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Dinheiro que nasce em árvore


Edição 209 - Mar/03
Para quem deseja ter uma boa aposentadoria e tem
tempo para esperar, uma opção de investimento é a
plantação de teca, uma árvore nativa das zonas úmidas
do sudeste asiático. Os preços de sua valorizada
madeira chegam a 3.640 dólares por metro cúbico. Para
fazer esta 'poupança verde', porém, é preciso ter muita
paciência.No Brasil, a árvore leva 25 anos para estar no
ponto ideal de corte. O que é até pouco tempo, uma
vez que nos países de origem ela alcança o mesmo
estágio de desenvolvimento só depois de 80 a 100
anos.

O interessado na produção da teca deve também


verificar com muito cuidado se as condições de solo e
clima da região de plantio são adequadas. A árvore não suporta solos muito ácidos, como os do
cerrado brasileiro. O ideal é que a terra tenha pH neutro ou ligeiramente ácido. Para um bom
crescimento, a planta também precisa de um período seco de três a cinco meses por ano e de
precipitações entre 900 a 2.500 milímetros. Baixas altitudes são prejudiciais e a árvore não suporta
geada. Por isso, as plantações no Brasil estão concentradas no Mato Grosso, onde estima-se que a
área de cultivo chegue a 40 mil hectares, e no Acre.

Quem quer produzir precisa investir cerca de 1.500 reais por hectare. O
retorno do investimento pode começar a partir do quinto ano, quando são
feitos os primeiros desbastes. A madeira do primeiro corte é cotada em
torno de 150 reais o metro cúbico no mercado. Ela serve para a confecção
de cabos de vassoura, portas, esquadrias e móveis rústicos. Já a de
árvores mais velhas é ideal para a fabricação de pranchas de convés de
navios por ser pouco escorregadia e muito durável. É também utilizada na
construção de postes, cercas e estacas. A casca é rica em tanino,
substância usada no curtimento do couro.Um problema para o cultivo de
teca no país está na falta de informações sobre a variabilidade genética das
sementes disponíveis. Não se sabe se as sementes trazidas para o Mato
Grosso tiveram origem em uma ou muitas árvores e a falta de diversidade
genética pode ser um fator de risco para o bom desenvolvimento e a
produtividade dos cultivos.

Foi nas terras do Mato Grosso, e recentemente, que começou a exploração


comercial de teca no país. Embora a planta tenha sido trazida para o Brasil
no início do século 19 pelos portugueses, somente em 1971 uma empresa
começou a explorá-la. Pioneira no cultivo, a Cáceres Agroflorestal, no
município do mesmo nome, começa a colher hoje, passados quase 32 anos,
os lucros de uma espera paciente. Com uma produção de 6 mil metros
cúbicos anuais em 1.400 hectares, a empresa já exporta toras para a Ásia.
Segundo especialistas, em 25 anos a rentabilidade de cada hectare pode O tronco pode chegar a 2,3
chegar a 50 mil dólares. metro de diâmetro medido
a 1,30 de altura e da casca
extrai-se o tanino. As
Em terra boa, alcança 50 metros de altura placas da madeira têm alto
valor no mercado
internacional
Nome científico: Tectona grandis

Classificação: árvore pertencente à ordem Tubiflorae e à família Verbenaceae, a


mesma do tarumã, uma importante árvore usada para restauração de matas ciliares.

Etimologia: a palavra teca deriva do grego tekton, que significa carpinteiro. O nome
específico grandis é utilizado porque a arvore atinge grandes dimensões.

Descrição: a teca é uma árvore caducifólia, com altura variando entre 20 a 35 metros e
95 centímetros de diâmetro medido a 1,3 metro do solo. Em boas condições de terreno
e clima, a planta pode chegar a 50 metros de altura e 2,4 metros de diâmetro na idade
adulta. O tronco é reto e limpo, geralmente cilíndrico e bifurcado. A casca é grossa, de

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cor cinza ou pardo-grisácea, fibrosa e mole. Atinge até 15 milímetros de espessura e


apresenta um argo. As folhas são grandes, com 30 a 60 centímetros de comprimento e
20 a 35 centímetros de largura, capazes de enriquecer o solo com materialorgânico. Na
Índia, são muito utilizadas como forrageiras para elefantes. As flores são pequenas e
brancas e os frutos são secos.
A polinização é feita, principalmente, pelas abelhas.

Fontes: Paulo Ernani Ramalho Carvalho, pesquisador da Embrapa Florestas; Luís


Flávio Veit, engenheiro agrônomo da Cáceres Florestal S/A.

Bibliografia: 'Espécies não tradicionais para a produção madeireira no Brasil', de Paulo


Ernani Ramalho Carvalho, Embrapa Florestas.

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