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INTRODUÇÃO

Produtos da indústria farmacêutica e cosmética tem tido uma crescente procura nos
últimos tempos, direcionando, em consequência disso, a atenção de pesquisadores de todo o
mundo para a região Amazônica, por essa região possuir uma grande diversidade botânica e
apresentar extraordinária riqueza em princípios bioativos.

O presente estudo foi elaborado para somar no nosso conhecimento em especifico a


árvore de Carapa guianensis Aublet (Andiroba) que vem se destacando pelo seu amplo uso
medicinal, abrangendo uma grande variedade de enfermidades, sendo que o maior registro de
usos pela medicina tradicional vem do óleo extraído de suas sementes.

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POVOS INDÍGENAS E PLANTAS MEDICINAIS

A Carapa guianensis Aublet, cujo nome popular mais conhecido é Andiroba, pertence
à família Meliaceae, tratando-se de uma espécie nativa e endêmica do Brasil. Seu nome
científico (Carapa guianensis Aublet) é em razão de o material tipo dessa planta ter sido
primeiramente coletado e catalogado na Guiana Francesa, pelo Farmacêutico e Botânico
francês Jean Baptiste Aublet, em 1775 (Brasil, 2021; Carvalho, 2014).

A literatura científica relata que a Andiroba é utilizada há muitos anos na medicina


popular, por populações originárias da floresta Amazônica, para uma variedade de
enfermidades, sendo as partes utilizadas dessa planta: casca do caule, folhas, flores, sementes,
óleo das flores e óleo das sementes.

Os índios brasileiros encontram no mato as soluções para suas enfermidades e


necessidades de autocuidado. A prática da medicação e uso de remédios caseiros
proporcionam benefícios para as doenças e promovem o “saber” sobre a flora em que vivem.
Os indígenas possuem um vasto conhecimento etnobotânico, capazes de fazer classificações e
associações, o qual foi descrito por LeviStrauss:

Os indígenas têm um aguçado senso das árvores características, dos


arbustos e das ervas próprias de cada "associação vegetal", tomando
essa expressão em seu sentido ecológico. Eles são capazes de

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enumerar nos mínimos detalhes e sem nenhuma hesitação as
árvores próprias para cada associação, o gênero de fibra e de
resina, as ervas, as matéria-primas que fornecem, assim como os
mamíferos e pássaros que frequentam cada tipo de habitat. Na
verdade, seus conhecimentos são tão exatos e detalhados, que
sabem também nomear os tipos de transição... Para cada
associação, meus informantes descreviam sem hesitar a
evolução sazonal da fauna e dos recursos alimentares.

De origem tupi, andiroba significa “óleo amargo”

Embora a medicina moderna esteja bem desenvolvida na maior parte do mundo, a


Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece que grande parte da população dos países
em desenvolvimento depende da medicina tradicional para sua atenção primária, tendo em
vista que 80% desta população utilizam práticas tradicionais nos seus cuidados básicos de
saúde e 85% destes utilizam plantas medicinais ou preparações destas.

BOTÂNICA
(Origem; Espécie, família, anatomia e morfologia da planta, cultivo);

A andiroba do gênero Com o nome científico: Carapa guianensis, da família


Meliaceae é uma árvore de uso múltiplo de grande importância econômica, A espécie ocorre
em toda a Região Amazônica, até a Bahia (Lorenzi, 2002). Ocorre também no sul da América
Central, Colômbia, Venezuela, Suriname, Guiana Francesa, Peru, Paraguai e nas ilhas do
Caribe (Ferraz e Camargo, 2003) e África tropical, preferencialmente em várzeas e faixas
alagáveis ao longo dos cursos d' água, além de vertentes de colinas, em solos bem drenados.
A andiroba é bastante cultivada em terra firme, onde atinge menor porte (Lima e Azevedo,
1996).

A andiroba possui boas características silviculturais, sendo de porte mediano, com


alturas variando de 20 cm a 30 m e diâmetro de 50 cm a 120 cm. O fuste é reto, cilíndrico e
possui sapopemas na base. A casca é grossa e amarga e desprende-se em placas. As folhas são
compostas, de 80 cm a 110 cm de comprimento, com 12 a 18 folíolos em tom verde-escuro e
forma oval-oblonga e extremidade apical curta, textura macia, superfície plana e margens
completas, medindo de 15 cm a 30 cm de comprimento. A inflorescência é uma panícula
axilar, principalmente na extremidade dos galhos, medindo cerca de 30 cm de comprimento.
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As flores são subsésseis, glabras, subglobosas de cor creme. O fruto é uma cápsula globosa a
subglobosa, deiscente de quatro valvas que se separam quando caem ao solo. Nesse momento,
liberam de quatro a doze sementes, que pesam em média 21 g (Lorenzi, 2002; Revilla, 2001).

A espécie apresenta boa regeneração natural nas capoeiras de várzea (Lorenzi, 2002).
Azevedo et al. (1997), analisando a formação de mudas de andiroba em resposta a diferentes
níveis de sombreamento, concluíram que a espécie é adaptada para regenerar-se e crescer sob
o dossel da floresta, além disso apresenta bom potencial para plantios de enriquecimento, já
que responde favoravelmente ao sombreamento. Quanto ao clima, a andiroba ocorre em
regiões com clima tropical úmido, com precipitações entre 1.800 mm e 3.500 mm anuais. As
temperaturas podem variar de 17 ºC a 30 ºC e a umidade relativa, de 70% a 90%. A espécie
desenvolve-se melhor em solos argilosos e barrentos (porém não encharcados) e com
abundante matéria orgânica (Revilla, 2001). Floresce duas vezes ao ano, em agosto-setembro
e janeiro-fevereiro. Os frutos amadurecem em junho-julho e fevereiro-março (Lorenzi, 2002).
O óleo contido na amêndoa é amarelo-claro e extremamente amargo. Quando submetido à
temperatura inferior a 25 ºC, solidifica-se, ficando com consistência parecida com a da
vaselina. Contém substâncias como a oleína, palmitina e glicerina. A amêndoa contém
proteínas (40%), glicídios (33,9%), fibras (6,1%), minerais (1,8%) e lipídios (6,2%)
(Revilla, 2001).
O cultivo de andiroba deve ser feitos preferivelmente em áreas já alteradas pelas
atividades de agricultura e pecuária, ou em capoeiras jovens (Fig. 2). Não é recomendada a
derrubada da floresta nativa para a implantação de plantios comerciais.

Após a seleção da área, deve-se coletar amostras do solo para análise laboratorial, a
fim de orientar a adubação a ser realizada. Não existe, até o momento, recomendação de
adubação específica para a andiroba.

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O preparo da área inicia-se com a limpeza do terreno; depois são marcadas e abertas as covas
com dimensões mínimas de 30 cm x 30 cm x 30 cm. No momento da abertura das covas,
deve-se separar a camada superior de solo, que é mais fértil, da inferior. No plantio, a camada
superior deve ser disposta no fundo da cova, completando-se com o solo de menor fertilidade.
O plantio deve ser feito no início da estação chuvosa, logo que o solo esteja suficientemente
umedecido. No momento do plantio, deve-se descartar as mudas de menor tamanho,
malformadas ou com ataque de pragas ou doenças. As plantas devem ser vigorosas e com
tamanho uniforme, para reduzir a diferença de crescimento em campo.

METABOLITOS SECUNDÁRIOS PRESENTES NA PLANTA

A Andiroba é de uso múltiplo: a madeira utilizada para fabricação de móveis,


construção civil, lâminas e compensado e as sementes para extração de óleo, o qual é de
grande importância participando na economia regional e continua sendo muito apreciado,
principalmente, na medicina popular.

INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS DA ANDIROBA. & FORMAS DE


UTILIZAÇÃO DA PLANTA.

No Estado do Amazonas é proibido por um Decreto Estadual, o decreto 25044 de 1º


de junho de 2005 na qual define que não é permitido o corte da andiroba. Uma das
curiosidades interessantes do Óleo de Andiroba é que ele possui a propriedade de quando
queimado repelir insetos. O óleo já é usado na indústria de produção de velas especiais que
são vendidas como repelentes naturais de insetos inclusive contra o aedes aegypti mosquito
transmissor da dengue.

Entre os índios e ribeirinho, como em outras partes da Amazônia, esse óleo está
associado ao uso de urucum (Bixa orellana), do qual é o principal solvente. Porém, se o
urucum é considerado uma proteção mágica, o óleo de carapa, protege da chuva e do frio e é
um poderoso repelente contra insetos (piuns, mosquitos, carrapatos ...). O óleo também é
frequentemente utilizado sozinho entre os Wayãpi, os Palikur e os crioulos para liberar
carrapatos, piolhos e outros parasitas. Neste último caso, os informantes insistem no efeito
calmante e antiinflamatório da coceira (Brito, Coelho, & Rosal, 2020). Estas são as mesmas
propriedades que os Palikur destacam que a Andiroba tinha ao usar o óleo externamente

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contra a sarna (associada a Irlbachia alata) e/ou ao misturá-lo com uma decocção de Pau-de-
cobra (Potalia amara) contra depósitos de pus.

Para os brasileiros e alguns povos da América Latina, do Caribe e de parte da África,


já estão familiarizado com os efeitos curativos do óleo de Andiroba. Esse óleo é muito
conhecido e muito utilizado na medicina popular brasileira, principalmente pelos habitantes
da floresta amazônica, e ele já é usado há muito tempo. Então a partir desse uso, vários
pesquisadores começaram a despertar o interesse de entender um pouquinho mais da
composição desse óleo e dos seus benefícios, e até mesmo avaliar se realmente são benefícios
confirmados, se funciona ou não. O óleo da Andiroba, é rico em ácidos graxos, especialmente
o ácido mirístico (ou ácido tetradecanóico), palmítico (ou ácido hexadecanóico), ômega 6 e o
ômega 9. Esse óleo ele é muito versátil, ele pode ser utilizado tanto na via oral misturandose
ele no mel e consumir, lembrando que é sempre importante primeiro ver qual é a
recomendação da dose, assim como pode ser utilizado de forma tópica

No que se refere a farmacoterapia, esse óleo ele possui uma excelente atividade anti-
inflamatória, é realmente uma atividade muito potente (de Souza et al., 2017), sendo assim
entre os inúmeros benefícios que podem ser atribuídos, também atua como agente na redução
da dor, por exemplo do reumatismo ou a dor causada pela artrite, ele também possui uma ação
anti-parasitária, antifúngica e bactericida (Jesus et al., 2017). Ele também pode ser aplicado
por exemplo na sua forma tópica no peito para fazer uma massagem no peito, ele auxilia a
abrir as vias respiratórias, então ele também auxilia a reduzir por exemplo algumas infecções
das vias respiratórias. Lembrando sempre que sempre essa questão do uso tópico, a qualquer
sinal de irritação, precisa ser imediatamente removida do couro cabeludo ou enfim de algum
machucado onde se utilizou por exemplo. Uma outra ação explorada do óleo de andiroba é
como repelente natural de insetos, além de ser supereficiente, é versátil, pois traz muitos
benefícios para a saúde.

A Andiroba é uma planta bastante cobiçada, também algumas pessoas a utilizam


procurando-as para tirar a sua casca porque as cascas elas têm propriedades medicinais, as
pessoas fazem garrafadas para tomar aí e combater alguns tipos de doenças.

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Da andiroba extrai-se as folhas secas se faz um chá muito eficiente no tratamento das
doenças dos rins, bexiga e é anti-inflamatório e cicatrizante. Praticamente tudo da Andiroba é
aproveitado, a massa que sobra da extração do óleo, serve para fazer sabão, vela e sabonete.

EFEITOS ADVERSOS E/OU TÓXICOS E RESTRIÇÕES DE


USO.

Andiroba para nós seres humanos ela age como um antifebril, anti-inflamatório e
cicatrizante e antibacteriano. Quanto a efeitos toxico sobre a Andiroba não encontramos
nenhuma informação a respeito. Sua restrição de uso, que se enquadra mais em uma
observação de cuidado, é que busque orientação medica e nutricionista quando o uso for para
gestante e crianças.

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CONCLUSÃO

A Carapa guianensis Aublet é uma espécie nativa do Brasil, utilizada há muitos anos
pela medicina tradicional e representando uma saída para muitas comunidades da Amazônia e
do Nordeste que não possuem acesso a tratamentos em centros de saúde. Dos produtos dessa
espécie, o óleo extraído de suas sementes é o mais utilizado, apresentando baixo custo e alta
disponibilidade na região Amazônica.

A composição desse óleo – de sua fração saponificável que é rica em ácidos graxos,
sendo a maior parte insaturada, e sua fração insaponificável que é basicamente formada por
limonoides – retrata uma grande possibilidade de usos terapêuticos, ressaltando que o
entendimento da composição química e das características físicas do óleo é imprescindível
para se buscar o esclarecimento quanto às suas propriedades medicinais, assim como de sua
possível atividade tóxica no organismo humano.

O presente trabalho apresentado demonstrou que o óleo das sementes de Andiroba


pode ser fonte de vários compostos bioativos a serem utilizados pelas indústrias farmacêuticas
e de cosméticos, entretanto, em razão de se tratar de matéria vegetal, a qual pode sofrer
influência de fatores tais como solo, clima, região onde se localiza a árvore, modo de
extração, que podem alterar sua composição química, mais estudos científicos devem ser
realizados levando-se em conta essas particularidades e buscando melhor elucidar as ações
terapêuticas desse óleo.

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REFERENCIA BIBLIOGRAFICA

AB’SABER, A. N. O suporte geoecológico das florestas beiradeiras (ciliares). In:


RODRIGUES, R. R.; LEITÃO FILHO, H. de F. (Ed.). Matas ciliares: conservação e
recuperação. São Paulo: Ed. da USP: Fapesp, 2000. p. 15-25.

ALENCAR, J. da C.; ARAÚJO, V. C. de. Comportamento de espécies florestais amazônicas


quanto à luminosidade. Acta Amazonica, Manaus, v. 10, n. 3, p. 435-444, 1980.

AZEVEDO, C. P. de et al. Formação de mudas de andiroba (Carapa guianensis Aubl. -


Meliaceae): I resposta a diferentes níveis de sombreamento. Revista da Universidade do
Amazonas. Série: Ciências Agrárias, Manaus, v. 6, n. 1/2, p. 1-12, jan./dez. 1997.
amazônica. Manaus: FUA: LBA: INPA, 1989. 135 p.

EMBRAPA ACRE. Andiroba. Rio Branco, 2002. Folder

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