Você está na página 1de 6

1

A CONTA

Uma conta é um quadro que permite registar as operações que modificam uma rubrica
do balanço ou da conta de resultados.

É um agrupamento de elementos patrimoniais com características semelhantes e


específicas e expressos em unidades de valor.
Exemplo: conta de clientes ou conta de depósitos a ordem.

A utilização das contas permite:


 Conservar uma pista das operações registadas cronologicamente e de forma
contínua nas diferentes contas em função da sua natureza;
 Dispor a qualquer momento de informação sobre o estado da caixa, as dívidas,
os produtos, os encargos, etc.;
 Facilitar o estabelecimento das contas anuais (balanço e conta de resultados) do
exercício, assim como, estatísticas e indicadores respeitantes ao funcionamento.

Características que deve obedecer uma conta

Homogeneidade – quando todos os elementos que fazem parte duma conta têm a
característica dessa conta. Ex: A dívida de um cliente nunca pode ser registada numa
conta que não indique uma dívida a receber.

Integralidade – todos os elementos que apresentam essa característica comum devem


fazer parte dessa mesma conta, e não de outra. Ex: A conta Mercadorias deverá incluir
todos os tipos de mercadorias transaccionadas pela empresa.

Apresentação e partes constituintes de uma conta

 Título – é a expressão por que se designa a conta, o que permite facilmente


compreender os elementos patrimoniais que a integram; O título de uma conta
deve ser tal, que seja óbvia a sua identificação. Esse título, deverá ser fixo e
imutável.
 Extensão – representa o valor, expresso em unidades monetárias, contida na
conta no momento em que ela se analisa.

A conta pode ser representada em forma de “T”, embora hoje em dia com a
implementação da informática na contabilidade ela já apareça com outra disposição.

DÉBITO (Dever) TÍTULO (denominação/nome da conta) CRÉDITO (Haver)

Data Descrição Valor Data Descrição Valor

Licenciatura em Gestão de empresas com Habilitações em Gestão Financeira


Contabilidade Financeira I
Eddy Nuray Ntumi, Lic
2

Descrição – registo dos documentos que comprovam os factos patrimoniais e indicam a


sua origem.

Valor da conta – é a soma de todos os seus débitos e de todos os seus créditos.

Saldo de uma conta (valor de uma conta num dado momento) – é a diferença entre o
total dos valores a débito e o total dos valores a crédito ou vice-versa.

Existem três tipos de saldos: Devedor d>c

Credor c>d

Nulo d=c

Saldo devedor – é o saldo que a conta apresenta quando os débitos são maiores que os
créditos.

Saldo credor – é o saldo que a conta apresenta quando os créditos são maiores que os
débitos.

Saldo nulo – debito = crédito.

Saldar uma conta – é inscrever do lado que for menor o saldo da conta.

Fechar uma conta – é o mesmo que trancar uma conta. Corresponde a colocar dois
traços paralelos por baixo dos somatórios do débito e do credito, depois de se ter
saldado a conta (soma dos débitos igual à soma dos créditos).

Reabrir novamente uma conta – é colocar novamente nessa conta o valor do lado do
debito se o saldo era devedor ou do lado do credito se o saldo era credor.

Regras de movimentação de contas

Activo – debitam-se pela sua extensão inicial e pelos aumentos. Creditam-se pelas suas
diminuições.

Passivo – creditam-se pela sua extensão inicial e pelos aumentos. Debitam-se pelas suas
diminuições.

Situação líquida:

 Capital – credita-se pela sua extensão inicial e pelos aumentos. Debita-se pelas
suas diminuições.
 Reservas – creditam-se pela sua extensão inicial e pelos aumentos. Debitam-se
pelas suas diminuições.

Resultados:

Licenciatura em Gestão de empresas com Habilitações em Gestão Financeira


Contabilidade Financeira I
Eddy Nuray Ntumi, Lic
3

 Proveitos ou ganhos – creditam-se pelos aumentos. Debitam-se pelas


diminuições (anulações).
 Custos ou perdas – debitam-se pelos aumentos. Creditam-se pelas diminuições
(anulações).

Quadro sintético das regras de movimentação das contas

CONTAS DEBITAM-SE CREDITAM-SE

ACTIVO Aumentos Diminuições

PASSIVO Diminuições Aumentos

SITUAÇÃO CAPITAL Diminuições Aumentos


LÍQUIDA
RESERVAS Diminuições Aumentos

RESULTADOS Custos e Perdas Aumentos Diminuições


Proveitos/ Anulações Aumentos
Ganhos

Regra fundamental

Método das partidas dobradas – a um registo a débito numa conta, corresponde sempre
a um ou mais registos a credito numa ou noutras contas, e vice-versa, isto é, a variação
numa conta é sempre equilibrada pela variação de outra ou outras contas.

Debito = credito / somatório débitos = somatório créditos

ACTIVO = PASSIVO + SITUACAO LIQUIDA

Este método (que se contrapõe ao método unigráfico ou das partidas simples) pode
sintetizar-se da seguinte maneira:
 A um débito (ou débitos) corresponde sempre um crédito (ou créditos).
 A soma dos débitos é sempre igual à soma dos créditos.
 A soma dos saldos devedores é sempre igual à soma dos saldos credores.
A contabilização de qualquer facto patrimonial obedece sempre a uma das seguintes
fórmulas digráficas:
1ª Fórmula => Uma só conta devedora e uma só conta credora
2ª Fórmula => Uma só conta devedora e várias contas credoras
3ª Fórmula => Várias contas devedoras e uma só conta credora

Licenciatura em Gestão de empresas com Habilitações em Gestão Financeira


Contabilidade Financeira I
Eddy Nuray Ntumi, Lic
4

4ª Fórmula => Várias contas devedoras e várias contas credoras

Historicamente, as contas já representaram exclusivamente as pessoas dos devedores e


dos credores e nessas circunstâncias:
 Aumentar a conta de um devedor significava aumentar o seu débito (ele deve
mais).
 Aumentar a conta de um credor significava aumentar o seu crédito (ele tem a
haver mais).
Esta lógica de movimentação foi progressivamente alargada às restantes contas (contas
de coisas e contas de factos) passando os termos débito e crédito a significar variações
positivas ou negativas (dependendo dos casos) no valor das respectivas contas, ou seja:
 Debitar uma conta significa lançar uma determinada importância no seu lado
esquerdo
(débito da conta). Tratando-se de uma conta do activo (aplicações), o débito representa
um incremento do seu valor (lógica das contas dos devedores); se a conta for do passivo
ou do capital próprio (origens), corresponde a um decréscimo do seu valor (lógica das
contas dos credores).
 Creditar uma conta significa lançar uma determinada importância no seu lado
direito (crédito da conta). Para as contas do activo (aplicações) significa um
decréscimo do seu valor (lógica das contas dos devedores) e para as contas do
passivo e do capital próprio (origens) um incremento do seu valor (lógica das
contas dos credores).

Regras de utilização
 Cada quadro de conta deve ser dedicado a uma única conta;
 Uma mutualidade deve abrir progressivamente e utilizar unicamente as contas
que lhe são úteis (ver adiante a secção sobre o plano contabilístico);
 As contas de encargo e de produtos são abertas no decurso do exercício em
função das necessidades. Contrariamente às contas de balanço, não há transporte
de saldo de um exercício para outros;
 O registo das operações nestas diferentes contas devem ser feitos linha após
linha.

Licenciatura em Gestão de empresas com Habilitações em Gestão Financeira


Contabilidade Financeira I
Eddy Nuray Ntumi, Lic
5

 A recolha da informação deve ser feita em tempo real, isto é, no momento em


que a operação é realizada.
 As contas são encerradas no último dia do exercício contabilístico. Para proceder
ao fecho da contabilidade, totaliza-se o débito depois o crédito, a diferença entre
estes dois totais corresponde ao saldo da conta que será inscrito na coluna cujo
total é o mais baixo (débito e crédito separados).
 As contas de balanço são reabertas no início de um novo exercício. Para reabrir
uma conta de balanço, inscreve-se o transporte do saldo do precedente exercício
no débito se este saldo estiver devedor, ou no crédito, se estiver credor.

A conta constitui base de toda a escrituração, visto que é a partir dela que se desenvolve
o trabalho contabilístico. Permiti-nos registar as variações sofridas pelos elementos
patrimoniais que nela se englobam. Assim, a fim de facilitar o trabalho contabilístico, a
cada conta está associado também um código.

Plano de Contas – importância

Os factos contabilísticos devem ser classificados dentro de um sistema metódico e


organizado para que a contabilização dos mesmos seja feita de maneira uniforme.
Assim, é necessário que se tenha em qualquer empresa um plano de contas elementar
de organização de qualquer sistema contabilístico eficiente.

A inexistência de um plano de contas dá margem a improvisações que podem produzir


erros.

Um bom plano de contas contém os seguintes elementos básicos:

 Elenco de contas.
 Função atribuída a cada conta.
 Funcionamento (quando deve ser debitada e quando deve ser
creditada).

Ao se elaborar um plano de contas, é necessário estudar a natureza da entidade a que ele


vai pertencer, colhendo-se os seguintes dados:

 Forma jurídica da entidade.

Licenciatura em Gestão de empresas com Habilitações em Gestão Financeira


Contabilidade Financeira I
Eddy Nuray Ntumi, Lic
6

 Ramo de actividade.
 Sistema de operações.
 Volume dos negócios.
 Exigências de ordem legal.

Classificação das contas

Contas de Contas de valores concretos – respeitam ao património. São as contas


valores do Activo e do Passivo.
concretos e Contas de valores abstractos – referem-se à expressão numérica do
Contas de valor do património, são as contas do Capital Próprio ou Situação
valores Liquida.
abstractos
Contas Contas colectivas – também designadas de contas acumuladas, são
colectivas, formadas pelas contas da mesma natureza. Ex: 4.1. Clientes, 4.2.
Contas Fornecedores, etc.
divisionárias e Contas divisionárias ou subcontas – são divisões das contas colectivas.
Contas Contas elementares – são as que contém um elemento, isto é, não se
elementares podem subdividir noutras mais simples.
Ex:
3.Investimentos de capital…………………...Classe
3.2.Activos tangíveis………………………...Conta colectiva
3.2.1.Construcoes …………………………...Conta divisionária/subconta
3.2.1.1.Edificios industriais………………….Conta elementar
Contas do 1º, 2º As contas do 1ºgrau são as que evidenciam directa e imediatamente a
e 3º grau decomposição do Activo, do Passivo e do Capital Próprio; as contas do
2ºgrau são as que resultam do desdobramento das contas do 1ºgrau e assim
sucessivamente.
Ex:
3.Investimentos de capital…………….……..Classe
3.2.Activos tangíveis………………………...Conta do 1ºgrau
3.2.1.Construcoes …………………………...Conta do 2ºgrau
3.2.1.1.Edificios industriais………………….Conta do 3ºgrau
Contas São aquelas onde se registam, provisoriamente, factos respeitantes a outra
subsidiárias conta do 1ºgrau, chamada conta principal; as contas subsidiárias aparecem
no razão juntamente com as contas em que se integram, mas estas figuram
no Balanço e aquelas não. Ex:
Contas mistas e Contas mistas – reúnem elementos patrimoniais de natureza diferente.
contas de ordem Ex: Classe 4: Contas a receber, contas a pagar, acréscimo e diferentes, que
reúne contas do Activo e do Passivo.
Contas de ordem – as que na altura não alteram o valor do património,
mas que, mais tarde, o poderão alterar. Ex: Letras descontadas.

Licenciatura em Gestão de empresas com Habilitações em Gestão Financeira


Contabilidade Financeira I
Eddy Nuray Ntumi, Lic

Você também pode gostar