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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Educação e Comunicação

Estudante‫ ׃‬Dulce da Graça Alberto, 1º Ano, Curso Diurno

Curso‫ ׃‬Desenvolvimento Comunitário e Serviço Social

Docente‫ ׃‬Wilson Uaniheque, MA.

Disciplina ‫ ׃‬Empowerment

O presente trabalho no contexto do tema: como é que o empowerment pode ser uma
estratégia de desenvolvimento das comunidades. A pesquisa em alusão, pretende-se
aprofundar no estudo dos processos de empowerment, um dos paradigmas de
intervenção na sociedade contemporânea, surge com a percepção de que a intervenção
social carrega conceitos e práticas multidisciplinares, participativas, e que as diferentes
áreas têm muito a contribuir em processos sociais. O presente trabalho baseou-se no uso
da metodologia qualitativa voltada à consulta bibliográfica, recorremos a literaturas que
a faculdade dispõe, e recorremos a internet por insuficiência de matéria nas literaturas
consultadas.

O empowerment como um processo de acréscimo de poder, de “detenção de poder”


podemos encará-lo como uma estratégia alternativa à forma tradicional de promover o
desenvolvimento, como uma forma de “humanizar o sistema e, o seu objectivo a longo
prazo, é transformar a sociedade incluído as estruturas do poder” (Monteiro, 2008, p.
60).

Carvalho (2004), definiu que‫׃‬

Empowerment como uma forma de redistribuir o poder que se encontra desigualmente


distribuído na sociedade. Descreveu duas noções distintas: a psicológica e a
comunitária. O empowerment é definido como sendo um sentimento de maior controle
sobre a própria vida que os indivíduos experimentam através do pertencimento a
distintos grupos, podendo ocorrer sem que haja necessidade de que as pessoas
participem de acções políticas colectivas, sendo esta uma perspectiva individualista.

O autor destacou que indivíduos são capazes de reconfigurar o contexto social no qual
vivem e que isso tem consequências positivas. Concluiu que o conceito de
empowerment é útil para repensarmos práticas de educação, de gestão de organizações,

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de reorganização do processo de trabalho em saúde e estratégias de participação
comunitária na área.

Zimmerman (1995), torna mais específica a conceptualização de empowerment,


referindo-se ao conceito como tendo três dimensões: controlo, consciência crítica e
participação.

O controlo refere-se à percepção que o individuo tem sobre as suas competências para
influenciar o sistema sociopolítico ou sobre o controlo que detém numa situação
específica. Assim, a componente de controlo é entendida, não como o controlo ou poder
sobre os outros, mas refere-se à aspiração, confiança e convicção pessoais sobre a sua
capacidade de intervenção e influência em várias esferas da sua vida: família, trabalho,
comunidade.

O empowerment envolve o desenvolvimento da consciência crítica sobre a sociedade e


sobre a comunidade. A consciência crítica refere-se ao conhecimento que os indivíduos
têm sobre a sua comunidade e à sua capacidade em analisar e questionar o contexto
social e político em que estão inseridos. O conhecimento sobre o contexto permite saber
identificar e perceber como funcionam as estruturas de poder, conhecer os seus
processos de decisão, identificar e prever os factores que podem dificultar ou facilitar a
sua intervenção e influência no contexto. A consciência crítica inclui também o
planeamento estratégico e a habilidade de identificar, mobilizar e gerir os recursos
necessários para alcançar os objectivos pretendidos.

A componente participação refere-se à acção concreta para atingir os objectivos


estabelecidos. A participação pode traduzir-se no envolvimento em grupos de ajuda
mútua, numa associação de pais duma escola, no local de trabalho ou em movimentos
sociais que procuram influenciar o sistema social e político. A participação dos cidadãos
refere-se não só à sua presença e acompanhamento na realização de uma actividade ou
acontecimento, mas significa real possibilidade de expressar opiniões e contribuir para
os processos de tomada de decisão.

Deste modo, as organizações ou movimentos sociais iniciados pelos cidadãos, nos quais
são eles que definem os seus objectivos e escolhem os seus métodos de acção. Ou seja,
os mecanismos de iniciativa governamental, permanentes ou temporários, de

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auscultação dos cidadãos em relação às actividades dos organismos públicos ou sobre
alterações legislativas.

Friedmann (1996), argumenta que, o empowerment carateriza-se pela sua natureza


social (capacidade influência do público), político (participação na decisão política
sobre questões que dizem respeito a nível local) e psicológico (estímulo à capacitação
para a consciencialização crítica da autonomia e desenvolvimento pessoal e dos grupos).

Aqui, o poder do próprio capital social enquanto recurso facilitador para potenciar o
empowerment comunitário ou da comunidade é imprescindível num processo de
desenvolvimento comunitário no local.

Na visão de Souza (1990), desenvolvimento comunitário sendo um movimento


destinado a promover a melhoria de vida de toda população comunitária com a
participação activa e, de possível por iniciativa da comunidade, mas se esta iniciativa
não surgir espontaneamente, por meio de emprego de técnicas que façam surgir e a
estimulem a fim de assegurar sua resposta activa e entusiasta do movimento (p, 40).

O desenvolvimento comunitário como uma medida para solucionar o complexo


problema de integrar os esforços da população aos planos regionais e nacionais de
desenvolvimento económico e social (Ammann, 1997, p. 32).

Conforme Dreier (1996), o empowerment comunitário está relacionado à organização


de comunidades para resolver problemas sociais e melhorar suas condições económicas.
Para tal, são destacados os valores americanos de promoção de famílias saudáveis, auto-
ajuda e do equilíbrio entre direitos e responsabilidades das pessoas.

Além disso, Brinkerhoff e Azfar (2006), afirmam que o empowerment comunitário está,
conceitualmente, directamente relacionado à participação social.

A disseminação da informação e da educação, enquanto base para tomadas de decisão,


são condições fundamentais para a plena participação social. A informação e a educação
estão directamente ligadas ao princípio da promoção da saúde denominado
“empowerment”, que só é possível através da organização grupal. Através do
“empowerment”, pretende-se capacitar indivíduos e comunidades para que eles possam
assumir um maior controle sobre os factores pessoais, socioeconómicos e ambientais
que afectam a saúde (Sícoli & Nascimento, 2003).

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Assim, a premissa central do empowerment é a possibilidade de que indivíduos e
colectivos venham a desenvolver competências para participar da vida em sociedade, o
que inclui habilidades, mas também um pensamento reflexivo que qualifique a acção
política, são essas actividades que ajudam o processo de desenvolvimento das
comunidades.

As conclusões desse estudo, mostram que, o empowerment é um processo de


reconhecimento, criação e utilização de recursos e de instrumentos pelos indivíduos,
grupos e comunidades, em si mesmos e no meio envolvente, que se traduz num
acréscimo de poder psicológico, sociocultural, político e económico que permite a estes
sujeitos aumentar a eficácia do exercício da sua cidadania.

Sem se esquecer que, o empowerment comunitário constitui também, na actualidade,


uma ferramenta com que os governos e as organizações da sociedade civil procuram
transformar a vida das pessoas e comunidades, de forma a gerar processos de
desenvolvimento sustentável.

Finalmente, trata-se de uma abordagem que coloca as pessoas e o poder para agir no
centro dos processos de desenvolvimento. Portanto, o empowerment não é uma dádiva
qualquer, nem é neutro. Ele é construído e conquistado como um poder para a acção,
onde a participação é directa e não se reduz na mera participação no fazer, mas também
na tomada de decisão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Ammam, S. (1997). Movimento popular do bairro, de frente para o Estado em busca do

parlamento. São Paulo‫ ׃‬Cortez Editora.

Brinkerhoff, D. W., & Azfar, O. (2006). Decentralization and Community


Empowerment: Does community empowerment deepen democracy and improve service
delivery? Disponível em http://pdf.usaid.gov/pdf_docs/PNADH325.pdf. Acessado dia
09 de Agosto de 2023.

Carvalho, S. R. (2004). Os múltiplos sentidos da categoria “empowerment” no projeto

de Promoção à saúde. Rio de Janeiro‫ ׃‬Cadernos de Saúde Pública.

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Dreier, P. (1996). Community Empowerment Strategies: The Limits and Potential of

Community Organizing in Urban Neighborhoods. A Journal of Policy


Development and Research.

Friedmann, J. (1996). Empowerment uma política de desenvolvimento alternativo.

Oeiras: Celta.

Monteiro, F. (2008). Empoderamento e participação da comunidade. São Paulo‫ ׃‬Ed

Atlas.

Sícoli, J. L., & Nascimento, P. R. (2003). Promoção de saúde: concepções, princípios e

operacionalização. Interface - Comunic, Saúde, Educ.

Souza, M, L. (1990). Desenvolvimento de Comunidade e Participação. São Paulo,

Cortez Editora.

Zimmerman, M, A. (1995). Pysochogical empowerment‫ ׃‬issues and ilustrations.

American Journal of Community Psychology.

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