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FACULDADE DE MEDICINA
CANOAS
2022
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SUMÁRIO
Adenomiose...................................................................................................................3
Hipertensão Arterial Sistêmica......................................................................................5
Anemia Ferropriva na Infância......................................................................................8
Dislipidemia.................................................................................................................10
Diabetes Mellitus 2......................................................................................................12
Rastreios (câncer de mama e de colo de útero).........................................................14
Pré-natal de baixo risco...............................................................................................16
Esquizofrenia...............................................................................................................18
Transtorno do desenvolvimento da fala ou da linguagem..........................................21
Ideação suicida...........................................................................................................23
REFERÊNCIAS...........................................................................................................26
Adenomiose
Subjetivo: PMS, feminina, 44 anos. Queixa de sangramento uterino anormal
investigado em ginecologista particular. Descobriu adenomiose há 3 meses por
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ultrassonografia transvaginal. Na época, foi prescrito Cerazette, que melhorou
discretamente o sangramento e a cólica (sic). Relata que sangramento e
dismenorreia pioraram após laqueadura há 5 anos. Agora sangra todos os dias,
embora tenha diminuído quantidade pela metade do que tinha antes de iniciar
anticoncepcional oral. No momento, solicita encaminhamento para fazer cirurgia
para adenomiose.
Objetivo: BEG, LOC, MUC, afebril, eupneica, ativa e deambulando. PA no momento
170x100. Ultrassonografia de abdome total não mostrou alterações.
Ultrassonografia transvaginal com doppler colorido evidenciou útero globoso de
dimensões aumentadas, textura e vascularização heterogênea do miométrio,
sugerindo adenomiose. Não há evidência de lesão expansiva na pelve. Ausência de
líquido livre na cavidade peritoneal pélvica.
Colposcopia foi negativa para lesão intraepitelial ou malignidade na amostra
analisada. Presença de metaplasia escamosa e desvio da flora sugestivo de
vaginose bacteriana, inflamação que inclui reparo típico.
Mamografia com presença de calcificações esparsas isoladas e de aspecto benigno
bilateralmente. BIRADS 2.
Alterações em exames laboratoriais, somente CA-125 de 53,10.
Avaliação: hipótese diagnóstica CID: N800 – endometriose de útero (ou
adenomiose)
Plano: mantenho Cerazzete, prescrevo analgesia e encaminho para serviço de
ginecologia para avaliação cirúrgica, conforme desejo da paciente. Orientações
gerais.
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Hipertensão Arterial Sistêmica
Subjetivo: LFCB, feminina, 50 anos. Relata episódios de pressão alta. Veio trazendo
controle de PA solicitado pela médica. Diz estar na menopausa, acompanhando com
ginecologista, que a prescreveu paroxetina 20mg 1 comprimido pela manhã e
aplause 1 comprimido ao dia há 2 dias; também solicitou exames laboratoriais.
Solicita encaminhamento para fisioterapeuta por conta de dor em membros
superiores bilateralmente há 7 anos.
Objetivo: BEG, LOC, MUC, afebril, eupneica, ativa, deambulando. PA no momento
de 140x100. Registros de PA (29/09 ao dia 14/10/2022):
- 29/09: 120x80
- 30/09: 140x80 M
- 03/10: 130x80 M
- 05/10: 130x90 T
- 06/10: 150x100 T
- 07/10: 140x90 T
- 10/10: 140x90
- 14/10: 140x90 M
Avaliação: z00 – Exame Geral
Plano: Encaminho paciente para fisioterapia. Solicito acompanhamento da PA por
mais uma semana na UBS. Orientações gerais.
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A etiologia exata da hipertensão primária (essencial) permanece incerta, mas se
conhecem muitos fatores de risco fortemente associados ao desenvolvimento do
quadro: idade, obesidade (principal fator de risco), história familiar, raça (negros),
número reduzido de néfrons, dieta rica em sódio, consumo excessivo de álcool,
inatividade física. E causas secundárias (hipertensão secundária) ou contribuintes
de hipertensão também são bem estudadas: medicamentos (anticoncepcionais
orais, uso crônico de anti-inflamatórios não esteroidais, antidepressivos, corticoides,
descongestionantes, metilfenidato, antipsicóticos atípicos), uso de drogas ilícitas,
doença renal primária, aldosteronismo primário, hipertensão renovascular, apneia
obstrutiva do sono, feocromocinoma, síndrome de Cushing, outros distúrbios
endócrinos e coarctação da aorta.
A recomendação da AHA para diagnóstico de hipertensão usando MAPA é: uma
média de 24 horas de sistólica de pelo menos 125 mmHg ou diastólica de pelo
menos 75 mmHg; média diurna (acordado) de pelo menos 130 mmHg ou diastólica
de pelo menos 80 mmHg; média noturna (dormindo) de pelo menos sistólica 110
mmHg ou diastólica de pelo menos 65 mmHg; sendo que, segundo o UpToDate, a
média diurna é a mais útil dessas definições. Hipertensão do avental branco
(consistentemente elevada no consultório, mas não fora dele) e hipertensão
mascarada (consistente elevada fora do consultório, mas não nele) só podem ser
definidas com a aferição feita repetidas vezes no consultório e fora dele.
Já na MRPA, os pacientes precisam ser muito bem orientados (com treinamento
prévio com supervisão médica). Aqui devem ser obtidas pelo menos 12 a 14
medições, com medições de manhã e de noite durante uma semana por mês. A
média de todas as leituras disponíveis deve ser usada para tomada de decisão
clínica. A pressão arterial medida em casa é melhor que a medida na consulta e se
aproxima mais da MAPA.
Um paciente pode ter o diagnóstico de hipertensão em outros cenários. Por
exemplos na urgência ou emergência hipertensiva (pelo menos 180 mmHg de
sistólica ou pelo menos 120 de diastólica). Outros exemplos são se estiver com PA
sistólica de pelo menos 160 mmHg ou pelo menos 100 mmHg de diastólica e já tiver
lesão de órgão-alvo conhecida (hipertrofia ventricular esquerda, retinopatia
hipertensiva, doença cardiovascular isquêmica). Já as complicações da hipertensão
incluem hipertrofia ventricular esquerda, insuficiência cardíaca, AVE isquêmico,
hemorragia intracerebral, doença cardíaca isquêmica, doença renal crônica e
doença renal terminal.
A técnica para aferição da pressão arterial adequada é padronizada, consistindo,
objetivamente, em 6 etapas: preparar adequadamente o paciente, usar a técnica
adequada para as medições, fazer medições adequadas necessárias para
diagnóstico (pelo menos duas medidas) e tratamento da pressão arterial elevada,
documentar adequadamente as leituras (usar número par mais próximo), média das
leituras e fornecer leituras de pressão arterial ao paciente (verbalmente e por
escrito).
No tratamento, a modificação no estilo de vida deve ser prescrita para todos os
pacientes: restrição de sal na dieta, suplementação de potássio (pela dieta, a menos
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que seja contraindicada), perda de peso, dieta DASH, exercício e ingestão limitada
de álcool. Já o tratamento farmacológico deve ser uma decisão clínica
(principalmente no estágio 1), baseada em um acordo entre o médico e o paciente.
O UpToDate recomenda iniciar tratamento farmacológico nos seguintes pacientes
hipertensos: sistólica de pelo menos 135 mmHg ou diastólica de pelo menos 85 fora
do consultório, ou médias fora do consultório de pelo menos 130 de sistólica ou 80
de diastólica com doença renovascular ou DM2 associado ou risco estimado de 10
anos de pelo menos 10%.
Sobre a escolha do medicamento, as diretrizes concluem que diminuir a pressão
arterial é \a prioridade e não o medicamento em si. Porém, recomenda-se escolher
uma das 4 seguintes classes (não havendo diferença significativa na mortalidade
cardiovascular entre os grupos): diuréticos tiazídicos, bloqueadores dos canais de
cálcio de ação prolongada, inibidores da enzima converso de angiotensina e
bloqueadores do receptor de angiotensina II. Na terapia inicial, costuma-se optar por
um IECA ou um BRA em monoterapia em pacientes com nefropatia. Se um fármaco
não baixa a PA no alvo desejado, recomenda-se acrescentar outro anti-hipertensivo
ao invés de aumentar a dose do inicial, pois isso tem um efeito hipotensor maior com
menos efeitos adversos. Autores sugerem uma meta de alvo menor que 130 mmHg
de sistólica e menor que 80 mmHg de diastólica, porém, o UpToDate recomenda
uma meta menos agressiva para pacientes com PA lábil ou hipotensão postural,
pacientes com efeitos colaterais de vários medicamentos anti-hipertensivos,
pacientes com 75 anos ou mais com alta carga de comorbidade ou pressão arterial
diastólica menor que 55 mmHg.
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Anemia Ferropriva na Infância
Subjetivo: VMC, feminina, 2 anos. Vem à consulta acompanhada da mãe por queixa
prévia de anemia diagnosticada há 2 meses. Relato de prescrição de vitamina, que,
segundo a mãe, teve alergia e não pode seguir tratamento. Vitamina com sulfato
ferroso (aparecimento de bolinhas pelo corpo). Mãe relata que filha come pouco; e
tem se alimentado com muitas porcarias no momento.
Objetivo: BEG, MUC, afebril, eupneica, ativa, deambulando. Peso atual 15,5 kg,
Altura 0,99 m, IMC 15,55 (eutrófica). Vacinas em dia.
Labs (04/08/2022): hb 9,8 / ht 31,9 / demais sem alterações
Avaliação: anemia – d649;
Plano: Prescrevo sulfato ferro suspensão oral, tomar 15 gotas no suco de laranja em
1 colher em sopa 1 vezes ao dia por 90 dias
Orientações gerais
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Recomenda-se triagem de rotina em todos os bebês de 4 a 24 meses, fazendo parte
da consulta de puericultura. Em populações de risco ou países em desenvolvimento,
essa triagem pode se estender.
Se a história e os laboratoriais forem condizentes com provável deficiência de ferro,
autoriza-se teste empírico de terapia com ferro. Porém, é necessária reavaliação
dentro de 4 semanas para confirmar resposta terapêutica (confirmar com novo
hemograma completo). O UpToDate recomenda iniciar com sulfato ferroso 3 mg/kg
de ferro elementar, uma vez ao dia pela manhã ou entre as refeições. Leite ou
produtos lácteos devem ser evitados uma hora antes e duas horas depois. O ferro
pode ser tomado sozinho, com água, suco ou frutas ácidas. Além disso, deve-se
fornecer aconselhamento dietético para garantir a ingestão adequada. Uma resposta
adequada da terapia é indicada pelo aumento da hemoglobina em mais de 1 g/dL
em 4 semanas de tratamento em anemia leve (Hb de 9 a 11 g/dL) ou dentro de 2
semanas para aqueles com anemia moderada ou grave (Hb menor que 9 g/dL).
Caso não haja aumento adequado da hemoglobina dentro do tempo proposto, as
crianças devem ser reavaliadas: tratamento ineficaz (não adesão, dosagem
incorreta), diagnóstico incorreto, perda de sangue ou má absorção deve ser
pensado. Caso tratamento obtenha resposta pretendida, deve-se continuar com o
mesmo, solicitando reavaliação em 3 meses.
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Dislipidemia
Subjetivo: MJS, feminina, 62 anos. Paciente vem à consulta trazendo exames.
Solicitou renovação de laudo com mais informações. Solicita remédio para dor.
Objetivo: BEG, LOC, MUC, afebril, eupneica, ativa, deambulando. PA no momento
de 140x80. Labs (13/10/2022): colesterol total 242 / triglicerídeos 223 / demais sem
alterações
Avaliação: E78 – distúrbios do metabolismo de lipoproteínas e outras lipidemias
Plano: Forneço laudo
Prescrevo paracetamol 500mg 1 comprimido de 6 em 6 horas se dor; dipirona em
gotas tomar 40 gotas de 6 em 6 horas se dor
Oriento dieta equilibrada, diminuindo carboidratos e gorduras da dieta para tentar
baixar o colesterol e os triglicerídeos
Orientações gerais
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Diabetes Mellitus 2
Subjetivo: ASNB, masculino, 63 anos. Vem trazendo exames. Relata que fez ECG
há 2 meses, mas que ainda não conseguiu resultado para trazer.
Objetivo: BEG, LOC, MUC, afebril, eupneico, ativo, deambulando.
PA no momento 130x80
Labs (08/08/2022): glicose 132 / hemoglobina glicada 6,1% / colesterol HDL 36 /
triglicerídeos 159 / demais exames, incluindo PSAs, normais
Avaliação: z00 – exame médico geral
Plano: Orientações gerais
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uma vez ao dia no jantar, que se bem tolerado, aumenta-se para uma segunda dose
no café da manhã; a dose pode ser aumentada lentamente (1 comprimido a cada
duas semanas) até atingir 2.000 mg/dia. A metformina acaba sendo a terapia inicial
por conta da eficácia glicêmica, ausência de ganho de peso e hipoglicemia,
tolerabilidade geral e custo favorável (muito mais barata que outras opções
disponíveis como os agonistas do receptor do peptídeo 1 semelhante a glucagon e
os inibidores do cotransportador de sódio-glicose 2). Além disso, não tem efeitos
cardiovasculares e parece reduzir eventos cardiovasculares. Fazemos o
monitoramento semestral do paciente que atingiu o alvo glicêmico ou
trimestralmente no paciente que ainda não atingiu a meta.
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Rastreios (câncer de mama e de colo de útero)
Subjetivo: JDD, feminina, 52 anos. Vem à consulta solicitando exames. Queixa de
tontura, fraqueza, desânimo e pouca dor ao urinar. Relata estar fazendo ginástica
em casa para se exercitar, sem melhora da disposição. Nega comorbidades e
medicamentos de uso contínuo. Nega tabagismo e elitismo. Relata alergia a
Buscopan EV. Cirurgia de mama para retirada de nódulos bilateral por volta de 2018,
diagnóstico posterior de nódulo benigno. Relato de último preventivo de 2018. Relato
de última mamografia de 2021.
Objetivo: BEG, LOC, MUC, afebril, eupneica, ativa, deambulando. PA no momento
120x80.
Avaliação: z000 – exame médico geral
Plano: Solicito exames laboratoriais, mamografia e preventivo do câncer de colo de
útero
Orientações gerais
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Pré-natal de baixo risco
Subjetivo: FBA, feminina, 21 anos. Paciente vem à consulta de rotina de pré-natal.
Relata que está bem, embora as cólicas tenham aumentado. Acredita ser devido ao
trabalho que tem que subir escadas várias vezes ao dia. Refere que não trouxe
exames pois não conseguiu pegar o laudo. Refere dor de cabeça todos os dias, sem
horário específico. Já tinha no começo da gestação, mas notou que agora aumentou
a intensidade e a frequência. Relata que dói toda a cabeça e que no início via pontos
de luz, mas que agora não vê mais. Refere que tem surgido várias bolinhas
vermelhas em todo corpo, que coça. Refere que está perdendo liquido, translucido,
em grande quantidade, há 1 mês.
Objetivo: BEG, LOC, MUC, ativa, eupneica, hidratada, deambulando.
AU: 29cm| BCF: 147bpm
Exames realizados no dia 26/09: HB 13.5| HT 41.9%| LEUCO 9100| PLAQUETAS
208.000| Teste tolerância de glicose: 71| TSH: 2,38| VDRL não reagente| EQU: sem
alterações| Urocultura: presença de multicolonização, sem sucesso de isolamento
bacteriano na amostra| Antibiograma: sem alterações
DUM 23/02/2022 DPP 30/11/2022 Gravidez planejada Tipo de gravidez:
única Risco: habitual
Edema: ausente AU 29 cm BCF 147 movimento fetal: sim
vacinação em dia: sim
Avaliação: Z34 – supervisão de gravidez normal
Plano: Orientações gerais
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O pré-natal deve iniciar no primeiro trimestre, idealmente até a 10º semana. A
primeira visita de pré-natal deve receber atenção especial. Algumas informações
fundamentais incluem história médica (incluindo informações sobre comorbidades,
medicações, alergias e uso de substâncias), história obstétrica (fatores de risco para
gravidez ectópica ou complicações em gravidez anterior), histórico médico familiar,
história cirúrgica, menstrual e ginecológica, histórico da gravidez atual (se
planejou/deseja gestar), história psicossocial (desejo de gestar, deficiência cognitiva,
falta de acesso, saúde mental, habitação, alimentação). Informações importantes a
serem fornecidas pelo exame físico incluem pressão arterial, peso e altura. Atenção
especial deve ser dada ao tamanho e forma uterina e avaliação de anexos.
Existem calculadoras que estimam tanto a data provável do parto quanto a idade
gestacional a partir da data da última menstruação. Porém, a datação com
estimativa ultrassonográfica antes de 20 semanas de gestação é desejável para
todas as gestações, fornecendo uma estimativa melhor da idade gestacional que
pelas datas menstruais. A estimativa correta da idade gestacional reduz frequência
de indução de único risco parto para gravidez pós-termo, tocólise para suspeita de
parto prematuro, além de reduzir o parto cesário planejado antes de 39 semanas.
Além disso, o ultrassom no primeiro trimestre pode levar à detecção precoce de
malformações e gravidez múltipla.
Um painel padrão de exames laboratoriais é obtido na primeira consulta pré-natal
(devendo ser particularizado). Porém, de maneira geral, para pacientes de baixo
risco, os exames incluem tipo sanguíneo e fator Rh, hemograma completo,
contagem de plaquetas e ferritina, exame de urina, urocultura e antibiograma,
glicemia e hemoglobina glicada (principalmente entre 24 e 28 semanas de
gestação). Além disso, verifica-se a imunização contra a rubéola e varicela. Algumas
sorologias são recomendadas, como HIV, sífilis (teste treponêmico e não
treponêmico), hepatite B (HBsAg), hepatite C e toxoplasmose. Além disso, o
UpToDate sugere fazer triagem para clamídia, gonorreia e tuberculose em alguns
casos.
A frequência de consultas pré-natais (na paciente de baixo risco), idealmente,
deveria ocorrer na frequência de 1 consulta a cada 4 semanas até 28 semanas de
gestação, a cada 2 semanas de 28 a 36 semanas de gestação e, depois,
semanalmente até o parto. A Organização Mundial da Saúde sugere realizar um
mínimo de 8 consultas (1 no primeiro trimestre, 2 no segundo e 5 no terceiro). O
ministério da saúde recomenda ao menos 6 consultas de pré-natal, sendo 1 no
primeiro trimestre, duas no segundo e três no terceiro.
Os sinais e sintomas que devem ser buscados ativamente ao longo do pré-natal
incluem sangramento vaginal, saída de fluido vaginal, diminuição de atividade fetal,
dor abdominal, sinais e sintomas de trabalho de parto prematuro e sinais e sintomas
de pré-eclâmpsia. Recomenda-se fazer pelo menos uma triagem para depressão e
ansiedade ao longo da gestação. As avaliações contínuas de rotina incluem
verificação de mudanças desde a última consulta, verificação de sinais vitais e
mudanças de peso. Além disso, ao longo do segundo e terceiro trimestres, devem
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ser avaliados a altura uterina e os batimentos cardiofetais (110-160 batimentos por
minuto). A apresentação fetal deve ser determinada no terceiro trimestre.
Esquizofrenia
Subjetivo: INP, masculino, 60 anos. Solicita laudo para perícia.
Objetivo: -
Avaliação: f200 – esquizofrenia paranoide
Plano: Forneço laudo para o INSS
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e duradouros, como diminuição da expressividade, apatia, afeto plano e falta de
energia; sintomas negativos secundários, como isolamento social por paranoia e
anergia por depressão. As áreas cognitivas mais afetadas são velocidade de
processamento, atenção, memória de trabalho, aprendizagem verbal e memória,
aprendizagem visual e memória, raciocínio/funcionamento executivo, compreensão
verbal e cognição social. Sintomas de humor e ansiedade também são comuns no
paciente esquizofrênico.
O curso da doença é muito heterogêneo. Porém, a maior parte dos pacientes têm
início abrupto, sintomas intermitentes e, depois, nenhum ou apenas sintomas leves.
No entanto, o curso da doença é afetado por vários fatores: intervenção precoce,
utilização de atendimento multidisciplinar, tipos de sintomas, nível de estressores,
nível socioeconômico e adesão ao tratamento. Outro dado importante é que a taxa
de suicídio nessa população é quatro vezes maior que a população geral. 5% dos
pacientes com esquizofrenia cometem suicídio ao longo da vida, e de todos os
suicídios que ocorrem, 10% são de pacientes esquizofrênicos.
O diagnóstico de esquizofrenia é muitas vezes de exclusão. Nenhum sintoma é
patognomônico de esquizofrenia, mas se sugere observar se paciente apresenta os
“sintomas de primeira ordem”, os quais são característicos da doença, como
pensamentos audíveis, passividade somática, inserção de pensamento, retirada do
pensamento, transmissão de pensamento, sentimentos feitos, impulsos feitos,
volição feita, vozes discutindo, vozes comentando, percepções delirantes. Isso,
associado a disfunção social e/ou ocupacional por pelo menos seis meses na
ausência de outro diagnóstico que explique melhor a apresentação, fecha o
diagnóstico pelo DSM-5-TR. Os diagnósticos diferenciais de esquizofrenia incluem
transtorno esquizoide, transtorno esquizoafetivo, transtorno bipolar e depressão
maior com características psicóticas.
Os medicamentos antipsicóticos são o tratamento de primeira linha. No entanto, são
medicamentos que possuem efeitos colaterais significativos. Intervenção
psicossocial pode ajudar os pacientes a alcanças a recuperação. O objetivo do
tratamento é minimizar os sintomas e deficiências funcionais, minimizar os efeitos
colaterais do tratamento farmacológico, evitar recaídas e promover uma recuperação
que permita a autodeterminação, a plena integração na sociedade e a busca de
objetivos pessoais. O UpToDate recomenda a abordagem multidisciplinar. A
educação do paciente é o primeiro passo (principalmente no que diz respeito aos
efeitos colaterais dos antipsicóticos, como sintomas extrapiramidais, discinesia
tardia, sedação, boca seca e aumento de recorrência se interrupção prematura dos
medicamentos). Geralmente, inicia-se o antipsicótico no quadro de psicose aguda.
Se paciente responde bem, a manutenção é feita com menor dose eficaz. O melhor
antipsicótico depende dos efeitos adversos da medicação, das comorbidades do
paciente, do histórico de adesão e das preferências do paciente. Deve-se priorizar
antipsicóticos de 2º geração, pois tendem a causar menos sintomas extrapiramidais.
Alguns exemplos são aripiprazol ou risperidona. Se paciente com sintomas
negativos, parece haver superioridade da cariprazina em relação à risperidona. Em
paciente com agitação, em ambiente de emergência, sugere-se utilizar olanzapina
ou haloperidol. Se insônia provocada por psicose, recomenda-se quetiapina. Se
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paciente esquizofrênico com ideação suicida, recomenda-se fazer uma tentativa com
clozapina, pois há evidência de redução de suicídio com essa medicação nesses
pacientes. Quando não há adesão, recomenda-se o uso de antipsicóticos injetáveis
de ação prolongada (por exemplo risperidona). O UpToDate recomenda continuar
com o tratamento (em pacientes que se recuperaram de um primeiro episódio
psicótico agudo) por pelo menos 2 a 3 anos. Para a maioria dos pacientes,
recomenda-se acompanhamento semanal nos primeiros 3 meses de tratamento.
Depois, reduz-se para 1 a 2 vezes por mês. Recomenda-se acompanhar com
exames laboratoriais por risco de desregulação metabólica. Também é
recomendado realizar um ECG antes e três meses depois do início da medicação
antipsicótica por conta de risco de prolongamento do intervalo QT.
A gestante deve receber adequada orientação durante todo o pré-natal e após.
Orientações sobre quando buscar uma emergência obstétrica, sobre dieta,
suplementação e ganho de peso, a respeito de comportamentos de segurança
(como uso de cinto de segurança), sobre saúde bucal, sobre evitar álcool, cigarro e
outros drogas, sobre prática de exercícios físicos e assim por diante. A equipe de
saúde deve estar disponível para tirar todas as dúvidas que são naturais nessa fase
por conta das preocupações, principalmente em primíparas.
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Transtorno do desenvolvimento da fala ou da linguagem
Subjetivo: TG, feminina, 7 anos. Mãe vem com encaminhamento do CAPS infantil
dando alta e solicitando encaminhamento para neuropediatra.
Objetivo: F809 - TRANSTORNO NÃO ESPECIFICADO DO DESENVOLVIMENTO
DA FALA OU DA LINGUAGEM
Avaliação: F809 - TRANSTORNO NÃO ESPECIFICADO DO DESENVOLVIMENTO
DA FALA OU DA LINGUAGEM
Plano: Encaminho ao neuropediatra. Orientações gerais
Manter o acompanhamento com fonoaudiologista
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As etiologias dos distúrbios da fala são várias: distúrbios da articulação, deficiência
auditiva, problemas neurológicos, apraxia, defeitos estruturais, distúrbios da fluência,
distúrbios vocais, distúrbios de ressonância. As etiologias dos distúrbios da
linguagem são ainda mais abrangentes, sendo, dessa forma, dividida em categorias:
distúrbio do desenvolvimento da linguagem e comprometimento específico da
linguagem. As principais causas de distúrbios da linguagem adquirida são distúrbios
neurológicos degenerativos, infecção, negligência e abuso, traumatismo
cranioencefálico, distúrbio do processamento auditivo central.
Os principais diagnósticos diferenciais dos distúrbios de linguagem incluem
transtorno de espectro do autismo, síndrome de Landau-Kleffner, mutismo seletivo e
afasia adquirida. Deve-se suspeita de transtorno de espectro autista em crianças
que apresentam ecolalia tardia ou imediata, fala formulada, escolha estranha de
palavras ou superelaborada, ou evitação do olhar, e que não conseguem usar a
linguagem comunicativamente ou iniciar interação verbal significativa.
A avaliação médica de crianças com deficiência de fala deve ser completa, incluindo
testes fonoaudiológicos/otorrinolaringológico formais. Existem critérios para
encaminhamento para avaliação de fala e linguagem, incluindo preocupação do
cuidador, desenvolvimento de fala retardado ou estagnado, babando em excesso,
dificuldade para sugar, mastigar ou engolir, ausência de qualquer sinal esperado
dentro do desenvolvimento normal da fala fora de um limite aceitável.
Informações importantes a serem colhidas na história incluem histórico médico, da
escola, de avaliações anteriores, incluindo resultados de teste e observações do
contato com a criança. Existem alguns modelos de questionários que podem ser
fornecidos aos cuidadores. Depois, o clínico faz perguntas para esclarecer as
respostas ou complementá-las. Isso é importante, por exemplo, para entender se a
criança teve um ambiente favorável e estimulante à fala. A informações fornecidas
pelo cuidador associadas à observação de crianças brincando ou em atividade é um
preditor importante para o entendimento do quadro. Dificilmente a avaliação inicial
será capaz de determinar a causa do distúrbio da fala, mas serve de base para o
acompanhamento e o monitoramento do paciente.
Na avaliação inicial é fundamental educar o cuidador sobre o estímulo de
comunicação adequado na etapa apropriada, por exemplo, com sons, palavras
isoladas, frases, sentenças completas, e assim por diante. O cuidador ainda pode
ser aconselhado a comentar sobre suas atividades diárias, ao invés de insistir no
questionamento direto. Além disso, os cuidadores podem aceitar produções menos
perfeitas, parabenizando as crianças pelas evoluções mínimas quando a intenção da
criança é clara. Cada criança deve ter seu plano de tratamento individualizado com
componentes estabelecendo metas de resultados funcionais de curto, médio e longo
prazo.
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Ideação suicida
Subjetivo: MRS, feminina, 15 anos. Vem à consulta com relato de retorno de falta de
ar. Relato de dificuldade de respirar, sentimento de garganta trancada. Além disso,
sente aperto no peito e tem sudorese nesses episódios. Geralmente ocorrem após
atividade ou após estresse psicológico. Relata que há piora à noite. Relata que não
foi investigada para asma. Relata problemas familiares em casa. Problema maior
com avó. Relata não conseguir prestar atenção nas aulas. Relata não fazer uso de
método contraceptivo.
Objetivo: Tristeza, ansiedade (balançar de pernas), certa desatenção, chorosa ao
final da consulta. Mas lúcida, orientada e consciente. Marcas de autoflagelação em
braços e perna esquerda. Planejamento de suicídio (fácil acesso a medicamentos de
risco em casa).
Avaliação: f321 – EPISODIO depressivo moderado
Plano: Prescrevo anticoncepção oral. Solicito à paciente que peça à mãe que lhe
leve à psicóloga.
Prescrevo fluoxetina 20mg pela manhã após a primeira refeição do dia
Orientações gerais
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A taxa de suicídio para crianças de 10 a 14 anos é de 1 para 100.000 e de 15 a 19
anos é de 7 a 8 para cada 100.000. Uma possível explicação do maior número de
suicídios para crianças mais velhas pode ser por conta de adquirir maior capacidade
de pensamento abstrato e complexo, capazes de contemplar as circunstâncias da
vida, vislumbrar um futuro sem esperança e gerar suicídio como uma solução
possível. Já para os sexos, a taxa de ideação suicida é maior em meninas no ensino
médio, porém, meninos adolescentes são mais propensos em cometer suicídio que
as meninas. As meninas tendem a escolher meios menos letais (como overdose ou
corte), enquanto que os meninos escolhem armas de fogo e enforcamento.
Infelizmente, ainda não foram bem definidos os fatores que diferenciar de forma
confiável os ideadores, dos que tentam e dos que completam o suicídio. Porém,
foram identificados fatores de risco que afetam a vulnerabilidade do indivíduo ao
suicídio, podendo ser auxiliares para a tomada de decisão sobre o nível de
intervenção. Os fatores predisponentes incluem distúrbios psiquiátricos, tentativa de
suicídio anterior, história familiar de transtorno de humor e/ou comportamento
suicida, história de abuso físico ou sexual, exposição à violência e fatores biológicos.
Já os fatores precipitantes incluem acesso a meios, uso de álcool e drogas,
exposição ao suicídio, estresse social e isolamento e fatores emocionais e
cognitivos. Adolescentes que foram fisicamente maltratados têm três vezes mais
chance de se tornarem deprimidos ou suicidas; adolescentes que sofreram abuso
sexual tem um risco 8 vezes maior de tentativas repetidas de suicídio que
adolescentes que não sofreram com isso.
Os próprios fatores de risco são sinais de alerta para se pensar na possibilidade do
paciente vir a cometer suicídio. Na atenção primária é feita uma triagem no contexto
do paciente deprimido, perguntando-se diretamente sobre isso. Pode ser realizado,
por exemplo, o questionário de saúde do paciente de nove itens modificado para
adolescentes, que rastreia depressão e inclui pergunta sobre ideação suicida. O
médico deve entrevistar o adolescente com os pais e individualmente, mas não deve
ser prometida confidencialidade, uma vez que pode não ser mantida nessas
circunstâncias. O médico precisa mostrar que se sente a vontade para discutir sobre
suicídio para que o adolescente se sinta a vontade para falar a respeito. Isso pode
ser facilitado por meio de escuta ativa, paciência, manutenção de comportamento
calmo e não minimizando as preocupações do paciente nem reagindo com
desaprovação. As tentativas de convencer a criança ou adolescente a não cometer
suicídio devem ser evitadas, assim como as discussões sobre se o suicídio é certo
ou errado.
A avaliação do risco de suicídio inclui os seguintes elementos: conteúdo e
cronicidade dos pensamentos suicidas, existência e detalhes de um plano de
suicídio, acesso aos meios descritos no plano, o nível de intenção, estressores, dor
emocional, regulação comportamental e apoio social. Como parte da avaliação, o
médico deve perguntar ao paciente ele pode prometer manter sua segurança e não
se machucar. Além disso, o médico pode discutir um plano de segurança que
especifique como o paciente pode lidar com impulsos suicidas recorrentes no futuro.
Associado a isso pode ser feito um contrato de não-suicídio. Porém, nunca o
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contrato de não-suicídio pode ser feito isoladamente, pois o contrato pode ajudar a
promover uma aliança terapêutica.
Em geral, paciente com risco moderado a alto (por exemplo, com ideação suicida
ativa ou um plano ou qualquer comportamento suicida recente/atual) deve ser
encaminhado para uma avaliação de saúde mental. Porém, mesmo encaminhando,
o médico da atenção primária deve ser incentivado a permanecer envolvido no
gerenciamento. E quando estão em crise suicida aguda devido a pensamentos de
querer se matar, o foco da intervenção é mantê-los seguros até que o estado suicida
diminua. Nesse cenário, é preciso tirar de perto do paciente todos os fatores
precipitantes e é preciso que a família ou outros indivíduos estejam dispostos a ficar
com o paciente o tempo todo. Em caso de risco iminente, deve ser solicitada uma
avaliação psiquiátrica imediata (através de pronto-socorro ou clínica de crise
psiquiátrica) e/ou internação.
Os princípios gerais da abordagem da criança e do adolescente com comportamento
suicida inclui alguns aspectos. É necessário abordar as interações familiares ou
aumentar o apoio não familiar. Além disso, deve-se fornecer mais sessões de
tratamento. Quando clinicamente identificado, abuso de álcool e outras drogas deve
ser um alvo a ser tratado na intervenção. Discutir sempre a motivação para o
tratamento. Quando as crises suicidas se repetirem, iniciar rapidamente o tratamento
e com maior intensidade. Por fim, coordenar o tratamento administrado por mais
médicos.
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REFERÊNCIAS
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