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APRENDENDO A

APRENDER

VOLUME 2:
Corpo e Aprendizagem
Retomando o que já vimos anteriormente:

Aprender a aprender é a habilidade que precede todas as outras


habilidades, é uma ferramenta de sobrevivência;

A aprendizagem organiza-se a partir de algumas instâncias:


o organismo, a motivação ou desejo de aprender e a cognição;

Aprender é um fenômeno ativo, pessoal, cumulativo e transformador.


Depende da motivação, da curiosidade e do interesse do aprendiz.
Necessita de certo esforço mental para ocorrer e resulta em
modificações cognitivas e comportamentais.

O comportamento de estudar e seu produto, a aprendizagem, derivam


de necessidades de caráter biológico, cognitivo e social;

Existem fatores vitais para que a aprendizagem se materialize, e a


ausência desses fatores pode se desdobrar em uma aprendizagem
insatisfatória.

O QUE VOCÊ IRÁ APRENDER:

Como sono, alimentação, atividade física e descanso/lazer


podem impactar a sua aprendizagem;
Sobre a importância de considerar o organismo como um todo no
processo de estudar e aprender e, com esses conhecimentos,
como se comportar estrategicamente a favor da aprendizagem.
CORPO E APRENDIZAGEM

O que devemos considerar para aprender?

Manter o corpo em boa saúde é uma obrigação... do contrário, não seremos capazes
de manter nossa mente forte e clara.
Buda

Eu preciso te dizer: a sua saúde não pode ficar em segundo plano


durante a sua formação.

A dimensão orgânica é tão protagonista quanto a cognitiva quando o


assunto é aprendizagem, afinal, você só estuda e aprende porque você
possui um aparato biológico (seu cérebro, todo o sistema nervoso e
todo o seu corpo) que evoluiu ao longo da história para te dar essa
bênção: a capacidade de aprender durante toda a sua vida. Inclusive, é
por conta desse mecanismo (aprendizagem) que a nossa espécie conseguiu
se adaptar e chegar até onde estamos hoje.

No final das contas, a separação cérebro/mente é totalmente didática e


ambos são uma coisa só.

_ALERTA NEUROMITO: Pode parecer óbvio para alguns, mas


precisamos desconstruir a ideia de que a mente é uma
instância mística e abstrata que paira em algum ponto do
espaço-tempo, sem conexão e sem qualquer tipo de
comunicação com o corpo biológico.

Cognição, emoções, pensamentos e outras dimensões do nosso


universo subjetivo são produtos de processos orgânicos, da
atividade do sistema nervoso central em harmonia com outros
sistemas do corpo.

Seu cérebro não existe dissociado do resto do seu corpo, e tudo


que você faz com o seu corpo, você acaba incluindo o seu
cérebro.

O cérebro é a sede da consciência e da nossa percepção. É a base


biológica do nosso ser: o que somos, o que pensamos e o que
sentimos, tudo passa por ele.
Andrés Barbosa

Fica claro que cuidar do seu corpo é também cuidar do órgão mais rico
e complexo que existe no mundo, aquele que age, planeja, organiza,
monitora, avalia, formula objetivos, antecipa futuras consequências de
uma ação, regula emoções, estuda e, também, decide prosseguir com essa
leitura, por exemplo.

Além disso, a aprendizagem é um processo global, lembra?


Isso significa que ela precisa tanto da cognição, quanto do corpo e
das emoções para se constituir. Ela é incorporada.
O seu corpo oferece condições para que você exerça suas
potencialidades. É ele o veículo, o condutor de todo o seu progresso e
evolução em qualquer esfera da vida.

O maior erro que um homem pode cometer é sacrificar a sua saúde a


qualquer outra vantagem.
Arthur Schopenhauer

Antes da autorrealização, existe a necessidade de atendimento das


autorre nossas necessidades básicas, fisiológicas. É essa a ideia da Teoria
alização
das Necessidades Humanas, ou Hierarquia das Necessidades de Maslow,
umas das teorias da motivação mais conhecidas e divulgadas.

Adivinha só qual categoria de necessidades se encontra na base da


pirâmide? Aquelas mais urgentes, prioritárias: as fisiológicas
necessid (isso mesmo, o seu corpo é a premissa).
corporaades
is
O que isso quer dizer? Que você só vai conseguir realizar qualquer
coisa na sua vida (com maestria) se seu corpo estiver em boas
condições, com as suas necessidades básicas/primárias contempladas.

Aqui, vamos nos ater a 5 variáveis que tornam o seu corpo (e mente)
campos férteis para a aprendizagem:

Sono Alimentação Atividade física Descanso/lazer

Mas antes de iniciar, vamos retomar o que de importante já vimos até aqui?

Estudar é um comportamento que se aprende, como qualquer outro.


Logo, pode ser aperfeiçoado, moldado e reajustado;

Quão bem você aprende é algo que depende de muitas condições, que
interagem e definem melhores ou piores 'resultados de aprendizagem';

Quanto mais clara a sua compreensão sobre as variáveis que influem


sobre seu próprio desempenho e os efeitos que geram, maior a sua
capacidade de se observar e interferir em uma direção mais
apropriada;

Estudar bem depende do desenvolvimento de comportamentos necessários


para que determinadas variáveis estejam dispostas de modo a que o
rendimento no estudo seja favorecido.
Sono

_questões preliminares para pensar sobre a qualidade do seu sono/>


Você está satisfeito(a) com o seu sono?
Você acorda disposto(a) e com energia?

DESAFIO:

Tente pensar em uma única área da sua vida que não


seja afetada pelo seu sono.

Para começarmos do início, o que é o sono?

Sono é algo infinitamente mais complexo, profundamente mais


interessante, e alarmantemente mais relevante para a saúde.
Matthew Walker

Alguns fatos que vão te ajudar a entender:

O sono é um estado biológico e cíclico que sofre influência


de fatores endógenos, ambientais e comportamentais. A forma
como você dorme depende do que você fez enquanto estava
acordado, e o que você consegue fazer estando acordado
depende da forma como você dormiu.

É um dos processos fisiológicos mais fundamentais para a


vida do ser humano. É como se o sono te desse o direito, a
permissão para ficar acordado, e não o contrário.

Durante o sono, seu organismo não está 'ocioso' ou


desperdiçando tempo. O sono não é um momento improdutivo
para o seu corpo. Pelo contrário, é um processo ativo e
envolve uma série de calibragens, manutenções, reparos e
restaurações em todos (todos mesmo) os sistemas que
constituem o seu organismo. Não é pouca coisa, não é?

Adultos precisam de algo em torno de 8 horas de sono por


noite (pequenos desvios dessa média podem se dar em função
de diferenças individuais e de idade).

O sono produz impactos significativos na saúde, no


desempenho, na produtividade, nos seus comportamentos e
emoções.

Exposição à luz, alimentação e atividade física são algumas


das variáveis que vão influenciar a qualidade do seu sono.
Você saberia descrever quais são os impactos
do sono na sua produtividade?

Não parece haver um órgão no corpo, ou processo cerebral que não seja
otimizado pelo sono.
Matthew Walker

Poderíamos dizer que o sono é aquela primeira peça do ‘efeito dominó’.


Ele produz uma cascata de reações em cadeia, tanto benéfica quanto
prejudicial, a depender da sua qualidade.

Um fato óbvio, mas que precisa ser declarado: ser mais produtivo não é
se privar de sono. Já percebeu como você fica depois de uma noite de
sono mal dormida? Como fica o seu humor, a sua disposição e a sua
motivação para fazer até mesmo tarefas simples?

Você não consegue aproveitar todo o seu potencial de realização por


conta da seguinte teia (simplificada) de relações:

Sono ruim Queda no estado de alerta motivação/humor rebaixados

performance e tomada de menor capacidade de


desempenho afetados decisão prejudicada exercer o autocontrole

O que acontece é que as regiões e circuitos do cérebro responsáveis


pela tomada de decisão não vão estar funcionando adequadamente e,
nessa conjuntura, a sua capacidade de selecionar e se engajar na opção
de ação mais vantajosa e recompensadora a longo prazo dentro de um mar
de alternativas altamente reforçadoras e menos custosas vai por água
abaixo. Lá se foi o seu autocontrole para gerir o tempo e tomar
decisões que agreguem maior valor à sua vida (aquelas que geralmente
te custam um esforço maior e que as recompensas só vão ser acessadas
lá na frente).

O contrário também é verdadeiro: dormindo bem, você se torna muito mais


propenso(a) a realizar escolhas que coerentemente vão em direção à vida
que você quer viver. Uma representação simplificada dessa relação
seria:

Sono maior estado de alerta maior disposição/motivação


reparador e prontidão geral
maior probabilidade de que escolhas maior aptidão mental/cognitiva
e comportamentos mais saudáveis e relacionada ao autocontrole
funcionais sejam emitidos
E para a sua aprendizagem? Já pensou no quanto
o sono pode impactar o seu desempenho nos estudos?

Dando uma prévia do que vamos ver com mais detalhes no Volume 3, a
aprendizagem depende, essencialmente, de:

Um nível adequado de alerta: você precisa estar acordado(a), sensível aos


estímulos ambientais e ciente da sua própria existência, no mínimo;
Motivação: você precisa querer aprender e ter claro os motivos pelos quais
você está fazendo isso;
Atenção e foco: sua consciência só percebe e capta aquilo que está dentro do
seu campo atencional, certo?

Acontece que tudo isso, e muuuuito mais, é impactado diretamente pela


qualidade da sua noite de sono. Logo, o aprendizado de habilidades e
conhecimentos depende de um soninho gostoso.

A aprendizagem não acaba


quando o estudo termina.

Veja só o que acontece durante o sono e porquê você deveria colocar o


sono como prioridade número um na sua rotina de estudos:

Motivo nº 1:

Durante o sono acontece a consolidação de novas memórias, aquelas


que você adquiriu durante o dia, enquanto estudava.

Motivo nº 2:

O sono restaura os circuitos relacionados à atenção e concentração.

Já vimos que não existe memória sem percepção e você só percebe aquilo
que está dentro do seu campo atencional, certo? Sem alongar muito, a sua
atenção é como se fosse uma lanterna. Capta e processa apenas os
estímulos ‘iluminados’.

Uma outra analogia seria considerar a atenção como a janela do seu cérebro, por
onde os estímulos ambientais entram para serem processados e se tornarem memórias.

Motivo nº 3:

É durante o sono que todas as informações acumuladas ao longo do


dia na sua memória de trabalho são transferidas para a sua memória
de longo prazo - se tornam aprendizados.

‌o longo do dia a memória de trabalho (a que você utiliza para estudar e fazer
A
qualquer outra coisa) vai ficando cheia e perdendo em capacidade operacional (mais
um recurso finito para entrar na lista). A memória de trabalho é como se fosse a
memória RAM do seu computador, uma hora ela não funciona como deveria por estar
bastante sobrecarregada.
‌urante o sono todo o conteúdo acumulado na memória de trabalho é movimentado para
D
a memória de longo prazo (analogicamente, o HD do seu computador), com o objetivo
de, além de consolidar o aprendizado daquilo que é relevante, esvaziar a sua
memória de trabalho e te deixar pronto(a) para viver no dia seguinte.

Resumindo: o sono reseta, reinicia o hipocampo (região onde se localizam as


memórias de curto prazo) e transfere para o córtex (região das memórias de longo
prazo) as informações codificadas ao longo do dia, liberando espaço para a
absorção de novas informações e formação de novas memórias no dia seguinte.

Nesse processo de transferência e conversão de memórias de curto em longo


prazo, ‌
nosso cérebro joga no lixo algumas memórias não relevantes e conserva
outras, faz uma espécie de seleção (sim, seria absurdo lembrar de cada
detalhe da nossa vida).

Daí surge a questão: Ok, como posso garantir que aquelas informações e
conhecimentos importantes adquiridos durante as minhas sessões de estudo
passem por esse filtro e se tornem um aprendizado fortalecido e consolidado
na memória de longo prazo?

A resposta simples é: Aumentando a retenção dessa informação no momento da


sua aquisição, ou seja, quando você estiver estudando, você precisa colocar
intencionalidade, atenção e foco naquilo que você deseja conservar
posteriormente (vamos falar mais sobre isso no Volume 3). Assim o seu
cérebro entende que essa informação/conhecimento é importante e realiza o
armazenamento do mesmo na memória de longo prazo, ou seja, você aprende.

Motivo nº 4:

No sono profundo, aquele que ocorre na primeira metade da sua noite


de sono, acontece uma espécie de lavagem do cérebro - lavagem do
lixo bioquímico produzido pela atividade/metabolismo celular
cerebral durante o dia.

Essa lavagem é importante para você ter a sensação de clareza mental no dia
posterior e evitar aquele desconforto de uma ‘cabeça pesada’, típica de uma noite
mal dormida.

Não dormi bem.


E agora, o que acontece com o meu desempenho nos estudos?

Bom, não dormir bem vez ou outra é natural e esperado, faz parte da
aventura imprevisível e desordenada que é viver. Estamos à mercê de
acontecimentos e circunstâncias inesperadas que podem acabar afetando
a qualidade do nosso sono, e está tudo bem.

Foque no que precisa ser feito e tente o mais breve possível restaurar
a sua rotina de sono de qualidade.

Apesar da aceitação dos contratempos, conhecer os efeitos de uma noite


mal dormida no seu cérebro (sua maquininha de aprender) é interessante
para que, inclusive, você possa ter atitudes mais compassivas e
acolhedoras consigo mesmo(a) e se permitir descansar quando
identificar que é preciso (sinais é que não vão faltar).
Além disso, conhecer a tonelada de prejuízos para o seu
desempenho nos estudos pode te ajudar a olhar com mais
cuidado e carinho para as suas noites de sono,
entendendo o papel fundamental do mesmo na sua vida e na
sua aprendizagem.

Após uma noite de sono mal dormida, você vai manifestar uma menor
capacidade de controle atencional e regulação emocional, já que o
sono é o maestro responsável por calibrar/regular essas funções
mentais;

A privação de sono vai te causar prejuízos no estado de alerta


(sabe aquela sonolência durante o dia?), no desempenho cognitivo
(você pode se sentir mais lento e com dificuldades para
pensar/raciocinar) e no humor (irritabilidade é o sintoma mais
comum);

Você vai perceber uma redução significativa da eficiência do seu


processamento cognitivo, com consequente lentidão da compreensão
e dificuldade de concentração. A execução de tarefas se torna
mais lenta, difícil, pesada, e as chances de procrastinar nessas
condições vai às alturas.

Você muito provavelmente vai experimentar estados de


desmotivação, desânimo, e seu humor pode ficar mais deprimido
e/ou irritado. Seu comportamento pode se tornar impulsivo (por
conta daquele prejuízo na etapa de tomada de decisão, lembra?) e
a aquisição de novas memórias prejudicada, já que você vai
encontrar dificuldades para exercer esforço cognitivo e se manter
concentrado (para formar novas memórias, você precisa de foco
atencional, no mínimo).

Você pode ficar mais vulnerável à vivência de episódios de


ansiedade e à intensificação destes devido ao prejuízo das
funções relacionadas ao controle emocional. Os circuitos
envolvidos na geração de resposta de estresse e ansiedade ficam
hiperativos e hipersensíveis a qualquer estimulação ambiental que
sirva de gatilho, ou seja, uma mínima frustração pode causar uma
reação emocional explosiva e super desproporcional. Nem preciso
mencionar o quanto é importante um humor positivo, sensação de
calma e tranquilidade para uma melhor performance nos estudos,
não é?

Estão mais claros os impactos de uma noite mal dormida na aprendizagem?


Resumindo as consequências adversas que vimos até aqui...
Perda da capacidade de controle atencional/foco;

Prejuízos na velocidade de processamento das


informações;

Maior sensibilidade à recompensas e


impulsividade;

Menor capacidade de exercer esforço cognitivo;

Menor capacidade de resolver problemas complexos;

Menor atividade criativa;

Mais ansiedade e mal-estar psicológico;

Menor capacidade de formar e evocar memórias.

Mencionado o lado prejudicial de um sono de não-qualidade para a sua


saúde mental, produtividade e performance nos estudos (se bem que, em
algum nível, com certeza você já sabia - a partir das suas próprias
vivências - de tudo isso), vamos falar de coisa boa?

Sinais de que você teve um soninho excepcional:

Você acorda revigorado(a) e sem cansaço;


Você acorda com disposição e motivação para
vivenciar a sua rotina;
Sente a sua mente leve e pronta para dar conta das
demandas do dia;
Predominância de sentimentos e emoções positivas.

E você, tem dormido bem? Qual foi a última vez que acordou se sentindo
verdadeiramente revigorado(a)?

Conclusões a respeito da relação: sono - produtividade - estudo - aprendizagem

Pessoas que dormem pouco tendem a manifestar dificuldades de aprendizagem;

Na aula você entende, estudando você aprende e dormindo você memoriza, arquiva;

Para melhorar a consolidação da aprendizagem, relaxe e durma;

Quando sua energia fisiológica se esgota, seu cérebro também sofre com isso;

Dormir bem não é perda de tempo, o processo de aprendizagem não acaba quando
o estudo termina;

Não faz sentido se manter acordado para estudar mais tempo e, assim, aprender mais.
A consolidação do aprendizado não acontece durante o estudo, mas enquanto dormimos!

Às vezes pode ser necessário estudar por mais tempo, mas se isso significar menos
horas de sono ou negligenciar a sua saúde: péssima decisão!

A privação do sono leva a um declínio das habilidades cognitivas, prejudicando a


qualidade de vida e a produtividade como um todo.
Alimentação

_questões preliminares para pensar a qualidade da sua alimentação/>


Você está satisfeito com o seu padrão alimentar?
Sua alimentação te proporciona disposição e energia?
Você sente desconfortos decorrente da alimentação frequentemente?

Vimos anteriormente que a aprendizagem provoca mudanças físicas no


cérebro, correto? E aprender e manter esse algo que você aprendeu na
memória tem um custo biológico, energético. Por isso a alimentação e a
nutrição é um vetor tão importante no contexto da aprendizagem e para
a saúde do seu cérebro, de forma geral.

Tal qual o exercício físico, que é um grande auxiliar na produção de


neurotransmissores que atuam na capacidade de criar novas conexões
mentais e na memorização, a alimentação também interfere na sua
capacidade de aprender.

Como qualquer outro órgão do nosso corpo, o cérebro precisa de


nutrientes para a sua formação, desenvolvimento e manutenção de suas
funções. Apesar de sua massa girar em torno de 2% da massa corporal
total, desproporcionalmente a complexa estrutura e fisiologia do
cérebro utiliza 25% de toda a energia do nosso corpo para funcionar.
Por isso, depois de muito pensar e raciocinar nos sentimos tão
exaustos e, por vezes, até mesmos famintos.

Concluindo: As funções cerebrais dependem, para um bom funcionamento,


de uma nutrição adequada e diversificada. Os efeitos da quantidade e
composição dos alimentos ingeridos influenciam no desempenho das
funções cognitivas mesmo no curto prazo, ou seja, o que você consome
afeta o sua performance, física e mental, imediatamente.

Por agora, segue algumas informações úteis que podem te ajudar a


repensar a sua relação com a comida nessa jornada de estudos:

Quanto, quando e o que você come podem ou não roubar a sua capacidade de
concentração nos estudos. Isso porque, quando você come muito, sendo o
alimento saudável ou não, é provocado um redirecionamento do fluxo
sanguíneo e de recursos energéticos para o seu trato digestivo. Isso
causa uma redução natural do estado de alerta e concentração (o soninho
de depois de almoço de todo dia está aí para provar).

A fome, obviamente, também é bastante prejudicial. Já tentou focar em uma


tarefa com a barriga roncando? A fome ativa o sistema nervoso simpático,
o sistema desencadeador das reações corporais e cognitivas de estresse.
Por isso você fica estressado(a) quando está com fome! Ninguém pensa ou
estuda direito sob uma chuva de cortisol. Além disso, longos períodos sem
comer podem causar fraqueza e queda da pressão sanguínea. Não esqueça de
se alimentar com periodicidade, você não precisa disso, não é?
Alimentos inflamatórios que te causam alergia ou intolerância também
podem desviar recursos energéticos do seu cérebro. Assim como uma dieta
pobre em nutrientes como Ômega 3, Zinco, Vitamina B12 e Magnésio pode
causar perdas funcionais nos processos de memorização, evocação, e
concentração.

O café e as demais bebidas ricas em cafeína, apesar de mandarem para


longe o sono, intensificam as sensações de ansiedade. Se você já é uma
pessoa ansiosa, a tensão acrescentada pela cafeína pode inviabilizar
totalmente os seus estudos e a sua aprendizagem.

Escolha bem as suas fontes de energia! Durante a manhã, é importante


fazer uma refeição que seja consistente e te proporcione energia e
disposição na quantidade e qualidade adequadas. Boas opções são cereais
integrais, frutas (in natura ou sucos), pães, leites e seus derivados e
outros itens com alto teor nutricional.

Tão importante quanto a comida é a água. Manter-se hidratado(a) é um dos


hábitos mais subestimados de toda a história. Grande parte da composição
do seu sangue é água, e advinha por onde acontece o transporte de
nutrientes? Logo, o seu cérebro também é afetado pela desidratação. Como
resultado, qualquer função cerebral, dentre elas a concentração e a
memorização, possuem a sua atividade reduzida se você não se hidrata em
quantidade e regularidade adequada.

A integridade do corpo é fundamental para a origem de


toda e qualquer aprendizagem.

Uma alimentação desiquilibrada afeta negativamente o


suprimento de energia e de nutrientes para o cérebro,
diminuindo a disponibilidade de recursos cognitivos para
a realização de qualquer atividade. O seu padrão
alimentar tem um impacto muito maior do que você imagina
na sua vida. Afeta tanto a sua longevidade quanto o seu
funcionamento hoje, neste exato momento.

Benefícios e vantagens de uma alimentação rica em nutrientes


para a sua performance nos estudos:

Maior capacidade de concentração e disposição para realizar suas


funções no dia-a-dia;

Garante um bom funcionamento da memória, da atenção e do raciocínio,


— processos cerebrais essenciais para o estudo e aprendizagem;

Afasta doenças e distúrbios metabólicos, como anemia, hipertensão,


diabetes, dentre vários outros que podem prejudicar a sua constância
e dedicação nas suas responsabilidades;

Evita a fadiga e lentificação mental causada pela


alimentação em excesso e hipercalórica, comprometendo
seriamente o seu desempenho.
Atividade Física

A atividade física não é apenas uma das mais importantes chaves para um corpo
saudável. Ela é a base da atividade intelectual criativa e dinâmica.
John F. Kennedy

No complexo e fabuloso mundo da pesquisa científica, poucas conclusões


são tão consensuais e unânimes quanto essa: A prática de atividade
física regular trás uma série de benefícios para a saúde física e
mental.

É largamente comprovado que a prática de atividade física contribui


para a melhoria das funções cognitivas e estimulam, e muito, as
funções cerebrais. Inclusive, exercícios físicos tem cada vez mais
feito parte de programas de realibitação cognitiva e complementado os
tratamentos psicológicos tradicionais.

Você já tentou estudar em um estado não muito bom de saúde? Não dá,
não é? A prática de exercício físico, juntamente com a alimentação e a
hidratação adequadas, te previne de uma série absurda de adoecimentos,
evitando que você tenha que passar por situações tão contraproducentes
como essa.

E vamos combinar que sedentarismo é uma opção moderna, correto? Se por


milhões de anos nossos corpos sofreram inúmeras adaptações para torná-
lo apto a exercer esforço físico todos os dias para garantir a sua
sobrevivência, provavelmente existem malefícios ocultos em rotinas tão
sedentárias como as atuais.

Exercícios vão muito, muito, muito além de emagrecimento e estética.


Como já dito, a forte associação entre a prática de atividade física e
a manutenção da saúde mental é um consenso entre os especialistas. A
prática regular de atividade física minimiza fatores de risco
individuais para uma série de adoecimentos mentais e é fator de
proteção para todos eles. Incrível, não é?

Se existisse uma droga com todos os benefícios que o exercício físico possui, todo
o mundo a estaria tomando.
Dr. Bob Butler

Mas e a sua aprendizagem? Como a atividade física pode te ajudar nisso?


A seguir...
Favorece um processamento cognitivo mais rápido. Isto é,
otimiza funções como o raciocínio, o pensamento e a
capacidade de resolver problemas.

Promove a oxigenação do cérebro por meio do aumento do


fluxo sanguíneo.

Tem o poder de desenvolver células cerebrais e de criar


novas conexões interneurais. De uma perspectiva
neurológica, isso é aprendizagem.

Promove a elevação da autoestima e da autoconfiança. Não


faz mal na vida de um estudante um pouco de otimismo e
sensação de autoeficácia, não é mesmo?

Ajuda a minimizar os níveis de estresse, alivia a tensão e


o desconforto físico - libera endorfinas, substâncias que
proporcionam bem-estar, prazer, ânimo e motivação,
essenciais para estudar e cumprir as tarefas do dia.

Observação: ‌
Emoções intensas interferem na retenção da
informação, a aprendizagem é consideravelmente dificultada
sob estresse e/ou ansiedade excessiva.

É capaz de promover a neurogênese (formação de novos


neurônios) e está relacionada à melhoria da memória;

A atividade física, a curto prazo, resulta em uma 'sopa


bioquímica cerebral' que te permite aprender melhor.

As soluções quase sempre vêm da direção que você menos espera.


Douglas Adams

O que acha de implementar atividade física no seu dia-a-dia?

Se você faz parte do grupo de


pessoas que resiste ao máximo à 3 dicas para você que não gosta de praticar
prática de atividade física, atividade física mas se convenceu de que é
necessária para a obtenção de mais e
tenha em mente o seguinte: melhores resultados de aprendizagem:

movimentar o corpo é um Comece com o possível, não com o ideal;


investimento em você, nos seus Inicie por uma atividade que você
já gosta (ou odeia um pouco menos);
projetos, na sua carreira e no
Estabeleça um período de tempo cabível
seu futuro. É um hábito promotor na sua rotina e que seja confortável.
de vida e de saúde.
Descanso e Lazer

Tirar momentos de descanso em meio à rotina de estudos é indispensável


para preservar a sua saúde mental e física. Ter momentos de lazer e
descontração é tão importante quanto respirar. Além do mais, o que
todos nós queremos é ser felizes, não é mesmo? A maneira mais sensata
de se viver momentos onde predominam sentimentos de satisfação é criá-
los no seu dia-a-dia. Não espere que as coisas te tragam alegria,
viabilize e priorize você esses momentos, traga você momentos de
alegria à sua rotina.

VOCÊ POSSUI UM LIMITE

Existe um provérbio chinês que diz o seguinte: Você não é uma máquina
de estudar de energia infinita. Brincadeiras à parte, você possui um
limite cognitivo que é biológico, fisiológico, real (para não
esquecer: cognição é cérebro). Portanto, não é sobre querer ou não
parar e descansar quando a exaustão mental chegar. A escolha não é
sua, é uma imposição do seu corpo, você precisa disso para continuar
funcionando.

Nesses casos, a melhor opção é ouvir os sinais de


alerta do seu organismo e respeitá-los. Caso
contrário, se seus limites forem frequentemente
ignorados, consequências adversas para a sua saúde
física e mental logo podem surgir.

Mais uma vez: você não aprende só quando está estudando, e se você só
se preocupar em estudar, você não vai aprender. Quando chega o cansaço
mental, todo excedente não vai ser convertido em aprendizagem, seus
esforços são contraproducentes. Trata-se de uma lei natural, então,
não depende da sua ‘força de vontade’. É perda de tempo insistir além
do que o seu corpo consegue digerir e absorver. Afinal, você estuda
para aprender, certo? Não faz sentido se esforçar se esse não for o
resultado mais provável.

Após alcançado o seu limite, você tende a se sentir mais estressado,


angustiado e pessimista. É unânime na literatura científica que o
estresse prejudica a capacidade tanto de absorver quanto de evocar
informações, inibindo o seu rendimento nos estudos.

Vamos para uma analogia: você consegue aumentar a sua massa muscular
malhando 13 horas por dia na academia? Pois é. Assim como o seu
músculo precisa de descanso para se recuperar e crescer, seu cérebro
também! Funciona dentro da mesma lógica. A fisiologia é a mesma no
nosso corpo todo.
O descanso e o lazer, além de propiciar um alívio da pressão da rotina
(estressante) de estudos (o que já seria um motivo suficiente),
promove a consolidação das memórias recém adquiridas! Aquelas que
ainda não são 100% suas, mas podem ser se: o seu estudo for de
qualidade e se você descansar e se distrair com igual dedicação.

Tudo o que for fazer, faça com 100% de presença. Descanse de verdade,
se divirta pra valer, socialize com foco no momento presente. Se você
possui uma boa gestão do tempo (veremos mais sobre isso no Volume 6),
cada coisa tem o seu lugar. Então, se libere para se divertir e
relaxar sem peso na consciência! Lazer é um direito fundamental de
todo ser humano, só aproveite!

Para incluir na sua rotina coisas que te deem prazer, se pergunte:

O que me deixa feliz?


O que eu poderia introduzir na minha vida diária que me
traria mais felicidade?
Como tenho cuidado do meu corpo e da minha mente?
Quais estão sendo as minhas prioridades?

Quanto mais rica e variada for a sua rotina, melhor para a sua saúde
mental. Por isso, ame, conviva, aproveite a família, amigos(as), se
divirta, passeie, viaje, crie memórias que vão te dar um calorzinho no
peito quando lembradas e que, no final das contas, vão fazer a vida
valer a pena. Preencha sua rotina com o máximo de contextos e ações
importantes para você. É isso que vai tornar os seus dias mais
significativos, que vai trazer para a sua vida um senso de propósito e
dar a ela um sentido, que vai te nutrir com energia e motivação para
enfrentar os desafios do cotidiano.

A vida é mais rica e plena quando investimos tempo e energia no que é mais
importante e significativo para nós.
Russ Harris

Permite ao cérebro fazer conexões


atípicas, percorrer caminhos diferentes e
resgatar informações espontaneamente;
Consequências positivas
Aumento da criatividade;
dos momentos de
Alívio do estresse da rotina;
descanso e lazer:
Sensações de satisfação e bem-estar;
Encontro de novos significados e motivações;
Oportunidade de viver novas experiências;
Aumento da longevidade;
Protege a saúde mental.
Considerações sobre condições orgânicas e gestão da aprendizagem

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Não é subtraindo a noite para estudar ou deixando de
se alimentar bem, fazer atividade física e se divertir que você
vai conseguir aprender mais e mais rápido;

Separar corpo e mente, como se fossem duas dimensões isoladas,


não têm fundamento científico e ainda atrapalha o
desenvolvimento de uma saúde plena;

Sono, alimentação, atividade física e descanso:

Propiciam condições favoráveis imprescindíveis para um melhor


desempenho e produtividade no dia-a-dia;

Afetam o equilíbrio do seu corpo como um TODO (o mesmo corpo que


você precisa para estudar e aprender) e, deste modo, exerce forte
influência no seu comportamento;

Preservam e aprimoram a saúde do seu cérebro e, por tabela, a sua


saúde mental;

Possuem um papel extremamente importante na determinação do seu


funcionamento cognitivo, e, por sua vez, no seu desempenho e
independência nas atividades da vida diária.

Olhar para os fatores fisiológicos é essencial para uma interação


produtiva com o ambiente. Um sono revigorante, uma alimentação
nutritiva, o hábito de movimentar o corpo e de se expor à luz
natural cooperam para a criação de um ecossistema bioquímico que
promove o aumento da sua energia, ânimo e disposição para a
realização das atividades do seu dia-a-dia;

Se você já possui uma rotina cheia de responsabilidades e vive na


correria, prestar atenção a cada detalhe dos fatores que afetam a
sua aprendizagem é especialmente importante para você elevar ao
máximo a qualidade de cada minuto disponível para o estudo.

_questões para refletir:


Seus hábitos hoje te dão mais energia e disposição para estudar?
Quais atividades aumentam a sua energia?
O quão responsável você é pelo seu bem-estar?
O quão responsável você é pela sua aprendizagem?
Agora que você já sabe quais são as
condições físicas fundamentais para que você
tenha a sua saúde e produtividade promovidas
e conservadas, passaremos às dimensões
cognitivas que possibilitam um estudo que,
de fato, ocasione a aprendizagem.

O QUE VAMOS APRENDER


NO PRÓXIMO VOLUME?

Quais são as variáveis cognitivas que determinam a aprendizagem;

Como tornar o seu estudo um processo ativo que resulte na aprendizagem;

Como agir para potencializar os seus resultados de aprendizagem;

Como evitar o esquecimento de conteúdos que são relevantes.

mais!
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e mu

Em breve, o Volume 3: Cognição e Aprendizagem!

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