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Celular, é ou não instrumento de tortura?

Ao ler o texto “Selfies”, de Marcelo Coelho, me peguei pensando, no quanto o


celular passou a ser um instrumento quase indispensável no nosso dia a dia e,
como isto está refletindo no meu comportamento e nos dos milhares de jovens no
planeta, nos tornando narcisistas e muitas das vezes, voyers.
Há um tempo atrás, me enviaram uma foto do acidente aéreo dos cantores do
conjunto Mamonas Assassinas. Abri o arquivo, pois fiquei interessado. Sempre me
falaram que eles eram muito divertidos. Qual não foi à minha surpresa! Eram cenas
deploráveis. Na hora, fiquei sem ação. Qual é o intuito de enviar partes de corpos
para as pessoas? Que prazer algumas pessoas têm em divulgar imagens que
chocam? Será o novo normal?
Neste momento, percebi que o celular virou realmente um instrumento de
tortura, pois uma parcela de jovens usa o celular para registrar não só o seu
momento, como também, as de outras pessoas, sem pedir licença. Achando que
expor amigos, conhecidos e desconhecidos, no Facebook, no WhatsApp, é o ponto
alto da diversão, sem se importar com as consequências para ele e para essas
pessoas, que muitas das vezes são ridicularizadas e, não aguentando serem
motivos de chacota, acabam se suicidando. Parece que a dor alheia é o que move
a vida de alguns.
Acho legal fotografar momentos especiais, como uma viagem em família, um
passeio com amigos... Precisamos sim, guardar recordações que nos fazem bem,
mas não vejo necessidade de divulgar para todo mundo, porque sabemos que a
internet é uma terra de ninguém e, onde não se tem dono, há invasão de
privacidade. Precisamos repensar nas nossas atitudes e aprendermos com os
nossos erros e erros de outros. A nossa imagem não é pública, o nosso momento
não é de todos. Preservar para ser preservado.

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