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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DE ALIMENTOS

Efeito da suplementação de Frutooligossacarídeos (FOS)


sobre o sistema Imunológico: estudo em ratos.

Adriane Cristina Garcia Lemos


Nutricionista

Profa. Dra. Gláucia M. Pastore


Orientadora

Dissertação de Mestrado apresentada à


Faculdade de Engenharia de Alimentos, da
Universidade Estadual de Campinas para
obtenção de título de Mestre em Ciências de
Alimentos.

CAMPINAS – SP
2008

i
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA
BIBLIOTECA DA FEA – UNICAMP

Lemos, Adriane Cristina Garcia


L544e Efeito da suplementação de frutooligossacarídeos (FOS) sobre o
sistema imunológico: estudo em ratos / Adriane Cristina Garcia Lemos.
-- Campinas, SP: [s.n.], 2008.

Orientador: Gláucia Maria Pastore


Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas.
Faculdade de Engenharia de Alimentos

1. Prebióticos. 2. Frutooligossacarídeos. 3. Sistema immune.


4. Imunoglobulinas. 5. Rato. I. Pastore, Gláucia Maria. II.
Universidade Estadual de Campinas.Faculdade de Engenharia de
Alimentos. III. Título.

Titulo em inglês: Effect of the fructooligosaccharides supplementation (FOS) on the system


immune, study in rats
Palavras-chave em inglês (Keywords): Prebiotics, Fructooligosaccharides, Immune system,
Imunoglobulins, Rats
Titulação: Mestre em Ciência de Alimentos
Banca examinadora: Gláucia Maria Pastore
Yong Kun Park
Yara Maria Franco Moreno
Mário Roberto Maróstica Júnior
Programa de Pós Graduação: Programa em Ciência de Alimentos

ii
BANCA EXAMINADORA:

____________________________
Profa. Dra. Gláucia Maria Pastore
(Orientadora)

____________________________
Prof. Dr. Yong Kun Park
(Membro)

____________________________
Dra. Yara Maria Franco Moreno
(Membro)

____________________________
Dr. Mário Roberto Maróstica Júnior
(Membro)

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(Max Weber)

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS xix

LISTA DE TABELAS xxi

LISTA DE SIGLAS xxiii

RESUMO xxv

ABSTRACT xxvii

1 – INTRODUÇÃO 1

1.1 – Alimentos Funcionais 1

1.1.1 – Histórico 1

1.1.2 – Alimentos Funcionais e Nutracêuticos: Definições 3

1.1.3 – Legislação sobre os Alimentos Funcionais 8

1.1.4 – Diretirzes para a utilização da alegação de propriedades 10


funcionais ou de saúde

2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 13

2.1 – Ingredientes Probióticos 13

2.2 – Ingredientes Prebióticos 15

2.3 – Ingredientes Simbióticos 17

2.4 – Mecanismos de Atuação dos Probióticos e Prebióticos 18

2.5 – Oligossacarídeos não digeríveis (Non-Digestible Oligosaccharides) 20

2.5.1 – Propriedades fisiológicas e químicas de FOS 21

2.5.2 – Fontes naturais de oligossacarídeo não digeríveis 22

2.5.3 – Efeitos fisiológicos associados ao consumo de FOS 23

xv
2.5.4 – Aplicações dos NDOs na Industria de Alimentos 24

2.6 – Frutooligossacaídeos – FOS 25

2.6.1 – Definição 25

2.6.2 – Características e Aplicações dos FOS 26

2.6.3 – Produção Industrial de FOS 27

2.6.4 – Recomendação da Ingestão diária de FOS 28

2.6.5 – Efeitos Benéficos à Saúde Relacionados à ingestão 29


de FOS

2.6.5.1 – Promoção e crescimento de bifidobactérias, 30


inibição do crescimento de bactérias patogênicas e putrefativas

2.6.5.2 – Melhora do habito intestinal 31

2.6.5.3 – Diminuição de amônia no sangue 31

2.6.5.4 – A Produção de ácidos graxos de cadeira 31


curta (AGCC)

2.6.5.5 – Produção de vitaminas 31

2.6.5.6 – Melhora a absorção de minerais 32

2.6.5.7 – Reduz a absorção de glicose e o baixo 32


índice glicêmico

2.6.5.8 – Redução da incidência do câncer de cólon 33

2.6.5.9 – Redução do colesterol sérico 33

2.6.5.10 – Ação de imunomoduladores 33

2.7 – Sistema Imunológico 34

2.7.1 – Sítio de produção de anticorpos 35

2.7.2 – Imunoglobulinas 35

2.7.2.1 – Definição 35

xvi
2.7.2.2 – Função das Imunoglobulinas 36

2.7.2.3 – Estrutura da Molécula de Imunoglobulina 36

2.7.2.4 – Classe de Imunoglobulinas 39

3 – OBJETIVOS 44

3.1 – Objetivo geral 44

3.2 – Objetivos específicos 44

4 – MATERIAL E MÉTODOS 45

4.1 – Ensaios Biológicos 45

4.1.1 – Animais 45

4.1.2 – Delineamento experimental 45

4.1.3 – Peso corporal 47

4.1.4 – Soluções e doses empregadas 48

4.1.5 – Suplementação com FOS 49

4.1.6 – Amostras de sangue 49

4.1.7 – Coleta dos órgãos 51

4.1.8 – Determinação da concentração das Imunoglobulinas 52

4.1.9 – Análise estatística 52

5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 53

5.1 – Efeito da suplementação de Frutooligossacarídeos (FOS) na 53


Concentração de imunoglobulinas no soro de IgA, IgM e IgG (mg/dl)
Após os períodos de 21 e 42 dias

5.2 – Concentração sérica de imunoglobulinas IgA, IgM e IgG após 54


21 dias de suplementação

5.2.1 – Avaliação da concentração de Imunoglobulina IgA 54

5.2.2 – Avaliação da concentração de Imunoglobulina IgM 55

xvii
5.2.3 – Avaliação da concentração deImunoglobulina IgG 56

5.3 – Concentração sérica de imunoglobulinas IgA, IgM e IgG após 57


42 dias de suplementações

5.3.1 – Avaliação da concentração de Imunoglobulina IgA 57

5.3.2 – Avaliação da concentração de Imunoglobulina IgM 59

5.3.3 – Avaliação da concentração de Imunoglobulina IgG 60

5.4 – Desenvolvimento dos órgãos linfóides (timo e baço) após o 62


período de suplementação 21 e 42 dias

5.5 – Ganho de peso dos animais após o período de suplementação 63


21 e 42 dias

6 – CONCLUSÕES 67

7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 68

ANEXO I – Certificado nº 1301-1 79

xviii
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01 – Estratégia para o desenvolvimento de alimentos funcionais 11

FIGURA 02 – Comportamento dos prebióticos no trato digestório humano 16

FIGURA 03 – Efeitos benéficos associados ao consumo de prebióticos 17

FIGURA 04 – Destino dos prebióticos e dos probióticos no organismo humano, 20


os prebiótiocos como fatores bifidogênicos e os principais mecanismos de
atuação dos probióticos

FIGURA 05 – Estrutura química dos principais frutooligossacarídeos: 25


(A)1-kestose (GF2), (B) nistose (GF3) e (C) frutofuranosil nistose (GF4)

FIGURA 06 – Fluxograma de produção de FOS por hidrólise enzimática de 27


inulina

FIGURA 07 – Reação enzimática de transfrutosilação 28

FIGURA 08 – Estrutura básica de imunoglobulina - Cadeias leves e pesadas 37

FIGURA 09 – Estrutura básica de imunoglobulina – Região variável, 38


Região Constante

FIGURA 10 – Estrutura básica de imunoglobulina – Ligação a antígeno 38

FIGURA 11 – Estrutura de uma molécula de imunoglobulina IgM 39

FIGURA 12 – Estrutura de uma molécula de imunoglobulina IgA 40

FIGURA 13 - Estrutura de uma molécula de imunoglobulina IgG 41

FIGURA 14 – Subclasses de Imunoglobulina IgG1, IgG2, IgG3, IgG4 42

FIGURA 15 – Estrutura de uma molécula de imunoglobulina IgE 43

FIGURA 16 - Estrutura de uma molécula de imunoglobulina IgD 43

FIGURA 17 – Alojamento dos animais durante o período experimental 45

FIGURA 18 – Distribuição dos animais nos diferentes grupos de estudo 47

xix
FIGURA 19 – Pesagem corporal dos animais 47

FIGURA 20 – Administração do suplemento (FOS) por gavagem 49

FIGURA 21 – Punção cardíaca 50

FIGURA 22 – Centrifuga para a separação do soro 50

FIGURA 23 – Coleta do soro sanguíneo 51

FIGURA 24 – Coleta dos órgãos linfóides 51

FIGURA 25 – Pesagem dos órgãos linfóides 51

FIGURA 26 – Concentração de Imunoglolina IgA no soro (mg/dL) após o 55


período de suplementação de 21 dias nas diferentes concentrações de FOS
(50, 100 e 150 mg/kg de peso corpóreo)

FIGURA 27 – Concentração de Imunoglolina IgM no soro (mg/dL) após o 56


período de suplementação de 21 dias nas diferentes concentrações de FOS
(50, 100 e 150 mg/kg de peso corpóreo)

FIGURA 28 – Concentração de Imunoglolina IgG no soro (mg/dL) após o 57


período de suplementação de 21 dias nas diferentes concentrações de FOS
(50, 100 e 150 mg/kg de peso corpóreo)

FIGURA 29 – Concentração de Imunoglolina IgA no soro (mg/dL) após o 58


período de suplementação de 42 dias nas diferentes concentrações de FOS
(50, 100 e 150 mg/kg de peso corpóreo)

FIGURA 30 – Concentração de Imunoglolina IgM no soro (mg/dL) após o 59


período de suplementação de 42 dias nas diferentes concentrações de FOS
(50, 100 e 150 mg/kg de peso corpóreo)

FIGURA 31 – Concentração de Imunoglolina IgG no soro (mg/dL) após o 60


período de suplementação de 42 dias nas diferentes concentrações de FOS
(50, 100 e 150 mg/kg de peso corpóreo)

FIGURA 32 – Ganho de peso dos animais (g) após 21 dias de suplementação 64


com FOS nas diferentes concentrações (50, 100 e 150 mg/kg de peso corpóreo)

FIGURA 33 – Ganho de peso dos animais (g) após 42 dias de suplementação 65


com FOS nas diferentes concentrações (50, 100 e 150 mg/kg de peso corpóreo

xx
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Compostos ativos, efeito fisiológicos e principais fontes 7


de alimentos funcionais

TABELA 2 – Causas e mecanismos dos efeitos benéficos atribuídos aos 14


probióticos

TABELA 3 – Propriedades Físicas e Fisiológicas dos Oligossacarídeos 22

TABELA 4 – Tipos de Oligossacarídeos produzidos 23

TABELA 5 – Composição do FOS 48

TABELA 6 – Concentração de imunoglobulinas no soro (mg/dL) após os 53


períodos de suplementação com FOS 21 e 42 dias, administrado por
gavagem nas diferentes concentrações(50, 100 e 150 mg/kg de peso corpóreo)

TABELA 7 – Efeito da suplementação de FOS sobre o Desenvolvimento dos 62


órgãos linfódes (timo e baço) de ratos após os períodos de suplementação
21 e 42 dias, administrado por gavagem nas diferentes concentrações
(50,100 e 150 mg/kg de peso corpóreo)

xxi
xxii
LISTA DE SIGLAS

ADA – Associação Dietética Americana

AGCC – ácidos graxos de cadeia curta

ANOVA – Análise de variância

ANVS – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CTCAF – Comissão Tecnocientífica de Assessoramento em Alimentos Funcionais e


Novos Alimentos

DOU – Diário Oficial da União

FOS – Frutoologossacarídeo

MOS – Mananoligossacarídeos

FOSHU – Foods for Specified Health


FUFOSE – Functional Food Science in Europe

GLP-1 – Glucagon-like peptide – 1

IgA – Imunoglobulina A

IgG – Imunoglobulina G

IgM – Imunoglobulina M

IL-2 – Interleucina tipo 2

ILSI – International Life Sciences Institute

NDOs – Non-digestible oligosaccharides

SVS – Secretaria da Vigilância Sanitária

TGI – Trato - gastrointestinal

xxiii
xxiv
RESUMO

Os prebióticos são alimentos indigeríveis, porém fermentáveis, que afetam o


hospedeiro por estimulação seletiva do crescimento e atividade de uma espécie de
bactérias ou um número limitado de bactérias no cólon.
De todos os prebióticos disponíveis, os únicos que possuem estudos para serem
classificados como componentes ativos de alimentos funcionais são os
frutooligossacarídeos (FOS), inulina e o galactooligossacarídeos (GOS). Devido à sua
estrutura química são fermentados no cólon por bactérias endógenas para substratos
metabólicos e energéticos e promove melhoria das funções intestinais por meio do
estímulo ao crescimento de bactérias benéficas, resultando em efeitos específicos
sobre a fisiologia gastrointestinal, biodisponibilidade de minerais, sistema imune,
gênese de tumores e regulação do colesterol sérico.
No momento pouco é conhecido sobre o efeito do FOS no desenvolvimento de
órgãos linfóides ou os mecanismos moleculares de sua ação na resposta imunológica.
O objetivo do presente estudo é investigar o efeito da suplementação de FOS sobre o
sistema imunológico em ratos.
Para o desenvolvimento deste trabalho, foram utilizados 32 ratos machos,
adultos jovens, da linhagem Wistar. Os animais foram alimentados com ração
balanceada padrão para roedores (Purina) e água “ad libidum”, mantidos em gaiolas à
temperatura ambiente de 25ºC e foto período de 12 horas de claro e 12 de escuro.
Durante o ensaio biológico os animais foram divididos em 4 grupos (n=8), o
suplemento foi administrado diariamente por 21 e 42 dias por gavagem, nas diferentes
concentrações (0, 50, 100 e 150 mg/kg). Ao final do período experimental os animais
foram anestesiados e as amostras de sangue (5ml) coletadas por punção cardíaca,
centrifugadas por 15 minutos, sendo o soro sanguíneo separado.
Os órgãos linfóides (timo, baço) foram removidos e pesados. Todos os
procedimentos experimentais foram previamente aprovados pelo Comitê de Ética em
Pesquisa Animal da Universidade Estadual de Campinas.
O soro coletado foi mantido a temperatura de 5°C e encaminhado ao laboratório
de Bioquímica da Universidade do Sagrado Coração (Bauru) para a quantificação das
imunoglobulinas IgA, IgG e IgM através da técnica de nefelometria.

xxv
Os dados foram expressos como média ± erro padrão da média (EPM) e
submetidos a analise de variância (ANOVA) As comparações entre grupos foram
realizadas empregando-se o teste Tukey. As diferenças foram consideradas
estatisticamente significativas para p<0,05.
O efeito da suplementação dietética com FOS na concentração de 100 e 150
mg/kg aumentou (p <0,05) as concentrações no soro das Imunoglobulinas IgA, IgG e
IgM. Em ambos os períodos de 21 e 42 dias a suplementação dietética com 50 mg/Kg
não aumentam (p>0,05) as concentrações no soro de imunoglobulinas. A
suplementação dietética com 100 mg/Kg e 150 mg/kg promoveu um aumento (p <0,05)
nas concentrações no soro de imunoglobulinas durantes os 21 e 42 dias de
suplementação. A Suplementação com FOS não promoveu o aumento (p>0,05) no
desenvolvimento dos órgãos linfóides. Os animais que foram suplementados com 100 e
150 mg/kg apresentaram um ganho de peso estatisticamente significativo (p<0,05)
quando comparados com grupo controle.
Com os resultados do presente estudo pode se concluir que o FOS melhorou a
resposta imune em ratos, por modulação positiva da resposta imune.

Palavras-Chave: Prebióticos, Frutooligossacarídeos, Sistema Imune,


Imunoglobulinas, Ratos.

xxvi
ABSTRACT

The prebiotics are non-digestible foods, however fermented, they affect the host
by selectively stimulating the growth and/or activity of one of a limited number of bacteria
in the colon.
From all the available prebiotics, the only ones that possess enough studies of
activity are the Fructooligosaccharides (FOS), inulin and galactooligosaccharides. Due
to their chemical structure, they are fermented in the colon by endogenous bacterias to
metabolic and energy substrata and they promote improvement of the intestinal
functions by inducing the growth of beneficial bacterias, resulting in specific effects on
the gastrointestinal physiology, mineral availability, immune system, genesis of tumors
and regulation of the Serum cholesterol.

At present, little is known about the effect of FOS on the development of lymphoid
organs or the molecular mechanisms of it´s action on the immune response. The
objective of this study was to determine the effects of supplementation with FOS on
immune system in rats.
For the development of this work, 32 male Wister rats were used, young adults, of
the lineage Wistar. The animals were fed with standard food for rodents (Purina) and
water “ad libitum”, maintained in cages at temperature of 25ºC and picture period of 12
hours of light and 12 of darkness.

During biological assays the animals were divided into 4 groups (n=8), the
supplement was administered daily by 21 and 42 days by gavage, in different
concentrations (0, 50, 100 and 150 mg/kg). At the end of the experimental period the
animals were anesthetized and the samples of blood (5ml) collected by heart puncture,
centrifuged by 15 minutes, being the separate sanguine serum. The llymphoid organs
(thymus, spleen) they were removed and wighted. All the
experimental procedures were previously approved for the Committee of ethical in
Animal Research of the State University of Campinas.

The collected serum was maintained at 5°C and direc ted to the laboratory of
Biochemistry of the University of the Sacred Heart (Bauru) for the quantification of
imunoglobulins IgA, IgG and IgM following the nefelometria technique .

xxvii
The data were expressed as average ± standard deviation of the average (SD)
and submitted to analyzes of variance (ANOVA). The comparisons among groups were
accomplished Tukey test. The differences were considered statistically significative for p
<0,05.

The effect of dietary supplementation with FOS in the concentration of 100 to 150
mg/kg increased (p<0,05) on serum concentrations of Imunoglobulins IgA, IgG e IgM. In
both of periods 21 and 42 day, dietary supplementation wich 50 mg/Kg did not increase
(p>0,05) serum concentrations of imunoglobulins, Dietary supplementation with 100
mg/Kg e 150 mg/kg resulted in higher (p <0,05) serum concentration of imunoglobulins
and 21 and 42 day. The suplementation with FOS don’t increase (p>0,05) lymphoid
organ development. The animals that were suplementation with 100 and 150 mg/kg
presented an weight gain statistically significant (p <0,05) when compared with control
group.

The results of the present study it may concluded that FOS can improve immune
response in rats, Through positive modulation of the immune response.

Key-words: Prebiotics, Fructooligosaccharides, Immune System, Imunoglobulins,


Rats.

xxviii
1. INTRODUÇÃO

1.1 – Alimentos Funcionais

1.1.1 – Histórico

O aumento na expectativa de vida da população, aliado ao crescimento


exponencial dos custos médico-hospitalares, a sociedade necessita vencer novos
desafios, por meio do desenvolvimento de novos conhecimentos científicos e de novas
tecnologias que resultem em modificações importantes no estilo de vida das pessoas. A
nutrição precisa se adaptar a esses novos desafios, por meio do desenvolvimento de
novos conceitos (SAAD, 2006).

A nutrição otimizada é um desses novos conceitos, dirigida no sentido de


maximizar as funções fisiológicas de cada indivíduo, de maneira a assegurar tanto o
bem-estar quanto a saúde, como também o risco mínimo de desenvolvimento de
doenças ao longo da vida. Nesse contexto, os alimentos funcionais e especialmente os
probióticos e prebióticos são conceitos novos e estimulantes (SAAD, 2006).

Os alimentos funcionais fazem parte de uma nova concepção de alimentos,


lançada pelo Japão na década de 80, por meio de um programa de governo que tinha
como objetivo desenvolver alimentos saudáveis para uma população que envelhecia e
apresentava uma grande expectativa de vida (ANJO, 2004; MORAES, 2006).

O conceito de alimentos funcionais é amplo, e defende a suposição de que a


dieta pode controlar e modular as variadas funções orgânicas, contribuindo para a
manutenção da saúde e reduzindo o risco de acometimentos por morbidades
(PADILHA, 2004).

São considerados alimentos funcionais aqueles que, além de fornecerem a


nutrição básica, promovem a saúde. Esses alimentos possuem potencial para promover
a saúde por meio de mecanismos não previstos por meio da nutrição convencional,

1
devendo ser salientado que esse efeito restringe-se à promoção da saúde. (LAJOLO,
2001; SAAD, 2006; MORAES, 2006).

Dentre os papéis potencialmente benéficos destes alimentos funcionais, como


suplemento dietético, são citados a manutenção da microbiota intestinal, ativação do
sistema imune, atividade anticarcinogênica, síntese de vitaminas do complexo B,
melhora na digestão da lactose por indivíduos lactase não persistentes, modulação do
colesterol sangüíneo e a melhora da biodisponibilidade de alguns minerais, entre eles o
cálcio (LAJOLO, 2001; MACHADO et al., 2001).

Os vários fatores que têm contribuído para o desenvolvimento dos alimentos


funcionais são inúmeros, sendo um deles o aumento da consciência dos consumidores,
que desejando melhorar a qualidade de suas vidas, optam por hábitos saudáveis
(MORAES, 2006).

Mudanças de conceitos têm sido observadas em diferentes alimentos que


ingerimos, aplicando-se os achados científicos e as inovações tecnológicas da indústria
de alimentos (ROBERFROID, 2000).

As alegações sobre os benefícios à saúde dos alimentos funcionais devem ser


baseados em critérios científicos sólidos. Alimentos cujos benefícios à saúde são
comprovados por substanciação científica suficiente têm o potencial para ser um
componente de uma importância cada vez maior de um estilo de vida saudável e que
seja benéfico ao público e a indústria de alimentos (PIMENTEL et al., 2005).

A ciência dos alimentos funcionais, apesar de bastante estudada e evidenciada


sua relevância clínica, ainda requer investimentos científicos para melhor
esclarecimento dos seus princípios ativos e/ou efeito funcional de alguns de seus
componentes bioativos (PADILHA et al., 2004).

2
1.1.2 – Alimentos Funcionais e Nutracêuticos: definições

O conceito de alimento funcional surgiu na Ásia, mais propriamente no Japão.


Em 1984, um grupo de investigadores iniciou um grande projeto com o objetivo de
explorar a interface entre a alimentação e as ciências médicas intitulado “Systematic
Analysis and Development of Food Function” onde foi introduzido o conceito de
“alimento funcional” ou “foods for specified health use” (FOSHU). Mais de 569 produtos
foram aprovados como alimentos FOSHU no Japão a partir de 9 de dezembro de 2005
(HASLER, 2001; JONES, 2002; OHAMA et al., 2006).

No Reino Unido, o Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentos (MAFF) define


alimentos funcionais como “um alimento cujo componente incorporado oferece
benefício fisiológico e não apenas nutricional”. Esta definição ajuda distinguir alimentos
funcionais de alimentos fortificados com vitaminas e minerais (PIMENTEL et al., 2005).

Nos Estados Unidos da América do Norte os termos alimentos funcionais e


nutracêuticos têm sido usados conforme a definição estabelecida. No entanto, a
dificuldade se encontra na regulamentação destes termos, pois deve haver uma
diferenciação entre produtos que são vendidos e consumidos como alimentos
(funcionais) e aqueles cujo componente em particular foi isolado e é vendido na forma
de barras, cápsulas, pós, entre outros (nutracêuticos). A separação desses produtos é
necessária quando se estabelece limites de consumo (PIMENTEL et al., 2005).

Comitê de Alimentos e Nutrição do Institute of Medicine (IOM/FNB, 1994) definiu


alimentos funcionais como “qualquer alimento ou ingrediente que possa proporcionar
um benefício à saúde além dos nutrientes tradicionais que ele contém” (HASLER,
2001).

O escritório Americano de Contas Gerais (US General Accounting Office-GAO)


define alimentos funcionais como alimentos que se declaram ter benefícios além da
nutrição básica. Entretanto, em matéria de lei, um alimento funcional não tem nenhuma
definição reconhecida pela FDC (Food, Drugs and Cosmetics). A FDA (Food and Drug

3
Administration) regula os alimentos funcionais, baseada no uso que se pretende dar ao
produto, na descrição presente nos rótulos ou nos ingredientes do produto. A partir
destes critérios, a FDA classificou os alimentos funcionais em cinco categorias:
alimento, suplementos alimentares, alimento para usos dietéticos especiais, alimento-
medicamento ou droga (NOONAN & NOONAN, 2004).

Para a Associação Dietética Americana (ADA), os alimentos funcionais incluem


alimentos integrais, fortificados, enriquecidos ou restaurados, que apresentam,
potencialmente, efeitos benéficos para a saúde, quando consumidos como parte de
uma dieta variada (ADA, 1999).

Uma definição abrangente de alimento funcional seria qualquer alimento, natural


ou preparado pelo homem, que contenha uma ou mais substâncias, classificadas como
nutrientes ou não-nutrientes, capazes de atuar no metabolismo e na fisiologia humana,
promovendo efeitos benéficos à saúde, podendo retardar o estabelecimento de
doenças crônicas e/ou degenerativas e melhorar a qualidade e a expectativa de vida
das pessoas (SGARBIERI & PACHECO, 1999).

Um alimento funcional, portanto, é aquele que apresenta funções nutricionais,


fisiológicas e terapêuticas, podendo desempenhar um papel potencialmente benéfico
na redução do risco de doenças crônicas degenerativas (HASLER, 2001; TAIPINA et
al., 2002; ANJO, 2004; MORAES et al., 2006).

A portaria nº 398 de 30/04/99 da Secretaria de Vigilância Sanitária do ministério


da Saúde define que “Alimento funcional é todo alimento ou ingrediente que, além das
funções nutricionais básicas, quando consumidos na dieta usual, produz efeitos
metabólicos e/ou fisiológicos e/ou efeitos benéficos à saúde, devendo ser seguro para o
consumo sem supervisão médica”.

Os alimentos e ingredientes funcionais podem ser classificados de dois modos:


quanto à fonte, de origem vegetal ou animal, ou quanto aos benefícios que oferecem,

4
atuando em seis áreas do organismo: no sistema gastrointestinal; no sistema
cardiovascular; no metabolismo de substratos; no crescimento, no desenvolvimento e
diferenciação celular; no comportamento das funções fisiológicas e como antioxidantes
(SOUZA et al., 2003; MORAES et al., 2006).

Os alimentos funcionais apresentam as seguintes características:

a) devem ser alimentos convencionais e consumidos na dieta normal/usual;


b) devem ser compostos por componentes naturais, algumas vezes, em elevada
concentração ou presentes em alimentos que normalmente não os supririam;
c) devem ter efeitos positivos além do valor básico nutritivo, que pode aumentar o bem-
estar e a saúde e/ou reduzir o risco de ocorrência de doenças, promovendo benefícios
à saúde além de aumentar a qualidade de vida, incluindo os desempenhos físico,
psicológico e comportamental;
d) a alegação da propriedade funcional deve ter embasamento científico;
e) pode ser um alimento natural ou um alimento no qual um componente tenha sido
removido;
g) pode ser um alimento onde a natureza de um ou mais componentes tenha sido
modificada;
h) pode ser um alimento no qual a bioatividade de um ou mais componentes tenha sido
modificada (BUTTRISS, 2000; ROBERFROID, 2002; MORAES et al., 2006).

Um termo introduzido em 1989 foi “nutracêutico”. Esse termo foi criado para
tentar diferenciar os alimentos funcionais dos medicamentos (ANJO, 2004). Por sua
vez, o nutracêutico é um alimento ou parte de um alimento que proporciona benefícios
médicos e de saúde, incluindo a prevenção e/ou tratamento da doença. Tais produtos
podem abranger desde os nutrientes isolados, suplementos dietéticos na forma de
cápsulas e dietas até os produtos beneficamente projetados, produtos herbais e
alimentos processados tais como cereais, sopas e bebidas (ROBERFROID, 2002;
NEUMANN et al., 2000).

5
Vários nutracêuticos podem ser produzidos através de métodos fermentativos
com o uso de microrganismos considerados como GRAS (Generally Recognized as
Safe). Os nutracêuticos podem ser classificados como fibras dietéticas, ácidos graxos
poliinsaturados, proteínas, peptídeos, aminoácidos ou cetoácidos, minerais, vitaminas
antioxidantes e outros antioxidantes como a glutationa, selênio (JONES, 2002;
MORAES, 2006).

O alvo dos nutracêuticos é significativamente diferente dos alimentos funcionais,


por várias razões:

a) enquanto que a prevenção e o tratamento de doenças (apelo médico) são relevantes


aos nutracêuticos, apenas a redução do risco da doença, e não a prevenção e
tratamento da doença estão envolvidos com os alimentos funcionais;
b) enquanto que os nutracêuticos incluem suplementos dietéticos e outros tipos de
alimentos, os alimentos funcionais devem estar na forma de um alimento comum
(KWAK & JUKES, 2001).

Os ingredientes funcionais são um grupo de compostos (tabela 1) que


apresentam benefícios à saúde, tais como as alicinas presentes no alho, os
carotenóides e flavonóides encontrados em frutas e vegetais, os glucosinolatos
encontrados nos vegetais crucíferos os ácidos graxos poliinsaturados presentes em
óleos vegetais e óleo de peixe (KRUGER & MAN, 2003). Estes ingredientes podem ser
consumidos juntamente com os alimentos dos quais são provenientes, sendo estes
alimentos considerados alimentos funcionais, ou individualmente, como nutracêuticos.
Devem ter adequado perfil de segurança, demonstrando a segurança para o consumo
humano. Não devem apresentar risco de toxicidade ou efeitos adversos de drogas
medicinais (BAGCHI et al., 2004).

6
TABELA 1 – Compostos ativos, efeito fisiológicos e principais fontes de
alimentos funcionais
Composto ativo Efeito Fonte
Frutas (melancia, mamão, melão,
Atividade antioxidante e
Terpenóides damasco, pêssego), verduras
aticancerígena (útero, próstata,
Carotenóides (cenoura, espinafre, abóbora,
seio, cólon, reto e pulmão).
brócolis, tomate, inhame, nabo).

Redução dos níveis de colesterol Óleos vegetais, sementes, nozes,


Fitoesteróis
total e LDL-colesterol. algumas frutas e vegetais.

Detoxificação do fígado, atividade


Brócolis, couve-flor, repolho,
Glucosinolatos anticancerígena e antimutagênica.
rabanete, palmito e alcaparra.
Frutas (uva, morango, frutas
Fenólicos
Atividade antioxidante. cítricas), vegetais (brócolis, repolho,
Ácido fenólico
cenoura, berinjela, salsa), chá.
Atividades antioxidante, redução
Frutas cítricas, brócolis, couve,
do risco de câncer e de doença
Flavonóides tomate, berinjela, soja, abóbora,
cardiovascular.
salsa, nozes, cereja.
Inibição do acúmulo de
estrogênio, redução das enzimas Leguminosas (principalmente soja),
Isoflavonas
carcinogênicas. legumes.

Atividade antioxidante, redução do


Uva, vinho tinto, morango, chá
Catequinas risco de doença cardiovascular.
verde, chá preto, cacau.
Atividade antioxidante, proteção
Frutas (amora, framboesa, cereja,
Antocianinas contra mutagênese.
ameixa, uva).
Redução do risco de câncer e de
Ácidos graxos Peixes de água fria, óleo de canola,
doenças cardiovasculares,
ϖ3 e ϖ6 linhaça e nozes.
redução da pressão arterial.

Oligossacarídeos Redução do risco de câncer e dos Frutas, verduras, leguminosas, e


Polissacarídeos níveis de colesterol. cereais, integrais.

Regulação do trânsito intestinal e Raiz de chicória, cebola, alho,


da pressão arterial, redução do tomate, aspargo, alcachofra,
risco de câncer, dos níveis de banana, cevada, cerveja, centeio,
Prebióticos
colesterol total e triglicerídeos, aveia, trigo, mel.
redução da intolerância à lactose.

Regulação do trânsito intestinal,


Probióticos redução risco de câncer e dos
(BIFIDOBACTÉRIAS E níveis de colesterol total e Iogurte, leite fermentado, etc.
LACTOBACILOS) triglicerídeos, estímulo ao sistema
imunológico.
Fonte: Adaptado de ANJO, 2004.

7
1.1.3 – Legislação sobre os Alimentos Funcionais

A situação normativa sobre os alimentos funcionais varia em função da


diversidade de conceitos e/ou definições, nomenclatura, classificação de acordo com a
legislação vigente em cada país. Diferentes países e regiões estão adaptando suas
legislações ou desenvolvendo legislações específicas para melhor atender às
alegações de saúde relativas a essa nova classe de produtos (SGARBIERI &
PACHECO, 1999).

No Japão, os alimentos funcionais vêm sendo estudados e desenvolvidos desde


o início da década de 80. Em 1991, o Ministério da Saúde e do Bem-estar Social do
Japão, introduziu um sistema de licenciamento para “Foods for Specified Health Use”
Alimentos para Uso Específico de Saúde (FOSHU). Aplica-se para alimentos funcionais
com alegação de benefícios especiais à saúde e somente alimentos consumidos como
parte da dieta normal. Produtos isolados e prepações purificadas com propósito de cura
ou prevenção de doenças são tratados, no Japão, como drogas (SGARBIERI &
PACHECO, 1999; HASLER, 2001).

Na Europa, apenas em 1996, surge uma Ação Concertada da Comissão


Européia sobre Alimentos Funcionais (Functional Food Science in Europe – FUFOSE)
que envolveu ativamente um grande número dos mais proeminentes especialistas em
nutrição e ciências relacionadas. Foi coordenada pelo Instituto Internacional das
Ciências da Vida (International Life Sciences Institute – ILSI Europe) definiu alimentos
funcionais como uma comida convencional ou cotidiana para ser consumida como parte
da dieta de normal/usual. Esta ação atingiu um consenso europeu apresentado no
documento “Conceitos científicos de alimentos funcionais no consenso da Europa”
(ROBERFROID, 2002).

Desde o início da década de 90, já existia no Brasil na Secretaria da Vigilância


Sanitária (SVS), pedidos de análise para registro de alimentos com alegações de
funcionalidade. Com o passar dos anos, o número e a diversidade de pedidos

8
aumentaram, inclusive com solicitações para anúncio desta categoria de produtos em
meios de comunicação. Em virtude da necessidade de posicionamento diante das
solicitações, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, através do apoio de
pesquisadores da área de nutrição, toxicologia, tecnologia de alimentos e outras,
propôs e aprovou em 1998 a Regulamentação Técnica para Análise de Novos
Alimentos e Ingredientes, inclusive os chamados Alimentos Funcionais (SGARBIERI &
PACHECO, 1999).

As resoluções técnicas referentes ao tema, com os respectivos regulamentos, foram


publicadas no Diário Oficial da União (DOU) em 30 de abril de 1999 e republicadas no
DOU em 03/12/99, conforme descritas a seguir:

Resolução ANVS/MS nº 16, republicada no DOU em 03/12/99:


Regulamento Técnico de Procedimentos para Registro de Alimentos e ou Novos
Ingredientes.

Resolução ANVS/MS nº 17, republicada no DOU em 03/12/99:


Regulamento Técnico que Estabelece as Diretrizes Básicas para Avaliação de Risco e
Segurança dos Alimentos.

Resolução ANVS/MS nº 18, republicada no DOU em 03/12/99:


Regulamento Técnico que Estabelece as Diretrizes Básicas para Análise e
Comprovação de Propriedades Funcionais e ou de Saúde Alegadas em Rotulagem de
Alimentos.

Resolução ANVS/MS nº 19, republicada no DOU em 10/12/99:


Regulamento Técnico para Procedimentos para Registro de Alimentos com Alegação
de Propriedades Funcionais e ou de saúde em sua rotulagem.

Devido ao novo enfoque atribuído aos critérios de análise dos alimentos, que
passou a considerar o critério de risco, a SVS decidiu constituir uma Comissão

9
Tecnocientífica de Assessoramento em Alimentos Funcionais e Novos Alimentos
(CTCAF) com a finalidade de fornecer subsídios à diretoria de alimentos e Toxicologia
nas decisões referentes ao tema. Ficaram estabelecidos os seguintes conceitos:

• Alegação de propriedade Funcional


“Refere-se ao papel metabólico ou fisiológico que o nutriente ou não-nutriente ocasiona
no crescimento, desenvolvimento, manutenção e outras funções normais do organismo
humano” (ANVISA, 1999)

• Alegação de Propriedade de saúde:


“É aquela que afirma, sugere ou implica a existência da relação entre o alimento ou
ingrediente com doença ou condição relacionada à saúde” (ANVISA, 1999).

1.1.4 – Diretrizes para a utilização da alegação de propriedades funcionais


ou de saúde

Sempre que se tratar de alimentos fabricados, alegações de saúde poderão ser


feitas pelo fabricante, mediante comprovações de funções e benefícios, em bases
científicas. Essas comprovações poderão ser advindas da literatura científica ou
resultado de experimentações.

É indispensável que no desenvolvimento de um produto alimentício com


propriedades funcionais, as seguintes etapas sejam seguidas (SGARBIER &
PACHECO, 1999; MELLO, 2005):

1) Identificação do alimento (origem animal ou vegetal) com uma ou mais atividade


fisiológico-funcional; 2) Identificação e caracterização do(s) princípio(s) ativo(s); 3)
Concentração e variação na concentração do princípio ativo; 4) Descrição da atividade
funcional, considerando a natureza da função e sua eficácia; 5) Potencial tóxico do

10
produto ou princípio ativo; 6) Disponibilidade do produto para uso como alimento ou
ingrediente funcional.

Para a comprovação das alegações de saúde perante a Vigilância Sanitária para


pedido de comercialização e rotulagem do alimento, devem ser encaminhados
Comissão Tecnocientífica de Alimentos Funcionais (CTCAF) as seguintes evidências
científicas: (figura 1)

FIGURA 1 – Estratégia para o desenvolvimento de alimentos funcionais


Fonte: http://www.biotempo.com

1) Composição química com caracterização molecular (quando for o caso) e formulação


do produto; 2) Ensaios bioquímicos; 3) Ensaios nutricionais, e ou fisiológicos e ou
toxicolóxicos em animais; 4) Ensaios clínicos; 5) Estudos epidemiológicos; 6)
Evidências abrangentes da literatura e de organismos reconhecidos 7) Comprovação
de uso tradicional com benefícios e sem prejuízos à saúde (SGARBIERI & PACHECO,
1999; MELLO, 2005).

Dentre os principais campos de atuação dos Alimentos Funcionais destacam-se:

11
- Fisiologia do trato disgestivo: funções associadas a flora bacteriana, imunidade,
biodisponibilidade de micronutrientes, modulação da proliferação epitelial.

- Sistema antioxidante: defesa contra o estress oxidativo através de determinadas


vitaminas, com efeito protetor contra a aterosclerose, alguns tipos de câncer e o
envelhecimento.

- Metabolismo de macronutrientes: redução de efeitos patológicos decorrentes da


resistência à insulina, prevenindo doença cardiovascular por reduzir a glicemia e
colesterolemia.

As substâncias fisiologicamente ativas devem estar presentes nos alimentos


funcionais, em quantidades suficientes e adequadas, para produzir o efeito fisiológico
desejado. Em outras palavras, não é suficiente que um determinado alimento contenha
determinadas substâncias com propriedades funcionais fisiológicas, para que ele seja
classificado como funcional (ROBERFROID, 2002).

12
2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 – Ingrdientes Probióticos

Os probióticos eram classicamente definidos como suplementos alimentares à


base de microrganismos vivos, que afetam beneficamente o animal hospedeiro,
promovendo o balanço de sua microbiota intestinal (OLIVEIRA, 2002; REID et al., 2003;
COPPOLA, 2004; SAIER et al., 2005; SAAD, 2006).

Diversas outras definições de probióticos foram publicadas nos últimos anos.


Entretanto, a definição atualmente aceita internacionalmente é que eles são
microrganismos vivos, administrados em quantidades adequadas, que conferem
benefícios à saúde do hospedeiro (SANDERS, 2003).

Os probióticos devem apresentar algumas características específicas: serem


habitantes normais do intestino; reproduzirem-se rapidamente; produzirem substâncias
antimicrobianas; resistirem ao tempo entre a fabricação, comercialização e ingestão do
produto, devendo atingir o intestino ainda vivos (ANJO, 2004; SAAD, 2006).

Os efeitos benéficos dos probióticos ao organismo (tabela 2) incluem o equilíbrio


bacteriano intestinal, o controle dos níveis de colesterol, ação em diarréias e redução
do risco de desenvolvimento de câncer, produção de vitaminas e aumento da resposta
imune; aumento da absorção de minerais, alívio da constipação e redução da
intolerância à lactose (COPPOLA et al., 2004; SAIER et al., 2005; SAAD, 2006;
SANTOS et al., 2006).

Os probióticos podem ser componentes de alimentos industrializados presentes


no mercado, como os leites fermentados, ou podem ser encontrados na forma de pó ou
cápsulas (BORGES, 2000; OLIVEIRA, 2002; ANJO, 2004).

Vários microrganismos são usados como probióticos, entre eles bactérias ácido-
lácticas, bactérias não ácido-lácticas e leveduras. As mais conhecidas bactérias que
13
exercem as funções no organismo são as Bifidobacterium e Lactobacillus, em especial
Lactobacillus acidophillus (LOSADA, et al., 2002, ANJO, 2004; GRAJEK et al., 2005;
SAAD, 2006).

TABELA 2 – Causas e mecanismos dos efeitos benéficos atribuídos aos


probióticos

Efeito benéfico Possíveis causas e mecanismos


Melhor digestibilidade Degradação parcial das proteínas, lipídeos e
carboidratos.

Melhor valor nutritivo Níveis elevados das vitaminas do complexo B e


de alguns aminoácidos essenciais como
metionina, lisina e triptofano.

Melhor utilização da lactose Níveis reduzidos de lactose no produto e maior


disponibilidade de lactase

Ação antagônica contra Distúrbios tais como: diarréia, colite mucosa e


agentes patogênicos entéricos ulcerosa.
Diverticulite e colite antibiótica são controladas
pela acidez.
Inibidores microbianos e inibição da adesão e
atividade de patógenos.

Colonização do intestino Sobrevivência ao ácido gástrico, resistência a


lisozima e a tensão superficial do intestino,
adesão ao epitélio intestinal, multiplicação no
trato gastrintestinal, modulação imunitária.

Ação anticarcinogénica Conversão de proteínas pré- carcinogênicas em


compostos menos perniciosos.
Estimulação do sistema imunitário.

Ação hipocolesterolêmica Produção de inibidores da síntese do colesterol.


Utilização do colesterol por assimilação e
precipitação como sais biliares desconjugados.

Modulação imunitária Melhor produção de macrófagos, estimulação da


produção de células supressoras.
Fonte: MORAES et al, 2006.

14
2.2 – Ingredientes prébióticos

Os prebióticos podem ser definidos da seguinte forma: ingredientes alimentares


não digeríveis, que afetam de maneira benéfica o organismo por estimular
seletivamente o crescimento e ou a atividade de um número limitado de bactérias no
cólon (KAUR et al., 2002; ANJO, 2004; SAIER et al., 2005; BOSSCHER et al., 2006;
HUEBNER, 2007; ROBERFROID, 2007).

São Substâncias que modificam a composição da microbiota colônica de tal


forma que as bactérias com potencial de promoção de saúde e não patogênicas
especialmente Lactobacilos e Bifidobactérias se tornam a maioria predominante (SILVA
et al., 2003; KAUR et al., 2002; HUEBNER, 2007). Exemplo de prebióticos são
frutoligossacarídeos, arabinose, galactose, inulina, rafinose, manose, lactulose,
estaquiose, galactooligossacarídeo, mananoligossacarídeos etc. (GIBSON & FULLER,
2000; SAIER et al., 2005; BOSSCHER et al., 2006).

Os prebióticos são encontrados, de modo natural em variedades de legumes,


como alho poró, cebola, chicória, aspargo, alho, alcachofra, tomate, alfafa, banana, etc.
Igualmente, é acrescentada, por seus efeitos positivos, a bebidas, produtos lácteos e de
confeitaria, alimentos infantis, maioneses lights e queijos de baixa caloria. Também é
possível encontrá-la em forma de complementos dietéticos específicos (ARABBI, 2001;
SAIER et al., 2005).

Um ingrediente alimentar para ser considerado prebiótico deve atender aos


seguintes requisitos (figura 2).

● Não pode ser hidrolisado nem absorvido na parte superior do trato gastrointestinal;
● Deve ser seletivamente fermentado por um ou um limitado número de bactérias
potencialmente benéficas ao cólon;
● Deve alterar a composição da microbiota colônica para uma composição mais
saudável;

15
● Deve preferencialmente induzir efeitos que são benéficos para a saúde do hospedeiro
(GIBSON, 1999; TUOHY et al., 2005; ROBERFROID, 2007).

Não há hidrólise

Aumenta o número
Não há e a atividade das
Hidrólise e bifidobactérias.
absorção

São fermentados
Pelas bactérias
intestinais
Não há excreção

FIGURA 02 – Comportamento dos prebióticos no trato gastrointestinal humano


Fonte: TUOHY et al, 2005.

Alguns efeitos atribuídos aos prebióticos são a modulação de funções fisiológicas


chaves, como a absorção de cálcio e, possivelmente, o metabolismo lipídico, a
modulação da composição da microbiota intestinal, a qual exerce um papel primordial
na fisiologia gastrintestinal, e a redução do risco de câncer de cólon (SAIER et al.,
2005; SAAD, 2006; MACFARLANE, et al., 2006; ROBERFROID, 2007).

Entre as propriedades dos prebióticos (figura 3), destacam-se as seguintes:


● Ajudam na manutenção da flora intestinal;
● Estimulam a motilidade intestinal (trânsito intestinal);
● Contribuem com a consistência normal das fezes, prevenindo assim a diarréia e a
constipação intestinal por alterarem a microflora colônica propiciando uma microflora
saudável;

16
● Colaboram para que somente sejam absorvidas pelo intestino as substâncias
necessárias, eliminando assim o excesso de glicose (açúcar) e colesterol, favorecendo
a diminuição do colesterol e triglicérides totais no sangue;
● Possui efeito bifidogênico, isto é, estimulam o crescimento das bifidobactérias. Essas
bactérias suprimem a atividade de outras bactérias que são putrefativas, que podem
formar substâncias tóxicas.
● Favorece a imunidade;
● Favorece a absorção e a produção de vitaminas (B1, B2, B3, B6, B9 e B12) (ARABBI,
2001; LOSADA et al., 2002; KAUR et al., 2002; SILVA et al., 2003; OUWEHAND et al.,
2005; BOSSCHER et al., 2006; MACFARLANE et al., 2006).

FIGURA 3 – Efeitos benéficos associados ao consumo de prebióticos


Fonte: http://www.biotempo.com

2.3 – Ingredientes Simbióticos

Têm sido chamados de simbióticos os produtos que contêm prebióticos e


probióticos (SGARBIERI & PACHECO, 1999; LOSADA et al., 2002; SAAD, 2006). Os
simbióticos proporcionam a ação conjunta de prebióticos e probióticos, podendo ser
classificados como componentes dietéticos funcionais que podem aumentar a

17
sobrevivência dos probióticos durante a passagem pelo trato digestório superior, pelo
fato de seu substrato específico estar disponível para fermentação (SAAD, 2006;
HUEBNER, 2007).

O consumo de probióticos e de prebióticos selecionados apropriadamente pode


aumentar os efeitos benéficos de cada um deles, uma vez que o estímulo de cepas
probióticas conhecidas leva à escolha dos pares simbióticos substrato-microrganismo
ideais (SAAD, 2006).

Existe um potencial de mercado para o desenvolvimento de alimentos funcionais


simbióticos direcionados para vários segmentos da população, incluindo-se até os da
terceira idade, fórmulas infantis para crianças em fase de desmame, pacientes
hospitalizados (SCHREZENMEIR DE VRESE 2001; SAAD, 2006).

2.4 – Mecanismos de Atuação dos Probióticos e Prebióticos

Embora os prebióticos e os probióticos possuam mecanismos de atuação em


comum, especialmente quanto à modulação da microbiota endógena, eles diferem em
sua composição e em seu metabolismo. O destino dos prebióticos no trato
gastrintestinal é mais conhecido do que o dos probióticos. Assim como ocorre no caso
de outros carboidratos não-digeríveis, os prebióticos exercem um efeito osmótico no
trato gastrintestinal, enquanto não são fermentados (HUEBNER, 2007).

Quando fermentados pela microbiota endógena, o que ocorre no local em que


exercem o efeito prebiótico, eles aumentam a produção de gás. Portanto, os prebióticos
apresentam o risco teórico de aumentar a diarréia em alguns casos (devido ao efeito
osmótico) e de serem pouco tolerados por pacientes com síndrome do intestino irritável.
Entretanto, a tolerância de doses baixas de prebióticos é geralmente excelente. Os
probióticos, por outro lado, não apresentam esse inconveniente teórico e têm sido
efetivos na prevenção e no alívio de diversos episódios clínicos, envolvendo diarréia
(SAAD, 2006).

18
Três possíveis mecanismos de atuação são atribuídos aos probióticos, sendo o
primeiro deles a supressão do número de células viáveis através da produção de
compostos antimicrobianos, a competição por nutrientes e a competição por sítios de
adesão. O segundo desses mecanismos seria a alteração do metabolismo microbiano,
através do aumento ou da diminuição da atividade enzimática. O terceiro seria o
estímulo da imunidade do hospedeiro, através do aumento dos níveis de anticorpos e o
aumento da atividade dos macrófagos (figura 4). O espectro de atividade dos
probióticos pode ser dividido em efeitos nutricionais, fisiológicos e antimicrobianos
(FULLER, 1989; LOSADA et al., 2002).

Assim como ocorre no caso de outras fibras da dieta, prebióticos como a inulina
e a oligofrutose, são resistentes à digestão na parte superior do trato intestinal, sendo
subseqüentemente fermentados no cólon (figura 4). Eles exercem um efeito de
aumento de volume, como conseqüência do aumento da biomassa microbiana que
resulta de sua fermentação, bem como promovem um aumento na freqüência de
evacuações, efeitos estes que confirmam a sua classificação como fibras (BRUZZESE,
et al., 2006; MACFARLANE, et al., 2006; JUSKIEWICZ, et al., 2007).

Quando adicionados como ingredientes funcionais a produtos alimentícios


normais, prebióticos típicos, como a inulina e a oligofrutose, modulam a composição da
microbiota intestinal, a qual exerce um papel primordial na fisiologia gastrointestinal
(ROBERFROID, 2002). Essa modulação da microbiota intestinal por esses prebióticos é
conseqüente à alteração da composição dessa microbiota por uma fermentação
específica, a qual resulta em uma comunidade em que há predomínio de bifidobactérias
(BRUZZESE et al., 2006).

19
FIGURA 4 – Destino dos prebióticos e dos probióticos no organismo humano, os
prebióticos como fatores bifidogênicos e os principais mecanismos de atuação
dos probióticos
Fonte: SAAD, 2006.

2.5 – Oligossacarídeos não digeríveis (Non-Digestible Oligosaccharides)

Os oligossacarídeos são classificados como alimentos não digeríveis (NDOs),


consistem de cadeias curtas de polissacarídeos compostos de 3 e 10 açúcares simples
ligados entre si (SWENNEN, 2006), encontrados naturalmente em muitas frutas e
vegetais incluindo banana, alho, cebola, leite, mel, alcachofra (GARCIA, 2000).

O que torna alguns oligossacarídeos prebióticos são “ligações químicas


diferenciadas” entre as unidades de açúcares. Essas ligações não são hidrolisadas pela
acidez do estômago e enzimas digestivas do trato gastrintestinal superior, somente por
grupos específicos e limitados de microrganismos do colo e que ainda são benéficos à
saúde (BIELECKA et al., 2001).

20
Os oligossacarídeos prebióticos podem ser produzidos por três diferentes
formas: extração no vegetal, síntese microbiológica ou enzimática e hidrólise enzimática
de polissacarídeos. A maioria é produzida em escala industrial e estão amplamente
disponíveis no mercado mundial (GULEWICZ et al., 2003).

2.5.1 – Propriedades fisiológicas e químicas de FOS

Os oligossacarídeos são solúveis em água e tipicamente 0,3 – 0,6 vezes tão


doce quanto a sacarose. Na realidade a doçura depende da estrutura química e grau de
polimerização que os oligossacarídeos apresentam e os níveis de mono e
dissacarídeos na mistura, (CRITTENDEN et al., 1996). A doçura diminui quanto maior o
comprimento da cadeia do oligossacarídeo. Esta baixa intensidade de doçura é
bastante útil nos vários tipos de alimentos onde o uso de sacarose é restringida por sua
propriedade de apresentar alta doçura (ROBERT et al., 2000).

A baixa doçura dos oligossacarídeos permite que sejam utilizados na produção


de alimentos com baixos teores de açúcares. No caso de muito doces e bebidas, eles
podem ser usados junto com adoçante artificiais como aspartame ou sucralose, por
exemplo, com a vantagem mascarar os sabores residuais produzidos por alguns destes
intensos adoçantes. Os oligossacarídeos também aumentam a viscosidade,
melhorando a textura dos alimentos (ROBERFROID et al., 2000; NAKAMURA, 2002).

Os oligossacarídeos também podem ser usados para alterar (diminuir) a


temperatura de alimentos congelados, e controlar a intensidade de dourar devido a
reações de Maillard em comidas processadas pelo calor. Eles também provêem uma
capacidade retenção de umidade e uma baixa atividade de água que é conveniente
para controlar a contaminação microbiana (MUSSATTO et al., 2007).

O principal interesse do uso dos oligossacarídeos como ingrediente dos


alimentos se deve às suas propriedades físicas (tabela 3), além de apresentarem
vantajosas características físico-químicas. Ao contrário do amido e dos
monossacarídeos, os oligossacarídeos não são utilizados pela microflora bucal para

21
formar ácidos e poliglucanas, conseqüentemente são usados como açúcares de baixa
cariogenicidade em confeitos, gomas de mascar, iogurtes e bebidas. (CRITTENDEN et
al., 1996; SWENNEN, 2006).

TABELA 3 – Propriedades Físicas e Fisiológicas dos Oligossacarídeos

Propriedades Características
Doçura, amargor, higroscopicidade, atividade de água,
Propriedades Físicas agente espessante para bebidas, estabilização das
substâncias ativas (proteína, sabor, cor, etc).

Alimento não digerível, anticariogênico, ação


Propriedades Fisiológicas bacteriostática, proliferação seletiva de Bifidobacterium,
melhoria de níveis de colesterol sérico e glicemia, etc

Fonte: NAKAKUKI, 2002.

2.5.2 – Fontes naturais de oligossacarídeos não digeríveis

Existem vários tipos de oligossacarídeos (tabela 4) dentre esses podemos


destacar os frutooligossacarídeos que podem ser encontrados como componentes
naturais em aspargos, beterraba, alho, chicória, cebola, alcachofra de Jerusalém, trigo,
mel, banana, cevada, tomate e centeio (GRAJEK et al 2005). Isomaltose ocorre
naturalmente em mel, caldo de cana-de-açúcar e produtos derivados como melaços ou
melados. Xylooligossacarídeos aparecem naturalmente em brotos de bambu, frutas,
legumes, leite e mel. Os galactooligosacarídeos são encontrados naturalmente no leite,
em maior concentração no leite humano. As leguminosas como lentilhas, ervilhas,
feijões, grãos-de-bico, e mostarda são ricas em oligossacarídeos de raffinose
(MUSSATTO et al., 2007; SWENNEN, 2006).

22
TABELA 4 – Tipos de Oligossacarídeos produzidos

Produção Nomes
Tipos de ligossacarídeos Maiores produtores
estimada (t) comerciais
Galacto-oligossacarídeos 15 000 Yakult Honsha (Japão) Oligomate
Nissin Sugar Manufacturing Company (Japão) Cup-Oligo
Snow Brand Milk Products (Japão) P7L e outros
Broculo Whey Products (Holanda) TOS-Syrup

Lactulose 20 000 lMorinaga Milk Industry Co. (Japão) MLS/P/C


Solvay (Alemanha) Bifiteral
Milei (Alemanha)
Canlac Corporation (Canadá)
Laevosun (Áustria)
Inalco SPA (Itália)

Ensuiko Sugar Refining Co. (Japão) Nyuka-Origo


Lactosacarose 1 600
Hayashibara Shoji Inc. (Japão) Newka-Oligo

ligossacarídeos de ICP/O
5 000 Hayashibara Shoji Inc. (Japão)
palatinose (isomaltulose) IOS

Nihon Shokuhin Kako (Japão)


Glucosil-sacarose 4 000 Coupling Sugar
Hayashibara Shoji Inc. (Japão)

Malto-oligossacarídeos 10 000 Showa Sangyo (Japão)


Fuji-Oligo
Hayashibara Shoji Inc. (Japão)
Tetrup
Nihon Shokuhin Kako (Japão)

Ciclodextrinas 4 000 Nihon Shokuhin Kako (Japão) Celdex


Ensuiko Sugar Refining Co. (Japão)
Asahi Kasei Kagyo (Japão) Dexy Pearl

Gentio-oligossacarídeos 400 The Calpis Food Industry Co. (Japão) Gentose

Oligossacarídeos de soja 2 000 The Calpis Food Industry Co. (Japão) Soya-oligo

Xilo-oligossacarídeos 300 Suntory Ltd (Japão) Xilo-oligo

Fonte: http://www.biotempo.com

2.5.3 – Efeitos fisiológicos associados ao consumo de FOS

Embora os oligossacarídeos possuam propriedades fisiológicas importantes, a


maioria do interesse no uso deles como ingredientes de alimentos é devido às muitas
propriedades fisiológicas benéficas a saúde (SWENNEN et al., 2006).

O oligossacarídeo não-digeridos ao chegarem ao cólon são utilizados como


substrato de fermentação por diversas bactérias intestinais, especialmente as
anaeróbicas estritas (bacteróides, eubactérias, bifidosbactérias e Clostridium) que
constituem 99% da flora intestinal humana, razão pela qual é considerado agente
23
prebiótico. Os produtos dessa fermentação são os ácidos graxos de cadeia curta
(AGCC), acetato, propiônico e butírico, diminuindo o pH intestinal causando um efeito
anti-bacteriano inibindo o crescimento de bactérias patogênicas (SWENNEN et al.,
2006; MUSSATTO et al., 2007).

O pH baixo, originado a partir da fermentação, favorece a vasodilatação e


aumenta a absorção de água e sais, melhorando a sintomatologia de indivíduos com
diarréias. Além disso, a amônia torna-se ionizada e não é absorvida por difusão
passiva, influenciando os níveis sanguíneos e beneficiando indivíduos em tratamento
de cirrose hepática com ou sem encefalopatia portal sistêmica (DELZENNE, 2003;
FERREIRA, 2003).

2.5.4 – Aplicações dos NDOs na Industria de Alimentos

Vários NDOs foram introduzidos como ingredientes de alimentos funcionais


durante as últimas décadas, e suas aplicações industriais são continuamente
crescentes. São utilizados principalmente em bebidas (sucos de fruta, café, cacau, chá,
refrigerante e bebidas alcoólicas), produtos de leite (leite fermentado, leite em pó e
sorvete), iogurtes probióticos (baseado em microrganismos vivos que mostram efeitos
benéficos para o anfitrião por melhoria do equilíbrio da microbiota intestinal) e produtos
simbióticos (mistura de probióticos e prebióticos) (GIBSON & ROBERFROID, 1995;
MUSSATTO, 2007).
Outras aplicações atuais de NDOs na indústria de alimentos incluem
sobremesas como geléias, pudins e sorvetes de frutas; produtos de confeitaria como
doce, biscoitos, cereais matinais, chocolate e doces; pães e massas, produtos cárneos
como pasta de peixe e tofu. O NDOs também pode ser empregados em cosméticos e
produtos farmacêuticos e em produtos para diabéticos. Lactulose, por exemplo, é
predominantemente usada como um produto farmacêutico que controla constipação
(MUSSATTO, 2007).

24
2.6 – Frutooligossacarídeo – FOS

2.6.1 – Definição

Os Frutooligossacarídeos são oligossacarídeos que ocorrem natural e


principalmente em produtos de origem vegetal. Os FOS estão presentes como
compostos de reserva energética em mais de 36 mil espécies de vegetais, muitos dos
quais utilizados na alimentação humana. As principais fontes naturais de FOS incluem
trigo, cebola, banana, alcachofra, alho e raízes de chicória. Quimicamente são
formados através de ligação específica entre uma molécula de glicose e duas a oito
moléculas de frutose (PASSOS et al., 2003; SANGEETHA et al., 2005).

São chamados açúcares não convencionais e têm tido impacto na indústria do


açúcar devido as suas excelentes características funcionais em alimentos, além dos
aspectos fisiológicos e físicos. Atualmente FOS é o nome comum dado apenas a
oligômeros de frutose que são compostos de 1-kestose (GF2), nistose (GF3) e
frutofurasonil nistose (GF4), em que as unidades de frutosil (F) são ligadas na posição
beta-2,1 da sacarose (figura 5), o que os distingue de outros oligômeros (LIBONE et al.,
2003; TUOHY et al., 2005). Sua fórmula pode ser descrita como GFn, onde G
representa a molécula de glicose, F a molécula de frutose e o n o número de unidades
de frutose (VAN LOO et al., 1995).
C
B
A

FIGURA 05 - Estrutura química dos principais frutooligossacarídeos: (A)1-kestose


(GF2), (B) nistose (GF3) e (C) frutofuranosil nistose (GF4).
25
2.6.2 – Características e Aplicações dos FOS

Os FOS possuem características que permitem sua aplicação em várias áreas.


Como apresentam cerca de um terço do poder adoçante da sacarose e não são
calóricos, não podem ser considerados carboidratos ou açúcares nem fonte de energia,
mas podem ser usados de modo seguro por diabéticos (YUN, 1996; SANGEETHA et
al., 2005).

São mais solúveis que a sacarose e fornecem entre 30-50% da doçura desta
(HAULY, 2002), não cristalizam, não precipitam, e não deixam sensação de secura ou
areia na boca (YUN, 1996). Os FOS não são degradados durante a maioria dos
processos de aquecimento, mas podem ser hidrolisados em frutose em condições muito
ácidas e em condições de exposição prolongada de determinados binômios tempo
temperatura. Esses compostos apresentam propriedades físicas que os tornam
aplicáveis em produtos alimentícios, como ausência de cor e de odor, estabilidade em
pH neutro e em temperaturas superiores a 140ºC (HAULY, 2002; PASSOS et al., 2003).

Devido a essas características, os FOS podem ser usados em formulações de


sorvetes e sobremesas lácteas que levem no rótulo “açúcar reduzido”, “sem adição de
açúcar”, “calorias reduzidas”, etc., em formulações para diabéticos, em produtos
"funcionais" que promovam efeito nutricional adicional nas áreas de prebióticos,
simbióticos, fibras dietéticas, em iogurtes, promovendo efeito simbiótico (além do
próprio efeito probiótico do iogurte), em biscoitos e produtos de panificação,
substituindo carboidratos e gerando produtos de teor reduzido de açúcar, em barras de
cereais, sucos e néctares frescos, produtos de confeitaria, molhos, etc (BORNET et al.,
2002; HAULY, 2002). Podem ser utilizados em produtos alimentares para animais, com
os mesmos efeitos prebióticos e também como aditivos alimentares para suínos e aves
domésticas (PASSOS et al., 2003).

Especificamente em formulação de barras de cereais, a utilização dos FOS pode


variar de acordo com a sua finalidade. As barras consumidas no desjejum consistem
tipicamente de altos níveis de carboidratos, pouca proteína, pouca gordura e pouca
fibra. A substituição de parte dos carboidratos (geralmente sacarose, frutose, amido e

26
maltodextrinas) por FOS pode aumentar a quantidade de fibras desta categoria de
barras, melhorando suas características nutricionais. Barras consumidas com diferentes
finalidades, como por exemplo, barras energéticas para praticantes de esportes e
aquelas usadas como alimentos funcionais especificamente também são adicionadas
de FOS (HAULY, 2002; PASSOS et al., 2003).

2.6.3 – Produção Industrial de FOS

Os FOS podem ser divididos em dois grupos do ponto de vista comercial: o 1o


grupo é o preparado por hidrólise enzimática de inulina e consiste de unidades lineares
de frutosil com ou sem uma unidade final de glicose (PASSOS et al., 2003).

Em escala industrial, a inulina é extraída da chicória silvestre ou amarga


(Chicorium intybus) em um processo de extração com água quente. A inulina é então
extraída e purificada. Em uma etapa posterior, é hidrolisada parcialmente por métodos
enzimáticos onde se obtém o frutooligossacarídeo e então seca para se obter um pó
branco. A figura 6 mostra o fluxograma de produção de FOS (TUOHY et al., 2005).

Hidrólise enzimática parcial

Purificação

Mistura e Separação

Spray-drying

Frutooligossacarídeo

FIGURA 06 – Fluxograma de produção de FOS por hidrólise enzimática de inulina

27
O FOS é comercializado como "Raftilose", produzido pela Orafti Ltda, da Bélgica,
ou como "Frutafit", produzido pela Imperial-Suikner Unie, da Holanda. O grau de
polimerizaçao desses FOS varia entre 1 e 7 unidades de frutosil. Este processo ocorre
amplamente na natureza, e esses oligossacarídeos podem ser encontrados em uma
grande variedade de plantas (mais de 36 mil), mas principalmente em alcachofras,
aspargos, beterraba, chicória, banana, alho, cebola, trigo, tomate. Também podem ser
encontrados no mel e açúcar mascavo, em tubérculos, como o yacon e em bulbos
como os de lírios vermelhos (PASSOS et al., 2003

O 2o grupo é produzido por reação enzimática de transfrutosilação em resíduos


de sacarose (figura 7), e consiste tanto de cadeias lineares como de cadeias
ramificadas de oligossacarídeos, com grau de polimerização variando entre 1 e 5
unidades de frutosil (TUOHY et al., 2005).

FIGURA 07 – Reação enzimática de transfrutosilação

A transfrutosilação induz a formação de ligações glicosídicas ß(1-2) entre as


moléculas de frutose, que não são hidrolisadas no trato gastrintestinal superior.

Esse produto é produzido pela Meiji Seika Ltd (Tóquio, Japão), e comercializado
como "Neosugar", "Profeed", "Meioligo", ou "Nutraflora". O "Actilight" é comercializado
na Europa pela Béghin Meiji Industries (YUN, 1996; HAULY, 2002; PASSOS et al.,
2003).

2.6.4 – Recomendação da Ingestão diária de FOS

Estima-se que no meio-oeste da Holanda consuma-se entre 2 a 12g de FOS por


dia. No Japão há consumo diário estimado em 13,7mg/kg de peso corpóreo por dia. A

28
aprovação de FOS no Japão estabeleceu como consumo diário aceitável cerca de
0,8g/kg de peso corpóreo por dia. Encontra-se neste país o maior mercado comercial
de FOS, com um volume comercializado de mais de 400 t em 1990, mostrando que os
oligossacarídeos são um dos produtos mais populares como alimentos funcionais neste
país (PASSOS et al., 2003, TUOHY et al., 2005).

Como status legal, os FOS são considerados ingredientes e não aditivos


alimentare, na maioria dos países. São fibras dietéticas, confirmado pelas autoridades
legais em vários países, e nos Estados Unidos possuem o status GRAS (Generally
recognized as safe). A sua ingestão pode estar associada à flatulência, e isto se torna
mais flagrante em indivíduos que possuem intolerância à lactose. A gravidade desse
tipo de sintoma está associada à dose de FOS consumida, isto é, quanto menos FOS,
menos sintomas (HAULY, 2002).

A ingestão de 20-30 gramas por dia geralmente desencadeia o início de um


desconforto severo no indivíduo, sendo o ideal seguir as doses recomendadas de cerca
de 10 gramas dia por pessoa. Comercialmente, os FOS são suplementos caros, a cerca
de U$$ 0,20 por grama, o consumo nas doses recomendadas pode custar U$$ 2,00 por
dia (TUOHY et al., 2005).

2.6.5 – Efeitos Benéficos à Saúde Relacionados à Ingestão de FOS

Estudos têm comprovado diversos efeitos benéficos ao organismo


proporcionados por prebióticos. Os frutooligossacarídeos têm sido destacados por
diversas ações promotoras da saúde gastrointestinal: inibição do desenvolvimento de
lesões pré-cancerígenas intestinais, promoção e crescimento de bifidobactérias
(BURIGO et al., 2007), diminuição do pH do intestino grosso, destruindo bactérias
putrefativas, aumenta a permeabilidade intestinal após a ocorrência de uma infecção
(BRUGGENCATE, 2005), melhora a resistência a colonização de Salmonella enteritidis,
efeito benéfico nos casos de inflamação intestinal, aumenta a absorção de alguns
minerais, como o cálcio. Além disso, os frutooligossacarídeos proporcionam benefícios
para a função imunológica (HOSONO et al., 2003; SUZUKI & HARA, 2004;
NAKAMURA et al., 2004).

29
2.6.5.1 – Promoção e crescimento de bifidobactérias, inibição do
crescimento de bactérias patogênicas e putrefativas.

Estimulando o crescimento de Bifidobactérias, Lactobacillus e alguns


Streptococcus, os frutooligossacarídeos (FOS) contribuem para inibição de Clostridium,
Salmonella, Shigella, Listeria, Campilobacter (GIBSON & ROBERFROID, 1995; LIBONI
et al., 2003; BOSSCHER et al., 2006).

A diminuição do pH intestinal pela produção de AGCC torna o meio mais


favorável para a proliferação das Bifidobactérias e hostil ao desenvolvimento de
microrganismos patogênicos e putrefativos (BRUGGENCATE et al., 2005; TUOHY et
al., 2005).

Em humanos, SANDRA et al. (2006), constatou que a suplementação de 20 g/dia


de FOS, demonstraram ação efetiva deste composto no aumento significativo da
população de bactérias lácticas, Bifidobacterias e lactobacillu, redução do pH.

BÚRIGO et al. (2007), Ao analisar o conteúdo de bifidobactérias em indivíduos


com neoplasia hematológica, observou-se efeito positivo do uso do prebiótico FOS no
grupo suplementado, no qual houve um aumento significante do conteúdo de
Bifidobactérias.

Com sua proliferação, as Bifidobactérias produzem bacteriocinas que impedem


ainda mais o desenvolvimento dos microrganismos patogênicos e putrefativos
ocorrendo mudanças no equilíbrio da flora intestinal existente, aumentando a proporção
de bactérias benéficas e aumento do número total de bactérias (LOSADA et al., 2002
KOLIDA et al., 2002).

MACFARLANE et al. (1999) observaram que a ingestão de 8 a 15 g/dia de


frutooligossacarídeos aumentou em 10 vezes a população de bifidobactérias nas fezes,
ao mesmo tempo que reduziu a contagem de clostridio e enterobactérias.

30
2.6.5.2 – Melhora do habito intestinal

O crescimento do número de Bifidobactérias leva a uma maior retenção de


umidade nas fezes (pois o conteúdo de água nas bactérias é alto) melhorando a
consistência e plasticidade de fezes, facilitando a excreção e a freqüência do hábito
intestinal. O aumento da massa fecal ocorre devido à contribuição das células
bacterianas, aumentando do peso das fezes favorecendo o peristaltismo intestinal
(BOSSCHER et al., 2006).

2.6.5.3 – Diminuição de amônia no sangue.

Os AGCC protonam a amônia (tóxica) em íon amônio, o qual não é absorvido,


diminuindo assim o índice de amônia no sangue, via excreção fecal de uréia
(JUSKIEWICZ et al., 2007).

2.6.5.4 – A Produção de ácidos graxos de cadeira curta (AGCC)

Evidências atuais indicam que os frutooligossacarídeos e a inulina são


resistentes à digestão pelo ácido gástrico e enzimas pancreáticas in vivo. O principal
produto final do metabolismo desses carboidratos são AGCC, chamados acetato,
butirato e propionato, particularmente o butirato, é a maior fonte de energia para os
colonócitos. O butirato é o substrato energético de preferência da colônia epitelial. O
aumento na concentração de lactato freqüentemente diminui o pH luminal e isso é uma
potente substância antimicrobiana para muitas espécies patogênicas (BORNET et al.,
2002; OUWEHAND et al., 2005; BOSSCHER et al., 2006).

2.6.5.5 – Produção de vitaminas

As bifidobactérias sintetizam vitaminas, principalmente as do grupo B, e enzimas


proteolíticas que agem, entre outros, sobre a caseína e lisozima (OUWEHAND et al.,
2005).

31
2.6.5.6 – Melhora a absorção de minerais

A fermentação da oligofrutose pela microflora reduz o pH intestinal como


resultado de estimulação da produção de ácido láctico e AGCC. No lúmen intestinal, um
pH mais baixo aumenta a solubilidade dos minerais e assim são absorvidos mais
prontamente pelas células da mucosa intestinal (BORNET et al., 2002; BOSSCHER et
al., 2006).

Existem também outros fatores que contribuem para o aumento da absorção dos
minerais como: Acidificação do lúmen intestinal (pH diminui) por fermentação seletiva
do FOS pelas bifidobactérias e produção de AGCC, solubilização dos sais de cálcio no
cólon, aumento da difusão passiva (absorção para-celular), trocas eletrolíticas
intracelulares (H+ e Ca2+). Efeito trófico dos AGCC (butirato e ou poliaminas)
aumentando tamanho das criptas e o número das células da mucosa intestinal.
Aumento da superfície de absorção. Efeito osmótico aumentando a permeabilidade das
funções intracelulares. Estimulação indireta da síntese de proteínas ligadoras de Ca
pelos AGCC ou poliaminas (PASSOS et al., 2003; SUZUKI & HARA, 2004).

2.6.5.7 – Reduz a absorção de glicose e o baixo índice glicêmico

Os mecanismos pelos quais as fibras altamente fermentáveis podem afetar o


requerimento de insulina e a sensibilidade à insulina dizem respeito a sua capacidade
de aumentar a produção de peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1), um hormônio
que aumenta à medida que a glicose é absorvida e diminui a produção de glucagon. O
GLP-1 promove estimulação da produção de insulina pela célula beta, glicose
dependente; diminui a produção de glucagon pela célula alfa, diminuindo o trabalho da
célula beta; diminui a produção hepática de glicose; e regula o esvaziamento gástrico,
aumentando a saciedade (BORNET et al., 2002; LIBONI et al., 2003).

32
2.6.5.8 – Redução da incidência do câncer de cólon

Existem várias evidências, através de uma variedade de estudos em animais que


os prebióticos tem efeitos inibitórios nos vários estágios do câncer de cólon. Estes
efeitos inibitórios estão ligados a produção de AGCC, inibindo o crescimento de células
potencialmente cancerígenas, aumento do apoptose e aumento da diferenciação
celular. Aumento da produção de compostos imuno estimulantes, que possuem
atividade antitumoral e diminuição da produção de toxinas bacterianas e substâncias
nocivas e potencialmente carcinogênicas (BORNET et al., 2002; TUOHY, 2005).

2.6.5.9 – Redução do colesterol sérico

Tem-se observado que as bactérias láticas, incluindo a bifidobactéria, reduzem o


colesterol sérico total e aumentam a razão do colesterol HDL: colesterol LDL. Este
efeito pode ser explicado pela teoria de que as Bifidobactérias consomem parte do
colesterol que chega ao intestino, diminuindo a quantidade absorvida pela parede
intestinal e que passa para o sangue (BORNET et al., 2002).

2.6.5.10 – Ação de imunomoduladores

Os frutooligossacarídeos aumentam a resistência à colonização por elementos


patogênicos, ajudando a reduzir o risco de infecções gastrintestinais e redução na
translocação intestinal de patógenos (BORNET et al., 2002; NAKAMURA et al., 2004).
Estes compostos se ligariam a sítios receptores dos macrófagos através do
reconhecimento de determinados açúcares, presentes nas glicoproteínas da superfície
epitelial, desencadeando uma reação em cascata que resultaria na ativação dos
macrófagos e liberação de citoquinas, ativando a resposta imune adquirida (SILVA,
2003).

Ao estimularem o crescimento das bactérias produtoras de ácido láctico, os


prebióticos estão atuando indiretamente e de forma benéfica sobre o sistema imune do
hospedeiro, pois estas populações bacterianas produzem substâncias com

33
propriedades imuno-estimulatórias (por exemplo: lipopolissacarídios, peptidoglicanas e
ácidos lipoteicóicos) que interagem com o sistema imune em vários níveis, incluindo a
produção de citoquinas, a proliferação de células mononucleares, a fagocitose
macrofágica e a indução na síntese de grandes quantidades de imunoglobulinas, em
especial a imunoglobulina IgA (SILVA, 2003; HOSONO, 2003).

2.7 – Sistema Imunológico

O sistema imunológico é responsável pela defesa do organismo, encarregado de


detectar e repelir a invasão de microrganismos (vírus, bactérias, fungos, protozoários,
vermes). Suas características de destaque são: a especificidade, adaptação e a
memória. Os elementos de reconhecimento da resposta imunitária humoral são as
proteínas solúveis, chamadas de anticorpos, produzidas pelas células plasmáticas. Na
resposta imunitária celular, os linfócitos T atacam as células que apresentam padrões
estranhos em sua superfície. Também estimulam a resposta humoral ao ajudar as
células B, as precursoras das células plasmáticas (MONTENEGRO et al.,1999;
JANEWAY et al., 2002).

O sistema imunológico compreende dois sistemas, manifestados como imunidade


celular ou imunidade humoral. O linfócito é a célula primária atuante em ambos os
sistemas. A detecção dos vários marcadores imunológicos da membrana do linfócito,
bem como suas características funcionais, permitem a identificação de duas produções
distintas de linfócitos: as células T e as células B. Os linfócitos T (células T) são
derivadas do timo ou influenciadas pelo timo (timo-dependentes) durante seu
desenvolvimento. As células T são responsáveis pela imunidade celular. Os linfócitos
(células B) desenvolvem-se na Bursa de Fabrício (Bursa-dependentes) nos pássaros e
acredita-se que sejam derivadas da medula óssea nos mamíferos. As cálulas B são
responsáveis pela imunidade humoral, que é expressa pela produção de proteínas
plasmáticas circulantes específicas, denominadas anticorpos (HARPPER et al., 1999;
BENJAMIN et al., 2000; ABBAS, 2005).

34
Anticorpos são produzido com a função principal de neutralizar e eliminar o
antígeno que estimulou a sua produção. Esse processo de eliminação é feito de
diversas formas, através da fixação do complemento, opsionização, reação anafilática
(desgranulação de mastócitos), neutralização da substância, aglutinação, etc.
(HARPPER et al., 1999; MONTENEGRO et al., 1999; BENJAMIN et al., 2000).

2.7.1 – Sítio de produção de anticorpos

O sistema imunitário nos mamíferos é composto por células pertencentes ao


sistema hematopoiético. As células principalmente envolvidas na imunidade adaptativa
são os linfócitos T e B, e os fagócitos mononucleares (HARPPER et al., 1999).

Os anticorpos são produzidos nos tecidos linfóides secundários. Estes tecidos


incluem não somente o baço e os linfonodos, mas também a medula óssea, as tonsilas
e tecidos linfóides espalhados pelo corpo, principalmente nos tratos respiratórios,
digestivo e urogenital. Apesar do baço produzir uma maior quantidade de anticorpos em
relação ao seu tamanho, a medula óssea produz uma maior quantidade em número
absoluto, ou seja 70% dos anticorpos produzidos numa resposta a algum antígeno
(ROITT et al., 1999; ABBAS, 2005).

Os plasmócitos são ovóides, e estão amplamente distribuídos pelo organismo


mas, são encontrados na polpa vermelha do baço, na medula de gânglios linfáticos e
na medula óssea. São capazes de sintetizar 300 moléculas de anticorpos por segundo.
A especificidade da imunoglobulina produzida por estes plasmócitos é idêntica a do
receptor de antígeno original da célula B precursora (ROITT et al., 1999; ABBAS, 2005).

2.7.2 – Imunoglobulinas

2.7.2.1 – Definição
As imunoglobulinas ou anticorpos são moléculas de glicoproteínas presentes no
soro e nos líquidos orgânicos, produzidas pelos linfócitos B, precursores que, depois de

35
sensibilizados, originam os plasmócitos de diferentes linhagens e clones celulares, que
irão produzir as cinco frações de imunoglobulinas, denominadas imunoglobulinas G, A,
M, D e E. Apesar de apresentarem muitas semelhanças, diferem entre si no tamanho,
na composição de aminoácidos, no conteúdo de carboidratos e na carga elétrica
(BENJAMIN et al., 2000; JANEWAY et al., 2002)

2.7.2.2 – Função das imunoglobulinas

As imunoglobulinas exercem funções fundamentais nas duas fases da resposta


imune: na fase indutora, localizam-se na menbrana de linfócitos B e agem como
receptores antigênicos, na fase efetora, são secretadas e como proteínas solúveis
efetuam a remoção do antígeno. As imunoglobulinas devem: a) ligar-se a antígenos e
b) induzir sua remoção, através da execução de vários tipos de funções (ANTUNES,
1999).

2.7.2.3 – Estrutura da Molécula de Imunoglobulina

A estrutura básica da molécula de imunoglobulina consiste de quatro cadeias


polipeptídicas, sendo duas cadeias leves (L) e duas cadeias pesadas (H), unidas por
ligações de pontes dissulfeto, formando uma proteína globular em forma de Y (figura
8). As cadeias pesadas (H) possuem um alto peso molecular, contêm cerca de 440
aminoácidos e são maiores, com estruturas distintas em cada classe ou subclasse
(BENJAMINI et al., 2002).

As chamadas cadeias leves possuem um baixo peso molecular e contêm cerca


de 220 aminoácidos. Apresentam-se em dois tipos distintos: kappa (k) e lambda (λ)
(BENJAMINI et al., 2002).

36
FIGURA 08 – Estrutura básica de imunoglobulina - Cadeias leves e pesadas

A haste do Y é denominada fragmento Fc (Fragment crystallizable) e é


responsável pela atividade biológica dos anticorpos. Diferenças estruturais no Fc
definem os cinco isotipos principais ou classes de imunoglobulinas: IgM, IgD, IgG, IgE e
IgA. Os braços dessa molécula de anticorpo são denominados fragmentos Fab
(Fragment antigen binding) e constituem a região de ligação com o antígeno
(ANTUNES, 1999; ABBAS, 2005).

As moléculas de imunoglobulinas ou anticorpos apresentam diferenças na


seqüência de aminoácidos nas porções Fab, em regiões denominadas regiões
determinantes de complementariedade (CDRs), que formam uma superfície
complementar para o epítopo no antígeno e determinam a especificidade do anticorpo.
A diversidade nesses sítios de ligação ao antígeno garante que haja um repertório
quase ilimitado de especificidades de anticorpos (ANTUNES, 1999; ABBAS, 2005).

Todas as cadeias pesadas como as leves de imunoglobulinas são constituídas


por regiões variáveis (V) e constantes (C) (figura 9). Cada região é formada por cerca
de 70-110 resíduos de aminoácidos, apresenta uma ponte dissulfídica intracadeia e
estrutura terciária globular. A região V têm uma seqüência de aminoácidos mais longa e
são um pouco maiores que as regiões C (CALICH et al., 2001).

37
FIGURA 9 – Estrutura básica de imunoglobulina – Região variável, Região Constante

As imunoglobulinas possuem dois sítios idênticos de ligação com o antígeno. Um


é feito pela cadeia H e outro pela cadeia L. A porção Fab é a que se liga ao antígeno
(figura 10). Portanto, a molécula de anticorpo é bivalente, podendo ligar-se a dois
determinantes antigênicos idênticos, chamados epítopos, enquanto a outra promove a
ligação das imunoglobulinas às células do sistema imune e ao sistema complemento
(BENJAMINI et al., 2002).

FIGURA 10 – Estrutura básica de imunoglobulina – Ligação a antígenos


Fonte: http://pathmicro.med.sc.edu/Albanian/Albanian-imuno5.htm.

38
2.7.2.4 – Classes de Imunoglobulinas

Todas as imunoglobulinas são proteínas, mas o conteúdo de carboidrato varia


de 2 -3% para IgG e 12 a 14% para IgM, IgD e IgE. Assim como as outras proteínas, as
moléculas de anticorpos podem ser classificadas fisioquimicamente com base em sua
solubilidade nas soluções de sais fortes, cargas eletrostáticas, peso molecular e
estruturas antigênicas (ANTUNES, 1999).

A IgM representa de 5 a 10% das imunoglobulinas séricas, ou seja 90 a 110


mg% no soro dos indivíduos adultos. Apresenta-se na forma de um pentâmero e não
possui subclasses, sendo que as cadeias pesadas individuais têm um peso molecular
de aproximadamente 65.000 e a molécula completa tem peso de 970.000 daltons. As 5
cadeias são ligadas entre si por pontes dissulfeto e por uma cadeia polipeptídica inferior
chamada de cadeia J (figura11). É encontrada principalmente no meio intravascular
reconhecida como o anticorpo precoce, visto por ser a primeira imunoglobulina
encontrada na resposta a um estímulo antigênico, sendo útil no diagnóstico diferencial
das infecções virais ou parasitárias agudas. Diferentemente da IgG, não atravessa a
barreira placentária e é a única que o neonato sintetiza. Níveis séricos aumentados em
recém-nascidos indicam que a imunoglobulina M foi produzida pelo feto, sugerindo uma
infecção pré-natal. Como a IgM é pentamérica, ou seja, possui 10 sítios de ligação com
o antígeno, é mais eficiente em ligar-se aos antígenos e ao sistema complemento
(ANTUNES,1999; CALICH et al., 2001).

FIGURA 11 – Estrutura de uma molécula de imunoglobulina IgM


Fonte: http:// medstudents.com.br/imunogl

39
A IgA representa 10-15% da imunoglobulinas do soro humano. Existe no
organismo sob duas formas: monomérica e polimérica. No homem, mais de 80% da IgA
ocorre sob a forma monomérica e está presente no sangue nesta forma. É a
imunoglobulina predominante em secreções: saliva, lágrima, leite, mucosas do trato
gastrointestinal, trato respiratório e geniturinário. Sua estrutura pode variar, dando
origem a duas subclasses: IgA1 e IgA2. A maior parte das IgAs é da subclasse IgA1, a
mais encontrada no soro, e a IgA2, mesmo em menor quantidade, tem um papel
importante, por se tratar da subclasse dominante nas secreções. Não atravessa a
barreira transplacentária, mas, por sua grande concentração no colostro, tudo indica
que contribua para a proteção dos recém-natos contra infecções, principalmente do
tubo gastrointestinal (ANTUNES, 1999; CALICH et al., 2001).

Existe uma outra forma de apresentação da IgA, chamada de IgA secretória


(sIgA), na qual a imunoglobulina A apresenta-se associada a uma outra proteína, que é
o componente secretório (figura 12), sintetizado pelas células epiteliais, servindo de
receptor para a ligação da IgA. O principal papel da IgA é proteger o organismo de
invasão viral ou bacteriana através das mucosa (ANTUNES, 1999; CALICH et al.,
2001).

Componente Secretório Cadeia J

FIGURA 12 - Estrutura de uma molécula de imunoglobulina IgA


Fonte: http:// medstudents.com.br/imunoglobulinaestrutura

A IgG é uma imunoglobulina monomérica simples de 150.000 daltons, cadeias


pesadas tipo g, que perfaz 80% das imunoglobulinas do organismo. Está igualmente
distribuída nos compartimentos extracelulares. É a única que atravessa a barreira
placentária e confere um grande grau de imunidade passiva ao recém-nascido. Éo

40
anticorpo principal nas respostas imunes secundárias e a única classe antitoxinas,
apresenta quatro subclasses (figura 13) (ANTUNES, 1999; CALICH et al., 2001).

A região FC realiza ativação de complemento (quando unida ao antígeno) e


auxilia a fagocitose por se ligar a macrófagos. Com a ativação do complemento, há
geração de quimiotaxia de neutrófilos, aumento da permeabilidade vascular e
amplificação da resposta inflamatória (ANTUNES, 1999; CALICH et al., 2001).

FIGURA 13 – Estrutura de uma molécula de imunoglobulina IgG


Fonte: http://pathmicro.med.sc.edu/Albanian/Albanian-imuno5.htm.

Subclasses de Imunoglobulina G

Tanto a classe quanto as subclasses da imunoglobulina são determinadas pelo


tipo de cadeia pesada. A IgG apresenta quatro subclasses distintas: IgG1, IgG2, IgG3,
IgG4 (figura 14), que possuem quatro cadeias pesadas, similares, porém não-idênticas,
já que apresentam diferenças em suas propriedades, como número de e seqüências
de aminoácidos diferentes (ANTUNES, 1999; CALICH et al., 2001).

41
Pontes
dissulfídicas

FIGURA – 14 - Subclasses de Imunoglobulina IgG1, IgG2, IgG3, IgG4


Fonte: http://www.med.sc.edu:85/mayer/IgStruct2000.htm

As subclasses ocorrem na proporção de 66% de IgG1, 23% de IgG2, 7% de


IgG3 e 4% de IgG4. A subclasse IgG1 é a principal subclasse nos adultos normais. A
IgG2 é a única que não atravessa a barreira transplacentária, e sua deficiência está
muitas vezes associada à deficiência de IgA e especialmente a infecções virais e
bacterianas, na maioria dos casos, do trato respiratório superior e inferior. A IgG3 é a
que se liga de modo mais efetivo ao complemento. A IgG1 e a IgG2, ligam-se em ordem
decrescente de efetividade, e a IgG4, em muitos casos, falha inteiramente em ligar-se
ao complemento pela via clássica a enfermidades. Níveis séricos diminuídos de todas
as subclasses podem ser observados nas enfermidades auto-imunes e nas infecções
pelo vírus HIV (ANTUNES, 1999; CALICH et al., 2001).

Entre todas as classes de imunoglobulinas, a IgE (figura 15) é encontrada em


menor quantidade, está presente no soro em baixas concentrações (0,004%). É
encontrada na membrana de superfície de basófilos e mastócitos em todos os
indivíduos. Tem um papel importante na imunidade ativa contra parasitas helmintos,
atraindo os eosinófilos. Cinqüenta por cento dos pacientes com doenças alérgicas tem
altos níveis de IgE. A específica interação entre o antígeno e a IgE ligada no mastócito
resulta em liberação de histamina, leucotrienos, proteases, fatores quimiotáxicos e
citocinas (ANTUNES, 1999; CALICH, et al., 2001).

42
FIGURA 15 – Estrutura de uma molécula de imunoglobulina IgE
Fonte: http://pathmicro.med.sc.edu/Albanian/Albanian-imuno5.htm.

As IgD representam menos de 1% das imunoglobulinas plasmáticas (figura 16).


Aparecem em grande quantidade na membrana dos linfócitos B circulantes. Está
presente no soro em concentrações muito baixas. É encontrada na superfície de muitos
linfócitos assim como IgM, onde provavelmente serve como receptor de antígeno. A
função biológica ainda não está muita bem definida (ANTUNES, 1999; CALICH et al.,
2001).

FIGURA 16 – Estrutura de uma molécula de imunoglobulina IgD


Fonte: http://pathmicro.med.sc.edu/Albanian/Albanian-imuno5.htm.

43
3 – OBJETIVOS

3.1 – Objetivo geral

O objetivo do presente estudo é investigar o efeito da suplementação de


frutooligossacarídeo sobre o sistema imunológico de ratos Wistar adultos.

3.2 – Objetivos específicos

Determinar a concentração sérica das imunoglobulinas IgA, IgM e IgG, após a


suplementação de 21 e 42 dias.

Avaliar o efeito das diferentes concentrações (50, 100 e 150 mg) de FOS sobre o
sistema imunológico.

Avaliar o desenvolvimento dos órgãos linfóides (baço e timo), após o período de


suplementação de 21 e 42 dias.

Avaliar o ganho de peso dos animais controle e suplementados com FOS.

44
4 – MATERIAL E MÉTODOS

4.1 – Ensaios biológicos

4.1.1 – Animais

Foram utilizados 32 ratos machos adultos da linhagem Wistar, obtidos do Biotério


do Setor de Ciências Biológicas da Faculdade Adamantinenses Integradas, com peso
entre 280 g e 340 g.

4.1.2 – Delineamento experimental

Os animais foram obtidos após o desmame (21 dias) e criados até completarem
três meses de vida (90 dias) adultos jovens, quando foi dado início ao experimento. Os
ratos foram mantidos em caixas plásticas (2 animais por caixa) contendo maravalha
(figura 17), em ambiente com controle de luminosidade (ciclos claro/escuro de 12h). Os
animais foram alimentados com ração balanceada padrão para roedores (Purina) e
água “ad libidum” durante todo o experimento.

FIGURA 17 – Alojamento dos animais durante o período experimental

45
No final do experimento, o sacrifício dos animais foi realizado através de
anestesia prévia com Cloridrato de Ketamina 2% e Cloridrato de Xilazina 10% e
exsanguinação por punção cardíaca.

Todos os procedimentos experimentais foram previamente aprovados pelo


Comitê de Ética para Pesquisas Animais da Universidade Estadual de Campinas,
certificado nº 1301-1 (ANEXO 1), em concordância com os princípios em pesquisa
animal adotado pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA). O número
de ratos usados foi mantido o mínimo necessário (aproximadamente 8 ratos por grupo).

O experimento foi realizado dividindo-se os animais em 4 grupos (8 ratos por


grupo). A forma de seleção e distribuição dos animais para o experimento foi feita
aleatoriamente (figura 18). Os grupos foram denominados:

GC– grupo controle – sem suplementação – gavagem com água


G1 – suplementação – gavagem com FOS (50 mg/kg)
G2 – suplementação – gavagem com FOS (100 mg/kg)
G3 – suplementação – gavagem com FOS (150 mg/kg)

46
DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

RATOS WISTAR
(n=32)

Sem suplementação Com Suplementação de FOS


(n= 8) (n=24)

CG - Grupo Controle G1 – 50 mg/kg G2 -100 mg/kg G3 – 150 mg/kg


(n=8) (n=8) (n=8) (n=8)

Eutanásia Eutanásia Eutanásia Eutanásia

21 dias 42 dias 21 dias 42 dias 21 dias 42 dias 21 dias 42 dias


(n=4) (n=4) (n=4) (n=4) (n=4) (n=4) (n=4) (n=4)

FIGURA 18 – Distribuição dos animais nos diferentes grupos de estudo

4.1.3 – Peso corporal

Durante o experimento, os animais foram pesados (figura 19) todas as manhãs


antes da suplementação até a eutanásia, utilizando a balança da marca TOLEDO com
carga máxima de 3 kg e carga mínima de 25g.

FIGURA 19 – Pesagem corporal dos animais

47
4.1.4 – Soluções e doses empregadas

● Frutooligossacarídeos – A mistura de FOS utilizada (Nutraflora® P95), foi


gentilmente cedida pela Empresa Corn Products Brasil Ltda. Sendo este produzido
através de reação enzimática controlada, utilizando como matéria-prima a sacarose.

O FOS foi administrado por gavagem oral nas concentrações 50, 100 e 150
mg/kg de peso corpóreo.

FOS produzido pela Corn Products tem 55% de compostos prebióticos, com a
seguinte composição descrita na tabela 5.

TABELA 5 – Composição do FOS

Nutrientes/Composição Quantidade
Sólidos, % 75
Umidade, % 25
Carboidratos, % 33,7
Dextrose e Frutose 25,0
Sacarose 8,7
Oligossacarídeos, % 41,3
1-kestose (GF2) 15,4
Nistose (GF3) 20,0
1-frutofuranosil nistose (GF4) 5,9
Minerais, % 0,05
Proteínas, vitaminas e gordura Quantidades traço
Valor calórico, kcal/100g 218
Fonte: CornProducts

● Solução anestésica: A solução anestésica utilizada foi Cloridrato de Ketamina


10% (50mg/kg, intramuscular) seguido de Cloridrato de Xilazina 2% (10mg/kg,
intramuscular),

48
4.1.5 – Suplementação com FOS

Durante o ensaio biológico os animais foram divididos em 4 grupos (n=8), e o


suplemento foi administrado por via oral (gavagem) nas diferentes concentrações (0,
50, 100 e 150 mg/kg peso corpóreo), diariamente sempre no período da manhã por 21
e 42 dias (figura 20). As soluções foram preparadas semanalmente e mantidas
refrigeradas.

FIGURA 20 – Administração do suplemento por gavagem

4.1.6 – Amostras de sangue

Ao final do período experimental os animais foram anestesiados, com Ketamina/


Xilazina e as amostras de sangue (5ml) coletadas por punção cardíaca (figura 21), após
a abertura da cavidade toráxica.

49
FIGURA 21 – Punção cardíaca

O sangue foi acondicionado em tubos de ensaio de 10 ml sem anticoagulante e


centrifugado a 1500 rpm (figura 22), durante 15 minutos (centrífuga Excelsa Baby I -
FANEM), permitindo a separação do soro.

FIGURA 22 – Centrifuga para separação do soro

50
O soro foi recolhido (figura 23) e armazenado em frascos esterilizados sob
congelamento a – 20ºC até o momento da execução dos testes bioquímicos.

FIGURA 23 – Coleta do soro sanguíneo

4.1.7 – Coleta dos órgãos

Após a punção cardíaca o timo e o baço foram removidos (figura 24), lavados
com soro fisiológico e pesados (figura 25) em balança analítica (BEL MARK 210A
máxima 210 g e mínima 100 mg). Os animais, após remoção das peças histológicas,
foram sacrificados com dose excessiva de anestésico.

FIGURA 24 – Coleta dos órgãos FIGURA 25 – Pesagem dos órgãos

51
4.1.8 – Determinação da concentração das Imunoglobulinas

O soro coletado foi mantido a temperatura de 5°C e encaminhado ao laboratório


de Bioquímica da Universidade do Sagrado Coração (Bauru) para a quantificação das
imunoglobulinas IgA, IgG e IgM através da técnica de nefelometria.

4.1.9 – Análise estatística

Os dados foram expressos como média ± erro padrão da média (EPM) e


submetidos a analise de variância (ANOVA) As comparações entre grupos foram
realizadas empregando-se o teste Tukey. O software utilizado STATISTICA 6.0
(STATSOFT, 2000) As diferenças foram consideradas estatisticamente significativas
para p<0,05.

52
5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 - Efeito da suplementação de Frutooligossacarídeos (FOS) na


concentração de imunoglobulinas no soro de IgA, IgG e IgM (mg/dL) após os
períodos de 21 e 42 dias.

O efeito da suplementação dietética com FOS na concentração no soro de


imunoglobulinas é apresentado na tabela 6. Em ambos os períodos 21 e 42 dias a
suplementação dietética com FOS nas concentrações 100 e 150 mg/kg de peso
corpóreo aumentou a concentração no soro de IgA, IgG e IgM, quando comparados
com o grupo controle. O G1 recebeu suplementação de 50 mg/kg peso corpóreo de
FOS apresentou valores semelhantes ao grupo controle em ambos os períodos de
suplementação 21 e 42 dias.

TABELA 6 – Concentração de imunoglobulinas no soro (mg/dL) após os períodos de


suplementação com FOS 21 e 42 dias, administrado por gavagem nas diferentes
concentrações(50, 100 e 150 mg/kg de peso corpóreo)
Tratamento GC G1 G2 G3 p- valor
0 mg/kg 50 mg/kg 100 mg/kg 150 mg/kg
21 dias

IgA 2,9 ± 0,25 2,8 ± 0,03 *5,3 ± 0,1 *6,2 ± 3.3 0,0012

IgG 3,2 ± 0,4 3,52 ± 0,02 *9,5 ± 0,4 *6,8 ± 1.6 0,0013

IgM 66,52 ± 11 68,55 ± 10 *134,8 ± 12 *75,95 ± 10 0,0005

42 dias

IgA 2,35 ± 0.30 2,55 ± 0,1 *5,4 ± 0,31 *6,5 ± 0,5 0,0011

IgG 2,9 ± 0.3 2,8 ± 0,2 *8,6 ± 0,3 *6,16 ± 0,1 0,0010

IgM 57,3 ± 12 *65,5 ± 9 *132,3 ± 10 *75,49 ± 9 0,0003

Valores expressos em X ± SD (n= 32 – 8 animais/grupo)


*Significativamente diferente ao grupo controle (referência) p<0,05

53
Conforme pode ser observado na tabela 6 a imunoglobulina IgA apresentou maior
concentração no soro dos ratos que receberam suplementação 150 mg/kg de peso
corpóreo de FOS. A concentração no soro de IgG e IgM apresentou valores maiores
nos ratos que receberam suplementação de 100 mg/kg de peso corpóreo de FOS. As
concentrações de imunoglobulinas não diferiram entre os períodos de suplementação
21 e 42 dias.

Explicações para as distintas respostas obtidas na utilização do composto com


potencial prebiótico, podem estar relacionadas com as condições do lúmen e/ou
paredes intestinais do hospedeiro, bem como, com a presença de bactérias
degradadoras dos compostos testados como prebióticos nos diferentes compartimentos
do trato gastrointestinal (MOSENTHIN et.al, 2000). A ação prebiótica não está
relacionada com o período de suplementação (21 ou 42 dias), mas com as condições
do TGI.

5.2 - Concentração sérica de imunoglobulinas IgA, IgM e IgG após 21 dias


de suplementação

5.2.1 – Avaliação da concentração de Imunoglobulina IgA

Como pode ser observado na figura 26, não houve diferença estatisticamente
significativa na concentração de imunoglobulinas IgA entre os grupos GC e G1 que
receberam gavagem com FOS na concentração de 50 mg/kg de peso corpóreo, os
grupos G2 e G3 que receberam gavagem com FOS nas concentrações de 100 e
150 mg/kg de peso corpóreo apresentaram um aumento estatisticamente
significativo (p>0,05) quando comparados com o grupo Controle. A concentração de
Imunoglobulinas IgA no soro dos ratos que foram suplementados com 150 mg/kg de
peso corpóreo apresentou uma melhor resposta, quando comparado com os demais
grupos.

54
IMUNOGLOBULINA IgA

8 c
b
6

mg/dL
a
4 a
2

0
GC G1 G2 G3
Suplementação 21 dias

GC – gavagem com água


G1 – gavagem com FOS – 50 mg/kg
G2 – gavagem com FOS – 100 mg/kg
G3 – gavagem com FOS – 150 mg/kg

*Letras distintas representam diferenças estatisticamente significativas entre os grupos (p<0.05)

FIGURA 26 – Concentração de Imunoglolina IgA no soro (mg/dL) após o período de


suplementação de 21 dias nas diferentes concentrações de FOS (50, 100 e 150 mg/kg
de peso corpóreo)

5.2.2 – Avaliação da concentração de Imunoglobulina IgM

Não houve diferença estatisticamente significativa na concentração de


imunoglobulinas IgM entre os grupos GC e G1 (figura 27), que receberam gavagem
com FOS na concentração de 50 mg/kg de peso corpóreo, os grupos G2 e G3 que
receberam gavagem com FOS nas concentrações de 100 e 150 mg/kg de peso
corpóreo apresentaram um aumento estatisticamente significativo (p>0,05) quando
comparados com o grupo Controle. A concentração de Imunoglobulinas IgM no soro
dos ratos que foram suplementados com 100 mg/kg de peso corpóreo apresentou
uma melhor resposta, quando comparado com os demais grupos.

55
IMUNOGLOBULINA IgM
b
10
8 c

mg/dL
6 a
a
4
2
0
GC G1 G2 G3
Suplementação 21 dias

GC – gavagem com água


G1 – gavagem com FOS – 50 mg/kg
G2 – gavagem com FOS – 100 mg/kg
G3 – gavagem com FOS – 150 mg/kg

* Letras distintas representam diferenças estatisticamente significativas entre os grupos (p<0.05)

FIGURA 27 – Concentração de Imunoglolina IgM no soro (mg/dL) após o período de


suplementação de 21 dias nas diferentes concentrações de FOS (50, 100 e 150 mg/kg
de peso corpóreo)

5.2.3 – Avaliação da concentração de Imunoglobulina IgG

Como pode ser observado na figura 28, não houve diferenças estatisticamente
significativas na concentração de imunoglobulinas IgG entre os grupos GC, G1 e
G3, que receberam gavagem com FOS nas concentrações de 50 e 150 mg/kg de
peso corpóreo. O grupo G2 que recebeu gavagem com FOS na concentração de
100 mg/kg de peso corpóreo foi o único que apresentou diferenças estatisticamente
significativa (p < 0,05) na concentração de imunoglobulinas IgG.

56
IMUNOGLOBULINA IgG

200 b
150
a

mg/dL
a a
100

50

0
GC G1 G2 G3
Suplementação 21 dias

GC – gavagem com água


G1 – gavagem com FOS – 50 mg/kg
G2 – gavagem com FOS – 100 mg/kg
G3 – gavagem com FOS – 150 mg/kg

* Letras distintas representam diferenças estatisticamente significativas entre os grupos (p<0.05)

FIGURA 28 – Concentração de Imunoglolina IgG no soro (mg/dL) após o período de


suplementação de 21 dias nas diferentes concentrações de FOS (50, 100 e 150 mg/kg
de peso corpóreo)

5.3 – Concentração sérica de imunoglobulinas IgA, IgM e IgG após 42 dias


de suplementação.

5.3.1 – Avaliação da concentração de Imunoglobulina IgA

Os resultados obtidos e apresentados na figura 29 indicam que não houve


diferença estatisticamente significativa na concentração de imunoglobulinas IgA
entre os grupos GC e G1 que receberam gavagem com FOS na concentração de
50 mg/kg de peso corpóreo. Os grupos G2 e G3 que receberam gavagem com FOS
nas concentrações de 100 e 150 mg/kg de peso corpóreo apresentaram um

57
aumento estatisticamente significativo (p>0,05) quando comparados com o grupo
controle. A concentração de Imunoglobulinas IgA no soro dos ratos que foram
suplementados com 150 mg/kg de peso corpóreo apresentou uma melhor resposta
quando comparado com os demais grupos.

IMUNOGLOBULINA IgA

8 c
b
6
a
mg/dL

4 a

0
GC G1 G2 G3
Suplementação 42 dias

GC – gavagem com água


G1 – gavagem com FOS – 50 mg/kg
G2 – gavagem com FOS – 100 mg/kg
G3 – gavagem com FOS – 150 mg/kg

* Letras distintas representam diferenças estatisticamente significativas entre os grupos (p<0.05)

Figura 29 – Concentração de Imunoglolina IgA no soro (mg/dL) após o período de


suplementação de 42 dias nas diferentes concentrações de FOS (50, 100 e 150 mg/kg
de peso corpóreo)

58
5.3.2 – Avaliação da concentração de Imunoglobulina IgM

Houve diferenças estatisticamente significativas na concentração de


imunoglobulinas IgM entre os grupos G1, G2 e G3 (figura 30), que receberam
gavagem com FOS na concentração de 50, 100 e 150 mg/kg de peso corpóreo
(p<0,05) quando comparados com o grupo Controle. A concentração de
Imunoglobulinas IgM no soro dos ratos que foram suplementados com 100 mg/kg de
peso corpóreo apresentou uma melhor resposta, quando comparado com os demais
grupos.

IMUNOGLOBULINA IgM

10 b
8 c
b
mg/dL

6
a
4
2
0
GC G1 G2 G3
Suplementação 42 dias

GC – gavagem com água


G1 – gavagem com FOS – 50 mg/kg
G2 – gavagem com FOS – 100 mg/kg
G3 – gavagem com FOS – 150 mg/kg
* Letras distintas representam diferenças estatisticamente significativas entre os grupos (p<0.05)

FIGURA 30 – Concentração de Imunoglolina IgM no soro (mg/dL) após o período de


suplementação de 42 dias nas diferentes concentrações de FOS (50, 100 e 150 mg/kg
de peso corpóreo)

59
5.3.3 – Avaliação da concentração de Imunoglobulina IgG

Como pode ser observado na figura 31, não houve diferenças estatisticamente
significativas na concentração de imunoglobulinas IgG entre os grupos G1 e G3, que
receberam gavagem com FOS nas concentrações de 50 e 150 mg/kg de peso
corpóreo quando comparados com o grupo controle. O grupo G2 que recebeu
gavagem com FOS na concentração de 100 mg/kg de peso corpóreo apresentou
diferença estatisticamente significativa (p<0,05) na concentração de imunoglobulinas
IgG quando comparado com os demais grupos.

IMUNOGLOBULINA IgG

200 b
150
mg/dL

a a
100 a
50

0
GC G1 G2 G3
Suplementação 42 dias

GC – gavagem com água


G1 – gavagem com FOS – 50 mg/kg
G2 – gavagem com FOS – 100 mg/kg
G3 – gavagem com FOS – 150 mg/kg

* Letras distintas representam diferenças estatisticamente significativas entre os grupos (p<0.05)

FIGURA 31 – Concentração de Imunoglolina IgG no soro (mg/dL) após o período de


suplementação de 42 dias nas diferentes concentrações de FOS (50, 100 e 150 mg/kg
de peso corpóreo)

60
O efeito da suplementação dietética com FOS administrada nas concentrações 100
e 150 mg/kg de peso corpóreo em ambos os períodos de suplementação 21 e 42 dias
promoveu o aumento na concentração das imunoglobulinas IgA, IgG e IgM em ratos, os
resultados sugerem que ocorreu modulação positiva da resposta imune. O FOS tem
grande potencial como efetivo antibiótico e como promotor de crescimento em animais.
Porém, tais efeitos não são sempre observados em humanos.

Os resultados experimentais obtidos por HUANG et al. (2007) que


suplementaram oligoquitosanos em diferentes concentrações (50, 100 e 150 mg/kg
de peso corpóreo) em dietas para aves, demonstraram uma ação efetiva no
aumento na concentração de imunoglobulinas IgA, IgG e IgM, após os períodos de
suplementação de 21 e 42 dias.

Estes efeitos podem ser explicados, em parte, por uma ativação dos macrófagos,
pela elevada produção de prostaglandinas e interleucinas, que poderiam estimular a
produção de linfócitos B através dos macrófagos peritonial (HUANG et.al, 2007).

Os resultados obtidos no presente estudo demonstraram que a concentração de


FOS administrada influencia no tipo de resposta obtida. Baixas concentrações não
exerceram efeitos sobre a concentração de imunoglobulinas e uma super dosagem
pode causar efeitos limitados ou nulos. Embora os prebióticos exerçam efeitos
benéficos na microbiota intestinal, o consumo de altas concentrações pode causar
prejuízos à saúde. Isso se baseia em novos conceitos de segurança alimentar e
evidencia a necessidade de um melhor entendimento sobre a natureza, modo de
ação e reflexos do uso deste composto.

61
5.4 – Desenvolvimento dos órgãos linfóides (timo e baço) após o período de
suplementação 21 e 42 dias

Os resultados obtidos e apresentados na tabela 7 demonstram que não houve


diferenças significativas no aumento dos órgãos linfóides (timo e baço) entre os grupos
que receberam gavagem com FOS (G1, G2 e G3). Além disso, esses grupos quando
comparados com o grupo controle (GC) os valores foram semelhantes.

O tempo de suplementação (21 e 42 dias) não apresentou diferenças


estatísticas, demonstrando que o tempo de suplementação não promove o aumento
dos órgãos linfóides.

Tabela 7 – Efeito da suplementação de FOS sobre o Desenvolvimento dos órgãos


linfódes (timo e baço) de ratos após os períodos de suplementação 21 e 42 dias,
administrado por gavagem nas diferentes concentrações (50,100 e 150 mg/kg de peso
corpóreo)

Tratamento 0 mg/kg 50 mg/kg 100 mg/kg 150 mg/kg p- valor


FOS FOS FOS
21 dias
*Timo 0,17% 0,19% 0,15% 0,18% 0,2126
*Baço 0,27% 0,28% 0,24% 0,24% 0,0766

42 dias
*Timo 0,17% 0,16% 0,15% 0,15% 0,1690
*Baço 0,29% 0,25% 0,27% 0,29% 0,1042
* valores X (%) (n= 32- 8/ grupo)
O peso dos órgãos foi expresso em porcentagem relativa ao
peso do corpo do animal.
Peso relativo = peso órgão imune/peso corporal X 100%

Os resultados obtidos e apresentados na tabela 7 corroboram com a afirmação


de LOBO et al., (2006) que suplementou 5% de FOS por 23 dias, demonstraram que
não foi observado aumento no peso do baço, fígado e rim.

62
No entanto, os resultados experimentais obtidos por HUANG et al. (2007) que
suplementaram oligoquitosanos em diferentes concentrações (50, 100 e 150 mg/kg de
peso corpóreo) em dietas para aves, demonstraram uma ação efetiva no aumento dos
órgãos linfóides (timo, baço e bursa de Fabricius) após os períodos de suplementação
de 21 e 42 dias. Este fato pode estar relacionado às diferenças de composição da
microbiota entre as espécies animais, sugerem que as populações microbianas das
diversas espécies animais diferem não só em composição, como também, apresentam
peculiaridades quanto às rotas metabólicas para a fermentação de um mesmo
substrato, e às diferenças na estrutura químicas e propriedades físico-químicas dos
diferentes prébióticos.

5.5 – Ganho de peso dos animais após o período de suplementação 21 e 42 dias

Durante a fase experimental o ganho de peso dos animais foi monitorado


diariamente durante os 21 dias do experimento a fim de controlar o crescimento dos
mesmos, Como pode ser observado na figura 32, os grupos GC, G1 e G2 mantiveram
um ganho de peso por um período de tempo, depois houve uma perda indicando uma
normalização no ganho de peso, porém o grupo G3 que recebeu uma dose de FOS de
150 mg/kg de peso corpóreo teve um ganho de peso estatisticamente significativo (p
<0,05).

63
Ganho de Peso - 21 dias

450

400

350

300 GC
Peso (g)

G1
250
G2
200 G3

150

100

50
1 2 13 4 5 26 7 8 39 10 11
4 12 13514 15 616 17 718 19 20
8 21
Dias

Valores expressos em X ± SD (n= 32 – 8 animais/grupo). O grupo G3 é significativamente


diferente do grupo controle (referência) p<0,05.

FIGURA 32 – Ganho de peso dos animais (g) após 21 dias de suplementação com FOS
nas diferentes concentrações (50, 100 e 150 mg/kg de peso corpóreo)

Como pode ser observado na figura 33, não houve diferenças estatisticamente
significativa (p>0,05) no ganho de peso dos animais do grupo G1 quando comparados
ao grupo GC, podemos observar que os grupos G2 e G3 que receberam
respectivamente 100 e 150 mg/kg de FOS tiveram um ganho de peso estatisticamente
significativo (p< 0,05).

64
Ganho de Peso - 42 dias

500

450

400

350
GC
Peso (g)

300 G1

250 G2
G3
200

150

100

50
2 4 61 8 10 212 14 16
3 18 204 22 245 26 28630 32 736 38 40
8 42
Dias

Valores expressos em X ± SD (n= 32 – 8 animais/grupo). O grupo G3 é significativamente


diferente do grupo controle (referência) p<0,05.

FIGURA 33 – Ganho de peso dos animais (g) após 42 dias de suplementação com FOS
nas diferentes concentrações (50, 100 e 150 mg/kg de peso corpóreo)

Os resultados obtidos corroboram com a afirmação de GEBBINK et al., (1999)


observaram que o ganho de peso dos animais mantidos em creches com baixo desafio
sanitário, recebendo ração suplementada com FOS e com virginiamicina, foram 9% e
16% superiores ao tratamento controle, respectivamente.

Em estudo realizado por HOUDIJK et al (1998) com leitões recebendo ração


contendo FOS (7,5 e 15 g/kg), foi observada redução temporária no consumo e no
ganho diário de peso. Porém, o desempenho médio de crescimento durante todo o
período experimental não foi afetado. Esta depressão pode ter ocorrido devido a

65
mudanças na microflora intestinal, o que resultou em resposta imune não específica e
conseqüente redução do consumo de ração.

Foi constatado que, embora o FOS seja um ingrediente de baixo valor calórico
(218 kcal/100g), houve um aumento no ganho de peso dos animais dos grupos G2 e
G3.

Esses resultados se baseiam na possibilidade que o FOS administrado em doses


subterapêuticas, atuam como promotores de crescimento, ou estar relacionado à
variação na porcentagem de compostos prebióticos presentes (FOS produzido pela
Corn Products tem 55% de compostos prebióticos). Existe também a possibilidade que
os prebióticos podem causar modificações benéficas nas características anatômicas do
TGI, melhorando a morfologia e o aumento na altura dos vilos, promovendo o aumento
na área de absorção da mucosa intestinal, aumentando a disponibilidade de
aminoácidos, melhorando a digestão e absorção de nutrientes.

De um modo geral, os resultados obtidos sugerem que a suplementação com FOS


promoveu aumento na área de absorção de nutrientes da mucosa intestinal.

66
6 – CONCLUSÕES

● A suplementação de FOS nas concentrações de 100 e 150 mg/kg aumentou as


concentrações no soro das imunoglobulinas IgA, IgG e IgM.

● A imunoglobulina IgA apresentou melhor resposta para a suplementação com 150


mg/kg peso corpóreo.

● As imunoglobulinas IgG e IgM apresentaram melhores resultados para a


suplementação de 100 mg/kg peso corpóreo.

● Em ambos os tratamentos, 21 e 42 dias de suplementação, as concentrações no


soro de imunoglobulinas não diferiram (p > 0,05).

● A suplementação com FOS na faixa estudada não aumentou o peso dos órgãos
linfóides (timo e baço) nos períodos de suplementação de 21 e 42 dias.

● Os animais do grupo G3 que receberam suplementação de 150 mg/kg de FOS por


21 dias, tiveram um maior ganho de peso comparado com o grupo GC.

● Os animais dos grupos G2 e G3 que receberam respectivamente 100 e 150 mg de


FOS por 42 dias apresentaram um maior ganho de peso quando comparado com o
GC.

● O grupo G3 (150 mg/kg) suplementado por 42 dias apresentou um maior ganho de


peso quando comparado com o grupo G3 (150 mg/kg) suplementado por 21 dias.
Os resultados obtidos indicam que o tempo de suplementação está relacionado com
o ganho de peso dos animais.

Com os resultados do presente estudo pode se concluir que o FOS melhorou a


resposta imune em ratos, apresentando efeitos no aumento da produção de anticorpos,
por modulação positiva da resposta imune.

67
7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXO I

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