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IEFPT 2023

Etapa I – Os Jovens

Adultos Independentes

Grupo Nº __ Turma ___ constituído

por:

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O João e a Rita
O João é um rapaz de 24 anos, que mora no centro de Lisboa num pequeno

apartamento T1 com o pai, o Sr. António de 50 anos. O bairro onde vivem é antigo e na

zona histórica da cidade, sem espaços verdes, mas com comércio acessível. Terminou o

ano passado o curso de Licenciatura em Ciências do Mar, na Universidade de Lisboa, mas

ainda não conseguiu arranjar emprego na sua área, pelo que tem aceitado alguns

trabalhos esporádicos como barman numa discoteca e às vezes ajuda na oficina do pai

em troca de algum dinheiro.

O João tem duas irmãs de 15 e 12 anos, que vivem com a mãe Maria Teresa e o padrasto

Manuel Maria, em Alverca. Mantem um contacto irregular com estes, porque a mãe

trabalha por turnos, como vigilante numa empresa de segurança e nem sempre consegue

organizar-se para estar com ele ao fim de semana.

O João sente-se triste com esta situação e frequentemente só, sobretudo agora que

terminou a sua formação e já não mantem o contacto com os amigos do curso. Quando

está sem trabalho, passa os dias a jogar on-line e a passear a Luna, a sua cadelinha com

dois anos, entre o café e o bar da esquina. O pai, mecânico de automóveis, divide-se entre

a oficina e o part time no bar noturno, onde trabalha até às 4h da madrugada. Passa
muitas manhãs a dormir no único quarto disponível, pelo que o João dorme num sofá-

cama na sala.

Os avós paternos, o Sr. Rafael de 87 anos e a D. Miquelina de 84 anos moram no Minho

numa pequena casa no campo e contam com o apoio da comunidade local para a

realização das AVD, pelo que só nas férias de verão têm contacto com o filho e com o neto.

É ao João que compete comprar e organizar as refeições e limpar a casa aos fins de

semana. Às vezes vai almoçar, a casa da Avó Fernanda, de 80 anos, viúva há 6 anos (do Sr.

António), que mora na Damaia e se desloca com dificuldade devido à artrose e ao excesso

de peso (98kg). Costuma levar-lhe alguns alimentos, que esta confeciona para o almoço.

Frequentemente sente-se reconfortado com esses encontros. Consegue desabafar com a

avó e falar-lhe dos seus sonhos e dos seus medos. Contudo, teme pela sua morte, agora

que esta se encontra mais fragilizada pela diabetes recentemente diagnosticada e sente

que não pode dar-lhe o apoio de que esta precisa.

Foi num destes almoços familiares que lhe falou da Rita, a sua namorada, e dos seus

projetos de sair de casa e poder constituir a sua própria família, mas não consegue

arranjar um emprego na sua área que lhe permita alugar uma casa decente para viverem

perto de Lisboa. Neste momento, morar longe da avó Fernanda é impensável e as casas

mais baratas que viram ficam “longe de tudo” e não se imagina a perder quase 2h em

transportes para chegar à cidade. O João sente que se está a “desleixar” a sua vida. Tem

dormido mal nas últimas semanas e durante o dia sente-se com pouca energia para

procurar emprego. Considera-se muito desanimado e ultimamente sente-se até

incompreendido pela Rita que tem uma vida muito mais facilitada do que a sua.

A Rita de 23 anos, mora com duas amigas, da mesma idade, num apartamento

confortável no centro de Lisboa. Encontra-se a terminar a licenciatura em arquitetura e

divide o seu tempo entre as aulas, o trabalho num Gabinete de Arquitetura, o curso de

Inglês e a carta de condução, paga pelos pais este ano. Os pais, Ana e André, de 48 e 50

anos, moram na Covilhã, donde a Rita saiu para frequentar o curso há 5 anos.

Rapidamente fez novos amigos e sente-se feliz com a possibilidade de finalmente poder

ser totalmente autónoma e apostar no seu futuro, pois já recebeu do Gabinete de


Arquitetura, onde trabalha há 2 anos em part time, proposta de renovação de contrato a

tempo indeterminado, logo que conclua o mestrado, o que aumentou a sua autoestima.

Os avós paternos vivem com os seus pais desde que a doença de Alzheimer afetou a

avó Maria Isabel, hoje com 82 anos. A partir do momento em que os avós foram viver lá

para casa, há oito anos, a família nunca mais foi a mesma. O quotidiano tornou-se um

verdadeiro “inferno”, com os pais, ainda a trabalhar, divididos entre o emprego e os

cuidados à avó Maria Isabel. As noites de todos passaram a ser uma “aventura” com a avó

a deambular pela casa e o avô Jorge, a chamar o filho, aos gritos.

A Rita pediu para vir estudar para Lisboa a pretexto da colocação no Instituto Superior

Técnico da sua melhor amiga a Clara, sua confidente, com quem partilha as suas histórias

e o tempo disponível entre as aulas e o namorado João, que conheceu há três anos, numa

festa da faculdade e com quem já pensou viver um dia. Porém, a sua relação tem vindo a

deteriorar-se, desde que o João acabou o curso o ano passado e não conseguiu arranjar

logo emprego. Ultimamente o namorado não parece o mesmo, sempre rabugento e mal-

encarado, com pouca vontade de sair e sempre a implicar com as suas amigas, que

considera muito fúteis e snobes.

O João pede frequentemente dinheiro emprestado à Rita e também a sua ajuda nas

tarefas domésticas quando se encontram juntos, em casa do pai dele. Isso irrita-a

bastante, já que, ela própria tem igualmente a seu cargo as tarefas domésticas no

apartamento partilhado e sente que não consegue descansar nada quando tem tempo

livre. Durante os tempos difíceis da pandemia permaneceram juntos e unidos e fizeram

planos para um futuro a dois assim que tudo passasse, mas agora discutem por tudo e

por nada, sobretudo depois de lhe ter contado que a sua menstruação não veio no mês

passado. Sente-se apavorada com a ideia de poder estar grávida, tem noção de que falhou

um comprimido da pílula, mas pensou que era só um e que nada aconteceria pois era a

primeira semana da pílula. Também tem duvidado ultimamente do futuro da relação com

o João. Nem imagina como reagiria a família perante uma eventual gravidez e antes de

acabar o curso…

O João e a Rita vão hoje a uma consulta de Planeamento Familiar na USF, mas a Rita

teve dificuldade em convencer o João a vir. Este acompanhou-a contrariado, pois


considera que é uma consulta para mulheres e a prová-lo o facto de ser o único homem

na sala de espera…

As dificuldades neste relacionamento foram percebidas pela enfermeira Joana durante

a consulta de planeamento familiar. No decorrer desta, o João ficou apavorado quando a

enfermeira lhe referiu que é provável que a Rita esteja grávida em função dos sintomas

manifestados e que devem aguardar o resultado do teste de gravidez.

A equipa pedagógica deseja um excelente trabalho!

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