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FUNDAÇÃO DE APOIO À ESCOLA TÉCNICA - FAETEC

ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL SANTA CRUZ - ETESC


CURSO TÉCNICO DE QUÍMICA

Por: Mariane Queiroz, Laís Lopes,


Liandra Rodrigues e Kettley Santos.

ABERTURA DE AMOSTRAS DE SOLOS


CONTAMINADOS PARA ANÁLISE DE COBRE (Cu)

ANÁLISE INSTRUMENTAL e QUÍMICA AMBIENTAL/ 3116/21


RIO DE JANEIRO/ 2023

Introdução
A análise de solo tem como objetivo averiguar a fertilidade do solo, identificando a
presença de acidez e de elementos tóxicos para as plantas. Ela também indica a
textura do solo pela relação dos teores de argila, silte e areia. É importante que toda
recomendação de adubação e calagem seja orientada pela análise do solo. Somente a
partir dela é possível determinar a disponibilidade dos nutrientes e a quantidade de
corretivos e adubos necessários para o bom desenvolvimento da cultura. Além disso,
os resultados dessa análise contribuem na escolha das espécies mais adaptadas às
condições de solo da área amostrada. Na análise de solo completa, são avaliadas as
características físicas e químicas da amostra.

Análise física
A análise física caracteriza o solo quanto a proporção entre os teores de areia, silte e
argila. Ou seja, nessa avaliação é determinada a textura do solo. Não há a
necessidade de realizar a análise física do solo mais de uma vez. Isso porque a
textura do solo é uma das propriedades que menos sofre alteração ao longo do tempo.
Porém, caso você não conheça a textura do solo onde será instalada a lavoura, é
recomendado fazer essa avaliação. Conhecer a textura do solo é fundamental para
fins de manejo. Esse atributo influencia em diversos fatores, como:

 aeração do solo;

 nutrição das plantas;

 interpretação do teor de fósforo;

 taxa de infiltração de água;

 capacidade de retenção de água;

 aderência das partículas do solo.

Análise Química
A análise química do solo tem o objetivo de determinar a fertilidade do solo. Ou seja, a
capacidade que determinado solo tem de fornecer nutrientes para as culturas
agrícolas. Nessa avaliação são utilizados extratores químicos que simulam a extração
dos nutrientes pelas plantas. Dessa forma, é possível quantificar quais os macro e
micronutrientes estão disponíveis. Na análise química também são definidas as
acidezes ativa, trocáveis e tituláveis, a CTC do solo e o teor de matéria orgânica.
Assim, as recomendações de calagem e adubação são feitas de acordo com as
condições do solo e da exigência nutricional da espécie.
Na tabela periódica, os metais pesados estão situados entre o Cobre (Cu) e o
Chumbo (Pb). Esses metais são utilizados pelas indústrias navais, indústrias de
baterias e pilhas, siderúrgica, metalúrgica e até em alguns inseticidas que, por sua vez
são utilizados de maneira irregular por muitos agricultores. Cabe destacar, que por
conta de suas propriedades, os metais pesados não são encontrados em sua forma
pura na natureza, os mesmos são encontrados associados à pequenas quantidades
de outros elementos químicos.

Cobre (Cu)
O cobre faz parte do chamado grupo dos micronutrientes, que, mesmo sendo
requeridos em pequenas quantidades pelas plantas, desempenham um papel
fundamental no metabolismo e na fisiologia das plantas. Entre as funções que o cobre
está envolvido, estão:
 A formação da clorofila, pigmento responsável pela absorção de luz e essencial
para a clorofila;

 A participação na produção de hormônios vegetais, síntese de proteínas e


metabolismo de carboidratos importantes para o crescimento e
desenvolvimento das plantas;

 Indução da resistência a pragas e doenças, através da produção de compostos


como a lignina, que proporciona espessamento da parede celular, e também da
interferência nos processos metabólicos de fungos patogênicos, por exemplo.

Dessa maneira, é muito importante que o agricultor esteja atento ao manejo desse
micronutriente, de forma a evitar que a deficiência dele cause consequências que
atrapalhem a produtividade e a qualidade das lavouras. No entanto, é preciso também
que se tenha o cuidado para evitar o efeito contrário, que é a toxicidade relacionada ao
excesso de cobre. Todos os nutrientes, caso estejam presentes em excesso no
manejo agrícola, podem levar ao surgimento de sintomas de toxicidade nas plantas.
No caso do cobre, os principais sintomas dessa toxicidade são:

 Redução do crescimento, afetando sua capacidade de produzir frutas e flores;

 Clorose foliar;

 Danos às raízes, impedindo a absorção de nutrientes essenciais;

 Alterações na estrutura celular, afetando sua função e desempenho;

 Acúmulo em tecidos, como folhas, caules e raízes, causando danos a longo


prazo;

 Intoxicação sistêmica com sinais como amarelamento generalizado, morte de


tecidos e perda de vigor.

Objetivo
Determinar o teor de cobre presente em uma amostra e analisar os impactos do solo
contaminado por excesso de cobre causados por sua mineração.

Amostragem de solo contaminado por cobre


A amostragem do solo é considerada a etapa mais crítica de todo o processo de
análise do solo, haja vista que uma pequena porção de terra representará alguns
hectares, e não há meios para se corrigir possíveis erros cometidos durante a
amostragem. Para se obter uma análise confiável e de qualidade, é necessário em
primeiro lugar, realizar a amostragem adequada
da área, coletando subamostras (amostras
simples) que compõem posteriormente uma
amostra composta. O objetivo da amostra
composta é representar de forma homogênea
toda a área que foi amostrada. A partir do laudo
dessas análises laboratoriais é possível
interpretar e consequentemente, determinar a
necessidade ou a forma de recuperação do solo.

Procedimentos para a amostragem do solo

1 - Subdivisão da propriedade em glebas homogêneas


Antes da coleta das amostras, são identificadas áreas suspeitas de contaminação que
são subdivididas em glebas homogêneas, levando em consideração os seguintes
aspectos: posição no relevo (solo de morro, encosta ou baixada), cor do solo, textura
do solo, histórico de uso e manejo (culturas anteriores, calagens, adubações, etc.),
drenagem da área, presença de erosão. Como apresenta a imagem a seguir:

2 - Coleta das amostras de solo


Nas glebas homogêneas devem ser coletadas amostras representativas do solo
contaminado, pelo menos 20 que posteriormente devem ser misturadas em um
recipiente limpo para a retirada de cerca de 300 g de solo, o qual deve ser
acondicionado em saco plástico limpo, devidamente identificado (nome do proprietário,
data de coleta, gleba, profundidade de coleta, cultura, etc.), e encaminhado ao
laboratório para análise. Certifique-se de usar luvas e utensílios de coleta de amostras
limpos para evitar a contaminação cruzada. Deve-se evitar a coleta das amostras em
locais próximos a brejos, sulcos de erosão, caminhos de pedestres ou animais,
formigueiros, currais, estrume de animais, depósitos de calcário e jamais acondicionar
as amostras em embalagens usadas ou sujas.

3 - Ferramentas para amostragem do solo


A coleta das amostras pode ser realizada com diversos amostradores: trado de rosca,
trado holandês, trado caneca, sonda, pás e etc. Contudo, deve-se atentar para a
adequada limpeza tanto do amostrador como do recipiente utilizado para a mistura das
subamostras quando for mudar de gleba.

Análise laboratorial
Tem como objetivo principal indicar os nutrientes e as condições químicas disponíveis
para as plantas, a fim de direcionar a intervenção da adubação da forma mais
assertiva, precisa e sustentável possível, para que o máximo do potencial produtivo
possa ser expresso.
Além da análise química, também é possível e indicado realizar a análise física, que
consiste na textura do solo (% de areia, silte e argila). Essa análise tem papel
fundamental na compreensão, classificação taxonômica e também é extremamente
relevante na determinação da fertilidade da gleba amostrada.

Preparação das amostras de solo: É preciso peneirar as amostras para remover


detritos e separar qualquer material orgânico presente. Em seguida, as amostras são
secadas em temperatura ambiente para remover a umidade.
Digestão das amostras de solo: É realizada a digestão ácida das amostras em um
frasco adequado, seguindo as instruções de segurança. É adicionado um agente
oxidante, como água régia ou ácido nítrico concentrado, para solubilizar o cobre
presente no solo.

Métodos para analise de cobre no solo


Cada método tem suas próprias vantagens e limitações, e a escolha do método de
análise depende dos requisitos específicos do estudo e da disponibilidade de
equipamentos de laboratório. Além disso, para obter resultados mais precisos, é
recomendável realizar análises em triplicata e em laboratórios certificados.
1. Extração química: Consiste em extrair o cobre presente no solo usando diferentes
soluções químicas. Por exemplo, a extração com ácidos fortes como o ácido nítrico ou
ácido acético pode ser usada para determinar a concentração de cobre solúvel e
disponível no solo.
2. Espectrofotometria de absorção atômica (EAA): Utiliza uma fonte de luz para
medir a quantidade de cobre presente no solo. É um método amplamente utilizado e
confiável.
3. Espectrometria de emissão atômica (EEA): Neste método, uma amostra do solo
é introduzida em um plasma de alta temperatura, onde os átomos de cobre são
excitados e emitem radiação característica de cobre. A quantidade de radiação emitida
é medida para determinar a concentração de cobre no solo.

Impactos do cobre no meio ambiente e na saúde


O cobre é um metal amplamente utilizado na indústria devido às suas propriedades
físicas e químicas. No entanto, é importante ter cuidado com a exposição excessiva ou
inadequada, pois isso pode ter impactos negativos significativos no meio ambiente e
na saúde humana.

Excesso de cobre no meio ambiente


A poluição da água é um dos principais impactos do cobre. Ele pode ser liberado na
natureza por meio de atividades industriais, mineração, descarte inadequado de
resíduos e esgoto contendo cobre. O metal pode se acumular em corpos d'água,
prejudicando a vida aquática. Altas concentrações de cobre na água podem ser
tóxicas para peixes, invertebrados aquáticos e plantas, desequilibrando os
ecossistemas aquáticos.
Além disso, a mineração de cobre e a disposição inadequada de resíduos contendo
cobre podem levar à contaminação do solo, prejudicando o crescimento de plantas e
interferindo nos ecossistemas terrestres.
Outro efeito indireto da contaminação do cobre no meio ambiente é o impacto em
outras formas de vida, como pássaros e mamíferos. Esses animais podem ser
expostos ao cobre por meio da ingestão de alimentos contaminados ou contato direto,
o que pode afetar sua saúde e sobrevivência.

Consequência da exposição ao cobre na saúde humana


A exposição aguda e significativa ao cobre pode levar a sintomas como náuseas,
vômitos, dor abdominal, diarreia e distúrbios do sistema nervoso central. No entanto, é
importante ressaltar que a intoxicação aguda por cobre é rara e geralmente está
associada à exposição ocupacional ou à ingestão acidental de grandes quantidades
de cobre.
A exposição crônica ao cobre, principalmente por meio da ingestão de alimentos e
água contaminados, pode ser preocupante para a saúde humana. Essa exposição
crônica pode levar a problemas gastrointestinais, danos no fígado e nos rins, efeitos
neuro tóxicos e perturbação do sistema imunológico.
Certos grupos populacionais, como crianças, mulheres grávidas e lactantes, e pessoas
com condições médicas subjacentes, podem ser mais suscetíveis aos efeitos adversos
do cobre na saúde. Portanto, é crucial proteger esses grupos vulneráveis da exposição
excessiva ao cobre.

Conclusão

A conclusão depende significativamente dos resultados, mas já que o objetivo desse


trabalho é analisar os impactos do solo contaminado por cobre (Cu), é importante citar
que para minimizar as consequências do excesso de cobre no meio ambiente e na
saúde humana, é fundamental adotar práticas adequadas de gerenciamento de
resíduos, implementar regulamentações ambientais rigorosas e seguir boas práticas
de mineração. Além disso, a conscientização sobre os riscos associados ao cobre e a
implementação de medidas de controle são essenciais para proteger tanto o meio
ambiente quanto a saúde humana. Dessa forma, é possível aproveitar os benefícios
do cobre sem comprometer a sustentabilidade e o bem-estar das pessoas.
Referências
CANESTRI, Otávio. "Análise de solo: importância e vantagens". 3rLAB. Disponível em:
https://www.3rlab.com.br/vantagens-e-importancia-da-realizacao-de-analises-de-solo/.
Acesso em 27 de junho de 2023.
BARCELLOZ, Tatiza. "O guia da interpretação da análise de solo". Aegro. Disponível
em: https://blog.aegro.com.br/analise-de-solo/. Acesso em: 28 de junho de 2023.
"Análise de Cobre". Laboratório Terra. "Disponível em:
https://www.laboratorioterra.com.br/analise-cobre. Acesso em 05 de julho de 2023.
SOUZA, Samuel. "Quais são os principais efeitos da toxicidade de cobre nas
plantas?". Blog Verde. Disponível em:
https://blog.verde.ag/nutricao-de-plantas/toxicidade-cobre-nas-plantas/. Acesso em 06
de julho de 2023.
"Metais Pesados: Entenda o que são, seus riscos, e como são determinados". Atom Jr.
Disponível em: https://www.atomjr.com.br/post/metais-pesados-entenda-o-que-s
%C3%A3o-seus-riscos-e-como-s%C3%A3o-determinados?gclid=. Acesso em 07 de
julho de 2023.

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