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sUMÁRIO

1 OMBRO ......................................... 1

2 COTOVELO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 63

3 PUNHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

4 MÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143

5 QUADRIL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183

6 JOELHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213

7 TORNOZELO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 291

8 PÉ ....................... .. .................... 335

9 LESÕES MUSCULARES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 369

10 TUMORES ....................................... 403

11 MISCELÂNEA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . 435

ÍNDICE REMISSIVO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 473


Capítulo 1

OMBRO
2 A TLAS COMENTADO DE
............ .............
U LTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELJ:.TICA
....... . ...... ................... .. . ......... , ........ ... ......... .. .... .... ........ . .

• INTRODUÇÃO
A técnica dinâmica de ultra-sonografia do ombro tornou-se, são completa da anatomia tridimensional complexa do om-
para a ortopedia e as especialidades afins, uma ferramenta pode- bro.
rosa para visualizar e estudar o estado dos tendões do manguito O clínico e o ultra-sonografista têm que ter expectativas rea-
rotador e correlacionar com o estado clínico do paciente. listas. Como com a ressonância magnética e artrografia, não po-
Por causa de seu baixo custo e de ser não-invasiva, revela dem ser esperados diagnósticos de todas as lesões em um deter-
informações que teria sido impossível obter apenas com radio- minado paciente, pode ser necessário empregar uma combina-
grafias simples. ção de exames.
A ultra-sonografia tem o potencial para servir como um exa-
A qualidade de informação que adquirimos é alta. Não ve-
me de eleição para pacientes com dor de ombro. É muito útil em
mos somente a integridade do tendão, mas também suas densi-
pacientes com mais de 50 anos de idade, onde poderiam ser es-
dades, propriedades de movimento e grau de retração.
peradas lesões maiores.
Juntado a ultra-sonografia com a avaliação clínica, os resul- Em pacientes mais jovens com sintomas persistentes, os a-
tados são praticamente tudo que precisamos para traçar um pla- chados ultra-sonográficos podem ser negativos e devem ser se-
no de tratamento para o paciente. guidos através de exames adicionais.
A ultra-sonografia do ombro pode ter sua curva de No paciente de pós-operatório, a ultra-sonografia é o me-
aprendizagem , encurtada notadamente por uma compreen- lhor exame.

Larry Mack, M.D. (in memor-iam) FrederickA. Matsen IlI, M.D.


Chair, Onhopaedics & Sporrs Medicine, Universiry ofWashington Medicai
Cenrer.

Nossa homenagem aos precursores da técnica de ultra-sonografia do ombro.


M ONRES JOS É GOM ES 3

• IMAGENS DE ANATOMIA NORMAL COM RECONSTRUÇÃO PANORÂMICA

A B
FiG. 1.1 A E B
Supra-espinal (A).
Infra-espinal e redondo menor (8).

FiG . 1.1 C
c Subescapular.

D E
FiG. 1.1 E
Tendão da cabeça longa do bíceps. Inserção do delróide e origem do braquial na ruberosidade
delroidiana .
4 A TLAS COM ENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELnl CA

TENDÃO DA CABEÇA LONGA DO BíCEPS (CLB)

A ~ __________________________________ ~ B

FiG . 1.2 A E B
Ligamenw rransverso do úmero faze ndo a contenção da cabeça longa do bíceps em seu sulco bicipiral (A) . Represenração
esquemári ca (B) .

TENDÃO DA CABEÇA LONGA DO BíCEPS - SUBLUXAÇÃO

L -_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _~ D
C
FiG. 1.2 C E O
Tenossinovire e subluxação mediai da cabeça lo nga do bíceps.
U lrra-sonografia (C) .
Represenração esq uemárica (O) .
M ONRES J OSt. G OMES 5

. TENDÃO DA CABEÇA LONGA DO BíCEPS - LUXAÇÃO

A~ ____________________________________ ~
B

FiG. l.} A, B, C E D
Tenossinovite bicipital com subluxação mediaI.
Representação esquemática (A).
Ultra-sonografia (8 a D). D
6 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA MUSCULOESQUELtTICA

• LESÃO DA CABEÇA LONGA DO BíCEPS (CLB)

FiG. 1.4 A, R, C , D, E E F

Ruprura da cabeça longa do bíceps (CLB) .


Norar a deformidade caracrerísrica, pela
rerração do venere muscular disralmenee
("Sinal do Popeye") . (A e B).
Ultra-sonografia (C e D).
Desenho esquemárico em posição
rransversal: sinal do sulco vazio (E).
Desenho esquemárico em posição
longirudinal (F).

c D

E ~ ______________________________________ ~ '--_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _----' F


M ONRES J OSt G OMES 7

• LESÃO DA CABEÇA CURTA DO BíCEPS (CCB)

A B

FiG . 1.~ A, B E C

Ruptura da cabeça curta do bíceps (CCB).


Visão longitudinal (A).
Visão transve rsal (B).
CL-__________________________________ ~
Desenho esquemático (C) .
8 ATLAS em,tENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCU LOESQUELÉTICA

• TENOSSINOVITE BIClPITAL

A B

c D

E F

FiG. 1.6 A, B, C, O, E, F E C
Tendão norma l (A e B).
Tenossinovire bicipiral (C, D, E e F) .
Ressonâ ncia magnérica (a;.;ial T2) (G) .
M ONRES J OSIÔ GOMES 9

• LESÃO DO SUBESCAPULAR

FiG 1.7 A, R, C, D E E
Ultra-sonografia (A).
Ressonância magnética axial T2 (B).
Cirurgia (C, D e E).
Lesão do subescapular pós-traumática que foi suturada
cirurgicamenre.
10 ATLAS C OMENTADO DE ULTRA-S ONOGRAFIA M USCULOESQUELtTICA

TENDINITE CALCÁRIA DO SUBESCAPULAR

C
FiG. 1.8 A, 8, C E D
Tendinite calcária do subescapular.
Calcificação e sombra (A, B e C). D
Microcalcificações sem sombra acústica posterior na região
periinsercional do subescapular (D).
M ONRES J OSÉ GOMES 11

• BURSITE SUBACROMIODELTOIDIANA

A B

C
FiG. 1.9 A, D, C E D
D
Bursite subacromiodelcoidiana intensa e com grumos de
calcificação com sombra acústica posterior.
12 A TLAS C OMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELfTICA
.. '.. . . . ......... . ..

• ESPAÇO SUBACROMIAL NORMAL

FiG. 1.10 A

Espaço subacromial normal, (maior que 4 m m).

A
FiG. 1.10 B

Espaço subacromial.
Medir do dorso do tendão supra-espinal até a borda inferior do
acrômio na posição longitudinal do tendão.

B
FiG. 1.10 C

Espaço subacromial.
Representação esquemática de como medir. Tomar como base o
pOntO lateralmente ao plano da articulação acromioclavicular.
(Adaptado de Greenspam A. Radiologia ortopédica. 3. ed.
Guanabara-Koogan SA, 2001).

CL-______________________________________ ~
M ONRES J OSIÔ G OMES 13

A compressão do espaço subacromial ocorre por aumento lI. MECANISMOS MENOS FREQÜENTES DE IMPIN-
do conteúdo ou por diminuição do continente, ou seja, se o GIMENTO:
acrômio é curvo ou ganchoso, certamente provocará o impacto A. Tuberosidade maior protuberante
da bolsa e do dorso do supra-espinal nos movimentos de abdu- 1. Consolidação viciosa ou pseudo-artrose.
ção entre 60 e 120 graus (arco de abdução). 2. Componente umeral posicionado inferiormente.
Se há, por Outro lado, um espessamento bursal difuso ou B. Perda dos depressores da cabeça umeral
um espessamento do manguito, o impacto ocorrerá também da 1. Laceração do manguito rotador.
mesma forma. A terceira maneira de haver impacto do manguito 2. Ruptura do bíceps.
é por proliferação osteofitária da articulação acromioclavicular C. Perda do fulcro glenoumeral
para dentro do canal de passagem do supra-espinal, provocando 1. Perda da cabeça umeral ou da glenóide (ressecção nas
irritação por atrito da bolsa e do tendão. AR).
2. Lassidão ligamentar.
E também as alterações na textura e na espessura do liga-
D. Perda do mecanismo suspensório
mento coracoacromial podem determinar compressão do canal,
1. Luxação acromioclavicular antiga.
além da região distal do processo coracóide que pode ocasionar
2. Paralisia do trapézio.
impacto.
E. Deficiências do acrômio
Neer classificou o impingimento da seguinte forma: 1. Ausência de fusão da epífise acromial (os-acromiab.
2. Consolidação viciosa ou pseudo-artrose.
r. IMPINGIMENTO DO SUBACROMIAL
3. Congênitas (Paralisia de Erb).
(Estenose do portal do túnel do supra-espinal).
F. Bolsa ou manguito espessado
A. Esporão acromial anterior. 1. Depósito cálcico crônico e volumoso.
B. Forma do acrômio. 2. Bursite crônica.
G. Perda das extremidades inferiores (uso anormal)
C. Inclinação do acrômio. 1. Paraplegia.
D. Articulação acromioclavicular protuberante com excres- 2. Amputações.
cências para dentro do canal. 3. Artrite crônica.
14 A TLAS C OMENTADO DE U LTRA-SONOG RAFIA M USCULOESQUELIÔTICA
<"",." .••• ,.,......... ••••• . "0 • •• , . . • •• • •••• • • • •• • • • • • • •• ••• • • • • • • • • ••• • •••

• TIPOS RADIOLÓGICOS DE ACRÔMIO

FiG. 1.10 D
Representação da classificação dos ripos de acrômio.
(Adaprado de Greenspam A. Radiologia ortopédica. 3. ed.
Guanabara-Koogan SA, 2001).

FiG. 1.10 E
Desenho esquemárico demonstrando o supra-espinal, a bolsa e
sua relaçao com o acrômio.
(Adaprado de Greenspam A. Radiologia ortopédica. 3. ed.
G uanabara-Koogan SA, 2001).

DL-__________________________________ ~ L-__________________________________ ~ E

Tipos de acrômio: Morrinson-Bigliani

Tipo! Tipo 11 Tipo 11!

Rero Curvo Ganchoso


M ONRES J OSÉ G OMES 15

IMPACTO E REDUÇÃO DO ESPAÇO SUBACROMIAL

FiG. 1.11 A
Caso clássico de impacro subacromial, norar imensa red ução do
espaço, rendão supra-espinal espessado e discrera calcificação
periinsercional. Na borda subacromial percebemos rambém a
presença de osreófiros.

A
FiG. 1.11 B
Outro exemplo de impacro subacromial com imensa redução desre
espaço.

B
FiG. 1.11 C
Imensa compressão do espaço subacromial.

c
16 A TLAS COMENTADO DE U LTRA· SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA

• LESÃO DO MANGUITO ROlADO R - SUPERFíCIE BURSAL

A B

FiG. 1 .12 A, B E C
Lesão da superfície bursal do supra-espinal.
(Adaptado de Greenspam A. Radiologia ortopédica. 3. ed.
CL-__________________________________ ~
Guanabara-Koogan SA, 2001.)
M ONRES Jost G OMES 17

LESÃO DO MANGUITO ROTADOR - RU PTURA TOTAL DA ALTURA DO TENDÃO

FiG. 1.1 J A, B [ C

Lesão parcial, com ruprura roral da alrura do rendão. "Lesão em casa


de borão".
(Adaprado de Greenspam A. Radiologia ortopédica. 3 . ed.
Guanabara- Koogan SA, 200 I).

B L -_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _~ c
18
••••••• •• • ••• • •• •••• • •••• •• • • •••••• •••••• ••• •
ATLAS COMENTADO DE ULTJ<.A-SONOGRAF IA M USCULOESQUELÉTICt\
•••••••• • ••••• • • • •• • ••••••••••••••••••• 0.0 •• • •

LESÃO PARCIAL DO MANGUITO ROTADOR - RUPTURA TOTAL DA ALTURA DO TENDÃO DO


SUPRA~ESPINAL

FiG. 1.14 A, B E C
Lesão parcial , co m ruptura rotal da altura do ten dão. "Lesão em casa
de botão". Aspecro cirúrgico inicial (A), após acromioplastia (B) e
após a sutura do manguito (C) .
MONRES JOSÉ Gmll:s 19

= LESÃO PARCIAL DO SUPRA·ESPINAL

A B

C '--_ _.... 0
FiG. 1.1 ~ A, B, C E D
Lesão exrensa do manguiro. Feixe lareral do supra-espinal espessado (A).
Visão rransversal e longirudinal na lesão dos feixes anrerior e cenrral (B e C).
Aspecro cirúrgico (D) .
20 .................
ATLAS COMENTA DO DE UURA -SONOGRAFIA M USCU LO ESQUF:LU ICA
0'0 .•. •.•

LESÃO PARCIAL DO SUPRA~ESPINAL

A B

c D

FiG. 1.16 A, 8, C, O f E
LeSa0 intratendín ea do supra-espinal.
Longirudinal (A).
Tran sve rsal (B).
Imagem tran sve rsal com lesão (C) e rracejado (O ).
Oest:J1ho esqllem,írico (E).
(Ad aptado de Greenspam A. Radiologia ortopédica. 3 . ed.
EL-______________________________________ ~
Gllanabara-Koogan SA , 200 1).
M ONRES J OSE GOMES 21

FiG. 1.17 A, B, C, D, E, F E C

Lesão da superfície articular do supra-espinal


(A, B, C. D, E e F).
Desenho esquemárico (G) .
(Adaprado de Greenspam A. Radiologia ortopédim.
GL-__________________________ ~
3". ed. Guanabara-Koogan SA, 200 I ).
22 A TLAS C OMENTA DO DE ULT RA· SONOG RAF IA M USCULOESQ UELÉTICA

Na história natural da síndrome do impacto, as lesões com • Grau f: até 30% da altura do tendão.
ruptura do manguito ocorrem como conseqüência lógica e são • Gmu lI: de 30% a 60% da altura do tendão.
classificadas quanto à espessura do manguito em: • Grau III: acima de 60% da altura do tendão.
• TotaL rompe toda a altura do tendão, da superfície bursal • Grau fV: lesões totais da altura do tendão.
até a superfície articular. Procuramos também estabelecer os limites de cada tendão
comprometido no plano transversal e assim poder definir se a le-
• ParciaL rompe parcialmente a altura do tendão.
são é nos feixes posterior, âmero-lateral ou se está no anterior.
Lembrando que a largura do tendão do supra-espinal é cerca de
PARCiAis:
3 cm e que no lado medial existe a porção fina do manguito de-
a. Superfície bursal. nominada intervalo dos rotadores onde as lesões geralmente são
b. lnrratendínea. mais difíceis de de6nir sem avaliação dinâmica e com a presença
c. Superfície articular. da cabeça longa do bíceps que aumenra o grau de dificuldade.
Nestas situações caracteriZ<1..ITIos o chamado estágio III da
síndrome do impacto, e o tratamenro na grande maioria das ve- ClAssificAçÃo dE NEER QUANTO AO ESTAd iAMENTO dA
zes é cirúrgico, com sutura e acromioplastia ou somente para SíNdROME dE iMpACTO do OMbRO
descompressão do espaço subacromial, que podem ser feitas pela
técnica aberta ou arrroscópica.
ESTÁCjio I
Ellman classificou as lesões quanto às dimensões em: • Idade típica: abaixo de 25 anos.
• Diagnóstico: subluxação.
GRAU I • Diferenciado: artrite do acrom ioclavicular.
• Tratamento: conservador.
Menores que 3 mm.

ESTÁCjiO 11
GRAU 11
• Idade típica: 25-40 anos.
3 a 6 mm.
• Diagnóstico: ombro congelado.
• Diftrenciado: calcificação.
GRAU 111
• Curso clínico: dor recorrente com a atividade diária.
Maiores de 6 mm . • Tratamento: acromioplastia com bursectomia e divisão por
secção do ligamento coracoacromial, com ou sem reinserção.
LESÕES COMplEXAS

Grau L Lesões pequenas, menores que 2 cm. ESTÁC;iO 111


Grau 11. Lesões maiores, de 2 a 4 cm. • Idade típica: acima de 40 anos.
Grau lU. Lesões maciças, acima de 5 cm. • Diagnóstico: radiculite cervical.
Grau rv. Lesões maciças com artropatia associada. • Diftrenciado: neoplasia.
A nossa preferência é por classificar em total e parcial; e • Curso clínico: incapaci tação progressiva do ombro.
quando parciais, nas superfícies articular, bursal ou intratendínea. • Tratamento: acrom ioplasria com bursectomia e divisão por
Para cada indivíduo um biotipo, uma altura do tendão, por isso secção do ligamenro coracoacromial , com ou sem reinserção
classificamos pelo percentual da lesão em relação à altura do ten- do mesmo e reparo do manguito rotador.
dão lesado. Por exemplo, se houver uma lesão parcial do mangui- O manguito rotador e a cabeça longa do bíceps podem ter
to, medimos a altura da lesão e a altura do tendão, daí obteremos rupturas e também alterações ósseas com irregularidades e reação
o valor percentual da lesão. Assim classificamos como: oste06tária nas bordas da região insercional.
MONRES J OSÉ GOMES 23

LESÃO PARCIAL DO SUPRA~ESPINAL - CLASSIFICAÇÃO

FiG. 1.18
Lesão da superfície arricular do rendão do supra-esp inaJ, deixa ndo
preservado o seu feixe bursal e ocupando 43% da alrura do rendão.

TENDINOPATIA INFLAMATÓRIA (TENDINITE)

A B
FiG. 1.19 A
Tendin ire aguda do supra-esp inal, norar es pessa memo imenso e
diminu ição da ecogen icidade imerna.

FiG. 1.19 B
Tendinire aguda do supra-espinal, norar formação de um depósiro
calcário em fase pasrosa, sem so mbra acúsrica . Nesta fase de
formação da calcificação o paciem e tem crise dolorosa imensa , que
so me nte se compara quand o em fase inicial de reabso rção da
ca lcificação quando ourra crise dolorosa se insrala de forma inrensa.

FiG. 1 19 C
Tendinire de supra -es pin al, e com edem a periinsercional so bre
microcalcificaçõcs co m so mbra ause nre.
24 ATLAS COME TADO DE ULTRA-SO NOGRAFIA M uSCULOESQuELÉTICA

LESÃO DO MANGUllO ROlADOR - SUPERFíCIE BURSAL

A B

CL-________________________________________________________________________ ~

D
FiG. 1 .20 Ar B, C, D E E
Lesa0 do manguiro na superfície bursal.
Ultra-sonografia (A e B).
Desenho esq uemático (C).
Ci ru rg ia (O e E).
M ONRES J OSIÔ GOMES
. .. . . . .. . . ...... . . ...... ..... , . . . . . .. .... ..... ... .. ... .... .... . ... . .. . ... .
25

LESÃO DO MANGUllO ROlADO R - LESÃO MACiÇA DO SUPRA~ESPINAL

FiG. 1 .21 A, B E C

Lesão exrensa do manguiro rorador.


Represenração ecográfica (A).
Ressonância magnérica (8).
Confirmação cirúrgica, sera pequena: rendão da
cabeça longa do bíceps; sera maior: cabeça careca;
cabeça de sera: acrômio (C).
26
...................................
A T LAS C OMENTADO DE ULT RA-SON OGRAFI A M USCU LOESQUELtTlCA
........................ ......... . .. . . . .. ... ... . .. . .... . ....... .. . ... . ........ , .. ,

= LESÃO DO MANGUllO ROlADOR - LESÃO PARCIAL EXTENSA DO SUPRA. ESPINAL

FiG. 1.22 A, B E C

Lesão exrensa do manguiro rorador.


Ulrra-sonografia (A).
Radiografia com osreófiros subacromiais e irregularidades na
inserção do manguiro (B).
Cirurgia, seras brancas: supra-espinal, coro proximal (C).

B
M Oi\:RES J O S I~ Gml ES 27

LESÃO DO MANGUllO ROlADOR - LESÃO MACI ÇA DO SUPRA~ESPINAL

A B

__ _...J D
c

Lesão ex tensa do m a ngui to ro tad o r. Representação ecográ fl ca (A).


Resso nâ ncia m ag nética (B).
o nflrm ação c irúrgica, se ta preta : lesão ex te nsa d o m angu ito (e) .
Ap ós a sutura d o man guito (O ).
28 ATl.AS CmlENTADO DE ULTRA-SONOG RAfi A M t;SCULOESQUELtTICA

LESÃO PARCIAL DO MANGUITO ROTADOR - LESÃO EM "CASA DE BOTÃO "

A B

c D

Lesão do mallguitO rotador. Deformidade em "casa de botão". Ultra-sonografia (A e B).


Resso nância magnérica sagiral oblíqua T2 (C) .
Co nfirmação cirúrgica (O) .
M ONRES josf
••••••• •
GOM ES
•••••• • •••••••••••••• o"
29

LESÃO PARCIAL DO MANGUllO ROlADOR - SUPERFíCIE BURSAL

Lesão do manguito rorador com ruprura da sl lpe rfíci e b ursa l.


Ulrra-so nografia (A).
Co nfirmação cirúrgica, sera prera: coto p roximal da lesão, norar prese nça de tendão ín tegro no pla no profu ndo da lesão (8) .
Durante e após a surura do manguito (C e D ).
30 ATlAS CO~[[-NIAJ)O DE ULlRA-SOi'!OCRAfJA M USCULOESQUELÉT1CA

. TENDINITE CALCÁRIA DO SUPRA-ESPINAL

D
FiG. 1.26 A, B, C E D
Tend inite calcária de sup ra-esp in al.
Represe ntação ecog ráflca (A e B).
Representação radiológica (C).
Imagem ci rll rg ica d a calcificação sendo cu retada (D).
M ONRES Jost GOMES 31

;, I ,
;I ; ;,
, , ,i ! i ;I , i,

AL-____________________________________________________________________________ ~

FiG. 1.27 A, R, C E D
Desenho esquemárico (A) .
Represenração radiológica (8).
Represenração ecográfica (C).
D Confirmação cirúrgica (O).
32 A TLAS CCnlF Nm l llJ 1)f. ULT RA- SO N OGRJ\I'IA M U~ Cl'LOE)QUELÉTICA
. . . . . . . . . - .. ... ........... .. .. . . ... ... .

TENDINITE CALCÁRIA DO SUPRA-·ESPINAL

c
_ _ -...1 0

E
F

Tendinire calcá ria d e supra-espinal.


Ultra-sonografia (A, C, E e F).
Represenração radiol ógica (8 e D).
Tendinire ca lcária fas e só lida (A e B). Com dcpósiw em fase pastosa, norar ausê ncia de so mbra acústica (E) . Fase d e rea hso rção ( F).
M ONRES J OSÉ G O MES
. . . . . . . . .. .
33

TENDINITE CALCÁRIA DO INFRA~ESPINAL

FiG . 1.29 A, B E C

Tendinire calcária do infra-espinaJ.


Ulrra-sonografia (A) .
Radiografias (B e e) .

~~ ___ C
B
34 ATL.~' COM ENTADO DF UITRA. SO N OGRA FIA M USCU I O ESQ UEL( TI CA

• TENDINITE AGUDA DO SUPRA~ESPINAL

A B
y I lO A E B
Tendinite d e supra-espinal (A) .
Te ndão normal comparativo (B).

FiG . 1.JO C, O E E

Tendinite do supra- es pinaJ.

D E
MO NRES J OSÉ GOM ES 35

. TENDINITE CALCÁRIA DO SUPRA~E SPIN A L

Devido ao lento m etabolismo dos tendóes e com sua vascu- Em uma segu nda fase, a c.tlciflcação fica solidificada, e a ati-
larização diferente, que tem vasos que vêm da porção muscular vidade inflamatória diminui , tornando a sintomatologia doloro-
pelo peritendão e também de vasos que provêm da zona de inser- sa mínima. A calcificação pode ficar inoceme por anos demro do
ção óssea. D evido ao calibre fino desses vasos e sua superficialida- tendão. Mas, chegará a fase terciária da doença, onde haverá re-
de, a nutrição das camadas mais íntimas do tendão é feita por di- crudescência do processo inflamatório, e a dor retoma de forma
fusão. imensa. É nessa fase que a calcificaÇ<lo reabsorve e entre 5 a 6 se-
No supra-espinal em particular esta característica é mais evi- manas do início destes sintomas terciários, determinando a me-
denciada e por um duplo infortúnio onde existe a zona avascular lhora sintomatológica e o desaparecimento da calcificação. Po-
há cerca de 1,0 a 1,5 cm de sua inserção e também a coincidência rém o tendão por todos os danos estruturais e na sua nuuiÇ<lo
de ser o ponto de impacto no arco de abdução entre 60 e 120 fica permanemememe à mercê de outra atividade inflamatória e
graus. Esca é a chamada zona crítica de Coclman. também sofrendo o risco de rupturas.
Na tendinite calc.l.ria a calcificação aparece inicialmente em Esta é a história natural das tendinites calcárias, que pode ser
fàse pastosa ou líquida dentro do tendão acometido, então, há um alterada por vários fatores, incluindo um tratamento bem-feito.
intenso processo inAamatório com edema, aumento de vasculari- Um dos fatores que levanl à piora é a associação da tendinite cal-
dade local, e em alguns casos com reação bursal inAamatória. A cária com a redução do espaço subacromial, determinando a sÍn-
dor é uma característica marcante, sobretudo no período noturno. drome do impacto do ombro e todas as suas conseq üências.

G
lO F E G
Tendinire calcár ia d e supra-espina l.
RepreseIHaç:ío ecográllca, efeitos de Doppler e Power-Angio, que ajud a m :1 di stinguir se a calcillcaç:ío está em fase de formação ou
reabsorção.
36 ATLAS CÜJ\IENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA MUSCU LOESQUELJÕnC\

LESÃO TENDíNEA DO INFRA~ESPINAL E REDONDO MENOR

C D
FiG.l.}l A, B, CE D
Tendões do infra-esp inal e redondo menor normais (A).
Lesão do manguiro rotador no infra-espinal e redondo menor (8, C e D).
São as lesões mais raras do manguiro e no rmalm enre estao relacionadas com as lesões mac iças, particularmente vimos apenas cinco casos
até esta data.
37

LUXAÇÃO GLENOUMERAL

_ _ __ B

FiG. 1 .}2 /\, B, C, O E E


Luxação glenoumeral ânrero- inferior.
E Forograflas (A e C).
Radiografias (B e O).
Ulrra-sonografla (E).
38 ATLAS CO,\lEi\TADO DF ULTRA -SO NOCRAf'IA M LSCLI OI'\QL'FL ~T IC\

INSTABILIDADE GLENOUMERAL (LACERAÇOES DO LABRO ANTERIOR)

Ultra-sonografia normal (A), Bankart (B),


Ultra-sonografia com outras lesões d e Bankart (C e D),
U ltra-sonografia mostrando outro caso (E). ressonância magnética (F),
M ONRES Jost GOMES 39

INSTABILIDADE GLENOUMERAL

FiG. l.J4 A, B E C
Lesão de Bankarr.
Ultra-sonografia (A).
Artrografla do ombro (B).
c Arrro-ressonâ ncia magnética do ombro (e).
40 A TLAS C01vlENTADO DE ULTRA-SONOGRAF IA M USCULOESQUELt TICA

INSTABILIDADE GLEN OUMERAL

Nas instabilidades do ombro a amo-ressonância magnética é na borda externa do músculo peitOral maior na axila e encontra-
atualmente o método de investigação diagnóstica mais fiel. A 01- mos a imagem característica do rebordo da glenóide e seu labro ân-
tra-sonograna vem como wn exame complementar menos dispen- tero-inferior. As lesões labrais pós-luxação (lesão de Bankart) po-
dioso e com o poder de pré-avaliar estes ombros de acordo com a dem ser identificadas desta forma. A grande clificuldade é a regula-
perícia do examinador. O labro posterior deverá ser avaliado pri- gem do ganho do equipamento, e às vezes é necessário o uso de
meiro com o transdutor instalado transversalmente em relação ao transdutores convexos com fi'eqüência menor. Outra dificuldade é
eixo do úmero com a mão colocada no ombro contralateral. De- o chamado "sinal da apreensão", o paciente teme ter nova luxação
pois com o paciente deitado, ou mesmo sentado, com a mão na quando colocado na posição de exame, nestes casos examiná-lo
cabeça e em abdução, instalamos o transdutor longitudinalmente deitado deixa-o mais confortável, e esta apreensão melhora.

B
FiG. l.}~ A [ B
Lesa0 de Hill-Sachs .
Rad iografi a (A) .
U ltra-sonografia (B) .
MO NRES J OS É GOi\ll::S 41

ESTUDO ULTRA~SONOGRÁFICO DO LIGAMENTO CORACOACROMIAL

Nas condições iniciais de impacto ou mesmo por causa go período de impacto causam o espessamento, hererogenicida-
rraumáric..1. o ligamento coracoacromial se comporta com espes- de e hipercogenicidade deste ligamento.
samento e hipoecogenicidade. As causas degenerativas e um lon-

AL-________________________________________ ~
B

FiG. 1.16 A, B, C, O E E
Liga menro coracoacrom ial.
Desenho esq uelll,írico (Al .
Ultra-so nografia normal (B).
Ulrra-sonografla com espessamenro in~lam arório ag udo (e).
Ultra-so nografia co m espessamenro inflamatório crônico (O).
Secção parc ial em acromioplasria (E).
42 ATLAS C OMENTADO DE ULT RA- SONOGRAFIA M USCULOESQUELtTICA
. . . . .. ........ .

ESTUDO ULTRA--SONOGRÁFICO DA ARTICULAÇÃO ACROMIOCLAVICULAR

Esta articulação sinovial tem que ser avaliada no plano lon- O derrame na acromioclavicular pode estar relacionado
gitudinal ao eixo da clavícula e depois transversalmenre. E no com problemas reumatológicos (p. ex.: AR), problemas relacio-
plano transversal é que fazemos a mensuração da NC que é nor- nados com a degeneração desta artiClJação ou mesmo por causa
mal até 20 mm de maior diâmetro. Os valores acima de 20 mm traumática às lesões do manguito rotador "sinal do G êiser".
são considerados como contendo líquido em excesso, portanto,
com derrame: leve (20 a 25 mm), moderado (25 a 30 mm) e in-
tenso (aci ma de 30 mm).

C D
FI 1 l7 A B C E D
Articulações acromioclaviculares no rmais.
1\110 1 RES J OSL Glli\I ES 43

Degeneração osrl'ofid ri a discrera l' derrame imenso (A l' B, C e D ).


Degene raçiio os rcofidria ime nsa e derram e (E c F).
44 A TLAS C OMENTADO DE U LT RA-SONOG RA FIA M USCU LOESQUELÉTICA

_ LUXAÇÃO ACROMIOCLAVICULAR

_ __ _ ~ B

L -_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _~
C D

FiG. 1.'9 A, D, C E D
Luxação acromioclavicular no lado direito. Representação radiográfica (A e B). Fotografia do paciente (C).
D ese nho esquemárico (D) .
(Adaprado de Greenspam A. Radiologia ortopédica. 3. ed. Gua nabara-Koogan SA, 200 I).
M ON RES Jost G OMES 45

o diagnóstico de luxação acromioclavicular é clínico e perfeitamente se há rupturas do ligamento acromioclavicu-


radiológico, e esta entidade é classificada por Rockwood em lar e também dos coracoclaviculares. Portanto o método é
seis tipos. No ti po I e em alguns do tipo II a radiografia tem muito bom nos graus I e II. E sem sentido nos demais graus
dificuldade em mostrar. Com a ultra-sonografia observamos da lesão.

FiG. 1.J9 E, F E C

Luxação acromioc/avicular.
Representação ulrra-sonográfica (E, F e G).

F
46 A T LAS COJ'vlENTA DO DE U LTRA- SO NOGRAHA M USCULOESQUELfT1CA
. . . . .. ..... .

CISTO SINOVIAL DA ACROMIOCLAVICULAR

A B
FIG 1 .40 A, B [ C
Degeneração cística recidivada da ac romioc/avicular.

LIGAMENTOS CORACOCLAVICULARES

D E

F G
FiG 1.40 O, E, F ( C
Ligamenros coracoc/aviculares normais (D e F).
Ligame ntos coracoc/aviculares com ruptura (E e G).
.. . . . .
M ONRES J OSt. G OMES
.... . . .. .... " ... . . .. . .. . . . .... .. . ... ... . . . .
47

LESÃO DA CABEÇA LONGA DO BíCEPS - TENODESE

c D

F C. D F
Lesão com ruptura da cabeça longa do bíceps.
Forografia do pacienre (A) .
US coro proximal (8) .
US coro di staI (C).
Tenodese cirúrgica: Ulrra-sonografia (O) .
Radiografia (E) .
48 A TLAS CO\IE;\TADO D[ ULrRA-SO NOGRAFIA M USC:U LOESQUELÉTICA

PATOLOGIAS DA FACE POSTERIOR DO OMBRO

B
FiG. 1 .42 A E B
Labro posterior normal (A).
Artrose glenoumeral, osteófltos no rebordo posterior da glenóide (B).

c D

FiG. 1.42 C, D E E
Cisto paralabral posterior.
Ressonància magnética (C e D).
E Ulrra-sonografla (E) .
MO NRES J OSt. GOM ES 49

ARTICULAÇÕES ESTERNOCLAVICULARES

FiG. 1 .4} A, B, C E O
Aruose co m derrame da es [ernoclavicular esquerda.
Represe ntação radiográfi ca (A) .
Representação ul[ra-sonográfica (B, C e D ).

A ___ _

c D
50 ATLAS COM ENTADO DE ULTRA-SO NOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA

= ARTICULAÇÕES ESTERNOCLAVICULARES

FiG. 1.41 E, F E C
Artrose com derrame da esternoclavicular esquerda.
Representação radiográflca (E).
Representação ultra-sonográflca comparativa (F e G).

F
MO NRES ] OSf GOM ES 51

• CISTO PARALABRAL POSTERIOR

"'- .:
llal. : UIIIZIIIIr
. ~. - .. ., -

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I.VIM: u . ---.c
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\r-~\~\'
1 IlIIO.0uUI10 .C)o&)
Z UlII. 1UI/10.OM)
3 UID. OuUIUl. Iha)

E F
FiG. 1.44 A, B, C, D, E E F
Um caso de atrofia do infra-espinal por compressão do ramo infra-espinal do nervo supra-escap ular por um cisto
paralabral posterior volumoso.
Fotografia do paciente, notar intensa atrofia da região infra-espinal (A) .
Imagens ecográflcas (B, C e D ).
Eletroneuromiografla (E).
Resso nância nuclea r magnética axial T2 (F) .
52 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA MUSCULOESQUELfTICA

_ CISTO PARALABRAL POSTERIOR

F
FiG. 1 . 4~ A, O, C, D, E E F

Ressonância n uclear magnética (sagital T2) (A) (Coro nal oblíqua T2) (B).
Cirurgia, via posterior mostrando a dissecção, a ressecção e o cisto ressecado. (C. D, E e F) .
M ONRES J OS!'. G OMES 53

TENDINITE CALCÁRIA DO SUPRA--ESPINAL

FiG. 1.46 A, 8 EC

Tendinire calcária em fase de reabsorção.


Ulrra-sonografia (A).
Ressonância magnérica ax ial e coronal oblíq ua T I (B e e) .

c
54 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉT ICA

RUPTURA MACiÇA E CRÔNICA DO SUPRA~ESPINAL COM SUBSTITUiÇÃO GORDUROSA DO


SEU VENTRE MUSCULAR

A B

C
FiG. 1.41 A, B, C E O
Lesão total do supra-espinal com hipotrofta do coto proximal e com
substituição gord urosa e osteoa nrire (ombro de Milwalkee) . D
Representação ultra-sonográftca (A, B e D).
Ressonância magnérica (C).
M OI RES JosÉ G OMES 55

• LlPOMA NA FACE ANTERIOR DO OMBRO

FiG. 1 .48 A, B, C E D

Lipoma na face anterio r do ombro, tumoração ben igna freqüente nessa região.
Representação ulrra-sonográflca (A).
Procedimento cirúrgico (B, C e O) .
56
.... ........ ..... . . ... . .. . . .. . . ... .. ... . .....
A TLAS COMENTA DO DE ULT RA-SONOCRfI FIA M USCULOESQUELÉTICA
. . .. . . " .

PSEUDO ..ARTROSE DO COLO CIRÚRGICO DO ÚMERO

FiG. 1.49 A, B, C E O

Pseudo-artrose atróf!ca do úmero na região do colo cirúrgico c com


subluxação posterior da cabeça llmeral, tenossinovire bicipiral e
derrame glenoidal.
Visão lllrra-sonográf! ca (A).
Radiografia digital, imagem negativa (B) .
Ressonância magné tica sagital TI e ax ial T2 (C e D).

c
M ONRES J OSt. GOM ES 57

ATROFIA DE DELTÓIDE

A B

FiG. 1 . ~O A, B E C

Atrofia do del[óide no lado direi[o.


Ul[ra-sonografia (A e B).
Forografia (C).
58 A T LAS C OMENTADO D E U LTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELfTICA
.............

MEDIDA DO TROFISMO DOS DELTÓIDES

A atrofia do deltóide ocorre por lesão traumática ou por transdutor é translacionado no sentido posterior, obteremos o
compressão no segmento correspondente ao nervo axilar. Neste restante da imagem do feixe lateral do delt6ide e o feixe posterior.
caso por trauma em acidente de motocicleta onde houve lesão Sempre mantendo o ponto de união no sulco bicipital.
extensa do manguito rotador e comprometimento do plexo bra- Avaliando sempre o lado contralateral comparativamente e
quial. obtendo as medidas conforme se observa nas figuras A e B pode-
Na técnica para medir o trofismo do deltóide, o transdutor é remos definir a hipotrofia e calcular o percentual de comprome-
colocado em plano transversal com rastreamento na face anterior timento do deltóide feixe por feixe. A importância desta men-
para a porção distal até deixarmos de ver a borda inferior do ten- suração dos deltóides é grande, pois poderemos ter dados fiéis do
dão do músculo subescapular e neste pOntO será o nosso referen- comportamento deste músculo na recuperação fisioterápica. do
cial. Com a tela em "Dual", para quem não trabalha com equi- pós-operatório. Também tem importância no ponto de vista
pamento de função "panorâmica", unimos a imagem do feixe médico-legal pois o paciente já poderá ter lesão prévia, e este
anterior do deltóide e a metade da imagem do feixe lateral do dado poderá perfeitamente ser afirmado antes do procedimento
deltóide baseada no sulco bicipital, com a imagem dual onde o cirúrgico nos pacientes com hipotrofia assimétrica.

PRINCIPAIS TESTES CLíNICOS PARA A AVALIAÇÃO DO OMBRO

Seguem alguns testes clínicos importantes que o médico ul- TESTE dE GERbER
tra-sonografista precisa tomar conhecimento para até mesmo O membro superior é colocado em rotação interna máxima
lançar mão em situações de falta de informação no pedido médi- com a mão nas costas, no nível lombar onde o paciente é orienta-
co. Ou mesmo em alguma dúvida no exame, e que uma avalia- do a forçar contra o corpo e o examinador em sentido inverso. Se
ção clínjca com exame físico poderá perfeitamente ser feita du- positivar, haverá dor e impotência funcional e neste caso estare-
rante o exame ecográfico. mos testando o músculo subescapular.

TESTE dE NEER: (TESTE do iMpACTO) TESTE dE YERqASON

Com uma das mãos fixando a escápllla e a outra fazendo a O paciente de pé, o examinador orienta a realizar movimen-
elevação rápida do membro superior no plano escapular. Se posi- tos de flexão do cotovelo e supinação do antebraço de maneira
tivar o paciente sentirá dor. forçada, enquanto que com a outra mão faz palpação sobre o sul-
co bicipital do úmero. Se positivar, haverá dor intensa.
A grande tllberosidade do Úillero sofrerá impacto na porção
anterior e inferior do acrômio.
SiNAl do POpEyE
O paciente de pé, o exam inador orienta fazer flexão forçada
TESTE dE FukudA
do cotovelo. Se positivo, haverá deformidade típica pela ruptura
O teste é o de Neer invertido. O paciente de pé, e o exami- total da cabeça longa do bíceps onde o mesmo apresenta-se retra-
nador fixa a escápula com uma das mãos e com a outra exerce ído em seu coto distal, formando a imagem semelhante a braço
abdução do membro superior com força de tração axial. Se posi- do Popeye após ingestão de espinafre.
tivar, o paciente vai referir alívio, pois o impacto não ocorrerá.
TESTE dE HAWkiNS

TESTE dE JObE Serve para avaliar a força muscular do infra-espinal e do su-


pra-espinal.
O paciente fará a elevação de ambos os braços, enquanto o
O paciente de pé, o examinador orienta o paciente a realizar
examinador fará força inversa. Se positivar, o paciente sentirá dor
rotação externa enquanto exerce força contrária, e a cabeça do
(irritação do manguito) e/ou perda de força (lesão) .
úmero junto com a bolsa e o manguito chocam-se contra o acrô-
mio, o ligamento coracoacromial e a ponta do processo coracói-
TESTE dE PATTE de (arco acromial). Se posiúvar, haverá dor intensa e/ou perda
O membro superior elevado em 90 graus, o paciente força funcional, caracterizando processo inflamatório ou ruptura.
em rotação externa e o exami nador faz o inverso. Se posirivar, a
dor e impotência funcional mostrarão alterações no infra-espinal TESTE dE AdsoN
e redondo menor. Teste para a síndrome do desfiladeiro torácico.
.. , ...... ............. ,
M ONRES JOSt G OMES
......... , . . .. . ... .......................................... , ............... .
~
59

Posicione por trás do paciente, com uma das mãos fIxe a es- leva o membro superior em abdução e rotação externa e orienta
cápula e com a outra palpe o pulso radial e continue palpando o paciente a volver a cabeça em direção oposta ao membro exa-
enquanto leva o membro superior em abdução com o cotovelo minado. Se positivar, o pulso diminui a amplitude ou mesmo
estendido. Em seguida peça o paciente para prender a respiração desaparece e estaremos mostrando a compressão das estruturas
e volver a cabeça em direção ao braço examinado. Se positivar, o neurovasculares da região do desfIladeiro torácico.
pulso radial diminuirá a amplitude ou até desaparecerá. Estare-
mos testando a permeabilidade da artéria subclávia que poderá TESTE dA ApREENSÃO
estar sendo comprimida por costela cervical, pelos escalenos an- Serve para testar instabilidade no ombro. O examinador co-
terior e médio ou mesmo por banda fIbrótica. loca-se por trás do paciente que fIca de pé e, com uma das mãos,
segura o ombro por trás e com a outra abduz o membro superior
TESTE dE WRiqHT até 90 graus, e em um exato momento aplica força de rotação ex-
Serve para testar a presença da síndrome do desfIladeiro to- terna e fulcro posterior. Se positivo, o paciente fIcará bastante
rácico. O examinador fica posicionado por trás do paciente, com apreensivo, com temor de uma nova luxação e tentará sair da-
LUna das mãos fixa à escápula e com a outra toma o pulso radial e ~ela posição. Sinal que há instabilidade anterior do ombro.

PROTOCOLO RESUMIDO DE PESQUISA ULTRA.-SONOGRÁFICA

1. Cabeça longa do bíceps.


2. Subescapular.
3. Supra-espinal.
4. Infra-espinal e redondo menor.
5. Labro posterior.
6. Labro anterior.
7. Articulação acromioclavicular.
8. Ligamento coracoacromial.
9. Ligamentos coracoclaviculares.
10. Músculo deltóide.
11. Articulação esternoclavicular.
12. Região escapular.
60 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA MUSCULOESQUELt-TICA
... .. .. .,." . .... . , ...... .. , ., ... ....... .

LEITURA RECOMENDADA

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Capítulo 2

COTOVELO
64 A TLAS C OM ENTADO DE U LTRA-SONOG RAFiA M USCULOESQUELÉTICA

INTRODUÇÃO

o cotovelo é wna articulação em dobradiça, com relativa esta- gico dos equipan1entos, bem como do treinamento especializado
bilidade e com wn firme suporte ósseo composto por três articula- dos examinadores.
ções distintas: wneroulnar, wnerorradial e radioulnar proximal. Nas pequenas lesões, nos focos mínimos e mais superficiais
A ultra-sonografia é um método de excelência para as lesões de processos inflamatórios, como nas epicondilites, a LUtra-sono-
nas panes moles do cotovelo. Evidentemente, quando utilizada grafia mostra-se superior a qualquer método atual.
em conjunto com uma radiografia prévia. Sabemos que à medida da necessidade clínica, as indicações
As imagens de ressonância magnética têm o seu valor no es- para outros exames complementares podem surgir em uma
tudo do cotovelo, entretanto, a ultra-sonografia pela sua alta cadência natural. Acreditamos que a ultra-sonografia deve vir em
especificidade e sensibilidade, além da acessibilidade, vem ga- segundo lugar, após a radiografia; ficando os demais métodos
nhando espaço a cada dia, na razão direta do progresso tecnoló- atuais, que são de menor acessibilidade, para os casos mais diBceis.
M ON RES josf Gm.'IES 65

FACE ANTERIOR DO COTOVELO - ANATOMIA NORMAL

FiG. 2.1 A
Lin ha articular do cotovelo em visáo anterior, com o rransdutor em
rransversal.

A
FiG. 2.1 B
Linha arricular do cotovelo em longirudinal no lado lareral.
Observamos o capírulo e a cabeça do rádio se arriculando.

B
FiG. 2.1 C
Linha articular do cotovelo em longirudinal no lado mediaI.
Observamos o processo co ronó ide da ulna se arriculando com a
rródea da ulna.

c
66 A TLAS COM ENTADO DE ULT RA-SONOGRA FI A M USCU LO ESQ UE LÉTICA

• FACE ANTERIOR DO COTOVELO - ANATOMIA NORMAL E LESÃO BICIPITAL DISTAL

B
2A FiG. 2.2 B
Linha arricular do caravela em longitudinal no lado lateral. Linha articular do coravelo em longitudinal no lado mediaI.
Observamos o bíceps braquial na sua região ele inse rção na Observamos o müsculo braquial na sua região de inserção na ulna
tube rosidade bicipital do rádio. proximal.

C D
FiG 2.2 C FiG . 2.2 D
Lesáo do bíce ps braquial no seu segmenro distaI. Visão do coro Lesa0 do bíceps braquial no seu segmento distaI. Visão do COtO
distaI. proximal.
MONRES JOSÉ GOMES 67

FACE ANTERIOR DO COTOVELO - LESÃO BICIPITAL DISTAL E TENDINITE BICIPITAL DISTAL

D
FiG. 2.} A, R, C l O

Lesão do bíceps braquial no seu segmenro dista!. Mostrando o coro


proximal (A) e o coro distai (B), o braço com a deformidade visível
em um alterofilista (C), e por fim o resultado com cura após
6 semanas de tratamento conservador com imobilização e
fisioterapia (O).

FiG- 2 4
Tend inite bicipital insercional, norar tendão com aumento de
ecogenicidade de forma difusa.
68 A TL"S C OMENTADO DE ULTRA-SONOC RAFIA M USCU LOF.SQUELÉTICA
....... , .................... .

LINHA ARTICULAR DO COTOVELO - DERRAME ARTICULAR

A B

C D
FiG. 2.~ A, B, C E O

Derrame arr icul ar de corovelo.


M ONRES j osf G OMES 69

LINHA ARTICULAR DO COTOVELO - CISTO SINOVIAL - INSTABILIDADE DA RADIOULNAR


PROXIMAL

A B

C D
FIG. 2.6 A, B, C E D
Lesão císrica na face ânrero- Iateral do cO[QveJo.
Transversal (A). Longirudinal (8).
Luxação crônica vo luntária do rádio proximal (C e D).
70 . . . . . . . . . . . . . .. ...
A TLAS COMENTADO DE ULTRA-5 0. OGRAFIA M USCULOESQUELtTICA
.. .. .. . . . ............ . . . . .. . .. . .. .. . . .

• LINHA ARTICULAR DO COTOVELO - FRATURA OCULTA DA CABEÇA DO RÁDIO

Quem duvida da radiografia simples para diagnosticar uma lha no diagnóstico das fraturas da cabeça do rádio por não reali-
frarura da cabeça do rádio? zarem de rotina as incidências oblíquas. A ultra-sonografia tem o
Nós também concordamos com o consagrado e revolucio- poder de definir não somente a fratura como também de avaliar
nário mérodo radiográfico que no princípio do século XX veio se há derrame articular ou mesmo comprometimento da muscu-
impulsionar a medicina e sobretudo a ortopedia. Entretanro, de- latura e estruturas ligamentares que envolvem a articulação do
vido à pressa no atendimenro de pronto-socorro, pode haver fa- corove!o.

A B

FiG. 2.7 A, B, C, O E
Frarura da cabeça do rádio. US (A).
Lado conrralareral compararivo normal. US (B).
Fraru ra da cabeça do rádio. Radiografia (C).
Desenho esquemárico da frarura (O ) e planejamenro cirúrgico (E).

DL-________________________________________ ~ L -_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _~ E
M ONRES J OS" G OMES 71

FiG. 2.7 F, C, H, I E J
Fotografia do intra-operatório mostrando a fratura (F).
Radiografia do pós-operarório imediaro (G e H).
J Radiografia do pós-operarório de 90 dias (J e J).
72 ATLAS COMENTADO DF. U LTRA-SONOCRAFLA M USCULOESQUELÉTJCA

OSTEOCONDRITE DE PANNER

A B

C o
FIG. 2.8 A, B, C E O
Osreocondrire de Panner (A e B). Norar deformidade no comomo do capírulo.
Compararivo, norar o comorno do capíru lo normal (C e D).
M ONRES Josl': GOMES 73

G
FiG. 2.8 E, F, C E H
Osreocondrire de Panner com acompanhamenro de 18 meses.
Deformidade no comorno do capírulo com melhora (E e F) .
Lado conrralareral normal (G e H ).
74 ATLAS COJ'vlENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA

• SCHWANOMA NA FACE ANTERIOR DO COTOVELO

FiG. 2.9 A E B
Schwanoma de face anterior do
co rovelo em visão lo ngirudinal
B e rransversal.
MONRES J OSÉ GO MES 75

EPICÔNDILO MEDIAL E LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL

A B
FIG. 2.10AE B
Epicôndilo mediai normal.

C
FiG. 2.10 C FiG. 2.10 D
Ligamento colateral mediaI. Ligamento colateral mediai normal.

FiG. 2.10 E
Ligamenw colateral mediai com ruptura aguda e
E avulsão no segmenw proximal.
76 A TLAS COlvlENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA

CANAL CUBITAL

o nervo ulnar apresenta-se espessado em algumas circuns- me do canal cubital) e também por Hanseníase, que em nosso
tâncias, e as principais causas são por compressão extrínseca, por mejo é muito freqüente.
espessamento do rerináculo que recobre o canal cubital (síndro-

FiG. 2.11 A E B

Nervo ulnar espessado.


Ulrra-sonografia (A) .
B Cirurgia (8).
M ONRES JOS~ GOMES 77

A B

FiG. 2.12 A, B E C
Nervo lllnar normal (A).
Nervo lllnar espessado. Ulrra-sonograha(B).
Abertura cirúrgica do canal cubiral (e) .
78 ATLAS COMENTADO DE ULT RA-SO NOGRAFIA M USCULOESQUELtTICA

• EPI CONDILlTE MEDIAL

A B

C D
FiG. 2.H A, R, C E O
Imagens de epicondilire mediaI.
Norar espessame nro f1broedemaroso (setas), que é a característica ecográflca básica encontrada na fase aguda da doença. as fases crônicas
encontramos mais f1brose e a presença de reaçáo osreoflrária .
MONRES Jost GOM ES 79

• ANATOMIA ECOGRÁFICA DO LIGAMENTO COLATERAL LATERAL E DO EPICÔNDILO LATERAL

L -_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _~ B

c o

EL-____________________________________ ~
F
FiG. 2.14 A, B. C, D, E E F
Ligamento colarerallareral (US) (A e e) .
Ligamento colarerallareral (desenho esquemático) (8).
Lesão do ligamento colateral lateral (D).
Epicôndilo lateral normal e epicondilite (desenho esquemático) (E) .
Epicôndilo lateral normal (US) (F).
80 ATLAS COMEN TAIJO IJE UURA -SONOCRAFLA M USCULOESQ UELF:TICA

EPICONDILlTE lATERAL

A B
FiG. 2.n A E B
Epico ndi lite latera l (fase aguda).
Notar espessamenro fibroedemaroso intenso (setas).

c o

FiG. 2. n C, O [ E
Ep icondi lite latera l (f.1se aguda).
E otar es pessa me nto fibro ed emaroso intenso (setas) .
M O\!RF.S J OS!' GmIE~ 81

Epicondilire lateral aguda-sob re-c rô ni ca. Norar que há um halo f1broedemaroso sobre um osreóflro no epicôndilo lareral (F, G, H e 1).
Represe nração radiográfl ca (j).
Imagem de resso nância em seqüência axia l ST I R (K).
82 ATLAS COM ENTA DO I)E U LTRA-SONOGRAFIA M USCU LOESQUELIÔTICA

• EPICONDILlTE LATERAL

C
FiG. 2.16 A, D, C E D
Epicondilite lateral em fase aguda-so b re-c rôn ica .
Ultra-so nografi a (A) .
Radiografi a (B).
C iru rgia (C e D).
M ONRES J OSt. GOM ES 83

FACE POSTERIOR - TENDÃO TRICIPITAL NORMAL

Face posterior do corovelo : rendão rri cipital normal.


84 ATLAS COMENTADO DE U LTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELfTICA
........... . . ................................. -

• FACE POSTERIOR - DERRAME NA FOSSA OLECRANIANA

A B

FiG. 2.18 A, B E C
c Derrame na fossa olecraniana.
M ON RES J OSÉ GOMES
. .. ................ . .. . .... . .. ... . .
85

• FACE POSTERIOR - ESPORÃO OLECRANIANO

FiG. 2.19 A E B
Esporão olecraniano.
Ultra-sonografia (A). Rad iografia (8).
86 A TLAS COJ\1l: NTADO DE UITRA- ONOCRAHA M L.:SCU LOESQUELÉTICA

• FACE POSTERIOR - TENDINITE TRICIPITAL

A B

c D

r f

Tendão normal (A) .


Tendini re rricip iral
E (8, C, O e E).
MO NRES J OSÉ G OMES 87

• FACE POSTERIOR - TENDINITE TRICIPITAL E ESPORÃO

'--_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _.... 8

D
FiG. 2.21 A, R, C E D
Tendinite tricipital, em fase osteofítica.
88 ATLAS C Ü J\tEi'!TADO DE U LTRA -SONOGRAFI A M USCU LO[S QU ELI~TICA

FACE POSTERIOR - BURSITE OLECRANIANA TOFÁCEA

A ......._.~

E ~~~~~~~ __~__~_ F
FIG- 2 22 A, B C D, E E F
8ursire olecra niana rofácea. Forografla (A) . Rad iografia (8).
Ulrra-sonografia (C) . C irurgia (D, E e F) .
M ONRES JOSÉ GOMES
................ .. . . ..... . . . . .... .. ......... . . ... ... . . ... . . .. . . ... . . . .. . . ..
89

FACE POSTERIOR - BURSITE SÉPTICA DO OLÉCRANO

FiG. 2.21 A E B
Bursite o lecran iana séptica.
Fotografia (A).
U ltra-sonografia (B).

B
90 ATLAS COI\lENTADO DE ULTRA-SONOGRAFiA M USCULOESQUELtTl CA

• FACE POSTERIOR - BURSITE OLECRANIANA CRÔNICA MULTISSEPTADA

FiG. 2.24 A, B, C, D E E
Bursire o lecran iana.
Ulrra-sonografia (A).
Foros cirlirgicas (B, C, O e E).
M ONRES J OSt. G OMES 91

PROTOCOLO RESUMIDO DE PESQUISA ULTRA.. SONOGRÁFICA

1. Face anterior
• Linha articular anterior.
• ArticuJação umerorradial.
• Articulaçao umeroulnar.
• Inserção do bíceps.
• Inserção do braquial.
• Partes moles.

2. Face medial.
• Epicôndilo medial.
• Canal cubital: nervo uJnar.
• Ligamento colateral medial.

3. Face lateral.
• Epicôndi lo lateral.
• Ligamento colateral lateral.

4. Face posterior.
• Tendao tricipital.
• Bolsa olecraniana.
• Fossa olecraniana.
92 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELtTICA
............ . . . ............. . . ... . . . . . . ... . .. . ..

LEITURA RECOMENDADA

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Capítulo 3

PUNHO
94
•••••••• • ••••• ••• •• ••• ••••••••••••
A TLAS C OMENTADO DE ULTRA.S ONOGRAF IA M USCULOESQUELJOTICA
•••••••• • •• • • • ••••••• • • ••••••••••••••••••• ,....... •••• • • •••••••••• •• • • 0.0

• INTRODUÇÃO

oestudo ultra-sonográfico do punho está em franca fase de tecnológica dos equipamentos. Depende também da divulgação
evolução dependendo do aprimoramento técnico e da evolução e interação entre o imagenologista e as especialidades afins.

. TÉCNICA

Realizamos a técnica com rastreamento transversal e longi- O quinto compartimento, extensor próprio do mlOImo
tudinal em relação às estruturas estudadas nas faces anterior e (EPM), e o sexto compartimento, extensor ulnar do carpo
posterior- O estudo individualizado partindo do túnel cárpico, (EUC), são individualizados com o transdutor transversalmente
depois pelo túnel de Guyon e os demais tendões extratúneis além sobre o processo estilóide da u1na.
da fibrocarruagem triangular são as metas na seqüência do proto- A avaliação longitudinal dos tendões extensores é indicada
colo para a face anterior. nas suspeitas de lesão com solução de continuidade parcial ou to-
Na face dorsal iniciamos pelo estudo transversal dos seis tal dos mesmos, e também no estudo das rumorações dorsais do
compartimentos extensores, partindo do primeiro comparti- punho.
mento (abdutor longo do polegar - ALP e extensor cuno do po-
Lembrar sempre que a dinan1icidade dos tendões nos movi-
legar - ECP), individualizado dorsolateralmente sobre o platô
mentos de flexoextensão e o uso dos efeitos de Doppler e power-
do processo estilóide do rádio.
angio podem ser úteis na individualização dos tendões e no estu-
O seglmdo compartimento, composto pelo extensor radial
do das sinovites e tumorações, respectivamente.
longo do carpo (ERLC) e extensor radial curto do carpo (ERCC),
vem a seguir no rastreamento transverso do dorso do punho em A ultra-sonografia vem ganhando espaço na complementa-
outro platô. ção da visão radiográfica do punho e pela sua importante pro-
O terceiro e o quano compartimentos são individualizados priedade de dinan1icidade e tende a tornar-se o método com-
no dorso do punho, tendo como referência obrigatória o tu- plementar de escolha após a radiografia.
bérculo de Líster. O terceiro compartimento abriga o extensor A ressonância magnética, a tomografia computadorizada e a
longo do polegar (ELP), e o quarto compartimento contém o cintilografia óssea têm suas indicações amplas e indiscutíveis para
tendão do extensor próprio do índex (EPI) e os tendões do mús- o punho, porém são métodos menos acessíveis e proporcionam
culo extensor comum dos dedos (ECO). dificuldade na avaliação dinâmica.
M ONRES J OSÉ GOMES 95

• ANATOMIA ECOGRÁFICA DO PUNHO - FACE ANTERIOR

Flexores
superfi i

L -_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _~
A B

c _ ---""'... 0

FiG. J. l A, B, C, D E E
Túnel do carpo.
UI rra -sonogra fia transve rsal (A).
Desenho esquemático (B).
Resso nância magnética axial Tl (e).
Radiografia incidência túnel view (O ).
E U ltra-sonografia longitudinal (E).
96 ATLAS COM ENTADO DE UlT RA-SONOG RAFIA M USCULOESQUELt.TICA

ANATOMIA ECOGRÁFICA DO PUNHO - LADO MEDIAL (FIBROCARTlLAGEM TRIANGULAR)

FiG. 1.2 A, B E C
Fibroca rtilagem triangu lar.
Visão ultra-sonográflca (A).
Tomografia computadorizada (8).
c Resson ância magnética (C).
M ONRES j osf: GOMES 97

ANATOMIA ECOGRÁFICA DO PUNHO - FACE DORSAL

A B
FiG. }.} A FiG. } .} B
Primeiro comparrimenro extensor. Segundo comparrimenro extensor.
Abduror longo do polegar (ALP). Exte nsor radial lon go do carpo (ERLC).
Extensor c urro do polegar (ECP). Extensor radial curro do carpo (ERCC).

C D
FiG. }.} C FiG. } .} D
Terceiro e quarro co mparrill1enros ex tenso res. Quinto e sexro co mpartim entos extenso res.
Extensor longo do pol ega r (ELP). Extensor própri o do mínimo (EPM) .
Ex te nso r pró prio do índex (EPI ). Extensor uln ar do ca rpo (EUC).
Extensor co mum dos dedos (EC O ).
98 A TLAS C OMENTADO DE U LT RA-SO NOG RAFLA M USCULOESQUELt.Tl CA

ANATOMIA ECOGRÁFICA DO PUNHO - FACE DORSAL

FiG. }.} E, F E G
5 4 3 2 Desenho esquemático dos compartimentos
extensores do punho (E).
Resso nância magnética (F) .
Tomografia computadorizada (G) .
(Adaptado de Nerrer FN. Sistema
musculoesquelético. Masson-5aJvate
Medicina. Edição cientifica y Tecnica S.A.,
1990.)

EL-________________________________________________ ~

F G
MO NRES J OSÉ GOM ES
., ................................. ... ....... ... .... ......... ... ......................... ... . . 99

SíNDROME DO TÚNEL DO CARPO

DEfiNiçÃo malmente percebidos como lun só ponto quando estes são


Asíndrome do tünel do carpo foi descrita originalmente por pertos. Na STC estes pontos mesmo quando longe per-
Sir James Paget em 1863, é a patologia compressiva dos nervos sistem na percepção do paciente como um só ponto de
periféricos mais freqüente e consiste fisiopatologicamente em compressão.
compressão, determinando neurite reacional do nervo mecLano, / ' Hipotro6a ou atro6a da musculatura tenar.
daí toda uma sintomatologia complexa com dor e pa.restesia no
rrajeto do dermátomo deste nervo no membro superior. Com PROPEdÊUTicA COMplEMENTAR
piora no período noturno e sensação de adormecimento e fadiga
muscular que, dependendo da fase, tornam-se piores com en- 1. Eletromiografia: é um método que investiga e estuda a
volvimento sensitivo, motor ou trófico. Na fàse mais grave os te- condução nervosa e se presta muito bem para o diagnóstico
nares entram em hipotrofia seguida de atrofia com substituição da síndrome do tünel do carpo, bem como as demais sÍn-
fibrogordurosa da musculatura. A referência da dor na face ante- cL'omes compressivas dos membros superiores. Entretanto,
rior do ombro é também um dado que observamos nos casos existem situações que este método poderá fornecer resulta-
mais avançados e que por vezes confundem o médico na condu- dos falsos-negativos de 10 a 15%, com precisão de 85 a
ção do caso. 90%.
Esta síndrome ocorre geralmente em pacientes entre 30 e 60 Classificação eletromiográfica de Ditmars (1993):
anos de idade; e mais freqüente nas mulheres na razão de 3 a 5: l. Leve, somente alteração sensorial.
Mais de 50% dos casos são bilaterais. No seu trajeto na mão, os Moderada, alteração sensorial e motora.
dedos polegar, indicador, m édio e a metade radial do dedo anu-
Severa, desnervação do nervo mediano.
lar são juntos com as zonas lI, III e região tenar o território afeta-
do. 2. Radiografia: as incidências em AP, perfil e túnel view onde
poderemos identificar alterações osteoarticulares relacio-
CAUSAS nadas com esta síndrome, como exostoses, calcificações, lu-
xações carpais e tofos gOtosos.
1. Extrínsecas: ocorrem por diminuição do continente, ge-
3. Ressonância magnética: este método é capaz de avaliar e
ral mente por espessan1ento do retináculo dos flexores.
definir a presença da síndrome do tünel do carpo com ima-
2 . Intrínsecas: são todas as alterações que ocorrem dentro do
gens em axial e coronal.
tünel cá.rpico aumentando o conreüdo do mesmo: cistos,
tenossinovites, [Oros g0[Osos, músculos an ômalos, persis- Alterações na RM:
tência da artéria mediana, exostoses, tumores e luxações Alteração de sinal de baixa intensidade em TI e intensi-
ca rpais volares. dade aumentada em T2 e STIR na secção transversa do
punho nos tendões flexores (causa intrínseca por tenossi-
EXAME físi co novite) .
AbalJamento anterior do retináculo dos flexores (ava-
1. Teste de Phalen: consiste em posicionar as mãos em posição
liado no nível do hamato).
de prece com os cotovelos hiperfletidos e imprimir compres-
são por 1 minuto de forma que os punhos são forçados em Edema difuso ou aumento segmentar do nervo mediano
hiperextensão. Se positivo, a sinromatologia aumenta, e o na secção transversa (aval iado no nível do pisiforme).
paciente descreve a irracLação para a mão no território do Achatamento do nervo (aval iado no nível do han1ato) .
mediano.
Sinal de imensidade aumemada em imagens ponderadas
;;.. . Teste de Phalen invertido: a técnica é a mesma, porém, as
em T2 no nervo mediano.
, mãos são com primidas uma contra a o utra nas suas faces
dorsais provocando hiperflexão dos punhos. Presença de gânglios císticos, tofos gorosos, lipomas,
)3. Teste de compressão carpal: neste caso, fazemos dígito- vasos anômalos, músculos anômalos, infecções glanu-
, com pressão sobre o tünel cárpico, e os sintomas são re- lomatosas, exostoses ou luxações carpais (causas in-
produzidos. trí nsecas) .
4 . Sinal da digito-percussão do túnel (Sinal de Tinel): percu- 4. Ultra-sonografia: este mérodo em mãos bem treinadas é
, te-se o tLmel na face anterior, e o paciente refere sin- capaz de distinguir o nervo mediano nos planos longi-
tomatologia no trajeto do mediano. tucLnal e transversal e estudá-lo dinamicamente junto com
..,). Teste dos dois pontos de discriminação (2PD): dois pon- as estruturas anatô micas correlacionadas com o mesmo na
tos de compressão sobre o território do mediano são nor- passagem pelo túnel cárpico.
100 A TLAS C OMENTADO DE ULTRA-SONOGRAF LA M USCULOESQUELtTl CA
...... .
. . . . . . . . . . .. ... , ... . . . . . . .

ClAssificAçÃO ECOqRÁficA ~charament~o nervo mediano no seguimento disral do


túnel cárpico por compressão rerinacular. Nesres casos o
A ~~e da ST~o é perce tível via de reo-ra ela US, e
quando tentamos estabelecer o diagnóstico ecogr ' ICO nesta fase, nervo encontra-se espessado reacionalmente e no ponto
o insucesso quando comparado com a eletromiografia é fre- de esrrangulamento determinado pelo espessamento do
qüente, o que torna o método desanimador. Portanto, a i'itssa rerináClJo ele assume posição de achatamento focal .
preferência pessoal e que acreditamos ser a mais coerente é classi- Forma do nervo mediano, esre nervo rem a forma elíp-
ficarmos ecograficamente a síndtome do túnel do carpo em mo- rica-achatada na avaliação transversa, e quando espessado
derada ou grave. Ficando as formas leves caracrerizadas como aumenta pouco no sencido lárero-lareral e muito mais no
no rmais. D esta forma paran10S de errar e cremos que a US ga- sentido ântero-posterior tomando forma arredondada
nhou em especificidade e sensibilidade para as formas moderada quando reacionalmente espessado.
e grave. Ecogenicidade, o nervo mediano espessado assume hi-
poecogenicidade em relação ao padrão normal.
1. Moderada Presença de alterações intrínsecas, cistos gangliônicos,
tofos gotosos, projeções intratúnel de músculos lumbri-
ÁJ'ea de secção transversa do nervo mediano > I? ru m 2
cais anômalos, persistência da artéria mediana (interóssea
(Lee, 1999).
anterior), tenossinovites, rumores, exostoses e luxações
AbatJamento antenor do retináculo dos Aexores, em carpals.
transversal traçamos uma linha tangenciando anterior-
2. Grave
mente o tlwércul o do "'aiPigf Mâ mulo do ba14Hto, e o
A forma grave pode ter as mesmas características descritas na
rerináculo não poderá esrar acima de 5 mm desra linha
forma moderada e com a diferença apenas no trofismo dos tena-
até sua b,g,rda a lJ~rior.
res que se diminuído ectoscopicamente e ulrra-sonograficamente
EsJ2essamen...E9-IetiJ:1açular, na avaliação longirudinal a caracreriza a forma grave.
porção mais espessada do rerináculo, distalmente é me- O tratamento na forma leve é sempre com repouso, AlNES,
dida nas suas faces de anterior para posteriormente. e fisioterapia. Nas formas moderadas, também fazemos assim, e
Mulheres: nQW1a l aré G 1l1J:R. se houver recrudescência dos sintomas, subseqüentemente in-
H om ens: nor~ dicamos cirurgia pal'a descompressão do túnel.
(Variando com o biotipo, mulheres aré 8 mm e homens Nas formas graves a indicação cirúrgica é imperativa e a
até lO mm). reabili tação é mais difícil.
M ONRES J OSt. G OMES 10 1

SíNDROME DO TÚNEL DO CARPO

A
FiG. 1 .4 A
Visão transversal. Ressonância magnética (axial TI ) com abaulamento
anterior do retináculo (A) .

B c
FiG. 1.4 B E C
Ultra-sonografia.
Visão Transversal (B).
Visão Longitudinal (e ).
Notar espessamento difuso do retináculo e zona de compressão extrínseca distai sobre o mediano que também apresenta-se es pessado.
102 A TLAS C OMENTADO DE U LTRA-SONOGRAF IA M USCULOESQUELt.TI CA

SíNDROME DO TÚNEL DO CARPO

FiG. 1.4 O, E E F
Sínd ro me do túnel do carpa grave.
Área de secção rransversa do nervo mediano acima de 0, 15cm (D ).
Avaliação lo ngitudinal co m espessamenro do nervo med iano e
espessamenro do retinác ulo dos flexores (D).
F Hipotrofia da musculatura tenar no lado d ireito (F).
MONRES J OSÉ G OMES 103

A B
FiG. }5 A E B
Área de secção transversa do nervo mediano com 0, 15cm e retináculo espessado: síndrome do túnel do carpo com moderada intensidade.

A B
FiG. 1.6 A E B
Observe neste caso o nervo mediano hipoecogênico com diâmetro transversal e ântero- posterior aumenrados, significando o processo
inflamatório reacional à comp ressão determinada pelo retináculo.
104

SíNDROME DO TÚNEL DO CARPO

LAdo ESQUERdo LAdo diREiTO

c
FiGs. } 7 E } 8 A, B l C

Re[ inácul o cspessado co m prim i nelo o nervo mediano ve m ralme m e (A).


Transversal e âmero-pos[crior elo [únel (B).
Transversal e <!f1[ero-pos[er ior elo nervo mediano (e).
MO NRES JOSÉ G OMES 105

FiG·l.9A,BEC
Corte transversal, note o nervo mediano hipoecogênico realçando
sobre os outros tecidos vizinhos, e com área de secção transversa
medida em três casos diferentes e confirmando a síndrome do
túnel do carpo apenas no primeiro (A) . Note que a secção
transversa está abaixo de O, 15cm nos outros dois casos que estão
normais (B e C).
106 A TL.AS COMEi\!TADO DE UlTRA-SO NOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA

SíNDROME DO TÚNEL DO CARPO

- - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - --
Corre transversal, note o nervo mediano hipoecogê nico real çando so bre os ourros recidos vizinhos (A),
Corre longirudina l, o nervo mediano afilado na zo na de compressão no seguim e nro disral do rer ináculo (B) .

c D

Co rre transve rsal ev idenciando o nervo mediano agredido por formação fibrórica residual do rerinácul o (C) .
O mes mo caso em visão longirud inal mostrando a zona focal de compressão por fibrose rerinacular di sca i que não foi seccionada no aro
cirúrgi co (O) .
MONRES ] OSf GOMES 107

Para o conhecimento do leitor não-cirurgião seguem foros compressão do túnel), lembrando que existem técnicas moder-
de uma das técnicas cirúrgicas para a síndrome do túnel do carpo nas , com incisão menor e até com técnicas videoscópicas.
(cirurgia aberta com secção longitudinal do retináculo para des-

FiG. 1.11 A FiG.l11 B

o retináculo dissecado cirurgicamente. o momento da secção longitudinal do retináculo.

Fllj. 1.11 C FiG. 1.11 D

o momento final da secção longitudinal do retináculo, nore a zona o nervo mediano liberado. Note o espessamento.
de compressão sobre o nervo.
108 ATLAS COi\It:NTALlO DE ULTRA-SONOCRMIA M t;SCULOESQUELET ICA

I, ,
• SINDROME DO TUNEL DO CARPO GRAVE

A B

FiG . l.12 A, B, C, D E E
Síndrome do Túnel do Carpo grave, co m ar rofia renar imporranre
no lado direiro.

E
MO NRES JOSÉ G Oi\ IES 109

FiG. l.H A, R, C E D
Medidas de trofismo dos tenares. Hipouofia à direita de 26% em
relação ao lado conrralateral (A e B).
Síndrome do Túnel do Carpo grave, também com atrofla tenar
importanre no lado direito CC e D).
110 A T LAS C OMENTADO DE U LTRA-SONOGRAFlA M USCULOESQUELtTICA

• SíNDROME DO TÚNEL DO CARPO GRAVE

E .. _~_..:=_ F

FiG. l.H E, F E C
Síndrome do Túnel do Carpo grave. É o mesmo caso da página
anterior.
O retináculo está intensamente espessado com formação fibrótica
exuberante (E).
Na seqüência observamos a secção cirúrgica longitudinal (F).
E por fim, o nervo mediano já dissecado onde observamos o
espessamenro anatômico próprio da neurite reacional (G).
MONRES J OS t GOMES III

• SíNDROME DO TÚNEL DO CARPO - PERSISTÊNCIA DA ARTÉRIA INTERÓSSEA ANTERIOR .

A B

A persistência da artéria interóssea anterior (artéria mediana) é uma das causas da síndrome do Túnel do Carpo de causa intrínseca.

r--- .~
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I
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at"tet· ia nedianá ' \
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I
~,I
-- ~ -
T U ti E l
retinaculo oo C A R P o direito
espessado.

c D

Mais um caso de persistência da artéria interóssea anterior (artéria med iana) provocando síndrome do Túnel do Carpo de causa
inrrí nseca.
112 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELt-TICA

• SíNDROME DO TÚNEL DO CARPO - DIAGNÓSTICO ECOGRÁFICO E TRATAMENTO CIRÚRGICO

FiG. l. n A, R, C, D E E
Mais um caso de síndrome do Túnel do Carpo com imagens
ul tra-sonográflcas e por fim demonstrando o tratamento cirúrgico.

E
MO NRES ]osf G O MES 113

SíNDROME DO TÚNEL DO CARPO DE CAUSA INTRíNSECA - NEUROFIBROMA

. . . .o..;;...._ _ _ _~_ F

o paciente com dor irradiando para o primeiro, segundo e rerce iro dedos e dimin uição da força muscular e perda da oponência do
polegar. Foi realizado elerroneuromiografia confirmando síndrome do Túnel do Carpo . Na inspeção havia rumoração visível e
palpável na face anterior do punho. Na avaliação ulrra-sonográfica percebemos a [umoração de forma arredondada, de baixa
ecogenicidade.limires precisos. borda lisas e aderenre ao plano do mediano que se enconrrava atilado por compressão pelo rumor.
Foi realizado rfaramel1W cirúrgico com aberrura reri nacular e ressecção do rumor. O resulrado hiswpawlógico foi neurofibroma.
114 A T I.AS C OMENTADO DE ULT RA-SONOGRAF IA M USCULOESQUE L ~T I CA

_ SíNDROME DO TÚNEL DO CARPO DE CAUSA INTRíNSECA - NEUROFIBROMA

FiG. l .17 A, S, C E O
Mais dois casos de neurofibromarose (doença de Von
Recklinghausen) com fumoração de nervo med iano.

c D
M ONRES J OSÉ G OMES 115

• OUTRAS ALTERAÇÕES COMPROMETENDO O NERVO MEDIANO

FiG. J.18 A
Lesão do nervo mediano após 60 dias do trauma corroconruso, onde
foi realizado sutura simples da pele e subcutâneo.

FiG. J.18 B
Síndrome do Túnel do Carpo de causa inrrínseca por gota rofácea
agredindo a sinovial do flexor longo do polegar (FLP) e rechaçando
medialmenre o nervo mediano.

B
11 6 A TLAS COMENTADO DE ULTRA-SO NOG RAFIA M USCU LOESQUELÉTICA

• SíNDROME DO TÚNEL DO CARPO - ASPECTO ULTRA~SONOGRÁFICO DE PÓS~OPERATÓRIO

A B
FiG J.19AEB

Síndro me do T únel d o Carpa recidi vada po r imensa f1 brose perin eural e espessamenro reaciona l do media no.

A B

FiG. J.20 A B f C

Aspecto de pós-o pe raró rio do T ún el do Carpa em visão


rransversal. As seras brancas peq uenas mosrram o limire da secção
lo ngirudinal do rerin ác ul o (A e B).
c Imagem de resso nâ ncia mag néri ca (ax ial T2) (e) .
M ON RES J OSÉ G O MES 11 7

• CISTO ARTROSSINOVIAL ÂNTERO .. LATERAL DE PUNH O

FiG. 1.21 A, R, C, D E E
Cisro arrrossinovial ânrero-Iareral de punho bilobulado
rechaçando a arréria radial.
Forografia (A) .
Ulrra-sonografia (B e C).
Ressonância magnérica (axial e sagiral T2) (O e E) .

E
118 A TLAS C OM ENTADO DE U LTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELfTICA

• TENOSSINOVITE DOS FLEXORES

A B

FiG. 1.22 A, B E C
c Tenossinovire imensa dos f1exores.
M ON RES J OSÉ G m lES
.... .. . ... .. .. .. . .......... . .............
119

CISTO ARTROSSINOVIAL VOLAR

A B

C D
FiG. }.2} A, B, C E D
Lesão císrica ânrero-Iareral de punho.
Imagem de ressonância nuclear magnérica (Coronal T2) (A).
Imagem de ulrra-sonografia com power-doppler, mosrrando o cisro rechaçando lareralmenre a arréria radial (B).
Imagem de ulrra-sonografia (módulo B) mostrando o cisto em dimensão longirudinal (C).
Fotografia cirúrgica da dissecção do cisto. Nore a arterial radiallareralmenre (O) .
120 A TLAS C OMENTADO D E ULTRA-SO NOGRAFIA M USCU LOESQUELÉTICA

SíNDROME DO CANAL DE GUYON

A B

Síndrome do Canal de Guyon (estudo realizado com recurso de power-angio).


Compressão rerinacular sobre o plexo neurovascular ulnar no carpo.

c D

Síndrome do Canal de G uyon (es tudo rea lizado com recurso de power-nngio).
Visão transversal e longitudinal demonstrando compressão intrínseca por músculo lumbrical anômalo penerranclo no canal.
MONRES JOSÉ GOMES 121

=
LESÃO TRAUMÁTI CA DO NERVO MEDIANO

B
FiG. } 2~ A E B
Ultra-sonografia mostrando a lesão complexa por insrrumenro cortanre que envolveu o nervo mediano e os tendões flexores.

S31 til

FiG. }.2~ C, D E E

Tempo cirúrgico mostrando a lesão do nervo mediano e a


E neurorrafla.
122 A TLAS COMENTADO DE U LTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA
.. .... . . . . . . . . . . . . . . . . .........•..

• LESÃO TRAUMÁTI CA DO NERVO MEDIANO

FiG. l.26 A E B
Lesão traumática do nervo ulnar por instrumemo cortante.
Coro distai (A). Coro proximal (B).
Notar espessamemo imenso dos coros e mais imenso no lado
proximal com formação de pseudoneuroma.

B
MO NRES J OSIÔ G OM ES 123

• TENDINOPATIAS INFLAMATÓRIAS DOS FLEXORES EXTRATÚNEL

A B

C D
IG. 1.27 A, O, C E D
Tendinopatia inflamatória de flexor ulnar do ca rpo (FUC)
(A e B).
Tenossinovite do flexor radial do carpo (FRC) (C e O).
Obs.: O tendão do flexor uln ar do carpo é anaromicamenre desprovido de sinovial.
124 ATLAS C OMENTAD O DE U LTRA-SONOG RAF IA M USCU LOESQUELt.TICA

• FIBROCARTILAGEM TRIANGULAR

FiG . l.28
Fibrocartilagem triangular (FCT) normal. Observamos essa estrutura
como um triângulo de ecogenicidade média a baixa com base medial e
ápice lateral obedecendo a um efeito degradê.
O ligamento estilopiramidal serve como suporre medial da base da FCT.
Esta f1brocartilagem preenche o espaço ulnocarpal dando função
estabilizadora e serve também para absorver impactos axiais.

A B
FiG. l.29 A E B

Degeneração cística da f1broca rrilagem triangular (A).


Lado esquerdo com discreta degeneração cística de base (8).
MONRES ] OSF. GOMES 125

• FIBROCARTILAGEM TRIANGULAR - DEGENERAÇÃO cíSTI CA

FiG. l.lO
Degeneração císrica da FCT

• FIBROCARTILAG EM TRIANGULAR - FRATURA E CISTO

FiG. l.ll FiG. l.12


Arlera de academia de arres marciais, que malorienradamenre Degeneração cística da fibrocarrilagem rriangular.
golpeou um pedaço de madeira e obreve por reação dor aguda e Ulrra-sonografia.
imensa, edema e disfunção. Ultra-sonografia evidenciando
renossinovite do extensor ulnar do carpo (EUC) (sexto
compartimento ex tensor) e frarura da FCT
126 A TLAS COMENTADO DE ULTRA-SO NOGRAFJA M USCULOESQUELtTICA
.... .......... . .. ........ .. -.,- ............ .

• FIBROCARTILAGEM TRIANGULAR - CISTO

. . ________
~ ~ _______________ ~ __ ~ B

FiG. l.H A. B E C
Degeneração cística da fibrocarrilagem triangular.
Fotografia normal comparativa (A).

Fotografia demonstrando aumento de volume distaimente ao


processo estilóide da ulna (B).

Ultra-sonografia que mostra lesão ovóide de conteúdo anecóico,


limites precisos e reforço acústico posterior.
Situada adjacente à base da FCT (C).
MONRES JOSÉ GOMES 127

• OUTRAS ALTERAÇÕES NO PUNHO - FRATURA DO PROCESSO ESTlLÓIDE DA ULNA E


TENDINITE DO FUC

A B
FiG. 1.14 A E B
Atleta de artes marciais que deferiu golpe inadvertido sobre uma pilha de rijolos e obreve pela reação à força aplicada uma fratura do
processo estil6ide da ulna que observamos em imagem ulrra-sonogrMJca, po is que, nas incidências radiogrMicas ânrero-posterior e em
perfil, o resultado foi normal. Na incidência oblíqua a frarura foi evidenciada.

A B
FiG. l.n A E B
Tendinite intensa com edema na transição musculotendínea do flexor ulnar do carpo (FUC).
128 ATLAS C OMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA

• OUTRAS ALTERAÇÕES DO PUNHO - TENOSSINOVITE DO FRC E LESÃO TENDíNEA FLP

FiG. }.}6 A
Tenossinovite intensa com piora na região periinsercional do
flexor radia l do carpo (FRC) _

FiG. }.}6 B, C E O
Lesão traumática do extensor longo do polegar (ELP).
Imagem transversal demonstrando ausência do tendão (B).
Mostrando os cotOS proximal e distaI (C e O).

c o
MO N RES JOSÉ G OMES 129

• TENOSSINOVITE ESTENOSANTE DE DE QUERVAIN

A
FiG. l.H A
Avaliação comparativa do primeiro compartimento extensor ind icando espessamento
tenossinovial do abdutor longo do polegar (ALP) e extensor curto do polegar (ECP).

B
FiG. l.H B
Notar neste caso o intenso espessamento do retináculo extensor do p rimeiro compartimento que provoca estenose e reação
tenossinovial inAamatória do ALP e ECP
130 ATLAS COM ENTA DO DE ULTRA.SONOGRA FI A M USCULOESQU ELÉTICA
. . . . .. ... . . . . . .. . .. . . . .

• TENOSSINOVITE ESTENOSANTE DE DE QUERVAIN

FiG. l.l8 A, B E C
Forografia (A) .
Visão rransversal por ulrra-sonografia (8).
Visão longirudinal por ulrra-sonografia (C).

o retináculo exrensor apresenra-se espessado e com cisro


associado provocando rumoração visível e palpável co m
consisrência endurecida e com dor inrensa.

B
FiG. l.H A E B
Ourro caso de renossinovire esrenosanre de De Quervain com degeneração císrica e espessamenro do rerináculo exrensor.
M ONRES J OSt. G OMES 131

FiG. 1.40 A, B E C
Paciente trabalhador rural com dor na face lateral do punho e
polegar. Teste de Filkenstein positivo.
Exame ultra-so nográfico comparativo.
Tenossinovite estenosanre de De Quervain. Perceba o intenso
es pessamento do retináclllo extensor e a reação inflamatória dos
tendões ALP e ECP (A) .
Abertura do retináclIlo extensor (B).
RetináclIlo aberto e tendões livres (C).
132 A TLAS COMENTADO DE U LTRA-SO NOGRAFIA M USCULOESQUELlôTICA

• SEGUNDO COMPARTIMENTO: TENOSSINOVITE

FiG. 1.41 A, B E C
Tenossinovire do segundo compartimento.

c
MO NRES J OSt G OMES
0.0 o ••••••• o •• .... . .. "
133

CISTO ARTROSSINOVIAL DORSAL DE PUNHO

FiG. 1.42 A, B, C E D
Cisto arrrossinovial dorsal.
Fotografia (A).
Ultra-so nografia (8 ).
Cirurgia (C e D ).
134 A TLAS C OMENTADO DE U LTRA- SONOGRAFIA M USCULOESQUELfTICA

• TERCEIRO COMPARTIMENTO EXTENSOR - TUBÉRCULO DE LíSTER (VARIAÇÕES ANATÔMICAS)

Líster 1

?Líster 3

Doa
D

A~ ________________________________~ E
FiG } 4}
Ver legenda na página 135.
M ONRES J OSt. G OMES 135

.... FiG. l.4} A, B, C, D E E


Desenho esquemático (A).
Líster tipo 1: o platô que comporta o tendão extensor longo do polegar (ELP) é angulado e sem tubérculo acessório (B).
Líster tipo 2: o platô que comporta o tendão extensor longo do polegar (ELP) é plano e não tem um tubércu lo acessó rio divid indo o
terceiro do quarto compartimento (C) .
Líster tipo 3: o platô que comporta o tendão extenso r longo do polegar (ELP) é plano e tem um tubérculo acessório pequeno dividindo
o terceiro do quarto compartimento (O).
Líster tipo 4: o platô que comporta o tendão extensor longo do polegar (ELP) é plano e tem um tubérculo acessório maior dividindo O
terceiro do quarto compartimento, definindo uma imagem semel hante à corcova de dromedário (E).

o TubÉRculo dE LíSTER COMO REfERENCiAl partimentos. A translçao miotendínea dos extensores en-
ANATOMOECOqRÁfico dA fACE dORSAl contra-se logo proximalmente a este tubérculo (1 cm) e pode ser
O motivo de classificarmos o tubérculo de Líster pela mor- confundida com a presença de líquido na bainha tendínea, si-
fologia ecográftca tem um valor didático importante, pois preo- mulando alteração anatômica.
cupando-se em identificar e classificar esta estrutura anatômica, Portanto, sempre aconselhamos tomar o tubérculo de Líster
passaremos a defini-lo sempre como o verdadeiro referencial ul- r, li, III ou IV como o referencial obrigatório na posição de estu-
tra-sonográfico para o estudo do segundo, terceiro e quarto com- do e documentação.
136 AT LAS CO ,\ lFNTAI)() 1)[ UI TRA-SO NOCRAI-IA M U\CL!I UE~QL!ELl:IICA

. TENOSSINOVITE DO TERCEIRO E QUARTO COMPARTIMENTOS

D
Ifl } 44
Ver Icgcnd;l 11;l página 137.
MO NRES JOSt. GOMES 137

<4 FiG. J.44 A, 8, C E O


Lísrer ripo II com renossinovire dos exrensores no rerceiro e quarro comparrimenros no lado esquerdo e normal no lado direiro (A).
O tubérculo de Lísrer como base ropográfica para o pomo de observação das estruturas dorsais é aqui demonstrado. Note que, na figura
à esquerda, a imagem foi adquirida proximalmente ao tubérculo e enconrramos o plano da transição musculotendínea que como uma
armadilha mostra-se mimetizando líquido perifericamenre ao tendão (B).
Ourro caso onde no lado direiro avaliar-se-ia erroneamente acima do rubérculo de Lísrer e no lado esquerdo avaliado correramente
percebemos normalidade (C) .
Neste caso a avaliação foi bilareralmente correra e no lado direiro percebemos líquido inrracomparrimenral que envolve os rendões
caracrerizando processo inflamarório e jusrificando a dor (D).

FiG. J 4~ A E 8
Compromerimento renossinovial intenso do lado direiro e lado
esquerdo normal (A).
Ourro caso de comprometimenro renossinovial do rerceiro e quarro
comparrimenros exrensores (B) .

A B
138 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFlA M USCULOESQUELÉTlCA

TENOSSINOVITE DO TERCEIRO E QUARTO COMPARTIMENTOS

A B

o
c

FiG. l.46 A, R, C, D E E
Imenso espessamento dos tendões e derrame sinovial no terceiro
E e quano compartimemos_
MONRES ]OS t. GOM ES 139

TENOSSINOVITE DO QUARTO COMPARTIMENTO

A B

C
FiG. 1.47 A, B, C E D
Ultra-sonografia mosrrando comprometimento do quarto
compartimento extensor (A e B).
Imagem com padrão normal para comparação (C). D
Imagem axial de ressonância magnética em TI (O).
140 ATLAS C OJ'vlENTADO DE ULTRA-SON OGRAFlA M USCU LO ESQ UELH ICA

• QUINTO E SEXTO COMPARTIMENTOS EXTENSORES

A B

E F

- - - - - - - - - - - -- - - - -- - - - - - - - - ~--

Tenoss inovire do sexro compa rtim ento com in vasão tofácea e em fase de agudização com intensa flogose (A e B).
Tenossinovire do sexto compa rrim ento de forma leve (C) e de forma intensa (D).
Tenossinovire císrica do quinto compartimento (E e F).
M ONRES J OSÉ G OMES
..
. ...... . .. .... . . 141

PROTOCOLO RESUMIDO DE PESQUISA ULTRA-SONOGRÁFICA

1. Face anterior
• Túnel carpa!.
• Tendões extra túnel.
• Fibrocartilagem triangular.
2. Face posterior
• Primeiro compartimento extensor.
• Segundo compartimento extensor.
• Terceiro e quarto compartimentos extensores.
• Quinto e sexto compartimentos extensores.
142 A TLAS C OMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELf.T1CA

LEITURA RECOMENDADA

I. Buchberger W er aI. High resolurion ulrrasonography of rhe carpal 15 . Lefebvre E, Pourcelox L. Ecografia musculotendínea. Barcelona:
runnel.} UltrasoundMed 1991;10:531-537. Masso n, 1994. 132p.
2. Buchbcrger, W cr aI. Carpal runnel syndrome: diagnosis wirh 16. Marcelis S, Oea nen B, Ferra ra lvlA. Oondelinger RF (ed. )
high-resolurion sonography. AR} 1992; 159:793-798. [Tradução de Ca rlos Henrique Cosendey]. Atlas de ultra-sonografia
do sistema musculoesquelético periférico. Rio de Janeiro: Inrerlivros,
3. Chiou HJ er aI. Traingular fibrocarrilage of wrisr: rhe presenrarion
1997 . 90-1 06p.
of high-resolurion ulrrasound.} Ultrasollnd Med 1997; 165:46-47.
17 . errer F . Sistema musculoesquelético. Barcelona: Masson-Salvare
4 . Couro H, Lech 0, Nicollerri S. Guia prático de lesão ósteo-musCltlar Medicina . Edição cienrifica y Tecnica S.A. Tomo 8.1,8 .2,8 .3,
relacionada ao trabalho. Belo Horizo nre: Ergo, 1998. 1990.
5. De Quervain F. Ulber eine form von chronischer tendovaginitis. 18. Pardini Jr. , AG. Traumatismos da mão. Belo Horizonre: Medsi,
Correspondenze-blarr F. Schweizer Aerzre. 1895;25:389. 2000. 698p.
6 . Oouglas NG. Reumatologia em medicina reabilitação. São Paulo: 19. Phalen GS. The ca rpal runnel syndrome.} Bone }oint Surg
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7 . Filkenstein H. Srenosing rendovaginiris ar rhe radial sryloid 20. Rabassini A. 11 gomito: quadri normali e patologid. La radiologia
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Minerva Medica - Torino).
8. Fornage BO, Rifkin MO. Ulrrasound examinarion rhe hand and
foor. Radiol Clin North Am 1988;26(1): 109- 129. 21. Sernik RA, Ce rri GG. Ultra-sonografia do sistema musculoesquelético.
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9. Fornage BO. Ultra-sonografia tÚJ sútema musculoesquelético. [Trad .)
Vilma Ribeiro de Souza Varga). Rio de Janeiro: Revinrer, 1999. 22. Snider RK er a!. Tratamemo das doenças do sistema
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Paulo: Manole, 2000. 686p.
lO. Gray H. Anatomia. 29. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan,
23. Soborta J. Atlas de anatomia humana. 20. ed. Rio de Janeiro:
1977.
Guanabara- Koogan , 1995.
li. Greenspam A. Radiologia ortopédica. [Trad.) Claudia Lúcia
24. Stedmans Medical Dictionary. 27. ed. Rio de Janeiro:
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25 . Sroller OW. Ressonância magnética ortopedia e Medicina Desportiva.
12. Hopenfield S. Propedêutica ortopédica - coluna e extremidades. [Trad. ] C laudia Lúcia Caetano de Araújo) 2. ed . Rio d e Janeiro:
[Trad. ] Anronio Augusro F. Quadra e Ingrid M. Xavier Vizeu] São Guanabara- Koogan , 2000. 801-936p.
Paulo: Arheneu, 200 I. 59-1 07p.
26 . Sroller OW. Articulações - ressonância magnética, artroscopia e
13. Kapandji lA. The physiology o/ the joint. 3. vols. Edinburgh : anatomia cirúrgica. [Trad.] Sérgio A. Cordeiro dos Sanros]. Rio de
Ch urchill Livingsrone, 1980. 81 p. Janeiro: Revinrer, 200 I. 221-311 p.
14. Lee O er aI. Oiagnosis of carpal tunnel syndrome: ulrrasound 27. Van Holsbccck MT, Inrrocaso JH. Ultra-sonografia
versus elecrromyography. Radiol Clin North Am musculoesquelética. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan,
1999;37(4):859-872. 200 2. 483-520p.
Capítulo 4

MÃo
144 A T LAS COM ENTADO DE ULT RA-SONOGRAFIA M USCULOESQUEL~T I CA

• INTRODUÇÃO

A mão, como a visão, é o órgão que transmite o maior nú- o exame clínico da mão e o conhecimento anatômico e clí-
mero de conhecimento ao cérebro e que é guardado na memó- nico são as grandes virtudes de um médico em qualquer especia-
ria. Todos dependemos da mão para as funções mais simples e lidade ligada ao sistema musculoesquelético.
grosseiras ou mesmo para as funções mais finas que exigem mi- Entretanto, temos que disponibilizar ao nosso paciente o me-
cromovimentos delicados. lhor do conhecimento médico no sentido de diagnosticar, planejar
Inúmeros trabalhos sobre o estudo da mão foram realizados e tratar. Por isso, a luta por métodos diagnósticos complementares
ao longo da história, e a subespecialidade, 'cirurgia da mão', é cada vez mais sofisticados vem juntO com a evolução da técnica ci-
uma realidade na ortopedia mundial através das Sociedades de rúrgica, do instrumental e dos materiais cada clia mais modernos.
Cirurgia da Mão. A ultra-sonografia é um novíssimo método no estudo da
Por ser o instrumento de trabalho de quase totalidade da mão e tende a tornar-se mais importante com a clivulgação do
humanidade e pela dependência que temos das mãos para nos método, o treinamento especializado e a evolução tecnológica
. . .
comUnicarmos, para comermos, vestirmos, para o nosso asseIO dos equipamentos. Certamente a ultra-sonografia não vem tirar
corporal e por tantas importantes funções da mão, uma vez lesio- o brilho dos demais métodos já consagrados, porém vem, sim,
nada por um traumatismo ou mesmo por uma afecção nosológi- acrescentar mais dados no estudo das patologias traumáticas ou
ca temos a idéia da real importância das mãos humanas em nossa atraumática.s da mão e com o seu poder de avaliação dinâmica
vida. em tempo real conquista a cada dia um espaço maior no univer-
so dessas especialidades e subespecialidades.
M ONRES J OS~ G OMES
.. . ........................................... . ..........
145

• ZONEAMENTO ANTERIOR DA MÃO

c..

c..

,
·

I
. 't----,
~~ .• ,~~_.

·,
I
I

," ,

,
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# - - - - - - .. ....
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I
I

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~

>

A
FiG. 4.1 A
Zoneamenro da face flexora da mão estabelecido unive rsalmenre pela Federação lnrernacional das
Sociedades de Cirurgia da Mão (I 980) .
Zona I: compreende a po rção distaI à inrerfalangiana proxi mal (IFP) .
Zona 11: da primeira polia anular (A 1) até a IFP.
Zona III : da borda distai do túnel cárpico até a polia AI .
Zona IV: região do túnel cárpico.
Zona V: proximal ao túnel cárpico.

Polegar: Zona PI - disral à inrerfalângica.


Zona PU - da polia anular à inrerfalângica.
Zona PIII - região da eminência renal'.
Zona PIV - túnel cárpico.
Zona PV - proximal ao túnel cárpico.
146 A TLAS C OMENTADO DE U LTRA-SONOGRAFlA M USCULOESQUELJ:TICA
. ... . . . ............ . .... . .... ........... . .... ,................... .................... ........... . . . . . . .. . ..... . . . .... . ... .. . . . . ... . . . . .

• ZONEAMENTO POSTERIOR DA MÃO

PI

B!~ __._______________________ -~
FiG . 4.1 B
Zoneamento da face extensora da mão. Nomenclatura recomendada pela Federação l nternacional das
Sociedades de Cirurgia da Mão (i 983).
(Adaptado de Pardini Jr., AG. Traumatismos da mão. Medsi, 2000.)
M ONRES J OSt. G OMES 147

Zona dos dedos longos Zona do polegar


I Articulação interfalângica distai (IFD) Articulação interfalângica
11 Falange média Falange proximal
111 Articulação interfalângica proximal (IFP) Articulação MTCF
IV Falange proximal Metacarpiano
V Articulação metacarpofalângica (MTCF)
VI Dorso da mão
VII Retináculo dorsal Retináculo dorsal
VIII Antebraço distai Antebraço distai

• PRINCIPAIS LOCALIZAÇÕES DAS PATOLOGIAS TUMORAIS BENIGNAS DA MÃO

Cisto
Tumor glômico tenossinovial

Cisto de inclusão
epidérmica
Cisto mucosa ------'~

Encondroma

Carpe Bossu Doença de


Dupuytren

Cisto
artrossinovial
dorsal artrossinovial
volar

FiG.4 -2
148 ... .......... .... .... ...... ....... .. ATLAS COME TADO [)E . {) ~TIV\-.S()i'J()GRAFlJ\ .1\1 USCULOESQUELIOTI<:A . ...... . . .

INSTABILIDADE CARPAL: CLASSIFICAÇÃO

1 3

FiG·4.}
Luxação perissemilunar do carpo (I).
Fraturas -luxações perissemilunares do
carpo (2) .
Luxações - semilunares volares (3) .
Luxações axiais (4).
Luxações radiocárpicas puras (5).
(Adaptado de Greenspam A. Radiologia
4
ortopédica. 3. ed . Guanabara-Koogan, 2001.)

CLASSIFICAÇÃO DE TALEISNIK
1. Instabilidade carpal lateral
• Dissociação escafossemilunar (ou subluxação rotatória
do escafóide).
• Diástase escafocapitato.
• Instabilidade escafotrapeziotrapezóide.

2. Instabilidade carpal medial


• Dissociação semilllnopiramidal.
• Dissociação hamaropiramidal.
3. Instabilidade carpal proximal
• Translação ulnar.
• Sllbluxação dorsal.Radiocarpais.
• Sllblllxação volar.
• Instabilidade mediocarpal (dinâmica).
MONRES JOSÉ G OMES 149

=INSTAB ILIDADE CARPAL

FIG 4.4 A
Desenhos esquemáticos das principais alterações visíveis por ultra-sonografia diame da instabilidade carpa!.
Padrão normal (1) , dissociação escafossemilunar (2) e dissociação semLlunopiramidal (3).
(Adaptado de Greenspam A. Radiologia ortopédica. 3. ed. Guanabara-Koogan, 200 l.)

B c

D E
44 B. C. O E E
Avaliação do punho na face dorsal com rransduror em plano transversal onde observamos dinamicameme a função dos ligamentos
inrercarpais e podemos mensurar a distância enrre os ossos em manobras de repouso e esforço (8 e e) .
Avaliação normal com manobras de esforço e repouso (O e E).
150 A TLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA
................

• INSTABILIDADE CARPAL

F
FiG . 4 .4 F E G
Medidas normais na semilunopiramidal e escafossemilunar na avaliação dinâmica.

H
FiG. 4.4 H E I
Instabilidade semilunopiramidal. Notar abertura de 3,8 mm na manobra d e esforço, indicando frouxidão ligamenrar.

J
FiG. 4.4 J
Instabilidade semi lunopiramidal. Norar abenura de 3,8 mm na manobra de esforço, indicando frouxidão ligamenrar.
MONRES JOSÉ GOMES 151

L
FiG. 4.4 K E L
Instabilidade perissemilunar do carpa com desvio anterior do semilunar. Normal (K) . Alterado (L).
152 ATLAS C OM ENTADO DE ULTRA-SONOGRA FIA M USCULO ESQUELÉTICA
.......... .. . ..

• CISTO GANGLlÔNICO ANTIGO


DETERMINANDO ALTERAÇÃO NO CONTORNO DOS OSSOS ADJACE NTES

A B
FiG. 4.:1 A FiG. 4.:1 B

C isto gangliônico de mão partindo do ligamento Ressonância magnética (coro nal T2).
imermetacarpiano emre o terceiro e o quarto raio, que determina
erosão cortica! dos metacarpianos envolvidos. Representação
radiográfica.

C D
FiG. 45 C FiG. 4.:1 O

Tomografia computadorizada. Ultra-sonografia confirmando lesão rum oral de rexrura inrerna


anecóica que provoca rechassamento proximaJ do terceiro e quarto
metacarpianos.
MONRES J OSÉ GOMES 153

• ENCONDROMA

A B
FiG. 4.6 A E B
Pacienre de 28 anos de idade, sexo feminino, com pedido de ultra-sonografia de mão para avaliar nodulação em terceiro dedo, Nore o
aba ulamento dorsal da falange proximal que foi o único dado anatômico visto,

C D
'ICj. 4 6 C ( O
Radiografia demonstrando tratar-se de encondroma na falange proximal do terceiro dedo,
154 A TLAS C OMENTADO DE ULTRA-SONOGRA FIA M USCULOESQUELt.TI CA

• DOENÇA DE DUPUYTREN

FiG. 4.7 A, B, C, O E E
Fibromarose palmar de componenre genético dominanre que
envolve principalmenre indivíduos descendenres da Europa
meridional, que provoca espessamenro fibroso nod ula r e
conrratura progressiva da fáscia palmar acometendo
principalmenre as zonas 11 e lI! no quinro e quarto raios, bem
como nos demais raios. É também chamada "Doença dos
Vikings". As pessoas acima de 40 anos, diabéticas, epilépticas,
portadoras de doença pulmonar obstrutiva crônica e os alcoólicos
têm maior predisposição. O tratamenro é cirúrgico.
Forografia (A).
Imagens ecográficas (B e C).
TratamentO cirúrgico da doença de Dupuytren (O e E).
(Imagens cirúrgicas genrilmenre cedidas pelo Df. Márcio de
Oliveira Gomes, Goiânia-GO).

c
M ONRES J OSt. G OMES 155

FiG. 4.8 A, B E C
Fomgrafia comparativa mosrrando comprometimenro grave no
quinm raio à direita e leve no quarto raio à esquerda (A).
Ultra-sonografia comparativa do quarto raio (8 e C).

E
FiG. 4.8 D E E
Fotografia (O). Ultra-sonografia do quinro raio (E).
156 A TLAS COMENTADO DE U LTRA-SONOGRAFLA M USCULOESQUELIÔTICA
. . ...

• CISTO ARTROSSINOVIAL TRAPEZIOMETACARPIANO VOLAR

FiG. 4.9 A, B E C
Tumoração cística na região tenar que pane da cápsula anicular
da rrapeziometacarpiana.
Imagem ecográfica demonsrrando tumoração anecóica própria
para o cisto descrito (A).
Ressonân cia magnética (coro nal T2) (B) .
Radiografia simples mosrrando aumento de volume das panes
moles da região renar (C) .
M ONRES J OSt. G OMES 157

• DEDO EM GATILHO

~ ______________________ ___ ~, __________ ~ B

FiG. 4.10 A, R, C, D E E
Tenossinovire esrenosanre do rerceiro dedo
com espessamenro da polia AI, dererminando engarilhamenro.
Forografia em exrensão do dedo (A) e flexão com engarilhamenro
(B) .
Ulrra-sonografia com aval iação rransversal mosrrando o
espessamenro da polia que se apresenra hiperecogênico (C) .
Forografias do proced imenro ci rúrgico: dissecando a polia (O),
seccionada a polia (E) .

E
158 A TLAS C OM ENTADO DE U LTRA-5 0 OG RAFI A M USCU LOESQU ELÉTJCA

• DEDO EM GATILH O

A ~ __________ ~ __ ~~ ______ ~ ________ ~

L -_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _~ B

C o
FiG. 4.11 A, B, C E O
Tenossinovire esrenosanre do rerceiro dedo com espessamenro da polia A 1, dererminando engarilhamento.
Fotografia da deformidade (A).
Desenho esquemático (8). (Adaptado de Snider RK, Traramento das Doenças do Sisrema Mllscllloesqllelérico. Manole, 2000.)
Ulrra-sonografia rransversal (C), longirudinal (O).
MONRES J OSt. GOM ES 159

• LESÕES TENDíNEAS

A B
FiG. 4.12 A E B
Lesão dos tendões flexores do segundo dedo.
Coto proximal (A).
Coto disral (8).
Aqui mais que em qualquer ourro lugar, valerá muiro a experiência e a perícia do examinador. As lesões rendíneas podem ser observadas
inicialmenre pela ausência do rendão na avaliação rransversal. Enrreranto, é no rasrreamento longitudinal que conseguiremos
individualizar os cotos, medir a distância enrre os mesmos e o grau de esfacelamenro enconrrado.

FiG. 4.12 C
Lesão dos rendões flexores do segundo dedo.
Complicação cirúrgica com hipertrofia
fibrótica dolorosa na zona da renorrafia.

c
160 ATLAS COM ENTADO DE U LTRA-SONOGRAF IA M USCULOESQUEL~TI CA

• LESÕES TENDíNEAS

FiG. 4. n A, O, C E O

Lesão dos tendões flexores do terceiro dedo.


Fotografia da deformidade (A).
Ultra-sonografia em posição longitudinal definindo a distância
entre os cotos (B e C).
Fotografia cirúrgica mostrando os tendões já suturados (D )

c
M ON RES J OSÉ G OMES 161

• POLEGAR EM GATILHO

FiG. 4.14 A

Forografi a da defo rmidade.

FiG. 4.14 B

Ultra-so nografi a mostra ndo a polia meracarpofalângica espessada.

B
162 AI US C O,\ l lN·iADO DE UrrRA-SONOGRAFIA M USCULOESQ UI::LETICA

• ARTROSE TRAPEZIOMETACARPIANA (RIZARTROSE)

FiG. 4.1 ~ A, B, C, O E E
Ultra-sonografia mosrrand o redu ção do espaço arri cular e reação
osreo firári a d e bordas e calcificação (A).
Radiografia co m osreoarrrire rrap ezio meracarp ia na (B).
E UI[ra-sonografia mosrrando riza rrrose (C, D e E).
MO NRES Jose GOMES 163

• ARTRITE CARPOMETACARPIANA

FiG. 4.16 A E B

Ultra-sonografia comparativa das mãos na


face dorsomedial, demonstrando artrite da
carpometacarpiana do quinto dedo.

B
164 A TLAS Cm,1ENTADO D E ULT RA-SONOG RAFIA M USCULOESQUELÉTICA

• CISTO MUCOSO DORSAL DE POLEGAR

FiG. 4.17 A, B E C
Ultra-sonografia evidenciando cisto dorsal de polegar (A e B),
partindo da bainha do tendão extensor.
Radiografia em perfil para partes moles (C).
MO NRES jOSf GOM ES 165

• LESÃO DO APARELHO EXTENSOR

FiG. 4.18 A, B E C
Lesão do aparelho extensor do quarw dedo.
Fowgrafla evidenciando a deformidade (A).
Ultra-sonografia mostrando abertura longiwdinal do aparelho
extensor (B). Lado comralateral comparativo (e).

B c

D
FiG . 4.18 D E E
Imagem radiográflca da mão não evidenciando alteraçóes osteoarticulares (O).
Fowgrafla cirúrgica mostrando a lesão longiwdinal do aparelho extensor na imerfalangiana proximal (E).
166 A TLAS C OMEN TADO DE ULTRA-SO NOG RAF IA M USCULO ESQUELÉTICA
...... ...... ... ...

• TUMOR GLÔMICO

o tumor glômico é uma neoplasia vascular composta de até vários milímetros de diâmetro, quase exclusividade da pele e
pericitos especializados (células glômicas), habirualmente em anexos normalmente subungueal e extremamente hipersensíveis,
massas nodulares encapsuladas únicas, que podem ter poucos ou dolorosos e com chances de recidiva após ressecção.

A B

c D

E F
FiG. 4.19 A, R, C, D, E E F
Ultra-sonografia longitudinal (A) e rransversal (8), mosrrando rumoração nodular sólida de baixa ecogenicidade na
face mediai na rransição da polpa digiral com a região subungueal em zona focal de inrensa dor com apalpação.
Imagem de ressonância magnérica (axial T2) evidenciando rumoração nodular com sinal hiperinrenso (C). Imagens
cirúrgicas (D, E e F). (Imagens cirúrgicas genrilmenre cedidas pelo Dr. Mário Kuwae, ortopedisra de Goiânia, GO).
167

FiG 20 1\. B C D ( E
U lrra-so nograh a lo ngirudin a l (A) e rra nsve rsa l (8 ) co m rumor
glômi co subun guea ll are ral.
M a is d o is casos de rum o r glô mi co subull gueal (C e D ).
Image m ecog ráhca se m elha nre ao (lim a r glô mi co qu e é um
hemato m a slIblln guea l em fase d e resolução (E) .
168 A T LAS COMENTADO DE ULT RA-SONOG RAFI A M USCULOESQUELÉTICA

• HEMANGIOMA

B
FiG. 4.21 A E B
U lrra-sonografia que mosrra nodulação sob a pele com fluxo
interno, siruada em zona 11 na face volar do quinto dedo.

FiG. 4.21 C
Fotografia que define lesão rumoral focal em zona [[ na face volar
C ~ __ ~~~ug~ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ __
do qu into dedo por hemangioma.
MüNRES J OSI-: Gü~'IES 169

. UPOMA

Tumo ração visíve l e palpável na face vo lar da base d o polega r,


de co nsisrência m o le e sem dor (A).
Image ns ecog ráft cas em rransve rsa l (8 ) e longirud ina l (C) que
m os tra m a rum o ração sólida de fo rma arredondada com Iimires
prec isos e rex rura ecogê nica baixa .
O di ag nós ri co co nfIrm ad o fo i de li po ma.
Na m ão esre rum o r é m ais freqü ente na fac e vo la r e
principalmente na região rena r.

E
F

Nodulação sólida na região re nar, mo le na palpação e sem d o r. Ecograft camenre rum o r de rexrura h ererogê nea e ecoge ni cidade ma ior que os
recidos ad jacenres e com limires precisos (D ). Com o ef"tiro power-angio mosrrando vasc ul arização d iscre ra peri fé ri ca e inrrarum o ral (E) .
170 A TLAS C OMEl TADO DE ULTRA-SOl OGRAFIA M USCULOESQUELtTJCA
.... ........... ... . . . . . . . . . . . . . .. . .

LlPOMA

D
FiG. 4.21 A, B, C E D
Tumoração visível e palpável na face volar em zona lI , adjacenre à bainha dos tendões f1exo res do segundo e terceiro dedos .
Forografia (A e B) .
O aspecro ul tra-so nográfico é de massa sólida multilobulada de li mites precisos e bordas irregulares sob a pele e aderente ao plano sinovial
dos Aexores (C e O) .
M ONRES J OS É GOMES 171

. TUMOR DE CÉLULAS GIGANTES

E F

G ~ __........ H

:=:;;;;;=_ _ _ _....... J
FI~ 4.2J E, F. C, H, Il
T um o ração visível e pa lpável na face vo la r em zo na 11 , no quin ro raio, co mpro merendo a bainha dos rend ões fl exores.
U lrra-so nografi a (E, F e G) .
Forog rafi a (H ).
Radi ografi a (I e J).
172 ATLAS Cm,IENTADO DE ULTRA -SONOGRAFIA M USCULOESQUELfTICA

• CISTO MUCOSO NO APARELHO EXTENSOR DO TERCEIRO DEDO

FiG. 4 .24 A
Pequena rum oração arredondada dorsomedial na topografia da
falange proximal do terceiro dedo endurecida na palpação.

B c
FIG. 4.24 B E C
Avaliação ultra-sonográfica demonstrando imagem cística repousando sobre o aparelho ex tensor do terceiro dedo .
MOI\:RES J OS~ GOM ES 173

CISTO TENOSSINOVIAL

A B
FICt. 4.2~ A E B
Tumoração palpável. dolorosa na face volar do quarro dedo em zona ][ que ecograficamenre mostrou ser um cisto que parte da bainha
sinovial dos f1exores.

TENDINOPATIA INFLAMATÓRIA DO APARELHO EXTENSOR

A B
FI . 426 A ( B

Aparelho extensor na metacarpofalângica do terceiro dedo com padrão anatômico normal (A) .
Aparelho extensor com espessamenro difuso e dor com a passagem do transduror. caracterizando tendinite (B) .

...
174 A TLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRA FIA M USCULOESQUELÉTICA

• LESÃO DO APARELHO EXTENSOR DO TERCEIRO DEDO

FiG. 4.27 A, B E C
Deformidade pós-traumática com impotência func ional para a
extensão do terceiro dedo (A) .
Exame ultra-sonográfi co mostrando ruptura do aparelho
extensor e luxação mediaI do tendão (B e C).

B c
MONRES Jost GOMES 175

• LESÃO LIGAM ENTAR DO POLEGAR

A B
FiG. 4.28 A E B
Ligamento colateral lateral íntegro na metacarpofalângica (A).
Ligamento colateral mediai roto na meracarpofalângica (8) .

• CALCIFICAÇÃO PERIARTICULAR DORSAL TRAPEZIOMETACARPIANA

A B
FiG. 4.29 A E B
Calcificação periarricular na rrapeziometacarpiana .
Imagem ecográfica (A).
Imagem radiográfica (8).
176 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SO NOG RAF IA M USCU LOESQUELt.TJCA

• DEFORMIDADE DORSAL - "CARPE BOSSU"

FiG. 4.'0 A, B, C, D E E
dorsal focal dolorosa na palpação siruada na
do seg undo meracarpiano. "Carpe bossu".
bas1
Forografla (Ae B) . ~
Imagem ecográflca (C).
Imagens radiográflcas (D e E).
MO NRES J OSÉ G O MES 177

• TENOSSINOVITE DORSAL DE MÃO

FiG. 4.11 A, B E C
Tenossinovite do rsal de mão.
Imagem ecográfica (A).
Resso nâ ncia m agné[ica (8 ).
Fotografi a (C) .
178 A TLAS C OMENTADO DE U LTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELI~TICA
.......................... ........... ...... . ...................... . .. .

• NÓDULO REUMÁTICO DE MÃO

FiG. 4.12 A, B E C
Nódulo reumático extra-articular.
Fotografia (A) .
Ultra-sonografia (B e C).

B' c
MONRES JOS t GOM ES 179

• ARTRITE SÉPTICA DE DEDO

B c
FiG. 4.11 A, B E C
Artrite séptica da interfalangiana proximal do rerceiro quirodáctilo.
Ulrra-sonografia (A).
Ressonância magnética (B e e).
180 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA

FRATURA DO ESCAFÓIDE

A B

c D

FiG. 4.14 A, D, C, D f E
Imagens ultra-sonográficas comparativas que mosrram com
clareza a fratura do colo do escafóide no lado direi[Q (A e B).
Radiografia do pré (C) e pós-operatório, técnica de fixação com
E pinos rransósseos (D) e com parafuso (El .
M ONRES ) OS~ c:;OMES .. • 181

PROTOCOLO RESUMIDO DE PESQUISA ULTRA~SONOGRÁFICA

1. Face anterior
• Região tenar.
• Região hipotenar.
• Zona 1Il.
• Zona 11.
• Zona 1.
2. Face posterior
• Região do carpo.
• Região dos metacarpianos.
• Transição metacarpofalangiana.
• Dorso dos dedos até as unhas.
182 ATLAS CO~'IENTADO DE U LTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA
......... . .. . ... ... . .. . . .. ....... . . . ..... . .. . . .. ........ ....................... . ..... ...................... .................................... . .... .

LEITURA RECOMENDADA

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Capítulo 5

QUADRIL
184 • ••••
A TU\ S C OME l ADO DE U LTRA-SONOG RAFIA M USCU LOESQUELÉTI CA
_.. . .... • • • •• •• • • • •• •• • • • • • ••• • • 0 . 0 . . ...... .. ... . ............................... . ... . ........... .

DISPLASIA DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL (DDQ)


CARACTERíSTicAS EMbRioNÁRiAS INCIDÊNCIA
Quatro semanas, surgem os brotos dos membros em forma Doença referida desde os tempos hipocráticos (460 a.c.).
de pregas cutâneas na face ântero-externa do corpo nos limites Somente descrita por GuillaLmle Dupuyrren (1832) .
proximal e distal da cavidade peritOneal. O desenvolvimento Ocorre mais nos nascidos da raça branca e sobretudo nos
ocorre no sentido crani ocaldal, e o brotO dos membros supe- descendentes italianos do norte e da região mediterrânea da Eu-
riores surge (rês dias antes dos inferiores. ropa. Os descendentes dos índios catladenses da região dos lagos
A porção proximal e cenu-a/ da rona distal dos brotos tem gran- Manitoba, os franceses, os ingleses e também os tchecos são esta-
de concenu-ação de blastema fortemente celular, com células densas tIS tIcamen te suscetÍveis.
e tmiformes que integram o modelo da artiClJação coxofemOl-a/. Os descendentes africanos e os asiáticos praticatnenre estão
Oito semanas. O 1l10delo c:.lftilaginoso inicial do acetábulo livres desta doença.
e da cabeça femoral já está formado. O fêmur se forma por asso- O lado esquerdo é mais acometido que o direito na propor-
ciação de condroblasto primitivos, e massas discóideas dão forma ção de 3: 1, e 20% dos casOS são bilaterais. Entretanto, Ortolani,
aos primórdios do Oeo, ísquio e púbis. em 1971, afirmou ser sempre bilateral e com um lado pior, fato
Onze semanas. O feto tem 5 cm de maior diâmetro, e a ca- confirmado por Laredo em 1985.
beça femoral já tem a configuração esférica, e o colo femoral é Quanto ao sexo a predominância nas muli1eres em relação
Clll'to. Todas as estruturas ll1usculoesqueléticas estão formadas, e aos homens é de 4 a 6: 1.
a cabeça tem anteversão de 5° a 10°, e o acetábulo tem anteversão No Brasil, a incidência é maior nas regiões Sudeste e Sul.
com cerca de 40°. O feto aSSLUne posição própria com flexão,
adução e rotação externa do quadril mais à esquerda que à direi-
DIAGNÓSTICO
ta. A torção anterior do colo femoral aumenta na segunda meta-
De um diagnóstico precoce dependerá o sucesso do trata-
de da vida fetal e chega a 35° no momento do nascimento, e a in-
mento.
clinação do acetábulo aumenta com a atitude de rotação medial
da bacia e na extensão, as articulações coxofemorais se tornam • Assimetria dos membros inferiores (Hipotrofia de Lml
instáveis e suscetíveis de luxação. membro, proeminência do grande trocânter).
• Limitação da abdução (Sinal de Hart).
DEFINiÇÃO • Excesso de rotação externa.
A Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ) é ca- • Encurtamento aparente (Si nal de Nelaton-Galleazzi).
racterizada como displasia porque envolve alterações no acetábu- • Assimeo-iadas pregas inguinais e gl LI teas (Sinal de Peter-Bade).
lo, na cápsula ileofemoral, e a porção proximal do fêmur que po-
MANObRAS
dem evoluir com melhora e crescimento normal ou negativa-
Ortolani. Recém-nascido em posição supina com flexão dos
mente com piora, chegando até a luxação.
joelhos e quadris em 90°, coxas aduzidas e ligeiramente rodadas
CLASSIFICAÇÃO CLíNICA internamente. Realiza-se uma manobra firme de abdução e leve
rotação externa das coxas. O ressalto na sensação tátil e por vezes
Teratológicas. São aquelas acompanhadas por outras mal-
audível como clunk.
formações graves como artrogripose múltipla congênita ou mie-
Barlow. Manobra inversa a de Ortolani realizada em dois
lomeningocele. São sempre luxações que ocorrem antes do nas-
tempos:
cimento e não podem ser reduzidas com manobras simples.
Típicas. Ocorrem em recém-nascidos normais. A. Recém-nascido em supino com as coxofemorais Aetidas em
Ocorrem: fetal, antenatal, pré-natal, perinatal e pós-natal . 90° e os joelhos em hiperflexão. O terceiro dedo de cada
Subdividem-se: mão do examinador é colocado sobre o grande trocânter e o
1. Quadrilluxado: a cabeça femoral está totalmente fora do polegar colocado na porção interna da coxa sobre o pequeno
acetábulo em posição súpero-lateral que reduz com a trocânrer. Faz-se então leve abdução e com a supinação da
manobra de Ortolani produzindo o característico ruído mão exerce força sobre o grande trocânter, se notarmos
(cfunk). redução concluímos que a mesma estava luxada.
2. Quadrilluxáve1: a cabeça está dentro do acetábLJo, porém B. O exanlinador provoca movimento de pronação da mão e
pode facilmente sair com a manobra de Barlow. aplica força através do polegar no pequeno trocânter que
3. Quadril subluxável: caracteriza-se por hiperelasticidade dos li- pode ou não luxar a cabeça femoral.
ganlentos e cápsula possibilitando a subluxação onde na ma- Palmen. Colocanl-se os quadris em adução e extensão má-
nobl-a de Palmen o exanlinador obtém a sensação tátil de xima na posição mais instável e palpar o quadril suspeito onde
subluxação e não se obselYa o núdo cat-acterístico do cfunk. poderemos sentir a sensação do "c/unk de saída".
M ONRES J OSf GOM ES 185

• EXAME FíSICO

FiG. ~.1 A
Manobra de O rtolani.

A
FiG. ~.1 B
Manobra de Barlow.

B
186 A TLA.S C OMENTADO DE U LTRA.SONOGRAFLA M USCULOESQUELIÔTICA
...... . ..................... ..................... . .. . .............. .

=EXAMES COMPLEMENTARES
Radiografia. Incidências em AP e Rã (incidência de La- Coordenada Y de Ponseti (1953): é uma reta perpenclicuIar
wenstain). Onde traçamos: à porção média do sacro que determina a distância se está simé-
Linha de Hilgenreiner (1925): horizontal entre as cartila- trica ou não, em relação a esta linha e o centro da epífise femoral
gens trirracliadas. de cada quadril.
Linha de Perkins: reta perpendicular à linha de Hilgenreiner Aruografia. Método em desuso por problemas técnicos, por
que tangencia o rebordo ósseo lateral do acetábulo. ser um método invasivo e com riscos de complicações severas.
Quadrantes de Ombredamme (1932): no quadril normal o Tomografia computadorizada: método insatisfatório pois
núcleo de ossificação da epífise femoral deverá estar no quadran- não define parâmetros possíveis para uma classificação, as ima-
te ínfero-Iateral. gens melhores são obtidas em axial com janela para partes moles.
Índice acetabuÚlr (Kleinberg-Lieberman) (1936): é o ângulo Ressonância magnética. Imagens de excelente definição
./
formado pela linha de Hilgenreiner e uma segunda linha traçada p;y-a detalhes dessas articulações, porém tem inconvenientes
tangenciando o teto ósseo acetabular (normal abaixo de 30°). como exame tecnicamente demorado, pouco acessível e que por
Arco de Shenton: é fo rmado por uma linha imaginária que vezes torna-se necessário sedação assistida por anestesista.
passa pela borda medial da metáfise femoral prox.imal do fêmur e Ultra-sonografia. Método preconizado a partir de 1980
segue pela borda superior do forame obruratório. Nos casos de com a clivulgação do primeiro trabalho do austríaco Reinhard
luxação esta linha será descontinuada. Graf, orropedisra pediátrico que preconizava a ultra-sonografia

A~ ________________________ ~ B~ ______________________ ~ C~ __ ~ __________________ ~

D ~ ____________________________________________________________________________ ~

FiG. ~.2 A, B, C, D, E E F
Traçados em radiografia:
Normal (A).
Linha de Hilgenreiner (B).
Linha de Perkins (C ).
Quadrantes de Ombredamme (O).
Índice Acetabular (E).
Coordenada Y de Ponseri (F).
(Adaprado de Milani C et ai ManuaLde
patoLogias do quadril infantil. Escola Paulista
E ~ ______________________ ~ F ~ ______________________~ de Medicina, 1993.)
M ONRES j OSf G OM ES 187

com avaliação estática de uma imagem padrão para o quadril. favorece uma visão evolutiva da displasia do desenvolvimento do
Outros autores importantes escreveram sobre o assunto, como quadril (DDQ) pela facilidade da sua classificação ecográfica.
H. Theodore Harcke (1984), radiologista pediátrico norte-ame- Nos lactentes e nos primeiros cinco meses de vida a aval ia-
ricano, que preconiza um método dinâmico com aquisições ção radiográfica não mostra a epífise femoral por ser esta consti-
num plano coronal em posição fletida e estendida exercendo pis- tuída por tecido cartilaginoso e, por este motivo, a ultra-sono-
tonagem posterior. grafia vem substituindo gradativamente e rapidamente o méto-
A metodologia de Graf é consensual entre os orropedistas em do radiográfico simples.
quase todos os países e no Brasil não é diferente, pois esta técnica

G~ ______________________________________ ~ ~ __________________________________ ~ H

J
FiG. ~.2 Cp Hp I E J
Arco de Shento n normal (G).
Arco de Shenron quebrado à esq uerda (H ).
Índice Acetabular e arco de Shenron normais (l) .
Índice Acetabular e arco de Shenron alterados (j) .
(Adaptado de Milani C et ai Manual de patologias do quadril infantil. Escola Paulista de Medicina, 1993.)
188 ......... .... ..... A TLAS COi'vl ENTADO DE U LT RA-SONOG RA FI A M USCU LOESQUELt.TI CA
. ... . ....... . . . . ........... . . . ... .. . . ..... .. . . .. .. . ..... . .. . .. .. . ...... .

TÉCN ICA DE GRAF POSICIONAMENTO DO PACIENTE E DO


Esta técn ica se baseia no estudo estático a partir d e image m TRAN SDUTOR
padrão onde obtemos dois ângulos (a e ~) e juntamente com
outros dados q ue explicaremos mais adiante, nos possibilita gra- Paciente:
duar os quad ris. • D ecübito lateral .
• Flexão de300a45 ° nos qlladrise rotação interna de 10° a I SO.
• Podendo ou não utilizar almofadas posicionadoras.

Transdutor:
• Plan o coro nal na face lateral do q uadril com o lado inferior
no grande trocâm er, deixando as po rções prox imais do
transdlltor sobre o quadril.

FiG. ~.} A
Pos ição do pacienre e do rra nsdu tor.

Resso nância magnética em visão lateral


de um quadril na seqüência sagital T I,
onde observa mos os planos musculares
da região e as suas relações com o grande
uocâ nrer.
. Mo RES JosÉ GOMES
. . . . . . . . .. ..... ............. ..... ... - .
189

PONTOS DE REFERÊNCIA ANATÔMICA


• Bordo ossificado do ilíaco.
• Promontório do ilíaco, o ponro mais disral do ilíaco onde
modifica o rrajeto reto para uma parábola invertida que é o
reto ósseo para a formação do acerábulo.
Cartilagem
Cartilagem • Tero ósseo do acerábulo.
triangular
trirradiada • Extremo inferior do reto ósseo do ilíaco para a formação da
carrilagem rrirradiada.
• Carti lagem rrirradiada.
Cápsula ísquio • Ísquio.
ileofemoral
• Epífise femoral cartilaginosa.
• Núcleo de ossificação da epífise femoral (quinto mês).
• Teto cartilaginoso do acetábulo e seu labro.
• Fise.
Fise • Metáfise ossificada do colo femoral.
---Metáfise • Grande rrocânrer com a inserção dos glúreos.
• Cápsula ileofemoral.

AL-__________________________________ ~

B
Labro Grande trocânter

Cápsula ileo-femoral

Bordo ossificado do ih
FiG . ~ .4 A, B E C

Artefato de Graf - - - ----'<'""" (Desenho esquemárico (A)


adaptado de Graf R. Cuide to
Teto ósseo do iliaco - - - --'
sonography ofthe infont hip.
New York: George Theime
CL-________________________________________________________ ~ Verlag Stlmgarr, 1987.)
190 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-5 0 OGRAFIA M USCULOESQUELIõT ICA

. A IMAGEM PADRÃO

FiG. ~.~ A, B E C
Impo rtante: o rebordo ossificado do ilíaco deverá estar sempre
num plano horiwmal (plano do rransduror) para a obtenção da
imagem padrão _
Após identificar os principais pontos de referência anatômica,
centralizamos a imagem padrão que é emão congelada na tela do
vídeo. Em seguida, acionamos a tecla de goniometria di gital e
rraçaremos três linhas para obtermos os ângu los alfa e beta .
M ONRES J OSt G OMES 191

• LINHA DE BASE
É adquirida a partir de dois pOntOS específicos, e traçada la- • InserÇ<1.o da cápsula ileofemoral.
teralmente ao bordo ossificado do ilíaco (corresponde à linha de • Porção inferior do bordo ossificado do ilíaco.
Perkins).

AL-__________________________________ ~
B
FiG . ~.6

• LINHA DO TETO ÓSSEO


• Porção inferior do bordo osswcado do ílíaco. A partir dessa linha, define-se o ângLJO alfa que é o que de-
• Borda interna do teto ósseo do ilíaco na formação da cartila- termina a profundidade do acetábuJo. Portanto, quanto menor o
gem trirradiada. ângulo alfa, menor será a profundidade do acetábuJo.

A~ ______________________________________ ~
B
FiG. ~.7
192 A TLAS COMENTADO DE UI.TRA-50 OCRAFIA M USCU LOESQUEU'. TICA
.............. . ..... . .. . . ... . - ....... - .. . . . ...... - .. _- ............ .

LINHA DO TETO CARTILAGINOSO


• Porção inferior do bordo ossificado do ilíaco. Com esta terceira linha conheceremos o valor do ângulo
• Centro dos ecos do labro. beta que define a posição do labro. Quanto mais o quadril é dis-
plásico, mais a cabeça desloca e força o labro em eversão, aumen-
tando o ângulo beta.

AL-____________________________________ ~
B

FiG. ~.8 A, B E C
Linha de base
(Desenho esquemático (C) adaptado de Graf R. Cuide to
sonography o/the infant hip. George Theime Verlag 5turrgarr,
Linha do teto 1987.)

Linha do
teto ósseo

. VALORES ANGULARES
• AIfo: maior ou igual a 60°.
• Beta: menor ou igual a 55°.
Nos quadris normais traçar essas três linhas como foi descrita
anteriomente é uma forma fácil, porém diante da displasia aceta-
bular o rebordo ossificado do ilíaco (promontório) roma-se arre-
dondado ou achatado, e a linha de base fica sem o seu segw1do
ponto de referência. E por isso a linha de base auxiliar veio como
alternativa nestes casos, e como conseqüência as linhas auxiliares
do teto ósseo e do teto cartilaginoso.

CL-__________________________________ ~
M ONRES J OSt G OMES 193

• ARTEFATO DE GRAF

Este artefato se forma na transição da convexidade para a


concavidade acetabular, logo abaixo do promontório, e serve
como referencial para traçarmos as linhas auxiliares.

Ilh
(Adaptado de GrafR. Cuide to sonography ofthe infont hip. George
T heime Verlag Sturrgarr, 1987.)

• LINHA DE BASE AUXILIAR

Esta linha auxiliar é formada a partir da transferência espaci-


al do ponto de inserção ilíaca da cápsula ileofemoral para dentro
da sombra acústica do ilíaco de modo que fique alinhado trans-
versalmente com as bordas superior e interna do artefato de Graf.
Portanto, estes são os dois novos pOntos de referência para a linha
de base.

FiG. ~.10
194 ATlAS C OMENTADO DE ULTRA-SO NOGRAFIA M USCULO ESQUELtTICA
.. . . . . ..... ..... . ...... . .. .

• LINHA AUXILIAR DO TETO ÓSSEO • LINHA AUXILIAR DO TETO CARTILAGINOSO

Esta linha é obtida pelo novo ponto de referência nos vérti- Obtém-se esta linha a partir do novo ponto de referência
ces superior e interno do artefato de Graf até as bordas superior e nos vértices interno e inferior do artefato de Graf em direção ao
interna do teto ósseo do ilíaco para a formação da cartilagem trir- centro dos ecos do labro.
radiada, tangenciando o acetábulo internan1ente. A classificação ecográfica de Graf que será descrita a seguir
serve como o referencial moderno que o ôrtopedista pediátrico
tem na condução clínica dos quadris displásicos, pois esta classi-
ficação proporciona, com avaliação seqüencial a cada 4 semanas,
um prognóstico de piora ou melhora.

FiG. ~.11 FiG. ~.12


MO NRES J OSÉ G OME.S 195

• LINHAS AUXILIARES

FiG. ~.1} AE B
Com o ar redondamenro ou acharamemo do rebordo ossificado do
ilíaco a opção para definir as medidas angulares é arravés das linhas
aux iliares. A maneira errada (A), correra (B) .

B
196 ••
A TLAS C OMENTADO DE U LTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA
••• 0· •••••••••• ,.. ••••••• '" ••••

• CLASS IFICAÇÃO ECOGRÁFICA DE GRAF

QUADRIS TIPO I

Tipo Teto ósseo Promorltório Labro Alfa Beta

I Bom Angulado Base estreita ~ 60° :s; 55°

1 Bom Levemel1[e arredondado Base alargada ~ 60° > 55°

QUADRIS TIPO II

Tipo Teto ósseo Promontório Labro Alfa Beta

lIa + Adequado Arredondado Alargado


50° a 59° > 55°
lia - < 3 meses I nsuficiel1[e Arredondado Alargado

IIb - < 3 meses InsuficieIHe Arredondado Alargado 50° a 59° > 55°

Ilc InsuficieIHe Arredondado e achatado Alargado 43° a 49° > 70°_77°

IId Muiw insllficiel1[e Arredondado e achatado Deslocado 43° a 49° > 77°

QUADRIS TIPO 111

Tipo Teto ósseo Promorltório Labro Alfa Beta

I1Ia Pobre Acha[ado Deslocado sem alteração esuU[lIra! < 43° > 77°
I1Ib Pobre Achatado Deslocado sem alteração esuumral

QUADRIS T IPO IV

Tipo Teto ósseo P,-omontório Labro Alfa Beta

IV Pobre Acha[ado Deslocado Imensllrável


M ONRES J OS~ G OMES 197

SEOÜÊNCIA DE EVENTOS DO PADRÃO NORMAL ATÉ A LUXAÇÃO

QUAdRil NORMAL QUAdRil COM displAsiA lEVE.

QUAdRil COM displASiA iNTENSA E subluXAçÃo COM


QUAdRil COM displAsiA ModERAdA. EVERSÃO do IAbRO.

QUAdRil COM displAsiA iNTENSA E lUXAçÃo COM QUAdRil COM displAsiA iNTENSA, lUXAÇÃO E iNVERSÃO do
EVERSÃO do lAbRO. IAbRO.

FiG·~·14
198 ATLAS COM ENTADO DE ULTRA-SONOGRAFJ.~ M USCU LOtSQUELÉTI C~

QUADRIS TIPO IA

A B

~ I

o ângulo alfa maior que 60° e o ângu lo beta menor que 55°. Observe que o rebordo ossificado do ilíaco (promoI1[ório) é basta nte
anguJado, e a cabeça se encaixa perfeitameI1[e na profundidade do acetábulo .
M ONRES J OSE G OMES 199

A B

C D
F(
o ângulo alfa maior que 60°, e o â ngulo beta menor qu e 55 °,
200 ATLAS COME 'TADO DE ULTRA -SO NOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA

QUADRIS TIPO IB

B
FiG. ~.18 A, B E C

o ângulo alfa maior que 60° e o


ângulo beta menor que 55°, Note
que o acetábulo tem boa
profundidade, e a linha de base corta
a cabeça em sua zo na cen trai com
metade abaixo e metade acima desta
linha (sinal do Equador),

c
1I0NRES JOSÉ GOMES 201

A B
FiG. ~ 19 A l B

o ângu lo alfa maior ou igual a 60°, e o ângu lo bera maior que 55°,

QUADRIS TIPO IIA+ E IIA-

Idade abaixo de 3 meses, O ângulo alfa entre 50° e 59°, e o ângu lo bera maior que 55°, A difere nça esrá no comamo do rera ósseo que é
adequado no Il a+ (A) e insuflci em e no J1a- (8),
202 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELIÔTICA
................ .. . . . . . .. .. .

• QUADRIS TIPO IIA+ E IIA-

FiG . ~.21 A E B
Idade abaixo de 3 meses. Alfa enrre 50° e 59° e beta acima
de 55°. Notar co ntorno do teto 6sseo adequado Ila+ (A),
insuficienre I1a- (B).

B
M ONRES J OSÉ GOM ES 203

QUADRIS TIPO IIB

Fict . ~.22 FiCt. ~.2}

----------------------

Fi<t. ~.24 Fi~. ~.2~

-------------------
Idade acima de 3 meses. AlFa entre 50° e 59° e b e ca acima de 55°. No[ar comorno do (em ósseo ÍnsuficÍeme.
204 ATLAS COMENTADO DE UllRA-SONOGRAI'JJ\ M USCU LOESQUELÉTICA

QUADRIS TIPO 118

FiG . ~ . 26 FiG · 0;·27

FiGs. 0;.26 A 0;.28

ldade acima de 3 meses. Alfa entre 50 0 e 59 0 e beta acima de 55 0 •


Todos com o contorno do teto ósseo insuficiente.
FiG. ~ . 28
M ON RES ]OSt G OMES 205

FiG. ~.29 A E B
Na data do aniversário de 3 meses, não houve evolução com melhora,
e o quadril que era lIa-, passa a ser I1b.

B
206 A TLAS COMENTADO DE U LTRA.SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA

• QUADRIS TIPO IIC

FiG. ~.}O

Alfa entre 43° e 49°, beta entre 70° e 77". O contorno


do teto ósseo é insuficiente, o rebordo ossificado do
ilíaco é arredondado ou achatado .

• QUADRIS TIPO IID

Fi~s . ~.}1 [~ . }2

Alfa enrre 43° e 49°, beta acima de 77". O contorno do teto ósseo é muito insuficiente, o rebordo ossificado do ilíaco é arredondado ou
achatado. Denma quadril em vias de descenrração.
M ON RES J OS!': GOM ES 207

• QUADRIS TIPO IIIA

A B
FiGo ~o}} A E B
Alfa entre 43° e 49°, bera acima de 7]0 . Quadril em vias de descenrração.

FiGo ~o}4 A E B
Ângulo alfa abaixo de 43° e ângulo bera acima de 7]0. O
comomo do rero ósseo é muiro insuflcienre, o rebordo ossificado
do ilíaco (promonrório) é acharado. O labro esrá deslocado em
eversão e sem alreração na sua esrrurura anarômica. Subluxação.

B
208 ATLAS COMENTADO D E ULTRA-SO NOG RAFIA M USCU LO ESQUELÉT ICA

• QUADRIS TIPO 1118

Ângulo alfa abaixo de 43°, e ângulo beta acima de 77". O


contorno do teto ósseo é muito insuficienre, o rebordo
ossificado do ilíaco (promonrório) é achatado. O labro
está deslocado em eversão e com alteraçóes na sua forma
e estrutura anatômica, com hiperecogenicidade e às vezes
fraruras. Subluxação.
M ONRES JOSt: GOMES 209

QUADRIS TIPO IV

FiG. ~.40 FiG. ~.41

FiGs. ~.40 E ~.41

o rebordo ossificado do ilíaco é achatado. O labro apresenta-se deslocado e invertido.


A medição dos ângulos alfa e beta é impossível porque a sombra acústica posterior da
diáfise femoral impede traçar as linhas.
A cabeça desloca-se súpero-lateralmente sobre a borda lateral do ilíaco.

FiG. ~.42 A E B

Q uadril esquerdo luxado.


Encurtamento aparente (Sinal de Nelaron-Galleazzi).
Assimetria das pregas inguinais e glúteas (Sinal de Peter-Bade) (A).
Índice acetab ular acima de 30 graus à esquerda (B) .

B
210...... . ..... . . . . . .... . .. . ... . ... . ....... A TLAS COMENTADO DE U LTRA-5 0 OGRAFlA M USCULOESQUELÉTICA
. ............................ . ....... . .

• TRATAM ENTO

o tratamento da displasia do desenvolvimento do quadril O tratamento cirúrgico está reservado para aqueles casos
(OOQ) ganha êxito quanto mais precoce possível o seu início que a partir de 10 meses de idade sem diagnóstico e tratamento
após o diagnóstico e se fundamenta na manutenção da cabeça fe- prévio, ou mesmo para aqueles casos em que a redução após tra-
moral dentro do acetábulo displásico até a sua reconstituição ção cutânea ao zênite e abdução e colocação do gesso pelvipodá-
com o crescimento da criança. lico (posição humana de Salter) não surtiram o efeito desejado.
A fralda de Frejka pode ser utilizada nas primeiras semanas, Uma avaliação prévia com arrografIa ou com ressonância mag-
particularmente preferimos o suspensório de Pavlik para servir nética é imperativa.
como órtese até o sexto mês de vida quando, na evidência de me- E a técnica consiste em tenotomia distal do psoas-ilíaco cap-
lhora clínica e ultra-sonográfica, passamos para acompanhamen- sulotomia anterior, limpeza articular ressecando o pulvinar e o li-
to clínico e radiográfico mensal até 3 meses depois do início da gamento redondo, redução e capsuloplastia (crianças de 10 me-
deambulação. A avaliação no terceiro mês é de vital importância ses a 3 anos e meio). As técnicas de acetabuloplastia como: Salter
para os quadris displásicos leves (IIa+ e Ila-), pois nesta idade a e Pemberton, são restritas para as crianças entre 3 e 6 anos de ida-
melhora terá que advir. Caso contrário devemos redobrar nossos de, e a técnica de Chiari para crianças acima de 7 anos de idade.
cuidados e se a piora for rápida e intensa, medidas como redução Um quadril não tratado ou tratado de forma inadvertida e
e gesso podem ser ·utilizados. que desenvolve luxação certamente não impedirá com que se
forme um neoacetábulo com o crescimento da criança e não
Nos quadris com diagnóstico inicial acima de lIb e com pio- impedirá também que a marcha, mesmo que com leve claudi-
ra progressiva, uma órtese de abdução fIxa em 90° ou mesmo cação, aconteça. Esta criança terá uma vida próxima do normal
gesso pelvipodálico deve ser utilizado. até a idade adulta, quando na fase mais produtiva da vida as
Os quadris com diagnóstico inicial tipo IV são felizmente complicações coxofemorais tardias apareçam, o que incorrerá
raros e acontecem por causas teratogênicas (artrogripose múlti- em muito sofrimento e várias artroplastias com substituição
pla congênita, doenças neuromusculares congênitas). Porém na por prótese de quadril ao longo de sua vida. Portanto, torna-se
evolução negativa da displasia do desenvolvimento do quadril responsabilidade não só dos pediatras e neonatologistas, mas de
(OOQ), a subluxação e mesmo a luxação do quadril são os ad- todos os médicos no sentido de cuidar para que em todo exame
ventos terríveis que devemos sempre estar atentos com a possibi- físico que fIzermos em crianças uma parte de nossa avaliação
lidade desses acontecimentos. seja as coxofemorais.

FiG. ~.4} FiG. ~.44

Fralda de Frejka. Suspensório de


Pavlik.
M ONRES J OSÉ G O MES 211

• OUTRAS INDICAÇÕES
A imporrância da ultra-sonografia no estudo dos quadris de Legg-Calvé-Perrhes, na epifisiólise proximal do quadril, nos
também se estende para o auxílio diagnóstico, ainda que limita- tumores ao redor do quadril e na síndrome da criança espancada.
do na sinovite transitória, na artrite séptica do quadril, na doença

FIC ~.4~ A, B ( C

Sinovite transitória do quadril. C ri ança de 1 ano e 9 meses co m do r no qu adril e cla udi cação à direita. Histó ri a de
feb rícula, estado ge ral bom , hemog rama co m leucoc itose leve e desv io para a di reita, VHS levemente alterado.
212 ... ...... . ...... .......... . ..........
ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUElÉTICA
. ............. . .... , .............. , .............. , ..

LEITURA RECOMENDADA

I. Barlo\\' TG. Early diagnosis flnd trearment ofcongenital deslocfltion of 14. Hopenfield S. Propedêutica ortopédica - coluna e extremidades.
the hip. f Bone foint Surg (Br.) 1962;44:292-30 I. [Trad.] Anronio Augusro F. Quadra e Ingrid M. Xavier Vizeu] São
2. Graf R. The diagnosis o(congeniral hip-joil1( deslocation by Paulo: Arheneu, 2001. 149-177p.
ulrrasonic compound rrearmel1(. Arch Orthop. Trauma Surg 15. Kapandji IA. The physiology of the joim. 3. vols. Edinburgh:
1980;97:117-135. Churchill Livingsrone, 1980. 81 p.
3. Graf R. The ulrrasonic image of rhe acerabular rim in infal1(s. Arch 16. ener F . Sistema musculoesquelético. Barcelona: Masson-Salv3te
Orthop Trauma Surg 1981 ;99:35 . Medicina. Edição ciemiflca y Tecnica S.A. Tomo 8.1, 8.2, 8.3,
4. Graf R. New possibiliries for the diagnosis of congeniral hip-joil1( 1990.
deslocarion by ulrrasonography.f Pediatr Ortop 1983;3:354-359. 17. Pavlik A. Srirrups as an aid in rhe rrearmem of congeniral
5. Graf R. Classiflcation of hip-joil1( dysplasia by means of dysplasias of rhe hip in children. f Pediatr Orthop
sonography. Arch Orthop Trauma SUlg 1984; I 02 :248-255 . 1989;9(2) : 157 -159.
6. Graf R. Cuide to sonography of the infant hip. New Yo rk: George 18. Sernik RA, Cerri GG. Ultra-sonografia do sistema musculoesquelético.
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7. Gomes H, Menal1(ean B, MonheJ, Robiliard P. Sonographyofthe 19. Sobona J . Atlas de anatomia humana. 20. ed. Rio de Janeiro:
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12. Milani C er aI Manual de patologias do quadril infantil. São Paulo: thigh in children. La Radiologia Medica - Radiol Med
Escola Paulisra de Medicina, 1993. 80p. 1993;85(suppl. 1)5:247-251. (Edizione Minerva Medica - Torino.
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Vilma Ribeiro de Souza Varga] . Rio de Janeiro: Revil1(er, 1999. musculoesquelética. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan,
169-187p. 2002. 521-533p.
Capítulo 6

JOELHO
2 14 ATLAS COMENTADO DE ULTRA·SONOGRAFIA M USCULOESQUELt.TICA

• INTRODUÇÃO mente a utilidade da ultra-sonografia será cada dia mais freqüen-


A articulação do joelho é de longe a mais acometida nos te. Já a ressonância magnética que também passa por aprimora-
traumas esportivos, talvez por ser a maior articulação do corpo, mento tecnológico reúne atualmente quase todas as qual idades
possuir consrante sobrecarga dinâmica, pois localiza-se entre os de um exame ideal para a articulação do joelho.
braços de alavanca do fêmur e da tíbia, e ser desprovido de prote-
ção como músculos e tecido adiposo. • EQUIPAMENTO
Modernamente a ressonância magnética é o método com- O equipamento utilizado exige alta resolução e transdutores
plementar mais indicado para esta articulação, entretanto, por de freqüência variável entre 5 a 12 MHz.
ser oneroso e menos disponível a ultra-sonografia, a1jada ao me-
lhoramento técnico dos examinadores, vem crescendo como • TÉCNICA
uma importante alternativa para a avaliação complementar ini- A técnica consiste em avaliar em decúbito dorsal as faces an-
cial, junto com a radiografia. A sensibilidade do método ul- terior, medial e lateral. No decúbito ventral a face posterior é es-
tra-sonográfico para a avaliação das estruturas periarticulares tudada. Toda técnica ultra-sonográfica exige um protocolo de
compete de igual para igual com a ressonância e ganha no item pesquisa previamente defin ido para ser cumprido durante o pro-
avaliação dinâmica. E com o passar do tempo e o aprimoramen- cedimento da realização do exame. E este protocolo está descrito
to técnico aliado ao avanço tecnológico dos equipamentos certa- resumidamente na última página deste capítulo.
M ONRES ] oSf G OMES 215

• APARELHO EXTENSOR

FiG·6.1
Imagem panorâmica do aparelho extensor do joelho.

=APARELHO EXTENSOR EM CRIANÇA

FiG. 6.2 A E B

Na criança o aparelho extensor do joelho tem


características próprias, pois dependendo da
idade os ossos têm grande porção
cartilaginosa e as epífises e fises são visíveis e
diferenciadas ecograficamente.
Pa rel a e linha femoroparelar, transversal (A).
Visão longitudinal do aparelho extensor (B) .

A
216 A TLAS C OMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELfTICA

• DERRAME ARTICULAR

B
FiG. 6.1 A, B E C
o derrame articular tanto o traumático, hemorrágico, inflamatório ou purulento pode ser facilmente estudado
pela ultra-sonografia no recesso sinovial suprapatelar.
Ultra-sonografia (A).
Ressonância magnética axial e sagital T2 (B e C).
Mo RES J OS~ G O MES 217

DOEN ÇA DE SINDING~LARSEN~JOHANSSON

FiG. 6.4 A E B
Pequenas e repetidas lesões com microavulsáo do tendáo patelar na sua origem, provocando
processo inflamatório crônico e com microcalciflcações intratendíneas como fragmentação do pólo
inferior. A ocorrência é bem maior no sexo masculino e nos adolescentes. A característica clínica
principal é a dor e o edema local que piora após esforços físicos.
Ultra-sonografia (A).
Radiografia (B).

A B

FiG. 65 A, B E C
Ressonância magnética (A).
Rad iografia (B).
U ltra-so nografia (C).

B
2 18 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SO NOGRAF IA M USCULOESQUELtTICA

• DOENÇA DE OSGOOD.-SCHLATTER

Repetidas lesões por microvulsão na inserção do tendão pa- A doença de Sinding-Larsen-Johansson e a doença de
telar na apófise anterior da tíbia (tuberosidade anterior da tíbia- Osggod-SchJatter são tratadas com repouso da prática esportiva,
TAT) provocando processo inflamatório crônico com aumento antiinflamatórios não-esteróides (AINES), fisioterapia e por ve-
de volume local e dor após esforços físicos e também aos peque- zes com imobilizador inguinomaleolar. Nos casos mais resisten-
nos impactos ou mesmo ao ajoelhar-se. A característica image- tes o treinamento esportivo pode ser suspenso até por um ano. O
nológica é de fragmentação progressiva desta apófise, e a ultra- tratamento cirúrgico pode ocorrer nos pacientes já adultos e com
sonografia vem como um método precoce e barato para este di- seqüelas, tais como ossificação heterotópica do tendão patelat· ou
agnóstico e servindo como método de acompanhamento prefe- tendinite crônica seqüelar.
rido por muitos, pois define o estado inflamatório do tendão e as
fases de risco para a ruptura.

A B

FiG. 6.6 A., B E C


c Ultra-sonografia (A e B) . Radiografia (C).
.............. . . . . . . . .. . . ...... . ....... .. .. ..... . ...... .. .. .. . ......
MO NRES J OSÉ GOM ES
.. ........ . ...... ... . ............ .... ... .. . . . . ... . ...... .... .. .... . . . .. .
219

c D

FiG. 6.7 A, D, C, D E E
Osgood-Schlarrer (A, B e C )
E Lado normal (O e E).
220 A TLAS C OMENTADO DE U LTRA-SONOGRAFLA M USCULOESQUELÉTICA
.. .. . .......... . ............... . ..... ... .

• SEQÜELA DE OSGOOD~SCHLATTER

FiG. 6.8 A, B E C
Ultra-sonografia (A).
Radiografia (B) .
Tomografia (C).
Norar ossificação hererorópica na inserção do
rendão parelar.

c
MO NRES J OSÉ G OMES 221

TENDINITE QUADRICIPITAL

A B

C
FiG. 6.9 A, B, C E D
Ultra-sonografia do lado contralateral normal (A).
Ultra-so nografia demonsrrando espessamento e heterogenicidade na zona insercional no pólo superior da parela e com presença de
calcificações internas (B e C).
Radiografia (O).
Para obtermos esta imagem o transduror é instalado no plano longirudinal onde rasrreamos roda a largura do tendão. A avaliação
comparativa com o lado conrralateral é importante.
222 A TLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA

• LESÃO DO APARELHO EXTENSOR: TENDÃO QUADRICIPITAL

A ruptura do tendão quadricipital determina intenso derra- que, com recurso de imagens panorâmicas, coloca a ultra-sono-
me na bolsa suprapatelar, e a deformidade ocorre com patela bai- grafla no mesmo patamar de sensibilidade que a ressonância mag-
xa. Neste caso mostramos a comparação entre os dois métodos nética, para este tipo de lesão.

FiG. 6.10 A, B, C, D, E, F, C, H E I
Desenho esquemático (A) .
Ultra-sonografia (B, D , F e H).
Ressonância magnética (C, E, G e O.

A~ ________________________________________~

B c

o
·.................. tv1 ()~JU:s .1 ()SÉ qOMES ...... . .. . .. . . ... . . .. . ... . . . . ... .... ... . . ... . ..... . . . . .. . . . ... .
223

FiG·6.10
224 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFiA M USCULOESQUELIOTICA

LESÃO DO APARELHO EXTENSOR: TENDÃO PATELAR

L -_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _~ B

FiG. 6.11 A. B, C E D
Fotografia do caso (A).
Desenho esquemático (B).
Ultra-sonografia (C) .
Ressonância (O) .
Na lesão do tendão patelar a deformidade encontrada é com
patela alta.
M O NRES J OSÉ GOM ES 225

TENDINITE DO APARELHO EXTENSOR ENVOLVENDO OS TENDÕES QUADRICIPITAL E PATELAR

FiG. 6.12 A, B E C
Ultra-so nografia (A e C) .
c Resso nância (B).
226 ATLAS COM ENTADO D E ULTRA-SONOGRAFIA MUSCU LO ESQU ELÉTI CA
. . . .. . . , . , . , , . , . . . . , .' ..... .,...,. . ... .

• TENDINITE PATELAR

A c
FiG . 6 . 1J A, B E C

Ressonância (A).
Ultra-sonografia, comprometido (8), normal (C).
MO NRES JOSÉ GOM ES 227

B c
FiG . 6 . 14 A, B E C

Ultra-sonografia, comprometido (A) , normal (B).


Resson ância sagital T2 (e) .
No tar es pessa mento proximal e hipersinal caracterísrico com heterogenicidade das fibras das fibras do tendão parelar.
228 A TLAS C OMENTADO DE ULT RA-50 OG RAFIA M USCULOESQUELt.TICA

DOENÇA DE HOFFA (PANICULlTE INFRAPATELAR)

o processo inflamatório do coxim gorduroso infi-apatelar tOr- Dá-se o nome de doença de H offa, e o aspectO clinico manifes-
na este tecido com a forma circwlscrita, semelhante a Wll lipoma_ ta-se com dor na face anterior do joelho sob o tendão patelaL

FiG- b _n A, B E C
Ulrra-sonografia mosrrando a gordura de Hoffa hipoecogênica e
circunscrita (A e B).
Ressonância magnética sagital T2 demonstrando hipersinal na
B gordura infrapatelar (C) .
Mo

RES J OSt. G OMES
0'0 •••••• ••••••••• • •• • • •••••••• • ••
229

• BURSITE PRÉ,TENDíNEA NA INSERÇÃO DO TENDÃO PATELAR

FiG. 6.16 A, B E C
Fotografia (A).
Ultra-sonografia (8 ).
Radiografia (C).

B ____ c
230 A T LAS C OMENTADO DE ULTRA-SON OGRA FI A M USCULOESQUEL~T ICA

• BURSITE PRÉ,PATELAR

FiG. 6.17 A, B, C, D E E
Fotografia (A) .
Radiografia (B).
Ressonância (C).
Ultra-sonografia (O e E).
Esta bursite é muito comum pós-rraumática e pode ser preenchida
por tecido seroso ou mesmo por hematoma.

B c

o E
MO NRES JOSÉ GOMES 231

BURSITE INFRAPATELAR

A B

FiG. 6.1 8 A, B, C, D E E
U lrra-sonografia normal (A). Co mpromerido (B, C e D ).
Ressô nancia magnérica sagiral T2 (E).
_ .......___ E
232 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELtTICA

• COMO IDENTIFICAR UM DERRAME DISCRETO

As estruturas identificadas na região suprapatelar são: a gor- formar-se achatando, cedendo lugar ao líquido coletado. Quan-
dura suprapatelar que fica entre o pólo superior da patela, o ten- do este derrame é em pequena quantidade a distinção entre o lí-
dão patelar e a bolsa suprapatelar. A estrutura cartilaginosa do quido e a cartilagem é difícil e o recurso de comparação com o
côndi lo femoral apresenta-se anecóica, sob a gordura e a bolsa. lado contralateral nos auxilia muito.
Uma vez que acontece o derran1e, a tendência da gordura é de-

CL-__________________________________________________________________________ ~

FiG. 6.19 A, B E C
Ultra-sonografia (A e B).
Desenho esquemático (C).
M ONRES J OSt. G OMES 233

• CISTO DO TENDÃO QUADRICIPITAL

A B
FiG . 6.20 A E B
o cisto do tendão quadricipital é um achado raro e neste caso particular, a palpação profunda era dolorosa e de consistência endurecida.
Na avaliação ecográfica observamos um nód ulo cÍstico arredondado com reforço acústico posterior bem evidenciado. No relato do
cirurgião confirmou o cisto conforme descrito.
234 A TLAS C OMENTADO DE U LTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELfTICA

COMO MEDIR O TROFISMO DO QUADRíCEPS

Com uma pequena régua medimos e demarcamos na pele ral (mais superficial) e o vasto intermédio (mais profundo e aderi-
um ponto a 15 cm do pólo superior da patela em ambas as coxas, do ao eixo transversal do fêmur). Este é o ponto de medição para
então colocamos o aparelho em padrão dual e obtemos uma ima- determinar o trofismo do quadríceps como demonstrado a seguir
gem transversal de cada coxa naquele ponto demarcado na face Tal avaliação pode também ser feita com vasto lateral e vasto
anterior da coxa. O que observaremos são os músculos retofemo- medial, sempre utilizando o lado contralateral comparativo.

pele e tcs pele e tcs

rf
rf

A
FiG. 6.21 A E B
Ultra-so nografi a (A) .
Desenho esquemá tico (B).
MO N RES JOS É GOMES 235

• CISTO NO RETINÁCULO PATHAR LATERAL

Nodulação visívellareralmeme ao plano da parela que ecogra- telar lateral para o subcutâneo e com Outro lobo imernameme na
ficameme apresema-se como um cisro que perfura o retináculo pa- gordura de Holfa. A imagem de ressonância confirma a ecografia.

D
FiCt. 6.22 A, B, C [ D

Fotografia (A)
Ulcra-sonografia (B e C).
Ressonância axial T2 (O).
236 A TLAS C OMENTADO DE U LTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA
.. . . . . ..... .

• PATHA BIPARTIDA

Vinte por cento da população apresenta wn núcleo de ossi-


ficação secundária súpero-lateralmente e quando este não se con-
solida com o núcleo primário.

Núcleo de ossificação secundário


não consolidado súpero-Iateralmente

AL-________________________________________ ~
B

C
FiG. 6.2J A, B, C E D

Desenho esquemático (A)


Radiografia (B).
Ultra-sonografi a (C) .
Ressonância ax ial T 2 (D).
M ONRES JOSÉ GOMES 237

• LESÃO DO REllNÁCULO PAlHAR MEDIAL

o rerináculo patelar medial rompe a partir de mecanismo


de trauma com luxação patelar lateral, onde o mesmo é forçado
em esriramenro ou mesmo avulsiona na borda m edial da patela.

~ __________________________________ ~ D

FIG. 6.24 A, D, C E D
Retináculo normal (A) .
Retináculo espessado (B).
Lesão retinacular (C) .
Desenho esquemático do mecanismo de luxação lateral da patela (D).
(Adaptado de (Adaptado de Sanders TG, Medynski MA, Feller JF, Lawhorn Kw. Bone Contusion paterns of the knee at MR imaging:
Foorprinr of Mechanism of Injury. Radiographics (Vol. 20).)
238 ATLAS COME NTADO D E ULTRA-SO NOGRAFIA M USCULOESQUELt.TJCA

DERRAME ARTI CULAR E PLl CA

o derrame articular é via de regra um dos primeiros sinais cioso e o derrame apresenrar "debris" grosseiros, a confirmação
físicos do processo inAamatório sinovial agudo ou crônico. Na deste quadro pela ecografia é certa. Uma plica sinovial
evidência de lesões traumáticas com derrame agudo e com pre- sub-retinacular medial (mais freqüenre) ou lateral pode ser en-
sença de "debris" inrernos urna lesão ligamenrar ou meniscal tem conrrada como faror determinanre de dor peripatelar, e pode ser
que ser avenrada. Se a clínica compatibilizar para processo infec- palpável e ecograftcamenre idenrificável.

A B
FiG. 6.2~ A E B
Ultra-sonografia.

A B
FiG. 6.26 A E B

Plica médio-parelar mediai (sub-rerinacular) (A).


Plica sinovial suprapatelar (8).
M ONRES Jost G OMES
.................. . ......
239

• CORPO ESTRANHO

FiG. 6.27 A, B E C
Ultra-sonografia (A) .
Radiografia (B e C).
Corpo estra nho. fragmento de vidro na face ante rior do joelho.
A imagem ultra-sonográfica em ambas as figuras mostra
artefatos de reverberação que são próprios dos corpos
estranhos por vidro e por metal.

FiG. 6 .28 A E B
Ultra-sonografia (A) .
Radiografia (B).
Arruela, servindo como corpo estranho , pois retiraram-se os
parafusos e deixaram-nas no tecido celular subcutâneo. B
240 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFLA M USCULOESQUELtT lCA

• CISTO MENISCAL MEDIAL

C
FiG. 6.29 A, B, C E D

Ulua-sonografia (A).
Ressonância (B, C e D ).
MONRES j OSf G OMES 241

FiG. b.lO A, B E C
C irurgia.
242 ATLAS COIvIEN"TADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA

CISTO MENISCAL MEDIAL

A B

FiG. 6.11 A, D, C, D E E
Ultra-sonografia (A).
Ressonância (B e C).
Cirurgia (D e E).
Outro caso de cisto póstero-medial de menisco interno
diagnosticado por ultra-sonografia e ressonância magnética.
(Fotos genti lmente cedidas pelo DI'. lzo Adélio Ferreira dos
Santos. Ortopedista, Goiânia - Go)

E
M ONRES J OSÉ GO\1ES 243

= CALCIFICAÇÃO DE PELLEGRINI STIEDA

Na fase crônica da entesite proximal do ligamento colateral A avaliação radiográfica com incidência de baixa penetração
medial uma calcificação se forma nesta topografia, determinan- em ântero-posterior é suficiente para este diagnóstico. A ul-
do aumento de volume palpável e doloroso. tra-sonografia também define esta calcificação desde a sua fase de
formação onde é radiolúcida.

FiG. 6.l2 A, B E C
Radiografia (A).
Ultra-sonografia (8).
Ressonância (C). c
244 A TLAS CO~IENTADO DE ULTRA-SONOGRAF IA M USCULOESQUELfT1CA

LESÕES NO LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL

L-_ _ _ _ __ _ _ _ _ __ _ _ _ _-----' B

E
FiG. 6 .H A, B, C, D E E
Resso nância (A).
Dese nho esqu emático (B). (Adaptado de Sanders TG, Medynski MA, Feller JF, Lawhorn Kw. Ban e ontusion pa terns of rh e kn ee at
MR imaging: Faatprinr af Mechanism af lnjury. Radiographi cs (VaI. 20).)
Ultra-sonografia (C, D e E) .
....... . .. . . .. . . . .. . .. . .. . . . . ....
M ON RES J OSÉ G OMES
. ............. .
245

FiG. 6.14 A, B, C, O E E
Ulrra-so nografi a (A, B, D e E) .
Resso nância (e).
246 A TLAS C OMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA
.................. . . . ... . . ... .... . .. . ........ . . , .. . " ... ...... . .......... . . . ... . .. . ......... . . . ..................... . . . ... ...... . .... ...... ... .

o ligamento colateral medial sofre ruptura nos mecanismos As lesões podem ocorrer desde avulsões proximais, ruptura
de estresse em valgo e em movimentos combinados entre valgo e parcial ou total proximal, parcial ou total distal e também parcial
rotação externa. apenas da banda menisco-femoral ou menisco-tibial.
Este ügamemo contém dois feixes fibrosos, um mais profun- A associação da lesão do ligamento colateral medial com
do que é o próprio espessamento da cápsula aderida à base menis- mecanismo de estresse em valgo e rotação lateral pode ser parte
cal medial, provocando duas bandas fibróticas, que unem-se ao fei- de uma tríade aguda e grave, envolvendo também o ligamento
xe superficial mais espesso do ligamento. Portanto, um feixe exter- cruzado a.nterior com ruptura total e o menisco-medial com fra-
no mais robusto que vai desde a tuberosidade do côndilo medial tura no seu corno posterior (tríade de O'Oonoghue infeliz).
até a face ântero-medial da metáfise tibial onde é a sua inserção dis-
tal e as bandas menisco-femoral e menisco-tibial do feixe interno.

F ~ ________________________________________________________________________________ ~

FiG. 6.'4 F
Desenho esquemático da anammia do ligamenro colateral mediai e os seus principais mecanismos de lesão.
M() N IU-~, ]OSf GOM ES 247

• COMPRESSÃO DO NERVO FIBULAR COMUM

A síndrome compressiva do flbular comum determina dor níase. O caso demonstrado anteriormente evidencia bem a com-
nas faces anterior e lateral da perna e normalmente é causada por pressão por fibrose pós-uaumática e o procedimento cirúrgico
banda flbrótica constritiva no flbular comum posterior e supe- realizado que liberou o nervo até a sua bifurcação em flbular pro-
riormente ao plano da cabeça da fíbula. Uma das causas de espes- fundo e superficial.
samento do nervo flbular comLUll ou de seus ramos é a Hanse-

A B

FiG. 6.n A, B, C, O ( E
Exame ulrra-sonográllco compararivo (A, B e C).
Cirurgia (O e E).

E
248 ATLAS C OM ENTADO DE ULTRA-SONOGRAfIA M USCULOESQUELt TlCA

LIGAMENTO COLATERAL LATERAL

o ligamento colateral lateral (LCL) é o reforço de sustenta- côndilo femorallateral e com inserção no ápice da cabeça da fí-
ção para estabilidade lateral, e as suas lesões ocorrem por estresse bula e segue orientação oblíqua de proximal para distal e de ante-
em varo. Esta estrutura não tem relação anatômica direta com o rior para posterior. Suas rupturas são mais raras que o LCM e
seu menisco correspondente como se observa no lado medial; ocorrem mais no seu segmento distal, por vezes com avulsão e
entre o ligan1ento e a cápsula existe uma pequena bolsa se rosa si- relacionadas com traumas de alta energia.
tuada num plano gorduroso. A sua origem está no tubérCLJo do

D E
FiG. 6.16 A, B, C, D E E
LCL normal (A e B).
LCL afrouxado. note sua orientação serpinginosa (C).
Bursite do LCL (O).
Lesão com ruptura distai e hematoma bursal no LCL (E).
M ON RES J OSt. GOM ES 249

= BíCEPS CRURAL

o músculo bíceps crural tem sua origem com sua cabeça Sob a sua zona de inserção existe um tecido gorduroso frouxo
longa na tuberosidade isquiática e segue um trajeto levemente que comporta uma pequena bolsa serosa.
oblíquo para lateral e ganha a sua cabeça profUnda no terço mé- As rupturas deste tendão são raríssimas e as patologias mais
dio do fêmur. Nas proximidades da fossa poplítea os dois ventres comuns estão relacionadas com processos inflamatórios.
se unem em um tendão único que se insere na cabeça da fíblJa.

FiG. 6.H A E B
Tendinire bicipital (A).
Bursite bicipitaJ (B).

B
250 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELIÕTICA

• PATA DE GANSO

A pata de ganso (pes anserinus) é formada pelas inserções dos em T2 e realce nas seqüências Ti com injeção de agente para-
tendões dos músculos sanório, grácil e semitendinoso na face ân- magnético, o que traduz lesões na inserção tenoperiosteal.
tero-medial da metáfise medial. Existem duas pequenas bolsas Na bursite anserina a imagem ecográfica é obtida em flexão
coalescidas, uma situada superficialmente entre o sartório e o de 90° com o transdutor transversal em relação ao eixo da tíbia,
grácil e outra entre o semimembranoso e o ligamento colateral portamo, longituclinal em relação ao eixo dos tendões. Observa-
medial , na sua inserção distal. A patologia inflamatória destes mos imagem cística anecóica sob os tendões comprometidos.
tendões estão relacionadas com o trauma esportivo, e os tendões Esta emidade clínica é muito freqüeme em paciemes do sexo fe-
ficam espessados e hipoecogênicos na ultra-sonografia, e na res- minino, obesas e acima dos 40 anos de idade. Nestes casos a ima-
sonância magnética existe hipersinal nas seqüências ponderadas gem de ressonância em T2 evidencia bem a bolsa espessada.

FiG. 6.18 A, B E C
Ultra-sonografia normal (A) .
Bursite anserina. Ultra-sonografia (B) e ressonância (C).
MO NRES ]OSt. GOMES 251

• CISTO POPLíTEO INTRAMUSCULAR

A B

C
FiG. 6.'9 A, B, C, O E E
Lesão císrica inrramuscular na rransição musculorendínea do sem imembranoso.
Ultra-sonografia (A e B).
Ressonância magnética (C, D e E).
252 A TLAS C OMENTADO DE ULT RA-SONOGRA FIA M USCULOESQUELÉTICA
.. .. ..... . . . ....... , . " , . . .. . ..................... . .

ARTROGRAFIA DO JOELHO

A B c

FiG. 6.40 A, B, C, O, E, F E C
A arrrografia com duplo contraste é lima técnica de diagnóstico para as lesões
intra-articulares do joelho que têm vantagens por ser de baixo cuStO, disponível em tOdas as
clínicas radiológicas, técnica pouco agressiva e não incapacitante e por fornecer boa
interpretação para o médico solicitante. EntretantO, emprega-se radiação ionizante, exige
injeção intra-arricular de contraste iodado, tem pouca sensibilidade e depende
intensamente da experiência do examinador-operador. E além disso, tOdas as complicações
de um procedimentO com punção articular: alergia ao contraste, infecção, traumatismo
por acidente de punção, dor e limitação pós-punção. Esta técnica está sendo a cada dia
substituída por métOdos menos invasivos como ultra-sonografia, cinti lografia e ressonância
magnética.

_ _ _"",,__
F G .........................._ __ """
E ,-,"-_~
MO NRES JOSÉ GOM ES 253

ANATOMIA MENISCAL POSTERIOR

FiG. 6.41 A, B E C
Anatomia póstero-Iateral com transdutor em plano sagital
demonstrando a fabela no gasrrocnêmio lateral , o tendão do
poplíteo e o corno posterior do menisco lateral (A).
Anatomia póstero-medial com transdutor em plano sagital
evidenciando o tendão do músculo semimembranoso e o
menisco mediai em seu corno posterior (B).
Imagem ecogránca de uma lesão do corno posterior do menisco
c mediai (C).
254 A TLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAF IA M USCULOESQUELtTICA
..... . . ' "

• LESÕES MENISCAIS: CLASSIFICAÇÃO E TÉCNICA

A avaliação das lesões menisca.is por ultra-sonografia exige Classificamos também a ruptura em:
equipamento com ajuste perfeito no ganho de prohmdidade e
• Completa ou parcial.
também muita experiência do examinador. Nos joelhos obesos a
avaliação é muito difícil e também nas lesões com alça em fase de • Longitudinal ou radial.
"travamemo" em flexão, dificultando a janela posterior. • Horizontal, vertical ou oblíqua.
Atenção. A ressonância magnética é de longe um exame • Vertical completa: a/ça-de-balde e destacamento de um folP
melhor pela alta especificidade e sensibilidade. Porém, a ul- luxado na incisura intercondiliana.
tra-sonografia pode muito bem servir como um método inicial • Desinserção capsulomeruscal: completa ou parcial.
menos oneroso e que pode identificar algumas lesões mais ex-
. . • Degeneração cística.
presslvas nos cornos posterIores.
O desenho esquemático ao fado (Fig. 6.42) representa a clas- Na avaliação ultra-sonográfica estas classificações também
sificação das lesões menisca.is por ressonância magnética. O tipo são utilizadas e sabendo das limitações, procuramos o melhor
I tem um hipersinal arredondado e pequeno imra-substancial e que o equipamento e o método pode nos oferecer. Os cornos an-
sem comprometer as superfícies articulares. O tipo 11 o hipersi- teriores e posteriores são mais bem identificados, e felizmente os
nal intra-substancial é linear e as superfícies articulares ainda en- sítios principais das lesões estão nos cornos menisca.is. O menisco
contram-se livres. O tipo 111 o sinal linear intrameniscal rompe mostra-se como um triângulo de ecogenicidade média mais in-
uma das superfícies articulares (mais comum para a superfície tensa na sua base e hipoecogênico em degradê até o ápice. O es-
menisco-tibial). O tipo IV o sinal intrameniscal é bastante irre- tudo é feito com o rransdutor perpendicular em relação à interli-
gular e envolve em geral as superfícies menisco-tibial e menis- nha articular acompanhando por rastreamento de anterior até
co-femoral (fratura complexa). posterior, seguindo a inrerlinha.

TIPO I TIPO 11

TIPO 111 TIPO IV

FiG·6.42
(Adaptado de Greenspam A. Radiologia ortopédica. 3. ed. Guanabara-Koogan , 2001.)
M ONRES Jost COM ES 255

• LESÕES MENISCAIS

A B

c D

E F
FIG . 6 .4J A, 8, C, D, E E F

Co rn o posterior do men isco mediai normal (A) .


Alterações dege nerativas inrra-s ubstanciais no co rn o posterio r do men isco mediai (C PMM).
Lesão co m fratura no CPMM e com alça-de-bal de (C, O , E e F).
256
........... . .. .. . . . . . ... . . . ... ... . . . . . .. . . ..
ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCU LOESQUELÉTICA
" . " , ....... ,. . .. ............ . ......... . ..... . . . '"

LESÕES MENISCAIS

FiG. 6.44 A, B, C, D, E, F E C
Ultra-sonografia, lesão com fratura no CPMM (A).
Ressonância magnética, lesão com fratura no CPMM (B, C, D, E, F e G).

G _ _ ____ _ ....
F
. .................. .. ........ ... . . MONRES J OSf GOMES 257

A B

FiG . 6 . 4~ A, B E C

Ultra-sonografia, lesão com fratura no CPMM (A e B).


Cirurgia, confirmando a lesão com alça-de-balde (C).
258 A TLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA MUSCULOESQUELETICA

• LESÕES MENISCAIS

FiG. 6 .46 A, B, C, D E E
O utro caso de lesão do CPMM com destacamento de
alça-de-balde.
Ultra-sonografia (A) .
Ressonância magnética (8 e C).
Cirurgia (O e E).

B c

D E
MO NRES JOS~. GOMES
,- . . . . . .. .
259

• TRATO ILlOTIBIAL

o trato iliotibial (banda de Maissiat) anatomicamente cor- xoextensão acontece atrito do trato iliotibial no côndi!o femoral
responde à projeção tendinosa distai do músculo tensor da fáscia externo que pode determinar tendinite ou mesmo irritar a pe-
lata e da própria fáscia lata que rem prolongamento paralelo e ex- quena bolsa si novial que existe sob esta inserção.
ternamente ao vasto lateral da coxa, inserindo-se âme- Esta é a descrição da síndrome do trato iliotibial. O diagnós-
ro-lateralmente na tuberosidade tibial, no tubérculo de Gerdy. tico clínico é feito pela anamnese e exame físico. A ultra-sono-
Em atletas de alta performance corno maratonistas ou mes- grafia define muito bem tanto o espessamento do trato como a
mo em atletas comuns em reinício de atividades esportivas, so- bursite. A ressonância magnética também é capaz de identificar
bretudo naqueles que têm genovaro, com os movimentos de fle- com hipersinal em T2 e STIR nas seqüências coronal e axial.

A B

C D
FIG . 6.47 A, B, C E D
Ultra-sonografia normal (A).
Bursire (B)
Tendinire (C e D) .
260 .... . .. .... ..... ..
ATLAS COM ENTADO DE ULT RA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA
. . . . . , - ..... . . ... . .... . . . ....... . ...... . .

TENDINITE QUADRICIPITAL ASSOCIADA À INSTABILIDADE FEMOROPATELAR

Na tendinite quadricipital, observe o espessamento do ten- anatomia da gordura suprapatelar, que é o indicativo anatomoe-
dão e a alteração da ecogenicidade interna, além de alteração na cográfico de associação com instabilidade femoropatelaro

B
FiG o6 048 A E B

Lado norm al co mpararivo (A)o Tendini[e quadricipi[al (B)o

LINHA ARTICULAR FEMOROPATELAR

FiG. 6.48 C, D, E E F

Lesões condrais na rróc!ea rem o ra!.


M ONRES J OSÉ G OMES 261

A ultra-sonografia serve bem para aval iar a linha articular fe- o aumento do ângulo sulco trodear também pode ser iden-
moropatelar, o rransduwr é colocado num plano axial da patela tificado ecograficarneme com goniometria digital nos vários
com o joelho em flexão acima de 90°, onde obtemos a imagem graus de flexão (30°,45°, 60° e 90°) . A profundidade da tródea
desta linha e conseguimos estud ar sua angulação, sua superfície também pode ser avaliada traçando uma linha tangenciando os
cartilaginosa e a imagem espelhada da superfície cartilaginosa côndilos femorais transversalmente e medindo a distância desta
subpatelar (Figs. 6.50 e 6.51). linha até o ponto mais profundo intercondilar (usando flexão de
Lesões condrais e osteóhws de bordas são comLUnente encon- 90°) (Fig. 6.49 C).
trados nos processos degenerativos gonartrósicos (Fig. 6.49 A e B).

A B
FiG. 6.49 A E B
Osteóflto na borda articular externa do côndilo lateral .
Ultra-sonografia (A).
Radiografia axial (B).

'. '. '. .' .' .'

CL-______________________ ~

FiG. 6.49 C
Desen ho esq uemático da linha femoropatelar normal e com displasia rrodear. Mostrando co mo med ir ulrra-sonograficamente a
profundidade da rródea (valor normal acima de 5 mm) e a medida do ângulo do sulco rrodea r (valor normal aproximadamente 138°).
262 ATLAS COME NTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USC: ULOESQUELÉT ICA

• INSTABILIDADE FEMOROPATELAR: PROFUNDIDADE DA TRÓCLEA E ÂNGULO DO SULCO


TROCLEAR

o E
FiG. 6.49 O E E
Normal.
Profundidade da rródea normal (O).
Ângulo do sulco rrodear normal (E).

F
FiG . 6 .49 F E C
Oisplasia leve.
Profundidade da rródea normal (F).
Ângulo do sulco rrodear levemente aumentado (G).

H
FiG. 6.49 H E I

Oisplasia rrodear intensa.


Profundidade da rródea diminuída (H).
Ângulo do sulco rroclear aumentado intensamente (l) .
MONRES J OSÉ G OMES
......... . . . ..... . .
263

• CONDROMALACIA SUBPATELAR

A avaliação uJtra-sonográfica da cartilagem subpatelar é cüfi- Classilicação.


cuJtosa e poderemos ter êxito em casos de condromalacia grau • Grau I: lesão traumática geralmente focal e discreta da superfí-
IV, onde a cartilagem apresenta-se intensamente destruída atin- ce cartilaginosa subpatelar.
gindo o plano ósseo e wna imagem espelhada da lesão pode ser • Grau 11: lesão que atinge até 50% da altura da cartilagem sub-
vista ecograficamenre. Entretanto, esse cüagnóstico é clínico e de parelar.
ressonância magnética. Seguem imagens ilustrativas. • Grau 111: lesão acima de 50% da espessura da cartilagem sub-
patelar até a superficie óssea.
• Grau IV: atingindo o plano do osso (saca-bocado) .

FiG. 6.~O A, B E C

Ultra-sonografia mostrando imagem espelhada em "saca-bocado"


na interlinha femoropatelar (A).
Radiografia digital em perfil obliquado mostrando
condromalacia com comprometimento osteocondral
(grau IV) (8).
Ressonância magnética axial T2 (C) .

B
264 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SO NOGRAFIA M USCULOESQUELÉTI CA

CONDROMALACIA SUBPATELAR

C
FiG. 6 . ~1 A, B, C E D

Ultra-sonografia mostrando imagem espel hada em "saca-bocado" na interlinha femoropatelar (A).


Ressonância magnética ax ial T2 (B, C e D).
MO NRES JOS É G O MES 265

CORPO LIVRE INTRA-ARTICULAR

Ultra-sonografia mostrando osteófito na


borda superior da patela e imagem
hiperecogênica com sombra acústica
posterior na bolsa suprapatelar associada
a derrame articular discreto, corpo livre
intra-arricular (A).
Radiografia em perfil confirmando a
presença do corpo livre e artrose (8).
Ressonância magnética sagital T2
identificando o derrame e o corpo livre
intra-articular (C).

B
266 A TLAS C OMENTADO DE U LTRA·SONOG RAFIA M USCULOESQUELfTICA
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..

. OSTEOARTRITE (OSTEOARTROSE) DO JOELHO

A osteoartrose (osteoartrite), (gonartrose ou genartrose) é o ginais. Pode ocorrer uni ou bicompartimentalmente causando
processo degenerativo caracterizado pela erosão da cartilagem ar- dor e perda progressiva da função.
ticular que pode ter causa primária ou secundária a trau- Fraturas osteontárias, lesões condrais e osteocondrais podem
matismos. A cartilagem se torna amolecida e desgastada, ocorre ser causas de corpos livres por osteoartrite.
eburnação do osso subcondral e crescimentos de osteófitos mar-

A B

FiG. 6 .n A, 8 E C
U lua-sonografia mosuando osreoarrrire predominamememe no
companimenro lateral (A).
Radiografia em AP confirmando redução do espaço anicular e
degeneração osteofirária de bo rdas mais imensa lareralmeme (B).
Ressonância magnética coronal cartilage m (g radiente-eco)
também confirmando osteoartrire com osteófitos intensos no
c companimenro lateral (C).
M ONRES J OS~ G OMES 267

TA-CT E BÁSCULA DA PATELA

TA-GT BÁsculA dA PATElA


A TA-GT é a medida da interposição dos côndilos femorais Linha inrercondilar posterior e linha transversal no maior
sobre a TAT, onde o centro da tróc!ea e o centro da TAT são eixo da patela. Traçar o ângulo.
marcados por linhas paralelas que se encontram em urna linha A avaliação radiográfica especial para o estudo da morfolo-
intercondilar posterior. gia da articulação femoropatelar, a própria TA-GT, báscula da
parela, as medidas de anreversão do pólo femoral e torção tibial, a
• Objetivo: determinar a distância enrre essas linhas.
ressonância ll)agnética e a ultra-sonografia são todas importantes
• Normal- de 13 a 15 mm.
no contexto dos exames complementares. Porém, a anamnese e
• Indicação cirúrgica: acima de 20 mm.
o exame físico, juntos com a experiência do cirurgião ortopedis-
A TA-GT avalia o valgo do aparelho extensor e é um exame ta, são o que realmente definirá a melhor conduta para cada caso
controvertido, pois varia dependendo do grau de flexão aumen- nas instabilidades femoropatelares.
tando em extensão. Varia também de acordo com a rotação da
perna que externamente rodada aumenra a distância medida.
Portanto, exige técnica padronizada de forma rigorosa e deverá
ser traçada e medida pelo médico radiologista e não pelo técnico.

C D
FiG. 6.~4 A. D, C E D

Tomografia computadorizada: técnica da TA-GT e báscula da patela.


268 ATL~S CO,'vI ENTA DO DE ULTRA-50 'OGRAF IA M USCUJ.OESQUE LÉTICA

PLlCAS SINOVIAIS

A B

E F
FiG. 6.~~ A, O, C, D, E E F

Imagens ulrra-so!1ogd tJcas e de resso nânc ia magné ri ca mosrrand o plicas sinov iais.
M ONRES J OSf. GOMES
. . . . . . . . . . .. . .
269

PLlCA SINOVIAL INFRAPATELAR (LIGAMENTO MUCOSO)

As plicas sinoviais aparecem congenitamente ou após pro- As avaliações ultra-sonográfica e a RNM são favorecidas
cesso inflamatório crônico ou mesmo processo infeccioso agudo. quando na evidência de derrame articular. Técnicas de ar-
Quando suprapatelares raramente são causas de dor. Quando tro-RNM ou artro-US, com injeção intra-articular de solução
mediai mente ou lateralmente ao plano anatômico da patela salina, podem ser indicadas na ausência do derrame.
pode ser, se espessada, determinante de dor e até mesmo indica-
ção cirúrgica.

FiG . 6 ."i6 A , B E C

Imagens ulua-sonográficas (A e B).


Anatomia cirúrgica (e) .

Esta plica infrapatelar também chamada de ligamento mu-


coso tem presença freqüente e comumente pode espessar-se
causando dor infrapatelar, por vezes levando o paciente à artros-
copia cirúrgica. Uma vez seccionado, a dor desaparece.
270 ATL.-\s COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA

• LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR

AL-____________________________________ ~

C E
FiG. 6.H A, D, C, O l E
Desenho esquemático (A).
Ultra-sonografia (8).
Ressonância (C).
Cirurgia (O e E) . (Adaptado de Sanders TG, Medynski MA, Feller JF, Lawhorn Kw. Bone Conrusion parerns of the knee ar MR
imaging: Foorprinr ofMechanism oflnjury. Radiographics (Vol. 20) .)
...... . .. . .
MO NRES j OSt GOMES
. . .......... . .... . . ............. .. ... .. .. . ....... .... . ... .... .... . ... . ....... .. ..... . ... .
27 1

F
FiG 6 ~8 A, B, C, D, E E F
Ultra-sonografia da lesão (A).
Compararivo normal (B).
Ressonância Sagiral T2 (C).
Achado cirúrgico (D).
Neo-LCA (E e F).
272 ATLAS eO~I ENTA DO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELfTICA
...................... . . . . . ........ .. ........ ....................

LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR

Ultra-so nografia (A).


Ressonância Sagiral T2 (8).
Achado ci rúrgico (e) .
Radiografia de pós-operarório (D).
c Aspecro anaromocirllrgico do LeA reconsrruído (E) .
MO NRES ] OSf GmlES 273

LIGAMENTOS CRUZADOS - ULTRA~SONOGRAFIA NORMAL

Anaromia ecográfica norma l. LCA (A, C, E). LCr (B, O, F) .


274 .. . . ...... . .. . . . ..... . ... .. .. . .. .. ..
A TLAS C OME 'TADO DE ULT RA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTI CA
................. . ................................... .

• LIGAMENTOS CRUZADOS - ULTRA-SONOGRAFIA NORMAL

H
FiG. 6.60 C E H
Anatomia ecográfica normal. LCA (G). LCr (H) .

• ULTRA-SONOGRAFIA NAS LESÕES DOS LIGAM ENTOS CRUZADOS

A avaliação das lesões do LCA é da competência do ortope- A tendência da ruprura é de retralr as fibras no coto do lado
dista na anamnese e exame físico. O exame complementar de inverso da lesão, favorecendo o ecografista que percebe o coto re-
confiança indiscutível pela sua alta sensibilidade é a ressonância traído, e a área de descontinuidade é malS bem identificada dian-
magnética. A ultra-sonografia serve nos casos crônicos ou agudos te da presença de derrame. O sítio das lesões em geral está no seg-
em que o paciente possa conseguir hiperflexão do joelho, favore- menro proximal e quando distals estão freqüentemente relacio-
cendo a janela acústica própria para o estudo deste ligamento. nadas com a avulsão da eminência imercondilar da tíbia.
A técnica consiste em colocar o transdutor longitudinal- Para o estudo ecográfico do ligamemo cruzado posterior
mente sobre o tendão patelar levemente oblíquo para o lado late- (LCP) o paciente deverá estar em decúbito vemral e o transdutor
ral com o joelho hiperfletido. O ganho de profundidade deve ser instalado longitudinalmente, obedecendo à orientação já expli-
ajustado de modo que a granulação do contraste dos tons de cin- cada quanto ao ganho, foco e freqüência do equipamento. O li-
za seja menor, e a freqüência do equipamento deve ser diminuí- gamento aparece mediai e profundamente em relação à artéria
da, bem como o foco tem que ser também ajustado. Desta forma poplítea e tem a mesma configuração visual do LCA, com a dife-
identificamos o ligamento como uma estrutura hiperecogênica rença de não haver a linha hiperecogênica interna visível.
linear, margeada superficial e profundamente por uma camada Ao contrário tanlbém do LCA, o LCP rompe malS distal-
hipoecogênica. A sua orientação é oblíqua e parte da tíbia (que meme tanto na sua substância quanto em mecanismo de avulsão.
na tela mostra-se à direita e superior do seu campo visual) em dl-
reção ao espaço intercondilar do fêmur (à esquerda e inferior-
mente). A sua espessura média é de 10 mm.

Atenção:
O objetivo des te auror não é de modo algum renrar desbancar o co nsagrado e modern o mérodo de resso nância nucl ea r magnéri ca pa ra a ava liação das
lesões liga menrares e es rrururas imra-arricul ares do joelho. Enrreranro , a ulrra-so nografi a em mãos habilidosas se rve bem com o um mérodo alrernarivo e
de baixo cusro que pode se r indi cado previamem e aos exames mais sofisticados e menos acess íveis.
MONRES JOSf GOMES 275

• LESÃO DO LIGAM ENTO CRUZADO POSTERIOR

FiG. 6.61 A, B, C E D
Lesão com av ulsão na inserção do Ler.
Ultra-sonografia (A) .
Ressonância magnética (B, e e D).

FiG. 6.62 A E B
Desenho esquemático
mosrrando os mecanismos
para a lesão do Ler.
(Adaptado de Sanders
TG, Medynski MA, Feller
JF, Lawhorn Kw. Bone
Contusion parerns of the
knee ar MR imaging:
Foorprinr of Mechanism
oflnjury. Radiographics
A~ ______________________________ ~
'--_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _---' S (Vol. 20).)
276 A TLAS C OMENTADO DE U LTRA-SONOGRA FI A M USCU l OESQUELf TI CA

• LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO POSTERIOR

A B

E F
FiG. 6.6l A, B, C, D, E E F
Lesões do LCr.
Ultra-so nografia (A, C e E).
Ressonância magnética correspondente aos casos (8, O e F) .
M ONRES J OSt. GOMES 277

• CISTO GANGLlÔNICO INTRALlGAMENTAR DETERMINANDO LESÃO DO LCA

C D
FiG. 6.64 A, R, C E D
Um caso raro de um cisto gangliônico intraligame ntar no LCA que evoluiu com ruptura do ligamento.
Ulrra-sonografia (A) .
Ressonância magnérica correspondente ao caso (B, C e D).
278 A TLAS C OMENTADO DE U LTRA. SO NOG RAF IA M USC ULOESQUE1.í-T ICA
.. . .... . .. . ... ......... . . ... . .

• CISTO GANGLlÔNICO RELACIONADO ANATOMICAMENTE COM O LCP

A B

C D
FiG. 6.6"; A, R, C E D
U lrra-so nografl a (Al.
Ressonância m ag néri ca co rres po ndente ao caso (B, C e Dl.
M ON RES J OSÉ G OMES 279

• CONDROMATOSE SINOVIAL

Condromatose sinovial (Osteocondromatose sinovial) é sinovial de envoltório, bolsas e bainhas tendineas resultantes de
uma entidade benigna que raramente maligniza, situada nas metaplasia celular.
grandes articulações sinoviais e muito mais freqüente no joelho. Esses nódulos cartilaginosos sofrem calcificação interna e
Nos homens a freqüência é maior na proporção de 2: 1 e entre a poderemos identificá-los nos vários graus de calcificação pela ra-
3 a e 5a décadas de vida. A dor e o derrame articular com os episó- diografia simples. A tomografia, a ressonância magnética e a ul-
dios de travamento são as características físicas marcantes. Múlti- rra-sonografia são também úteis neste diagnóstico.
plos nódulos cartilaginosos podem se formar a partir do tecido

FiG. 6.66 A, B E C
Ultra-sonografia (A).
Ressonância magnética (B e C).

B c
280 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA

• CONDROMATOSE SINOVIAL

Paciente de 33 anos de idade, sexo masculino, professor de


educação física, referindo dor e episódios de "travamento" articu-
lar, além de derranle intenso, há cerca de 6 semanas. No exame
físico wn corpo livre era palpável na bolsa suprapatelar. O diag-
nóstico foi confirmado, e a proposta foi cirurgia.

C
FiG. 6.67 A, B, C E D
Ultra-sonografia (A).
Radiografia (B e C).
C irurgia mostrando o condroma si novial sendo retirado e a sinovite reacional (O).
M ONRES Jost GOMES 281

CISTO DE BAKER

FiG. 6.68 A, D, C, D E E
Ultra-sonografia (A).
Resso nância magnética
(B,Ce D).
Cirurgia (E) .

B c
282 A TLAS CO~'l ENTADO DE Um~-S ONOG RAFlA M USCULOESQUELtTICA

• CISTO DE BAKER

o cisto de Baker é formado a partir da invasão da bolsa do de adulta por desarranjo imra-articular com derrame (lesão me-
semimembranoso por líquido articular por uma comunicação nisca!) e muito mais freqüente nos portadores de artrite reuma-
entre a cavidade sinovial e esta bolsa. Disseca-se entre a cabeça do tóide onde são maiores e complicam-se freqüentemente com
gastrocnêmio medial e o tendão do semimembranoso. Pode presença de corpos livres ou rupturas que determinam clínica se-
ocorrer em qualquer idade, até mesmo congênito (que costumei- melhante à trombose venosa profunda.
ramente reabsorve-se com o crescimento da criança). Ou na ida-

FiG. 6.69 A, B, C, D
Ultra-sonografia (A e B).
Ressonância magnética (C) .
Cirurgia (D).
MONRES J OSÉ GOM ES 283

• CISTO DE BAKER: CISTO GIGANTE DA ARTRITE REUMATÓIDE

FiG. 6.70 A, B E C
Ulrra-sonografta (A).
Ressonância magnética (8 e C).

c
284 A TLAS COMENTADO DE U LTRA-SON OGRAFI A M USCU LOESQUELt TICA

VASOS POPLíTEOS

A avaliação dos vasos poplíteos é importante na face posteri-


or do joelho. Estes vasos servem como referencial importante
para o estudo das demais estruturas anatômicas dessa região.

FiG. 6.71 A, 8, C, D E E
Ulrra-sonografia normal com power-angio (A).
Ultra-sonografia normal com Doppler colorido (B, C, D e E).
(Imagens gentilmente cedidas pelo Angiologista, Df. Charles
Esteves Perei ra).

o E
M ON RES J OSÉ G OMES 285

• TROMBOSE DA VEIA POPLíTEA

FiG. 6.72 A, 8 E C
Ultra-sonografia com dilatação e incompressibilidade da veia
poplítea, presença de material de núcleo ecogênico em seu
interio r (trombo). Ausência de fluxo.
(Imagens gentilmente ced idas pelo Angiologisra, Dr. Charles
c Esteves Pereira, Goiânia-G O ).
286 A TLAS COM ENTADO DE ULTRA-SONOG RAFIA M USCU LOESQUELIÔTI CA

• ANEURISMA DA ARTÉRIA POPLíTEA

o aneurisma da artéria poplítea é o tipo mais comum nas opções por tratamento conservador medicamentoso. O ultra-so-
artérias periféricas e freqüentemente é bilateral. A ultra-sonogra- nografista deve tomar como regra um rastreamento básico dos
fia com Doppler colorido vem como a melhor opção para este di- vasos poplíreos, caso enconrre imagem anormal, deverá encami-
agnóstico e serve também para o acompanhamento seriado nas nhar O paciente para avaliação do angiologista.

FiG. 6.71 A, B E C
Aneurisma rrombosado da anéria poplírea.
(Imagens genti lmente cedidas pelo Angiologista, Dr. I1ton R.
Santiago, Goiânia-GO).

B
....... ...... ...... ..... M ONRES Jost GOM.ES
............ . .... . .... ... ... . . ... - .... .
287

• BURSITE DOS GASTROCNÊMIOS MEDIAL E LATERAL

A bursite na origem dos gastrocnêmios medial e lateral é houver bursite, a bolsa é ecograficamente visível como estrutura
causa freqüente de dor na fossa poplítea. cística envolvendo esta origem muscular. Normalmente o ponto
A avaliação ultra-sonográflca é realizada seguindo longitudi- doloroso com a palpação profunda coincide com o achado eco-
nal ou transversalmente os gastrocnêmios até sua origem. Onde gráfico.

B
FiG. 6.74 A E B
Ressonância magnética (A).
Ultra-sonografia (B) .
288 A TLAS COMENTADO DE U LTRA-SONOGRAF IA M USCULOESQUELIÔTICA
. -. - ........... . . . .

FALSA LESÃO DO TENDÃO PATELAR

Pacienre de 23 anos de idade, vícima de acidenre de moroci- A cirurgia para osteossíntese do fêmur foi realizada com êxi-
cleta, com /Tatura cliafisária do fêmur (32-B2) com grande ede- to e quando no tempo cirúrgico da tenorrafia no joelho, eis a sur-
ma e derrame articular do joelho (B). presa, o tendão estava íntegro (C). O LCM estava lesado e foi su-
Com o cavalgamenro dos fragmenros e o edema do joelho, turado juntO à cápsula ântero-meclial .
o ortopeclista suspeitou da possibilidade de lesão do aparelho ex- Este caso serve como lição para nós que laudamos e para to-
tensor. dos, que no clia-a-clia encontramos os mais variados desafios na
A ultra-sonografia (A) mostrou imagem do tendão parelar prática méclica. E que uma avaliação clínica prévia isenta de in-
serpinginosamenre dobrado confunclindo o examinador que já dução externa e um exame com protocolo bem-feito, sem clirecio-
estava clirecionando o raciocínio de acordo com a suspeita clíni- namenros, faz com que erremos menos e não tenhamos o clissa-
ca. E o laudo teve como conclusão lesão com ruptura extensa do bor do insucesso.
tendão patelar.

FiG. 6.7'; A. B E C
M ONRES J OSÉ G OMES 289

PROTOCOLO RESUMIDO DE PESQUISA ULTRA-SONOGRÁFICA

1. Face anterior
• Tendão patelar e suas bolsas.
• Gordura infrapatelar (Hoffa).
• Dorso da patela.
• Tendão quadricipiral.
• Gordura suprapatelar.
• Bolsa suprapatelar.
• Tronsmo do quadríceps.
• Linha femoropatelar.
• Ligamento cruzado anterior.
2. Face medial
• Retináculo patelar medial.
• Corno anterior do menisco medial.
• Ligamento colateral medial.
• Para de ganso e suas bolsas.
3. Face lateral
• Retináculo patelat· lateral.
• Corno anterior do menisco lateral.
• Trato iliotibial e sua bolsa.
• Ligamento colarerallareral.
• Tendão do bíceps e sua bolsa.
• Nervo fibular comum.
4. Face posterior
• Vasos poplíteos.
• Ligamento cruzado posterior.
• Corno posterior do menisco medial.
• Semimembratloso e sua bolsa.
• Origem do gastrocnêmio medial e sua bolsa.
• Corno posterior do menisco lateral.
• Tendão do poplíteo.
• Origem do gasrrocnêmio lateral e sua bolsa.
290 o,,
ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELtTICA
0'0' ••• 0'_ _, ••••. . .•••••••••••••.•• . •••• . • . • • .• •• •••••.• • • • •••• . • ••••••• • ••••••••

LEITURA RECOMENDADA

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Capítulo 7

TORNOZELO
292 A TLAS C OMENTADO DE U LTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELtTlCA

• INTRODUÇÃO

A articulação do tornozelo recebe todo o peso do corpo an- • Supinação: adução.


tes de dividi-lo com o pé e tem intensa sobrecarga estática e dinâ- • Supinação: rotação lateral.
mica. Os seus principais movimentos são: • Pronação: abdução.
• Pronação: rotação lateral.
• Dorsiflexão (20°).
Estes mecanismos de fratura podem ocorrer completamente
• Flexão plantar (50°).
ou parcialmente rompendo apenas os ligamentos.
Os demais movimentos são feitos a partir das articulações Normalmente a conduta do ortopedista no pronto-socorro
distais em sincronismo com a tibiotalar. Os principais ligamen- diante de entorse do tornozelo é imobilizar com bota ou tala ges-
tos na estabilização desta articulação são: sada em média de duas ou três semanas. Uma avaliação da esta-
bilidade será feita após o período de fisioterapia que segue à reti-
• Tibiofibular anterior. rada do aparelho gessado. A ultra-sonografia vem como uma so-
• Talofibular anterior. lução diagnóstica importante para definir quantos e quais os li-
gamentos estão comprometidos, e com o diagnóstico firmado
• Calcaneofibular. temos condições de planejar o tempo de imobilização ou mesmo
• Deltóides. a indicação cirúrgica. O paciente deve ser imobilizado com tala
• Tibiofibular posterior. tipo bota até ter acesso ao serviço de ultra-sonografia. Esta rotina
já existe nos grandes serviços de ortopedia e traumatologia.
Os mecanismos de inversão e eversão da subtalar associados Outras indicações para a lUtra-sonografla do tornozelo serão
à rotação interna ou externa do membro inferior durante a que- exibidas no decorrer deste capítulo.
da são os responsáveis por determinar o entorse que pode ser Cabe salientar que por ser um método complementar a ul-
leve, moderado e grave. O próximo passo é a fratura que ocorre, tra-sonografla tem suas várias indicações e também as restrições
dependendo do mecanismo em quatro tipos básicos (Lau- do método que para o tornozelo são compensadas pela tomogra-
ge-Hansen): fia computadorizada ou ressonância magnética.
M ONRES J OSt. G OMES 293

. ANATOMIA ECOGRÁFICA DA FACE ANTERIOR: TÚNEL DO TARSO ANTERIOR

B
FiG. 7.1 A E B
As esrrururas neurovasculares e tendíneas da face anterio r do tornozelo devem ser estudadas rransversal e longirudinalmenre.
Fazem parte do chamado túnel do tarso anterior e são muito bem individualizadas por ulrra-som.
A linha articular ribioralar e o ligamento tibiofibular anterior são rambém estudados na face anterior.

• LESÃO DO TENDÃO DO MÚSCULO TIBIAL ANTERIOR

FiG. 7.1 C E O
Ressonância (C).
Ulrra-sonografia (O).
Paciente de 32 anos, masculino, em jogo de futebol com dor
intensa após contusão por ch ure. Exame realizado 13 dias após o
trauma.

c o
294 ATLAS COMENTADO DE ULTRA. SONOGRAFIA M USCULOESQUELf TICA

• NEURITE DO FIBULAR (HANSENíASE)

FiG. 7.2 A, R, C, D E E
Ultra-sonografia mostrando o ramo anterior sensitivo do flbular
superficial espessado (A e C).
Fotografia identificando ectoscopicamente o espessamento do
nervo (8 ).
Ultra-sonografia longitudinal comparativa alterada à direita (O)
e normal à esquerda (E).

E
MO NRES J OSÉ GOMES 295

• DERRAME TIBIOTALAR

A B

c D

E F

FiG. 7.} A, B, C, D, E, F E G
Ultra-sonografia (A, B, C, D e E).
Resso nância (F) .
Fotografia (G) .
296 A TLAS COMENTADO DE ULTRA·SONOGRAFIA M USCULOESQUELIOTICA

• CORPO LIVRE INTRA-ARTICULAR TIBIOTALAR

FiG. 7.4 A, B, C, D, E [ F
Ulrra-sonografia, com o pé em flexão planrar máxima (A) .
Ressonância (8) .
Tomografia (C).
Rad iografia (O).
Cirurgia (E e F).
MONRES J OSt G OMES 297

• LESÃO OSTEOCONDRAL DE TALUS

Conseguimos obter esta imagem ultra-sonográfica com a vêem, os demais métodos aqui apresentados são mais sensíveis e,
manobra de flexão plantar máxima do pé. Entretanto, como portanto, os métodos de eleição para este diagnóstico.

FiG. 7 ."i A, B E C
Ultra-sonografia (A).
Tomografia (8) .
Ressonância (C) .

c
298 ......... .. . . .. .. . ... ...
A TLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOG RAFIA M USCULOESQUELtTICA
. . . . . .... . . . ..... . . .

• CORPO ESTRANHO INTRA,ARTICULAR TIBIOTALAR

A B
FiG. 7.6 1\ E B
Espinha de peixe.
Ultra-sonografia (A).
Radiografia digital em plano oblíquo (B) .

• LESÃO DO LIGAMENTO TIBIOFIBULAR ANTERIOR

FiG. 7.71\, B E C
Ultra-sonografia normal (A).
Ultra-sonografia com lesão (B) .
Desenho esquemático (C).

B L -_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _~~_ _ _ _ _ _~ c
. ..... . .... . . . . .. . . . . ...... . . . .. . . .... . . ,........ . . . . . ... . . . .. . .. . .... . .
MO NRES Jost G OMES
. . . . . ... .. .. .. . .. .. .. . . ... ... .. .... . ...... . . .. .... ... ..... . . ........ . ...... .. ... .
299

• LESÃO DO LIGAMENTO CALCANEOFIBULAR

o
ligamento fibulocalcaniano é individualizado com o Nem sempre suas lesões são totais, uma lesão parcial ou mesmo
transdutor longitudinal no sentido do maléolo lateral como uma um estiramento por tração de suas fibras podem ser encontrados
estrutura fibrosa de fibrilado triangular com ápice na fíbltla e diante dos entorses mais leves em inversão do retropé.
base alargada no calcâneo.

A B
FiG·7.8AEB
Ultra-sonografia normal (A).
U ltra-so nografia com lesão por estiramento (B) .
300 A TlAS COMENTADO DE U LTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELt.TICA
. . ................ . ..... .......... . ... ..... .. .... . . . . ...... .

• LESÃO DO LIGAMENTO CALCANEOFIBULAR

B ~ ____________________________________ ~ D

FiG. 7.9 A, R, C E O
U ltra-sonografia normal (A) .
U ltra-sonografia com rup tura total (B e C) .
Desen ho esq uemático (O).
(Ada ptado de G reenspam, A. - Radiologia ortopédica. [Trad.]
C laud ia Lúcia Caetano de Araújo. 3. ed. Rio de Jane iro:
c G uanabara Koogan, 2001 .)
MONRES Jos t GOM ES 301

• LESÃO DO LIGAMENTO TALOFIBULAR ANTERIOR

A B

FiG. 7.10 A, B E C
Ultra-sonografia normal (A) .
Ultra-sonografia com ruptura total (B).
c Resso nância magnética com ruptura total (e).
302 A TLAS C OMENTADO DE U LTRA-SONOGRA FIA M USCULOESQUELtTlCA
. ....... . . ......... .. . . .... . ,

• LESÃO DO LIGAMENTO TALOFIBULAR ANTERIOR

FiG. 7.11 A E B
Ultra-sonografia - ruptura total (A).
Ressonância magnética - ruptura total (B).

A B
MONRES Josr GO~IES 303

A B

c D

E F

FiG.7 . 12
A, B, C, D,
E. F, C l H
Vários casos de
enrorse de
ro rn oze lo com
lesão no ligamenro
G H [alofibu lar :1lHerio r.
304 A TLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA

• LESÃO DO LIGAMENTO TALOFIBULAR ANTERIOR

A B

FiG. 7. n A, B E C

Cirurgia para reconsrrução do ligamento talofibular anterior.


c ·Ultra-sonografia de controle de pós-operatório.
MONRES ]0510 GOMES 305

TENOSSINOVITE DOS FIBULARES

Tenossinovite dos fibulares.


Ultra-sonografia transversal e longitudinal (A, B, C e D).
Fotografia mostrando o edema póstero-Iateral de tornozelo (E e F) .
306 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-S ONOGRAFLA M USCULOESQUELÜlCA
. ............ . .... . ..... . ... . ..... . ... . ..... .. . . . . . . .

• ALTERAÇÕES ASSOCIADAS AOS TENDÕES FIBULARES

B
FiG. 7 .H A E B

Cisto póstero-lateral comprimindo os tendões fibul ares .

A B
FiG . 7.16 A FiG . 7.16 B
C isto póstero-lateral comprimindo os tendões fibulares. Exame comparativo dos fibulares mostrando tenossinovite à
esquerda.
MO NRES JOSÉ GOMES 307

• CISTO PÓSTERO~LATERAL DE TORNOZELO

A B

FiG. 7.17 A, B E C
c Cisro pósrero-JareraJ comprimindo os rendões fibulares.
308 A TLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFlA M USCULOESQUELJOTICA

• CISTO ÂNTERO,LATERAL DE TORNOZELO

FiG. 7.1 8 A, B E C
Cisto artrossinovial ântero-Iateral.
Ultra-sonografia (A e B).
Forografia (C) .
MONRES JOS É GOM ES 309

• LUXAÇÃO DOS TENDÕES FIBULARES

A B

FiG . 7.19 A, B E C
Dor e esralido na face lateral do tornozelo.
Luxação habitual do fibular curto.
Seqüência ultra-sonográfica:
Luxação (A).
Redução (B).
c Luxação (C) .

• FRATURA MALEOLAR LATERAL

FiG. 7.20 A E B
Uma pequena fratura distai no maléolo lateral (Weber A) pode
ser difícil de visualizar radiograficamenre. No caso aqui
demonstrado uma pequena avulsão vista com incidência de baixa
penetração (B), vista também ultra-sonograficamenre (A) .

A B
310 A TLAS COMENTADO DE U LTRA-SO NOGRAFIA M USCULOESQUELtTICA
............... . . . ........................ . ..... . .

• LESÃO DO LIGAMENTO DELTÓIDE

A porção superficial do deltóide tem origem no maléolo o mecanismo de lesão dos ligamentos da face ântero-lateral
medial e inserção no sustentáculo tali do calcâneo. A porção pro- do tornozelo é por rotação interna do pé e inversão, combinada a
funda tem três feixes: tibionavicular, tibiotalar anterior e tibiota- flexão plantar do tornozelo. Neste mecanismo rotacional se não
lar posterior. houver fratura, a tensão sobre o ligamento certamente ocasionará
A lesão dos ligamentos deltóides é incomum nos entorses do algum cipo de ruptura em sua estrutura, podendo ocorrer de for-
tornozelo e torna-se grave por instabilizar medialmente quando ma parcial ou total, localizada: proximal, médio ou distai.
a ruptura compromete também o feixe profundo, aonde nor-
malmente vem seguida de fratura.

C ~ __________________________________ ~E

FiG.7.21 A, B, C, D E E
Ultra-sonografia das diversas maneiras de rupturas dos ligamenros deltóides (A, B, C e D).
D esen ho esquemático (E).
(G reenspam, A. - Radiologia ortopédica. [Trad.] Claudia Lúcia Caetano de Araújo. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001).
M ONRES J OSÉ G OMES
. .. . ..... . . .. . ... ... . . . . . . . . . . . . . . .. . . . , . . . . .. . . . .. . . . . . . .. ... . . ... . . . ... . ............. .. .. . ..... .
311

• TENOSSINOVITE DO TIBIAL POSTERIOR

o
tendão do tibial posterior é o primeiro após o maléolo A deformidade progressiva com desabamento do arco plan-
mediai na seqüência dos componentes anatômicos que formam tar mediai e atitude em valgo e abdução do antepé bem como a
o túnel tarsa!. É um poderoso tendão que insere na face dorso- deformidade em valgo do calcâneo quando apoiado na ponta
media! do segmento proxima! do navicular e também na região dos pés, e no lado contralateral com o varismo fisiológico do caI-
proximal póstero-medial do primeiro metatarsiano. câneo (manobra de Collerman) (Fig. 7.23 C e O).
Este tendão faz parte importante no balanço biomecânico A ultra-sonografia e a ressonância magnética são as opções
do pé e a sua lesão quando provoca disfunção do mesmo é a res- que seguem os exames físico e radiográfico na confirmação diag-
ponsável pelo desabamento do arco plantar mediai. Essas lesões nóstica das lesões do tendão do músculo tibial posterior.
ocorrem em geral após os 50 anos de idade e podem ser classifi-
Na ultra-sonografia todos os quatro tipos de lesão podem
cadas como Classificação de Kenneth Johmon:
ser facilmente observados, e a vantagem da avaliação dinâmica e
• Tipo I: desinserção do tendão no navicular. comparativa em tempo real, aliada ao examinador experiente, fa-
• Tipo 11: ruptura completa transversa. vorece sobremaneira neste diagnóstico e pode servir como base
• Tipo III: ruptura longitudinal parcial. para traçar o plano cirúrgico e também no acompanhamento
• Tipo IV: tenossinovite com insuficiência funcional . pós-operatório nas diversas fases da reabilitação fisioterápica.

A B

FiG. 7.22 A, B E C
Ultra-sonografia (A e B).
c Ressonância (e).
312 ATLAS COMENTADO DE U LTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTlCA

• FALÊNCIA DO ARCO PLANTAR MEDIAL AGUDA

FiG. 7.2' A, B, C, D E E
Ultra-sonografia (A), mostrando um caso de
lesão do tendão do tibial posterior Tipo Il .
Visão posterior do tornozelo ortostática (B)
mostrando o valgismo do retropé no lado
di reito. Apoiado na ponta dos pés (manobra
de Collerman) mostrando o valgo do
calcâneo no lado direito e o varismo
fisiológico do calcâneo no lado esquerdo (C).
Visão mediai ortostática comparativa dos pés
confirmando o desabamento do arco plantar
mediai do pé direito (O).
Lado esquerdo normal (E).

~----~--~~~-------------~----____~ E
Mo IRES J OSt. G O MES 313

• TÚNEL DO TARSO

o túnel do tarso compreende os limites internos do maléolo xor longo dos dedos (FLD), depois o plexo neurovascular tibial
mediai, a face mediai do calcâneo e um retináculo que mede cer- posterior constituído por um nervo, uma artéria e uma ou duas
ca de 2,5cm de largura e recobre mediai mente o conteúdo do tú- veias tibiais posteriores. Por último, o robusto tendão do flexor
nel. Na seqüência de anterior para posterior, o tendão do tibial longo do hálux (FLH).
posterior (ITP) é o primeiro e vem seguido pelo tendão do fle-

A B
FiG. 7.24 A E B
Ultra-sonografia (A e B).
314 ATU\S COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA MUSCULOESQUELtTICA

• SíNDROME DO TÚNEL DO TARSO

A síndrome do túnel do tarso (STT) clinicamente apresen- A ressonância magnética tem valor limitado, e a eletroneu-
ta-se como dor na face medial do retropé e plantar medial da re- romiografia serve para os casos mais avançados. A ulu-a-sonogra-
gião calcaniana. O sinal de Tinel positivo e a irradiação caracte- fia vem como um ótimo método de avaliação que propicia atra-
rística da dor, aliada ao fator de piora após esforços e no período vés do recurso de Doppler e power-angio visualizar com a janela
noturno, fecham o quadro clínico. dos vasos a compressão do plexo neurovascular tibial posterior.
Acontece por causas intrínsecas (cistos, tenossinovites, exos- Síndrome do túnel do tarso por causa intrínseca é onde um
toses, varizes, tofos gotosos e outros tumores) ou por causas ex- volumoso cisto comprime internamente o plexo neurovascular
trínsecas (espessamento retinacular) . tibial posterior.

A
B

FiG. 7.2'i A, 8, C, D E E

E Ultra-sonografia mostrando STT de causas extrínsecas.


M ONRES J OSt. G OMES
- .. ...... . . ... .. ... . .... . . . . . . . . . .
315

A B

FiG. 7.26 A, B E C
Ultra-sonografia (A e B).
c Fotografia (C).
316 ATLAS COMEi'TADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELtTI CA

SíNDROME DO TÚNEL DO TARSO

A B

Mais casos de STT de causa imrÍnseca.


C isto imratúnel (A e B).
D Tumor sólido intrarúnel (neurofibroma) (C e D).
M O I RES J OS~ G OMES 317

• NEURITE DO TIBIAL POSTERIOR (HANSENíASE)

FiG . 7 28 A, B E C
Fotografia (A) .
Ultra-sonografia (B e C).

c
318 ... . .. .. ....
A TLAS C OMENTADO D E U LTRA-SONOGRAFIA M USCU LOESQUELÉTlCA
.... .... ..... ... ................... . .. ... ..... , .. ... ........... .. ... . . .. .. . . . ........ .

• FACE POSTERIOR: NEURITE HANSENIANA DO SURAL

A Hanseníase é a causa mais comum de neuropacia em rodo periféricos pode existir em todas as três formas. No tornozelo, to-
o mundo e apresenta-se nas formas tuberculóide, lepromatosa e dos os nervos podem também ser comprometidos.
intermediária. E o espessamento inflanlatório crônico dos nervos

FiG. 7.29 A, B, C E O
Forografia (A).
Ulrra-sonografia rransversal (8).
Ultra-sonografia longirudinal (C e O).

o
M ONRES J OSÉ G OMES 319

• TENDÃO DO CALCÂNEO NORMAL (IMAGENS PANORÂMICAS)

A avaliação ultra-sonográfica do tendão do caJcâneo deve ser xim gorduroso de Kager ocupa o intervalo entre o tendão do caJ-
feita com o paciente em decúbitO ventral e o rastreamento nos câneo e as demais estruturas do compartimento posterior pro-
planos longitudinal e transversal. O tendão é visualizado com o fundo e do compartimento lateral na face posterior do tornozelo.
seu nbrilado próprio e sem a presença de envoltório sinovial, po- O encurvamento com convexidade posterior na zona peri-
rém sabemos que existem duas bolsas sinoviais relacionadas com insercional provoca artefatO de anisotropia, que pode ser corrigi-
sua inserção (bolsa retrocalcaniana e bolsa retroaquiliana). O co- do facilmente levando o transdutor no sentido distal.

B
FiG. l.JO A ( B
Imagens panorâmicas normais em longitudinal.
320 ATLAS COMENTADO DE U LTRA-SONOGRAFlA M USCULOESQUELfTlCA

• LESÃO DO TENDÃO DO CALCÂNEO

As rupruras do tendão do calcâneo podem ser parciais ou to- 5 cm de sua inserção, e a gordura de Kager tende a herniar para
tais e via de regra ocorrem na zona menos vascularizada a cerca de dentro da área lesada preenchendo o espaço cedido pela lesão.

B L -_ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _~ c

FiG. 7.11 A, B, C, O E E
Ultra-sonografia (A e B).
Desenho esquemático (C). Greenspam,
A. - Radiologia ortopédica. [Trad. ]
Claudia Lúcia Caetano de Araújo. 3. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2001
D E Ressonância magnética (O e E).
M ONRES JOSÉ GOM ES 321

A causa mais comum de rupturas no tendão do calcâneo é a o exame físico pode ser complementado de forma segura
degenerariva, e as lesões podem ser parciais ou [Otais. Podem ser pela ressonância magnética e pela ultra-sonografia. Esta por ser
também na junção musculotendínea entre o solear e a fáscia apo- menos onerosa, cünâmica e de rápida realização tem a nossa pre-
neuroticotendInea dos gastrocnêmios; na zona central e na re- ferência para uma primeira avaliação complementar, ficando
gião insercional. aquela para os casos de difícil conclusão ultra-sonográfica.
As lesões traumáticas agudas em tendão de estrutura normal
são raras e quase sempre relacionadas com o trauma por instru-
men[O corrocontuso.

FiG. 7.12 A, R, C, D, E E F
Ultra-sonografia (A)
Ressonância magnética (B e C) com lesão e
ruptura rotal do tendão calcaneano.
Traramenro cirúrgico com renorrafia pela
técnica de Bosworrh (O, E e F).

B c

o
322 A T LAS C OM ENTADO DE ULT RA-50 'OGRAFlA M USCULOESQUELt TI CA
. ...................... .

• TENDÃO DO CALCÂNEO - PÓS"OPERATÓRIO

FiG. I.H A E B
Ultra-sonografia.
Aspecto ecográfico do tendão do calcâneo com 22 meses de
pós-operató rio. Perceba o espessamento crônico e
heterogenicidade que são próprios destes casos o nde a
remodelação tendínea é lema e insuficiente pela baixa
B vascularização e alto grau de exigência de mecânica.

• TENDÃO DO CALCÂNEO - TENDINITE INSERCIONAL

o tendão calcaniano pode sofrer rendinite insercionaJ calcá- roma-se friável, e uma ruptura pode ocorrer espontaneamente
ria. Nestes casos o tratamento conservador é prolongado, e a re- em atividades de marcha ou pequenas corridas.
crudescência da dor e inflamação é uma constante. O tendão

C D
FiG. I.}} C E O
U ltra-sonografia.
M ONRES J OSE GOMES 323

• LESÃO DO TENDÃO DO CALCÂNEO - TRATAMENTO CONS ERVADOR

FiG . I.H E, F, C, H E I

Uma lesão do terço médio ou proximal do tendão calcaneano em


indivíduos jovens poderá ser rrarada conservadoramente com
imobilização tipo bota sem carga por 8 a 12 semanas
associadamente ao tratamento fisioterápico (após 8 semanas).
Como é o caso acima exibido com 9 semanas de evolução e si nais
clínicos (teste de Thompson) de melhora funcional além dos
exames ultra-sonográficos que confirmam o calo fibrórico de
cicatrização (E, F e G), e ressonância magnética TI e T2 (H e 1)
que confirma também a cicatrização em fase final e com
remodelação em processamento inicial. Esre paciente de 27 anos
de idade já deambula sem claudicação, e na fisiorerapia está em
fase de restabelecimento da propriocepção.
E

H
324 A T LAS C O M ENTADO D E ULT RA- SONOGRAF IA M USCU LOESQUE LtTICA

TENDINITE AQUILlANA

c o

Ultra-sonografia mostrando padrão normal


(A e B) e tendinite imensa associada à bursite
retrocalcaniana (C e O) .
Ressonância magnética sagitaJ e corona! com
pararendinite intensa observar o
comprometimenro com hipersinal na
E F gordura de Kager (E e f).
MO NRES JOSt. GOM ES 325

As alterações inAamatórias no tendão do calcâneo ocorrem 2. Tendinites: quando observamos alterações somente no
de três formas: tendão.
3. Paratenrunites: envolve o tendão e as estruturas periféricas
1. Peritendinites: quando observamos também líquido ao (bolsas e gordura de Kager).
redor do tendão.

A B

FiG. 7.n A, B, C, O E E
Ultra-sonografia visualizando o tendão espessado (A).
Normal (B).
Ressonância magnética axial e sagital (C e O).
Fotografia comparativa mostrando o lado direito
edemaciado (E).

D E
326 •••••••••••• .....................
A TLAS C OMENTADO DE
••••
Um~-SONOGRA FI A M USCULO ESQUELÉTI CA
•• • • ................... . ............ 0-, _

• TENDINITE AQUILlANA

A degeneração do tendão do calcâneo ocorre por tendinite evolução com períodos de piora da dor e pode evoluir também
aguda que cronifica quando tratado de forma inadvertida e tem com rupturas parCIaiS ou totais.

FiG. 7.16 A, B E C
Ultra-sonografia longitudinal, lado normal (A).
Longitudinal , lado comprometido, tendão de pós-operató rio (8 ).
c Transversal comparativo (C).
........... .. . . M o RES J.
OSt. G OMES
.. 327

• DOENÇA DE HAGLUND

A doença de Haglund caracteriza-se pela compressão mini- Excrescências osteofíticas ou mesmo exostose na porção su-
comparti mental provocada por protuberância óssea do calcâneo perior da tuberosidade do posterior do calcâneo que atrita com o
intratendineamente no tendão do calcâneo, determinando bur- tendão e com a bolsa retrocalcaniana são os fatores mecânicos
site retrocalcaniana e tendinite aquileana insercional ' Neste caso, aliados ao atrito com o calçado que ocasionam esta doença.
onde as medidas conservadoras falharam, o tratamento cirúrgico
foi indicado.

FiG. I.H A, D, C, D, E E F

Fotografia (A).
Ulrra-sonografia (B).
Radiograflas (C e F).
E F Cirurgia (O e E).
328 ATLAS COM ENTADO DE ULTRA-S ONOGRAF IA M USCULOESQUELÉT ICA
.- . .. ....

• TENDINITE FOCAL POR XANTOMA TENDINITE CALCÁRIA

FiG . 7 .l8 A, B E C
Uma das causas de tendinite aquileana focal é pela presença de
xanromas, que são áreas hipoecogênicas focais associadas à
presença de hisriócitos repletos de lipídios. O envolvimenro
tendíneo é relacionado com o metabolismo lipídico anormal,
comumenre lipoproteínas beta aumenradas (hipercolesrerolemia
famili ar) ou hepatopatia obsrrutiva. O espessamenro tendíneo
apresenra-se devido à tendinite (A).
A rendinire aquileana calcária apresenra-se com focos
hiperecogênicos com sombra acústica posterior, situados
inrratendineamenre, que caracterizam a tendinite calcária na fase
sólida. Esta afecção tem evolução semelhante a do ombro e
também obedece as fases de formação (depósito pastoso) , sólida e
de reabsorção (depósito sólido em fragmenração) (B).
Paratendinite aquileana, note que o comprometimenro do tendão
é nulo, enquanto a gordura de Kager está edemaciada (C).

c
MONRES JOSÉ GOMES 329

• ESPORÕES RETROCALCANIANOS

A B

c o

E F
FIG l.H A, B, C, D, E E F

o esporão calcaneano posterior é uma projeção osteofítica exrratendínea que provoca dor somenre quando maior e geralmenre pelo
conraro atritanre no calçado, provocando processo inflamatório em rorno de seu ápice na zona de atrito.
Ultra-sonografia (A, C, D e E).
Radiografia (B e F).
330 ATLAS C OMENTJ\ DO DE ULTRA-SONOGRAFiA M USCU LOESQUELICTICA

• PARATENDINITE AQUILlANA TOFÁCEA

E_ _ _
F
FiG. 7.40 A, R, C, D, E E F
A gora rofácea pode invadir o pararendão e o perirendão, provocando deformidade dolorosa com pouco compromerimenro da esrrurura
inrerna do rendão. O caso demonsrrado anreri ormenre traduz bem esre comenrári o onde na ulrra-sonografia percebe-se clarameme o
pouco envolvimenro do rendão sob a vasra sombra acús rica descorrinando sobre o mesmo (A) . As image ns segu inres são do procedimenro
cirúrgico (B, C, O , E e F).
Mo RES ] OSIÔ GOM ES 331

• PARATENDINITE AQUILlANA POR CALCINOSE

A calcinose é um distúrbio caracterizado por sais de cálcio pósitos de sais de cálcio apresentam-se na pele, no tecido celular
em Rocos nodulares finos em vários tecidos ou mesmo em vÍsce- subcutâneo e tecido conjuntivo. Resulta do metabolismo anor-
ras com parênquima. As formas conhecidas são a circunscrita e a mal do cálcio e/ou fósforo, normalmente relacionada com a der-
universal. Na circunscrita ocorrem depósitos focais na pele e teci- matomiosite. Sendo mais freqüente em jovens com níveis séricos
do celular subcutâneo circundados por inflamação granuloma- de cálcio e fósforo normais, muitas vezes é fatal.
tosa e se assemelham a tofos gOtosos. Na forma universal os de-

Ultra-sonografia que mostra a fina camada dos depósitos


calcários no tecido conjuntivo do peritendão com sombra
acúsrica posrerior rênue (A).
Radiografias em perfil e oblíqua com baixa penetração,
identificando a capa calcária pósrero-medial e pósrero-Iareral
sobre o rendão aq uiliano (8 e C).
332 A TLAS C OMENTADO DE ULT RA-SONOGRAFlA M USCULOESQUELtTlCA
...... . ....... . ..... . ...... .. . ............ , - . - .... . .

• BURSITE RETROAQUILlANA E HIPERCERATOSE

Esta bursite ocorre muito mais por atrito do calçado com a


pele sobre a face posterior da inserção aquileana que por outras
causas.

A _ _ _ __ ----"----' B

c ~ _____________________________________________ ~

FiG. 7.42 A, B, C E O
Ultra-so nografia (A) .
Forografia (B).
Desenho esquemático (C).
o Ultra-sonografia, diagnóstico diferencial- hipercerarose (D ).
M ONRES J OSÉ G OMES
........ -.... ....................... ................ . ................................................... -, ......... . 333

PROTOCOLO RESUMIDO DE PESQUISA ULTRA-SONOGRÁFICA

Dividimos o tornozelo para estudo em um modo anatômico


quadrifacetado com o protocolo descrito a seguir.
1. Face anterior
• Túnel do Tarso anterior: tendão do tíbial anterior, tendão
do extensor longo do hálux, artéria tibial anterior (pedi 0-
sa), nervo fibular profundo, tendões do extensor comum
dos dedos.
• Linha articular tibiotalar.
• Ligamento tibiofibular anterior.
2. Face lateral
• Bolsa pré-maleolar lateral.
• Ligamento talofibular anterior.
• Ligamento calcaneofibular.
• Tendões fibulares curto e longo.
3. Face medial
• Bolsa pré-maleolar medial.
• Ligamentos deltóides superficial e profundo.
• Túnel do tarso posterior: tendão do tibial posterior, ten-
dão do flexor longo dos dedos, nervo - artéria e veias tibi-
ais posteriores e tendão do flexor longo do hálux.

4 . Face posterior
• Tendão do calcâneo (tendão de Aquiles) e suas bolsas su-
baquiliana e retroaquiliana.
334 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA MUSCULOESQUELlôTICA

LEITURA RECOMENDADA

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Capítulo 8


336 ATLAS COMENTADO DE ULTRA·SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA

• INTRODUÇÃO
O estudo ultra-sonográfico do pé é feito por rastreamento O rastreamento com visão cürigida para a fáscia plantar deve
cünâmico, nos planos longitudinal e transversal em relação à es- ser feito em toda a extensão da mesma. A fasciíte no arco plantar
trutura que se examina. Via de regra o exame é direcionado para mecüal é também freqüente sobretudo em jovens com espessa-
a região de suspeição clínica. Entretanto, seguir como hábito um mento cüfuso e dor com a palpação. Quando observamos verda-
protocolo de investigação é importante pois amplia as possibili- deiras nodLuações seqüenciais ou coalescidas nesta fáscia e fre-
dades de acerto. qüentemente na sua borda mecüal, estamos diante da fibromato-
se plantar, a doença de Ledderhose. Observamos que a deformi-
• TÉCNICA dade em cavismo do pé favorece esta condição .

Propomos a maneira de examinar iniciando pelo dorso na Os corpos estranhos são vistos em qualquer profuncüdade
região tarsal onde os tendões tibial anterior, extensor longo do até o plano ósseo plantar e normalmente estão situados antes da
hálux e extensor comum dos dedos são vistos em transversal e se fáscia, e o envoltório glanulomatoso é uma concüção esperada
necessário em longitudinal. A artéria pecüosa serve como referên- após uma semana da lesão. Os corpos estranhos com infecção e
cia entre o extensor longo do hálux e o extensor comum dos de- trajeto fistuloso são mais fáceis de serem identificados. Outros
dos e junto com ela segue o nervo fibular profundo. tumores superficiais como lipomas, fibromas, hemangiomas e
também o comprometimento da pele por hiperceratose podem
Em seguida, os ossos e as articulações do tarso são individua-
ser facilmente identificados.
lizados e estudados com calma, iniciando de mecüal para lateral,
terminando nas transições tarsometatarsianas. A osteocondrite Na avaliação plantar do antepé iniciamos transversalmente
de KüUer (fragmentação do navicular em crianças), o navicular estudando os sesamóides, o posicionamento em relação à cabeça
acessório, cistos e sinovites são patologias a serem lembradas. do primeiro metatarsiano (no hálux valgus há tendência à luxa-
ção ou subluxação lateral). Os sesamóides podem se apresentar
A inserção do fibular curto na base do qLÚnto metatarsiano e
com bipartição e diante da história de trauma, as fraturas ou as
a possibilidade do cüagnóstico e do controle de tratamento das
sesamoicütes traumáticas.
fraturas de Jones. A osteocondrite de Iselin na base deste meta-
A visão plantar transversal e longitucünal na topografia da
tarsiano. O começo para o estudo longitudinal dos metatarsia-
cabeça dos metatarsianos é mais favorável para o estudo ecográfi-
nos deve ser de lateral para medial, e as possíveis fraturas de es-
co e mecüdas do neuroma de Morron.
tresse têm que ser pensadas neste momento; a infração de Friberg
(necrose e fragmentação da cabeça do segundo ou terceiro meta- A metatarsalgia de Morton foi descrita primeiramente por
tarsiano) também deve ser aventada quando em jovens. A avalia- T. G. Morton em 1876, onde falou de crises paroxísticas de dor
ção transversa mostra as estruturas profundas como os interósse- . nevrálgica entre a terceira e quarta articulações metatarsofalangia-
os dorsais e o ligamento intermetatarsiano. Nestes espaços inter- nas, com suspeição para neuroma ou mesmo processo inflama-
metatarsianos ainda podemos observar a presença do neuroma tório do nervo cügitallateral.
de Morton na topografia da cabeça dos metatarsos, via de regra McElvenny em 1940 descreveu assim: "O dedo de Morton
no terceiro espaço, podendo também ocorrer no segundo e no é uma dor aflitiva no pé, freqüentemente resistente aos tratamen-
quarto espaços. tos conservadores".
As metatarsofalângicas são investigadas de medial para late- Bens em 1940 comentou também: ''A metatarsalgia de
ral, e a comparação com os lados contralaterais é importante para Morton é uma neurite do quarto nervo digital com pronunciado
definir pequenos derrames articulares e mesmo pequenas altera- neuroma em todos os casos".
ções na cápsula articular. Neste momento a atenção para possíve- Viladot em 1971 descreveu que: ''A imagem histológica in-
is luxações ou subluxações metatarsofalângicas ou mesmo pe- dLlZ a considerar o caso como um processo fibroplástico peri e in-
quenas fraturas intra-arriculares, cistos e tenossinovite dorsal. traneural com cüversos sinais de degenerações axônicas".
As interfalangianas são observadas dorsalmente, e o término O aspecto patológico realmente é de processo inflamatório
do estudo dorsal é sobre as unhas com o devido cuidado e o co- agudo e crônico do vasa nervorum, com deposição de fibroblas-
nhecimento das patologias dessa região como: onicomicoses, pa- tos, colágeno e tecido gorduroso de substituição, promovendo a
roníquias, lesão cüstal do extensor, traumas ungueais e tumor nodulação. O que leva a alguns autores questionarem o diagnós-
glômico. tico de neuroma, sob o ponto de vista patológico.
O próximo passo é a avaliação plantar que deve ser iniciada A história clínica é de dor intermitente na ponta do pé, mais
a partir da região calcaniana, onde o importante coxim gorduro- na face plantar e também dorsal até a região anterior da perna.
so deve ser avaliado. A origem da fáscia plantar no tubérculo cal- Dor que dá sensação de "queimação" e/ou "formigamento" e que
caniano plantar é um dos pontos que mais sofrem espessamento piora após longos períodos de pé e também com uso de calçados
fibroedematoso cüante da fasciíte plantar calcaniana, e o esporão novos. Conta a maioria dos pacientes que, após cerimônias de
plantar do calcâneo é freqüente neste sítio. casamentos ou festas, têm que retirar os sapatos sob a mesa.
M ONRES JosÉ GOMES 337

A dor parece melhorar com repouso e uso de sapatos largos e


macios, mas, após qualquer outra atividade mais intensa de mar-
cha ou uso de sapatos que apenem as cabeças dos metatarsianos,
é certo que haverá recrudescência dos sintomas.
No exame físico, a manobra de Dickson é o que define, e
consiste em palpar profundamente os espaços intermetatarsea-
nos de clistal para proximal, tornando-se positiva cliante da quei-
xa de dor intensa e localizada.
Às vezes um leve edema dorsal do pé vem associado e pode
desenvolver tenossinovite dos extensores de forma leve e fasciíte
plantar calcaniana, porque o inclivíduo tende a levantar os dedos
em extensão e pisar com mais força sobre esta região.
O tratamento é feito de forma conservadora com Ralmilhas,
mudança de calçados para modelos mais largos na po~ta, mecli-
das fisioterápicas, analgésicos e antiinflamatórios nas fases mais
dolorosas, meclidas mais agressivas com infiltração de corticoste- FiG·8.1
róides com anestésicos locais também são tentadas e sem muito Desenho esquemático do neuroma de Morton. Observe o
êxito. Reservando para o tratamento cirúrgico o melhor método, comprometimento dos nervos interdigitais dos ramos do cutâneo
e com ínclice de recidiva da dor em torno de 7 a IO% dos casos, plantar mediai e do cutâneo plantar lateral disputando o território
onde também certamente ocorre a recidiva do neuroma. do terceiro espaço intermetatarsiano, onde a reação fibrótica
orgânica na tentativa de bloquear atividade elétrica na região acaba
A incisão utilizada deve ser a via dorsal-intercli-
por formar um nódulo doloroso.
gital, o tumor ressalta no momento em que se força o
dedo sob a planta do pé, empurrando-o para cima e
Quanto ao sexo
deve fazer a ressecção após neurólise dos cotos do
Masculino Feminino
nervo comprometido por cerca de I cm, para evitar
recidiva. Há também os que usam a incisão preconi- 9 pacientes 37 pacientes
zada por Viladot, que é plantar e transversal. Masculino - Pés operados Feminino - Pés operados
Os exames complementares como radiografia,
11 (20.36%) 43 (79,66%)
eletroneuromiografia, tomografia têm pouco valor e
servem para afastar outras causas. A Ressonância Quanto ao lado

Magnética é um mérodo que define bem na maioria Direito Esquerdo


dos casos em que o neuroma apresenta-se em fase 41 (76%)
13 (24%)
mais dolorosa, com processo inflamatório mais in-
Quanto à recidiva, idade e tamanho
tenso, pois há maior edema local e o substrato de hi-
drogênio mais intenso, o que favorece a visualização Recidiva Idade Tamanho
em imagens de T2 e STIR. Com a injeção do agente 4 (8,7%) 24 a 72 (média de 44 anos) 6 a 30 mm (média de 15,5 mm)
paramagnético (Gadolínio), as imagens em TI e
Quanto à confirmação histopatológica
FAT-SAT são realçadas no neuroma, dando alta sen-
sibilidade e especificidade ao mérodo. Entretanro, é Confirmado com histopatológico Não confirmado com histopatológico

um exame que não deixa de ser invasivo, trabalhoso 53(98,1%) 1 (1,9%)


(cerca de 60 minutos), de pouca acessibil idade.
Quant o à confirmação u ltra-sonográfica
A ultra-sonografia serve para definir bem este tipo
Confirmado por ultra-sonografia Não confirmado por ultra-sonografia
de tlUl10ração e em mãos bem treinadas e com o equi-
pamento correto, a sensibilidade e especificidade, é 54 (100%) O

maior que a própria ressonância magnética, e com a Quanto à bilateral idade


virtude de ser feito em poucos minutos e de fácil acesso.
Bilateral Unilateral
Em nossa casuística em 36 meses operamos 46
40 (76%) 14 (26%)
pacientes sendo 37 do sexo feminino e 9 masculinos
num total de 54 pés operados, todos examinados Quanto ao espaço acometido
com ultra-sonografia, encontramos histopatológico Segundo espaço Terceiro espaço Quarto espaço
positivo em 53 casos. Veja ao lado todos os dados re-
4 (7,4%) 50 (92,6%) O
lativos a este trabalho.
338 A TLAS COMENTADO DE ULTRA-SO NOGRAFIA M USCULOESQUEL~T I CA

NEUROMA DE MORTON SEGUNDO ESPAÇO

[c
U ltra-sonografia (A e B).
Ressonâ ncia magnética coronal FAT-SAT pc (C).
Fotografia mostrando deformidade intensa no
segundo espaço (O) .
Cirurgia (E e F).
Peça cirúrgica (G).
MONRES J 05t GO MES 339

• NEUROMA DE MORTON TERCEIRO ESPAÇO

A B

FiG. 8.} A, B, C, O, E, F, G, H, I EJ

Ulrra-sonografla (A e B).
Resson ância magnérica corona l T I pc (C).
C irurgia (D, E, F, G, H e 1 ).
Peça cirúrgica 0) .

0 ________
E
340 ATLAS COMENTADO DE U LTRA-SONOGRAFlA M USCULOESQUELÉTICA

NEUROMA DE MORTON TERCEIRO ESPAÇO


M ONRES ] OSf G OMES 34 1

D
FiG. 8 4 A, O, C E D
Resso nância magnética: TI pc, coronal (A), axial (8) e sagitaJ (C).
Ultra-sonografia (O).
342 ATL<\S CÜi\IENTADO DE ULTRA-SONOG RAFI A M USCULOESQUELF.TICA

NEUROMA DE MORTON TERCEIRO ESPAÇO

FiG. 8.~ A, B, C, D E E

Ressonância magnética coronal T I pc co m neuro ma no rerceiro


espaço (A) e mais dois casos de ul[ra-so nografia, sendo o
primeiro em visão plamar (B e C), e o segundo caso numa visão
dorsal (O e E).

E
MONRES JOS~ G OMES 343

F G

Imagem normal e didaticamente tracejada de recidiva do


neuroma de Morron com nodulação sólida de baixa
ecogenicidade (notar reforço acústico posterior) (F e G) . Imagem
de fibrose envolvendo sutura interna que apesar da dor não
H representa infecção, nem mesmo recidiva (H ).
344 A T LAS COM E TADO DE ULTRA-SONOG RAFIA M USCULOESQUELÉTI CA
. . . . . . . . . . . .. ............ .

• CORPO ESTRANHO EM TERCEIRO ESPAÇO

FiG. 8.6 A, B, C, D E E
História de ferimento interdigital perfllrante por lasca de madeira
há 23 anos. E somente agora co m dor e edema local, e o paciente
nao recordava da lesa0 o ri ginal.
A ultra-sonografia (A e B) mostrava o granllloma recobrindo o
corpo estranho. A cirurgia confirmo u a farpa de madeira como o
corpo estranho (C, D e E). (Fotografias cirúrgicas genti lmente
E cedidas pelo Df. Wesley Jo rdão Mi lazzo, Coiânia- CO).
MONRES Jose GOM ES 345

• GOTA TOFÁCEA - DORSO LATERAL DE PÉ

A B

c D

FiG. 8.7
B, C o E F C f H
F Tumoração dolorosa
dorso lateral de pé esq uerdo
em paciente porrador de gora.
Fotografia pré-operatória (A) .
Radiografia de baixa
penetração mostrando
aumento de vo lume de partes
moles dorsolateral (8).
Ultra-sonografia de nodulação
sóJido-cística dorsolateral de
pé esquerdo (C) .
Cirurgia (D , E e F).
Peça cirúrgica (G).
H Pós-operatório de 60 dias (H).
346 A TLAS C OMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFLA M USCULOESQUELÉTICA
....... ...... . . .. . ... . .

FASClíTE PLANTAR

C o
FiG. 8.8 A, R, C E O
Forografla comparativa dos pés na face plantar, notar espessamenro edemaroso no arco plantar mediaI no lado direiro (A). Lado esquerdo
normal (8).
Ultra-sonografia mostrando a fáscia plantar em longitudinal comparativa com fasciíte à direita (C) , e lado esquerdo normal (D).
M ONRES ] OSf G OMES
. . . . . . . .. . . . .. .
347

FIBROMATOS E PLANTAR (DO ENÇA DE LEDDERHOSE )

A fibromarose plantar (doença de Ledderhose) é o corres- é que via de regra o traz ao consultório. O tratamento consiste no
pondente no pé da fibromarose palmar (Dupuyrren) e peniana uso de antiinflamatórios não-esteróides (AlNES) e fisioterapia
(Peyronie), caracterizada por proliferação fibroblástica nodular na fase aguda da fasciíte. O uso de palmilhas moldadas com ele-
na fáscia plantar, geralmente no arco plantar mediai até a topo- vação do arco plantar pode ser recomendado. O tratamento ci-
grafia metatarsofalângica, podendo ocorrer em um ou ambos os rürgico fica reservado aos casos resistentes com dor persistente, e
pés e raramente associa-se à contratura. A dor pela fasciíte que a fasciectomia com a retirada dos nódulos é a técnica que reco-
vem associada e a descoberta dos nódulos palpáveis pelo paciente mendanlos.

A B
FiG. 8.9 A E B
Ultra-sonografia em longitudinal da fáscia plantar no mediopé, mostrando nodulaçães coalescidas de baixa ecogenicidade (A e B).
348 A TLAS COMENTADO DE ULT RA-SO NOGRAFLA M USCULOESQUELfTICA

• FRATURA DE ESTRESSE

A fratura de estresse é uma das causas de metatalsargia e cintilografia, ressonância magnética e ultra-sonografia. Fase de
ocorre geralmenre pela insuficiência biomecânica do primeiro reação periosteal com calo em formação, radiologicamenre visí-
raio e ocorre por fadiga (fratura de DeustchJander) . Ocorre em vel. E por último a fase de regressão com remodelação. O trata-
geral no segundo ou terceiro metatarsianos e evolui em três fases mento envolve imobilização gessada por quatro semanas, AlNES
distintas: fase aguda, invisível radiograficamenre e notável pela e fisioterapia.

A B

FiG. 8.10 A, B, C E D
Ultra-sonografias (A e B) .
ressonâ ncia magnética (C) radiografia (O ). D
Mo RES J OSt. G OMES 349

. OSTEOARTRITE DE PÉ

fu manifestações radiográficas da osteoartrite no mediopé, tra-sonografia, e os osteófiros marginais são mais bem individua-
bem como no antepé, são em alguns casos reproduríveis pela ul- lizados.

o
FiG. 8.11 A, O, C E D
Forografi a (A).
U lrra-son ografia (B) .
Radi ografi as (e e O).
350 ATLAS C OMENTADO DE ULTRA·SONOGRAFLA M USCULOESQUELfTICA
.......... . ...... . ..... . . .. ..... .... .. . . . .

SESAMOI DITE

FiG. 8.12 A, B E C
Radiografia axial do antepé na metatarsofalângica mostrando
fragmentação por sesamoidite lateral (A) .
Ulrra-sonografia com fragmentação do sesamóide lateral e edema
periférico (B).
Ultra-sonografia do lado contralateral normal (C) .
M O NRES J OSÉ G OMES 351

FRATURA DE SESAMÓIDE

Diagnóstico diferencial imagenológico é com o sesamóide fragmentação também entra neste diagnóstico diferencial, e a
bipartido, a história de trauma e a ausência de limites precisos história clínica junto com os aspectos eco gráficos de edema crô-
entre os fragmentos definem a fratura . A sesamoidite na fase de nico e microfragmentação definem a sesamoidite.

A B

FiG. 8. n A, B E C
Fratura de sesamóide lateral.
Ultra-sonograha do sesamóide mediai normal , longitudinal (A).
Ultra-sonografia do sesamóide lateral fraturado, longitudinal (B) .
Ci--l_ _ _........ Radiografia axial (e).
352 A TLAS COMENTADO DE U r.:TRA-SONOG RAJ' 1A M USCULO ESQUELÉTI CA

• HEMANGIOMA

o hemangioma é uma anomalia congênita onde acontece tência mole e que desaparece até o quinto ano. É o tipo mais co-
proliferação de vasos sangüíneos com formação de massa que se mum.
assemelha à neoplasia. Ocorre em geral na pele e subcutâneo e Hemangioma cavernoso: é o hemangioma profundo que se
pode acometer qualquer parte do corpo. Normalmente regride manifesta na pele, subcutâneo ou nos planos musculares tam-
com o crescimento da criança e pode raramente evoluir para he- bém tende a regreclir espontaneamente.
mangiossarcoma com anaplasia de rápida proliferação e que se O hemangioma pode ocorrer em ossos ou tecidos moles de
infiltram intensamente. aspecto variável. O tipo cavernoso apresenta-se com espaços vas-
Hemangioma capilar: comumente na pele por ocasião do culares grandes e com fibroses sepradas. O ripo capilar não tem
nascimento, com nódulo ou placa vermelha a púrpura de consis- septos fibrosos e apresenta-se intensamente celular.

FiG. 8 14 A, B, C, O [ E
Hemangioma cavernoso pequeno no subcutâneo da região
calcaniana plantar.
Ultra-sonografia (A).
Cirurgia (B, C e O).
Peça (E).

B"--- - - - -- c

D E
M ONRES Jost GOM ES 353

• FASClíTE PLANTAR CALCAN IANA

A B

c o

FiG . 8.1 ~ A, B, C, D, E E F
Ulrra-sonografia com fasciíre planrar calcan iana
aguda à esquerda, notar espessamenro e
hipoecogenicidade aliadas à dor com a paJpação
e com a passagem do transdutor (B), lado
no rmal comparativo (A) .
Seqüências coronal e sagi tal de ressonância
magnética que evidencia hipersinal e
espessamento da f~íscia planrar desde sua região
de origem no rubérc ulo planrar do calcâ neo
(C, O e E).
Corre tomográfico coronal com janela para
partes moles que mostra a fasciíte plantar
d esde sua origem calcaniana (F) .
(As figuras de C a F foram cedidas pelos Ors.
Renato Faria e M auro Brandão. Oocumenta-
E F Ribeirão Preto - Sr.)
354 A T LAS C OMENTADO DE ULT RA-5 0 OGRA FLA M USCULO ESQUELÉTI CA

FASClíTE PLANTAR CALCANIANA

A B

FiG. 8 .16 A, B E C
Fasciíre plantar calcaniana crônica; a fáscia apresenta-se
intensamente espessada e com microcalciflcações circundadas por
edema até o subcutâneo.
Ressonância magnética (A) .
Radiografia (B).
c Ultra-so nografia (C).
M ONRES J OSÉ G OMES 355

FASClíTE PLANTAR CALCANIANA COM RUPTURA

FiG. 8.17 A, B E C
Ultra-sonografia.
Fasciíte plantar calcaniana aguda e com lesão e ruptura
longitudinal da fáscia. Essa ocorrência é freqüente nos
maratonistas, a dor apresenta-se aguda, e o paciente relata na
história sensação de "ouvir um rasgado" sob o seu pé.

B c
356 A TLAS C OMENTADO DE U LTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA

• HIPERCERATOSE PLANTAR

A hiperceratose plantar normalmente advém da insufIciên- o paciente refere à formação de calos duros, por v~ dolo-
cia do primeiro raio por todas as suas causas como síndrome de rosos e tende a suspeitar da presença de minúsculos corpos estra-
Morton (encurtamento do l o MTT, hipermobilidade, varismo, nhos internos. A imagem ecográftca define bem a ausência de
retrocolocação dos sesan1óides e pé plano); malformações dos corpos estranhos na formação dos calos. A meclida do tamanho e
dedos méclios (dedo em martelo, can1ptodactilia, dedo em garra) da profunclidade da hiperceratose favorece ao ortopeclista para
e do hálux (varo e valgo), do quinto dedo (valgo, clinodactilia e reconhecer os pontos de maior compressão pela sobrecarga e de-
joanete); outras alterações biomecânicas e alterações na marcha. finir estratégias de tratamento.
A insufIciência no lo raio na fase aguda determina fraUlra de As calosidades do pé ou mesmo as verrugas plantares são
fadiga, conforme já dissemos e cronicamente a sobrecarga resulta afecções cutâneas que podem ser tratadas com medicação cerato-
em luxação metatarsofalângica e periostite do 2 0 MTI, além da lítica ou ressecção cirúrgica.
hiperceratose.

FiG. 8.18 A, B, C E D
Ultra-sonografia de calosidades (hipercerarose) (A).
Forografi a (B).
Ultra-sonografla de ve rruga plantar (C ).
Forografia (O) . o
M ONRES ] OSf G OMES 357

• MACRODACTILlA (MEGADACTILlA)

A macrodactilia é uma condição mais freqüente na mão e va, esta última cresce com o desenvolvimento da criança e difi-
tem origem congênita. Nos pés, esta condição normalmente está culta a função na vida adulta tendo a amputação transmetacarpi-
relacionada com causas secundárias como linfangioma, neurofi- ana (mão) ou rransmetatarsiana (pé), como uma opção satisfató-
broma, osteoma osteóide ou fístula arteriovenosa e é quase sem- ria nessas ocorrências.
pre unilateral. Existem duas formas clínicas: estática e progressi-

FiG. 8.19 A, B E C
Radiografia (A).
Ressonância magnética (8).
Ultra-sonografia (C).
Percebam que o segundo pododáctilo apresenta-se com
c hipercrescimento em relação aos dedos circunvizinhos.
358 A TLAS C OMENTADO DE U LTRA-SONOG RAFIA M USCULOESQUELÉTICA
........................... . ............. . . . ..

LUXAÇÃO METATARSOFALÂNGICA DO 20 RAIO

A insuficiência do primeiro raio por todas as suas causas já Neste caso, o hálux valgus com subluxação lateral dos sesa-
citadas determina a chamada metatarsalgia por sobrecarga, e a móides foi quem determinou a insuficiência do primeiro raio
luxação metatarsofalângica de sobrecarga no segundo raio pode transferindo sobrecarga ao segundo. Note que a luxação ocorreu
ocorrer. e, neste caso particular, a redução mesmo cirúrgica foi difíci l pela
interposição da placa articular plantar.

FiG . 8.20 A, B E C
Ultra-sonografia comparativa normal (A).
Ultra-sonografia demonstrando a luxação (8).
Radiografia (C).
M ONRES ]OSf GOMES 359

ARTRITE COM DERRAME NA METATARSOFALÂNGICA DO HÁLUX

A B
FiG. 8.21 A E B
Ultra-sonografia comparativa demonstrando espessamento sinovial discreto e derrame volumoso na MTTF do hálux (A) .
Lado normal (B).

TU MOR GLÔMI CO

A B
FiG. 8.22 A E B
Ultra-sonografia evidenciando tumoraçáo nodular superficial na polpa digital do 30 pododáctilo esquerdo com dor intensa na passagem
do transdutor e medindo 3,7 mm de maior diâmetro: tumor glômico (A e B).
360 A TLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELfTICA

METÁSTASE DE ADENOCARCINOMA MAMÁRIO NA CABEÇA DO 10 METATARSIANO

c
FiG. 8.2} A, R, C, D
Tomografia computadorizada (A, B, C e D). o
M Ol RES J OSÉ GOMES 361

E F

G
FiG . 8.2} E, F, C E H
Ressonância magnética (E e F) .
Radiografia (G).
Ultra-sonografia (H). H
362 A T LAS COM ENTADO DE U LTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA

• A ULTRA--SONOGRAFIA E O HÁLUX VALGUS

A colaboração do método ultra-sonográfico para o hálux o planejamento operatório. A ultra-sonografia vem como méto-
valgus vai desde a avaliação da bolsa que se forma entre a pde e a do auxiliar importante, pois, sabendo que o hálux valgo oferece
joanete medial do hálux; estudo da angulação metatarsofalângica alterações na biomecânica do pé como um todo e várias ocorrên-
tangenciando as corticais mediais; estudo da metatarsofalângica cias em outras partes do pé podem ser vistas e estudadas com este
e estudo do posicionamento anatômico dos sesamóides. método.
Sabemos que esta deformidade tem causas diversas e que o Nesta página a representação do hálux valgo e uma cirurgia
estudo radiográfico é consagrado como o método mais impor- ilustrando o assunto.
tante para a conclusão diagnóstica e muito mais importante para

"'-"--"'-___........._ __ "'= """""'_ _ _ _-' E

[, F E C
Ultra-sonografia (A e B).
Radiografia (C e G ).
C irurgia (O, E e F).
M ONRES J OSf: GOM ES 363

• TENOSSINOVITE DORSAL DE PÉ

A B
FiG. 8.2~ A E B
Ultra-sonografia (A e B).
Espessamenro renossinovial do exrensor do 2° dedo do pé .

• LESÃO VEGETANTE PARAUNGUEAL

A
FiG. 8 .26 A E B

Ultra-so nografia, co m uso do kitecko ev idenciando o pedículo (A) .


Fotografia (B).
364 A T LAS C OMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTI CA

• INFRAÇÃO DE FREIBERG

A infração de Freiberg é a osteoncondrose da cabeça do 2° Ainda referindo-nos às osteocondroses do pé, apesar de não
MTT e ocorre na segunda década de vida antes do fechamento termos para esta edição imagens, citamos para seu conhecimento
fisário. Atribui-se ao traumatismo repetitivo com microfraturas outras mais freqüentes:
na junção metáfise-fisária a necrose avascular da epífise distal
desse metatarsiano. A evolução tem prognóstico regular com os- I. Osteocondrite de Kühler, no naviCluar.
teoartrite seclmdária da metatarsofalângica como seqüela. 2. Osteocondrite de Sever, na apófise de inserção do tendão
Neste caso mostramos a fase seqüelar com deformidade visí- do calcâneo.
vel radiográfica e ecograficamente. 3. Osteocondrite de Iselin, na base do quinto metatarso.

FiG. 8 .27 A, B E C
Radiografia (A).
c Ulrra-sonografia (B e C).
M ONRES J OSÉ G OMES 365

. ARTRITE ESPEcíFICA DA METATARSOFALÂNGICA DO HÁLUX

A B
FiG. 8.28 A E B
Paciente portador da síndrome de Reiter (associação de uretrite, iridociclite, lesões mucocutâneas e artrite). Neste caso
específico a articulação metatarsofalângica foi acometida, e lesões do tipo saca-bocado apareceram na face mediai das
peças ósseas que compõem esta articulação.
366 A TLAS COMENTADO DE U LTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTlCA
..... .. .. ... . .. .. .. .. . ......... ... ... . .. ... ...

PROTOCOLO RESUMIDO DE PESQUISA ULTRA-SONOGRÁFICA

1. Dorso da região do tarso


• Tendões: TA, ELH e ECO.
• Vaso: artéria pediosa
• Nervo: fibular profundo
• Ossos do tarso
• Articulações intertarsais
2. Dorso do antepé
• Articulações tarsometatarsianas_
• Ossos metatarsianos.
• Espaços intermetatarsianos.
• Articulações metatarsofalângicas.
• Articulações interfalangianas proximais e distais.
• Região ungueal.
• Tendões extensores dos dedos.
3. Região plantar calcaniana
• Coxim gorduroso plantar.
• Origem da fáscia plantar.
4. Região do arco plantar (mediopé)
• Fáscia plantar.
• Músculo f1exor curto dos dedos.
5. Planta do antepé
• Sesamóides.
• Metatarsofalângicas.
• Interfalângicas.
• Espaços intermetatarsianos.
• Polpa digital.
MONRES ] OSf GOMES
...... . .. . ......... . ..... . .. .. .
367

LEITURA RECOMENDADA

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Capítulo 9

LESÕES MUSCULARES
370 A TLAS C OMENTADO DE U LT RA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELtTICA
.................. . ..... .... . ...... . ........ . . . ..... . .......... . ... . ..... . ...... . ...... . . . .. . .... .

• INTRODUÇÃO CO NTUSÃO Muscu lAR (COMpRESSÃO)


A ultra-sonografia é o métOdo inicial escoUúdo para a avalia-
• Causada por trauma diretO sobre o músculo.
ção das lesões musculares, pela sua alta sensibilidade e especifici-
dade e pelo poder de dinamicidade que este métOdo apresenta. A
• Efusão sangüínea (hematOma) .

ressonância magnética oferece a melhor caracterização nos teci-


• Equimose.

dos, porém, pela falta de dinâmica em tempo real limita a metO-


• Edema reativo.

dologia. Outro fatOr limitante é a pouca disponibilidade e o altO


• Dor e contratura musculares.

custO deste exame que chega a ser 10 vezes mais que a ultra-sono- • Limitação de movimentos.

grafia. • A ultra-sonografia mostra lesão com cavidade e bordas irre-


gulares. E o hematOma na fase aguda tem ecogenicidade he-
terogênea e confunde a avaliação da extensão da lesão, que
. TÉCNICA após 2 a 3 dias tOrna-se mais visível.
Com os recursos mais modernos como reconstruções pano-
râmicas e imagens harmônicas e outros efeitOs como sono- Te,
CO NTUSÃO '1Uscu IAR - TRATAME TO
power-angio, 3D, recursos de zoom setOriados e tantas outras ma-
ravilhas da modernidade vêm fazendo a cada dia a ultra-sono- • Repouso (mlJetas).
grafia ganhar mais valor para este estudo. • Criorerapia.
Os músculos esqueléticos têm fibras de contração rápida, de • Elevação do membro.
contração lenta e intermediárias. • Compressão local.
• Fisioterapia.
FibRAS dE CONTRAÇÃO lENTA (Tipo I) • Evitar miosite ossificante, a indometacina tem comprovação
de prevenir e diminuir este processo.
• Funciona com metabolismo de oxigênio.
• Muitas mitocôndrias.
• Contração e relaxamento lento.
• Pequena amplitude de contração. • Contração muscular espasmódica e dolorosa.
• Alta resistência à fadiga . • Fasciculação muscular involuntária.
• Função: manutenção postural e contração de longa duração. • Ocorre durame esforço ou repouso.
• Acomete mais a panturrilha.
FibRAS dE CONTRAÇÃO iNTERMEdi ÁRiA (Tipo liA) • Alteração nos níveis séricos de sódio, cálcio ou magnésio.
• A ultra-sonografia será negativa, o que faz a distinção entre a
• Tempo de contração, limite de tensão e fatigabilidade inter- câi mbra e a lesão por estiramento (grau I).
mediária.
• Metaboliza oxigênio e glicose. DOR MUSCU lAR TARdiA (DMT)

FibRAS dE CONTRAÇÃO RÁpidA (Tipo IIb) • Ocorre 24 a 48 horas após exercícios.


• Aparece após contração muscular intensa.
• Poucas mitocôndrias (metabolismo anaeróbico).
• Não ocorre acidose láctica.
• Usa glicose para gerar energia.
• Provável microrruptura miotendi nosa com lesão estrutural
• Contração e relaxamento rápidos. do mÚsClJo.
• É capaz de grande tensionamento. • Aumemo da creatina quinase.
• Fatigam-se rapidamente. • A ultra-sonografia aqui também nada distingue, e o exame é
As lesões musculares ocorrem em geral nos trabalhadores e normal.
muitO mais nos esportistas.
CO NTRATURA MUSCU lAR
Tipos dE lESÃO MusculAR
• Dor localizada num músculo sem sinais de ruptura.
1. Contusão. • Disfunção motOra dolorosa e passageira.
2. Câimbra. • Endurecimento musclJar delimitado.
3. Dor muscular tardia. • Ocorre num músculo não alo ngado antes do exercício ou
4. Contratura muscular. por esforço acentuado.
5. Estiramento (ruptura grau I) . • Desaparece em até 5 dias.
6. Distensão muscular. • A ultra-sonografia por emitir ondas que formam calor pro-
7. Ruptura muscular. fundo favo rece o relaxamento de fibras musculares agrupa-
MO NRES JOSÉ G O MES .. . . . .... . ... .. .. . ... . ............... . .... .. ................... 3.!. .~

das em contratura fIxa, impedindo a visualização perfeita Anatomicamente um músculo pode romper-se nos seguin-
para o estudo. Entretanto, em certas casos, como na região tes locais:
trapezial pequenas contraturas focais, trigger points, podem
• Ventre muscular.
ser individualizadas como zonas focais de hipoecogenicida-
de, antes que o calor profundo provoque terapeuticamente
• Transição musculotendínea proximal.
• Transição musculotendínea distal.
o seu desaparecimento repentino e provisório.
• Origem .
• Inserção.
RUpTURA Musc ulAR CjRAU I (diSTE 'SÃO, Alo CjAMENTO ou
ESTiRAM ENTO ) FATORES PREdispONENTES

• Lesão de poucas fIbras musculares. • Aquecimemo insufIciente.


• Dor local à palpação. • Fadiga muscular.
• Dor ao alongamento. • Retração muscular.
• Equimose e edema mínimo. • Treinamento excessivo (overtrainning) .
• Pequena perda de função. • Lesão muscular prévia.
• Confunde-se com contratura ou espasmo muscular. • Transtornos metabólicos.
Pode aumentar a ruprura em caso de esforço. • Disfunção agonista-antagonista.

• Músculos biarticulares.
• A imagem ecográfica coincide com o ponto doloroso e apre-
senta-se como zona de hipoecogenicidade focal intramuscu- • Enfermidades intercorrentes (viroses, infecção bacteriana).
lar que traduz o edema de interstício e leve hematoma de • Condicionamento físico inadequado.
permeio. • Alongamento excessivo.

TRATAMENTO
R UPTU RA MUSCU lAR CjRAU II
• Repouso.
• Lesão de moderado número de fIbras musculares.
• Crioterapia.
• Sensação de "pedrada".
• Elevação do membro.
• Sensação que o músculo rasgou.
• Enfai"an1ento compressivo, AINE.
• Dor intensa (palpação, contração e alongamento) . • Eletroterapia (TENS, US pulsátil) .
• Equimose precoce. • Mecanoterapia (exercícios ativos, alongamentos, forraleci-
• Recuperação em 45 dias ou mais. mento muscular).
• A ultra-sonografia mostra a desconcinuidade·parcial do ven- Avaliação diária.
tre muscular de forma discrem e com hematoma colerado • Avaliação ui tra-so nográfica semanal, onde a região estudada
pequeno que apresenta-se anecóico. fIca dermatografada, e o transdutor é instalado sempre na-
queles planos da dermatograEa prévia, e a regulagem do ga-
RUpTURA Muscu lAR CjRAU 111 nho do equipamento, igual em todas as aval iações. Percebe-
remos a grande capacidade de regeneração do músculo que
• Ruptura extensa ou total do músculo.
ocorre de forma concêntrica, e o espaço vai sendo preenchi-
• Dor intensa (palpação, contração e alongamento) .
do por tecido fIbroso cicatricial após a reabsorção do hema-
• Fraqueza muscular imensa. toma, e partindo do endomísio, células de reserva (células
• Depressão local. primordiais do mesênquima) partem das fibras musculares
• Equimose e derrame evidentes. nas margens do ferimento e crescerão entre o tecido fIbroso,
• A ultra-sonograEa evidencia a lesão extensa do músculo que permeando-o até a total substituição (fIm do processo de re-
pode ser parcial-extensa ou total, e até mesmo de outros modelação do músculo).
músculos do mesmo compartimento. O hematoma é mais A ecogenicidade que parte das bordas da lesão, concentrica-
volumoso e após 48 a 72 horas, com a retração dos coágulos mente pode ser avaliada seriadamente e servir como parâmetro
de flbrina torna-se mais bem definido por ficar anecóico. para o tempo de cura.
Sabemos que as lesões ocorrem basicamente por três meca- A ultra-sonografia presta-se também para diagnosticar as
nismos biomecànicos: complicações das lesões musculares.
1. Trauma direto, objeto contuso (compressão do mllsculo).
COMpliCAÇÕES
2. Trauma indireto por tração (contratura por eletrocussão ou
convulsão), geralmente com avulsões associadas. • Tecido fIbroso residual.
3. Trauma indireto por distração. • Cisto muscular.
372 A TLAS C OMENTADO DE ULTRA-SONOGRAF IA M USCULOESQUELt.TJCA
................ .

• Reparação parcial. com o arcabouço ósseo do corpo; pode ser um músculo apendi-
• Recidiva da lesão. cu.lar o u axial.
Microscopicamente um músculo consiste em fibras muscu-
• Hérnia muscular.
lares esqueléticas alongadas multinucleadas com estriações trans-
• Calcificação - Ossificação. versais juntamente com tecido conjuntivo, vasos sangüíneos e
nervos; fibras musculares são circundadas por finas fibras reticu-
C Ri TÉ Rios dE CU RA lares e colágenas (endomísio); feixes (fascículos) de fibras muscu-
lares são circundados por tecido conjuntivo irregular (perimísio);
• Ausência de dor ao alongamento.
todo músculo é circundado, exceto na junção do tendão muscu-
• Recuperar força normal. lar, por um tecido conjuntivo denso (epimísio).
• Flexoextensão completa. A unidade nmcional do músculo estriado é o sarcômero e
consiste no seguimento de uma miofibrila entre duas linhas Z re-
• Recondicionamentos físico e proprioceptivo.
presentando a união entre os complexos de actina e miosina e sua
O músculo conceitualmente é um tecido primário, predo- estrutura molecular em série hexagonal de filamentos delgados
minantemente consiste de células contráteis superespecializadas. que circundam cada filamento espesso.
É classificado em esquelético, cardíaco e liso, este último não A seguir, mostraremos conforme o objetivo da obra, vários
possui estriações transversais como nos outros dois tipos. Suas casos de lesões musculares esporrivas ou adquiridas no trabalho e
funções são dar movimentos às várias partes do corpo. Macros- mesmo em acidentes domésticos. Alguns com demonstração
copicamente o músculo esquelético é um conjunto de fibras apenas ecográfica e outros com complementação e confirmação
musculares estriadas unidas em uma ou ambas as extremidades com outros métodos.

Fibra muscular
!

,
MlofIlamentos

rr------Sa~~~----~
A

FiG· 9 . 1

D esenho esq uemático.


O músculo estriado em dissecção esq uematizada até a sua unidade funcional (sa rcômero) .
(Gree nspam , A. - Radiologia ortopédica. [Trad.] Claudia Lúcia Caetano de Araújo. 3 . ed . Ri o de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2001) .
M ONRES J OSt. G OMES 373

LESÃO MUSCULAR - GRAUS I E 11

B
FiG . 9.2 A E B
A lesão muscular de grau I rem o aspecro ulrra-sonográfico de zona hipoecogên ica inrramuscular que coincide com o ponro
doloroso relatado pelo pacienre. A hipoecogenicidade rraduz o aspecra edemaroso e o sangramenro inrersticial.

FiG . 9.2 C, O E E
A lesão muscular de grau 11 tem imagem ecográfica de
hipoecogenicidade inrramuscular com zona anecóica central e
que ocupa menos que 50% da espessura do músculo;
rraduzindo edema intersricial e hemaroma coletado.
Lesão inrramuscular de rera femoral em visão longirudinal (C),
E rransversal (O) e em rentativa de reconstrução em 3D (E).
374 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTI CA
....... . .................. .... ... . . .. . . ..... ...... . . . .

• LESÃO MUSCULAR - GRAU 111

c
FiG. 9.} A, B, C E O
Fotografia mostrando lesão do reto femoral extensa e com gap
visível como um afundamento mostrando o coto proximal
contraído (A) .
A lesão muscular de grau 111 apresenra-se ecograficamente como
uma ruptura extensa do ventre muscular acima de 50% de sua
espessura ou mesmo com ruptura total. O hematoma na fase aguda
apresenta-se heterogêneo e com ecogenicidade; após 48 a 72 horas o
coágulo retra i e o hematoma mostra-se anecóico. Neste caso, o
hematoma está em fase aguda e com poucas horas da lesão (B).
A ressonância magnética individualiza a lesão tccidual com
perspectiva maior e em três planos; neste caso em sagital T2 (C) e
D axial T2 (O).
MONRES ]OSf GOMES 375

• COMPLICAÇÃO DE LESÃO MUSCULAR - CALCIFICAÇÃO

B
FiG·9.4AEB
Calcificação de um hematoma em lesão do reto femora!.

• COMPLI CAÇÃO DE LESÃO MUSCULAR - MIOENTESITE

C D
FiG. 9.4 C E D
Exame comparativo em longitudinal na inserção dos retos abdom inais com processo inflamatório mioe ntésico no lado esquerdo. Note
espessamento de fibrose além da coincidência com a dor relatada pelo paciente.
376 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTI CA

COMPLICAÇÃO DE LESÃO MUSCULAR - SEROMA cíSTICO

E
FiG. 9. 4 E E F
Um cisro seromaroso intramuscular pode ser uma complicação F
esperada após lesões parciais intramusculares, como neste caso
onde houve compromerimento do rero femora!.

. A U LTRA~ SONOGRAFIA NAS HÉRNIAS ABDOMINAIS

A B
FiG . 9.~AEB

Paciente com dor inguinal sem volume aparente e com exame físico de suspeição para possível herniação. A ulrra-so nografia com
manobra de esforço abdominal (B) e repouso (A) definiu favo ravelmente para conclusão da hipótese diagn ósrica.
MO NRES J OSÉ GOM ES 377

A ULTRA~SONOGRAFIA NAS HÉRNIAS ABDOMINAIS

E F

Outra paciente com dor e aumento de vol ume na região lombar e flanco esquerdo que na avaliação ultra-sonográflca dinâmica com
manobras de esfo rço e repouso definiu bem e confirmou o diagnóstico da rara hérnia lombar.
378 .... ..... ..... ..... .... ... ... ... .
........... A TLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA
. ................................... , ....... . . ..... . .

LESÃO MUSCULAR - GRAU I

A B

FiG. 9.6 A, B E C
Ultra-sonografia longitudinal e transversal (A e B), que mostra
zona de hipoecogenicidade focal intramuscular no bíceps erural
coincidente com o ponto doloroso relatado pelo paciente e sem
hematoma coletado visível; apenas edema e hematoma
intersticial.
Imagem de ressonância magnética em axial T2 comparativa
mostrando a confirmação da lesão grau I no bíceps da coxa
c d irei ra (C).
M ONRES J OSt G OMES 379

LESÃO MUSCULAR - GRAU 11

FiG. 9.7 A, B E C
Ulrra-sonografia que mostra lesão parcial do bíceps crural com
hemearoma coletado pequeno (A).
Imagem de ressonância magnética em coronal T2 e axial T2,
mostrando a confirmação da lesão de grau 11 no bíceps da coxa
direita (B e C).
380 A TLAS C OMENTADO DE U LTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELUICA

LESÃO MUSCULAR

A B

FiG·9.8A,BEC
Estiramento de semitendinoso (A).
Lesão intramuscular do reto femoral grau fI (B).
Lesão intramuscular de adutor longo, grau lI , com hemato ma
em resolução e processo fibróri co cicarri cial concêntrico em
c evidência (C) .
MO NRES J OSÉ GOMES 381

LESÃO MUSCULAR - HÉRNIA

FiG. 9.9 A, B, C, D E E
H érnia muscular no compartimento lateral da perna direita.
Fotografia (A).
Ultra-sonografia dinâmica com esforço (8) e repo uso (C),
mosrrando a hérnia.
Imagem cirúrgica da hérnia que provocava compressão no ramo
sens itivo do fibular superfi cial (O ).
Imagem cirúrgica após o fechamento da hérnia (E).
382 ATLAS C OMENTADO D E ULTRA-SO NOGRAFLA M USCULOESQUELloT ICA

• LESÃO MUSCULAR - HÉRNIA

c
FiG. 9.10 A, B E C
Fotografia (A) .
Ulrra-sonografia din âmica longjrudinal em repouso (B) e esfo rço (C), mostrando a herniação na face ânrero-lateral da perna direita.
M O NRES J OSÉ GOM ES
............. . .......
383

A B

c D

fiGo 9 o11 A, B, C, O E E
A lesão mais freqüente na panturrilha é justamente na transição musculotendínea
do gastrocnêmio mediai no terço médio da pern a. As image ns desta página são de
ultra-sonografia da referida região com várias fases e formas de acometimento.
Ultra-sonografia (A, B, C e D).
Desenho esquemático (E).
(Adapcado de SobortaJ. Atlas de anatomia humana. 20. ed. Rio de Janeiro:
EL-________________________ ~
Guanabara-Koogan, 1995.)
384 ATLAS COMENTADO DE ULT RA-SONOGRAFIA MUSCULOESQUELÍoTICA

• LESÃO MUSCULAR EXTENSA - GRAU 111

FiG. 9.12 A, B E C
Resso nância magnéti ca sagital T2
(A) e coro nal T2 (B).
U ltra-so nografia lo ngitudinal (C)
q ue evide ncia lesão muscul ar
ex tensa da cabeça m ed iaI do
gas troc nêmio na fossa poplítea
(lesão grau IH) em fase aguda com
c hematoma recente.
MONRES J OSÉ GOMES 385

• MIOSITE OSSIFICANTE

A B

o
FiG. 9. nA, B, C E D
Um caso de miosire ossihcanre com apresenração por quarro mérodos.
c Resso nância magnérica (A).
Tomografia compuradorizada (B).
Radiografia (C) .
Ul rra-sonografia (O).
386 A TLAS C OMENTADO DE ULTRA-50 OG RA FIA M USCULOESQUELÉTl CA

• MIOSITE OSSIFICANTE

A B
FiG. 9. 14 A E B
A miosite ossificante ocorre nos planos musculares mais profundos ou nas regiões de origem e inserção muscular; um hematoma em
contato com o tecido periosteal sofre invasão de células primordiais do tecido mesenq uimal, que por sua vez podem diferenciar-se em
tecido ósseo como neste caso onde a imagem cálcica irregular no plano profundo do vasto intermédio com sombra acústica posterior e
que em algumas circunstâncias, quando maiores, pode ser confundida com degeneração sarcomatosa, dado a sua irregularidade e
heterogenicidade.
M ONRES ] OS f GOMES 387

• FIBROSE INTRAMUSCULAR

FiG. 9. n A, B E C
A fibrose faz parte do conreúdo de preenchimento cicatricial que
fecha o hematOma da lesão, e a sua subsriruição por recido
mioblásrico é uma lógica esperada. EnrrerantO, em cerras
circunsrâncias istO não ocorre, e a persisrência do recido fibrórico
pode provocar dor residual sobrerudo nos arleras de alra
performance; tOrnando-se uma complicação freqü e nre no meio
esportivo e ocorre mais em indivíduos acima dos 28 anos de
idade.

B c
388 ATLAS COMENTADO DE U1TRA-SONOGRMIA M USCULOESQUELfTICA

LESÃO MUSCULAR DE ADUlORES

A B c

o E F

G H
FiG. 9.16 A, B, C, D, E, F, G, H E I

As lesões na regiao de origem dos adurores são muiro freqüentes em nosso meio em jogadores de futebol c ocorrem de forma parcial,
parcial ex tensa e total. Nunca observei UIll caso de avulsão óssea pelos aduro res no tubérculo púbico. São lesões de d ifícil resolu ção pois
complica m-se muiro com mioentesite e fibrose, cond ições dolorosas que retardam a reabilitação, chegando até 6 meses de tratamento.
MONRES J OSÉ GOMES 389

A B

c D

FiG. 9.17 A, R, C, D E E
Ultra-sonografia de lesões exrensas nos adurores que são menos
freqüenres e desenvolve m hemaromas maiores e com franca
equimose e d efor midade e m afundamenro proximal pela
conrrarura do coro disral do músculo lesado. O músc ulo mais
acomerido é o aduror longo, e o jogador de Furebol rem na sua
gíria própria esra lesão como "virilha aberra". A condura nessas
lesões é conservadora, e a defo rmidade res idual é aceirável desde
que sem dor. E m alguns casos, proced imenros cirúrgicos são
indicados , e a renoromia dos adurores por via aberra é a técnica
E preco ni zada.
390 ATLAS COM ENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCU LO ESQUELt.TICA

• FIBROSE MUSCULAR QUE DETERMINA COMPRESSÃO CIÁTICA

c
FiG. 9.18 A, B, C E D
Em algumas circunsrânc ias pós-rraumáricas áreas de fibrose
podem formar-se ao redor do nervo ciárico ou mesmo a borda
inferior do müscu lo piriforme, enrre esre e o gêmeo su perior
dererminando compressáo na emergência do ciático (síndrome
do piriforme). Esra é uma das principais causas de ciaralgia
atípica. A ultra-sonografia pode perfeitamente servir pa ra rast rear
o nervo ciárico desde sua emergência até a bifurcaçáo na fossa
poplírea.
MO NRES J 0510 GO.\1ES 391

FIBROSE INTRAMUSCULAR PARAVERTEBRAL

A B
FiG. 9.19 A E B
Pequenas lesóes intramusculares na musculatura paravertebral podem evoluir com fibrose dolorosa, e a infiltração medicamentosa pode
ser indicada, e a ultra-sonografia além de d iagnosticar indica o tamanho, a profundidade e também serve para guiar a punção.
392 ATLAS COMENTADO DE ULTRA·SONOGRAFlA MUSCULOESQ ELÉTICA

• PSEUDO,ANEURISMA DE PERNA

A B

FiG. 9 20 A, 8 C, D
Neste caso houve uma lesáo perfurante na panturrilha que
evoluiu com cicatrizaçáo da pele, porém com aumento de
vo lume, dor e incapaciraçáo para a marcha. Dez dias após o
rrauma os sintomas persistiam e intensificavam. Na avaliaçáo
ecográflca a imagem de hematoma no compartimento posterior
profundo da perna e com zona arredondada com fluxo
aneu rismático (sinal do ying-yang), que caracteriza o
EL-________________________________________ ~
pseudo-aneurisma intramuscular.
MONRES J OS É GOMES 393

LESÃO MUSCULAR GRAU 111 COM HEMATOMA VOLUMOSO

FiG. 9.21 A E B
Vo lumoso hematoma em lesão de grau III
no reto femoral com 3 dias de evol ução.

FiG. 9 .21 C E D
o mesmo caso com 21 dias de evolução, notar a
redução do hematoma e tecido cicatricial
f1brórico com progressão concêntrica. o
394 ••••• ••••••• ,......... ...... . . .
ATLAS COMENTA DO DE UlTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA
0.0 ••• •• •• •• •• • •••••••••••••••••••••• • •••• • ••••• • ••

LESÃO MUSCULAR - GRAU 11

A B

C D
FiG . 9.22 A, B, C E D
Lado direito norm al comparativo longitudinal e transversal (A e B).
Lado esq uerdo com lesão parcial em fase de resolução (C e D) .
MO NRES J OSÉ GOMES 395

• FIBROSE INTRAMUSCULAR DE RETO FEMORAL

D
FiG. 9.2} A, B, C E O

Ultra-sonografia longitudinal e transversal com f1brose inrramuscuJar de rero femoral (A e B). Ressonância magnética axial TI (C) e axial
TI pc (gadolínio), note imagem fibrótica realçada (D).
396
................... . . . .. .. ............. .... . .
A TLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOG RAFIA M USCULOESQUELÉTICA
... . .. . ................................. . ....... ,... . . . ... ....... . .

LESÃO EXTENSA DE SEMITENDINOSO - GRAU 111

B
FiG. 9.24 A E B
Ultra-sonografia longitudinal com ruptura extensa do sem itendinoso (A) . Ressonância magnética coronal T2 (8), confirmando a lesão
com hipersinal intenso na topografia póstero-medial da coxa.
MONRES j OSf GOMES 397

LESÃO MUSCULAR NOS ISQUIOTIBIAIS

A B

C D
FiG. 9 . 2~ A, B, C E D

U lrra-so nografl a longirudinal que mosrra quarro casos d isrinros de lesão na origem dos músculos isquioribiais (bíce ps, semire ndinoso e
semimembranoso ) no rubérculo isquiárico. Esre grupo muscular chamado na lirerarura anglo-saxô ni ca de Hamstring's e na lirera rura
francesa de Jarret.
A face posrerior da coxa é es rarisricamenre a região mais aco merida por lesões musculares no Brasil, e os isquioribiais são o foco de
ocorrência, sendo o bíceps e o se mire ndíneo (os mais superficiais) os mais acomeridos.
398
........ o.. ...• .. . •• . • ••. •• .. •• .••••••••.
A TLAS C OMENTADO DE U LTRA-SONOG RAFIA M USCULO ESQUELÉTICA
....... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... ,.. . . . . . . . . . . . . . . .............••

LESÃO MUSCULAR DE RETO FEMORAL - GRAU 111

A B
FiG. 9.26 A E B
Ultra-sonografia longitudinal mostrando lesão com ruptura total do tendão de origem do reto femoral com hematoma coletado (A).
Ressonância magnética coronal T2 co m o hipersinal focal do hematoma na lesão proximal do reto femoral (B) .
M ONRES JOSÉ G OMES 399

• SíNDROME DO ESTRESSE TIBIAL MEDIAL

c F

A rib ialgia (canelire), rambém chamada síndrom e do estresse tibial


med iai, ocorre por movimentos de tração repetitiva sobre a inserção
do solear na tÍbia, ocasionando reação periosteal inflamatória e
determinando dor.
A resso nância magnética co m imagens em STIR proporciona, com
um hipersinal característico , o melhor e mais confiável d iagnóstico. A
ulrra-sonografia pode também figurar como importante método para G
es te d iagnóstico , mostrando o espessamento periosteal.
400 A TLAS C OMENTADO DE U LTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELtTlCA
........................................ . ........ . .. . ................................ .

PROTOCOLO RESUMIDO DE PESQUISA ULTRA-SONOGRÁFICA

o exame ultra-sonográfico das lesões musculares não tem um protocolo seqüencial


próprio, entretanto, segue algumas dicas que julgamos importantes:

1. Procure saber a data da lesão, pois uma lesão recente mostra


um hematoma hiperecogênico que, após 12 a 24 horas com
a retração dos coágulos de fibrina torna-se com áreas centrais
anecóicas e, quando volumoso, totalmente anecóico.
2. O paciente consegue localizar o ponto exato da dor mais
importante, que corresponde geralmente ao foco da lesão.
3. Procure delimitar com caneta dermatográfica a topografia
da lesão que é importante para o médico assistente e os fi-
sioterapeutas na condução do caso.
4 . Com a lei da gravidade os hematomas e equimoses tendem
a migrar distalmente.
5. Lembre-se que uma lesão muscular pode sofrer complica-
ções como recidivas, calcificações, cistos, ossificações, hér-
nias, fibroses e reparação parcial.
6. Evite comentar sobre o grau da lesão com o paciente durante
o exame, pois a pergunta sobre o tratamento e o prognóstico
vem em seguida, servindo como fato r de prejuízo na sua re-
lação com o médico solicitante.
MONRES JO IÔ GOMES
.......... . . ", ..
401

LEITURA RECOMENDADA

1. Aspelin P, Perrersson H , Sigurjonsson S, Nilsson IM. li . Marcelis S, Deanen B, Ferrara MA. [Trad.] Carlos Henrique
Ulrrasonographic examinarions of muscle hemaromas in Cosendey.In: Dondelinger RF (ed.) Atlas de ultra-sonografia do
hemophiliacs. Acta RadioI1984;25:513. sistema musculoesquelético periftrico. Rio de Janeiro: Inrerlivros,
2. Carazzaw JG. Lesões musculotendíneas e seu tratamento. Rev Bras 1997. 20-34p.
Ortop 1994;29(10):723-728. 12. Nerrer FN. Sistema musculoesquelético. Barcelona: Masson-Salvare,
1990. 8.1, 8.2, 8.3p.
3. Cohen M , Abdalla RJ er aI. Lesóes musculares. In: Lesões nos
esportes. Rio de Janeiro: Revimer, vol. 42. 2003. 615-624p. 13. Peck RJ, Merreweli C. Early myiosiris ossificans: a new ecographic
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4. Fornage BD . Ultra-sonografia do sistema musculoesquelético. [Trad]
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16. Sernik RA, Cerri GG. Ultra-sonografia do sistema musculoesquelético.
6. Glick JM. Muscle srrain: prevemion and rrearmem. Physician
São Paulo: Savier, 1999. 193-224 p.
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17. Soborra J. Atlas de anatomia humana. 20 . ed. Rio de Janeiro:
7. Gray H. Anatomia. 29. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, Guanaba ra-Koogan, 1995.
1977.
18. Stedman's Medicai Dictionary. 27. ed. Rio de Janeiro:
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Year Book Medica! Publishers, 1979 .
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9. Lefebvre E, Pourcelox L. Ecografia musculotendínea. Barcelona: [Trad.] Claudia Lúcia Caerano de Araújo. 2. ed. Rio de Janeiro:
Masson, 1994. 132p. Guanabara-Koogan, 2000. 1.274-1.294p.
10. Lopes AS, Karran R, Cosra S, Moura CE, Lopes RS. Diagnósrico e 20. Van Holsbeeck MT, Imrocaso JH. Ultra-sonografia
rraramemo das comusóes musculares. Rev Bras Ortop musculoesquelética. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan,
1994;29(10)7 14-722. 2002. 18-65p.
Capítulo 10

TUMORES
404 A T LAS C OM ENTADO DE U LTRA-SO OGRAFLA M USCULOESQUELÉTICA
..... ....

INTRODUÇÃO
Neste capítulo procuraremos demonstrar a utilidade do mé- • O que é compartimento?
rodo ultra-sonográfico no diagnóstico e no esradiamento dos ru- Um osso inteiro.
mores do sistema musculoesquelético. Uma articulação.
Etimologicamente, o tumor é qualquer inchação ou tume- Um grupo muscular específico.
fação. Neoplasia, processo patológico que leva à formação de um Pele e tecido celular subcutâneo.
tecido diferente do tecido habirual de um certo compartimento. Espaço paraósseo (periósteo).
Sabemos que uma neoplasia pode aparecer de forma benigna ou 3. Quanto à presença ou ausência de metástases (M):
maligna. No sistema musculoesquelético originário do mesên- • Presentes (Ml).
quima os tumores malignos são os sarcomas, e uma gama de tu- • Ausentes (MO).
mores benignos aparecem relacionados direta ou indiretamente Geralmente são quase exclusivamente via hematogênica
com os ossos ou partes moles adjacentes. Inúmeras classificações sendo de 5 a 10% linfáticas (para os casos de rumores de partes
foram propostas e a mais aceita foi a de Enneking (1980) que moles) .
contempla os aspecros do grau de malignidade, localização ana- O pulmão é o órgão alvo mais freqüente e mais precoce no
tômica e a presença ou não de metástases. Desta forma, estudan- aparecimento das metástases. Outros ossos sofrem o comprome-
do evolutivamente e estadiando os tumores, um planejamento timento metastático com menos freqüência e tardiamente.
do tratamento cirúrgico e mesmo as medidas adjuvantes são de
profunda importância no prognóstico. TUMORES MA li GNOS dE bAixo GRAU

• Têm crescimento e malignidade local.


CLASSIFICAÇÃO • Risco mínimo de metástases.
Observando o comportamento dos rumores percebemos • Evoluem lentamente.
que os benignos têm cápsula na sua maioria, enquanro os malig-
• Com as tentativas de ressecção podem metastatizar por des-
nos têm pseudocápsula. A pseudocápsula na verdade é uma ca- diferenciação.
mada de células tumorais comprimidas, e o poder de malignida-
• Crescem mais por erosão que por destruição.
de está diretamente relacionado com a capacidade do tumor de
• Não ultrapassam cápsula articular e cartilagem, porém po-
vencer a pseudocápsula e expandir para os tecidos adjacentes. dem irritá-las, estabelecendo derrame articular.
As barreiras naturais que os ulmores enfrentam são os
• Radiograficamente similares ao B3.
chamados compartimentos que oferecem maior ou menor resis-
• Mapeamento similar ao B3.
tência, e os sarcomas obviamente preferem o caminho de menor
• Diferenciação histológica/citológica: matriz diferenciada e
resistência. madura, anaplasia, pleomorfismo, hipercromasia, poucas
Os compartimentos são: corrica! óssea; periósteo; fáscia pro- mitoses, Broders 1 ou 2.
funda; placa epiflsária; cartilagem articular e sepro intermuscular.
• Metástases raras e quando presentes são tardias e únicas, ge-
Uma das características dos rumores de parres moles é pode- ralmente no pulmão.
rem ser intra ou intercompartimentais.
• Costumam provocar efeiro de massa sobre vasos, nervos e
1. Quanto ao grau hisrológico (G): bainhas tendíneas sem invadi-los.
• Baixo grau G 1 • Nos tecidos moles: pequenos, superficiais, fixos, endureci-
Bem diferenciado. dos e sem sinais inflamatórios.
Poucasmiroses.
- Ausência ou poucas células atípicas. TUMORES MA l iqNOS dE AlTO qRAU
Ausência de neoangiogênese. • Sintomáticos.
Ausência de metástases. • Destrutivos, ultrapassam rapidamente as barreiras naturais,
Cirurgia menos invasiva. estendendo-se aos tecidos vizinhos.
• Alro grau G2 • Envolvem o feixe vasculonervoso.
Pouco diferenciado. • Podem associar-se à fratura patológica ou disfunção mecânica.
- Muitas mitoses. • A radiografia mostra destruição e comprometimento dos te-
- Muita aripia. cidos vizinhos, triângulo de Codman (reativo).
- Necrose. • Cruzam a placa fisária.
- Pouca matriz madura. • Respeita por algum tempo a cartilagem articular.
- Presença de neoangiogênese. • Mapeamento, com aumento de grande concentração que se
2. Quanto à localização anatômica (T): estende além das margens radiográficas da lesão, denotando
• Intracompartimental (Tl). neoangiogênese. Pode detectar metástases saltitantes no ca-
• Extracompartimental (T2). nal medular ou metástase a distância.
M ONRES J OSÉ G OMES 405

• Ultra-sonografia (tumor de partes moles) idemificando ne- BE iq O AqREssivo (B7)


oangiogênese com vasos finos e de baixa resistência imerna,
no power-angio com aumemo de vascularidade local. • Lesões simomáticas.
• Massa em franco crescimento.
• Histologia: alto índice de célula/matriz, pobre diferenciação
• Moles, porém firmes.
de matriz imatura, muitas mitoses, invasão vascular, necro-
• Aparência inflamatória.
se, hemorragias, destruição dos tecidos pelo twnor, ausência Pode associar-se à fratura patológica ou disfunção mecânica.

de cápsula ou pseudo cápsula, lesões satélites em toda zona
• Ultrapassa as barreiras compartimentais.
reativa, Broders 2, 3 e 4.
• A zona reativa é espessada com edema e inflamação.
• Invade e destrói o osso adjacente, permeando os comparti-
ClAssificAçÃo dos TUMORES bENiGNOS mentos.
• Presença do triângulo de Codman.
• Estágio 1: benigno lateme (B1).
• Mapeamento (twnores ósseos e de partes moles), mostran-
• Estágio lI: benigno ativo (B2). do awnento de concentração além dos limites radiográficos
• Estágio 111: benigno agressivo (B3). da lesão.
• Ultra-sonografia (tumor de partes moles) idemificando ne-
oangiogênese com vasos finos e de baixa resistência interna,
BEl iC; O lATENTE (Bl)
no power-angio com aumento de vascularidade local.
• Lesões assimomáticas (achados). Os princípios para as técnicas cirúrgicas:
• Imracompartimemal (tumor ósseo ou de partes moles) ou
1. Intracapsular.
imercompartimemais (twnor de partes moles).
2. Marginal.
• Cessam ao término do crescimento. 3. Ampla.
• Ausência de neoangiogênese. 4. Radical.
• Jamais malignizam. O papel da ultra-sonografia na avaliação dos tumores mus-
culoesqueléticos:
B EI'~ i C;NO ATivo (B2) Conforme observamos no texto acima a ultra-sonografia
serve como método coadjuvante importante nos tumores, além
• Poucos sintomas (desconforto). de poder estudar as lesões de partes moles, também avalia a inva-
são extracompartimental dos twnores ósseos. Com a tecnologia
• Pode associar-se à fratura patológica ou disfunção mecânica.
de Doppler e power-angio conseguimos também identificar hi-
• Tumor que cresce. pervascularização e a presença dos vasos de neoangiogênese que
• Tem cápsula e tecido frouxo emre esta e o tecido normal indicam o maior aporte sangüíneo local, o que denota indireta-
(zona reativa). mente o maior número de mitoses e o crescimento perigoso do
• Deforma a cortical óssea, porém não invade tecidos vizi- tumor. As bordas de wna lesão tumoral quando Lisas e os seus li-
nhos. mites quando precisos denotam possibilidade de lesão benigna.
E tantas outras características na avaliação de wn twnor que le-
• Radiografia com irregularidade de bordas, expansão e lobu-
vam à direção do estadiamento. Mas devemos ter sempre o cui-
!ação. Também com deformação da cortical adjacente à
dado de procurar estudar a região comprometida, a nodulação
zona reanva.
visível e descrever com detalhes o que foi visto, sem a preocupa-
• Mapeamemo e ultra-sonografia (power-angio) , mostrando ção do diagnóstico histológico do tumor, pois se o examinador
anel de neoangiogênese na zona reativa. persistir neste caminho a chance de erros awnenta significativa-
• Os tumores de partes moles são pequenos que apresen- mente, e como conseqüência tanto o método quanto o examina-
tam-se crescendo, moles e móveis. dor caem em descrédito.
406 A TLAS COMENTADO DE ULTRA-SO NOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA

TUMORAÇAO DE PARTES MOLES NA COXA

FiG. 10.1 A, B, C, O E E
Nodu lação sólida no plano intramuscular do bíceps femora!, de
forma ovóide, limites precisos, text ura ccogênica heterogênea
com ecogenicidade média, medindo 6,2 cm de maior diâm etro.
U ltra-sonografia (A).
Image m de resso nância magnética em sagiral TIITI pc e axial
TI /T 1pc que confirmam a tumoração desc rita qu e após exérese
confirmou ser um lipossarcoma (B, C, O e E).

D E
M ON RES JOSÉ G OMES 407

• TUMORAÇÃO DORSOLATERAL DE ANTEBRAÇO PROXIMAL

FiG. 10.2 A, B, C E D
Fotografia de rumoração dorsolateral de antebraço proximal (A).
Ultra-sonografia com texrura ecogênica heterogênea, limites
precisos, forma irregular e bordas regulares, situada entre os
planos musculares dos extensores, ancôneo e supinador (B).
Ressonância axial TI e coronal TI mosrrando a rumoração com a
mesma rexrura do tecido gorduroso e nas demais seqüências não
houve alterações (C e D).

c
408 .. . . A.. TLAS
..
C OMENTADO DE U LTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELf.TICA
. . .. ., . .. , .. . . . . . . . . . . . . . . . .. . ..... .

TUMORAÇÃO DORSOLATERAL DE ANTEBRAÇO PROXIMAL

E _ _ ---' F

G H
FiG. 10.2 E, F, C E H
Imagens cirúrgicas (E, F, G e H) .
No hisroparológico confirmou-se lipoma.
M ON RES ] OSIô G OMES 409

• TU MORAÇÃO NA FACE POSTERIOR DA COXA DIREITA

FiG. 10.1
A, B, C, D, E, F, C E H
Ultra-sonografia com imagens
panorâmicas longitudinal e
transversa, que mosrra volumosa
tumoração sólida com texrura
ecogênica semelhante ao tecido
gorduroso, limires precisos e
bordas lisas, situada
intermuscularmente no plano
B dos isquioribiais medi ndo 26
em de maior diâmerro (A e B) .
O estudo por ressonância
magnética com injeção do
agente paramagnérico
(gadolínio) aqui mostrado nas
seqüências axial T2, TI e TI pc
além de coronal T2, sagital TI e
Tlpc (C, O, E, F, G e H).
Por maior que fosse o rumor,
somente rornou-se perceptível
por ourras pessoa e a paciente
não tinha sinromatologia, após a
ressecção cirúrgica,
D confirmou-se como lipoma.

G H
412 ATLAS C OM ENTADO DE U LT RA-S ONOG RAFI A M USCU LOESQUELÉTICA
................. . ... .. .. ...... .... ,.. ... ..... . .. . .................. .

TUMORAÇÃO DISTAL DO BRAÇO

FiG. 10.6
A, B, C, D, E, F, C, H, I E J
Ultra-sonografia com lesão óssea e
perióstica, hipervascularizada d e LImero
distaI e com derrame articular de cotovelo
(A e B).
Ressonância magnética (C, D, E, F e G).
Radiografia (H e 1).
F Tomografia (J).
Sarcoma sinovial recidivado.

H
MONRES JOSÉ GOMES 413

TUMORAÇÃO NA FACE POSTERIOR DA COXA ESQUERDA

FiG 10.7 A, B, C, D, E E F
Ultra-sonografia com vo lumosa rumoração de
forma ovóide medioproximalmenre na face
posterior da coxa esquerda de limites precisos,
presença de pseudocápsula, conreúdo
predominanremenre sólido e com áreas de
degeneração cística internas e hipervascularizadas
(A). Imagens de ressonância magnética sem e com
agenre paramagnérico, em TI e T2 nos três planos
(B, C, O, E e F).
Confirmou-se sarcoma de partes moles
(flbrossarcoma). F
416 A TLAS COM ENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTI CA

• TU MORAÇÃO SÓLIDA NA FACE ANTERIOR DO ANTEBRAÇO PROXIMAL

o E
FiG . 10. 10 A, B, C, D E E
Fotografia da cumoração (A).
Lado normal (B).
Radiografia de baixa penetração em perfil (C).
Ultra-sonografia mostrando cumoração sólida na face amerior do amebraço proximal, adjaceme, porém não adereme ao plano periosteal
do rádio, com forma arredondada, limites precisos e pseudocápsula, heterogênea (O e E).
O resultado do caso após outros exames, estadiamemo e ci rurgia, foi de leiomiossarcoma.
M ONRES Jose. G OMES 417

• TUMORAÇÃO SÓLIDA NA REGIÃO SUPRACLAVICULAR DIREITA

FiG. 10.11 A, B, C, D E E

Fotografia (A).
U ltra-sonografi a mosrrando rumoração sólida, arredondada, de
limites precisos e textura ecogên ica baixa que determina
com pressão sobre o plexo braquial na região do desfiladeiro
to rácico (B, C , O e E).
Schwanoma.

B c

D E
418 A T LAS C OMENTADO DE ULT RA-SON OGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA

• TU MORAÇÃO GIGANTE NA RAIZ DA COXA DIREITA

FiG. 10.12 A, O, C, O E E
Ultra-sonografia com volumosa rumoração pósrero-medialmenre
na raiz da coxa direira com degeneração císrica por necrose
inrerna, de limires precisos e presentes de pseudocápsula (A).
Ressonância magnérica em TI, TI pc e T2 em rrês planos
(B, C, O e E).
Paciente de 19 anos de idade. O diagnósrico final co nfirmou
rabdomiossarcoma.

E
MONRE5 J 05t Gml E5 419

TUMORAÇÃO SÓLIDA NA RAI Z DA COXA DIREITA

E F

FiG. 10.11 A, D, C, D, E, F E C
Ultra-sonografia mostrand o tum o ração ântero-medi almenre na
raiz da coxa direita, de limites precisos e prese ntes d e
pseudocápsula, além de vári as tum o rações satélites end o que
uma ocasio nava co mpressão do plexo neurovascul ar do rrígon o
femora!.
G Pac iente de 6 anos de idade. Rabd omiossa rco ma.
420 A TLAS C OMENTADO D E ULTRA-SONOG RAFIA M USCULOESQUELÉT ICA

• LESÃO DE PARTES MOLES NO ANTEBRAÇO DISTAL

Fi . 10 14 A, B C, D, E F, C, H [ I
Ulrra-sonografia com lesão císrica inrramllsclllar no plano do flexor profundo dos dedos no
anrebraço disral na face anterior, hipervascularizada, de limires precisos e bordas irregulares
(A, B e C).
Ressonância magnérica coronal T l, T I pc e T2, além de axial Tlpc e T2, confirmanclo a lesa0
com realce cio agente paramagnérico, hipo em TI e hipersinal em T2 (O, E, F, G e H) .
Radiografia em perfil com baixa penerração (I).
Paciente masculino com 16 anos.
Hemangioma cavernoso.
MONRES ] OSf GOM ES 421

. TUMOR DE PARTES MOLES NO BRAÇO DIREITO

FiG. lO.U A, R, C, O, E E F
Fotografi a (A e B).
Ulrra-so nografi a co m lesão sólida inrramuscular no p lano
profundo do múscul o braqui al na face ânrero-lareral do
braço direito, de limites precisos e bo rd as irregulares,
bilobulado (C e O) .
C irurgia (E)
Peça (F) .
Tum or de partes m oles (fi bro ma) .

E ~ __________ ~ __- A ~ ____________________________ ~ F


422 A TLAS C OMENTADO D E ULTRA- SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA

• TUMOR DE PARTES MOLES NA FACE POSTERIOR DA COXA

C D
FiG. 10.16 A, R, C E O
U ltra-so nografia com lesão sólida inrramuscular no plano pro fund o dos isquiotibiais na face posteri or da coxa em seu terço distai com
limites imprecisos e bo rdas irregulares (A) .
Ressonância magnética co ronal T I , axial TI e T I pc (B, C e D ).
Fib rossa rco ma recidivado.
M ONRES J OS~ GOMES 423

• TUMOR DE PARTES MOLES NA NÁDEGA DIREITA

FiG. 10.17 A, B E C
Criança de 1 ano e 8 meses com rumor recidivado em nádega
direita com diagnóstico hisrológico de neurofibroma (A).
Ultra-sonografia confirmando a irregularidade da lesão e a
heterogenicidade inrerna, bem como o volume imenso da mesma
(B e C).

A ,--_.....;

B c
424 A T LAS C OMENTADO D E ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA
. -. . . . ..

• DOENÇA DE VON RECKLlNGHAUSEN

A doença de Von Recklinghausen, neurofibromatose tipo I, primariamente, por neuromas do acústico bilaterais (raramente
é caracterizada por ser de herança autossômica dominante com o unilaterais), que causam sllJdez. Estas lesões podem vir acompa-
seu /ocus genérico situado no cromossoma 17q 11 e é causada nhadas de outras neoplasias intracranianas e paraespinhais como
pela mutação NF 1 que codifica a neurofibromina. gliomas e meningiomas. É um distúrbio também de herança au-
A neurofibromatose tipo I é a forma periférica, que constitui tossômica dominante com /ocus gêmco situado no cromossoma
a mais comum e é caracterizada clinicamente por placas de hi- 22q 11, causada pela mutação do gene NF2 que codifica o pro-
perpigmentação e tumores cmâneos e subcutâneos. As manchas duto merlina.
"café-com-Ieite" presentes desde o nascimento em qualquer par- Paciente do sexo femin ino com 19 anos de idade apresen-
te da superfície corporal, normalmente maiores que 3 cm de diâ- ta-se com dor e claudicação, sensação de cansaço do membro in-
metro, forma irregular e acima de 5 manchas confirmam a doen- ferior esquerdo, além de área de endurecimento, aumento de vo-
ça. Os tumores curâneos e/ou subcurâneos, únicos ou múltiplos, lume e dor na face posterior da coxa esquerda. Observamos ain-
consistem em neoplasias das bainhas nervosas (bainha de S- da nesta paciente a presença de várias manchas "café-com-Ieite"
chwann), chamados neurofibromas podem surgir em qualquer (desde o nasci mento) no dorso, nádegas, ombro, abdome e co-
parte ao longo das fibras dos nervos periféricos. Estes podem tor- xas. Neste caso específico é um neurofibroma que manifestou-se
nar-se muito grandes, causando desfiguração significativa, des- como uma verdadei ra neoplasia onde a proliferação das células
truição anatômica e funcional de um nervo, erosões nos ossos e de Schwann ocorre a partir da parte interna da bainha nervosa
compressão de várias estrururas nervosas periféricas. U ma carac- produzindo, assim , uma estrutura sinuosa com deformidade e ir-
terística coi ncidente em quase todos os pacientes é a presença do regularidade e espessamento ao longo do trajeto do nervo ciático.
nódulo de Lisch (pequeno hamartoma encontrado na íris). Com esta apresentação clínica e anatomopatológica, dá-se o ter-
A neurofibromatose tipo II (central) normalmente tem mo neuroma plexiforme.
poucas manifestações cutâneas e subcutâneas e caracteriza-se,
.................................... ........ . ... .. .... . l\iION[tES )OSE C OMES ..... 425

Ulrra-sonografia (A e C ).
Fowgrafias (B, C e D).
Ressonância magnética (E, F, H e I).
Cintilografia óssea de corpo total (J e K).
426 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA

DOENÇA DE VON RECI<UNGHAUSEN

H
LI
...
O
LI
CI
~
liI
8.

FiG. 10.18
J K (Continuação)
M ONRES J OSÉ G OMES 427

SCHWANOMA DE PAREDE ABDOMINAL

sr -o.!!

D~;t"
\11)

;MlE

FiG. 10.19 A, B, C, D, E, F, G, H E I
Ulrra-sonograna mostrou o rumor, mediu e determinou o número de nódulos, a localização exata e as suas relaçóes anarômicas. Viu
também a textura interna sólido-cística, o grau de vascularidade baixa e a presença da cáps ula (A, B e C).
Ressonância , com tumor mulrilobulado e com injeçáo do agente paramagnérico (gado línio) houve realce intenso (O , E e F) .
Tomografia confirmou tumor e definiu a localização, com suspeira de sa rcoma de partes mo les (G).
Cirurgia (H ) peça (l) .
428 ••••• • ••• • •••••• ••• , . ... . ... .... . ....
A TLAS C OMENTADO DE U LTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELt.TICA
o-o •••••••••••••••••••• • • • •••• •••••• •• • ••••• • •••••••• , •••••••••••••••••••••••••• • ••• • •• • •••• •

SCHWANOMA DE PAREDE ABDOMINAL

o Schwanoma, também chamado de Neurilemoma, é uma ASpECTO MACROScópico


neoplasia encapsulada que se origina na bainha do nervo, os lo- Encontramos nove nódulos arredondados de tamanho vari-
cais mais freqüentemente acometidos são a cabeça, o pescoço e as ado, uns coalescidos, e todos de consistência amolecida com as-
superfícies flexoras das extremidades, sendo pouco freqüente em pecto sólido e cÍstico, de coloração amarelada e com cápsula pre-
sítios profundos, onde há predominância pelo mediastino poste- sente. A exérese foi muito fácil e praticamente por divulsão digi-
rior e retroperitônio. Este rumor acomete indivíduos de ambos tal após a incisão e diérese do reto abdominal. A localização real-
os sexos, em qualquer idade e mais comum entre os 20 e 50 anos mente confirmou-se entre os planos do músculo transverso e o
de idade. peritônio.
Geralmente ocorre de forma solitária, porém lesões múlti-
plas podem fazer parte da neurofibromatose (doença de von
ASp ECTO MiCROScópico
Recklinghausen).
O schwanoma quando situado em planos mais profundos Cortes de tecido com fragmentos nodulares exibindo proli-
cresce de modo insidioso, com grandes massas tumorais, que feração de células de núcleos regulares alongados em meio a es-
quando maiores podem apresentar alterações degenerativas troma com aspecto fibrilar. Existem áreas altamente celulares
como cistos, hemorragia, calcificações e hialinização. (Amoni A) com formação de corpos de Verocay e outras com es-
Paciente do sexo feminino, 40 anos de idade, procurou o troma mais frouxo (Antoni B). Confirmando o diagnóstico de
serviço por apresentar tumoração palpável endurecida na barriga Schwanoma.
que vinha com dor esporádica e discreta e somente tornou-se O Schwanoma é um rumor de crescimento lento, sendo dor
perceprível há 1 mês. A história obstétrica consta de três aborra- ou comprometimento neurológico, manifestações tardias so-
mentos e um cesariana, esta há 4 anos. Nos seus antecedentes mente quando a lesão atinge grandes dimensões e causa com-
nega tumorações, e mesmo em membros de sua família. O trân- pressão de estruturas vizinhas. É uma neoplasia benigna de bom
sito intestinal livre e todas as funções orgânicas normais. No exa- prognóstico e com tratamento que exige a ressecção cirúrgica to-
me físico observou-se massa palpável na topografia da fossa ilíaca tal do tumor. Raramente maligniza e quando acontece normal-
e flanco direito multinodular, endurecido, indolor, situada e ade- mente está relacionado com a neurofibromatose. O aparecimen-
rida no plano profundo da parede abdominal e com plano su- to deste tumor na parede abdominal anterior é caso raro na lite-
perficial móvel, que media cerca de 10 cm de maior diâmetro na ratura.
palpação.
M ONRES J OSÉ G OMES
.. . . . . ...... . .. .. . ...... .... . . ........... ................... . .............
429

SARCOMA SINOVIAL

A
FiG. 10.20 A E B
Paciente do sexo feminino , 29 anos de idade com hipersensibilidade e dor sem história de (fauma na face ântero-Iateral do terço distai da
perna .
Ultra-sonografia mostrando pequena formação hipoecogênica aderida ao plano da fáscia muscular do compartimento lateral da perna. A
hipótese diagnóstica aventada foi de um neuroma do ramo cutâneo anterior do fibular superficial (A) .
C irurgia mostrando pequena tumoração de consistência endurecida aderida à fáscia muscular do fibular curto (B).
Na hisroparologia os dados foram inconclusivos inicialmen te e com a imunoisroquímica confirmou sarcoma sinovial.
Este rumor comumente envolve os membros inferiores e em 90% tem localização extra-articular. Ocorrem em pacientes na faixa de 15 a
35 anos de idade. O padrão hisroparológico é bifásico, ora com cél ulas epiteliais, ora com células em fuso, e 15% dos casos com pontos de
calcificação internos.
A provável origem celular está na célula mesenquimal muJriporencial. Os linfonodos são os órgãos alvos na propensão das metástases.
430 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA

TUMOR DE CÉLULAS GIGANTES

Paciente do sexo masculino, 28 anos, trabalhador rural mente distribuídas por todo o tecido tumoral. Encontra-se rela-
com dor e aumento de volume na face póstero-lateral do joelho tivamente pouco colágeno. Estão freqüentemente presentes á-
direito. reas de alterações hemorrágicas e regressivas, tais como necroses,
A definição da OMS para o TCG: "tumor agressivo, carac- fibroses e reações fibroisriocíticas , especialmente em tumores
terizado por tecido ricamente vascularizado, constituído de célu- maiores ou de longa duração". Este tumor pode ser classificado
las ovóides ou fusiformes, volumosas, e pela presença de nume- como B3, pois tem características especiais como agressividade,
rosas células gigantes do tipo osteoclástico, que são uniforme- alto índice de recidivas e até metástases.

A B

FiG. 10.21 A, B, C, D
Ultra-sonografia (A e B).
Radiografia (C e D).
MONRES J OSÉ GOMES 431

E F

G H

FiG. 10.21 E, F, C, H E I
Ressonância magnérica (E, F, G, H e 1).
432 A TLAS C OMENTADO DE ULTRA-SO NOGRAFLA M USCULOESQUELÉTICA
.... ... . . ... . . .......... ....

OSTEOCONDROMA

Osteocondroma é uma neoplasia cartilaginosa benigna con- para o acometimento é de 10 a 25 anos, não tendo p redom inân-
sistindo em um pedíc:u1o de osso exostótico normal revestido por cia para os sexos. Podem ser focais o u múltiplos (osteocondro-
um capuz de células cartilaginosas proliferativas. Ocorre fre- marose) e raramente maligniza.
qüentemente próximo às extremidades dos ossos longos. A idade

FiG. 10.22 A, B, C, D, E E F
Radiografia (A e F).
Cirurgia (C, D e E) .
Ultra-sonografia mostrando que
existe sempre um revestimento
cartilaginoso como um "chapéu"
em torno do componente
exostótico (8).

D
MONRES JOSÉ GOMES
. . . . , , . .. ., . .... . ,. .,. . ...,
433

LEITURA RECOMENDADA

I . Bado JL, Ibarz PI. A propósito del osteoma osteóide de Jaffe. Rev 14. Jaffe JL, Lichtenstein L, Portis GB. Gianr: cell rumour ofbone: its
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Capítulo 11

MISCELÂNEA
436 A T LAS COM ENTADO DE ULT RA-SO OG RAFIA M USCULOESQUELfTICA

• INTRODUÇÃO

Todos os ultra-sonografistas certamente esperam em um li- apresentar mais alguns casos, não totalmente relacionados com
vro específico como um atlas o maior número de casos comple- os dez primeiros capítulos desta obra, que serão exibidos nesta
tos da experiência do autor, por isso sentimos-nos estimulados a miscelânea.

• CISTO SEBÁCEO

A glândula sebácea é formada por invaginação do folículo PRiNCipAis pATOloqiAS


piloso e o seu canal excretor desemboca lateralmente ao folículo,
• Distúrbio da produção do sebo, seborréia ou sebostase.
fazendo parte um do outro. As palmas das mãos e as plantas dos
pés não possuem glândulas sebáceas. Essas glândulas são halócri- • Comedões (cravos) .
nas e segregam um líquido amarelo fluido (sebo) composto prin- • Processos infecciosos, foliculite com abscessos.
cipalmente de ácidos graxos e g1icérides. Várias condições influ- • Esteatocistoma múltiplo (cistos sebáceos).
enciam na produção do sebo, como genéticos, constitucionais, O cisto sebáceo é muito freqüente na região do dorso e é
fases da idade, fatores endócrinos, alimentares. Uma rica flora proveniente de obsnução de uma glândula sebácea e dilatação
habita os folículos sebáceos: bactérias (estaphilococcus epidenni- cística da mesma sem haver comunicação com a superfície cutâ-
dis) , leveduras (Pityrosporum oval.e) e ácaros (demodex joificulo- nea. Geralmente manifesta-se após a puberdade, de localização
rum). Estas glândulas têm a função combinada com as gorduras cutâneo-subcutânea, medindo até 2 cm de maior diâmetro.
da pele e suor de lubrificar com o sebo como se fosse um filme O tratamento é cirúrgico com extirpação do cisto, e o prog-
superficial sobre a pele e fâneros. nóstico é sempre bom.
M ONRES JOSÉ GOMES 437

FiG. 11.1 A, 8, C, D E E
Cisto sebáceo superficial.
Fotografia (A).
Ultra-sonografia (B e C) .
C isto sebáceo antes e depois da drenagem por expressão digital,
ultra-sonografia (D e E).

o E
438 A TLAS Cmm TADO DE U LTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELt.TI CA

CISTO SEBÁCEO

F _ ____ _
G

H'--_ _ _

FiG. 11.1 F, C, H, I E J
Cisro sebáceo profundo com fístula ainda fechad a.

J_~
Forografia (F).
Ultra-sonografia (G ).
Cirurgia (H ).
Peças (l e J).
M ONRES ] OSf G OMES 439

• NEUROFIBROMATOSE TIPO I

Notar mancha congênita "café-com-leite" na região dorsal


esquerda e, sob a mesma, nódulos sólidos de baixa ecogenicida-
de, os neurofibromas (doença de Von Recklinghausen).

flG. 11.2 A, B, C ( D

Fotografia (A e B).
Ultra-sonografia (C e D).
440 A TLAS COMENTADO DE ULTRA-5 0 OGRAFIA M USCULOESQUELÜICA

COLOBOMA AURIS (COLOBOMA DO LÓBULO DA ORELHA)

ocoloboma é um defeito congênito patológico devido ao dolorosos, e normalmente o staphywcoccus aureus é o agente pa-
fechamento incompleto da fissura auricular, situado anterior- tógeno.
mente ao lóbulo da orelha que cursa com abscessos de repetição,

FiG. 11.1 A, B E C
Forografia (A) .
Ultra-sonografia (B e C).

c
MOI RES ]OSf GOMES 44 1

• NEUROMA DE PAREDE ABDOMINAL

I
A

C ~...........:::..o....;....'I- .1iotYl1Iii D
FiG. 11.4 A, B, C E D
Paciente do sexo feminino, 13 anos de idade apresentando dor intensa na região da fossa ilíaca e flanco direiros e sem outros sinais
sistêmicos. Palpação superficial intensamente dolorosa e Tine! positivo. A imagem ulrra-sonográfica de nódulo sólido hipoecogênico
circundado pelo tecido gorduroso celular subcutâneo (A).
Fotografias da cirurgia (B, C).
Peça (O).
Confirmou-se neuroma de ramo cutâneo do nervo intercostal .
442 A TLAS C OMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTICA

• GRANULOMA DE PONTO

FiG. 11.~ A, B E C

Pacieme do sexo feminino, 26 anos de idade apresemando dor


imensa na região hipogástrica. no lado direito da zona
subcicatricial da incisão de pfanniestiel com 6 meses de
pós-operatório.
A ultra-sonografia mostrou bem a pequena nodulação
sólido-cística subcicatricial sobre o plano aponeurótico (A e B).
A suspeição imediata recaiu sobre endometrioma ou granuloma
de ponto.
Fotografia do procedimento cirúrgico (C ).
Peça (O).
c Confirmando granuloma de ponto.
M ONRES ]osf GOM ES 443

• ESTEATOCISTOMA MÚLTIPLO (CISTO SEBÁCEO PROFUNDO)

A
FIG 11.6 A E B
Pacienre do sexo feminino, 69 anos de idade apresemando tu moração na pele e subcu tâneo da região escapular dire ita.
A imagem ulrra-so nográfica de wmoração de baixa ecogen icidade e área cemra] cística além do refo rço acllstico pos terior (A) .
Peça cirúrgica ressecada com cápsula, conreúdo interno pastoso e com odo r desagradável (B).
Co nfirmou cisto sebáceo .

• HEMANGIOMA DE REGIÃO LOMBAR

Fie. 11.7 A ( B
Lesão azulada sob a pele da região lombar esquerda. Ultra-sonografia (A), ressonância magnética (B) confirmando hemangioma
cavernoso.
444 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFlA M USCULOESQUELÉTICA

• CISTO NA ESTERNOCLAVICULAR

A B

FiG . 11 .8 A, B E C
As du as porções (estern al e c1avicular) do esternocleidomasróideo
(A).
C isto artrossinovial da esternoclavicuJar (B) .
Distância entre a articulação esrernoclavicular e a arréria
c subclávia (C) .
M ONRES J OSÉ G OMES 445

NEVO MELANOc íTI CO JUN CIONAL

FiG. 11.9 Ar B E C
Lesão melanodérmica focal que se esrende para roda a alrura da
derme e envolve o subcurâneo provocando rerração.
Forografla (A e B).
Ulrra-sonografla (C) .

c
446 A IMS C OM DITADO DE U LTRi\-SONOG RAcFli\ M USCULOESQUE LtTICA

= DERMATOMIOSITE

A dermatomiosite é uma doença progressiva ca.racterizada dos, e o tecido muscular afetado mostra-se com degeneração de
por fraqueza muscula.r proximal e simétrica com erupção cutâ- suas fibras e reação inflanutória crônica. Afeta mais crianças do
nea determinando eritema vermelho-púrpura na face, edema sexo feminino e pode ocorrer em adultOs q uando associado a al-
palpebral e calcinose de pele e subcutâneo, bem como dos ten- gum tipo de ca.rcinomatose.
dões e fáscias. Os níveis séricos de enzimas musculares são eleva-

B c

FiG. 11.10 A B. C. O ( E
Paciente do sexo feminino ,
13 anos de idade.
Ultra-sonografia, mostrando
calcinose de pele e
subcutâneo com sombra
acústica posterior (A, B e C).
Radiografia, onde
idenrificamos inúmeros
focos de calei nose SLl perficial
o E e profunda (O e E).
•••••••••• •• • •
M ON RES JOSt. G OMES
• •• • ••• • • • •••• o • • • •
447

ERISIPELA

A erisipela é uma celulite cutânea superficial, aguda, especí- • Interna: vagina, útero, peritônio, específica do puerpério.
fica, causada por estreptococos beta-hemolíticos. Clinicamente
apresenta-se com erupções vermelhas, endurecidas e bem defini-
• Persistente da foce: erupção vermelho-escura crônica da face.
das além de febre e outros sintomas sistêmicos de toxemia. Ocor- • Ffegrnonosa: caracterizada pela invasão do tecido subcutâneo
re principalmeme nas pernas, via de regra, no terço distal. e formação de abscessos profundos.
Classificação quanto à forma clínica:
• Pustulosa: com pústulas na área da erisipela.
• Migratória: migra e dissemina amplamente na superfície do
corpo. • Cirúrgica: causada por infecção de ferida operatória.

FiG. 11 . 11 A [ B
Erisipela tipo flegmonosa (A).
B Erisipela tipo pusrulosa (B) .
448 A TLAS COMENTADO DE U LTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELf.TICA

• CISTO EM PERNA (ARTEFATO EM ESPELHO)

FiG. 11.12 A, B E C
Fotografia mostrando área de tumoração na face amerior da perna esquerda em
seu terço médio, tratava-se de um cisto sinovial (condição rara nesta região) (A).
Ultra-sonografia longitudinal (B) e transversal (C) mostrando o cisto e o artefato
e m espelho provocado pela imerface corrical da tíbia.

B c
MO NRES JOSÉ GOM ES 449

• IMPLANTES SUBCUTÂNEOS PARA HORMONOTERAPIA FEMININA

A B

c D
FiG. 11 1} A, B, C E O
Nesre caso o implante esrá bem posicionado no subcutâneo da face media i do braço (A e B). No caso seguinre, ex isre pequ eno seroma
envolvendo o implanre e determinando processo inflamarório e dor (C e D).
A ulrra-sonografia mosrrou-se eficiente também em casos onde houver ourras complicações co mo infecção o u mi gração do implante .
450 A TLAS C OMENTADO DE U LTRA.50 OGRAFIA M USCULOESQUELfTICA

ABSCESSO DE NÁDEGA

FiG . 11 .14 A E B
o abscesso é uma coleção circunscrita de exsudaro purulento
freqüentemente associada a sinais de flogose. Neste caso
apresentou-se peribursal na região trocanteriana e era do tipo
purulento associado a caseoso e também gasoso com odor intenso,
e o agente infeccioso era enterobacter aerogenes. A extensão do
abscesso foi definida ultra-sonograficamente e atingia a região
glútea (A). A fotografia mostra edema e flogose em toda a região
comprometida (B).
MONRES J OSt. GOM ES 451

CISTO LIPíDI CO IATROGÊ NI CO

Coleção circunscôta de tecido gorduroso degenerado em forma de um cisto. Ocorreu que esta paciente foi operada e houve indicação de
enxerto de tecido gorduroso de outra região do corpo para preencher área de afundamento fibrótico pós-traumático na coxa esquerda .

• PRÓTESE DE NÁDEGA

FiG·l1.16
As pró teses atuais para as nádegas apresentam ecos de reverberação mínimos no plano superficial pela impedância inicial de sua
membrana. Neste caso, bem posicionada e sem complicações.
452 ATLAS CO~IENTADO DE UlTRA-SONOG RAFIA M USCULOESQUELtTICA

• PRÓTESES DE NÁDEGAS (COMPLICAÇÕES)

A B

D
Fi _ 11 17 A. a, c ( o
Prótese luxada, note a presença de duas imagens de prótese em uma mesma nádega, ocorre que houve a luxação com dobra da prótese
(sinal da dupla prótese) (A).
Prótese bem posicionada, complicada com seroma periimplante (B).
Área de retirada de uma prótese que infectou; note a presença de intensa celulite purulema com fístula de drenagem (C).
Paniculite focal na profundidade do tecido celular subcutâneo da nádega provocada por injeção medic.1menrosa inrramuscular aplicada
com agulha curra (D).
M ONRES Jost G OMES 453

CORPO ESTRANHO VíTREO (NO ANTEBRAÇO)

c B

FiG. 11.1 8 A, B, C E D
Paciente vítima de acidente automobilístico e com
lesão suturada no antebraço em terço médio-distaI.
Com dor e área endurecida subcicarricialmente
após 90 dias do acidente. A ultra-sonografia
mostrou o corpo estranho com artefatOs de
reverberação intensos que, aliado à história, definiu
o diagnóstico (A).
A radiografia também individualizou bem o corpo
estranho (8 ).
Imagens cirúrgicas (C e O ).
454 ATLA S COMENTADO DE ULTRA-SO NOGRAFIA M USCULOESQUELt.TICA

• ADENOM EGALlA

A B
FiG. 11.1 9 A E B
o aspecto ulrra-sonográflco de um linfonodo aumentado de volume (Iinfadenopatia) com a área medular hipoecogênica e a có rrex ma is
ecogên ica com a forma elíptica, limites e contornos bem definidos (A e B) .

• IMAGENS PANORÂMICAS

A B
FiG. 11 .20 A E B
Imagem pano râmi ca da muscu lawra da região paraverrebral direita (A) .
Imagem panorâmi ca da nádega direita com paniculite focal pós-inj eção intramuscular ap licad a no subcutâneo (B).
MO NRES JOSt GOMES 455

COCCIDíNIAS

A B
FiG. 11.21 A E B
Ulrra-sonografia com transdutor longitudinal mostrando o cóccix e uma nodulação adjacente em fase de encistamento com forma
arredondada. Nesta fase a dor é a principal característica (A). OutrO caso de coccidínia pós-traumática onde uma lesão fibrótica foi
identificada póstero-superiormente ao cóccix (B).

FiG. 11 .22 A E B
Um caso de abscesso pós-injeção medicamentosa em fase de resolução no glúteo máximo no quadrante superior e externo da nádega
esquerda.
Ultra-sonografia (Al.
Resson ância magnéric ! (B).
456 ATLAS COM ENTA DO DE ULTRA-SONOGRAFIA M USCULO ESQUELtoTICA

• RASTREAMENTO DO NERVO CIÁTI CO

B c
FiG. 11.2} A, B, C E D
o rastreamento do nervo ciático
deve ser iniciado no terço médio da
coxa, onde o transduror é colocado
transversalmente, e o nervo é
individualizado entre a cabeça longa
e a cabeça profu nda do bíceps (A).
Em seguida, o transduror deve se r
virado longitudinalmente, e ago ra já
com visão direta no nervo (B). D este
ponro em diante pode-se fazê-lo
ranto para proximal como para
distai (C). Neste caso o rastreamenro
foi fe iro para proximal até a zona de
o sua eme rgê ncia na nádega entre o
múscu lo piriforme e o gêmeo
superio r (O).
MO NRES Jost GOMES 457

SíNDROME DO PIRIFORME

A síndrome do piriforme é responsável por muitos casos de O tratamento para esta síndrome é eminentemente conser-
ciatalgia atípica. O paciente queixa dor em toda a nádega, quan- vador com analgésicos, anti inflamatórios, fisioterapia, repouso e
do a compressão está sobre o nervo glüteo inferior que é o res- evitar sentar-se sobre a nádega comprometida. Infiltração de cor-
ponsável pela inervação do glüteo máximo. Nestes casos, a dor ticoterápico (triancinolona) guiada por ultra-som, em mãos ex-
não irradia distalmente, e a hipotrofia de glüteo máximo pode perientes, pode surtir resultado benéfico e pode ser desastroso
ocorrer nos casos mais graves e sem o tratamento adequado. Qu- com acidente de punção ou mesmo hemorragia e infecção.
ando a dor é nos quadrantes inferiores da nádega e tem irradia- A opção por cirurgia é medida válida quando todas as op-
ção para o trajeto do ciático, poderemos estar diante de uma ções conservadoras realizadas falharem. E a técnica consiste basi-
compressão do nervo ciático por fibrose ou por tensão e espessa- camente em uma incisão lateral com o objetivo de soltar o ten-
mento do müsculo piriforme em sua borda inferior. dão dos rotadores na fossa do piriforme, posteriormente e supe-
riormente no grande trocânter.

A B
FiG. 11 .24 A E B
Ultra-sonografia mostrando a zona da emergência do nervo ciático entre o piriforme e o gêmeo superior. O músculo piriforme por
trauma direw ocasionando fibrose , como neste caso, ou por trauma repetitivo e prolongado (uso de carreiras no bolso posterior da calça)
que causa espessamento da borda inferior deste n~úsculo e tensão crônica no mesmo o que acarretará compressão ex trínseca no ciático ou
no seu ramo mais próximo àquela região, o nervo glúteo inferior que é quem inerva o músculo glúteo máximo.
458 A TLAS C OMENTADO DE U LTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELt.TICA
... ... ..... .. .. ........ . ............ . ..... ................ .... ....... ,.......... . ....

AVALIAÇÃO ULTRA-SONOGRÁFICA DO ANTEBRAÇO

A avaliação ultra-sonográfica do antebraço não deve ser ape- tura extensora, o ancôneo e o músculo supinador são individua-
nas direcionada para as suspeições clínicas, devemos seguir um lizados. Sabemos que entre as fibras do supinador passa o nervo
protocolo previamente estabelecido onde alcançaremos com radial profundo que ao penetrar no músculo passa sob a arcada
avaliação objeciva o maior índice de acerto. de Frohse, estrutura fibrócica que pode determinar compressão
Inicialmente rastrearemos a face anterior em transversal des- sobre o nervo. Para este estudo, devemos trabalhar com o ganho
de o cotovelo até a borda inferior do músculo pronador quadra- aumentado em nosso equipamemo, de forma que o nervo radial
do, desta forma observaremos o compartimento do flexor super- profimdo se torne evidente tomando forma arredondada e pe-
ficial dos dedos, palmar longo, flexor radial do carpo e flexor uI- quena e hipoecogênico em relação às demais estruturas (A, B, C
nar do carpo. O compartimento do flexor profundo dos dedos é e O). Com a avaliação comparativa, com a história clínica e exa-
individualizado, e o nervo mediano torna-se visível como uma me físico , e com o espessamento do nervo tornado-se maior em
estrutura hiperecogênica entre estes compartimentos. Observa- relação ao lado comralateral (síndrome do interósseo posterior).
remos distalmente o pronador quadrado como uma massa mus- Na seqüência, rastreamos transversalmente até o punho, de
cular entre o rádio e a ulna, delimitando topograficameme o an- oLho na membrana interóssea, pois em algumas circw1stâncias
tebraço do punho. O pronador redondo é estudado proximal- esta poderá fornecer imagens importantes como lesão extensa,
mente já no plano longitudinal, partindo do rasU"eamento do relacionada com fratura cominutiva da cabeça do rádio e disjun-
nervo mediano no terço médio do antebraço, então é someme ção da radioulnar distal (fratura de Essex-l.opresti). Outra altera-
seguir o mediano até enconU"ar o pronador redondo e, peneu'an- ção incomum e quando presente pode ser vista ultra-sono-
do entre as suas duas cabeças do mesmo. Neste ponto devemos graficamente é a sinosrose (calcificação e ossificação da membra-
ater para a possibilidade de compressão extrínseca do mediano na interóssea), resultante de complicação de fraturas da diáfise
por fibrose ou por espessan1ento da cabeça superficial deste mús- dos ossos do antebraço.
culo (síndrome do pronador redondo). No terço distal, antes do pW1l1O ainda poderemos observar na
O nervo mediano pode ainda sofrer compressão proximal intersecção do segundo com o primeiro compartimentos sinais de
no antebraço por espessamento da fáscia proximal disposta em espessamento sinovial e dor, provocados por aU"ito nos movimen-
arco do flexor superficial dos dedos (síndrome do imerósseo an- tos de sobrecargas ativa e passiva (síndrome da intersecção).
terior) . Seguindo o nosso protocolo rastrearemos o nervo media- O rastreamento longitudinal é efetivo quando buscamos es-
no no sentido longitudinal até o túnel cárpico, além de possíveis tudar causas pós-U"aumáticas como lesões tendíneas e muscula-
compressões, lesões traumáticas ou tumorações são oportunida- res, lesão nos nervos e estudo das osteossínteses com placa e para-
des de estudo neste seguimento do nervo. fusos .
Na face dorsal O rameamento deve ser feito de proximal O restante do estudo deve ser direcionado para a suspeita
para distal, inicialmente no sentido transversal onde a muscula- clínica.
lv1 ():-';RE~ J OSf GO,\ lf\ 459

A
460
......... . .. ..... . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . .. ...
A TLAS C OMENTADO DE U LTRA-SONOGRAF LA M USCULOESQUELfTICA
. ................... . . . . .. . ...... . ..... .

SíNDROME DO SUPINADOR (SíNDROME DO INTERÓSSEO POSTERIOR)

G H
FiG. 11 .2:; G E H

Ultra-sonografia em dual mostrando o supinador à direita e à esquerda com aumenro na curva de ganho total onde evidenciamos a arcada
de Frohse sobre o nervo radial profundo (G).
A borda aponeurótica do supinador (arcada de Frohse) espessada, provocando compressão sobre o nervo radial profundo (nervo
interósseo posterior) (H) .
M ONRES J OSÉ G OMES 461

PSOíTE

A psoíte raramente ocorre primariamente e quando presen- músculos psoas e provoca a psoíte com o abscesso que desce clisse-
te o agente mais comum é o stafilococcus aureus. Entretanto, a for- cando paralelamente ao plano do músculo. Com o aparecimento
ma secundária é a mais freqüente, e a doença de Pott é a responsá- da AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) este tipo de
vel pela maioria das ocorrências. Esta doença caracteriza-se pela in- psoíte está mais freqüente. A ultra-sonografia mostra-se eficiente
fecção dos corpos vertebrais na transição toracolombar pelo bacilo para complementar este cliagnóstico.
da tuberculose. A destruição anterior dos corpos vertebrais e cliscos A racliografia simples, a tomografia computadorizada e a resso-
intervertebrais provocando cifose é a característica racliográfica nância magnética também são usadas com eficiência para estes ca-
mais importante. O abscesso formado disseca entre os corpos ver- sos.
tebrais e o ligamento longituclinal anterior, até que fimJiza para os No caso abaixo, psoíte estafilocócica:

A B

c ._0

,(' 'mal (A) lado alterado (B) ressonância magnéúca \C e D) órurgia (E e F) .


UI tra-sonograna nOl
462 A TLAS C O M ENTADO DE U LTRA-SONOGRAFIA M USCULOESQUELf TI CA

LOMBALGIA PÓS~TRAUMÁTICA

FiG. 11.27 A E B
A lombalgia pós-craumárica pode ocorrer somenre na fase aguda ou
cronicamenre conforme o caso acima onde um ponro doloroso na
palpação foi esrudado e observamos uma área de fibrose e conrrarura
fixa na muscularura paraverrebral. Foi realizado punção guiada por
ulrra-som e infiltração de anesrésico local associado a
anriinflamarório esreróide (rriancinolona), que resolveu a dor e
conrrarura de forma definiriva. Mais uma imporranre urilidade do
mérodo ulrra-sonográfico.

B
M ON RES JOSt. G OMES 463

ULTRA-SONOGRAFIA E A ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR

A ATM está localizada emre o côndilo da mandíbula e a fos- um método mais acessível vem ganhando valor a cada dia e com
sa mandibular do osso temporal, é classificada como cüartrocüal a evolução tecnológica dos equipamentos aliada ao treinamemo
sinovial e tem a cápsula constituída de tecido conjuntivo frouxo técnico dos examinadores.
que permite os movimentos do côndilo (translação, protrusão, Com a boca fechada o cüsco está dentro da fossa temporal, e
retração e excursão látero-lateral mandibular). Existe ainda o cüs- a medida que vai acomecendo a abertura da boca, o côncülo
co articular (menisco) que divide a articulação em um grande es- mandibular faz a sua translação anterior, e o disco faz a sua redu-
paço articular superior e um espaço menor inferiormente. Este ção para a fossa mancübular.
disco fibrocartilaginoso é bicôncavo e mede 2 mm de espessura
na banda anterior, 1 mm de espessura centralmente e 2,8 mm na PATOlOGiAS
banda posterior.
• Distúrbios internos - deslocamento do menisco, disco ade-
A avaliação com ressonância magnética é consagrada como rido, perfurações do disco e alterações degenerativas.
o melhor método atual para o estudo desta articulação. A ul- • Traumatismos.
tra-sonografla por favorecer dinâmica em tempo real e por ser • Osteoartrite.

A B

C D
FiG. 11 .28 A, B, C E O
464 ATLAS C OMENTA DO DE U LT RA-SONOGRA FI A M USCU LOESQUE LÉTICA

TORCICOLO MUSCULAR CONGÊNITO

A B
FiG . 11 .29 A E B
o torcico lo muscular congênito pode ser perfeiramenre eswdado por ulcra-sonografia, e a imagem padrão enconrrada é do músculo
esrernocleidomasróideo mais afilado em relação ao lado conrralareral e com faixa fibrórica inrerna evidenre.

FALÊNCIA DE OSTEOSsíNTESE COM SOLTURA DE PLACA

A B
FiG. 11 .lO A E B

o rasrrearnenro longitudinal observamos solrura proximal da placa merálica de osreossínrese. A ulrra-sonografla serve também para
esrudar o calo ósseo nas suas fas es, posição de enxertoS , estudo de regen erado ósseo e complicações infecciosas.
MONRES JOS!: GOMES 465

FIOS DE SUTURA MUSCULAR COMO EFEITO ARTEFATUAL

A B
FiG. 11.11 A E B

Alguns [ipos de fios de su[Ura inabsorvíveis podem ser visros na zona de smura como pomos hiperecogênicos com sombra acúsrica
pos[erior e simulando microcalcificações. Com o ras[reamemo perpendicular ao plano anteriormeme observado podemos visua lizar o fio
de sutura em planos oblíquos ou longitudinais.

A ULTRA~SONOGRAFI A NA LOCALIZAÇÃO DE PAF

A B
FiG. 11.n A E B

Os projéteis por arma de fogo (PAF) são facilmente identificados por radiografia, porém a ultra-sonografia é capaz de idemificar
até mesmo o plano anatômico do PAF e medir com exatidão a distânc ia deste com a pele ou com OUtrO pomo de referência
regional importante para o planejamento cirúrgico.
466 A TLAS COMENTADO DE U lTRA-SONOGRAFlA M USCULOESQUELÉTICA

MIOENTESITE DE SERRÁTIL ANTERIOR E FRATURA COSTAL OCULTA

FiG. 1 LH A E B
Nos quadros de dor aguda pós-traumática na região costal, a
ultra-sonografia pode ser útil em várias oportunidades, como aqui ,
onde observamos mioentesite de serrátil anterior, em lutador de
"vale-tudo" (A) e também um caso de dor após acidente
automobilístico com radiografia normal nas incidências realizadas e
ulrra-sonografla mosrrando o rraço de fratura costal (B).

B
M ON RES J OS~ G OMES 467

• BURSITE TROCANTERIANA

A B

FiG. 11.14 A, B E C
o quadril possui três bolsas mais imporranres, sendo a bolsa
iliopecrínea situada anteriormenre entre a cápsula ileofemoral e o
músculo psoas-ilíaco. As outras duas bolsas são a trocanreriana
profunda e a peritrocanreriana. Uma vez visualizada e com
líquido internamente ou calcificações, está caracterizado o
quadro ecográfico de bursite. Neste caso trouxemos um quadril
normal (A) c bursitc trocantcriana com discreta calcificação (B).
c Tendi nire insercional dos glúteos médio e mínimo (C).
468 ATLAS COMENTADO DE ULTRA·SONOGRAFIA M USCULOESQUELÉTI CA

BURSITE ILlOPECTíNEA

FiG. 11.n A E 8
Quadril normal na face anrerior (A). Bursire íliopecrínea (B).

B
469

CISTICERCOSE MUSCULAR

A B

A cisticercose é a designação da infesração do organismo humano pela larva da rênia . A imporrância na patogcnia es tá na dependência da
gravidade da localização do parasita nos recidos. No músculo a forma mais comum encontrada é de microcalcificações em forma de grão
de arroz, com cisricercos morros envolvidos por fina membrana fibrosa . Entretanto, pode ser observado na fase viva do cisticerco a forma
cística (forma racemosa) como oco rre nos ventrículos cerebrais.
Neste caso a musc ularura do vasto mediai foi co mpro merida, e a imagem cística de forma elíptica foi identificada ecograficame nte (A e B)
e na imagem de ressonância magnérica (C e D).
470 A TLAS C OMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFLA M USCULOESQUELtTICA

CISTICERCOSE MUSCULAR

FiG. 11.17 A, R, C E D
Outro caso de cisticercose muscular com cisticerco vivo na forma racemosa, situado no plano muscular entre o bíceps e o tríceps no
braço.
Ul tra-sonografia (A e B).
Cirurgia com dissecção do cisto (C) e ressecção do cisto, mostrando o nervo radial dissecado sob a lesão (O).
MON RES JOSIÔ GOMES 47 1

=PIODERMITE

A B
FiG. 11 .l8 A E B
o impetigo é uma piodermite superficial contagiosa causada pelo Staphyfococcus aureus e/ou estreptococos do grupo A, começando como
uma vesícula Aácida superficial que sofre ruptura e forma uma crosta amarelada espessa, ocorrendo mais comumente em crianças.
Neste caso fomos chamados para identificar a característica de conteúdo interno e profundidade da lesão, já que tratava-se de um paciente
diabético.
Um filme plástico de PVC deve ser usado nesses casos para isolar a pele com lesão contagiosa do transdutor.
472 ATLAS COMENTADO DE ULTRA-SONOGRAFIA MUSCU LOESQUELÉTI CA

LEITURA RECOMENDADA

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ÍND ICE REMISSIVO
474 í NDICE REMISSIVO

A serosa, 248, 249 do autor, para o Tubérculo de Lísrer 94,


-Abscesso, 436 subacromiodeltoidiana, 11
subaquiliana, 333
134, 135, 137
das patologias do quadril infantil,
de nádega, 450 suprapatelar, 222, 232, 265, 280, 289 clínica de LCQ, 184
de reperição, 440 Braquial de Graf, 184, 196
na psoíre, 461 bíceps, 66, 67 das patologias do joelho
pós-injeção, 455 músculo, 3, 66, 91 das lesões meniscais, 254
profundos, 447 plexo,58 das patologias do tornozelo
Acrômio, 12- 14, 25,58 Bursite . de Kenneth Johnson, 311
Acromioplastia, 18, 22, 41 anserina, 250 de Lauge-H ansen, 292
Adutores, 388, 389 bicipital, 248 das lesões musculares, 370-372
Aneurisma do LCL, 248 dos rumores musculoesqueléricos
da artéria poplítea 286 dos gasrrocnêmios, 287 de Enneking, 404, 405
Anteb raço, 58 iliopecrínea, 468 clínica da Erisipela, 447
Artefatos infrapatel ar, 231 Coccidínias, 455
de aniso tropia, 3 19 olecraniana Coloboma auris, 440
de Graf 193, 194 crônica mulrisseprada, 90 Contusão muscular, 370
de reverberação, 239 séptica, 89 Coronóide, processo, 65
em espelho, 448 tofácea,88 Corpo estra nho, 239, 298, 344 , 453
Articulação pré-patelar, 230 Corpo(s) livre(s), 265 , 266, 280, 282, 296
acro miocl avicular, 12, 13, 42, 46, 59 pré-rendínea, 229
coxofemoral, 184 retroaquiliana, 332

-o
escafossemilunar; 148-150 rerrocaIcaneana, 324, 327
esrernoclavicular, 49, 50, 59 subacromiodeltoidiana, 11
fe moropatelar, 267 De Quervain 129- 13 1
trato iliotibial, 259, 289
gleno idal, derrame, 56 Dermatomiosire, 33 1, 446
rrocanteriana, 467
inrerfalangiana, 145, 165,3%,366 Displasia,
metacarpofalângica, 161, 173, 175 DDQ, 184, 187,210
metatarsofalângicas, 336, 347, 350, troclear, 261, 262

-c
356-358 , 359 , 361,364-366 Doença
rad ioulnar proximal, 64, 69 de Dupuyrren , 1.54
semilunopiramidal, 148, 149 Câimbra, 370 de H offa, 228
subtalar, 292 Calcâneo, 35, 175, 279, 375, 429, 460, 467 de H aglund, 327
tarsometatarsia na, 366 tendão do , 319-323, 325-327, 333, 36r de Ledderhose, 336, 347
temporomandibular, 463 Calcificações . de Legg-Calvé- Perthes, 211
tibiotalar, 292, 333 de Pellegrini Srieda, 243 de Osgod-Schlarrer, 218-220
trapeziometacarpiana, 156, 162, 175 "Carpe bossu", 176 de Porr, 461
umerorradial , 91 C isto de Sinding-La rsen-Johansson, 217, 218
umeroulnar, 91 arrrossinovial de mão, 156 de Von Recklinghausen, 114,424, 426,
Artrite amoss inovial de punho, 11 7, 11 9, 126, 133 428,439
carpometacarpiana, 163 da acromiocla~icülar, 46 dos "Vikings", 154
da acromioclavicular, 22 em perna , 448, Doppler, 35, 94, 119, 284, 286, 314, 405
séptica em to rnozelo, 307, 308 Dupuytren, 154
de dedo da mão, 179 gangliônico, 152, 277, 278
do quad ril , 211 lipídico iatrôn ico, 451
reumatóide, 282, 283 E
na 1-mrrfco m derrame, 359
na 1-mrrf na síndrome de Reiter, 365
meniscal mediai, 240, 242
mucoso, 164, 172 -
Endomísio, 371, 372
muscular, 371
Epicondilite, 64, 78-82
na esternoclavicular, 444
Epicôndilo, 75, 79, 81, 91
no rerináculo parelar, 235

-
B
Baker, cisto de, 281-283
BarIow, manob ra de, 184, 185
paralabral , 48, 51 , 52
sebáceo, 436-438, 443
si novial no co tovelo, 69
Epimísio,372
Erisipela, 447
Escafóide, 148, 180
Esporão olecranian o, 85
Bíceps tendão quadricipital, 233
Estadi amento, 22, 404, 405, 416
braquial, ruptura de, 13 tenossinovial, 173
Esteatocistoma múltiplo, 436, 443
femoral (crural), 378, 397,406 Classificação
Estiramento, 237, 299, 370, 37 1, 380
Bicipital, sulco, 4, 58 das patologias do ombro
Bolsa sinovial, 259 de Ellman, 22
anserina, 250 de Morrinson-Bigliani, 14
do LCL, 247-249
mrrf do hálux no joanere, 362
de Neer, 13,22
do autor, 22
-F
Falência de osteossíntese, 464
olecraniana, 91 das patologias do punho e mão Fáscia, fasciire
pré-maleolar lateral, 333 de T aleisnik, 22 palmar, 154
retroaqu iliana, 319 de Dirmars, 99 planrar, 336, 337, 346, 347, 353-355
rettocalcaneana, 319, 327 do autor, para STC, 99 Fascículo, 372

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