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Aplicação Da Lei No Tempo - Problemas
Aplicação Da Lei No Tempo - Problemas
Problema 1:
Pode acontecer que algures durante a permanência do crime entre em vigor uma nova
lei
- L1- punia com 1 ano
- L2- 3 anos
- Julgamento
Solução: aplica-se a lei mais grave- contraria a ideia de que se aplica sempre a
lei mais favorável
- Ambas as leis (L1 e L2) são leis do momento da prática do facto, não havendo
lei posterior
Problema 2- sequestro
L1: Art 158 CP- pena 3 anos
MPF- abrigo da L1 (vamos supor que foi no dia 01.01)
L2- pena passa para 5 anos e há a criação de crime de sequestro agravado que
acrescenta no seu nº2 que quem mantiver preso durante mais de 7 dias pode estar
sujeito a uma pena de 10 anos (dia 05.01)
Ficou trancada na dispensa até dia 10
SOLUÇÃO:
Aplica-se a pena que fixa os 5 anos porque o agente preencheu a lei após a sua entrada
em vigor, passaram-se os 7 dias.
Conclusão- o critério é: aplica-se a lei anterior salvo se após a entrada em vigor da lei
nova o comportamento do agente preencher todos os pressupostos da lei nova.
Isto vale essencialmente para quando a lei mais recente é desfavorável. Quando a lei
mais recente é desfavorável, temos de exigir que todos os seus pressupostos estão
preenchidos na entrada em vigor porque não podemos ir ao passado buscar coisas.
Tudo tem de estar preenchido após a sua entrada em vigor.
Se, ao invés de ser um crime qualificado, tivesse havido uma diminuição de pena, ou
seja, se fosse favorável, nesses casos, quando o novo juízo é mais favorável, aí aplica-
se sempre (retroatividade in mellium). Aplica-se a nova.
MFP: há uma sucessão de leis penais porque o crime de perigo abstrato aborda por si
só o crime de perigo concreto, não havendo nenhum elemento novo. O facto de ser
introduzido um crime mais abstrato não surpreende o agente
- Aplicam se as regras normais
TC: refere que só não há sucessão de leis penai se o elemento introduzido pela L2 for
verdadeiramente novo.
(ver no esquema de resolução)
TC: refere que só não há sucessão de leis penai se o elemento introduzido pela L2 for
verdadeiramente novo.
(ver no esquema de resolução)
Taipa de Carvalho: Art. 3º do Regime de Contraordenações e coimas, que diz que a lei
contraordenacional, como a penal, se aplica para o futuro. O que acontece é que só se
aplica para o futuro e, portanto, pelo art. 2º/2, há uma descriminalização e não se
aplica L1 e pelo regime das contraordenações e coimas, não se aplica L2.
FD e MFP: a L2 aplica-se porque há uma continuidade entre estes dois ilícitos e é mais
favorável, logo, aplica-se a lei posterior mais favorável. FD e MFP falam, ainda, num
argumento de igualdade. A ideia de que L2 vem descriminalizar é artificial: L2 vem
apenas atenuar a necessidade punitiva, ou seja, não vem dizer, como diz o 2º/2, que
não é necessário punir; vem dizer, como diz o 2º/4, que é necessário punir menos
(basta contraordenação). Há uma certa continuação da necessidade punitiva, embora
mais baixa, que justifica que se aplica o 2º/4, sendo A julgado pela L2, aplicando o
regime das contraordenações.
Para MFP e FD: o que o professor Taipa de Carvalho defende violaria o princípio da
igualdade
Ex nº2
L1- prazo de prescrição 5 anos
L2- prazo de prescrição de 10 anos
TC português
Aplica a proibição da retroatividade
A aplicação da L2 viola o art 2/1 e 1/1 do CP e 29/4 CRP- logo L1
MFP: concorda
Esta solução não parte de qualquer aplicação a este tipo de casos do critério de
aplicação imediata da lei processual penal (art. 5º/1 CPP)
Entende-se que retroatividade da lei penal de conteúdo mais favorável não abrange as
leis temporárias e de emergência, segundo o art. 2º/3 do CP;
O fundamento doutrinário para tal é que a lei posterior que descriminaliza a conduta
não inclui entre os seus elementos típicos a situação de crise ou excecional, pelo que
não pretende alterar a pena nesses casos;
1. A primeira diz respeito aos casos em que a norma mais favorável é uma norma
descriminalizadora - TC vem declarar inconstitucional e o facto é praticado ao
abrigo da norma descriminalizadora:
2 soluções:
Rui Pereira
Nunca se aplicam normas inconstitucionais - princípio base da sua conceção – a
CRP proíbe-o - art 204º CRP
Qual é que a lei aplicável?
A norma é repristinada - é o que o 282º/3 diz
A pessoa que interrompeu a gravidez ao abrigo de uma norma descriminalizadora
passou a fazê-lo ao abrigo de uma norma criminalizadora
O que fazemos é aplicar a norma repristinada mas toda ela - não aplicamos só o
140º mas sim o CP todo nomeadamente a parte geral - art 16º e 17º - 16º/1 parte
final e 17º dizem que quem não tiver consciência de ilicitude não tem culpa
É o que acontece aqui, esta senhora atuou sem consciência de ilicitude - o que o
Estado lhe dizia era que era permitido
No final do dia, não será presa
MFP
Vamos aplicar a norma inconstitucional mais favorável.
Porquê?
Decorrência do princípio do Estado de Direito Democrático - art 2º CRP
O Estado tem de se autovincular ao direito que ele próprio cria - estão em causa
expectativas objetivas de que o direito que é produzido é para valer.
Se esse direito acaba por ser destruído não podem depois as expectativas da
comunidade que orientou o seu comportamento de acordo com esse direito ser
destruídas - as expectativas têm de ser protegidas
Aplicava-se, neste caso, a lei mais favorável inconstitucional
Art 2º/1 - aplicação da lei na pratica do facto
2 hipóteses
Rui Pereira
Continuam a não se aplicar normas inconstitucionais
Aplica-se a norma repristinada
Neste caso, a norma mais favorável inconstitucional é posterior ao facto por isso
não há expectativa nenhuma a tutelar - a sua expectativa formou-se ao abrigo da
norma incriminadora
Não é preciso aplicá-la em conjugação com mais nenhuma porque não há
expectativas.
MFP
Aplica-se a lei mais favorável ainda que inconstitucional pelo art 2º/2 porque é
descriminalizadora - aplicação retroativa de lei penal posterior mais favorável
Porquê:
Principio da igualdade
Imaginem que neste dia aconteceram 2 factos um em Sintra praticado pelo Manel
e outro em Cascais praticado pelo Bento.
o mesmo dia nas mesmas circunstâncias ao abrigo da mesma lei.
O A é, pelo facto de o funcionário de justiça ser mais despachado é julgado antes
da declaração de inconstitucionalidade da lei - É absolvido e forma se caso julgado -
quando o caso julgado é favorável ao agente ele é salvaguardado.
São sempre salvaguardados a não ser em matéria penal que seja desfavorável.
O B que tinha condições iniciais às do outro mas tinha tido o azar do funcionário de
justiça não ser mais rápido e acaba por ser julgado depois da declaração de
inconstitucionalidade - vai apanhar 3 anos
Condições iniciais exatamente iguais, resultados finais completamente diferentes
por razões arbitrarias que nada têm a ver com o caso.
É de tal forma escandalosa a violação do principio da igualdade que não parece
existir outra solução que não a da aplicação da lei penal mais favorável
inconstitucional.
No entanto:
Do art 5/ CPP- resulta a aplicabilidade imediata da nova lei processual
Art 5/2 CPP: limita a aplicabilidade imediata, relativamente “aos processos
iniciados anteriormente à sua vigência”, nos casos de “agravamento sensível da
situação processual do arguido” e de “quebra de harmonia e unidade de vários
atos do processo