Você está na página 1de 30

Comunidade Católica Nova Aliança

Redescobrindo os carismas

Não tenho aqui pretensão nenhuma em fazer um estudo aprofundado dos


Carismas, para isso já existem muitos livros em nossas livrarias, de grandes autores com
os quais nem ousaria comparar estes simples textos. Quero aqui apenas transmitir o que
já aprendi e experimentei ao longo da minha história de Batismo no Espírito Santo de
forma mais simplificada para que os Carismas não se tornem para nós um “bicho de sete
cabeças”. O meu intuito é dar uma ajuda prática aos ministros de oração e para aqueles
que desejam conhecer um pouco mais sobre a vivência dos carismas.
Os Dons são para que a nossa evangelização aconteça com poder, seguindo o
exemplo dos apóstolos que após receberem o batismo no Espírito Santo anunciavam o
nome de Jesus e a pregação deles era acompanhada por curas, milagres e prodígios,
como havia prometido Jesus para os que cressem (Mc 16,16-18).
Hoje você é convidado a crer mais, com nossa sociedade ainda muito paganizado
nos encontramos indiferentes à realidade dos carismas, existem muitas pessoas que não
acreditam na ação poderosa do Espírito Santo; pessoas necessitadas de nossa ajuda, de
nossa evangelização, da nossa coragem, de nos deixarmos ser usados pelo Espírito Santo
para que elas se tornem libertas dos males que as têm afligido.
Mais do que nunca, precisamos da manifestação poderosa dos Carismas para que
a nossa evangelização e testemunho sejam eficazes.
O título deste livro quer exatamente nos fazer acordar e despertar para uma
experiência mais abrasada e ardorosa com os carismas. Precisamos redescobri-los para
que os nossos talentos sejam multiplicados e tenhamos a mesma experiência dos
primeiros cristãos que nos antecederam na graça de Pentecostes. Precisamos fazer
acontecer os carismas espirituais a fim de que todos bebam essa mesma água.
Espero que a força e o poder do Espírito Santo se derramem sobre você e seu
ministério para que mais vidas descubram os sinais de nosso Deus Pai através da eficácia
dos Dons Carismáticos.

Que o Espirito incendeia a todos.!!

Pá gina 1
Carismas e Dons

Para entendermos um pouco mais sobre carisma, uma palavra tão utilizada nos
últimos tempos na Igreja, precisamos recordar sobre os dons, aprendidos por todos nós
no período em que fomos catequizados.

Chamamos estes de dons infusos (Is 11, 2):

1. Dom da Sabedoria;
2. Dom da Inteligência;
3. Dom do Conselho;
4. Dom de Fortaleza;
5. Dom de Ciência;
6. Dom do Temor de Deus;
7. Dom da Piedade.

Capacita-nos a entender as coisas de Deus, saborear e amar como Deus

1. Torna-nos capazes de entender a vontade de Deus;


2. Capacita-nos a ouvir a voz de Deus nos momentos difíceis;
3. Capacita-nos a perseverar com fidelidade na nossa vocação e nas nossas provações;
4. Capacita-nos para sabermos julgar as coisas criadas;
5. Não ter medo de Deus, mas amá-Lo;
6. Capacita-nos a apresentarmo-nos diante de Deus.

Estes nos ajudam em nossa caminhada rumo à santidade pessoal, nos capacita
para a vida com Deus, são graças dadas a nós para obedecermos facilmente e
voluntariamente a Deus.

Carismas

O termo carisma aparece 17 vezes no novo testamento, vem da palavra grega


Kharisma que quer dizer dons gratuitos, também são dons espirituais com uma pequena
diferença, estes são usados para o proveito comum, isto é, para o outro e não para si
mesmo.

São manifestações particulares e variadas da ação do Espírito Santo.

São Paulo lista nove carismas (dons) em sua primeira carta aos Coríntios 12,4-11:

1. Palavra de Sabedoria;
2. Palavra de Ciência;
3. Carisma da Fé;
4. Carisma de Cura;
5. Carisma de Milagres;
6. Palavra de Profecia;
7. Discernimento dos Espíritos;
8. Carisma das Línguas;
9. Interpretação das Línguas.

Pá gina 2
Isto não quer dizer que só existiam estes dons. Ex.: A clarividência (visão clara) era
o carisma mais usado entre os primeiros fiéis, contudo Paulo nem sequer cita este dom
em sua lista. Aqui nos deteremos somente nestes citados acima.

Alguns autores classificam os carismas da seguinte forma:

● Carismas de revelação (ciência, sabedoria, discernimento dos espíritos),


● Carisma da palavra (profecia, variedade das línguas e interpretação das línguas)
● Carisma de poder (Fé, Cura e Milagres).

A classificação não se faz tão necessária, é apenas a titulo de para conhecimento.

Pá gina 3
1. Carisma da Fé:

...A outro, a fé pelo mesmo Espírito... (I Cor 12,9)

Uma diferença

● Fé Teologal: É a fé pela qual cremos nas verdades reveladas e definidas


pela Igreja (verdades dogmáticas). Ex.: Crer na presença de Deus, crer na
Santíssima Trindade, crer na Eucaristia, crer no Dogma da Imaculada
Conceição etc.

● Fé Confiante: É a fé que me faz esperar na providência de Deus, por essa fé


eu sei e creio que Deus cuida de mim, que não me desampara. Ex.: Sei que
por mais que esteja difícil a minha vida, passando por dificuldades, Deus
não me abandona. Esta é a fé confiante.
● Fé Carismática: É a fé expectante que me faz crer na intervenção imediata
de Deus

O que é o Carisma da Fé?

É o dom carismático pelo qual experimentamos a ação de Deus aqui e agora. Por
esse dom cremos e sentimos uma convicção interior e vemos a ação de Deus
imediatamente.

Como funciona?

A manifestação é sempre de Deus, contudo a fé expectante necessita da nossa


mediação, não basta perceber que Deus agirá com todo o seu poder, realizando seus
sinais de curas, milagres e prodígios, é necessário uma decisão minha para a ação de Deus
acontecer.
Na atitude da hemorroíssa (Mc 5, 25ss) vemos claramente como funciona a fé
carismática, a fé expectante. Ela acreditou com fé carismática que Jesus poderia curá-la,
teve uma certeza, uma convicção interior que seria liberta naquele momento que tocasse
a orla do manto de Jesus, então não ficou parada, esperando, ela teve a atitude, a decisão
de sair no meio da multidão e tocar em Jesus. Assim, imediatamente, foi curada de um
fluxo de sangue, uma enfermidade que já a acompanhava há tantos anos.

É assim que funciona a Fé Carismática: eu creio, vem a mim uma certeza, uma convicção
muito grande que Deus irá agir naquele momento e então tomo uma atitude para que a
graça aconteça.

Pá gina 4
Testemunho

No ano de 2000, quando morava na cidade de Minas Novas-MG, em nossa casa de


missão, preparamos uma missa para a juventude a pedido do pároco daquela época, Frei
Natalino.
Como os jovens daquela região não conheciam essa realidade carismática,
resolvemos fazer uma missa bem animada, contudo sem usar os carismas de forma tão
clara, porém, como sempre, é o Espírito quem dita às regras.
Tínhamos preparado tudo e seria uma missa campal, o dia estava ensolarado e
bastante quente, mas ao aproximar-se à hora da Santa Missa começaram a se formar
nuvens de chuvas bem carregadas. Mesmo assim, uma multidão de jovens e adultos
compareceu.
Até então só estávamos esperando a chuva cair, pois o temporal estava visível, era
questão de segundos.
Naquela noite, Frei Natalino havia me pedido para fazer a reflexão do Evangelho.
Comecei então a partilha da palavra, ao mesmo tempo a chuva começou a descer e a
multidão a se dispersar, então eu, recorri à fé carismática, pedi a todos que cressem
comigo que aquela chuva não cairia enquanto a celebração Eucarística não terminasse e
convoquei cada um permanecesse em seu lugar com uma atitude de fé, pois não iria
chover. Imediatamente a chuva cessou e assim que o padre deu à benção final a chuva
caiu com toda a sua força e potencialidade.

Quem pode receber?

Todos que possuem fé doutrinal (teologal), fé confiante e desejo que Deus realize
seus prodigios.

Seus sinais

A certeza e convicção interrior da ação de Deus acompanhada por uma unção


inflamada.

Onde usar esse carisma?

Para que os outros carismas aconteçam precisam estar acompanhados da fé


expectante, isto é, todas as vezes que formos usar os outros carismas podemos e
devemos usar a fé carismática e obviamente, sempre que o Espírito Santo nos mover.

O carisma da Fé Carismática e a palavra de Deus

● Pedro caminha sobre as águas (Mt 14, 28-29);


● Abertura do mar vermelho (Êx 14, 21-29);
● Como um grão de mostarda (Lc 17, 6);
● Tudo é possível (Mc 9, 23).

Dica para oficina

Levar todos a rezarem por uma situação pessoal, algo que para eles seja difícil
resolver em suas vidas, ou uma situação comunitária vivenciada no momento.

Pá gina 5
2. Variedade das Línguas:

... a outro, a variedade de línguas... (I Cor 12, 10)

Este dom teve pouca duração na Igreja Primitiva. Lemos em Atos 2, 1 que os
discípulos estavam reunidos orando logo após a ordem de Jesus para que esperassem em
Jerusalém o cumprimento da promessa do Pai (Atos 1, 4), o Batismo no Espírito Santo.
A Palavra diz que todos estavam no mesmo lugar inclusive Maria a mãe de Jesus
(Atos 1,14), houve então no dia de pentecostes um vento impetuoso que encheu toda a
casa onde estavam sentados, uma língua de fogo se repartiu e repousou sobre cada um
deles, então começaram a falar em outras línguas conforme a ação do Espírito Santo. Esta
manifestação foi a Variedade das línguas.

O que é carisma de línguas?

É a faculdade de rezar em alta voz num estado de exaltação (não em transe)


proferindo sons incompreensíveis, não vernáculos. É um dom de oração e louvor
(Rm 8,26).
Nosso vocabulário é limitado, por muitas vezes nos perdemos em nossa oração
porque não sabemos o que pedir nem sabemos rezar como convém, no dom de línguas
encontramos um auxílio. O Espírito Santo vem em nosso socorro com gemidos inefáveis
(algo impossível de descrever com palavras), o Espírito Santo reza em nós com gemidos
encantadores, você e eu realmente não sabemos o que estamos orando, mas o Espírito
Santo sabe, porque conhece a nossa necessidade e conhece o coração de Deus Pai.
Quando nos faltam as palavras, então recorremos ao Dom de Línguas para que a
minha oração fique mais profunda e minha intimidade com o Senhor seja mais intensa.

Qual a finalidade do dom de Línguas?

● Oração;
● Louvor;
● Intercessão;
● Auxílio para os outros dons;
● Intimidade pessoal com Deus;
● Abertura para os outros dons.

Por muitas vezes pensamos que quem ora em línguas não tem mérito nenhum,
esse dom fica, praticamente, como que invisível diante dos outros, e realmente ele é o
menor dos dons (Icor 14,5b) isso não significa menos importante, ele é a porta pela qual
nos fazemos mais abertos aos outros carismas. Muitas pessoas (sobretudo as intelectuais,
movidas mais pela razão) têm dificuldades com o dom de línguas e até duvidam de sua
autenticidade, porque esse dom desafia a nossa compreensão por ser naturalmente
complexo, por isso ao nos abrirmos a esse dom nos tornamos automaticamente mais
sensíveis aos outros carismas.
O dom das línguas exige de nós fé e simplicidade. Não é a nossa inteligência que
entra em ação e sim as palavras do Espírito Santo, as palavras são desconhecidas a nós,
no entanto o Espírito Santo as entende.

Formas de manifestação do dom de línguas

Pá gina 6
● Glossolalia (Orar em línguas e cantar em línguas)
● Júbilo (estado profundo de adoração)
● Falar em lí nonguas (mensagem);
● Xenoglossia (faculdade de falar outro idioma sem nunca tê-lo
aprendido antes).
● Falar em Línguas ( mensagem profética)

Não quis colocar aqui, propositalmente, quantas são as formas de manifestação


do dom de línguas, isso porque o Espírito Santo não é limitado e sinto que ainda não
conhecemos e nem experimentamos tudo sobre os dons, temos muito que aprender e
experimentar.
As formas mais claras da manifestação do dom de línguas são:

A glossolalia é uma oração em uma linguagem diferente, desconhecida vivenciada


em um estado de exaltação, com sons incompreensíveis, sem melodia, Usamos muito
quando estamos em intercessão, em oração de clamor e conforme o Espírito Santo
inspirar. Já o canto em línguas é manifesto com uma melodia que não foi pré-
estabelecida, oramos em uma expressão de uma cadência musical, com notas que se
sucedem improvisadamente. Geralmente usamos quando estamos em oração de louvor e
adoração.

O júbilo é uma adoração profunda de encontro da alma com o amado, é o


momento em que de fato cessam-se todas as palavras e a experiência é de que não há
mais barreiras entre céu e terra, é esse o momento em que o Espirito Santo faz nossa
alma chegar a uma intimidade intensa com o Senhor. As palavras não explicam. O Jubilo
concede a alma uma união tão intima com Deus ao ponto de se despertar sentimentos de
um antegozo do céu.

A xenoglossia, que é a faculdade de alguém orar ou falar em outro idioma sem


nunca tê-lo estudado ou aprendido. Ex.: em certa ocasião um seminarista estava orando
em línguas achou que se encontrava sozinho na capela, quando de repente entrou um de
seus professores e disse: não sabia que você falava aramaico tão bem, vamos marcar para
fazermos uma conversação. Sendo que ele (o seminarista) nem se quer sabia por onde
começava ou terminava o aramaico. (Omitiremos aqui a pessoa e o seminário)
A parapsicologia tenta explicar esse fenômeno dizendo que nossa mente tem uma
capacidade ilimitada de aprender qualquer coisa através de seu inconsciente, não duvido
dos estudos da parapsicologia, mas prefiro neste caso ficar com a Palavra. Atos 2 narra a
experiência que os discípulos tiveram com esse dom quando foram batizados pelo
Espírito Santo, o primeiro sinal que eles experimentaram da ação de Deus foi o de falar
outras línguas que nunca tinham falado antes. “... ouvindo aquele ruído, reuniu-se muita
gente e maravilhava-se de que cada um os ouvia falar em sua própria língua”. (Atos 2, 6)

Fala em línguas (profecia em línguas) É a proclamação de uma mensagem de


Deus em uma linguagem desconhecida, em nome de Deus, isto é, numa linguagem não
vernácula. A fala em línguas é semelhante e equivalente ao dom da profecia que sempre
vem em vernáculo, mas não é uma profecia, o que difere uma da outra é o uso do dom da
interpretação. A fala em línguas é um dom transitório (manifestado vez ou outra na
pessoa), assim Jesus pode se servir ora deste ora daquele. (I Cor 14, 27), contudo quem
mais estiver aberto à ação do Espírito mais será usado
Como funciona o dom de línguas?

Pá gina 7
No dom de línguas é o Espírito quem ora em nós, sem complicações e sem mágica,
não entramos em transe, por isso é preciso ter fé e humildade para recebermos o dom
(Rm 8,26). O Espírito quem ora, mas ele precisa do nosso auxílio, você se dispor de sua
boca, suas cordas vocais, sua língua. As palavras vêm sem sentido; como uma criança que
está começando a falar, é preciso que você se entregue para que o dom se manifeste.
Geralmente nos primeiros momentos de contato com o dom são poucas as palavras que
nos vêm, depois vão surgindo outras conforme a abertura de cada um para o dom.

Quem pode recebê-lo?

Todas as pessoas que estiverem abertas a ação do Espírito Santo (Atos 2,39).

Seus sinais

Geralmente as pessoas sentem um calor pelo corpo, secura na garganta, tem a


impressão que o coração vai saltar pela boca ou outros sinais que o Espírito deseje
manifestar. (Lembremos que o Espírito é que rege todas as coisas)

Onde usar este dom?

Podemos usá-lo todas as vezes que sentirmos vontade, pois o dom está submisso
a cada um de nós, contudo precisamos ter cautela e discernimento, devido muitos ainda
não estarem familiarizados com este dom, podemos acabar por escandalizar o mesmo.
Usemos o dom em nossa oração pessoal, nos grupos de oração, em missas apropriadas,
em encontros que a espiritualidade se conforme aos carismas, sempre com
discernimento ou nossa oração não produzirá frutos.

O carisma das línguas e a palavra de Deus

● Grupo de profetas na entrada da cidade de Gabaá - Eloim usando o dom de


línguas (I Sam 10, 5) - Averiguar rodapé bíblia Ave Maria
● O Espírito, como sinal de Pentecostes, faz manifestar o dom de línguas
(Atos 2, 4);
● Paulo declara abertamente que possui o dom de línguas (I Cor 14, 18).

Dica para oficina

Reze individualmente por cada um pedindo o dom das línguas. Vá dizendo a eles para
rezarem sem medo com você, e não diga a eles para repetirem o que você reza, muitos
se fecham quando usamos essa dinâmica; e, de fato, a oração em línguas não é uma
repetição do que o outro ora. Depois exercite com eles orando, cantado e deixando a
moção do Espírito Santo os conduzir.

2. Interpretação das línguas:

Pá gina 8
...a outro, por fim, a interpretação das línguas... (I Cor 12, 10c)

O que é o carisma da interpretação?

É a capacidade que alguém tem de tornar compreensível a fala em línguas. São


Paulo fala em sua carta aos Coríntios que quem fala em línguas deve pedir o dom de
interpretar, pois se só falarmos em línguas a nossa oração fica vazia, sem sentido, sem
entendimento do que Deus esta direcionando. São Paulo deixa claro pra nós que, é
preciso uma interpretação da fala em línguas (mensagem não vernácula).

Qual a sua finalidade?

Fazer com que a assembléia orante se edifique e não se perca e nem se confunda
na mensagem do Senhor.
São Paulo fala que maior é quem profetiza do que quem fala em línguas, a não ser
que este as interprete (I Cor 14,5b). A fala em liguas como já vimos não é uma oração e
sim uma mensagem não vernácula e por isso precisa de interpretação. A assembleia
precisa entender o que Deus está dizendo, diferentemente da oração em línguas, canto
em línguas que não precisa de intérprete, pois é uma oração entre nós e o Senhor.
Contudo, Deus pode querer que seja interpretado alguma oração, algum canto e por isso
a importância de estarmos sempre abertos.

Como funciona?

Em primeiro lugar, o dom da interpretação não é uma tradução, como se


pegássemos um texto em inglês ou em espanhol e o traduzíssemos para a nossa língua,
não funciona assim. A pessoa que recebe o dom de interpretação escuta a mensagem em
línguas entendendo tudo o que o Senhor deseja falar em sua língua convencional, as
palavras vão vindo ao seu coração de forma clara, em sua língua vernácula (Língua
própria de um país, língua nacional).
Após uma fala em línguas, o intérprete sente-se movido a exprimir em palavras
compreensíveis à mensagem que vem do Senhor.
O que possui o dom de interpretação das línguas percebe com clareza que as
palavras lhe vêm à mente de forma abundante, percebe um impulso, uma unção no
coração que o faz entregar-se ao carisma da interpretação .
A interpretação tem duração diferente da fala em línguas, pode ser mais longa ou
mais curta, contudo deve ser concisa e transmitida com clareza; não é entregue por
partes, como se dividisse a mensagem em pequenas falas, um pouco agora e a outra
depois, (não é mensagem de whatsapp), a mensagem deve ser entregue com todo o seu
conteúdo.
Se a assembleia estiver orando e alguém entregar uma fala em línguas no modo
xenoglossia ( em outro idioma) e houver alguém que fale aquela língua e esclarecer o que
o Senhor disse através da fala, não se pode dizer que ouve aí a interpretação mas sim
uma tradução, o que pode acontecer, pois Deus se utiliza de todos os meios. Ex.: Alguém
entrega uma fala em línguas em alemão (xenoglossia), e na assembleia tem alguém que
domina a língua alemã e diz o que o Senhor está anunciando, isso seria uma tradução e
não uma ação do dom de interpretação. A interpretação pode também ser manifestada
para compreendermos uma oração ou um canto em línguas.
Após uma oração em línguas, fiquem atentos, se houver uma fala em línguas todos
os outros se calem, após a fala em línguas o intérprete inicia a sua interpretação com voz

Pá gina 9
alta e clara; se outra pessoa receber a mesma interpretação, com a mesma fala, não precisa
repetir, diga apenas: EU CONFIRMO. Se for outra mensagem você pode proclamar e
deixe que a assembleia confirme ou não. (I Cor 14,27) (Na oficina deixe todos serem
usados pra que se aprenda)
Se depois de uma fala em línguas não houver quem interprete todos façam silêncio
e falem consigo e com Deus. (I Cor 14, 27-28)

Quem pode receber?

Todos os que desejam serem instrumentos do Espírito do Senhor. São Paulo


exorta muito quanto a pedirmos esse dom, na Igreja primitiva se usava intensamente
todos os dons, inclusive a fala em línguas, mas nos dias atuais parece que muitos não dão
tanta importância a esse dom, como se ele não tivesse mais tanta utilidade. Como
cristãos que buscam fazer a vontade de Deus pelo poder do carisma, precisamos pedir
que o Espírito Santo nos conceda, de forma extraordinária, o carisma da interpretação,
pois a mensagem do Senhor precisa ser entendida por todos.

Seus sinais

Depende muito da forma de como o Senhor deseja manifestar, alguns sentem um


calor na garganta, um batimento mais acelerado do coração ou uma paz interior muito
grande, uma certeza de que é Deus quem a conduz.

Onde usar esse carisma ?

Devemos usar o dom da interpretação todas as vezes que a fala em línguas for
manifestada e também quando houver um canto ou uma oração em línguas que o Senhor
queira que seja esclarecida à assembleia. Você perceberá a unção se esse momento
acontecer.

O dom de Interpretação e a Palavra de Deus

São Paulo não despreza o dom de línguas, mas fala claramente da importância de
pedirmos com insistência o dom de interpretá-las (I Cor 14, 13), muitas vezes não damos a
importância necessária para esse carisma; precisamos redobrar a oração para possuirmos
também esse dom.
Como vimos, precisamos deste para que a fala em línguas fique clara para nós, se
não houver quem a interprete a mensagem se perderá. No entanto podemos estar nos
perguntando, por que o Espírito nos fala em línguas se poderia nos falar em nossa língua
convencional usando apenas a palavra de profecia?
Lembremos sempre que Ele não é um Espírito de confusão, não quer nos deixar
confusos diante de nossa espiritualidade e sim realizar esses feitos exatamente para que a
nossa fé seja restaurada e para que a glória de Deus se manifeste. É mais uma forma de
demonstrar seu poder e presença para que creiamos. (I cor 14,22)

Dica para a oficina


Ore em línguas por alguns minutos e deixe que o Espírito Santo fale pela fala em línguas e
espere que o dom se manifeste nos participantes. Como é uma oficina pode deixar que
várias pessoas interpretem.

3. Carisma da Palavra de ciência ou conhecimento:

Pá gina 10
... A outro, uma palavra de ciência, por esse mesmo Espírito. (I Cor 12,8)

Diferenças

● Ciência Humana: Adquirida pelos cientistas através de estudos e pesquisas, por


ela o homem chega ao conhecimento de tratamentos para doenças, novas
tecnologias etc.
● Ciência Divina: Dom infuso recebido no sacramento da crisma que leva o cristão a
um conhecimento profundo de Deus, a valorizar a criação de Deus e a crer nas
verdades reveladas.
● Palavra de Ciência: É o dom carismático pelo qual Deus revela qual a raiz do
problema, da situação, da doença etc.

O que é o Dom da Palavra de Ciência?

É o dom pelo qual entendemos as coisas da maneira como realmente elas são.
Através deste dom, Deus comunica informações que são impossíveis de se adquirir
humanamente, pelo conhecimento natural ou pela razão.

Qual a finalidade da palavra de ciência?

A palavra de ciência tem por finalidade descobrir a raiz do mal que nos aflige, quer
seja espiritual, físico e/ou emocional, para que a pessoa experimente a cura e a
libertação, isto é, a palavra de ciência tem por finalidade levar à cura, à conversão, à
libertação, à salvação ao homem por inteiro, em todas as suas dimensões. Ela revela o
que já houve e o que está acontecendo na história da pessoa.

Como Funciona?

Costumamos dizer que a palavra de ciência é o diagnóstico. Ex.: Quando vamos ao


médico nos consultar, ele nos dá um diagnóstico da enfermidade que estamos
enfrentando; ele não vai logo passando o remédio. Assim funciona a palavra de ciência,
ela é o diagnóstico que fazemos ao atender uma pessoa, ao rezarmos por uma assembleia
reunida, ao pedirmos pela libertação de alguém etc.
Quando estamos rezando por uma pessoa e nos vem uma palavra que para nós
não tem significado nenhum ou uma imagem ou sentimento, isso é palavra de ciência.
Para nós, geralmente, a palavra de ciência não tem lógica e nada nos apresenta, porém
para a pessoa ela é sinal de cura. Ex.: Estava uma vez rezando por uma pessoa sem saber
o que estava acontecendo com ela, então a palavra que me veio foi: Junte tudo e não
venda, e uma imagem do esposo dela com vários papéis, documentos em uma mesa de
escritório, entreguei a palavra e a visualização e ela confirmou dizendo que estavam
passando por uma situação delicada na empresa deles e não sabiam se a vendiam ou não.
Outra situação aconteceu quando estava rezando em uma assembleia e o Espírito
deu a palavra de ciência através de um sentimento; comecei a sentir uma dor na coluna e
veio à palavra falta de fé e hérnia de disco. Entreguei a palavra dizendo que Deus iria
curar para que a fé desta pessoa fosse restaurada, e por um impulso coloquei a mão em
um rapaz, logo depois ele começou a chorar e em seguida testemunhou que estava
incomodado com aquela dor e sem fé, pois havia perdido o pai e adquirido aquela
enfermidade. Jesus imediatamente o curou.

Pá gina 11
A Palavra de Ciência funciona assim: vem uma palavra, uma imagem ou um
sentimento, e mesmo que este não tenha significado para você (e é bom que não tenha,
pois a revelação é para a pessoa pela qual estamos rezando), você a entrega. Se estiver
rezando por alguém individualmente, chegue próximo ao seu ouvido e transmita a
palavra de ciência, peça que ela confirme; confirmada a palavra reze pela cura desta
pessoa. Se for a uma assembleia reunida entregue a palavra para todos, aquele sobre
quem Deus estiver revelando entenderão que a palavra de ciência é para eles.
Ela é manifestada através de uma palavra propriamente dita, de uma visualização,
um sentimento, uma percepção ou moção interior.

Quem pode receber?

Também todos os que estiverem abertos e desejosos de receberem tal dom, de


ajudar as pessoas a chegarem à graça da cura em todos os níveis de sua história de vida.
Também se faz necessário que a pessoa procure ser sigilosa, pois quando usamos esse dom
estamos lidando com a história pessoal de vida dos irmãos.

Seus sinais

O sinal é a confirmação que a pessoa (que esta recebendo a oração) fará da


revelação feita e a unção que sentimos ao receber a palavra, a certeza pela Fé, de que Deus
está manifestando suas maravilhas.

Onde usar esse carisma?

Podemos usar a palavra de ciência quando estivermos rezando por alguém


individualmente, comunitariamente ou quando estivermos fazendo uma pregação. Deus
nos fala muitas palavras de ciência em nossas pregações. Recebidas tais revelações é só
entregá-las através da própria pregação com discernimento e sabedoria.
Um lembrete: a palavra de ciência libera a cura.

A palavra de ciência e a palavra de Deus

● A palavra de Jesus a Natanael (Jo 1, 47-51);


● Jesus faz uma revelação da vida da mulher samaritana ( Jo 4,16-19).

Dica para a oficina

Peça para as pessoas ficarem de dois a dois sendo que uma ora e outra recebe a
oração. Reza-se primeiro em vernáculo, depois em línguas, em seguida seja feito um
breve silêncio. Deixe que a palavra de ciência seja liberada, peça para cada uma entregar
o que recebeu de Deus para a pessoa pela qual estava rezando, por fim peça para as
pessoas que receberam a oração confirmarem ou não a palavra de ciência que lhes foram
entregue. (claro se elas quiserem).

4. Carisma da Palavra de Sabedoria

Pá gina 12
... a um é dada pelo Espírito uma palavra de sabedoria... (I Cor 12, 8)

Somente Deus é verdadeiramente sábio. (Eclo 1,1 - 5)


A palavra de sabedoria é fruto da sabedoria de Deus, pois só Ele é
verdadeiramente sábio, por ela temos acesso à sabedoria de Deus e assim podemos
descobrir a vontade Dele.
Para entendermos com mais clareza a palavra de sabedoria precisamos também
entender o que não é Carisma da palavra de sabedoria, façamos a distinção:

● Sabedoria humana: Adquirida pelos nossos esforços, nossa capacidade


intelectual. “Eu estudo tal assunto”, “faço faculdade”, ou seja, exerço a
sabedoria pelo conhecimento adquirido.
● Sabedoria Divina: Dom infuso recebido no sacramento da crisma que me
leva a aprender as realidades espirituais, à prática da vida espiritual, a ter
gosto pelas coisas de Deus.
● Palavra de Sabedoria: Dom de orientação que não depende dos nossos
méritos ou esforços próprios.

O que é palavra de sabedoria?

É um dom carismático pelo qual o Espírito Santo inspira o homem sobre como
deve ser o seu comportamento em cada situação, em cada fato ou problema; faz-nos
conhecer as verdades que antes não conhecíamos.
A palavra de sabedoria é o saber pôr em prática a palavra de ciência, isto é,
consiste em saber o que fazer da informação recebida na palavra de ciência. A palavra de
Sabedoria é a revelação da solução de um problema, não a origem e sim a solução, como
já vimos anteriormente, a origem do problema é revelada pela palavra de ciência.

Qual sua finalidade?

Para orientar, segundo Deus, a nossa vida, a vida dos irmãos e da comunidade,
levando-nos a dar um sentido novo na nossa história pessoal diante das situações
vivenciadas.

Como funciona?

A palavra de sabedoria funciona de vários modos, pela palavra propriamente dita,


através de uma visualização, através de uma moção interior ou conforme o Espírito
inspirar. Se a palavra de ciência é o diagnóstico, a palavra de sabedoria é o remédio.
Ao rezarmos individualmente por uma pessoa, após surgir a palavra de ciência,
rezamos também pedindo a palavra de sabedoria ou, às vezes, o Espírito Santo já a dá
juntamente com a palavra de ciência e você com discernimento a entrega para a pessoa
pela qual você está rezando. Ex.: Rezo para alguém, recebo uma palavra de ciência (mãos
levantadas, uma casa totalmente bagunçada), a pessoa confirma a palavra dizendo que se
lembra de seu pai esbofeteando por várias vezes a sua mãe, quebrando os moveis da
casa, e que hoje ela tem dificuldades coma figura masculina e não consegue falar de seu
pai que já faleceu. Então rezo novamente e a palavra de sabedoria é liberada através de
uma visualização: ela escrevendo uma lista de qualidades da figura masculina, separando
o que Deus criou de qualidades no homem e pela oração ir perdoando o seu pai por
aquilo que ele possuía de qualidades da figura masculina.

Pá gina 13
A palavra de sabedoria é também usada em pregação, aconselhamento, etc,
segundo a sabedoria de Deus.

Quem pode receber esse carisma?

Todos os que crêem na ação do Espírito Santo, que estejam dóceis, confiantes,
atentos para escutarem as moções de Deus.

Seus sinais?

É bom lembrarmos que os sinais nos são dados quando estamos iniciando a
experiência com os carismas, depois disso nos são tirados e precisamos então usar os
dons com fé e abandono nas mãos do Espírito Santo.
Os sinais da palavra de sabedoria são a unção e uma certeza interior muito grande
da verdade no que está sendo revelado.

Onde usar o carisma?

Em qualquer situação que o Espírito nos permitir. Se o dom de línguas precisa ser
usado com cautela, pois muitos ainda não têm conhecimento do mesmo, a palavra de
sabedoria é um pouco diferente, em uma conversa com alguém podemos usar o dom,
afinal não é necessário que digamos a ela que isso é palavra de sabedoria, podemos
orientá-la sem que ela tenha a percepção de que estamos usando o dom, ou em uma
pregação, e, é claro, com mais propriedade quando estivermos com uma assembleia e
pessoas com experiência dos carismas.

A palavra de sabedoria e a palavra de Deus

● Tu tens palavras de vida eterna (Jo 6, 67-69);


● Sentença de Salomão (I Reis 3, 16-28).

Dica para oficina

Siga o mesmo método usado com a palavra de ciência e depois de entregue a


palavra de ciência peça para também entregarem a palavra de sabedoria.

5. Carisma de Cura

Pá gina 14
...a outro, a graça de curar as doenças, no mesmo Espírito... (I Cor 12,9b)

Deus em sua infinita misericórdia não se esquece dos seus filhos que padecem nas
enfermidades, tanto do corpo quanto do espírito. Deus não deseja para nós a doença, a
experiência dolorosa dos traumas ou a nossa separação do seu infinito amor, isso são
frutos, consequências do nosso pecado: “Porque o salário do pecado é a morte, enquanto
que o dom de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6, 23).
Também podemos entender a enfermidade e os sofrimentos como sinais para a
nossa própria conversão e santificação. Porém aqui queremos partilhar não dos porquês
das enfermidades, mas sim da graça de sermos curados pelo carisma de cura.

O que é carisma de Cura?

Carisma de cura é o dom pelo qual Deus intervém curando uma enfermidade
biológica, psicológica e espiritual de uma pessoa. Para entendermos melhor como o
carisma de cura age precisamos entender que o homem é formado de corpo (nível
biológico) mente (psicológico), e espírito (relacionamento com Deus).
Quando somos acometidos por uma enfermidade como dor de cabeça, inflamação
da garganta, problemas de estômago, isto é, tudo que atinge o nosso corpo, estamos
falando de enfermidades físicas (biológico); se estamos presos a traumas, depressões,
inseguranças, rejeições, medos ,estamos falando de enfermidades interiores que atingem
o nosso psíquico, os nossos sentimentos, emoções nossa história pessoal de vida
(psicológico); se os nossos problemas são a perda de sentido da vida, a falta de fé em
Deus, a indiferença religiosa, males como contaminação, opressão, possessão, etc.
estamos falando de enfermidades espirituais (espiritual).
Pelo carisma de cura a pessoa é libertada de todos esses males.

Qual a sua finalidade?

Manifestar o amor de Deus e sua compaixão pelos seus filhos. Quando a cura não
acontece, Deus também está manifestando o seu amor, pois sabe o que realmente
precisamos para a nossa própria salvação.

Como funciona?

Alguns costumam dizer que existe o dom de cura física, o de cura interior e o de
libertação, contudo se tomamos a Palavra em I Coríntios 12 lemos assim: “a outros, a
graça de curar as doenças”, fica claro que as doenças são muitas, mas o carisma de cura é
apenas um, isto é, quem tem o dom de cura tanto ora pela enfermidade física como pela
interior e/ou espiritual, não existe separação do dom de cura ( dom de cura física, dom de
cura interior, dom de libertação. O que geralmente acontece é que a pessoa que recebe o
carisma de cura acaba por se tornar mais dóceis somente em uma dimensão do carisma.
Acabamos por não fortalecer tudo o que o dom nos oferece.
Costumamos confundir também a palavra de ciência e sabedoria com o carisma de
cura, estes irão auxiliar o carisma da cura, a pessoa pode ser dotado de palavras de
ciência e não possuir o carisma de cura. A palavra de ciência e sabedoria libera a cura,
mas não é o carisma de cura, usamos muito o carisma de palavra de ciência e sabedoria
na oração de cura interior e assim a cura é liberada.
Observe, quando alguém que possui o dom de cura está orando por uma cura
interior, entregando palavras de ciência acaba por ter mais unção do que quem entrega
as palavras de ciência sem possuir o dom.

Pá gina 15
Pois nem todo que possui carisma de ciência e sabedoria possui carisma de cura,
mas todo aquele que possui o carisma de cura e queira usa-lo em sua máxima
potencialidade necessita ter o carisma de ciência e sabedoria.
Quem possui o carisma de cura, geralmente, reza pelas pessoas e estas são curada
imediatamente pelo toque das mãos do ministro de cura, pela escuta, pela oração do pai
nosso, por alguém que toca em suas vestes, pela oração espontânea, pela sua presença
etc.
Ao atender uma pessoa individualmente procure se preparar com a leitura da
Palavra, jejum, oração, confissão etc. (Mt 17,21). Que sejam dois servos a orarem pela
pessoa, uma ore em vernáculo enquanto a outra ora suavemente em línguas, revezando
entre si; a pessoa que está recebendo a oração permaneça em silêncio e atenta ao que
Deus está realizando. Descubra qual a causa de sua enfermidade, se biológica (física),
psicológica (interior) ou espiritual isso você irá descobrir pela palavra de ciência, pela
sabedoria e pelo discernimento dos espíritos através de um diálogo estabelecido com a
pessoa. Faça uma oração de perdão (muitas enfermidades físicas têm sua raiz na falta de
perdão, nas mágoas e ressentimentos guardados no coração e nas lembranças); se for
cura física, reze pedindo a cura dos males do corpo; se for cura interior, vá com calma e
sigilo rezando e apresentando os fatos que Deus lhes mostrar.. Mais não se limite ou
engesse a graça, ao rezar peal cura interior de alguém se deixe ser usado livremente, a
formula acima é apenas para ajudar - nos a iniciar no uso do carisma (Lembre-se de
guardar sigilo das orações feitas pelas pessoas individualmente); se for uma libertação
que a pessoa necessite, faça oração de quebra de jugo hereditário, oração de quebra de
maldição, oração de renúncia, sempre peça que essa pessoa se confesse. Em alguns
casos, só com a intervenção de um padre a libertação poderá ser feita, também os casos
de possessão (que são raros), só com o padre exorcista designado pela Igreja local.
Se estiver rezando por uma assembleia pedindo a cura, seja ela física ,interior ou
espiritual, é bom também que não estejas ministrando a oração sozinha, procure ter pelo
menos uma pessoas intercedendo por você, ministrar a oração sempre na ordem do
Espírito e com discernimento deixando a ação poderosa de Deus agir livremente. E
sempre, sempre louvar e agradecer a Deus depois de uma oração realizada, tendo
recebido a cura ou não.
Observação: Na comunidade Nova Aliança por portarmos um Carisma que possui
uma espiritualidade filial que colabora com as almas para que possam se descobrir ou
redescobrir como filhos amados de Deus Pai, vivemos intensamente os dons, sobretudo
os de cura, palavra de ciência e sabedoria que se manifestam não só pela palavra
propriamente revelada, mas esta mesma se desdobra em várias outras palavras de
conhecimento que dão um sentido mais amplo para os fatos da historia pessoal de vida
de cada um. Assim gestos como abraço e acolhimento, espontaneidade e generosidade
própria do Carisma Nova Aliança contribuem para a eficácia do fruto dos dons
ministrados.

Quem pode recebê-lo?

Pá gina 16
Todos. Mais é preciso buscar sentir amor e compaixão pelos irmãos que padecem
de enfermidades.

Seus sinais

Formigamento ou calor nas mãos, sentimentos profundos de compaixão, sensação


de dor pelo seu próprio corpo e uma autoridade sobrenatural proveniente da unção que
o ministro de cura recebe do Espírito Santo.
Obs.: Acontece muito com o ministro de cura quando ele está rezando por uma
pessoa, sentir as dores e os sentimentos que a pessoa está vivenciando, quanto a isso não
se preocupe, ao entregar a palavra de ciência liberando a cura e orando pela mesma, a
dor e os sentimentos desaparecem automaticamente.

Onde usar esse carisma?

Sempre ao orar por uma pessoa individualmente, procure fazê-lo em um ambiente


tranquilo, sigiloso, se possível diante do Santíssimo, perguntar a pessoa se ela já conhece
esse carisma e os outros, se não explique rapidamente. Ao orar para uma assembleia
fazê-lo sempre em lugares onde as pessoas conheçam a espiritualidade carismática, isto
é, não vá ministrar cura em uma missa onde nem o padre, nem a assembleia estejam
abertos a essa realidade.

O carisma de cura e a palavra de Deus

● Jesus cura a sogra de Pedro (Mt 8, 14-17)


● Compaixão de Jesus pelos doentes (Mt 9, 35-38)
● A sombra de Pedro curava (At 5, 15-16)
● A expulsão de um espírito chamado Pitão (At 16, 16-18)
● A unção do enfermo (Tg 5, 14-16)

Dica para oficina

Impor as mãos nos que estejam doentes entre os participantes e orarem pedindo
a cura, ou então para os parentes que estiverem em casa enfermos. É bom também que
se ministre cura interior nos participantes depois deste momento, assim estarão mais
abertos para os carismas.

6. Palavra de Profecia

Pá gina 17
...a outro, a profecia... (I Cor 12,10)

Desde o antigo testamento, Deus se comunicava com o seu povo (Hb 1,1) e nunca
o deixou desamparado diante de sua história de salvação. Deus, sobretudo, falava ao
homem através dos profetas que por muitas vezes não eram bem aceitos, como no caso
do profeta Jeremias.
São Paulo no Novo Testamento continua incentivando os fiéis a pedirem o carisma
de profecia: “Aspirai aos dons espirituais; mas, sobretudo, ao de profecia” (I Cor 14, 1), e
ele continua a dizer: “meu desejo é que profetizeis” (I Cor 14, 5).
O profeta é aquele que fala em nome de Deus, que traz a mensagem de Deus.
Todavia se o profeta é o que transmite a mensagem, o que é a palavra de profecia?

O que é palavra de profecia?

É um dom carismático de revelação pelo qual Deus transmite sua mensagem; isto
é, a palavra de Profecia é uma mensagem de Deus para os fiéis, que nunca contradiz as
Sagradas Escritura, os dogmas e o magistério da igreja

Diferença

O que não é profecia:

● Não profecia: Passagens bíblicas, frases piedosas que lhes venham mesmo que
no momento de oração, profecias já proclamadas como: “Acontecerá nos
últimos dias, é Deus quem fala: derramarei meu Espírito sobre todo ser vivo...”
(Joel 3,1-5); Eis que estou a porta e bato( Ap 3,20) o senhor é meu pastor e
nada me faltara ( SL 22) ou ainda frases bonitas, mas sem sentido e sem
raciocínio lógico, isso não é o carisma de palavra de profecia. Reconhecemos
esta pela falta de unção e o vazio que, geralmente, fica na oração depois de
uma proclamação de uma não profecia.
● Falsa profecia: é uma mensagem diabólica, isto é, mensagem provinda do
inimigo para confundir a assembleia, acontece, geralmente, através de pessoas
que frequentaram o espiritismo e ainda não foram libertas e continuam
contaminadas. Detectamos a falsa profecia pelo mal estar, ambiente pesado e
pelas palavras que são contrárias ao que acreditamos. Ex.: Uma assembleia
estava reunida e uma pessoa proclamou uma mensagem assim: “O meu povo
tem memória curta, como eu sendo um Deus tão grande posso ficar num
pedaço de pão tão pequeno”. Chamou a assembleia de burra e tentou fazê-la
desacreditar na Santa Eucaristia. Quando acontecer a falsa profecia que é rara,
comecem a cantar músicas animadas de louvores para desviar a atenção da
falsa palavra de profecia. Reconhecemos esta pela sensação de mal estar e
ambiente pesado e sem paz
● Adivinhação do futuro: Não é uma manifestação da profecia, pois o que Deus
revela é atual, mesmo que Deus faça uma revelação do futuro é para nos
orientar e direcionar nosso caminho e não como adivinhação para nos causar
medo ou como antecipação dos acontecimentos.

Qual a finalidade da palavra de profecia?

Pá gina 18
A profecia tem a finalidade de edificar, exortar, e consolar. (I Cor 14,3)

Exemplos:
● Profecia de edificação: Filhos estou com vocês, não desanimem, pois eu
sou o vosso Deus e estou convosco, nada irá os deter, permaneçam em
mim.
● Profecia de exortação: Eu sou o vosso Deus e vos amo, mas quero que
voltem ao caminho, vocês têm tentado andar sozinhos, mas sem meu
auxílio não irão conseguir, se voltem a mim.
● Profecia de consolação: Meus amados, não os deixo só, quero lhes curar e
os tomo no meu colo, amo-vos e toco as vossas feridas, Eu estou aqui e
não os abandono.

Lembremos que, mesmo quando Deus nos exorta, Ele nunca humilha os seus filhos.

Como funciona?

Os fiéis se reúnem para a oração, louvamos em português, depois em línguas e por


fim se faz um instante de silêncio para que a palavra de profecia seja liberada. A pessoa
que sente a unção da profecia deve dizê-la em voz alta e firme, sempre na 1ª pessoa. As
palavras vão chegando à mente do profeta uma após a outra, outras vezes o Senhor nos
concede somente uma palavra que se revelará por completo só quando começarmos a
entregar a profecia (exige confiança no Senhor); o profeta então começa a profetizar e a
mensagem vai fluindo através de sua boca. Todas as vezes que houver profecias é
necessário que a assembleia confirme ou não, a confirmação pode acontecer através de
uma visualização, palavra de ciência ou outra profecia, como diz São Paulo: “quem julga a
profecia é a assembleia” (I Cor 14, 29). Se mais pessoas tiverem recebido a mesma
profecia não é necessário proclamá-la, apenas digam: Eu confirmo! Contudo, se for outra
palavra de profecia então a proclame, mas que não sejam mais de três. Após as
confirmações, louvem glorificando a Deus pela profecia recebida. (I Cor 14,29-32)
Deus, ao usar um profeta, não deixa de lado a sua identidade, isto é, o profeta não
precisa mudar o seu jeito de falar para profetizar, seja um médico, um intelectual, um
pedreiro, uma professora de português ou um analfabeto, o Senhor irá se utilizar de sua
própria identidade linguística.
A profecia pode ser manifestada também através de um sonho, como acontecia
com José do Egito. Neste caso a pessoa pode não possuir o dom da palavra de profecia.
Nem todo sonho é profecia, mas Deus também se serve dos nossos sonhos para falar
conosco. Quando um sonho é profético, normalmente, nos lembramos dele por inteiro,
acontece, geralmente, pela madrugada e não é confuso como costumam ser,
Para ficar claro: sonhos podem ser profecias, mais não é Carisma da palavra de
profecia.(I Cor 12,28) – Ler rodapé da bíblia Ave Maria

Quem pode recebê-lo?

Todos os que crêem na profecia como um carisma do Espírito Santo, que confiam
na sagrada escritura e estejam abertos ao carisma. (I Cor 14, 31)

Seus Sinais:

Pá gina 19
Unção, sensação de que Deus quer falar, palpitação como se o coração quisesse
sair pela boca, garganta seca, calor pelo corpo, sensação de boca e lábios inchandos, ou
conforme o Espírito deseje manifestar.

Onde usar esse carisma?

Sobretudo nos ambientes propícios ao uso dos carismas (grupos de orações,


encontros, retiros etc.) Onde as pessoas já conheçam a espiritualidade dos carismas.
Evitemos usar esse carisma onde as pessoas não tenham contato com ele, queremos
ministrar os carismas e não escandalizar a igreja. O espírito dos profetas deve estar-lhes
submisso, porquanto Deus não é Deus de confusão, mas de paz (I Cor 14, 32 e 33).

A palavra de Profecia e a palavra de Deus

● Visão de Pedro e a palavra que lhe é comunicada (At 10, 9ss);


● Visão de Ananias (At 9,10-16 );
● A profecia manifestada a Ezequiel (Eze 2, 4-5).
● Nada Temas, pois eu te resgato (Isaias 43,1-6)

Dica para a oficina

Depois de clamarem o dom da profecia, orem em línguas, silenciem e deixem que


o Senhor se manifeste, sempre peçam as pessoas para confirmarem se foi ou não uma
profecia. Caso ninguém se abra à profecia, insista um pouco mais no clamor e na oração
em línguas.

7. Carisma de Milagres

...a outro, o dom de milagres... (I Cor 12,10)

Pá gina 20
Às vezes, penso que as palavras falham ao falarmos do dom de milagres, sinto que
ainda não somos acostumados com esse dom e muitos de nós ainda nos achamos
incapazes de recebê-lo, falta-nos fé e amor para acolhê-lo, penso que por essa razão
poucos possuem esse carisma.
Por não estarmos habituados com os milagres, ficamos limitados ao falarmos
deles, pois vamos descobrindo o carisma à medida que estamos experienciando cada um
deles, contudo vamos aqui testemunhar alguns milagres para que o desejo de nos
abrirmos a esse dom flua no nosso coração.

O que é o carisma de milagres?

É o poder de Deus manifestado no meio do povo, um fenômeno sobrenatural que


contraria as leis da natureza e desafia a lógica.

Diferença entre milagre e cura

● Cura: Quando somos curados pela oração sobre algo que poderíamos
também ser curados através da medicina (cirurgia, remédios, repouso,
tratamentos etc.), isto é, quando o Senhor acelera o processo de cura.

● Milagres: É a intervenção de Deus tocando em alguém sobre algo que


nenhuma ciência poderia realizar. Ex.: Uma pessoa possui o vírus HIV, ou
um tipo de câncer, ou é portadora de paralisia e é curada imediatamente
pela oração.

Contudo, o carisma de milagres não se limita só ao corpo humano, ele também


age intervindo na lei natural das coisas e em fatos simples, mas que seria impossível a
alguém realizar. Ex.: (II Rs 4, 38-41); (II Rs 2, 19-22).
No ano de 1998, fomos como Comunidade Nova Aliança realizar uma missão
popular na cidade de Bady Bassitt, Deus em sua misericórdia agiu com tanto poder que
muitos milagres aconteceram nesta semana missionária, não possuo o carisma de
milagres, mas presenciei a mão poderosa de Deus agindo no nosso meio.
Meu irmão Ronaldo (já falecido) e eu após entrarmos em uma casa e anunciarmos
a Palavra, rezamos para os que estavam doentes naquela casa, nos apresentaram um
senhor que estava a algum tempo impedido de andar devido a uma enfermidade nas
pernas e sem um diagnostico preciso da medicina (os médicos não conseguiam
reconhecer a doença) rezamos, tocando no irmão enfermo, pedimos a graça do Senhor e
fomos embora, mas tarde sua mulher nos procurou testemunhando que ele estava
andando pelo poder de Deus que havia intervindo na vida daquele homem.
Em outra situação, fomos chamados a rezar para um senhor de idade que estava
todo paralisado em uma cama, não se movia, não andava, não falava, nem balbuciava
nada, rezamos por ele com muita compaixão e fé, crendo no poder do carisma de
milagres, na mesma hora aquele homem começou a mexer a cabeça. Depois recebemos a
noticia que ele se recuperara pela intervenção poderosa de Deus.

Qual sua finalidade?

Pá gina 21
Manifestar a glória de Deus, levando o homem a crescer em sua Fé nas maravilhas
de Deus.
Quando contemplamos os milagres de Deus realizados por Jesus, pela ação do
Espírito Santo, ficamos maravilhados e recordamos que o nosso Senhor é o único capaz de
realizar o impossível. (Mt 15,29-31) (Lc 18,35- 43); (Jo 11,40-44); (Jo, 20,31);

Como funciona?

Na palavra de Deus, os milagres eram também chamados de sinais, prodígios,


maravilhas.Vemos que eles sempre aconteciam num ambiente de amor, fé e misericórdia,
daí para exercemos o carisma de milagre é preciso também exercer o amor, a fé e a
misericórdia, e tudo isso parte da pregação da Palavra.
Se não cremos, se nos falta o amor e a misericórdia para com o sofrimento do
outro será difícil que contemplemos o carisma de milagres, porém não será impossível se
nos deixarmos contagiar pela fé, pelo amor e misericórdia vindos do coração de Jesus.
Ao rezar pedindo um milagre, anuncie a Palavra, leve os participantes a crerem
que Jesus hoje pode realizar os mesmos milagres realizados na história do povo de Deus e
crie um ambiente de profundo amor e misericórdia para que os participantes estejam
sensíveis à presença poderosa de Deus.

Quem pode receber?

Em Atos dos Apóstolos vemos a narração da cura de um coxo que padecia desde o
seu nascimento, onde Pedro diz que não tem ouro e nem prata, mas tudo o que tem lhe
dá, e encerra dizendo: Em nome de Jesus levanta-te e anda (atos 3,1-10). Isto significa
que precisamos ser vazios de nós mesmos, sem orgulho, sem egoísmo. É preciso ter um
coração humilde e crente, lembrarmos sempre que somos meros canais e quem realiza o
prodígio é Deus. Também precisamos ser pessoas orantes e íntimas de Deus com um
profundo amor por Deus e pelas almas.

Seus sinais

A unção e certeza de que Deus está operando o milagre desejado.

Onde usar esse carisma?

Em qualquer lugar que Deus queira se manifestar. Quem realiza o milagre é o


nosso Senhor, então basta estarmos atentos para entendermos quando Ele quiser agir
manifestando seus sinais.
Neste carisma contemplamos uma diferença dos outros carismas, pois nos outros
carismas somos um instrumento visível, por isso é preciso ter cautela, já no carisma de
Milagres nem sempre Deus usa diretamente de nós como Pedro (Atos 5, 15) e Paulo (Atos
19, 11-12), neste carisma somos coadjuvantes, pois muitas vezes o milagre acontece
apenas com nossa presença, ou sem ela, independentemente da nossa oração ou
intercessão, por isso, só Deus sabe quando será manifestado o uso desse carisma.

O carisma de milagres e a palavra de Deus

Pá gina 22
● Multiplicação dos pães (II Rs 4,42-44);
● A oração de Elias faz chover (I Rs 18,41 - 45);
● O milagre do machado (II Rs 6, 1-7);
● Tempestade acalmada (Lc 8,22-24);
● Ressurreição de uma mulher em Jope (Atos 9,36-43);
● Os panos e os lenços (Atos 19,11-12).

Dicas para oficina

Convidem todos a orarem por uma situação impossível, de alguém que esteja
participando do encontro ou outra situação comunitária.

8. Carisma do Discernimento dos espíritos

Pá gina 23
...a outro, o discernimento dos espíritos... (I Cor 12, 10b)

Este também é um carisma de revelação. O próprio nome já nos releva um pouco


sobre ele. Existem três espíritos que agem:

● O Espírito Santo;
● O espírito maligno;
● O espírito humano.

O Espírito Santo está sempre agindo em nós à medida que nos abrimos, mas, por
muitas vezes, também quem age é o demônio que sempre está tentando imitar a Deus
em outras vezes, a nossa própria humanidade é que tenta fazer o papel do Espírito Santo.
Por isso necessitamos do carisma do discernimento dos espíritos.

O que é o carisma do discernimento dos espíritos?

A palavra discernimento vem da língua grega ‘diacrisis’ que quer dizer: distinguir
entre coisas diversas e contrárias. Discernimento dos espíritos é o dom pelo qual eu
posso distinguir, separar, examinar e perceber quem está agindo, se é o Espírito Santo, o
demônio ou a própria pessoa.

O que não é dom de discernimento dos espíritos?

● Discernimento natural: Existe em nós o discernimento natural ou comum


(bom senso), por ele sabemos como devemos nos comportar, pensar ou
agir de forma adequada. Ex.: Sei como devo me portar na igreja, no
tribunal ou na praia. Sei separar que tipo de livro é adequado para uma
criança e o que é para adultos etc.

● Discernimento científico: É aquele que provém das conclusões científicas.

● Discernimento doutrinal: Trata-se do discernimento que a Palavra de Deus


e o magistério da Igreja nos oferecem em seus documentos, orientações
pastorais, etc. Esse discernimento me faz reconhecer a voz do pastor e
assim não cair na armadilha de falsas doutrinas.

Qual a finalidade desse carisma?

Ajudar a nos proteger de erros doutrinais levando-nos a um diagnóstico correto da


ação de Deus, evitando o fracasso da comunidade. Sendo assim chamamos esse carisma
de protetor dos dons.

Como funciona?

Pá gina 24
Em primeiro lugar ele age pela vida intensa de oração. Discernir é ter clareza de
onde parte a fonte de ação manifestada e isso só o Espírito Santo pode fazer, veja como é
simples e direto:

● Quando é uma ação meramente humana, a manifestação acontece com ações


que são baseadas em sua natureza humana tais como: orgulho; absoluto;
vaidade; querer ter o que não lhe é necessário; decisões baseadas no que vê e
ouve sem ter certeza dos fatos (impulso). Quando a ação é humana gera um
sentimento de vazio.
● Quando é uma ação demoníaca, a manifestação gira em torno de destruição
(corpo, alma e espírito do homem) alterando o comportamento e o aspecto
físico, mental e emocional. Quando a ação é demoníaca gera um mal estar,
sentimentos de confusão, inquietação etc.
● Quando é o Espírito de Deus que age, a sua ação é de restauração daquilo que
o homem por seu atos ou satanás por suas ações destruíram no ser humano.
Só o Espírito de Deus pode reconstruir o que foi destruído e fazer novas todas
as coisas. Quando a ação é do Espírito Santo gera paz, tranquilidade,
satisfação espiritual, alegria, etc.

Isto é o discernimento dos espíritos, funciona como uma percepção que temos nas
situações, percepção clara de onde parte a ação.

Quem pode receber?

Sem exceção todas as pessoas que querem servir a Deus com equilíbrio,
maturidade e em comunhão com a Igreja e os ensinamentos de nosso Senhor Jesus.
Quem é batizado, que tenha vida sacramental, vida de oração, de louvor, uma intimidade
com Deus e sua Palavra e, é claro, esteja inteiramente aberta a ação do Espírito Santo.
Santa Teresa D’Ávila diz que quando oramos nos tornamos tão sensíveis ao
discernimento dos espíritos que qualquer alfinetada, por menor que seja, é percebida e
discernida imediatamente por nós.

Seus sinais

Geralmente as pessoas que possuem o dom do discernimento, quando estão em


oração (ministrando ou rezando particularmente), seus olhos começam a tremer muito,
exatamente na região das pálpebras, isso porque o dom do discernimento abre a nossa
visão para o mundo espiritual, fazendo nossa visão espiritual precisa e aguçada.
(lembremos, os sinais acontecem geralmente no inicio da caminhada do uso dos dons)

Onde usar esse carisma?

Em todas as situações de nossa vida, mas, sobretudo nos grupos de oração,


encontros de espiritualidade, atendimento de pessoas em oração etc. E sempre quando
os outros dons estiverem se manifestando.

Carisma do discernimento dos espíritos e a palavra de Deus

Pá gina 25
● Astúcia de Ananias e Safira (Atos 5, 1-4);
● A moça com espírito de Pitão (Atos 16,16-18);
● Procurar a vontade de Deus (Efésios 5,17).

Dica para oficina


Faça um grupo de oração exercitando todos os carismas já vistos, depois vá pedindo para
assembleia ir discernindo o que foi ou não de Deus. (Ou somente peça o Carisma)

Dicas para a preparação do encontro

Pá gina 26
Vemos que, por muitas vezes, os fiéis fazem encontros sobre os dons, mas
geralmente saem com dúvidas e sem experimentar nenhum destes ou quase nada; não é
que uma pessoa tenha que sair de uma experiência de oração com todos os dons que São
Paulo lista em I Coríntios 12, mas o fiel precisa sair com no mínimo um dom recebido, se
não vale a pena nos questionarmos se a didática que estamos usando tem sido eficaz.
Por isso quero partilhar com você o que fui percebendo em minha experiência nos
encontros sobre dons, àquilo que foi dando certo. Fica aqui a dica, mas espero que o
Espírito Santo nos inspire sempre para outros caminhos que nos façam entender com
mais clareza e rapidez os carismas para que a glória, os milagres, os portentos e prodígios
de Deus sejam manifestados em nosso meio.
O objetivo dos encontros sobre Carismas é o de levar as pessoas a uma
experiência profunda com o Espírito Santo, sobretudo com os Dons, para tal é necessário
uma linguagem clara, objetiva e fundamentada na palavra de Deus, além de experiências
pessoais que o próprio Espírito Santo vai concedendo àqueles que se abrem à sua ação.
Muitos chamam esses encontros de SVE II (Seminário de Vida no Espírito),
encontros de dons, experiência com os carismas, oficinas de dons etc. Enfim, o nome não
importa, o importante é o conteúdo e a unção que jamais pode faltar.

Passos para os encontros:

● Preparar-se: no mínimo 15 dias antes da data do encontro com orações e


clamores;
● Quem pode fazer o encontro: Pessoas que já tenham tido a experiência do
batismo no Espírito Santo, seja em um SVE I, uma experiência de oração,
acampamentos etc. O importante é a efusão pessoal de cada um;
● Tempo de duração do encontro: Pode ser três dias ou, se for semanalmente,
que seja ministrado um dom por vez com tempo apropriado para cada oficina;
● Tempo de duração dos ensinos: 40 a 45 minutos, no máximo, com exceção da
primeira que não é um ensino e sim uma pregação (para reavivar a graça do
batismo no Espírito Santo), essa pode durar um pouco mais;
● Como ministrar os ensinos: Lembremos que não é pregação e sim ensino e
estes precisam ser curtos, claros, diretos, objetivos (o que é, como funciona,
sua finalidade, quem pode receber, seus sinais etc.) e com testemunhos do
carisma ensinado, seja pessoal ou de outra pessoa, mas é preciso sempre
testemunhar. Não se estenda no ensino, pois é na oficina que as dúvidas são
sanadas.
● A única pregação é a primeira “A promessa é para você”, fazendo com que os
participantes tenham novamente uma experiência de batismo no Espirito
Santo e bem como apresentar a diferença entre Carisma e Dons citados na
página 2.
Esse encontro é mais uma experiência de oração/conhecimento do que
conhecimento/oração, isto é, na vivência do carisma que o conhecimento vai
surgindo;
● Oficina: O próprio nome já diz, é aonde vamos “consertando as coisas”,
colocando tudo em seu lugar, é na oficina dos dons que nos abrimos para uma
experiência profunda dos carismas e um conhecimento mais alargado de como
podemos usar os mesmos.

Com funciona a oficina?

Pá gina 27
Não existe uma técnica ou formas fixas para a recepção dos carismas, depende
muito da abertura de cada um, mas existem algumas didáticas que nos auxiliam para essa
abertura. É simples, precisamos apenas nos deixar sermos usados pelo Espírito com
discernimento, é claro.

● Comece cantando uma música ao Espírito, levando os participantes a cantar


também. Cante até sentir que a unção já está presente;
● Se notar um fechamento de coração, faça uma oração de perdão ou, se
necessário for, uma oração de renúncia;
● Reze pedindo em primeiro lugar o Espírito Santo;
● Peça agora ao Espírito Santo que derrame sobre os participantes o dom
ministrado e leve-os a também pedirem (é sempre oportuno fazer com que os
participantes peçam, rezem e clamem, e não só o ministro do momento);
● Depois de um bom tempo de oração comece a treinar o dom ministrado (cada
um será exercitado de uma forma diferente), neste momento não se iniba em,
às vezes, parar a oração para explicar e corrigir com caridade, mas com
verdade, a oficina serve para isso. Sempre pergunte aos participantes quais as
dúvidas de cada um e o que eles acham que está certo ou errado, assim você
poderá reorientá-los e ir descobrindo até que ponto eles já possuem o dom do
discernimento;
● Após ter exercitado o carisma leve os participantes a louvarem a Deus pelo
dom recebido, procurando sempre fazer com que eles rendam o seu
agradecimento a Deus e ao Espírito Santo com suas próprias palavras;
● Peça para que aqueles que se sentirem livres testemunhar o que sentiram
quais os sinais que experimentaram e se foram agraciados com o carisma
ministrado.

Procure sempre encorajar os participantes a se abrirem para os carismas,


sobretudo na oficina, pois muitos ficam com medo de errar, passar vergonha etc. Busque
deixá-los conscientes de que podemos errar e que a oficina é exatamente realizada para
errarmos menos depois.

Seqüência das pregações:

1º - A promessa é pra você (oração de efusão/ avivamento)


2º - Dom da fé
3º - Variedade das línguas e interpretação
4º - Palavra de ciência e sabedoria
5º - Dom de cura
6º - Palavra de profecia
7º - Dom de milagres
8º - Discernimento dos Espíritos

Pá gina 28
● Lembrado que nesse encontro existe muita intimidade com o Espirito Santo. Se
quisermos formar novos evangelizadores que preguem e sua pregação seja
confirmada pelos carismas, precisamos ensinar sobre os dons. É preciso fazer
acontecer à oficina (orar pedindo o Espírito, pedir os dons e colocá-los em
pratica para que os participantes entendam como funciona cada um).

● O texto a seguir não é uma pregação para o encontro, é apenas para reflexão.
Isso não impede de citá-lo em uma oração ou exortação.

O dom maior!!!

A palavra de Deus em I Coríntios 13 diz que se não tiver amor de nada valeria, essa
é uma verdade absoluta, pois não se pode exercer os dons se não for por amor. São Paulo
fala que posso ter todos os dons naturais, sobrenaturais, conhecer toda ciência, mas nada
disto adiantará se me falta o amor.
Pense comigo, imagine se o Espírito Santo te conceder o dom de milagres, por
exemplo? O que iria acontecer com você no primeiro instante em que se manifestasse um
milagre? Isso mesmo, as pessoas se aglomerariam ao seu redor, e se não houver amor
para acolher essa realidade de nada servirá o seu dom, você pode até realizar grandes
prodígios, mas se falta o amor para com as pessoas que Deus te enviar de nada adiantará.
Se recebermos os dons, mas não tivemos amor no coração como vamos
administrar tais dons? Deus envia as pessoas, mas se não queremos acolhê-las; somos
chamados a determinados encontros, retiros, formações, mas se ficamos parados em
nosso comodismo, como querer ser instrumento de Deus sem amor?
Corremos ainda o risco de virarmos estrelas e não instrumentos, podemos até
exercer os dons, mas será ineficaz, seremos como o bronze que soa e como o címbalo que
retine.
É necessário pedir o dom do amor, São Paulo diz que esse é o caminho mais
excelente, isso quer dizer que os dons são excelentes, mas o mais importante é o dom do
amor e, de fato, o melhor. Parece ficar claro então que, se eu não possuísse nenhum
dom, mas tivesse amor em meu coração isso me faria chegar ao céu. Não quer dizer que
os dons não têm importância, que não é preciso pedi-los e exercermos para o bem da
comunidade, não é isso, como vimos os carismas são excelentes, mas é preciso recorrer
acima de tudo ao amor. Tudo se acabará, tudo cessará tudo findará, não restarão curas,
nem milagres, nem palavra de ciência ou sabedoria, nenhum dom, só o amor subsistirá.
Amado (a) irmão (a), somos chamados a exercer um apostolado dinâmico e
ardoroso, como o apostolado de nosso Senhor Jesus. Somos convocados por Ele a
deixarmos que a efusão do Espírito Santo manifeste todos os carismas que se fizerem
necessário para que a nossa pregação seja acompanhada pelas graças do Pai, contudo
somos chamados principalmente a deixar que o amor seja a nossa vida, nosso ideal, nosso
principal objetivo, nosso caminho excelente.
Se creres, verás a glória de Deus e farás obras maiores que as de Jesus, mas não se
esqueça de que a maior obra dele foi dar a vida por amor à humanidade.

E você está disposto a isso?

Pá gina 29
Palavra da Igreja

... É nesse sentido que se faz sempre necessário o discernimento dos carismas.
Nenhum carisma dispensa da reverência e da submissão aos pastores da igreja. A eles, em
especial, cabe não extinguir o Espírito, mas provar o que é bom, a fim de que todos
cooperem em sua diversidade e complementaridade, para o “bem comum”. (CIC, 801)

Pá gina 30

Você também pode gostar