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2021

Nome da obra: O BEIJO DO PRÍNCIPE


Revisão: Dani Smith Books
Diagramação: AMARa Literária
Capa: AMARa Literária
Nome do autor: M.C Mari Cardoso

www.mcmaricardoso.com.br

Copyright © 2021 por Mariana Cardoso

INFORMAÇÕES
Esta é uma obra de ficção que não deve ser reproduzida sem
autorização. Nenhuma parte desta publicação pode ser transmitida
ou fotocopiada, gravada ou repassada por qualquer meio eletrônico
e mecânicos sem autorização por escrito da autora. Salvo em casos
de citações, resenhas e alguns outros usos não comerciais
permitidos na lei de direitos autorais.
Esse é um trabalho de ficção. Todos os nomes, personagens,
alguns lugares, casos envolvidos, eventos e incidentes são frutos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou
mortas, ou eventos reais é apenas espelho da realidade ou mera
coincidência.
Sumário
O COMEÇO DE TUDO...
Prólogo | Cat
Prólogo | Louis.
1 | Louis.
2 | Cat.
3 | Cat.
4 | Louis.
5 | Cat.
6 | Cat
7 | Louis.
8 | Cat.
9 | Cat.
10 | Louis.
11 | Cat.
12 | Cat.
13 | Louis.
14 | Cat.
15 | Cat
16 | Louis.
17 | Cat.
18 | Cat.
19 | Louis.
20 | Cat.
21 | Cat.
22 | Louis.
23 | Cat.
24 | Cat.
25 | Louis.
26 | Cat.
27 | Cat.
28 | Louis.
29 | Cat.
30 | Cat.
31 | Louis.
32 | Cat.
33 | Cat.
34 | Louis.
Epílogo | Cat.
Epílogo | Louis.
Liam e Emily
A VALENTIA DO AMOR.
SOBRE A AUTORA:
AGRADECIMENTOS
A autora não autoriza a cópia em pdf e se reserva no
direito em agir legalmente contra o compartilhamento
ilegal.
"(...) o abracei por trás ao perceber que
podíamos nos ver do espelho do banheiro.

— Será que existe combinação mais bonita


que nós dois? — Ele questionou, olhando
fixamente.

— Duvido muito. É como um cometa que só


passa na terra uma vez a cada novo século."

O Beijo do Príncipe
Louis é um príncipe, que atua como advogado em um famoso
escritório fundado por sua família. Ele é um feliz solteirão, que não
tem nenhuma pretensão em começar um relacionamento.
Sabendo como se divertir e trabalhar no que realmente queria, ele
aceita hospedar a afilhada da sua mãe, que conhece por toda vida e
fazia muitos anos que não encontrava.
Catherine queria crescer na vida. Usando a carreira de modelo
como degrau, ela aceitou uma proposta de trabalho em Londres.
Sonhadora, queria um amor como dos contos de fadas, tanto que
havia se guardado para o homem que tomasse seu coração.
A convivência mostrou que os dois eram perfeitos para o outro, mas
nem todas as pessoas pareciam estar felizes com a união de um
dos melhores partidos da cidade com uma simples garota, que
muitos diziam ser a mais nova promessa do mundo da moda.
E havia aqueles que aproveitavam o barulho da vingança de uma ex
rejeitada para agir contra Louis e seus importantes casos.
O COMEÇO DE TUDO...

O terceiro livro da série Princesas Modernas é uma


comédia romântica, portanto, seguirá a linha de um
romance doce, divertido, apaixonante e perfeito para
arrancar suspiros. A história de amor do Louis com a
Cat vai te garantir deliciosos sonhos de um amor tão
verdadeiro e cúmplice na vida real.

Para maiores de 18 anos.


Contém cenas de sexo, palavrões, gatilhos
emocionais e algumas cenas de ação que podem ser
desconfortáveis em algum nível.
Prólogo | Cat
Eu precisava voltar para Louis. Eu tinha que salvá-lo.
Nós dois precisávamos sair dali vivos.
Arrastada para a ponta do deck, meus pés embolaram no
vestido e tentei me desvencilhar do aperto mortal. Me debati,
furiosa, olhando para trás e gritando para Frank, que estava lutando
com tudo. A mulher parou na minha frente e sorriu de forma fria,
puxando a fita que já estava um pouco frouxa na minha boca e
dando um tapa forte no meu rosto.
Com o rosto virado para o lado, assisti com horror ele sendo
ajoelhado e o cano da arma em sua testa. Meu coração explodiu em
dor ao mesmo tempo que meu corpo reagiu com adrenalina. Um
grito de fúria rasgou pela minha garganta e lutei contra, querendo
correr até Louis. De repente, eu senti a dor mais excruciante de toda
minha vida.
Olhei para minha barriga e ele sorriu friamente, puxando a faca
de volta e enfiando mais uma vez. Cambaleei para trás, sentindo o
gosto do sangue subir pela minha boca. Por puro instinto, coloquei a
mão na barriga e caí… foi quase eterno o abismo entre meu corpo e
a parede de água fria. Eu queria nadar. Emergir e sobreviver, mas
meu corpo era como um peso morto que só afundava.
Com as mãos esticadas à frente, eu vi Louis nadar na minha
direção e eu sabia que ele iria me salvar. Nós ficaríamos bem.
Prólogo | Louis.
O som das pás do helicóptero batendo ruidosamente contra o
chão fazia meu corpo inteiro tremer. Ethan se arrastava ao meu
lado, gritando meu nome, esticando a mão e por mais que o ouvisse
e tivesse a intenção de segurá-lo, eu não conseguia me mover.
Como poderia pensar que estaria em uma guerra e não me
machucaria?
Senti um solavanco e parte do helicóptero desmoronou.
— Levante-o! — Justin gritou de longe. Ele era um dos mais
experientes entre nós. — Vamos, soldado! Levante! — ele berrou
com Simon.
Fui erguido por Liam e olhei para a perna de Ethan, que
vazava sangue como uma mangueira. A visão me trouxe mais uma
onda de náuseas. Eles começaram a gritar sobre tirar os príncipes
da zona de alvos, era como eles chamavam Ethan e eu, que
estávamos em missão pela rainha de maneira diplomática. Ele por
ser um duque e eu, por ser britânico, mesmo possuindo título de
príncipe em Hozenburgo e o decorativo por herdar uma villa italiana
de um condado no interior da Itália.
Estávamos ali para levar mensagens de paz. Fomos enviados
para exibir nossos uniformes e que éramos capazes de nos
sacrificar pela necessidade de acabar com os conflitos.
Liam me jogou no chão de uma caverna, rasgando minha
roupa e eu olhei para a quantidade de sangue, com uma peça do
helicóptero atravessada em minha barriga. Simon ajoelhou, gritando
para alguém pegar o kit médico. Justin estava ferido, mas ele saiu
novamente, era um caos. Vozes pedindo ajuda pelo rádio, gritos
para que eu ficasse acordado. Ethan me sacudia.
Eu fui treinado e aquele dia foi a primeira vez que usei um
equipamento. Nós fomos abatidos e estávamos em perigo. Era
como estar dentro de um pesadelo. Infelizmente, era muito real. Tão
real que o sangue em minhas mãos… era o meu.
1 | Louis.

— Me diz de novo o que estamos fazendo aqui? — Ethan


[1]murmurou do aparelho atrás de mim e sorri, olhando para a garota

com a bunda empinada em minha direção. Ele bufou. — Eu sou


casado, Louis. Sua prima é psicótica pra caralho!
— Eu não tenho outros amigos, vocês casaram, porra.
— Vá atrás de Leonard[2].
— Sim, claro. Ele está em outro país! — Continuei no meu
lugar, olhando para a mulherada. — De vez em quando, eu preciso
de saídas de homens.
— Cerveja e jogo não contam?
— Preciso de outro homem para olhar mulheres.
— Só para deixar claro, a fim de qualquer registro, eu não
estou olhando para mulher nenhuma. — Ethan deixou os pesos no
chão e parou ao meu lado. — Você precisa arrumar alguém.
— Está convivendo demais com a bruxa da Lottie, porque nós
dois sabemos que a minha última tentativa foi um fracasso.
— Eu disse arrumar alguém sério, um romance de verdade,
não tentar começar um relacionamento que você nunca quis. Seguir
a maré não dá certo, tem que sentir. Com Celina, foi apenas
seguindo a pressão dela. — Ele me ajudou com a barra. — Você
tem que querer tanto quanto. Ela quis mais do que você estava
disposto a dar, porque não tinha sentimentos. Acredite em mim, eu
sei que faço absolutamente tudo pela Charlie porque eu a amo.
Era normal odiar meu amigo só por que ele tinha razão?
— Não faço a mínima ideia se era ela, a mãe, o pai ou apenas
a mídia. Seja o que for, não deu certo. Nunca daria, somos como
água e óleo. Enfim, estou bem sozinho. — Coloquei a barra no
lugar. — Podemos vir aqui mais vezes.
— Sim e o meu casamento acaba. — Ethan riu. — Não duvide
da capacidade da sua prima de foder a minha paciência com as
crises de ciúme. Ainda mais que eu peguei no pé dela sobre um
amiguinho da faculdade e aí, eu me fodi. Agora ela fareja qualquer
mulher ao meu redor.
— Quem mandou? — provoquei. Ethan ficou com um pouco
de ciúmes quando minha prima expandiu seu universo de
convivência. Charlotte [3]era uma princesa, claro que as pessoas
queriam se aproximar e conhecê-la. — Ainda com ciúme?
— Eu vou buscá-la e de vez em quando não deixo que aqueles
de homens recém-saídos da adolescência esqueçam que ela é
muito bem casada.
— Não posso te julgar.
Fomos para o vestiário secar um pouco do suor e ele mostrou
a mensagem da minha prima, ordenando que deveríamos voltar
para casa e alimentá-la. Ethan não queria me deixar sozinho,
dizendo que eu estava muito carente e sempre que ficava daquela
maneira, fazia alguma besteira. Depois de Celina e o caos que ela
trouxe para a minha família, óbvio que eu não podia discordar.
Era comum gastar alguns dos meus sábados na casa deles ou
na casa de um dos meus melhores amigos, Willy, com sua esposa,
Trish. Eles tiveram um bebê recentemente, que era meu afilhado e
na maioria dos dias de folga, passaram a dormir ou tentar não
enlouquecer com o recém-nascido. Charlotte ainda corria do
assunto filhos, então, era um local que não havia conversa sobre
fraldas e talco.
Ainda. Ao terminar a faculdade, que não faltava muito, ela
estava disposta a tentar engravidar. Moana, a cadela deles, quase
derrubou Ethan quando chegamos. Ela latiu e jogou seus
brinquedos aos nossos pés, precisando de atenção. Minha prima
estava descabelada, de pijama e nos mandou tomar banho se
quiséssemos sentar em seu sofá. Ela me fez vestir roupas do
marido dela. Peste imprestável.
— Tia Alicia está de namorado novo? — questionei, pegando
uma cerveja na geladeira deles. — Ela sumiu. Me conta, vai! —
Cutuquei-a nas costelas. Charlotte pulou e me bateu com uma
colher de pau.
— Não é da sua conta! — Me deu a língua. — Deixa de ser
fofoqueiro!
— Sempre que está namorando, ela some e volta como quem
não quer nada.
— Segue sendo um belo fofoqueiro! — cantarolou, me fazendo
rir.
— Tudo bem, não quer me contar, irei descobrir.
— Usar sua profissão para investigar a vida da nossa tia não é
contra a lei? — Ela parou com as mãos na cintura. Ethan começou a
rir de seu lugar no fogão. Como se eu nunca tivesse feito aquilo
antes…
— Tudo bem. Cedo ou tarde irei descobrir. — Peguei alguns
amendoins e enfiei na boca, decidindo que o humor da minha prima
estava propício para encher o saco até que perdesse a paciência, o
que não demoraria muito.
Meu telefone apitou com os detalhes do voo da afilhada da
minha mãe. Fazia muitos anos que não encontrava Catherine, ela
era uma adolescente a última vez que estive em Nova Iorque
visitando meus pais. Foi muito rápido, mal ficou na sala e eu passei
a maior parte do tempo matando a saudade dos irmãos dela, que
eram meus amigos de infância. Ela estava se mudando para
Londres, sendo a filha caçula, temporã e extremamente protegida,
aceitei ajudá-la a se estabelecer.
Era foda se mudar assim, de país, sem conhecer muito e todos
estavam preocupados que não alugasse um bom lugar. Até
selecionei alguns corretores de confiança e bons bairros, mas antes
precisava saber quanto ela tinha disponível. Ficar na minha casa
não era um problema. Eu passava muito tempo trabalhando,
chegava para dormir e os finais de semana eram divididos entre
trabalhar ou vadiar por aí.
Catherine teria tempo para se estabelecer em Londres e seus
pais não teriam um colapso completo. Até minha própria mãe estava
nervosa, como se a garota fosse quebrar com qualquer ventania. Eu
não ia tomar conta dela como uma criança, aos vinte e um, já não
era uma, mas deixaria claro que estava ao seu lado no que
precisasse. Eu fui morar sozinho muito novo, sempre tive apoio dos
meus pais, mas o meu tio estava por perto além de Alicia, que vivia
dentro da minha casa.
— Ethan e eu queremos sair sozinhos… — Charlotte olhou
para Moana. — Será que você poderia ser o melhor primo do
mundo e tomar conta dela?
— Aqui?
— Se quiser, pode ficar à vontade. Talvez ela se sinta mais
tranquila em ter suas coisas por perto, mas se você quiser levá-la
para sua casa, saiba que algo pode quebrar. — Lottie sorriu.
— Só porque gosto de vocês.
— Gostar? — Ela se inclinou sobre a mesa, quase derrubando
nossas taças e apertou minhas bochechas com força. — Você me
ama!
— Me solta, garota! — Bati em suas mãos. — Eu vou ficar com
Moana para vocês. Qual o destino?
Eles trocaram um olhar e riram.
— Não importa muito, depois de casado, qualquer lugar para
transar fora de casa é simplesmente incrível. — Charlotte soltou e
cobri minhas orelhas. Puta que pariu. Enfiei meus dedos no ouvido,
cantarolando. Ela e Ethan riram.
— Muita informação, porra. Vou para minha casa! — Peguei
minhas coisas e fui embora.

Há algumas semanas, consegui comprar uma boa casa.


Depois de morar em um apartamento que não era exatamente o que
eu queria, achar a casa perfeita foi a realização de um sonho. Um
dia, precisaria morar em um local maior, provavelmente se eu me
casasse, tivesse filhos, mas eram planos que não faziam nenhum
sentido com meu atual estilo de vida.
O casal que me vendeu estava se divorciando, eu fiz a
negociação e ainda me dei desconto. Era o meu lugar favorito do
mundo, reformei e deixei exatamente do jeito que queria.
Como Alicia dizia… a casa de um homem solteiro, perfeita
para festas, exceto, que eu não fazia muitas e raramente convidava
pessoas além do meu círculo de extrema confiança. Joguei as
chaves na mesinha ao lado, olhei para meu sofá branco e pensei
que não haveria chance de que Moana subisse nele.
Tomei banho, me vestindo rapidamente. Meu telefone tocou
com uma mensagem de um cliente e ele precisava de certa
urgência. Meu escritório em casa era tão equipado e seguro quanto
o meu oficial. Ali eu guardava documentos importantes e
informações sigilosas. Eu tinha segredos de muita gente e não
usava aquilo de uma maneira ruim, pelo contrário, era meu trabalho
proteger suas vidas. Meu pai era um advogado, mas foi meu tio
quem me fez gostar da profissão, porque ele me ensinou um lado
diferente e mais emocionante.
Ser um membro da realeza me faria viver de mesadas públicas
e meus gastos listados em uma ficha a cada mês de maio. Eu
preferi jurar lealdade à rainha e ganhar honorários bem caros, tendo
a liberdade para ser quem eu quisesse. Herdei do meu tio paterno
diversas propriedades, ele nunca teve filhos, apesar de ter se
casado umas cinco vezes. Ele foi como um pai para mim. Um que
só ensinou besteira e deixava minha mãe maluca.
Levei meu computador para a sala, com os pés para o alto,
assistindo a um jogo repetido para ter algum ruído ao fundo.
Algumas horas depois, ouvi um barulho na minha fechadura, em
seguida, o alarme foi desativado.
— É melhor que esteja vestido! — Tia Alicia entrou na minha
casa com várias sacolas. — Soube que foi para a casa da Lottie
hoje e andou perguntando por mim.
— Aquela fofoqueira contou que quero saber quem é seu
namorado?
— Claro. Ela é meu fechamento. — Passou direto para a
cozinha. — Trouxe comida do restaurante e cerveja.
— O que aconteceu com “cerveja é pão líquido e eu quero
diminuir o tamanho da minha barriga”? Você deu um ataque por
isso!
— Hum… acontece que eu me relacionei com um idiota que
não estava se relacionando apenas comigo. Eu quero beber, comer
e assistir qualquer porcaria com um dos meus sobrinhos favoritos.
— Prendeu o cabelo no alto. Deixei meu computador de lado e fui
até ela, querendo ver seu rosto. Sua expressão era de quem havia
chorado muito.
— O que aconteceu?
— Ainda não estou bêbada o suficiente para abrir meu
coração. — Me deu um sorriso. Ela parecia triste pra caralho.
Decidi brincar para aliviar seu humor.
— Tá. Vou te deixar bêbada e te farei ligar para Leonard e
dizer que sou o favorito.
— Charlotte é a favorita.
Voltei para o meu computador apenas para finalizar o trabalho
rapidamente e terminar de atender meu cliente, para poder dar
atenção completa a ela. Alicia era nova, filha caçula do meu avô
materno e foi muito legal crescer com uma tia regulando minha
idade, era uma das minhas melhores amigas e nós, os sobrinhos, só
a chamávamos de tia para irritar.
Algumas garrafas de cerveja mais tarde, ela estava chorando,
usando minha camisa para limpar o rosto e eu me perguntei por que
se dava ao trabalho de se entregar completamente a qualquer um,
na busca incessante de encontrar a alma gêmea. Qual era o
sentido? Sair beijando todas as bocas dos sapos para ver se
encontrava o príncipe encantado?
Eu acreditava em encontro de almas. Meus pais eram de
países diferentes, com vidas completamente adversas, em qualquer
situação comum nunca se encontrariam. Bastou uma viagem e um
café. Minha mãe estava em uma viagem do seu último ano do
colegial em Londres, se perdeu do grupo com uma garota da escola
que não era próxima. As duas andaram pela cidade e entraram em
uma cafeteria para obter informações, quando toparam com dois
amigos que estavam ali, decidindo o próximo ponto turístico que
visitariam.
Eles nunca mais se separaram depois disso e se tornaram
melhores amigos.
Ethan e Charlotte se odiavam. Eles mal podiam ficar no
mesmo ambiente sem deixar qualquer um estressado e era um dos
casais mais sólidos e apaixonados que conhecia. Eu não
encontrava sentido na procura. Talvez pensasse assim por que não
estava interessado, mas era horrível ver Alicia sofrer por amores
não correspondidos.
— Está me julgando, não é? — Alicia fungou.
— Não você, mas sim a busca sem sentido.
— Eu sempre achei que você estava cheio de merda quando
falava que encontrar a pessoa certa não é sair procurando feito
louca.
— Sou cheio de merda e de razão.
Ela suspirou.
— Nunca pensei que me importasse com o rótulo de solteirona
que minhas irmãs colocaram em mim, mas eu acho que essa minha
loucura de encontrar o homem perfeito é apenas para dizer a elas
que nunca estou sozinha.
— Alicia Margarida Anne da Casa…
— Cale a boca… — resmungou, me interrompendo ao dizer
seu nome todo.
— Você é uma princesa que comanda um império dominado
por homens. Uma mulher jovem que é CEO de uma rede de
restaurantes mundialmente famosos, você é tudo que muita gente
odeia, e daí? Tem sucesso, uma família que te ama, três sobrinhos
pentelhos e um dia, o homem de verdade não vai se intimidar com
sua carreira, com seu jeito decidido e nem vai se sentir menos
homem porque você é poderosa. Ele vai sentir orgulho. — Segurei
sua mão. — Um homem com H maiúsculo, como vovô diz, não se
intimida com uma mulher poderosa. Ele soma o poder ao dela.
Deixa esse idiota pra lá, ele é quem perdeu, não você.
— Obrigada, querido. — Ela me abraçou. — Nesse momento,
você é o favorito. Tenho sorte de ter no meu sobrinho, um protetor e
melhor amigo.
— Vou contar isso para Leonard.
Alicia riu e voltou para seu lugar, sem mais lágrimas. Ela
dormiu no quarto de hóspedes e eu pesquisei quem era o imbecil
usando sua localização nas últimas semanas, imagens do registro
de segurança da sua casa e do trabalho. O babaca tinha ficha suja,
foi acusado por uma ex-namorada por agressão e perseguição.
Era melhor que ele ficasse bem longe da minha tia ou ia
descobrir o quão longe poderia ir para proteger aqueles que amo.
2 | Cat.
Londres.
“Atenção senhores passageiros...”
Abri meus olhos, assustada com a voz do piloto e, cobrindo a
boca para bocejar, conferi se meu cinto estava preso. A senhora ao
meu lado, com um garotinho, me deu um sorriso e olhei para a
janela, animada. Era o primeiro dia da minha nova vida. Estava
oficialmente morando em Londres, para viver longe dos meus pais,
dos meus irmãos intrometidos e começando a vida adulta.
Como ainda estava me ajustando financeiramente, aceitei a
proposta de minha madrinha em ficar no apartamento do filho dela.
Conhecia Louis desde... sempre.
A condição dos meus pais em me mudar era que morasse com
ele por um tempo para me habituar à nova cidade e procurar um
local com calma. No começo, fiquei mortificada e com raiva, por
mais que eles tivessem pontos válidos, não queria morar de favor
com ninguém. Mesmo sendo Louis.
Ele era um homem adulto que estava acostumado a morar
sozinho e ter a sua própria liberdade. Advogado no escritório da
família dele e descendente de uma família real não ativa, tinha uma
vida corrida. Ele foi muito gentil ao me ligar e dizer que seria um
prazer dividir seu lar comigo. Se eu pudesse, cavaria um buraco
maior ainda para me enterrar, porque meus pais ou os pais dele
pediram que ele fizesse aquilo.
O motivo da minha mudança era bem simples: emprego novo.
Aceitei porque precisava de uma distância da minha família,
principalmente, do controle excessivo do meu pai e o zelo da minha
mãe. Era necessário sair da sombra dos meus irmãos mais velhos e
construir a minha vida.
Apesar dos meus pais serem contra a profissão que escolhi
para mim, a coisa toda de ser modelo surgiu do nada. Foi na escola,
quando um olheiro apareceu e me ofereceu um ensaio, minha mãe
me levou e desde então, me tornei modelo fotográfica.
Foi algo tão despretensioso que cresceu ao ponto do meu
salário como modelo pagar a minha faculdade, para o alívio dos
meus pais. Depois de sete filhos, a caçula conseguir a benção de
pagar a própria faculdade foi motivo de festa. Meu pai se
incomodava com as fotos sensuais e meus irmãos ficavam em cima,
mas eu não me importava porque o dinheiro era bom o suficiente
para pagar minhas contas.
Mudar para Londres era um grande passo na minha carreira.
Recém-formada, com vinte e dois, precisava aproveitar ao máximo
para juntar uma boa quantia e seguir estudando. Iria me especializar
em negócios e gestão de moda para um dia ter minha própria
empresa no meio.
Minha agência me trouxe para a cidade, podendo assim
participar das campanhas europeias. Eu podia bancar um
apartamento sozinha ou dividir com algumas das modelos, mas
meus pais ficavam paranoicos sobre alugar um lugar ruim ou ser
enrolada por corretores. Como queria me mudar em paz, sem
brigas, aceitei a condição de dividir temporariamente com Louis
Andrea Basan Vacchi, um conde italiano, príncipe do meu país de
descendência e filho do melhor amigo do meu pai.
Os Basan Vacchi eram amigos da minha família há muitos
anos. O pai de Louis, Andrea, era amigo de infância do meu pai
desde que eles moravam na Sicília. Minha avó paterna era italiana e
se casou com um soldado americano. Eles viveram em uma vila
próxima onde os Basan Vacchi tinham várias propriedades e assim,
nossos pais cresceram amigos.
Juntos, fizeram uma viagem pela Europa, conheceram minha
mãe e minha madrinha, que estudavam juntas, mas não eram
amigas até aquele momento. Minha madrinha tinha o título de
princesa, mesmo que em seu país a monarquia fosse apenas
atração turística. Os quatro passaram o verão juntos em Londres e
nunca mais se desgrudaram.
Meu pai se formou em arquitetura, trabalhou com isso por
anos, mas um dia ele simplesmente decidiu que não queria mais. Se
mudou para os Estados Unidos com minha mãe e dois dos meus
irmãos mais velhos para começar uma nova vida. Nunca explicou o
motivo, porém, ouvindo conversas, soube que minha mãe estava
em depressão e ele queria fazê-la feliz novamente.
Quando meu padrinho decidiu expandir seus negócios para a
América, eles se uniram em Nova Iorque. Meu pai tinha uma rede
de padarias Bennet e meu padrinho, Andrea, comandava um dos
famosos escritórios de advocacia da família Basan Vacchi. Em
Londres, Louis assumiu a posição deixada pelo tio há alguns anos,
depois que terminou a faculdade ao voltar de várias missões pela
Marinha Real Britânica.
Meus pais se casaram logo que se conheceram, meses
depois, engravidaram dos gêmeos, Bruno e Benjamin. Dois anos
depois nasceu meu outro irmão, Bruce. A irmã da minha mãe e seu
marido faleceram em um acidente de carro poucos meses depois
que Bruce nasceu. O que aconteceu? Meus pais passaram a criar
dois sobrinhos que foram adotados legalmente.
Seis meninos em casa deveria ser uma loucura o suficiente,
até que minha mãe engravidou de novo. O número sete. Eles
brincavam que era o da sorte. Meu pai prometeu à minha mãe que
faria vasectomia, enrolou por anos, eles tiveram bastante cuidado e
quando finalmente fez o procedimento, minha mãe engravidou mais
uma vez. Eles quebraram o jejum necessário para a vasectomia ter
seu efeito e aí... Oito filhos.
Os gêmeos são dez anos mais velhos que eu e, a partir daí,
escadinha até a menina mais protegida do universo. Meus irmãos
eram intrometidos, irritantes, cada um com uma personalidade
interessante que eu carinhosamente defini como os sete anões,
embora eles fossem enormes.
Bruno, o mais velho de todos, definitivamente era o Zangado.
Ele era mal-humorado. O senso de humor dele se perdeu no fim do
arco-íris. Benjamin era o contrário, calmo, dormia em qualquer lugar
e como uma pedra, definitivamente o Soneca. Em seguida vinha
Gregory, ele era mais velho depois dos gêmeos, sempre com o
espírito de liderança, amava mandar em todos e só podia ser o
Mestre. Bruce era irritante e alegre, o que me fazia chamá-lo de
Feliz.
Benedict era carinhoso, excessivamente meloso e canceriano.
Ele achava fofo que eu o chamava de Dengoso. Já Shawn era o
Dunga, porque ele tinha o rostinho de bebê. Mesmo com mais de
vinte e poucos anos, a barba era rala como a de um adolescente.
Archie era o número sete dos meus pais, o da sorte, que nasceu de
sete meses e quando criança, vivia gripado e com sérias crises de
rinite então eu o chamava de Atchim.
Em meu celular, não tinha seus nomes registrados, apenas
apelidos carinhosos, porque quando criança, amava o filme A
Branca de Neve e eu era a princesa entre sete meninos.
Bruno e Benjamin tinham uma agência de publicidade e viviam
juntos em Nova Iorque. Nenhum dos dois era casado, embora
minha mãe orasse todos os dias para que eles sossegassem. A vida
dos dois era de trabalho, balada e viagens.
Greg era policial, o que deixava a mamãe dentro da igreja e de
joelhos. Pelo menos era casado e lhe deu netos. Bruce se formou
em História da Arte e dava aulas para crianças em uma escola
primária perto de sua casa, que dividia com a esposa e minha
afilhada, a linda Charlie.
Benedict era músico, compositor, vivia da arte e em um
apartamento minúsculo em Manhattan. Ele era um apaixonado por
todas as mulheres do mundo. Perdi a conta de quantas namoradas
apresentou dizendo que era a mulher da vida dele e que iriam se
casar. Elas acreditavam, sofriam e sempre tinha alguém quebrando
seu carro ou tentando invadir seu apartamento.
O pior de tudo era que ele realmente acreditava ter encontrado
a alma gêmea.
Shawn criava jogos e ganhava bastante dinheiro com isso,
vivia em Los Angeles com Jessica, sua namorada que vi apenas
uma vez. Minha mãe era o tipo de sogra que eu não desejava a
ninguém, e minhas cunhadas tinham toda razão quando corriam
dela.
A esposa de Greg, Leighton, era a mais paciente, já a de
Bruce, Lindsey, que foi nossa vizinha e minha amiga desde a
infância, ficava na dela e não dava espaço para minha mãe se
intrometer. Jessica estava certa em ser legal e ficar bem longe.
Sentiria muitas saudades das brigas, confusões e toda loucura
que era a casa dos meus pais, mas eu precisava estar fora.

O avião sacudiu no pouso e agarrei a poltrona, sempre ficava


nervosa. Esperei os desesperados saírem primeiro, me soltei do
cinto, peguei minha bolsa de mão que estava no compartimento de
cima e saí tranquilamente.
Estava usando uma calça de moletom azul escura, tênis
brancos e uma camiseta cinza. Meu cabelo estava todo embolado
porque eu me atrasei para o aeroporto e não deu tempo de pentear.
Cansada, parei na esteira para pegar minhas malas. Um homem
com jeito de executivo parou do meu lado e ofereceu ajuda. Aceitei
com um sorriso, ele pegou todas elas e em seguida perguntou se eu
queria dividir um táxi.
Olhei-o, era muito bonito, aparentava estar cansado e talvez
estivesse no mesmo voo que eu. Sorri, pronta para negar com
jeitinho quando um braço tatuado pegou a mala que ele segurava.
Olhei para o dono do braço e suspirei, puta que pariu, Louis
estava ainda mais gostoso. Seu rosto era sério e encarava o
homem.
— Obrigado por sua gentileza, mas ela já tem carona para
casa. — Louis soou quase ameaçador. O gentil executivo sorriu sem
se abalar, acenou e foi saindo de perto. Louis virou para mim com
um sorriso. — Oi, baby Cat.
Ele estava tão diferente, tão homem, mais forte e de alguma
maneira que não conseguia identificar. Havia algo completamente
fora da curva do garoto que eu lembrava. Como se existisse uma
sombra em seus olhos e não mais um olhar de menino tão bom
quanto um príncipe.
— Baby Cat, Louis? Sério? — Bati em seu braço. Ele riu e me
abraçou. — Você não precisava vir.
Cristo! Que homem cheiroso.
— É claro que viria te buscar! — Ele me segurou pelos ombros.
— Caramba, garota! Você está diferente! — Me deu uma boa
olhada. Aproveitei para fazer o mesmo, assim não seria estranho. A
camisa justinha mostrava que ele passava bastante tempo na
academia e fiquei admirada com as tatuagens.
— Mais velha? — Arqueei a sobrancelha.
Louis me deu uma olhada rápida.
— É... Mais velha — concordou e sorri. — Vamos? Vou te levar
em casa e à noite, teremos um jantar de boas-vindas. — Pegou
minhas duas malas e foi empurrando na sua lateral.
Louis era muito bonito. Sempre foi. Era alto, malhado do tipo
magro e estava com mais tatuagens do que me lembrava. O cabelo
preto era raspado nas laterais, ainda no estilo de corte militar. Com
o tempo, seu rosto ficou marcado com uma expressão bem
masculina.
As sobrancelhas grossas ajudavam a dar um ar sério, com um
nariz fino e proeminente, queixo quadrado e lábios atraentes. Em
resumo: Louis era lindo, aparência de bad boy refinado, que
provavelmente arrancava calcinhas com um sorriso.
Era um príncipe, com um título real ativo, sempre teve dinheiro,
um lugar no mundo e um sobrenome poderoso. Difícil não admirar.
Era mais difícil ainda não babar.
Segui-o pelo aeroporto até seu carro. Ele destravou um
Porsche Macan preto, abriu a mala, colocou minhas duas bagagens
e deu a volta, abrindo a porta do carona e ainda oferecendo a mão
para me ajudar a entrar. Ele não podia ficar fazendo essas coisas
sem querer ser chamado de príncipe, maneira carinhosa que sua
mãe o chamava e pegou em toda a família.
Quando era mais nova, tive uma paixonite por ele. Louis não
era irritante, implicante e nem chato como meus irmãos. Apesar de
não me dar um pingo de confiança porque sempre foi pelo menos
uns sete anos mais velho que eu, nunca foi rude. Sempre foi o
garoto que puxava cadeiras, oferecia uma bebida e fazia de tudo
para uma pessoa sentir-se à vontade em sua casa.
Essa educação maravilhosa era coisa de Claire, a mãe dele.
Ela que me ensinou tudo sobre maquiagem, fazer o cabelo, saíamos
juntas para fazer compras de fim de ano e me divertia horrores. Eu
amava a minha mãe, mas ela era do tipo bem prática, nada vaidosa.
Para se arrumar no dia do casamento dos meus irmãos foi um
custo.
— Acho que vou precisar me acostumar com essa história de
dirigir no lado inverso — comentei no silêncio do carro, que cheirava
muito bem a uma fragrância masculina.
— Você vai se acostumar rápido. — Me deu um breve sorriso.
— Como foi a viagem?
— Longa... muito longa. Dormi a maior parte porque trabalhei
antes de me mudar. Ainda assim, acordei várias vezes e nunca
parecia chegar.
— O que fez?
— Gravei um comercial de xampu. Eles demoram uma
eternidade com toda arrumação. Às vezes é necessário repetir.
Acabei saindo apenas umas duas horas antes do horário que tinha
que estar no aeroporto — expliquei com um bocejo. — É por isso
que meu cabelo estava embolado de tanto fixador para cachos.
Louis franziu um pouco o cenho, me deu um rápido olhar e
voltou a prestar atenção no trânsito.
— Quem diria que você seguiria por essa carreira... sempre foi
tímida.
— Nunca fui tímida, pelo contrário, sou o tipo que sabe a hora
certa de falar.
Ele soltou um estalo com a língua.
— Discordo. Você mal respondia às perguntas...
— Eu era uma adolescente, você queria o quê?
— Hum... — cantarolou, batucando os dedos no volante. — A
versão adulta da Baby Cat não é tímida?
— Precisa mesmo me chamar de Baby Cat? — pedi, meio sem
paciência. — É que eu fugi exatamente disso, do termo de bebê. —
Suspirei e ele me encarou meio confuso, voltando para o trânsito e
descendo em uma rua um pouco mais movimentada. — Meus pais e
irmãos o tempo todo me trataram como uma menininha dentro de
uma bolha. É um saco!
Louis me encarou, o carro estava escuro e só as luzes do
painel refletiam o suficiente para ver o contorno de seu rosto.
— Vai ser difícil. Como te chamam agora?
— Cat ou Catherine, que é o meu nome. Sem o baby, pelo
amor de Deus.
— Vou tentar, não faço promessas.
Com um sorrisinho de lado, piscou de uma maneira divertida,
porém, a visão era bela demais para simplesmente não reagir.
Desviei meu olhar para a janela, não querendo que a Cat
adolescente surgisse das cinzas e ficasse escrevendo o nome dele
em diários. Não era meu propósito na cidade e eu não deveria
pensar em tolices.
3 | Cat.
Ainda no caminho para sua casa, Louis falou um pouco sobre
o bairro em que morava e eu fiquei com um pouco de vergonha de
abordar o assunto das despesas. Poderia soar grosseiro chegar já
falando de finanças quando ele se dispôs em ir me buscar no
aeroporto, em um dia importante de trabalho. Depois de alguns
minutos, estacionou em frente a uma casa branca muito bonita,
muito chique e parecida com as demais casas na rua.
Era um bairro muito nobre. Na frente dela, tinha um portão e
uma grade de ferro vermelha, seguindo para um murinho de tijolos
brancos e um portão de garagem. A casa aparentava ter três
andares.
— Bem-vinda ao lar. — Desligou o carro e saiu. Segui o
exemplo, olhando para o lugar totalmente confusa.
— Pensei que fosse um apartamento. Sua mãe disse que era
um…
— Eu morava em um, mas me mudei. Meus pais ainda não
vieram aqui, então, eles dizem apartamento. Não importa quantas
vezes corrija. — Sorriu e pegou minhas malas do bagageiro. — Vá
na frente. Aqui, a chave. — Me entregou e andei na frente, abrindo o
portão. Subindo os sete degraus até a porta, enfiei a chave e abri.
Um alarme começou a soar baixo e ele rapidamente subiu,
digitando o código.
A entrada parecia algo de revista. As cores eram totalmente
escuras e masculinas. O chão era de mármore manchado em preto,
meio cinza, com um sofá preto pequeno de dois lugares no canto,
um aparador com uma escultura de um homem jogando futebol e
um lustre branco grande. Era um ambiente claro e sofisticado.
— Uau! É lindo!
— Sinta-se em casa. — Ele entrou atrás de mim e fechou a
porta. — Vou te dar um tour pelo andar de cima e em seguida te
mostro tudo aqui embaixo.
A escada era no lado esquerdo da casa, de mármore escuro
no chão e branca nas laterais. Era meio em espiral para o segundo
andar e ele não quis ajuda para subir minhas malas, sendo teimoso
e desnecessário. Não que fosse ruim ver seus braços mostrando
músculos que ele não tinha quando visitou os pais uns seis anos
atrás. Muito menos as tatuagens. Ele tinha muitas.
O corredor de cima era claro, com piso de madeira e paredes
com quadros de fotografias em preto e branco. Eu estava
encantada. Os apartamentos dos meus irmãos solteiros eram até
bonitos, mas eles sempre me pediam ajuda para decorar e tornar o
ambiente agradável.
— São fotografias lindas.
— A fotografia é uma paixão particular — Louis comentou e
apontou para a fotografia maior. — Tirei em Amsterdã quando fui
representar um cliente. Consegui uma horinha na viagem para
conhecer o lugar e registrei essa imagem.
— Você tem um dom. Não conhecia esse seu lado artístico. —
Olhei-o sobre meus ombros. — Você tem muitas fotos. Nunca
imaginei que gostasse tanto!
— Mantenho só para mim. — Parei e olhei para ele, ficamos
nos encarando por um tempo, ele sorriu e virei para frente. Louis
limpou a garganta — Então, aqui em cima originalmente tinha quatro
quartos. Um deles, transformei no meu escritório, porque de vez em
quando prefiro trabalhar em casa. O quarto dos fundos virou uma
varanda. A casa tinha pouco espaço ao ar livre. Esse aqui é o meu
quarto. — Abriu uma das portas no corredor. — Aquele ali é o meu
banheiro e o meu closet. Pode entrar. — Sinalizou e abriu ambas as
portas. O banheiro dele era espaçoso, com um chuveiro de um lado,
banheira do outro, bem em frente a uma janela. — O vidro é fumê,
eu desço a cortina quando vou tomar banho à noite — explicou
quando me inclinei para olhar a janela. De frente estava a bancada
com duas pias, armário e espelho de ponta a ponta.
— Seu banheiro é maravilhoso.
— Eu comprei a casa assim... só mudei umas coisas. Um casal
morava aqui, mas eles se divorciaram e me interessei.
— Você representou os dois?
— Representei o interesse dos filhos no divórcio. O meu closet
tem apenas minhas roupas, no corredor fica o armário com as
coisas da casa, vou te mostrar como abrir.
Seu closet era um quarto de portas escuras, com um banco
redondo de couro no meio e um lado só de ternos, sapatos e
gravatas.
— Minhas roupas de gente grande.
O quarto dele ao todo era muito bonito, bem decorado com
tons escuros, dando um ar minimalista. A colcha era cinza,
almofadas pretas, travesseiros grandes e um banco acolchoado no
final da cama, com uma manta dobrada.
— Charlotte disse que todo quarto tem que ter essa coisa. Não
faz muito sentido, mas, ela me ajudou a decorar. — Deu um
chutinho no banco e eu ri, lembrando que minha melhor amiga
comprou um daquele para fins de divertimento com o marido. Eu
não quis saber mais detalhes porque… o marido dela era meu
irmão. Definitivamente, já era informação demais.
Louis percebeu minhas bochechas vermelhas e ficou confuso.
— O que foi?
— Nada.
Saímos do quarto dele e bem em frente, ele abriu a porta de
outro quarto lindo. Os tons de cores eram parecidos, porém, mais
claros. A cama era grande, de casal, com travesseiros cinza,
almofadas rosas, um edredom branco e uma poltrona grande no
canto. Do outro lado, tinha uma penteadeira branca tão bonita que
fiquei encantada.
— Mandei comprar umas colchas rosa e almofadas para deixar
o quarto mais feminino. Minha assistente deu a ideia de comprar
esse móvel, não sei para que serve, mas ela disse que você ia
gostar — explicou e abriu a porta do closet, colocando minhas
malas dentro. Era todo cinza, com o banquinho branco e meu
banheiro era igual ao dele, mas ao invés de detalhe em preto, era
todo branco. — Espero que goste.
Quantos ensaios por dia precisarei fazer para bancar um lugar
como aquele?
— É maravilhoso. Não precisava comprar nada, isso é
simplesmente muito.
Meus pais não eram pobres, mas eles tiveram sete filhos para
criar e finalmente estavam aproveitando o dinheiro que trabalhavam
para ter. Além do mais, fui orgulhosa o suficiente para explodir
contra eles e dizer que não precisava mais de nenhuma ajuda
financeira, porque era adulta e poderia tomar conta de mim mesma.
Só pediria dinheiro se fosse para voltar para casa com o rabo
entre as pernas.
Louis me analisou e inclinou a cabeça para o lado.
— Por que você parece tão tensa?
— Imaginei que você vivesse em um apartamento legal, não
em uma casa assim. Meu cachê será mais alto aqui, mas eu não sei
se vou conseguir pagar algo tão... luxuoso.
Louis cruzou os braços e aproveitei para admirar os desenhos
de suas tatuagens e os músculos. Bom, muito bom… subi um pouco
e parei em seu rosto. Algo em seu olhar me fez trocar o peso do
corpo de um lado ao outro como um pêndulo, mordi meu lábio,
ansiosa. Puxa vida, por que ele parecia bravo?
— Pagar o quê? — Arqueou a sobrancelha.
— Dividir as despesas da casa. Não posso morar aqui de
graça. É por um tempo, logo vou encontrar o meu lugar.
— Você não vai pagar nada. Está aqui comigo porque eu tenho
como te oferecer estabilidade e segurança enquanto constrói sua
carreira. Tenho certeza de que em pouquíssimo tempo irá andar
com as próprias pernas...
— Você não pode pagar por tudo!
Ele sorriu de um jeito irritante.
— Ah! Eu posso sim. Prometi aos nossos pais que iria tomar
conta de você. Você veio trabalhar, sei que vai viajar bastante e vai
ter horários puxados, não quero que se preocupe. — Pegou minha
mão e me puxou para fora do quarto. — Vou te mostrar o andar
debaixo e o porão. Ah, tem o sótão, mas só tem algumas bagunças
minhas em caixas.
Louis desceu a escada na minha frente e me levou através do
hall para a sala de estar, que era linda. Passei a mão no sofá em
formato de L, em tom creme, bem puxado para o branco, com
almofadas mais escuras e colchas cinzas. Duas poltronas pretas,
almofadas brancas, uma lareira de mármore e um quadro de uma
paisagem de neve, que era bem hipnotizante. Dava vontade de
deitar ali e só contemplar a imagem.
Daquela posição era possível ver a cozinha, que era dividida
em dois ambientes, com uma mesa redonda de vidro com quatro
cadeiras acolchoadas e um bar atrás, com muitas bebidas. Todo
ambiente seguia o padrão de cores da casa, bem harmonizado,
atraente e aconchegante.
Louis empurrou duas portas duplas que inicialmente pensei
que faziam parte da parede.
— Aqui é a sala de televisão, onde me escondo a maior parte
da noite e aquela porta leva ao porão. — Acendeu a luz, com uma
escada e começamos a descer. — Meu quarto de jogos.
— Se for algo que seja de sadomasoquismo, não irei me
atrever a descer — provoquei e vi uma mesa de sinuca, pinball, um
bar maior que o de cima, sofás confortáveis e um telão de cinema
que ocupava uma parede.
— De vez em quando trago alguns dos meus amigos para as
festinhas.
— Não pare por minha causa. — Olhei ao redor.
Provavelmente, eram festas maravilhosas. — Muito legal. Sua casa
é incrível, parabéns.
— Agora é sua casa também, fique à vontade. — Olhou para
seu relógio. — Nossa reserva é em uma hora e meia. Quero te
apresentar o melhor restaurante da cidade.
— Eu vou me arrumar. Obrigada por tudo. — Dei um beijo em
sua bochecha e voltei para a escada.
— Não precisa me agradecer — falou atrás de mim e o olhei
sobre meus ombros.
Quando ele sorria, o mundo parecia parar e era simplesmente
lindo demais para não babar. Levaria um tempo para me acostumar
e parar de querer suspirar sempre que o visse. Uma coisa era certa:
viver com ele não seria nada difícil.
Subi a escada de volta para a sala de televisão, refazendo o
caminho até meu quarto. Abri minhas duas malas, minhas roupas
estavam separadas em sacos a vácuo e sabia exatamente onde
encontrar um vestido justo, de gola alta e um casaco mais leve com
um par de sapatos scarpin pretos. Na minha outra mala, peguei
minha bolsa preta, que combinava em todos os eventos.
Deixei tudo arrumado em cima da cama, calcinha limpa, sutiã e
no banheiro, liguei o chuveiro para esquentar a água. Abri minha
bolsa com produtos de higiene e tomei o merecido banho que
precisava. Lavei meu cabelo duas vezes para voltar a sentir os fios
maleáveis. Deixei cinco minutos com um creme de hidratação
intensa e enxaguei. Saí do banho renovada, passei a mão no
espelho embaçado e encarei meu reflexo.
Eu era bonita, tanto que era paga para exibir meu rosto por aí.
Podiam dizer que era só um rostinho bonito. Eu me amava e era
satisfeita com meu corpo e aparência. Graças aos novos tempos,
podia ser considerada modelo. Não desfilava em passarelas, era
exclusivamente do ramo fotográfico e de vez em quando, era
convidada por algumas marcas para usar suas roupas em eventos
exclusivos do meio e tornar a coleção real.
Meus cabelos eram castanhos e eu puxava alguns fios para
dar uma iluminada, minha pele muito branca, meus olhos castanhos
claros e os lábios bem desenhados, rosados era a parte que achava
mais atraente. Mantinha meu corpo malhado, não necessariamente
com uma boa alimentação porque era taurina e gostava mesmo de
comer. Não tinha muito peito, mas tinha bunda. Para ter os dois só
com uma cirurgia.
Sendo uma mulher com muito medo de agulhas, não podia
considerar a possibilidade de me internar para um procedimento
estético por livre e espontânea vontade.

Sequei meus cabelos sem escovar, deixando meus cachos


sutis se formarem com a ajudinha das minhas mãos, amassando as
pontas. Queria muito que meu cabelo fosse todo cacheado, mas ele
era liso na raiz e enrolado nas pontas, dividido em duas texturas,
não que não fosse exatamente uma boa coisa. Com o tempo,
aprendi a cuidar dele, sabendo controlar a maneira de pentear, já
que não me importava com o volume.
Comecei a me maquiar no banheiro mesmo, nada muito
especial, cílios bem-marcados com rímel, contorno, blush leve e um
batom rosa escuro. Meu vestido era todo justo, gostava de usar
roupas sensuais e com saltos, me sentia poderosa. O casaco era
apenas porque à noite estava meio friozinho. Passei creme
hidratante, perfume, coloquei minhas joias e saí do quarto com a
bolsa.
Desci a escada com calma para não escorregar e Louis já
estava na sala, fechando o botão de sua camisa no punho e sorriu.
— Você está linda. — Parou na beira da escada e a expressão
dele, me analisando, fez meu estômago dar cambalhotas. Ele
olhava casualmente daquela maneira para mulheres? Ele podia
causar sérios problemas na saúde alheia.
Enquanto ainda descia, admirei sua roupa. Todo de preto.
Jeans, camisa de manga bem ajustada, as tatuagens brincavam de
pique-esconde nas mangas e na gola no pescoço. Tênis escuros e o
cabelo todo arrepiado. O estilo de bad boy gostoso usando uma
jaqueta de couro era para me deixar maluca e eu só havia acabado
de chegar.
— Obrigada. Você também está lindo. Acredito que estou no
dress code do restaurante, certo?
— Com toda certeza, sim. Está perfeita. — Desceu o olhar
mais um pouco e voltou a me encarar. — Vamos?
Segurei seu braço e andamos para a saída. Louis mexeu no
painel do alarme e disse que me daria o código quando
voltássemos, precisei colocar meu casaco pois estava mais frio do
que esperava.
Avisei aos meus pais que estava bem, viva, instalada e que
sairia para jantar com Louis. Minha mãe me mandou milhares de
mensagens, sempre navegando entre preocupada e exagerada.
Ficou toda derretida que Louis estava me levando para jantar.
Depois que ela se acalmou, pesquisei sobre o restaurante e era do
tipo muitos pratos e bem caro. Ainda bem que estava arrumada.
O trajeto não foi longo e nós ficamos em um silêncio
confortável.
Ele parou na frente e um manobrista abriu minha porta para
me ajudar a descer. Louis deu a volta rapidamente, logo tirando as
mãos do homem de mim, segurei seu braço e ri de sua reação. O
restaurante estava cheio, com uma fila do lado de fora, paparazzis
tirando fotos de todas as pessoas que chegavam, sem saber se
eram famosas ou não.
Apesar de estar acostumada com flashes, fiquei um pouco
assustada e cobri meu rosto com a bolsa. Louis passou o braço na
minha cintura e me protegeu, como um príncipe faria com sua dama
em perigo.
4 | Louis.
Catherine travou com os fotógrafos e o homem ao meu lado
quase me derrubou sem me perceber, querendo olhar para a linda
mulher de preto que havia acabado de chegar. Desculpa, amigo. Ela
está acompanhada. Passei meu braço por sua cintura e a levei para
frente, pegando o ticket com o manobrista.
— Não tirem fotos — falei bruscamente com um fotógrafo, que
ergueu a câmera e logo abaixou, sem graça. Aquele me conhecia.
— Já atraindo atenção. Quando se tornar famosa, será que vai me
dar confiança? — brinquei com Cat, ajudando-a a tirar o casaco,
entregando na recepção e pegando nossos números em troca.
Ela nos deu dois tickets de volta e paramos na fila para falar
com a hostess.
— Vou fingir que não conheço você e muito menos os sete
brutamontes que chamo de irmãos — ela murmurou e ri.
— Seja bem-vindo, Sr. Basan Vacchi. Estamos muito felizes
com sua presença.
Fomos levados ao bar para esperar a nossa mesa ficar pronta.
Ajudei-a a sentar e pedi bebidas. Um drinque colorido para ela e
uma dose de uísque para mim, não iria beber muito por estar
dirigindo e não podia ser irresponsável.
— Aqui está seu dry martini de patricinha. — Entreguei a ela
com um guardanapo.
— Obrigada. — Cruzou as pernas e foi preciso manter minha
concentração nas garrafas atrás dela para não olhar
descaradamente. — Diga-me tudo que preciso saber sobre viver na
cidade! Parece ser tudo tão diferente que estou com medo de não
me encaixar.
— Logo irá se adaptar. Daqui a um tempo, vai puxar o sotaque
e não vai perceber. Só me dou conta das diferenças quando falo
com meus pais. — Peguei meu copo e apreciei um gole. Cat sorriu e
porra, sim, entendia porque pagavam para que ela sorrisse para as
câmeras.
Antes que pudesse continuar, um casal que conhecia parou
para me cumprimentar. Eles me deram sorrisos simpáticos e a
mulher deu uma olhada de cima a baixo em minha acompanhante.
A fofoca iria correr solta em minutos.
— Catherine, conheça Teddy e James Hunter. Essa é Cat,
minha amiga.
Teddy abriu um sorriso venenoso como se eu estivesse
pulando a cerca e traindo sua irmã. Catherine me deu um olhar
confuso, porém, manteve a expressão simpática no rosto. James
olhou para as pernas dela, limpei minha garganta, saindo do meu
lugar para mudar minha postura. Ele disfarçou, com um sorriso,
dizendo que estava feliz em me ver.
— Sua mesa está pronta, Sr. Basan Vacchi. — A hostess
parou próximo a nós.
Estiquei minha mão para Cat e ela saiu do banquinho,
ajeitando a roupa e pegou seu drinque. Virei o meu, pedindo licença
ao casal.
— Foi um prazer conhecê-los. — Cat foi agradável. Peguei sua
mão e coloquei em meu braço, conduzindo-a. Ela esperou estarmos
um pouco distante para falar novamente. — Quem são eles?
Não havia outra alternativa a não ser minha completa
sinceridade.
— Ela é irmã de uma quase namorada que já passou para o
estágio de ex.
— Agora entendi o olhar assassino que recebi — falou
baixinho, com uma risada sem graça. — Terminou faz muito tempo?
— Tem alguns meses. — Puxei uma cadeira para mim e dei a
volta na mesa.
— Isso é realmente chato, sinto muito. — Ela corou e pegou o
guardanapo de linho, brincando com a borda e colocando no colo
com delicadeza. — Ela aceitou bem?
— Mais ou menos.
Não quis elaborar muito porque ainda não entendia o que
exatamente deu errado com Celina. Talvez precisasse aceitar que vi
o quanto não daria certo e fiz a coisa certa em terminar antes que
eu fosse o cara que a fizesse chorar. Tudo desandou quando ela
não aceitou.
Nós tivemos uma pausa para pedir a sugestão do chef para os
quatro pratos servidos à noite. Escolhi o vinho, ela disse que não
entendia muito e gostou do que selecionei.
— Ficou quieta.
— Posso entender seu lado e o dela. Quer dizer, não tenho
experiência porque nunca tive um relacionamento sério. Pode
parecer realmente terrível e fútil da minha parte falar sobre isso
assim... mas devido ao meu trabalho, o nível de exposição nas
redes sociais é difícil. Tem muito homem ciumento que não entende,
ou que acha que sou alguma espécie de garota de programa. — Ela
me olhou com um pouco de timidez. O garçom colocou as entradas
na nossa frente. — Obrigada.
Pensei sobre o fato de que ela, bonita do jeito que era, nunca
teve um relacionamento sério, mas o que realmente saiu da minha
boca foi:
— Qual é o nível de exposição? O que tem nas suas redes
sociais?
— Fotos dos meus trabalhos. É como um portfólio, também
tenho um website, no momento, é o que faz a coisa toda render. Eu
também tenho recebido propostas de publicidade, com isso, vai
entrar um pouco mais de dinheiro.
— Qual é a sua conta? Por que nunca me seguiu?
— CatBennet e eu não achei que fosse lembrar de mim e
seguir de volta.
— Sério? Eu não ia lembrar da garota que tem mais fotos na
casa dos meus pais que eu?
Cat soltou uma gargalhada e me deu a língua. Peguei meu
telefone, procurando seu perfil e não consegui conter meus olhos de
ampliarem comicamente. Precisei ficar em silêncio, melhor dizendo,
minha língua enrolou dentro da boca e eu só rolei a tela, de vez em
quando clicava, para ver melhor, me castigando em seguida. Puta
merda. Apaguei o telefone e deixei a tela virada para baixo.
Minhas têmporas latejavam.
— Não sei como Bruno te deixou sair de casa depois disso.
Cat revirou os olhos com um sorriso debochado.
— Sou maior de idade.
Indignado, peguei o telefone novamente, rolando pelos
comentários.
— Mesmo assim... E esses babacas comentando essas
coisas? Bando de punheteiros filhos da puta. Eu vou processar cada
um deles.
Cat começou a rir e esticou a mão, apertando meus dedos,
sem se solidarizar com meu choque.
— É verdade. — Limpei minha garganta. — Tem que ser muito
seguro para namorar alguém que tem um trabalho como o seu. Não
é impossível. Só é estranho, quer dizer, você é a baby Cat. Na
minha cabeça você é uma pentelha que jogou farinha no meu carro
porque eu e Bruno implicamos com sua amiguinha. Te ver exposta
assim me dá vontade de explodir alguma coisa.
— Sobre a farinha, nunca pedirei desculpas. Vocês eram tão
irritantes.
— Sério? Não me acha mais irritante? — Sorri, provocando-a.
Alicia e Charlotte discordariam dela prontamente. — Nada mudou.
Continuo muito irritante. Esse trabalho paga bem?
— Mais do que qualquer emprego normal e em grandes
quantias.
— E você fica segura durante as viagens?
— Nunca aconteceu nada.
— Vai me dizer se acontecer qualquer coisa ou se precisar de
alguma ajuda?
Cat rodou sua taça de vinho na mesa.
— Vai ficar todo protetor como meus irmãos?
— Faz parte da minha essência ser assim… não posso mudar.
Então, vai me dizer?
— Eu vou te dizer e agradeço sua preocupação, mas, eu sou
maior de idade. — Ergueu sua bebida e deu um gole.
Não seria ela que iria parar em um caixão se um fio de seu
cabelo saísse do lugar. Meus pais me enterrariam porque amavam
Cat enlouquecidamente. Ela era o tesouro de toda família. Uma
princesa, e porra, não dava para me enganar e fingir que não me
preocuparia.
Com um aperto de mão, selamos o acordo de que ela me
ligaria sempre que tivesse qualquer problema.
Cat e eu provamos as excelentes iguarias do restaurante,
lembrando de alguns dos muitos momentos que vivemos juntos ao
longo da vida. Durante a sobremesa, meu telefone tocou e eu vi o
nome de Celina piscar na tela. Encerrei a chamada sem atender. Eu
não estava fazendo nada errado e nós não tínhamos um
relacionamento para eu ter que lhe dar satisfação.
Foi divertido e quando pedimos a conta, eu percebi que ela
estava exausta. Todo vinho durante a refeição fez com que ela
relaxasse. Como era sócio do local, eu não precisava pagar a conta,
eles descontavam diretamente da fonte. Peguei seu casaco e ajudei
com o laço, levando-a para fora. Segurando meu braço, cobriu um
bocejo.
Enquanto esperávamos um carro, ouvi um gritinho que Cat
virou e pareceu reconhecer.
— Pussycat! — Pussycat? Que caralho? Um homem usando
roupas brilhantes gritou e a abraçou. — Delícia de mulher, minha
musa! Você chegou! — Deu-lhe dois beijos escandalosos no rosto.
— Você não pode me chamar assim em voz alta na frente de
um restaurante de luxo — Catherine disse, sem conter o riso. Ela se
abraçou, ainda com frio.
— É extremamente grosseiro. — Entrei no assunto, colocando
meu casaco em seu ombro. — Quem é você?
Ele me olhou de cima a baixo e ofereceu a mão com os dedos
balançando
— Sou o que você quiser. — Suspirou. Catherine gargalhou. —
Cat... De onde saiu essa coisa gostosa? — cantarolou. Segurei sua
cintura, colocando-a como barreira entre ele e eu.
— Louis, esse é o Frank. Ele é fotógrafo da agência que eu
trabalho e se mudou para Londres há alguns meses. — Catherine
nos apresentou com calma. — Esse é meu amigo de infância e
colega de quarto.
Frank me encarou.
— Só você, minha musa, rainha de tudo, pode ter um colega
de quarto delicioso desses. — Deu umas piscadas na minha direção
e não consegui segurar o grunhido.
— Ok, você está bêbado e o Louis é hétero. — Sorri para sua
besteira.
— Todos são até conhecer o Frank aqui. — Soprou um
beijinho.
— Fala sério... — murmurei enquanto Catherine ria.
— Estou com umas modelos indo para uma boate, topa?
Cat fez uma careta, soltando um bocejo.
— Estou exausta, Frank. Preciso dormir antes de voltar a
trabalhar, então, fica para a próxima. Se comporta e vê se bebe
água, você vai ficar um nojo amanhã. — Ela o abraçou apertado.
Frank olhou para mim e sussurrou “me liga”, saiu de perto e entrou
em uma van cheia de mulheres. — Desculpa. Ele é... assim. — Cat
sorriu sem graça.
Abri a porta do carro para mim e ela se esfregou, com frio.
Liguei o aquecedor logo que entrou e dei partida, saindo um pouco
rápido.
— Por que ele te chamou daquilo? — Ajustei o retrovisor e ela
virou um pouco para trás. Só tinha um carro atrás da gente. — Esse
idiota não abaixa o farol — reclamei e troquei de pista e o carro
também. Franzi o cenho, troquei de pista de novo e freei
bruscamente. O carro passou por nós. — Então?
Decidi fazer um caminho diferente para casa apenas para
verificar se o carro continuaria me seguindo ou era apenas coisa da
minha cabeça.
— Não vamos falar sobre isso. — Olhou para a janela,
cruzando os braços.
— Estou curioso. É por causa da banda? Qual o problema de
me falar?
— Você pediu por isso. Frank é fotógrafo e ele já me viu nua
umas mil vezes, inclusive, nu frontal, então ele disse que a minha...
você sabe, é bonita e fofa como uma gatinha. Meu apelido é Cat,
então...
Não pense sobre isso, Louis.
Você está proibido de pensar sobre isso!
Puta que me pariu!
— Catherine! Cristo! — Soltei um gemido, batendo no volante.
— Caramba!
— Eu te avisei...
— É grosseiro te chamar assim em público.
— Ele estava bêbado. Frank é a pessoa mais alegre e
divertida que conheci, a mais sincera e honesta também, sem ele,
não teria uma carreira.
Ela estava falando, mas eu só conseguia pensar em uma
coisa:
— Catherine Bennet! Você já posou nua? Você é maluca?
Por Deus! Tinha foto dela nua por aí?
— Hum, sim. Não foi publicado e as fotos foram guardadas.
Tenho um contrato que elas não poderiam ser divulgadas e Frank é
de extrema confiança.
— Por que nesse mundo você posou nua?
— Foi um ensaio artístico. Era uma matéria sobre estimulação
clitoriana, incentivando as mulheres a se masturbarem porque faz
bem à saúde e ajuda no desenvolvimento e conhecimento sexual —
explicou com calma e soltei outro gemido dolorido. — Você vai
superar isso. — Deu um tapinha na minha coxa e ri. Agarrei o
volante com as duas mãos.
— Acho que não quero entrar nesse assunto com você. —
Bufei. Por que a ideia me deixava tão desconfortável?
Catherine soltou um estalo com a língua, demonstrando sua
impaciência.
— Louis Andrea Basan Vacchi! Escute muito bem! — falou em
um tom severo, cutucando meu braço. Sabia o que viria a seguir e
sendo muito maduro, comecei a cantar um blá blá blá que quase a
fez rir. — Eu sou uma mulher adulta!
— É, parece que sim.
Não muito tempo depois chegamos em casa e estacionei
dentro da garagem, que tinha um portão eletrônico. Entramos pela
cozinha, tiramos nossos sapatos e deixei na área, para limpar a sola
depois. Pendurei meu casaco no gancho, ela bocejou e olhou para o
nada, tentando conectar sua mente no que precisava fazer.
— Vamos para o quarto. — Segurei-a pelos ombros e conduzi
para o lado certo. — Se um dia alguém me perguntar como é um
zumbi de maquiagem, saberei exatamente como responder. —
Subimos a escada, empurrei a porta de seu quarto. — Tire a
maquiagem e vá dormir.
Cat ficou parada ainda e estalei os dedos, querendo rir de seu
modo sonolento.
— Boa noite, Louis. Obrigada por tudo. — Deu um beijo na
minha bochecha.
Entrei no meu quarto, fechei a porta, tirei minha roupa e me
joguei na cama.
5 | Cat.
Acordei assustada com o som da campainha. Sentei-me na
cama, me sentindo tonta e fiquei parada até a sensação passar.
Calculei mentalmente se havia passado da dose de bebida alcoólica
na noite anterior e foi apenas uma taça e meio drinque, comi bem o
dia todo. Talvez o cansaço com a viagem estivesse me afetando.
Olhei para a hora e bocejei.
Dormi demais. Aproveitei a melhora para levantar, cuidar de
mim mesma. Fui ao banheiro, lavei meu rosto, tirei toda maquiagem,
escovei os dentes, vesti um short de sarja, uma blusa branca e saí
do quarto com fome. Desci a escada ainda sonolenta e dei um pulo
quando a campainha tocou de novo.
A casa estava silenciosa. Louis deveria ter ido trabalhar.
Não havia nenhum recado no meu telefone. Abri a porta,
dando de cara com uma mulher alta, loira, me olhando de cima a
baixo. Ela era estranhamente familiar com a mulher de ontem à
noite.
Aquela era a ex.
— Bom dia. Posso ajudar? — Mantive a porta meio fechada.
— Quero falar com o Louis. — Ela deu um passo indicando
que ia empurrar a porta aberta e mantive travada. Se o conhecia
minimamente, saberia que não estava em casa naquele horário do
dia. Estava ali para saber se dormi com ele e me ver pessoalmente.
— Ele não se encontra. Já tentou o telefone dele? — retruquei
com tranquilidade, mantendo minha expressão neutra. Ela me olhou
de cima a baixo com uma expressão nojenta como a da irmã. Ah,
ótimo, era de família!
— Desculpe, quem é você?
— Acho que essa pergunta é minha. — Olhei-a, me divertindo.
— Você tocou a campainha da minha casa procurando o Louis e
não se identificou.
— Mora aqui? — ela praticamente gritou. — Tudo bem, eu vou
tentar o telefone dele. A propósito, eu sou Celina.
Mordi meu lábio para esconder meu sorriso.
— Prazer em conhecê-la, Celina. — Sorri de volta. Ela
suspirou e deu as costas, saindo pelo portão como uma
tempestade. Fechei a porta e enviei uma mensagem para Louis,
contando o que havia acontecido e espiei a geladeira dele. Não
tinha comida em lugar algum, apenas bebidas de todo tipo, ovos e
pipoca. Uma casa de homem solteiro que trabalhava longas horas.
Decidi fazer compras. Já que ele se recusava a dividir as
despesas, ficaria responsável pela comida, principalmente porque
precisava ter uma alimentação controlada. Gostava de cozinhar e
preferia comer em casa, evitava ao máximo comer fora. Voltei para
o quarto para trocar de roupa, na volta arrumaria minhas coisas nos
armários e tentaria me ajustar à nova rotina.
Peguei a bolsa com meus documentos e dinheiro, pesquisando
um mercado e chamei um táxi por aplicativo. Não foi difícil me
orientar no mercado que escolhi.
Estava com um carrinho abarrotado de coisas quando meu
telefone vibrou. Era Louis.
— Celina foi aí? Foi tudo bem?
— Sim. Posso ter sido meio misteriosa...
— Não falou nada grosseiro?
— Não. Ela pode ter ficado chateada. — Apoiei meu telefone
no ombro.
— Tudo bem, ela me ligou, mas não pude atender e nem irei.
Só não quero que ela te faça sentir desconfortável por algo que
você não está relacionada — respondeu e ouvi alguém falar com
ele. — Você está em casa?
— Estou no mercado, porque a sua geladeira só tem bebidas.
Tem algo contra comida mais saudável e etc? Eu tenho uma dieta
que preciso seguir.
— Não, como de tudo. Costumo pedir comida...
— Ah, ótimo. Eu evito massa branca e carboidratos de modo
geral.
— Me diga em qual mercado está que vou te buscar e pagar a
conta.
— Tchau, Louis. Te vejo em casa mais tarde.
— Catherine!
Fiquei pensando em Celina. Era horrível amar alguém que não
te amava. Se Louis foi realmente honesto com ela, não tinha culpa
das esperanças que pode ter nutrido. Entendia bem, caí nessa mais
de uma vez. Achar que tinha encontrado um homem maravilhoso e
por mais que ele deixasse claras suas intenções, minha mente me
fazia fantasiar e meu coração era o único partido.
A culpa era minha por esperar viver um conto de fadas.
Esperava que Celina encontrasse alguém que correspondesse
seus sentimentos ou que ela e Louis se acertassem, mas achava
difícil porque estava bem nítido que ele não gostava dela do mesmo
jeito. Em uma situação como essa, às vezes, não havia escapatória.
Esperava nunca mais quebrar meu coração como os dois últimos
homens que me envolvi, que pareciam ser mente aberta,
desconstruídos, mas não tinham segurança com a minha profissão.
Eles acabavam querendo me proibir ou me tratando terrivelmente
mal por causa do meu trabalho.
No assunto do amor, a Disney nos enganou: o Príncipe não
fica depois do beijo.
Sexo era outro problema que me impedia de seguir um
relacionamento completo com qualquer homem. Eu tinha o sonho
de entregar minha virgindade para o homem que ficasse apaixonada
e sentia um pouco de medo de me expor, me entregar e não passar
de uma brincadeira. Quando nova, sempre fui a mais romântica
entre as minhas amigas. Desejava um romance como dos filmes,
um amor avassalador e foi isso que me segurou em todas as
minhas tentativas de relacionamento.
Eu não era totalmente estúpida, já tive amassos intensos, até
avançados para bases orais, mas nunca me senti segura e amada
para me entregar. Todas as minhas amigas, tirando Leighton,
tiveram experiências que considerava duvidosas. Nunca achei
divertido perder a virgindade escondido em uma garagem dentro de
um carro ou em quartos na parte de cima de uma festa.
Talvez eu tenha padrões muito altos. Meus irmãos eram
sacanas, mas eu sabia que eles não brincavam com mulheres.
Bruno era o que mais me inspirava, sempre que ele estava
namorando, a garota era seu mundo inteiro. Eu queria ser tratada
como uma princesa.

Meus pensamentos me mantiveram distraída enquanto


terminava as compras, preocupada em quanto tempo mais
demoraria para comer. Encontrei um saquinho com um mix de
castanhas, fui comendo e empurrando até o caixa. O carrinho
estava mais cheio do que pretendia, mas sem uma lista e com a
aparência vazia dos armários de Louis, era melhor prevenir.
Fiquei na fila por alguns minutos e ao chegar na minha vez,
comecei a passar os produtos com calma. Estava quase terminando
quando um pacote de pão caiu acidentalmente, abaixei para pegar,
entreguei e tirei meu cartão. A jovem do caixa estava com as
bochechas coradas, olhando para alguém atrás de mim e virei,
encontrando Louis impecavelmente vestido com um conjunto social
e um sobretudo preto que o fazia parecer um perigoso homem
gostoso.
Ele estava tirando o cartão do bolso e entregou a ela, que mal
voltou a reconhecer minha presença.
— O que você está fazendo aqui? Como me encontrou?
— Eu disse que viria te buscar e pagar a conta. — Ele sorriu e
terminou de colocar os pacotes no carrinho.
— Como me encontrou? — repeti a pergunta, colocando
minhas mãos na cintura. Me inclinei para cochichar. — Você me
rastreou?
— Não tem muitos mercados em Londres. — Louis me deu um
sorriso, dessa vez, quem suspirou foi a menina do caixa. Dei uma
olhada em sua direção e ela se concentrou no pagamento. Ignorei a
sensação de querer derreter com o sotaque britânico.
— Não precisava de ajuda e muito menos que pagasse a
conta.
— Minha casa, minhas regras.
— Ora, Louis Andrea Basan Vacchi! — falei entredentes. Ele
continuava sorrindo como se eu não estivesse fervendo. Com a nota
nas mãos, saiu empurrando o carrinho. Ele chamava atenção e não
podia fingir que as pessoas no mercado não pararam um pouco
para vê-lo passar.
O porte, as roupas e a beleza eram como um chamariz.
Agarrei minha bolsa e fui atrás, com um beicinho no lábio inferior.
Seu carro estava parado próximo, ele abriu a mala e foi guardando
as bolsas sem precisar da minha ajuda.
— Que fofinha. — Apertou minha bochecha, sem se importar
com meu bico.
— Por que não quer aceitar minha ajuda financeira? Eu não
sou hipócrita, definitivamente não posso custear um estilo de vida
igual ao seu, mas eu posso fazer compras e ajudar em outras
coisas. — Coloquei minha bolsa no chão do carro e puxei o cinto. —
Não vai poder ficar me rastreando pela cidade.
— Simplesmente não preciso e seria ridículo da minha parte
aceitar. Além do mais, eu vou comer também. — Me deu um olhar
engraçado. — Não te rastreei, não sei do que está falando.
— Olha aqui, James Bond, eu sei que você trabalha com
investigação particular no seu pomposo escritório e vi filmes o
suficiente para saber que vocês têm acesso a equipamentos
bastante tecnológicos que me encontrariam com facilidade. —
Cutuquei seu braço. Louis começou a rir e deu partida com o carro,
saindo do estacionamento.
— James Bond, é? Estamos falando de qual deles, ou apenas
pelo fato que pareço um sexy espião da inteligência britânica?
— Eu não disse nada sobre ser sexy! — rebati rapidamente,
fazendo com que risse ainda mais. — Quer saber? Deixa! Estou
com fome, mal-humorada e ficando atrasada! Tenho que ir até a
agência fazer algumas fotos hoje e parece que fui atropelada por um
caminhão.
— Para mim, parece linda. Obrigado pelo sexy!
— Eu não te chamei de sexy!
— Me chamou de James Bond. É basicamente a mesma
coisa!
Louis estava querendo me irritar e quase conseguindo, ele
ganhou meu perdão ao me levar para comer, depois guardou as
compras e me mostrou onde ficavam as coisas, fazendo com que eu
tivesse tempo para tirar um cochilo antes de sair. Frank iria me
buscar, porque eu ainda não podia dirigir em Londres e seria legal
chegarmos juntos.
Precisava parar um pouco e dar atenção à minha mãe, que
estava chorosa, enviando mensagens. Até minha madrinha fez
drama, mas eu estava cansada e precisava dormir. Coloquei uma
máscara facial e uma especificamente para olheiras, deitando
esticada para ficar bem imóvel. Eu estava mais que acostumada
com o ritmo louco de uma sessão de fotos, ainda mais uma que não
estava começando cedo.
Frank chegou tranquilo, ele estava cansado e com cara de
quem não havia dormido muito.
— Musa da minha vida! — Me deu um abraço na porta da
casa. — O bonitão mora bem. Tem certeza que é só amizade?
— Claro que sim, não tenho porque mentir para você. — Beijei
sua bochecha. — Badalou muito ontem?
— Muito. Prometo que estarei no meu melhor comportamento.
— Esfregou meus braços. — Falei muita besteira para seu príncipe,
não é?
— Falou e ele não é nada meu. Ele ficou assustado, mas eu
prometi que você só fica naquele estágio quando ingere mais
drinques do que deve. — Soltei uma risada e fomos para o carro.
— Ele vai se acostumar comigo. — Frank sorriu, dando a
partida.
Nós dois éramos as vagens americanas no meio de um monte
de britânicos dentro da agência. Britney, a dona, estava lá
pessoalmente para me receber. Meus contratos foram assinados
ainda em Nova Iorque, mas eu precisava do crachá de acesso para
entrar e pegar meu primeiro cheque de pagamento. Fui levada para
o camarim, fazendo o cabelo, tomando um banho de bronzeador
artificial e submetida a maquiagem.
Aquelas fotos eram de última hora, para cobrir uma coleção de
biquínis que todas as meninas foram parar na emergência com
infecção intestinal após almoçarem comida japonesa de um lugar
duvidoso.
— Obrigada por adiantar sua vinda para essa campanha, será
cansativo, mas conseguimos negociar as fotos principais para as
redes sociais essa semana e na próxima, faremos o catálogo. —
Britney me ajudou a colar meus seios para que ficassem no lugar
certo e ter uma aparência agradável no biquíni. — Eles querem seu
rosto na capa do catálogo. Isso é um passo para uma capa de
revista.
E é claro que ela queria ser minha agenciadora por trás de um
sucesso. Britney lançou muitas modelos famosas no mercado e
para permanecer sendo procurada, sempre precisava de um novo
rosto. Pronta, enrolada no roupão para não revelar a peça por baixo,
tirei uma foto exibindo minha coxa bronzeada e postei no Instagram.
Entreguei meu telefone para Frank registrar os bastidores, me
posicionando para que pudéssemos começar as fotos.
Horas depois, eu mal sentia meus pés e as luzes desligaram,
me dando o alívio de que havíamos terminado. Aguardei, ainda
maquiada e enrolada em um roupão, o fotógrafo e a equipe da
marca trabalharem nas fotos, verem se precisava refazer alguma ou
dar alguns ajustes. Frank se aproximou com meu telefone e me deu
uma garrafa de água.
Olhei para a porta e vi Louis se identificando para o segurança.
— O que ele está fazendo aqui? — Virei para Frank.
— Seu telefone ficou comigo e eu dei a ele o endereço há
alguns minutos, quando perguntou se estava em casa e se queria
comer alguma coisa.
— Eu vou te matar.
— Não vai nada.
— Cat! Tudo ok! — Britney gritou, me liberando.
Suspirando, abraçada comigo mesma, fui até meu novo colega
de quarto.
— Sua mãe já te disse o quanto é fofoqueiro?
Louis sorriu, encostado na parede e enfiando as mãos no
bolso.
— Estava no escritório quando te mandei uma mensagem e
seu amigo respondeu, achei que poderíamos voltar para casa e
comer alguma coisa. Já está indo?
— Eu vou tomar banho, tirar toda maquiagem e o bronzeador,
devo levar alguns minutos.
— Estarei bem aqui. — Ele cruzou os tornozelos.
Olhei ao redor e vi os preparadores, outras assistentes e até a
própria Britney, que avançava em qualquer homem, sem fazer
perguntas. Frank estava rindo, esperando minha reação, bufei,
agarrei o braço de Louis e o puxei. Ele me seguiu até o camarim,
meio confuso e apontei para o sofá, fechando a porta.
— Eu podia esperar lá fora.
— Acredite em mim, Frank seria o menor dos seus problemas
se eu te deixasse lá fora. Vivo em um meio que homens são raros,
então, a mulherada fica um pouco… sedenta — expliquei por alto e
peguei minha bolsa, indo até o banheiro.
Fiz o melhor para tirar o grosso, me esfregando para remover
o bronzeador e lavando o rosto. Meu cabelo não estava tão cheio de
fixador, o que me ajudou a ficar pronta mais rápido. Me vesti e
arrumei tudo. Louis estava com as pernas esticadas à frente, a
cabeça encostada na parede e batendo seu telefone na coxa.
Parecia cansado.
— Bruno acabou de me enviar uma mensagem, querendo
saber sobre você.
— Não tive tempo para mandar mensagem para todo mundo.
— Terminei de guardar minhas coisas. Louis ficou de pé e agarrou
minha pequena mala, enfiando a mão no bolso.
— Cat… é a primeira vez que está longe. É claro que todos
vão ficar preocupados e sentir um pouco de ansiedade.
— Desde quando ficou especialista nisso?
— Eu fui enviado para zona de guerra quando mal havia saído
das fraldas. Sei o que é estar longe de casa.
Droga. Ele não podia tirar o cartão do período que ficou fora
para me fazer sentir culpada. Meu coração apertou porque lembrava
muito bem o quanto minha madrinha ficou sem dormir e quando
Louis retornou, ela sofreu com o óbvio afastamento que ele impôs
em todos da família, se isolando em uma propriedade no interior.
Não sabia ao certo o que havia acontecido, apenas que meus
padrinhos choraram muito em uma noite na minha casa e meus pais
me mandaram para o quarto para não ouvir a conversa dos adultos.
— O que foi?
— Você falando assim me fez sentir culpa, saudades e mal
cheguei.
— Não, não era para te deixar triste. Vem, vamos para casa e
eu vou mandar uma foto sua sã e salva para seus irmãos, pais e
meus pais. Assim, todo mundo vai ficar calmo. — Ele esticou a mão,
olhei para seus dedos e os peguei.
Sentir o calor de sua palma contra a minha foi bom. Ele me
levou para fora com tranquilidade, como se aquele simples gesto
fosse comum entre nós dois. Frank me deu um sorriso, erguendo os
polegares e, ao invés de reagir como normalmente faria, minhas
bochechas esquentaram e eu soube que parecia uma garotinha
afetada por estar com um homem tão bonito e cheio de presença
como Louis.
6 | Cat.
Chegar na cozinha e não ter meu pai preparando o café da
manhã era triste, mas eu já estava me acostumando. Abri a
geladeira, tirando os ingredientes para cozinhar algo caprichado e
tomei um susto ao ouvir sons de pancadas. A porta da cozinha que
dava para garagem estava aberta, o que era incomum. Deixei o
pacote de ovos em cima da mesa e fui espiar.
Louis estava todo suado, com um calção preto bem caído na
cintura, lutando contra um saco de areia do meu tamanho. Ele
socava com muita força, chutando em alguns momentos. Dei
privacidade para continuar seu treino, mesmo que fosse uma
belíssima visão vê-lo sem camisa, com o físico torneado. Eu queria
parar e olhar cada desenho, tocar os que tinham cores vibrantes e
perguntar o significado, mas não podia fazer isso e ficar ali seria
muito invasivo.
Voltei para a cozinha, aumentando a quantidade da comida e
preparando café preto na máquina potente que ele tinha. Estava
terminando de fritar os ovos quando ele surgiu. Passando uma
toalha no rosto e pescoço, abriu a geladeira, pegou uma garrafa de
água e bebeu toda. Sua expressão era de quem queria comer
criancinhas no café e o deixei quieto.
— Não sabia que estava em casa hoje, não te vi chegar ontem
— falou baixo.
— Eu cheguei quase de manhã, as fotos levaram uma
eternidade. E você?
— É sábado. — Deu de ombros.
— Ah, sim. Está tudo bem?
— Tive um dia estressante ontem e ainda estou meio puto.
— A comida vai ficar pronta em alguns minutos.
— Vou tomar banho e já volto. — Saiu e pelos passos pesados
na escada, se fosse de madeira, quebraria. Não era comigo,
portanto, não me estressei muito. Organizei nossos lugares e sentei,
enviando mensagens para minha família, decidindo que poderia
implicar com meus irmãos.
Louis desceu usando uma calça de moletom e camiseta
branca, cabelo molhado e muito cheiroso. Ele me abraçou por trás e
beijou minha cabeça, nos cabelos.
— Me desculpa pelo péssimo humor.
— Está tudo bem, apenas fiquei preocupada. Sei que não fiz
nada para causar tanto estresse, fui uma boa menina em avisar que
estava viva e bem. — Acariciei seu braço. — Quer falar sobre?
— Não posso. Tudo que envolve esse caso é confidencial, mas
obrigado.
Nós comemos bem confortáveis com a presença um do outro.
Só fazia uma semana que estava ali e mal tive tempo, trabalhando
muito, chegando tarde e precisando me adequar a uma nova rotina
que estava me deixando exausta. Louis também passava muito
tempo fora. Seu escritório era quase uma segunda casa, ele até
tinha roupas e uma cama improvisada para quando ficava até de
madrugada.
— Qual a sua programação do dia? — me questionou,
limpando a boca.
— É um raro dia de folga.
— Vou me intrometer na vida de casada da minha prima. Quer
vir comigo?
— Não? — Comecei a rir.
— Nós vamos fazer comida e ter uma desculpa para beber.
Vamos, vai ser divertido.
— Tem certeza que não vou atrapalhar? Ela não me conhece!
— Ela é chata, ele virou um pau mandado, mas eu amo os
dois de paixão.
— Tudo bem. — Limpei minha boca e amassei o guardanapo,
preocupada. — Como tenho que me vestir?
— Sério que fez essa pergunta para um homem? — Ele me
olhou de cima a baixo. — Minha resposta verdadeira vai ser…
— Louis! — Bati em seu braço. — Se comporte! Eu perguntei
por que eles são príncipes!
— Ah, sim! Vai como quiser! — Sorriu de lado. — Quer dicas?
— Estou saindo daqui. — Bati em sua nuca e saí correndo,
rindo e ao mesmo tempo me sentindo lisonjeada com a brincadeira.
Querendo estar bem bonita, escolhi um vestido rosa claro,
escovei meus cabelos, fiz minha maquiagem e separei um par de
sandálias plataformas de salto médio. Arrumei minha bolsa com o
necessário e saí do quarto ao mesmo tempo em que ele saiu. Nós
trocamos um olhar, examinando um ao outro e ele disse que estava
linda. Apenas sorri, provocando-o, mas sem falar nada.
Louis abriu a boca, indignado que não elogiei de volta e
desceu atrás de mim rapidamente, me fazendo correr pela casa. Me
alcançando, fez o que eu mais odiava: cosquinhas. Soltei um
gritinho nada educado e bati nele.

O trajeto até a casa da prima dele levou quarenta minutos. Eu


sabia quem ela era, uma princesa que a mídia tinha obsessão em
perseguir. Mais de uma vez, minha madrinha demonstrou tristeza e
preocupação com sua sobrinha, apesar de não serem próximas por
causa da mãe dela, a rainha de Rainland, não significava que não
havia amor entre elas.
Assim que Louis parou em uma das vagas de visitantes, me
inclinei para frente e abri minha boca.
— Tem certeza que não estou desarrumada?
— Deixa de bobeira. — Louis saiu do carro e deu a volta,
abrindo minha porta. Eu não tinha tirado o cinto, ele se inclinou, me
pegando porque minhas pernas travaram com tamanha timidez. —
Eu seguro sua mão, vem.
Ele tinha o código de acesso, abriu a porta e assobiou. Sons
de patas pesadas nos saudaram na escada e uma cadela se
aproximou com um laço rosa no pescoço.
— Oi, Moana! Vem, menina! — Louis ajoelhou. — Que
saudade de você, garota! Só gosto de você aqui, não conte aos
demais. Quer conhecer minha amiga? Quer? Seu nome é
Catherine, mas todo mundo a chama de Cat.
Eu ia cumprimentar a cadela quando ouvimos uma correria.
Charlotte desceu as escadas usando um short jeans e camiseta, ela
estava fugindo e rindo.
— Oi, você deve ser a Cat! — gritou sem parar de correr e veio
na minha direção. — Vem comigo! Eu acho que podemos conversar
melhor no jardim, bem longe daqui! — Segurou minha mão e me
puxou. De repente, ouvimos um estrondo e o som de um estalo.
— CHARLOTTE!
— O que você fez, maluca? — Louis ficou de pé.
— Ethan mereceu, é tudo que posso dizer. — Ela sorriu.
— Cat, vem cá. — Louis me puxou para perto dele.
No topo da escada, um homem apareceu todo azul.
— Smurf day! — Charlotte começou a rir.
— Vamos sair da zona de guerra. — Louis me pegou pela
cintura e foi me empurrando para fora. Voltando a segurar sua mão,
olhei para trás ao ouvir um gritinho. — Acostume-se, eles pregam
peças um no outro o tempo todo. Há alguns dias, Ethan me ligou e
disse que jogou os perfumes dela fora e substituiu o líquido por um
perfume de gambá que encontrou na internet. O cheiro só saiu
depois de vinte e quatro horas. Charlotte ficou furiosa.
— Então, essa loucura é comum?
— Eles gostam de brincar um com o outro. — Caminhou ao
meu lado e olhei ao redor, respirando fundo. Cheiro de ar limpo, do
campo, dia claro, muita grama verde. Era simplesmente lindo. —
Quer ir até o balanço?
— Apenas para olhar, eu tenho medo de balanço.
— Por quê?
— Medo de cair. Eu nunca fico em balanços sozinha, quando
era pequena, apenas meus irmãos me seguravam.
— Vamos lá. Na ausência deles, estou aqui para te segurar. —
Me puxou rapidamente e a cadela nos acompanhou, com a língua
para fora. Louis segurou as cordas e firmou a madeira para que eu
pudesse sentar. Era um balanço lindo, com flores, que ficava entre
arbustos floridos, como um sonho romântico.
— Sua propriedade do interior é aqui perto?
— Mais ou menos. É mais perto daqui do que de Londres. —
Ele começou a me empurrar. — Minha mãe ama aquele lugar, não
é?
— Vive falando dele. Nunca fui, mas de tanto falar, sinto que
conheço o lugar. — Levantei um pouco meus pés, me sentindo
segura para ir de um lado ao outro.
— Ela disse que se eu for vender, tem que ser para ela, o que
não faz sentido, considerando que sou o único herdeiro deles.
— Acho que isso é um toque não muito sutil de que não deve
vender.
— Não vou lá desde que meu tio morreu. Eu mantenho a casa,
os funcionários, mas prefiro ficar na cidade ainda.
— Um dia pretende morar lá?
— Não sei. — Ele parou brevemente de me empurrar e logo
voltou. — Um dia te levo lá. É bem bonito como aqui…
Um carro conversível passou em alta velocidade pela estrada
e entrou na propriedade, parando próximo ao carro dele. Louis
acenou para uma lindíssima mulher ruiva que saiu com algumas
sacolas. Nós fomos até ela ajudar e apenas quando chegamos perto
que reconheci a irmã caçula da minha madrinha. Alicia. Fazia muitos
anos que não a via.
— Segure isso aqui, garoto. — Ela empurrou as bolsas nos
braços de Louis. — Vem aqui, KittyCat! — Ela sorriu e me abraçou.
— Meu Deus! Eu dormi quantos anos? A última vez que te vi era tão
pequena!
— Não muito, apenas adolescente um pouco tímida.
— Caramba! Que mulherão você se tornou! Eu vi uma foto sua
em um telão de anúncios em frente ao meu escritório e fiquei de
boca aberta. Primeiro, mal te reconheci e depois, uau! Que bunda!
Aquilo tudo é seu mesmo? Sem celulite?
— Claro que tenho celulite! Eles tiram na edição! — Soltei uma
gargalhada. Alicia era louca.
— Depois eu quero ver sua bunda! — Ela riu.
Louis ficou parado e inclinou a cabeça para o lado com um
sorrisinho.
— Tela de anúncios? Bunda? Eu posso ver também?
— O anúncio é liberado para todos… e quanto a ver minha
bunda, bateu com a cabeça?
— Vamos entrar. — Alicia me puxou e mandou que Louis
descarregasse o carro.
Ela tinha intimidade pela casa, fomos para a cozinha e
começamos a arrumar a mesa, espalhando os mantimentos que ela
trouxe para cozinharmos juntos. Charlotte apareceu de banho
tomado e um sorriso enorme no rosto, parecia que ela e o marido
fizeram as pazes. Ethan era muito bonito e extremamente simpático,
ele foi gentil e me disse para ficar à vontade. Era simplesmente
surreal acreditar que eles eram príncipes.
Alicia mostrou os pedaços enormes de filé que trouxe já
temperados. Louis e Ethan pareciam no céu e rapidamente
acenderam a grelha.
Como eu era a peça nova entre eles, Alicia e Charlotte me
bombardearam de perguntas, querendo saber como era minha
carreira de modelo. Elas eram gentis e divertidas, me fazendo sentir
bastante acolhida. Louis me ofereceu uma taça de vinho branco
gelado, que eu adorava e me perdi em seu sorriso por um instante.
Encarei a bacia com batatas para descascar, pegando uma e
fugindo do ar afetado que ele me deixava.
Era difícil quando ele passava a maior parte do tempo
querendo garantir que eu estava bem e alimentada. Nós passamos
o dia exatamente como ele disse que seria: comendo, bebendo e,
falando muito. No final da tarde, Charlotte pegou umas garrafas de
vinho e as taças, convidando Alicia e eu para a piscina enquanto
Louis e Ethan limpavam a cozinha.
— Não deveríamos ajudar? — Olhei para trás e Louis estava
coçando a cabeça ao ver a quantidade de pratos na pia. Ethan
pegou uma esponja e jogou nele.
— Meu marido pediu desculpas dizendo que iria lavar a louça
sempre que eu pedisse. Não temos funcionários em casa nos finais
de semana. — Ela riu, sem se importar. — Ele mexeu nos meus
perfumes, acho que nunca senti tanta raiva dele.
— Cheiro de gambá, sério? — Alicia estava rindo sem parar.
— Disse que achou na internet sem querer. Quem acha algo
como isso sem querer? — Charlotte explodiu, irritada. — Fiquei
fedendo ao ponto de não poder sair de casa!
— Ele dormiu com você?
— Claro que sim! A culpa foi toda dele!
Encontramos bons lugares que ainda estavam quentes e
mesmo assim, me envolvi na colcha. Alicia abriu o vinho e serviu
nas taças.
— Como é viver com Louis? — Charlotte me perguntou.
— Ele trabalha muito e eu também, só nos encontramos em
algumas refeições. É um colega de quarto gentil, organizou um
quarto completo para mim e é melhor do que realmente posso pagar
por enquanto. Meus pais ainda estão loucos sobre eu morar sozinha
e os lugares que visitei não eram em lugares de fácil acesso.
— Ele se intromete na sua vida? É o esporte favorito dele! —
Alicia revirou os olhos, me fazendo rir. Louis gostava de saber
absolutamente tudo sobre todos em detalhes.
— Fica um pouco chocado sempre que vê qualquer coisa do
meu trabalho.
— Fofoqueiro de primeira, só não dê confiança. — Charlotte
me serviu mais vinho.
Fazia muito tempo que não sentava com outras mulheres para
simplesmente falar sem preocupações. O meio que trabalhava era
extremamente competitivo, tinha que tomar muito cuidado com o
que falava, porque alguma modelo poderia usar contra mim, roubar
algum contrato ou causar uma fofoca terrível ao ponto de se
espalhar na internet e arruinar todos os meus progressos.
— Não conseguem ficar longe, não é? — Charlotte estalou a
língua. Ethan riu e sentou atrás dela, dando um beijo na bochecha.
Alicia deu espaço para que Louis sentasse entre nós. Ele pegou
minhas pernas, acomodando em seu colo e se cobriu com minha
colcha também. — Deixaram tudo muito limpo? Eu vou verificar!
— Alguém já te disse que é muito chata?
— Você. Todos os dias. — Ele segurou o rosto dela e a beijou.
Era fofo ver um casal apaixonado. Pensei sobre o quanto era
difícil encontrar um amor para a vida toda e isso me fez estremecer.
Louis acariciou minha panturrilha, me encarando com o cenho
franzido e apenas sorri de volta, tranquilizando-o. Ele passou o
braço por meu ombro, me puxando para perto, segurando sua
garrafa de cerveja pela metade. Me aconcheguei em seus braços,
aceitando aquele carinho porque era o que precisava.
7 | Louis.
Abri a geladeira e empurrei algumas coisas para pegar o leite.
Estava abarrotada de comida saudável. Desde que a Baby Cat se
mudou para minha casa, havia refeições completas toda noite e
muitas opções para café da manhã. Raramente comia em casa,
mas era difícil resistir às panquecas integrais com frutas e café
quentinho quando ela colocava na minha frente no escritório.
Cat se mudou para minha casa, nós nos víamos algumas
vezes por noites, ela tinha horários de trabalho bem loucos e
complicados. Às vezes chegava pela manhã, passando a noite
inteira fazendo ensaios fotográficos e viajou por quatro dias para
Amsterdã, retornando e dormindo quase dois dias direto. Aquela
semana estava de folga, só retornaria ao trabalho para uma
campanha de uma coleção de jeans e com isso, havia comida por
todo lado.
Quando meus pais me ligaram perguntando se podia recebê-
la, pensei que fosse algo menor. Cat tinha milhões de seguidores no
Instagram, milhares de fotos provocantes, um casting de marcas
famosas e, aparentemente, bastante trabalho. Ela não era modelo
de passarelas, até porque batia abaixo do meu ombro, mas a Cat
criança foi fofa... a Cat adulta era linda.
Quando a vi no aeroporto, quase não acreditei. Ela ainda
tinha o rostinho redondo, os olhos castanhos expressivos, a boca
rosada e os cabelos um pouco rebeldes. Havia um homem perto
dela, que assim que se inclinou sobre a esteira, ele olhou
diretamente para sua bunda que por sinal, ficou incrível naquela
posição.
Cat não era mais a baby Cat.
Ela era uma mulher com curvas lindas em todos os lugares
certos, um sorriso provocante e um olhar esperto. Ainda assim, era
uma menina sonhando com a vida, com o futuro, com planos de
trabalhar como modelo para juntar dinheiro o suficiente e investir no
próprio negócio. Catherine tinha planos de abrir uma loja de
produtos femininos.
Nesse período juntos, aprendi que ela era uma criatura
divertida, esperta, espevitada e muito irritada pela manhã.
E pensando nela, desceu a escada usando um curtinho
pijama rosa com desenhos de gatinhos em azul. Seu cabelo estava
por todo lado, cheio, o rosto amassado e um olhar raivoso. Devia
estar irritada porque eu bati a porta do escritório, ainda acostumado
a estar sozinho e esqueci que ela ainda dormia.
— Bom dia... — cantarolei, enchendo minha caneca de café.
Cat grunhiu de volta, abriu a geladeira e pegou água.
— Me deixa.
— Por que eu faria isso?
Seu olhar me mataria se fosse uma bazuca.
— Estou morrendo de fome, o que tem para comer?
Começou a mexer em absolutamente tudo, buscando comida
por todos os cantos. Atrás de mim, deixei seu prato com ovos e
torradas pronto.
— Cat… me dá bom dia e eu vou te alimentar.
— Quero muito te bater agora. — Ela soltou um bocejo,
coçando os olhos. — Sinto cheiro de comida.
Puxei uma cadeira para que pudesse se sentar, coloquei-a
sentada e entreguei seu prato, me divertindo com seus rompantes
mal-humorados. Cat comeu com calma e tomei meu café, pensando
que estava quase me atrasando para sair, mas eu precisava falar
com ela antes.
— Por que ainda está em casa?
— Não te vi chegar e sempre me preocupo.
— Estou bem, deixa de ser surtado. — Me deu um sorriso,
recuperando sua personalidade bem-humorada e levantou, foi até o
sofá, pegou uma almofada e deitou. Desviei meu olhar de sua
bunda e foquei no meu café, pensando que ela mexia comigo de tal
maneira que não conseguia controlar meus pensamentos. Tudo que
meu lado perverso queria era amassar aquela bunda perfeita e
beijar seu pescoço cheiroso.
Limpei minha garganta e coloquei a caneca na pia, lavando
rapidamente.
— Combinei com uns amigos um jantar hoje à noite, vou
encomendar tudo, espero que fique para comer conosco. Eles estão
ansiosos para te conhecer — avisei da cozinha e ela ergueu o rosto,
me dando um sorriso amável.
— Vou adorar conhecê-los, até agora não fiz meus próprios
amigos na cidade. — Fez um ligeiro beicinho.
— Algum problema no trabalho?
— Modelos são más — resmungou, voltando a deitar. Ajeitei
minha gravata e me inclinei sobre ela, tirando seu cabelo do rosto.
Cat era linda e simpática, a combinação perfeita para ser odiada.
— Logo fará novos amigos. Dizendo pelos meus, eles são
incríveis e trarão meu afilhado, ele tem quatro meses e é lindo. Willy
e Trish são bastante acolhedores.
— Você é um Basan Vacchi. Seu sobrenome e sua coroa
atraem amigos!
Sorri torto e não falei nada. Eu não podia retrucar…
— Você com suas duas personalidades… tem muitos amigos.
O homem cheio de tatuagem com ar de bad boy e o príncipe
herdeiro são populares. E ainda tem o advogado figurão com muitos
segredos…
Ela era muito observadora. Cat entendeu as regras: meu
escritório era um local proibido, ela podia trazer qualquer pessoa
que quisesse, contanto que soubesse previamente quem era.
Existia um motivo muito sério por trás da minha precaução.
— Sou todas as coisas nos lugares e nos momentos que
quero. É como você, a princesinha dos Bennet em um momento e
no outro, a garota que postou uma foto da bunda com uma marca
de uma mão de areia nas nádegas. — Arqueei a minha
sobrancelha, Cat sorriu e mordeu o lábio, rindo. Era difícil não surtar.
— A foto é bonita com uma bunda bonita.
— A minha bunda é incrível. — Ela riu e sentei no sofá. Cat
deitou a cabeça no meu colo, com uma almofada e jogou todo seu
cabelo para trás. — Não tenho duas personalidades. Sou uma
espécie de princesa moderna. Fofa e ousada. — Seu olhar
safadinho me disse outra coisa sobre ser fofa. — Não precisa pedir
comida, posso cozinhar, eu amo cozinhar, eu... tenho certificado de
um curso de verão de culinária gourmet.
— Vou te dar esse voto de confiança. — Passei meus dedos
em sua bochecha e ela sorriu. — Me deixa no trabalho e fica com o
carro, em seguida, vá comprar tudo que precisa para o nosso jantar.
— Tirei minha carteira do bolso.
— Só vou aceitar porque pretendo fazer lagosta e outros frutos
do mar. — Arrematou meu cartão. — Você é rico. — Sorriu marota e
sentou, prendendo o cabelo. — Vou subir e me vestir. — Saiu
correndo e fechei meus olhos ao ver a polpa de sua bunda, que era
incrivelmente redonda e cheia.
Fiquei de pé e bati minha cabeça contra a parede porque Cat
era a última garota no universo em que poderia olhar e apreciar a
bela bunda. Nada nela era permitido. Irmã caçula dos meus amigos,
afilhada dos meus pais e porra… baby Cat.
— A Cat não pode, a Cat não pode, a Cat não pode...
— Você está bem? — Ela desceu a escada usando uma calça
de ginástica preta, um top cinza e um casaco nos braços. — Vou
colocar meu tênis que está na lavanderia. Por que estava batendo a
cabeça contra a parede?
— Memorizando algo muito importante.
— Memorizando que você é um homem adulto e pode apreciar
uma bunda bonita? — me provocou, beliscando minha lateral e saiu
de perto rapidamente.
— O QUÊ?! — gritei e só ouvi a gargalhada dela na
lavanderia. Bati com minha cabeça contra a parede de novo. Eu não
podia apreciar sua bunda. — A propósito, você não precisava lavar
minhas cuecas... eu faço isso no final de semana.
— Posso cuidar das roupas. Tenho sete irmãos, um pai e sei
muito bem o que são cuecas. — Sentou-se no chão e colocou o
tênis. — Estou pronta, vamos?
— Eu não estava falando da sua bunda... — expliquei e ela
apenas riu. — É bonita, é claro. Você é bonita e eu... — gaguejei,
fazendo-a rir ainda mais. — Podemos não falar sobre isso?
— Só para constar, sua bunda também é bonita. Você saiu de
cueca do quarto e não me viu deitada na varanda. — Piscou e foi
para a garagem. Meu doce Jesus. Ela estava disposta a me
enlouquecer.
Ensaiei minha expressão séria de todos os dias, pegando a
chave do carro e destravei para a minha nova colega de quarto
entrar. Fechei a porta da cozinha, acionando o alarme da casa e abri
o portão da garagem.
— Você vai ficar emburrado por causa de um elogio a sua
bunda? Fique lisonjeado!
— Tem muitos comentários sobre a sua bunda no seu
Instagram? — Tirei o carro da garagem. — Porque tenho tempo e
vou responder um a um.
E ainda vou rastrear cada um dos filhos da puta e excluir as
redes sociais.
— Você é tão bobo.
— Suas fotos são lindas, mas os comentários são ridículos.
Nunca me prestei ao papel de comentar no Instagram de uma
mulher bonita. O que eles têm na cabeça?
Talvez pudesse bloquear o aplicativo na Inglaterra.
— Eles só possuem acesso a uma mulher bonita pela internet,
porque nem todos são um Basan Vacchi que nascem lindos, ricos e
elegíveis — cantarolou. O que queria dizer? Eu estava sendo um
hipócrita?
— Simplesmente cale a sua boca e coloque uma música. —
Cat estava querendo me irritar e conseguindo. Sorrindo, mordeu o
lábio e soprou um beijo. Tentadora.
Ela ligou meu sistema de som, conectou seu telefone e
colocou uma playlist de músicas animadas, batucando na perna e
cantando. Dirigi até o meu escritório que funcionava em uma casa
em Hyde Park. Estacionei bem na frente, reconhecendo alguns dos
advogados associados na entrada com duas assistentes e Cat saiu
do carro, ganhando atenção de todos eles.
Seria um belo dia de fofocas.
— Que horas vai ser o jantar? — me perguntou na parte de
trás do carro.
— Marquei às sete e vou chegar às quatro para te ajudar.
— Ótimo, não precisa correr, não vou incendiar sua casa. —
Sorriu e ajeitou minha gravata. — Você e Bruno parecem não saber
que as gravatas precisam ficar retas. Até mais tarde.
— Não fique muito tempo sem comer e talvez não devesse
malhar, está em um ritmo muito pesado. Seu corpo precisa de
descanso.
— Já disse para não se preocupar. — Soprou um beijo e
entrou no meu carro, saindo em alta velocidade pela rua.
— Não bata com meu carro… — grunhi para mim mesmo.
— É ela? — Marli, minha assistente, parou ao meu lado. —
Muito bonita.
— Cale-se e vá trabalhar — resmunguei e mandei uma
mensagem para Catherine pisar no freio e andar no limite da
velocidade. Ela respondeu várias carinhas rindo, mandei que
parasse de responder dirigindo e enviou uma foto de si mesma, sem
casaco, dentro do meu carro, dizendo que estava parada em um
breve engarrafamento.
Salvei a foto na minha galeria.

Entrei no escritório porque precisava começar a trabalhar com


urgência. Minha agenda estava cheia, mas parei um pouco,
confirmando uma festa na minha casa em algumas semanas. Era
minha vez de oferecer um evento, queria alguns registros públicos
com determinadas pessoas para conseguir uma proximidade.
Poucas coisas na minha vida eram em vão.
Enviei os convites a pessoas em comum e deixei que
levassem bebidas, mas não acompanhantes, porque não iria lotar a
minha casa de gente desconhecida e bêbada.
Marli entrou na sala, deixou uma série de papéis e me
encarou.
— Alguma mensagem?
— Sim. Vou isolar sua sala.
Abri a mensagem no meu computador e ouvi o que meu cliente
relatou, transcrevi algumas partes e parei, analisando as
informações. Meu dia passou muito rápido, entrando e saindo de
reuniões importantes, ainda precisei agendar minha licença de
armas de fogo e meu exame para seguir trabalhando com porte. A
burocracia na Inglaterra era grande até mesmo para mim, que servia
o país com a minha vida.
Arrumei os processos na minha mesa e trabalhei pelo tempo
restante, faminto por não ter comido nada o dia inteiro. Peguei um
sanduíche na geladeira do trabalho. Comi rápido, bebendo uma
garrafa de água e quando dei por mim, Cat avisou que estava
passando para me buscar. Já eram quatro horas.
— Marli! Estou saindo! — Recolhi minhas coisas rapidamente
e digitei a senha para bloquear os aparelhos da minha sala. — Até
segunda-feira, me ligue se precisar de qualquer coisa.
— Tudo bem, Louis. Bom final de semana e aproveite sua
belíssima companhia.
— Calada! — Marli riu e me despedi dos demais funcionários
no meu caminho, olhando as mensagens no meu telefone. Saí do
escritório no exato segundo que Cat estacionou na frente. Ela ouvia
uma música bem alta, saiu do carro usando uma saia jeans, botas e
um casaco de lã de gola alta. — Arranhou meu carro?
— Talvez. — Deu de ombros.
— Vai pagar por isso, modelo de biquíni.
— Deixei a lagosta no preparo, temos que voltar para casa
logo. Não vai dar tempo de supervisionar o carro agora... — Olhei-a,
incrédulo pelo que tinha acabado de ouvir.
— Deixou o fogo aceso na casa? Você quer incendiar?
Cat fez uma expressão horrorizada e meu coração gelou.
— Não tem um seguro?
— Entre no carro agora! — falei entre dentes, abri a porta e ela
subiu com suas pernas torneadas muito bonitas. — Se estragar o
jantar, vai pagar o delivery.
Estava totalmente desacostumado a conviver com uma mulher.
Além da minha mãe, nunca tinha dividido o teto com uma. Elas eram
loucas e capazes de devorar a sanidade de um homem com poucos
movimentos.
Minha casa estava com velas aromáticas, flores frescas, meu
varal cheio de calcinhas pequenas de renda e outras bem grandes
de algodão. Tinha comida gostosa, cheiro de casa limpa e minha
cama sempre feita quando chegava à noite. Ela fazia chá quando
estava no escritório e levava para mim com carinho. Era do tipo
barulhenta, cantando, dançando, fazendo exercícios e mexendo em
absolutamente tudo.
No carro, ela estava cantando, tirando todas as coisas do meu
porta-luvas e me perguntando por que não tinha lenços umedecidos
ou papel higiênico. Eram o tipo de coisas que tinha que carregar?
Não. Mas ela era mulher e achava que sim.
Cat sempre falou muito, desde criança. Era encantadora, uma
criança realmente fofa, mas falar demais adulta? Um pesadelo. Se
eu disse que era quieta e boa companheira de quarto, foi muito
precoce. Compensava sendo linda e cheirosa.
Nós chegamos em casa e ela ficou na cozinha, que estava
cheia de legumes, camarões, peixes em pequenos pedaços e carne
de caranguejo desfiada.
— Tenho tudo sob controle. — Me deu um sorriso indulgente.
— Vá tirar essa roupa!
— Aqui? — Soltei a gravata.
Cat riu e me expulsou, empurrando-me para fora da cozinha e
fui me arrumar, tomar banho e colocar uma roupa confortável para
receber meus amigos. Voltei para a cozinha e peguei os vinhos. No
modo chef, pediu que fizesse a salada enquanto ela fazia os
camarões. Espiei as duas lagostas enormes em uma panela
gigantesca que nem sabia que tinha.
— Está tudo muito cheiroso. — Elogiei com água na boca
pela salada incrível com camarões, a entrada com peixe e limão
siciliano, sopa de caranguejo e lagosta como prato principal. —
Você fez mesmo um curso?
— Sempre amei cozinhar. Mamãe me ensinou tudo que podia
e eu quis fazer mais, então, busquei no fim da faculdade. Foi
divertido, porque aprendi várias combinações e a fazer uma perfeita
cebola caramelizada que fica incrível na carne do hambúrguer. —
Cat lavou as mãos e me pediu ajuda para arrumar a mesa. — É um
costume receber seus amigos para jantar?
— Não muito. Recebo alguns amigos para assistir um jogo...
Ou uma festa, como vou dar. Jantar calmo e tranquilo só com Willy e
a Trish ou Ethan e Charlotte.
— Eles são seus melhores amigos?
— Basicamente, sim. — Sorri e ela estava parada, me
olhando.
— Que bonitinho. — Apertou a minha bochecha.
A campainha tocou e minhas mãos estavam ocupadas com as
lagostas.
— Vou atender.
— Seja simpática — brinquei.
— Sempre sou, exceto pela manhã. — E foi andando. Ela tinha
um andar realmente incrível. Seu rebolado me deixou hipnotizado
que até esqueci o que estava fazendo.
Mesmo todas as técnicas que aprendi sobre manter meu foco
e concentração não eram páreo para minha vontade de olhar Cat o
tempo inteiro. Quando ela sorria, colocava o cabelo atrás da orelha
e rebolava ao caminhar, era muito difícil lembrar que era proibida
para mim.
8 | Cat.
Louis estava arrumando as lagostas na travessa quando abri a
porta para um bonito casal. William era um homem negro, alto, com
um sorriso devastador e sua esposa, uma mulher baixa, de cabelos
escuros e grandes olhos azuis. Ela segurava um bebê moreninho de
olhos claros. Eles sorriram abertamente e me abraçaram ao mesmo
tempo.
— Você deve ser a Cat! Que prazer em conhecê-la! — Trish
sorriu alegre.
— Estou feliz em conhecê-los, por favor, entrem. A casa é
mais de vocês do que minha. — Dei espaço e eles passaram,
estava frio e logo fechei a porta. O verdadeiro dono da casa se
aproximou, secando as mãos recém-lavadas e jogando um pano de
prato no ombro.
— Já conheceu meu afilhado? — Louis pegou o bebê, que lhe
deu um sorriso imenso. — É tão lindinho! E esse sorriso sem
dentes? Quando vai sair comigo para conquistar mulheres no
mercado?
— Quando parar de arrastar meu marido para a academia. —
Trish deu um beliscão nele.
— Você não me disse que já tem uma mulher em casa? —
William provocou Louis. — Então, Cat. Como é dividir a casa com
Louis?
— Por que ninguém me pergunta como é dividir a casa com
ela? — Louis reclamou e sorriu para o bebê. — Alex, diga ao seu
pai para não bancar o engraçadinho.
Servi as entradas na mesinha de centro, junto com a garrafa
de vinho e mais duas taças. Estava tudo arrumado, cheiroso e muito
gostoso. Minha mãe ficaria orgulhosa da arrumação. Esperava que
os amigos dele gostassem de mim, até o momento, não havia me
sentido muito bem-vinda no trabalho e estava com dificuldade de me
envolver.
Morria de saudade dos meus amigos, meus pais e irmãos.
Louis era a figura familiar mais próxima e era a única coisa que
aliviava a solidão. Embora ele trabalhasse muito, saísse em horários
diversos e eu também viajasse várias vezes, a gente sempre se
encontrava em casa. Era meu ponto de conforto. Nossas refeições
eram meu momento favorito.
Peguei uma almofada para colocar no meu colo e cobrir
minhas pernas, porque não queria mostrar a calcinha.
— Você precisa usar seu afilhado para conquistar mulheres?
— Cada tentativa é válida. — Louis me deu um sorriso
provocante. Revirei os olhos como se estivesse entediada com sua
atitude para não dar bandeira que, para mim, ele não precisava de
uma criança. Ele já era o pacote completo para conquistar
mulheres.
Trish e Willy eram muito engraçados, a conversa realmente
fluía com facilidade e quando o bebê dormiu, nós fomos jantar. Louis
e eu servimos a comida, seus amigos ficaram impressionados.
Fiquei muito orgulhosa de mim mesma por poder fazer algo tão
gostoso, não só bonito.
— Nós precisaremos retribuir esse jantar. Por que não vão lá
em casa comemorar o aniversário do William? Faremos algo
realmente intimista — Trish comentou e pegou mais alguns
camarões. — Pensei que Louis fosse nos surpreender com um
jantar encomendado de algum restaurante da Alicia.
Louis me deu um olhar engraçado.
— Ele ia e eu me ofereci para cozinhar.
— Não me dedura, garota. — Louis me empurrou e chutei sua
perna.
— Então, Catherine. Você não contou como está sendo a sua
experiência aqui em Londres, dividindo o teto com o chato do Louis.
Tudo bem não é resposta! — William voltou ao primeiro assunto e
encheu a minha taça de vinho.
— Você quer me deixar bêbada para falar coisas embaraçosas
sobre Louis? Não precisa, posso falar sóbria mesmo. — Recostei na
cadeira e peguei a taça. — Morar com ele aqui é tranquilo, acho que
é ele quem está sofrendo, porque sou barulhenta e mal-humorada
pela manhã. Não posso negar que ele é muito gentil em me abrigar.
— Não deve ser um esforço. — Trish sorriu e as orelhas de
Louis ficaram vermelhas. — Mesmo que seja só a “irmãzinha dos
meus amigos de infância”.
— Você está com vergonha? — William começou a provocá-lo.
— Vocês ainda vão me matar — Louis gemeu.
— Nós conhecemos seus pais, mas não conhecemos Bruno
ou Benjamin, porque ele não quer que a gente saiba dos seus micos
adolescentes. — William estava sedento por informações.
— William e eu apostamos se Louis sempre foi assim... —
Trish completou.
— Em casa sempre foi um príncipe, tanto que ele é chamado
assim por quase todo mundo e meus irmãos zoam muito. Esse lado
do homem mal-humorado, que trabalha em horários loucos e é
cheio de tatuagens, estou conhecendo agora. Sempre soube que
era teimoso e ranzinza, mas estou participando no experimento de
primeira. — Abri um sorriso para a expressão emburrada de Louis.
— Eu o conheço desde que nasci... mas nunca moramos juntos.
— Só passávamos quase todas as férias juntos na mesma
casa. Era uma loucura, oito garotos e uma garotinha pequena,
exigente, chorona... Todo mundo era obrigado a fazer o que ela bem
entendia.
— É a única vantagem de ser a única mulher no meio de
tantos homens, porque eles adoram se meter na minha vida e
bancar os moralistas — retruquei. Louis chegou a virar de lado.
— Moralistas? — quase gritou e eu ri alto. — Você é uma
terrorista! Fica falando coisas que entram na minha cabeça e não
saem! — Louis estava tão sério que seus amigos começaram a rir.
— Ok! Ok! Não queremos que vocês briguem! — Trish se
intrometeu. — Já entendemos que o teto dessa casa pode cair
porque ambos têm disposição para brigar.
— Não entendi por que eles estão brigando. — William
debruçou-se sobre a mesa.
— Por causa da minha bunda. — Esclareci.
Louis grunhiu, Trish pulverizou seu vinho e William soltou
uma gargalhada tão alta que acordou Alex, que dormia na sala de
televisão. Trish foi pegar o filho e eu fui buscar a sobremesa, uma
torta de chocolate que comprei congelada e só assei. Quando voltei
para a sala, Louis parecia atormentado e William muito divertido.
— Não quero falar sobre isso.
— Sobre a bunda da Cat? — Trish perguntou e Louis bebeu
sua taça de uma vez só. — Ainda quero entender essa história e por
favor, riam mais baixo.
Mostrei a Trish a foto problema, que Louis se recusava a
admitir que gostou muito do que viu e ao contrário, estava tentando
esconder, bancando o implicante. Louis mordeu meu pulso e meu
telefone quase caiu nos restos da lagosta, enquanto Trish olhava a
foto e soltava comentários, brincando que William não podia olhar.
— É o trabalho dela, deixa de ser chato! É uma bela de uma
mão…
— De quem é a mão na sua bunda? — Louis perguntou e seu
olhar ficou preso no meu. Não aguentou a pressão.
— Do fotógrafo — murmurei misteriosamente e observei seu
rosto ficar sem cor. — É do Frank.
— Ah... Ele é gay mesmo? Foi uma senhora segurada…
— Ele quer o seu número de telefone. — Cutuquei suas
costelas. Louis apertou meu nariz e colocou o braço atrás da minha
cadeira, ficando agradavelmente próximo.
Contei ao casal quem era Frank, nós rimos e brincamos a
noite inteira. Ficamos tanto tempo na mesa que voltamos a comer,
bebemos mais vinho, decidimos ir para a sala com a sobremesa e
eles foram embora quase pela manhã. Trish me convidou para
conhecer seu trabalho, ela era publicitária e ficou feliz em saber que
era modelo com uma base nas redes sociais, que poderiam me
render mais lucro.

Pela manhã, ainda estava acordada, deitada na cama e fiquei


hibernando por horas até que Louis bateu na minha porta. Mandei
abrir, estava vestida e coberta. Ele apareceu de banho tomado,
usando uma calça jeans, uma jaqueta de couro e sorriu.
— Bom dia, princesa.
— Bom dia, príncipe. Você dormiu?
— Tanto quanto você. Eu vou para Winchester. Tem um festival
lá e alguns amigos me convidaram para passar o dia. Quer vir
comigo?
— Festival de quê? — Sentei e me espreguicei.
— Comida, música e roupas. Conheço quem está
organizando. Deve ser legal.
— Eu topo, é claro. Não conheço Winchester e se tem comida,
estou dentro. — Saí da cama rapidamente. Louis me aconselhou a
usar calça e botas, mesmo que lá fora não estivesse tão frio. Vesti
uma calça jeans, uma camisa justa branca, botas pretas, arrumei
minha bolsa carteiro, também preta e me maquiei rapidamente. —
Louis? — Desci chamando-o e passei pela sala.
— Garagem! Coma uma banana e beba um iogurte, leva uma
hora e meia até lá e vamos de moto. — Apareceu na cozinha. Fiz o
que pediu, comi e olhei a moto com curiosidade. Estava coberta
desde que cheguei. Limpei minha boca e tirei uma bala da bolsa,
ficando com preguiça de subir e escovar os dentes de novo. —
Pronta?
Prendi o cabelo e ele colocou o capacete na minha cabeça,
ajustando e abrindo o portão da garagem. Ligou a moto, que era
barulhenta e grande. Era uma Harley Fat Bob toda em preto. Aquela
combinava exatamente com os braços tatuados e o sorrisinho
maldoso. Com as mãos enluvadas, se apoiou na moto e fez sinal
com os dois dedos para sair. Aquele chamado... me deixou toda
arrepiada. Até o pomo-de-adão dele era uma coisa linda.
Saí da garagem, o portão fechou automaticamente, ofereceu
seu braço e apoiei, subindo atrás dele. Louis me puxou para frente,
ajustando minhas coxas para ficar bem próximo e minha bolsa bem
fechada e presa em mim. Ele acenou para um vizinho que estava
segurando um jornal e uma caneca de café, saindo pela rua em alta
velocidade. Fiquei nervosa e apertei a cintura dele, ao mesmo
tempo adorando a adrenalina.
Greg tinha uma moto e de vez em quando me dava uma
carona, mas aquilo era diferente. A cada sinal, Louis parava e
descansava a mão na minha coxa, me mostrava algo e voltava a
costurar pelo trânsito até sairmos em uma estrada. Apesar de estar
correndo, parecia atento e com um bom reflexo, pensei que não
fôssemos parar, mas ele parou em uma área arborizada.
— O que vamos fazer?
— Gosto de fotografar aqui. — Saí da moto e ele em seguida.
Tirei o capacete e olhei para o céu, respirando fundo. Cheiro de
árvores, o ar era puro, uma delícia. Andei ao redor, curiosa e parei
ao ouvir um clique. Louis estava me fotografando. — Quando pegou
isso?
— Guardei no banco... com as minhas coisas. Posso fotografar
você?
— É claro que sim! — Coloquei o capacete na moto e tirei
minha bolsa. — Alguma posição específica?
Louis arqueou a sobrancelha e lhe dei a língua. Sim, certo… a
pergunta que fui fazer.
— Só ande por aí, abra sua jaqueta, depois tire e finja que não
estou aqui. Apenas seja natural, não sou muito bom com poses e
você é a profissional. — Orientou e sorri, soltando meu cabelo e
andando entre as árvores, sabia o que fazer porque estava mais do
que acostumada, mas caprichei um pouquinho além porque gostava
de vê-lo com o olhar atento em mim.
Olhei para a câmera mordendo o lábio e dancei entre as
árvores, tirei a jaqueta, puxei um pouco mais o decote da minha
camisa e ele apenas me seguia.
Louis abaixou a câmera e me puxou para perto de uma árvore.
— Ficaram incríveis. — Ajeitou meu cabelo.
— Ansiosa para vê-las — falei, tentando acalmar minha reação
com sua presença, passando meu polegar no furinho de seu queixo.
Louis olhou para minha boca, suspirou e disse que precisávamos
voltar.
Então voltamos para a estrada, seguindo o caminho até
Winchester e não demorou muito para encontrarmos a feira. Louis
passou com a moto devagar pela calçada e um homem sinalizou,
sorrindo e cutucando um grupo de homens. Ele parou a moto em
um beco, me apoiei na parede para descer e tirei o capacete.
— Fala aí, otário. — Um deles chegou e me deu um susto. —
Calma, moça.
— Fala aí, idiota. — Louis o abraçou e deu uns tapas em suas
costas. — É por atitudes assim que você não pega mulher. Cat,
esse é meu amigo, Thatcher. Tat, essa é a Cat.
— Olá, lindeza. — Tat sorriu todo charmoso. Ele era bonito,
mas havia algo nele que não me atraiu em nada. — Encantado em
conhecê-la.
— Olá. — Sorri tímida pela maneira que beijou minha mão.
— Solte. — Louis passou o braço por minha cintura e me
empurrou para si. — Não encosta nela ou eu vou bater em você.
— Relaxa, homem. — Tat passou por nós. — Louis veio
acompanhado, parem de falar putaria. A moça é uma dama.
— Só você é o puto sujo entre nós. — Outro sorriu e ficou de
pé. — É um prazer conhecê-la. Sou Gadot. Esse é o Cam e Jim. —
Apresentou-me aos demais. — Minha esposa está em algum lugar
fazendo compras com minha sobrinha. — Completou e fiquei
aliviada de não ser a única mulher no grupo. Louis puxou uma
cadeira para mim, tirei minha jaqueta e soltei o cabelo, ajeitando a
aparência.
— O que você quer comer? — Louis pegou minhas coisas.
— Ainda nada. Você vai beber? — Espiei o cardápio e havia
uma variedade de cervejas artesanais. Sabia que ele gostava,
considerando as garrafas que tinha em casa.
— Se eu beber, vamos passar a noite.
— Eu prefiro. Vou procurar um hotel e fazer reservas. —
Peguei meu telefone, ciente que seus amigos estavam observando
nossa interação. Cam cutucou Jim, que sorriu e optei por fingir que
não estava percebendo.
Reservei dois quartos e paguei no meu cartão de crédito,
dando meu número de telefone. Guardei quando duas mulheres e
uma adolescente retornaram. Uma era a esposa e sobrinha do
Gadot e a outra, namorada do Tat. Jim e Cam estavam sozinhos.
Elas sentaram-se ao meu lado, nós conversamos, brindamos com
cerveja e esperei apenas uma hora para sair pela feira comprando
em quase todas as barracas.
— Pegou um pouco de cada? — Louis comentou ao me ver
morder um cachorro-quente.
— Está delicioso — comentei de boca cheia e ofereci a ele.
Ele mordeu e limpou a boca. — Bom? Gostou? Não vou te dar mais.
— Peguei de volta e ele mordeu mais um pedaço, deixando cair
farelo em mim. Bebi minha cerveja para me ajudar a engolir o que
estava na boca. — Chega! Vá comprar o seu!
O telefone dele vibrou, era uma chamada de vídeo do Bruno.
— Olá, britânico de merda. — Bruno soou irritado. — Cadê a
minha irmã? Estou ligando e ela não atende. — Louis apenas virou
a câmera. — Oi, desnaturada. O que vocês estão fazendo?
— Comendo. O que quer?
— A mamãe não para de encher o saco, você se mudou e
agora ela tem tempo para dar conta de todo mundo. Quando você
estava aqui, ela ficava ocupada e não se intrometia na minha vida.
— Bruno sorriu. — O que você e Louis estão fazendo juntos?
— Já disse: comendo. — Fui enfática e sem dar espaço para
mais perguntas.
— Cuida da minha irmã, imbecil.
— Estou tentando. — Louis me deu um olhar implicante.
— Vou te enviar uma mensagem. — Bruno ficou estranho. —
Tchau, mana. Te amo! — Acenei de volta porque estava com a boca
cheia. Louis riu da mensagem, mas não me mostrou.
— O que ele mandou na mensagem? Me conta.
— Seu irmão quer saber se a gente está ficando, por causa
da foto que postou ontem e por estarmos aqui hoje.
— Com tom de ameaça ou de brincadeira?
— O que você acha? — Arqueou a sobrancelha.
Certamente em tom de ameaça.
— E o que você disse?
— Nada. Não preciso dizer nada porque apesar de você ser
uma princesinha, faz questão de lembrar o tempo todo que é uma
mulher adulta. — Piscou e voltou a beber a sua cerveja. Hum...
Então ele me via como uma mulher adulta?
Por algum motivo, o fato dele não dizer não como um
desesperado, morrendo de medo dos meus irmãos ou preocupado
pelo que iriam pensar, me deixou leve. Sempre que conhecia um
homem e dizia que tinha sete irmãos, eles simplesmente corriam na
direção oposta. Sete homens com mais de um metro e oitenta, que
faziam questão de cuidar dos seus corpos e serem assustadores,
não era fácil de enfrentar, eu entendia, mas caramba! Precisavam
ter medo?
Louis conhecia todos eles e era igualmente grande, mesmo
assim, não queria dizer nada. Éramos amigos. Nossa família era
praticamente uma só.
Voltei a beber e relaxei na cadeira, aproveitando o dia na feira.
Quando anoiteceu, nós fomos para um pub. Todos ainda
estavam com disposição para beber e com vontade de continuar na
rua. Fiquei sozinha com as mulheres por um tempo, eles inventaram
que precisavam fazer alguma coisa que não entendi e
desapareceram. Tina, a esposa do Gadot, e eu ficamos próximo ao
balcão, pedindo bebidas e tentando conversar com todo barulho.
Devido ao evento no local, o bar estava cheio e um homem
tentou me puxar para conversar à força. Eu odiava homens que
tinham essa atitude babaca. Louis reapareceu com sua expressão
carrancuda, apertou o ombro do homem e disse algo em seu
ouvido. O homem pediu desculpas e saiu de perto. Aliviada com
meu braço livre, esfreguei o local, preocupada em ficar marcada.
— Está doendo? — Louis quis olhar de perto e deixei.
— Estou bem. Obrigada por intervir.
Ele resolveu me prender entre ele e o balcão.
Sentir seu corpo forte me deixou acesa como não ficava há
muito tempo. Quando um banco vagou, ele puxou e sentei, ainda na
frente dele e mesmo conversando com os amigos, seus braços
estavam ao meu redor, de vez em quando as mãos acariciavam
minhas costas ou apertavam minha cintura. Seria uma boa noite se
ele continuasse com as mãos em mim.
9 | Cat.
Acordei assustada por conta de um sonho confuso. Abri os
olhos e a luz ao meu redor fez a minha cabeça doer. Quantas
tequilas bebi na noite anterior? A resposta estava bem na minha
frente: uma garrafa de tequila com apenas dois dedos de líquido no
fundo, na mesinha ao lado. Ai que maravilha...
Passei a mão em meu próprio corpo e constatei estar de
roupão, por baixo não vestia nada. Espiei o chão, vendo que as
minhas roupas estavam por todo lugar, inclusive a minha calcinha e
então... Um ronco suave. Merda. Não estava sozinha na cama.
O que eu fiz?
Fechei os olhos e enfiei a mão entre minhas pernas, sem
nenhuma cerimônia e estava tudo bem. Não estava úmida como
imaginava que deveria estar se tivesse feito sexo na noite anterior e
ao julgar pelo meu cheiro, não tomei banho. Reuni o que me restou
de coragem e olhei por cima do meu ombro, ficando congelada, sem
saber se era um alívio ou um pesadelo ser Louis atrás de mim,
dormindo pacificamente.
Sem camisa, não dava para ver se estava nu porque a
coberta impedia. Soltou um bufo engraçadinho e virei de lado,
cobrindo seu nariz. Louis abriu os olhos e gemeu, sonolento.
— Você não dorme nunca? — reclamou e pensei no motivo de
seu humor. Será que havia aprontado alguma coisa?
— Acabei de acordar. Por que está na minha cama?
— Você está na minha cama. — Virou de lado e tentei espiar
por baixo da coberta.
— Reservei dois quartos — murmurei, ainda analisando seu
corpo sem nenhuma vergonha. Ele riu e se cobriu, tirando a minha
visão de seu belo corpo.
— Eu sei, mas ficou com pena da sobrinha do Gadot ter que ir
dormir com os tios muito bêbados e claramente excitados. Foi um
gesto legal, considerando que, mesmo bêbada, disse que eu
dormiria no sofá. — Olhei ao redor do quarto, procurando um sofá.
Era um quarto simples, com uma cama de casal grande, uma
poltrona e duas portas: uma para o banheiro e outra para
entrada/saída. — Não tem sofá, caso esteja procurando. Eu sou um
príncipe, como costuma dizer, mas não dormiria no chão ou na
poltrona.
Não aguentei a curiosidade.
— Está sem roupa por baixo do edredom?
— A única pelada aqui é você. Tirou a roupa dizendo que ia
tomar banho, mas dormiu sentada no chão do banheiro. — Sorriu
perversamente e gemi, cobrindo meu rosto. — Você ficou maluca
com a tequila.
— Esse é o motivo de nunca beber muito.
— Para sua sorte, filmei boa parte da sua gracinha. — Pegou o
telefone e mostrou a minha alegria entrando no quarto, achando
camisinhas e perguntando se podíamos fazer balões. Tropecei nos
meus sapatos, as camisinhas voaram por todo lado e eu quis beber
mais, mas ele não deixou. Louis parou de filmar quando tirei minha
blusa completamente louca, ficando de sutiã na frente dele dizendo
que ia tomar banho. — Você é uma completa terrorista.
— Que noite louca...
— Você que é louca.
— Dessa vez vou tomar banho de verdade e podemos comer
alguma coisa? Estou faminta. — Saí da cama e fui andando para o
banheiro, olhando a confusão de camisinhas pelo chão e rindo de
mim mesma.
— Conheço um lugar legal a caminho de casa. — Louis
continuou deitado e era uma visão muito bela para meus olhos
naquela manhã. Ele me viu nua, misericórdia. Nua, completamente
bêbada, me vestiu e me colocou para dormir.
Tomei banho usando o xampu e condicionador do hotel,
escovei meus dentes com uma escova que carregava na bolsa com
uma calcinha limpa e itens de sobrevivência feminina. Saí do
banheiro com uma toalha na cabeça e catei minhas roupas, todas
amassadas e cheirando a bebida e cigarro. Estavam intragáveis.
— Você poderia sair e comprar roupas?
Ele ergueu a cabeça do travesseiro.
— É sério?
— Estão fedendo muito. Você vai me fazer ir embora com essa
roupa nojenta? — choraminguei e com um suspiro, provavelmente
porque havia esgotado sua cota de paciência, saiu da cama. Ficou
de pé bem à minha frente e puxa vida! Olhei-o devagar, subindo por
suas pernas torneadas, tatuadas e parei no volume da cueca. Ele
sequer estava ereto e era algo bonito de se ver. — Esqueça as
roupas.
Saiu da minha boca sem pensar. Estava literalmente babando.
Louis soltou uma gargalhada e ergueu meu queixo para olhar
para seu rosto.
— Nós vamos embora assim mesmo.
— Eu não, só você. O mundo não pode ser privado de algo
assim...
— Garota, você é terrível. — Ele sorriu e pegou a calça. —
Nós vamos embora com as roupas sujas, vamos comer e depois
para casa. Eu vou tomar banho.
Ele sequer fechou a porta. Mordi meu lábio, pensando no
quanto era gostoso e não estava nem um pouco preocupado em se
cobrir. Aproveitei que estava no banheiro para me vestir, com ranço
da minha roupa e tentei deixar meu cabelo apresentável. Louis saiu
do banheiro, enrolado na toalha e vestiu a calça sem a cueca e sem
tirar a toalha.
— Você não vai desviar o olhar? — perguntou, sorrindo.
— Por que faria tal estupidez? — Me inclinei sobre a cama, ele
mordeu o lábio e vestiu a camisa. — Se quisesse privacidade, se
vestiria no banheiro, ou está retribuindo o favor por ter me visto nua
ontem?
— Foi uma boa visão, mas, você estava muito bêbada. Só te
vesti e coloquei na cama.
— Eu sei disso. Sei que estava segura com você — falei baixo
e mais séria. — Me desculpe por dar trabalho.
— Não peça desculpas, está tudo bem. Vamos embora,
malandrinha. — Me puxou da cama. Louis parou na minha frente,
nós nos olhamos e quando apoiei minha mão em seu peito, lembrei
que dançamos bem juntos, com mãos bobas e fiquei arrepiada ao
lembrar de seu beijo em meu pescoço. — O que foi?
— Nós dançamos ontem.
— Sim, bastante.
— Você gostou? — Olhei em seus olhos.
— Muito mais do que deveria. É uma pena que não lembre de
tudo... — Louis passou o polegar nos meus lábios.
— Você pode muito bem me lembrar.
— Não. Faça isso sozinha!
Fiz um beicinho que não convenceu Louis, fomos embora e ao
invés de segurar sua cintura timidamente, abracei-o bem pertinho.
Pela maneira que Louis me segurava, algo a mais aconteceu ontem
à noite. Ele ficou ainda mais perto enquanto esperávamos nosso
pedido na lanchonete rústica no meio do caminho, sua mão estava
na minha cintura e cada vez que me tocava, flashes da nossa
participação quente na pista de dança preenchiam a minha mente.
Nós chegamos em casa cansados, destruídos. Tirei a minha
roupa logo que entrei no quarto. Joguei no cesto, vesti um vestido
de algodão limpo e peguei o cesto, batendo na porta do quarto de
Louis. Ninguém me respondeu, entrei mesmo assim e peguei o
cesto de roupa dele. Desci a escada com as roupas e fui direto para
a lavanderia, ouvindo-o na garagem.
Separei por cores e itens, peguei os produtos e após colocar a
primeira remessa na máquina moderna e poderosa, encostei na
porta da cozinha para a garagem.
Louis estava sentado no chão, limpando a moto. Usava uma
bermuda jeans e nada mais, ao seu lado tinha ferramentas e o jeito
que deslizava a mão nas curvas da moto, me fez lembrar das mãos
dele sobre meu corpo enquanto dançávamos. Mordi a pontinha do
meu dedo, olhando para seus músculos flexionando e me toquei
que estava falando comigo.
— Desculpa, o quê?
— Perguntei se você se opõe a almoçarmos uma salada de
frango e podemos sair para comer pizza à noite. — Louis limpou as
mãos no pano, que parecia muito sujo.
— Parece ótimo. A roupa está batendo e eu vou ligar para
minha mãe de chamada de vídeo na sala. — Saí de perto dele o
mais rápido possível. O que tinha acontecido?
Do sofá, observei-o se lavar na pia da lavanderia, esfregando
as mãos e os braços para tirar o óleo, em seguida foi para a cozinha
e desde que cheguei, era a primeira vez que estava sem camisa.
Louis sempre ficava vestido em casa, não parecia realmente à
vontade, ainda assim, respeitando minha presença.
Deitada, liguei para minha mãe. Ela estava toda agitada.
Quatro dos meus sete irmãos estavam lá e foi muito legal ver minha
família, meus sobrinhos e cunhadas. Fiquei quase meia hora
conversando com todo mundo. Senti vontade de chorar quando falei
com meu pai, o carinhoso Sr. Salvatore Bennet, que tinha muita
paciência com sua senhora, Florence.
— Você volta para casa quando? — mamãe me perguntou
com seu rosto preenchendo toda a tela. — Estamos todos com
saudades.
— Mãe…
Eu tinha acabado de chegar, não tive tempo para pensar em
uma visita.
— Tudo bem, tudo bem. Mamãe te ama!
— Beijos, amo vocês.
Louis acenou da cozinha.
— Louis está dizendo olá, mandando beijos.
— Diga a esse menino que o amo muito e ele deveria me ligar
mais vezes.
— Tudo bem, tia Florence! — Louis gritou da cozinha.
Encerrei a chamada e continuei deitada, descansando. Fechei
os olhos por um momento, cochilando, sentindo o cheiro delicioso
de comida vindo da cozinha e saltei assustada com meu telefone
vibrando. Olhei a tela e era a mãe do Louis.
— Oi, madrinha! — Sorri. Ela estava filmando o jardim. — Está
muito bonito o jardim.
— Onde que viro a câmera? Sua mãe me mandou uma
mensagem dizendo que falou com você e estou com ciúmes, então,
eu liguei. Caramba, onde viro a câmera? Andrea, vira a câmera! —
Quase caí do sofá quando ele virou a câmera, mas de ponta
cabeça. Louis parou atrás de mim e virei a câmera para ele. — Oi
filho lindo! Ainda fico boba que fiz uma criatura tão perfeita!
— Oi mãe! Tem uma bolinha na câmera, clica em cima. —
Louis orientou e ela finalmente apareceu. — Aí está a mulher linda.
— Ele sorriu. — Estou fazendo o almoço, já volto.
— Isso mesmo, querido. Trate a nossa menina como a
princesa que ela é — ela brincou. — Como está a vida aí em
Londres? Sinto tanto a sua falta! Eu fiz compras sozinha esses dias
e foi totalmente solitário.
— Ainda não fui às compras aqui, estou tentando ser uma
mocinha adulta e economizar, mas, estou precisando de roupas.
Deixei a maioria na casa da mamãe.
— Louis pode pagar. Ele não é casado, não tem filhos e só
gasta dinheiro com tatuagens. Se você gastar o dinheiro dele, não
vai mais fazer tantas tatuagens e não vai se tornar um gibi humano.
Louis me olhou divertido da cozinha.
— Vou pedir a ele que faça um cartão de crédito adicional. —
Ela estava toda convencida.
— Sinto sua falta também, todos os dias! O Louis é tão o
padrinho!
— Continua mal-humorado? Esse menino nasceu com oitenta
anos.
— Um pouco, rabugento, mas é bem implicante. — Louis saiu
da cozinha, puxou meu dedo mindinho e ele estalou. — Ai, idiota! —
Tentei chutá-lo e fugiu a tempo, pegando meu telefone, levando para
a cozinha. Apoiou no alto do armário e ficou montando a salada,
falando com a mãe. — Você simplesmente interrompeu a minha
conversa?
— Sim! Antes que ela me fizesse te dar um cartão de crédito.
— Louis me empurrou de perto. — Vá fazer o suco — ordenou. Dei
a língua por trás e minha madrinha soltou uma risada. Eles
continuaram conversando, meu padrinho apareceu na tela, pediu
para me ver e brigou que Louis estava me alimentando muito tarde.
Fiz um pouco de charme só porque ele me expulsou de perto. —
Nós estamos bem, mãe. Agora vamos almoçar! Nos falamos depois!
— Encerrou a chamada.
Montei meu prato com a salada e peguei uns legumes que
estavam cozidos. Sentei-me no banquinho alto com um pouco de
dificuldade, porque minhas meias me faziam escorregar. Louis me
segurou, me colocando firme e lembrei das mãos dele agarrando
meus quadris e dançando atrás de mim.
Fechei meus olhos, suspirei e recostei nele, que tirou meu
cabelo do ouvido, jogando para o outro lado.
— Está lembrando, Cat? — Fiquei toda arrepiada.
— Em parte... você podia dar uma ajudinha.
— Não. Se você não lembrar, será como o que acontece em
Vegas, fica em Vegas — sussurrou no meu ouvido e senti seu corpo
pressionando o meu. — Espero que você lembre. — Se afastou e
sentou do meu lado, nós viramos de frente um ao outro.
— Dancei em cima da mesa? — questionei e ele apenas
sorriu. — Você me pegou, jogando sobre os ombros e me levou
para o bar novamente.
— Vocês ficaram loucas. Nós nos afastamos para jogar sinuca
e quando voltamos, estavam bêbadas, rindo, dançando em cima da
mesa e fazendo um show. Pensei que teria que socar alguém para
te pegar... O Gadot ficou feliz. Mel passou por uma fase ruim... vê-la
se divertir o fez bem. Ele quer fazer um jantar em sua homenagem,
por fazer a mulher dele rir.
— Foi a tequila.
— A tequila te fez ainda mais terrorista.
— Terrorista? Só por que, de alguma forma, acabei te
provocando? — Me inclinei para frente e ele também.
— Porque não deveria ser tão provocante para mim. — Ele
arrastou o nariz em minha bochecha.
— Por que não? Não somos irmãos... — Beijei sua bochecha
bem devagar. Louis grunhiu, se sacudiu e deu para ver a pele toda
arrepiada. — Talvez isso ajude a lembrar... — Arrastei o meu nariz
por seu queixo e beijei a outra bochecha. — Mas você não quer
ajudar. — Voltei para o meu lugar, peguei meu garfo e comecei a
comer. — Está uma delícia. Não vai comer?
Louis ainda estava parado me olhando.
— Viu só? Terrorista.
Conhecia Louis por toda minha vida, ele foi a minha primeira
paixonite. Era um homem lindo, realmente gostoso e queria mesmo
saber se, bêbada, tirei uma casquinha. Sóbria, ia comer a casquinha
inteira.
Depois de comermos, ele me convidou para assistirmos a um
filme, porque queria aproveitar o domingo para descansar. Peguei
as colchas, ele escolheu o filme e deixei minhas pernas em seu
colo. O telefone tocou e ele suspirou, fechando os olhos.
— Vou receber um documento, já volto. — Saiu da sala, abriu
a porta da frente e um garoto estava com uma série de pastas. — O
que aconteceu?
— Lord Chanceler está trabalhando hoje. Há algumas
deliberações do Duque de Kingston que precisam ser enviadas ao
palácio — o garoto respondeu, entregando tudo a Louis. — Marli
pediu para lembrar que você tem uma reunião no parlamento
amanhã no primeiro horário.
— Obrigada, Jazz.
— Nada, chefe. Bom domingo.
Louis olhou para as pastas e suspirou.
— Excelente domingo...
— Vai precisar trabalhar? — questionei do sofá.
— Mais tarde. — Ele bloqueou a porta com o alarme. —
Vamos assistir ao filme porque ainda não estou com cabeça para o
trabalho. — Deixou as pastas na mesinha da sala de estar e voltou
para o sofá.
Acabei dormindo em menos de dez minutos de filme. Sonhei
com a noite anterior, a dança em cima da mesa com Mel, a dança
quente com Louis na pista, os beijos no corredor do banheiro.
Beijos no corredor do banheiro.
Nós nos beijamos!
Acordei sozinha no sofá, coberta, a sala estava escura e eram
dez da noite.
Me descobri e encontrei duas caixas de pizza na cozinha,
faltavam alguns pedaços que ele já deveria ter comido. Abri uma
cerveja, fui andando e comendo. Subi a escada para o escritório.
Louis estava com uma garrafa de cerveja, várias pastas abertas,
usando óculos e digitando em seu computador, bem concentrado.
— Posso entrar?
— Quero um pedaço — reclamou, tirando os óculos e jogando-
os na mesa. Ofereci minha fatia a ele, mas não segurou para não
sujar as mãos e deu uma mordida. — Acordou, bela adormecida.
— Não sou uma garota acostumada com baladas. Quer
ajuda?
Louis me encarou por um momento.
— Na verdade, sim. — Pegou uns arquivos. — Preciso que
marque todas as ligações feitas no dia 17 de julho do ano passado.
Grife com uma cor só.
Fui ao banheiro para lavar minhas mãos e sentei no sofá com
as folhas, dobrei minhas pernas e prestei bastante atenção para não
fazer besteira. Ele ficou quieto, ocupado e de vez em quando parava
de grifar, mordia a caneta e ficava olhando-o como uma idiota
babando.
Nós nos beijamos! Eu queria pular nele e dizer: lembrei do
beijo. Por algum motivo idiota, estava tímida. E se ele queria que
esquecesse? Fazia sentido pensar que se ele quisesse me beijar de
novo, teria feito. Oportunidade não faltou.
Assim que terminei, conferi duas vezes e devolvi, pegando
mais e eram outras datas, outros números de telefone. No final, ele
só contabilizou quantas ligações, anexou no documento que estava
digitando e me olhou, me puxando pelo vestido.
— Obrigado pela ajuda. — Beijou minha barriga e acariciei sua
cabeça, bagunçando todo seu cabelo. — Acho que vou comer mais
pizza.
Nós descemos, comemos quase toda a pizza que estava na
caixa e mais duas cervejas cada. Entrei no meu quarto, escovei os
dentes e tomei um banho quentinho para dormir cheirosa. Vesti um
pijama e me deitei sozinha na cama, voltando a mergulhar nas
memórias dos beijos tórridos que trocamos no corredor dos
banheiros.
Nós dois estávamos bêbados.
Foi uma linha que cruzamos com a desculpa da bebida.
Nossas famílias eram amigas, muito unidas, a mãe dele era minha
madrinha. Podia muito bem fingir que não lembrava de nada.
10 | Louis.
Meu despertador parou de tocar quando o joguei no chão,
voltando a abraçar meu travesseiro. A maluca da Catherine Bennet
me tirou do sério, do foco, do meu juízo e me transformou em um
palhaço excitado na frente dos meus amigos. Ela era divertida,
cheia de energia, simpática e não havia um que não ficasse
encantado.
Eu estava integralmente na dela. A garota me tinha nas mãos
com um sorrisinho no rosto, me olhava como se eu fosse a pessoa
mais importante de seu mundo e sempre que me segurava,
buscando proteção, um lado homem das cavernas sentia um prazer
absurdo de ser a fonte de sua segurança.
No tempo que estávamos sob o mesmo teto, ela apagou de
vez a imagem da baby Cat e me deixou tomado com a ousadia,
inteligência e pela mulher incrível que era. Cada palavra que saía de
sua boca me enchia, cada atitude maluquinha tinha o efeito de me
enervar, me excitar ou me divertir.
O dia que passamos em Winchester foi divertido, adorável.
Bebi muita cerveja enquanto Cat comia um produto de cada barraca
e ficou empolgada com a feira. Nós reservamos quartos, levei a
minha moto para um estacionamento privado e fomos para um pub.
Ela e Mel resolveram que podiam se divertir sem limites no período
que nos afastamos para jogar sinuca. Quando dei por mim, Cat
estava em cima de uma mesa dançando e um grupo de homens
adorando o show.
Tive que empurrar algumas pessoas para chegar nela, agarrar
suas pernas e jogá-la sobre meus ombros, antes que algum idiota
fizesse o mesmo e eu a perdesse de vista. Ela implorou para
continuar dançando e daquela vez, comigo. Levei-a para a pista de
dança, tomado por um desejo de posse que cheguei a sussurrar que
ela só poderia dançar comigo. E ela dançou.
Dancei com uma mulher muito atraente, objeto do meu desejo
e de novos sonhos eróticos.
Cat e sua bunda estavam por todo lado na minha mente.
Seus sorrisos, suas dancinhas com pijamas fofos e sexys.
Cat estava por todo lugar.
Eu era um homem treinado para limpar a minha mente de
quaisquer pensamentos e não conseguia tirar Cat da minha cabeça.
Aceitei que viesse morar comigo para ajudar e não para me
apaixonar por ela, porra. Seria uma bagunça infernal se continuasse
alimentando aquelas ideias de que nós dois poderíamos ter
qualquer coisa e estragar a amizade que eu precisava.
Sua companhia preencheu um espaço dentro de mim que
nenhum dos meus amigos conseguiu antes. Ela me ouvia e me
entendia, se preocupava com meu trabalho e cuidava de mim.

Dançamos juntos de uma maneira excitante, pude sentir todo


seu corpo. Quando ela quis ir ao banheiro, acompanhei-a porque o
local estava cheio e não queria deixá-la sozinha. Cat me empurrou
contra a parede, segurando meu rosto e me beijou, retribuindo com
força tudo que a provoquei na pista de dança. Nós nos atracamos
ali, cheios de bebida e tesão.
Ela me beijou.
Cat estava louca, muito bêbada e quando chegamos ao hotel,
fez um monte de besteira engraçada, dando um belo trabalho. Ela
espalhou camisinhas, dançou no poste da cama e tirou a roupa bem
na minha frente. Eu sabia que estávamos bêbados e podíamos
fazer algo que iríamos nos arrepender, então expulsei a nuvem da
bebida e foquei em cuidar dela, que dormiu enrolada na toalha no
chão do banheiro. Vesti um roupão nela e nos deitamos juntos.
Catherine não lembrava de porra nenhuma quando abriu os
olhos no dia seguinte e deixei assim. Ao longo do dia, sabia
exatamente os momentos que lembrava da noite anterior. Mesmo
assim, tudo tinha mudado para mim. Cat era uma mulher linda e eu
a queria mais do que respirar.

Saí da minha cama e fui me arrumar, eu não teria tempo para


malhar ou praticar qualquer exercício. Meu dia de trabalho estava
cheio demais para perder tempo. Bati na porta do quarto da frente e
Cat ainda estava enrolada nas cobertas, dormindo. Toquei seu
rosto, precisando me despedir dela antes de sair. Ela abriu os olhos,
cobriu a boca para bocejar e se aproximou de mim, me puxando
para um abraço.
— Bom dia. Você tem que sair?
— Infelizmente sim. — Beijei seu pescoço. Seu perfume é uma
delícia. — Não tem trabalho?
— Vou passar na agência para buscar uns contratos, cheques
de pagamentos e depois vou comprar umas roupas que estou
sentindo falta. Tenho que fazer minha mala para uma viagem.
— Quer meu cartão? — provoquei e ela só bocejou.
— Não me ofereça duas vezes.
— Durma um pouco mais. Eu te ligo daqui a pouco. — Beijei
sua testa. Ela sorriu e puxou o travesseiro para abraçar. Quis deitar
ali e ficar, mas se ela não lembrava do beijo, eu tinha que
aguentar… e esperar o que iria acontecer.
— Deixa pizza para meu café da manhã! — ela ordenou e
sorri.
Arrumei minha pasta no escritório, desci e abri a caixa da
pizza. Só tinha um pedaço. Comi para deixar Cat furiosa, seria muito
engraçado. Para compensar, deixei a cafeteira com café fresquinho.
Saí de casa com tempo, precisando correr para chegar em
meu compromisso antes que não pudesse mais entrar. Costurei o
trânsito, estacionando do outro lado da rua e tirei meu capacete,
pendurando no braço, atravessando a rua em passos apressados.
Podia morar em Londres há muitos anos, mas ainda era um
descendente de italianos viciado em cafeína.
Parei em um bistrô que os donos eram italianos, o único lugar
além da minha casa onde o café tinha gosto de café. Pedi um
expresso, bebi e olhei as mensagens dos meus amigos. Charlotte
me enviou fotos de Moana suja de farinha e me perguntei que
merda ela aprontou com a cadela. Ethan estava com cabelos
brancos.
E pensando nele, observei sua figura atravessar a rua.
— Oi! — Ethan colocou a pasta em cima da mesa e pediu um
café. Ele ficou falando sem parar. Parece que conviver com
Charlotte estava afetando-o demais. — Está tudo bem? Como foi
em Winchester?
— Cat e eu nos beijamos.
Ele cuspiu seu café.
— Ela não lembra da porra do beijo e eu estou me sentindo o
homem mais torturado do planeta. Quero beijá-la de novo e
repetidamente.
— Ah, homem! — Ethan soltou uma gargalhada. — Ela não
lembra do beijo? Porra! Posso contar para Charlie? Não posso rir
disso sozinho!
— Pelo menos não está pedindo para contar para nossos
amigos.
— Liam[4] faria uma festa em cima disso, é certo. Justin[5] te
respeitaria mais, no entanto, sou um homem amigo e só quero
fofocar com minha esposa e rir disso no jantar.
— Vai se foder. — Recolhi minhas coisas e fui embora,
abandonando-o com sua risada.
Minha reunião se estendeu pela manhã inteira. Pela maneira
que rendeu, imaginei que precisaríamos fazer uma pausa para o
almoço, mas chegamos às deliberações finais a tempo. Saí da sala
apressado, peguei meu capacete e atravessei a rua com cuidado.
Antes de sair, olhei meu telefone e estava repleto de mensagens de
Marli, atualizando minha agenda.
As mensagens de Cat eram as melhores. Todas em letras
garrafais, muito irritada que eu comi a pizza. Soltei uma gargalhada
que atraiu a atenção de quem estava ao meu redor. Coloquei meu
capacete, andei rápido pelas ruas e parei para buscar meu almoço,
seguindo para o escritório.
— O que está havendo? — Passei por uma gritaria em uma
sala de reuniões.
— Conciliação de divórcio. A mulher já falou cada coisa.
Sabia que o sr. Bryce é brocha? Segundo ela, sim. — Marli estava
bebendo um cafezinho e olhando para a sala sem disfarçar.
— É por isso que não aguento mais fazer conciliação de
divórcio. Quem está com o casal?
— Jimmy.
— É, ele acabou de se casar. Corajoso — brinquei e tirei
minha pasta, terno e imediatamente abri a embalagem do meu
almoço. Sentei-me no sofá, esticando as pernas e comecei a comer,
sentindo cheiro de pizza.
— São muitas caixas! — Marli estava falando e apareci na
porta da minha sala. — Alguém mandou entregar sete caixas de
pizza para você.
— O quê? Quem?
— Catherine Bennet. — O rapaz olhou um bilhete. — A nota
traz a observação de que o senhor gosta tanto de pizza que irá
apreciar o formato.
— Não conheço a loja de vocês. — Marli estava olhando-o e
analisou o uniforme. — O que seria um formato de pizza do jeito que
você quer? Eu só conheço a redonda.
O rapaz sorriu, ergueu a tampa e enquanto Marli começou a
rir, fechei meus olhos e suspirei. A pizza tinha o formato da bunda
da Cat. Havia catupiry reproduzindo a mão com areia em sua
nádega, exatamente como a foto problemática que me deixava
maluco. Era uma das muitas, mas aquela tinha um apelo especial.
Todas as pizzas eram o exato formato da bunda dela.
— Pediu pizza para todo mundo, chefe? Estou morrendo de
fome. — Ryan parou na minha sala. — Uau! Isso é uma bunda com
biquíni?
— É a bunda da namorada do chefe. — Marli estava rindo.
— Ninguém vai comer essas pizzas! — Abaixei a tampa e tirei
umas notas da minha carteira. — Obrigado por entregar. — Dei uma
gorjeta ao rapaz, levei as caixas para meu escritório, fechei a porta
e peguei meu telefone. Em seguida, liguei para ela. — Catherine
Elizabeth Bennet!
— Oi, posso te ajudar? — Ela bancou a espertinha.
— Nunca recebi uma pizza em formato de bunda.
— Que bom que cheguei na sua vida para inovar. — Soltou
uma risadinha. — Está gostosa?
— Não sei, mas tenho certeza de que não está tão gostosa
quanto a sua bunda. O que está fazendo?
— Vou almoçar. E você?
— Vem almoçar comigo... temos bastante pizza para comer.
— Já que está pedindo com tanto jeitinho, vou aí comer a
minha própria bunda com queijo e pepperoni. — Soou divertida e
ergui a tampa da caixa, olhando para sua bunda.
Soltei uma risada e avisei a minha assistente que ela chegaria
a qualquer momento. Deixei a porta aberta para saber exatamente o
momento em que ela chegasse.
Da minha mesa, vi Cat passar desfilando. Ela tinha um andar
único, no qual seu quadril se movia de forma hipnotizadora, de um
lado ao outro. Andava com calma, segurando um saquinho com
duas latas de refrigerante e uma garrafa de água. Sua bolsa estava
pendurada no ombro, usava uma calça jeans muito justa, uma blusa
cinza e os cabelos soltos.
Ryan e mais dois advogados associados ficaram parados,
olhando-a e ela mantinha o olhar fixo em mim. Lentamente um
sorriso safado cresceu, criando uma curva bastante sensual nos
lábios. Ela cumprimentou Marli e sinalizei para que entrasse.
Fechou a porta atrás dela e levantei, encontrando-a no meio do
caminho. Segurei seu rosto e beijei sua bochecha, agarrando sua
cintura com as mãos coçando para segurar a bunda.
— Você está adorando atormentar meu juízo, não é?
Cat segurou as golas da minha camisa e plantou um beijo
suave no cantinho da minha boca.
— Nunca imaginei que seria tão divertido.
— Vamos comer.
Antes que eu implore por um beijo.
Enquanto comíamos, ela contou sobre a viagem e eu avisei
que iria levá-la ao aeroporto e buscaria, não importando o horário.
Ela foi embora para arrumar as malas. Marli e Ryan não paravam de
sorrir e me zoar, eles me encheram tanto o saco que permiti que as
pizzas fossem distribuídas, contanto que eles cortassem e não
desse para saber que meus funcionários estavam comendo pizza
com o formato da bunda da Cat.
Saí do trabalho tarde da noite, ela não estava em casa, foi
chamada de última hora para um ensaio fotográfico de lingerie para
núpcias, era uma marca de vestidos de noivas e roupas de
casamento de modo geral. Mesmo cansado, matei o tempo noturno
trabalhando porque estava com muito trabalho acumulado e se
quisesse tirar férias, precisava me adiantar.
Não tirava um tempo para mim desde a faculdade, estava
cansado, querendo viajar, realmente aproveitar a parte boa da vida
ou apenas tirar uma semana inteira para dormir.
Meus amigos viajavam uma vez por ano ou mais, sempre me
animava de ir e nunca conseguia. Chegando aos trinta e dois anos,
precisava mesmo parar de trabalhar o tempo inteiro e aproveitar as
regalias que podia pagar. Estava seriamente refletindo se deveria
continuar naquele ritmo. Ganhava dinheiro e o que mais? Não
parecia fazer sentido.
A parte boa é que não precisava decidir aquilo imediatamente.
Passava da meia noite quando Cat enviou uma mensagem
informando que o ensaio estava no fim e ia trocar de roupa para vir
embora. Avisei que iria buscá-la, era muito tarde para pegar um táxi
e provavelmente estava cansada. Peguei as chaves, saí
rapidamente de casa e não precisei usar o gps, porque sabia bem
onde era o prédio que estava. Estacionei na frente, saí do carro e o
porteiro me deixou entrar.
Cat estava no terceiro andar, ao sair, a primeira coisa que vi foi
uma televisão grande passando as fotos dela. O tal do Frank falava
algo com uma mulher, duas meninas dobravam coisas no chão e um
garoto recolhia os cabos. Em algumas fotos, Cat estava sem sutiã,
de costas, com calcinhas realmente pequenas, atraentes, muito
bonitas e em outras usava um conjunto, com meias, ligas e saltos.
Como era sexy. Impossível não ficar olhando como um idiota
vidrado. Ela saiu de um dos quartos, vestida com a mesma roupa de
mais cedo. Visivelmente esgotada, me deu um sorriso feliz, aliviado
e soltou um bocejo ao me abraçar.
— Está tudo bem?
— Te ver só me fez sentir querida. Estava com medo de ir
embora sozinha porque ainda não sei andar aqui direito e sei lá, só
senti alívio de que ficaria segura.
Beijei o topo de sua cabeça.
— Sempre estará segura.
Uma mulher baixa e robusta se aproximou de nós com sacolas
de papel pretas, decoradas em dourado.
— Isso é para você, Cat. Obrigada por vir tão em cima da hora.
Nós separamos alguns presentinhos, são todos da nova coleção...
Quem sabe convence aquele bonitão ali a ir para o altar — brincou.
Peguei as caixas e sacolas para ajudar.
Queria vê-la em tudo aquilo.
— Agradeço de coração, sempre que precisar, pode me
chamar.
— Querida, ela quer que você seja o rosto da marca. — Frank
entrou no assunto, com um sorriso encantador. — Oi, bonitão.
Eu já sabia que ele estava fazendo para implicar comigo. Dei-
lhe um aceno e Catherine segurou minha mão, se despedindo de
todos. Nós saímos do prédio, guardei as bolsas atrás e entramos no
carro. Cat reclamou que estava com fome.
— Conheço um lugar aberto ainda, é de sanduíches, feitos na
chapa e só tem cerveja. É um lugar de homem.
— Você vai me proteger?
— Nunca duvide disso. — Beijei sua mão.
Estacionei na área mais escura da cidade, não era bem um
lugar perigoso, mas não deveria ser frequentado por mulheres
naquela hora. Conhecia o dono, deixei Cat no carro, fiz os pedidos e
aguardei. Não demorou muito, voltei para o carro com dois
sanduíches com queijo, carne desfiada e molho.
Parei um pouco mais a frente em uma área movimentada e
saímos do carro. Ela deu uma mordida soltando um som apreciativo,
faminta e pediu ajuda para sentar no capô. Compartilhamos nosso
lanche com o céu milagrosamente bonito. Não demoramos muito,
ambos cansados além de que no dia seguinte ela tinha uma viagem
importante.
Cat subiu para tomar banho, guardei os papeis espalhados na
sala e deixei minha pasta pronta para o trabalho no dia seguinte.
Quando subi, fui direto para meu quarto, tomar um banho para
deitar. Vesti uma cueca samba canção e fiquei sem camisa, do jeito
que gostava de dormir. Entrei no quarto dela para vê-la usando um
pijama tentador e desejar boa noite.
— Tem camisolas lindas entre as coisinhas que ganhei de
presente. Adivinha o que vou começar a usar logo que lavar?
— Eu vim para meu beijo de boa noite. — Ignorei minha mente
traidora querendo vê-la com todas as roupas íntimas.
— É mesmo? Vem buscar!
Catherine Bennet era a vilã da minha história de fazer a coisa
dar certo.
Segurei seu rosto, dei-lhe um beijo suave, mas ela tinha outros
planos, me beijando e seduzindo. Quando dei por mim, estávamos
na cama. Me afastei rindo, cobri-a com o edredom e sai do quarto,
ouvindo seu grunhido de insatisfação. Me joguei na minha cama,
ajeitei meu pau na cueca e suspirei. Ia ser difícil.
11 | Cat.
Frank coçou os olhos ao meu lado quando paramos na esteira,
esperando nossas malas. Meus olhos ardiam de sono, estava com
fome e queria sentar, chorar e me encolher até o sentimento de
angústia passar. Ele me cutucou gentilmente quando Celina passou
por nós com a minha chefe, Britney. Ainda não havia entendido,
como, no mundo, a ex-namorada de Louis passou a trabalhar como
marketeira da agência e se enfiou na viagem para a Itália.
Foi um choque vê-la no estúdio e muito irritante aguentar seus
comentários ácidos, me diminuindo em comparativo com as
modelos de passarela. Até minha chefe percebeu, lembrando que
eu era fotográfica e fui convidada para usar as peças exclusivas das
marcas nos tapetes vermelhos. Sorte que a amiga de Louis atendeu
minha ligação desesperada e rapidamente fizemos um contrato,
assim, ela me representaria oficialmente.
Eu podia ser inocente para muitas coisas, mas sabia quando
alguém estava tentando me passar para trás. Longe de Britney,
Celina quase me fez perder dois contratos publicitários que me
pagariam muito bem. Trish foi incrível em contornar os problemas,
mesmo de Londres. Foi uma viagem emocionalmente exaustiva
para mim, como se a minha bolha tivesse estourado. Celina furou
meu balão.
Agarrei minha mala, colocando no chão e me despedi de
todos. Saindo do portão de desembarque, Louis estava em pé no
meio do saguão, com as mãos enfiadas no bolso e olhando
fixamente para a saída. Eu adorei seu olhar quando me reconheceu.
Ficou mais leve, mais bonito e divertido. Um pequeno sorriso surgiu
em seus lábios e quase soltei tudo para correr até seus braços.
Agarrei-o bem apertado, escondendo meu rosto em seu peito e
funguei, segurando o choro.
— Espero que isso tudo seja saudade e não tristeza. — Ele
esfregou minhas costas.
— Estou cansada e sim, com saudades. — Ergui meu rosto.
Louis secou algumas lágrimas e ficou sério, olhando para trás de
mim. — Celina trabalha com minha chefe.
— Ela estava na viagem?
— O tempo todo.
— Por que não me falou?
— Por que falaria? Faria alguma diferença para você? —
rebati, irritada.
— Não dessa maneira, Catherine. — Ele abaixou e pegou
minhas coisas. — Vamos para casa. — Determinou. Se tivesse
energia, buscaria uma briga, mas eu queria deitar e dormir. Aceitei
sua mão e basicamente fui arrastada para o carro. Bocejei pela
milésima vez, meio perdida em como colocar o cinto e ele me
ajudou.
A rua estava um pouco vazia porque era meio da madrugada.
Desde que me mudei, nunca desejei tanto o colo da minha mãe e
seus sábios conselhos.
— O que posso fazer por você?
— Nada. Vir aqui a essa hora da noite já é muito. — Estiquei
meu braço e segurei sua mão. — Vamos para casa. Amanhã
falamos sobre qualquer coisa pendente.
— Acha mesmo que voltaria para casa depois de uma semana
e pegaria um táxi?
— Iria dividir com os outros.
— Não. Nunca. Se eu não estiver na cidade, algum dos meus
amigos irá te buscar. Sua família está em Nova Iorque, mas você
não está sozinha aqui.
Ouvir aquilo trouxe paz e sensação de conforto ao meu
coração. Louis me deixou quieta, quase cochilei no carro e ao
chegarmos, ele deixou minha mala com as roupas sujas na
lavanderia e subiu com as duas menores para meu quarto. Tomar
banho no meu próprio banheiro era indescritível. Vesti um pijama
confortável e olhei para minha cama, pensando em deitar ali e não
dar vazão aos sentimentos confusos que cresciam no meu peito,
mas… a confusão venceu.
Atravessei o corredor e bati na porta. Louis estava tirando a
colcha, usando uma calça de pijama caída deliciosamente na cintura
e sorriu. Ele puxou de um lado, me convidando para deitar e não
pensei duas vezes. Deixei meu telefone na mesinha ao lado, me
acomodando, ele apagou as luzes e deitou.
Puxei seu braço, sem nenhuma cerimônia, me aconchegando
da maneira que eu precisava. Louis me abraçou, me fazendo sentir
protegida e bem-vinda.
— Senti sua falta — ele falou baixinho. — A casa fica muito
silenciosa sem você e meu estômago consideravelmente vazio.
Estou exigente, só quero sua comida.
— Só a minha comida?
— Você por inteiro…
Respirei fundo e acariciei seu braço, dando um beijinho no
bíceps.
— Eu lembro daquela noite.
Louis segurou meu queixo com seu indicador e ergueu meu
rosto, para olhar em meus olhos. Ali havia uma necessidade
urgente, nossa proximidade no casulo quente da cama só
aumentava a vontade de consumir o fogo lento, que queimava de
tanto desejo.
— Por que não falou nada?
— Achei que você quisesse esquecer.
— Eu deixaria de lado se você nunca lembrasse… agora que
lembra, peço licença para avisar que vou te beijar pra caralho.
Não consegui responder nada, apenas olhei para sua boca e
foi o suficiente para ele. Louis me beijou com intensidade.
Segurando minha nuca, tomando minha boca com a voracidade dos
nossos sentimentos que explodiam por todo lado. Explorei minhas
mãos por seu corpo, tateando seus braços musculosos e ganhei
beijos no pescoço, acima da minha pulsação.
Louis se afastou um pouco, olhando em meus olhos e sorriu.
Nós ficamos apenas nos olhando, com as costas dos dedos, ele
passeou pelo meu colo dos seios e arrastou pelos mamilos, que
estavam arrepiados com a nossa proximidade. Voltamos a nos
beijar, juntinhos e apesar de sentir uma necessidade louca de pular
nele, Louis foi acalmando nosso toque e deitamos juntinhos.
Acariciando meu quadril, ele me fez dormir.

Adormecer em seus braços foi tudo que precisava. Ainda


acordei com ele na cama, seu braço pesando na minha cintura e
depois, estava sozinha e era tarde. Senti cheiro de comida e meu
estômago roncou. Saí da cama, fui ao banheiro, prendi meu cabelo
e fui descendo a escada quase como um desenho animado, atraída
pelo cheiro. Para minha surpresa, não era Louis na cozinha e sim,
Alicia, com os cabelos ruivos volumosos presos no alto, usando um
vestido azul longo e avental.
— Bom dia, bela adormecida. Espero não ter te acordado com
algum barulho.
— Só com o cheiro. O que está fazendo? Meu estômago quer!
— Muffins!
— Cadê Louis? — Sentei em um banquinho e ela me deu uma
caneca com chá. Queria café, mas apenas Louis gostava como eu.
— Ele foi trabalhar e deixou seu café pronto. Estou aqui para
te fazer companhia.
— Sério?
— Louis me disse que você chegou meio triste ontem e como
ele precisava sair, não quis te deixar sozinha, então me ofereci para
ficar aqui. Sei que não somos próximas, mas se quiser conversar,
estou pronta para te ouvir. — Ela sentou do outro lado do balcão e
eu sorri. — Foi ruim ou isso é normal?
— Na verdade, não sei se é normal, já tive algumas viagens,
mas foi uma equipe reduzida. Essa foi maior, minha estreia em
tapetes vermelhos italianos e a coisa toda foi muito agressiva. A
gerente no local ficou limitando a comida, fazendo pressão
psicológica sobre não caber nas roupas e eu não sou modelo de
passarela. Sei que tenho que manter um padrão de corpo, mas não
preciso passar fome. — Apoiei meus cotovelos na mesa, me
sentindo frustrada. — E Celina estava na viagem, ela me fez sentir
desconfortável e por mais que ache que é coisa da minha cabeça,
em alguns momentos pareceu que tentou me sabotar.
— Celina? — Alicia quase saltou do lugar. — Estamos falando
da Celina que Louis ficou por umas semanas?
— Não foi um namoro?
— Eu sou mulher e nunca do tipo que passa a mão na cabeça
de homens, não banco a defensora deles, mas eu coloco minha
mão no fogo por Louis. Ele tem muitos defeitos, é intrometido e
implicante, mas não é um mentiroso. — Alicia parecia não gostar
muito de Celina e não era preciso muito para saber os motivos.
— Tanto faz se foi ou não, eu cheguei depois que acabou e
nem sei o que está acontecendo entre nós dois, só sei que ela veio
aqui no dia seguinte que a irmã dela nos viu no restaurante e agora,
parece ser a marketeira da minha agência. Eu tive que contratar
Trish às pressas para me representar diretamente com as marcas e
ainda não sei se ela conseguiu alguma coisa.
Alicia segurou minha mão e apertou.
— Em primeiro lugar, quanto ao trabalho, você tem um
contrato e sua agência ganha em cima de cada contrato novo, eles
devem seguir o que foi acordado. Vamos pedir para Louis analisar e
assim, podermos garantir que sua agência não irá te passar para
trás. — Ela foi firme. — E quanto a Celina, tenho contatos e
descobrirei como a coisa toda aconteceu.
— Obrigada por estar aqui, Alicia. Não precisava, sei que é
ocupada.
— Não nos conhecemos muito, mas estou disposta a estar ao
seu lado sempre que precisar.
— Pode apostar que eu estarei ao seu lado também.
Trocamos um rápido abraço e a campainha tocou. Era um
documento para Louis, assinei a entrega e fechei a porta, passando
pela sala e parei ao ver dois jarros enormes de flores coloridas.
— Você que trouxe as flores?
— Não. Tem um cartão… para você — Alicia cantarolou da
cozinha.
Deixei o documento dele em cima da mesa e peguei o
pequeno envelope azul. A letra confusa de Louis estava no centro,
com uma doce mensagem: “Seja bem-vinda de volta. Cada pétala
representa o quanto senti sua falta”. Ele comprou flores lindas
porque eu estava voltando para casa. Soltei um gritinho e pulei no
lugar, sem conter as borboletas bizarras no meu estômago.
— Caramba, garota! Esse menino sabe como investir pesado!
— Alicia leu a mensagem. — Pode pular, eu não vou rir.
— Ele foi me buscar de madrugada e deixou as flores, mas eu
estava cansada e eu não vim na sala, fui direto para o quarto. É tão
atencioso…
O que Louis estava fazendo com meu coração?
Tirei uma foto, apenas para ter um registro e enviei uma
mensagem a ele, dizendo que iria agradecer adequadamente
quando chegasse do trabalho.
Meu dia com Alicia foi incrível e ela me fez sentir melhor
novamente. Ela não era tão mais velha que eu assim, mas tinha
muita sabedoria e carinho em suas palavras. No final do dia, ela foi
embora, precisando passar em um restaurante para verificar o
andamento. Acionei o alarme, o tempo estava fechado e fui para o
segundo andar, liberando a mala de roupas limpas, ainda com
preguiça para lavar as sujas.
Britney me enviou uma longa mensagem pedindo desculpas
pelo comportamento de Celina e que a agência havia conversado
com o escritório, eles prometeram que não iria se repetir. Alicia
estava certa. Eles ganhavam dinheiro comigo e não podiam me
tratar de qualquer maneira. Agendei uma reunião com Trish para
falar sobre trabalho.
Quando terminei com as roupas, me perguntei se era exagero
esperar Louis com um jantar romântico. Depois de me buscar de
madrugada e comprar flores, o que era uma comida elaborada à luz
de velas? Na minha opinião, a cereja do bolo. Só esperava que ele
não me achasse um pouco exagerada e saísse correndo.
Escolhi um vestido preto, justo, até o meio da coxa e usei um
pouco de maquiagem para esconder as olheiras. Deixei meu cabelo
solto e desci toda serelepe, preparando um jantar que agradaria o
paladar masculino: filé, purê com queijo e aspargos. Separei vinhos
e enquanto não chegava, acendi as velas aromáticas, organizei as
flores e deixei o ambiente preparado.
Conversei com meu pai, minha mãe estava no escritório das
padarias.
Meu coração disparou quando ouvi o barulho do carro na
garagem. Ele abriu a porta da cozinha e não me viu no escuro,
jogou as chaves no aparador e tirou seu casaco por cima do terno.
— Cat? Está em casa?
Fiquei em silêncio, apenas observando-o se despir
parcialmente, deixando o terno nas costas da cadeira e abrindo os
botões dos punhos. Ele acendeu a luz.
— Estava apenas te admirando. Teve um bom dia?
— Já esqueci todo meu dia só de te olhar linda assim. É seu
aniversário? — Ajoelhou na minha frente e acariciou minhas coxas,
me puxando para frente e me abraçando.
— Sabe que não. Apenas um jantar de agradecimento pelas
flores.
— Você gostou?
— Amei muito. Nunca ganhei antes, quer dizer, nunca ganhei
de ninguém além dos meus irmãos. Quer dizer que sentiu minha
falta?
— Você é uma coisinha que faz barulho e ocupa espaço. Além
do mais, minhas cuecas ficaram lotando o cesto.
— Elas não correm para a máquina sozinhas. — Apertei seu
nariz. Era só brincadeira, ele também lavava as roupas e muito bem.
Soltei o nó de sua gravata, puxando um pouco e tirei por sua
cabeça, abrindo alguns botões de sua camisa.
Nossos rostos se encontraram e com um suave arrastar de
nariz, ele tocou os lábios nos meus e me deu o beijo que ansiei o
dia inteiro. Deslizei meus dedos por seus cabelos macios, me
aproximando ainda mais e não levou muito tempo para ele me pegar
e me colocar em seu colo, no chão. Meu vestido subiu um pouco,
ele apertou minha bunda de um jeito que me fez gemer. Foi como se
ele apreciasse cada segundo daquele toque e quisesse prolongar.
O forno apitou e me fez saltar, afastei minha boca da dele com
muita relutância.
— Se eu não tirar o filé do forno, ele vai ficar seco.
— Eu diria que não me importo, mas não quero estragar o que
preparou.
Fiquei de pé e ele se inclinou com um olhar sexy para meu
corpo que me deixou arrepiada. Ajeitei meu vestido e fui para a
cozinha, ele levantou e sem cerimônia, ajeitou sua ereção. Gostava
do quanto era respeitoso comigo, mas também queria ver as
reações de seu corpo, assim não me sentiria tão perdida sobre
meus sentimentos e ações. Não existe nada pior que joguinhos. Eu
preferia mil vezes uma conversa limpa a enfrentar um começo de
relação cheia de mistérios.
Com Louis me abraçando por trás e elogiando os bifes, eu não
conseguia pensar em nenhum contra. Aquele mundinho perfeito da
casa dele, era o meu tipo favorito de conto de fadas. Eu deixaria
para analisar o que poderia me fazer correr quando não tivéssemos
mais forças para fugir.
12 | Cat.
O barulho da cortina e a claridade me fizeram pular na cama.
Abri os olhos e dei de cara com um bebê sorrindo agradavelmente.
Alex estava com a chupeta caída, me encarando com seus grandes
olhos e um sorriso sem dentes. Virei para o lado e Louis estava
abrindo as cortinas.
— Por que você está me acordando?
— Alex pediu. — Louis deitou-se em cima de mim e beijou
meu ouvido. Me debati para acertar o pé nele. Eu odiava aquele
beijo porque fazia um barulho horrível. — Combinei com a Trish de
olhar Alex por algumas horas. — Me deu um beijo na bochecha. —
Como sou um belo de um idiota, não vou tomar conta do bebê
sozinho.
— O afilhado é seu.
— Ouviu a parte que assumi que sou idiota?
Soltei um gemido, concordando, ganhei um beijo e um aperto
na bunda. Louis saiu de cima de mim e disse que ia colocar uma
fralda limpa em Alex para irmos ao mercado. Rolei para fora da
cama e tomei um banho necessário para acordar. Escolhi uma calça
de linho cinza, com bolsos quadrados que adorava, uma blusa rosa
de cetim e penteei meu cabelo, mais para disfarçar do que para
desembaraçar. Prendi e ouvi Louis me chamar.
— Não estou levando a carteira. A festa é toda por sua conta
— brinquei e ele me deu um sorriso lindo, segurando Alex todo
descabelado. — Vem aqui, meu amor. Seu padrinho não sabe
pentear o cabelo de uma criança. — Ajeitei seu cabelinho, beijando
sua bochecha. — Ai, que cheirinho gostoso.
— Não estava muito gostoso meia hora atrás. O garoto só
mama leite materno e soltou uma coisa fedorenta. — Louis fez uma
careta e Alex riu dele.
Louis pegou as bolsas e foi para o carro, onde ele já havia
colocado uma cadeirinha no banco de trás.
— Tem certeza de que está bem firme?
— Sim. Testei com Willy. — Ele forçou um pouco, mostrando
que estava no lugar. — Bem firme. Essa coisa é trabalhosa, mas
quando comprei, me disseram ser a melhor. Vamos?
— Que horas os pais dele voltam?
— No final da tarde ou antes, Trish estava muito nervosa de
sair sem Alex. Já me ligou umas quarenta vezes e toda hora manda
mensagens.
Eu nunca tomei conta de crianças antes, pelo menos, Louis
era familiar para o bebê. Nós tivemos alguns dias bem privados.
Apesar do trabalho dele tomar bastante do tempo, com minha folga,
pudemos ficar juntos e explorar essa coisa louca que estava
crescendo. Além de Alicia, ninguém mais sabia e não passamos de
uns bons beijos e amassos picantes. Ele sabia que eu era virgem e
eu ainda esperava sentir que ele era o homem certo.

Ir ao mercado com Louis era estressante. Ele queria pegar


todas as coisas mais desnecessárias e caras que passavam na sua
frente. Achava o rótulo bonito e dizia que queria experimentar. Era
ele colocar no carrinho que eu tirava. Inicialmente, pensei que era
muito abuso da minha parte impedir que comprasse o que bem
entendesse com seu dinheiro, mas, ele pegava dois produtos iguais
de marcas diferentes.
— Louis! — grunhi com sua tentativa de colocar mais um
chocolate em pó no carrinho. — Você parece criança!
— Chocolate quente nunca é demais.
— No inverno, talvez. Ainda não chegamos lá, se acalme.
Além do mais, viemos comprar coisas para a festa. Já fizemos
compras de mês, então, sossega. Nós temos que levar bebidas,
biscoitos e os ingredientes para as pastinhas. Quantos vinhos
vamos levar?
— Encomendei os vinhos, vou levar apenas cerveja e
refrigerante aqui do mercado. — Louis olhou para Alex. — Tia Cat
está irritada comigo.
Ele fez um beicinho muito cínico e revirei os olhos.
Alex era um bebê tão calminho que se não fosse os braços de
Louis ocupados com a criança, nós mal perceberíamos que
estávamos com uma. Ele raramente chorava e reclamava, sempre
sorria, soltava gritos de alegria, babava em excesso, mas não dava
trabalho.
Ao chegarmos em casa, fiquei brincando com ele no chão da
sala com o saco de brinquedos e o tapetinho interativo que Trish
deixou. Louis guardou as compras, recebeu as bebidas e nós
comemos olhando o bebê fazer uma fofura atrás da outra.
Lavei a louça, sentindo sono e quando voltei para a sala, Alex
estava dormindo e Louis disse que iria colocá-lo no quarto. Me
joguei no sofá, fechando os olhos, aproveitando para dormir porque
estava cansada e a festa provavelmente iria até o amanhecer. Ouvi
o barulho da escada, mas não abri os olhos e Louis deitou-se em
cima de mim.
Querendo ter mais liberdade para me movimentar, empurrei-o
do sofá e surpreso, caiu nas almofadas e riu. Montei em seu colo,
movimentando meu quadril devagarzinho. Louis agarrou minha
cintura, sem me impedir de me movimentar. Joguei meu cabelo para
o lado, mordi o lábio e abri botão por botão da minha camisa.
Louis subiu as mãos lentamente, passando pela minha barriga
até meus seios. Ele puxou a alça do sutiã e abaixou a renda,
brincando com meu mamilo. Fechei meus olhos, deliciada.
Erguendo seu rosto, chupou meu mamilo, apertando minha bunda e
gemi. Mordeu meu queixo, buscando minha boca para me beijar e
enfiou a mão por baixo da camisa para abrir meu sutiã atrás.
— Louis? Ops! — Ouvi a voz da Trish, saí do colo de Louis e
me escondi atrás dele. Ele pegou uma almofada e colocou no colo.
Ainda bem que não dava para nos ver completamente da entrada,
apenas parte do sofá. — Atrapalhamos?
— Vocês estavam fazendo essa pornografia na frente do meu
filho? — Willy soou muito divertido. Cobri meu rosto, mortificada.
— Ele está dormindo na minha cama e as coisas dele estão na
sala de televisão. Mamou bem todas as vezes e foi um verdadeiro
príncipe — Louis respondeu enquanto tentava abotoar meu sutiã e
minha blusa.
— Vou subir e buscar meu filho, seus pervertidos. — William
subiu a escada com Trish, ambos riam muito e eu acabei caindo na
gargalhada. Louis estava vermelho como um tomate, ergueu a
almofada mostrando que seu pau ainda estava a toda potência.
Beijei seu pescoço e me afastei ao ouvir o casal descer novamente.
— Obrigado por cuidar dele!
— Nos vemos mais tarde! Obrigada, Tio Louis e Tia Cat! —
Trish acenou e eles saíram bem rápido.
— Não acredito nisso... — Louis gemeu e ignorando-o, voltei a
atacar seu pescoço. — Ah, Cat... — Puxei sua camisa e ele a tirou,
jogando longe. Voltei para seu colo, abrindo minha blusa novamente
e me livrei do sutiã. Louis enfiou as mãos dentro da minha calça e
gemeu ao sentir minha calcinha. — Porra...
Ele me jogou no sofá, abrindo minha calça e puxando-a pelas
minhas pernas.
— Que calcinha linda, baby...
— Só assim você pode me chamar de baby — gemi com seu
dedo esperto trilhando a renda da minha calcinha.
— Você é minha… baby. — Suspirou e sorri, se ele não ia
tirar... Segurei as alcinhas da minha calcinha e puxei para baixo.
Louis estava concentrado nos meus movimentos, com uma
expressão de puro tesão no rosto. Fiquei com minha calcinha entre
meus dedos e afastei meus joelhos, deixando-o ver o quanto o
queria. — Você quer me matar?
— Não. Apenas nos divertir, eu disse que era virgem, não
santa.
— Definitivamente, a causa do meu infarto. Se eu morrer,
morrerei muito feliz.
Com um sorriso safado, beijou minha coxa, deu uma boa
mordida e ergueu minha perna, apoiando-a em seu ombro. Esfregou
o nariz na minha virilha e suspirei, acariciando seu cabelo e
agarrando, desejosa. Ele me deu um olhar tão intenso que até senti
um friozinho na barriga. Mordi meu lábio, olhando-o com
expectativa.
— Você quer gozar, baby?
— Ah, eu quero...
Inclinando-se para frente, ele me deu uma incrível chupada.
Logo de primeira entendi que ele sabia muito bem o que estava
fazendo. E minha nossa... Que delícia! Louis agarrou meu peito,
manipulando meu mamilo, torcendo e puxando de um jeito tão
gostoso que logo me vi contorcendo no sofá. Ele simplesmente não
parou, sua língua maravilhosa provocou sensações inexplicáveis.
Tão excitada quanto molhada, segurei o sofá, apertando minhas
unhas no couro e louca de prazer, gemi alto, me deixando levar no
gozo forte.
Louis me segurou no lugar sem tirar a boca de mim. Seus
olhos estavam intensos nos meus, intensificando as emoções que
explodiram junto com o orgasmo.
— Louis, meu Deus! — gritei e ele me soltou, lambendo os
lábios. — Ah...
— Você me deixa tão louco... — Sua voz carregada de tesão
acentuava ainda mais seu sotaque. Ele avançou para cima de mim,
pressionando o pau ereto entre minhas pernas, me fazendo soltar
um suspiro. Beijei sua boca, sentindo meu gosto. Arranhei suas
costas, apertando o bumbum torneado.
A campainha começou a tocar repetidas vezes. Frustrados,
olhamos para a porta com o cenho franzido. Quem estava do lado
de fora, seguiu tocando sem se importar com o incômodo.
— Suba com suas roupas, já irei atrás. — Me deu um beijo
suave nos lábios.
Meio irritada, subi a escada e ao chegar no topo, reparei que
Louis, meio vestido e com um volume nas calças, olhou a câmera e
apenas suspirou.
— O que está fazendo aqui tão cedo? — Ele abriu a porta e
me escondi.
— Vim ajudar, cara. — Gadot entrou com Mel. Louis continuou
escondido atrás da porta. — Ela vai se arrumar depois.
— Vocês podem ficar à vontade. Tenho que ir lá em cima
tomar um banho e avisar a Cat que chegaram. Todas as coisas
estão na cozinha...
O casal foi para a sala, aparentemente, conhecendo bem a
casa e Louis fechou a porta. Ele subiu correndo e rindo, me
encontrou seminua no corredor. Me pegou no colo, entrou no quarto
dele e me beijou. Larguei minhas coisas no chão, entramos no
banheiro e me colocou em pé.
— Nós precisamos tomar um banho. — Ele respirou fundo,
precisando clarear sua mente. — Eles costumam chegar cedo para
ajudar, assim não fica ruim para ninguém e eu esqueci disso... —
Passou a mão no cabelo. Ah, não íamos terminar ainda.
Abri o chuveiro e dei um passo para trás.
— Louis... Vá fechar a porta do quarto. — Apontei e ele foi
rápido, no retorno, foi tirando a roupa. Engoli seco. Puta merda. Eu
era corajosa e iria enfrentar o que eu achei que fosse bem menor. —
Vem aqui, baby.
Fiquei na ponta dos pés e segurei sua nuca, beijando-o. Ele foi
me levando para trás, me pressionando contra parede. Desci beijos
por seu queixo, provocando seu pescoço.
Seu torso definido era uma tentação. Podia passar horas
apenas tocando e admirando as tatuagens lindas. Ele me deixou
explorar, com todo tempo do mundo e fui ainda mais para baixo.
— Eu posso, baby?
— Porra, sim! — Ele suspirou, ansioso pelo meu toque. Seu
pau estava ereto, com as veias salientes e quem diria que o doce,
encantador e apaixonante Louis era um pecado sem roupa. Seu
corpo definido era lindo. Sabia que cuidava de si mesmo, mas
sempre discreto, nunca percebi que era um deus grego.
Meu Adônis particular.
Toquei seu pau e ele gemeu de um jeito tão gostoso que tudo
que precisava era de mais daquilo. Acariciei lentamente,
observando-o e absorvendo seu prazer. Era um jogo a dois. Pela
primeira vez, eu senti uma conexão tão grande que era sobre nós e
não uma troca, cada hora um sendo tocado e o homem sempre me
forçando, me levando a querer o sexo sem realmente me fazer
sentir tesão.
Caí de joelhos à sua frente, com a água escorrendo nas
minhas costas e apenas o encarei antes de levar seu pau a minha
boca. Louis apoiou uma mão na parede, gemendo e agarrou meu
cabelo sem nunca desviar os olhos dos meus.
Chupei seu pau, dando o melhor que sabia e ele estava
ficando louco. Perdeu o controle de si mesmo, fodendo minha boca
e eu deixei porque não estava me machucando. Acariciei suas bolas
e ele puxou fora avisando que iria gozar e queria nos meus peitos.
Segurei ambos e afastei meu rosto.
— Caralho, Catherine! — Louis gemeu, fiquei de pé e sorri, me
lavando. — Porra... eu preciso sair desse banheiro ou eu vou te
comer bem aqui.
— Sei que tem controle.
— Puta que pariu! — Me beijou, segurando meu cabelo. —
Você é perfeita, minha baby Cat.
— Sua, é?
— Acabou de ativar o homem das cavernas — murmurou e
soltei uma risada, como se fosse dar confiança para qualquer
ataque possessivo, como não dei para nenhum outro momento de
ciúme dele com minhas fotos. — Diga que é minha.
— Talvez — brinquei e ganhei um beicinho. — Só um
pouquinho.
— Não. Quero tudo.
— E você é todo meu?
— Quer que eu fique de joelhos agora?
Voltei a rir, impedindo-o de cair e passei meus braços por sua
cintura.
— Todo seu, Catherine Bennet.
— Então, sou sua — falei baixo e ele comemorou, me
erguendo e tomando minha boca.
Não sei por quanto tempo ficamos de dengo no quarto,
esquecendo completamente que havia um casal de amigos dele no
andar de baixo. Saímos do banheiro, me sequei e fui até meu
quarto, me vestir para descer e arrumar a festa. Abracei a Mel,
pedindo desculpas e ela riu, dizendo que entendia. Os homens
arrumaram todo o porão para a festa, encomendaram o gelo e ela
me ajudou na cozinha montando as comidinhas.
Louis trancou a porta de seu escritório na chave digital e era
meio engraçado a maneira que ele era paranoico com suas coisas
ali dentro. Assim que ficou tudo pronto, subi para me arrumar com
Mel. Escolhi um vestidinho prata bem curto, que não precisava usar
sutiã. Prendi meu cabelo no alto, deixando meu pescoço livre e
coloquei um cordão para exibir minhas costas nuas.
Emprestei um vestido verde a Mel porque ela estava muito
comportada com sua roupa toda larga, sem graça. Ela tinha um
corpo muito lindo para esconder.
— Ganhei alguns quilos depois que perdi o bebê e não consigo
não ter vergonha das gordurinhas.
— Não tem nada de errado com seu corpo, Mel. É linda, com
curvas, uma musa! Vamos colocar essas pernas de fora!
Fiz a maquiagem dela e descobri que ela e Gadot perderam o
bebê em uma gestação avançada. Ela ficou devastada porque ser
mãe sempre foi seu maior sonho. Senti sua tristeza e fiz de tudo
para que sorrisse e ficasse feliz.
Quando finalmente ficamos prontas, já podia ouvir vozes com
a música alta no porão. Louis me instruiu a trancar a porta do meu
quarto. Com meu telefone na mão, tomei cuidado ao descer a
escada, encontrando Trish e a namorada de Tat. Cam e Jim
estavam com duas morenas bonitas que se pareciam bastante.
— Cat! — Willy me abraçou. — Obrigado por ajudar com Alex
hoje.
— Não precisa agradecer, ele é muito fofo. — Sorri e olhei
para Louis servindo cerveja em um balde. Me perguntei se ele
estava sentindo-se tão leve e quase em coma sonhador por tudo
que aconteceu no banheiro.
Eu estava me sentindo nas nuvens, deliciosamente ansiando
por mais e desejosa por ele como nunca me senti por nenhum
homem. Ele me deu uma breve piscada, voltando a dar atenção a
uma loira muito bonita que estava próxima ao bar. Para fazer
amizade, convidei algumas modelos da agência e Frank para a
festa, logo que eles chegaram, fiquei empolgada, conversando e
bebendo.
Frank sempre era a alma da festa, ele dançava, puxava os
outros para se divertir, fazia graças e era mais simpático que político
em época de eleição. Ele tinha uma luz apaixonante, não era à toa
que nos tornamos muito amigos.
A festa ficou mais cheia do que prevíamos. O tal amigo que
estava voltando à cidade não foi muito simpático comigo, seu nome
era Elton e ele trouxe um monte de pessoas desconhecidas. Louis
deixou claro que não queria muita gente na casa e achei falta de
respeito ignorar um pedido do anfitrião.
Dancei com Frank, rodopiando e ainda puxei a Mel. Trish era
empolgada, não precisava de incentivo. Louis sinalizou que estava
de olho em mim, eu ri e virei de costas, rebolando. Ele não se
aproximou para marcar território, apenas me deixou dançar
livremente e de vez em quando, trocávamos beijos e ficávamos
perto um do outro.
Subi para repor as vasilhas de petiscos e Trish me
acompanhou. Quando terminamos, avisei que iria usar o banheiro
do meu quarto. Subi a escada dando pulinhos ao som da música,
me divertindo. Antes de entrar, vi uma figura no fim do corredor. As
portas estavam trancadas, não era para ninguém estar no andar de
cima.
— Quem está aí? — chamei atenção e o alarme da porta do
escritório de Louis soou baixo. — Louis?
— Oi, desculpa. Estava procurando o banheiro. — O tal do
Elton apareceu com um sorrisinho.
— Não tem banheiro disponível aqui em cima. No primeiro
andar tem dois. Um na lavanderia, um próximo à sala de televisão e
ainda tem mais um no porão. — Olhei-o meio desconfiada, mas abri
um sorriso simpático para disfarçar.
— Ah sim, perdão. Eu nunca vim aqui. — Foi andando e eu vi
dentro do casaco dele um conjunto de pastas. Pensei que Louis me
disse que ele havia ajudado na mudança antes de viajar. Franzi o
cenho e olhei novamente para as pastas. Ele percebeu meu olhar e
sorriu sombriamente. — Você é esperta demais.
Para minha grande surpresa, ele partiu para cima de mim.
13 | Louis.
Observei a quantidade de pessoas no porão e sinalizei para
Gadot começar a desconvidar algumas e dizer que a festa estava
acabando. Eu sabia que Elton aprontaria alguma coisa e ele usou a
quantidade excessiva de “amigos” para tentar me distrair. Percebi
que Trish retornou para o porão sozinha, o que acendeu meu alerta.
Era importante que o imbecil tentasse invadir meu escritório, até que
conseguisse e caísse na minha armadilha.
Deixei o copo de bebida que já estava quente em cima da
mesa e subi praticamente correndo, passando por pessoas que
pegavam suas coisas na sala de televisão com o incentivo do meu
amigo de expulsar da minha casa. Subi a outra escada e ouvi um
gritinho, assim como o som de algo quebrando.
Catherine estava puxando a orelha de Elton e dando uma boa
joelhada entre suas pernas, enquanto a outra mão arranhava o
pescoço. Puxei-a pela cintura, colocando-a atrás de mim. Elton
armou o punho para me bater, bloqueei, travando seu braço e o
joguei no chão, de bruços, rendendo-o com um movimento rápido.
— Eu sou esperta e você muito burro, seu idiota! — Cat gritou,
querendo avançar nele novamente.
— Você está bem? — gritei, nervoso que ela estivesse ferida.
— Estou sim! Esse idiota roubou essas folhas do seu
escritório! — Ergueu umas pastas.
— O que está acontecendo aqui? — Willy subiu as escadas.
— Ele mordeu a isca e foi mordido — falei secamente. Cat fez
uma expressão emburrada para mim, ainda furiosa. Elton se
debateu no meu aperto. — Você já está fodido o suficiente. Tem
certeza que vai tentar me agredir de novo?
— Elton LeCreux, você está preso sob a minha jurisdição,
agente especial William Jones Lancaster. — Willy passou por mim e
tirou fios de braçadeira dos bolsos que sempre carregava. — Você
será conduzido em um carro não oficial na companhia de dois
agentes e poderá solicitar um advogado assim que seus direitos
forem lidos adequadamente perante as testemunhas.
Cat grudou as costas na parede para Willy conduzir Elton para
baixo. Gadot estava na ponta da escada, se identificando e ligando
para a central, registrando cada passo a partir dali para que não
tivessem problemas. Minha mente estava correndo por todo lado,
muitos pensamentos que precisavam da minha atenção, mas
Catherine era prioridade.
Esfreguei seus braços ao perceber que estava tremendo e
seus lábios também tremeram com o choro que ameaçou cair. Beijei
sua testa, sussurrando para que ficasse calma, me admirando do
quanto era corajosa. Ela bateu nele. Meninas criadas com irmãos
nunca corriam de uma briga.
— O que aconteceu? Ele não é seu amigo?
— Era, no passado. A história é longa, baby. Eu… não pensei
que estivesse aqui. O plano era que ele não resistisse à tentação de
entrar no meu escritório e roubar documentos que pudessem livrá-lo
de uma investigação minha. Eu sinto muito, era apenas para pegá-lo
e não para ter qualquer um ferido.
— Se eu soubesse…
— Sinto muito, Cat. Eu não posso falar do meu trabalho,
estava de olho em você o tempo todo, quando te perdi de vista, vim
correndo atrás. Era para Elton pegar os documentos e fugir. — Me
afastei para olhá-la melhor e procurar ferimentos. — Deus, Cat! Me
perdoa!
— Estou um pouco desalinhada, mas estou bem. Agarrei as
bolas dele, puxei as orelhas e dei uma joelhada. Já derrubei homens
maiores que ele. — Ela sorriu tranquilamente.
— Está tremendo.
— O fato de estar bem não significa que não fiquei nervosa.
Desculpa ter atrapalhado tudo.
— Caramba! Você foi atacada e está pedindo desculpas para
mim?
Cat colocou a palma da mão em meu peito, acima do coração
e sentiu o quanto estava acelerado. Ela me abraçou, tentando me
acalmar. Passei minha mão em seu cabelo, beijando a testa e
gentilmente, Trish se aproximou para avisar que os convidados
haviam ido embora, apenas Mel e Frank estavam no andar debaixo.
— Vamos descer e tranquilizar nossos amigos. — Cat segurou
minha mão. — Vai precisar sair?
— Não posso me envolver muito, talvez precise depor, mas eu
sou o advogado da parte contrária e por ter um relacionamento com
William e Gadot, tenho que tomar cuidado para não foder as coisas
para eles no trabalho — expliquei. Ela franziu o cenho sem entender
nada, mas, infelizmente, não poderia falar mais do que já havia dito.
Frank estava nervoso no pé da escada e abraçou Cat. Mel e
Trish a cercaram, querendo saber se estava bem. Eu fiz uma rápida
varredura na minha casa para verificar se tudo estava no lugar e
fomos para a sala. Sem conseguir ficar longe dela, sentei-me ao seu
lado, segurando sua mão.
— Ele roubou os documentos?
— Os que eu deixei de isca, sim.
— Como ele conseguiu entrar no seu escritório, Louis? — Cat
virou no lugar.
— Eu não ativei toda a segurança, deixei apenas a chave de
ativação da porta.
— Preciso fazer xixi, foi o motivo pelo qual subi. Frank, pode
vir comigo? Quero tirar esse vestido e soltar meu cabelo, preciso da
sua ajuda. — Ela suspirou e saiu, irritada. Seu amigo a seguiu,
pedindo para ficar calma e eu só escorreguei no assento,
esfregando o rosto.
— Algumas coisas a gente só aprende na experiência e como
te conheço, sei que vai se culpar e martirizar por isso. — Trish deu
um tapinha na minha coxa. — Não sei o que está acontecendo entre
vocês dois. Precisa lembrar que na sua vida, tem uma mulher que é
forte e, ao mesmo tempo, precisa ser protegida. Não se culpe pelo
que deu errado, aprenda a lição e com isso, faça diferente no futuro.
— Estou bem. — Cat voltou para a sala com um pijama
larguinho. A camisa era minha. — Peguei para mim, lide com isso.
— Sentou no meu colo. — Fiquei assustada, mas já passou. Agora,
quero saber se todos ficarão bem.

Não queria que Elton fosse preso agora ou que soubesse que
eu já havia descoberto suas ações duplas, que resultaram na morte
de funcionários da empresa privada que estava representando os
interesses no caso. Minha intenção era segui-lo e rastrear quem
realmente ordenou o ataque na boate, que causou pânico em
Londres com o incêndio, várias pessoas feridas, cinco adolescentes
queimadas, dois jovens garotos que faleceram por inalação de
fumaça e três seguranças que foram mortos à queima roupa.
Foi um escândalo descobrir que o incêndio foi armado para
ocultar a morte dos seguranças. Segui um rastro de informações
que me levou diretamente a Elton, ex-agente da polícia armada
como eu, da mesma equipe de elite que trabalhei antes do meu tio
falecer e eu decidir assumir o escritório. Era o que gostava de fazer
e nunca me senti tão realizado, mas nunca deixei a minha veia de
investigador morrer e eu raramente errava nas minhas intuições.
Elton decidiu sair da equipe misteriosamente depois do
incêndio, disse que iria viajar o mundo e buscar um novo rumo.
Jamais teria desconfiado, até que a investigação chegou a um café
próximo à casa dele e achei prudente olhar suas finanças. Ele foi
esperto o suficiente em dividir o dinheiro em várias contas, mas
ainda assim, os gastos não condiziam com seus ganhos.
Ele foi parte do negócio, não idealizou. Precisava descobrir
quem foi para dar paz à família e claro, deixar todos os pontos bem
claros, limpando a imagem da empresa que representava, de volta
às boas com os demais clientes.
Garanti a Cat que tudo ficaria bem. O plano já estava
organizado antes dela vir morar comigo, de tudo acontecer entre
nós. Não podíamos mudar tudo da noite para o dia para não causar
desconfianças, mas eu deveria. Foi um erro pensar que poucas
coisas poderiam dar errado. Só de pensar que ele poderia tê-la
machucado de maneira mais grave me fazia sentir calafrios.
Frank e Trish foram embora depois que Cat se acalmou. Mel
foi dormir no quarto dela e eu levei minha garota para a cama,
ciente que precisaria sair bem cedo.
— Se me pedir desculpas novamente, vou bater em você —
ela grunhiu quando a abracei, mas sua irritação me sinalizava que
não estava tudo tão bem.
— Cat…
— Ok! Estou chateada porque você poderia ter me falado
qualquer coisa! Não iria perguntar detalhes, nem insistir, mas
apenas me sinalizasse.
— Eu sei, e isso está me matando… estou tão acostumado a
estar sozinho, que não considerei que você, logo a pessoa mais
importante, poderia se ferir. Mesmo em um plano tão simples!
Ela virou na cama e olhou para o meu rosto.
— Ei, estou dizendo que estou chateada, não te culpando. Foi
estressante, vamos aprender com isso e dormir. Nós dois não
somos experientes com relacionamentos e ainda estamos
descobrindo o que é isso que está nascendo… — Acariciou meu
rosto e me deu um beijo suave nos lábios.
Apesar de uma vozinha dizer que ela estava certa, a culpa
ainda era maior que tudo. Cansada, soltou um bocejo e eu nos
cobri, apagando as luzes e verificando no meu telefone se todos os
alarmes e travas de segurança estavam ativos. Tateando meu
braço, ela pegou o telefone e jogou de lado, me obrigando a segurá-
la.
Ver o quanto se sentia protegida em meus braços, mesmo
depois da minha falha, fez com que meus sentimentos por ela
aumentassem ainda mais. Eu sabia que o dia que fosse me
apaixonar por alguém, seria meteórico, afinal, as palavras da minha
prima pareciam estar sendo arremessadas como pedras no meu
rosto.
Fiquei um bom tempo observando-a dormir. Ela parecia em
paz, não mais com o vinco entre as sobrancelhas, relaxando ao
ponto de soltar pequenos bufos com a boca. Cochilei algumas
vezes, agitado demais para dormir e logo que amanheceu, fui ao
banheiro e desci, para limpar o porão. Esfregar as superfícies e
jogar o lixo fora ajudou a liberar a tensão ou eu precisaria de uma
hora lutando contra meu saco de areia.
Eu estava terminando com o lixo quando Cat desceu a escada,
ainda sonolenta e me procurando.
— Poderia ter me acordado para ajudar.
— Eu precisava resolver isso sozinho para me acalmar. Você
dormiu bem?
— Como uma princesa nos braços de um príncipe. — Ela
cantarolou e subiu em cima da mesa de sinuca, parei entre suas
pernas e beijei seus lábios. — E você?
— Dormi me sentindo o homem mais sortudo do mundo por te
ter em meus braços.
Cat sorriu e suas bochechas coraram de maneira
encantadora.
— Definitivamente, muita sorte.
— Por que não ganhei um beijo ainda?
— Estou sujo, vou subir, tomar banho e farei nosso café.
— Não esqueça que temos companhia.
— Esse é o único motivo pelo qual não estou te arrastando
comigo. — Pisquei e dei-lhe um sorrisinho, porque eu não resistia
em provocá-la e ganhar em retorno aquele olhar afetado,
denunciando que adoraria um banho com bastante putaria.
Recolhi o lixo, colocando no lugar certo para ser levado e
entrei rapidamente, indo tomar banho e pensando sobre ela. O que
eu pensava além de sua existência? Nada se completava na minha
mente desde que ela chegou, tudo ficava em segundo plano e me
perguntava se um dia, minha vida voltaria ao normal ou se já era.
Ethan se tornou um verdadeiro idiota depois de Charlotte e parecia
não ter conserto.
Ela era virgem, não perguntei o motivo porque não precisava.
Se havia esperado até aquele momento, significava que era
especial para ela. Cabia a mim respeitar seus limites e aceitar o
ritmo. Estava bem com o que pudesse me dar. Desejava e a queria
muito, meu sangue fervia só de pensar em tê-la completamente,
mas se ela queria tempo, eu daria tudo que precisasse.
Terminei meu banho e desci, parei entre a sala e a cozinha
com um sorriso no rosto. Ela dançava distraída, batendo massas de
panquecas que com toda certeza eram de banana com aveia. O
café estava passando e aos poucos, o ambiente ficava com o
agradável cheiro de comida. Era uma sensação familiar incrível que
me fazia sentir completo. Nada faltava. Eu, ela, boa música, comida,
nossa casa… quem precisaria de mais?
— Vai ficar me olhando feito um bobo ou vai arrumar a mesa?
— Acho que prefiro ficar te olhando… já te disse que sua
bunda fica agradável nessa calça?
— Não. — Sorriu de lado.
— Sua bunda gostosa fica muito agradável nessa calça —
pontuei lentamente.
— Se arrumar a mesa, vai poder tirar minha roupa.
Não precisava pedir duas vezes. Antes, agarrei-a e dei-lhe um
beijo intenso, apenas para deixá-la afetada, excitada e maluquinha
para uma aventura divertida no quarto. Eu toparia se ela quisesse.
Apertei sua bunda e fui para os pratos, pegando tudo que precisava
para organizar nossos lugares. Depois do medo da noite anterior, da
sensação que falhei como homem, tê-la sorridente e cantando
músicas de uma maneira terrivelmente desafinada e sem ritmo era a
minha nova definição de dias bons.
14 | Cat.
Louis estava no meio do closet, se arrumando. Do meu lugar
da cama, observei a maneira que parecia irritado consigo mesmo.
Ele ainda não havia relaxado completamente e apesar de entender
seu lado, ainda acreditava que havia algo que não estava me
falando. Ainda estava muito chateada por ele não ter me contado
sobre seus planos, entendi o lado dele e queria que ele entendesse
o meu, mesmo acima de seu senso de proteção.
Achar que falhou comigo não significava que tinha que me
colocar em uma redoma de vidro e me tratar como uma boneca de
porcelana.
Ele se irritou com a gravata, saí do meu lugar e fui até ele,
agarrando-a antes que jogasse longe. Fiz o nó com cuidado e ajeitei
seu colete. Ainda parado à minha frente, Louis encostou nossas
testas e suspirou.
— Está desapontado?
— Muito.
— Louis, me conta o que aconteceu na sua visita a Elton.
— Ele vai responder, se eu quiser, a um processo por roubo,
mas como ele apenas pegou os documentos e eu não consegui
segui-lo, não posso ligá-lo ao que precisava.
— Sinto muito por ter estragado tudo.
— Não, baby. Não. — Segurou meu rosto. — Foi uma falha
minha e ao mesmo tempo…
— Você voltou muito irritado.
— Ele ameaçou você. Disse que agora sabe como me
machucar.
Por alguns segundos, senti pânico. Meu coração falhou
algumas batidas e eu apenas fiquei parada, sem saber como reagir.
— Nada vai acontecer com você, ok? Nada! Eu dou minha vida
por isso!
— Louis! Eu fiquei chocada por alguns instantes, não quer
dizer que eu acreditei que ele irá conseguir fazer qualquer coisa!
Pode ser um blefe para te atingir e sair do foco, ele é um homem
treinado que foi derrubado por um puxão de orelha e joelhada nas
bolas. — Segurei seu colete. — Vamos trabalhar? Eu preciso de
uma carona do meu sexy James Bond.
— Sexy? Sempre soube que me achava muito sexy. — Mordeu
o lábio. — É melhor sair da minha frente ou eu te levarei para a
cama.
Comecei a rir de nervoso e fui até minha bolsa, meio dividida
entre querer matar o trabalho e ficar na cama com ele. Louis sorriu
como um homem que sabia que me afetava completamente e me
seguiu para baixo, pegando sua pasta antes de irmos para a
garagem. Ele mudou todos os códigos e chaves de acesso da casa
e eu mal tinha memorizado os primeiros.
Sentia-me muito mimada quando Louis me levava no trabalho,
não importando aonde fosse na cidade, antes de ir para o dele. Não
era todo dia que saía de casa cedo, algumas vezes mais tarde, mas
ele sempre dava seu jeitinho de se fazer presente.
Parando na porta do estúdio que iria trabalhar durante o dia,
sem hora para acabar, ele ainda tinha um tempo para ficarmos
juntos. Trish iria me acompanhar porque ela foi a ponte do trabalho
e convidei Frank para nos ajudar, ela precisaria da ajuda de alguém
experiente no meio. Louis segurou minha mão e beijou,
entrelaçamos nossos dedos e olhei para seu rosto, me inclinando no
carro espaçoso para ter seus lábios nos meus.
— O que ela está fazendo aqui? — Louis olhou para além de
mim. Virei para ver quem era e Celina estava chegando ao estúdio.
Ela não parecia nos perceber do outro lado da rua, com o carro
escuro.
— Adivinha só? Ela é marqueteira dessa marca também. A
dona é muito gentil e é a própria estilista, mas, parece que o
escritório que sua ex-namorada trabalha está sugerindo outros
nomes. Londres, aparentemente, é muito pequeno. — Suspirei e ele
apenas me encarou, voltando a ficar estressado. — Sabe que eu
não tenho problema nenhum com ela e muito menos com o que
viveram, me irritei com sua atitude, mas Britney se posicionou e isso
que importa.
— Eu acho ridículo que ela comece a te perseguir.
— Fará isso sozinha, porque não darei confiança.
Trish parou o carro atrás de nós, me despedi dele com um
beijo, peguei minha bolsa e saí. Ele nos esperou entrar para dar a
partida. Fomos recebidas por uma assistente e encaminhadas a um
camarim que usaria sozinha, era espaçoso e o mais luxuoso que já
me foi oferecido. Havia um buffet também e até tirei foto, de tão raro
que era.

Passei a manhã sendo preparada para as fotos, vesti o


primeiro conjunto e Frank passou spray gelado no meu corpo para
manter o bronze e não ficar com a pele oleosa. Trish filmou e ficou
bem engraçado, para melhorar o humor de Louis, mandei por
mensagem. Eu sabia que ele ficaria ciumento com a minha nudez e
um homem ajoelhado atrás de mim, tocando no meu bumbum, mas
também veria a graça. Eu adorava o quanto ele se divertia com
Frank e as trapalhadas.
Celina ficou o tempo todo longe, junto com a produtora e de
vez em quando, dando pitaco com o fotógrafo. Ele começou a ficar
excessivamente simpático e me tocando toda hora, até que Frank
deu-lhe seu clássico aperto no ombro, falando algo bem sério em
seu ouvido. Era horrível fugir dos fotógrafos assediadores, mas era
mais comum do que parecia.
Sorte a minha trabalhar com pessoas que prezavam muito pela
nossa segurança.
No final, era preciso gravar um vídeo, que iria para as redes
sociais. Invoquei minha veia de atriz, ignorando a timidez e
dançando para as lentes. Trish ergueu os polegares ao
terminarmos. Já era começo da madrugada e minhas coxas
tremiam. Tirei os saltos e fui envolvida em um roupão. De longe, vi
Celina falar com Louis, que sério, estava com as mãos nos bolsos.
Ambos não pareciam felizes com o assunto.
Fui levada para o camarim de novo, não quis tomar banho ali,
ansiosa para usar meu próprio banheiro e lavar meu cabelo com
toda calma do mundo.
— Uma reunião amanhã? — Trish me questionou.
— Depois de meio dia, por favor.
— Claro, eu vou dormir e ficar com meu bebê. Depois, trabalho
novamente.
— Então, combinado. — Terminei de fechar minhas bolsas e
ela me ajudou a carregá-las.
Frank estava no fim de um corredor, em uma conversa séria
com a produtora. Eu não sabia o que havia acontecido, mas Trish
achou melhor que eu fosse embora para não me expor, ela iria
resolver o que estivesse acontecendo. Louis estava na entrada,
sozinho e abriu um sorriso lindo ao me ver. Imediatamente pegou
minhas coisas, segurei seu braço e saímos.
— Te vi falando com Celina, o que era?
— Ela veio me cumprimentar e eu respondi, tentou puxar
assunto, cortei, não gostou e disse que para quem não queria um
relacionamento, segui em frente rápido demais. — Louis bateu a
porta do carro com um pouco mais de força. — Eu odeio ser
acusado dessa merda. Nós ficamos, que inferno. Não prometi nada
a ela, não traí, apenas não deu certo!
— Ei, calma! Aconteceu mais alguma coisa?
Eu o conhecia o suficiente para saber que o estresse não era
apenas por Celina.
— Só foi um dia ruim. Ainda ter que ouvir as piadas dela, foi a
cereja do bolo, mas conversei seriamente e deixei claro que você
nunca teve a ver conosco. Ela perguntou quando começamos e
disse a verdade, que não a traí.
— Por que ela pensou que você a traiu?
— Porque você já está morando comigo e aí…
— Ah, bem. Faz sentido porque nenhum casal começa a ficar
depois de morar junto.
— Ficar? — Louis me deu um olhar alterado, segurou minha
nuca e me deu um beijo de me deixar na ponta dos pés. Cheguei a
ficar tonta. — Você é minha, Catherine Bennet.
— Uau. Acho que precisamos ir para casa.
— Ótimo. — Deu um tapa na minha bunda.
Okay, o homem das cavernas fazendo sua aparição era bem
atraente.
Louis dirigiu no limite da velocidade e isso fez com que
chegássemos em casa bem rápido. Eu estava com muito produto no
corpo e no cabelo para não correr direto para o chuveiro. Louis riu
da minha tentativa de tirar os laços e grampos que mantiveram meu
cabelo no lugar o dia inteiro.
— Posso ajudar? — Ele entrou no banheiro. — Vou tirar com
mais cuidado, se acalme.
— Meu couro cabeludo está doendo.
— Que tal vinho e um banho relaxante na banheira com velas
acesas?
— Depende. Estará nu junto comigo?
— Se você me quer, é claro que sim.
— Eu quero, com certeza.
Louis soltou todo meu cabelo com tanto cuidado que levou
quase meia hora e eu quase pedi para sentar, mas ele estava se
esforçando para criar um momento de relaxamento para mim. Eu
nunca podaria seus rompantes carinhosos porque me sentia amada.
A água quentinha, cheirosa, velas acesas, um bom vinho e seu peito
servindo de apoio para mim, era tudo.
— Todas as suas tatuagens têm um significado? — Acariciei
suas coxas, olhando os desenhos correspondentes, que pareciam
uma ilha.
— Algumas sim e outras, apenas porque queria fazer e achei
bonito. Depois da primeira é quase um caminho sem volta. Tem
vontade de fazer?
— Não agora, dá trabalho remover nas imagens e eu prefiro
manter meu corpo limpo. Quando sair do meio, provavelmente farei.
Essas ilhas?
— Rainland. É o país da minha prima, minha tia é a rainha e
isso significa que eu passei muitas férias de verão lá. Aproveitei
muito com meus primos e Alicia. Também tenho Hozenburgo nas
costelas, porque é o país da minha mãe e eu tive bons momentos
na casa dos meus avós. — Ele beijou meu ombro.
— Por que começou a se tatuar assim?
Louis ficou quieto, só esfregando meus braços e suspirou.
— Foi para esconder a cicatriz da minha barriga.
— Quase não dá para ver. — Virei um pouco.
— Agora sim. Antes, logo que me recuperei e consegui
levantar, estava horrível. Nunca fui o mais vaidoso, mas aquilo ficou
feio. Parecia um buraco no meu abdômen, era um pesadelo, eu
ainda sentia a peça de metal atravessada em mim… — falou
baixinho, meu coração apertou tão terrivelmente, imaginando-o
ferido, quase morrendo. As lágrimas brotaram em meus olhos e
sufoquei, porque ele ficaria ainda mais chateado. — Cobrir pareceu
a solução mais lógica, uma maneira de me ajudar a superar e as
outras, foram apenas compondo partes de mim e da minha história.
— Eu sinto muito que você tenha vivido algo tão doloroso, mas
eu sou grata por ter sobrevivido. Lembro da sua mãe sofrendo por
não poder estar junto…
— Não gosto de falar sobre isso agora, imagina na época. Eu
não podia suportar o olhar de medo e pena dos meus pais. Meu tio
foi mais como: você não está morto, levanta essa bunda da cama.
Sabia que ele se importava e a maneira que encontrou foi o que me
ajudou a não afundar. — Ele me abraçou e acariciei seus braços
arrepiados. — Amo meus pais, só não podia ficar perto deles
naquele momento da minha vida.
Beijei seu bíceps, como costumava fazer e mudei de assunto
propositalmente. Nós ficamos falando baixo sobre qualquer coisa
inútil e meio sem noção, só para aliviar o clima. Ele contou as
aventuras divertidas que viveu com Charlotte, que iríamos visitar no
dia seguinte e com Alicia. Eu tinha ótimas histórias para contar com
meus irmãos, aos poucos eles foram saindo de casa, ainda assim,
protagonizamos muitas brigas e mamãe sempre nos contava antes
de sair, para ver se não estava faltando ninguém.
Meus pés estavam doloridos dos saltos que usei o dia todo.
Louis me arrastou para sua cama, fazendo um beicinho adorável,
dizendo que eu precisava dormir com ele. Meu desejo lutava contra
o medo a cada segundo, não queria que tudo entre nós desandasse
por parecer que estávamos indo rápido demais. Ao mesmo tempo,
me questionava: qual era a medida de tempo certa para viver uma
paixão?
Existia a fórmula certa? Deveríamos sempre seguir uma
ordem? Eu nunca tive jeito para adivinhar atitudes como se fosse
um jogo, era péssima no pôquer. Minha vida era regida por
sentimentos, seguia o fluxo conforme meu coração mandava e
naquele momento, com Louis ajoelhado na cama, massageando
meus pés simplesmente porque passei muito tempo em pé… eu
queria me jogar por inteiro nele. Abrir os braços e pular do penhasco
no qual o fundo era apenas um emaranhado desconhecido que
poderia ser paz ou pesadelo.
E se tudo desse errado? Se nossas famílias não aceitassem?
Com um rompimento, como lidaríamos com os encontros
constrangedores? O que eu já sentia por ele me assustava. Era
possível estar tão apaixonada por alguém assim? Mesmo sem
sexo? Pensando nos meus temores, lembrei dos nossos pais.
Ousados, bastou um verão para que se amassem e construíssem
suas famílias.
Voltando a olhar para Louis, percebi que sim, era possível.
Estava no nosso DNA.
— O que foi? Por que está me olhando assim? — ele
questionou, sua habilidosa mão apertando meu pé. — Está muito
cansada, não é? Bom que amanhã tem folga.
— Sim, é bom… — murmurei, pensando que o bom mesmo
era saber que eu era dele… e ele era todo meu.
15 | Cat.
Ethan e Charlotte nos convidaram para passar o final de
semana na casa deles, no interior, como uma espécie de
acampamento divertido. Pela quantidade de bebidas que Louis
encomendou, seria algo como o filme "Se beber não case". Alicia
havia tirado folga também e Leonard, irmão de Charlotte, estava no
país escondido, aproveitando suas férias e desejando passar um
tempo em família. Eu estava muito honrada em ser convidada e por
ter sido tão bem aceita entre eles.
Depois de dormir a maior parte do dia, Trish e eu nos reunimos
e fomos ao mercado juntas. Ela precisava comprar mantimentos e
eu fui para ajudar com Alex, carregando-o para deixar as mãos da
mamãe bem livres. Nós estávamos na sessão de biscoitos quando o
telefone dela tocou.
— Olá! Oi, Britney! Cat? Sim, está comigo. O que aconteceu?
— Ela soou confusa e um pouco animada. — Sério? Sério mesmo?
— O que houve?
— Robert Turner te quer no próximo clipe dele! — Trish
sussurrou empolgada.
— O cantor? Aquele cantor?
— Sim! — ela e Britney gritaram em simultâneo. Ao fundo
podia ouvir Frank surtando completamente.
— Como ele me viu?
— Parece que ele é namorado da estilista que fez as fotos
ontem, viu seu vídeo e disse que era o que precisava. Ela deu o
número da Britney!
— Puta merda, Trish! Ai meu Deus!
— Cat! Isso pode te colocar a um nível internacional! Deixa as
compras para depois, vamos para a agência. William resolve como
iremos nos alimentar, isso é mais importante!
Meu telefone estava no carro, esqueci dentro da bolsa e
reparei nas muitas ligações perdidas de Frank, Louis e Britney. Eu já
sabia o motivo das ligações de quem trabalhava comigo, já o
homem com quem estava dividindo a casa, queria apenas saber se
eu estava bem e com as malas prontas, porque ele não queria se
atrasar.
Como se a prima dele morasse em outro país e não a
quarenta minutos da cidade. Ele ia surtar ao chegar e não me
encontrar, mas eu precisava me reunir com a equipe, pularmos
juntos e decidirmos o que seria feito.
Britney já estava com a garrafa de champanhe na mão e
anunciou que a equipe do cantor aceitou meu cachê, o que para
mim estava tudo bem até ver que ela cobrou um valor adicional,
acrescentando os custos da Trish, Frank e mais um pouco se eu
precisasse atuar. Ainda receberíamos um roteiro para acrescentar
possíveis cláusulas.
— Se você aceitar, é claro. — Ela sorriu, empolgada.
— Acho que alguém precisa me beliscar. Ele é muito famoso!
— Aqui! — Frank agarrou meu braço. — Real o suficiente?
— Puta merda! — Bati nele de volta. — Eu aceito, com
condições, quero saber o que vou fazer… por mais que seja incrível,
uma exposição negativa com ele pode foder tudo.
— É por isso que nós somos sua equipe, Cat. Vamos cuidar
para que seja um trabalho tão proveitoso que traga outros. — Trish
me tranquilizou. — O que tem até o momento? — questionou à
Britney. Eu pensei que a dona da agência fosse se ressentir por ter
buscado ajuda de Trish para ser meu escudo quando me senti
atingida na Itália, e na verdade, foi bem o contrário, ela entendeu,
aceitou sua falha e pediu desculpas. Admirei muito seu
profissionalismo e me fez sentir confortável em permanecer, mas eu
não abriria mão de Trish para morder por mim se fosse preciso.
— Champanhe e várias trocas de e-mails!
Nós trabalhamos em uma proposta elaborada por horas. Louis
ficou me ligando, provavelmente arrancando os cabelos. Alex se
divertiu com seus brinquedos, pulou de colo em colo, foi alimentado
e dormiu em meus braços. Assim que alinhamos tudo e pareceu que
não havia pontas soltas para receber a equipe do cantor logo que eu
retornasse do interior, encerramos. William estava quase mandando
seus amigos para nos rastrear e Louis… se pudesse, cuspiria fogo.
Entrei em casa e ele estava sentado no sofá, com as malas no
canto.
— Se eu não soubesse que iríamos viajar, uma imagem como
essa me preocuparia.
— Não era seu dia de folga?
— Você vai entender quando contar o motivo pelo qual não
pude atender suas ligações, apenas falar por mensagem.
— Espero que seja muito bom! Estamos atrasados! As bebidas
estão conosco! — reclamou, de braços cruzados. — Qual é o
excelente motivo?
— Robert Turner me quer em seu videoclipe e pelo que
sabemos, é justamente a música principal de seu novo álbum! —
praticamente gritei e ele sorriu, mas parecia confuso. — Não sabe
quem é ele, não é?
— Não. — Ele começou a rir. — Desculpa. Mas se você está
feliz, eu também estou! Quer dizer, isso é bom? Você vai ter mais
trabalhos?
— Se tudo der certo, isso vai ser simplesmente incrível!
Louis deu um salto e me pegou em um abraço, me rodopiando
pela sala, inclusive quase quebramos um vaso na bagunça.
— Parabéns, baby! Estou muito orgulhoso de você, mesmo
atrasando nosso final de semana de folga! — Apertou minha bunda.
— Esse é só o começo da carreira de sucesso. Tenho certeza que
vai realizar todos os seus sonhos!
— Obrigada pelas lindas palavras e meu atraso é por um bom
motivo. Minhas coisas estão prontas, bobo. Vamos sair e nos
divertir!
— É assim que se fala, minha estrela de cinema.
— É um clipe musical!
— Tanto faz, é tudo chique e na televisão!
Louis não era do tipo que sabia nome de música e de
cantores, ele cantava tudo errado, trocava os refrãos e só escutava
o que tocava no rádio. Eu cantava mal, pelo menos sabia a letra
correta. Em uma das nossas muitas conversas, contou que perdeu o
costume de ouvir quando ainda trabalhava como agente especial,
porque viajava muito e eles costumavam ficar escondidos, sempre
em alerta, música era considerada distração. Gostava de ler e sua
maneira favorita de relaxar era deitar no sofá com a televisão
ligada.

Nós finalmente saímos de casa e seu humor melhorou


consideravelmente. Aproveitei nossa alegria para ligar o rádio e
enviar minha lista de reprodução de dias felizes. Acomodada, de
cinto e com o banco um pouco reclinado, fui cantando, fazendo meu
telefone de microfone. Louis riu e chegou a cobrir os ouvidos de
brincadeira. Parando em um sinal, pegou seu telefone para me
filmar e enviou para nossas famílias. Aos poucos, ele estava
mostrando a eles nossa convivência para que não fosse um choque
completo quando anunciássemos que estávamos juntos.
Chegamos ao interior e lá estava um pouco mais frio,
garoando. Prometia sol no dia seguinte e esperava que pudéssemos
aproveitar ao redor, mas Charlotte estava ansiosa para usarmos a
nova área aquecida. Ela até planejou encontros na hidromassagem
gigantesca que mandaram colocar próximo à piscina interna.
— Oh, bruxa! Eu disse final de semana de cerveja e
churrasco, não de queijos e vinhos! — Louis entrou na casa com
seu acesso, já gritando. Alicia foi a primeira a aparecer. Ela me deu
um sorriso e um abraço apertado.
— E eu disse que o tempo iria decidir quem venceria! —
Charlotte desceu a escada. — Bem-vinda de volta, Cat! Estou
morrendo de ciúmes dos seus encontros com Alicia.
— Eu disse que foi só uma vez. — Alicia riu.
— Vamos combinar uma saída só de meninas.
— Não mesmo. — Ethan surgiu da cozinha. — Se você sair, eu
poderei voltar a sair?
— Quando o relacionamento de vocês se tornou tão abusivo?
— Louis se intrometeu.
— Não é isso. — Charlotte deu um sorriso maroto para Ethan.
— Ele perdeu uma aposta e eu dei a ele três opções: ficar sem sexo
por um mês, não sair com os amigos ou me dar um carro de
presente. Ele escolheu não sair com os amigos, a culpa não é
minha. Foi só uma aposta.
— Você teria percebido se não tivesse parado de sair. — Ethan
provocou Louis. As orelhas do meu namorado ficaram vermelhas.
— Ele estava um pouco ocupado. — Dei de ombros.
— Ai que fofos! — Charlotte pulou em nós, mas apertou as
bochechas do primo. — Eu te disse — falou baixinho e Louis fugiu
dela, dizendo que iria descarregar as bebidas.
Nós nos reunimos na cozinha, lavando as frutas, cortando
legumes e começando o preparo do jantar. Algum tempo depois,
Leonard apareceu e se desculpou, disse que estava em uma
reunião por vídeo que levou mais tempo do que o esperado. Fiquei
um pouquinho tímida sobre conhecer um príncipe, um futuro rei e
por ele ser tão lindo que demorei a desviar os olhos. Me perguntei
que água minha madrinha e a mãe dele beberam para produzir duas
espécies de homens bonitos, gostosos e com sorrisos
encantadores.
Louis sorriu para mim e fiquei toda atrapalhada.
— Para de deixar a menina tonta! — Alicia brigou com ele.
— A culpa não é minha que ela não resiste a mim. — Louis se
defendeu e bati nele com meu pano de prato. Ele me laçou com
uma toalha de mesa, me puxando pela cintura e roubou um beijinho.
— Minha modelo superpoderosa. — Me beijou de novo e fizeram
um coro. Leonard jogou um morango em nós. — Sabiam que Cat
me chama de James Bond? Ela me acha sexy!
— Louis Andrea! — Bati em seu braço. — Para de me expor!
Você tem telhado de vidro também!
— Qual é o dele? Me conta! — Leonard pediu, rindo.
— Fotos da minha bunda na internet!
— Está vendo? Filhos caçulas não sabem brincar! — Louis fez
um beicinho.
— E é uma senhora bunda — Charlotte brincou, só para
provocar o primo.
— Eu vou apanhar se eu falar da bunda dela. — Leonard
balançou as sobrancelhas para Louis, os dois fingiram estar em uma
briga como se ainda fossem adolescentes. Homens não cresciam
totalmente quando estavam acompanhados de primos e amigos de
infância.
Alicia decidiu expulsar os três da cozinha, fingindo que eles
estavam nos atrapalhando, mas ela só queria fofocar sem a
presença deles. Leonard e Louis eram muito protetores com ela, até
Ethan, por baixo de toda implicância.
— Acho que meu ex-namorado está atrás de mim. Hoje reparei
o carro dele em dois lugares diferentes. Fiquei com isso na cabeça,
me perguntando se era um carro parecido ou ele mesmo.
— Como assim ele está te seguindo? — Charlotte arregalou os
olhos, assustada com o relato de Alicia.
— Conseguiu ver a placa? — questionei, parando de cortar as
batatas.
— Só na primeira vez.
— Acho que não deve esconder isso dos seus sobrinhos,
Alicia. Saiu sem seu guarda-costas?
— Prefiro andar com uma segurança remota e ele sabe
disso…
— Concordo com a Cat. — Charlotte parou do nosso lado. —
Você precisa contar a eles, até para sabermos o que fazer. Eu não
arriscaria com as estatísticas de violência contra mulher tão altas no
mundo todo. Se for nada, beleza. Mas aí, e se não for? Nós
sabemos que ele odiou o término e tudo que falou sobre a traição.
— Vou contar depois. Não quero estragar nosso final de
semana. — Alicia suspirou, parecendo cansada e me perguntei o
quanto aquilo estava assustando-a de verdade. Ela o conhecia.
Talvez ele tenha dado sinais que ativaram seus alertas e ela não
queria assumir para Charlotte e eu.
— Não importa o final de semana, vamos ficar bem. —
Charlotte a abraçou.
— Depois. Agora, vamos nos divertir! Que tal um vinho?
Abri uma garrafa para nós três. Ethan estava servindo um novo
bourbon para Louis, ele parecia um senhor de idade provando como
um especialista. Pisquei e soprei um beijo, reunindo as comidas na
mesinha de café na frente deles, com os pratos e as taças. Charlotte
correu até um armário, retirando uma caixa.
— Hoje é dia de desafiar a força dos nossos vidros! —
Balançou um microfone.
Fiquei de pé, animada. Ethan e Leonard gemeram.
— Vai cantar, baby? — Louis questionou, meio que duvidando
da minha coragem.
— Claro que sim! Não posso privar sua família do meu talento
nato!
Fizemos um sorteio sobre quem iria começar. Alicia venceu e
cantou muito bem uma música da Adele que o próprio sistema do
aparelho havia escolhido. Charlotte escolheu duas músicas, mas ela
sempre parava para discutir com Ethan, dançava, esquecia a letra
ou comia umas batatinhas no processo.
Meu nome saiu e eu estava comendo nachos.
Apertei o botão para a máquina selecionar minha música e fui
agradavelmente surpreendida com uma que adorava, fazia parte de
vários filmes. Louis cruzou os braços, se preparando. Os outros não
faziam ideia do quanto minha voz fina e baixa desafiava gatos
arranhando quadros quando começava a cantar.
I Say a Little Prayer exigia um canto em coro e eu obriguei que
cantassem comigo. Leonard cobriu os ouvidos enquanto caía na
gargalhada. Ethan escolheu a opção de me gravar para que o
momento ficasse eternizado. Charlotte e Alicia eram boas amigas,
porque cantaram comigo, bateram palmas e ainda fizeram uma
dancinha empolgada. Louis tombou de lado no sofá, rindo. Ele
ficava maluco com meu dom incrível.
— Admita! Eu sou incrível, certo? Tirei 96 pontos! — Apontei o
microfone para ele.
— Completamente incrível o quanto essa máquina está
quebrada! — Ele me puxou para seu colo, me abraçando apertado.
— Talento nato, baby.
— Definitivamente… nossos vidros são muito bons! —
Charlotte ergueu sua taça em um brinde a mim.
— Essa música não pediu que ela atingisse suas notas
caninas! Precisam ouvi-la cantando Whitney Houston enquanto lava
o banheiro. É simplesmente… — Louis fez uma pausa dramática e
suspirou. Dei-lhe uma cotovelada.
Nós conversamos e brincamos de cantar quase a noite toda.
Louis e eu fomos atribuídos a um quarto muito bonito, em um lado
da casa que era virado para o campo. Charlotte perguntou se eu
queria um quarto separado, mas eu disse que estava tudo bem ficar
juntinho dele, por mais que tivesse medo de pular todas as etapas e
causar um estrago entre nós.
Tomei um banho quentinho para dormir e peguei apenas uma
camisa dele. Louis não me viu deitar, arrumando suas coisas antes
de tomar banho. Me escondi debaixo das cobertas e esperei para
observá-lo sem camisa, de cueca, cabelo molhado e bagunçado.
Puxando a colcha, se acomodou ao lado e como um ímã, viramos
um para o outro, atraídos pela necessidade de ficar perto.
Ele sentiu minhas pernas nuas e acariciou minha coxa,
puxando-a para cima e encaixando perfeitamente nele. Louis me
beijou, movimentando-se contra mim e apertando minha bunda.
— Eu adoro esse ar sonhador sempre que te beijo.
— Amo seus beijos. — Agarrei os cabelos de sua nuca,
puxando-o para mim novamente. — Ninguém nunca me beijou tão
bem quanto você. É o meu beijo perfeito. — Rocei meus lábios nos
dele. Louis subiu as mãos por dentro da minha camisa, agarrando
meu seio e apertou, puxando meu mamilo com um belisco suave.
Virei e montei em sua cintura. Minhas mãos eram um contraste
contra sua pele tatuada, me inclinei e beijei seu pescoço,
provocando-o com minha língua pelos mamilos, chupando um
pouco e ele ficou arrepiado, exalando. Fui descendo, admirando seu
peitoral definido e até dei uma mordidinha em um pedaço de pele
colorida. Parei com meus dedos na borda de sua cueca, brincando
um pouco.
Arrastei meus lábios por seu pênis, já formando uma ereção.
Pressionei um pouco mais, abaixando a cueca. Louis respirou
fundo, me olhando intensamente. Não estava com pressa, queria
torturá-lo um pouco mais. Brinquei com minha língua por toda
extensão. Ele fechou os olhos, gemendo baixinho e logo abriu de
novo, como se não quisesse perder a visão de seu pau na minha
boca. Eu dei a ele um belo show.
Caprichei na chupada ao ponto de deixá-lo tonto. Ele mordeu o
lábio, grunhindo, agarrando meu cabelo e avisando que iria gozar.
Nunca havia engolido antes, não gostava, não era como se eu fosse
especialista no ato, mas eu queria apimentar um pouco a noite e
simplesmente não soltei, deixando que gozasse.
— Puta que pariu!
Soltei seu pau com um estalo, lambendo meu lábio e sorri.
— Não precisava engolir, baby.
— Que bom, não conte com isso sempre. O gosto não é lá
grandes coisas.
Louis riu da minha careta e me puxou rapidamente, beijando
minha boca sem se importar com o sabor da minha língua. Era
íntimo. Nosso. Tirei minha camisa, ficando só de calcinha na cama.
Ele fez um showzinho em tirar a peça e jogou longe.
— Acho que você deveria ficar sem calcinha o tempo todo.
— Quer admitir que o apelido faz todo sentido? — Arqueei a
sobrancelha, provocando-o. Ele olhou para entre minhas pernas e
me deu um sorrisinho. Seu polegar passeou pelos meus grandes
lábios, afastando-os um pouco e pressionou. Soltei um suspiro,
arrepiada. Afastei minhas pernas um pouco mais.
— Faz sim. — Esfregou meu clitóris — Eu sou o único
autorizado a apreciar e adorar essa parte, assim como todo o
restante do seu corpo perfeito. Quero passar todas as noites
possíveis te adorando.
E ele mostrou o quanto era capaz e muito empenhado em me
fazer sentir a mulher mais desejada do mundo inteiro. Não havia
sensação melhor.
16 | Louis.
Moana corria na frente com uma bola na boca, agitada,
querendo brincar. Cat tentava acompanhá-la, descabelada,
chamando a cadela para devolver a bola e continuar a brincadeira.
Nós acordamos cedo e comemos algumas frutas enquanto os
outros continuavam dormindo, então logo decidimos sair para
explorar ao redor. Eu estava andando mais devagar, apreciando o
bom clima da manhã e me sentindo o homem mais sortudo do
mundo inteiro.
Meu telefone tocou, era uma mensagem do Willy, me
atualizando sobre a vigilância de Elton. Ele era um homem treinado,
cometia alguns deslizes, mas ainda sabia como se esgueirar pela
escuridão e fugir dos nossos olhos. A investigação estava
estagnada. Minha mesa, cheia de trabalho. Enquanto avançava em
vários casos, aquele, especificamente, estava congelado. Eu
precisava de uma porra de uma ligação.
Liam, meu amigo de longa data, mesmo de Chicago, tentou
me ajudar fazendo o rastreio do dinheiro, mas nós perdemos o
caminho quando Elton desintegrou o pagamento em várias contas.
Guardei meu aparelho de volta e olhei para Cat sentada na grama
com Moana ao lado, ela conversava com a cadela baixinho. Fiquei
parado, em choque, com o sentimento louco que explodiu no meu
peito.
Eu queria aquilo: uma vida com ela, um cachorro, nossa
casa… uma família em construção. Cheguei a ficar tonto, abaixei ao
lado, mudo. Meu coração martelava no peito, tamanha intensidade
que não conseguia controlar. Como era possível desejar tanto viver
com uma pessoa pelo resto da vida sem nenhuma dúvida?
— Ei, ei! Está sentindo-se mal? A caminhada foi muito para
você? — Cat se desesperou. — Será que sua pressão caiu? Eu vou
buscar ajuda!
— Não! Fique aqui! — Segurei-a pela cintura. Ela ainda me
olhou preocupada. — Eu quero contar para nossa família que
estamos juntos, assumir um relacionamento para o mundo todo.
Quero ter um cachorro que possamos sair juntos para passear, levar
em viagens e ter milhares de momentos assim… sempre juntos.
Não é só um pedido de namoro. É um pedido de uma vida juntos.
Ela arregalou os olhos e segurou meus ombros.
— Você quer um relacionamento mesmo, não apenas um…
vamos ver no que vai dar?
— Sim, é isso. Você quer? Eu te assustei?
— Ah, Louis! — Cat me abraçou e me beijou. — Você me
surpreende a cada minuto. Estava com medo de tudo ir por água
abaixo. Acho que a incerteza e o não status claro do nosso
relacionamento me fazia pensar assim, porque agora, tudo que sinto
é que eu quero ter tudo com você e viver todas as boas
experiências ao seu lado — ela parou de falar e voltou a ficar
preocupada. — Como pode ter certeza sobre nós se ainda não
fizemos sexo?
Soltei uma risada porque sua expressão ficou muito
engraçada. Ela me empurrou de leve. Agarrei seu bumbum,
puxando-a para frente e a pressionei contra mim.
— Eu sei que o sexo será foda pra caralho. Ele não é o ponto
mais importante entre nós, não preciso ter certeza sobre isso. Nós
combinamos. — Segurei seu queixo e dei-lhe um beijo suave nos
lábios.
Cat fechou os olhos e ficou parada. Ao abri-los novamente, vi
que estavam marejados.
— Quero sim, quero estar com você para sempre.
— Vamos contar a nossa família hoje?
— Que tal uma foto para nossos grupos de família? — ela
sugeriu tranquilamente.
Peguei meu telefone e abri a câmera, tirando uma foto nossa
daquela maneira como estávamos, desarrumados e felizes. Enviei
para ela, juntos elaboramos uma legenda e mandamos
separadamente. Eu sabia que nossas mães iriam surtar
completamente. Já estava me preparando para todas as ameaças
que os irmãos dela fariam, porque Bruce e Bruno já haviam
começado há muito tempo.
Depois que enviamos, apenas olhamos um para o outro e
sorrimos. Oficialmente nós. Cat postou uma foto nossa em suas
redes sociais. Eu não tinha nenhuma oficialmente, apenas algumas
contas que usava para obter informações de clientes ou de alvos
dos meus clientes. Era impressionante o quanto as pessoas
estavam viciadas em compartilhar coisas que deveriam ser privadas
na internet. Muita gente pensava que por ter poucos seguidores, a
informação estava basicamente segura, mas não era verdade.
Tudo que é postado fica na internet para sempre.
Minha vida já era muito exposta com a mídia sabendo bem
quem eu era, os títulos de monarquia que nasci, meu sobrenome,
um avô rei de um país pequeno, que apesar de democrático em sua
política, ainda usava os palácios da família real como fonte de renda
para o turismo, além de uma tia que era rainha de outro país. Ter
uma vida privada era muito difícil, precisava de malabarismo. Cat
usava suas contas para trabalho. Ela nunca postava nada sobre si
mesma, apenas bastidores dos ensaios, das viagens a trabalho e as
fotos para portfólio.
— Sinto meus ombros mais leves. Eu odiava o peso de omitir
coisas da minha família, receosa que pensassem que foi só sair de
casa que comecei a esconder coisas deles. — Ela deitou a cabeça
no meu ombro e Moana, cansada de deitar sozinha, se aproximou
de nós. — Não podemos ter uma como ela na nossa casa.
Eu sorri só de ouvi-la dizer “nossa casa”. Seria tudo nosso a
partir daquele minuto, não porque ela veio para morar comigo por
um tempo e sim, porque éramos um casal realizando cada passo da
vida juntos.
— Essa raça precisa de espaço e saídas constantes,
precisamos de uma raça menor, que fique feliz com brincadeiras
dentro de casa e caminhadas noturnas quando chegarmos do
trabalho.
— Vou me sentir menos sozinha nos dias que ficar em casa de
folga. Sempre quis ter um cachorro, mas lá em casa já tinha
crianças demais para minha mãe aceitar um animal de estimação.

Perdemos a noção do tempo na grama, abraçados. Só


percebemos que estavam nos chamando de volta porque Moana
saiu correndo em direção à casa. Alicia acenava e gritava que o
café estava pronto. Faminta, Cat quase me abandonou. Eu fui mais
devagar porque queria olhar para sua bunda. Ela era minha
namorada e ganhei o direito oficial de ser livremente um safado.
— Vocês assumiram o namoro? — Alicia soltou um gritinho ao
olhar o telefone. — Sua mãe está surtando!
— Que diabos ela está fazendo acordada a essa hora?
— Sabe que ela pode trocar os horários facilmente quando
está assistindo a uma nova série. Eu indiquei Vampire Diaries e ela
viciou.
— Então, é sua culpa que minha mãe anda fantasiando com
vampiros?
— É sim. E com orgulho. — Alicia me deu a língua.
Cat começou a rir.
— Acho que foi o personagem Klaus Mikaelson que me fez
apaixonar pelo sotaque britânico e olha só para mim agora? Tenho
meu próprio exemplar! — Deu um tapinha na minha barriga e
depois, acariciou como se fosse bom demais sentir meu abdômen.
Seu olhar quase me fez arrastá-la para o quarto para repetirmos um
pouco da noite anterior. Havia uma beleza incrível em tomar todo
tempo do mundo idolatrando o corpo de uma mulher.
O corpo da minha mulher, me corrigi mentalmente. Não seria
tão perfeito se fosse com outra pessoa. Depois do café, Ethan levou
Leonard e eu para uma caminhada, querendo mostrar suas
melhorias na propriedade e em outras na região. A vida dele mudou
completamente, assumiu o papel de homem casado, literalmente o
marido orgulhoso, provedor e que se importava em manter os bens,
que um dia seriam dos filhos, em perfeito estado.
— Não me olhe assim, eu fui picado, mas não completamente.
— Me defendi de Leonard, que estava dizendo que eu seria o
próximo.
— Não pensa em casamento? — Ethan parou de andar. —
Não brinca com a menina, Louis.
— Está vendo? Ele foi completamente picado pelo bicho do
matrimônio! — acusei, rindo.
— Acho que preciso andar com meus amigos solteiros —
Leonard murmurou.
— Pelas minhas contas faltam poucos — Ethan provocou de
volta.
— Eu não estou brincando com a Cat. Assumimos um
relacionamento sério, vamos compartilhar a vida e é claro, que no
momento certo, chegaremos ao casamento. — Paramos em uma
mureta, a primeira coisa que ele reformou na propriedade, parecia
antiga, mas combinou com tudo ao redor. — Estou falando sobre ser
um homem usando botas de borracha, andando com um facão e
planos de reformas. Eu ainda não estou pronto para viver aqui no
interior e criar cavalos. Ainda quero uma vida na cidade, sair e
aproveitar bastante com ela.
— Você está a um passo de ser completamente picado. —
Ethan sorriu, como se fosse um gato prestes a devorar um canário.
— Estou ficando enjoado com vocês dois. — Leonard esfregou
a nuca.
— Nada de eleger uma senhora para ser uma futura rainha? —
questionei, achando graça de sua expressão nauseada.
— Não quero falar sobre isso. Estou farto dessa história de
casamento. — Ele bufou, pegou uma pedra e arremessou longe.
— Então, acho que esse é o momento certo de irmos para os
cavalos.
Ethan e eu não falamos mais nada. Seguimos em frente,
fazendo a caminhada pela propriedade e ao voltarmos, Charlotte
estava com tudo pronto para ficarmos na piscina interna e na
hidromassagem. Subi rapidamente para trocar de roupa, minha
namorada não estava em nenhum lugar a ser visto, quando desci,
encontrei-a tirando o roupão para entrar na água com Alicia.
— Precisa de um babador? — Leonard me empurrou quando
me viu estagnado no lugar. Ela deveria usar aquelas peças
pequenas e agradáveis dentro do quarto só para mim,
principalmente porque eu poderia deixá-la nua.
Charlotte terminou de me tirar do lugar, a pentelha usava um
biquíni rosa neon e deu uma voltinha, querendo mostrar o quanto
estava chamando atenção. Ethan balançou a cabeça, dizendo que
ela não precisava de muito para ter todos os olhos sobre ela.
— Minha irmãzinha sempre teve o dom de roubar os holofotes
para ela. — Leonard a pegou no colo, ela gritou e ele a jogou na
piscina. Ela riu e saiu nadando até as meninas.
Catherine se divertiu muito com minha prima e tia. Ela ficou
magoada ao perceber que não seria tão simples assim fazer
amizades no trabalho, era ainda mais competitivo que nos Estados
Unidos. A maioria das modelos eram competitivas e cruéis, sorte a
dela ter Frank ao seu lado e depois, a Trish, que aliviou um pouco
sua tristeza ao perceber que estava sozinha. Eu me esforçava em
ser companhia, até porque, eu adorava.

Sempre achei que o silêncio era tudo que precisava depois do


trabalho. Depois dela, eu adorava ficar esticado no sofá, com meu
computador no colo e tomando chá. Quando ela me ajudava com
alguns processos leves, ficávamos conversando, até que eu sempre
usava a tática de apagar a luz e ficar namorando no escurinho.
E foi exatamente isso que fiz à noite, quando voltamos para
casa. Ela ficou sem blusa, no meu colo, apenas as velas acesas nos
iluminando.
— Por que eu sempre caio no golpe da luz apagada? —
reclamou meio que suspirando, entre beijos e apenas sorri. Eu ia
usar sempre. Valia a pena.
— No fundo, você gosta das minhas táticas de sedução
adolescentes. — Beijei seu pescoço, descendo a boca para seus
peitos. Ela suspirou, empinando ainda mais os seios na minha
direção.
— Sorte que namorar no sofá é muito bom.
— O único sortudo aqui sou eu — murmurei, olhando para seu
corpo perfeito. — Eu pensei que a minha vida estava boa até você
chegar e me mostrar que ela poderia ser infinitamente melhor.
Cat abriu os olhos e focou em mim. Parecia que alguma coisa
estava passando em sua mente quando de repente, separou os
lábios, arregalou os olhos e exalou.
— Puta merda, Louis! Eu te amo! — Ela cobriu o rosto,
maravilhada consigo mesma. — Eu te amo!
— O que acabou de acontecer na sua cabeça?
Cat começou a rir feliz, em um misto de felicidade e emoção.
Eu a amava, mas não disse as palavras até que sentisse que ela
estava pronta, para não se sentir pressionada em relação ao sexo,
principalmente porque já havia deixado claro seu posicionamento
sobre esse tipo de avanço entre nós. Eu nunca a faria sentir que
deveríamos transar para ficarmos juntos e sermos felizes. Era óbvio
que queria. Cat me enchia de tesão e eu ficava louco com suas
provocações, mas era um homem adulto que podia esperar o tempo
dela tanto quanto fosse necessário.
Esperava que ela tivesse entendido que meu amor por ela era
muito além do sexo. Era sobre o encontro de almas que nossos pais
tiveram e nós fomos abençoados com o mesmo tipo de conexão.
17 | Cat.
Depois do final de semana maravilhoso com amigos, Louis e
eu voltamos para casa. Ele tinha um pouco de trabalho a fazer e eu
adiantei algumas tarefas, como limpeza e, lavar roupa. Tomei banho
e fui atraída para a sala onde ele estava, cheiroso, com o cabelo
despenteado, pés em cima da mesinha e computador no colo.
Peguei um marca-texto, voltando a riscar as datas das
ligações, eram coisas simples, ele nunca me deixava ver detalhes
dos casos e eu ajudava nas pequenas tarefas que ocupavam o
tempo dele.
Ele ficava digitando, em silêncio, e como quem não queria
nada, ia diminuindo as luzes com o controle, acendendo velas.
Quando dei por mim, suas coisas de trabalho estavam na mesa e eu
montada em seu colo. Minha blusa foi parar no chão em um piscar
de olhos. Sempre caía no golpe da luz, seja no escritório no andar
de cima ou ali mesmo, para namorar no escurinho e ter um amasso
gostoso.
Daquela vez, tinha um gosto diferente. Eu ainda não tinha
olhado as mensagens do meu telefone como uma bela covarde,
sem querer saber a reação da nossa família, usando o fuso-horário
como desculpa para não responder.
— Por que eu sempre caio no golpe da luz apagada?
— No fundo, você gosta das minhas táticas de sedução
adolescentes. — Ele beijou meu pescoço. Louis fazia qualquer
pegação desastrada da época da escola se tornar algo incrível na
vida adulta.
— Sorte que namorar no sofá é muito bom.
— O único sortudo aqui sou eu — Louis falou baixinho. — Eu
pensei que a minha vida estava boa até você chegar e me mostrar
que ela poderia ser infinitamente melhor.
Suas palavras me atingiram em cheio. Foi muito mais forte do
que quando ele pediu para fazer parte da minha vida
completamente, sem medo, sem jogos e tabus. Formando uma
aliança de verdade. De repente, meu coração parecia que ia
explodir no peito quando percebi que Louis era meu príncipe
perfeito. Ele me buscava no trabalho a qualquer momento, me dava
flores sem motivo, apoiava meus ensaios fotográficos mesmo
desconfortável com o nível de exposição e era meu principal
incentivador.
Louis segurava minha mão quando ficava triste, me
apresentou seus amigos para que eu não ficasse sozinha, fazia
massagens nos meus pés quando trabalhava muito, preparava
banhos deliciosos para me ter relaxada, segurava bolsa quente no
meu ventre quando sentia cólica e preparava a melhor omelete do
mundo para meu café da manhã, que inclusive, tirando os dias que
comia a pizza para me deixar irritada, ele nunca saía sem deixar
uma comidinha para mim.
Ele era meu príncipe.
Podia aceitar que contos de fadas não existiam, mas eu queria
ser tratada com respeito, carinho, amor e ter a dedicação que
estava disposta a dar. Louis me entregou isso sem que precisasse
pedir. Eu estava além de apaixonada. Eu o amava!
— Puta merda, Louis! Eu te amo! — Cobri meu rosto,
maravilhada comigo mesma. — Eu te amo!
— O que acabou de acontecer na sua cabeça? — Louis
começou a rir.
— Eu simplesmente me dei conta que tenho o homem que um
dia escrevi no meu diário e desejei que fosse real. Meu par perfeito.
— Eu te amo, minha maluquinha. — Ele me beijou, rindo da
minha epifania.
Voltei a beijá-lo, puxando sua camisa para cima e ele tirou,
jogando-a na ponta do sofá. Enfiando as mãos por dentro do meu
short largo, apertou minhas nádegas e me impulsionou para frente.
— Vamos subir? — pedi baixinho.
— Já quer dormir? — Ele me olhou confuso.
— Não é para dormir que quero ir para a cama.
Louis franziu o cenho.
— E sobre a noite especial dos seus sonhos?
— Você entendeu errado sobre a noite especial. Não é com
flores, ou algo espetacular, é simplesmente sobre sentir a confiança
que estou sentindo agora em perder minha virgindade com o
homem que eu amo.
— E esse momento é agora?
Sem responder nada, saí de seu colo e estiquei a mão. Ele
pegou e levantou, assoprei as velas que estavam acesas e esperei
que ativasse o sensor do primeiro andar para subirmos. No quarto,
fiquei parada de frente a ele, enfiei os dedos no cós do meu short e
empurrei para baixo junto com a calcinha. Eu não era do tipo que
tinha inibições e muito menos puritana por ser virgem, já tive
algumas experiências antes e não era perdida no assunto, esperar
foi uma decisão minha.
Louis parecia mais nervoso que eu, sempre preocupado em
me fazer feliz acima de tudo.
Aquele era só um dos muitos motivos pelo qual ele era o
homem certo.
Puxei o laço de sua calça, deixando frouxa. Sem esforço, ela
caiu no chão. Louis fez a gentileza de não colocar uma cueca
depois de tomar banho. Fiquei parada, admirando seu corpo nu com
as tatuagens. Ele mal respirava, dei a volta por ele, passando a mão
por suas costas, descendo para as nádegas e o abracei por trás ao
perceber que podíamos nos ver do espelho do banheiro.
— Será que existe combinação mais bonita que nós dois? —
ele questionou, olhando-nos fixamente.
— Duvido muito. É como um cometa que só passa na terra
uma vez a cada novo século.
Ele virou e me abraçou, suas mãos passearam pela minha
pele com um toque carinhoso. Fiquei na ponta dos pés e nossas
bocas se encontraram em um beijo apaixonado. Ele enrolou meu
cabelo com a mão e passou o outro braço por minha cintura, me
erguendo do chão. Cruzei minhas pernas em sua cintura e, me
pressionando contra a parede, mordeu meu lábio e chupou minha
língua.
Apertando meu seio, desceu a boca sobre meu mamilo e
chupou. Uma coisa lenta simplesmente incendiou entre nós. Eu
estava pulsando de desejo, quase implorando por algo que pensei
que me assustaria muito. Meu coração disparou no peito e soltei um
ofego, mordendo a boca em seguida para conter os impulsos
nervosos.
Louis me levou para a cama e me deitou com cuidado,
beijando várias partes do meu corpo com carinho e acariciando
todos os pontos sensíveis para me fazer relaxar. Ele percebeu que
fiquei com um pouco de medo e se dedicou em me deixar pronta,
lubrificada e desejando-o tanto que qualquer medo foi jogado longe.
Pegando uma camisinha, me ensinou a colocar e ri dos meus dedos
tremendo.
— Coloquei certo? Eu te amo, mas não estou pronta para um
mini Louis.
— Te amo e apesar de não querer uma mini Cat, nós vamos
ficar bem se isso acontecer, certo? É hipocrisia pensar que não é
um risco que corremos.
— Eu sei, vamos ficar bem. Sempre — prometi de coração,
para apaziguar seu surto de responsabilidade no minuto antes da
nossa primeira vez.
Voltamos a nos beijar, ele deitou sobre mim e com muito
cuidado, foi penetrando. Apesar da lubrificação, senti o desconforto
intenso ao ponto de apertar o lençol.
— Quer que eu pare?
— Você consegue?
— Não por muito tempo — ele gemeu, encostando a testa na
minha. Me acomodei melhor e respirei fundo, permitindo que
voltasse a se mover. Aos poucos, bem lentamente, começou a ter
uma sugestão de prazer, somando com a emoção do momento e
minha paixão por ele, lágrimas não planejadas escaparam dos meus
olhos. — Oh, baby. Não chore, por favor.
— Estou bem. Estou muito feliz — falei baixinho e o abracei.
Não gozei novamente, dolorida demais para chegar a isso.
Fiquei levemente aliviada quando ele gozou e me senti mal, porque
não era sua culpa toda minha tensão com a primeira vez. Foi
esquisito ver os resquícios de sangue na camisinha. Levantei
rapidamente para me lavar, meio nervosa com os fluidos.
— Você está surtando, baby? — Louis andou atrás de mim.
— É normal se sentir um pouco pegajosa? — Acionei o
chuveiro.
— Seria pior sem a camisinha. Quer tomar banho?
— Vem ficar comigo?
— É claro que sim! Não vou ficar longe de você. — Ele
segurou minha mão.
O banho me fez sentir melhor. Louis não tinha uma televisão
no quarto, desceu para pegar um vinho e ficamos na cama. Eu
podia me sentir a garota mais mimada do mundo inteiro porque meu
namorado, que nunca havia tirado uma virgindade antes, estava me
tratando como se eu fosse quebrar.
— Tem certeza que não quer tomar um remédio?
— Estou bem, Louis. Foi ruim para você? — Mordi o lábio,
meio preocupada que ele
— Vou soar um completo idiota, mas não. Foi muito bom. Era
você, sua primeira vez, nossa e porra… — Ele puxou os cabelos,
me fazendo rir. — Ativou um lado homem das cavernas. Eu
simplesmente…
— Vai me puxar pelo cabelo e marcar seu nome na minha
bunda? — Deitei minha cabeça em seu peito, passando meu
indicador em um dragão desenhado em sua barriga para cobrir as
cicatrizes.
— Eu vou! — Ele penteou meu cabelo com os dedos. Sorte a
dele que estavam lavados ou ele poderia perdê-los entre meus fios
rebeldes. — Te deixar toda marcada como minha.
— Meus seguidores devem estar criando um fã-clube para
você. — Soltei um bocejo. Ele esticou o braço, deixando a taça na
mesinha ao lado e apagou o abajur ali, nos cobrindo.
Peguei no sono, quase profundamente, quando o telefone dele
tocou. Louis saltou, meio assustado e pegou o aparelho, sentando
rapidamente. Em sua agitação, não entendi direito o que havia
acontecido. Vestiu as calças com pressa e, preocupada, segui atrás,
enrolada em um roupão. Ele digitou o código para liberar a porta e
não para desativar o alarme.
Alicia entrou chorando. Desci correndo, tropeçando nos últimos
degraus e a abracei apertado. Nós acabamos caindo no chão, não
vi com quem Louis falou do lado de fora, mas Alicia estava com as
roupas que deixou na casa de Charlotte para uma reunião de
trabalho.
— O que aconteceu?
— Ele me seguiu e bateu no meu carro! — ela gritou, histérica,
tremendo tanto que precisei abraçá-la bem apertado.
— Está tudo bem, estou aqui com você e está segura conosco.
— Esfreguei seus braços.
Louis entrou e ativou as defesas da casa novamente, me
ajudando a erguer Alicia do chão e a levamos para o sofá. Ele não
explodiu com ela e comigo, por saber que o ex estava perseguindo-
a porque ainda conseguia se controlar. Seu olhar, no entanto, podia
quebrar uma pessoa sem esforço. Preparei um chá calmante para
Alicia e a levei para o meu quarto, fazendo a cama. Nervosa demais
para falar qualquer coisa, era melhor que dormisse primeiro.
Espiei a janela que dava para a rua e vi que três carros oficiais
da segurança da família estavam ali dentro. Havia acontecido algo
perigoso com uma princesa.
Tentei ouvir a conversa de Louis no escritório, de portas
fechadas, mas era apenas um som abafado. Voltei para o quarto
dele, o que acreditava ser meu novo espaço também, deitei e me
cobri. Ele levou mais de uma hora para entrar e encostar a porta.
— Por que não me falou nada?
— Ela nos contou e disse que falaria com vocês depois do final
de semana. Acho que não deu tempo. O que ele fez?
— Ele a seguiu ao ponto de bater na traseira do carro dela
várias vezes, até que ativou a segurança remota e por fim, alguns
seguranças conseguiram encontrá-la ainda dirigindo. Eles a levaram
para uma estação policial, mas ela não se acalmou, pediram que
voltasse no dia seguinte e a trouxeram para cá. — Esfregou a nuca,
irritado e preocupado.
— Conseguiram prendê-lo?
— Não. Ele fugiu. Os seguranças são treinados para protegê-
la e não para capturas, eles fariam se fosse para conter. — Ele
sentou na cama e ajoelhei atrás dele.
— Eu sinto muito, Louis. Ela só mencionou que achava que
era ele, não exatamente que tinha certeza e que ele fez alguma
coisa grave assim. — Esfreguei suas costas. — Vamos dormir. Alicia
vai precisar muito de nós dois amanhã e precisamos estar bem para
dar muito suporte.
— Sei que tem razão, vou deitar, mas duvido muito que
conseguirei dormir. Sinto muito que tudo isso tenha estragado nossa
noite…
— Não estragou, estamos bem e temos a vida toda para noites
mais românticas. Alicia me recebeu de braços abertos, eu vou dar a
ela tudo que precisa.
Louis e Alicia podiam ser sobrinho e tia, mas eles tinham
idades próximas e eram melhores amigos, como irmãos. Eu sabia
que vê-la devastada, com medo, jogada no chão e tomada pelo
desespero quebrou o coração dele em milhares de pedaços. Eles
eram importantes para mim e até me preparei para cancelar toda
minha agenda pelo tempo que precisassem do meu suporte.
Todas as noites que precisei de um abraço, Louis deitou ao
meu lado e nunca reclamou, até mesmo se seu braço ficasse
dormente. Pela primeira vez entendi o que diziam sobre um
relacionamento precisar de um equilíbrio perfeito. Naquela noite, era
ele quem não estava bem e fui eu quem ficou acordada, abraçada e
mostrando que estava ao seu lado.
18 | Cat.
Louis saiu da cama sem eu ter visto. Encontrei-o na cozinha,
só de calção, com os músculos inchados de quem havia treinado
até o limite. Ele sempre fazia isso quando estava estressado. Bebeu
seu shake proteico fedido e me deu um sorriso, com algumas coisas
cozinhando e massas de panquecas prontas para serem levadas à
frigideira.
— Bom dia, luz da manhã. — Ele sorriu e não me importei que
estava suado, dei-lhe um abraço e um beijo.
— Você conseguiu descansar um pouco?
— O suficiente.
— Quer ajuda?
— Não. Eu tenho tudo sob controle, queria levar seu café na
cama, mas acho que demorei demais. Sabia que a fome iria te
acordar.
Caramba, ele me conhecia muito bem. Meu estômago roncou
para concordar.
— Vou comer uma banana enquanto espero. Devo acordar
Alicia?
— Ela vai sair do quarto assim que sentir cheiro de café. —
Apontou para a cafeteira, que estava programada para começar um
ciclo em dois minutos.
Arranquei a fruta do cacho e sentei no banquinho, me dando o
direito de apreciá-lo cozinhando para nós. Era engraçado algumas
das suas manias, como lavar as mãos toda hora, limpar o balcão
excessivamente a cada novo preparo, sempre usar o fogo baixo e
fazia algo que me deixava maluca: usava quase todas as colheres
da gaveta.
Lavar a louça no dia que ele cozinhava era um pesadelo. Ele
também não entendia o conceito de cozinhar e lavar, sorte que
nunca deixava lixo ou eu poderia ter um ataque completo.
Alicia desceu a escada usando um pijama do Louis por baixo
de um roupão. Seu cabelo ruivo volumoso estava preso e para o
alto. Seus olhos inchados partiram meu coração. Estiquei a mão, ela
pegou e sentou ao meu lado. Louis deu um beijo na cabeça dela,
serviu panquecas em formato de urso no prato dela, com frutas e
mel. No meu, ele colocou morangos cortados ao meio com
panquecas em formato de coração. Quando comprei as formas,
questionou quantos anos eu tinha, mas foi fofo vê-lo usar.
— É só chegar uma namorada que a tia para de ganhar
corações. — Alicia piscou para mim, para mostrar que estava
brincando.
— Valentine’s Day do ano que vem você estará a sua própria
sorte — Louis brincou com ela.
— Acho que preciso me manter longe de encontros. — Alicia
fez uma pequena careta. — Alguma notícia sobre o que aconteceu
ontem?
— Não conseguimos imagens de trânsito, mas a queixa formal
é tudo que preciso para seguir adiante.
— Louis, por favor, sei que não é impulsivo, mas costuma
perder a cabeça por ser muito protetor. Lembre-se da sua licença de
trabalho… — Alicia pareceu aflita.
— Se eu não puder mais advogar porque quebrei um imbecil
ao meio, simplesmente serei um príncipe bonito sem nenhuma
responsabilidade e quando cansar, passarei um tempo na Itália
usando o broche dos Basan Vacchi e lembrando que, no passado,
minha família comandou uma região inteira. Que tal?
— Não tem nenhuma graça! — Ela o empurrou. — Me prometa
que terá juízo!
— Sempre tenho juízo, são as pessoas que me fazem perdê-
lo!
— Louis Andrea! — Alicia foi severa, sem cair no charme dele.
— Amor, por favor — pedi baixinho. Ele suspirou e quase
revirou os olhos.
— Não posso fazer promessas, porém, darei o meu melhor.
Alicia resmungou alguma coisa sobre ele ser um idiota teimoso
e voltou a comer. Como ela ainda não estava muito bem, decidi
distraí-la, contando a novidade do meu possível novo contrato e
depois fomos para a sala. Louis ainda precisava esfriar a cabeça e
para não ser um idiota, ficou lavando tudo e reclamando, pois,
acumulava muita coisa.
Charlotte e Ethan avisaram que estavam chegando, subi para
trocar de roupa e na volta, já abri a porta para eles. Leonard
precisou entrar pela garagem, em um carro separado. Charlotte
atraía muitos curiosos, ela era facilmente reconhecida e seu irmão
estava escondido no país para não ter que ficar na casa real ou
cumprir qualquer compromisso que pudessem exigir dele.
— Com todos vocês ao meu lado, me sinto a pessoa mais
amada do mundo. Sou tão feliz com vocês, obrigada. — Alicia
abraçou os sobrinhos.
— Normalmente, você é quem nos dá colo, mesmo sendo mais
nova que os meninos.
— Colo ela dá, conselhos sensatos que é complicado. —
Ethan tossiu e joguei uma almofada nele. — Gosto de você também,
filha do demo.
— Tudo isso porque aconselho minha sobrinha quando ela
quer te matar? — Alicia sorriu para ele. — Sei que no fundo, você
me ama.
— Charlotte não precisa de incentivo para ser maníaca —
Ethan refletiu, cruzando as pernas. — Meus sentimentos por você,
em uma escala, estão abaixo dos meus cavalos e carros.
— Ethan! Se comporte! — Charlotte bateu nele. — Eu não sou
maníaca!
Ninguém contrariou sobre ela ser maníaca, fazendo com que
fizesse um beicinho. Alicia sorriu, deitando a cabeça no ombro de
Charlotte e decidiu tirar uns dias no interior, sair do foco, até avisou
que trabalharia remotamente. Deixei claro que ela era mais que
bem-vinda a ficar ali, principalmente para não ficar sozinha em sua
casa, mas todos concordamos que um tempo no campo a faria
muito bem.
Ethan levou as duas e Leonard fingiu que iria embora. Na
verdade, ele se trancou no escritório com Louis por horas. Me
arrumei para sair, passando no escritório para buscar alguns
cheques de pagamento, cópias de contrato e atualizar minha
agenda. Não fui arrumada, depois iria malhar e no mercado.
Assim que saí do elevador, percebi que algumas modelos que
estavam perto da prova de vestido cochicharam e riram. A fofoca do
meu novo contrato já devia ter se espalhado. Fingi que não vi e fui
direto para sala de Britney, que já me aguardava.
— Desculpa te atender tão rápido, as luzes do estúdio
queimaram ontem e isso aqui está uma loucura hoje. Podemos
agendar um horário para sanar suas dúvidas?
— Eu vou mostrar os contratos para Trish e qualquer coisa, te
ligo. Não se preocupe comigo. — Reuni as pastas que separou. Não
ofereci ajuda porque não era meu trabalho e eu não entendia nada
sobre luzes. Assim que abri a porta, bati de frente com Celina.
— Desculpe. Não te vi — ela falou baixo, sem graça.
Foi a primeira vez que não foi completamente babaca comigo.
— Não foi nada. — Passei por ela com um sorriso simpático e
me afastei. Havia acontecido alguma coisa que eu não sabia?
Louis me enviou uma mensagem, querendo saber se estava
tudo bem e respondi rapidamente antes de voltar a dirigir. Era
impressionante que ele, que não comia nada em casa, devorava
tudo que tinha na geladeira com rapidez. Coisas que deveriam durar
duas semanas, acabavam no final da mesma que fazia compras.
Enchi o carrinho e parei na sessão de carnes, com uma sensação
esquisita de estar sendo observada.
Olhei ao redor, me perguntando se estava paranoica depois de
tudo que aconteceu com Alicia ou se, de fato, havia alguém me
olhando. Charlotte comentou que saiu em sites de fofocas que Louis
havia assumido um relacionamento com uma aspirante a modelo
americana. Alguns colocaram meu nome, outros não se deram o
trabalho e ainda mencionaram o breve envolvimento dele com
Celina, que era filha de um empresário muito rico.
Preferi acreditar que alguém havia me reconhecido do que
pensar que era uma situação de perigo enquanto estava sozinha.
Paguei tudo o mais rápido que pude e carreguei para o carro.
Fiquei o tempo todo olhando pelo retrovisor. Louis tinha rastreio no
carro, no mais, neguei qualquer sugestão sobre ter um segurança
particular. Ele não tinha e era a pessoa importante entre nós. Já
estava anoitecendo quando entrei na garagem, aliviada por estar em
casa e bem.
— Cheguei em casa! — gritei da cozinha. Guardei as compras
e separei alguns itens para fazer um jantar rápido e agradável. —
Quer jantar alguma coisa especial?
— Você está no menu? — Ele desceu a escada. — Demorou
uma eternidade na rua. Fiquei preocupado que precisasse da minha
ajuda.
— Só fui às compras e acabei não indo malhar porque esqueci.
Saí do escritório direto para o mercado. — Tirei meu casaco, ficando
só de top e calça de ginástica. — Como foi o encontro com seu
primo? Tomaram alguma decisão importante?
— Contratamos um amigo meu para ser guarda-costas dela.
Está com raiva de nós dois, mas vai passar. — Ele me abraçou. —
Sei que ela é uma mulher independente e perfeitamente capaz de
cuidar de si, mas eu estaria falhando se não cuidasse dela.
— Tudo bem. Sei que não vai passar dos limites, é uma das
coisas que amo em você. É um amigo leal e protetor. — Ajeitei a
gola de sua camisa. — Acabou não indo trabalhar hoje. Ficou tudo
bem no escritório?
— Não. — Ele riu e plantou um beijo nos meus lábios. — Eu
vou começar a preparar o jantar. Chegaram algumas
correspondências. Pode abrir e ver o que é?
— O que vai cozinhar?
— Eu não sei. Vou improvisar. Queria jantar você, mas sei que
se não te alimentar antes, você vai me morder.
— Se me alimentar, poderá ter sua sobremesa — brinquei,
indo até a entrada e pegando os envelopes, sentando no sofá. Louis
recebia correspondência de seus familiares em casa, qualquer coisa
séria e confidencial era entregue no escritório e alguém de
confiança levava até ele onde estivesse. — Sua tia, rainha de
Rainland, mandou um convite estendido a mim para seu aniversário
no próximo mês.
— Nós iremos? — Ele pegou algumas facas e legumes, me
encarando.
— Verei minha agenda.
Como se eu fosse negar um convite de uma rainha, ainda mais
a mãe de Charlotte, que tinha fama de má e ser muito exigente.
Peguei os próximos, um era de seu assistente que cuidava das
propriedades na Itália, alertando da necessidade de ir até lá para
uma visita.
— Um convite para o Baile Marino. Conhece?
— Lucca Marino [6]é um cliente regular, ele é italiano, mas tem
hotéis no mundo inteiro. A mãe dele promove um baile beneficente
aqui em Londres todo ano — explicou e perguntou se havia algum
campo para confirmar a presença. — Sou um doador ativo e é um
excelente lugar para fazer novos contatos e reafirmar antigos. Vai
me acompanhar?
Um baile de gala? Claro que sim!
— Vou pensar sobre isso. — Me fiz um pouco de difícil, indo
para o envelope seguinte. Estava endereçado a mim, sem
remetente conhecido. Abri e umas fotos de Louis com outra mulher
caíram no meu colo. Ela era morena, baixa, não fazia ideia de
quando foram tiradas, mas soou completamente estranho receber
aquilo. — O que é isso? Quem é essa mulher?
— Sobre o que está falando?
— Você e essas fotos íntimas com outra mulher! — Meu tom
saiu mais explosivo e ciumento do que pretendia, mas não consegui
me controlar.
Louis secou as mãos e pegou as fotos, franzindo o cenho. Ele
agarrou o envelope, querendo ver os detalhes e cruzei meus braços.
— Essas fotos não são recentes, têm mais de dois anos, eu
ainda era um agente e estava disfarçado em Amsterdã, infiltrado em
um caso sério, sigiloso e isso jamais deveria ser exposto. — Ele
ficou um pouco pálido e me senti tola por ter explodido.
— Por que me enviaram?
— Provavelmente porque eu nunca abriria um envelope como
esse. Droga, baby. Preciso fazer algumas ligações.
— Louis… isso significa que você pode ter sido exposto?
— Meu disfarce quebrou quando assumi o escritório, mas
apenas significa que todos os casos que trabalhei disfarçado podem
ser reabertos, se isso é a prova de um vazamento de informações
perigosas e sigilosas. — Ele puxou o cabelo. — É um recado muito
explícito para mim.
— Tem a ver com aquele homem?
— Ele estava na missão. Está cumprindo o que me ameaçou.
Deixei as outras correspondências no sofá e o abracei. Ele
estava tenso, respirando pesado, seu olhar mostrava que a mente
estava correndo por todo lado. Indo para o escritório, ligou para
Gadot e Willy convocando uma reunião urgente, terminei de
cozinhar o jantar e sem fome, fui para a janela, espiando os dois
carros pretos chegando. William saiu de um e Gadot de outro,
deixando seus companheiros de trabalho do lado de fora.
Abri a porta, eles me cumprimentaram rapidamente e subiram.
Fui atrás, não querendo perder nada porque me envolvia
indiretamente.
— Ele enviou por um sistema comum de entregas. — William
analisou o envelope. — Vou levar para buscar digitais. E as fotos?
— São todas de Amsterdã. Ele estava nessa missão, mas ficou
o tempo todo comigo e eu sei muito bem que não ficamos em lugar
nenhum para que fosse autor delas. Minha hipótese é que a missão
vazou o tempo todo e fomos vigiados sem saber. — Gadot estava
analisando as imagens.
— E se ele sabia que a missão estava comprometida o tempo
todo? Já podemos julgá-lo como um filha da puta não confiável. —
William sugeriu e apertei o ombro de Louis.
— Se esse caso for reaberto, um homem perigoso vai sair da
prisão e vai buscar vingança. — Louis segurou minha mão. — Nós
vamos perder tudo que usamos na condenação dele.
— Não vai acontecer. Farei de tudo, até o que não estiver ao
meu alcance — William prometeu.
— Agendarei uma reunião com todas as pessoas necessárias
essa semana com sigilo. Tenho que usar todos os meus contatos a
favor. — Louis olhou para William. — Catherine deve ter um guarda-
costas agora?
— Não explicitamente, pode mostrar a ele que está com medo
e recuando, vamos pegar uma equipe disfarçada e com um
treinamento que Elton não conheça.
Dizer que eu não queria estar com seguranças o tempo todo
seria inútil e só atenuaria o estresse de Louis, não começaria uma
briga boba. Ele era um homem adulto e responsável, que sabia o
que estava fazendo e cabia a mim respeitar, considerando que
assumimos um relacionamento e ele já havia deixado claro que
Elton não era alguém para brincar.
Depois que Gadot e William foram embora, jantamos juntos em
silêncio, ele bebeu mais vinho do que costumava e não atendeu
algumas ligações de trabalho.
— Vamos para a cama. — Segurei sua mão, impedindo de se
enfurnar no escritório e passar a noite quebrando a cabeça para
desvendar esse mistério. — Precisa descansar para encontrar com
o Chanceler amanhã. Você mesmo já me disse que ele é muito
atento e não perdoa falhas…
Louis abriu um pequeno sorriso.
— Você ouve tudo que falo.
— E não deveria? Sei que estamos juntos agora, mas antes,
sua amizade era importante para mim. Sempre vai ser, para falar a
verdade, eu acho que me apaixonei pelo amigo incrível que é.
— Estou preocupado, Cat — ele falou baixo.
Beijei seus lábios, impedindo que mergulhasse no medo.
— Nada vai acontecer. Vamos para a cama — determinei,
puxando-o com força para o quarto.
Nos preparamos para dormir separadamente e pulei minha
rotina de skincare, só para não demorar muito no banheiro. Ele já
estava na cama, emburrado, parecendo uma criança que a mãe
mandou dormir. Tirei uma foto e mandei para minha madrinha.
Nossa família ainda parecia em choque sobre nosso
relacionamento, apenas Benedict disse “ei, que legal”. Meus outros
irmãos estavam mudos. Leighton contou que Greg se recusava a
acreditar.
Se ele estava assim, não queria saber dos outros.
Meus pais visualizaram e talvez precisassem de um pouco
mais de tempo. Pelo menos não disseram coisas negativas para nos
machucar.
Minha madrinha enviou áudios gritando que eu parei de ouvir e
fiquei sem cabeça para responder depois de tudo que aconteceu.
Era muita informação até para minha cabeça computar.
— Quer um beijinho de boa noite? — Montei em seu colo.
— Se eu falar tudo que quero… — Balançou as sobrancelhas.
— Hoje cedo você me chamou de algo que me deixou meio tonto.
— O quê? Idiota? Sim, continue usando as colheres de doce
para mexer em coisas salgadas que vou encontrar um apelido pior.
— Não, tonta. — Apertou meu nariz. — Você me chamou de
amor. Fiquei surpreso, você não gosta de apelidos, nem mesmo os
carinhosos.
— Ah… bem, te dei autorização para me chamar de baby e eu
pensei que deveria te chamar de amor. É isso o que você é. Meu
amor.
Não adiantava negar que eu o amava e por ele, podia quebrar
minha aversão a ser melosa.
19 | Louis.
Minhas têmporas estavam latejando com a quantidade de
luzes na minha direção. Eram flashes que praticamente me
cegavam enquanto tentava andar pela calçada até meu carro.
Seguranças do restaurante tentavam abrir caminho enquanto
segurava Catherine para não cair.
Era para ser um simples almoço, mas fomos pegos de
surpresa com a notícia de que o caso de incêndio havia acabado de
se tornar público, todos os detalhes estavam disponíveis para a
imprensa e com isso, eles me cercaram, sedentos.
Parecia carma ou um castigo do destino, porque tudo
aconteceu no dia que ela conseguiu me convencer a sairmos de
casa para ver a rua, pegar um pouco de sol, malhar juntos e comer
uma salada especial de um bistrô que costumávamos pedir em
casa. Uma semana depois das fotos, da preocupação com Alicia, do
medo do meu passado machucar minha namorada e meu trabalho
batendo no meu rosto mais forte que um pugilista treinado.
Atravessar a rua com uma multidão nos cercando foi um
desafio.
— Sem comentários no momento. Um comunicado será
enviado para toda a imprensa, por favor, nos deixem passar — falei
com o microfone que empurraram no meu rosto. Cat soltou um
gritinho ao ser empurrada e eu estava por um fio de perder minha
paciência. Consegui abrir a porta e a coloquei dentro, passando
para o lado com rapidez.
Avancei pela rua para assustar e fazer com que saíssem da
minha frente. Eles me seguiriam até em casa e apesar de não terem
meu endereço privado, eu não queria que acampassem na porta.
— Você está bem?
Cat virou no banco.
— Foi assustador, mas estou bem. Para onde vamos? Eles
vão ficar na frente da nossa casa?
— Alguma objeção de Trish mexer nas suas coisas?
— Por quê? Vamos para o campo? Para Ethan e Charlotte?
— Não. — Minha garganta travou. — Vamos para minha casa.
Eles não poderão passar da entrada da propriedade e eu poderei
trabalhar de lá com uma equipe reduzida se for necessário. A
perseguição não vai parar tão cedo.
— Nenhuma objeção. Estou de folga essa semana para a
gravação do clipe na próxima, vou ficar bem onde você estiver. —
Ela tocou minha perna. Eu amava o quanto ela era compreensiva.
Era de sua natureza. Cat não era de brigar por qualquer coisa, às
vezes, nem por aquilo que deveria.
Peguei meu telefone e avisei ao administrador da propriedade
que chegaria em pouco mais de uma hora. Ele avisou que a
residência estava pronta para me receber e que enviaria a
governanta ao mercado, para fazer compras, ainda perguntou se
havia algo especial que gostaríamos. Provavelmente, pensava que
estaria lá de férias. Sem cabeça, não respondi nada.
Cat pegou o telefone na bolsa e fez algumas ligações, pedindo
para Trish ir em nossa casa preparar as malas, contando o que
havia acontecido e que assim que eu parasse de dirigir ligaria para
William.
— Oi, madrinha! — Ela atendeu uma chamada da minha mãe.
— Está tudo bem sim e com vocês? Ah… ele está dirigindo. Por que
acha que está acontecendo alguma coisa? — Ela jogou,
provavelmente porque minha mãe estava preocupada. — Prometo
que estamos bem. Eu te amo, sinto sua falta. Mais tarde eu ligo e
falamos com calma.
— Mentir é feio, Catherine — brinquei e acabou saindo mais
brusco. — Não quis soar grosseiro, desculpe.
— Sua mãe ficaria histérica se eu dissesse que estávamos em
alta velocidade em uma estrada fugindo da imprensa. Ela merecia
ser poupada. — Cat voltou a colocar a mão na minha coxa e
acariciou. — Ei, se acalme.
— Ainda estão nos seguindo.
— Eu sei, deixe que nos fotografem, é tudo que podem fazer.
Depois que entrarmos na propriedade, não nos verão mais por
vários dias.
Ah, o modo simples que ela enxergava a vida. Diminuí a
velocidade e olhei brevemente para seu rosto bonito. Minha doce
mulher destemida. Cat enganava todo mundo com seu jeitinho de
menina, princesinha muito mimada — o que de fato, ela era, mas
também era dona de uma coragem sem igual. Tão jovem, viajava o
mundo a trabalho, foi desprendida o suficiente de deixar o ninho de
proteção dos seus pais para crescer sozinha, se tornar adulta e
buscar a maturidade que ela já tinha e não reconhecia.
Nunca conheci uma mulher tão sensata em aprender com seus
erros, em ser gentil até mesmo com quem não merecia e apesar de
teimosa, ciumenta e pentelha pra cacete, quando começava a falar,
dificilmente parava, além de cantar mal. Ninguém podia ser perfeito.
Isso se aplicava a ela também. Apenas ter sua mão em mim e sua
tranquilidade, trouxe paz ao meu coração, percebi que a tensão foi
se esvaindo e quando chegamos à propriedade, só havia a torção
no estômago de estar ali.
Era um local de memórias difíceis. Foi onde me recuperei do
ferimento, onde passei por noites de pesadelo e medo com estresse
pós-traumático, aprendi a lidar com minhas cicatrizes e onde meu tio
faleceu.
— Uau, Louis! — Catherine saiu do carro no pátio interno. —
Esse lugar é de tirar o fôlego! Eu me sinto dentro de um romance
antigo!
Os portões de ferro da frente foram fechados e os carros da
imprensa que nos seguiram até ali começaram a filmar. Os
funcionários fecharam as enormes portas de madeira que ficavam
em um corredor largo com pé direito alto, que antigamente, era a
passagem das carruagens para a entrada principal.
Parei ao lado dela e olhei ao redor também.
— Desculpe. Sei que é difícil estar aqui. — Ela tocou meu
braço.
— Está tudo bem. Sei que aqui é lindo. — Segurei sua mão e
entrelaçamos nossos dedos.
Estávamos com roupas de ginástica, com fome e precisando
descansar da adrenalina. O administrador, Ned, e o mordomo,
Demetrios, nos receberam com a famosa polidez britânica que
deixou Cat, a esfuziante e tagarela, tímida.
— Quer um tour agora?
— Acho que sim, nossas roupas ainda vão levar um tempo
para chegar. — Encolheu os ombros e foi andando na minha frente.
De repente, parou e virou com um olhar assustado. — E o jantar
com seus avós?
— Eu vou ligar e ver se eles gostariam de vir até aqui ou
agendamos para outro momento. Não se preocupe.
— Como não me preocupar? Seu avô é um rei.
— Ele é apenas meu avô, um senhor com cheiro de menta e
charuto que me dava doces e dinheiro escondido da minha mãe.
Vem, o lugar é enorme, é provável que termine de te mostrar tudo
quando nossos filhos se formarem na faculdade.
Cat quis conhecer cada canto, ficou maravilhada com o
tamanho dos quartos e corredores. Meu tio arrematou a casa em um
leilão, a propriedade estava falindo e ele comprou a um preço bem
abaixo. Fez uma reforma necessária, manteve os funcionários e
ainda conseguiu fazer com que ela rendesse dinheiro no verão,
quando ficava aberta para visitação com um guia mostrando as
peças antigas. Ele fez isso por anos, até que a tornou privada
novamente.
Eu não a vendi por conta do valor sentimental e por ela
produzir o suficiente para pagar os custos sem causar nenhum
prejuízo na minha fortuna pessoal.
Levei-a para ver os cavalos, passamos pela garagem com dois
carros SUV da propriedade, triciclos e…
— Tem bicicletas! Nossa, faz tanto tempo que não ando!
Desde que meus pais mudaram para Manhattan, eu acho. — Ela
agarrou uma. — Se colocar uma cesta, vai ficar fofo!
— Eu vou mandar colocar para você — prometi sem pensar
muito, tomado pela sua empolgação.
— Obrigada, amor! — Cat sorriu como se fosse o presente
mais especial do mundo inteiro.
O que ela estava fazendo comigo? Me transformou em
massinha de modelar em suas mãos e brincava do jeito que queria
com apenas um sorriso. O que eu disse mesmo sobre o carma?
Peguei no pé de Ethan quando se apaixonou por Charlotte, que o
chamava de praga, pregava peças e com um pequeno beicinho,
conseguia que ele fosse para o espaço buscar a lua.
Retornamos para a área principal e a governanta avisou que
havia servido o almoço na sala de jantar menor. A principal era
como um salão de festas, com uma mesa enorme com trinta
cadeiras. Cat memorizou o caminho, abrindo as portas toda
serelepe. Lavamos as mãos em um lavabo próximo e puxei sua
cadeira, com uma reverência engraçada para fazê-la rir.
A cozinheira preparou salada, sanduíches de queijo e sopa de
tomate. O cheiro estava divino.
— Tem vontade de morar em uma casa como essa? —
questionei ao servir salada em seu prato de entrada.
— No futuro. Afinal, só aqui caberão nossos dez filhos — ela
brincou.
— Dez filhos? Vamos produzir times para competições?
— Dez pode ser exagero. Talvez uns quatro?
— Sério? Quatro filhos?
— Nunca quis ter uma família pequena, mas se você se opor,
posso ter os dois primeiros com você e o restante com o próximo
marido. — Piscou com um sorrisinho provocante. Peguei meu
tomate cereja e arremessei em sua direção.
Por um momento, a ideia de ter uma grande família me
apavorou. Crianças correndo e gritando pela casa parecia um
pesadelo, até que o sentimento de que seriam meus filhos, de que
estariam rindo e sendo felizes porque teriam todo meu amor, me
deixou bem com o pensamento. Cat cresceu com muitos irmãos e
não haveria ninguém melhor do que ela para gerenciar o caos. Já
tínhamos dois dos ingredientes principais para uma família: amor e
uma casa bem grande.
Todo restante lidaríamos no tempo certo. Claro que naquela
conversa, era uma brincadeira, nós dois não queríamos ser pais tão
cedo. A carreira dela despontava e a minha encontrava-se no olho
de um furacão, mas essa era a graça da estabilidade e segurança
que Ethan me alertou em um relacionamento. Era sobre sonhar a
dois, imaginar um lindo futuro e trabalhar para isso.
Sempre fui um homem objetivo e prático, tentava ser o mais
sensato possível, refletir muito antes de falar. Minha profissão me
ensinou a captar os menores sinais para observar reações ao meu
redor. Me apaixonar por Cat nunca esteve nos meus planos de
vida… mas se tornou a melhor parte dela.
20 | Cat.
— Não faça isso, Cat! — Louis gritou atrás de mim ao perceber
minha intenção de escorregar pelo corrimão. Olhei para ele sobre
meu ombro esquerdo, mordi o lábio e corri alguns degraus abaixo,
dando impulso e ignorando seu grito. Quase caí no chão no fim,
mas consegui pular a tempo. — É assim que será mãe de uma
família?
— Tenho tempo para adquirir maturidade até lá. — Dei a
língua.
Louis desceu a escada rapidamente e me abraçou por trás,
plantando um beijo barulhento no meu ouvido e segurou meu braço,
impedindo a minha cotovelada.
— Vamos treinar com plantas, nesse ritmo, não confio em
cachorro perto de você.
— Tenho certeza que Charlotte e Ethan me deixarão cuidar da
Moana.
— Não sem supervisão. — Me cutucou e dei um chute
inesperado em sua canela, saí correndo e derrapei para a entrada,
onde Trish e William contavam com a ajuda de alguns funcionários
para descarregar o carro.
Estava aliviada em finalmente vê-los, porque precisava tomar
um banho. Não aguentava mais estar com as roupas de ginástica
grudadas e a mesma calcinha o dia todo. Trish riu do meu
desespero em agarrar minhas bolsas e fazer uma dancinha.
— Ainda tem carros da imprensa lá fora. — William entregou a
Louis todas as coisas do escritório. — Eu sinto muito estar
passando por isso, mas eu não tenho boas notícias.
— O que vai acontecer? — questionei, preocupada.
— Elton desapareceu completamente do nosso radar —
William anunciou com pesar. — Ele encontrou nossas escutas e
pontos de rastreio.
— Agora, tanto faz. Vamos lidar com uma coisa por vez, tudo
isso pode ser uma enorme distração e eu não posso perder meu
foco nesse caso. Tem um minuto no escritório antes do jantar? —
Louis apontou para o fim do corredor. Ele e William saíram falando
baixo e Alex se jogou na minha direção, querendo meu colo. Quase
gritei para Louis ver que uma criança queria ficar comigo.
— Estou toda suada o dia todo. Tem algum problema?
— Ele também está. — Trish riu e o entregou para mim.
— Vamos para o quarto, preciso tomar banho, já estava à beira
de um ataque. Não tenho palavras para agradecer, obrigada mesmo
por ir lá em casa e aguentar minhas mil mensagens esquecendo as
coisas…
— Não precisa me agradecer, Cat! É horrível ter que sair de
casa e não poder voltar, vocês perderiam toda privacidade e direito
de ir e vir em paz com a imprensa acampada na porta de casa. A
mídia aqui é a pior do mundo, quando eles querem, não param. —
Ela me seguiu pela escada.
O quarto principal ficava na maior ala da casa, com uma ampla
visão para o campo, que deveria ser lindo no amanhecer. As
cortinas pesadas já estavam fechadas depois que um time de
funcionárias preparou o ambiente para o anoitecer. Era
simplesmente bizarro pensar que Louis era rico o suficiente para
manter um lugar como aquele. Sua casa no coração de Londres era
linda, mas aquele lugar era esplêndido de uma maneira que só
podia pertencer a um membro da realeza.
— Caramba. Esse lugar é real? — Trish parecia embasbacada.
— Nunca veio aqui antes? — Deitei Alex no meio da cama e
beijei sua barriga, fazendo barulho. Ele gritou e agarrou meu cabelo,
movendo as pernas.
— Antes do tio dele falecer, nunca tive oportunidade e depois,
ele não… você deve saber.
— É surreal que um lugar como esse pertença a uma pessoa,
certo? Ou eu sou a única louca por pensar nisso?
— Não é louca. — Trish riu de mim. — Vai dizer que não sente
que está dentro de um romance antigo?
— Sou a princesa de um castelo — brinquei, sem desviar os
olhos de Alex. — E você é meu príncipe, bebezinho? Hum? Seu
padrinho disse que eu vou assustar crianças, mas esse sorriso
gostoso para mim é a prova de que ele está errado, não é?
Me diverti com Alex por um tempo e fui para o banheiro, para
ficar confortável comigo mesma novamente. Usando uma calça leve
e uma das muitas camisas do Louis, fiquei conversando com Trish
por um bom tempo, até que o jantar foi anunciado. Estava contando
a ela que três dos meus sete irmãos se manifestaram sobre meu
relacionamento, o restante, os mais bravos e ciumentos, estavam se
dedicando em ameaçar Louis por mensagens.
William estava servindo bourbon porque eles ficariam para
dormir naquela noite. Eu admirava o quanto eles eram amigos, foi
uma amizade fortalecida nas missões que solidificou com o tempo.
— Eu fico com esse rapazinho aqui. — Louis pegou Alex no
colo. — Soube que a cozinheira preparou um purê de abóbora com
pedaços de carne que meu pequeno ser adora.
— Vamos ver se vai ter sorte em dar comida na boca dele —
Trish brincou.
Havia uma cadeira alta de criança do tipo bem antiga, limpa e
posicionada na ponta da mesa. Louis colocou entre nós dois. Ele
estava tentando me testar, ainda me provocando sobre ser madura
o suficiente para ser mãe de dez crianças. Era só uma brincadeira,
nós dois ainda estávamos muito felizes em ficar com Alex sempre
que os pais precisassem.
Beijei a mãozinha do bebê e perdi completamente o rumo
quando a primeira colher voou longe. Uma porção de purê foi parar
do outro lado da mesa. Alex riu e Louis fez uma expressão muito
frustrada. Eu não consegui conter a risada. Aquele momento de
diversão aliviou a tensão que pesou nos ombros o dia inteiro.
Apenas a inocência e o amor de um bebê para transformar qualquer
momento ruim em algo belo.

Louis ainda voltou para o escritório com William. Eles se


fecharam lá dentro, falando com seus contatos, usando redes
seguras e voltando a analisar toda missão que Elton estava
tentando expor, para distrair Louis do fato de que ele era um dos
principais suspeitos. Meu trabalho me causava tensão, mas o do
meu namorado era além do que podia explicar. Eu não sabia como
aguentava lidar com uma demanda perigosa todos os dias.
Trish foi dormir com Alex e eu peguei meu telefone para ler
alguns dos meus livros em e-book. Deixei a luz do abajur acesa,
fiquei bem acomodada, mas a minha mente não estava interessada
em ler e sim em pensar em Louis. Nós transamos mais três vezes e
cada uma foi melhor que a outra. Longe do desconforto, eu pude
apreciar o sexo do jeito que imaginava. Segundo Louis, ficaria ainda
mais incrível.
Ver seu cuidado em não me machucar sendo muito bruto e, ao
mesmo tempo, se dedicando em me dar prazer. E como era bom…
sentir o corpo quente, me pressionando na cama, as mãos grandes
me pegando com firmeza, a boca maravilhosa distribuindo beijos
que faziam minha pele aquecer e orgasmos de me fazer dobrar os
dedinhos dos pés. Nunca me arrependi de esperar. O que Louis
provocava em mim era único.
Ele me fazia sentir única.
Distraída demais, não percebi que ele estava parado na porta,
encostado na soleira.
— E aí, fedido — brinquei, disfarçando minha posição relaxada
ao perceber que estava quase tocando o meio de minhas pernas.
Senti o rosto quente, caramba! Eu me masturbava, até fiz na frente
dele, mas ser pega era outra história.
— Eu vou tomar banho, mulher. Acho que se eu chegasse
alguns minutos depois ia pegar uma cena maravilhosa. — Mordeu o
lábio e se inclinou sobre mim, dando um beijo carinhoso. — Vou
para o chuveiro e na volta, aceito conversar sobre isso.
— Te darei um showzinho especial.
Ele cantarolou feliz e balançou as sobrancelhas de um jeito
divertido, muito animado com a ideia de passar a noite transando.
A única coisa que minha mãe perguntou sobre Louis era se eu
estava feliz. Não havia o que pensar, imediatamente a palavra sim
saiu da minha boca sem nenhuma dúvida. Ele me provocava
emoções tão diferentes de tudo que experimentei na minha vida. Em
alguns momentos, era como se as borboletas sobrevoassem,
dançando loucamente dentro de mim, explodindo purpurina.
Em outros, ele significava a calmaria de um fim de tarde
assistindo o sol se pôr.
Louis saiu do banheiro, que era tão grande quanto o closet na
nossa casa e jogou a toalha em uma poltrona. Ele tinha dificuldade
de encontrar um lugar para pendurar suas toalhas ou para colocar
no cesto de roupa suja, — mais especificamente dentro dele.
— Vá pegar a toalha! Essa poltrona deve ser mais cara que
seu seguro de vida! — Apontei e ele riu, jogando-a em mim. Fiz um
bolo e arremessei em seu rosto. — Sabia que existe uma porta lá no
banheiro que você coloca a roupa suja? É tipo um elevador! É muito
legal!
— Você jura? — ele debochou. Fiquei de joelhos na cama e
tentei bater em seu peito com uma almofada, errei e quase caí, meu
movimento foi engraçado e arrancou um riso nosso. — É impossível
não amar quando você permanece com esse sorriso no rosto
mesmo depois de um dia ruim.
— É o que acontece quando uma mulher como eu se apaixona
pelo melhor amigo. Acredito que deva ser bonito para as pessoas
que encontram suas almas gêmeas e constroem uma relação de
amizade, mas nada vai tirar a beleza de amar alguém que, primeiro,
ganhou minha amizade e depois, meu coração. — Passei meu
braço por seus ombros, ele segurou minha cintura.
— Só queria transar, depois de uma declaração dessas, essa
noite precisa ser épica.
— Deixa de ser bobo. — Apertei seu nariz. — Apenas abri meu
coração sobre o motivo de estar tão feliz.
— Você é o motivo da minha cabeça estar completamente sã
no meio desse caos. Obrigado por ser compreensiva em estar fora
de casa.
— Pff… como se estivéssemos debaixo da ponte. — Dei de
ombros, fingindo costume. — Apesar de estar maravilhada com
esse lugar, saiba que estarei ao seu lado em um casebre, na beira
do rio ou dentro de um carro velho. Tudo que importa é você.
— Catherine Bennet… eu amo você. — Me deu um beijo e me
empurrou deitada na cama. — Agora, eu vou te foder.
— Amor, você deveria escrever um livro sobre “como acabar
com o romantismo em um único segundo”. — Arregalei os olhos
para dar ênfase.
— Acabei com o romance? — Ele fez uma expressão
preocupada, quase com um beicinho.
— Sim, chutou a bunda dele para fora do quarto, sorte a sua
que eu, por exemplo… já estou sem calcinha. — Abri um sorriso.
Louis olhou para meu short e engatou os dedos, puxando-o para
baixo. Tirei minha blusa, ficando nua para seu bel-prazer. O olhar
dele era o suficiente para inflar meu ego e mandar para a lua,
fazendo residência fixa lá.
— Já te contei o quanto me sinto sortudo por ter uma mulher
gostosa pra caralho? — Ele acariciou minhas panturrilhas, ainda
com os olhos em mim. — Posso passar horas apenas te
observando.
Abri um sorriso lisonjeado e suspirei com os beijos de boca
aberta que passou a distribuir por minha perna, até os joelhos.
Aquele seria o momento em que os livros diriam “e eles se amaram
a noite inteira”, mas o prazer da vida real era não pular a parte
divertida para a manhã seguinte. Ele agarrou minhas coxas e me
puxou mais para baixo, arrastando o nariz por minha virilha e deu
um beijo acima, continuando seu caminho pela minha barriga.
Ele riu do pequeno beicinho que se formou em meus lábios,
por ele ter pulado uma parte importante. Agarrou os meus seios,
brincando com os mamilos e eu pensei no quanto ter peitos
pequenos me fez sentir insegura a maior parte da minha
adolescência, até usava sutiã com enchimento. Louis não parecia se
importar nem um pouco.
Arquejei e abracei-o com minhas pernas e ele pressionou a
ereção no meu centro, que já estava latejando. A necessidade só
crescia. Arranhei-lhe a nuca, puxando sua cabeça, querendo a
boca. Louis me beijou com tudo, me fazendo ansiar por outro beijo
apaixonante um pouco mais abaixo.
Lambendo a ponta dos dedos, levou a mão para entre minhas
pernas, tocando meu clitóris e olhou em meus olhos, encostando a
testa na minha.
— Você quer minha boca aqui, baby?
— SIM! — praticamente gritei com um gemido e mordi o lábio.
— Saiu mais empolgado do que pretendia — confessei,
embaraçada.
— Não se contenha. Quero ouvir seus gemidos.
Eu tinha que unir as mãos aos céus e agradecer que Louis
nunca me fez mover o quadril sutilmente para que encontrasse o
clitóris. O homem sabia o caminho e o que fazer ali com a língua.
Ele quis gemidos e conseguiu. Em pouco tempo, eu estava uma
bagunça, tremendo e, involuntariamente, fechando as pernas. Com
um sorriso e o olhar quente, cheio de tesão, fixo no meu, ele
segurou minhas coxas e continuou me chupando.
Sem pausa. Eu ia explodir.
— Preciso de você, por favor, preciso mesmo… —
choraminguei.
— Está implorando pelo meu pau, baby? — Ele lambeu os
lábios. Tentador. Meu pecado tatuado com pernas musculosas.
— Sim! — Foda-se o orgulho. — Me fode!
Louis subiu novamente, ainda com um dos braços por trás da
minha coxa e levantou minha perna em um ângulo em que a
penetração me fez revirar os olhos. O que era aquilo? Minha boceta
estava tão molhada que só senti um prazer intenso de me deixar
sem fôlego. Todas as minhas terminações nervosas pareciam em
choque, havia fogo correndo nas minhas veias.
Ambos gemendo, sua expressão era um reflexo da minha, ele
me beijou no mesmo segundo que um orgasmo cresceu e explodiu.
Louis me segurou no lugar e continuou me fodendo, estocando
deliciosamente, sem nunca parar de me olhar e quebrar a conexão
incrível que tínhamos. Prestes a gozar, ele puxou fora e só quando
vi seu gozo espirrar na minha barriga que arregalei os olhos,
sentando, um frio descendo por minha espinha.
— Nós esquecemos a camisinha — sussurrei, com o coração
acelerado.
Louis riu de puro desespero.
— Percebi há dois segundos — ele gemeu, ainda meio
perdido.
Mordi meu lábio, meio sem saber o que fazer. Sentamos na
cama e olhamos um para o outro, apenas pensando e, ao mesmo
tempo, sorrimos. Subi em seu colo, beijando-o, recomeçando tudo
de novo. E daquela vez, lembramos da camisinha.
21 | Cat.
Moana deitou a cabeça no meu colo enquanto acariciava seu
pelo longo. A governanta deu a ela milhares de petiscos caseiros e
a cadela se deliciou. Ethan e Charlotte apareceram para nos visitar
depois que o volume de carros da imprensa diminuiu do lado de fora
da propriedade. Louis e eu estávamos ali há três dias e parecia que
ainda ficaríamos mais tempo, considerando que mais informações
estavam explodindo na mídia e ele teve seu carro seguido mais
cedo.
Estava puxando as peles da minha boca tamanho nervosismo
com o compromisso que ele teria na cidade. Fui até nossa casa, em
um carro separado do dele e pude reunir mais coisas que precisava,
como meu computador. Também passei na agência para buscar o
script do ensaio para o videoclipe, que seria o momento em que eles
veriam se eu estava apta para o trabalho que imaginavam, fechando
o contrato definitivamente.
Não conseguia pensar em ensaiar. Apesar de alguns
momentos leves, Louis esteve em casa o tempo todo nos últimos
dias. Sua saída me trouxe uma onda de ansiedade que até minha
mãe percebeu e levou mais tempo em sua ligação diária, falando de
assuntos bobos e leves para me acalmar. Ela me conhecia tão bem
que não precisou fazer perguntas.
— Sei que está preocupada, mas Louis saberá como lidar com
a mídia. — Charlotte apertou minha mão. — Ele está acostumado
com coletivas de imprensa agressivas.
— Eu sei que ele consegue, mas ainda sinto um desejo de
protegê-lo desse ataque que não merece. Não foi ele quem
escolheu privar o caso, e sim o cliente.
— Louis vai saber explicar e se defender. A parte boa, é que
agora ele poderá pegar todos os casos relacionados ao incêndio e
sua equipe será o principal grupo de investigação. — Ela me deu
um olhar solidário. — Vai ferir sua boca, pare com isso.
Ethan retornou para a sala com uma bandeja.
— Chá, senhoras? A governanta estava subindo e eu me
ofereci para trazer. Acho que é camomila. Até ela sabe que você
está em crise. — Ele me entregou uma xícara delicada, de
porcelana branca, com detalhes em dourado. Até dava medo de
deixar cair e quebrar uma relíquia.
Aumentei o volume da televisão quando a coletiva de imprensa
começou. Louis estava sério, bem arrumado, com sua postura
perfeita. Ele foi tão incrível e profissional que toda apreensão foi
substituída por orgulho. Suas respostas foram precisas, sem
enrolação, ele não era confuso e não se intimidava com o mais
babaca de todos. Acompanhado de seguranças, saiu debaixo de
uma chuva de flashes, mas sem a confusão assustadora do
restaurante.
— Essa parte é a pior. Depois do acidente, ainda tenho medo
de ser perseguida pela imprensa. Eles não aprenderam nada.
Nunca irão. — Charlotte suspirou, dobrando as pernas com Moana
entre nós, como se fosse um bebê pequeno.
— Ainda bem que vocês conseguiram encontrar a paz aqui.
— Nós construímos nossa paz. — Ethan apertou os dedos
dela. — Isso vai passar, Cat. Você e Louis vão poder viver a vida de
vocês com tranquilidade.
— Sei que o trabalho dele será esse, mas não é justo que
sofra todos esses ataques, como se estivesse defendendo a
empresa dos seguranças para se isentar da justiça que as vítimas
merecem. Nem por todo dinheiro do mundo ele faria tal coisa.
— Tão bonitinha defendendo o homem que ama! — Charlotte
apertou minhas bochechas. — Eu disse que Louis encontraria um
amor avassalador que o faria ficar de joelhos. Ele disse que foi
praga, mas sempre desejei o melhor. Meu primo é um homem
incrível, merece ser feliz.
E ela tinha razão. Não era praga.
Louis me enviou uma mensagem dizendo estar voltando para
casa diretamente, com sua assistente e o outro advogado do caso.
Avisei ao mordomo, para que pudesse receber os convidados
formalmente. Charlotte e eu decidimos caminhar com Moana, para
que ela não ficasse agitada dentro de casa. Reunimos os
brinquedos e gastamos sua energia no gramado lateral.
— Olha quem está chegando… — Charlotte me cutucou.
Uma Ferrari vermelha se aproximava pela estrada, o som
estava tão alto que se propagava com o vento e logo atrás, uma
moto, acompanhando na mesma velocidade.
Alicia. Ela buzinou para que os portões fossem abertos e
sinalizei para a cabine do segurança, autorizando a entrada. Sorri
para a maneira em que estacionou.
— É assim que obedece a ordem do meu tio de ser discreta?!
— Charlotte gritou.
— Ele é meu irmão mais velho, não meu pai. — Ela jogou a
chave do carro na bolsa. Seu guarda tirou o capacete e eu mordi a
língua, engasgando um pouco. Charlotte e eu trocamos um olhar. —
O que foi? Você está irritado com o que agora? — Alicia explodiu
com ele.
— Nada, senhorita — ele praticamente rosnou e foi andando
na frente, indo para a casa dos seguranças. Eu fiquei estatelada no
lugar, porque o que o homem tinha de lindo e gostoso com G
maiúsculo, tinha uma cara de mal que me deixou arrepiada.
— O que aconteceu?
— Ele é um machista ditador! — Alicia resmungou, dando a
língua como uma criança.
— Está sentindo certa tensão, Cat? — Charlotte cruzou os
braços. — Eu estou.
— Tensão? Só se for de morte! Aparentemente, medida
protetiva não é o suficiente para minha família e eu preciso andar
com esse bruto por todo lado!
— Estou com medo de expressar minha opinião e acabar
apanhando — brinquei. Alicia me deu um olhar irritado. — Quer um
pouco de chá?
— Chá? Eu quero vinho!
— A não ser que fique para dormir, eu não te darei vinho. Você
está dirigindo, vamos beber alguma coisa boa e falar sobre o
segurança… que merece parabéns. O que é aquilo?
— Até que ele é bonito, mas não compensa. É intragável.
Charlotte chamou Moana e começou a andar atrás de nós.
— Só quero dizer que eu também odiava Ethan e achava que
não valia a pena.
— Vire essa boca pra lá! — Alicia explodiu e eu ri, ganhando
um empurrão de leve.

Minha melhor amiga morria de ciúmes das minhas novas


amizades. Ela dizia que estava feliz que eu não fiquei sozinha em
Londres, considerando que depois que casou com meu irmão e
engravidou, não teve muito tempo para ficar comigo. Ao mesmo
tempo, ficava mordida, porque queria estar se divertindo comigo.
Meu amor por ela nunca mudaria, mas eu ganhei novas amizades
incríveis. Charlotte, Alicia e Trish eram amigas que toda mulher
deveria ter.
Eu não podia deixar Frank de fora. Aquele homem era meu
parceiro protetor.
Louis chegou em casa e ficou muito feliz em ver a família ali.
Nós nos reunimos na sala, bebendo e comendo até tarde. Ele queria
ficar aconchegado, me abraçando, mas depois que Ethan avisou
que havia levado um bourbon novo, saiu de perto e foi para o outro
lado. Esperei que se distraísse o suficiente para enviar uma
mensagem picante e observei sua reação.
“Estou usando uma calcinha linda e gostaria de erguer minha
saia para você”.
Ele pegou o telefone, leu e arqueou a sobrancelha me olhando.
Moveu os lábios “agora?”. Eu ri e voltei a olhar para as meninas,
fingindo que nada estava acontecendo. Ele mandou uma resposta:
“Pare de brincar com fogo”. Ah, bobinho. Alguns minutos depois,
mandei outra.
“Quero seu pau na minha boca”.
Louis ergueu a cabeça rapidamente. Ele franziu o olhar na
minha direção, ameaçador, virou o copo de bebida em um só gole e
ficou de pé.
— Eu já volto, Ethan — avisou e comecei a rir, de nervoso.
— O que você vai fazer? — Ergui minhas mãos.
— Te avisei para não brincar com fogo e sua última mensagem
foi o risco de pólvora que eu precisava. — Sorriu de forma sombria e
me puxou pelas pernas, erguendo-me em seu colo. Soltei um
gritinho, sem conseguir conter a risada. — Nós já voltamos! — ele
gritou sobre os ombros.
— Meu Deus! Louis! — Bati em seu ombro.
Louis chutou a porta de uma sala que eu não fazia ideia para
que servia e entrou, me colocando no chão.
— Já ouviu a expressão… ajoelhou, tem que rezar?
— Isso tudo por um boquete? — Mordi o lábio, me divertindo.
— Até parece que não ganhou um essa manhã.
— E foi uma delícia completa que manteve minha cabeça no
lugar. — Agarrou minha cintura e me colocou sentada em uma
mesa. — Vai me mostrar sua calcinha agora?
Afastei minhas pernas um pouco mais e apoiei uma perna em
cada cadeira alta, subindo a saia. Ele ficou apoiado, apenas
apreciando o showzinho. Me inclinei para trás e ele passou as
costas do dedo indicador por toda extensão, segurando a lateral e
arrastando para o lado.
— Será que essa é a minha chance de fazer sexo com um
advogado gostoso?
— Quer uma rapidinha? — Segurou minha nuca e mordeu meu
lábio, chupando um pouco e nos beijamos. Ele apertou meu seio.
— Com você vestido formalmente assim… andei fantasiando
em rebolar puxando essa gravata. Será que consigo?
— Rebolar com meu pau dentro? Consegue sim! — Agarrou
minha bunda e me puxou para si. — Sorte que sou um homem que
pensa no futuro e tenho camisinha no bolso.
— Que bom!
Aos beijos, o clima incendiou com facilidade e eu fiquei pronta
para ele. Louis abriu a calça e o pau estava duríssimo. Ele colocou a
camisinha e meteu gostoso. Cobri minha boca para abafar o
gemido, segurando seu terno. Louis me agarrou com força e nos
levou para o sofá, soltei um gritinho e fiquei por cima, com o coração
acelerado no peito.
— Estou pronto para você, baby — ele gemeu, com os olhos
lindos concentrados em mim, as sobrancelhas grossas franzidas e
lábios separados. Aquilo para mim era a expressão de quem estava
se segurando para não me foder com força.
Segurei sua gravata e realizei o que tanto queria, movendo
meu quadril com reboladas que o fizeram gemer alto, jogando a
cabeça para trás, no encosto do sofá e segurando minha bunda
para dar mais impulsos.
— Deus, Cat! — Beliscou meu mamilo. — Isso, baby. Porra…
não vou conseguir me segurar. — Deu um tapa na minha bunda.
Gemi baixinho contra sua boca, gozando, puxando seu cabelo.
Louis me apertou, beijando minha boca e o senti gozar. Sem fôlego,
ficamos nariz com nariz.
— Eu precisava te sentir assim. — Beijou meu pescoço. — Te
amo tanto.
— Sexo gostoso é a melhor cura para o estresse. Sou seu
remédio bem aqui.
Ele subiu para tomar banho e trocar de roupa, eu me ajeitei
rapidamente e apesar de ter tentado fingir que nada havia
acontecido, o sorriso de bem fodida não conseguia sair do meu
rosto. Ethan ficou rindo, mas Charlotte não me poupou das piadas.
— Não sei se tenho energia para essas duas juntas. — Alicia
balançou a cabeça, rindo. — No entanto, não posso negar que você
voltou com um brilho diferente no olhar.
Peguei minha bebida e fingi que nada estava acontecendo.
Louis voltou e sentou atrás de mim, todo mundo olhou para ele e
riu.
— O que está havendo? — Colocou as pernas em cima da
mesinha, relaxado.
— Ele também voltou brilhando! — Charlotte arremessou um
biscoito em nós.
— Tomei um banho de glitter! — Louis brincou, sem se
importar com a provocação.
Meu telefone vibrou com uma mensagem de Trish,
questionando se poderia me ligar. Me afastei da barulheira, indo
para o corredor e atendi sua chamada.
— Aconteceu alguma coisa?
— Não ainda, mas achei melhor te preparar. Estou fazendo de
tudo para evitar esse caos — ela falou rápido e parecia estar no
escritório. — Descobri que ofereceram outra modelo no seu lugar,
fazendo uma propaganda e um portfólio maior que o seu e um
cachê menor. É óbvio que é para te tirar de campo…
— Caramba! E agora?
— Meu contato me disse que Celina, que conhece a estilista,
falou pessoalmente com Robert. Ela está tentando sabotar o
contrato.
— Merda!
— Vamos usar a escolha do cantor a nosso favor.
— Obrigada por me contar. Britney já sabe? Ela escolheu um
lado?
— Eu não vou dar opção a ela. — Trish foi firme. — Te ligo
novamente com mais novidades. Frank estava a caminho daí para
te ver e decidiu voltar para me ajudar, amanhã nós chegaremos
juntos.
— Vou aguardar e torcer.
Encerrei a chamada, com o coração apertado, meio chateada
por ser justamente Celina me sabotando. Eu sabia que o meio era
completamente competitivo, tinha até experiência para lidar com
modelos ciumentas, mas brigar pelo meu trabalho com a ex-quase-
namorada de Louis era demais até para o meu lado tranquilo. O que
ela achava que iria ganhar me prejudicando? O amor e admiração
dele que não ia ser.
Era complicado entender a mente de uma pessoa louca…
22 | Louis.
Servi um pouco mais de café na caneca e olhei para a janela
da cozinha, observando o horizonte. Era uma manhã fria, a neblina
cobria um pouco da grama, mas era possível ver o sol nascendo. A
cozinheira preparava um bolo cheiroso e a governanta andava de
um lado ao outro, se acostumando que eu não era o tipo de chefe
que esperava ser servido.
— Amor! Amor! — Cat entrou correndo na cozinha. — Bom dia,
meninas! — ela gritou, acenando e derrapou na minha direção com
roupa de ginástica. — Olha isso! Sua mulher está em vários
anúncios espalhados pelo mundo, inclusive na Times Square! Bruno
acabou de me mandar, disse que foi comprar um café e me viu lá!
— Será que preciso pedir um autógrafo, minha senhora? —
Passei meu braço por sua cintura e beijei a bochecha, olhando a
foto com orgulho. O irmão dela havia tirado e, com a mão, cobriu a
bunda da Cat. Era um anúncio de marca de roupas íntimas que ela
se tornou garota propaganda.
Eu não sabia se sentia ciúmes, apenas sabia que nunca a
impediria de viver seu sonho e ser realizada na carreira. Era incrível
ver seu crescimento e em parte, podia tripudiar para o mundo que a
mulher era completamente minha. Ela também era estrela de uma
coleção de roupas de ginástica que estava aparecendo em vários
anúncios, presencialmente e na internet.
— Por mais que tentem te derrubar, você sempre vai brilhar
cada vez mais forte. — Beijei sua testa. Ela pegou minha caneca de
café, deu um gole e cantarolou. — A equipe do cantor deu algum
posicionamento?
— Ainda não. O prazo é hoje. — Ficou com a cabeça no meu
peito. — Folga hoje?
— Um pouco. Quer fazer algo especial?
— Tenho que malhar antes, depois estou livre.
— Estou com preguiça de malhar. Vou ficar no escritório. Vá
me buscar quando terminar…
Observei-a ir serelepe para a academia improvisada perto da
garagem e voltei a beber meu café até terminar. Lavei a caneca,
peguei uma banana e fui para o escritório. Apesar do clima mais
tranquilo, a imprensa ainda estava interessada em mim. Até poderia
voltar para casa, mas a paz do campo conquistou Catherine e ela
me convenceu a ficarmos ali por mais tempo.
Não sabia se ela estava tentando me fazer ficar para que
pudesse superar meus traumas ali dentro ou porque estava feliz
mesmo. Cada dia que passava, conseguia perdoar, com muita
calma, tudo que vivi ali dentro. Com o atraso das filmagens do
videoclipe, ficaríamos até a viagem para a Itália, e depois Rainland.
De surpresa, resolvemos visitar nossa família em Nova Iorque. Não
eram férias, mas tinha um gostinho de férias.
Me concentrei no trabalho, puto que Elton ainda estava
desaparecido. Cada vez que pensava nele, depois que tudo
explodiu na mídia, só conseguia lembrar dos pais das vítimas me
procurando e pedindo para fazer justiça pelos filhos. Até o momento,
tudo indicava que ao sair da polícia, ele decidiu trabalhar como
mercenário, ganhando dez vezes mais do que ganhava por ano
sendo um homem honesto. Me restava saber quem foi o mandante
e os motivos.
Nada fazia sentido. Era uma junção de peças de um quebra-
cabeças eterno que me afundou naqueles dias de pesadelo. Meu
trabalho estava me consumindo porque o caso era emocionalmente
difícil. Servi com Elton, viajei com ele, acreditava que era meu
amigo. Mesmo que minha mãe e Catherine afirmassem que eu não
podia me culpar por outra pessoa ser desonesta, era difícil. Deveria
ter percebido os sinais.
Esse era o mal de acreditar que as pessoas não fazem o que
brincam nas entrelinhas.
Quase duas horas depois, Catherine me chamou. Ela estava
linda com os cabelos soltos, molhados, usando um vestidinho rosa
folgado e para meu prazer, sem sutiã. Dando a volta na mesa,
sentou no meu colo e passou o braço por meu pescoço.
— Quer um beijinho? — ofereceu, divertida.
— Só um? Quero todos, o tempo todo!
Cat me encheu de beijos barulhentos e engraçados, me
fazendo rir e aliviar o estresse que acumulava no meu peito.
Gentilmente, o mordomo avisou que minha surpresa para ela estava
pronta. Curiosa, me seguiu até a garagem, onde novas bicicletas
estavam estacionadas em um aparador contra a parede. A minha
era maior e toda preta e a dela, do jeitinho que havia me pedido.
— Ai! Parece a bicicleta da minha boneca! Acho que a minha
mãe ainda guardou… — Ela olhou encantada para a cesta branca
na frente. — Banco rosa berrante, detalhes em branco e dourado.
Depois você diz que sou mimada. Olha as coisas que faz! Podemos
sair para passear agora?
— Vamos andar ao redor enquanto ainda está quente.
Não fui criado em um lar extravagante, apesar da riqueza dos
meus pais. Moramos em casas luxuosas por toda nossa vida, vivi
com meu tio em um verdadeiro palácio e sempre que viajava, era
recebido de acordo com meus títulos. Dinheiro e luxo sempre
estiveram ao meu redor. Estar com Cat me fazia lembrar de quando
era criança, quando meu pai me levava para pedalar toda manhã,
da minha mãe preparando meu lanche da escola e os jantares em
família.
Catherine foi como um sopro de vida no Louis que morreu no
atentado, na zona de guerra. Eu pensei que nunca mais seria o
mesmo sonhador de antes, mas ela me fazia sentir o direito de ter
tudo que deixei que aquela tragédia me roubasse. Quando na vida
eu estaria andando de bicicleta em campos antigos com tanto
trabalho na mesa?
— Posso cantar? — Ela olhou para trás, pedalando devagar.
— Por mim, sim, mas tenho pena dos pássaros.
— Eles vão adorar!
Como se tivesse fôlego, começou a cantar Immigrant Song do
Led Zeppelin a plenos pulmões. A lista de reprodução imaginária da
cabeça dela era uma mistura que ia de músicas latinas, pop dos
anos noventa ao rock. Era uma bagunça. Cat sempre ouvia músicas
do fundo do baú e do nada começava a dançar algum lançamento
famoso que estava bombando na internet.
Erguendo os braços, ficou fazendo o coro e depois, imitando o
som do baixo.
A alegria de estar com ela não tinha preço nenhum. Pelos
próximos dias, nos divertimos em casa. Ela finalmente foi
confirmada no videoclipe, nós brindamos com champanhe junto a
Trish e Frank e, assim que a notícia foi enviada à mídia, eu fiz
questão de postar o link em minha página oficial e dizer o quanto
estava orgulhoso e ansioso para ver o trabalho final. O roteiro foi
aprovado e havia um rígido contrato acima dele, o que deixou
Catherine tranquila sobre não ser enganada.
Minha baby Cat ainda estava engatinhando no mundo do
trabalho e um tanto paranoica, gostava de assegurar todas as suas
bases para não ficar exposta. Era esperta. Qualquer um com sua
idade e inexperiência poderia usar o cartão da inocência para
cometer erros, mas ela tinha um objetivo e estava fazendo de tudo
para não desviar dele. Eu tinha dinheiro o suficiente para abrir
quantos negócios quisesse, mas entendia que ela queria olhar para
sua trajetória e dizer que havia conseguido com seu próprio esforço.
Nós arrumamos nossas malas para quatro dias na Itália e
partimos em um voo privado no meio da madrugada, com um
esquema de segurança cuidadosamente organizado. William e
Gadot estavam na equipe contratada e tinham a postura profissional
que eu precisava, principalmente considerando o tipo de
compromisso que teria que comparecer. Cat também se sentiu mais
segura estando acompanhada de pessoas que confiávamos.
Nós pousamos e fomos direto para a residência oficial Basan
Vacchi, onde meu pai havia nascido muitos anos antes.
— Você tem certeza que vai vender toda Villa? — Cat
questionou, no meu antigo quarto.
— É muita coisa para gerenciar, a região foi tomada por um
tipo de negócio que não quero fazer parte e em alguns anos, isso
aqui vai ser apenas prejuízo. Melhor vender enquanto posso tirar um
lucro. Conversei com meu pai e ele concordou, apesar de toda
história que viveu aqui.
— É um lindo lugar, mas imagino que esteja certo.
— É uma pena. Se eu tivesse irmãos e primos, seria diferente,
mas só tem eu. Ser o único herdeiro da minha família paterna é
complicado. Eu me sinto mais aliviado quando preciso resolver
qualquer questão burocrática por parte de mãe com meus primos.
— Me joguei para trás na cama e deitei minha cabeça em seu colo.
— É por isso que a ideia de produzir um time de futebol parece bem
atraente.
— Meus irmãos enchem o meu saco, mas eles são incríveis…
— Ela parou um pouco. — Se tivermos três meninos, nós não
vamos ter mais. Eu não vou castigar minha filha com irmãos mais
velhos ciumentos e protetores. — Balançou a cabeça, me fazendo
rir. Se ela lesse metade das mensagens que os gêmeos me
mandavam diariamente, iria ficar irritada com eles.
Levava na esportiva porque não tinha a mínima intenção de
magoar Catherine. Preferia cortar meu próprio dedo do que
machucá-la intencionalmente. Nunca fui bom em conversar, mas
depois de estar em um relacionamento sério, aprendi que a
conversa era muito melhor que a briga. Nós tivemos duas brigas
que me deixaram tão chateado, que prometi a mim mesmo evitar ao
máximo.
— Vai encontrar com o comprador logo cedo?
— Não. Amanhã vamos passear juntos e no outro dia,
negócios. Tenho várias reuniões agendadas…
— Se estiver animada, vou passear por aí, ou posso ficar
trabalhando no meu futuro projeto. Estou cheia de novas inspirações
que preciso organizar.
— Quanto tempo acha que vai levar para conseguir tirar essa
empresa do mundo dos sonhos para realidade?
— Talvez uns dois anos se conseguir permanecer com o
mesmo cachê. Se aumentar, vou ousar o suficiente para ter uma
poupança.
— Sabe que não precisa se colocar em uma posição de
estresse para ter mais dinheiro do que consegue produzir com
saúde. Se fosse em outro caso, eu não te julgaria, mas você tem a
mim e não precisa se matar. Trabalhe para conquistar seu sonho e
nunca esqueça que estamos juntos em tudo. Até nas finanças. —
Virei meu rosto para olhar em seus olhos.
— Obrigada, amor.
Cat não fez mais questão de brigar por algumas coisas, como
pagar as contas mais altas, providenciar um carro para seu uso e
manter o fundo de saúde atualizado. Ela ainda fazia questão de se
manter pessoalmente, suprir todos os mantimentos e os cheques de
pagamento da empresa que contratava para limpeza pesada da
nossa casa. Como eu tinha uma vida louca e antes dela não
precisava me preocupar, nós decidimos fazer um contrato de
relacionamento, formalizando de maneira jurídica nossa união.
Não era um casamento, mas asseguraria que ela ficasse bem
na minha ausência e pudesse ter acesso a uma parte das minhas
contas bancárias, assim como eu também. Unimos nossas vidas.
Meu pai estava pegando no meu pé com medo de que aquilo fosse
aplacar a necessidade de um anel no dedo dela. Era difícil para
minha família entender que eu não estava fugindo de um
matrimônio, apenas cuidando das nossas vidas.
Para os pais de Cat, nosso namoro era como um ponto de
interrogação e conhecendo-os um pouco, percebi que precisávamos
fazer uma visita e mostrar que estávamos bem.
— Você cochilou. — Ela me cutucou com a unha. — Vem deitar
direito.
— Estava pensando em como nossa família vai reagir com a
nossa chegada de surpresa.
— Eles vão pirar. Leighton já confirmou que todos os meus
irmãos que moram em Nova Iorque já confirmaram a presença e
que sua mãe se meteu no preparo do jantar.
— Vai ser uma loucura estar de volta depois de tanto tempo.
— Por mais que se assustem e precisem se acostumar com
nossa presença como casal, eles vão amar nos reencontrar.
— Vai me proteger dos seus irmãos? — Virei e me arrastei
para cima dela. — Eles vão estragar meu rosto bonito.
— Isso sim será uma grande pena — cochichou com os lábios
contra os meus e me beijou. — Não se preocupe, sua super
namorada vai te proteger.
— Que bom, minha incrível Hulk.
— Está cansado ou quer tirar minha roupa?
Soltei um bufo como se a minha resposta fosse óbvia e com os
dentes, puxei o fio do laço que segurava o decote de seu vestido.
Ela riu e me permitiu despi-la para fazermos amor em solo italiano.
23 | Cat.
O interior da Itália era um dos lugares mais bonitos do mundo.
A villa onde a família Basan Vacchi possuía várias propriedades era
simplesmente encantadora e se tudo desse certo nas reuniões de
Louis, passaria a ser um hotel. Ele não estava interessado em
administrar, mas venderia a maior parte, ficando com algumas
ações. Enquanto trabalhou nos últimos dois dias, saí para explorar
ao redor na companhia de Willy. Ele estava fazendo minha
segurança.
Era muito estranho precisar estar acompanhada o tempo todo,
principalmente fora do país. Elton foi visto em um aeroporto na
França e desde então, desapareceu novamente. Seus planos de
expor Louis foram frustrados com o contorno inteligente do meu
namorado e toda equipe de trabalho dele. O tempo que ele
trabalhou como agente não foi revelado ao público e os casos que
atuou, continuaram em sigilo e sem consequências.
— Acha que Elton tem alguma vingança pessoal contra Louis?
— Virei para William, que andava um pouco atrás de mim.
— Não acredito que seja pessoal. Ele sabe que pode ser pego
porque deixou rastros. Ao ser preso, não vai sair. Talvez tenha medo
de ser morto por saber demais ou ainda está trabalhando para quem
ordenou as mortes na boate. — William parou ao meu lado.
— Entendi. Alguma outra novidade?
— Estamos monitorando. Vocês estão seguros aqui.
— Eu sei, mas não quer dizer que não me preocupe.
— Você já não tem muito nas mãos para se preocupar?
— Só meu trabalho e a perseguição da ex-namorada do meu
namorado. Britney me contou que ela teve um acesso de fúria
quando Robert chegou na reunião e disse que não queria outra
modelo além de mim. — Enfiei minhas mãos nos bolsos da calça. —
Apesar de saber o motivo pelo qual ela está tão obcecada por mim,
é difícil acreditar. Eu nunca alimentei nenhum tipo de rivalidade
feminina, acho nada a ver essa história de odiar a atual do meu ex,
mas puta que pariu, ela está tornando meu feminismo muito difícil.
— Ela é humana. É da nossa natureza ser falho.
— Por que ela não persegue o Louis? Foi ele quem terminou
com ela!
— Ele é o príncipe. — William encolheu os ombros com um
sorriso sem graça. — Celina acreditou que esse jeito educado dele
de ser era paixão por ela. Não percebeu que Louis é gentil e
cuidadoso com todas as pessoas ao redor dele, não quer dizer que
está apaixonado. Eu sei que ele te ama no olhar, na maneira que
segura sua mão e sempre te procura nos ambientes. Louis nunca
desprezou Celina, ele até tentou, mas quando viu que eram como
água e óleo, fez o certo. Se afastou para não a magoar. Foram cinco
ou seis encontros.
— Segue não fazendo sentido a perseguição comigo. Não
tenho nada a ver, cheguei meses depois.
— Celina tem trinta anos e vem de uma família que todas as
mulheres casaram jovens e com homens ricos de linhagens
poderosas. — William olhou em meus olhos. — Uma fala dela
durante uma briga com Louis depois do término que me chamou a
atenção e me fez olhar por esse ângulo. Ela disse que se sentia
humilhada por ter sido dispensada.
— Será que é ela mesmo ou alguém ao lado dela está fazendo
com que se sinta assim? A irmã dela foi uma vaca sem mal abrir a
boca.
— Bem-vinda ao mundo da alta sociedade, querida.
Casamentos ainda são feitos por acordos, bailes ainda são
organizados para matronas escolherem maridos… Louis é um
partido e tanto. Rico, bonito, de linhagem real, muito bem
relacionado, com boa fama. Ele e Ethan eram dois dos partidos
mais cobiçados. Charlotte levou um no laço, mas ela é uma
princesa. E você?
— Ah! O problema é que sou sem linhagem?
— Chegou ao ponto que incomoda Celina. — Ele me cutucou,
me fazendo andar mais à frente.
Era antiquado pensar que meu relacionamento era malvisto
porque meu sobrenome não era tão grande quanto o de uma
rainha.
William foi paciente o suficiente para me fotografar pela
pequena cidade sem reclamar. Louis avisou a ele que eu podia ser
exigente. Fiz um vídeo chamada para Trish, falamos de trabalho e
eu combinei as passagens do Frank para me encontrar em
Rainland. Eu não podia comparecer à festa de aniversário de uma
rainha mal arrumada. Não confiava em mim mesma para me
maquiar e fazer o cabelo. Ele também estava levando um lindíssimo
vestido exclusivo de uma estilista americana que eu adorava.
Os modelos de Isla Edwards-Lowell eram simplesmente divinos
e ela desenhava para vários tipos de corpo, uma revolução no
mundo da alta costura. Trish estava tentando me encaixar no cast
da marca, para catálogo, mas eu concordaria em fazer parte do
desfile misto, que era organizado todo ano. Britney iria na lua se
uma de suas modelos fosse levada a uma marca tão famosa.
Ainda em um clima sonhador, encontrei Louis no final do dia e
ele estava bem esperançoso de que o negócio com Lucca Marino
continuasse dando certo. Eles chegaram a um bom acordo, mas os
advogados ainda precisavam analisar todos os contratos.
— Um pouco mais rico hoje, Sr. Basan Vacchi?
— Tenho que sustentar minha futura família. — Ele me puxou
para seu colo. — Pronta para conhecer Rainland?
— Um pouco ansiosa, mas sim, pronta. — Dei-lhe um beijo
suave nos lábios. — Vai ser uma maratona de imersão familiar.
— Ainda acho que preciso de mais seguranças para encontrar
seus irmãos. Sou muito bonito para apanhar. Pior ainda, vou reagir e
serei preso.
— Isso seria comovente se você não tivesse imunidade
diplomática, Lord Basan Vacchi, oficial da Marinha Real Britânica e
ah… esqueci que é um príncipe. — Revirei os olhos explicitamente.
Ele riu e apertou minhas laterais, me fazendo saltar e tentar fugir de
seus dedos cruéis.
— Seu deboche pode ser punido com palmadas.
— Segure suas mãos que se você bater na minha bunda, eu
vou chutar suas bolas.
— Você nunca brincaria na fantasia de bdsm?
— Só se eu fosse a dominatrix.
— Claro que seria, mas eu vou bater na sua bunda, sim.
Desafiando-o, me inclinei para frente e empinei a bunda. Ele
ficou surpreso, se recuperando rapidamente e ergueu a mão,
tocando na minha nádega esquerda com um tapa firme que não
doeu. Aproveitei sua distração e apertei suas bolas, ele pulou na
cadeira de susto, tentando se proteger e quase caí no chão. Fiquei
rindo de sua expressão.
— Que porra de aperto mortal foi esse?
— Tão sensível. — Fiquei de joelhos entre suas pernas, ainda
me divertindo com seu ataque.
— Quero um beijinho para passar — pediu manhoso e me
estiquei, para beijar sua boca. — Aqui também, mas estava falando
de outro lugar.
Dei-lhe uma bitoquinha e disse que era melhor ficar satisfeito.
Louis não conseguiu me responder, fomos informados que os carros
estavam prontos para nos levar até o aeroporto. Fugi de sua mão
esperta querendo pegar minha bunda novamente, agarrei minha
bolsa e saí correndo. William e Gadot ficaram de pé, levando as
mãos para a cintura e esperando o ataque de quem eu estava
fugindo.
— Ele quer me bater! — falei rindo e passei direto.
— Podem relaxar. Ela é louca. — Louis saiu mais devagar e
ajeitou o terno. — Vou colocar uma coleira em você. — Ameaçou,
ainda na brincadeira. — Entra no carro, rainha serelepe. Rainland
nos espera.

A viagem foi muito tranquila e como o avião não ficou


balançando, dei descanso a eles, deitada com meu livro. Fiquei
desconfiada quando Louis se reuniu com seus dois amigos nos
fundos do avião, falando baixo. Eles olhavam para a tela do iPad e
provavelmente receberam alguma atualização sobre Elton que Louis
só me contaria mais tarde.
Rainland era lindo de cima e ainda mais bonito em terra. A
cidade capital era composta por uma arquitetura antiga e muito bem
conservada. As ruas eram repletas de árvores cheias, verdes e a
avenida principal, decorada com fitas vermelhas em vários lugares
para representar a comemoração do aniversário da rainha.
— É uma tradição muito antiga. — Louis me contou toda a
história. — Amanhã sairemos para explorar ao redor. Tenho certeza
que Charlotte deve ter feito um planejamento.
Eu já havia conhecido alguns países depois que me tornei
modelo. Nem sempre conseguia sair e conhecer pontos turísticos,
mas dava para ver um pouco. Louis e eu tínhamos planos de viajar
muito antes de termos filhos, não que crianças impedissem os pais
de viver, mas não era tão simples e eu conhecia bem a rotina de
uma família numerosa.
Fomos atribuídos à ala de visitantes com as irmãs de Ethan. A
governanta queria me colocar com elas em um quarto afastado do
meu namorado justamente por não sermos casados, mas Charlotte
se intrometeu, dando sua palavra final e a mulher, por mais rigorosa
que fosse, não discutiu mais.
— É sério que não casados não podem dormir juntos aqui?
Charlotte riu.
— É fornicação.
— O quê? — Peguei minha bolsa de produtos íntimos e levei
para o banheiro.
— Deus, você é fofa quando não entende as coisas. — Ela se
jogou na cama e agarrou um travesseiro. — Aqui é um país
rigorosamente católico e sexo antes do casamento é pecado.
— Ah! Entendi… eu nasci na América, lá isso é coisa do século
passado. Você e Ethan se guardaram para o casamento?
— Tivemos só dois meses de noivado, só fizemos sexo na lua
de mel, mas ele me deu um anel incrivelmente útil para me ajudar a
descobrir meu prazer pessoal. Louis ainda foge da palavra
casamento?
— Acho que sou eu que fujo um pouco… quer dizer, eu sei que
quero ficar com ele para sempre, mas a ideia de ser esposa de
alguém me deixa um pouco assustada.
— O que te assusta? Posso te ajudar?
Sentei ao seu lado, achando meus medos bobos, mas iria
confessar mesmo assim.
— Como é ser casada e ter uma carreira? Louis me apoia
muito, mas sinto que o casamento é como fazer uma escolha fora
dos meus objetivos. — Abracei minhas pernas. Charlotte riu. — O
que é engraçado?
— Catherine? Apesar de Rainland ter parado no tempo, o
restante do mundo não parou! Você tem todo direito de ser esposa,
mãe, empresária, modelo e o que mais quiser e aguentar ser. O
casamento não pode e nem deve ser uma prisão. — Ela pegou
minha mão e colocou entre as dela. — Eu nunca fui tão livre na
minha vida como depois de casada. Ethan é meu melhor amigo e o
meu fã número um. Se Louis te apoia, ele dificilmente irá te pedir
para largar tudo e ser apenas esposa. Se você quiser ser, é uma
escolha sua, porque é sua vida, mas depois de casados, é bom
participar o outro e tentar equilibrar os interesses pessoais junto aos
sonhos de casal.
— Não estamos longe disso. Louis é muito compreensivo com
meus horários malucos, talvez por ele também ter uma carga de
trabalho bem extensa. É louco pensar em casamento se temos
apenas alguns meses juntos?
— Esqueceu que eu disse que casei em dois meses de
noivado sem um namoro antes?
Nós rimos e recebemos mensagens dos nossos homens para
encontrá-los no pátio. Leonard estava com eles e Alicia chegaria
apenas no dia seguinte. Ela ainda estava chateada por ter que
andar com um segurança e resolveu dar um tempo difícil para todo
mundo. Fui apresentada a Daphne e Ediwa, irmãs de Ethan, e
tivemos um jantar privado.
— Ouvi dizer que a vaca da Celina está pegando no seu pé.
— Daphne! — Ediwa chamou a atenção da irmã.
— O que? Ela seria sagrada na índia! — Daphne riu sem
arrependimentos. Eu não tinha coragem de me referir a outra mulher
daquela maneira, mesmo sendo Celina e tudo que estava
explicitamente fazendo comigo. — Sim, eu sou má com mulheres
más.
— Você a conhece? — Apoiei minha taça na mesa e segurei a
coxa de Louis.
— A irmã caçula dela tornou a minha vida na escola um
verdadeiro inferno com o apoio dela e da bruxa má mais velha. Acho
que as três foram criadas para serem verdadeiras cobras
venenosas. — Daphne inclinou-se para frente. — A mãe delas é
terrível. Minha mãe tem um livro de fofocas para contar sobre elas.
— A pergunta que não quer calar. Como você saiu com ela? —
Charlotte virou para Louis.
— Foi um encontro às cegas. O marido da irmã dela prestou
alguns serviços para o meu escritório e disse que a cunhada era
solteira, eu fui. O que tinha a perder? Nos primeiros encontros, ela
foi uma mulher legal, mas depois ficou um pouco complicada. — Ele
mediu bem as palavras, sempre preocupado em ofender.
— Vocês transaram? — Charlotte questionou e eu engasguei
com meu pão. Louis bateu nas minhas costas, delicado e ao mesmo
tempo dando um olhar mortal à prima. — Eu só quero entender o
quadro todo! Às vezes, ela se apaixonou pela performance dele,
oras!
— Dragão, simplesmente pare de cuspir fogo — Ethan falou
baixo, tentando não rir.
— Acho a pergunta bem válida. Rolou ou não? — Daphne
balançou as sobrancelhas.
Eu olhei para Louis, curiosa, apesar de ciumenta.
— Não. No terceiro encontro eu soube que a coisa toda não
daria certo e decidi não envolver sexo, poderia piorar tudo. Sou um
homem adulto, sei controlar meu pau — ele resmungou e as pontas
das orelhas ficaram vermelhas.
— É, voltamos à estaca zero. Nada faz sentido. — Charlotte se
jogou na cadeira, frustrada.
— É tão raro encontrar um homem com um pingo de
responsabilidade emocional que preciso brindar a isso. — Daphne
ergueu sua taça e fui obrigada a erguer a minha também, porque
Louis me ensinava como pensar nas minhas ações para não
impactar negativamente a vida de outra pessoa. Sendo assim,
ficava difícil não chamá-lo de príncipe.
24 | Cat.
Frank chegou ao palácio de Rainland, acenando pela janela
como se fosse um famoso sendo esperado para a festa da rainha
naquela mesma noite. Eu me escondi com um boné e óculos
escuros no mesmo banco, afundada, não querendo ser reconhecida
de nenhuma maneira. William me deu um olhar pelo retrovisor e
sorriu, divertido.
— Sabia que minha musa seria idolatrada como uma rainha!
— Eles estão acenando porque você está fazendo um show —
murmurei de braços cruzados. — Quantos drinques bebeu no
avião?
— Apenas tomei uma dose de uísque com calmante.
— Vou te colocar na cama assim que chegarmos. — Dei um
tapinha em sua mão.
Frank tinha medo de voar. Viajar com ele podia ser incrível,
tirando a parte do voo, que se não bebesse para dormir ou tomasse
calmantes, ficava insuportável, com teorias de que o avião poderia
cair a qualquer momento. Passei por uma turbulência ao lado dele e
desejei ter um paraquedas para me jogar da aeronave.
Ele ficou louco com a beleza do palácio e um tanto intimidado
com toda formalidade dos funcionários, mas bastou Charlotte e as
irmãs de Ethan aparecerem para jogar seu charme. Louis revirou os
olhos discretamente com as piadas que Frank fazia. Antes de
encontrar com a Rainha Victória, eu o levei para seu quarto, auxiliei
guardar suas coisas e praticamente o coloquei na cama para passar
o efeito da medicação.
Se ficasse de ressaca, só ganharia de mim um belo bem-feito,
porque eu não teria pena de ter misturado álcool com remédios para
dormir.
Desde que Louis e eu chegamos, não tivemos oportunidade de
encontrar com os pais de Charlotte, porque estavam em uma
viagem oficial pelas cidades ao redor e retornaram apenas pela
manhã. Eles nos convidaram para um chá formal no final da tarde,
para o encontro da família e eu estava meio ansiosa para conhecer
a tia dele. Minha madrinha era um doce e Alicia se tornou uma
amiga querida, mas a fama da rainha era de uma mulher difícil de
lidar.
Louis era seu único sobrinho.
Voltei para meu quarto e decidi tomar um banho e tirar um
cochilo para ter uma aparência descansada. Louis estava em seu
computador e tive a brilhante ideia de convidá-lo, afinal, sexo faria
com que meus hormônios felizes entrassem em ebulição. Tirei
minha roupa no banheiro e enfiei a cabeça para fora, me
escondendo um pouco.
— Amor?
— Sim, querida? — ele me respondeu com o sotaque
acentuado. Se estivesse de calcinha, ela teria parado no chão.
— Você está sendo intimado nesse banheiro… sem roupa.
Ele virou logo que a frase fez sentido, tirou a camisa, jogou
longe e enquanto andava, se livrava das peças. Entrou no banheiro,
me pegando pela cintura e aos beijos, tivemos a rapidinha que
precisava. Mesmo precisando trabalhar, depois do banho, ele deitou
comigo para descansar um pouco. Percebi que ficou mais próximo
do que normalmente costumava. Eu sempre pensei que odiaria
dormir com outra pessoa, mas, Louis e eu era sobre ficarmos
juntinhos no começo da noite, passar a madrugada cada um em seu
canto e de manhã, mais chamego.
— Aconteceu alguma coisa? — Acariciei seu braço.
— Não. Só quero ficar perto. Incomodo?
— Nunca.
Estar em um palácio real era tão fora da minha realidade que
mesmo minha madrinha sendo uma princesa, a vida que ela
escolheu levar ao lado do marido em Nova Iorque não tinha nada a
ver com aquilo. Conhecer a rainha me fez amar ainda mais minha
doce e tagarela sogra, que por toda minha vida, foi como uma
segunda mãe amorosa. Victória era definitivamente muito diferente
de suas duas irmãs.
Ela não me tratou mal, mas também não tratou bem.
Obcecada por beleza, Charlotte brincou que ela não quis ficar
ao meu lado porque eu era modelo e bonita demais. Ainda ficou
irritada quando os fotógrafos convidados e a imprensa autorizada a
circular no salão de festas ficaram me cercando. Eu não queria
atenção excessiva, mesmo ciente que era reflexo do meu trabalho e
do meu relacionamento com Louis.
— Está vendo aquele homem de smoking branco ali? — Frank
sussurrou e olhei ao redor discretamente. O salão de baile estava
cheio, brilhante, muitas vozes das conversas entre as mesas, casais
dançando na pista e uma banda tocando músicas clássicas.
— O que tem ele?
— É diretor de uma emissora de televisão americana e eu
posso ter enviado seu portfólio virtual enquanto conversava. Não foi
assim intencional, ele perguntou o que fazia e eu disse que estava
aqui para fazer minha musa brilhar. — Frank bateu a taça na minha.
— Frank! Não quero ninguém dizendo que estou andando pela
festa em busca de atenção! — Castiguei meio rindo, porque só ele
para conseguir contatos inusitados.
— Amor… já se olhou no espelho? Não existe mulher mais
estonteante usando azul Royal com detalhes em prata neste salão.
— Ele gesticulou, fazendo com que Louis tossisse para esconder a
risada. Charlotte olhou para ele.
— Queridinho? Estou começando a me sentir mal! — Ela o
empurrou de leve.
— Agora você abriu a porta da bajulação… — avisei com
sinceridade. Frank iria enlouquecer Charlotte com seus elogios
excessivos.
Não havia uma mulher ao seu lado que ficasse com a
autoestima machucada, porque ele era o tipo de amigo de colocar
na lua.

Louis pegou minha taça e colocou em cima da mesa.


— Me concederia a honra de uma dança, minha senhora?
— É claro que sim, meu senhor. Eu adoraria. — Coloquei
minha mão em cima da dele e juntos fomos para a pista de dança.
— Tem a sensação de que todos estão nos olhando?
— Eles estão te olhando. Você é a novidade que a mídia tem
falado e está bem perto deles, é normal, com o passar do tempo o
assédio excessivo vai diminuir.
— Nunca pensei que chegaria a esse ponto, quer dizer, queria
ganhar dinheiro, mas parece que fama vem junto.
— Em alguns casos, você nasce sem escolha. — Ele piscou e
colocou a mão nas minhas costas, me posicionando corretamente
para valsarmos. — Já te disse que você está tão linda que não
consigo pensar em mais nada além de você? Quero ficar sentado e
simplesmente te olhar o tempo todo. Ainda mais que eu sei o
conjunto sexy que está por baixo. Porra, eu sou o sortudo que irei
tirar sua roupa mais tarde… e beijar cada parte do seu corpo.
Comecei a rir, tímida. Ele me matava falando baixinho,
aproximou a boca do meu ouvido e chupou o lóbulo molinho da
minha orelha. Eu estava sem brincos porque meu colar já era muito
extravagante.
— Vou te chupar para ter aqueles gemidos gostosos enquanto
agarra meu cabelo…
— Louis Andrea! Você não pode me deixar excitada aqui! —
cochichei, mal movendo os lábios, para ninguém ao redor entender
o que estava falando.
— Não posso? Acho que já consegui… — Arrastou os lábios
nos meus.
— Será muita indiscrição sair no meio da festa da sua tia para
uma rapidinha em qualquer banheiro? Além do mais, acho que tem
câmeras.
— Esse é o único motivo que está se segurando aqui, não é?
— Sim. — Soltei uma risada.
— Vamos dar um jeito nisso em breve. — Ele se afastou e
bateu palmas para a banda como se eu não estivesse perdida, bati
palmas sem saber exatamente o motivo. — Oriente-se, mulher. Eu
só disse que ia te chupar. Vai tropeçar se eu disser que estou louco
para te foder também?
Olhei para o lado e me abanei discretamente.
Louis se dedicou a me deixar maluca pelo restante da noite.
Ele estava sendo sutil, pequenos toques em lugares que me
deixavam arrepiada, sussurrando safadezas no meio de uma
conversa aleatória com pessoas ao nosso redor. Nós andamos com
postura e comportados até o quarto, mas assim que a porta fechou,
eu estava sobre ele, empurrando-o contra a parede.
Com cuidado para não rasgar meu vestido, me despiu e nos
levou para cama. Eu esperava que o quarto enorme abafasse os
sons que fizemos, porque meu namorado mostrou o lado intenso e
apaixonado, nada gentil, em um sexo bruto de nublar meus
pensamentos e me deixar na cama olhando para o teto,
completamente maravilhada.
Nós usamos nosso tempo em Rainland para ficarmos
juntinhos, quase em lua de mel, aproveitamos a companhia de
Ethan e Charlotte para conhecer o máximo. Viajamos para uma
cidade no alto da montanha para andarmos de moto por trilhas. Eu
fiquei com um pouco de medo porque nunca havia andado antes.
Louis me empacotou por inteiro, com capacete, luvas e
cotoveleiras. Ele iria pilotar.
— Você sabe o que está fazendo, certo?
— Vamos sobreviver — me provocou e agarrei sua cintura.
— Eu vou ganhar. — Charlotte passou por nós, sendo
arrogante com Ethan. O marido apenas riu, sem se importar. — Vou
te fazer comer lama.
Esperava que a preliminar maluca entre eles não me fizesse
morrer. Vi uma troca entre Ethan e Louis, que não entendi direito,
mas eles riram e colocaram seus capacetes. Louis deu a partida
antes de Charlotte e pude ouvir o gritinho indignado que foi abafado
com o ruído da moto. A trilha era esburacada e tortuosa, cheia de
pedras e galhos, mas ao redor era lindo de tirar o fôlego.
Louis foi subindo até o topo e parou em uma campina antes de
um penhasco, que dava para ver uma cachoeira enorme.
— Esse lugar é perfeito. — Desci da moto e tirei meu capacete.
— É tão… nossa, Louis! — Minha voz falhou e me permiti chorar
com tamanha beleza.
— Você está chorando? — Ele parou atrás de mim.
— Estou encantada. Já conhecia esse lugar?
— Eu venho aqui desde que tive autorização de subir em uma
moto. — Tirou minhas luvas.
— Combinaram de fazer a trilha em locais diferentes?
— Ethan tem uma surpresa para Charlotte e eu queria ficar
sozinho com você aqui.
Em sua mochila, tinha uma pequena colcha e uma mini garrafa
de vinho. Ele não poderia beber muito, aquilo era o suficiente para
apreciarmos a paisagem e ficarmos juntinhos ali.
— Nunca me senti assim. Meu peito parece livre — confessei
baixinho, olhando para o céu. — Estou me sentindo realizada,
adulta e mulher. Estou feliz. É o conjunto de tudo, o trabalho,
Londres, você, mas eu tenho certeza que, se você não tivesse
segurado minha mão desde o primeiro instante no aeroporto, eu
teria desistido e voltado para casa. É mais fácil ficar protegido no
ninho dos pais, só que dentro dele, eu me sentia presa, inútil e um
pouco improdutiva.
— Crescer é doloroso. Eu vivia em um mundo fantasioso de
garoto rico até que achei que tinha maturidade para ser da marinha.
Me alistei e, devido a meu título e sobrenome, fui levado para
entregar mensagens de paz em nome da rainha. Ethan e eu não
sabíamos nada e aprendemos tudo. — Louis soltou uma respiração
pesada. — Cresci ali. As semanas que precisamos nos esconder
para sobreviver, feridos, sem comunicação e comida. Justin
pensando que precisava voltar para casa. Liam querendo dar a vida
por nós. Simon… absorveu tanta escuridão. E aí, tinha dois homens
recém-saídos da adolescência usando uma farda. Eu achei que ser
um Royal Marines era tudo e na verdade, não somos nada na
guerra. Nada.
— Quando misturamos nossas finanças, eu vi que você faz
cheques de pagamentos para uma organização que cuida de
refugiados. Tem alguma coisa a ver com o que passou lá?
— Eu nunca saberei explicar o desespero que essas pessoas
passam para fugir dos conflitos em seus países. Eu vi muitos
deles… foi em uma travessia perigosa dessa que nós conseguimos
ajuda. Imagina só… um príncipe dividindo comida enlatada? Foi
essa manchete que escolheram usar quando nos encontraram.
Entrelacei nossos dedos.
— Não vou pintar o que passou como algo bonito, mas você
sobreviveu e usa o seu dinheiro para mudar a vida de outras
pessoas. Você é bondoso, generoso e um advogado caro que usa a
influência para ajudar quem precisa. Charlotte me contou o que faz
pelas meninas do projeto dela, tem os cheques de doações, seus
casos pro-Bono… — Virei um pouco para olhar em seu rosto. —
Você pode não estar mais usando uma farda, mas você segue
servindo da melhor maneira que pode. Eu sei que você vai honrar o
choro de dor daqueles pais que te procuraram. Sei que vai trazer
justiça.
— Você acredita tanto em mim…
Louis estava frustrado por não conseguir provar o que
precisava para prender as pessoas que causaram tamanha
devastação em muitas famílias e a empresa que o contratou
inicialmente, que desejava saber quais motivos levaram à execução
dos seus seguranças. Ele era tão emocionalmente ligado aos casos
que se entregava de corpo e alma, ainda mais com um ex-parceiro
de trabalho sendo o principal suspeito e prometendo vingança.
25 | Louis.
Fazia muito tempo que não pisava em Nova Iorque. Daphne e
Catherine falaram o voo inteiro sobre os lugares favoritos na cidade
e eu trabalhei. Deixei a irmã do Ethan na porta de seu prédio e
Gadot a ajudou com as bagagens, retornando rapidamente para
irmos até a casa de Gregory, irmão da Cat, onde Leighton havia
reunido a família inteira, alegando que precisava fazer um anúncio a
todos. Nem mesmo seu marido sabia que a surpresa era a nossa
chegada.
Leighton orientou entrarmos pelos fundos e irmos direto para a
sala de jantar. Nossas malas estavam no carro e seriam levadas
para a casa dos meus pais depois. William e Gadot ficaram na
cozinha para gravar a reação de nossa família, já que Cat queria
deixar registrado. Eu estava um pouco nervoso porque não fazia
ideia de como eles reagiriam ao nos ver como casal.
Na sala de jantar, podíamos ouvir o barulho das conversas e as
crianças correndo. A risada alta de Bruno nos chamou atenção,
trocamos um olhar e sorrimos. A funcionária de Leigh foi até a sala
avisar nossa chegada e retornou, cochichando que a porta seria
aberta em breve.
— O jantar já está pronto e servido — Leighton anunciou
tranquilamente. — Espero que gostem, foi preparado com carinho.
— E quando saberemos o que tem para nos contar? —
Benjamin questionou.
— Em breve, curioso — Leighton retrucou.
— Não olhe para mim, eu também não sei — Greg soou meio
frustrado.
Cat segurou minha mão, entrelaçando nossos dedos e as
portas duplas foram empurradas cada uma para um lado. A mulher
baixa e loira, delicada como uma boneca, era a melhor amiga da
Cat. Exatamente como nas fotos e chamadas de vídeo que
acompanhei nos últimos tempos. A expressão dos nossos familiares
foram bem engraçadas. Todos levantaram, arregalando os olhos,
alguns riram e gritaram, outros só ficaram em choque.
Minha mãe empurrou meu pai e saiu disparada em nossa
direção, quando dei por mim, Cat estava sendo esmagada em um
abraço do pai.
— Deus, mãe! Minhas costelas! — brinquei com ela sobre seu
aperto. Ela agarrou meu rosto e me encheu de beijos. — Sem
chorar, minha princesa. — Sequei suas lágrimas.
— Ai meu filho, meu coração parece que vai explodir no peito.
Como estava com saudades de você! Meu Deus, Louis! Você está
mais musculoso? Está tomando bomba? O filho da minha amiga do
clube do livro quase perdeu o fígado! — Ela começou a me tatear.
— Quantas tatuagens!
— Mãe! Eu não tomo bomba!
— Ou seria meia bomba? — Bruno se aproximou e me
abraçou. — Considerando que está com minha irmã, é uma ótima
ideia.
— Não vou responder a isso.
Eu não era idiota, sabia que estava me atraindo para uma
briga.
Bruno olhou em meus olhos e sorriu, provocante. Todos os
irmãos dela que estavam presentes me deram um olá animado e
uma ameaça velada. Meu pai me deu um beijo barulhento, abraço
apertado. Catherine estava toda vermelha por estar chorando entre
seus pais, sendo mimada e amada por todos. Ela olhou na minha
direção, esticando a mão novamente e peguei.
— Estamos tão felizes com essa surpresa! — A mãe dela me
apertou de novo. — Ah, Louis! Quanto tempo, menino!
— Só minha afilhada linda para trazer esse garoto para casa.
— Ela achou que deveríamos fazer uma surpresa e nos
reencontrar.
— Ele é corajoso, não acham? — Bruno brincou com os
irmãos.
— Não comecem! — Cat apontou de forma severa. — Deixem
meu namorado em paz ou eu lembrarei a todos vocês a sensação
de pó de mico nas cuecas! Ele é amigo de vocês!
— Namorado… — Greg bufou. — Ele é um traidor. Amigo não
namora irmã caçula dos amigos! Era para você estar protegida em
Londres!
— Ei! Não traí ninguém!
— Eu sou adulta! — Cat gritou, ficando vermelha.
— Baby Cat? — Bruno choramingou. — Acabou de crescer!
— Atenção! — Florence, mãe da Cat, gritou ainda mais alto e o
pai dela, Salvatore, assobiou. Todo mundo ficou em silêncio, até as
crianças. — Catherine e Louis estão em um relacionamento,
independente da opinião de vocês. Eles vieram nos visitar depois de
muito tempo, vamos sentar, comer e aproveitar em família. Sem
brigas, fui clara?
— Sim, mamãe — todos responderam juntos.
Bruno ainda murmurou que queria falar comigo e eu ri. Sim,
foda-se. Eles não iriam parar tão cedo. Talvez nunca deixassem de
pegar no meu pé.
— Como vocês estão? — Cat mudou de assunto, puxei uma
cadeira para ela e ajudei que sentasse. Fiquei no lugar ao seu lado.
Todo mundo se acomodou ao redor da mesa que estava farta de
comida.
— Eu te vi no outro dia e disse para todo mundo que era minha
filhinha! — Salvatore contou a Catherine alegremente. — Fiz uma
parede no escritório com todos os seus trabalhos.
Apresentei meus dois amigos, sem dizer que eles estavam ali
como meus seguranças, para não alardear a família porque eles
sabiam que eu não andava com guarda-costas. Apesar das piadas e
ameaças sobre meu relacionamento, o jantar foi divertido e uma
delícia. Houve uma pequena guerra entre nossos pais sobre onde
iríamos ficar, mas como eu estava acompanhado e precisando de
bastante espaço, foi decidido que ficaríamos nos meus pais.
— Eu te disse que seria uma péssima ideia se mudar para
aquela cobertura ridícula — Florence brigou com Salvatore, porque
eles não tinham muitos quartos extras.
— Por que vocês não ficam lá em casa também? — Minha
mãe ofereceu. — Ficaremos todos juntos. Será tão divertido!
— Acho que vamos acordar com nossos pais na nossa cama
— Cat cochichou no meu ouvido e eu ri. Eu duvidava que
conseguiríamos ficar sozinhos em qualquer minuto durante aquela
visita. Beijei sua mão, sempre me perdendo em seu doce olhar e
sua boca perfeita. — Está com um olhar de paquera, meu doce
namorado?
— Estou, porque você é minha. — Me inclinei para frente, para
dar-lhe um beijo suave e fui bruscamente puxado para trás. Bruno e
Gregory começaram a rir. Benjamin parecia muito satisfeito.
— Vocês têm quantos anos? — Catherine se estressou,
jogando um pedaço de pão na direção deles. — Parece que tenho
um monte de adolescente ciumento na minha cola.
— Talvez.
— Amanhã nós vamos sair juntos. — Bruno fez um convite
como uma intimação.
Cat revirou os olhos e acabou bocejando. Anunciei que era
hora de irmos, para que ela pudesse dormir. William levou o carro
para a parte da frente e Gadot não conseguia relaxar. Mesmo
estando em outro país, ele fez a varredura padrão antes de permitir
que Cat saísse da casa. Eu percebi a confusão de todos, meu pai foi
o único que me encarou incisivamente e sabia que mais tarde ele
buscaria respostas.
Sem falar nada, coloquei meu casaco nos ombros dela e levei
para o carro.
Minha mãe quis preparar meu quarto antes de deixar que
subisse. Nós não queríamos incomodar ninguém. Ela arrastou Cat
com ela, junto com Florence e assim, fiquei com Salvatore e meu
pai, me encarando fixamente.
— Vão me oferecer uma bebida antes de começar?
— A casa é sua, se vira. — Meu pai apontou para o bar e
ajeitou os óculos. — O que está acontecendo, Louis? Eu sei que
William e Gadot são seus amigos, mas também sei que são homens
treinados e fazem segurança pessoal como serviço extra.
— Catherine está ganhando atenção e eu sou um príncipe,
qual motivo melhor que esse?
— E eu nasci ontem. — Salvatore cruzou as pernas. — Você
nunca precisou de segurança pessoal porque é tão treinado quanto
qualquer um deles. Se não mais…
— A maior parte do motivo é esse. Outra parte, estou com um
caso grande que devem estar acompanhando na televisão. O que
não é público é que um dos principais suspeitos é um ex-colega de
equipe e ele fez ameaças explícitas contra mim. — Me servi com
uísque e bebi tudo de uma vez só. — Eu decidi passar um tempo na
casa de campo para sair do centro de Londres, ter privacidade e
mais segurança, até mesmo para lidar com a mídia e controlar
danos.
— Louis, meu filho. Por que não me contou nada? — Meu pai
ficou de pé. — Eu posso ir para Londres trabalhar com você.
— Eu agradeço, pai. Não é meu primeiro caso difícil e não será
o último, além do mais, você tem seus compromissos aqui. Estou
tomando todos os cuidados.
Salvatore ainda tinha mais perguntas a fazer e eu sabia que
era sua preocupação como pai. Ele não me deu nenhum tempo
difícil sobre estar namorando a Cat e me tratou tão bem quanto
sempre. Talvez a saudade de nós dois estivesse falando mais alto
que a vontade de torcer meu pescoço por estar com sua filha.
— Louis, querido. Cat quer saber se você pegou a bolsa dela
de remédios? — Minha mãe apareceu no topo da escada.
— O que ela tem? Está com dor de cabeça de novo? Eu vou
ligar para alguma farmácia, o dela acabou ainda em Rainland.
— Calma, menino. Eu devo ter algum. — Mamãe riu e voltou
em direção aos quartos.
— Então… vamos falar sobre isso? — Salvatore me deu um
sorriso enigmático. Comemorei cedo demais. — Quais são suas
intenções com a minha filha?
Ele ficou bem sério, não era um momento de brincadeira.
— Todas as melhores possíveis, Salvatore. Ela é o amor da
minha vida e espero passar o resto dos meus dias ao lado dela. Sei
que parece cedo, maluco, rápido demais, mas é isso que eu sinto e
eu percebi que era inútil negar. E eu tentei… porque ela é irmã dos
meus amigos, afilhada dos meus pais e foi para Londres para
trabalhar e eu prometi cuidar dela.
— Nada disso importa se você continuar cuidando dela.
— Eu irei sim, com a minha vida e para sempre. Não importa o
que aconteça.
— Isso é o suficiente para mim. — Ele sorriu e apertou minha
mão. — Desejo que sejam felizes como eu sempre fui no amor.
— Obrigado. Ouvir isso do senhor me deixa muito feliz e,
honestamente, aliviado.
— Também não significa que eu não espere ouvir um pedido
de benção quando for a hora de um anel bonito parar em um certo
dedo. — Ele apertou minha mão bem forte.
— Conte comigo, senhor.
— Pode voltar a me chamar pelo nome agora. — Deu um
tapinha no meu rosto.
Cat ficou até tarde conversando com nossas mães no quarto.
De vez em quando, a risada delas ficava tão alta que ecoava pela
sala. Depois que Willy falou com Trish e Gadot com a Mel, eles se
reuniram na sala com meu pai e após alguns drinques, fui
autorizado a chamar Salvatore de sogro. Entendi que o silêncio dos
pais de Cat sobre nosso relacionamento era porque eles precisavam
nos ver juntos para sentir como deveriam se posicionar.
Eu tive a certeza disso quando eles nos observaram pelo café
da manhã inteiro e depois, no passeio que nos levaram para
conhecer a nova filial da padaria.
— Sinto tanto orgulho de vocês! — Cat se emocionou.
— A expansão e todo negócio foi ideia da minha linda esposa.
— Salvatore olhou para Florence com amor. Cat soltou um som fofo
e pulou nele, apertando as bochechas.
— Agora eu tenho certeza que a veia de empresária da Cat é
toda da mãe.
— É mesmo? Por quê? — Florence virou para nós. — Já tem o
projeto da sua empresa pronto?
— Nada, mãe. Só rascunhos, mas Louis fica dizendo que será
incrível.
— Se quiser ajuda, estou à sua disposição. E sim, não duvido
em nada que seu talento seja todinho meu. — Florence sorriu e
verificou o relógio. — Certo. Bruno está indo para casa, ele é o
único de folga para passar o dia, os outros vão apenas à noite.
Minha mãe estava com umas fotografias agendadas para uma
revista de design e arquitetura e ela cismou que eu deveria aparecer
nas fotos com Cat, porque éramos uma família independente do que
fosse acontecer. Ela queria gritar para o mundo o quanto estava feliz
e satisfeita com meu relacionamento. Decidi que não poderia tirar
sua alegria.
Retornamos para casa dos meus pais e Bruno já estava lá.
— Oi, maninho. — Cat deu-lhe um beijo e sentou ao lado.
— Oi, lindinha. Sinto sua falta aqui, sabia?
— Só porque não tem ninguém para perseguir e encher o saco.
— Ela puxou uma orelha dele.
— Como você me conhece tão bem?
— Então, alguma namorada?
— Não. A vida anda meio… sei lá. — Ele deu de ombros. —
Nada interessante acontecendo na minha rotina. Apenas trabalho.
— Eu tenho uma nova amiga que está morando aqui agora e
ela reclamou que anda bem sozinha aqui. O que acha? Um
encontro?
Sabia de quem ela estava falando. A irmãzinha de outro irmão
ciumento. Cat me desafiou a ficar quieto e comecei a rir. Bruno
cruzou os braços, desconfiado e mesmo assim, aceitou que Cat
fizesse o arranjo para um encontro duplo enquanto estivéssemos
em Nova Iorque. Para mim, o quadro todo era divertido.
Daphne era osso duro de roer. Bruno teria dificuldade de
amolecer aquele coração. Se, por algum milagre, ele conseguisse,
precisaria lidar com a chatice de Ethan morrendo de ciúmes da irmã.
Eu apenas teria uma vingança sem fazer esforço, assistindo à
bagunça comendo pipoca.
— Tenho que subir para me arrumar para as fotos. — Cat
soprou um beijo para nós dois. — Não esqueça que precisa fazer a
barba, amor.
— Tudo bem, baby. Já irei — prometi.
— Eu ajudo. — Bruno esticou as pernas na mesinha e colocou
as mãos atrás da cabeça. — Estou louco para segurar uma navalha
perto do seu rosto.
— Se comportem! — Cat gritou da escada.
— Cadê os outros? Cavando minha cova enquanto você faz o
trabalho sujo?
— Talvez. Se eu te contar, definitivamente terei que te matar
por colocar essas patas sujas no corpo sagrado da minha irmã.
— Sério? Até quando vai continuar com isso?
— Para sempre. — Bruno sorriu, muito satisfeito consigo
mesmo. — Quer me falar sobre essa Daphne?
— Claro. Ela é uma mulher doce, que gosta que puxem as
cadeiras, abram a porta e deem flores. É bem à moda antiga, gosta
de homens machos e viris, assim como você. Ela odeia fumantes,
se falar mal de pessoas que fumem, vai te achar o homem mais
incrível do mundo…
Feminista, fumante e furiosa. Daphne ia comer Bruno de garfo
e faca. Eu não era um homem vingativo, mas alguns dos meus
amigos mereciam um pouco de traquinagem.
26 | Cat.
De volta a Londres, eu estava me divertindo com as
mensagens de Daphne sobre meu irmão. Nosso encontro duplo foi
um verdadeiro pandemônio. Louis deu conselhos errados sobre ela,
apenas porque meu irmão estava enchendo o saco com um ciúme
desmedido. Depois de tudo esclarecido, Daphne decidiu dar uma
segunda chance em um encontro privado e pelo visto, foi outra
confusão.
Daphne e Bruno eram como água e óleo. Pelo menos, eu me
vinguei dela por ser má comigo várias vezes sem necessidade e eu
ainda ajudei meu namorado a se vingar da chatice do meu irmão.
Por mais que Charlotte tenha dito que era o jeito de Daphne, ser
cruel com outra pessoa sem motivo não tinha justificativa. Ela não
fazia com intenção, era o jeito dela e o meu, era buscar ser gentil
com todas as pessoas ao meu redor.
Foi inofensivo e todos estavam bem. Enquanto lia as
mensagens, meu cabelo estava sendo preparado para a gravação.
Frank estava conversando com a maquiadora e Trish mais atrás, em
seu computador. Ouvia a voz de Britney em algum lugar, garantindo
que tudo que foi acordado no contrato acontecesse sem estresse.
Gadot estava pelo estúdio, fazendo minha segurança para
Louis como um extra. Achava desnecessário porque Elton não se
infiltraria ali podendo ser reconhecido e com tantas câmeras ao
redor, mas meu incrível namorado pediu para não discutir e eu
parei.
— Posso dar um olá para minha acompanhante hoje? —
Robert bateu na porta do camarim, acompanhado de Ellis, sua
namorada, a estilista responsável por todas as roupas que eu ia
usar.
— Oi, entrem! Como estão? — Acenei, animada.
— Ansiosa! — Ellis passou na frente. — Está tudo tão lindo! É
o primeiro videoclipe dele em que estamos trabalhando juntos…
— Foi você que fez o roteiro, certo?
— Eu queria ter certeza que a câmera mostraria minhas
criações adequadamente. — Piscou e trocamos uma risada. —
Agora vim me intrometer na sua arrumação também.
Estava acostumada a ter várias pessoas em cima de mim ao
mesmo tempo, mas na produção do clipe tinha o dobro. Fui puxada,
tocada, esticada, cutucada e medida umas mil vezes até colocar a
primeira roupa. Fizemos dois ensaios antes de começar a gravar a
primeira parte. Não havia hora para acabar e eu estava morrendo de
fome.
Minha última roupa seria de gala, no cenário do baile, que era
no meio do clipe. As primeiras foram com peças íntimas, em um
cenário de quarto bem luxuoso. Eu ficava apenas deitada, me
movendo suavemente enquanto Robert, usando uma calça de
pijama e o peito nu, cantava contra a parede. Tentei não rir ao
lembrar de Louis dizendo que os cantores apenas dublavam.
A câmera focou no meu rosto e apesar da música no fundo,
segui o roteiro que havia ensaiado e as dicas da produtora. Logo
que as luzes apagaram, me entregaram um roupão e aguardamos
para saber se seria necessário gravar novamente. Não sabia como
as atrizes aguentavam aquele ritmo porque era extremamente
exaustivo.

No meio da tarde, eu já não sabia quanto tínhamos gravado,


meu estômago doía de fome. Eu decidi ficar no camarim a partir do
minuto que Celina chegou. Ela era amiga de Ellis e tentou colocar
outra modelo no meu lugar. Eu não queria ficar no mesmo ambiente
que ela depois de tentar sabotar um grandíssimo trabalho da minha
carreira.
— Você está incrível, Cat. — Trish entrou no camarim,
empolgada. — Todos da equipe estão comentando sobre seu
desempenho nas filmagens. Acho que será sua entrada para os
comerciais e eu tenho certeza que terá muita procura para
publicidade.
— Estou ansiosa para que as filmagens fiquem boas.
— Olha o que seu maridinho mandou! — Frank voltou com
flores e bolsas de papel de um restaurante que eu amava.
— Ele mandou entregar comida? — Meus olhos encheram-se
de lágrimas. Comer maçã e barra de cereal não estava ajudando em
nada na minha vontade de devorar um hambúrguer enorme com
batatas fritas. Ele me fazia amá-lo ainda mais por me alimentar.
— Sopa de frango e salada. Bem levinho para não te deixar
inchada. — Frank colocou tudo na minha frente.
Peguei meu telefone e agradeci as flores. Rolei a conversa e ri
de quantas vezes disse que estava com fome na última hora.
Agarrei os potes de comida e devorei, sem me sujar muito e escovei
os dentes. Estava na hora de me arrumar para voltar ao cenário.
Ellis estava com Robert do outro lado, ela ergueu os polegares e
avisou que meu vestido de gala já estava pronto com ajustes que
fizemos entre os takes apenas do cantor.
A cena era romântica, a única parte que Louis se intrometeu no
roteiro e ficou um pouco de beicinho, mas ele nunca me disse para
não fazer. Eu conhecia os limites do ciúme dele e por respeito,
jamais iria além, nós tivemos algumas boas brigas de ajustes, mas
eu tinha certeza de que nós dois nunca planejamos ferir o outro
intencionalmente.
Era difícil estar em um relacionamento com uma convivência
tão intensa como a nossa, mas eu estava me dedicando,
aprendendo e amadurecendo para ser sempre uma boa versão de
mim mesma e manter nossa vida saudável. Louis merecia o apelido
de príncipe por suas lindas atitudes diárias, mas podia ser difícil de
lidar com alguns lados ruins que davam vontade de jogá-lo da torre
de um castelo.
— É hora do vestido de gala! — Frank avisou e esticou a mão
para me ajudar a sair do palco que gravei a última cena. — Eu vou
buscar as joias com a produtora.
— Tudo bem, preciso fazer xixi — avisei baixinho e voltei para
o camarim sozinha.
Abri a porta e surpreendi uma pessoa que estava com a
tesoura prestes a rasgar meu vestido.
— Celina! — Agarrei seu pulso e com a outra mão, joguei a
tesoura longe. — O que ia fazer, sua maluca?
Ela ficou muito chocada que foi pega. Apertando uma das suas
mãos, ela virou com a outra e bateu em mim, me empurrando contra
a parede. Irritada, empurrei-a com tanta força que caiu sentada no
sofá, com as pernas para o alto.
— Sua vadia! Eu vou acabar com você! — ela gritou, vermelha
de fúria.
— Não ouse levantar porque eu não vou ficar me estapeando
com você, sua maluca! Qual é a droga do seu problema? Ia estragar
o vestido e achou o quê? Que me culpariam? Que cancelariam a
gravação?
— O que está acontecendo aqui? — Ellis entrou no camarim.
— Celina ia rasgar o vestido com aquela tesoura! — Apontei
para o objeto no chão e o vestido com a capa aberta.
— É mentira, Ellis! Eu… — Celina fez uma expressão inocente.
— Você sabe que o camarim tem câmeras, certo? — menti.
Era só um blefe para que ficasse sem saída. Ela não ia me fazer
passar de louca.
— Qual é o seu problema com a Cat? — Ellis olhou para o
vestido e depois para mim. — Eu te disse que ia te dar para usar
depois do clipe.
— Eu não tenho problema nenhum com ela e não quero mais o
vestido, não preciso de sobras de ninguém.
— Puxa vida, imagina se tivesse — ironizei.
— Sobras? É um presente de um modelo novo da minha
marca. — Ellis soou ofendida. — Então, ia rasgá-lo porque decidi
usar o meu direito de divulgar minhas roupas em um videoclipe ou
seu problema é com Catherine usando-o antes de você? Eu sei que
está com raiva de Louis ter começado um relacionamento, com
raiva que o nome da mulher que ele se apaixonou está por todo
lado, mas não desconte em mim e no meu trabalho! Pensei que
fôssemos amigas!
Ergui minha mão, indignada.
— Ei! Eu não tenho nada a ver com Louis ter terminado com
ela! Cheguei aqui meses depois e a coisa toda já estava no fim! E
além do mais, se tem alguém que você deve ficar com raiva, é dele
ou de si mesma. Essa história de antagonizar a atual é ridícula! Me
deixa em paz, Celina. Estou falando muito sério! Saia do meu
camarim! Agora!
— Quem você pensa que é para me expulsar daqui? Quem
pensa que é? Uma mulher que veio de outro país, criada com venda
de pão, um sobrenome nada expressivo que de tão sem passado,
não vai ter futuro nenhum! — Celina ficou de pé e empinou o queixo.
— Louis pode ter me magoado com a história de que não estava
pronto para um relacionamento, mas você não vai crescer nessa
cidade.
— Por quê?
— Porque ninguém pode ter tudo. — Ela agarrou sua bolsa e
saiu.
Ellis estava congelada no lugar.
— Isso foi muito assustador — sussurrou e eu só caí sentada
em uma cadeira. — Quer dizer, ela basicamente acredita que tem
um motivo estúpido para te perseguir e continua fazendo porque
quer. Percebi que ela ficou enciumada quando Louis assumiu um
relacionamento, mas a maior parte dos namoros dela são assim. Ela
inventa coisas de todos os namorados.
— Você a conhece há muito tempo?
— Sim, estudamos juntas. Todo relacionamento dela é mais
coisa da própria cabeça. O último namorado ameaçou processá-la,
mas o pai dela pediu que não, pois ficaria marcada e seria um
escândalo na mídia. Ela parou e foi infernizar o próximo… — Ellis
contou, ainda com uma expressão assustada para a tesoura. —
Nunca achei realmente sério porque até então, ela só falava e
enchia o saco. Rasgar um vestido e o que tentou fazer com você
com o contrato foi além. Na minha opinião, está a um passo de ferir
uma pessoa.
E se ela me machucasse com aquela tesoura? Fiquei arrepiada
só de pensar. Talvez Louis precisasse tomar uma atitude, porque eu
cansei de fingir que ela era inofensiva. Eu pedi que ele ignorasse,
acreditando que sem palco, não continuaria. Estava enganada.
— Catherine? — Gadot bateu na porta. — Eu vi nas câmeras
do corredor que Celina acabou de sair daqui parecendo irritada. —
Ele parou e olhou a tesoura caída. — O que aconteceu aqui?
— Está tudo bem agora… só quero que fique mais perto.
Frank e Trish entraram com as joias e não entenderam nada.
Eles ficaram chocados com o que contei e Gadot mal me deu
espaço para trocar de roupa, desconfiado de todos que se
aproximavam. Eu não me importei que a fofoca havia se espalhado.
Queria que todos soubessem que Celina era louca e precisava de
tratamento. Ou de uma intervenção.
O vestido era realmente lindo. Ellis iria vender muito logo que a
música popularizasse. Fiquei me sentindo uma musa de cinema
com as joias extravagantes no meu pescoço, meu cabelo todo
puxado, preso em um coque apertado e a cor magenta do tecido no
busto, ficando cada vez mais claro e intenso como fogo na barra.
A versão de garota em chamas.
Para a felicidade da minha pressão arterial, o restante das
gravações ocorreram muito bem e quase amanhecendo, Gadot me
levou para casa. Louis estava no quarto, acordado e meio
sonolento. Ele ficou andando atrás de mim enquanto comia, tomava
banho e me vestia para deitar na cama e não levantar tão cedo.
— Nunca mais vai trabalhar vinte e quatro horas assim. — Ele
me abraçou, todo manhoso.
— Sentiu minha falta, bobinho?
— Claro que sim — resmungou, cheio de sono. — Foi tudo
bem?
— Depois que eu dormir, eu te conto tudo. Agora estou
cansada, estressada e precisando ficar aqui esticada até voltar a
sentir meus pés e minha mente colocar os pensamentos no lugar.
Louis não deve ter entendido nada do meu tom brusco, mas eu
não conseguiria moderar mesmo se quisesse. Escolhendo dormir
em paz, voltou a me abraçar e eu logo adormeci. Quando acordei,
sozinha na cama, vi que estava escuro do lado de fora. Louis entrou
no quarto, vestido para o trabalho e pela aparência, não parecia que
estava saindo.
— Agora eu sei porque não me respondeu o dia inteiro.
— Meu Deus! Eu não acordei nem mesmo para comer! —
Sentei na cama, secando a baba. Louis começou a rir. — Estou uma
bagunça, não é?
— Uma bagunça muito bonita. Vou pedir pizza e pegar seu
vinho favorito. Quer?
— Eu adoraria. Vou tomar banho. — Saí da cama rapidamente
e fui para o chuveiro, tirar o cheiro de suor, cama e baba.
Fiquei apresentável novamente, usando um vestido bonito e os
cabelos soltos. Desci as escadas atrás dele e o encontrei distraído
na cozinha com o telefone. Como um gato, pulei nele, dando um
susto, ele riu e quase caímos. Louis me manteve em seu colo para
me dar um beijo, pressionando-me contra a parede.
— Está melhor agora?
— Desculpe pelo mau humor ontem, quer dizer, hoje cedo. —
Dei-lhe um beijinho de esquimó. — Estou feliz com o resultado.
Pude ver algumas prévias e acredite em mim, sua mulher é foda. As
roupas da Ellis e toda maquiagem ajudaram muito, é claro.
— Acha que não sei disso? É por isso que te tirei do mercado
antes que outro idiota conseguisse.
— Sempre soube que era um homem muito esperto.
Louis me serviu com vinho e quis saber absolutamente tudo
que não contei a ele por mensagem sobre a gravação. Ele foi
paciente para me ouvir e ainda fazer massagens nos meus pés,
enquanto me deliciava com meu vinho marsala favorito. Ele ficou
muito chateado quando contei sobre Celina e decidimos agir
legalmente da maneira que podíamos para afastá-la.
— Ainda bem que, agora, se livrou de encontro às cegas
marcado por amigos. Acho que o cunhado queria se livrar dela. Eu
me sinto mal, porque acho essa história de rivalidade feminina um
saco, o meio que trabalhamos já é competitivo o suficiente e por
incrível que pareça, muitos homens lucram com o fruto do nosso
trabalho. Ela escolher perder tempo sabotando minha carreira,
implicando comigo por sua causa, é antiquado e me entristece.
— Você não fez nada para merecer isso. Eu sinto muito. — Ele
se inclinou e me deu um beijo. — Não é justo ficar triste em um
momento da sua carreira que merece muita comemoração. Lidarei
com Celina agora, sei que me pediu para ignorarmos, mas ela podia
ter te machucado com aquela tesoura. Sorte que você tem um
reflexo muito rápido.
— Sorte de ter nascido depois de sete irmãos implicantes que
gostavam muito de me perturbar e tive que desenvolver habilidades.
Um brinde a isso.
Pegamos nossas taças e brindamos, mas ainda havia em mim
um sentimento ruim de que Celina ainda não iria parar.
27 | Cat.
Pela primeira vez na vida entendi a importância do preparo
físico para uma maratona. No meu caso, era apenas um dia inteiro
de trabalho, comendo pouco e sem pausas de descanso. Eu fiz
dieta, malhei, mantive a cabeça no lugar e estudei o roteiro para
fazer bonito. No entanto, ao acordar, parecia que estava quebrada
em vários pedacinhos. Louis e eu comemos pizza e quando
comecei a falar besteira, me trouxe para cama e me fez dormir.
Tateei a cama, procurando-o e seu lado estava frio. Ouvi um
barulho no banheiro, ele saiu secando o cabelo e me deu um
sorriso.
— Bom dia, meu amor. — Abri os braços. Ele deitou em cima
de mim. — Que cheiroso… vai sair?
— Combinei de treinar com Gadot na academia. Quer vir?
Depois eu posso te levar naquele lugar que tem o café americano
que ama — falou contra meu pescoço, distribuindo beijos.
— Eu quero o café, mas não vou treinar. Estou exausta. —
Acariciei suas costas ainda meio molhadas e desci as mãos para
sua bunda, apertando. Ele riu e me mordeu.
— Fique na arquibancada.
Levantei para me arrumar, me agasalhando e me perguntei se
deveria sugerir passarmos as festas de fim de ano no campo.
Charlotte já havia cantarolado que não iriam para Rainland e
pretendia fazer uma ceia em casa. Um dia, iria me sentir apta para
oferecer um grande jantar, por mais que Louis tivesse funcionários
para isso, nós dois precisávamos fazer parte dos processos
natalinos da nossa casa.
— Você tem uma árvore de natal? — questionei enquanto
descíamos a escada.
— Não está um pouco adiantada?
— Sabe que essas coisas se montam antes e tem um ritual a
seguir. Eu amava o dia de montar a árvore em casa, era como um
evento e achei que tinha essa tradição também.
— Na casa dos meus pais sim, mas eu nunca fiz morando
sozinho. Se você quiser, nós teremos. — Ele pegou minha mão. —
Quero um presente de natal espetacular. Estou falando sério.
— Vou pensar em algo especial.
Na academia, Gadot contou a Louis sobre Celina, se
justificando por não estar perto. Ele não podia levar a culpa porque
eu era chata e não entendia a importância de ter um segurança.
Podia estar exagerando, mas Celina me deixou preocupada. Rasgar
um vestido de alta costura no meio de um dia de gravações parecia
uma traquinagem adolescente se ela não soubesse o quanto tudo
aquilo custava. Um atraso nas filmagens aumentaria todos os
custos.
Sentei na arquibancada com um livro, achando que com os
dois homens treinando eu conseguiria ler. Quando Louis tirou a
camisa, larguei a história e fiquei só olhando. Ele batia bem, era
bruto, estavam testando reflexos.
— Precisa de um babador? — Mel sentou ao meu lado.
— Só se você trouxe o seu.
— Ando com ele no bolso, menina — brincou e me deu um
abraço. — Como você está?
— Estou bem e com saudade das nossas conversas.
— Desde que voltei a trabalhar fora, ando cansada. Acho que
desacostumei, porque chego em casa, faço o jantar e normalmente,
durmo no sofá. Está me fazendo bem sair todos os dias, acho que
só preciso me acostumar.
— É assim mesmo, estou feliz que tenha decidido sair do
trabalho remoto para estar no escritório.
— A parte boa é que vejo Gadot com frequência. Ele sempre
passa para me ver e roubar uns beijos em algum corredor vazio.
Achei que a fase da lua de mel tinha se dissipado de vez com a
perda do bebê e todos os dias ele prova que não.
— Ainda bem que não é crime fazer coisinhas dentro da
agência. — Cutuquei-a, rindo.
Mel era a voz que controlava a equipe nas missões e era tudo
que eu sabia, porque a maior parte do trabalho deles era sigiloso e
eu evitava fazer perguntas para respeitar e não criar um clima
estranho. Eu tinha muita curiosidade, principalmente de saber como
Louis era na época de agente, saber que ele ficava disfarçado nos
lugares e até se relacionava intimamente dependendo do caso, me
causava ciúme e alívio que o reencontrei fora dessa vida.
O casal nos acompanhou no café da manhã e foi divertido.
Louis tinha trabalho a fazer e eu fiquei sozinha em casa, ruminando
pensamentos confusos que só me deixaram ansiosa e com
paranoias. Acabei comendo mais do que deveria. Eu odiava quando
não conseguia bloquear meus pensamentos inseguros.

Leigh me ligou pela tarde e parecia que havia sentido que eu


não estava muito bem.
— O que você está sentindo? O que te deixou tão mal depois
de um dia feliz? Imaginei que te encontraria cansada, mas não
triste. — Ela franziu o cenho do outro lado da tela.
— Celina tentou rasgar meu vestido, mas o que tem me
causado insegurança é tão estúpido que até sinto vergonha. Eu sei
que Louis não é mentiroso, só que… ele é homem. Eu não estava
aqui e o fato de ela estar tão ferida e vingativa me causa medo de
que nem tudo seja como ele me contou e eu possa sair disso ferida
— confessei baixo e contei a história toda. Leighton ficou em
silêncio. — Estou sendo injusta?
— Não exatamente, mas, você tem o direito de se preservar.
Ele deu algum motivo para não acreditar na palavra dele? Porque
por mais que estejamos acostumadas que homens mentem e traem,
alguém teria dado base à versão dela, certo?
— Uma amiga dela disse que Celina tem esse costume de
perseguir ex-namorados.
— Lembra quando a minha vizinha, Camille, disse que Greg
havia dado em cima dela em uma festa de natal aqui em casa?
— Lembro. Meu irmão nunca faria isso. Não o Greg… Benedict
eu nunca colocaria minha mão no fogo — brinquei um pouco. Eu
conhecia cada um dos meus irmãos e o que eram capazes de
fazer.
— Eu acreditei nele, porque o conheço e a conhecia também,
sabia que sempre foi do tipo que todos os homens do mundo são
apaixonados por ela. — Ela revirou os olhos um pouco. — Sei que
está com medo de se machucar e de acabar sendo injusta com
outra mulher, mas ela te fez ameaças explícitas com testemunhas.
O problema dela não é mais o Louis. É você. Não querer que “tenha
tudo”, como foram as palavras dela, não tem mais só a ver com ele.
É seu trabalho, é o destaque, é como as pessoas têm falado e te
elogiado. Você está em um lugar que muitas querem, ninguém sabe
da sua história e o quanto está trabalhando para ter todas essas
conquistas. Não deixe que nada fique no caminho dos seus sonhos.
— Obrigada por me ouvir. Sinto tanto sua falta. Tem certeza
que não quer vir morar em Londres?
— Esse arranjo não seria temporário?
— Estou construindo uma vida aqui com um homem que vive
aqui, então, acho que nossos filhos vão brincar juntos por chamada
de vídeo.
— Vaca.
— Te amo muito. — Soprei um beijo. Ela precisou encerrar a
chamada e olhei para os pacotes de chocolate amassados ao meu
lado do sofá. A pequena cólica me fez entender porque estava tão
sensível, esquisita, pensando besteira e duvidando de tudo ao meu
redor.
Minha menstruação, antes de descer, me humilhava com os
hormônios enviando sinais confusos. Recolhi o lixo e voltei para a
cama, me cobrindo, dormindo a maior parte do dia. Louis chegou e
me encontrou chorosa lendo um livro.
— Posso chegar perto ou vai me afogar em lágrimas? — Ele
tirou o casaco, colocando na poltrona. — Quer um beijinho?
— Quero que deite aqui comigo e tenha paciência que estou
com cólica.
— Eu sou o homem mais paciente do mundo!
Em alguns momentos sim, mas ele ficava exasperado com
minhas oscilações de humor quando se tratava do meu período
menstrual. Arqueei minha sobrancelha, mostrando que sabia a
verdade. Ele riu, sem vergonha. Foi se preparar para deitar,
escolhemos comer uma salada com massas mais tarde.
Louis me abraçou e deu um beijo barulhento no meu pescoço,
me fazendo rir. Ele ficou deitado atrás de mim, me perturbando se
demorasse a passar a página do livro.
— Acabamos de descobrir que não é nada romântico ler juntos
como nos filmes. — Dei uma cotovelada nele. — Como pode ler tão
rápido? Eu estou no segundo parágrafo e você quer virar a página!
— Ah! Estou acostumado a ler! — Ele deu de ombros.
— Como assim? E eu não? — Rebati, virando rapidamente.
Louis ergueu as mãos.
— Eu não disse isso, baby. — Ele moveu a boca, como se não
soubesse o que dizer. — Vou apenas te abraçar para não apanhar,
ok?
— É, ok. — Bufei e voltei para a minha posição de antes.
Podia sentir seu peito tremendo que ele estava lutando para
não rir, por mais que achasse meu humor ruim motivo de risadas, se
ele gargalhasse, ficaria ainda mais irritada sem motivo. Meus pais
sempre foram muito transparentes no relacionamento deles, eu
sempre sabia quando estavam brigados e ainda assim, nunca tive a
sensação de que eles iriam separar apenas porque não se
entendiam. Havia dias que Louis ficava quieto porque queria ficar e
eu tinha meus momentos também.
Minha tensão pré-menstrual não era para amadores e ele lidou
muito bem com minhas exigências, cozinhando e pedindo minhas
comidas favoritas. Em uma noite, tive cólica e ele massageou meu
ventre, segurando bolsa quente, me fazendo sentir culpa por estar
sendo má sem motivo e amando-o ainda mais por saber exatamente
como cuidar de mim.
— Você tem alguma coisa além da menstruação? Tenho te
achado meio esquisita.
— Acho que ainda estou cansada. Tive alguns pensamentos
ruins, mas já me resolvi em relação a isso. Talvez esses dias em
casa me ajudem a recuperar o meu bom humor. — Balancei os
dedos dos meus pés. — Agora, faça massagem nesse.
— Vai retribuir o favor? — Balançou as sobrancelhas, se
divertindo. Até parece que ia fazer qualquer coisa no estado em que
estava.
— Estou menstruada!
— Sua boca está ocupada? — Arqueou a sobrancelha.
— Estará quando eu morder seu pau e arrancar fora. — Sorri
de volta e ele parou, com um beicinho. — Qual é o propósito de ter
um namorado bonito e tatuado se não é para fazer massagens,
pegar água, pedir minha comida favorita e preparar meu café?
— Isso está me soando mais como função de funcionário, mas
vou deixar passar.
— Quer um quadro de funcionário do mês no corredor?
— Catherine… — Ele soou severo e lhe dei a língua.
Louis me deixou para tirar um cochilo e foi trabalhar. Ele ficava
tão quieto no escritório, que parecia que eu estava sozinha em casa.
Querendo fazer um mimo para ele, tirei um pão recheado do
congelador, coloquei no forno, preparei chá, organizei as fatias em
um prato decorado com pedaços de queijo, uva e ao lado, a xícara.
Subi a escada com cuidado, digitei o código e entrei. Ele
estava ouvindo algum compilado de áudios, fazendo anotações.
Deixei ao seu lado e estava pronta para sair quando ele ergueu o
rosto de repente e me assustou. Não fiz nenhum som para não
atrapalhar. Ele repetiu o mesmo trecho, como se precisasse
confirmar que havia ouvido certo e pausou.
— Puta merda! — sussurrou, parecendo incrédulo.
— O que foi?
— Acho que tenho o nome de uma testemunha.
— O que é essa gravação?
— Rádio dos bombeiros. Boa parte foi destruída, as fitas
estavam precárias, paguei uma empresa para tentar acertar ao
máximo. É por isso que tem tanto ruído e parece que tem um gato
arranhando um quadro no fundo. — Ele arrastou a cadeira e foi até
outro computador, digitando rapidamente. Bastaram alguns cliques
ele parecia ter descoberto algo. — Engraçado, eu sabia que
conhecia o nome. Está com as vítimas, confirmada na lista como
cliente, consumiu na casa, mas foi dada como morta. Como os
bombeiros disseram que ela saiu com os paramédicos consciente e
sem ferimentos?
— A cada minuto esse caso é uma reviravolta. Precisa de
ajuda?
— Não. Eu ainda vou ficar aqui, está bem? Obrigado pelo
lanche.
— Não me agradeça por isso. — Dei-lhe um beijo nos lábios.
— Te amo muito. Boa sorte.
— Eu te amo mais, baby.
Saí do escritório, torcendo que esse novo nome trouxesse o
desdobramento que Louis precisava para encontrar os culpados e
encerrar o caso. Ele precisava da justiça e de paz para seguir
nossas vidas, sem o medo de que Elton pudesse fazer qualquer
coisa a qualquer momento.
28 | Louis.
— Como está sua agenda amanhã?
Cat pegou mais um pouco de salada e me olhou confusa com a
pergunta. Esperei que mastigasse para me dar uma resposta. Servi
mais vinho nas nossas taças, pegando mais um pedaço da carne
assada porque estava deliciosa, macia, bem temperada e no ponto
certo de cozimento.
— Estou livre até a próxima semana. Trish achou que a equipe
ficaria cansada e forçou Britney a não fazer nenhum agendamento.
Por quê? Vai tirar folga também?
— Amanhã não, depois, sim.
— Podemos ficar no campo? — Sugeriu baixinho.
— Podemos. — Dei-lhe um beijo. — Amanhã quero te levar em
um lugar importante. Acho que vai ajudar a melhorar seu humor,
também.
— Surpresa?
— Sim, surpresa. Sei que vai amar e não precisa ir arrumada.
Ela ainda estava muito cansada de seu último trabalho e todo
vinho ajudou a dormir muito bem a noite inteira. Eu fiquei cochilando
e acordando, perturbado com a ideia de Celina surtar ao ponto de
machucar Cat, que não tinha nada a ver com a curta história que
tivemos. Foram encontros, eu nunca a pedi em namoro e apenas
justifiquei os motivos pelos quais não era ideal continuar nos vendo.
Não fiz promessas. Já fui babaca o suficiente, sendo o homem
que enchia os ouvidos de uma mulher com palavras bonitas para
conseguir o que queria, mas aprendi minha lição ainda novo. Alicia
sempre me alertou sobre meu comportamento e a maturidade me
fez enxergar o quanto mentiras poderiam ferir ambos os lados da
moeda. Eu tinha minha consciência limpa.
Se ela estivesse me atacando, faria muito mais sentido do que
perseguir Cat.

Levantei mais cedo, com fome e preparei o café. Cat desceu


atrás de mim, resmungando como uma bela manhosa que a cama
ficou fria e ela não tinha ninguém para abraçar. Até parecia que a
chutadora nata gostava que alguém ficasse perto dela durante a
noite. Sorte que eu não era fã de dormir agarradinho o tempo todo.
Nós comemos e saímos, ambos de jeans, camiseta e casacos.
A mídia havia diminuído um pouco o assédio, eu conseguia entrar e
sair sem ser interrompido. Com as malas prontas no carro, do
primeiro compromisso, eu iria levá-la até o escritório de Ethan para
que ficasse com minha prima fazendo coisas que mulheres fazem
juntas. Compras, cabelo e mil e uma atividades que parei de ouvir
na metade da lista.
— O que está rindo? — questionei ao vê-la sorrir para seu
telefone.
— Daphne está querendo matar meu irmão, está tão
engraçado. A parte boa é que ela jurou que nunca mais será má
comigo.
— O que Bruno fez?
— Parece que ele enviou mais de sete vasos de flores para o
trabalho dela e colocou um anúncio em letras neon em frente,
passando a cada um minuto. Eu nunca imaginei que os dois
começariam uma guerra.
— Acho que a nossa vingança se tornou uma operação cupido.
— Soltei uma risada, prestando atenção no trânsito. — Eles podem
mesmo se matar.
— Eu sei. Não estou preparada para ter uma cunhada raivosa
como Daphne. — Ela guardou o telefone na bolsa. — Já estamos
chegando?
— Sim. É em uma das casas aqui na frente… — Apontei e ela
se inclinou, animada, achando que era algum lugar com uma placa.
Estacionei do outro lado da rua, adorando sua expressão curiosa.
Segurando minha mão, com a bolsa no ombro, não fez perguntas
quando subi os degraus da casa e toquei a campainha.
A coordenadora do lugar estava nos aguardando, então, ela
abriu a porta sorridente. Cat leu o nome na blusa dela e sorriu,
entrando na minha frente. Fomos levados à sala onde as crianças
assistiam a um teatro infantil. Todos estavam sentados, rindo de um
homem usando uma fantasia de dragão e nós sentamos.
Cat adorou o teatro tanto quanto as crianças. Ela cantou e
bateu palmas, fazendo amizade com uma menininha que estava na
nossa frente e ficou apaixonada por ela. Foi um dia realmente
incrível, ver o quanto o amor das crianças trouxe luz à minha
namorada depois de um dia cansativo, que deveria ser feliz e ela
não conseguia não deixar que Celina estragasse.
Depois do almoço das crianças, levei-a para o escritório de
Ethan, onde Charlotte a aguardava com ansiedade. Elas ficariam
acompanhadas dos guarda-costas da minha prima, conduzidas por
carros blindados e monitoradas a cada instante. Eu tinha
importantes reuniões na parte da tarde com alguns sócios e depois,
com minha equipe sobre o avanço nas investigações particulares
em andamento.
Não me preocupei com Cat na rua porque sabia que a equipe
que ficava com a minha prima era uma das melhores do mundo e
estavam em constante treinamento. Meus advogados tinham muito
a falar. Às vezes, era um saco administrar o dinheiro dos meus pais,
de Alicia, Charlotte… e dominar todos os contratos da minha família.
E eu precisava incluir Catherine oficialmente na minha vida.
— Acredito que poderemos fechar o contrato com o sr. Marino.
A venda será finalizada em um mês e ele poderá ter acesso
completo ao local. Suas ações no empreendimento começarão a
render a partir do primeiro dia de inauguração.
— Parece ótimo para mim. Então, finalizamos?
— Sim, finalizamos. — Ele me deu um aceno, apertou minha
mão e rapidamente recolheu suas coisas para que os demais
pudessem entrar. Marli arrumou a mesa e trouxe mais café.
Aproveitei um pouco do tempo livre para olhar minhas
mensagens. Leonard estava muito quieto, o que era estranho, ele
não ficava um dia sem enviar piadas sem graça. O círculo ao redor
dele era muito pequeno. Deveria estar com muito trabalho. Já
Ethan, parecia que tinha tempo de sobra, porque não parava de
enviar besteiras. Cat me distraiu completamente ao enviar uma foto
de si mesma na frente de um espelho usando um biquíni bem
pequeno.
“Acho que precisamos de uma viagem à praia em breve”.
Eu concordava plenamente.
Ela usaria aquelas coisas bonitas o tempo todo e ficaria nua
em todo momento possível dentro do quarto.
Ciente que estava me afetando, não parou mais de mandar
fotos experimentando calcinhas e roupas de banho. Namorar uma
modelo era receber fotos caprichadas nas poses sensuais.
Principalmente porque ela sabia quais eram as partes do corpo dela
que me transformavam em um completo tarado.
Ryan discursava sobre seu caso, apresentando números e
avanços. Limpei minha garganta, me movendo desconfortável com
o quanto Cat estava me provocando. Seria uma longa reunião se ela
continuasse.
— Está tudo bem, Louis? — Marli conferiu.
— Sim. — Coloquei meu telefone com a tela virada para baixo.
— Continuem.
Eu me concentrei e ainda tive cabeça para encontrar com o
guarda-costas de Alicia. Ele entrou no trabalho ciente que estava
protegendo alguém que não queria ser protegida, era independente
e não aceitava ser contrariada, ainda assim, minha tia estava
provando ser uma pedra no sapato complicada de lidar.
— Ele ainda está perseguindo-a. Encontrei esses e-mails na
caixa de spam. — Ford me entregou uma pasta com vários papéis.
— Fiz o que me pediu e descobri mais sobre uma das identidades
dele. Foi acusado de estupro de menor em uma escola que
começou a trabalhar como treinador de equipe. Eu tenho um plano
para pegá-lo.
Ford trabalhou por muitos anos como um fuzileiro e se tornou
um especialista em segurança pessoal, trabalhando para várias
pessoas famosas em ações específicas. Eu ouvi seu plano e
concordei. O psicopata que resolveu perseguir minha tia precisava
desaparecer das nossas vidas para sempre.
Já estava bem tarde quando peguei o carro e segui para
casa… fora da cidade. Me peguei surpreso em não chamar o local
de campo ou casa do meu tio. Eu chamei de casa. Ainda sentia uma
dor na boca do estômago sempre que passava pelos portais, mas
conseguia ficar ali e sentir conforto para descansar. Estacionei na
frente, entreguei a chave para o funcionário levar para a garagem e
com minha pasta, entrei.
Cat estava na sala de televisão próxima ao nosso quarto no
segundo andar, já de pijama, deitada no sofá e assistindo a um
romance.
— Você chegou! — Pulou do sofá pelo encosto e se jogou em
mim.
— Oi, baby! Foi um longo dia…
— Eu sei, imagino. — Me abraçou apertado. — Quer comer? A
cozinheira fez um delicioso frango assado. Montei um prato para
você e deixei no forno, caso estivesse com fome.
— Comi um sanduíche a caminho de casa, estou bem.
— Casa, é?
— Quieta. Como foram as compras?
— Maravilhosas… — cantarolou e puxou minha gravata. — Por
que não vai ter seu momento sozinho e eu te mostro uma das
coisinhas incríveis que comprei?
— Eu vou e já ficarei nu.
— É bom economizar meu tempo. — Me deu uma piscada
marota encantadora.
Fui para o quarto, deixando minha pasta de trabalho em cima
do sofá, tirei a roupa e tomei banho. Cat e eu decidimos separar
algumas das nossas coisas para deixar ali sem precisarmos fazer as
malas cada vez que fôssemos ficar na casa. Eu já tinha pijamas e
cuecas, como a intenção era não usar roupas, não levei nada para o
banheiro.
Eu estava escovando os dentes quando Cat passou por mim
correndo e ajoelhou em frente ao sanitário, vomitando. Cuspi
rapidamente, parando ao seu lado e levantei seu cabelo. Ela nunca
passava mal, não esteve doente, só podia ter comido alguma coisa
estragada.
— Ei, calma. — Acariciei suas costas enquanto tossia, sem ar.
Cat sentou no chão, tremendo tanto que pensei que estava tendo
algum tipo de colapso. — Baby, o que houve?
Ela começou a chorar, me puxando, desesperada e eu só a
abracei.
— Fala comigo. O que está acontecendo?
— Meu telefone. — Sua voz saiu baixa, falha. — Está no meu
telefone.
Ainda tonto e sem entender, levantei, ajudei que lavasse a
boca a parecendo que estava sem forças, se jogou no sofá. Peguei
seu telefone, ainda enrolado na toalha e li a última mensagem que
recebeu. Não havia identificação do número, apenas um texto:
PAGUE OU ESSAS FOTOS ESTARÃO POR TODAS AS MÍDIAS.
Em anexo, fotografias dela completamente nua.
— São as fotos do Frank?
— Sim.
— Você não disse que não aparecia seu rosto?
— O resultado não aparecia o meu rosto, mas elas não
tratadas como foram enviadas aí, aparecem. Frank jamais seria
descuidado, ele não poderia apagar até que o contrato de backup
fosse encerrado. — Ela abraçou as pernas. — Fala alguma coisa.
— Catherine… — Eu não sabia o que falar. Minha mente
estava fervendo ao ponto de que minhas têmporas latejavam.
— Se isso parar na mídia britânica, ninguém vai querer saber o
propósito. Eu não me arrependo, mas estava em contrato que meu
rosto jamais apareceria. Estou assustada.
Aquelas fotos me irritavam desde que soube da existência.
Frank era profissional, eu podia implicar com ele, mas sabia que era
leal de verdade a Cat. Jamais entregaria essas fotos para qualquer
um, até porque, afundaria sua carreira que estava despontando. Ele
teve os arquivos roubados e alguém, muito intencionalmente, estava
chantageando minha mulher.
— Vamos lidar com isso. — Sentei ao seu lado.
— Iremos pagar? Não sei o que fazer. Estou em pânico —
sussurrou e suas mãos tremiam. Segurei seus dedos e beijei. — Me
diz o que fazer.
— Nós não pagaremos. Vamos ganhar tempo, não tem
nenhuma informação de entrega de dinheiro, o que significa que
enviarão mais mensagens e isso é indicativo de que querem brincar
com suas emoções. Não se desespere, você tem a mim e não está
sozinha.
— Não quero te envergonhar. Se essas fotos vazarem, sua
carreira… as nossas carreiras!
— Eu não me importo com isso, Cat. Seja o que for, vamos
atravessar por isso juntos.
Ela fungou, com o rosto todo molhado e deitou a cabeça no
meu ombro. Abracei-a e beijei sua cabeça, esfregando os braços e
rapidamente pensando em uma alternativa. Não podia confiar em
ninguém ao meu redor, nem mesmo no serviço de tecnologia do
meu escritório. Poderia ser qualquer um e dada minha experiência
com chantagistas, sempre eram aqueles que conviviam com as
vítimas.
Fiz um chá de camomila para Cat conseguir dormir. Ela ainda
ficou chorando, abraçada com o travesseiro. Frank me ligou. Ele
também havia recebido uma mensagem parecida e de tão desolado,
ficou sem voz, querendo pagar desesperadamente para que as
fotos não fossem expostas. Minutos depois, William ligou, dizendo
que Trish estava em colapso. A equipe inteira estava sendo
chantageada e era alguém que sabia da proximidade dos três.
Olhando para o rosto inchado dela na nossa cama, lembrando
das fotos, esfreguei minha nuca, pensando que só havia uma
pessoa de extrema confiança que poderia me ajudar.
Liam.
Ele me atendeu. Aquele homem sempre atendia o telefone,
não importava a hora e em poucas palavras, avisou que estaria
chegando o mais rápido possível para me socorrer. Eu faria o que
fosse preciso para proteger Cat de qualquer exposição, de qualquer
mínima coisa que a ferisse e voltasse a chorar ao ponto de partir o
meu coração.
29 | Cat.
Meus olhos ardiam tanto que pareciam estar com areia
embaixo das pálpebras inchadas. Sentada no sofá, abraçada com
as minhas pernas, eu olhava fixamente para meu telefone, com
medo que tocasse novamente com mais chantagem ou com as fotos
na mídia.
Frank estava com os contratos, nosso antigo agenciador
preparado para qualquer eventualidade assim como os donos da
marca de produtos íntimos que, na época, achei incrível posar nua
para o marketing de um vibrador com a mensagem conceitual do
prazer individual da mulher.
Eu não me arrependia, porque acreditava no trabalho, o
dinheiro foi bom e eu estava segura que as fotos com meu rosto
nunca viriam a público. Elas sequer foram entregues aos clientes.
As originais, por contrato de backup (a necessidade de refazer
qualquer edição ou alteração no produto final) ainda o obrigava a
manter.
— Não chore mais, seu rosto está todo sensível. — Frank me
entregou um lenço.
— Achei que o detetive enviado foi meio grosseiro, como se
não pudesse acreditar em nós. Ele nos chamou de “vocês,
americanos”. Pensei que Louis fosse bater nele.
— Eu também, ainda bem que não estou maluco. — Frank
recostou ao meu lado. — Não me importo que ele fique me
chamando de americano. Tem babaca com imigrante em todo lugar,
eu só quero que ele faça o trabalho dele ou se entenderá com meus
punhos.
— Apenas os seus? — provoquei, observando Louis retornar
para a sala com duas canecas. — Foi tudo bem?
— Sim, a partir de agora, meu escritório lidará com toda parte
jurídica e Liam está chegando com William. Ethan virá à noite, com
Charlotte.
William se dispôs a buscar o amigo de Louis no aeroporto para
nós. Ethan e Charlotte gostariam de estar junto, pois eram nossa
família. Não tive coragem e não queria contar para meus pais e
irmãos, eu não atendi nenhuma das ligações, apenas disse que
estava ocupada e cansada para falar por vídeo. Minha sorte foi que
eles eram compreensivos e não do tipo insistentes.
— Trouxe chá para vocês. — Ele me entregou uma caneca e
deu outra para o Frank. — Ainda está tremendo, Cat. Beba um
pouco e vamos deitar. Eu fico com você.
— Tudo bem. Você vai ficar bem, Frank?
— Vá descansar, minha musa. Estou bem aqui, talvez eu vá
para o meu quarto também — Frank me respondeu com carinho.
Não dormi muito desde que a mensagem chegou e meus
nervos estavam sendo controlados à base de medicação e chá. Não
conseguia parar de tremer. Peguei meu telefone e fiquei repassando
as fotos com as crianças, ainda absorvendo um pouco de todo amor
e alegria que elas me deram em uma única visita.
Eu adoraria visitar mais vezes, mesmo não sendo muito
permitido para que elas não criassem vínculo emocional com
adultos que poderiam não aparecer mais.
Aquele projeto era lindo, acolhedor e eu senti muito orgulho de
Louis por financiar a casa e o sustento das crianças. Eu decidi doar
parte dos meus cachês e anunciar publicamente meu financiamento,
para que outras pessoas também pudessem conhecer e ajudar
aqueles pequenos, que mereciam ter o mundo inteiro.
Louis ficou deitado comigo até que seu amigo chegou. Ele saiu
do quarto primeiro e eu fui me vestir novamente, tirar o pijama,
prender o cabelo e escovar os dentes. Antes que pudesse sair, parei
na frente do espelho e respirei fundo algumas vezes, tentando me
controlar.
Na sala, Louis estava com um homem alto, de cabelos
raspados em um corte militar padrão, que usava terno e gravata e
uma expressão séria que era capaz de trazer um arrepio pela
espinha. Quando ele me viu, abriu um sorriso que o fez parecer um
grande urso confortável e esticou a mão, apertando a minha com
delicadeza. Frank olhou para mim e gesticulou um abano,
apontando para a bunda de Liam. Sufoquei a risada, me
apresentando com educação.
Liam não era um homem de perder tempo. Ele estava ali pela
amizade e companheirismo que tinha com Louis e Ethan. Até
reproduziu um áudio de Simon, que era o mais eremita de todos, foi
viver na Escócia e ninguém o encontrou pessoalmente depois do
casamento de Ethan. Era lenhador, vivia em um antigo castelo e não
se preocupava com o mundo fora dos seus muros.
Justin era pai e marido, casado e vivia no Canadá, mas
também se colocou à disposição de estar ali por nós. Senti muita
gratidão.
Louis o levou para um escritório e Liam garantiu que não
precisava ver as fotos para pegar um rastro e encontrar quem
estava me chantageando. Como ainda não havia recebido nenhuma
informação de pagamento, ele acreditava que a pessoa poderia
estar brincando comigo com a intenção de lançar as fotografias na
internet.
Era tudo que eu queria evitar. Uma coisa era postar fotos
minhas nua em trabalhos conceituais porque eu queria, outra era
uma pessoa desconhecida invadir minha privacidade e expor. Até
porque, aquelas fotos pertenciam a um trabalho que foi adaptado
para aceitação do público. Jogar aquilo na internet era a prova do
quão longe o ser humano podia ir por falta de caráter.
— Nós iremos encontrá-lo e deletar as fotos do servidor. —
Liam me tranquilizou.
— Mesmo que ele venha fazer novas ameaças com uma
possível cópia, temos provas de uma denúncia e seu depoimento.
Com um nome exposto, agiremos com um processo. — Louis
esfregou meus braços, dei um aceno para mostrar que havia
entendido, mas ainda estava com o estômago torcido de ansiedade.
— Vou ver o que a cozinheira está preparando para o jantar e
esperar Charlotte na outra sala. Se precisar de alguma coisa…
Estava tudo certo na cozinha e o jantar não sofreria atrasos. A
governanta estava organizando o quarto do nosso visitante e eu mal
terminei de falar com elas quando ouvi a porta da frente ser aberta
pelo mordomo. Ethan e Charlotte entregaram seus casacos e me
abraçaram apertado.
— Eu sei o que você está sentindo. Liam nos ajudou com a
mesma coisa ano passado. — Ela acariciou minhas costas. — Ele
vai conseguir deletar tudo.
— Sinto muito, Cat. Isso vai passar. — Ethan deu um beijo na
minha testa.
— Obrigada, Ethan. Eles estão no escritório menor, que era
usado para a duquesa — avisei e ele deu um aceno, subindo a
escada. — Frank está perto do meu quarto. O jantar vai ser servido
em breve. Por que não trouxe Moana?
— Ela estava deitada na cama da nossa governanta assistindo
televisão e não quis sair. — Charlotte sorriu e me deu vontade de rir
que uma cadela tinha suas vontades e era mimada por todos. Até
mesmo pelos funcionários da residência. — Você e Louis, assim que
desacelerarem, devem adotar um cão. Não parece, mas ela mudou
nossas vidas.
— Eu sei. Nós queremos, só ainda não organizamos nossa
casa para receber um. Louis quer cobrir o sofá, que é branco e
sabemos que é impossível a história de impedir um cachorro de
subir nos móveis.
Frank abriu um sorriso enorme ao ver Charlotte e se uniu a ela
para melhorar o humor da casa inteira. Ela tirou de sua mochila a
máquina de karaokê portátil, conectando à minha televisão.
Enquanto os homens trabalhavam a portas fechadas no escritório,
nós cantamos do lado de fora. Cada um imitou uma diva da música
diferente, Frank nos enrolou com lençóis para fingir que eram
vestidos de gala.
Ouvindo a bagunça, uma funcionária subiu com uma bandeja
com suco, vinho, um balde de gelo e taças. Louis apareceu na sala,
me olhando com diversão. Cantei e dancei para ele, nas notas mais
altas, enfiou os indicadores nos ouvidos fingindo que era
insuportável ouvir minha voz. Ele agarrou minha cintura, e fiquei
cantando até a música terminar.
— Alguma novidade?
— Liam conseguiu encontrar o rastro. Não foi ninguém
profissional e para meu alívio, nenhuma pessoa que trabalha
comigo ou com você diretamente.
— É com o Robert ou alguma marca que já trabalhei?
— Não e sim.
— É normal esse suspense? Fala logo! — Charlotte
arremessou uma almofada em Louis. Ele estava calmo, seu olhar
era de alívio, então, eu estava bem.
— Liam encontrou quem invadiu e roubou as fotos no
computador do Frank. Foi contratado pela Celina, baby. Ela o pagou
por transferência bancária.
— Você nunca contou a ela o que fazia de verdade? — Franzi
o cenho, confusa. Se eu fosse chantagear Louis, precisaria me
esforçar um pouco mais para não ser pega.
— Não com todas as letras. A maioria das pessoas pensa que
sou apenas um advogado caro, sem entender os motivos pelos
quais eu posso cobrar tanto. — Ele beijou minha bochecha. — Já
enviei tudo para Marli formalizar um processo e Ryan assinará no
meu lugar, mas eu estarei por trás de tudo. Se ela ousar, irei contar
à imprensa sobre a chantagem e o que andou fazendo. Serei
obrigado a colocar todo mundo que presenciou o assédio dela em
um tribunal, porque estou disposto a limpar a conta bancária de sua
família.
— Caramba.
— Fiquei excitado — Frank murmurou.
Perdi minha linha de pensamento e caí na gargalhada. Louis
ficava tímido com as orelhas vermelhas e não as bochechas.
Escondendo o rosto entre meus seios, soltou uma risada. Me soltei
dos lençóis e pulei da mesinha que estava usando como palco para
minha cantoria.
— E agora?
— Agora… Celina vai receber uma visita do Ryan em pouco
tempo. Ela e o pai serão notificados que nós sabemos que é ela. Eu
ainda estou considerando se devo lembrar ao pai dela que sei de
muitos segredos de muitas pessoas. Acabou, baby. — Louis me
segurou e eu pulei no lugar, feliz que estava tudo às claras.
— Desculpa você ter feito seu amigo vir de longe e não poder
envolver sua equipe de trabalho, mas eu estou muito grata por você
ter me apoiado a cada segundo e movido céus e terra por mim. —
Segurei sua camisa e puxei, beijando sua boca. — Te amo
incondicionalmente.
— Tudo por você. Eu não te chamaria de minha mulher para
ser um cuzão e te deixar sozinha quando mais precisasse. — Ele
me pegou pela cintura e ergueu-me em seu colo, cruzei minhas
pernas ao redor de seu quadril.
— Não queria estragar o momento, mas já que vocês vão
transar, posso voltar a cantar Britney agora? — Frank estalou os
dedos atrás de nós. Louis me deu um beijo e me colocou no chão.
— Não vamos transar agora — Louis avisou. — Talvez mais
tarde precise colocar um travesseiro na cabeça para abafar o
barulho.
Bati em seu peito, rindo, porém, não neguei. Entreguei o
microfone para Frank e com mais motivos para comemorar, me
enrolei no lençol novamente e voltei para minha festinha com meus
amigos. Liam ainda demorou a ficar conosco, ele era muito
metódico e estava cobrindo todas as bases, principalmente porque
haveria um processo judicial. Quando chegou, nós ficamos um
pouco mais comportados.
Ethan serviu a ele um conhaque que na minha opinião, tinha
gosto de madeira com canela, mas os homens adoravam e ficavam
com poses de verdadeiros degustadores.
— Quando será a minha vez de cantar também? — Liam
questionou com seu jeito todo bruto. Ele era grande até para minha
poltrona.
— Vou colocar seu nome na próxima rodada! — Charlotte
pegou o bloco.
Eu não sabia muito sobre a vida de Liam. Louis era discreto
sobre a história em particular desse grupo, qualquer outro, ele era
um belo fofoqueiro. Não importava quem era ou como vivia, a única
coisa que sentia era muita gratidão.
Como eu estava meio bêbada, Louis me levou para a cama no
começo da madrugada. Ele tirou minha roupa e me colocou para
dormir.
— Eu queria mesmo montar em você, mas o quarto está
girando.
— Fico feliz que reconheça, porque eu não quero ser vomitado
durante o sexo. — Vestiu meias nos meus pés. — Prontinho, vá
dormir.
— Viu como eu colaborei com você me vestindo? Lembre disso
quando fica bêbado com Ethan. Sua perna pesa trinta quilos cada.
— Claro… tentarei lembrar disso quando estiver bêbado. — Ele
me cobriu. — Durma. Sua garganta não está doendo por atingir
aquelas notas altíssimas?
— Minha garganta está perfeita para continuar com mais
cantoria amanhã.
— Deus me ajude. — Pulou para o seu lado, a cama sacudiu e
tudo girou. Fechei meus olhos, respirando fundo para não ficar
ainda mais enjoada. Louis apagou a luz e começou a rir. — Ainda
sem acreditar que a louca da Celina pagou um hacker de merda,
conhecido da governanta pessoal dela, para invadir o computador
do Frank, Trish e até o seu, mas só conseguiu encontrar algo
revelador no dele. Usou a rede de wifi da agência.
— Ela será presa?
— Não. Devidamente processada, sim. Um escândalo
envolvendo seu nome e sobrenome irá fazer com que a família a
controle. Acredito que depois que for a público, outros irão se
manifestar. Liam encontrou pagamentos de um empresário que
conheço de vista e ele chegou a trocar mensagens sobre uma
chantagem dela e pagou por um tempo, até que ameaçou expor e
ela recuou.
— Deve ter muito mais. Talvez ela tenha se feito de louca para
viver com dinheiro de chantagem. Existe golpe para tudo… é como
o maluco que está perseguindo Alicia — comentei, olhando para o
alto. — Parece que é difícil encontrar uma pessoa normal e tranquila
para começar e terminar um relacionamento apenas porque não deu
certo. — Suspirei e abri um sorriso, prestes a falar uma coisa que
iria enlouquecê-lo. — Se você bancar o ex-maluco, eu vou soltar
meus irmãos em você.
— Ex-maluco? — Louis sentou na cama. — Eu vou ficar
maluco se repetir que em algum dia serei ex. Que porra é essa? —
Ele estava indignado e soltei uma gargalhada alta. — Está
brincando comigo essa hora?
— Sem senso de humor?
— Quer que eu mostre meu senso de humor? — Me virou e
amassou minha bunda, fingindo que iria estapeá-la. Ao invés disso,
mordeu ambas as nádegas. — Peça desculpas e eu não farei
cosquinhas.
— Não ouse, Louis! — Me debati, falando entredentes. Eu
odiava cosquinhas.
— Baby Cat… ora, baby Cat! — Subiu os dedos pelas minhas
costelas. — Estou esperando. Peça desculpas e diga que sou o
gostoso supremo da sua vida.
— Não vou dizer esse absurdo!
— Absurdo? — ele guinchou enquanto eu ria. Seus dedos me
atacaram sem nenhuma pena. Eu gritei, me debatendo, tentando
fugir. Louis me segurou.
— Você é gostoso, eu te amo e por favor, pare! — Me rendi,
com lágrimas nos olhos.
— E as desculpas?
Droga.
— Desculpa?
— Foi bem baixo, mas serve. — Me virou e eu sorri, secando
meu rosto. Louis se inclinou sobre mim e me beijou. — Também te
amo, baby. Amo mais ainda quando está sorrindo dessa maneira, eu
não sei lidar com suas lágrimas e o rosto triste.
— Você é o motivo da minha felicidade.
Eu tirei a sorte grande em ter no amor da minha vida, um
companheiro, protetor e melhor amigo. Apesar das minhas
brincadeiras, ficaria com ele para sempre.
30 | Cat.
Dei um pulinho com a espetada de Ellis na prova do vestido
que estava experimentando para o baile dos Marino. Recebi
propostas de milhares de estilistas, modelos de vestidos e alguns
até exclusivos, mas Ellis era como eu: lutando no mar da
concorrência para ter destaque. Mesmo namorando um homem
famoso, ela estava começando e não tinha muitas das suas peças
em tapetes vermelhos.
— Esse modelo ficou perfeito em você! — Ellis comemorou,
com milhares de alfinetes presos em almofadas na sua cintura. O
vestido era azul claro com detalhes em amarelo, o forro vermelho e
tinha um corte agradável nos seios que me deixou com um decote
bonito. — Vou ajeitar e logo poderá levar. Quer beber alguma coisa
enquanto espera?
Tirei o vestido com cuidado e ela levou para sua mesa. Me
vesti novamente, soltando meu cabelo e esperei na poltrona,
bebendo água e mexendo no telefone. Louis estava desde cedo
sem responder minhas mensagens, muito ocupado no escritório.
Desde que retornamos do campo, ele entrou em uma maratona
confusa, saindo cedo, chegando tarde e eu mal o via se não ficasse
acordada, esperando-o.
Em alguns dias, ele chegava e queria conversar, me acordava
e ficávamos na cama colocando o assunto em dia. Ou a conversa
era sexo. Não importava nossas ocupações, nós sempre tínhamos
tempo para fazer amor. Estava com pena do ritmo maluco que
andava levando só para conseguirmos tirar férias logo que seu caso
terminasse.
A “testemunha” era promissora. A mulher foi encontrada na
Irlanda e enviada para Londres, segundo Louis, era mais alguém
que viu o ocorrido. Ela fazia parte. Só não havia admitido, mas tudo
que havia falado até o momento era promissor o suficiente para
fazer com que a cidade parecesse que estava sob um terremoto.
Liam ficou mais um dia, só para analisar os cheques de
pagamento enviados a ela e foi anexado como consultor particular
do caso. Não era a primeira vez que Louis usava os serviços da
empresa de Liam em processos que estava investigando.
Frank me enviou uma mensagem, dizendo que havia
convocado uma equipe de beleza para me arrumar para o baile.
Como seria muita gente, Louis não queria na nossa casa e reservou
uma suíte em um hotel no qual combinamos de usar a banheira
linda e beber bastante champanhe como nosso próprio baile
particular.
Era o primeiro evento muito chique da minha vida, até solicitei
um talão de cheque no banco para poder fazer pagamentos. Nunca
me senti tão adulta. Junto com Frank, arrumei as coisas, levei para
o hotel e organizei tudo para a minha arrumação começar bem cedo
no dia seguinte. Meu amigo me deixou depois de dividirmos uma
garrafa de vinho, tomei banho e me envolvi no roupão grande,
admirando a noite através das janelas de vidro enormes.
Louis chegou depois da meia noite, tirou o casaco, pendurou e
apoiou a pasta na mesa. Ele andou diretamente até mim, me
abraçando por trás e segurou meu cabelo, virando meu rosto e
tomando minha boca com desejo e repleto de saudades.
— Isso é uma boa maneira de chegar em casa. — Suspirei
contra seus lábios.
— Era tudo que queria fazer o dia inteiro. — Encostou a testa
no meu ombro.
— Quer que eu prepare um banho especial?
— Vai entrar comigo?
— Não ficaria de fora de maneira alguma. — Agarrei o controle
e abaixei as persianas. Por mais que o hotel dissesse que não era
possível ver dentro do quarto do lado de fora, eu não precisava de
mais ninguém dizendo que tinha fotos de momentos íntimos meus.
O pai de Celina pediu a Louis desesperadamente que as
palhaçadas da filha dele não fossem parar em público. Louis não fez
nenhuma promessa e negou todos os pedidos dos advogados deles
que o processo deveria correr em sigilo. Ela não pensou nisso
quando resolveu me perseguir.
Enchi a banheira, preparando a água com sais de banho e
servi vinho generosamente na taça. Eu adorava quando ele cuidava
de mim, mas eu amava mais ainda poder cuidar dele. Enchê-lo de
mimo era meu prazer. Deixei que entrasse primeiro e lhe fiz uma
massagem nos ombros, ouvindo-o contar que a testemunha (ele
não me dizia o nome dela de propósito) entregou mais informações
sobre a missão da noite. Ele nunca me falava os detalhes, apenas
queria desabafar e eu evitava fazer perguntas invasivas para nunca
ferir o sigilo.
Tirei meu roupão e com ajuda dele, entrei na água. Apoiei
minhas mãos em seus ombros e sentei em suas coxas. A banheira
era grande o suficiente para comportar um homem do seu tamanho
sentado, quase como uma piscina. Louis acionou o sistema que
deixava a água batendo e aquecida, bastante confortável para
permanecermos ali dentro só namorando.
O beijo dele era tudo para mim.
A maneira como a língua provocava a minha, os lábios doces
massageando os meus, era intenso. Podíamos ficar muitas horas
daquela maneira. Transar beijando era incrível. Louis me ensinou
diversas posições e juntos, aprendemos muito sobre o que o outro
gostava no sexo. Minha inexperiência nunca foi pauta para ele me
forçar a nada, eu era uma aprendiz muito curiosa e adorava pedir
novas coisas na cama.
Apesar de quieto e educado como o verdadeiro sonho de
contos de fadas, Louis era safado, adorava apimentar a relação e
depois de algumas conversas necessárias, entendeu que eu não
ficava excitada em um piscar de olhos e em dias que ele me
enfurecia, sexo era a última coisa na minha mente. Eu conhecia
muita gente que odiava estar em um relacionamento, mas eu amava
o meu e esperava evoluir cada vez mais ao lado dele.
Na manhã seguinte, Louis me acordou com um beijo na nuca e
um aperto na bunda.
— Já pedi o nosso desjejum — falou baixinho. — Frank logo
estará aqui fazendo muito barulho e querendo te deixar pronta para
brilhar no tapete vermelho mais tarde.
— Estou com muita preguiça.
— Nada disso. Levante.
— Deveria ter pensado nisso ontem, teria que dormir ao invés
da festa do sexo — falei contra o travesseiro. Ele apertou minha
bunda de novo e de repente, beliscou, começando a me irritar ao
ponto que saí da cama com raiva. Ele sabia o quanto meu humor
era volátil pela manhã.
— Bom dia, baby. Te amo! — Ele se jogou no sofá, rindo e já
vestido, colocou as pernas para o alto. Me preparei para receber a
equipe e eles chegaram junto com a comida.
Louis ficou no quarto enquanto Frank me transformava na
musa que ele acreditava que eu era para o evento da noite. Meu
cabelo ficou preso em um coque trançado com a franja dividida ao
meio, enrolada nas pontas e a maquiagem consistia em batom
muito vermelho, cílios postiços e um creme bronzeador com brilho
suave.
Foi o dia inteiro focada na arrumação, comendo enquanto
faziam coisas em mim. Louis começou a se arrumar trinta minutos
antes do horário de sairmos. Homens. Ele fez a barba enquanto
penteavam a minha sobrancelha.
— Esse vestido vai parar tudo. — Frank me ajudou a vestir.
— Espero que sim. Ellis merece.
— Vocês duas merecem. — Ele corrigiu e deu um passo para
trás. — Meu trabalho aqui está terminado. O quanto está magnífica
é impossível descrever.
— Te vejo no baile, certo?
— Eu não vou perder por nada nesse mundo. Não tenho
palavras para agradecer a Louis por conseguir um convite para mim.
Vou tirar foto com todas as pessoas famosas e mandar para minha
mãe. — Ele sorriu, empolgado e acenou, indo embora.
Louis apareceu no quarto vestido impecavelmente com um
smoking cinza escuro, os cabelos penteados para trás e tão
charmoso que eu poderia babar. Ele segurava uma caixinha azul
marinho.
— O que é isso?
— Algo que a futura esposa de um príncipe deve usar em um
jantar de baile.
— É mesmo? Quem disse isso?
— A senhora sua sogra. — Parou atrás de mim, abriu a
caixinha e tirou o colar, colocando na minha frente para que
pudesse ver. Abri a boca em completo choque. Era lindo. — Minha
mãe pediu autorização para que você pudesse usar uma joia real da
minha família.
— Nossa… quer dizer, uau. — Toquei as pedras grandes,
amarelas, adornadas com o que eu sabia que eram diamantes.
— É um empréstimo, pertence à organização que a família
representa, apenas as joias da família do meu pai que eu posso
usar à vontade, mas estão em um cofre. Eu ia pegar uma dessas,
mas ela sabia do modelo do vestido e escolheu.
— Eu mandei uma foto para ela e minha mãe. Foi a escolha
perfeita porque eu amei.
— Você está linda. — Beijou minha bochecha com cuidado
para não me borrar. — É hora de irmos. Cadê sua bolsa?
— Está pronta em cima da mesa. É apenas uma carteira.
Na dica, ouvimos uma batida na porta e a equipe de segurança
estava nos chamando para sair. Dessa vez, seríamos escoltados
pela guarda real de Hozenburgo, por ser formal ao Louis como um
príncipe e talvez pela joia pendurada no meu pescoço. O avô dele
era o Grão-Duque e com isso, havia toda a formalidade que Louis e
Alicia abriram mão para poder executar serviços fora, não ter que
prestar conta dos seus gastos pessoais e determinar até que ponto
a mídia saberia de suas vidas.
Para Louis foi mais fácil, ele nasceu na Inglaterra e a mãe não
trabalhava para a família desde o casamento. Já Alicia sofreu um
pouco de ódio, considerando que era a filha caçula e esperavam
que ela fizesse o papel de princesa que as duas irmãs mais velhas
não faziam. Apenas o único tio dele por parte de mãe estava
trabalhando para a família. Era bizarro ser escoltada por uma
guarda real, porque eles andavam quase marchando e anunciavam
tudo que iria fazer.
— Não ria.
— É muito difícil não rir e agora entendo porque nunca mais
quis fazer parte disso.
Demoramos a chegar no baile por causa do trânsito. Ao
chegarmos, fomos orientados a esperar esvaziar para que
pudéssemos entrar. A mídia gritou um pouco meu nome e era
estranho saber que muita gente sabia dele, não só por Louis, mas
principalmente pelo meu trabalho.
— Você está tímida? — Louis achou graça das minhas
bochechas vermelhas. Ele tirava fotos de mim o tempo todo,
principalmente se estivéssemos no campo, mas ali era muita gente
gritando para ter nossa atenção. — Olhe para frente, foque no nada
e coloque um sorriso no rosto. Já vai acabar.
Dei um aceno, respirando fundo e fiz o que me aconselhou. Um
minuto depois, entramos e eu tentei não parecer deslumbrada com
a decoração requintada. Os anfitriões cumprimentavam todos os
convidados.
— Ora, se não é meu novo sócio. — Sr. Marino abriu um
sorriso para Louis.
— Baby, quero que conheça meu cliente e agora sócio, Lucca
Marino.
— É um prazer conhecê-la, Catherine. Essa linda mulher ao
meu lado é minha esposa, Anna Grant-Marino.
— Você é a artista.
— Sim, sou eu. Estou deixando que o mundo me conheça
agora. — Anna sorriu. Lucca tinha razão. Ela era linda e com o plus
de ser muito encantadora. — Seu vestido é tão lindo! Se me permite
perguntar, quem é a estilista?
— Ellis Shay.
Nós nos afastamos para que o próximo casal pudesse entrar.
Anna prometeu me encontrar pela festa, por querer me conhecer
melhor já que nossos maridos teriam um negócio juntos. Louis
encontrou diversos conhecidos, era muita gente para apertar as
mãos e memorizar os nomes. Entre clientes, conhecidos da família
e pessoas famosas, fiquei um pouco perdida.
Frank chegou usando um terno dourado com uma gravata
laranja que me fez rir e aplaudir. Ele sabia como gerar atenção e era
mais engraçado ainda, pessoas acreditando que era famoso,
pedindo para tirar foto com ele e caindo nas histórias que inventava.
— Se ele for preso por calúnia, eu vou matá-lo por me fazer
sair daqui para tirá-lo da cadeia — Louis cochichou no meu ouvido.
— Ele não vai ser preso — garanti e segurei o braço de Frank.
— Me acompanha até o banheiro? Estou sentindo que meus seios
estão escorregando.
Louis avisou que ficaria no mesmo lugar e segurei a mão de
Frank, atravessando o salão e um dos guardas também nos
acompanhou. Meu amigo e eu entramos no banheiro sozinhos, ele
me ajudou com o vestido e prendeu novamente.
— Vou aliviar minha bexiga.
— Estarei te esperando no corredor. — Ele ajeitou a gravata no
espelho e saiu.
Me equilibrei com o salto, o vestido embolado na cintura e no
alto, para não sentar no sanitário. Estava bem limpo e cheiroso, mas
preferia não arriscar. Lavei minhas mãos e abri a porta, procurando
por Frank e o guarda. O corredor estava completamente vazio, o
que era estranho, eles deveriam estar ali me esperando.
— Frank? — chamei mais alto. — Eu vou te matar se me
deixou sozinha para voltar à festa!
Ouvi um som atrás de mim, virei e tudo ficou escuro.
31 | Louis.
Bailes de gala eram comuns na minha vida desde as fraldas.
Com o passar do tempo, se tornaram mais do mesmo. Aquele era
especial justamente pelo olhar de admiração da Cat em um mundo
que ela desconhecia. Em pouco tempo, também passaria a ser
comum, mas eu amava quando descobríamos coisas juntos.
Deslumbrante ao meu lado, todas as atenções eram dela, minha
paixão era tanta que só sentia orgulho.
O local estava cheio de conhecidos, foi fácil passar de roda em
roda, fomos atribuídos a uma mesa agradável com Frank e mais
dois casais simpáticos. Cat fez suas doações e nós comemos, ela
beliscou minha comida como fazia em casa e não quis que eu
pegasse um pouco das suas batatas. Depois da pista de dança ter
sido liberada, fomos para o bar e ela pediu licença para ir ao
banheiro.
Apesar de estar prestando atenção na conversa ao meu redor,
eu ainda estava atento ao fato de que ela e Frank não retornavam.
Pedi licença e fui até o guarda real mais próximo, pedindo a
localização do outro guarda que a acompanhou, para saber o que
havia de errado. Ele perguntou na comunicação e não obteve
resposta.
— Por que eles não respondem?
— Temos um problema, senhor.
De repente, eu fui cercado pelos guardas e escoltado para um
corredor vazio, assim eles não respondiam minhas perguntas.
— Me soltem! Que porra está acontecendo?
— Dois guardas foram abatidos, senhor. Não encontramos sua
noiva — o chefe da comitiva me respondeu friamente.
— O que? Cadê a Cat?
— Nós não a encontramos.
— PROCUREM POR ELA AGORA!
— Temos que protegê-lo primeiro, é o nosso protocolo.
Catherine não era legalmente minha esposa para que a equipe
a priorizasse.
— Foda-se! Me soltem!
Corri pelos corredores, procurando pelo banheiro desesperado
e não encontrei nada. Vi sua bolsinha caída em um canto, com o
celular, o batom e documentos. A partir dali, fui empurrando as
portas abertas, gritando por seu nome. Eu não percebi direito
quando os seguranças do baile juntaram-se a mim nas buscas, eu
mal conseguia falar, apenas seguia meu instinto e gritava.
Ela não estava em lugar algum. Muito menos Frank. Os dois
guardas foram encontrados desacordados em um armário. Eles
disseram que foram surpreendidos por trás e não viram quem fez o
ataque. Lucca me deu acesso à sala de segurança e descobrimos
que a câmera estava em looping, não registrando nem mesmo
nossa busca pelas salas.
Tremendo, enfiei meu telefone no bolso e liguei, pedindo ajuda.
William não entendeu direito, percebi que não estava falando nada
com nada. Lucca agarrou meu telefone e explicou. Eu precisava me
acalmar para encontrá-la.
Encostei minha testa na parede, silenciando o medo, a
ansiedade e o pânico que estava me consumindo e paralisando.
Fechei meus olhos, respirando fundo e me concentrando. Abri os
olhos novamente e organizei meus pensamentos. Teria sido Celina
em retaliação ao processo? Ou Elton conseguiu voltar a Londres
sem ser visto, ao descobrir que havia encontrado sua namoradinha
e ela estava sob custódia, depondo em troca de uma redução de
pena.
Meu telefone tocou na mão de Lucca e ele ficou pálido,
olhando para a tela e esticando em minha direção. Era uma
mensagem com uma foto dela jogada em um porta-malas,
desacordada e amarrada.
"Você por ela."
Em seguida, o endereço de um porto com a ordem de ir
sozinho.
— Você vai? — Lucca se assustou.
— Eu vou. Eles querem a mim e farei a troca… mas eles
podem matá-la do mesmo jeito, então, entregue o endereço aos
meus amigos dez minutos depois que sair daqui. Se eles chegarem
antes de mim ou junto comigo, poderão matá-la. — Agarrei o braço
de Lucca. — Me prometa que fará isso.
— Isso é loucura, mas eu também faria tudo por minha mulher.
Eu prometo.
— Ótimo. Despiste meus guardas, sairei escondido pelos
fundos.
— Tome um dos meus carros. — Lucca sinalizou para seu
homem de confiança e ele entregou uma chave. — O carro está no
estacionamento dos fundos. Foi parado ali para uma emergência.
Agarrei a chave e enquanto Lucca distraía minha equipe, eu
simplesmente corri porque não importava se era uma emboscada,
se eu acabaria morto, qualquer possibilidade de salvar a mulher da
minha vida não seria ignorada. Eu estava desarmado e usando um
smoking, correndo pela cidade para chegar ao porto o mais rápido
possível. Aquele lado da cidade era perigoso, pouco monitorado,
mesmo com um porto ali.
Virei bruscamente no porto e precisei frear, com uma van
parada no meio do caminho. Homens armados pularam dela,
gritando para que deixasse o carro ali. Eles me pegaram com força
e acertaram um soco no meu rosto, arrastando-me por entre os
contêineres até um espaço mais vazio. Elton saiu de um dos carros,
com um sorriso arrogante e uma mulher arrastou Cat junto. Seu
vestido estava rasgado e ferida em mais de um lugar.
— Louis! — Ela chorou com a voz abafada pela mordaça. Seu
rosto ferido me machucou.
— Vai ficar tudo bem, amor — prometi e ela só continuou
chorando. — Estou aqui, Elton. Era eu por ela. Solte-a.
— Não vamos perder muito tempo aqui. — Ele se moveu à
frente e sinalizou para a mulher. Um homem puxou Frank do carro,
ele estava cambaleante, com o rosto ferido e havia tanto sangue
que sua roupa dourada estava completamente vermelha. Cat olhou
para o lado, tentou se aproximar e foi jogada para trás pelo cabelo.
Dei um passo adiante e o babaca ao meu lado me acertou com
o cabo de seu rifle bem na barriga. Cat gritou, gesticulando que eu
parasse, sua boca estava coberta com uma fita cinza. Olhei em
seus olhos, jurando que ela ficaria bem. Elton me queria. Ainda
havia esperança de que nos encontrariam a tempo.
— Anda, Elton! Cumpra com a porra da sua palavra, eu estou
aqui. Solte-a! Agora!
— Você não dá ordens aqui, Louis — Elton me respondeu com
um tom desinteressado, olhando para o telefone. — Para sua sorte,
é hora de irmos.
Um barco se aproximava lentamente do porto e era a fuga
deles.
— Leve a mulher e a Tinker Bell para fora — ele ordenou. Cat
tentou dificultar, gritando, se debatendo. — Ajoelhe-se, Louis. Talvez
você não lembre quando trabalhamos juntos e eu te disse que
algumas coisas precisam ser deixadas de lado. Você deveria ter
deixado o caso como a porra de uma tragédia que seria
rapidamente arquivada pela mídia. Sem você no nosso caminho,
isso vai acabar em breve. Eu meio que me sinto mal, já salvou
minha vida, mas sabe como é… amigos e negócios precisam ser
separados.
Fui colocado de joelhos à força, com as mãos presas atrás e
ouvi o grito de agonia da Cat. Eu virei brevemente para vê-la lutar
contra a mulher e o homem. Frank reagiu, eles se tornaram um
caos, unindo forças para se libertarem. Elton puxou meu cabelo e
colocou o cano de sua arma na minha testa. Seus olhos
encontraram os meus e fixei, desafiando-o.
Vamos lá, filha da puta. Me mate.
Eu vi o momento exato em que sua cabeça explodiu, agarrei
sua arma e atirei contra um dos que estava ao meu lado.
William e Gadot avançaram junto com seu grupo da polícia, era
um caos de balas por todo lado. Mudei minha posição para correr
até Catherine e para meu horror, eu vi o momento em que ela foi
atingida, assim como sua expressão de horror e dor, cambaleando
para trás. Eu levantei e William me jogou no chão antes de ser
atingido. Eu me arrastei até um carro, gritando de horror com ela
caindo na água fria. Eu fui pego por um grandalhão, que tentava me
desarmar a todo custo.
Nós lutamos pela mesma arma e consegui atingi-lo na lateral,
levantei, corri e me joguei na água. Cat estava afundando
desacordada, os pontos amarelos de seu vestido sendo o único
ponto de luz na escuridão do fundo do rio. Agarrei-a e emergimos.
Consegui levá-la para o deck, ela estava quase cinza do frio,
desacordada. O sangue manchava sua barriga, borbulhando de
uma ferida.
Eu comecei a fazer compressões em seu peito, respiração
boca a boca, ela não se movia, continuando com pulso fraco.
— Não, baby. Acorda! Acorda!
— LOUIS! — Gadot ajoelhou ao meu lado e pediu ajuda pelo
rádio. — Ela está muito fria. Precisamos aquecê-la.
— Ajude Frank! Ele caiu em algum lugar perto das caixas! —
gritei com ele. Gadot saiu correndo.
Apesar das sirenes ao redor, não era a ajuda que precisava,
apenas da polícia. Levantei-a em meus braços, correndo para um
carro da polícia e eles não precisaram que eu explicasse o que
queria. Entrei no banco de trás com ela em meus braços,
pressionando a ferida para tentar parar o sangramento.
— Vamos, baby. Acorde. Por favor, amor. — Chorei contra seu
rosto, tentando fazer com que ela acordasse. Ela ainda tinha pulso,
mas era questão de tempo. — Vamos, vamos. Baby, Cat! Você está
proibida de morrer, porra! Acorda!
— Estamos chegando ao hospital em um minuto! Já avisamos
pelo rádio! — O policial no banco da frente gritou comigo.
— Acorda, Catherine!
O carro da polícia derrapou na entrada de um hospital e logo
havia enfermeiros abrindo a porta e tirando-a de mim. Corri atrás,
sendo impedido por uma mulher de azul que disse que a partir dali,
era com a equipe médica. Gadot chegou com Frank, que também foi
colocado em uma maca e passou disparado por mim.
Eu estava congelado no lugar, olhando fixamente para o
corredor e ergui as mãos, sujas de sangue. Tremendo, não
conseguia acreditar em tudo que havia acontecido naquela noite,
que era para ser feliz. Alguém estava fazendo um som terrível.
Gadot apertou meu ombro, me puxando para trás e percebi
que era eu. Ele segurou meu rosto, me abraçando, enquanto meu
mundo parecia estar despencando. Um buraco se abriu quando o
médico informou que ela foi levada para uma cirurgia de emergência
e não poderia nos dar notícias por horas. Minhas pernas falharam.
Por alguns instantes, a ideia assustadora de ela não sobreviver me
fez desmaiar.
32 | Cat.
Havia um bipe suave repetindo de forma incessante no fundo
da minha mente. Também podia ouvir vozes baixas, algo como
papel sendo passado e um toque quente na minha mão. Tentei
mover meus dedos de volta, mas parecia um esforço sobrenatural
movê-los. Eu sabia que tinha sido ferida depois de ser sequestrada
no baile. Lembrava de tudo. Estava ali, se repetindo como um filme.
Eu queria acordar e ficar bem, mas dormir ainda parecia uma ótima
ideia.
Por um tempo, ainda fiquei ouvindo o som do bipe. Meu corpo
estava dolorido. Era horrível sentir a faca rasgando minha pele. A
dor da água gelada que parecia me perfurar como milhares de
agulhas e a minha mente incapaz de reagir para me fazer lutar.
Depois disso, eu realmente não lembrava de mais nada.
— Baby, Cat. — Ouvi Louis falar baixinho. — Está na hora de
acordar. Eu comprei passagens para uma temporada na praia.
Eu queria sorrir.
— Se continuar assim, terei que comer a última fatia da pizza.
Tem queijo extra. — Senti seu beijo na minha bochecha. — Vamos
lá, baby. Sinto saudades até da sua voz desafinada.
Cretino miserável. Quando ele ia aceitar que eu cantava muito
bem?
— Você se moveu, isso significa que está me ouvindo. Então, é
só falar mal da sua cantoria terrível? Bom saber, porque eu farei
isso pelo resto da minha vida. — Ele beijou minha testa e senti
vontade de sorrir. — Ah, essa boca… é um sorriso lindo. Charlotte
me disse que princesas sempre acordam com um beijo do amor
verdadeiro. Será que ela está certa? Honestamente, estou com
medo de te beijar e não acordar.
Ele ainda duvidava que era meu amor? Movi meus lábios, me
sentindo cada vez mais consciente e tentei fazer um bico.
— Isso quer dizer que quer meu beijo? Tudo bem. Que espécie
de homem seria se negasse um beijo de amor?
Um homem muito ruim.
Louis acariciou minha bochecha, beijando meus lábios e
lentamente, abri meus olhos, retribuindo o beijo. Ele se afastou um
pouco e me olhou, ficando emocionado. Seus olhos transbordaram
em lágrimas, encostou a testa na minha e apenas chorou por um
bom tempo. Com dificuldade, movi meu braço até o dele,
acariciando-o e ficamos abraçados.
Meu corpo inteiro doeu por me mover, mas eu queria estar com
ele o mais perto possível. Louis subiu na cama, deitando ao meu
lado e ficou exatamente como precisava. A dor ficou insuportável de
lidar, quando uma enfermeira entrou, ficou feliz e avisou que
chamaria o médico.
— Não me deixa sozinha, por favor — pedi a Louis.
— Eu não saí daqui desde que chegou ao quarto. — Ele
segurou minha mão e apertou.
— Há quanto tempo estou dormindo?
— Ficou um dia na UTI depois da cirurgia, que levou horas e
aqui no quarto, está descansando por dois dias.
— O que aconteceu com Elton e todos os outros?
— Depois falamos sobre isso. Eu prometo.
O quarto encheu rapidamente de médicos e enfermeiros. Eles
me examinaram minuciosamente, além de me dar uma milagrosa
medicação que aliviou todo meu desconforto. A região da incisão
pulsava como as batidas do meu coração e eu não sabia qual
posição era mais desconfortável. Eles ainda me manteriam
internada sem previsão de alta e para mim, estava tudo bem,
porque eu não me sentia bem o suficiente para ir embora.
— O horário de visitas ainda será reduzido para não causar
nenhum estresse ao paciente. Aconselho que os irmãos dela se
dividam em grupos. Pais e padrinhos, a direção do hospital liberou o
acesso para ajudar nos cuidados. — Uma mulher que não parecia
enfermeira ou médica, anunciou formalmente e Louis assentiu.
— Estão todos aqui?
— Vieram assim que eu liguei e contei.
— Todos os meus irmãos? — Me assustei. Mamãe só
conseguia reunir os filhos nas festas de fim de ano e em alguns
aniversários. Foi preciso uma tragédia para meus irmãos estarem
juntos novamente.
— Com companheiras e filhos. As crianças estão em casa com
a governanta e o restante das funcionárias, ajudando no cuidado. —
Louis se inclinou. — Foi um verdadeiro caos quando eles chegaram,
todos assustados. Tivemos um breve desentendimento, mas já
passou e agora, só queremos a sua melhora.
— Estou cansada. Será que posso dormir novamente?
— Eu vou te dar um beijo se achar que está dormindo demais.
— Sei disso. Não posso viver sem o beijo do meu príncipe. —
Acariciei seu rosto e pela primeira vez na vida, ele não fez uma
careta sobre chamá-lo de príncipe, apenas sorriu, feliz e orgulhoso
de ser meu. — Durma, baby.
A sensação de cansaço e dor me perseguiu por vários dias no
hospital. Mesmo com o amor e carinho da minha família, a
dedicação dos médicos, eu me sentia péssima. Frank ficou ao meu
lado, na cadeira de rodas. Ele era uma bola de energia difícil de
controlar. Sua cabeça precisava de cuidados e com isso, deveria
ficar de repouso, mas ele fugia e saía andando pelo hospital de
cadeira de rodas, importunando enfermeiras, cantando médicos e
falando sem parar no meu ouvido.
A culpa sobre ele ter se ferido por tentar me salvar de um
sequestro me corroía, mas estava grata que sobreviveu. Nós
sobrevivemos. Só de lembrar de Louis sendo ajoelhado para que
Elton pudesse matá-lo, as lágrimas explodiram e eu não conseguia
parar de chorar. Se eu dormisse sem a ajuda dos remédios,
sonhava com a noite e acordava assustada, procurando por Louis.
— Estou aqui, baby. — Ele sentou ao meu lado. — Frank foi
levado para o quarto. Ele estava com muita dor e acho que será
proibido de fazer passeios.
— Sinto tanto que ele esteja mal…
— Ninguém está mal, vocês estão se curando. E é bom que ele
descanse, algum repórter conseguiu se infiltrar na equipe do
hospital e o fotografou pelos corredores. Não conseguiu nenhuma
fotografia sua.
— Mídia maldita. — Suspirei e olhei para os vasos repletos de
flores espalhados pelos móveis. — Meu quarto parece uma
floricultura — brinquei. Era a maneira que pessoas que me amavam
ou pelo menos, gostavam de mim, podiam me enviar um pouco de
carinho.
— Bruno irá levar um pouco amanhã para abrir espaço.
— Quero que deixe os balões coloridos da Charlotte e o
ursinho colorido que meu pai comprou. Gosto de dormir com ele e
os balões me lembram que eu tenho muitas festas para aproveitar
ainda.
Mais de uma semana depois, eu fui liberada para casa. Minha
barriga ainda doía um pouco, mas conseguia ficar esticada e andar
sem ajuda. Louis me empurrou na cadeira de rodas enquanto Frank,
que havia sido liberado antes de mim, carregava minhas bolsas.
William e Gadot estavam perto do carro, eu os vi todos os dias
desde que acordei, recebi visitas dos nossos amigos o tempo todo,
mas tinha motivos de sobra para sorrir e acenar com alegria.
Louis não quis que eu sentasse sozinha, apenas me pegou no
colo e acomodou no banco, prendendo o cinto. De longe, a mídia
estava nos fotografando, contidos por uma barreira policial para que
pudéssemos sair dali com tranquilidade e nos refugiar no campo até
que estivesse melhor. Trish e Charlotte fizeram a nossa mudança
temporária, minha mãe e madrinha organizaram tudo.
Estiquei minha mão no banco e peguei a de Louis, ele estava
enviando uma mensagem, mas rapidamente soltou o telefone e me
segurou de volta. Deitei minha cabeça em seu ombro, um pouco
esticada com o cinto.
— Está cansada?
— Um pouco. Quero ficar em casa e sentir que o pesadelo
acabou.
— E ele acabou.
— O que aconteceu?
— Eu não sei se você viu, mas… o homem que estava do meu
lado esquerdo, matou Elton quando viu William e a equipe se
aproximando. Aconteceu um tiroteio generalizado, eu apenas lutei e
me joguei na água para te salvar. O que sei agora é que os
seguranças da boate foram mortos como execução de testemunha.
Eles viram a venda de drogas em um ponto da cidade, perto de
outro local que trabalhavam e ao invés de fazer uma denúncia,
decidiram chantagear em troca de um alto pagamento. — Louis
beijou meus cabelos. — Elton foi contratado por esse traficante, que
era financiado por um empresário espanhol que possuía diversas
casas noturnas aqui. Alguém rico, com boa aparência, que estava
na roda da sociedade e agora, está preso. Gadot teve seu momento
para arrancar confissões.
— Elton saiu da polícia para trabalhar para esse homem?
— Sim. Na verdade, ele entrou para a equipe como infiltrado,
para saber quando e como seriam investigadas as ações de seu
chefe. É uma organização criminosa extensa e até o momento,
todos os nomes foram presos ou encaminhados à Interpol. — Ele
esfregou meu braço arrepiado. — Não está mais nas minhas mãos.
Foi para uma instância acima de mim e estamos seguros agora.
Provavelmente nunca mais pegarei um caso como esse, não se isso
significar pôr sua vida em risco.
— Vamos dar um passo de cada vez. Eu preciso de um tempo
e preciso passar por isso ao seu lado. Estou me sentindo tão fora de
mim que pareço outra pessoa.
— Nós vamos ficar fora de tudo isso pelo tempo que for
necessário — ele prometeu.
Acabei cochilando no caminho de casa e acordei com as portas
sendo abertas. Louis teve paciência com a repentina rigidez do meu
corpo ao sair do carro e quis ir andando devagar. Os funcionários
estavam alinhados na porta para me receber, cada um segurando
uma flor branca com um laço vermelho, me desejando boas-vindas.
Eu fiquei tão emocionada com o carinho que até chorei, deixando
alguns meios desconcertados.
Louis me levou para o salão de festas ao invés do quarto. Eu
estava desesperada para deitar, mas ao abrir a porta e ver os
balões coloridos, a faixa e todas as pessoas mais importantes da
minha vida reunidas ali dentro, a vontade passou e meu coração
encheu de amor. Meus pais me abraçaram apertado, em seguida
meus irmãos que, em um grande grupo, se reuniram ao meu redor e
me fizeram sentir a garota mais amada e segura do mundo inteiro.
Cheguei em Londres odiando ser a princesinha protegida
deles, mas ali, naquele segundo, eu agradeci muito aos céus por tê-
los.
Minha madrinha estava chorando, sensível como sempre.
— Alicia mandou flores e desejava muito estar aqui —
Charlotte falou em nosso abraço.
— Ainda não é seguro?
— Não. Eu sei que ficaremos bem. — Ela estava quase
chorando.
— Não chore ou eu irei também, meu rosto já está sensível de
tantas lágrimas.
— Cat, eu te amo. — Charlotte me abraçou de novo. — Estou
muito feliz que esteja bem.
Ter minha família ao meu redor foi como se minhas dores
curassem. Sentada no sofá, eu percebi porque Louis preparou
aquela festa justamente no meu retorno para casa. Era para mostrar
que ainda tínhamos muito para comemorar, inclusive sobre nós e
todo amor que nos cercava.
— Hora de colocar minha princesa na cama. — Louis se
aproximou e esticou as mãos.
Meus irmãos iriam embora no meio da madrugada, já meus
pais e os pais dele ainda ficariam conosco, nos mimando um pouco
mais. Eu mal podia esperar para ter dias de chamego com meus
pais. Fazia tempo que não era colocada na cama por eles, até achei
engraçado, meu pai e Louis quase batendo um no outro sobre quem
faria minhas vontades mais rápido. Eu pedi coisas específicas para
cada um apenas para que se sentissem úteis.
Esperei Louis acordada, coberta.
— O que o banco do nosso quarto em Londres está fazendo
aqui? — questionei assim que se acomodou no seu lado na cama.
— Quis trazer um pedacinho do nosso conforto pra cá… é uma
peça importante para nós dois. Também trouxe nossas fotos, alguns
dos seus vasos favoritos e as roupas de cama.
— Entendo. Vou me dedicar em ficar boa logo para podermos
usar esse banco de novo e repetidamente. — Virei de lado com
cuidado e coloquei minha cabeça em seu peito, beijando-o. — Ah,
como é bom estar assim.
— Vou agradecer todos os dias por poder ficar assim. É um
privilégio.
— Achei que fosse morrer — confessei, começando a chorar.
— Eu senti tanto medo de te perder. Se você morresse ali, de
joelhos, ah Louis… eu preferia nunca sair do fundo daquele rio.
Fecho os meus olhos…
— Shh, calma. — Ele me abraçou. — Eu nunca vou esquecer a
maneira que caiu na água, mas prefiro isso aqui, a superação, te
sentir inteira em meus braços, quente, coração batendo, seu
cheiro… porra, Cat. Eu te amo tanto!
— Te perder seria como viver em uma escuridão eterna, você é
minha luz. O sol que brilha toda manhã, o sopro de ar puro, o
compasso perfeito do meu coração. — Segurei seu queixo e beijei
sua boca. Ele aprofundou, descendo a mão para minha bunda e me
encaixou nele.
— Para sempre juntos, até a velhice, no asilo, usando fralda e
trocando o nome dos nossos cinquenta netos.
— Combinado. Parece o tipo de vida perfeita para mim.
Louis sorriu e eu guardei aquela imagem para sempre dentro
de mim.
33 | Cat.
O dia amanheceu frio e a neblina estacionada na grama era
bucólica, linda. Louis ergueu a câmera ao meu lado e registrou o
momento. Ele virou para mim e fez alguns cliques, sorri, mas porque
era um momento nosso e ao mesmo tempo, senti enjoo por pensar
em voltar a trabalhar, precisar sorrir para as câmeras enquanto eu
me sentia moída por dentro, sem brilho, sem vontade de socializar
fora do meu círculo.
Louis percebeu minha mudança de humor, soltou a câmera e
me abraçou, puxando a colcha um pouco mais para nos cobrir.
Nosso ninho quentinho era uma delícia. Esfreguei meus pés em seu
tornozelo e fiz um movimento que me fez sentir uma fisgada na
barriga, então respirei fundo, parando. Louis ergueu minha blusa e
colocou a mão em cima da cicatriz horrorosa ali. Estava vermelha,
extensa e por mais que dissessem que havia tratamento, meu
problema não era estético.
Eu ainda não tinha superado o que havia acontecido e
duvidava que iria. Louis estava fazendo de tudo para manter minha
cabeça em pé, equilibrada, mas ele também estava ferido, confuso,
tendo pesadelos e me abraçando à noite tão apertado que chegava
doer. Por várias madrugadas, passamos chorando, sem falar nada.
Ethan e Charlotte perceberam o quanto estávamos afundando
depois que nossos pais precisaram voltar para suas vidas em Nova
Iorque. Com Alicia ainda fora do radar, eles simplesmente invadiram
nossa casa e passavam a maior parte do tempo por perto. Aos
poucos, começaram os revezamentos. William e Trish traziam Alex
para nos dar alegria. Gadot e Mel cozinhavam e conversavam
conosco até que eles trouxeram um psicólogo.
Louis relutou. Ele odiava a ideia de precisar fazer terapia. Eu
desabei na primeira sessão e chorei como uma criança, soluçando
ao ponto de pular na cadeira.
Um mês depois da tragédia que mudou minha vida, eu aceitei
que o trauma precisava de tempo para ser superado. A diferença
era que eu não queria fingir que estava bem nos momentos em que
não estava.
— Cada vez que olho suas cicatrizes eu sinto que finalmente,
consigo perdoar as minhas. — Ele passou o polegar e olhei para
seu rosto, surpresa com a admissão. — Elas são marcas de uma
superação. Elas representam a vida. Você poderia estar morta. Eu
poderia ter morrido anos atrás. Essas cicatrizes são como uma
promessa de vida, que tudo vai ficar bem e estão aqui para não
esquecermos o quanto somos sortudos.
— Sim. Você tem razão. — Coloquei minha mão em sua
barriga, passando em cima das suas. — Somos dois marcados e
felizes.
Nossas tão sonhadas férias foram gastas em casa, sem sair
muito. Fomos jantar no dia da véspera de natal na casa de Ethan e
Charlotte, trocamos presentes com todos e depois, passamos o dia
vinte e cinco sozinhos, assistindo filmes e comendo besteiras. Eu
ainda não estava liberada para o sexo porque sentia dores, que não
havia uma razão lógica para medicina. Era emocional. Louis
também não tinha cabeça para isso, nem tentou.
Britney me deu todo o tempo do mundo para voltar e a maioria
das marcas compreenderam, afinal, meu sequestro foi pauta de
várias matérias pela televisão e internet. Muitos programas nos
procuraram para entrevistas e eu me neguei a falar. Louis voltou a
trabalhar em janeiro e aceitei retornar para nossa casa em Londres,
mas evitei sair. Eu tive diversas crises de ansiedade apenas com a
ideia de fazer coisas simples que amava, como ir ao mercado e
academia.
Perdi peso, engordei, perdi de novo, comi descontroladamente
e voltei a seguir minha dieta. Em março, foi a primeira vez que me
olhei no espelho e senti vontade de sorrir sem nenhum motivo. Eu
quis limpar minha casa com prazer e preparei um jantar delicioso
para Louis. Foi como se, de repente, a flor dentro de mim tivesse
aberto suas pétalas mais uma vez.
Esperei que ele chegasse para comer. Primeiro ouvi as chaves
no aparador e antes de me chamar, sempre olhava se estava
deitada na sala.
— Oi, bonitão. — Encostei na soleira da porta. — Como foi seu
trabalho hoje?
— Foi bom. — Ele parou e me olhou de cima a baixo. Eu usava
um vestido curto, azul escuro e de alças, com meus cabelos soltos e
longos. — Parece que o sol voltou a brilhar. Sinto cheiro de algo
incrivelmente delicioso aqui. Fez o jantar?
— Preparei filé com fettuccine e molho branco com queijo brie
que meu namorado adora.
— Estava com saudades da sua comida. — Ele me puxou pela
cintura. — Você está linda, baby. — Arrastou o nariz pelo meu
pescoço, dando um beijo acima da pulsação.
Me movi contra ele sugestivamente, beijando-o para deixar
claro que se ele quisesse mais, eu também queria. Precisava. Louis
soltou um grunhido baixo, como se a minha boca provocando-o
tivesse acordado a fera faminta, necessitada. Agarrando minhas
nádegas de forma rude, foi me levando para o sofá. Caí de costas,
soltei uma risada e ele me beijou.
Subi meu vestido e o acomodei, puxando seus cabelos.
— Nós vamos fazer isso mesmo? — ele questionou, ofegante.
— Por que? Quer jantar? — provoquei com uma arqueada de
sobrancelha.
— Está com dor? — Sua voz soou preocupada e aquilo era um
dos muitos motivos que eu o amava incondicionalmente.
— Só por você.
— Não tenho camisinha aqui, só lá no quarto.
— Vamos subir.
Louis me pegou no colo, subindo a escada quase que com
pressa, chutou a porta do quarto e com rapidez, tirei minha roupa.
Ele riu da minha trapalhada para tirar a calcinha, que embolou no
meu pé e fiquei balançando para fazê-la voar longe. Na pressa, os
botões de sua camisa voaram longe, o sapato e as meias também,
o cinto e a calça bateram no chão com um baque pesado.
Sem o banco, que estava na casa de campo, local que ainda
estávamos decidindo se seria nosso lar oficial, ele precisou ajoelhar
no chão.
— Senti falta de estar com a boca nessa boceta maravilhosa.
— Ele mordeu minha coxa para deixar marca. — Vou te chupar até
implorar pelo meu pau.
— Eu já o quero — sussurrei, tão ansiosa pela nossa transa
como se fosse a primeira vez.
Louis afastou meus grandes lábios, olhando para minha boceta
com muito tesão e lambeu meu clitóris. Fechei meus olhos,
caramba! MEU.DEUS.DO.CÉU. Como nós ficamos tanto tempo sem
fazer aquilo? Segurei seu cabelo, movendo meu quadril contra sua
boca, tão excitada que mal conseguia pensar sobre o quanto
parecia desesperada pelo orgasmo que ameaçava explodir.
Ele parou antes que chegasse lá e arremessei uma almofada
nele.
— O que você quer, baby? Meu pau na sua boca ou na sua
boceta?
Minha mente ia partir ao meio por não saber o que escolher.
— Tudo? — choraminguei com seu dedo brincando em minha
entrada, espalhando umidade até meu clitóris, pressionando o
suficiente para me fazer tremer. — Me fode, amor. Fode muito forte.
Louis sorriu torto, safado e pressionou na minha entrada,
brincando de empurrar e tirou novamente, pegando uma camisinha
porque se ele metesse, eu ia matá-lo. Metendo gostoso, começou a
estocar, segurando meus seios e beliscando os mamilos. Ergui meu
quadril, indo de encontro a ele. Depois de cinco meses, foi o
reencontro perfeito daquela parte da nossa vida. Sem preparo, sem
planejamento, apenas nós e o mesmo desejo insaciável que nos
uniu no passado. Eu não precisava de extravagância para sentir
prazer com Louis.
Precisava apenas dele.
Mais tarde, ainda sem jantar, estávamos deitados nus na cama.
Louis parecia muito feliz com o boquete ao ponto de ficar olhando
para o teto como se estivesse em outro mundo.
— Estou feliz que pela primeira vez, meu corpo não doeu. Nem
fisicamente e muito menos emocionalmente.
— O meu também não. Eu não estava pensando no sexo, mas
fazer definitivamente me faz sentir muito bem. — Ele virou e rolou
para cima de mim. — Nunca mais, ok?
— Nunca mais. Estamos livres. — Dei-lhe uma bitoquinha.
Meu estômago roncou tão alto que deu para ele ouvir, o que
fez com que as minhas bochechas ficassem vermelhas. Decidimos
comer, tomamos um banho rápido para sair do suor pegajoso e com
roupões, comemos no sofá, sem acender as velas, bebendo vinho
na mesma taça e com nossos pés unidos.
— Estive pensando que talvez, devêssemos ficar na nossa
outra casa até tudo isso passar. — Ele cortou um pedaço do filé e
passou no molho que estava sobrando no meu prato.
— Por quê?
— Você ainda está se curando para voltar ao trabalho e eu fico
o dia inteiro fora. Aqui fica muito sozinha e me preocupo com seu
humor à noite. Tirando hoje, é claro.
— Eu gosto da ideia de estar mais perto de Charlotte… e tem
mais gente para me fazer companhia. Gosto de pegar sol na grama
e sair para fotografar. Não que não ame essa casa, eu quero ficar
com você, não importa onde, mas reconheço que lá eu me sinto
mais em paz. — Apoiei meu queixo em seu peito. — Você vai ficar
bem com a distância de ir e vir?
— Tenho opções. Moto, meu carro, usar o motorista e trabalhar
em casa alguns dias…
— Eu adoraria ficar lá por mais um tempo.
— Então, vamos nos mudar — determinou com tranquilidade.
— Espere… e quanto aos seus sentimentos sobre a casa? —
Passei minha mão por seu peitoral e beijei uma tatuagem na qual o
desenho era um sol brilhante. Ele fez em memória dos seus verões
quando novo, se dividindo em viagens com a minha família e
semanas de brincadeira com seus primos em Rainland.
— Estar lá com você me faz entender que não há mais tempo
para perder com as dores do passado e sim, olhar para o futuro
lindo que teremos juntos.

Mudar normalmente era muito chato, mas eu tive prazer em


organizar as caixas, arrumar tudo e levar. Louis me ajudou na
organização, para mostrarmos à governanta como gostaríamos de
manter nossas coisas. Ali tinha uma dinâmica diferente, com
funcionárias, elas precisavam gerenciar a casa para manter um bom
funcionamento.
— Gadot pediu minha ajuda em um trabalho, quer que analise
um cliente para um extra e combinei de encontrar com ele no centro.
Quer vir comigo?
— Papo de homem? Dispenso. Vou ligar para o Frank e ver se
ele quer vir aqui para falarmos da minha agenda de retorno.
— Tudo bem. Divirtam-se, mas não muito. — Ele me deu um
beijo gostoso, agarrei sua camisa e o segurei por mais tempo. —
Não faça isso ou eu não vou sair.
Frank chegou duas horas depois da minha ligação, carregando
uma mala de vestidos exclusivos que pegou para mim e uma pasta
com contratos publicitários que precisava colocar em dia. Ele lidou
com os eventos daquela noite muito melhor que eu, ainda fazia
terapia como eu, mas cada um reagia ao trauma de uma maneira.
Senti um pouco de inveja e também fiquei bem grata por ele estar
bem.
Sua alegria me encheu de energia, me arrastou quase à força
da prisão que me mantinha com medo de voltar a trabalhar.
— Vai usar photoshop para cobrir as cicatrizes? — Me analisei
no espelho com um biquíni para poder passar o spray de
bronzeamento artificial.
— Eu questionei as marcas se eles se importavam e disseram
que não, que traria um pouco de realidade às fotografias. Você quer
cobrir?
— Se elas não se importam, tudo bem por mim.
— Ok! Vou te dar uma cor saudável, você está quase
transparente! Quando você e Louis vão sair de férias de verdade?
— Eu não sei, ele nunca mais falou sobre e agora, preciso
trabalhar também.
— Podemos organizar sua agenda, sabe disso. — Ele agitou o
frasco e soltou o spray na minha perna, usando a luva esponjosa
para espalhar o produto.
O trabalho me manteve muito distraída durante o dia e mal
peguei meu telefone. Louis chegou em casa depois do jantar. Frank
ficou para dormir, decidimos dividir uma garrafa de vinho e jogar
conversa fora na varanda enquanto meu lindo namorado comia ao
nosso lado.
— Estou exausto, vou subir. Amanhã a gente termina. Só
restaram duas marcas. — Frank deixou sua taça na mesa e soprou
um beijo. — Até amanhã, crianças.
Louis e eu acenamos, virei no lugar e observei meu namorado
comer. Ele devorou o prato como se tivesse saído de um jejum,
bebeu duas taças de vinho e inclinou-se para trás, esfregando a
barriga. A paz do campo, ouvindo os sons suaves da noite, me fez
bocejar.
— Só trabalhou na análise do cliente ou fez algo mais? Parece
cansado…
— Na verdade, eu fiz uma nova tatuagem.
— Fez? O quê? — Soltei um gritinho. — Por que não me
contou?
— Talvez por ser uma surpresa para você. — Ele riu da minha
expressão ultrajada e tirou a camisa, revelando um curativo
delicado, transparente em cima de um novo desenho.
Acima de seu coração, ele desenhou traços da linha da vida e
meu nome na mesma extensão, e no final, duas orelhas de gatinho.
Cobri minha boca, emocionada e ao mesmo tempo chocada com o
significado que ele escolheu me eternizar na pele. Com cuidado,
toquei acima. Ele sorriu para minha expressão afetada, achando
graça do quanto amei.
— Eu te amo, Louis. — Saí do meu lugar e sentei em seu colo.
— Sempre te disse que tatuava aquilo que me marcava e seria
injusto não ter você, minha futura esposa, mãe dos meus filhos e a
mulher da minha vida.
Trocamos um beijinho de esquimó e olhei em seus olhos.
— Estou pronta para a aliança no dedo assim que você
estiver.
Ele parou e abriu um sorriso lindo.
— Ah, baby Cat. — Segurou meu rosto e me beijou. — Estou
muito pronto para a próxima fase da nossa vida.
34 | Louis.
Alguns meses depois…

Cat parou no topo da escada e sentou no corrimão antes que


eu gritasse para não escorregar por ali. Ela desceu tranquilamente,
abrindo os braços e se jogou em mim. Perdi o equilíbrio e caímos no
chão. Sem se importar que estávamos na entrada da casa, com
qualquer funcionário podendo nos flagrar ali, me beijou em sua
intensidade apaixonada que me deixava maluco. Ela tinha o dom
completo.
— Como se sente hoje, ex-solteirão convicto?
— Até quando vai ficar usando isso contra mim?
— Até deixar de ter graça. — Sorriu contra a minha boca.
Depois da turbulência do sequestro, uma revista achou que
seria pertinente fazer uma matéria completa sobre mim e expor
detalhes da minha vida, como o fato que antes de Cat, eu era o
típico solteiro da alta sociedade, convicto em manter meu status de
livre, sem me envolver emocionalmente com ninguém. Era injusto,
porque nunca disse que não queria estar em um relacionamento,
apenas que não estava interessado em procurar desesperadamente
por um.
Catherine, sendo a baby Cat pentelha da minha vida, achou a
matéria divertida e não parava mais de me chamar de ex-solteirão.
Ela sabia que se dependesse de mim, nunca mais seria um homem
solteiro. Eu continuava sendo livre, porque nosso relacionamento
não era uma prisão, mas o meu coração, corpo e alma pertenciam a
ela, exclusivamente, para sempre.
— Suas malas estão prontas, baby?
— Estou quase tentando bater os braços para ver se
chegamos ao nosso destino com rapidez. Será que não vai ficar
entediado de ficar em uma ilha por tanto tempo?
— Serão duas semanas. Ethan e Charlotte adoram, eles
organizaram tudo com carinho e imagino que se ela não afundou
com os dois pregando peças um no outro, vamos sobreviver.
O mordomo tossiu discretamente para avisar que as malas
estavam no carro e o motorista pronto para nos levar ao aeroporto
particular. Eu não tinha uma aeronave porque não fazia viagens
frequentes como Ethan, que estava sempre pelo mundo,
principalmente depois da expansão de seus negócios pessoais. Eles
nos deram essa viagem de presente em um lugar que costumavam
fugir da realidade de suas vidas.
Cat mal podia acreditar que finalmente estávamos viajando a
dois. Ela fazia muitos trabalhos, depois que voltou à ativa, esteve na
França, Espanha e Itália, acelerando publicidade e ensaios para
conseguirmos sair juntos.
E seria um dos momentos mais especiais da nossa vida. Ela
disse que estava pronta para a próxima fase e depois de tudo que
passamos, eu também. Mais do que pronto. Eu me vi andando pela
propriedade mostrando melhorias como o idiota do Ethan e pela
primeira vez, entendia o orgulho que ele sentia por isso. Era um
marido e em um futuro próximo, seria pai. Fazia todo sentido sentir
aquela felicidade.
Apesar do falatório de Cat, conseguimos chegar no aeroporto
sem que meus ouvidos tenham explodido. Pulando, subiu na
aeronave, rodopiou e sentou na poltrona. Eu tive que filmá-la, suas
loucuras enchiam minha vida de alegria. Os procedimentos de voo
começaram, a decolagem foi tranquila e fomos autorizados a
circular.
— Champanhe, senhora? — A comissária se aproximou com o
carrinho.
— Não, obrigada. Aceito água na taça de champanhe. — Cat
sorriu, educada. Eu neguei, não gostava muito. — Ainda preciso me
acostumar com esse mundo de vocês.
— Esse é o nosso mundo. — Me inclinei para a frente. — Por
que não quer?
— Estou com medo de enjoar. É muito tempo voando, estou
nervosa e ansiosa — explicou rapidamente. — Quero falar sobre
algo relacionado a isso… — Apoiou a taça com água na mesinha
entre nós. — Seu avô jogou muito sutilmente no último jantar se nós
teremos um acordo nupcial.
— Nós já temos um. Ele não sabe e nem deve, é uma decisão
nossa.
— Meus pais não vão perguntar, mas sei que talvez se
preocupem com o que sua família irá pensar. Não quero causar
nenhum desconforto.
— Meus tios me amam como sobrinho, meus pais amam você
como filha. Acha que alguém falará qualquer coisa?
Ela sorriu.
— Não. Ninguém vai. — Me deu um beijo e seus olhos
assumiram um brilho traquina. — Então, estou ansiosa para te ver
de sunga. Nada de calção de banho.
— Estou torcendo que tenhamos privacidade o suficiente para
andarmos nus por todo lado. Será a festa do nudismo.
Para chegar até a ilha, precisamos aterrissar no continente e ir
de hidroavião até o mais próximo possível. Catherine surtou com o
pouso na água, agarrando minha mão apertado e trincando os
dentes. Desembarcamos no deck e contamos com a ajuda dos
funcionários locais para carregar as malas. A governanta informou
que todos viviam fora da casa, mas estavam à disposição se
precisássemos de ajuda.
Escolhemos ficar sozinhos a maior parte do tempo, cozinhando
nossa comida e limpando a casa, porque queríamos toda
privacidade do mundo.
— Acho que preciso me beliscar para acreditar que esse lugar
é real. Vale muito a pena as horas exaustivas voando, a troca de
transporte, porque é surreal. — Cat andou pela sala. — Não só a
ilha, como a casa.
Andei até ela e dei um tapão em sua bunda.
— Porra! O que foi isso? — Ela esfregou o local, indignada.
— Para sentir que tudo aqui é real.
— Acho que vai ser mais real ainda quando eu colocar seu pau
fatiado no jantar se bater na minha bunda assim de novo! —
reclamou, irritada. Se eu passasse por ela sem apertar ou bater em
sua bunda, ela mandaria voltar para não entrar em uma discussão
da relação sobre o que havia de errado. — Me dê um beijo para que
eu possa te perdoar.
— Só um?
— Sim! Eu quero vestir um biquíni e correr para a água.
— Então, é melhor só um mesmo. Porque eu sinceramente…
se te pegar, não solto.
Cat ficou claramente dividida entre beijos para irmos para a
cama ou à praia. Sentindo pena, dei-lhe um só beijo cheio de
promessas para mais tarde e propus um mergulho. Ela merecia
aproveitar tudo que tanto quis. Usando uma pequena peça de tiras
vermelhas, olhei para a cicatriz em sua barriga, pensando no quanto
ela estava anos luz à minha frente com sua autoestima.
Levei muitos anos para me sentir bem comigo mesmo por
causa das marcas, ela lidou com isso voltando a trabalhar e
exibindo para todos a marca da sua superação. Havia um anúncio
dela usando roupas de ginástica com a barriga de fora na frente do
meu escritório, próximo à linha do metrô. Era enorme. Estava ali
para todo mundo ver que a mulher considerada mais bonita da
Europa por uma revista famosa, tinha estrias, celulite e cicatrizes.
Ela estava priorizando trabalhos onde pudesse ser a mulher
real, mudando sua marca no mundo e chegando à incrível
conclusão sobre o que queria representar como profissional no seu
meio. Como companheiro, só havia orgulho, como advogado, eu
estava de olho em quem pudesse levantar para derrotar seus
sonhos. Aprendemos a lição com Celina, que em meio ao meu
processo, outros ex-namorados alegaram ter sofrido a mesma
perseguição.
Celina pediu desculpas publicamente e eu não retirei o
processo, apenas para mantê-la longe de Cat e do trabalho. Britney
ameaçou encerrar o contrato com o escritório que Celina trabalhava
e eles decidiram enviar outra representante. Semanas depois,
soubemos que Celina pediu demissão.
Peguei minha câmera e a fotografei pegando sol sem a parte
de cima do biquíni.
Meu telefone tocou, ela tirou a toalha do rosto e me encarou.
— Você disse que eu podia ter uma ligação por dia. — Ergui
meu telefone.
— Aproveite que será chamada única ou esse aparelho vai
virar comida de peixe — avisou, severa. Eu adorava quando ficava
no modo brava para poder irritá-la ainda mais.
— Sim, senhora.
Me afastei com a desculpa de que precisava de privacidade e
ouvi atentamente o que Marli tinha a dizer sobre a prisão da
testemunha que levou Elton até nós no baile, o processo sobre o
buffet que ele se infiltrou e os seguranças do baile que deixaram
passar sem fazer uma verificação adequada. Aquela era uma
atualização muito necessária para mim. Enquanto isso, organizava
com a governanta o jantar que iria preparar para Cat mais tarde.
Encerrei a chamada e voltei para o lado de fora. Ela estava
nadando e saiu do mar, me hipnotizando.
— Que sorte a minha ter a minha sereia particular — brinquei
quando sentou no meu colo.
— Agora eu entendo porque Charlotte finge desmaios para
Ethan achar que ela está cansada demais e ficando estressada.
Ficar aqui é estar no paraíso.
Minha prima era uma peste quando se tratava de inventar
motivos para ficar sozinha com o marido. Ela sabia que ele faria
tudo por ela. Cat me deu um sorriso e eu percebi que o drama das
últimas semanas, depois que Frank foi embora da nossa casa, tinha
tudo a ver com ela me forçando a viagem que estava planejando
para depois.
— Você usou a mesma tática?
— O que adianta ter uma boa amizade se não aprender os
melhores truques? Depois que Alicia voltou, eu sabia que precisava
de um tempo. Estávamos bem, eu só queria ficar com você. —
Beijei sua boca, para calar mesmo. Ela me enrolou em torno do
dedo mindinho e tinha orgulho disso.
Nós tivemos um bom primeiro dia. Como estava cansada da
viagem, consegui convencê-la a tirar uma soneca. Deitei ao seu
lado por trinta minutos e depois, desci para organizar a casa. Os
vinhos já estavam na adega, então separei os ingredientes do jantar
no balcão, arrumei a mesa do jeito que ela gostava: com velas,
guardanapos de linho e fiquei olhando ao redor, tendo absoluta
certeza de que estava esquecendo alguma coisa importante e não
sabia o quê.
Troquei de roupa e comecei a cozinhar, esperando o momento
que fosse acordar sozinha. Eu sabia que o cheiro de alho refogado
a faria sair da cama.
— Ai, meu Deus. Eu pensando que seria a primeira a te
surpreender e seu lado rato sorrateiro chegou na frente. — Ela
caminhou pelas flores. — Que lindo, amor! Eu sabia que tinha
sentido um cheiro diferente!
— Você tem uma surpresa para mim?
— Claro… está escondida na minha mala. — Ela sorriu e se
aproximou.
— Vinho?
— Agora não, primeiro eu vou me ajeitar para estar digna
desse jantar e já volto. — Me deu um beijo e correu para o quarto.
Me concentrei no preparo do risotto, era a primeira vez que
fazia sozinho e não queria errar. Era uma noite muito importante. O
anel no meu bolso parecia pesar cinquenta quilos, me lembrando a
todo instante que estava ali para ser colocado no dedo dela. Era o
passo para o casamento, que segundo meus planos, não iria
demorar a acontecer. Ela só precisava dizer sim.
— Está cheiroso. — Ela voltou e porra, usava um vestido
branco, transparente, sem sutiã e com uma calcinha pequena
dourada. — Agora parece que está queimando.
— Merda! Saia de perto de mim, tentadora — reclamei, tirando
a panela rapidamente do fogo e mexendo para não grudar no
fundo.
— Ainda está bom, não se preocupe. — Esfregou minhas
costas.
Ela acabou me ajudando porque não conseguia ficar parada.
Montamos nossos pratos e fomos para a mesa. Servi vinho nas
taças, água e começamos a comer. Eu estava tão nervoso que
derrubei meu garfo no chão, virei o pote de molho sem querer e
quase incendiei a toalha com a vela.
— Tudo bem, já chega! — Cat deu a volta na mesa rindo e
sentou no meu colo. — O que está havendo? Por que está nervoso?
— Eu… meio que tenho que te pedir algo.
— O quê? — Seu cenho franziu. Ela ficava adorável quando
confusa.
— Para casar comigo. Então, eu preciso ajoelhar e fazer o
pedido antes que quebre mais alguma coisa.
Catherine saiu do meu colo sem falar nada, com os olhos
arregalados e parecendo pálida.
— Você não quer um pedido de casamento?
— Caramba, Louis! Ajoelha e faça logo a maldita pergunta! —
Ela me empurrou para baixo. — Estou tremendo, quero dizer sim,
anda! — Sacudiu as mãos, me fazendo rir.
Fiquei de joelhos à sua frente, com uma perna dobrada e tirei o
anel do bolso. Pertencia à minha família paterna há muitos anos, era
um brilhante diamante solitário no centro, com três pedras de rubis
ao lado.
— Minha baby Cat. Você chegou para transformar minha vida e
me fazer enxergar o quanto é possível ser feliz. Eu quero ser seu
marido, porque sei que já sou seu companheiro e melhor amigo. Eu
te amo por me amar, te amo mais ainda por ser aquela sempre
torcendo por mim e sonhando junto comigo. Seja minha esposa.
Case comigo?
— Claro que sim! — ela gritou e fiquei de pé, abraçando-a. Cat
começou a chorar, eu tentei ser solene à sua emoção, talvez o
nervosismo tenha me feito rir. — Eu vou te bater!
— Não. Me deixe deslizar essa aliança em seu dedo. —
Segurei sua mão e o anel ficou perfeito. — Olá, minha noiva.
— Olá, meu noivo. — Cat me abraçou e respirou fundo. —
Talvez eu também deva te chamar de noivo papai.
Congelei com as mãos em seus braços e devagar, ela se
afastou de mim, olhando em meus olhos. Desci meu olhar para sua
barriga, com minha boca ficando aberta e voltei a encará-la.
— Não brinque comigo assim.
— Não é brincadeira — garantiu baixinho, cuidadosa. —
Descobri há três semanas e guardei segredo porque queria te
surpreender quando fizesse um exame de imagem. Fiz uma caixa
de presente.
— Essa era a minha surpresa?
— Sim.
— Você está grávida, baby?
— Um baby esperando outro baby. Acho que não serei mais a
única mimada dessa relação. — Sorriu timidamente e comecei a
chorar. — Ah, Louis.
— Não sei explicar a felicidade que estou sentindo. É uma
explosão no meu peito… te amo tanto. Obrigado por me fazer o
homem mais feliz e completo do mundo.
Marido e pai.
Nós ficamos abraçados e felizes por tanto tempo que a comida
ficou fria. Choramos e sorrimos sem parar. Ajoelhei novamente à
sua frente, erguendo o vestido e olhei para seu ventre, apaixonado
pelo meu bebezinho crescendo ali. Se existia vida melhor que a
minha, com o amor da Cat, um filho a caminho, uma carreira bem-
sucedida e amigos incríveis, eu desconhecia e até duvidava, porque
eu certamente, era o homem mais sortudo do universo inteiro.
Epílogo | Cat.
Meses depois.

Quando eu era pequena e meu pai lia histórias dos contos de


fadas para mim, mamãe costumava repreendê-lo por me incentivar
a ser uma princesa indefesa e não uma mulher capaz de lutar pelos
meus sonhos, ser independente, empreendedora e não esperar por
um príncipe montado em um cavalo branco para me resgatar. Ele lia
mesmo assim, ignorando-a e a mistura dos dois me transformou em
uma mulher doce, sonhadora, mas altamente capaz de lutar pelos
meus ideais e correr atrás daquilo que queria.
Nunca esperei que um homem me salvasse da torre. Eu fiz o
que achei melhor por mim mesma em cada fase, errando e
aprendendo. Amadurecendo. Tinha orgulho da mulher que havia me
tornado. Ainda em construção, a vida tinha muito para me ensinar.
Porém, uma das muitas belezas da minha vida adulta era ver o
homem que eu amava segurando nossa filha.
Louis andava pelo quarto, era meio da noite e ele esfregava as
costas dela, falando baixinho. Nossa menina estava fazendo greve,
sem querer dormir e como pais de primeira viagem, a cada
respiração pesada, um espirro ou som diferente, levantávamos para
ver. Louise Andrea Basan Vacchi nasceu depois de muitas horas de
trabalho de parto e chegou trazendo alegrias.
Meu marido e eu tivemos milhares de disputas relacionadas ao
nome da nossa filha, passamos a gravidez inteira sem saber como
chamá-la por não chegarmos a um acordo. Nada parecia bom o
suficiente até que a primeira vez que a segurei no braço e vi seu
rostinho tão parecido com o pai, decidi que ela teria uma variação
do nome dele, o mesmo segundo nome e o sobrenome da nossa
família.
Meu pai ficou um pouquinho enciumado quando decidi ser
Catherine Basan Vacchi, depois ele entendeu que tinha sete filhos
para proliferar o sobrenome Bennet.
Louise era um pequeno pedaço de sonho em nossos braços.
Com um mês, ainda estávamos nos ajustando à uma rotina, à
mamada e nossa vida parecia de cabeça para baixo, girando ao
redor dela. Todos os casais que tinham filhos ao nosso redor nos
avisaram que era assim mesmo. Eu amei estar grávida de modo
geral e teria mais bebês quando fosse o momento certo.
— Acho que ela se acalmou — ele cochichou. Louise ainda
estava acordada, apreciando o colo do pai. Louis deitou com ela
com todo cuidado do mundo.
Eu nunca tive que pedir ajuda com ela em nada. Durante a
gravidez, ele foi protetor e carinhoso, paciente com minhas
dificuldades, suportou as lágrimas e fez piadas, também aguentou
as oscilações de humor sem pestanejar. Esteve ao meu lado
durante o parto, foi o primeiro a dar banho e a trocar fralda, era um
mestre em fazê-la parar de chorar.
Minha menininha tinha o papai na palma da mão.
— Por que está me olhando assim emocionada? Seus
hormônios ainda estão te deixando maluca?
— Seria impossível não ficar tão feliz e apaixonada em te ver
com ela. É tão perfeito, nem nos meus melhores sonhos imaginei
que teria um marido que seria um pai tão intenso quanto você.
— Eu sou intenso em tudo. — Balançou as sobrancelhas.
— Também é um bobo. — Me inclinei e beijei sua boca. Dei um
cheirinho na minha filha e voltei para meu lugar, deitando de lado e
observando-os até pegar no sono.
Se eu pudesse, diria para toda garotinha: contos de fadas não
existem. Você não vai acordar com um beijo e definitivamente não
pode casar com o primeiro homem de armadura brilhante que
aparecer na sua frente. Alguns vão parecer que são príncipes, mas
depois de um beijo, podem descobrir que são verdadeiros sapos.
Talvez more em um castelo. Talvez não.
Talvez você saia dos padrões que a sociedade espera. Casar
depois dos trinta? Tudo bem! Começar uma faculdade aos
quarenta? Está ótimo! Tudo tem um tempo certo para acontecer em
nossas vidas. Não existe cedo ou tarde demais.
Existe o agora e ele deve ser vivido.
A única coisa realmente certa é que toda mulher tem o direito de
escrever a própria história, construir sua carreira, lutar pelos seus
sonhos e encontrar um homem incrível, que seja honrado,
apaixonado e amante perfeito para ser seu companheiro. Ele deve
ser um príncipe em seus atos com muito companheirismo, amizade,
amor, paixão ardente e dono do beijo de amor verdadeiro.
E se você ainda não o encontrou, siga sua vida sendo uma
mulher inteira.
Sua metade é você mesma.
O amor, quando chegar, irá te transbordar.
Epílogo | Louis.
Anos depois.
— Peter! Não! — Louise gritou e eu sabia o que viria a seguir.
— PAPAI! PETER JOGOU MINHA BOLA LONGE! — ela reclamou
com um gritinho estridente. Charlotte cobriu a cabecinha do meu
filho caçula, rindo e eu olhei para o gramado.
— E a pequena versão má do Louis se aproxima — Ethan
cantarolou e eu não parei de balançar o carrinho com o bebê deles.
Nossos caçulas tinham dias de diferença e apesar de terem sido
feitos na mesma viagem, não foi combinado. Ninguém acreditava,
mas era sério.
— Papai! Peter é muito chato! — Louise sentou em uma
cadeira como se fosse adulta e exasperada demais para aguentar
seu primo um pouco mais novo. — Ele deveria me obedecer.
— Deveria? Ele é seu primo, não seu escravo.
Louise arqueou as sobrancelhas parecida com as minhas e
bufou. Cinco anos.
Cinco anos completos e a menina se comportava como uma
rainha soberana.
— Pegue outra bola ou brinquem de outra coisa — falei com
tranquilidade. Ela quase revirou os olhos, mas havia aprendido que
era um comportamento feio. Pisando duro, voltou para o gramado e
em dois minutos, eles estavam brincando de pega-pega.
Cat, minha eterna baby Cat, apareceu com duas mamadeiras
levemente aquecidas. Entregou uma para Charlotte e outra para
mim, que rapidamente peguei meu afilhado. Devido à proximidade e
tudo que elas passaram em uma gravidez em conjunto, trocamos
batismos dos nossos filhos.
— Eu gosto de brincar de trocar bebês, me dá a sensação de
que eles são gêmeos, mesmo sem parecer um com o outro —
Charlotte brincou, nos fazendo rir. — Diz que ama sua dindinha
aqui, bebê.
— Ele te ama, mas a mamadeira parece mais interessante. —
Ethan se debruçou sobre ela. — É incrível o quanto eles cresceram.
— Está ansiosa para hoje à noite? — Charlotte olhou para Cat,
que mordia a ponta da unha. — Não faça isso. Vai estragar tudo
para mais tarde.
— Não sei se estou ansiosa, só sei que meu estômago dói. É o
primeiro grande evento, estou tão fora de mim. Seis anos atrás,
cheguei aqui em Londres com uma bagagem cheia de sonhos,
agora sou mãe, esposa e minha empresa cresceu ao ponto de estar
investindo em negócios de outras mulheres. Eu me sinto tão
importante.
— E você é — garanti, beijando sua mão. — É a mulher mais
importante dessa casa, da minha vida e dos nossos filhos. Hoje é só
a pontinha do quão incrível é.
— Ele quer transar. — Ethan bufou e chutei sua cadeira.
— Quando não quer? — Cat brincou de volta. Ouvimos a
chamada na babá eletrônica e meu pequeno furacão de saias, de
três anos de idade, avisou que estava acordada. — Eu vou lá e
darei banho nas duas logo.
Era a primeira vez que deixávamos nosso pequeno Paul
Andrea em casa com a babá desde o seu nascimento, três meses
antes. Louise e Livia, nossas meninas mais velhas, estavam
acostumadas que de vez em quando, papai e mamãe precisavam
sair sem elas e ficavam tranquilas com a governanta e duas babás.
Uma para cada ou elas poderiam destruir a casa e fazer qualquer
adulto querer ir ao banheiro para chorar.
Como eu tive duas filhas arteiras? Eu deveria saber que os
genes da Cat seriam reproduzidos em nossos herdeiros.
Nós nos dividimos para cuidar das crianças e ela ficou sozinha
com eles para fazê-los dormir. Eu era aquele que agitava até que
Cat precisasse intervir ou a brincadeira nunca teria fim.
— Todos dormiram?
— Sim. Acho que não irão acordar até o nosso retorno. — Cat
entrou no quarto. — Vou ficar pronta em uma hora.
Depois de atuar como modelo por mais uns meses após o
nascimento da nossa primeira filha, Cat decidiu mudar seus planos
de negócios e fundou uma empresa de investimentos junto com
Trish. Elas trabalhavam exclusivamente com empresas fundadas
por mulheres, fornecendo o necessário para um começo ou para
uma expansão. Sua carreira de modelo lhe deu contatos, estrutura e
maturidade para enfrentar o novo mercado.
Cat nunca foi uma top model, ela desfilou em momentos
especiais, sendo modelo exclusivamente fotográfica e para
comerciais, seu trabalho fora do mundo da moda foi uma surpresa
para todos ao nosso redor. Eu a apoiei na mudança. Apoiaria em
qualquer decisão que tomasse. Ela estava feliz e sentindo-se
realizada, só cabia a mim estar ao lado dela, entregando tudo que
recebia.
Todas as vezes que decidi dar um passo a mais na carreira,
que fiz investimentos ousados, quando expandi o escritório
semanas antes do nascimento de Livia e ganhei prêmios, Catherine
esteve lá, me aplaudindo, assobiando, fazendo cartaz e até levando
as meninas vestidas como mini advogadas. Torcer um pelo outro era
nossa essência.
Encontrar um amor para a vida toda demandava muita
paciência, doses de diálogo para acalmar os nervos, saber dar um
tempo, respeitar o espaço e aprender que nem tudo seriam flores
todos os dias. Nosso casamento nunca passou por problemas. Uma
separação nunca esteve em pauta, mas em alguns momentos,
quando tudo parecia estressante demais, nós dois olhávamos um
para o outro e decidíamos que valia a pena.
Como homem, aprendi a valorizar minha mulher nos pequenos
detalhes. Como mulher, Cat passou por transformações tão intensas
que ela mal parecia com a garota sonhadora que busquei no
aeroporto. Sua maturidade e segurança eram o pilar da nossa casa.
Eu era mais velho e supostamente com mais experiência de
trabalho, me pegava ansioso para ouvir seus sábios conselhos.
Eu era um príncipe e fui resgatado pela princesa. Foi ela quem
me tirou da torre que meu passado me prendia, me libertou para o
amor e me empurrou para frente. Juntos, construímos muito, mas eu
sabia perfeitamente que sem ela, não teria movido um único passo
à frente.
Esperava poder ensinar aos meus filhos que o amor de
verdade nos mantém em equilíbrio, apoia nos obstáculos, suporta
os dias ruins e comemora os dias bons. O amor de verdade é
aquele que fica depois do beijo.

FIM
Próximo livro da série
Princesas Modernas 4
Lançamento em 2022.
Liam e Emily

“Era uma vez Dylan Mitchell e Adelle Evans e agora é a parte em


que começa o nosso “felizes para sempre”. Venha comemorar com
a gente...”
Larguei o convite em cima da mesa velha do meu escritório e
respirei fundo, esfregando meu peito e deixando a sensação
esquisita de lado. Meu ex-noivo mandou o convite de seu
casamento, apenas dez meses depois que o nosso foi cancelado.
Felizmente, ele não teve a cara de pau em marcar no mesmo lugar
e no mesmo horário.
Seria em um clube pomposo da cidade, um local onde eu não
escolheria, mas a sua mãe sim. Talvez a sua futura esposa escolheu
apenas para agradar a bruxa.
Digitei o nome da noiva no google e vi que ela era filha de
um ex-prefeito, não votei nele, mas só comprovava que Dylan e toda
pressão de sua família era verdadeira. Eles queriam alguém dentro
dos padrões, de sua mesma classe e por mais que ele gostasse de
mim, não me amava o suficiente para não exigir que fosse do jeito
que sua posição como empresário influente e um homem de família
rica esperava.
Guardei o cartão de confirmação junto com o convite, é claro
que não iria aparecer. Apesar do nosso término não ter sido
consensual e haver grandes mágoas, eu o amava e fiquei arrasada
em ligar para meus amigos e familiares informando o cancelamento,
além das notas no jornal, meus colegas de trabalho me olhando
estranho e as perguntas nos olhares.
Por que ela deixaria um homem como Dylan Mitchell?
Por que ela não queria ser a nova Senhora Mitchell?
Por tantos motivos que mal posso computar, senhoras e
senhores!
Não nasci em família rica, fui criada em um orfanato até meus
sete anos, quando uma mulher quase me atropelou com sua
bicicleta. Ela disse que foi amor à primeira vista e uma resposta
divina. Naquele mesmo dia, recebeu a notícia de que não poderia
ter filhos naturalmente. Depois de me adotar, levou mais três
crianças para casa e assim eu tive irmãos, pais amorosos e uma
vida feliz.
***
Minha roupa era uma calça jeans escura, justa, com botas de
cano médio e uma camisa social larga, que cobria a minha bunda
junto com o terninho cinza escuro. Apesar de alta, não fazia o estilo
modelo devido às minhas curvas. Minhas pernas eram longas, meus
ombros eretos, seios bem fartos devido à minha produção de leite.
Escolhi usar uma pasta de couro preta, para guardar o material que
fosse necessário para o dia – coisas femininas e espaço para o meu
material de trabalho.
Passei pela recepção e o segurança que Bárbara me
apresentou estava entrando quase que ao mesmo tempo que eu.
— Seja bem-vinda, Emily. Como está? — Seu sorriso
animado realmente me fez sentir bem-vinda. — Ansiosa com o
primeiro dia?
— Estou bem, obrigada. Um pouco, sim, não vou negar —
respondi e dessa vez não corei. A empresa era de segurança online,
mas também fornecia segurança pessoal, serviço de guarda-costas
e alguns detetives. Quando Bárbara me apresentou a Owen, meus
olhos quase saltaram da cabeça e fiquei vermelha pela minha
reação à sua beleza.
O homem era alto, forte, musculoso, um rosto marcado com
cicatrizes que o deixavam ainda mais bonito. Com um jeitinho
selvagem. Mas seu sorriso com covinhas lhe dava o ar de ursinho
assustador meio fofo. Foi muito simpático e brincalhão, ele era chefe
da segurança do prédio e do CEO, fundador da empresa, que ainda
não havia conhecido.
Liam Logan Jones.
Eu não sabia quem era, não havia fotos deles na página da
empresa. Somente de algumas áreas comuns e fotos profissionais,
não dos funcionários. Era bom o quanto a empresa prezava pela
privacidade de quem trabalhava com eles.
Junto com Owen, entrei no elevador que levava à
presidência. Apenas cinco funcionários eram permitidos a entrar
nele, qualquer outro precisava ser convidado através de liberação
ou código. Não havia uma recepcionista no meu andar, somente
pessoas convidadas estavam autorizadas a subir. E era melhor
estar na minha mesa quando elas chegassem.
— Aqui está a sua sala. — Owen abriu uma porta de uma
sala espaçosa, com vista para a cidade e todos os prédios altos ao
redor. — Bárbara já te deu um tour?
— Já sim, obrigada.
Owen me desejou boa sorte antes de sair para sua própria
sala. Na minha lista de tarefas, havia algumas coisas que
precisavam ser feitas antes da copeira ser autorizada a subir. Ela
trazia café fresco, água quente, chás e tudo ficava organizado na
copa, que parecia mais uma sala de jantar de uma casa pomposa.
Meu trabalho era assegurar que ela não fizesse nenhum trajeto
além do elevador para a copa.
Dei uma espiada, tudo parecia limpo. Bárbara me disse que
Owen sempre ficava até mais tarde para a limpeza dos escritórios,
havia informações confidenciais que não podiam ser roubadas.
Assinei um contrato que me responsabilizava até pela próxima vida
por todas as informações, tive meus antecedentes verificados e
como não era idiota, já tinha a noção de que Owen sabia que tinha
um filho e quem era o pai dele, bastava fazer as contas.
— Bom dia, senhorita Williams. — Uma jovem senhora
saiu do elevador com o uniforme da empresa que vi em outros
funcionários, mas o dela era todo azul ao invés de todo preto. —
Sou Marisa. — Ela tinha um sotaque diferente, mas a sua
aparência não dizia nada sobre a origem. Talvez hispânica pelo
nome?
— Muito prazer, Marisa.
Sem delongas, ela empurrou o carrinho até a sala da copa,
arrumando a jarra bonita de café, colocou várias embalagens para
café na máquina, como cappuccino e outros sabores. Senti minha
boca salivar, mas ainda não havia sido liberada para a cafeína. Era
o que mais sentia falta enquanto grávida e depois, amamentando.
Estava usando uma cinta pós-parto, calcinha de cintura alta, sutiã
de amamentação e absorventes nos seios. Acho que merecia
mesmo um café.
Ao invés disso, me concentrei no chá. Era o que podia tomar.
Marisa arrumou cookies que pareciam frescos, outros biscoitos
amanteigados e vários palitinhos de queijo. Pacotes de manteiga,
geleia, creme de avelã com chocolate e besteiras que a gente só
come em hotel quando tem dinheiro para consumir o frigobar.
— Obrigada, Marisa — disse, ao acompanhá-la de volta ao
elevador.
Tomei café em casa, mas parecia uma criança querendo
comer aquilo tudo. Aproveitei o tempinho e liguei o computador na
mesa. Havia uma letra de forma em um post-it. Estava um login e
uma senha, assinado por Owen. Ele trabalhava aos domingos
também? Ou deixou aquilo na sexta-feira? Digitei a senha e o
computador ligou, mas não era uma interface normal de um
computador do Windows ou da Apple. Era diferente, bem
autoexplicativo, mesmo assim, sabia que iria precisar de prática.
Li os arquivos em cima, havia notas em todos eles, com uma
letra diferente que parecia masculina demais para ser de Bárbara.
Talvez fosse do meu chefe e como ainda faltava uma hora para que
chegasse, segundo a rotina que Bárbara havia me informado, decidi
seguir a lista e cuidar das mensagens escritas nos documentos.
Enviei uma mensagem para minha mãe, para saber como
meu bebê estava e ela enviou uma foto dele de volta, só de fralda,
no trocador portátil que deixei junto com suas coisas. Parecia bem,
menos mal. Voltei a me concentrar no trabalho, fazendo uma nota
mental de que precisava comprar fones de ouvido. Sempre gostei
de ouvir música enquanto digitava, mas não sabia se era permitido.
Um sinal suave, como uma campainha, soou e olhei para a
tela que ficava na mesa ao lado da minha, ela mostrava quem
estava dentro do elevador. Dois homens de terno e gravata, altos,
não dava para ver o rosto. Qual dos dois seria meu novo chefe?
Levantei, com as mãos suadas e limpei na calça jeans. Fiquei de pé
e parei em frente à minha porta, esperando-os.
Por que estava tremendo? Eram só pessoas.
As portas deslizaram abertas e olhei para o mais alto. Ele
usava o cabelo raspado, estilo militar, olhos verdes impressionantes
e um rosto duro, forte, uma cabeça gigante, bem equilibrada em seu
corpo também muito grande. Uma cicatriz estava em seu olho e me
lembrou o Scar, de O Rei Leão. Seu tamanho indicava que malhava,
era forte, era possível ver o contorno dos seus músculos no terno
que, provavelmente, tinha sido sob medida.
Eu sabia que ele era Liam Logan Jones.
A VALENTIA DO AMOR.

Primeiro livro da série Princesas Modernas.

A primeira vez que o vi, ele apontou uma arma para mim. Ergui
minhas mãos e considerei acertá-lo com minha flecha, mas tudo que
fiz foi correr e lutar pela minha vida quando ele me agarrou.
Rolamos no chão e quase perdi meu fôlego. Na verdade, ele estava
me salvando de cair em um desfiladeiro e em seguida, me salvou de
passar a noite perdida na floresta.
Eu sou autora de romances eróticos, ele é um mecânico muito sexy
e pai de um menino especial. Minha vida, de repente, tornou-se
sinopse do meu próximo livro.
O que esperar de uma história como essa?

"Era tão bom estar com ele, um relacionamento de paz, um amor


tranquilo. Justin provava todos os dias, nas pequenas coisas, que
não estava interessado em me controlar, me possuir ou me
machucar".

O livro pode conter gatilhos emocionais.


O PRINCIPE QUE EU AMO
Segundo livro da série Princesas Modernas.

Aviso: O Príncipe Que Eu Amo, faz parte da Série Princesas


Modernas. Por ser com casais diferentes, cada livro da saga pode
ser lido separadamente, mas talvez o posterior contenha spoilers do
anterior.

Aviso: O livro pode conter gatilhos emocionais.

Sempre foi ódio ou era atração mal resolvida?

Os sinos do casamento badalaram e ninguém esperava que o casal


da vez era... Ethan e Charlotte.

Como assim?

Charlotte nasceu em um berço de ouro, com uma coroa em sua


cabeça e a responsabilidade de ser a figura feminina, delicada, que
deveria ser idolatrada pelo povo por ser a segunda na linha de
sucessão do trono. Ela cresceu sob o olhar atento do mundo e na
ponta da língua cruel da mídia.

Não era segredo para ninguém que a Princesa de Rainland odiava o


Conde de Artworth e futuro Duque de Glouchester. Ao longo da vida,
os dois protagonizaram cenas constrangedoras e divertidas,
provocando um ao outro impiedosamente.

Ethan Lewis cresceu como um herdeiro, cumprindo obrigações


reais, estudando para ser o melhor e se dedicando aos títulos que
carregava. Foi jogado diretamente em uma zona de guerra que
mudou sua vida e lhe abriu a visão sobre quem realmente queria
ser. Um homem honrado e responsável, que perdia totalmente a
postura e a paciência quando certa princesinha entrava em jogo.

Para ele, Charlotte poderia ser a última mulher no mundo, que


jamais haveria algo entre os dois...

Para ela, não existiria nada com Ethan por acreditar que ele era
insuportável.

O que os dois não sabiam era que seus pais tinham outros planos.
Informações sobre a série:

Alicia e Ford
Daphne e Bruno

Terão seus respectivos livros em 2022 e ainda sem


mais informações sobre.
LIVROS QUE LOUIS APARECE...
A NOIVA INESPERADA DO SHEIK
Aviso: A Noiva Inesperada do Sheik, livro 2 da
quadrilogia Casamentos de Conveniência é um volume único. Por
ser com casais diferentes, cada livro da saga pode ser lido
separadamente, mas talvez o posterior contenha spoilers do
anterior.

Amor... Ódio... Dor... Inveja... Paixão.


Há muitos sentimentos que mudam como as areias do deserto se
transformam diariamente.

Abdar Khan Al-Abadi Hussain é um herdeiro de um império, no qual


sua família, em uma honrada dinastia comandava há séculos.

Ciente dos seus deveres como príncipe, trabalhava para seu povo,
mas nunca deixou de curtir a vida como um convicto solteiro de
mais de trinta, CEO das empresas de investimentos e com muito
dinheiro na conta bancária.

Ele sabia que um dia precisaria sossegar e ter filhos, produzir


herdeiros o suficiente para sua família continuar numerosa e no
poder.

Até que um dia, seu pai lhe surpreendeu com uma promessa de
casamento.

Rawan passou a vida longe de casa, estudando em Londres, se


formando em economia e planejando um grande futuro.

Quando seu pai lhe deu a notícia do casamento, aceitou por


obediência, porém, estava convicta que seria mais que a noiva
inesperada do Sheik.
UMA SURPRESA PARA O ESPANHOL

Aviso: Uma Surpresa Para o Espanhol livro 2 da Série Bebês


Inesperados é um volume único. Por ser com casais diferentes,
cada livro da saga pode ser lido separadamente, mas talvez o
posterior contenha spoilers do anterior.

Clara Hernandez estava em busca de uma aventura de verão.


Criada dentro dos muros de um palácio, mas não como uma
princesa, ela cresceu ajudando a mãe e criando o irmão caçula.
Sem saber quem é seu pai e abandonada pelo padrasto, sua vida
só conhecia o sabor do trabalho. Aos vinte e um, ganhou de
presente uma viagem para reencontrar seus avós maternos e
realizar o sonho de uma road trip, assim como sua mãe havia feito
antes dela nascer.
Ela não esperava que retornar para a Espanha faria com que
topasse com segredos do passado que sua família procurava
desesperadamente esquecer.
Eduardo Medina não queria mudar sua vida. Ele estava bem gerindo
seu negócio, equilibrando a briga entre seus irmãos mais velhos e
sua mãe, viajando o mundo com os amigos, vendendo carros de
luxo e organizando festas em iates. Ele não queria paz e calmaria.
Ele gostava de diversão e putaria.
Dono de boas aventuras, era o típico homem rico que fazia o que
bem entendia (e segundo ele, com os impostos em dia).
Obrigado por sua avó a cuidar da neta de uma amiga. Furioso por
se tornar babá de uma criança, se surpreende ao conhecer Clara,
que de criança não tinha nada e não estava interessada em sua
companhia.
A questão era que a mulher era um ímã para problemas e queria
desafiar o universo em Barcelona por ter um único verão para si
mesma. Decidido a ser seu acompanhante, Eduardo propõe um
plano… e eles jamais imaginariam que tudo mudaria e eles teriam
uma bela surpresa.
SOBRE A AUTORA:

Mari Cardoso nasceu no início da década de noventa, na


região dos lagos do Rio de Janeiro. Incentivada pela mãe, que
lia histórias bíblicas e entre outras, sempre teve aguçado o
amor pelos livros.
Em 2008, passou a se aventurar no mundo das fanfics da
Saga Crepúsculo até que, anos mais tarde, resolveu começar
escrever originais. Em 2019 iniciou sua carreira como autora
profissional e hoje possui duas séries em destaque: Elite de
Nova Iorque e Poder e Honra, dezessete livros publicados e
alguns milhares de leituras acumulados.
Tornou-se autora best seller no ano de 2020 com o
romance Perigoso Amor – Poder & Honra.

Ela possui
Suas redes sociais:
www.instagram.com/autoramaricardoso
www.twitter.com/eumariautora
www.mcmaricardoso.com.br
Grupo do Facebook.
AGRADECIMENTOS

Este trabalho não seria possível com a incomparável ajuda


profissional da revisora Dani Smith, da betagem sensível da Paula
Guizi. Agradeço imensamente o apoio destas mulheres no período
de construção dessa história assim como a força e incentivo da
minha parceira de trabalho, D.A Lemoyne. Não poderia deixar de
fora a torcida das minhas leitoras em nossos grupos de contato e o
carinho excepcional (e paciência) da minha amada mãe nos dias de
muito trabalho.

Gratidão eterna.
[1] Ethan é personagem do segundo livro da série O Príncipe Que Eu Amo.
[2] Leonard é primo do Louis e irmão da Charlotte. Ele pertence a série dos 8
silenciosos.
[3] Charlotte é personagem do segundo livro da série O Príncipe Que Eu Amo.
[4] Personagem do livro 4 da série Princesas Modernas.
[5] Justin é personagem do livro 1 da série Princesas Modernas.
[6] Personagem do livro Um Amor Italiano da Autora Mari Cardoso.

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