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DIREITO PENAL- esquema de resolução (matéria toda)

Teoria Geral da Infração

AÇÃO

1. Questionar se a ação é penalmente relevante


- Falar das 3 escola
- Referir o conceito de ação

2. Há alguma ação que retire a relevância penal do comportamento?


 Atos reflexos
- Fazer a distinção com atos instintivos

 Automatismos
a) Distinguir entre automatismo instintivos e rotineiros

b) Falar das posições doutrinárias sobre se há ou não ação penalmente


relevante (MFP, Jakobs e Strantewerth)

 Hipnose, sonambulismo ou efeito de outras substâncias


a) Este estado causou uma perturbação total sobre o corpo e a
capacidade de reconhecimento do ato?
- Não: ação penalmente relevante

b) O agente colocou-se de propósito nesse estado de forma a utilizá-lo


para praticar o facto?
- Sim: há ação penalmente relevante- actiones liberae in causa-
artigo 20/4 CP

c) Ainda que não tenha pretendido e tenham sido inconscientes os


atos, era previsível que isso sucederia?
- Há ação penalmente relevante, mas os comportamentos não
podem ser imputados ao agente (artigo 20/4 a contrario)- agente
deve ser punido pelo ato de autocolocação em estado de
embriaguez, artigo 295 CP
OMISSÃO

1. Distinguir ação de omissão

2. Distinguir omissão pura de impura

3. Ver se a omissão é impura (artigo 10/1 e 2)- a impura prevalece sempre sobre a
pura
 Analisar se há dever de garante: ver as teorias que fundamentam as posições
de garante
- Teoria formal do dever jurídico e das posições de garantia
- Teoria das funções
- Teoria material-formal (Figueiredo Dias): lista dos casos em que há dever de
garante (USAR ESTA):
I. Deveres de proteção e assistência a um bem jurídico carecido de
amparo
a) Relações de proteção familiar e análogas
b) Assunção de funções de guarda e assistência
c) Comunidade de vida e de perigos

II. Deveres de vigilância e segurança face a uma fonte de perigo


a) Ingerência
b) Dever de fiscalização de fontes de perigo no âmbito do domínio
próprio
c) Dever de garante face à atuação de terceiros

III. Posições de monopólio (dos meios de salvamento)

 Falar da teoria da Maria Fernanda Palma

 Há dever de garante?
 Sim, então:
a) Há equiparação da omissão à ação
b) Há punibilidade nos termos do artigo 10/1 e 2 CP
 Não: ver se existe uma omissão pura
TIPICIDADE (verificada que houve uma ação/ omissão, temos de ver se o resultado
pode ser imputado ao agente)

Imputação objetiva

1. Contextualizar o caso:
a) Quem é o autor?
I. Uma pessoa? Ou mais? (se forem mais- comparticipação)

b) Conduta do agente- crime de mera atividade ou crime de resultado?

c) Bem jurídico:
 Crime de dano
 Crime de perigo
 Crime simples
 Criem complexo
 Crimes duradouros
 Crimes habituais

NOTA: nas frequências não há tempo para falar da conduta do agente nem do bem
jurídico- PASSAR À FRENTE. Apenas falar dos autores quando são mais do que 1- ai
aplica-se a matéria da comparticipação.

2. Interpretar o caso à luz de cada teoria


- Conditio sine qua non
- Causalidade Adequada
- Teoria do risco

3. Ver se estamos perante alguma destas situações:


a) Criação de um risco proibido
 Casos em que o agente diminui ou atenua o perigo que recai sobre a
vítima
- EX: A empurra B causando-lhe leves lesões para evitar que B seja
atropelado
 Substituição de um risco por outro
 Casos em que o resultado tenha sido produzido por uma ação que não
ultrapassou o limite do risco justificadamente permitido
- Ex: A, num dia de chuva, não obstante cumprir todas as regras, perde o
controlo do seu carro devido a um lençol de água na estrada e embate
violentamente no automóvel de B que acaba por morrer
 Casos em que há uma co-atuação da vítima ou de terceiro
- EX: A, portador de SIDA, mantém contactos sexuais com B, conhecedor
da situação, criando em B um risco de infeção

b) Potenciação do risco
- Ex: o condutor de uma ambulância que, em virtude de uma manobra
errada, causa a morte do paciente que transportava que já se encontrava
em péssimo estado

c) Concretização do risco não permitido no resultado típico


- Ex: caso de um automobilista que ultrapassa um ciclista sem respeitar a
distância imposta, atropelando-o. No entanto, comprova-se que o ciclista
circulava com oscilações por se encontrar embriagado, pelo que seria
provável que ele tivesse sido atropelado mesmo que o automobilista
mantivesse a distância.

d) A produção de resultados não cobertos pelo fim e pelo âmbito de proteção


da norma

e) Causalidade cumulativa
- Ex: A e B colocam, cada um (e sem saber do outro), uma dose de veneno
no copo de C, insuficiente para causar a sua morte. No entanto C acaba por
morrer devido à conjugação das 2 doses.

f) Causalidade alternativa
- Ex: se A colocasse uma dose suficiente no copo de C para o matar e se B
fizesse o mesmo

g) Causalidade virtual ou hipotética


- Ex: A explodiu o avião para matar B. No entanto o avião ter-se-ia
igualmente despenhado por falta de combustível e todos os passageiros iam
morrer.

h) Comportamento lícito alternativo

i) Interrupção do nexo causal


- Ex: I atropela gravemente J que vem a morrer num incêndio que deflagra
nas urgências para onde teve de ser imediatamente transportado.

4. Concluir através das teorias se é objetivamente imputável ao agente ou não.

Imputação subjetiva

Depois de verificada a imputação objetiva, passamos para a subjetiva.

1. Explicar brevemente o que é a imputação subjetiva

2. Do ponto de vista subjetivo, os comportamentos podem ser imputáveis a título


de dolo ou negligência- artigo 13 CP
3. Dolo- artigo 14
 2 elementos: intelectual e volitivo

4. Elemento intelectual- ver se está em causa alguma situação de erro


- Sim: ver qual
- Não: passamos para o elemento volitivo

 Ver situações de erro:


a) Erro sobre a factualidade típica e erro sobre a ilicitude
b) Erro sobre o processo causal
c) Dolus generalis
d) Aberratio ictus
e) Error in persona vel objeto
f) Erro sobre a proibição legal

5. Elemento volitivo
- Dolo direto
- Dolo necessário
- Dolo eventual

6. Ver se há preteritencionalidade (normalmente não sei nas frequências- passar a


frente)

Ilicitude

Ver se há causas de exclusão da ilicitude:

1. Legitima defesa
a) Pressupostos:
o Agressão de interesses juridicamente protegidos do agente ou de
terceiro
o Atualidade da agressão
o Ilicitude da agressão

b) Requisitos para a ação de defesa:


o Necessidade do meio
o Necessidade de defesa

 Falar do elemento subjetivo


 Ver se há excesso de legitima defesa ou erro

2. Direito de necessidade
a) Pressupostos- situação de necessidade
o Ameaça de perigo a interesses juridicamente protegidos
o Perigo que ameaça o bem jurídico
o Atualidade

b) Requisitos
o Adequação do meio
o Princípio do interesse preponderante +sensível superioridade do
interesse
o Clausula da limitação pela dignidade humana

3. Conflito de deveres- exclui a culpa e a ilicitude

Critérios de preferência:
a) Imponderabilidade do bem jurídico vida (são sempre iguais e não se pode estar
a morrer mais ou menos) – são sempre iguais
b) Bens pessoais (preferência automática) > bens patrimoniais
c) Deveres jurídico-penais > outros deveres
d) Dever de garante > outro dever (a não ser que este seja superior – p.e. agente
que tem à sua guarda um cão, mas tem de o abandonar para salvar uma
pessoa)
e) Maior número de deveres de garante de um lado
f) Gravidade do dano/perigo77 (único caso em que pode justificar preferir-se
bens patrimoniais a pessoais)
g) Importância individual do dano evitado e causado

4. Consentimentos
I. Consentimento do ofendido
a) Pressupostos:
o O bem jurídico lesado tem de ser pessoal.
o O bem tem ainda de ser disponível.
- O património é, em princípio disponível.
- A vida é absolutamente indisponível15 (indício: arts. 134º e
135º).
- Os direitos de personalidade mais elementares também
parecem ser indisponíveis.
- A integridade física é disponível (art. 149º).
o O facto não pode ser contrário aos bons costumes (+ 149.º/2
quando se trate de integridade física)
- A lesão não pode comportar uma gravidade e irreversibilidade
tais, que a lei determine a proteção do bem jurídico prevalecente
sobre a autonomia do ofendido (ex.: mutilação).
o Consciência de que há consentimento (38.º/4)

b) Requisitos:
o Seriedade (n.º 2) – não pode ser algo que não corresponda a uma
declaração considerada como verdadeira; não pode ser uma
qualquer ironia ou brincadeira.
o Liberdade (n.º 2) – no sentido de não ser objeto de nenhuma
coação por terceiros.
o Esclarecimento (n.º 2) – que reflita a consciência de si mesmo do
ofendido.
o Tem de ser comunicado objetivamente, por qualquer meio
credível e reconhecível por um destinatário médio.
o Capacidade do ofendido para consentir (16 anos – n.º 316)
o Atualidade do consentimento

 Havendo erro:
- Aquele que esteja em erro sobre o consentimento relativamente a uma
ofensa corporal está numa situação de erro sobre a causa de justificação que
cabe no art. 16º/2 (exclui o dolo da culpa).
- Se estivermos perante uma situação de erro sobre o consentimento, mas
tratando-se de um crime contra a liberdade (em que o pressuposto da proteção
da liberdade é o dissentimento), estamos perante um erro sobre a factualidade
típica que cabe no art. 16º/1 (exclui o dolo do tipo)

II. Consentimento presumido


A) Pressupostos iguais ao do 38.º
B) Requisitos
o Atualidade da presunção – a presunção tem de se referir ao
momento da prática do facto.
o Necessidade da tomada de decisão pelo agente
o Impossibilidade da tomada de decisão pelo ofendido

FALTA CULPA

Esquema tentativa

A tentativa deve ser analisada na tipicidade, mais concretamente na imputação


objetiva, sendo que a sua punibilidade (ou não) só é analisada no fim (depois da
ilicitude e culpa).

1. Quando é que há tentativa? Artigo 22 CP.


- Temos de conjugar com a norma da parte especial do CP incriminadora.

2. Falar dos elementos da tentativa.


- Elemento subjetivo: DOLO. Não há tentativas negligentes.
- Elemento objetivo: práticas de atos de execução.
 Aqui temos de analisar qual das alíneas do 22/2 é que se aplica no caso

3. Ver se estamos perante alguma destas hipóteses:


 É um caso de tentativa impossível?
- Se sim, resolve-se pela tentativa impossível

 Há desistência?
- Se sim, resolvemos pela desistência

4. Não havendo nenhuma destas hipóteses, pune-se apenas por tentativa nos
termos do artigo 23.

Esquema Comparticipação

1- Analisar a autoria:
a) Autor imediato: executa o facto pelas suas próprias mãos
b) Autor mediato: realização do facto típico através de outrem
c) Co-autoria: há um atuar em conjunto
- Ver requisitos
d) Instigação: pune-se o agente como autor
- Ver requisitos

2- Participação
a) Cumplicidade
- Espécies:
I. Auxílio moral
II. Auxílio material

 Punição do cúmplice: 27/2

NOTA: autoria vs participação


 Autor: tem o domínio do facto, controla o acontecimento típico numa
perspetiva de ação final
 Participante: apenas contribui. No caso da cumplicidade, facilitando material ou
moralmente a realização do facto típico

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