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Convergência das redes de computadores

Apresentação
As telecomunicações vêm evoluindo rapidamente desde a invenção do telégrafo e do telefone.
Além disso, a rede mundial de computadores (internet) tem se popularizado, devido a uma maior
facilidade de acesso e maior disponibilidade de serviços.

A digitalização das linhas telefônicas e as novas tecnologias utilizadas nas redes de computadores
possibilitam a convergência desses serviços, permitindo inovação nas formas de se comunicar e
oferta de serviços para os usuários. As redes NGN (Next Generation Networking) apresentam uma
evolução na arquitetura de redes, permitindo que voz, mídia (áudio, vídeo, etc.) e dados sejam
transportados na mesma rede com base no protocolo IP (Internet Protocol).

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai ver a evolução das redes de telecomunicação até a
arquitetura NGN e as características das redes de computadores convergentes, além de analisar as
redes NGN.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir redes de computadores convergentes.


• Descrever a evolução das redes de telecomunicação até a arquitetura NGN.
• Analisar as características da arquitetura NGN.
Infográfico
A constante evolução das redes de telecomunicação permite a convergência de diferentes tipos de
aplicações (telefonia, acesso à internet, transmissão de diferentes tipos de informação, como voz,
dados e mídia) em uma infraestrutura única com a arquitetura NGN (Next Generation
Network), tecnologia baseada no protocolo IP.

No Infográfico a seguir, você vai ver a história e a evolução das redes de computadores até a
arquitetura NGN.
Aponte a câmera para o
código e acesse o link do
conteúdo ou clique no
código para acessar.
Conteúdo do livro
Atualmente, pode-se dizer que o mundo está interconectado. A cada dia, a comunicação se torna
mais fácil, a disponibilidade de diferentes tipos de dispositivos conectados à internet aumenta e
distâncias são diminuídas, graças à evolução nas redes de telecomunicação.

No capítulo Convergência das redes de computadores, da obra Redes convergentes, base teórica
desta Unidade de Aprendizagem, você vai ver a evolução das redes de telecomunicação e
as características das redes convergentes, além de analisar as redes NGN.

Boa leitura.
REDES
CONVERGENTES

Lídia Patrícia Cruz Silva


Convergência das redes
de computadores
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Definir redes de computadores convergentes.


„„ Descrever a evolução das redes de telecomunicações até a arquitetura
NGN.
„„ Analisar as características da arquitetura NGN.

Introdução
Os serviços de telecomunicações vêm evoluindo e sendo disseminados
ao ponto de ser quase impossível imaginar a vida sem eles. As redes de
telecomunicações passam constantemente por inovações e transfor-
mações tecnológicas, a fim de acompanhar a demanda de diferentes
tipos de usuários.
A transmissão de dados, voz, imagens e vídeos é feita por cabos me-
tálicos, pelo ar ou por fibras óticas. As redes utilizam diversas tecnologias
para integrar esses diferentes tipos de informações, as quais convergem
em uma infraestrutura única.
Neste capítulo, você estudará sobre a evolução das redes de telecomu-
nicações. Além disso, conhecerá as redes de computadores convergentes
e as características relacionadas à arquitetura NGN.

1 Redes de computadores convergentes


Antigamente, as redes de telecomunicações eram divididas por tipo de serviço
oferecido. Por exemplo, as redes de telefonia fixa, telefonia móvel, internet
e televisão só conseguiam oferecer os respectivos serviços. Todavia, com a
evolução das tecnologias nas redes de telecomunicações, percebeu-se que unir
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diferentes tipos de comunicação e serviços em uma infraestrutura única seria


interessante, pois a quantidade de serviços ofertados aos usuários seria maior.
As redes atuais foram idealizadas para realizar comunicação dispositivo a
dispositivo, pois a forma de identificá-los na rede é baseada em endereçamento
IP (Internet Protocol; ou protocolo de internet, em português). Quando um
usuário requisita um serviço, ele é resolvido por camadas mais elevadas na
arquitetura TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet Protocol; ou
protocolo de controle de transmissão/protocolo de internet, em português),
um conjunto de protocolos dispostos em hierarquia, compostos por módulos
interativos, cada um com funcionalidade específica (FOROUZAN, 2013).
As redes convergentes devem ser centradas em serviços, e não em dispositivos.
A cada dia, mais tipos de dispositivos se conectam à internet, com maiores
capacidades de processamento. Com esse aumento na quantidade de dispositi-
vos conectados, a rede deve agir com autonomia, com o mínimo de interferência
humana e com capacidade de adquirir conhecimento de forma eficaz e correta.
A Figura 1, a seguir, apresenta um exemplo de rede convergente, com diversos
serviços sendo transportados em uma única rede.

Figura 1. Rede convergente.


Fonte: Cisco Networking Academy ([2020?], documento on-line).
Convergência das redes de computadores 3

De acordo com Carneiro (2018), nas redes de computadores convergentes,


dados, voz, imagem e vídeos trafegam em uma rede integrada. Dessa forma,
a infraestrutura torna-se mais segura e tem seu gerenciamento otimizado,
o que facilita a criação de políticas de uso de recursos disponíveis, amplia a
quantidade de serviços oferecidos e reduz gastos.
As principais características que as redes convergentes devem possuir são
listadas a seguir.

„„ Heterogeneidade: em uma rede convergente, diferentes tipos de dis-


positivos e serviços devem ser capazes de utilizar os recursos dessa
rede para a transmissão de dados por meio dos protocolos disponíveis.
„„ Escalabilidade: as redes convergentes devem ter a capacidade de au-
mentar o número de dispositivos conectados e serviços ofertados sem
que a qualidade desses serviços diminua.
„„ Interoperabilidade: diferentes tipos de dispositivos ligados a uma rede
convergente devem ser capazes de se comunicar e possibilitar a oferta
de diferentes serviços utilizando os protocolos disponíveis. Além disso,
as redes convergentes devem ser capazes de se comunicar com as redes
de serviços exclusivos já existentes.
„„ Segurança e privacidade: com o aumento do número de dispositivos
conectados, os fatores de segurança e privacidade devem ser implemen-
tados nas redes convergentes, tornando o transporte e a transmissão
dos dados difíceis de serem interceptados por pessoas não autorizadas.
Contudo, esses fatores não devem interferir na qualidade dos serviços
ofertados pela rede.
„„ Autonomicidade: funcionalidade de qualquer dispositivo em uma
rede convergente para coleta de dados, processamento de contexto,
colaboração com outros dispositivos da rede e tomada de decisão.
„„ Mobilidade: as redes convergentes devem permitir que diferentes
dispositivos tenham mobilidade no tráfego dos diversos tipos dados
e serviços.
„„ Disponibilidade: todos os serviços de uma rede convergente devem
estar disponíveis para oferta aos usuários.
4 Convergência das redes de computadores

Essas características das redes convergentes possibilitam que diferentes


tipos de dispositivos e serviços utilizem a mesma estrutura em uma rede
única. A evolução das redes de telecomunicações tem proporcionado essa
convergência. É importante observar essa evolução para compreender por que
as redes convergentes possibilitam essas modificações nas redes, ampliando
a quantidade de serviços a serem disponibilizados para os usuários.

2 A evolução das redes de telecomunicações


até a arquitetura NGN
Desde a criação do telégrafo e do telefone, as telecomunicações passaram por
uma evolução constante, com novas tecnologias sendo testadas e implementadas
para a promoção de mais serviços, com mais qualidade e maior velocidade
para usuários.
A comutação de pacotes começou a ser inventada por três grupos de pes-
quisa distintos ao redor do mundo, como alternativa eficiente à comutação de
circuitos. Leonard Kleinrock utilizou a teoria de filas e demonstrou a eficácia
da comutação de pacotes para fontes de tráfego em rajadas. Em 1964, Paul
Baran investigou a utilização da comutação de pacotes para transmitir vozes
nas redes militares. Nesse mesmo ano, Donald Davies e Roger Scantlebury
desenvolviam ideias sobre a comutação de pacotes na Inglaterra. Esses três
trabalhos foram a base da internet atual.
No programa de ciência de computadores da Advanced Research Projects
Agency (ARPA), foi publicado um plano geral para a Advanced Research
Projects Agency Network (ARPANET), a primeira rede de computadores por
comutação de pacotes. Os primeiros comutadores de pacotes foram os IMPs
(Interface Message Processor; ou Interface do Processador de Mensagens,
em português), que permitiam a comunicação entre computadores de forma
remota. Em 1972, a ARPANET foi apresentada publicamente, e o primeiro
protocolo fim a fim, conhecido como NCP (Network-Control Protocol; ou
Protocolo de Controle de Rede, em português), estava concluído, permitindo
a escrita de aplicações. Assim, Ray Tomlinson criou o primeiro programa de
troca de e-mails.
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Muitas redes foram criadas com base na ARPANET entre 1972 e 1980,
como ALOHAnet, Telnet e Cyclades. No entanto, essas redes não conseguiam
se comunicar, pois, para isso, precisariam estar ligadas a um IMP da mesma
rede. A Defense Advanced Research Projects Agency (DARPA) foi pioneira
nessa interconexão de redes, pois criou uma rede de redes, sob o nome de
internetting. Além disso, a DARPA introduziu o conceito de arquitetura de
rede de computadores, em que as redes são divididas por camadas, e cada
camada tem funções e tarefas para realizar a comunicação entre computadores
distintos (KUROSE; ROSS, 2010). A rede Arpa foi a primeira a introduzir o
conceito de protocolos de transporte, com a elaboração de mecanismos para
roteamento, fluxo e confiabilidade na comutação de pacotes. Ela também
desenvolveu o conjunto de protocolos que formaram o TCP/IP, que chegou à
sua forma atual em 1978.
Em janeiro de 1983, o TCP/IP foi adotado oficialmente como padrão
de protocolo para Arpanet, substituindo o NCP. A partir de então, todas as
máquinas que desejassem se conectar em rede deveriam adotar o TCP/IP.
A arquitetura TCP/IP é dividida em cinco camadas:

1. Camada de aplicação: especifica como duas aplicações interagem


quando se comunicam. Os protocolos dessa camada especificam de-
talhes do formato e o significado das mensagens que as aplicações
podem trocar, além dos procedimentos que devem ser seguidos durante
a comunicação.
2. Camada de transporte: viabiliza a comunicação de uma aplicação em
um computador com a aplicação em outro computador. Essa camada
especifica o controle da taxa máxima que um receptor pode aceitar, os
mecanismos para evitar congestionamento de rede e as técnicas para
garantir que todos os dados serão recebidos na ordem correta.
3. Camada de rede: especifica a comunicação entre dois dispositivos
por meio da internet. Essa camada é responsável pela estrutura de
endereçamento da internet, pelo formato dos pacotes, pelo método para
dividir um grande pacote em tamanhos menores para serem transmitidos
e pelos mecanismos para relatar erros.
4. Camada de enlace: especifica os detalhes relacionados à comunicação
sobre uma rede simples e a interface entre o hardware da rede e a camada
de rede. Essa camada tem a função de especificar endereços de rede,
o tamanho máximo do pacote que a rede pode suportar, os protocolos
utilizados para acessar o meio e o endereçamento de hardware.
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5. Camada física: especifica os detalhes sobre o meio de transmissão e


o hardware associado. Essa camada tem a função de especificar pro-
priedades elétricas, frequências de rádio e sinalização (COMER, 2016).

A Figura 2, a seguir, apresenta as camadas dessa arquitetura.

Destino

Mensagem M Aplicação
Segmento H M Transporte
Datagrama H n H M Rede
Quadro H l H n H M Enlace
Físico
H l Hn H M Enlace H l Hn H M
Físico

Computador de
camada de enlace

Roteador
Origem

M Aplicação
H M Transporte Hn H M Rede Hn H M
Hn H M Rede H l Hn H M Enlace H l Hn H M
H l Hn H M Enlace Físico
Físico

Figura 2. Modelo TCP/IP.


Fonte: Adaptada de Kurose e Ross (2010).

Entre os anos de 1980 e 1990, houve um grande crescimento no número


de máquinas conectadas à internet pública. A década de 90 foi marcada por
vários eventos que contribuíram para uma “explosão” da internet. O principal
evento dessa década foi o surgimento da World Wide Web (WWW), que levou
a internet para casas e empresas de milhões de pessoas no mundo inteiro.
A web serviu como plataforma para habilitação e disponibilização de inúme-
ras aplicações, incluindo negociação de ações e serviços bancários on-line e
serviços multimídia em tempo real.
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A web foi inventada por Tim Berners-Lee no Centro Europeu para Física
Nuclear (CERN) entre 1989 e 1991. Foram desenvolvidas versões iniciais
de HTML, HTTP, um servidor para a web e um navegador. O Mosaic foi o
primeiro navegador com interface gráfica, o que facilitava a sua utilização
por usuários comuns. Em 1995, o navegador Netscape tornou-se popular
entre os usuários. Na segunda metade da década de 90, milhares de produtos
e serviços foram criados para a internet, como correios eletrônicos (e-mail),
comércio na internet (e-commerce), serviços de mensagens instantâneas (ICQ
foi o pioneiro), compartilhamento de arquivos de música em formato MP3 de
forma peer-to-peer (Napster), entre outros (KUROSE; ROSS, 2010).
A inovação e a evolução nas redes de telecomunicações continuaram com
o desenvolvimento de novas tecnologias, novas aplicações, aumento nas taxas
de transferência de dados e roteadores mais rápidos. Contudo, apesar do nível
de digitalização dos sistemas de telecomunicações, a separação de redes de
comunicação de dados das redes de telefonia está apenas na maneira de trans-
portar os circuitos na telefonia e os pacotes na comunicação de dados, visto
que ambas as redes controlam seus equipamentos por software. Essa separação
aumenta os custos operacionais, pois faz-se necessária a criação de estruturas
separadas para gerência, configuração e manutenção dos serviços. Em um
modelo de convergência, a telefonia passa a ser um serviço dentro da estrutura
de comunicação de dados, disponibilizando serviços como VoIP (Voice over
Internet Protocol; ou Voz sobre IP, em português) e Voz sobre Frame Relay.
A arquitetura NGN (next generation networks; ou redes de nova geração,
em português) é a base para a convergência de redes de telecomunicações.
Nesse tipo de rede, uma única estrutura de backbone é utilizada para trans-
portar diferentes tipos de informações, e a transmissão de dados é feita com
um protocolo básico.
A Figura 3, a seguir, mostra a diferença entre as redes, antes e depois da
convergência. Antes da tecnologia NGN, as redes de telefonia fixa, telefonia
móvel, internet e TV a cabo eram separadas, e seus serviços também eram
oferecidos separadamente. Contudo, em uma arquitetura NGN, existe uma
única rede, que possibilita a integração de diferentes serviços que podem ser
oferecidos aos usuários.
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Antes da NGN Com NGN


Serviços e conteúdos
Serviços Serviços Serviços Serviços

Servidores
PSTN/ISDN

Data/IP

CATV
PLMN

IP Core

Acessos Acessos
Acessos
Broadcast
UMTS
GSMEDGE PSTH/
xDSL ISDM
WIFi/WIFIMax

Figura 3. Comparativo de redes com e sem convergência.


Fonte: Adaptada de Correia (2010).

3 Características da arquitetura NGN


Com a evolução das redes de telecomunicações, os serviços de dados têm
ganhado popularidade. Atualmente, já é possível realizar chamadas de voz com
a tecnologia VoIP, assistir a canais de televisão com a tecnologia IPTV (Internet
Protocol Television; ou televisão por protocolo de internet, em português) e
realizar videochamadas em diversos aplicativos utilizando a internet. Tudo
isso é possível graças a convergência das redes, que passam a ser capazes de
oferecer serviços chamados de triple play, ou seja, serviços de voz, dados e
vídeo. A rede NGN fornece uma infraestrutura utilizada em redes convergentes.
A ITU-T (International Telecommunication Union-Telecommunication
Standardization Sector) é a entidade que padroniza as redes NGN e define
esse tipo de rede como uma rede de pacotes capaz de fornecer serviços de
telecomunicações e permitir que sejam utilizados diferentes tipos de tecnologia
de banda larga e tecnologias de transporte com qualidade de serviço (QoS)
habilitada. Os serviços oferecidos são independentes da tecnologia utilizada
para transporte e sempre são baseados no protocolo IP (RECOMMENDATION
Y.2001, 2014).
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O VoIP é uma tecnologia que utiliza redes IP (geralmente a internet) para realizar
chamadas telefônicas. Para que possa ser utilizado por diferentes dispositivos, o VoIP
deve seguir alguns protocolos para o transporte de dados (H.323) e sinalização das
chamadas (SIP). Esse serviço pode ser ofertado por redes NGN, devido à convergência
de serviços triple play (voz, dados e mídia).

As redes de nova geração apresentam algumas características: modelo


de arquitetura funcional, aberto e padronizado para suportar redes legadas;
QoS fim a fim; plataformas de serviço com provisionamento e controle para
múltiplas redes, segurança com adequação de APIs (application program-
ming interfaces; ou interface de programação de aplicações, em português)
e protocolos; mobilidade generalizada, que garante a interconectividade e o
roaming para o usuário (FUNICELLI, 2008).
Além dessas características, existem algumas condições que as redes NGN
devem satisfazer para apresentar um bom desempenho, são elas: acordo entre
provedores de serviços, de conectividade e de conteúdo; interoperabilidade
entre diferentes redes para os serviços prestados e tráfego de dados; facilidade
para incorporar novos serviços na rede e tecnologias.

A IPTV é um serviço fornecido por redes NGN cuja função é transmitir conteúdo em
vídeo digital, incluindo canais de TV através da rede IP. Na IPTV, os pacotes de dados
são enviados por protocolos de transporte em tempo real (RTP), que sincronizam
diferentes fluxos de dados encapsulados. O RTCP (Real Time Transport Control Protocol;
ou protocolo de controle de transporte em tempo real, português) controla o transporte
em tempo real e fornece informações sobre a QoS.
10 Convergência das redes de computadores

Segundo Rocha (2005), a arquitetura das redes NGN é baseada nas seguintes
camadas (Figura 4):

„„ Camada de acesso e transporte: nessa camada, encontram-se as uni-


dades de acesso de usuários, como gateways de acesso, telefones IP,
comutadores e roteadores, que têm a função de transformar sinais de
voz de uma rede convencional em pacotes, utilizando codecs. Além
disso, essa camada tem a função de transportar dados para a camada de
controle. Para estabelecer comunicação com a camada de controle, são
utilizados protocolos como o MGCP (Media Gateway Control Protocol;
ou protocolo de controle de gateway de mídia, em português) ou o H.248.
„„ Camada de controle: essa camada é responsável pelo estabelecimento,
a liberação, a supervisão e a tarifação de chamadas dentro da rede IP.
Aqui, ocorrem as permissões de acesso a novos serviços e a serviços de
redes legadas. As principais funções dessa camada são a sinalização,
o controle de chamadas e o acesso à camada de serviços.
„„ Camada de serviços: contém todos os serviços que podem ser ofere-
cidos aos usuários da rede. Essa camada é constituída de controladores
de serviço ou servidores, que contêm toda a inteligência e lógica para
a prestação de serviços, além de bases de dados de usuários. A imple-
mentação da camada de serviços é feita utilizando workstations de alto
desempenho e servidores de bases de dados, responsáveis pelo gerencia-
mento dos servidores de mídia da camada de acesso e transporte. Para
fornecer os serviços, são utilizados modelos de rede inteligente INAP
(Intelligent Network Application Protocol; ou protocolo de aplicação
para rede inteligente, em português), protocolo H.323 ou SIP (Session
Initiation Protocol; ou protocolo de iniciação de sessão, em português).

Dessa forma, o usuário utiliza terminais convergentes, enviando pacotes


IP para o backbone da rede através da camada de conectividade, e os dados
trafegam pela camada de controle, sendo direcionados e tarifados pelo serviço
solicitado.
Convergência das redes de computadores 11

Servidores e
Camada de serviços base de dados

Interface aberta

Camada de controle
Call agent
de chamadas

Interface aberta

Camada de acesso Media gateways


e transporte e rede de dados

RTPC

Figura 4. Camadas da arquitetura NGN.


Fonte: Adaptada de Rocha (2005).

De acordo com Gallon (2003), a rede NGN é composta por diversos dis-
positivos (Figura 5), descritos a seguir.

„„ Service provider: provedor de serviço para atender telefones IP ou


interagir com outros provedores de serviço e suportar sinalizações.
„„ Call agent/SIP server: controlam funções de chamadas, mantendo o
estado da chamada por toda a rede. Estão localizados nos provedores de
serviço e participam da sinalização, controlando a origem, a procedência
e o término de mensagens. Eles têm suporte a diversos protocolos,
o que possibilita o atendimento em diversas redes.
„„ Service broker: coordena e controla os agentes de chamada ou outra
tecnologia existente antes dos serviços de aplicação. É um controlador
de aplicações em conjunto de dados e mídia que promove o reúso de
serviços para outros, agregando valor a esses novos serviços.
„„ Application server: atende aplicações de serviço, como correio de voz
ou conferências, e participa no roteamento de chamadas não suportadas
pelo call agent.
„„ Media server: tem a função de inserir abaixo do nível de application
server e call agent os protocolos de voz e mídia utilizados, controlar
codecs, detectar atividades de voz e geração de tom de linha.
„„ Signaling gateway: tem função mais similar a um gateway do que a um
agente de sinalização e pode funcionar como conversor de transporte
de sinalização.
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„„ Trunking gateway: tem função de atuar como gateway antes da conexão


com a rede IP, fornecendo pacotes básicos de voz na tecnologia VoIP.
„„ Access gateway: tem função de suporte à conexão com telefones TDM
(Time Division Multiplex; ou Multiplexação por Divisão do Tempo,
em português) e é controlado abaixo do call agent e do media gateway
controller.
„„ Bandwidth manager: o gerenciador de largura de banda tem a função
de provisionamento para requerer QoS para a rede e ajustar a largura
de banda para o tráfego na rede, para, assim, controlar individualmente
cada chamada.
„„ Edge router: tem a função de rotear o tráfego IP sobre o backbone.
„„ Subscriber gateway: tem a mesma função do access gateway, mas
fica localizado nas extremidades de outras redes que convergem para
redes IP.

Application Application
Application Server Media Server
Server Server Media
Media Server
Call Agent/ Call Agent/
Server
Edge Router

Edge Router

Edge Router

Edge Router

Call Agent/ SIP Proxy SIP Server


SIP Proxy
IP Network
Service Provider 2 IP Network
IP Network Service Provider 3
Service Provider 1

Signaling Edge Router


Signaling
Gateway Gateway
Access
Edge Router Trunking Trunking gateway
Gateway Gateway
Access Access
Conc gateway PSTN
CPE
Last Mile Class 5
Switch
Sub. Bridge/ CPE
Gwy Router

SST
SIP-T or BICC
RTP
SIP MGCP or H.248
Phone SIP

Figura 5. Componentes de uma rede NGN.


Fonte: Adaptada de Gallon (2003).
Convergência das redes de computadores 13

Gateways são dispositivos cuja função é interligar redes e traduzir protocolos. Em geral,
eles estão localizados entre redes diferentes. Roteadores são exemplos de gateways.

„„ Media gateway: a função desses gateways é de converter diferentes


tipos de fluxos de mídias que vêm de redes diferentes. São responsáveis
por interconectar as redes atuais e legadas. Dessa forma, é possível que
seja feita uma conversão entre uma rede telefônica fixa tradicional, tipo
TDM, e uma rede de dados, para onde serão enviadas informações.
Além de conversões, esse tipo de gateway realiza a manipulação de
mídias, a compressão de dados e o cancelamento de eco. Nas redes
NGN, os gateways são controlados por softswitches, pois não possuem
inteligência.
„„ Softswitch: é o dispositivo que possui toda a inteligência da rede NGN,
cuja função é controlar os gateways, controlar chamadas e sessões e
implementar serviços suplementares e facilidades. É um Call Agent que
faz parte da camada de controle da rede NGN. Combina dois elementos:
o Call Agent e o Call Feature Server.
„„ Gatekeeper: tem a função de registrar, realizar o controle de admissão,
converter endereços telefônicos em endereços IP e vice-versa, tarifar
e verificar o status das chamadas.
„„ Call feature server: importante elemento da arquitetura NGN rela-
cionado à inteligência da rede que realiza o controle de chamadas,
implementa serviços suplementares, controla os gateways e manipula
a sinalização. As interfaces de desenvolvimento no call feature server
devem ser abertas para permitir implementações específicas suportadas
por ele. Essas APIs expandem as possibilidades de criação e ofereci-
mento de novos serviços.

A arquitetura NGN é adotada por operadoras de telecomunicação para a


convergência de serviços. Essa arquitetura separa sua operação em camadas,
possibilitando a independência destas, de modo que é possível realizar mu-
danças em uma camada sem interferir no funcionamento de outra. Portanto,
as redes NGN funcionam com dispositivos capazes de realizar conversões
de diferentes tecnologias, com o objetivo de fornecer diversos serviços em
uma única rede.
14 Convergência das redes de computadores

CARNEIRO, J. B. Internet: redes convergentes e arquiteturas do futuro. In: TELECO: Inte-


ligência em Telecomunicações. [s. l.], 29 jan. 2018. Disponível em: https://www.teleco.
com.br/tutoriais/tutorialredesconv/default.asp. Acesso em: 19 abr. 2020.
CISCO NETWORKING ACADEMY. A rede como plataforma: redes convergentes. [s. l.],
[2020?]. Curso on-line: Introdução às redes, Capítulo 1. Disponível em: http://deptal.
estgp.pt:9090/cisco/ccna1/course/module1/1.3.1.1/1.3.1.1.html. Acesso em: 8 maio 2020.
COMER, D. E. Redes de computadores e internet. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2016.
CORREIA, D. P. Estudo de Caso NGN I: agregação de roteadores NGN nas centrais trân-
sito do Estado do Ceará. In: TELECO: Inteligência em Telecomunicações. [s. l.], 11 jan.
2010. Disponível em: https://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialngnce1/pagina_4.
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FOROUZAN, A. MOSHARRAF, F. MIERSS, C. C. Redes de computadores: uma abordagem
top-down. Porto Alegre: AMGH, 2013.
FUNICELLI, V. B. NGN e IMS I: redes legadas e redes convergentes. In: TELECO: Inteligência
em Telecomunicações. [s. l.], 17 mar. 2008. Disponível em: https://www.teleco.com.br/
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GALLON, C. Next-generation voip network architecture. In: MULTISERVICE SWITCHING
FORUM, 2003, Switzerland. Switzerland: MSF Technical Report, 2003. Disponível em:
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KUROSE, J. F; ROSS, K. W. Redes de computadores e a internet: uma abordagem top-
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RECOMMENDATION Y.2001. In: ITU: International Telecommunication Union. Geneva,
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ROCHA, A. F. Evolução das redes telefônicas a partir de processos gradativos de modi-
ficação de topologia de rede e conversão de centrais. Cad. CPqD Tecnologia, Campinas,
v. 1, n. 1, p. 61-70, jan./dez. 2005.

Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
Dica do professor
Com a convergência das redes de computadores utilizando uma única infraestrutura para o
transporte de diversos tipos de informação (como dados, voz, imagens, vídeos, etc.), uma variedade
de serviços pode ser ofertada pelas operadoras.

Atualmente, a internet é utilizada para finalidades diversas, seja para uma simples pesquisa em um
navegador, uma chamada de voz ou até mesmo para assistir a programas de TV por meio de uma
IPTV.

Nesta Dica do Professor, você vai conhecer um pouco sobre a IPTV.

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Na prática
A convergência de redes de telecomunicação permite que diferentes serviços sejam
disponibilizados pelas operadoras. A tecnologia VoIP (Voice Over Internet Protocol) é um serviço que
se beneficia da unificação da infraestrutura de telefonia, internet e transmissão para diferentes
tipos de informação, como voz, dados e mídia, utilizando redes baseadas em IP para fazer chamadas
de voz.

Conheça, Na Prática, um pouco sobre essa tecnologia e como pode ser feita a implantação de uma
rede VoIP em um centro universitário.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Afinal, o que é Internet das Coisas (IoT)?


Com a convergência de redes de computadores, voz, mídia e dados podem ser transportados na
mesma rede, aumentando a possibilidade de disponibilização de diferentes serviços para o usuário.
A Internet das Coisas utiliza esses recursos para melhorar a interação com o usuário. Confira, neste
vídeo, como funciona a IoT.

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Simplificando o 5G: entenda suas vantagens, tecnologias e o


que esperar para o Brasil
As redes 5G são a próxima geração na telefonia celular. Veja, no vídeo a seguir, as vantagens dessa
tecnologia e o que esperar dela.

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