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Celia Pedrosa Cliudia Matos Evando Nascimento (Organizadores) POESIA HOJE. maurr* EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Niterd!, RJ — 1998 Copyright © 1998 by Celia Pedrosa, Cléudia Matos ¢ Bvando Nascimento (Orgs.) Direitos desta edigio reservados & EdUFF - Editora da Universidade Federal Fluminense - Rua Miguel de Frias, 9 - anexo - sobreloja - Icaraf - Niter6i - RY CEP 2420-000 - Tel.: (021) 620-8080 - ramais 200, 353 © 356 ‘Telefax: (021) 621-6426 E proibida a reprodugio total ou parcial desta obra sem dutorizacéo expressa da Editora, E Edigdo de texto: Mario Newman . Projeto grdfico ¢ editoragdo eletrénica: Jussara Moore de Figueiredo Capa: Marcio André de Oliveira, sobre concepgéo original de Adelino Capella Pinheiro zt Revisdo: Sonia Peganha Supervisdo gréfica:Kathia MB. Macedo Coordenagao editorial: Damigo Nascimento Catalogagio-na-fonte F475 Poesia hoje / Celia Pedrosa, Clgudia Matos, Evando Nascimento (organizadores). — Niter6i: EAUFE 1998, * 147 p. 5 21em, — (Colegdo Ensaios ; 13) Inclui bibliografias, ISBN 85-228-0281-5, 1. Poesia - Crftica ¢ interpretagéo. I, Pedrosa, Celia, II. Matos, Ciéudia. IIL. Nascimento, Evando. IV. Série ‘DD 800 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Reitor r Cicero Mauro Fialho Rodrigues Vice-Reitor Fabiano da Costa Carvalho » - Diretora da EAUFF we Laura Cavalcante Padilha Comissdio Editorial Adonia Antunes Prado Anamaria da Costa Cruz Gilda Helena Rocha Batista _Heraldo Silva da Costa Mattos Maria Guadalupe C. Pitagibe da’Fonseca Roberto Kant de Lina Roberto dos Santos Almeida ‘Terezinha Pereira dos Santos ‘Vera Lucia dos Reis POS-MODERNISMO E VOLTA DO SUBLIME NA POESIA BRASILEIRA Italo Moriconi* Os anos 80/90: marcacées iniciais Olhar para a cena poética contemporinea com intengdes de historiador significa propor-se a identificar nela sinais de dife- renca em relacao a cena imediatamente anterior. O intervalo entre cenas velha e nova, marca da periodizacao, tanto pode ser postu- Jado de maneira arbitréria, apoiando-se na mera cronologia como ponto de partida para a reflex4o, quanto pode indi¢ar ja uma den- sidade, j4 um panorama nitidamente reconhecfvel enquanto outro. * Italo Moriconl 6 escritor © professor de Literatura Brasilsita o Comparada na UERJ. Autor de Quase sertéo (poesia, 1996) @ Ana Cristina Cesar— 0 sangve de uma poeta (ensalo blografico, 1996). Na pos-graduagao da UERY, orienta: pesquisas sobre pés-modemismo na poesia brasilelra:e sobre as relacdes entre corpo @ histéria na literatura contemporanea. 12 No terreno mais testrito da crénica do contemporineo, onde pre- tendo situar as linhas que se seguem, cabe constatar que o esforco de inteligibilidade nio pode contar com os beneficios da dist. cia irénica ou cientffica. O critico cronista est4 excessivamente comprometido por lagos de conhecimento pessoal, por maior afi- nidade de valores com uns que com outros, por comunidades parciais de interesses dentro dos sistemas e circuitos de producao e circulagao de literatura — sistemas de textos e assinaturas, mer- cados de linguagens ¢ imagens. Sistemas esses que, no caso do Brasil, se complicam pela dialética centro/periferia, 0 eixo Rio- S.Paulo versus os demais estados. Por tudo isso, dentro ou fora da academia, o critico cronista pouco apetite demonstra hoje pelo panorama exaustivo, O que se pode esperar € exigir dele € que seu recorte de preferéncias contribua para uma melhor perspectivagao do panorama por parte do leitor . Mas independente dos a prioris do olhar de quem descre- ve, existem efetivamente contextos de mais alta ¢ contextos de mais baixa definigéo. S¢_a cena poética brasileira dos anos 90 desdobra tragos definidos a partir de um comego focalizavel no infcio da década anterior, quem:tenta esbogar com mais clareza 0 perfil literério de ambas ainda se depara com dificuldades, embo- Ta nos Gltimos dois ou trés anos se possa vert Sy A homogeneizaca rojetos individuais, pela feliz (ou infeliz) conjugagao entre poetas & poder jomalistico. Isso porém ‘no anu- Ja 0 fato de que os quase vinte anos entre 1980 e 97 continuam carecendo de conceituag6es, Em contraste, a marca dos anos 70 viera desde 0 inicio revestida pelo impacto da presenga de uma geragao (a marginal) qi escrevia ¢ agia (e sua escrita se queria registro de agao existencial) ostensivamente diferente de seus antecessores imediatos dos anos’ 60, tivessem eles sido os vanguardistas do concretismo ou os neomodernistas do engajamento. A partir da Antologia 26 Poetas Hoje e em cima da leitura 4vida de um sem-ntimero de livrinhos semi-artesanais, 0s criticos ¢ os préprios poetas dos anos 70 comegaram a discutir sobre si préprios ao mesmo tempo que Jangavam nas Tuas € nos correios sua produgao de mao em mao. intelectaal api oviinentos contestatérios norte _ _Qcenario 6s-modernista na poesia brasileira recebe sua primeira definigio da geragao marginale indica em nossa cultura nad fusa do espitito de Maio de 1968 € dos, ic binando y hedonismo e contracultura, Embalados pelorock alienfgena pelos titmés ¢ letras da MPB de Caetano Veloso, Chico Buarque ¢ mui tos outros, os poeias literérios ¢ os criticos-surgiclos nos arios 70, tanto no. Rio de Janeiro quanto alhures, situaram-se de_maneira sempre ambigua frente a dois cinones tivais:/o pantedo moder- ista_€ 0 _paradigma bralino-concretista. Oscilando entre a pedagogia jé oficializada do primeito ¢ 0 impeto sentenciosamente reformista do segundo, descteveram uma trajet6ria que levou da contracultura a reagdo cilltural. Reagao esta vivida em alguns ca- sos como superacao autoéritica do pensamento ideoldgico, através da adesio aos valores liberais do pluralismo ¢ da negociagao, no lugar das praticas dogmiticas é.excludentes; em outros casos, ‘colocada como pura e simples restauragao de valores tidos como universais, no interesse de discursos por vezes francamente neoconservadores. © comegar diferente dos anos 80 deu-se de infcio mais na esfera das condigdes de produgao'e circulagio do poema do que na configuragao de novas escritas, de novos universos ou estraté- gias de linguagem. De maneira andloga a0 ocorrido nos demais campos da arte, tanto no plano nacional quanto internacional, os vanguardista dos as @ praticas de tipo transgressivo, em favor de uma nova crescente preocupacéo com 0 cardter funcional ¢ pedagégico (numa palavra: pragmitico) das manifestac6es artisticas. O mer- cado, a universidade, os museus absorveram 0 experimentalismo como pega do sistema € capitulo esclarecido das narrativas sobre cultura. Na poesia, episédio emblemético foi o langatmento da Colegio Cantadas Literdrias, peld Bditora Brasiliense, logo nos rimeiros anos da década (81, 82), Através desta Colegao, alguns dos principais poctas dentre os inémeros que tinham langado li- vrinhos semi-artesanais no circuito alternativo dos anos 70 foram algados ao status ‘de autores publicados por grande editora do eixo Rio-S.Paulo, com direito a boa distribuicao nas livrarias de todo o pafs e garantia de formagao de fie! ptiblico leitor. Lembremos ‘os nomes: Paulo ‘Leminski, Ana Cristina Cesar, Francisco Alvim, Chacal, Circulando agora no mercado cultural estruturado, 0 lis yro de poesia queria deixar de ser mero sismégrafo das inquietagbes de uma geragdo condenada a eterna adolescéncia. B no contraste com esta geragio que 0 novo dos anos 80/90 pode ser melhor discernido. Abramos portanto um paréntese para ela, 80 foram assinalados pela normalizagdo pés-' 0S circuitos. Entenda-se Bie expressao 0 desprestigio das ideologi- 13 —_ ; bbe t FP >SSSSSSSEBOOELE EE A geragiio 70 Dos quatro poetas citados, Ana Cristina era a mais experi- mental em matéria de linguagem, mas no sentido da écriture francesa, estabelecendo-se portanto em descontinuidade com os pardmetros construtivistas da vanguarda concreta, J4 0 padrao de linguagem seguido sempre por Leminski e Chacal, e quase sem- pre por Alvim, refletia a hegemonia do poema curto nos anos 70. Modelos formais privilegiados na época foram o haikai, abrasileirado por Leminski e outros, e 0 epigrama critico-jocoso inspirado na “poesia pau-brasil” de Oswald de Andrade. Se em Alvim encontramos 0 esforgo severo de uma ironia cética, em Chacal e Leminski a poesia se queria r4pida e facil como letra de cangio, era poesia na velocidade da midia. Em contraste, a de Ana Cristina vinha saturada de alusdes literarias. A escrita af se dava como grafico e testemunho de incessante atividade de leitu- sa ntien endo uma estética do pastiche, no sentido de Fredric “Jameson. Um corpo a corpo com os cAnones literarios, iciando conflito permanente entre o desejo e a impossibilidade de educa- Gio sentimental e de Bildung intelectual. Mesmo na poesia culta de Ana Cristina, a Cultura foi tratada como uma espécic deAncien Régime da palavra. Nos textos dela, de Francisco Alvim e de varios outros po- etas que langaram trabalhos representativos do que acabou sendo genericamente denominado poesia marginal (como Cacaso, Roberto Schwarz, Silviano Santiago, Leila Micolis, Sebastido Nunes, entre outros), vemos constantes referéncias criticas a situ- ago politica do Brasil na época (regime militar), muitas vezes a partir da vontade de deSconstruir os mitos e éstilemas nacionalis- tas da esquerda tradicional brasileira. Os anos 70 foram marcados pela superurbanizagio do pais e crescente internacionalizacao homogenizadora da cultura cotidiana no Brasil. Os poetas margi- nais, assim como antes deles os artistas ¢ mtisicos tropicalistas da segunda metade dos anos 60, pretenderam falar criticamente da situagéo brasileira, mas incorporando como um dado de positividade a nova realidade sociolégica. J4 trabalharam dentro ¢ junto com o imagin4rio pop massificado, em.contraste Com AS— linguaigens calturais tipo partidao ¢ frente ampla que projetavam imagens semifolcl6ricas ou populistas da entidade povo. Aliés, relagiio entre poesia ¢ imagindrio pop (ou mididtic ag 3 g 0) 6 capt politica cultural nio populista que produz um elo ca) tie aaa tropicdlia e concretismo. Cae Do ponto de vista estético, 0 mais importante a ressaltar em _prol_da elaboragao Conceitual € a indissolubilidade entre a” 7 sia = umn conceito de prétics Textual como escrita da e de circunstancia, A ‘circunstancia histérica, 2 Ci a , cotidiana ou pessoal, € tema e modelo formal para o.poema, No regime da rarefacao, instaurado pela hegemonia do poema curto, oversode. circunstancia seyro ata como anotagio.coloquial: 1 do:ins- Ido, simulacro do motor deacasona i # total descrenca’em relagio a grandes projetas.y comegando pelos liter4rios. Estamos longe das g) oriésas ambicoes que tinham motivado os mestres modernistas de 22 ¢ 30, tio dedicados 4 cons- trugio de uma Cultura Brasileira. Longe também do entusiasmo pela modemidade que animara a vanguarda concretista nos anos 50. O apego ao corpo € a Yinica coisa que sobra no contexto de ccticismo — e até de cinismo — generalizado entre 0S poetas'e jntelectuais mais tipicos dos anos 70. O apego ao corpo rect 10 cenério p.valor da poesi: como encenacio da subjetividade. “Tal valor fora banido pela ge~ os anos 60 endossara tanto a fagao de criticos universitarios que n jdeologia antilirica de Joao Cabral quanto 0 conceito de poesia antiexpressivista, peremptoriamente anti-hedonista, formulado pelo neofuturismo dos concretos. O paradigma cabralino- concretista construfdo a partir desses critérios conjugava a mallarmai aparicao elocutéria do eu a imposigio de uma estética de rigor, cont ista, Apesar volta do eu e da tentativa de linguagem co! foquial, que buscava ia da lingua brasileira falada nas ruas ¢ ouvida oduzidos por autores reaproximar a pocs! nas radios, alguns dos melhores textos pr ic mantiveram nos mar- vinculados & constelagao marginal ainda se cos da estética do rigor. O subjetivismo dos poetas prasileiros pés-68 nao pode ser neo ou ingenuo. Pois na civili- reificado como um bloco homogé! que a poes! ‘ala. Em boa ico Alvim, & ‘agio hedonista, ¢ da fride nares pots parte dos melhores casos como Ana Cristina, ne ainda outros como Ronaldo Brito, Sebastiio Uchoa Leite, Ar- to em relagao & mando Freitas Filho) hé na verdade distanciamen eval posicao de um sujeito plenificado & presente a si, A questao do 15 —= sujeito € colocada para ser desestabilizada, des fc Chico, Armando) ou negada ¢ satirizada ‘tonatda, Sebasihey Uma releitura dos versos de Leminski me surpreendeu pela frag). lidade existencial que expressam, entrando em choque com o que parecera A primeira vista expresso de imensa vaidade solar. No caso de Ana Cristina, assim como em Silviano Santiago, a subje- tividade é lacanianamente estilhagada ¢ radicalmente historicizada mediante jogos intertextuais. J4 em poetas como Geraldo Carnei- To € as vezes em Waly Salomio, a estética do pastiche contribui para a indecisao entre fortalecer ¢ desestabilizar a posigio do su- jeito. yu . A 4 Com excegao de Ana Cristina, pelas razdes expostas aci-) Qe + ma, e de Leila Micolis, que pratica uma linguagem masculinizada) \-7~ | de deboche bordelesco na tradigao do satirista colonial Gregério| Y de Matos, boa parte das poetas mulheres surgidas no pés-68 €) 3% responsAvel pela onda de subjetivismo identitério, afirmativo ¢| autocelebratorio na poesia brasileira recente A voz avassaladora) , 9” da mulher indica, como é dbvio, a presenga de uma nova subjeti-|_ (57 vidade social, e se traduz de maneira mais imediata na expressio f erética. A poe! yer celebra seu prdprio carpo.coma signo-de ~} ‘\—diferenga na arena publica. O caso mais forte aqui € o de Adélia \Prado, mas no Capitulo especifico do erotismo feminino nomes 4 como os de Olga Savary e Hilda Hilst nao podem ser esquecidos. p Est4 em pauta a emergéncia no discurso de uma sexualidade de/ > © ~& & 4 orificios, liquidos, receptividades, contrastando com a sexualida- de falica. Inaugura-se assim toda uma nova familia dentro da poesia brasileira. Se uma questao poética forte €, ainda e sempre, a questdo da subjetivacao, entao a poesia contemporanea nao pode escapar do conflito de género. Nessa linha, ou linhagem, nos'‘anos 80/90 novas poetas diversificario a presenga do olhar feminino, olhar agora mais obliquo, auto-irénico, multifacetado. Destaco | aqui os nomes das cariocas Claudia Roquette-Pinto, Lu Menezes, | Vivien Kogut e Clara Gées. Mas hé muitas outras ¢ uma pesquisa, vale a pena. ~ Na perspectiva dos 70, em conformidade com os principi- os (ou antiprincfpios) popularizados pela contracultura soixante-huitarde, erotismo e afirmagio individual constituem < Yeagbes antitéticas ao que é definido (e rechagado) como universalismo impessoal ¢ totalitério dos centramentos na lingua- gem e'no social. O hedonismo pode portanto desembocar numa | politica do corpo ¢ fornece 0 solo que explica a presenga de uma , tendéncia dionisfaca.na poesia brasileira contemporanea, A essa i iendéncia vinculam-se também as t{midas tentativas de lirismo ; % — homoerético masculino, cujo maior inspirador 6 o poeta paulista | a {Roberto Piva,Para fazer contraponto com a poesia atual, desta- je?» © “cand algum nome dos anos 90 para juntarmos 20 de Piva, creio ‘ que nao hé ninguém melhor que Valdo Motta, o sodomita mistico or do Espirito Santo, que teve langada pela Unicamp em 1996 a co- fT yb _letineaintitulada Bundo ¢ Outros Poemas. ‘Uma versio light dessa _ Ae tendéncia é a que se apresenta na lirica literdria de Antonio Cicero, ob) em que o dionisismo vem filtrado por certa reserva conferida pelo is oe olhar filoséfico, trangiiilamente cético, algo nostalgico, De novo os 80: poesia, midia Enquanto atitude, a volta dos poetas de 80 a luta pelo lugar ao sol das grandes editoras, em lugar da busca de circuitos alter- nativos ¢ semi-artesanais, correspondeu, nas artes plasticas, a revalorizagao do espago canénico do muscu (em contraste com a “arte nas ruas”) ¢ A retomada da tradico pict6rica, primeiro como ae objeto de parédia e pastiche através do exercicio mesmo da pin- 5 tura e depois como objeto privilegiado de andlise pelas recentes oe teorizagées sobre cultura visual. Pode-se ainda estabelecer um rho 2 paralelo entre o novo animo institucional dos poetas ¢ o interesse \ Bue os prosadores scus contemporineos manifestaram pela for- ma romance, em detrimento do conto, grande vedete nos anos 70. Com a normalizagao pés-vanguardista, alguns protagonistas da cena marginal (como Bernardo Vilhena, Ronaldo Santos, Geral- do Carneiro, entre outros) emigraram para a indiistria do + entretenimento, canalizando suas energias criativas para letras de ‘ rock ligeiro, humor televisivo ¢ também, como é notadamente 0 caso de Cameiro, trabalhos mais densos de teledramaturgia. i Noutra faixa geracional, 0 rock pesado afirmou-se como vefculo : privilegiado de expresso poética de umia nova juventude que ja nio vivera 68 mas ainda cultivava seus mitos. Presengas como as de Arnaldo Antunes ¢ os Titas, numa linha punk-minimalista, de Cazuza, misturando blues ¢ ritmos brasileiros, ¢ de Renato Russo é ea Legiao ie numa cea er eee eaes forneceram 0 | mesmo tipo de pio essencial prodigamente distri i antes por Caetano e Chico. ane Maint 7 PSSSSESEFEEGEEHEETEEDHEFFEDSOOOCOOGEGYG 18 dos j4 mencionados Arnaldo Antunes, Antonio Cicero ¢ também Porém, ntre 0 contexto em que a MPB de © a situacio em que” despontou Antunes, Cazuza ¢ D. es literaria prépria dos anos 70 aliou-se aos ritmos e ambicées da | MPB, assim como & propria rapidez da linguagem publicitéria, \ nos anos 80 a normalizagéo pés-vanguardista dos circuitos veio associada a diferenciagao ¢ afirmagdo dos mercados especificos. O megadesenvolvimento da industria cultural no Brasil desmen- tiu as previsdes apocalipticas (lembrando aqui o antigo termo de ; ,. Umberto Eco) de que a cultura letrada-literéria seria absorvida ¢ aniquilada pelo império dos meios de comuniicagao de massa. Tal megadesenvolvimento incluiu, nos tltimos 15 anos ou pouco mais, a ampliagao e a diversificagio do préprio mercado editorial, que Passou, aliés, ao longo do perfodo de lenta redemocratizacao (1979/1985), por um surto de abertura e sofisticagao cosmopoli- tas. A pr6pria estrutura do mercado cultural evoluiu portanto no oon” sentido de acentuar a distancia entre mercado literario ¢ mercado | 2&* i fa cultura pop. Nesse processo, ambos se fortalecem em sets res- re t pectivos segmentos, contribuindo em igualdade de condigées para of a formagio dos valores intelectuais, sem qualquer possibilidade de hegemonia de um sobre 0 outro enquanto instrumento pedag6- gico. Nao emonia, mas pode haver muita troca ¢ cree \ A ae peracao,| ¥, . » € até mesmo fusko, como lidades posticas Oh i de Chacal, em quem poesia e performancesedia.sempre.unidas. \»~ | Porém, a verdade é que a massificagio, profissionalizagio : ¢ especializagao do trabalho da diversio tendem a deslocar 0 per- Oa fil dos poetas da mfdia, que deixam de ser recrutados entre talentos de elite, dotados de formacao universit4ria, e passam a refletir mais e mais a cultura cotidiana das massas urbanas de trabalha- dores médios, mantendo-se distantes de projetos pedagégicos e ideoldgicos sistematicos. A MPB explodira nos anos 60 compro- metida com o debate intelectual, atravessada por polémicas : relacionadas a diferentes projetos de evolucao da cultura nacio- ' nal. Tal nao ocorte com o rock-Brasi]. Os novos poetas da mfdia berram. desenraizamento e desapego em relacao a quaisquer va- lores, embora esteja crescendo o nimero de grupos de reggae . rap que expressam a voz de protesto das populages das periferi- 5 as urbanas. J4 © poeta literdrio dos anos 80/90 respira, como todos, 0 ar que emana das letras dos roqueiros, mas ele sabe que i sua relacio com a linguagem e com a comunicagio é de outra :

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