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Texto com as idéias básicas da palestra de abertura do “Seminário Nacional de Educação Infantil do SESI:
Identidade na Diversidade”.
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Ph.D em Educação Infantil. Professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília - UnB. Consultora
do SESI para o “Seminário Nacional de Educação Infantil: Identidade na Diversidade”. Belém, Pará. Agosto de
1998.
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inicial da vida estão bem resumida nas palavras da poetisa chilena Gabriela
Mistral. Diz ela:
Na hora, ela respondeu que sim. Mas depois me relatou que essa foi
uma pergunta que ficou em sua cabeça, desencadeando muitas outras. Isto a
fez repensar toda a sua prática e a considerar o conhecimento anterior do
aluno entre os fatores importantes do processo de alfabetização. Mudada a
percepção da prática, a conseqüência natural foi a mudança do seu
desempenho. A qualidade da prática pedagógica dessa professora teve
diferentes significados em diferentes momentos da sua vida profissional. Em
cada um deles, ela foi considerada como de qualidade. Do meu ponto de
vista, não dá para falar numa prática pedagógica de qualidade quando o
repertório de conhecimentos do aluno não é considerado a priori, no
processo de ensino-aprendizagem.
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Não sei que avaliação as crianças tinham dela. Sei que elas gostavam dela.
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mais, com o seu próprio processo educativo. E ainda seduzi-las com o desafio
do aprender a aprender, ampliando progressivamente seus horizontes de
possibilidades, desejos, aspirações e realizações. Um dado programa de
educação infantil poderá ser considerado de qualidade se ele for capaz de
atingir a esses objetivos.
Tão importante quanto a visão das crianças e dos pais sobre o que é
um programa de educação infantil de qualidade é a visão dos profissionais
que estão na escola, pois são eles as pessoas mais diretamente responsáveis
pela construção cotidiana dessa qualidade. Considerando que a questão do
profissional é aquela que nos diz respeito mais diretamente, nesse
Seminário, retornaremos a ela, de forma mais detalhada, adiante.
Complementado o que já foi falado até aqui sobre qualidade, diria que
a qualidade em educação infantil é, antes de tudo, a criação de condições
necessárias para que a criança efetivamente se desenvolva, aprenda e
caminhe na direção da autonomia e do exercício pleno da cidadania, com
alegria e prazer. A qualidade se traduz em oportunidades diversificadas para
que cada criança cresça, aprenda e se desenvolva a partir da nossa
interferência criteriosamente planejada e desenvolvida e permanentemente
avaliada. Isto inclui, entre outros, o entendimento, a consideração e o
respeito à criança e ao seu mundo, à sua maneira própria de ser, de sentir,
de perceber e de se relacionar consigo mesma, com as demais pessoas e
com o mundo mais amplo ao seu redor, sem perder de vista a sua
individualidade e a sua historicidade humana e sócio-cultural.
1. a questão da gestão;
2. a filosofia do trabalho e as concepções sobre: a criança, o
papel do professor e as suas práticas pedagógicas;
3. a formação e o desenvolvimento de equipe multidisciplinar;
4. o currículo - do delineamento à avaliação;
5. o envolvimento dos pais e da comunidade.
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mesmo tempo, externo minhas crenças e convicções, que são elementos que
influenciam fortemente o meu comportamento.
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Falo sobre um registro formal, não sobre subjetividades.
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Uma vez, nas discussões após uma palestra que dei sobre a educação
infantil, alguém me contou do choque que teve ao visitar uma creche, no Rio
de Janeiro, onde muitas crianças tinham uma das mãos carimbada. Ao
perguntar o porque, descobriu ser isto uma forma de se evitar repetições da
merenda, já que sua quantidade era reduzida. Aproveitei a ocasião para
questionar o auditório: e o que fazer dos carimbos invisíveis que são dados,
principalmente, às crianças mais pobres? Leiam, abaixo, o depoimento de
uma ex-aluna minha, do curso de Pedagogia da UnB, que à época era
formanda, estagiária e professora de crianças entre 5 e 6 anos, do sistema
oficial do ensino. No seu relatório de estágio, onde pedi que ela descrevesse
cada um de seus alunos, sobre um deles ela registrou:
Por outro lado, não entendo que esta seja uma tarefa das mais
motivadoras ou significativas para as crianças, sintonizada com os seus
desejos, interesses ou necessidades. Tarefas como esta podem, inclusive,
dificultar ou impedir o diálogo e a comunicação mais livre entre as crianças e
delas com o professor ou professora e vice versa. Diálogo este tão necessário
ao processo de desenvolvimento e de aprendizagem da criança e à própria
“alimentação” e avaliação da prática pedagógica do professor.
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Academia Nacional de Programas de Educação Infantil
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Crianças em situação de pobreza e marginalização.
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SESI/DR/Santa Catarina s/d.
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Exemplos: A criança se desenvolve holisticamente; há uma seqüência normativa para o desenvolvimento;
a criança aprende através da experiência física, da interação social e da reflexão e outros.
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consegue ter uma abrangência tão grande de suas ações e programas, nem
uma infra-estrutura capaz de atender ao conjunto das necessidades relativas
à educação, saúde, alimentação e lazer. Por outro lado, o SESI tem todo um
potencial para exercer uma grande liderança na qualificação de seus
recursos humanos, a exemplo do que vem fazendo com a ampliação das
oportunidades de qualificação do trabalhador, jovens e adultos.
Imagino como a história seria outra se cada uma das pessoas, daquele
um milhão de jovens e adultos a serem alfabetizados até o ano 2 000,
conforme referido anteriormente, tivesse tido a oportunidade de um bom
começo. Certamente haveria, também, oportunidades para que
continuassem o percurso no processo educativo sem rupturas, traumas ou
humilhações pessoais. Sem dúvidas, se sentiriam cidadãs, pessoas dignas,
respeitáveis e participantes da construção do processo social mais amplo de
toda a sociedade brasileira. Se isso tivesse existido, ter-se-ia, também, um
tempo perfeitamente adequado para se semear o que se perdeu em auto
confiança, melhores expectativas e esperanças quanto ao futuro.
Referências Bibliográficas