutivas. Tubo pol ínico Tubo formado pelo grão de pólen em germina ¬

Taxonomista Pessoa treinada na disciplina da taxonomia. ção que carrega o gameta masculino até o óvulo.
Tecido vascular primário Xilema e floema do corpo primário T bulo Pequeno tubo, como nas anteras de Vaccinium e taxa
de uma planta, produzidos a partir do meristema apical e di¬ afins (Ericaceae).
ferenciado logo após este meristema. Ultra -estrutura Estruturas mais bem observadas utilizando-se
Tecido vascular secundá rio Xilema e floema produzidos pelo microscopia eletrónica de varredura.
câmbio vascular. Umbela Inflorescê ncia indeterminada na qual as flores apre ¬

Tecidos de condução Xilema (tecido condutor de água) e floe ¬ sentam pedicelos de comprimento igual ou desigual e que
ma (tecido condutor de sacarose) de uma planta. surgem do mesmo ponto do ápice do eixo da inflorescência
Tecidos higroscópicos Tecidos que se expandem, contraem ou (ver Figuras 4.29 e 4.30).
mudam de forma devido a mudanças no conteúdo de umi - Umbela composta Umbela de umbelas, isto é, com os ped n ¬
dade. culos de umbelas simples surgindo do mesmo ponto.
GLOSSáRIO 583

Ungiiiculado Com uma região basal claramente estreitada, Vena ção paralela Várias a muitas nervuras paralelas que ocor¬
como nas pétalas ungiiiculadas de Malpighiaceae. rem ao longo do comprimento da lâmina foliar.
Unidade taxon ô mica Operacional (OTU ) Táxon terminal utili¬ Venação peninérvea .As nervuras secundárias surgem ao longo
zado nas análises de relações, especialmente em estudos de da nervura primária, como os dentes de um pente ou como
fenética. em uma pena (ver Figura 4.7).
Uninomial Nome composto de uma palavra, como o nome de Verna ção A forma em que folhas ou peças periânticas estão
um gênero (p. ex., Erica ou Acer) ou de uma família (Ericaceae dobradas ou dispostas umas em rela çã o às outras na gema
ou Sapindaceae). ou no botão.
Unisseriado Com uma única série ou verticilo de estruturas, Versá til Estrutura, como uma antera, ligada à outra pela sua
como um nico verticilo de brácteas ou peças periânticas. região mediana.
Unitégmico Com um único tegumento. Viloso Coberto com pêlos longos, macios e finos.
Univalente Um cromossomo solitário, sem homólogo na cé¬ Víscido Coberto com uma substâ ncia pegajosa.
lula, de modo que durante a meiose não pareia com outro Viscina Material elástico ou às vezes um tanto pegajoso que,
cromossomo. com frequ ência, cobre os grãos de pólen.
Urceolado Em forma de uma. Vitta ( pl. vittae ) Canais de óleos aromáticos ou resinas no peri-
Utrículo Pequeno fruto seco e indeiscente com parede fina e carpo dos frutos de muitas Apiaceae.
separada da única semente. VNTR ( Variable number tandem repeats ) Regiões de DNA que
Valva Um dos segmentos de um fruto deiscente, que na ma ¬ estã o repetidas um grande nú mero de vezes ao longo do ge-
turidade se separa de outros segmentos semelhantes para noma.
liberar as sementes. Xerófita Planta adaptada a condições secas.
Valvar Tipo de prefloração em que as peças periânticas se en ¬ Xilema Tecido condutor de água das plantas vasculares, com ¬

contram nos extremos, sem se sobrepor, como as pétalas e posto principalmente por traqueídes e /ou elementos de vaso
sépalas em um botão. e células parenquimáticas.
Variedade Uma categoria infra -específica abaixo de subespé ¬ Xilema fissurado Xilema quebrado pelo desenvolvimento de
cie, embora para alguns seja equivalente a esta última; termo floema ou tecido parenquimático.
utilizado para raças geográficas e ecótipos bem delimitados Xilema primá rio Xilema do corpo primário da planta, produ ¬
dentro de espécies de plantas morfologicamente variáveis. zido a partir do meristema apical e diferenciado logo após
Vaso Série de células que formam uma estrutura tubular, com este meristema.
as extremidades adjacentes mais ou menos abertas cuja fun ¬ Xilema secundá rio Xilema produzido pelo câmbio vascular.
ção no xilema é o transporte de água. Zigoto Primeira célula do esporófito; formada pela fusão dos
Velutino Aveludado. gametas masculino e feminino.
Vena çio Padrão de nervuras em folhas ou outras partes das Zona de Felsenstein Uma combinação de taxas evolutivas
plantas. muito altas e muito baixas que podem tomar impossível a
Vena çã o palmada Três ou mais nervuras primárias (ou nervu ¬ reconstrução acurada de uma filogenia, pois taxa com taxas
ras secundárias bem desenvolvidas) que surgem da base ou mais altas (ramos longos no cladograma) aparecerão como
próximo da base da lâmina (ver Figura 4.8). proximamente relacionados.

i
CRÉDITOS DAS FOTOGRAFIAS
Fotografias não listadas aqui receitem o crédito junto à legenda da figura.
PRANCHAS COLORIDAS CAPÍTULOS 8 E 9
Capítulo 1 PRANCHA 8.1: Samambaias Leptosporangiadas
FIGURA 1.2: Amora do mato, © AtWaG/istockphoto.com; ( A) David Mclntyre; (B) J. Richard Abbot; Kurt M. Neubig;
framboesas, Cristopher S. Campbell; cerejas, © dirkr/istock- (D, E) David Mclntyre; (F) Walter S. Judd (hábito), Barbara S.
photo.com Carlsward (folha fértil); (G) Walter S. Judd
FIGURA 1.8: Cortesia de Melissa Luckow
FIGURA 1.9: Adansonia gibbosa, © dfwalls/Alamy; A. digita- PRANCHA 8.2: Gimnospermas: Coniferales
ta, Elizabeth A. kellogg; A. grandieri, © Nick Garbutt/natu- (A-C) David Mclntyre; (B) J. Richard Abbot; (E, F) Walter S.
repl.com Judd; (G) Christopher S. Campbell

Capítulo 3 PRANCHA 9.1: 0 Grado ANITA


(A) Kenneth R. Robertson, (B) Peter K. Endress (ambas as
Foto de Arthur Cronquist, cortesia deThe LuEstherT. Mertz
Library do New York Botanical Garden, Bronx, New York imagens); (C) Walter S. Judd (frutos & folhas), J. Richard Ab
¬

bott (flores); (D) Walter 5. Judd


Fotografia de Emil Hans Willi Hennig, cortesia de Bernd
Hennig PRANCHA 9.2: Magnolídeas
(A) Kenneth R. Robertson & Daniel L. Nickrent; (B) Kenneth
Capítulo 4 R. Robertson; (C) Walter S. Judd; (D) J. Richard Abbott; (E)
FIGURA 4.24: © Michael e Patricia Fogden/Minden Pictu- Reuben E. Judd; (F-l) Walter S. Judd; (J) Scott Zona
res
PRANCHA 9.3: Monocotiledôneas Alismatales e Liliales
(A) Kenneth R. Robertson; (B) Kenneth R. Robertson & Da
Capítulo 6 ¬

FIGURA 6.5: © Dr. Merlin D. Tuttle/Photo Researchers, Inc niel L. Nickrent; (C-D) Walter S. Judd; (E) J. Dan Skean, Jr;
(F-H) Walter S. Judd; (I) Kenneth R. Robertson & Daniel L.
FIGURA 6.18A,B: Christopher 5. Campbell Nickrent
FIGURA 6.29: Christopher S. Campbell
PRANCHA 9.4: Monocotiledôneas Asparagafes
Capítulo 8 (A) Kenneth R. Robertson & Daniel L Nickrent; (B) Walter S.
FIGURA 8.1A: WalterS. Judd Judd (ambas as imagens); (C) Walter S. Judd; (D) Walter S.
FIGURA 8.2A: WaterS. Judd Judd (ambas as imagens); (E) J. Richard Abbott; (F) Walter
FIGURA 8.7A: © David Sieren/Visuals Unlimited S. Judd; (G) Kenneth R. Robertson & Daniel L. Nickrent; (H)
FIGURA 8.20: WalterS. Judd J. Richard Abbott
FIGURA 8.22: David Mclntyre
PRANCHA 9.5: Monocotiledôneas Poales
(A-F) Walter S. Judd; (G) Gretchen M. lonta; (Fl) Walter S.
S APÊNDICE 1 Judd; (I) Reuben E. Judd
FIGURA 1: WalterS. Judd

t
586 CR éDITOS DAS FOTOGRAFIAS

PRANCHA 9.6: Eudicotiiedôneas: Ranunculales e Proteales PRANCHA 9.15: Brassicales e Malvales


( A) J. Richard Abbott; (B) Christopher S. Campbell; (C-G) (A) Walter S. Judd; (B) Daniel L. Nickrent; (C) Walter S. Judd;
Walter S. Judd (D) Kenneth R. Robertson; (E) Walter S.Judd; ( F) J. Richard Ab¬

bott (esquerda), Walter S. Judd (direita); (H) Walter S. Judd


PRANCHA 9.7: Eudicotiiedôneas: Caryophyllales
(A) J. Richard Abbott; (B) Kenneth R. Robertson & Daniel L. PRANCHA 9.16: Eudicotiiedôneas: Sapindales
(A) Kurt M. Neubig; (B) Walter S. Judd; (C) J. Dan Skean, Jr.;
Nickrent {ambas as imagens); (Q Kenneth R. Robertson; (D)
(D) Walter S. Judd; (E) Kenneth R. Robertson; (F) Walter S.
.
Walter S Judd; (E) Kenneth R. Robertson (ambas as ima ¬

Judd; (G) Walter S. Judd (esquerda), Scott Zona (direita); (H-


gens); (F) Walter S. Judd; (G) Kenneth R. Robertson; (H) Wal¬

J) Walter S. Judd
ter 5. Judd

PRANCHA 9.17: Eudicotiiedôneas: Cornales


PRANCHA 9.8: Eudicotiiedôneas: Santaiales e Saxifragales
(A-C) Kenneth R. Robertson, ((D, E) Walter S. Judd; (F) Ken ¬

(A, B) Daniel L. Nickrent; (C, D) Kenneth R. Robertson & Da ¬

neth R. Robertson & Daniel L. Nickrent


niel L. Nickrent; (E) Daniel L. Nickrent; (F) Kenneth R. Ro ¬

bertson & Daniel L Nickrent; (G, H) Barbara S. Carlsward


PRANCHA 9.18: Eudicotiiedôneas: Ericales
(A) Kenneth R. Robertson; (B) Scott Zona; (C -F) Walter S.
PRANCHA 9.9: Eudicotiiedôneas: Geraniales, Zygophyllales, Judd; (G) J. Richard Abbott; (H) Kurt M. Neubig; (l-K) Walter
Oxalidales e Celastrales S. Judd; (L) J. Richard Abbott
(A) Walter S. Judd; (B) Scott Zona (ambas as imagens), (C)
Walter S. Judd; (D, E) Kenneth R. Robertson & Daniel L. Ni ¬

PRANCHA 9.19: Eudicotiiedôneas: Solanaies


ckrent Todas as fotos de Walter S. Judd

PRANCHA 9.10: Eudicotiiedôneas: Malpighiales PRANCHA 9.20: Eudicotiiedôneas: Gentianales


(A, B) Walter S. Judd; (C, D) J. Richard Abbott; (E) Walter S. (A) Walter S, Judd; (B) Kenneth R. Robertson & DAniel L.
Judd; (F) Kenneth R. Robertson & Daniel L. Nickrent (ima ¬
Nickrent; (C, D) Walter S. Judd; (E) Barbara S, Calrsward; (F)
gem à esquerda), Walter S. Judd (imagem à direita); (G) Scott Zona; (G, H) Walter S. Judd
Daniel L. Nickrent; (H) Kenneth R. Robertson & Daniel L.
Nickrent; (I) Walter S. Judd; (J) Barbara S. Carlsward; (K) J. PRANCHA 9.21: Eudicotiiedôneas:lamiales
Richard Abbott; (L) Walter S. Judd (imagem à esquerda) , (A) Margaret H. Stone; (B) Barbara S. Carlsward; (C) Margaret
Barbara S. Carlsward (imagem à direita) H. Stone; (D, E) Kenneth R. Robertson & Daniel L. Nickrent;
(F) Walter S. Judd; (G) J. Richard Abbott; (H) Scott Zona; (I) J.
PRANCHA 9.11: Eudicotiiedôneas: Fabales Dan Skean, Jr.; (J-M) Walter S. Judd; (N) Barbara S.Carlsward;
(A) Walter S. Judd; (B) Reuben E. Judd; (C) Walter S. Judd; (O) Kenneth R. Robertson & Daniel L. Nickrent (ambas as
(D) Daniel L. Nickrent; (E) Kenneth R. Robertson & Daniel L. imagens); (P) J. Richard Abbott
Nickrent; (F) Walter S. Judd
PRANCHA 9.22: Eudicotiiedôneas: Aquifoliales e Apiales
PRANCHA 9.12: Eudicotiiedôneas: Rosaies ( A) waiter S. Judd; (B) Scott Zona; (C) Kenneth R. Robertson;
(A-G) Walter S. Judd; (H) Kenneth R. Robertson; (I) Kenneth (QJ Kurt Neubig (ambas as imagens); (E) Walter S. Judd;
R. Robertson; (J) Walter S. Judd (F) Scott Zona; (G, H) Walter S. Judd

PRANCHA 9.13: Eudicotiiedôneas: Cucurbitales e Fagales PRANCHA 9.23: Eudicotiiedôneas: Dipsacales


(A, B): Walter S. Judd; (C) Kenneth R. Robertson (h ábito), (A) Michael J. Donoghue; (B) Walter S. Judd; (C) Kenneth R.
Walter S. Judd (bolotas, amentos estaminados); (D) Walter Robertson & Daniel L. Nickrent; (D) J. Richard Abbott; (E, F)
S. Judd (ambas as imagens); (E) J. Richard Abbott; (F) Walter Walter S. Judd; (G) Michael J. Donoghue
S. Judd (ambas as imagens)
PRANCHA 9.24: Eudicotiiedôneas: Asterales
PRANCHA 9.14: Eudicotiiedôneas:Myrtales (A) Kurt M. Neubig (ambas as imagens); (B, C) Walter S .
(A) Darin S. Penneys; (B, C) Walter S. Judd; (D) Kurt M. Neu ¬
Judd; (D) J. Richard Abbott; (E) Waiter S. Jucd; (F) Kenneth R.
big; (E-l) Walter S. Judd Robertson & Daniel L. Nickrent; (G) Kenneth R. Robertson
yv

Í NDICE TAXONOMICO

Itens em negrito referem-se à discussão da família. Páginas em itálico referem -se aos materiais ilustrados.
A família do junco, 292- 294, Adansonia, 9, 10, 75-76, 78, Agropyron cristatum, 111 AUocasuarina , 406
296 425-427 Agrostemma, 320 Allophyius, 437- 438
Abacate , 242- 243 A. áigitata, 9, 10 A. githago, 322 Alloplectus , 481
Abacaxi, 75 - 76, 78, 286- 287 A. gibbosa, 9 , 10 Agrostis, 129-301 Alnus, 404
Abelia, 504-505 A. grandidieri, 10 A. stolonifera, 129 Alocasia , 252
Abies, 211, 212, 213 A. madagascariertsis, 10 . Atenuis, 129 -130 Aloe, 272
Abies concolor, 213, 215 A. perrieri , 10 Ailanthus, 76, 78, 97-98, 433, 435 A. suffulta , 263
Abietoideae, 213 A. rubrostí pa, 10 A. altí ssima, 434 A. vera, 263
Abóbora, 398 A. suarezensis , 10 Aipo, 497 Alooideae, 272
Abricó, 361-362, 382, 384 A. za, 10 Aizoaceae, 105, 230, 318-319, Alophia, 272-273
Abricó- de-macaco, 457 Adenia, 367 319-320, 325, 327-330 Alophyllum, 457
Abroma, 324-325 Adenocalymma, 486, 488 Aizooideae, 328-330 Aloysia, 488, 490-491
Abrus, 372, 375- 376 Adenostoma, 384, 387 Aizoon, 328-330 Alpinia, 302
Abuta , 308 Adesmia, 372 Ajuga, 492-493 Alpinioideae, 302
Abutilon, 425, 426 Adiantum, 200 - 201 Ajugoideae, 492-493 Alsinoideae , 320
Acaaa, 372, 375-376 A. capillus- veneris, 200-201 Akaniaceae, 422-423 Alsophila, 199
Açafrão, 272 - 273 A. raddianum, 196 Akebia, 75- 76, 78 Alstonia, 75-76, 78
Acalypha, 356, 359 Adlumia, 314-315 Alangiaceae, 445 AIstroemeriaceae, 230, 254,
Acalyphoideae, 359 Adolphia, 387-389 Alangium , 445 256 , 257
Acanthaceae, 231, 475, 476- Adoxa , 501, 504-505 Albizia, 372, 375-376 Altemanthera, 82-83, 325, 327
477, 480, 486, 488, 489 Adoxaceae, 231, 501, 504-505, A. julibrissin, 369, 371-373 Althaea, 425
Acanthocereus, 330, 332 504-505 Albuca , 269 Atingia, 343-344, 346
Acanthogilioideae, 457 Adoxoideae, 505 Alcachofra, 511 Altingiaceae, 230, 338, 341-
Acanthoideae, 488 Aechmea, 286 - 287 Alcaparra, 420 -421 344, 343-344, 346
Acanthus , 488
'
Aegilops, 111 Alchemilla, 382, 384, 387 Abaradoa, 433, 435
Acca, 418, 420 Aegle, 75- 76, 78, 429-430, 432 Alchomea, 359 Alveolados, 155-156
A. sellowiam, 418, 420 Aeschynanthus, 481 Aldrovanda, 332 Alyssum , 420-421
Acer, 76, 78, 437-438 A. radicans, 478 Aletris, 262 Amaranthaceae, 230, 318 -319,
A. negundo, 434 Aeschynomene, 75- 76, 78, 372, Aleuntes, 359 319, 324-325, 327
A. rubrum, 546, 547 375-376 Afordii, 356 Amaranthus, 76, 78, 325, 327
A. saccharum, 437- 438 Aesculus, 75-76, 78, 437-438 A. moluccana, 356 A. hybridus,322
A. saccharum subsp. Aethionemeae, 423 Alexgeorgea, 296 Amarilis, 270- 271
floridanum, 440 Agalinis, 482, 485-486 Alface, 511 Amaryllidaceae, 230, 263- 266,
A. saccharum subsp. Agapanthaceae, 230, 263, 265, Alface -do- mar, 159-160 -
269, 269 272
saccharum 440 . 269- 270 Alfafa, 372 Amaryllideae, 270-271
Aceraceae, 231 Agapanthus , 269-270 Alfaroa, 408, 410, 412 Amaryllis, 270-271
Acerola, 354 Agapetes, 453-454 Algas, 154 -156, 158-159 Amborella, 179-181, 227, 232-
-
Acetabularia, 157, 158 159 Agarista, 29, 453-454 Algas pardas, 156 233, 243
Achariaceae, 97, 231, 353-355, A. populifolia, 27-28, 448-450 Algas verdes , 157-159 A. trichocarpa, 107
369 A. salicifolia, 27 - 28 Algas vermelhas, 154-156 A. trichopoda, 178-179, 232-
Achillea, 512
Achlys, 313-314
Agastache, 492
Agathis, 172, 213, 217-219
Algodão, 90-91, 425
Alho, 269-270
-
233, 232 233
Amborellaceae, 225-229, 230,
Achyranthes, 325, 327 A. australis, 218-219 Aliciella, 457 232-233
Acleisanthes, 324-325 Agathosma, 429-430 Alisma , 254 Amborellales, 230, 232-233
Acmella , 511 Agavaceae, 181- 182, 230, 263- Alismataceae, 230, 250, 252-254 Ambrósia , 511, 512, 515
Acmena, 418, 420 -
266, 268 269 Alismatales, 227, 230, 249 - 254, Ameixa, 382, 384
Acoelorraphe, 276, 278- 280 Agave, 257, 268, 269 256 Amelanchier, 80-81, 131-132,
A. wrighlii, 278-279 A. americana, 263 AUamanda, 470- 472, 474 380, 382, 384, 387- 388
Aconitum, 312 Agavoideae, 264, 296 Allantoma , 457 A. arbórea, 132 133-
Acoraceae, 230 Ageratina , 511 Alliaceae, 230, 263-266, 269, -
A. bartramiana , 130 -131, 132
Acorales, 227, .230 Ageratum, 512 269-270 133, 133-136
Acrogymnospermae, 177 Aglaia, 432-433 Alliaceae s.L, 263, 265, 265-266 A. canadensis, 132 -133
Acrostichum , 200 - 201 Aglaomorpha, 204-205 Alliana , 421-422 A. erecta , 134-135, 136
Actaea, 312 Aglaonema, 252 Allioma, 324-325 A. humilis, 132- 133
-
Actinidia , 75 76, 78, 445
Actinídiaceae, 231, 445, 446
Aglaophyton, 161- 162, 162
A. maior, 163
Allium , 75- 76, 78, 257, 269-270
A. chrí stophii , 263
-
A. laerns, 75 78,130-131, 132-
133, 133-136, 384, 386
588 ÍNDICE TAXONôMICO

-
A. sanguí nea , 132 133 Anigozanthos, 282-283, 285 Archaea, 155- 156 A. pedicellata , 473
-
A. stolonifera, 132 133 Anis, 497 Archaeanthus iinnenbergen , A. syriaca , 468, 473
A. wiegandii, 132 - 133 Anisacanthus , 488 121 -122 Ascolepis, 294, 296
A. x neglecta ,133-137 Anis- estre!ado, 235- 236 Archaefructus, 179-181 Asimina, 240
(Editoração: usar o símbolo Annona, 75- 76, 78, 240 Archaeopteris, 163 -164, 169, 171, A. incana, 239, 241
de multiplicação) A. squamosa , 239 170 -171 A. obovata, 241
x Amelasorbus, 132-133 Annonaceae, 227, 230, 237 , Arctomecon, 314 - 315 A. triloba , 240, 241
Am êndoa, 382, 384 240, 241 Aretostaphylos, 75 - 76, 78, 453- 455 Asparagaceae, 230, 264, 263,
Amendoeira -da - praia, 416 Anomochloa, 34 -35, 300 - 301 Arctoteae, 512, 515 265, 265-266
Amendoim, 372 Anomochlooideae, 34-35, 300 - Arctotí s, 512 Asparagaceae sl, 263, 265,
Amentiferae, 50, 369 301 Ardisia, 450-452 265-266
Amentotaxus, 219- 220 Antennaua, 132 - 133, 511, 512 Ardisiandra, 451-452 Asparagales, 227, 230, 262- 275
Amherstia , 374 -375 Anthemideae, 512, 515 Areca , 276, 278- 279 Asparagus. 265- 266
Amianthium, 262 Anthemis, 512 A. catechu, 247 A. aetltwpicus, 265 - 266
Amieiro, 404 Anthericaceae, 269 Arecaceae, 230, 275- 276, 276, A. officmalis, 265- 266
Ammannia , 414 Anthencum, 268, 269 278-280 A setaceus, 265- 266
Amomum, 302 Anthocercis, 461 Arecales, 227, 230, 276, 278- 280 Aspargo, 55
Amora - do - mato, 3-5, 75, 131- Anthoceros, 160 - 161 Areceae, 278- 279 Asphodelaceae, 230, 264 , 263,
132, 382, 384 Anthoxanthum odoratum, 129- Arecoideae, 276, 278- 279 265- 266, 272
Amoras, 75- 76, 78, 392-393 130 Arenaria, 320 Asphodeloídeae , 272
Atnorphophallus , 252 Anthurium, 252 Arenga , 279- 280 Asphodelus, 272
Ampelocera, 390-391 Anticlea , 262 Argemone, 75-76, 78, 314 -315 Aspkarpa , 354
Ampelopsis, 346 Antidesma , 359, 361- 362 A. albiflora , 311 Aspidistra, 268
Amphipogon, 109-110 Antigonon, 334 Argusia , 466 Asptdosperma, 472
Amphipterygium, 98 -99 Antimma, 325, 327 Argyranthemum, 511, 512 Aspleniaceae, 132 - 133, 187,
Amsinckia, 466 Antirrhtnum, 75- 76, 78, 482 Argyroxiphium, 8 194 -195, 200-202
Amsonia , 472, 474 A. majus, 478 A. caligini, 8 -
Asplenium, 132 133,199- 200, 202
Amyema, 335-336 Antócero, 161-162 A. graycmum, 8 A. nidus, 147, 202
Amygdaleae, 138-139, 384, 387 Antófitas, 175-176, 219-220 A. kauense, 8 A. rhízophyllum, 202
Amygdaloideae, 384, 387 Anulocaulis, 324-325 A. sandwicense, 8 A. rhízophyllum, 202
Amyrts, 429-430, 432 Apeiba, 425 Argythamnia, 356 A. ruprechtii, 202
Anacadiaceae, 97-98, 231, 428- Aphananihe, 390-391 Arisaema, 252 A. ruprechtii, 202
429, 429-430, 430, 432, 433, Aphelandm, 138-139, 140, 488 A. dracontium, 251 A. scolopendnum 202 .
435-437 Apiaceae, 97, 97-98, 132 -133, A. triphyllum, 251 A. tnchomanes , 90, 90 -91
Anacardium occidentale, 437 231, 495, 497-499, 501 A. triphyllum var. stewardsonii, A. tnchomanes subsp.
Anagallis, 450 - 452 Apiaies, 97, 229, 231, 497-501 251 quadrivalens, 90
Ananas, 75-76, 78 Apicomplexa, 155-156 Aristida , 107-110 A. trichomanes subsp.
A. comosus, 286-287 Apioideae, 499, 501 A. condensata , 556 -557 trichomanes, 90
Anaphalis, 512 Apmm, 76, 78, 497, 499, 501 Aristidoideae, 296 - 297, 300- 301 .
A. tripteropus 202
Anaxogorea, 240 A graveolens , 496
, Aristolochia, 75- 76, 78, 114-115, Aster, 511, 512, 515
Andrachne, 361-362 Apocynaceae, 97- 98, 231 , 466- 247, 248 Asteraceae, 14, 17, 48-49, 97-
Andreaea, 161- 162 467, 470-475 A. gigantea, 239 -
98, 104-105, 132 133, 142-143,
Androcymbmm, 259 Apocynoideae , 474 A. tomentosa, 248 231 , 506, 508, 510-515
Andromeda, 453- 455 Apocynum , 472, 474 Aristolochiaceae, 28 -29, 230, Asterales, 97- 98, 229, 231, 506 -
A. femigtnea ( Lyonia
ferruginea ), 546
Apostasia, 274 - 275 -
244- 245, 247 248, 249- 250 515
Apostasioideae, 274, 274- 275 Aristolochioideae, 247- 248 Asteranthera, 481
Andrômeda ferrufinea ( Lyonia Aquifoliaceae, 231, 493-494 Armoraaa rusticana, 420 -421 Asteranthos, 457
ferruginea), 546 Aquifoliales, 229, 231 , 493- 494 Arnica, 512 Astereae, 512, 515
Andropogon, 301 Tkquilegia , 75-76, 78, 129-130, Amoglossum, 511 Asteridae, 113
A. giomeratus var. pumilis, 289 312 Arrabidaea, 486, 488 Asterideas- n cleo, 441, 458-515
A. gyrans, 93 A. formosa, 129-130 Arroz, 107, 300 -301 Asteroideae, 512, 515, 515
A. virginicus, 146-147 A. pubescens, 129-130 Arroz silvestre norte - Asteroxylon mackiei, 166
Andropogoneae, 90-91, 301 Arabidopsis thaliana, 107, 421- americano, 301 Astilbe, 340
Androsace, 450-452 422 Arruda, 429-430 Astragalus, 132-133, 372, 375-
Aneilema, 280- 282 Arabis , 420 -422 Artabotrys, 240 376
Anemone, 80-81, 312 Araceae, 230, 249-250, 250-252 Artemísia, 97, 511, 512 Astronium, 437
Anethum, 497 Arachis, 75- 76, 78, 372, 375 -376 Artocarpus , 392-393 Asystasia , 488
A. graveolens, 496 Aragoa, 483 Aruncus, 387 Atalantia, 429 - 430
-
Aneurophytes, 163 164 Aralia, 499, 501 A. dioicus, 381 Athrotaxis , 215
Aneurophyton, 169, 171 Araliaceae, 231, 497, 499, 501 Arundinaria. 300 -301 Athyrium , 199- 200, 202- 203
Angadenia, 472 Aralioideae, 501 Arundinoideae s.s., 296- 297, A. filix- femina, 202- 203
Angélica, 497, 499, 501 Araucana, 54 -55, 213, 217- 219 300 -301 ' Cultivar Rainha Victoria',
Angelonia , 482 A. araucana, 217-218, 218- 219 Arando, 109-110 202- 203
Angiófitas , 175-176 A. bidwilU , 217- 218 Arvore das tulipas, 237 Atriplex, 325, 327
Angiopteris, 165, 167, 168 A. heterophyila. 212. 218- 219 Árvore-do - paraíso, 433, 435 Atropa , 461
Angiospermas (Angiospermae ), Araucariaceae, 172-173, 187, Asaroideae, 247 Attalea, 276, 278- 279
172-182, 185 208, 210- 211, 213, 215 - 217, Asaram, 247- 250 Aurantioideae, 429-430
Angiospermas- n cleo, 178- 181 217-219 Asclepiadaceae, 231 , 474 Aureolaria , 485-486
Angophora , 418, 420 Arbutoideae, 454 -455 Asclevias, 75 - 76, 78, 80-81, 129- Aurinia , 421-422
Angraecum, 272- 273 Arbutus, 453-455 130, 472, 474 Australopyrum
A. sesqmvedale, 66-67, 122-123 Arceuthobium, 338 A. connivens, 473 A. pectinatum, 111
Amba rosaeodora , 242 - 243 A. pusillum, 337 A. incamata , 473 A. velutinum, 111
íNDICE TAXONôMICO 589

Austrobaileyaceae, 235- 236 Berchemia, 387-389 Boswella carteri, 437 Buxaceae, 230
Austrobaileyaies, 97, 178-179, Berinjela, 461 Botrychium, 193 Byrsomma, 354 - 355
178 - 179, 179-181, 225-227, 230, Berkheya , 512 B. virginianum, 192 B. l úcida , 356
235- 236, 243 Berlandiera , 511 Bouchea, 488, 490-491 Byrsonimoideae, 354-355
Austrobuxus, 361 Bemardia , 356 Bougainvillea , 322, 324-325 Byttneria , 425
Austrotaxus, 219- 220 Berrya, 425 Bourreria , 466 Bvttnerioideae, 425, 427-428
Aveia, 300-301 Bertholletia, 75-76, 78, 457 Bowenia, 207- 208 Cabomba, 233
Avelã, 404 B. excelsa , 457 Boykinia, 340, 342 Cabombaceae, 230, 235 - 236
Avena sativa, 300-301 Besleria, 481 .
Brachyeiytrum 110 Cabomboideae, 233, 235-236
Aveneae, 110 Beta Brasenia, 75 - 76, 78, 233, 235- Caça-moscas, 332
Averrhoa , 75 -76, 78 B. vulgaris, 325, 327 236 Cactaceae, 230, 318-319, 319,
A. carambola, 350 -351 Beterraba, 325, 327 Brassia, 274 320, 328-330, 330, 332
Avicenma, 475, 488 Bétula, 404 Brassica, 142, 272, 420 -421 Cactoideae, 105, 330, 332
Avicenniaceae, 231
Avícennioideae, 488 B. cordifolia, 90-91
-
Bé tula, 76, 78, 90, 132 133, 404 B. campestris, 142, 421-42
B. carinatus, 142
Cactos, 55
Çaesalpinia , 372, 375-376
Azadirachta, 432 - 433, 435 B. lenta, 405 B . jmcea, 142 , 420-421 Caesalpinioidea , 374- 375,
Azaléia, 453-454 B . nigra, 405 B. napus, 420- 421, 424-425 375-376
Azara , 369 B. papyrifera, 90- 91, 397 B. nigra, 142, 420 -421 Caf é, 467, 469
Azolla, 165, 167, 198 B . populifolia, 90 -91 B. oleracea,130-131, 142, 420- Cainito roxo, 448
Babiana, 272- 273 Betulaceae, 132 -133, 231, 369, 421 Caiophora, 443
Bacchans, 511, 512 , 515 400- 401, 404-405, 406 B. rapa, 142, 420-421 Cajanus , 372
Bacilariófitas, 156 Betuloideae, 4 U4 Brassicaceae, 97, 231, 420-423 Caju, 437
Bacopa, 482 Bico- de - papagaio, 359 Brassicales, 97, 104, 114-115, Cakile, 420-421, 423
Bactns, 276, 278- 279 Biáens, 75- 76, 78, 132- 133, 148, -
228 229, 232, 346, 420-423 C. edentula subsp. harperi,
Báculo, 204 511, 512 Brassicoideae, 422 -423 421-422
Balamtes, 350-351 B . cosmoides, 148 Brassospora, 124 125 - Caia, 252
Balanophoraceae, 335-336 B. hiliebrandiana subsp. Brexia, 353-354 Caladium, 252
Balduina, 511 polycephala , 148 Brexiaceae, 353- 354 Calamagrostis, 301
Balsaminaceae, 231, 445, 446 B. mauiensis, 148 Breynia, 361 Calamites, 165, 167
Bambu, 300 -301 B . menzí essii subsp. filifornis, Brickeltía, 511 Calamoideae, 276, 278
Bambusa , 300- 301 148 Bridgesia, 437-438 Calamus, 276, 278
Bambusoideae, 296-297 Bignonia , 486, 488 Briófitas (Bryophyta), 154-155, Calandrinia, 328-330
Bambusoideae s.s., 300- 301 Bignoniaceae, 231, 475, 476 - 159-162, 163-164, 185 Calanthe, 272-273
Banara, 369 477, 480, 486, 488, 487 Brochoneura, 242-243 Calathea , 304, 306
Banisteriopsis, 354 Bignonieae, 486, 488 Brócolis, 130 -131, 420 -421 Cakeolaria , 482
B . caapi, 354 Billbergia, 286-287 Brodiaea, 269-270 Calceolariaceae, 231, 475, 476-
Banksia, 316-317 Biophytum, 350 - 351 Bromeae, 110 477, 480, 482
Baobás, 9, 10 Bischofia, 359, 361-362 Bromelia, 286 - 287 Calea, 512
Baptisia, 375-376 Blakea, 420-421 Bromeliaceae, 230, 285 - 286, Calendula, 511, 512
Barba -de -velho, 286-287 B . wilsoniorum, 411 286-287, 288 Calenduleae, 512, 515
Barbarea, 420-421 Blakea wilsoniorum, 411 Bromeliordeae, 276, 278 Calepina irregularis, 421-422
Barclaya, 233 Blakeeae, 420 421
- Bromus, 111, 301 Calibanus, 268
Barclayaceae, 230 Blechnaceae, 187, 194 -195, Brosimum, 392 393 - Calhandra, 372, 375-376
Callicarpa, 491-494
Barleria , 488 -
202 204 Broussonetia, 392- 393
Bamadesia , 512 Blechnum, 204 Brownea, 374-375 Callirhoe, 425, 426
Bamadesieae, 512 Bletia, 272-273 Brownlowioideae, 427-428 Callisia, 280-282
Bamadesioideae, 512, 515 Blighia , 75-76, 78, 437-439 Bruguiera, 364 C. cordifolia , 282
Bamadisiinae, 105 B. sapida , 343 Brunfelsia, 461 C . fragans, 92
Barringtonia, 457 Blutaparon, 325, 327 Bubbia, 244, 244-245 Callistemon, 417-418, 420
B. racmosa, 448 Blyxa, 254 Bucha, 398 C. rigidus, 411
Barringtonioideae, 457 Boca -de - dragão, 482 Buchnera, 485-486 Callitrichaceae, 231, 482
Bartonia, 470-471 Bocconia, 316 Bucida, 54-55, 461 Callitriche, 476, 482, 483
Basellaceae, 328 - 330 Boehmerta, 396 Buckleya, 338 Callitris, 213, 215
Basilicum, 493-494 B. cylindrica, 383, 396 Buddleja, 466-467, 475, 484 Callitróides, 213, 215 - 217
Bataceae, 231, 422- 423 B . nívea, 396 Buddlejaceae, 231, 466-467, 475, Callitropsis, 213, 215- 217
Batata, 107, 461 Boerhavia, 324-325 476-477, 480, 484 C. nootkatensis, 215-217
-
Bauhinia,372, 374-375, 375 376 B. diffusa, 325 Bulbine, 272 C. vietnamensis, 215 - 217
Begónia, 75-76, 78, 397, 398 Bombacaceae, 231, 425 Bulbophyllum, 272 -275 Calluna, 453-455
Begoniaceae, 231, 396, 398, 400 Bombacoideae, 425, 427-428 Bulboschoenus, 294, 296 Calochortaceae, 230, 258
Beilschmiedia , 242- 244 Bômbax, 425 Bulbostylis, 294, 296 Calochortus, 254, 256 , 257, 258
Bejaria, 453-454 Bonamia , 462 Bulnesia, 350-351 Calophylum, 361-362
Beladona, 461 Bonnetiaceae, 361- 362 Bumelia, 448-450 Calopogon, 272-273
Belamcanda, 272- 273 Bontia, 484 Bunchosia, 354-355 Calotropis, 474
Bellendena , 316- 317 Boraginaceae, 231, 459, 461, Bupleurum, 497 Caltha, 75- 76, 78, 312
.
BeUiolum 244- 245 462, 465-466 Burmanniaceae, 230, 275 - 276 C. palustris, 75-78, 310
Benincasa , 398 Boraginoideae, 466 Bursa- pastoris , 421-422
242- 243
-
Calycanthaceae, 28 29, 230,
Bennettitales, 172 , 175-176 Borago, 466 Bursera, 437
Berber í daceae, 230, 307, 308, B. officinalis, 466 B. stmarouba, 434 Calyceraceae, 231, 506
312-315 Borasseae, 278 - 279 Burseraceae, 231, 428-429, Calyciflorae, 50
Berberidoideae, 313- 315 Borassus, 278-279 429-430, 430, 432, 437-438 Calycocarpum, 308
Berberis, 313 n -315 Borreria, 467, 469 Butia , 276, 278 Calycogonium, 420-421
Berberis, 313- 314 Boschniakia, 485 -486 Butomaceae, 230, 250, 254 Calydorea, 272- 273
590 í NDICE TAXONôMICO

Calypso, 272- 273 Carlowrightia, 488 Cecropia , 379, 392 - 393, 396, Charales, 157, 158-159, 162
Calyptranthes , 417- 418, 420 Camegia , 330, 332 548 - 549 Cheilanthes, 199- 201
Catystegia , 462 Camegiea, 330, 332 Cecropiaceae, 231, 396 Cheiidonioideae, 315-316
C. sepium, 463 C. gigantea, 123 Cedrela, 432 - 433, 435 Chelidomum, 314- 315
C . spuhamaea, 463 Carófitas , 2, 158-159, 162 C, toona, 434 C. majus , 315
Camarão, 488 Carpentena, 442 Cedro, 213, 432 -433 Chelone, 482
Camassia,269 Carphephoms, 511, 512 Cedrus, 211 Chenopodiaceae, 230, 325, 327
Cam élia, 452 C. paniculatus , 507 Ceiba, 425 Chenopodium, 76, 78, 325, 327
Camellia, 452 Carpino, 404 Celastraceae, 231, 341-342, C. álbum, 326
C. sinensis, 452 Carpmus , 404, 448 350-354 C . ambrosioides, 326
Camerana , 475 Carpobrotus, 325, 327 Celastrales, 228 -229, 231, 346, C. oahuense, 94
Camissonia , 414, 415 Cartonema, 280 - 281 350-354 Chicória, 511
Campanula , 508, 510 Carum, 497 Celastrus, 353-354 Chí lopsis, 486, 488
Campanulaceae, 97.231 , 506, Carvalho branco, 401, 403, 546 C. scandens, 348 Chimaphila, 453-455
N
508, 510, 509 Carvalho vermelho, 401, 403 Celosia, 325, 327 Chiococca, 467, 469
Campanuláceas havaianas, 8, Carvalhos, 147, 397, 400-401, Celtidaceae, 231, 390-391 Chionanthus, 480, 481
125-127, 130-133, 135, 137 546 Celtidoideae, 390 - 391 C, pygmaeus, 480
Campanulales, 506 Carya, 75- 76, 78, 408 -410, 412 Ceitis, 75- 76, 78, 379, 389-391 C . virginicus, 480
Campanulídeas, 229, 231, 441, C. illinoensis, 408 Cenoura, 497 Chionographis, 262
459, 493-515 C. lací niosa, 409-410 Centaurea , 511, 512 Chirimóia, 240
Campanuloideae, 508, 510 C . uvata, 408, 409-410 Centaunum, 470 -471 Chirita , 481
Campsis, 75 -76, 78, 486, 488 Caryophyllaceae, 230, 318 - Centeio, 301 Chisocheton, 433, 435
Camptotheca, 445 319, 319, 320-321, 323 Centella, 497, 499, 501 Chlamydomonas, 157, 158 -159
Ciimpyloneurum, 204 - 205 Caryophyllales, 25-26, 228-230 , Centothecoideae, 300-301 Chloanthoideae , 492 -494
Canacomyrica, 406-408 318- 334 Centrolepidaceae, 296 Chloranthaceae, 28 -29, 50, 178-
Cana - de- açúcar, 300 - 301 Caryophyllales s.s., 318-319 Centropogon, 508, 510 179, 181-182, 227- 229, 230, 243
Cananga, 75-76, 78, 240 Caryophyllineae, 318-319 Cephalanthus , 76, 78, 467, 469 Chloridoideae, 296- 297, 300-
C. odorata, 240 Caryophylloideae, 320 Cephalotaceae, 231 , 320, 350- 301
Canarium, 437 Caryota, 276, 278 280
-
351 Chloris, 301
Canbya , 314-315 Caryoteae, 279- 280 Cephalotaxaceae, 187, 213, Chlorocardium, 242- 243
Canellaceae, 230, 244 Caseana, 369, 371 219- 220 Chlorogaloideae, 230, 269
Canellales, 178- 279, 179-181, C. crassinervis, 360 Cerastium, 320 Chlorogalum, 269
219-220, 227 , 230, 244 - 245 Casimiroa, 429- 430, 432 Ceratiola, 453-455 Chlorokybus, 157
Cama, 304, 306 Cassia, 75- 76, 78, 372, 375-376 Ceratophyllaceae, 225-226 , Chiorophyceae, 157
C. edulis, 304, 306 C. grandis, 369, 371 228- 229, 230, 248-250 Chlorophytum, 268, 269
C . flaccida, 305 Cassiope, 30 Ceratophyllales, 248- 250 Chloroxylon, 429-430
Cannabaceae, 231, 377, 379 - Cassipourea, 364 Ceratophyllum, 75- 76, 78, 178- Chondrodendron, 308
380, 390-391, 392 Cassytha, 242-243 179, 249-250 C. tomentosum, 311
Cannabaceae si, 390-391 Cassythoideae, 243 Ceratopteris, 197, 199- 201 Chondropetalum, 296
Ccmnabis, 379, 390 -391 Castanea, 75- 76, 78, 400 - 401, Ceratozamia, 207-208 Chorizanthe, 334
Cannaceae, 230, 304, 305, 304, 403 Cercídiphvllaceae, 230, 338, Chrysanthemum, 512
306 Castaneophyllum, 316-317 341-342 Chrysobalanaceae, 231, 354
Canola, 420-421 Castannha portuguesa, 400 -401 Cercidiphyllum, 54-55 Chrysolepis, 400-401, 403
Canotia, 353-354 Castanopsis, 400-401, 403 Ceras, 372, 374-375, 375-376 Chrysophylloideae, 448-450
Capim -de -cheiro, 294, 296 Castela, 433, 435 Cercocarpus, 380 Chrysophyllum, 448-450
Capparaceae, 231 Castilleja , 482, 485-486, 488 Cercozoa, 155-156 C. cainito, 448
Capparaceae , 423 Casuarina, 76, 78, 406 Cereja, 3-5, 380 Chrysopsis, 511
Capparis, 420-423 Casuarinaceae, 231, 400-401, Cereja amarga, 382, 384 Chrysosplenium, 340, 342
C. flexuosa, 424 -425 406 Cereja doce, 382, 384 Chrysosthamnus, 511
C. spmosa, 420-421 Catalpa , 486, 488 Cereus, 330, 332 Chuchu, 398
Capparoideae, 423 C. bignonioides, 487 Ceropegia, 472, 474 Chuquiraga , 512
Caprifoliaceae, 97, 231, 501, C . speciosa, 487 Cestroideae, 461 Chusquea, 300 -301
503-505 Catasetum, 272- 275 Cestrum, 461, 462 Chylismia, 414
Capsella, 83-89, 420- 422 Catesbaea, 467, 469 Cevada, 300-301 ChyHsmiella, 414
C. bursa- pastoris, 421 -422 Catha, 353-354 Chaenactis, 511 Cibotiaceae, 187, 199
Capsicum, 461 Catharanthus, 472, 474 Chaenomeles, 384 Cicer, 372
Caqui, 450 C . roseus, 472 Chaerophyllum, 497, 499, 501 Cichorieae, 512
Carambola, 350 - 351 Cathaya, 213 Chamaebatiaria , 380, 387 Cichorioideae , 512, 515
Cardamine, 420 -421, 423 Catopsis, 286- 287 Chamaecrista, 372, 375-376 Cichorium, 511, 512
Cardam omo, 302 .
Cattleya 122-123, 274 C. fasciculata , 374 C. intybus, 511
Cardiospennum, 437-438 Caulanthus, 420-421 Chamaecyparis, 213, 215 -217 Ciclâmen, 450
Cardueae, 512, 515 Caulophyllum, 313- 315 C. obtusa, 212 Cicuta, 497
Carduus, 512 Cavalinha, 164-165, 168 Chamaeáaphne, 453- 455 Cicuta, 497, 499, 501
Cardwellia , 316 -317 Cavendishia, 453-455 Chamaedorea, 276, 278- 279 C. maculata , 496
Carex, 75- 76, 78, 124, 132-133, Cayapoma, 398 Chamaelirium, 262 Ciliados, 156
294 , 296 Caytonanthus kochí, 177 Chamaerops , 276, 278- 279 Cimicifuga, 312
C . verrucosa, 289 Caytonia , 172, 175 -176 Chamaesyce, 359 Cinchona , 467, 469
Caricaceae, 232, 422-423 C nathorsti , 177
, Chamerion . 414, 415 Cinchonoídeae, 467, 469
Cariceae, 294, 296 C. thomasi , 177 C. angustifolium, 142 -143 Cinnamomum , 242 - 244
Carimana , 466 -467 Ceanothus, 387-389 Chavtalia , 512 C. camphora, 239. 242- 243
Canssa, 470 -472, 474, 474, 475 Cebola, 269-270 Chara, 2, 158-159, 159- 160 C. verum, 242- 243
ÍNDICE TAXON ôMICO 591

Cipreste do Alasca, 215-217 Cocculus carolinus, 309-310 Conostegia, 420-421 Crataegus, 131-133, 147, 380,
Circaea, 414, 415 Cochiearia, 420-421 Conostylidoideae, 282- 283, 285 384, 387-388, 549-550
Cirsium, 511, 512 Cocos, 75-76, 78, 276, 278-280 Conostylis, 282- 283, 285 C. crus -galli, 383
C . horridulum var. horridulum , C. nucifera , 88-89 Consolea, 330, 332 Crateranthus , 457
510 Cocoseae, 278-279 C. moní lif òmis, 322 Cravos, 320
C. horridulum var. vittatum, Codiaeum, 359 Convallaria, 268 Crepis , 511, 512, 515
510 Codiaeum, 359 Convallariaceae, 230, 268 Crescentia, 75-76, 78, 486, 488
C. lecontei, 510 Codium, 158- 159 Convolvulaceae, 231 , 459, 461, Crmurn, 257, 270- 271
Cissampetos, 308 Codon, 466 462, 463 -
C. americanum, 270 271
Cissus, 346 Codonanthe, 481 Convolvulus, 462 C. knkii, 270-271
Cistaceae, 231.423, 426-428 Codonopsis, 274, 508, 510 C. arvensis, 464 Crisântemo, 511
Cistanthe, 328-330 Coelogyne, 274 Conyza , 511, 512 Critesion , 111
Cistos, 427-428 Coffea -
Cookscmia, 163 164 Crithopsis delileana , 111
Citharexylum, 488, 490-491 C. arabica, 468, 46í, 469 Copemicia, 276, 278- 279 Crocanthemum, 427-428
Citroideae, 429- 430 C. robusta, 467, 469 Coptis, 312 Crocoideae, 272-273
Citrullus, 398 Cola, 425 Coqueiro, 276, 278 Crocosmia, 272-273
C. /flnafHs 'Crimson Sweet', C. acuminata, 425 Corallorhiza, 272- 273 Crocus, 272- 273
550-551 C. nitida, 425 Corchorus, 425 C. satims, 272- 273
-
Citrus, 75- 76, 78, 88-89, 97 98, Colchicaceae, 230, 254, 256 , Cordaites, 174-175 Cromalveolados, 155-156
429-430, 432 257, 258-259 Cordia, 75-76, 78, 466 -
Qomistas, 155 156 , 156
C. aurantiifolia , 434 Colchicum, 259 C. luícfl, 464 Croptilon, 511
Cladium, 294, 296 Coleochaetales, 157- 159, 162 Cordioideae, 466 Crossopetalum, 353-354
Ciado archaeplastida, 154-155 Coleochaete, 2, 158-159, 159 -160, Cordyline, 269 Crossosomataceae, 350
Ciado BEP, 300-301 162 Corema, 453-455 Qossosomatales, 350
Ciado das aster ídeas, 229, 231, Coleus, 492 Coreopsis, 511, 512 -
Crotalaria, 372, 375-376, 375 376
441-458 Colletia, 387-389 Coriandmm, 497, 499, 501 Croton, 76, 78, 356
Qado das eommelinídeas, 227, Collinsí a, 482 Caris, 451-452 C. alabamensis, 357
230, 275- 276, 278-307 Collinsonia, 492 Corispermum, 325 C. argyranthemus, 357
Qado das rosídeas, 228-231, Collomia, 457 Comaceae, 231, 441, 443-445 C. glandulosus, 357
346- 440 Co/ocasía, 252 Comales, 97-98, 104, 229, 231, C. linearis, 75-78, 357
Qado glucosinolado, 104 Colubrina, 387-389 441-445 C. punctatus , 357
Ciado gramin óide, 286-287 C. arborescens, 389 Comus, 75-76, 78, 443, 445 Qotonoideae, 359
Ciado mauloutchióide, 242- 243 C . elliptica, 389 C. altemifolia, 444 Cruciferae, 420-423
Ciado myristicóide, 242-243 Columnea, 481 C . amomum, 445 Cryophytum, 325, 327
Ciado PACCAD, 33-34, 300-301 C. zebrma, 478 C. canadensis, 445 Cryptantha, 466
Cladrastis, 374-375 Colurieae, 387 C. florida, 442, 444, 445 Cryptocarya, 242-244
Clarkia , 414, 415 Cmandra , 338 C. íronsfl, 445 Cryptocaiyeae, 244
C. biloba, 90-91 Combretaceae, 231, 410, 412, C. mas, 445 Cryptomeria, 172-173, 215- 217
C. lingulata , 90-91 416 C. nuttallii, 442, 445 Cryptostegia, 474
Clavija, 450 Combretum, 416 Comuna, 493-494 Cryptostylis , 274- 275
Claytoma, 328-330 C. aubletii, 411 Corolliflorae, 50 Ctenanthe, 304, 306
C. virgimca, 90-91 Comigo- ninguém - pode, 252 Coronopus didymus, 421-422 Omitis, 204- 205
Cleistanthus , 361, 361-362 Cominho, 497 Corydalis, 314 -315 Cubanola domingensis, 468
Cleistes, 272- 275 Commelina, 280 -282 Coryioideae, 404 Cucumis, 398
Cleistocactus, 330, 332 Commelinaceae, 230, 280-282 Corylopsis, 343-344 C. melo, 397
Clematis, 75-76, 78, 312 Commelinales, 227, 230, 276, Corylus, 75- 76, 78, 404 C. sativus , 94
Cleome, 420-423 278-286 Corymbia, 418, 420 Cucurbita, 75-76, 78, 398
C. domingensis, 424- 425 Commelineae, 282 Corypha, 278- 279 C. pepo, 397
k Qeomoideae, 422 - 423 Commicarpus, 324-325 Corypheae, 278- 280 Cucurbitaceae, 231, 384, 386,
Ckrodendrum, 75 - 76, 78, 491- Commiphora, 437 Coryphoideae, 276, 278-280 398, 399
493 C. habessinica, 437 Cosmos, 512 Cucurbitales, 228- 229, 231, 346,
Qethraceae, 231, 445, 446 Complexo Normapolles, 400- Costaceae, 230, 304 396-400
í Clidemia, 418, 420 -421 401 Cotinus, 437 Cucurbitoideae, 398
Clintonia, 258 Compositae (Asteraceae), 508, Cotcmeaster,132-133, 384, 387- Cujete, 486, 488
í Clivia, 270-271
Cloraracnófitas, 155-156
510, 510-515
Comptonia, 406-408
388
Couratari, 457
Culcitaceae, 187, 199
Cuminum, 497
? Clorófitas (Chlorophyta), 2, Confrei, 466 Couroupita, 457 C. cyminvm, 496
154 -159 Coniferales 28 -29, 172-173, 187, C. guianensis, 457 Cunninghamia, 213
Clusia, 75- 76, 78, 361-362 208, 210-220 Cousinia, 511 Cunoniaceae, 231, 350-351
C. lanceolata, 360 Coníferas, 172-173, 174-175, Coussapoa, 396 Cupania , 437-438, 439
Clusiaceae, 231 , 353-354, 361- 186, 187, 205- 206, 208, 210- Couve, 420 -421 Cupaniopsis, 437-438
362, 362-363 220 Couve-chinesa, 142, 420 -421 Cuphea , 414
Qusioideae, 361-362 Coniferófitas, 169, 171 Couve-flor, 420-421 C. í gnea , 411
Clytostoma , 486, 488 Comoselinum, 497 Craibiodendron yunnanense. Cupressaceae, 132-133,140,
Cneoridium, 429-430 Comum, 497 -
27 28 172 -173, 187, 208, 210- 211,
Cmdoscolus, 356, 359 Conocarpus, 416 Crassula, 342 213, 213, 215-217
C. chayamansa , 359 C. erectus, 416 Crassulaceae, 230, 338, 341- Cupressaceae s.s., 215-217
Cobaeoideae, 457 Conopholis. 485-486, 488 342, 342, 343 Cupressoides, 213, 215- 217
Coccoloba , 75, 80-81, 334 C. americana, 485-486 Qassuloideae, 342 Cupressophyta, 172-173
Cúccothrinax, 276, 278 - 280 Conophytum, 325, 327 +Crataegomespilus ( híbrido por Cupressus, 213, 215
Cocculus, 308, 334 Conospermum, 316 -317 enxertia), 549-550 Curcuma , 302
I
L
592 ÍNDICE TAXONôMICO

Cuscuta, 462
Cuscutaceae, 231, 459, 462
Datiscaceae, 231, 396
Datura, 46-47, 131-132, 461, 462
-
Dioscoreaceae, 230, 274 276, Drypetes, 97, 359, 422-423
277 Duabanga, 54-55, 414
Cyathea, 190 - 191, 199 Daucus, 76, 78, 497, 499, 501 Dioscoreales, 277, 230, 274- 276 Dubautia , 8
C. arbórea , 196 Davalliaceae, 187, 199-200 Dwspyros, 450 D. arbórea, 8
C . capensis, 199 Daví dia, 443, 445 D. digyna , 450 D. ciliolata , 8, 135, 137
Cyatheaceae, 165, 167, 187, Dawsonia superba , 160 - 161 D. kaki, 450 D. herbstobatae, 8
191, 194 -195, 197, 199 Decodon, 414 D. lotus, 450 D. imbricata , 8
Cyatheales , 187, 199 D. verticillatus, 413 D. virginiana , 448 -450 D. knudsenii, 8
Cycadaceae, 187, 206-207 Decumaria, 442 Dipelta, 504- 505 D. laevigata , 8
Cycadales, 187, 205- 208 Deeringothamnus, 240 Dipholis, 448 - 450 D. lati folia, 8
Cycadeoideas , 175-176 Degeneriaceae, 230, 237 Diphyllem, 313-315 D. laxa , 8
Cycad ófitas (Cvcadophyta ), 28- Delarbrea, 499, 501 Dí piazium, 199 - 200, 202- 203 D. linearis, 8
'
29, 86 -87, 169, 171, 372, 186, Delonix, 372, 375-376 Diplopanax, 445 D. menziesii, 8
187, 205- 208 Delospema, 325, 327 Diplotaxis muralis , 421 -422 D. microcephala , 8
Cycas, 171, 206- 207 Delphmium, 312 Diplusodon, 414 D. paleata, 8
C. circinalis, 207- 208 Dendê, 276, 278 Diplycosia, 453-454 D. pauciflorula. 8
Cyclamen, 450-452 Dendranthema, 511 Dipsacaceae, 231 , 504 - 505 D. plantagmea, 8
Cuclanthera, 398 Dendrobí um , 272-275 Dipsacales, 97- 98, 229, 231, D. platyphylla , 8
Cyclea, 308 Dendromecon, 314 -315 501-505 D. raí llardioides, 8
Cyclocarya, 409-410, 412 Dendropanax, 501 Dipsacus, 501, 504-505 D. scabra, 8,135, 137
Cydoloma , 80 -81 Dendrophthoe curvata, 337 D. sylvestns , 502 D. sherffiana, 8
Cyclosorus, 202 Dendrophthom, 338 Dipteridaceae, 187, 197 D.reticulata , 8
Cydonia , 382, 384 Denkania indica, 177 Dipterocarpaceae, 231 , 423, Dudleya, 342
Cylindropimtia , 330, 332 Dennstaedtia , 200-201 427- 428, 428-429 Duranta, 488, 490 -491
Cymbidium, 274 D. punctilobula, 199-200, 200- Dipterocarpus, 75- 76, 78, 80-81, Durião, 425
Cymodoceaceae, 230, 250 201 428-429 Durio zibethinus, 425
Cynanchum, 472, 474 Dennstaedtiaceae, 187, 194- Dipteronia, 437-438 Dypsis, 276, 278-279
Cynara , 511, 512 195, 199-201 Discicristados, 155-156 Dyschoriste, 488
Cynareae, 512 Dente - de-leão, 90 -91 Disporum, 254, 256 , 257- 259 Dysoxylum , 432-433
Cynoglossum, 466 Descurainia, 420-422 Dissotis , 420 -421 Ebenaceae, 231 , 445, 446, 448,
C. amabile, 464 Desmodium, 75- 76, 78, 372, Distichia, 294, 296 448-450
Cynorkis, 274-275 375-376 Distylium , 343- 344 Echeveria , 342
Cyperaceae, 132- 133, 230, 285- Desmoncus, 278 - 279 Dturis, 274- 275 Echinocadus, 330, 332
286, 294, 296, 301 Deutzia , 442 Dodecatheon, 450 - 452 Echinocereus. 330, 332
Cyperus, 75-76, 78, 294, 296 xDialaelwcattleya (híbrido D. meadia, 451-452 Echinocystis, 75- 76, 78, 398
C. articulatus, 294, 296 intergenérico), 549-550 Dodonaea, 437-438, 439 E, lobata , 399
C. esculentus, 294, 296 Diamorpha, 342 Dombeya , 425 Eckinodorus, 254
C . longus, 294, 296 Dianthus, 320 D. x cayeauxii, 424-425 Echinops, 512, 515
C. papyrus, 294, 296 Diarrhena, 110 Dombeyoideae, 427-428 Echinopsis , 330, 332
C. rotundus, 294, 296 Diatenopteryx, 437-438 Dorotheanthus, 325, 327 Echites, 472, 474
Cyphioideae , 508, 510 Dicentra, 314-315 Dorstenia , 392-393 Egeria, 254
Cyphomandra , 461 D. spedabilis, 311 Dovyalis, 369 Ehretia , 466
Cyphomeris, 324 -325 Dicerandra, 492- 493 Downingia, 508, 510 Ehretiaceae , 466
Cypripedioideae, 274, 274- 275 Dichanthelium, 301 Doyleanthus, 242- 243 Ehretioideae, 466
Cypnpedium, 129, 272-275 D. clandestinum, 299 Draba, 420-421 Ehrharteae, 300-301
C. cakeolus, 122 -123 Dichelostemma, 269- 270 Dracaena , 82 -83, 268, 269 Ehrhartoideae, 296-297, 300-
Cypselea, 325, 327 Dichondra , 462 Dracaenaceae, 230, 268 301
Cyrillaceae, 231 , 445, 446 Dichondraceae, 462 Dracaeneae, 268 Eichhomia, 282- 283, 285- 286
Cyrtandra, 481 Dicksoniaceae, 187 Dracocephalum, 492 Elaegnaceae, 377, 379, 380
Cyrtandroideae, 481 Didiptera, 488 Draperia, 466 Elaeis, 276, 278-279
Cyrtanthus, 270- 271 Dicotiled ôneas, 6, 50, 88-89, Drimia , 269 Elaphogíossum, 204- 205
Cyrtomiumfalcatum, 196 178-179 Drimys, 244- 245 Elatostema, 396
Cystopteris, 199-200 Dictyosperma , 278-279 D. winteri, 239, 244 Elegia, 296
Cytisus, 372 Didiereaceae, 328- 330 Drosanthemum, 325, 327 E. capensis, 289
Dacrydium, 215- 217 Didiplis, 414 Drósera, 332 Elephantopus, 511, 512
Dactylis, 301 Didymopanax tremulum, 496 Drosera, 332, 334 Elettaria, 302
D. glomerata,142-143, 146 -147 Dieffenbachia, 252 D. brevifolia, 333 Elkinsia, 171
Daemonorops, 276, 278 Dieroilla , 501, 504 -505 D. capillaris, 333 Ellisia, 466
Dahlia, 511, 512 Diervillaceae, 231, 504-505 D. filifornis , 333 Elocharis, 294, 296
Dalbergia, 372 Digitalis, 482 D. mtermedia , 333 E. dulcis, 294, 296
Dalea, 372 Dilleniidae, 50-51 D. rotundifolia , 333 Uodea, 254, 256
Dalechampia, 356 Dimorphocarpa , 420 -421 D. tracyi, 333 Elymus , 301
Dama -da -noí te, 461 Dinoílagelados, 155-156 Droseraceae, 230, 318 -319, 320, Elvtrana, 488
Damasonium, 254 Diodia, 76, 78, 467, 469-470 332-334, 455 Embelia. 450 -452
Dana' , 268 D. teres, 469-470 Drosophylhtm, 332 Embothrium, 316 -317
Danthoma, 109-110 D. tetragona, 469-470 Drvadeae, 387 Embriófitas, 2, 159-162, 185
Danthoníoideae, 300-301 Dionaea, 332, 334 Dryadoideae, 380, 384, 386-387 Empetraceae, 231, 453-454
Darlingtoma, 455 D. muscipula , 332 Dryas, 380 Empetrum, 30, 453-455
Darmera peltata, 337 Dtoon, 207- 208 Drymaria , 320 Encephaiartos, 207 - 208
Dasyiinon, 268, 269 Dioscorea. 7 - 8 , 275- 276 Dryopteridaceae, 187, 194 - Encyclia, 272- 274
Dasyphyllum, 512 D. cjuatemata , 277 195, 204-205 £. cordigera, 274
Dasypyrum villosum, 111 D. odiosa , 277 Dryopteris, 199- 200, 204- 205 Engelhardia, 408, 410, 412
Í NDICE TAXONôMICO 593

Engelhardioideae, 408-410 Espada - de -são- jorge, 268 Fabaceae, 231, 369, 371-376 Família da madressilva, 501,
Enhalus, 254 Espermatófitas Fabales, 228-229, 231, 346, 369, 503-505
Enkianthus, 30, 453-455 (Spermatophyta), 163 - 164, 371-377, 379 Família da magnólia, 237, 238
Enneapogon, 107-110 164-165, 168-173, 185, 186 Fabídeas, 228 -231, 346, 350-421 Família da mandioca e da
Entandrophragma, 432-433 Espinafre, 325, 327 Faboideae, 374-375, 375-377, seringueira, 354- 359
Enterolobium, 375-376 Espinho - de-são- joão, 313-314 379 Família da menta, 492-494
Epacaridaceae, 231, 453-454 Espirradeira, 472 Fagaceae, 55-56, 132 - 133, 231, Família da mostarda, 420 -423
Epacris, 30-31, 454-455 Esporinha, 312 369, 400, 400-401, 403 Família da nogueira, 408 - 410,
Ephedra, 28- 29, 172,172-173, Estramenópilas, 155 -156 , 156 Fagales, 228-229, 231, 346, 400 - 412
175-176, 219- 221 Estreptófitas, 157, 158-160 410, 412 Família da noz-moscada, 240 -
E. distachya, 219-220 Euasterídeas 1, 231, 459-494 Fagales-n cleo, 400 243
Ephedraceae, 187, 220-221 ídeas II, 231 , 493-515
Euaster Fagonia, 350 -351 Família da oliveira, 476-477,
Epidendroideae, 274, 274 -275 Eubotrys , 453-454 Fagopyrum, 334 480-481
Eprdendrum, 75-76, 78, 272- 275
Epifagus, 485-486, 488
Eucalyptus, 75-76, 78, 148, 417- Fagraea , 466-467 Família da onze - horas, 328-
418, 420 F. ceilanica , 468 330, 332
Epilobium, 414, 415 Eucharis, 270- 271 Fagus, 75- 76, 78, 400 -401 Família da orelha-de-onça,
Epimedium, 314 -315 E. subg. Eucharis, 272 F grandifolia ,128 308-310
Epiphyllum, 330, 332 Eudea, 450 Faia, 128, 369 Família da Osmunda,197-198
Epipremnum, 252 Eucnide, 442 , 443 Falcatifolium taxoides, 217- 218 Família da papoula, 314-316
Episcia, 481 Eucomis, 269- 270 Fallopia, 334 Família da peroba e da
Episdeae, 481 -
Eudicotiled ô neas, 28 29, 95- 96, Família da abóbora, 396, 398, mangaba, 470- 475
Equisetaceae, 86- 87, 186, 187, -
179- 181, 225-226, 227 231, 399 Família da pimenta -do - reino,
190-191, 193-194 307-346 Família da acerola, 353-355 244-247
Equisetales, 187, 193-197 Eudicotiled ô neas- n deo, 230- Família da amendoeira-da- Família da poaia, 377, 379, 378
Equisetófitas, 163-164,164 -165, 231, 318-346 praia, 416 Família da quaresmeira, 418,
168, 169, 171 Eudorina, 158 -159 Família da araruta, 304, 306 420-421
Equisetum, 168, 190 -191 Eufilófitas (Euphyllophyta), Família da azaléia, 452-455 Família da rom ã, 412-414
E. arvense, 194
E. bogotense, 194
-
163 164,164-165, 167-168,
185, 186
Família da azedinha, 350-351,
352
Família da rosa -das- rochas,
426-428
E. palustre, 194 Eugenia, 75-76, 78, 417-418, 420 Família da batata -doce, 462, 463 Família da samambaia -das-
Eragrostis,107-110, 301 E. uniflora, 418, 420 Família da begónia, 398, 400 taperas, 199-201
Eranthemum, 488 -
Euglenóides, 155 156 Família da bétula, 404-405 Família da sarracenia, 455, 456
Erechtites , 512 Eulobus, 414 Família da bromélia, 286-287, Família da Saxifraga , 338, 340-
Eremocitrus, 429-430 Eulophía, 272-273 288 342
Eremophila, 484 Euonymus , 75-76, 78, 353-354 Família da budléia, 484 Família da selaginela, 189-191
Eremopyrum E. americanus, 348 Família da buganvília ou Família da sempre-viva, 290,
E. bonaepartis, 111 Eupatorieae, 512, 515 primavera, 324-325, 325 292
E. distans, 111 Eupatorium, 511, 512 Família da campânula, 508, Família da taboa, 290, 291
.
Eria 272- 273
Eriastrum, 457
Euphorbia , 76, 78, 356, 359
E. communata, 358
510, 509
Família da casca díanta, 244-
Família da Thunbergia, 486, 488,
489
Erica. 453-455 E. corottata, 358 244- 245 Família da tiririca, 294, 296- 296
Ericaceae, 27-31, 93, 113, 231 , E. cotinifolia, 360 Família da castanha -do- pará, Família da trapoeraba, 280 - 282
445, 446, 452-455 E. dentata, 358 455, 457 Família da urtiga, 392 -393,
EricaJes, 97-98, 113, 229, 231, E. inundata, 358 Família da cavalinha, 193-194 395-396
441, 445-458 E. pulcherrima, 360 Família da cenoura, 495, 497- Família da urtiga -do- mato, 443
Ericameria , 511 E. supina, 358 499, 501 Família da utriculária, 488,
Ericoideae, 454 -455 Euphorbiaceae, 97-98, 104, Família da dracena, 265-268 490-491
Erigeron, 511, 512 231, 354, 354-359, 361 Família da drósera, 332-334 Família da verbena, 488, 490-
Eriobotrya, 382, 384 Euphorbiaceae s.s., 359 Família da elódea, 254, 256 491-392
Eriocaulaceae, 230, 280 -281, Euphorbioideae, 359 Família da Ephedra , 220- 221 Família da videira, 346-348
285-286, 290, 292 Euphoria ,437-439 Família da erva -de- passarinho, Família da violeta africana, 481
Eriocauloideae, 292 Euphrasia, 485-486 335-336 Família da z â mia, 207-208, 209
Eriocaulon, 292 Euplassa, 316-317 Família da erva -de-são- joão, Família dasAsteraceae, 508,
Eriodictyon, 466 Eupteleaceae, 307 361-364 510 -515
Eriogonum, 334 Eurosídeas 1, 346, 350-421 Família da erva -mate, 493-494 Família das avenças, 200- 201
Eriophorum, 294, 296 Eurosídeas II, 230-231, 346, Família da espinheira - santa, Família das casuarinas, 406
r Eriophyllum, 511 420-440 350-354 -
Família das Cycas, 206 207
E. lanatum, 130-131 Eurya, 452 Família da esporinha, 309-310, Família das figueiras, 392-393,
Erithalis, 467, 469 Euryale, 233 312 394
Emodea, 467, 469 Eurystoma angulare, 170 -171 Família da fruta - do - conde e da Família das gramíneas, 296-301
Erodium, 76, 78, 350 Eustachys, 301 gravida, 240, 241 Família das leguminosas, 369,
Ervilha, 372 Eustoma , 470-471 Família da fuchsia, 414- 415 371-376
Eryngium, 497, 499, 501 E. exaltatum, 468 Fam ília da genciana, 470- 471 Família das nmf éias. 233-236
Erysimum, 420- 422 Euterpe, 276, 278 Família da hortênsia, 441- 443 Família das orquídeas, 272- 275
Erythnna, 372, 375-376 Euthamia , 511 Família da jabuticaba, 416-418, Família das palmeiras, 276,
£. herbacea, 369, 371 Evolvulus, 462 420 278- 280
Erythronium, 258 Exacum, 470-471 Família da japecanga, 259-260 Família das prímulas, 450- 452
E. americarmm, 255 Exochorda , 384 Família da lobélia, 508, 510, 509 Família das rosas, 379-382,
Erythroxylaceae, 353-354 Exospermum, 244- 245 Fam ília da maconha, 390-391, 384 - 388
Eschschoizia , 314-316 Exostema, 467, 469 392 Famflia das samambaiaçus, 199
Eschscholzioideae, 315 Exothea, 437-438 Família da maconha, 390-391, Fam ília das tulipas, 257- 258
Eschweilera, 457 E. panicidata, 439 392 Família do agave, 268- 269
594 íNDICETAXONOMICO

Família do aguapé ou camalote, Fam ília do maracujá, 367, 368 Forestiera, 480, 481 Centianales, 97-98, 229, 231,
282- 283, 285-286 Família do marupá, 433, 435 Forrageiras, 301 459, 466-475
Família do algodão e das Família do mogno, 430, 432 - Forsteronia , 474 Gentianella , 470-471
paineiras, 424-427 433, 435 Forsythia , 481 Geocarpon, 320
Família do alho e da cebola, Família do novateíro, 334, 334- Fortunella , 429-430 Geocaulon, 338
269- 270 335 Fothergilla, 343-344 Geraniaceae, 230, 348-350,
Família do aloe-vera, 272 Fam ília do olmo, 389-391 Fouquieriaceae, 231 , 445, 446 350 -351
Família do amanlis, 269-272 Familia do Ophioglossum , 193 Fragaria , 75-76, 78, 80-81, 382, Geraniales, 228- 230, 348-350
Família do amor- perfeito, 364, Família do pau -santo, 350 -351 384, 387 Gerânio, 350
364, 366 -367 Família do pinheiro, 211, 213, F. x avavaaaa, 383 Geramum , 350
Família do anis-estrelado, 235 - 215 Framboesa, 3- 4-5, 131-132, G. carolintanum , 349
236 Família do pinheiro- bravo, 382, 384 G. maculatum, 348, 349
Família do bacupari, 361-362 215- 218 Frankia, 346, 380 Gerbera, 512
Fam ília do biri-silvestre, 305, Família do pinheiro -do- paran á, Frankl í nw , 452 Gesneria , 481 x
304, 306 217- 219 Frasera , 470-471 Gesneriaceae, 231, 475, 476-
Família do breu, 437-438 Família do plátano, 316-317 Frctxinus , 76, 78, 480, 481 477, 480, 481
Família do caf é, 467, 469-470 Familia do Polypodium, 204 - 206 Freesia, 272- 273 Gesnerieae, 481
Família do caju e da aroeira, Família do Potamageton , 254, 256 Fremontodendron, 425, 426 Gesnerioideae, 481
433, 435-437 Família do PsSotum,191-192, 193 FritiUaria , 258 Geum, 131-132, 132 - 133, 382,
Fam ília do calanch ôe 342, 343 Família do quebra - pedra, 359, Froelichia, 325, 327 384, 387
Familia do caqui e do ébano, 361- 362 Fuchsia, 129-130, 414, 415 G. rivale,131-132
448- 450 Família do rabanete, 420 423 F. enáliandra subsp. G. urbanum, 131-132
Fam ília do carvalho, 400-401, Família do sabugueiro, 504 - 505 enciliandra, 129 Gibasis, 280 -282
403 Família do samouco, 406 -408 F paroiflora,129-130 Gilia, 124 -125, 457
Família do carvalho brasileiro, Família do sândalo, 338, 339 F pringsheimii, 411 G. capitata, 132-134
316-317 Família do sapoti, 445, 447-450 Fucus, 156 Giliastrwn , 457
Família do CeratophyUum, 248- Família do tarichagem, 481-483 Fmrena, 294, 296 Gi!lenm, 138-139, 387-388
250 Família do Taxus , 218- 220 Fumana, 427-428 Gilliesia, 269- 270
Família do chapé u -de- couro, Família do tomate e da batata, Fumaria , 314-316 Gimnospermas, 185, 187, 205-
252- 254 459-462 Fumariaceae, 230, 315 221
Família do chá - preto e da Família do trevo d'água, 198 Fumaríoideae 315 Ginkgo, 28 -29, 54 -55, 208, 210-
camélia, 452 Família do umbu, 323-325 Fumo, 461 211
Família do chorão, 367, 369, 371 Família do xaxim - do - brejo, Funcho, 497 G. biloba, 170 -171 , 171-172,
Família do cipó milhomens, 202- 204 Furcraea, 268, 269 208, 210- 211
247- 248 Família do Zigadenus, 260- 262 Gaertnera , 115 Ginkgoaceae, 186, 137, 205 -
Família do cipreste, 213, 215- Família dos cactos, 330, 332 Gagea , 258 206, 207-208, 208, 210 - 211
217 Família dos cítricos, 428-430, 432 Gaillardia, 511, 512 Ginkgoales, 171-172, 187, 207-
Família do Colchí cum, 258- 259 Fatoua , 392-393 Galanthus, 270 - 272 208, 210 -211
Família do confrei, 462, 465 - 466 Fava, 372 G. nivalis, 263 Ginko, 86-87, 169-172
Família do copo -de-leite, 250 - Feijã o - guandu, 372 Galerna , 325, 327-330 Girassol, 135, 137, 511
252 Feijoa, 418, 420 Caleopsis, 493-494 Gisekia , 324 - 325
Família do cravo, 320-321, 323 Fendlera, 442 Galium, 467, 469-470 Githopsis , 508, 510
Família do Dipterocarpus, 428- Fendlerella, 442 Galphimia, 354 Gladiolus, 263, 272-273
429 Feófitas, 156 Galtoma , 269 Glandularia , 76 , 78, 488, 490-
Família do Elaphoglossum, 204 - Ferocactus, 330, 332 Gamochaeta, 511, 512 491
205 Ferula, 497 Garberia, 542 G. bipmnatifida , 491 -492
Família do espinafre, 324 -325, Festuca, 301 Gardnia, 361-362 Glauadium, 312
327 F. rubra ,131-132 G. mangostana, 361-362 Glauctum, 314 -315
Familia do espinho-de -são - Ficus, 70, 75-76, 78, 392-393 Gardenia, 4e> 7, 469 Glaucófitas, 154-155, 155- 156
joão, 312-315 F. citrifolia, 383 Garryaceae, 231, 441 Glaux, 450
Família do flox, 457-458 Figo, 70, 75 Garryales, 229, 231 Glechoma , 492 -493
Família do gengibre, 302-304 Figueiras, 55 Gasteria, 272 Gleditsia, 369, 371, 375-376,
Familia do gerânio, 348-350 Filicium, 437-438 Gaultheria , 453-455 375-376
Família do Ginkgo, 207-208, Filipendula , 382, 384 G. eriophylla, 27-28 Gleicheniaceae, 168, 187, 197
210- 211 Fimbristylis, 294, 296 G. procumbens, 453-454 Gleicheniales, 187
Família do ginseng, 499, 501 Firmiatia, 425 - 427 Gaura, 415 Globba, 302
Família do guaran á, 437-440 Fisalis, 461 Gaux, 451 -452 Glochidion, 359, 361
Família do hamam élis, 324-344, Fittonia, 488 Gaylussada , 453-455 Gloriosa , 259
345 Flacourtia, 369 Gayophytum, 414 G. superba, 255
Familia do inhame, 274- 276 Flacourtíaceae, 231, 369 Geissorhiza, 272- 273 Glossopter ídeas, 172, 175-176
Familia do ipê e da caroba, 486, Flagellanaceae, 230. 285- 286 . Gelsemiaceae, 231, 466-467 Gloxima, 481
488 , 487 286 - 287 Gelsemium, 466-467 Gloxínia, 481
Fam ília do íris, 272 - 273 Flamboiant, 372 Genciana , 470-471 Gloxinieae, 481
Fam ília do jacinto, 269-270 Flavena , 512 Gengibre, 302 Glyane, 372, 375-376
Família do joazeiro, 387- 389 Flor-de -cera, 472 Geniostoma 467, 469 Qyptostrobus, 215- 217
Família do iicopódio, 188-189 -
Flor-de -lótus, 181 182 Gempa, 467, 469 Gmelina, 493-494
Fam ília do Liquidambar , 343- P.or-de - maío, 330, 332 Genista. 375-376 Gnaphalieae, 512 , 515
344, 346 Flor- de -são - joão, 486, 488 Genlisea. 488 490 - 491
, Gnaphalium, 511, 512
Família do litops, 325, 327-330 Foenicuium, 497 Genomosperma ktdstom, 170 -171 Gnetaceae, 187, 220-221
Familia do louro, 242- 244 F mdgare, 496 Gentiana , 470 -471 Gnetaies, 24 - 25, 86-87, 172,
Fam ília do mangue - vermelho, Fontanesia, 481 Gentianaceae, 231, 466-467, 172-173, 175- 176, 186, 187,
364, 365 Fontinalis antipyretica , 160-161 470-471 205- 206, 219-221
íNDICE TAXONôMICO 595

Gnetófitas (Gnetophyta ), 172- Gurania, 398 H . debttis subsp. Hippuris, 482


173, 174-175, 175 -177 Gustavia, 457 cucumerifoiius, 138 - 139 Holmskioldia, 492 - 493
Gnetum, 28-29, 172, 172-173, Guttiferae, 361-362 H . deserticola,135, 137, 138- Holopteiea, 390 - 391
174- 175, 175-176, 219-221 Guzmania, 286- 287 139 Homalium , 369
Gochnatia, 512 Gymmnthes, 359 H. florida, 138- 139 Homalomena , 252
Goiaba, 417- 418 Gymnocarpium, 199- 200 H . neglectus, 138 -139 Hopea , 428-429
Gomphrena , 325, 327 Gymnospermum, 313-315 H . niveus, 138-139 Hopkmsia. 296
Gongora, 71- 72 Gymnosporangium , 384, 387-388 H . paradoxus, 135, 137, 138- Hordeum , 111
Gonium, 157 Gymnostachys, 252 139 H . vulgare, 300 - 301
Gonolobus , 472, 474 Gymnostoma, 406 H. petiolaris, 116-117, 135, Homeophyton, 161 -162
Goodeniaceae, 97, 105, 231, Gynerium, 109-110 137, 138 - 139 Horsfieldia, 242 243
-

506 Gynocardia, 97, 369 H . praecox, 138- 139 Hortênsia, 442


Goodyera, 272-275
Gordonia, 452
Gypsophila, 320
Habenaria, 272- 275
-
H . proteri, 138 139
H . tuberosus, 514
Hosta , 268, 269
Hostacaae, 230, 269
G. lasianthus, 448-450 Habranthus, 270-271 Helichrysum, 511 Hottonia, 450
Gordonieae, 452 Hackelia, 466 Helicí a , 316-317 Houstonia, 467, 469
Gossypium.112, 425, 426 Haemantheae, 270-271 Heliconia, 76, 78, 367 Hovenia , 80-81, 389
G. arboreum, 112 .
Haemanthus 270-271, 282-283, Heliconiaceae, 230, 304 H. dulcis, 387-388
G . aridum, 112 285 Helicteroideae, 427-428 Howellia , 508, 510
G. amourianum, 112 Haemodoraceae, 230, 280 -281, Heliophila, 420-421 Hoya, 472, 474
G. barbadense, 90 -91 , 112 282-283, 285 Heliotropium, 76, 78, 466 Hudsoma, 427-428
G. darwmii, 112 Haemodoroideae, 282- 283, 285 Helitropioideae, 466 H . tomentosa, 424-425
G. davidsonii, 112 Haemodorum, 282 - 283, 285 Helleborus,312 Humbertia, 462
G. gossypioides, 112 Hakea, 316-317 Helonias, 262 Humulus, 379, 390-391
\ G. harknessii , 112 Halenia, 470 -471 Helwingia, 493-494 Huperzia, 164-165, 188, 189
G. herbaceum, 112 Halophila, 254 Helwingiaceae, 231, 493-494 Hura,359
G. klotschianum, 112 Haloragaceae, 230, 338, 341-342 Hemerocallidaceae, 230, 263- Hyacinthaceae, 230, 263-266,
G. laxum, 112 Hamamelidaceae, 230, 338, 266, 272 -
269 270, 269-270
I G. lóbatum, 112 341-342, 342-344, 345 Hemiphylacus, 265- 266 Hyacinthoideae, 269-270
G. longicalyx, 112 Hamamelidae, 400 Hemiptelea, 390 -391 Hyacinthoides, 269- 270
G. mustelinum, 112 Hamamelidoideae, 343-344 Hemp, 390-391 Hyacinthus, 367
G . ruimondii , 112 Hamamelis, 343-344 Henckelia, 481 Hybanthus, 367
G . robinsonii, 112 H . mollis, 337 Henrardia pérsica, 111 H . ipecacuanha , 367
G. schwendemanii , 112 H . vemalis, 345 Hepatica, 312 Hydnocarpus, 369
G . sturfianum, 112 H . virginiana, 345 Hepá ticas, 160-161, 161 -162, 162 -
Hydnoraceae, 230, 244 245, 247
G. thurberi, 112 Hamelia, 467, 469 Hemcleum, 497 Hydrangea, 341-342, 442
G. tomentosum, 112, 546 Haplopappus, 511, 512 Hera - venenosa, 437 Hydrangeaceae, 104, 231, 441-
G. trilobum, 112 H . gracilis , 90 Hemandiaceae, 230, 242-243 443, 445
G. triphyllum, 112 H . graniticus, 130-131 Hesperantha , 272-273 Hydrangeae, 442
G. tumen, 112 H. torreyi,130-131 Hesperis, 421-422 Hydrangeoideae, 442
Gouania, 76, 78, 387- 389 Harperocallis, 262 Hesperoaloe, 268, 269 Hydrastis, 312
Grado ANITA, 225-229, 230, Harpullia, 437- 438, 439 Hesperocallis, 268 Hydrilla, 254
232-236 Harrimanella , 30 Hesperocnide, 396 Hydrocharis, 254
Gramineae, 296-301 -
H . hypnoides, 27 28 Hesperomecon, 314- 315 Hydrocharitaceae, 230, 250,
Grammitis, 204- 205 Hamsella, 272-273 Hesperoyucca , 268, 269 254, 256
Grão- de - bico, 372 Harrisia , 330, 332 Heteranthelium pUiferum, 111 Hydrocleis, 254
Graptopetalum, 342 Haroeya, 485 -486 Heteranthera, 282- 283, 285- 286 Hydrocotylaceae, 231
G. paraguayense, 337 Hastmgia , 268, 269 Heterocodon, 508, 510 Hydrocotyle, 499, 501
Gratiola, 482 Hauya, 415 Heterokonta, 156 H . umbellata, 496
Gravida, 240 Haworthia, 272 Heteropterys, 354 Hydrocotyloideae, 501
Grayia, 325, 327 Hedeoma, 492 Heteropyxis, 418, 420 Hydrocotyloideae , 499, 501
Grevillea, 75- 76, 78, 316- 317 Hedera, 501 Heuchera, 340 Hydrolea, 466
G. robusta, 311 Hedychium, 302 Heoea, 359 Hydroleaceae, 231
Grevilleoideae, 316- 317 H. coronarium, 303 H . brasiliensis, 356 Hydrophyllaceae, 231, 459, 466
Grewia, 425 Hedyotis, 467, 469-470 Hexalectris, 272- 273 Hydrophyllaceae 466
Grewioideae, 425, 427-428 Heimia, 414 Hexastylis, 247 Hydrophyttum, 466
Grias, 457 Helenieae , 512, 515 Hibisco, 425 Hygrophila, 488
i Griffinia, 270- 271 Helenium, 511, 512 Hibiscus, 75-76, 78, 425, 426 Hylocereus, 330, 332
Grossulariaceae, 230 , 338, 341- Heliamphora, 455 H. coccineus, 546 Hymenaea, 372, 374-375
342 Heliantemum, 427-428 H . esculentus, 425 Hymenocallis , 270 -271
Grupos próximos das Heliantheae, 512, 515 Hierací um , 511, 512, 515 Hymenolobmm, 375-376
samambaias , 190-191, 194 Helianthum , 427-428 H . aurantiacum, 507 HymenophyUaceae, 187, 191,197
Grusonia, 330, 332 Helianthus, 75-76, 78, 116 -117, Hieronyma, 361-362 Hymenophyllopsis , 199
Guaiacum, 350-351 132-133, 138-139, 511, 512 Hiilebrandia, 398 Hyophorbe, 278- 279
G. sanctum, 348 H. angustifolius, 507 H. sandzvichensis, 398 Hyophorbeae, 278- 279
Guapira, 324- 325 H . annuus, 116-117, 135, 137- Hippeastrum, 270-271 Hypelate, 437-438
Guaraná, 437- 438 139, 507, 514 Hippocastanaceae, 231 Hypericaceae, 231, 353-354,
Guarea, 432-433, 435 H. anomalus, 116 -117, 135, Hippochaete, 194 361-364
Guatteria , 240 137, 138-139 Hippocratea, 353-354 Hypericoideae, 361-362
Guazuma , 425 H . argophyllus, 138-139 Hippocrateaceae, 231 , 353-354 Hypericum, 75- 76, 78, 362-364
Guettarda, 467, 469 H . bolandert , 138-139 Hippomane, 359 H . tetrapetalum, 361
Gunnera, 318-319 H . debilis, 138 - 139 Hippuridaceae, 482 Hyphaene, 278- 279
596 Í NDICE TAXONôMICO
s
Hypodaphms, 243 Jamesioideae, 442 Krameriaceae, 230, 350-351, Lecythidaceae, 231, 445, 446, ;

Hypolytrum, 294, 296 Janusia , 354 377, 379 455, 457


Hypoxidaceae, 230, 263- 266 Jasione, 508, 510 Kngia, 511, 512 Lecvthidoideae, 457
Hypseocharis, 350 Jasminoideae , 481 Krugiodendron, 387-389 Lecythis, 75- 76, 78, 457
Hyptis, 492-493 Jasmí num, 480, 481 Kumquat, 429-430 Ledum, 30 - 31 j
Hyssopus, 492 Jatropha, 356 , 359 Kyllmga, 294, 296 L. groenlandicum
Ibens, 421-422 ]. interigma , 360 Labiatae, 41, 492-494 ( Rhododendron
Iberoillea , 398 ]effersoma, 313-315 Labordia , 467, 469 groenlandicum ), 546 j
Idesia , 369 /. diphylla, 311 Labumum, 372 Leea, 346
Uex, 75-76, 78, 493- 494 Johnsoniaceae, 230, 264 Lachnanthes, 75- 76, 78, 282 - 283, Legenere, 508, 510
I. cassine, 496 joinvillea, 109- 110 285 Lewthrix, 292
1. glabra, 495, 497, 496 Joinvilleaeceae, 116, 230, 285- Lachnocaulon, 292 Leitneria, 433, 435 |

I . opaca, 495, 497 286 , 286 - 287 Lactoridaceae, 230, 244 245,
- Lemna, 76, 78, 252
1, paraguariensis, 493- 494 v Jubaea, 278- 279 247 Lemnaceae, 230, 252
1. vomitoria, 493-494 Juglandaceae, 231, 369, 400 - Lactoris, 247 Lennoaceae, 231, 466
Illiciaceae, 178 -179, 225- 229, -
401, 408 410, 412 Lactuca, 511, 512 Lenophyllum, 342
230, 235-236 Juglandoideae, 409-410, 412 L. grammifolia , 507 Lens, 372
niicium, 235 - 236 ]uglans, 75- 76, 78, 408-410, 412 Lactuceae, 512, 515 Lentibulariaceae, 231, 475,
l. floridanum, 236 /. cordiformis, 397 Laelia, 274 476 -477, 480 , 488, 490-491
I. paroiflorum, 232 - 233, 236 J. mgra, 408 Lagarosiphon, 254 Lentilha, 372 j
I. verum, 235-236 }. regia, 408 Lagenarm, 398, 417-418 Leonotis, 493-494
Indigofera, 372, 375-376 Jujuba, 387- 388 Lagerstroemia, 75- 76, 78, 414 Leontice, 313-315
Ingá, 372 Julianaceae, 231 L. speciosa, 411 Leontopodium, 512
Inga, 372, 375- 376 Juncaceae, 230, 285- 286, 292- Laguncularia, 416 Leonurus , 492 i
Inhames, 7-8, 275-276 294, 296 I. racemosa, 416 Lepanthes, 272-273
Inula, 512 Juncales, 286 Lamiaceae, 97, 231, 475, 476 - Lepidium,421-422
Inuleae, 512, 515 Juncos, 286 477, 480, 491-492, 492-494 L. virginicum, 75-76, 78-77,
Ipecacacuanha, 367 Juncus, 294, 296 Lamiales, 97- 98, 229, 231, 459, 421 - 422 i

Iphewn, 269- 270 J. dichotomous, 289 457-494 Lepidocaryum, 276, 278 i

Iphigenia, 259 J. effusus, 294, 296 Lamídeas, 229, 231, 441, 459- Lepidodendrales, 163 - 164 (
Ipomoea, 75-76, 78, 462 /. squarrosus, 294, 296 494 Lepidodendron, 164 -165, 166,
1. batatas, 275 276, 462
-
/. trifidus, 294, 296 Lamioideae, 492- 494 187
I. wokottiana , 94 Juniperus, 132 - 133,172, 208, Lamium, 76, 78, 493-494 Lepidozia reptans, 160-161
Ipomopsis, 457 210 - 211, 213, 215- 217 Lampranthus, 325, 327 Lepironia, 294, 296
I. rubra , 448-450 /. communis, 213, 215, 215 Landoltia, 252 Leptarrhena, 340 j
Iresme, 325, 327 J. virginiana, 128, 215 Lannea, 437 Leptodactylon, 457 :
Inartea , 278-279 Jurinea, 511 Lantana , 90, 488, 490 -491 Leptopteris, 197 j
Iriarteae, 278- 279 justicia , 75-76, 78, 488 L. camara , 90-91, 92, 479 Leptospermoídeae , 418, 420
Iridaceae, 230, 264, 263, 265- /. americana, 489 L. depressa, 90 - 91 leptospermum, 417- 418, 420
266.272-273 ]. cooleyi, 489 L depressa var. depressa , 92 Leptosporangiatae, 163- 164,
Irideae, 272 -273 }. crassif òlia, 489 L. depressa vai. floridana , 92 164 -165, 167
Iridoideae, 272 -273 }. ovata var. angusta, 489 L. depressa var. sartibelensis , Lepuropetalon, 341-342, 353-354 i
íris, 272- 273 Kaempferia, 302 92 Lesquerella, 420 -421
I. brevicaulis,135, 137-138 Kageneckia, 387-388 L. sect. Callioreas, 90-91 Lessingia, 511
I. fulva, 130-131, 135, 137-138 Kalanchoe, 90, 342 L sect. Camara , 90-91 Leucadendron, 316-317 j
1. hexagona, 130 -131, 135, K . daigremontiana, 337 í aplacea, 452 Leucaena, 375-376
137-138 Kallstroemia, 350-351 Laportea, 396 Leucanthemum, 511, 512
-
I. nelsonii, 135, 137 138 Kalmia, 453-455 Lapulla, 466 Leucojum, 272
Leucophyllum, 482, 484
Ischnosiphon, 304, 306 Kauri, 218- 219 Lardizabalaceae, 230, 308
Ischyrolepis, 296 Kaya, 432-433 Larix, 211, 213 Leucopogon, 453-455
Iso' topsida, 163 - 164, 164-165 Kerria, 384, 387 Larrea, 350, 350 351
- Leucospermum, 316-317
Isoetaceae, 86 -87, 187-188 Kerrieae, 384, 387 Larreoideae, 350- 351 Leucothoe, 453-455
Isoetes, 163-164, 164-165 Kerriodae, 387 Latania, 84, 278-279 L racemosa, 27-28
I. bolanderi, 166 Keteleeria, 213 Lathyrus, 372 Leuhea, 425
Isophysidoideae, 272- 273 Khaya, 432- 433 L latifolia, 369, 371 Lewisia , 328- 330
Isophysis, 272- 273 Kielmeyeroideae, 361- 362 Lauraceae, 54-55, 93, 97 - 98, Liabeae, 512, 515
Isopyrum, 312 Kigelia, 75- 76, 78, 486, 488
K . africana, 478
. -
227.230 242 244
Laurales, 28-29, 97, 178-179,
Liabum, 512
Liatris, 511, 512
Isotrema, 247
Itea, 338, 341- 342 Kigellana , 369 179-181, 225-226, 227, 230, Licania, 75- 76, 78
Iteaceae, 230. 338, 341- 342 Kirkia, 433, 435 236.242- 244 Licaria , 242 - 244
Itoa. 369, 369, 371 Kissenia, 443 Laureae, 244 .
Lichia 437-438
Iva. 511, 512 KlebsormidiaJes, 157,158-159 Lauroideae , 243 Licófita (Lycophyta), 163 -164 ,
Ixia, 272-273 Kniphofia, 272 Laurus, 82 - 83, 244 164 -165, 166, 169, 171, 185,
hora , 467, 469 Koeberliniaceae, 422-423 L. nobilis, 242- 243 186, 187-191
Ixoroideae, 467, 469 Koelreuteria, 437-439 Lavanda, 492 Licuala , 276, 278-279
Jaboticaba, 418, 420 Koeireuteria paniculata, 434 Lavandula , 492-494 Lidettonia mucronata, 177
Jaca. 392- 393 Kohieria, 481 Lawsoma, 414 Lign ófitas (Lignophvta), 163-
Jacaranda, 486, 488 Kolwitzia, 504 -505 Laxmanmaceae, 263, 265, 269 164, 169, 171
Jacquemontia, 462 K. amabilis , 502 Layia, 511 Ligusticum, 497
Jacquima , 450 Kopsia , 475 Leandra, 418, 420 -421 Ligustrum, 480, 481
Jambo rosa, 417-418 Kosteletzkya, 425 Leavemuorihia, 420-421 -
Liliaceae, 41, 97 98, 230, 254.
Jamesia, 442 K . virginica , 426 -427 Lechea , 427-428 256, 257-258, 259
í NDICE TAXONOMICO 597

Liliales, 227, 230, 254, 256-262 Lotus , 372 Magnolídeas, 178-181, 227- 229, Marrubium, 492- 494
Liliidae, 50 51 L. japonicus,107 230, 236- 248 Marsúea , 165, 167, 196 , 198
Lilioideae, 2S8 Loxomataceae , 187, 199 Magnoliidae, 178-181 M. vestita, 198
Lilium, 258 Loxopterygium, 437 Mahonia , 314- 315 Marsileaceae, 86 -87, 165, 167,
L. lanáfolium, 258 Ludwigia. 414 M. 'Japomca ', 550-551 187, 190-191, 194-195, 197, 198
L. mtchtganense, 255 Luffa, 398 Maianthemum, 268 Marupá, 433, 435
-
Limnanthaceae, 104, 422 423 Lumnitzera, 416 M. canadense, 263, 266 -267 Mascagnia macroptera , 360
Limnanthes, 98 -99 Lunana, 421-422 M . racemosum , 266 -267 Masdevallia, 272- 273
Umnobium, 254 Lupimts, 372, 375 -376 Malacocarpus, 350-351 Massonia, 269-270
Limnocharis, 254 Luzula , 294, 296 Malaxis, 272- 273 Masticodendron , 448-450
Limnocharitaceae, 230, 254 luzuriaga , 259 Malesherbiaceae, 97 Mastixia , 443, 445
Limnophila, 482 Lychms chalcedonica, 322 Mallotus, 356 Matelea, 472, 474
Limonium, 76, 78 Lycianthes, 461 Maloideae, 384, 387-388 Matisia, 426
Limosellcae, 84 Lycium, 461 MalpigMa , 354 -355 Matoniaceae, 187, 197
Linanthus, 457 Lycopodiaceae, 86-87, 163- 164, M. emarginata, 354 Matteuccia, 204
L bicolor, 129-130 187, 188-189 Malpighiaceae, 231, 353-355, M. struthiopteris, 196 , 204
Linaria, 47, 482 Lycopodiales, 187, 188-191 356, 377, 379 Mauloutchia , 242- 243
Lindenbergia , 486, 488 Lycopodíella , 188, 189 Malpighiales, 228 - 229, 231, 346, Maurandya , 482
Lindem, 242 244
-
Lycopodiophyta, 164-165 353-369, 371, 369 Mauritia, 276, 278
Lindemia, 482 Lycopodium, 90, 164-165, 188, Malpighioideae, 354-355 Maxillaria, 272- 273
Lindemiaceae, 231 , 482 189 Malus, 132-133, 384, 387-388 Mayacaceae, 230, 280- 281, 285-
Lindleya, 387-388 L. annotinum, 188 M. domestica, 382, 384 286 , 286
Lindseaceae, 187,199-200 L. davatum, 188, 189 Malva , 76, 78, 425, 426 Maytenus, 353-354
Linnaea , 501 , 504 -505 Lycopus, 76, 78, 492 493
- Malvaceae, 231, 423, 424-427, Meconella, 314-315
Linnaeaceae, 231, 504 - 505 Lycoris, 270 -271 427 -428 Meconopsis, 315
Linnaeeae, 504-505 Lygeum, 110 Malvaceae s.s. 425 -
Mecranium , 420 421
Lipans, 272-273 Lyginia, 296 Malvales, 47 48, 228-229, 231,
- Medeola, 258
Lippm, 488, 490-491 Lyginopteris, 171, 172 346, 423-429 Medicago, 75-76, 78, 105, 372,
Liquidambar, 343-344 Lygodesmia, 511 Mabastrum, 425 375-376
L. acalycina, 346 Lyonia, 28-29, 75- 76, 78, 129, Malvaviscus, 425, 426 M. truncatula, 107
L. formosa, 346 453- 455 Malveae, 426, 427 -428 Medinilla, 418, 420-421
L. orientalis, 346 L. ferruginea, 27-28 , 129, 546, Malvídeas, 228 -229, 231, 346, Medullosa, 172
L. styraá fiua, 337, 346 548-549 420-440 . -
M noei, 170 171
Liriodendron, 76, 78, 97, 237 L. fruticosa,129 Malvoideae, 426, 427 -428 Medullosales, 171
L. tulipifera, 239 L. ligustrina, 27-28, 547 Mammea, 361 -362 Megacorax, 415
Lí riope, 268 L. lú cida, 27-28 M. americana, 361-362 Melaletica, 417 418, 420
-

Lissocarpa, 450 L. avalifolia, 27-28 Mammillaria, 330, 332 Melampyrum, 485-486


Ustera, 272 -273 Lyonieae, 27-28 Mandeoilla, 472, 474 Melancia, 398
Litchi, 75 - 76, 78, 437- 439 Lyonothamnus, 380, 384, 387 Mandioca, 107, 115, 359 Melanthiaceae, 230, 254, 256 ,
Lithocarpus, 400-401, 403 L. floribundus, 387 Mandragora, 461 257, 260-262
Lithops, 325, 327 Lysichiton, 252 Manfreda, 268, 269 Melão, 398
Lithospermum, 466 Lysí machia, 450-452 Manga, 437 Melastoma, 420 -421
Litsea, 242 244
-
Lysimachieae, 451-452 Mangí fera, 437 Melastomataceae, 93, 231 , 410,
Livistona, 276, 278 -279 Lythraceae, 231, 285- 286, 410, M . indica, 437 412, 418, 420-421
Loasa, 443 412, 412-414 Manglíetia, 237 Melastomateae, 420 -421
Loasaceae, 231, 441, 443 Lythrum, 414 Mangostim, 361-362 Melia, 75- 76, 78, 433, 435
Lobelia, 508, 510 L. salicaria, 90 -91, 414 Mangue, 55 M. azedarach, 432 433, 434
-

L. cardinalis, 507, 509 Maçã, 132-133, 382, 384 Mangue branco, 416
- Meliaceae, 97- 98, 110, 231, 428-
L. siphilitica, 509 Macadamia integrifolia, 316-317 Mangue - vermelho, 56-57 429, 429-430, 430, 432-433, 435
Lobélia, 508, 510 Macaranga , 356 Manihot, 356 Melianthaceae, 350
Lobeliaceae, 231 Macfadyena, 486, 488 M. esculenta, 107, 115, 359 Melicoccus, 437-438
Lobelioideae, 508, 510 Mackinlaya, 499, 501 Manilkara, 448-450 Melilotus, 372, 375-376
í obularia, 421 422
-
Macleaya, 314-315 M . jaimiqui var. emarginata , Melioideae, 432-433, 435
Lodoicea, 278-279 Maclura,80-81, 392-393 445, 447 Melissa, 439
Loeselia, 457 M . pomifera, 80-81, 394 M . zapota , 445, 447, 448 Melocactus, 330, 332
Logania, 467, 469 Maconha, 390-391 Manuela, 484 Melochia, 425
Loganiaceae, 231, 466-467, 469 Macropiper, 247 Maple, 437- 438 Melões, 398
Lomariopsidaceae, 187, 199- Macrosiphonia, 472 Maracujá, 367 Melothria, 398
200 Macrozamia, 207- 208 Marah, 389 Memecylaceae, 231, 410, 412
Lomatium, 497 Madhuca , 448 Maranta , 55-56, 304, 306 Mendonciaceae, 231
Lomatogomum, 470-471 Maesa, 450 M . arundinaceae, 304, 306 Menispennaceae, 230, 307,
Lonchocarpus, 372 Maesaceae, 231, 450 Marantaceae, 230, 304, 306 308-310
Lomcera, 501, 504-505 Magnolia, 75- 76, 78, 80-81, 237 Maranteae, 304, 306 Menispermum, 308
L. japonica , 501, 503 M. acuminata, 238 Marantochloa , 304, 306 Menodora , 480, 481
l . semperoirens, 503-503 M . grandiflora, 94, 238 Marattia, 168 Menta, 492
Lopezia, 414 M . tripetala , 238 Marattiaceae, 187, 190 -191, 191 Mentha, 492 - 493
Lophiola, 262, 282- 283, 285 M. virginiana, 238, 239 Marattiales, 163 - 164, 164 -165, Mentzeha, 442, 443
Lophophora, 330, 332 M . x soulangeana , 239 167-168, 187 Menufar, 233
Lophopyrum elcmgatum, 111 Magnoliaceae, 14, 97-98, 227, Manceae, 272- 273 Menvanthaceae
'
, 231 , 470- 471,
Loranthaceae, 230, 334-336, 230, 237, 238 Manscus umbellatus, 294, 296 505
335-336, 338 -
Magnoliales, 28 29, 95-97, 178- Marmelo, 382, 384 Menyanthes, 470- 471
Loropetalum, 343-344 -
179, 225 226 , 227, 230, 236-244 Marquesta , 428-429 Menziesia, 454 -455
598 Í NDICE TAXON ôMICO

Meriania, 420-421 Monodora, 240 Myrtus, 417-418, 420 Nitrophila, 325, 327
Meriameae, 420 421
- M . myristica, 240 Najadaceae, 230 Nogueira, 408
Merremia, 462 Monolepis. 325, 327 Najas, 254 Nogueira preta, 408
M. dissecta , 464 Monotes, 428-429 Nama, 4ò6 Nolana , 461
Mertensia , 466 Monotropa, 453-455 Nandina, 313-314 Noianaceae, 231, 459
M. marí tima, 466 Monotropaceae, 231, 453- 454 Nandinoideae, 313- 314 Nolanoideae, 461
M. virgimca, 465 Monotropoideae, 454 -455 Napeanthus, 481 Nolina. 268, 269
Mesangiospermae Monotropsis, 453-455 Napoleonaea, 457 Nolinaceae, 230, 268
(Mesangiospermas ), 178-181 Monstera, 252 Napoleonaeoideae, 457 Nolineae, 264, 268
Mesembrvanthemoideae, 328- M . deliciosa, 255 Narciso, 270- 271 Noronhia , 480, 481
330 Monsteroideae, 252 Narcí ssus, 270- 272 Nostoc, 134-155
Mesembryanthemum, 325, 327- Montia, 328-330 Nardus, 110 Nothofagaceae, 231, 400-401
330 Moraceae, 231, 377, 379-380, Nartheciaceae, 230, 262, 275- Nothofagus, 124-125, 401, 403
Mesostigma, 157 392-393, 394 276 Nothoscordum, 269 - 270
Mesptlus, 549- 550 Moraea , 272- 273 Narthecium, 262 Nothotsuga, 213
Mesua, 361- 362 Morango, 75, 382, 384 Nasa, 443 Noz de betei, 247, 276, 278
Metasequoia, 215- 217 Morella, 408 Navarretia, 457 Noz- moscada, 240, 242- 243
Metaxyaceae, 187, 199 Monnda, 467, 469 -470 Nectandra, 75 - 76, 78, 242 - 244 Nuphar, 22- 23, 235-236
Metopium, 437 Moringaceae, 231, 422-423 Neea, 324-325 N . variegata, 232- 233
Metrosideros , 418, 420 Morrenia, 472 Neillia, 387 Nuytsia , 335 336
-

Metroxulon, 276, 278 Morus, 75- 76, 78, 392-393 Neillieae, 384, 387 Nvctaginaceae, 230, 318- 319,
Michelia, 237 Mosiera, 418, 420 Nelsonia, 488 319 -320, 324-325, 325
Miconia, 75 - 76, 78, 418, 420-421 M. longipes, 75-76, 78-77 Nelsonioideae, 488 Nyctaginia, 324 -325
-
M. racemosa, 556 557
M. samanensis, 567 -583
-
Mostarda - branca, 420 421
Mostarda - chinesa, 420 -421
Nelumbo, 75- 76, 78, 181-182
Nelumbonaceae, 230, 235-236,
Nymphaea , 233, 235 - 236
N. odorata, 232 -236
Miconieae, 420-421 Mostarda - negra, 142, 420 - 421 316 Nymphaeaceae, 14, 28- 29,
Micranthemum, 482 Mostuea, 466-467 Nemacaulis, 334 225- 229, 230, 233-236, 243,
Microcitrus , 429- 430 Mucuna urens, 369, 371 Nemadadus, 508, 510 249- 250
Mírron/cfls, 207-208 Muhlenbergia, 301 Nemastylis, 272-273 Nymphaeales, 28-29, 178-179,
Microlicia, 418, 420 Muraltia, 377, 379 Nemesia, 484 181 182, 230, 233- 236
-

Micromonades , 157 Murdannia , 280-281, 282 Nemopanthus, 493-494 Nymphaeoideae, 233, 235 -236
Microsteris, 457 Murraya , 429 -430, 432 Neinophila , 466 Nymphoides, 470-471
Mikania , 511, 512 Murta, 417- 418 Neolloydia , 330, 332 Nypa, 276, 278 - 280
Milheto, 300-301 Musa, 75-76, 78 Neomarica, 272- 273 Nypoídeae, 276, 278
Milho, 107, 124, 300 - 301 Musaceae, 269-270 Neoregelia, 286-287 Nyssa, 432-433, 445
Millettia, 372 Muscari, 269-270 Nepenthaceae, 230, 318 -319, N . ogeche, 442
Miltcmia, 274 Musgos, 160-164 320, 332, 455 Nyssaceae, 231, 441, 445
Mimosa, 372, 375-376 Mussaenda , 467, 469 Nepeta, 492-494 Óberonia, 272- 273
Mimosoideae, 374- 375, 375-376 Mutisieae , 512, 515 Nepetoideae, 492-494 Obolana, 470-471
Mimulus ,116, 126 -127, 231, Myodocarpaceae, 231, 497, 499, Nephelium, 437-439 Oca, 350-351
475, 482 5Ò1 Nenne, 270 -271 Ochna, 76, 78
M. cardinalis, 126-127 Myodocarpus , 499, 501 Nerium, 75 - 76, 78, 472, 474 Ochnaceae, 354 -355
M. iewisii , 126 -127 M . fraxmifolius, 496 N. oleander, 468 Ochroma pyramidale, 425
Mimusops, 448-450 Mvoporaceae, 231, 457, 476- -
Nertera, 469 470 Ochrosia, 474, 475
Minuartia, 320 477, 480 Nesaea , 414 Ocimum, 492-494
Mirabilis, 324- 325 Myoprum, 484 Nêspera, 382, 384 Ocotea , 242-244
Misodendraceae, 230, 334 -336 Myosotis, 466 Nestronia, 338 Odontonema , 488
Misodendrum , 334 Myosurus, 312 Neuvnedia, 274-275 Oenothera, 414, 415
Mitchella, 467, 469-470 Myrcianthes, 417-418, 420 Nicolaia, 302 O. macrocarpa , 415
Mitella, 110, 340, 342 M . fragans, 411 Nicotiana, 461 Oficial- de-sala, 129-130, 472
í VI diphylla, 340 Myrciaria cauliflora, 418, 420 N. tabacum, 90-91, 464 Okrna, 324 -325
Mitrasacme, 467, 469 Myrica, 406 -408, 417-418 Nicotianoideae, 461 Olacaceae , 230, 334-336
Mitreola, 467, 469 M. cerifera, 406 -407, 408 Nigella,312 Oldenlandia, 467, 469
Modio/fl, 425 M. pensylvanica, 406 -407, 408 N. aroensis subsp. arislata, 144 Oldfieldia, 359, 361
Mogno, 432-433 M. rubra, 408 N . aroensis subsp. aroensis, 144 Oldfieldioideae, 359
Molina, 109-110 Myricaceae, 231, 400 - 401, N , aroensis subsp. brevipolia, Olea, 480, 481
Molluginaceae, 319 406-408 144 O. europaea, 478, 481
Momordica, 75 76, 78, 398
-
Myrfica, 242 243- N . aroensis subsp. glauca, 144 Oleaceae, 231, 475, 476, 476-
Monarda, 492-493 M . fragrans, 240, 242- 243 N. carpatha, 144 481
Monilófitas, 163-164, 164-165, Myristicaceae, 230, 236, 237, N . degenii subsp. barbro, 144 Oleales, 481
185, 186, 187,190- 206 240-243 N. degenii subsp. degenii, 144 Oleandraceae, 187, 199- 200
Monimiaceae, 230, 242-243 Myrothamtius, 318-319 N. degenii subsp. jenny, 144 Oleoideae, 481
Monrana , 377, 379 Myroxylon, 76, 78 iV. degenii subsp. minor, 144 Oliveira, 481
Monochaetum, 420 -421 -
Myrsinaceae, 231, 450 452 N . doerfleri , 144 Onagraceae , 231, 410, 412,
414-415
Monochlamydeae, 50 Mursine, 75- 76, 78, 450 - 452 N . í carica , 144
Monochoria , 282-283, 285 M . coriacea. 448 -450 N. stncta, 144 Onadium. 272 -274
Monoclea forsteri. 160-161 Mvrsinoideae, 451-452 Nigritella nigra, 122-123 O. sphaceiatum, 263
Monocotiled ô neas Myrtaceae, 97, 231, 410, 412, Nim, 432 - 433 Oncoba. 369
(Monocotyledonae ), 179-182, 416-418, 420 Niniéia, 28- 29, 178-179, 233 Ondinea, 233
230, 249- 276, 278- 307 Mvrtales, 228 -229, 231.346, 410, Niteila. 158-159, 159-160 Onoclea , 204
Monocotiled ô neas petalóides, 412-421 Nitraria , 350-351 0. sensibilis, 204
254, 256-257 Myrtoideae , 418, 420 Nitrariaceae, 350- 351 Onocleaceae , 187, 194-195, 204
ÍNDICE TAXONôMICO 599

Onosma , 466 Oxydendrum, 453-454 Pêcã, 408 Phoradendron, 338


Onosmodium, 466 0. arboreum, 453-454 Pectis, 512 P. leucarpon, 338, 339
Oomicetos, 156 Oxypohs, 76, 78, 497 Pedicularis , 482, 485-486 P. rubrum, 33,9
Ophioglossaceae, 186, 187, O. filifomis var. flliformis, 496 Pediocactus, 330, 332 Phormiaceae, 230, 264
190-191, 193 Oxyrta , 334 Peganum, 350-351 Phoúnia, 384, 387-388
Ophiogiossales, 163 -164, 164 - Oxytheca , 334 Peíargonium, 350 Phragmidium, 384
165, 168, 187, 193 Oxytropis, 375-376 Pellaea , 199-200 Phragmites,109-110
Ophtoglossum, 193 Pachira , 425 Peltandra , 252 P. australis , 126-127, 145
O. reticulatum, 90 Pachystachys, 488 Peltophorum, 375-376 Phreatia, 272- 273
Ophiopogon , 268 P. lutea, 479 Pemphts, 414 Phryma, 482
Ophiopogoneae, 268 Packera. 511 Pennisetum amencanum, 300 -301 Phrymaceae, 231, 475
Ophrys, 71- 72, 129, 274- 275 Paeonia, 75- 76, 78, 132- 133 Penstemon, 482 Phrvneae, 304, 306
O. creticola, 129 Paeoniaceae, 132-133, 230, 338 P. canescens, 483 Phthirusa, 335-336
O. elegans, 129 Paepalanthoideae, 292 Pentaiinon , 472, 474 Phylica , 387-389
Opiliaceae, 334-336 Paepalanthus, 292 Pentaphragmataceae, 231 Phyllanthaceae, 231, 354-355,
Opuloideae, 505 Pakaraimaea, 428-429 Pentaphylacaceae, 445, 446, 452 -
359, 361 362
Opuntia, 75- 76, 78, 330, 332 Palaquium, 448 Pentaphylax, 452 Phyllantherium, 262
O. pusilla, 331 Palicourea, 467, 469-470 Pentas, 469-470 Phyllanthoideae, 359
Opuntioideae, 330, 332 Palmae, 275- 276, 278-280 Pentodon, 467, 469-470 Phyllanthus, 359, 361- 362
Orchidaceae, 230, 263- 266, Palmito, 276, 278 Peperomia, 264, 247 Phyllocladaceae, 217-218
-
272 275
Orchidoideae, 274, 274- 275
Pan - Angiospermae, 175-176
Panax, 499, 501
-
P. glabetla, 245 246
P. humilis, 245- 246
Phyllocladus,172, 217-218
Phyilodoce, 454- 455
Orchis, 272- 275
0. maculata, 122-123
Pandanales, 227
Pangium, 369 Peplis, 414
-
P. obtusifolia, 245 246 Phyllogiossum , 164-165, 189
Phyllonoma , 493-494
Orégano, 492 Pàniceae, 301 Pera, 132-133, 382, 384 Phyllonomaceae, 493-494
Orelha -de-elefante, 252 foucoideae, 296- 297, 300-301 Pereskia ,114-115, 330, 332 Phyilostachys, 300- 301
Oreomunnea, 408 Panicum, 301 P. grandifolia, 94 Physalis, 4e> l
Oreopanax, 499, 501 P. anceps, 299 Peridictyon sanctum, 111 P. heterophylla, 460
Oreoptelea, 390- 391
Origanum, 492-494
-
P. clandestmum, 75 78, 299
Papcwer, 75 - 76, 78, 314-315
Perí plocoideae, 474
Persea, 242-244
P. ixocarpa , 461
P. walten, 460
Omithogaloideae, 269-270 P. dubium x P. rhoeas, 130-131 P. americana, 239, 242- 244 Physaria, 410, 412
Omithogalum, 269- 270 Papaveraceae, 230, 307, 308, Perseeae, 244 Physocarpus, 384, 387
Orobanchaceae, 114-115, 231 ,
475, 476 -477, 480, 484-486, 488
-
314 316
Papaveroideae, 315-316
Pêssego, 382, 384
Petalonyx, 443
Physostegia, 492-494
Physostoma elegans, 170- 171
Orobanche, 485-486, 488 Paphiopedilum , 274 - 275 Petermannia, 259 Phytelephas, 276, 278
O. uni flora, 478 àpilionoideae, 374-375, 375-
f Petiveria, 75-76, 78, 82 -83, 324 - Phytolacca, 324-325
Orontium, 252 376 325 P. americana, 322
Orquídeas, 71-72, 122-123, 129 Rapoula, 181-182, 314-315 Ftetiveriaceae, 230, 318 -319, P. americana var. americana,
Orthocarpus , 485-486 Paranstolchia, 247 319- 320, 324-325 323
Oryza saúva , 94, 107, 289, 300 - Parasitaxus usta , 217- 218 Petraea, 488, 490-492 Phytolaccaceae, 230, 318 -319 ,
301 Fkra - tudo-do -campo, 325, 327 Petroselinum, 497 -
319- 320, 323 325
Oryzeae, 300-301 Parideae, 262 Petunia , 461 Picea, 132 -133, 213
Osmanthus. 480, 481 Panetaria, 396 Peucedanum, 497 P. torano, 212
Osmaronieae, 384, 387 Paris, 262 Phacelia, 466 Picramnia, 433, 435
Osmorhiza, 497 Panshella, 508, 510 Phaeoceros laevis, 160 - 161 Picramniaceae, 428-429, 433,
Osmunda, 197
O.cmnamomea, 196, 198
-
Parkia, 8-9, 375 376
P. sumatrana var. streptocarpa ,
Phalaenopsis, 274
Pharoideae, 300-301
435
Picrodendraceae, 231, 359, 361
O. claytomana , 198 9 Phaseolus, 372, 375 -376 Picrodendron, 359, 361
O. lartcea, 197 Parkinsonia , 372, 375-376 Phegopteris, 202 Piais,29, 54-55, 453-455, 548-
O. regalis, 197,198 Parmentiera, 486, 488 Phegopteróides, 202 549
Osmundaceae, 165, 167, 187, Pamassia, 341-342, 353-354 Phellodendron, 429-430, 432 P. floribunda, 27- 28
-
191, 194 -195, 197 198 Pamassiaceae, 231, 341-342 Phemeranthus, 328-330 P. formosa, 27-28
Osmundales, 187, 197-198 Paronychia, 320, 323 Philadelpheae, 442 P. nana, 27-28
Osteospermum, 512
Ostrya, 75-76, 78, 404
Ihronychioideae , 320
Pâropsieae , 367
Philadelphus, 341-342, 442
Philesiaceae, 259 Pilea, 396
-
Pphillyreifoha, 27 28
Ostryopsis, 404 Parthenocissus, 346 Philodendron, 252 Piloblephis, 492
Ottelia, 254 Paspalum, 301 Philydraceae, 230, 280-281 Pilosocereus, 330, 332
Oubanguia, 457 Passiflora, 75-76, 78, 105, 367 Phlebodium, 204- 205 Pilularia , 198
Oxalidaceae, 285-286, 350, P. caerulea, 360 Phleum, 301 Pimenta de betei, 247
-
350 351, 352
Oxalidales, 228-229, 231 , 346, Passifloraceae, 97, 231, 353-
-
P. incamata, 360, 368, 556 557 P. pratense, 90- 91
Phlox, 125-126 , 132-133, 457
Pimenta dioica, 417-418
Pimpinella, 497
350-351 355, 367, 368 Phlox cuspidata, 131 -132 Pinaceae, 24-25, 90-91, 132-
Oxalis, 75-76, 78, 350-351 Pastinaca , 497 P. divarcata var. divancata , 133,172-173, 175-176, 187,
O. acetosella subsp. montam, Rata - de -canguru, 282- 283, 285 458 205- 206, 208, 210- 211, 211,
352 Rata - de -vaca, 372 P divaricata var. laphamii, 458 213, 215
O. dillenn, 352 Paullinia, 437-438 P. drummondii, 131-132, 457 Pinckneya , 467, 469
0. grandis, 352 P. cupana, 437-438 P. nivalis , 458 Pinguicula, 488, 490-491
O. pes-caprae, 347 Paulownia, 476, 482, 486, 488 Phoebe, 242- 244 P. caerulea, 479
O. stricta, 352 Paulowníaceae, 475 Phoeniceae, 278-279 Pinha, 240
0. tuberosa, 350 -351 Pavetta, 467, 469 Phoemx, 75- 76, 78, 276, 278- 279 Pinhão - manso, 356
Oxychloe, 294, 296 Pavonia, 425, 426 P. dactylifera , 66 -67 Pinheiro Wollemi, 218- 219
Oxycoccum , 30 Paxistima , 353-354 Pholisma, 466 Pinheiros, 172, 213
I

600 Í NDICE TAXONôMICO

Pinoideae, 213 Poaceae, 18, 34-35, 55-56, 116, Pontederiaceae, 230, 280 - 281, Pseudomonotes . 428-429
Pirtus , 132 -133, 172, 211, 213, 215 132- 133,142-143, 230, 285 - 282-283, 285-286 Pseudophoemx, 276 , 278
P. jeffreyí , 122-123 287, 296, 301 Ponthieva , 272- 273 Pseudoroegneria, 111
P. longaeva , 213. 215 Poales, 227, 230, 276, 278, 280- Pooideae, 110, 296- 297, 300 -301 Pseudotaxus , 219- 220
P. palustris, 212 281, 285-301 Populus , 132-133, 369, 371 PseudotnUium, 262
P. ponderosa , 546 Podocarpaceae, 172-173, 187, P. trichocarpa,107 P. nivale, 262
-
P. strobus, 174 175, 213 - 215 208, 210 -211, 213, 215-218 Porana , 462 Pseudotsuga,172-173, 174 175,-
Piper, 247 Podocarpus, 172, 215- 217 Porlieria, 350 213, 215
P. aduncum, 239 P macrophyllus, 212 , 215- 217 Porterella , 508, 510 P menziesii, 213, 215
P. betei, 247 Podophyllum , 313-315 Portlandia , 467, 469 Psid í um, 417-418, 420
.
P. nignim 247 P. peitatum, 313-314 Portulaca, 75-76, 78, 328-330 P. guajava , 417-418
-
Piperaceae, 28 29 , 50, 228-229, Podostemaceae, 231 , 353-354, P oleracea , 328-330, 329 Psil ófitas, 164 -165, 168
230. 244-247, 249-250 361-362 P. pilosa , 329 Psilophyton forbesíi, 165, 167
Piperales, 97, 178-179, 179-181, Podostemonaceae, 354 P. 'sundial', 322 PsUotaceae, 86-87, 186, 187,
-
181-182, 225 226 , 228- 229, Podranea , 486, 488 Portulacaceae , 230, 318 19, 190 -191, 191-192, 193
230, 244- 248 Poeae, 110 319, 320, 328-330, 332 Psilotales (Psilófitas), 163-164,
Piscidia , 375- 376 Pogonia , 272- 275 Posidoniaceae, 230, 250 -
164-165, 168, 187, 191 192
Pisonia, 324 -325 Pogostemon, 493-494 Potalia, 466 -467 Psilotum, 168, 191
Pistache, 437 Poikilospertnum, 396 Potamogeton, 254, 256 P. nudum, 192
Pistaaa vera. 437 Polanisia , 420 -421 P nodosus, 255 Psiloxylon, 418, 420
Pistia,252 Polemoniaceae, 231 , 445, 446, Potamogetonaceae, 230, 250, Psittacanthus, 335 - 336
Pisum, 372, 375 376 - 457-458 254, 256 Psydiofr, 75- 76, 78, 467, 469-
Pitanga, 418, 420 Polemomum , 457 Pbtentilla, 132 - 133, 382, 384, 387 470
Pitcaimia , 286 - 287 Polianthes, 269 Potentilleae, 387 P. ipecacuanha , 367
Pitcairnioidea , 286- 287 Poliesporangiófitas, 161 - 162, Pothoideae, 252 Ptelea, 76, 78, 429-430, 432
PitheceUobium, 372, 375- 376 162 Pothomorphe, 247 Pteridaceae, 187,194-195,
.
Pithecoctenium 486, 488 .
Poliothyrsis 369, 371 Pothos, 252 -
200 201
Pittosporaceae, 97-98, 231, 497, Polyalthia, 240 Pouteria , 448-450 Pteridium
499, 501 Polycias, 501 P campechiana , 448 P acjuilinum , 199- 201
Pityopsis , 511 Polycnemoideae, 325, 327 P. mammosa, 448 P caudatum,199- 200
Placospermum, 316-317 Polycnemum, 325, 327 Prasium, 493-494 Pteridophyllum, 314-315
Pí agiobothrys, 466 Polygala, 377, 379 Premna , 492- 494 Pterts, 199-201
Plagiogyriaceae, 187, 199 P. grandiflora , 378 Prenanthes, 511 Ptemandra, 418, 420- 421
Planchonia, 457 P. paucifolia, 378 Prímoplantae, 154-155, 155 156 - Pterocarpus, 372, 375-376
Planera , 389-391 P. polygama , 369, 371 Prí mula, 448, 450-452 Pterocarya, 408-410, 412
Plantaginaceae, 97- 98, 231, 475, Polygalaceae, 231 , 372-373, P. elatior,130-131 Pterospora, 453-455
476 -477, 480, 481-483, 485-486 377, 379, 378 -
P. meadia, 451 452 Pterygota , 76, 78
Plantago, 476, 482, 483 Polygaleae, 377, 379 P. vens,130-131 Ptilimnmm, 497
P. anstata. 478 Poíygonaceae, 230 , 318 -319, Pr
ímula, 450, 414 Ptilotus, 325
Plantas com sementes. Ver 320, 332, 334, 334-335 Primulaceae, 231 , 445, 446, Ptychosperma , 278- 279
Espermat óf ítas Polygonales, 318-319 450-452 Puelioideae, 300 - 301
Plantas terrestres, 159- 162 Polygonateae, 268 Primulaceae s.L , 445 Pulicaria, 511, 512
Plantas vasculares. Ver Polygonatum , 268 Primuloideae, 451 - 452 Pultnonaria , 466
Traqueófitas Polygonella, 334 Prionium, 286 Pumca, 75- 76, 78, 414
Plantas verdes, 1-2, 154-160 Polygonineae, 318-320 Priva, 488, 490-491 Punicaceae, 231, 414
Plasmodium, 155-156 Polygonium, 75-76, 78 Pró- gimnospermas , 169, 171 Pupunha, 276, 278
Platanaceae, 230, 316-317, 369 Polygonum, 334 Prosartes, 254, 256, 257, 258 Purshia, 380
Plá tano, 316 -317 P. cuspidatum, 334-335 -
Prosopis, 375 376 Puschkinia, 269- 270
Platanthera, 272- 275 P. pensylvanicum , 322 Protea , 316-317 Putranjiva, 359, 422-423
Platanus, 75- 76, 78, 316-317 P. sagití atum, 334-335 Proteaceae, 230, 316, 316-317 Putranjivaceae, 231, 359
P. kerrii, 316-317 P. scandens, 334 -335 Proteales, 228-230, 316 -317 Puya, 286-287
P. ocadentalis, 75- 76, 78, 126- P. virginianum, 334 Proteoideae, 316-317 Pycnanthemum, 492 -494
127, 311 Polypetalae, 50 Protium, 437 Pycnostachys, 492, 493-494
P orientalis,126-127 Polypodiaceae, 187, 194 - 195, Pntnetta, 492- 494 Pyracantha, 384
Platycerium, 204- 206 204-206 Prunoideae, 384 Pyreae, 90, 97, 132-133, 138-
Platycladus, 215 Polypodiales, 187, 191 , 194 -195, Prunus, 75- 76, 78, 80-81, 97. 139, 387- 388
Platyspermum, 420 - 421 197, 199-206 380, 382, 384, 387 Pyrenana , 452
Platystemon, 314 -315 Polypodium, 192, 199- 200, 204 - P. armeniaca, 382, 384 Pyrinae, 144, 387-388
Platystemonoideae, 314-315 205 P. avium, 382, 384 Pvrodae, 384, 387-388
Plectranthus, 492- 494 P. califomicum , 204- 205 P. caro / imana , 385 Pyrola , 453- 455
Pleopeltis, 204 - 205 P. virginianum, 205- 206 P. cerasus, 382, 384 Pyrolaceae, 231, 453-454
P. polypodioides, 196 , 205- 206 Poiypremum, 475 P domestica , 382, 384 p jrostegia, 486, 488
Pleurothallis, 272- 273 Polyscias , 499, 501 P dulcis, 382, 384 Pyrrhopappus, 512
P íocospermataceae, 475 Polyspora , 452 P. pensylvanica, 385 Pyrularia, 338
Pluchea,311, 512 Polystachya, 272- 273 P. pérsica, 382, 384 Pyrus, 132-133, 382, 384
Ptucheae, 512, 515 Polystichum, 199- 200, 204 - 205 P. serotina, 380, 384, 385 Quararibea , 426
Plumbaginaceae, 230.31S -319. P. lonchitis, 204-205 P. virgimana , 385 Quercoideae, 400 - 401, 403
320, 332 Pomadems , 387- 388, 389 Psaronius, 168 Quercus, 75- 76, 78, 132-133,147,
Plumé na, 472 Poncirus, 429-430, 432 Psathyrostachys , 111 400 -401, 403, 543
Plumena. 472, 474 P. trifoliolata, 75-78, 431 Pseudanthus, 359, 361 Q. alba, 75-76 , 78- 77, 402, 546
Poa, 124, 132- 133, 301 Pontedena. 282 - 283, 285- 286 Pseuàobombax, 425 Q. camelius - mulleri , 147
P. pratensis, 298 P. cordata, 284 Pseudolanx, 211 Q. cerris, 401, 403
ÍNDICE TAXONOMICO 601

Q. douglasii, 147 Rhexieae, 420 -421 Rubioideae, 467, 469 Samambaias Ieptosporangiadas,
Q. dumosa, 147 Rhinanthoideae, 485-486 Rubus, 75-76, 78, 131-132, 86 -87, 164-165, 167, 186, 187,
Q. durata , 147 Rhinanthus, 485 -486 -
132 133, 147, 380, 382, 384, 191, 194 - 206
Q. engelmanmi, 147 Rhipogonaceae, 259 386, 387 Samambaias schizaeóides, 191 ,
Q. gambelii, 147 Rhipsalis, 330, 332 Rudbeckia , 511, 512 197
Q. garryana, 147 Rhizobium, 346 R. laciniata , 546 Sambucus , 231, 501, 504-505
Q. grisea,147 Rhizophora , 55 -56, 364 Ruellia , 488 S. adnata, 505
Q. ilex, 401, 403 R. mangle, 360, 365 Ruibarbo, 334 S . canadensis, 502, 505
Q. ilicifolia, 402 Rhizophoraceae, 231, 354 -355, Rumex, 75 - 76, 78, 334 S . ebulus, 505
Q. imbricaria, 402 364, 365 Ruppia, 254, 256 S. gaudichaudiana , 505
Q. lobata, 147 Rhodocactus, 330, 332 Ruppiaceae, 230, 250, 254, 256 S. racemosa , 502
Q . rubra, 402 Rhododendron, 30, 75 -76, 78, Ruprechtia, 334 Samolus, 450
Q. sec. Cerris, 401, 403 453-455 Ruscaceae, 181-182, 230, 264, Samouco, 408
Q. sec. Lobatae, 401, 403 R. groenlandicum, 546 263, 265-266, 265-268, 269 Samyda, 369 >
Q. sec. Quercus, 401, 403 R. lapponicum, 546 Ruschia , 325, 327 Sanango, 481
Q. suber, 400 -401, 403 R minus, 546 Ruschioideae, 328- 330 Sanchezia, 488
Q . subg. Cyclobalanopsis, 401, R. viscosum, 448-450 Ruscus, 268 Sândalo, 338
403 Rhodoleia, 343- 344 Russelia, 482 Sanguimria, 314 -315
Q. turbinella, 147 Rhodomyrtus, 417-418 Ruta, 429-430, 432 Sanguisorbeae, 387
Q. velutim, 397 Rhodotypos, 384, 387 Rutaceae, 97-98, 231, 428-430, Sanicula, 497, 499, 501
Q. virgittiaw , 397, 546 Rhoipleieaceae, 231 , 400 -401 432 Sanicuioideae, 499, 501
Quiabo, 425 Rhus, 54-55, 75, 437 Sabal , 75 - 76, 78, 276, 278- 280 Sansevieria, 268, 269
Quisqualis, 416 R. glabra, 434, 436 Sabatia , 470 - 471 S . trifasàata, 263
Rabanete, 130-131, 142, 420 - R. typhina, 436 Sabugueiro, 504- 505 Santa bárbara, 432 -433
421 Rhynchosia, 372 Saccharum officinale, 300-301 Santalaceae, 230, 334 -336,
Rafflesiaceae, 104, 231 Rhynchospora, 75- 76, 78, 294, Saccolomataceae, 187, 199-200 338, 339
Rajania, 275-276 296 Sagenopteris philí ipsi , 177 Santalales, 228 - 230 , 334-338
Rambutão, 437- 438 R. colorata , 289 Sageretia, 387-388 Santalum, 338
Rami, 396 Rhynia, 162 Sagina , 320 S. paniculatum, 337
Randia, 467, 469 Rhytidophyllum, 481 S . decumbens, 323 Sapindaceae, 231, 429-430,
Ranunculaceae, 50, 97-98, 132- Rite, 338, 341 342
-
Sagittaria , 75- 76, 78, 254 430, 432, 437-440
133, 230, 307, 308, 309-310, 312 Richardia, 467, 469-470 S. australis, 253 Sapindales, 97-98, 228 -229, 231,
Ranunculales, 181-182, 228 - Ricmus, 359 S. engelmanmana, 253 346, 374, 428-440
230, 307-316 Rinorea, 367 S . graminea , 253 Sapindus, 437-438
Ranunculoideae, 312 Rinoreae,' 367 S. lancifolia, 253, 255 Sapium, 356, 359
Ranunciilus, 75- 76, 78, 181-182, Rinoreocarpus, 367 S. latifolia, 253 S. sebiferum, 356
312 Rivina, 324-325 Sagraea scalpta , 411 Saponaria, 320
R. ficaria, 311
Ranzama, 314-315
-
Robinia, 372, 375 376
Rodófitas, 154 -155, 155-156 ,156
Sagu, 276, 278
Saguaro, 123
Sapotaceae, 231 , 445, 447-450
Sapote branco, 429-430
Raphanobrassica, 142 Rollinia, 240 Saintpaulia, 481 Sapoti, 448
Raphanus, 423 Rom ã, 414 Salacia, 353- 354 Sapotoideae, 448-450
R. sativus, 130 -131, 420-421 Romanzoffia , 466 Salicaceae, 132 - 133, 231, 353 - Sarvophrynium, 304, 306
Raphia, 276, 278 Romneya, 314-315 355, 367, 369, 371 Sarcosperma, 448-450
Raphidophyilum, 276, 278 Romulea, 272- 273 Salicomia , 325, 327 Sarcostemma , 472, 474
Rauvolfia, 472, 474, 475 Rondeletia, 467, 469 Salix, 124, 128-129, 132- 133, Sarracenia, 445, 455
Rauvolfioideae , 474 Rorippa, 97, 420-421 148, 369, 371 S . flava, 456
Regnellidium, 198 Rosa , 75-76 , 78, 132 -133, 384, S. amygdaloides, 128 S. leucophylla , 448
Remirea , 294, 296 386, 387 S. bebbiana, 128 S . oreophila, 456
Renealmí a, 302 R. carolina, 382, 384 S . caroliniana,75-78, 361, 370 S . psittacina , 456
Repolho, 142, 420-421 R. eglanteria, 382 , 384 S. discolor, 128 S . purpurea, 456
Resedaceae, 97, 231, 422- 423 R. laevigata, 383 S. eriocephala, 128 S. rubra, 456
Restio, 296 R. rugosa , 383 S. exí gua, 128 Sarraceniaceae, 231, 320, 445,
Restionaceae, 116, 230, 285 - R. setigera, 382, 384 S. lúcida, 128 446, 455, 456
287, 296 Rosaceae, 3-4 -5, 97, 132 -133, S. petiolaris, 128 Saruma, 247, 249- 250
Reverchonia, 356 142-143, 231, 338, 374, 377, Salsola, 325, 327 Sasa, 300-301
Reynosia, 387-389 379, 379-382, 384-388 Sálvia, 492 Sassajras, 57-58, 242-244
Rhabdadenia, 472 -
Rosa - das rochas, 427-428 Salvia, 76 , 78, 492-494 S. albidum, 75 -78, 242 - 243,
Rhabdodendraceae, 318- 319 Rosales, 228- 229, 231, 338, 346, S. lyrata , 492 -493 243
Rhamnaceae, 231, 377, 379- 377, 379-396, 379 S . urticifolia, 492 -493 Satureja, 492-494
380, 387-389 Rosas, 384 Salvima , 165, 167, 198 Satyria warszewiczii , 27-28
Rhamnóides, 389 Rosídae, 50-51 Salviniaceae, 86 -87, 165, 167, Saururaceae, 28-29, 230 , 244 -
Rhamnus, 75- 76, 78, 387-389 Rosmarinus, 492 187, 198 245
R. frangula, 383 Rosoídeae, 384, 386, 387 Saiviniales, 187, 198 Saussurea, 511
Rhaphidophvllum, 276, 278-279 Rotala, 414 Samambaiaçus, 199 Savia, 361-362
Rhapbis, 278-279 Roupala , 316-317 Samambaias, 164-165, 167, 187, Saxifraga, 340, 342
,
Rheo spathacea 93 Royena , 450 190 - 206 Saxifragaceae, 104, 230, 338,
Rheum, 334 Roystona , 276, 278 Samambaias com sementes , 340-342, 442
Rhexia, 418, 420-421 Roystcmea, 75- 76, 78, 276, 278 169, 171, 175-176 Saxifragales, 228- 230, 338-346
R. nashii , 419 R. regia, 279 -280 Samambaias eusporangiadas, Scabiosa, 504-505
R. nuttallii, 411, 419 Rubia tinctoria, 467, 469 164-165, 167 Scaveola , 75- 76, 78
R. petiolata, 419 Rubiaceae, 231, 466 -467, 467, Samambaias gleíchenóides, S. glabra, 94
R. virginica, 419 469-470 191, 197 Schaefferia, 353-354
602 íNDICE TAXONõMICO

Schefflera , 499, 501 Selaginellaceae, 86-87, 187, Solanoideae, 461 Staudtia , 242- 243
Schelhammera, 259 188, 189- 191 Solanum. 75- 76, 78, 80-81, 461, Staurastrum, 159 -160
Schima, 452 Selago, 482, 484 462 Stegnosperma , 324 -325
Semecarpus. 437 S . betacea , 461 Sielis, 272-273
Schinus, 437
Schisandraceae, 230, 235-236 Semeie, 268 S. chmielewskii , 7-8 Stellana, 320
S. dukamara , 464 Stmmadenia, 475
Schismatoglottis, 252 Semperoivum, 342
Schizaeaceae, 187, 197 Senecio, 511, 512 S . lycopersKon, 107, 461, 464 Stemonaceae, 275- 276
Sehízaeales, 187 Senecioneae, 512, 515 S . melongena , 461 Stenandrium, 488
Sdnzanthus , 461 Serma, 372, 375-376 S . tuberosum, 107, 461 -
Slenanthium, 33 34, 262
Schizophragma. 442 S. bahamensis , 374 Soleirolia, 396 Stenana , 467, 469
S. hydrangeoides, 442 S . obtusifolia, 374 Solidago, 511, 512 Stenogonum, 334
Schlegelia, 482, 486, 488 Sensitiva, 372 S . sempervirens , 7- 8 Stenomens , 275- 276
Sequoia , 213, 215-217 Sonchus, 511, 512 Stephania, 308
Schlumbergera , 330, 332
Schoenocauion, 262 S. semperuirens , 266 -217 Sonerilla, 418, 420 Stephanomeria, 126-127
S . dubium, 255, 260 - 261 Sequóia gigante, 215-217 Sonneratia, 414 S. exí gua subsp. coronaria ,
S . officinale, 260 -261 Sequoiadendron , 213, 215-217 Sonneratiaceae, 231, 414 126 -127
S . texanum, 260- 261 S. giganteum, 215 - 217 Sophora, 75- 76, 78 S. malheurensis, 126 -127, 129-
S. yucatavense, 260- 261 Sequoióides, 213, 215- 217 Sorbaria, 387 130
Schoenocrambe. 420 - 421 Serenoa, 276, 278- 279 Sorbarieae, 384, 387 Sterculia, 75 - 78, 425- 427
Schoenolirion, 268 Sericocarpus, 511 Sorbus, 132-133, 132 -133, 384 , Sterculiaceae, 231, 425
Schoenoplectus, 132 - 133, 294, Seringueira, 356 -
387 388 -
Sterculioideae, 425, 427 428
296, 295 Seriphidium, 512 S. aucuparia, 383 Stewartia , 452
Schoepnaceae, 230, 334 - 336 Serissa, 467, 469 Sorghum, 90-91, 301 Stewartieae, 452
Sciadophyton, 163 Serjania, 437- 438 S. bicolor, 107, 300 -301 Stigeodonium, 158-159
Sciadopityaceae, 187, 213 Sesuvioideae, 328- 330 Sorgo, 107, 300-301 Stigmaphyllon, 76, 78, 354-355
Sciadopitys, 215- 217 Sesuvimm, 325, 327-330 Spaghenticola, 511 Stilbocarpa , 499, 501
Scilla, 269 - 270 Setaria, 301 Sparganiaceae, 230 Stillingia, 356, 359
Scindapsus , 252 Severinia, 429-430 Sparganium, 290 Stipa, 301
Scirpus, 132 - 133, 294, 296 Seymeria, 485- 486 Spartma,141-142, 301 Stipagrostis, 107-110
S. articulatus, 294, 296 Shorea, 75- 76, 78, 428 - 429 S. altemifolia, 141-142 Stipeae, 110, 111
S, cespitosus, 295 Sibara virgí nica, 424 -425 S. anglica,141-142 Stipuiicida , 320
S. cyperinus, 295 Sicyos, 398 S. marí tima,141-142 Stratiotes, 254
S . erismamae, 295 Sida , 76, 78, 425, 426 S. x townsendii, 141-142 Strelitziaceae, 230, 304
S . grossus, 294, 296 Sidalcea, 425 Spathicarpa, 252 Streptanthus, 420 - 421
S. koilolepsis, 295 Sideroxylon, 75 76, 78, 448-450
- Spathiphyllum, 252 Streptocarpus, 481
S. tabemaemontani , 75-78, S . foetidissimum, 448 Spathodea , 486, 488 Streptochaeta, 34-35, 300 - 301
295 Silene, 320 S . campanulata, 479 Streptopus, 254, 256, 257, 258
S . tuberosus, 294, 296 S. antirrhina, 321 Spergula, 320 Striga, 485- 486
S. validus, 295 S. caroliniana , 321 Spergularia , 320 Strobilanthes, 488
Scleria, 294/ 296 S . ooata, 321 Spermacoce, 467, 469 - 470 Strobus, 213, 215
Sclerocactus, 330, 332 S . virgí nica, 321 Spennolepis, 497, 499, 501 Strophanthus, 472
Scol íopus, 254 , 256 , 258 Silphmm, 511 Sphaeralcea, 425, 426 Struthanthus, 335- 336
Scolopia, 369 Simarouba, 76, 78, 433, 435 Sphaeranthus, 512 Strychnos, 467, 469
Scoparia, 482 Simaroubaceae, 97- 98, 231, Sphaeropteris, 199 Stuckenia, 254, 256
Scrophularia, 482, 484 428 - 429, 429-430, 430, 432, Sphagmim, 161-162 Stylidiaceae, 231, 506
Scrophulariaceae, 231, 475, 433, 435 Sphenotoma dracophylloides, Stylisma, 462
476, 476 -477, 480, 482, 484, Simba, 433, 435 27-28 Stylophorum, 314-315
486, 488 Simmondsiaceae, 230, 318-319 Spigelia , 467, 469 Styphelia, 454 -455
.
Scutellaria 492- 493 Sinadoxa, 505 Spinacia oleracea, 325, 327 Styphelioideae, 454-455
Scytopetaloideae, 457 S. pubens, 505 Spiraea, 384, 387 Styracaceae, 231, 446
Scytopetalum, 458 S. racemosa, 505 Spiraeanthus, 387 Suaeda, 325, 327
Sebaea, 470 - 471 Sinapis alba, 420 -421, 421 -422 Spiraeeae, 138-139, 384, 387 Suksdorfia, 342
Sebastiania, 356 Sinningia, 481 Spiraeoideae, 384, 386, 387 Sullívantia , 340
Secale, 111 Siparunaceae, 230, 242 -243 Spiranthes, 272-275 Suriana, 433, 435
S . cereale, 301 Siphocampyhis, 508, 510 Spirodela, 252 Surianaceae, 231, 372, 372 -373,
Secamone, 472, 474 Siphonochilus,302 Spirogyra,158-159, 159- 160 433, 435
Secamonoideae, 474 Siphonoglossa , 488 Spondiadeae, 437 Sutera, 484
Sechium, 398 Sisyrinchieae, 272 -273 Spondias, 437 Swartzia , 372, 374-375
Securidaca, 377, 379 Sisyrinchium, 272-273 Sporobolus, 301 Swertia, 97- 98, 470-471
Sedoideae, 342 Sium, 497 Sprengel í a mcamata , 27- 28 Swietema, 75- 76, 78, 432 - 433, 435
Sedutn, 342 Smilacaceae, 230, 254, 256, 257, Stachys, 479, 492 - 494 S. mahagom, 432 -433
S. pulchellum, 343 259-260, 275-276 Stachytarpheta , 488, 490-491 Swietenioideae, 432 -433
S . pusúlum, 343 Smilax, 259 Stamnostoma huttonese, 170 - 171 Syagrus , 75- 76, 78, 276, 278- 279
S . telephtoides, 343 S . aspera, 259 Stangeria, 206-208 Symbegonia, 398
S. tematum , 343 S. glauca, 255 Stangeriaceae, 206- 208 SymDetalae (dado das
Selaginella. 163- 164, 164-165, S. herbacea, 260 Stanhopea , 71- 72 Ásterídeas), 113, 231, 441- 458
166, 190-191 Socratea, 278-279 S, wardii, 71-72 Symphoricarpos, 504-505
S. apoda, 189 Soja, 372 Stanieya, 420 -421 Symphyotnchum, 511, 512
S. arenicoia , 189 -
Soianaceae , 132 133, 231, Stapetia, 472, 474 Symphytum officinale, 464, 466
Symplocaceae, 231, 446
S. hamsiana , 166 459-462 Staphyíeaceae, 350
S . myosurus, 189 Solanales, 229, 231, 459-466 Staticoideae, 320 Symplocarpus, 252
íNDICE TAXONOMICO 603

Syngonanthus, 292 Tetrapterys, 354-355 Tomate de árvore, 461 Triplaris, 334


Syngomum, 252 Tetrazygí a, 418, 420- 421 Topete-de-cardeal, 372 Tripterocalyx, 324-325
Synsepalum, 448- 450 T. bicolor, 419 Topobea , 420 -421 Triteleia, 269- 270
S. dulcificum, 448 Teucrioideae, 492- 493 Torenia, 482 Triticale, 132-133
Syringa, 480, 481 Teucnum, 492-493 Torilis, 497 Triticeae, 110, 111
Syzygium, 417-418, 420 Thalamifíorae, 50 Toronia, 316 -317 Triticum
S . aromaticum, 417-418 Thalassia , 254 Torreya, 219-220 T. aestivum , 90, 90-91, 300-
S . jambos, 417-418 Thalia, 304, 306 Toumefortia, 466 301
S . malaccense, 417-418, 420 Thalictroideae , 312 Tovariaceae, 97, 422 -423 T, monococcum, 111
Tabaco, 90-91 Thalictrum, 312 Toxicodendron, 75- 76, 78, 437, Triumfetta, 425
Tabebuia, 486, 488 Thamnochortus, 296 543 T. pentandra , 426
Tabemaemontana, 472, 474, 475 Thaspium, 497 T. vemicifluum, 437 T. semitriloba , 426
Tacca, 275 - 276 Theaceae, 231, 445, 446, 452 Toxicoscordium, 262 Trochodendraceae, 228 -230,
Taccaceae, 275-276 Theeae, 452 Trachelospemum, 472, 474 316
Taeniatherum caput - medusae, 111 Thelocactus, 330, 332 Tradescantia, 280-281, 282 Trochodendrales, 28- 29
Taeniophyllum, 272- 273 Thelypteridaceae, 187, 194- Tradescantieae, 282 Troilius, 312
Taeniopteris, 171 195, 202-203 Tragia, 356, 359 T. europaeus, 312
Tagetes, 511, 512 Thelypteris, 202 Tragopogon, 140, 141, 511, 512, Tropaeolaceae, 422-423
Taioba, 252 T. noveboracensis, 202 515 Tropaeolum, 97
Takakia, 161 162
-
Themidaceae, 230, 263, 265- T. dubius, 141 Tsuga, 213
Takhtajania, 244 - 245 266, 269-270 T. mirus, 141 Tulbaghia, 269- 270
Talauma, 237 Theobroma cacao, 424-425, 425 T. miscellus, 141 Tulipa, 258
Talinopsis, 328-330 Theoideae, 452 T. porrifolius, 141 Tulipa, 258
Talinum, 328-330 Theophrastaceae, 231, 450 T. pratensis,141 Tumeraceae, 97, 353-354
Tamareira, 66-67, 276, 278- 279 Thesium, 338 Trepa, 414 Turraea, 432 -433
Tamarindo, 372 Thespesia, 75-76, 78, 425, 426 Trapaceae, 231, 414 Typha , 290
Tamarindus, 75- 76, 78, 372, T. populnea, 424-425 Traqueófitas, 2 , 159-162, T. angustifoiia, 290- 291
375-376 Thevetia, 470-471, 474, 474 185, 187. Ver também o índice T. dommgensis, 289
Tamija, 302 Thinopyrum Remissivo -
T. latifolia, 290 291
Tamus, 275-276 T. bessarabicum, 111 Trautuetteria, 312 Typhaceae, 230, 285-286, 290,
Tanaceto, 511 T. junceiforme, 111 Trebouxiophyaceae, 157-159 291
Tanacetum, 512 Thlaspi, 420-421 Trema, 379, 390 -391 Ulmaceae, 231, 377, 379-380,
Tapinanthus, 335-336 Thouinia, 437-438 T. lamarckmna, 392 389-391
Taraxacum, 75- 76, 78, 147, 511, Thrinax, 276, 278-280 T. micrantha, 383, 392 Ulmus, 76, 78, 389-391
512, 515 Thuja, 213, 215 Triadenum, 362- 363 U. americana, 383, 389- 390
T. officinale, 90 -91 Thunbergia, 488 T. virginianum, 362-363 U . crassifolia , 389 -390
Taraxia, 414 Thunbergioideae, 488 T. virginicum, 361 U. rubra, 75-76, 78-77, 389-
Tarenna, 467, 469 Thuranthos, 269 T. waiteri, 362-363 390
Taro, 252 Thumiaceae, 286 Trianthema, 325 , 327 Ulvophyceae, 157, 159-160, 162
Tarumã, 492 Thymelaeaceae, 231, 423 Tribuioideae, 350-351 Umbelliferae, 495, 497-499, 501
Tasmannia , 244, 244-245 Thymus, 492-494 Tribulus, 350-351 Umbellularia, 242- 244
Taxaceae, 172-173, 208, 210- Thyrsopteridaceae, 187, 199 Trichilia, 432-433, 435 Uncinia, 294, 296
211, 213, 218-220 Thysanolaena,109-110 Trichophorum, 294, 296 Unha - de gato, 486, 488
-

Taxodiaceae, 187, 215- 217 Tiarella, 340 T. cespitosum, 295 Unikonta, 155-156
Taxodióides, 213 Tibouchina, 418, 420-421 Trichopus, 275-276 Uniola pamculata, 289
Taxodium, 172-173, 213, 215- 217 Ticodendron, 404 Trichostema, 492-493 Urena, 425, 426
Taxus , 172, 219- 220 Ticondendraceae, 231 Trichostigma, 324-325 Urera, 396
T. baccata, 212 Tigrideae, 272 - 273 Tricolpadas (ciado das Urginea , 269
T . floridana, 218-219 Tigridia, 272-273 Tricolpadas), 179-181, 230-231, Urtica, 396
Teca, 492 Tília, 425 307-346 U . chamaedryoides, 393, 395
Tecoma, 486, 488 Tí lia, 80 - 81, 425- 427 Tricolpadas basais , 228- 230 U . dioica,393, 395, 396
Tecoma, 486, 488 Tiliaceae, 231, 425 Tricolpadas - n úcleo, 230 -231, Urticaceae, 231, 377, 379, 379,
Tectariaceae, 187, 199-200
Tectona, 491- 494
Tilioideae, 427- 428
Tillaea, 342
318-346
Tricyrtis, 254, 256, 257, 258
-
380, 392 393, 395 396-
Urticales, 377, 379, 424-425
Telekia, 512 Tillandsia, 286-287 Trientalis, 450-452 Uskiella spargens, 163
Telepteridóideas, 202-203 T. hotteana, 289 Trifolium, 75- 76. 78, 372, 375- Utricularia, 488, 490-491
Teí lima, 340 T. recurvata, 286-287, 288 376, 375-376 U. in/lata, 479
T . grandiflora, 110 T. usneoides, 286 - 287, 288 Trigo, 90-91, 300 -301 Utriculária, 488, 490-491
Telopea, 316 -317 Tillandsioideae, 286- 287 Trigonobalanus, 400- 401, 403 Uva, 105
Tephrosia, 372, 375-376 Tinosporu, 308 Trigridía, 272- 273 Uva- japonesa, 387-388
Terminalia, 54 -55, 75-76, 78, Tipuana, 375-376 Trilliaceae, 230 , 262, 275- 276 Uvana , 240
416 Tipularia, 272-273 Tnllium, 254, 256 , 260, 262 Uvulana. 254, 256, 257- 259
Temstroemia , 452 Tmesipteris, 168, 191 T. cuneatum, 255 Uvulariaceae, 230 , 258, 259
Temstroemiaceae, 231, 445 Tococa, 420 -421 Trimeniaceae, 235- 236 Vacciniaceae, 453-454
Temstroemioideae, 452 Toddalioideae, 429-430 Trimerófitas, 164 -165 Vaccinioideae, 454 -455
Tetracentraceae, 230, 316 Todea, 197 Tnmezia, 272- 273 Vaccinium, 30 - 31, 75- 76, 78, 97-
Tetrachondraceae, 231 , 475 Tofieldia, 262 Triodams, 75- 76, 78, 508, 510 98, 131-132, 453-455
Tetracoccus, 361 Tofieldiaceae, 230 , 262 T. perfoliata , 507 V. corymbosum , 90- 91, 546
Tetradoxa, 505 Toimiea, 340 Tnphasia, 429 430, 432
- V. macrocarpon , 27-28
Tetragoma, 325, 327-330 T. menziesii, 90-91 Tnphora , 272- 273 V. racemosum, 448
Tetrapanax, 501 Tomate, 107, 461 Tnpladenia, 259 V. sect. Oxycoccum, 30, 31
604 Í NDICE TAXONOMICO

Valeriam, 501 , 504-505 Viola, 75 - 76, 78, 367 Whipplea, 442 Zamia , 207-208
V. scandens, 502 V. primulifotia, 364, 366 Wilkesia, 8 Z . fioridana, 207- 208, 209
Valenanaceae, 231, 504-505 V. sororia, 361 W. gymnoxiphium , 8 Zamiaceae, 187, 206-207, 207-
Valerianella, 504-505 Violaceae, 231, 353- 355, 364, W. hobdyi , 8 208, 209
Vallesia, 474 366-367 Witldenowia , 296 Zamioculcas, 252
Vallisnena , 254 Violales , 353-354 Williamsonia sewardiana, 177 Zanmchellia, 254
Vancouvena, 313- 315 Violeae, 367 Winteraceae, 28-29, 179-181, Zannichelliaceae, 230, 250, 254
Vanda, 274 - 275 Violeta africana, 481 227, 230, 244-245 Zanonioideae , 398
Vanilla, 272-275 Viridiplantae, 154-155 Wisteria, 325, 327, 375-376 Zantedeschia , 252
V. planifolia, 274 Viridófitas, 154-155, 155- 156 , Wodyetia, 276, 278- 279 Zanthoxylum, 75- 76, 78, 429-
Vanilloideae, 274, 274- 275 156-160 Wolffia, 252 430, 432
Vatica, 428-429 Virola, 242- 243 Wolfiella, 252 Z. clava - herculis, 434
Vauquelinia , 384, 387- 388 Viscaceae, 230, 334- 336, 338 Wollemia , 213 Zea, 90 - 91, 301
Veitchia, 276, 278- 279 Viscum, 338 W. nobihs, 218- 219 Z mays, 107, 124, 300-301
,

Veratrum, 262 V. album, 338 Woodsia, 199- 200 Zelkcrva, 389 - 391
Verbascum, 46- 47, 482, 484 Vismta, 362 - 363 Woodsiaceae , 187, 194 -195, Zephyranthes, 270- 271
V. lychnitis , 549-550 Vitaceae, 230 , 346- 348, 441 202- 203 Zeuxine, 272 - 275
V. nigrum, 549-550 Vitales, 228-230.346 - 348 Woodwardia , 204 Zigadenus, 262
V. virgatum, 478 Vitex, 491-494 W. areolata, 202-203 Zingiber, 302
Verbena, 76, 78, 488, 490 -491 V. agnus -castus, 479 Wurmbea, 259 Zingiberaceae, 55-56, 230 ,
V. stricta, 491 -492 Vitieoideae , 493-494 Xanthocyparis, 215- 217 302-304
Verbenaceae, 97, 231, 475, 476 - Vitis, 346 Xanthophyllum, 377, 379 Zí ngiberaies, 227, 230, 276, 278,
477, 480, 488, 490-492 V. rotundifolia , 346 -347 Xanthorhiza , 312 301-307
Verbenoideae, 491-492 V. vimfera, 105 Xanthorrhoeaceae, 230, 263, Zingiberoideae, 302
Verbesina, 511, 512 V. vulpina, 346 - 347 265- 266, 272 Zinnm, 511, 512
Vemonia , 75- 76, 78, 511, 512 Vitória- régia, 233 Xanthorrhoeaceae s.l., 263, 265, Zippelia , 247
Vemonieae, 512, 515 Vittaria , 200 -201 265-266, 272 Zizania aquaiica, 301
Verónica, 482 Vivianiaceae, 350 Xanthosoma, 252 Zizia, 497
Verónica, 482, 483 Vochysiaceae, 231, 412 Xerophyllum, 262 Ziziphoides, 389
Veronicaceae, 482 Volvox, 157 Xiphidium, 282- 283, 285 Ziziphus, 389
Veronicastrum, 482 Voyria, 470- 471 Xylopia, 240 Z . jujuba , 387-388
Vibumum , 231, 501, 504-505 Vriesia, 286 -287 Xylosma, 369 Zooxanthellae, 156
V. sargentii, 502 Vulpia fasciculata , 131-132 Xyridaceae , 230, 285- 286, 292, Zosteraceae, 230, 250
Vicia, 90, 372, 375-376 Wahlenbergia , 508, 510 293 Zosterófitas, 163-164
V. ludoviciana , 75-76, 78 -77, Wallenia, 450-452 Xyris. 292 Zosterophyllum deciduum, 166
374-375 Waltheria , 425 X. brevifolia, 293 Zygnematales, 157, 158-160
V. tematum, 546 Warea, 420- 421, 423 X . fimbriata , 293 Zygogynum, 244 - 245
Victoria, 235-236 Washingtonia, 276, 278-279 Ylang- ylang, 240 Zygophyllaceae, 230, 350-
Viguiera, 512 Weigela, 501, 504-505 Youngia, 512 351
Villadia, 342 Welwitschia, 28-29, 172, 172- Yucca. 66- 67, 69- 70, 257, 268, Zygophyllales, 22S-230, 346,
Vúlarsm, 470 -471 173, 219- 221 269 350 - 351
Vinca, 472, 474 W. mirabilis, 174- 175 Y. filamentosa , 70 Zygophylioideae, 350-351
V. minor, 468 Welwitschiaceae, 187, 220 -221 Yuccoideae, 264, 269 Zygophyllum, 350-351
Í NDICE

Nú meros de página em itálico indicam informações em ilustrações ou tabelas.

A origem das espécies (Darwin), espécies que hibridizam máxima verossimilhança, 21- tipos de pólen, 95-96
7-8, 120-121, 144 facilmente, 147 25 xilema secundário, 81
Abacate, 242- 243 evidê ncias de, 133-135, 137 métodos bayesianos, 24-25 Armais of the Missouri Botanical
Abelhas como polinizadores, frequência de, 132-133 modificações evolutivas em Garden , 113, 560-561
67- 72 interespecífica, 132-139 caracteres, 25- 28 Anteras, 61- 62, 93
Abelhas e isolamento intergenérica, 131-133 redes, 14-15 extrorsas, 61-62
reprodutivo em plantas, 129 introgressão, 135, 137-138 uma visão geral, 3-5, 18-19 introrsas, 61-62
Abelhas Euglossini, 71- 72 poliploidia, 140-143 Análise multivariada, 133-134 Anterídio, 86-87, 162
Aberturas prováveis híbridos, 135, 137 Análises sem pesagem, 27-28 Anteridiógenos, 190-191
colpadas, 94 reconstrução de filogenias, Anatomia Anteroz óides, 190-191
poradas, 94 30, 138-139, 140 Kranz, 84 Antípodas, 87- 88, 175
sulcadas, 94 visão geral, 149 nodal, 82-83 Antocianinas, 96
zonadas, 94 Alternância de gerações, 156 Ancestral em comum, 4-5 Antophora erschowi (abelha), 129
Acaule, 55 Amarolida , 97-9S Anderson, Edgar, 47- 48, 135, 137 Ânulo, 165, 167, 190-191, 194-
ACCTRAN, 32 Ambiguidade, 24- 25, 31 Andrena (abelha) 129 195
DNA
.
Ácido desoxirribonucléico Ver Amentos, 74 Androceu, 60-62 Apigenidina, 96
Amostragem aleatória com Androginóforo, 64, 66 Apomixia, 142-143 Ver também
Acúleos, 55 substituição, 29 Anéis de crescimento, 82-83 Agamospermia
Adanson, Michel, 46-47 Anagênese, 123 Aneuploidia, 90-91, 124 Aptidão, 122-123
Adaptação e aptid ão, 122-123 Análise cladística Angiosperm Phylogeny Group, Aquênios, 75- 78
Adaptação em síndromes de filogenética 225-226 Argumentação hennigiana,
polinização, 8-9 Análise de Bootstrap, 29 Angiospermas 20 - 21
Adnação, 63-65 Análise de componentes caracteres reprodutivos, 172- Arilfenalenonas, 282 -283, 285
Agamoespécies, 147 principais (PCA), 136 173, 175 Arilo, 78- 79, 212, 219- 220
Agamospermia Análise de sítios de restrição, ciclos de vidas, 62 -63,175 Arquegônio, 86-87, 162
agamoespécies, 147 115-116 ciado principal, 175-176 Árvore
descrição, 88- 90, 142-143
isolamento reprodutivo, 129-
Análise filogenética
argumentação hennigiana,
.
classificações históricas
crescimento secundário, 86-
-
da vida, 155 156 , 561-562
de consenso de regra de
131 20 - 21 87 maioria, 24- 25
Alcaloides, 95-96 árvores de consenso, 24-26 em relação às Gnetales, 219- de consenso estrito, 24 25,
-

benzil isoquinolínicos, 96 atração de ramos longos, 20- 220 25- 26


de tropano, 96 23 embriologia, 86 - 88 de consenso semi- estrito, 24-
indólicos do tipo avaliação de á rvores famílias, 230-231 26
secologanina, 96 evolutivas, 27-29 flores, 175 de consenso, 24- 26
indólicos, 96 avaliação de similaridade em formas de crescimento, 179- de espécies vs. árvores de
isopren óides, 96 caracteres, 14 -15 182 genes, 109-111
pirrolizidínicos, 96 caracteres herdáveis, 14 hipótese das antófitas , 186 Árvores (plantas), 54 -55
Alergias, 213, 215 caracteres homólogos, 14-15 importância, 2 Árvores (taxonômicas)
Alopoliploidia construção de filogenias, 13- monofilia, 225 árvores de Steiner, 41 Ver
especia ção, 140-142 14 morfologia do fruto e também Árvores evolutivas
-
visã o geral, 90 91 desenvolvimento de uma dispersão, 179-181 histórico, 41-44
Alteração do habitat, á rvore evolutiva, 18-22 n úmeros cromossômicos, 90 Kõnigsberger Stammbaum,
Amelanchier,133-136 enraizamento de árvores período de origem, 175-176 48-49
an álise morfológica evolutivas, 15-17 polinização por insetos, 179- Árvores evolutivas
quantitativa, 133-134, 136 estados de cará ter, 14-15 181 avaliação, 27- 29
consequências evolutivas, grupos monoíilé ticos, 5-6, 17, poliploidia , 140 definição, 4-5
132 -134 18 relações filogen éticas com desenvolvimento, 18-22
definição, 131-132 hibridização, 30, 138-139, 140 outros grupos, 24- 26, 175- enraizadas, 15 -17
diplóide, 135, 137-138 homoplasia, 19, 21- 23 178 mapeamento de caracteres,
dist rbios antrópicos, 131-132 limitações dos caracteres relações filogenéticas, 28- 29, 29-32
especiaçã o, 119 morfológicos, 15-17 178-181, 225-229 topologia, 14
especia ção h íbrida, 135, 137- mapeamento de caracteres sementes, 88- 89 Árvores filogenéticas, 4-5, 44
139 em árvores evolutivas, 29-32 significado do termo, 185 Ver também Árvores evolutivas
606 ÍNDICE

Botânica, 40 -41 e sistemática, 48 49


- subsidiárias, 83, 84
ATP sintetase, 113 vegetativa, 95-96
Atração dos ramos longos filosófica, 40 estruturas secretoras, 84 - 85
sistemá tica, 41 floema, 82-83 Células- guarda, 83
( long- branch attraction ) , 20 - 23,
Celulose, 81
109-110 -
Botão floral, 55 56 folhas, 83-84
nós, 82-83 Centrômero, 92
Autapomorfia, 22- 23 Brácteas, 60- 61
Bract éolas, 60 - 61 xilema secund ário, 81-83 Ceras epicuticulares, 83, 84
Autocompatibilidade, 129-130 Chamorro (povo), 206 -207
Autofertilização, 129 -130, 142- Braquiblastos, 54- 55 Caracteres moleculares
Brown, Robert, 50, 301 genes de cloroplasto, 112-113 Chave
143 acesso mú ltiplo, 557-558,
- Bulbos. 55 genes mitocondriais, 113
Autogamia, 129-130, 142 143 558, 560
Auto - incompatibilidade, 71- 73 Buscas de Branch and bound , 20 genes nucleares, 113-115
Buscas heur ísticas, 20 -21 regiões espaçadoras de dicotômica, 557- 558, 559
esporofítíca, 72 - 73 identifica ção, 41, 556 -558,
heteromórfica, 72 73 - Cadeias de polipeptídeos, 98- 99 cloroplasto, 113
uma visão geral, 110-112 558-560
monom ó rfica, 71- 73 Caesalpinus, Andreas, 40
Cálice, 61-62 Caracteres morfológicos indentada, 557 -55tí, 559
Autopolinização, 71 - 72, 142 - pareada, 557-558, 559
Camada basal, 95- 96 análise quantitativa da
143 Chave de identificação de
Câmbio vascular, 81, 168, 169, hibridiza ção, 133-134, 136
Autopoliploidia e especiação, Alismatales, 250
142-143 171 caule, 5
Candolle, Augustín -Pyramus classificação, 5 Apiales, 497
Autor e nomenclatura botânica, Asparagales, 264
546 de, 46 - 48, 50 dura ção e há bito, 54 - 55
Cânfora, 97, 242- 243 filogenia, 4 -5 Asterales, 506
Aves Caryophyllineae, 319
como polinizadoras, 69-70, Capítulo, 74, 75 flores, 6
Capsicina, 461 folhas, 5 Commelinales, 280 - 281
129-130
Cá psula indeiscente, 75- 76, 78 gemas, 5 Con íferas, 211
dispersão de frutos e Comales, 441
sementes, 80 -81 Cápsulas, 75- 76, 78 importância para a
Captura de cloroplasto, 137-139 sistemática, 146-147 Cycadales, 206-207
Axilas foliares, 55 -56 Dipsacales, 501
Bacillus amyloliquefadens, 115n Caracteres mapeamento em árvores
bimodais, 25-26 evolutivas, 30 -32 Ericales, 446
Bacté ria , 155- 156 Fabales, 372
Báculo (em samambaias), 164- binários, 25-26 modificações evolutivas, 25-
com pesos, 26 - 28 28 Fagales, 400- 401
165, 194, 204 Gentianales, 466- 467
Bá culo, 95- 96 definição, 5 problemas de sobreposição e
determinaçã o de monofilia, variabilidade, 15-17 Lamiales, 476- 477, 480
Bagas, 75- 78 Licófitas, 188
Bainhas dos feixes vasculares, 18 que separam grupos, 33- 34
-
fen ética, 35 36 raízes, 5 Liliales, 257
84
formação de taxa superiores, Carbonato de cálcio, 84 -85 Magnoliales, 237
Balder, 338
BamHl, 115 45-48 Cardenólidos, 97- 98 Malpighiales, 354- 355
herdáveis, 14 Cariopse, 75- 78 Malvales, 423
Barlett, H. H ., 47- 48
homólogos, 14-15 Canó tipos, 92 Myrtales, 410, 412
Barreiras de isolamento Píperaies, 244-245
reprodutivo índices de consistência, 21 - 23 Carmim, 92
lenho, 81-83 Carpelos, caracteres Poaceae, 296- 297
classificação, 128-132 Poales, 286
hibridização, 131-139 mapeamento em árvores morfoló gicos, 61-64, 66, 175
evolutivas, 29-32 Carpelos no grado ANITA, Polygonineae, 332
introgressão, 132-135, 137 Proteales, 316
origens, 131-132 mícromorfológicos, 81 225- 227
não informativos, 22 -23 Car nculas, 78- 79 Ranunculales, 308
prevenção do fluxo gê nico, Rosaceae, 384
126-127 noções hist óricas, 48 - 49 Carvona, 97
pesagem, 26-28 Ver também Casca, 218-219 Rosales, 380
Base de dados TROPICOS, Samambaias
561-562 Caracteres anat ômicos, Cat áfilos, 205 - 207
Caracteres moleculares e Categorias leptosporangiadas, 194 -195
Bases de dados, 558, 560 -561 Santalales, 335 -336
Bases de dados sobre Caracteres morfológicos e categorização, 34 36-
plesiomórficos, 18 hierá rquicas, 34- 35 Sapindales, 430, 432
sistemática na Internet, 558,
probabilidade de linneanas, 34 -36, 546- 548 Saxifragales, 341- 342
560 -562
Beija -flores, 129-130 modificações evolutivas, 25- taxonômicas superiores, 45 - Solanales, 461
49 Traqueófitas, 186
Bentham, George, 41-43, 45-47 28
problemas de sobreposição e Caucho, 356 Zingiberales, 304
Bessey, Charles Edwin, 41, 43, Chiastochaeta ( mosca), 312
50 variabilidade, 15-17 Caule
simplesiomórficos, 17-18 arranjo do xilema e floema, Chmie!ewski, Tadeusz, 7-8
Betalaínas, 96
sinapom órficos, 17, 18 86 -87 Chocolate, 425
Betanina, 96
taxonomia numérica, 47- 48 atributos, 54-56 Cianobacté rias e raízes
Betulina, 97- 98
ultra - estrutura e lenhosos, 55-56 coralóides, 205-207
Bianuais, 54- 55
mícromorfológicos, 81 ortotró picos, 54-55 Cianogênese, 97
Bids, 26- 28
ultra - estruturais, 81 piagiotrópico, 54- 55 Cicasmas, 205 208
-

Binomiais, 45- 46, 546-547


Caracteres anatômicos Caulescência, 55 Cicatrizes, 55
Biogeografia, 9 Ciclos de vida
Bioiníormática, 107 anatomia floral e Cauliflora, flor ou
íntlorescè ncía, 74 das angiospermas, 175
Bivalentes, 90 desenvolvimento, 86-87
arranjo do floema e xilema Célula (s) das estrept ófitas, 158-160
BMAA. 206 - 207 das primeiras plantas
no caule, 86 -87 crivadas, 82-83
3- metilamino-L -alanina terrestres, 162
(BMAA), 206- 207 atributos, 81 generativa, 95-96
mirosina, 421-422 diversidade, 155-156
Borboletas, 69-70 cristais, 84 -85
f
Í NDICE 607

e alternâ ncia de gerações, 156 espécie baseado em conservação de sequências, Diversidade e sistemas
primeiras plantas vasculares, apomonias, 145 124 reprodutivos, 120-121
163-164 espécie por isolamento (CEI), estados de caráter não - DNA
Cimas, 73-74, 74 144 ordenados e reversíveis, 26 - de cloroplasto (cpDNA), 137-
Cimas escorpíóides, 73-74, 74 espécie por reconhecimento 27 139
Cimas helicóides, 73- 74, 74 (CER), 145 fingerprints , 115 mutações, 24-25
Cipsela, 75- 76, 78 evolutivo de espécie, 145 geração de, 106-107 polimórfico amplificado ao
Cistólitos, 84 -85 fenético de espécie, 145 pesagem de caracteres, 27-28 acaso (RAPD), 115
CITES (Convention on filogené tico de espécie (CFE), Dados de sequê ncias de rbcL, sondas, 116
International Trade in 145 113-115 Domácias, 60 -61
Endangered Species), 556-557 genealógico de espécie Dahlgren, Rolf, 44, 47-48, 50 Domínios da vida, 6
Cladogênese, 123 (CGE), 146-147 Dahlgrenogramas, 44 Douliot, Henri, 47
Cladogramas, 4-5 Ver também Condorcet, Marie Jean Antoine Darwin, Charles Druidas, 338
v
Arvores evolutivas Nicolas Caritat de, 46- 47 a classificação das plantas, 47 Drupa, 75- 78
Ciados, 6, 33-34 Conectivo, 61-62 a origem das espécies, 7-8, Drusas, 84 85
-

Ciados diagnosticados, 33-34 Cones, 172-173, 208, 210- 211, 120 -121, 144 Dupla fertilização, 87-88, 175-
Classes, 46 -47 212 conceito de espécie, 144 176
Classificação Cones seminíferos Ver Cones reconhecimento da Ecologia e especiação, 125-127
auxiliares da memória, 45-46 Coníferas heterostilia, 72- 73 Ecologia Molecular, 115
definição, 6 e Gnetales, 219-220 teoria da evolução, 120-122 EcoRl, 115n
definição dos taxa e das embriologia, 86- 87 Darwinismo, 120-122 Ecótipos, 123
categorias, 548 Ver também grupos principais, 211-220 de expansão mínima, 43 Efedrina, 220-221
Classificações filogenéticas relações filogen éticas com de genes vs. árvores de Efeitos da reprodução assexual
delimitação dos taxa outros grupos, 24-25, 25-26 espécies, 109-111 na heterozigose, 142-143 Ver
superiores, 45-49 uma visão geral, 208, 210- Definição de taxa também Agamospermia
derivações e propósitos, 13 211, 212 baseado em apomorfias, 548 Elementos de tubos crivados,
filogenéticas; relações Contraceptivos orais, 269 baseado em um n ó, 548 82-83
filogenias, 13, 48-49 Convention on International baseado em um ramo, 548 Elementos de vaso, 81
preocupação com grupos Trade in Endangered Species Dehídrofalcarinona, 97 Embrião, 88 89 -
naturais e a estabilidade (CITES), 556-557 Deiscência, 75, 93 Embriologia, 86- 90
nomenclatural, 40-41 Convergê ncia longitudinal, 93 Embrionia, 88-89
um contexto histórico, 39 -51 como paralelismo, 19 por fenda, 93 Embrionia adventícia, 88-89
Classificações filogenéticas evolutiva, 19, 135, 137 poricida, 93 Endangered Spedes Act
hierarquias, 34- 36 vs. hibridização, 135, 137 valvar, 93 (Estados Unidos), 556
importância, 32 Corimbos, 73- 75 Delfinidina, 96 Endogamia, 142-143
metas, 32 Corinanteína, 96 DELTRAN ( delayed Endosperma, 76, 78-79, 88-89,
nomeação de grupos, 33-34 Cormos, 55 transjbrmation algorithm ), 32 175-176
Classificações filogenéticas Corola, 61- 64, 86-87 Deriva Endosperma poliplóide, 175-
comparadas com Corona, 62- 64 continental, 124-125 176
a fenética, 35-37 Cortisona, 7-8 gênica, 121-122, 124-125 Endossimbiose, 154-156
a taxonomia evolutiva, 36-37 Cotilédones, 78 - 79, 88-89 Deslizes na replicação, 115 Endothea parasitica (fungo), 401,
Cleistogamia, 129-130 cpDNA. Ver DNA de Deslocamento de caracteres, 403
Clina, 124-125 cloroplasto 129-130 Enéas, 338
Clipes, 47- 48 Crescimento Diagrama Engler, Adolf, 50
Coalescência, 146 -147 pseudomonopodial, 164-165 deVenn, 14-15 Entrenós, 55
Código Internacional de Cristais, 84 - 85 floral, 65 Enzimas de restrição, 115-116
Nomenclatura Botânica Critérios de Remane, 14-15 Diatomáceas, 156 Epicephala ( mariposa), 361- 362
(ICBN), 35- 36, 543-551 Cromossomos Dilema de chave dicotô mica, Epicó tilo, 78- 79
Códons, 107-108 bacterianos artificiais (BACs), 557 558, 559
-
Epiderme, 83
Coevolução, 66-67 107 Diploidia, 90 Epífitos, 54-55
Colapso do híbrido, 130-132 estrutura, 92 Dispersã o, 179-181 Epimácio, 215- 218
Colchicina, 259 hom ólogos, 124 Dispersão de frutos e sementes Epíteto específico, 544 -545, 546
Colê nquima, 81 m étodos de estudo, 93 por Ervas, 54-55
Coleópteros, 69-70 número, 90- 91 á gua, 80 -81 Escamas da gema, 55-56
Coleta e identificação de recombinação genica, 124 animais, 80 -81 Escapos, 55
espécimes de plantas, 553- sexuais, 208, 210-211 formigas, 81 Escherichia coli , 115n
562-563, 555 Cronquist, Arthur, 43, 44, 48-50 peixes, 80-81 Esdereídes, 81
Columelas, 95-96 Crossing-over,124 vento, 80-81 Esclerose lateral amiotrófica /
Complexo Cultivares, regras de Distilia, 72 - 73 Parkinsonismo, 206-207
agâmico, 147 nomenclatura, 549 -551 Distribui ção independente, 124 Espaçadores
híbrido, 132 -133, 135, 137 C pulas, 169, 171, 401, 403 Díterpen óides, 97- 98 intergen éricos (IGS), 114-115
Conação, 63-65, 64, 66 Curare, 308 Divergência intemos transcritos (ITS),
Conceito Cutícula, 83, 162 e evolu ção, 119-123 107-108, 113-115
autopoliploidia, 90-91 Dados de sequências de DNA evolutiva, 135, 137 Espádice, 75
biológico de espécie (CBE), alinhamento de sequê ncias, preservação contra o fluxo Espata, 75
144 147
-
107-108 gênico, 126-127 Especiação
diagn óstico de espécie, 145 análise, 107-110 vs. hibridização, 135, 137 alopátrica, 125-127, 149
I

610 Í NDICE

Macacos como polinizadores, e magnolídeas, 227- 229 pronú ncia de nomes


Intina, 95- 96 científicos, 548 -549
folhas de, 55-56, 249- 250
-
Introgressão, 132 135, 137 -138 67- 70
monofilia, 6, 225, 249- 250 regras, 548-551
bidirecional, 135, 137 Macroblastos, 54 -55
Macrozamina, 207 - 208 petalóides, 254, 256- 257 Nomenclatura científica, Ver
diferencial, 137-139 Nomenclatura botânica
Magnol, Pierre, 46 - 47 principais grupos, 230, 249-
dispersa, 133 - 134 Nomes taxonô micos Ver
local, 132-133, 133- 134 Malthus, Thomas, 120-121 276
Mapa geneal ógico - geográfico, relações filogenéticas, 28- 29, Nomenclatura botânica
unidirecional, 135, 137
íntrons, 105, 115 42 -43 179-181, 225-226, 227 Nominal, 547
Inversões, 105 Mariposa da Yucca, 66-67, 69-70 tipos de pólen, 95-96 NONA, 20
Monofilia Nós (de árvores filogenéticas),
Ipecac, 467, 469 Mariposas como polinizadores,
angiospermas, 225 17
-
Ind óides, 97 98 66- 70
árvores evolutivas enraizadas, Nós (de caules), 55
Iridóides carbocíclicos, 97 98
- Marsupiais, 69- 70
Materiais testemunhos, 553 17, 18 Nozes, 75- 76, 78
Isolamento Nucelo, 87-88
comportamental, 129 Matrizes, 14 -17, 35- 36 classificações filogenéticas,
diurno, 129 Medula, 54 -55 -
32 34 Núcleos polares, 87-88, 175
Megáfilos, 164-165 definição, 2 N ú mero cromossômico básico,
estrutural, 129 -130
floral, 129-130 Megagametófitos, 62 -63, 86-89, descrição, 5-6 90
monocotiled ôneas, 6, 225, Nú meros cromossômicos, 193
floral do híbrido, 130 -131 -
335 336
249-250 Ocotensimina, 96
pré - reprodutivo, 131-132 Megasporângio, 86 -88, 168
Megásporos, 86-87 Monografias e identificação de Óleos
temporal, 128-129 aromáticos, 97- 98
Isopropil glucosinolato, 97 Meiose, 92 plantas, 558, 560, 560- 561
Mendel, Gregor, 121-122 Monoterpen óides, 97-98 de gerânio, 350
Isótipo, 548- 549 de mostarda, 97, 421-423
Mentol, 97 Monotropeína, 97-98
Jussieu, Adrien de, 50 Morcegos essenciais, 84-85, 97 98-

Jussieu, Antoine- Laurent de, 40, Mericarpos, 76, 78


Meristema como polinizadores, 9, 67-69, Opérculo, 367
42- 43, 45-47, 50
Kapok, 425 apicais do ramo, 169, 171 -
69 70,122-123, 123 Ordens, 46-47
Ortogé nese, 43
Karpechenko, Georgi, 142 apical, 54-55, 169, 171 dispersão de frutos e
secundário, 169, 171 sementes, 81 Ovário, 61-62, 64, 66, 175
Khat, 353-354 ínfero, 64, 66
Kõnigsberger Stammbaum, Mescal, 269 Moscas como polinizadoras,
48-49 Mescalina, 330, 332 69-70 -
semi ínferos, 64, 66
Mesófilo, 84 Mucilagem, 84-85 súpero, 64, 66
Lactonas sesquiterpêmcas, 97-98
Metabolismo á cido das Multicelularidade, 158-160 Óvulos, 61-63, 87- 88, 175
Lactupicrina, 97-98 an á tropo, 87-88, 175
Lacunas, 83 crassuláceas (CAM), 342 Multivalentes, 90
Metabólitos secundários, 95- 99 Mutação pontual, 124 bitégmicos, 175
Lacunas foliares, 83 campilótropo, 87-88
Lagartos, 80-81 Mé todo Mutações
Bayesiano, 24-25 genomas de plantas, 105 ortótropos, 87-88, 175
Lamarek, Jean- Baptiste de, 41,
distância mínima, 20 -21 homoplasia em dados Oxalato de cálcio, 84-85
46-47, 120 -121
Lá tex, 84 máxima verossimilhança , 21- moleculares, 109 -110 fialinologia, 93- 96
25 modificações evolutivas, 149 Fhnícula, 74
Laticíferos, 84
Método, 40 problemas de atração de Fhpila, 83
Latim e nomenclatura, 544-545,
Mé todos baseados em um ramos longos, 109 -110 Fhracládios, 73- 74
549-550
modelo, 24- 25 tipos e importância, 123- Paralelismos, 19, 26 -27, 35-36
Legume, 75- 76, 78, 77 forcimônia, 20- 21, 26- 28
Leis de conservação e coleta de Microespécies, 146-147 124
Microespécies agamospérmicas, Mutantes pelóricos, 47 de Dollo, 26-27
espécimes, 556-557 de Fitch, 26 -27
Leite do coco, 88-89 147 NADP hidrogenase, 113
Micrófilos, 164 165 National Center for de Wagner, 26 - 27
Lêmures, 67-69 -

Microgamet ófitos, 61- 62, 86-87 Biotechnology Information Fhrtenina, 97-98


Lenho
-
Micrópila, 87 88, 168, 169, 171 (NCBI), 106, 561-562 Partenogênese, 88 -89
nas plantas com sementes,
Microsporângio, 61- 62, 86 -87, Navalha de Occam, 20 passos de elaboração, 13, 14
168, 169, 171
93, 168 NCBI (National Center for PAUPM .0, 20
picnoxflico e manoxílico, 169,
Microsporócitos, 92 Biotechnology Information), Payer, Jean-Baptiste, 47
171
Lenticelas, 55 Micrósporos, 86-87, 95- 96, 168 106, 561-562 -
Pecíolos, 55 56, 84, 84-85
Microssat é lites, 115 Nectá rios, 62-63 Pedicelos, 60-61
Lept óides, 161-162 Pêlos, 58- 61
Leptonycteris curasoae Minissatélites, 115 Neo-darwirtismo, 121-122
Mirbel, Charles - François Neo - espécies, 125-126 Pêlos urticantes, 396
(morcego), 123
Leptosporâ ngios, 190 -191 Brisseau de, 47- 48 Nervura (s) -
Perianto, 60 62
Lianas, 54-55 Miricetina, 98-99 mediana, 56-57 Pericarpo, 75
Mirra, 437 principal, 56 -57 Penderme, 169, 171
Lignina, 81
Lí gulas, 55-56 Mitógenos, 324-325 secund árias, 56-57 Período
Mitose, 92 terciárias, 56-57 Cambriano 162
Limoneno, 97
Mixomicetes, 155 - 156 Nexina, 95-96 Carbonífero, 187
Limonina, 97- 98
Limonóides, 97- 98 Modelo de isolamento Noble, David, 217- 218 -
Cretáceo, 175 176
perif é rico, 125-126 Nomenclatura biológica, 6 Ordoviciano, 162
Linhagens, 4-5, 125-126
Modelos evolutivos, 24- 25 Nomenclatura botâ nica, 543- Pensperma, 78 - 79
Linnaeus, Carolus, 40, 45 - 48, 546
Monocotiledôneas, 88-89 551 Pesagem de caracteres, 26- 28
Litocistos, 84 -85
anatomia do caule, 86-87 lista de epítetos específicos Pesagem sucessiva, 27- 28
Lóculos, 64, 66
Lomentos, 75-76, 78 classificações hist óncas, 50 comuns, 544-545 Pétalas, 61- 62
612 ÍNDICE

Sistema radicular stigmariano, Substituições m ltiplas , Tépalas, 61- 62 Uninomiais, 547, 548
164-165 109 110
-
Tequila, 268 Univalentes, 90-91
Sistemas, 40 Sulcos de germinação, 179 -181 Terpenóides, 97- 98 utilização de grupos
analíticos, 40 Superfície abaxial, 55 -56 Testa, 78 - 79 monofilé ticos, 32 -34
divisivos, 40 Superfície adaxial, 55 -56 Teto, 95-96 Utr
ículo, 76, 78
reprodutivos, descrição, 142- Swerosidina, 97-98 Theophrastus, 50 Variação e evolução, 119
143 Svngameon, 147 Tieghem, Philippe van, 47 Variação genica, 123 -125
reprodutivos e diversidade, Talicarpina, 96 Tipos (conceito de), 47 Variação local e padrões
120- 121 Tane Mahuta, 217- 218 Tolerância a metais, 129-130 geográficos, 124-125
Sistemática Tapete, 93 Topologia, 14 Variações, fontes da, 123- 125
biológica, 13 Tartarugas, 80 - 81 Toumefort, Joseph Pitton de, Variedades, 147
classificação, 6 Tautônimos, 546 45 - 46 Vasos
definição e caracterização, Taxa Toxinas das Cycadales, 205 - angiospermas, 175
2- 3 hierarquias e categorias, 547 - 206 gimnospermas, 205 - 206
diferentes noções de 549 Traç os foliares, 83 Winteraceae, 244- 245
caracteres, 48- 49 monofilia, 5 -6 Traç os vasculares nas flores, Venação, 56-58
e filogenia, 3 - 6, 47- 49 uma base para definição dos, 86-87 circinada, 164-165
importância, 7- 9 548 Traços vasculares nas folhas, 83 escalariforme, 56- 57
metas, 146-147, 149 Taxa como hipóteses,146 -147 Transformação acelerada, 32 palmada, 56 -58
na identificação, 6 - 8 Taxas de mutação, 107-108 Transições, 27-28 paralela, 57-58
taxonomia, 6 Taxifilina, 97 Transversões, 27- 28 peninérvea, 56 - 57, 57-58
Sistemá tica molecular, 6 Taxol, 219 -220 Traqueídes, 81, 162-163 percorrente, 56 -57
análise de dados de Taxonomia e delimitação dos Traqueó fítas reticulada, 56-57
sequências de DNA,107-110 taxa superiores, 45 -49 chaves para os principais Veratridina, 260-261
análise de sítios de restrição, Taxonomia(s) grupos de, 186 Vemação, 58 - 59
115 -116 coloquiais, 45 - 46 n mero de espécies, 119 Vemolepina, 97-98
caracteres, 110, 112 -115 definição, 6, 13 principais linhagens, 164 - Vesículas aeríferas, 208, 210-
genomas vegetais, 104-105 evolutiva, 36-37 168, 185, 187 211
geração de dados de filogenética, 35 - 36 relações filogenéticas, 163 - Vespas dos figos, 70
sequências de DNA, 106 -107 filogené tica, 35 -36 164, 185 Vicariância, 124-125
híbridização em Gossyjnum, numérica, 47- 48 significado do termo, 185 Vigor híbrido, 132-133
112 preocupação com a visão geral, 2, 162 -165 Wagner, Warren H., 7- 8, 47 48
-

importância, 103 -104 estabilidade dos nomes, 40, Trepadeiras, 55-56 Wemham, H. F., 43
mapeamento do genoma 41, 543-551 Triângulo de U , 142 Xilema
nuclear, 116-117 Técnicas de coleta, 553- 554 Tricomas, 58-61 das angiospermas, 175
Soros, 165,167, 199- 200 Tectado, 95- 96 Triose fosfato ísomerase, 115 fissurado, 86 - 87
Southern, E. M„116 Tegetí cula (mariposa da Yucca ), Tristiiia, 72 - 73, 285 - 286 nas raízes, 55
Southern blottíng, 116 69- 70, 269 Triterpenóides, 97- 98 no caule, 86- 87
Species Plantaram (Linnaeus), Tégmen, 78- 79 Tronco, 54 -55 secundário, 81-83,168, 169,
546, 549-550 Tegumentos, 62- 63, 87-88, 168, Túberas, 55-56 171
Stebbins, G. L., 48 - 49 175 Tubo floral, 64, 66 Ziegenspeck, Hermann, 48- 49
Subespécies, 124-125 Teoria dos telomas", 164-165 U.S. Endangered Species Act, Zigoto, 87- 88
Substituição de nucleotídeos, Teoria neutral da evolução 556 Zimmermann, Walter, 7-8
107-108 molecular, 121-122 Umbela, 74, 75 Zurawski, Gerard, 112

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