A Cidade Como Negócio

vol 39 | no 118 | septiembre 2013 | pp.
5-26 | artículos | ©EURE 5
A cidade como negócio
Inaiá de Carvalho. Universidade Federal da Bahia, Salvador de Bahia, Brasil.

Gilberto Corso-Pereira. Universidade Federal da Bahia, Salvador de Bahia, Brasil.
resumo | "TUSBOTGPSNBÉ×FTBUVBJTEBTHSBOEFTNFUSÓQPMFTWËNBERVJSJOEPVNDFSUP
destaque na agenda da pesquisa urbana. Inserindo-se nesse debate, este artigo analisa
P OPWP QSPUBHPOJTNP EP DBQJUBM JNPCJMJÃSJP OP EFTFOWPMWJNFOUP EFTTBT DJEBEFT B
partir de um estudo de caso sobre Salvador, a primeira capital e hoje a terceira maior
cidade brasileira. Para tanto, o texto começa abordando a literatura sobre os impactos
EBT USBOTGPSNBÉ×FT BTTPDJBEBT Æ HMPCBMJ[BÉÈP TPCSF FTTBT DJEBEFT %FTUBDB FOUSF BT
NFTNBT PBCBOEPOPQPSQBSUFEP&TUBEPEFCPBQBSUFEFTVBTGVOÉ×FTUSBEJDJPOBJTEF
QMBOFKBNFOUPFHFTUÈPVSCBOB RVFWËNTFUSBOTGFSJOEPQBSBBUPSFTQSJWBEPT MFWBOEP
BVNBBđSNBÉÈPEBMÓHJDBEPDBQJUBMJNPCJMJÃSJPOBQSPEVÉÈPFSFQSPEVÉÈPEBDJEBEF
Mostra, a seguir, como isto vem se dando no caso de Salvador, com impactos bastante
adversos sobre a estrutura e a vida urbana.
palavras chave]ÃSFBTNFUSPQPMJUBOBT NFSDBEPJNPCJMJÃSJP USBOTGPSNBÉ×FTTÓDJP

territoriais.
abstract | The current transformations of large cities have acquired a certain relevance
in the urban research agenda. This article analyzes the new role of real estate capital in
the development of large cities, analyzing the case of Salvador, the first capital and now
the third largest Brazilian city. The text begins by discussing the literature on the impacts
of changes associated with globalization in this type of cities. Among these changes, this
paper highlights the abandonment by the State of much of its traditional functions of
planning and urban management, which have been transferred to private actors, leading
to an affirmation of private interests in housing production and reproduction of the city.
This article shows how this process has ocurred for Salvador's case, with very adverse
consequences for its urban structure and urban life.
key words | metropolitan areas, real estate market, socio-territorial transformations.
Recibido el 31 de agosto de 2011, aprobado el 4 de noviembre de 2011
&NBJM*OBJÃEF$BSWBMIP JOBJBNND!VGCBCS](JMCFSUP1FSFJSB DPSTP!VGCBCS
issn impreso 0250-7161 | issn digital 0717-6236

 ©EURE | vol 39 | no 118 | septiembre 2013 | pp. 5-26
Introdução
&TUF USBCBMIP TF QSPQ×F B BOBMJTBS P QSPUBHPOJTNP BUVBM EP DBQJUBM JNPCJMJÃSJP
no desenvolvimento das grandes metrópoles brasileiras, a partir de um estudo de
caso sobre Salvador, a primeira capital e a terceira maior cidade do Brasil nos dias
atuais, com uma população de 2.676.606 habitantes. Baseando-se em bibliografia
FTQFDJBMJ[BEB EPDVNFOUPTPđDJBJT GPUPTBÊSFBT OPUÎDJBTQVCMJDBEBTQFMBJNQSFOTB
NBUFSJBMQVCMJDJUÃSJPFFOUSFWJTUBTDPNWFSFBEPSFT NFNCSPTEP.JOJTUÊSJP1ÙCMJDP
e outros informantes qualificados, ele se insere no debate sobre a conformação es-
pacial das grandes metrópoles, que vem assumindo um certo destaque na agenda
atual da pesquisa urbana.
$PNPTFTBCF FTTFEFCBUFGPJJOJDJBEPTPCBJOĔVËODJBEBTSFĔFY×FTEFBVUPSFT
como Sassen (1991), Veltz (1996), Borja e Castels (1997) ou Marcuse e Kempen
(2000) sobre a nova ordem social e espacial que estaria sendo produzida nas gran-
des metrópoles, pelo processo de globalização, ainda que no caso do Brasil e da
"NÊSJDB-BUJOBTVBTQSJODJQBJTIJQÓUFTFTOÈPWFOIBNTFOEPDPOđSNBEBT1FTRVJTBT
EFTFOWPMWJEBTTPCSFBTHSBOEFTNFUSÓQPMFTCSBTJMFJSBTFMBUJOPBNFSJDBOBTUËNFWJ-
denciado que, embora quase todas as grandes cidades sejam de alguma forma to-
cadas pelo processo de globalização, seu envolvimento depende da natureza e al-
DBODFEFTTFQSPDFTTP RVFOÈPÊVOJGPSNFOFNDPOWFSHFQBSBVNNPEFMPÙOJDPEF
DJEBEF FTVBEJOÄNJDBÊEFđOJEBQFMBDPOUJOVJEBEFUSBOTGPSNBÉÈP POEFPQSÊ
FYJTUFOUFDPOEJDJPOBBJSSVQÉÈPEPOPWP RVF FNNVJUPTDBTPT KÃIBWJBDPNFÉBEP
BTFFTCPÉBSOPQBTTBEP %F.BUUPT /PUBEBNFOUF OPRVFEJ[SFTQFJUPÆT
FTUSVUVSBTVSCBOBT DPNPSFTTBMUB1SÊUFDFJMMF OÈPQPEFNTFSJOUFSQSFUBEBT
DPNPVNFGFJUPEJSFUPEBTUSBOTGPSNBÉ×FTSFDFOUFT QPJTDPOTUJUVFNVNBIFSBOÉB
histórica dos efeitos de economia e da sociedade no longo prazo, centralizada tanto
nas estruturas materiais do espaço construído, como nas formas sociais de valori-
zação simbólica e de apropriação.
Por isso mesmo, estudos efetuados sobre as grandes metrópoles do Brasil, do
$IJMF EP.ÊYJDP EP6SVHVBJFEB"SHFOUJOBUËNDPOTUBUBEPVNBSFMBUJWBFTUBCJ-
lidade das suas estruturas social e urbana1. Mas essa estabilidade não impede que se
WFSJđRVFNBMHVNBTUSBOTGPSNBÉ×FTDPNVOT DPNNPEBMJEBEFTFBMDBODFTFTQFDÎđ-
DPTFNDBEBDJEBEF%FTUBDBNTF FOUSFBTNFTNBT
r NVEBOÉBTOBFTUSVUVSBFDPOÔNJDBFTPDJBMEFTTBTDJEBEFT BTTPDJBEBTÆSFFT-
USVUVSBÉÈPQSPEVUJWBFBPVUSBTFYJHËODJBTEBOPWBGBTFEFEFTFOWPMWJNFO-
to capitalista, como uma relativa desindustrialização, um avanço e maior
EJWFSTJđDBÉÈPEBTBUJWJEBEFTUFSDJÃSJBT BĔFYJCJMJ[BÉÈPFQSFDBSJ[BÉÈPEBT
SFMBÉ×FTEFUSBCBMIP PBVNFOUPEPEFTFNQSFHP EBTEFTJHVBMEBEFTTPDJBJT
PVEBQPCSF[B NBTTFNMFWBSÆVNBEVBMJEBEF DPNJNQBDUPTBEWFSTPTFN
UFSNPTEBDPOĔJUJWJEBEFFEBWJPMËODJB
1 7FS QPSFYFNQMP 3JCFJSP 5BTDIOFS#ÓHVT %F.BUUPT F4IBQJSB +BOPTDILB

%VIBV F#BZPO $PSEFSB,VSJ;JDBSEJ (PO[BMF[ 7FJHB
Carvalho e Pereira | A cidade como negócio | ©EURE 7
r a expansão dessas metrópoles para as bordas e para o periurbano, assim

DPNPPEFTDFOTPEFNPHSÃđDP PFNQPCSFDJNFOUPPVBQSÓQSJBEFUFSJP-
SBÉÈPEFBOUJHBÃSFBTDFOUSBJT QBSBMFMBNFOUFBPTVSHJNFOUPEFOPWBTDFO-
USBMJEBEFT NVJUBTWF[FTBTTPDJBEBÆFEJđDBÉÈPEFFRVJQBNFOUPTEFHSBOEF
impacto na estruturação do espaço urbano, como shopping centers, gran-
EFTIPTQJUBJT DPNQMFYPTFNQSFTBSJBJTPVDFOUSPTEFDPOWFOÉ×FT
r BEJGVTÈPEFOPWPTQBES×FTIBCJUBDJPOBJTFJOWFST×FTJNPCJMJÃSJBTEFTUJOB-
EBTBPTHSVQPTEFBMUBFNÊEJBSFOEB DPNBQSPMJGFSBÉÈPEFDPOEPNÎOJPT
verticais e horizontais, fechados e protegidos (implantados, algumas vezes,
FN ÃSFBT BOUFT QPQVMBSFT DPN EJTQPTJUJWPT FYQMÎDJUPT EF TFQBSBÉÈP GÎTJ-
ca e simbólica, como cercas, muros e sofisticados aparatos de segurança,
ampliando progressivamente a auto-segregação dos mais ricos, a fragmen-
tação e as desigualdades urbanas;
r PBCBOEPOP QPSQBSUFEP&TUBEP EFCPBQBSUFEBTTVBTGVOÉ×FTUSBEJDJP-
OBJTEFQMBOFKBNFOUPFHFTUÈPVSCBOBFNFUSPQPMJUBOB RVFWËNTFUSBOTGF-
rindo para atores privados, levando a uma afirmação crescente da lógica do
DBQJUBMJNPCJMJÃSJPOBQSPEVÉÈPFSFQSPEVÉÈPEFTTBTDJEBEFT DPNJNQBD-
tos decisivos sobre a paisagem e a vida da sua população.
No que tange a essa última transformação, vale ressaltar que, embora a mercantili-
[BÉÈPEPDSFTDJNFOUPVSCBOPDPOTUJUVBVNBUFOEËODJBDPOHËOJUBEFVSCBOJ[BÉÈP
DBQJUBMJTUB JTUPBHPSBUFNVNDBSÃUFSFJNQBDUPTCFNNBJTBNQMPT BOBMJTBEPTQPS
BVUPSFTDPNP%VIBV F%F.BUUPT BFC FBTTPDJBEPTÆTSFGF-
SJEBTUSBOTGPSNBÉ×FT"EJGVTÈPEBTUFDOPMPHJBTEFDPNVOJDBÉÈPFJOGPSNBÉÈP B
BNQMJBÉÈPEBNBMIBWJÃSJBFPVTPDSFTDFOUFEPBVUPNÓWFM UËNWJBCJMJ[BEPOPWBT
GPSNBTEFNPCJMJEBEFFDPOFDUJWJEBEF FSFEV[JEPPQFTPEPGBUPSEJTUÄODJB QSP-
vocando mudanças no comportamento locacional de famílias e empresas, a escolha
de lugares mais distantes do centro urbano e a ampliação e reconfiguração do terri-
UÓSJPNFUSPQPMJUBOP"TTPDJBOEPTFÆFYJHËODJBEFOPWPTFTQBÉPTFJOGSBFTUSVUVSB
para abrigar as novas atividades hegemônicas (como serviços financeiros, consul-
UPSJB JOGPSNÃUJDBPVBTTFTTPSJB FQBSBPUVSJTNPFQBSBBNPSBEJB PDPOTVNPFP
MB[FSEBTDBNBEBTEFBMUBFNÊEJBSFOEB UFNEFNBOEBEPBBNQMJBÉÈPFSFDPOđHV-
ração da malha urbana e estimulado a construção civil.
A isto se soma a aceleração dos fluxos de capital produzidos pela globalização
financeira, sob o estímulo das políticas de liberalização econômica (parte não des-
QSF[ÎWFMPSJFOUBEBQBSBBJOWFSTÈPJNPCJMJÃSJB FVNOPWPFOGPRVFEFHPWFSOBOÉB
RVFTFSFHFQFMPTQSJODÎQJPTEFTVCTJEJBSJFEBEFFTUBUBM ËOGBTFOPTNFDBOJTNPTEF
mercado e busca de competitividade urbana.
&NNVJUBTDJEBEFTEB"NÊSJDB-BUJOBBHPWFSOBOÉBWFNBTTVNJOEPVNOPWP
TJHOJđDBEP TPC B JOĔVËODJB EP JEFÃSJP OFPMJCFSBM EF BHËODJBT NVMUJMBUFSBJT F EF
alguns consultores internacionais, e com o abandono da matriz de planejamento
racionalista e funcionalista e a adoção do denominado “empreendedorismo urba-
OPu%JTDVUJEBQPSBVUPSFTDPNP)BSWFZ 7BJOFS .BSJDBUUP
 ©EURE | vol 39 | no 118 | septiembre 2013 | pp. 5-26
(PO[BMF[ F %F .BUUPT B F C FTTB HPWFSOBOÉB TF JOTQJSB FN
DPODFJUPTFUÊDOJDBTPSJVOEBTEPQMBOFKBNFOUPFNQSFTBSJBM DPNQSFFOEFBDJEBEF
QSJODJQBMNFOUFDPNPVNTVKFJUPBUPSFDPOÔNJDPFWËDPNPFJYPDFOUSBMEBRVFT-
tão urbana a busca de uma competitividade orientada para atrair os capitais que
circulam no espaço sem fronteiras do mundo globalizado, de forma a ampliar os
investimentos e as fontes geradoras de empregos.
1BSBPBMDBODFEFTTFPCKFUJWP DPNQFUFBPQPEFSMPDBMVUJMJ[BSFTUSBUÊHJBTEFNBS-
LFUJOHQBSBBQSPNPÉÈPFiWFOEBuEBJNBHFNEFTVBDJEBEF DPOTJEFSBSBTFYQFDUBUJ-
WBTFEFNBOEBTEPNFSDBEPOBTTVBTEFDJT×FTFBÉ×FTFDSJBSVNBNCJFOUFGBWPSÃWFM
e atrativo para os investimentos. Entre outros aspectos, isto envolve uma mercan-
tilização e espetacularização da cidade, com a edificação de grandes equipamentos
DVMUVSBJT BHFOUSJđDBÉÈPEFDFSUBTÃSFBT BBUSBÉÈPEFHSBOEFTFWFOUPTJOUFSOBDJP-
OBJT PFTUBCFMFDJNFOUPEFQBSDFSJBTQÙCMJDPQSJWBEBTFVNBNBJPSĔFYJCJMJEBEFF
MJCFSEBEFQBSBBPQFSBÉÈPEPDBQJUBM$PNPCFNSFTTBMUB%F.BUUPT FTTBT
PSJFOUBÉ×FTGBWPSFDFNFTQFDJBMNFOUFPTJOWFTUJNFOUPTJNPCJMJÃSJPT DPNRVFNP
QPEFSMPDBMWFNUFOEFOEPBOFHPDJBSBTDPOEJÉ×FTQBSBBTVBNBJPSFYQBOTÈP JO-
cluindo entre as mesmas, a flexibilização das normas relativas ao parcelamento e
uso do solo e os códigos de edificação, antes estabelecidos para orientar e controlar
PEFTFOWPMWJNFOUPVSCBOP$PNBSFTUSJÉÈPEPTSFDVSTPT JOWFST×FTFBÉ×FTFTUBUBJT
BËOGBTFOPTNFDBOJTNPTEFNFSDBEPFBOPWBQSJNB[JBEPDBQJUBMJNPCJMJÃSJP FTTF
desenvolvimento se consolida dentro de uma lógica mais estritamente capitalista e
JHOPSBOEP EFJYBOEPFNTFHVOEPQMBOP PVBUÊDPOUSBSJBOEP BTOFDFTTJEBEFTFEF-
NBOEBTNBJTBNQMBTEBNBJPSJBEBQPQVMBÉÈP DPNPTFSÃWJTUPOPDBTPEF4BMWBEPS
A urbanização e metropolização de Salvador
4BMWBEPSGPJGVOEBEBQFMPTQPSUVHVFTFTFN DPNGVOÉ×FTQPMÎUJDPBENJOJT-
USBUJWBTFNFSDBOUJT FTFEJPVP(PWFSOP(FSBMEP#SBTJMBUÊDPNPBDJEBEF
NBJTJNQPSUBOUFEPQBÎT.BT DPNBUSBOTGFSËODJBEBDBQJUBMEPQBÎTQBSBP3JP
de Janeiro, ainda no período colonial, o declínio da base exportadora local, a in-
dustrialização, e o predomínio econômico do centro sul do país, Salvador foi afe-
tada negativamente, passando por um longo período de estagnação econômica e
populacional.
A partir de 1940, contudo, a cidade experimentou um crescimento que ampliou
a demanda de moradias e a pressão sobre a estrutura urbana. Como a sua estrutura
GVOEJÃSJBFSBNBSDBEBQFMBDPODFOUSBÉÈPEBQSPQSJFEBEFEPTPMP JTUPJOJCJVBBCFS-
UVSBEFOPWBTÃSFBTQBSBBPDVQBÉÈP QFOBMJ[BOEPQSJODJQBMNFOUFBTQBSDFMBTNBJT
QPCSFTEBQPQVMBÉÈP+ÃRVFBDJEBEFVSCBOJ[BEBOÈPPGFSFDJBFTQBÉPTIBCJUBDJPOBJT
DPNQBUÎWFJT DPN B TVB DBSËODJB EF SFOEB NVMUJQMJDBSBNTF BT iJOWBT×FTu DPNP
QBTTBSBNBTFSEFTJHOBEBTBTÃSFBTEFIBCJUBÉÈPQPQVMBSRVFTFGPSNBSBNPVDSFTDF-
SBNQPSiPDVQBÉÈPDPMFUJWBEJSFUBuEFGBNÎMJBTTFNSFDVSTPTFTFNNPSBEJB ÆSFWFMJB
EPQSPQSJFUÃSJPGVOEJÃSJP TFNDPOTFOUJNFOUP JOUFSNFEJBÉÈPPVDPNFSDJBMJ[BÉÈP
4PV[B 1PTUFSJPSNFOUF DPNPDSFTDJNFOUPFDPOÔNJDPFBNPEFSOJ[BÉÈPEB
Carvalho e Corso-Pereira | A cidade como negócio | ©EURE 9
cidade, e a consequente valorização do solo, elas começaram a ser vistas como um

QSPCMFNB QBTTBOEPBTFSSFQSJNJEBTFSFBMPDBEBTQFMP&TUBEPFNÃSFBTQFSJGÊSJDBT
desocupadas e distantes, o que contribuiu decisivamente para a conformação do
padrão de ocupação e segmentação do espaço urbano.
/B SFGFSJEB EÊDBEB 4BMWBEPS UBNCÊN GPJ PCKFUP EP RVF QPEF TFS DPOTJEF-
SBEP DPNP TVB QSJNFJSB FYQFSJËODJB FN QMBOFKBNFOUP VSCBOP DPN P TVSHJNFO-
to em 1943, do Escritório do Planejamento Urbanístico da Cidade do Salvador
&16$4 DPPSEFOBEPQFMPFOHFOIFJSP.ÃSJP-FBM'FSSFJSB0QMBOPQPSFMFFMB-
CPSBEP GSVUPEFBOPTEFUSBCBMIP FSBCBTUBOUFBNCJDJPTPFBWBOÉBEPQBSBBÊQPDB
tratando a cidade de uma maneira abrangente, cobrindo desde aspectos físicos e
HFPNPSGPMÓHJDPT BWBSJÃWFJTFDPOÔNJDBTFTPDJBJT ¶SHÈP$FOUSBMEF1MBOFKBNFOUP
<0$&1-"/> "'JHVSBNPTUSBPTMPHSBEPVSPTQÙCMJDPTOB4BMWBEPSEPT
anos 40, basicamente no entorno do Centro Histórico, com a cidade voltada para
B#BJBEF5PEPTPT4BOUPTFPTJTUFNBWJÃSJP QSPQPTUPQFMP&16$4 CBTFBEPOB
BCFSUVSBEFDPSSFEPSFTEFUSÃGFHPOPTWBMFT QSPKFUPRVFGPJJNQMBOUBEPRVBTFWJOUF
BOPTEFQPJT FTUSVUVSBOEPB4BMWBEPSDPOUFNQPSÄOFB
figura 1 | Sistema viário existente e proposto pelo EPUCS
fonte Prefeitura Municipal de Salvador, 1976. Elaboração e adaptação dos autores.
/BEÊDBEBEF BEFTDPCFSUBFFYQMPSBÉÈPEFQFUSÓMFPFNNVOJDÎQJPTEFTVB
ÃSFBEFJOĔVËODJB QPSBMHVNBTEÊDBEBTSFTQPOTÃWFMQFMBNBJPSQBSUFEBQSPEVÉÈP
nacional), estimulou o crescimento populacional e urbano da cidade. Nos anos
 ©EURE | vol 39 | no 118 | septiembre 2013 | pp. 5-26
1960, essa região foi privilegiada com investimentos industriais decorrentes de po-
MÎUJDBTOBDJPOBJTEFEFTFOWPMWJNFOUPSFHJPOBMF EPTBOPTQBSB PTFTGPS-
ços desenvolvimentistas do governo federal para complementar a matriz industrial
CSBTJMFJSB DPNBQSPEVÉÈPEFJOTVNPTCÃTJDPTFCFOTJOUFSNFEJÃSJPT MFWBSBNÆJN-
plantação de um grande Polo Petroquímico e de outras indústrias no município
vizinho de Camaçari.
*TUPUFWFVNJNQBDUPFYUSBPSEJOÃSJPTPCSFBWFMIBDBQJUBMCBJBOB DPOWFSUFOEPB
JOEÙTUSJBOPGPDPEJOÄNJDPEBFDPOPNJBSFHJPOBM FBNQMJBOEPBTBSUJDVMBÉ×FTFO-
tre Salvador e os municípios vizinhos que sediam os novos empreendimentos, con-
GPSNBOEPB3FHJÈP.FUSPQPMJUBOBEF4BMWBEPS 3.4 0TSFGFSJEPTJOWFTUJNFOUPT
estimularam o surgimento de novas atividades e a expansão e modernização de ou-
USBT QSPQJDJBOEPVNDSFTDJNFOUPFDPOÔNJDPWJHPSPTPRVFTFFTUFOEFVBUÊPTBOPT
"FTUSVUVSBTPDJBMGPJBNQMJBEBFEJWFSTJđDBEB NBTDPNPBTUSBOTGPSNBÉ×FT
assinaladas incidiram sobre um mercado de trabalho marcado historicamente por
um grande excedente de mão de obra, ampliado pela atração de fluxos migratórios e
pelo crescimento populacional, persistiram os problemas ocupacionais e a pobreza
da maioria da população.
"MÊNEJTTP JODJEJOEPTPCSFVNBSFHJÈPVSCBOBQSFDÃSJBFJODJQJFOUF BFYQBO-
TÈPFNPEFSOJ[BÉÈPFDPOÔNJDBTBTTJOBMBEBT MFWBSBNBUSBOTGPSNBÉ×FTSBEJDBJTOP
UFDJEPVSCBOP&MBTPDPSSFSBNEFGPSNBSÃQJEBFBCSVQUBOBTEÊDBEBTEFF
OPDPOUFYUPEPSFHJNFBVUPSJUÃSJP DPNBSFBMJ[BÉÈPQPSQBSUFEP&TUBEPEF
grandes obras que acompanharam e anteciparam os vetores de expansão urbana e
uma intensa ocupação informal de famílias de baixa renda na periferia.
0TJTUFNBEFBWFOJEBTEFWBMFQSPQPTUPQFMP&16$4 GPJJNQMBOUBEPBQBSUJS
EPTBOPT QFSNJUJOEPPBDFTTPBÃSFBTEBDJEBEFBUÊFOUÈPJOBDFTTÎWFJT0QMBOFKB-
mento urbano forneceu uma justificativa racional de modernização da cidade, arti-
DVMBOEPBFYQBOTÈPEPTJTUFNBWJÃSJPDPNBNFSDBOUJMJ[BÉÈPEBTUFSSBTBHPSBBDFTTÎ-
veis. No mesmo período em que esse sistema se expandia, comprometida com uma
NPEFSOJ[BÉÈPFYDMVEFOUFFDPNPTJOUFSFTTFTEPDBQJUBMJNPCJMJÃSJP B1SFGFJUVSBEF
Salvador, que detinha a maioria das terras do município, passou sua propriedade
QBSB NVJUPQPVDBT NÈPTQSJWBEBT USBOTGFSJVÓSHÈPTQÙCMJDPTEBTÃSFBTDFOUSBJT
extirpou do tecido urbano mais valorizado um conjunto significativo da população
pobre, (levando seus moradores a periferias mais distantes e desvalorizadas) e to-
NPVPVUSBTJOJDJBUJWBTRVF KVOUBNFOUFDPNPDBQJUBMJNPCJMJÃSJP SFEJSFDJPOBSBNB
FYQBOTÈPEBDJEBEFFTFVTQBES×FTEFPDVQBÉÈP
Implantada historicamente na orla da Baia de Todos os Santos e tendo crescido
BQBSUJSEPQPSUP BDJEBEFDPNFÉPVBTFFTUFOEFSQBSBB0SMB"UMÄOUJDBDPNBFYQBO-
TÈPEPTJTUFNBWJÃSJP RVFOBEÊDBEBEFTFUFOUBGPJDPNQMFNFOUBEPDPNBBCFSUVSB
da denominada Avenida Paralela, que configura um vetor de expansão Sul-Norte,
DPOFDUBOEPFTQBÉPTWB[JPTNBTKÃBQSPQSJBEPTQPSFNQSFFOEFEPSFTJNPCJMJÃSJPT"
partir dos anos 1970, no apogeu do Sistema Financeiro de Habitação, a cidade se
espraiou e se expandiu para o norte com a implantação de conjuntos habitacionais
QBSBBTEFOPNJOBEBTiDMBTTFTNÊEJBTCBJYBTuOPJOUFSJPSEPNVOJDÎQJPFEFMPUFB-
mentos residenciais e condomínios horizontais e verticais para as camadas de mais

BMUBSFOEBOB0SMB"UMÄOUJDB"WBMPSJ[BÉÈPEFTTBÃSFBFPFODBSFDJNFOUPEPTPMP
VSCBOPFN4BMWBEPS FNQVSSPVBQPQVMBÉÈPEFCBJYBSFOEBQBSBPDFOUSPHFPHSÃđDP
do município, para as bordas da Baía de Todos os Santos (aonde moradores pobres
chegaram a aterrar o mar e construir suas casas sob palafitas, na conhecida invasão
de Alagados, hoje urbanizada) e para alguns municípios do polo metropolitano.
"TTJN BFYQBOTÈPFNPEFSOJ[BÉÈPEF4BMWBEPSOÈPGVHJVÆTDBSBDUFSÎTUJDBTNBJT
gerais do desenvolvimento urbano no Brasil. Embora o modelo das grandes cidades
FVSPQFJBTEPNJOBTTFPJNBHJOÃSJPEFTVBTFMJUFT OBTDPOEJÉ×FTEPEFTFOWPMWJNFOUP
do país (marcado pela sua incapacidade de integrar plenamente as massas urbanas
FQFMPTFVDBSÃUFSFYDMVEFOUF BTPSJFOUBÉ×FTRVFQSFTJEJSBNBFYQBOTÈPEBRVFMBT
cidades e o modelo de planejamento urbano modernista e funcionalista não chega-
SBNBTFHFOFSBMJ[BS%FđOJOEPPTQBES×FTEFPDVQBÉÈPFVTPEPTPMPFBQPJBEPOB
centralidade e racionalidade do aparato do Estado, esse modelo estendeu-se apenas
a uma parte das cidades, a denominada cidade “legal” ou “formal”. Embora a maio-
SJBEFMBTEJTQVTFTTFEFVN1MBOP%JSFUPSFEFÓSHÈPTFODBSSFHBEPTEBTVBBQMJDBÉÈP
FTTFTQMBOPTJHOPSBWBNBDJEBEFiJOGPSNBMuFTVBTÃSFBTEFQPCSF[B EFTFRVJQBEBTF
EFTBTTJTUJEBT BMÊNEFRVFTU×FTDPNPBDJSDVMBÉÈP BTFHSFHBÉÈPFBEJTUSJCVJÉÈPEPT
TFSWJÉPTFFRVJQBNFOUPT0DSFTDJNFOUPVSCBOPPDPSSFVÆNBSHFNEFTTFTQMBOPT
que, como assinalam Villaça (2001 e 2005) e Maricato (2002), transformaram-se
FNiQMBOPTEJTDVSTPu DPNVNDPOUFÙEPHFOÊSJDP FSFTUSJUBPVOFOIVNBBQMJDBÉÈP
cumprindo um papel eminentemente ideológico e ajudando a encobrir o motor
que, efetivamente, comanda os investimentos e a expansão urbana, como os grupos
EPNJOBOUFTMPDBJT PDBQJUBMJNPCJMJÃSJPFBTFNQSFJUFJSBT
É verdade que, em Salvador, os planos de desenvolvimento urbano se sucederam
DPNP FN PVUSBT DBQJUBJT CSBTJMFJSBT GPSOFDFOEP EJTDVSTPT UÊDOJDPT DPNQFUFOUFT
para uma intervenção governamental que, como foi visto, orientava-se efetivamen-
te para uma modernização excludente da cidade, favorecendo interesses econô-
NJDPTBFMBMJHBEPT%FQPJTEP&16$4FEP1MBOPEF.ÃSJP-FBM'FSSFJSBWFJPB
GBTFEPiEFTFOWPMWJNFOUPJOEVTUSJBMu DPNBFMBCPSBÉÈPEPQMBOPEP$*"$01&$
(Centro Industrial de Aratu e Complexo Petroquímico de Camaçari), destinado a
preparar o terreno para a expansão urbano-industrial da Região Metropolitana de
Salvador.
&N NFBEPT EB EÊDBEB EF TFUFOUB TF JOJDJB VNB FYQFSJËODJB EF QMBOFKBNFOUP
DPNQBSÃWFMÆEP&16$4 DPNBFMBCPSBÉÈPEP1MBOPEF%FTFOWPMWJNFOUP6SCBOP
EB$JEBEFEP4BMWBEPS 1-"/%63# FEP&TUVEPEP6TPEP4PMPF5SBOTQPSUFT
da Região Metropolitana de Salvador (EUST), em um momento em que os pro-
DFTTPTEFVSCBOJ[BÉÈPFEFNFUSPQPMJ[BÉÈPTFBDFMFSBWBNOP#SBTJM0QMBOPEFđOJB
ÃSFBTEFQSPUFÉÈPBNCJFOUBM QSPQVOIBiWFUPSFTEFFYQBOTÈPuFVNTJTUFNBWJÃSJP
NFUSPQPMJUBOP NBTUFWFVNBWJHËODJBCBTUBOUFDVSUB TFOEPFODFSSBEPKÃFN
4ÓFN B-FJEF0SEFOBNFOUPF6TPEP4PMPEFMFEFDPSSFOUFGPJBQSPWBEBF
BMÊNEJTTP DPNPOPTEFNBJTDFOUSPTVSCBOPTEPQBÎT PTEJTQPTJUJWPTEBMFHJTMBÉÈP
VSCBOBTFBQMJDBWBNBVNBDJEBEFJEFBM OÈPÆDJEBEFSFBM .BSJDBUP /PDBTP
 ©EURE | vol 39 | no 118 | septiembre 2013 | pp. 5-26
EF4BMWBEPS CBTJDBNFOUFBPDFOUSPFB0SMB"UMÄOUJDB FORVBOUPBTEFNBJTÃSFBTTF

FYQBOEJBNEFTPSEFOBEBNFOUFFÆNBSHFNEBSFGFSJEBMFHJTMBÉÈP
&TTFDPOKVOUPEFQSPDFTTPTMFWPVÆDPOGPSNBÉÈPEFVNFTQBÉPVSCBOPFYUSF-
mamente desigual e segregado, onde, partindo do centro tradicional, se configu-
SBNUSËTWFUPSFTEFFYQBOTÈPEJGFSFODJBEPTB0SMB.BSÎUJNBOPSUF Pi.JPMPuFP
4VCÙSCJP'FSSPWJÃSJP OPMJUPSBMEB#BÎBEF5PEPTPT4BOUPT0QSJNFJSPDPOTUJUVJ
BÃSFBiOPCSFuEF4BMWBEPS MPDBMQSJWJMFHJBEPEFNPSBEJB TFSWJÉPTFMB[FS POEFTF
concentram a riqueza, os investimentos públicos, os equipamentos urbanos, shop-
QJOHT IPUÊJT FRVJQBNFOUPTNÊEJDPT QBSRVFTFDFOUSPTEFDPOWFOÉ×FT PTQPOUPT
EFBUSBÉÈPUVSÎTUJDBFPTJOUFSFTTFTEPDBQJUBMJNPCJMJÃSJP BTTJNDPNPBTPQPSUVOJEB-
EFTEFUSBCBMIPFEFPCUFOÉÈPEFSFOEB0TFHVOEP MPDBMJ[BEPOPDFOUSPHFPHSÃđDP
do município, começou a ser ocupado com a implantação de conjuntos habitacio-
OBJTđOBODJBEPTQFMP#BODP/BDJPOBMEF)BCJUBÉÈPQBSBBDIBNBEBiDMBTTFNÊEJB
CBJYBu$PNPHSBOEFQBSUFEFTTBÃSFBGPJDPOTJEFSBEBDPNPiOÈPFEJđDÃWFMuQPSTVB
enorme declividade, sua expansão foi continuada por loteamentos populares e su-
DFTTJWBTiJOWBT×FTu DPNVNBEJTQPOJCJMJEBEFEFFRVJQBNFOUPTFTFSWJÉPTCBTUBOUF
SFEV[JEB+ÃP4VCÙSCJP'FSSPWJÃSJPUFWFBTVBPDVQBÉÈPJNQVMTJPOBEBJOJDJBMNFOUF
QFMBJNQMBOUBÉÈPEBMJOIBGÊSSFBFN DPOTUJUVJOEP BQBSUJSEBEÊDBEBEF
BMPDBMJ[BÉÈPEFNVJUPTMPUFBNFOUPTQPQVMBSFT RVFGPSBNBNQMJBEPTOBTEÊDBEBT
TFHVJOUFTTFNPEFWJEPDPOUSPMFVSCBOÎTUJDP DPNTVBTÃSFBTMJWSFTUBNCÊNJOWB-
EJEBT5SBOTGPSNPVTFFNVNBEBTÃSFBTNBJTDBSFOUFTFQSPCMFNÃUJDBTEBDJEBEF
concentrando uma população bastante pobre e sendo marcada pela precariedade
IBCJUBDJPOBM QFMBTEFđDJËODJBTEFJOGSBFTUSVUVSB FRVJQBNFOUPTFTFSWJÉPTF NBJT
SFDFOUFNFOUF QPSBMUPTÎOEJDFTEFWJPMËODJB
0NBQBRVFTFTFHVF JMVTUSBBSFGFSJEBDPOđHVSBÉÈP NPTUSBOEPÆFTRVFSEBP
RVFGPJQSPQPTUPQFMP&16$4 OBÃSFBDFOUSBMEBDJEBEFF BQBSUJSEBMJ BTBWFOJEBT
de vale e as vias estruturantes (Avenida Paralela e BR-324) que impulsionam tanto a
expansão dos segmentos “superiores” em direção ao município de Lauro de Freitas,
OPWFUPS0SMB DPNPBFYQBOTÈPQSFDÃSJBQBSBPNVOJDÎQJPEF4JN×FT'JMIP BDPN-
panhando o vetor Miolo.
+ÃP.BQBBQSFTFOUBBHFPHSBđBTPDJBMEBNFUSÓQPMF CBTFBEPFNUSBCBMIPT
EF$BSWBMIPF1FSFJSB F RVF VTBOEPDPNPWBSJÃWFMDFOUSBMPUSBCBMIP
ou a ocupação da população economicamente ativa, mostra a distribuição espacial
EBIJFSBSRVJBTPDJBMEBNFUSÓQPMF DBSBDUFSJ[BOEPBTÃSFBTEB3.4DPNPUJQPTTP-
cioespaciais2. A tipologia socioespacial proposta usou os dados do Censo de 2000,
2 $POGPSNF B NFUPEPMPHJB FMBCPSBEB QFMP 0CTFSWBUÓSJP EBT .FUSÓQPMFT PT UJQPT QSPQPTUPT TÈP Superior, onde
QSFEPNJOBNPTHSBOEFTFNQSFTÃSJPTMPDBJT EJSJHFOUFTEPTFUPSQÙCMJDPFEPTFUPSQSJWBEP BPMBEPEPTQSPđTTJPOBJT
de nível superior, autônomos ou empregados; Médio-Superior POEFPQSFEPNÎOJPÊEPTJOUFMFDUVBJTMédio, no qual
QSPđTTJPOBJT EF OÎWFM TVQFSJPS TF NJTUVSBN DPN QFRVFOPT FNQSFHBEPSFT F USBCBMIBEPSFT FN PDVQBÉ×FT UÊDOJDBT
EF TVQFSWJTÈP EF FTDSJUÓSJP PDVQBÉ×FT NÊEJBT EF FEVDBÉÈP F TBÙEF F BUJWJEBEFT TJNJMBSFT Popular, predominam
USBCBMIBEPSFTNBOVBJTEBJOEÙTUSJBFEPDPNÊSDJP BTTJNDPNPQSFTUBEPSFTEFTFSWJÉPTDPNBMHVNBRVBMJđDBÉÈPPopular
inferior DPOKVHBÉÈP EFTTFT USBCBMIBEPSFT DPN QSFTUBEPSFT EF TFSWJÉPT OÈP RVBMJđDBEPT USBCBMIBEPSFT EPNÊTUJDPT
ambulantes e biscateiros. Agrícola,DPNFYQSFTTJWBGSFRVËODJBEFUSBCBMIBEPSFTSVSBJT FNÃSFBTNFOPTVSCBOJ[BEBTF
DPNCBJYBEFOTJEBEFEFNPHSÃđDBPopular operário agrícola, peso relativo de trabalhadores da indústria moderna e da
DPOTUSVÉÈPDJWJM FNÃSFBTEFQSFEPNJOÄODJBBHSÎDPMB
FNPTUSBRVFPWFUPS0SMBÊQSFEPNJOBOUFNFOUFPDVQBEPQFMPTUJQPTTVQFSJPSFT
F NÊEJPTVQFSJPSFT B ÃSFB EP DFOUSP USBEJDJPOBM QFMPT UJQPT NÊEJPT F PT WFUPSFT
“Subúrbio” e “Miolo” pelos tipos populares, configurando a fragmentação que
$BSWBMIPF1FSFJSB EFOPNJOBSBNDPNPiDJEBEFNPEFSOB DJEBEFUSBEJDJP-
OBMFDJEBEFQSFDÃSJBu
mapa 1 | Vetores de expansão urbana. Região Metropolitana de Salvador
fonte EPUCS Prefeitura Municipal de Salvador, 1976. Elaboração dos autores.
"iDJEBEFNPEFSOBuFTUÃMPDBMJ[BEBCBTJDBNFOUFOBTÃSFBTEB0SMB DVKBTFEJđDBÉ×FT
PCFEFDFNÆTEJTQPTJÉ×FTVSCBOÎTUJDBT UËNVNQBESÈPNBJTBMUPFVNBDFTTPBUSB-
WÊT EP NFSDBEP GPSNBM /B 0SMB NBJT BP OPSUF QSFEPNJOBN PT MPUFBNFOUPT F
DPOEPNÎOJPTIPSJ[POUBJTGFDIBEPT"QSFEPNJOÄODJBEFIBCJUBÉ×FTIPSJ[POUBJTF
EFCBJYBEFNBOEBUFSSJUPSJBMQPEFSÃTFSBGFUBEBQFMBDPOTPMJEBÉÈPEPQSPDFTTPEF
WFSUJDBMJ[BÉÈPJOEJDBEPOP.BQB&NBMHVOTCBJSSPTEFTTBiDJEBEFuBTIBCJUBÉ×FT
de alto padrão se encontram principalmente em condomínios verticais, com um
QSPDFTTP FN DVSTP EF TVCTUJUVJÉÈP EPT JNÓWFJT DPN NFOPS ÃSFB DPOTUSVÎEB QPS
edifícios cada vez mais altos.
/BiDJEBEFUSBEJDJPOBMuUFNPTEPNJDÎMJPTBEFRVBEPTEFQBESÈPNÊEJP FNFEJ-
đDBÉ×FTBOUJHBTFFNVNBNBODIBPDVQBEBDPNQBDUBFDPOUÎOVB0QSPDFTTPEF
FTWB[JBNFOUPEPDFOUSPUSBEJDJPOBMQFSTJTUF NBTKÃTFQPEFOPUBSVNQSPDFTTPEF
USBOTGPSNBÉÈPEPFTQBÉPVSCBOPFHFOUSJđDBÉÈPEFBMHVNBTÃSFBT BDPNQBOIBEPEF
TVBWBMPSJ[BÉÈPJNPCJMJÃSJB
/B iDJEBEF QSFDÃSJBu QSFEPNJOB B JOGPSNBMJEBEF FN UFSNPT EF QBES×FT
urbanísticos e de mercado, assim como a precariedade em termos habitacionais,
 ©EURE | vol 39 | no 118 | septiembre 2013 | pp. 5-26
QBSUJDVMBSNFOUFOP4VCÙSCJP'FSSPWJÃSJP/P.JPMPDPFYJTUFNIBCJUBÉ×FTGPSNBJT
(conjuntos habitacionais de baixo padrão), loteamentos populares e moradias
QSFDÃSJBTBVUPDPOTUSVÎEBT"NBODIBEFPDVQBÉÈPÊEJTQFSTBFEFTDPOUÎOVB&N
BMHVOTUSFDIPTEB0SMB BTÃSFBTQSFDÃSJBTBQBSFDFNDPNPJMIBT TFOEPDBSBDUFSJ[BEBT
DPNP;POBT&TQFDJBJT FNUFSNPTEFMFHJTMBÉÈPVSCBOÎTUJDB
mapa 2 | Tipologia socioespacial. Região Metropolitana de Salvador, 2000
fonte$ĮŀńĮĹĵļĲ1ĲŀĲĶŀĮ
As transformações atuais
"PMPOHPEPTÙMUJNPTBOPT 4BMWBEPSWFNFYQFSJNFOUBOEPBTUSBOTGPSNBÉ×FTBTTJ-
OBMBEBTOBTQÃHJOBTJOJDJBJTEFTUFUSBCBMIP DPNEFTUBRVFQBSBPOPWPQSPUBHPOJT-
NPEPDBQJUBMJNPCJMJÃSJPOBTVBEJOÄNJDBVSCBOBFNFUSPQPMJUBOB1BSBVNNFM-
IPSFOUFOEJNFOUPEFTTFGFOÔNFOP ÊQSFDJTPMFWBSFNDPOUBDPNPPDSFTDJNFOUP
econômico do Brasil, no período mais recente, vem se refletindo especialmente
OPNFSDBEPJNPCJMJÃSJP"TEFNBOEBTQPSJOGSBFTUSVUVSBFOPWPTFTQBÉPTQBSBBT
atividades produtivas, habitação, turismo, consumo e lazer, (especialmente para as
DBNBEBT EF NÊEJB F BMUB SFOEB BTTJN DPNP B EJNFOTÈP EB EFNBOEB IBCJUBDJP-
OBMSFQSJNJEB BTQPMÎUJDBTOBDJPOBJTEFJODFOUJWPÆIBCJUBÉÈPEFJOUFSFTTFTPDJBM F
BBNQMJBÉÈPEPDSÊEJUP EPFNQSFHPFEBSFOEB UPSOBSBNPNFSDBEPJNPCJMJÃSJP
CSBTJMFJSPVNEPTNBJTEJOÄNJDPTEPNVOEPTÓPNFSDBEPEF)POH,POHWFN
apresentando um melhor desempenho (Exame, 2010 e 2011).
4PNBEPÆSFDFOUFDSJTFđOBODFJSBFJNPCJMJÃSJBEPTQBÎTFTDFOUSBJT JTUPWFNUPS-
nando o mercado nacional bastante atrativo para os capitais internacionais (The
Economist, 2011 e Exame, 2011). Conforme dados da SEI, citados pela Associação
EF%JSJHFOUFTEF&NQSFTBTEP.FSDBEP*NPCJMJÃSJP "%&.* C PTFUPSEB
construção civil entre junho de 2009 e junho de 2010 cresceu no Brasil 5,5%, e na
#BIJBNBJTEPRVFPEPCSPm 4PNFOUFPNFSDBEPJNPCJMJÃSJPSFTJEFODJBM
baiano saiu de 3.151 unidades vendidas em 2005, para uma previsão de 15.000
VOJEBEFTFN "%&.* B
/FTTFDPOUFYUP PDBQJUBMJNPCJMJÃSJPWFNBERVJSJOEPVNOPWPQPEFSFQSPUB-
gonismo sobre o desenvolvimento das cidades, acentuados, inclusive, pelo seu atual
porte e perfil, pela sua maior capacidade de intervenção no espaço urbano e pelo
HSBVEFMJCFSEBEFEPRVBMQBTTPVBEFTGSVUBSBQBSUJSEBTPSJFOUBÉ×FTEPiFNQSFFO-
dedorismo urbano”.
"TQSJODJQBJTFNQSFTBTBUVBOUFTOFTUFNFSDBEPOÈPUËNNBJTVNDBSÃUFSMPDBM
ou regional. Trata-se, agora, de grandes conglomerados, muitas vezes internaciona-
lizados, que constroem obras como barragens, pontes e metrôs, e que tendo parti-
cipado dos processos de privatização atuam, hoje, em ramos como a petroquímica,
UFMFDPNVOJDBÉ×FTPVBMJNQF[BQÙCMJDBEBTHSBOEFTDJEBEFT&YFNQMPTEFTUBTFN-
QSFTBTTÈPB0EFCSFDIUFB0"4RVF OBTVBPSJHFN FSBNFNQSFJUFJSBTCBJBOBTF
hoje podem ser caracterizadas como multinacionais presentes em diversos setores
da economia, ou a Cyrela, que em dezembro de 2010 possuía 205 obras em anda-
NFOUPOPQBÎT FVNBQSFWJTÈPEFWFOEBTEFCJMI×FTEFSFBJTQBSB&DPNPP
UBNBOIPEPTFNQSFFOEJNFOUPTÊQSPQPSDJPOBMBPEPTplayers, essas empresas tem
IPKFVNOPWPQPEFSEFJOUFSGFSËODJBTPCSFBFTUSVUVSBVSCBOB
O novo papel do capital imobiliário
4BMWBEPS Ê VN DBTP FYFNQMBS OFTTF TFOUJEP $PNP PVUSBT NFUSÓQPMFT CSBTJMFJSBT
B DBQJUBM CBJBOB WFN FYQFSJNFOUBOEP VN FYUSBPSEJOÃSJP DSFTDJNFOUP JNPCJMJÃ-
SJP DPODFOUSBEPOBTÃSFBTEPUJQPNÊEJPPVTVQFSJPSEB0SMB"UMÄOUJDB POEFTF
encontra em curso um processo de adensamento baseado em uma verticalização
crescente, pois as terras desocupadas estão se tornando bastante escassas. Estudos
SFBMJ[BEPTQBSBB1SFGFJUVSB.VOJDJQBMEF4BMWBEPS DPNCBTFFNJNBHFOTBÊSFBTEF
NPTUSBNRVFIÃQPVDBTÃSFBTOÈPFEJđDBEBTFTFNSFTUSJÉ×FTQBSBPDVQBÉÈP
(Pereira, 2011).
A possibilidade de ocupar espaços na orla mais ao norte tornou-se pouco atrativa
pela acelerada perda de mobilidade que os habitantes da capital baiana experimen-
UBSBNOPTÙMUJNPTBOPT BTTPDJBEBBPBVNFOUPEBGSPUB ÆDBSËODJBEFUSBOTQPSUFTEF
NBTTBFÆGBMUBPVJODBQBDJEBEFEFHFSFODJBNFOUPEPUSÃGFHP"TTJN PBEFOTBNFOUP
EB0SMB"UMÄOUJDB FTQBÉPQSJWJMFHJBEPFNBJTWBMPSJ[BEPQFMBTDBNBEBTEFNBJPS
poder aquisitivo) vem sendo a alternativa preferida pelas construtoras, seguida pela
PDVQBÉÈPEBTÃSFBTMJWSFTEB"WFOJEB1BSBMFMB POEFQFSTJTUJBNSFTRVÎDJPTEB.BUB
"UMÄOUJDBBUÊSFDFOUFNFOUF
 ©EURE | vol 39 | no 118 | septiembre 2013 | pp. 5-26
&TUFBEFOTBNFOUPÊCBTFBEPFNVNBGPSUFWFSUJDBMJ[BÉÈP JODFOUJWBEBQPSVNB
MFHJTMBÉÈPVSCBOÎTUJDBNBJTQFSNJTTJWBBQBSUJSEPTQMBOPTEJSFUPSFTEFF
RVF BMUFSBSBN PT QBSÄNFUSPT EF PDVQBÉÈP TFN BQSFTFOUBS DSJUÊSJPT UÊDOJDPT RVF
justificassem as mudanças (Sampaio, 2010), confirmando a afirmação de Villaça
EFRVFBWFSUJDBMJ[BÉÈPEB0SMBEF4BMWBEPSBJOEBOÈPTFEFSBQPSRVF BUÊ
BRVFMFNPNFOUP PTJOUFSFTTFTEPDBQJUBMJNPCJMJÃSJPOÈPIBWJBNTJEPDPOUSBSJBEPT
0 .BQB BDSFTDFOUBOEP PT MBOÉBNFOUPT JNPCJMJÃSJPT EPT ÙMUJNPT USËT BOPT
ÆUJQPMPHJBIBCJUBDJPOBMFMBCPSBEBQPS1FSFJSB BQBSUJSEBJOUFSQSFUBÉÈPEF
JNBHFOTEFFEBEPTEP$FOTPEF JMVTUSBCFNBEJOÄNJDBBUVBM&TTFT
lançamentos, quase todos de condomínios verticais, estão concentrados em Pituba
ÃSFBKÃFYUSFNBNFOUFBEFOTBEB FFNBMHVOTDMVTUFSTBPOPSUF OBPSMBFOBTCPS-
das da Avenida Paralela, com alguns lançamentos de 2009 e 2010 cruzando essa
BWFOJEB RVFBUÊFOUÈPDPOTUJUVÎBBiGSPOUFJSBuFOUSFBDJEBEFNPEFSOBFBDJEBEF
QPQVMBS $BSWBMIPF1FSFJSB FOTBJBOEPVNOPWPQBESÈPEFTFHSFHBÉÈPTÓDJP
residencial.
mapa 3 | Tipologia habitacional e lançamentos imobiliários. Salvador, 2008-2010
fonte1ĲŀĲĶŀĮ ĲĹĲńĮĻłĮĺĲĻłļıļŁĮŃłļŀĲŁ&ĹĮįļŀĮ̊̆ļıļŁĮŃłļŀĲŁ
"GBMUBEFHSBOEFTHMFCBTEFTPDVQBEBTOB0SMBFYQMJDBFTUFNPWJNFOUPFNEJSFÉÈP
ao interior, com o lançamento de empreendimentos em condomínios fechados,
com controle de acesso, guarita, muros e demais aparatos da atual arquitetura de
TFHVSBOÉBEFTDSJUPTQPS$BMEFJSB
"UJQPMPHJBIBCJUBDJPOBMSFQSFTFOUBVNBUFOUBUJWBEFTÎOUFTFEBTDPOEJÉ×FTIB-
CJUBDJPOBJT VTBOEP DPNP JOEJDBEPSFT WBSJÃWFJT DPOTUSVÎEBT B QBSUJS EF EBEPT EP
censo: a relação entre número de banheiros e número de domicílios, para indicar

B MPDBMJ[BÉÈP EF IBCJUBÉ×FT EF QBESÈP NBJT BMUP EPNJDÎMJPT DPN NBJT EF CBO-
heiros) e mais baixo (número de banheiros menor que o número de domicílios);
EPNJDJMJPUJQPBQBSUBNFOUPFEPNJDÎMJPTDPNBUÊDÔNPEPT3. Estes dados foram
cruzados com o mapa da mancha edificada feita a partir da interpretação de fotos
BÊSFBTWFSUJDBJTEF0SFTVMUBEPQPEFTFSDPOTJEFSBEPDPNPBFYQSFTTÈPGÎTJDB
dos processos de segregação socioespacial registrados na cidade
Conforme anteriormente assinalado, o porte dos novos empreendimentos e seu
JNQBDUPTPCSFPFTQBÉPVSCBOPBHPSBUBNCÊNÊPVUSP6NEFMFT MBOÉBEPSFDFOUF-
NFOUF ÊVNDPOEPNÎOJP GFDIBEP DPNUPSSFTSFTJEFODJBJT UPSSFTFNQSFTB-
SJBJT VNTIPQQJOH VNIPUFM VNDMVCFFVNDPMÊHJPQBSUJDVMBS DPN NƳ
EFÃSFB0VUSP JNQMBOUBEPOB"WFOJEB1BSBMFMB RVFMJHBPDFOUSPBPBFSPQPSUPFB
NVOJDÎQJPTEBSFHJÈPNFUSPQPMJUBOB FRVFKÃWJWFDPOHFTUJPOBEB PDVQBSÃ
m2FUFSÃUPSSFTDPNVOJEBEFTSFTJEFODJBJTPOEFEFWFSÈPIBCJUBSDFSDBEF
QFTTPBT$PNVNBQSFWJTÈPEFFTUBDJPOBNFOUPTQBSBWFÎDVMPT ÊGÃDJM
prever o impacto sobre a mobilidade urbana quando os mesmos estiverem nas ruas
OPTIPSÃSJPTEFQJDP PVUFOUBOEPFOUSBSFTBJSEPQSÓQSJPDPOEPNÎOJP RVFÊTP-
mente um dos empreendimentos atualmente em construção na região da avenida
Paralela, onde aos condomínios verticais residenciais somam-se centros comerciais
e edifícios de escritórios.
A privatização da gestão e planejamento da cidade
Por outro lado, o crescimento do poder da coalizão de interesses privados no desen-

volvimento da cidade pode ser notado, inclusive, pela sua estreita e agora explícita
BSUJDVMBÉÈPDPNPQPEFSMPDBM RVFQBTTBQPSVNEFTNPOUFEBTTVBTFRVJQFTUÊDOJ-
DBT VNBEFTWBMPSJ[BÉÈPEBPSHBOJ[BÉÈPCVSPDSÃUJDBFVNBCBOEPOPEBËOGBTFOB
FTGFSBQÙCMJDB RVFDBSBDUFSJ[PVQSPQPTUBTDPNPBTEP&16$4FEP1-"/%63#
como destaca Fernandes, 2010.
&TUBBSUJDVMBÉÈPTFFYQSFTTPVOBBQSPWBÉÈP FN EFVNOPWP1MBOP%JSFUPS
EF %FTFOWPMWJNFOUP 6SCBOP HFTUBEP F PSJFOUBEP QBSB PT JOUFSFTTFT EP NFSDBEP
JNPCJMJÃSJP ĔFYJCJMJ[BOEP F BMUFSBOEP OPSNBT F JOTUJUVJOEP PVUSPT NFDBOJTNPT
para facilitar (ainda mais) a apropriação por esses setores de mais valia urbana.
1PVDP QSFPDVQBEP DPN PT HSBOEFT QSPCMFNBT EB DJEBEF DPNP B DBSËODJB EF JO-
GSBFTUSVUVSBFTFSWJÉPTCÃTJDPT BIBCJUBÉÈPQPQVMBS PVPUSBOTQPSUFFBNPCJMJEB-
EF P1MBOPWJTPVCBTJDBNFOUFBNPEJđDBÉÈPEFQBSÄNFUSPTDPOTUSVUJWPTFBFMF-
WBÉÈPEPHBCBSJUPOBiÃSFBOPCSFuEBDJEBEF DPNPEFTFKBWBNPTFNQSFFOEFEPSFT
JNPCJMJÃSJPT
3 0TEPNJDÎMJPTBQPOUBEPTDPNPJOBEFRVBEPTOPNBQB*** TÈPPTRVFFTUÈPFNÃSFBTPOEFBSFMBÉÈPCBOIFJSPEPNJDJMJP
ÊNFOPSEPRVF PVTFKB QBSUFEBTIBCJUBÉ×FTOÈPUFNCBOIFJSPKÃPTSFHJTUSBEPTDPNPQSFDÃSJPTTÈPPTRVFTPNBN
BFTUBDPOEJÉÈPVNBMUPQFSDFOUVBMEFEPNJDÎMJPTDPNBUÊDÔNPEPT"TIBCJUBÉ×FTTVQFSJPSFTTÈPBTRVFFTUÈPFN
ÃSFBT POEF FYJTUF VN BMUP QFSDFOUVBM EF EPNJDÎMJPT DPN NBJT EF CBOIFJSPT " DPJODJEËODJB EFTUB TJUVBÉÈP DPN B
QSFEPNJOÄODJBEBWBSJÃWFMEPNJDÎMJPTUJQPBQBSUBNFOUP JOEJDBBTÃSFBTEFIBCJUBÉÈPTVQFSJPSWFSUJDBMJ[BEBT
 ©EURE | vol 39 | no 118 | septiembre 2013 | pp. 5-26
Seu conteúdo e aprovação foram bastante questionados, entre outros motivos,

QPSRVF JHOPSBWBN BT EJTQPTJÉ×FT EP &TUBUVUP EBT $JEBEF F GPJ BQSPWBEP QFMPT
vereadores na calada da noite (terminou sendo objeto de um processo por parte
EP.JOJTUÊSJP1ÙCMJDP .BTFTTFQSPDFTTPOÈPUFWFFGFJUPTQSÃUJDPTQPJT RVBOEP
P.JOJTUÊSJP1ÙCMJDPHBOIPVBBÉÈP RVBUSPBOPTEFQPJT PNFTNPKÃIBWJBTJEP
revisado, com o mesmo tipo de motivação.
0FJYPDFOUSBMEFTTBSFWJTÈPGPJPJODSFNFOUPOPTQBSÄNFUSPTVSCBOÎTUJDPTEF
aproveitamento do solo (Sampaio, 2010), aumentando a intensidade de ocupação
QPS[POB TFNBQSFTFOUBSFTUVEPTUÊDOJDPTRVFKVTUJđDBTTFNBTNVEBOÉBTPV BPNF-
OPT BWBMJBTTFNPTFVJNQBDUPTPDJBMFBNCJFOUBM0SFTVMUBEPQSFWJTÎWFMÊPBVNFO-
to da segregação socioespacial e uma cada vez maior apropriação da mais-valia urba-
na pela coalizão de interesses privados corporativos, que se apropriam da paisagem
urbana e espaços públicos, se beneficiam da infraestrutura instalada com recursos
QÙCMJDPTF OBTBUVBJTDPOEJÉ×FTEFHPWFSOBOÉBNVOJDJQBM QPEFNJODMVTJWFJNQPSÆ
NFUSÓQPMFOPWPTJOWFTUJNFOUPT QSPKFUPTFPQFSBÉ×FTVSCBOBT
"MÊN EJTTP OP JOÎDJP EF B 1SFGFJUVSB MBOÉPV VN DPOKVOUP EF QSPKFUPT
BMJOIBWBEPTGSPVYBNFOUFQFMPEFOPNJOBEPQMBOFKBNFOUPFTUSBUÊHJDP iEPBEPuQPS
FNQSFTBTEPTFUPSJNPCJMJÃSJPÆDJEBEF RVFDPNPQSFUFOTJPTPUÎUVMPEFi4BMWBEPS
Capital Mundial” (Prefeitura Municipal de Salvador, 2010), propunha um amplo
DPOKVOUPEFJOUFSWFOÉ×FTQBSBEJSFDJPOBSPTFVEFTFOWPMWJNFOUP DPNTJOHFMBTEF-
DMBSBÉ×FTEPBMDBJEF
3FDFOUFNFOUFBQSFTFOUBNPTBFNQSFTÃSJPT ÆJNQSFOTBFÆTPDJFEBEFPmasterplan
intitulado Salvador Capital Mundial, um plano completo de reconfiguração urbana
para Salvador, com 22 projetos estruturantes, incluindo novas avenidas, viadutos,
SFRVBMJđDBÉÈP EB 0SMB .BSÎUJNB EB $JEBEF #BJYB F 1FOÎOTVMB *UBQBHJQBOB
elaborados por um grupo de arquitetos e urbanistas...
As diversas empresas participantes, dos setores de arquitetura, urbanismo,
construção pesada e outras, contribuíram da forma que entenderam como mais eficaz
para a elaboração deste trabalho. Um projeto que a Prefeitura de Salvador não teria
como encomendar e pagar a famosos escritórios de planejamento urbano... ( João,
2010, grifo dos autores)
Na verdade, esses projetos não formam um corpo coerente nem integram um plano
ÙOJDP TFOEPBFYQSFTTÈPEFJOUFSFTTFTQPOUVBJTFEJSFDJPOBEPTQBSBÃSFBTEBDJEBEF
TPCSFWBMPSJ[BEBT F TBUVSBEBT DBTP EBT ÃSFBT POEF P BEFOTBNFOUP DPOTUSVUJWP GPJ
BMFNEBDBQBDJEBEFEFTVQPSUFEBJOGSBFTUSVUVSBJOTUBMBEB PVQBSBÃSFBTEPDFO-
tro tradicional com menor valorização do solo e onde, como forma de viabilizar
TFVVTP PQSPKFUPKVTUJđDBSJBBEFTBQSPQSJBÉÈPEPTJNÓWFJTEPTBUVBJTQSPQSJFUÃSJPT
$PNPTFSJBEFFTQFSBS BMPDBMJ[BÉÈPEFTUBTJOUFSWFOÉ×FTJHOPSBBTÃSFBTTPDJBMNFOUF
DBSFOUFTEBDJEBEF DPODFOUSBOEPTFOBRVFMBTPOEFBFTQFDVMBÉÈPJNPCJMJÃSJBQPEF
ampliar seus ganhos.
4 Com o movimento pela reforma urbana e a aprovação do Estatuto da Cidade, que incorpora princípios como o direito
ÆDJEBEF BGVOÉÈPTPDJBMEFQSPQSJFEBEF BTVTUFOUBCJMJEBEFBNCJFOUBMFBHFTUÈPEFNPDSÃUJDB P#SBTJMQBTTPVBEJTQPS
de uma ordem jurídico-urbanística bastante avançada. Mas a efetivação dos princípios e dispositivos do Estatuto vem se
NPTUSBOEPQSPCMFNÃUJDBFSFTUSJUB OÈPTFUSBEV[JOEPNBJTFGFUJWBNFOUFOBTQPMÎUJDBTVSCBOBT
Nem o detalhamento das propostas nem a identificação dos seus financiadores

GPSBNEJWVMHBEPT DPNPTQSPKFUPTDJSDVMBOEPOBGPSNBEFWJTUPTBTQVCMJDBÉ×FTFMB-
CPSBEBT QPS BHËODJBT EF QVCMJDJEBEF .BT BQFTBS EB UFOUBUJWB EF NBOJQVMBÉÈP EB
opinião pública, essa “doação” teve uma repercussão bastante negativa, com pronun-
DJBNFOUPTDPOUSÃSJPTEFWFSFBEPSFTEBPQPTJÉÈP EBJNQSFOTBFEFPSHBOJ[BÉ×FTEB
sociedade civil. Essa reação foi tão significativa que uma fundação ligada a empresas
construtoras, que doara um dos projetos, veio a público desautorizando a sua utili-
zação pela prefeitura, considerando-se mal compreendida e injustiçada pelas críticas.
Apesar disso, em junho de 2011, os referidos projetos continuavam online no
sítio da web da Prefeitura de Salvador5, sem dados sobre financiamento (A Tarde,
fevereiro de 2011), viabilidade econômica, impacto social e ambiental ou um de-
talhamento arquitetônico ou urbanístico que permitissem uma avaliação mais con-
sistente. As críticas públicas, de um lado, mas principalmente a falta de articulação
com os processos institucionais de planejamento da própria prefeitura, vem forçan-
do a retirada de alguns deles, como foi o caso recente de uma ponte que havia sido
QSPKFUBEBTPCSFBÃSFBRVFTFSJBEFTUJOBEBBVNQBSRVF TFHVOEPP1MBOP%JSFUPSEF
%FTFOWPMWJNFOUP6SCBOP 1%%6 EF "5BSEF KVOIPEF
/FTTF QSPDFTTP EF ĔFYJCJMJ[BÉÈP PV EFTSFTQFJUP ÆT OPSNBT EF VTP EP TPMP
e construção, destaca-se a instituição de um instrumento urbanístico como o
53"/4$0/ RVFDSJBBiUSBOTGFSËODJBEPEJSFJUPEFDPOTUSVJSuTFNPNBQFBNFOUP
EBTÃSFBTDVKPTEJSFJUPTEFDPOTUSVJSQPEFNTFSUSBOTGFSJEPT iÃSFBTEPBEPSBTu QBSB
PVUSBTÃSFBT iÃSFBTBQUBTBSFDFCFSBEFOTBNFOUPu QPTTJCJMJUBOEPBSFBMJ[BÉÈPEF
RVBMRVFSPQFSBÉÈPJOEFQFOEFOUFNFOUFEFIBWFSSFTUSJÉ×FTVSCBOÎTUJDBT DPOTUJUVJO-
EPVNBFTQÊDJFEFMJDFOÉBQBSBUSBOTHSFEJSRVBMRVFSOPSNBSFTUSJUJWB0TSFTVMUBEPT
QBSBBDJEBEFUFOEFNBTFSBNBJPSTBUVSBÉÈPEBTÃSFBTKÃTBUVSBEBTFPTQSPCMFNBT
ocasionados pelo adensamento excessivo em termos ambientais, de infraestrutu-
SB USBOTQPSUFT FUD4BNQBJP Q NPTUSBRVFVNBÃSFBJOGSBFTUSVUVSBEB
FBEFOTBEBDPNPB1JUVCB SFDFCFV EPTFNQSFFOEJNFOUPT53"/4$0/
BQSPWBEPTFOUSFF5BNCÊNÊOPUÃWFMBFMFWBÉÈPEPOÙNFSPEFFNQSFFO-
dimentos que tem usado este instrumento após 2004, ano de aprovação do novo
1%%6 SFWJTUPFN1BTTPVTFEFVNBNÊEJBEF FNQSFFOEJNFOUPTBQSP-
vados por ano entre 1997 e 2004 para 56,2 por ano a partir de 2005.
Significativamente, a estreita articulação entre o governo local e o capital imo-
CJMJÃSJPÊFYQMJDJUBEBQFMPQSÓQSJPÓSHÈPSFTQPOTÃWFMQFMPMJDFODJBNFOUPEFDPOT-
USVÉÈP F BUJWJEBEFT B 4VQFSJOUFOEËODJB EF $POUSPMF F 0SEFOBNFOUP EP 6TP EP
4PMPEP.VOJDÎQJP 46$0. &NTFVTJUF FN DPOTUBWBRVF
7JTBOEPPDSFTDJNFOUPJNPCJMJÃSJPEBDJEBEFEF4BMWBEPSFFTUSFJUBSPSFMBDJPOBNFOUP
DPNPTFNQSFTÃSJPTEPSBNPEFDPOTUSVÉÈP B46$0.đSNPVOBUBSEFEFTUBRVJOUB
GFJSB VNDPOWËOJPDPNB"TTPDJBÉÈPEF%JSJHFOUFTEF&NQSFTBTEP.FSDBEP
*NPCJMJÃSJP "%&.* " BTTJOBUVSB EP EPDVNFOUP BDPOUFDFV OP BVEJUÓSJP EP
Empresarial Niemeyer e teve como público os associados da Ademi. (Sucom, 2009)
IUUQXXXDBQJUBMNVOEJBMTBMWBEPSCBHPWCSBDFTTPFNEFKVOIPEF
 ©EURE | vol 39 | no 118 | septiembre 2013 | pp. 5-26
&TUFDPOWËOJPTJHOJđDPV TFHVOEPBTQSÓQSJBTQBMBWSBTEPFOUÈPTVQFSJOUFOEFOUF
iUSBCBMIBSKVOUPDPNB"%&.* VNBQBSDFSJBDPNPFTTBOBTDFFNDPOTPOÄODJB
com o novo modelo de gestão que o prefeito João Henrique vem trazendo para a
cidade desde 2005”. A expressão “novo modelo de gestão” pode ser traduzida como
BQBTTBHFN QBSBPTTFUPSFTFNQSFTBSJBJT EBTBUSJCVJÉ×FTEPTFUPSQÙCMJDPMPDBM QBS-
ticularmente as relacionadas ao uso e ocupação do solo urbano.
&N NBSÉP EP DPSSFOUF BOP QPS PDBTJÈP EP BOJWFSTÃSJP EB DJEBEF P QSFGFJUP
declarava que,
QBSBUSBOTGPSNBS4BMWBEPSFNVNBDBQJUBMNVOEJBM ÊQSFDJTPQSPKFUPTBSSPKBEPT
NPEFSOPT RVF JOUFHSFN P NFJP BNCJFOUF F BT FEJđDBÉ×FT Æ QBJTBHFN VSCBOB
HBSBOUJOEP B NPCJMJEBEF F NBJT RVBMJEBEF EF WJEB QBSB B TVB QPQVMBÉÈP 0
QSPKFUP CBUJ[BEP EF 4BMWBEPS $BQJUBM .VOEJBM QSFWË TPMVÉ×FT QBSB P USBOTQPSUF
USÄOTJUPFDSFTDJNFOUPEBDJEBEF4FSÈPBCFSUBTOPWBTWJBTEFUSÃGFHP JNQMBOUBEPT
sistemas modernos de transporte, revitalização da orla, requalificação e ampliação
da estrutura turística.
" QBSUJDJQBÉÈP EP NFSDBEP JNPCJMJÃSJP OFTUF QSPDFTTP EF BMBWBODBHFN EP
crescimento econômico de Salvador tem sido fundamental para consolidar o
novo momento em que vivemos. Nos últimos anos a cidade teve alterada sua
EJOÄNJDBDPNPJOHSFTTPEFFNQSFFOEJNFOUPTBSSPKBEPTFEFQPOUB MJEFSBEPTQPS
DPOTUSVUPSBTEFHSBOEFQPSUFPSJVOEBTEFPVUSPTFTUBEPT"DBQJUBMGFSWJMIBOBÃSFB
EBDPOTUSVÉÈP "5BSEF $BEFSOP.VJUP
Mais recentemente, a pretexto de que Salvador precisa se preparar para sediar al-
HVNBT QBSUJEBT EP DBNQFPOBUP NVOEJBM EF GVUFCPM FN FMF FODBNJOIPV Æ
$ÄNBSB.VOJDJQBMPVUSBTQSPQPTUBTEFNVEBOÉBOP1%%6 BMFHBOEPRVFi1BSB
SFDFCFS IPUÊJT QBSB B $PQB BJOEB Ê QSFDJTP NVEBS BT SFHSBTu Jornal Metrópoles,
2011).
$PNPTFWË DPNPSFTQBMEPEPEJTDVSTPEPFNQSFFOEFEPSJTNPVSCBOP DPO-
solida-se um processo que pode ser considerado como uma terceirização do plane-
KBNFOUPFEBHFTUÈPEBDJEBEF PV DPOGPSNFBOUFTNFODJPOBEP EFUSBOTGFSËODJB
EBTBUSJCVJÉ×FTEFDPOUSPMFEPVTPFPDVQBÉÈPEPTPMPFEBGPSNVMBÉÈPEFQPMÎUJDBT
planos e projetos de desenvolvimento urbano da esfera pública para a esfera priva-
EB5PEPTPTTFVTHSBOEFTQSPKFUPTUËN FNDPNVN BGBMUBEFUSBOTQBSËODJB6, de
EJTDVTTÈP EF QBSUJDJQBÉÈP QÙCMJDB DPN P SFQBTTF EBT BUSJCVJÉ×FT USBEJDJPOBJT EP
&TUBEPQBSBVNBDPBMJ[ÈPEFJOUFSFTTFTQSJWBEPTmFNQSFJUFJSBTEFPCSBTQÙCMJDBT
FNQSFFOEFEPSFT JNPCJMJÃSJPT DPODFTTJPOÃSJPT EF TFSWJÉPT QÙCMJDPT FNQSFTBT EF
DPOTVMUPSJBmRVFWËNUSBOTGPSNBOEPBDJEBEFFNDPNNPEJUZFEJSFDJPOBOEPTFV
desenvolvimento em função dos interesses imediatos dos integrantes dessa coalizão.
5BM ËOGBTF OB iDJEBEF NVOEJBMu F OB DPNQFUJUJWJEBEF VSCBOB QSJWJMFHJBOEP B
atração de empreendedores e turistas, ignora ou deixa em um plano absolutamente
TFDVOEÃSJP BTOFDFTTJEBEFTNBJTQSFNFOUFTEBNBJPSJBEPTTFVTNPSBEPSFTFFYUSF-
NB B DPODFOUSBÉÈP EPT JOWFTUJNFOUPT OB ÃSFB NBJT WBMPSJ[BEB TFN DPOUFNQMBS B
0DPOUSPMFFSFTUSJÉÈPEBTJOGPSNBÉ×FTQFMBQSFGFJUVSBUFNDPNPSFTVMUBEPFWJUBSBEJTDVTTÈPEBTTVBTQSPQPTUBT UFOEP
TJEPCBTUBOUFVUJMJ[BEPTQBSBSFEV[JSBQBSUJDJQBÉÈPQPQVMBSOBUSBNJUBÉÈPEP1%%6
inserção dos demais espaços no conjunto dos fluxos urbanos. Cada vez mais trans-
forma a cidade em um negócio, na acepção mais crua do termo, em que uns poucos
ganham, e quase todos perdem.
Alguns de forma mais direta e imediata, como os moradores do bairro de
Itapagipe, que em 2009 receberam com surpresa a notícia de um decreto de des-
BQSPQSJBÉÈPEFTVBTBOUJHBTNPSBEJBT %FDSFUP.VOJDJQBMEF QBSBB
iSFWJUBMJ[BÉÈPuFHFOUSJđDBÉÈPEBÃSFB RVFQBTTPVBEFTQFSUBSBDPCJÉBEPDBQJUBM
JNPCJMJÃSJPQPSTVBMPDBMJ[BÉÈPOBTCPSEBTEB#BJBEF5PEPTPT4BOUPT DPNJO-
EFOJ[BÉ×FT DBMDVMBEBT OÈP QFMPT QSFÉPT EF NFSDBEP EPT TFVT JNÓWFJT F TJN QFMPT
EFGBTBEPTWBMPSFTEP*NQPTUP1SFEJBMF5FSSJUPSJBM6SCBOP*1560TEFNBJTQFMPT
efeitos devastadores desse novo padrão de governança sobre a cidade, onde se in-
DMVFNBEFHSBEBÉÈPEPNFJPBNCJFOUF DPNBEFTUSVJÉÈPEFEJWFSTBTÃSFBTWFSEFT
FEPTÙMUJNPTSFTRVÎDJPTEBNBUBBUMÄOUJDB PBUFSSBNFOUPEFOBTDFOUFTFMBHPBT B
DSJBÉÈPEFPCTUÃDVMPTÆDJSDVMBÉÈPEPTWFOUPTFBFMFWBÉÈPEBUFNQFSBUVSBBQFSEB
da mobilidade urbana e o aumento dos congestionamentos, a degradação dos es-
paços públicos e do patrimônio histórico-cultural da cidade, e, principalmente, o
crescimento da segregação, da fragmentação e das desigualdades sociais e urbanas7.
Algumas considerações finais
$PNPGPJWJTUPOBTQÃHJOBTJOJDJBJTEFTUFUSBCBMIP BEJOÄNJDBDPOUFNQPSÄOFBEP
DBQJUBMJTNPUFNMFWBEPBBMHVNBTNVEBOÉBTDPNVOTOBTSFHJ×FTNFUSPQPMJUBOBT
JODMVJOEPTF FOUSFFMBT PBCBOEPOPQFMP&TUBEPEFCPBQBSUFEFTVBTGVOÉ×FTUSB-
dicionais de gestão e planejamento, e uma afirmação crescente da lógica do capital
JNPCJMJÃSJPOPEFTFOWPMWJNFOUPEFTTFTDFOUSPT
1BSBJTUPUFNDPOUSJCVÎEPBJOĔVËODJBEPJEFÃSJPOFPMJCFSBMF NBJTFTQFDJđDB-
mente, a difusão do denominado “empreendedorismo urbano”, que enfatiza como
eixo central da questão urbana a busca de uma competitividade para atrair os capi-
tais que circulam no espaço, sem fronteiras, do mundo globalizado. Somando-se a
outros fatores, esse novo padrão de governança vem propiciando um novo poder e
QSPUBHPOJTNPBPDBQJUBMJNPCJMJÃSJP DPOGPSNFBOBMJTBEPQBSBPDBTPEF4BMWBEPS
com os efeitos que foram apontados.
WFSEBEFRVF OBNFUSÓQPMFCBJBOB FTTFGFOÔNFOPWFNBTTVNJOEPVNDBSÃUFS
extremado e caricato, contrariando frontalmente os princípios e dispositivos do
&TUBUVUPEB$JEBEF FNEFDPSSËODJBEFDFSUBTFTQFDJđDJEBEFTF QSJODJQBMNFOUF EB
estrutura de poder local. Mas ela não representa um caso isolado. Autores como
%F .BUUPT C UFN DPOTUBUBEP F SFĔFUJEP TPCSF B EJGVTÈP F JNQBDUPT EFT-
/FTTBTDJSDVOTUÄODJBTÊOPNÎOJNPEVWJEPTPRVFBDJEBEFBMDBODFPTTVQPTUPTCFOFGÎDJPTEFTTFNPEFMPEFHPWFSOBOÉB
ampliando a sua competitividade e atratividade como um bom lugar para morar, trabalhar, visitar ou investir. Nota-
TF RVF 4BMWBEPS KÃ UFN VNB JNBHFN GPSUF F QPTJUJWB DPOTUJUVJOEP VN EPT EFTUJOPT UVSÎTUJDPT QSFGFSJEPT EP #SBTJM
justamente por suas características em termos de beleza natural, patrimônio histórico e cultura.
"DPTTBEBQFMBQSFDBSJFEBEFIBCJUBDJPOBM QFMPEFTFNQSFHPFQFMBQPCSF[B VNBCPBQBSUFEBQPQVMBÉÈPTPUFSPQPMJUBOB
USBOTGPSNPVTFFNQSFTBGÃDJMEPQPQVMJTNPFEPDMJFOUFMJTNPQPMÎUJDP FJTUPUFNÓCWJBTSFQFSDVTT×FTTPCSFPQBQFMEPT
QSFGFJUPT BDPNQPTJÉÈPFBUVBÉÈPEB$ÄNBSBEF7FSFBEPSFTFBDBQBDJEBEFEFPSHBOJ[BÉÈPFNPCJMJ[BÉÈPEBTPDJFEBEF
civil.
 ©EURE | vol 39 | no 118 | septiembre 2013 | pp. 5-26
TFOPWPUJQPEFHPWFSOBOÉBOBTNFUSÓQPMFTEB"NÊSJDB-BUJOB&OUSFWJTUBTDPN
NFNCSPTEP.JOJTUÊSJP1ÙCMJDPSFWFMBSBNRVFFTTBJOTUJUVJÉÈPFOGSFOUBQSPCMF-
NBT TJNJMBSFT BPT EF 4BMWBEPS FN PVUSBT DJEBEFT CSBTJMFJSBT F UBNCÊN OB BQSP-
WBÉÈPEP1MBOP%JSFUPS&TUSBUÊHJDPEF4ÈP1BVMPGPJBQSPWBEPVNTVCTUJUVUPDPN
o que Villaça (2005) denomina como “emendas noturnas”, não apenas pela hora
da sua aparição como pela estranha especificidade de atender a interesses muito
EJSFUPTEPDBQJUBMJNPCJMJÃSJP9.
0UFNQPTFFODBSSFHPVEFEFTGB[FSBTJMVT×FTEPQMBOFKBNFOUPOPSNBUJWPFSB-
DJPOBMJTUBRVBOUPÆTVBDBQBDJEBEFEFNPEFMBSBTDJEBEFT JHOPSBOEPPVNJOJNJ-
[BOEPEFUFSNJOBOUFTFTUSVUVSBJTFBMÓHJDBNBJTBNQMBEBEJOÄNJDBVSCBOBOPDBQJ-
talismo. A preocupação com o crescimento econômico e com uma maior geração
EFFNQSFHPTUPSOPVTFDPOTUBOUFFOUSFPTQPEFSFTMPDBJT&OUSFUBOUP OÈPÊDFSUP
que o caminho para o seu alcance seja tentar repetir (agora como farsa) a história de
Baltimore ou de Barcelona, replicando formas e artefatos arquitetônicos difundi-
dos e generalizados globalmente, multiplicando os “não lugares”, mercantilizando
e espetacularizando a cidade, transformando seus moradores em meros figurantes e
entregando seu destino ao capital, sem levar em conta a preservação da sua qualida-
de de vida, coesão social e sustentabilidade ambiental.
0FTUVEPEFDBTPBQSFTFOUBEPJMVTUSBPQSPUBHPOJTNPBUVBMEPDBQJUBMJNPCJMJÃ-
rio no desenvolvimento das grandes metrópoles brasileiras. A mercantilização do
DSFTDJNFOUPVSCBOPOÈPÊOPWJEBEF DPNPTFTBCF NBTPRVFFTUÃBUVBMNFOUFFN
DVSTPFN4BMWBEPSÊBJNQPTJÉÈPEFVNQBESÈPEFHPWFSOBOÉBNVOJDJQBMOPRVBM
BTEFDJT×FTTPCSFPEFTFOWPMWJNFOUPVSCBOPEBNFUSÓQPMFOÈPGB[FNNBJTQBSUF
EBTBUSJCVJÉ×FTEPQPEFSQÙCMJDP&TUFPQFSBDPNPVNBUPSDPBEKVWBOUFEPQSP-
DFTTP SFGFSFOEBOEPEFDJT×FTEBFTGFSBQSJWBEBFDSJBOEPDPOEJÉ×FTJOTUJUVDJPOBJT
QBSB JTUP P RVF JODMVJ BKVTUBS P BSDBCPVÉP KVSJEJDPVSCBOJTUJDP ÆT EFNBOEBT EPT
OPWPTQMBZFST DPNBTTVDFTTJWBTiSFWJT×FTuBP1MBOP%JSFUPSKVTUJđDBEBTDPNPGPS-
ma de aumentar a capacidade da cidade para atrair investimentos. Neste contexto,
BBWBMJBÉÈPUÊDOJDBEPTJNQBDUPTVSCBOÎTUJDPT TPDJBJTFBNCJFOUBJTRVFBJNQMBO-
tação de grandes emprendimentos e equipamentos tenha sobre a cidade, deixa de
TFSVNDSJUÊSJPWÃMJEP&TUFTJNQBDUPTTFUSBEV[FNOBBUVBMGBMËODJBEPTJTUFNBEF
transporte (público e individual), degradação ambiental, destruição do patrimônio
cultural arquitetônico, dispersão incontrolada do tecido urbano, adensamento das
ÃSFBTKÃTBUVSBEBTFBVNFOUPEBTFHSFHBÉÈPTPDJPFTQBDJBM DPOGPSNFBOUFSJPSNFOUF
assinalado.
"TQSPNFTTBTFJMVT×FTEFTQFSUBEBTQFMPFNQSFFOEFEPSJTNPVSCBOPFPTJOUFSFT-
TFTPDVMUPTBUSÃTEPTFVEJTDVSTPUFÓSJDPQSPDVSBNFTDPOEFSFTUFGBUP"JOEBBTTJN
9 3FDFOUFNFOUF QPS TVHFTUÈP EP 4&$07* 4JOEJDBUP EP 4FUPS *NPCJMJÃSJP P BUVBM QSFGFJUP QBVMJTUBOP BQSPWPV
OB$ÄNBSBVNBMFJRVFP BVUPSJ[BWBB OFHPDJBSPDIBNBEPiRVBSUFJSÈPEFDVMUVSBu RVFTFFODPOUSBFNQSPDFTTPEF
tombamento, contra o parecer dos órgãos de preservação do patrimônio, repúdio dos moradores do bairro e os protestos
da sociedade mais ampla. VNWBMJPTPUFSSFOPNVOJDJQBM MPDBMJ[BEPFNÃSFBOPCSFEBDJEBEF EFOTBNFOUFBSCPSJ[BEP
FPOEFFTUÈPJOTUBMBEPTTFSWJÉPTRVFBUFOEFNBNJMIBSFTEFVTVÃSJPT DPNPFTDPMBT QPTUPTEFTBÙEF UFBUSPFCJCMJPUFDB
A entrega do terreno se daria em troca da construção de 200 creches na periferia. A negociação foi barrada pela justiça,
considerando que a aplicação da referida lei poderia causar um prejuizo irreversível para a cidade, mas existem projetos
DPNJHVBMUFPSQBSBPVUSBTÃSFBTDPCJÉBEBTEBDBQJUBMQBVMJTUB 'PMIBEF4ÈP1BVMP F
NFTNPOBTDPOEJÉ×FTBEWFSTBTEF4BMWBEPS UFNDSFTDJEPCBTUBOUFOPTÙMUJNPTBOPT
POÙNFSPEFHSVQPTFQFTTPBTRVFQSPDVSBNP.JOJTUÊSJP1ÙCMJDPCBJBOPQBSBFO-
DBNJOIBSQSPUFTUPTFSFJWJOEJDBÉ×FT DPOUSB PT FGFJUPTNBJT JNFEJBUPT F QFSWFSTPT
EBTUSBOTGPSNBÉ×FTBOBMJTBEBT EFJYBOEPQBUFOUFBOFDFTTJEBEFEFBNQMJBSPTEFCB-
UFTFBTNPCJMJ[BÉ×FTTPDJBJTQBSBGB[FSWBMFSBTEJTQPTJÉ×FTEP&TUBUVUP BTTFHVSBOEP
PEJSFJUPÆDJEBEFFDPOGPSNBOEPVNPVUSPQBESÈPEFEFTFOWPMWJNFOUPVSCBOP
©EURE
Referências bibliográficas
A Tarde1SFGFJUVSBEFTJTUFEFFSHVFSQPOUFTPCSFWBMF Q#
A Tarde4VTQFOTBTMJDFOÉBTEFQSÊEJPTBMUPTOBPSMB Q"
A Tarde6NNËTEFQPJT QSFGFJUVSBPNJUFRVFNQBUSPDJOBQSPKFUPTEBi$BQJUBM.VOEJBMu Q#
A Tarde $BEFSOP.VJUP
Ademi. Revista. Ano 9, n. 43, 2010a.
Ademi. Revista. Ano 9, n. 46, 2010b.
#BZPO .$ %FTJHVBMEBEZQSPDFTPTEFFYDMVTJÓOTPDJBM$PODFOUSBDJÓOTPDJPFTQBDJBMEFEFT-
WFOUBKBTFOFMHSBO#VFOPT"JSFTZMB$JVEBEEF.ÊYJDPEstudios Demográficos y Urbanos (El
$PMFHJPEF.ÊYJDP 23 %JTQPOÎWFMFNIUUQCJUMZ5EM
Borja, J. & Castells, M. (1997). Local e global. La gestión de las ciudades en la era de la información.
Madrid: Taurus.
#PSTEPSG " $ÓNPNPEFMBSFMEFTBSSPMMPZMBEJOÃNJDBEFMBDJVEBEMBUJOPBNFSJDBOB<WFSTJÓO
FMFDUSÓOJDB>EURE, 29 EPJ4
$BMEFJSB 5 Cidade de muros crime, segregação e cidadania em São Paulo (2ª ed.). São Paulo:
&EJUPSBEB6OJWFSTJEBEFEF4ÈP1BVMP &%641
$BSWBMIP *..EF1FSFJSB ($ 0SHT Como anda Salvador (2ª ed.). Salvador: Editora
EB6OJWFSTJEBEF'FEFSBMEB#BIJB &%6'#"
$BSWBMIP *..EF1FSFJSB ($ %JOÃNJDBEFVOBNFUSÓQPMJQFSJGÊSJDBFO#SBTJMEs-
tudios Demográficos y Urbanos &M$PMFHJPEF.ÊYJDP 25 %JTQPOÎWFMFN
IUUQCJUMZ&%:
$PSEFSB 3 ,VSJ 1 ;JDBSEJ " $PPSET Pobreza, desigualdad y exclusión social en la
ciudad del siglo XXI.ÊYJDP4JHMP99**OTUJUVUPEF*OWFTUJHBDJPOFT4PDJBMFT 6OJWFSTJEBE
/BDJPOBM"VUÓOPNBEF.ÊYJDP 6/".
%VIBV & "TOPWBTGPSNBTEFEJWJTÈPTPDJBMEPFTQBÉPOBTNFUSÓQPMFTMBUJOPBNFSJDBOBTVNB
WJTÈPBQBSUJSEBDJEBEFEP.ÊYJDPCaderno CRH: revista do Centro de Recursos Humanos
da Universidade Federal da Bahia (UFBA, Salvador), 18(45).
%VIBV & -BTNFUBNPSGPTJTMBUJOPBNFSJDBOBTFOFMTJHMP99*EFMBNPEFSOJEBEJODPODMVTBB
la crisis del espacio público. Cadernos IPPUR (Rio de Janeiro), 15
Exame. A maior alta do mundo. São Paulo: Ed Abril. edição 992, ano 45, n. 9, 2011, p.34-50.
Exame. A terceira maior alta do mundo. São Paulo: Ed Abril. edição 971, ano 44, n.12, 2010, p.24-41.
 ©EURE | vol 39 | no 118 | septiembre 2013 | pp. 5-26
'FSOBOEFT " 0&16$4FB$JEBEFEP4BMWBEPSOPTBOPTVSCBOJTNPFJOUFSFTTFQÙCMJDP

In I Encontro Nacional da ANPARQ. Rio de Janeiro: Associação Nacional de Pesquisa e
Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo (ANPARQ).
Folha de São Paulo*NPCJMJÃSJB1SFGFJUVSB4" Q"
Folha de São Paulo+VJ[CBSSBWFOEBEFÃSFBOP*UBJN Q$*
Cuervo, L. M. (2010). América Latina: Metropoles en Mutación?$POGFSËODJBQSFQBSBEBQBSBP9*4F-
NJOÃSJP*OUFSOBDJPOBMEFMB3FEEF*OWFTUJHBEPSFTFO(MPCBMJ[BDJÓOZ5FSSJUPSJP.FOEP[B
)BSWFZ % %PBENJOJTUSBUJWJTNPBPFNQSFFOEFEPSJTNPBUSBOTGPSNBÉÈPEBHPWFSOBOÉBVS-
bana no capitalismo tardio. In A produção capitalista do espaço (pp. 163-190). São Paulo:
Anablume.
+BOPTDILB . &MOVFWPNPEFMPEFMBDJVEBEMBUJOPBNFSJDBOBGSBHNFOUBDJÓOZQSJWBUJ[BDJÓO
EURE, 28 EPJ4ु
+PBP)FOSJRVFEFGFOEF$BQJUBM.VOEJBM%JTQPOÎWFMFNIUUQCJUMZ;PNQEF
Jornal Metrópoles, 17 de junho de 2011.
.BSJDBUP & "TJEÊJBTGPSBEPMVHBSFPMVHBSGPSBEBTJEÊJBT1MBOFKBNFOUPVSCBOPOP#SBTJM*O
0"SBOUFT $7BJOFS&.BSJDBUP A cidade do pensamento único (pp. 121-192) (3ª ed.).
Petrópolis: Editora Vozes.
.BSLVTFO 1,FOQFO 3 Globalizing cities: a new spatial order?-POEPO#BDLXFMM
%F.BUUPT $ 3FEFT OPEPTFDJEBEFTUSBOTGPSNBÉÈPEBNFUSÓQPMFMBUJOPBNFSJDBOB*O-
$23JCFJSP 0SH Metrópoles. Entre a coesão e a fragmentação, a cooperação e o conflito.
4ÈP1BVMP&EJUPSB1FSTFV"CSBNP3JPEF+BOFJSP'"4&0CTFSWBUÓSJPEBT.FUSÓQPMFT
%F.BUUPT $ 4BOUJBHPEF$IJMF HMPCBMJ[BDJÓOZFYQBOTJÓONFUSPQPMJUBOBMPRVFFYJTUÎBTJHVF
existiendo. EURE, 25 EPJ4ु
%F.BUUPT $ (MPCBMJ[BDJÓOZNFUBNPSGPTJTNFUSPQPMJUBOBFO"NÊSJDB-BUJOB%FMBDJVEBE
a lo urbano generalizado. Revista de Geografía Norte Grande EPJ
4
%F.BUUPT $ Globalización y metamorfosis metropolitana en América LatinaõVJUP0SHBOJ-
[BDJÓO-BUJOPBNFSJDBOBZEFM$BSJCFEF$FOUSPT)JTUÓSJDPT 0-"$$)* .VOJDÎQJPEFM
%JTUSJUP.FUSPQPMJUBOPEFõVJUP
0SHÈP $FOUSBM EF 1MBOFKBNFOUP 0$&1-"/ EPUCS: Uma experiência de planejamento
urbano. Salvador, Bahia: Prefeitura Municipal do Salvador (PMS).
1FSFJSB ($ )BCJUBÉÈPFJOGSBFTUSVUVSBVSCBOBFN4BMWBEPSF3FHJÈP.FUSPQPMJUBOB*O*.
.EF$BSWBMIP($1FSFJSB 0SHT Como anda Salvador. 2ª ed. Salvador: Editora da
6OJWFSTJEBEF'FEFSBMEB#BIJB &%6'#"
Prefeitura Municipal de Salvador (PMS). (1976). Álbum EPUCS4BMWBEPS0SHÈP$FOUSBMEF1MB-
OFKBNFOUP 0$&1-"/ 1MBOPु%JSFUPSEF%FTFOWPMWJNFOUP6SCBOP 1-"/%63#
Prefeitura Municipal de Salvador (PMS). (2010). Salvador Capital Mundial: a cidade do nosso futuro.
Salvador: PMS.
1SÊUFDFJMMF & "FWPMVÉÈPEBTFHSFHBÉÈPTPDJBMFEBTEFTJHVBMEBEFTVSCBOBTPDBTPEBNFUSÓQPMF
QBSJTJFOTF OBT ÙMUJNBT EÊDBEBT Caderno CRH: revista do Centro de Recursos Humanos
4BMWBEPS
3JCFJSP -$2 0SH Metrópole. Entre a coesão e a fragmentação, a cooperação e o conflito.
4ÈP1BVMP&EJUPSB1FSTFV"CSBNP3JPEF+BOFJSP'"4&0CTFSWBUÓSJPEBT.FUSÓQPMFT
4BCBUJOJ ' $ÃDFSFT ( $FSEB + 4FHSFHBÉÈP SFTJEFODJBM OBT QSJODJQBJT DJEBEFT DIJMFOBT
UFOEËODJBTEBTUSËTÙMUJNBTEÊDBEBTFQPTTÎWFJTDVSTPTEFBÉÈPEspaço & Debates: revista de
Estudos Regionais e Urbanos (São Paulo), 24(45), 64-74.
Sampaio, A. H. (2010). 10 necessárias falas: cidade, arquitetura e urbanismo4BMWBEPS&%6'#"
Sassen, S. (1991). The global city/FX:PSL -POEPO 5PLZP/FX+FSTFZ1SJODFUPO6OJWFSTJUZ1SFTT
1991.
Prevot-Shapira, M. F. (2000). Segregação, fragmentação, sucessão: a nova geografia social de Buenos
Aires. Novos Estudos CEBRAP 4ÈP1BVMP
4PV[B §( Limites do Habitar, 2ª ed. Salvador: Editora da Universidade Federal da Bahia
&%6'#"
4VQFSJOUFOEËODJB EF $POUSPMF F 0SEFOBNFOUP EP 6TP EP 4PMP EP .VOJDÎQJP 46$0.
46$0. đSNB DPOWËOJP FN QSPM EP DSFTDJNFOUP JNPCJMJÃSJP EB DJEBEF
%JTQPOÎWFMFNIUUQCJUMZSDGC(
5BTDIOFS 4 1 #ÓHVT - . . 4ÈP 1BVMP DPNP 1BUDIXPSL GSBHNFOUPT EF VNB DJEBEF
segregada. Cadernos Metrópoles (São Paulo), 1.
The Economist. (2011). .A special report in property. London: The Economist, 398
7BJOFS $ 1ÃUSJB FNQSFTBFNFSDBEPSJB/PUBTTPCSFBFTUSBUÊHJBEJTDVSTJWBEP1MBOFKBNFOUP
6SCBOP *O 0 "SBOUFT $ 7BJOFS & .BSJDBUP A cidade do pensamento único. 3ª ed.
Petrópolis: Vozes.
7FJHB % Estratificación social y desigualdades territoriales en la globalización: estudios de caso.
5SBCBMIPBQSFTFOUBEPOP9*4FNJOÃSJP*OUFSOBDJPOBMEFMB3FE*CFSPBNFSJDBOBEF*OWFTUJ-
gadores sobre Globalización y Territorio. Mendoza.
Veltz, P. (1996). Mondialisatiom, villes et territoires. L´economie d´archipel. Paris: Presses Universitai-
res de France.
Villaça, F. (2005). As ilusões do Plano Diretor4ÈP1BVMPFEJÉÈPEPBVUPS%JTQPOÎWFMFNXXXĔBWJP-
villaça.arq.br
Villaça, F. (2001). Espaço Intra-Urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel.

A Cidade Como Negócio

Enviado por

Dados do documento

Direitos autorais

Formatos disponíveis

Compartilhar este documento

Compartilhar ou incorporar documento

Opções de compartilhamento

Você considera este documento útil?

Este conteúdo é inapropriado?

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

A Cidade Como Negócio

Enviado por

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

vol 39 | no 118 | septiembre 2013 | pp.

5-26 | artículos | ©EURE 5

A cidade como negócio

Inaiá de Carvalho. Universidade Federal da Bahia, Salvador de Bahia, Brasil.

palavras chave]ÃSFBTNFUSPQPMJUBOBT NFSDBEPJNPCJMJÃSJP USBOTGPSNBÉ×FTTÓDJP

key words | metropolitan areas, real estate market, socio-territorial transformations.

Recibido el 31 de agosto de 2011, aprobado el 4 de noviembre de 2011

&NBJM*OBJÃEF$BSWBMIP JOBJBNND!VGCBCS](JMCFSUP1FSFJSB DPSTP!VGCBCS

issn impreso 0250-7161 | issn digital 0717-6236

1 7FS QPSFYFNQMP 3JCFJSP 5BTDIOFS#ÓHVT %F.BUUPT F4IBQJSB +BOPTDILB 

r a expansão dessas metrópoles para as bordas e para o periurbano, assim

A urbanização e metropolização de Salvador

cidade, e a consequente valorização do solo, elas começaram a ser vistas como um

figura 1 | Sistema viário existente e proposto pelo EPUCS

fonte Prefeitura Municipal de Salvador, 1976. Elaboração e adaptação dos autores.

mentos residenciais e condomínios horizontais e verticais para as camadas de mais

EF4BMWBEPS CBTJDBNFOUFBPDFOUSPFB0SMB"UMÄOUJDB FORVBOUPBTEFNBJTÃSFBTTF

mapa 1 | Vetores de expansão urbana. Região Metropolitana de Salvador

fonte EPUCS Prefeitura Municipal de Salvador, 1976. Elaboração dos autores.

mapa 2 | Tipologia socioespacial. Região Metropolitana de Salvador, 2000

O novo papel do capital imobiliário

mapa 3 | Tipologia habitacional e lançamentos imobiliários. Salvador, 2008-2010

fonte1ĲŀĲĶŀĮ  ĲĹĲńĮĻłĮĺĲĻłļıļŁĮŃłļŀĲŁ&ĹĮįļŀĮ̊̆ļıļŁĮŃłļŀĲŁ

censo: a relação entre número de banheiros e número de domicílios, para indicar

A privatização da gestão e planejamento da cidade

Por outro lado, o crescimento do poder da coalizão de interesses privados no desen-

Seu conteúdo e aprovação foram bastante questionados, entre outros motivos,

Nem o detalhamento das propostas nem a identificação dos seus financiadores

Algumas considerações finais

'FSOBOEFT "  0&16$4FB$JEBEFEP4BMWBEPSOPTBOPTVSCBOJTNPFJOUFSFTTFQÙCMJDP

Você também pode gostar

palavras chave]ÃSFBTNFUSPQPMJUBOBT NFSDBEPJNPCJMJÃSJP USBOTGPSNBÉ×FTTÓDJP

&NBJM*OBJÃEF$BSWBMIP JOBJBNND!VGCBCS](JMCFSUP1FSFJSB DPSTP!VGCBCS

1 7FS QPSFYFNQMP 3JCFJSP 5BTDIOFS#ÓHVT %F.BUUPT F4IBQJSB +BOPTDILB

fonte1ĲŀĲĶŀĮ ĲĹĲńĮĻłĮĺĲĻłļıļŁĮŃłļŀĲŁ&ĹĮįļŀĮ̊̆ļıļŁĮŃłļŀĲŁ

'FSOBOEFT " 0&16$4FB$JEBEFEP4BMWBEPSOPTBOPTVSCBOJTNPFJOUFSFTTFQÙCMJDP