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CASTANHA DO

BRASIL
capacidade antioxidante e seus efeitos
na prevenção e tratamento das doenças
crônicas não transmissíveis

Beatriz Vidon Garcia Pinheiro


Universidade Federal do Rio de Janeiro
Trabalho de conclusão de curso da especialização
em Nutrição Clínica
Rio de Janeiro 2019
SUMÁRIO

1. Introdução........................................................................3
2. Capítulo 1.........................................................................5
2.1 Origem das Plantas......................................................6
2.2 Características sobre o plantio.....................................7
2.3 Aspectos econômicos...................................................8
2.4 Toxidade.....................................................................10
3. Capítulo 2...........................................................................11
3.1 Consumo da castanha: semente e óleo.......................12
3.2 Diferenças físico-químicas da castanha do Brasil .....13
4. Capítulo 3. Dispidemia................................................... .15
5. Capítulo 4. Hipertensão......................................................19
6. Capítulo 5. Câncer..............................................................21
7. Capítulo 6. Estética............................................................23
8. Capítulo 7. Receitas com castanha do Brasil.....................25
9. Referências Bibliográficas.................................................30

2
INTRODUÇÃO

A castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa H.B.K.)é uma das


plantas mais nobres e valiosas originária da região Amazônica.
Apresenta porte majestoso e frondoso, com copa dominante na
região onde se encontra, chegando a medir cerca de 30 – 50 me-
tros de altura e 5 metros de diâmetro na base do tronco. A planta
é encontrada comumente em agrupamentos conhecidos como
“castanhais”, em planaltos (terra firme) da floresta Amazônica.
A amêndoa da castanha-do-
-brasil é reconhecida no mun-
“alimento mais
do inteiro como o alimento rico em selênio
mais rico em selênio (Se), (Se)”
sendo crescente o desenvol-

vimento de pesquisas que cada vez mais comprovam seus efeitos


benéficos na saúde humana. Essa oleaginosa de elevado valor
energético, é rica em proteínas de alto valor biológico.
INTRODUÇÃO

Apresenta muitos outros constituintes indispensáveis a uma boa


alimentação, além do selênio, antioxidante que vem sendo referido
na prevenção de câncer, doenças cardiovasculares e muitas outras.
No caso de doenças crônicas não transmissíveis, como ateros-
clerose, câncer, artrite, cirrose e enfisema, há fortes indícios de que
o selênio atue como elemento protetor, desempenhando um papel
antioxidante porque é o principal constituinte de enzimas antioxi-
dantes que são expressas em vários tecidos, incluindo o cérebro.
As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) represen-
tam a maior carga de morbimortalidade no Brasil. Em 2009, após
correções para causas mal definidas e sub-registro, responderam
por 72,4% do total de óbitos. As quatro doenças – doenças cardio-
vasculares, neoplasias, doenças respiratórias crônicas e diabetes –
responderam por 80,7% dos óbitos por doenças crônicas. As Do-
enças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) representaram 70%
das mortes globais em 2015, sendo que três quartos dessas mortes
ocorreram em países de baixa e média renda.
Segundo Ministério da Saúde aproximadamente 57,4 milhões de
pessoas possui pelo menos uma doença crônica não transmissível
(DCNT) no país. Em 2011, o Ministério da Saúde lançou seu Plano
de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT, englobando
três eixos fundamentais – Vigilância, Informação e Monitoramen-
to; Promoção da Saúde; e Cuidado Integral. Esses eixos enfatizam
ações populacionais para controlar as doenças cardiovasculares,
diabetes, câncer e doença respiratória crônica, predominantemente
pelo controle do fumo, inatividade física, alimentação inadequada
e uso prejudicial de álcool.
01 Capítulo
ORIGEM DA PLANTA
A castanheira-do-Brasil (Bertholletia A área de ocorrência da castanheira
excelsa Bonpl., Lechytidaceae) é uma das abrange as regiões amazônicas, estenden-
árvores-símbolo da Amazônia, devido a do-se da Bolívia, Peru e Brasil, até o es-
sua importância social, ecológica e eco- cudo das Guianas, compreendendo o Su-
nômica para a região. riname, as Guianas e o sul da Venezuela,
Milhares de famílias de extrativistas e na região do Rio Negro.
produtores rurais utilizam a semente da As áreas de terra firme são oslocais em
castanheira como importante fonte de ren- que a espécie apresenta bom desenvol-
da e alimento. É popularmente conhecida vimento, não tolerando áreas alagadasou
como castanha-do-pará ou castanha-do- de grande retenção de água. Ocorre agru-
-Brasil e, mais recentemente, castanha- pamentos de 50 a 100 indivíduos, com 1
-da-amazônia (WADT; KAINER, 2012). a26 árvores adultas por hectare. Espécie
semidecídua, heliófita, característica da
Amazônia ocorrendo em determinados lo-
cais com grande frequência formando os
chamados castanhais, porém, sempre em
associação com outras espécies de grande
porte.

“Castanha
do
Pará”

Castanheira-do-Brasil (Bertholletia excelsa Bonpl., Lechytidaceae)


CARACTERÍSTICAS SOBRE O PLANTIO

A Bertholletia excelsa é originária da re-


gião Amazônica e presenta porte majestoso
e frondoso, com copa dominante na região
onde se encontra, chegando a medir cerca
de 30 – 50 metros de altura e 5 metros de
diâmetro na base do tronco.
Plantas provenientes de sementes po-
dem iniciar a frutificação aos oito anos e
somente aos doze anos, atingem a produ-
ção normal, desde que sejam plantadas a
céu aberto, enquanto as castanheiras en-
xertadas podem iniciar a produção de fru-

A floração da castanheira ocorre entre o final da estação secae durante toda a estação
chuvosa, ou seja, entre os meses de outubro a janeiro, sendovariável de região para região
amazônica como, por exemplo, se compararmos o queacontece no oeste do Acre com o
leste do Pará.

De modo geral, a frutificação ocorre no


período entre outubro a março, podendo se
estender até abril em algumas regiões e o
pico de queda dos frutos entre os meses de
dezembro a fevereiro.
ASPECTOS ECONÔMICOS

A abertura dos portos da Amazônia ao comér-


cio exterior, em 1866, permitiu a expansão da
produção e a comercialização da castanha-do-
-brasil no exterior.
A partir dessa época, a coleta de castanha pas-
sou a ser uma importante atividade econômi-
ca na Amazônia, especialmente nas regiões de
Manaus e Belém. Ainda nos dias de hoje, prati-
camente toda a produção de castanha-do-brasil
vem do extrativismo (WADT; KAINER, 2012).

As sementes são muito apreciadas no exterior, onde são conhecidas


como Brazilian nuts ou Brazil nuts, sendo que entre os principais con-
sumidores da castanha-do-brasil estão os EUA eaEuropa, para onde as
castanhas são exportadas. Logo, toda essa prática de comercialização
dentro do nosso país passa a ser uma grande fonte de renda para os povos
que vivem e dependem desta planta em toda Amazônia (SOUZA et al.,
2008).
A castanheira uma das plantas mais nobres e valiosas da Amazônia
Ocidental e, atualmente, é o produto vegetal extrativo mais importante
da Amazônia em valor ecológico, social, econômico e alimentar. Entre-
tanto, apesar da importância, a maior parte do produto é comercializado
apenas descascado, in natura, ou descascado e desidratado para melhor
conservação.
Pode-se dizer que a atual tecnologia empregada no Brasil, para o be-
neficiamento e adiversificação alimentar da castanha não sofreu grandes
evoluções.
ASPECTOS ECONÔMICOS
O valor da produção primária florestal do Brasil em 2006 foi de cerca de R$ 10,9
bilhões e a castanha-do-brasil movimentou cerca de R$ 43,9 milhões (MDIC/SECEX,
2009). A produção brasileira de castanha concentra-se nos Estados do Amazonas, Pará,
Acre, Rondônia, Roraima e Mato Grosso, sendo que os três primeiros são responsáveis
por 80% do volume produzido.
O Acre é o maior produtor e a cadeia produtiva neste Estado envolve cerca de 15 mil
famílias que dependem da atividade extrativista. A maior parte da castanha brasileira é
exportada in natura principalmente para a Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos e os
países concorrentes são a Bolívia e o Peru.

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Na cadeia produtiva da castanha existe a necessidade de diversificação da pro-


dução, de modernização da estrutura produtiva do extrativismo e também de ga-
rantir a infraestrutura econômica para a produção e fortalecer a implantação da
pesquisa aplicada ao desenvolvi­mento de produtos que vêm da biodiversidade. O
desenvolvimento regional só será possível quando aumentarem os investimentos
em pesquisas e tecnologias apropriadas, realizadas pelo setor público ou por em-
presas privadas.
TOXIDADE
A castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa) é um dos pro-
dutos alimentícios que apresenta maior teor de selênio. Um
exemplo de comparação dos teores de Se na castanha com
demais alimentos foi o trabalho realizado por Barclay, Ma-
cpherson e Dixon (1995) onde foi feita uma avaliação de teo-
res médios de Se em diversos alimentos consumidos no Reino
Unido. Estes autores analisaram 700 amostras de 100 tipos
diferentes de alimentos, e encontraram a maior concentração
de Se em castanha-do-brasil, com um teor máximo de 2,54 mg
kg.

O Se é um nutriente essencial que desempenha papel fun-


damental na biologia humana. Isto tem se tornado cada vez
mais óbvio à medida que novas pesquisas vêm mostrando seu
papel inquestionável em áreas importantes da saúde. Desem-
penha um papel antioxidante porque é o principal constituinte
de enzimas antioxidantes que são expressas em vários tecidos,
incluindo o cérebro.
Uma quantidade de selênio diária menor
ou igual a 11µg/dia leva à deficiência, en-
quanto valores acima de 850µg/dia levam
à toxicidade por esse elemento (ESTADOS
UNIDOS -NCR, 2001).

Dentre os sinais de toxicidade de selênio, podemos encontrar náuseas, odor de alho


na respiração, perda de cabelo, unhas quebradiças com pontos brancos, lesões na pele,
fadiga, entre outros (SILVA, 2002; WHO, 1993).
O limite superior tolerável de ingestão (UL) relativo ao selênio é 400 /dia. Uma inges-
tão acima de 910 /dia pode causar alterações nas unhas das mãos e dos pés (ESTADOS
UNIDOS – NRC, 2001).
02 Capítulo
CONSUMO DE CASTANHAS:
SEMENTE E ÓLEO

Durante o descascamento manual


da castanha-do Brasil, ocorrem da-
nos mecânicos na amêndoa, pois a
casca é constituída de material endu-
recido, principalmente celulose e es-
clerídeos, dificultando, assim, a sua
retirada.

Portanto, após o descascamento é realizada a separação das amêndoas trin-


cadas, quebradas ou rachadas, etc. Em seguida as amêndoas intactas são clas-
sificadas por tamanho e tipo, embaladas a vácuo para seremcomercializada no
exterior, enquanto as amêndoas dequalidade inferior são embaladas em sacos
plásticossimples com capacidade para 500g cada e destinadas aoconsumo inter-
no, conforme observado no mercado local (Souza, 1984).

As sementes, conhecidas popularmente como


castanhas ou amêndoas, são muito apreciadas na
alimentação e fornecem um óleo de alta qualidade
usado na culinária e na indústria de cosméticos. Os
frutos (ouriços) são aproveitadospara produção de
objetos artesanais e como combustível, especial-
mente no processo de defumação da borracha.
DIFERENÇAS NA COMPOSIÇÃO FÍSICO-
QUÍMICA DA CASTANHA DO BRASIL

A Castanha-do-Brasil é uma boa fonte de fibra alimentar presente na con-


centração de 8,02 % de fibra (MENEZES e SOUZA, 2004), com predomi-
nância de fibras insolúveis. Esses teores consideráveis de fibras insolúveis,
cujo consumo está associado ao aumento do bolo fecal e à prevenção de pro-
blemas entéricos, valorizam ainda mais esse alimento na promoção da saúde
humana (MAHAN e ARLIN, 2005).
Esta oleaginosa apresenta características peculiares quanto a sua compo-
sição química e nutricional, pois é rica em proteínas, contendo aminoácidos
essenciais, ácidos graxos poli-insaturados, como o linoleico de grande valor
nutricional, minerais como selênio, cálcio, fósforo, magnésio, além de vita-
minas do complexo B (SOUZA, 2004).

Tabela. Composição proximal e conteúdo de selênio na amêndoa e farinha de Castanha-do-Brasil.


DIFERENÇAS NA COMPOSIÇÃO FÍSICO-
QUÍMICA DA CASTANHA DO BRASIL

Quanto ao quantitativo de selênio, de acordo


com Santos (2012), uma única amêndoa pode for-
necer 120 µg/g deste mineral, sendo que a inges-
tão diária para homens e mulheres deve ficar em
torno de 55µg/g (AMAYA-FARFAN, DOMENE e
PADOVANI, 2001). No presente estudo, uma cas-
tanha (média de 5,72 g) apresentou 248,82 µg/g
de selênio, um pouco inferior ao constatado por
Cominetti (2010), que foi de 290,5 µg/g.

Os resultados encontrados demonstraram que


seriam necessários o consumo de apenas duas cas-
tanhas, ou o correspondente em farinha, para atin-
gir o valor do Limite Superior Tolerável de Inges-
tão (UL) de selênio de 400 μg/dia, que foi fixado
devido ao risco de desenvolvimento de selenose
(WHANGER, 2004).

Portanto, o consumo adequado da amêndoa


ou farinha de Castanha-do-Brasil, em função do
quantitativo de selênio poderá proporcionar ação
antioxidante (FEWTRELL et al., 1999), melhora
da concentração de selênio no sangue e do perfil
lipídico, especialmente o da Lipoproteína de Bai-
xa Densidade (LDL-C), reduzindo assim os riscos
cardiovasculares (COMINETTI et al., 2012).
DISLIPIDEMIA

A dislipidemia é definida como distúrbio que altera os níveis séricos


dos lipídeos (gorduras). Assim como a hipertensão, também é um dos
fatores de risco para ocorrência de doenças cardiovasculares (DCV) e
cerebrovasculares, dentre elas aterosclerose (espessamento e perda da
elasticidade das paredes das artérias), infarto agudo do miocárdio, do-
ença isquêmica do coração (diminuição da irrigação sanguínea no cora-
ção) e AVC (derrame).
Para reduzir o risco de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e
outros eventos cardiovasculares, são indicados tratamentos não medi-
camentosos (basicamente relacionados à alteração do estilo de vida) e
medicamentosos, dentre esses as estatinas.
De acordo com o tipo de alteração dos níveis séricos de lipídeos, a
dislipidemia é classificada como: hipercolesterolemia isolada, hipertri-
gliceridemia isolada, hiperlipidemia mista e HDL-C baixo.
Em 1998 foi conduzido um estudo de avaliação das taxas de CT em
nove capitais brasileiras com 8.045 indivíduos. Como resultado, obser-
varam que 38% dos homens e 42% das mulheres possuíam CT acima de
200mg/dL e, comparativamente, os valores do CT foram mais altos no
sexo feminino e nas faixas etárias mais elevadas.
Devido ao alto índice do distúrbio no Brasil, em 2002 o Ministério
da Saúde estabeleceu o primeiro protocolo clínico para o tratamento de
dislipidemias em pacientes de alto risco de desenvolver eventos cardio-
vasculares, que está em fase de revisão.
Fatores como obesidade, tabagismo, sedentarismo e dislipidemia es-
tejam associados com a aterogenese e com isso, envolvidos na formação
de substâncias pro inflamatórias como citocinas, moléculas de adesão,
quimiocinas e EROS.
DISLIPIDEMIA

Quanto aos ácidos graxos insaturados, o


óleo de Castanha-do-Brasil contém majori-
tariamente ácidos graxos monoinsaturados
e polinsaturados, com 75,15 % de ácidos
graxos insaturados, sendo 29,83 % de ácido
oleico (w9) e de 42,36 % de ácido linoleico
(w6).
Os quantitativos desses ácidos graxos de-
monstraram similaridade com os identifica-
dos por Santos (2012) e Poeta (2009). Em
função de sua qualidade, de acordo com
Gutierrez, Regitano-D`arce e Rauen-Miguel
(1997), o óleo de Castanha-do-Brasil é reco-
nhecido como um óleo fino de mesa.
Tabela. Composição de ácidos graxos na Castanha-do-Brasil.

A presença de ácidos graxos po-


linsaturados na alimentação, pro-
movem a diminuição de lipoproteí-
nas de baixa densidade (MENSINK
et al., 1992), e os ácidos graxos mo-
noinsaturados são responsáveis pela
conservação de lipoproteínas de alta
densidade (DE BRUIN et al., 1991).

Assim a identificação destes ácidos graxos no presente estudo, evidencia


a qualidade funcional do óleo de Castanha-do-Brasil, que pode ter um papel
fundamental na prevenção de dislipidemias.
HIPERTENSÃO
Sabe-se que o Selênio é necessário ao cres-
cimento e desenvolvimento normal, atuando
pincipalmente como antioxidante junto com
a vitamina E, para proteger as membranas das

SELÊNIO células e prevenir a geração de radicais livres,


diminuindo assim, o risco de câncer, doenças
do coração e dos vasos sanguíneos.
Previne a oxidação de ácidos graxos insatu-
rados, desacelera o envelhecimento dos teci-
dos, provocado pela oxidação e ajuda na ma-
nutenção da função cardíaca adequada.
É reconhecido como necessário para ade-
quada manutenção da função imunológica e
preservação da elasticidade do tecido (HA-
LIWELL, 1992).
A Síndrome Metabólica (SM) está associada a uma série de fatores de risco que
predispõem ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares que incluem infarto,
acidentes isquêmicos e doença vascular periférica, e desenvolvimento do diabetes
do tipo.

ANTIOXIDANTE
Uma das funções biológicas mais importantes do selênio é de funcionar como
constituinte da Glutationa Peroxidase (GPx), enzima antioxidante que decom-
põe peróxidos lipídicos e inorgânicos. Concentrações baixas de selênio foram
associadas à ocorrência de aterosclerose e hiperhomocisteinemia. As principais
fontes dietéticas de ácidos graxos monoinsaturados (oleico) são óleo de oliva,
óleo de canola, azeitona, abacate e oleaginosas (amendoim, castanhas, nozes,
amêndoas).
CÂNCER

As funções do Se no organismo remetem a atividade e concentração de seleno-


proteínas específicas tais como a glutationa peroxidase e selenoproteínas P(SePP),
que são conhecidas por reduzir o estresse oxidativo, inflamação e danos no DNA,
implicando no risco de desenvolvimento de câncer.
Evidências têm demonstrado que distúrbios do metabolismo são comuns em
células tumorais, levando ao aumento do estresse oxidativo. Segundo Cutler, este
é definido como um desequilíbrio entre antioxidantes e espécies reativas de oxi-
gênio (EROs) a favor dos últimos. As EROs, que incluem radicais livres, são
continuamente produzidas no corpo e têm importante papel fisiológico em baixas
concentrações.
Em altas concentrações, devido a sua alta reatividade, as EROs causam lesões
irreversíveis através de alterações oxidativas em lipídios, proteínas e no DNA.
Suspeita-se que alterações nestas estruturas estejam ligadas ao desenvolvimento
de várias patologias humanas incluindo o câncer.
O selênio (Se), um micronutriente com importante ação antioxidante, como um
agente antimutagênico, prevenindo transformações malignas de células normais.
Este efeito protetor do selênio foi primeiramente associado com sua presença na
glutationa peroxidase e na tioredoxina redutase, enzimas que são conhecidas por
proteger o DNA e outros componentes celulares do dano oxidativo.
Selênio é um nutriente essencial com potencial anticarcinogênico, particular-
mente quando suplementado. O efeito benéfico do selênio com relação aos estu-
dos pros­pectivos parece estar mais relacionado ao câncer de pulmão, de esofágico
e gástrico da cárdia e, principalmente, o câncer de próstata, como também o ade-
noma colorretal (RAYMAN, 2005). Estudos mostram que existem evidências
que ligam o selênio à diminuição de danos à pele, formação de tumor e mortali-
dade geral após a exposição à radiação UVB. Nos seres humanos, demonstrou-se
que a deficiência em selê­nio está associada com o aumento de até quatro vezes no
desenvolvimento de câncer de pele.
A CASTANHA: EXTRATIVISMO

O aumento do uso de produtos naturais como in-


sumos para a indústria de cosmético (nacional e in-
ternacional) levou a um aumento da demanda pelo
óleo de castanha. A partir de dados de oferta e de-
manda, foi possível observar que a produção não
variou muito, pois na castanha e em outros produtos
da biodiversidade, a oferta depende dos ciclos da
natureza e também da acessibilidade às zonas pro-
dutivas.
Existem também dificuldades de padronizar a
produção, tanto em relação à qualidade como em
quantidade, devido às influências das condições cli-
máticas

Extrativismo: é a atividade de simples coleta de recursos de


origem mineral, animal ou vegetal e, no caso do extrativismo
vegetal, não ocorrem práticas de cultivo e beneficiamento.
A CASTANHA: COSMÉTICOS

Em 1969 a Natura foi inaugurada com a proposta de utilizar componentes na-


turais no preparo de seus produtos e, a partir de então, novos passos são traçados
na busca por gerar uma empresa sustentável. Já em 1983 a empresa surgiu com
a proposta de trabalhar com refis de seus produtos, poupando, assim, a utilização
excessiva de embalagens compostas por plástico. O impacto obtido é em média
50% menor sobre o meio ambiente do que as embalagens convencionais.

A Natura é a única marca brasileira a receber o selo UEBT, (União para o


BioComércio Ético), associação internacional sem fins lucrativos, que confirma
que todos os ingredientes vegetais da formulação dos produtos Ekos passaram
por um sistema que avalia princípios e práticas que garantem a manutenção dos
ecossistemas, repartição justa dos benefícios pelo uso da biodiversidade e do co-
nhecimento tradicional associado, respeito pelas condições de trabalho, geração
de renda e desenvolvimento local, entre outros pontos.
07
Capítulo

Receitas
FAROFA DE CASTANHA

Ingredientes: Modo de Preparo:

1 xícara de farinha de 1Refogue a cebola na manteiga até


mandioca crua que ela fique transparente.
70 g de manteiga Junte as bananas e as castanhas.
1/2 cebola picadinha Refogue bem até que as bananas
2 bananas passas picadinhas fique mais macias e inchem um
5 castanhas do Pará pouco.
picadas Junte a farinha e toste ligeiramente.
Sal a gosto Tempere com sal e sirva.

PARMESÃO DE CASTANHA

Ingredientes: Modo de Preparo:

1/2 xícara de castanha do 1RRale as castanhas no ralador


pará fino e misture com os demais
1 colher de sopa de levedo ingredientes. Experimente e
de cerveja (também ajuste os temperos a gosto, se
chamado de levedura) necessário. Mantenha na
1 colher de chá de sal geladeira em um recipiente
1/2 colher de chá fechado, dura aproximadamente
de pimenta do reino em pó um mês.
LEITE DE CASTANHA

Modo de preparo:

Coloque as castanhas-do-pará em uma vasilha, cubra com o dobro de


água e deixe de molho por 8 horas. Escorra, lave e coloque em um
liquidificador juntamente com a água filtrada e bata por 1 minuto. Em
seguida coe em peneira bem fina, tecido ou use um filtro de pano. Se
necessário, coe mais uma vez, para ficar bem fino. Está pronto!

queijo de castanha

Ingredientes: Modo de Preparo:

12/3 xícara de Macadâmia ou 1Bata no liquidificador as castanhas


Cajú ou Castanha do Pará e a água. Em uma panela, cozinhe
1 ½ xícara água as castanhas batidas com agar-
3 colheres de chá de gelatina agar. Mexa continuamente por 2
Agar-agár minutos, após levantar fervura.
1 colher de sopa de azeite Desligue o fogo e continue
½ colher de sal mexendo, adicione o azeite, sal e
1 pitada de açafrão, ou temperos. Coloque em forminhas e
outros temperos a gosto espere esfriar para desenformar.
panqueca de castanha
Ingredientes: Modo de Preparo:

50 g castanha do Pará No processador de alimentos


1 ovo médio coloque a Lâmina Central, a
200 g leite castanha e pique pressionando o
botão Pulsar por 4 vezes. Reserve.
20 g açúcar demerara ou
No liquidificador coloque o ovo, o
mascavo
leite, o açúcar, a aveia, as farinhas,
60 g flocos de aveia finos
a manteiga, o sal e bata 10
30 g farinha integral seg/velocidade mín.
20 g farinha de trigo Adicione 40 g da castanha triturada,
20 g manteiga o fermento e bata 5 seg/velocidade
1 pitada de sal mín.
½ c. de chá de fermento Em uma frigideira anti-aderente
químico em pó coloque 1 concha pequena de massa,
Banana cortada a gosto deixe dourar e vire. Sirva com
Canela em pó a gosto banana, canela, mel e a restante
Mel a gosto castanha.

molho pesto
Ingredientes: Modo de Preparo:

11 xícara de manjericão fresco 1Amasse os dentes de alho e junte


250 ml de azeite de oliva o sal. Lave bem as o manjericão
extra virgem e seque. Junte tudo no
1 colher de chá de sal liquidificador, a pasta de alho
2 dentes de alho com sal, as folhas de manjericão
1/2 xícara de castanha do e os demais ingredientes e bata
pará ou nozes ou pinoli (sem até ficar homogêneo.
casca) Experimente e veja se há
100 gramas de queijo necessidade de colocar mais sal.
parmesão ralado ou queijo Você pode armazenar em um
peccorino pote de vidro esterilizado e
pimenta do reino a gosto manter na geladeira..
cookie de quinoa e castanha
Ingredientes: Modo de Preparo:

1 xíc. (chá) de quinoa em Misture todos os


flocos ingredientes secos em
3/4 xíc. (chá) de farinha de uma tigela. Bata com um
castanha do pará (triturei garfo os ovos com o
as castanhas no óleo e o mel. Despeje na
processador) - pode utilizar tigela e misture até
formar uma massa.
outro tipo de castanha
Forme os cookies com
3/4 xíc. (chá) de
ajudar de uma colher e
açúcar demerara (pode
coloque em uma
diminuir para 1/2 xícara) assadeira untada com
1 c. (sopa) de farinha de óleo (não achate demais
arroz integral as bolinhas senão vai
1 c. (sopa) de cacau em pó ficar seco).
puro sem adição de açúcar Leve ao forno médio
2 ovos (180 graus) pré-aquecido
3 c. (sopa) de óleo por aproximadamente 15
1 c. (sopa) de mel minutos.

sorvete de banana, morango e castanha


Modo de Preparo:

Ingredientes: Em um processador, despeje as


frutas congeladas e picadas,
13 bananas prata bem maduras bata aos poucos até que forme
congeladas um creme liso e homogêneo.
1 caixa pequena de morangos Agora é só colocar em um
congelados recipiente de vidro e voltar ao
5 castanhas-do-Brasil congelador por 30min
trituradas Retire a porção que deseja
comer e despeje as castanhas
trituradas
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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revisada e ampliada. Campinas – SP.

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