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Universitas Psychologica

ISSN: 1657-9267
revistascientificasjaveriana@gmail.com
Pontificia Universidad Javeriana
Colombia

Chiattone Benevides de C., Heloisa; Werner Sebastiani, Ricardo


Ética e bioética em psicologiada saúde
Universitas Psychologica, vol. 1, núm. 2, julio-diciembre, 2002, pp. 11-19
Pontificia Universidad Javeriana
Bogotá, Colombia

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=64701202

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ÉTICA E BIOÉTICA EM PSICOLOGIA
DA SAÚDE

HELOISA BENEVIDES DE C. CHIATTONE


PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
RICARDO WERNER SEBASTIANI*
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

RESUMO
O presente artigo visa discutir os aspectos ético e bioéticos, que envolvem a prática cotidiana do Psicó-
logo da Saúde na assistência à população. Enfatizando os conflitos e polêmicas que os modelos vigentes
de saúde, e os avanços das Ciências da Saúde têm trazido para nossas práticas cotidianas, como a
dicotomização da pessoa enferma, a (ainda) predominância do olhar por sobre a doença e não sobre a
pessoa doente, e as intrincadas relações entre a proposta de uma prática transdisciplianar e humanizada,
e os modelos centrados na cura, próprios do paradigma biomédico que vigorou, e ainda vigora, em
muitos países, no que se refere aos pressupostos de atenção à saúde.
Palavras Chave: Ética, bioética, psicologia da Saúde, psicologia hospitalar.

RESUMEN
El presente artículo expone una discusión sobre los aspectos éticos y bioéticos que envuelven la práctica
del psicólogo de la salud en la atención a la población. Enfatiza los conflictos y las polémicas en los
modelos de salud vigentes, y las complicaciones que tienen los avances en las ciencias de la salud en las
prácticas cotidianas, como por ejemplo la dicotomización de la persona enferma; el sesgo de mirar la
enfermedad y no a quien la padece, y las complejas y difíciles relaciones que surgen de una propuesta de
práctica transdisciplinar y humanizada frente a los modelos propios del paradigma biomédico que aún
se mantiene como fuente de referencia para la atención en salud.
Palabras clave: ética, bioética, psicología de la salud, psicología hospitalaria.

* Correo electrónico: riws@terra.com.br

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12 HELOISA BENEVIDES DE C. CHIATTONE Y RICARDO WERNER SEBASTIANI

Refletir sobre a ética em saúde e especificamente atenção à saúde humana, onde a tarefa do Psicólogo da
sobre os preceitos éticos em Psicologia da Saúde é tarefa Saúde se estende para muito além do que tradicional-
audaciosa, intrigante, mas intensamente desafiante. mente entende-se por práticas clínicas em psicologia,
Principalmente porque essa reflexão pressupõe sobretudo, se considerarmos a forte influência do mo-
posicionamentos ou questionamentos - muitas vezes delo clinicalista desenvolvido através da psicoterapia de-
polêmicos, sobre os fundamentos teóricos que norteiam senvolvida em consultórios.
a prática do Psicólogo no campo maior da Saúde. ¿Mas o que é Psicologia da Saúde?
Apesar de vários estudos apontarem questões fun- ¿Estamos diante de uma subespecialidade da Psi-
damentais concernentes à prática, ensino e pesquisa do cologia Clínica ou da Psicologia Social?
Psicólogo que atua em instituições de saúde (Angerami ¿Como reproduzir os fundamentos da Psicologia
et al.,1984, 1988, 1992, 1994, 1996, 1998, 2000, 2001 a, Clínica nas instituições de saúde?
2001 b, 2002; Amorim, 1984; Lamosa, 1987; Lamosa et ¿Qual é o papel do Psicólogo no Hospital, ou em
al., 1990, 1994; Calil, 1987, 1995; Chiattone e Sebastiani, programas de atenção à saúde?
1991; Neder, 1991; Campos, 1992; Leitão, 1993; Mello
Fº, 1992; Sólon, 1992; Muylaert, 1995; Giannotti, 1996; ¿Quais são seus objetivos?
Marcelli, 1998; Crepaldi, 1999; Stoudemire, 2000, entre ¿Quais são os limites de sua prática?
outros), muitas questões ainda permanecem pouco ¿E como se dá essa prática?
esclarecidas, gerando falsas ou pseudo-concepções, difi- ¿Aonde está inserida a Psicologia Hospitalar e da
cultando a atuação do Psicólogo, o ensino da prática nos Saúde no contexto maior da saúde?
Hospitais e em outros de atenção global à saúde, a inser- ¿Como diferenciar linhas e abordagens tão distin-
ção do profissional nas equipes, a realização de pesqui- tas em prática tão específica?
sas e, mais grave, a consideração real da especialidade.
É fato que um cientista pode investigar diretamente
É importante ressaltar, no entanto, que a cada ano, o problema que enfrenta. Conta para tal, naturalmente,
a Psicologia da Saúde recebe mais adeptos, que procu- com a existência de doutrinas científicas já existentes e
ram cursos, encontros, simpósios e congressos. Sendo aceitas, e hipóteses que podem ser investigadas, com-
identificado por pesquisas desenvolvidas por Grau provadas ou negadas.
(2000), como sendo o campo de especialidade em psico-
logia que mais tem crescido na América Latina nos últi- Em Psicologia da Saúde, o pesquisador vê-se em
mos 20 anos. posição difícil. ‘Faz-se’ Psicologia da Saúde de formas
diversificadas nas diferentes instituições de saúde, par-
Para Giannotti (1996), “o trabalho do Psicólogo tindo-se de parâmetros e objetivos diversos. Acresce-se
no contexto das instituições médicas e hospitalares, o fato de que esta pluralidade é também inerente à Psico-
pode-se dizer, vem delineando uma nova especialidade logia de uma forma geral.
em Psicologia, que não é inovadora em sua concepção
filosófica, mas que vem sendo abordada de forma mais É consenso que a Psicologia ainda encontra-se em
sistemática, nos tempos atuais, no âmbito da investiga- estágio pré-paradigmático, onde seus membros não con-
ção científica”(14). seguem estabelecer uma conciliação sobre questões teóri-
cas e metodológicas, unificando as várias posições. Nessa
Entretanto, ainda são evidentes as lacunas teóricas medida, o conhecimento, em Psicologia, permanece espe-
que refletem dificuldades na tarefa profissional diária do cializado e cada grupo adere à sua própria orientação.
Psicólogo nas instituições de saúde e também no inter-
relacionamento com outros membros das equipes. Para Segundo Lupo (1995),“a Psicologia é, da forma como
Sebastiani e Fongaro (1996), “durante muito tempo, a se nos apresenta hoje, uma ciência multiparadigmática.
Psicologia Hospitalar/Saúde utilizou-se, e ainda utiliza, Os vários arraiais teóricos estabeleceram-se com suas lin-
de recursos técnicos e metodológicos ‘emprestados’ das guagens particulares, suas problemáticas específicas, suas
mais diversas áreas do saber psicológico. Esse fato, de maneiras próprias de teorizar, seus métodos, seus concei-
certa forma, a enquadra numa prática que não pertence tos, suas comunidades. A coexistência desses paradigmas
só ao ramo da clínica, mas também da organizacional, alternativos implica a dificuldade de diálogo. Não há como
social e educacional; enfim, uma prática, que não obstante traduzir o conhecimento desenvolvido dentro de uma
a seu viés aparentemente clínico —dada a sua realidade matriz disciplinar para uma outra matriz; não há corres-
acontecer nos hospitais, ambulatórios, centros de saúde, pondência nos métodos de acesso ao objeto; não há nem
etc.—, tem-se mostrado voltada a questões ligadas à mesmo concordância ao que é este objeto”(5).
qualidade e dignidade de vida, onde o momentum em que Nessa medida, parece-nos correto afirmar que a
tais temas são abordados é o da doença e/ou internação posse de conhecimento verdadeiro sobre um projeto
hospitalar”, e/ou o de uma atuação interdisciplinar de específico e delimitado num Hospital, por exemplo, apon-

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taria a utilização de metodologia adequada e produção preparado para executar tarefas tradicionais, de
de conhecimentos pertinentes medidos pela conformi- caráter técnico , ao mesmo tempo que pudesse per-
dade ou incongruência diante dos princípios da teoria. ceber o que é trabalhar em Saúde Pública hoje.
“Muitos dos que estão nas escolas, nas instituições de O grande desafio da nova prática, a intersetorialidade
saúde e nos locais de trabalho orientam assim a sua prá- e a interdisciplinaridade, exige profissionais aptos
tica, ciosos do seu lugar, da sua teoria. Acreditam que ao diálogo técnico e leigo, com os mais variados
esta lhes dê a chave para desvendar a essência, ou a verda- setores. Professores e alunos devem se habilitar a
deira natureza dos fenômenos que se põem a examinar desempenhar esta atividade e outras também, antes
(...)” (Bezerra Jr, 1992, p.10). não requeridas, como a atuação política junto a gru-
pos populacionais, institucionais e órgão de
Contini (2000) ressalta:
administração pública (2).
É importante acrescentar que a produção da psico-
Então, a tentativa de demarcação se o conhecimen-
logia, até por força da sua constituição enquanto
Ciência, restringe-se à busca de desvendar os fenô-
to da Psicologia da Saúde é criticável, refutável sobre a
menos psicológicos, produzindo conhecimento e realidade do psiquismo humano parece coerente com o
teorias psicológicas; mas nas intervenções em situa- movimento —intenso— de se conhecer essa realidade
ção real, esses mesmos fenômenos psicológicos es- ou de adentrar a essa nova área da Psicologia.
tão interagindo com outras variantes que são anali- Mas o leitor pode estar se perguntando o que isso
sadas por outras áreas do conhecimento, ou por tem a ver com ética.
equipes interdisciplinares. Dessa forma, é fundamen- O que estamos tentando demonstrar refere-se ao
tal adquirir aprendizagens, no período de Forma- compromisso ético entre o conhecimento da Psicologia
ção, que possam instrumentalizar o aluno a desen- da Saúde e a verdade, pois não se trata, acreditamos, de
volver ações conjuntas com outros profissionais. discutir ciência e pseudo-ciência, ciência e visão de mun-
Como afirmam Bastos e Achart (appud Contini do. Trata-se da tentativa de desvendar a realidade da
2000): atuação do Psicólogo no contexto maior das demandas
a natureza complexa dos fenômenos que demandam em saúde, sem a prerrogativa de se alcançar a verdade
a intervenção do psicólogo, nos diversos domínios absoluta, mas sem prescindir, a seu lado, da idéia em si -
do seu campo de atuação, aliada às concepções emer- regulativa, do ideal que orienta a prática e que, principal-
gentes que procuram ver o fenômeno psicológico mente, dá sentido a essa prática.
nas suas interações, conduz à necessidade de E esse ideal, em nossa opinião, converge para o
integração de múltiplas perspectivas profissionais. estudo do Homem em sua totalidade. Assim, da busca
Dessa forma, o trabalho junto a outros profissionais pelo conhecimento de si mesmo, elaboração de uma
torna-se um imperativo para que o enfrentamento Psicologia separada de suas raízes filosóficas e investida
do problema seja congruente com as múltiplas facetas
no rigor científico, ao desenvolvimento de novas ciênci-
que ele assume.
as psicológicas, considerando-se a diversidade dos cam-
Existe um imenso campo a ser explorado pelo tra- pos de investigação e dos métodos, a ocorrência de
balho do psicólogo da saúde dentro da equipe profundas mudanças parecem evidentes.
multiprofissional nos programas de Educação e Aten-
Como salientamos em artigo anterior,
ção à Saúde, voltados à capacitação e o aprimoramento
dos profissionais de saúde, pois dentro das suas dife- é fato que desde os primórdios da historiografia do
Homem, a partir do momento em que esse inicia o
rentes habilidades como psicólogo, a capacitação para o
processo de procura da compreensão de si nas dife-
lide com grupos trás ferramentas para o trabalho relacio-
rentes esferas teórico filosóficas, pode-se notar uma
nado às mudanças de comportamento, além do conhe-
pluralidade de correntes de pensamento que tentam
cimento mais aprofundado sobre personalidade, auto determinar uma definição completa para o fenôme-
estima, desenvolvimento humano, entre outros. Todas no Homem. Desde os seus primórdios, o Homem
são contribuições importantes dentro das propostas de buscou o conhecimento dos elementos e dos fatos a
“soma transdisciplinar” para ações em saúde. seu redor. Convivendo com os fenômenos da natu-
Segundo Westphal (2001): reza, internos e externos a ele, observava e observa-
Como a adoção de um novo paradigma (de saúde) va-se na busca de explicações - característica funda-
orienta para o desenvolvimento de novas compe- mental do espírito científico.
tências teórico-práticas e difusão das mesmas, as Entretanto, buscando nos confins da História,
atividades de ensino de atualização, graduação e pós- evidenciam-se os primeiros grandes pensadores e, a
graduação lato e estrito senso foram tendo seus per- partir daí, o início do subfracionamento do Homem
fis alterados para que o profissional de saúde fosse pelo Homem, enquanto objeto de estudo.

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Da comparação com ‘deuses’ à atual biocibernética, A base da filosofia cartesiana, portanto, envolveu a
o Homem não tem medido esforços para compreen- certeza do conhecimento científico. Dela derivou uma
der-se. No entanto, o que mais tem marcado essa visão de mundo onde o conhecimento científico passou
busca é a cisão. Cisão do Homem objeto, em univer- a ser o único método válido de compreensão do univer-
sos de pesquisa científico-filosóficas, onde procura- so. No entanto, “a aceitação do ponto de vista cartesiano
se entendê-lo ora como fenômeno basicamente psí- como verdade absoluta e do método de Descartes como
quico, ora como intrincada máquina biológica, onde
o único meio válido para se chegar ao conhecimento,
reações físico-químicas estabelecem todo o trans-
desempenhou um importante papel na instauração de
curso da vida. Logicamente, nesse entremeio, en-
contram-se pensadores sociais, antropólogos, religi-
nosso atual desequilíbrio cultural”(Capra, 1982, p. 53).
osos enfim, que inserem uma gama de teorizações Da mesma forma, em biologia, a concepção
creditando maior parcela de mérito à definição do cartesiana dos organismos vivos como máquinas, com-
fenômeno Homem (Chiattone, Sebastiani, 1991). postos de partes separadas, ainda é o conceito contem-
A verdade, entretanto, continua longe de ser des- porâneo dominante. E os fenômenos biológicos não
vendada, pois é real que a sociedade tem, ao longo dos explicados em termos reducionistas não são considera-
anos, favorecido o conhecimento racional em detrimen- dos dignos de investigação científica, afastando a possi-
to do conhecimento intuitivo, da mesma forma que bilidade de compreensão da função dos seres vivos como
impõe a ciência sobre a religião, a competição sobre a totalidade, pela abordagem estreita e fragmentada.
cooperação, a exploração indiscriminada de recursos na- No entanto, em Psicologia nós entendemos que as
turais em vez de conservação. Essa tendência é a respon- funções de um organismo vivo, que envolvem suas
sável por intenso desequilíbrio nos pensamentos e atividades integrativas e suas interações com o meio
sentimentos, nos valores, atitudes e nas estruturas soci- ambiente, são essenciais para a saúde do organismo. Mas,
ais e políticas dos indivíduos. É a dominação do cientí- como a Medicina ocidental seguiu a abordagem
fico, sendo o pensamento racional considerado quase reducionista da biologia moderna, impõe-se a divisão
que exclusivamente, como a única espécie de conheci- cartesiana e afastou-se a possibilidade de tratamento dos
mento aceitável. pacientes como seres totais, num enfoque mais amplo e
Assim, enquanto na Antiguidade, o Homem podia holístico de saúde.
ter uma dimensão mais humana do mundo, a partir da Segundo Capra, “no decorrer de toda a história da
revolução científico-tecnológica, o Homem passa a perder ciência ocidental, o desenvolvimento da biologia cami-
essa dimensão, impelido pelo pensamento ocidental que nhou de mãos dadas com o da medicina. Por conse-
se fundamenta na pulverização dos conhecimentos. guinte, é natural que, uma vez estabelecida firmemente
No entanto, o reducionismo do conhecimento ex- em biologia a concepção mecanicista da vida, ela domi-
clusivamente ao racional, determinou à sociedade a equipa- nasse também as atitudes dos médicos em relação à saú-
ração de sua identidade à mente racional e não ao organismo de e à doença. A influência do paradigma cartesiano sobre
como um todo, espalhando culturalmente os efeitos dessa o pensamento médico resultou no chamado modelo
divisão mente e corpo. Nesse sentido, podemos fazer uso biomédico, que constitui o alicerce conceitual da moder-
dos ensinamentos de Capra (1979), ao citar que na medicina científica” (p. 116).
na medida em que nos retiramos para nossas mentes, Através desse modelo, a atenção da Medicina pas-
esquecemos como ‘pensar’ com nossos corpos, de que sou a concentrar-se à máquina corporal, negligenciando
modo usá-los como agentes do conhecimento. Assim os aspectos psicológicos, sociais e ambientais da doença.
fazendo, também nos desligamos do nosso meio am- A divisão cartesiana influenciou a Medicina em vá-
biente natural e esquecemos como comungar e como rios aspectos. Primeiramente, dividiu a Medicina em dois
cooperar com sua rica variedade de organismos vivos
campos distintos onde os médicos ocupam-se do trata-
(...) A divisão entre espírito e matéria levou à con-
mento do corpo e os psiquiatras e psicólogos ocupam-
cepção do universo como um sistema mecânico que
se da cura da mente. Esse hiato, entretanto, resultou em
consiste em objetos separados, os quais, por sua vez,
foram reduzidos a seus componentes materiais fun-
grande desvantagem para a compreensão das doenças.
damentais cujas propriedades e interações, acredita- Além disso, a tendência reducionista, ao fixar-se no cor-
se, determinam completamente todos os fenômenos po doente, transformou-o em máquina que deve ser
naturais. Essa concepção cartesiana da natureza foi, analisada em termos de suas peças e engrenagens altera-
além disso, estendida aos organismos vivos, conside- das. Assim, ao concentrar-se em partes de uma máquina
rados máquinas constituídas de peças separadas” disfuncionante - o corpo, a Medicina perdeu de vista o
(p.37), com embargo, o todo sempre representa mui- paciente como ser humano; grave erro da abordagem
to mais que a soma das partes. biomédica.

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Para Sanvito (1994), armada com este modelo em diversos fóruns de discussão, como Direitos do Pa-
biomédico, a Medicina tentou ciente, Humanização em Saúde, respeito à Autonomia,
de todas as maneiras, dentro de uma ótica simplista, entre outras, tem fortes influencias (enquanto conflito)
reduzir a doença a um projeto biológico, ora centrado nesse modelo de visão do fenômeno saúde-enfermida-
na patologia celular ou molecular, ora num agente de que contempla permanentemente a dicotomização
infeccioso, tóxico ou coisa semelhante. Ao reduzir do ser humano.
as funções biológicas e mentais a mecanismos celu- Como considerávamos no início desse texto, dentro
lares e/ou moleculares, e ao negligenciar os aspectos dessa perspectiva ampliada, o tempo vem assinalando si-
socioculturais e ambientais, o médico acaba perden- nais de mudanças, onde o Homem tem procurado auto
do a perspectiva do paciente integral inserido no seu definir-se como um ser biopsicossociocultural que interatua
meio ambiente. Este tipo de enfoque acaba deslo- nessas esferas de existência, que interdependem-se e só
cando a atenção (do médico) do doente para a do-
podem ser compreendidas uma em função da outra.
ença (a úlcera é mais importante que o ulceroso).
Dentro desta linha, os médicos acabam encarando George Engel foi o proponente mais destacado do
os seus paciente ‘objetivamente’ como conglomera- modelo biopsicossocial de doença, que salienta um
dos de enzimas, anticorpos, hormônios, neurotrans- enfoque sistêmico integrado para o comportamento
missores ou circuitos que não andam bem. Em li- e doença humanos. O modelo biopsicossocial deri-
nhas gerais, este modelo adota o seguinte figurino: va-se da teoria geral dos sistemas. O sistema biológi-
1) o doente como objeto; 2) o médico como mecâ- co enfatiza o substrato anatômico, estrutural e
nico; 3) a doença como avaria; 4) o Hospital como molecular da doença e seu impacto sobre o funcio-
oficina de consertos” (17). namento biológico do paciente; o sistema psicológi-
co salienta o impacto de fatores psicodinâmicos,
É fato que a atomização do conhecimento nas ciên-
motivação e personalidade sobre a experiência ou
cias da saúde determinaram a exaltação da explicação cien-
reação à doença; e o sistema social salienta as influ-
tífica e dos avanços científico-tecnológicos. A pulverização
ências culturais, ambientais e familiares sobre a ex-
e a hierarquização das ciências decorrentes desse fenôme-
pressão e experiência da doença. Engel postulou que
no determinaram, então, o mito do progresso, do profis-
cada sistema pode afetar e ser afetado por qualquer
sional especialista, da objetividade e neutralidade científica.
um dos outros sistemas. O modelo de Engel não
E o conhecimento se perdeu entre a rarefação das comuni- afirma que a doença médica é um resultado direto
cações das ciências naturais e humanas, entre a da conformação psicológica ou sócio-cultural de uma
disciplinaridade fechada, entre o crescimento vigoroso dos pessoa, mas encoraja um entendimento mais
saberes separados, tornando os profissionais de saúde abrangente da enfermidade e de seu tratamento
cada vez mais confusos quanto ao saber existente. (Kaplan & Sadock, 1993).
Assim, o modelo biomédico que impõe um co- Assim, acreditamos, nessa estrutura dialética é que
nhecimento irrestrito e com o qual o Psicólogo da Saúde se detém a essência dos fundamentos em Psicologia
convive diariamente nas instituições de saúde, sugere ser Hospitalar, buscando através de confrontos antitéticos,
mais do que um modelo, adquirindo status de um uma nova síntese, na proposição de uma visão do Ho-
dogma, vinculado intrinsecamente às crenças culturais. mem menos dicotomizada.
Capra (1982), cita que E, essa preocupação do Homem com o Homem
para suplantá-lo será necessário nada menos que uma nos tempos atuais, aponta o caminho de unir o objetivo
profunda revolução cultural. E tal revolução é im- ao subjetivo, o racional ao intuitivo, a síntese em si, sem
prescindível se quisermos melhorar, ou mesmo man- que as ciências humanas percam seu status de verdade
ter nossa saúde (...). Os pesquisadores médicos pre- para a herança secular de pesquisas bem compartimenta-
cisam entender que a análise reducionista do das, do conhecimento objetivo, da objetividade científica.
corpo-máquina não pode fornecer-lhes uma com-
preensão completa e profunda dos problemas hu-
Como brilhantemente Eksternann (1977) assinala
manos. A pesquisa biomédica terá de ser integrada em seu texto,
num sistema mais amplo de assistência à saúde, em o doente é uma frase da história do sofrimento hu-
que as manifestações de todas as enfermidades hu- mano, mas como tal, indissociável do texto comple-
manas sejam vistas como resultantes da interação to. É o representante biológico de uma faixa da his-
corpo, mente e meio ambiente, e sejam estudadas e tória da humanidade, é o que se desorganizou em
tratadas nessa perspectiva abrangente” (p. 154). situações críticas de adaptação.
Ao se considerar essas reflexões à luz de diversos Aqui nos reencontramos com o modelo patológi-
problemas contemporâneos do campo da Bioética, ve- co nomotético e o idiográfico; o primeiro, tem suas raízes
mos que polêmicas importantes que se apresentam hoje na medicina hipocrática de Cnido, o segundo, na de Cós,

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ou seja, na medicina do Homem como espécie e do Do contrário, retoma-se postura essencialmente


Homem como ente singular. Da primeira, deriva a atitu- positivista, onde o conhecimento somente é produzido
de que produziu a classificação de Kraepelin; a segunda, pela razão, passando a ser definido em termos das própri-
o ‘setting’ psicanalítico. É um equívoco pensar que ambas as realizações da ciência. Assim, qualquer epistemologia
atitudes estão em oposição. Ao contrário, são comple- que transcenda a análise metodológica dos procedimen-
mentares. A atenção singular não impede a existência de tos científicos imposta pelo positivismo, passaria a ser
quadros nosográficos, nem lhes tira a importância, como julgada como extravagante e sem significado (Martins e
esses não impedem a prática voltada para o doente. A Bicudo, 1989).
falácia tem sido confundir o conceito que designa classe Então, questionamentos como quem é o Psicólo-
com o fato singular; é errôneo supor que tratamos uma go da Saúde, para que serve a Psicologia da Saúde, como
esquizofrenia, úlcera péptica, asma brônquica. Tratamos garantir o estatuto de cientificidade dos conhecimentos
do esquizofrênico, do ulceroso e do asmático. psicológicos em Psicologia da Saúde, necessitam ser re-
pensados em um universo que evidencie que não há
Aí está, em nossa opinião, o alicerce das atividades
conhecimento sem interesse e muito menos prática sem
do Psicólogo enquanto profissional de saúde. Um pro-
pressupostos. “Ter uma teoria é possuir uma ferramen-
fissional que está diante de um paciente —expressão
ta, que se presta a certos fins. É possuir um determina-
máxima do sofrimento humano—, determinado pela
do vocabulário que permite fazer descrições do mundo
vivência da situação de ser e estar doente. Um profissio- adequadas a certos propósitos. O que significa dizer que
nal que atuará no sentido de resgatar ao ser doente, “sua toda pretensão epistêmica é uma tomada de posição éti-
essência de vida que foi interrompida pela ocorrência do ca” (Bezerra Jr., 1992, p. 09).
fenômeno doença. Além disso, ele se baseia numa visão
Assim, como Psicólogos da Saúde, não é possível
humanística com especial atenção aos pacientes e famili-
refletir sobre os preceitos éticos que envolvem a especiali-
ares. A Psicologia da Saúde considera o ser humano em
dade, não é possível participar de uma instituição ou de
sua globalidade e integridade, único em suas condições uma sociedade ou ainda exprimir valores sem estar atento
pessoais, com seus direitos humanamente definidos e às demandas, às dinâmicas, às descobertas e construções
respeitados” (Sebastiani & Santos, 1996, p.172). do contexto institucional onde o Psicólogo está inserido.
Nessa medida, nosso desafio ético, enquanto Psi- Além disso, é impossível pensar em ética, discutir a
cólogos da Saúde, é unir o objetivo ao subjetivo, tratar o ordem psicológica e a ordem médica respaldada em vi-
geral e o particular como forças complementares e não são individualista e estática. Estão todos —Psicólogos e
como excludentes, conforme os vícios culturais tanto profissionais de saúde, inseridos em um contexto mai-
nos condicionaram. or - a instituição de saúde— que possuí leis, que segue
No entanto, segundo Lupo (1995), normas, que tem princípios, paradigmas marcados de
conviver com a diversidade coloca-nos numa posi- forma indelével por sua historicidade.
ção problemática. O outro, o diferente, ameaça a Eticamente, a proposta é de um momento de re-
definição que tomamos para nós como ‘verdade’, flexão e revisão da prática clínica diária do Psicólogo que
desestrutura o arcabouço teórico que laboriosamente atua em instituições de saúde, na busca de atitudes reais
construímos e que nos dá uma ‘identidade’. Se a de resgate da visão e do lidar do Homem com o Ho-
diversidade fosse encontrada apenas fora de nós, mem, considerando-se e considerando-o como um todo.
poderíamos com alguma facilidade recorrer ao ex- Um ser dinâmico, dotado de corpo e alma (como unida-
purgo e à aniquilação pela completa desqualificação de) que acontece num ambiente (natureza, sociedade,
do saber e do fazer alheios. Mas, freqüentemente, cultura) e interage, sendo determinante e determinado
descobrimos este estranho dentro de nós, na medida de sua existência.
em que transitamos inevitavelmente por teorias e O campo de trabalho dos Psicólogos da Saúde,
por práticas. Esta constatação joga-nos de chofre de portanto, é o campo sociopsicobiológico das patologias
volta ao terreno das incertezas: quem afinal somos? humanas, considerando-se como ‘doença’, a desarmo-
Vemo-nos, pois, repetidamente envolvidos na ten- nia - quer originariamente orgânica ou psíquica - que
tativa de alinhavar pedaços” (p. 7).
através de sua manifestação crítica bloqueia o dinamis-
E, nesse sentido, o conceito de verdade toma no- mo e o desenvolvimento do Homem como ser integral
vos sentidos. O sentido de coexistência e enfrentamento dentro de sua sociocultura. É o campo que contempla o
entre teses opostas, o sentido de divisão ou fragmenta- homem, como coloca Kant, como um fim em si mes-
ção das posições em Psicologia, o sentido das divergên- mo, resgatando assim um dos princípios norteadores
cias e das contradições do conhecimento na área de da Bioética atual, qual seja o de respeito à Autonomia da
Psicologia da Saúde. pessoa.

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ÉTICA E BIOÉTICA EM PSICOLOGIA DA SAÚDE 17

Os desafios que a Psicologia da Saúde encontra dos colegas de outras áreas ou mesmo da sociedade que
em seus espaços de realização encontram, portanto, nos persiste em nos encarar de maneira estigmatizada?
preceitos discutidos pela ética e Bioética, caminhos que A ética das e nas relações começa sempre com aqui-
convergem com as inquietações que sempre apresenta- lo que aprendemos “dentro de casa”, e que passará a
mos no exercício de nosso trabalho. As propostas a refletir o que somos para os outros a partir do que mos-
serem desenvolvidas encontram, já, marcos importan- tramos ser para nós mesmos, precisamos atenuar nos-
tes como os ressaltados pela Acta de Veracruz (2001), sos narcisismos e onipotências, talvez assim possamos
onde ressalta-se como escopo de Psicologia da Saúde iniciar um processo real de edificação de uma Identidade
para esse novo milênio: Profissional que tem como pressuposto de qualquer de
Colaborar com a criação, fomento e aperfeiçoamen- seus paradigmas o respeito ao Humano, começando esse
to de uma atitude profissional bioética, ética e Humano a ser reconhecido e respeitado dentro de cada
deontológica no campo da saúde, que possibilite o um de nós, para então (e só então) estender-se às outras
desenvolvimento de valores dentro de uma concep- relações e interações.
ção humanista e o reconhecimento dos direitos de Por fim, gostaríamos de deixar aqui uma mensa-
usuários e familiares. gem: refletir sobre a ética em Psicologia da Saúde, em
Criar, desenvolver e fortalecer a autonomia dos usu- nossa opinião, é o expressar de um sonho que gradati-
ários dos serviços de saúde, para a tomada de deci- vamente se tornou ou vem se tornando realidade para
sões éticas, relacionadas com o processo saúde-do- cada um de nós. Falar sobre ética é falar de nosso amor e
ença, incluindo a consideração dos aspectos também o de incontáveis colegas que mesmo diante de
psicossociais afetos ao “bem morrer”. tantas incertezas, de tantos obstáculos em nossos traba-
Fomentar o direito à saúde dentro de um marco lhos, seguimos acreditando em um amanhã melhor para
global e ético que tenha por base o princípio da nossos pacientes. Os avanços e polêmicas que o campo
justiça sanitária, considerando a eqüidade em torno interdisciplinar da Bioética vem abrindo, par e passo ao
da distribuição dos recursos materiais e humanos. incrível desenvolvimento tecnológico das ciências da saú-
Vigiar, em caráter permanente, as ações derivadas de, nunca colocou tão em evidência a imperativa necessi-
dos avanços científicos e tecnológicos na área da dade de se repensar a relação do Humano com sua própria
saúde, tais como; Engenharia Genética, Projeto vida, e com o sentido que lutar por preserva-la e amplia-
Genoma, Alimentos Transgênicos, Contaminação la sempre teve para todos.
Ambiental entre outros, de maneira que se impeça
Acreditamos que dessa essência é composta nossas
os riscos e abusos de discriminação social e ecológi-
vidas. Sonho incessante por maior humanização na saú-
ca. Assim se buscará criar um clima de promoção
de, por melhor qualidade de vida, por justiça social, pelo
para uma bioética global.
alívio da dor, pelo direito de ser. E, se podemos sonhar
Os compromissos da Psicologia da Saúde estão com um mundo melhor para todos, nunca podemos
cada vez mais claros e delineados, no entanto, dentro de esquecer que somos agentes de promoção da saúde dos
todos estes questionamentos e afirmações um aspecto pacientes e familiares, somando esforços junto às equi-
incômodo, mas de absoluta pertinência ao momentum que pes dentro dos Hospitais ou das instituições médicas.
a psicologia passa (enquanto sua história e tempo de Não devemos esquecer que somos responsáveis pela
inserção no campo das ciências, e em particular enquanto existência de um canal aberto a pacientes e familiares,
sua específica inserção nas ciências da Saúde ) deve ser para a expressão de suas ansiedades, agruras, medos,
abordado: Nós ainda não possuímos o que podería- fantasias e sofrimentos determinados pela situação de
mos chamar de Identidade Profissional, estamos ainda doença e hospitalização.
engatinhando, nestes anos de profissão reconhecida le-
Eticamente, portanto, temos um compromisso real
galmente, em direção a um rascunho dessa Identidade,
que nos remete à responsabilidade de crescer enquanto
como salientou Lupo, ao tentarmos “alinhavar peda-
especialidade, cristalizando nossos conhecimentos, com
ços” muitas vezes recolhemo-nos aos nossos pequenos
muita seriedade, muita ética, muitas reflexões, muito
guetos de saber/poder e fantasiosamente queremos acre-
trabalho e muitos sonhos! Sonhos que se concretizam
ditar que ali estamos respaldados pela verdade e pela
em nossos projetos, em nossas atividades no dia a dia
ciência, agimos da mesma maneira que o adolescente que
sintetiza o mundo através da visão de seu grupo de de relação e atenção às pessoas. E tal como em nossos
referência, não trocamos, não somamos, e o pior muitas sonhos que se concretizam, os resultados obtidos de-
vezes não respeitamos os outros colegas que têm visões monstram que estamos no caminho certo e que a nossa
diferentes das nossas. Nesse sentido se não somos ain- trajetória é soberana.
da capazes de nos respeitar para, a partir dai, somar e Finalizamos esse artigo como iniciamos e temos
crescer como podemos ser respeitados ou exigir respeito direcionado nossas vidas profissionais: com a certeza de

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18 HELOISA BENEVIDES DE C. CHIATTONE Y RICARDO WERNER SEBASTIANI

que temos tentado fazer o melhor —sempre— por nos- Angerami, V. A. et al. (2002). Novos rumos na Psicologia da
sos pacientes. E gostaríamos de acreditar que a Psicolo- Saúde. São Paulo: Pioneira Tromson Learning,
gia da Saúde seguirá caminhos mais e mais significativos Anonymous (1999). Declarações das Conferências Mun-
se mantiver-se nos princípios da dignidade, da ética e do diais de Promoção em Saúde. Revista Promoção em
respeito (infelizmente tão raros nos dias de hoje); se Saúde, (1), 35-46.
mantiver-se como primordial a assistência à tríade paci- Barrios, S. R. L. & Ferreira, J. H. G. (1999). Planejamento
ente-família-equipe de saúde; se a busca do bem estar em Saúde. Revista Saúde e Cidadania, 362(1), 11-26.
das pessoas permear sempre nossos ideais de trabalho;
se o principal for sempre o paciente; se a humanização Bezerra, J. B. (1992). Prefacio de psicologia e saúde. Repensan-
na saúde for nosso principal objetivo, se a vida for o do práticas. São Paulo: Hucitec.
nosso maior compromisso. Bock, A . & Aguiar, W. M. J. (1995). Por uma Prática
E, como nos ensina Sanvito (1994), “se nos afas- Promotora de Saúde em Orientação. Vocacional. Bock,
tarmos desses preceitos, perderemos o rumo da história A. et al. A Escolha Profissional em Questão. São
e nos tornaremos como a centopéia do provérbio que, Paulo: Ed. Casa do Psicólogo.
ao ser perguntada como fazia para coordenar todas as Boss, M. (1981). Aangústia, culpa e liberação. São Paulo:
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