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UNIVERSIDADE GREGÓRIO SEMEDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E NOVAS TECNOLOGIAS


DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA

INTRODUÇÃO À
ESTATÍSTICA

Elaborado por: Msc. Pedro Zódima


1. INTRODUÇÃO
Frequentemente nos deparamos com informações estatísticas nos jornais,
televisão, empresas públicas ou privadas, etc. Por exemplo, quando a direcção dos
serviços de transporte de Luanda informa que transporta 7000 passageiros por dia,
estamos lidando com uma estatística do número de passageiros do autocarro. Tal
estatística foi obtida com base na análise do movimento diário ao longo de um
determinado período de tempo e dessas análises resultou um número que pretende dar
uma ideia do movimento diário de passageiros. É claro que isso não significa que todo
dia circulam exactamente 7000 passageiros, mas tal número representa uma estimativa
do número de passageiros.
Um outro exemplo que presenciamos periodicamente em Angola são os Censos
Demográficos, que são levantamentos realizados pelos governos com o objectivo de
conhecer as características de sua população, suas condições socioeconómicas, suas
características culturais e religiosas, etc. Temos também os Censos económicas, com os
quais se pretende conhecer as características da população formada pelos
estabelecimentos económicos do país; assim podemos ter o Censo Industrial, o Censo,
agro-pecuário, etc.
Definição 1.1 (Estatística). A estatística é uma colecção de métodos para
planejar experimentos, obter dados e organizá-los, resumi-los, analisá-los, interpretá-los
e deles extrair conclusões (Triola, 1998).
A estatística é considerada como um instrumento ou um conjunto de métodos
matemáticos que devem ser utilizados quando se pretende transformar dados em
informação (Cavalcante, 2004).
Dentro desta ideia, podemos considerar a Ciência Estatística como dividida
basicamente em duas partes:
1) Estatística Descritiva: se preocupa com a organização e descrição dos dados
experimentais;
2) Estatística Inferencial: que, a partir da observação de alguns dados
experimentais, realiza a análise e interpretação de dados com o objectivo de
generalizar e prever resultados, utilizando-se para isto da teoria das
probabilidades.

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1.2 Conceitos Fundamentais
1.2.1. População e Amostra
Definição 1.2.1 (População). População é uma colecção completa de todos os
elementos (pessoas, objectos, etc.) a serem estudados.

Exemplo 1.2.1.1 - Se o problema a ser pesquisado está relacionado com a qualidade


de um certo produto produzido numa indústria, a população pode ser composta por
todas as peças produzidas numa determinada hora, turno, dia ou mês, dependendo
dos objectivos.
Exemplo 1.2.1.2 - Se o objectivo de um estudo é pesquisar o nível de renda familiar
de uma certa cidade, a população seria todas as famílias desta população. Mas, se o
objectivo fosse pesquisar apenas a renda mensal do chefe da família, a população a
ser pesquisada seria composta por todos os chefes de família desta cidade.

A População pode ser:


1) Finita - quando o número de unidades de observação pode ser contado e é
limitado;
2) Infinita - quando a quantidade de unidades de observação é ilimitada;

Definição 1.2.2 (Amostra). A amostra é apenas uma parte da população, ou seja, é um


subconjunto da população.
Podem ser bem descritas essas definições na figura 1.

Figura1
Definição 1.2.2.1. (Amostragem) é o processo de escolha da amostra. É a parte inicial
de qualquer estudo estatístico. Consiste na escolha criteriosa dos elementos a serem
submetidos ao estudo. Geralmente, as pesquisas são realizadas através de estudo dos
elementos que compõem uma amostra, extraída da população que se pretende analisar.

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Exemplo 1.2.2.1. Pesquisas sobre tendências de votação em épocas de eleição, é
comum a realização de pesquisas com o objectivo de se conhecer as tendências do
eleitorado. Para que os resultados sejam de fato representativo, toma-se o cuidado de se
entrevistar um conjunto de pessoas com características socioeconómicas, culturais,
religiosas, etc. Tão próximas quanto possível da população à qual os resultados da
pesquisa serão estendidos. A escolha da amostra, a redacção do questionário, a
entrevista, a codificação dos dados e a averiguação dos resultados são as etapas deste
tipo de pesquisa.

Parâmetros: é uma medida numérica que descreve uma característica de uma


população.
Estimativa: é uma medida numérica que descreve uma característica da amostra.

1.3 Variáveis (ou Dados) e Tipos de Variáveis


Definição 1.3 (Variável). Uma Variável nada mais é que uma característica (ou dado)
associada a cada elemento da população ou amostra. A variável apresenta diferentes
valores, quando sujeita a mensurações sucessivas, e, em geral, é denotada pelas letras
maiúsculas: X, Y ou Z.
Antes de realizar qualquer tratamento estatístico de um conjunto de dados, é
importante identificar qual é o tipo de dado (ou variável) que será analisado, pois, é
mediante a este conhecimento que o pesquisador poderá ou não adoptar determinadas
técnicas estatísticas para a resolução de problemas. Por exemplo, será que é possível
calcular o peso médio de lutadores de boxe, quando os dados são colectados segundo a
categoria de peso (Leve, Médio e Pesado)?
Tipos de Variáveis:
As variáveis são classificadas em Qualitativas ou Quantitativas.
1) Variáveis Qualitativas - quando os valores que elas podem receber são
referentes à qualidade, atributo ou categoria.
Exemplos:
• Raça: podendo assumir os valores Branco ou Negro;
• Resultado de um teste: aprovado ou reprovado;
• Escolaridade: 1◦ grau completo, 2◦ grau completo, superior, pós-graduado;

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• Conceito de qualidade: péssima qualidade, regular ou boa qualidade.
As variáveis qualitativas são classificadas como: Nominais ou Ordinais.
(a) As variáveis qualitativas nominais - são caracterizadas por dados que se
apresentam apenas sob o aspecto qualitativo. Exemplos: raça, resultado de um teste, etc.
(b) As variáveis qualitativas ordinais - são caracterizadas por categorias que
apresentam uma ordenação natural. Por exemplo: escolaridade e conceito de qualidade.
2) Variáveis Quantitativas - quando os valores que ela pode assumir são
numéricos, os quais podem ser obtidos através de uma contagem ou
mensuração. As variáveis quantitativas podem ser classificadas de acordo
com o processo de obtenção; podendo ser: Discreta ou Contínua.
(a) As variáveis quantitativas discretas – são variáveis numéricas obtidas a partir
de procedimento de contagem. Por exemplo: Quantidade de pessoas numa família,
quantidade de acidentes numa indústria, etc.
(b) As variáveis quantitativas contínuas - são variáveis numéricas cujos valores
são obtidos por um procedimento de mensuração, podendo assumir quaisquer valores
num intervalo dos números reais, como por exemplo, a temperatura, altura, salário, etc.
A figura 2 abaixo resume o conceito de variável:

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2. ESTATÍSTICA DISCRITIVA
Para ilustrar o processo já definido em estatística, vejamos Figura 3:

12 15 18
Média
15 12 18
Moda
18 15 18
Mediana
17 19 20
Proporção
Quartis

Figura 3
No primeiro rectângulo, tem-se um conjunto de observações da variável idade de
um grupo de 12 pessoas e, no segundo rectângulo, as estatísticas (informações) que
podem representar esses números.

Distribuição de Frequência
Na Distribuição de frequência é feita a manipulação de grande quantidade de dados a
fim de apresentar algumas características inerentes na amostra ou população.

A distribuição de frequências é uma tabela que relaciona categorias ou classes de


valores, juntamente com contagens ou frequências do número de valores que se
enquadram em cada categoria (Triola, 1998).

Apresentação dos dados


De posse dos dados obtidos de um levantamento estatístico (censitário ou por
amostragem), é importante escolher a forma como esses dados serão apresentados, de
modo a facilitar a visualização dos resultados desejados. Neste assunto serão vistas
algumas técnicas de apresentação de dados, tanto tabulares quanto gráficas.
Tabelas:
 Contagem
 Frequência absoluta ( fi )
 Frequência relativa ( fr )
 Frequência acumulada (Fi )
 Frequência relativa acumulada (Fr )

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Gráficos:
 Histogramas;
 Gráficos de Barra, colunas, sector, linha, etc.
Exemplos:
1) Agosto de 2018, vimos em nossa televisão aberta um assunto sobre o uso de
postiços nas escolas da Província de Cabinda, e as opiniões foram das mais
variadas possíveis: numa amostra de 100 pessoas, 20 concordam, 45 concordam
em parte, 35 não concordam. Determine os relativos para cada opinião.
2) Temperatura média diária no mês de Dezembro de 2017 numa determinada
cidade.
Dia Temperatura (°C) Dia Temperatura (°C)
1 18,9 16 25,1
2 18,7 17 21,5
3 18,4 28 20,8
4 23,2 19 22,4
5 22,3 20 23,7
6 22 21 18,3
7 22,4 22 16,1
8 23 23 17,2
9 20,9 14 19,8
10 18,3 25 22,6
11 17,5 26 21,2
12 18 27 21,2
13 19,1 28 20,1
14 18,9 29 21,4
15 20 30 22,2
31 23,2

Os exemplos acima serão desenvolvidos em sala para fixar o conceito de organização e


apresentação dos dados.

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Metodologia I
Passo 1: Ordenar os elementos dos dados brutos em ordem crescente, indicando a
frequência absoluta de cada elemento.

 Dados brutos: dados que ainda não foram numericamente organizados. São as
observações.
 Frequência absoluta: número de vezes que um valor aparece num conjunto de
dados.
Temperatura (°C) Frequência
16,1 1
17,2 1
17,5 1
18 1
18,3 2
18,4 1
18,7 1
18,9 2
19,1 1
19,8 1
20 1 Dados Brutos
20,1 1 Dispostos em
20,8 1 ordem Crescente
20,9 1 com as respectivas

21,2 2 Frequências.
21,4 1
21,5 1
22 1
22,2 1
22,3 1
22,4 2
22,6 1
23 1
23,2 2
23,7 1
25,1 1

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Metodologia II

Passo 2: Determinar o número de classe (K). O número de classe é obtido pela regra de
Sturges (Crespo, 1997)
K = 1+3,3 (log n) , onde n é o número total de elementos do conjunto de dados.
K = 1+3,3 (log 31)
K = 1+3,3 (1,49)
K = 5,9 ≈ 6

Portanto, a distribuição de frequências será constituída de 6 classes.


OBS.: Existe outras formas para determinar o número de classe, porém em nossos
cálculos anotaremos a regra de Sturges.
Metodologia III
Passo 3: Determinar a amplitude dos intervalos de classe ( h).

h= =
Onde: é Amplitude Total do Rol, é o maior valor e é o menor valor.
Metodologia IV

• Por exemplo: Para a temperatura da primeira classe, onde o valor mínimo é 16,1ºC,
devemos encontrar o valor máximo.
Temperaturas Frequência absoluta
|------
|------
|------
|------
Total

Nesta tabela, o símbolo indica que o limite de classe inclui o valor da esquerda e
exclui o valor da direita.
Agora contando quantas vezes observamos as temperaturas contidas em cada
intervalo, construindo assim um tabela como a tabela acima (Metodologia IV).
Obs.: A representação gráfica será feita em sala, ou seja, uma questão do bom
aprendizado, todos irão praticar.

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Exercícios

1. Os seguintes dados referem-se ao número de acidentes diários num grande


estacionamento, durante o período de 50 dias:

6 9 2 7 0 8 2 5 4 2
5 4 4 4 4 2 5 6 3 7
3 8 8 4 4 4 7 7 6 5
4 7 5 3 3 1 3 8 0 6
5 1 2 3 3 0 5 6 6 3

Construa a distribuição de frequência simples absoluta e relativa e acumulada


utilizando:
a) Dados agrupados em classes;
b) Histograma

2. Os seguintes dados representam as alturas (em cm) de 40 alunos de uma classe.

162 163 148 166 169 154 170 166


164 165 159 175 155 163 171 172
170 157 176 157 157 165 158 158
160 158 163 165 164 178 150 168
166 169 152 170 172 165 162 164
- Construa a distribuição de frequência simples absoluta e relativa e acumulada
utilizando:
a) Dados agrupados em classes;
b) Histograma

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3. Num determinado processo de fabricação foram feitas 50 observações de uma
característica de qualidade, resultando nas seguintes medidas de espessura em
milímetros.

95 87 110 113 85 78 92 101 115 78


81 81 61 109 103 73 74 122 60 102
101 66 109 77 93 91 84 114 87 107
93 74 112 100 80 102 95 115 81 94
99 124 93 60 93 93 108 90 94 66

Pede-se:
a) A distribuição de frequência começando por 55 e adoptando o intervalo de
classe igual a 10
b) As frequências absolutas: simples e acumulada
c) As frequências relativas: simples e acumulada
d) O histograma para o processo

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