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de acordo com o art. 44 do estatuto da ordem dos advogados (lei 8.906, de 04.07.1994), a
ordem dos advogados do brasil possui personalidade jurídica de direito público e
desempenha atividades de enorme importância em nossa ordem jurídico-constitucional,
tais como a defesa da constituição, da ordem democrática, dos direitos humanos e da
justiça social, ao mesmo tempo em que deve cuidar, com exclusividade, da fiscalização
do exercício profissional dos advogados, que a constituição federal considera (art. 133)
“indispensáveis à administração da justiça”.
de acordo com a constituição federal (art. 205), a educaÇÃo tem como uma de suas
finalidades a qualificaÇÃo para o trabalho. diz ainda a constituição que o ensino é livre à
iniciativa privada e que cabe ao poder pÚblico a autorizaÇÃo (portanto, para a abertura e
o funcionamento dos cursos) e a avaliaÇÃo de qualidade (ou seja, o que a oab pretende
fazer, através do “ranking” dos cursos jurídicos, que publica, e através do exame de
ordem).
seria, assim, uma lei inconstitucional, a que criasse esse exame de ordem. seria
materialmente inconstitucional. seria uma inconstitucionalidade material, de fundo,
porque essa lei atentaria contra os diversos dispositivos constitucionais, já citados
pois bem: a ordem dos advogados, tendo natureza pública – porque ela não é um “clube
dos advogados” -, precisa ser transparente, em sua atuaçãão, e precisa responder,
honestamente, às críticas que recebe, tentando, ao menos, justificar juridicamente as suas
decisões. É o mínimo, que dela se pode esperar. É impossível, no brasil, hoje, estabelecer
restrições à livre manifestação do pensamento, mesmo para a ordem dos advogados, com
todo o poder e prestígio de que ela dispõe. É impossível, mesmo para a ordem dos
advogados, impor, arbitrariamente, as suas decisões, como no caso do exame de ordem,
prejudicando milhares de advogados, de bacharéis, ou a própria sociedade, sem que para
isso exista plausível fundamentação jurídica.
mas além disso, mesmo que fosse constitucional o exame de ordem, ele não poderia ser
aplicado sem a necessária transparÊncia e sem qualquer controle externo. não se sabe, até
hoje, quais são os critérios adotados pelo exame de ordem, se é que eles existem, e a
ordem está pretendendo unificar esse exame, nacionalmente, certamente para evitar as
enormes disparidades que têm ocorrido, com reprovações maciças em alguns estados e
altos índices de aprovação, em outros.
reynaldo artigo do dr. fernando lima iv 10/03/2006 23:36
chega a ser ridículo que a ordem dos advogados fiscalize todo e qualquer concurso
jurídico; que ela participe, com dois advogados, por ela escolhidos, do conselho nacional
de justiça, que controla a magistratura; que, da mesma forma, ela participe do conselho
nacional do ministério público, que controla os membros do “parquet”; e, no entanto,
ninguém possa controlar o seu exame de ordem, que é capaz de afastar, anualmente, do
exercício da advocacia, cerca de 40.000 bacharéis, que concluíram o seu curso jurídico
em instituições reconhecidas e credenciadas pelo poder público, através do mec. ressalte-
se, uma vez mais, que essa restrição, que atinge os bacharéis reprovados no exame de
ordem, atinge direito fundamental, constante do “catálogo” imutável (cláusula pétrea) do
art. 5º da constituição federal, com fundamento, tão-somente, em um provimento editado
pelo conselho federal da oab. como se sabe, nem mesmo uma emenda constitucional
poderia ser tendente a abolir uma clÁusula pÉtrea (cf, art. 60, §4º).
os direitos do povo são mais importantes do que os lucros dos legisladores, dos
governantes, dos políticos, dos juízes e dos advogados. o governo, as casas legislativas e
os tribunais existem, na verdade, apenas para servir o povo, e não para atender aos
interesses egoístas de uma minoria privilegiada. ou, pelo menos, assim deveria ser.
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