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6.

4 O ar no solo
A existência de partículas sólidas no solo, de formas e tamanhos variados,
resulta na existência de poros ou espaços vazios, entre as partículas. Se as
partículas unitárias se unirem, formando agregados, que promovem a estruturação
do solo, resulta na existência de poros maiores. A incorporação de matéria orgânica
no solo ajuda na agregação das partículas do solo e isso é muito bom para os solos
agricultáveis.
Esses poros são geralmente preenchidos por ar ou por água. A composição
química do ar existente no solo é diferente do ar atmosférico. O ar do solo tem uma
quantidade mais elevada de gás carbônico (CO2) por causa do processo
respiratório das raízes das plantas e por causa da decomposição da matéria
orgânica.
Para a maioria das plantas e microrganismos do solo o gás oxigênio é
fundamental para a respiração. A partir da respiração que a planta gera energia
para a captação dos nutrientes do solo e para a realização de outros processos
metabólicos.
Agora que sabemos disso, pare e pense! Se as plantas precisam do oxigênio do
ar e do solo para produzirem energia e captarem nutrientes, o que acontece com
as plantas que estão em solos compactados? O mau manejo do solo, promove a
compactação, certo? Então, em solos compactados a circulação de ar é menor. Daí
essa situação dificulta a respiração das raízes e consequentemente a absorção de
nutrientes também é abalada, podendo ter redução drástica da produtividade.
Pensando sobre o que aprendemos neste
tópico, você consegui compreender porque o
manejo conservacionista do solo é tão
importante? A agricultura empresarial, visa a
produtividade máxima das culturas, e para isso
usa cada vez mais máquinas e fertilizantes para
que isso ocorra, mas será que essa estratégia é
Fig 114:#22386036 boa e sustentável? Pense nisso!

6.5 A solução do solo


No que diz respeito ao suprimento de nutrientes ás plantas, não se
pode considerar a fase líquida do solo como água pura, mas sim uma
solução, na qual estão dissolvidos diversos solutos, principalmente os
nutrientes. As raízes absorvem os nutrientes direto da solução do
solo.

Além dos nutrientes, na solução do solo também estão presentes


os íons H+ e OH- que definem o pH da solução do solo. A acidez da
solução do solo é o principal fator a afetar a disponibilidade dos
nutrientes para as plantas. Há também a presença de elementos
tóxicos na solução do solo como os íons: Al+3, Al(OH)+2 e Al(OH)2+1. Fig 115:#12915128
E, ainda, em solos salinos o sódio pode apresentar-se em elevados
teores na solução do solo, na forma do íon Na+.
Embora a solução do solo seja a fonte imediata de nutrientes para as plantas, o
teor de nutrientes mesmo na fase líquida é muito baixo, mesmo em solos férteis. É
importante destacar que a solução do solo sofre variações de concentrações,
mesmo a curtas distâncias e, se apresenta de forma irregular nos poros do solo.
A capacidade do solo em suprir nutrientes as plantas está, em termos práticos,
ligada ao teor de nutriente disponível na fase sólida. Há necessidade de reposição
dos nutrientes da solução do solo, a medida que são absorvidos pelas plantas,
através da liberação contínua dos mesmos da fase sólida.

6.6 Componentes sólidos do solo


A fase sólida é representada pela por
componentes minerais ou inorgânicos e
orgânicos. Os componentes minerais
representam a maior parte da fase sólida dos
solos bem drenados. Em condições de má
drenagem, onde o acúmulo de matéria orgânica
é superior á decomposição, é que os
Fig 116:#14055374 componentes orgânicos podem predominar.
Os componentes sólidos do solo possuem tamanhos variados. Os minerais que
constituem o material de origem e que passam para o solo sem sofrer alterações
são denominados primários, enquanto os minerais formados recentemente
(produtos do intemperismo) são denominados minerais secundários. Os minerais
estão dispostos no solo uns sobre os outros, mas encontram-se agregados
(unidos).

A matéria orgânica é representada pelos restos de animais e vegetais em


decomposição e pelos seus excrementos (fezes) que servem de adubo para o solo,
participando ativamente pelo processo de ciclagem de nutrientes.

6.7 Conceitos básicos de CTC


A sigla CTC significa Capacidade de Troca Catiônica. Também existe a sigla
CTA que significa Capacidade de Troca Aniônica. Você deve ter ficado ainda mais
confuso, né? Mas acalme-se. Esses conceitos estão muito presentes na química.
Mas como já discutimos a agricultura e a química caminham juntas.
Como você já deve ter visto na escola na química os elementos possuem cargas
positivas e cargas negativas. Os átomos podem perder ou ganhar cargas elétricas,
passando a se chamar íon. Quando um íon tem carga negativa denomina-se ânion
e quando possui cargas positivas são chamados de cátion. Esses íons estão
presentes na solução do solo e são eles os disponibilizados para as plantas. Por
isso, a capacidade de troca catiônica e a capacidade de torça aniônica são
importantes para a fertilidade do solo. Agora ficou mais claro?
A CTC é a capacidade de partículas sólidas trocarem íons positivamente
carregados com a solução presente no solo. Esta capacidade é utilizada como uma
medida de fertilidade nos solos, ou seja, a capacidade de retenção de nutrientes.
Todas as substâncias sólidas possuem alguma capacidade de adsorção e os
principais sólidos adsorventes são os argilominerais, os óxidos e hidróxidos de ferro
e alumínio e a matéria orgânica. As espécies de maior valência e menor raio iônico
hidratado são preferenciais na adsorção, como por exemplo:
+3 +2 +2
Afinidade de adsorção: Al > Ca > Mg > K > Na . + +

6.8 Os organismos do solo


Os microrganismos, como estudamos, desempenham papel fundamental
na decomposição da matéria orgânica e, por conseguinte na liberação de
nutrientes para a solução do solo. As bactérias apresentam papel
fundamental na nutrição das plantas. Por exemplo, participam de várias
transformações do nitrogênio, alterando de forma significativa sua
disponibilidade, do enxofre e de micronutrientes.
É importante destacarmos mais uma vez uma as Fig 117:#29753381
bactérias fixadoras de nitrogênio, como transformadoras
do N atmosférico em N assimilável pelas plantas. Não podemos esquecer
de falar dos organismos superiores como: cupins, formigas, minhocas, vegetais e
o próprio homem.

As minhocas, por exemplo, além de produzirem húmus, ajudam a melhorar a


estrutura do solo. À medida que as minhocas vão fazendo seus caminhos pelo solo
promovem uma maior troca gasosa entre a atmosfera e as camadas mais
profundas do solo, de grande importância no processo de aeração do solo.

6.9 Transporte de nutrientes pelas raízes


Antes de começarmos a descrever como ocorre o transporte dos nutrientes do solo
é fundamental que saibamos sobre as funções das raízes. A
fixação no solo, a absorção de nutrientes e de água, a condução
dos nutrientes até a parte área do vegetal são algumas das funções
das raízes.

A água do solo provém das chuvas ou irrigação e é absorvida


pelas plantas, principalmente através das raízes. A água da chuva
que atinge a superfície do solo pode infiltrar-se ou escorrer pela
superfície do solo. Da água que penetra no solo, parte retorna à
atmosfera pela evaporação do solo, ou por transpiração das
Fig 118: #16939587
plantas (evapotranspiração).
A água restante ficará armazenada nos horizontes do solo ou se acumulará nas
camadas mais profundas na forma de lençol freático, dando origem às nascentes dos
pequenos rios.
A água armazenada no solo é importante, pois é a principal fonte deste componente
às plantas, bem como é o meio no qual estão solúveis os nutrientes essenciais à
planta (solução do solo). A água funciona como um solvente dos nutrientes do solo e
como meio de transporte destes até e na planta, e através da transpiração do vegetal,
atua evitando o dessecamento das folhas, além de ter outras funções, como participar
ativamente do metabolismo do vegetal e da composição e atividades dos
microorganismos presentes no solo.
À medida que a raiz cresce num solo ela absorve os nutrientes que inicialmente se
encontram no trajeto de seu crescimento. Com o tempo, há um decréscimo da
concentração desses elementos junto à superfície das raízes, à medida que eles são
absorvidos, criando-se um gradiente de concentração entre esta região e aquela mais
distante da raiz. Para que novo suprimento chegue à superfície de absorção torna-se
necessário seu transporte até esse ponto. E, este transporte tem como veículo a água.
6.10 Acidez do solo
Para compreendermos melhor os teores de acidez
do solo, é importante que tenhamos a noção de pH. A sigla
pH significa Potencial Hidrogeniônico. O pH é uma
escala que varia de 0 a 14,0. Onde os valores de 0 a 6,9
indica alcalinidade, 7,0 neutralidade e de 7,1 até 14, acidez.
Compreender esses valores é importante para avaliarmos
a necessidade de correção da acidez
Fig 119# 1302762 do solo.
Os valores de pH no solo, normalmente, variam de 3,0 a 10,0. A resposta do
solo as variações de pH estão diretamente ligadas a absorção de nutrientes
pelas plantas. Sob acidez ou alcalinidade excessiva as culturas são
prejudicadas, pela falta de disponibilidade dos nutrientes para as mesmas.

No Brasil cerca de 70% dos solos destinados a prática agrícola apresenta


acidez excessiva e precisam da aplicação de corretivos.

6.11 Origem da acidez no solo


A acidez do solo consiste na remoção dos cátions básicos
(Cálcio, Magnésio, Potássio e Sódio) do sistema do solo
(principalmente solução do solo) substituindo-os por cátions
ácidos (alumínio e hidrogênio).
É preciso destacarmos que o material de origem da
composição do solo é um fator importante na determinação do
Fig 120:#32346260
pH do solo. O solo será naturalmente ácido se a rocha que lhe
deu origem por pobre em bases.

A decomposição da matéria orgânica gera acidez de diversas formas. O CO2


produzido, em solos com pH acima de 5,2 acidifica o solo. A decomposição da
matéria orgânica também produz que NH4+.

As raízes das plantas também alteram o pH do solo através da liberação de íons


H+ e OH-. Esse efeito das raízes tende a ser mais importante ao redor das mesmas.
As raízes tendem a criar um microambiente de pH na sua vizinhança, o qual pode
ser diferente de um solo para outro. Esse efeito causado pelas raízes é um
complicador para o entendimento da disponibilidade de nutrientes para as plantas.
6.12 Classificação da acidez no solo
Acidez ativa: é a quantidade de H+ presente na solução do solo.
Acidez trocável ou Alumínio trocável: é relacionado a quantidade de Al+3 que
estão em contato com as cargas negativas do solo.
Acidez não-trocável: diz respeito à quantidade de hidrogênio ligado aos
colóides orgânicos e inorgânicos do solo.
Acidez potencial: é o somatório do Al+3 e do H+ é a acidez potencial do solo.

6.13 Poder tampão do solo


A capacidade ou o poder tampão é o poder que o solo expressa em resistir contra
a alteração do valor do pH, quando tratado com base ou com ácido. Quanto maior
a acidez potencial maior será o poder tampão do solo. Assim, solos mais argilosos
ou com argila de maior atividade ou solos com maior teor de matéria orgânica
possuem maior poder tampão que solos mais arenosos ou argilosos com argila de
baixa atividade ou solos com menores teores de matéria orgânica.
6.19 Considerações finais
Nesta unidade estudamos sobre a fertilidade do solo e o manejo que podemos
adotar para manter esta fertilidade. Em outro volume vocês verão sobre os tipos de
adubos e os recomendados pelo Ministério da Agricultura, bem como a
recomendação de corretivos e o momento certo de realizar a adubação e a
calagem.
É importante destacar que a análise de solo é fundamental para a aplicação da
dosagem correta de adubos e corretivos. Entretanto, para que a análise seja
eficiente é fundamental que as amostras sejam coletadas de forma correta.

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