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An ti c s m i c a
No. 01 201 8
V i a S a n gr i s
Expediente
A Anticósmica é uma revista digital gratuita criada No entanto, reconhecemos que não é um caminho
pelo Projeto Zarzax. Nosso projeto é uma para ser tomado de ânimo leve, especialmente se o
resposta ao interesse daqueles que buscam a indivíduo não estiver preparado para as grandes
iniciação na Via Sinistra, servindo de portal de mudanças que ocorrerão em sua perspectiva do
acesso às Correntes Satânicas e ao lado sombrio da universo e em si mesmo ao longo dos nossos
espiritualidade. Não estamos baseados em nenhum trabalhos. O Projeto Zarzax é uma senda para o
modelo de Ordem ou Loja, nem em hierarquias, abismo interior, um meio de abandono dos
também não há cobranças de taxas por associação aspectos fenomênicos e ilusórios do universo para
ao Projeto e qualquer seleção de quem possa ou se fazer um mergulho na profunda escuridão do
não trabalhar conosco. Somos um grupo satânico verdadeiro Ser. Como objetivo secundário do
sem restrição de métodos e livre para valorizar a projeto, buscamos também fortalecer as Correntes
experiência pessoal. Nós não nos colocamos como Satânicas para que a Gnose necessária ao despertar
o caminho a ser seguido e sim como um veículo e ao avanço dos que buscam o caminho esquerdo
que serve de meio para se alcançar metas. O possa ser adquirida. A maior parte do conteúdo
principal objetivo do projeto é proporcionar ao estrangeiro que trazemos nessa edição foi
envolvido o conhecimento iniciático necessário concedida diretamente a revista, salvo algumas
para a exploração do Caminho Esquerdo. Para matérias que seus responsáveis disponibilizam para
nós, a entrada no golfo obscuro da mente rumo às uso não comercial. Todo conteúdo dessa edição é
baixas dimensões é um marco significativo para o de total responsabilidade de seus autores.
autoconhecimento, e para isso formamos um guia Colaborações e contato com a revista podem ser
de caminhada nas sombras interiores. enviados para contato@projetozarzax.com.br
Conteúdo
E di t o r i a l 03
Uma Fórmula para Abrir o Céu, Elijah 04
Shakta Bhakti: A Devoção à Deusa, Juny McDaniel 06
Detonando a Bomba da Mente, Shivanath 08
Contágio Insignificante, Ellen Greenham 14
Postura de Isthar, Uma Experiência Extática, Ph.D Belinda Gore 16
Universo Esquisofrênico, Ellen Greenham 18
Sigilo do Ventre de Isheth Zenunim, TOTBL218 21
David Bowie e o Oculto, Peter R. Koenig 23
Um Drink Com Espíritos, Dom Wilians 29
Conversa Com a Artista Erica Frevel, Dom Wilians 32
O Percurso Yggdrasílico do Jörmungandr, Manuel Herrera 35
Sacrifício Pessoal, Robert E. Svoboda 37
Gritando no Vazio, THEM & Ordo Saturni 39
Arte da Ama Lilith, A Mãe Sem Rosto, THEM & MLO 41
A Visão dos Pesadelos da Ama Lilith, TOTBL218 43
Conspecto da Filosofia de Patheimathos, David Myatt 46
Método para Entrar no Extase Religioso, Ph.D Belinda Gore 49
Atavismo, Dom Wilians 54
Thantifaxath: Uma Recordação, Albert Petersen 56
Qliphot, Dom Wilians 59
Rejeiçao Religiosa do Mundo, A Esfera Erótica, Max Weber 60
Zero Kama, Dom Wilians 64
A Descida na Escuridão, Stanton Marlan 65
Okbish: A Deusa Aranha, Daemon Barzai 69
Barbelo & Sethianismo, Tau To Ba'al 72
Editorial
Você não vai gostar desta revista, a menos que goste de experimentar. Nosso material não é um
bom incetivo se você está procurando receitas de feitiçaria - uma lista de alguns ingredientes para misturar
e se divertir iimpressionando alguém. Essa é, propositadamente, uma revista que dá ao leitor espaço para
rabiscar pensamentos entre suas páginas. Se trata de um Item Pessoal, seu e só seu para ler, absorver e
modificar se sentir necessidade.
A feitiçaria não deveria ter regras. Ela é uma avançada ferramenta para criarmos experiências com
o oculto e a única variável é a habilidade do praticante. Se você está comprometido com esse tipo de
trabalho, sem se preocupar com regras ou a aprovação de outros, disposto a abordar a feitiçaria como um
cientista abordaria a pesquisa, e se você tem o desejo de alcançar suas experiências sem desculpas, então
esta é um revista adequada às suas necessidades.
Feitiçaria é a descoberta do próprio poder, da própria sofisticação e habilidade, e uma servidão do
indivíduo a si mesmo. O experimento é vital para o feiticeiro. A proposta desse trabalho é compartilhar
ideias que suplementam a exploração pessoal da feitiçaria, materiais estes praticados por aqueles de nós
cujo interesse é a experiência direta e não a busca pela convenção daquilo que socialmente chamam de
"satanismo ou caminho da mão esquerda", mas que não passa de dogmas e regras de condutas limitadoras.
Para mim, a obtenção de resultados tangíveis é o mais importante, e com isso o caminho é construído. Se
você executar o trabalho exposto aqui com acuidade, terá feito tudo o que precisa para obter tais
resultados. Limitações do que você possa ser ou fazer estão somente em sua mente, mas aviso que a
feitiçaria é uma via sem garantias, a menos que você esteja comprometido nesse trabalho com cem por
cento de seu ser. Ao desenvolver e agir sobre a capacidade de criar nossas próprias experiências,
alcançamos a liberdade necessária para não olhar para o impossível e desfrutar plenamente do que está
disponível através de nossas ações.
Essa primeira edição da Anticósmica desafia cada um se tornar a caricatura de si mesmo. Iremos dar
suporte para a exploração dos mecanismos da mente quando os dentes de sua engrenagem se fecham.
Iremos atrás daquele caminho individual para o qual não podemos dizer "não". Os budistas afirmam que
sua alma entra em uma nova fase a cada período de sete anos, e os biólogos dizem que o corpo substitui
completamente suas células a cada sete anos também, mas pretendemos pegar o caminho que te dará a
oportunidade de fazer as duas coisas quando terminar de ler nossa primeira edição. A Anticósmica foi
idealizada para adultos que podem lidar com a experiência transcendente da mente, do corpo e com novos
sentimentos. Então para quem está preparado, desejamos uma viagem do obscuro complexo espiritual para
a sua própria realidade e além cheia de aventura, experiência e novidade.
Uma Fórmula para Abrir o Céu
por Elijah, Trad. Pt Lotan
Os sinais do alfabeto sagrado e silencioso são representados entre as linhas da língua vulgar. Esta
magia é decretada fora do tempo, ocorrendo através de múltiplas referências de perspectivas projetadas
estereograficamente através do ponto negro da transmogrificação. O templo deve estar em ressonância com
a natureza da revelação da morte, do fogo triunfante e alguma força de negação. Por trás disso, as máscaras
revelam-escondem o silêncio. A invocação “verdadeira” é realizada com o craqueamento dos pilares em
meio ao fulgor luminoso. O vazio tem voz e fala da morte de toda a linguagem.
Através da pérola de percepção invertida, Eu me estremeço e crio teu poder inferior! Pelo inexorável esquecimento do sol
da meia-noite. Eu chamo e invoco o teu poder para o inferno! Com a lâmina perversa, forjada do triunfante Aphex Loa! Eu
empunharei e promulgarei o teu poder inferior! À aniquilação do supremo amor ingerido dentro do túnel de ágape; Eu me
torno teu poder inferior! O alvorecer da luz chama pela essência do caos. Pelas águas da Noite Inferior, o OVO suplantou a
mente. Nós estamos além do limiar, da infinidade.
or
nozon
ch
No olho do sol por meio da inversão do reino. As palavras do mago são falsidade. CHORONZON é
amarrada e acorrentada pela ponta do ferro. Através do fogo, veículos noturnos de dor é a própria palavra
falada e oculta; pelo vento e pelo ar a mentira foi recebida. Este egresso para nossa casa nasce entre as
cismas do paradoxo, a ectasia do ômega. Seu coração chora…"Oh meu deus, a luz é silenciada, e o rosto
desaparece!" O rosto é o DIAMANTE DUPLO-FUNDIDO de um deus enfurecido, rasgando entre as
páginas da verdade refratada.
Nós vivemos em um PALÁCIO INVISÍVEL. Não há fechamento para este encantamento, uma vez que tornou-se.
Notas
A magia anterior não deve ser (nem pode ser) usada por principiantes para qualquer efeito.
1) O Lamion Continuum
| As ferramentas do
| Respiração e Voz
| As crianças
2) AI TH IA | As ferramentas do
11 + 11 | Irmão Escarlate
EH como em Eh?
EETH como em “teeth” pausado
EE como na letra “E”
AY como em “ay mate” ou “hey”
A bússola universal alinhando a grande roda; Sandalphon, o profeta mais velho. Uma nova arma mágica que
varia em construção dependendo do raio de refração, cada Aeon se alinhando no impossível Syzygy.
O Cinturão Escarlate sendo a ferramenta de aquisição de domínio. A faixa revela a sua própria
vontade de acordo com os alinhamentos do AITHIA.
Aphex Loa – A extensão da Palavra do HORIZON para os filhos originais da terra, filhos dos
insetos. Um servo devorador do próprio Loa. Um adjetivo atual do esquecimento universal. Oraboras foi
esquecida. Aphex Loa (também uma técnica) é tanto antiga quanto é uma nova escola.
As seis ações indicadas na invocação são o eixo universal em torno do ponto central do devir. Há um
Saturno secreto dentro dessa mentira, que é o túmulo da morte, a morte de NEMO. O eixo pode ser
alinhado ao cubo do espaço, neste caso une-se as três mães que giram sobre o Saturno mundano com as
outras seis representando as faces do cubo: Leviatã Encarnado. Os doze são alinhados de acordo com as
doze arestas (o zodíaco); os oito vértices são os pontos do giro da roda, os tempos intermediários que
podem ser acessados a qualquer momento pela análise da transição entre os pensamentos. Um caminho
aberto para a Não-Mente.
O Ovo (Não-Mente) – O colapso catastrófico da pilhéria infinita. A natureza infinita da criação dá
origem a êxtases além das nossas limitações conceituais. Não-Mente é o estado de aquisição da consciência
vazia. A este estado de percepção, plenamente representado neste quadro de visualização mental, deve ser
dado voz, pois o veículo sem voz é delegado aos Vigilantes, os gravadores dos eventos promulgados. Não-
Mente também faz referência às águas escuras de Escorpião, gerando o raio necessário para o giro da roda.
Shakta bhakti ou amor devocional é a adoração de uma única grande deusa, Mahadevi ou Mahakali
ou Parama Shakti, uma deusa com muitos nomes. Também pode ser a adoração de deusas menores, que
podem não ter o poder esmagador da grande deusa, mas ainda podem motivar a pessoa a se tornar uma
devota. Como um devoto de Kali entrevistado revelou: “Eu me refugiei aos pés da mãe. Eu quero estar
com ela até morrer. Dia e noite eu moro aqui no templo, nunca vou a lugar nenhum. Aqui estou eu e aqui
fico. A mãe me dará abrigo.” A grande deusa é sem nascimento ou morte, eterna, independente, a alma do
universo. Ela é maior que o universo, mas ao mesmo tempo menor que um átomo. Ela está tanto dentro do
samsara quanto além, e suas formas manifestas incluem o sol e a lua, os ventos, todos os seres humanos e
animais, os oceanos e a terra. Ela é adorada em qualidades como intelecto, riqueza, força, misericórdia,
modéstia, perdão, paz e proteção. Compreendemos quatro tipos principais de Shakti bhakti em Bengala
Ocidental. Estas são:
1. Bhakti popular
2. Bhakti emocional
3. Bhakti política ou nacionalismo
4. Bhakti universalista ou Shakta Vedanta
3-O terceiro tipo de Shakta bhakti, a bhakti política ou o nacionalismo, tende a ser encontrado em
maior medida em situações de convulsão política e social. A deusa é a Mãe em sua forma como natureza ou
pátria, e ela precisa ser protegida do mau comportamento dos invasores ou forasteiros. Ela é resgatada por
seus filhos, que se tornam seus protetores e heróis por direito próprio. Como em muitas situações
familiares na Índia, a mãe é apoiada por seus filhos. Esse tipo de devoção é primariamente ética, e a deusa é
invocada como justificativa para a ação política ou social. A experiência religiosa é encontrada em
sentimentos de patriotismo e amor ao país e ao campo.
1 A imagem tradicional de Shakta bhakti é aquela que é similar a Vaishnava bhakti: um devoto leal e
amoroso e uma divindade misericordiosa. No entanto, o Shaktismo é uma tradição com muitos aspectos.
Falamos extensivamente sobre a natureza da linguagem e como ela molda nossa realidade, como a
definição de uma palavra como “justiça” varia tanto que as pessoas mal conseguem se comunicar sobre o
que é justo e o que é injusto. Nós também falamos sobre fugas da realidade verbal: sigilos, drogas, falta de
consciência no orgasmo, todas essas coisas, pois a magia frequentemente acontece em estados sem palavras.
Bem, foda-se, é hora de matar o assassino. Destrua sua mente. Você quer sair da armadilha verbal?
Pegue uma espingarda e exploda sua mente. E eu não quero dizer por uma hora ou um fim de semana,
quero dizer permanentemente. Desenhe sua fuga da Realidade Verbal e corra, fuja para o silêncio místico
que produz quietude e a prática da presença de deus. Sim, queridos, vamos falar sobre meditação, o último
ato de rebelião contra a sociedade, o sistema e todas essas outras coisas ilusórias. Meditação não é apenas
ação social: meditação é revolução para se tornar livre – por qualquer meio necessário! Esta não é uma
mensagem de “medite para que você seja mais gentil com as pessoas”. Isso não é “medite, então você ficará
mais calmo”. Isso é “medite para que você possa escapar do confinamento verbal e vagar livre no
universo”.
Meditação como política revolucionária, como anarquia, como Vontade e Vida e Liberdade. Você
sabe que sua mente é uma gaiola: que outras pessoas escreveram a linguagem que você fala, que suas
estruturas conceituais foram moldadas primeiro por seus pais, depois por suas escolas, depois por Aleister
Crowley, Bill Burroughs e Swami Sivananda. Tudo em palavras é lixo, armadilhas cada vez mais confinantes
e sofisticadas para mantê-lo no reino da experiência qual as palavras podem se referir de forma significativa.
Compreendo? Mesmo aqueles que buscam libertá-lo em palavras são mentirosos e ladrões, poluindo ainda
mais a esfera cognitiva da raça humana. Tudo o que posso fazer com essa armadilha é rotulá-la claramente:
Se a linguagem é um vírus do espaço, é hora de você se curar. Destrua todo pensamento. Isso não é
besteira radical sem sentido. Ou, se for, é pelo menos besteira radical sem sentido real. Cerca de doze anos
atrás, saí da armadilha mental, atravessei a meada de pensamentos e escapei para o silêncio interno – um
estado persistente no qual, se não estou pensando ativamente em alguma coisa, há apenas uma luz
silenciosa dentro da minha cabeça, ou um ocasional AUM.
Eu credito à essa experiência uma salvação para minha vida. Sem a constante moedura da
linguagem, da tagarelice, do rádio psíquico, do disparate maligno que passa pela nossa consciência a maior
parte do tempo, é possível ver as coisas de maneira diferente: a vida é bela, as pessoas são do tipo pleno e o
sofrimento é breve ou algo que as pessoas podem acomodar. Para recarregar-se, basta sentar e brincar com
a experiência de estar vivo, fazer um chá, fazer um lanche, sair para passear, brincar com um cachorrinho.
Sem a mente para estragar toda experiência com seu fluxo constante de definição, dúvida, negatividade,
apreciação, discussão – sem o salto constante para a metapsicose, onde toda experiência é transformada em
algo sem sentido ao ser atribuída a um “significado” arbitrário – por que, então, a vida é profundamente
boa.Você entende o que eu estou dizendo? Sua mente provavelmente prendeu você e a magia não vai salvá-
lo. Pelo menos, não o tipo de magia que você provavelmente está fazendo agora.
“Minha perna direita está doendo. Estou pensando na minha namorada. Eu estou querendo saber o que este exercício
irá produzir. O que ele quer dizer com “armadilha”? Não parece haver nada acontecendo. Espero que meus colegas não
voltem agora. Isso não parece muito com uma discoteca, ou algo constantemente me batendo.”
O que você está vendo é a torrente de distrações que esconde a sua verdadeira natureza de você, e
faz de você um escravo do que te distrai. Este fluxo constante de coisas não é você mais do que seu cabelo
é. Se você cortar seu cabelo ou tingir de roxo, algo mudará, mas você ainda é você. Assim é com a mente: se
você raspar os cabelos até dois milímetros de comprimento, as pessoas verão que algo mudou, mas você
ainda será você – mas em vez de olhar para o mundo através de um emaranhado de franja de merda, você
vai ver o mundo claramente. Você pode cortar seu cabelo. Você pode mudar seu estilo e permanecer em
você. Lembre-se disso neste próximo bit.
Da mesma forma que seu campo visual fica quieto quando você fecha os olhos em uma sala escura,
você pode fazer com que sua mente fique quieta. A combinação de entradas sensoriais reduzidas com
entradas mentais reduzidas pode fornecer um ambiente adequado para chegar a entender a base da
identidade e da percepção, tornando-se apto ao processo de liberdade. Mas primeiro, vamos matar a mente,
certo? Domestique o leão, traga a fera sob controle, sente-se firmemente no assento do dragão. E se,
parando a mente, as vozes em sua cabeça – não as guias espirituais, mas aquelas que você considera “você”
– pararem de falar? Pense nisso por um segundo (paradoxo observado). Nenhum diálogo interno.
Nenhuma corrente de crítica. Nada. Você fecha os olhos, coloca os dedos nos ouvidos e, de repente, não há
nada. Quietude, escuridão, silêncio, luz. Descansando sereno dentro de você mesmo, sem distrações.
Nenhuma noção da passagem do tempo, apenas o puro ser.
A única coisa entre esse estado e você é a sua maldita mente. Agora, você quer falar sobre liberdade
e libertação matando-a? Arregaça as mangas. Vamos falar de táticas. Essa coisa da mente, é apenas um
mau hábito? Sim. Tente um experimento: cutuque-se com algo tipo um lápis afiado o suficiente para doer,
mas sem tirar sangue.
Projeto Zarzax 9 Anticosmos 01
Sinta a sensação, faça uma pequena pausa e pense em como se sentiu, obtenha alguns detalhes.
Agora, tente a mesma coisa de novo, mas em resposta à dor, mentalmente (interiormente) entoe alguma
outra verbalização da dor. “O mais provável é que você perceba que a sensação da dor é menos ruim
quando sua mente é preenchida com um símbolo para a dor: removendo a experiência para o nível
simbólico, a intensidade da experiência negativa real é reduzido. Essa é a etiologia da “síndrome da mente”.
Formamos uma camada entre nós e nossas experiências, negativas primeiro, mas depois todas, e
chamamos esse mecanismo defensivo de “a mente” e nos identificamos com ela tão completamente que a
confundimos com nós. E o quarto barulhento com as luzes de discoteca piscando? Nós o construímos para
fugir das experiências negativas da infância, de ser um bebê, de não ter controle, de sermos escravos dos
caprichos de nossos pais, por mais bem intencionados que fossem. A mente se forma como uma camada
defensiva contra a experiência real, ok?
Agora vamos tentar um orgasmo. Observe bem de perto: as probabilidades são de que, quando você
tem um orgasmo, você entra em um espaço totalmente não verbal por um curto período de tempo. O
óxido nitroso pode fazer praticamente a mesma coisa. Essa é uma experiência não verbal. Agora, imagine
estar nesse estado – a experiência sem contato interno da vida – o tempo todo, sem aquele sorriso bobo e o
efeito colateral, ou o efeito anestésico no cérebro. Note que você ainda está no ponto de orgasmo ou
nitroso. Há continuidade da identidade, “pequena morte” ou não. A meditação é uma forma de
permanentemente se entregar a esse estado sem palavras de ser. Então, qual é a maneira mais rápida de
superar um mecanismo de defesa? Algumas pessoas tentam, sem fim, escolher as fechaduras – desmantelá-
las, uma camada de cada vez, compreendê-las, etc. É viável, mas lento. Por que não fazer o que teme,
perceber que não é tão ruim e permitir que o mecanismo defensivo caia como uma crosta ou um terno que
você não usa mais? Uma virgem luxuriosa joga todos os tipos de jogos, dançando no limiar da experiência,
e talvez se a programação for ruim o suficiente (pense: colegiais católicas) se torna parcialmente definida
por mecanismos defensivos construídos em torno de não conseguir o que você realmente quer da vida. É
muito parecido com isso também: uma vez que você está fazendo sexo, você quer saber o que diabos está
esperando, ou pelo menos muitas pessoas pensam isso. Mesmo que a primeira experiência não seja ótima,
atravessar o abismo é útil por si só.
A Mente existe para atenuar nossa experiência de estar vivo. O livrar-se da mente é alcançado mais
rapidamente assim, permitindo-nos ter experiências de força total, removendo o medo que produz a mente.
Perca a mente, torne-se mais viva. Torne-se mais vivo, perca a mente. Como mago, esse é o ângulo para o
trabalho. Entre na brecha entre os pensamentos. Como último ponto, antes de discutirmos a técnica
prática, vamos apenas observar que entre essas palavras há um espaço. Se você lê em voz alta, há uma
lacuna entre as palavras. Você poderia fazer uma faixa silenciosa, fazendo uma gravação de áudio da fala e
gravando todo o silêncio entre as palavras. Isso também é verdade para sua mente: há uma lacuna implícita
entre as palavras na corrente de pensamento. A experiência normal é de que as palavras são “figuras” e o
silêncio é “chão/base” – se esta posição estiver invertida, de modo que você esteja ciente do silêncio como
a experiência primária, e das palavras como a experiência secundária, você já verá o caminho até lá, mesmo
que ainda haja muito lixo verbal.
1. Ela constrói o “músculo” de retorno da sua consciência para o lugar que você quer: o mantra.
A segunda técnica é: você apenas senta. Com seus pensamentos. Com suas emoções. E sem o mantra.
Apenas sente-se e tenha consciência do que está acontecendo. Uma interação típica entre essas duas técnicas
é:
“Eu continuo tendo esses pensamentos, e eles são parte do registro emocional da ansiedade. Acho
melhor dar uma olhada nisso!”
[Insight: Talvez ache que isso não seja tão importante afinal de contas. Lembre-se, coisas como a
Respiração Holotrópica podem ajudar a desencadear essas percepções também; de fato, é por isso que
existem – você pode fazê-la tranquilamente enquanto executa técnicas como essas e funcionará muito bem.]
1. Não se pensa em nada, se possível. Se você perceber que está pensando, tente voltar a uma consciência relaxada:
observar seu autoconhecimento é uma consciência relaxada. Então está se vendo não pensar. Tentar pensar em algo não é uma
consciência relaxada. Se você está pensando, deixe acontecer, mas tente observar com uma consciência relaxada. Se estiver se
sentindo, deixe acontecer, não interfira e observe seus sentimentos com consciência relaxada. Não tente parar de pensar ou
sentir: esse esforço não é uma consciência relaxada. Apenas sente-se.
2. Não processe estímulos sensoriais, se possível. Se houver ruídos de fundo, não faça riffs mentais sobre eles e seus
significados. Apenas deixe que haja barulhos. Tente não cair no estudo de sensações individuais como objetos de meditação,
simplesmente deixe todo o sensório invadir sua mente. Em comparação com outras técnicas de meditação, essa abordagem pode
parecer apenas ligeiramente diferente de simplesmente ficar sentada ali. Isso ocorre porque, na filosofia Nath, a percepção
iluminada é apenas ligeiramente diferente de apenas ficar sentado ali, e isdo se houver alguma diferença.
Uma ferramenta muito gentil é usada para investigar uma distinção muito sutil, ou talvez inexistente,
entre os dois estados de consciência “iluminada” e “não-iluminada”. Alguns minutos desta técnica terão
algum efeito, mas as coisas realmente começam depois de alguns meses de uma ou duas horas por dia. Isso
pode parecer um grande investimento de tempo em comparação com os quinze minutos de manhã e à
tarde recomendados com mais frequência, e é.
Projeto Zarzax 12 Anticosmos 01
Meditação: O que? Então, o que, exatamente, está sentado lá sem fazer nada além de ter uma
consciência relaxada de seus sentidos, mente e corpo? Qual é o objetivo de tal exercício, e por que ele
(eventualmente, talvez) melhore a qualidade de nossas vidas? A resposta é que é quase impossível fazer o
exercício conforme descrito.
Conseguir uma consciência simples e relaxada de todos os nossos sentidos e nossas mentes acaba por
ser muito difícil. Normalmente, a primeira percepção é que nossas “mentes” são de fato dominadas por um
fluxo constante de pensamentos formando um “diálogo interno” ou “fluxo de consciência”. Nem todo
mundo tem essa estação de rádio interna constante de estática mental, mas a maioria das pessoas o faz.
Outro fenômeno dominante são as emoções reprimidas: estamos em movimento o tempo todo,
então simplesmente paramos e nos vemos chorando com a tristeza ou a dor mantendo-nos ocupados para
evitar que voltemos para casa.
Apenas sentar-se sem fazer nada é, na verdade, um processo bastante ativo, porque dá tempo e
espaço para muitos fenômenos mentais que geralmente são represados por atividades como o trabalho e o
tempo de recreação para chegar ao primeiro plano. Antigos flashes de memória, pensamentos que nos
distraem e que normalmente nunca temos tempo para nos distrair, especulações selvagens…tudo isso surge,
e simplesmente limpar o acúmulo de “manutenção adiada” na mente pode levar literalmente meses de
meditação constante. Nada acontece além de assistir a um fluxo de lixo mental. Eventualmente, o riacho
clareia e começamos a entrar no território.
Meditação: O Território
O território é onde a meditação começa a nos ensinar coisas que não sabíamos sobre nós mesmos e
sobre o universo. Existem algumas verdades básicas (“sentar-se comigo mesmo é difícil e perturbador às
vezes”), que vêm quase universalmente e rapidamente. No entanto, “O Território” é definido por quatro
experiências.
1. Silêncio Interno. A “lacuna entre os pensamentos” – o minúsculo momento de silêncio entre o final de uma palavra
mental e o começo da próxima – começa a ser vislumbrada regularmente, ou até desfrutada. O silêncio interior torna-se um
fenômeno que se pode produzir à vontade com um pouco de esforço, ou mesmo com um estado de espírito e de ser sem esforço.
2. A Meditação da Conscientização Energética traz para a percepção de consciência outros sentidos além dos cinco ou
seis regulares, e você começa a sentir sua aura, a aura de outras pessoas ao seu redor, seus chakras ou fluxos de energia,
bloqueios no fluxo de energia em seu próprio corpo ou fenômenos semelhantes.
3. Comunicação Espiritual. Insights profundos aparentemente além do plano humano entram em sua consciência e
começam a mudar sua vida. Talvez você veja imagens mentais de seres tentando se comunicar com você.
4. Catarse Emocional. Você percebe padrões de sentimento e pensamento que geralmente estão ocultos para você, como a
tristeza reprimida em torno da morte de um pai ou a frustração com uma carreira que você achava satisfatória. Você se sente
obrigado a mudar. Note que todos esses fenômenos são aspectos bastante comuns da vida cotidiana, que são ampliados
simplesmente por conscientizá-los por longos períodos de tempo. Nada de novo está sendo produzido, mas as verdades existentes
estão se tornando mais visíveis, mantendo a consciência relaxada.
A maioria ou todas essas coisas são experimentadas ocasionalmente em flashes por muitas pessoas:
-uma premonição sobre o futuro ou um breve vislumbre de halos de energia ao redor das árvores…
-um momento de êxtase no orgasmo quando a mente está calma...
-meditação simplesmente leva a esses fenômenos e os aproxima da nossa consciência diária através
de um processo gradual.
O homem é o mais efêmero dentro desse momento cósmico; nascido sem propósito, desconhecido ontem e amanhã e tão
perfeitamente obliterado que MANA-YOOD-SUSHAI nunca se lembrará se ele existiu ou não. Tudo é uma piada e uma
ilusão - uma luta que não traz recompensa, e que não tem significado ou mérito no caos
("8 de janeiro de 1924", Derleth & Wandrei, 1965, p. 284)
2 Essa máquina de reconstrução é a base do próximo passo. Como o Visnu adormecido que restaura a
ordem do caos (Campbell, 1986/2002, pp. 21-5), Mana-Yood-Sushai “fará de novo novos deuses e outros
mundos, e destruirá os deuses que ele criou” (Dunsany , 1905 / 2000p. 535).
Projeto Zarzax 15 Anticosmos 01
Postura de Isthar
The Ecstatic Experience, Ph.D Belinda Gore, Trad. Pt. Lotan
Postura
Fique com os pés paralelos e separados cerca de 5 cm. Mantenha os joelhos ligeiramente
flexionados. Mantenha o braço esquerdo ao lado do corpo com o cotovelo bloqueado. Mantenha os dedos
da mão esquerda juntos, mas estenda os polegares da mão e aponte os dedos para o chão. Dobre o braço
direito no cotovelo e com a palma da mão para cima, segure o braço inferior direito na frente do corpo em
um ângulo de noventa graus. Mantenha os dedos da mão direita estendidos e afastados. Feche os olhos e a
boca, e volte a face para frente.
À medida que a compreensão do universo pela criatura humana se expande, sua percepção desse
território torna-se cada vez mais uma abstração mental, em vez de uma experiência de conexão e
participação incorporadas. O cosmicismo de Lovecraft sinaliza uma evolução dentro da visão de mundo da
criatura humana. Ao chegar ao século XX, essa visão mudou do “paraíso geocêntrico de Dante Alighieri no cume
da montanha do Purgatório, que seu século situou no meio de um oceano imaginário cobrindo todo o Hemisfério Sul”
(Campbell, 1968, p. 611), e atravessou o universo heliocêntrico de Copérnico. Nos tempos de Lovecraft, a
ciência está dando passos preliminares rumo a uma visão diferente do universo, e o cosmicismo se
desenvolve de uma maneira que abraça o modelo histórico do universo como máquina e antecipa a ciência
quântica. Essa visão do universo mantém seu foco simultaneamente no que está por trás e à frente da
criatura humana, e está aninhado dentro do cosmicismo como um componente vital de sua utilidade e
potência como modelo filosófico de investigação e iluminação. A ideia de olhar em ambas as direções ao
mesmo tempo é comparável à ideia de tempo que Heinlein descreve sucintamente como “um termo técnico
inventado por Alfred Korzybski1 e se refere ao fato de que o animal humano vive não apenas no presente,
mas também no passado e no futuro” (1941, p. 154). Encadernação do Tempo envolve uma interação entre
o que é conhecido e registrado sobre o passado histórico e o que é extrapolado como possibilidade futura.
Com base nesses parâmetros, a criatura humana toma decisões no presente em que ela existe, e cada decisão
tem efeito no evento imediato dessa decisão, enquanto também projeta no futuro que afeta todos os
eventos subsequentes. Paul Atreides na Duna de Herbert entende isso:
O vazio era insuportável. Saber como o relógio havia sido colocado em movimento não fazia diferença. Ele podia olhar para o
seu próprio passado e ver o início disso – o treinamento, a nitidez dos talentos, as pressões refinadas de disciplinas sofisticadas
e, finalmente,a ingestão pesada de especiarias. E ele poderia olhar para frente – a direção mais aterradora – e ver para onde
tudo apontava.” (1965/1978, p. 188)
A ideia do futuro como “a direção mais aterradora” é inescapável para a criatura humana dentro do
cósmico, porque sabendo que tudo vai acabar, que futuro resta? O personagem de Dick, Deckard, nos
Androids, sabe disso, e ao se perguntar se Mozart também sabia, Deckard conclui que “a performance
terminará, os assinantes morrerão, eventualmente a última partitura da música será destruída de uma forma ou de outra;
finalmente o nome “Mozart” desaparecerá, a poeira terá vencido”. Mesmo a ordem e a função dos componentes
dentro da máquina acabarão por deixar de funcionar, e quando os personagens de Dick, Chien e Tanya,
falarem sobre “música desafinando o céu” na história “Fé de Nossos Pais” (1987d, p. 221), Tanya lembra
Chien que isso refere-se à ideia de que “toda a ordem celestial do universo termina”…
De uma posição simultaneamente retrospectiva e especulativa, o universo tornou-se um lugar
estranho e, dentro de sua própria localidade, o tamanho do universo, quando expresso dentro da estrutura
newtoniana do espaço e do tempo, domina a criatura humana. Quando algo é alheio, “se estende a outra
pessoa ou lugar” (“vol. I”, Simpson e Weiner, 1989, p. 314). Ser alienígena pode até significar ter “uma
natureza repugnante, adversa ou oposta a” alguém ou algo (“vol. I”, Simpson & Weiner, 1989, p. 315). Em
suma, um universo alienígena não é familiar e não é bem-vindo na melhor das hipóteses, e mais
frequentemente um território hostil no qual “até mesmo o círculo de estrelas [é] como as pontas luminosas
de armas apontadas para baixo” (Herbert, 1965/1978, p. 197), e onde “a Estrela Polar espreita do mesmo
lugar na abóbada negra, piscando horrivelmente como um olho insano assistindo-nos” (“Polaris”,
Lovecraft, 1994, p. 31).
1Korzybski era um filósofo e engenheiro polonês. Vale notar a conexão com o uso de Heinlein do termo
''tempo de ligação" de Korzybski. John Clute reconhece Heinlein como um autor que escreve dentro de
O Sigilo do Ventre de Isheth Zenunim é duplo em seu poder, função e essência; é tanto uma
passagem que conduz aos mistérios internos da Deusa da Lua Negra, quanto um ponto de entrada do Sitra
Ahra para Yesod e Malkuth, através do qual seus Lilim e outros geradores do inferno são chamados. O
próprio Sigilo é um símbolo para o aspecto Isheth Zenunim de Lilith, e os anjos da Lua Negra que são
evocados através dele são suas “servidoras” – o Sucubus / Incubus e outros daemons encarregados do
roubo e transubstanciação das correntes de energia sexual que eles despertam e canalizam de volta para as
águas escuras da Lua Negra.
O Sigilo do Ventre de Isheth Zenunim é, portanto, um símbolo que pode ser utilizado para evocar a
presença das concubinas infernais que concedem
iniciação e insight nos aspectos esotéricos da
alquimia vampírica de Gamaliel. Neste contexto, o
Sigilo é usado como um ponto focal através do qual
as energias sexuais são projetadas na escuridão fértil
de Gamaliel. O Sigilo do Ventre é também uma
passagem para o reino dos pesadelos e atua como
um espelho negro no qual os desejos ocultos podem
ser projetados, fortalecidos e manifestados. Através
desse sigilo/espelho fortemente semeado de fé,
desejo e vontade, fantasmas e sombras de grande
força podem ser invocados e enviados para criar
mudanças de acordo com sua natureza e essência.
Este Sigilo é aberto em nome de Ama Lilith e
adentrado em nome de Isheth Zenunim. Isheth
Zenunim é aquela que recebe os que buscam
penetrar nos mistérios obscenos de Gamaliel, enquanto Ama Lilith é a mãe do parto que a envia para
desovar através do portal aberto de seu ventre sempre faminto. Quando, dentro do contexto dos ritos
oníricos de união, se entra através do Sigilo do Ventre, Isheth Zenunim conduz às sombrias planícies de
Gamaliel e ajuda na transformação astral e no atavismo licantrópico necessários para se caminhar nos
Jardins Lunares do Pesadelo.
Passar pelo Sigilo e entrar no Outro Lado é, portanto, um processo de morte e renascimento,
levando dos sonhos ilusórios da consciência diurna do ego para o despertar da Eu-Sombra dentro do Lado
Noturno. A ativação do Sigilo pode assumir muitas formas e é parte dos mistérios revelados através da
gnose concedida pela Rainha Sem Rosto. Mas o que pode ser revelado é que a lua branca inferior do sigilo
está ligada à essência de quem executa o chamado, e a lua negra superior do sigilo está ligada à essência
daquilo que é invocado. Essa ligação pode ser criada pelo uso dos fluidos vitais do homem, da mulher, dos
animais e das plantas, ou através dos poderes mágicos da fé e da vontade, manifestados como sigilos
sonoros ou lineares.
O Sigilo do Ventre pode ser traçado na testa, lançado no espelho, desenhado sobre pergaminho
incensado, marcado dentro da tigela preta, ou formado dentro dos sonhos despertos da mente noturna e
fortalecido com o poder do sangue, fluidos sexuais, tinturas, infusões, libações, óleos essenciais, fumaça e
outras ofertas que podem girar a chave, abrir o portão e fortalecer o elo entre a Mãe Negra e seu devoto.
Dentro de certos trabalhos, o Sigilo do Ventre de Isheth Zenunim é inscrito em um cálice de prata
consagrado, que pode então ser usado para canalizar o sacramento batismal escuro de seu ventre devasso. O
sangue negro que flui dela é tanto o veneno da Serpente mortífero para o ego quanto o néctar da
ressurreição para o Eu-Sombra.
O que é arte, o que é rock? É difícil descrever seus códigos, seus gestos, sua estética e suas
percepções; ela pode ser experimentada apenas como uma expressão de nossa cultura – um movimento de
inquietação constante, espelhando todas as partes visíveis da sociedade. Como pode o vazio febril do êxtase
infinitamente repetido ser transformado em algo que pode ser sentido, algo ouvido e visto e pago? Afinal,
essa música não é qualificada através da consciência de seu criador, mas através dos estados mentais criados
por seus perceptores. Frank Zappa expressou isso em 1974 assim: “O ponto crucial do disco é o
apóstrofo.”
Além de ser um músico e diletante em algum momento brilhante, a perspectiva religiosa de David
Bowie e suas técnicas de composição são um espelho eloquente e fragmentário da sociedade. “Na verdade,
tenho muito do século XIX – um romântico de berço”, ele proferiu
em 1995. Seu trabalho se assemelha ao de muitos
romancistas e pensadores pós-românticos europeus, como
Hermann Hesse (Steppenwolf), Gustav Gründgens (seu
papel mais famoso: Mefistófeles) ou Aleister Crowley. De
fato, o Gesamtkunstwerk “David Bowie” cristaliza essa
realidade fragmentada em artefatos culturais, e estes, por
sua vez, coagulam em novas realidades. Bowie (nascido em
1947 como David Robert Jones) é visto por alguns como
uma espécie de homem da Renascença cuja professa
“universalidade” é uma tentativa de mostrar os marcos da
evolução, reagrupando as partes fragmentárias de nossa
sociedade; e nisso, ele se assemelha a muitos ocultistas –
mas, ao contrário da maioria dos ocultistas, Bowie tem
considerável riqueza, aclamação da crítica, inteligência
penetrante e boa aparência duradoura; ele parece pronto
para alcançar alturas e realizações ainda maiores.
O que vem a seguir, divindade? Há um elemento fáustico / mefistofélico aqui. De que outra forma
explicar o zênite absoluto da trajetória mundana deste homem? Na verdade, há pessoas que estão
convencidas de que seu sucesso não seria possível sem algum tipo de assistência sobrenatural. Eu não
compartilho desta opinião. É minha convicção que o trabalho de Bowie foi seriamente subestimado e não
pode ser reduzido a uma série de tópicos únicos. No entanto, não se pode ignorar que Bowie construiu sua
persona pública a partir das várias partes do quebra-cabeça que estão nas raízes do ocultismo moderno; ele
já estava convocando algumas dessas peças com a tenra idade de dezesseis anos.
O que David Bowie tem a ver com o ocultismo? Ele mesmo deu a resposta em sua música de 1971
“Quicksand”:
Na canção “Station to Station” de 1976 (gravada no final de 1975), ele mencionou as chaves ocultas
para portas para outros planos da realidade, quando ele descreveu como viajar pela Árvore da Vida
Cabalística: De Kether a Malkuth, isto é, da Divindade à Terra. Em novembro de 1995, ele finalmente
admitiu que em 1976 “o interesse primordial estava na cabala e magia. Todo aquele escuro e um pouco temível mundo do
lado errado do cérebro ..[…] Mais recentemente, [1995] eu tenho interesse nos gnósticos.”
“Quando ouvi alguém dizer algo inteligente, usei-o mais tarde como se fosse meu. Quando eu vi uma qualidade em alguém que
eu gostei, eu peguei. Eu ainda faço isso. É como um carro, substituindo peças.”
(Rolling Stone, 12 de fevereiro de 1976.)
Em 1972 ele sentiu que seu “cérebro doía como um armazém / não tinha espaço para gastar”.
Como Bowie é um dos mais inovadores do rock e artistas pop de todos os tempos, sua criação de múltiplas
personalidades também espelha a cultura pop, com seus mitos paranóicos e para-religiosos de homens das
estrelas visitando a Terra, tornando-se ou influenciando Messias, ou tentando viver como discretos
passageiros entre os terráqueos.
A Golden Dawn
A Golden Dawn foi uma sociedade mágica e secreta que floresceu no final do século XIX e ensinou
uma mistura única de misticismo judaico (chamado Cabala), viagens astrais, magia e como se comunicar
com anjos e demônios. Para esta última comunhão, primeiro era necessário esvaziar a mente, abrir espaço
para o desconhecido entrar – algo que se parece muito com o método “cut-up” de Bowie de escrever letras.
“Eu sempre me senti como um veículo para outra coisa, mas na verdade nunca soube o que era aquilo. Há um sentimento de
que estamos aqui para outro propósito.”
O Sniper no Cérebro Bowie estava espalhando palavras-chave ocultas por toda parte, sem nenhum
medo aparente da condenação publica. “Aquele mundo todo sombrio e assustador do lado errado do
cérebro” é expresso em termos complicados. Quando perguntado sobre seu passado ocultista
Bowie: Não, eu sempre achei que Crowley era um charlatão. Mas havia um cara chamado Edward Waite que era
terrivelmente importante para mim na época. E outra chamada Dion Fortune, que escreveu um livro chamado Psychic Self-
Defense. Você tinha que correr pela sala pegando pedaços de barbante e lápis de cera velhos e desenhar coisas engraçadas na
parede, e eu levei tudo muito a sério, ha ha ha! Eu desenhei portais em diferentes dimensões, e tenho certeza que, para mim, eu
realmente entrei em outros mundos. Eu desenhei coisas nas paredes e passei por elas e vi o que estava do outro lado!
(Sex and the Church Oddity, New Musical Express, fevereiro de 1997)
Sexo e a Igreja
Aleister Crowley nasceu na Inglaterra em 1875, em uma família rica e religiosa no auge da era
vitoriana. Em 1898 ele se juntou à Ordem Hermética da Golden Dawn. No Egito, em 1904, Crowley
escreveu um poema oculto anunciando o surgimento de um Novo Aeon que seria regido pela Lei do “Faça
o que tu queres” (como pode ser encontrado em “After After” de Bowie, 1970). Após a morte de um de
seus alunos, a vida de Crowley piorou. Sua reputação na imprensa britânica como “O homem mais cruel do
mundo” estava agora, mais do que nunca, trabalhando contra ele. Os últimos anos de Crowley foram
ofuscados por problemas de saúde, dependência de drogas e uma busca desesperada por dinheiro. Em
1935, ele foi declarado falido e vivia principalmente do dinheiro de sua ovelha religiosa. Ele passou pelo
London Blitz e recuperou sua existência em albergues rurais; Ele morreu em Hastings, Inglaterra, em 1947.
Crowley expandiu os limites da Golden Dawn, defendendo identificar-se com vários deuses, união com os
Deuses (anjos e demônios) durante o orgasmo e / ou consumo de fluidos sexuais masculinos e femininos
misturados. O sistema de Magia Sexual de Crowley era, e ainda é:
3. Interação dentro da vagina com o sangue ou as secreções de uma mulher quando excitada;
Crowley sonhava em dar à luz um feto per anum: “uma massa de sangue e lodo”. Ele explicou que
“a ‘criança’ de tal amor é um terceira pessoa, um Espírito Santo, por assim dizer, participando de ambas as
naturezas, mas ilimitado e impessoal, porque é uma criação incorpórea de natureza totalmente divina.”.
Stairway to Heaven
Quando perguntei a Angie Bowie por que seu ex estava envolvido em magia, ela Lembrava-se de
que ele ouvira falar que o Led Zeppelin estava envolvido no oculto e, por isso, queria ser ainda mais legal e
assustar Jimmy Page. David Bowie decidiu retaliar com sua magia, e supostamente disse à sua esposa que
ele faria isso com o que ele sabia da magia tibetana (“o lado escuro do budismo”, como ele a chamava);
tudo a ver com Aleister Crowley era “merda pequena”. Poderia haver outra razão pela qual o
crowleyanismo não era adequado para muitos artistas, exceto para eles usarem algumas palavras-chave.
Estrelas do rock ocupadas não têm tempo para a maratona de Crowley. A imagem do “Homem Mais
Malvado” é suficiente apenas para estratégias de marketing.
Cut-up
A técnica de cut-up foi originalmente concebida pelos surrealistas, que a chamaram de escrita
automática ou cadavre exquis e mais tarde remontada por Brion Gysin e William S. Burroughs: você pega
um texto, corta em pedaços, remonta essas peças a esmo, e assim criar algo novo fora do vínculo da ordem
linear. Como Bowie usou a técnica de cut-up para “escrever” muitas de suas letras, não faz muito sentido
tentar analisá-las como um todo, ou cada letra individualmente, palavra por palavra. Em vez disso, é preciso
focar nas imagens recorrentes e códigos que aparecem em todo o “David Bowie opus”, que conota o seu
tipo de gnosticismo. O método de corte torna-se irrelevante se Bowie está consciente de si mesmo como
um gnóstico; isto é, se ele se expressa conscientemente em termos gnósticos – ou se está escondendo-o.
Embora, se os ensinamentos cabalásticos e mágicos forem válidos, você pode interpretá-los em tudo,
mesmo que Bowie não tenha escrito conscientemente sobre eles como tal. Parece um excelente exercício
para demonstrar que se pode encontrar qualquer significado em qualquer coisa; o que, por sua vez,
demonstra algumas verdades psicológicas, como a de que cada um de nós constrói nossa própria
interpretação da “realidade”.
“Não sei necessariamente do que estou falando na minha escrita”, disse ele a Charles Shaar Murray. “Tudo o que
faço é reunir pontos que me interessam e confundem isso. Isso se torna uma música, e as pessoas que ouvem essa música devem
pegar o que puderem e ver se as informações que eles montaram se encaixam em qualquer coisa que eu tenha montado.”
Cavett: Você quer ser entendido? Você sabe o que quero dizer … como Ziggy Stardust foi…
Bowie: Não há absolutamente nada para entender. Quero dizer … Há fotos em que um Bowie de vinte e três anos
posa em trajes egípcios com grande semelhança com os da Golden Dawn.
Angie Bowie não vê nenhuma intenção oculta por trás disso: “Ele ficou sem ideias de fotos. Fizemos
isso em Londres no início dos anos 70. Os cérebros de Natasha Korniloff e Lindsay Kemp foram
saqueados para todas as imagens e todos os trajes possíveis.” Há rumores de que Bowie começou a
desenvolver um projeto de palco de Tutankhamon no início dos anos 1970, mas nunca passou do estágio de
planejamento. Você consegue imaginar Ziggy andando como um egípcio?
O Z i ggy t o c a v a gu i t a r r a E o n d e e s ta v a m a s a r a n h a s
Ar r a s a v a j u n to c o m o W e i r d e o G i l l y Q u a n d o a m o s c a te n ta v a a c a b a r c o m a n o s s a
E " As Ar a n h a s d e M a r te " c o r a ge m ?
E l e e r a c a n h o to A p e n a s o l u m i n o s o d a c e r v e j a a n o s gu i a r
M a s f o i l o n ge d e m a i s E n tã o r e c l a m a m o s d e s e u s fã s
V i r o u o c a r a d o m o m e n to E d e v í a m o s e s m a ga r s u a d o c e s m ã o s ?
E a í v i r a m o s a b a n d a d o Z i ggy
Z i ggy t o c o u m u i t o t e m p o
O Z i ggy c a n t a v a p r a v a l e r N o s d i z e n d o qu e é r a m o s u n s a b u t r e s
R e v i r a v a o s o l h o s e d e s m a n c h a v a o p e n te a d o A m o l e c a d a e r a gr o s s e i r a
C o m o u m ga t o j a p o n ê s E l e e r a o m á xi m o
E le o s la m b i a c o m s o r r i s o s C o m o t r a s e i r o qu e D e u s l h e d e u
E l e o s d e i xa v a p r a l á E l e l e v o u tu d o m u i to a s é r i o , m a s
C h e ga v a c o m t a n t o e s p l e n d o r C a r a , c o m o e l e t o c a v a gu i t a r r a !
B e m d o ta d o e s e m b r o n ze a d o ( L e t r a d e Z i ggy S t a r d s u t )
“Estou tentando decidir qual jogo é o melhor para mim, que eu posso suportar…Você não percebe, então eu estou
levando você embora.”
O padrão era a ideia de mudar a identidade ou pensar em sua própria identidade. Decidir qual jogo
jogar é simplesmente o hábito de Bowie de mudar de personagem, ou de reinventar sua personalidade.
Assim, a ideia de “encontrar-se” apareceu nos “fragmentos” de palco de Bowie, como as fases de Mod e
Bob Dylan (1964-1968), Major Tom (1969-1970), Ziggy Stardust (1971-72), Aladdin Sane (72-73),
Halloween Jack (1974), O Homem Que Caiu Na Terra (1975), The Elephant Man (1980-81), Serious
Moonlight (1983, quando mais uma vez afirmou ser o verdadeiro David Robert Jones), Screamin ‘Lord
Byron (Tonight, 1984), Tin Machine (1989), Nathan Adler (1995), Earthling (1997), na internet como o Sr.
Plod (1997) e como Boz no jogo para PC Omikron em 1999. Até certo ponto, todas essas pessoas são
recriações da figura de Pierrot, uma Gnose disfarçada na forma de paródia. Bowie tem aparecido
repetidamente no palco como “Pierrot in Turquoise”, uma espécie de Threepenny Pierrot. Esse número
surgiu em 1967, quando Bowie era membro da empresa da Lindsey Kemp – um ambiente em que tudo era
aparentemente trágico, dramático e teatral; isto é, apenas uma extensão de sua própria vida. Ao mesmo
tempo (circa 1968), ele se apresentou no drama de mímica The Mask, fazendo o papel de um jovem que se
identifica fatalmente com sua máscara dolorosa, um papel que Bowie mais tarde repetiria como “Ziggy
Stardust”, que é sufocado por sua máscara enquanto “fazia amor com seu ego” no palco (reminiscente de
Retrato de Dorian Gray de Oscar Wilde, que mais tarde foi o enredo para o clipe de Bowie para a música
“Look Back in Anger”).
Bowie sempre se intitulou como uma criatura que vive no “zoológico humano”, tatuado com Cartas
de tarô (como o Illustrated Man de Ray Bradbury); um “Karma-Man” (que data na setlists de 1967 até
1970, sobre Zen Budismo quando ele se juntou à Sociedade Tibetana em 1967 com seu então produtor
Tony Visconti) e ser um “Silly Boy Blue” (1966,“Criança do Tibete ”, “Montanhas de Lhasa”) que nunca
deixa seu corpo por vontade própria, e assim “tem que esperar para morrer”.
Entre 1967 e 1969, Bowie disse à imprensa que dormia em pé em uma caixa de madeira antiga,
comia apenas duas modestas refeições por dia e passava por períodos intensos de silêncio. Pelo menos, foi
isso que ele disse ao jornalista George Tremlett. Mas o Zen e o Budismo Mahayana não eram sua única
ferramenta para expandir a consciência e a percepção.
A era hippie já havia terminado quando ele a parodiou em seu álbum Space Oddity; em 1970 ele
estava “sorrindo tristemente por um amor que não podia obedecer”, pois ele não deveria se tornar uma
daquelas estrelas com uma mensagem mundana que devotava suas vidas “para salvar um slogan”, um
singles, dois álbuns de flop e percorrer gravadoras, ele estava procurando por um “novo amor” e “novas
palavras”. Em sua música “The Cygnet Commitee”, Ziggy Stardust foi novamente prefigurado:
“Eu dei Vida pra Eles / Eu dei tudo para eles… / abri portas que teriam bloqueado o caminho deles.”
Prostituta Angélica
Tendo já se descrito ironicamente como “orgasmo do grande sonho da utopia” e como “um falo em
tranças” em 1969, em 1971 Bowie vivia dizendo “Eu quero ser um Super-Homem”; ele expressou esses
sentimentos mais precisamente em sua canção “Areia Morta”:
“Ouça Lady, deixe-me deitar, deitar-se com você / Lentamente, ficamos muito bem e santos / Ajudando um ao
outro, como um irmão justo.”
NT: O cantor inglês David Bowie, O Camaleão (nascido David Jones), lançou 27 álbuns de estúdio, 11
álbuns ao vivo, 51 álbuns de compilações, 8 peças estendidas (EPs), 128 singles, incluindo 5 singles número
um do Reino Unido e 4 trilhas sonoras. Bowie também lançou 14 álbuns de vídeo e 72 videoclipes.
Projeto Zarzax 28 Anticosmos 01
Um Drink Com Espíritos
por Dom Wilians (Seilenós)
Bebidas alcoólicas são produzidas freneticamente, promovidas a todo instante nas mídias e ingeridas
por milhares de pessoas em todo mundo, mas poucos compreendem as suas influências espirituais e como
usá-las para favorecer a espiritualidade. Esse artigo trará uma abordagem introdutória da influência
alcoólica à nível espiritual, assim como as características mágicas do álcool e formas de utilizá-lo como
ferramenta. Sumariamente, a palavra “álcool” tem sua origem no idioma árabe. Os árabes liquefaziam um
pó escuro que batizaram de “al-kohul, al-ġawl e al-kuhul” que significa “pó fino/sutil”. Esse pó escuro era
a sobra da destilação do vinho e outras bebidas e ficou conhecido principalmente por servir de pó de
maquiagem usado pelas mulheres dos haréns. Embora civilizações antigas tenham conhecido a produção de
bebidas alcoólicas, foi somente com os alquimistas árabes na Idade Média que tal produção chegou ao nível
de uma destilação eficaz que podia controlar o teor alcoólico das bebidas, diferente da produção dos
egípcios e babilônios que tinha baixo teor alcoólico em suas bebidas por somente conhecerem o processo
natural de fermentação.
Mas com suas experiências os alquimistas árabes descobriram também que o álcool servia para
diversas coisas além da produção de bebidas e utilizaram esse componente para a criação de trescalâncias,
para extrair a essência dos óleos e até da
alma de uma entidade. A bebida alcoólica
também era vista - e continua sendo -
como uma essência e mesmo o Al-anbiq
(alambique), que por sua vez tem origem
no termo grego “ambix”, literalmente
significa “copo”, denotava essa ideia de
um repositório de onde tal essência era
extraída, fato aludido mais tarde pelos
europeus ao usarem o nome “Aqua Vitae”
para o vinho e outras bebidas, sendo que
até hoje em alguns países os destilados
são chamados assim.¹ Ao ingerir álcool, o
corpo e ntra em um processo de extração
da essência da alma e, junto com esse
processo, aspectos ocultos - o pó escuro -
podem vir à tona e assin a pessoa parecer
“transformada” ou modificada em outra
totalmente diferente ou acentuada na sua
própria estirpe. Também o álcool tem a
(Johannes Hevelius, Uranographia, 1690) capacidade de extrair a essência da alma
abrindo assim um espaço/vazio para que entidades possam usar seus atributos para influenciar o corpo,
caso visto com frequência em possessões após uma pessoa ingerir uma quantidade demasiada de bebidas
alcoólicas. Na maioria das pessoas que sofrem tais possessões, o espaço criado com a extração da essência
da alma é utilizado por demônios que somente querem aproveitar o corpo como veículo e alimento. Essas
pessoas geralmente não se lembram dos próprios atos na hora da embriaguez pois não estavam realmente
no controle. Esse é o caso narrado no folclore do demônio árabe “ghoul” cujo nome tem raiz na palavra
“Al-Kohul”, um demônio que se alimenta de carne, isto é, defuntos e pessoas cujo corpo perderam a “luz”
ou essência da vida.
1 O nome dado pelos europeus ao álcool nos destilados é aqua vitae ou água da vida. Mesmo hoje, os
destilados em geral são chamados eau-de-vie pelos franceses; akvavit e aquavit pelos noruegueses.
Cerveja: (Elemento Terra), ligada a deusas da fertilidade, da guerra e sexo. Ninkasi, foi a Deusa Suméria da
Cerveja, relacionada a fertilidade, pureza e alegria; Sekhmet, a deusa leoa dos egípcios também é conhecida
como protetora dos cervejeiros e quando se embriagava ficava furiosa e acentuava seu instinto guerreiro e
vontade de destruir inimigos; Ceres, a deusa grega dos grãos, agricultura e fertilidade. Do seu nome que
surgiu a palavra cerveja. A cidra é utilizada em operações em que se deseja ser recompensado com os frutos
de seu trabalho.
Rum: (Elemento Agua), tem influência na vida material e amorosa, especialmente financeira; a deusa Ningal
da mitologia suméria tem correspondência como o Rum, é a deusa da cana, que trazia o dulçor para as festas e
agradava o povo com sua beleza jovial e fertilidade. Era chamada de “grande menina”; o Rum também foi a
bebida principal nas homenagem à Netuno, onde marinheiros criaram o Festival da Neptunália. Nessa festa
era servido o Uzo, uma forma mais antiga do Rum. Esse festival era realizado no Verão como forma de atrair
a seca e proteger a plantação ; também nas religiões de matriz africana temos os espíritos Marinheiros que
trabalham com o rum. Esses fazem serviços de toda a natureza e são geralmente de natureza sombria.
Absinto : ( Elemento Ar/Agua), tem grande utilidade em operações no nível astral. Essa planta chamada
cientificamente de “Artemisia Absinthium” interage com as deusas lunares e seu nome vem da deusa Artemis
que corresponde a Diana, a deusa lunar e virgem das matas. Pode ser ingerida ou utilizada em oferendas para
abrir portais astrais.
Tequila (Elemento Fogo), é a forma moderna da Pulque (ou octli), uma bebida alcoólica consumida na
mesoamerica pelos xamãs. A tequila tem um grande efeito sobre o desejo sexual o aumentando. É feita do
agave, uma espécie de cacto e está ligada ao deus asteca Macuiltochtli uma das principais divindades dessa
tradição e atua nas rapturas e excessos.
Gin e Vodka: (Elemento Terra), essas bebidas tem as mesma correspondências, com a diferença de que a
Vodka atua com os elementos de forma mais sutil e o Gin de forma mais grosseira. As duas bebidas tem
produção básica á partir de trigo, cevada ou milho e estão ligadas a Deméter, a deusa da terra, abundancia e
fertilidade. Servem para atrair vigor físico, curar doenças, inclusive o Gin já foi utilizado como remédio, e
também servem para proteger a vida material, projetos e fazer empreendimentos vigorarem. Também atraem
energias subterrâneas de Persefone, a deusa do Hades.
Referências e Bibliografia
Ancient Beverages: Ancient Wine, The Search for the Origins of Viniculture, Patrick E. McGovern, Princeton University
Press, 2003.
“Enkidu knew nothing”: The Epic of Gilgamesh, Trans. Maureen Galery Kovacs, Stanford University Press, 1989.
“Vineyard of the red house”: Gods, Men and Wine, Wiliam Younger, The Wine and Food Society Limited, London, 1966, p.
33.
Egyptian Beer: “Beer from the early dynasties (3500-3400 B.C.) of Upper Egypt, detected by archaeochemical methods,”
Salwa A. Maksoud, M. Nabil El Hadidi, and Wafaa Mahrous Amer, Vegetation History and Archaeobotany , Vol. 3 No.
4, December 1994.
Mayan drinking: The Blood of Kings: Dynasty and Ritual in Mayan Art, Linda Schele and Mary Elen Miler, Thames &
Hudson, London, 1992.
Skara Brae: “Barley, Malt, and Ale in the Neolithic,” Merryn Dineley, BAR International Series, Vol. 1213, 2004.
"O que muitas pessoas vêem como grotesco eu vejo como verdade. É o que o mundo realmente
parece quando você não está mentindo para si mesmo ou se contradizendo ou sendo submetido
a uma lavagem cerebral pelos sistemas ao seu redor."
-Erica Frevel-
O estranho é que eu não penso muito quando estou fazendo colagem ou pintando. Eu entro em um estado de transe.
Geralmente estou sonhando ou meditando quando recebo as mensagens ou visões que inspiram o trabalho em si. O Vazio
geralmente me mostra o que fazer e é meu trabalho desenhar ou escrever as notas finais para a peça em específico. Então eu vou
ao encontro dos materiais certos para isso. Vou procurar em pilhas de revistas ou livros e encontro a imagem certa. Às vezes
elas simplesmente “caem” de um livro e eu não tenho mais que procurar. Então sento-me e medito e procuro arranjar as
imagens sobre o tabuleiro para que os recortes psíquicos espelhem a imagem astral que vejo. É por isso que as colagens estão
vivas. São grandes sigilos extraídos de mensagens do Vazio. Com a pintura, é um pouco mais direto. Se estou canalizando um
espírito para a pintura, costumo usar espelhos. Eu escrevo as músicas espirituais (invocações) ou poemas e peço para ele vir até
mim. Às vezes uso vários espelhos, todos refletindo uns aos outros, para fazer um túnel e peço ao espírito do outro lado que
passe pelos espelhos. As pinturas demoram mais que as colagens, mas eu gosto mais delas porque são peças muito originais.
Colagens são reflexos da humanidade porque são imagens da sociedade que eu uso, não as minhas. Eu simplesmente distorço
as imagens da sociedade e as uso como um portal para o Vazio.
Os elementos grotescos no seu trabalho são articulados de uma tal maneira que constroem um dispositivo
para pensar sobre o humano, a mente e sua relação com o real. A riqueza criativa de expressões que beiram
a fronteira do que pode ou não ser desse mundo, vai muito além do típico surrealismo. A sensação de que
sua arte é o resultado de uma relação entre você e uma realidade sombria não me sai da cabeça. Você se
percebe uma assinatura de uma condição sinistra que está além da sua natureza humana quando produz ou
isso já se tornou natural em você?
Realmente nem sequer percebo mais se a condição é sinistra, é apenas algo fora da percepção humana/mundana. Eu entendo
que muitas pessoas vêem isso como maligno e talvez eu esteja muito envolvida para vê-lo como tal. Eu não sou uma pessoa
particularmente sombria, na verdade. Eu acho que quando as pessoas me conhecem pessoalmente, acabam ficando surpresas
porque eu brinco muito e estou sempre sorrindo. Meu trabalho me traz muita alegria e satisfação, porque é uma expressão da
realidade não mitigada. Não é normal fazer o que faço, mas fui criada para este propósito e me sinto honrada pela
oportunidade de ser uma artista agente do Vazio. O que muitas pessoas vêem como grotesco eu vejo como verdade. É o que o
mundo realmente parece quando você não está mentindo para si mesmo ou se contradizendo ou sendo submetido a uma
lavagem cerebral pelos sistemas ao seu redor. Às vezes a verdade é difícil de ver. Dessa forma, eu acho que se as pessoas
conseguirem superar a intensidade das próprias imagens, elas verão que estou simplesmente refletindo a realidade como ela é.
Minha expressão criativa não é realmente minha, é do Vazio.
Sua arte evoca a sensação de se estar abrindo uma comunicação com a matéria escura, o que parece ativar
um portal através da própria interpretação subjetiva de quem a vislumbra. Na sua opinião o que muda no
desenvolvimento de um trabalho pessoal e um trabalho encomendado quando a intenção é manifestar esses
aspectos demoníacos?
Eu tenho sorte que a maior parte do meu trabalho encomendado está realmente dentro do escopo do meu trabalho pessoal,
então não há muita diferença entre os dois. A forma que começo o trabalho quando o cliente está escolhendo a entidade para eu
canalizar, a fim de se tornar um portal para a energia desse espírito, é um pouco diferente. Meu trabalho pessoal difere porque
eles começam como mensagens do Vazio destinadas a mim e ninguém mais está envolvido. Mas de qualquer forma, as obras
serão usadas como portais e não como arte decorativa. Acho que a maior parte do meu trabalho que se encontra nos templos ou
lares de outras pessoas é usada da mesma maneira: como retábulos auxiliadores na meditação.
Conte-nos sobre o ‘Worship Void’, seu envolvimento com o satanismo e como isso se relaciona com sua
arte. E você é um tipo de artista que busca uma carreira?
Projeto Zarzax 33 Anticosmos 01
Eu realmente não penso em mim mesmo como tendo uma carreira artística, pois eu não estou de forma alguma interessada na
própria indústria da arte. Minha arte é uma extensão da minha conexão espiritual com o Vazio, por isso é arte sagrada que
raramente tem lugar nos círculos de arte contemporânea. O satanismo foi apenas o caminho que me levou ao Culto ao Vazio e
mesmo quando eu praticava o satanismo em tempo integral, nunca fiz parte de nenhum grupo. O que eu faço agora não é
realmente compatível com o que as pessoas pensam como satanismo. Eu não tenho pentagramas ou cabeças de bode na minha
casa. Não existe o “Culto do Vazio” em si, existem apenas indivíduos trabalhando pela unidade com a escuridão e trazendo-a
para o plano material. Só isso já é suficiente para o meu trabalho se destacar mesmo contra outros artistas que usam o
satanismo como uma palavra da moda.
Quando ocorreu essa abertura para receber influências demoníacas através da arte, você buscou algum
background familiar ou mesmo amigo que pudesse contribuir para o seu autoreconhecimento como uma
artista satânica ou isso foi alcançado inteiramente na solidão?
Não, só trabalho na solidão e continuo a colaborar apenas com pessoas que considero dignas. Eu nunca senti a necessidade de
validação de amigos ou pessoas que possam ter um passado semelhante ao meu. Eu tenho trabalhado com a energia negra do
Vazio por um longo tempo, mas cerca de quatro anos atrás eu realizei um ritual para assegurar essa energia diretamente em
minhas mãos. Desde então, meu trabalho parece totalmente diferente. Tem uma certa voracidade agora que não aconteceu antes.
Eu me chamo de artista satânica apenas porque não há outra palavra para me definir e há uma séria falta de compreensão de
indivíduos fora dos círculos ocultistas sobre isso.
Eu gostaria de agradecer a vocês que estão interessados em meu trabalho e nas implicações espirituais. Se vocês usarem minhas
pinturas ou gravuras como retábulos, estaremos conectados através da matéria escura do Vazio. Eu gostaria de continuar me
conectando com pessoas interessadas na adoração do Vazio, a fim de despertar sua criatividade destrutiva.
Obrigado a todos!
A Serpente é o iniciador oculto do Reino do Diabo, carrasco e profeta, desliza-se no fértil chão das
florestas interiores e morde a mão do maldito apóstata traidor. O apóstata em questão, não é aquele que se
rebela contra uma igreja mas aquele que trai a sua própria religião, a religião primitiva e primordial da
serpente negra que protege a chama oculta como vestal e prostituta, duplo segredo rebelado no respiro do
seu ser.
Neste sentido, e para evitar confusões, seria melhor falar de dois tipos de apostasia, uma do tipo
servil e outra do tipo selvático. A do tipo servil, natural do anarquista e revolucionário, é aquela blasfémia
contra as instituições e dogmas aceites pela sociedade, a do tipo selvático, alegórica aos animais não
domesticados das perigosas selvas, é uma traição mais profunda, feita contra nossa natureza interior, aquela
natureza além das convenções sociais e que, em essência, é a única natureza que realmente importa pois é
eternidade in natura.
De facto, a palavra apostasia como uma traição interior só faz sentido numa linguagem de cariz
iniciático, na qual o corpo do homem é o Templo do Deus Oculto, e nesse assumir-se divino é onde a
própria traição se transforma na mais ruim das apostasias.
O iniciado tem, desde um ponto de vista teósico, três “corpos”, o primeiro, o corpo físico, é o
Templo que tem que ser salvaguardado como recetáculo da divindade, o segundo é o sacerdote, ou seja, o
ego que tem como função adorar, amar e aprender da divindade, o terceiro é a própria divindade, o Deus
Oculto, Amon-Ra como chama prometeica no meio dos dois cosmos, detrás dos olhos, num ponto
indetectável além da noite dos tempos.
O ego é um sacerdote-guerreiro, um herói na sua própria epopeia, a busca do Graal que não é outra
coisa que o grito de Walhalla!, estado de êxtase eterno nos beijos de Nuit. O teste do herói na sua ordenação
sacerdotal é o percurso de Odin até o mímisbrunnr, a fonte do conhecimento que precisa do sacrifício da
visão racional para entrar no mundo do imaginal, a realidade das divindades, e assim, com o único olho
místico, olhar pela árvore do Yggdrasil as esferas superiores.
A primeira esfera do Yggdrasil é o Mannheim, o mundo dos homens, a segunda Godheim, o
encontro com a nossa divindade latente, a terceira Vanaheim, o renascer em Babalon, a quarta Helheim, o
mundo dos mortos.
Embora os sacrifícios védicos não tenham usado vítimas humanas por muitos séculos, o simbolismo
sacrificial continua a permear muito do rito hindu. A noz do coco, por exemplo, é uma fruta
particularmente auspiciosa porque representa muito bem a cabeça humana, com seus três olhos em uma
casca dura semelhante a um crânio que contém uma "carne" parecida com um cérebro e uma certa
quantidade de líquido que representaria o sangue, hormônios, líquido cefalorraquidiano e outros "sucos"
contidos em uma cabeça humana. As pessoas hoje em dia oferecem cocos em vez de cabeças decepadas, e
fazem isso em ocasiões de lua cheia durante agosto, quando os cidadãos de Bombaim descem para o mar
com seus cocos para tentar apaziguar os deuses da chuva e acalmar o frenesi das monções. A cabeça há
muito tempo é considerada na Índia como a parte
mais importante do corpo. Nela concentra-se o
poder, a excelência da existência, a essência do
universo. A cabeça é a sede da personalidade e,
portanto, o karma; antes que o corpo possa agir
para realizar o karma, a cabeça deve direcioná-lo
para agir. É pela cabeça que conhecemos o corpo.
A essência de um sacrifício está em sua "cabeça",
o meio pelo qual o karma de recriar a harmonia
no universo interno e externo é realizado. Quanto
mais simbólico nosso sacrifício se torna, menos
Karma precisamos desempenhar; podemos tomar
a cabeça, elemento essencial e mais importante, e
deixar o resto. Enfatizar o princípio do sacrifício é
maximizar o seu Karma, o que limita seus
benefícios potenciais. Algumas pessoas estão
começando a sugerir que geralmente é apropriado
adorar a Deus ou à Deusa com sexo, álcool e
carne, e que sacrifícios de sangue devem ser
realizados porque eles são eficazes meios de
alcançar nossos desejos. Embora tais rituais
possam efetivamente funcionar, raramente são os
melhores meios, pois são têm um alto preço e é
Aghori, Pintura de Snehal Ramdas Shirke comumente levarem à toxicidade e dependência
em vez de culto. A aura astral que eles geram também é provável que fortaleça a vontade de pessoas como
os pedófilos e traficantes que conspiram contram os que realizam o sacrifício.
É verdade que os Aghoris adoram com sexo, álcool, carne e, às vezes, sacrifício humano, mas apenas
com o propósito de trabalhar com as sobras e efeitos, não para recriação. Eles o fazem com plena
consciência do que pode acontecer com eles se caírem em auto-identificações com essas ações. Enquanto a
Lei do Karma pode ser temporariamente transcendida, ela não pode ser anulada mais do que a lei da
gravidade pode ser negada.
Os Aghoris, que completam seus vôos com sucesso, podem ir de um lugar para outro muito
rapidamente e fazer grande parte de seu trabalho de Rnanubandhana, mas se os motores deles pararem no
ar, eles cairão. Se eles caírem, eles sabem que têm que ser os únicos culpados. Aghoris preferem oferecer seu
próprio sangue em sacrifício. Eles se perguntam, "se meu amado requer prana, por que não deveria ser
meu?" Nisto eles seguem na liderança dos Vedas. Um dos poucos do mundo remanescente em Vedacharyas
é Agnihotram Ramanujan Tatacharya cujo domínio do ritual e do texto védico é verdadeiramente
deslumbrante.
D e vi M a h a t m y a
+O+
Christos Beest me disse uma vez que ele estava aliviado por não ter “gritado no vazio”…se ele quis
dizer o que quero dizer com isso agora, ao contrário eu me encontro em paz por estar fazendo exatamente
isso. Eu grito no vazio porque é a única comunicação pura e honesta que existe. Não há, afinal, nada e
ninguém além de mim que possa interpretar ou conhecer o meu ser e que não haja tolerância para tais
coisas. Realmente não há compartilhamento direto de experiências de filosofias ou metodologias – existe
apenas o que alguém faz para si mesmo, para o bem ou para o mal.
As escolas de sociologia e de idiomas dizem que não há comunicação real entre os seres humanos.
Assim, não há ninguém externo que possa julgar ou oferecer conselhos – porque essa vida, essa existência,
está entre mim e o vazio. Se alguém ouvir meu grito, deixe-o fazer os ecos que quiser – deixe-o impor suas
próprias sanções de acordo com a vontade dele. Pois instruir diretamente, dirigir, orientar, oferecer
conselhos aos outros, ou pretender conhecê-los é uma comunicação impura e desonesta.
Minhas convicções, minhas contradições, meus direitos, meus erros, minhas opiniões, minha loucura,
tudo pertence ao vazio – é aí que estou cara a cara com cada um dos meus mistérios e sozinho com esses
mistérios. É só para o Vazio que eu respondo. Para quem eu falo. Quem me conhece. Quem fala de volta.
Linguagem, palavras, conversas são carregadas de pesos, armadilhas e submissões; carregada de grandeza,
com limitações, com vontade. Falar com os outros é vincular os outros, buscar concordância, amizade,
solidariedade, ganho material, ou companhia, garantia, validação, invalidação, orientação ou respostas.
Respostas não podem vir quando há apegos, mas dentro de si mesmo através de si mesmo quando tudo se
foi e os ossos foram limpos.
A conversa não pode deixar de ser uma má orientação, supõe e impõe, sugere, postula e inventa,
sustenta e e desconstrói. Precisa e quer. Ele turvou a água clara da percepção e introduziu objetos estranhos
no templo intocável e fechado. A conversa pede por submissão, por favores, por reconhecimento, por
comércio, por amor, por dinheiro, por compreensão, por controle, por atenção, por culto – onde não pode
haver nenhum, onde só pode haver uma conexão direta suprapessoal ao Ser ou a fabricação de um ruído
que a distorce.
As vozes extras chutam um redemoinho de detritos, elas interferem na transmissão direta com o
Vazio – tanto com a deles como com a minha. As palavras são ruídos que as pessoas não ouvem bem o que
são – um tumulto cacofônico que obscurece a pureza, oculta a verdade, a simplicidade em si. O único
caminho honesto que conheço agora é a solidão. Apenas ser e gritar no vazio por tanto tempo e tão alto
quanto eu precisar. Então deixe o vazio compartilhar meus segredos com quem quiser ouvir. É assim que
falo com os outros.
Que qualquer pessoa que ouça indiretamente e capte qualquer som que os agrade para si – sem
tentar complicar sua própria comunicação com o vazio, pedindo-me esclarecimentos, fazendo perguntas,
fazendo desafios, exigindo desconstrução, criticando aquilo que pertence ao vazio ou procurando me
envolver – de modo que ela também não seja diretamente enganada pela promessa de ‘pessoa para pessoa’,
por comunicação pessoal para fornecer clareza – pois ao contrário procuraria enganar a todos nós. A
clareza é puramente entre o homem e o vazio. Qualquer coisa menor do que este silêncio sagrado que
permite que os outros se comuniquem com o Vazio mais claramente, é impor distorção e uma tirania da
vontade sobre outrem.
NT: Abyssal representa uma fração de milhares de e-mails que o Temple Of THEM escreveu / recebeu ao
longo de uma década. Ele inclui conselhos dados e recebidos, e-mails de e para grupos ocultos, postagens
em fóruns e tratamentos do Sinistro de uma ampla variedade de pessoas.
NT: Abyssal representa uma fração de milhares de e-mails que o Temple Of THEM escreveu / recebeu ao
longo de uma década. Ele inclui conselhos dados e recebidos, e-mails de e para grupos ocultos, postagens
em fóruns e tratamentos do Sinistro de uma ampla variedade de pessoas.
Projeto Zarzax 41 Anticosmos 01
Isso não significa que acreditamos que Ama Não é nosso desejo mudar sua visão ou sua
Lilith, em sua essência, “parece” com essa visão. A corrente. THEM, entre outras coisas, é uma força
visão / imagem em si destina-se a ter a função de que emergiu para solidificar aquelas pessoas (e
um “texto” explicativo sobre algumas das coisas que grupos) que compartilham, em termos psicológicos,
gostamos de enfatizar sobre a Mãe Sem Rosto. Na da busca pela reunião do ‘Eu’ com o ‘eu’, do Ego
verdade, seu caráter sem rosto é o mesmo que a ‘para criar algo totalmente desumano.
ausência de forma, mas, como uma Rainha dos Uma de nossas áreas de estudo é o Reino
Pesadelos, ela pode assumir todas as formas para Astral e os sonhos – e é em parte por causa do uso
influenciar o Lado da Morte e as mentes débeis do da MLO deste reino que então decidimos emprestar
homem. Vou enviar-lhe uma pintura que outro um ‘tentáculo’ no fortalecimento de sua corrente
“amigo” nos enviou. Sua versão não é correta através do efeito atraente da arte apropriada e
quando se trata dos detalhes simbólicos, mas a sinistra.
posição dos braços e da criança enforcada é boa. A MLO nos parece uma formação madura
Mas apesar de tudo, o esboço que você enviou foi de pessoas dedicadas a procurar a coisa que você
muito bom e pode ser realmente poderoso. Talvez o chama de Chama Negra – que em si mesmo nos diz
seio deva ser um pouco mais redondo em seu que você está essencialmente alinhado conosco em
esboço, e a ferramenta de castração talvez esteja caráter. Eu vou criar outro esboço mais preciso da
aberta, pronta para cortar. O coração em chamas é Ama, e enviá-lo para sua avaliação.
uma parte muito complicada da imagem, mas sua
versão parece boa, talvez devesse ser um pouco [PS: As tesouras foram fechadas de modo a
menor. Mas tudo isso pode se tornar muito eficaz representar duplamente um falo cortado – as duas alças
dentro do que acreditamos. Então, obrigado pelo arredondadas são sugestivas à uma ferramenta de castração.
trabalho e pela ajuda, e se houver algo que não esteja Tenha certeza que muitas mudanças serão feitas, e eu
claro, você é bem-vindo para nos escrever sobre. triunfarei.]
X 2 1 8 M LO / Te m p l o d a Lu z N e g ra + O + TH E M
+O+ +O+
X, eu tinha considerado incluir um aviso Olá, este é o desenho final de Ama Lilith
com o anexo, mas decidi ir contra ele. Talvez fosse para você e para a MLO. Observe que, além do
mais prudente se eu tivesse feito isso. O que você armamento exotérico imediato que elucida a chama
está vendo e o que significou a geometria geral é um negra e a natureza de Ama Lilith, nosso artista
esboço da forma estética da Visão da Ama Lilith – incluiu várias conotações esotéricas ou ocultas
as ferramentas, mãos, asas, seios, são representações associadas a Ama (de acordo com o texto da MLO)
extremamente grosseiras e assim têm pouca ou que os diligentes podem identificar. Enquanto Ama
nenhuma semelhança com a real intenções de minha se transforma num eneagrama, suas Asas de Dragão
apreensão – mas usadas apenas como guias de criam a forma de um grande Cálice no espaço negro
colocação. Estou muito lisonjeado por considerá-las atrás dela e, mais abaixo, quando elas retornam de
razoáveis, mas elas passarão por uma transformação seu arco e vêm para descansar no fundo do desenho,
massiva se quisermos continuar com este projeto. criam o corpo bulboso de aspecto aracnídeo, os seis
Um segundo “arquétipo” está disponível no grupo braços e as duas pernas de Ama simbolizando as
mvimaedivm – e o primeiro, para o qual você foi extensões da aranha, os seios sugestionam olhos
direcionado pela primeira vez, foi digitalizado para (mais facilmente visto girando a imagem de cabeça
substituir a foto digital usada anteriormente – para para baixo).
maior clareza. Os dois arquétipos são típicos de E daí a razão para o efeito do eneagrama
nossa própria ‘corrente’ – e podem emprestar a você refletido na poça de sangue. Note que esta também
uma ideia maior do que pode ser esperado de nossa é uma foto digital e a digitalização ainda está por vir.
Visão de Ama Lilith. Esperamos que você esteja satisfeito com ‘nossa
visão de sua visão’.
Projeto Zarzax 42 Anticosmos 01
X
Olá, trabalho muito interessante e devo dizer leva à essência dos Deuses Negros que é
que gostei muito. Não é 100% do jeito que eu importante “entender”…Então, agradeço ao THEM
visualizo, mas uma forma muito válida e digna de pelo bom trabalho feito e espero que possamos
apresentar algumas de Suas essências. fazer algo mais no futuro. No momento, não tenho
Algo interessante de você saber é que um acesso ao computador tanto quanto normalmente,
dos nomes de Lilith dentro da MLO é Arachnidia! mas, com o tempo, responderei a todos os e-mails
Ela é a Deusa Aranha do Sitra Ahra cuja a teia que recebo.
neutraliza / dissolve / substitui as teias cósmicas do Será bom ver a digitalização real da imagem
destino. A Arachnidia está ligada à visão da Ama mais tarde para ver melhor os detalhes. Obrigado
Lilith, como você tão corretamente percebeu. Muito novamente.
interessante, pois acredito que em algum nível
estamos conectados a uma Essência das Trevas Qu e a s ci n za s re cu m b ra m a tod os!
muito similar. A forma é apenas um caminho que Te m p l e of Th e B l a ck Li g th
Seu Corpo
O corpo nu de dragão da Ama Lilith é pálido como um cadáver. Seu rosto é uma sombra sem forma
que irradia a escuridão. Seus seios são redondos e firmes, cheios do néctar de seu veneno ófito. Seu longo
cabelo negro está despendurado livremente por trás de seus ombros, passando por seus quadris. De seu
Yoni flui o sangue abençoado (vermelho ou negro) e cria uma poça escura envolta de seus pés manchados
de sangue. Dentro desta escura poça de sangue, o contorno do belo corpo da Ama Lilith é refletido na
forma de uma estrela de nove pontas invertida.
(I) Wu-wei, o cultivo de um equilíbrio interno que surge de uma apreciação da mudança natural (o fluxo)
dos seres vivos e como é desequilibrado e difícil de interferirmos em modos que conflitem com o caráter
natural de tais seres e com essa mudança natural. Parte dessa apreciação é do numinoso; outra é de nossos
próprios limites e limitações, porque nós mesmos somos apenas uma pequena parte dessa mudança natural,
um aspecto do qual é a natureza. A apreciação do numinoso e de nossos limites nos inclina para uma certa
humildade.
(II) Uma apreciação da inocência, pois a inocência é considerada como um atributo daqueles que, sendo
pessoalmente desconhecidos para nós, não são, portanto, julgados por nós e assim recebem o benefício da
dúvida. Pois essa presunção de inocência dos outros – até que a experiência pessoal direta, como o
conhecimento individual e empático deles, provem o contrário – é a coisa justa, racional, numinosa, humana
e culta a ser feita.
Projeto Zarzax 46 Anticosmos 01
(III) Uma apreciação de como e por que um amor pessoal e leal entre dois indivíduos é a coisa mais bela,
mais numinamente humana de todas.
NT: Este texto é baseado em cartas manuscritas e resume e / ou cita várias respostas de Myatt
enviadas a vários correspondentes durante o mês de abril de (2012).
Projeto Zarzax 48 Anticosmos 01
Método Para Entrar no Extase Religioso
Por Ph.D Belinda Gore, Trad. Pt Lotan
Minha inspiração é Felicitas Goodman1, uma grande estudiosa que se concentrou em estabelecer
uma estrutura do transe que pudesse existir independentemente da religião organizada. Ao começar a
ensinar suas técnicas em oficinas, percebi que os elementos do transe extático são similares àqueles usados
em práticas contemplativas. Existem cinco etapas fundamentais na prática do transe em êxtase para
indivíduos comuns que não são treinados como xamãs, mas que têm a mesma capacidade inerente de
interagir com o mundo do espírito:
1. Preparar a si mesmo
2. Estabelecer o espaço sagrado
3. Acalmar a mente
4. Estimular o sistema nervoso
5. Uso de uma postura ritual
Para entender completamente cada elemento da prática, precisamos revisar cada passo com mais
detalhes e explorar maneiras de melhorar a experiência em todos os níveis.
Preparar-se
A preparação é essencial porque temos a capacidade de interferir com a mudança para estados
incomuns de consciência se decidirmos fazê-lo. É essa capacidade de exercer a vontade pessoal que atua
como uma válvula de segurança e nos permite ensinar este método com confiança, sabendo que o corpo e
a mente do praticante podem e funcionarão para garantir a segurança pessoal. Os participantes das oficinas
geralmente perguntam se todos podem fazer o transe e, sim, quase todos podem. As poucas exceções
incluem pessoas cujo sistema nervoso, uma vez estimulado, não pode responder ao princípio organizador
oferecido pelo ritual, como é o caso de pessoas com transtornos psicóticos. No entanto, pessoas normais
também podem resistir ao transe quando se treinam para não responder à estimulação. Um bom exemplo
são os praticantes da meditação zen. Em seus primeiros workshops em Viena, ensinando em um centro
Zen, Felicitas ficou surpresa quando os participantes entusiasmados tiveram dificuldade em entrar no
estado de transe em êxtase. Eventualmente, eles resolveram a causa do problema. Esses meditadores
haviam praticado durante anos métodos para esvaziar suas mentes de todo pensamento que surgisse.
1 Felicitas D. Goodman (1914–2005) foi uma linguista e antropóloga americana. Ela era uma especialista
altamente conceituada em lingüística e antropologia e pesquisou e explorou posturas corporais rituais por
“Isso é benéfico para mim e sairei da experiência sentindo-me melhor comigo mesmo e com o mundo”.
Esse é um estado de espírito que facilita a mudança de consciência que identificamos como o estado
de transe. Assim que os novos praticantes aprendem a usar posturas corporais ritualísticas e têm algumas
jornadas práticas, também ensinamos a esclarecer a intenção do transe para que a postura ritual possa ser
selecionada. A escolha da postura define a intenção. Não é o foco da mente que nos leva à Realidade
Alternativa, mas sim a posição do corpo. Em última análise, os indivíduos reconhecem que recebem o que
precisam, independentemente da postura escolhida, mas as posturas específicas apoiam tipos específicos de
experiências. O indivíduo ou grupo decide se deve abordar os espíritos para curar, orientar ou para uma
metamorfose. Os participantes do grupo podem fazer breves declarações sobre as questões da vida que são
seu foco atual, ou quando um indivíduo está realizando o transe sozinho, alguns momentos de tempo
quieto ou a redação do diário realizarão o mesmo propósito. O jejum é muitas vezes uma preliminar para
viajar no mundo dos espíritos. No entanto, eu não encorajo ninguém a jejuar, apenas evitar comer
alimentos pesados nos dias das oficinas. Como muitas pessoas se comem dietas de alimentos processados,
o jejum de curto prazo geralmente funciona como um método para limpar o corpo e livrar-se de produtos
químicos tóxicos.
Se alguém estiver no meio da desintoxicação, esse processo fisiológico pode interferir nas mudanças
que o corpo e o sistema nervoso precisam sofrer para entrar e manter o estado de transe. O jejum
supervisionado em preparação para um trabalho pode ser útil se as pessoas estiverem dispostas a realizar
essa limpeza por conta própria, mas isso não é necessário. Durante o ritual de preparação para o transe em
êxtase, usamos manchas como forma de limpar as teias mentais e emocionais e nos tornar
psicologicamente prontos a mudar para um estado expandido de consciência. A prática de maculação foi
revivida com o atual interesse pela espiritualidade dos nativos americanos. Nas igrejas e templos, sua
contraparte é o uso de incenso. Nós queimamos uma erva ou resina perfumada para criar fumaça que limpa
tanto o espaço externo quanto o espaço pessoal ou energético de cada indivíduo. Colocando uma pedra em
uma grande concha plana ou cerâmica à prova de fogo, você pode queimar um pedaço de carvão (há
pequenos briquetes auto-iluminados vendidos em lojas religiosas ou onde você pode comprar incenso) e
colocar um pouquinho de sálvia ou cedro, ou um pedaço de resina, como copal, sobre ele. Puxando a
fumaça sobre sua cabeça e corpo, você está limpando o entupimento energético. As tradições dizem que a
fumaça vive nos dois mundos, no mundo físico visível, porque podemos vê-lo, mas também no mundo
espiritual, porque não tem substância.
Incinerando A Mente
O terceiro passo do processo de transe extático é uma prática para acalmar a mente. A tagarelice
interna interfere efetivamente na mudança de consciência necessária para o êxtase. As pessoas usam vários
alucinógenos para suprimir essa função, mas isso acrescenta riscos adicionais, tanto físico quanto
legalmente. Para uma prática fora do contexto de um ritual guiado por um especialista religioso experiente,
não recomendamos o uso de drogas ou de alteração da consciência. Uma alternativa simples é aprender a
prática meditativa fundamental de esvaziar a mente, geralmente com uma técnica de respiração. Um
método simples é sentar-se confortavelmente e contar suas respirações.
Projeto Zarzax 51 Anticosmos 01
Na inspiração, concentre-se em um ponto logo abaixo do umbigo e observe a elevação de sua
barriga ao inspirar profundamente. Então permita que a respiração libere naturalmente, isto é, expire e
conte isso como uma respiração. Faça uma pausa e depois respire um segundo, expanda a barriga devagar e
solte e conte “dois”. Inevitavelmente a mente começa a vagar: “É isso… ‘o caminho certo? Com o que eu
me pareço? Lembra o que aconteceu da última vez que tentei meditar? O que é que eu queria lembrar de
fazer esta tarde?” e assim por diante. Quando isso acontece, basta trazer o foco de sua atenção de volta para
a respiração e a contagem. Lentamente, a conversa morre e nossa sensação de presença no momento se
aprofunda. Tente contar cinquenta respirações antes de usar uma postura sagrada para o transe: conte dez
respirações, segure um dedo e repita isso mais quatro vezes. Esta também é uma técnica eficaz sempre que
você precisar acalmar sua mente. Eu recomendo aos meus clientes de psicoterapia que têm dificuldade para
dormir ou desenvolver ansiedade antecipatória. Às vezes, em um grupo, as pessoas preferem se concentrar
apenas na respiração e somente o líder faz a contagem. Eu recomendo contar porque dá à mente algo para
fazer e ajuda a impedir que ela vagueie.
'As primeiras condições de existência observadas pelos homens primitivos foram precisamente
aquelas que podiam imediatamente ser contempladas, a noite e o dia seguinte em uma alternância
incessante. O início era a impenetrável escuridão da noite primitiva. A exclamação universal da mitologia é:
“Havia Escuridão. “No começo, tudo era escuridão e a escuridão era tudo”. O homem primitivo saiu da
noite, sua mente impressionou de forma indelével, tingida exatamente como seu corpo em uma escuridão
natural, porque a influência da noite era a primeira a ser pensada conscientemente, a primeira coisa que
chamou sua atenção e puxou o seu olhar para cima quando ele ainda estava se movendo mentalmente a
quatro patas."
(Tipologia da Serpente, Seção 6, Genesis Natural de Gerald Massey)
A fórmula thelêmica de ALHIM pode ser utilizada para entender os fenômenos primitivos e escuros
do atavismo pois permite um contato ou varredura dos aspectos do Aeon da Mãe no subconsciente do
indivíduo, principalmente aqueles em conflitos com o surgimento de personalidades mais humanizadas
criadas para se oporem ao lado primitivo, como no caso de Sofia e muitos arquétipos patriarcais de deuses.
Em Magick Em Teoria e Prática, Crowley descrevendo a fórmula de ALHIM nos dá uma melhor ideia
disso:
"Alhim (Elohim) é a palavra exotérica para “Deuses”. É o masculino plural de um substantivo feminino, mas sua
natureza é principalmente feminina. É um perfeito hieróglifo do número 5. Os elementos estão todos representados, como um
Tetragrammaton, mas não há desenvolvimento de um para outro. Eles estão, por assim dizer, misturados – indisciplinados,
simpatizando uns com os outros apenas em virtude de sua energia selvagem e tempestuosa, mas elasticamente sem resistência."
Além de ser parte dessa "energia selvagem e tempestuosa" que Crowley descreve - e que pode ser
facilmente ligado aos fenômenos primários de ressurgência-, o atavismo também se encontra por detrás de
muitas de nossas criações e manifestações modernas mais organizadas. Junto com a herança de caracteres
físicos e psíquicos transmitidos pelos gens dos ascendentes remotos, o atavismo também traz o desejo de
rompimento das limitações destes, uma busca por domínio e exploração da natureza e o que possa estar
além dela, o mesmo motor que movia o homem primitivo a sair e conhecer o outro lado, o mundo. Spare
faz mençao disso no Livro dos Prazeres dando um exemplo de ressurgência atávica de ave se manifestando
através da criação da tecnologia de máquinas voadoras.
“Aossic, sua boceta…enfiando coca na boceta da sacerdotisa…sua boceta…vejo você…no tempo…com suas porra de
ficção…não há segredo oculto…desistir… muita ênfase em uma vida sozinho? Um livro…”
O discurso foi interrompido por ataques de risos, lamentações. Mas ainda ouvia baixo:
“Suas memórias não são divinas…ficar assistindo as bruxas mijarem…é isso que você está fazendo. Escondendo sua
luxúria em magia ridiculamente nobre… você joga com magia. Jogue com magia. Jogue com magia. Escondendo sua luxúria
suja em vestes e livros…pegue uma nova página, jogue estrelas para baixo, reconheça o sigilo pelo seu valor e função, acredite
Kadaf (Kadath?), Kadosh, kaph…escolha e mastigue uma pessoa no trono e vai chorar por seus erros, estúpido, estúpido (isso
é falado com muita pena, acompanhado de um tremor de cabeça)…você precisa de uma nova direção, uma nova ereção. Na
falta de originalidade, você faz conexões tênues com ficções…fodendo ficções… Eu, o sem nome, eu, o vazio, fui, sou e serei,
sempre, todos os caminhos. Você está obcecado – e com o erro você corre em erro, incerto…direções erradas…ereções erradas!
Salto, salte cada vez mais alto…o caixão está vazio porque o cadáver pulou e saiu…a palavra é o falo e você vai se engasgar
com a palavra! Vai ficar na sua garganta como a maçã no pescoço do primeiro filho. Pan é tudo. O inocente arrastou para a
teia, um sacrifício de circunstância…longo e largo, o tempo é deixado de lado enquanto você…você… você está esticado como
um fio de arame além de si mesmo. Você cuz… o olho deste sol vai queimar…”
Neste ponto, um dos oráculos fixaram seu olhar em um membro particular do círculo:
“Então você quer um cristal, sim? Olhe! Está feito. Agora me adore pela minha bondade ou caia na minha respiração
que queima o campo no calor do meio-dia. O rei está enterrado no túmulo de um pobre e você quem roubou a palavra da sua
boca, suplantando-a com os seus próprios dedos. Faça-a assim, faça-a assim, faça-a assim muitas, muitas, muitas, muitas,
muitas, muitas vezes. A densidade engasga, empurra para frente, para cima. Sem truques, sem números, para frente, para
frente. Como te honrar com sangue e flores e cópulas? Foda-se, foda-se, foda-se, foda-se, foda-se, foda-se, foda-se. Você
aprenderá.”
Estas duas últimas palavras foram ditas em um tom perturbadoramente severo e ficaram na minha
memória quase mais do que qualquer outra coisa. Este discurso provavelmente levou cerca de 15 a 20
minutos do início ao fim. No momento em que as últimas palavras foram proferidas, as nove quase que
caíram ao chão e pareciam estar em coma. Foi um grande efeito. O resto do grupo realizou o necessário
fechamento do templo, apesar do fato de que nenhum ritual de purificação / abertura foi realizado. Os nove
foram então atendidos pelos outros membros do grupo que lhes forneceram toalhas quentes, cobertores e
similares. Pessoalmente, tenho minhas próprias dúvidas sobre se o contato foi feito (ali, por ser uma
manifestação verdadeira) ou se foi uma liberação subconscientemente transmitida dos oráculos / membros
que desejam redirecionar as energias do grupo, ou se isso foi algum tipo de golpe para derrubar a atual
estrutura organizacional do grupo. Eu ouvi de um membro que havia várias pessoas no grupo que sentiam
que estavam indo “por um caminho errado; um beco sem saída”, o que aumentou ainda mais minhas
suspeitas em relação à comunicação recebida. Essa foi uma tentativa de direcionar sutilmente o grupo para
Projeto Zarzax 58 Anticosmos 01
uma estrutura organizacional. Eu ouvi de um membro que havia várias pessoas no grupo que
sentiam que estavam indo “por um caminho errado; um beco sem saída”, o que aumentou ainda mais
minhas suspeitas em relação à comunicação recebida. Essa foi uma tentativa de direcionar sutilmente o
grupo para uma nova direção?
Na hora de começar o ritual, fiquei sabendo que todos respeitavam muito o trabalho de Grant, e
estaria beirando a blasfêmia para sugerir abertamente que Grant talvez estivesse indo na direção errada.
Algumas semanas depois, descobri que um cristal havia sido “descoberto” por um dos membros presentes
naquela noite; como se vê eles anteriormente expressaram o desejo de um novo cristal de vidência alguns
meses antes, mas não conseguiram encontrar um satisfatório. Eu digo “descoberto”, mas o cristal foi
realmente “encontrado” e comprado de uma banca em Camden Market; aparentemente, era exatamente o
que o membro estava procurando. Muitos do grupo entenderam isso como uma confirmação de que a
invocação foi um sucesso. Mantive contato com P e com o grupo por muitos anos desde então e tenho
extensas anotações de campo de outros trabalhos que eles realizaram (comigo mesmo, seja como
participante ou como observador), que estou trabalhando atualmente como parte de um projeto maior.
Qliphot
por Dom Wilians
A Kabbalah com sua complexa estrutura das O que é a força motriz de toda mudança
características gerais do universo dentro de um cósmica ou o ‘todo’ com o qual tecnicamente a
modelo ideográfico chamado Etz Chayim, a Árvore humanidade busca união para se harmonizar.
da Vida, se tornou um caminho experimental da O bem no conceito da criação dimensional é
sabedoria oculta em todo o ocidente. Esse modelo o emanador que atua como substrato receptivo da
foi desenvolvido no século XII por místicos luz contida ou reshimu, ele é a voz que pronuncia o
espanhóis e por francêses que transformaram a verbo da criação e continua impulsionando a
Tradição Hebraica em um poderoso e avançado expansão cósmica.
sistema esotérico. Utilizando a geometria, o som e O mal, por sua vez, como radiação negativa,
os números para explicar a criação e evolução retração e destruição é projetado nas Qliphoth, as
cósmica relacionadas ao processo objetivo de conchas vazias, e é definido como a antítese caótica
transformação humana, o modelo da Etz Chayim das quatro dimensões. Sendo então destrutivas e
estabelece inicialmente que os principais estágios da divisórias, as Qliphoth acabam desempenhando um
criação e expansão cósmica foram: a posição papel importante por romperem limitações que
central de um ponto da luz ilimitada, a retração dificultam a exploração de níveis mais ‘profundos’
equidistante dessa luz para formar uma fronteira da existência. Além de reverter todo processo
esférica e por fim a iluminação desse vácuo numa descendente da criação em uma ação de retorno ao
trajetória linear. A radiação ou emanação para fora Vazio, as Qliphoth possibilitam o homem a
desse centro criou o mundo da Emanação, Criação, trabalhar nas ‘profundidades’ das quatro dimensões
Formação e Manifestação onde o homem passou a nesse processo e ter acesso ao conhecimento
existir de forma arquetípica, espiritual e física. A proibida do ‘bem e do mal’ na quinta dimensão. Ao
chave para entender essa expansão e mundança está estudar a Etz Chayim, a maioria dos kabbalistas
no quinto verso do capítulo I do Sefer Yetzirah: considerou que uma cortina cobre a realidade
“Dez sefirot do Nada; sua medida é dez que não tem fim. superior (tikkum) fazendo com que a humanidade
Uma profundidade de começo, uma profundidade de fim; subsista alheia à sua própria gênese. Esse véu é o
uma profundidade de bem, uma profundidade de mal; uma mencionado ‘erro do princípio’, a grande Ilusão
profundidade de cima, uma profundidade de baixo; uma que condiciona as pessoas viverem em um estado
profundidade do leste, uma profundidade do oeste; uma comatoso de consciência. Para ver além dessa
profundidade do norte, uma profundidade do sul.” Essas Ilusão é preciso remover essa cortina. Por isso as
passagens do Sefer Yetzirah apontam para as Qliphoth e as poderosas deusas negras com suas
quatro dimensões em que o homem existe e alude características de divisão e destruição têm um papel
uma quinta, “uma profundidade de bem, uma significativo no despertar e na caminhada espiritual
profundidade de mal”), na Via Sinistra.
Projeto Zarzax 59 Anticosmos 01
P o l i t i c k a
Rejeiçao Religiosa do Mundo
A Esfera Erótica
por Max Weber, Trad. Pt Lotan
A ética fraternal da religião de salvação está em tensão profunda com a maior força irracional da
vida: o amor sexual. Quanto mais sublimada é a sexualidade, quanto mais baseada em princípio, e coerente,
é a ética de salvação da fraternidade, tanto mais aguda a tensão entre o sexo e a religião. Originalmente, a
relação entre o sexo e religião foi muito
íntima. Todas as relações sexuais faziam,
frequentemente, parte do tal orgiasticismo
mágico ou eram o resultado não-intencional
da excitação orgiástica. A base da seita dos
skoptsy (Castradores) na Rússia evoluiu de
uma tentativa de eliminar o resultado sexual
da dança dita orgiástica (radjeny) do Chlyst,
considerada pecaminosa. Assim sendo, a
prostituição sagrada nada tinha que ver com
uma hipotética “promiscuidade primitiva”;
foi, habitualmente, pela sobrevivência do
então orgiasticismo mágico no qual todo e
qualquer êxtase era louvado e considerado
Caren van Herwaarden , Lucky Believers , 201 6 , colagem espacial sobre papel , 43,5 x 53,4 x 9,5 cm 6
“sagrado”. E a prostituição profana, assim,
heterossexual, bem como homossexual, é
muito antiga e, com freqüência, bastante sofisticada. (O treinamento das tríbades ocorre entre os
chamados aborígines.) A transição dessa prostituição para o matrimônio legalmente constituído está cheia
de todos os tipos de formas intermediárias.
Concepções do matrimônio como uma disposição econômica para garantir a segurança da esposa e a
herança legal para o filho; como uma instituição importante (devido aos sacrifícios mortais dos
descendentes) na vida no além; e tão importantes para a procriação — essas concepções do casamento são
pré-proféticas e universais. Nada têm, portanto com o ascetismo em si. E a vida sexual, per se, teve seus
fantasmas e seus deuses como qualquer outra função. Uma certa tensão entre a religião e o sexo só se
destacou com o culto temporário da castidade dos sacerdotes. Essa castidade bastante antiga nem pode ter
sido determinada pelo fato de que, do ponto de vista do ritual vigorosamente padronizado do culto da
comunidade, a sexualidade era facilmente considerada como especificamente dominada pelos demônios.
Além disso, não era por acaso que subseqüentemente as religiões proféticas, bem como as ordens de vida
controladas pelos sacerdotes, regulamentavam, quase sem exceção importante, as relações sexuais em favor
do matrimônio.
O contraste de toda regulamentação racional da vida com o orgiasticismo mágico e todos os tipos
de frenesis irracionais se expressa nesse fato. A tensão entre religião e sexo foi aumentada pelos fatores
evolucionários, de ambos os lados. No lado da sexualidade, a tensão levou da sublimação ao “erotismo”, e
com isso a uma esfera cultivada conscientemente, e portanto não-rotinizada. O sexo foi não-rotinizado não
só, ou necessariamente, no sentido de ser um tanto estranho às convenções, pois o erotismo contrasta com
o naturalismo sóbrio do camponês. E foi precisamente o erotismo que as convenções da Cavalaria
habitualmente tomavam como objeto de sua regulamentação. Essas convenções, porém, regulamentaram
caracteristicamente o erotismo, disfarçando as bases naturais e orgânicas da sexualidade. A qualidade
extraordinária do erotismo consistiu precisamente num afastamento gradual do naturalismo ingênuo do
sexo. A razão e significação dessa evolução, porém, envolvem a racionalização universal e a intelectualização
da cultura.
Cronologia
1864 — Max Weber nasce em Erfurt, Turíngia, em 21 de abril.
1869 — Muda-se para Berlim com a família.
1882 — Conclui seus estudos pré-universitários e matricula-se na Faculdade de Direito de Heidelberg.
1883 — Transfere-se para Estrasburgo, onde presta um ano de serviço militar. 1884 — Reinicia os
estudos universitários.
1888 — Conclui seus estudos e começa a trabalhar nos tribunais de Berlim. 1889 — Escreve sua tese de
doutoramento sobre a história das companhias de comércio durante a Idade Média.
1891 — Escreve uma tese, História das Instituições Agrárias.
1894 — Exerce a cátedra de economia na Universidade de Freiburg.
1896 — Aceita uma cátedra em Heidelberg.
1898 — Consegue uma licença remunerada na universidade, por motivo de saúde.
1899 — É internado numa casa de saúde para doentes mentais, onde permanece algumas semanas.
1903 — Participa, junto com Sombart, da direção de uma das mais destacadas publicações de ciências
sociais da Alemanha.
1904 — Publica ensaios sobre os problemas econômicos das propriedades dos Junker, sobre a
objetividade nas ciências sociais e a primeira parte de A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.
1905 — Parte para os Estados Unidos, onde pronuncia conferências e recolhe material para a continuação
de A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.
1906 — Redige dois ensaios sobre a Rússia: A Situação da Democracia Burguesa na Rússia e A Transição
da Rússia para o Constitucionalismo de Fachada.
1914 — Início da Primeira Guerra Mundial. Weber, no posto de capitão, é encarregado de
organizar e administrar nove hospitais em Heidelberg.
Zero Kama é um projeto musical experimental fundado em 1983 pelo austríaco Michael DeWitt.
Seu estilo deu origem sobretudo para o subgênero industrial “ritual”. O primeiro lançamento do Zero
Kama foi VVVVV, gravado para cassetes. A sigla da frase em latim Vi Veri Veniversum Virus Vicis, que
significa ‘Pelo Poder da Verdade, eu, enquanto vivo, conquistei o mundo’. Essa sigla foi usada por Crowley
como mote durante as operações mágicas no deserto da Argélia registradas no livro A Visão e a Voz, mas
aparece originalmente na peça teatral de Cristopher Marlowe intitulada de ‘A História Trágica do Doutor
Fausto’. Em 1984, Dewitt lançou o álbum The Secret Eye do LAYLAH e realizou alguns concertos ao vivo
no NL-Centrum Amsterdam. Nesse período DeWitt lançou mais doís trabalhos, ‘Archangels of Sex’ e
‘Govern Destruction of Regime’, que consistiam em gravações cassetes. Após esses trabalhos, DeWitt se
retirou do contato com o público.
O álbum The Secret Eye do LAYLAH foi gravado no apartamente de DeWitt. O músico conta ter
recebido uma mensagem de LAYLAH para que gravasse-o em seu templo. O nome árabe LAYLAH
significa literalmente ‘noite’ e é largamente utilizado em Thelema para simbolizar o aspecto tântrico e
oculto do feminino, sendo esse um dos nomes secretos de Babalon.
DeWitt fez a gravação do The Secret Eye do LAYLAH utilizando somente instrumentos feitos a
partir de ossos, como chocalhos feitos de dedos, instrumentos de sopros feito de fêmur e tambores de
crânios, além disso ele incluiu uma foto impressa dos instrumentos na capa do álbum. Durante uma de suas
poucas apresentações, o DeWitt foi fotografado usando tais instrumentos.
Mesmo havendo trabalhado em outros projetos e concluido gravações com a companhia de outros
músicos, DeWitt declara que o álbum The Secret Eye do LAYLAH é algo insuperável que está muito além
de tudo que ele pôde trabalhar musicalmente desde então.
“Eu estudei agora, para meu pesar, Filosofia, Direito, Medicina, e – o que é pior – teologia de ponta a ponta com
diligência. No entanto, aqui estou eu, um tolo miserável e ainda não mais sábio do que antes. Eu me tornei mestre e doutor
também, e por quase dez anos eu levei meus jovens estudantes a uma feliz perseguição para cima, para baixo e de todas as
formas – e descobrir que não podemos ter certeza. Isso é demais para o coração suportar! Bem posso saber mais do que todos
aqueles idiotas, aqueles médicos, professores, oficiais e sacerdotes, não se incomodar com escrúpulos ou dúvidas e não temer o
inferno nem seus diabos – mas também não me alegro com nada, não sei nada que eu ache que vale a pena e não imagine que o
que eu ensino possa melhorar a humanidade ou torná-la piedosa. Nenhum cachorro iria querer ficar assim! … Ai! Eu ainda
estou confinado à prisão, maldito buraco de pedra onde a luz do sol penetra através do vidro pintado. Restrito por esta grande
massa de livros que vermes consomem, que a poeira cobriu e que até o teto-cofre estão intercalados com papéis sujos. E você
ainda se pergunta por que seu coração está ansioso e seu peito contraído, por que uma dor que você não pode contar para inibe
sua vitalidade completamente! Você está cercado, não pelo mundo vivo em que Deus colocou a humanidade, mas, em meio a
fumaça e mofo, apenas por ossos de animais e dos mortos…sustentada pela esperança, a imaginação uma vez subiu
ousadamente em seus voos sem limites. Agora que nossas alegrias estão destruídas no abismo do tempo, ela se contenta em ter
um escopo limitado. No fundo do coração, ela rapidamente faz seu ninho, aí ela engendra tristezas secretas e, naquele berço
inquieto, destrói toda a alegria silenciosa…”
Nessa condição da alma, neste berço de trevas onde a luz fraca do Sol mal penetra que encontramos
o Sol Niger. Meu primeiro encontro com a imagem do sol negro começou inocentemente. Ocorreu
enquanto trabalhava com uma mulher que relatou o seguinte sonho:
“Estou em pé na Terra. Eu penso: Por que eu deveria fazer isso quando posso voar?” Como estou voando, acho que
gostaria de encontrar meu guia espiritual. Então eu noto, agarrando a minha cintura, uma pessoa. Eu acho que isso pode ser o
meu guia. Eu ‘chego atrás de mim mesmo’ e puxo a figura para a frente para que eu possa olhar na cara. É uma jovem
esquizofrênica. Eu sei que este não é o meu guia. Eu a coloquei de lado e continuei minha jornada para o sol. Pouco antes de
chegar lá, um vento vem e me leva de volta à Terra.”
“O poeta imita Ícaro. Ele é inspirado a ousar a impossibilidade, mesmo que isso signifique que ele pode e possivelmente
falhará na tentativa. Seu destino é tentar encontrar a língua do silêncio, para dizer o que está além dos dizeres, para cunhar do
ar que ele respira um alfabeto que cativa como a música. Sua vitória, se é que chega, deve necessariamente ser uma vitória do
instante, uma segunda fossa lírica de triunfo, rápida como um beijo”.
O estudo de Hazo sobre Ícaro valoriza a necessidade de fuga – se uma alma quiser ter um vida
vibrante e criativa. É importante, como analista, aprender como sustentar essas ascensões pneumáticas e
espirituais, conhecer o valor do espírito puro e, ao mesmo tempo, ter consciência dos seus perigos. Como
uma mariposa atraída por uma chama, nossas almas icarianas estão em perigo quando, em nossas aspirações,
nos esquecemos de nossos corpos na Terra e do chamado a uma vida integrada. Para analistas, se não para
poetas, o “beijo rápido” deve estar ligado a um relacionamento mais estável com nossas possibilidades
transcendentes, de modo que nossos olhos também estejam fixos em “asas de cera” e no perigo de almas
queimadas e buracos negros.
Tivemos o benefício dos mitos de Phaethon, Ixion, Bellerephon e Ícaro para nos lembrar do lado
perigoso de voar muito alto e muito perto do sol, de se tornar a presa de Poseidon. O problema para Ícaro
não é que ele deseje voar (pois isso é uma emanação natural e saudável de nosso potencial constitucional),
mas que há uma diferença importante entre uma imaginação corpórea fundamentada e um vôo gnóstico
defensivo ou ingênuo que deixa o corpo e a escuridão para trás. Os analistas em geral aprenderam a olhar o
“vôo” e o “espírito” com o olho de Brueghel, e não com o de Ovídio. Em Metamorfoses, Ovídio descreve
“o espanto de um pescador, um pastor e um lavrador quando viram Dédalo e Ícaro voando pelo céu, um
acontecimento que foi interpretado como uma epifania dos deuses.”
Esse espanto é ilustrado na queda de Ícaro por Petrus Stevens e Joos de Momper. Pieter Brueghel,
por outro lado, em sua “Paisagem Com a Queda de Ícaro” (1558, Museu Real de Bruxelas), “inverteu o
tema de Ovídio de enfatizar os humildes camponeses que continuam seu trabalho sem sequer olhar o céu
ou, em Ícaro, este último reduzido a uma figura insignificante que caíra no mar.” Para os analistas,
identificar-se com qualquer uma dessas perspectivas tem consequências ciclópicas. É importante olhar com
os dois olhos, para ver através das perspectivas tanto de Ovídio quanto de Bruegel, com um olho para a
epifania e para o mar da terra, ou nós mesmos estamos perdidos em unilateralidade.
O desejo de meu paciente de sair da Terra pode muito bem ter sido motivado espiritualmente, mas,
em caso afirmativo, também foi uma fuga da dor associada à imagem da menina esquizofrênica limítrofe,
uma imagem patológica de angústia psicológica. Pode-se imaginar a psique dizendo a ela: “Vire-se em
direção a essa figura das trevas que se agarra a você. Esse é o seu guia.” Esse giro não era imaginável, e seu
ego sonhador pneumático era dirigido com uma única intenção: ir para o céu, para o sol. Confrontando-se
com essa direção estava o espírito do vento que a levou de volta à Terra e, no momento, a aterrou
gentilmente. Na alquimia, é importante que o espírito pneumático permaneça em conexão com a Terra,
como imaginado no Viridarium Chymicum de Stolcius.
Na figura abaixo, o pássaro que voa alto está ligado à criatura pequena e lenta da Terra, que impede o
espírito de voar para longe. Quando a ligação com a Terra não é honrada, o aterramento pode emergir
inconsciente e severamente.
Eu não posso dizer se o que se seguiu foi de alguma forma relacionado à negligência do lado
sombrio da psique ou foi uma parte do seu destino biológico e espiritual, mas como o nosso trabalho
continuou, encontramos um lado mais destrutivo da imagem do Sol Niger.
Em uma sessão analítica, minha paciente relatou que sentiu algo ameaçador em seu peito. Ela
descreveu como uma bola escura que tinha longos fios atingindo todo o corpo. Sua inclinação era estender
a mão e levantá-la. Entre as sessões, em uma imaginação ativa, ela desenhou a imagem que sentia estar
alojada em seu peito. Era um sol brilhante com um denso centro preto e longos tentáculos fibrosos.
Depois de desenhá-lo, ela sentiu que a imagem não era suficientemente ameaçadora e sentiu a
necessidade de desenhá-la novamente. Ela desenhou uma segunda imagem, na qual o centro preto tinha
aumentado de tamanho e o brilho do amarelo foi substituído por um campo vermelho. As longas fibras
negras permaneciam, e havia muitas formas negras circulares que meu paciente descreveu com horror
como uma explosão de embriões mortos esqueléticos. Era como se ela tivesse trazido à superfície um sol
negro comprimido e explodindo que parecia prefigurar sua capacidade de verbalizar lembranças dolorosas
de sua inquietação inassimilável e a loucura de seus sentimentos suicidas. Apesar dessa recuperação e do
processo que iniciou, a imagem, como um demônio devorador, não diminuiu. Pouco depois, ela relatou um
sonho em que sentia que uma guerra nuclear era inevitável. Enquanto lutava com essas imagens, ela sofreu
um aneurisma na região anterior do cérebro e chegou perto da morte. Ela perdeu a visão em um olho, mas
sobreviveu. Não pude deixar de sentir alguma ligação entre a imagem do sol negro e o incidente médico,
que quase lhe custou a vida e levou à cegueira parcial.
Métodos de Trabalho
Como eu disse antes, trabalhar com Okbish não seria um grande problema para um mago
que tenha o treinamento mágico certo, porque ela está sempre pronta para responder. Mas, esse
trabalho não é para um iniciante, porque a gnose que a deusa envia ger almente é demais para
alguém sem experiência anterior. Neste ensaio, colocarei meu foco em um ritual de invocação, um
ritual de trabalho em equipe e um ritual de scrying (viagem). Todas essas formas de trabalho são
pontos de partida, e eu não tenho nenhum a dúvida que o trabalho sistemático e longo com a
deusa, trará novas formas de contato e métodos avançados de trabalho. Os rituais podem ser feitos
durante a noite, você também pode aproveitar as fases da Lua, isto é, durante a Lua Cheia ou Lua
Nova, mas v ocê também pode fazêlo a qualquer momento. O uso de sangue está presente nos
rituais, e eu realmente aconselho você a usá-lo se quiser ter bons resultados.
Projeto Zarzax 69 Anticosmos 01
Okbish: A DeusaAranha Um Ritual de Invocação O seguinte ritual de invocação é um
chamado à Deu sa em seu aspecto de Aranha dentro do templo da carne. Isso permitirá que você
não apenas entre em contato com ela, mas aprenda também sobre seus poderes e alcance um
veículo com essa divindade. Para o ritual seguinte, você precisará do sigilo da deusa, um cálice com
um pouco de licor verde, duas velas pretas, se no seu punhal ritual e algum elemento aguçado para
o sacrifício de sangue. Além disso, você pode usar alguns incensos fortes como Sândalo ou Sangue
de Dragão. Acenda as velas e o incenso, concentre sigilo da deusa, relaxe a mente e o corpo e
observe o sigilo, diga 13 vezes o seguinte mantra:
Sinta como a energia da deusa entra no seu templo. Quando você se sentir pronto, derrube um
pouco do seu sangue no sigilo, mas também dentro do cálice que representa o veneno da deusa. Então,
levante sua adaga e comece com a invocação:
In Nomine Draconis! “OKBISH - ARACNE - OCTANIA” Deusa Aranha do Vazio Primordial, Guardiã
da Chama Negra, dos Templos Atlantes Esquecidos. Aracno-ófita, Deusa Estelar das Qlipoth, venha, eu (Nome Mágico) te
chamo, eu te ofereço meu corpo como o seu Templo de Carne, minha mente como seu Altar, minha alma como seu Vaso. Me
ensine sua Gnose Estelar, Me guie entre os planos para os Templos Esquecidos além do tempo e do espaço.
Okbish, derrame seu veneno neste cálice, envenene meus sentidos, e deixe-me ver além do Véu desta Realidade. Beba
o conteúdo do cálice. Tome seu tempo e visualize como o líquido é o veneno tóxico da Deusa. Quando você se sentir pronto,
continue com a última parte da invocação, levantando sua adaga: Aracne venha até mim, ensina-me sua Gnose, mostre-me
sua glória. In Nomine Draconis! Ho Ophis Ho Archaios! Ho Drakon Ho Megas!
Abra-se para a experiência e deixe a deusa guiá-lo e mostrar o que você tem para ver. Quando você
quiser terminar com a experiência, apenas agradeça à deusa e retorne à sua consciência normal. ]]
Comece a visualizar como do sigilo da deusa sai uma névoa espessa e negra que preenche o
seu local de ritual pessoal. Uma escuridão profunda preenche todo o lugar e você não pode ver
nada. Não há mais ou menos, apenas escuridão, e você está flutuando no vazio. De repent e pode
ver uma estrela de 11 pontas que brilha com cores avermelhadas e douradas. Está embaixo de
você e sua forma cresce. Medite por algum tempo neste símbolo. Então, a estrela cresce mais,
tornandose uma enorme teia de aranha que brilha com a cor prateada e se estende de forma
infinita pela escuridão. Você anda sobre ela, e no que parece ser seu meio tem uma enorme
escada de ônix levando para cima. Passo a passo, sua consciência se derrete com a Corrente
Noturna. Quando você chega ao último degrau, você vê um trono de ônix, que é cercado por
crânios, ossos e corpos em decomposição. Sentada no trono, há uma linda mulher nua com feições
Projeto Zarzax 70 Anticosmos 01
draconianas e olhos reptilianos. De um lado, ela tem o cálice de onde sai esverdeada
fumaça tóxico, de outro, ela te m um tridente. Você chega perto dela e ela convida você a beber
de seu cálice. Você bebe o líquido.
Agora o veneno está em seu corpo,
o que é uma sensação de êxtase e
embreaguêz. Lentamente, a escuridão
preenche todos os seus sentidos e
seu corpo é trans formado. Você
deixou sua forma humana para se
tornar uma enorme aranha. A Deusa
não está mais em seu trono, ela se
uniu com sua consciência. Deixe que
ela fale com você e ensine como
usar essa nova forma e os seus
poderes.
A experiência pode continuar
de diferentes maneiras, você pode ir
com esta nova forma para outros
espaços tempos, você pode usar suas
novas habilidades para fazer teias e
manipular seu destino e os destinos
dos outros, ou você pode usar seu
veneno para atacar seus inimigos no
plano astral . Além disso, você pode
fluir com a experiência e deixar que
as visões e experiências continuem de A Deusa Aranha, Magan Publications
maneira natural. Quando você quiser terminar com a experiência, agradeça à deusa pela experiência
e conhecimento e termine com a meditação.
Observe o reflexo do sigilo no espelho e deixe sua mente vagar livremente, deixando a
experiência fluir de maneira natural. Quando conseguir o contato, levante sua adaga e diga o
seguinte chamado: In Nomine Dracon is! Ho Ophis Ho Archaios! Okbish, Deusa Aranha, Senhora
do Veneno Primordial, você, que vive além do tempo e do espaço, entre as Dimensões e além do
Abismo, venha esta noite e me mostre seus mistérios. Neste ponto, você pode derramar um pouco
do seu s um ato autoangue no sigilo e também começar com erótico, concentrar suas energias no
contato com a Deusa. Quando você terminar, levante seu punhal e continue com o chamado:
Aracne, abra os Portais da Noite, manifeste sua presença neste espelho que é o Lado escuro.
Projeto Zarzax 71 Anticosmos 01
Barbelo & Sethianismo
por Tau To Ba'al, Trad. Pt Lotan
Ela é o Pensamento do Todo (Protenóia) - a luz dela brilha como a luz Dele - o poder perfeito, que é a imagem do
Espírito puro, invisível, e perfeito. É o primeiro poder, a glória de Barbelo, a glória perfeita nos aeons, a glória da revelação.
Ela glorificou o Espírito puro, e foi ela quem o saudou, porque graças a ele, ela havia surgido. Este é o primeiro pensamento, a
imagem Dele; ela se tornou o útero de tudo, pois ela que é anterior a todos eles, ela é a Mãe-Pai, o Primeiro Homem, o
Espírito sagrado, os três-vezes-macho, os três-vezes-poderosos, o andrógino três-vezes-nomeado, o aeon eterno entre os invisíveis,
e o primeiro a vir.
O sexto verso:
Ela pediu para que o Espírito puro invisível a desse previsão. E o Espírito consentiu. E quando ele havia consentido,
a previsão veio, e ficou ao lado da presciência; esta origina do pensamento do Espírito puro invisível. A previsão glorificou o
Espírito e Barbelo (o poder perfeito dele), porque foi por ela que ele tinha surgido.
Barbelo faz parte de um syzygy com o Logos, sugerindo o Adam Kadmon, como um ser andrógino.
O .verso sete traz esta ideia, como também apresenta isto como a divindade preparada para a sua involução:
E olhou para Barbelo com a luz pura que envolve o Espírito invisível e com sua centelha. E ela concebeu dele. Ele
gerou uma centelha de luz possuindo bem-aventurança. Mas que não o iguala em grandeza. Esta foi uma criança unigênita da
Mãe-Pai que tinha vindo; é o fruto único, o unigênito do Pai. A Luz pura.
A cosmogonia muda no Evangelho dos Egípcios. Este primeiro trecho, no início do texto, oferece-
nos algo da natureza virginal de Barbelo similar ao aspecto de Babalon. Aqui, parece quase como se os dois
nomes estivessem juntos em um só nome: Barbelon.
O segundo poder ogdoad, a Mãe, o Barbelon virginal, [...] epititioch, memeneaimen [...], que preside o céu, karb[...],
o poder ininterpretável, a Mãe inefável. Ela se originou de si mesma [...]; ela surgiu; ela concordou com o pai do silêncio.
Mas mais adiante no texto, enquanto o Sethianismo está descrevendo sua doutrina escatológica,
Barbelon é apresentado como um homem, insinuando para nós que isto é alguma forma de ofício angélico,
em vez de um ser mítico.
Então o grande Seth deu louvores ao grande Espírito virginal, e ao macho Barbelon virgem, a virgem masculina
Youel, e Esephech, o portador da glória e da coroa de sua glória, e o grande Doxomedon-Aeon, e os tronos que estão nele, e os
poderes que os cercam, e todo o pleroma. E ele pediu vigilantes para sua semente. Então vieram dos grandes eons quatrocentos
guerreiros etéreos, acompanhados pelo grande Aerosiel e o grande Selmechel, para guardar a grande e incorruptível raça, seus
frutos e os grandes homens de Seth, do tempo e do momento final da Verdade e Justiça, até a consumação do aeon e seus
arcontes, aqueles que os grandes juízes condenaram à morte.
Aqui é criada uma escatologia onde a confusão da linguagem (o Logos) é algo a ser corrigido, pois
essas forças de conflito (Arcontes) trabalham contra a “Verdade e Justiça” que está no coração da
Manifestação de Sagitário. Portanto, Seth é o Salvador que preservará o Dharma, como Krishna no
Bhagavad-Gita.
Podemos, então, imaginar os Arcontes como o que chamamos hoje, em Thelema, os adeptos da
Escola Negra de Magia, naturalmente, sendo os Aeons aquelas frações da Escola Branca. O livro é então
concluído com uma referência a Barbelon, que sugere novamente essa comparação e até como consorte de
Sophia ou algo que emana dela.
O grande Seth escreveu este livro com cartas durante cento e trinta anos. Ele o colocou na montanha que é chamada de
'Charaxio', a fim de que, no final dos tempos e das épocas, pela vontade do divino Autogenes e todo o pleroma, através do dom
do amor paternal, impenetrável e impensável, possa surgir e revelar esta raça incorruptível e santa do grande salvador, e
aqueles que habitam com eles em amor, e o grande, invisível e eterno Espírito, e seu Filho unigênito, e a luz eterna, e sua
grande e incorruptível consorte e a incorruptível Sofia, e o Barbelon, e todo o pleroma na eternidade.