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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS

ADRIANO DE AZEVEDO DA SILVA

LAIS BARBOSA FERNANDES

RELATÓRIO DO TRABALHO DE CAMPO DE GEOMORFOLOGIA


ESTRUTURAL E TECTÔNICA

JUIZ DE FORA - MG

05/07/2023
Ponto 1: Morro do cristo - Juiz de Fora/MG

UTM: Não informada


Altimetria: Não informada

Inicia-se o trabalho de campo com uma visão mais panorâmica ou


macroscópica, pelas organizações hidrográficas exorreicas da bacia do rio Paraíba
do Sul de idade cenozóica. Nota-se um grande processo deformacional de
soerguimento no final do cretáceo e começo do paleoceno. Sofre reativação na
passagem do paleogeno para o neógeno com outro regime deformacional
intraplacas marcando a idade neotecnica da placa brasileira no mioceno médio,
impondo novos direcionamento na drenagem com capturas fluviais incluindo o Rio
Preto, cujo impõe um nível de base intermediária entre o Rio Paraíba do Sul e todo
sistema de drenagem que está a montante dele. Essa configuração faz com que o
Rio Preto se aloje no sentido noroeste/sudeste dentro dos escarpamentos da Serra
da Mantiqueira. A captura do Rio Paraíba do Sul é de idade miocênica que
estabelece a organização do nível de base e contribuindo para entender a idade
dessa morfologia.

No local em que estávamos, era possível visualizar de maneira parcial o


Gráben do Paraíba do Sul, que é uma estrutura de neotectônica e que vem sofrendo
reativações. A geomorfologia de Juiz de Fora na parte do Paraibuna é muito rara,
pois há grande ocupações urbanas em zonas de estocagem sedimentar expressiva
que definiram relevos mais compatíveis. Além disso, há grande demarcações dos
horsts ou tetos orográficos. O terceiro bloco é a soleira rochosa onde o rio ganha
sua energia e potencial hidrelétrico e logo em seguida o bloco em soerguimento.
Observando três compartimentos morfotectônicos. À partir do Craben, o Rio
Paraibuna está dissecando as estruturas litológicas paleoproterozóicas do complexo
Juiz de Fora.
Ponto 2: Afloramento do Morro do Cristo

UTM: 669784 7592685


Altimetria: 903 metros

Litotipo de charnoquitos da família dos granitóides sendo mais ricos em


minerais ferromagnesianos, por isso possuem um padrão de intemperização com
processo de esfoliação esferoidal , se desgastando na superfície, também
conhecido como processo de acebolamento, até ocorrer o desplacamento da
camada emergente, contribuindo para o arredondamento a partir de heranças de
falhas que vão suavizando a angulação, até por conta da alteração da estrutura a
partir de uma falha. Nesse ponto foi possível realizar a primeira coleta de direção e
mergulho da camada, tendo como resultado uma direção de 250° azimute e um
mergulho visualizado de 65° N.

Ponto 3: Pastagem

UTM: 672421 7603651


Altimetria: 814 metros

O ponto se encontra na subida do interflúvio da Bacia do Rio Novo. Possui


uma relação estreita entre a erosão acelerada e a ação tectônica. Outra feição
visualizada no relevo foram os terracetes de pisoteio de gado com erosão laminar e
remoção superficial. Família de juntas paralela ligadas a linha de fraqueza. Também
nota-se uma série de ravinamento e alguns deles evoluindo para a drenagem tanto
a efêmera quanto as perenes.
Por último, com relação à vegetação estabelecida na área, notou-se uma
mudança conforme aumentou a altitude da estrutura, tendo o predomínio de
vegetação pioneira ligada sugestivamente à abandono de solo.

Ponto 4: Balanço na Árvore

UTM: 679512 7617268


Altimetria: 412 metros

Ponto que marcou a saída de Juiz de Fora, no sentido sudoeste para nordeste,
em que a erosão aumenta progressivamente resultando na presença de domínios
mais rebaixados, com interflúvios locais de até 600 metros. Entrando
progressivamente no domínio de Depressões erosivas do Rio Pomba, ainda na
Bacia do Rio Novo, o local apresenta uma ação erosiva mais intensa após suas
planície, impactando em um relevo mais isotrópico e uniforme em razão de uma
denudação mais agressiva. Apresenta um relevo com estruturas alinhadas no
sentido nordeste/sudoeste com controle bem definido e significativo por estar em
uma zona de influência do rifte, podendo ser visualizado também no alinhamento da
drenagem, com altos estruturais e baixos estruturais confinados em razão da
passagem do Rio Novo, principal afluente do Rio Pomba, pela margem direita.

Também, nesse ponto, existe a captura de um braço do Rio Pomba que foi
interceptado pelo ainda recente Rio Novo, através de uma erosão que estava
retrocedendo em direção ao braço do rio Pomba, na qual essa captura está evidente
no desvio e rebaixamento do relevo. Esses rios venceram uma soleira rochosa,
possibilitando a abertura de vales com uma zona de estocagem que ficou mais
expressiva ao armazenar sedimentos dos relevos que estão em processos de
denudação.
Nos baixos topográficos em questão, existe a presença de rios entalhados em
barrancos, sem riscos de inundação, que foram erodindo sedimentos que os
mesmos depositaram no passado, formando bacias de inundação devido a
diferença de altura entre um dique e a área central da planície, que está cada vez
mais desconectada das organizações hidrodinâmicas do local em razão do entalhe
vertical do rio.

Ponto 5 : Ponto de Ônibus / Placa PlanMinas

UTM: 685821 7641085


Altimetria: 421 metros

Em termos de altimetria, pouca mudança foi registrada em relação ao último


ponto. Percebeu-se que o nível de base está nivelado após a mudança de bacias ao
transpor o divisor, sendo notado a mudança do relevo com o surgimento de vales
mais largos e áreas de estocagem sedimentar mais bem servidas. O ponto está
localizado em um terraço, podendo perceber que, na zona da mata mineira, existem
diferentes níveis deposicionais de até 3 graus, estando a do local da parada em um
segundo nível deposicional, percebida pela diferença da coloração da vegetação
entre o primeiro e o segundo terraço.
Os terraços são feições de idades essencialmente neopleistocênicas muito
transitórias na paisagem, que vão sendo erodidos com o tempo à medida que ficam
desnivelados. Muitas vezes surgem um terceiro nível deposicional perceptivas em
uma morfologia de morrote, que no seu topo tem sedimento fluvial que explica uma
deposição antiga que já foi desconfigurada e está passando por um processo
erosivo, transformando em processos de vertente.

No ponto também há a presença de uma rocha exposta que preservou sua


estrutura nos processos de alteração química, com parte pedogenizada em seu topo
e a consequente presença de solo. No caso em questão, existem estruturas
lístricas, bandamentos gnáissicos e foliações metamórficas, essas últimas
engendrando descontinuidades hidrológicas com planos preferenciais para
movimentação de material nas ligações mais frouxas da vertente.
Na exposição, existe a mistura do esqueleto da rocha e o plasma, com a
presença de grãos de quartzo e separados pela pedogênese, que no caso em
específico ainda estavam preservadas. É possível visualizar bandamentos e
preenchimentos de quartzos e biotitas e feldspatos se alterando para argila 1:1. Foi
possível, também, analisar a direção e o mergulho das camadas, sendo que a
direção da camada está a 120º azimute e o mergulho é de 28º, com direção a
sudoeste.

Ponto 6: Saída de Rio Pomba

UTM: 684357 7650883


Altimetria: 470 metros

O ponto de parada se localiza na subida do divisor da bacia do Rio Doce, na


passagem do Planalto do Campo das Vertentes. Marca o início de uma configuração
morfológica fundamentalmente formada por morros alongados e alinhados, ligados
ao controle de falhas de expressão espacial significativa no relevo. O controle
estrutural aparece na medida em que começa a erosão através do processo da
tectônica, inicialmente originando relevos escarpados, cristas vivas e divisores mais
continuos, se convertendo posteriormente em morros alongados.

A área também marca o início de vastos processos erosivos, principalmente


laminares, ligados a processos tecnogênicos, mas que refletem substancialmente a
agressividade erosiva da Bacia do Rio Pomba. A Depressão da Bacia é um sistema
geomorfológico que possui grandes zonas de estocagem, começando pela sua
Planície e morros alongados embutidos na Depressão que sofrem grandes
erosividade por processos mais acelerados, se comparados com outros domínios
vizinhos e de nível de base mais alta, que resulta em uma menor atuação erosiva.
Nessas regiões, existe a sobreposição de controle de tectônicas antigas e recentes,
aliados a processos erosivos atuais que são evidenciados pelo nível de base de
uma planície ativa bem marcada e de outro alto nível de terraço, formando
patamares de terraços com idades diferentes e que sofrem processos
diversificados. Aliado a essas características, o entalhe nessa região é muito
agressivo, com níveis deposicionais abandonados claramente visíveis na
paisagem, formando feições típicas de fundos de vale no contexto que a área está
inserida. Para complementar a morfologia da paisagem, também foi notado um
relevo formado por uma escadaria topográfica desencadeada por reativações
recorrentes.

Finalizando a discussão dos aspectos da área, foi sinalizado a marcação de


um rio recente que erodiu o nível deposicional, transformando uma mecânica que
antes era marcada pelo fundo de vale, para a atual dinâmica de vertente. Pôde-se
reparar também a ação de escorregamentos rotacionais, com material acumulado
na base e que possibilitou a origem da vegetação, dividindo o espaço junto a
rampas de colúvio que foram envolvidas pelas cercas dos terrenos e
escorregamentos induzidos no processo de recorte da vertente para a abertura da
estrada, compondo a paisagem como um todo.

Ponto 7: Falha Transformante / Sítio Privado

UTM: 668658 7651064


Altimetria: 612 metros

O local da última parada já está inserido no Planalto do Campo das Vertentes,


com drenagem para a Bacia do Rio Doce. A Depressão do Rio Pomba se inicia
nessa região, com planícies fluviais e zonas de estocagem sedimentar se
sucedendo até esse ponto, com drenagem que começa a se encaixar nessa faixa
interfluvial. O Rio Pomba migrou junto com seus afluentes, chegando no Planalto do
Campo das Vertentes através do processo de erosão remontante das soleiras das
escarpas, iniciando a remodelação do interflúvio pela capturas fluviais pela
modalidade de decapitação de cabeceiras do Rio Doce para as cabeceiras do Rio
Pomba, aumentando seu tamanho de drenagem.

Em relação a drenagem, o teto orográfico do planalto do Campo das Vertentes


difunde águas para as bacias do Paraíba do Sul, do Alto Rio Grande, do Doce e do
São Francisco. Nesses domínios interfluviais, os divisores estão se remodelando em
consequência das capturas, desmontado em morros em função do avanço e
dissecação dos rios presentes nessa área.
Com o processo de tafrogenia e afundamento da fossa tectônica do Rio
Paraíba do Sul e a consequente marcação regional do nível de base, forma-se uma
paleodrenagem que nasceram nas Escarpas da Mantiqueira e atingiam o Rio
Paraíba do Sul, mas que com o avanço erosivo, surgem as atuais bacias que se
originam do rompimentos das estruturas e que foram controlada pelas soleiras,
formando dois níveis diferentes de erosões no Planalto do Campo das Vertentes e
na Depressão do Rio Pomba.

A ação erosiva acelerada no sentido sudoeste - nordeste produz a diferença


entre as baixas altimetrias do ponto final do campo, onde se formam depósitos
correlativos e zonas de estocagem sedimentar, se comparados para as
características do marco inicial do campo em Juiz de Fora. Por último, foi possível
notar uma shutter ridge formada por divisores avançando lateralmente em função de
uma falha transcorrente muito bem marcada na paisagem por esse processo lateral
de movimento.

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