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● Cena 1:
Dom Casmurro: E foi assim que ganhei o apelido de Dom Casmurro, “Casmurro” por ter
hábitos reclusos e calados, o “Dom” para ironicamente dar ares de nobreza. Venho por meio
dessa peça tentar atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Talvez
narrar essa história me faça vivê-la novamente. Porém, falta-me eu mesmo, e esta lacuna é
tudo.
As luzes se apagam.
● Cena 2:
As luzes acendem.
José Dias e D. Glória vão conversando e caminhando dentro da sala. Quando chega
no final do diálogo eles vão em direção à saída. Bentinho fica espiando a conversa
sem deixar que o vejam.
José Dias: D. Glória ainda persiste a ideia de mandar Bentinho para o seminário? Já está
mais do que na hora. E agora pode ter uma dificuldade.
José Dias: Ele e nossa queridíssima vizinha que cá entre nós, é um tanto desmiolada, andam
de namorico às escondidas.
D. Glória: Nada disso. Bentinho mal fez 15 anos e Capitu fez 14 semana passada. Esses dois
cresceram juntos e em suas brincadeiras nunca vi nada de mais. São duas criançolas!
José Dias: Já que a senhora está dizendo…, mas continuo achando que pode haver algo
entre os dois.
D. Glória: Bem, de qualquer forma, já é tempo de mandá-lo para o seminário. Afinal, não
posso quebrar a promessa que fiz a Deus de fazer de meu filho um padre.
● Cena 3:
Inicia a música do casal. As luzes ganham um tom claro e romântico. Capitu desce a
rampa dançando alegremente com um tecido. Bentinho desce pela outra rampa com um olhar
apaixonado e encantado. Ao se encontrarem no palco, Capitu dança em volta de Bentinho.
Eles flertam e ficam brincando e correndo um com o outro enquanto a música toca.
● Cena 4:
Sugestão - cenário: Usar a igreja sem o telhado, cobrir com cartolina preta e desenhar
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Sugestão - cenário: Usar a igreja sem o telhado, cobrir com cartolina preta e desenhar
os tijolos nela. Colocar por cima do muro algumas plantas.
Bentinho: Não.
Capitu: Mas eu sim! Sonhei que dançávamos na lua e os anjos vinham nos perguntar nossos
nomes para dá-los a outros anjos que acabaram de nascer!
Bentinho: Seus sonhos são muito melhores que os meus. Diz ele com admiração.
Capitu pega um giz do chão e o divide com Bentinho. Os dois começam a brincar e a rabiscar
no muro. Quando Bentinho fica desatento, Capitu escreve no muro “Bento e Capitolina".
Bentinho: Nada.
Capitu: Nada, não. O que é que você tem! Diz com mais ênfase, mas sem gritar.
Capitu: E então…
Capitu lembra do que escreveu no muro e risca o que havia escrito, mas Bentinho vê.
Bentinho fica em cena com um olhar apaixonado quando se lembra do jantar em família e sai
correndo apressado.
● Cena 5:
D. Glória, José Dias, prima Justina, e Bentinho estão sentados à mesa de jantar
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D. Glória, José Dias, prima Justina, e Bentinho estão sentados à mesa de jantar
conversando sobre a entrada de Bentinho no seminário.
Prima Justina: Prima Glória, como andam as coisas para colocar Bentinho no
seminário?
José Dias: Creio que, até o final do ano, Bentinho estará lá. Não é?
D. Glória: Nem pense em terminar essa frase. Vamos, vá para o seu quarto e termine
de fazer suas lições.
José Dias: É… por que as senhoras não me acompanham em uma caminhada pelo
jardim?
D. Glória: Depois do que quase tive que ouvir, isso me parece uma boa ideia.
Prima Justina: Eu passo, prefiro ficar de olho em Bentinho do que passar tempo com
este senhor. Diz em tom debochado e se retira da sala.
José Dias: Era o que me faltava, nada fiz de mau a essa mulher. Diz com certo ar de
revolta.
● Cena 6:
Capitu: O que é que você tem para estar com esse olhar?
Bentinho: Eu não quero! Desembuchou de uma vez. Podem teimar comigo o quanto
quiserem, não quero entrar em seminário nenhum, não entro!
Capitu fica com um olhar distante e reflexivo até que a resposta ao que Bento disse sai
por meio de palavras furiosas.
Bentinho: Calma, Capitu. Diz ele amedrontado e assustado. Posso ir falar com minha
mãe e tentar convencê-la.
Capitu: Tá bem…..
Capitu: Já sei! Por que não pede ajuda a José Dias. Ele gosta muito de você e pode
ser um bom aliado.
Capitu: Não importa. O segredo é você não ter medo quando for falar com ele, não dê
nenhum indício de que é um favor e faça-lhe elogios, ele adora elogios. E outra coisa, D.
Glória lhe dá atenção.
Capitu: Pois então tente. Você não perde nada em experimentar. Ande, peça, mande!
Diga a ele que está pronto para ir estudar direito em São Paulo.
Capitu sorri e os dois saem da sala de visitas e vão para fora da casa quando o
vendedor da cocada passa.
Capitu: Não.
Bentinho oferece uma cocada para Capitu, mas ela recusa e os dois saem de cena.
● Cena 7:
José Dias está caminhando enquanto lê um jornal e Bentinho está junto com ele.
José Dias dobra o jornal e começa a conversar com Bentinho.
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Depois dos dois começarem a conversar, Capitu e Sancha aparecem, vão
caminhando e conversando sobre a escola com os livros na mão. Capitu vê ambos e começa
a espiar a conversa deles. Quando José Dias sai, ela vai falar com Bentinho.
José Dias: Estava cá me recordando de Sr. Pádua e sua filha. Ele não é de todo má. Capitu,
apesar daqueles olhos… Você já reparou nos olhos dela? São assim de cigana oblíqua e
dissimulada. Apesar deles, poderia passar, se não fosse pela vaidade e a adulação.
Bentinho: Bem, vejo que o senhor não quer nada além de meu benefício.
Bentinho: Não posso ir para o seminário, não posso, não tenho jeito e não gosto da vida de
padre. Assim, quero que fale com minha mãe e a convença.
José Dias: Isso não tem como, já é tarde e esse sempre foi o sonho de D. Glória.
Bentinho: Claro que há tempo! O senhor sempre foi tão bom com as palavras, mamãe já lhe
pediu vários conselhos, mas o mais importante é que sempre foi bom amigo e sei que pode
falar com ela. Sabe que se mamãe quiser, vou até estudar leis em São Paulo.
José Dias: É tarde, mas para provar-lhe que não foi por falta de vontade, vou falar com ela.
Não prometo nada, porém irei tentar. Não quer ser padre, as leis são belas! Pode ir para São
Paulo, Pernambuco ou até para a Europa!
● Cena 8:
Bentinho sai de cena. Capitu se encontra com Sancha e elas vão para casa de Capitu.
● Cena 9:
Capitu está sentada em uma cadeira no seu quarto penteando seu cabelo junto
com Sancha conversando sobre a escola.
Sancha: Então, o que você achou das aulas de hoje? Eu gostei. Até que foram bem
divertidas.
Sancha: Olha, disse para minha mãe que iria direto para casa, mas acabei passando
aqui. É melhor eu ir antes que ela se preocupe. Tchau, beijos!
● Cena 10:
Bentinho entra no quarto e encontra Capitu. Por um certo tempo ele fica olhando
para ela e seus longos cabelos, perdendo-se em seus olhos de cigana oblíqua e dissimulada.
Depois, pergunta.
Capitu: Hummm…. Está bem. Vamos ver o que esse cabeleireiro pode fazer.
Dom Casmurro entra e fica admirando a cena. Bentinho começa a pentear e trançar os
cabelos dela.
Dom Casmurro: Os cabelos de Capitu eram tão lindos… Poderia ficar ali penteando-o por
horas. Desejava que eles fossem infinitos, mas logo eles iam acabando.
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Depois de algum tempo Capitu vai inclinando sua cabeça para trás.
Sancha entra gritando por Capitu. Os dois, ao ouvirem os gritos, se afastam rapidamente.
Capitu: Ah, está aqui no meu cabelo. Olha essa trança que Bentinho fez. O que você
achou?
Sancha: Não sabia que ele fazia tranças. Não ficou TÃO horrível, até que ficou
razoável. Mas depois devolva a minha fitinha.
Capitu: Pode deixar. Então… Vamos! Eu vou com você para sua casa, Sancha. Para
sua mãe não brigar por conta do atraso.
Bentinho fica atordoado com o que aconteceu. Porém, logo depois é tomado por uma emoção
de alegria e grita.
Fica em cena perplexo com o que ocorreu enquanto Dom Casmurro fala.
● Cena 11:
● Cena 12:
Bentinho: Só um ano?
José Dias: Não, não. Aguente um ano. Até lá estará tudo arranjado.
Os dois olham para trás e dão um último aceno e saem. Som de trem. Os outros esperam um
pouco e saem pelo lado oposto.
● Cena 13:
A música inicia o jogo de luzes mudam. Bentinho está sentado com uma Bíblia estudando
quando Escobar entra de forma imponente e confiante. Dom Casmurro está à espreita na
cena.
Dom Casmurro: Chegando no seminário conheci Ezequiel de Sousa Escobar. Era um rapaz
esbelto, olhos claros, um pouco fugitivos, como as mãos, como os pés, como a fala, como
tudo. Seu sorriso era instantâneo, mas também ria folgado e largo.
Dom Casmurro: Depois que me explicará a lição, começou contar-me de sua irmã e histórias
que havia vivido. Eu, seduzido por suas palavras, estive quase a lhe contar logo,logo, a
minha história. Escobar veio abrindo a alma toda, desde a porta da rua até o fundo do quintal.
Bom, na minha alma, as portas não tinham chaves nem fechaduras, bastava empurrá-las, e
Escobar empurrou-as e entrou. Cá o achei dentro, cá ficou e acabei lhe contando minha
situação.
Durante a fala de Dom Casmurro, Escobar pega a Bíblia e encena explicar a lição,depois
fecha. Começa a gesticular de acordo com a fala de Dom Casmurro e Bentinho fica admirado
com ele.
Escobar: Bem, de qualquer forma, é melhor você começar a se concentrar mais. Percebi que
está muito distraído.
Escobar: Deve ter mesmo, ninguém fica voando desse jeito à toa.
Bentinho: Escobar…
Escobar: Digo o mesmo. Você é o único aqui com quem me sinto à vontade.
Bentinho: Desculpe, é só um jeito de falar. Sei que você é um moço sério, e faço de conta
que me confesso a um padre.
Escobar: Segredo por segredo. Não pretendo terminar o curso de maneira alguma. Sempre
tive vocação para o comércio. Mas esta conversa fica somente entre nós. Não me entenda
mal, eu sou religioso, porém o comércio é minha paixão.
Bentinho: Só isso?
Bentinho: Sim, é Capitu. O que acha de conhecê-la e também a toda a minha família? Vão
adorar te conhecer.
● Cena 14:
Dom Casmurro: Depois disso, começamos a tratar da minha saída do seminário e a ida à
Europa para estudar direito.
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Bentinho: E isso foi dito e feito com a ajuda de José Dias. Além de me ajudar com isso, dava-
me informações sobre como estava Capitu. Admito que tive ciúmes ao saber que ela estava
feliz e rindo sem a minha presença. Cheguei a dizer que nunca mais queria vê-la, mas esse
sentimento passou.
Dom Casmurro: Sempre fomos apaixonados por ela, mas isso não nos impediu de ir estudar
fora. Passei dos 18 aos 22 na Europa e voltei como bacharel em direito. E não posso
esquecer de contar-lhe que Escobar casou-se com Sancha.
● Cena 15:
Som de trem e mudança no jogo de luzes. Bento desce da estação com sua mala, encontra
D. Glória, prima Justina e José Dias. Eles se cumprimentam e vão para casa (andar na
direção oposta).
Taças/ mesa pequena
Na casa, todos comemoravam a volta de Bento. José Dias abre o Champanhe e dá uma taça
para Bentinho.
A música inicia com volume baixo e vai aumentando. Bento dá um leve sorriso e olha para
Capitu que aparece na cena.
Bento: Sei que acabamos de nos encontrar, mas preciso perguntar algo de extrema
importância a minha mãe.
Capitu vai em direção a José D. e prima Justina e fica conversando com eles. Depois de
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Capitu vai em direção a José D. e prima Justina e fica conversando com eles. Depois de
alguns segundos, José D. aponta para a saída e os três saem.
● Cena 16:
Música
Bento e Capitu entram de lados opostos, dão as mãos, tiram a foto e saem juntos. (Atores
estão livres para fazer a encenação após a foto).
● Cena 17:
Bento, Capitu, Escobar, Sancha e os demais do elenco estão na cena que está “congelada”.
O cenário remete a um baile.
Dom Casmurro: Ao fim de dois anos de casados, salvo o desgosto grande de não ter um
filho, tudo corria bem. Nossa saúde era excelente. Escobar e Sancha viviam felizes, tinham
uma filhinha. Capitu gostava de rir e divertir-se, principalmente nos bailes para os quais
éramos convidados. Em um desses, em específico, ela estava com os braços nus e eram os
mais belos da noite, a ponto que me encheram de ciúmes ao ver os outros homens olharem
para eles.
Os casais iniciam a dança. Quando trocam os pares, Bentinho não tira os olhos de Capitu
dançando com Escobar. Depois, Capitu diz a Bentinho que vai conversar com Sancha
(Depois, as duas saem). Aos poucos os demais atores vão saindo da cena.
Bento: Escobar, não sei o porquê Capitu insiste em vir com os braços nus. São lindos, mas
não foram feitos para que todos os vissem.
Escobar: Concordo com você, caro amigo. Sanchinha só vai de mangas compridas, o
contrário parece-me indecente.
Bento: Não é? Mas não diga o motivo, hão de chamar-nos seminaristas. Capitu já me
chamou assim.
Enquanto Bento fala a sua última fala, eles vão andando em direção à saída.
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Enquanto Bento fala a sua última fala, eles vão andando em direção à saída.
● Cena 18:
Escobar e Capitu se despedem com um abraço, seguram as mãos e flertam com o olhar.
Quando Escobar fala "quebrando" o clima. Escobar precisa de uma maleta.
Capitu: Querido, que bom que você chegou! Tenho uma surpresa para você!
Capitu: Não é muito, apenas 10 libras, pode me chamar de pão duro se quiser.
Capitu: Pouco antes de você chegar. Eu não disse nada para que você não desconfiasse.
Queria lhe fazer uma surpresa.
● Cena 19:
Dom Casmurro: Por mais que a minha vida junto a Capitu fosse boa e tranquila, não me
bastava. Queria ser pai. Víamos a filhinha de Escobar e Sancha, Capituzinha, quando
jantávamos juntos. E isso só aumentava o meu desejo pela paternidade. Depois de algum
tempo, após eu ter voltado de viagem, Capitu contou-me que estava grávida e o meu desejo
finalmente se tornou uma verdade. Ezequiel nasceu e Capitu e eu nos alegramos
ROTEIRO
intensamente. Capitu-mal
DOM CASMU…
conseguia ficar longe do menino. Infelizmente, o tempo passou
mais rápido do que esperávamos, e logo quatro anos se foram.
Enquanto ele fala, o apoio posiciona a cena do jantar. Dom Casmurro sai.
● Cena 20:
Mudança no jogo de luzes. Bento, Capitu, Sancha, Escobar, D. Glória, Prima Justina e José
Dias entram. Eles se comprimentam. (os atores têm liberdade para algumas falas de
cumprimento), depois sentam-se à mesa.
D. Glória: Bem, não poderia estar mais feliz com essa família toda reunida. É maravilhoso
poder ver vocês quatro tão realizados.
Prima Justina: (Tom sarcástico) Quem imaginaria que Bento conseguiria arranjar alguém tão
majestosa quanto Capitu, hein? Ele era tão acovardado…
José Dias: Pela primeira vez vou ter que concordar com a prima Justina.
Bento: (Cof, cof) Bento fala envergonhado. Acho que já está na hora de mudar de assunto.
Escobar, como andam os negócios?
Escobar: Está tudo indo muito bem. Estamos em nossa melhor fase financeira. A taxa de…
Capitu: Desculpa, Escobar, mas falar de negócios em um jantar de família… isso é tão
inconveniente. Por que não conversamos sobre…
Sancha: Já sei! Sobre o nosso passado! Capitu, lembra de quando passávamos horas
fofocando sobre… rapazes
Todos riem, menos Bento, que demonstra certo ciúmes. Escobar vendo a cara de Bento
comenta sobre seus planos para o dia seguinte.
Ele fala isso olhando para Bento e dando-lhe duas cotoveladas. Bento dá um sorriso forçado.
Escobar: Tenho entrado com mares maiores, muito maiores. É preciso nadar bem, como eu,
e ter estes pulmões (ele diz batendo no peito), e estes braços; apalpa
Sancha: Já falei pra ele que ter esses braços não basta. O mar estará muito perigoso. Mas
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Sancha: Já falei pra ele que ter esses braços não basta. O mar estará muito perigoso. Mas
ele não quer me ouvir.
D. Glória: Muito bem, acho que já prolongamos essa noite o suficiente. Já está na hora de
deixarmos Escobar e Sancha descansarem. Bento, vá pegar Ezequiel. Ele está dormindo no
quarto junto com Capituzinha.
Bento pega Ezequiel e todos se despedem. Sancha aperta a mão de Bento, e demora para
soltá-la mais do que o esperado. Mais uma vez, eles trocam olhares.
● Cena 21:
Sons de ondas e tempestades. Jogo de luzes. O apoio estará balançando os tecidos para
remeter ao mar. Escobar está nadando e depois se afoga. As luzes se apagam junto ao som
de um forte trovão.
● Cena 22:
Som de velório e iluminação mais sombria. Todos entram com tristeza por causa da morte de
Escobar. O apoio leva o caixão com Escobar dentro. Sancha, chorando desesperadamente,
despede-se de seu amor. Capitu olha entristecida para Escobar e chora singelamente.
Enquanto isso Bento olha para Capitu cheio de ciúmes. O apoio fecha o caixão e o retira de
cena. Sancha grita, abraça Capitu e cai no chão. Os atores vão saindo lentamente. As luzes
apagam lentamente e o som vai diminuindo.
● Cena 23:
As luzes se acendem. Bentinho está sentado à mesa colocando veneno na xícara de café.
Ezequiel entra correndo.
Ezequiel: Papai…
Bento segura a boca de Ezequiel e tenta fazê-lo beber à força, mas desiste e abraça Ezequiel.
Capitu entra.
Capitu: Como não há? Por que você e Ezequiel estavam chorando? O que aconteceu entre
vocês dois?
Capitu: O que!?
Capitu: Se começou, vá até o fim. Fale tudo para que eu me defenda, se acha que eu tenho
direito a defesa, ou eu vou me separar de você; já não posso mais!
Bento: A separação é coisa certa! E já que insiste, aqui vai o que lhe posso dizer e é tudo.
Bento mostra a foto Escobar para Capitu. Capitu solta um riso irônico e melancólico.
Capitu: Nem os mortos escapam aos seus ciúmes! Sei a razão disto, é a semelhança entre
eles… A vontade de Deus explicará tudo. Chega! Vou sair. Não temos mais nada a dizer um
para o outro.
● Cena 24:
Dom Casmurro: Depois da discussão e para não termos mais problemas, Capitu e Ezequiel
se mudaram para a Europa. Os meus demais familiares faleceram e a amargura aumentou
ainda mais em minha vida. Anos depois, Ezequiel me encontrou, mas logo morreu de febre
tifóide. E Capitu morrera na Suíça. E bem, qualquer seja a solução, uma coisa fica, e é a
suma das sumas, ou o resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior
amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem
juntando-se e enganando-me…A terra lhes seja leve!
FIM!
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