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BANCÁRIO
Nombre: Sônia Rosane Netz
título de la ponencia: “As diversas formas de executar o
trabalho bancário”
afiliación institucional del autor: No momento pesquisadora
“autonoma”, último vínculo institucional: Mestrado em Ciencias
Sociais Aplicadas UNISINOS- RS- Brasil, dissertação defendida
em 2002, título: “O trabalho bancário e as novas tecnologías da
informação”.
dirección postal: Rua Bispo Laranjeira, 54/ 106, Bairro: Santa
Teresa, Cidade: Porto Alegre, Estado: Rio Grande do Sul, País:
Brasil
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dirección de correo electrónico: sonianetz@ibest.com.br
bloque temático: “Teoría, espistemología y metodología de
estudios sobre el trabajo” ou “Reestructuración productiva y
nuevas desigualdades en el mundo del trabajo”
“O homem não deixou de se transformar e ao mesmo tempo transformar o mundo e isso é
igualmente “trabalho”, para o melhor e para o pior, no destino prometeico da humanidade. Assim,
a crise contemporânea do trabalho não reside simplesmente no desemprego, ou seja, na ausência
de trabalho. È preciso lê-la, em primeiro lugar, no próprio trabalho, isto é, nas novas formas de
actividade técnica através das quais o homem moderno prossegue, quiçá até à sua perda, um
processo de transformação do seu meio ambiente iniciado há várias dezenas de milhares de anos.”
(Vatin, 2002, 24)
Introdução
Estes dois modelos, segundo Vatin, de um lado podem parecer antagônicos mas de
outro compartilham da concepção de trabalho como sendo um objeto interpretado de forma
direta como mercadoria pela teoria econômica.
Os textos destacados acima referentes a pesquisa de Vatin não analisam o trabalho
bancário propriamente dito, apesar de apresentarem algumas referências bastante rápidas.
Estudar o trabalho bancário não era o objeto de estudo de Vatin. Mas o trabalho em fluxo
mostra uma outra forma de trabalho presente e que nem sempre muito destacada. Quando
intitulamos nosso texto de As diversas formas de executar o trabalho bancário temos que
trabalho bancário não é semelhante ao produzir um par de sapatos ou a um automóvel. A
dificuldade de enquadramento do trabalho bancário naquilo que usualmente se conhece
como trabalho “produtivo” nos proporcionou uma análise dos impactos das inovações
tecnológicas, as chamadas novas tecnologias da informação, NTI, no trabalho bancário.
Naquela época não tivemos ainda conhecimento da obra de Vatin e de sua crítica. No
decorrer do texto, O trabalho bancário e as novas tecnologias da informação, tratamos do
aumento da “produtividade’ do trabalho bancário. Estas referências a produtividade podem
sugerir uma certa interpretação mecanicista bastante criticada por Vatin. Mas de forma
geral compatilhamos com Vatin um certo “mal-estar” em aceitar a transferência direta dos
estudos sobre o trabalho de concepções mecanicistas para o setor bancário, no nosso caso,
e o das indústrias químicas, no caso de Vatin.
O trabalho bancário, as inovações tecnológicas e as possíveis contribuições de Marx e
Braverman
1
Empresas analisadas mediante participação do pesquisador como trabalhador terceirizado.
estariam tendo seu primeiro emprego, para estes a cobrança de produtividade é um pouco
menor.
No turno da noite o número de homens aumenta. Também existem muitos
trabalhadores com muitos anos de empresa. São trabalhadores que já não seriam
contratados para uma agência bancária. Além de certa idade, alem do peso, e negros. Esta
separação entre aqueles funcionários visíveis e aqueles invisíveis pode ser um dos efeitos
chamados “perversos” da inovação. As tecnologias informacionais controlam de forma tão
eficiente o trabalho que não é preciso mais aqueles funcionários muito experientes. Tanto
no trabalho terceirizado como naquele feito nas agências bancárias. É só se observar lojas,
supermercados, bancos, a grande maioria de seus funcionários são jovens, com boa
aparência. Para aqueles que não estão adequados com o perfil sobram os empregos
escondidos, nestes a aparência não conta muito. E o fato de ser a última alternativa de
trabalho faz com que sejam muito mais produtivos.
Na empresa X os funcionários devem utilizar vestiário coletivo para vestirem-se
com o uniforme da empresa. Existe um vestiário masculino e um feminino. No vestiário
feminino não tem banheiro, portanto a troca de roupa deve ser feita na frente das outras
funcionárias. Seria uma medida de segurança. O uniforme teve duas versões, inicialmente
era uma espécie de macacão com fechamento nas costas sem nenhum bolso. Na nova
versão é um conjunto de camisa e calça também sem bolsos. As mulheres devem trabalhar
com os cabelos presos ou curtos.
É interessante de se fazer um paralelo entre o trabalho nos bancos, pelo menos nas
décadas de 1980 e 1990, em que o uniforme não era uma exigência, sendo pouco usado,
seja nas agências ou nos centros de processamento de dados. O trabalho bancário
executado nos centros de processamento e compensação, nas décadas passadas, era
considerado como repetitivo, parcelado e monótono. Exigia conhecimento que ficaria muito
aquém das possibilidades que os profissionais bancários poderiam executar o que geraria
formas de descontentamento. Mas mesmo assim as pessoas tinham sua forma de sem
portar, sua forma de vestir, sua forma de apresentação pessoal que não era das mais
exigentes. O trabalho que foi terceirizado continua repetitivo e ainda os funcionários devem
perder sua individualidade que poderia estar presente na maneira de vestir. A atividade não
é um trabalho sujo que exigisse o uniforme para preservar as roupas, no máximo um
avental, e as câmeras poderiam reconhecer muito melhor o funcionário pela roupa.
Depois de estarem todos uniformizados os funcionários da tesouraria podem
acessar ao setor portando somente com caneta, óculos, um creme para as mãos e o lanche.
As bolsas, sacolas, celulares, ficam em armários no vestiário. Devem passar por várias
portas que são liberadas por seguranças localizados em uma central monitorando as portas
através de câmeras.
O trabalho na tesouraria é monitorado com diversas câmeras localizadas acima de
cada mesa. Cada malote aberto deve ser identificado e cada diferença informada ao chefe.
Esta terceirização, em termos de segurança, não deixa nada a dever ao trabalho feito por
bancários. Seja pelo aparato tecnológico, seja pela capacidade de trabalho dos funcionários.
As falhas são mais visíveis no tratamento aos empregados. Apesar destes serem
contratados com carteira assinada, estão submetidos a jornadas de trabalho de, no mínimo,
oito horas diárias e trabalho em fins de semana, pelo menos uma vez ao mês. Como existem
épocas de pico a empresa faz os empregados trabalharem além da carga horária, nem
sempre paga hora-extra e prefere dispensar os trabalhadores em dias em que não tem muito
serviço. A princípio esta dispensa não seria problemática, mas muitos empregados ao
chegarem na empresa são comunicados que podem ir para casa, nesta altura já gastaram
tempo e dinheiro. Já nos dias de pico não podem sair enquanto a chefia não liberar.
Pelas análises feitas constata-se que a empresa X adota o banco de horas2. O banco
de horas é o mecanismo que torna possível que horas de trabalho em excesso em um dia
sejam compensadas com a diminuição em outro dia, fazendo com que o pagamento de
horas extras não seja necessário.
No setor de tesouraria periodicamente são feitas reuniões quando os funcionários
mais produtivos ganham prêmios como tíquetes refeição além daqueles recebidos por
todos. A produtividade é cobrada de forma bastante confusa pois os malotes não são todos
iguais, alguns devem ser contados manualmente e outros em máquinas . Alguns são feitos
por duplas, outros individualmente, outros por duplas em máquinas. São atribuídos pesos
conforme os malotes para tentar estabelecer uma certa homogeneização na produtividade,
mas na prática as mesmas pessoas acabam executando o mesmo serviço e aquelas que
trabalham nas máquinas conseguem ter uma produção bem maior.
O trabalhador da empresa X executa tarefas que há algum tempo atrás eram
exclusivas de bancários. A empresa terceirizadora está conectada via tecnologias da
informação de forma a atuar como se fosse parte das instituições financeiras que contratam
seu serviço. Não existe muita diferença entre a comunicação da instituição bancária com a
transportadora de valores e tesouraria daquele que existia internamente entre setores do
banco tais como tesouraria e processamento de dados.
As contribuições sociais usam como base o salário da categoria de transporte de
valores que é bem menor do que o da categoria bancária. As conquistas bancárias como
abonos e participação nos lucros não são estendidas para os trabalhadores terceirizados.
Quanto ao número de trabalhadores que estas empresas contratam fica bastante
difícil de se analisar se ocorre uma ampliação de empregos. Para os bancários certamente
não. Para os transportadores de valores as vagas abertas não conseguem ser todas
contabilizadas como de serviço de terceirização bancária. A empresa atua na segurança e no
transporte de valores para outras empresas que não são bancárias.
A outra empresa que realiza terceirização bancária é a empresa Y. Esta seria um
pouco mais fácil de ser enquadrada como executora de serviço de terceirização bancária e
seus trabalhadores como executores de serviço bancário. Ela é contratada por grandes
bancos, que já foram nacionais e atualmente apresentam o controle acionário de grandes
bancos de outros países. Inicialmente, em um local bastante amplo, a empresa executava o
processamento de dados de três grandes bancos, um ainda era basicamente de controle
acionário nacional. Este desligou-se e resolveu contratar os serviços de outra empresa
terceirizadora.
Pelo observado, no tempo aproximado de um ano, existe rotatividade na contratação
destas empresas que fazem a terceirização do processamento. Os bancos efetuam contratos
e, conforme o serviço apresentado, estes contratos não são renovados e outras empresas
novas, de outros estados ou com maior tradição são contratadas. O interessante é que alguns
funcionários acabam migrando, indo de uma empresa para outra. Na empresa analisada,
quando o banco que tinha participação nacional resolveu não mais utilizar os serviços de
terceirização levou muitos funcionários que já dominavam o serviço para a nova empresa.
Para muitos estava a dúvida se ficariam ou seriam usados até o momento que novos
funcionários soubessem o serviço. Muitos destes funcionários já haviam sido bancários,
2
intr oduzido pela Lei nº 9.601/98 com a alter ação do § 2º e ins tituição do § 3º do ar t. 59 da CLT .
foram demitidos, contratados pela primeira terceirizadora, e com a saída do banco,
contratados pela segunda empresa terceirizadora. Esta segunda empresa terceirizadora
optou por contratar todos os funcionários com carteira assinada, mas com salários mais
baixos.
Mas, voltando para a empresa Y nesta ocorre a coexistência de várias formas de
contratação de mão-de-obra. Como é executado o processamento de documentos dos
bancos clientes, existem funcionários dos bancos fazendo a supervisão do serviço. Num
segundo nível existem os funcionários da empresa Y, com carteira assinada. Muitos já
foram bancários e exercem atividades de chefia, conferência e postos chave. Num nível
mais baixo estão os cooperados que fazem as tarefas mais repetitivas e rotineiras como
digitação, abertura de envelopes, autenticação de pagamentos feitos por auto-atendimento.
Nestes trabalhadores cooperados ainda existem dois tipos. Aqueles que trabalham todos os
dias, são os chamados “fixos” e aqueles que trabalham somente nos dias de pico
(chamaremos “não-fixos”) tais como inícios de mês, finais de mês, quinzenas e segundas-
feiras. Para os cooperados a remuneração é por hora sem pagamento de vale refeição, vale
transporte. Somente desconto de INSS, principalmente daqueles cooperados “fixos”.
A empresa Y contrata os serviços de uma cooperativa que faz os contratos com os
trabalhadores. A cooperativa precisa de grande quantidade de pessoas para trabalhar nos
dias de pico. A contratação ocorre mediante um teste de digitação e a assinatura da adesão
do cooperado à cooperativa, além da inscrição do cooperado como trabalhador autônomo.
São verificados os dados no SPC dos cooperados, seu endereço e empregos anteriores.
Para os cooperados iniciantes é feita uma palestra salientando que sua remuneração será
bem maior que um trabalhador de carteira assinada, por exemplo, os cooperados que
trabalham na empresa Y ganhariam aproximadamente 700,00 reais enquanto que os
assalariados chegariam perto de 500,00 reais. Explica-se que inicialmente os cooperados
trabalhariam nos dias de pico para fazerem seu treinamento e posteriormente poderiam
trabalhar todos os dias.
As informações sobre o que seria uma cooperativa são feitas em uma palestra antes
dos futuros cooperados assinarem sua adesão e concordarem com o desconto de 10,00 reais
por mês que seria a sua contribuição. É informado o endereço do site da cooperativa e feita
a distribuição de um jornal das diversas atividades da cooperativa nos diversos estados em
que atua. Maiores informações sobre direitos dos cooperativados e histórico do movimento
cooperativista não são apresentadas.
A seleção, principalmente daqueles que trabalham nos dias de pico, tal qual na
empresa X, recai nas pessoas que teriam maior dificuldade em ter empregos: com maior
idade, ex-bancários, negros e homens (talvez por não terem tanta dificuldade com o
horário). A expectativa de vir a se tornar um cooperado “fixo” é utilizada para motivar
todos os novos cooperados. Muitos trabalham um único dia e desistem, outros ficam quase
um ano, sendo chamados nos horários de pico, esperando se tornarem cooperados “fixos”.
Estas formas de contratação flexíveis dependem muito de um componente
psicológico. Na empresa X , a carteira assinada com contrato de experiência, mesmo que já
fosse o plano demitir antes dos três meses, exigia uma dedicação total, se fosse assinada
como temporário talvez o esforço fosse bem menor. Já na empresa Y a motivação era
tornar-se um cooperado “fixo”, as chamadas esporádicas não poderiam ser negadas para
que o mais cedo possível se tornassem cooperados “fixos”.
Na empresa Y, em certo sentido, como a remuneração é por hora, não há nenhuma
obrigação de freqüência dos cooperados, afinal, se não comparecerem não recebem. Mas na
prática quem se nega a comparecer muitas vezes não é mais chamado ou é colocado na
“geladeira”, fica algum tempo sem ser chamado.
Uma vez sendo solicitado o serviço o cooperado comparece. Permanece trabalhando
até que o serviço acabe, isto é, muitas vezes, acaba prejudicando o seu retorno ao lar, no
caso do trabalho noturno. Nem a empresa Y, nem a cooperativa, tenta alternativas para
compatibilizar os horários possíveis para os cooperados ou, até mesmo, transporte para a
sua residência. Nos cooperados que trabalham somente nos dias de pico há alta
rotatividade, grande parte nem chega a receber a remuneração próxima ao valor de um
salário mínimo pelas horas de serviço prestadas.
Os cooperados “não-fixos”, caso não executem o trabalho em outras empresas,
apresentam dificuldade em ter grande produção, principalmente na digitação, pois esta
requer o treinamento constante. Algumas atividades que precisam de maior velocidade
acabam sendo feitas por aqueles melhor treinados. Não são estabelecidos dias alternativos
para que os cooperados possam aprender o serviço. A contratação em dias de pico acaba
mantendo somente aqueles que já possuem outra fonte de renda, sendo essa uma espécie de
hora extra. Ou aquelas pessoas que trabalhariam somente por satisfação pessoal ou por
futura perspectiva de inserção no mercado.
Na empresa Y não se utiliza uniforme, os pertences ficam nas mesas de trabalho dos
funcionários e cooperados. O acesso a área de trabalho é feito mediante a passagem em
várias portas de segurança liberadas pelos vigilantes. No local de trabalho existem várias
câmeras que fiscalizam o trabalho e chamam a atenção de alguém que faça algum
movimento suspeito.
Apesar da precariedade na contratação quem estava acostumado com o trabalho de
centros de processamento de dados, digitação e conferência não apresenta dificuldades em
trabalhar na empresa Y. Os bancários que supervisionam e os funcionários de carteira
assinada apresentam-se bastante prestativos no tratamento aos cooperados. As tarefas de
exigência de produção e coordenação dos cooperados ficam a cargo de um cooperado
“chefe”. O ambiente de trabalho não se apresenta dos mais desfavoráveis. O serviço tem
horários, precisa que todos colaborem, sejam cooperados, funcionários ou bancários.
As reclamações dos cooperados estão nos poucos dias trabalhados, na dificuldade
de transporte, na baixa remuneração, mas não, especificamente, no tipo de trabalho
executado. Ou quanto à Previdência, em muitos casos a remuneração é tão baixa que não
sobrará nada. se forem feitos os descontos legais. Somente aqueles que são “fixos” acabam
conseguindo descontar o INSS e até futuramente utilizar para aposentadoria.
Tanto de parte dos bancos que contratam a empresa Y, da empresa Y, e da
cooperativa, não existe nenhuma iniciativa de pelo menos se comprometer com o
pagamento da contribuição sobre o salário mínimo, independentemente do número de horas
trabalhadas pelo cooperado. Esta poderia ser um incentivo para aqueles que trabalham de
forma esporádica, pelo menos estariam contando tempo para a aposentadoria.
A inovação proporcionou um aparato que, em conjunto, permite que estas formas
alternativas de contratação sejam possíveis sem prejudicar a qualidade e confiabilidade do
serviço. O trabalhador cooperativado sabe que está sendo vigiado por câmeras, que o
cheque digitado faz parte de um envelope que teve seu total já informado para o sistema.
As antigas rotinas bancárias, anteriormente burocráticas, foram automatizadas. Aqueles que
as faziam tiveram que se “requalificar” ou são a mão-de-obra excedente que procura
trabalho mesmo em condições desfavoráveis.
O problema é que o setor bancário é um dos setores mais ricos, que mais condições
favoráveis vêm obtendo ao longo dos anos e, mesmo assim, é o que menos se preocupa
com uma forma de contratação de pessoal que esteja de acordo com a riqueza gerada pelo
setor. Se o setor mais rico da economia contrata desta maneira o que podemos deixar para
os assalariados que contratam seus empregados domésticos ou para as pequenas empresas
familiares que mal conseguem sobreviver. Como a inovação tecnológica possibilitou este
tipo de contratação, o setor bancário utilizou a “via baixa”, conforme Castells (1999)
analisa, onde ocorre a integração do processo de trabalho e a desintegração da força de
trabalho. Esta seria uma opção do setor bancário brasileiro, opção que valoriza o aumento
da produtividade e da lucratividade a curto prazo, e não contribui para a Sociedade com o
peso proporcional a sua pujança econômica.
No caso a afirmação de Castells poderia ser acrescentada não somente como
determinada sociedade implanta, mas como determinado segmento econômico, como no
caso o bancário faz a sua reestruturação produtiva. A título de exemplo podemos citar que
no ano de 1989 a categoria bancária contava com 824 mil trabalhadores, e em 1996 contava
com 497 mil. (Dieese 1998). Estes trabalhadores terceirizados não estão nas estatísticas
nem mesmo do balanço social dos bancos. Conforme a Febraban em 2003 eram atendidos
384 mil colaboradores.
Outro aspecto a analisar sobre os trabalhadores temporários, sejam cooperados ou
de carteira assinada, é o fato de não terem uma constante fonte de renda. Assim, se
perguntaria quem os sustenta? Com carteira assinada, na possibilidade de trabalharem em
certo número de meses, mesmo que em empresas diferentes, ainda poderão solicitar seguro
desemprego. Já os cooperados, no caso de não serem trabalhadores em outras empresas, o
seu sustento se dará por meio de familiares e não pelo trabalho. Indiretamente as empresas
não só exploram os trabalhadores mas exploram os familiares dos trabalhadores
temporários pois estes é que definitivamente os sustentam.
Conclusão
Empresa X Empresa Y
Forma de Contratação Carteira Assinada Carteira Assinada
Trabalho Terceirizado
Cooperado
Rotatividade Funcionários com estabilidade. Responsáveis pela coordenação e
Baixa Conferência e contagem de valores. controle do serviço. (De carteira
assinada)
Cooperados “Fixos” digitação,
autenticação de documentos e
serviços diversos.
Rotatividade Funcionários no contrato de Cooperados chamados nos dias de
Alta experiência. pico.
Responsáveis pela conferência e Responsáveis pela digitação e
contagem de valores. serviços diversos.
Remuneração Conforme a categoria de transporte Pela categoria bancária para os
de valores bancários que controlam a
execução do serviço, pago pelos
bancos.
Pela categoria de prestadoras de
serviços para os funcionários da
empresa.
Por hora para os cooperados sejam
fixos ou não-fixos.
Segurança Monitoramento por Câmeras Monitoramento por Câmeras
Uso das novas tecnologia da Uso de uniforme Cadastramento de valores
informação Acesso restrito de utensílios pessoais Conferências dos malotes por
aos locais de trabalho. funcionários da empresa.
Uso de vestiário coletivo.
Raça, gênero e idade Grande parte dos Funcionários com Mais homens bancários,
(trabalhadores visíveis e carteira assinada e temporários são Maior número de homens, e boa
invisíveis) mulheres (principalmente no dia) e parte negros, nos cooperativados.
homens (no turno da noite). Homens Seleção dos cooperativados não-
negros e mulheres negras contratados fixos sem exigência de aparência
em número maior do que nos bancos. ou idade.
Sem restrição a idade.
Uso de Uniforme Exige Não Exige
(perda da individualidade)
Jornadas de Trabalho No Mínimo de 8 horas por dia. Nos bancários jornadas de até 8
Trabalhos além das 8 horas horas, nos funcionários também.
compensados com saídas mais cedo. Nos cooperativados fixos 6 a 8
horas e nos não-fixos conforme o
fluxo. Não trabalham todo o dia
nem um número mínimo de horas.