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INTRODUÇÃO

A situação epidemiológica portuguesa, no que respeita às doenças transmissíveis, foi


determinante na definição de uma política nacional de vacinação, que sofreu as necessárias
adaptações ao longo do tempo.
O Plano Nacional de Vacinação (PNV) é uma das heranças da época Salazarista,
considerado como a espinha dorsal da política de vacinação em Portugal e uma das mais efetivas
medidas de saúde pública. Foi criado em 1965 e sofreu ao longo dos anos algumas alterações.
Até ao início da década de sessenta os resultados da utilização de vacinas, traduzidos em
redução da morbilidade, foram pouco expressivos, com excepção do êxito que constituiu a
vacinação antivariólica, que culminou com a erradicação da doença, no país, na década de
cinquenta.
O PNV constitui uma das estratégias de maior sucesso no domínio da saúde em Portugal,
refletida num controlo sustentado das doenças abrangidas pelo Programa, com os consequentes
ganhos em saúde.
Apesar das alterações do seu conteúdo em Janeiro de 2000 e em Janeiro de 2006, a base
inicial mantêm-se, nomeadamente no que diz respeito à universalidade e gratuitidade.
Os novos Planos Nacionais de Vacinação vieram de encontro às novas exigências, ao ser
introduzida a vacina Hepatite B, Hib, Td e MenC e HPV. Pretendeu-se melhorar um plano de
vacinação que era bom, de modo a torná-lo ainda melhor, ao introduzir as vacinas combinadas,
pois as “crianças portuguesas agradecem”.
O esquema de vacinação recomendado tem como objetivo obter a melhor proteção, na
idade mais adequada e o mais precocemente possível.
De acordo com o esquema recomendado, aos 6 meses de idade completa-se a
primovacinação para 7 das 13 doenças abrangidas pelo PNV, ficando esta concluída aos 12
meses de idade. No sentido de garantir uma proteção mais efetiva e duradoura são ainda
aconselhadas doses vacinais de reforço ou doses adicionais.
O novo PNV aprovado pelo Despacho n.º 17067/2011 do Secretário de Estado Adjunto
do Ministro da Saúde, datado de 7 de Dezembro de 2011 e publicado no Diário da República, 2ª
série – Nº 243 – de 21 de Dezembro de 2011, entrou em vigor a 1 de Janeiro de 2012 e vem
substituir o PNV de 2006.

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O PNV de 2015 inclui as vacinas contra a tuberculose, a hepatite B, a difteria, o tétano, a


tosse convulsa, a poliomielite, a doença invasiva por Haemophilus influenzae do serotipo b, o
sarampo, a parotidite epidémica, a rubéola, a doença invasiva por Neisseria meningitidis do
serogrupo C, a pneumonia e a infeção por vírus do Papiloma Humano.
As principais alterações em relação ao PNV de 2006 são:
1. Alteração do esquema vacinal da vacina conjugada contra a doença invasiva por
Neisseria meningitidis do serogrupo C (MenC), substituindo 3 doses (vacinação aos 3, aos 5 e
aos 15 meses) por 1 única dose aos 12 meses de idade e a introdução no PNV da vacina
Prevenar.
A elevada cobertura vacinal que se atingiu rapidamente, através da vacinação de rotina e
da campanha, e que se tem mantido ao longo dos anos, condicionou uma diminuição
significativa da morbilidade e da mortalidade por doença meningocócica C e permitiu imunidade
de grupo com protecção adicional de indivíduos não vacinados. Estes dados epidemiológicos e a
evidência científica disponível à data indicam que uma única dose administrada em idade igual
ou superior a 12 meses é suficiente, sendo que, no futuro poderá vir a ser equacionada a
necessidade de um reforço.
2. Antecipação da primeira dose da vacina contra o sarampo, a parotidite epidémica e a
rubéola (VASPR) dos 15 para os 12 meses de idade.
Estima-se que, atualmente, a maioria das crianças nasce de mães vacinadas contra o
sarampo, o que reduz a interferência de anticorpos maternos com anticorpos vacinais, permitindo
a antecipação da data de administração da primeira dose da vacina sem perda significativa de
eficácia. Esta alteração visa obter imunidade o mais precocemente possível.
3. Atualização da estratégia de vacinação contra a hepatite B (VHB).
A vacinação contra a hepatite B faz-se uma única vez na vida e fica completa com uma
série de 3 doses de vacina. Desde 2000 que a VHB tem sido administrada a dois grupos
diferentes: aos recém-nascidos e aos jovens entre os 10 e os 13 anos de idade.
O grupo que tem atualmente 10-13 anos foi vacinado à nascença e, portanto deixa de ser
necessária a vacinação de rotina nesta idade, pois a sua maioria já está imunizada.
4. Cessação da campanha de vacinação com a vacina contra a infeção por vírus do
Papiloma Humano (HPV) à coorte de raparigas de 17 anos de idade.
Desde 2008 a vacina HPV tem sido administrada, por rotina, à coorte dos 13 anos de
idade e em regime de campanha, durante três anos (2009, 2010, e 2011) à coorte dos 17 anos de
idade. Uma vez que as jovens de 13 anos, vacinadas em 2008, fazem 17 anos de idade em 2012,

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a partir desta data mantém-se apenas a vacinação de rotina (coorte dos 13 anos de idade). Em
2014 esta vacina passa a ser administrada entre os 10 e os 13 anos, apenas com duas doses (0-6
meses).
O PNV aplica-se a indivíduos presentes no país, com idade inferior a 18 anos e, durante
toda a vida para as vacinas contra o tétano e a difteria (Td). Esquemas iniciados antes dos 18
anos podem ser completados depois desta idade, exceto quando são estabelecidos limites etários
máximos. A vacinação em circunstâncias especiais, definida nesta Norma, é também do âmbito
do PNV.
O PNV não esgota as recomendações no domínio da política de vacinação nacional, pelo
que outras estratégias vacinais são sempre divulgadas se a situação epidemiológica ou outros
fatores o justificarem.

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1 - CONCEITOS BÁSICOS DE IMUNOLOGIA

Imunidade – Estado de proteção contra agentes estranhos ao organismo, adquirido


graças à atividade do sistema imunitário. (Resistência de um indivíduo contra doença).
Sistema imunitário – Conjunto de células e proteínas que protegem o organismo de
microorganismos. Gera mecanismos de defesa e é também responsável pelos fenómenos de
alergia, hipersensibilidade e rejeição de órgãos ou tecidos transplantados.
Linfócitos – São glóbulos brancos, cuja atividade é de grande importância para o
funcionamento do sistema imunitário. Encontram-se no sangue e órgãos linfóides (gânglios
linfáticos, baço e timo).
Anticorpo – Proteína produzida pelos linfócitos, cuja função é neutralizar um antigénio
no organismo.
Antigénio – Substância capaz de desencadear uma resposta imunitária. São proteínas
estranhas, que não fazem parte da constituição do corpo humano. Incluem microrganismos
(bactérias, vírus, etc.) e toxinas.
A imunidade específica a um determinado microorganismo, implica que o indivíduo
criou anticorpos apropriados no seu organismo ou recebeu anticorpos já formados de outra fonte.

A IMUNIDADE PODE SER :

NATURAL OU INATA – não adquirida através de contacto prévio com o agente


infecioso. Está presente desde o nascimento e é a primeira linha de defesa contra a maioria dos
agentes infeciosos.
ADQUIRIDA PASSIVA – os anticorpos são injetados e proporcionam uma proteção
imediata, mas relativamente temporária, contra bactérias, vírus e toxinas. A injeção de soro
contém anticorpos que foram formados noutro hospedeiro.
ADQUIRIDA ATIVA – imunidade produzida pelo estímulo natural ou adquirido, de
maneira a levar o organismo a produzir anticorpos. Podem ser produzidos por infeção clínica ou
subclínica (doença) ou injeção de microrganismos vivos, mortos ou atenuados. A imunização
ativa estimula o organismo a produzir os seus próprios anticorpos e confere uma imunidade mais
duradoura.

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IMUNOGLOBULINAS

São moléculas produzidas pelo organismo e funcionam como anticorpos, são as


responsáveis pela resposta imunológica.
Existem vários tipos mas as principais são 5:

IgG – constitui 75% das imunoglobulinas. Abundante nos fluídos orgânicos internos.
Única que atravessa a placenta. Dá Imunidade.

IgM – É a 1ª a aparecer nas respostas imunitárias. Primeiro anticorpo produzido pelo


R/N. Primeira na linha de defesa da bacteriemia.

IgM
Doença IgG

IgA – Imunoglobulina presente nas secreções seromucosas, atividade antivirótica potente.


Impede a ligação dos vírus com as células epiteliais das vias respiratórias e gastrointestinais.

IgD – Poucas quantidades. Com IgM constitui o principal recetor de antigénios.

IgE - Aumenta nas infeções parasitárias relacionado com alergia atópica.

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2 - VACINAS

Vacinas: São preparados antigénicos a partir de microorganismos e outros agentes


infeciosos que induzem a uma imunidade adquirida ativa perante determinadas doenças
infeciosas, com o mínimo risco de reações locais e gerais. Contém um ou mais antigénios.

N.º DE ANTIGÉNIOS:
POLIVALENTES – Quando são preparados com diferentes tipos do mesmo
microorganismo. Ex. Sabin (trivalente, preparada com os tipos 1, 2 e 3 do vírus da poliomielite).
SIMPLES – Contém um único tipo de microorganismo. Ex.: BCG
MISTAS OU ASSOCIADAS – Contém mais de um tipo de microorganismo. Ex.:
VASPR, DTP, DT.

Vacinar: Significa induzir de forma artificial o organismo humano a produzir determinados


anticorpos.

VACINAS: MICROORGANISMOS VIVOS OU ATENUADOS

Contêm microorganismos que perderam a sua virulência.

Induzem uma infeção subclínica que condiciona a produção natural de anticorpos.

Dá uma proteção quase natural.

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VACINAS: MICROORGANISMOS MORTOS OU INATIVADOS

Temos a considerar:
a) Vacina microrganismos totais.
b) Vacina com antigénios purificados.

Administração da 1ª dose

Produz resposta débil que confere discreta proteção

Resposta imunitária primária

Mas prepara sistema imunitário para a resposta óptima frente a sucessivas doses

Resposta imunitária secundária

Número suficiente de Anticorpos Protetores

A vacinação, para além de proteção individual que confere, pretende ainda atingir outros
objetivos, social e epidemiologicamente mais amplos, isto porque a diminuição do número de
indivíduos suscetíveis vai levar ao progressivo controlo e mesmo à erradicação de
microrganismos.
Para a maioria das vacinas existe uma taxa de cobertura vacinal crítica, a partir da qual é
praticamente impossível a difusão da doença, mesmo nos indivíduos suscetíveis.
Esta imunidade da população é designada por IMUNIDADE DE GRUPO e é obtida com
taxas de cobertura variáveis conforme a doença.
Os níveis protetores variam de uma infeção para outra e de uma comunidade para outra
em função de dados epidemiológicos (contagiosidade e n.º de indivíduos infetados) e
socioeconómicos (promiscuidade, modo de vida, ambiente, etc.)

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Quando se trata de uma doença não transmissível é necessária a vacinação de toda a


população para que não surjam casos de doença, como é o caso do tétano.

ESTRATÉGIAS DE VACINAÇÃO
ROTINA A atividade de vacinação de rotina no serviço de saúde, depende da
deslocação dos utentes para atualização das vacinas.
Pode levar a coberturas vacinais não satisfatórias por falta de motivação, difícil acesso,
desinformação e falta de tempo.
INTENSIFICAÇÃO Visa o aumento da cobertura vacinal, através de um trabalho
mais dinâmico. Ex: convocar os utentes do ficheiro.
CAMPANHAS Vacinação em massa. É uma atividade com abrangência limitada no
tempo e conta com os recursos humanos e institucionais de outras áreas.

CONSTITUIÇÃO DAS VACINAS


A vacina apresenta-se na forma líquida ou liofilizada e é um produto que contém:
Agente imunizante
Fluido
Antibiótico
Estabilizadores
Adjuvantes

REQUISITOS BÁSICOS DE UMA VACINA


Inocuidade
Pureza
Esterilidade
Potência

VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DAS VACINAS


IM
Subcutânea
Intradérmica
Oral
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3 - PLANO NACIONAL DE VACINAÇÃO (PNV)

Com a vacinação pretende-se a erradicação a nível mundial de determinadas doenças. As


vacinas permitem salvar mais vidas e prevenir mais casos de doença do que qualquer tratamento
médico. Neste momento o grande objetivo é minimizar o impacto das doenças alvo na saúde
da população, visando mesmo a erradicação de doenças como a poliomielite e o sarampo.
O PNV aprovado em 1999 (D.R. n.º 102 de 3/05/99 – II série) em vigor desde 1/1/2000,
inclui as vacinas contra: tuberculose, hepatite B, poliomielite, doenças por haemophilus
influenzae tipo b, sarampo, parotidite, rubéola, difteria, tétano e tosse convulsa.
O PNV aprovado em 2006 (Circular Normativa nº 08/DT de 21/12/2005), inclui
gratuitamente a vacina contra o Meningococos C, altera a vacina contra a poliomielite de vírus
vivos (VAP) para vírus inativado (VIP) e combina cinco vacinas (VIP, DTPa e Hib),
denominando-se esta por vacina pentavalente, fazendo com que a criança seja picada apenas uma
vez.
O novo PNV aprovado pelo Despacho n.º 17067/2011 do Secretário de Estado Adjunto
do Ministro da Saúde, datado de 7 de Dezembro de 2011 e publicado no Diário da República, 2ª
série – Nº 243 – de 21 de Dezembro de 2011, entrou em vigor a 1 de Janeiro de 2012 e vem
substituir o PNV de 2006.

PRINCIPAIS ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS PELOS ÚLTIMOS PLANOS NACIONAIS DE


VACINAÇÃO

 No recém-nascido vacinação contra a Hepatite B (nascidos desde 01-01-1999)


 Vacinação contra doenças provocadas por Haemophilus influenzae tipo b.
 Vacinação contra tétano e difteria – dose de adulto.
 Apenas uma dose de vacinação de B C G.
 Antecipação da 2ª dose da vacina contra sarampo, papeira e rubéola.
 Administração gratuita da vacina contra o Meningococo C e Pneumococo.
 Introdução da vacina contra a poliomielite de vírus inativado.
 Introdução da vacina pentavalente.
 Substituição das 3 doses da MenC por 1 única dose aos 12 meses de idade.

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 Antecipação da primeira dose da vacina contra o sarampo, a parotidite epidémica e a


rubéola (VASPR) dos 15 para os 12 meses de idade.
 Atualização da estratégia de vacinação contra a hepatite B (VHB).
 Cessação da campanha de vacinação com a vacina contra a infeção por vírus do Papiloma
Humano (HPV) à coorte de raparigas de 17 anos de idade.
 Cessação da vacina BCG aos recém-nascidos que não pertençam a grupos de risco.

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3.1 - ESQUEMA CRONOLÓGICO RECOMENDADO

VACINAÇÃO UNIVERSAL – Esquema Recomendado


5-6 10-13 Toda a Vida
IDADE RN 2M 4M 6M 12 M 18 M anos anos 10/10 anos
VACINA

VHB VHB I VHB II VHB III

VIP VIP I VIP II VIP III VIP IV

DTPa DTPa I DTPa II DTPa III DTPa IV


DTPa V
Hib Hib I Hib II Hib IV
Hib III

Streptococcus Pn13 Pn13 Pn13


pneumoniae

Td Td Td

VASPR VASPR I VASPR II

MenC MenC I

Infeções por vírus HPV; só


do Papiloma raparigas. 2
Humano
doses (0-6
meses).

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3.2 – ESQUEMA EM ATRASO

Este esquema aplica-se às crianças com menos de 7 anos de idade que não completaram a
primovacinação de acordo com o esquema recomendado, com as devidas adaptações, tendo em
consideração as doses entretanto recebidas.

VACINAÇÃO UNIVERSAL antes dos 7 anos de idade – Esquema em Atraso

72 2 8
Visitas/Idade 1ª 1mês horas meses meses 5e6 10 e 13 Toda a
visita depois após a após a depois anos anos Vida
da 1ª visita 1ª da 1ª 10/10 anos
VACINA visita anterior visita visita

VHB VHB VHB


VHB I II III

VIP I VIP II VIP VIP IV


VIP III

DTPa I DTPa II DTPa DTPa DTP a Td Td


DTPa III IV V

Ver
Hib Hib I Quadro 1

HPV-só
Infeções por raparigas
vírus do 2 doses
Papiloma (0-6
meses).
Humano

VASPR VASPR
VASPR I II

Men C
Men C I

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3.3 – ESQUEMA TARDIO

Esquema aplicado a crianças e adolescentes entre os 7 e 18 anos de idade que não foram
vacinados segundo a cronologia recomendada.
VACINAÇÃO UNIVERSAL – Esquema tardio

IDADE 1ª 1 mês depois da 72 horas após 7 meses 10 e 13 Toda a Vida


visita 1ª visita da visita anterior após a 1ª visita anos 10/10 anos
VACINA

VHB VHB I VHB II VHB III

VIP I VIP II VIP III


VIP

Td Td I Td II Td III Td IV Td

VASPR VASPR VASPR II VASPR II


I

Men C Men C

Infeções por HPV1


vírus do só
papiloma raparigas
Humano 2 doses
(0-6
meses).

Quadro 1- Esquema de vacinação para a vacina Hib

Idade de início Primovacinação Idade do reforço


6 semanas - 6 meses 3 doses (a) 18 meses
7 – 11 meses 2 doses (b) 18 meses
12 – 15 meses 1 dose 18 meses
> 15 meses e < 5 anos 1 dose nenhum

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(a) Respeitando um intervalo de 8 semanas entre cada dose.
(b) Respeitando intervalos de 4 a 8 semanas entre cada dose.

Quadro 2 - Esquema de vacinação para a vacina Men C pós-exposição

Idade de início Nº de doses a administrar


< 12 meses de idade ≥ 12 meses de idade
6 semanas – 9 2 doses (a) 1 dose (a)
meses
10 – 11 meses 1 dose (a) 1 dose (a)

≥ 12 meses _____________ 1 dose, na 1ª oportunidade de


vacinação

(a) Respeitando um intervalo de 8 semanas entre cada dose.

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Quadro 3 - Esquemas de transição e de recurso para a vacina HPV (Outubro de 2014)

Idade de início da Estado N.º de doses Esquema Intervalo mínimo


vacinação vacinal recomendadas recomendado entre as doses
1ª e 2ª 2ª e 3ª
Fazer ou completar
10-13 anos (a,b,c) 0 ou 1 dose o esquema de
(idade 2 doses(c)
recomendada)
2 doses com 0, 6 meses
intervalo ≥6 0 doses 6 meses
meses ______

2 doses com 0, 2, 6 meses


intervalo <6 1 dose
meses

1 mês
3 meses
≥14 e <18 anos(d) Qualquer Fazer ou completar 0, 2, 6 meses
o esquema de 3 1 mês 3 meses
doses 0, 1, 4 meses

(a) Se a vacinação tiver sido iniciada antes dos 9 anos de idade, deve ser completado o esquema
de 3 doses.
(b) Se a vacinação tiver sido iniciada aos 9 anos de idade, deve ser completado o esquema de 2
doses.
(c) Se a vacinação não foi completada até aos 13 anos de idade, deve ser completado o esquema
de 2 doses até aos 25 anos de idade inclusive.
(d) Se a vacinação não foi completada até aos 18 anos de idade, deve ser completado o esquema
de 3 doses até aos 25 anos de idade inclusive.

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4 – CARATERISTICAS DAS VACINAS ADMINISTRADAS

Passamos de seguida a apresentar as caraterísticas de cada vacina, assim como o local de


administração e reações pós-vacinais.

Vacina contra a tuberculose (BCG)

Dose: Única só para grupos de risco.


Tipo de vacina: Vacina de bacilos vivos atenuados Mycobacterium bovis.
Contraindicações: Gravidez, imunodeficiência celular, congénita ou adquirida, tratamento
com imunossupressores, infecção por VIH, malnutrição grave, doença sistémica grave, recém-
nascidos com peso à nascença inferior a 2000g, doenças cutâneas generalizadas (doenças
sépticas ou eczemas generalizados), tuberculose activa, prova tuberculínica positiva e doença
aguda grave, com ou sem febre.
Dose e via de administração:
< 12 meses de idade: 0,05 ml
≥ 12 meses de idade: 0,1 ml
Intradérmica
Local da injeção: Entre a zona superior do terço médio e o terço superior (acima da inserção
distal do músculo deltóide), na face postero-externa do braço esquerdo.
Reações pós-vacinais: Lesão papular no local da vacina que pode ulcerar, a qual evolui
normalmente para a cura em semanas ou meses, dando origem à cicatriz vacinal.
Precauções: É essencial a correcta administração intradérmica com seringa de 1,0 ml, graduada
em centésimas de ml e agulha de 25 ou 26 Gauge x 10 mm, com bisel curto.
A administração subcutânea da BCG aumenta o risco de linfadenite supurativa e pode conduzir à
formação de um abcesso e/ou à formação de uma escara.
Não deverá ser administrada nenhuma vacina no mesmo braço em que foi aplicada a vacina
BCG, pelo menos durante os 3 meses posteriores à sua administração, devido ao risco de poder
ocorrer linfadenite. A administração de BCG deve ser ponderada quando a criança estiver a
receber tratamento com antibióticos que tenham atividade tuberculostática, dada a possibilidade
destes agentes inativarem a estirpe vacinal.
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Prova de Tuberculina

Realiza-se a crianças com mais de 2 meses de idade em que não haja registo de BCG nem
cicatriz vacinal. O local de administração é a face anterior ou latero-externa do antebraço
esquerdo a nível do terço médio por via ID. A tuberculina vai provocar um espessamento da pele
por acumulação de pequenos linfócitos sensibilizados.
Foram delineadas ações sequentes ao teste dependendo do estado vacinal e da reação
observada. Assim:

 Não reativas ( 5 mm) Sem BCG e Sem cicatriz.

Fazem BCG (exceto quando infetadas com VIH com


imunodepressão grave).

 Com reação - > 5mm e < 15 mm Sem atuação.

 Com reação - 15 mm Enviar ao médico.


(se aumentou 5mm em menos de 2 anos)

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Vacina monovalente contra a Hepatite B (VHB)

Dose: Três.

Tipo de vacina: Inativada. Vacina de antigénio de superfície recombinante do vírus da hepatite


B.
Local da injeção:
< 12 meses de idade: músculo vasto externo, na face externa da região antero-
lateral da coxa direita.
≥ 12 meses de idade: músculo deltóide, na face externa da região antero-lateral
do terço superior do braço direito.
Dose e via de administração:
≤ 15 anos de idade: 0,5 ml (5 ou 10 ug antigénio, conforme o produtor).
> 15 anos de idade: 1 ml (10 ou 20 ug antigénio, conforme o produtor).

Reações pós-vacinais: Reações locais ligeiras típicas de inflamação. Pode surgir mal-estar,
náuseas, fadiga, cefaleias, e sonolência.
Contraindicações: Reação anafilática a: uma dose anterior da vacina VHB, monovalente ou
combinada, algum dos constituintes da vacina, leveduras (fermento de padeiro).
Precauções: Recém-nascidos com menos de 2000g à nascença, Trombocitopenia, diátese
hemorrágica, alterações da coagulação ou terapêutica anticoagulante, doença aguda grave, com
ou sem febre.
Além da vacinação universal, (até aos 18 anos de idade) contemplada no PNV, a administração
gratuita é ainda recomendada a grupos de risco, conforme consta em Circular Normativa da
DGS.

Não é recomendada a determinação de marcadores serológicos antes ou depois da


vacinação da hepatite B exceto em determinados grupos de risco.

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Crianças filhas de mães AgHbs + ou desconhecido devem fazer a 1ª dose da VAHB nas
primeiras 12 horas de vida, independentemente do peso e idade gestacional, cumprindo o
esquema 0,1,6 meses.
As vacinas existentes em Portugal são intercambiáveis, pelo que qualquer uma pode ser
utilizada no cumprimento do esquema de vacinação.

Vacina monovalente contra a poliomielite (VIP)

Dose: Quatro.

Tipo de vacina: Vacina de vírus da poliomielite inteiros e inativados (tipos 1, 2 e 3).

Dose e Via de Administração: 0,5 ml – IM (ou S/C)

Contraindicações: Reação anafilática a: uma dose anterior da vacina VIP, monovalente ou


combinada, algum dos constituintes da vacina.

Local da injeção:
< 12 meses de idade: músculo vasto externo, na face externa da região antero-
lateral da coxa direita.
≥ 12 meses de idade: músculo deltóide, na face externa da região antero-lateral
do terço superior do braço direito.

Precauções: Hipersensibilidade grave à neomicina, estreptomicina ou polimixina B – indicada


vacinação em meio hospitalar; Trombocitopenia, diátese hemorrágica, alterações da coagulação
ou terapêutica anticoagulante, doença aguda grave, com ou sem febre.
Reações pós-vacinais: Podem associar-se em raríssimos casos a paralisia flácida nos indivíduos
vacinados.
A vacina VIP monovalente será utilizada principalmente para acertos de esquemas vacinais, em
que a Hib e/ou a DTPa não sejam necessárias ou estejam contra-indicadas. A VIP pode ainda ser
utilizada, por rotina (separadamente da DTPa), aos 5-6 anos de idade.
Além da sua utilização no PNV (em crianças e adolescentes até aos 18 anos), a VIP pode estar
também indicada e será administrada gratuitamente nos serviços de saúde, nas seguintes
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situações: viajantes para áreas endémicas ou com surtos/epidemias de poliomielite, trabalhadores
em laboratórios nos quais haja manipulação de vírus selvagem ou de amostras potencialmente
contaminadas, indivíduos com alterações imunitárias.
A vacinação VIP pode ainda estar considerada nos adultos maiores de 18 anos não vacinados,
com contacto próximo com crianças que receberam a VAP, por exemplo em países que ainda
usam esta vacina como rotina, e nos profissionais de saúde, não vacinados, que possam vir a
estar em contacto próximo com doentes que podem estar a excretar vírus selvagem ou vacinal da
poliomielite.
Os adultos não vacinados que se encontrem numa das situações acima mencionadas, devem
receber 3 doses de VIP, segundo o esquema 0, 1, 6-12 meses ou, se for necessária protecção
urgente, segundo o esquema acelerado 0, 1 e 2 meses.

Vacina monovalente contra a doença invasiva por Haemophilus


influenzae b (Hib)

Tipo de vacina: Vacina de oligossacáridos ou polissacárido capsular de Haemophilus influenzae


b, conjugados com uma proteína bacteriana.
Contraindicações: Reação anafilática a: uma dose anterior da vacina Hib, monovalente ou
combinada, algum dos constituintes da vacina (incluindo a proteína de conjugação).
Precauções: Trombocitopenia, diátese hemorrágica, alterações da coagulação ou terapêutica
anticoagulante, doença aguda grave, com ou sem febre.
Dose e via de administração: 0,5 ml - IM.
Local da injeção:
< 12 meses de idade: músculo vasto externo, na face externa da região antero-
lateral da coxa direita.
≥ 12 meses de idade: músculo deltóide, na face externa da região antero-lateral
do terço superior do braço direito.
Reações pós-vacinais: Pouco frequentes, podendo aparecer dor, rubor e tumefação local, febre e
irritabilidade com duração de um dia apenas. A vacina Hib monovalente será utilizada
principalmente para acertos de esquemas vacinais, em que a VIP e/ou a DTPa não sejam
necessárias ou estejam contra-indicadas. A vacina Hib pode ainda ser utilizada, por rotina

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(separadamente da DTPa), aos 18 meses de idade. Qualquer criança que tenha tido doença
invasiva por Haemophilus influenzae b, antes dos 2 anos de idade, deve ser vacinada com Hib,
independentemente do seu estado vacinal anterior, administrando-se o número de doses previsto
para a sua idade. A vacinação deve ser iniciada 1 mês após o início da doença ou, tão cedo
quanto possível, depois desta data.
As crianças que tenham tido a doença aos 2 ou mais anos de idade, não necessitam de ser
vacinadas com Hib, independentemente do seu estado vacinal anterior, uma vez que, após esta
idade, a doença invasiva provoca imunidade de longa duração.
As vacinas existentes em Portugal são intercambiáveis, pelo que qualquer uma pode ser utilizada
no cumprimento do esquema de vacinação.

Vacina contra a doença invasiva por Neisseria meningiditis C


(Men C)

Doses: Uma
Tipo de vacina: Vacina de oligossacáridos ou polissacárido capsular de Neisseria meningiditis
C, conjugado com uma proteína bacteriana.
Contraindicações: Reação anafilática a uma dose anterior da vacina Men C, algum dos
constituintes da vacina (incluindo a proteína de conjugação).
Precauções: Trombocitopenia, diátese hemorrágica, alterações da coagulação ou terapêutica
anticoagulante, doença aguda grave, com ou sem febre.
Dose e via de administração: 0,5 ml - IM.
Local da injeção:
< 12 meses de idade: músculo vasto externo, na face externa da região antero-
lateral da coxa esquerda.
≥ 12 meses de idade: músculo deltóide, na face externa da região antero-lateral
do terço superior do braço esquerdo.
As crianças que tiveram doença invasiva por Neisseria meningitidis C, antes dos 2 anos de
idade, devem ser vacinadas com MenC, independentemente do seu estado vacinal anterior de
acordo com o Quadro 2. Esta vacinação, por prescrição médica, deve ser iniciada 1 mês após o
início da doença ou, tão cedo quanto possível, depois desta data.

25
Ana Paula Belo
___________________________________________________________VACINAS
As crianças imunocompetentes que tiveram doença invasiva por Neisseria meningitidis C, aos 2
ou mais anos de idade, não necessitam de ser vacinadas com MenC, independentemente do seu
estado vacinal anterior, uma vez que, após esta idade, a doença invasiva provoca imunidade de
longa duração.

Vacina trivalente contra a difteria, o tétano e a tosse convulsa/


Pertussis (DTPa)

Dose: Cinco

Tipo de vacina: Vacina combinada trivalente, contendo: toxóide diftérico adsorvido (D),
toxóide tetânico adsorvido (T), toxóide e subunidades de Bordetella pertussis (Pa)
Contraindicações: Reação anafilática a: uma dose anterior da vacina, ou a algum dos
constituintes da vacina ou a outras vacinas contendo um ou mais destes antigénios. Encefalopatia
de etiologia desconhecida, nos 7 dias após a administração de uma vacina com o componente
pertussis.
Precauções: Alterações neurológicas que predisponham ao aparecimento de convulsões ou
deterioração neurológica, nomeadamente encefalopatia evolutiva. Trombocitopenia, diátese
hemorrágica, alterações da coagulação ou terapêutica anticoagulante, doença aguda grave, com
ou sem febre.

Dose e via de administração: 0,5 ml - IM.

Local da injeção:
< 12 meses de idade: músculo vasto externo, na face externa da região antero-
lateral da coxa esquerda.
≥ 12 meses de idade: músculo deltóide, na face externa da região antero-lateral
do terço superior do braço esquerdo.
Reações pós-vacinais:
Nódulo duro e doloroso no local da administração, persistindo algumas semanas.
Febre ligeira, choro e vómitos.

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Ana Paula Belo
___________________________________________________________VACINAS
Sinais inflamatórios que ocorrem nas primeiras 48 horas após a vacina. Aconselha-se a
administração de paracetamol 4 a 8 horas após a administração da vacina. A componente
pertussis pode ser responsável por reações mais graves que destacamos:

 Temperatura superior ou igual a 40,5 ºC, nas 48 horas a seguir à vacinação, sem
outra causa.
 Convulsões com ou sem febre ocorrendo no período de 3 dias após a vacinação.
 Choro persistente e/ou grito agudo incontroláveis com duração igual ou superior a
3 horas, nas 48 horas pós vacinação.
 Prostração intensa, colapso ou estado semelhante a estado de choque – episódio
de hiporeatividade e hipotonia – nas 48 horas pós vacinação.
 Encefalopatia.
 Convulsões com ou sem febre, ocorrendo no período de 3 dias após a vacinação.

Nesta situação recomenda-se: Consultar o médico que decidirá se a criança deve continuar o
esquema com DTPa (os riscos são substancialmente mais baixos do que com a DTPw) ou com a
Td.
Se a criança tiver contraindicação absoluta à componente pertussis e menos de 7 anos de
idade, inocula-se a vacina Td.
Em crianças com doença neurológica evolutiva (epilepsia não controlada e espasmos
infantis), o médico decidirá sobre a administração ou não da vacina DTPa, ponderando os riscos
da doença e suas sequelas face ao risco de efeitos adversos da vacina (muito inferior ao da
doença natural).
Uma história de convulsões febris não relacionadas com a vacinação contra a tosse
convulsa ou a história de convulsões na família não contra-indicam a DTPa. Nestes casos, pode
ser administrado paracetamol na altura da vacinação, a repetir a cada 4 a 6 horas, durante as
primeiras 24 horas após a vacinação.

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Ana Paula Belo
___________________________________________________________VACINAS

Vacina trivalente contra o sarampo, a parotidite epidémica e a


rubéola (VASPR)

Dose: Duas.

Tipo de vacina: Vacina combinada trivalente contendo vírus vivos atenuados do sarampo, da
parotidite epidémica e da rubéola.
Contraindicações: Reação anafilática a uma dose anterior da vacina, à neomicina, à gelatina ou
a outros componentes da vacina. Gravidez, imunodepressão grave, congénita ou adquirida,
terapêutica imunossupressora, tuberculose ativa.
Precauções: Não engravidar nos 3 meses seguintes à vacinação, imunodeficiências congénitas
ou adquiridas (incluindo infecção por VIH), não graves – pode ser administrada por prescrição
médica. Reacção anafilática às proteínas do ovo não é contra-indicação – indicada a vacinação
em meio hospitalar. Administração de produtos contendo imunoglobulinas. Trombocitopenia ou
púrpura trombocitopénica idiopática. Doença aguda grave, com ou sem febre.

Dose e via de administração: 0,5 ml - S/C

Local da injeção: Região deltóide ou tricípite braquial do braço direito.

Reações pós-vacinais: A componente sarampo pode originar febre, um a dois dias e exantema
transitório.
A componente rubéola pode originar exantema, febre 5 a 12 dias após a vacinação e
ocasionalmente podem surgir artralgias nas pequenas articulações 7 a 21 dias após a vacinação
(especialmente nas mulheres a partir da puberdade).
A componente da parotidite pode originar ardor, ulceração, e/ou irritação cutânea, podendo
ainda estar associada a febre e linfadenopatias.
Recomenda-se uma dose de reforço em ambos os sexos até aos 18 anos de idade inclusive,
independentemente, da idade em que foi administrada a primeira dose.
Indivíduos sem registo de vacinação contra o sarampo (VAS ou VASPR) devem receber sempre
2 doses de VASPR, de acordo com o esquema recomendado ou com um intervalo mínimo de 4
semanas.
As mulheres em idade fértil, depois dos 18 anos, sem registo de vacinação VASPR ou VAR,
devem fazer uma dose desta vacina na primeira oportunidade de vacinação e devem ser

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Ana Paula Belo
___________________________________________________________VACINAS
informadas do risco teórico de malformações no feto, se estiverem grávidas no momento da
vacinação ou se engravidarem no período de 3 meses após esta vacina. Não é necessária a
determinação de anticorpos contra a rubéola para tomar a decisão de vacinar.
Todas as puérperas não imunizadas ou cujo estado imunitário contra a rubéola se desconheça,
deverão ser vacinadas com VASPR ainda na maternidade ou na consulta de revisão do puerpério,
mesmo que tenham recebido recentemente imunoglobulinas (ex. anti-Rh).
A VASPR pode ser administrada a indivíduos que já tenham tido qualquer uma das 3 doenças ou
que já tenham sido vacinados com qualquer dos seus componentes isolados.
As vacinas existentes em Portugal são intercambiáveis, pelo que qualquer uma pode ser
utilizada no cumprimento do esquema de vacinação.

Vacina bivalente contra o tétano e a difteria (Td)

Dose: Várias ao longo da vida.

Tipo de vacina: Vacina combinada bivalente, contendo: toxóide tetânico adsorvido (T),
toxóide diftérico, em dose reduzida, adsorvido (d).

Contraindicações: Reação anafilática a uma dose anterior ou a algum constituinte da Td ou a


outras vacinas contendo um ou mais destes antigénios. Complicações neurológicas na sequência
de anterior vacinação contra o tétano ou a difteria.

Precauções: Sindroma de Guillain-Barré nas 6 semanas após dose anterior de toxóide


tetânico. Trombocitopenia, diátese hemorrágica, alterações da coagulação ou terapêutica
anticoagulante. Doença aguda grave, com ou sem febre.

Dose e via de administração: 0,5 ml – IM ou S/C profunda.

Local da injeção: Músculo deltóide, na face externa da região antero-lateral do terço superior
do braço esquerdo.

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Ana Paula Belo
___________________________________________________________VACINAS
Reações pós-vacinais: As mesmas referidas para a vacina DTPa.

As vacinas existentes em Portugal são intercambiáveis, pelo que qualquer uma pode ser utilizada
no cumprimento do esquema de vacinação.

Prevenção do Tétano Neonatal e do Puerpério

A prevenção do tétano neonatal e do puerpério deve ser feita muito antes da gravidez. É
desejável que cada mulher antes da gravidez receba 5 doses de toxóide tetânico, sendo que
um dos reforços deve ser feito no início da idade fértil. A decisão de administrar a vacina Td
depende do n.º total de doses de toxóide recebidas, assim como o n.º de anos decorrido desde
a última dose. Deve-se atuar de acordo com o seguinte quadro:

N.º de doses recebidas Última dose há 10 ou Última dose há menos de


anteriormente mais anos 10 anos
(nº de doses recomendadas) (nº de doses recomendadas)

Desconhecida, 0,1ou 2 2 (a) 2 (a)

3 1(b) 1

4 ou mais 1 (c) 0

(a) 2 doses com intervalo de 4 semanas. Deve receber mais uma dose, 6 a 12 meses após a última
dose administrada durante a gravidez.

(b) Se a 3ª dose tiver sido administrada durante o primeiro ano de vida, a grávida deve receber 2
doses (intervaladas de um mês) e uma dose adicional, pelo menos, 1 ano após a última dose
administrada durante a gravidez.

(c) Se tiver registo de 4 doses de toxóide tetânico e a 4ª dose tiver sido administrada antes dos 7
anos de idade, deve receber uma dose adicional, pelo menos, 1 ano após a dose administrada
durante a gravidez.

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Ana Paula Belo
___________________________________________________________VACINAS
Quando for necessário administrar duas doses durante a gravidez, devem receber o seguinte
esquema:
- A 1ª dose deve ser administrada logo no primeiro contacto durante a gravidez (nos casos
em que o primeiro contacto se verifique no primeiro trimestre da gravidez, se houver
confiança num seguimento regular da grávida, a 1ª dose pode ser adiada para o início do 2º
trimestre);
- A 2ª dose deve ser administrada, pelo menos, 4 semanas depois da primeira e,
idealmente, até 2 semanas antes do parto;
- Recomenda-se ainda a administração de uma 3ª dose, 6 a 12 meses depois da segunda
dose.
As mulheres com história vacinal desconhecida e as que não tenham nenhuma dose de
vacina contra o tétano antes da gravidez, devem ainda receber dois reforços, o primeiro 1 a 5
anos depois da 3ª dose e o segundo 1 a 10 anos depois da 4ª dose.
As vacinas inativadas são, geralmente, consideradas seguras para o feto e as vacinas vivas
estão, em princípio, contra-indicadas (VASPR e BCG). Na Td e na VHB é considerada a
administração, se indicada. Na VIP e na MenC, considera-se a administração, apenas em
situação de elevado risco.
Verificar sempre o estado vacinal da puérpera na consulta de revisão do puerpério.

Prevenção do Tétano na presença de ferimentos


Consoante o tipo de ferimento teremos de tomar a decisão de vacinar ou não.

História de vacinação Feridas não Feridas potencialmente


contra o tétano potencialmente tetanogénicas
(n.º de doses) tetanogénicas

Vacina Imunoglobulina Vacina Imunoglobulina

Desconhecida ou < 3 Sim Não Sim Sim(c) (d)

3 e a última há:

- < 5 anos Não (a) Não Não (a) (b) Não (b)
- 5 a 10 anos Não (a) Não Sim Não (b)
- ≥ 10 anos Sim Não Sim Não (b) (d)

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Ana Paula Belo
___________________________________________________________VACINAS

(a) Exceto se o esquema vacinal estiver em atraso.


(b) Excepto os indivíduos com alterações da imunidade que devem receber imunoglobulina
(250 UI) e vacina, qualquer que seja o tempo decorrido desde a última dose.
(c) Dose de 250 UI, administrada numa seringa diferente e em local anatómico diferente do
da vacina.
(d) Se o tratamento for tardio ou incompleto ou se a ferida apresentar um elevado risco
tetanogénico, deverá ser administrada imunoglobulina na dose de 500UI, em local
anatómico diferente do da vacina e ser instituída antibioterapia, para profilaxia de outras
infeções.

Vacina tetravalente contra a difteria, o tétano, a tosse convulsa e a


doença invasiva por Haemophilus influenzae b (DTPaHib)

Tipo de vacina: Vacina combinada tetravalente, contendo: toxóide diftérico adsorvido (D),
toxóide tetânico adsorvido (T), toxóide e subunidades de Bordetella pertussis (Pa) e
oligossacáridos ou polissacárido capsular de Haemophilus influenzae b, conjugados com uma
proteína bacteriana (Hib).
Contraindicações: Reação anafilática a uma dose anterior da vacina, ou a algum dos
constituintes da vacina ou a outras vacinas contendo um ou mais destes antigénios. Encefalopatia
de etiologia desconhecida, nos 7 dias após a administração de uma vacina com o componente
pertussis.
Precauções: Alterações neurológicas que predisponham ao aparecimento de convulsões ou
deterioração neurológica, nomeadamente encefalopatia evolutiva. Trombocitopenia, diátese
hemorrágica, alterações da coagulação ou terapêutica anticoagulante, doença aguda grave, com
ou sem febre.
Dose e via de administração: 0,5 ml - IM.
Local da injeção:
< 12 meses de idade: músculo vasto externo, na face externa da região antero-
lateral da coxa esquerda.
≥ 12 meses de idade: músculo deltóide, na face externa da região antero-lateral
do terço superior do braço esquerdo.

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___________________________________________________________VACINAS

Vacina tetravalente contra a difteria, o tétano, a tosse convulsa e a


poliomielite (DTPaVIP)

Tipo de vacina: Vacina combinado tetravalente, contendo: toxóide diftérico adsorvido (D),
toxóide tetânico adsorvido (T), toxóide e subunidades de Bordetella pertussis (Pa) e vírus da
poliomielite, inteiros e inactivados (tipos 1,2, e 3) (VIP).

Contraindicações: Reação anafilática a uma dose anterior da vacina, ou a algum dos


constituintes da vacina ou a outras vacinas contendo um ou mais destes antigénios. Encefalopatia
de etiologia desconhecida, nos 7 dias após a administração de uma vacina com o componente
pertussis.

Precauções: Hipersensibilidade à neomicina, estreptomicina ou polimixina B – indicada a


vacinação em meio hospitalar. Alterações neurológicas que predisponham ao aparecimento de
convulsões ou deterioração neurológica, nomeadamente encefalopatia evolutiva.
Trombocitopenia, diátese hemorrágica, alterações da coagulação ou terapêutica anticoagulante,
doença aguda grave, com ou sem febre.

Dose e via de administração: 0,5 ml - IM.

Local da injeção:
< 12 meses de idade: músculo vasto externo, na face externa da região antero-
lateral da coxa esquerda.
≥ 12 meses de idade: músculo deltóide, na face externa da região antero-lateral
do terço superior do braço esquerdo.

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Ana Paula Belo
___________________________________________________________VACINAS

Vacina pentavalente contra a difteria, o tétano, a tosse convulsa, a


doença invasiva por Haemophilus influenzae b e a poliomielite
(DTPaHibVIP)

Tipo de vacina: Vacina combinada pentavalente, contendo: toxóide diftérico adsorvido


(D), toxóide tetânico adsorvido (T), toxóide e subunidades de Bordetella pertussis (Pa),
oligossacáridos ou polissacárido capsular de Haemophilus influenzae b, conjugados com uma
proteína bacteriana (Hib) e vírus da poliomielite, inteiros e inactivados (tipos 1,2, e 3) (VIP).

Contraindicações: Reação anafilática a uma dose anterior da vacina, ou a algum dos


constituintes da vacina ou a outras vacinas contendo um ou mais destes antigénios. Encefalopatia
de etiologia desconhecida, nos 7 dias após a administração de uma vacina com o componente
pertussis.

Precauções: Hipersensibilidade à neomicina, estreptomicina ou polimixina B – indicada a


vacinação em meio hospitalar. Alterações neurológicas que predisponham ao aparecimento de
convulsões ou deterioração neurológica, nomeadamente encefalopatia evolutiva.
Trombocitopenia, diátese hemorrágica, alterações da coagulação ou terapêutica anticoagulante,
doença aguda grave, com ou sem febre.
Dose e via de administração: 0,5 ml - IM.
Local da injeção:
< 12 meses de idade: músculo vasto externo, na face externa da região antero-
lateral da coxa esquerda.
≥ 12 meses de idade: músculo deltóide, na face externa da região antero-lateral
do terço superior do braço esquerdo.

34
Ana Paula Belo
___________________________________________________________VACINAS

Vacina bivalente contra infeções


por vírus do Papiloma humano
(HPV)
Tipo de vacina
Vacina bivalente, recombinante, com
adjuvante, contendo proteínas L1 do vírus
do Papiloma humano dos tipos 16 e 18.

Indicações terapêuticas Prevenção de lesões genitais pré-cancerosas


do colo do útero e do cancro do colo do
útero com relação causal com os genotipos
16 e 18 do HPV.

Contraindicações Reação de hipersensibilidade à substância


ativa ou a qualquer um dos excipientes da
vacina.

Precauções Doença aguda grave, com ou sem febre,


trombocitopenia, diátese hemorrágica,
alterações da coagulação ou terapêutica
anticoagulante. Gravidez e aleitamento - os
dados existentes são insuficientes para
indicar a vacina durante a gravidez ou o
aleitamento.
Não existem dados que suportem a
intercambialidade desta vacina com outras
vacinas contra infecções por HPV (os
esquemas devem ser cumpridos com a
mesma vacina).

Dose e via de administração 0,5 mL


Intramuscular

Local da injeção Músculo deltóide, na face externa da região


antero-lateral do terço superior do braço
direito.

Compatibilidade Pode ser administrada simultaneamente


com outras vacinas em locais anatómicos
diferentes ou no mesmo membro (exceto
com a BCG), desde que as injeções sejam
distanciadas entre 2,5 a 5 cm.

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Ana Paula Belo
___________________________________________________________VACINAS

4.1 - Locais anatómicos de administração das vacinas

Locais de administração das vacinas do PNV em crianças menores de 12 meses de idade

Braço esquerdo Braço direito


BCG ____________

Coxa esquerda Coxa direita


DTPaHibVIP VHB
DTPa Hib
DTPaHib VIP
DTPaVIP

Locais de administração das vacinas do PNV em crianças de idade igual ou superior a


12 meses de idade

Braço esquerdo Braço direito


BCG (a) VASPR (c)
MenC (b) VHB
DTPa Hib
DTPaHib VIP
DTPaVIP HPV
Td

(a) A administração de BCG no esquema em atraso, implica que as vacinas a serem efetuadas
nos 3 meses seguintes sejam administradas no braço direito.
(b) Se administrada a crianças <12 meses a MenC deve ser administrada na coxa esquerda.
(c) Se administrada a crianças <12 meses a VASPR deve ser administrada na coxa direita.

36
Ana Paula Belo
___________________________________________________________VACINAS
No que respeita aos locais de administração de vacinas, deve ter-se sempre em atenção o
seguinte:
* As vacinas de administração intramuscular nunca devem ser inoculadas no músculo
nadegueiro/glúteo;
*Antes dos 12 meses de idade, as vacinas devem ser inoculadas na coxa (exceto o BCG)
e, a partir dessa idade, na parte superior do braço;
* Após a administração da BCG, a região deltóide do braço esquerdo só pode ser
inoculada com outra vacina depois de decorridos 3 meses;
* Após os 12 meses de idade, quando não existir desenvolvimento suficiente da parte
superior do braço podem ser administradas vacinas nas coxas;
* Nos casos em que haja necessidade de administrar mais do que uma vacina no mesmo
membro, as injeções devem ser distanciadas de, pelo menos, 2,5 a 5 cm;
* Nos casos em que as vacinas sejam administradas em locais anatómicos diferentes dos
aconselhados é obrigatório o registo do local anatómico onde cada uma das vacinas foi
administrada, no Boletim Individual de Saúde/Registo de Vacinações e na ficha Individual de
Vacinação.

4.2 - Intervalos entre as múltiplas doses do mesmo antigénio

A maior parte das vacinas requer a administração de várias doses para se obter uma boa
resposta imunológica, devendo sempre que possível respeitar o esquema vacinal.
Com alguma frequência são atendidos indivíduos que, por vários motivos, não cumpriram
o esquema recomendado. Mais raramente, por razões epidemiológicas ou clínicas, é
necessário alterar este esquema. Nestas situações, há regras que devem ser respeitadas e que
se aplicam quer às doses para imunização primária, quer às doses de reforço ou adicionais.

Intervalos Superiores ao recomendado


Os intervalos superiores aos estabelecidos no calendário vacinal não reduzem a
concentração final de anticorpos protectores, sendo necessário que se complete o esquema
estabelecido, independentemente do tempo decorrido desde a administração da última
dose.

37
Ana Paula Belo
___________________________________________________________VACINAS

Intervalos Inferiores ao recomendado

Por razões epidemiológicas ou para aproveitar todas as oportunidades de vacinação, pode


ser necessário encurtar os intervalos, devendo sempre respeitar os intervalos mínimos entre as
doses e a idade mínima de administração da primeira dose, conforme o quadro da página
seguinte:

Idade mínima aconselhada para iniciar a vacinação e intervalos mínimos


recomendados entre múltiplas doses do mesmo antigénio

Idade mínima Entre a 1ª e a Entre a 2ª e a Entre a 3ª e a


VACINA para a 1ª dose 2ª dose 3ª dose 4ª dose
8 semanas, mas
entre a 1ª dose e
VHB nascimento 4 semanas a3ª,deve decorrer
um período
mínimo de 4 ____________
meses, e a 3ª dose
nunca deve ser
dada antes dos 6
meses de idade. (e)
VIP 6 semanas 4 semanas 4 semanas 6 semanas (f)
Td 7 anos (b) 4 semanas 6 meses 6 meses (h)
8 semanas, mas
não deve ser dada
HIB 6 semanas 4 semanas 4 semanas
antes dos 12 meses

DTP a 6 semanas (a) 4 semanas 4 semanas 6 meses (g) (h)

VASPR 12 meses (c) 4 semanas ____________ _____________


8 semanas, mas
não deve ser
Men C (d) 2 meses 8 semanas administrada _____________
antes dos 12
meses
9 anos (vacina 4 semanas 5 meses (entre a
HPV bivalente) 1ª e a 3ª)
_____________
10 anos (vacina 4 semanas 3 meses
quadrivalente)

38
Ana Paula Belo
___________________________________________________________VACINAS
(a) Excecionalmente, em caso de surto, a idade mínima para a 1ª dose de DTPa, será de 4
a 6 semanas.
(b) Excecionalmente, em crianças com contra-indicação absoluta para a Pa, a Td pode
ser administrada antes dos 7 anos de idade.
(c) Se for necessária proteção mais precoce (surtos, viajantes, pessoas infetadas com
VIH), a 1ª dose de VASPR pode ser antecipada para os 6 meses de idade, não
contando esta dose para o esquema recomendado. As crianças vacinadas antes do
primeiro ano de idade devem ser revacinadas com a VASPR I aos 12 meses de idade.
(d) A Men C pode ser administrada a partir das 6 semanas de vida, a contactos de casos,
não contando esta dose para o esquema recomendado.
(e) A VHB pode ser excecionalmente administrada em esquemas mais acelerados
(viajantes).
(f) A 4ª dose de VIP só é recomendada se a 3ª dose tiver sido administrada antes dos 4
anos de idade, exceto para os que tenham recebido um esquema misto VAP e VIP,
que devem receber a VIP IV mesmo que a VIP ou VAP III tenha sido administrada
depois dos 4 anos de idade.
(g) Excecionalmente, pode ser aceite um intervalo de 4 meses entre a DTPa III e a DTPa
IV.
(h) A 5ª dose de DTPa ou Td só é recomendada se a 4ª dose tiver sido administrada antes
dos 4 anos de idade. Nestes casos, esta deve ser intervalada da 4ª dose, no mínimo, de
6 meses.

4.3 - Intervalos entre a administração de vacina de antigénios diferentes


As vacinas inativadas não interferem com a resposta imunológica a outras vacinas,
podendo ser administradas em qualquer altura, antes ou depois de outra vacina diferente,
inativada ou viva.
As vacinas vivas podem sofrer alterações na resposta imunológica, se forem
administradas com intervalo inferior a 4 semanas com outra vacina viva. Assim, a
administração de 2 ou mais vacinas vivas deve ser feita no mesmo dia ou então deve
respeitar um intervalo de pelo menos 4 semanas. Se o intervalo de 4 semanas entre duas
vacinas vivas não foi respeitado, a vacina viva administrada por último deve ser repetida 4 ou
mais semanas depois da sua administração.

39
Ana Paula Belo
___________________________________________________________VACINAS
Nos casos em que o esquema vacinal está em atraso, a administração simultânea do maior
número possível de vacinas é, normalmente, possível e desejável. Nestes casos, recomenda-
se que as vacinas sejam administradas em locais anatómicos diferentes. Se por algum motivo,
houver necessidade de administrar vacinas no mesmo local anatómico, terá que haver uma
distância entre as duas injecções de 2,5 cm a 5 cm de distância entre elas.
A mistura de diferentes soluções vacinais na mesma seringa, para administração
simultânea numa só injeção, é contraindicada, comprometendo quer a eficácia quer a
segurança das vacinas misturadas. Este procedimento pode provocar reações adversas graves.

Intervalos entre a administração de vacinas de antigénios diferentes

ANTIGÉNIOS Intervalo mínimo recomendado entre as doses


2 inativados Nenhum. Podem ser administradas no
mesmo dia ou c/ qualquer intervalo entre as
doses.
Inativados + vivos Nenhum. Podem ser administradas no
mesmo dia ou c/ qualquer intervalo entre as
doses.
Vivos Podem ser administradas no mesmo dia ou
com um intervalo de, pelo menos, 4 semanas
entre as doses.

40
Ana Paula Belo
___________________________________________________________VACINAS

5 - CONTRAINDICAÇÕES DA VACINAÇÃO

As contraindicações às vacinas são raras e podem ser permanentes ou transitórias. A decisão de


não vacinar deve ser cuidadosamente ponderada, tendo em atenção os benefícios da prevenção
da doença e as raras situações adversas provocadas pelas vacinas.
As precauções não são contraindicações para a vacinação, mas exigem prescrição médica para
administrar as respectivas vacinas.
É importante lembrar que qualquer adiamento da vacinação devido a uma falsa contraindicação
constitui uma oportunidade perdida de vacinação, que pode vir a resultar em mais uma pessoa
não vacinada.

Doença Aguda
A vacinação deve ser adiada nos casos de doença com febre superior a 38,5º C, ou outros
sintomas importantes.

Reações Secundárias Graves


As crianças com antecedentes de reacção anafilática não devem receber doses posteriores dessa
vacina, no entanto, dada a gravidade de algumas doenças, pode ser ponderado pelo médico uma
dessensibilização aos antigénios em questão para uma futura administração em meio hospitalar.

Reações de Hipersensibilidade Grave a Componentes Vacinais


Uma reação anafilática ao ovo não implica uma reacção anafilática às vacinas produzidas em
culturas de embrião de galinha, caso da VAS e VASPR, no entanto, recomenda-se que a sua
administração decorra em meio hospitalar.
A hipersensibilidade grave a certos antibióticos e/ou outros componentes, contra-indicam a
vacina que contenham estes na sua composição, sendo o caso da neomicina, leveduras e gelatina.

Gravidez
Sem evidência de teratogenicidade, as vacinas vivas não devem ser administradas a grávidas,
nomeadamente VAS, VAR, VASPR e BCG.

41
Ana Paula Belo
___________________________________________________________VACINAS
Alterações Imunitárias

As vacinas vivas não devem ser administradas a indivíduos com:

 Síndromes de imunodeficiência congénita (hipogamoglobulinémias ou


imunodeficiência combinada grave);
 Estados de imunodepressão devidos a algumas doenças malígnas (linfomas, outros
tumores do sistema reticulo-endotelial e leucemias);
 Estados de imunossupressão associados a certas terapêuticas. Deve respeitar-se um
período mínimo de 3 meses após a suspensão da terapêutica para administrar a vacina
viva. A vacinação requer prescrição médica;
 Estados de imunodepressão devidos a terapêutica sistémica com corticosteróides em
doses elevadas ( 2 mg/kg/dia de prednisolona ou 20 mg/dia se as crianças têm peso
10 kg): A) Durante menos de 14 dias (diariamente ou em dias alternados), as
vacinas vivas podem ser administradas logo depois de parar o tratamento, mas de
preferência após 2 semanas. B) Durante 14 dias ou mais (diariamente ou em dias
alternados), as vacinas vivas só podem ser administradas 1 mês depois de parar o
tratamento;
 Transplantes de órgãos. Depois do transplante, não devem ser administradas vacinas
vivas. Crianças com mais de 12 meses, devem fazer a VASPR, pelo menos, um mês
antes do transplante. Nos transplantes alogénicos e autólogo da medula, uma vez que
a imunidade induzida pela vacinação se perde após o transplante, torna-se necessário
revacinar, respeitando o seguinte: A) A administração de vacinas inactivadas é
recomendada 6 meses depois do transplante (quando geralmente a imunodepressão
está superada). B) A administração de VASPR é recomendada 2 anos depois do
transplante, exceto se os indivíduos transplantados estiverem a fazer terapêutica
imunossupressora, se tiverem tido uma recidiva ou se houver doença hospedeira
versus dador ativa. O BCG está contra-indicado. A vacinação de indivíduos com
transplante de medula requer prescrição.
 Indivíduos com VIH positivo, assintomáticos sem imunodepressão grave, devem
cumprir o PNV, no entanto as vacinas vivas devem ser administradas com prescrição
médica. A VAP está contra-indicada e deve ser substituída pela VIP. Nos filhos de

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Ana Paula Belo
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mãe com VIH positivo, a vacina BCG deverá ser adiada até exclusão de infecção pelo
VIH e administrada mediante prescrição médica;
 Indivíduos com VIH positivo, sintomáticos e com imunodepressão grave não podem
receber vacinas vivas.

Vacinas do PNV aconselhadas a doentes transplantados com células


estaminais medulares ou periféricas

Vacina Depois do transplante Comentários

Contraindicada antes de 24 meses após o


BCG Contraindicada
transplante. Não há estudos sobre a sua
utilização em transplantados.

Recomendada até aos 6 anos de 3 doses, aos 12, 14 e 24 meses após o


DTPa
idade, inclusive transplante.

Recomendada a partir dos 7 anos 3 doses, aos 12, 14 e 24 meses após o


Td
de idade transplante. Reforços de 10 em 10 anos

Recomendada em qualquer idade 3 doses, aos 12, 14 e 24 meses após o


VIP
transplante.

Recomendada em qualquer idade 3 doses, aos 12, 14 e 24 meses após o


Hib
transplante

Recomendada em qualquer idade 1 dose aos 12 meses após o transplante.


MenC

Recomendada em qualquer idade 3 doses, aos 12, 14 e 24 meses após o


VHB
transplante.

Recomendada em qualquer idade 2 doses pós-transplante, a 1ª dose aos 24


VASPR
meses após o transplante (se
imunocompetente) e a 2ª dose 6 a 12 meses
após a 1ª dose.

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Vacinas do PNV com contraindicação absoluta e relativa para diferentes tipos


de imunodeficiência

Tipo de Contraindicação Contraindicação Observações


imunodeficiência absoluta relativa

Congénitas
VASPR
A vacina pode não estar
A deficiência selectiva
Alterações dos BCG
indicada, por não haver de IgA não é contra-
linfócitos B (imunidade VAP resposta imunitária, indicação para as vacinas
humoral comprometida) devido à terapêutica vivas, excepto para a
regular com VAP
imunoglobulinas

Alterações dos
Vacinas vivas Nenhuma
linfócitos T(imunidade
humoral e celular
comprometidas)

Alterações do
Nenhuma Nenhuma
complemento

Alterações da função
BCG Nenhuma
fagocitária

Adquiridas A VASPR só está


contraindicada se houver
BCG VASPR
imunodepressão grave
VIH VAP

Cancro, transplantes ou A efetividade das


Vacinas vivas Nenhuma
terapêutica vacinas depende do grau
(dependendo do
imunossupressora de imunossupressão
estado
imunitário)

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5.1 – Falsas contraindicações


 Doenças benignas, tais como: Infeções respiratórias ou diarreias, com temperatura
inferior a 38,5ºC;
 Alergia, asma ou outras manifestações atópicas;
 Antecedentes familiares de convulsões;
 Tratamento com antibióticos, incluindo no decurso desta.
 Terapêutica com doses baixas de corticosteróides;
 Dermatoses, eczemas ou infeções cutâneas localizadas;
 Doenças crónicas, cardíacas, pulmonores, renais ou hepáticas;
 Doenças neurológicas não evolutivas (paralisia cerebral e sindroma de Down);
 História de icterícia neonatal;
 Prematuridade ou baixo peso no nascimento;
 Má nutrição;
 Aleitamento materno;
 História anterior de sarampo, parotidite ou rubéola;
 Período de incubação de doenças.

5.2 – Reação anafilática

As reações anafiláticas são reações alérgicas muito graves, embora extremamente raras.
As reações anafiláticas surgem geralmente após o contacto com o alérgeno, sendo tanto mais
graves quanto mais precoces, pelo que devem as crianças permanecer sob observação por um
período de 15 a 30 minutos.

Devemos reconhecer os sinais e sintomas de reações anafiláticas, tais como:


 Prurido e urticária,
 Edema da face, lábios ou outra parte do corpo,
 Dificuldade em engolir,
 Espirros, lacrimejo, tosse, rouquidão e pieira,
 Dificuldade respiratória, cianose,
 Prostração, pulso rápido e fraco, arritmia, hipotensão e choque.

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O tratamento deve ser iniciado imediatamente e inclui os passos seguintes:
As medidas de 1 a 5 devem ser executadas simultaneamente.
A administração de adrenalina IM é prioritária se as outras medidas não puderem ser
completamente executadas. Globalmente, a administração precoce da adrenalina intra-muscular
(IM) é a etapa mais importante e prioritária na abordagem da anafilaxia mesmo se as outras
medidas não puderem ser completamente executadas.

1– Deitar o doente com os pés elevados;


2- Manter as vias aéreas permeáveis, se necessário, usar um tubo de Guedel;
3 – Administrar oxigénio por máscara com reservatório a 15 L/min ou, na sua
falta, por cânula nasal até 6 L/min;
4– Administrar adrenalina aquosa a 1:1000 (1 mg/ml), na dose de 0,01 ml/Kg até
ao máximo de 0,5 ml, por via IM, de preferência na face anterior da coxa
(actualmente preconiza-se a administração na coxa – músculo vasto lateral –
porque são atingidos níveis séricos superiores aos obtidos após injecção no
deltóide). Esta dose pode ser repetida em intervalos de 10 a 30 minutos, se
necessário, até 3 doses.
5- Pedir ajuda para o 112 para transporte do doente para o Serviço de Urgência
mais próximo;
6 – Se se mantiverem os sinais de obstrução das vias aéreas, que não responderam
à administração parentérica de adrenalina, administrar aerosol com
broncodilatadores (salbutamol em 0,03 ml/Kg até à dose máxima de 1 ml) ou
adrenalina a 1: 1000 (1 mg/ml) (diluir 1 ml em 4 ml de soro fisiológico);
7 – Monitorizar o Tempo de Preenchimento Capilar (TPC) e os sinais vitais – um
aumento da frequência cardíaca ou uma pressão arterial baixa aumentam a
suspeita de anafilaxia, embora não seja obrigatório que estejam presentes; registar
as medições efetuadas, devendo essa informação acompanhar o doente na sua
transferência para o hospital;
8 – Canalizar uma veia e iniciar perfusão endovenosa de soro fisiológico (20
ml/kg na criança) ou outro expansor de volume, para reposição da volémia;
9 – Se a pressão arterial continuar a baixar e não responder à administração de
adrenalina:

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- Administrar corticóides: hidrocortisona (4 mg/kg na criança; máximo de
250 mg no adulto) ou prednisolona (2 mg/KG/dose na criança; máximo de 75 a
100 mg no adulto), por via endovenosa;
- Iniciar perfusão endovenosa de adrenalina a 1:1000 (1 mg/ml), na dose
de 0,1 – 5,0 ug /kg/min. Diluir 0,3 mg de adrenalina por kg de peso corporal em
50 ml de soro fisiológico e administrar, em perfusão EV, a 1 ml/hora (o que
corresponde a 0,1 ug /kg/min). Não sendo possível a administração EV, e de
acordo com a situação clínica, poder-se-á prosseguir a administração de
adrenalina por via IM.
A dose de adrenalina deve ser calculada em função do peso, para evitar dosagens
excessivas, que poderão provocar palpitações, cefaleias e congestão facial. No caso de o peso
ser ignorado, poderá calcular-se a dose, de acordo com a idade, como indicado no quadro
seguinte:
DOSE DE ADRENALINA A 1:1000, VIA INTRAMUSCULAR, DE ACORDO COM A
IDADE, PARA TRATAMENTO DE REAÇÕES ANAFILÁTICAS

IDADE (a) DOSE (mg) DOSE (ml)

2 – 6 meses 0,1 mg/Kg/dose 0,1 mL/Kg/dose

0,15
≥6 meses a <6 anos 0,15

0,3
≥6 anos a <12 anos 0,3

0,5
≥12 anos (b) 0,5

(a) As doses para crianças com idades não expressas no quadro devem ser aproximadas às
referidas para a idade mais próxima;
(b) Para reações moderadas, pode ser considerada uma dose de 0,3 ml.

Todos os indivíduos vacinados que sofrem uma reacção anafilática devem permanecer em
observação durante, pelo menos, 12 a 24 horas após o início dos sintomas. Os anti-histamínicos
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devem ser continuados 3 dias para além do desaparecimento dos sintomas, devido à
eventualidade de uma resposta retardada ou bifásica.

5.3 – Vacinação em circunstâncias especiais

Crianças pré-termo e de baixo peso


Nas crianças pré-termo (nascidas antes das 37 semanas de gestação), os anticorpos
maternos estão presentes em níveis mais baixos e durante um período de tempo inferior ao das
crianças de termo. Assim, a morbilidade e/ou gravidade das doenças evitáveis pela vacinação
pode ser superior nesta população, pelo que a vacinação de crianças pré-termo não deve ser
adiada.
As crianças pré-termo cuja situação clínica seja satisfatória, devem ser vacinadas de
acordo com o esquema recomendado no PNV, com as mesmas doses e na mesma idade
cronológica que as crianças de termo, independentemente do peso à nascença, exceto para a
BGG e para a VHB.
Nas crianças nascidas com peso inferior a 2000g, a BCG deve ser adiada para quando
atingirem este peso.
Nas crianças filhas de mães AgHBs negativo, nascidas com peso inferior a 2000 g, a
VHB deve ser adiada para o 1 mês de idade ou para quando atingirem este peso. Nestas crianças,
as doses seguintes de VHB serão administradas aos 2 e aos 6 meses de idade, conforme o
esquema recomendado.
Todos os recém-nascidos filhos de mães com Ag HBs positivo, devem ser vacinados com
VHB e receber imunoglobulina específica nas primeiras 12 horas de vida, independentemente da
idade gestacional ou do peso. Estas crianças devem receber um esquema acelerado de VHB: 0,1
e 6 meses de idade.
Se o recém-nascido nestas condições tiver peso inferior a 2000 g, deve ser seguido um
esquema cronológico com 4 doses, a administrar aos 0,1, 2 e 6 meses de idade.
Estas crianças devem ser testadas para Ag HBs e anti-HBs aos 9 e 15 meses de idade,
para verificar o sucesso da imunoprofilaxia. Se estes testes forem negativos devem receber uma
nova série de VHB.
Se a situação da mãe, em relação à hepatite B, for desconhecida, o recém-nascido deve
ser vacinado como se a mãe fosse Ag HBs positivo. A avaliação serológica da mãe deves ser

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feita nas 12 horas após o parto e, se o Ag HBs for positivo, deve ser administrada a
imunoglobulina ao recém-nascido.

Infeção por vírus da imunodeficiência humana (VIH)


Nos indivíduos infetados por VIH a vacinação precoce é a opção mais segura e mais
efetiva.
O aumento da carga vírica que se constata após a administração de vacinas é transitório,
não se justificando retardar ou evitar a administração das vacinas consideradas essenciais.
Deve ser dada prioridade ao cumprimento do PNV bem como à administração da vacina
contra o Streptococcus pneumoniae (cujo reforço deve ser efectuado, pelo menos, uma vez, de 5
anos após a primeira administração) e, eventualmente, ao reforço da Hib.
As vacinas inativadas podem ser administradas em qualquer estádio da doença.
Das vacinas incluídas no PNV, a BCG é a única contra-indicada, em qualquer fase da
infecção (sintomática ou assintomática), devido ao risco de disseminação do Bacilo de Calmette-
Guerin.
O conhecimento acumulado sugere que algumas vacinas vivas atenuadas podem ser
administradas em caso de risco elevado de infecção, como por exemplo, a vacina contra a febre-
amarela em viajantes infectados por VIH, particularmente, naqueles que estão em fase
assintomática e com valores de linfócitos T CD4 > 200 células/mm3 . Tal como já foi referido, a
relação risco-benefício para cada vacina viva atenuada deve ser avaliada, em cada momento e
individualmente.
No recém-nascido filho de mãe infetada por VIH, a BCG só poderá ser administrada
quando testes sucessivos permitirem excluir a existência de infeção por VIH: pesquisa dos ácidos
nucleicos de VIH, por PCR, negativa em 3 amostras de plasma ou cultura vírica negativa,
realizados sucessivamente, nos primeiros dias de vida, aos 2 e aos 4 meses de idade. Neste caso,
a administração da vacina deverá ser precedida de prova tuberculínica negativa, de acordo com
as normas.
A criança com infeção por VIH, assintomática ou sintomática, sem imunodepressão
grave, deve receber a VASPR o mais precocemente possível. Assim, recomenda-se que nas
crianças esta vacina seja administrada aos 12 meses de idade, seguida de uma segunda dose a
administrar o mais precocemente possível (intervalo mínimo de 4 semanas em relação à primeira
dose).

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Se o risco de agravamento da doença associada a VIH e/ou o risco de exposição ao
sarampo for elevado, a vacinação deve ser efetuada numa idade mais precoce, entre os 6 e os 9
meses de idade. Neste caso, deve fazer-se uma 2ª dose de VASPR (considerada VASPR I) aos
12 meses de idade e a 3ª dose 4 semanas depois (considerada VASPR 2).
Deve ser ponderada a administração de doses de reforço das vacinas Hib e MenC aos
doentes infectados por VIH.
Em crianças que foram vacinadas em fase de imunodepressão grave poderá ser
considerada a administração de reforços vacinais após recuperação imunológica secundária à
terapêutica anti retrovírica.

Asplenia anatómica ou funcional


Antes de qualquer cirurgia eletiva de ablação do baço deve ser verificada a situação
vacinal do doente, de modo a que as vacinas necessárias sejam administradas, pelo menos, até 2
semanas antes da cirurgia.
Em situação de asplenia anatómica ou funcional os doentes não têm nenhuma
contraindicação para a administração de vacinas, devendo ser vacinados de acordo com a sua
idade e história vacinal anterior, actualizando o PNV nas idades recomendadas.
Estes doentes têm maior risco de infeção grave por bactérias capsuladas (Haemophilus
influenzae e Neisseria meningitidis, além de outras não abrangidas pelo PNV, como
Streptococcus pneumoniae). Portanto recomenda-se, especialmente, que estes doentes sejam
vacinados com as vacinas MenC, Hib e contra Streptococcus pneumoniae em qualquer idade, se
não o fizer antes da esplenectomia.

Terapêutica com produtos contendo imunoglobulinas


A interação entre imunoglobulinas e vacinas inativadas é reduzida pelo que estas podem
ser administradas em simultâneo, antes ou depois da administração de produtos contendo
imunoglobulinas, desde que em locais anatómicos diferentes.
Uma vez que a resposta imunitária à vacina BCG é exclusivamente celular, não se espera
nem está documentada qualquer interferência antes esta vacina e produtos contendo
imunoglobulinas. Assim, a BCG pode ser administrada em simultâneo, antes ou depois da
administração de produtos contendo imunoglobulinas, mas em locais anatómicos diferentes. Os
produtos contendo imunoglobulinas interferem, potencialmente com o desenvolvimento da

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imunidade às vacinas virais vivas (exceptuando a VAP), se forem administrados
simultaneamente ou dentro de certos intervalos de tempo.
A vacinação com a VASPR, de indivíduos a quem foram administrados produtos
contendo imunoglobulinas, há menos de 1 ano, requer prescrição médica, recomendando-se que:
* Após a administração de vacinas virais vivas (VASPR), deve respeitar-se um período
mínimo de 2 semanas para administração de produtos contendo imunoglobulinas;
* Após a administração de produtos contendo imunoglobulinas deve ser respeitado um
período de 3 a 11 meses até à administração de vacinas contra o sarampo., dependendo do tipo e
dose da imunoglobulina inoculada;
* Não é bem conhecida a influência dos produtos contendo imunoglobulinas no
desenvolvimento da imunidade para a rubéola após vacinação. No entanto, aconselha-se um
intervalo mínimo de 3 meses entre a administração daqueles produtos e a administração da
vacina contra a rubéola.
Se os intervalos recomendados não puderem ser respeitados, a vacina VASPR deve ser
repetida após o intervalo recomendado, excepto se testes serológicos (efectuados pelo menos 3
meses após a vacinação) comprovarem que existe imunidade protectora. No caso das puérperas
que necessitam de receber anti-RH e vacina contra a rubéola (VASPR), logo após o parto
aconselha-se a administração de uma segunda dose de VASPR, se possível, pelo menos 3 meses
após o parto.

Indivíduos com alteração da coagulação


Os indivíduos com risco de diátese hemorrágica, trombocitopenia, alterações da
coagulação ou que fazem terapêutica anti-coagulante, têm risco acrescido de hemorragia se
forem vacinados por via intramuscular. Embora com maior frequência de reacções locais, estes
indivíduos podem ser vacinados por via subcutânea, no caso das vacinas Hib, VHB, VIP,
DTPaHib e Td.
As vacinas MenC, DTPa, DTPa VIP e DTPaHibVIP, podem ser administradas por via
intramuscular se o médico assistente assim o entender. Nesse caso, deve ser utilizada uma agulha
de 23 Gauge (0,6 mm x 25,0 mm) ou mais fina, deve ser exercida pressão firme no local da
injecção (sem fricionar), pelo menos durante 2 a 5 minutos e a pessoa vacinada deve diminuir a
mobilidade do membro inoculado durante as primeiras 24 horas. Esta inoculação deve ocorrer
imediatamente a seguir à terapêutica da coagulopatia, quando indicada.

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6 - VACINAS QUE INTEGRAM O REGULAMENTO SANITÁRIO


INTERNACIONAL

Atualmente, na sequência da revisão adoptada na 22ª Assembleia Mundial de Saúde, os


países signatários do Regulamento apenas podem exigir a vacina contra a febre-amarela. Vacinas
internacionais como a cólera, febre tifóide, febre-amarela, raiva e meningococos (grupos AC,
ACW135Y), são administradas exclusivamente nos Centros de Vacinação Internacional.

6.1 - Compatibilidade de outras vacinas com as vacinas do PNV

Vacina contra a gripe


Os fabricantes das vacinas contra a gripe (inativadas) referem que estas podem ser
administradas simultaneamente com outras vacinas mas aconselham a utilização de membros
diferentes.

Vacinas pneumocócicas
A vacina Prevenar diminui a resposta à vacina VIP e aos antigénios de pertussis (Pa).
As vacinas Pneumovax 23 e Pneumo 23, não são incompatíveis com as vacinas do PNV.

Vacina contra a varicela e Hepatite A


Não existem dados que comprovem a sua compatibilidade com outras vacinas.

Vacina contra a febre-amarela, febre tifóide, cólera, encefalite da carraça, encefalite


japonesa e raiva
Os fabricantes não referem incompatibilidades destas vacinas com as vacinas do PNV.

Vacina meningocócica polissacarídica


Após a administração da MenC, deve decorrer um intervalo de, pelo menos, 2 semanas para
administração de uma vacina meningocócica polissacarídica (contra os serogrupos AC ou
ACW135Y).

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As crianças com menos de 5 anos de idade podem receber a MenC, 2 semanas ou mais, após
a administração de uma vacina meningocócica polissacarídica.
Os indivíduos de idade igual ou superior a 5 anos podem receber a MenC, 6 meses ou mais,
após a administração de uma vacina meningocócica polissacarídica.
É referido que alguns autores recomendam um intervalo de, pelo menos, 1 mês entre a
administração de vacinas meningocócicas polissacarídicas e qualquer vacina contra o sarampo.

6.2 – Viajantes
A vacinação de viajantes deve ser personalizada, de acordo com a idade, a
história/situação clínica e vacinal do indivíduo, os países de destino, o tipo de viagem, a duração
da viagem/estadia, estadia/visitas em área urbanas ou rurais, os requisitos legais da cada país em
termos de vacinação e o período de tempo disponível antes da partida.
Idealmente o viajante deverá programar uma consulta médica (no âmbito da medicina das
viagens) 2 ou 3 meses antes do início da viagem, de modo a que o período de tempo seja
suficiente para poder completar os esquemas de vacinação eventualmente necessários
recomendados.
Recomenda-se a VASPR aos viajantes suscetíveis (qualquer indivíduo sem registo de,
pelo menos, uma dose de VAS ou VASPR e sem história credível de sarampo), que se
desloquem para áreas endémicas. A vacinação com a VASPR pode ainda ser necessária quando
se viaja para países que exijam como requisito para permanência.
Recomenda-se a VHB aos viajantes para áreas de alta endemicidade de hepatite B, e,
especialmente, aos que possam estar em risco de exposição a sangue ou seus derivados ou
quando se preveja atividade sexual com residentes dessas áreas.

Para os viajantes não vacinados e com risco elevado de exposição ao vírus, podem ser
considerados, excecionalmente, os seguintes esquemas acelerados de vacinação:
3 doses: 0,1 e 4 meses (3ª dose após os 6 meses de idade)
4 doses: 0,7, 21 dias e 12 meses
4 doses: 0,1,2 e 12 meses
Aos viajantes com a vacinação incompleta, deverão ser administradas as doses em falta.

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Não se recomenda a realização de serologia pós-vacinal aos viajantes com vacinação
atualizada, independentemente do tempo decorrido desde a última dose, exceto se pertencerem a
grupos de risco.
Todos os viajantes para áreas endémicas de poliomielite devem ter a vacinação contra a
poliomielite atualizada.
As crianças não vacinadas que vão viajar para áreas endémicas dentro de um curto espaço
de tempo (menos de 4 semanas), devem ser vacinadas, preferencialmente, com a VAP, pelo que,
as consultas de saúde do viajante podem considerar a aquisição excepcional de pequenas
quantidades desta vacina.
Os adultos não vacinados devem receber 3 doses de VIP, segundo o esquema 0,1, 6-12
meses ou, se for necessária protecção urgente, segundo os esquema 0,1 e2 meses.
Os adultos previamente vacinados com VAP ou VIP devem receber uma dose de reforço
de VIP (para toda a vida) antes da partida, independentemente do número de doses administradas
na infância.

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7 - PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO

A profilaxia do tétano (ferimentos) já foi referida no capítulo 3.


A profilaxia da hepatite B relativamente ao recém-nascido já foi referida no subcapítulo
5.3.
Quanto aos indivíduos não vacinados contra a hepatite B e nos indivíduos que têm
indicação para serologia pós-vacinal e que não responderam serologicamente à primeira série de
vacinação, a profilaxia pós-exposição (objecto cortante potencialmente infetado ou contacto
próximo com um caso crónico ou agudo) inclui uma dose de VHB (e continuação do esquema 1
e 6 meses depois) administrada simultaneamente com a imunoglobulina específica anti-hepatite
B (0,06 ml/kg, via intramuscular) imediatamente após o contacto. Se tiverem passado mais de 14
dias pós-exposição só deve ser administrada a vacina, independentemente do tempo decorrido
pós-exposição.
A vacinação contra a tosse convulsa iniciada após a exposição ao agente não protege
contra a eventual doença resultante desse contacto, mas a vacina não está contra-indicada.
Quanto à profilaxia da difteria, dever-se-á, em caso de contacto com a doença, instituir-se
antibioterapia apropriada e ser verificado o estado vacinal para a difteria, vacinando de acordo
com a idade. Deve ser administrada uma dose de reforço de vacina (DTPa ou Td, de acordo com
a idade), se o último reforço foi administrado há mais de 5 anos.
Relativamente à profilaxia do sarampo, a vacina contra esta doença pode conferir
proteção se administrada até 72 horas após a exposição ao vírus do sarampo, pelo que se
recomenda a vacinação com VASPR a todos os indivíduos susceptíveis com mais de 6 meses de
idade que tenham tido contacto com casos de sarampo (por indicação expressa da DGS, da
Autoridade de Saúde ou prescrição do médico assistente). Neste contexto a VASPR 1 também
poderá ser antecipada para os 12 meses de idade.
As doses administradas entre os 6 e os 11 meses de idade, inclusive, não são consideradas
para o esquema recomendado de 2 doses, devendo ser administrada a VASPR 1 aos 12 a 15
meses de idade e a VASPR 2 pelo menos 4 semanas depois da primeira dose, se se mantiver a
necessidade de proteção rápida.
Para a profilaxia da poliomielite, a vacina oral pode produzir mais rapidamente
imunidade a nível faríngeo e intestinal, daí ser a vacina a utilizar preferencialmente, em pessoas

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sem imunodeficiência, até aos 18 anos de idade, para o controlo de surtos que podem surgir
através de casos importados.
Os adultos com mais de 18 anos de idade e as pessoas com imunodeficiência,
independentemente da idade, não devem receber a vacina VAP devido ao risco acrescido de
poliomielite paralítica associada à vacina.
Em caso de doença confirmada por Neisseria meningitidis C, a MenC é recomendada aos
contactos próximos de casos, podendo ser administrada a partir das 6 semanas de idade. No
entanto, as doses administradas antes dos 2 meses de idade não devem ser contabilizados para o
esquema recomendado. Estes indivíduos devem receber a primeira dose de MenC aos 3 meses de
idade e cumprir o esquema recomendado.
Num contexto de surto, a Autoridade de Saúde definirá a população que será,
eventualmente, vacinada.

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8– CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os esquemas propostos não são rígidos e podem adaptar-se às circunstâncias


epidemiológicas e às particularidades individuais, desde que cumpridos os requisitos (como as
idades mínimas para administração das vacinas, os intervalos mínimos entre doses, a
compatibilidade entre vacinas diferentes e a intercambialidade entre vacinas de marcas
diferentes). Nestas situações a vacinação deverá ser feita mediante prescrição médica ou da
Autoridade de Saúde.
É fundamental o registo completo e de modo legível de todos os atos vacinais no
Boletim Individual de Saúde/Registo de Vacinações (BIS) e na ficha de vacinação da aplicação
informática oficial em vigor nas unidades de saúde. Só assim estará disponível a informação
sobre o estado vacinal do indivíduo em cada momento. Quando forem administradas vacinas por
prescrição médica individual, esta informação deve ficar registada naqueles suportes e a
prescrição original ou cópia deve ficar arquivada no serviço de vacinação.
Todos os indivíduos (ou os seus representantes legais) que recusem a vacinação com
todas ou algumas vacinas devem assinar uma declaração de recusa, que fica arquivada no serviço
de vacinação.
O rigor e empenho dos profissionais de saúde no cumprimento do PNV são
indispensáveis para manter a confiança dos cidadãos na vacinação, com os resultantes ganhos de
saúde.
A colaboração dos cidadãos, nomeadamente, dos pais, é fundamental para o cumprimento
do PNV, devendo ser-lhes prestada toda a atenção, informação e cuidados que garantam o acesso
e adesão universais à vacinação.
Há ainda a referir a importância da educação para a saúde, porque é através dela que se
transmite aos indivíduos, às famílias e à comunidade a informação sobre os benefícios da
imunização individual e consequentemente coletiva e o que daí advém para a saúde pública.
Deve-se motivar toda a população a iniciar e completar o esquema vacinal proposto.

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9 – BIBLIOGRAFIA

DESPACHO n.º 17067/2011 do Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, datado de 7 de


dezembro de 2011 e publicado no Diário da República, 2ª série – Nº 243 – de 21 de dezembro de
2011.
HAINES, F. Barton ; FAUCI, Anthony (1988). Medicina Interna, vol. 1, 11ª edição, Rio de
Janeiro: editora Guanabara, p.303-312.
PORTUGAL - DIREÇÃO-GERAL DA SAÚDE (2015). Vacinação contra infecções por
Streptococcus Pneumoniae. Norma 012/2015 de 23-06-2015.
PORTUGAL - DIREÇÃO-GERAL DA SAÚDE (2015). Vacinação contra infecções por
Streptococcus Pneumoniae grupos de risco. Norma 011/2015 de 23-06-2015.
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Alteração do esquema da vacina contra infeções por vírus do Papiloma humano (HPV). Norma
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PORTUGAL – DIRECÇÃO-GERAL DA SAÚDE (2005). Circular Informativa n.º 08/DT –
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PORTUGAL – DIRECÇÃO-GERAL DA SAÚDE (2003). Circular Informativa n.º 10/DT –
Vacina contra a Hepatite B até aos 15anos, Lisboa, 6 de Março.
PORTUGAL – DIRECÇÃO-GERAL DA SAÚDE (2002). Circular Informativa n.º 15/DT –
Programa Nacional de vacinação e articulação com as vacinas conjugadas contra o MnC e Pn7,
Lisboa, 3 Abril.
PORTUGAL – DIRECÇÃO-GERAL DA SAÚDE (2001). Circular Informativa n.º 12/DT –PNV
2001 – utilização da vacina combinada tetravalente DTP w Hib, Lisboa, 18 de Abril.
PORTUGAL – DIRECÇÃO-GERAL DA SAÚDE (2000). Circular Normativa n.º 2/DT –
Programa Nacional de Vacinação, Lisboa, 10 Janeiro.
PORTUGAL – DIRECÇÃO-GERAL DA SAÚDE (2000) Circular Informativa n.º 8/DT –
Programa Nacional de Vacinação, Lisboa, 29 Maio.
PORTUGAL – DIRECÇÃO-GERAL DA SAÚDE (1999). Circular Normativa - Programa
Nacional de Vacinação, Lisboa, Dezembro.

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Ana Paula Belo

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