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GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS

Marconi Ferreira Perillo Júnior

SECRETARIA DE ESTADO DE GESTÃO E PLANEJAMENTO


Thiago Mello Peixoto da Silveira

SUPERINTENDÊNCIA EXECUTIVA DE PLANEJAMENTO


Thiago Camargo Lopes

INSTITUTO MAURO BORGES DE ESTATÍSTICAS E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS


Lillian Maria Silva Prado

Unidade básica da Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento de Goiás, o IMB é responsável


pela elaboração de estudos, pesquisas, análises e estatísticas socioeconômicas, fornecendo
subsídios na área econômica e social para a formulação das políticas estaduais de
desenvolvimento. O órgão também fornece um acervo de dados estatísticos, geográficos e
cartográficos do Estado de Goiás.

Gerência de Cartografia e Geoprocessamento


Carlos Antônio Melo Cristóvão
Gerência de Contas Regionais e Indicadores
Dinamar Maria Ferreira Marques
Gerência de Estudos Socioeconômicos e Especiais
Marcos Fernando Arriel
Gerência de Pesquisas Sistemáticas e Especiais
Marcelo Eurico de Sousa
Gerência de Sistematização e Disseminação de Informações Socioeconômicas
Eduiges Romanatto

Os artigos publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem,
necessariamente, o ponto de vista da Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento.

Conjuntura Econômica Goiana, n. 35 (2004- ).


Goiânia: Secretaria de Gestão e Planejamento do Estado de Goiás, 2015.
92p. ; il.
Trimestral ISSN 1807-4871 CDU: 338

Av. República do Líbano nº 1945 - 3º andar – Setor Oeste


74125-125 – Goiânia – Goiás
Tel: (62) 3201-6695 / 3201-8481
Internet: www.imb.go.gov.br / email: imb@segplan.go.gov.br
05 Apresentação

07 Conjuntura 3° Trimestre de 2015

17 O Consórcio Brasil Central e o Desenvolvimento


Regional

29 Educação no Brasil Central: Por que cooperar?

43 Explorando Novas Oportunidades Para O Brasil


Central

61 Determinantes da Entrada do Trabalhador na


Informalidade no Estado de
e Goiás e de Tocantins: Uma
Análise de 1980 a 2010

75 A lógica de Localização do Mercado


ercado Bancário No
Brasil

91 Normas de Publicação
Conjuntura Econômica Goiana, nº35 – dezembro/2015

COORDENAÇÃO
Gerência de Estudos Socioeconômicos e Especiais
Juliana Dias Lopes e Marcos Fernando Arriel

CONSELHO EDITORIAL

Alcido Elenor Wander (UFG/FAPEG/IFG/EMBRAPA), Luiz Batista Alves (IMB),


Antonio Marcos de Queiroz (UFG), Manuel Eduardo Ferreira (UFG),
Christiane Senhorinha Soares Campos (UFS), Marcos Fernando Arriel (IMB),
Clécia Ivânia Rosa Satel (IMB), Murilo José de Souza Pires (IPEA),
Edson Roberto Vieira (IBGE), Nilson Clementino Ferreira (UFG),
Eduardo Santos Araújo (IMB), Paulo Borges Campos Jr (SENAC-GO),
Eduiges Romanatto (IMB), Pedro Henrique Evangelista Duarte (UFG),
Erly Cardoso Teixeira (UFV), Priscila Casari (UFG),
Gislaine Valério de Lima Tedesco (UEG), Priscila Midori Miyashita (IMB),
Guilherme Jonas Costa da Silva (UFU), Rosana Soares Campos (UFSM),
Ivanilton José de Oliveira (UFG), Sabrina Faria de Queiroz (UFG),
Guilherme Resende Oliveira (IMB), Sérgio Borges Fonseca Júnior (IMB),
Jeferson de Castro Vieira (PUC-GO), Sérgio Duarte de Castro (PUC-GO),
Joana D'arc Bardella Castro (UEG), Sônia Milagres Teixeira (UFG),
Júlio Alfredo Rosa Paschoal (UEG-GO), Viviani Silva Lirio (UFV),
Lillian Maria Silva Prado (IMB), Waldemiro Alcântara da Silva Neto (UFG).
Luís Cláudio Krajevski (UFFS),

EQUIPE DE CONJUNTURA – IMB


Dinamar Maria Ferreira Marques, Eduiges Romanatto, João Quirino Rodrigues Júnior, Juliana Dias Lopes, Lillian Maria
Silva Prado, Marcos Fernando Arriel, Millades de Carvalho Castro, Paulo Jackson Bezerra Vianna e Sueide Rodrigues de
Souza Peixoto

Projeto gráfico Revisão


Jaqueline Vasconcelos Braga Gleydson Vieira da Silva
Heloisa Oliveira Melo
Formatação dos originais
Heloisa Oliveira Melo Publicação via web
Bruno Miranda de Oliveira
APRESENTAÇÃO

A formação do bloco político-econômico


político econômico denominado de Movimento Brasil Central,
Central formado
pelos estados do Centro Oeste, Rondônia e Tocantins,
Tocantins é uma ideia,
ia, diga-se
diga de antemão, já
vitoriosa, pois desde a sua intenção até o presente momento muito já se caminhou no sentido
de firmar em conjunto uma agenda para a superação das dificuldades econômicas que todos os
estados brasileiros estão passando. Diante desse cenário, os três primeiros
pri artigos que
compõem a presente edição do Boletim Conjuntura Econômica Goiana têm a região como foco.
Assim, o artigo que abre a edição de nº 35, Desenvolvimento Regional,
Regional é de autoria do
economista Doutor em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade da Califórnia,
Alberto Lourenço. Ele faz uma reflexão sobre os desdobramentos prováveis da recente
formação do Consórcio Brasil Central sobre a política
política de desenvolvimento regional brasileira,
acenando
ndo que tal formação possa se distinguir
distingui como um possível arauto de um novo
paradigma de política de desenvolvimento regional caracterizado
caracterizado pela descentralização de
poder com o protagonismo de estados e municípios.
municípios
Tássia Cruz, PhD em Economia da Educação pela Universidade
Universidade de Stanford e Ramiro Sant’Ana
Doutorando em Direito pelo Centro Universitário de Brasília (Uniceub), nos brinda com um
artigo bastante informativo sobre o tema educação - Educação no Brasil Central: Por que
cooperar? – em que analisam a distribuição dos resultados educacionais
educa s através de dados do
IDEB e ENEM, as oportunidades educacionais ofertadas
ofertadas com o intuito de indicar possibilidades
de cooperação e formulação de políticas que garantam
garantam melhoria da qualidade da educação
básica na região.
No artigo Explorando Novas Oportunidades
Oportunid para o Brasil Central,, Pedro Antônio Arraes Pereira,
Magda Alves Leite e Maria Jose Del Peloso, Presidente
Presidente e técnicas da Emater, focam o setor
agropecuário e mais particularmente a pequena propriedade,
propriedade, mostrando as oportunidades
econômicas, numa análise se da conjuntura econômica nacional, do Brasil Central
Cent e de Goiás,
voltada para a inovação rural.
O quarto artigo da edição - Determinantes da entrada do trabalhador na informalidade
informal no Estado
de Goiás e de Tocantins: uma análise de 1980 a 2010 – é de autoria
ria de Roberta Santos e Sandro
Monsueto, discente e docente da Universidade Federal Federal de Goiás, analisa o quanto as
características pessoais podem influenciar na probabilidade
probabilidade de inserção no mercado de
trabalho formal ou informal
E finalizando a revista, o artigo
rtigo - A lógica de localização do mercado bancário no Brasil
Bras - é de
autoria de Lorena Brandão e Fernando Negret Fernandez,Fernandez, contribuição do mestrado em
Desenvolvimento Regional da Faculdade Alves Faria. Os pesquisadores analisam a concentração
do crédito bancário
ancário no Brasil, por meio de indicadores de localização
localização e análise comparativa dos
dados nos anos de 2001 e 2011.

5
Vale lembrar que a revista
evista conquistou,
conquistou no ano de 2015, melhorias no conceito Qualis da Capes
nas áreas de Administração, Ciências Contábeis e Turismo (B4). Na Na área de Economia e Ciência
de Alimentos passou a obter classificação C, antes inexistente. A Fundação também manteve o
conceito B5 nas áreas de Planejamento Urbano, Regional,
Regional, Demografia e Geografia. Essas
conquistas serviram de estímulo para continuarmos na constante busca de melhoria para
oferecer ao leitor uma revista mais robusta, primando
priman pela qualidade. Tanto assim que estamos
ultimando o processo de implantação da plataforma SEER
S de editoração eletrônica.
letrônica.
Assim, com a finalização de mais essa edição, deixamosdeixamos registrado aqui nossos
agradecimentos aos que possibilitaram compor este nº
nº 35 da Conjuntura Econômica Goiana,

Boa leitura!

6
Equipe de Conjuntura - IMB*
ECONOMIA GOIANA – TERCEIRO TRIMESTRE DE 2015

A economia brasileira deteriorou ainda mais no terceiro


terceiro trimestre de 2015 ao apresentar contração
de 4,5%, se comparado ao mesmo período do ano anterior, a maior queda desde o início da série histórica
iniciada em 1996 segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pela ótica da produção,
produ
todos os setores apresentaram retração, com destaque
destaqu negativo para a indústria (-6,6,7%), pressionada pela
forte queda da indústria de transformação. O setor de serviços recuou 2,9% e a agropecuária 2,0%.
Segundo dados do IBGE a forte redução do setor industrial
industrial foi provocado em grande medida pelo
recuo 11,3% da indústria de transformação, influenciada pelo decréscimo
decréscimo da produ
produção de máquinas e
equipamentos, indústria automotiva, produtos eletroeletrônicos e equipamentos de informática.
A Construção civil também recuou 6,3%. A queda na indústria poderia ter ter sido maior
ma se não fosse o bom
desempenho extrativa mineral, que cresceu 4,2% em relação ao terceiro trimestre de 2014,
20 puxada tanto
pelo aumento da extração de petróleo e gás natural e pela extração de minérios ferrosos. A
atividade Eletricidade e gás, água, esgoto
esgo e limpeza urbana teve expansão de 1,5%.
A queda em serviços foi motivada por comércio (-9,9%)
9,9%) e Transporte, armazenagem e correio (-
7,7%). Os resultados foram positivos em administração,
dministração, saúde e educação pública (0,9%),
em intermediação financeira e seguros
uros (0,4%) e em Atividades imobiliárias (0,3%). O consumo das famílias
que dá grande suporte a esta atividade, teve recuo de -4,5%, a terceira queda consecutiva nessa
comparação, influenciada pela deterioração dos indicadores
indicadores de inflação, juros, crédito, emprego e renda,
no período.
A redução da agropecuária nacional pode ser explicada pela queda na produção de produtos
como café, cana, laranja, algodão e trigo. A Pecuária e a silvicultura
ilvicultura e extração vegetal também tiveram um
fraco desempenho no terceiro trimestre,
trimestre, comparado ao mesmo período do ano anterior.
anterior
Num ambiente de retração da economia brasileira, o PIB goiano
iano sofreu menos ao retrair 1,7% no
terceiro trimestre, comparado ao mesmo período do ano passado,
passado, segundo cálculos do Instituto Mauro
Borges - IMB/SEGPLAN-GOGO (Tabela 1). Os indicadores de emprego e operações
operações de crédito, apresentados
mais adiante, mostram o melhor desempenho da economia
econom de Goiás, se comparado à média nacional.

Tabela 1: PIB Trimestral de 2015 (Base: igual período do ano anterior)


Agropecuária Indústria Serviços PIB
Períodos
Goiás Brasil Goiás Brasil Goiás Brasil Goiás Brasil
1º Trim. 2015 -3,3 5,4 1,7 -4,4 1,4 -
-1,4 0,6 -2,0
2º Trim. 2015 -6,3 2,2 1,0 -5,7 0,1 -
-1,8 -0,7 -3,0
3º Trim. 2015 0,1 -2,0 -0,9 -6,7 -2,5 -
-2,9 -1,7 -4,5
Fonte: IBGE, IMB. Elaboração: Instituto Mauro Borges
Borge / Segplan-GO
GO / Gerência de Contas Regionais e Indicadores – 2015.

*
Alex Felipe Rodrigues Lima, Clécia Ivânia Rosa Satel, Dinamar Maria Ferreira Marques, Eduiges Romanatto, João Quirino Rodrigues
Júnior, Juliana Dias Lopes, Luiz Batista Alves, Marcos
Mar Fernando Arriel, Paulo Jackson Bezerra
ra Vianna, Sérgio Borges Fonseca Júnior e
Sueide Rodrigues de Souza Peixoto.

7
AGROPECUÁRIA

A agropecuária foi a única atividade a registrar crescimento (0,1%)) no terceiro trimestre de 2015. O
baixo desempenho ainda que positivo registrado em Goiás está associado ao fato de que importantesi
culturas estão na etapa de colheita no terceiro trimestre,
tri caso do milho, cana-de-açúcar
açúcar e batata inglesa.
Além
ém disso, a atividade da pecuária em Goiás também apresentou
apresentou desempenho satisfatório, pois
mesmo em um cenário de crise, os preços internos e externos têm se mantido em patamares elevados, o
que é um estímulo ao crescimento da atividade.
Entretanto, o resultado da agropecuária só não foi melhor, pois conforme mostra a tabela 2, várias
culturas importantes no Estado
stado de Goiás,
Goiás, na comparação entre 2015 e 2014, tiveram queda no volume de
produção, caso do algodão (-36,9%),
36,9%), sorgo
s (-15,8%), soja (-3,5%) e cana-de-açúcar
açúcar (-0,5%).
( Justificam essas
quedas as condições climáticas adversas que se manifestaram
manifestaram no primeiro semestre de 2015 em todo
território nacional, com período de estiagem prolongada,
prolongada, seguido por intensas precipitações, o que
indubitavelmente prejudica todo ciclo produtivo e consequentemente a produtividade.
produtividade

Tabela 2: Volume de produção de culturas selecionadas no Brasil


rasil e em Goiás
Produção Toneladas Variação (2014/15) %
Culturas Goiás Brasil
Goiás Brasil
2014 2015 2014 2015
Algodão herbáceo 267.179 168.687 4.236.763 4.132.571 -36,9 -2,5
Arroz 126.941 109.952 12.175.602 12.538.809 -13,4 3,0
Banana 196.701 188.097 6.946.567 7.119.362 -4,4 2,5
Cana-de-açúcar 69.377.930 68.996.515 737.155.724 705.870.223 -0,5 -4,2
Feijão 316.287 315.475 3.294.586 3.047.499 -0,3 -7,5
Laranja 139.628 159.579 16.927.637 16.369.421 14,3 -3,3
Milho 9.088.029 9.294.710 79.877.714 85.783.986 2,3 7,4
Soja 8.938.560 8.630.121 86.760.520 96.884.196 -3,5 11,7
Sorgo 1.058.051 890.909 2.279.114 2.104.758 -15,8 -7,7
Tomate 1.055.337 882.680 4.302.777 3.678.689 -16,4 -14,5
Fonte: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola-
Agrícol LSPA / IBGE. Posição em setembro/2015.
/2015.
Elaboração: Instituto Mauro Borges / Segplan-GO
Segplan / Gerência de Contas Regionais e Indicadores - 2015.

INDÚSTRIA

O setor industrial goiano registrou queda de 0,9% no terceiro trimestre de 2015, 20 valor
substancialmente superior ao registrado no âmbito nacional.
n Houve queda de produção em três dos
quatro grandes segmentos que compõem o setor industrial
indust goiano – indústria de transformação, indústria
extrativa e produção e distribuição de eletricidade,
eletricidade gás e água (Siup), provocando queda na taxa global da
indústria.
gativo o segmento de construção civil que apresentou
Amorteceu o resultado negativo apresento pelo terceiro
trimestre consecutivo crescimento,, resultado puxado por importantes obras públicas de infraestrutura,
como o aeroporto de Goiânia, Centro de Excelência dodo Esporte (Estádio Olímpico)
Olímpico), rodovias e ferrovias,
entre outras.

8
Observa-se por meio do Gráfic
ráfico 1 que em Goiás o segmento de etanol,, que registrou elevação de
25,0%,
%, foi o grande responsável pela minimização do impacto
impacto negativo dos demais setores sobre
sob a
indústria – uma vez que todos os demais segmentos registraram queda,
queda, com destaque para a produção de
veículos automotores, reboques e carrocerias (-26,2%). O resultado favorável para a produção de etano, em
Goiás, associa-se principalmente à importante expansão do setor sucroenergético
sucro o que tem ocorrido no
Estado nos últimos anos. Além disso, contribuiu para o desempenho desse segmento, no terceiro trimestre
de 2015, o fato de que os preços do etanol,
etanol praticados no varejo goiano, foram crescentes e o preço
relativo do etanol, em relação à gasolina, manteve-se
manteve favorável.

Gráfico 1: Pesquisa Industrial terceiro trimestre de 2015


(em relação ao mesmo período do ano anterior % )
Coque, derivados de petróleo e de biocombustíveis

Indústrias de transformação

Indústria geral

Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos


farmacêutico

Alimentícios

Fabricação de outros produtos químicos

Metalurgia

Indústrias extrativas

Metal (exceto máquinas e equipamentos)

Minerais não
não-metálicos

Veículos automotores, reboques e carrocerias

-40,0 -30,0 -20,0 -10,0 0,0 10,0 20,0 30,0


Brasil Goiás

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria.


Elaboração: Instituto Mauro Borges / Segplan-GO
Segplan / Gerência de Contas Regionais e Indicadores – 2015.

SERVIÇOS

Serviços,, setor de maior peso no PIB goiano, registrou recuo de 2,5% desencadeado
desencadead por profundas
quedas nos segmentos de comércio e transportes.. Importantes segmentos do comércio goiano
registraram quedas, com destaque para o comércio varejista
varejista de veículos, motocicletas, partes e peças ((-
25,1%), móveis e eletrodomésticos (-21,0%),
( 21,0%), hipermercados e supermercados (-9,0%) ( e produtos
alimentícios, bebidas e fumo (-9,0%).
9,0%).
A queda registrada no comércio varejista ampliado é resultado da crise econômica que o Brasil e
todas as suas Unidades da Federação têm enfrentado. A combinação de elevadass taxas de desemprego,
inflação e ambiente econômico incerto,
incerto impacta diretamente nos setores de vendas de veículos, partes e
9
peças, que pertencem ao varejo ampliado. Justifica-se
se o pior desempenho em Goiás, o fato de que em
anos anteriores este mesmo segmento apresentou
apresentou resultados superiores ao nacional, o que faz com que
ocorra carregamento estatístico de resultados anteriores
anter satisfatórios,, superestimando os resultados
negativos verificados neste ano.

Gráfico 2: Variação do volume de vendas no comércio varejista,


varej segundo
do e terceiro trimestres
trimestre
de 2015 (em relação ao mesmo período do ano anterior % )

2ºtrimestre de 2015 3º trimestre de 2015


2,0
0,0
-2,0
-4,0 -7,5
-6,0 -9,3
-8,0
-10,0
-12,0 -14,0
-14,0 -16,0
-16,0
-18,0
Comércio varejista ampliado (Goiás) Comércio varejista ampliado (Brasil)

Fonte: IBGE - Pesquisa Mensal de Comércio (PMC).


Elaboração: Instituto Mauro Borges / Segplan-GO
Segplan /Gerência de Contas Regionais e Indicadores - 2015.

A tabela 3 mostra que no âmbito restrito o comércio varejista goiano, em volume, no mês de
setembro de 2015 apresentou queda de 11,8% em relação
relação ao mesmo mês do ano anterior (série sem
ajuste), nesta comparação dos os oitos segmentos que
qu compõem o comércio io varejista, sete apresentaram
queda, com destaque para móveis e eletrodomésticos, que teve recuo de 23,9%. Este resultado ruim para
um importante segmento da economia está atrelado a forte queda do consumo da população brasileira
que, paulatinamente, vem piorando devido a forte aceleração inflacionária – em setembro o acumulado no
ano do índice de preços ao consumidor amplo (IPCA/IGE)
(IPCA/IGE) registrou 7,64%, maior valor obtido desde 2003,
para o mesmo período – e a redução de postos de trabalho.

10
Tabela 3: Brasil e Estado de Goiás - Variação do volume de vendas no comércio varejista - 2015
(Base: Igual mês do ano anterior = 100)
Variação (%)
Brasil Goiás
Segmentos
Variação Mensal Acumulado Variação Mensal Acumulado

No 12 12
Jul/15 Ago/15 Set/15 Jul/15 Ago/15 Set/15 No Ano
Ano Meses Meses
-3,9 -6,9 -6,2 -3,3 -2,1 -8,8 -10,8 -11,8 -9,5 -7,1
Comércio Varejista Geral
-4,3 -7,1 -8,7 -4,4 -2,9 -4,0 2,5 -13,0 -2,5 -0,3
Combustíveis e lubrificantes

Hipermercados, supermercados, produtos -2,7 -4,8 -2,2 -2,3 -1,7 -8,5 -10,8 -7,6 -13,3 -11,5
alimentícios, bebidas e fumo
-2,7 -5,0 -2,1 -2,2 -1,6 -8,7 -10,6 -7,8 -13,5 -11,7
Hipermercados e supermercados
-8,1 -13,7 -12,9 -7,3 -5,2 -11,7 -14,3 -10,4 -8,7 -6,8
Tecidos, vestuário e calçados
-12,8 -18,6 -17,9 -13,0 -9,6 -17,2 -21,7 -23,9 -15,4 -10,8
Móveis e eletrodomésticos
-14,5 -18,1 -21,7 -14,7 -11,8 -17,2 -24,2 -25,9 -17,5 -15,1
Móveis
-11,9 -18,8 -16,1 -12,2 -8,6 -17,3 -20,9 -23,1 -14,6 -9,3
Eletrodomésticos

Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de 1,9 1,1 -1,1 3,6 4,7 -0,3 -1,6 -2,0 1,2 2,2
perfumaria e cosméticos
Equipamentos e materiais para escritório, -9,0 -15,5 -14,9 -9,7 -9,6 -7,4 -14,1 -0,4 -13,5 -12,3
informática e comunicação
-5,2 -7,3 -9,7 4,0 4,2 -5,0 -3,6 5,2 15,9 16,9
Livros, jornais, revistas e papelaria
0,3 -2,8 -7,0 1,5 3,4 3,4 -4,9 -6,5 6,3 8,6
Outros artigos de uso pessoal e doméstico

-7,0 -9,6 -11,5 -7,4 -6,0 -13,6 -14,9 -19,5 -13,0 -10,1
Comércio varejista ampliado geral
-13,3 -15,6 -21,8 -16,1 -14,3 -21,2 -23,0 -31,0 -20,5 -16,4
Veículos, motocicletas, partes e peças
-7,1 -9,2 -12,8 -6,4 -4,9 -7,6 -6,1 -11,6 -0,9 -1,1
Material de construção

Fonte: IBGE - Pesquisa Mensal de Comércio


Elaboração: Instituto Mauro Borges / Segplan-GO
Segplan / Gerência de Contas Regionais e Indicadores - 2015

MERCADO DE TRABALHO

A queda na atividade econômica em Goiás teve reflexo


reflexo no mercado de trabalho, embora com
dados melhores aos registrados na média nacional. Dados
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios, PNAD Contínua do IBGE, que engloba o mercado
mercado formal e informal, mostrou elevação do
desemprego no terceiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado. O CAGED, Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados - do Ministério do Trabalho e Emprego, que acompanha somente
o mercado formal de trabalho, mostrou uma pequena
p elevação
ção no volume de contratação até setembro.
setembro

11
Segundo dados da PNAD, a taxa de desocupação1 em Goiás foi estimada em 7,2% no terceiro
trimestre de 2015, um acréscimo de 1,5 pontos percentuais em relação ao ao mesmo período do ano anterior
(5,7%), masas ligeiramente inferior ao registrado no trimestre anterior. Mesmo com o resultado ruim, Goiás
apresentou a sétima menor taxa entre as Unidades da Federação e 1,7 1 ponto percentual abaixo
abai da média
do Brasil (Gráfico 3).

Gráfico 3: Taxa de desocupação, na semana de referência,


das pessoas de 14 anos ou mais de idade (%)

! "

Fonte: IBGE. Elaboração: Instituto Mauro Borges / Segplan-GO


S / Gerência de Estudos Socioeconômicos e Especiais-
Especiais 2015.

Com relação ao mercado formal de trabalho, os dados do CAGED mostram que foram gerados, em
Goiás, 18.122 novas colocações com registro em carteira
carteira (ajustado com as declarações entregues pelas
empresas fora do prazo) de janeiro a setembro de 2015,
2015, representando um acréscimo de 1,47% em relação
ao estoque
toque de dezembro de 2014, resultado positivo se comparado
comparado ao nacional, que teve redução de
1,60% no número de empregos formais.
formais Goiás ocupou o segundo lugar em termos relativo e primeiro em
termos absoluto, na geração de empregos formais no acumulado do ano, no, dentre as Unidades da
Federação, conforme observado noss gráficos 4 e 5 e Tabela 4.

1
São classificadas como desocupadas na semana de referência
referência as pessoas sem trabalho (que geram rendimen
rendimentos para o domicílio)
nessa semana, que tomaram alguma providência efetiva para consegui-lo lo no período de referência de 30 dias e que estavam
estava
disponíveis para assumi-lo
lo na semana de referência. Consideram-se,
Consideram se, também, como desocupadas as pessoas sem trabalho
trabalh na
semana de referência que não tomaram providência efetiva
ef para conseguir trabalho no período de referência de 30 dias
d porque já
haviam conseguido trabalho que iriam começar após a semana de referência.
12
Gráfico 4: Variação relativa do emprego formal nas
1,47 nas Unidades da Federação Jan a Set de 2015
1,51

0,54

0,22

-0,13

-0,40

-0,45

-0,53

-0,54

-0,58

-0,62

-1,00

-1,16

-1,33

-1,47

-1,78

-1,90

-2,07

-2,21

-2,41

-2,91

-3,21

-3,41

-3,78
Variação Relativa

-4,72

-4,72

-5,21
MT GO PI TO AC RR DF PR MA MS SC PA CE CP SE RN RS MG BA PB RJ RO ES AL AM PE AP
Fonte: MTE/Cadastro Geral de Empregados e Desempreg
Desempregados lei 4.923/65.
Elaboração: Instituto Mauro Borges / Segplan-GO
Segplan / Gerência de Estudos Socioeconômicos e Especiais.
* Ajustado com declarações entregues pelas empresas f ora do prazo.

Tabela 4: Ranking dos Estados: Número de empregos formais de Jan a Set de 2015

Ranking Estados Vagas geradas


1º Goiás 18.122
2º Mato Grosso 10.072
3º Piaui 1.633
4º Tocantins 391
5º Acre -118
6º Roraima -208
7º Maranhão -2.632
8º Mato Grosso do Sul -2.979
9º Distrito federal -3.618
10º Amapá -4490
Fonte: MTE/Cadastro Geral de Empregados e Desempreg
Desempregados lei 4.923/65.
Elaboração: Instituto Mauro Borges / Segplan-GO / G
Gerência
erência de Estudos Socioeconômicos e Especiais.

13
Gráfico 5: Estado de Goiás - Saldo de Jan a Set (Admitidos-Desligados)
Desligados) – 1999 a 2015

100.220
Saldo acumulado 91.305
88.343
82.737 82.909

60.264 61.231 60.629


52.661
47.550
37.944 38.204
34.191 32.525
29.772

18.122
10.729

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011* 2012* 2013* 2014* 2015*

Fonte: MTE/Cadastro Geral de Empregados e Desempreg


Desempregados lei 4.923/65.
Elaboração: Instituto Mauro Borges / Segplan-GO
GO / Gerência de Estudos Socioeconômicos e Especiais.
Especiai
* Ajustado com declarações entregues pelas empresas fora do prazo.

OPERAÇÕES DE CRÉDITO

Com base nos dados do BACEN, em setembro, o saldo acumulado do total das operações de
crédito realizadas pelas instituições financeiras atuantes
atuantes em todo o Estado alcançou R$ 108,59 bilhões,
bilhões o
equivalente à variação positiva de 1,36% em relação a junho de 2015 e 11,10% a setemb
setembro do ano passado.
Deste total apurado, R$ 64,93 bilhões (59,8%) referem-se
refer se ao saldo das operações de crédito das pessoas
físicas, com alta de 2,18% em comparação a junho de 2015 e 13,40% em relação ao mesmo mês do ano
passado. Já o saldo das operações de crédito realizadas pelas pessoas jurídicas, que foi de R$ 43,66 bilhões
(40,2% do total), apresentou aumento de 0,16% em relação
relação a junho passado e uma elevação de 7,85% em
relação ao final de setembro de 2014.
A partir do Gráfico 7 é possível observar que há uma forte desaceleração em setembro, em relação
ao mesmo mês do ano anterior, principalmente nas operações
operações de crédito pessoa jurídica, o que reflete aas
expectativas das pessoas jurídicas quanto ao cenário
cenári atual.
A taxa de inadimplência total do saldo das
das operações de crédito em Goiás foi em média de 3,44%
3,4
em setembro, indicando uma elevação em relação a junhojunho 2015, sendo 3,55% referentes às pessoas físicas
e 3,27% às pessoas jurídicas. Apesar da pequena elevação
elevação neste trimestre, as baixas taxas de inadim
inadimplência
refletem o comprometimento tanto das pessoas físicas,
físicas, quanto das jurídicas em honrarem seus contratos
de crédito. Para o BACEN a taxa de inadimplência é medida pela razão entre o saldo dos contratos em qu que
há pelo menos uma prestação, integral ou parcial,
parcial, com atraso superior a noventa dias e o saldo
sald total das
operações.

14
Tabela 5: Estado de Goiás-
Goiás Saldo das Operações de Crédito – 2014/15
Saldo das Operações de Crédito (R$
Mês/Ano Taxa de Inadimplência (%)
bilhões)

Pessoas Pessoas Pessoas Pessoas


Total Total
Físicas Jurídicas Físicas Jurídicas

set/14 57,25 40,48 97,74 3,31 2,47 2,96

out/14 58,20 40,61 98,81 3,37 2,53 3,02

nov/14 59,09 40,70 99,79 3,32 2,45 2,97

dez/14 60,58 42,54 103,11 3,17 2,29 2,81

jan/15 61,38 42,32 103,70 3,29 2,37 2,91

fev/15 61,69 42,47 104,15 3,38 2,38 2,97

mar/15 62,22 43,12 105,33 3,27 2,1 2,79

abr/15 62,58 43,17 105,75 3,34 2,18 2,87

mai/15 63,04 43,54 106,58 3,45 2,43 3,04

jun/15 63,54 43,59 107,13 3,26 2,45 2,93

jul/15 63,90 43,68 107,58 3,38 2,67 3,09

ago/15 64,60 43,91 108,51 3,51 2,94 3,27

set/15 64,93 43,66 108,59 3,55 3,27 3,44

Fonte: BACEN.
Elaboração: Instituto Mauro Borges /Segplan-GO
/Segplan GO /Gerência de Estudos Socioeconômicos e Especiais.
Especiais

15
Gráfico 6: Estado de Goiás- Participação dos Saldos das Operações de Crédito das
da Pessoas Físicas e
Jurídicas no Saldo Total – Set/2015

$ %& '
$ ( & '
#

Fonte: BACEN.
Elaboração: Instituto Mauro Borges /Segplan-GO
/Segplan GO /Gerência de Estudos Socioeconômicos e Especiais .

Gráfico 7: Estado de Goiás- Variação (%) do Saldo das Operações de Crédito Pessoa
Pess Física, Jurídica e
total - Mês/Ano 2014/15

20,0

17,5
Pessoas
Físicas
15,0
Pessoas
Jurídicas
12,5
Total

10,0

7,5

5,0
set/14 out/14 nov/14 dez/14 jan/15 fev/15 mar/15 abr/15 mai/15 jun/15 jul/15 ago/15 set/15

Fonte: BACEN
Elaboração: Instituto Mauro Borges /Segplan-GO
/Segplan /Gerência de Estudos Socioeconômicos e Especiais.

16
O Consórcio Brasil
Central e o 1
Alberto Carlos Lourenço Pereira
Desenvolvimento
Regional

Resumo: O propósito deste artigo é refletir sobre os desdobramentos possíveis da recente formação do
Consórcio Brasil Central sobre a política de desenvolvimento regional brasileira. Argumenta que a política
regional brasileira, fragmento remanescente do modelo proposto por Celso Furtado no fim dos anos 50, é
equivocada e incapaz de atingir seu objetivo central: reduzir as assimetrias regionais. Após expor as razões
desse diagnóstico, o artigo acena para o surgimento do Consórcio Brasil Central como um possível arauto de
um novo paradigma de política de desenvolvimento regional caracterizado pela descentralização de poder,
protagonismo de estados e municípios, ênfase no apoio à democratização de oportunidades produtivas e
educacionais e intensa cooperação federativa.

Palavras-chave: Região; Desenvolvimento; Consócio Brasil Central; Cooperação Federativa.

Abstract: The purpose of this article is to reflect on the possible consequences of the recent formation of the
Consortium Central Brazil on Brazil's regional development policy. It argues that Brazil's regional policy,
remaining fragment of the model proposed by Celso Furtado in the late 50s, is misguided and unable to
achieve its central objective: to reduce regional disparities. After laying out the reasons for this diagnosis, the
article beckons to the emergence of the Consortium Central Brazil as a possible proclaimer of a new regional
development policy paradigm characterized by the decentralization of power, the role of states and
municipalities, emphasis on supporting the democratization of educational and productive opportunities
and intense federative cooperative.

Keyboards: Region; Development; Consórcio Brasil Central; Federative Cooperation.

O MODELO DE POLÍTICA REGIONAL E SEU CONTEXTO


O modelo de política regional brasileiro surgiu no fim dos anos 50 quando o Presidente
2
Juscelino Kubitschek, premido por mais uma das secas sazonais no Semiárido nordestino ,

1
Doutor em Planejamento Urbano e Regional, School of Public Affairs, University of California, Los Angeles (UCLA) e
Mestre em Ciências Econômicas, Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG). É formado em Ciências Econômicas, Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas
Gerais. E-mail: alberto.lourenco@presidencia.gov.br
2
Esta seca teve grande repercussão no Sudeste devido ao conjunto de reportagens de Antonio Callado, publicadas no
jornal Correio da Manhã, em que o jornalista e escritor expôs os desmandos e desvios da chamada “indústria da seca”. Em
sintonia com a rápida modernização do país, os formadores de opinião cobravam políticas racionais que relegassem ao
passado a chamada “solução hídrica”, outra face da “indústria da seca”, cujo agente institucional era o Departamento
Nacional de Obras contra a Seca - DNOCS.
17
encomendou a Celso Furtado um diagnóstico e uma proposta de solução. Até então, a política
federal para o Nordeste consistia na construção de açudes, que atendiam a duplo propósito: elevar
a capacidade de estocagem de água para os anos críticos; e manter os excedentes de força de
trabalho mobilizados na construção dos açudes e à disposição dos grandes proprietários de terra.
Furtado, na época diretor do BNDE, formou no banco uma equipe, denominada de Grupo de
Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste - GTDN. Em poucos meses entregou ao Presidente
um relatório com o título “Uma política para o desenvolvimento do Nordeste”, até hoje referência
obrigatória para o estudo do Nordeste e das desigualdades regionais no Brasil.

A MATRIZ TEÓRICA DO GTDN


Celso Furtado concluíra o doutorado em economia em Paris e depois trabalhara na
Comissão Econômica para a América Latina – CEPAL. O trabalho do GTDN reflete a influência do
que era então a vanguarda das teorias do desenvolvimento. Gunnar Myrdal mostrava que o
desenvolvimento desigual tendia a ampliar o fosso entre regiões ricas e pobres, num processo de
causação circular cumulativa. Romper com a tendência natural à concentração exigia ação
compensatória do Estado. Raul Prebish, com quem Celso Furtado trabalhara na CEPAL,
desenvolvera tese análoga embora enfatizando a persistente deterioração dos termos de troca
entre regiões industriais e outras especializadas em produtos primários. Albert Hirschman,
influenciado pelo fenomenal crescimento da indústria soviética, rejeitava paradigma de
crescimento equilibrado e defendia que países atrasados deveriam criar desequilíbrios setoriais
para forçar a industrialização, de preferência com base em indústrias que gerassem fortes
encadeamentos. Francois Perroux concebeu a noção de que a industrialização se fará a partir de
polos de crescimento, que podem ser induzidos, ideia de imensa força que influenciaria políticas
de desenvolvimento por décadas. Perroux e Jacques Boudeville falam de indústrias motrizes,
aquelas que podem arrastar uma constelação de outras empresas em ritmo acelerado. E, pairando
sobre todas essas formulações otimistas sobre a capacidade do Estado em transformar atraso em
desenvolvimento, a sensação de poder que a experiência soviética de planejamento dirigista e os
modelos keynesianos de crescimento e ciclo ofereciam aos jovens economistas da geração de
Furtado. O que se propunha como explicação e terapia para a desigualdade entre países servia
também para explicar o contraste entre Centro-Sul brasileiro, moderno e industrial, e o Nordeste,
pobre e rural.

A SUDENE E O MODELO DE POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL


A SUDENE foi criada ainda em 1959, com amplo apoio no Congresso Nacional. Celso
Furtado foi indicado como seu primeiro superintendente, cargo que ocupou até 1962, quando
assumiu o recém-criado Ministério do Planejamento, deixando como superintendente interino seu
braço direito, o sociólogo Francisco de Oliveira. Em 1963 retornou à SUDENE e implantou o
programa de incentivos fiscais. Três dias após o golpe militar de 1964, Celso Furtado foi cassado e
teve seus direitos políticos suspensos por 10 anos pelo Ato Institucional n° 1.
O modelo de desenvolvimento concebido pelo GTDN pode ser resumido em suas
características essenciais. A primeira é o foco em macrorregiões, definidas pela situação de atraso

18
relativo. Furtado contrapõe o Nordeste ao Centro-Sul: centro e periferia. A segunda característica é
a prioridade atribuída às indústrias, em especial às grandes indústrias fordistas, como principal
vetor do desenvolvimento. A terceira é a oferta pelo Estado de compensações ao atraso relativo da
região pobre, principalmente incentivos fiscais e crédito subsidiado para atrair empresas que, de
outra forma, se instalariam no Centro-Sul. Finalmente, mas não menos importante, todos os
agentes da transformação desenvolvimentista são instituições federais: a Superintendência de
Desenvolvimento do Nordeste - SUDENE, órgão máximo de planejamento e coordenação; o Banco
do Nordeste, financiamento dirigido; e Companhia hidroelétrica do São Francisco – CHESF,
3
fornecimento do insumo crucial, a energia elétrica .
O golpe militar de 1964 teve profundo impacto na composição e funcionamento da
SUDENE. Celso Furtado foi preso, privado de seus direitos políticos por 10 anos e compelido a se
exilar. Assim como ele, quase toda a diretoria foi presa, destituída e substituída por técnicos de
confiança do novo regime. No entanto, o modelo continuou sem maiores alterações. A grande
mudança é a escala em que o mecanismo de incentivos fiscais passou a funcionar. Tratava-se do
chamado 34/18, que devolvia aos investidores a maior parte do imposto de renda devido, desde
que o montante fosse investido em projetos aprovados na área da SUDENE. As maiores empresas
4,
brasileiras aproveitavam o incentivo num momento em que expandiam seus mercados para a
escala nacional. Em suma, a era dos incentivos fiscais de fato aumentou a densidade industrial do
Nordeste. Porém, predominaram as chamadas “turn key factories”: indústrias fordistas, com baixa
ou nenhuma propensão a inovar, indústrias de processo contínuo, em geral no ramo químico, sem
exigências locacionais e baixa absorção de mão de obra, ou indústrias intensivas em mão de obra
desqualificada, que uniam incentivos fiscais a salários mais baixos do que no Centro-Sul.
O modelo SUDENE foi estendido pelo regime militar à Amazônia Legal em 1964, com a
criação da SUDAM, e ao Centro-Oeste em 1967, com a criação da SUDECO. Foram dois casos
distintos. A SUDAM repetiu estritamente o modelo concebido para a SUDENE, inclusive com a
criação do Banco de Desenvolvimento da Amazônia – BASA, à semelhança do Banco do Nordeste.
A SUDECO, por outro lado, não podia conceder incentivos fiscais pelo mecanismo 34/18, ficando
assim desprovida do principal instrumento de atração de capitais, até que encerrada em 1990.

O CARÁTER AUTORITÁRIO DA POLÍTICA REGIONAL


Mais do que mera concentração de funções estratégicas em nível federal, neste modelo de
política regional, estados e municípios são vistos e tratados como meros recipientes de ajuda
FINANCEIRA federal e da racionalidade federal, incapazes de exercer a coordenação de seu próprio
processo de desenvolvimento e de responder à escala e à complexidade dos investimentos

3
A proposta do GTDN era mais profunda e abrangente do que meramente criar diferenciais de custo para atrair plantas
industriais ao Nordeste. O relatório trazia profunda análise do quadro socioeconômico nordestino, da qual derivam
propostas ousadas de reforma agrária na faixa açucareira da Zona da Mata, irrigação com desapropriação e distribuição
das terras adjacentes, e mesmo a transferência induzida de excedentes populacionais do Semiárido para as terras úmidas
da pré-Amazônia maranhense. Esta parcela do diagnóstico do GTDN sucumbiu à resistência do poder político
hegemônico dos grandes proprietários de terra e não foi implementada.
4
Francisco de Oliveira informa que um quarto das maiores empresas operando no Brasil, inclusive as de capital
estrangeiro, se beneficiavam do 34/18
19
necessários. Tanto na fase democrática da SUDENE (1960 – 1964), quanto durante o regime militar
(1964 – 1984), o autoritarismo tecnocrático dos instrumentos federais de desenvolvimento regional
se justificava pela desconfiança em relação às elites políticas regionais, vistas como reacionárias
pela esquerda no período democrático, ou como demagógicas e corruptas pelo regime no período
5
autoritário . Aversão ainda mais extremada às elites políticas estaduais permeou a atuação da
SUDAM na Amazônia. O fracasso da SPVEA foi explicitamente atribuído à dissolução da
importância estratégica da Amazônia pela corrupção e pelo grosseiro clientelismo das elites
regionais.
Nem mesmo o fim do regime militar e três décadas de democracia alteraram
fundamentalmente a noção de que o desenvolvimento das regiões atrasadas é tarefa federal e que
as elites políticas locais não são confiáveis. Exemplo eloquente é que quando recriadas, SUDAM e
SUDENE em 2007 e SUDECO em 2009, a composição de votos nos Conselhos Deliberativos
assegurou confortável maioria de votos para representantes da União em relação à soma dos votos
de representantes dos estados e dos municípios. Embora ao longo de todo o período, estados e
municípios tenham formado quadros técnicos competentes e sejam reconhecidamente melhores
para atuar no território, continuam alijados das decisões e tratados como relativamente incapazes.
Excluindo estados e municípios dos círculos de decisão, a política regional se priva da sinergia de
investimentos complementares e do aprendizado que se forja a partir da cooperação.

CRÉDITO SUBSIDIADO: OS INSTRUMENTOS QUE RESTAM


Ao longo das últimas décadas o modelo de política de desenvolvimento regional brasileiro
vem fraquejando, amputado de seus instrumentos e esvaziado de prestígio político. A principal
alteração ocorreu em 2001, quando veio a público uma sucessão de escândalos de desvios e
malversação de recursos do FINAM e do FINOR. Os fundos foram extintos para novos desembolsos
6
e ambas as superintendências extintas . Embora recriadas em 2007, não recuperaram a
prerrogativa de conceder incentivos fiscais. Do modelo original e política de desenvolvimento
regional restou o crédito subsidiado dos Fundos Constitucionais e dos Fundos de
Desenvolvimento. Os Fundos Constitucionais foram criados pela Lei 8.727 de 1989, a partir de
7
provisão constitucional , como resposta ao quadro de fortes oscilações na oferta de crédito nos
anos 80, em especial para a produção agropecuária. Os Fundos de Desenvolvimento foram criados
em 2001 (FDA e FDNE) e 2009 (FDCO), voltados a investimentos em infraestrutura, serviços
públicos e empreendimentos produtivos de importância estratégica. Ao contrário dos Fundos
Constitucionais, os Fundos de Desenvolvimento – FDs dependem do Orçamento Geral da União e
podem ser contingenciados. Até o advento da Lei 12.712 de 2012, os FDs tinham natureza contábil,

5
A obra de referência para a visão de esquerda sobre as elites regionais nordestinas no período da SUDENE é Oliveira,
Francisco, op. cit. Sobre as origens da aversão do regime militar às elites políticas regionais, ver: Lamounier, Bolívar.
“Formação de um pensamento político autoritário na Primeira República: Uma interpretação”, em: História Geral da
Civilização Brasileira, tomo III, vol. II (org. Bóris Fausto), São Paulo, Difel, 1977. Para entender a aversão do autoritarismo
tecnocrático às elites políticas regionais pós-64, ver: Hagopian, Frances, Traditional Politics and Regime Change in Brasil,
Cambridge University Press, New York, 1996.
6
Respectivamente MP 2.157-5 de 2001 e MP 2.156-5 de 2001, especialmente Inciso VIII do .32 .Art
7
Art. 159, Inciso I, alínea c; regulamentada pela Lei 7.827 de 27 de setembro de 1987
20
ou seja, recursos não gastos retornavam ao caixa do Tesouro. A partir de 2012, os recursos não
gastos passam a compor o patrimônio dos Fundos. Porém, os desembolsos têm sido descontínuos
e frequentemente usados como parte da engenharia financeira de grandes obras de infraestrutura
8
federais .
Trabalho do IPEA em 2014 se voltou para a avaliação de impacto dos Fundos
Constitucionais. Dos cinco estudos sobre o FNE, três detectaram efeito positivo no nível de
emprego das firmas beneficiadas, um detectou efeito positivo em alguns anos, mas não em outros
e o último não encontrou evidência de efeito positivo no PIB per capita e na produtividade. Dos
sete estudos sobre o FCO, três não detectaram efeito positivo em emprego, renda, produtividade
ou PIB. Dois encontraram efeito concentrador de renda, um foi não conclusivo e um encontrou
efeito positivo em renda per capita dos municípios beneficiados, mas em nível insignificante. De
seis avaliações de impacto do FNO, um encontrou efeito estatisticamente significativo em
produtividade e PIB per capita, dois detectaram efeito insignificante, um não detectou resultado
positivo algum, um alertou para efeito concentrador de renda e o último não foi conclusivo.
Considerando o porte significativo dos desembolsos anuais – previsão de cerca de 20
bilhões de reais em 2015, emprestados a taxas que variam de 2% (PRONAF) a 14,7% nominais
(empresa urbana de grande porte), com taxa média em torno de 6%, os resultados são
desalentadores. A principal hipótese para isso é que o esvaziamento político e a debilidade técnica
das instituições coordenadoras, na prática deixam aos bancos a prerrogativa de alocação do
9
crédito. Como os bancos são remunerados em proporção inversa ao risco , privilegiam clientes
capitalizados e setores da economia em que predominam vantagens comparativas estáticas, em
geral pecuária extensiva, mineração, empreendimentos comerciais urbanos e indústrias
tradicionais. Os financiamentos tendem a ser não aditivos, ou seja, beneficiam tomadores que,
dotados de patrimônio, investiriam de qualquer forma. Ao evitar setores que poderiam diversificar
a produção e adensar cadeias produtivas, mas que implicam maior risco, tais como: indústrias de
maior conteúdo tecnológico, start ups e elos crítico das cadeias de valor, os Fundos Constitucionais,
apesar do porte expressivo, se tornam irrelevantes para transformar o perfil da economia.

QUAL ESCALA? QUAL DESENVOLVIMENTO? QUAIS PRIORIDADES?

“TUDO QUE É SÓLIDO SE DESMANCHA NO AR...”


Como vimos, o modelo de política de desenvolvimento regional construído por Celso
Furtado e seus colaboradores refletia a vanguarda da teoria do desenvolvimento da época. Era o
auge do Fordismo. As grandes empresas verticalizadas reinavam sobre mercados quase cativos,
amparadas por grandes acordos com sindicatos e beneficiadas pelas políticas macroeconômicas
de regulação da demanda e de proteção tarifária. Fabricavam produtos pouco diferenciados, de

8
Um exemplo é a ferrovia Transnordestina, em que o FDE aportou 2,7 bilhões de reais.
9
Banco da Amazônia e Banco do Nordeste recebem 3% do valor dos empréstimos e assumem metade do risco. O Banco
do Brasil, cujo porte lhe permite, pelas regras de Basiléia, assumir todo o risco, recebe 6%. A parcela PRONAF tem seu
risco integral assumido pelos próprios Fundos.
21
longo ciclo de vida e o ritmo de inovação tecnológica era, consequentemente, lento. Importava a
escala, a dimensão das plantas industriais, o controle de larga fatia de mercado.
A partir da crise capitalista dos anos 70, esse modo de produção entra em crise. A primeira
onda de transformações decorre da crise do Estado fiscal, o que amplia a estagnação causada pela
súbita elevação dos preços do petróleo. A ordem financeira, que se ancorava na conversibilidade
do dólar, dá lugar à instabilidade causada por grandes massas de capital financeiro sem pátria. A
competição internacional se acirra, com a entrada de países emergentes em alguns mercados
industriais. No fim dos anos 70, surgem os primeiros sinais de profundas mudanças nas estruturas
produtivas. No Japão as indústrias fordistas se transformam, ganham flexibilidade, encurtam o ciclo
de produtos, aprimoram a qualidade dos produtos e intensificam a competição em mercados cada
vez mais globalizados. Da Itália, surgem sinais de imprevisto sucesso de formas de produção
industrial antes consideradas inviáveis, pois focadas na fabricação de produtos tradicionais
(vestuário, calçados, cerâmica) por uma constelação de empresas pequenas, mas extremamente
10
ágeis, alternando competição e cooperação . Na Ásia, a Coréia do Sul rapidamente galga escalas
de produção e nível de complexidade tecnológica e a China finalmente desperta.
Na medida em que a rápida mudança nos padrões de produção se consolida, surge uma
nova geografia na indústria. Regiões inteiras sucumbem. O meio oeste norte-americano, com
epicentro em Detroit, desde o início do século a área industrial mais dinâmica do planeta, se
11
transforma em um grande cemitério de indústrias . Por outro lado, a Costa Oeste, principalmente
Califórnia, se torna a área mais dinâmica e inovadora do mundo. Além da indústria aeroespacial e
de entretenimento, pequenas empresas de fundo de garagem começam a gestar uma revolução
tecnológica: a indústria da informática.
A informática é uma revolução transversal. Não é apenas um novo, gigantesco mercado de
computadores e programas, mas uma tecnologia que perpassa e transforma radicalmente todos os
setores da indústria, todos os serviços, a agricultura, a vida cotidiana. As transformações da
estrutura produtiva, que já eram dramáticas no início dos anos 80, assumem um ritmo vertiginoso.
Na frase presciente de Karl Marx: “Tudo que é sólido se desmancha no ar”. Grandes corporações
que dominavam mercados mundiais, como a Kodak, desaparecem da noite para o dia, enquanto
empresas de fundo de garagem, como a Microsoft e a Apple, se tornam mega empresas globais.
Setores inteiros da economia de repente se tornam obsoletos, como, por exemplo, a indústria
fonográfica tradicional, em um turbilhão de destruição criadora. A informática desencadeia
revoluções paralelas em biotecnologia, robótica, mecânica de precisão, e em serviços produtivos,
como design ou desktop publishing.
Nos anos 90, essa revolução se acelera ainda mais com a criação da rede mundial de
12
computadores . A revolução nas comunicações é uma revolução dentro da revolução. Informação

10
A obra seminal sobre o surgimento de regiões industriais como a Terceira Itália é PIORE, Michael and SABEL, Charles.
The Second Industrial Divide: possibilities for prosperity, New York, Basic Books, 1984.
11
A região passou a ser conhecida como rust belt, ou “cinturão da ferrugem”. A população de Detroit cai de 1.900.000
habitantes em 1950 para 700.000 em 2010.
12
A internet foi criada a partir de esforços combinados de duas universidades do sistema público da Califórnia: Berkeley
e UCLA, a partir de encomendas e financiamentos do setor de defesa norte-americano.
22
e conhecimento passam a ter acesso quase ilimitado e a custo zero. A aceleração constante da
capacidade de processamento e de transmissão de dados altera as condições da própria pesquisa
tecnológica, gerando redes globais, acelerando e aprofundando resultados, em uma corrida
vertiginosa.
Os determinantes do sucesso ou do fracasso das regiões na competição global se alteram
dramaticamente. O índice de um dos livros clássicos sobre o novo padrão de desenvolvimento no
espaço é ilustrativo da dimensão das transformações. Trata as novas economias como “ativos
relacionais”. Fala de “reflexividade”, de “convenções, coordenação e racionalidade”, de
“conhecimento tácito”, de “economias de aprendizado”. O desenvolvimento das regiões é cada vez
mais entendido como um processo de ação coletiva, em que empresas cooperam ao mesmo
tempo em que competem.
Inevitavelmente, também se altera o perfil das políticas públicas de desenvolvimento. Ao
invés de se limitar à regulação macroeconômica da demanda e à proteção tarifária, o Estado passa
a assumir etapas críticas e de alto risco da pesquisa básica, o que resulta em inovações de uso
13
difundido . Também na esfera das políticas públicas vence o imperativo da flexibilidade, das
respostas rápidas às alterações nas demandas de produtores e setores sociais. Sobretudo, o Estado
contemporâneo deve ser um catalisador de cooperação e coordenação, tanto entre agentes
privados, como entre produtores e agências de governo.

A POLÍTICA REGIONAL QUE NÃO QUEREMOS


A despeito das radicais transformações brevemente descritas acima, a que ninguém se
oporia se as chamássemos de revolucionárias, o modelo de política de desenvolvimento regional
brasileiro continua fundamentalmente o mesmo que Celso Furtado e seus pares desenharam no
fim dos anos 50. Nenhuma das dimensões críticas das novas indústrias e dos novos vetores de
dinamismo econômico é sequer considerada. A resiliência de um modelo tão ultrapassado
surpreende, pois os indicadores de sua falência são acachapantes. Em 56 anos de SUDENE, a
14
participação relativa do Nordeste no PIB brasileiro caiu . A Amazônia não se saiu melhor após 51
anos de SUDAM. Sua renda per capita permanece estagnada em torno de metade da renda
nacional e sua economia especializada na produção de commoditties agrícolas. O único caso de
15
macrorregião que superou o atraso relativo foi o Centro-Oeste , justamente a região que foi
menos aquinhoada com políticas compensatórias de desenvolvimento regional, pois sua
instituição coordenadora, a SUDECO, é tardia e descontínua, além de jamais ter manipulado

13
Há farta e instigante literatura sobre o novo perfil do Estado indutor de desenvolvimento, com ênfase em inovação
tecnológica. Os exemplos são diversos e, naturalmente, se destacam os exemplos da Ásia, especialmente Coréia do
Sul, Taywan e China. Mas o caso mais estudado é o dos Estados Unidos, sempre o líder em inovação. Especial atenção
é dada à relação entre inovação tecnológica e a agenda de pesquisa do setor de defesa. A referência clássica é
MARKUSEN, Ann. The Rise of the Gunn Belt: the remaping of industrial America, London, Oxford Press. 1991
14
Em 1960, logo após a criação da SUDENE o PIB do Nordeste equivalia a 14,8% do PIB nacional. Em 1970 caiu para
11,7%. Em 1980: 12%. Em 1991: 13,4%. Em 2000 cai para 13,1%, onde permanece até 2010.
15
A participação do PIB do Centro-Oeste no PIB nacional sobe de 2,6% em 1960 para 8,9% em 2010. A renda per capita
cresceu 80% mais do que a média nacional, enquanto todas as outras regiões permaneceram praticamente em torno
da média.
23
generosos esquemas de incentivos fiscais. O sucesso do Centro-Oeste ocorreu a despeito e não por
causa da política regional. As tentativas de mudança no perfil da política regional fracassaram. A
Política Nacional de Desenvolvimento Regional, elaborada em 2006 pelo Ministério da Integração
16,
Nacional, tinha algum mérito mas padecia de equívocos conceituais e de base empírica
inadequada a ponto de ser um referencial inútil. Dependia também da criação de um novo fundo
regional, que não foi aprovado. Jamais se transformou em um instrumento de coordenação da
17
política de desenvolvimento regional e teve quase nenhuma consequência operacional .

A POLÍTICA REGIONAL QUE QUEREMOS


Roberto Mangabeira Unger traçou os contornos de uma nova política regional em texto
desenvolvido a partir de discussões com os governadores e a sociedade civil do Nordeste, quando
Ministro Chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, em 2009. Não faz sentido que a política de
desenvolvimento regional seja essencialmente um conjunto de magras compensações pelo atraso
relativo, argumentou. Política regional é a coordenação de ações de desenvolvimento no território
e, como tal, se aplica a todo o país. São Paulo precisa de política regional, assim como o Sul do país,
tanto quanto a Amazônia e o Nordeste. A estratégia da política regional não deve olhar para um
padrão Fordista ultrapassado, que serviu ao Sudeste brasileiro na década de 50, mas que hoje
encarna a expressão famosa de Boudeville: “catedrais no deserto”. Não faz sentido numa economia
globalizada, com alto grau de especialização, buscar repetir São Paulo de meados do século
passado, como se depreende da política atual.
O propósito da política regional é prospectar e acalentar embriões de formações
produtivas que contenham as características dos arranjos produtivos de vanguarda, tais como:
propensão a cooperar, alta transitividade entre atores, flexibilidade e agilidade, abertura à
inovação. Neste sentido, arranjos informais vistos erroneamente como primitivos, a exemplo dos
polos têxteis e de confecções de Toritama, Caruaru e Santa Cruz do Capiberibe em Pernambuco, ou
Jardim de Piranhas, no Rio Grande do Norte, Bonfim, na Paraíba, ou a produção tecnificada de mel
em Picos, no Piauí. Embora operando com tecnologias que combinam o atrasado e o moderno, os
arranjos sociais de cooperação competitiva estão muito mais próximos da vanguarda industrial do
mundo do que as grandes unidades Fordistas movidas a incentivos fiscais. Em outras palavras, a
política regional deve procurar as virtudes endógenas e dar-lhes os instrumentos para que se
transformem em empresas inovadoras na competição global. Deve trazer a vanguarda para a
retaguarda. Para isso, a política deve ser o contrário do que temos hoje. Ao invés de instrumentos
passivos, como o crédito subsidiado ao sabor dos humores de gerentes de banco, políticas ativas
de indução tecnológica e de coordenação entre empresas privadas e entre elas e os governos. Ao
invés de autoritarismo tecnocrático, transitividade intensa e aprendizado mútuo. Ao invés do
monopólio decisório de burocratas federais, a cooperação entre os diversos níveis da Federação,
cada qual na escala e papel adequados.

16
O principal mérito é perceber que política regional se aplica a todo o país, não apenas às regiões “atrasadas”.
17
Uma discussão sobre a PNDR, embora pertinente, transcende o escopo deste artigo. A única instância em que a PNDR
se aproxima de ter um efeito concreto em política pública é o condicionamento que supostamente impõe à alocação de
recursos dos Fundos Constitucionais. No entanto, todas as análises de impacto convergem na conclusão de que tais
diretrizes são sistematicamente desrespeitadas.
24
EPÍLOGO: AS PERSPECTIVAS ABERTAS PELO CONSÓRCIO BRASIL CENTRAL
Em julho de 2015, a partir de uma provocação do Ministro Mangabeira, o governador de
Goiás, Marconi Perillo, convidou os demais governadores do Centro-Oeste e o governador de
Tocantins para uma reunião de trabalho em Goiânia. Nesta ocasião decidiu-se a criação de um
Fórum de Governadores. Na reunião seguinte, em Cuiabá, se juntou a eles o governador de
Rondônia. Nas reuniões subsequentes, com intervalos de menos de um mês, foi acordado que o
instrumento de cooperação adequado seria um Consórcio Interestadual, com identidade
institucional de autarquia de direito público. Em outubro, na capital do Mato Grosso do Sul, foi
criado o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento do Brasil Central, que, já na reunião de
novembro, em Brasília, havia sido aprovado por todas as Assembleias Legislativas dos estados
participantes. É o primeiro consórcio de governos de estado da história do Brasil.
Mesmo antes de formalmente constituído, o Consórcio já definia horizontes de cooperação
em políticas públicas. Acordos foram celebrados entre os estados participantes e instituições da
sociedade civil para a formação de professores, que multipliquem iniciativas de capacitação
18
docente; e para a modernização administrativa dos governos . Outras iniciativas de cooperação
horizontal entre estados já se iniciaram em diversas áreas em que as sinergias são explícitas, tais
19
como: defesa sanitária; infraestrutura logística; gestão de recursos hídricos; e gestão ambiental .
Também foram iniciados estudos visando à possível convergência e harmonização das políticas
tributárias.
A cooperação entre agências de governo é um fenômeno pouco estudado. Em geral,
predominam os casos relativos à gestão ambiental, tanto devido à natureza transversal do tema,
que exige a interação de diferentes agências, como por transcender fronteiras institucionais, o que
exige colaboração entre diferentes domínios. Bob Hudson e outros, em artigo seminal, após
extenso exame da literatura, listam dez componentes que caracterizam a propensão à cooperação
entre agências. São eles: Fatores contextuais: expectativas e restrições; Reconhecimento da
necessidade de cooperar; Identificação de bases legítimas para a cooperação; Reconhecimento da
capacidade prática de colaborar; Percepção clara e compartilhada dos objetivos da cooperação;
Construção de laços de confiança; Garantia de compartilhamento dos benefícios; Capacidade de
nutrir relações frágeis; Definição de formas de colaboração apropriadas; e Compartilhamento da
estratégia. Todas essas condições estão presentes, entre os membros do Consórcio, na maioria dos
casos em grande medida.
Talvez o melhor indício do imenso potencial de colaboração horizontal entre os estados
membros do Brasil Central seja o convívio frequente entre os indivíduos de primeiro escalão,
especialmente Secretários de Estado e Procuradores de Estado. Essa proximidade gera diversos
efeitos positivos. Em primeiro lugar, aumenta a disposição tácita ao aprendizado mútuo.
Estratégias administrativas bem sucedidas começam a ser trocadas, do que resulta uma

18
Respectivamente acordos com a Fundação Unibanco e com o Movimento Brasil Competitivo.
19
Para uma visão de cooperação entre membros do Consórcio pela ótica constitucional, ver: MARRAFON, Marco A.
Consórcio Brasil Central é experiência inovadora do federalismo cooperativo, em: http://www.conjur.com.br/2015-set-
22/constituicao-poder-consorcio-brasil-central-experiencia-inovadora-cooperativismo acessado em 18/11/2015.
25
convergência acelerada rumo a padrões elevados de desempenho. Já são frequentes as visitas de
trabalho, em que especialistas de um estado servem como tutores na implantação de melhores
rotinas ou programas em outro. Percebe-se uma clara propensão à troca ocasional de capacidades,
em resposta a situações anômalas ou a picos de demanda por serviços públicos. Difunde-se a
percepção de crescente interdependência, condição essencial para o aprofundamento e para a
invenção de novos horizontes para a cooperação.
Paralelamente, fortalece a propensão a atuação política conjunta. Além da coesão entre os
governadores, as bancadas estaduais no Congresso Nacional se aproximam e já foi criada
formalmente uma Frente Parlamentar do Brasil Central, o que aumenta a força política das
demandas e propostas do Consórcio. Embora recente, a experiência exitosa já inspira outros blocos
regionais. No dia 20 de novembro, em Belém, os governadores da Amazônia Legal, dentre os quais
se incluem três participantes do Consórcio Brasil Central, decidiram-se pela criação de “uma
20
instituição que formalize sua disposição à cooperação federativa” .
A pergunta final procura a síntese entre a primeira e a segunda parte deste artigo: Até que
ponto e de que forma iniciativas como o Consórcio Brasil Central podem ser fatores de renovação
da política de desenvolvimento regional brasileira?
A ação dos governadores já começa a apontar rumos. Em novembro, durante a reunião de
Brasília, os governadores foram ao Ministro da Integração Nacional e manifestaram seu desejo de
mudar o modelo de aplicação dos recursos dos Fundos Constitucionais. Querem que tanto as
diretrizes estratégicas definidas pelo Consórcio, como as prioridades de suas carteiras de projetos
de desenvolvimento, sejam priorizadas pela SUDECO e pela SUDAM. Em contrapartida, se dispõem
a participar ativamente da gestão operacional da política, por meio de sua presença nos Conselhos
Deliberativos dos Fundos. Discutem propostas de alterações no marco regulador dos Fundos, no
sentido de aumentar a aditividade dos empréstimos, entender a pertinência de alguma abertura a
níveis mais elevados de risco, inevitáveis em áreas produtivas caracterizadas por intensa inovação.
Ao mesmo tempo, avançam na percepção do que é a escala virtuosa para a atuação dos estados.
Como vimos, desenvolvimento regional exige cada vez mais nutrir e capacitar potenciais
endógenos, o que implica em proximidade e transitividade. Espera-se que tal percepção seja um
estímulo a mais para estimular a adesão de prefeitos e outras autoridades municipais. Embora a
rigidez do federalismo brasileiro, que se expressa principalmente na legislação federal, seja
obstáculo à experimentação, a força política derivada de experiências bem sucedidas de
cooperação entre estados pode ser a cunha que, ao desencadear fraturas no marco legal e no
aparato de controle, abra espaço para a emergência de modelos de políticas públicas mais
modernos e satisfatórios. Celso Furtado, um homem aberto ao mundo e ao seu tempo, concordaria
e assinaria embaixo.

20
Os governadores da Amazônia foram os primeiros a se organizarem em um Fórum oficial, com reuniões sistemáticas. A
partir de reunião precursora em Belém, em 2008, já foram realizadas 10 reuniões, das quais 8 entre 2008 e 2010. Este
Fórum teve papel decisivo na iniciativa histórica de enfrentar o caos fundiário que atrasa o desenvolvimento sustentável
da região.
26
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contribution of theory and research? em Public Management: an international journal of
research and theory, Vol. 1, issue 2, Leeds, Routledge, 1999.

27
28
Educação no Brasil
Central: Por que
Tássia de Souza Cruz1
cooperar? Ramiro Nóbrega Sant’Ana2

Resumo: O Consórcio Brasil Central pretende incentivar a colaboração de cinco estados e o DF pela adoção
de projetos inovadores para o desenvolvimento regional em diversas áreas. Este artigo analisa o potencial
cooperativo do consórcio para a educação. Os dados educacionais demonstrados no artigo explicitam duas
questões essenciais para o sucesso do consórcio: primeiro,
rimeiro, a necessidade de analisar a distribuição dos
d
resultados educacionais – identificados neste artigo através dos dados do IDEB
IDEB e ENEM – ao invés de um foco
limitante nas médias das notas; e segundo, a análise referente às oportunidades
oportunidades educacionais ofertadas –
identificadas através de características de formação
formação e contratação de professores, além da seleção de
diretores. Pretende-se,
se, assim, indicar possibilidades de cooperação e promover a formulação de políticas que
garantam melhoria da qualidade da educação básica na n região.

Palavras-chave: educação; desenvolvimento regional; Brasil Central; cooperação; resultados educacionais;


oportunidades educacionais.

Abstract: The Consortium Brasil Central aims to encourage cooperation of five Brazilian states
sta and the DF by
adopting innovative projects to the regional development in various areas. This article analyzes the
cooperative potential of the consortium for education.
educati The
he educational data demonstrated in the article
explain two key issues for the success of the consortium:
consortium: first, the need to analyze the distribution of
educational outcomes – identified in this article through the IDEB and ENEM
ENEM data – rather than a limiting
focus on averages; and second, the analysis of the supply of educational opportunities – identified through
the characteristics of teacher training and hiring, and also the selection of school directors. We int
intend,
therefore, to indicate opportunities for
for cooperation and promote the formulation of policies
polic to ensure an
improvement in the quality of basic education in the
th region.

Keywords: education; regional development; Brasil Central; cooperation; educational outcomes;


outcomes educational
opportunities.

1
PhD em Economia da Educação pela Universidade de Stanford,
Stanford, Estados Unidos, Mestre em Economia pela mes mesma
instituição. Foi Gerente de Projeto na Secretaria de
de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR). E-mail:
tassiacruz@gmail.com
2
Doutorando em Direito pelo Centro Universitário de Brasília (Uniceub), Mestre em Direito pela Universi
Universidade de Brasília
(UnB), Defensor Público do Distrito Federal. Foi Gerente
Ge de Projeto na SAE/PR. E-mail: ramirons@gmail.com
29
INTRODUÇÃO
Assistimos ao nascimento de instrumento para promoção
promoção da cooperação federativa
direcionada ao desenvolvimento regional. A criação do Consórcio Brasil Central entre os estados de
Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso
Gro do Sul, Rondônia, Tocantins e o Distrito Federal inaugura espaço
institucional para fomentar a cooperação em diversas
diversas áreas, notadamente na agropecuária,
indústria, educação, empreendedorismo, infraestrutura,
infraestrutu tecnologia, meio-ambiente
ambiente e turismo.
Este artigo debruça--se sobre as oportunidades
unidades de colaboração abertas à qualificação da
educação básica para os entes que compõem essa iniciativa. Mais especificamente
especifi avaliaremos: i)
as propostas formuladas pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República
(SAE/PR) ao Consórcio
rcio Brasil Central no campo da educação básica pública;; ii) os dados acerca dos
resultados e das oportunidades educacionais nos sistemas
sistemas de ensino dos entes que compõem o
Brasil Central. A partir de tal avaliação, pretende-se
pretende se afirmar que o sucesso da cooperação
coop federativa
em contribuir para o desenvolvimento da educação depende de da análise,, como ponto de partida,
da distribuição dos resultados e oportunidades educacionais,
educ ao invés de análises que considerem
somente as médias dos entes e que ignorem o esforço esforço necessário para escolas e estudantes em
diferentes contextos observarem
varem melhorias no aprendizado.
Para alcançar tais objetivos, iniciamos o artigo pela
pela exposição das linhas orientadoras e
projetos elaborados pela SAE/PR. Em passo seguinte, apresentamos análise dos resultados
educacionais das escolas na região.. Argumentamos especificamente sobre a necessidade de
explorar a distribuição dos resultados educacionais.
educacionais. As figuras apresentadas
apresentada deixam claro que
mesmo os estados
stados com altos resultados médios (como Goiás e DF) possuem distribuição
preocupante, indicando a necessidade de atenção especial
esp a escolas em situação de desempenho
crítico.
Exibimos, por conseguinte, a situação dos entes federados
federados em algumas características de
professores e formas de seleção
seleção de diretores, com o objetivo de demonstrar diferenças
dif nas
oportunidades educacionais oferecidas aos estudantes.
estudantes. Os dados apontam que a proporção de
professores com ensino superior é alta em todas as regiões do Brasil Central. Contudo, a
contratação de docentes apresenta importantes deficiências,
deficiências, considerando especialmente a
adequação da formação dos professores para as disciplinas
disciplinas lecionadas. Os dados de seleção de
diretores indicam que e Tocantins se diferenciou dos demais entes federados neste quesito, ao
utilizar principalmente a indicação como forma de seleção.

1. ORIENTAÇÃO E DESCRIÇÃO DAS PROPOSTAS


1.1 Orientação
As propostas da SAE para cooperação entre os estados
stados do Brasil Central foram formuladas a
partir de duas principais orientações: i) transformar
transformar o Brasil Central em vanguarda pedagógica
nacional, e ii) promover a colaboração inter e intraestadual
intr para combater as desigualdades
educacionais mais profundas.as. O pressuposto é que a cooperação entre os estados
estad potencializa tais
ações de qualificação
ualificação da educação básica.
A primeira orientação leva em conta a riqueza e diversidade
diversidade de experiências educacionais
bem-sucedidas,, tanto em gestão educacional, como em planos
planos pedagógicos e curriculares. A

30
segunda orientação dialoga com a heterogeneidade brasileira,
brasileira, que se reflete no desempenho
educacional nas diferentes partes do Brasil Central.
Central Se observada a média nacional, os estados que
compõem o grupo obtiveram resultados
resultados relativamente bons no IDEB do 5º e 9º ano do Ensino
Fundamental e 3º ano do Ensino Médio, mas há considerável
consid rável desigualdade entre si. O Estado
E de
Mato Grosso, por exemplo, temt m maior convergência entre os resultados educacionais
educaciona de suas
escolas, enquanto
to há mais desigualdade dentro
dentr dos estados
stados de Tocantins e Mato Grosso do Sul.
Mecanismos de colaboração podem ser efetivos para qualificação
qualificação localizada e redução das
desigualdades educacionais mais graves.
As linhas de ação propostas para o Brasil Central têm como objetivos: i) melhoria das
oportunidades educacionais aos estudantes dessa região, especialmente pelo investimento
inv na
qualificação de diretores e professores e desenvolvimento de práticas pedagógicas avançadas;
avançadas e, a
partir de tal avanço, ii) almeja
almej melhoria nos resultados educacionais,, sobretudo no desempenho dos
estudantes em avaliações locais e nacionais.

1.2 Descrição das propostas


As linhas de atuação descritas desdobram-se em quatro propostas voltadas à qualificação
da educação básica no Brasil Central. Cada proposta tem escopo definido de melhorias, contudo,
acredita-se que a adoção do conjunto dos projetos tem potencial maior para incrementar os
resultados na região. A implementação destas propostas pode
pode variar, com o consórcio Brasil Central
3
atuando de forma direta ou indireta.
A primeira e principal proposta é a formação da Rede Brasil Central de Educação que reúne
duas iniciativas articuladas entre si: i) identificação
identificação e capacitação de escolas em cada estado para
constituírem palco de práticas pedagógicas avançadas;
avançada e ii) instituição de Centros de Qualificação
Avançada para formação de profissionais de educação.
ed As duas iniciativas pretendem articular a
formação continuada dos profissionais de educação e a construção de práticas curriculares
pedagógicas inovadoras, criando ambiente que fomente a interação entre as reflexões teóricas e a
prática em sala de aula. A Rede Brasil Central de Educação se constituiria, assim,
assim da articulação de
escolas de referência, a Rede de Escolas Brasil Central,
Central com os Centros de Qualificação Avançada do
4
Brasil Central.
A segunda proposta é o Programa de Cooperação entre Escolas destinado ao fomento da
cooperação horizontal entre pares de escolas com alto e baixo desempenho. O foco é o
aperfeiçoamento escolar com objetivo de melhorar o desempenho dos alunos. A iniciativa dialoga

3
No primeiro caso, com recursosos próprios, o consórcio desenvolveria projetos inovadores
inovadores que expressem as melhores
ideias e experiências existentes no Brasil Central para o desenvolvimento institucional da educação. No
N segundo caso,
atuaria com apoio técnico e administrativo à adoção de e programas das secretarias estaduais de educação, de modo a
fomentar resultados em larga escala.
4
Inicialmente, segundo documento da SAE/PR, a rede de de escolas se formaria com a identificação de uma es escola de
ensino fundamental de anos finais e uma escola de ensino médio em cada estado stado do Brasil Central com perfil para ser o
berço da iniciativa. Com a adesão da escola, a Rede Brasil Central de Educação prestaria a assistência técnica e material
para ofertar as condições necessárias ao sucesso do projeto. Naa vertente da qualificação, a atenção se voltaria à formação
de diretores, inicialmente daqueles em exercício e posteriormente dos profissionais de educação candid
candidatos à função de
diretor. Em segundo momento, os Centros de Qualificação Avançada se tornariam
tornariam referência também para a formação
continuada de professores. Em seguida, a qualificação
qualificação seria estendida para todos profissionais de educ
educação.

31
políticas de cooperação horizontal como a do Ceará5 e a
com experiências de implementação de políticas
da Inglaterra6, que evidenciaram melhoria significativa na situação
situação de escolas que tinham
resultados insatisfatórios. O programa pretende criar estrutura e incentivos para que as escolas
unam esforços e busquemuem soluções locais e criativas para a melhoria da aprendizagem dos alunos
de escolas com resultados frágeis. Alcançado o objetivo, a dupla parceira
parceira é premiada com recursos
financeiros e com a discricionariedade para sua alocação.
alo
A terceira proposta é a constituição
c de Programa de Tutoria para Escolas em Situação Crítica.
Crític
A partir da orientação dos Centros de Qualificação Avançada seria formado grupo multidisciplinar
de profissionais de educação para ofertar tutoria àsàs escolas de desempenho mais baixo da região.
O rol de serviços disponibilizados incluiria a formação
form de professores in loco,
loco o apoio material para
melhora de infraestrutura, e a readequação das práticas
práticas pedagógicas e de gestão escolar. Em cada
regional de educação de cada estado seria constituído
constituído grupo para formação de tutores escolares e
estes atuariam com oss diretores e professores das escolas promovendo a reconfiguração do
trabalho pedagógico e da gestão escolar.
Por fim, a quarta iniciativa propõe que o consórcio Brasil Central fomente
fomente e auxilie a criação
de Comissões de Cooperação Federativa em cada estado, conforme previstas no artigo 7º, §6º, do
Plano Nacional de Educação (PNE) de 2014.. Tais comissões funcionariam como instâncias de
negociação, pactuação e cooperação entre gestores estaduais
estaduais e municipais. Elas constituiriam
espaço de articulação para estabelecer
estabelecer diretrizes e ações para repasses financeiros,
financeir assistência
7
técnica, expansão das redes públicas, integração dos sistemas de ensino, entre outros . Além disso,
o consórcio Brasil Central pode atuar para a formação de polos regionais de educação.
ed Estes polos
funcionariam como territórios de referência para a cooperação horizontal entre municípios
próximos e para oferta, pelos pel s governos estaduais, de repasses financeiros adequados às
necessidades locais.

2. POR QUE COOPERAR?


Registradas as diretrizes e descritas as propostas para a atuação do Consórcio Brasil Central
na educação, cumpre avaliar a viabilidade desse conjunto
conjunto de iniciativas. É necessário ponderar se e
como tais propostas podem auxiliar na superação dos desafios enfrentados
nfrentados pelos estados do Brasil
Central para ofertar educação pública de qualidade. Por tal razão, o presente estudo passa a
investigar e comparar
arar os dados educacionais dos Estados
Estados do Brasil Central. A partir deles pretende-
pretende
se diagnosticar os resultados e as oportunidades educacionais ao redor da região, e indicar
possibilidades de cooperação, para que as propostas narradas possam influir nas necessidades
reais.
Os dados educacionais apresentados a seguir ilustram a importância da distribuição dos
resultados
ados educacionais para a elaboração de projetos de cooperação. Apesar das médias do Índice

5
Prêmio Escola Nota 10 que integra os Programas Alfabetização
Alfabetização na Idade Certa (PAIC) e Aprendizagem na IIdade Certa
(PAIC+5).
6
INGHAM & DIAS (2015).
7
Para conhecimento do potencial de atuação dessas Comissões,
Co sugere-se
se consultar a proposta da SAE para formação do
Sistema Nacional de Educação, disponível em
http://robertounger.com/portuguese/pdfs/educacao/te
http://robertounger.com/portuguese/pdfs/educacao/textos/EDUCACAO%20COOPERACAO%20FEDERATIVA.pdf.
DUCACAO%20COOPERACAO%20FEDERATIVA.pdf.
32
Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM)8 dos
de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e do Exame
estados
stados serem relativamente próximas na região do Brasil
Brasil Central, a dist
distribuição observada é
enorme,
orme, especialmente dentro dos estados. Tal fato aponta ampla oportunidade para cooperação
entre e dentro dos estados.
stados. A análise das variações nos resultados evita o erro comumente
cometido de utilizar somente a média estadual do IDEB
ID ou do ENEM para argumentar que um
stado está “à frente” de outro9. A distribuição
estado uição dos resultados deixa claro as semelhanças e
diferenças entre sistemas, elucidando possibilidades de cooperação
cooperação para grupos de escolas que,
apesar de se encontrarem em diferentes Unidades da Federação,
ederação, apresentam características
semelhantes.
Ademais, a formulação de projetos
p de cooperação entre os estados
stados deve considerar não só
a distribuição dos resultadoss educacionais, mas também a diversidade na oferta de oportunidades
educacionais nesses diferentes contextos. Diversos estudos já mostraram a importância de
resultados educacionais dos estudantes10.
características socioeconômicas para explicarem resultados
Contudo, naa falta de instrumentos exógenos para especificar o efeito causal das oportunidades
educacionais aqui apresentadas para o desempenho dos estudantes, qualquer análise de
correlação entre fatores será meramente especulativa.
especulativa. Tendo essa restrição em vista, este
diagnóstico pretende ilustrar as distribuições de resultados
resultados de desempenho dos estudantes e de
oportunidades educacionais para indicar possíveis caminhos
caminhos de políticas e necessidades de
estudos específicos para o desenho dessas políticas.
políticas

2.1 Resultados Educacionais


A Figura 1 apresenta a densidade Kernel11 para os resultados do IDEB 2013 no 5º ano,
divididos em escolas estaduais e municipais e escolas
escolas estaduais somente. Os gráficos estão
divididos em dois grupos de estados conforme as semelhanças dos resultados
ltados no IDEB, sendo o
primeiro grupo composto pelo DF, GO e MT, os quais possuem maiores médias no 5º ano do IDEB,
e o segundo por RO, MS e TO, com menores médias. Apesar
Ap das escolas estaduais se referirem a
menos de 50% das escolas públicas de 5º ano do Ensino Fundamental nos estados (exceto no DF),
os sistemas estaduais ainda possuem de 31% (em
( Goiás) a 46% (em Tocantins) do total de escolas
do 5º ano na região do Brasil Central.
Central
Observamos inicialmente que apesar de Goiás possuir a segunda maior média das escolas
municipais e estaduais para o 5º ano do Ensino Fundamental
Fund (IDEB = 5,51), ficando atrás apenas do
DF, o Estado
stado também possui
poss escolas com médias abaixo dos os demais estados do grupo. Na

8
Disponibilizadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). N
Não utilizamos o
IDEB para o 3º ano do Ensino Médio, pois seus resultados
resultados são representativos do nível estadual, n
não sendo possível
apresentar a distribuição dos resultados por escola.
escola
9
SOARES & MAROTTA (2009) também discutem a importância da análise aná de distribuições – frequência de ocorrência para
cada valor possível de proficiência – para avaliar a qualidade de um sistema educacional. Segundo os autores, sistemas
com mesma média podem ter implicações
impli sociais muito diferentes se as distribuições de desempenho forem diferentes.
10
EVANS (2004) discute os efeitos de pobreza no desenvolvimento
desenvolvimento psicológico das crianças. DUNCAN & BROOK
BROOKS-GUN
(2000) discutem diferentes análises que relacionam índices de pobreza e desempenho, incluindo o desempenho
educacional.
11
A estimativa de densidade Kernel é uma forma não-paramétrica
paramétrica de estimar a função de densidade de probabilidade
pro de
uma variável aleatória. A estimação da densidade Kernel consiste na suavização de dados onde inferências sobre a
população são feitas com base numa amostra de dados finita (SILVERMAN, 1986).

33
realidade, a longa cauda esquerda da distribuição de d Goiás se explica por apenas uma escola
estadual que possui média de 1,5 no IDEB (localizada em Padre Bernardo,, município no entorno do
Distrito Federal). Existem,, contudo, 35 escolas municipais com média abaixo de 4,0 no 5º ano
dentro do Estado.
Notamos,, por outro lado, que a densidade dos resultados
ados de 5º ano no IDEB 2013 do
Estado
stado de Mato Grosso do Sul – a qual se assemelha aos resultados de Tocantins para
par as escolas
estaduais e aos de Rondônia quando incluímos também escolas municipais – possui cauda
alongada para a direita, referindo a uma escola com IDEB igual a 8,0 para os anos iniciais, em
Amambai.
A Figura 2 apresenta análise semelhante de densidade
densidade para o IDEB do 9º ano em 2013. Os
gráficos, contudo, estão divididos em três grupos, conforme a semelhança
elhança na distribuição dos
resultados no 9º ano. Sendo eles: GO e MT com maiores
maiores resultados em 2013, DF e TO com
resultados medianos, e RO e MS com piores resultados.
resultados. Os sistemas estaduais de ensino são
responsáveis por entre 54% (no MS) e 69% (no TO) das
da escolas públicas de 9º ano.
Verificamos na Figura 2 que apesar de Tocantins apresentar a pior
pior média no IDE
IDEB 2013 para
o 9º ano dentre os estados
stados do Brasil Central, sua distribuição é, na realidade,
realidade, bem próxima à
distribuição de resultados das escolas do DF.
D Além disso, observamos umaa cauda alongada para a
direita. Esta cauda longa (para IDEBs acima de 6.0) representa duas escolas estaduais – uma em
Palmas e outra em Gurupi – e três escolas municipais, todas em Palmas. Outro padrão
p interessante
ilustrado na Figura 2 é a semelhança entre as distribuições
distribuições dos resultados do 9º ano dos estados de
RO e MS.
Apresentamos então os resultados do ENEM 2014 para escolas estaduais em que mais de
50% dos seus estudantes participaram do exame. Para analisarmos a Figura 3, é necessário
levarmos em conta que diferentes amostras estão sendo
sendo consideradas, e que estas amostras não
são necessariamente
ecessariamente comparáveis. Um estado
stado que se esforce para incentivar a participação dos
estudantes no ENEM pode observar queda nos seus resultados,
res os, queda essa que não indica
diminuição no aprendizado dos estudantes do Ensino Médio, e sim maior participação de
estudantes de menor desempenho na prova. Portanto, a Figura 3 também indica, na legenda, a
proporção representada por essas escolas com alta participação no total das escolas estaduais.

34
35
Verificamos que a taxa de participação no ENEM é alta no DF,, 91% das escolas possuem
mais de 50% dos estudantes participantes na prova. Ainda assim, observamos alto desempenho na
prova, com a distribuição estando mais a direita que
qu os demais estados
stados do consórcio. MS e RO
possuem 69% das escolas com mais de 50% de participantes no ENEM, GO apresenta 59% das
escolas, TO 54% e MT 41%. É importante
im notar que, apesar dos estados
stados de Tocantins e Mato Grosso
apresentarem baixa taxa de participação no ENEM, seus
seus resultados ainda são baixos. Esperaríamos
que, com um aumento da taxa de participação no exame, os resultados cairiam cai ainda mais,
considerando que são os alunos com melhor desempenho
desempenho que em geral participam hoje do
exame.
A distribuição no DF não só possui média acima dos demais entes federados, como
também possui cauda uda alongada para a direita, indicando a existência de escolas estaduais com
altíssimo desempenho (93% das escolas possuem ENEM médio acima de 500 em Português, e 7%
em Matemática.
atemática. Em MS estas proporções são de 34% para Português
ortuguês e 5% para Matemática). Goiás,
por outro lado, possui enorme variação nos resultados,
resultados, com escolas bem acima da média e escol
escolas
bem abaixo da média – as três piores escolas do Brasil Central em termos de desempenho no
ENEM, por exemplo, ficam no Estado de Goiás.
Outro ponto interessante
essante sobre os resultados dos estados é a queda nos n resultados do
Ensino Fundamental para o Ensino Médio em Mato Grosso.Grosso. Enquanto MT possui uma distribuição
elevada, próxima a de Goiás, no 5º e 9º anos, seus resultados ficam próximos a RO no Ensino Médio
(com uma taxa de participação menor que a de RO) e uma cauda alongada para a esquerda,
indicando, além da média reduzida no Ensino Médio, a existência de escolas de baixíssimo
desempenho. Por exemplo, 6% das escolas possuem média no ENEM abaixo de 450 em Português,
e 72% em Matemática.
atemática. Essas proporções em RO são iguais a 3% para Português, e 69% em
Matemática.
Notamos também que a distribuição de Matemática para para o Brasil Central possui uma
densidade maior para notas mais baixas que Português.
Portuguê Ademais, a distribuição
stribuição de Matemática é
mais alongada que a distribuição de Português para os estados
stados com maiores desempenho – MS e
GO – e o DF, os quais possuem escolas com desempenho muito muito acima e escolas muito abaixo da
média em Matemática (nessas as Unidades da Federação,
Federa o desvio padrão do ENEM de Matemática é
igual a 24,32 e o desvio padrão do ENEM de português é igual a 21,89)12.

12
O desvio padrão é uma medida de dispersão dos dados,
dados, indicando a variabilidade dos valores em torno da média.
36
2.2 Oportunidades Educacionais
A distribuição de desempenho educacional entre os diferentes
diferentes entes participantes do
consórcio Brasil Central revela não só a existência de espaços para cooperação
cooperaç dentre os entes,
mas também a existência de alta variação dos resultados
resultados dentro de cada ente. Essa alta variação
nos faz questionar sobre quais escolas e estudantes são beneficiados por políticas que permitem
pe o
desenvolvimento educacional, e quais escolas e estudantes
estudantes ficam para trás. As oportunidades que
são dadas aos estudantes para desenvolverem seus conhecimentos
conhecimentos é a mesma ao redor do Brasil
Central? A relação entre resultados e oportunidades educacionais
onais já foi discutida na literatura de
13
economia da educação por diversos autores . Com o avanço brasileiro em políticas de avaliação
educacional, muitos esforços têm sido dedicados para
para permitir maior equidade nos resultados de
desempenho dos estudantes. Contudo, se ignorarmos o desigual acesso dos estudantes estuda aos
recursos educacionais, estaremos ignorando o impacto
impacto que o contexto educacional possui no
aprendizado.
Conforme detalhado na seção 2, a primeira proposta para educação do d consórcio Brasil
Central – a criação da Rede Brasil Central de Educação, a qual prevê a estruturação de Centros de
Qualificação Avançada para a formação continuada de profissionais da educação – pode ser
importante meio para atacar desigualdades nas oportunidades
oportunidades educacionais
educacionais. Para informar as
possibilidades de cooperação nesse sentido, apresentamos
apresentamos abaixo quatro indicadores de recursos
disponíveis nos diferentes estados
estados e DF, com foco nos professores e diretores. Sendo eles: (i)

13
Para referências nos Estados Unidos, CARTER & WELNER (2013) e DARLING-HAMMOND
DARLING HAMMOND (2004) são ótimos exemplos.
Para referências no Brasil, ver SIMIELLI (2015).
37
proporção de professores com ensino superior; (ii) proporção
roporção de professores concursados, com
contrato efetivo, estável, ou CLT; (iii) proporção de turmas com professores com formação
adequada para cada disciplina; e (iv) proporção de diretores que assumiu a direção por meio de
eleição apenas, processo seletivo
seletivo e eleição, indicação apenas, ou processo seletivo
seleti e indicação.
A Figura 4 apresenta a distribuição das características
característ dos professores
ssores de Ensino Médio
para os estados.
stados. Utilizando dados do Censo Escolar de 2014 para
para escolas estaduais, constatamos
primeiramente
ramente que a proporção de professores com ensino superior
superior é alta para os seis entes
federados, sendo o menor dos casos igual a 90% em Goiás. Goiás. Enquanto a formação inicial dos
professores não parece ser um problema, ao menos em termos de proporção de profess professores com
ensino superior, a variação no tipo de contratação é enorme entre os estados.
stados. Apenas 33% dos
professores de Ensino Médio de MT e 39% de MS possuempossuem contrato estável, enquanto 80%
possuem no DF e 86% em RO. Diversos pesquisadores já já documentaram efe efeitos negativos de
no Brasil (ver, por exemplo, Novaes 2010).14
contratos temporários sobre a qualidade do ensino no
A Figura 5 – que apresenta a adequação da formação dos professores
professor para as disciplinas
ensinadas – também assinala a necessidade de melhoria na contratação de professores. Apesar da
maioria dos professores de Ensino Médio possuir curso superior, existe enorme variação na
adequação da formação inicial. Utilizando a definição
definição de adequação do INEP (apresentado na Nota
o
Técnica N 020/2014), considera-se
considera se que um professor possui formação adequada sempre que ele
tiver completado curso superior de licenciatura na disciplina lecionada, ou bacharelado na
disciplina lecionada com complementação pedagógica.

14
Cruz (2015) mostra um aumento na proporção de contratos
contratos temporários de professores do ensino fundamental
fundament no
Brasil nos últimos 20
0 anos. Segundo Cruz (2015), os contratos temporários
temporários apresentam menores benefícios salariais e
estabilidade, além de significativamente menores salários
sa por hora trabalhada.
38
se na Figura 5 que 81% das disciplinas lecionadas no DF tiveram professores com
Constata-se
formação adequada para a matéria. Esta proporção, contudo,
contudo, cai para 73% em MS, 61% em RO,
59% em TO, 55% em GO, e apenas 35% em MT. Ou seja, em apenas 35% das disciplinas lecionadas
em Mato Grosso tiveram professores
professores com formação adequada para tal. Considerando que a
qualidade das aulas ministradas depende da preparação
preparação dos professores para a disciplina, estes
resultados indicam a urgência de reorganização na formação
formação dos profissionais para a adequação às
necessidadess locais. Estes resultados indicam também que a cooperação
cooperação dos estados no desenho
do projeto de qualificação de docentes deve considerar
considerar as necessidades atuais e futuras de
professores nas escolas, visando garantir melhor distribuição
distribuição de oportunidades educ
educacionais para
os estudantes do Brasil Central.
Finalmente, apresentamos na Figura 6 as principais formas de seleção de diretores nas
escolas estaduais do Brasil Central, conforme declaração
declaração feita para o questionário de diretores da
Prova Brasil 2013. A figura
ura mostra que o DF, MT e RO selecionam diretores principalmente
p por
eleição apenas, já GO e MS selecionam por processo seletivo juntamente com a eleição. Tocantins é
o único estado
stado do grupo que seleciona diretores principalmente apenas 15
principalmente por indicação apenas.

15
Um ponto interessante a ser levantado é a inexistência
inexistên de dados do INEP (de conhecimento
hecimento dos autores) referentes à
formação específica em gestão escolar. A falta de informação
informação fala por si só, pois indica a insignificâ
insignificância dada ao
desenvolvimento de programas de formação de gestoresgestores escolares, apesar de essa ser uma meta existente no PNE.
Tocantins está firmando uma parceria com a Fundação Lemann para a criação de um programa de capacitaçã capacitação de
gestores e coordenadores escolares a ser iniciado em
e 2016.
39
2.3 Disseminação de Práticas Inovadoras
Para discutirmos possíveis caminhos de políticas de cooperação, é essencial considerarmos
a variabilidade dos resultados e oportunidades educacionais dos entes participantes
participant do consórcio.
As quatro propostas apresentadas na seção 2 fomentam a disseminação de práticas – de gestão,
pedagógicas e curriculares – inovadoras. Contudo, assim como observamos variabilidade nos
resultados e oportunidades educacionais, políticas “inovadoras”, em geral,geral também possuem
enorme variação em seus efeitos.
efeitos. Sendo, portanto, necessário uma consideração especial
espe de como
a disseminação de práticas inovadoras afetariam os resultados de escolas
scolas em diferentes contextos.
Um
m importante exemplo de política inovadora que possui enorme variabilidade nos
resultados são as escolas charter,, modelo de gestão privada em escolas públicas,
públicas bastante
disseminado nos Estados Unidos. Três princípios orientam
ori tal tipo de gestão: primeiro, que as
escolas charter são mais eficientes na gestão de seus recursos e, portanto,
portanto, aumentam a qualidade
da educação ofertada; segundo, mudanças na forma de gestão aumentam as opções de ensino
oferecidas aos estudantes; e terceiro, a concorrência gerada por escolas charter melhora a
qualidade de todas as escolas. Diversos estudos do modelo americano mostrammostram, contudo, que
estes argumentos são frágeis,
frágeis, e que ao mesmo tempo em que existem escolas charter de altíssima
qualidade, existem escolas de baixíssima
baix qualidade, e a simples reprodução
produção do modelo não
melhora os resultados educacionais como um todo (ver, por exemplo, CREDO 2009).
2009)
O conceito de escolas em “situação crítica” de desempenho
desempenho como forma de determinar a
distribuição de políticas na redução de desigualdades
desigualdad educacionais também
ambém exemplifica este
argumento. Diversos sistemas educacionais estão desenvolvendo
desenvolvendo programas com foco no

40
desempenho crítico das escolas16. Contudo, um índice que determine escolas como sendo de
desempenho “crítico” deve considerar não somente o desempenho dos estudantes, mas também a
variabilidade dos fatores socioeconômicos da escola e do município que possuem
possue influência no
17
desempenho . Ignorar o contexto da inovação no desenho senho de políticas inovadoras significa
ignorar o processo educacional em si, e esperar que o aprendizado ocorra desligado das condições
que o permitem ocorrer.
Em suma, a disseminação de práticas inovadoras não é um bem em si mesmo, mas pode
ser um importante meio para melhorar a qualidade da educação,educação, principalmente através do
estímulo à excelência dos profissionais da educação e à redução das desigualdades educacionais
existentes. Para tanto, é essencial a consideração do contexto educacional, socioeconômico e
cultural da escola para garantir o sucesso da inovação pretendida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A criação do Consórcio Brasil Central inaugura espaço estratégico para colaboração voltada
à qualificação da educação básica.
básica O consórcio pode tanto dar escala a iniciativas bem-sucedidas
identificadas na região, como também promover a formulação
formulação de projetos inovadores. Este artigo,
além de descrever as propostas lançadas pela Secretaria
Secretaria de Assuntos Estratégicos/PR, buscou
caracterizar que existe oportunidade – e necessidade – de colaboração entre os entes da
Federação para obter melhorias nos resultados e equidade
equ nas oportunidades
ortunidades educacionais. A
avaliação dos dados educacionais revela, ao mesmo tempo, tempo, diversidades e semelhanças nos
desafios enfrentados pelos estados
stados do Brasil Central. Tal constatação conduz à convicção que
soluções conjuntas, fruto da cooperação federativa,
federat conduzirão à melhoria educacional se tiverem
o respeito e valorização daa diversidade existente como ponto central da disseminação de práticas
inovadoras.

16
Assim como o programa de Tutoria para Escolas em Desempenho
Desempenho Crítico, discutido na seção
s 2. Ver, por exemplo, o
Programa “Escolas em Foco” da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro.
17
Uma análise de oportunidade educacional essencial para
p o Brasil Central (não discutida neste artigo por representar um
estudo à parte) é a heterogeneidade
ogeneidade dos gastos em educação entre diferentes regiões e diferentes escolas da região.
41
REFERÊNCIAS
CARTER, P. L., & WELNER, K. G. (2013). Closing the opportunity gap: What America must do to
give every child an even chance.
chance Oxford University Press.

Center for Research on Education Outcomes, CREDO (2009).


(2 Multiple Choice: Charter School
Performance in 16 States. Center for Research on Education Outcomes, Stanford,
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Education – Stanford University).
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HAMMOND, L. (2004). Inequality and the right to learn: Access to qualified teachers
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NOVAES, L. C. (2010). A formação des(continuada) dos professores temporários:


temporár
provisoriedade e qualidade de ensino. Diálogo Educacional,10(30), 247-65.
65.

SILVERMAN, B. W. (1986). Density estimation for statistics and data analysis (Vol. 26). CRC press.

SIMIELLI, L. E. R. (2015) Equidade educacional no Brasil: análise das oportunidades


oportun
educacionais em 2001 e 2011 (Dissertação de Doutorado, Escola de Administração de Empresas
de São Paulo, Fundação Getulio Vargas).
http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438
http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/13438

SOARES, J. F., & MAROTTA, L. (2009). Desigualdades no sistema de ensino fundamental


brasileiro. Educação básica no Brasil: construindo o país do futuro. Rio de Janeiro: Campus-
Campus
Elsevier, 73-91

42
Explorando novas
oportunidades para o Pedro Antonio Arraes Pereira1
Brasil Central Magda Alves Leite 2
Maria Jose Del Peloso3

Resumo: Atualmente, é no Brasil Central que o dinamismo brasileiro se apresenta de forma mais evidente. A
iniciativa da criação do Bloco
loco Brasil Central reúne os três estados do Centro-Oeste,
Oeste, o Distrito Federal e mais
Tocantins e Rondônia, e se baseou nos n seguintes eixos: desenvolvimento econômico, social, agropecuária,
infraestrutura e logística, industrial, educação,, empreendedorismo, inovação e meio ambiente. Esse novo
modelo de desenvolvimento e de cooperação requer investimentos públicos e privados para planejar e
executar ações conjuntas em logística, industrialização e desenvolvimento
desenvolvimento tecnológico
tecnológico, visando atrair
investimentos para a região.. Além disso, disso objetiva orientar e financiar as políticas para alavancar o
desenvolvimento, enfrentar as grandes restrições, as falhas de mercado e as desigualdades que persistem,
persistem
restringindo, e até impedindo, o desenvolvimento desejável. Na agricultura, somente
omente a extensão rural com
uma estratégia inovadora e nova metodologia de atuação, focada em tecnologias
tecnologia adaptadas e lucrativas,
poderá apoiar a produção na pequena propriedade a sair da condição de pobreza e baixa renda,
renda por meio do
empreendedorismo rural e gestão da propriedade, para que o produtor rural se torne torn protagonista de seu
próprio desenvolvimento. Nesse contexto,
contexto procurou-se se mostrar as oportunidades econômicas, numa análise
anális
da conjuntura econômica nacional, do Brasil Central e de Goiás, voltada para a inovação rural.
Palavras-chave: Extensão Rural;
Rural Tecnologias Lucrativas; Diversidade; Empreendedorismo;
Empreendedorismo Renda.

Abstract: Currently, the Brazilian dynamism is more evident in in the Central region of Brazil. The initiative to
create the Central Brazil bloc, which combines the three states of the Central East region and the Federal Fed
district , plus the states of Tocantins
Tocantins and Rondônia, was based on the following axis: economic
ec growth, social,
farming, infrastructure and logistics, industrial, education, entrepreneurship, innovation and environenvironment.
This new development and cooperation model requires public and private investments, estments, in order to plan and
implement joint actions in logistics, industrialization
industrialization and technological growth, with the purpose of bringing
new investments to the region. Furthermore, it intends intends to guide and finance policies which propose to
leverage development,
elopment, endure constraints, market failures, and existing inequalities, which limit and even
prevent desirable growth. In farming, only rural extension
extension combined with innovative strategies and a n new
action approach, focused on adapted and lucrative technologies,
t logies, will be able to support production in small
properties and aide them to escape poverty and low incomes, by means of rural entrepreneurship and
property management, in order to enable farmers to lead their own development. In such context, it was
sought
ught to demonstrate economic opportunities, taking into consideration the current economic situation in i
Brazil, in the Central region and in the state of Goiás, driven by rural innovation.
Keywords: Rural Extension; Lucrative Technologies;
Technologies Diversity; Entrepreneurship; Income.

1
Presidente da Emater; Ph.D Genética e Melhoramento de Plantas. E-mail:
mail: pedroarraes@emater.go.gov.br
2
Msc. Engenharia de Produção. E-mail:
mail: magda@emater.go.gov.br
3
Doutora em Melhoramento de Plantas.
Plantas E-mail: mjpeloso@emater.go.gov.br

43
1. BLOCO BRASIL CENTRAL: COMPROMISSO COM O DESENVOLVIMENTO
DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO

Nos últimos dez anos, o Brasil Central tem apresentado crescimento acima do dinamismo
brasileiro com a maior taxa de redução da pobreza.
A iniciativa de criação do Bloco Brasil Central, a partir daa cooperação entre cinco Estados,
Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Tocantins,, mais o Distrito Federal,
Federal representa
os primeiros passos para uma agenda estratégica comum,
com voltada parara os setores da agropecuária,
industrialização e educação, objetivando alavancar o desenvolvimento da região, enfrentando
enfrenta as
grandes desigualdades que persistem e que reduzem ou restringem a competitividade nestes
setores da região.
A cooperação entre os estados, a sociedade e o capital privado é uma estratégia capaz de
orientar e financiar as políticas de desenvolvimento
desenvolviment da região.
A análise da conjuntura econômica do setor agropecuário
agropecuário da região Brasil Central e a
influência dos
os mercados nacional e mundial ajudam a subsidiar a discussão acerca dos diversos
setores envolvidos com o agronegócio, auxiliando na identificação dos gargalos e na elaboração
de estratégias de desenvolvimento para a região.
Para agricultura, tornou-se
tornou necessária a construção de um novo modelo de extensão rural,
com
om ênfase no assessoramento técnico contínuo e capacitado,
capa capaz de promover o produtor
rural, nas pequenas e médias
média unidades de produção. Esse modelo visa impulsionar o crescimento
da produção e da produtividade, focado em tecnologias adaptadas e lucrativas capazes de
promover o desenvolvimento econômico e social do produtor rural,, que lhe proporcione
instrumentos ao espírito empreendedor,
empreendedor para o fortalecimento de uma nova classe média rural.
rura
É preciso fomentar o empreendedorismo de vanguarda e definir medidas que coordenem
o acesso ao crédito, às tecnologias e às práticas avançadas. As propriedades de pequena produção
deverão estar focadas na gestão de seus negócios e na viabilização econômica de seu
empreendimento rural. Com maior poder aquisitivo, os os produtores rurais e suas famílias terão
condições de promover uma alavancagem econômica e social social ao desenvolvimento municipal e,
consequentemente, do Estado e região.
Assim, a extensão rural necessita
necessita mudar seu processo de condução da assistência técnica e
auxiliar continuamente os produtores nos diferentes setores relacionados à cadeia produtiva
(gestão da propriedade, planejamento, compra de insumos, práticas de produção, comercialização,
comerciali
mercado etc.).). Evidências mostram que as propriedades menores carecem
carecem de rígidos sistemas de
intensificação produtiva e, para tanto, necessitam do auxílio contínuo de profissionais na área
agronômica, zootécnica e de gestão para tornar seus sistemas de produção mais rentáveis e
competitivos.
Importante defender as fontes de financiamento por meio daa reestruturação do Fundo
Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste
Centro (FCO) e Fundo dee Desenvolvimento do Centro-
Centro
Oeste (FDCO), como também inserir uma mudança estrutural
tural com a inclusão
inclusã de parcerias público-
privadas para promoção do o crescimento.

44
No Brasil Central, comoc áreas estratégicas comuns aos estados
stados participantes foram
elencadas a recuperação de pastagens degradadas, a diversificação
diversificação da lavoura, o cultivo de peixe,
peixe
o manejo florestal e a fruticultura,
fruticultura sendo estes os alvos promotores do crescimento econômico.
É imprescindível associar prestação de serviços avançados, via organização de uma
entidade, com forma jurídica e governança estabelecida,
estabelecida com fontes de financiamento para a
construção de um modelo de desenvolvimento.
desenvolvimento Além disso, é importante priorizar o
fortalecimento da pesquisa aplicada,
aplicada direcionada a resolver os problemas regionais dos sistemas
de cultivo, com recomendação de tecnologias que ajudem na inovação regional.

2. REDE DE INOVAÇÃO RURAL: NOVA METODOLOGIA DE EXTENSÃO


EXTENSÃO RURAL NA
ALAVANCAGEM DA PEQUENA E MÉDIA PRODUÇÃO
O início da extensão rural no Brasil se deu apoiada na hipótese norte americana de que
para que ocorresse a modernização da agricultura era era necessário um eficiente programa de
extensão rural, fundamentado
fundamentad em uma organização descentralizada, transparente, livre l da
influência de credos religiosos
religiosos ou interesses políticos. A extensão rural,
rural nos moldes norte-
americanos, foi embasada no princípio de que todo agricultor aprende,
aprende, desde que ensinado com a
pedagogia apropriada, a tecnologia correta, com avolumado
avolumado estoque de conhecimento existente e
sem maiores preocupações com as exigências de mercado. Entretanto, a modernização da
agricultura não ocorreu, seguiram-se
seguiram se enormes crises de abastecimento, preço alto dos
d alimentos e
baixa produtividade.
A solução foi investir maciçamente em Pesquisa e Desenvolvimento
De lvimento (P&D) para a
agricultura tropical. Verificou-se
Verificou se então o crescimento da produção e das exportações,
exportaçõe o
abastecimento do mercado interno, uma elevação da taxa de retorno e, consequente,
conseq diminuição
nos preços dos alimentos. Enfim, consagrou-se
consagrou o sucesso do agronegócio.
Infelizmente, o sucesso do agronegócio não se deu de de forma homogênea; ao contrário,
provocou enorme concentração da renda bruta, uma vez vez que beneficiou apenas 11,4% dos
estabelecimentos rurais brasileiros. Assim, 88,6% das
d propriedades conseguiam
onseguiam produzir somente
13% (IBGE, 2006), sendo que 87% desta produção advinham de apenas 500 mil unidades, no
universo de 4,4 milhões de estabelecimentos existentes.
existen Assim, 3,9 milhões de propriedades rurais
ficaram à margem da modernização.
Eliseu Alves
es (2012) defende que a condição necessária para adoção
adoção da tecnologia é a
lucratividade. Acrescenta ainda “O importante é a renda,
renda, não o tamanho da propriedade”. A terra
perdeu a capacidade de explicar o crescimento da produção
produção agropecuária, enquanto que a
tecnologia se tornou a principal força impulsionadora do
o crescimento da produção,
produção tornando-se a
renda a variável dependente.
É falsa a premissa de que a agricultura familiar
iar conta com abundância de mão de obra. Em
um mercado competitivo, o estabelecimento rural que não pagar salários competitivos aos
membros da família, estes tenderão a sair em busca de melhores rendas e oportunidades.
Desta forma, a pequena produção, para sair da pobreza,
pobreza, terá de remover essas restrições e
dar prioridades às imperfeições de mercado, como ocorre no de insumos e produtos, crédito rural,

45
eletrificação, estradas, irrigação, exportações e educação.
educação. Por essas imperfeições, a pequena
produção recebe menos pelo que vende e paga muito mais
mais pelos insumos que compra.
Se para a pequena propriedade o importante é a renda e não o tamanho é necessário
fortalecer e priorizar a gestão da propriedade, que acontecerá se houver um assessoramento
técnico agropecuário e comportamental,
comportamental personalizado, por interesse e afinidade, continuado e
em rede junto às famílias, comunidades rurais e suassuas organizações, para que estas sejam
protagonistas do seu desenvolvimento e, consequentemente, maior renda.
Nesse
e contexto, estes profissionais multidisciplinares,
multidisciplinares para atuar na extensão rural
contínua, serão os agentes indutores do desenvolvimento socioeconômico
socioeconômico fundamental e
determinante no sucesso do empreendimento.

3. ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÔMICA DO SETOR AGROPECUÁRIO


AGROPECUÁRIO DO BRASIL CENTRAL
O PIB do Brasil Central representa 11, 27 % de toda a riqueza gerada no Brasil, com o PIB per
capita de 23,32% maior que a média nacional.
No setor agropecuário, o Bloco Brasil Central,, representado pelos cinco estados mais o
Distrito Federal, apresenta uma participação expressiva de 25,68% no agronegócio
agronegóci nacional,
ocupando 18,99% de área plantada e preservada de um total nacional de 7.686.874 hectares.
O Brasil Central apresenta ainda um superávit acima de 15 bilhões na balança
b comercial
brasileira, contrabalançando
ntrabalançando com a participação deficitária do Brasil
Brasil que é na ordem de negativos 4
bilhões, segundo (MDIC, 2014) (Quadro1).
( Os países de destino das exportações
xportações de produtos do
Brasil Central são: EUA, Holanda, Alemanha, Irã, Rússia,
Rú Japão, Tailândia, China
ina (BACEN, 2012).

Quadro 1 – Balança Comercial Brasil – Brasil Central 2014 (US$)

BALANÇA COMERCIAL - MDIC – 2014 US $

Brasil Brasil Central Outros Estados Participação%

Exportações 225.100.884.831 29.294.551.982 195.806.332.849 13,01%

Importações 229.144.785.349 13.580.478.343 215.564.307.006 5,9%

Saldo Balança
(-)) 4 Bilhões 15,7 bilhões
Comercial

Fonte: MDIC (2014).

Os níveis de Educação estão acima da média nacional,


nac representado
presentado por 3,675 para o IDEB -
Ensino Médio, enquanto a média nacional é de 3,631. Já no Ensino Profissional Técnico possui
7,15% de disponibilidade de vagas, e igualmente importante está o Profissional Ensino Médio no
Campo com participação de 17,12% das vagas totais do
d Brasil (MEC/INEP, 2013).
Dos estados que compõem
compõe o Brasil Central o IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano
Municipal é acima da média dos outros estados e acima da média nacional (Quadro
( 2).
46
Quadro 2 – IDHM 2010 – Brasil e Brasil Central

Brasil Brasil Central Outros estados

IDHM 0,727 0,739 0,723

Longevidade 0,816 0,829 0,819

Renda 0,739 0,752 0,726

Educação 0,637 0,648 0,637

Fonte: Atlas IDHM (2012).

A implantação de estratégias para o desenvolvimento da região terá resultado a longo


prazo e precisa ser aperfeiçoada
aperfeiçoad por meio de discussões entre os diversos setores envolvidos com
o agronegócio. Com isso, pode-se
pode avançar na identificação dos gargalos e na elaboração de
estratégias para o futuro do setor, possibilitando antever as ações necessárias,
necessárias para a ascensão da
pequena propriedade às classes
classe de rendas superiores aos níveis atuais.

o Nacional com o Brasil Central


3.1 Comparativo do Agro
3.1.1 Dos Estabelecimentos Rurais, da Área (ha) e Renda
No Brasil existem cerca de 3,9 milhões de estabelecimentos
estabelecimentos rurais. Desse montante 9%
estão no polígono Brasil Central. Goiás lidera com participação
participação de 33% do número de
propriedades, seguido
guido por 25% de Rondônia, 14% Mato Grosso do o Sul, 13% Mato Grosso, 13 %
Tocantins e 2% Distrito Federal.
O Brasil Central é composto em sua maioria por pequenas
pequ propriedades rurais, das quais,
cerca de 71,54% não chegam a 100 ha.
ha
No Bloco Brasil Central há 378.273 propriedades rurais,
rurais, com liderança de Goiás,
Goiás com
114.864 (30,36%), seguido de Rondônia (19,65%), Mato Mato Grosso (23,43%), Mato Grosso do Sul
(14,09), Tocantins
cantins (11,45%) e Distrito Federal (1,02%).
Neste aspecto, os Quadros 3 e 4 mostram as propriedades constantes dos referidosreferi
estados. As propriedades maiores de 100 ha (MA 100 ha) representam 28,45% e as propriedades
menores de 100 ha (ME 100 ha) apresentam
apresentam a renda bruta mensal entre “Muito baixa” e “Baixa”,

sendo 62,33% com renda bruta mensal inferior a um salário
salário mínimo (0,70) e 31,12% com renda
bruta mensal de até 4,3 salários mínimos.
Observa-se
se nos Quadros 3 e 4 que a distribuição de renda está concentrada
co em duas
classes de renda “Muito baixa” e “Baixa” que representam
representam 93,45% dos estabelecimentos rurais
menores que 100 hectares (ME) e 56,24% nos estabelecimentos
estabelecimentos rurais com mais de 100 ha (MA).

47
Quadro 3 - Número de estabelecimentos rurais por classes de renda
renda bruta mensa
mensal nos
estados do Brasil Central (MA 100 ha)
Renda Bruta Mensal
Estados Muito baixa Baixa Média Alta

No Est.2 SM1 No Est. SM No Est. SM No Est. SM

Goiás 7.024 0,76 11.274 5,3 15.149 44,4 1.824 681,8

Mato Grosso 7.436 0,69 7.399 5,1 9.908 49,1 2.438 977,6

Mato Grosso do Sul 2.548 0,70 3.119 5,7 11.179 59,1 1.978 575,3

Distrito Federal 55 0,93 90 5,1 226 71,2 62 671,9

Rondônia 3.634 0,74 5.757 5,3 4.075 29,6 73 494,6

Tocantins 7.537 0,65 4.668 4,7 187 58,1 0 0

Brasil Central 28.234 0,75 32.307 5,2 40.724 51,9 6.375 566.9

Fonte: IBGE, Censo 2006 Elaboração: EMATER (2015).


(2015
1
Renda bruta mensal em salários mínimos valor de R$300
R$3 dados do Censo do IBGE de 2006.
2
Número de estabelecimentos rurais..

Quadro 4 - Número de estabelecimentos rurais por classes de renda


renda bruta mensal nos
Estados do Brasil Central (ME 100 ha)

Renda Bruta Mensal


Estados Muito baixa Baixa Média Alta
No Est. SM1 No Est. SM No Est. SM No Est. SM

Goiás 45.119 0,69 27.511 4,4 6.889 25,0 74 751,7

Mato Grosso 41.220 0,65 16.925 4,2 3.276 25,5 40 290,4

Mato Grosso do Sul 21.487 0,68 10.352 4,3 2.598 27,9 54 485,2

Distrito Federal 1.305 0,83 1.171 4,9 874 33,9 59 492,3

Rondônia 35.855 0,79 22.254 4,1 2.632 21,2 22 380,5

Tocantins 23.720 0,57 5.992 4,1 1.205 26,9 0 0

Brasil Central 168.706 0,70 84.203 4,3 17.474 26,7 249 400,0
Fonte: IBGE, Censo 2006 Elaboração: EMATER (2015).
(2015
1
Renda bruta mensal em salários mínimos valor de R$300
R$3 dados do Censo do IBGE de 2006.
2
Número de estabelecimentos rurais.
rurais

48
3.1.2 Pecuária
O Brasil, detentor do maior rebanho bovino comercial
comercial do mundo (acima de 190 milhões de
cabeças em 2006) (CNPC, 2009),
2009) possui aproximadamente 150 milhões de hectares de pastagens
p
cultivadas (MMA, 2007).
A pecuária de corte brasileira apresentou grande dinamismo
dinamismo nos últimos anos, com os
abates respondendo ao aumento da procura tanto do mercado
mercado interno quanto do externo.
O produto brasileiro tem apresentado qualidade superior
superior e atendendo mercados mais
exigentes. Com a redução da oferta dos países concorrentes,
conco EUA, países da Europa, Austrália e
Argentina, tem se aberto oportunidades para o Brasil
Brasil em mercados nos quais o pro
produto brasileiro é
dominante, como no caso da Rússia.
A pecuária do Brasil Central (Quadro 5) representa cerca de 42% do efetivo nacional, no
qual MT ocupa o 1º lugar, GO (3º) e MS (4º).

Quadro 5 - Pecuária no Brasil e Brasil Central

Participação
Cabeças Brasil Brasil Central Outros estados
e
(%)

Bovino 218.408.652 91.493.428 126.915.224 41,89 %

Suínos 36.743.593 5.450.927 31.292.666 14,84 %

Aves 1.248.785.538 134.137.114 1.114.648.424 10,74 %

Piscicultura (1.000kg) 392.492 137.409 255.083 35,91%

Fonte: IBGE (2013).

3.1.3 Atividade Agrícola


O Brasil possui cerca de 300 milhões de hectares ocupados pela agropecuária,
agropecuária onde 13
milhões são
ão usados pela agricultura e o restante, 45 milhões, ocupados por pastagens em diversos
graus de ocupação, (a lotação média das pastagens no Brasil é de 1,1 UA4 por ha) considerada
muito baixo (Figura 1). A agropecuária no Bloco Brasil Central representa 42% da área brasileira.

4
UA - Unidade Animal
49
Figura 1 - Agricultura Nacional (2012)

Fonte: IBGE. Elaboração SAE (2012).


(2012)

Principais Grãos
O Brasil Central produz cerca de 50% da produção nacional
na de grãos (Quadro 6). Os
principais grãos: Soja (49,23%), Milho (48,86%) e Algodão (66,23%) representam
representa quase 50% de
tudo que é produzido no país.

Quadro 6 - Principais Produtos produzidos no Brasil e Brasil Central – safra 2014/15 (Ton.)

PRODUTOS Brasil Brasil Central Participação (%)

Soja 96.922.100 47.374.000 49,23%

Milho 81.811.400 39.974.708 48,86%

Algodão 3.826.300 2.537.908 66,32%

Fonte: CONAB (2014).

50
Destaque para a soja que de
de acordo com dados CONAB, 2015, sua produção vem
apresentando níveis crescentes.
Outra realidade é o aumento da produtividade da soja, no qual o Brasil Central é uma das
referências.. Nos últimos anos são verificados os maiores ganhos
ganho de rendimento.
rendimento Caso as políticas
mundiais continuem incentivando a produção de soja, o Brasil Central será uma região prioritária
para suprir a demanda mundial dessa leguminosa.
O Brasil é responsável por cerca de 22% do volume total
total exportado, sendo o segundo
segund
maior exportador de soja do mundo.
A demanda de soja deriva da demanda por carnes, principalmente de aves e suínos,
depende bastante do desenvolvimento econômico e da distribuição de renda
r de todos os países
do mundo.

Integração do Setor Agropecuário


gropecuário com a Indústria de Componentes Protéicos
rotéicos
A abundância de grãos no Brasil Central estimulou a integração entre o setor agropecuário
e a indústria. Soja,
oja, milho e sorgo são importantes componentes protéicos
protéicos para formulação de
rações industriais para o rebanho de gado, aves e suínos. A partir da integração dessas
dess cadeias
produtivas viabilizou-se a cadeia de proteínas animais,
animais, promovendo a redução de custos de
transação, produção e logística, gerando crescimento
crescimento em todos os segmentos de criação intensiva
int
de animais em alguns estados
stados do Brasil Central.
No Quadro 7 é possível observar o mercado interno de carnes, ovos
ov e leite. Esse mercado
sofre forte variação em termos de consumo final e traduz
traduz o resultado da trajetória em relação às
proteínas animais.

Quadro 7- Brasil: Principais rebanhos, produção de leite e ovos


ov (2000,
2000, 2008 -12)
Brasil
Especificação
2000 2008 2009 2010 2011 2012
Bovino (cab.) 169.875.524 202.306.731 205.307.954 209.541.109 212.797.824 211.279.082

Suíno (cabeças) 31.562.111 36.819.017 38.045.454 38.956.758 39.306.718 38.795.902

Aves (cabeças) 848.515.354 1.207.680.864 1.241.571.765 1.251.904.806 1.282.033.680 1.261.705.649


Vacas leiteiras
17.885.019 21.585.281 22.435.289 22.924.914 23.227.221 22.803.519
(cab)
Produção de
19.767.206 27.585.346 29.085.495 30.715.460 32.091.012 32.304.421
Leite (1000 l)
Produção de
2.602.944 3.229.594 3.379.982 3.479.117 3.654.625 3.757.994
Ovos (1000 dz)
Fonte: IBGE (2012). Elaboração: Instituto Mauro Borges / SEGPLAN-GO - 2014.

51
Diversificação de Produtos no Brasil Central
O Brasil Central tem uma produção bastante diversificada,
diversificada, principalmente concentrada na
pequena e média propriedade. A Figura 2 mostra os principais produtos agrícolas do Brasil Central
e a participação na produção agrícola nacional (IBGE, 2014).

Figura 2 - Participação do Brasil Central na Produção


Produção Agrícola Nacional – 2014
86,1%
81,1%
68,4%
66,9%
66,6%
51,5%
26,5%
26,2%
22,1%
18,0%
11,9%
9,4%
7,6%
7,1%
5,9%
5,7%
5,7%
4,0%
3,0%
2,1%
2,0%
1,4%
1,2%
1,0%
0,5%
0,2%
0,2%
Café Arábica/Caneptora …
Algodão(Ton)

Soja (Ton)

Cana-de-açucar (Ton)
Arroz (Ton)
Mandioca (Ton)

Cebola (Ton)
Batata Ingl.(1,2e3 safra) Ton
Girassol (Ton)

Milho(1 e 2a Safra - Ton)

Sorgo (Ton)

Tomate (Ton)
Alho (Ton)
Feijão (1,2 e 3a safra-Ton)

Abacaxi (mil)
Guaraná (Ton)
Aveia/grão(Ton)

Banana(Ton)

Mamona (Ton)
Cacau (Ton)
Coco-da-baia (Ton)
Amendoim (1e2 safra Ton)
Trigo (Ton)
Laranja (Ton)
Uva (Ton)
Castanha de Caju (Ton)
Pimenta do Reino (ton)
Fonte: IBGE (2014) Elaboração: EMATER/GEPLAN,
EMATER/GEPLAN 2015.

A produção agrícola dos estados do Brasil Central em 2014, inclusive com a evolução em
2015, está mostrada no o Quadro 8 que apresenta
presenta o comparativo de produção dos estados com o
Brasil Central (%BC) e com a produção nacional (%BC x Nac). O Brasil Central destaca-se
destaca na
produção de girassol (86,1%), batata inglesa (81,1%),
(81,1% milho (68,4%), algodão (66,9%), sorgo (66,6%)
soja (51,5%). A fruticultura está representada pelo abacaxi (7,6%)
(7,6% e banana (5,7%).
(5,7%) Com exceção do
coco-da-baia, todos os demais frutos apresentaram evolução na produção para 2015.
2015

rodução dos
3.2 Destaque da Produção d Estados do Brasil Central
GOIÁS
Tem
em se destacado no contexto nacional com crescimento
crescimento de indicadores como Produto
Interno Bruto e mercado de trabalho acima da média nacional. O dinamismo da economia goiana
pode ser creditado, em grande parte, ao agronegócio,
agronegócio, por meio da integração entre os segmentos
da agropecuária e da agroindústria. No período de 2001
2001 a 2012, o Produto Interno Bruto (PIB) do
Estado cresceu em média 5,0% ao ano, enquanto o desempenho
desempenho do PIB brasileiro foi de 3,5% ao
ano (IMB/SEGPLAN, 2014).
52
Goiás possui o 3º maior rebanho bovino do país. O rebanho de aves, em 2012, foi de 59,6
milhões de cabeças, colocando o Estado na 6ª posição
posição no ranking nacional. O rebanho suíno
apresentouu crescimento de 34% entre 2005 e 2012. A produção leiteira goiana representa o 4º
lugar nacional, com participação de 10,97% na produção
produção nacional. A produção de leite cresceu
38,15% entre 2000 e 2013, verificando alto incremento
incremento em produtividade. Goiás também avançou
na produção de ovos em 2012, ocupando a 8ª posição nacional (IBGE, 2012).
Conforme Figura 3, Goiás destaca-se
destaca na diversificação da produção agrícola;
agrícola na produção
de milho assegurou a 3ª posição,
posição na produção de soja ocupa a 4ª posição no ranking nacional,
ocupando ainda, a 1ª posição no ranking nacional na produção de sorgo e tomate.

Figura 3 - Participação de Goiás na Produção


Produção Agrícola Nacional – 2014
46%

25%

22%

17%

10%

10%

9%

6%

5%

5%

5%

3%

3%

1%

1%

1%

Principais Contribuições de Goiás na Produção Agrícola


Agríc Nacional (IBGE 2014)
Fonte: IBGE (2014)
014) Elaboração: EMATER/GEPLAN 2015.

MATO GROSSO
Estado pertencente aos a três biomas (Amazônia, Cerrado e Pantanal)
Pantanal possui grande
extensão territorial com 900.366 km² com grandes potencialidades econômicas e turísticas.
Desponta-sese no agronegócio sendo o maior produtor de soja, algodão
algodão e milho. Forte também na
produção de biodiesel e detentor
etentor do maior rebanho bovino e maior produtor de peixe de água
doce. Participa no Brasill Central na produção de girassol (92,5%), guaraná, (86,7%) algodão (84,1%),
soja (59,3%) e milho (48,8%)..

53
MATO GROSSO DO SUL
Segundo
egundo os números da Companhia Nacional de Abastecimento
Abastecimento (Conab
(Conab), o setor
agropecuário faturou US$ 74,73 bilhões entre janeiro e outubro de 2015 e acumulou superávit
comercial de US$ 63,55 bilhões. Mesmo com a retração
retração dos preços internacionais, os produtos do
campo, com ou sem processamento, devem continuar garantindo
garantindo uma boa receita de dólares em
2016.
A produção de algodão, amendoim, arroz, feijão, milho, soja, trigo e outros outro grãos e
oleaginosas de menor volume,
volume deverá ficar entre 208,60 milhões e 212,93 milhões de toneladas na
safra 2015-2016,
2016, de acordo com o segundo levantamento da Conab.
Conab. Pelos cálculos publicados, o
aumento o dependerá do feijão, da soja, do girassol e da mamona.
mamona. Para os cereais de inverno, como
trigo e cevada, os técnicos admitem
admit volumes iguais aos da safra anterior.. A safra de trigo, neste
ano, ficou em 6,23 milhões de toneladas. Considerando-se
Consideran apenas a safra
fra de verão, as expectativas
de produção oscilam entre 201,56 milhões e 205,88 milhões
milhões de toneladas, com variação máxima de
2,17% sobre os 201,5 milhões estimados para a safra 2014-2015.

TOCANTINS
É o maior produtor de grãos da região Norte do Brasil,
Brasil, com destaque para a soja. Também
se destaca na fruticultura e na criação de bovinos. A nova ova aposta é o plantio de matérias-primas
matérias
para os bicombustíveis. Tem papel de destaque na criação de gado bovino, com a presença das
raças Gir,, para corte e leite e nelore, para corte.
corte O Estado conta
ta com projetos de confinamento para
produção de carne com mais qualidade para a exportação,
exporta principalmente, para a União Européia e
os Estados Unidos.
O agronegócio é responsável por mais de 90% das exportações
exportações do Tocantins. A exportação
da carne bovina cresceu em 112% em 2012. O principal
principal produto comercial foi a soja, em seguida a
carne e seus derivados, e frutas que registrou aumento de 84% (MDICE, 2012).
2).

RONDÔNIA
O agronegócio é que aquece o mercado regional. A demanda
demanda por produtos é considerável,
tendo em vista a localização estratégica de Rondônia,
Rondônia, com perspectivas de muitas exportações.
Forte destaque na aquicultura
quicultura e pesca. Segundo relatório da CONAB
ONAB (2014), na última safra
em Rondônia foi produzido 1.709.900 sacas de café em 87.657 hectares, apresentando
apresen uma
produtividade de 19,5 sacas por hectare. Em relação à safra anterior, 2015 apresentou alta de 1,9%
em área plantada, 15,7% em produção e 13,6% 13,6% em produtividade. Na safra 2015, Rondônia
representou 4,06% de todo o café produzido no Brasil,
Brasil, ficando atrás de Minas Gerais (51,86%),
Espírito Santo (24,62%), São Paulo (9,1%) e Bahia (5,57%).
( Participa com 75% da produção nacional
de café canephora (IBGE, 2014). A exportação de café em grãos in natura subiu 166,89% em 2015. 2015
Prevê-se a implementação de ações para revitalização da cafeicultura e adoçãoção de tecnologias para
aumento da competitividade e sustentabilidade da cafeicultura
cafeicultura rondoniense,
rondoniense aumentando a
produtividade e agregando valor à produção (SAE, 2012).

54
DISTRITO FEDERAL
Com um dos mais altos índices de produtividade do país,p Distrito Federal é onde mais
cresce o agronegócio brasileiro,
brasileiro além de ser um importante centro de inovações. A localização e o
acesso às tecnologias e ao mercado consumidor deixam
deixam a capital em destaque no cenário nacional.
No DF, mais de 90% das propriedades rurais
urais são de pequenos produtores, com terras com menos
me
de cinco hectares, de acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro
Micr e Pequenas Empresas
(SEBRAE, 2015).
Apesar dessa diferença, outros fatores contribuem para
para o sucesso do setor na região. O
pequeno tamanho do território do DF, por exemplo, favorece a gestão e o controle control da
produtividade, além de aproximar o produtor dos mercados.
mer A logística
ogística e localização das
propriedades estão perto dos centros de escoamento.
escoamento Os dados mais recentes da Companhia de
Planejamento do DF (Codeplan,
(Codeplan 2015)) mostram que o DF produziu 842,6 mil toneladas de grãos
em 2013. O cultivo de hortaliças chegou a 248,6 mil toneladas, e o de frutíferas 37,1 mil toneladas.
Além disso, o Distrito Federal é auto-suficiente na maior parte das hortaliças e hortifrútis
que consome. Responde
esponde pela maioria das hortaliças,
hortaliças, frutas e flores consumidas na região. A
agricultura
gricultura familiar produz um terço do valor bruto da produção rural.

55
Quadro 8 – Produção Agrícola dos Estados do Brasil Central e d
do Brasil, em 2014

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Fonte:IBGE:2014.
Elaboração: EMATER/GEPLAN 2015.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A iniciativa de criação do Bloco Brasil Central, a partir da cooperação entre Goiás, Mato
Grosso, Mato Grosso
rosso do Sul, Rondônia, Tocantins e Distrito Federal,
Federa está voltada para os setores da
agropecuária, industrialização e educação, com o objetivo de alavancar o desenvolvimento da
região, como forma de enfrentar as grandes desigualdades que restringem a competitividade
nestes setores da região. A diminuição dessas desigualdades depende fundamentalmente do
resultado de políticas públicas que direcionem investimentos
inve e que sejam capazes de gerar
encadeamento entre as atividades
atividade econômicas, principalmente, nas regiões carentes de
infraestrutura em logística, industrialização e desenvolvimento tecnológico.
te .
No setor da agricultura,
gricultura, propõe-se a construção de um novo modelo para a extensão rural,
capaz de promover a ampliação da produtividade dos produtos de pequena e média escala de
produção nas propriedades rurais, com forte ênfase no assessoramento técnico continuado e
capacitado, na potencialização
ção dos
d recursos existentes para a gestão da propriedade, que somado
às tecnologias apropriadas e lucrativas
lucrativa possam alavancar as oportunidades do setor agropecuário
e que tudo isto se converta no protagonismo do produtor rural, sendo a família rural o gestor e o
empreendedor de sua propriedade
propri para o aumento de sua renda líquida.
Com a implementação do novo modelo de assistência técnica
técnica e extensão rural com foco
em auxiliar rumo ao empreendedorismo nos diferentes setores relacionados às
à cadeias produtivas,
é que se conseguirá romper o cenário
rio de restrições de mercado e de “pobreza da pequena
peque
produção agropecuária”.
Desta forma, os produtores rurais e suas famílias, com maior rendaren e maior poder
aquisitivo, serão os protagonistas de seu próprio desenvolvimento
desenvolvimen e terão condições de promover
uma alavancagem econômica e social ao desenvolvimento
desenvolvimento municipal e, consequentemente, no
Estado e região.
Finalmente, a região Brasil Central,
Central como um todo, tem vantagens comparativas
importantes para gerar um modelo de desenvolvimento
desenvol sustentável, compartilhado,
compartilhado servindo de
modelo para os novos paradigmas no processo de inovação que terá que enfrentar para superar os
grandes desafios do século 21.
2

57
REFERÊNCIAS
ALVES, E.R; SOUZA, D.P., SILVA, G. Lucratividade da Agricultura. Revista de Política Agrícola.
Brasília, DF, ANO xxi, n.2, P.45-63,
P.45 2012.

DISTRITO FEDERAL - Companhia de Planejamento do DF – Codeplan, 2015.

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - Conab, 2014.

FAEG. Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás. Parecer Técnico. Goiânia, 2009.

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO – FIESP – OUTLOOK FIESP 2024:
Projeções para o agronegócio brasileiro. São Paulo: FIESP, 2014.

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INSTITUTO MAURO BORGES (IMB Produto
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Estatísti Produção Agrícola Municipal, 2002.


IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
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IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
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Estatísti Produção Agrícola Municipal, 2012.


IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
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Estatísti Censo Agropecuário 2010. Disponível em:


IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Estatísticas históricas do Brasil.


Brasil volume 3 -
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59
60
Determinantes da entrada
do trabalhador na
informalidade no Estado de Roberta Teodoro Santos1
Sandro Eduardo Monsueto2
Goiás e de Tocantins:
ocantins: uma
análise de 1980 a 2010

Resumo: Este estudo analisa o quanto as características pessoais,


pessoais, de capital humano, de mercado de
trabalho e regionais, podem influenciar na probabilidade dos
do trabalhadores do Estado de Goiás e
Tocantins pertencerem ao setor formal ou informal. Para tanto, é realizado um exercício econométrico
utilizando os microdados dos Censos Demográficos de 1980 a 2010.
201 O modelo utilizado nesta análise
é um Probit com viés de seleção, o qual apresenta a probabilidade de um indivíduo empregado estar
alocado no mercado de trabalho formal. Em geral, percebe-se
pe se que a informalidade atinge mais as
mulheres, indivíduos não brancos
branc e com menor grau de instrução.

Palavras-chaves: Informalidade
nformalidade; Goiás; Tocantins; mercado de trabalho; escolaridade.

Abstract:This
This research takes analysis from personal traits of
of human capital, labour market and the
local assets demonstrating how they may influence the chance of Goiás e Tocantins in remaining at
the formal or the informal sectors. Therefore, an econometric
econometric exercise was performed on the
Demographic Census's microdata from 1980 until 2010.
2010. The showing model in this analysis is a Probit
Prob
with a selection bias, which presents the probability
probability of an employed individual to be allocated at the
formal labour market. The overall view shows that thethe informality reaches particularly women, non-
non
caucasian people, and the majority without the least
leas degree of instruction.

Keywords: Informality; Goiás; Tocantins;


Tocantins Labour Market; scholarity.

INTRODUÇÃO
A questão do trabalho na economia brasileira não se limita aos problemas do
desemprego e do número de empregos que as ações públicaspúblicas são capazes de gerar, mas diz
respeito também à caracterização de formalidade ou informalidade desses empregos empregos. No
Brasil, o número de trabalhadores sem contrato de trabalho
trabalho e fora do sistema de segurança
social tem diminuído ao longo dos últimos anos, mas de acordo com dados da PNAD de
2013, estima-se
se que cerca de 17,20% dos empregos assalariados ainda sejam sem carteira de
trabalho assinada. Estudos têm abordado a questão de diferentes maneiras,
maneiras, tanto através de
encontrar um perfil das condições de trabalho
tr do setor informal, como nan tentativa de
caracterizar as razões pelas quais os trabalhadores atuam em tal desvantagem (Feijó et. al,
2006;; Noronha, 2003, Menezes-Filho
Menezes et. al, 2004; Sabóia e Sabóia, 2004).

1
Graduada em Ciências Econômicas pela FACE/UFG – rainosfer@hotmail.com
2
Doutor em Economia pela Universidade Autónoma de Madrid. Docente da FACE/UFG
FACE/UF – monsueto@ufg.br

61
Contudo, ainda são escassos os estudos que analisam m de forma regionalizada
re a
incidência e os determinantes deste fenômeno. Apesar
Apesa da regulamentação trabalhista ser a
mesma para todo o país, cada região apresenta uma dinâmica
dinâmica produtiva distinta, afetando a
constituição de seu mercado de trabalho. Mais especificamente,
espec não foram encontrados
estudos que investiguem os determinantes da informalidade
informalidade no território goiano e
tocantinense.. Ao mesmo tempo, são raros os trabalhos que se dispõem
dispõem em analisar teórica e
empiricamente o comportamento do mercado de trabalho trabalh local tendoo como ponto de
partida o processo da divisão dos Estados de Goiás e Tocantins iniciado 1988. A dificuldade
de se obter dados auditáveis para os Estados de Goiás e Tocantins impõe uma barreira a
estudos empíricos robustos. Talvez, esse seja um dos do motivos pelos quais não fora
encontrada uma literatura vasta acerca do tema na região.
r
Considerada a relevância do problema, este trabalho tem como objetivo investigar
os possíveis fatores que determinam a alocação de um indivíduo entre o setor formal e
informal nos Estados de Goiás e Tocantins, por meio da análise de determinadas
características,, como raça, gênero, escolaridade ou dados sociodemográficos.
sociodemográficos. Dentre as
características que compõe essa análise, destaca-se
destaca se a influência que o nível educacional tem
sobre a distribuição entre os setores. Especificamente, se pretende: 1) Estimar um modelo
para probabilidade de se observar um trabalhador informalinformal no território de Goiás e
Tocantins; 2) Comparar a evolução do d impacto dos determinantes dessa probabilidade
probabilid
durante o período analisado. Para atingir tais objetivos serão analisados os microdados
mic dos
censos demográficos dos anos de 1980, 1991, 2000 e 2010.

1. REVISÃO DA LITERATURA
A literatura referente ao estudo da informalidade nono setor produtivo e no mercado
de trabalho
lho internacional, apesar de vasta, ainda não possui possu consenso teórico.
teórico
Fundamentalmente, isto ocorre devido a grande dificuldade dificuldade em definir padrões
internacionais para o conceito de trabalho informal,
informal, principalmente em nações com pouca
regulamentação, legislações
slações brandas ou simplesmente pela dificuldade na captação de
dados. De todo modo, a busca por definições e métodos
métodos de combate à informalidade em
todo o mundo evolui há décadas, estruturada por trabalhos
trabalhos globais e, em grande parte, por
pesquisas regionais,s, uma vez que o estudo direcionado a uma localidade
localidade específica torna-se
torna
mais eficaz e verossímil.
Apesar de complexa, a criação de uma definição de informalidade
informalidade toma forma por
volta de 1970, com estudos realizados pela Organização
Organização Internacional do Trabalho
Traba (OIT). A
época, a instituição determinou a concepção do setor
setor informal a partir do Programa Mundial
de Emprego, considerando a discrepância observada entre entre a expansão demográfica de
países subdesenvolvidos e a criação insuficiente de empregos nos setores es produtivos dessas
regiões. Como resultado, era evidente a caracterização
caracterização de um nicho produtivo desassociado
dos padrões legais de emprego, que se sustentava, na na maioria das vezes, em mercados
paralelos com baixas condições de trabalho e assistência
assist irrisória.
sória. Tal contribuição foi
fundamental para que houvesse um ponto de partida para para uma análise global acerca das

62
condições do setor, servindo como base para diversos
diversos trabalhos posteriores, como o próprio
artigo da instituição no
o início do milênio.
milênio
Assim, como
omo afirma Cacciamalli (1983), um marco inicial para
para a evolução do conceito
acadêmico de informalidade,
informalidade configurou-sese no estudo sobre emprego, renda e igualdade
para o Quênia, realizado pela OIT em 1972. Este trabalho
trabalho desenvolveu pela primeira vez uma
definição
nição para o setor de trabalho informal, no qual,, apesar de apresentar condições e
rendimentos inferiores aos observados nos setores regulamentados
regulamentados da economia,
caracterizava o nicho como uma fonte alternativa de oportunidade de empregos para uma
parcela significativa
ignificativa da população. Vários fatores foram apontados
apontados como causas para a
discrepância entre formalidade e informalidade, comocomo a existência de estruturas básicas de
trabalho e a maior regulação governamental. A partir
partir deste diagnóstico, o relatório prop
propôs
ao governo local uma ação direcionada para o combate
combate das circunstâncias desfavoráveis do
setor informal, através de políticas públicas, que visavam à melhoria da qualidade no
trabalho e, consequentemente, da podutividade do país.pa
Em tempos mais recentes,
recentes, a literatura tem avançado no sentido de considerar
considera o
termo “informalidade” como sendo um conceito muito mais amplo que a mera formalização
formalizaçã
de contratos empregatícios, sendo necessária a incorporação
incorporação da ideia de precariedade para
sua melhor compreensão. Desta forma, entender o fenômeno
fenômeno em períodos recentes, em
especial para a realidade brasileira,
brasi tendo em mente a noção de emprego decente,
decente pode
contribuir para a formulação de políticas públicas direcionadas ao tratamento do mercado
de trabalho (Proni, 2011).
No caso específico do Brasil, osos principais instrumentos de regulamentação do
mercado de trabalho existem desde a década de 1930, constituídos
constituídos pela Carteira de Trabalho
e pela Consolidação das Leis do Trabalho. Estabelecida
Estabelecida em 1932 pelo Decreto
Decreto-Lei nº 21.175, a
Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) tornou-se
to se uma espécie de “identidade
“iden
trabalhista nacional” que auxiliava, à época de sua implementação, a comprovação do
vínculo empregatício. Em função da sua obrigatoriedade,
obrigatoriedade, determinada em 1934 e
aprimorada ao longo da década, a posse de uma carteira carteira de trabalho caracterizava o
entendimento
ndimento do mercado formal e legalizado, garantindo uma série de direitos como
seguro desemprego, salário mínimo, assistência social,social, férias remuneradas, jornada de
trabalho, dentre outros. Em 1943, surge a Consolidação
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)
sancionadaa pelo presidente Getúlio Vargas com o objetivo de juntar em um único
documento a legislação existente acerca de direitos e deveres trabalhistas, e praticamente
definindo as concepções de formalidade, como sendo o emprego com carteira assinada e de
informalidade,
lidade, aumentando as contratações sem o documento. Apesar de ter sofrido
alterações ao longo das décadas, a CLT manteve sua essência e ainda é utilizada como
significativo regulador dos vínculos trabalhistas no
n Brasil.
Quanto à explicação do fenômeno, Pianto e Pianto (2002),, por exemplo, investigam
as razões pelas quais as pessoas optam por trabalhar
trabalha no setor informal da economia.
economia A
relação entre o rendimento e os fatores não observáveis,
observáveis, tais como as competências
específicas do trabalhador, é analisada por meio de regressões quantílicas aplicadas para os
o
setores formal e informal, por meio da educação, idadeidade e tempo trabalh
trabalhado, além de

63
variáveis controles de gênero, raça, status de união e de residência
residência em áreas urbanas. A
conclusão obtida nesta
esta análise é que a probabilidade de o trabalhador pertencer ao mercado
informal decresce com o aumento dos dos anos de estudo e apresenta um formato de “U” em
relação à idade.
Complementando a análise acima,, Romanello e Gonçalves (2014) investigam quais
são os possíveis elementos capazes de determinar a escolha dos indivíduos
indivíduo entre o setor
formal e informal no Brasil, considerando suas as características e dividindo-os
dividindo em
trabalhadores formais ou informais e empreendedores
em res formais ou informais. No universo das
características, os autores consideram que as mais importantes são, respectivamente,
escolaridade, idade do indivíduo, gênero e raça. Cabe ressaltar que a escolaridade apresenta-
apresenta
se como a mais relevante dentre
d ntre as características analisadas, assim, ao investir
inves no capital
humano, aumenta-se se o incentivo para que a pessoa se insira como formal
formal tanto no mercado
de trabalho quanto no empreendedorismo. Os indivíduos
indivíduos com maior nível de educação, em
geral, gozam das vantagens da d formalidade, como proteção sindical, acesso a crédito
bancário e ao bem-estar
estar social. Ademais, trabalhadores mais escolarizados
escolarizados conseguem,
conseguem com
maior facilidade, formalizar a própria empresa ou, até mesmo, obter um emprego formal.
Do mesmo modo, o, Hirata e Machado (2010) utilizam um modelo de escolha
ocupacional, do tipo Logit Multinomial, para avaliar os determinantes da transição entre os
setores formais e informais. De acordo com os resultados
resul encontrados, os mais escolarizados
apresentam melhor chance de se inserir como trabalhador no mercado formal ou como
desempregado (possivelmente
ossivelmente, por meio da disponibilidade do seguro-desemprego
desemprego e FGTS)
quando comparado ao mercado de trabalho informal,
informal sendo possível notar certa repulsa à
informalidade por parte da mão-de-obra
mão detentora do maior capital humano.
humano Assim, pode-se
inferir que embora a análise inicial apresente indivíduos com alta escolaridade no setor
informal,, obtendo rendimento acima da média do setor, não se pode tomar isso como regra.
regra
Mello e Santos (2009) averiguam a recente queda na informalidade no Brasil, por
meio da estratégia de investigação que consiste em decompor a variação na taxa de
informalidade, medindo,
indo, deste modo,
modo, a probabilidade de um trabalhador empregado estar
no mercado de trabalho informal.
informal Por meio desta investigação, percebe-se
percebe que o nível
educacional é a principal característica do indivíduo capaz de determinar em qual dos dois
setores econômicos
micos considerados o trabalhador tem maior probabilidade de ser alocado.
alocad
Assim, a conclusão obtida é que a melhoria no nível educacional da população é a
verdadeira responsável pelo aumento no grau de formalização dasdas economias.
economia
Sob outra perspectiva,
perspectiva os resultados do trabalho de Menezes Filho ilho et. al. (2004)
contradizem o senso nso comum, pois a escolaridade mostrou-se se mais relevante na
determinação da remuneração do trabalhador que o tipo tipo de relação de trabalho. Essa
constatação implica que o primordial para aumentar as remunerações é elevar el o nível
educacional dos indivíduos, e não regulamentar o mercado
mercado de trabalho ou dificultar a
informalização do emprego. A conclusão do trabalho infere que, condicionado à
escolaridade,, as discrepâncias salariais observadas entre formais
formais e informais pode
podem ser
explicadas pela capacitação da força de trabalho empregada no setor formal. Isso implica
que uma política eficiente de elevação dos salários reais deve ter como foco a melhor

64
qualificação dos trabalhadores e não a criação de leis
l trabalhistas.
Em síntese, a revisão da literatura parece indicar que a escolaridade
escolaridade pode ser um dos
principais
ncipais determinantes da distribuição ocupacional dos indivíduos. Dessa forma, pode-se
pode
partir da hipótese que as diferenças educacionais sãosão relevantes para explicar a entrada de
um trabalhador na informalidade. A próxima seção apresenta a metodologia utilizada para
testar essa hipótese nos Estados de Goiás e Tocantins entre os anos de 1980 e 2010 através
a
dos censos demográficos.

2. METODOLOGIA
Como base de dados, o estudo utiliza os dados dos Censos Demográficos de 1980,
1991, 2000 e 2010, com os microdados das amostras organizados
organizados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). O período escolhido corresponde a um censo antes da divisão
dos Estados de Goiás e Tocantins e os que se seguiram após isso até o mais recente.
Tomando
omando como base o estudo de Saboia e Saboia (2004), (2004) o setor informal foi
definido como o conjunto de trabalhadores assalariados
assalariados sem carteira de trabalho assinada
nos censos de 1991, 2000 e 2010.
201 Para o censo de 1980, foram considerados informais os
trabalhadores assalariados que não contribuem para a previdência social. Adicionalmente,
foram considerados os trabalhadores domésticos autônomos
autônomos que não contribuem para o
sistema oficial de previdência.
cia. Como a base de dados final não considera os trabalhadores
tr
por conta própria e os empregadores, a divisão entre entre formais e informais pode ser
sintetizada como:
• Setor Formal: trabalhadores assalariados do setor privadoprivado com carteira de
trabalho assinada, trabalhadores domésticos autónomos que contribuem para p a
previdência social pública, funcionários públicos e militares;
• Setor Informal: trabalhadores assalariados do setor privado sem carteira de
trabalho assinada, trabalhadores domésticos autônomos
autônomos que não
nã contribuem
para o sistema público de previdência.
Oss dados apresentados referem‐se
referem somente à População Economicamente Ativa
(PEA), composta por indivíduos com idade entre 18 e 65 anos,
ano sendo que a escolha desse
intervalo de idade é definida em função da permissão legal ao trabalho no primeiro caso e
aposentadoria no segundo caso. Para fins de melhor homogeneização, a base utiliza apenas
trabalhadores assalariados (públicos ou do setor privado),
privado), militares e trabalhadores
domésticos autónomos e assalariados.
assalariados
Com relação ao modelo de análise adotado para captar o efeito de características
pessoais, de capital humano, de mercado de trabalho e regionais sobre a probabilidade de
um indivíduo atuar no setor informal,
informal a estratégia é dividida em duas fases, pois se pretende
evitar um possível viés de seleção.
seleção. Na primeira etapa, o objetivo é minimizar a influência
influ dos
desempregados na distribuição entre o mercado de trabalho formal e informal a fim de
corrigir o modelo principal.
O modelo de primeiro estágio a ser estimado é dado pela equação:

65
onde Empregado é uma binária utilizada para determinar ar a probabilidade de o
indivíduo estar empregado,
empregado assumindo valor um para empregados e zero para
desempregados; Sexo é uma dummy para diferenciação de gênero entre masculino e
feminino; Cor é uma binária para diferenciação entre trabalhadores brancos e não
nã brancos;
Chefe é uma dummy que capta a condição do trabalhador na unidade familiar,
familiar assumindo
valor um para pessoa de referência e zero para outras
outr classificações; Freqescola é uma
dummy responsável por captar o efeito de quem está frequentando a escola,
escola apresentando
valor um se o indivíduo está frequentando e valor zero se não está; e Casado é uma binária
que capta o efeito de ser casado,
casado, assumido valor um se a pessoa é casada e zero para
par outras
classificações.
Seguindo o proposto em Greene (2000),, este modelo é utilizado para corrigir o
possível viés de seleção devido ao fato da amostra de formais e informais não captar a mão
de obra não empregada. A segunda fase do modelo,
modelo já corrigido, tem o propósito de
determinar a probabilidade de um indivíduo empregado pertencer ao mercado de trabalho
formal, ou seja, esse modelo calcula o efeito que as as características pessoais, de capital
humano, de mercado de trabalho e regionais têm sobre
sobr essa distribuição.
O modelo de segundo estágio a ser estimado é dado pela equação:

çã !
!ã " #

onde ass binárias de sexo e cor seguem a classificação descrita


descrita no modelo de primeiro
estágio;Idade é uma variável medida em anos e usada como proxy de experiência; Educação,
trata-se de um conjunto
onjunto de dummies para captar os níveis de escolaridade
escolaridade dos indivíduos
(sem
sem instrução, ensino fundamental incompleto, ensino
ensino fundamental completo, ensino
médio completo e ensino superior completo);
completo Mesorregião é um conjunto de variáveis
binárias que representam as sete mesorregiões, sendo send duas do Estado de Tocantins
(Ocidental do Tocantins e Oriental do Tocantins) e cinco para o território goiano (Noroeste
Goiano; Norte Goiano; Centro Goiano;
Goiano Leste Goiano; Sul Goiano).. O modelo toma como
referência a mesorregião do Centro Goiano;
Goiano Setor é um conjunto de dummy para medir os
efeitos do mercado de trabalho em termos da divisão setorial (Agropecuária, Indústria,
Indúst
Comércio, Serviços, Administração Pública, e Outras Atividades).

3. RESULTADOS
Este trabalho utiliza como fonte os microdados do Censo Demográfico realizado pela
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia
Geogra e Estatística - IBGE para os Estados de Goiás e
Tocantins nos anos de 1980, 1991, 2000 e 2010. A amostra
amostra total é composta de 857.268
observações, sendo 2010 o ano que apresenta maior número
número de observações (294.933) e o

66
ano de 1980 é o que possui a menor
meno quantidade de observações (158.959).
Ao longo dos anos, a taxa de informalidade decresce para a maioria dos grupos
analisados,, como permite ver a Tabela 1,, sejam em recortes regionais, educacionais, raciais,
raciai
de gênero ou demográficos, pelo menos em termos quantitativos.
quantitativos. Ainda que se espere que a
qualidade dos postos de trabalho tenha melhorado, não
não se pode afirmar que a efetiva queda
na informalidade está relacionada
elacionada com a qualidade no trabalho do indivíduo ou a sua
rotatividade. Embora esteja decaindo, o grupo de indivíduos
indivíduos com menor instrução é sempre
o que apresenta a maior taxa de informalidade. Se formalidade
formalidade for sinônimo de proteção e
qualidade de trabalho,
alho, os empregos mais precários e menos protegidos são os dos grupos
sem instrução, dos não brancos e das mulheres. As políticas
políticas de acesso à educação são
importantes, pois, ao que tudo indica, investimentos
investimentos em educação tendem a melhorar a taxa
de informalidade,
idade, além do que, o nível de escolaridade é a única
única variável que pode ser
alterada por meio de políticas públicas.
Oportunamente, considera-se
considera se o duplo efeito encontrado no grupo de trabalhadores
trabalhado
que declaram ter ensino superior completo. Por um lado, l nota-se
se que esse grupo de
indivíduos é sempre o que desfruta da menor taxa de informalidade. Por outro lado, as
porcentagens referentes às décadas analisadas são crescentes,
crescentes, passando de 3,3% em 1980,
praticamente garantindo um emprego no mercado formal, forma para 13,2% no ano de 2010. O
segundo efeito contradiz a expectativa da maior capacitação
capacitação do trabalhador facilitar o
acesso a um mercado de trabalho mais protegido. Cabe-se,
Cab se, portanto, questionar o porquê
desses trabalhadores estarem presentes em significativa
significa porcentagem
orcentagem do setor informal e se
esse fato ocorre por vontade própria ou necessidade imposta pela atual conjuntura
econômica. O presente trabalho não tem informações suficientes para responder a estas
perguntas, e, em vista disso, o questionamento fica como
mo agenda de pesquisa.

Tabela 1 - Taxa de informalidade


Ano
Variável
1980 1991 2000 2010
Sem instrução 71,9 78,4 65,0 50,1
Ensino fundamental incompleto 43,9 62,6 53,5 43,8
Ensino fundamental completo 18,9 42,3 39,6 34,5
Ensino médio completo 7,7 24,3 25,1 23,5
Ensino superior completo 3,3 13,6 14,9 13,2
Homens 45,3 58,6 43,4 29,0
Mulheres 32,6 44,2 44,3 35,0
Brancos 36,8 48,5 39,5 27,9
Não Brancos 47,4 59,2 47,3 33,9
TOTAL 42,1 54,5 43,8 31,6
Fonte: Elaboração própria com base no Censo do IBGE.

67
O mercado de trabalho nas regiões analisadas mostrou-se
mostro se desfavorável para os não
brancos em comparação aos brancos, uma vez que os primeiros
primeiros apresentam uma taxa de
informalidade maior ao longo de todo o período.
período Quanto à característica pessoal de gênero,
podem-se
se considerar dois períodos, o primeiro de 1980 a 1991,
1991, no qual homens apresentam
uma maior taxa de informalidade, e um segundo período período de 2000 a 2010, em que a
tendência é revertida e a taxa de informalidade
informalidade das mulheres se mostra maior que a dos
homens. O último ponto a ser considerado refere-se
refere se ao início do milênio, pois os anos 2000
parecem ser um ponto de inflexão na estrutura da informalidade.
informalidade. Tal fato é aceitável, pois de
2000 a 2010 é o período no qual
qual se desenvolve boa parte da fiscalização trabalhista,
trabalhi tendo
como exemplo campanhas contra o trabalho escravo e infantil, acontecimentos esses que
podem ter contribuído também para a redução da informalidade.
info
A Figura 1 mostra a evolução da informalidade para as regiões análisadas, sendo que,
quanto mais claro, menor é a taxa de informalidade para aquela microrregião, naquele ano.
Tomando como base o ano de 1980, a taxa de informalidade
informalidade entre as microrregiões foi
fo
dividida em quatro níveis(de
de zero a 40%, de
de 40% a 60%, de 60% a 70% e, por último, de 70%
ou mais).. Para fins de comparação essas mesmas
mesmas faixas se mantiveram fixas. O que se pode
ver ao longo dos anos é uma redução sistemática na taxa de informalidade em todas as
microrregiões analisadas. O norte do território mostra-se
se sempre mais informal e as regiões
metropolitanas de Goiânia e Tocantins mais formais. Outra região que apresenta maiores
taxas de formalidade é a do sul de Goiás, provavelmente
provavelmente puxada pela microrregião de Rio
Verde.

68
Figura 1– Evolução da Informalidade

Fonte: Elaboração própria com base no Censo do IBGE.


IBGE

É possível visualizar que as maiores taxas de informalidade


informalidade para os anos de 1980,
1991 e 2010 são percebidas na região norte do Estado de Tocantins, na microrregião do
Jalapão, enquanto que para o ano 2000 a maior taxa encontrada é na região noroeste do
Estado de Goiás, na microrregião de Iporá. Em todos os anos
anos analisados, as menores taxas do
setor informal foram percebidas na microrregião
microrregião Goiânia. As taxas médias de informalidade
calculadas para os anos analisados foram respectivamente:
respectivamente: 58.8%, 64.6%, 51.6% e 39.6%.
Nota-se
se um ponto de inflexão da informalidade nas regiões
regiões analisadas para o ano de 1991.
Contradizendo o percebido no restante
restante do país, com a promulgação da Constituição Federal
Feder
em 1988, as pretensões sindicais e trabalhistas não acompanharam a desestruturação
industrial, fraquejando nas mudanças sociopolíticas que deveriam proteger os trabalhadores
e acentuando os efeitos negativos
negativos do desaquecimento econômico na década de 90.

69
3.1. Resultados Econométricos
Os resultados obtidos no modelo de primeira etapa podem ser vistos no apêndice do
trabalho. A segunda etapa do modelo pretende determinar a probabilidade
probabilidade do empregado
estar alocado noss padrões formais.
formais Os resultados para a essa regressão podem ser vistos a
seguir na Tabela 2.

Tabela 2 – Modelo de Segunda Etapa – probabilidade de atuar na formalidade


Variável Ano
1980 1991 2000 2010
Sexo 0,4164 0,04470 0,1203 0,2255
(0,0102)* (0,0850)* (0,0070)* (0,0067)*
Cor 0,0442 0,0348 0,0072 0,0278
(0,007)* (0,0072)* (0,0061) (0,0063)*
Idade 0,1285 0,0397 0,0543 0,0451
(0,0022)* (0,0018)* (0,0015)* (0,0016)*
Idade2 -0,0014 -0,0004 -0,0006 -0,0005
(0,0000)* (0,0000)* (0,0000)* (0,0000)*
Fundamental Incompleto 0,4436 0,2700 0,2181 0,1030
(0,0103)* (0,0104)* (0,0104)* (0,0139)*
Fundamental Completo 0,9699 0,6184 0,5030 0,3458
(0,0160)* (0,0138)* (0,0125)* (0,0151)*
Ensino Médio Completo 1,3858 1,1038 0,8498 0,6690
(0,0186)* (0,0141)* (0,0126)* (0,0149)*
Ensino Superior Completo 1,5334 1,3118 1,0934 1,0722
(0,0399)* (0,0238)* (0,0196)* (0,0175)*
Ocidental do Tocantins -0,4926 -0,3151 -0,2192 -0,3151
(0,0151)* (0,0113)* (0,0090)* (0,0088)*
Oriental do Tocantins -0,6477 -0,4317 -0,1287 -0,2527
(0,0256)* (0,0154)* (0,0126)* (0,0106)*
Noroeste Goiano -0,6353 -0,2544 -0,1950 -0,3270
(0,0190)* (0,0167)* (0,0129)* (0,0124)*
Norte Goiano -0,1758 -0,2390 -0,2526 -0,3140
(0,0180)* (0,0152)* (0,0132)* (0,0129)*
Leste Goiano -0,2492 -0,0381 0,0520 0,0087
(0,0152)* (0,0119)** (0,0088)* (0,0085)
Sul Goiano -0,3589 -0,0405 -0,0642 0,0037
(0,0096)* (0,0091)* (0,0076)* (0,0077)
Agropecuária -1,4474 -0,8728 -0,4803 -0,3326
(0,0121)* (0,0109)* (0,0097)* (0,0100)*
Comércio 0,1894 0,3734 0,0985 0,0393
(0,0159)* (0,0123)** (0,0108)* (0,0105)*
Serviços -0,0397 0,0760 -0,1215 -0,2071
(0,0115)** (0,0099)* (0,0084)* (0,0087)*
Administração Pública 0,4109 2,3850 0,6914 0,2611
(0,2214)* (0,0521)* (0,0147)* (0,0130)*
Outros 0,5527 0,4573 0,0972 0,0468
(0,0335)* (0,0267)* (0,0132)* (0,0146)*
Constante -2,8893 -1,5284 -1,2762 -0,9734
(0,0431)* (0,0366)* (0,0310)* (0,342)*
Nota: Desvio padrão robusto entre parênteses. ***p<0.10.
***p< **p<0.05, *p<0.01. As devidas localizações das
mesorregiões encontram-se
se no apêndice 2. Fonte: Elaboração própria com base no Censo do IBGE.
IBGE

70
A análise dessa segunda etapa do modelo se inicia pelas
pelas variáveis que medem as
características pessoais como gênero e raça. O resultado
resultado para a variável sexo ressalta as
diferenças entre homens e mulheres no que se diz respeito
respeito à chance de atuar no setor
formal.
rmal. Ao longo de todos os anos analisados, tal variável
variável apresentou o sinal esperado,
positivo, confirmando essa hipótese para as trabalhadoras
trabalhadoras de Goiás e Tocantins. Ou seja, as
mulheres têm maior probabilidade de serem informais e os homens apresentam maior mai
probabilidade de se inserirem no mercado de trabalho
trabalho formal. Esse resultado condiz com a
literatura, uma vez que, o trabalho de Matos e Machado
Machado (2006), a inserção das mulheres se
dá principalmente em atividades rotuladas como “feministas”,
“feministas”, caracterizada
caracterizadas como
empregos domésticos e prestação de serviços pessoais,
pessoais, sendo que essas atividades
tradicionalmente enquadram-se
enquadram com maior frequência no setor informal.
O sinal encontrado para a variável cor indica que os não brancos apresentam maior
probabilidade de serem informais em comparação aos brancos. Esse fato fat pode ser visto
como uma evidência da suposta presença de discriminação
discriminação por parte do empregador no
mercado de trabalho no que se refere à inserção no setor formal. Tal resultado também pode
ser explicado pela maior necessidade dos não brancos, em função menores
menores níveis de renda,
se inserirem no mercado de trabalho, uma vez que a informalidade configura uma melhor
opção do que o desemprego (Henriques, 2001). Todavia,
Todavia, no ano de 2000, a variável cor não é
significativa,
nificativa, ou seja, não há diferença, no quesito formalidade,
formalidade, de ser ou não branco neste
ano.
O resultado encontrado para idade é positivo e significativo em todos os períodos.
Tendo em vista que a variável idade é utilizada como
com uma proxy com a função de medir a
experiência profissional de cada indivíduo, percebe-se
percebe se que a probabilidade de ser formal
aumenta juntamente com o avanço da idade. O valor positivo
positivo obtido para essa variável pode
ser reflexo do setor informal operando como “colchão
“colchã amortecedor” ao incorporar a mão de
obra desempregada pela economia formal nas fases recessivas
recessivas (Melo e Teles, 2000), ou uma
opção de entrada no mercado de trabalho pelos mais jovens que preferem o setor informal
ao desemprego.
Observa-sese que as dummies para educação são positivas, em todos os anos
analisados, significativas e têm coeficientes crescentes
crescentes relacionados ao aumento nos níveis
de educação. Nota-se se que os trabalhadores com maior qualificação educacional
educ possuem
maiores chances de serem formais, quando comparados
comparados aos menos escolarizados. Esses
resultados suportam a ideia de que a precariedade da da informalidade no mercado de trabalho
brasileiro, tall como afirmam Cacciamalli (2000)
(2000) e Hirata e Machado (2010), ocorre em função
de o setor informal absorver aqueles trabalhadores
trabalhadores que não conseguem postos de trabalho
formais, sendo uma das razões para a baixa qualificação
qualificação observada. Os dados confirmam que
em Goiás e Tocantins se repetem os fenômenos nacionais.
nacion
A interpretação do coeficiente no modelo adotado não é direta, mas, a partir dos
resultados referentes à escolaridade,
escolaridade é possível visualizar um duplo efeito. Por um lado,
percebe-se
se que a educação perde força gradualmente ao longo dos anos, como mostra a
queda em seus coeficientes. Por outro lado, o diferencial
diferencial entre ensino médio completo e
superior
perior completo apresenta tendência crescente que corrobora
corrobora com a teoria do “efeito

71
diploma”, evidenciada no trabalho de Crespo e Reis (2006).
O que poderia justificar os efeitos decrescentes da escolaridade? Embora não faça
parte do objetivo deste texto analisar tais efeitos no nível educacional, d duas hipóteses
parecem
em ser capazes de explicar essa queda. Primeiro, a existência de situações
situ de sobre
qualificação, fundamentada no estudo de Alves e Monsueto (2014) que mostram uma
crescente demanda por mão de obra mais mais qualificada nos últimos anos, todavia não é
possível comprovar se estes trabalhadores estão sendo alocados alocad em ocupações
correspondentes com seu nível educacional. Deste modo, observa-se se uma discordância
entre capacitação técnica requerida e notada no mercado de trabalho brasileiro.
A segunda hipótese trata-se de especulação sobre a qualidade do ensino superior
superio
oferecido. Sabe-se que a partir do início do milênio o acesso a cursos superiores tem se
expandido. Todavia, a qualidade desse
des ensino ainda é questionável, abrindo margem para a
existência de uma possível precariedade na qualificação oferecida. Segundo Carvalho
C (2006),
o ProUni surgiu norteado pela ideia de justiça social, que encobriu a pressão dos interesses
do segmento de ensino particular, justificada pelo alto grau de vagas ociosas. oci
Oportunamente, salienta-se
se que o programa também foi apoiado pela população civil, civil
especialmente pelos estudantes do do ensino médio público, por não se julgarem uma
demanda potencial às universidades públicas frente às dificuldades dos vestibulares.
vestibulares
Complementando a análise, Cunha (2004) defende a tese de que o desenvolvimento
do ensino superior se dá por um processo
p desigual e combinado entre os setores
setor públicos e
privados. O efeito mais notável desse processo é a improvisação dos professores alocados no
setor privado, que geram efeitos negativos para
p a qualidade do ensino, especialmente nos
níveis mais elevados. O resultado de tamanha expansão é a subvalorização dos diplomas de
ensino superior, aumentando a demanda dele em setores de baixa remuneração e
essencialmente informais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como objetivo determinar a probabilidade um trabalhador
estar alocado no mercado informal e comparar a evolução do impacto dos determinantes
dessa probabilidade, durante o período analisado,
analisado para os Estados de Goiás e de Tocantins.
Para que se atingissem tais objetivos foi realizado um exercício econométrico sobre os
microdados dos Censos Demográficos para os anos de 1980, 1991, 2000 e 2010.
2010
Como ponto de partida,
partida foram utilizados os conceitos de informalidade
desenvolvidos pela OIT e por análises prévias no Brasil. De modo geral, existe um
u consenso
de que informalidade está relacionada à noção de e precariedade ou vulnerabilidade do
trabalhador. Em vista disso, os resultados encontrados apontam que os principais principai
determinantess para a entrada do trabalhador na
na informalidade são, de modo geral, o sexo, a
raça e baixa escolaridade. Pois, embora a informalidade decresça no território analisado, o
problema ainda tem maior incidência entre as trabalhadoras e os não brancos. A
escolaridade também parece ter um importante efeito sobre a probabilidade de ser informal.
Em vista disso, duas hipóteses foram validadas nesse trabalho. De um lado, a educação tem

72
impactos consideráveis e significativos no que tange a informalidade, e,
e de outro lado, seu
efeito tem decaído ao longo dos anos.
Cumprindo os objetivos
objeti do presente trabalho, resta ao
o menos uma pergunta que a
análise dos resultados abriu. Qual a razão por trás do constante decréscimo nos
n efeitos da
escolaridade? Uma possível hipótese se refere à qualificação, ou seja, o excesso do uso da
mão de obra qualificada no Brasil em setores de baixa
baixa produtividade. Uma segunda hipótese
diz respeito à aparente queda na qualidade do ensino superior gerada por tamanha
expansão. O presente trabalho não possui meios robustos para responder
responder a essa questão,
todavia essas especulações ficam para agenda futura de pesquisa e objeto de política
pública.

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APÊNDICE
Modelo de Primeira Etapa – Probabilidade
robabilidade de estar empregado
Variável Ano
1980 1991 2000 2010
Cor 0,2543 0,3831 0,0942 0,0944
(0,1546) (0,1241)** (0,0069)* (0,0085)*
Sexo -0,0609 0,1843 0,1681 0,3359
(0,1741)** (0,0136)* (0,0075)* (0,0081)*
Chefe 0,5752 0,4334 0,3744 0,2627
(0,2316)* (0,0157)* (0,0075)* (0,0083)*
Freqescola 0,2924 0,1536 -0,1320 -0,1581
(0,2424)* (0,0232)* (0,0084)* (0,0111)*
Casado 0,3402 0,3589 0,1700 0,2685
(0,2096)* (0,0140)* (0,0068)* (0,0084)*
Constante 1,6998 1,2991 0,6569 1,0234
(0,1726)* (0,0127)* (0,0067)* (0,0073)*
Nota: Desvio padrão robusto entre parênteses. ***p<0.10.
***p<0.10. **p<0.05, *p<0.01. Fonte: Elaboração própria com base
no Censo do IBGE.

74
A lógica de localização
do Mercado Bancário no Lorena Silva Brandão1
Brasil Fernando Negret Fernandez2

Resumo: Este artigo analisa a lógica de concentração do crédito bancário no Brasil. O trabalho foi
desenvolvido mediante pesquisa bibliográfica e documental, sendo que as informações básicas analisadas
foram obtidas no Banco Central do Brasil. A análise de dados é feita por meio do Quociente de Localização,
que verifica o nível de concentração relativa do mercado bancário dos estados em relação ao Brasil. Ao final
da pesquisa é possível obter o nível de concentração relativa do mercado bancário nos estados sob quatro
aspectos distintos. Os resultados revelam uma lógica de localização concentrada e atrelada ao nível de
atividade econômica.

Palavras-chave: Mercado bancário; Localização; Concentração.

Abstract:: This article discusses the logic of banking market concentration in Brazil. The paper was
developed by bibliographic and document research. The basic information were obtained from the Central
Bank of Brazil. The data analysis is made by using a method called Quotient Location, which verifies the level
of relative concentration on the baking market, looking from the states to the country. At the end of the
research, it is possible to obtain the relative concentration on the banking market of the states from four
different perspectives. The results reveal a location logic of the banking market concentrated and harnessed
to the level of the economic activity.

Keywords:. Banking market; Location; Concentration.

INTRODUÇÃO
As desigualdades socioeconômicas são características do processo de desenvolvimento
brasileiro. Aliado a este entendimento e a um contexto de elevação da relação crédito/PIB, a partir
do fim da década de 90, realizou-se a presente pesquisa sobre a lógica de localização do mercado
bancário no Brasil.
No final do século XX, a implantação do Plano Real marca o início de importantes
mudanças no cenário macroeconômico com reflexos no sistema bancário brasileiro. Diversos
autores associam a estabilização dos preços à redução de rentabilidade dos bancos, especialmente
pela perda de receitas inflacionárias. Diante deste cenário, além de reestruturação dos custos, os

1
Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Goiás e Mestre em Desenvolvimento Regional pela
Faculdades Alves Faria, email: lorena_pan@hotmail.com
2
Doutor em Economia Regional, professor e pesquisador da Faculdade Alves Faria, email: fenegret@uol.com.br

75
bancos procuraram expandir as operações de crédito, com o objetivo de compensar as perdas de
receita.
O recorte temporal de 2001 a 2011 compreende um período em que os bancos redefiniram
suas estratégias e passaram a ampliar seus portfólios de ativos, com oferta de empréstimos às
famílias e empresas. Segundo dados do Banco Central do Brasil (BCB), em 2001 o volume total de
crédito no Brasil representava 25,8% do Produto Interno Bruto (PIB), valor que, em dezembro/2011,
elevou para 49%.
Ao analisar a lógica de concentração do mercado bancário no Brasil, a pesquisa demonstra
que existe uma correlação entre a localização do mercado bancário e o nível de atividade
econômica dos estados brasileiros. O universo da pesquisa compreende todos os estados do Brasil,
incluindo informações estaduais sobre o número de agências bancárias, municípios com agências
bancárias, a população, o saldo de operações de crédito e o PIB. Os dados são analisados
comparativamente nos anos de 2001 e 2011. A comparação entre os anos contribui para se
verificar como está distribuído regionalmente o mercado bancário e se houve alterações na sua
localização durante a última década no Brasil.
O presente trabalho foi desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica e documental e
está dividido em três seções, mais esta introdução e as considerações finais. A próxima seção
aborda aspectos conceituais e na seção 2 são detalhados os procedimentos metodológicos. Na
seção 3 são apresentados os resultados da análise documental e algumas evidências da literatura
que confirmam o cenário diagnosticado para o mercado de crédito brasileiro. Por fim, a última
seção é dedicada às considerações finais.

1. ASPECTOS CONCEITUAIS E ALGUMAS TEORIAS QUE EXPLICAM A LOCALIZAÇÃO DO


MERCADO BANCÁRIO NO BRASIL
O enfoque principal desta pesquisa está no mercado de crédito, especialmente, nas
operações de crédito geradas pelas instituições financeiras bancárias. Diferentemente das
instituições financeiras não monetárias, as instituições bancárias são aquelas as quais é permitida a
captação de depósitos à vista, tais como os bancos comerciais, caixas econômicas, bancos
múltiplos e cooperativas de crédito. Cabe ressaltar, que as estatísticas municipais sobre crédito
disponibilizadas pelo BCB não contemplam dados referentes às cooperativas de crédito.
Silva (1993 apud BUENO, 2003), define crédito como o ato de emprestar dinheiro, ou seja,
colocar a disposição do cliente determinada quantia monetária, com a promessa de pagamento
futuro, tendo como contrapartida uma remuneração, neste caso, definida como taxa de juros. Os
autores acrescentam que as operações de crédito são a essência do negócio de um banco
comercial.
Germer (1994) afirma que, para Marx, a moeda como meio de circulação está inserida em
dois sistemas: o monetário e o de crédito. O sistema monetário é aquele baseado na circulação de
moeda metálica e o sistema de crédito e bancário é baseado no dinheiro de crédito. O conceito de
dinheiro e sistema de crédito permite a compreensão da não neutralidade da moeda e de seu
caráter endógeno. Segundo Marx, o dinheiro de crédito surge como uma alternativa para
economizar meios de circulação e expandir sem se chocar com os limites impostos pela base
metálica.
76
Mollo (1991) afirma que o desenvolvimento do crédito desloca no tempo a restrição
monetária, no entanto, não a elimina. Em outras palavras, o crédito pode antecipar a produção das
mercadorias, porém, em um momento futuro, as dívidas terão que ser pagas ao sistema bancário.
Germer (1994) cita duas funções básicas do sistema bancário: a primeira é executar as
operações monetárias rotineiras dos capitalistas e a segunda é centralizar e redistribuir o capital
monetário, transformando-o em capital de empréstimo. Para Marx, a intermediação financeira é
necessária para transferir recursos de unidades excedentárias para unidades deficitárias,
destacando-se que essas unidades podem alternar suas posições no decorrer do clico capitalista.
As teorias expostas reforçam a ideia heterodoxa de não neutralidade da moeda, uma vez
que o crédito pode romper com as restrições monetárias e, por sua vez, potencializar a capacidade
de produção, evitando que processos inflacionários sejam gerados. Para Marx, o crédito
potencializa a acumulação de capital das seguintes maneiras: aumenta o ritmo de produção; reduz
custos de circulação e antecipa etapas de produção e consumo. Com o desenvolvimento do
crédito, o capitalista não precisa mais esperar a realização dos lucros para financiar aumentos de
produção (MOLLO, 2004).
A teoria pós-keynesiana entende a oferta e demanda de crédito como variáveis
interdependentes e que são influenciadas pela preferência pela liquidez, aspecto determinante
para sua localização. Freitas e Paula (2010) destacam que, do ponto de vista das instituições
financeiras bancárias, diante de um cenário de expectativas pessimistas ou pouco confiáveis, a
preferência pela liquidez terá resultados diretos na disposição dos bancos em oferecer crédito e em
que localidade isso se dará. Sob a ótica dos tomadores de empréstimos, quanto maior a preferência
pela liquidez, menor será a disposição em demandar crédito e maior o interesse em ativos mais
líquidos.
Segundo Minsky (1982 apud MOLLO, 2004), a preocupação principal dos pós-keynesianos
está no efeito negativo que a preferência pela liquidez dos bancos pode ter no processo de
investimento, principalmente em momentos de crises financeiras, já que a decisão de não investir
pode comprometer de maneira ainda mais significativa a geração de emprego e renda. É neste
aspecto que, para Keynes e os pós-keynesianos, reside a não neutralidade da moeda e a posição
chave dos bancos, especialmente para a transição de uma escala de produção menor para uma
maior.
A análise a respeito da preferência pela liquidez é importante, pois na teoria keynesiana,
em uma economia na qual as decisões são individuais, as consequências não são compartilhadas
pela sociedade. Ou seja, a decisão entre acumular bens de capital ou ativos financeiros é individual
e, diante de um cenário de incerteza, é também racional. "A preferência pela liquidez representa
um apego a formas mais seguras de acumulação de riqueza" (CARVALHO, 2006, p. 35).
Ao trazer esses conceitos para a temática regional, tem-se que a oferta de crédito bancário
será maior quando houver uma menor preferência pela liquidez, ou seja, em situações em que
houver maior confiança no dinamismo da região e nos tomadores de empréstimo. Segundo
Amado e Rodríguez-Fuentes (1997 e 2006 apud FREITAS e PAULA, 2010), não se trata de uma
questão de assimetria de informação, e sim de um problema de confiança diante das informações
disponíveis para determinada região.

77
Neste sentido, a incerteza é preponderante na determinação da preferência pela liquidez. A
partir daí, a caracterização da região em centro ou periferia permite o entendimento das decisões
dos bancos em investir ou não, de acordo com as expectativas que cada região pode gerar.
Amado (2006) define regiões centrais como aquelas que possuem uma trajetória de
crescimento mais estável. O fator dinâmico dessas economias é endógeno, os arranjos
institucionais e os mercados são mais desenvolvidos e as atividades econômicas estão centradas
nos setores secundário e terciário. Diferentemente, as regiões periféricas possuem uma economia
estagnada com predominância do setor primário e manufatura menos desenvolvida, fato que as
torna dependentes de importações e, consequentemente, de regiões centrais. Como fator
complicador, observa-se nas economias periféricas o vazamento no fluxo real e financeiro
(emprego, renda e depósitos) para as economias centrais.
De acordo com esta caracterização, é possível concluir que nas regiões periféricas os
mercados e sistema financeiro são menos desenvolvidos, ou seja, em consequência de uma maior
incerteza, há uma tendência de que nessas localidades haja uma maior preferência pela liquidez.
Essa preferência se materializa sob dois aspectos: o primeiro está relacionado ao sistema financeiro,
em que os bancos terão menor disposição para emprestar; o segundo se refere aos próprios
consumidores individuais e empresas que preferirão demandar ativos mais líquidos a investir em
bens de capital.
Sorgato, Ferreira Júnior e Santos (2010), a respeito do processo de vazamento de crédito ou
de depósitos, destacam que a concessão de crédito financia gastos com consumo e investimentos,
os quais geram rendas que dão origem a novos depósitos, no entanto, o crédito gerado em uma
região pode originar depósitos em outra região. Ou seja, o vazamento de depósitos leva ao
enfraquecimento do sistema de crédito local, visto que o crédito pode não retornar para a região
periférica. Assim, desigualdades estruturais podem se tornar desigualdades financeiras, e estas, por
sua vez, podem agravar as primeiras.

2. METODOLOGIA
O universo da pesquisa compreende todos os estados do Brasil, incluindo informações
estaduais sobre o número de agências bancárias, os municípios com agências bancárias, a
população, o saldo de operações de crédito e PIB. O recorte temporal compreende um período de
dez anos, no entanto, os dados comparados são dos anos de 2001 e 2011. A comparação entre os
anos especificados visa verificar como está distribuído regionalmente o mercado bancário e se
houve alterações em sua localização durante a última década no Brasil.
Os dados quantitativos foram obtidos por meio das publicações de domínio público do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(IPEA) e Banco Central do Brasil (BCB). As informações referentes à quantidade de agências
bancárias, municípios com agências e ao crédito bancário foram adquiridas no BCB, por meio da
Estatística Bancária por Município (ESTBAN), que disponibiliza dados consolidados sobre as
operações de crédito no nível municipal.
O indicador de localização utilizado neste estudo é o Quociente de Localização (QL). Ao
utilizar este indicador, é possível verificar o nível de concentração relativa do mercado bancário nos
estados, sempre em relação ao mercado bancário brasileiro. Assim, se QL > 1 significa que o
78
mercado de crédito está relativamente concentrado na unidade federativa, se comparado à
unidade territorial de referência, neste caso o Brasil. Se QL < 1 significa que não há concentração do
mercado de crédito no estado, se comparado ao Brasil. De maneira análoga, se QL = 1 significa que
a concentração observada no estado é igual à concentração existente no Brasil (DELGADO;
GODINHO, 2005).

Xec
QLec = Xe , QL ≥ 0
Xpc
Xp

Sendo,

QLec - Quociente de localização da atividade "c" na região "e";


xec - Valor da atividade "c" na região "e";
xe - Valor total da atividade considerada na região "e";
xpc - Valor da atividade "c" na região de referência "p";
xp - Valor total da atividade considerada na região de referência"p".

Nesta pesquisa, a região "e" são os estados e o distrito federal. Já a região de referência é
sempre o Brasil. A análise das atividades concentra-se nos indicadores já citados e relacionados ao
mercado bancário. Optou-se por realizar o cálculo de quatro quocientes de localização, de maneira
que seja possível verificar como está localizado o mercado bancário sob distintos aspectos,
conforme a seguir:
I) Municípios com agências bancárias: nesta análise foi considerado o número de municípios com
agências bancárias em relação ao número de municípios total de cada estado, sendo a região de
referência o Brasil;
II) Quantidade de agências bancárias: analisou-se a quantidade de agências bancárias em relação
ao número de habitantes (população) e ao PIB de cada estado , sendo a região de referência o
Brasil;
III) Volume total de operações de crédito: por fim, analisou-se o volume total de operações de
crédito de cada estado em relação ao PIB estadual, tendo como região de referência o Brasil.
Com o objetivo de facilitar a visualização e comparação dos resultados obtidos, as
informações sobre os diversos quocientes de localização foram ilustradas em mapas, por meio do
sofware Arcgis. O programa utilizado permite a classificação dos estados em classes. A classificação
escolhida foi a Jenks, na qual é possível minimizar a variância intraclasses e maximizar a variância
interclasses, dando origem a classes homogêneas (clusters).
A classificação Jenks foi aplicada para o ano de 2011 (o dado disponível mais recente). Os
limites de classificação definidos pela metodologia Jenks para o ano de 2011, foram aplicados
manualmente para o ano de 2001, o que possibilitou a uma melhor comparação entre os dois anos
observados nesta pesquisa. Ao aplicar, manualmente, os limites de classificação, observou-se os
valores mínimos e máximos de QL, visto que os mesmos podem ser distintos para cada ano base
79
de análise. Os estados são agrupados e separados por cores diferentes, cada cor representa um
intervalo de quociente de localização, que varia de acordo com cada mapa.

3. RESULTADOS: A LÓGICA DA LOCALIZAÇÃO DO MERCADO BANCÁRIO NO BRASIL


Em valores percentuais, os números analisados denotam a existência de alto nível de
concentração de agências e crédito bancário. Nos anos de 2001 e 2011, os Estados de São Paulo,
Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná e o Distrito Federal detinham mais de 65%
das agências e 85% do crédito bancário concedido no país. Cabe ressaltar que nestes anos, mais de
32% das agências e 50% do crédito bancário estavam no Estado de São Paulo.
A seguir, os resultados da pesquisa desenvolvida são apresentados. Como já destacado na
metodologia, este trabalho utiliza diversas variáveis para a determinação dos quocientes de
localização com o objetivo de visualizar e analisar a localização regional do mercado bancário
brasileiro, bem como a existência de concentração relativa.

3.1 Localização dos municípios com agências bancárias em relação ao número total de
municípios do estado
Em números absolutos, no período de 2001 a 2011, somente os Estados de Minas Gerais,
Goiás e Paraná apresentaram redução no número de municípios com agências bancárias. Ou seja,
de maneira geral, no espaço temporal em questão, ampliam-se os números de municípios
atendidos com serviços bancários no Brasil. No que se refere ao QL, de 2001 e 2011, os mapas 1 e 2
ilustram os resultados obtidos.

80
Mapas 1 e 2 - Quociente de localização de municípios com agências bancárias por estado -
2001 e 2011

De acordo com os resultados do QL, Minas Gerais e Goiás deixaram de ser estados
concentradores de municípios atendidos com agências bancárias. O Paraná, apesar da redução do
número de municípios atendidos por agências bancárias, continuou sendo concentrador do
mercado bancário, sob o aspecto de análise em questão e tendo como região de referência o Brasil.
No decorrer de dez anos um número maior de estados passou a apresentar QL próximo ou
maior que 1, ou seja, tornaram-se concentradores no contexto do Brasil. Observa-se que os estados
do Sudeste e Sul do país, com exceção de Minas Gerais, mantiveram-se como estados
concentradores de municípios com agências bancárias. Os mapas 1 e 2 mostram que os estados
não concentradores estavam localizados predominantemente nas regiões Norte e Nordeste. Na
região Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul, para os anos analisados, é o único estado concentrador
de municípios com agências bancárias. Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais apresentaram QL
próximo a 1, ou seja, nível de concentração relativamente próximo ao do Brasil. Em 2011 a situação
se altera e Estados como Pará, Amazonas, Acre e Rondônia elevam significativamente seu QL. Nesta
análise não foi considerado o Distrito Federal, pois se trata de uma região que não é dividida em
municípios.
Silva e Jayme Jr. (2013) sinalizam para a existência de fatores que influenciam a decisão de
localização dos bancos. Segundo os resultados do estudo, a população e o PIB são fatores
microeconômicos-espaciais que podem determinar ou não a exclusão financeira de um município.
81
No que se refere aos aspectos políticos e regulamentares, observou-se que as contrapartidas
governamentais, tais como a folha de pagamento e/ou a oficialização do banco como agente
arrecadador de tributos municipais, afetam positiva e significativamente a estratégia de localização
dos bancos, sendo fundamentais em municípios menores.

3.2 Localização das agências bancárias em relação ao tamanho da população


Nesta segunda análise, o QL configura-se como um índice de distribuição de agências
bancárias segundo critérios populacionais. Os mapas 3 e 4 ilustram o resultado e mostram uma
maior concentração nos estados da região Sul do Brasil, São Paulo e Distrito Federal. Essa situação
não se altera nos anos de 2001 e 2011, com QL médio de 1,41 e 1,35, respectivamente.
Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo compõem o
segundo grupo de estados com concentração relativa mais elevada. O QL médio para os anos de
2001 e 2011 é de respectivamente 1,06 e 1,04.
Os demais estados se mantiveram no período com QL inferior a 1, ou seja, caracterizam-se
por serem regiões não concentradoras de agências bancárias sob o critério populacional.
Destacam-se os Estados do Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará e Alagoas que nos dois anos
apresentaram QL inferior a 0,50.

Mapas 3 e 4 -Quociente de localização de agências bancárias em relação a população por


Estado-2001 e 2011

82
Esta análise mostra uma concentração mais evidente e poucas mudanças no cenário
durante a década. Em geral, conclui-se que há uma concentração do mercado bancário na região
Centro-Sul do país. Diferentemente, a maioria dos estados do Norte e Nordeste caracteriza-se
como regiões, relativamente, carentes de agências bancárias, segundo critérios populacionais.
A análise inversa, sem a utilização do indicador de quociente de localização, mostra o
número de habitantes por agência bancária. Os mapas 5 e 6 apresentam os estados do Norte e
Nordeste coloridos com cores mais escuras e, ao contrário, estados da região Sul, São Paulo e
Distrito Federal representados com cores mais claras.
Ou seja, Norte e Nordeste são regiões com número mais elevado de habitantes por
agência, sendo que para os dois anos analisados apresentaram cerca de 20.000 habitantes por
agência bancária. Já os estados da região Sul, São Paulo e Distrito Federal apresentaram cerca de
7.000 habitantes por agência nos anos de 2001 e 2011.

Mapas 5 e 6 - Número de habitantes por agências bancárias por estado - 2001 e 2011

A pesquisa desenvolvida por Sicsú e Crocco (2003) busca explicações para a localização das
agências bancárias em fatores populacionais, de renda e de distribuição de renda e conclui que a
teoria de localização da firma industrial não explica a localização da firma bancária. Teoricamente,
espera-se que regiões com maior número de habitantes, maiores PIB e melhor distribuição de
renda tenham maior número de agências. Em números absolutos, ao contrário do que a teoria da
firma industrial espera, alguns estados, apesar de possuírem maior número de habitantes, há
menor número de agências bancárias.
83
3.3 Localização das agências bancárias em relação ao PIB
O quociente de localização das agências bancárias obtido com relação ao PIB apresenta
resultados distintos dos encontrados nas demais análises. Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e
o Distrito Federal não são considerados concentradores de agência. Sendo assim, a análise da
quantidade de agências em relação ao PIB apresenta resultados contrários ao quociente de
localização com base na população, conforme os mapas 7 e 8.

Mapas 7 e 8 - Quociente de localização de agências bancárias em relação ao PIB por estado -


2001 e 2011

Ao se considerar a quantidade de agências e o PIB, com exceção do Rio Grande do Norte e


Mato Grosso, todos os estados do Nordeste, Centro-Oeste e Sul do país são concentradores de
agências bancárias. No Sudeste, somente Minas Gerais se configura como região concentradora de
agências bancárias, se comparada ao Brasil. Os Estados de São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro
possuem QL próximo a 1, ou seja, o número de agências bancárias em relação ao PIB é
relativamente semelhante ao verificado para o Brasil. Destaca-se que as conclusões são as mesmas
para os anos de 2001 e 2011, conforme mapas 7 e 8
Nesta análise, se comparada às anteriores, tem-se que os Estados do Norte se mantêm
como estados não concentradores de agências bancárias, assim como os Estados do Sul que
continuam configurando-se como região concentradora de agências bancárias, comparativamente
ao Brasil.

84
A análise de Sicsú e Crocco (2003) feita com base no PIB vai ao encontro dos resultados
obtidos nesta pesquisa. Os autores concluem que São Paulo e Rio de Janeiro não são estados
concentradores de agências. Ao contrário, os resultados apontam que o Nordeste tem mais
agências proporcionalmente do que outros estados e regiões se considerado o PIB que possui, ou
seja, segundo este critério, seria concentrador de agências bancárias.
Em geral, a localização regional das agências bancárias, segundo o critério em questão,
segue a seguinte lógica: estados com maiores PIB possuem maior número de agências bancárias.
No entanto, proporcionalmente ao PIB, alguns estados poderiam possuir ainda mais
estabelecimentos bancários, como é o caso do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e demais
estados com QL menor que 1.

3.4 Localização das operações de crédito em relação ao PIB


A análise do quociente de localização das operações de crédito com relação ao PIB mostra
que somente São Paulo e o Distrito Federal são regiões concentradoras do mercado de crédito,
para os dois anos analisados. Destaca-se que o Estado de São Paulo e o Distrito Federal possuem
QL superior a 1,65 em 2001 e 2011, conforme os mapas 9 e 10.

Mapas 9 e 10 - Quociente de localização das operações de crédito em relação ao PIB por


estado - 2001 e 2011

85
No que se refere ao Distrito Federal, ressalta-se que a região concentra operações de
crédito para órgãos do governo federal. No Estado de São Paulo, a lógica da localização das
operações de crédito pode ser justificada pela concentração do capital produtivo e de serviços
nesta região, que possui participação no PIB brasileiro superior a 30%.
Em um segundo patamar de concentração das operações de crédito está o Estado do
Paraná com QL mais próximo de 1, mas ainda inferior a unidade, demonstrando que não se trata de
região concentradora do mercado de crédito, tendo como referência o Brasil.
De maneira semelhante à análise anterior, de acordo com os mapas 9 e 10 os estados do
Norte e Nordeste são os que possuem menores QL. Amazonas, Rondônia, Pará e Amapá
apresentaram, para os dois anos, QL inferior a 0,40. Os estados da região Centro-Oeste
apresentaram QL variando de 0,60 a 0,70.
A análise da relação volume de crédito bancário com o PIB de cada estado também
apresenta resultados semelhantes aos apontados pelo quociente de localização. A relação
crédito/PIB de São Paulo e do Distrito Federal são semelhantes, em 2001 era cerca de 45% e em
2011 este valor elevou para 70%. Ao comparar com os demais estados do país, nota-se como a
diferença é significativa. O terceiro estado com maior relação crédito/PIB é o Paraná que em 2001
apresentou índice de 22,46% e 41,16% em 2011.
Em números absolutos e sem considerar a relação com o PIB, o volume de crédito em São
Paulo, em 2001 e 2011, representa mais de 50% de todo o crédito concedido no Brasil. Contudo, há
de se ressaltar que no Estado de São Paulo estão localizadas matrizes de diversas empresas, as
quais possuem filiais em outras regiões do país. Ou seja, o crédito demandado por estas empresas
é computado para o Estado de São Paulo. Diferentemente, o incremento no PIB se dará nos
estados onde essas empresas se localizam. Este é um aspecto que deve ser pesquisado mais
especificamente, para conhecer seu peso na lógica da concentração regional observada.
O Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul possuem
participação no crédito total que variam de 4% a 7%. Os estados do Ceará, Pernambuco, Bahia,
Santa Catarina, Mato Grosso e Goiás possuem participação no mercado de crédito total variando
de 1% a 2,5%. Os demais estados possuem participação inferior a 1%.
Para os anos de 2001 e 2011, esta mesma análise, feita em números absolutos do PIB,
mostra que o PIB do Estado de São Paulo representa cerca de 35% do PIB do Brasil. Minas Gerais,
Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná possuem participação de 6 a 11% no PIB do país. O PIB
do Distrito Federal, Bahia e Santa Catarina representam cerca de 4% do PIB total. Com participação
no PIB de 1,5 a 2,5% estão os Estados do Maranhão, Pará, Ceará, Pernambuco, Mato Grosso, Goiás e
Espírito Santo. Mato Grosso e maranhão têm participação próxima a 1% e os demais estados têm
participação inferior a 1%.
A análise de dados referentes à participação dos estados no crédito total concedido no
Brasil, de 2001 a 2011, evidencia uma atuação bancária concentrada e que privilegiou a
intermediação financeira em regiões mais ricas, com destaque para o Estado de São Paulo. Os
índices mostram que estados com menor participação no volume de crédito total também
possuem menor participação na economia nacional.

86
Esses dados permitem a constatação de que existe uma correlação entre a localização do
mercado de crédito bancário e o nível de atividade econômica dos estados brasileiros, culminando
em uma atuação diferenciada dos bancos no território. Ou seja, os resultados vão ao encontro da
teoria pós-keynesiana de preferência por mercados mais líquidos e da teoria marxista de que a
concentração do capital é uma tendência em economias capitalistas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta desse artigo foi de avançar na discussão sobre a lógica de localização do
mercado bancário no Brasil. As teorias apresentadas ressaltam que a atuação e estratégias
bancárias variam de acordo com as características da localidade. Assim, a pesquisa bibliográfica e a
análise dos dados oferecem duas evidências sobre a existência de relação entre o desenvolvimento
financeiro, mais especificamente, a localização do mercado bancário e o desenvolvimento
econômico regional:
a) a atividade financeira está concentrada em algumas regiões e
b) a lógica de concentração da atividade financeira está relacionada com a concentração
econômica observada regionalmente no Brasil.
A análise dos dados baseada no QL apresenta quatro indicadores da localização do
mercado bancário e três deles apontaram para uma concentração, especialmente no Estado de São
Paulo e na região Sul do país. Em um segundo plano, aparece a região Centro-Oeste e os estados
de Minas Gerais, Rio de Janeiro e, por vezes, Espírito Santo e Bahia.
A primeira e a segunda análise (com base no QL) mostram que houve um investimento na
ampliação do número de agências bancárias. Dessa maneira, mais municípios estão sendo
atendidos com serviços e produtos bancários e o número de habitantes por agência foi reduzido.
Por outro lado, com base nessa análise dos indicadores de localização, é possível verificar a
existência de uma significativa desigualdade entre os estados brasileiros. Além disso, nota-se que
esta desigualdade não foi atenuada com a expansão do mercado bancário. Sendo assim, de acordo
com os resultados obtidos, constata-se que a reestruturação do sistema financeiro, a elevação do
número de agências e o crescimento do saldo das operações de crédito, em alguns casos,
contribuíram para a ampliação das disparidades regionais.
Na análise da localização das agências em relação ao tamanho da população, observa-se
que alguns estados com uma população mais elevada possuem menor número de
estabelecimentos bancários. Sendo assim, no que se refere à lógica de localização da firma
bancária, é possível concluir que o critério da atividade econômica e capacidade de geração de
poupança/depósitos são fatores que se sobrepõem à população.
O QL que mede a localização das agências bancárias nos estados foi calculado segundo três
critérios: número de municípios, tamanho da população e PIB. Ao se considerar o número de
municípios com agências bancárias, os Estados de São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro são os
que possuem maior concentração. Quanto ao critério tamanho da população, os estados
concentradores de agências bancárias são os da região Sul, São Paulo e o Distrito Federal.
Quando a localização das agências é analisada em relação ao PIB, os estados do Sul do país
continuam se configurando como regiões concentradoras de estabelecimentos bancários. No
87
entanto, o Estado de São Paulo e Distrito Federal passam a apresentar QL menor que 1, ou seja,
deixam de se caracterizar como regiões concentradoras. Apesar desta constatação, é errôneo
concluir que a lógica de localização da firma bancária não leve em consideração a atividade
econômica das regiões.
O número de agências e o PIB dos estados mostram que, em geral, regiões com maiores PIB
possuem mais agências bancárias. Esta conclusão se aplica para São Paulo, onde estão localizadas
aproximadamente 32% das agências do país, ou seja, percentual bem próximo à sua participação
no PIB do Brasil. Por outro lado, o mesmo não acontece com o Distrito Federal que participa com
4% do PIB e possui menos de 2% das agências bancárias.
O caso do Distrito Federal leva a algumas conclusões a respeito da lógica de localização da
firma bancária. O Distrito Federal e o Estado da Bahia possuem participação no PIB brasileiro em
torno de 4%. No entanto, a Bahia possui mais de 4% das agências bancárias do país. Esta
comparação não tem como objetivo tornar menos relevante o critério de análise da atividade
econômica, mas permite a constatação que outras variáveis influenciam na localização dos bancos.
O Distrito Federal e a Bahia possuem diferenças consideráveis em relação à extensão
territorial e ao número de municípios. No Distrito Federal, um número menor de agências
consegue garantir que os estabelecimentos bancários estejam em diversas localidades. Ao
contrário, na Bahia, é necessário um maior número de agências para garantir que a população seja
atendida com os produtos e serviços bancários. Essas conclusões, inclusive, justificam os critérios
de análise escolhidos para o desenvolvimento desta pesquisa.
Por fim, realizou-se a análise da localização das operações de crédito em relação ao PIB dos
estados. Conforme as definições apresentadas, a expansão do mercado bancário está diretamente
relacionada ao crescimento do saldo de operações de crédito, que se configura como o principal
produto oferecido pelos bancos.
As desigualdades regionais no que se refere ao mercado de crédito ficaram mais evidentes
na análise do volume de crédito com relação ao PIB de cada estado. Neste aspecto existe
acentuada disparidade entre o Estado de São Paulo e demais unidades federativas do Brasil. O
Distrito Federal, por concentrar as operações de crédito aos órgãos do governo federal merece um
destaque, porém diferenciado. Neste sentido, conclui-se que o volume de crédito em relação ao
PIB precisa desenvolver e expandir regionalmente, criando condições, inclusive, para um
desenvolvimento regional mais equilibrado.
Os resultados mostram que a lógica de localização regional do crédito no Brasil está
relacionada à localização da atividade econômica no território, assim, estados com maior
participação no PIB do Brasil também possuem maior participação no volume total de crédito.
Dessa forma, o crédito está concentrado regionalmente em poucos estados, assim como atividade
econômica. Esta conclusão confirma a teoria marxista de que, em economias capitalistas, há uma
tendência à concentração do capital.
A localização regional concentrada do crédito bancário também pode ser explicada pela
teoria pós-keynesiana da preferência pela liquidez apresentada na seção 1. Os bancos terão
preferência em se localizar e maior disponibilidade de emprestar recursos em regiões que
ofereçam menos riscos. Da mesma maneira, os consumidores individuais e empresas tomam suas

88
decisões. Ou seja, regiões que oferecem um cenário mais seguro para acumulação de riquezas
serão mais favoráveis para que os indivíduos tomem crédito e façam investimentos.
Portanto, se a atividade econômica está concentrada regionalmente no centro-sul do país,
de acordo com as teorias analisadas, a tendência é de que o mercado bancário também tenha a
mesma lógica de localização regional concentrada. Esta conclusão vai de encontro aos preceitos do
desenvolvimento regional que busca analisar as regiões de maneira menos isolada. No limite,
também pode ser um entrave à continuidade do desenvolvimento, já que este também pode ser
concentrado e limitado a algumas regiões.

REFERÊNCIAS

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