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Castanheira (Bertholletia excelsa)

A castanheira (Bertholletia excelsa), popularmente conhecida como castanha-


do-brasil (e as variações regionais castanha-da-amazônia, castanha-do-acre,
castanha-do-pará) noz amazônica, noz boliviana, tocari ou tururi, é
uma árvore de grande porte da família Lecitidácea, originária da floresta de
terra firme, muito abundante no norte do Brasil e
na Bolívia (endêmica na floresta amazônica), cujo fruto contém a castanha, que
é sua semente.
Nomenclatura
Apesar do seu nome em inglês ("Brazil nut"), atualmente o maior exportador do
fruto da Bertholletia excelsa amazônica não é o Brasil, mas sim a Bolívia, onde
são chamadas de almendras, ou ainda nuez amazónica e nuez boliviana. Isto
se deve à drástica diminuição da espécie no Brasil, devida ao
desmatamento. O nome "castanha-do-pará" se refere ao atual estado do Pará,
cuja extensão no contexto do período colonial brasileiro e da Capitania do
Grão-Pará (1621–1821) incluía toda a Amazônia brasileira. Atualmente
muitos acreanos - por serem os maiores produtores nacionais de castanha -
referem-se a elas como "castanhas-do-acre". Alguns nomes indígenas
são juvia, na região do rio Orinoco na Venezuela e Colômbia, e em outras
regiões do Brasil. Como as castanhas são encontrados em todos os estados
amazônicos brasileiros - e não apenas estes, mas também nos demais países
amazônicos, como a Bolívia, maior produtora mundial, a espécie também é
chamada castanha-da-amazônia.
Embora seja classificada pelos cozinheiros como uma castanha, os botanistas
consideram a Bertholletia excelsa como uma semente, e não uma castanha, já
que, nas castanhas e nozes, a casca se divide em duas metades, com a carne
separando-se da casca.
Descrição
É a única espécie do gênero Bertholletia. Nativa
das Guianas, Venezuela, Brasil (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato
Grosso, Pará e Rondônia), leste da Colômbia, leste do Peru e leste da Bolívia,
ela ocorre em árvores espalhadas pelas grandes florestas às margens do Rio
Amazonas, Rio Negro,Rio Orinoco, Rio Araguaia e Rio Tocantins. O gênero foi
batizado em homenagem ao químico francês Claude Louis Berthollet
Atualmente, é abundante apenas no Estado do Acre, no norte
da Bolívia e, no Suriname. Incluída na Lista Vermelha da União Internacional
para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais como vulnerável, a
castanheira tem experimentado grandes declínios em sua população por causa
do desmatamento da floresta amazônica. Uma das maiores concentrações de
árvores existe no vale do Tocantins, onde diversas atividades, desde a
construção das ferrovias Tocantins e Carajás até a construção do reservatório
da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, provocaram um encolhimento no conjunto
genético. Uma área de 200 mil hectares no sul do Pará foi comprada pelo
governo com o objetivo de instalar agricultores. As árvores que permanecem
nas vastas fazendas de gado do Pará e do Acre são negligenciadas e morrem.
A produção de castanha caiu mais da metade entre 1970 e 1980 por causa do
desmatamento e, quase todas as castanhas consumidas no mundo ainda vêm
de árvores selvagens.
É altamente consumida pela população local in natura, torrada, ou na forma
de farinhas, doces e sorvetes. Sua casca é muito resistente e requer grande
esforço para ser extraída manualmente.

Características Morfológicas
A Bertholletia excelsa é uma grande árvore, chegando a medir entre 30 e 50
metros de altura e 1 ou 2 metros de diâmetro no tronco; está entre as maiores
árvores da Amazônia. Há registros de exemplares com mais de 50 metros de
altura e diâmetro maior que 5 metros, no Pará. Pode viver mais de 500 anos, e,
de acordo com algumas autoridades frequentemente chega a viver 1 000 ou 1
600 anos.
Seu tronco é reto e permanece sem galhos por mais da metade do
comprimento da árvore, com uma grande coroa emergindo sobre a folhagem
das árvores vizinhas. Sua casca é acinzentada e suave.

A árvore é caducifólia, suas folhas, que medem de 20 centímetros a 35 cm de


comprimento e 10 cm a 15 cm de largura, caem na estação seca.
Suas flores são pequenas, de uma coloração verde-esbranquiçada,
em panículas de 5 centímetros a 10 cm de comprimento; cada flor tem
um cálice caducifólio dividido em duas partes, com seis pétalas desiguais e
diversos estames reunidos numa massa ampla em forma de capuz.
Fenologia
Floresce na passagem da estação seca para a chuvosa, o que no leste da
Bacia Amazônica ocorre de setembro a fevereiro, com pico de outubro a
dezembro. Perto de julho suas folhas caem, algumas ficam completamente
sem folhas na estação seca. As flores são em grande número, e duram apenas
um dia. Os frutos demoram de 12 a 15 meses para amadurecer, e caem
principalmente em janeiro e fevereiro. As sementes, quando não tratadas,
demoram de 12 a 18 meses para germinar, devido a sua casca espessa.
Reprodução
A Bertholletia excelsa produz fruto exclusivamente em matas virgens, já que
florestas "não virgens" quase sempre carecem de orquidáceas, que são,
indiretamente, responsáveis pela polinização das suas flores. A Bertholletia
excelsa têm sido colhidas em plantações (na Malásia e em Gana), porém a sua
produção é baixa e, atualmente, não são viáveis economicamente.
As flores amarelas da Bertholletia excelsa só podem ser polinizadas por um
inseto suficientemente forte para levantar o "capuz" da flor e que tenha uma
língua comprida o bastante para passar pela complexa espiral da flor, como é o
caso das abelhas dos
gêneros Bombus, Centris, Epicharis, Eulaema e Xylocopa. As orquídeas
produzem um odor que atrai pequenas abelhas-da-
orquídea (espécie Euglossa), de língua muito comprida, já que as abelhas-
macho desta espécie precisam deste odor para atrair as fêmeas. A grande
abelha-da-orquídea fêmea poliniza a Bertholletia excelsa. Sem a orquídea, as
abelhas não cruzariam, e portanto a falta de abelhas significa que o fruto não é
polinizado.

Fruto Castanha com casca

Se tanto as orquídeas como as abelhas estiverem presentes, o fruto leva 14


meses para amadurecer após a polinização das flores. O fruto em si é uma
grande cápsula de 10 centímetros a 15 centímetros de diâmetro que se
assemelha ao endocarpo do côco no tamanho e pesa até dois quilogramas.
Possui uma casca dura, semelhante à madeira, com uma espessura de
8 milímetros a 12 milímetros, e dentro estão de 8 a 24 sementes com cerca de
cinco centímetros de comprimento dispostas como os gomos de uma laranja;
não é, portanto, uma castanha no sentido biológico da palavra.
A cápsula contém um pequeno buraco em uma das pontas, que permite a
grandes roedores como a cutia e, com menos frequência, os esquilos, roerem
até abrir a cápsula. Eles comem, então, algumas das castanhas que encontram
ali dentro e enterram as outras para uso posterior; algumas destas que foram
enterradas acabam por germinar e produzem novas Bertholletia excelsa.

Fruto aberto
A maioria das sementes são "plantadas" pelas cutias em lugares escuros, e as
jovens árvores acabam esperando por anos, em estado de hibernação, até que
alguma árvore caia e a luz do sol possa alcançá-las. Micos já foram vistos
abrindo os frutos da Bertholletia excelsa utilizando-se de uma pedra como
uma bigorna.
Ecologia
Vive preferencialmente nas florestas de terra firme, e cresce apenas onde a
estação seca é de 3 a 5 meses.
A densidade da espécie varia muito ao longo de toda a Amazônia, indo de 26
árvores reprodutivas por hectare a apenas um exemplar em 100 hectares.
Cogita-se que alguns grupos de árvores devam sua existência a indígenas pré-
colombianos.
Produção
Cerca de 20 mil toneladas de Bertholletia excelsa são colhidas a cada ano, da
qual a Bolívia responde por 50 por cento, o Brasil por 40 por cento e o Peru por
10 por cento (estimativas do ano 2000). Em 1980, a produção anual era de
cerca de 40 000 toneladas por ano somente no Brasil e, em 1970, o país
registrou uma colheita de 104 487 toneladas de Bertholletia excelsa.
A produção brasileira caiu a menos da metade entre 1970 e 1980, devido ao
desmatamento da Amazônia.
Efeitos da colheita
As Bertholletia excelsa destinadas ao comércio internacional vêm inteiramente
da colheita selvagem, e não de plantações. Este modelo vem sendo estimulado
como uma maneira de se gerar renda a partir de uma floresta tropical sem
destruí-la. As castanhas são colhidas por trabalhadores migrantes conhecidos
como "castanheiros".
A análise da idade das árvores nas áreas onde houve extração mostram que a
colheita de moderada a intensa coleta tantas sementes que não resta um
número suficiente para substituir as árvores mais antigas à medida que elas
morrem. Sítios com menos atividades de colheita possuem mais árvores
jovens, enquanto sítios com atividade intensa de colheita praticamente não as
possuem.
Experimentos estatísticos foram feitos para se determinar quais fatores
ambientais podem estar contribuindo para a falta de árvores mais jovens. O
fator mais consistente foi o nível de atividade de colheita em determinado sítio.
Uma simulação por computador que previa o tamanho das árvores em que
pessoas pegavam todas as castanhas coincidiu com o tamanho das árvores
encontradas nos sítios onde havia uma colheita intensa das castanhas.

Usos
Castanha: descascada e comida fresca, bombom, sorvete ,doce, farinha e leite para
temperar comida.
Óleo: sabonete,creme, xampu .
Ouriço: artesanato, brinquedos (pés de ouriço), remédio, carvão, pilãozinho, tigela
para coletar seringa.
Casca: remédio (chá) para diarréia.
Madeira: historicamente muito utilizada para estacas e construção, mas hoje é ilegal
derrubar castanheiras silvestres.

Alimentação

Semente da Bertholletia excelsa após a remoção da casca

As Bertholletia excelsa possuem 18% de proteína, 13% de carboidratos e 69%


de gordura. A proporção de gorduras é de, aproximadamente, 25% de gorduras
saturadas, 41% de monoinsaturadas e 34% de poliinsaturadas. Possuem um
gosto um tanto terroso, muito apreciado em vários países. O conteúdo de
gordura saturada das Bertholletia excelsa está entre o mais alto de todas as
castanhas e nozes, superando até mesmo o da macadâmia. Devido ao gosto
forte resultante, as Bertholletia excelsa podem substituir frequentemente
macadâmias ou mesmo o coco em receitas. Bertholletia excelsa retiradas de
suas cascas tornam-se rançosas rapidamente. As castanhas também podem
ser esmagadas para se obter óleo.
Nutricionalmente, as Bertholletia excelsa são ricas em selênio, embora a
quantidade de selênio varie consideravelmente. São também uma boa fonte
de magnésio e tiamina. Algumas pesquisas indicaram que o consumo de
selênio está relacionado com uma redução no risco de câncer de próstata. Isto
levou alguns analistas a recomendarem o consumo de Bertholletia
excelsa como uma medida preventiva.Estudos subsequentes sobre o efeito do
selênio no câncer de próstata foram inconclusivos.
Óleo da Castanha
A castanha contem 70 a 72% de óleo doce, de perfume agradável e com gosto
semelhante ao óleo de oliveira da Europa. O óleo quando envelhece tem uma
cor amarelo-escuro e um cheiro desagradável de ranço. O óleo de castanha é
altamente nutritvo, contendo 75% ácidos graxos insaturados compostos
principalmente por ácido palmítico, olêico e linolêico, além de fitoesteróides
sistosterol e as vitaminas lipossolúveis A e E. Extraído da primeira prensagem,
pode se obter um azeite extra-virgem podendo substituir o azeite da oliva por
seu sabor suave e agradável.[33] A castanha é uma rica fonte de magnésio,
tiamina e possui as mais altas concentrações conhecidas de selênio (126
ppm²), com propriedades antioxidantes. Algumas pesquisas indicaram que o
consumo de selênio está relacionado com a redução do risco de câncer de
próstata e recomendam o consumo da Bertholletia excelsa como uma medida
preventiva.[34] As proteínas encontradas na castanha-do-brasil são muito ricas
em aminoácidos sulfurados como a cisteína (8%) e a metionina (18%). A
presença desses aminoacidos (methionine) melhora a adsorção de seleninum
e outros minerais.[34] O óleo de Bertholletia excelsa é extraído das sementes
secas, geralmente por prensagem à frio. O óleo de Bertholletia
excelsa prensado a frio tem um odor agradável, amarelo. A composição
de ácido graxos é constituído por ácido palmítico (14-16%), ácido esteárico (6-
10%), ácido oleico (29-48%), ácido linoleico (30 - 47). As características físicas
são densidade (0,914-0,917), ponto de fusão (0-4 °C), o valor
de saponificação (193-202), o valor de iodo (94-106) e insaponificável (0,5 a
1%).

Óleo virgem da castanha-do-brasil


Medicinal
O chá da casca da Bertholletia excelsa é usado na Amazônia para tratamento
do fígado, e a infusão de suas sementes para problemas estomacais.
Por seu conteúdo em selênio, a castanha é antioxidante.
Seu óleo é usado como umidificador da pele.
Uso cosméticos e alimentícios
O óleo da sementes são muito ricos em proteínas por isso constitui um produto
de grande valor alimentício. Além disso, o óleo da castanha-do-brasil também é
usado para a confecção de cosméticos como shampoos, sabonetes e
condicionador de cabelo porque seu uso proporciona maciez, brilho e
sedosidade. É usado também como creme de pele que lubrifica e hidrata,
deixando a pele macia.
Outros usos
Assim como no uso alimentar, o óleo extraído da Bertholletia excelsa também é
usado como lubrificante em relógios, para se fazer tintas para artistas
plásticos e na indústria de cosméticos.
A indústria cosmética emprega o óleo de castanha por suas propriedades anti-
radicais livres, antioxidantes e hidratantes nas formulações anti-
aging prevenindo o envelhecimento cutâneo e é considerado um dos melhores
condicionadores para cabelos danificados e desidratados.[37]
A madeira das Bertholletia excelsa é de excelente qualidade, porém a sua
extração está proibida por lei nos três países produtores (Brasil, Bolívia e
Peru). A extração ilegal de madeira e a abertura de clareiras representa uma
ameaça contínua.[38]
O efeito castanha-do-brasil, no qual itens maiores misturados em um mesmo
recipiente com itens menores (por exemplo, Bertholletia excelsa misturadas
com amendoins) tendem a subir ao topo, recebeu o nome desta espécie.

Nutrição
A castanha, rica em proteínas e calorias, é considerada por muitos uma carne
vegetal. Possui 12% a 17% de proteína nos frutos e 46% de proteína na farinha
sem gordura, enquanto a carne de gado possui 26% a 31% de proteína. A
castanha possui mais ou menos metade da proteína e 2 vezes mais calorias
que as contidas num bife. Sua proteína é quase equivalente à do leite de vaca,
contendo aminoácidos completos. Você pode até substituir o leite de vaca
na culinária. Para obter o leite da castanha basta ralar os frutos e adicionar
água. A castanha tem minerais como fósforo, potássio e vitamina B. Em
adição, 100 gramas de castanha contêm: 61 gramas de gordura; 2,8
miligramas de ferro; 180 miligramas de cálcio; 4,2 miligramas de zinco. A
castanha também contém grandes quantidades de metionina, que é um dos
elementos nutritivos mais limitados na dieta amazônica.

Economia no Brasil
Em 1945 no Brasil, o fim do ciclo da borracha na Amazônia abalou a economia
da região, então a venda de castanhas (amêndoas) auxiliou na manutenção da
economia de exportação nos estados do Amazonas e Pará.[13] Este último
liderava a extração devido possuir o polígono das castanheiras (castanhal),
concentrado no município de Marabá (no sudeste do Pará), tornando o Brasil o
então maior exportador mundial, que era apreciada na Europa desde o século
XVII. Porém, na década de 1960 com a chegada da nova política de incentivos
fiscais do governo federal brasileiro para a criação de pastagens com uso de
fogo para à agropecuária, resultou no desmatamento e destruição de boa parte
do polígono das castanheiras, que foi transformado no cemitério de
castanheiras.
Castanhais: manejo indígena?
Na mata do Trombetas, castanheiras demonstram grandes variações de
densidades. Numa área de 789 hectares, a densidade média foi de 1,5 árvore
por hectare, com alguns hectares com 13 árvores. Essa concentração de
castanheira é conhecida como “bolas” ou castanhais. Em uma área próxima de
1.500 hectares ocorreram apenas 7 castanheiras em toda a área. As duas
áreas estavam distantes 30 quilômetros uma da outra e tinham a mesma
intensidade de chuvas, luminosidade e tipo de solo. Arqueólogos estão
trabalhando junto com ecólogos para explicar o fenônemo dessas “bolas”.
Muita gente acredita que essas áreas foram manejadas por indígenas centenas de
anos atrás. As “bolas” são bem conhecidas pelos moradores da região que até dão
nomes como “Veado Grande”, “Veado Pequeno” e “Bola do Chico”.

Bombom de cupuaçu com castanha


Ingredientes:
- 1 cupuaçu grande
- 1 kg de açúcar
- 1 prato de castanha ralada
- 1 prato de castanha cortada e torrada com manteiga a gosto
Retire a polpa do cupuaçu com ajuda de uma tesoura. Coloque-a em uma panela com
água e leve ao forno para reduzir a acidez. Em seguida, escorra a polpa em uma
peneira. Misture a polpa, o açúcar e a castanha ralada e leve ao fogo. Deixe ferver até
a massa soltar do fundo da panela. Espalhe o doce em uma tábua untada. Coloque a
castanha torrada e cortada sobre o doce e enrole-o na forma de bastões grossos. Use
papel alumínio ou celofane para embrulhar.

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