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As Tres Chasmas Do Lar Ebook
As Tres Chasmas Do Lar Ebook
1. ESPOSA
2. MÃE E EDUCADORA
3. DONA DE CASA
I M P R I M A T U R
À porta de teu lar me apresento, leitora, e peço entrada. Venho trazer, nas
páginas deste livro, muitos pensamentos e muitas ideias, muito conforto e muito
encorajamento para tua vida.
Tua vida!
Sai este livro como preito de gratidão filial. Queria eu pagar à minha mãe
tudo quanto fez e sofreu — nisso se compendia a vida das mães — por mim.
Pensei que, auxiliando e orientando suas irmãs de sacramento e maternidade,
estaria reconhecendo publicamente os méritos seus e das outras.
Leitora, aceita este livro com mais este título para teu coração.
Vai também intercalada a encíclica do Santo Padre Pio XI, dirigida aos
casados. Na maioria dos casos forma uma conclusão ao capítulo que a precede.
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Várias assuntos de importância não puderam ser tratados. Pois, resumidos,
pouco diriam e, desenvolvidos, aumentariam por demais o volume do livro.
O Autor.
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ESPOSA
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1. CHAMAS DO LAR
Chama que orienta, que ilumina, que acalma, que aconchega a si, que vela
e velando se consome - tudo isso se entende e se acha na vida da mulher que é
esposa, mãe e dona de casa .
Quanto ao título de mãe, parece que o próprio Deus tem ciúmes dele.
Frequentemente assegura-nos que seu amor aos homens "é ainda maior do que o
amor de uma mãe a seu filho". Garante-nos até o seguinte: Se me ouvirdes, eu me
compadecerei de vós mais do que se compadece uma mãe (Ecli 4, 11).
Fala-nos de carinhos que usará, tal como uma mãe acaricia o filhinho (Is
66, 12). Pergunta, mesmo, se é possível se esqueça uma mãe de seu filho. Fá-lo,
porém, para afirmar que, ainda quando isso se desse, ele nunca se esqueceria de
nós (ls 49, 15).
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De toda mãe quase se pode dizer que também ela é cheia de graça e tem o
Senhor consigo. Que é bendita entre as mulheres por causa do fruto de suas
entranhas. Realmente, há na maternidade a misteriosa colaboração de Deus com a
criatura humana. Vem do céu a alma da criança, mas é a mãe que lhe dá a veste
do corpo e a põe no mundo.
Sê a vinha "no retiro de tua casa". Nada de teres a sorte da vinha falada
pelo profeta: Deus a plantou, em vão esperou pelos frutos. Por isso lhe tirou o
muro de pedra. Então a invadiram os homens e os animais, calcando-a aos pés.
2. NOBREZA DE PROGRAMA. . .
"Eu sou cristão e falo a uma cristã escrevia Luís Veuillot à noiva. Penso
que não me torno antipático, dizendo que considero um dever a sábia de-
terminação da Providência lembrada pela Igreja, atribuindo ao homem a
autoridade no lar.
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Assim querem a boa ordem e a decência, da mesma forma que meu gênio
reclama essa plena autoridade para a vossa felicidade. Eu seria dos escravos o mais
insuportável e serei, ao contrário, dos senhores o mais submisso. Não me
pergunteis aonde vou: sabê-lo-eis sempre. Não me prescrevais o que devo fazer, e
nunca farei o que vos desagrada.
Não gosto da sociedade, que é má; muito pior ela será para vós. Além de
me adular, poderia certamente vos perturbar também. Com isto tornar-me-ia mais
insuportável e vós perderíeis de dois modos. Se me aceitais é um adeus
pronunciado à fortuna. Não serei um rico, nunca, a não ser que Deus o queira por
toda forma. Sou incapaz de qualquer arranjo que me enriqueça. Presto apenas
para ganhar minha vida, graças a Deus. Nesse particular tenho ideias muito
antiquadas, muito meditadas, muito íntegras. Mais tarde vos falarei delas, certo de
conseguir vossa aprovação.
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3. PELOS LABIRINTOS DA ALMA . . .
Torturas de tua vida e de tua finalidade, leitora! Conta com elas como a luz
conta com a sombra e o som com o eco. A compreensão de tais verdades ajudar-
te-á na conformidade com um estado de coisas natural a teu estado e ao
temperamento de filha de Eva.
Pela fidelidade provê-se a que, fora do vínculo conjugal, não haja união com um
outro ou como uma outra;
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Pela prole provê-se a que esta se receba carinhosamente, se alimente com bondade
e se eduque religiosamente;
- É como lhe digo: durante muito tempo fui boba e fui aceitando calada
todas as desatenções de meu marido. Por exemplo, esperava-o para o jantar até às
onze horas da noite. Qualquer desculpa que me desse, eu aceitava. Um dia cansei-
me e gritei com ele. Foi por causa de uma abotoadura, em cuja procura o via
empenhado, com brutalidade até. Pois ia atirando para fora do guarda-roupa e
das gavetas tudo que lá se achava. Protestei, bradei, falei alto, mandei-o procurar a
abotoadura na casa da mãe que o adorava. Foi. Telefonou-me que não voltaria
para dormir em casa. Eu botei, de noite, uma boa tranca na porta. Às dez horas
ouvi tocar a campainha, mas não me levantei. No dia seguinte ajustamos as
contas, por entre nervos e lágrimas. Mas daí em diante meu marido é outro
homem.
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humana com suas exigências jamais impuseram semelhante modo de tratamento
no lar. Por conseguinte urge combatê-la de um ou de outro modo.
5. ESPELHO DA ALMA
1º Tudo para mim! E a mulher vive para seus vestidos, quer aparecer, ser
comentada e apontada. Na vida íntima quer o prazer, a comodidade, as
prerrogativas de esposa sem os deveres de mãe. Nascem daí as cautelas contra a
natureza. Fogem da casa os berços com os filhinhos.
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que alarguem as afeições, que escolham um estado de vida, que fundem um lar ou
se consagrem a Deus. Diz sempre: Eu então viverei sem eles, depois de criá-los...
para mim?
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mútua estima? Completa ausência de defeitos na pessoa em vista? Não; exige-se
apenas atenção para as qualidades reais nela existentes.
Os judeus diziam que as tábuas da lei eram velhas, mas eram tábuas de
Deus e se achavam na Arca do Senhor. Os defeitos do esposo talvez não se
prendam à idade, mas assim mesmo também ele é uma... cruz do Senhor.
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7. CONHECER-SE. . .
No sertão, pilheriando, diz nosso caboclo que, pelo canto, é capaz de dizer
a cor do galo. Tanto lhe é completo o conhecimento que tem das coisas do ser-
tão! Ora, eu desejaria que toda leitora pudesse conhecer tão bem o seu marido
que, pela entonação da voz, conseguisse dizer a quantas anda o bom ou o mau
humor.
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as escadas, os momentos de silêncio que prefere (na leitura dos jornais) — tudo é
cascalho que denota a vizinhança de qualquer preciosa descoberta. Diz Dante que
o entendimento da mulher é amoroso. Pois então estuda com amor, leitora, até o
silêncio significativo no qual o marido em certas horas se encaramuja. Assim
ficarás sabendo que teclas devem ser batidas na alma do esposo e para que
combinações se prestam.
Os filhos são ótimos auxiliares neste ponto. Observar o pai quando lida
com os pequenos, quando lhes ouve as queixas, lhes resolve as pequenas
demandas lhes recebe os carinhos, lhes sonega um pedido — é descobrir pedaços
da alma do marido.
Onde está em teu marido o sinal meteorológico para cada dia? Ainda não
o achaste? Olha, é possível que a vizinha o saiba.
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8. COM MÃO DE CRIANÇA. . .
Não leu ainda o que o dr. N., o romancista N., o poeta N. escreveu sobre
o casamento? Pois aquilo, sim, é coisa que agrada e é moderno e mostra com-
preensão da alma feminina — expunha uma amiga na roda de outras amigas.
Para uma cristã esclarecida há alguém que não fala em seu nome, mas no
de Deus, e ensina coisas que salvam. Dele ouve-se isso:
Hoje é isso mais necessário e urgente. Pois são tantos os homens que
ignoram de todo a grande santidade do matrimônio cristão. São inúmeros os que
descaradamente a negam e até, aqui e acolá, a vão calcando aos pés. Como?
Seguindo os falsos princípios de uma nova e perversa moral idade.
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autor da natureza. E por Jesus Cristo, Redentor da mesma natureza, foi escudado
com leis e confirmado e nobilitado.
Essas leis não podem, por isso, ficar sujeitas a nenhum julgamento
humano, a nenhuma convenção contrária. Nem os próprios cônjuges podem
mudá-las ou contorná-las. Podes mudar a lei da luz, do calor, as órbitas dos
astros? Não; são leis elementares. Semelhante é a tua posição perante as leis
divinas do casamento.
Como vês, até aqui, leitora, figura apenas a vontade do Criador. Mas
também a vontade do homem traz o seu concurso para o matrimônio. E é
nobilíssimo esse concurso. De fato, nenhum casamento pode começar a vigorar
senão depois do livre consentimento de ambos os nubentes. Sem este ato livre da
vontade não há casamento. Autoridade alguma humana o pode suprir.
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Aí tens a voz do sucessor e representante de Nosso Senhor. A voz de Pio
XI, voz de pastor vigilante.
Ele não é dono de teu corpo, sem reservas e sem limites. E não podes te
sujeitar a ser uma boneca nos braços dele. Lembra-lhe sempre que "marido e
mulher" são ministros de um sacramento divino e auxiliares de Deus. Necessitam
por isso manter-se numa serena e bela dignidade, quando cumprem a nobre
missão de procriar filhos, por entre as delícias da união conjugal.
Era assim que procedia o rei e santo Luís de França. Cercava seu corpo
com um cilício, mas sabia ser todo carinho e meiguice com sua digna esposa. A
castidade tem seus direitos, mesmo no leito conjugal. É, não há dúvida, de todas
as formas de castidade a mais difícil. Existe, entretanto, para auxílio dos casados, a
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graça de estado nesta obrigação. Que bela m1ssao espera a esposa temente a Deus
e desejosa de formar a castidade do marido, nessas relações! A ela caberá corrigir
lhe certas indelicadezas, certas sem- cerimônias ou desnecessárias intimidades. Há
de o ensinar a fazer seu dever com mais simplicidade, no res- peito à verdade de
que — ele e a esposa — são filhos dos santos.
— É santa a terra que pisas! De fato, até méritos para o céu podem colher
os casados, quando castos e pudicos nos seus abraços e carinhos.
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— Corta-me as tranças que eram para ele juntos vivemos na melhor paz e
harmonia; juntos andamos por entre as sombras e as luzes da vida, numa sincera
amizade e total confiança. Minha vida só valia vivida para ele. E agora não quero
que repouse sua cabeça sobre outro encosto.
Ser elegante no vestido, só para o marido?! E por que não, leitora? Não se
veste e enfeita a senhora quando vai ver uma desconhecida, ou visitar um
cavalheiro conhecido? Não se enfeita... quando quer zangar uma amiga, etc.? E
para ele — para quem se ornou no dia do casamento — há de ser menos
encantadora? Que descaridade, andar uma esposa cuidando dos sapatos e
vestidos, dos chapéus e sombrinhas, ao sair para a praça, e andar com os pés em
chinelos, com os cabelos em desalinho, toda "négligée" dentro de casa ! Mas onde
fica o trono da rainha: na rua ou no lar?
Isso já é tirania! — dirá a leitora. Não; eu digo que há nisso tudo muita
prudência e muita caridade cristã. Anda certa a esposa que usa a cor do vestido
preferida pelo marido, o penteado que é de seu gosto, a flor que é de seu agrado
ou à qual se prende uma amável recordação. Ser bela ou parecer bela é um meio
de guardar o amor do companheiro. Ser bela não é a única função que cabe à
esposa, mas, sem favor, é uma das funções. O Espírito Santo fala na mulher que
fez "o encantamento da mocidade do homem".
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— diz o Sábio (Ecli 26, 25). A esposa preparada só pela arte e pela natureza traz
consigo uma graça falaz e uma vã beleza.
"O homem é infiel? — dizem. Que também o seja a mulher. É ele egoísta,
só pensa em si próprio, nos seus negócios, nos cômodos, nos seus passeios e
cigarros? Faça o mesmo a mulher e não se apoquente com cuidados por causa de
tão ilustre consorte, que julga o casamento uma aposentadoria agradável.
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cristã há favos de doçura até nas garras das dores, quando a voz de Deus a
aplaude como fiel cumpridora dos deveres de esposa, de mãe, de educadora. Isso
de cenário externo é apenas atmosfera passageira. Uma brisa que venha do céu,
um aceno de Deus - e tudo já se mudou. O mais acertado, por conseguinte, é não
dar ouvidos a tais criaturas, muito embora as molduras de uma inteligência, de
uma posição social, pareçam recomendar a estampa.
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a mulher, para de amar - acabou-se a família. Não há dentro dela luz que a ilumine
e aqueça.
Só se trata de não romper o laço que une e prende tudo a Deus, pelo
Cristo. Bastará fazer circular por toda a esfera a mesma influência moral e cristã.
O amor que une o casal - homem e mulher - está no seu direito quando
nos esposos enlaça alma e corpo. Mas essa união deve ter por centro a vida da
alma.
Muito pouco pensam os casados nas graças que lhes trouxe o sacramento
do matrimônio. Ainda me- nos se lembram de agradecer a Deus o régio presente
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divino. Não sabem explorar esse riquíssimo tesouro. No meio de tantas joias
vivem pobres. A mesa de tantas doçuras sentem as amarguras da vida.
Mas Deus vem em auxílio dos esposos que cooperam com a graça
oferecida.
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os sacrifícios ; como se contenta com pouco e sabe agradecer o muito que recebe
nos mútuos carinhos.
Dos pais desce para os filhos um quê de santo e atraente, a cuja influência
se sujeitam amorosamente os últimos.
Que lástima, quando tudo isso vive esquecido e nem é procurado pelos
casados! Como se vinga na vida a profanação dessas graças pelo desprezo, ou
pelas práticas imorais usadas pelos casados!
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16. A CRUZ DE MUITAS
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De outro lado, evite a esposa explorar esse lado fraco do marido, quando
ele deseja obter concessões para caprichos e manhas. Seria tal procedimento um
contrabando prejudicial ao coração afidalgado pelo sacramento e enobrecido até
na dádiva de si mesmo, através das relações da carne.
Quero muito bem a meu marido. Porém ele vive numa ilha e eu moro
noutra. Não sabendo nadar nenhum de nós, nunca nos encontramos.
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de si própria, feita no silêncio revelador. Protesta contra o método masculino e
não vê a causa do silêncio na natureza diferentemente talhada.
Mas, leitora, por que não procuram tuas colegas meios e dados que lhes
mostrem a alma do marido, mesmo sem as revelações e confidências dele? Por
que não se aproveitam do noivado para um estudozinho de psicologia? Com isso
teriam um barco ancorado na ilha Incompreensão. Poderiam deixá-la repousar
sobre o coração do marido, que vive na outra ilha, à espera de ser compreendido
pela esposa inteligente.
Uma pergunta. Tem a senhora algum bote, ou lancha, na sua ilha? Sabe
nadar nas águas da psicologia humana?
PALAVRAS DO PAPA. Os fiéis que uma vez foram unidos pelo vínculo
do matrimônio jamais podem ser privados do auxílio e ligame sacramental. Pelo
que os cônjuges que caíram em adultério levam consigo aquele vínculo sagrado,
não já para a glória da graça, mas para castigo da culpa (e Isso à semelhança do
apóstata que, quebrando a união com Cristo, não perde o sacramento da fé,
recebido no lavacro da regeneração).
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Eis os temperamentos: o linfático, o sanguíneo, o colérico, o melancólico,
o nervoso, o sanguíneo-bilioso. o sanguíneo-linfático, o sanguíneo-melancólico e
o muscular. Analisaremos apenas os cinco principais, sob a orientação de Dubois.
O linfático - É lento e lerdo nos seus movimentos. Nascido com meia hora
de atraso, nunca mais tira essa diferença na vida. Não possui nem vícios nem
virtudes em destaque. Não é nem brasa nem gelo. Tem um caráter calmo,
conciliador, amante de suas comodidades, apreciador de bons quitutes. Acha
natural que todos o sirvam com devotamento, mas nunca sentirá vontade de
imitar esse gosto. Achará natural que a esposa se canse em servi-lo e estranhará
que ela lhe peça que se incomode. Gosta mais de ver na esposa uma Marta solícita
do que uma Maria que o contempla com enlevo. - Diante de tal marido é preciso
que a esposa seja firme e resoluta para acordá-lo, pô-lo em movimento, sacudir-
lhe o torpor. Seja destemida para lhe afugentar impressionismos e medos de
doenças, de infelicidades.
O colérico - Costuma ter uma fisionomia rude em seus traços, tem uma
vontade tenaz, desconhecedora de obstáculos, desejosa de mandar e dominar.
Nele predomina o amor ao mundo, como no sanguíneo o amor ao prazer e no
linfático o amor ao sossego. É o temperamento de um chefe, de um guia. Com tal
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marido, a mulher precisa renunciar aos carinhos frequentes, às atenções delicadas.
Tudo isso poderá encontrar com mais facilidade em tempera- mentos menos
inclinados à atividade externa. Não poderá mandar em tal marido, mas em troca
nele encontrará um sólido apoio, porque realmente pode apoiá-la quem é capaz de
impor-se e mandar a outros homens. O dever da esposa é salvaguardar a vi- da
afetiva nesta natureza retesada pela luta e consumida pela ambição. Saiba também
orientar essa energia para uma finalidade nobre e inspirar-lhe sacrifícios por amor
de Deus.
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contra surpresas. Servir-te-ás das primeiras sem provocar os segundos. Eis aí tua
tarefa diária. Atenções e intuições diárias te levarão a um feliz resultado.
Sobretudo quando procederes como cristã que reza, reflete e é sincera no exame
de si mesma.
Não quero falar das cartas que revelam e traem. Quero crer que não as
possuis, porque és uma peça inquebrantável de fidelidade.
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lo sozinho. Não foi para ficar sozinho que se casou. Deves igualmente conhecer a
extensão desse auxílio.
A esposa esclarecida tem uma conv1cçao : sem mim tudo pode ser cilada
para meu marido. Até os de- veres profissionais, as ausências da profissão podem
tornar-se malhas de uma traição moral.
Pio XI cita estas palavras de S. Agostinho, que comenta a sentença de São Paulo.
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Idealista, queria Lacordaire que os moços imitas- sem o seu exemplo,
renunciando ao casamento. Nem Ozanam, nem Veuillot, amigos do afamado
conferencista, deviam casar-se. Ciente de que o último fundara uma família,
exclamou: Mais um que ficou na armadilha. Relataram ao Papa a frase de
Lacordaire e, sorrindo, comentou o Santo Padre: Eu não sabia que Nosso Senhor
havia instituído seis sacramentos e . . . Uma armadilha.
Comunhão da vida natural... E por isso uma se passa ao lado da outra, sem
longas ausências, sem isolamentos perigosos. Ordem é de Deus que a esposa não
deixe o esposo; está escrito até que serão dois numa só carne. Nada, portanto, de
solidões para o corpo e o coração.
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Comunhão de lutas e vitórias. . . Através das três fases da vida, com seus
programas característicos : nascer, viver, morrer. Cada fase há de unir ainda mais
os que uniram os caudais de suas existências e juntos descrevem as sendas
traçadas por Deus.
De Deus vem o filho: ele é quem o chama como e quando quer. Por isso
dizia com razão a heroica mãe dos Macabeus: "Eu não sei, 6 filhos, como fostes
formados em minhas entranhas. Pois nem fui eu quem vos deu a alma, o espírito
e a vida, nem quem uniu os vossos membros para deles fazer um corpo. Mas o
Criador do mundo é que formou o homem em seu nascimento e deu origem .a
todas as coisas". Nada impede que a cristã, arrependida de suas intervenções, peça
"ao Criador do mundo" a fecundidade que a glorifica. Várias e ocultas razões,
entretanto, podem levar o Altíssimo a negar-lhe essa alegria.
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pobreza. Não será o teu caso? - Cruzes e calvários preparam os filhos não rara vez
às suas mães. Nem todas podem beber desse cálice de amarguras. E tu, leitora,
tens certeza de que te é dado sorver o fel desses cálices, e ainda por cima bendizer
a mão que te apresenta? Hoje choras porque te falta o filho, porque Deus te
castiga com a esterilidade. Amanhã, talvez, abrirás os lábios para maldições, para
interpelações à Providência divina.
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Ciente de que buscavam o cadáver da esposa que se atirara ao rio, ordenou
o marido que o procuras- sem rio acima. Pois aquela que em vida tanto o
contrariara, provavelmente, como morta, faria o mesmo às leis da natureza.
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mas sempre com doçura, dizer um mio resoluto. Não é possível que, por muito
tempo, o marido resista a essa firme resolução, ainda mais quando sabe que a
esposa de resto, é dócil e obediente a custo de sacrifícios pessoais. Essa serena e
mansa firmeza pode até tomar os ares de graça de Deus, convidando o marido a
refletir no erro.
Isabel Mora foi a santa esposa do dr. Cristóvão Mora, célebre advogado
em Roma. Recém-casada, moça mimada pelos pais, proibiu-lhe o marido as visitas
à casa paterna. Isabel obedeceu com lágrimas nos olhos. Da j anela aguardava a
passagem dos pais, para saudá-los quando à vista. O marido proibiu-lhe também
isso. E Isabel não apareceu mais à janela. Por isso também pôde dizer-lhe um não
heroico, no dia em que exigiu o seu consentimento para dar um passo errado.
Há prendas que toda esposa deve cultivar. O Cria- dor requer que se lhe
estimem os mimos. Erraria, já o dissemos, a esposa que negligenciasse ser
elegante, realçando sua beleza. Os interesses da família e do lar reclamam tal
atividade, embora exija também que se guardem os devidos limites. Nada de
provocações íntimas de quem anda sedutoramente despida. . .
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se disso pouco te incomodasses. Há esposas que chegam a decretar as doenças
que o marido pode ter, teimando em contrariá-lo quando diz estar sofrendo disso
ou daquilo.
Feliz a família onde o bom senso e a fé cristã de uma esposa pairam como
sol fulgurante nas horas de crise, ou de graves resoluções para a vida prática!
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coragem. Convence-o de que nem tudo está perdido com a inesperada mudança
de um cenário.
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Para que a mulher seja amada do homem, não deve ela ter nenhum traço
masculino nem na sua pessoa moral nem na sua pessoa física. Ser
verdadeiramente mulher é coisa que demanda muita graça e muitas virtudes, em o
número das quais há a considerar no primeiro plano a abnegação e a dedicação. . .
que o homem nem sempre nos retribui.
Não raro se tornam resmungões com a idade, mas exigem que ela
envelheça com graça. Desejam que vista bem, segundo a sua condição. . .
contanto que gaste muito pouquinho. Não querem que os vestidos dela deem na
vista, por isso que deve passar despercebida. . . E pode um marido ser muito
amável para as mulheres dos outros, mas não quer que os seus congêneres
suspeitem da existência da sua.
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Não admitem na mulher frieza para com eles, ainda que sejam frios com
ela. Necessitam-na afetuosa. Podem às vezes estar carrancudos, ariscos, muito
concentrados ou pouco comunicativos. Assim mesmo terão necessidade da suave
pressão das mãos de sua mulher e de um beijo terno, essa moedazinha de tanto
curso na simpatia conjugal. Por sua parte nem sempre porão em prática a ordem e
o cuidado, mas quererão vê-los reinar no recinto da família. Talvez que gastem
com grande largueza, mas a esposa deverá ser econômica. Ou, então, hão de
exercer uma severa vigilância sobre o seu dinheiro, pretendendo, no entanto, que
a abundância reine em casa. O eterno cozido de todos os dias rapidamente os
desanima. É, pois, útil à mulher esforçar-se um pouco por adquirir uma certa dose
de ciência gastronômica. Pode ela, por seu lado, ser indiferente a este pormenor
de vida material, mas não deve esquecer que o paladar de um marido exige que o
lisonjeiem, não menos que a sua vista e que o seu ouvido.
A longa citação certamente não cansou a leitora. Diz muitas verdades com
graça e fina ironia contra os homens. Ainda bem que a última frase traz um ramo
de oliveira e carinho.
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Tudo faz lembrar o conceito do poeta, ideando para si uma esposa:
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também a mulher não tem saúde, a a incapacidade de
família não tem recursos! observar a continência e a
impossibilidade de admitir a
prole, por causa das dificuldades
próprias, e da mãe, ou das
condições econômicas da família.
Tudo isso justifica que se evitem os No entanto, não pode haver razão
filhos, por- que assim procedendo alguma, embora gravíssima, que sirva
na- da se faz contra uma vida que para tornar conforme com a natureza e
começa a existir! Mas é um exagero honesto o que é intrinsecamente
chamar de desonestos os casados contrário à natureza. E, sendo que o
que, tendo relações, evitam as ato conjugal, por sua "própria
consequências! natureza", tem em vista a geração da
prole, os que, ao praticá-lo, o tornam
conscientemente incapaz dessa
consequência, operam contra a
natureza, e cometem uma ação torpe e
intrinsecamente desonesta.
Mas Deus não pensa deste modo e Pelo que, não é maravilha que a
sabe perdoar! Majestade divina, segundo o atestam as
próprias Escrituras sagra- das, tenha em
sumo ódio tão horrendo delito e o
tenha outrora castigado com a pena de
morte, como recorda S. Agostinho.
"Porque se está desonestamente com a
esposa legítima, quando se impede o
fruto da prole".
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há para tantos casais? geral imaginários ou exagerados, para
não falar dos que são vergonhosos.
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dar origem a uma nova vida. - O Papa
fala em seguida dos fins secundários do
casamento, fins que aos cônjuges é
lícito desejar, desde que respeitem a
natureza intrínseca do ato e, por
conseguinte, sua subordinação ao fim
principal .
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temerária, condenada pelos Padres, sob
a ameaça de excomunhão, que, para o
homem justificado, não há
possibilidade de cumprir mandamentos
de Deus". E isto porque Deus não
ordena coisas impossíveis, mas, ao
ordenar, adverte que faças o que
puderes e peças o que não puderes e
ajuda-te a poder.
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Não gosto de ouvir os padres falar Recomendamos, por isso, aos
sobre isso! sacerdotes, que se ocupam na audição
de confissões e a todos os outros que
têm cura de almas, não permitam que
os fiéis entregues aos seus cuidados
possam errar em ponto tão
importante da lei de Deus, e
principalmente insistimos em que se
guardem a si mesmos dessas falsas
opiniões e com elas jamais se tornem
coniventes.
Então, leitora, estamos certos neste assunto: a voz do Pastor das almas é
muito diferente das opiniões pronunciadas em rodas e palestras. Mesmo que no
meio haja um senhor médico que, em nome da ciência, reclame liberdades, não
vaciles. Fica com o Pastor da cristandade! A ciência, há muito tempo, que já faliu
perante a fé, sustentando coisas hoje para desmenti-las amanhã. Parece ironia, mas
é realidade. Em Paris, na mesma sala em que célebre professor exigia que se
matasse o embrião, veio depois um seu discípulo, não menos célebre, ensinar que
nunca se deve fazer isso. Palavras humanas são vãs, mas as vozes de Deus não
passam nem desmerecem da verdade.
26. EXPIAÇÃO. . .
A lista dos erros não pode jamais levar ao desespero. Uma cristã tem
sempre o recurso da penitência e da expiação. Se lhe for a alma rubra pelos
crimes, pode tornar-se alva como a neve conforme a promessa de Deus.
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Quem sabe alguma leitora tem gravíssimas faltas. Foi infiel muitas vezes
ou uma só vez. Foi mãe assassina expulsando do ninho, prematuramente, as
crianças que esperavam a hora do nascimento. Recorreu a certas operações que
lhe roubaram a fecundidade, aliás incomodativa, e cujo impedimento era mesmo
intencionado pela intervenção.
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27. SUBMISSÃO DE CRISTÃ. . .
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Em tudo, diz São Paulo, para excluir qualquer vão pretexto, qualquer
subterfúgio, para não dar margens a caprichos e rebeldias. Em tudo e no Senhor,
porque onde há ofensa a Deus cessa a autoridade do marido e a obrigação da
esposa, que não é escrava nem vil instrumento de depravações nas mãos dele.
Sede sujeitas como ao Senhor e no Senhor — eis a luminosa divisa para as
leitoras bem intencionadas.
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primeira manhã, às nove e meia, desce a mulher à sala da repartição, beija o
maridinho e sussurra-lhe :
- Como é sabido, diz ela, gente moça casada tem uns modos e umas
modas que não são para nós solteiras, mas o que se passa naquela casa . . . (Diz
aqui Burger: Tudo isso dura pouco. O que o homem obtém assim com tanta
facilidade perde, para ele, muito de- pressa, todo o encanto. E' próprio da
natureza do homem conquistar, querer sempre tomar posse. Lá onde a mulher
afoga o marido em carinhos excessivos e provoca-lhe a sensualidade, esfria muito
depressa todo sentimento nobre e o homem acaba sentindo- se enfarado, torna-
se frio . . . e não leva a rigor a fidelidade conjugal. Quando, porém, a mulher sabe
manter uma reserva discreta, um pudor delicado na sua grande afeição, o homem,
por sua vez, alia ao amor sensual um verdadeiro apreço, uma ternura respeitosa,
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únicos elementos capazes de criar a união duradoura das almas, que a .ambos traz
felicidade ).
E o fim desse amor profanado pela esposa do chefe do correio não tardou
a aparecer. Com a gravidez acentuou-se no terreno da sensualidade aquela série de
caprichos, próprios a mulheres mal-educadas. Ninharias, que outrora não eram
notadas, serviam agora de pretexto para brigas e discussões. Um dia ela esquecera-
se de comprar botões de colarinho e o marido precisava de um.
— Não faz mal, benzinho; em compensação terás dez beijos. — Mas com
isso não posso abotoar o colarinho — gritou ele furioso e abalou, atirando com a
porta.
Antes de tudo tua fidelidade requer que mores junto com teu marido. Não
podes deixá-lo, a não ser por gravíssimas razões. Não quadram bem dentro desta
exigência ausências demoradas e repetidas, só porque a moça casada está louca de
saudades dos pais. Onde ficará então o auxílio para o marido, o remédio para as
exigências dos sentidos, na efervescência juvenil?
54
Há ainda três objetos que constituem o essencial deste dever. Ei-los: 1º dar
o que é de dever; 2º não abusar do que se pode fazer; 3º não repartir com outro o
que é privativo do marido.
2º Não abusar do que se pode fazer. - Entram aqui as tais precauções para
evitar os filhos. Não passam de verdadeiras imoralidades e ofensas a Deus. Que
bênção pode haver numa casa onde habitualmente o sacramento é quebrado dessa
forma? Além disso são perniciosos os efeitos naturais destas práticas. Provocam
sentimentos de inferioridade, trazem consigo o medo angustiante de que o meio
empregado venha a falhar e recalcam inutilmente o desejo da maternidade e
gravidez na mulher. É este desejo a voz de uma profunda necessidade da natureza
feminina. Só motivos de ordem elevada e religiosa é que poderão reprimi-lo sem
perturbações. No caso contrário, de violência, notamos as nevroses de angústia, as
nevroses cardíacas e a própria aversão da mulher ao marido.
Não peque a leitora, julgando que o casamento lhe dá plena liberdade para
tudo.
Isso seria casar e viver à moda de pagãos, de criaturas que seguem a voz da
carne e do sangue. Quem não pratica a castidade conjugal - que regula as
liberdades e intimidades que não mancham o leito conjugal - falta contra este
ponto. Que de uma coisa se convença a leitora e dela convença o marido: O
matrimônio é remédio para a concupiscência da carne, mas como remédio deve
55
ser tomado com medida e prudência, na preocupação de conservar a saúde. Ha-
vendo abuso, ei-lo mudado em veneno para corpo e alma.
56
30. PARA QUEM?
57
Santo Padre recomenda uma prudente abstinência, principalmente .aos recém-
casados. Até neste ponto o hábito, bom ou mau, é uma força terrível, um recurso
valioso.
O marido, por sua vez, não ignora que, em vez de palavras, basta um
olhar, um sorriso para dar explicações silenciosas. Reconstruir a amizade
respeitosa é tarefa abençoada de todos os dias. Cada qual aprenda a respeitar as
58
preferências do outro. Não creio, leitora, que pretendas figurar entre as esposas
que contam com absurdos, todos os dias. Ora, um desses absurdos é imaginar que
homem e mulher possam ter as mesmas ideias, os mesmos desejos e as mesmas
opiniões. Coisa impossível e indesejável. Cada qual conserve o seu colorido
individual.
É verdade que nos dias da lua de mel tu e ele descobríeis, a cada passo,
uma semelhança de almas e de ideias. Páginas de amor romântico, leitora! O
tempo já as levou ou levará em breve.
59
32. CAUTELA COM ELE!
Ninguém como a mulher sabe tão bem adivinhar as vontades alheias, mas
também ninguém, como ela, se sente tão tentada a impor a sua vontade própria.
Somente obrigado pela religião, pelas leis e conveniências sociais, resolve-se o
homem a preocupar-se com a família. Para a mulher é, entretanto, metade da sua
ventura pessoal, o ter filhos e poder servi-los, o trabalhar e inquietar-se por eles.
Os filhos e a casa formam aquele ambiente em que ela se sente bem para exercer
seus instintos altruísticos: cuidar de outros e mandar nos outros.
60
33. O PRIMEIRO TÍTULO
61
ataca uma questão pessoal. Tento ler-lhe alguma coisa. Sou interrompido por um
nada: um gato que entrou, uma criança que falou, um ruído que vem da rua . . .
Quando lhe venho dar notícia de alguma coisa importante que li nos jornais, coisa
que me apaixona, ela parece-me de mármore. Só tem sangue e entusiasmo pelos
seus circulozinhos de cada dia. . ."
62
34. COMPREENSÕES INDISPENSAVEIS. . .
Conte com a confusão de limites nos direitos! Eis outra norma. Muitas vezes não
se mostram com a nitidez necessária e indiscutível os direitos de um ou de outro
cônjuge. Ora, isso não impede a possibilidade de conflitos, de intromissões mal
recebidas e pior interpretadas.
No meio de tudo guarde a cristã seu bom humor e calma! - eis a terceira estrela
orientadora. Faltando esse bom humor, os menores desacordos avolumam-se em
conflitos e choques. Morre então a união, esfria o mútuo amor. Mau humor só
presta para contagiar os outros: marido, filhos e até os animais domésticos. Gato
atropelado pela manhã, devido ao mau humor da patroa, anda arredio o resto do
dia. esse "nervo" é mais contagioso do que caxumba e gripe. É belicoso, compra
as briguinhas e brigonas, altera o sossego dos pacíficos, espanta o riso e provoca
a solidão. Cada um procura um canto seguro dos raios, com receio das descargas
elétricas do mau humor. O marido vai para a rua, batendo a porta quando é
malcriado, ou inventando um pretexto quando é delicado. E lá na rua vai invejar
os outros, que têm "esposas mansas e delicadas". Que perigo há nessa inveja! A
criançada cala-se e espia de soslaio a cara feia da mãezinha. Parece uma ninhada...
órfã.
Explore a força do bom humor! - eis o último princípio. É ele uma chave
misteriosa que abre todos os corações. Nem o pequeno amuado, nem o marido
casmurro, nem a filha grevista, nem a criada vingativa resiste ao invencível bom
63
humor da mãe e esposa e dona de casa. Torna-se qual ave cantora ou raio de sol
espantando a solidão e as sombras. Logo a criançada interessa-se pela ave cantora,
compra esse bom humor e espalha-o pela casa no sorriso barulhento das almas
inocentes. Até a graça de Deus conta com esse ambiente.
Bom humor, ou paciência sorridente, leitora, custe o que custar! É ele o pão
de cada dia que a todo preço precisa ser quebrado para os famintos da alegria do
teu lar. É moeda a ser trocada em troco miúdo o dia inteiro.
"sem isolador, tocando com e sem contato - eis a mulher, que, por
natureza, ama o trabalho e se dedica à ação. Daí lhe vem que o gênio se azeda na
idade madura, quando cessaram os filhos e se lhe restringiu o campo de atividade.
Outra não é a origem da atividade das sogras, tão molestas às noras. E' a precisão
de atividade. Esta leva a mulher a encher a casa com plantas, aves, gatos,
cachorros que lhe reclamam os cuidados. Por isso, começa infinitos trabalhos de
agulha, porque a livram de procurar outras ocupações. Por mais ruidosos e
custosos que sejam, são os divertimentos insuficientes para competirem com a
profunda e íntima satisfação que toda mulher sente no emprego de sua atividade,
em proveito da família, da humanidade.
64
O marido de Isabel Mora proibiu-lhe o lidar até com o bordado. Pela
tarde, voltando a casa, ia examinar os dedos da esposa. Ralhava com ela se os via
magoados pelo trabalho. . . Excesso de carinho, nova espécie de martírio para
uma esposa que deseja ser "a mulher forte e habilidosa", celebrada pelas
Escrituras.
65
Fecundidade, fidelidade e sacramento - são os três tesouros do matrimônio. Mas
são tesouros atacadíssimos.
Não te será difícil seguir a presente exposição, leitora, que desejas dar a
Deus não só o culto do coração, como também o da inteligência bem formada.
Na presente situação dos espíritos, farás muito bem se leres mais vezes este
capítulo. Iluminada, iluminarás depois. Orientada, apontarás rumos seguros às
almas que te perguntarem pela estrela de Deus. Mãe, terás palavras-bússolas para
as filhas noivas. Esposa apenas saberás corrigir faltas no marido. Como vês, sais
lucrando para os teus e para tua consciência.
66
1º SOBRE A FECUNDIDADE NO MATRIMÔNIO
67
legítima defesa contra um agressor. Pois
quem, com efeito, chamará de injusto
agressor uma criança inocente?
68
2º. SOBRE A FIDELIDADE NO MATRIMÔNIO
A) INIMIGOS DA CASTIDADE
69
B) OS INIMIGOS DA OBEDIÊNCIA DA ESPOSA
70
referências privadas.
71
Mais adiante daremos em confronto a verdade e o erro sobre o
matrimônio, como sacramento.
"Tantas são as fontes de erro que atacam a fidelidade conjugal, quantas são as
virtudes domésticas que essa fidelidade encerra, a saber: a casta lealdade de ambos
os cônjuges, a honesta obediência da mulher ao marido e por fim a firme e
legítima caridade mútua".
Agora interessa-nos apontar para outros inimigos que não são menos
esquecidos. Ficam descobertos para que a leitora os combata e contra eles viva
prevenida.
72
A VOZ DO MUNDO A VOZ DE DEUS
O MATRIMONIO CIVIL
OS CASAMENTOS MISTOS
73
católicos com acatólicos).
74
O DIVÓRCIO
E se o homem afrontosamente se
atrever a fazer isso, seu ato é
75
completamente nulo, e fica imutável o
que abertamente Cristo confirmou,
dizendo: "Quem repudiar sua mulher
para casar com outra é adúltero, e quem
desposar a repudiada por seu marido
comete adultério" (Lc 16, 18).
76
6º Fica ao critério da parte 6º Estabelecer as causas, as condições,
interessada estabelecer as causas de o modo e as cautelas da separação para
sua separação. que se proveja à educação dos filhos e
à incolumidade da família e se afastem,
na medida do possível, todos os
danos que ameaçam os cônjuges, a
prole e a mesma sociedade civil,
pertence às sagradas leis e, ao menos
em par te, também às leis civis, •no
tocante às causas e aos efeitos civis.
77
De uma parte, eficazmente promovidas a procriação, proteção e educação
da prole; de outra, a mesma sempre exposta aos mais graves danos.
Fica de mal com ele, semana inteira. Foge de sua presença. Mal lhe
percebe os passos, ou a voz, corre a fechar-se no quarto. Em vão a procura e por
ela chama o mártir, que volta cansado da trabalheira. As roupas do marido não
andam cuidadas. À mesa, sob o pretexto de qualquer palavrinha ou observação
brincalhona, levanta-se a dona e sai arrastando sua grandeza. . . de más-criações.
Faltou-lhe o chá em pequena, porém não lhe faltarão duras, duríssimas pancadas
da vida, se continuar nesse sistema.
78
de esposa cristã. Aos olhos de Deus, aos clarões da consciência esclarecida, até um
desejo consentido já é grave infidelidade. Pois não vale, para a esposa, o nono
mandamento do Senhor, apenas como troca dos termos em voga? - O marido,
por fim, há de se cansar de tanta felicidade às avessas, com tanta humilhação
imerecida, com tanto isolamento de coração e de corpo. Fora de casa pode achar
tudo isso, sem maiores inconvenientes sociais. . . Vem a tentação. Se for bom
cristão, reagirá por temor de Deus. Mas. . .
Aqui começa uma história de cuja origem a caçula está bem ciente.
A lei do casamento não pode ser mais clara e simples. O esposo pertence à
esposa e a esposa ao esposo, como o osso de seus ossos e a carne de sua carne.
Fidelidade total e mútua é por isso o primordial dever de ambos.
79
E quando ela vai procurar junto a um amigo de seu marido, ou com o
marido de uma sua amiga, a satisfação de seu coração ou de sua carne ávidos, essa
mulher comete um duplo roubo, agravado de um abuso de confiança odioso.
Que mundana moral é essa, lei tora, que se revolta contra a empregada
qu2 rouba à sua patroa alguns pares de meias, mas acha muito natural roube uma
senhora à sua melhor amiga o marido?
80
enviados por Deus ao paciente Job, foi o maior de todos o haver-lhe deixado. . . a
mulher.
Não quadra na nobreza de uma esposa cristã amar o marido quando ele é
feliz, tem saúde, tem fortuna, tem amigos, tem colocação e lhe pode dar vestidos,
conforto, etc. Não; ela o amará na doença e nos reveses, seja lá qual for a sua
posição social e econômica. Para São Paulo é natural que, ao sofrer a cabeça,
compadeçam com ela todas as partes do corpo. Na família é o marido o chefe e
cabeça, com direitos para chamar a si o amor compassivo de sua esposa. Quando
te dói a cabeça, leitora, pensas em arrancá-la, em assentá-la na parede? E por que
desejar mal ao marido quando se torna pesado à casa? Por que convidá-lo a. . .
morrer, na amável linguagem da mulher de Job? Se o amavas quando era rico e,
como pobre, lhe negas afeição, provas que tinhas amor "ao ouro". É afirmação de
S. Agostinho. Que belo e interesseiro amor esse, que se baseava na satisfação de
tuas vaidades, de teu conforto! Pobre marido, que tem os ouvidos atormentados
por recriminações, só porque outra lhe é agora a saúde, a fortuna, a colocação, a
sorte, embora lhe seja o mesmo o amoroso coração no peito!
Nesse caso, bem se vê que a mão de Deus o prova rudemente. Pois lhe
deixou ao lado a esposa que fala "como uma das loucas".
40. USURPADORAS. . .
De fato, esta senhora achou uma boa saída para seguir a própria cabeça.
Digamos, porém, que o fez para seu juízo e desdouro da sujeição cristã na família.
Se os filhos a imitassem, ela ver ia a autoridade materna reduzida a zero. Será,
81
porventura, o marido incapaz de saber o que é razoável e lícito aos olhos de
Deus?
A esposa que tem um marido frouxo não quer ficar atrás das
companheiras acima mencionadas. Por isso. . . inventa, finge autoritarismos no
esposo que não passa de um joguete.
Mas eu não terei autoridade alguma? pergunta a leitora intrigada. Sim, terás
aquela que tua doçura, inteligência, paciência, superioridade moral te conceder.
82
Desta forma deixarás ao marido as aparências do poder, sendo tu mesma a
primeira autoridade no lar.
Era demais o agarramento de Irma com sua mãe. Das filhas era a mais
"beijoqueira" e. . . a mais desobediente. Dia e noite derretia-se em meiguices para
com a mãezinha. Fazia-lhe companhia à noite, acompanhava-a nas visitas. No
colégio, seus olhos vermelhos de pranto "saudoso" favoreciam as caçoadas das
colegas.
Casou-se e fez uma cena daquelas para deixar a mãezinha. O bom rapaz
que lhe era esposo notou, tempos depois, uns ares tristes na esposa. Saudades, no
mínimo, calculou ele. Estudava jeito para remediá-las. Um dia Irma vem atirar-se
nos braços do marido e, desfeita em pranto, com ares de criança, dizia :
— Irás vê-la quanto antes, meu bem. — Tal foi a resposta e dali em
diante surgiram economias e sacrifícios ignorados pela esposa. Não queria o
marido contrariá-la nessa exigência, ainda mais no esta- do em que é a se achava.
Levou-a para a casa da mãe e, após o nascimento do filhinho, voltou para a
gerência da importante firma aos seus cuidados. A permanência de Irma
prolongou-se ao lado da mãe- zinha cúmplice. Ele foi comendo em hotéis, foi
83
sentindo a solidão do lar, foi notando o desarranjo na casa, foi achando falta de
muita coisa.
— Mas como você é egoísta! Isso não é amor: bem vejo que você não
me quer bem, que nunca me quis bem... (Linguagem de todas as pessoas
contrariadas).
Um dia veio tudo à tona do conhecimento. Irma fez uma cena tresloucada.
A mãe reclamou para perto de si a filha "inocente" e traída. Ruiu o lar, sepultando
a felicidade de vários corações.
84
fidalgamente te oferecer essas ausências, aceita-as com muita parcimônia e
prudência.
Não queres parar com teu choro de saudades, ao qual o marido não se
abranda, pelo qual até te censura? Toma o chapéu e vai dar uma volta, olhando...
os novos modelos de chapéus e vestidos. Perante a terceira vitrina as lágrimas já
terão secado.
Se contra ele te previno, leitora, faço-o tão somente para que possas
animar teu marido à luta cavalheira de cristão confirmado. Disseram-te — o
médico consciencioso, as dificuldades materiais e inegáveis de teu lar — que não
podes mais ter filhos.
Suponho aqui que pertences ao número das que temem a Deus e ouvem a
voz do representante de Cristo. Que aceitas, por isso, ser um pecado, uma imoral
idade, "um ato torpe, uma desonestidade", o viciar o ato conjugal. Vais te
sujeitando então a repetidas c penosa s maternidades, só porque não sabes como
vencer, ou não sabes educar o marido para que seja continente.
85
renúncias? Isso é inadmissível. Dize, pois, leitora, que marido sem continência é
marido in- justo, desamoroso, egoísta. Dize-lhe que é um medroso ou um
equivocado ao fugir da luta, julgando-a de antemão uma derrota. Tal afirmação
em sua boca ê uma injúria e uma imoralidade. "Pois o homem pode vencer-se,
pode ser continente, quando se cerca de certas precauções. Elas lhe trarão calma à
fantasia e afastarão para longe as ocasiões. Os apetites inferiores são tanto mais
violentos quanto mais vazio anda o coração do homem. A uma alma egoísta
corresponde também um corpo mais exigente ainda. Só a alma que sente precisão
de esquecer sua insuficiência é que se a tira às excitações dos sentidos" (Viollet).
Essa é a linguagem que falarás a teu marido, leitora, quando ele esbravejar
porque lhe lembraste a proibição de tua consciência. Não te deixes acovardar
pelas ameaças, pelas queixas. Se te disser que irá procurar na rua o que não tem
em casa, lembra-lhe como é baixo e vil semelhante derrota, tal desprezo atirado à
esposa. Isabel Mora, embora santa e prestimosa, ao saber das infidelidades do
marido, repetia-lhe sempre: — Cristóvão, sofro ao te ver com tantos pecados na
alma, ofendendo a Deus com tanta sem-cerimônia!
Arma teu marido em cavalheiro e manda-o pelejar pela conquista da virtude. Pois
a esposa tem o dever de educar o marido, de aperfeiçoá-lo, ano por ano.
86
43. NOS ESPLENDORES DA VERDADE. . .
O amor é urna realidade viva e, por ser vivo e destinado a viver, precisa
ser cultivado. Qual flor delicada, necessita de calor, de orvalho, de luz, a seu
tempo. Isso a leitora entendia muito bem no tempo de noiva. Para prender o
noivo usou dos encantos físicos, das prendas morais, das intuições do coração.
Abafou os defeitos, vigiou as palavras, compôs os gestos.
Celebrado o casamento, eis que cessa o encanto. Por quê? Ele e ela
contentam-se hoje com uns ares de gente educada. Já se perguntam por que razão
hão de ser generosos, meigos e devotados. Com menos também se vive - dizem-
se nas horas silenciosas; romantismo servia para os dias da mocidade. Após anos
de vida de casados, ele fica sendo fora da moda. . . Aqui vou afirmar urna verdade
desagradável para certos casais. O verdadeiro motivo por que perece o amor está
na falta de mútuo respeito entre marido e esposa. Nunca uma afeição perdeu em
frescor por ficar nos limites do respeito, enquanto meu coração tem experiência e
memória, afirma-nos Veuillot. Vai até às últimas manifestações do amor a auréola
desse res- peito. Há nele um casto pudor que o distingue dos arrebatamentos
profanadores da paixão. Mesmo por entre as delícias da união conjugal soa a sua
voz, lembrando aos casados o que são: ministros de um sacramento e
instrumentos na mão de Deus.
87
todo cristão. Nada de imundo pode ter a taça oferecida pela mão de Deus.
Necessariamente há de ser santa".
Há uma palavra de São Paulo que toda esposa deve respeitar como um
programa. "O marido descrente santifica-se pela mulher crente" (1 Cor 7, 14).
Realmente, Deus confere à esposa cristã uma graça especial para auxiliá-la
na conversão do marido. Essa graça alia-se à natural influência da esposa amada
sobre a alma amante do marido. Quando um homem descrente, ou ele fé
esquecida, se une a uma cristã fervorosa, esta já se acha à entrada da alma do
marido. Nada há que melhor convença da verdade, como uma alma ternamente
querida e desejosa de usar dos seus direitos. Ela exerce uma pressão igualmente.
enérgica sobre o coração e sobre a mente e, por isso, se impõe com valiosa
eficácia. Ao lado do marido, essa cristã parece a encarnação de uma graça oculta
de Deus.
1º Marido sem religião. - Urge torna-lo religioso. Nesse caso São Pedro dá o
método mais eficaz para consegui-lo: o bom exemplo da esposa que ganhará o
marido só pela conduta. Tal se dá quando ela é obediente e amorosa, respeitosa e
casta, tolerante e paciente, "numa vida pura e timorata, no espírito pacífico e
modesto". Que adianta à mulher mostrar-se muito religiosa e assídua à igreja, mas
desleixada nos deveres de casa? Não edificará o marido! Ele pensará que a religião
não é capaz de corrigir ninguém e a dispensará. Só quando encontra ao lado da
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esposa aquela doçura serena, aquela conduta amável e devotada ao lar, sente-se
feliz e tranquilo e confessa que à esposa deve a paz e a boa ordem de sua casa.
De outro lado, não tarda a estabelecer uma ligação entre esses bens, que o fazem
feliz, e a religião, que ajuda a esposa a consegui-los. Percebe o erro que pratica
com o desprezo da religião. Já começa a graça a deslocar um peso morto... Se o
descrente não se converte em vida, pode a graça divina esperá-lo à hora da morte.
Feliz a cristã que sabe esperar e não marca prazo a Deus nem se cansa com suas
orações, sacrifícios e caridades.
2º Marido imoral. - Sabes de sua vida desregrada, dos vícios que outros
também não ignoram. Em silêncio já choraste talvez lágrimas de vergonha, de dor,
de aflição. Aqui, entretanto, a esposa não deve limitar-se a mera carpideira. Precisa
agir e agir, primeiramente, com a prudência de uma Abigail. O marido dela bebeu
e no excesso do álcool maltratou os emissários de David, temível guerreiro.
Abigail, ciente do acontecido, e receando coisas terríveis, foi apaziguar o
maltratado. Voltou a casa e, encontrando o marido bebendo, nada lhe disse. Só no
dia seguinte, "quando Nabal já tinha digerido o vinho", contou- lhe tudo o que
tinha acontecido. A esposa deve esperar a hora oportuna para dizer uma boa e
carinhosa palavra ao marido transviado. Só um caso a obriga a agir na hora. É
quando há escândalo para os filhos. Perante palavras e atos que escandalizam, tem
ela de dizer uma palavra de reprovação. Diga-a, porém, com um ar de súplica,
como quem pede, poupando o amor próprio do esposo. Diga a sua censura ele
forma velada. Mas diga-a assim que o erro fique reprovado e apareça o respeito, a
compaixão para com o pecador. Poucas, portanto, sejam as palavras nesse caso.
Nada de sermões sem fim, leitora! Mesmo que a língua esteja pronta para fala r
uma hora inteira, é necessário ser breve, sob pena ele irritar ainda mais o
transviado.
Mas se isso não adianta nada? Então, cristã, reza, implora e obriga os céus.
Está escrito que em vão trabalham aqueles a quem o Senhor não ajuda. Pede,
portanto, o auxílio do Senhor. Deixa a Deus o prazo e não queiras plantar para
colher. Tua missão de edificar está cumprida. Mônica, santa que era, só depois de
muitos anos conseguiu converter o marido e o filho.
89
3° Marido religioso e bom. - Nesse caso, leitora, deves agradecer a Deus a
dádiva valiosa e estimá-la. Procura depois tornar-te digna de tal marido. Ao
homem bom, diz o Espírito Santo, se dará como prêmio uma esposa boa. Tens,
portanto, o dever de ser essa esposa boa, esse prêmio, porque teu marido o
merece. Finalmente, não faças pouco do bom exemplo que lhe podes dar. O
Senhor quer que, entre os casados, um edifique o outro.
Marido bom e edificante é também mais uma graça de Deus e por isso
acarreta para a esposa mais uma responsabilidade. Será menos desculpável pelos
erros, mais severamente julgada porque não lhe faltou o contínuo e amável
convite para ser boa cristã.
- Eu tive uma mãe pobre, mas da qual jamais vi e ouvi coisa alguma que
me não inspirasse respeito. Ao sentir a tentação aproximar-se, bastava-me a
lembrança dessa mãezinha para resistir ao mal.
90
união e paz no lar, esta vontade contribui com alto valor. Principalmente quando
o bom senso e o temor de Deus o orientam.
Em geral, o marido não age, a não ser sustentado pela esposa resoluta. Da
energia feminina é que ela haure coragem para determinadas resoluções. Ficou
p.e., assentado acabar com a assinatura de certo jornal, retirar o filho de tal e tal
colégio duvidoso. Mas quem escreve à redação, quem vai logo ao colégio falar
com o diretor é a senhora.
91
Em se casando, leva, em geral, a moça muito recomendada pela mãe a
docilidade ao marido. Que seja dócil, que evite a violência, as explosões de
vontades, etc. Ora, ser enérgica e resoluta é justamente o melhor meio de se fugir
da violência. A violência costuma ser o último recurso de esposas irresolutas. É
um recurso desnecessário e perigoso.
92
com pouco. Nem os móveis, nem as festas, nem a louça, em casa e na sociedade,
estão a seu contento. Acha que não possui tudo "que as outras têm". Debalde o
marido tenta alegrar a carpideira que lhe vive e geme ao lado. De modo algum o
consegue, nem pelo dinheiro, que nunca é bastante, nem pelos presentes que são
escolhidos com os ares de quem parece dizer: Eu merecia coisa melhor. Por fim o
coitado se cansa e irrita com tanto dobre a finadas alegrias. Não gosta mais de
parar em casa. Vive invejando os outros e... outras. Que perigo! Ao contrário, é a
otimista uma contínua alvorada aos olhos e ouvidos do marido deslumbrado.
Tudo é acolhido com um sorriso, que desarma, as maiores ameaças e carrancas da
vida. É pouca a renda do marido? Em casa se fará mais economia. Falta isso ou
aquilo para a esposa e dona de casa? Menos mal; outras não possuem o pouco que
ela tem. Está doente o marido? Com remédio e bom humor e carinho a cura é
rápida e o sofrimento é menor. Chegam os filhos? Mais uma flor no ramo, mais
um fruto na árvore, amanhã.
Tens em casa uma filha moça, leitora? Olha: procura torná-la uma
otimista. Ensina-a a fazer rosto alegre perante sacrifícios e surpresas, a ter
iniciativas corajosas em tudo e apesar de tudo. Dize-lhe que a fonte do otimismo é
a graça de Deus no coração. Alma que vive no pecado, nunca poderá ter aquela
ousada confiança dos amigos de Deus e da oração.
(J. F.)
93
46. QUERES IMITA-LA?
— Mas, d. Alice, eu não lhe disse, há tempos, que a senhora quase que
obrigava o marido a ser infiel? E tudo por causa de umas exigências descabidas
numa mulher casada.
- Olhe, o que Deus manda não pode ser degradante e baixo. A senhora é
que anda muito errada com a ideia de santidade. Pois não conhecemos maridos,
carinhosos para com suas esposas e delas recebendo filhos, e declarados santos
pela Igreja? Depois, para cumprir a ordem de Deus, é necessário que os casados
cedam mutuamente seus corpos. A senhora não pode obrigar o marido a
renunciar a um direito, só porque este direito não combina com o programa de
seus exageros, d. Alice.
94
toda a alegria e carinhoso amor. Então ele subirá depois com a senhora para os
sacrifícios. A senhora se santificará servindo e santificando o marido, não, porém,
negando-se a ele e obrigando-o a desabafar-se fora de casa.
95
pois, os esposos de não desprezar a graça própria do sacramento que neles
se acha...
47. PONTINHAS. . .
Com que fúria, leitora, não vais em busca de um martelo e dás pancadas
na pontinha de um prego que te rasgou o vestido ou as preciosas meias!
Semelhantes a tais pontinhas são certas suscetibilidades que tens para com
o marido. Ele reparou no assado, na sopa, em qualquer coisa à mesa, por
exemplo. Eis que te melindras, perdes o rosto alegre, respondes com uma
pontinha, chamando-o de guloso. Emburras, numa palavra. Não queres escutar
explicações.
96
portanto, uma evolução. Da discussão nasceu o combate. E a paz é sempre
assinada com desconfiança e os ânimos vivem sempre em pé de guerra.
Com tal eufemismo o marido quer designar tuas... mentiras. Sabes contá-
las quando se trata de arranjar saídas, vestidos, permissões? Então, leitora, figuras
entre as esposas que mentem ao marido. Se este é de alma simples, de boa fé,
nada desconfiado, a esposa ganha sobre ele uma ascendência terrível. Ne- fasta,
também, em muitíssimos casos. Quantos desvios já não tiveram sua origem no
temperamento inclinado à mentira, na esposa, e à boa fé, no marido?
97
Tuas histórias — talvez assim se denominem tuas indiscrições, leitora.
Uma das provas do verdadeiro amor é o silêncio. A mulher que ama, de fato, a
seu marido, sente necessidade de nele concentrar a vida de seu coração e de seu
espírito. As delícias da intimidade valem, sobretudo, por causa do mistério que as
envolve. Contá-las aos outros é tirar-lhes o encanto. Está aí a razão da lua de mel,
com as viagens de núpcias, com a solidão que elas proporcionam.
Que surpresa para o marido, quando, certo dia, um amigo lhe apresenta
pêsames pela pouca sorte que teve com fulana, esposa cheia de histórias! Que
olhos faz, quando o amigo o anima e encoraja para sofrer com paciência o
inevitável !
"Quem tiver bens deste mundo, e vir seu irmão em necessidade, e lhe
fecha as entranhas, como é possível que nele resida a caridade de Deus?" (I jo 3,
17).
98
49. POR SEIS
Só não apanhei... por seis. — É um poeta que assim nos descreve sua
formação de filho único.
99
Para a cristã há mais uma ventura: o ruflar das asas dos anjos que guardam
os filhos e protegem a graça santificante em seus corações, a alma e o corpo nas
suas vidinhas.
Copos e filhos são frágeis, diz o ditado. Por isso de uns e de outros há de existir
mais de dúzia em casa.
100
sujeitar, estará invertida a ordem querida por Deus e os frutos que dela dependem.
Não se sujeita o marido? É a tormenta, são as cenas comentadas por vizinhos c
mais alguma coisa. Aqui te lembro as maliciosas linhas de uma jovem esposa: "A
esposa que quiser obrigar o marido a fazer-lhe a vontade por meio de discussão,
nada conseguirá. O homem é por natureza orgulhoso e o melhor meio é deixar-
lhe a sensação do domínio, e com delicadeza e carinho fazer com que se adapte à
mulher, embora sem o perceber. Após as brigas, nos casais novos fica um forte
ressentimento. Nos velhos geralmente se torna um hábito constante esse
ressentimento, constituindo um péssimo exemplo para os filhos".
1
Isso vale, sobretudo, no caso de teu marido ser um médico, um dentista, chefe
de alguma secção feminina. Do contrário, haverá em tua casa dois mártires.
101
Depois, em lugar de suspeitas, põe na estrada de teu marido as flores do
coração devotado, sem segundas intenções. Ama-o, achando excelente tudo
quanto ele faz, aprovando as suas ações, mesmo que encerrem amabilidades para
com qualquer outra mulher merecedora de respeito.
A cristã tem mais um recurso. Reza pelo marido, invoca o anjo da guarda
para protegê-lo. Se sofrer alguma coisa, devido ao seu coração sensível, aproveita-
se da ocasião para oferecer uma expiação por qualquer falta no amor generoso,
paciente e fiel que deve ao marido.
51. EU JA SABIA. . .
Quem se casa abraça-se com a cruz. Não deve estranhá-la, portanto, como
intrusa, quando a encontra a cada passo na vida. Entre os martírios e torturas
figura o casamento, pelas mil consumições que acarreta. Na opinião de grave
autor, muitos mártires, que veneramos sobre os altares, terão sofrido menos do
que sofrem muitos casados (M. Costa).
102
de divórcio, magoada perda do Filho. Só por estenda! de rosas i rá porventura o
casamento de pecadores, agora e no futuro? Não é possível. Afirmava por isso S.
Afonso Maria que gente casada e feliz era tão rara como mosca branca.
É melhor dizer: Eu já esperava por isso; já sabia das contas a serem pagas.
Não posso estranhar que agora tenha uma colheita de cruzes, quando foi longa a
minha sementeira de pecados.
Deus é tão bom que aceita essa paciência como moeda de alto valor no
pagamento das dívidas. Converte-a em mérito.
103
suas paixões e vícios. A cada passo envergonha a mãe e lhe desarma a autoridade
diante dos filhos, ou lhe rouba a afeição destes.
Seja como for, o ódio é explicável, mas não é lícito na vida de uma esposa
traída. A grande lei de sua vida é o amor. E onde se viu amor sem perdão para
com os que erram? O erro, a infidelidade do esposo devem ser odiados, ao passo
que para ele, pecador, se reserva a compaixão, o sacrifício, a prece. Chegou a vez
do amor compassivo.
Não se pode ler sem lágrimas nos olhos o desvelo de Isabel Mora para retirar o
esposo perdido dos braços da amante. Usou de carinhos, de devotamentos, de
verdadeiras imolações para salvá-lo. Falou- lhe do triste estado de sua alma
104
criminosa. Disse-lhe que ela, Isabel, o perdoava, mas que sofria por vê-lo
ofendendo a Deus numa vida indigna de qualquer cristão.
Errava. Ana Taigi, moça bonita e elegante, era uma alma de elite.
Enfeitava-se para agradar a Domingos. Este, todo ufano, ia mostrar sua joia aos
companheiros (o que é o fraco de muitos maridos). Gostava que lhe
admirassem o bom gosto. Sentia-se envolto naquele raio luminoso de beleza que
partia de Ana. Esta, entretanto, tinha medo de suscitar pensamentos ou
cumprimentos exagerados nos amigos do marido. Expôs o caso ao confessor e
este lhe fez umas perguntas, que eu dirijo às leitoras também.
105
— Nada disso, padre; tudo é feito com meu trabalho, com toda a
economia e, sobretudo, só porque meu marido o reclama.
Ora, leitora, deves saber que o capítulo dos vesti- dos é importantíssimo
para quem quer ser fiel ao marido. Agradar não é provocar. E nunca o vestido há
de permitir um olhar indiscreto. A cristã veste-se para honrar o nome do marido;
não se veste para deitar fora a beleza que só pertence ao marido, aos filhos em
casa. O Sábio deseja que o marido viva em casa "na alegria da esposa que se
escolheu na mocidade, esposa que deve inebriá-lo com sua beleza". Deus te quer
formosa e agradável no vestir, não, porém, como é formosa a rosa das sebes e
cercados. Todos a colhem. Ele te quer na formosura das flores fechadas no jardim
ela casa.
106
poderá viver ao pé de ti sem notar os dons encantadores que te couberam em
partilha, e as tuas meigas e preciosas qualidades. Nascerá então o amor e ir-se-á
sempre fortalecendo, porque tu o conservarás como um fogo sagrado.
"Mais uma vez o digo: é a ti a quem compete salvar tudo. É essencial dizer
ainda que o primeiro ano de vida conjugal é, muitas vezes, o mais difícil e penoso
de todos, ainda mesmo que os cônjuges se amem... Quando o amor não nasce no
coração do esposo, ou quando, se existe, diminui c se extingue, acreditai,
senhoras, que, com raras exceções, a culpa é da esposa. É porque ela não soube
fazer o esforço necessário ou porque não soube que não obtemos nada se- não
pela paciência e pela perseverança". Assim fala a senhora Staffe no seu livro para
esposas.
107
afeto da alma, manifestado por atos externos, visto como a prova do amor é
exibição da ação...
Sacrifica por ele alguns dos teus caprichos. As mulheres gostam que seu s
maridos se ocupem com certos caprichos, que elas sustentam como provas de
certas realezas. Por condescendência alguns maridos parecem deixar às suas
esposas a impressão de que lhes obedecem neste ponto. Lá um dia se aborrecem e
já rolou a primeira pedrinha da montanha.
"Na visita meu marido levantou-se, dando a entender que era hora de
sairmos. Amolei-me muitíssimo, porque queria conversar mais tempo. No
caminho para casa mostrei-me emburrada. Em casa, ao tirar o "manteau", de
propósito o tirei desajeitadamente, derrubando o chapéu de meu marido. Ele
mandou-me que o levantasse do chão. Não fiz caso e dei um passo para subir a
escada. Meu marido olhou-me com severidade e depois, pegando-me na mão,
obrigou-me docemente a colocar o chapéu no cabide. Eu estava vencida c estava
contente e estava... corrigida. Deixei de cultivar certos caprichinhos de moça".
Que ducha fria para o esposo ouvir dizer pela empregada que "dona
fulana" saiu, que ainda não voltou das compras, das visitas, quando abre a porta
da casa e entra cansado do trabalho!
108
E nossa "emoldurada" procede assim, porque as amigas lhe disseram que
não devia mal acostumar o marido. Elas chamam de "mau costume" o hábito que
inclina o coração do marido a ter precisão da ternura da esposa, das confidências
com ela!
Nada lucra com isso o amor conjugal. Sobra razão ao marido para cismar
que, nas conversas com as amigas, a mulher lhe mete a tesoura pela vida, numa
desamorosa censura.
109
PALAVRAS DO PAPA. Não convém, de modo nenhum, a um cristão
que se preza de ser tal, julgar que a Igreja, destinada por Deus a ser mestra e
diretora de povos, não seja bastantemente iluminada acerca das coisas e condições
modernas; ou lhe não querer prestar obediência e consentimento a não ser
naquilo que impõe por via de solenes definições, como se as outras suas decisões
pudessem ser acoimadas de falsas e sem a garantia suficiente de sua verdade
e honestidade...
110
MÃE E EDUCADORA
111
1. LA MAMMA LONTANA. . .
— Calma Hugo; não é caso perdido o seu; o médico põe você bom.
Assim eu procurava consolar o pobre moço que se estorcia de dores no hospital.
Outra não foi a atitude de Del Prete, o heroico aviador que teve as asas da
glória nas mãos. De pernas quebradas, nos espasmos da dor, o jovem oficial falava
da mãezinha, preparava-se para morrer tal como ela queria que ele morresse. Que
fluido divino há na lembrança de uma mãe cristã e piedosa! Mesmo ao longe ela
aquece, comove, enternece, salva.
112
És do número dessas que "ainda distantes" são anjos para os filhos?
Lisbeth conta:
113
mira... E acima de todos nós está aquele que nos dá a energia, quando a nossa não
basta...2
— Não tiveste sorte com tua mulher; os outros são mais felizes.
— Francisco, daqui a quatro anos deve vir uma menina, para que
tenhamos um arrimo na velhice disse a meu marido, logo depois do nascimento
do último filho.
2
Os homens não se lembram do poder da oração e da graça do sacramento.
Oração e graça destinam-se para as horas difíceis.
114
Que te parece, leitora? Não estás acostumada a ouvir semelhante melodia,
certamente. Tuas amigas, quando se reúnem e armam um conselho de classe,
falam linguagem bem diferente, não é? Pois então conta-lhes a história que leste.
Lucrarão com ela. s almas sabem fazer eco às palavras nobres que se lhes
declamam através de fatos reais, em hora oportuna. Há nisso, mu itas vezes, um
enredo da graça divina.
3. MÃES IMPROVISADAS
Erro é, e muito comum, esse descuido das mães quanto à preparação das
filhas para a maternidade vindoura. Entretanto em nossos dias mais indispensável
tornou-se ela. Pois as mocinhas ouvem tanta coisa nas escolas e mais ainda
enxergam nos cinemas. Fala-se lhes de direitos, de emancipação. Coloca-se a
criança quase como uma intrusa na vida da moça que se casa.
115
Portanto, leitora, leva a sério a preparação de tuas filhas. Desde criança
irás dizendo à tua filha que brinca com as bonecas: "Seu nenêzinho não dá tanto
trabalho para sua mãezinha, como os outros o dão às suas mães. Você e seus
irmãos, quanto trabalho me deram! O nenêzinho de verdade rasga e suja a roupa,
derrama o lei te, chora e grita de dia e de noite". À filha moça irás entregando os
cuidados pelos irmãozinhos menores. Ensiná-la-ás como se lida com uma criança
de colo, como se vigia e se diverte a outra que já começou a falar, etc. Haja apenas
o cuidado de não deixar, na filha moça, a impressão de que mamãe está se
livrando de um trabalho pouco agradável. Nesse caso a filha o aceitará de mau
humor, só porque não há remédio. A mãe esclarecida vai ensinando, vai
explicando, porque, desde já, quer acostumar suas filhas aos cuidados pelos
pequenos. Não há negar, a primeira professora de puericultura é, sem favor, a
mãe, em casa.
Aqui eu ouço uma objeção: para que preparar as filhas? Pois não tem a
mulher o dom de intuição que descobre pelo coração o que falta ao filho?
— Minha filha, assim falará a mãe cristã - se Deus não lhe der outra
vocação especial, você, por ser mulher, terá de ser um dia mãe de família,
possivelmente. Vá se preparando desde já para essa missão, que é difícil, mas
gloriosa também. Eu irei ajudando você com minha experiência, com muitos
conselhos e meus exemplos.
Não querem as mães us.ar desta linguagem? Então insinuem, inspirem tais
pensamentos e procedam com as filhas como se, pelos fatos, lhes estivessem
dizendo tudo isto. Elas não receberão de mau humor as ordens dadas para
cuidarem dos irmãozinhos menores.
116
4. ALGUÉM TE OUVIU?
Diz uma mãe à filha: "Como te disse, desde que pudeste compreender-me,
minha filha, como comecei a dizer-te quando completaste cinco anos, c continuei
a repetir-te aos oito, aos doze anos e, sobretudo, agora, em que, infelizmente, tens
dezoito - o único fim, o fim único de tua vida é o casamento.
Assim foi para tua avó, minha mãe. Assim foi para mim, tua mãe. Assim
foi para tua tia Luísa e para tua prima Eugênia. Todas, a seu tempo, se casaram,
não tendo pensado noutra coisa senão nisso, nada mais desejando do que isso. E
assim será para ti. Não te distraias com outros pensamentos, não te entregues a
outros projetos, não te ocupes com outra coisa a não ser com isso: nada é melhor,
nada é mais importante para ti do que o casamento. Compreendes?
Toda instrução que te demos era e é para fazer-te mais atraente, mais
simpática, a fim de que venças na comparação com outras moças. E se Joana sabe
inglês, tu falas o alemão. Se Laura toca violino, tu tocas harpa. Se Carolina é capaz
de dirigir e até ajudar o cozinheiro, tu sabes costurar, cerzir e bordar muito bem.
Não te percas em devaneios, mas concentra tua vontade, reúne tua energia. Os
maridos são poucos e as moças são muitas. Mas, se souberes arranjar-te, se me
secundares, encontrá-lo-ás certamente.
Tive ontem uma notícia que me fez empalidecer: Rosina, que só tem um
ano e meio mais do que tu, parece já estar comprometida. Minha filha, com todas
as nossas forças, as minhas, as tuas, as dos parentes e amigos - busquemos um
marido! Não deves ficar solteira, não deves ser uma ridícula, um ser grotesco, um
objeto dos gracejos dos homens, das piscadelas de olhos das mulheres.
117
Não deves ser uma solteirona, quer dizer, uma mulher que ninguém amou,
que ninguém quis, uma mulher abandonada antes de ser amada, um desperdício
da sociedade, enfim. Se isso tivesse de acontecer, eu morreria de tristeza. Os dias
de teu pai se abreviarão. Nossos parentes e amigos fugirão e, mais tarde, ficarás
só, sem família, sem afetos, sem apoios, sem esperanças. Oh! que tal fatalidade
não pese sobre tua cabeça!"
Foi isto que disseste à tua filha, leitora? Ando desconfiado que, ao escrever
o exposto, apanhei, às escondidas, um discurso que dirigias à filha. Nove mil c
novecentas e noventa e nove vezes sobre dez mil fazem as mães tais exortações às
pobres moças, envergonhadas com a demora do casamento.
Com o que acabaste de ler quis te mostrar como não deves jazer, em se
tratando da escolha do estado para uma filha. Do começo ao fim estão errados os
argumentos desta mãe casamenteira. Já nem discuto seus modos incorretos,
perante as normas para uma cristã que conhece a Providência de Deus e deve
saber que dos céus vem a vocação para a mocidade.
5. DEPLORAVEL ILUSÃO. . .
118
Dizem as mães: somos assim porque queremos ver nossos filhos felizes.
Poupamos a eles todo sofrimento e toda tristeza, porque terão tudo isso de sobra
no correr da vida. Justamente isso é uma grande ilusão, leitora. Hoje querem as
mães poupar aos filhos pequenos padecimentos e diárias renúncias, para depois
lhes multiplicarem os sofrimentos que fazem o quinhão da vida para todos.
Suprimindo as duras e pequeninas dolorosas real idades na vida infantil, formam
um meio fictício e irreal para a criança . Ninguém aprova o jardineiro que, tendo
de plantar uma árvore para ser sacudida pelas tempestades, a cria primeiramente
dentro de uma estufa.
119
6. TEU SALVADOR. . .
Que anormalidade essa de uma mãe sem fé, que se sente diminuída
quando dá ao mistério, do qual é sacerdotisa, sua significação superior e seu
futuro!"(Sertillanges).
7. CARTINHA DA FILHA
120
Momentos depois a filhinha sai, aos saltos, para a rua, levando um recado
da mãe para a vizinha da esquina. Transpõe o portão do jardim e pisa num fio
elétrico caído no chão. Tomba fulminada pela descarga...
8. PERDEU O COLO
Por muito tempo o filhinho era o lindo solo de amor cantado aos ouvidos
dos pais. Recebia por isso mil carinhos e sentia-se como um ídolo deles. Tudo era
para ele e seus menores incômodos alarmavam a mãezinha, punham-lhe na boca
121
muitas e angustiosas perguntas. Um dia, porém, ganhou uma irmãzinha, e esta,
aos poucos, foi absorvendo todas as atenções e cuidados. A cada passo mamãe lhe
dava os mais amorosos títulos e beijos sem conta. E ele - o benzinho de todo
mundo - perdeu o colo. Anda amuado, de carinha tristonha, sem gosto para
brincar, de carranquinha fechada. E quando se contam às visitas as gracinhas da
maninha, o garoto sai da sala. Não pode nem ouvi-las. Começa a comparar. Se ele
põe o dedinho na boca, mamãe ralha. Mas se a maninha se põe a morder os
pezinhos, todo mundo acha aquilo engraçado... É o ciúme infantil, sentimento que
lhe envenena a existência e se manifesta conforme as pressões hereditárias; cujas
leis são indecifráveis e irredutíveis ao mesmo tempo.
Ora, não figure a minha leitora entre as mães imprudentes que apenas
sabem exasperar esse ciúme, com frases semelhantes: Sua irmãzinha é melhor, é
mais engraçada, é mais bonitinha do que você! Se você me fizer isto, eu só
gostarei de sua irmãzinha! Nem tampouco ameace o filho com a "compra" de um
irmãozinho, caso não proceda bem. Pois nesta hipótese a criança passaria a
considerar como um castigo a chegada de um herdeiro de seus privilégios. O
acertado é formá-la a amar, a acariciar, a ajudar o bebê que há de vir. Mamãe dirá
ao filhinho que conta com ele, por ser mais forte e maior. Nascida a criança, não
se esqueça do pequeno que perdeu o colo. Aperte contra o coração sua cabecinha
loura, dizendo-lhe que no coração da mãezinha há lugar para todos os filhos.
122
cada passo dizem que o irmão é cem vezes melhor do que ele, etc. Tais e
semelhantes expressões impossibilitam uma emenda.
123
sobremesa, guardava-me suas nozes e a metade da metade da sua batata assada.
Certa vez me procurou, chorando. Trazia uma pedrinha de açúcar, um cacho de
uvas . . . Festim de rei!
— Ah! maninho, você hoje ficou sem sopa e ela estava tão gostosa!
Leitora, a senhora figura entre as tais que querem acabar com os irmãos?
O filhinho único não precisa de irmãos. Viverá sempre invejoso dos outros que
são mais felizes do que ele, porque têm irmãozinhos...
Não há quem não veja a quão grande perigo se expõe a pública segurança,
a saúde e a mesma vida da sociedade civil, no caso em que esses homens,
nada receando que se lhes possa tirar, sejam impelidos pelo desespero, vindo a
pensar que muito possam conseguir com a perturbação do Estado e de tudo.
124
10. AFROUXAMENTO PROGRESSIVO
Alguma coisa de análogo ao papel dos anjos da guarda tem o das mulheres
cristãs. Elas podem governar o mundo, mas com a condição de permanecerem
invisíveis, como eles. Assim pensa um grande cristão e exemplar pai de família,
Ozanam.
"Os pais que quiserem ver tudo, tudo saber, tudo verificar e tudo julgar,
tornariam inútil a consciência da criança. Ora, uma faculdade, sem exercício,
atrofia-se. O exagero da vigilância conduz, portanto, à destruição da consciência.
Assim, logo que a vigilância falte ou afrouxe, não haverá nessa criança
mais do que um ser amoral, inconsciente do bem e do perigo, pronto a tomar a
desforra do constrangimento que as vistas do mestre lhe opõem. Houve alguém
que disse: "Quando os polícias se vão deitar, a minha consciência adormece com
eles". A criança dificilmente poderá fazer face às necessidades da existência, se
não desenvolver a sua vida pessoal.
125
Com efeito, é preciso que a criança sinta que à medida que, por fraqueza,
abusar da liberdade, a vigilância afirmar-se-á e tornar-se-á mais ativa. Ao passo
que, sabendo gozar essa liberdade, a vigilância far-se-á discreta e respeitosa".
uma grade. Passa o pequeno pelos varais de ferro, e eis que já está do lado de fora,
caminhando sobre o abismo, seguro apenas pelos pulsos que prendiam as varetas
de ferro. Nisso sai a mãe da cozinha. Vê seu pequeno, vê o abismo, parece que o
coração lhe quer sair fora, parece que vai desmaiar, depois de dar um grito de
desesperada. Nada disso. Domina-se e cala-se. Disfarçando a preocupação, chega-
se ao pequeno, agarra-o num gesto rápido e ergue-o para dentro da área.
O garoto só então notou que a mãe estava pálida, sem respiração, com
ares de quem ia desfalecer. Nunca mais esqueceu o gesto que o salvara. Sempre
bendisse a mãe por não ter gritado. Gritasse na ocasião e o susto abriria as
mãozinhas da criança, deixando-a cair nas pedras da rua.
126
possa a mulher livremente ter, tratar e administrar os seus negócios particulares,
descurando filhos, marido e família.
127
Mães parciais — quem não as conhece? Há uma aparente absolvição para
seus erros, leitora, naquela sentença tão em voga: Ora, são mães! Ser mãe aumenta
a responsabilidade, dizemos nós. Quem a possui deve esforçar-se por adquirir as
virtudes necessárias ao seu cabal desempenho. Nunca pode servir como desculpa
de parcialidades nocivas aos filhos. Neste ponto há muito sofisma nos lábios
maternos. Vamos ver alguns, leitora.
Mas este filho merece predileção porque é melhor que os outros irmãos! - Até certo
ponto, até certa vigilância, estás com a razão, leitora. E' justo que a mãe
recompense com predileção o bom procedimento de um filho. Mas que guarde os
devidos limites, para que a justiça não degenere em parcialidade. Tal seria o caso
quando a mãe chega a convencer-se da infalibilidade do predileto. Fulano, fulana,
não é capaz disto e daquilo! eis a linguagem da parcial. Ninguém neste vale de
misérias está confirmado na graça e na verdade. Por isso também a tua predileta
pode errar.
Mas N. é o único filho homem que Deus me deu! - Mesmo assim as filhas não
deixam de ser fruto de tuas entranhas e tuas dores, leitora. Levam teu sangue nas
veias. Acertadamente agradeces a Deus o filho homem, mas erradamente o
preferes às filhas meninas. E a alegria por um presente não deve levar-te a faltas
contra um dever.
Mas N. parece-se tanto comigo; é meu retrato! Então, leitora, não tens um afeto
materno, mas, ao contrário, egoísmo e vaidade e orgulho. Na filha, "tão parecida",
procuras, amas, aplaudes a ti mesma. Tua vaidade parece convencer-te de que no
mundo nada possa existir melhor do que tu mesma. Pois só por- que a filha se
parece contigo lhe dás as preferências. Só por esse fato torna-se ela melhor que os
outros e as outras? Quem sabe, por detrás de ti os filhos andam rindo de tudo
isso! Internamente, os mais atinados e analisadores talvez sintam até ânsias de
desprezar- te por isso.
Mas N. é muito mais inteligente que os outros!... - E com isso, leitora, já não
leva uma grande vantagem sobre os irmãos menos prendados por Deus? E por
cima, a esses deserdados ainda roubas o carinho? A natureza prendando um mais
do que o outro não fez injustiça. Mas tu a praticas com a tal preferência materna.
Além disso, os irmãos e as irmãs vivem, talvez, tentados pela inveja à vista da
128
superioridade de fulano. Em vez de apagar tais labaredas, ainda vives assoprando
na fogueira com tuas parcialidades injustificadas?
Por todos os meios deves provar aos outros que, mesmo lhes faltando
essa prenda ela natureza, nunca lhes faltará o calor elo coração materno. A
inteligência admirada não é mérito em quem a possui. É presente gratuito de
Deus.
Uma história dos Livros de Deus: Jacob, porém, amava a José sobre todos
os seus filhos, porque o gerara na velhice, e lhe fez uma túnica de várias cores.
Vendo, pois, seus irmãos que era amado por seu pai mais que todos os filhos,
aborreciam-no e não lhe podiam falar com bom modo.
E este pai, tão parcial, teve uma mãe, que também dele fizera o queridinho
do coração, a ponto de o empregar para uma mentira bem séria.
129
13. TUA FILHA MOÇA. . .
Ficam bem enquadradas aqui umas normas para a mãe de boa vontade
quanto ao acertado modo de tratar as filhas moças. Perante os dons da filha haja
compreensão, sem, contudo, deles fazer um ídolo ou uma obsessão. Cultive-os
discretamente a mãe, evitando tiranizar a filha porque ou ri muito ou ri pouco,
porque tem o nariz desta ou daquela forma. Errado seria estimular as graças e
prendas da filha, para que vença e triunfe nos salões, onde reina a futilidade.
Diante desses dons uma atitude se impõe uma única, para toda mãe
criteriosa e cristã: tenha coragem de aceitar sua velhice e de afirmá-la, tenha
grandeza de agradecer a Deus pelos dons dados à filha. Saiba, porém, prevenir a
moça contra os perigos dos admiradores, das amigas, do tempo devastador.
Procure estabelecer na alma da filha o justo equilíbrio entre as prendas do coração
e do corpo.
130
Gosta da casa, enche-a com seu riso barulhento, com as alvoradas do bom
humor, quando a mãe se conserva moça, ou pelo devotamento ou pelo caráter.
Ao lado, porém, de uma mãe "avinagrada", tirânica, de humor difícil, sempre
insatisfeita, como viver contente a alma da moça que procura a luz da alegria?
Conclua, portanto, a leitora que é indispensável abafar muitas vezes os
aborrecimentos pessoais, por causa da mocidade da filha.
Vive, leitora, em tua casa uma filha que se sacrifica pelos irmãos? Então
não admitas que esses sacrifícios sejam explorados ou permaneçam
desagradecidos.
131
14. CASA-SE TEU FILHO. . .
A mãe leu a carta escrita pelo filho à moça que com ele ia noivar. Foi
franco o rapaz em acusar-se de defeitos, sobretudo do ciúme mórbido, invencível.
Pediu que a moça refletisse maduramente sobre suas reservas de paciência para
tolerá-lo. Afirmou que, se ela se julgasse capaz de suportá-lo, poderiam ambos ser
felizes. Pois lhe garantia fidelidade e devotamento absoluto. Mas a carta terminava
assim:
— Você pense bem: mas receio muito que mulheres como mamãe haja
bem poucas.
132
tem nascido dessa tirania! Quantos pecados se vão cometendo porque a mãe não
quer ceder, não quer dar licença e bênção para o casamento!
Leitora, por mais que ames teu filho, respeita-lhe a liberdade concedida por Deus.
Não te ponhas... a procurar-lhe uma noiva, contra a vontade dele. Trata-se da
sorte de duas almas, de muitas almas de filhos que poderão nascer desse casal.
Nesse tempo ela leva o filho aos sacramentos para que tenha força de ser
casto.
Tudo que fica dito sobre o casamento do filho moço vale ainda mais para
a filha moça. Sobretudo o conselho de vigiar, de orientar, de preparar corpo e
alma, faculdades e habilidades para o lar, é dado bem sublinhado.
4
Obras encontradas atualmente em PDF e que, com a graça de Deus, disponibilizaremos em
nossas publicações.
133
filha se torna mais ríspida, mais briguenta com os irmãos, menos amorosa para
com os pais — abre os olhos. É bem possível que seu coração traga manchas, sua
consciência se debata com pecados. Que ilusão, dizer a mãe: Minha filha é muito
ajuizada e educada! Nada fará de errado! Corresponde muito mais à verdade
pensar: Minha filha, por boa que tenha sido, é criatura humana sujeita ao erro e
necessitada de vigilância por isso.
Há, por exemplo, uma lei que diz à mãe: Tua filha te pertencia enquanto
reclamava sacrifícios e dava cuidados. Agora que seu ser trescala graças e virtudes,
pertencerá a outros. Será do marido e dos filhos que dele tiver.
Não me figure a leitora na lista das mães que vivem indispondo a filha
contra o genro, enciumadas do amor que lhe consagra. Quanto erro há na mania
de catar os defeitos do genro para depois apontá-los e enumerá-los à filha! Mas se
a filha vem se queixar com sua mãe? Console-a, leitora, anime-a, faça-lhe ver as
boas qualidades que há no marido, diminua ou desculpe os erros que existem.
Sobretudo fale como cristã a outra cristã, porque ambas devem ser entendidas nas
sombras da cruz que o Salvador deixou aos seus discípulos. Lei básica do
casamento é: Nunca falar ao esposo dos defeitos da esposa e vice-versa.
134
Ao casar-se, leva uma moça um coração cheio de afeto para com a família
de seu marido. Quer encontrar uma mãe, muitas irmãs no lar em que ingressa.
Mas se a pobrezinha encontra uma sogra desconfiada, displicente, antipatizada e
vingativa? Sofrerá e maldirá sua sorte. Se a leitora é sogra, não dificulte à nora os
três grandes deveres que lhe cabem de amor de respeito, de obediência à sogra.
Não exija heroísmos da pobrezinha que deseja ser amiga paciente, e que quer
tratá-la como mãe.
Para ser respeitada pela nora é preciso que a sogra seja a primeira a
respeitar-se, a primeira no respeito aos direitos da nora. Esta há de ouvir
respeitosamente os conselhos daquela, embora nem sempre os possa seguir. A
experiência e os cabelos brancos (ainda que sejam disfarçados) da sogra conferem-
lhe no mínimo o direito de ser respeitosamente ouvida. Que erro e descaridade
pôr-se uma nora a gritar e a afirmar a sabedoria própria, perante quem lhe podia
ser mãe!
Aqui me perguntará uma nora: Mas desde quando se ensina que eu devo
obedecer à minha sogra? Não chega a obediência ao marido?
135
Tal sistema reduz a pedaços a felicidade que filho e nora poderiam fruir,
tranquilamente, um ao lado do outro. Já a ventura conhece por demais a cara feia
dos defeitos comuns e não se espanta com eles. Isso, sobretudo, quando há nas
almas verdadeira visão cristã dos deveres e dos auxílios do santo sacramento do
matrimônio.
— Minha filha, você é boa demais para seu marido; suporta muita coisa,
não age. Ele não tem para com você um pingo de carinho; vive arengando por
qualquer despesa que toda mulher tem de fazer para vestir-se com o convém.
Comigo não aconteceria isso; eu ensinaria esse tirano... Eis o que se pode ouvir
em certas casas, de onde fugiu a caridade e foi desterrada a prudência.
Queira Deus que a filha não avie a receita materna! Pois o marido a
devolverá, melhorada, à sogra ousada. Esta deitará mais carrada de lenha à
fogueira, só pelo despeito de se ver apreendida pelo genro. Pronto: já está acesa a
fogueira na qual a cinzas se reduzirá a felicidade da filha, do genro e, quem sabe,
quedará comprometida a eternidade de ambos.
Pior ainda, não falta quem pretenda e se empenhe por que tais
abominações sejam reconhecidas pelas leis ou, pelo menos, sejam desculpadas em
face dos costumes públicos dos povos e das suas instituições.
136
Parece não suspeitar que tais coisas, longe de poderem exaltar-se como
conquistas da cultura moderna das quais se vangloriam, são, ao contrário,
aberrações horríveis, que reduziriam, sem dúvida, as nações civilizadas aos usos
bárbaros de alguns povos selvagens.
— Tudo eu fiz, sr. padre, por esse filho que lá na sala descansa no seu
esquife e daqui a pouco irá descansar debaixo da terra. Rezei por ele, fiz
promessas, dei-lhe conselhos, chorei diante dele, dizendo- lhe que me levava à
sepultura se não deixasse da bebida. Nada adiantou. Mas Deus sabe o que faz...
137
sinais debaixo da janela e as moças prontas para o salto. Nisso Deus avisa a mãe
explorada na sua santidade. Vai a pobrezinha à janela e interpela "aqueles
demônios". Foi o quanto bastou para afugentá-los, para cobrir de vergonha as
moças. Mas o coração da mãe ficou envolto em longa e profunda tristeza. A
maldade das filhas, o pecado que planejavam cometer, a ofensa de Deus - tudo
arrancava soluços de Isabel. Deus quis prová-la até nesse ponto. Conheces a
palavra de Nosso Senhor sobre a ovelha desgarrada? Diz o seguinte: o bom pastor
deixa no aprisco 99 ovelhas e vai procurar a ovelha desgarrada; achando-a, toma-a
sobre seus ombros e volta jubiloso para casa.
Na lareira ardia um tição avaro de calor. Pai e mãe, sentados num tosco
banquinho, deliberavam sobre o futuro ele Luisinho. E este - o garoto ladino! -
fingia dormir, ao canto. Mas atento estava a tudo.
138
de quem está desinteressado, quando justamente o contrário se dá com seu
espírito.
Fisiológica porque querem que a mulher, seguindo sua livre vontade, seja
ou deva ser desobrigada dos pesos conjugais, quer de esposa, quer de mãe (essa
emancipação deve dizer-se malvadez, já de sobejo o dissemos).
Por isso também, em geral, encontra a mulher sua saúde nas funções da
maternidade.
139
O afamado dr. Pinald afirma que somente com o terceiro filho encontra
a mulher a plenitude de sua saúde.
Outra coisa. O germe que começa a viver nas entranhas maternas - é o pai
que se encarnou na mãe e vai viver e crescer dentro dela. Ao deixá-la um dia para
se tornar um indivíduo distinto, lhe deixará alguma coisa de seu autor e pai.
Não vivo na lua, leitora, ao afirmar tudo isso. Bem sei de casos em que a
maternidade equivale a um heroísmo e o parto é uma sentença de morte para a
140
mãe. Meu ministério já me tem levado à cabeceira dessas mártires do dever.
Perante elas senti-me pequeno, mesquinho. Consultado outras vezes, avisado de
que o fim do dever cumprido seria provavelmente a morte, tive de responder com
lágrimas nos olhos: Minha senhora, ainda assim não é permitido a uma cristã
impedir a vida. A senhora está diante de um dever, como o soldado na luta. Este
não pode desertar, ainda que seja para salvar a vida. É o seu caso. Deus a espera
para confortá-la, salvá-la, recompensá-la. Coragem e confiança!
Quis Tomáseo mostrar com estes termos o perigo das escolas que
trabalham separadas da família. É a família a primeira educadora da criança. Sua
primeira mestra é a mãe. E continua sendo mestra nata . Outra coisa não pode ser
a escola, senão complemento e auxiliar ela educação doméstica. Há por aí uma
pedagogia que entrega ao Estado o monopólio das escolas. Há de ser o Estado o
único educador. Não se lembram seus defensores de uma coisa muito simples : o
Estado tem milhares de filhos, não podendo por isso cuidar devidamente de
todos. Repartindo Deus os filhos com os pais, também lhes facilitou a educação.
141
Não se nega um certo direito ao Estado, mas um direito respeitador da
missão e responsabilidade dos pais. Tanto a inteligência como a vontade e o
coração hão de ser formados pela escola. Nunca ela poderá desrespeitar o destino
eterno das crianças.
A mãe cristã não perde de vista seu filho, mesmo quando frequenta as escolas
públicas ou particulares. Vigia os ensinamentos e os conselhos dos mestres, contra
eles reclama quando hostis à crença, à sã moral e ao caráter de cristão que
possuem os filhos. De outro lado, a mãe trabalha em harmonia com a mestra. É
sempre censura bem sena, para uma mãe criteriosa, a queixa de mestras que
lamentam a falta de interesse da família, que as não prestigia nem estimula a
criança. Agora, que entre nós há o ensino religioso, pecam gravemente as mães
que não o exigem para os seus, ou não apertam pelos seus para que estudem a
religião.
Além disso, nossos bispos baixaram severa proibição aos pais a respeito de
colégios protestantes. Não podem frequentá-los os filhos de pais católicos. Vã e
prejudicial é a desculpa de que neles não se toca em religião. Pois só essa
abstenção, além do mais, já é um dano gravíssimo para a alma infantil. Pior seria
se em tais colégios se atacasse a religião, se pregasse a heresia. E há tantos modos
de atacar, leitora!
142
De outro lado, porém, a escola tem também seus direitos que a família
respeita e acata. Horários para visitas, para saídas, normas para a disciplina, justiça
nas classificações, autoridade dos mestres - tudo isso impõe reservas ao coração
materno. Falta muitíssimo a mãe que em casa não obriga os seus ao estudo, ao
cumprimento dos deveres a serem apresentados no dia seguinte.
Toda mãe que não sabe formar a vontade dos filhos é frouxa. Priva-os
desta forma de uma força indispensável na vida. Pois é a vontade formada que
evita a irresolução, levando o homem a decidir-se energicamente por uma atitude.
É ela que contribui para a formação da inteligência, dá ao homem o domínio de si
mesmo e assegura-lhe a autoridade sobre o mundo exterior.
143
Hábitos - eis ai a segunda natureza. Os maus convertem-se em verdadeiras
tiranias e cativam a vontade. Os bons são outras tantas naturezas felizes que
constituem um entusiasmo quase irresistível para o bem. Feliz a criança que foi
obrigada a contrair bons hábitos! Tudo se lhe torna mais fácil na ordem da
virtude. O mal já lhe é por natureza indesejável e a graça de Deus completa o
resto para que haja perseverança no bom caminho.
"Primeiramente urge começar cedo, bem cedo. Depois obrigarás teu filho
a praticar a mesma ação sempre da mesma maneira. A mudança contínua lança a
confusão nas ideias e produz a hesitação nos atos. Em seguida farás repetir muitas
vezes os mesmos atos. Finalmente obrigarás os teus a praticar as ações com
atenção. Sem este cuidado, o hábito degenera em rotina e deixa de ser
completamente bom.
Há mães que cedem às gulas, aos caprichos dos filhos. Querem lhes
poupar tudo, todo mal-estar, toda contrariedade, toda onda de frio ou de calor. Se
negam alguma vez qualquer coisa, logo capitulam e cedem perante as reclamações
e a cara feia, os gritos, etc. E elas dizem que isso é amor aos filhos. Prefiro chamar
de crueldade para com eles toda essa frouxidão. Ama quem educa para a vida e a
vida não tolera os frouxos. Esmaga-os. Por ela só podem caminhar os que sabem
derramar um pouco de sangue, no cumprimento do dever monótono e cruciante.
Dever, trabalho, lutas, vitórias, perseverança na graça de Deus - tudo isso só se
consegue pelo sacrifício.
144
Por isso importa acostumar a criança ao sacrifício. Urge formá-la no
espírito de sacrifício, como se chama a virtude que consiste em saber sofrer por
uma intenção que eleva. Meios para isso há vários.
Uma coisa é de suma importância neste ponto, leitora. É preciso que teus
filhos procedam sobrenaturalmente. Por isso é indispensável acostumá-los a
oferecer a Deus seus sacrifícios de cada dia. É necessário dar-lhes ou sugerir-lhes
uma intenção elevada e cristã no sofrimento. Por exemplo, fazer sacrifício pela
conversão deste ou daquele pecador, pela consecução desta ou daquela graça de
Deus. Santa Teresinha, ainda criança, fez sacrifícios para converter um
condenado. E conseguiu a graça para seu tutelado. Lê- se na vida de São João,
cura de Ars, que usava reunir as crianças e fazê-las rezar de braços abertos,
sempre que queria obter a conversão de um pecador em particular.
A mãe cristã tem o recurso divino da santa paixão de Jesus Cristo para
influir no espírito e no coração dos pequenos cristãos. Há mães que sabem valer-
se deste meio e há outras que vivem blasfemando ao lado da cruz. Que
profanação!
145
21. SEU PEDESTAL
Não é qualquer eminência que serve para destacar uma mulher sobre as
outras. O Criador já lhe deu um pedestal, o quase único que a realça e celebriza.
Queres conhecê-lo?
Estás criando em tua casa umas filhas mimosas em vez de boas donas de
casa, devotadas e carinhosas? Crias umas bonecas enfeitadas e inúteis? Então és
responsável por um crime contra a família e a sociedade. Pois tuas filhas serão
nulidades sociais, estarão abaixo das empregadas que trabalham o dia inteiro.
146
Os antigos eram talvez rudes, mas exatos nas suas comparações. Veja a
leitora este trecho que transcrevo de um clássico da nossa língua, A. Macedo:
"Na antiga Roma foi cerimônia dos casamentos mais graves, levarem
diante da noiva, quando ia para sua casa, uma roca com linho, ou lã, levantada em
alto, como bandeira, em cujo exercício havia de militar. Todos os antigos
pintavam uma honesta matrona com um jugo sobre o pescoço e nele uma letra
que dizia: sujeita. Com um cadeado na boca com letra que dizia: calada. Apertada
com um cinto e letra: casta. Na mão direita uma tocha acesa, com letra: fiel. Na
esquerda uma roca, com letra: laboriosa".
"Por vezes, diz ele, esta impureza cruel ou crueldade impura chega ao
ponto de recorrer ao uso de venenos que se não conseguirem a esterilidade,
sirvam ao menos para extinguir de alguma forma o fruto concebido. Querem
assim desembaraçar-se da prole ainda sem vida, ou matá-la antes de nascer, se já
vivia no seio materno.
Frase é esta muito em voga nos lábios de certas mães. A cada passo
repetem-se para a filha moça para o filho rapaz. Serviria muitíssimo a expressão,
147
se fosse aplicada com certa lógica. Com sincera conclusão de exigências. Até a
mãe levaria lucro no caso.
No seu tempo houve uma hora em que os conselhos eram ouvidos, mas
não eram seguidos. Eram respeitados e bem interpretados, mas não resistiam a
uma objeção. A qual? Mamãe, coitada, já não é moça; é de outros tempos!
Ora, leitora, de fato, é preciso muito cuidado para não evitar intromissões
e injustiças, a respeito dos filhos que vão crescendo. É muito natural sentir a mãe
que os filhos vão lhe escapando. Certa tristeza, certo ciumezinho se apresenta
nessa hora. Meu filho já não precisa de mim! Já anda e caminha, já tem gostos
diferentes - sem a intervenção materna. Quando era de braço, dependia em tudo
de sua mãezinha. Hoje, não. Hoje, por lei e plano da Providência, vai ganhando
certa independência. Deverá respeitar e venerar e honrar os seus pais, sempre.
Mas sua dependência, sua obediência passiva tem limites determinados pela idade
e pela pedagogia razoável. Agir de forma diferente é ir contra a corrente, é, não ser
do seu tempo, porque até se estranha o que ele reclama.
148
Minha senhora, não leve suas exigências acima das divinas. Deus manda
honrar pai e mãe. Não manda que a mãe imponha o jugo da obediência descabida,
nem exige que o filho ou a filha se sujeite nesse caso.
Depois vieram mais duas. Por fim nasceu a sexta menina, recebida com
aquela sentença de Dante: "Mete medo aos pais a filha que nasce . . . ". Os pais
lamentavam-se da pouca sorte. A mãe então foi mais longe. Chamou Deus às
contas; queria saber como e por que fazia dessas surpresas à família. Lembrou-lhe
que custava muito criar as filhas. Estava vendo que Deus não favorecia os pais
cristãos.
Uma tia, dessas que acariciam cachorrinhos, disse logo: É isso que a gente
arranja quando não sabe ter certas cautelas. Fosse comigo, e eu mostraria como
sou desconfiada do céu.
149
Filhos? filhas? Deus que o resolva! Trata-se sempre de... almas, cristã, em
uns e outras. Para a mãe cristã é isso o que, em primeiro lugar, orienta e consola.
Quando meu caçula acorda, quer vir dormir na minha cama. Diz que sente
corrente de ar... nos pés.
150
Farei uma convicção deste pensamento: edificar pelo bom humor, edificar
pela amabilidade cristã, "espalhar por toda parte o bom odor de Cristo". Para
guardar o bom humor é preciso estar acostumado ao sacrifício, ao amoroso
sofrimento. É necessário habituar-se a receber as pequenas contrariedades com o
melhor dos sorrisos e estar pronto a fazer o mesmo até nos grandes sofrimentos.
Numa palavra: é necessário querer bem a Nosso Senhor. Dizia São Francisco de
Sales: Falai pouco, falai docemente, falai bem.
Que felicidade, meu Deus! Hoje comunga mais um dos filhos. Com este
são nove sacrários vivos que tive a ventura de vos poder preparar.
Tudo isso nos escreve Isabel Charles que, no meio dos trabalhos de
esposa e mãe, achou tempo e unção para consolar suas companheiras no lar.
Precisas primeiramente fazer tudo, a fim de que o ninho seja calmo para o
filhinho. "Agora, querida, precisas dobradamente de toda calma e coragem,
porque já não pertences a ti somente. Hás de ser toda do anjo que esperamos e
151
precisa nascer forte. Ele quer um ninho calmo e um sangue vigoroso para
alimentá-lo. Da minha parte conheço todos os meus deveres e todas as minhas
promessas. Podes contar comigo". — Tais eram as palavras do heroico Maurício
Retour à esposa, enviadas lá das trincheiras da I Grande Guerra.
Nas linhas presentes temos em vista o lado moral, já que o filho esperado
é intimamente solidário com a mãe. Se esperas por "ele, leitora, hás de te sujeitar a
uma vida normal, calma sem indolência, ativa sem excesso e, sobretudo, isenta de
toda emoção capaz de exercer nefasta influência sobre o desenvolvimento da
criança".
152
Nascida a criança, encontre uma mãezinha prevenida para os primeiros
cuidados que sua vidinha de cristal reclama. Sobretudo lhe desejamos a sorte de
encontrar uma conscienciosa cristã, que quanto antes lhe purifique a alma nas
águas do batismo (adiar por mais de oito dias o batismo, sem motivo urgente e
grave, é culpa grave).
153
26. PARA EDUCAR O MENINO. . .
Bem oportunos eram os pensamentos desta mãe. Teu filho, leitora, já não
é mais criança. Passou a ser menino. Já caminha para a escola, sai a recados, e,
sobretudo, vai manifestando o lado invisível da alma. Teu dever agora é estudá-lo,
vigiá-lo, guardá-lo nos perigos.
154
Vigiá-lo. - Mãe é como jardineira que, esperando a floração do seu jardim,
vai vigiando o nascimento de ervas daninhas para extirpá-las. Vigie, já não
dizemos as tendências, mas a conduta dos filhos. Em casa, fora de casa, na rua, na
escola, na companhia de outros meninos - eis os cenários a serem observados.
Mesmo à noite vá olhar os seus quando dormem. Apareça no meio deles à ho1 a
de conversas e folguedos, para surpreender uma palavra ou um gesto. Nada a
impede que indague discretamente dos mestres e dos companheiros qual a
conduta dos filhos. Mui acertadamente disse alguém: "O que para a terra é o sol,
vem a ser para o filho o olho atento da mãe, isto é, luz, calor, vida".
Guardá-lo dos perigos. - Estes não faltam em toda parte, mesmo dentro de
casa. Os companheiros de brinquedo hão de ser escolhidos e merecer tua
confiança. Nada de camaradagens com meninos da rua! Mesmo os colegas de
escola, embora não possam ser conhecidos todos, podem figurar ao menos
como in desejáveis quando a mãe é solícita em indagar do filho quais os modos e
as conversas deles. Por isso é sempre preferível que a mãe tenha o filho o mais
longo tempo possível sob os seus olhos. Há mães que desejosas de sossego em
casa, mandam os filhos para fora. Está errado, leitora. - Outro perigo pode vir dos
domésticos e empregados da família. Criadinhas, mocinhas vindas de meios pouco
conhecidos, muitas vezes estão corrompidas e por sua vez, corrompem os
meninos. Logo se estabelece amizade entre elas e eles. Nos passeios, pajeando, há
encontros com outras, com namorados, etc. As conversas tornam-se então mais
do que inconvenientes. Outras vezes há maus conselhos que induzem os meninos
a roubar, a mentir, a enganar os pais. Maiores cuidados há de haver quando estas
domésticas, abusivamente, têm de dormir no mesmo quarto com os meninos.
155
Aqui nada de feio se diga, se veja porque ao menino se deve o máximo
respeito...
Antes de tudo, leitora e mãe, é teu filho uma alma. Hoje se acentua demais
o corpo e se deixa esquecida a alma da criança. Os pedagogos escandalizam-se
com descuidos que prejudicam a saúde e o desenvolvimento do corpo. E bem
pouco se impressionam com os erros que prejudicam os interesses e os destinos
da alma. Paganismo moderno, leitora!
Essa alma, mais nobre do que o corpo, está vivificada por uma vida
sobrenatural. Teu filho é também, pelo batismo, filho de Deus. De ti recebeu a
vida elo corpo. Dele recebeu a vida divina da graça. Há, portanto, em teu filho
duas vidas, distintas nas suas qualidades, mas tão unidas que a primeira (recebida
de ti) sem a segunda (vinda de Deus) não passa de uma grande nódoa, de uma
grande chaga, perdendo-se no abismo da condenação.
156
educação são, por conseguinte, as preferências da- das à natureza, à custa da graça.
Seria erro pior do que a preferência dada ao corpo, com prejuízo da alma.
Enquanto não chega o terrível dia em que a criança será capaz de pecar
— dia que uma boa educação pode retardar até à adolescência, até à idade
madura — a mãe está segura de possuir em casa uma imagem de Jesus, um
tabernáculo de Jesus, a presença mística de Jesus na alma infantil.
A graça há de existir e também crescer na alma dos teus. Ela não pode ser
unicamente objeto de um culto. Há de reinar sobre as paixões e impor-lhes ordem
e harmonia. Como, na orquestra, cada instrumento concorre para o colorido da
sinfonia, assim, sob a regência da graça, o s impulsos da natureza hão de se unir
e ordenar harmoniosamente. Mônica, a santa progenitora de Agostinho,
acreditava que quase nada diria o nome de mãe, se não desse aos filhos, junta-
mente com a mísera vida do tempo, a vida infinitamente bela e preciosa da
eternidade. Por causa desse parto sofria dores mais vivas e longas do que pelo
primeiro, com o qual pôs no mundo uma vida mortal. Aludindo a isto, afirmava
Agostinho ser ele "o filho de torrentes de lágrimas".
O futuro de uma criança é coisa viva, animada, ameaçada por mil quedas e
que, sobretudo, pende da altura de sua alma. Antes de tomar uma resolução,
leitora e mãe, antes de regular os hábitos mais caseiros, perguntarás a ti mesma:
157
Tende minha palavra meu ato, a respeitar a hierarquia dos valores?
A formação que vou dando aos meus, neste ou naquele caso, prefere os
bens do espírito aos bens do corpo, os sobrenaturais aos bens do espírito, a
verdade infinita aos reflexos dela, Deus às criaturas?
Exercitarás teu filho não somente a sentir, mas a bem sentir; não somente
a pensar, mas a bem pensar: não somente a pensar acertadamente, mas também a
julgar acertadamente, não tomando as criaturas pelo que não são . Toda idolatria
é um erro do juízo prático sobre o valor dos seres. Sobretudo ensinarás os teus a
analisar tudo sob os clarões da fé e da eternidade sob a aprovação ou reprovação
de Deus.
158
28. QUE NOBRE REPRESENTAÇÃO! . . .
Só com muito amor aos filhos é, porém, que uma mãe saberá vigiá-los.
Pois a vigilância é a atenção perseverante às dores, aos cuidados, aos perigos e às
precisões de outros. Para bem ver tudo isso é preciso esquecer a si própria. É por
isso o egoísmo o primeiro obstáculo à vigilância. Pensamos nos outros somente
na medida em que os amamos.
É uma lástima que tantas mães vivam silenciosas sobre certos deveres que
acompanham as filhas, uma vez que se tornam esposas. Nisso está a origem da
falta de compreensão, da injusta avaliação do débito conjugal. Verdadeiras
torturas sofrem certas moças, quando, esposas cristãs pelo sacramento, se
encontram diante deste dever. Nem faltam esposas, após anos e anos de
casamento, que pensem erradamente sobre este ponto tão importante.
159
Tu, leitora, guarda-te as seguintes normas. Fim primordial do casamento é
a propagação da espécie humana e sua competente formação. Mas, ao lado da
união moral e espiritual dos pais, esta finalidade reclama também união corporal
dos esposos. Nessa união está um elemento essencial do amor conjugal.
A leitora, se for mãe, exponha esses princípios à filha que está preparando
o enxoval para o casamento. Não está direito não ter a alma o seu enxoval,
formado de certos conhecimentos e normas indispensáveis. Ponha de lado um
errado acanhamento. Não deixe ao cuidado do marido instruir a filha. Esses, em
geral, precisam ser instruídos pela castidade esclarecida e firme da moça que
recebem por esposa. São mestres sem diploma, quando não são uns diplomados
160
pelos vícios e pelas farras. Mãe, és uma cruel para com tua filha, se a entregas
ignorante. De Deus recebeste o tato fino e a unção das palavras para semelhantes
explicações ou iniciações.
— Esta menina tem um coração muito meigo. Não pode ver gato ou
cachorro que tenha fome.
161
sensual e piegas. Tal se dá quando a mãe vive cobrindo de carinhos os filhos, vive
toda alarmada com o menor mal-estar da criança. Leitos moles, bombons, mostras
de ansiedade, recomendações que revelam angústia, tudo isso se deve
terminantemente evitar, diz Gualtier.
Não se admita que a criança, sob o pretexto de que se deve ser bom para
com os animais, aplique injustamente em proveito dos irracionais as reservas de
bondade concedidas por Deus, observa o P. Bethléem. Não se deve tolerar que
chore a perda de um pássaro, de um cãozinho, etc.
Regrado será o coração daquele que amar o belo e se ligar ao bem. Há uns
quantos amores que hão de ser cultivados no coração da criança. O amor à família
(pai e mãe, irmãos e irmãs, avós, tios e tias, padrinhos e madrinhas, pobres e
criados), o amor aos padres, ao trabalho, ao dever, à pátria. Realmente, é vasta a
tarefa para uma mãe de boa vontade!
Urge acostumar teu pequeno a repartir com os outros seus bombons, seus
brinquedos, etc. Deves levá-lo a ver os doentes, aos quais ele fará um presentinho.
A palavra "obrigação" será habitual na sua boca, quando receber serviços dos
outros, mesmo da criadinha.
Entusiasta é o coração que tem chamas dentro de si. É por isso necessário
que a criança comece a apaixonar-se por um fim mais elevado do que as
necessidades de cada dia.
162
grande fascinador dos corações: Jesus Cristo. Outros são então os horizontes
descortinados pelos olhos infantis. Outras igualmente lhes são as instituições c
elevações da alma.
— Não sei o que é mais admirável: o domínio que o senhor tem sobre
si mesmo ou a coragem de sua mulher.
163
nada; qualquer bobalhão pode provocar distúrbios. Dominar-se é muito mais
difícil. - Mais tarde foi assim:
Que dizes a tudo isto, atenta leitora? Como mãe deves imitar a prudência
desta tua colega no educar os filhos. Fazer-lhes as vontades, sossegá-los, cedendo
aos seus desejos - é viciá-los, enfraquecê-los. Isso os desfibra, em vez de lhes dar a
têmpera de aço para resistir na vida. É indispensável tal exercício. Pois nada se
improvisa nas lutas pela grandeza moral, pelo caráter cristão.
Até a graça de Deus conta com tal cooperação de nossa parte. Não diz o
ditado que Deus ajuda a quem se ajuda?
164
32. RISADA E GEADA
O pequeno acabara de contar umas coisas, "segredinhos", à sua mãe, quando esta
desatou numa cristalina gargalhada. Olhos admirados a receberam no rosto da
criança. Sua boquinha se abriu, carregou-se-lhe o rostinho e saíram de seus lábios
estas palavras:
Oxalá fosse raro este fato nas famílias! Tão frequentemente acontece que
as jovens mães não sabem dominar seus risos, perante os ares engraçados das
crianças. Entretanto, a risada pode ser geada sobre uma floração de bela
sinceridade. É preciso ter olhos penetrantes para descobrir até onde avançam as
linhas do pudor infantil, ingênuo muitas vezes, mas respeitável assim mesmo.
165
33. QUADRINHO DE CRÍTICO. . .
"Dona Purezinha agonizou seis meses com cancro no piloro. Era gorda,
foi ficando magra. Também era boa, paciente, foi ficando má, impertinente.
Parecia que tudo nela morria, menos os olhos que enxergavam uma sombra de
poeira na cômoda e os ouvidos percebiam, já longe, na cozinha, o bater de um
prato na pia.
No porão vivia. Subia para almoçar, lanchar, jantar, dormir. Fora disso,
mal punha os pés na escada que conduzia à copa, uma criada, a irmã, o pai,
alguém falava:
166
Se apenas por tais formas se mostra a doença da mãe, perde a criança a
oportunidade de ver, num exemplo vivo e amado, a auréola da paciência cristã.
Esta visão é-lhe, entretanto, necessária na vida, como conforto e modelo para os
dias de cruzes e sofrimentos. Da minha parte eu bendigo a Deus por, até hoje, me
haver conservado na memória aquê1e quadro de serena paciência que vi nas
doenças de minha mãe.
167
nem cessarão as palavras meigas, as carícias de seda. A cada passo, a mãezinha
bate em retirada com as exigências mal recebidas pela tirana criança. Por fim esta
não distingue mais entre o bem e o mal. Perde o senso moral. A indulgência, que
recebe sem merecê-la, passa a ser tida como coisa que a mãe lhe deve. Mãezinha
não encontra sua felicidade nesses derrames de ternura? Pois então já está paga de
seus trabalhos, só pelo fato de seu ídolo lhe permitir tais expansões.
Assim pensa e escreve e aconselha Paulo Combes. Já não fez nossa leitora
suas experiências neste ponto? Acha-as insuficientes? Quer porventura tirar a
prova dos nove fora?
168
Nesse fúnebre cenário nasceu-lhe a filha, que aos poucos foi puxando pela
mãe e por ela era atendida em todos os caprichos. Crescidinha, roubava por gula.
Na escola, levava objetos das companheiras ou lhes rasgava os cadernos. Nas lojas
o que lhe ficava ao alcance desaparecia. Entretanto, em casa nada lhe faltava. Não
houve remédio: a mãe precisou interná-la num colégio, porque a polícia já se ia
interessando pelo caso.
169
36. EGOÍSMO MATERNO.
Por que obrigam as mães seus pequenos à recitação de versos diante dos
convida dos? Não é porque desejam ser louvadas através da inteligência dos
filhos?
170
É amor humano o amor materno. Como tal está sujeito a todas as
flutuações que agitam a natureza.
171
Com a mamadeira levei-o ao mesmo sistema. Não me fazia cenas para
impor-me sua vontade. Depois de um mês, acostumou-se às seis "refeições" por
dia, e ao sono das dez da noite até às sete da manhã. Algumas vezes, sem que
acordasse, eu lhe dava a mamadeira, mudava-o de berço.
Jovem mãe, queres amar teu bebê, para seu bem e não para tua satisfação,
distração, arrebatamento amoroso? Queres amá-lo para sua paz, sua saúde, sua
felicidade, para todo o seu futuro? Então grava na tua memória este princípio: O
bebê precisa de calma, de horário, de discrição. O que menos se lhe dá é a calma e
o silêncio. Vive como boneca de braço em braço. Todo mundo há de brincar com
ele. Sob o pretexto de diverti-lo, levam-no por toda parte, excitam sua
curiosidade, obrigam-no a rir, gritam ao seu ouvido, sacodem chocalhos, falam-lhe
sem cessar, sacodem-no, mostram-lhe tudo. E a cabecinha do bebê não pode
receber e registar tantas impressões de uma vez. Quanto mais precoce o
pobrezinho se mostra, tanto mais o martirizam.
...se até as mães de família, com prejuízo não pequeno para a economia
doméstica, se virem na necessidade de ganhar o pão com seu próprio trabalho...;
se elas, nas ordinárias e extraordinárias fadigas da maternidade, necessitarem da
alimentação apropriada, dos remédios, do auxílio dum médico hábil, e de outras
coisas semelhantes...; não há quem não veja quão difícil se lhe torna a observância
dos divinos preceitos.
172
38. O ANJO DA ANUNCIAÇÃO.
Onde a vocação não nasce. - O anjo não bate à porta, quando a mãe não
possui sequer uma fé elementar que a leva a crer no reino de Cristo, no valor das
almas, na missão da Igreja. O mesmo se dá se a mãe não possui o sentimento dos
valores morais. Além do dinheiro, das carícias de uma esposa, do prazer, há no
mundo outras esferas para as órbitas luminosas do devotamento. Pode o homem
ser feliz e útil, sacrificando-se pelos outros. A mãe deve estar convencida de que a
conquista de uma alma, para Deus, vale muito mais que a aquisição de uma
fortuna para si próprio.
Às vezes Deus chama o filho de tal cristã para o sacerdócio. Mas nesse
caso a cristã é apenas a mãe de um homem. Não é a mãe de um sacerdote. Nem
preparou o filho, nem lhe suscitou a vocação. Esta nasceu di retamente no
coração do filho.
173
Onde a vocação nasce e amadurece. - A mãe, já no tempo de noiva, foi piedosa
e tinha certas intuições sobre o valor das almas, sobre a grandeza do sacerdócio
que a elas se consagra. Uma espécie de mãe de São João Bosco. Chega o anjo de
Deus, anuncia a vocação. Ei-la então guardada com todo o cuidado, com muita
oração, muita vigilância, muito sacrifício. Parece-me ver aqui as mães da cidade de
Lu, na Itália. Reuniram-se para pedir sacerdotes a Deus, vocações para seus filhos.
Todos os meses eram vistas à mesa da comunhão, em horas de adoração. Os
filhos sentiram ao redor de si um ambiente de Deus, um ar mais puro. Centenas
de vocações — religiosas e sacerdotais — têm saído de Lu.
Às vezes Deus lhe nega esta graça. O filho vai ao altar e a mãe vai para o
céu. Morreu sem poder vê-lo por entre o incenso das solenidades litúrgicas. Mas o
filho, todos os dias, na missa, lhe repete com emoção saudosa o nome. Repete-o
bem pertinho de Deus.
5
Todas as noites ajuntamos às orações uma ave-maria para Deus dar
vocações sacerdotais à família - dizia-me um pai de 5 seminaristas...
174
39. ABRINDO OS BOTÕES.
Usas desta sabedoria para com teu jardim c o mesmo farás com as
inteligências de teus filhos. Saberás esperar que devagarzinho se abram,
desabrochem. A precocidade intelectual prejudica o desenvolvimento físico da
criança. Antes de cultivar a inteligência, é necessário cuidar que haja urna cabeça
sadia e forte, ao lado de uma boa musculatura, força e agilidade no pequeno.
É preciso depois que se lhe ensine a bem usar dos sentidos e a bem julgar
por meio deles. A leitora abrirá os olhos dos seus para os móveis, para as imagens,
os animais, as plantas, as flores, etc. Dir-lhes-á o nome, a qual idade e os defeitos
dos objetos e dos seres.
175
com feixes de notas musicais. Deixava para mais tarde tudo isso. Agora a pequena
devia pular, correr, saltar e brincar à vontade.
E por que não procurará a leitora formar nos seus o gosto, ensinando-os a
apreciar o belo na natureza e na arte? O belo é também um dos feudos da
verdade. O belo é a verdade tornada sensível, manifestada nas cenas da natureza,
nos produtos da arte.
176
40. DEUS E TEUS FILHOS. . .
Primeiramente farás teu filho conhecer a Deus. Do sol, das flores, dos
frutos da terra, das pessoas e dos fatos farás uma escada pela qual conduzirás a
criança até Deus, nele mostrando o Cria dor, o Pai solícito e vigilante.
177
Humberto de Campos conta-nos a história de um comandante de navio
que, convidado por certo sacerdote a rezar um pai-nosso na hora da tempestade,
lhe disse:
Com isto queria explicar sua ignorância religiosa, porque faltou quem o
ensinasse. Mais triste seria o caso do menino que, tendo mãe, praticamente não a
tem como mestra.
Vamos, leitora, responde-nos: Teu filho tem mãe... religiosa? Se ele nem o
pai-nosso souber, falta-lhe então a mãe.
Fica na tua conta, leitora, o pecado do filho que perde a missa, só porque
mamãe não o mandou ou não insistiu com ele.
178
Que disse Nosso Senhor no Evangelho? "Deixai vir a mim os
pequeninos!"
Entretanto, a lei é clara, bem clara nesse ponto, leitora. Não pode a esposa
impedir a conceição de filhos nem pode procurar livrar-se da vida que recebeu.
Matar uma criança, ainda que tenha apenas alguns dias ou algumas horas de vida,
é um crime. A consciência humana diz que tal criatura é uma homicida. Dura, sem
dúvida, é a expressão, mas não pode ser substituída por outra que atenue o
assassínio de um inocente.
Mães que se dizem cristãs, e tiram a vida do seu ninho, são inegavelmente
assassinas. Trazem o sangue nas mãos alvas.
179
excomunhão sobre a mãe que consegue seu negro intento e os que o procuram e
causam.
— Mas se não se puser fora essa viela, morrerão a mãe e o filho. São
duas vidas que somem!
Nada de sofismas, leitora. Uma coisa é deixar morrer duas pessoas e outra
coisa matar uma criatura. Deus não pedirá contas dos mortos que nós não po-
demos salvar. Não permite, entretanto, prevenir a morte natural de uma criatura
pela morte violenta de outra.
180
Assim, os médicos probos e competentes empenham-se louvavelmente
em defender e conservar tanto a vida da mãe como a da prole, e, pelo contrário,
os que, sob o pretexto de ciência médica ou por compaixão mal entendida,
colocassem em perigo de morte a mãe ou a prole, tornar-se-iam in- digníssimos
do nobre título e glória de médico.
A priminha, que viera para aqueles dias, traz-lhe a ceia. Ele se instala num
canto do sofá, come e acende o charuto; no fim dum quarto de hora, resmunga
para o meu lado:
— Que massada! . . . é o que se tem das mulheres; ela não devia tão
depressa começar essa apoquentação.
181
— Que se há de fazer! Lisbeth, nunca se case — diz ela algum tempo
depois. - Você vive assim muito melhor. Ah! se os homens, depois do casamento,
fossem como eram antes! Sabem fazer agrados, pedir e adular até que nós nos
deixamos seduzir e perdemos a cabeça eles então nos têm no seu poder e se
aproveitam; e quando demos tudo e ficamos pobres como mendigas, não valemos
nada... e já nos contentamos quando se casam conosco!
— Não me venhas outra vez com essa lengalenga dos teus direitos.
Foste obrigada a me ter como marido; é isso mesmo; estavas por tudo, contanto
que nos casássemos...
182
superior a mim. Mas se houve dantes alguma falta a respeito, se a mulher
claudicou, se não era mais virgem ao casar, perdeu a sua coroa aos olhos do
marido e fica destronada, embora tenha sido ele o cúmplice e o sedutor. O
homem não perdoa a destruição da coroa da pureza, não tem mais apreço pela
mulher. Então surge toda a brutalidade do nosso sexo. Lá onde a pureza feminina
não pode conter os instintos, há o desenfreamento do homem e a mulher perde
também a confiança em si mesma, a estima de si própria. Dá-se por satisfeita
porque a sua falta foi sanada pelo casamento e não ousa mais defender os seus
direitos nem a sua dignidade de criatura humana.
— Não quero que meu filho tenha uma só gota de sangue que não
provenha de mim! - disse a rainha.
183
dispensam de tão grave dever, mal podem medir os perigos a que ficam entregues
as crianças que são amamentadas por amas. Deixam estas que as famintas chorem
e gritem com prejuízo para a saúde. Assustam-nas muitas vezes, olhando-as com
raiva, amamentando-as debaixo de uma grande e incontida irritação. Mais tarde,
diante de filhos cheios de vãos temores, indaga-se da causa. A origem estará no
amedrontamento descrito.
Observa alguém que, nas famílias pobres, se nota mais ternura do que nas
famílias ricas. É que as últimas têm o costume de entregar a amas mercenárias
seus filhinhos.
Uma notinha inesperada, leitora: vivendo dele dia e noite, não te esqueças...
do marido, não o ponhas de lado, como se, depois de nascido o filho, não
precisasses mais do ilustre esposo. Pois, do contrário, e se enciúma, com todas
as letras da palavra. Entra- lhe no coração um desgosto pelo pequeno usurpador
do que, até então, lhe pertencera na vida da esposa.
184
E depois, perante tal ciúme paterno, ainda querem os homens dizer que o
ciúme, de masculino, só tem o artigo! Será convencimento? Será gentileza
duvidosa para com o mundo feminino?
O tal bom coração é carta branca para muito me- nino fazer duas suas,
impunemente. É colérico, mentiroso, fingido, invejoso, prepotente, sensual,
comodista, etc. Mas a mãezinha desculpa tudo, dizendo... que o filho tem um
coração de ouro. Há nisso um erro de visão e um falso amor a respeito dos filhos.
Não é verdadeiro o amor que encobre os defeitos e os deixa sem cura. Que dirias,
leitora, de uma companheira que, perante doenças cruciantes no filho, as
desculpasse com qualquer saída e não procurasse curá-las, conhecendo-lhes
primeiramente a gravidade? Na ordem moral imitam-nas todas quantas repetem a
cada passo: Mas meu filho tem um bom coração.
185
ficou semeado nos anos anteriores. Também é inegável um outro princípio. Ei-lo:
Os defeitos são em nós as fontes de todos os pesares, de todas as infelicidades, de
todos os desvarios e transtornos na vida. Newton diz que os erros na infância se
assemelham às agulhas errada- mente abertas na saída de um comboio da estação.
Mais tarde acarretam "encontros" e desastres.
Não bastou a censura? Venha então, perante uma nova falta, o castigo. Às
vezes o aviso, a censura e o castigo seguem-se sem mais intervalos. É o caso de
encontrar a mãe relutância e descaso do filho ao aviso e à censura.
O aviso deve ser doce, meigo, sem degenerar em fraqueza. Seja cheio de
autoridade, mostrando ao menino que a mãe tem poder sobre ele, tem outros
recursos mais violentos, mas prefere não recorrer a eles, agora. Seja claro, para que
o pequeno não alegue a incompreensão. Do contrário dirá: Mamãe, eu não sabia
que a senhora não queria isso ou aquilo.
186
A censura, o carão, o pito - sejam feitos com dignidade. Nada de termos
triviais, inconvenientes, que rebaixariam a mãe. Palavras ofensivas, xingatórios,
pragas, nomes feios - que heresias contra a educação! Dizem as mães que perdem
a paciência com o guri endiabrado. E para corrigir um erro pequeno dão um
péssimo exemplo ao filho, impacientando-se seriamente. Para secar a roupa
molhada no corpo do filho, o atiram logo dentro do fogo; eis o método que
parecem seguir. Amedrontado perante a fúria da mãe, o pecador se corrigirá por
momentos. E depois voltará ao erro.
Com teu filho moço, leitora, mais cedo ou mais tarde há de se dar também
isso: a ausência. Nisso está a mudança do cenário na educação do rapaz.
Enquanto na infância e na adolescência filho e filha vivem sob o mesmo teto, sob
os mesmos olhares maternos, surge uma mudança com a ausência. Perto ou
longe, precisa o filho ficar no bom caminho. Como consegui-lo, leitora? E que
fazer se o filho se desvia?
187
não se manda. É-lhe uma injúria o título de menino, de criança. Perante ordens,
ou se zanga ou prefere calar-se. Quando pequeno, gostava de perguntar muita
coisa. Moço, vê na pergunta um sinal de ignorância e por isso cala-se. Na família
sente-se cansa- do, porque não pode dar mostras de sua personalidade, falando
muito de si.
Portanto, a mãe prudente não dará ordens ao moço, a cada passo, como
se, diante de si, estivesse o pequeno de anos atrás. Despertará nele o sentimento
da responsabilidade, confiando-lhe sofrimentos e dificuldades da família. Nada de
abdicações, de discussões que roubam a autoridade materna. Nem mesmo admita
a mãe discussão religiosa, provocada pelo filho. Não sai ganhando se discute com
o filho, metido a sábio só porque estudou um pouco ou ouviu de companheiros
ou leu em livros umas bobagens. Imponha-lhe silêncio nesse ponto!
Dissemos que o rapaz gosta de dar sua opinião sobre as coisas. Aproveite-
se disso a mãe solícita, acostumando o filho a pensamentos sérios sobre o lado
real da vida, da família, etc. O coração do moço se enternecerá perante os
sacrifícios feitos pela mãe em casa. Sentirá a necessidade de ajudá-la, de poupar-
lhe desgostos, de consolá-la.
188
correção perder com isso em eficácia, deixa, contudo aberto o caminho para o
culpado voltar a novas confidências.
Ganha o moço seu ordenado? Pois bem: divida-o a mãe em três partes. A
primeira será a contribuição do filho para as despesas da casa que lhe dá mesa e
cama; será auxílio para a formação dos irmãos mais novos. A segunda parte
servirá para pequenos passatempos do moço. A terceira servirá como depósito,
como economia feita para o futuro.
189
46. REVELANDO A VOCAÇÃO.
190
embora o desenho muito me descontentasse pela imperfeição. Guardei o caderno.
À tarde minha mãe pega do caderno e dá com o desenho. Olhou-o com amor,
com satisfação e não quis aceitar minhas desculpas. Abraçou-me, acariciou-me,
pois eu era um pequeno garoto ainda. Nesse dia ficou decidida minha vocação". -
Tal é a origem que Benjamim West, presidente da Academia de Pintura inglesa,
reconhece para os seus pincéis de artista.
Outro quadro, leitora. Num pobre casebre dormem pai, mãe e filho moço.
O luar tece sonhos sobre aquela pobreza honrada. Lá por dentro da choupana há
sonhos. O pai, ferreiro, está vendo o filho bater a bigorna, fabricar arados, na
púrpura do fogo da forja. A mãe, piedosa cristã, o vê revestido com os
paramentos de neopresbítero, cantando a Missa Nova no altar da matriz. E chora
de alegria. O filho vê em sonhos uma plateia, que acompanha as melodias da
orquestra dirigida por ele, e o aplaude freneticamente após cada trecho... No dia
seguinte contam-se os sonhos. Ao ouvirem o pai, mãe e filho se entristecem. Ao
ouvirem a mãe, pai e filho tornam-se melancólicos. Mas quando o filho se levanta,
se transfigura, descrevendo o seu sonho, cantando a melodia que ouviu - pai e
mãe choram. E lhe dizem: Parte pelo mundo afora, filho, e canta para os homens
as harmonias que Deus te pôs na alma. - O filho partiu, compôs músicas, dirigiu
orquestras, fez canções populares, deixou um nome, engrandeceu sua arte e viveu
como cristão. Era Haydn, o imortal músico da Áustria...
191
pequeno o desenvolvimento é lento, os modos e cuidados se formam aos poucos.
Os gritos, as corridas, o barulho da pequenada é um direito reclamado pela
natureza. O cachorrinho vive rasgando almofadas velhas, o gatinho vive afiando
as unhas e ensaiando os saltos. E por que não poderá a criança gritar, saltar,
correr, quando precisa fortalecer os pulmões, as pernas, os braços? Abafa teus
nervos, leitora, e olha sorridente a sadia algazarra das crianças mesmo em dias de
chuva.
Luz da alegria. É muito errado envenenar com tristezas esses dias de sol
infantil. Por maiores que sejam teus pesares, oculta-os para que os filhos -
pequenos ou já crescidos - não venham a sofrer. Que vivam na ignorância dos
males que molestam a humanidade!
Luz das boas palavras... , mesmo quando tens de negar qualquer coisa aos
desejos infantis. Não custa explicar singelamente que não podes atender ao desejo
manifestado, que sentes não te ser isso possível. O filho não se irritará, porque
não se sentiu desprezado ou mal acolhido.
Presa a essa esfera - agite-se e mova-se a criança, ainda que a casa trema e
as janelas estremeçam aos gritos e saltos de sua adorável vidinha.
192
48. VESTIDOS E BRINQUEDOS. . .
E que dizer das mães que batem nas crianças por causa de uma mancha,
de um rasgão na roupa? Concordo em que se admoeste docemente a criança
descuidosa do asseio; que se lhe diga que nos brinque- dos procure poupar as
vestes. Cabe ao pai, mais tarde, chamar a atenção dos pequenos para o trabalho
que dão à mãezinha, tão ocupada, quando rasgam as roupas e lhe impõem com
isso sacrifícios. Cabeça e coração tem também a criança. Entenderá, sentirá o que
lhe foi dito.
E por que não ensinar os meninos como se prega um botão? E por que
não acostumá-los a certos trabalhos de remendo e costura? - Note-se uma coisa a
atenta leitora. Os princípios e hábitos têm, na alma e na vida da criança, a sorte da
semente no campo. Florescem e amadurecem com o tempo e com o sol, ist0 é,
com a paciência e com o amor materno.
193
Em caso algum se esqueça, no seu sadio modo de pensar: a criança dá mais valor
aos brinquedos e jogos do que aos enfeites com que a cobriram... para outra gente
ver.
194
conceitos da Esposa de Cristo, eternamente moça quando fala e orienta. Diante
da leitora vão desfilando, em pequenos trechos, essas ideias dignas do mais
carinhoso acolhimento.
195
e frases à altura do programa de malcriado e genioso como a mãe. Quando nasceu
outra criança, o moleque a perseguia, tinha-lhe ciúme. E por aí foi seguindo:
judiando do irmãozinho, dos animais de casa, batendo nas outras crianças,
respondendo mal, etc. Os pais diziam que o menino tinha uma individualidade
muito "acentuada" e prometia ser grande coisa na vida... Tempos depois houve
um forte atrito entre pai e filho, já mocinho. O pai o surrou. Mas já era tarde. As
pancadas criaram o ódio na alma do filho e semanas depois ele abria a cabeça do
pai com um machado...
Veja a leitora que até as atitudes de uma mãe influem no gênio e caráter do
filho. Sua paciência de cristã no meio das dores do parto converte-se em bênção
para o filhinho. Deixar uma criança crescer com falhas é semear tempestades para
o futuro. Ah! se a senhora N. houvesse combatido as " revelações" do filhinho
quando era cera dócil ainda!
Pelo nascimento, teu filho possui a vida natural. Pelo batismo, é dono da
vida sobrenatural, belíssima, preciosíssima aos olhos de Deus.
196
Uma pergunta, leitora, me fazes: Poderei batizar o filho, se o pai for contra
o batismo? A Igreja respeita a liberdade e até proíbe batizar os filhos de pais in-
fiéis, contra a vontade deles. Mas no teu caso há uma diferença. És cristã e podes
cuidar da educação cristã da criança e por isso não precisas obedecer ao marido
neste ponto. Batizarás (isto é, mandarás batizar a criança) mesmo contra a vontade
do pai. Apenas uma coisa se recomenda: fazer isso com a devida prudência e
cautela para evitar dissabores e atritos.
Uma vez batizada a criança, começa a vida sobrenatural na sua alma. Mães
verdadeiramente cristãs olham para essa vida, vigiam-na, cercam-na com
anteparos de costumes religiosos. Por isso bem cedo falam à criança de Deus, do
céu, do inferno, dos sofri- mentos de Jesus, da bondade dele. Perante flores e
frutos da natureza, perante maravilhas do céu, apontam para o Criador de tudo.
Ensinam seus pequenos a olhar e saudar imagens santas. Pequeninas rezas são
aprendidas por eles e repetidas diariamente para formar o hábito.
O mais certo é a mãe ficar o mais possível ao lado dos seus. Entregar a
criança aos braços de uma irmãzinha é errado, porque a pequena não tem a força
necessária para carregar esse doce peso e com isso pode prejudicar a si própria.
6
Mais de uma paralisia infantil já tem aparecido, porque pajens desonestas
excitaram certos órgãos nas crianças. A "nervosia" prematura de muita criança
tem aí sua fonte.
197
Há mães que teriam receio de entregar a uma pajem uma joia de família.
Pouco escrúpulo sentem, entretanto, em lhe entregar, sem mais exames, a jóia da
graça santificante que vive nas almas dos filhinhos.
Toda mãe devia ter vivíssima devoção aos santos Anjos da Guarda. São
eles os amorosos protetores ela vida corporal e espiritual das crianças. Dia algum
deve fica r sem a prece materna, dirigida a estes amigos sinceros, fiéis, poderosos e
vigilantes dos pequenos. Assistir a uma missa, ou mandar celebrá-la de vez em
quando em honra dos Anjos, que te custaria isso, leitora? Festejar com os teus
filhos a festa do dia 2 de outubro, dedicada aos Anjos, será coisa impossível? Ter
em casa um quadro ou imagem deles e rezar perante ela, não transtorna em nada a
ordem do lar e é uma garantia de bênção.
Sem autoridade não lhes formará o caráter, nem os preservará dos perigos,
nem se fará amar por eles. Tampouco conseguirá gozar as alegrias que filhos
sujeitos à autoridade costumam proporcionar aos pais. Leitora, cuida-te de buscar
a simpatia dos teus, em detrimento da autoridade! Nada de mendigares a afeição
deles, capitulando sempre, cedendo a cada passo!
198
por monólogos, por comparações, por "súplicas", não sabe o que é energia. Sem
dúvida, a autoridade é uma ciência que se prende a certos princípios. Em geral,
leitora, apontam os seguintes:
É preciso falar pouco, usar da autoridade com discrição, ser claro nas ordens,
tomar a sério o que se diz, exigir uma obediência imediata e manter a firmeza até ao
fim.
199
razão, ou que faça sofrer os animais, desnecessariamente. Teu filho, leitora, deve
aprender a ser rei da criação, mas evitando sempre o converter-se em tirano.
A mãe, que admite palavras que a nivelam com a criança, cedeu terreno à
irreverência. A criança há de usar sempre de termo respeitoso, ao dirigir-se à sua
mãe. Outro erro seria admitir que os filhos se ponham a brincar, quando se trata
de coisas sérias. A presunção mostra-se nos filhos, quando querem embasbacar os
pais, mostrando o que sabem, falando difícil. Aí basta mandar o vaidoso escrever
uma página de ditado simples. Não faltarão alguns erros com os quais a mãe
argumentará para humilhar o pequeno enfatuado.
Um quadrinho que leva todo o viço da vida que o pintou: De joelhos, com
uma criança no braço e outra ao lado, pede a mãe uma bênção ao sacerdote.
— Para... as três!
Meus parabéns, mãe cristã, que tão bem soubeste identificar-te com os
filhos! Com eles confundiste tua pessoa, tua sorte, tua vida. Neles derramas todo
o fluido de tua alma e as sombras deles se confundem com a tua. De fato, é isso o
que vem a ser uma mãe. Reparte o sangue e o coração com os filhos. É a haste
com as rosas que nela florescem. É a videira com os cachos convidativos para
Deus.
200
Sim, o reino dos céus é das crianças e... das mães que com elas confundem
a vida e o coração.
201
incompletos que lhe vinham dos sentidos, formou para seu uso uma noção dos
seres. Imenso foi o trabalho da natureza para levar o bebê a tal altura...
202
55. MAMÃE NÃO ENTENDE. . .
A mãe vai envelhecendo, mas não deixe de entender a diferença que há:
ela quer a seriedade e eles querem a alegria. Seja alegre, seja amável, não viva
reclamando os privilégios da idade. Saiba recalcar ressentimentos e não se ponha a
apontar as cicatrizes que a vida e os filhos lhe deixaram no coração. Será assim um
lindo crepúsculo, tão evocativo de saudades para os filhos. Eles gostarão de ver
semelhante crepúsculo perto de si.
203
— Que sorte! Lá vem mamãe! dizia a filha ao receber a visita da
velhinha risonha, após cuja saída ficava em casa um quê de paz e contentamento
harmonioso.
Ele é moço! dirão mais tarde. E então vem a liberdade para muita
perdição, como se para cada idade não houvesse deveres e lutas ao lado de
auxílios de Deus e cuidados amorosos dos pais.
204
57. QUE LINDA HISTÓRIA!
205
— D. Lisbeth, pode haver outra causa; pode-se também não ter filhos
por motivos elevados.
— Mas eu penso que é tão lindo viver como irmão e irmã! Por que
motivo não viveriam eles também assim?
— Seu marido está fazendo esse sacrifício porque lhe quer um bem
imenso e espera que a senhora, por si mesma, encontre o caminho acertado. Não
me leve a mal, mas reflita se não é uma injustiça feita a seu marido privá-lo da
prova suprema do amor conjugal, a que ele aspira com toda certeza. O doutor
sempre se manifestou satisfeito com a ideia de ter filhos... Hoje os casados,
especialmente nas classes superiores, têm outros deveres a cumprir (do que a
206
abstinência das relações). Aqui na aldeia dirão: Vejam só, esses dois sabem o que
se deve fazer para evitar os filhos; mas nós devemos tê-los e aguentá-los.
Estas realidades reclamam esforços bem definidos por parte dos pais. Por
isso a 4 se reduzem as obrigações dos educadores no lar:
3º Eduquem-nos à castidade;
207
A filha não pode gastar o tempo com namoros levianos, inconstantes,
indecentes. Do contrário, esse coração chegará ao lar como rosa desfolhada, sem
fragrância, por conseguinte.
A alma deve estar preparada por uma vida mais religiosa, mais chegada aos
sacramentos.
Ao sair de casa para fundar sua casa, precisa a moça estar diplomada como
boa cozinheira, boa dona de casa, boa enfermeira, boa arrumadeira, etc. Tudo isso
faz parte do enxoval.
Olhe a mãe para os critérios morais: religião, conduta moral, ideias morais,
vícios do pretendente.
208
liberdade religiosa da parte católica e educação católica dos filhos, a Igreja
dispensa da proibição, mas o faz muito contrariada.
Agora, leitora, uma palavra franca. Hoje em dia é preciso saber se ele ou
ela, ao se casarem, querem ou não querem aceitar os filhos como o exige a moral
cristã. É necessário tirar isso a limpo, já antes do casamento. Não digas que é
indiscreta tal indagação. É simples prudência para sossego da tua consciência e da
consciência de teu filho ou da tua filha.
Mais outro ponto. Não deixes de explicar à tua filha certos deveres que ela
tem na vida íntima de esposa. Está errado dizer: Ela vai aprender com o marido.
Nem sempre os maridos são mestres competentes, porque a isto obsta um
passado de vícios ou a falta de tato e delicadeza. A alma da filha já deve estar
pronta à entrega do corpo. Mas a mão misteriosa que lhe deve abrir os segredos é
a mão materna. Por isso, leitora, nada de acanhamentos descabidos, nada de
desculpas comodistas! Toma à parte tua filha em vésperas do casamento e fala-lhe,
com todo carinho e toda unção, sobre o grande dever da entrega de si própria
ao esposo, tal como Deus o exige e o recompensa, para a procriação dos
filhos.
Isto os ajudará também a se mostrarem tais para com sua prole querida,
quais Deus exige que sejam os pais para com seus filhos: isto é, um pai que
seja verdadeiro pai, uma mãe que seja verdadeira mãe ; de sorte que, devido ao
seu amor piedoso e solícitos cuidados, a casa paterna se tome para os filhos,
neste vale de lágrimas, mesmo entre a pobreza mais dura, quase uma imagem
daquele paraíso de delícias onde o Criador colocara nossos primeiros pais.
209
59. EDUCAÇÃO LITÚRGICA
Chama-se Liturgia o culto oficial da Igreja nos seus ritos, nas suas
fórmulas, nos seus cânticos. Tem um sentido litúrgico quem compreende este
culto e quer tomar parte nele. Importa muitíssimo orientar, bem cedo, as crianças
nas formas de devoção seguidas pela Igreja. Numa palavra, é necessário educá-las
para a compreensão e participação litúrgica.
O Natal com o presépio. - Não se fala à criança nessa coisa tola e inexpressiva
de Papai Noel. Fale-se lhe singelamente: "Filho, amanhã é aniversário do
nascimento do Menino Deus; foi nesse dia que ele veio ao mundo para trazer a
alegria para todos". Os presentes sejam motivados por essa alegria. Nós temos o
presépio tão instrutivo e atraente para a criança. Para que substituí-lo por uma
árvore toda cheia de luzes e presentes, mas sem a poesia dos pastores e
carneirinhos, da gruta e de seu boizinho, ao lado da caminha tão pobre do Menino
Deus? Como tudo isso enche a alma infantil de poesia e encanto! Aos pés do
recém-nascido irá a criança depor seus brinquedos, como presentes ao Menino
Deus. Este, por sua vez, mandará a mãe devolvê-los à criança. Já o coração
infantil se abriu para o desprendimento.
210
Tempo da quaresma. - A criança vai tomar cinza, já ensinada pela mãe do que
se trata. Durante a quaresma ela ouvirá a história da paixão de Nosso Senhor, será
exercitada em fazer suas pequenas renúncias. Sobretudo a mãe tratará de despertar
na alma infantil uma viva compaixão perante os sofrimentos do Salvador. Um
domingo — o de ramos — marca: o começo de uma semana mais séria, mais
quieta, toda cheia de visitas à igreja, de comunhões, de acompanhamento de
procissões. Quantos dias cheios de aulas práticas para o coração da criança!
60. CORRIGINDO. . .
Exortar - instruindo a criança para que saiba o que se quer dela, o que lhe é
permitido ou proibido. Seria bárbaro punir uma criança por uma falta material de
211
pura ignorância. Trata-se de defeitos, leitora? Teu filho precisa saber que são
realmente de- feitos e que os tem. Nunca reveles à criança um de- feito sem
ajuntar algum meio de o corrigir, dando-lhe coragem para o fazer. Do contrário,
entra o desgosto e o desânimo na alma infantil.
Repreender - é reprimir, pela palavra ou pelo olhar, uma falta cometida. E' o
caso das faltas que nascem antes da falta de atenção, da leviandade, do que da má
vontade. Dirá antes a mãe algumas palavras graves e severas ou fará, conforme o
caso, umas reflexões indulgentes. Pode repreender pelo olhar, quando exprime
por ele o espanto, a tristeza, o descontenta- mento que lhe causou o
procedimento da criança.
Coisa fácil não é isso, leitora. Disse alguém: "Para saber tocar nesse
teclado é preciso ter uma dedilhação extraordinária. O instrumento é delicado e
um nada basta para dar uma nota errada". Ao lado da repressão andará o elogio
que produz o entusiasmo pelo bem. Teu filho faz esforços, mostra boa vontade
na emenda dos defeitos? Então precisa ser elogiado. Sua boa vontade redobrará
de vigor e aumentará seus triunfos. E com o elogio temos o incitamento.
212
Nem toda boa ação deve ser recompensada, pois do contrário a criança
seria induzida a vender suas boas ações, tornar-se-ia interesseira e calculista. Erro
é igualmente recompensar logo com as melhores e mais caras dádivas. Pelo raro e
caro não deve a criança tomar gosto, tão cedo.
Entretanto, leitora e mãe, tua filha tem o direito de ser do seu tempo. O
tempo, com suas sãs exigências, é um pensamento da Providência, é um cenário
por ela preparado para nossa vida. Deus dirige os povos e conta as evoluções
deles. O Criador não gosta de formas envelhecidas e estarrecidas, como se fossem
fósseis. Entregou o mundo a uma sadia evolução e libertação de formas antigas. O
divino Mestre é apologista da mudança razoável. Ninguém, como ele, rasgou
novos leitos para o caudal da vida. Lemos no Evangelho que ele reclama para o
vinho novo barris também novos. Tua filha é vinho novo e por que então à força
prendê-la em odres velhos? Do contrário rebentam os odres, vaza o vinho e
perdem-se os odres - diz o Mestre (Mt 9, 17).
213
Seria, não obstante, falta de critério jurar que tu- do presta, só por ser
moderno. Que erro lastimável, se a moça fosse aceitando ideias, tomando atitudes,
copiando maneiras, tão somente pela razão de serem modernas! Que falta de
critério erguer arcos e festões de triunfos para toda e qualquer inovação moderna!
214
Vou mostrar uns dados à leitora para que se convença da necessidade de
se preocupar com mais este assunto delicado. Será assunto antes de tudo para o
seu coração de cristã e de mãe. Imenso é o mal que nasce de erros neste ponto.
3º Que ela foi feita por companheiros em 93% dos casos e apenas em 7%
de casos recebi da dos pais.
4º Que essa iniciação por companheiros foi mal feita em 90 % dos casos.
Que a leitora cristã reflita sobre esses dados! Quem sabe, temos de
modificá-los para pior, em se tratando de nossa infância.
Mais um: "No começo não pude crer que o nasci- mento de uma criança
se prendesse a um ato que me parecia degradante. Depois comecei a sentir no
fundo da alma um certo desprezo para com as pessoas que tinham filhos e
provavelmente incluí nesta lista também os meus pais..."
7
A triste orientação da educação física, com os indecorosos fichários, quanta coisa
adianta no caminho do mal! E o silêncio dos pais contra isso é um crime.
215
É possível ter em sossego uma consciência delicada, quando a mãe sabe
que seus filhos são iniciados leviana e brutalmente pelos companheiros e...
também por mestres ousados?
Nestas linhas queremos apenas lembrar um dever que pode ser de urgente
solução numa ou noutra família. Seja como for, ninguém pode alegar como
desculpa esta frase já envelhecida: Até hoje não foi costume em nossa família falar
destas coisas.
Estes erram gravemente, não querendo reconhecer a natural fragilidade humana e a lei
de que fala o apóstolo, contrária à lei do espírito, e desprezando até a própria experiência dos
fatos, da qual consta que, nomeadamente nos jovens, as culpas contra os bons costumes são,
efeito, não tanto da ignorância intelectual, quanto da vontade exposta às ocasiões e não
sustentada pelos meios da graça.
Jardim sem flores, ninho sem aves, colmeia sem abelhas, lar sem crianças
eram males que o poeta nem ao maior dos seus inimigos desejava. Antigamente
considerava-se um castigo de Deus a ausência de filhos em casa. Lemos de Ana...
de como fez voto e a Deus consagrou o filho que lhe enviasse. Comparo a tudo
isso a frase que me atirou uma senhora:
216
— Filho? Sempre leva a mãe para o inferno, ou porque ela o não quer
ter, ou porque não sabe depois educá-lo!
217
Deus — saberá Poupar a mulher fraca. Mas isso é difícil! E se a esposa morrer,
não terá o marido de viver casto e continente?
É melhor deixar aos filhos uma sólida e robusta educação cristã, para a
qual concorre o sacrifício dos pais. A lei do trabalho é lei geral, enquanto que a
poucos fica reservada uma vida de juros deixados pelos pais.
218
64. ENTRE OS SANTOS DE DEUS.
Isabel Mora é tua conhecida. Seu casamento foi um calvário dolo roso.
Carinho exagerado, ciúme louco, tirania nas ordens, infidelidade, descaso, vício do
jogo, amantes, roubos, etc., tudo isso sorveu ao lado do marido perdido. Largos
anos viram seus sacrifícios. Por fim lhe trouxeram também a conversão do
marido.
Esta esposa fez das virtudes e da oração uma arma invencível para
conquistar a alma do cristão que lhe era o marido. O que mais a atormentava era
sempre o receio de ver o marido condenado ao inferno.
Sueva, mais tarde conhecida por santa Serafina, teve um marido infame.
Maltratava-a, ostensivamente gabava-se de ter amante, e, por fim, tocou a esposa
para fora de casa. Nossa santa apegou-se com Deus e do seu sofrimento fez uma
ascensão ao céu. - Realmente, há muitos casamentos infelizes e não é pouco viver
amarrado pelos laços matrimoniais a um homem que em vez de ser auxílio é
tormento para sua consorte. Só num dia a infeliz esposa padeceu mais com o
marido, do que num ano inteiro por causa de outras pessoas.
219
— Mulher, disse o mártir, estás com o demônio no corpo para me
afastares do martírio e do dever?
A mulher sem esse espírito ama o marido apaixonadamente. Mas lhe ama
antes o corpo do que a alma. Crê no marido mais do que em Deus, cuida de seu
corpo e larga-lhe a alma. Mais ou menos como cuida de seu cachorrinho de
estimação... Se ele adoece, vai atrás do médico, de comidas especiais, de remédios,
etc. Mas não procura os sacramentos para a alma. Se ele morre, lamenta-se,
blasfema contra Deus, mas não socorre a alma do falecido.
Paganismo, leitora!
220
65. INJUSTIÇAS E DESCULPAS.
Minha senhora, ingrata é, antes ele tudo, a mãe que sonega uma filha a
Nosso Senhor. Egoísta é ela, porque, para não sofrer o isolamento, imposto pela
ausência da filha, quer até lhe estragar as órbitas ele felicidade individual.
Outras mães saem-se com a desculpa: Minha filha irá para o convento,
mas precisa primeiro conhecer a sociedade, ver o mundo, para saber ao que
renuncia. Que espere mais uns quatro anos. Está moça ainda!
Mas essas mães não refletem num ponto. Vocação é uma coisa e
perseverança nela é outra. O adiamento pode prejudicar a perseverança, roubando
à vocação seu ambiente natural. E talvez Deus não queira esperar pelos quatro
anos. É cruel recurso por cima. Certa jovem formosa em corpo e alma veio
consultar um sacerdote, atraída por Deus para o convento. Era uma vocação
ardente e espontânea e insuspeita. Mas a mãe queria que a filha visse um pouco do
mundo e adiou a permissão, por três anos no mínimo. A moça obedeceu e foi
atirada num redemoinho no qual pereceu também. Os jornais, após dois anos,
deram notícias dela. Referiam o casamento de dois fugitivos, efetuado numa
221
longínqua cidade, por um sacerdote levado ao altar sob ameaças. Nascido o
primeiro filho, deixou-a o jovem marido e inveterado libertino. A moça voltou do
mundo... depois de ter visto um pouquinho do mundo, trazendo nos braços um
pequenito e uma vida arruinada.
Para tal cruzada de Deus servirão apenas as filhas das outras... que têm
mais fé ou mereceram uma recompensa nos céus?
Que os pais tinham medo quando lhes nascia uma menina, afirma-nos
Dante de seu tempo. Hoje é para se ter ainda maior medo no mesmo caso.
Terrível é a responsabilidade que cai sobre os ombros de uma mãe, desejosa de
cumprir cristãmente seus deveres para com a filha moça.
222
De um lado é fácil a educação da moça e de outro é bem difícil. Facilita-
lhe a formação o coração afetuoso. Perante o moço, precisa a mãe fazer tudo para
conservar a autoridade junto com a afeição. Perante a filha não é difícil guardar a
autoridade, porque a contínua convivência a torna mais dócil e mais afeiçoada à
mãe. Basta um pouco de análise e espírito observador e já pode a mãe ler no
coração da filha.
Queres saber quais são os perigos mais comuns para a moça cristã, por
cuja alma tens de responder, mãe e leitora? Vamos enumerá-los, não na sua
totalidade, mas destacando alguns.
223
Não digas: minha filha é incapaz de fingimentos! Assim falaram também
outras e se enganaram. Todos nós somos de barro e frágeis, por conseguinte.
Palestras com rapazes. - Não somos nem rigoristas nem utopistas e por isso
compreendemos que é necessária uma certa convivência entre moços e moças.
Deus tem seus planos com tal convivência e os jovens precisam conhecer e
apreciar-se mutuamente. Isto posto, porém, afirmamos ser indispensável muita
vigilância e muita cautela por parte das mães. A moça facilmente se impressiona
com as aparências pouco louváveis. Hoje em dia, com a tal camaradagem de
escolas, de empregos, de esportes, o perigo cresce. O verdadeiro no caso é fica r
no meio-termo, nem muito ao mar nem muito à terra. Coisa difícil, sem dúvida.
Mas, havendo a intenção de acertar e o esforço para isso, Deus fará o resto.
Errado fora dar liberdade de encontros, de saídas, de correspondências, etc.
224
Cinemas, teatros, piscinas. - Quanto leão solto dentro deles! Uma mãe
conscienciosa não pode ficar tranquila ao saber que sua filha os frequenta com
assiduidade. Sobre as piscinas vale a censura do bom senso e a reprovação da
consciência esclarecida. Nada de desculpas esfarrapadas! Não é ainda justificativa
o fato de também outras mães permitirem-nas às suas filhas.
225
A criança lucrará muitíssimo com o que vê. Seu coração sentirá a verdade
da palavra: Senhor, amei a beleza da tua casa! Muitos acham que dar um livro de
reza ou um terço ao pequeno, para que se ocupe durante a missa, é o suficiente.
Outros ocupam as crianças, fazendo-as cantar, rezar em voz alta, etc.
226
de cera queimando... Foi o que me impressionou. E foi tudo, essa é que é a
verdade. Foi tudo o que, do ato sério, ficou gravado para todo o sempre em
minha lembrança" (Confíteor, p. 67).
Claro está que nessa época a mãe precisa redobrar suas orações. Precisa
levar uma vida de mais piedade, chamando a graça de Deus para o comungante.
227
Por conseguinte, diz Bethléem, um único jantar de pão seco vale mais que
20 privações de sobremesa. Uma varada "bem dada" livra de 20 palmadas,
dispensa 100 ameaças, suprime 1.000 admoestações.
Sabedoria é também esquecer tudo, uma vez feita a correção. Não deve a
educadora lembrar o castigo à criança, mas sim lhe restituir a antiga afeição e o
primitivo bom humor e confiança. Assim a criança se convencerá de que o castigo
é verdadeiramente uma reparação e que a castigam porque querem torná-la
melhor.
Perguntas, leitora, pelos castigos que deves aplicar? De alguns fugirás e são os
que apresentam mais inconvenientes do que vantagens, como, p. ex., fechar ou
prender a criança num quarto. - Outros castigos serão usados com discrição.
Entre estes figuram as varadas, os tapas, etc. Diz uma sentença que a varada ou
pancada é má aos 10 anos e escandalosa mais tarde. Por conseguinte, seja aplicada
à criança quando menor, nos casos de má vontade, de revolta e obstinação.
"Não poupes a correção a teu filho. Se o castiga- res com uma vara, nem
por isso há de morrer. Castiga-o com a vara e livrarás sua alma da mansão dos
mortos".
228
Um terceiro é impossível nos brinquedos, brigando sempre? Obriga-o a brincar
sozinho, a fim de que conheça a vantagem da camaradagem. Um quarto é
preguiçoso por programa? Priva-o do alimento que não seja essencialmente
necessário à saúde.
Por fim, há casos em que o castigo deve ser exemplar, para reparar uma
falta notória, para neutralizar no espírito dos outros a má impressão da falta e
assim afugentar a tentação de fazer a mesma coisa.
A Igreja com toda a severidade proíbe por toda parte que se contraia
matrimônio entre duas pessoas balizadas, das quais uma é católica e outra
pertence a seita herética ou cismática. Se houver perigo de perversão por parte do
cônjuge católico, ou da prole, o matrimônio é vedado pela mesma lei divina.
Para cada criatura Deus tem marcado o lugar que deve ocupar no mundo,
para nele receber as graças de que necessita. Em linguagem cristã chamamos a isso
vocação. São três os estados de vida aos quais se refere a vocação: matrimônio,
virgindade, estado religioso ou sacerdócio.
O estado de vida importa numa certa imobilidade, não é uma mera escolha
de ofício que se pode deixar, passando para outro. Tem ele um aspecto pessoal e
outro social, pois acarreta profundas alterações na vida do indivíduo, impõe-lhe
deveres e lhe dá direitos específicos em ordem ao corpo social.
229
Deus é quem marca a vocação. Para tanto tem a providência de seu
coração e a onisciência a seu lado. Deus a manifesta por inclinações, por
circunstâncias da vida, por luzes internas e, às vezes, por verdadeiras intervenções
diretas.
Sobre a vocação sacerdotal nutra toda mãe esclarecida a mais alta estima.
Trate de suscitá-la por orações, respeitoso trato dos sacerdotes. Trate de
encaminhá-la, quando a perceber nos filhos. Seria enorme pecado contra as almas,
tão desamparadas em nossa terra, se desviasse, abafasse, deixasse perecer o
chamado de Deus no coração dos filhos. Tenha por certo que é altíssima distinção
para uma família escolher o Senhor um de seus filhos para a sublime missão do
sacerdócio. Essa escolha mostra sempre que Deus tem vistas especiais sobre a
família, que quer abençoá-la com a vocação de um filho. Voltaremos ao assunto,
leitora, por ser tão importante e tão pouco compreendido por muitas mães que se
dizem tementes a Deus.
Nas causas espirituais, ou com elas conexas, podem os menores, uma vez que tenham o
uso da razão, agir e proceder contra o consenso dos pais e do tutor. E isso valem por si mesmos,
se completarem 14 anos, ou senão por meio de um tutor marcado pelo Ordinário, ou então por
meio de um procurador que, com a autoridade do Ordinário, determinaram para si (Cânon
1 648, § 3).
Houve tempo em que a Igreja atirava contra os pais tão tiranos a pena de
excomunhão. Isso não impede fiquem, agora, os pais passíveis de penas
eclesiásticas.
230
A Igreja quer que pai e mãe respeitem a vocação dos filhos. Os santos vão
mais longe. Querem que eles protejam essa vocação e por ela agradeçam aos céus.
O exame, que licitamente podem reclamar para averiguar a vocação, deve ser feito
por pessoas competentes.
Em segundo lugar, pelos meios de que se servem para conseguir este fim.
Consistem geralmente em impedir o filho ou filha de todo trato com pessoas
religiosas, ou desviá-los das práticas de devoção e da frequência elos sacramentos,
231
e até às vezes em proibir-lhes que consultem um diretor espiritual ou confessor
de sua confiança.
Até há alguns que, com fúteis pretextos, levam os filhos a teatros e aceitos
passatempos, com o fim de indiretamente os distraírem de seu santo propósito.
Que prudência verdadeiramente louca! Pois não será isto querer experimentar se
uma terra dá fruto, subtraindo-lhe todo o socorro da água, ou se uma luz se
conserva acesa tirando o azeite que a alimenta, ou se um soldado é valente
privando-o do auxílio de suas armas, tanto ofensivas como defensivas?
Quantas vezes esses mesmos pais já não têm ido aos pés do confessor
com firmíssimo propósito de emenda completa dos defeitos, e, não obstante,
tornam a cair nas mesmas faltas!
Pode-se, por isso, sustentar que a primeira resolução não foi sugerida por
Deus?
Pelo fato de o espírito de vocação do filho vir a esfriar por causa das
injustas provas a que os submetem, só se pode concluir que uma coisa é a vocação
e outra a perseverança nela.
232
Esse filho foi rebelde à luz celestial. Tornou-se réu de ingratidão para com
Deus. Mas dos pais hão de ser tomadas rigorosas contas no tribunal divino. Pois
eles apagaram a luz da vocação religiosa. Não apagueis o espírito - exclama S.
Paulo.
Em quarto lugar, pelos sofismas e ilusões com que lhe enchem a cabeça ou
fazem-lha encher por aqueles que menos o deveriam fazer, com detrimento da
verdade, prejuízo da sua alma e contra a vontade de Deus que o chama a si com
santas inspirações. Em nossos dias costuma-se alegar frequentemente o pretexto
de que não são estes os tempos em que convenha a uma jovem ou a uma menina
consagrar-se a Deus no estado religioso. Como se pudessem dar a Deus lições de
oportunidade! Como se ele não conhecera melhor os tempos em que vivemos!
Finalmente pelos hinos de triunfo que esses pais entoam quando o filho,
cansado de lutar, seduzido pelas ilusões ou vencido pelas tentações, abandona o
santo propósito. Como se a vocação fosse o mesmo que a perseverança!"
Vamos lá, mãe e leitora, não sabes que há mães possuidoras de doenças de
reserva para lembrarem- nas à filha que fala em ir para o convento? Dizem: Se
fores, filha, causas a minha morte! Não faltam aquelas que na filha, candidata ao
convento, acham mil defeitos. Mas nem os encontram na mesma criatura, quando,
desistindo do convento, fala em casar- se. Vem ao caso recordar aqui palavras de
São Bernardo:
"Ó duro pai, ó fera mãe, ó pais cruéis e ímpios, ou antes assassinos de
vossos filhos, que vos alegrais com a sua ruína e vos entristeceis com a sua
felicidade, pois preferis que se percam convosco, do que vades reinar sem eles!"
233
Difícil não é, para uma mãe esclarecida, fugir dos erros e das injustiças
possíveis. Basta dirigir-se a um sacerdote de sua confiança. Exponha-lhe a
situação e espere a opinião dele, dando-lhe prazo para refletir e observar.
234
Ao lado da instrução vem a formação da consciência, que é a voz de Deus dentro da
alma. A educadora prudente pode contribuir para isso, suprindo, esclarecendo,
tornando simples, dirigindo, preservando e exercitando a consciência dos filhos.
Diz um ditado: A mãe deve ser a primeira consciência da criança que não tem
consciência. Para esclarecer a consciência, encontra a graça do batismo,
amparando-a no seu trabalho bendito. Facilmente dirigirá a consciência, dando
aos filhos alguns princípios, como, por exemplo: Deus me vê; não posso entristecer o
coração de Deus, etc.
235
72. UM PREÇO TAMBÉM
Lisbeth conta:
"A mulher do guarda-florestal não tinha muito tempo para tratar-se, pois
em casa havia cinco filhos. A menina mais velha já completara 13 anos e bem
poderia auxiliar à mãe. Era, porém, uma criaturinha irrequieta e distraída. Tal qual
o pai quando moço - diziam as pessoas de idade. Entretanto, numa menina é
muito pior que num rapaz, a falta de sossego, o querer andar por toda parte sem
nada fazer, justamente porque em tudo se intromete. O seu caminho torna-se
escorregadio, e, quando menos se pensa, acontece uma desgraça.
Em casa, a menina não servia para coisa alguma. Se estava junto ao fogão,
deixava transbordar o leite que pusera a ferver e deitava na panela as batatas a
cozinhar, esquecendo-se da água. Levava o café para o estábulo e trazia para a
merenda, colocando em cima da mesa, a panela com a ração das cabras. Deus
sabe onde estava sua cabecinha; só queria sair de casa, perambular pelo povoado,
ouvindo novidades aqui, fazendo brincadeira, acolá. Essa menina muito inquietava
a mãe que, não raro, ia ao seu encontro até à aldeia, quando a aula de tricô
acabava tarde no inverno, ou quando uma circunstância qualquer lá retinha a filha.
Fazia tudo isso não obstante a sua nefrite.
A criança não sofreu grande coisa. A mãe, porém, foi tomada de repente
de um calafrio tão forte que os dentes lhe batiam e toda a cama trepidava. Veio-
lhe uma hemorragia quase impossível de estancar, e até à chegada do médico já foi
tarde. No terceiro dia depois do acidente, acendeu-se a vela mortuária e cessara de
236
bater um valoroso coração de mãe! Junto ao corpo estava o pai, de joelhos, com o
recém-nascido nos braços.
— O legado da mamãe — disse ele aos filhos. Ela morreu para dar à
luz o irmãozinho e livrar da morte do fogo a irmãzinha de vocês. Tudo isso só
por amor! Agora mostrem-se na vida dignos de uma tal mãe!
Berta viveu dias de profundo desgosto. Ninguém lhe fez uma censura, mas
ela mesma sentia-se culpada pela morte de sua mãe. Tive, horas e horas, de
convencer a essa menina que não cometesse, no desespero, até um ato de loucura.
O irmãozinho, legado da mamãe, foi a âncora de salvação. Os cuidados a
dispensar à criança mostraram a Berta o significado da vida e deram-lhe coragem...
A sua leviandade e volubilidade desapareceram por completo depois daquele
terrível acontecimento. Era penoso para uma menina de treze anos toma r conta
da casa, com cinco irmãos pequenos. Entretanto, ela o conseguiu".
"Ana Teresa voltou para o colégio nem alegre nem triste. Estava habituada
a obedecer. Recebia as coisas boas e más com a mesma mansidão. Mana Maria
resolvia por ela e ela aceitava a resolução. Nunca lhe passou pela ideia discutir isso
ou aquilo, exprimir preferências, mostrar um tiquinho que fosse de vontade. Até
nas coisas mínimas. Aceitava sempre o que lhe ofereciam e quando lhe concediam
o direito da es- colha se decidia sempre pela última oferecida. Mana Maria
perguntava na mesa:
237
— Laranja. - Se a pergunta fosse laranja ou banana, ela diria banana.
Ainda quando houvesse também pera e esta lhe apetecesse mais" (Antônio Al-
cântara Machado, em Mana Maria).
Ora, mãe e cristã que estás lendo estas páginas, aqui em nossa terra é
simplesmente berrante a falta de padres. Sabes o que significa um padre a menos
no mundo?
238
Um padre de menos... é um pouco de sal, um pouco de luz que falta para
preservar da corrupção, para iluminar as trevas. É um semeador a menos no
campo, um pescador que falta para o cardume de peixes. É um altar de menos, é
um púlpito silencioso, é um confessionário vazio. É um mestre pelo qual esperam
em vão as crianças. É um consolador e médico que arranca gemidos às almas, que
o não têm à hora da morte.
Negam-no aquelas que não possuem nem procuram possuir uma certa
vida religiosa. Os preceitos de Deus e da Igreja não são guardados na casa. As
festas religiosas não levam ninguém à mesa da comunhão. Em tal ambiente é
difícil medrar uma vocação sacerdotal.
239
Tenho olhos de cristã para os indícios de vocação sacerdotal nos meus
filhos? Procuro tornar minha vista mais pura, vivendo junto de Deus, para
descobrir a joia no coração dos meninos?
"Haja Deus nas conversas, nas relações, nas leituras. Haja respeito e estima
para com o padre, com o vigário. Haja vigilância em redor da vocação nascente,
para que maus exemplos e seduções de fora não a corrompam".
A senhora Vaughan teve seis filhos servindo a Deus como padres. Rezava
muito pela vocação sacerdotal dos filhos.
Dirás : Tenho medo de impor uma vocação. Está certo ter semelhante
receio. Mas teu bom exemplo, tuas orações, tuas insinuações, a manifestação de
teu desejo de ver um filho padre, não é tolher a liberdade da criança. Basta
entregar o menino à direção de um sacerdote criterioso.
Dirás: Onde achar recursos para o estudo? Hoje em dia já as famílias estão
se interessando pelos seminários, pelas bolsas de vocação. Dão seus auxílios e
com eles há os recursos para meninos menos favorecidos com a fortuna.
E aproveito a ocasião para te perguntar, leitora: Dás tua dádiva, teu óbolo
para as vocações? Se és rica, podes muito bem custear os estudos de um menino,
sendo madrinha deste chamado de Deus. E porque não o fazes?
240
75. ACUSADORES DE TEU ÊRRO. . .
Por certo instinto de reação apegam-se ao pai, "torcem" por ele, gabam lhe
as qualidades e desfazem das prendas maternas. E com isso, além da cisão entre
irmãos, surge o dualismo perigoso na família: uns ao lado do pai, outros ao lado
da mãe. Até lutas e processos já vimos nascidos dessas preferências. O filho
preterido chegou a processar a mãe, mais tarde!...
241
Cuidado, mães! Perante inegável bondade de um filho, louvai-o para que
se sinta estimulado ao bem e porque é de justiça reconhecer o mérito. Mas sede
inexoráveis na reprimenda quando merecida. Impedireis assim o ódio e a inveja
dos outros. Resumindo tudo: Para amar seus próprios filhos toda mãe não tem
outro critério, senão a maternidade. Fora deste, unicamente as razões da fé.
Nunca, entretanto, valerão motivos de vanglória e amor-próprio.
Bem caro saiu a José a preferência paterna. O pobre pai compreendeu seu
erro, quando viu diante de si a túnica ensanguentada, menti rosa testemunha da
morte do filho. A tal ponto chegou a maldade e subiu a inveja dos irmãos.
Deus quer a geração dos homens, não somente para que eles existam e
encham a terra, mas muito mais para que sejam cultores de Deus, o conheçam e o
amem e, enfim, o gozem perenemente no céu.
242
Digo inevitáveis. O Criador assim o permite. Temos de viver num mundo
onde há lutas e tentações. Até no paraíso o primeiro homem foi posto perante o
dever, a liberdade e a responsabilidade.
Teus filhos não poderão viver dentro de uma redoma, mas hão de mover-
se no meio de uma sociedade onde o bem e o mal se misturam. Ao lado do trigo,
viça também a cizânia. Errado fora, portanto, dar aos filhos uma noção errada
deste campo que é o mundo. Faltaria quem aos pequenos desse uma noção falha,
acostumando-os a não contar com o mal e os maus.
Não podemos deixar nossa pele, diz São Paulo, e, por conseguinte, não
podemos fugir de todos os encontros com a maldade.
A base da moralidade não pode por isso ser a ignorância. Há mães que se
torturam porque não podem esconder o mal aos filhos. Vã e prejudicial tortura! É
preferível que a criança o aprenda dos lábios maternos, a ouvi-lo irreverentemente
dos mestres improvisados pela vida.
Com isto não pregamos o método de tudo se dizer à criança. Feliz a alma
que pode esperar pelos conhecimentos de amanhã! Não acredite, porém, a leitora
que tudo esteja perdido porque a criança viu e ouviu coisas más. De tais surpresas
desagradáveis tire, ao contrário, partido útil para uma lição.
Uma hipótese, leitora. Teu filho viu um homem judiar dos animais na rua.
Retira-te com ele e dize- lhe: Meu filho, eu não posso ver semelhantes crueldades.
Que pena não ter tido esse homem uma mãe- zinha que o ensinasse que é um mal
judiar os animais! - A brutalidade e a grosseria do homem passam a ser um mal
aos olhos de teu pequeno. Nota que a falta de uma mãe e a ignorância é que estão
prejudicando o homem mau.
243
acordando um bando de suposições. O resultado de teu gesto foi, portanto,
contraproducente.
"Não olhes esses quadros, filha! Representam modos que são maus e que
eu não gosto de ver, porque dão mau exemplo. Nem quero que tu os imites!" -
Com isso, leitora, ganhas a partida. Não fizeste mistério sobre a maldade que se
apresentou e inspiraste repugnância por ela.
Não é possível impedir que a criança não Veja mal algum. Nem é prudente
pretender obtê-lo a todo custo. Procura impedir-lhe a atenção sobre o mal e
assinala-o imediatamente.
A má impressão nesse caso deslizou sobre a alma infantil, mas não lhe
abriu sulco, nela não penetrou .
77. CONDENANDO-SE
"Foi uma noite, a mais terrível de minha vida, seguida de outras noites e
dias tenebrosos. Eu quisera que estivessem aí presentes todos aqueles a quem o
diabo sugere provocar um aborto. Uma parteira está habituada a muita coisa: aos
gemidos e aos gritos, à angústia e ao sofrimento; ao sangue e ao terror. Lá onde
outras mulheres, desde muito, já teriam desmaiado ou fugido, deve-se ficar firme e
fazer o trabalho em silêncio, com dureza se for preciso, como se não tivesse nas
mãos um ente vivo, e no peito um coração que também palpita e sangra! Mas eu
244
não quisera assistir outra vez a um fim semelhante ao que teve essa mulher jovem
ele trinta anos!
"Agora... agora voltam outra vez... um depois do outro. Um... dois... três...
cinco... esse ficou pequenino... seis... sete... oito... àquele cortou-se a cabeça que
ele agora segura nas mãos... nove... dez... a esse cortaram as pernas, mas está se
mexendo... foi partido ao meio, todo ensanguentado... onze... doze... e agora só
um braço e... só uma perna. Onde está a cabeça? Onde estão os outros membro?...
Por que é que vocês não têm olhos?... onde estão os olhos?... " De repente, um
movimento brusco, levanta a coberta e a comprime contra o rosto. "Vão-se
embora vocês... vocês não têm o direito de viver..." e cai desfalecida.
"Que vêm vocês agora... fazer aqui?... estão mortos... nunca viram... eu não
tenho filhos... quem os mandou aqui?... Olhem... olhem... todos eles voltaram...
um... dois... três... Estão ouvindo como gritam? estão ouvindo?..."Não podemos
ter o sossego eterno . . . tu nos expulsaste de teu seio . . . ".
245
Lisbeth continua descrevendo a febre, a intervenção do médico para
retirar os outros pedaços da criança. Fala dos gemidos de três dias e três noites, da
terrível contagem que a doente fazia, de um até treze. Conta-nos que ao fim de 4
dias a doente voltou a si. Termina assim:
Leitora, estás regelada de susto, certamente. Por amor de Deus, não imites
esta infeliz. Não cedas, portanto, a certas vontades do marido, a certos conselhos
de pessoas sem escrúpulos, sem temor de Deus.
246
DONA DE CASA
247
1. O LADO DO SOL
Todo mundo refuga uma casa que não apanha sol. O lado do sol é sempre
o preferido, por ser o mais sadio também.
Ora, na tua casa, leitora, há de luzir mais um outro sol. Digo o sol do
espírito, que é a alegria.
Bem, leitora. Haja em tua casa não a alegria confundida com o prazer, que
por sua vez nasceu da capitulação perante uma obrigação. Haja a alegria da vitória,
do esforço, do sacrifício. Irradie em tua casa a claridade do otimismo sobrenatural!
Dirás: Mas a vida não é alegria! Assim falando procuras abrir os olhos dos
teus para que não venham a sofrer amargas desilusões. Até certo ponto tens razão.
Cuidado, entretanto, com o sofisma! Em se falando de alegria, não se quer dizer
que o sofrimento deve ser negado. Pelo contrário. Será prudente ir descobrindo-o
aos poucos aos filhos. Tudo depende do modo. Ora, o único modo verdadeiro de
encarar este mundo ele pecado é encará-lo com ares de vencedor. É preciso
conquistar o mundo com alegria.
248
O mau humor é também fértil terreno para essa cizânia do
con1cntamento, como, ao aborrecimento, chamam os entendidos.
2. UM HINO DE DEUS
1º Sua dedicação à família. - "O coração do marido põe nela a sua confiança
e nada lhe faltará para viver. Ela lhe dará o bem e não o mal em todos os dias de
sua vida. Seu marido se rá ilustre na assembleia dos juízes, quando estiver assenta
do com os anciãos da terra.
2º Sua alegria em trabalhar nas lidas domésticas.- "Cingiu seus rins de fortaleza e
fortaleceu o seu braço. (Sua atividade mostra-se no governo da casa): Não temerá
que venham sobre a família os rigores da neve, porque todos os seus domésticos
trazem vestidos forrados. Fez para si um vestido acolchoado ; vestiu-se de linho
finíssimo e de púrpura. Buscou a lã e o linho. Considerou as veredas da sua
casa e não comeu o pão ociosa. Levanta-se ainda de noite c distribui o alimento
pelos seus domésticos e o sustento pelas suas criadas. (Mostra-se na produção
para a casa): Aplicou a sua mão a coisas fortes e os seus dedos pegaram no fuso.
Fez uma túnica de linho e vendeu-a; entregou u m cinto ao negociante cananeu.
Fez labores com a indústria de suas mãos. Ela é como a nau do negociante, que
traz de longe o seu pão. Pôs os olhos num campo e comprou-o. Plantou uma
vinha com o ganho de suas mãos... Ela rirá para o futuro (tranquila e segura).
3º Sua clemência para com os criados e pobres. - Abriu sua mão para os
necessitados e estendeu os seus braços para o pobre.
249
4º Sua altura de espírito. - Abriu a sua boca com sabedoria e a lei da
clemência está na sua língua. Considerou as veredas da sua casa... Os filhos
levantaram-se e aclamaram-na ditosíssima.
Tudo foi louvado nesta ideal dona de casa. O remate está nos termos: A
sua candeia não se apagará de noite. Dia e noite vemo-la ativa, cuidando das
menores particularidades da vida doméstica, fazendo a felicidade dos filhos e do
marido.
Portanto, lei tora, ser dona de casa como Deus quer é ser ao mesmo
tempo criatura cheia de virtudes e de méritos.
Não necessitas deixar tua casa e correr pelas ruas para seres do agrado do
Senhor.
250
PARA A EDUCADORA. Na educação trata-se de formar o homem. Mas
o homem com as suas faculdades gerais e as suas qualidades individuais. Tal como
o exigem a sociedade e a religião: o homem de razão, de senso e de gosto; o
homem de imaginação regrada, o homem de coração, de vontade firme e reta; o
homem como foi criado por Deus e regenerado por Jesus Cristo; o homem de fé
e de consciência; o homem do seu século e do seu país, do tempo e da eternidade.
Graves deveres pesarão sobre a jovem esposa. Mas o número dos que a
amam e amparam cresce também. Irmãos e irmãs, cunhados e cunhadas, tios, etc.,
viverão uns longe, outros ao lado dela.
Como fará uma dona de casa para viver em boa harmonia com a família e
estes hóspedes que moram sob o mesmo teto? Ajustando escrupulosamente sua
conduta à lei da justiça.
Isso, primeiramente. Se esses parentes vivem por sua conta, não lhes
tocará a leitora nos objetos, nas provisões, dizendo, por exemplo, que se trata de
pouca coisa. Ainda mesmo que eles lhe permitam tal procedimento, mostrar-se-á
muito discreta e reservada. O desinteresse precisa brilhar em todos os seus atos.
Não lhe fica bem ter de ouvir dos parentes que se descuida das coisas que a eles
pertencem.
251
Vem uma sobrinha passar as férias em tua casa? Não exijas que te paguem
a hospedagem da menina ou moça. O Sábio aconselhou o seguinte: Perde (gasta)
teu dinheiro por amor a teu irmão e amigo (Ecli 29, 13).
Nada perde a dona de casa que, por fim, não se esquece das exigências da
discrição e prudência nas palavras e atitudes. Para enfrentar certos inconvenientes
possíveis, ela tem ao seu lado o marido.
4. PÃO DE OCIOSA?
Grande elogio fez o Sábio à mulher, ao dizer que não comeu seu pão na
ociosidade. Foi um dos traços com que descreveu a mulher forte, verdadeiro
modelo e invejável prêmio para o homem justo.
252
Os gastos aumentam com ordenados a empregadas, dispensáveis, aliás, se a patroa
quisesse fazer mais um pouco de força, se quisesse deixar de "sofrer de tantas
doenças". Móveis, roupas, imóveis – tudo se estraga mais depressa, quando os
olhos da dona diligente não se interessam por sua conservação.
Não amando o trabalho, desama o lar toda esposa e mãe. Por isso vive
fora de casa, espalhando-se pelas casas das outras, em palestras c indiscrições,
dando mau exemplo.
Poderá, porventura, haver paz numa casa onde a patroa nada trabalha? As
desordens se revezarão com as queixas, os descontentamentos alternarão com as
recriminações e brigas. Eu já vi marido falir no comércio, sempre e sempre,
porque a mulher em casa, ao lado da ociosidade, cultivava - flor de planta maldita
- custosa vaidade.
Vamos lá, prezada leitora, é preciso que respondas à tua consciência se, em
casa, és uma rainha ele colmeia ou uma abelha diligente, de sol a sol!
253
Paulo Setúbal descreve uma cena que a mãezinha lhe gravou na mente :
- Quando a "prima Maria Teresa" (a rica) saía, e sem que ela o suspeitasse,
atirava-se destemidamente à trabalheira desluzente de casa. Fazia serviços que
jamais sonhara fazer. Serviços os mais vis. Cozinhava, lavava a roupa, passava,
esfregava o assoalho. E não era tudo. Ia às feiras. Regateava. Apagava as luzes
cedo. Poupava o quanto podia. Ah! mãe, ainda tenho no ouvido, agora, neste
momento em que escrevo, o rumor da máquina de costura, plac-plac, plac-plac,
cosendo as roupas com que nos vestias. Com as migalhas que poupavas, tão
escassas, nos vestias com tão primorosa dignidade!"
A educação não consiste nas boas maneiras e nos modos polidos. Tudo
isso nada vale quando não exprime as belas realidades.
Pais que não educam acertadamente seus filhos não cumprem a lei de
Deus, comprometem a eternidade das almas de seus filhos.
5. OS RITOS DA CASA
254
dizer: Se queres desenvolver na alma dos filhos toda essa magnífica floração de
hábitos e de sentimentos cristãos, é necessário que cuidadosamente estabeleças,
digamos, os ritos da casa.
O rito da casa pega a criança e arrasta-a na sua torrente e ela deixa-se levar
pela correnteza dos hábitos de casa. Que precioso fator educativo há, por
conseguinte, na boa organização, na ordem cristã de um lar, leitora!
255
há, em tudo isso, enorme vantagem para as crianças, cuja vontade é tão amoldável,
cuja alma tão facilmente se habitua ao difícil?
Cuidado com o erro de supores, mãe e leitora, que será difícil para a
criança tudo aquilo que também o é para ti. A criança não tem hábitos ainda. Vai
adquiri-los, tais e tantos como quiseres. É baixo o nível dos hábitos? Há prejuízo
para os filhos. Ficam num degrau inferior, quando os degraus superiores lhes são
igualmente possíveis? Milita uma grande vantagem a favor dos hábitos familiares.
É que vivíssimos sentimentos de honra, de dignidade pessoal, de espírit0 de
corpo, de medo de envergonhar os sustentam (Charmot, citação livre).
6. ASSEIO E ARTE
Não se discute que a falta de asseio desacredita uma dona de casa. Que se
refira esse desasseio à casa ou à pessoa de sua dona, é a mesma coisa.
A beleza e asseio de uma casa influem sobre a moral do homem por causa
de certa força secreta. Numa casa hem asseada, ordenada, inundada de luz,
exercita-se a vigilância, a linguagem e os pensamentos são mais cultos, o caráter é
mais alegre. O contrário se dá em caso de desasseio. É funesta a influência que
sobre a família exercem a sujeira e a desordem de uma casa. As ideias, os
sentimentos, os costumes fica m num nível baixo.
Por isso, leitora, teu principio rezará: asseio, custe o que custar. Não temas a
luta com o marido e com os filhos para obrigá-los a amar e praticar o asseio.
256
Roupas, sapatos, móveis, utensílios de cozinha, escadas, varandas, hall, jardim,
quartos, salas - tudo terá o brilho da limpeza. O cansaço imposto para manteres o
asseio, em tudo e em todos, é um cansaço por Deus. É um mérito que adquires
como educadora. Além disso, esse trabalho te prenderá à casa, livrando-te do
ciganismo das ruas e lojas.
Indo às casas das amigas, leitora, põe sentido discreto para aprenderes
como se enfeita um lar. Naturalmente só imitarás aquelas que tiverem bom gosto.
257
muito materializados, ou é o castigo do vício que corrompe as inteligências e
embota os corações. Tira à primeira as intuições e ao segundo as emoções
artísticas.
Amar a arte e saber fazer-lhe uma crítica amável - eis aí teu dever! Crítica
amável: porque não deves reprovar sem mais nem menos as preferências do
marido, a estátua e o quadro, o compositor e o poeta que ele escolhe. Crítica
moral, sobretudo. Triste coisa ir ver-se numa família católica alguma pintura
imoral. Sobre o piano a estatueta nua é berrante provocação de pensamentos
impuros. Isso nunca admitirás, leitora! Mesmo que seja preciso armar uma
briguinha com o marido! Tanto as visitas como os filhos se escandalizarão no
caso.
Neste ponto muitas donas de casa são bem pouco escrupulosas. Faço
votos que estas linhas lhes queimem a alma com vivo remorso.
O verdadeiro belo coincide sempre com o verdadeiro bom. O que não pode ser
bom para a pureza da alma, não é, por conseguinte, verdadeiramente belo.
258
Não é, por conseguinte, pequena a responsabilidade de uma dona de casa,
na escolha das suas "preferências artísticas". Preferível lhe seja deixar sem nada
uma parede, do que "estragá-la" com algum quadro de mau gosto artístico. Antes
faltar alguma coisa sobre a mesa, do que faltar a pureza na alma dos filhos, por
causa de estátuas imorais.
Agradável pelo asseio e pela arte; quente e acolhedor pelo teu devotamento;
confortável pela ordem e trabalho - farás de teu lar uma - atração e uma saudade.
Será ele amável moldura para tua fisionomia, recordada com amor pelo
marido e pelos filhos. Se o deixares pela morte, todos sentirão que és
insubstituível.
O Estado não pode monopolizar a educação. Tem filhos demais para que
possa ser um bom pai de família.
259
Entretanto, é indispensável esse conhecimento. Deve ser adquirido no correr dos
anos, a começar pela infância. Anda mal a casa onde as filhas apenas sabem
preparar uns doces, umas fantasias copiadas a livros de receitas.
Dona de casa que, podendo ter uma mesa com arte e gosto, a deixa muito
prosaica e costumeira, perde ótima oportunidade de influir sadiamente no espírito
e no coração dos seus.
260
Haja depois paz e harmonia à mesa. Em certas casas discutem-se negócios,
fazem-se censuras, acusações, exames de consciência à mesa. Que erro fatal!
Dentro de pouco tempo nota-se a ausência deste filho moço ou daquela filha
moça. Não têm os filhos amor a essa reunião. Pelo contrário, receiam-na. A ti,
leitora, toca impedir discussões, assuntos pesados ou menos agradáveis a essa
hora.
Se for preciso fazer economia para dar aos filhos uma fruta ou outra
sobremesa, faze-a, leitora, à custa de algum vestido ou passeio. Na alimentação
ficaria mal empregada essa parcimônia.
261
8. TRÊS CONVICÇÕES
Fala-se tanto do trabalho intelectual das mulheres. Que cultivem elas sua
inteligência, para maior encanto do marido e dos filhos! Mas é certo também que
a intelectual nunca saberá governar sua casa, se não se ocupar diretamente do
trabalho doméstico.
2º Nunca mandes fazer por outros o que tu mesma podes fazer. - Encontrei esse
conselho em sisudo conferencista que, por sinal, sempre foi apreciadíssimo pelas
mães de família. E ele justifica-o da seguinte forma: "Mesmo que tenhas às tuas
ordens uma turma de criados, tens apenas umas máquinas diante de ti, se não
estiveres presente a todos os trabalhos domésticos, dirigindo-os não só com a
palavra, mas com as mãos e com o exemplo também. Pois nada melhor do que
isso excita à imitação e dá o direito de mandar, impor, vigiar com real vantagem
para a economia doméstica".
Não valerá esse conselho de modo especifico para nossos dias, com tão
frequentes dificuldades a respeito de patroas e criadas? Gostam as donas de casa
262
de se queixar das empregadas e estas gosta riam mais de vê-las dar o exemplo do
amor ao trabalho. Umas c outras viveriam em maior paz e compreensão, nesta
hipótese.
3º Valham como perdidos todos os dias passados sem uma útil ocupação! - Se os
cuidados de casa não exigem trabalhos, leitora, aí estão os pobres de Cristo, as
obras de assistência cristã, os interesses das igrejas pobres, desprovidas das alfaias,
as necessidades das missões pagãs, etc., reclamando teu tempo e tuas mãos. Tudo
é questão de intuição, leitora. Essa depende de um coração limpo, inimigo das
covardias e ingratidões. Se andares com o coração unido a Deus, verás tanta
precisão ao redor de ti, que apenas te lamentarás de ser pouco o tempo, para
atenderes a tudo e a todos.
263
lhe impedem a orientação para Deus. Há algo de impressionante e aterrador na
responsabilidade do pai e da mãe.
9. SOGRA E NORA
Haverá povo, haverá língua; nas cinco partes deste mundo, onde as
titulares deste trecho não figurem corno modelos de desunião, rivalidades e
brigas? Em versos e prosa, em ditados e aforismo, vivem celebradas. Até Nosso
Senhor se lembrou de fazer referências à sogra e nora. Mas, no seu pensamento, a
união entre elas era uma felicidade, cuja renúncia vinha pedir em certos casos (Mt
10, 45 ).
Receio que a leitora incida no erro comum a tantas noras: declarar guerra
às sogras. Prefiro apresentar-lhe à consideração as palavras da baronesa Staffe:
264
10. DÍVIDAS OCULTAS. . .
Além disso, é difícil tarefa ocultar as coisas ao marido, por muito tempo.
Cântaro que vai à fonte, dia a dia, nela se quebra. De repente um acaso atraiçoa
tudo. Ele descobre as contas, lê a lista das encomendas, os algarismos dos preços.
E aí começa uma outra história, com seus capítulos de rixas, discussões, desaforos
mútuos, desedificação para os filhos que são testemunhas do caso... policial.
Nem é fato raro a mulher assoalhar que assim pro- cede, porque o marido
é sovina, esbanjador, descuidoso da família, etc. Ou inventa ou difama. Em todo
caso está faltando à caridade, à prudência cristã. Sucede também que ela industria
os filhos, a criadagem a enganarem o pai e chefe da casa. Educa-os assim para o
erro e fingimento, dá-lhes lições práticas na arte e mesmo louva-os quando
desempenharam bem o seu papel. — A quanta indelicadeza, infidelidade,
265
descaridade, humilhação, desarmonia, já tem dado ensejo esse sistema de comprar
fiado, às escondidas do marido!
Por isso, leitora, não adotes este método de ser infeliz. Se já o vens
praticando, abandona-o, corrigindo-te lealmente. Se estás no começo, então é
muito mais fácil voltar atrás. Quanto mais cedo, tanto melhor e mais fácil será.
Aconselha tuas amigas e confidentes que não enveredem por esse caminho . . .
Escuta: às vezes o marido finge que ignora, mas já está ciente de tudo.
Podes descobri-lo nos ares diferentes que tem, no modo diferente com que te
trata. Examina tua consciência. Em vez de pensares que, entre ti e ele, há uma
outra pessoa, convence-te que há muita coisa: há a padaria, a farmácia, a
casa de modas, de chapéus, de vestidos, etc...
266
A leitora interessada dizemos que, para tanto, é necessário dar aos filhos uma
noção exata da vida e exercê-los, desde pequenos, no dom de si próprios. Noção real e exata
da vida — as escolas de sociologia, com orientação católica, a oferecem. Tens,
leitora dever de exigir que os filhos já crescidos conheceram a doutrina da Igreja
neste ponto. Enquanto esperas pela idade para semelhantes estudos, irás iniciando
os teus em olhar a vida como ela é. Dirás que a vida não é gozar e possuir, ganhar
e ter dinheiro, conseguir honras e cargos. Nem tampouco consiste em lutar contra
todos para, vencendo-os, se possuir a felicidade. Tudo isso é mentira e ilusão.
Finalidade da vida é dar-se aos outros, é o dom de si próprio no serviço dos
outros. A mãe ensinará os seus que se ganha para dar e ajudar, e não somente para
ajuntar fortuna. Os filhos terão de ouvir que a fortuna e a cultura, se dão certos
direitos, impõem igualmente vários deveres. Ninguém deve apegar-se aos bens do
mundo, amando-os. Somente as almas e os homens é que devem ser amados
neste mundo.
Assim dirás aos teus que o pobre representa Cristo Senhor. Não é a
sociedade o corpo místico de Nosso Senhor? Então é necessário pôr a criança
dentro desta perspectiva.
Conta o jornal que houve desastres e misérias no dia? A mãe fará os filhos
rezar pelos pobrezinhos, cuja história o jornal contou.
267
Sobretudo a criadagem oferece ótimo ensejo para a formação da caridade
social nos filhos. Teus filhos, leitora, devem aprender como se poupa o trabalho)
desnecessário, pondo em ordem o quarto, limpando hem os sapatos quando
entram em casa, não atirando objetos pelo chão. De ti aprenderão a dizer
"obrigado" pelo menos serviço que os domésticos lhes prestarem. Esse
"obrigado" nunca falte nos lábios, pois é o sinal autêntico da nossa dependência e
da nossa humildade. Criança que não sabe agradecer a um criado, precisa ser
corrigida. Pois não tardará, do contrário, a negar o seu "obrigado" aos pais e a
Deus.
Agora, leitora, não deves dar esta formação, alegando certas teorias tolas
de democracia. Recorrerás à fé com suas luzes e graças...
Passamos a ser como anjos mensageiros de boas novas... Assim nos conta
Lamartine a história de sua mãe. Assevera que nunca mais esqueceu as cenas em
que a via ajoelhada à cabeceira de um moribundo, rezando pelo pobre.
268
12. FOI ELA. . .
Ia tudo num mar de rosas no lar dos recém-casados. Serenas eram as águas
daquele porto. A lua de mel sumira-se, mas lhe restara um céu iluminado. Lá vem
um belo dia uma nuvem fatídica pôr sombra em tudo. E essa nuvem era a irmã
mais velha, a cunhada. Perdera o noivo e os pais também. Recebida com amor e
compaixão, ternamente amada pela irmã casada, nossa nuvem tomou conta
daquele coração, do qual já era dono o marido.
Pobre coração humano! Às vezes toma uma atitude por nobreza e depois
parece que se arrepende, e começa a explorar a moeda da compaixão que
depositou na mão do necessitado. E por isso pode acontecer que tua irmã te
roube o marido, ou seja por ele roubada. Vive a teu lado, iludindo-te e chega a
chorar por causa da ingratidão e da injustiça que está cometendo contra ti. Mas é
fraca e ele é ousado. Sabendo do que acontece, não desprezes nem a irmã, nem o
marido. Compadece-te de ambos, porque são criminosos e, sobretudo infelizes.
Procura, entretanto, remediar tão grave pecado, sem maiores escândalos.
269
Se tua irmã, convidada a passar um tempo em tua casa, se esquiva ao
convite, não te tornes impertinente, obrigando-a a aceitá-lo. Se ela, depois de
morar contigo, mostra vontade de deixar-te — sem supores o mal — não lhe
dificultes o intento. Pode bem ser que pretenda fugir a uma perigosa ocasião, cuja
aproximação está pressentindo. Pode bem ser que deseje poupar-te certas
descobertas dolorosas, ou suspeitas aparentemente justificadas.
Trazer joias nos dedos é o melhor enfeite para uma esposa. Certas
delicadezas de atitudes, certos encantos de recato e reserva é que formam as
cintilações de joias para o coração. Nunca é demais saber que em tua vida de
mulher casada só há lugar para dois homens: para teu marido e teu filho. O resto pode
ser perigosíssima ilusão e capciosa cilada.
Foi ela quem separou o marido de ti e de teus carinhos! Foi ela quem te
afastou o marido! Bem diz o ditado que os piores inimigos são os que se acham
dentro da praça. Parentes, diz o povo, são como os dentes que, às vezes, mordem
a gente.
270
13. E QUE LEMBRANÇA!
Esta é a feição do martelo de meu pai. Durante largos anos ele o batia
sobre a bigorna. Foi a única lembrança que me reservei, entre as muitas disputadas
por outros. A mim pareceu que o martelo, além de ser lembrança, era um livro
também. Falava da vida trabalhosa de meu pai. Quantas marteladas teve de dar,
para comprar os 1remédios nas doenças dos filhos! Quantas pancadas deu com
ele para custear meus caros estudos! Quando nascia um filho, falava meu pai ao
martelo : Há mais uma boca para comer; trabalhemos mais uma hora à noite!
Todo mundo dizia que meu pai era um homem honrado e trabalhador. Já
o perdi e por isso vale-me agora a amizade a seu martelo. Se a luta é demais, pego-
o, aperto-o nas mãos. Parece então que a força de meu pai penetra no meu corpo.
Se venço e triunfo, digo ao martelo, acariciando-o: Pena é não estar aqui meu
saudoso pai, para se alegrar comigo! Tenho desta forma a impressão de vê-lo ao
meu lado, aconselhando-me, louvando ou censurando-me...
Tal é a descrição que certo autor nos dá, ao recordar as coisas do passado
e da família.
Uma pergunta, leitora: Tua filha terá uma tesoura, urna agulha, uma
máquina de costura, ou qualquer outro instrumento de trabalhos domésticos, a
recordar-lhe a mãe sacudida nas lidas de casa? Poderá colocá-la à sua frente, como
silenciosa recordação?
Não lhe faltará essa lembrança, se fores amante do trabalho. Mas, se tua
vida se passar longe do lar, em ociosas saídas e entradas... , nem um sapato restará
que, como espantalho, a previna contra teu erro de desertora do lar.
271
14. UNS CONSELHOS OPORTUNOS
Infelizmente, não imitam todas este seu exemplo. O gosto do luxo, das
despesas supérfluas com as modas e enfeites, abre o abismo da ruína para muitas
casas. Os maridos não têm coragem de resistir a importunas solicitações e se
endividam. Endividados, que sossego, que alegria, que gosto mais podem ter? De
que te serve este luxo e esta vaidade, ó mulher frívola? "Se ostentas em ouro aos
olhos de teu marido, diz São João Crisóstomo, enquanto o coração dele está
magoado, que fruto, que vantagens tiras tu daí? Encontre-se a mulher mais
primorosamente vestida e mais ornada, ninguém nisso achará prazer, se tem o
coração na aflição e na tristeza. Para nos regozijarmos com uma coisa, é mister
estar alegre, é mister ter o coração contente. Ora, se todo o dinheiro é
272
despendido em enfeitar o corpo da mulher, haverá vexame c penúria em casa e
o marido não poderá saborear nem alegria nem satisfação.
Até aqui fala D. Macedo Costa, livremente citado no seu Livro da família.
Recomendo-o muitíssimo às mães e donas de casa. Para tua orientação, leitora,
divide tuas contas da seguinte forma:
273
Economia de previdência para dias de necessidade
O interesse, que faz estimar as coisas, "não pelo que elas são em si
próprias, mas pelo que valem para nós‖.
Tenho em vista a cristã iluminada pela fé, dentro, portanto, dos mesmos
clarões em que me acho.
Hoje, leitora, deves recordar o sacramento que recebeste. Veio com ele um
caudal de graças para tua alma de esposa, de mãe, de educadora. Todas tinham em
vista o amor e se preocupavam com ele. Elevaram, fortaleceram, enobreceram e
garantiram em ti esse amor humano, fogo fátuo da idade. As reservas da graça
encontram-se com as insuficiências e misérias humanas. Desse encontro resultou
uma garantia de perseverança no amor, apesar de todas as surpresas e traições do
274
coração humano. Sem esse auxílio, o tal amor, o tal apaixonamento das juras,
abriria falência, acabaria numa vil concordata.
Recorda agora tua preparação de noiva. Foi séria? Era teu coração, diante
do altar, terra abençoada ou não passou de pedra fria, de estrada batida por
paixões, sulcada e rasgada por pecados do "tempo de noiva"? Foi tua grinalda uma
realidade ou talvez apenas um símbolo de alguma coisa que perdeste por entre as
liberdades do noivado? — Hoje enumeras os espinhos pelos quais não esperavas.
Mas, olha, eles são o reverso dos pecados de noiva ou então são ensejos para
maiores méritos. Aproveita-os e sairás lucrando. Houve propósitos bons e bem
pensados, em feitio de programa. Já desapareceram, como se desfez a grinalda e se
apagaram as velas do altar erguido para teu casamento?
Hoje, certamente, uma pergunta mostra sua cara, hem no fundo do teu
coração: Que me dará, hoje, meu marido por presente de aniversário? Outrora
era tão dadivoso e hoje?... E entras a contar as mu- danças operadas no marido. Já
não é o mesmo... já perdeu umas tantas coisas que te agradavam... Olha: não
analises assim. Nada ganhas com isso, a não ser que tenciones descobrir nessas
mudanças a parte que te cabe como culpada.
Talvez, na data ele hoje, falte o esposo a teu lado. A morte levou-o e nesta
hora a saudade entra em tua casa. Coragem e santa resignação em Deus, leitora. O
Criador pode suprir a falta causada por qualquer de suas criaturas. Tem o poder e
coração para tanto. - Abandonou-te o marido, foi viver com outra? Dolo rosa
provação dos céus! Nem aos santos ficou poupado semelhante sofri mento. No
dia de hoje lembra-te da alma de teu infeliz marido. Vive ele como um
predestinado à condenação, se não se converte? Reza, chora, padece por ele!
275
16. MINHA CASA. . .
Sem pão e sem teto foi sempre o termo usado para mostrar a grandeza de
uma indigência. Ter uma casa vale por um tesouro. Poetas a descreveram. Minha
casa é pequenina, mas é para mim e para os meus quatro entes adorados - diz um
clássico. Cânticos a celebram e leis a defendem e respeitam. O próprio Salvador
convida-nos à compaixão, dizendo que a raposa na toca e a rola no ninho têm
uma casa, enquanto ele nem isso possui.
Para o beduíno a casa é a tenda que ele enrola e desenrola, nas eternas
mudanças de sua vida nômade. Para o homem civilizado a casa há de ser fixa. É
um imóvel. Imóvel como a ilha, o rochedo no mar. Toda conveniência há em ser,
de fato, fixa. Pois as mudanças desmancham afeições e cenários acolhidos pelo
coração e enredados pelas saudades. E com isso atrasam a formação do apego à
casa e às suas tradições.
Que por um incêndio valham três mudanças, reza certo ditado popular.
Realmente é assim. Múltiplos são os inconvenientes das mudanças. Sob o ponto
de vista moral, essa falta de estabilidade prejudica o bem-estar dos membros da
família. Isso de se viver "como passarinho sobre um galho" traz uma vaga
incerteza para tudo e para todos. Os hábitos que começam a se formar são
interrompidos bruscamente. É uma árvore que se muda arrancando suas raízes.
E a árvore se ressente. Milhares de pequenas raízes c ria o coração numa casa fixa.
São os mais vários sentimentos, os mais variados costumes que ficam com
cristalizações no correr de anos. A cada mudança a família deixa um clima para
tentar nova aclimação a outro. Não haverá ressentimentos morais em tudo isso?
276
Sempre em novos c diferentes cenários, a que eloquência ficam reduzidos
os móveis? Materialmente se gastam com os atritos dos transportes. É prejuízo,
portanto, até para as finanças.
277
17. NAO HÁ PORTA FECHADA
Aborrece-se muita dona de casa porque o pó lhe entra por toda parte e lhe
dificulta manter o asseio na casa. Pior do que o pó é a dor. Não há porta que
possa vedar a entrada. Dores físicas, dores morais provenientes das imperfeições
pessoais, das justaposições de naturezas dessemelhantes.
Cônscia dessa missão, a esposa abafa suas dores, põe nos lábios o sorriso
que alegra, põe nas mãos as sedas que acariciam as chagas. Atira-se ao trabalho e
não admite desânimos.
- Deus foi bom para comigo, disse-me um marido, rico outrora e falido
agora. Minha senhora sujeitou-se sem queixas e sem desfalecimento às exigências
da derrocada. É a primeira a ajudar-me e por nada tolera que eu desanime.
Veio a dor à tua casa, "como visita misericordiosa"? A ti, leitora, compete
fazer-lhe sala, com toda a elegância de cristã, com toda a fidalguia de filha de
mártires. Para auxiliar o esposo, a esposa tem um programa definido. Com ele
reparte as alegrias e acorda as energias adormecidas. Ei-lo:
278
Nas tentações - ampara-o.
Há ordem onde todos têm a ocupação determinada. Onde cada coisa tem
seu lugar e nele está. Onde cada pessoa tem seu gosto e nele fica. Alma dessa
ordem há de ser - custe o que custar - a dona de casa. Não adianta dizer que
ordem é igual a pedantismo. Não. A ordem, embora tenha aparência de uma coisa
externa, é fruto de um interior bem amestrado.
Hás de seguir um horário para teu repouso e teu trabalho. Tua vida
religiosa tem sua hora de oração, de missa, de comunhão. Isso de dona de casa
chegar tarde à missa de preceito nasce muitas vezes da falta de ordem na divisão
do tempo e das ocupações.
279
Ordem nos objetos, móveis e utensílios das casas. Usas de um utensílio?
Repô-lo no mesmo lugar que lhe é destinado é ordem e conserva-o também.
Hoje, a vassoura "mora" debaixo da escada, amanhã é inquilina do desvão da
porta, para noutro dia pousar !á na escada do jardim - eis a desordem e com ela
uma fontezinha para dissabores e recriminações. Marido c filhos, pacientemente,
serão acostumados a pôr chapéus e sapatos c mantos no lugar indicado.
Ordem nos guarda-roupas, nas gavetas, etc., nas salas e nos móveis. Que
lástima quando a dona de casa precisa sempre dizer ao visitante: Não repare na
desordem!
280
Amar a ordem fica bem, mas escravizar-se a ela é falta de critério.
Circunstâncias há que razoavelmente reclamam uma alteração daquilo "que é
costume em casa". Não sejas, leitora, uma prisioneira de teus hábitos, quando a
caridade, a cortesia, a conveniência, gentilmente te pedirem umas alterações
passageiras. Não és qual locomotiva que nunca sai do trilho, a não ser para causar
desastres. Não desças, tampouco, às mais insignificantes minúcias. Se- ria isso
prova de espírito tacanho.
Essa educação começa antes do nascimento, pois a mãe não pode nem
deve esquecer que as suas disposições físicas e morais, durante os meses que
precedem o nascimento, hão de influir duma maneira notável no coração e no
espírito de seu filho.
19. ECONOMIA
281
prática da economia, "a arte de bem governar a casa". Já a leitora leu o que se diz
da mulher-modelo. Hábeis lhe são as mãos e incansável é o seu espírito de
iniciativa. Sua casa não tem receio do frio e das intempéries. Pois os seus
domésticos estão bem vestidos e agasalhados.
2º Acabar com as despesas desnecessárias. - Quem não sabe governar sua casa
encontra-se frequentemente na precisão de gastar. Não soube ou não se lembra de
dar uma ordem em tempo oportuno, poupando com ela despesas.
282
3º Fazer em casa o que se pode fazer. - Isso de entregar às mãos alheias
encomendas que, em casa, a habilidade da dona poderia despachar, é
antieconômico. Muito vestido e mu ita costura vai para fora, estragando-se, só
porque mãe e filhas moças não querem incomodar-se. É mau exemplo c forma
hábitos censuráveis tal sistema, leitora.
Uma criada, ajudada pela patroa e pelas filhas, dá conta do serviço? Por
que, então, por vaidade ou por preguiça, manter duas em casa?
Toda mulher que se casa é vigiada pela terrível polícia das amigas e
vizinhas. Dizem que essa polícia é mais feroz que o afamado policiamento dos
decênviros de Veneza... Por isso, leitora, toma cuidado com tuas relações, com o
trato social. Primeiramente não te descuides de teus deveres para com os pais.
283
Eles continuam com inegáveis direitos ao teu reconhecimento. Trabalharam e
ajuntaram para a filha e são felizes porque te veem feliz. Custou-lhes dar a filha
em casamento, ficar sem ele em casa. Apesar de velhos, donos de varias faltas e
defeitos, são representantes de Deus junto a ti.
A boa filha, ainda que casada e mãe de família, continuará tratando com respeito e
carinho a seus pais. Não se esquecerá de visitá-los, quando possível. Distante
deles, escreverá contando das suas alegrias c ocultando seus pesares . A medida do
possível e necessário saberá ajudá-los, não deixando que lhes venha a faltar o
necessário.
Facilmente podem nascer atritos entre os pais e a filha por causa dos
netos. Pois sabidamente os avós são os amáveis mestres da anarquia familiar.
Defendem os netinhos, por eles intercedem e por eles são explorados. A leitora
prudente procurará, conforme as circunstâncias, a saída para não prejudicar a
educação dos filhos e não faltar à veneração devida aos pais, enternecidos
avôzinhos. Nas horas difíceis da vida de casados, o coração materno é sempre
santuário agasalhador para a filha. É muito melhor ir bater a essa porta do que às
portas de amigas ou, pior ainda, de amigos do marido.
Sobre o trato com a sogra muita coisa ficou exposta na primeira parte
deste trabalho. O nome que os franceses lhe dão, "bela mãe", nem sempre de-
nota um embeleza mento do lar pela sua presença. Está em ti, leitora, a solução do
problema da harmonia. Em geral, se aconselha que o casal não fique morando
com a sogra. Se o ficar, trate de viver em paz c tenha bem traçadas as esferas e as
zonas de atritos. Em todo caso assenta muitíssimo à nora ser respeitosa e serena
perante aqueles que a aceitaram por filha.
284
Um conselho, repetido sempre por todos os entendidos: Não leves ao
marido queixas contra a sogra! Se ele for bom filho, tuas recriminações o
entristecerão, deixando-lhe o coração magoado. Tua queixa foi-lhe uma revelação
de tua pessoa sob um prisma que ignorava ainda. Ficou inteirado de certa má
inclinação, mesquinha e descaridosa, de tua alma. Calando-te, ele maior apreço te
consagrará. Pois não é cego e vê o que sofres e adivinha que te calas para não
magoá-lo.
Sobretudo, leitora, toma cuidado para que não andem sabidas por fora as
desavenças c atritos com a sogra. Tudo será aumentado e agravado, nas
intérminas reedições e relatos dos fatos ocorridos ou imaginados.
285
21. MAUS ESPÍRITOS NA CASA
286
O passatempo honesto, o divertimento, entram no plano de Deus. i:rro
seria, contudo, procurá-los fora da família. Toda felicidade que sorri ao homem
cansado é contra a família, se não for apresentada pela esposa ou repartida com
ela. Por isso, leitora, tudo farás para a buscares ao lado de teu marido. Era as- sim
que procedia Elisabeth Leseur: acompanhava as preferências, os gostos, as
ocupações, os prazeres honestos do marido a custo de sacrifícios.
287
22. COLAR DE JOIAS?
Várias vezes lemos na vida dos santos que, em joias, viram eles se
mudarem as cruzes. Se não vires a mesma coisa, leitora, crê firmemente que assim
será, se sofreres com calma santificada e paciente.
288
Suponhamos que lhe fazes muitas festas, com belo ensaio dos filhos, por
ocasião do seu natalício. O festejado nem toma nota disso. Um ano, por doente,
deixas a festa. Ei-lo a recriminar-te o esquecimento.
Com Deus no coração, não te será possível suportar tudo isso? Por isso
acentuamos sempre a necessidade de viveres unida a Nosso Senhor pela graça
santificante, pela piedade eucarística.
289
23. FIGURINOS DE SENHORAS. . .
290
dia para sua casa. Teus, leitora, são os cuidados de educadora e de dona de casa,
aos quais ajuntarás a preocupação de embelezar a vida terrestre para o esposo.
Tal criatura não pode ser verdadeira esposa, por- que desconhece todas as
leis sociais, naturais e divinas a respeito da sua "nobre" submissão ao esposo.
291
24. ATENÇÕES SEM CONTA
Com seu exemplo Deus convida a não andar a cristã contando quantas
vezes foi atenciosa e devotada em casa. f:le achou in digno ele seu amor dar-nos o
estrito necessário. Ou então medir sua dádiva pelo nosso reconhecimento. Sobre
justos c pecadores derrama a luz de seus astros, as águas de suas nuvens.
292
25. DORMIDEIRA E DIAMANTE
O bom senso e a fé nos mandam contar com umas cruzes diárias, com
umas surpresas maiores no ano, com reservas dolorosas na vida. Haja justiça no
caso. A1ém disso, leitora, os teus também precisam aturar "os defeitos das tuas
boas qualidades". Não podem viver contando as saídas do teu gênio.
293
2º de prestar um auxílio oportuno à consciência e à boa vontade,
previamente excitadas, das crianças que crescem e que, ao mesmo tempo, fazem a
aprendizagem progressiva da sua liberdade (Bethléem).
294
vontade que precisa ser constante, forte, sem querer mudar as coisas cada dia.
Hoje em dia as mães têm tanto que fazer com visitas, saídas, modistas, chás, festas
de caridade, etc., que se lhes torna difícil manter um horário. Daí vem que
procuram dar jeito às coisas com gritos, ou então com beijos ou taponas nos
filhos.
Sabes suportar sem contradição e sem queixas uma ordem ao lado de uma
contraordem? Sabes deixar tua vontade para fazer a vontade do marido? Então
tua submissão é humilde e paciente conquistadora de almas e modelo para os
filhos. Tua conduta é uma pregação silenciosa, irresistível. Tua vida terminará com
295
riquíssima colheita. Dos teus sacrifícios viverão os filhos nas vindouras horas de
renúncia ao longo da vida.
Isto posto, não é demais citar aqui as palavras do Santo Padre Pio XI:
"Uma tal sujeição, porém, não nega nem tolhe a. liberdade que compete de
pleno direito à mulher, quer em virtude da nobreza da personalidade humana,
quer em virtude da missão nobilíssima de esposa, de mãe e de companheira. Nem
a obriga a condescender com todos os caprichos do homem, principalmente
quando pouco conformes com a própria razão ou com a dignidade da esposa.
Nem quer, enfim, que a mulher seja equiparada às pessoas que, em direito, se
chamam menores e às quais, por falta de juízo ou por inexperiência das coisas
humanas, se costuma coarctar o livre exercício dos seus direitos. Mas (esta
sujeição) impede aquela licença exagerada que não atende ao bem da família e
impede que, no seio desta, o corpo esteja separado da cabeça com sumo dano do
corpo inteiro e perigo iminente de ruína.
296
vestuário. Mas antes no homem interior, naquilo que não perece, no espírito
pacífico e modesto - isto é que tem valor aos olhos de Deus.
Por conseguinte, leitora, estabelece como norma em tua casa: Aqui não se
fala mal dos ministros de Deus! Aqui eles serão tratados com todo o respeito!
297
de Jesus Cristo: Quem a vós ouve, a mim ouve; quem a vós despreza, a mim
despreza.
Pois a resposta é muito simples. Teus filhos são ovelhas de Nosso Senhor.
O vigário é responsável pelas almas de teus filhos. Nota neles algum
procedimento que põe em perigo a alma, ou denota falta de fé e veneração? Está
no dever de os ensinar e corrigir.
Mostra-lhes, por isso, tua gratidão, leitora. Reza pelos sacerdotes, para que
perseverem bons e seu número aumente. Facilita, ao redor de ti, o ministério
sacerdotal. Procura inculcar nos corações de teus filhos profundo respeito e
estima ao padre.
298
velha tradição de famílias católicas esse gesto fidalgo. Até Nosso Senhor, tocado
das igrejas, refugia-se nas salas das famílias que o amam, como lemos em várias
datas da história.
29. ENCLAUSURADA?
Podemos dizer que a dona de casa é uma religiosa, cujo convento é o lar
onde mora. Mas se dever lhe é amar sua casa e viver dentro dela, é certo também
que não pode ser uma enclausurada de seus muros. A solidão é sempre para se
apreciar, embora nem sempre se possa praticá-la.
299
Deus. Vemo-las, seguidamente, visitar doentes e pobres. Vemo-las ao pé do altar e
em caridosa visita ele urbanidade cristã.
Não és uma enclausurada, leitora. Irás aonde Deus te chama e porque ele
chama. Assim andarás no caminho certo. O exagero desacredita a virtude e torna-
a pouco atraente aos teus. As filhas, a pretexto ele que mamãe exagerava, irão se
cuidando de parar "demais" em casa. E sairão... "demais", caindo no outro
extremo do erro. A virtude anda sempre na dourada linha do meio: nem demais
nem de menos.
Tenho imensa pena das mães que a necessidade de ganhar o pão toca para
fora de casa. É isso um dos males dos tempos modernos. Pio XI chama a atenção
do poder civil para remediar semelhante calamidade. Do contrário temos a
dispersão da família.
A casa - o doce lar - perde seu encanto e sua missão de ser agasalho, de
formar hábitos e criar costumes para o resto da vida.
300
É preciso esquecer-se de si mesmo: o sacrifício de certas comodidades e
os aborrecimentos.
O maior mal para uma educadora é ser cega e não ver as faltas, os erros,
os perigos. Mas em os observando, deve ser discreta na vigilância. Se a criança
compreender que a vigiam impertinentemente, desaparece para se converter numa
pessoa em miniatura, falsa e dissimulada.
Se sempre nossos anjos tutelares nos guardam, mais ainda o fazem quando
estamos doentes. Há de imitá-los aquela que, ao lado dos filhos, é outro anjo
visível: a mãe e dona de casa. Aqui terá a leitora uma sucinta exposição dos
principais deveres para com os seus doentes e suas doenças.
Respeito e espírito de fé. - São as doenças uma visita de Deus e são os doentes
os visitados do Senhor. Cada doente pode ele algum modo dizer: "Ninguém me
seja molesto; pois trago no meu corpo os estigmas de Jesus Cristo". Há um
Calvário em todo quarto de doente e numa cruz, numa doença, sofre um membro
do Corpo místico de Nosso Senhor.
Por isso a leitora não dirá: Que desgraça para minha casa! Deus se
esqueceu de mim! Nada de dizer tais blasfêmias, pois Deus não se esquece de
ninguém e tudo que faz é sempre para nosso bem. Agora os desígnios do céu
estão escondidos, mas na eternidade veremos que o amor os inspirou e realizou.
301
É tempo de lembrar ao doente a vontade de Deus. Se estiveres doente,
leitora, não te preocupes demasiadamente com a casa e os filhos. Trata de sofrer
por amor de Deus e a ele entrega tua casa e teus filhos. Em melhores mãos não
poderiam estar.
Vem chegando a morte? Ah! mãe, segura teu coração e fala o seguinte: Aceitar a
morte, porque Deus a manda, é valiosíssimo ato de amor; uni-la à de Nosso
Senhor é dar-lhe alto valor expiatório. Deves ter à mão um livro de rezas com as
orações indicadas para a hora. Se tu mesma deves deixar os teus, deixa-lhes o
belíssimo exemplo de uma morte cristã. Morrer nos braços de Deus é ter
garantido o encontro com os filhos na glória, se eles tiverem morte cristã. Oferece
tua morte para que eles morram, um dia, como bons cristãos. Entrega-os a Deus,
pois em mãos de pai os deixas.
302
cansativas. O doente quer calma, ar e imaginação tranquila. A modéstia não pode
ser esquecida no tratamento, evitando-se nudezas desnecessárias.
Uma piedosa e curta leitura poderá fazer imenso bem nos casos de
doenças. Com ela virão santos pensamentos c sentimentos de confiança. Está aí a
Imitação de Cristo com páginas tão belas e consoladoras.
303
Sobretudo rezarás muito por todos os teus doentes, recomendando-os
também às casas religiosas.
Mais uma vez volto ao assunto dos últimos sacramentos. Em geral é mais
fácil convencer o doente do que os parentes, da necessidade de recebê-los. Diz
um escritor que geralmente as mulheres, sobretudo as piedosas, é que levantam
mais dificuldades para a chegada do sacerdote. Saem-se com tolas desculpas.
Coisa curiosa! Em se tratando de avisar o doente sobre o testamento, etc.,
desaparece o receio de assustá-lo. Tudo porque se trata de um interesse mate- rial.
Mas a alma do pobrezinho pode sair do mundo com todos os pecados que tem.
Para tua defesa, leitora, alego o seguinte: A mulher é, em geral, muito
impressionável c inclinada a pensar que também o doente o é, tanto como ela.
Diga-se com jeito, mas diga-se a verdade ao doente. Afinal de contas, ele também
já pensou na sua obrigação, mas anda com medo de... assustar os seus.
Na colmeia só entram abelhas e com elas o mel. Pelo jardim passa todo
mundo, muitas vezes com prejuízo das flores. Tua família, leitora, será colmeia e
não jardim, em se tratando das relações com os de fora. Já foste instruída neste
ponto, mas ainda se tornam necessários certos esclarecimentos orientadores. Toda
dona de casa deve preocupar- se seriamente com a quantidade e qualidade das
relações. Poucas e escolhidas para uma discreta intimidade: parentes e amigos
conhecidos e provados. Outras pessoas conhecidas, em várias emergências ou
meros encontros diários, não devem ser logo catalogadas como amigas. Nem é
prudente, leitora, te ligares mais do que é preciso com estranhos. Do contrário, te
verás obrigada a certas reciprocidades que dificultam uma escolha acurada.
304
O certo está em alargar os limites no trato com parentes e amigos e
estreitá-los com conhecidos e "apresentados". Na escolha de amigos importa
muitíssimo não seguir as aparências c tolas vaidades. Não julgo demais citar as
palavras do P. Xavier: "A dona de casa tenha cuidado para não aumentar as
relações familiares. Sofreria a vida íntima do lar a quem ela seria roubada. Atrás
viriam as dificuldades no cumprimento dos deveres de estado. Para os filhos isso
seria a fonte perene de dissipações e de explorações. Mas, se julgou conveniente
abrir as portas ela casa a alguma família, não as feche por um nada, por um
capricho. Não confunda o abandono afetuoso, que respira respeito, com a
despreocupação que in- dica o pouco caso que se fez de alguém".
305
encontram assunto para as suas conversações: as finanças domésticas, a
generosidade, a avareza ou a prodigalidade do marido próprio ou alheio, aí são
tratadas com uma sem-cerimônia de pasmar"...
32. AS DOMÉSTICAS
Hoje se usa esse termo para designar as empregadas numa família. O título
é mais ameno e bem significativo. De fato, as criadas fazem parte da família. Pois
tomam parte mais ou menos no que aí se passa e conhecem muitas
particularidades ignoradas dos de fora. Podem por isso ajudar a família, mas
também, se não forem muito discretas e reservadas, podem fazer-lhe imenso
dano.
Escolher acertadamente - eis a primeira norma para toda dona de casa, neste
ponto. Precisa saber, antes de aceitá-la, da saúde, da habilidade, da conduta moral,
ela religiosidade dessas criaturas. Mais ainda quando são destinadas a pajens das
crianças. Uma doméstica religiosa e boa pode ser fonte de muitas graças para a
família. Deus abençoou a casa de Putifar e lhe multiplicou os haveres por causa de
José, o criado que temia a Deus. Isidoro, o santo empregado de João Vargas,
trouxe muita felicidade para o lar de seu patrão. Erra rias, por conseguinte, leitora,
se olhasses apenas para o salário que elas exigem, para as habilidades materiais que
demonstram.
306
Como cristã precisas ter vista para a alma das tuas empregadas, ao escolhê-
las e guardá-las.
307
Tira-se da mesa para vestir o corpo, quando a primeira exigência da vida é
alimentar esse mesmo corpo. O que se gasta de um lado não pode ser gasto de
outro lado, dizes, e cortas nos gastos com a comida. Já te foi dito que está muito
errado este sistema, que é também muito prejudicial. Nem tampouco é cristão.
Pois não disse Nosso Senhor: Porventura não é a alma mais do que a comida e o
corpo mais do que o vestido? (Mt 6, 25 ).
Por que é tão difícil fugi r ao excesso nas despesas com os vestidos?
Porque nesta altura a questão econômica complica-se com uma questão moral.
Para a maior parte dos nossos contemporâneos o vestido não é somente um
agasalho, mas também um ornamento e um meio de aparecer.
308
É assim a humanidade, leitora, e deves torná-la como é de fato. Ela não
gosta que se lhe imponha uma admiração e respeito, só pelas aparências. Com
direito procede desta forma, mostrando sua aversão ao irreal e fictício.
Infantilidade será, por conseguinte, querer aplausos por aparências que nem
sequer convencem a própria criatura que as ostenta. Nota-te a seguinte norma:
309
realizará, porém, aquela que vive mais na rua e nos passeios, e nas visitas, do que
em casa.
A casa é como o corpo sem vida. Sua alma é a mulher que a vivifica com a
sua presença e a aquece com seu coração.
Volta contente para casa o marido que sabe do encanto de uma esposa
dedicada. Anseiam pela casa os filhos quando "mamãe" os traz perto do coração,
por entre cuidados c atenções de cada dia. Faltando- lhes isto, ficam gostosamente
fora de casa, ou dela se retiram depressa.
Mas como haver a doce intimidade dos corações, se a mulher vive fora, se
a casa é um sepulcro? Como poderá vigiar os filhos, educá-los, prendê-los a si a
mulher que vive nas casas das amigas, nas casas de modas, etc.? Portanto, leitora,
é teu dever viver em casa.
Mais do que isto: é tua felicidade também. Esta consiste no amor aos teus e,
por conseguinte, só poderá ser achada ao lado deles. Uma mulher, que se sente
feliz fora de casa, dá a entender que encontra uma ventura longe da família. Isso
significa uma triste realidade. Qual? Mostra que a desertora do lar renegou os
santos afetos de esposa e mãe. Seu coração não está perto do seu tesouro, em
casa, porque não o considera tal. A verdadeira esposa e mãe jamais encontra sua
felicidade sem amor ao lar e aos que nele habitam. Carinhos, aplausos, realezas, ela
os quer receber dos seus em casa. Só lá quer dominar e ter um cetro.
Ainda mais, leitora: viver em casa é uma garantia contra muitos males. Os
cuidados domésticos a ocupam o dia inteiro. Quem sabe? - vives dizendo que não
tens tempo para nada, nem para falar mal da vizinha. Que sorte! Mas, se fugires de
casa, encontrarás tempo para muita coisa e muito pecado também. Dificilmente se
fala mal de uma senhora que vive em sua casa como uma bênção do céu. Das
outras até os cegos sabem o que contar. Ficando em casa, teus olhos enxergam o
rasgado, o estragado, o desasseado, o desordenado das coisas e das pessoas. Então
consertas, guardas, proteges e conservas tudo que faz parte do inventário elo lar.
Andando sempre fora de casa, como cuida rás de tudo isso?
310
Como é fria e triste uma casa sem sua dona! Eu quis um dia tirar a prova
disso. Numa das revoluções, minha cidade natal foi bombardeada pela artilharia e
aviação. A casa de meus pais ficou deserta, porque removera pai e mãe para lugar
mais seguro. Todos os dias, ao regressar das visitas aos soldados, dirigia- me
saudoso para dar uma vista na casa entregue aos meus cuidados. Andava pelos
corredores, pelos quartos, pelas salas por onde a sombra da tarde e das ausências
derramava sua tristeza. Punha-me a recordar os 30 anos que, dia e noite,
encontravam minha mãe a postos, sem uma interrupção sequer, dentro das
paredes daquele sobrado. Então - e por que não confessá-lo? - imaginando-me
criança ainda - comecei a chamar:
— Mamãe ! mamãe !
Sempre que meu ministério me leva aos lares e me dizem que "a mãe não
está" (a morte levou-a), volta à minha mente aquele sobrado vazio, silencioso,
abandonado por todas as carícias e doçuras que só uma dona de casa, mãe e
esposa sabe dar.
Leitora, quando morreres, teus filhos serão órfãos. Deus retarde o mais
possível essa hora. Mais triste será se, vivendo a mãe, mas sempre fora de casa, já
forem eles órfãos agora. Ama, portanto, tua casa e não a troques pela rua ou
outros lugares, desnecessariamente. O tesouro da tua felicidade está escondi- do
dentro dela.
O bem por sua natureza procura espalhar-se. A esposa que possui uma
séria piedade pessoal fará o possível para que o marido seja como ela. As almas
dos esposos são como vasos que se comunicam e procuram manter o mesmo
nível. O amor a Deus, ao dever, à virtude desce da alma da esposa para enriquecer
311
a alma do pobre marido. Da mesma forma as más ideias, os princípios
antifamiliares ou antissociais tentam por sua vez penetrar na alma da esposa
(Grimaud).
312
Marido hostil. - É inevitável que muita moça piedosa se surpreenda, quando
escolhe marido na pessoa de um moço hostil à religião. Leituras e companhias
ímpias, ao lado de uma educação toda materialista, fizeram dele esse orgulhoso
ateu, esse maçon turrão. A noiva espera convertê-lo mais tarde... Mais tarde,
porém, é a experiência que lhe diz como é difícil semelhante conversão. Casaste
com um homem infenso à religião, leitora? Então procura salvar o que é possível
no caso. Não cedas aos ataques do marido c começa pelo apostolado silencioso
do bom exemplo, da dedicação, fugindo às discussões sobre coisas da fé e da
moral. Tu, com tua vida toda de devotamento e virtude, deves ser uma apologia
viva da fé. Evitando discussões, não afrouxes, contudo, na prática dos deveres
religiosos. Com o diretor espiritual assentarás o mínimo de liberdades que do
marido ímpio exigirás. Os filhos terão o seu batismo garantido, seu colégio
católico assegurado, porque a mãe soube exigir com firmeza e habilidade essas
garantias de vida cristã.
Seja como for, assim procedendo, a cristã terá cumprido seu dever. Deus
apressa sua hora quando vê que a confiança nele é inabalável e toda filial.
313
virtudes as senhoras, indiscutivelmente, têm o monopólio. Felizmente, nem
sempre o sabem ou suspeitam.
Mas, apesar disso, é necessário prevenir a leitora para vigiar sua língua. Os
deveres e os direitos, as responsabilidades c as atitudes andam tão entrelaçadas,
que sobejam muitíssimas ocasiões de se pecar pela língua no lar.
3º Não fales muito alto. - Quem fala gritando mostra que está excitado e não
tem calma. Além disso, o marido que aceita uma palavra "chorada ao ouvido"
reclama contra alto-falantes em sua casa. A pedagogia exige que os filhos não
percebam que diminui a autoridade paterna. Mas, se te pões aos gritos, em
presença deles, contra o marido, claro está que lhe diminuis a autoridade. Uma
dona de casa que grita com o marido, ou mesmo com os filhos e criados, perde
toda a autoridade perante os seus. E a vizinhança não ouvirá a gritaria? Ouvirá
tudo e espalhará pela rua coisas desagradáveis.
314
Espírito Santo diz: "Não há ira pior do que a da mulher; é capaz de tudo". Tal
procedimento é contrário ao respeito e consideração a que o chefe de família tem
incontestável direito. O marido é sempre marido, e o pai é sempre pai, ainda
quando venha a faltar aos deveres de sua alta missão. O meio mais inepto de
reconduzir um transviado ao bom caminho é atirar-lhe palavras injuriosas e
expressões humilhantes.
A certa senhora que "dava o troco" ao marido, sempre que ele chegava
embriagado em casa e lhe dizia palavras, observou o célebre Windthorst:
- Minha senhora, quer-me parecer que no vosso mobiliário falta uma peça:
ide depressa comprar um genuflexório. Todas as vezes que o marido vos entrar
em casa bêbedo, gesticulando, aos gritos, correi ao genuflexório e ide discutir com
o bom Deus, em lugar de o fazer com ele.
O meio mais eficaz para corrigir o marido, toda senhora o tem no bom
uso da língua.
315
Solidez e duração, facilidade de lavagem e de reforma — eis aí outros
critérios a serem ouvidos. Higiene e elegância — note-se essas duas normas toda
leitora razoável e prudente.
Há ainda, para a cristã sobretudo, a moral que deve ser respeitada. A maior
inimiga da moral é a moda, quase sempre. A moda, a terrível tirana das mulheres,
outra coisa não é do que um reclame luminoso para chamar fregueses e dinheiro
às casas no gênero. Um estofo diferente, um corte novo, uma forma bizarra para
o chapéu, uma cor inesperada para o cinto, etc., e está pronto o reclame
comercial. E tudo para desassossego da cabeças femininas, desequilíbrio das
bolsas dos maridos. E as consciências?
316
Trata-as com a mesma ingênua desenvoltura. Vai-se assim formando o hábito de
considerar como irreais as exigências da pureza.
317
38. AINDA AS DOMÉSTICAS
318
da mesma laia , ordinariamente ignorantes, falando mal a língua, de modo pouco
polido, e, até — o que é mais — de estragados costumes!"
Ter zelo pela alma - das domésticas, quem o nega que é dever de toda cristã
que teme a Deus? Portanto, dá, leitora, tempo à criada para cumprir os de- veres
religiosos. Seria falta ficares preguiçosamente dormindo aos domingos, impedindo
a saída da em- pregada às missas. Errado está comungares todos os dias, sem
nunca dares uma folga para essa criatura ir fazer a sua comunhão. Chegando os
dias de abstinência de carne, farás o possível para que também a empregada possa
guardá-la. Mesmo que precises te incomodar, dá folga aos domingos e não te
ponhas a exigir trabalho dobrado, por causa de banquetes, excursões, etc.
Seja teu lema a palavra de David: "Não habitará em minha casa o que
procede com soberba; o que diz coisas iníquas não pode tornar-se agradável aos
meus olhos. Não quero para meu serviço senão o que anda por um caminho
inocente" (SI 1 00, 6 e 7).
319
Tratar com caridade. - Diz o Espírito Santo na Escritura: "Seja-vos o servo
sensato caro como vossa alma, não lhe negueis a liberdade que merece, nem o
deixeis na pobreza" (Ecli 7, 23). Haja, portanto, essa caridade que só o Evangelho
inspira, e que nos faz amar o mais humilde de nossos próximos como a nós
mesmos por amor de Deus.
Não imites certas donas que, censurando sempre o desleixo e atraso das
domésticas, se atrasam sempre no pagamento dos salários.
Não basta tratá-las com justiça. É também indispensável que haja caridade
para com elas.
"Há a ciência de se fazer servir, que não é peque- na. Cumpre escolher
domésticos que tenham honra e religião, cumpre conhecer as funções a que se
quer aplicá-los, o tempo e o trabalho que a cada coisa se há de dar, a maneira de
bem fazê-la e a despesa necessária. Por exemplo, ralhareis fora de propósito o
homem encarregado da cozinha, se quereis que ele aparelhe um acepipe mais
depressa do que é possível, ou se não sabeis pouco mais ou menos o preço e a
quantidade do açúcar e outros ingredientes que devem entrar no que lhe
mandastes fazer. Assim estais no risco de ser vítima, ou flagelo de vossos
domésticos, se não tendes algum conhecimento de seus misteres" (Macedo
Costa).
320
certo gênero de vida: eis a vocação particular que merece todos os cuidados e
respeitos dos pais.
321
Farás bem, dona de casa, se escolheres bem os amigos e se não os quiseres
muito numerosos. Muitos amigos trazem sempre discórdia e desassossego.
Não o desprezes, pois para isso não tens direito. Mas esquiva-te a
semelhantes relações... Procura os bons e os fortes, para sobre eles te apoiares
com honra e alegria de tua vida. Se encontrares no teu caminho um fraco e
miserável, não faças pouco caso nem te desinteresses dele. Somente não o prefiras
para teu amigo".
Nada há que ajuntar a estas palavras sábias e maternais. Não vês como
encerram uma norma clara, luminosa e prática?
322
Vem a propósito falar da vida humilde de Nosso Senhor e dos santos.
Finalmente é preciso contrariar esse orgulho. Mas sempre de acordo com a
natureza da criança, porque assim se tem a correnteza a favor. Temperamentos
delicados exigem de preferência repreensões paternas. Temperamentos enérgicos
devem ser humilhados com energia e rapidez.
Por ter amor aos seus, quer a mulher vê-los contentes e alegres a seu lado,
confiados nos seus desvelos e na intuição de seu coração. Cansa-se, dirige a casa,
estabelece uma ordem, trata da economia, da estética do lar, só porque ama
muitíssimo o marido e os filhos. Perante as dúvidas e os planos pergunta-se
constantemente: Será isto útil ou prejudicial ao bem-estar dos meus? Esta
preocupação vale por um princípio na sua vida.
Rico proveito tira a mulher de tudo isso. Primeiramente, não trata com
descaso as pequenas coisas, as "ninharias" de cada dia. Para seu amor tudo é
importante. Sabe que como joia no coração se pode engastar com elegância até
um copo de água, uma luz acesa, uma porta aberta a seu tempo.
Escapa depois daquela falta tão comum hoje em dia: ter a casa arrumada e
enfeitada... para os de fora. Sua maior alegria é receber elogios do marido e dos
filhos. Não lhes prefere os elogios das visitas que gabam o bom gosto, etc.
Somente deste amor é que nasce aquele calor benfazejo do lar. Vê, leitora,
na casa teu coração terá a missão do sol na natureza. Pela manhã, a luz taumaturga
do sol acorda as flores, a passarada, as abelhas, a seiva das árvores. Há voos, há
perfumes, há gorjeios naquelas horas. Percebendo que "por querer bem" é que
323
cuidas da casa, as crianças serão como abelhas, como aves ao redor de ti. Se faltar
o sol, se vier o frio, as aves se encolhem, as abelhas se ocultam, as crianças "não
amadurecem". Sim, com a idade, deve haver uma maturação progressiva ao teu
lado, dona de casa, que, ao mesmo tempo, és esposa e educadora. Crescendo, irá a
criança abrindo os escaninhos do coração, expondo os segredos à mamãe. E
assim continuamente, até se formar aquela convicção de que na casa, junto de
mamãe, há um remanso aonde não vão as tempestades, há um canto sempre com
sol onde as sombras e o frio nunca se estendem.
Dificilmente serás uma boa esposa e mãe, se não fores igualmente boa
dona de casa, leitora.
Nunca será demais repetir que a realeza da esposa no lar depende de sua
piedade pessoal. Os dotes naturais não fazem tudo e a eles não se prende
proporcionalmente a irradiação da mulher na família. A atividade de sua vida
interior é o ponto principal. O brilho de uma lâmpada, leitora, prende-se não aos
efeitos que traz, mas à intensidade da chama que a alimenta.
De fato, como conseguir do marido e dos filhos esse espírito cristão, todo
feito de renúncias e amor a Deus, quando a esposa e a mãe não levam uma vida
de união com Deus? Essa união, que supõe o cumprimento fiel dos deveres de
estado, a prática da oração, a frequência aos sacramentos, o exercício de várias
virtudes, torna-se impossível sem a piedade.
324
A vida em comum - eis o nome do primeiro. Solteira, tinha a moça mais
liberdade de sair sem que lhe sentissem a falta. Agora o marido a quer para as
várias atenções reclamadas pelo corpo e pelo coração. E ela não quer incomodar,
não quer ir só, prefere ir em companhia dele, quando ele puder e... quiser.
O exercido dos novos deveres - eis outro motivo. A jovem casada é vítima deste
desgosto às coisas espirituais que automaticamente invade o coração, entregue,
ainda que de modo legítimo, aos prazeres materiais. A carne celebra seus triunfos
e se farta, levantada contra o espírito. No fundo da alma ergue-se um certo
sentimento de humilhação interior, que torna a esposa acanhada para comparecer
perante Deus.
Direção espiritual, procurada com franqueza e lealdade. - Eis o melhor meio para
venceres a crise. Essa direção te levará à frequente recepção dos santos
325
sacramentos, à frequente assistência à santa missa, ao exame de consciência diário,
à leitura animadora todos os dias. Não digas: Tudo isso é impossível. Ora, não
sabes que entre as santas de Deus, figuram muitas senhoras casadas, reclamadas
pelo marido e pelos filhos, mas que ainda assim acharam tempo de se
santificarem?
Não basta a esposa ser apóstola junto aos seus. Sê-lo-á também junto ao
próximo na sociedade. É a família a célula social, de cujo ajuntamento nasce a
sociedade. Cuidar tão somente da felicidade dos seus é pouco demais para o
espírito e o coração de uma mulher cristã. Por isso procura levar ao próximo seu
leal esforço para vê-lo contente e feliz.
A leitora tem nas linhas que seguem uma norma geral para seu apostolado
caridoso.
326
caso. Tantas vezes acontece, realmente, que a jovem casada açambarca o marido
para tudo. Nem quer que ele saia para as reuniões de associações católicas e
vicentinas. Todo outro é o papel da verdadeira cristã nesta emergência. Ela faz
tudo para pôr na cabeça do marido ideias de devotamento e caridade sociais. Vive
convencida de que a vitalidade das associações católicas depende da presença
perseverante dos associados casados. A autoridade, a experiência, os recursos, a
posição social que desfrutam, tudo isso os torna valiosos elementos na atividade
católica social.
Teu filho, leitora, vai escolher uma carreira? Mostra-lhe não apenas as
vantagens financeiras, mas o lado da atividade benéfica e caridosa também. Neste
ou naquele posto há maior ou menor possibilidade de fazer bem ao próximo -
dirás ao consultante. figura, como primeira estrela entre as carreiras de caridade
social , o sacerdócio - a atividade pela alma com seus destinos eternos. A mãe que
despertou, conservou e encaminhou uma vocação sacerdotal prestou rele-
vantíssimo serviço à sociedade cristã.
327
Os pobres não serão afastados dos olhos das crianças. Não. A mãe fará o
filhinho ver de perto a pobreza de uma família, o ensinará a guardar alguma coisa
"para o seu pobrezinho". Li na vida do cardeal Vaughan que, sendo ele pequeno
ainda, servia de cúmplice para os irmãos e irmãs saírem à noite, às escondidas, em
visita caridosa aos pobres. Melhor será se os teus imitarem o gesto caridoso da
esmola, sem a saída clandestina. As filhas hão de pôr à disposição para o ensino
do catecismo o seu tempo, ainda que com algum sacrifício.
De tais filhos nunca se ouvirá mais tarde a desculpa: Não tenho tempo! -
quando se trata de devotamento às obras de caridade social.
328
Nos dias da semana - o domingo tem lugar de honra. É dia sagrado,
dedicado primeiro à oração e à missa e somente depois aos divertimentos
inocentes. É também dia respeitado, até nos trajes festivos da família. O mesmo
se dá com os dias de festa religiosa.
Fidelidade à fé. - A cristã a recebeu dos pais e deve deixá-la aos filhos. Do
contrário, os privaria da herança mais preciosa na vida. Tudo farás, leitora, para
conservá-la em ti e nos teus. Para isso é preciso praticar a oração, assistir com
frequência às pregações e instruções na igreja, fugir dos livros maus e procurar os
bons. Sobretudo é necessário viver de acordo com aquilo que se crê.
329
Possui o espírito de fé quem em tudo se guia pelas normas da religião, pela
lembrança da eternidade e foge de guiar-se pelos caprichos e pelas praxes do
mundo.
Os outros requisitos dão logo na vista. Não poderá ensinar quem ignora o
assunto.
Não poderá aquecer as almas quem tem a sua fria. A educação para o
sobrenatural requer longa paciência e essa só se adquire pela prática integral da
piedade.
Neste mundo reina a lei da morte e dela ninguém pode escapar. Os laços
mais sagrados e queridos ela os corta, sem dó e sem atenções de espécie alguma.
Um dia virá bater em tua casa, leitora, como mensageira de Deus. Talvez
já tenha entrado mais vezes em teu lar, onde há lugares vazios. Desde então ficou
tua alma com um canto tarjado de preto. Mas, por dolorosa que seja a morte e a
separação, deve a cristã encará-la "como gente que tem esperança".
Deve estar preparada para recebê-la e deve saber preparar os seus para
essa hora tão solene. Leitora, tu ensinas teus filhos como se entrega uma flor, um
pedaço de pão. Pois a grandeza da mais pequenina dádiva está no gesto com que
o coração a acompanha. Haverá coisa mais valiosa do que a vida que a Deus
entregamos à hora da morte? E os teus irão dá-la com um gesto qualquer, gesto
de quem atira, joga uma coisa que à força lhe querem tomar?
330
ao Senhor tua vida, com todas as galas do coração. É a última e a mais duradoura
lição que deixas aos filhos. Tua morte santa servirá como baliza marcando o rumo
para os seus corações.
Vem a morte buscar algum dos teus? Sê generosa em aceitá-la e fazer com
que o chamado também a aceite, como bom cristão.
Numa família católica não pode nunca faltar o padre à hora da morte. Por
isso chama-o com antecedência. Há alguém que recusa os sacramentos nessa hora
tremenda? Então põe tua alma em ação, desperta todas as energias de tua fé, de
teu amor cristão. Precisas e podes converter essa criatura que, de olhos fechados,
quer se atirar à eternidade. Farás o seguinte para convertê-la:
Ela fará rezar as crianças inocentes, pedirá orações nas casas religiosas.
Vem depois a esmola dada na intenção de Deus fazer uma grande esmola
ao pecador endurecido que, se morrer impenitente, deixa um péssimo exemplo à
família.
A morte entrou em tua casa? Não chores, leitora, como uma pagã, e não te
ponhas a pedir contas, a tirar satisfações de Deus. Adora os seus desígnios e
331
chora tuas lágrimas no seu regaço de pai. Essa resignação já é a primeira esmola
espiritual para o sufrágio da pobre alma. Há cristãs que ficam de mal com Deus
porque tirou alguém da família. Deixam a prática da religião e escandalizam assim
a família e a sociedade. Redobra tuas esmolas aos pobres, pois a esmola e a oração
encurtam as penas de teus mortos no Senhor.
4) Bem-aventurada a casa cujos filhos são logo batizados, porque nela se criarão
bem-aventurados para o céu.
332
7) Bem-aventurada a casa onde se ama a doutrina cristã, porque nela jamais
faltarão as consolações da religião.
46. PRESENTÍSSIMAS
A senhora entra e escreve. Só então notei que era pálido, muito pálido seu
rosto.
— Padre, aqui está o endereço. Por favor, vá logo. Sei que o sr. está
cansadíssimo. Deus lhe pagará tão grande caridade.
333
Agradece e saí aquela visita que vinha me perturbar. Peguei no escrito e li:
rua Descartes, número 125, segundo andar, apartamento 112. Minutos depois eu
percorria as silenciosas e assustadas ruas da cidade em demanda do endereço
dado. Achei-o. Empurrei a porta encostada do prédio, subi ao segundo andar,
parei no apartamento 112. De dentro vinha música de um rádio tocando músicas
húngaras. Toco a campainha e logo abre-me a porta um belo tipo de rapaz.
— Vim atrás de um doente que deve morrer esta noite, disse eu.
— Como vê, padre, não estou doente, nem pretendo morrer esta
noite, responde-me o rapaz com certo ar de camaradagem e ajunta:
Passo o papel ao rapaz e noto como seu rosto muda de expressão e algo
impressionado vem dizer-me:
Entro, converso com o moço, tomo o grogue que ele prepara, confesso-o
e depois sigo o conselho que ele me dera. Talvez se tratasse da rua Despartes 125.
Ao andar à procura da rua que encontrei, mas sem o número indicado, acontece
uma coisa horrível. Uma esquadrilha de aviões inimigos bombardeia a cidade.
Sereias alarmam os moradores que correm para os abrigos. Procuro um abrigo e
ajudo os médicos. Continuam chegando feridos. De repente tropeço num
cadáver. Olho melhor. Era o cadáver do moço a quem eu confessara um quarto
de hora antes. Fiquei pensativo. Aquela senhora a escrever-me o endereço, a falar
de um moço que iria morrer... Tudo tão certo... Sim, a mãe falecida, tão presente
334
na vida do filho quando viva, voltava a ser outra vez uma presença à hora da
morte dele".
Leitora, tem razão quem isso observa. As mães que são "cristãs presentes"
na vida dos filhos continuam sua missão mesmo depois da morte. Mas cristã
presente só é aquela que vive seu batismo e faz os seus viverem-no. Que respeita
as normas, os mandamentos, as devoções, as exortações de Deus e da Igreja e luta
pelo mesmo respeito junto aos filhos. Que deixa os exemplos de uma religião
penetrando por toda a vida.
Faço votos nesse sentido, leitora. Sejas tu uma mãe presentíssima, como
cristã no lar, no coração e na vida dos filhos. Terão eles tua presença à hora da
morte.
Leitora, como dona de casa deves ter a preocupação por Deus andando
pela casa, nos lábios dos que rezam. Pio XII recorda nas suas alocuções aos
recém-casados o seguinte:
"O matrimônio inicia-se com uma oração e deve continuar sendo oração.
A família que não reza, afasta-se de Deus e não pode prosperar. A piedade é
335
necessária ao matrimônio. Marido que reza torna-se como fruto suave. Os filhos
dos santos não devem viver como os pagãos. Nas tormentas da vida o lar há de
ser um cenáculo de oração. Há moços que pensam que, depois de certa idade, a
oração é incenso cuja perfumada fumaça se deve deixar às mulheres, tal como se
faz com outros perfumes. O lar há de ser cristão, desde o primeiro dia,
testemunhando a todos que ali se honra a Deus. Os esposos hão de rezar não
somente em particular como também em comum. Tal oração em comum
transforma o lar numa igreja. Nessa oração os esposos unem-se mais
estreitamente. Separados pelo trabalho durante o dia, estão unidos diante de Deus
pela oração em comum. Por mais cheio que ande o dia, é preciso achar um pouco
de tempo para rezar em comum. Não se deve sacrificar tão bela tradição às
exigências da vida moderna".
A dona de casa, que não deixa de ser mãe e educadora, deve pensar
seriamente sobre o que escrevo e recordo. A criança da nossa história cresceu
num lar, por onde Deus andava, desde cedo até à noite. E o resultado foi sua
espontaneidade em voltar à oração, apesar do ambiente assustador de uma sala de
operação. E, sem pensar, tornou-se uma graça de Deus para converter um
médico. Poderá tua casa ser elogiada pelo bom gosto e pela arrumação da dona
que a governa. Mas o melhor enfeite, sempre de bom gosto e atualíssimo, é Deus,
lembrado, invocado num lar.
Casa onde não há lugar para a oração, deixa muitos lugares livres para
muita ruindade. Já o Salmista avisou que em vão se tenta levantar uma casa,
quando Deus não dá sua mão.
336
muitas casas sumiram os "oratórios" de nossas vovozinhas. Em lugar deles surgiu
o bar, a televisão, etc. Junto de ambas as novidades lá se vão horas da noite,
enquanto Deus sai pela porta...
337
consciência. A seriedade e a santidade da lei moral cristã não admite uma
satisfação desenfreada do instinto sexual. Nem tão pouco essa tendência exclusiva
para o prazer e gozo. Não permite ao homem racional deixar-se dominar assim,
nem no que diz respeito à substância, nem no que concerne às circunstâncias do
ato".
Mais uma coisa grave e sena neste ponto. Anda por aí uma teoria, dizendo
que a felicidade mútua entre casados será maior, quanto maior for o prazer mútuo
gozado nas relações. Anote-se a leitora bem intencionada essas palavras textuais
de Pio XII:
"A verdadeira felicidade não está em razão direta com o prazer recíproco
nas relações íntimas. Não. Pelo contrário a felicidade está em razão direta com o
respeito mútuo entre os esposos, mesmo nas suas relações íntimas. E não porque
julguem imoral e repugnante o que a natureza oferece e o Criador concedeu. Mas
porque esse respeito e estima mútuos são um dos elementos mais sólidos de um
amor puro e, por isso mesmo, tanto mais terno".
Leitora, creio que as coisas ficaram claras e tua consciência mais intuitiva
ainda. Agora é preciso convencer o marido de prender-se a estas normas. Dá- lhe
em mão o livro Muito entre nós8, escrito especialmente para ele. Foi editado pela
mesma editora deste livro que estás lendo.
8
Entre os livros a serem editado pelas publicações Familias Católicas Cristo Rei.
338
49. TAREFA BEM CLARA
Antes de tudo o marido quer encontrar na esposa uma mulher. Nada mais
o repugna do que dar com uma criatura masculinizada nos trajes, na mentalidade,
na independência.
l. Mostrar sempre um rosto alegre. - Logo não andar em casa com rosto de
preço fixo, onde pelas dobras e vincos no rosto se possa ler o peso dos sacrifícios
feitos. Vai-se ao encontro do marido e também dos pequenos do lar com rosto
iluminado. Portanto esconder as mágoas por detrás de um rosto alegre. Cara feia
nada resolve, quando não irrita e aze- da ainda mais a situação.
339
cara azeda. Prestei-lhe o obséquio, ouvindo e compondo as queixas da acusada.
Eram razoáveis. Dei meus argumentos para ela desistir daquela máscara. E creio
que o mais impressionante foi este: Olhe, fulana, a senhora fica tão feia com cara
amarrada, como é tão graciosa com rosto alegre. Confesso aqui que falei a
verdade.
2. Dizer uma palavra amável. - Isto é barato e está mão. Infelizmente nosso
coração anda tão endurecido muitas vezes. Por maldade calamos a palavra que vai
tornar outros mais felizes. Daí sentir muita gente dificuldade em dizer uma
palavrinha amável. Prendemos com isso um raiozinho de sol, irmão daqueles que
vemos cada manhã enviados como sorriso e bom-dia de Deus.
3. Pensar bem. - Pois em geral os homens não andam com a cabeça sempre
cheia de maldades. Diabólicos são poucos. Poderão ter momentos infelizes c
anseiam por um crédito de estima. Há esposas que encurtam demais esse crédito
ou o concedam a prazo muito curto e em conta corrente. E o resultado? Vi-
verem atribuladas por irrealidades.
4. Não passar adiante coisas irritantes. - Tal hábito não passa de um mau
costume. Para que levar adiante? Há porventura falta de coisas que irritam, dia por
dia? O que não passamos adiante morre conosco c não aflige a ninguém. É como
gripe que não contagia. Quanto marido tem a vida cheia de coisas irritantes, desde
que põe o pé fora de casa. Para que ser recebido pelo mesmo cerimonial? Não,
gentil esposa. Não digas que não tens obrigação de aguentar sozinha com os
aborrecimentos. Trata-se aqui de ser companheira aliviando a quem poderia lhe
pagar com os mesmos aborrecimentos. Finalmente o homem quer uma auxiliar a
seu lado. Por conseguinte dividir bem os trabalhos, traçar os limites dos reinos.
340
E sobretudo, leitora, o marido cristão deve encontrar uma genuína cristã,
saturada de Deus e dele amorosa. Sobretudo uma cristã toda enraizada na sua fé.
"Mas assim que, desde a meninice, não somente não se lhes ensine nada
que seja contrário a religião católica e à honestidade dos costumes, mas a
instrução religiosa ocupe o primeiro lugar".
Leu bem, leitora? O primeiro lugar! E ainda por cima, em escola alguma
lhes seja ensinada coisa contrária à religião e à honestidade dos costumes. Ora,
isto posto, será fácil entender as ordens que a Igreja dá a respeito das escolas.
341
batismo que está na alma de seus filhos, leitora. Aos Bispos toca decidir quais as
circunstâncias e sob que condições, que garantam prejuízos de perversão, poderão
ser frequentadas tais escolas.
Cito o texto do Cânon 2374 para melhor fixação do dever. Diz assim: "Os
meninos católicos não frequentem escolas acatólicas, neutras, mistas (abertas
também para acatólicos)".
Poderá haver razão para uma matrícula num colégio desses. Mas essas
razões são expostas pelos Bispos, ou devem ser apresentadas a ele ou a um
sacerdote criterioso e idôneo. E sempre se exigirão cautelas, precauções,
contravenenos para impedir que a alma dos filhos seja prejudicada no que tem de
mais nobre: fé e moral. Mas quando o colégio protestante ensina religião,
obrigando alunos a tomar parte no culto, nas leituras da Bíblia, etc.? Então
lembre-se a leitora que há uma excomunhão contra os pais que entregam seus
filhos para tais finalidades. Já o citei no capítulo Excomunhões em tua vida.
Recordo-o de novo, aqui:
342
51. EXCOMUNHÕES EM TUA VIDA
Peço licença para usar palavra tão pesada, bem perto de tua vida. É que a
Igreja tem esse terrível castigo para as filhas rebeldes, desrespeitosas de leis muito
graves. Trata-se de fatos que repercutem na vida do Corpo Místico de Nosso
Senhor, trazendo efeitos sociais para gerações inteiras.
Não quero seja a leitora uma cristã primária, ignorando os mais profundos
pensamentos, as mais sérias preocupações da Igreja. E assim há vários Cânones
do Direito Canônico que interessam à família.
343
Em ambos os casos há ainda a suspeita de heresia contra os violadores da
lei. Entra aqui o grave assunto dos colégios protestantes. Sobre eles voltaremos a
falar. Essas excomunhões são de ipso facto, isto é, só pelo fato praticado. E
ficam reservadas ao Bispo diocesano.
Leitora, olhe bem esses sinais vermelhos. Não siga para frente,
teimosamente, ou displicentemente. Os efeitos de uma excomunhão horrorizam
uma consciência cristã.
Lembro aqui que se incorre na excomunhão, seja qual for a idade do feto.
Logo qualquer raspagem abortiva de um feto, por recente que seja, é um ver-
dadeiro aborto e cai sob o castigo eclesiástico. Lembro a palavra que exige o efeito
344
conseguido. Mera tentativa sem resultado real é um pecado grave, mas não cai sob
a excomunhão.
Por ordem lógica menciono mais outra excomunhão que se refere à cristã,
traidora da sua missão. É a excomunhão fulminada contra "quem contrai
matrimônio com o pacto explícito ou implícito de educar toda, ou alguma, prole
fora da Igreja católica‖.
Por exemplo, se a leitora tiver uma filha ou filho que vão se casar com
acatólico, coisa sempre reprovada pela Igreja, advirta-os de que nunca poderão
estipular semelhante cláusula, sob pena de excomunhão.
"É claro que ninguém tolera tal decomposição em seu lar. Pois semelhante
a um rato morto, e mesmo pior, é um livro imoral na estante da biblioteca
doméstica".
Estou de pleno acordo com tal comparação. Livro mau e rato morto
empestam o ambiente. Este os quartos, as paredes, o ar. Aquele, as almas com sua
fantasia, imaginação e sentimento. De um e de outro podem provir doenças
terríveis. Lamento apenas uma coisa. O rato não é tolerado em hipótese alguma.
Soalhos saltam fora, vãos são devassados até se encontrar o lugar onde jaz o
345
criminoso. Entretanto as estantes continuam com "seus ratos" alinhados,
encadernados, lidos, gabados, oferecidos a amigos. O faro físico é mais acentuado
do que o faro moral. Digo mais. Há donas de casa que ainda teimam em
argumentar contra avisos de uma amiga bem informada e melhor intencionada.
Pio XII numa alocução aos recém-casados insistiu muito neste ponto.
Sacudiu a consciência de todos. E até, paternalmente, recorda o mal que livros e
revistas más podem causar às próprias empregadas da casa. Responde à desculpa
de quem diz que a leitura não "o impressiona". Sabes como, leitora? Comparando
tal criatura aos leprosos que também não sentem o calor, o fogo, o frio. Estão
com tecidos necrosados. E conclui que tal desculpa nada recomenda quem a
pronuncia.
346
ofensa. É provocação. Provoca os homens ao mal e provoca o braço de Deus
para castigos.
347
Sumário
COM LICENÇA?............................................................................................................... 5
ESPOSA........................................................................................................................... 7
1. CHAMAS DO LAR .................................................................................................... 8
2. NOBREZA DE PROGRAMA. . . ................................................................................. 9
3. PELOS LABIRINTOS DA ALMA . . . ......................................................................... 11
4. GRITEI COM ELE! .................................................................................................. 12
5. ESPELHO DA ALMA .............................................................................................. 13
6. MÚTUA ADMIRAÇÃO? . . . ................................................................................... 14
7. CONHECER-SE. . . ................................................................................................. 16
8. COM MÃO DE CRIANÇA. . . .................................................................................. 18
9. ASSIM ESTÁ ESCRITO. . ........................................................................................ 18
10. SARÇA ARDENTE. . ........................................................................................... 20
11. MORTO O MARIDO. . . ..................................................................................... 21
12. IGUAL A ELE? .................................................................................................... 23
13. NOTA-TE ISSO! ................................................................................................. 24
14. COMO SE REPARTE. . ....................................................................................... 25
15. TUDO ISSO É TEU. . . ........................................................................................ 25
16. A CRUZ DE MUITAS .......................................................................................... 28
17. NA ILHA INCOMPREENSÃO. . . ......................................................................... 29
18. ELES SÃO ASSIM. . . .......................................................................................... 30
19. TUAS CARTAS ................................................................................................... 33
20. MAIS UM NA ARMADILHA ............................................................................... 34
21. HOJE ELE ME FALTA. . . .................................................................................... 36
22. LIMITES E NORMAS DA OBEDIÊNCIA ............................................................... 37
23. PRENDAS NA ESPOSA ....................................................................................... 39
348
24. PARA LHE AGRADAR. . . ................................................................................... 41
25. A VOZ DELE ...................................................................................................... 44
26. EXPIAÇÃO. . . .................................................................................................... 49
27. SUBMISSÃO DE CRISTÃ. . . ............................................................................... 51
28. PROFANAÇÃO E ESCANDALO........................................................................... 52
29. FIEL E CASTA .................................................................................................... 54
30. PARA QUEM? ................................................................................................... 57
31. SEMPRE EM CONSERTOS E REFORMA. . . ...................................................... 58
32. CAUTELA COM ELE! ......................................................................................... 60
33. O PRIMEIRO TÍTULO......................................................................................... 61
34. COMPREENSÕES INDISPENSAVEIS. . . .............................................................. 63
35. CAMPAINHA ELÉTRICA.................................................................................... 64
36. CAMPOS DEFINIDOS ........................................................................................ 65
37. A CAÇULA CASOU-SE. . .................................................................................... 78
38. ASSIM PENSARÁS E FALARAS. .......................................................................... 79
39. COPIOU DELA. . . .............................................................................................. 80
40. USURPADORAS. . . ........................................................................................... 81
41. LONGAS AUSÊNCIAS. . . ................................................................................... 83
42. DISCIPLINA INJUSTA. . . .................................................................................... 85
43. NOS ESPLENDORES DA VERDADE. . . ............................................................... 87
44. NOS MISTÉRIOS DA ALMA. .............................................................................. 88
45. MULHER DE VONTADE..................................................................................... 90
46. QUERES IMITA-LA? .......................................................................................... 94
47. PONTINHAS. . . ................................................................................................. 96
48. TUAS HISTÓRIAS .............................................................................................. 97
49. POR SEIS ........................................................................................................... 99
349
50. DEFEITOS. . . DAS QUALIDADES ..................................................................... 100
51. EU JA SABIA. . . ............................................................................................... 102
52. TENHO ÓDIO DELE. ........................................................................................ 103
53. SERA O TEU CASO?......................................................................................... 105
54. CONSELHOS DE ENTENDIDA. ......................................................................... 106
55. CABES NESTA MOLDURA? ............................................................................. 108
56. TUAS AMIGAS CASADAS ................................................................................ 109
MÃE E EDUCADORA ................................................................................................... 111
1. LA MAMMA LONTANA. . . .................................................................................. 112
2. ELE DIGNO DELA. ............................................................................................... 113
3. MÃES IMPROVISADAS........................................................................................ 115
4. ALGUÉM TE OUVIU? .......................................................................................... 117
5. DEPLORAVEL ILUSÃO. . . .................................................................................... 118
6. TEU SALVADOR. . ............................................................................................... 120
7. CARTINHA DA FILHA........................................................................................... 120
8. PERDEU O COLO................................................................................................. 121
9. FRAGRANCIAS PELA VIDA .................................................................................. 123
10. AFROUXAMENTO PROGRESSIVO ........................................................................ 125
11. A MÃE NÃO GRITOU ............................................................................................ 126
12. DA MESMA LÃ? .............................................................................................. 127
13. TUA FILHA MOÇA. . . ...................................................................................... 130
14. CASA-SE TEU FILHO. . . ................................................................................... 132
15. PERANTE O GENRO E A NORA. ...................................................................... 134
16. OVELHA DESGARRADA. . . .............................................................................. 137
17. SÃO ASSIM . . ...................................................................................................... 138
18. FILHO NÃO É DOENÇA ......................................................................................... 139
350
19. TU, TEU FILHO E A ESCOLA. ................................................................................. 141
20. MÃES FROUXAS ............................................................................................. 143
21. SEU PEDESTAL ................................................................................................ 146
22. NO MEU TEMPO. . . ....................................................................................... 147
23. MAIS UMA FILHA. . . ...................................................................................... 149
24. DO DIÁRIO DE UMA MÃE............................................................................... 150
25. NINHO CALMO ............................................................................................... 151
26. PARA EDUCAR O MENINO. . . ........................................................................ 154
27. ALMA OU CORPO? ......................................................................................... 156
28. QUE NOBRE REPRESENTAÇÃO! . . . ................................................................ 159
29. ASSIM O ENTENDERÁS. . . .............................................................................. 159
30. CORAÇÃO FORMADO .................................................................................... 161
31. ENSINADO PELA MÃE. ................................................................................... 163
32. RISADA E GEADA ............................................................................................ 165
33. QUADRINHO DE CRÍTICO. . . .......................................................................... 166
34. INDULGÊNCIA PARA INGRATO....................................................................... 167
35. AVÓ, FILHA E NETA. . . ................................................................................... 168
36. EGOÍSMO MATERNO. .................................................................................... 170
37. OBSTINADA, EGOÍSTA, SEM CORAÇÃO.......................................................... 171
38. O ANJO DA ANUNCIAÇÃO. ............................................................................. 173
39. ABRINDO OS BOTÕES. ................................................................................... 175
40. DEUS E TEUS FILHOS. . . ................................................................................. 177
41. IN CIVITATE PECCATRIX. . .............................................................................. 179
42. UMA HISTÓRIA. . . DE MUITOS CASAMENTOS. ............................................. 181
43. FONTES DE VIDA. ........................................................................................... 183
44. TEM BOM CORAÇÃO? .................................................................................... 185
351
45. O FILHO MOÇO. ............................................................................................. 187
46. REVELANDO A VOCAÇÃO. .............................................................................. 190
47. LUZ PARA TUAS PLANTAS. . ........................................................................... 191
48. VESTIDOS E BRINQUEDOS. . . ......................................................................... 193
49. EMENDA QUE DESEMENDA. . . ...................................................................... 194
50. FILHO DE PEIXE. . ........................................................................................... 195
51. DUAS VIDAS NOS FILHOS. . . .......................................................................... 196
52. COROAS DO LAR............................................................................................. 198
53. PARA OS TRÊS. ............................................................................................... 200
54. INTERVENÇÃO INÚTIL. ................................................................................... 201
55. MAMÃE NÃO ENTENDE. . . ............................................................................ 203
56. FILHO HOMEM ............................................................................................... 204
57. QUE LINDA HISTÓRIA!.................................................................................... 205
58. PARA CASAR OS FILHOS. ................................................................................ 207
59. EDUCAÇÃO LITÚRGICA................................................................................... 210
60. CORRIGINDO. . . ............................................................................................. 211
61. MOÇA MODERNA .......................................................................................... 213
62. PARA TEU CORAÇÃO. . . ................................................................................. 214
63. ROSEIRAS SEM ROSAS.................................................................................... 216
64. ENTRE OS SANTOS DE DEUS. ......................................................................... 219
65. INJUSTIÇAS E DESCULPAS. ............................................................................. 221
66. A FILHA DE TEUS CUIDADOS. ......................................................................... 222
67. MISSA E COMUNHÃO DAS CRIANÇAS............................................................ 225
68. CASTIGANDO COM PRUDÊNCIA. ................................................................... 227
69. O FUTURO DOS FILHOS. ................................................................................. 229
70. ERROS E INJUSTIÇAS. ..................................................................................... 231
352
71. EDUCAÇÃO SOBRENATURAL................................................................................ 234
72. UM PREÇO TAMBÉM ........................................................................................... 236
73. ESTARÁ CERTO? ............................................................................................. 237
74. FILHOS SACERDOTES...................................................................................... 238
75. ACUSADORES DE TEU ÊRRO. . . ...................................................................... 241
76. ESPONJA VIVA ................................................................................................ 242
77. CONDENANDO-SE .......................................................................................... 244
DONA DE CASA .......................................................................................................... 247
1. O LADO DO SOL ................................................................................................. 248
2. UM HINO DE DEUS............................................................................................. 249
3. PARENTES EM TUA CASA. .................................................................................. 251
4. PÃO DE OCIOSA?................................................................................................ 252
5. OS RITOS DA CASA ............................................................................................. 254
6. ASSEIO E ARTE ................................................................................................... 256
7. A MESA NA TUA CASA. ...................................................................................... 259
8. TRÊS CONVICÇÕES ............................................................................................. 262
9. SOGRA E NORA .................................................................................................. 264
10. DÍVIDAS OCULTAS. . . .......................................................................................... 265
11. EDUCAÇÃO SOCIAL .............................................................................................. 266
12. FOI ELA. . . ............................................................................................................ 269
13. E QUE LEMBRANÇA! ............................................................................................ 271
14. UNS CONSELHOS OPORTUNOS............................................................................ 272
15. ANIVERSÁRIO DE CASAMENTO ............................................................................ 274
16. MINHA CASA. . . ................................................................................................... 276
17. NAO HÁ PORTA FECHADA.............................................................................. 278
18. ORDEM NO TEMPO E NO ESPAÇO ................................................................. 279
353
19. ECONOMIA..................................................................................................... 281
20. NO TRATO COM OS TEUS............................................................................... 283
21. MAUS ESPÍRITOS NA CASA............................................................................. 286
22. COLAR DE JOIAS? ........................................................................................... 288
23. FIGURINOS DE SENHORAS. . . ........................................................................ 290
24. ATENÇÕES SEM CONTA ................................................................................. 292
25. DORMIDEIRA E DIAMANTE ............................................................................ 293
26. CAPRICHOS DE HORARIOS ............................................................................. 294
27. BASE DO LAR .................................................................................................. 295
28. PERANTE OS SACERDOTES ............................................................................. 297
29. ENCLAUSURADA?........................................................................................... 299
30. TEUS DOENTES E TUAS DOENÇAS .................................................................. 301
31. COLMEIA OU JARDIM? ................................................................................... 304
32. AS DOMÉSTICAS ............................................................................................. 306
33. OS VESTIDOS EM TUA CASA .......................................................................... 307
34. VIVER EM CASA .............................................................................................. 309
35. INFLUÊNCIA CRISTÃ ....................................................................................... 311
36. VIGIAR A LÍNGUA ........................................................................................... 313
37. OUTRA VEZ MUITOS VESTIDOS . . . ................................................................ 315
38. AINDA AS DOMÉSTICAS ................................................................................. 318
39. RELAÇÕES EXTERIORES .................................................................................. 321
40. POR ELES ........................................................................................................ 323
41. A PIEDADE PESSOAL ....................................................................................... 324
42. APOSTOLADO SOCIAL .................................................................................... 326
43. IGREJAS DE DEUS ........................................................................................... 328
44. A MENSAGEIRA DE DEUS ............................................................................... 330
354
45. AS OITO BEM-AVENTURANÇAS DE UMA CASA ............................................. 332
46. PRESENTÍSSIMAS ........................................................................................... 333
47. DEUS PELA CASA ............................................................................................ 335
48. RELAÇÕES INTIMAS........................................................................................ 337
49. TAREFA BEM CLARA ....................................................................................... 339
50. TEUS FILHOS E OS COLÉGIOS ......................................................................... 341
51. EXCOMUNHÕES EM TUA VIDA ...................................................................... 343
52. RATO MORTO ................................................................................................ 345
355