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Poder Judiciário do Estado de Minas Gerais

PJe - Processo Judicial Eletrônico

20/08/2023

Número: 5127976-87.2023.8.13.0024
Classe: [CÍVEL] PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 9ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte
Última distribuição : 14/06/2023
Valor da causa: R$ 73.620,45
Assuntos: Inadimplemento, Contratos Bancários
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Advogados
ADRIANA APARECIDA SILVA (AUTOR)
ANDRE MANSUR BRANDAO (ADVOGADO)
MIDWAY S.A.- CREDITO, FINANCIAMENTO E
INVESTIMENTO (RÉU/RÉ)
CAIXA ECONOMICA FEDERAL (RÉU/RÉ)
CREDSYSTEM INSTITUICAO DE PAGAMENTO LTDA
(RÉU/RÉ)
FUNDO DE INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITORIOS
NUBANK (RÉU/RÉ)

Documentos
Id. Data da Assinatura Documento Tipo
9836360554 14/06/2023 16:51 E012054 PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL Petição Inicial (Outras)
1020389-60.2022.4.06.3800 1-1 PARTE 1
Justiça Federal da 6ª Região
PJe - Processo Judicial Eletrônico

13/06/2023

Número: 1020389-60.2022.4.06.3800
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 10ª Vara Federal Cível da SSJ de Belo Horizonte
Última distribuição : 28/12/2022
Valor da causa: R$ 73.620,45
Assuntos: Inadimplemento, Limitação de Juros
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
ADRIANA APARECIDA SILVA (AUTOR) ANDRE MANSUR BRANDAO (ADVOGADO)
CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF (REU)
FUNDO DE INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITORIOS
NUBANK (REU)
MIDWAY S.A.- CREDITO, FINANCIAMENTO E
INVESTIMENTO (REU)
CRED - SYSTEM ADMINISTRADORA DE CARTOES DE HELLEN SUELY PEREIRA SANTOS (ADVOGADO)
CREDITO LTDA (REU) MARCELO CANAAN CORREA VEIGA (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
13210 28/12/2022 11:01 Petição inicial Petição inicial
44869
13210 28/12/2022 11:01 00 - INICIAL - ADRIANA APARECIDA SILVA - Inicial
44870 SUPERENDIVIDAMENTO
13210 28/12/2022 11:01 01 - PROCURAÇÃO - ADRIANA APARECIDA SILVA Procuração
44871
13210 28/12/2022 11:01 02 - ID E CPF - ADRIANA APARECIDA SILVA Documento de Identificação
44872
13210 28/12/2022 11:01 03 - DECLARAÇÃO HIPOSSUFICIÊNCIA - ADRIANA Declaração de hipossuficiência/pobreza
44874 APARECIDA SILVA
13210 28/12/2022 11:01 04 - AFASTAMENTO - ADRIANA APARECIDA SILVA Documento Comprobatório
44875
13210 28/12/2022 11:01 05 - AFASTAMENTO 2 - ADRIANA APARECIDA Documento Comprobatório
44876 SILVA
13210 28/12/2022 11:01 06 - RESUMO MIDWAY - ADRIANA APARECIDA Documento Comprobatório
44877 SILVA
13210 28/12/2022 11:01 07 - CARTÃO CEF - ADRIANA APARECIDA SILVA Documento Comprobatório
44878
13210 28/12/2022 11:01 08 - CREDSYSTEM - ADRIANA APARECIDA SILVA Documento Comprobatório
44879
13210 28/12/2022 11:01 09 - NUBANK - ADRIANA APARECIDA SILVA Documento Comprobatório
44880
13210 28/12/2022 11:01 09 - NUBANK 2 - ADRIANA APARECIDA SILVA Documento Comprobatório
44881
13210 28/12/2022 11:01 09 - NUBANK 3 - ADRIANA APARECIDA SILVA Documento Comprobatório
44882
13210 28/12/2022 11:01 09 - NUBANK 4 - ADRIANA APARECIDA SILVA Documento Comprobatório
44884
13210 28/12/2022 11:01 10 - PLANILHA - ADRIANA APARECIDA SILVA Planilha
44885
13226 10/01/2023 12:45 Informação de Prevenção Informação de Prevenção
26870

Número do documento: 23061416504374300009832449373


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23061416504374300009832449373
Assinado eletronicamente por: CLAYTON GALDINO CAMPBELL - 14/06/2023 16:50:43 Num. 9836360554 - Pág. 1
13226 10/01/2023 14:08 Certidão Certidão
82383
13226 17/01/2023 17:25 Decisão Decisão
92858
13250 17/01/2023 17:26 Certidão Certidão
72906
13373 17/02/2023 17:12 Petição intercorrente Petição intercorrente
06878
13373 17/02/2023 17:12 PETIÇÃO - ADRIANA APARECIDA SILVA - Petição intercorrente
06881 17022023
13658 19/04/2023 16:06 Decisão Decisão
52870
13660 19/04/2023 16:06 Certidão Certidão
52386
13907 06/06/2023 17:23 Procuração/Habilitação
32382
13907 06/06/2023 17:23 1 - ADRIANA APARECIDA SILVA - manifestação Manifestação
32385
13907 06/06/2023 17:23 2 - Procuração, Substabelecimento e Contrato Social Procuração
32386 - CREDSYSTEM
13907 06/06/2023 17:25 Procuração/Habilitação
41348
13930 12/06/2023 18:45 Certidão Certidão
34374
13930 12/06/2023 18:45 e-mail 1020389 E-mail
34377
13930 12/06/2023 18:45 confir. 1020389 E-mail
34380

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.

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Número do documento: 22122810585419600001309724052

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AO JUÍZO DA _____ VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE MINAS
GERAIS.

“A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à


justiça em todo lugar”
(Martin Luther King)

ADRIANA APARECIDA SILVA, Brasileira, Solteira, desempregada, inscrita no CPF


nº. 039.735.436-31, carteira de identidade MG – 10.629.502 PCMG, filiação Baltasar
Antônio da Silva e Maria Aparecida Silva, endereço eletrônico
enferdrikasilva@yahoo.com.br, residente e domiciliado na Rua Santa Aliança, n°:
140, Bairro São Marcos, Belo Horizonte/MG, CEP 31920-550, vem,
respeitosamente, perante V.Exa., por seus procuradores in fine assinados, com
escritório profissional na Rua Matias Cardoso, nº 63, Salas 705/708, Bairro Santo
Agostinho, Belo Horizonte/MG, CEP 30170-050, com fulcro na lei 8.078/90 e
14.181/2021, propor

AÇÃO REEXAME CONTRATUAL COM PEDIDO DE REPACTUAÇÃO DE DÍVIDA


C/C PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

em face de em face do CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, empresa


pública vinculada ao Ministério da Fazenda, inscrita no CNPJ nº 00.360.305/0001-
04, criada pelo Decreto-Lei nº 759/69, alterado pelo Decreto-Lei nº 1.259/73, com
sede no Setor Bancário Sul, Quadra 04, Lotes 3 e 4, Asa Sul, Brasília/DF, CEP
70.092-900, endereço eletrônico gecol@caixa.gov.br; FUNDO DE INVESTIMENTO
EM DIREITOS CREDITORIOS NUBANK, instituição financeira inscrita no CNPJ sob o nº
23.293.505/0001-97, situada na AV Brigadeiro Faria Lima, n° 1.350, 3º andar, Jardim
Paulistano, São Paulo/SP, CEP 01.452-002; MIDWAY S.A. - CRÉDITO,

Rua Matias Cardoso, 63, 705/708


Santo Agostinho – Belo Horizonte, MG – CEP 30170-050
Telefax: (031) 3330-4040

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FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no
CNPJ: 09.464.03/0001-12, com sede na Rua Leão XIII, nº 500, anexo A, Bairro Jardim
São Bento, São Paulo/SP, CEP: 02526-900, endereço eletrônico inexistente;
CREDSYSTEM INSTITUIÇÃO DE PAGAMENTO LTDA., pessoa jurídica de direito
privado, inscrito(a) no CNPJ sob o nº 04.670.195/0001-38, estabelecida à Alameda Rio
Negro, nº: 161, 3º andar, salas 301/302, Bairro Alphaville, Barueri/SP, CEP 06.454-000,
endereço eletrônico contabilidade@credsystem.com.br; pelos motivos de fato e de direito
que passa a expor:

I – DAS CONSIDERAÇÕES INICIAIS - SUPERENDIVIDAMENTO

Com a introdução do crédito no mercado de consumo, houve a inclusão de


grande parte da população neste mercado, e consequente popularização do uso de
cartões de créditos, empréstimos consignados e do cheque especial, o que por sua
vez, afilou a relação dos consumidores e dos bancos.

Ora, com o crédito inserido no mercado de consumo, há uma busca maior


pela “qualidade de vida” com o acesso aos produtos e serviços tidos como
essenciais pela sociedade capitalista. Ocorre que, ao contrário do que se pode
imaginar, o acesso ao crédito acabou por diminuir o bem-estar dos consumidores,
isso, em decorrência das condutas abusivas por parte dos detentores do crédito
contra os clientes vulneráveis, levando estes ao superendividamento.

Esse cenário é resultado do mercado financeiro atual, que tem como


foco a oferta de crédito, com as empresas desse tipo de produto utilizando de
todos os meios disponíveis no mercado, “cercando” os clientes por todos os
lados, por muitas vezes aproveitando da fragilidade e do desconhecimento
técnico dos consumidores. Colaborando para que, surgindo alguma
necessidade embora efêmera e que poderia ser postergada ou até mesmo

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deixada de lado, em consequência da facilidade de contratação, leve o
consumidor ao superendividamento desnecessário.

Além disso, após a contratação do “crédito”, por muitas vezes, os


consumidores se vêm amarrados em um emaranhado de renegociações não
solicitadas, o que acaba por eternizar o endividamento destes.

Segundo os dados do BC, no Brasil, a população com carteira de crédito


ativa atingiu 85 milhões de tomadores em dezembro de 2019. Desse total, 5,4% ou
4,6 milhões de tomadores estavam em situação de superendividamento 1, ou seja,
devem às instituições financeiras mais do que podem pagar.

O relatório do Banco Central, também aponta que 2 milhões de


consumidores bancários, após realizarem o pagamento de suas dívidas, restam com
a renda abaixo da linha de pobreza, conforme pode ser verificado no print abaixo:

É nesse contexto e, a fim de possibilitar que este Douto Juízo, ao analisar a


questão sob judice, o faça com a maior proximidade da realidade, vistas o alcance
de justiça no caso concreto, pede-se licença para, em poucas palavras, fazer a

1
https://www.bcb.gov.br/content/cidadaniafinanceira/documentos_cidadania/serie_cidadania/
serie_cidadania_financeira_6_endividamento_risco.pdf

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apresentação de quem é a Sra. Adriana, e o caminho que percorreu para chegar a
situação que atualmente se encontra.

A Sra. Adriana, é enfermeira, contudo, em razão uma doença grave nos rins,
foi dispensada de suas atividades, e como a maioria dos brasileiros, se desdobra
para conseguir se sustentar. Ocorre que, como boa parte da população, assim como
a Autora encontra-se em uma situação de superendividamento, devido a
empréstimos consignados e pessoais com descontos em folha, conta bancária e
dívida lançada em cartão de crédito.

Ao somar os descontos realizados nos rendimentos e conta bancária da


Autora lhe resta pouca quantia para arcar com as despesas básicas para sua
sobrevivência, tais como, consumo de energia elétrica, água, alimentação e
vestuário, ou seja, com os descontos realizados pelas instituições financeiras, não
restando o mínimo existencial, o que vai de encontro a Constituição da República
Federativa do Brasil, Código de Defesa do Consumidor, e as alterações trazidas pela
lei 14.181/2021, conforme o que narra a seguir.

II - JUSTIÇA GRATUITA

Conforme exposto, esclarece a Autora se encontra em uma situação


financeira extremamente delicada, uma vez que vê-se em situação de
superendividamento, ficando, não possuindo renda sequer para pagar as suas
dívidas, estando abaixo da linha da pobreza.

Assim sendo, em que pese os valores percebidos pela Autora ser superior a
que aufere boa parte da população brasileira, o seu superendividamento é uma
situação REAL. E considerando que está desempregada, não possui valores aptos a
subsidiar a sua sobrevivência e manter em dia suas dívidas. Vejamos a planilha de
seus gastos:

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ADRIANA APARECIDA SILVA

Planilha de análise Financeira


Descrição Valor
Desempregada R$ 0,00
Total Rendimentos R$ 0,00

Rendimento líquido R$ 0,01


*Valor apurado após o calculo de todos os valores percebidos pela Autora, subtraídos os descontos
compulsórios como Imposto de Renda e Previdência

Margem Consignável R$ 0,00


*30% (trinta por cento) sob os rendimentos líquidos percebidos pelo Autor.

Descontos Empréstimos e Consignados Instituição Financeira Natureza Valor


Midway S.A Contrato de mútuo R$ 1.480,32
NuBank Contrato de mútuo R$ 2.500,00

Dívidas inscritas Instituição Financeira Natureza Valor


Credsystem Cartão de Crédito R$ 10.328,73
Caixa Econômica Federal Cartão de Crédito R$ 293,99

Subtotal R$ 14.603,04

Despesas Entidade Natureza Valor


R$ 0,00

Subtotal R$ 14.603,04
Saldo -R$ 14.603,03
Comprometimento da renda 486767766,67%

Conforme pode ser verificado, a Autora, sem contar as dívidas, está sem
qualquer remuneração mínima para a sua sobrevivência.

Em caso parecido já decidiu o Tribunal de Justiça de São Paulo. Vejamos:

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. Sentença


de parcial procedência dos pedidos. Recurso que versa exclusivamente
sobre a gratuidade de justiça. Réu que demonstrou a presença dos
requisitos do art. 98 do CPC/2015, por receber, mensalmente, menos de 3
salários-mínimos, bem como por estar em situação de
superendividamento (art. 54-A do Código de Defesa do Consumidor),
fatores que, conjuntamente, autorizam o deferimento do pedido. Juiz
que, ademais, não respeitou a regra do art. 99, § 2º, do CPC/2015, ao
não intimar o apelante a juntar novos documentos antes de indeferir o
pedido, o que autoriza a atribuição de efeitos retroativos, considerada a
presunção de veracidade da declaração de insuficiência de recursos.
RECURSO PROVIDO. (TJSP; Apelação Cível 1007262-
78.2020.8.26.0229; Relator (a): Alfredo Attié; Órgão Julgador: 27ª Câmara
de Direito Privado; Foro de Hortolândia - 3ª Vara Cível; Data do
Julgamento: 30/08/2021; Data de Registro: 30/08/2021) (grifo nosso)

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Importante salientar que a parte Autora é enfermeira e até o ano de 2020,
cumulava dois cargos, sendo um na prefeitura de São José da Lapa e outro no
Município de Ribeirão das Neves, em todos os casos por meio de contrato.

Todavia, logo com o início da pandemia, a Autora que é portadora de uma


doença grave nos Rins (síndrome de berger), necessitou ficar afastada do trabalho
por 15 (quinze) dias.

Registra-se que essa doença é grave, no ano de 2016, a Autora perdeu


parte de um dos rins, em virtude dessa doença, por isso, não podia ficar exposta
durante o período de pico do Covid-19.

Ato contínuo, ainda em 2020, em razão do prolongamento do quadro


pandêmico a Autora foi afastada do trabalho por tempo indeterminado.

Ocorre que em virtude desses afastamentos a Autora foi dispensada da


prefeitura de São José da Lapa, ainda em 2020, sendo que, posteriormente, em
2021, também foi dispensada da prefeitura de Ribeirão das Neves.

Nesse contexto, desempregada, a Autora desde 2021 vem acumulando


dívidas, uma vez que contraiu empréstimo e renegociou débitos para tentar manter
suas contas, na esperança de se recolocar o mercado de trabalho o que não
conseguiu até o presente momento.

Frisa-se por oportuno, que atualmente está inserida no mercado informal,


não atingindo a média mensal de R$500,00 (quinhentos reais) por mês.

Nesse sentido, não possui condições de arcar com as despesas processuais e


honorários advocatícios, sem comprometer o próprio sustento e de sua família, pois vê-se
no estado de pobreza nos termos da lei 1.060/50, do art. 5º, LXXIV da Constituição

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Federal de 1988 e art. 98 do CPC/15, conforme declaração, razão pela qual, pleiteia os
benefícios da Assistência Judiciária Gratuita.

III – FATOS

De início, importa expor que a Autora é enfermeira, contudo, em virtude de


uma grave doença nos rins, encontra-se inapta para o mercado de trabalho, estando
atualmente desempregada.

Necessário trazer a baila que até o ano passado a Autora, possuía 02 (dois)
empregos, pelo que possuía uma boa renda, conseguindo arcar com os seus
cartões de crédito e suas dívidas.

Frisa-se por oportuno, que atualmente está inserida no mercado informal,


não atingindo a média mensal de R$500,00 (quinhentos reais) por mês.

Ultrapassada tal questão, através dos documentos anexos é possível


vislumbrar que a Autora, não possui nenhuma renda, dependendo da ajuda de
terceiros para sobreviver.

Ocorre que possui inúmeras dívidas em razão de empréstimos bancários.


Vejamos:

A) DÍVIDAS EM ABERTO

1) MIDWAY (I) – empréstimo de R$ 6.000,00 (seis mil reais), em 06 (seis) parcelas,


de R$1.480,32 (hum mil quatrocentos e oitenta reais e trinta e dois centavos) cuja
via contratual completa não foi entregue, possuindo apenas o resumo da avença;

2) NUBANK (II) – negociação de cartão de crédito em 10 (dez) parcelas de R$


2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), cuja via contratual não foi entregue;

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3) CREDSYSTEM (III) – cartão de crédito no importe de R$ 10.328,73 (dez mil
trezentos e vinte e oito reais e setenta e três centavos), cuja via contratual não foi
entregue;

4) CAIXA ECONÔMICA FEDRAL (IV) – negociação de cartão de crédito em 96


(noventa e seis) parcelas de R$ 293,99 (duzentos e noventa e três reais e noventa e
nove centavos), cuja via contratual não foi entregue;

Assim, infere-se que a Autora possui 04 (quatro) dívidas, que estão inscritas
nos cadastros restritivos de crédito, lhe restando nada para as despesas básicas
necessárias para sua sobrevivência, com as quais têm que arcar mensalmente.

Considerando-se todas as operações bancárias, chega-se as dívidas em


aberto, inscrita nos cadastros restritivos de crédito, no importe de R$ 14.603,04
(quatorze mil seiscentos e três reais e quatro centavos) que se forem pagas na
forma acordada, não a deixa com NADA para sobreviver.

Nesse contexto, a Autora não possui condições de arcar com os contratos


da forma ajustada, razão pela qual, com fundamento no princípio da Dignidade da
Pessoa Humana, no Código de Defesa do Consumidor e as alterações nele
introduzidas pela lei 14.181/2021, além de outros dispositivos legais, a Requerente
pretende a revisão dos contratos de empréstimos, visando a adequar os mesmos à
ordem jurídica vigente, possibilitando o restabelecimento da normalidade de sua vida
financeira

IV – DO DIREITO

IV.1 – INCIDÊNCIA DAS REGRAS PROTETIVAS DO CÓDIGO DE DEFESA DO


CONSUMIDOR

A relação travada entre as partes, ao firmarem o contrato objeto da presente


demanda, ostenta indisfarçável viés consumerista, sendo aplicáveis, portanto, as

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regras protetivas abrigadas no Código de Defesa do Consumidor. Nesse sentido, eis
o teor do enunciado sumular 297 do c. STJ.

Logo, estabelecido o padrão hermenêutico que deve ser invocado para


tutelar a questão aqui debatida, devem incidir na espécie os preceitos encartados na
Lei 8.078/90, em especial a inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII, do CDC) e a
possibilidade de revisão de cláusulas contratuais abusivas (art. 6º, V, do CDC), sem
prejuízo das demais disposições atinentes à facilitação da defesa do consumidor em
juízo.

IV.2 – DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E O MÍNIMO EXISTENCIAL

O pedido da parte Autora tem como plano de fundo o princípio da dignidade


da pessoa humana, ao passo que pretende a revisão dos contratos de empréstimos
e cartão de crédito, por meio da limitação de descontos e repactuação de seu débito,
como forma de garantir o mínimo para sua sobrevivência.

É sabido que a Dignidade da Pessoa Humana é o centro da ordem jurídica


democrática, revelando-se como um super ou supraprincípio, pelo que a Dignidade
Humana e as condições materiais da existência não podem retroceder aquém de um
mínimo existencial, devendo, nesses casos, haver interferência do poder estatal e do
judiciário, como forma de viabilizar a concretização do inciso III, do artigo 1° da
Constituição da República do Brasil. Vejamos:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel


dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
(...)
III - a dignidade da pessoa humana;
(…)

Nesse contexto, o mínimo existencial pode ser entendido como a garantia de


condições que possibilite o indivíduo manter o básico para a sua sobrevivência, a fim

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de que tenha acesso à moradia, água, alimentação, vestuário, saúde, educação e
laser.

Ocorre que no caso em espeque, a Autora não tem tido condições de manter
o mínimo necessário para sua sobrevivência e de sua família e pagar todas as
dívidas que possui, restando caracterizada a situação entendida como
“superendividamento”, levando-a a uma condição análoga a insolvência.

III.3 – DO SUPERENDIVIDAMENTO E A LEI 14.181/21

Com o intuito de garantir o mínimo existencial ao indivíduo, o artigo 21 da Lei


nº 1.046/1950 prescreve que, ipsis litteris:

Art. 21. A soma das consignações não excederá de 30% (trinta por
cento) do vencimento, remuneração, salário, provento, subsídio, pensão,
montepio, meio-sôldo, e gratificação adicional por tempo de serviço.

Entretanto, as instituições financeiras têm utilizado de uma manobra ardilosa


para burlar a legislação vigente fomentando o endividamento dos consumidores e
garantindo o recebimento das parcelas de empréstimos e operações financeiras,
mediante um "confisco" direto nos rendimentos do seu trabalho, POR MEIO DE
DESCONTO EM CONTA.

Nesse contexto, ao verificarem que o consumidor atingiu a margem


consignada nos descontos em folha de pagamento, qual seja, 30% (trinta por cento),
passam a ofertar empréstimos com descontos na conta-corrente que o consumidor
recebe seus vencimentos, pois assim, resguardariam o limite estabelecido para
desconto em folha

Ocorre que diante de tais práticas, aliadas a agressiva oferta de crédito,


inúmeros consumidores, quando somados os descontos em folha de pagamento e
conta bancária, acabam ficando com toda a renda comprometida, não restando
nenhum valor para mantença das despesas básicas.

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Nesse cenário, configura-se o superendividamento, sendo este entendido
como a incapacidade manifesta do consumidor, enquanto pessoa natural, pagar
suas dívidas de consumo vencidas e vincendas, isso, conforme prescreve o artigo
54-A do Código de Defesa do Consumidor. Vejamos:

Art. 54-A. Este Capítulo dispõe sobre a prevenção do superendividamento


da pessoa natural, sobre o crédito responsável e sobre a educação
financeira do consumidor.
§ 1º Entende-se por superendividamento a impossibilidade manifesta
de o consumidor pessoa natural, de boa-fé, pagar a totalidade de suas
dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprometer seu
mínimo existencial, nos termos da regulamentação.

Conforme relatado anteriormente, o Autor deveria receber mensalmente a


quantia líquida de R$ 500,00 (quinhentos reais), a qual encontra-se TOTALMENTE
comprometida para suas despesas, e se for considerar os seus ganhos x dívidas, se
nota que haveria o comprometimento de 9502,03% (nove mil quinhentos e dois
vírgula zero três por cento) de seus vencimentos.

Se consideramos, o limite legal da margem consignada em relação aos


ganhos que a Autora possui atualmente, os débitos superam, em muito, a margem
consignável de 30% (Trinta por cento), qual seja, no patamar máximo de R$ 150,00
(cento e cinquenta reais).

Registra-se que, deve ser observado o artigo 7º, X da Constituição Federal


que prevê a proteção do salário do trabalhador seja ele servidor público ou não,
contra qualquer atitude de penhora, retenção, ou restrição praticada pelo
empregador ou pelos credores, salvo no caso de prestação alimentícia:

"São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem
à melhoria de sua condição social:
(...)
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua
retenção dolosa".

Destarte, tais verbas têm natureza alimentar

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Tem-se, pois, que sólida jurisprudência não só do Tribunal de Justiça de
Minas Gerais, como também do STJ, com o posicionado no sentido de que às
instituições bancárias não é permitido utilizar todo o salário de seu cliente para a
cobertura de débitos.

Mesmo que, para tanto, haja expressa anuência do titular, exarada no


respectivo instrumento de contrato, vez que tal procedimento constitui apropriação
indevida de verba salarial, o que, como visto, malfere expressa disposição
constitucional, notadamente do da Dignidade da Pessoa Humana.

Isso por que, não pode as instituições financeiras apropriarem se


integralmente os proventos depositados, pois atinge os recursos que servem à
sobrevivência da parte Autora e colocaria os Réus em posição de credores
especialmente privilegiados, o que infelizmente tem sido observado no caso em
questão.

Fica registrado que, para garantia do mínimo existencial, o total dos


descontos não podem ultrapassar o percentual de 30% (trinta por cento) do valor
dos proventos líquidos creditados na conta da Autora, limite com esteio na
jurisprudência majoritária, que tem entendido como adequado para esse tipo de
negociação.

Ab initio, vale dizer que, as alterações do CDC provenientes da Lei do


Superendividamento (Lei 14.181/21), sancionada no dia 02 de julho de 2021, vieram
para confirmar a importância da avaliação da boa-fé e, a necessidade de proteção
da dignidade do ser humana, ou seja, o mínimo existencial.

Para a nova legislação, a avaliação do que seja boa-fé do consumidor


quanto ao seu superendividamento não é simplória. O fato do consumidor ter
contraído dívida além de sua capacidade de pagamento não pode ser

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considerado uma conduta de má-fé, principalmente no cenário econômico
atual. Desta feita, a dívida, em situação de vulnerabilidade econômica não
significa, por óbvio dizer que o devedor atuou em violação à boa-fé.

Não obstante, é demais afirmar que, o excesso de dívidas gravita em torno


da órbita da morte civil e social da pessoa, sem falar, no abatimento que atinge o
íntimo do indivíduo, que muitas vezes se encontra sem saída, para resolver suas
questões financeiras, bem como passa a não ter esperança quanto ao pagamento
de suas avenças, por se encontrar em uma “bola de neve” que aumenta a cada dia.

O fato é que o superendividamento leva ao extermínio do mínimo


existencial do indivíduo, pois todas as quantias recebidas mensalmente são
destinadas a quitação dos valores devidos, em especial para as instituições
financeiras que fornecem crédito fácil, sem informar devidamente os juros aplicados
e a quantia a ser paga até o final do contrato, em patente violação ao artigo 52 do
CDC.

Menciona-se que no caso em comento, a Autora, no momento da


contratação, não recebeu por parte de nenhuma das Rés, as vias dos contratos que
lhes eram destinadas, tendo acesso aos extratos de alguns empréstimos realizados
com a 1° Ré, somente após diligenciar até a agência bancária e realizar a
solicitação, o que, infelizmente não conseguiu junto aos outros Réus.

Ora Exa., não basta informar as condições relevantes sobre o produto e


serviço ofertado, devem as instituições garantirem que a transmitir de forma
adequada os termos da avença, em especial em caso de mora, para que essa seja
devidamente compreendida.

Desta feita, em conformidade com tudo o que foi narrado acima, o que se
buscou com a incidência da Lei do Superendividamento, é a garantia do mínimo
existencial para resguardar o patrimônio mínimo da pessoa atingida, visando anular
os efeitos dos contratos que causam o endividamento excessivo do consumidor,

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assim, a legislação supracitada possui como ponto fulcral a proteção do "minimum
minimorum", em respeito aos artigos 6º, inciso XII, e 54-A, §1º, do CDC.

Neste momento, cabe trazer a baila, que a situação financeira da parte


Autora é grave, haja vista os inúmeros empréstimos lançados em sua conta e
folha de pagamento além dos gastos com as despesas básicas para sua
mantença, motivo pelo qual roga a esse douto juízo a aplicação da recente
legislação.

Inclusive, nesta oportunidade, traz-se aos autos os ditames do art. 3º da Lei


14.181/21:

Art. 3º A validade dos negócios e dos demais atos jurídicos de crédito em


curso constituídos antes da entrada em vigor desta Lei obedece ao
disposto em lei anterior, mas os efeitos produzidos após a entrada em
vigor desta Lei subordinam-se aos seus preceitos. (grifos nossos)

Desta feita, considerando que a presente ação visa adequar os contratos


firmados e possibilitar a parte Autora, condições mínimas de sobrevivência,
necessário se faz a aplicação das normas referentes à conciliação no
superendividamento, previstas nos artigos 104-A a 104-C, em especial por
possuírem natureza processual de aplicação imediata.

Ademais, notório que a normativa em comento, promoveu a alteração alguns


dos dispositivos do CDC, confira-se:

Art. 1º A Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do


Consumidor), passa a vigorar com as seguintes alterações

Art. 4º
(…)
VI - instituição de mecanismos de prevenção e tratamento
extrajudicial e judicial do superendividamento e de proteção do
consumidor pessoa natural;

Art. 6º
(…)

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XII - a preservação do mínimo existencial, nos termos da
regulamentação, na repactuação de dívidas e na concessão de
crédito; (grifos nossos)

Importante frisar, que a legislação supracitada se trata de normatização que


imprime concretude à cláusula geral de boa-fé, especialmente na perspectiva da
lealdade e do dever de informação, prevista no artigo 52 do CDC, em razão dos
inúmeros casos como o da parte Autora. Confira-se:

Art. 54-B. No fornecimento de crédito e na venda a prazo, além das


informações obrigatórias previstas no art. 52 deste Código e na
legislação aplicável à matéria, o fornecedor ou o intermediário deverá
informar o consumidor, prévia e adequadamente, no momento da
oferta, sobre:
I - o custo efetivo total e a descrição dos elementos que o compõem;
II - a taxa efetiva mensal de juros, bem como a taxa dos juros de mora
e o total de encargos, de qualquer natureza, previstos para o atraso
no pagamento;
III - o montante das prestações e o prazo de validade da oferta, que
deve ser, no mínimo, de 2 (dois) dias;
§2º Para efeitos deste Código, o custo efetivo total da operação de crédito
ao consumidor consistirá em taxa percentual anual e compreenderá todos
os valores cobrados do consumidor, sem prejuízo do cálculo padronizado
pela autoridade reguladora do sistema financeiro.
§3º Sem prejuízo do disposto no art. 37 deste Código, a oferta de
crédito ao consumidor e a oferta de venda a prazo, ou a fatura
mensal, conforme o caso, devem indicar, no mínimo, o custo efetivo
total, o agente financiador e a soma total a pagar, com e sem
financiamento.

Assim dizendo, a normativa em vigor reforça o direito do superendividado a


obter um recomeço, quando os preceitos acima estabelecem procedimento
específico destinado a assegurar ao consumidor superendividado o direito a
renegociar as dívidas para conseguir sobreviver. In verbis:

Art. 104-A. A requerimento do consumidor superendividado pessoa


natural, o juiz poderá instaurar processo de repactuação de dívidas,
com vistas à realização de audiência conciliatória, presidida por ele
ou por conciliador credenciado no juízo, com a presença de todos os
credores de dívidas previstas no art. 54-A deste Código, na qual o
consumidor apresentará proposta de plano de pagamento com prazo
máximo de 5 (cinco) anos, preservados o mínimo existencial, nos
termos da regulamentação, e as garantias e as formas de pagamento
originalmente pactuadas.

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(...)
§ 4º Constarão do plano de pagamento referido no § 3º deste artigo:
I - medidas de dilação dos prazos de pagamento e de redução dos
encargos da dívida ou da remuneração do fornecedor, entre outras
destinadas a facilitar o pagamento da dívida;
II - referência à suspensão ou à extinção das ações judiciais em
curso;
III - data a partir da qual será providenciada a exclusão do consumidor
de bancos de dados e de cadastros de inadimplentes; (grifos nossos)

REGISTRA QUE TAL SITUAÇÃO ACABA POR ETERNIZAR O


ENDIVIDAMENTO PARTE DA AUTORA, CAUSANDO O EFEITO “BOLA DE
NEVE”, COM DÍVIDAS QUE AUMENTAM A CADA DIA, POIS UMA VEZ FICANDO
NEGATIVADA A SUA CONTA BANCÁRIA, SEM DINHEIRO ATÉ MESMO PARA
COMER, O REQUERENTE É FORÇADO A “ACEITAR” A RENEGOCIAÇÃO DE
ALGUM DOS EMPRÉSTIMOS PARA COM O “TROCO” DA OPERAÇÃO ARCAR
COM AS DESPESAS BÁSICAS DAQUELE MÊS, OU SEJA, ISSO NUNCA
ACABA.

Em razão do exposto, roga-se pela aplicação imediata da Lei 14.181/21,


denominada “Lei do Superendividamento”, possibilitando que a parte Autora
promova a repactuação de suas dívidas, adequando-as ao cenário atual, em
detrimento da perda da sua garantia mínima de sobrevivência.

Outrossim, apesar da pseudo-autorização permitindo o desconto em conta


bancária, não deve ser permitido que tais débitos ponham em risco a sobrevivência
da Autora e de sua família, de modo que o percentual do desconto não deve ser
fixado em patamar superior a 30% (trinta por cento) de seus rendimentos.

Nesse sentido, em caso semelhante, já se decidiu o Tribunal de Justiça de


São Paulo:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. Ação revisional de contrato bancário.


Empréstimos, tanto consignado quanto com desconto direto em conta
bancária. Decisão agravada que deferiu a tutela provisória de urgência de
natureza antecipada pleiteada pela parte autora para reduzir o valor dos
empréstimos no patamar de 30% dos vencimentos líquidos. Insurgência da

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instituição financeira ré. Pretensão de reforma da decisão. Pedido de
concessão de efeito suspensivo, cuja apreciação se dá, neste momento,
diretamente pelo colegiado desta câmara julgadora (arts. 129 e 168, § 2º
do RITJSP). Sem razão. Presentes os requisitos do artigo 300 do CPC.
Probabilidade do direito perseguido pelo autor, pois somados os descontos
em folha e aqueles diretamente na conta bancária o limite de 30% da
renda é ultrapassado, o que confere, em tese, verossimilhança às suas
alegações. Evidente o fundado receio de dano irreparável ou de difícil
reparação ao autor, ante a natureza alimentar de seus proventos, que não
são elevados e visam atender suas necessidades básicas. Vale destacar
que, embora o desconto em conta corrente implique em suposta
autorização da parte contratante, deve-se considerar possuir a pessoa
condições dignas de sobrevivência, sendo mais razoável e adequado o
entendimento que permite a efetivação dos descontos, desde que
limitado a percentual que não implique em situação desfavorável ao
devedor, a ponto de impedir a sua subsistência ou de sua família;
porém, sem perder de vista o direito do credor ao recebimento do seu
crédito. Previsão legal de imposição de astreintes no artigo 537 e seus
parágrafos do Código de Processo Civil, para coibir a inércia daquele que
tem o dever de cumprir alguma obrigação, garantindo, assim, a eficácia da
determinação judicial. Valor arbitrado que não se afigura excessivo,
considerando o porte econômico dos réus e o objetivo da aludida multa,
que visa compelir ao cumprimento de uma obrigação de fácil execução.
Efeito suspensivo negado e, na sequência, desde já julgado o agravo com
a decisão recorrida ficando mantida. Recurso desprovido. (TJSP; Agravo
de Instrumento 2166607-37.2021.8.26.0000; Relator (a): Roberto Maia;
Órgão Julgador: 20ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível - 14ª
Vara Cível; Data do Julgamento: 16/08/2021; Data de Registro:
19/08/2021)

V – DA EXIBIÇÃO DOS CONTRATOS POR PARTES DOS RÉUS

Ao contrário do que disciplina a legislação consumerista, os Réus não


forneceram à parte Autora as vias completas dos contratos de empréstimos como
lhe é de direito, entregando apenas resumos.

Nesse contexto, pleiteia a condenação dos Réus na apresentação dos


contratos realizados com a parte Autora.

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VI – DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

Ora, pelo simplório fato de a demanda em tela abordar temática relativa ao


comprometimento de verba alimentar e garantia do mínimo existencial à parte
Autora, imperioso que haja a concessão da Tutela Provisória de Urgência, para fins
suspender a exigibilidade dos contratos, por parte das Rés, sem incidência de
encargos moratórios, ou qualquer outra penalidade, até a data realização da
audiência de conciliação a ser designada por este Douto Juízo, sob pena de multa
diária não inferior a R$1.500,00 (hum mil e quinhentos reais);

Alternativamente, não sendo o entendimento de Vossa Excelência pelo


deferimento da suspensão da exigibilidade dos contratos até a realização da
audiência de conciliação, pugna a parte Autora para que este Douto Juízo defira a
antecipação dos efeitos da tutela para, desta maneira, determinar que os Réus se
abstenham de descontar, na folha de pagamento e conta bancária que a parte
Autora percebe seus vencimentos, qualquer valor, que ultrapasse a margem
consignável, qual seja, R$ 150,00 (cento e cinquenta reais), ate que a mesma
disponha de margem consignável no percentual determinado por lei.

Requer ainda, o congelamento do saldo devedor que extrapolar a margem


consignável, determinando aos Réus que se abstenham de incluir o nome da Autora
em quaisquer cadastros restritivos de crédito, até que a margem consignável esteja
novamente disponível para prosseguimento do desconto

Ora, o Código de Processo Civil traz em seu art. 300 a probabilidade de


concessão de Tutela Provisória de Urgência, sempre que demonstrada a
probabilidade do direito e o perigo de dano, in verbis:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos


que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.

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Prima facie, as alegações trazidas na exordial podem ser comprovadas do-
cumentalmente, de forma que o direito aqui arguido é certo.

Por outro lado, o receio de ocorrência de dano também se mostra presente,


eis que a parte Autora está desempregada, vivendo de renda informal. Situação
que a prejudica sobremaneira, põe em risco a satisfação das necessidades mais
básicas como, alimentação, moradia, vestuário, dentre outras e a coloca abaixo da li-
nha da pobreza.

Assim, pugna a parte Autora para que este Douto Juízo defira a antecipação
dos efeitos da tutela conforme alhures narrado.

VII – PEDIDOS

VII.1 - EM TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA:

1) Seja determinada a suspensão da exigibilidade dos contratos, por parte das Rés,
sem incidência de encargos moratórios, ou qualquer outra penalidade, até a data
realização da audiência de conciliação a ser designada por este Douto Juízo, sob
pena de multa diária não inferior a R$1.500,00 (hum mil e quinhentos reais);

1.1) Alternativamente, não sendo o entendimento de Vossa Excelência


pelo deferimento do pedido “1”, pugna a Autora para que este Douto Juízo defira a
antecipação dos efeitos da tutela para, determinar que os Réus se abstenham de
descontar, na folha de pagamento e conta bancária que a parte Autora percebe seus
vencimentos, qualquer valor, que ultrapasse a margem consignável (30%), qual seja
R$ 150,00 (cento e cinquenta reais), ate que a mesma disponha de margem
consignável no percentual determinado por lei;

1.2) Deferido o pedido “1.1”, requer o congelamento do saldo devedor que


extrapolar a margem consignável, sem incidência de encargos moratórios, ou

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qualquer outra penalidade, determinando aos Réus que se abstenham de incluir o
nome da parte Autora em quaisquer cadastros restritivos de crédito, até que a
margem consignável esteja novamente disponível para prosseguimento do
desconto;

1.3) Caso V.Exa., não entenda ser o caso de aplicação do disposto no art.
300 do Novo Código de Processo Civil, que o pedido aqui esboçado seja recebido
como tutela da evidência, nos moldes do art. 311 do Novo Código de Processo Civil;

VII.2 – MÉRITO:

2) Sejam confirmados os pedidos provisórios ou, caso indeferidos, sejam deferidos


em sede de sentença, julgando-se, ainda, procedentes os pedidos para:

2.1) Sejam as Rés, compelidas a apresentarem os instrumentos


contratuais realizados com a Autora, haja vista não terem fornecido a mesma as vias
contratuais como lhe é de direito, sob pena de multa a ser arbitrada por este Douto
Juízo;

2.2) Seja determinada a suspensão da exigibilidade dos contratos, por


parte da Rés, sem incidência de encargos moratórios, ou qualquer outra penalidade,
até a data da realização da audiência de conciliação a ser designada por este Douto
Juízo, sob pena de multa diária não inferior a R$1.500,00 (hum mil e quinhentos
reais);

2.3) Alternativamente, não sendo o entendimento de Vossa Excelência


pelo deferimento do pedido “2.2”, pugna a Autora para determinar que as Ré se
abstenham de descontar, na folha de pagamento e conta bancária que a parte
Autora percebe seus vencimentos, qualquer valor, que ultrapasse a margem
consignável (30%), qual seja R$ 150,00 (cento e cinquenta reais), ate que a
mesma disponha de margem consignável no percentual determinado por lei;

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2.4) Deferido o pedido “2.3”, requer o congelamento do saldo devedor que
extrapolar a margem consignável, sem incidência de encargos moratórios, ou
qualquer outra penalidade, determinando a Rés que se abstenham de incluir o nome
da Autora em quaisquer cadastros restritivos de crédito, até que a margem
consignável esteja novamente disponível para prosseguimento do desconto;

2.5) Determinar a citação e intimação dos demandados para comparecer


à audiência de conciliação prevista no artigo 104-A do CDC, em data a ser fixada por
Vossa Excelência;

2.6) Fazer constar da intimação para a audiência a advertência constante


do § 2º do art. 104-A do CDC, de que “o não comparecimento injustificado de
qualquer credor, ou de seu procurador com poderes especiais e plenos para
transigir, à audiência de conciliação de que trata o caput deste artigo acarretará a
suspensão da exigibilidade do débito e a interrupção dos encargos da mora, bem
como a sujeição compulsória ao plano de pagamento da dívida se o montante
devido ao credor ausente for certo e conhecido pelo consumidor, devendo o
pagamento a esse credor ser estipulado para ocorrer apenas após o pagamento aos
credores presentes à audiência conciliatória.”

2.7) No caso de êxito na conciliação, requer a homologação por sentença


do acordo realizado entre as partes;

2.8) Para a hipótese de acordo parcial ou não existência de acordo, desde


logo requer seja ordenado o prosseguimento do feito, com a sua conversão em
“processo por superendividamento para revisão e integração dos contratos e
repactuação das dívidas” conforme expressamente previsto no artigo 104-B do CDC,
adotando-se o rito processual ali determinado;

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2.9) Seja aplicada a sanção prevista no parágrafo 2° do artigo 104-A da lei
14.181/21, consistente na decretação da suspensão da exigibilidade dos contratos
pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias, no caso do Réu ou seu representante,
injustificadamente, não comparecer na audiência designada;

2.10) Caso não haja êxito na conciliação, sejam os mesmos


intimados para, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentarem documentos e as
razões da negativa de aceder ao plano voluntário ou de renegociar;

2.11) Caso não haja êxito na conciliação, por negativa de quaisquer


um dos Réus, requer seja revisado e integrado os contratos, com a instauração da
repactuação das dívidas remanescentes mediante plano judicial compulsório
procedendo a citação de todos os credores cujos créditos não tenham integrado o
acordo porventura celebrados;

3) A condenação da Rés em custas e honorários advocatícios, estes, no percentual


de 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa;

4) Requer, ainda, a concessão dos benefícios da gratuidade judiciária, por não ter a
parte Autora, condições de arcar com as custas processuais e honorários de
sucumbência sem prejuízo de seu sustento ou de sua família;

5) Em atenção ao comando normativo do art. 319, VII, do Código de Processo Civil,


informa a parte Autora que há o interesse na designação de audiência de
conciliação, haja vista ser consequência do pedido principal;

6) Requer provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,


especialmente, documental e pericial;

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7) Requer, outrossim, sejam as futuras intimações/notificações encaminhadas via
postal para o Dr. André Mansur Brandão, inscrito na OAB/MG 87.242, na Rua Matias
Cardoso, nº. 63, 7º andar, Belo Horizonte/MG, CEP 30170-050, bem como que as
futuras publicações saiam exclusivamente em nome do mesmo, sob pena de
nulidade.

Dá-se à causa o valor de R$ 73.620,45 (sessenta e três mil


seiscentos e vinte reais e quarenta e cinco centavos) o corresponde ao valor da
soma das parcelas pretende a suspensão.

Termos em que, pede deferimento.


Belo Horizonte/MG, 20 de dezembro de 2022.

ANDRÉ MANSUR BRANDÃO


OAB/MG 87.242

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