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1.

GENERALIDADES

Prezado formando,

Seja bem-vindo ao módulo REALIZAR O MANEIO DA FERTILIDADE DE SOLO!

Este módulo pretende fornecer informação de base sobre maneio do solos de forma a
permitir ao estudante adquirir habilidades de análise de uma situação sobre tipo e
características dos solos e necessidades nutricionais das culturas e com base nessa
análise ser capaz de sugerir medidas de correcção e remediação dos solos. Assim,
candidato deverá aprender a interpretar resultados de análise do solo, quais as formas
de melhorar a fertilidade do solo, como se faz a aplicação de nutrientes do solo usando
procedimentos e/ou equipamento especializado e quais os métodos de preparação e
remediação do solo que se podem aplicar para melhoria das propriedades do solo.
Como sabem que o nosso ensino é baseado em padroes de competencias, o presente
modulo pretende atingir os seguintes resultados de aprendizagem e/ou elementos de
competencias:
1. Demonstrar compreensão sobre as propriedades do solo e o seu impacto no
crescimento; das plantas
2. Aplica nutrientes ao solo usando equipamento especializado e
3. Implementar a preparação e a remediação do solo.
1.2.Solo
Segundo o manual internacional de fertilidade de solo, o solo e o meio pelo qual as
culturas desenvolvem. O mesmo manual refere que que a fertilidade do solo é vital
para a produtividade, mas um solo fértil não é necessariamente um solo produtivo, isto
para compreender a fertilidade do solo é preciso conhecer outros factores que
favorecem, ou limitam a produtividade, por exemplo: ar, calor (temperatura), luz,
suporte mecânico, nutrientes e agua. O solo possui quatro componentes: matéria
mineral, água, ar e matéria orgânica, dos quais 45% correspondem a matéria mineral,
25% água, 25% ar e 5% a matéria orgânica.

Figura 1:Composição do
solo

1.2 Fertilidade de solo


Refere-se a capacidade que o solo tem de fornecer nutrientes às plantas em
quantidades adequadas, em proporções apropriadas ou necessárias e em
concentrações não tóxicas para o seu desenvolvimento.

1.3 Nutrição de plantas


O estudo de nutrição de plantas estabelece quais são os elementos essenciais para o
ciclo de vida da planta, como são absorvidos, translocados e acumulados, suas
funções, exigências e os distúrbios que causam quando em quantidades deficientes ou
excessivas
Elemento de competencia 1.Demonstrar compreensão
sobre as propriedades do solo e o seu
impacto no crescimento das plantas

Critérios de desempenho:
a. Explica o impacto das propriedades do solo na nutrição
das plantas
b. Explica o impacto da propriedade do solo na preparação
do solo
c. Identifica e interpreta sintomas de deficiências
nutricionais em diferentes culturas
d. Interpreta resultados de análises do solo e foliares
e.Sugere recomendações básicas para melhorar a
fertilidade do solo
2. FACTORES QUE AFECTAM PRODUTIVIDADE DO SOLO
2.1 PROPRIEDADES FÍSICAS DO SOLO
2.1.1 Textura e estrutura do solo
A textura do solo é determinada pela quantidade de areia, Limo e argila que ele possui.
Quanto menor for o tamanho das partículas, mais próximas da muito argilosa e
enquanto maior o tamanho das partículas, mais próximas da arenosa estará a textura.
As percentagem de areia, limo e argila são usadas para definir a textura do solo (que
pode ser apurada com auxílio do triângulo textural do solo. As partículas de areia
(tamanho de 0.05 – 2 mm) têm pouca habilidade para reter água ou nutrientes devido a
grandes espaços de poros entre partículas. As partículas de argila (menores que 0,002
mm) podem reter grandes quantidades de água e nutrientes. Os solos dominados pela
argila têm poros pequenos que evitam que a água escorra livremente.
Os solos com alto teor de agila, no tempo seco, apresentam dificuldade penetração de
alfaias, uma vez que se encontram muito duros. Em tempo de muitas chuvas, também
esses apresentam problemas relacionados à compactação devido à sua elevada
plasticidade. Assim o melhor período para se trabalhar nestes solos é quando estão em
sazão, isto é, quando não estão muito secos nem muito húmidos.
Ainda sobre os solos com alto teor de argila é importante notar-se que por possuírem
poros muito finos, eles são susceptíveis à indundações.

Figura 2. Classe textural dos solos

A estrutura refere-se ao arranjo ou agregados em unidades estruturais que podem ser


mantidas juntas, forte ou fracamente. A estrutura é responsável pela formação de uma
rede de poria (a principal área de armazenamento de água) e canais (passagem de
raizes) em solos. A figura abaixo resume as estruturas encontradas nos solos.
Figura 3: Tipos de estruturas do solo

O solo ideal para produção das culturas deve possuir as seguintes características:
o Textura limpas e teor adequado de matéria orgânica para o movimento da água
e ar;
o Quantidade suficiente de argila para reter a humidade de reserva no solo;
o Subsolo permeável e profundo, com níveis adequados de fertilidade e
o Meio ambiente adequado para raizes se aprofundarem em busca de humidade e
nutrientes.

2.2 PROPRIEDADES QUÍMICAS DO SOLO


2.2.1 Coloides e ions do solo
A medida que os solos são formados, durante os processos de intemperização, alguns
minerais e matéria orgânica são reduzidos a partículas extremamente pequenas. Estas
partículas de menor tamanho são chamados de colóides. Os coloides são os principais
responsáveis pela actividade química dos solos. Cada coloide (argiloso ou orgânico)
apresenta uma carga líquida negativa (-), desenvolvida durante o processo de
formação. Isto significa que ele pode atrair e reter partículas com carga positiva (+), do
mesmo modo que polos diferentes de um imã se atraem. Um elemento com uma carga
elétrica é chamado de íon. Os íons podem ser positivo e ou negativo.

2.2.2 pH
O pH do solo é a medida da acidez do solo que é baseada na concentração do
hidrogénio (H+). Os solos podem ser ácidos (pH<7), neutos (pH=7) ou alacalinos
(pH>7). O pH do solo afecta a disponibilidade de nutrientes do solo para a planta. A
figura 4 mostra, por exemplo, que ao nível de pH de 8 o nitrogénio tem alta
disponibilidade enquanto que o fósforo tem baixa disponibilidade. No entanto, a faixa
ideial do pH para solos agrícolas é de 6.5 a 7.5, onde a maioria dos nutrientes se
encontra disponível.
Figura 4: pH do solo versus disponibilidade de nutrientes no solo

2.2.3 Capacidade de Troca de cations(CTC)


oscations retidos nos colóides do solo podem ser substituídos por outros cations. Isto
significa que são trocáveis. Quando o número total de cations trocáveis que um solo
pode reter (a quantidade de sua carga negativa) é chamada de sua capacidade de
troca de cations ou CTC. Quanto maior o valor da CTC do solo, maior o número de
cations que ele pode reter. Um solo com alto teor de argila pode reter mais cations
trocáveis do que um solo com baixo teor de argila. A CTC também aumenta com O
aumento no teor de matéria orgânica. Os solos argilosos, com alta CTC, podem reter
grandes quantidades de cations contra potencial de perda por lixiviação. Os solos
arenosos, com baixa CTC, retém somente pequenas quantidades de cations. Não é
aconselhável aplicar potássio em altas doses em solos muito arenosos em climas onde
chuvas podem ser intensa e abundantes. A aplicação nestas condições deve ser
parcelada para evitar lixiviação e as perdas por erosão. O nitrogênio também deve ser
parcelado, uso de inibidores da nitrificação e a aplicação em épocas adequadas para
atender os picos da demanda das culturas são importantes para diminuir o potencial de
lixiviação de nitratos em solos arenosos.A capacidade de troca catiônica é uma boa
medida da capacidade que um solo tem de reter e fornecer nutrientes para uma cultura.
A CTC de um solo pode ser calculada da seguinte maneira:
CTC = Ca2+ + Mg2+ + Na+ + K+ + H+ + Al3+
ou
CTC = S + Al3+ + H+

Onde: S é a soma de bases (S = Ca2+ + Mg2+ + Na+ + K+ ).


Os valores da CTC para várias texturas do solo são mostrados na tabela X e expressos
em meq (miliequivalentes).
Tabela 1: Valores da CTC em relativos às diferentes texuras do solo
CTC
Textura do solo (meq/100g do
solo)
Areia (clara) 3-5
Areia (escura) 10 – 20
Limo 10 – 25
Argila 20 – 50
Conforme se pode notar na tabela acima, os solos com alto teor de argila geralmente
têm alta CTC e consequente capacidade de disponibilizar nutrientes para as plantas do
que solos com alto teor de areia. Esta alta capacidade que os solos argilosos têm de
reter nutrientes deve-se ao facto de à presença de serem ricos em coloide, partículas
extremamente pequenas que não podem ser vistas a olho nu. Os coloides têm carga
negativa e isso lhes confere a capacidade de atrair elementos de carga positiva e
repelir os de carga negativa.

Figura 6. processo de retenção dos catiões nos coloides

2.2.4 Saturação de bases (V% ou SB)


A saturação de bases indica as condições de fertilidade do solo.
Se a maior parte da CTC de um solo for ocupada pela soma de bases (S = Ca2+ + Mg2+
+ Na+ + K+), então pode-se dizer que esse solo é bom para a nutrição das plantas.
Mas, se a maior parte da CTC for ocupada por H+ e Al3+, que são tóxicos para as
plantas, então esse solo não é bom.
Assim sendo, para sabermos se o solo é bom ou não para as plantas recorremos à
saturação de bases (V%), que se calcula da seguinte maneira:
S
V% = ∗ 100
CTC

Se : V% ≥ 50% → Solos férteis; V% < 50% → Solos pouco férteis.

2.2.5 Matéria orgânica do solo


A matéria orgânica do solo consiste em resíduos de plantas e de animais em fase de
decomposição. Os níveis adequados são benéficos ao solo de várias formas: 1 -
melhoram as condições físicas; 2 - aumenta a infiltração de água; 3 - melhoram o solo
para a preparação; 4 - diminuem as perdas por erosão; 5 - fornecem os nutrientes as
plantas e 6 - aumenta a CTC.

2.3 OUTROS FACTORES QUE AFECTA NA PRODUTIVIDADE DO SOLO


2.3.1 Profundidade do solo
A profundidade do solo pode ser definido como aquela profundidade de material do
solo que é favorável para a penetração de raizes das plantas. Os solos profundos bem
drenados, com textura e estrutura desejáveis, são favoráveis para a produção de
culturas. As plantas necessitam de grande profundidade para o crescimento das raizes
e para assegurar a absorção de nutrientes e de água.

2.3.2 Declividade
A topografia da área determina a quantidade de escorrimento superficial e de erosão,
levando junto os nutrientes do solo. Ela também determina os métodos de irrigação,
drenagem e outra melhores práticas de maneio necessárias para a conservação do
solo e da água.

2.3.3 Organismo do solo


Vários grupos de organismos vivem no solo. Eles variam em tamanho, desde
microscópios (bacrerias, nematóides e fungos), até grupos visíveis a olho nu (Minhocas
e larvas de insectos). Alguns micro-organismo causam várias reações favoráveis no
solo, como a decomposição dos resíduos das plantas e dos animais. Outras reações
danosas, tais como o desenvolvimento de organismos que causam doenças em
plantas e animais. Aumentar da matéria orgânica no solo.

3. FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DAS PLANTAS


Pode definir-se Fertilidade do Solo, como a capacidade deste em fornecer às plantas
os nutrientes assimiláveis essenciais e a água, na quantidade e proporções adequadas
ao seu crescimento e desenvolvimento, na ausência de substâncias tóxicas, que os
possam inibir (FAO). 60% da produtividade agrícola depende da fertilidade do solo.

O estudo da Nutrição das Plantas estabelece, quais são os elementos essenciais para
o ciclo de vida das plantas, como são absorvidos, translocados e acumulados, as suas
funções, exigências e os distúrbios que causam, quando em quantidades deficientes ou
excessivas. A planta não escolhe o que absorve e por essa razão, podemos encontrar
na sua composição nutrientes (N, K, P, Ca, Mg, etc.), não nutrientes e até mesmo,
alguns elementos químicos tóxicos. Assim, o termo fertilidade está associado ao solo e
a nutrição, por sua vez, diz respeito à planta. As duas coisas estão intimamente ligadas
e uma boa fertilidade do solo conduzirá a uma boa nutrição das plantas, pois o primeiro
e principal sinal de como está a fertilidade do solo, é através da planta. A cultura, dará
sempre sinais de como está o solo. É como se fosse uma pessoa, ou seja, se ela
sealimenta corretamente estará com aspeto saudável, caso contrário,
manifestaçõesvisíveis, mostram que ela não se encontra bem. Portanto, a fertilidade do
solo é a basepara uma boa nutrição das plantas. É impossível ter uma cultura bem
nutrida com umsolo pouco fértil, mas é possível ter um solo fértil e uma planta com
deficiências denutrientes, ficando este facto, a dever-se a diversos fatores: i) quando
existe algumelemento tóxico no solo; ii) solo compactado (compactação característica
do própriosolo, ou provocada); iii) doenças e pragas do solo, que afetam o crescimento
das raízes;
iv) presença de nematoides no solo; v) deficiência hídrica, o que conduz a uma
reduçãoda absorção dos nutrientes; vi) deficiente crescimento inicial da planta,
originandoraízes mal formadas. A interação do solo com as plantas envolve fenómenos
físicos,químicos e biológicos, todos interligados e direta ou indiretamente dependentes
entre si.

3.1.CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE
Para que um elemento seja classificado como essencial, deve satisfazer alguns
critérios (Arnon & Stout, 1939):
a) A ausência do elemento impede que a planta complete seu ciclo;
b) A deficiência do elemento é específica, podendo ser prevenida ou corrigida somente
mediante seu fornecimento;
c) O elemento deve estar diretamente envolvido na nutrição da planta, sendo que sua
ação não pode decorrer de correção eventual de condições químicas ou
microbiológicas desfavoráveis do solo ou do meio de cultura, ou seja, por ação indireta.
Epstein (1975), de maneira simples e direta, funde os dois últimos critérios em apenas
um, mais objetivo:
- O elemento faz parte da molécula de um constituinte essencial à planta.
Um exemplo clássico de um elemento que satisfaz este critério é o Mg, que toma parte
da molécula de clorofila.
Desde o início do Século XX foram realizadas inúmeras pesquisas visando à
caracterização dos elementos fundamentais para o ciclo vital das plantas. Com o
desenvolvimento dos cultivos em soluções hidropônicas ou, simplesmente, técnica de
hidroponia, as pesquisas puderam rapidamente evoluir tornando-se mais fácil à
supressão de um determinado elemento e a tentativa de sua substituição por outro,
prática fundamental para a caracterização de essencialidade de um elemento.

3.2. NUTRIENTES ESSENCIAIS ÀS PLANTAS


Os nutrientes são importantes, porque desempenham funções imprescindíveis
nometabolismo das plantas, seja como substrato (composto orgânico) ou em
sistemasenzimáticos. De uma forma geral, tais funções podem ser classificadas como:
i)estruturais (fazem parte da estrutura de um qualquer composto orgânico vital para
aplanta); ii) constituintes de enzimas (fazem parte de uma estrutura específica,
grupoprostético/ativo de enzimas); iii) ativadores enzimáticos (não fazem parte da
estrutura).

É de salientar, que os nutrientes não só ativam, como também inibem


sistemasenzimáticos, afetando a velocidade de muitas reações no metabolismo da
planta.
O crescimento e o desenvolvimento das plantas dependem, além de outros
fatores,como luz, água e dióxido de carbono, de um fluxo contínuo de sais minerais a
partir dasolução do solo, que é de onde a raiz retira ou absorve estes sais minerais ou
nutrientes.

Os minerais, embora requeridos em pequenas quantidades, são fundamentais para


odesempenho das principais funções metabólicas da célula. O efeito benéfico da
adiçãode elementos minerais no crescimento das plantas, foi idealizado pela primeira
vez peloquímico alemão Justus von Liebig, que ficou conhecida como “Lei dos
Mínimos” e quecompõe as bases da Nutrição Mineral. Este cientista descobriu, que o
crescimento dasplantas é limitado pelo nutriente na planta, que estiver presente em
menor quantidaderelativa e que este elemento, limita a sua produtividade.

3.2.1. Tipos de nutrientes


Os elementos minerais são classificados em dois grupos: os macronutrientes eos
micronutrientes. Os macronutrientes podem ser subdivididos em primários ouprincipais
e secundários, sendo os primários, absorvidos pelas plantas em maioresquantidades,
que os secundários. Os micronutrientes, são os elementos mineraisabsorvidos em
menores quantidades. Existem também, elementos não essenciais, masbenéficos para
as plantas. Esta divisão, não significa que um nutriente seja maisimportante do que
outro, apenas que eles são necessários em quantidades e
concentrações diferentes.

Macronutrientes primários ou principais: Azoto (N), Fósforo (P) e Potássio (K).


Macronutrientes secundários:Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e Enxofre (S).
Micronutrientes: Boro (B), Cloro (Cl), Cobre (Cu), Ferro (Fe), Manganês
(Mn),Molibdênio (Mo) e Zinco (Zn).
Elementos não essenciais:Sódio (Na), Silício (Si) e Cobalto (Co).

3.2.2. As leis da fertilidade do solo


Antes de aplicarmos fertilizantes teremos que pensar em alguns conceitos básicos que
envolvem as chamadas leis da fertilidade do solo. Tais conceitos ajudam a esclarecer
os cuidados necessários durante o processo de adubação.

A primeira lei é chamada de “lei da restituição”, indica que os nutrientes que saem
através da contínua retirada pela planta ou parte dela (grãos, por exemplo), devem ser
repostos afim de não empobrecer o solo. Embora seja muito simples e fácil de
entender, muitas das pessoas que trabalham na terra, esquecem este ensinamento e
aplicam menos ou mais do que foi retirado pelas culturas.
A segunda lei é “lei do mínimo”, onde a produtividade é limitada pelo elemento que
estiver em menor proporção em relação às suas necessidades. Isto quer dizer que,
caso o B esteja em nível muito baixo, em um determinado solo, este limitará a
produtividade. Mesmo que sejam aplicadas doses elevadas de outros nutrientes, a
planta não apresentará aumento de produção. Logo, é importante que seja identificada
a existência de carências ou de excessos nutricionais nas culturas antes da adubação,
afim de que se aplique a dose adequada dos nutrientes (Figura 02).

Figura: Lei do mínimo

A terceira lei, conhecida como ”lei dos acréscimos não proporcionais”, indica que a
aplicação de um determinado nutriente para uma determinada cultura, implicará em
acréscimos de produtividade cada vez menores até o ponto de estabilização. A partir
da estabilização da produtividade poderá haver perda dos nutrientes aplicados, ou
ainda provocar desbalanço nutricional com redução na produtividade e/ou aumento da
incidência de pragas e doenças. Logo, culturas que não recebam fertilizantes com
freqüência poderão ter grandes acréscimos na produtividade com uma aplicação de
pequena dose, enquanto culturas que recebam doses elevadas de adubo
repetidamente, poderão apresentar, na mesma situação, apenas um pequeno ou
nenhum acréscimo de produtividade.

Tabela 2. Mobilidade de nutrientes


Nutrientes Mobilidade Diagonostico visual
N, P, K e Mg Moveis Folhas velhas
S, Cu, Fe, Mn e Mo Pouco moveis Folhas novas
B e Ca Imoveis Folhas novas e
meristemas

Nutrientes móvel em condições de carência a planta promove a sua remobilização


das folhas velhas para folhas novas e frutos →sintomas da carência observados nas
folhas velhas e nutrientes pouco móvel e imóvel evidencia das deficiências nas
folhas mais novas e meristemas.

Distúrbio nutricional
O diagnostico em plantas que crescem no solo pode ser mais complexo pelos
seguintes motivos:
o A deficiência de vários elementos podem ocorrer simultaneamente em diferentes
tecidos vegetais;
o A deficiência ou quantidade excessivas de um elemento podem induzir a
deficiências ou acumulo excessivo de outros nutrientes;
o Algumas doenças virais podem produzir sintomas similares aquelas deficiências
nutricionais.

3.3. FUNÇÕES DOS ELEMENTOS ESSENCIAIS


3.3.1. Nitrogênio (N)
O N geralmente é exigido em grandes quantidades pelos vegetais. De maneira geral, é
observado em maiores concentrações nos tecidos das espécies pertencentes à família
Leguminoseae.Para a maioria das culturas, sua absorção ocorre preferencialmente na
forma de NO3-, exceto em solos sob condições adversas a nitrificação. Uma vez
absorvido o NO3- é reduzido e incorporado em compostos orgânicos.Assim, o N é
constituinte de aminoácidos, nucleotídeos, coenzimas, clorofila, alcalóides, e outros.
Na ausência desse elemento, o principal processo bioquímico afetado na planta é,
justamente, a síntese protéica, com consequências no seu crescimento. O
amarelecimento ou clorose das folhas mais velhas, como sintoma de deficiência de N,
decorre da inibição da síntese de clorofila. Plantas com excesso de N apresentam
folhas de coloração verde escura, com folhagem suculenta, tornando-a mais
susceptível às doenças e ataque de insetos ou déficits hídricos.
3.3.2. Fósforo (P)
O P, apesar de seu papel fundamental como componente energético. Da solução do
solo, é absorvido nas formas aniônicas (H2PO4- e HPO42-). Além de formar ATP e
ADP, o P atua em outras funções vitais. A carência de fosfato causa distúrbios severos
no metabolismo e desenvolvimento das plantas, levando a menor perfilhamento em
gramíneas, redução no número de frutos e sementes. Inicialmente, em folhas mais
velhas, a deficiência de P mostra-se sob a forma de clorose, ou redução no brilho e um
tom verde-azulado. Os sintomas de excesso aparecem, principalmente, na forma de
deficiência de micronutrientes, como Fe e Zn.

3.3.3. Enxofre (S)


Assim como o P e a maior parte do N, o S é absorvido do solo sob a forma aniônica de
sulfato (SO42-) e, posteriormente, reduzido e incorporado a compostos orgânicos.
Quando o fornecimento de sulfato é grande, sua absorção pode ser mais rápida que
sua redução e assimilação em compostos orgânicos. Fração apreciável do S total
pode, por isso, estar na forma de sulfato - uma fração maior que a correspondente ao
nitrato em relação ao N total.
Plantas deficientes em S tornam-se cloróticas devido a redução da biossíntese de
proteínas que formam complexos com a clorofila nos cloroplastos. A deficiência de S
pode, ainda, levar a um baixo nível de carboidratos e a um acúmulo das
fraçõesnitrogenadas solúveis como o nitrato. Dessa forma, observa-se, além da
redução da fotossíntese (devido ao baixo nível de carboidratos), a impossibilidade dos
substratos nitrogenados serem utilizados na síntese de proteínas. Dada a baixa
mobilidade interna do S, a sintomatologia de sua deficiência normalmente é
inicialmente manifestada em tecidos mais jovens.

3.3.4. Potássio (K)


A concentração de K nos tecidos vegetais pode apresentar grande variabilidade em
função da espécie e do maneio cultural utilizado. Seu principal papel é o de ativador
enzimático, com participações no metabolismo protéico, fotossíntese, transporte de
assimilados e potencial hídrico celular. Como principal componente osmótico das
células guardas, a transferência de K dentro e fora destas células regula a abertura e o
fechamento dos estômatos. Junto com Ca e Mg participa da importante função de
manutenção do equilíbrio iônico com os ânions.
Como ativador de inúmeras enzimas, sua deficiência conduz a profundas alterações no
metabolismo. Compostos nitrogenados solúveis acumulam-se, indicando a redução na
síntese protéica. Em condições de deficiência de K, as plantas tendem a apresentar
diminuição da dominância apical, internódios mais curtos e clorose seguida de necrose
das margens e pontas de folhas mais velhas.

3.3.5. Cálcio (Ca)


Níveis adequados de Ca ajudam a planta a evitar estresse decorrente da presença de
metais pesados e, ou, salinidade. A substituição do cálcio por metais pesados pode
causar um desequilíbrio estrutural e alterar a rigidez estrutural da parede celular.
Apresenta interações com Mg e K a ponto de um excesso do nutriente promover
deficiências nos últimos
Como o Ca não se movimenta via floema, sua redistribuição entre os órgãos da planta
praticamente não ocorre, podendo existir, simultaneamente, carência do elemento nas
partes mais novas da planta e excesso nas partes mais velhas. Dessa forma, a
deficiência de Ca mostra-se inicialmente nos tecidos mais jovens.

3.3.6. Magnésio (Mg)


Mais da metade do Mg contido nas folhas pode estar formando clorofila, já que esta
possui um átomo central de Mg. Além de seu papel na clorofila, o Mg é ativador das
enzimas relacionadas com o metabolismo energético, além de servir de ligação entre
as estruturas de pirofosfato do ATP e ADP.
A deficiência de Mg afeta parte do metabolismo das plantas, sendo a clorose
internerval das folhas velhas o sintoma inicial, seguido da redução da fotossíntese
decorrente da menor síntese de clorofila. Em casos extremos de deficiência, são
observadas necroses inclusive nas folhas novas.

3.3.7. Ferro (Fe)


O Fe é constituinte de inúmeros metabólitos, podendo ser parte integrante de proteínas
(ferrodoxinas p.e.) e de enzimas mitrocondriais relacionadas com o transporte de
elétrons, ou mesmo cofator de outras enzimas. Participa da redução do nitrato e do
sulfato e da produção de energia. Sendo essencial para a síntese de clorofila, podem
ser observadas correlações significativas entre o teor de Fe e de clorofila na planta.
Esse fato proporciona certa semelhança entre as deficiências de Mg e de Fe, sendo,
contudo, a deste último manifestada inicialmente nas folhas novas, dada a pouca
mobilidade do Fe na planta. Em casos extremos a folha inteira pode apresentar clorose
intensa manifestada por um branqueamento foliar. Elevadas concentrações de P na
planta reduzem a solubilidade interna do Fe.

3.3.8. Zinco (Zn)


Sua deficiência talvez seja uma das que mais afeta o crescimento de plantas,
resultando em pequena expansão foliar e encurtamento dos internódios (formação de
"roseta"). Essamanifestação deve-se a seu papel na síntese de triptofano, importante
aminoácido precursor das auxinas.

3.3.9. Manganês (Mn)


O Mn atua como ativador de muitas enzimas. Está envolvido em processos de
oxidação e redução no sistema de transporte de elétrons. Sua deficiência tem efeito
direto na respiração, podendo, ainda, afetar a formação de vários metabólitos. Os
sintomas manifestam-se inicialmente nas folhas novas na forma de clorose internerval,
ou de pequenas manchas necróticas ou mesmo de, até, dimorfismo foliar.

3.3.10. Cobre (Cu)


Assim como o Zn, o cobre atua como constituinte e cofator de enzimas, participa do
metabolismo de proteínas e de carboidratos e na fixação simbiótica de N2. Dada sua
pouca mobilidade interna, sua deficiência inicialmente manifesta-se como clorose nas
pontas e margens, encurvamento das folhas mais novas, permitindo que as nervuras
fiquem mais salientes. Observa-se, ainda, acúmulo de compostos nitrogenados
solúveis e menor absorção de O2.

3.3.11. Boro (B)


Existindo nas plantas na forma do ânion borato (BO33-) o principal papel do B nas
plantas é o de regulador do metabolismo de carboidratos. Acredita-se que seja
importante na síntese de uma das bases que forma o RNA (uracil). Está associado à
germinação do pólen e à formação do tubo polínico. Sintomas de deficiência podem ser
identificados pela formação de folhas de menor tamanho, com clorose irregular,
deformadas, quebradiças e morte do meristema apical, entre outros. Elevadas
concentrações de Ca na planta podem proporcionar maior requerimento de B.

3.3.12. Molibdênio (Mo)


O Mo está envolvido com várias enzimas, principalmente naquelas que atuam na
fixação de N2 atmosférico (nitrogenase) e na redução do nitrato (nitrato-redutase).
Plantas dependentes da simbiose ou aquelas nutridas apenas por nitrato, quando
ausente o Mo, apresentam deficiência de N. Os sintomas de deficiência manifestam-se
sob a forma de clorose geral, manchas amarelo-esverdeadas em folhas mais velhas,
seguida de necrose. Podem ser observados, ainda, murchamento das margens e
encurvamento do limbo foliar.

3.3.13. Cloro (Cl)


O Cl não é encontrado em nenhum metabólito em plantas superiores. Sua atuação
parece estar relacionada a um papel de neutralizador de cátions e do equilíbrio
osmótico de planta. Existem evidências de que o elemento esteja envolvido na
evolução do oxigênio nos processos fotossintéticos. Plantas como coqueiro e dendê
são muito responsivas ao cloro. Como sintomas de sua deficiência podem ser
observados redução do tamanho de folhas, clorose de folhas novas, bronzeamento e
necrose.

3.4. Avaliação da fertilidade do solo e da nutrição das plantas


3.4.1. Análise química do solo
A análise do solo é uma técnica simples, para avaliar diretamente a fertilidade de
umsolo, proporcionando resultados bastante credíveis. A análise química ao solo
deverá serfeita algum tempo antes da instalação da cultura, porque é a partir dela, que
o agricultorirá basear a sua adubação nos diferentes nutrientes, bem como a
necessidade ou não, defazer calagens e aplicações de gesso, sendo necessário um
tempo adequado para acorreção do solo. A metodologia utilizada para determinar a
concentração de um mesmonutriente pode ser diferente de um país para outro, ou
mesmo, de uma região para outra,dentro do mesmo país. Assim, a análise da
fertilidade de um solo pode dar resultadosdiferentes para um mesmo nutriente, o que
por vezes, pode gerar confusão nainterpretação da análise de solos. Assim, é
importante ter sempre a ajuda de umprofissional, o qual esteja capacitado na
interpretação da análise de fertilidade do solo.
O conhecimento sobre a fertilidade de um solo é de extrema importância, por
váriasrazões: i) a aplicação correta de fertilizantes minerais garante as quantidades
adequadasexigidas pelas culturas e a reposição no solo; ii) na ausência dessa
aplicação e/oureposição, a cultura irá procurar os nutrientes na reserva do solo, o que
poderá conduzirao esgotamento dos mesmos; iii) poderá haver redução do teor de
matéria orgânica nosolo, a qual é muito importante na retenção da água e no
fornecimento de nutrientes; iv)se não se aplicassem fertilizantes haveria uma
degradação da área semeada ou plantada,com consequente deficiência na oferta de
alimentos.

3.4.2. Análise foliar ou de tecidos vegetais


Através da observação das plantas, muitas vezes, é possível detetar
problemasnutricionais. Contudo, quando esses problemas são detetados, eles já estão
num estágiomuito avançado, ficando desse modo, mais difíceis de reverter. Assim,
quando houversuspeitas de problemas de nutrição, deve fazer-se imediatamente uma
análise foliar.
A análise foliar é uma análise química da planta onde é possível, com amostras
defolhas e em laboratório, conseguir identificar os problemas nutricionais. Através
destaanálise, obtêm-se os teores de macro e micronutrientes na planta e desse modo,
avaliar oseu estado nutricional, ou seja, qual ou quais os nutrientes, que estão em
défice e os queestão em excesso. Esta análise, representa um auxílio muito importante
para qualquerrecomendação de calagem, adubação, avaliação dos níveis mínimos
adequados denutrientes ou do excesso dos mesmos, os quais provocarão toxicidade
nas plantas.
Elemento de competencia 2.Aplica nutrientes
ao solo usando equipamento especializado

Critérios de desempenho:
a. Selecciona os nutrientes apropriados,
dada uma selecção de produtos disponíveis
b. Calcula as necessidades de nutrientes em
função da área, com as cartas tecnológicas
da
cultura, tipo de solo e os produtos disponíveis
c. Calibra o equipamento
d. Usa o equipamento
e. Cumpre com as normas de HST
adequadas
3.5. Relação entre nutrição mineral, fertilidade do solo e adubação
Pode definir-se adubação, como o fornecimento de nutrientes necessários às
plantaspara sobreviverem, tendo a finalidade de se obterem produções compensadoras
deprodutos de boa qualidade, com o mínimo distúrbio no ambiente. Sempre que
aquantidade de nutrientes fornecidos pelo solo às plantas for inferior à sua exigência,
ouseja, quando a fase sólida (matéria orgânica + minerais) não consegue transferir
para asolução do solo quantidades adequadas de um nutriente qualquer, é necessária
a suaaplicação mediante o emprego de fertilizantes que contenham o elemento em
falta eesta, pode dar-se através da aplicação ao solo ou pela aplicação específica do
elemento,via foliar (adubação líquida).
Para que as relações sejam estabelecidas de forma perfeita, de modo a obter-se
amáxima produção potencial das culturas com a mínima interferência ambiental,
seránecessário estabelecer determinadas avaliações tendo como base, as análises
e/ou decarências e os aspectos relacionados com o rendimento e a qualidade dos
produtosobtidos, ou seja: i) determinação dos nutrientes limitantes; ii) determinação
dasquantidades de nutrientes, necessárias; iii) épocas de aplicação; iv) localização;
v)rentabilidade; vi) efeito na qualidade dos produtos obtidos; vii) efeito no ambiente.
Do ponto de vista económico, a fertilização (adubação) e a correção da acidez
(calagem)são os meios mais rápidos e baratos para a obtenção de produções elevadas
dealimentos, fibras e energia. Contudo, as plantas cultivadas, tipicamente utilizam
menosde metade dos nutrientes aplicados. O restante pode ser lixiviado para os
lençóissubterrâneos de água, como por exemplo o azoto e também o potássio, fixar-se
ao solode que é exemplo o fósforo, ou contribuir para a poluição do ar. O azoto é um
nutrientemuito solúvel, perdendo-se facilmente por lixiviação, sendo essas perdas,
função daprecipitação ou da quantidade de água aplicada na rega. As perdas de azoto
estãoigualmente relacionadas com a fórmula química em que ele é aplicado. Em solos
comcomplexo de troca, a carga efetiva deste, é negativa e consequentemente, quando
oazoto é aplicado na forma de nitrato (N03-) as perdas serão maiores do que se
foraplicado na forma amídica CO(NH2)2 ou na forma amoniacal NH4+. A
fórmulaamídica passa rapidamente à fórmula amoniacal. Por sua vez, o fósforo é
pouco solúvele é absorvido através do ião ortofosfato primário (H2PO4-) e do ião
ortofosfatosecundário (HPO42-). Assim, este macronutriente fica retido facilmente no
solo eprincipalmente nos iões alumínio (Al 3+), nos iões ferro (Fe 2+; Fe 3+) e nos
iõesmanganês (Mn2+), quando o pH do solo é ácido. Quando o pH é alcalino, o fósforo
ligaseaos iões Cálcio (Ca2+), formando fosfatos bicálcicos e tricálcicos, que são
poucosolúveis e, desse modo, o fósforo fica indisponível para as plantas. Chama-se a
esteprocesso, a retrogradação do fósforo. O potássio é um nutriente, que também se
perdepor lixiviação, embora não tanto como o azoto e parte, fica adsorvido nos
minerais deargila, principalmente na superfície das ilites.
Deste modo, será de grande importância aumentar a eficiência de absorção e
deutilização de nutrientes, reduzindo os custos de produção para o agricultor
econtribuindo para evitar prejuízos ao meio ambiente.

3.5.1. Adubos
Os adubos, são produtos químicos ou orgânicos, que visam fornecer
nutrientesnecessários às plantas, de modo a aumentar a sua produção. Apresentam
elevados teoresde nutrientes, sobretudo macronutrientes principais - azoto, fósforo e
potássio e atuamsobre as culturas de forma essencialmente direta, permitindo uma
maior absorção.
Podem também, fornecer macronutrientes secundários - cálcio, magnésio e enxofre
emicronutrientes, tais como: ferro, manganês, zinco, cobre, boro, molibdénio, cloro
ououtros elementos benéficos. Podem ser aplicados à parte aérea das plantas
(adubaçãofoliar) ou ao solo.

3.5.2. Adubos minerais


Os adubos minerais, são obtidos industrialmente por processos químicos e
podemconter apenas um, ou vários dos nutrientes, essenciais às plantas.

Adubos minerais elementares - têm um só macronutriente principal - azotados


(N)(exemplos: ureia, nitroamoniacal 27 %, etc.), fosfatados (P) (exemplos: superfosfato
a18%, ou a 42%) e potássicos (K) (exemplos: cloreto de potássio 60 % ou sulfato
depotássio).
Quando se refere, que um adubo tem por exemplo 27 % de azoto
nitroamoniacal,significa que, em cada 100 kg de adubo, existem 27 unidades de azoto,
estando metadena forma nítrica e metade na forma amoniacal.

Adubos minerais compostos – São adubos, que têm na sua constituição, mais do
queum macronutriente principal, podendo ter dois e, neste caso, designam-se por
binários(N-P; N-K; P-K) ou três e serão ternários (N-P-K).

3.5.3. Adubos orgânicos


Os adubos orgânicos são produtos naturais, provenientes de resíduos de plantas
e/ouanimais e que, contêm uma mistura variável de nutrientes essenciais às plantas.
Exemplos de adubos orgânicos: farinha de peixe - com mais de 6% de azoto e 6%
defósforo, ossos moídos - com mais de 27% de fósforo, sangue seco e pulverizado –
commais de 10% de azoto, ou outros resíduos orgânicos, desde que satisfaçam os
seguintesteores: matéria orgânica 50%, azoto 2%, fósforo 3% e total de
azoto+fósforo+potássio,6%.

3.5.4. Adubos minero-orgânicos


Os adubos minero-orgânicos são obtidos por mistura de adubos minerais com
adubosorgânicos ou corretivos orgânicos, como por exemplo: adubos obtidos a partir
damistura de adubos minerais e estrumes de aviário ou outros produtos com
origemsimilar, desde que satisfaçam as seguintes condições: teor de matéria orgânica
25%,total de azoto+fósforo+potássio, 15% e qualquer destes macronutrientes, com
teoressuperiores a 5%.

3.6. Estado físico dos adubos


3.6.1. Adubos sólidos
Os adubos podem ser aplicados no estado sólido (granulado ou pó) e líquido.
Gasosos,são os fertilizantes, que se apresentam no estado gasoso nas condições
normais depressão e temperatura. O único fertilizante gasoso é a amónia,exemplo
(ureia)

3.6.2. Adubos líquidos


Os adubos líquidos podem ser aplicados à parte aérea das plantas ou ao solo, através
de
fertirrega. A absorção é feita através da cutícula das folhas. Depois de absorvidos, os
nutrientes são transportados para as diversas partes das plantas, onde são assimilados
e
utilizados em importantes funções biológicas,exemplo (codaflor).

Os adubos líquidos apresentam diversas vantagens: São a forma mais fácil eeficiente
de realizar a fertirrega; permitem, em cada momento, aplicar o equilíbriomais adequado
à fase de desenvolvimento da cultura (adubação por medida); nãoexigem qualquer
preparação ou diluição prévia; podem ter o pH ajustado àsnecessidades; permitem total
automatização do sistema e permitem poupar mão-de-obra.

3.6. Exercício de cálculo de quantidades de adubo

1. O sr GAF pretende adubar o seu campo com NPK (12-24-12). Sabe-se que a cultura
em campo precisa de 40 kg de N, 80 de P2O5 e 40 de K2O. Quantos sacos de NPK sr.
GAF deverá comprar.

Fósforo (P2O5)

100kg de NPK______24 kg de P2O5

X _______80 kg de P2O5

X = (100kg de NPK * 80 kg de P2O5) / 24 kg de P2O5 = 333.33 kg de NPK

Nitrogénio

100 kg de NPK ______12 kg de N

333.33 kg de NPK ____w


w =(333.33 kg de NPK*12 kg de N) / 100 kg de NPK = 40 kg de N

Potássio (K2O)

100 kg de NPK ______12 kg de K2O

333.33 kg de NPK ____y

y =(333.33 kg de NPK*12 kg de K2O) / 100 kg de NPK = 40 kg de K2O

Resposta: O sr. GAF deverá comprar 333 kg de NPK.

2. Passados 30 dias após a adubação com NPK, o Senhor GAF pretende fornecer
Nitrogénio às suas culturas para estimular o crescimento vegetativo. Na casa agrária
onde o sr. GAF adquire os insumos agrícolas tem disponível Ureia (46% de N).
Sabendo que ele pretende fornecer 69 kg /ha de N, calcule o numéro total de sacos (50
kg cada) que aquele produtor devera comparar para todo seu campo de 2ha.

Resolução

1º passo: Quantidade por ha


100kg de Ureia______46 kg de N

z _______69 kg de N

z = (100kg de Ureia * 69 kg de N) / 46 kg de N = 150 kg de Ureia

2º Passo: Quantidade de adubo para tota área

O sr. GAF precisará de 150 kg por ha. Mas, tendo ele 2ha, então precisara de 2*150 =
300 kg de Ureia.

3º Passo: Número total de sacos

Como o adubo está disponível em sacos de 50 kg, o sr. GAF deverá comprar 300:50=
6 sacos de 50 kg.

3.7. EQUIPAMENTOS DE APLICAÇÃO DE ADUBOS E CORRECTIVOS


3.7.1. Definições básicas
Vazão: quantidade do produto liberada por unidade de tempo, normalmente expressa
em Kgf/minuto.

Dosagem: quantidade do produto liberada por unidade de área, normalmente expressa


em Kgf/ha.

Mecanismo dosador: responsável pela definição da quantidade do produto retirado do


reservatório e liberado para o mecanismo distribuidor na unidade de tempo.

Mecanismo distribuidor: responsável pela definição da forma e da largura da faixa de


aplicação do produto retirado do reservatório sobre uma unidade de área.

3.7.2. Classificação de equipamentos de aplicação de adubos e correctivos


Os equipamentospodem ser classificados de acordo com as seguintes características:
o Quanto á sua potencia;
o Quanto ao tipo de mecanismo dosador;
o Quanto ao mecanismo distribuidor.

3.7.2.1. Quanto à potência


Com relação à fonte de potência para o transporte e/ou accionamento de seus órgãos
activos, os distribuidores podem ser de tracção animal, tractorizados e autopropelidos
(camiões aplicadores).

3.7.2.2. Quanto ao tipo de mecanismo dosador


Quanto ao tipo de mecanismo dosador que os equipa, os distribuidores podem ser
divididos em dois grandes grupos:
Gravitacionais: Promovem e controlam o fluxo gravitacional do produtodo reservatório
para o mecanismo distribuidor, auxiliados pelo movimento de um agitador mecânico
que actua sobre um orifício regulável.
Volumétricos: Promovem a retirada contínua de um determinado volume de material
do reservatório, normalmente por meio de uma esteira ou correia transportadora, e cuja
vazão é regulada por uma chapa raspadora que limita a altura do produto sobre essa
esteira, junto à bica de saída do reservatório. Essa bica despejará o produto no
mecanismo distribuidor da máquina. São mecanismos muito eficientes, e que
conseguem manter uma boa uniformidade mesmo no caso de produtos com elevado
teor de água.

3.7.2.3. Quanto ao mecanismo distribuidor


A. Gravidade: caracterizado pelos distribuidores cujos mecanismos dosadores
gravitacionais localizam-se no fundo do reservatório, e o produto depois de dosado, é
depositado em linhas na superfície do solo, por queda livre.
B. Força centrífuga: caracterizado pelos distribuidores que utilizam um ou mais
rotores (ou discos) horizontais com aletas fixas, ou não, para o lançamento radial do
produto.
C. Movimento pendular: caracterizado pelos distribuidores que possuem um tubo com
movimento oscilatório horizontal.
D. Distribuidor pneumático: caracterizado por apresentar um ventilador centrífugo
que gera corrente de ar que transporta o adubo, através de tubos do equipamento até à
saída daqueles, estas saídas encontram-se montadas numa rampa com deflectores,
que pode dobrar-se para facilitar o transporte.

Fórmula de cálculo da dosagem


Nas aplicações a lanço, a dosagem (D) é calculada a partir da seguinte equação:
3.7.3. Tipos de distribuição das máquinas aplicadoras
Existem três tipos de distribuição das máquinas aplicadoras relevantes a seguir:
o Faixa;
o Lanço;
o Linha.

3.7.4. Manutenção de equipamentos


o Quando em operação a máquina deve ser lubrificada diariamente nos pontos
indicados pelo fabricante, além de necessitar de constante reaperto de porcas e
parafusos, devido ao excesso de vibração;
o Em máquinas equipadas com rodas de terra pneumáticas, conferir a pressão
diariamente, pois estes fazem parte do sistema de transmissão, e se estiver
descalibrado vai interferir na vazão do produto;

o Nunca transportar o equipamento abastecido pelo produto ate ao campo;

o No final do período de utilização, desmontar seus órgãos activos, retirar o


reservatório, para a limpeza, repintar as partes metálicas que perderam sua
pintura e pulverizar com óleo para guardá-los ate o próximo período de
utilização.

Elemento de competencia 3. Implementar a preparação e a


remediação do solo

Critérios de desempenho:
a. Demonstra compreensão sobre as necessidades de
trabalho do solo dos vários tipos de
solo
b. Selecciona implementos e outros métodos de
preparação do solo adequados
c. Mantém registos ao longo do tempo relativos a
mudanças nas propriedades do solo
d. Participa na análise dos registos e na decisão sobre
medidas de remediarão a usar em
programas de maneio do solo
4. INFLUENCIA DAS TÉCNICAS DE MOBILIZAÇÃO DO SOLO NAS
PROPRIEDADES DO SOLO
As práticas agrícolas ligadas à mobilização do solo criam efeitos na propriedades do
solo. Na mobilização do solo podemos destacar três práticas muito conhecidas,
nomeadamente lavoura conencional, lavoura mínima e lavoura zero (zero tillage).

Lavoura convencional: o solo é completamente revolvido e sofre a intervenção de


todas operações mecânicas que compreendem a preparação do solo. Nesta prática
verifica-se:
Que o revolvimento do solo favorece a mineralização da matéria orgânica,
contribuindo para a disponibilidade de nutrientes (principalmente o N, P e S);
Alteração da estrutura do solo (a longo prazo);
Aumento da aeração do solo.

Lavoura mínima: consiste na mobilização parcial do solo. Em certos casos as


operações de preparação mecânica do solo resumem-se ao uso de uma passagem
com grade pesada. Como efeitos da lavoura convencioral podemos destacar:
Redução do risco de compactação do solo, visto que o uso de máquinas é
mínimo;
Aumento a aeração do solo;
Aumento da matéria orgânica no solo.

Lavoura zero (Zero tillage): prática que dispensa o uso de máquinas que mobilizam o
solo. Aqui o solo não é revolvido, apenas se abre covachos para a colocação de
sementes. Esta prática permite:
Manter a estrutura do solo;
Manter a densidade do solo;
4.1. CORRECÇÃO DE ACIDEZ DO SOLO
A acidez de um solo é devida à presença de H+ livre, gerado por componentes ácidos
presentes no solo (ácidos orgânicos, fertilizantes nitrogenados, etc).
Correctivos de acidez dos solos são produtos capazes de neutralizar (diminuir ou
eliminar) a acidez dos solos e ainda melhorar a disponibilidade de nutrientes ao solo,
principalmente o cálcio e magnésio. A neutralização da acidez consiste em neutralizar
os H+, o que é feito pelo anião OH-. Portanto, os correctivos de acidez devem ter
componentes básicos para gerar OH- e promover a neutralização.

4.1.1.Classificação dos correctivos de acidez


1.Calcárioé um produto em pó, obtido pela moagem de rocha calcária, contém
carbonato de cálcio e carbonato de magnésio.
2.Cal virgemde uso agrícola, quando o calcário é queimado, constituído de óxido de
cálcio e óxido de magnésio, pó fino e cáustico.
3. Cal hidratada ou extinta, é a cal virgem com a adição de água, tornando-se
hidróxido de cálcio e hidróxido de magnésio.

Os adubos tipo nitrogenadosSalitre do Chile, nitratos de K e Ca, tendem a diminuir a


acidez do solo e os amoniacais, sulfato de amónio, ureia e fosfato de amónio tende a
acidificar.A mistura feita pela indústria defertilizantesabrange todos os macro-
nutrientes e a maioria dos micro – nutrientes, em diversas formulações para as
diversas culturas.

4.1.2. Benefícios da calagem


A calagem adequada eleva o pH; fornece cálcio e magnésio como nutrientes; diminui
ou elimina os efeitos tóxicos do alumínio, manganês e ferro; diminui a "fixação" de
fósforo; aumenta a disponibilidade do nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio,
enxofre, boro e molibdénio no solo; aumenta a eficiência dos fertilizantes; melhora as
propriedades físicas do solo, como a aeração e a circulação de água; e eleva os
valores da saturação de base (V% = S/CTC ou T) e a soma de catiões trocáveis (S =
Ca + Mg + K) ou capacidade de troca de catiões (T = Ca + Mg + K + Al + H).

4.1.3. Época e modo de aplicação


Devido a baixa solubilidade dos calcários, vários factores, alem da qualidade do
produto, devem ser considerados para maximizar a eficiência da calagem. Segundo
alguns autores a épocadeaplicaçãodocalario pode ser feita em qualquer periodo do
ano, contudo é importante que a aplicação do calcário seja realizada com maior
antecedência possível ao plantio e ou adubação (30 dias). No caso de não ser possível
aplicar o calcário com antecedência necessária, pode-se utilizar produtos com maior
PRNT (Poder Relativo de Neutralização Total)

Adistribuiçãodo calcário deve ser feita o mais uniformemente possível, com adequada
regulação da distribuidora, de salientar que durante a distribuição do calcario deve se
garantir que o material seja incorporado na maior profundidade possível de modo a
permitir o melhor contacto do correctivo com as partículas do solo.No caso de culturas
anuais, recomenda-se aplicar metade da dose antes da lavoura e outra metade, após a
esta operação, e antes da gradagem.

Lembre-se: A adubação começa com a análise de solo, continua com a calagem e


termina com a aplicação do adubo adequado.

4.2. Correcção de alcalinidade (sódicos) e salinidade de solos


Alcalinidade de um solo pode ser explicada, como sendo um elevado grau de
saturação de bases, presença de sais, especialmente de carbonatos de cálcio,
magnésio e sódio, onde estabelece a preponderância dos iões hidroxila sobre os iões
hidrogénio na solução do solo.

No maneio de solos salinos, são recuperádos pela lavagem de sais, mas água deve ser
de boa qualidade, aplicada nos solos bem drenados e com adequada profundidade
efectiva. Portanto tais solos devem possuir drenagem interna favorável (boa
permeabilidade) favorecendo a lixiviação dos sais para as camadas profundas do perfil.

4.2.1. Causas de salinidade e alcalinidade de solos


O solo salino e / ou solo sódico é causada por quatro condições distintas:
I. O sal presente na rocha mãe apresenta baixa pluviosidade (lixiviação baixa),
II. Alta pluviosidade, com drenagem interna deficiente,
III. Aumento do lençol freático que transporta sal para a superfície do solo, e
IV. Aumento da quantidade de sal a ser aplicada principalmente através de produtos
químicos e água de irrigação de má qualidade.

4.2.2. Métodos de recuperação de solos salinos


A drenagem carrega os sais para baixo através do perfil do solo e fora da zona de
enraizamento. Sem drenagem, os sais irão se acumular, independentemente de
quaisquer alterações do solo.

Os solos salinos não podem ser recuperados por qualquer produto químico,
condicionador ou fertilizante. A recuperação desses solos consiste simplesmente
aplicando bastante água de alta qualidade para lixiviar o solo completamente. A água
deve ser aplicado de baixo teor de sódio, mas pode ser bastante salina (1.500 a 2.000
ppm de sal total), pois isso ajuda a manter o solo permeável durante o processo de
lixiviação.

Em solos sódicos, o sódio trocável por vezes é tão grande que a dispersão do solo é
praticamente impermeável à água. Solo sódico pode ser tratado através da substituição
do sódio absorvido com uma fonte solúvel de cálcio ou seja catião. O cálcio pode ser
disponibilizado através da manipulação com gesso nativa já no solo, cálcio na água de
irrigação (cloreto de cálcio). Eles podem ser úteis quando a permeabilidade do solo é
baixa devido à baixa salinidade, excesso de sódio, ou carbonato/ bicarbonato na água.
Por exemplo, para recuperar um solo a uma profundidade de 20 cm, as
recomendações de gesso são de, 10,2 toneladas por hectare.

Se os solos sódicos não contêm nenhuma fonte de cálcio (gesso ou livre), então o
gesso ou uma fonte de cálcio solúvel em água deve ser aplicado. No entanto, o
processo de recuperação não está completo até que a maior parte do sódio é retirado
do solo, pelo menos, a uma profundidade de 60 a 100 cm. Mesmo assim, mais tempo é
necessário para a restauração da produtividade do solo bom. Este processo é limitado,
uma vez que a estrutura do solo está completamente destruído, ele é lento para
retornar a uma condição desejável. É necessário grandes quantidades de cálcio solúvel
para corrigir solos sódicos.

Podem-se encontrar 2 procedimentos para a lavagem de sais:

o Lavagem contínua- cobrir a superfície do solo com uma lâmina de água de 10


cm de altura. Aqui, os sais são removidos mais rapidamente e permite uma
exploração mais cedo da área. Este método é recomendado para os solos que
apresentam boa permeabilidade, lençol freático profundo e alta taxa de
evaporação;

o Lavagem intermitente- própria para os solos com reduzida capacidade de


drenagem, lençol freático elevado e água subterrânea de baixa salinidade. Deve
ser aplicada nos períodos de baixa taxa de evaporação.

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