Você está na página 1de 2

Globo.

com Page 1 of 2

Porquinho boa-praça
Edição 219 - Jan/04
OSWALDO MARICATO

Ele vive em florestas úmidas, mas sobrevive até em


áreas devastadas. Selvagem e resistente, o cateto vem
conquistando espaço nos cardápios das churrascarias e
luxuosas butiques de carne, onde o preço do quilo não sai
por menos de 30 reais. Além da carne, que tem sabor
parecido com a de porco mas é menos gordurosa, o
couro é exportado para o Japão, que o utiliza na
fabricação de luvas de beisebol.

Catetos, também chamados de caititus ou catitus, são


animais gregários. Vivem em pequenos grupos de 5 a 15
indivíduos de ambos os sexos. Geralmente são liderados
por um macho, e tanto os pais quanto os outros adultos
Saborosa, carne do cateto é vendida por mais do bando protegem as crias. Para se identificar, esfregam
de 30 reais o quilo uns nos outros uma glândula localizada no dorso que
excreta um odor forte. O cheiro também serve para
reconhecer o território.

Assim como a queixada, os catetos sempre lutam juntos contra os inimigos, fazendo um barulho com
os dentes e o queixo. Quando fogem, no entanto, cada animal vai para um lado, o que facilita a ação
de predadores. É por isso que existe um provérbio mineiro que diz que "cateto fora da manada cai no
papo da onça". Embora sejam agressivos, são facilmente domesticáveis. Apesar de não serem semi-
aquáticos, como a capivara, conseguem nadar.

FÁCIL DE MANEJAR Para criar cateto em cativeiro é necessário, em primeiro lugar, obter autorização
do Ibama - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, que estabelece
uma série de exigências como, por exemplo, o número inicial de matrizes e reprodutores, um esboço
do local de instalação desses animais, o tipo de alimentação oferecida aos bichos e o parecer de um
técnico responsável pelo criatório. Embora sejam selvagens, os caititus se reproduzem bem em
cativeiro, podendo dobrar o plantel por ano. O manejo é relativamente fácil e, se for bem feito, pode
fazer com que os animais se tornem mais dóceis. As fêmeas começam a reproduzir a partir do primeiro
ano de vida e os filhotes estão prontos para o abate a partir do décimo mês de idade.

A Embrapa Amazônia Oriental, em parceria com a ERNESTO DE SOUZA


Universidade Federal do Pará, vem fazendo do cateto
uma alternativa alimentar e comercial para as populações
que vivem próximas à Rodovia Transamazônica, em
locais onde o acesso à carne protéica de animais
domésticos é bastante difícil. A escolha do lugar não foi
por acaso. Uma pesquisa mostrou que o caititu é um dos
bichos mais caçados da região. Por isso, a criação dessa
espécie tem por objetivo diminuir a caça predatória que
quase a acabou extinguindo.

Desde 1989, o Centro de Multiplicação de Animais Catetos andam em bandos de 5 a 15


Silvestres da Escola Superior de Agricultura de Mossoró, indivíduos que cuidam dos filhotes e se
RN, vem criando catetos em cativeiro. Segundo Marcelo protegem contra o ataque de predadores
Bezerra, coordenador do projeto, atualmente já existem cerca de 380 animais que, em breve, poderão
ser comercializados. "Apenas recentemente solicitamos a transformação do nosso criatório científico
para comercial e até o presente momento não tivemos confirmação oficial do Ibama", diz.

COLAR DE PÊLOS BRANCOS NO PESCOÇO É CARACTERÍSTICO

 NOME CIENTÍFICO Tayassu tajacu

 NOMES POPULARES O nome vulgar dessa espécie varia muito. No Pará, por exemplo, o
animal é conhecido por catitu ou caititu. Em Manaus, AM, é chamado de porco-do-mato, apelido
também das queixadas (Tayassu pecari). Já nos estados das regiões Sudeste e Sul do país a

http://revistagloborural.globo.com/EditoraGlobo/componentes/article/edg_article_print/... 1/6/2012
Globo.com Page 2 of 2

espécie é chamada de cateto.

 CLASSIFICAÇÃO O cateto pertence à ordem Artiodactyla, a mesma do porco doméstico. Faz


parte da família Tayassuidae, à qual também pertencem a queixada e o Catagonous wagneri,
espécie encontrada na Argentina, Paraguai e Bolívia.

 HÁBITAT O cateto ocorre desde as florestas de mata virgem do Sudoeste dos Estados Unidos
(Texas, Novo México, Arizona) até os países das Américas Central e Latina.

 DESCRIÇÃO Diferentemente do porco, que é um animal doméstico melhorado geneticamente,


o cateto é selvagem e, portanto, as diferenças interindividuais são muito grandes. Em geral, um
adulto chega a ter 50 centímetros de altura e 1 metro de comprimento, podendo pesar 35
quilos. A pelagem é grossa e acinzentada. Na linha do pescoço, os pêlos brancos e longos
formam um colar. As patas são pretas e curtas, sendo que as dianteiras têm quatro dedos e as
traseiras, apenas três. Os dentes caninos são protuberantes e ficam para fora da boca. Embora
seja um suídeo, o cateto tem um estômago compartimentado, semelhante ao dos ruminantes.
Isso faz com que o animal seja pouco exigente em alimentos ricos em proteína e se adapte bem
com forragens.

 REPRODUÇÃO Uma fêmea é capaz de dar à luz duas vezes por ano. Em um plantel, um macho
pode fecundar cinco matrizes, sendo que cada uma tem dois bacorinhos. Como um período de
gestação dura em torno de quatro meses, é possível ter 20 filhotes em um ano.

Fonte: Natália Inagaki de Albuquerque, veterinária e pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental,


Pará.

Voltar Imprimir
Copyright © 2002 - Editora Globo S.A. - Termos legais
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem
autorização escrita da Editora Globo S.A.

http://revistagloborural.globo.com/EditoraGlobo/componentes/article/edg_article_print/... 1/6/2012

Você também pode gostar